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Guarulhos
2018
Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica da Unifesp
Idealizadores
Diogo dos Santos Silva
Iago Victor Santos da Silva
Editoração e Diagramação
Diogo dos Santos Silva
Iago Victor Santos da Silva
Editores:
Fernanda Rodrigues
Kamila Arão
Marcelo Gercino
Realização:
Universidade Federal de São Paulo
Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
APRESENTAÇÃO
Iago Victor
Sumário
O contato linguístico do espanhol dos bolivianos (e) com o português brasileiro (pb) na cidade
de Guarulhos: alguns resultados ............................................................................................... 16
Literatura y psicoanálisis: un analisis de Graciela de Primavera con una esquina rota, de Mario
Benedetti ................................................................................................................................... 29
1. Introdução
2. Resultados e Discussão
1
Este trabalho integra a pesquisa de iniciação científica, concluída em julho de 2018, titulada “Arte Nuevo de
Hacer Comedias en Este Tiempo, de Lope de Vega: tradução e comentários”, financiada pelo Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
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3. Conclusões
4. Agradecimentos
A pesquisa de iniciação científica da qual proveio este trabalho foi financiada pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
5. Referências Bibliográficas
ARELLANO, Ignacio. Historia del teatro español del siglo XVII. Madrid: Cátedra, 2008.
ARISTÓTELES. Poética. trad. Eudoro de Sousa. Lisboa: Casa da Moeda, 1986.
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COTARELO Y MORI, Emilio. Bibliografía de las controversias sobre la licitud del teatro en
España. Madrid: Est. de la “Rev. De archivos, bibl y museos”, 1904.
HORÁCIO. Arte poética. intr., trad. e com. de R. M. Rosado Fernandes. Lisboa: Mem Martins,
Inquérito, 1984.
LOPE DE VEGA, Félix. Arte nuevo de hacer comedias en este tiempo. ed. Enrique García
Santo-Tomás. Madrid: Cátedra/Letras Hispánicas, 2012.
PINCIANO, Alonso López. Philosophia antigua poética. ed. José Rico Verdú. Madrid:
Biblioteca Castro, 1998.
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
Segundo Reyes (1930), toda história literária pressupõe uma antologia iminente e toda
antologia é resultado de um conceito de uma história literária, a ponto de às vezes as antologias
definirem marcos de controvérsias críticas, seja provocando-as ou surgindo como sua
consequência.
Já Claudio Guillén definiu as antologias como formas intratextuais que supõem a
reescrita ou reelaboração, por parte de um leitor, de textos já existentes por intermédio de sua
inserção em novos conjuntos (1985).
Se a antologia pode contar com textos escolhidos por gosto ou afeto do antólogo,
qualquer antologia está marcada também pela renúncia que refletirá nos parâmetros de escolha
de acordo com a militância estética do autor, a inovação do material, os critérios canônicos da
época e da comunidade que a recebe, bem como a autoridade do antólogo e dos textos.
A “Antología Cátedra de Poesía de las Letras Hispánicas”, foi desenvolvida como
forma de comemoração do aniversário de vinte e cinco anos da coleção Letras Hispánicas da
Editora Cátedra que desde 1973 até a data de publicação da antologia reuniu mais de seiscentos
e cinquenta títulos de autores clássicos espanhóis e hispano-americanos. O catálogo da editora,
segundo Casanova (2001), abrange praticamente toda a história da poesia em castelhano.
Essa antologia portanto surge como consequência que um projeto prévio, então, suas
limitações são as limitações da própria coleção da editora. O autor afirma em sua introdução
que na edição tentou respeitar ao máximo o texto apresentado nas edições correspondentes da
coleção.
Apesar de ser uma publicação espanhola, afirma Casanova; “ No hago distingos entre
autores españoles e hispanoamericanos, pues creo que adjetivo hispánicas del título hace
referencia a la lengua y no a cuestiones de tipo territorial o nacional (2001, pg. 72).”
Dentro do recorte escolhido (séculos XIX-XX), estão 561 poemas divididos entre 9
países e 161 poetas. Apesar de Casanova afirmar não fazer distinções na escolha de poetas e
poemas, existe uma discrepância entre o número de poemas de autores espanhóis e os de outras
nacionalidades, são 451 poemas de autores europeus contra 116 poesias de autores americanos.
A antologia apresenta apenas 77 poemas na divisão do século XIX da página 509 até a
622. São 55 poemas espanhóis divididos em 20 poetas homens e 4 mulheres enquanto as outras
nacionalidades aparecem da seguinte forma:
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Argentina 2 1 0
Colômbia 4 1 0
Cuba 5 1 1
México 3 1 0
Argentina 2 1 0
Chile 18 2 2
Cuba 20 3 0
México 12 2 0
Nicarágua 9 1 0
Peru 10 1 0
Uruguai 16 1 2
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Embora neste século apareçam mais países que o anterior, a proporção de poemas
espanhóis para os de outras nacionalidades é também bem maior. Dentre os nomes espanhóis
encontram-se representantes da Generación 1898 como Antonio Machado e grandes nomes da
Generación 27 como Federico Garcia Lorca, Rafael Alberti e Pedro Salinas.
Ainda que existam nomes extremamente importantes na antologia como os americanos
já citados e nomes como Gabriela Mistral, Nicolás Guillén e Octavio Paz, a seleção deixa de
apresentar neste período poetas essenciais da literatura latino americana como Jorge Luis
Borges que, apesar de citado na introdução, não consta nenhum poema na antologia. Não estão
presentes também Julio Cortázar, Juan Rulfo nem Mário Benedetti, para nomear alguns dos
grandes poetas que não estão presentes.
