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ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS

FONTE: Diversas

ELABORADO E EDITADO POR:


Célio Augusto Pedrosa e Francisco A. Caetano

Brasília, Agosto/2002

SUPERINTENDÊNCIA DE INFORMAÇÕES HIDROLÓGICAS – SIH


ÍNDICE

APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 05
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 07
2. ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS ................................................................. 10
3. ASPECTOS TÉCNICOS ............................................................................................... 14
3.1. CICLO HIDROLÓGICO ......................................................................................... 14
3.2. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NA TERRA ....................................................... 15
3.3. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO SUBSOLO ........................................................ 16
3.3.1. ZONA DE AERAÇÃO ............................................................................ 17
3.3.2. ZONA DE SATURAÇÃO .................................................................. 18
4. AQÜÍFEROS ........................................................................................................... 19
4.1. CLASSIFICAÇÃO DOS AQÜÍFEROS SEGUNDO A PRESSÃO DA ÁGUA ................ 20
4.1.1. AQÜÍFEROS LIVRES OU FREÁTICOS .............................................. 20
4.1.2. AQÜÍFEROS ARTESIANOS .................................................................. 20
4.2. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A GEOLOGIA DO MATERIAL SATURADO ............... 21
4.2.1. AQÜÍFEROS POROSOS .................................................................. 21
4.2.2. AQÜÍFEROS FRATURADOS OU FISSURADOS .................................... 21
4.2.3. AQÜÍFEROS CÁRSTICOS .................................................................. 22
4.3. FUNÇÕES DOS AQÜÍFEROS ............................................................................ 22
5. CAPTAÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA .................................................................. 25
5.1. POÇOS RASOS ................................................................................................ 25
5.1.1. POÇO ESCAVADO ............................................................................ 25
5.1.2. PONTEIRAS CRAVADAS .................................................................. 26
5.1.3. POÇO A TRADO ............................................................................ 26
5.1.4. POÇO RADIAL ............................................................................ 27
5.1.5. GALERIAS ...................................................................................... 27
5.2. POÇOS PROFUNDOS ...................................................................................... 28
5.3. MÉTODOS DE PERFURAÇÂO MAIS USADOS ........................................................ 28
5.3.1. PERCUSSÃO ...................................................................................... 28
5.3.2. ROTATIVA ..................................................................................... 28
6. QUÍMICA DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ................................................................. 29
6.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 29
6.2. ÁGUA E SAÚDE ............................................................................................... 29
6.3. PROPRIEDADES FÍSICAS ........................................................................... 31
6.3.1. TEMPERATURA ........................................................................... 31
6.3.2. COR ............................................................................................... 31
6.3.3. ODOR E SABOR ............................................................................ 31
6.3.4. TURBIDEZ ...................................................................................... 32
6.3.5. SÓLIDOS EM SUSPENSÃO .................................................................. 32
2
6.3.6. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA ........................................................ 32
6.3.7. DUREZA ...................................................................................... 32
6.3.8. DUREZA TEMPORÁRIA OU DE CARBONATOS ................................... 33
6.3.9. DUREZA PERMANENTE .................................................................. 33
6.3.10. DUREZA TOTAL ............................................................................ 33
6.3.11. ALCALINIDADE ............................................................................ 33
6.3.12. PH ................................................................................................ 34
6.3.13. SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS (STD) ............................................. 34
6.4. PRINCIPAIS CONSTITUINTES IÔNICOS ........................................................ 34
+
6.4.1. CÁLCIO (Ca ) ...................................................................................... 34
6.4.2. CLORETOS (Cl-) ............................................................................ 35
-
6.4.3. FERRO (Fe ) ...................................................................................... 35
6.4.4. MAGNÉSIO (Mg²+) ............................................................................ 35
6.4.5. MANGANÊS (Mn+) ............................................................................ 36
6.4.6. NITRATO (NO3- ) ............................................................................ 36
6.4.7. POTÁSSIO (K+) ............................................................................ 36
+
6.4.8. SÓDIO (Na ) ...................................................................................... 36
7. ÁGUAS MINERAIS E POTÁVEIS DE MESA .................................................................. 39
7.1. CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS MINERAIS NATURAIS .................................... 40
7.1.1. CARACTERÍSTICAS PERMANENTES .............................................. 40
7.1.2. CARACTERÍSTICAS DAS FONTES: ........................................................ 42
7.2. EFEITOS TERAPÊUTICOS DAS ÁGUAS MINERAIS .............................................. 43
7.2.1. A ÁGUA CERTA ............................................................................ 43
7.2.2. COMO ESCOLHER SUA ÁGUA ........................................................ 45
7.2.3. AS ÁGUAS MINERAIS E SEUS EFEITOS TERAPÊUTICOS ................ 45
7.3. PANORAMA ECONÔMICO DAS ÁGUAS MINERAIS NO BRASIL .......................... 46
8. PROVÍNCIAS HIDROGEOLÓGICAS DO BRASIL ........................................................ 48
8.1. PROVÍNCIA ESCUDO SETENTRIONAL.................................................................. 48
8.2. PROVÍNCIA AMAZONAS ............................................................................ 48
8.3. PROVÍNCIA ESCUDO CENTRAL .................................................................. 49
8.4 PROVÍNCIA PARNAÍBA ...................................................................................... 49
8.5. PROVÍNCIA SÃO FRANCISCO ............................................................................ 50
8.6. PROVÍNCIA ESCUDO ORIENTAL .................................................................. 51
8.7. PROVÍNCIA PARANÁ ...................................................................................... 52
8.8. PROVÍNCIA ESCUDO MERIDIONAL .................................................................. 53
8.9. PROVÍNCIA CENTRO-OESTE ............................................................................ 53
8.10. PROVÍNCIA COSTEIRA ...................................................................................... 53
9. AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO BRASIL .................................................................. 58
9.1. OCORRÊNCIAS ................................................................................................ 58
9.2. RESERVAS E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ............ 60
9.3. AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NAS GRANDES REGIÕES .................................... 62
3
9.3.1. REGIÃO SUL ...................................................................................... 62
9.3.2. REGIÃO SUDESTE ............................................................................ 66
9.3.3. REGIÃO NORDESTE ............................................................................ 72
9.3.4. REGIÃO CENTRO-OESTE .................................................................. 79
9.3.5. REGIÃO NORTE ............................................................................ 82

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APRESENTAÇÃO

A possibilidade concreta da escassez de água doce começa a tornar-se, cada vez mais, a
grande ameaça ao desenvolvimento econômico e à estabilidade política do mundo nas
próximas décadas. As disputas pelo uso da água poderão, inclusive, desencadear conflitos
e guerras em escala imprevisível.

A Organização das Nações Unidas (ONU) já alertou: em 2025, cerca de 2,7 bilhões de
pessoas, em todo o mundo, enfrentarão a falta d’água se as populações continuarem a tratá-
la como um bem inesgotável.Os paises que detêm grandes reservas naturais de água doce -
como o Brasil - são acompanhados de perto como potenciais fornecedores.

Como a demanda por água potável cresce em todo mundo, este é um mercado de
dimensões ainda incalculáveis. Para a solução desse problema, o passo inicial é o completo
conhecimento do ciclo hidrológico, que vai possibilitar correta avaliação da
disponibilidade dos recursos hídricos de uma determinada região. Uma das partes mais
importante desse estudo é entender o que acontece com as águas subterrâneas, sem dúvida
a menos conhecida do referido ciclo.

Devido às características ambientais de interconexão dos corpos hídricos superficiais e


subterrâneos, para que seja possível promover a gestão integrada destes recursos é
necessário que se tenha conhecimento da ocorrência e do potencial hídrico dos aqüíferos
do país. Mais ainda, é necessário fomentar o desenvolvimento do conhecimento das inter-
relações entre os sistemas atmosférico, subterrâneo e superficial (ciclo hidrológico).

Nesse contexto as informações disponíveis sobre as águas subterrâneas são ainda


insuficientes e muito dispersas. As pesquisas existentes são poucas, descontinuadas e
inconsistentes. Os dados que são gerados diariamente, por ocasião da execução de qualquer
obra, com finalidade de pesquisar ou captar água subterrânea, e que poderiam conter
informações técnicas preciosas e reais, tanto sobre os aspectos geológicos das camadas de
rochas existentes, como das características físico-químicas das águas, estão pulverizados e
de certa forma indisponibilizados nas diversas empresas privadas e órgãos de governo. Isto
porque, dentre os vários fatores que contribuem para a desorganização e ineficácia no
gerenciamento e controle nas ações das obras hídricas subterrâneas, mencionamos a
ausência de profissional capacitado para o estudo e execução da obra, pouca e quase
sempre ineficiente fiscalização, ingerência política em algumas etapas de caráter
estritamente técnico e, sobretudo falta de interação e integração entre os diversos órgãos
responsáveis pelo cadastramento e acompanhamento das empresas, obras e serviços.

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Como uma tentativa de se padronizar e centralizar as informações provenientes dos
estudos, prospecções, ações e obras hídricas subterrâneas, criou-se uma área específica
para águas subterrâneas dentro do Sistema Nacional de Informação sobre Recursos
Hídricos. Muitos trabalhos de análises técnicas e de consistência deverão ainda ser
empreendidos, de forma a torná-los cada vez mais úteis à sociedade.Os dados obtidos serão
disponibilizados pelos órgãos gestores estaduais de recursos hídricos, participantes do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Além disso, uma vez
padronizados e consistidos, as informações poderão ser acessadas pela Internet, no site da
ANA - Agência Nacional de Águas, do Ministério do Meio Ambiente.

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1. INTRODUÇÃO

Cerca de 97% da água doce disponível para uso da humanidade encontra-se no subsolo,
na forma de água subterrânea. No entanto, pelo fato de ser um recurso invisível, a
grande maioria das pessoas, incluindo governantes e políticos, nunca a levam em
consideração quando falam em água. Tanto assim que na literatura sobre meio ambiente
utilizada no ensino brasileiro, verificamos que a água subterrânea ocupa um espaço
muito pequeno, ficando a ênfase sempre com as águas superficiais.

O Brasil, apesar de possuir grande disponibilidade de água doce em estado líquido


(cerca de 12% das reservas mundiais), deve, através de uma real e eficaz política de
gestão dos seus recursos hídricos e ambientais, educar e conscientizar a sua população
sobre a importância de proteger e preservar o meio ambiente natural, utilizando-se para
tanto, de instrumentos gerenciais e de ações que permitam manter os padrões de
qualidade adequados às necessidades de suas gerações futuras.

