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Curso de Graduação
Licenciatura em História
São Paulo
2014
1
UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO
Curso de Graduação
Licenciatura em História
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I _______________________________________________8
CAPÍTULO II______________________________________________17
A Estação Lajeado
CAPÍTULO III_____________________________________________20
CONSIDERAÇÕES FINAIS_________________________________24
FONTES__________________________________________________26
BIBLIOGRAFIA___________________________________________27
ANEXOS__________________________________________________28
3
INTRODUÇÃO
4
compra da fazenda Santa Etelvina pelo poder público na década de 1970 para
transformar-se em conjuntos habitacionais até os dias atuais1.
Como afirmado acima, a Cidade Tiradentes, antes de se transformar em Cohab
era uma fazenda, conhecida como Fazenda Santa Etelvina. De acordo com o documento
cartorial2, a fazenda foi vendida para o poder público e, posteriormente, foi dividida em
lotes para fazer os apartamentos populares.
Atualmente, por meio da tecnologia tivemos acesso aos acervos de diversos
jornais que se encontram digitalizados que, para fazer essa pesquisa, foi de extrema
relevância. Desse modo, utilizarei como fontes jornais e os sites oficiais da Prefeitura
Municipal de São Paulo – PMSP relacionados ao tema.
Os jornais selecionados foram O Estado de São Paulo – O.E.S.P, Correio
Paulistano e O Comércio de São Paulo – O.C.S.P
Nossa principal referência bibliográfica será a Dissertação de Mestrado de Rita
de Cássia Carvalho Vicentini, intitulado O percurso de um percussor. Defendida no ano
2007, está dissertação nos propõe uma serie de dados sobre o Coronel Antonio Proost
Rodovalho.
Também analisamos diversas outras obras para fazer este trabalho. A obra de
Edgard Carone, intitulada A evolução industrial de São Paulo (1889-1930), será de
extrema relevância por mostrar o contexto politico do período, com ênfase na figura do
coronel Antonio Proost Rodovalho, seu cargo e suas participações em órgãos públicos e
privados.
Também analisamos a obra de José Maria Bello, intitulada História da
República, que pode nos trazer, para essa pesquisa, a importância sobre a politica
republicana brasileira naquele contexto social.
A obra de Raquel Rolnik, O que é a Cidade, referência nos estudos de história
do bairro e das cidades, nos mostra a importância de estudar esse tema3. Para a autora
estudar a história do bairro é retratar, fatos, momentos históricos,
marcantes da história de São Paulo e do Brasil, como as políticas
elitistas e oligarquias que comandaram a historia política no século
XIX e inicio do XX, e como estas elites determinam a ocupação do
1
Informações retiradas do site da Subprefeitura Cidade Tiradentes. Para saber mais ver:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/cidade_tiradentes/historico/index.php?p
=94. Acesso em 15/10/2014.
2
Documento retirado do Cartório de Itaquera, 1978
3
ROLNIK, Raquel. O que é a Cidade. São Paulo: BRASILIENSE, 1994.
5
espaço geográfico da cidade, no caso São Paulo, que viviam
profundas transformações econômicas e sociais, seja pela
implementações de ferrovias, pelo crescimento populacional, as
imigrações e migrações que aqui se estabeleceram para trabalhar, os
desafios que essas classes operárias passavam no seu cotidiano,
marginalizadas nas periferias das cidades, estavam assim desprovida
de serviços públicos essenciais, dentro de uma cidade em formação e
delimitada espacialmente como São Paulo (ROLNIK, 1994, pg. 35).
6
de 1920, após a morte do coronel Rodovalho, é o momento em que a fazenda começa a
ser vendida em vários lotes, sendo que um destes lotes formará mais tarde o bairro da
Cidade Tiradentes.
.
7
CAPÍTULO I: O Coronel Rodovalho
Como citado acima, Edgard Carone, em sua obra A evolução industrial, quando
discorre sobre o crescimento industrial em São Paulo, que indica a ligação da Fazenda
Santa Etelvina com o coronel Rodovalho.