Conclusões:
Apresentei estes dados de acordo com os resultados obtidos na pesquisa até aquele
determinado momento (maio/2018) pois a mesma não havia sido finalizada.
No entanto, os dados levantados já permitiam chegar a algumas conclusões: Levando
em consideração o recorte escolhido, por exemplo, nota-se que poucas foram as mulheres que
conseguiam escrever poemas dentre os séculos XIX e XX, e muitas vezes as que conseguiam,
escreviam através de um pseudônimo masculino, essa condição reflete diretamente na diferença
de poetas homens e mulheres presentes no recorte estudado pela antologia.
Tal como a falta de poetas mulheres, nota-se também que, basicamente, não existem
poemas que discutam as questões de raça. A exceção é a presença do cubano Nicolás Guillén
que se dedicou ao tema ao longo de sua carreira.
A antologia demonstra que os poetas latino-americanos aparecem no acervo da
Ediciones Cátedra em uma proporção consideravelmente menor quando comparados aos
poetas espanhóis, este dado se torna mais expressivo ao pensar que pelo menos na antologia
(no recorte escolhido) são oito países em contraposição à Espanha em uma proporção de 117
poemas de autores latino-americanos e 450 poemas espanhóis.
A discussão que se deu após a apresentação do trabalho foi muito positiva e permitiu
que a APP assumisse outros caminhos, principalmente a partir das considerações que os
ouvintes levantaram, por exemplo, sobre a importância de se considerar a época estudada pois,
é comum afirmar a diferença entre homens e mulheres ou brancos e negros na antologia como
simplesmente uma escolha do selecionador, quando na realidade é um reflexo da sociedade da
época.
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O romance Algún Amor Que No Mate foi o primeiro romance escrito pela autora
espanhola Dulce Chacón. Publicado em 1996, teve uma boa recepção pela crítica chegando a
ser adaptado para o teatro em 2002 pela própria autora. O romance é sobre uma mulher
maltratada pelo marido.
A condição social das mulheres é um tema comum na obra de Dulce Chacón (Zafra,
Badajoz, 1954 - Madrid, 2003) que, além de romances, escreveu também poemas, contos, peças
de teatro e biografias. A autora era bastante comprometida com as questões de gênero, inclusive
fora do campo literário, tendo participado da Associação de mulheres contra a violência de
gênero, Associação de mulheres contra a guerra e da Plataforma de cultura contra a guerra,
durante a invasão do Iraque.
Ainda que seja uma autora pouco conhecida no Brasil, sua obra contribui bastante para
a discussão a respeito da desigualdade de gênero porque apresenta personagens femininas que
buscam a libertação das imposições sociais. As escolhas estéticas feitas por Dulce Chacón em
sua obra também colaboraram para o avanço da produção de outras escritoras mulheres, que até
a década de 90 tinham pouco espaço na literatura hispânica devido ao contexto conservador
presente na Espanha.
Temos uma narradora que também é personagem e é quem conta a história de Prudência,
a protagonista do romance. A princípio, Prudência parece uma segunda personagem. No
entanto, quando chegamos à metade do enredo, é possível constatar que Prudência e a narradora
são a mesma pessoa, de modo que, ao narrar como se existissem duas personagens e não uma,
cria-se um efeito de distanciamento sobre os episódios narrados, pois quando conta os episódios
mais dramáticos sobre os maus tratos que sofre por parte do marido, a narradora-personagem
escolhe dizer que são acontecimentos da vida de Prudência e não da própria vida.
O foco do enredo de Algún Amor Que No Mate é a vida conjugal de Prudência, desde o
dia de sua noite de núpcias até o dia de sua morte. O enredo não é linear, sendo que os
acontecimentos narrados não seguem a sua ordem cronológica. Além disso, a narrativa alterna
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
O ponto de vista do narrador, por mais amplo ou mais restrito que seja, é sempre um
recurso do autor-implícito para promover “lacunas” – por excesso ou carência de
lucidez – que juntas, visão e “cegueira”, num intercâmbio dialético – espécie de feixe
de diferentes interferências de tons – darão a coloração verdadeira ao romance. (DAL
FARRA, 1976, p. 24)
2
"Hace muchos años que no hago el amor. No es una queja. Vivo muy bien así. Sin la obligada costumbre. Mi
marido y yo nos echábamos juntos la siesta."
3
"Pero Prudencia sí. Y en las siestas tenía que fingir. Y después ya no hubo siestas.”
4
"Prudencia y yo hemos estado siempre juntas. Nadie habla con Prudencia y ella sólo habla conmigo.”
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
Em diálogo com Booth, que traz este conceito e denomina como retórica ficcional o
conjunto de escolhas feitas pelo autor-implícito, Dal Farra coloca que:
No caso do romance Algún amor que no mate é evidente que a escolha pela narração
em primeira pessoa possibilita a exploração acerca das emoções da narradora-personagem e da
amante.
Entretanto, talvez seja viável o questionamento sobre quais efeitos de leitura o uso deste
código promove.
A leitura de Algún amor que no mate nos parece um exercício de intimidade entre a
narradora - ou as narradoras, se considerarmos a amante como uma segunda narradora - pois
ela traz detalhes sobre a sua vida dentro do espaço privado, relatando vários momentos de seu
casamento e da violência que sofreu.
Outro efeito possível seria dado pelo tom da narrativa que é informal, próximo à
oralidade, como se a narradora estivesse no nosso aqui agora, nos contando tudo o que
aconteceu. Diante disso é que talvez o leitor, a partir de um determinado momento, esteja imerso
e convencido pelas emoções da narradora.