Mais da metade da água de abastecimento público no Brasil provém das reservas


subterrâneas. A crescente preferência pelo uso desses recursos hídricos, nos mais
diversos tipos de usos, se deve ao fato de que, em geral, eles apresentam excelente
qualidade e menor custo. Entretanto, também aqui, cuidados devem ser tomados com
eventuais possibilidades de contaminação, tais como: devastação de cobertura vegetal,
uso inadequado e desordenado do solo, utilização excessiva de agrotóxicos, entre
outras.

Ainda importantes são os cuidados que se devem ter com as obras de captação que,
quando construídas sem o devido acompanhamento de profissional capacitado, e fora
dos padrões das normas técnicas, se constituem em fontes de possível contaminação
natural, ou induzida, dos aqüíferos.

Grandes cidades brasileiras já são abastecidas, total ou parcialmente, por águas


subterrâneas. No Estado de São Paulo estima-se que 75% das cidades são abastecidas
por poços. Ribeirão Preto é um bom exemplo de uma grande cidade onde a água
subterrânea tem sido bem gerenciada, garantindo o abastecimento de toda a população
com uma água de ótima qualidade. Nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, 90%
das cidades são abastecidas por águas subterrâneas.

Entre as vantagens do uso das águas subterrâneas, em relação às águas superficiais,


podemos apontar as seguintes:

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 São mais protegidas da poluição;

 O custo de sua captação e distribuição é muito mais barato. A captação pode ser
próxima da área consumidora, o que torna mais barato o processo de distribuição;

 Em geral não precisam de nenhum tratamento, o que, além de ser uma grande
vantagem econômica, é melhor para a saúde humana;

 Permitem um planejamento modular na oferta de água à população, isto é, mais


poços podem ser perfurados à medida que aumente a necessidade, dispensando
grandes investimentos de uma única vez.

Obviamente que a água subterrânea, apesar de muito importante, nem sempre é


suficiente para abastecer grandes centros populacionais. Por isso, deve ser encarada
sempre como um complemento importante à utilização da água superficial. Poucos
sabem, mas na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, há muitas indústrias que se
abastecem unicamente por água subterrânea.

Nas duas últimas décadas houve um grande crescimento do uso deste recurso no Brasil,
mas estamos longe dos níveis de uso e gerenciamento alcançados pelos países da
Europa e os Estados Unidos.

O fato de a água subterrânea ser um recurso que não pode ser visto, implica quase
sempre que ela seja ignorada.Só o seu conhecimento científico pode nos capacitar a
formar uma imagem de sua existência real e de suas características físicas e químicas.

A primeira grande dificuldade com que nos deparamos é com o falso conceito de que as
rochas, por serem sólidas, não conseguem armazenar tanta água. É difícil, num primeiro
momento, acostumar-se à idéia de que estamos sobre uma grande esponja rochosa cheia
de água. Por isto é muito comum ouvirmos falar em "rios subterrâneos". Nos livros
didáticos, a água subterrânea é quase sempre apresentada como uma massa em fluxo
contínuo como se fosse um rio. Esse erro decorre da dificuldade de imaginar o fluxo
subterrâneo como sendo em meio poroso ou fraturado.

Para entender a água subterrânea, o primeiro passo é compreender que as rochas, apesar
de sólidas, são mais ou menos porosas ou fraturadas e é aí que ela se acumula. Imagine
um balde cheio de areia seca. Se colocarmos água ela vai sumir? Não, vai se acumular
nos espaços vazios existentes entre os grãos. O mesmo acontece com as rochas. A água
que se infiltra vai se acumular nos espaços abertos encontrados nas rochas ou nos solos.
Apesar das rochas não serem tão porosas quanto a areia solta , grandes volumes de
8
rochas podem armazenar grandes volumes de água. A quantidade de água capaz de ser
armazenada pelas rochas e pelos materiais não consolidados em geral (solos e
sedimentos) vai depender da porosidade, da comunicação destes poros entre si, ou da
quantidade, interseções e tamanho das aberturas das fraturas existentes. As rochas e os
materiais não consolidados, dependendo de sua origem e características intrínsecas,
podem apresentar porosidade bem distintas, indo do impermeável até 30%, ou mais, em
alguns casos.

* Este item foi baseado no texto de “AGUA SUBTERRÂNEA”


www.meioambiente.pro.br , de Eurico Zimbres – UERJ/2000

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2. ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS

A água subterrânea, no que diz respeito aos seus aspectos legais e jurídicos, destaca-se
pelo seu marco histórico e institucional vigente e a experiência de alguns estados que já
instituíram, regulamentaram e executam as ações instrumentalizadas conforme as
necessidades de gestão, uso ou proteção dos recursos hídricos no âmbito regional.
Todos são unânimes pela existência de uma ação de disciplinamento e proteção do
recurso água subterrânea, através de uma legislação eficiente que demonstre uma
efetiva e real responsabilidade por parte do poder público.

 Código de Águas - Decreto Nº 24643, 10 de Julho de 1934

As águas subterrâneas eram consideradas bens imóveis, associados à propriedade da


terra. Incorporava normas reguladoras que preservavam direitos adquiridos, inibiam
a monopolização da exploração e a poluição das águas subterrâneas, reconhecia o
fato da sua estreita relação com as águas superficiais e limitava o direito e
exploração das águas subterrâneas, sempre que o empreendimento interferisse na
ocorrência das águas superficiais de domínio público.

 Código de Águas Minerais - Decreto-Lei N° 7.841, 08 de Agosto de 1945

Estabeleceu normas para o aproveitamento das águas minerais. Seu conteúdo era
confuso em relação à abrangência do conceito de águas minerais, ao distinguir águas
minerais das demais águas, relevando no seu aspecto uma "ação medicamentosa"
decorrente de características físicas ou químicas distintas das águas comuns. Criou
então a Comissão de Crenologia (estudo das águas minerais, para fins terapêuticos)
no âmbito do DNPM para verificação destas propriedades. São incluídas as Águas
Minerais, Termais, Gasosas, Potáveis de Mesa e as destinadas para fins de
Balneários, estabelecendo a todas, as normas reguladoras que preservem sua
qualidade, salubridade pública, os direitos de propriedade dos empreendedores, e
informem ao poder público as características da exploração para fiscalização e
monitoramento.

 Código de Mineração - Decreto-Lei N° 227, de 28 de Fevereiro de 1967

Estabeleceu a competência da União na administração dos recursos minerais e a


sistemática do regime de aproveitamento dos mesmos e reconheceu as águas
subterrâneas como substância mineral dotada de valor econômico e formadora de
jazida. Entretanto, persistia a idéia de regulamentar, em separado, a exploração das
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águas minerais das águas subterrâneas, exigindo Plano de Aproveitamento
Econômico para jazidas de águas minerais, onde se estabelece plano para
conservação e proteção das suas fontes.

 Regulamento do Código de Mineração - 1968

Apenas ratifica a inclusão de todas as águas subterrâneas, nos casos contemplados


pelo Código de Águas Minerais, sob o conceito de Jazidas Minerais.

 Portaria Nº 117, de 17 de Julho de 1972 - Departamento Nacional da Produção


Mineral (DNPM)

Disciplina as normas para realização dos estudos in loco e análises bacteriológicas


de que trata o Código de Águas Minerais.

 Criação da S.E.M.A. (Secretaria Especial do Meio Ambiente) - 1973.

Com competência para estabelecer normas e padrões relativos à qualidade dos


recursos hídricos, foi responsável pela inclusão de novas normas reguladoras e
restritivas quanto ao uso e ocupação do solo em locais onde ocorrem fontes de
surgência natural (olhos-d’água).

 Portaria Nº 1.628, de 04 de Dezembro de 1984 - Ministério das Minas e Energia.

Institui as características básicas dos rótulos nas embalagens de Águas Minerais e


Potáveis de Mesa.

 Resolução Nº 20, de 18 de Junho de 1986 - Conselho Nacional do Meio


Ambiente.

Estabelece a classificação das águas, doces, salobras e salinas do Território


Nacional; com base em parâmetros e indicadores específicos para melhor distribuir
seus usos, especificando os níveis de qualidade requeridos, de modo a assegurar seus
usos preponderantes.

 Constituição Federal - 1988

Muda o status das águas subterrâneas, estabelecendo um novo regime para as


mesmas, conferindo-lhes caráter de bem público de propriedade dos Estados e
Distrito Federal e distingue claramente águas subterrâneas de recursos minerais do
subsolo, sendo, portanto as águas minerais de competência da União.
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 Portaria Nº 159, de 1º de Abril de 1996 - Departamento Nacional da Produção
Mineral (DNPM)

Estabelece os critérios para a importação e comercialização, no mercado brasileiro,


de águas minerais.

 Lei Federal N° 9.433 - 8 de Janeiro de 1997

Incorpora a mudança na dominialidade das águas subterrâneas, estabelecida pela


Constituição de 1988, e mantém tratamento diferenciado para águas ditas "minerais".
Quanto à gestão das águas subterrâneas, recomenda a utilização dos mecanismos de
outorga das concessões de exploração como principais instrumentos de gestão.
Quanto às normas reguladoras apresenta significativa contribuição relativa aos
aspectos da poluição e superexplotação de aqüíferos, proibindo a poluição das águas
subterrâneas, monitoramento de aterros sanitários e estudos de vulnerabilidade de
aqüíferos. No campo da Normatização, toda e qualquer obra de captação de água
subterrânea é considerada uma obra de Engenharia para a qual exige-se habilitação
legal nas diferentes etapas da pesquisa, projeto e exploração.

Alguns Estados como São Paulo, Pernambuco e Ceará têm se destacado com suas
propostas de Lei sobre conservação e proteção das águas subterrâneas, como
também pela implantação do sistema de Outorga de usos dos recursos hídricos como
um todo, todavia, ainda é escassa a atenção dada aos recursos hídricos subterrâneos,
sendo priorizado em seus sistemas de gestão dos recursos hídricos, as águas
superficiais.

 Portaria Nº 231, de 31 DE JULHO de 1998 - Departamento Nacional da


Produção Mineral (DNPM).

Regulamenta as ações e procedimentos necessários à definição de áreas de proteção


das fontes, balneários e estâncias de águas minerais e potáveis de mesa em todo o
território nacional, objetivando sua preservação, conservação e racionalização de
uso.

 Resolução No 05, De 10 de Abril de 2000 - Conselho Nacional de Recursos


Hídricos (CNRH)

Estabelece diretrizes para a formação e funcionamento dos Comitês de Bacias


Hidrográficas, de forma a implementar o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, conforme estabelecido pela Lei 9433.