O autor afirma que no período do Império boa parte dos cargos públicos era de
“confiança”, no qual o escolhido para exercer a função poderia trabalhar para o Estado
e, ao mesmo tempo, participar da direção de várias empresas paulistas. No caso do
coronel Rodovalho, este, em 1875,
é nomeado gerente-tesoureiro da filial do Banco do Brasil, cargo que
exerce durante 12 anos. Passa, logo em seguida, para a presidência do
Banco Comercial, do qual é um dos fundadores. Dirige a Companhia
Estrada de Ferro Ituana e a São Paulo-Rio de Janeiro (futura Central
do Brasil). É responsável pela instalação da Associação Agrícola de
São Paulo. Em 1855, toma parte ativa na realização da I Exposição
Industrial Paulista. Coopera na fundação da Companhia de Gás de São
Paulo, da Companhia Cantareira, da Fazenda Caieiras, da Fábrica de
Tecidos Anhaia e Cia., da Serraria Sydow, das fábricas de cimento e
louça, localizadas no km 83 da Sorocabana (Estação Rodovalho), e da
Serraria e Fábrica de Cerâmica, localizadas na Fazenda Santa Etelvina
(grifo nosso), no Lajeado 4.
4
CARONE, Edgard. A evolução industrial de São Paulo (1889-1930). São Paulo: SENAC, 2001, pg.
150.
8
Seus negócios eram realizados em duas filiais – Santos e Campinas, e sua sede era em
São Paulo – capital.
Ainda em seu período auge como grande empresário paulista, começa a explorar
recursos naturais em diversas fazendas adquiridas por ele, sendo a mais conhecida a de
Caieiras, que explorava principalmente cal para construções de edifícios na Capital.
Mas o maior investimento que Rodovalho fez e onde colocou seu nome juntamente com
a história de grandes empresários paulistanos, como o major Benedito Antônio Silva5 e
Daniel Makinson Fox, foi à criação da Companhia Cantareira, para suprir o
abastecimento de água na capital, com a utilização de matérias de construção da fazenda
em Caieiras.
5
Benedito Antônio Silva e Daniel Makinson, foram grandes empresários e sócios de Rodovalho.
9
A historiadora Rita de Cássia Carvalho Vicentina, em sua dissertação de
mestrado intitulada O percurso de um Percursor – as atividades de um empreendedor
paulista na São Paulo Imperial e Republicana, quando descreve sobre a vinda dos
imigrantes para as indústrias paulistanas, a autora afirma que a principal mão de obra do
empresário Rodovalho vinha dos imigrantes, ele não utilizava escravos como mão de
obra. “Em suas fazendas eram empregados trabalhadores livres” 6.
6
VICENTINA, Rita de Cássia C.. O percurso de um precursor - as atividades de um empreendedor
paulista na São Paulo imperial e republicana. São Paulo: Universidade de São Paulo – USP. Dissertação
de Mestrado defendia no Programa de Pós-Graduação em História na Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas – FFLCH, 2007.
10
No que se refere a sua atuação à política, Rodovalho, por ter muitos negócios,
tinha grande influência política, tanto que consegue uma visita do Governador do
Estado (ou Presidente da Província), somados a grandes empresários da época e a
presença da imprensa paulistana em sua grande fazenda em Caieiras, que já estava se
transformando em uma grande fazenda industrial com cerca de 1400 operários entre
homens, mulheres e crianças.
Vale lembrar que, se num primeiro momento o Brasil era governado por Dom
Pedro II, se revezavam no poder dois partidos: o Liberal e o Conservador. Os ideais
políticos desses dois partidos procurava por uma política de favorecimento as elites
locais, desse modo, os cargos políticos eram distribuídos aos representantes do partido
vencedor, fortalecendo uma política elitista, de favores e privilégios. Mais tarde, com o
início da Republica em 1889, esperava-se uma mudança significativa neste cenário
político, o que de fato não ocorreu, temos então as políticas das oligarquias, dos
11
coronéis, nas quais usam suas influências locais para benefícios próprios, em troca, o
governo central recebia apoio e sustentação política dessas oligarquias7.