Uma narrativa em terceira pessoa também poderia apresentar um tom de conversa, mas
a diferença neste caso reside na proximidade com que essa história é contada. O “eu” desta
narração está muito exposto, inclusive pelo conteúdo desagradável que está narrando. Tanto é
que no romance muitos episódios vividos pela narradora são contados como se tivessem
acontecido com outra pessoa (Prudência) e não com ela mesma.
Ademais, a narradora expõe suas emoções de forma tão profunda que observando a obra
em sua totalidade, outro efeito de leitura possível seria o desenvolvimento de uma empatia entre
o leitor e a temática da violência de gênero. E considerando a atualidade deste tema, são
importantes os meios, como a literatura, que facilitem a sensibilização para este debate. No caso
do romance, pode-se dizer que oferece bastante contribuição nesse sentido, por apresentar
através do jogo narrativo, a violência contra a mulher.
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
Este trabalho apresenta alguns dos resultados de nosso estudo que teve como propósito
analisar a condição linguística dos bolivianos que vivem na periferia da cidade de Guarulhos-
SP. Bem como observar e descrever as ocorrências linguísticas, históricas e sociais dessa
comunidade, nosso objetivo foi também investigar a situação de contato entre línguas próximas,
o espanhol e o português brasileiro.
Associados às diversas pesquisas da área da Sociolinguística, das Línguas de contato e
dos Estudos Comparados (TARALLO & ALCKIMIN,1987; MORENO,1998; BOTTARO,
2002; ROBIM, 2017) investigamos o contato do português brasileiro (PB) com o espanhol (E)
e os fenômenos linguísticos nas quais se encontram presentes na comunicação entre essas duas
línguas, tais como: alternância de códigos, as transferências (lexicais e morfossintáticas) e a
mescla linguística.
Para uma melhor compreensão da situação de contato, reconstruímos o caráter sócio-
histórico da imigração boliviana no Brasil, especificamente na região metropolitana de São
Paulo, (RMSP) na qual a cidade de Guarulhos pertence (BAENINGER, 2012; AGUIAR, 2009),
como consequência do processo de migração boliviana que vem acontecendo desde os anos 50.
Para cumprir com nossos objetivos, realizamos um trabalho de campo utilizando
técnicas da Sociolinguística, como a observação do participante e a entrevista sociolinguística.
A amostra de nosso estudo está formada por 12 entrevistas, com informantes de ambos os sexos
e com idades entre 12 e 45 anos.
Em seguida, apresentamos um excerto da análise linguística realizada nas respectivas
áreas gramaticais em que observamos os fenômenos de transferência, transferências lexicais e
alternância de códigos (code switching)/mescla linguística, que surgem como consequência do
contato entre o português brasileiro (PB) com o espanhol (E) boliviano.
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
No exemplo (1), observamos a ausência dos artigos diante dos pronomes possessivos
que é uma possível transferência da gramática do E, uma vez que não se emprega artigos na
frente dos adjetivos possessivos na língua espanhola. Entretanto, conforme a gramática de usos
do português “não é necessário, (...) que ocorra nenhum determinante antes do grupo formado
por possessivo + substantivo, isto é, essa posição pode estar vazia” (Moura Neve, 2002:475
apud Bottaro, 2002: 85). Como vemos, no sistema gramatical do PB o emprego de possessivos
com ou sem determinantes é opcional e na amostra constatamos certa variação.
Vejamos no exemplo (2), o emprego de advérbios do sistema E, majoritariamente são
advérbios de negação e de frequência: poco e siempre e o por fim. O sufixo –mente são
empregados em abundância ao longo da amostra, sabemos que estes advérbios estão presentes
em ambos os sistemas e novamente nos deparamos com a proximidade entre eles.
A mescla linguística também está presente nesta amostra a identificamos por meio da
análise de dois fenômenos linguísticos: a alternância de códigos (code switching) e as
transferências lexicais. A alternância de códigos ou mescla linguística conforme Moreno
(Moreno:268) é um fenômeno que consiste na justaposição de orações em línguas diferentes no
discurso de um mesmo falante. Os autores Tarallo & Alkimin (op.cit.:13) reafirmam o conceito
e tratam a alternância de código como estado de mescla genuína, isto é, duas línguas em uma
mesma discurso. Para Silva-Corvalán (1989) as transferências lexicais podem manifestar-se
em ordem lexical, morfossintática e fonológica.
Vejamos outros exemplos presentes na amostra:
(3) Oh...no… al año una só vez...(Informante B6M, 21 anos, Grupo B)
(4)... eu ver nois fazemos todo de aqui de Brasil...lo que aqui hacen. de allá::: a ver
televisão daqui. radio ::: radio de allá da Bolívia ...(Informante B6M, 21 anos, Grupo
B)
Referências bibliográficas
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Nosso projeto tem como objetivo geral aprofundar os estudos a respeito do fenômeno
linguístico denominado voseo no espanhol do Chile e como objetivos específicos, basear-nos
nas pesquisas sociolinguísticas (MORENO DE ALBA (2007); BAGNO (2002); HELINCKS
(2010); PETTORINO (1972-1973, 1998), ARAÚJO (2013) e de política linguística (CALVET
(2002); TARALLO (1985)) para: 1) demonstrar as particularidades deste fenômeno linguístico
em comparação com os demais países voseantes da América Latina; 2) analisar as atitudes
linguísticas e a questão do prestígio das formas de voseo no Chile e 3) verificar se há políticas
linguísticas que tratam a respeito da diversidade linguística no Chile, e, havendo, se incentivam
ou desanimam o uso destas formas tão características e representativas da fala dos chilenos.
