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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

Professor Miguel Mesquita

LIÇÃO V

Tribunais Arbitrais
A diferença entre os tribunais arbitrais, os tribunais judiciais e os julgados de paz, passa por os tribunais
arbitrais serem tribunais de juízos privados. Uma causa pode ser julgada por juízes privados, árbitros que
exercem a função jurisdicional.

O Estado autoriza, dá a licença para que existam estes tribunais.

A arbitragem é uma forma alternativa de resolução de litígios.

Em Portugal temos:

1. Tribunais arbitrais ad hoc (transitórios), que resolvem tão somente certo e determinado litígio. É
chamada a arbitragem não institucionalizada.
2. Tribunais arbitrais permanentes (não transitórios), ou seja, o tribunal está permanentemente aberto
para a resolução dos litígios. A arbitragem é institucionalizada.
Existe em Coimbra – “centro de arbitragem de conflitos de consumo do distrito de Coimbra”.

O arbitro pode ainda ser alguém que não seja jurista, alguém não licenciado em direito.

 Porque as pessoas recorrem a juízos privados?


1. Celeridade dos processos – artº 43º Lei de Arbitragem. As parte fixam um prazo para is juízes
decidirem. Se não fixarem o prazo o regime regra é de 12 meses. Se os juízes não respeitarem o
prazo terão de indemnizar civilmente.
2. Cada parte (autor e réu) designa um juiz – posteriormente, estes juízes das partes designam o juiz
presidente.
3. Tramitação do processo mais flexível
4. Possibilidade de julgar segundo a equidade
5. Faculdade de escolher o local onde vai funcionar a arbitragem. Nos tribunais ad hoc, os
processos são à porta fechada. Exemplo: julgamento feito em sala de hotel.
6. Possibilidade de escolher a língua do processo – não tem de ser, obrigatoriamente, a língua
portuguesa; poderá ser outra.

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Em principio, não é admissível recurso para o Tribunal da Relação, a não ser que as partes abram essa
possibilidade.

Artº 39º Lei 63/2011 de 14 dezembro.

 FORMAS DE ATRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA AO TRIBUNAL ARBITRAL:

 Convenção entre as partes. A arbitragem é voluntária.


A convenção terá de ser escrita – artº 2º nº1 LAV e artº 3º.

 Mas há casos em que a lei obriga que certos litígios sejam resolvidos pelo tribunal arbitral. Chama-se
a arbitragem necessária.
Exemplo: arbitragem necessária impõe arbitragem para a resolução de conflitos laborais relativos a
convenções coletivas de trabalho (artº 508º).

A convenção de arbitragem:

É um contrato de natureza processual quee concretiza a vontade de as partes (A e B) retirarem dos tribunais
estaduais a resolução de um litigio. É um contrato processual, adjetivo.

Esta convenção de arbitragem aparecerá sob duas formas/modalidades:

 Compromisso arbitral
 Cláusula compromissória

Artº 1º nº3 LAV

O compromisso arbitral é um acordo que as partes celebram após o nascimento do litigio, posterior ao litigio.

A clausula compromissória é um acordo através do qual A e B se comprometem a recorrer `arbitragem, na


eventualidade de, no futuro, vir a surgir, em certo domínio, um campo entre elas.

A convenção de arbitragem tem dois efeitos:

 Efeitos Positivos – atribuição juízes privados do poder de julgar.


 Efeitos Negativos – a convenção arbitral impede que o julgamento daquele litigio seja julgado pelo
tribunal estadual.

Estes efeitos estão ligados um ao outro.

Artº 5º LAV.

Exemplo 1: A celebra com B uma convenção de arbitragem. Uma das partes, por qualquer razão, acaba por
propor a ação num tribunal estadual, esquecendo-se da convenção que assinara. Quid iuris?

A outrra parte invoca a celebração da convenção de arbitragem acordada pelas partes.

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R: se existir uma convenção de arbitragem, o tribunal estadual sofre de incompetência absoluta – artº 96º al.
b). o juiz do tribunal estadual terminará o processo, absolvendo o réu da instância. – exceção processual
dilatória.

Exemplo 2: Se A e B celebraram convenção coletiva e uma das partes propõe ação no tribunal estadual e o
réu não invoca a existência da convenção coletiva, o juiz não pode conhecer a convenção de arbitragem
oficiosamente. O juiz estadual irá julgar aquele caso.

A omissão do réu origina a revogação tácita de convenção de arbitragem. Artº 578º

Os tribunais arbitrais somente podem julgar ações com interesses de natureza PATRIMONIAL – artº 1º nº1
LAV. Têm de estar em causa interesses pecuniários ou económicos.

Os tribunais arbitrais podem decretar providências cautelares? Artº 20º LAV sim, podem, de acordo com o
artº 20º e 21º LAV.

Contudo, certas providências cautelares necessitam de executar determinados atos. Essa execução, por outro
lado, não pode ser feita por estes tribunais. No domínio da execução da tutela/providência cautelar, esta
execução deverá ser feita por um tribunal estadual – artº 17º LAV.

Os tribunais arbitrais apenas podem declarar a providência cautelar, mas a sua execução será efetuada pelos
tribunais estaduais.

Lei a) compromisso arbitral efeito positivo

Convenção b) cláusula compromisso efeito negativo ---- exceção processual dilatória

LIÇÃO VI

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS RELATIVOS AO AUTOR E AO


RÉU (ÀS PARTES)
 Quem pode ser parte e parte legitima numa ação declarativa?
 Pode haver num processo vários autores e vários réus?
 Em que casos ou situações as partes necessitam de se fazer representar por um advogado

O juiz irá olhar para as partes da petição inicial e terá de responder a três questões:

1. O autor e o réu têm personalidade judiciária?


2. O autor e o réu gozam de capacidade judiciária?
3. O autor e o réu têm legitimidade (singular ou plural) processual?

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PRESSUPOSTO PROCESSUAL DA PERSONALIDADE JUDICIÁRIA:
As partes terão de gozar de personalidade judiciária. A personalidade judiciária é um requisito que tem de se
verificar para que o juiz julgue o litigio.

Personalidade Judiciária é um pressuposto processual que está definido no artº 11º. Traduz-se ba
suscetibilidade de ser parte num processo. Goza dessa qualidade (nº2) quem tiver personalidade jurídica
(artº 66º CC).

A personalidade judiciária é alargada a entidades que não gozam de personalidade jurídica – artº 12º CPC,
que estão previstas de forma taxativa.

Petição Inicial

Partes

Autor vs Réu

A) Gozam de Personalidade Judiciária?

Principio da equiparação = personalidade judiciária

Desvios Artº 12º

Falta de Personalidade Judiciária – artº 278º c) – absolvição do réu da instância

B) Gozam de capacidade judiciária?


Principio da equiparação = capacidade de exercício de direitos
Artº 15º/2

a) Menores; representantes
b) Interditos; tutores
c) Inabilitados; curadores

Há pressupostos suscetíveis de serem sanados; contudo outros não o são; pois são essenciais a sua
verificação.

Verificados os pressupostos, o juiz irá dar uma resposta à pretensão pretendida

1. Herança Jacente

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Artº 2046º CC

É um acervo/conjunto de bens e de direitos que pertenceu a uma pessoa já falecida, e que ainda não foi
objeto de partilha. É um património sem sujeito. Exemplo: A ocupa terreno que é herança jacente. A herança
jacente, que é representada pelos herdeiros, intenta contra A a ocupação.

2. Associação sem Personalidade Jurídica

É uma entidade que ainda não foi constituída.

3. Comissões Especiais

Artº 199º

Exemplo: comissões de festas. É um grupo transitório de pessoas singulares, formado para alcançar um fim
concreto, isolado, efémero.

4. Sociedades Civis

Com fins lucrativos, mas não leva a cabo fins comerciais. Ex. A e B exploram terreno.

5. Sociedades Comerciais Irregulares

Visam a atividade comercial, atividade de trocas, mas que não têm personalidade jurídica (falta registo).

6. Condomínio

É formado por u complexo conjunto de propriedades que existem num edifício, sujeito ao regime de
propriedade horizontal artº 1414º.

Existem, por um lado, as frações autónomas do condomínio (apartamento, garagem) que pertencem aos
condóminos.

Por outro lado, existem as partes comuns do condomínio – artº 1421ºCC (elevadores, escadas, telhado); e
sobre estas partes comuns recai a compropriedade. Estas partes comuns são administradas pelo
administrador do condomínio.

Artº 1437ºcc- poderes do administrador.

O confominio goza de personalidade judiciária (al. e)) apenas relativamente às ações que se inserem no
âmbito dos poderes do administrador.