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 Lei Federal 9.984, 17 de Julho de 2000 - Criação da A.N.A

Esta Lei institui a A.N.A. – Agência Nacional de Águas, atribuindo à mesma, a


finalidade de implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, em articulação
com os órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos; dando competência ao Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, nos termos da Lei 9.433, para promover a articulação dos
planejamentos, nos diversos níveis, dos setores usuários de água.

A ANA é responsável pela implementação e execução da Política Nacional de


Recursos Hídricos - PNRH, ficando a SRH/MMA com a deliberação e formulação
da PNRH.

 Resolução No 012, de 19 de julho 2000 - Conselho Nacional de Recursos


Hídricos (CNRH).

Estabelece procedimentos para o enquadramento de corpos de água em classes


segundo os usos preponderantes, de forma a subsidiar a implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos, instituído pela Lei no 9.433.

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3. ASPECTOS TÉCNICOS

3.1. CICLO HIDROLÓGICO

Devido às diferentes e particulares condições climáticas, em nosso planeta a água


pode ser encontrada, em seus vários estados: sólido, líquido e gasoso.

Chamamos de ciclo hidrológico, ou ciclo da água, à constante mudança de estado


da água na natureza. O grande motor deste ciclo é o calor irradiado pelo sol. A
permanente mudança de estado físico da água, isto é, o ciclo hidrológico, é a base
da existência da erosão da superfície terrestre. Não fossem as forças tectônicas,
que agem no sentido de criar montanhas, hoje a Terra seria um planeta
uniformemente recoberto por uma camada de 3 km de água salgada.

Em seu incessante movimento na atmosfera e nas camadas mais superficiais da


crosta, a água pode percorrer desde o mais simples até o mais complexo dos
caminhos.

Quando uma chuva cai, uma parte da água se infiltra através dos espaços vazios
que encontra no solo e nas rochas. Pela ação da força da gravidade esta água vai
se infiltrando até não encontrar mais espaços, começando então a se movimentar
horizontalmente em direção às áreas de baixa pressão.A única força que se opõe a
este movimento é a força de adesão das moléculas de água às superfícies dos
grãos ou das rochas por onde penetra.

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A água da chuva que não se infiltra, escorre sobre a superfície em direção às áreas
mais baixas, indo alimentar diretamente os riachos, rios, mares, oceanos e lagos.

Em regiões suficientemente frias, como nas grandes altitudes e baixas latitudes


(calotas polares), esta água pode se acumular na forma de gelo, onde poderá ficar
imobilizada por milhões de anos.

O caminho subterrâneo das águas é o mais lento de todos. A água de uma chuva
que não se infiltrou levará poucos dias para percorrer muitos e muitos
quilômetros. Já a água subterrânea poderá levar dias para percorrer poucos metros.
Havendo oportunidade esta água poderá voltar à superfície, através das fontes,
indo se somar às águas superficiais, ou então, voltar a se infiltrar novamente.

A vegetação tem um papel importante neste ciclo, pois uma parte da água que cai
é absorvida pelas raízes e acaba voltando à atmosfera pela transpiração ou pela
simples e direta evaporação (evapotranspiração).

3.2. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NA TERRA

A distribuição da água na Terra está distribuída conforme o Quadro 3.2.1 abaixo:

TIPO OCORRÊNCIA VOLUMES (KM3)


Água doce superficial Rios 1.250
Lagos 125.000
Água doce subterrânea Umidade do solo 67.000
Até 800 metros 4.164.000
Abaixo de 800 metros 4.164.000
Água doce sólida Geleiras e Glaciais 29.200.000
(gelo)
Água salgada Oceanos 1.320.000.000
Lagos e mares salinos 105.000
Vapor de água Atmosfera 12.900
Total 1.360.000.000
Quadro 3.2.1 – Distribuição da Água na Terra

Observa-se que, de toda a água existente no planeta Terra, somente 2,7% é água
doce. Pode-se também verificar que de toda a água doce disponível para uso da
humanidade, cerca de 97% está na forma de água subterrânea.
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Da água que se precipita sobre as áreas continentais, calcula-se que a maior parte
(60 a 70%) se infiltra. Vê-se, portanto, que a parcela que escoa diretamente para
os riachos e rios é pequena (30 a 40%). É esta água que se infiltra e que mantém
os rios fluindo o ano todo, mesmo quando fica muito tempo sem chover. Quando
diminui a infiltração, necessariamente aumenta o escoamento superficial das
águas das chuvas.

A infiltração é importante, portanto, para regularizar a vazão dos rios,


distribuindo-a ao longo de todo o ano, evitando, assim, os fluxos repentinos, que
provocam inundações.

Não adianta culpar a natureza. Esta relação entre a quantidade de água que se
precipita na forma de chuva, a quantidade que se infiltra, a que tem escoamento
superficial imediato, e a que volta para a atmosfera, na forma de vapor, constitui
uma verdade da qual não podemos escapar. As cidades são aglomerados, onde
grande parte do solo é impermeabilizado, e a conseqüência lógica disto é o
aumento de água que escoa, provocando inundações das áreas baixas. Se
estiverem correta as previsões de que está havendo um aquecimento global, e de
que este levará ao aumento das chuvas, é de se esperar um agravamento do
problema de inundações nos países tropicais.

3.3. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO SUBSOLO

A distribuição vertical da água após a sua infiltração no subsolo se verifica


conforme abaixo:

ZONAS DE OCORRÊNCIA DA ÁGUA NO SOLO DE UM AQÜÍFERO FREÁTICO

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3.3.1. ZONA DE AERAÇÃO

É a parte do solo que está parcialmente preenchida por água. Nesta zona a
água ocorre na forma de películas aderidas aos grãos do solo. Solos muito
finos tendem a ter mais umidade do que os mais grosseiros, pois há mais
superfícies de grãos onde a água pode ficar retida por adesão.

Na zona de aeração podemos distinguir três regiões:

 ZONA DE UMIDADE DO SOLO

É a parte mais superficial, onde a perda de água de adesão para a


atmosfera é intensa. Em alguns casos é muito grande a quantidade de
sais que se precipitam na superfície do solo após a evaporação desta
água, dando origem a solos salinizados ou a crostas ferruginosas
(lateríticas).

 ZONA INTERMEDIÁRIA

Região compreendida entre a zona de umidade do solo e a franja


capilar, com umidade menor do que na franja capilar e maior do que
na zona superficial do solo.

Como já foi dito, a capilaridade é maior em terrenos cuja


granulometria é muito fina.

Em áreas onde o nível freático está próximo da superfície, a zona


intermediária pode não existir, pois a franja capilar atinge a superfície
do solo. São brejos e alagadiços, onde há uma intensa evaporação da
água subterrânea.

 FRANJA DE CAPILARIDADE

É a região mais próxima ao nível d’água do lençol freático, onde a


umidade é maior devido à presença da zona saturada logo abaixo. A
água existente nesta zona é denominada água capilar, originada do
contato com a água do nível freático e que ascende devido a forças
capilares.

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3.3.2. ZONA DE SATURAÇÃO

É a região abaixo do lençol freático (nível freático) onde os poros ou


fraturas da rocha estão totalmente preenchidos por água. Observe-se que
em um poço escavado num aqüífero deste tipo a água o estará
preenchendo até o nível freático.

Em aqüíferos freáticos o nível da água varia segundo a quantidade de


chuva. Em épocas com mais chuva o nível freático sobe e em épocas em
que chove pouco o nível freático desce. Um poço perfurado no verão
poderá ficar seco caso sua penetração na zona saturada for menor do que
esta variação do nível d’água.

18
4. AQÜÍFEROS

AQÜÍFEROS são corpos rochosos com propriedades de armazenar e transmitir as águas


subterrâneas.

Os AQÜÍFEROS são caracterizados por parâmetros dimensionais como extensão,


espessura e geometria os quais são condicionados pela Geologia Estrutural,
Estratigrafia e Parâmetros Hidrodinâmicos (transmissividade, armazenamento ou
porosidade efetiva), que dependem dos padrões faciológicos, condições de recarga e
descarga além de variáveis de estado que descrevem a situação do reservatório
subterrâneo em cada instante (superfície piezométrica, qualidade, condições de
exploração etc).

As águas subterrâneas são realimentadas pelas infiltrações de águas de origem


meteóricas. Essas águas fluem lentamente (mm/dia, cm/dia ou m/dia) pelos poros e ou
fissuras/fraturas intercomunicantes das rochas, armazenando-se em reservatórios
subterrâneos ou alimentando os rios (efluência), lagos e nascentes durante os períodos
sem chuvas, ou ainda, vão desaguar diretamente nos oceanos e mares, de onde
evaporam e sobem à atmosfera para dar origem a novas chuvas, representando parcela
significativa do ciclo hidrológico.

A taxa de infiltração de água no solo depende de muitos fatores, entre os quais:

1) Sua porosidade: A presença de argila no solo diminui sua porosidade, não


permitindo uma grande infiltração.
2) Cobertura vegetal: Um solo coberto por vegetação é mais permeável do que um solo
desmatado.
3) Inclinação do terreno: em declividades acentuadas a água corre mais rapidamente,
diminuindo o tempo de infiltração.
4) Tipo de chuva: Chuvas intensas saturam rapidamente o solo, ao passo que chuvas
finas e demoradas têm mais tempo para se infiltrarem.

A água que se infiltra está submetida a duas forças fundamentais: a gravidade e a força
de adesão de suas moléculas às superfícies das partículas do solo (força de
capilaridade). Pequenas quantidades de água no solo tendem a se distribuir
uniformemente pela superfície das partículas. A força de adesão é mais forte do que a
força da gravidade que age sobre esta água. Como conseqüência ela ficará retida, quase
imóvel, não atingindo zonas mais profundas. Chuvas finas e passageiras fornecem
somente água suficiente para repor esta umidade do solo. Para que haja infiltração até a
zona saturada é necessário primeiro satisfazer esta necessidade da força capilar.
19
4.1. CLASSIFICAÇÃO DOS AQÜÍFEROS SEGUNDO A PRESSÃO DA ÁGUA

4.1.1 AQÜÍFEROS LIVRES OU FREÁTICOS

A pressão da água na superfície da zona saturada está em equilíbrio com a


pressão atmosférica, com a qual se comunica livremente. A figura
esquematiza um aqüífero deste tipo. São os aqüíferos mais comuns e mais
explorados pela população. São também os que apresentam maiores
problemas de contaminação.