Durante o ano de 1890, foi cedido ao Rodovalho por meio do Banco União de
São Paulo a concessão para ser o emissor de terras devolutas na cidade de São Paulo,
além da isenção de impostos para estabelecimentos industriais. Tudo foi cedido pelo
governo, que também autorizou a colonização de áreas e a abertura de estradas e
produção de materiais de construção, com isso Rodovalho adquire muitas terras e
grandes fazendas no Estado aumentando ainda mais seu patrimônio. Também adquire
muitos terrenos e chácaras no Bairro da Penha, chegando a totalizar mais de 44.985,75
metros quadrados. Com a intenção de aumentar o número de habitantes em torno deste
bairro, Rodovalho chegou a fazer um ramal de trem que ligava a estação de Guaiauna
até a Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França. Outro bairro que também teve
grande influência de Rodovalho foi o bairro do Ipiranga8.
7
Republica das oligarquias foi um período compreendido de 1894 a 1930, no qual os grandes
proprietários rurais da região sudeste do Brasil, dominaram o cenário político nacional. Dentro das
características que prevaleceram neste período podemos citar o coronelismo, no qual os coronéis (grandes
proprietários rurais) é que exerciam de fato o poder local nas regiões em que moravam, indicando aos
políticos brasileiros que os colocaria no governo e em troca teria apoio destes em seus negócios. Este
período também é conhecido como “República do Café com Leite”, no qual os presidentes da República
eram eleitos de acordo com o que as oligarquias paulistas e mineiras decidiam. Desse modo, as
oligarquias paulistas (barões do café) e mineiras (grandes produtores rurais) se alternavam no comando
do poder. Outros fenômenos neste período são as fraudes eleitorais, o voto de cabresto ou curral. As
oligarquias locais usavam de sua influência para alterar os resultados das eleições, compra de votos,
conforme seus interesses. Todo esse cenário vai mobilizando diferentes setores da sociedade, a lutar por
melhorias políticas e econômicas, neste período teremos uma série de revoltas, contestando o poder destas
oligarquias, tais como a Revolta de Canudos, a Revolta do Contestado, a Revolta da Vacina, o Cangaço,
a Coluna Prestes e o movimento Tenentista. Para saber mais ver: BELLO, José Maria, História da
República, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1976, pg. 45.
8
Vicentina, pag. 21
12
informações sobre o ramal Santa Etelvina, há pouco construído, com um percurso de 13
quilômetros e que vai da Estação do Lajeado a fazenda de mesmo nome de propriedade
do coronel A. Proost Rodovalho”.
Rodovalho esteve à frente da fazenda Santa Etelvina até 1900, período que
estava em seu auge tanto na política como nos negócios. Os jornais da época indicam
isso, como, por exemplo, novamente, no jornal O Estado de São Paulo, de maio de
1895, em sua primeira página, é colocado um relato de estragos feitos por pessoas
desconhecidas em uma via férrea em construção de propriedade do coronel Antônio
Proost Rodovalho, e que o delegado da região Lajeado, abriria inquérito para investigar
os responsáveis. Esta ocorrência foi perto da Estação do Lajeado (hoje estação de trem
Guaianazes), os motivos aparentes não foram informados pelo jornal e os autores do
estrago são desconhecidos.
13
que é de propriedade particular do coronel Antônio Proost Rodovalho. Com essa
reportagem a Fazenda Santa Etelvina inicia suas atividades comerciais com o uso de sua
linha férrea, que foi de grande importância para o seu crescimento. Os trabalhadores que
construíram a linha férrea e posteriormente foram trabalhar na fazenda, eram de maioria
imigrantes italianos.
9
A Estrada de Ferro Central do Brasil, foi criado em 1855 com o nome Estrada de Ferro Dom Pedro II
durante o governo imperial do próprio Dom Pedro II, tinha por finalidade integrar as regiões do país
através de uma linha férrea, que se liga-se a outros ramais ferroviários .Sua sede (estação central) ficava
no Rio de Janeiro, sede do governo Imperial, a ligação com a província de São Paulo só ocorreu em
1877, um trecho de aproximadamente 231km construídos pelas Companhias São Paulo e Rio de Janeiro.
Para saber mais ver: MOURA, Carlos Eugenio Marcondes de; Vida Cotidiana em São Paulo XIX. São
Paulo: UNESP, 1999 pg 407.