Exemplo: uma empresa procedeu a uma reparação dos elevadores de uma propriedade horizontal; os
condóminos não pagam o serviço e essa empresa propõe uma ação contra o condomínio.

7. Sucursais, agências, filiais

Artº 13º cpc alarga a personalidade judiciária a estas entidades. Exemplo: CGD. Uma agência é um
mecanismo de desconcentração de uma pessoa coletiva que está sediada num ponto do país. (imagem do
polvo)

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O que acontece quando se propõe uma ação por quem ou contra quem não tem personalidade judiciária?
Quid iuris?

Na falha do pressuposto Processual da personalidade judiciária, a lei (artº 278º/1 CPC), diz-nos que o juiz
deve abster-se de conhecer o pedido, absolvendo o réu da instância do processo que lhe é apresentado a ele
juiz.

Exemplo: DIreção Geral da Floresta não tem personalidade jurídica. O Estado é que tem. A DGF é um mero
órgão.

PRESSUPOSTO PROCESSUAL DA CAPACIDADE JUDICIÁRIA


Artº15º CPC – consiste numa qualidade, na suscetibilidade de se estar por sis ó em juizo, sem representante,
curador. Aplica-se o conceito de capacidade de exercicio de direitos. A capacidade de exercicio de direitos é
a aptidão para praticar por si proprio atos juridicos válidos.

Não têm capacidade de exercício os menores, interditos e inabilitados, logo veem a sua capacidade judiciária
limitada. Isto por motivo de proteção deles.

Artº 122º e ss. CC e artº 16º/1 CPC (os incapazes representam-se por intermédio dos seus representantes ou
autorizados pelo curador.

PRESSUPOSTO DA LEGITIMIDADE PROCESSUAL


Não podemos dizer de forma abstrata se há ou não legitimidade. Esta só se pode aferir em concreto. Não
podemos aferir a legitimidade dora do contexto de uma ação e o respetivo objeto inerente à ação.

É um pressuposto processual relacionado com as partes e traduz-se na suscetibilidade de ser parte certa num
processo (e não qualquer outra).

Artº 278º CPC nº1 d)

A legitimidade divide-se em singular e plural. É singular quando há um autor e um réu; e é plural quando há
a coligação e o litisconsórcio.

Como se afere a legitimidade?

Ser a parte certa A) Singular (autor vs réu)

Legitimidade Processual a) ordinária*

Pressuposto Processual b) extraordinária*

(condição para o julgamento do pedido)

B) Plural (litisconsórcio vs coligação)

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1º “Interesse Direto” interesse indireto, reflexo e derivado

* 2º Critério Suplementar e auxiliador

“sujeitos a relação material controvertida tal como esta se apresenta configurada, unilateralmente pelo
autor” – na petição inicial.

Artº 30º a 39º CPC – normas sobre a legitimidade singular e plural.

1. LEGITIMIDADE S INGULAR : Não pode ser confundida com a questão da titularidade do direito alegado
pelo autor! Critérios: (1) critério do interesse direto; e (2) critério suplementar ou auxiliador.

 O critério do interesse direto requer a questão: o autor e o réu têm interesse direto na causa? Será que
o autor e o réu, em face à história apresentada, têm uma ligação à causa?
Não tem legitimidade pessoal todo aquele que tem um interesse meramente indireto, reflexo ou
derivado.

Exemplo: o sr. A e a sua mulher B vivem numa casa tomada de arrendamento. A filha do casal C, que vive
com eles, queixa-se da agua da chuva que entra no seu quarto. A e B, por terem amizade ao senhorio, não
querem requerer judicialmente a reparação da casa. C intenta a tal reparação contra o senhorio.

Aqui o problema em causa passa por C não ser parte do contrato de arrendamento, logo não tem legitimidade.
Apenas A e B, partes no contrato de arrendamento, poderiam intentar contra o senhorio.

 O critério suplementar e auxiliador é aquele tal como se encontra configurado, unilateralmente, na


petição inicial pelo autor.
Gera grande controvérsia na doutrina.

Exemplo: A propõe uma ação de indemnização contra B, alegando que B embateu contra o seu carro. Contudo,
vem B dizer que quem estava a dirigir o carro, no momento do embate, era o seu primo e não ele.

Para averiguar a legitimidade de B teremos de olhar para o sujeito da relação material controvertida tal como
este se apresenta, unilateralmente, pelo autor.

À luz deste critério, a legitimidade pertence a B como causador dos danos, segundo o dr. Barbosa Magalhães.
Mas, se o juiz concluir que B não causou danos no carro de A, o juiz irá absorver B do pedido, uma vez que
não praticou o facto (não teve culpa).

 Legitimidade Singular
A) Ordinária, normal
Critérios: - Interesse direto (30º/1)
- critério suplementar (30º/3)
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B) Extraordinária

 Legitimidade Plural
A) Litisconsórcio
Critérios: - voluntário
- necessário : legal, convencional, natural

B) Coligação

Requisitos: a) identidade (total/parcial) causa de pedir

b) dependência entre os pedidos

c) interpretação/aplicação das mesmas normas

Requisitos: artº 11º CPC: a lei associa às partes requisitos de natureza processual. Isto porque o juiz não julga
o pedido / a ação se estes requisitos não estiverem preenchidos.

Para que é que o legislador requer, sem exceção, que se cumpram estes requisitos processuais?

Há interesses de ordem pública e ordem privada que necessita, de ser protegidos.

Na legitimidade, por exemplo, a lei exige que as partes tenham uma ligação direta ao processo em causa. Na
capacidade há a proteção dos menores, inabilitados e interditos, sendo estes representados.

Quem, originariamente, tem legitimidade? – interesse direto.

Quem, extraordinariamente, tem legitimidade? – critério suplementar.

Exemplo: A propõe ação contra B. uma ação de indemnização, ação declarativa de condenação à
indemnização.

A: “venho demandar B que, de forma ilícita, entrou no meu pinhal e procedeu ao corte de 30 pinheiros grandes
e levou-os daí para fora.

B contesta: “não cortei os pinheiros do pinhal do autor. Quem procedeu ao corte foi C, outro madeireiro”. C
é que devia ter sido demandado e não B, pois não praticou o facto.

Problema: B tem legitimidade processual para estar nesta ação?

Teoria de José Alberto dos Reis (professor de Coimbra) – defende que é necessário averiguar quem praticou
o facto. Se não foram cortados por B, B não tem legitimidade.

Crítica – confunde uma questão processual com uma questão de fundo, de mérito. Teoria de Barbosa de
Magalhães. Este defende que o que importa é ver, em face da história apresentada na PI, se o autor e o réu
têm uma ligação direta àquela história e se o réu está conectado àquela história.

Se B provar que B não cortou os pinheiros de A, B não perde legitimidade, mas já é absolvido da instância.
Depois A imporá uma ação contra C.

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Existem situações na nossa lei de legitimidade extraordinária – a lei atribui a essas pessoas, de forma
extraordinária, anormal, a possibilidade de demandarem ou serem demandados.

Artº 286º CC – a nulidade é invocada a todo o tempo por qualquer interessado.

Ação subrogatória – artº 606º CC.

Exemplo: o sr. A é credor de B e o sr. B, por sua vez, é credor de C. B não pada a dívida a A; e, por sua vez,
também não exerce o seu direito sobre C.

A lei permite que A intente contra C, fazendo valer o direito de crédito pertencente a B. Porquê? Por B estar
numa situação de insolvência e se requerer o seu crédito terá de pagar a A.

Artº 31º CPC: Fala das ações cíveis para a tutela de interesses difusos. Exemplo: uma fábrica situada em Vila
Nova produzia carvão vegetal através da queima de madeira e lançava para a atmosfera substâncias químicas,
o que afetava o ambiente e a saúde pública. Hoje, qualquer pessoa pode reagir judicialmente, através de um
procedimento cível.

Artº 52º /3 CRP (ambiente) – bens supraindividuais

Ação popular – lei nº 83/95 de 21 agosto

L EGITIMIDADE P LURAL
Em muitos casos, há ações que têm vários autores e/ou vários réus (e não apenas um autor e um réu). São as
chamadas situações de legitimidade plural – litisconsórcio (artº 3e a 35º) e coligação (artº 36º a 38º).

Exemplo: caso dos 6 estudantes que perderam a vida na prai do Meco devido a uma praxe. Agora deu entrada
no tribunal uma ação cível em que cada um dos pais pede a João Goveia (quem praxou e único sobrevivente),
uma indemnização de 150.000€.

Em muitas situações da vida, deparamo-nos com uma única relação jurídica material, que acaba por gerar um
litígio, na qual intervieram várias pessoas.