4.1.2. AQÜÍFEROS ARTESIANOS

Nestes aqüíferos a camada saturada está confinada entre duas camadas


impermeáveis ou semipermeáveis, de forma que a pressão da água no topo
da zona saturada é maior do que a pressão atmosférica naquele ponto, o
que faz com que a água suba no poço para além da zona aqüífera. Se a
pressão for suficientemente forte a água poderá jorrar espontaneamente
pela boca do poço. Neste caso diz-se que temos um poço jorrante.

Há muitas possibilidades geológicas em que a situação de confinamento


pode ocorrer. A figura abaixo mostra o modelo mais clássico, mais comum
e mais importante.

20
4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS AQÜÍFEROS SEGUNDO A GEOLOGIA DO
MATERIAL SATURADO

4.2.1. AQÜÍFEROS POROSOS

Ocorrem em rochas sedimentares consolidadas, sedimentos inconsolidados


e solos arenosos decompostos in situ. Constituem os mais importantes
aqüíferos, pelo grande volume de água que armazenam, e por sua
ocorrência em grandes áreas. Estes aqüíferos ocorrem nas bacias
sedimentares e em todas as várzeas onde se acumularam sedimentos
arenosos. Uma particularidade deste tipo de aqüífero é sua porosidade
quase sempre homogeneamente distribuída, permitindo que a água flua
para qualquer direção, em função tão somente dos diferenciais de pressão
hidrostática ali existentes. Esta propriedade é conhecida como isotropia.

Poços perfurados nestes aqüíferos podem fornecer até 500 metros cúbicos
por hora de água de boa qualidade.

4.2.2. AQÜÍFEROS FRATURADOS OU FISSURADOS

Ocorrem em rochas ígneas e metamórficas. A capacidade destas rochas em


acumularem água está relacionada à quantidade de fraturas, suas aberturas
e intercomunicação. No Brasil a importância destes aqüíferos está muito
mais em sua localização geográfica, do que na quantidade de água que
armazenam. Poços perfurados nestas rochas fornecem poucos metros
cúbicos de água por hora. A possibilidade de se ter um poço produtivo
dependerá, tão somente, de o mesmo interceptar fraturas capazes de
conduzir a água. Há caso em que, de dois poços situados a pouca distância
um do outro, somente um venha a fornecer água, sendo o outro seco. Para
minimizar o fracasso da perfuração nestes terrenos, faz-se necessário que a
locação do poço seja bem estudada por profissional competente. Nestes
aqüíferos a água só pode fluir onde houver fraturas*, que, quase sempre,
tendem a ter orientações preferenciais, e por isto dizemos que são meios
aqüíferos anisotrópicos, ou que possuem anisotropia.

Um caso particular de aqüífero fraturado é representado pelos derrames de


rochas ígneas vulcânicas basálticas, das grandes bacias sedimentares
brasileiras. Estas rochas, apesar de ígneas, são capazes de fornecer
volumes de água até dez vezes maiores do que a maioria das rochas ígneas
e metamórficas.

21
4.2.3. AQÜÍFEROS CÁRSTICOS

São os aqüíferos formados em rochas carbonáticas. Constituem um tipo


peculiar de aqüífero fraturado, onde as fraturas, devidas à dissolução do
carbonato pela água, podem produzir aberturas muito grandes, criando,
neste caso, verdadeiros rios subterrâneos. É comum em regiões com grutas
calcárias, ocorrendo em várias partes do Brasil.

Proporcionalmente à sua extensão territorial, o Brasil não é muito rico em


águas subterrâneas. Essa situação decorre do fato de que, sobre cerca de
60% do nosso território (4.600.000 Km2), ocorrerem rochas cristalinas,
relativamente pouco porosas e permeáveis. Em complementação, as
rochas essencialmente aqüíferas acham-se localizadas nos depósitos
sedimentares que cobrem cerca de 37% (3.166.000 Km2).

4.3. FUNÇÕES DOS AQÜÍFEROS

A função mais tradicional e ainda de maior alcance de um aqüífero é como


fornecedor de água naturalmente potável. Os processos de filtração e as reações
bio-geoquímicas que ocorrem no subsolo fazem com que as águas subterrâneas
apresentem, geralmente, boa potabilidade e são mais bem protegidas dos agentes
de poluição.

As águas subterrâneas, quando apresentam teores de STD (Sólidos Totais


Dissolvidos) superiores a 1g/l, ou possuem uma concentração especialmente
elevada de um íon particular, são classificadas como águas minerais.

Quando apresentam temperaturas superiores a 40°C constituem fonte alternativa


de energia, podendo ser utilizadas para aquecimento de casas, fins fisioterápicos,
produção agrícola em estufa etc.

Quando o teor de sais contidos é elevado podem constituir importantes fontes de


componentes minerais como Iodo, Bromo, Boro e Cloreto de Sódio.

Ainda, os aqüíferos desempenham o papel de estocagem ao receberem água por


recarga artificial durante os períodos de enchentes dos rios. Têm função de filtro
natural ao proporcionar a filtragem física da água de superfície mediante técnicas
de captação induzida reduzindo custos de tratamentos convencionais.

22
Assim, a explotação da água subterrânea apresenta inúmeras vantagens em
comparação com as águas superficiais:

* Dispensa tratamento químico que onera bastante as águas superficiais em


dispendiosas ETAs (Estações de Tratamento de Águas).

* Não acarreta inundações de áreas potencialmente aproveitáveis na superfície, as


quais contêm muitas vezes excelentes solos agricultáveis, pois a área de
captação e proteção é extremamente reduzida.

* A rede de adução até o reservatório ou caixa d’água usualmente é de pequena


extensão, ao contrário das barragens, que requerem redes adutoras comumente
de vários quilômetros de extensão.
* Não exige desapropriação de grandes áreas como as barragens, que demandam
vultosos investimentos.

* Independe de períodos de estiagens prolongadas para recarga anual e dos


efeitos contínuos do processo de evaporação.

* O prazo de execução de um poço tubular é de dias, em contraposição a meses e


até anos no caso do barramento de um rio.

* A implantação do sistema de captação e armazenamento pode ser efetuada de


modo gradativo, na medida que aumente a demanda, evitando períodos de
sobra logo após a construção da barragem. A flexibilidade evita a aplicação de
grandes investimentos iniciais concentrados em curto espaço de tempo.

* O sistema como um todo é muito melhor protegido de eventuais poluições e


contaminações químicas, e até mesmo de atos de vandalismo.

Mesmo com todas as vantagens citadas, a exploração da água subterrânea deve ser
feita sempre de uma maneira integrada com a gestão da água superficial (de forma
que a recíproca também é fundamental) e necessita, sobretudo ser controlada por
técnicos especializados, pois existem peculiaridades que precisam ser
monitoradas, como por exemplo:

* A distribuição espacial das bacias hidrogeológicas com potencial de volume


explorável faz-se de maneira muito heterogênea. No Brasil, sobretudo na região
Nordeste, 55% da sua geomorfologia são representados por rochas cristalinas
onde as águas potencialmente exploráveis são pouco representativas, já que
esse tipo de aqüífero não favorece o acúmulo de água.
23
* A renovação e recarga das águas retiradas dos aqüíferos não se fazem na
mesma velocidade da extração, podendo causar a explotação de parte ou de
toda a Reserva Permanente, com risco da exaustão do aqüífero, caso a
explotação não seja devidamente controlada.

* A superexplotação de aqüíferos que, dependendo da formação geológica e da


pressão hidrostática de equilíbrio exercida pela água, poderá acarretar
subsidência na porção mais superficial, causando fendas nas rochas com
aparecimento de possíveis sumidouros em correntes de águas superficiais,
rachaduras em barragens, podendo causar rompimento das mesmas, rachaduras
e desabamentos de casas ou edifícios, diminuição ou ausência total da umidade
mínima dos horizontes de solos responsáveis pela sobrevivência de vegetais e
microorganismos da superfície que ajudam na preservação da biota, além de
que em aqüíferos costeiros poderá causar a salinização da água.

* Mesmo sendo menos vulneráveis aos agentes poluidores e às contaminações, a


detecção de um processo contaminante num aqüífero, em geral não é imediata,
podendo muitas vezes acarretar ações muito onerosas ou até mesmo situações
irrecuperáveis no médio prazo.

BIBLIOGRAFIA
- Geologia do Brasil – Vol. Único / DNPM - 1984

- Principais Depósitos Minerais do Brasil - Vol. 4 B / DNPM - 1998

- Plano Nacional de Recursos Hídricos - Vol. XI, Estudos Especiais "Água Subterrânea
no Brasil".

- Estado das Águas no Brasil - ANEEL / MMA / SRH / MME - 1999

- Água Subterrânea – Eurico Zimbres/UERJ - www.meioambiente.pro.br – 2000

24
5. CAPTAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Qualquer perfuração através da qual obtemos água de um aqüífero é, genericamente,


chamada de poço. Há muitas formas de classificá-los. Usaremos aqui uma classificação
baseada em sua profundidade, pois a mesma determina, de uma forma geral, o método
construtivo, além de ser um fator importante nas considerações sobre poluição da água
subterrânea.

5.1. POÇOS RASOS:

São poços que apresentam, geralmente, profundidades até 30,00 metros e onde
são utilizados métodos simples de construções.

5.1.1. POÇO ESCAVADO

É a mais antiga forma de exploração da água subterrânea, estando presente


desde civilizações muito antigas. São poços cilíndricos, abertos
manualmente, com o uso de picareta e pá. Às vezes são usados fogachos
(pólvora) para romper blocos de rocha mais resistentes. Entretanto, este
expediente é desaconselhável em virtude do perigo que acarreta, sendo
proibido por lei a pessoas não autorizadas a lidar com explosivos. Poço
escavado é o tipo mais utilizado pela população rural brasileira e, recebe
nomes distintos, dependendo da região: cisterna, cacimba, cacimbão, poço
amazonas, poço caipira, ou simplesmente poço. Só podem ser escavados
em material não muito resistentes, geralmente solo e depósitos
sedimentares pouco consolidados. Certos arenitos friáveis podem ser
escavados até manualmente.

Para que o operário possa trabalhar no fundo do poço, seu diâmetro deve
ser grande, indo de 1 a 2 metros, em média 1,50 metros. Após atingir o
nível d'água, a escavação continua, até que não se consiga mais esvaziar a
água que está afluindo ao poço.

Após a construção o poço deve ser bem fechado, erguendo-se uma


proteção de tijolo acima do nível do terreno, e cimentando o solo ao redor.
Isso evita a entrada de água contaminada da superfície e a queda de
objetos e animais em geral.