A amostra do nosso estudo está constituída por um questionário e entrevistas orais sobre as
atitudes linguísticas, que será aplicado a 20 informantes chilenos, de ambos os sexos, de
diferentes faixas etárias e escolaridade.
Algumas perguntas nortearão nossa pesquisa. São elas:
1) Quais são as condições necessárias no ato da comunicação para o tratamento voseante
no Chile?
2) Qual a extensão territorial do uso dessa forma de tratamento?
3) Os níveis socioeconómicos e de escolarização influenciam no uso/desuso da mesma?
4) Há no país políticas lingüísticas referentes a esse uso/desuso?
5) O voseo no Chile desperta atitudes positivas ou negativas em seus falantes?
Para cumprir com os nossos objetivos, primeiramente realizaremos a revisão da literatura e
posteriormente a quantificação dos dados e os correlacionaremos com os fatores
extralinguísticos (sexo, idade, escolaridade), depois passaremos à análise qualitativa dos dados
referentes às atitudes linguísticas atribuídas às formas do voseo chileno na atualidade.
O estímulo para estas indagações e a fundamentação teórica desta pesquisa florescem das
palavras de Torrejon (1986, apud Moreno de Alba (2007, p. 172), quando diz que “el voseo
mixto es cada vez más frecuente en Chile entre los jóvenes y adultos y cada vez está siendo
objeto de menor censura por parte de los mayores”.
Conforme Cifuentes (2017, p. 6) são insuficientes a “cantidad de estudios dedicados a los
estudios glotopolíticos en Chile. Esto es aún más patente en el caso de la Academia Chilena,
donde existen solo unos pocos trabajos exploratorios dedicados a estudiarla como sujeto
glotopolítico relevante en el contexto nacional”. Ele ainda afirma que “el uso del lenguaje
supone una intervención sobre su contexto de uso, por lo que su estudio debe considerar la
dimensión formal siempre en conjunto con su dimensión social”.
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Magalhães (2011) aput Calvet (2002, p. 65) mostra que a relação entre o falante e sua língua
nunca é neutra e argumenta que “existe todo um conjunto de atitudes, de sentimentos dos
falantes para com suas línguas, para com as variedades de línguas e para com aqueles que as
utilizam”. Não é a toa que comumente as pessoas são julgadas pelo seu modo de falar.
Para concluir, acreditamos que com este estudo estaremos contribuindo para conhecer a
respeito do emprego deste fenômeno linguístico e as conotações sociais presentes nas diferentes
regiões do Chile e como estas se refletem nas atitudes linguísticas dos seus falantes. Nesse
sentido estamos de acordo com Tarallo (1985, p.14) quando afirma que “as atitudes linguísticas
são as armas usadas pelos residentes para demarcar seu espaço, sua identidade cultural, seu
perfil de comunidade, de grupo social separado”. Mapear essas armas e seus contextos de uso
são o afã deste estudo.
Referências bibliográficas
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico. O que é, como se faz. 17. ed. São Paulo: Loyola,
2002.
CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística, uma introdução crítica. Trad. Marcos Marcionilo. São
Paulo: Parábola, 2002.
CIFUENTES, Juan. Ideologías lingüísticas en Chile: el Boletín de la Academia Chilena de la
Lengua (1915-1931). Santiago do Chile: Informe final de Seminario de Grado para optar por al
grado académico de Licenciado de Lengua y Literatura Hispánicas con mención en Lingüística da
Universidad de Chile, 2017.
HELINCKS, Kris. La variación estilística y social del voseo chileno: Un estudio
sociolingüístico cuantitativo y cualitativo. Faculteit Letteren en Wijsbegeerte, 2010.
MORALES, Félix Pettorino. El voseo en Chile, en Boletín de filología, XXIII/XXIV: 261–273,
1972–1973.
MORALES, Félix Pettorino. Panorama del voseo chileno y rioplatense, en Boletín de filología,
XXXVII (2): 835–848, 1998–1999.
MORENO de ALBA, José G.Introducción al español americano. Madrid: Arco Libros, 2007.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolingüística. São Paulo: Ed. Ática S.A., 1986.
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Jorge Edson
Mestrando em História – Unifesp
Orientadora: Ana Nemi
Pós-Doutorado em História, pela USP e Universidade Lisboa
5
Juan Carlos, foi nomeado rei da Espanha, e exerceu o título entre os anos de 1975 à 2014, quando abdicou ao
trono.
6
LE GOFF, Jacques. História e Memória. UNICAMP. 1990. p. 368
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7
MARTINEZ SOTO, Maria Cristina. Os silêncios Falam. In: José Carlos Sebe Bom Meihy (org.). Guerra Civil
Espanhola: 70 anos depois. EdUSP. São Paulo, 2011. p.214
8
9
LOWENTHAL, David. Como conhecemos o Passado. São Paulo, 1998. p.83
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
Lowenthal, “os grupos também mobilizam lembranças coletivas para sustentar identidades
associativas duradouras (...)10”. Assim, entendemos que a identidade seja ela individual ou
coletiva, entrelaçada pela memória, proporciona uma construção social e nacional,
transcorrendo a construção do presente, pela rememoração do passado.