Essas pessoas que são protagonistas dessa relação jurídica e têm de estar no processo?

LISTISCONSÓRCIO: Há uma situação de pluralidade de partes num processo; mas assente numa unidade de relação
material.

Exemplo: sr. A, através de um contrato de mútuo (empréstimo), emprestou, ao mesmo tempo, a B e a C, uma quantia
de 4.000€. o prazo passou e B e C não restituíram a quantia ao mutuante.

Questão: Não ação declarativa condenatória, terá A de propor a ação contra os dois ou pode demandar apenas e tão
somente um deles?

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Artº 32º CPC – o litisconsórcio é voluntário. O sr. A pode demandar apenas um deles, seja B, seja C. Mas sendo apenas
um deles, receberá unicamente a quantia de 2.000€.

Não é obrigado a demandar os 2, pois o litisconsórcio é voluntário. Artº 32º/1 CPC

O litisconsórcio é uma figura complexa regulada do artº 32º ao 35º. Poderá ser voluntário ou necessário.

Em regra, quando numa relação jurídica material intervierem várias pessoas, quer do lado ativo quer passivo, teremos o
litisconsórcio; e o grande princípio diz-nos que o litisconsórcio é voluntário. (Não é necessário que todas as pessoas
proponham ações individuais, de modo a facilitar). Não é obrigatório que todas as pessoas façam parte do processo.

No entanto, nalgumas situações, a lei quebra o principio de que o litisconsórcio é voluntário. Nessas situações, o
litisconsórcio é necessário.

Isto significa que num processo devem estar todos os protagonistas. ARTº 33º cpc. Só se tiverem todos perante o juiz é
que o juiz irá julgar o caso. As partes podem não comparecer, mas devem ser chamadas; caso contrário o juiz não julga
o caso.

Que situações são essas? Há três espécies de litisconsórcio necessário:

1. Litisconsórcio Necessário Natural – pontualmente, a lei nos diz que todas as pessoas que intervieram numa
relação jurídica materia, devem estar no processo. Tem por fundo a própria lei
Exemplo 1: artº 34º (direito da família). Em certos casos, dos quais intervieram cônjuges, no processo devem
estar ambos os cônjuges. Se a ação for intentada contra ambos os cônjuges, ambos devem ser chamados. É o
caso de um bem que só pode ser alienado por ambos os cônjuges; ações que têm por objeto a casa de morada
da família, etc.
Exemplo 2: compropriedade. Artº 1403º CC. A, B e C são amigos e decidem comprar um terreno. Cada um
deles não tem a propriedade exclusiva do terreno, são comproprietários. O CCiv. Diz que qualquer dos
comproprietários pode dissolver a propriedade – artº 1412º CC. Mas A, B e C não se entendem. O que acontece?
Um deles vê-se obrigado a propor uma ação de divisão de coisa comum. É uma situação de litisconsórcio
necessário legal. A ação terá de ser proposta por A contra B e contra C. artº 925º CPC. A terá de demandar os
dois se se quer dividir o terreno; terá de acabar com a relação jurídica de compropriedade. Caso contrário, se
uma das partes não participasse no processo, a sentença não se aplicaria a ele. Não teria de respeitar a divisão
feita e declarada na sentença.

2. Litisconsórcio Necessário Convencional – resulta de um acordo, de uma convenção ou de um negócio que


pode conter uma cláusula que leva à necessidade de um acordo.
Exemplo: A e B são ourives e depositam joias no cofre de um banco. Art´1185ºCC. Neste contrato há uma
cláusula que determina que o exercício judicial de direitos deve ser feito em conjunto pelos dois. Se surgir um
litígio com o banco, ambos devem, em litisconsórcio, propor uma ação contra o banco.

3. Litisconsórcio Necessário Natural – Artº 33º/2 e 3 CPC. É uma situação que se impõe por si mesma,
naturalmente,. É uma consequência natural dos princípios que regem o processo civil. Impõe-se pela natureza
do próprio processo, para que a lei possa produzir o efeito útil, normal da sentença – encerrar, com a sentença,
aquele litigio.
Exemplo: o sr. A é proprietário de um prédio rústico e esse prédio é um terreno encravado. Durante muito tempo,
passava pelo terreno do sr. B para aceder ao seu terreno. A e B entram em conflito e B opõe-se à passagem de
A. A propõe uma ação contra B para constituição de uma servidão de passagem. Contudo, o terreno de B também
pertence a C. esta situação se subsume mo artº 33º nº2 e 3 CPC. Se demandar apenas um dos comproprietários

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do prédio serviente, a parte não demandada não respeita a sentença, sendo que esta não produz os seus efeitos
(permitir a passagem). Se não forem demandados B e C, o juiz não irá julgar a ação.

C OLIGAÇÃO
Para além das situações de litisconsórcio, existem situações de coligação passive e ativa ou ambas.

Artº 36º; 37º; e 38º.

Enquanto que no litisconsórcio o juiz vai julgar o caso que assenta numa única relação material controvertida,
na coligação o juiz terá de apreciar várias relações jurídicas materiais (diferença estrutural).

Por outro lado, no litisconsórcio há um único pedido nuclear, principal; e na coligação temos vários pedidos
essenciais, principais (artº 36º).

Exemplo: caso da praia do Meco. Foi proposta uma ação civel pelos pais dos jovens que morreram e cada um
dos pais pede 150.000€ a João Gouveia.

Teremos, portanto, aqui uma acumulação de ações.

A coligação não é livremente admissível.

Artº 36º CPC: para haver coligação é exigível um nexo, uma ligação substancoial entre os vários pedidos.

A coligação é admissível:

a) Que haja sempre uma identidade total ou parcial da causa de pedir (artº 36º/1);
b) Nas situações em que, naquele processo, o juiz (em termos de direito material) tenha no fundo várias
relações materiais e interprete segundo as regras das relações materiais;
c) Quando as partes estejam entre si numa relação de prejudicialidade ou de dependência (artº 36º/1 in
fine).

Quando é que as partes estão numa relação de prejudicialidade ou dependência?

Exemplo: o sr. A encontra-se registado na conservatória do registo civil como filho de B. No entanto, a certa
altura, surge a ideia convicta, por parte de A, de que B não é verdadeiramente pai de A. tudo indica que o pai
biológico é C. A irá intentar aqui uma ação contra B e contra C. mas nesta mesma ação estarão duas relações
materiais controvertidas, dois pedidos diferentes: (1) pedido de impugnação de paternidade contra B; (2)
pedido de reconhecimento judicial de paternidade contra C.

Admissibilidade da coligação:

1º Requisitos de natureza substancial (artº 36º/1/2). Tem de haver um nexo, uma ligação entre is pedidos
propostos.

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2º Requisitos cumulativos (artº 37º/1 CPC):

a) Forma de processo – aquando a coligação, para cada um dos pedidos, tem de corresponder a mesma
forma de processo. A forma do processo é a tramitação pessoal prevista na lei, o caminho do processo;
b) Artº 37º/2 – o juiz pode cruar uma tramitação uniforme;
c) Para o juiz julgar vários pedidos no mesmo processo (artº 37º/1 in fine), exige-se que o tribunal seja
competente para julgar em termos absolutos aquela ação. Competência absoluta do tribunal.

ABSOLVER DA INSTÂNCIA
Quando o juíz absolve o réu da instância, significa que absolve o processo que surgiu da relação entre o autor,
o réu e o juíz. O juiz não chega a conhecer o pedido. Há um falhanço de algum pressuposto processual.

ABSOLVER DO PEDIDO
Fundo da causa, mérito da causa, que está a baixo do processo, a história que é contada (causa de pedir). O
juiz absolve do pedido quando, verificados os requisites processuais, analisa a história e se chegar a conclusão
que há factos que não sustentam o pedido, absolvirá o réu.

PRESSUPOSTO PROCESSUAL RELATIVO ÀS PARTES: PATROCÍNIO JUDICIÁRIO

Em certas ações declarativas, é obrigatório a constituição de advogado. Quando esta é obrigatória, estamos
perante um pressuposto processual.

 Porque é que a lei exige que seja constituído um advogado?

Artº 40º CPC

É obrigatório a constituição de um advogado quando:

a) Nas causas de competência de tribunais com alçada, em que seja admissível recurso ordinário. Ou seja,
exige-se advogado sempre que a ação tenha um valor superior a 5000€.
b) Nas causas em que seja sempre admissível recurso, independentemente do valor – remissão para o artº
629º/3.
c) Nos recursos e nas causas propostas nos tribunais superiores.

Julgados de Paz – artº 38º - obrigatoriedade de advogado.