25
5.1.2 PONTEIRAS CRAVADAS

Ponteira é uma haste perfurada, revestida por tela, com terminação cônica
e que é cravada no terreno, através da qual pode-se retirar água com
bomba de sucção. Muito popular *,só funciona em aqüíferos muito rasos.
Muito usada em obras de engenharia civil para o rebaixamento do lençol
freático.

É necessário que os segmentos de tubos que foram conectados na ponteira,


sejam bem vedados para não entrar ar, o que impediria a água de subir.
Em geral estes poços possuem de 4 a 5 cm de diâmetro.

Essas ponteiras são muito versáteis, e uma boa opção para um poço de
baixo custo. Caso a necessidade de água aumente, pode-se cravar mais
ponteiras.(, mantendo uma distância segura para evitar as interferências
dos cones de depressão.)

5.1.3. POÇO A TRADO

Trado é uma ferramenta composta de uma caçamba cilíndrica, com


aberturas laterais cortantes, rosqueada à uma haste de ferro terminada em
T e que penetra no solo através de movimentos giratórios, realizados por
um operário (trado manual) ou por um motor (trado mecânico). Há no
mercado trados com diâmetro variando de 5 a 24 centímetros.Quanto
maior for o diâmetro do trado, mais pesado ficará o serviço.

O poço é perfurado lentamente, pois após algumas voltas o operador tem


que levantar a ferramenta para retirar o solo preso na caçamba. À medida
que a profundidade aumenta são acrescentados novos segmentos de cano
galvanizado na haste, que se tornará, portanto mais pesada. Ao atingir o
nível freático é necessário descer um ou mais tubos que protejam a parede
do poço, evitando seu desmoronamento. Para continuar a perfuração na
zona saturada é necessário diminuir o diâmetro da caçamba para poder
perfurar por dentro do tubo de revestimento. Quando o poço começa a
produzir muita água, o avanço se torna muito difícil, pois há a formação de
lama no fundo, tornando-se quase impossível a retirada do material. Após
ter atingido a máxima profundidade possível da zona saturada, coloca-se
um tubo de fundo cego e furos na lateral, que servirá como filtro e
elemento de contenção das paredes da escavação.

26
5.1.4. POÇO RADIAL

São poços escavados, de diâmetro maior do que o normal (3 a 4 metros)


nos quais foram cravados ponteiras ou aberto drenos horizontais em sua
parte inferior, num arranjo radial. Isto permite aumentar grandemente a
área de captação de água, elevando a produtividade do poço bem mais do
que se fosse meramente escavado. Uma das vantagens deste método é que
permite que se faça o desenvolvimento do poço, isto é, usar processos que
aumentam a permeabilidade do aqüífero ao redor das ponteiras ou drenos.

5.1.5. GALERIAS

As galerias são túneis cavados horizontalmente nas encostas até se


encontrar o substrato rochoso, por onde, circula a água de infiltração. Uma
vez encontrada uma região onde esteja havendo suficiente infiltração,
cava-se uma pequena bacia de captação a partir da qual a água é levada
para fora, através de tubos e por gravidade. Como a saída de água passa a
ser constante, é necessária a construção de reservatório para armazená-la.

Uma das grandes vantagens destas galerias é que fornecem água por
gravidade, o que implica numa grande economia de energia. Na verdade
são verdadeiras nascentes artificiais.

Nas cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro são muito utilizadas. Em


Petrópolis existem galerias com cerca de 40 metros de comprimento, sem
nenhum revestimento, e que fornece até 200 litros de boa água por hora,
durante o período de estiagem.

A largura e altura destas galerias são o suficiente para que um homem


possa ali se movimentar carregando um carrinho de mão, com o qual é
retirado o solo escavado. Seu teto é abobadado. Após a construção e
colocação de um tubo resistente como dreno, qualquer desmoronamento
do teto não prejudicará a continuidade da saída da água.

É um serviço extremamente perigoso e só deve ser feito por pessoas muito


treinadas e conhecedoras da técnica.

27
5.2. POÇOS PROFUNDOS

São poços perfurados com máquinas, com profundidades até 1000 metros. Em
alguns casos profundidades maiores são atingidas quando se procura a produção
de água aquecida pelo geotermalismo. A perfuração de um poço demanda
conhecimento técnico especializado. Na verdade, deve ser considerada como uma
obra de engenharia.

5.3. MÉTODOS DE PERFURAÇÃO MAIS USADOS

5.3.1. PERCUSSÃO

A rocha é perfurada através da batida constante de uma ferramenta


chamada trépano (broca), presa a um cabo de aço, que é movimentado
para cima e para baixo, através de um balancim acionado por motor. As
pancadas do trépano esmigalham a rocha e os fragmentos resultantes,
misturados com água do próprio poço ou colocada se este ainda estiver
seco, dá origem a uma lama. Estes são retirados do poço através de uma
ferramenta chamada caçamba. Esta lama que se forma além de facilitar a
retirada do material triturado, serve como meio de refrigeração do trépano.
A perfuração por percussão é indicada para formações bem consolidadas
ou rochas duras, e profundidades não superiores a 250 metros.

5.3.2. ROTATIVA

A perfuração se dá através do movimento rotatório de uma broca, ao


mesmo tempo em que se faz circular lama no poço. Esta lama além de
servir para trazer o material triturado para cima serve para refrigerar a
ferramenta de corte e para manter uma pressão contínua dentro do poço,
de forma a conter suas paredes, evitando assim seu colapso. A lama
poderá ser injetada pelo furo central da haste de perfuração, subindo pelo
espaço anelar, ou vice versa. Este método é indicado para formações
moles e grandes profundidades. O revestimento do poço é feito no final,
antes de se bombear toda a lama.

* Baseado no texto de “ÁGUA SUBTERRÂNEA” - www.meioambiente.pro.br - de Eurico


Zimbres - UERJ/2000.
28
6. QUÍMICA DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

6.1. INTRODUÇÃO

As características químicas das águas subterrâneas refletem os meios por onde


percolam, guardando uma estreita relação com os tipos de rochas drenados e com
os produtos das atividades humanas adquiridos ao longo de seu trajeto. Em áreas
industrializadas, encontra-se uma forte marca das atividades humanas na
qualidade química das águas. Esta relação é, em particular, marcante onde
predominam os aqüíferos do tipo fissural, passíveis de serem facilmente
influenciados pelas atividades humanas.

6.2. ÁGUA E SAÚDE

Existem padrões muito bem conhecidos de relacionamento entre a incidência de


moléstias no homem e nos animais, com a abundância ou deficiência de elementos
maiores, menores e traços no meio ambiente, particularmente nas águas.
Exemplos são: a relação entre o bócio (hipertrofia da tireóide) e a deficiência em
iodo; anemias severas, nanismo e hiperpigmentação da pele e a deficiência em
zinco; fluorose esqueletal e dentária e excesso de flúor; maior incidência de cáries
dentárias e deficiência em flúor; anencefalia e mercúrio; inapetência e selênio.
Outras correlações com aceitação controversa ocorrem, como, por exemplo, entre
a dureza da água e algumas moléstias cardiovasculares; entre o chumbo e a
esclerose múltipla, entre o cádmio e a hipertensão e arteriosclerose; entre uma
gama ampla de elementos e diversos tipos de câncer. Contudo estes
relacionamentos são possíveis quando as manifestações clínicas são evidentes por
estarmos diante de exposições anormais a produtos resultantes de atividades
humanas. Muitas vezes o desequilíbrio em elementos traços se manifesta em
debilitações subclínicas, sendo de difícil diagnose.

Contudo, os relacionamentos entre o teor dos elementos e substâncias químicas, e


a saúde do homem e dos animais podem ser dificultados por questões relativas à
mobilidade e à dispersão destes elementos e substâncias, governadas pelos
princípios da geoquímica e da dinâmica das águas superficiais e subterrâneas.
Fatores como o pH, tipo e abundância de argilo-minerais, teor de matéria
orgânica, hidróxidos de ferro, manganês e alumínio, reatividade química,
gradientes hidráulicos, porosidade e permeabilidade necessitam ser considerados
nestes tipos de estudo. Muitas vezes os efeitos tóxicos de uma substância se
manifestam distante de sua introdução no meio ambiente, podendo se dar em áreas
29
pontuais ou ao longo de estruturas geológicas lineares, como falhas. Em
alguns casos, o produto da degradação de uma substância é mais tóxico e
mais persistentes no solo do que a substância original.

Na medida em que hoje se tem como ideal a ser atingido o uso auto
sustentado do meio ambiente, torna-se extremamente importante que um
grande número de perguntas tenham respostas satisfatórias, o que só se
conseguirá com investimentos em pesquisas técnicas e científicas.

É de se salientar que, neste particular, muito do conhecimento desenvolvido


em países ricos não se aplica diretamente ao nosso caso, em virtude de
diversas diferenças de climas, solos e coberturas vegetais.

Devido à sua estrutura molecular dipolar a água é um forte solvente


(solvente universal). Nas águas naturais, este poder de dissolução é muito
aumentado pela presença de ácido carbônico, formado pelo gás carbônico
dissolvido, e ácidos orgânicos, principalmente húmicos, produzidos pela
atividade dos seres vivos ao nível do solo. Num país tropical, como o Brasil,
a abundância de água (umidade) e seu conteúdo em ácidos se colocam como
o principal responsável pelo intemperismo das rochas, dando origem a
mantos de decomposição (regolito) com espessura de dezenas de metros.
Todas as águas naturais possuem, em graus distintos, um conjunto de sais
em solução, sendo que as águas subterrâneas possuem, em geral, teores mais
elevados dos que as águas superficiais, por estarem intimamente expostas
aos materiais solúveis presentes no solo e nas rochas. A quantidade e tipo de
sais presentes na água subterrânea dependerão do meio percolado, do tipo e
velocidade do fluxo subterrâneo, da fonte de recarga do aqüífero e do clima
da região. Em áreas com alto índice pluviométrico a recarga constante dos
aqüíferos permite uma maior renovação das águas subterrâneas, com a
conseqüente diluição dos sais em solução. Diferentemente, em climas áridos
a pequena precipitação leva a uma salinização na superfície do solo através
da evaporação da água que sobe por capilaridade. Por ocasião das chuvas
mais intensas os sais mais solúveis são carreados para as partes mais
profundas do aqüífero aumentando sua salinidade. Isto é o que acontece no
Nordeste Brasileiro, onde, em muitas áreas, o problema consiste muito mais
na salinização excessiva da água do que na inexistência da mesma.