14
O primeiro a ser registrado pelos jornais da época é um assassinato de um
trabalhador da Estação do Lajeado que era guardador de chaves da estação, que foi
esfaqueado por um maquinista de trem que prestava serviços no ramal Santa Etelvina e
era funcionário de Rodovalho, o motivo do crime o jornal não informa, mais muitos
crimes começam ocorrer por funcionários da fazenda. (relato do jornal O Estado de São
Paulo, de 13 de agostos de 1896).
Dez dias após esse ocorrido, o mesmo jornal relata que um grupo de homens
armados tentaram impedir a colocação de fios telefônicos na estação do Lajeado para a
fazenda Santa Etelvina. Curiosamente, o líder desse bando era o administrador da
pedreira, vizinha da fazenda. Esta notícia nos indica que, provavelmente, era uma
batalha entre o coronel Rodovalho e latifundiários locais pelo poder das terras.
15
Infelizmente, as documentações pesquisadas não nos indicaram o nome do
dono da pedreira, que era vizinho da fazenda, no entanto, de acordo com reportagem, a
polícia foi acionada e uma força de 20 praças do 1ª Batalhão, sob o comando de Alferes
Lima, foi ao local tomar providências sobre o ocorrido.
Antes da virada do século aparentemente, uma batalha foi ganha pelo coronel
Rodovalho, e publicada nesse mesmo jornal (O Estado de São Paulo) mais no ano de
1899, um anúncio de venda da Pedreira, por preço vantajoso, não podemos afirmar nada
que rodovalho teve participação ou influência direta nessa venda, mais devido aos fatos
acontecidos alguns anos atrás e um longo período de calma na região, entendemos que
umas das batalhas entre coronéis foi vencida.
Neste mesmo ano, com sua força e influência, é providenciada por meio da
câmara municipal de vereadores da cidade de São Paulo a instalação de iluminação do
Bairro do lajeado.
Com a crise que abateu o território brasileiro a partir da década de 1930, como a
crise do café no final do século XIX, algumas empresas de Rodovalho entram em
falência e ele passa a se dedicar mais a indústria e investimentos na compra de terrenos
e forma a Companhia Industrial Rodovalho, com seu filho mais novo e outros
empresários.
Desse modo, a partir desse momento, passa a dar mais atenção as suas fazendas
e de grande empresário passa a ser grande fazendeiro.
16
Capítulo II: A Estação Lajeado
10
Cohab significa Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo. Criada em 1965, tem a função
de promover moradias própria as classes populares que não tem condições de comprar uma casa com a
renda familiar que possuem.
11
Documento fornecido pela subprefeitura de Cidade Tiradentes, datado de 2008.
12
O jornal A província de São Paulo existiu durante o período 1875 á 1889 quando passa a ser chamado
de jornal O Estado de São Paulo, e sua função era criticar o regime político do período, no caso, a
Monarquia e a Escravidão. Entre seus principais fundadores destacam – se: Manoel Ferraz de Campos
Salles (presidente do Brasil) e Américo Brasiliense (governador do Estado de São Paulo). Hemeroteca
digital www.hemerotecadigital.bn.br. O jornal Estado de São Paulo foi inaugurado em 1890 com a
implementação do regime Republicano, e o sistema federalista a província de São Paulo passa a ser
chamado de Estado de São Paulo, por isso o jornal também muda a sua nomenclatura e têm publicações
até hoje http://acervo.estadao.com.br/historia-do-grupo.
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carregamento de toucinho que estava deteriorando na estação de Lajeado, e que esta
carga pertencia a Joaquim Proost Rodovalho & Comp. Por estar deteriorando, a carga
foi apreendida e incinerada.
Os documentos também indicam que existiam olarias na região do Lajeado, e
isto está relatado no jornal A província de São Paulo, de 19 de Agosto de 1880, que
pede ao inspetor geral de e chefe de tráfego, que mande mais vagões para conduzir
tijolos para Mogi das Cruzes e recorreu a imprensa para chegar ao seu conhecimento.