 E quando há uma falha a nível deste pressuposto processual? (EXAME)

Este é um pressuposto processual não suscetível de sanação.

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Quando o autor apresenta a PI e não constitui advogado, não há procuração passada um advogado (artº 41º),
o juiz dá um prazo ao autor, notificando-o, para o mesmo constituir um advogado. Caso não constitua. O réu
será absolvido da instância.

Quando o réu se defende do processo, sem fazer apresentar-se por um advogado (artº 41º), a solução dada pelo
legislador, depois de o notificar para a constituição de um advogação e se este não o fizer, é tornar a defesa
do réu sem efeito, a defesa é abstraída do processo. O réu fica numa situação de revelia (artº 567º).

Os factos dados pelo autor na PI dão-se como provados e o autor já não tem de fazer a prova dos factos dados
na PI.

Ou seja, se o réu, aquando a notificação para constituir advogado, não o constituir. Passa a ser considerado
como revelia, a sua defesa fica sem efeito e o autor fica, automaticamente, com os factos provados.

LIÇÃO VII

A PETIÇÃO INICIAL E O OBJETO DO PROCESSO


1. Endereço

2.Cabeçalho

PI 3. Fundamentos - causa de pedir (fundamento do ato) – objeto do processo

4. Conclusão – Pedidos: (1) único; (2) cumulados; (3) alternativos; (4) subsidiários; (5) genéricos.

5. Indicações complementares: (1) valor da causa; (2) domicilio profissional do advogado: (3) meios de citação do réu
6. Requerimento de provas

 O que é a PI e qual a sua estrutura?


 Qual a técnica subjacente à alegação de factos numa PI?
 Como determinar o objeto do processo à luz da PI? E qual a importância prática deste objeto?

FORMA/TRAMITAÇÃO DE UMA AÇÃO DECLARATIVA:


Artº 552º CPC

Formas do processo Comum (artº 552 – 626º) Artº 547º CPC

(artº 552/1) Especiais (artº 878º e ss.)

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Narração --- factos essenciais concretos e juridicamente relevantes

Causa de Pedir

Omissão = ineptidade da PI (186º).

Pedido – artº 609º/1

Espécies: a) único

b) cumulados (555º)

c) alternativos

d) subsidiários

e) genéricos

1ª Fase de uma ação declarativa: F ASE DOS A RTICULADOS

Artº 147º CPC

Os articulados são as peças em que o autor e o réu expõe os seus fundamentos. Chamanos à PI um articulado
(147º/2), porque, havendo advogado constituído, nesta ação, é obrigatória a dedução por artigos dos factos
(acontecimentos). O advogado irá, portanto, articular a história.

Utiliza-se a articulação, pois o advogado tenta clarificar a história, torna-la de fácil compreensão. A história
aparece de forma sintética, simples.

Ao terminar a PI, artº 552º/2, deveremos apresentar o rol de destemunhas e requerer outros meios de
prova.

Artº 507º/2 e 3: Se queremos, como autores, que a secretaria notifique as testemunhas do dia e da hora
da audiência, teremos, na PI, de pedir tal ao tribunal. Se não for pedido, a secretaria não notifica e presume
que os advogados apresentam as testemunhas no tribunal, no fia da audiência.

Princípio do Dispositivo (artº5º)

a) Único

Princípio do Pedido – artº 609º/1 b) cumulados (555º)

- pedidos/espécies c) alternativos (553º)

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d) subsidiários (554º)

e) genéricos (556º/1)

. a) universalidade de facto; al. b) dívida ilíquida

Valor da Ação: artº 296º/1

Artº 297º - 310º

A lei não especifica como se articula. Em regra, a cada facto relevante deve corresponder um artigo – não
devemos incluir no mesmo artigo mais do que um facto (juridicamente) relevantes (no limite, o juiz pode
mandar aclarar a petição inicial).

A história contada é a causa de pedir (factos essenciais, concretos e juridicamente relevantes).

 Isto fica enxertado na própria PI, no fim. Trata-se do requerimento das provas.

 FACTO
Ocorrência (algo que ocorre, que acontece) do mundo exterior. Também pode ser ocorrências de foro exterior,
psiquico, que podem ser usados para traduzir danos morais ou não patrimoniais que alguém tenha sofrido.

Estes factos devem ser juridicamente relevantes. Não podem ser factos neutrais ou indiferentes para o direito
ou para aquela situação em contreto.

Os factos juridicamente relevantes traduzem uma hipótese normative de direito material. A causa de pedir é
construída em torno de uma norma juridical. Mas a causa de pedir não é a norma! A causa de pedir são os
factos juridicamente relevantes.

Tudo isto releva a Teoria da Substanciação (ou teoria da causa de pedir concreta – artº 5º/1 CPC e 581º/4
CPC): o autor, na PI, tem de substancializar a causa de pedir, apresentando factos concretos, essenciais e
juridicamente relevantes.

Outra teoria era a Teoria da Causa de Pedir Abstrata: os factos deveriam ser descritos de forma abstrata e
genérica sendo posteriorente concretizada em tribunal, na audoência. Esta teoria acabou por não ser adotada
em Portugal.

Esta foi a teoria/posição adotada adotada por JAR no CPC 1939 porque considerou que o autor, sendo ele
quem dá o pontapé de saída, fazendo logo o pedido, deve desde logo explicar tosas as circunstâncias e aspetos
concretos e relevantes. A vantagem é: o réu, quando vem defender-se, pode fazê-lo melhor (através do
exercício do contraditório) se já souber de todos os contornos da história. Se a causa de pedir for abstrata, fica
muito mais difícil o réu defender-se de forma cabal. Se for concreta, o autor apresenta logo tudo e o réu
também se defende logo de tudo. Isto também obriga o autor a não fazer o pedido de forma leviana ou
irrefletida.

É o autor que tem de apresentar os factos ( e depois também o réu na contestação). PRINCIPIO DO
DISPOSITIVO: São as partes quem apresenta os factos; não é o juiz que vai procurar os factos. Encontra-se
consagrado no artº 5º CPC.

Ratio: 1. por motivos de ordem prática, são as partes que conhecem os factos, não o juiz;

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2. Por motivo de imparcialidade, o juiz também não pode introduzir factos novos que, no caso conreto,
podem até ser favoráveis a uma das partes.

 O que acontece quando o autor não respeita a teoria da substância?


O autor não apresenta causa de pedir, ou os factos da causa de pedir são apresentados de forma abstrata.
O que acontece?

Aqui, a PI sofre de uma invalidade, um vício – artº 186º CPC – Ineptidão da Petição Inicial. Uma
petição inepta é uma petição que nada vale. A ineptidão pode derivar de diversas situações, sendo uma delas
a do artº 186º/2/a) CPC.

Exemplo: Ação de despejo fundada no artº 1083º CC. O artº 1083º é o fundamento normativo da causa de
pedir, em que o autor limita-se a dizer que o inquilino faz uma utilização do prédio contrária à lei e aos bons
costumes. Isto é abstrato. Ele tem de dizer porque é que o inquilino faz uma utilização contrária à lei. Terá de
dizer porque é que viola o dever de boa vizinhança ou de higiene, não se limitando a dizer que viola.

Remissão – artº 186º CPC – artº 577º CPC

Quando a PI é inepta, é gerada uma exceção dilatória, o processo morre e o réu é absolvido da instância (com
fundamento na ineptidão da PI).

Artº 552º CPC: acaba por ser um guia para a elaboração da PI.

Artº 552º/1/d) – quando se fala nas “razões de direito”, falamos de normas materiais ou substantivas onde o
autor funda o pedido muitas vezes, porém, o autor não faz isto em concreto.

 Deve a PI ser considerada Inepta se não houver referência a “razões de direito”?

Não! É que, ao contrário da história (em que o juiz desconhece), o juiz já deve conhecer o direito, pelo que já
não é determinante ou decisivo. O juiz está lá para suprir essa falta. Aqui já não vale o Principio do Dispositivo,
mas sim o Princípio do Conhecimento Oficioso do Direito, conforme o artº 5º/3.

A seguir à causa de pedir deve surgir o pedido. Sem pedido, a PI é inepta.

Nesta matéria vale o Principio do Pedido (artº 609º/1). Se não há pedido, o juiz não pode supri-lo. Por outro
lado, o juiz não pode dar mais nem coisa diversa do que foi pedido (expressamente). O pedido limita a sentença
do juiz.

Quando se formula um pedido, artº 296º/1, é precico atribuir um valor ao pedido/ação. Se a ação não tem valor
monetário, ela não é sequer recebida peka secretária do tribunal.