30
6.3. PROPRIEDADES FÍSICAS

6.3.1. TEMPERATURA

As águas subterrâneas têm uma amplitude térmica pequena, isto é, sua


temperatura não é influenciada pelas mudanças da temperatura
atmosférica. Exceções são os aqüíferos freáticos pouco profundos. Em
profundidades maiores a temperatura da água é influenciada pelo grau
geotérmico local (em média 1ºC a cada 30 m). No aqüífero Botucatu
(Guarani) são comuns temperaturas de 40 a 50ºC em suas partes mais
profundas. Em regiões vulcânicas, ou de falhamentos profundos, águas
aquecidas podem aflorar na superfície dando origem às fontes termais.

6.3.2. COR

A cor de uma água é conseqüência de substâncias dissolvidas. Quando


pura, e em grandes volumes, a água é azulada. Quando rica em ferro, é
arroxeada. Quando rica em manganês, é negra e, quando rica em ácidos
húmicos é amarelada. A medida da cor de uma água é feita pela
comparação com soluções conhecidas de platina-cobalto ou com discos de
vidro corados calibrados com a solução de platina-cobalto. Uma unidade
de cor corresponde àquela produzida por 1 mg/L de platina, na forma de
íon cloroplatinado.

Para ser potável uma água não deve apresentar nenhuma cor de
considerável intensidade. Segundo a OMS o índice máximo permitido
deve ser 20 mg Pt/L.

6.3.3. ODOR E SABOR

Odor e sabor são duas sensações que se manifestam conjuntamente, o que


torna difícil sua separação. O odor e o sabor de uma água dependem dos
sais e gases dissolvidos. Em geral as águas subterrâneas são desprovidas
de odor. Algumas fontes termais podem exalar cheiro de ovo podre devido
ao seu conteúdo de H2S (gás sulfídrico). Da mesma maneira águas que
percolam matérias orgânicas em decomposição (turfa, por exemplo)
podem apresentar H2S.

31
6.3.4. TURBIDEZ

É a medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa


quantidade de água. A turbidez é causada por matérias sólidas em
suspensão (silte, argila, colóides, matéria orgânica, etc.). Os valores são
expressos em Unidade Nefelométrica de Turbidez (UNT). Segundo a
OMS (Organização Mundial da Saúde), o limite máximo de turbidez em
água potável deve ser 5 UNT. As águas subterrâneas normalmente não
apresentam problemas devido ao excesso de turbidez. Em alguns casos,
águas ricas em íons Fe, podem apresentar uma elevação de sua turbidez
quando entram em contato com o oxigênio do ar.

6.3.5. SÓLIDOS EM SUSPENSÃO

Corresponde à carga sólida em suspensão e que pode ser separada por


simples filtração ou mesmo decantação. As águas subterrâneas em geral
não possuem sólidos em suspensão e quando um poço está produzindo
água com significativo teor de sólidos em suspensão é geralmente como
conseqüência de mau dimensionamento do filtro e/ou do pré-filtro. Em
aqüíferos cársticos e fissurais as aberturas das fendas podem permitir a
passagem das partículas mais finas (argila, silte) aumentando assim o
conteúdo em sólidos em suspensão.

6.3.6. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA

Os sais dissolvidos e ionizados presentes na água transformam-na num


eletrólito capaz de conduzir a corrente elétrica. Como há uma relação de
proporcionalidade entre o teor de sais dissolvidos e a condutividade
elétrica, podemos estimar o teor de sais pela medida de condutividade de
uma água, ou seja, quando a condutividade é conhecida o seu teor salino é
de aproximadamente dois terços desse valor. As unidades usadas nas
medidas de condutividade são o microMHO por centímetro (MMHO/cm)
e (MS/cm) micro siemens por centímetro, este último do Sistema
Internacional de Unidades.

6.3.7. DUREZA

A dureza é definida como a dificuldade de uma água em dissolver (fazer


espuma) sabão pelo efeito do cálcio, magnésio e outros elementos como
Fe, Mn, Cu, Ba etc. Águas duras são inconvenientes porque o sabão não
limpa eficientemente, aumentando seu consumo, e deixando uma película
32
insolúvel sobre a pele, pias, banheiras e azulejos do banheiro. A dureza
pode ser expressa como dureza temporária, permanente e total.

6.3.8. DUREZA TEMPORÁRIA OU DE CARBONATOS

É devida à combinação dos íons de cálcio e de magnésio com íons


bicarbonato e carbonatos na presença de aquecimento; os compostos
formados podem ser eliminados através de fervura.

6.3.9. DUREZA PERMANENTE

É devida à combinação dos íons de cálcio e magnésio com íons de sulfato,


cloreto, nitratos e outros, dando origem a compostos solúveis que não
podem ser retirados pelo aquecimento.

6.3.10. DUREZA TOTAL

É a soma da dureza temporária com a permanente. A dureza é expressa em


miligrama por litro (mg/L) ou miliequivalente por litro (meq/L) de CaCO3
(carbonato de cálcio) independentemente dos íons que a estejam causando.

6.3.11. ALCALINIDADE

É a medida total das substâncias presentes numa água, capazes de


neutralizarem ácidos. Em outras palavras, é a quantidade de substâncias
presentes numa água e que atuam como tampão. Se numa água
quimicamente neutra (pH=7) for adicionada pequena quantidade de um
ácido fraco seu pH mudará instantaneamente. Numa água com certa
alcalinidade a adição de uma pequena quantidade de ácido fraco não
provocará a elevação de seu pH, porque os íons presentes irão neutralizar
o ácido. Em águas subterrâneas a alcalinidade é devida principalmente aos
carbonatos e bicarbonatos e, secundariamente, aos íons hidróxidos,
silicatos, boratos, fosfatos e amônia.

Alcalinidade total é a soma da alcalinidade produzida por todos estes íons


presentes numa água. Águas que percolam rochas calcárias (calcita =
CaCO3) geralmente possuem alcalinidade elevada. Granitos e gnaisses,
rochas comuns em muitos estados brasileiros, possuem poucos minerais
que contribuem para a alcalinidade das águas subterrâneas. A alcalinidade
total de uma água é expressa em mg/L de CaCO3.

33
6.3.12. PH

É a medida da concentração de íons H+ na água. O balanço dos íons


hidrogênio e hidróxido (OH-) determina quão ácida ou básica ela é. Na
água quimicamente pura os íons H+ estão em equilíbrio com os íons OH- e
seu pH é neutro, ou seja, igual a 7. Os principais fatores que determinam o
pH da água são o gás carbônico dissolvido e a alcalinidade. O pH das
águas subterrâneas varia geralmente entre 5,5 e 8,5.

6.3.13. SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS (STD)

É a soma dos teores de todos os constituintes minerais presentes na água.


Como dito anteriormente, a medida de Condutividade elétrica,
multiplicada por um fator que varia entre 0,55 e 0,75, fornece uma boa
estimativa do STD de uma água subterrânea. Segundo o padrão de
potabilidade da OMS, o limite máximo permissível de STD na água é de
1000 mg/L.

6.4. PRINCIPAIS CONSTITUINTES IÔNICOS

Como já foi dito, as águas subterrâneas tendem a ser mais ricas em sais
dissolvidos do que as águas superficiais. As quantidades presentes refletem não
somente os substratos rochosos percolados, mas variam também em função do
comportamento geoquímico dos compostos químicos envolvidos. Como há
sensíveis variações nas composições químicas das rochas, é de se esperar uma
certa relação entre a composição da água e das rochas preponderantes na área. É
necessário, contudo, frisar que o comportamento geoquímico dos compostos e
elementos é o fator preponderante na sua distribuição nas águas.

Os principais e mais freqüentes constituintes iônicos contidos nas águas


subterrâneas são os seguintes:

6.4.1. CÁLCIO (Ca+)

O teor de cálcio nas águas subterrâneas varia, de uma forma geral, de 10 a


100 mg/L. As principais fontes de cálcio são os plagioclásios cálcicos,
calcita, dolomita, apatita, entre outros. O carbonato de cálcio é muito
pouco solúvel em água pura. O cálcio ocorre nas águas na forma de
bicarbonato e sua solubilidade está em função da quantidade de gás
carbônico dissolvido. A quantidade de CO2 dissolvida depende da
34
temperatura e da pressão, que são, portanto, fatores que vão determinar a
solubilidade do bicarbonato de cálcio.

-
6.4.2. CLORETOS (Cl )

O cloro está presente em teores inferiores a 100 mg/L. Forma compostos


muito solúveis e tende a se enriquecer, junto com o sódio, a partir das
zonas de recarga das águas subterrâneas. Teores anômalos são indicadores
de contaminação por água do mar, e por aterros sanitários.

-
6.4.3. FERRO (Fe )

É um elemento persistentemente presente em quase todas as águas


subterrâneas em teores abaixo de 0,3 mg/L. Suas fontes são minerais
escuros (máficos) portadores de Fe: magnetita, biotita, pirita, piroxênios,
anfibólios. Em virtude de afinidades geoquímicas quase sempre é
acompanhado pelo Manganês. O ferro no estado ferroso (Fe²+) forma
compostos solúveis, principalmente hidróxidos. Em ambientes oxidantes o
Fe²+ passa a Fe³+ dando origem ao hidróxido férrico, que é insolúvel e se
precipita, tingindo fortemente a água. Desta forma, águas com alto
conteúdo de Fe, ao saírem do poço são incolores, mas ao entrarem em
contato com o oxigênio do ar ficam amareladas, o que lhes confere uma
aparência nada agradável. Apesar do organismo humano necessitar de até
19 mg de ferro por dia, os padrões de potabilidade exigem que uma água
de abastecimento público não ultrapasse os 0,3 mg/L.

6.4.4. MAGNÉSIO (Mg²+)

O magnésio é um elemento cujo comportamento geoquímico é muito


parecido com o do cálcio e, em linhas gerais, acompanha este elemento.
Diferentemente do cálcio, contudo, forma sais mais solúveis. Nas águas
subterrâneas ocorre com teores entre 1 e 40 mg/L. O magnésio, depois do
cálcio, é o principal responsável pela dureza das águas.

Na água do mar o magnésio ocorre em teores de cerca 1400 mg/L, bem


acima do teor de cálcio (cerca de 480 mg/L). Em águas subterrâneas de
regiões litorâneas, a relação Mg/Ca é um elemento caracterizador da
contaminação por água marinha.

35
6.4.5. MANGANÊS (Mn+)

É um elemento que acompanha o ferro em virtude de seu comportamento


geoquímico. Ocorre em teores abaixo de 0,2 mg/L, quase sempre como
óxido de manganês bivalente, que se oxida em presença do ar, dando
origem a precipitados negros.