Com o crescimento da região, devido à estação de trem, em torno da Estação do
Lajeado, o jornal O Estado de São Paulo de 1894, noticia uma reclamação de
moradores do Lajeado que foram em comissão ao palácio do Presidente do Estado13,
para reclamarem medidas enérgicas que assegurem a posse de suas terras, porque em
torno do Lajeado apareceram engenheiros medindo as terras deles, afirmando que as
terras estavam devolutas14, O Sr. Bernadinho de Campos prometeu atender os
moradores.
A Estação do Lajeado, em meados da década de 20 teve seu nome alterado para
Estação Carvalho Araújo (e por fim Guaianazes). Isso se deu, devido há um anúncio no
jornal O Estado de São Paulo, do dia 15 de Agosto de 1925, anuncia a venda de
bangalôs15 em um futuro subúrbio na capital com o nome de Vila Princesa Izabel, perto
da estação Carvalho de Araújo (antiga estação Lajeado), no qual indica a ligação de
uma linha de bonde nesta estação com a fazenda Santa Etelvina, o qual, provavelmente,
funcionaria como transporte de pessoas e cargas para o local, já que a estação era
próxima a fazenda.
Isso aponta, também, que a fazenda foi dividida em lotes para sua venda, e o
detalhe mais importante é que o anúncio retrata que o lugar foi escolhido por forças
legalista, como campo de aviação nos tristes dias da revolta de julho de 192416.
No entanto, é importante salientar que neste anúncio é indicado que
“brevemente” será inaugurada uma linha de bonde até a nova vila, na fazenda Santa
13
Presidente do Estado, neste período, era Carlos de Campos.
14
Terras devolutas significa, terrenos públicos, ou seja, propriedade pública, que nunca pertenceram a um
particular, mesmo sendo ocupada.
15
Bangalôs eram tipos de residências, casas construídas na maioria das vezes, somente com um andar.
16
A Revolta de julho de 1924 foi o segundo movimento realizados pelos tenentes (o primeiro foi a
Revolta dos dezoito do forte de Copacabana), contra o domínio das oligarquias, os tenentes propunham
uma nova forma de governo, baseado numa ditadura positivista, aonde o lema era Ordem, Progresso e
Liberdade. Nesse episodio considerado o maior conflito bélico da cidade de São Paulo, participaram
alguns ilustres tenentes, tais como Isidoro Dias Lopes, Miguel Costa e Juarez Távora, que participaram
mais tarde da Revolução de 1930, na qual conseguem derrubar do poder as oligarquias paulistas.
Informação retirada do livro José Maria Bello, intitulada História da República, pg. 117
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Etelvina, então, não podemos afirmar que o anúncio estava errado e nem o jornal,
porque se tratava de um anúncio publicitário, e para vender seus lotes a publicidade
gosta de aumentar a imagem do lugar, essa empresa levava o nome de Mendonça &
Almeida.
Porém, ao que tudo indica é que o ramal Santa Etelvina, que estava em mal
estado de funcionamento, possa ter sido restaurada na década de 20, e anunciada como
recém inaugurada.
Em 1930, o jornal Diário Nacional17 publica uma reportagem com a seguinte
manchete: “Curandeiro que tem o apoio de uma autoridade policial”. Aparentemente,
parece não fazer sentido com o estudo que estamos fazendo neste trabalho, no entanto,
felizmente, esta manchete nos trouxe muitas informações sobre a fazenda Santa Etelvina
e sua região.
Digo isso porque, nesta notícia, de autoria do delegado Saturnino Pereira, este
proíbe a circulação dos bondes até a fazenda Santa Etelvina de propriedade do Dr.
Nelson Rezende, autorizando somente a circulação de ônibus até a fazenda. Para tal, o
delegado afirma que colocará guardas para vigiar o bonde na estação e indicou aos
passageiros que utilizassem o ônibus. Curiosamente, o ônibus que fazia o trajeto era do
irmão do delegado, e esse homem é acusado de danificar partes da ramal Santa Etelvina,
para ganhar com seu transporte de ônibus. Os guardas que vigiavam o bonde também
faziam propaganda do curandeiro afirmando que a primeira consulta era gratuita. Este
fato indica que, mesmo a reportagem sendo sobre a questão do curandeiro, o importante,
para nós, está no fato de indicarem o conflito de transportes de passageiros até a fazenda
Santa Etelvina como ganho de dinheiro para a família deste delegado.