A determinação do valor da ação é muito importante. Primeiro, para saber qual o tribunal competente;
segundo, para saber se é possível recorrer da decisão; terceiro, para saber se é obrigatório ter advogado.

A nossa lei permite pedidos diversos consoante os casos. Artº 553º: Pedidos alternativos. O legislador diz-nos
que há várias espécies/modalidades de pedidos.
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Há ações declarativas mistas (artº 555º - cumulação de pedidos). Ex. Pedido de anulação de negócio +
condenação do réu a restituição da coisa vendida.

ARTº 553º CPC – PEDIDOS ALTERNATIVOS


O autor pretende uma de duas coisas. Exemplo: A compra uma máquina que tinha sucessivas avarias e, como
autor, pediu a condenação à restituição do dinheiro pago pela máquina ou uma máquina nova.

ARTº 554º CPC – PEDIDOS SUBSIDIÁRIOS


O autor, na PI, ele deduz um pedido (pedido primário, principal); depois, para a eventualidade de não ser
julgado procedente o pedido principal, então pede o reconhecimento do pedido subsidiário. Exemplo: sr. juiz
reconheça que sou proprietário da vinha x. Para a eventualidade de não reconhecimento, condene o réu a pagar
as benfeitorias necessárias feitas na vinha.

ARTº 556º CPC – PEDIDOS GENÉRICOS


Em regra, numa ação, o pedido é apresentado de forma específica. Contudo, por vezes, o autor não consegue
deduzir um pedido de forma especifica, determinada: então a lei prevê os pedidos genéricos. O objeto mediato
do pedido traduz-se numa universalidade, seja de facto seja de direito. O pedido que se faz é um pedido
genérico. Exemplo: universalidade de facto – autor pretende a condenação do réu à restituição de uma
biblioteca (não é possível especificar todos os livros que constam na biblioteca). Exemplo: universalidade de
direito – ação para obtenção de bens que pertencem a uma herança de alguém falecido.

É ainda possível, na al. b), propor um pedido universal quando não seja possível determinar as consequências
do facto ilícito. Exemplo: não se sabe determinar as consequências de facto ilícito. Exemplo: não se sabe
determinar certa quantia em que se está em dívida (divida ilíquida). Exemplo 2: indemnização fundada em
acidente de viação (remissão para artº 569º CC).

Artº 358º e 360º - o tribunal irá operar qual a quantia a que tem direito, por exemplo, a pessoa ainda será
operada, ainda terá de realizar tratamentos, etc.

E quanto ao valor da ação? Artº 299º/4 CPC – o valor é corrigido aquando entrega dos elementos certos; ou
seja, o autor “inventa” um valor e, depois, quando apurado a quantia certo, esta será corrigida.

VALOR DA CAUSA
Na P.I, na sua conclusão, o autor procede à indicação do valor da ação. O valor da ação é fundamental! Artº
296º CPC.

Artº 552º determina, no nº1 f), que o autor deve indicar o valor da ação na P.I.

Nor termos do artº 558º e), na falta de valor da ação, a secretaria do tribunal recusa a P.I. Artº 560º - O autor
tem 10 dias para corrigir a P.I.

 Para quê o valor? Qual a sua razão de ser?

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Artº 296º/2 CPC - Determinação do tribunal competente e determinação da obrigatoriedade de
constituição de advogado.
1. É dever do autor, indicar na P.I, o valor da causa. É dever também do réu ter uma “opinião” quanto ai
valor. Artº 305º/1 CPC – pode o réu impugner o valor da causa, indicando um outro valor. Artº 306º/1
– compete ao juiz fixar o valor da causa, tendo ele a palavra final.

2. Na determinação do valor da causa, é fundamental attender ao momento em que a ação é proposta, à


realidade existente naquela data (artº 299º)

3. Quando se pede o pagamento de uma quantia, o valor da ação ºe o valor do crédito pedido pelo autor.
Artº 297º/1. S e o autor pedir juros, deveremos sumar apenas juris que se venceram até à data da
proposição da ação. Quanto aos juros vincendos, que se vencem no decorrer da ação, estes não constam
para a causa, não somam ao valor da causa. Artº 297º/2.

4. Em certas ações, aquilo que está em causa não é uma quantia em dinheiro. Se nçao estiver em causa
uma quantia certa e o autor pretender alcançar um beneficio diverso, o valor da causa deverá
corresponder ao beneficio diverso. É meramente discricionário.

Exemplo: A tinha um terreno e o vizinho tem uma casa encostada ao terreno (quintal). O sr. B abriu
janelas sobre o terreno do vizinho, não respeitando a distância de 1,5m legalmente exigida, artº 1360º.
É um problema de servidão de vistas. O terreno de A desvaloriza. Objetivo: condenar B a fechar/tirar
as janelas. Qual o valor da causa? É complicado equiparar o valor a um simples beneficio que se quer
alcançar. O dr. Mesquita optou por um valor fundado da quanti que desvalorizava o terreno.

Considerações:

Quando se pretende anular um negócio, temos de attender ao valor do negócio que queremos anular – artº
301º/1.

No artº 302º/1, quando se pretende fazer valer o direito de uma coisa, o valor da ação é o valor da coisa.

No artº 3’3º/1 diz-nos que, quando uma ação ºe uma ação relative ao estado civil das pessoas (ex. Divórcio,
investigação de paternidade), o valor da ação corresponde ao valor da alçada do tribunal da relação maos
0.01€.

Apresentação da P.I na secretaria – artº 144º CPC: A partir de 2008, segue-se o caminho das tramitações
eletrónicas, acabando com os processos em papel. Sempre que o autor seja representado por advogado, a P.I
é obrigatoriamente enviada por via eletrónica, atravºes do programa “CITIUS”. Se a parte não estiver
representada por um advogado, o nº 7 prevê as formas possiveis.

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Numa P.I, vamos encontrar ainda a causa de pedir e o pedido. Estes constituem o objeto da ação ou objeto do
processo. Esse objeto do processo tem grande relevância prática: o pedido é a pretensão que o autor deduz na
P.I.

A causa de pedir é o conjunto de factos essenciais, conretos e juridicamente relevantes em que assenta o pedido
do autor. Tudo isto constitui o objeto do processo. O objeto do processo tem como função:

1. Ser limitador da sentença;


2. Permite dizer se existe ou não litispendência;
3. Permite determinar se se verifica ou não o caso julgado;
4. Aferir se estão preenchidos os pressupostos processuais.

Artº 609º - O objeto é limitador da sentença porque o juiz não pode dar mais ou coisa diversa daquilo que é
pedido na P.I. Se o juiz atribuir mais ou coisa diversa a sentença é nula. A causa de pedir faz com que o juiz
fique limitado pelos factos apresentados pelo autor na P.I. O juiz não pode proferir uma sentença fundada de
forma diferente à causa de pedir. Neste caso, a sentença também sofre de nulidade. Ex. Anulação de contrato
por dolo, o juiz não pode julgar por incapacidade accidental.

Artº 580º a 582º - conceitos de litispendência. A litispendência significa a repetição de ações, da causa. O
Sistema proibe a repetição de ações, o nascimento de uma ação igual. Se o objeto das duas ou várias ações for
o mesmo, há litispendência, pois o pedido e a causa de pedir coincide.

Artº 628º - verificação se há ou não caso julgado. É um efeito processual. “o assunto está encerrado”, já não
é possivel recorrer mais nas sentenças, das decisões judiciais. A solução é definitive.

Quanto aos pressupostos processuais, há a determinação do tribunal competente, através da causa de pedir
delineada na P.I.

O objeto do processo tem hoje uma importância acrescida, acentuada pelo código de 2013. Artº 596º CPC: a
certa altura, o juiz deve identificar o objeto do litigio, do processo, o objeto do processo é dado pela doutrina
e é hoje identificado no pedido e na causa de pedir.

LIÇÃO VIII

O EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA E A


CONTESTAÇÃO

 Qual é o direito essencial que antecede a contestação e que efeitos esse ato produz?
 Que espécies de contestação existem no nosso ordenamento processual?
 Que ocorre quando o réu não contesta a ação contra ele proposta?

 Principio do Contraditório

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O réu sabe que foi proposta uma ação contra ele quando for citado pelo tribunal.

CITAÇÃO, é um ato fundamental que antecede o contraditório. Artº 219º/1 CPC

Contudo, não basta citar o réu que contra ele está a corer uma ação. É necessário ainda dar um prazo para se defender,
há a necessidade de constituição ou não de advogado, etc, e, fundamentalmente, o objeto do pedido e da causa de pedir,
isto é, é-lhe entregue uma cópia da PI.

A não entrega da PI torna a citação nula.

Quem procede à citação é a secretaria do tribunal (artº 226º/1).