As obras citadas, possuem por objetivo resgatar e transmitir a memória, de indivíduos que até
então, estavam esquecidos pela História “oficial”. Ao representar essas memórias, as Histórias
em Quadrinhos, apresentam-se como uma fonte de extrema potencialidade, para compreender
o século XX, dialogando diretamente com os objetivos da Lei de Memória Histórica, políticas
de memória da ARMH e as reivindicações sociais, pertinentes ao contexto atual.
10
Ibidem. p.84
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Introdução
O mundo hodierno fez com que novas tecnologias chegassem às escolas, oferecendo
aos docentes novos materiais para o aprimoramento de suas práticas pedagógicas. Se
antigamente para o ensino/aprendizagem era a proximidade entre professor e aluno que
contribuía para o êxito no que se refere ao apoderamento de informações propagadoras de
conhecimento, os atuais avanços das tecnologias, sejam elas da informação ou da comunicação,
transformaram o cenário da escola, que pode não ser mais considerada como a única
transmissora de conhecimento.
Diante disso, visou-se responder às seguintes questões: (a) Como a mídia audiovisual,
neste caso uma adaptação cinematográfica, pode ser usada como ferramenta de
ensino/aprendizagem? (b) Quais possíveis abordagens os docentes poderão utilizar para
desenvolver suas práticas pedagógicas trabalhando com uma adaptação cinematográfica de uma
obra literária?
Partiu-se da hipótese de que a adaptação da obra Dom Quixote de La Mancha para o
cinema, assim como outras adaptações que dialogam com correntes literárias, por suas
inovações no tocante à produção dramática e cênica, podem ser exploradas pelo docente nas
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Métodos
Resultados e Discussões
Através de uma análise contrastiva, percebeu-se que de uma maneira geral, a adaptação
cinematográfica tenta reproduzir, com certo êxito, as características dos personagens, a
ambiência da obra literária e o seu enredo, onde são acrescentados novos elementos, assim
como alguns são extraídos ou mudados de sequência. A relação entre o enredo da obra literária
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
Dom Quixote de La Mancha com a referida adaptação cinematográfica, por esta apresentar uma
sequência diferente, enriquece o trabalho de cunho comparativo entre ambas as obras mediado
pelo professor, e contribui para que este ofereça subsídios para que o aluno prossiga a leitura
das demais aventuras do Quixote.
Conclusões
O trabalho evidenciou que formas de tratar a literatura em sala de aula podem surgir ao
serem observadas as suas confluências com outros suportes, que por fazerem parte do contexto
social de modo geral, podem servir para potencializar o alcance das obras literárias. Através da
análise comparativa da primeira saída de Dom Quixote na obra literária e na adaptação
cinematográfica Don Quijote (2000), foi possível constatar que pelas semelhanças e diferenças,
a referida adaptação configura-se em uma ótima ferramenta de trabalho comparativo. Ademais,
foi evidenciado durante a elaboração deste, que a obra cinematográfica oferece além de um
estudo literário comparativo, um trabalho voltado para a análise linguística entre a linguagem
culta de Dom Quixote e a linguagem vulgar de Sancho, o que possibilita novas indagações
acerca do uso da mídia audiovisual em aulas de espanhol como língua estrangeira.
Referências bibliográficas
CERVANTES, Miguel de. Don Quixote de La Mancha. Ed. ALBA. Madrid; LIBSA, 2002.
MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação & Educação. São Paulo,
ECA-Ed. Moderna, [2]: p. 27-35, jan./abr. 1995.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 4. Ed., São Paulo: Contexto,
2009.
Audiovisuais
Don Quijote. Adaptação norte americana, dirigida por Peter Yates, 2000.
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Aline Expedita
Graciela Foglia
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interroga a si mesmo, pensa sobre seu destino, sua história, seu funcionamento social e mental.
A literatura nos indica quem fomos e quem somos. Pensando nisto, a personagem Graciela foi
analisada sob uma perspectiva psicanalítica. Abaixo estão alguns dos resultados obtidos na
análise: São sete capítulos que dão voz à Graciela, eles são intitulados “Heridos y contusos” e
demonstram como Graciela se sente: ferida e machucada. São narrados por um narrador
observador e estão repletos de diálogos entre Graciela e os demais personagens da obra.
Graciela é uma mulher que aparenta ter entre 32 e 35 anos; ela não gosta do seu trabalho
como secretária e está deprimida, também pelo fato de estar lutando uma batalha interna sobre
contar ou não, por meio de carta, para o marido que está preso há quase cinco anos que ela não
o deseja mais. Ela, que segue os mesmos valores revolucionários que o marido, o vê agora
apenas como amigo de militância, não como homem. Graciela tem medo de que se contar para
Santiago que não o quer mais poderá destruí-lo, entretanto, guardar esse sentimento está, na
verdade, destruindo-a. É esse conflito que Graciela enfrenta durante o livro: contar ou não
contar? O capítulo “Heridos y contusos (hechos políticos) ” começa com um diálogo entre mãe
e filha. Aqui o narrador é muito mais descritivo do que no capítulo que inicia o livro; descreve
a filha e suas roupas, a mãe e seus comportamentos. Há neste capitulo uma série de indagações
tanto da pequena quanto da mãe, o que nos mostra o caráter reflexivo dos únicos personagens
femininos da obra. Neste primeiro momento Benedetti nos apresenta uma Graciela dona de
casa, mãe, modesta, tensa e um tanto desinteressada com os assuntos da filha. É inteligente,
sabe, quando quer, como responder as perguntas da filha de modo que a menina se sinta
satisfeita; é uma mulher de boa oratória. Vemos também que Graciela admira seu marido e se
inspira nele quando diz que falta muito para que seja uma mulher de cultura política como ele,
entretanto, esta admiração pode ser um dos mecanismos de defesa proposto por Freud: a
introjeção que consiste em incorporar qualidades positivas de uma pessoa a fim de beneficiar o
próprio ego. É possível inferir que a personagem concorda com os ideais políticos de Santiago
e acredita que ele está preso por um bom motivo.