-
6.4.6. NITRATO (NO3 )

O nitrogênio perfaz cerca de 80 por cento do ar que respiramos. Como um


componente essencial das proteínas ele é encontrado nas células de todos
os organismos vivos. Nitrogênio inorgânico pode existir no estado livre
como gás, nitrito, nitrato e amônia. Com exceção de algumas ocorrências
como sais evaporíticos, o nitrogênio e seus compostos não são encontrados
nas rochas da crosta terrestre. O nitrogênio é continuamente reciclado
pelas plantas e animais. Nas águas subterrâneas os nitratos ocorrem em
teores em geral abaixo de 5 mg/L. Nitritos e amônia são ausentes, pois são
rapidamente convertidos a nitrato pelas bactérias. Pequeno teor de nitrito e
amônia é sinal de poluição orgânica recente. Segundo o padrão de
potabilidade da OMS, uma água não deve ter mais do que 10 mg/L de
NO3.

6.4.7. POTÁSSIO (K+)

O potássio é um elemento químico abundante na crosta terrestre, mas


ocorre em pequena quantidade nas águas subterrâneas, pois é facilmente
fixado pelas argilas e intensivamente consumido pelos vegetais. Seus
principais minerais fontes são: feldspato potássico, mica moscovita e
biotita, pouco resistentes aos intemperismo físico e químico. Nas águas
subterrâneas seu teor médio é inferior a 10 mg/L, sendo mais freqüente
valores entre 1 e 5 mg/L.

6.4.8. SÓDIO (Na+)

O sódio é um elemento químico quase sempre presente nas águas


subterrâneas. Seus principais minerais fonte (feldspatos plagioclásios) são
pouco resistentes aos processos intempéricos, principalmente os químicos.
Os sais formados nestes processos são muito solúveis. Nas águas
subterrâneas o teor de sódio varia entre 0,1 e 100 mg/L, sendo que há um
enriquecimento gradativo deste metal a partir das zonas de recarga. A
quantidade de sódio presente na água é um elemento limitante de seu uso
36
na agricultura. Em aqüíferos litorâneos, a presença de sódio na água
poderá estar relacionada à intrusão da água do mar. Segundo a OMS, o
valor máximo recomendável de sódio na água potável é 200 mg/L

Quando do procedimento de determinação através de diagramas


hidroquímicos, geralmente os teores iônicos do sódio e potássio são
representados pela sua soma total.

Em relação aos limites internacionais e brasileiros recomenda-se a


observância da Tabela de Padrões de Potabilidade apresentada a seguir.

----------------- Tabela De Padrões De Potabilidade --------------------

Normas Internacionais Normas Brasileiras


(OMS) (ABNT)
PARÂMETROS: Limites
Aceitáveis Permissíveis Aceitáveis Permissíveis
Físicos:
Cor: 5 - 15 unidades 50 unidades 5 unidades 20 unidades
Turbidez: 5 unidades 25 unidades 1 (uma) unidade 10 unidades
Odor: Inobjetável Ausente Ausência de odor objetável
número limiar de odor – máximo 3
Sabor: Inobjetável Ausente Ausência de sabor objetável
mg/l=miligramas/litro
Químicos: ▼
STD 500 – 1000mg/l 1500 mg/l 1000 mg/l 1000 mg/l
Dureza Total 500mg/l 500mg/l 100mg/l 200mg/l
(CACO3)
Ferro (Fe) 0,3 mg/l 1,0 mg/l 0,3 mg/l 0,3 mg/l
Cobre (Cu) 1,0 mg/l 1,5 mg/l 1,0 mg/l 1,0 mg/l
Zinco (Zn) 5,0 mg/l 15 mg/l 5,0 mg/l 15 mg/l
Cálcio (Ca) 75 mg/l 200 mg/l Ausente Ausente
Magnésio (Mg) 50 mg/l 150 mg/l Ausente Ausente
Sulfato (So4) 400 mg/l 400 mg/l 400 mg/l 400 mg/l
Cloreto (Cl) 200 – 250 mg/l 600 mg/l 250 mg/l 250 mg/l
Arsênico (As) 0,05 mg/l 0,05 mg/l 0,05 mg/l 0,1 mg/l
Bário (Ba) 0,005 mg/l 0,005 mg/l 1,0 mg/l 1,0 mg/l
Cádmio (Cd) 0,05 mg/l 0,05 mg/l 0,005 mg/l 0,005 mg/l
37
Chumbo (Pb) 0,1 mg/l 0,1mg/l 0,05 mg/l 0,1 mg/l
Cianeto (Cn) 0,05 mg/l 0,05mg/l 0,1 mg/l 0,2 mg/l
Cromo (Cr6+) 1,5 mg/l 1,5mg/l 0,05 mg/l 0,05 mg/l
Fluoreto (F) 0,001 mg/l 0,001mg/l 0,6 – 1,7 mg/l 1,5 mg/l
Mercúrio (Hg) 0,01 mg/l 0,01mg/l 0,001 mg/l 0,001 mg/l
Prata (Ag) Zero Zero 0,05 mg/l 0,05 mg/l
Selênio (Se) 0,01 mg/l 0,01mg/l 0,01 mg/l 0,01 mg/l
Nitrato (NO3) 10 mg/l 10mg/l 10 mg/l 45 mg/l
PH: 6,5 a 8,5
Número/100mililitros
Bacteriológicos: ▼
Coliformes Totais < 2 (nº/100ml) < 4 (nº/100ml) zero zero
Coliformes Fecais zero zero zero zero

38
7. ÁGUAS MINERAIS E POTÁVEIS DE MESA

Águas minerais são águas subterrâneas, com especiais características físicas e/ou
químicas, naturais, com possibilidades terapêuticas e/ou gosto especial; se a
temperatura natural estiver acima da temperatura ambiente, ela é denominada água
termo-mineral. Dependendo de qual seja sua composição química, quando os sais
minerais dissolvidos excederem ao padrão ideal, elas podem ser indicadas para um
determinado uso terapêutico ou, se for o caso, elas poderão ter uma forte contra
indicação. Por isto, a importância de se observar com cuidado, e sempre, os rótulos das
águas minerais.

Durante muito tempo acreditou-se que as águas minerais tinham uma origem diferente
da água subterrânea. Sabe-se hoje, contudo, que ambas têm a mesma origem: são águas
de superfície que se infiltraram no subsolo. As águas minerais são aquelas que
conseguiram atingir profundidades maiores e que, por isto, se enriqueceram em sais,
adquirindo novas características físico-químicas, como, por exemplo, pH mais alcalino
e temperatura maior.

Para que a água atinja grandes profundidades é necessário que encontre


descontinuidades nas rochas, como fraturamentos e falhas geológicas. Sua temperatura
será tanto maior quanto maior for a profundidade, devido ao gradiente geotérmico local.
Seu conteúdo em sais guarda uma relação direta com o calor, pois a capacidade de
dissolver minerais e incorporar solutos aumenta com a temperatura.

Admite-se que uma parte muito pequena das águas minerais seja proveniente de
atividades magmáticas na crosta terrestre. Isto ocorre nas áreas com atividade vulcânica
atual ou recente.

No Brasil, a maior parte das ocorrências de águas mineralizadas se dá na forma de


fontes naturais.

As águas denominadas “potáveis de mesa”, por outro lado, são águas naturais que se
caracterizam pela sua baixa concentração de sais minerais na sua composição química
sendo, portanto, indicadas plenamente ao consumo, e sem restrições.

Existem ainda as águas denominadas “mineralizadas” que teve, recentemente, sua


liberação aprovada pelo Ministério das Minas e Energia. São as águas de qualquer
natureza (não necessariamente subterrânea), envasadas industrialmente, que passaram
por um processo de purificação e adição de sais minerais podendo, na maioria das
vezes, sofrer gaseificação artificial. Esse é um novo mercado que vem atraindo grandes
39
empresas, por causa da economia de escala, já que ela pode ser industrializada
diretamente da rede pública de abastecimento. Torna-se necessário muito cuidado com
o consumo dessas águas, tendo em vista que elas não sofrem a rigidez das aplicações
legais das águas minerais.

7.1. CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS MINERAIS NATURAIS

Segundo o Código de Águas do Brasil (decreto-lei 7.841, de 8/08/45), em seu


artigo 1°, águas minerais naturais "são aquelas provenientes de fontes naturais ou
de fontes artificialmente captadas que possuam composição química ou
propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns, com
características que lhes confiram uma ação medicamentosa".

Neste código as águas minerais naturais são classificadas segundo suas


características permanentes e segundo as características inerentes às fontes.

7.1.1. CARACTERÍSTICAS PERMANENTES

Quanto à composição química, as águas minerais naturais são assim


classificadas:

I. Oligominerais: aquelas que contêm diversos tipos de sais, todos em


baixa concentração.

II. Radíferas: quando contêm substâncias radioativas dissolvidas, que lhes


atribuam radioatividade permanente.

III. Alcalina-bicarbonatadas: as que contêm, por litro, uma quantidade de


compostos alcalinos equivalentes a, no mínimo, a 0,200 g de
bicarbonato de sódio.

IV. Alcalino-terrosas: as que contêm, por litro, uma quantidade de alcalinos


terrosos equivalentes a, no mínimo, 0,120 g de carbonato de cálcio,
distinguindo-se:

IV.a- Alcalino-terrosas cálcicas: as que contêm, por litro, no mínimo,


0,048 g de cátion Ca, sob a forma de bicarbonato de cálcio.

40
IV.b- Alcalino-terrosas magnesianas: as que contêm, por litro, no
mínimo, 0,030 g de cátion Mg, sob a forma de bicarbonato de
magnésio.

V. Sulfatadas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,100 g do ânion SO4,


combinado aos cátions Na, K e Mg.

VI. Sulfurosas: as que contêm, no mínimo, 0,001 g do ânion S.

VII. Nitratadas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,100 g de ânion NO3
de origem mineral.

VIII. Cloretadas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,500 g de NaCl.

IX. Ferruginosas: as que contêm, por litro, no mínimo. 0,005 g de cátion


Fe.

X. Radioativas: as que contêm radônio em dissolução, obedecendo aos


seguintes limites:

Xa- Fracamente Radioativas: as que apresentam, no mínimo, um teor


em radônio compreendido entre 5 e 10 unidades Mache, por litro,
a 20°C e 760 mm de Hg de pressão;

Xb- Radioativas: as que apresentam um teor em radônio compreendido


entre 10 e 50 unidades Mache por litro, a 20° C e 760 mm de Hg
de pressão;

Xc- Fortemente Radioativas: as que possuírem um teor em radônio


superior a 50 unidades Mache, por litro, a 20°C e 760 mm de Hg
de pressão.