A citação tem duas formas: (1) Pessoal; ou (2) Edital – artº 225º CPC.

A C ITAÇÃO PESSOAL é feita através de carta registada com aviso de receção. Em caso de não receção por via postal,
segue-se a citação pessoal, artº 231º/1.

A C ITAÇÃO E DITAL é feita nas situações previstas no nº6 artº 225º, ou seja:

(1) Quando o réu se encontra em parte incerta;


(2) Ou quando sejam incertas as pessoas a citar (ex. em caso de curadoria definitiva, artº 881º).

 Como se faz a citação edital?


Artº 240º e 243º CPC: o citado réu é citado através da fixação do edital à porta da última residência
conhecida.

EFEITOS DA CITAÇÃO
Artº 564º

1. EFEITOS PROCESSUAIS:
a) A partir da citação do réu começa a contagem do prazo para o réu apresentar a sua defesa, contestação (artº
569º e 138º/1) – 30 dias contíguos.
b) Estabilização do objeto do processo e das partes (artº 564º al.b)
c) A lei diz que o réu é citado e fica proibido de propor uma ação com o mesmo objeto (artº 564ºc). Ex. A e B
são comproprietários e as relações entre eles viram controversas; A intenta contra B uma ação de divisão
de coisa comum; B já não pode intentar o mesmo contra A.

2. EFEITOS MATERIAIS:
a) Artº 323º/1: através da citação do réu, interrompe-se o prazo da prescrição. Ex. 1292 referente ao usucapião.
b) Com a citação cessa a boa fé do possuidor.
c) Artº 805º: deriva da citação do réu, o devedor fica constituído em mora, atraso em cumprimento.

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Citado o réu, este pode apresentar a contestação. No nosso OJ há duas espécies de contestação:

1. Contestação Defesa. Artº 571º/1 e 573º. Esta pode ser por: a) impugnação; ou b) exceção.
2. Reconvenção. Artº 583º; 266º.

A contestação é um articulado do réui. O réu tem 30 dias para a apresentar. Artº 569º CPC.

 Que estratégia pode o réu levar a cabo, desenvolver na contestação?

Existem duas espécies de contestação:


1. Contestação D EFESA , por impugnação ou por exceção, artº 571º/1.
2. R ECONVENÇÃO , artº 93º; 266º; 583º

CONTESTAÇÃO DEFESA:
Aqui encontramos duas espécies de defesa: (1) Por Impugnação; ou por Exceção.

Dentro da impugnação, temos: - IMPUGNAÇÃO FACTUAL

- IMPUGNAÇÃO JURÍDICA

Dentro da exceção, temos: - DILATÓRIA (artº 576º/2 e 578º)

- PERENTÓRIA (571º/2 e 576º/3).

A defesa, artº 571, pode ser, portanto, por impugnação ou por exceção:

Na defesa por impugnação, o réu coloca-se no “terreno do autor”. É uma espécie de defesa que leva o réu para os
domínios do autor.

O réu pode fazer uma impugnação de natureza factual e/ou uma oposição de natureza jurídica:

Na oposição factual, o réu põe em causa a veracidade dos factos apresentados pelo autor, artº 574º. Este art faz recair
sobre o réu o ónus de impugnação, ónis de impugnar os factos alegados pelo autor na PI. Os factos articulados pelo
autor na PI, quando não forem impugnados pel réu, ficam como provados, ficam admitidos por acordo (nº2).

Na oposição jurídica (ou de direito), o réu põe em causa a norma escolhida pelo autor para o caso; acusa o autor de
interpretar erroneamente a norma invocada. Artº 5º/3 CPC. Se o réu não faz uma oposição jurídica, pode o juiz fazer
essa interpretação.

Tanto a oposição jurídica como a factual podem ambas ser invocadas num mesmo processo.

Na defesa por exceção, artº 576 CPC, o réu, contrariamente à defesa por impugnação, coloca-se num terreno diferente
daquele que o autor se colocou, daí que a clássica doutrina nos diz que a defesa por exceção é uma defesa çateral ou de
flanco. Uma exceção é um meio defensivo, de defesa.
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O artº 567º diz-nos que existem duas espécies de exceções: (1) Dilatórias, nº2 ; (2) Perentórias, nº3.

A EXCEÇÃO DILATÓRIA é uma exceção de natureza processual. O que faz o réu quando levanta esta exceção? Uma exceção
é algo que foge àquilo que é normal. O réu chama a atenção do tribunal para a existência, no processo, de uma falha
subjetiva ou processual. Ex. falha nos pressupostos processuais. Artº 577º, 278º e 279º CPC.

Na EXCEÇÃO PERENTÓRIA, artº 576º/3, o réu alega factos novos que não estavam no processo. O réu tem a possibilidade
de arguir, introduzir factos novos mo processo. Podemos chamar a estes factos de contrafactos. O que o reu quer com
isto? O réu quer ser absolvido do pedido, evitando a proposição de uma nova ação contra ele.

Estes contrafactos podem ser: (1) Impeditivos: (2) Modificativos; (3) Extintivos. Artº 342º/2 CCiv. – Quanto a estes
(contra)factos é o réu que tem de os provar.

Um contrafacto impeditivo trata-se de um contrafacto temporalmente anterior ou contemporâneo relativamente aos


factos alegados pelo autor na PI; e que obstam ao nascimento do direito alegado pelo autor; ou então obstam ao válido
nascimento do direito do autor. Exemplo: facto revelador de uma nulidade material de que sofre um contrato; ou facto
revelador de uma causa de anulabilidade do negócio por incapacidade acidental.

Um contrafacto modificativo é um facto temporalmente posterior aos factos alegados pelo autor na PI e que vem
modificar, alterar o direito do autor. Exemplo: A propõe ação contra B dizendo que é titular de uma servidão de passagem
e quer que o juiz condene o réu a não obstar a sua passagem. O problema é que a servidão mudou de local e A terá de
passar pelo novo sítio.

Um contrafacto extintivo é aquele que é temporalmente posterior aos factos alegados pelo autor na PI e tem como função
eliminar, extinguir o direito do autor. Exemplo: Ação de dívida – A vendeu a B uma bicicleta e vem exigir o pagamento
da mesma. B diz que já procedeu ao pagamento e terá de provar que pagou. Exemplo: Direito de Crédito: A comprou
batatas a B e B não pagou, mas o crédito já prescreveu.

As exceções perentórias assentam em contra factos do réu. Em regra, são de conhecimento oficioso do juiz. Se o réu,
mesmo que não tenha feito uma menção expressa dessa exceção, o juiz deve, artº 579º, conhecer oficiosamente as
exceções perentórias. Exemplo: Réu não invoxa expressamente a exceção pretentória, mas junta o recibo comprovativo
de ter pago o crédito do qual está acusado de não ter pago.

Contudo, há exceções perentórias que o juiz não pode conhecer ex oficio. É o caso da exceção da prescrição do direito
de acredito, artº 303CC (descio ao 579ºCPC).

PRESCRIÇÃO = Direitos de Crédito

CADUCIDADE = Direitos Potestativos

Contestação Reconvenção:

Artº 93º; 266º ; 583º.

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Na contestação defesa o réu quer ser absolvido da instância ou do pedido. Aqui, na reconvenção, o réu passa a ser o
autor.

A reconvenção é uma ação declarativa de mera apreciação.

Nem sempre é admissível, a reconvenção só é permitida em certos casos: Artº 266º/2 –

a) Quando os pedidos que o reu faz baseiem nos factos;


b) O pedido do réu assenta em benfeitorias e despesas;
c) Indemnização fundada no acidente de viação
d) Compensação de créditos, artº 847º CC

Compensação de créditos: o réu que pretenda compensar um crédito, usa a reconvenção. Compensar é uma forma
de extinção de dividas. A tem um crédito em relação a B e B tem um crédito em relação a A.

e) Quando o réu pretende o mesmo efeito jurídico que o autor também pretende obter. Exemplo: autor pede
resolução do contrato e o réu também onde a resolução do contrato por causa imputável ao autor.

Para haver reconvenção terá de haver um nexo, um fio condutor entre a ação e a reconvenção.!

Aquele que apresenta a reconvenção terá de identificar expressamente que a está a exercer.

Artº 583º/2

O réu que apresenta uma reconvenção na contestação, tem de dar um valor ao pedido reconvencional.

Artº 299ºCPC: o tribunal tem de, depois, somar o valor da ação ao valor da reconvenção. O valor do processo
aumenta. Isto pode ter grandes consequências, porque pode um processo de juízo local passar para o juízo central.

 REVELIA
Quid iuris? O que acontece quando o réu não apresenta a contestação?