Freud introduziu na psicanálise um modelo estrutural da mente humana dividido em três
partes que o ajudou a explicar as imagens mentais de acordo com seus propósitos e funções: id,
ego e superego. O id é a parte da mente humana que não tem qualquer contato com o mundo
externo e é totalmente inconsciente: sua única função é buscar o prazer e satisfazê-lo. O ego é
a única região da mente que tem contato com o mundo real, ele segue o princípio da realidade
e é a parte que toma as decisões pessoais. Estas decisões podem ser inconscientes, pré-
conscientes e conscientes. O superego representa os aspectos morais e ideias da personalidade;
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não tem contato com o mundo externo, de forma que é irrealista em suas demandas por
perfeição. Através do diálogo entre Graciela e sua amiga Celia no capítulo “Heridos y contusos
(un miedo espantoso)” fica claro a divagação da esposa de Santiago entre o superego e o id.
Ora Graciela se culpa por sentir necessidade de fazer sexo com outra pessoa, ora crê que isso é
biológico no ser humano. Para Freud, uma pessoa em que o superego domina o id e o id domina
o ego, é uma pessoa carregada de culpa ou com sentimentos de inferioridade que pode
desenvolver a autopunição.
Benedetti nos mostra o mais profundo de Graciela diante da situação do exílio. A esposa
de Santiago demonstra sua confusão sentimental dizendo saber o que passa com ela, mas por
outro lado, diz que tem noção de que não confessa a ela mesma seus sentimentos, ou seja, a
moça sabe conscientemente o que sente, mas não quer sentir. Neste momento fica claro a
importância de Graciela mergulhar em si mesma e se autoconhecer, ou melhor, se reconhecer.
Compreender a relação psicanálise-literatura que se dá através do mecanismo de defesa
da sublimação convertido na arte de escrever, foi fundamental para a análise psicanalítica da
personagem estudada. Sabemos que qualquer forma de literatura, seja ela teatral, poética ou
literária é sempre uma maneira de interpretar uma sociedade.
Conclui-se que fazer usos dos conceitos da psicanálise freudiana para a interpretação
que busca um sentido nas ações de um personagem ficcional mostrou que seu autor calculou,
cuidadosamente, cada característica e cada ação da personagem em questão a fim de criar uma
identificação do público com ela e, o que faz com que uma obra conquiste um lugar de evidência
na cultura é exatamente isto: sua capacidade de causar uma identificação do leitor com o
personagem e é esta identificação do leitor com Graciela que a torna tão humana. Graciela é,
pois, uma mulher que sente, que sofre e que tem papeis dentro de uma sociedade, sociedade
esta nova para ela que busca aprender a lidar com conflitos internos que estão a todo momento
tornando-se sintomas, perturbando assim, sua vida.
Referências
BENEDETTI, Mario. Primavera con una esquina rota. Buenos Aires, Editorial Sudamericana,
2000.
BELLEMIN-NÖEL, Jean. Psicanálise e Literatura. Tradução de Álvaro Lorencini e Sandra
Nitrini. São Paulo: Cultrix, 1978.
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
INTRODUÇÃO
Este breve ensaio é o resultado dos estudos e análises que compuseram o plano
pedagógico do curso de extensão “Compreensão leitora e auditiva de produções artísticas em
língua espanhola dos períodos de ditaduras latino-americanas do século XX” ofertado na
Universidade Federal de São Paulo no ano de 2017. Este ensaio tem como objetivo principal
traçar um panorama sobre as principais ditaduras do século e apontar particularidades do campo
artístico e mais especificamente do campo da literatura nos países latino americanos no século
XX.
AS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS
Os períodos de ditaduras foram marcados, no campo artístico, pela forte repressão
contra os artistas, jornalistas e escritores. Seja na música – com Mercedes Sosa – seja na
literatura – com Mario Benedetti – a arte foi fortemente explorada pelos artistas dos períodos
de ditadura para veicularem ideais contrários ao autoritarismo que era empregado pelos
governos. No campo da música teve-se, por exemplo, o movimento que se denominou La nueva
canción latinoamericana, que era um contraponto ao regime imperialista estadunidense dos
anos 60 e que era formado principalmente a partir das manifestações culturais latino-
americanas.
Velasco (2007) explica de forma sucinta algumas dessas características e que são
pertinentes para este estudo:
Los inicios de la Nueva Canción Latinoamericana podemos situarlos en el surgimiento
de una serie de trabajos musicales que se dieron a lo largo y ancho de América Latina,
hacia finales de los años cincuenta y durante la década del sesenta. Nos referimos
específicamente al Nuevo Cancionero en Argentina, al Nuevo Canto en Uruguay, a
La peña de los Parra chilena, a Carlos Puebla y la Nueva Trova Cubana, a la Bossa
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Graduada em Licenciatura e Bacharelado em Letras – Português e Espanhol pela Universidade Federal de São
Paulo.
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Graduado em Licenciatura e Bacharelado em Letras – Português e Espanhol pela Universidade Federal de São
Paulo.
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Graduada em Licenciatura e Bacharelado em Letras – Português e Espanhol pela Universidade Federal de São
Paulo.
