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FORMA DE INCLUSÃO
1 INTRODUÇÃO
2 DISCUSSÃO DO CASO
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Chegamos a sugerir-lhe que fizesse um processo de avaliação psicológica com algum outro estagiário da clínica no
projeto de psicodiagnóstico, ela, no entanto, recusou afirmando temer que um mal resultado nos testes a levaria a
perder sua vaga na Universidade.
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De fato, o que se observa é que ela tem grandes expectativas no domínio intelectual,
acreditando poder vir a ser palestrante.
Como dissemos, cabe-nos auxiliá-la a sustentar essa posição de não
desencorajamento. Contudo, essa posição precisa ser articulada à realidade da
castração, não apenas da castração simbólica, mas também da castração real
expressa em seu déficit cognitivo. Em uma de nossas seções ela chegou angustiada
com o fato de que teria que escrever um mínimo de três páginas exigido por uma
professora para um trabalho acadêmico, sendo que havia tido grande dificuldade para
escrever meia página para um outro trabalho. Nossa intervenção consistiu em dizê-la
que, de fato, não seria possível cursar toda a faculdade escrevendo apenas meia
página para os trabalhos propostos pelos professores, mas que ela também não
deveria se desencorajar se não conseguisse escrever três páginas dessa vez, que
tentasse escrever pelo menos uma para esse trabalho, quem sabe duas para o
próximo e assim por diante. Acreditamos ter feito um uso legítimo da sugestão, tal
como Freud nos propõe no artigo supracitado.
Com o passar do tempo, outras questões têm surgido em nossas seções,
questões que vão além de suas dificuldades acadêmicas. Em uma seção na qual
discorria sobre como a angustiava ter que apresentar trabalhos oralmente, uma vez
que não conseguia dizer com suas próprias palavras aquilo que havia lido,
perguntamo-la sobre qual seria, de fato, o seu problema Ela respondeu afirmando que
seu problema na verdade é conversar com os outros, que nunca sabe o que dizer, que
não tem nenhum assunto, não tem “nem noção” do que dizer, e que, por isso, acaba
limitando-se a responder aquilo que lhe é perguntado. Nos intervalos entre as aulas, se
os colegas vão para um lado ela vai para o outro, “se eles vão pra cá, eu vou pra lá”,
quando se aproxima de algum deles é para se informar sobre a faculdade.
Em Princípios do ato psicanalítico Eric Laurent afirma que “o analista é
aquele a quem nenhum lugar pode ser atribuído a não ser o da questão sobre o
desejo”. (LAURENT, ..., p.). Disso decorre que a prática terapêutica orientada pela
psicanálise fundamenta-se em uma ética: a ética do bem dizer o desejo. Ora, tomar a
palavra para bem dizer o desejo significa assumir a posição de sujeito. Ao afirmar não
ser capaz de conversar com as pessoas, limitando-se a responder aquilo que lhe é
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perguntado, a nossa paciente se coloca na posição de objeto, isto é, de assujeitada ao
outro. Em seções mais recentes ela demonstrou assumir essa mesma posição em
outros contextos de sua vida. Ela afirma que nada lhe é encaminhado para fazer em
seu trabalho, já que outra pessoa foi contratada para fazer aquilo que fazia. Disse que
fica à toa em uma sala enquanto gostaria de estar trabalhando. Nossa intervenção
consistiu em sugeri-la que expressasse esse desejo no seu local de trabalho, que se
aproximasse das pessoas e se oferecesse fazer qualquer coisa que precisasse ser
feita. Novamente fizemos uso da sugestão proposta por Freud, respaldando-a, no
entanto, na ética da psicanálise.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
KRUEL, Sandra Seara. Psicanálise e debilidade mental – até que ponto uma criança
débil pode se beneficiar de uma análise? Alétheia, Governador Valadares, n.2, p. 90-
100, março 1998.