Artº 566º e ss.CPC

A revelia é um estado em que se coloca o réu quando é notificado e não contesta. O mesmo acontece se apresentar a
contestação fora do prazo.

E se apresentou a contestação aentro do prazo também pode ser considerado revelde se a constituição de advogado for
obrigatória, o tribunal tê-lo notificado para tal, e o réu permaneceu sem constituir advogado.

Em qualquer destes 3 casos, a defesa do reu perde o efeito.

Distinguimos duas espécies de revelia:

1. REVELIA ABSOLUTA
Artº 566º CPC

Traduz-se em: o réu foi citado para p processo e não dá sinal de vida, não aparece, nada diz, parece estar totalmente fora
do processo. Quando tal acontece, o tribunal vai verificar se o réu foi devidamente citado, com as formalidades legais.

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2. REVELIA RELATIVA
Artº 567º CPC

O réu não apresentou a contestação, mas manifesta ao tribunal que teve conhecimento da ação que contra si corre. O réu
não contesta, nas apresenta uma procuração no tribunal de que tem conhecimento da ação e faz-se representar por
advogado.

Quer a revelia absoluta, quer a revelia relativa produzem os mesmos efeitos:

1. EFEITO IMEDIATO
2. EFEITO MEDIATO

O efeito imediato significa que os factos dados pelo autor ficam, presumidamente, dados como provados; há uma
presunção de que os factos dados pelo autor são verdadeiros e o autor já não tem de provar aqueles mesmos factos que
apresentou. Contudo, isto não significa que o autor irá ganhar a ação, pois os factos podem não ser suficientes para a
ação ser julgada procedente. Válvula de segurança: artº 453ºCC. Ex. A alega que construiu uma casa em Marte e B não
a pagou.

O efeito mediato da revelia, significa que vai haver uma modificação na tramitação do processo. O processo dá um
“salto” e passa praticamente para a fase final da sentença, pois o processo já não necessidade passar por fases anteriores.

1 ª F ASE DO P ROCESSO = F ASE DOS A RTICULADOS

2 ª F ASE DO P ROCESSO = F ASE I NTERMÉDIA


(em que o juiz pede lavrar um despacho corretivo – fase de pré-saneamento (artº 590º); fase do despacho saneador;
despacho final.

3 ª F ASE DO P ROCESSO = A UDIÊNCIA F INAL


(com a produção da prova e discussão da matéroa de direito).

4 ª F ASE DO P ROCESSO = F ASE F INAL DO J ULGAMENTO


(em que é decretada a sentença (artº 607º). Também são aqui julgados os factos provados e não provados).

Como se interpreta o artº 597º/2? – Da PI, quando os factos são dados como provados, há um salto para a discussão da
matéroa de direito e a sentença é lavrada.

O dr. Miguel Mesquita critica a lei, achando que deverá haver a fase corretiva da PI, na fase intermédia.

H Á SITUAÇÕES EM QUE A REVELIA NÃO PRODUZ OS EFEITOS mediatos e imediatos: Estas exceções constam do artº
568º, o queal se refere à REVELIA INOPERANTE . Isto significa que, se a revelia é inoperante, o autor não se liberta de
provar os factos declarados na PI.

Situações de revelia inoperante, artº 568º CPC:

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a) Quando há uma pluralidade passiva de réus;
b) Incapacidade do réu;
c) Citação edital;
d) Impossibilidade de confissão expressa quanto aos factos;
e) Prova documental. (quando se trata de factos cuja prova exige documentos escritos e estes não estão anexados
na PI.

Artº 354ºCc – a confissão expressa não é admissível! – remissão – artº 568º Cpc.

Exemplo: Investigação de ação de paternidade

RÉPLICA:
Artº 584º: a nossa lei prevê um articulado eventual, a replica; É apenas válida para o autor: para o autor se defender do
pedido reconvencional por parte do réu no prazo de 30 dias.

FASES AÇÃO DECLARATIVA COMUM:

Articulados Intermédia Audiência Final Julgamento Final

a) Despacho corretivo Artº 410º ss. Sentença


b) Audiência prévia (592º) Produção de Prova artº 607º
c) Despacho saneador (595º) + Discussão da matéria Julgar os factos
(objeto do processo + de direito provados ou não
temas do processo) provados.
d) Despacho + aplicar o direito

LIÇÃO IX

FASES DE UM PROCESSO
 O juiz tem possibilidade de mandar corrigir certos aspetos no processo?
 Para que serve a audiência prévia?
 Qual a finalidade e a função do despacho saneador?

O juiz tem a possibilidade de mandar corrigir certos aspetos do processo que não estão bem? Se sim em que
fase?
Normalmente o processo já chega completo às mãos do juiz a não ser que ele dê ordem à secretaria para que lhe deem
logo a petição inicial.

F ASE I NTERMÉDIA

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A FASE DE PRÉ -SANEAMENTO é uma fase corretiva, ou seja, de correção do processo. O juiz vai tentar corrigir algum
aspeto que esteja menos bem. Art 590º/2 CPC. Normalmente estas coisas que são corrigidas são falhas ao nível
processual. Estamos aqui numa fase intermédia. Visa preparar-se as fases posteriores do processo.

A UDIÊNCIA P RÉVIA
Para que serve a audiência previa?
Art 591º CPC. A audiência prévia é uma reunião entre o juiz e as partes ou os advogados das partes.

Pode servir para tentar conciliar as partes, Art 594º CPC. Serve também para o juiz debater com as partes ou os seus
advogados exceções dilatórias ou aspetos de fundo de mérito das causas. Pode também servir para discutir com as partes
o objeto da ação e a causa de pedir.

O juiz pode programar quando começa a audiência final, o que se vai fazer na mesma, etc.

D ESPACHO S ANEADOR
Qual a função finalidade do despacho saneador?
O juiz deverá fazer o despacho saneador. Este despacho saneador constará, em princípio, da própria ata da audiência.
Este está regulado no Art 595º CPC. No despacho saneador o juiz tem de se pronunciar sobre questões processuais
nomeadamente e principalmente as questões relacionadas com as exceções dilatórias, estando estas previstas no Art
577º CPC.

Associar ao despacho saneador a imagem de um semáforo. Porquê? Porque ou se acende a luz verde ou a luz vermelha.
Ou seja, se o juiz detetar falhas processuais o processo morre ali. No caso de não serem detetadas quaisquer falhas
processuais o processo pode seguir o seu “caminho”.

Em alguns casos o despacho saneador pode servir para o juiz fazer um julgamento antecipado do mérito da ação, Art
595º/b) CPC.

Exemplo: O Senhor A vivia num prédio, e nesse mesmo prédio o Senhor era proprietário de um dos primeiros andares
virado para a rua principal e esse seu andar tinha uma particularidade, uma varanda terraço. A certa altura o Senhor A
decide colocar uns postes de metal e uma chapa alterando a linha arquitetónica do prédio. O condomínio chamou-o a
atenção para que ele retirasse isso da sua varanda-terraço e o mesmo recusou-se a faze-lo. Então o condomínio intentou
ação para retirada desses materiais, com base no Art 1422º/2 CC. E o Senhor A vem alegar que fez isso por os vizinhos
de cima atirarem detritos para a sua varanda terraço, no entanto este argumento não é valido pois ele confirma que fez
algo proibido por lei, logo não faz qualquer sentido que este processo necessite de seguir para julgar do mérito do pedido.
Logo ali já temos elementos suficientes para julgar do mérito da causa.

Quando o processo prossegue o juiz vai ter de sinteticamente limitar o objeto do processo e limitar os temas da prova,
ou seja, os factos que são polémicos no processo, factos que causam dúvidas.

Lição X

A INSTRUÇÃO PROBATÓRIA
 Para que serve a audiência final?
 O que é o ónus da prova?

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 Que espécies de prova existem no nosso ordenamento processual?

Artº 599º CPC a 606º CPC

A audiência final leva a cabo a INSTRUÇÃO PROBATÓRIA , artº 410º ss. Esta é uma subfase da audiência final.

A audiência final serve para o autor e o réu fazerem alegações verbais, orais sobre os factos relevantes do processo sobre
o direito, artº 604º/3 e).

A al. f) está sujeita a dois princípios:

1. Princípio da Publicidade, artº 606º/1

As audiências são públicas, salvo quando o juiz fundamenta que deve zelar-se a digniodade e a moral das pessoas, o que
neste caso, a audiência é à porta fechada.

2. Princípio da continuidade da audiência final, artº 606º/2

A audiência é contínua, só podendo ser interrompida por motivos de força maior.