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NO PERIODISMO
A mídia é um – se não o maior – método de controle de informação das massas durante
o período de ditadura e na América Latina a imprensa foi fortemente afetada por conta do
autoritarismo. Usando como exemplo a ditadura argentina, Gamarnik explica:
Algunos diarios recibían presiones y represalias por sus publicaciones, pero el
“deshielo” de la opinión pública ya no se detendría. El trabajo de algunos reporteros
gráficos era celosamente vigilado y su participación en manifestaciones era
perseguida pero esta represión ya no pasaba desapercibida. En octubre de 1981, por
primera vez desde que se había instalado la dictadura, se realizó una manifestación
estudiantil frente al Ministerio de Educación que nucleó aproximadamente a 200
estudiantes. En esa ocasión, además de golpear y detener a los estudiantes, la policía
agredió a dos fotógrafos. A uno de ellos, Sergio Vijande, del diario La Prensa, le
quitaron la cámara, le velaron el rollo y lo golpearon. Tuvo que ser hospitalizado
(GAMARNIK, 2009, p.4).
Essas repressões não ocorriam apenas na escrita jornalística, embora nela fosse possível
perceber os efeitos da ditadura mais claramente. Uma manchete do jornal Clarín de 25 de março
de 1976 mostra como o governo influenciava a mídia de forma bem nítida:
O golpe militar argentino não é retratado pelo jornal como um golpe, mas sim como a
ascensão ao poder de um novo governo, uma forma de amenizar para a população a gravidade
da conjuntura política do país naquele momento, uma característica comum nas ditaduras.
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Caderno de Resumos – IV Jornada Hispânica
NA LITERATURA
O engajamento social contra a repressão autoritarista manteve-se em muitas frentes,
sendo representado em peso na literatura. Galeano foi um dos escritores que produziu fortes
críticas contra a ditadura através da literatura. Em El libro de los Abrazos podem-se encontrar
diversas narrativas que relataram alguns acontecimentos da ditadura. Las desmemorias, por
exemplo, é um conjunto de micronarrativas que fala sobre a ditadura, como podemos ver no
texto La desmemoria 2:
El miedo seca la boca, moja las manos y mutila. El miedo de saber nos condena a la
ignorancia; el miedo de hacer, nos reduce a la impotencia. La dictadura militar,miedo
de escuchar, miedo de decir, nos convirtió en sordomudos. Ahora la democracia, que
tiene miedo de recordar, nos enferma de amnesia: pero no se necesita ser Sigmund
Freud para saber que no hay alfombra que no pueda ocultar la basura de la memoria
(GALEANO, 1989).
De forma geral, a literatura pode, como argumenta Galeano em Nueva Sociedad, falar
sobre qualquer tema, o que inclui a ditadura:
La literatura puede reivindicar, creo, un sentido político liberador, toda vez que
contribuya a revelar la realidad en sus dimensiones múltiples, y que de algún modo
alimente la identidad colectiva o rescate la memoria de la comunidad que la genera,
sean cuales fueren sus temas. Un poema de amor puede resultar, desde este punto de
vista, políticamente más fecundo que una novela sobre la explotación de los mineros
del estaño o de los obreros de las plantaciones bananeras (GALEANO, 1989, p.75).
CONCLUSÃO
Entre as análises que circundaram este ensaio, uma destaca-se entre as outras: de forma
irrevogável as ditaduras latino-americanas foram responsáveis pelo engendrar das literaturas de
resistência, literaturas de denúncia e literaturas engajadas. Esses movimentos literários, em
resposta às atrocidades da ditadura, denunciaram e expuseram o cenário deixado pelo
autoritarismo, sendo, em nossa perspectiva, instrumentos importantes para a análise e
compreensão do cenário político-histórico dos países latino-americanos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GALEANO, Eduardo. Diez errores o mentiras frecuentes sobre literatura y cultura en América
Latina. In Nueva sociedad, 1989, p. 65-78. (b)
GALEANO, Eduardo. El libro de los abrazos. Ediciones La Cueva. 1989. (a)
GAMARNIK, Cora. Reconstrucción de la primera muestra de periodismo gráfico argentino
durante la dictadura. Ponencia presentada en las V Jornadas de Jóvenes Investigadores. Instituto
Gino Germani, Buenos Aires, 2009.
VELASCO, Fabiola. La Nueva Canción Latinoamericana. Notas sobre su origen y definición.
pp. 139-153, In Presente y Pasado. Revista de Historia. Año 12. No 23. Enero-Junio, 2007.
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De iure ou de jure, é uma locução latina que significa literalmente ‘de direito’, isto é, com reconhecimento
jurídico, legal.
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Foi uma disputa política, econômica, social, militar, informativo e esportivo entre o chamado bloco
Ocidental (ocidental-capitalista) liderado pelos Estados Unidos e o bloco do Leste (oriental-comunista) liderado
pela extinta União Soviética.
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fracassado sistema socialista. Seus poemas ainda estão influenciando novas gerações, pois os
problemas sociais continuam nos dias de hoje.
Para a composição sistêmica das subtemáticas, foi selecionado um total de 20 poemas
de 18 nacionalidades diferentes. Somente em dois países há repetição: Guiné Equatorial e
Espanha. O espanhol é mais falado no continente americano, continente este com o maior
número de hispanohablantes no mundo, se refletindo em cerca de 3/4 do trabalho. A América
do Sul tem o maior número de poemas com 8, seguido da América Central e Caribe com 6 e
América do Norte com 1, em um total de 15 poemas na América Latina e Caribe. Já a África
tem 3 poemas, 2 de Guiné Equatorial e 1 de Saara Ocidental. Por último, a Europa tem 2 poemas
representado a Espanha.