XI. Toriativas: as que possuem, por litro, no mínimo, um teor em torônio


em dissolução equivalente, em unidades eletrostáticas, a 2 unidades
Mache.

XII. Carbogasosas: as que contêm, por litro, 200 ml de gás carbônico livre
dissolvido, a 20°C e 760 mm de Hg de pressão.

41
7.1.2. CARACTERÍSTICAS DAS FONTES:

As fontes de água mineral são classificadas segundo os gases presentes e


segundo a temperatura:

 Quanto aos Gases:

 Fontes Radioativas:

* Fracamente Radioativas: as que apresentam, no mínimo, uma


vazão gasosa de 1 litro por minuto com um teor em radônio
compreendido entre 5 e 10 unidades Mache, por litro de gás
espontâneo, a 20°C e 760 mm de Hg de pressão;

* Radioativas: as que apresentam, no mínimo, uma vazão gasosa


de 1 litro por minuto, com um teor compreendido entre 10 e 50
unidades Mache, por litro de gás espontâneo, a 20°C e 760 mm
de Hg de pressão;

* Fortemente Radioativas: as que apresentam, no mínimo, uma


vazão gasosa de 1 litro por minuto, com teor em radônio superior
a 50 unidades Mache, por litro de gás espontâneo, a 20°C e 760
mm de Hg de pressão.

 Fontes Toriativas

As que apresentam, no mínimo, uma vazão gasosa de 1 litro por


minuto, com um teor em torônio, na fonte, equivalente, em unidades
eletrostáticas, a 2 unidades Mache por litro.

 Fontes Sulfurosas

As que possuírem, na fonte, desprendimento definido de gás


sulfídrico.

 Quanto à Temperatura:

 Fontes Frias: quando sua temperatura for inferior a 25°C;

42
 Fontes Hipotermais: quando sua temperatura estiver compreendida
entre 25 e 33°C;

 Fontes Mesotermais: quando sua temperatura estiver compreendida


entre 33 e 36°C;

 Fontes Hipertermais: quando sua temperatura estiver


compreendida entre 36 e 38°C.

7.2. EFEITOS TERAPÊUTICOS DAS ÁGUAS MINERAIS

O Brasil é um país muito rico nos diversos tipos de águas, tanto minerais, como
potáveis de mesa. No entanto, a maior produção e o maior consumo no País são de
águas leves e macias, classificadas na fonte como radioativas, fracamente
radioativas e hipotermais, assim como as águas classificadas quimicamente como:
fluoretadas, carbogasosas, potáveis de mesa e oligominerais, representando 78%
da produção nacional.

Além de saciar a sede e hidratar o corpo, as águas minerais podem oferecer grande
contribuição à saúde. Conforme sua composição físico-química, são indicadas
tanto para tornar a pele fresca e saudável, quanto para repor energia e combater
diversos males, como estresse, alergias e certas doenças crônicas.

As propriedades terapêuticas das águas minerais são conhecidas desde a


antiguidade, quando as fontes termais eram consideradas manifestações
sobrenaturais e protegidas por deuses e ninfas. Mas os primeiros estudos
científicos sobre a hidroterapia só começaram a ser documentados a partir de
1604, quando Henrique IV promulgou na França a primeira legislação sobre águas
minerais.

A partir de então, até os nossos dias, a cura pelas águas se consolidou em todo o
mundo como um dos ramos auxiliares da medicina (e até da veterinária) com a
denominação de Crenoterapia – do grego crenos = fonte.

7.2.1. A ÁGUA CERTA

Para valer-se dos benefícios terapêuticos das águas minerais é preciso


saber, em primeiro lugar, que tipo de água se está tomando.

43
Isto porque, por obra e graça da natureza, cada água mineral tem sua
exclusiva composição físico-química. Não existe uma água igual a outra
porque o conteúdo de sais minerais, processado ao longo de centenas ou
milhares de anos, decorre dos diversificados tipos de rochas por onde elas
são filtradas. Influenciam também na sua composição a radioatividade e a
temperatura de cada fonte.

Por isso, a ABINAM – Associação Brasileira da Indústria de Águas


Minerais recomenda que o consumidor, para escolher a melhor água para
sua saúde, atente para o rótulo da embalagem. Nele há uma informação
obrigatória: a análise da composição físico-química do produto, em que se
destacam os elementos predominantes. Ou seja, ao escolher uma água
mineral, você deve saber que elementos químicos são favoráveis (ou
mesmo prejudiciais) à sua saúde. Observar esses dados é fundamental para
quem deseja associar a hidroterapia ao prazer refrescante das águas
minerais.

Genericamente, toda água mineral pode trazer benefícios à saúde e à


beleza. Além de repor energias e favorecer o funcionamento adequado de
músculos e nervos, tem efeitos benéficos especialmente para a pele, por
hidratar e eliminar as toxinas resultantes da queima das células. Em função
disso, há dermatologistas que indicam água mineral também para a higiene
do rosto e do corpo, assim como para minimizar os efeitos de manchas e
queimaduras provocadas pelo sol.

As águas alcalinas também são recomendadas para a beleza porque


contribuem para a hidratação natural da pele e combatem a seborréia
(gordura cutânea), assim como as carbônicas, que ainda têm a propriedade
de reduzir o apetite.

Presente em grande proporção no organismo, a água participa e favorece


todas as funções fisiológicas, sendo fundamental, portanto, a permanente
hidratação do corpo. Mesmo a queima de gordura é decorrente da ação da
água.

Vale observar que as águas gasosas, ao contrário do que se pensa, não


acrescentam calorias e não engordam. É apenas uma questão de gosto.

Importante é não esperar ter sede para então ingerir água. A sede é um
sintoma de desidratação, o que significa que o organismo já está em
débito. Recomenda-se o consumo diário de 1 a 2 litros, dependendo da
44
necessidade de hidratação de cada organismo. É certo que desportistas
precisam de maiores quantidades, antes e depois de praticar exercícios.

Já para o tratamento de afecções cutâneas, o consumidor deve procurar as


águas mais indicadas, que são as sulfurosas ou sulfuradas, tanto para
ingestão como para aplicação local. O elemento enxofre presente nessas
águas potencializa consideravelmente a ação anti-séptica e antiparasitária,
favorecendo a regeneração da queratina (proteína encontrada na pele, nas
unhas e nos cabelos). O enxofre tem ainda propriedade antiseborréica,
atuando no combate à acne e dermatites.

7.2.2. COMO ESCOLHER SUA ÁGUA

No Brasil, onde cerca de 250 marcas estão presentes no mercado, a maior


produção e o maior consumo são de águas leves e macias, classificadas na
fonte como radioativas, fracamente radioativas e hipotermais, assim como
as águas classificadas quimicamente como fluoretadas, carbogasosas e
oligominerais, estas com vários sais em baixa concentração.

Mas há diversas outras classificações, indicadas para diferentes


finalidades, como demonstra o quadro abaixo.

7.2.3. AS ÁGUAS MINERAIS E SEUS EFEITOS TERAPÊUTICOS

CLASSIFICAÇÃO INDICAÇÕES
Ferruginosas Anemias, parasitoses, alergias e acne juvenil; estimulam o apetite
Fluoretadas Para saúde de dentes e ossos
Dissolvem cálculos renais e biliares; favorecem a digestão; são
Radioativas
calmantes e laxantes; filtram excesso de gordura do sangue
Diuréticas e digestivas, são ideais para acompanhar refeições;
Carbogasosas repõe energia e estimula o apetite; eficazes contra hipertensão
arterial
Sulfurosas Para reumatismos, doenças da pele, artrites e inflamações em geral
Sedativas e tranqüilizantes, combatem a insônia, nervosismo,
Brometadas
desequilíbrios emocionais, epilepsia e histeria.
Sulfatadas sódicas para prisão de ventre, colites e problemas hepáticos
Para casos de raquitismo e colite; consolidam fraturas e têm ação
Cálcicas diurética. Reduz a sensibilidade em casos de asma, bronquites,
eczemas e dermatoses.

45
Tratam adenóides, inflamações da faringe e insuficiência da
Iodetadas
tireóide.
Bicarbonatadas Doenças estomacais, como gastrites e úlceras gastroduodenais,
sódicas hepatite e diabetes.
Alcalinas Diminuem a acidez estomacal e são boas hidratantes para a pele
Ácidas Regularizam o pH da pele
Carbônicas Hidratam a pele e reduzem o apetite
Sulfatadas Atuam como antiinflamatório e antitóxico
Oligominerais Higienizam a pele, diurese, intoxicações hepáticas, ácido úrico,
radioativas inflamações das vias urinárias, alergias e estafa

7.3. PANORAMA ECONÔMICO DAS ÁGUAS MINERAIS NO BRASIL

Segundo a AC Nielsen, uma das mais capacitadas empresas de pesquisa de


mercado no mundo, a água mineral é a nova vedete do setor de alimentos e
bebidas, tanto em ritmo de crescimento quanto em faturamento. Em 2001, as
vendas subiram em média 13% em 45 países auditados pela AC Nielsen, contra
6% em 2000.

O mercado brasileiro de águas minerais naturais tem mantido um crescimento


contínuo nos últimos anos. A produção passou de 1,552 bilhão de litros em 1995,
para 3,005 bilhões em 1999, 3,2 bilhões em 2000 e depois para 4,0 bilhões em
2001, correspondentes a R$ 385 milhões segundo a pesquisa Latin Panel, do
IBOPE. O volume de vendas cresceu 16% no período, graças a entrada de novos
consumidores, sobretudo preocupados com a saúde e a segurança. No primeiro
quadrimestre de 2002, ainda segundo a mesma pesquisa, a tendência de elevação
do consumo se acentuou.

O consumo per/capita dos brasileiros, que era de 9,8 litros/ano em 1995, passou
para 17,67 litros/ano em 1999 e hoje está em cerca de 19 litros/ano, sendo a
comercialização em residências, com garrafões de 20 litros, responsável por quase
60% do consumo nacional. O nosso consumo ainda é muito inferior ao da maioria
dos países europeus e dos Estados Unidos. Na Itália o consumo chega a ser de 155
litros por habitante/ano, na Bélgica 123 litros, na França 89 litros e nos Estados
Unidos 42,1 litros.

Em 1999 o Brasil importou quase 1,4 milhão de litros, correspondentes a US$ 472
mil, procedentes da França (67%), Itália, Trinidad-Tobago, Portugal e Reino

46

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