Importante indicar que o nome do delegado, Saturnino Pereira, na atualidade, é
um nome de uma importante avenida, ligando a estação de trem Guaianazes ao bairro da
Cidade Tiradentes, nos dias de hoje, evidenciando as personalidades a região que
estamos estudando neste trabalho.
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O jornal Diário Nacional existiu de 1927 a 1929. Principal publicação do Partido Democrático de São
Paulo, que fazia oposição a Partido Republicano Paulista PRP, o jornal tinha a função de promover os
ideias democráticos contra as políticas oligarquias do café com leite que comandavam país. Sua
circulação ficou restrita ao estado de São Paulo.
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CAPÍTULO III: A Fazenda Santa Etelvina
Em 1905 foi emitido pelo jornal O Estado de São Paulo, a venda da Fazenda
Santa Etelvina, com esse anúncio bem detalhado vamos conhecer como a fazenda
funcionava e o que tinha nela.
A serraria e a olaria eram a vapor com dois fornos grandes e consta uma
fábrica de mandioca e uma grande casa de administração de empregados com uma linha
telefônica.
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pronta para o “progresso”. Nesse sentido, a um surto de urbanização, principalmente no
Brasil, pois ainda apresentávamos características de cidades do sistema colonial.
Nesse sentido as olarias foram fundamentais, pois eram elas que produziam
matérias-primas, ou seja, materiais de construções, necessários para esse processo de
modernização e desenvolvimento, nessas olarias fabricavam tijolos, telhas, ferragens e
etc.., sendo fundamental para esse momento da cidade de São Paulo e do Brasil.
Outro detalhe que o jornal menciona são, os poucos animais que contem a
fazenda e pelo fato do dono da fazenda ter uma relação emocional, no anúncio do jornal
coloca os devidos nomes dos animais, sendo 1 cavalo de nome Zaino e 6 burros de
nome: Pucci, Ruano, Barão, calado, zaino e Benfeita, também havia um carro sem
breque,
O que vimos foi o que continha dentro da fazenda. O jornal também relata que
alguns imóveis estavam em más condições de funcionamento, algumas casas estavam
destruídas e sem telhados, a linha de telefone estava quebrada e faltava alguns fios em
determinados lugares. A linha férrea também estava danificada em alguns trechos.
21
desaparecimento de Carlos Frescara Dario que trabalhava na fazenda, e o anuncio pede
que o mesmo de notícias que está vivo, para que a família na Europa fique mais
tranquila, um ano antes o mesmo jornal relata uma briga entre Pepe Scorso e Salvador
Sposito, Pepe desferi uma facada em Salvador por não concordar com uma divisão de
uma melancia, e Salvador foi levado para o hospital e sobreviveu a facada, como
podemos observar a participação marcante de imigrantes italianos na fazenda, já em
1910 o abandono era geral e chegou ao ponto de um trabalhador morrer sem assistência
medica na fazenda.
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principalmente italianos, que ajudaram na formação e construção daquela que viria a ser
a cidade mais populosa, rica e desenvolvida do país, a cidade de São Paulo.
Esse jornal ( O Estado de São Paulo)que relata a venda da fazenda, foi muito
importante para o trabalho de pesquisa para descobrir o que tinha dentro da fazenda e
como funcionava o dia a dia da fazenda.
A fazenda Santa Etelvina nas décadas seguinte foi vendida em partes, por se
tratar de um grande terreno o seu valor total ficou muito caro, e seu ramal ferroviário foi
desativado também, pelo fato de sua manutenção ser muito cara.
O que não foi vendido, foi doado, como informa o jornal Correio Paulistano, de
25 de Setembro de 1935. A firma Rezende & Cia representada pelas Sr. Alice Junqueira
Netto de Resende, Olga Resende Barbosa e o Sr. Mario Ottni de Resende, cederam uma
grande parte do terreno que era a fazenda Santa Etelvina, para ser feito uma Colônia
Agrícola para menores abandonados.