Na subtemática “Pobreza”, quatro poemas foram escolhidos com a mesma finalidade:
dizer a situação precária de todos os pobres, segundo a visão de cada poeta em seu país. Quando
lemos os poemas sobre os pobres, há uma mistura singular de sentimentos de tristeza e revolta
em nossos corações. Este assunto é o mais geral de todos os poemas, por isso, é a subtemática
que inicia a antologia, com o escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015).
Depois, vêem os poemas que tratam de algumas das atitudes questionáveis da burguesia.
É uma crítica muito forte a parte inescrupulosa da elite social. Os escritores falam em seus
poemas que a má burguesia sustenta sua riqueza por meio da concentração de renda que mantém
a maior parcela da população na pobreza. Uma das possíveis interpretações do poema “A Casa
dos Deuses”, escrito pelo mexicano Fayad Jamís (1930-1988), seria que a classe dominante
branca (crioula, no continente americano) vive em construções de pedra, como os antigos
palácios europeus, enquanto os indígenas e os negros vivem em precárias e frágeis construções
de palha, em situação de grande vulnerabilidade socioeconômica.
Continuando a antologia, o Cristianismo é utilizado, por exemplo, por meio da Bíblia e
do Corpo de Cristo – o Pão. Na simbologia cristã, o pão é um alimento divino que leva as
pessoas para a salvação eterna. Dessa forma, nos poemas selecionados, o pão não é somente
um alimento material, mas também um alimento espiritual que todos podem ter, sem distinção
de classe social. Já no texto bíblico, trabalhado no poema do padre católico nicaraguense
Ernesto Cardenal (1925), fala da grande injustiça na distribuição das riquezas terrenas.
Na subtemática “Crianças”, os poemas expõem fatores que abarcam a exploração do
trabalho infantil, o abandono familiar e o nascimento das crianças em condições de imensa
penúria. Essas questões são consequências da extrema pobreza de suas famílias e de suas
regiões nacionais pouco desenvolvidas economicamente. Um exemplo é o trabalho semi-
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escravo infanto-juvenil poetizado pelo escritor boliviano Óscar Alfaro (1921-1963), situação
esta de origem da colonização espanhola na mineração da prata e do ouro e que ainda persiste.
A última subtemática possui o intento de poetizar uma maneira de fugir da pobreza e da
guerra: a imigração. No continente africano e no Iraque, as guerras foram as principais razões
para os poetas guinéu-equatoriano Juan Bolboa Boneke (1938-2014) e saariano Bahia Awah
(1960), bem como e poetiza espanhola Isabel Pérez Montalbán (1964) escreverem sobre a saída
forçada das pessoas de sua pátria mãe. Já o poeta paraguaio Elvio Romero (1926-2004) foi
movido pela questão da miséria, elemento que expulsa as pessoas de seu local de origem. Para
encerrar esta subtemática e a antologia, a poetiza guinéa-equatoriana Raquel Ilonbé (1938-
1992) escreveu sobre a nostalgia de sua terra natal, a qual teve pouco contato. É uma busca
incessante por sua verdadeira identidade africana.
Portanto, as cinco subtemáticas compõem a grande temática “Desigualdade Social no
Mundo Hispanohablante”. Sendo assim, a título de representação imagética, a pintura satírica
de Kuczynski16 (logo abaixo) representa muito bem o verdadeiro sentido poético e antológico
deste trabalho: utilizar por meio da poesia uma valiosa ferramenta de denúncia social.
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Pawel Kuczynski (1976) é um ilustrador nascido em Szczecin, Polônia. Graduou-se em Belas Artes pela
Universidad de Poznan, se especializando em estilo gráfico.
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COMISSÃO ORGANIZADORA
Idealizadores
Diogo Silva
Graduado em Letras - Português e Espanhol (Bacharelado e Licenciatura) pela Escola de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (EFLCH).
Desenvolveu pesquisa de Iniciação Científica como bolsista na área de Sociolinguística e
Estudos de Línguas em Contato, sob a orientação da Profa. Dra. Silvia Etel Gutierrez Bottaro.
Atuou como monitor bolsista das disciplinas de Fundamentos do Ensino de Língua Espanhola
I e II na mesma universidade, projeto coordenado pela Profa. Ma Greice de Nóbrega. Tem
interesse na área de Língua Espanhola e de Estudos da Linguagem.
Iago Victor
Técnico em Logística pela Etec Zona Leste, graduado em Licenciatura e Bacharelado em Letras
(Português/Espanhol) pela Universidade Federal de São Paulo (EFLCH). Trabalhou como
pesquisador convidado em estudos da área da Educação Inclusiva e da Psicopedagogia.
Desenvolveu sua pesquisa de graduação na área do Ensino de Literatura. Publicou seu primeiro
romance em 2015, chamado Queda Livre, em seguida publicou seu primeiro suspense, Poison
Minds – Assassinos de Motel, e uma comédia, Sobrevivendo ao Ensino Médio. Atualmente
trabalha como tradutor.
Editores:
Fernanda Rodrigues
Graduanda no curso de Letras (Português e Espanhol) pela Universidade Federal de São Paulo
(ELFCH).
Kamila Arão
Graduanda no curso de Letras (Português e Espanhol) pela Universidade Federal de São Paulo
(ELFCH).
Marcelo Gercino
Graduando no curso de Letras (Português e Espanhol) pela Universidade Federal de São Paulo
(ELFCH).
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