A audiência final serve fundamentalmente para se produzir a prova. Mas esta fase pode suceder antes da
audiência final, até antes de uma ação nascer. São casos excecionais, artº 419, 420º (produção antecipada
de prova). Porquê? Pode haver o risco de a prova se perder. Ex. testemunha com muita idade.

A prova, artº 341º CCiv. é o meio apresentado em tribunal e que serve para esclarecer a verdade, os factos.
Pode ser uma testemunha, relatório de um perito, fotografias, faturas, etc.

O nosso sistema, em Portugal, assenta num sistema que responsabiliza o autor e o réu quanto às provas, mas
não só. Quanto à prova, o nosso sistema assenta em dois princípios:

1. Princípio do Inquisitório
2. Princípio da aquisição processual.

P RINCÍPIO DO I NQUISITÓRIO
Artº 411º

Vale quanto às provas. O juiz tem o dever, para se esclarecer, de procurer provas ex oficio. Se as provas apresentadas
pelo autor e réu não o esclarecerem, o juiz deve procurer provas para o apuramento da verdade.

Crítica: Pode por em causa a imparcialidade do juiz.

PRINCÍPIO DA AQUISIÇÃO PROCESSSUAL


Artº 413º

Significa que o tribunal absorve toda a prova produzida na audiência como uma “esponja”. A prova produzida pelo
autor (no tribunal) pode ser favorável ao réu. Ex. Rpova testemunhal. E a prova requerida pelo réu também pode ser
favorável ao autor. O juiz irá observartodas as provas, independentemente de quem tenha o ónus de a produzir.

O principio da aquisição processual significa que a prova é uma luz que podemos acender e não interessa quem a acendeu.

Do artº 413º, enquadramos ainda o PRINCÍPIO DA LIVRE ADMISSIBILIDADE DAS PROVAS. Este terceiro principio, diz-nos
que, para se provar um facto, as partes podem servir-se de quaisquer meios de prova. Contudo, este mesmo principio

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sofre de um desvio: Artº 364º CCiv. : - Se a lei exigir um decumento autenticado ou particular, não pode este meio de
prova ser apresentado por outro meio de prova.

 Para provar um facto, posso apresentar uma prova materialmente ilícita?


Exemplo: fravação ou fotografia de outra pessoa sem a autorização da mesma.
Os nossos tribunais invocam o artº 32º/8 CRP que diz serem nulos os meios de prova ilícitos. Estamos perante
outro desvio ao principio da livre admissibilidade das provas.
Apesar de o artigo em questão ter sido pensado para aplicação em matérias de processo penal, o nosso
ordenamento aplica-o analogicamente ao processo civil.

No entanto, há teses (Remédio Marques) que defendem que, por vezes, para defesa de direitos fundamentais
superiores, as provas ilícitas podem ser admitidas; e ainda quando não houver outra forma de apurar a verdade.

S OBRE CADA PARTE RECAI O ÓNUS DA PROVA


 O que é o ónus da prova?

É o encargo que recai sobre o autor e sobre o réu e que as partes terão de cumprir para vencer o processo.

 Como se repartee o ónus entre o autor e o réu?

Exemplo: A propõe uma ação de dívida contra B. o réu contesta que já pagou a dívida.

 Como se distribui o ónus da prova neste caso?


 Será que o autor, para alºem de provar que vendeu ao réu uma máquina, tem de provar que o réu não a pagou?

C RITÉRIO DA D ISTRIBUIÇÃO DO ÓNUS DA P ROVA :


Parte de uma doutrina Italiana.

 TEORIA DA AÇÃO/EXCEÇÃO
Artº 342º CCivil.

Esta teoria visa o equilibrio da repartição do ónus da prova:

- O autor, para vencer o processo, tem de provar a existência dos factos constitutivos
do direito que alega que integram a causa de pedir;
- O réu, para vencer o processo, tem de provar os (contra) factos impeditivos,
modificativos ou extintivos do direito do autor, para poder ser absolvido do pedido.

No exemplo a cima rteferido, A terá de provar, através de documentos, testemunhas, etc, que vendeu a máquina a B.
Por outro lado, B terá de provar que/se já pagou a máquina a A. Se o réu ão provar que já pagou o crédito, perderá a
ação; se o autor não provar que vendeu a máquina, o tribunal irá absolver o réu do pedido.

MEIOS DE PROVA:
a) Prova Documental, artº 423º ss.
b) Prova por depoimento de parte, artº 452º ss. Pode ser (1) defesa da parte contrária ou (2) defesa pessoal (466º).
c) Prova pericial, artº 467º
d) Inspeção judicial, artº 490º
e) Testemunhas, 495º ss.
f) Presunções, podendo ser esta legais ou judiciais, artº 349º CCiv.

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1. A prova documental, é a que resulta de documento, artº 423º. Noção de documento – art´362º CC. O
documento não é apenas escrito. Pode ser, por exemplo, uma fotografia, um filme, um registo de som, etc. Artº
436 CPC. Os documentos devem ser apresentados com o articulado; caso sejam apresentados mais tarde a parte
é sancionada com uma multa.

2. O depoimento da parte significa que uma parte pode perdir o depoimento da outra. O autor pode pedir o
depoimento do réu ou o réu requerer o depoimento do autor. O juiz também pode exigir o depoimento das partes,
de acordo com o principio do inquisitório. Quando uma parte pede o depoimento da outra, o obejetivo é que
quem depõe venha a confessar factos que sejam favoráveis à contraparte, artº 463º/1 cpc.

No artº 466º permite-se que a parte requeira o seu próprio depoimento em tribunal. Chama-se a isto a declaração
de parte.

3. Prova pericial, artº 467º: a perícia é requerida por qualquer uma das partes ou pelo próprio juiz. É a prova
levada a cabo por terceiro que tem um conhecimento especializado em determinada matério – o perito.

4. Prova por inspeção, artº 490º, é a prova que assenta no exame que é levado a cabo pelo próprio juiz. O juiz vai
ao local, avalia a pessoa, etc. o juiz pode pedir ainda a reconstrução dos factos. Exemplo: história do “quadro
dos olhos grandes”.
Artº 494 – verificação não judicial qualificada: permite que o juiz faça inspeção por intermédio de outra pessoa.

5. Prova testemunhal, artº 495ºcpc, é uma prova que assenta num terceiro que vem relatar factos de que tem
conhecimento sobre o processo, ao tribunal. Pode ser testemunha quem tiver aptidão física e mental para depor
em juízo. Artº 1364ºCCiv. – as testeminhas não servem para provar todo e qualquer facto.

A prova testemunhal é complicada, porque o depoimento, muitas vezes, não corresponde à verdade.

Incidentes:

a) Incidente da impugnação (artº 514º e 515º), visa afastar uma testemunha. O autor visa afastar uma testemunha
do réu e o réu pretende afastar uma testemunha do autor.

b) Incidente da contradicta (521º) é o incidente que se levanta após a testemunha ter dado o seu depoimento e
pretende-se afastar aquele depoimento. Exemplo: a testemunha nem estava no país na altura do acontecimento
do litigio.

c) Estamos perante o Incidente da acariação, quando sobre o mesmo ato, duas testemunhas se opõe. Elas são
postas frente a frente para relatarem os factos. A partir daqui o juiz apercebe-se qual a testemunha mais segura
e mais convicta da verdade.

6. Prova por Presunções, artº349º a 351º CCiv. É uma prova que se baseia numa dedução ou numa inferência,
através da qual deduz-se a existência de outro facto.

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Exemplo: Prova-se que o réu levou a cabo uma atividade perigosa e deduz-se que houve culpa, há uma
presunção de culpa. Esta é uma presunção legal.
As presunções judiciais são aquelas em que o juiz, a partir de certos factos, retura/deduz outros factos. Exemplo:
A im em excesso de velocidade. O juiz comprova as marcas dos pneus por 20m no local do acidente e tal
comprova o excesso de velocidade.

****Todos estes meios de prova visam o cumprimento do ónus da prova e visam esclarecer o juiz sobre os factos que
lhe são apresentados.****

SENTENÇA
Artº 607º CPC

a) Relatório
b) Fundamento (de facto ou de direito)
c) Decisão Final

Porferida a sentença, o poder jurisdictional do juiz esgota-se = Princípio da extinção do poder jurisdictional,
artº 613º/1 CPC.

Dá-se, finalmente, o CASO JULGADO. Este pode ser:


1. Formal (art´620): É formal quando a decisãi do juiz recai sobre um aspeto processual;
2. Material (art´619º/1): É material quando o juiz decide o pedido que foi apresentado na PI.

Importância do caso julgado: valor da segurança juridical (teremos de confiar na justiça!”!”)

FIM

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