Com esse desmembramento da fazenda, ela ainda seguia firme e forte, não como
era antes, ainda existia trabalhadores na fazenda e novos moradores em seu entorno,
como o mesmo jornal relata em 1938, que Antônio Franchini, Nicolau Jordão e Maria
do Rosário colonos da Fazenda Santa Etelvina, ganharam um prêmio na loteria federal.
A Fazenda Santa Etelvina ficou ativa até a compra da Cohab em 1978 , e o que
sobrou dela ainda existe, no terminal de ônibus Cidade Tiradentes, a fazenda do
terminal não temos como saber se é a fazenda nova ou velha, mais ainda serve hoje
como ponto de referência da antiga Fazenda Santa Etelvina.
23
CONSIDERAÇÕES FINAIS
24
férrea para escoar as produções, neste sentido, a ideia de ligar a fazenda Santa Etelvina,
a Estação de Lajeado através da construção do ramal ferroviário, foi vital para a
fazenda, como para entorno da região, pois consolidou como uma importante via de
circulação de produtos e transporte para os moradores daquela região.
Ao contar a história das pessoas, que ali trabalhavam podemos constatar a
presença de imigrantes, principalmente italianos, tanto na fazenda como na região, fruto
de uma política de branqueamento da população daquele período, que dava preferências
aos nascidos na Europa, em detrimento a outros imigrantes de outras regiões, e aos
próprios antigos escravos.
Quanto ao que se produziam, podemos observar, através das fontes, a instalação
de olarias na fazenda Santa Etelvina, ou seja, tijolos, telhas, materiais de construção, o
que de fato, naquele período, retrata bem as demandas das grandes cidades, pois era o
período de grandes transformações urbanas. As novas cidades deveriam seguir um
padrão urbanístico europeu de modernidade e desenvolvimento, desvinculando- se ao
nosso antigo sistema colonial, exercendo um novo papel político, econômico, social e
cultural.
Diante, disto queria aqui deixar o nosso agradecimento em especial aos nossos
orientadores Talita dos Santos Molina, e ao Alberto Luiz Schneider, que nos ajudaram
a realizar esse grande trabalho de pesquisa, nos orientando, estimulando, dando dicas,
sugestões, enfim, um norte para que pudéssemos realizar nossas pesquisas. Também
queria aqui agradecer à todos nossos professores da Universidade Camilo Castelo
Branco, que foram fundamentais na nossa formação acadêmica, sendo que muito que
conseguimos realizar aqui nesse trabalho, foi graças à dedicação, esforço, que seus
docentes nos proporcionaram durante todo esse período acadêmico.
25
FONTES
O Estado de São Paulo, São Paulo, sexta feira, 28 de setembro de 1894, pagina 1
- Subprefeitura de Guaianases:
www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/guaianases/historico/index.p
hp?p=51
26
BIBLIOGRAFIA
BLAY, Eva Alterman. Eu não tenho aonde morar: vilas operárias na cidade de São
Paulo. São Paulo: NOBEL 1985.
27
ANEXOS
Fazenda hoje, foto tirada pelos autores dentro do terminal de ônibus Cidade Tiradentes,
São Paulo, capital, em 27 de setembro de 2014.
28
- Foto atual do Terminal Cidade Tiradentes;
Fonte:
http://colunas.radioglobo.globoradio.globo.com/platb/blogdoamarelinho/2013/07/18/par
alisacao-de-motoristas-e-cobradores-deixa-200-mil-pessoas-sem-conducao-na-regiao-
de-cidade-tiradentes-na-zona-leste-de-sao-paulo/terminal-cid-tiradentes-2/
29
- Foto atual do bairro Cidade Tiradentes.
30
Mapa do ramal de trem que ligava a fazenda Santa Etelvina a estação de trem do
Lajeado - hoje Guaianazes. Retirado do trabalho de Marcio Rufino Silva, intitulada
Mares de prédio e mares de gente: território e urbanização critica em Cidade
Tiradentes. São Paulo 2008, pg. 81..
FONTE: http://ptdzcidadetiradentes.blogspot.com.br/2013/05/pt-diretorio-zonal-
cidade-tiradentes.html
31