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FACULDADE ALFREDO NASSER

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

O GRAU DE DESENVOLVIMENTO RURAL DOS MUNICÍPIOS


GOIANOS

Edilson Gonçalves de Aguiais

APARECIDA DE GOIÂNIA/GO
DEZEMBRO - 2009

i
EDÍLSON GONÇALVES DE AGUIAIS

O GRAU DE DESENVOLVIMENTO RURAL DOS MUNICÍPIOS


GOIANOS

Trabalho de Monografia apresentado ao


Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da
Faculdade Alfredo Nasser, sob a
orientação do Profª. Dr. Murilo José de
Souza Pires, como requisito para
conclusão do curso de Ciências
Econômicas.

APARECIDA DE GOIÂNIA/GO
DEZEMBRO - 2009

ii
FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO

O GRAU DE DESENVOLVIMENTO RURAL DOS MUNICÍPIOS


GOIANOS

Aparecida de Goiânia, 18 de Dezembro de 2009.

EXAMINADORES

Orientador: Prof. Dr. Murilo José de Souza Pires - Nota: _____

Prof. Leitor: Me. Paulo Borges Campos Júnior – Nota: _____

Prof. Leitor: Econ. Marcos Fernando Arriel – Nota _____

Média parcial - Avaliação da produção do Trabalho: ______

iii
Ao meu pai (...)

iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida e por esta oportunidade única a


mim concedida, como também por estar sempre em minha vida.

Agradeço à Profª. Ms. Juliane Aparecida Ribeiro Diniz pela constante


presença e ajuda na elaboração deste trabalho, retirando minhas grandes dúvidas,
respondendo minhas indagações e até mesmo me trazendo de volta à Terra,
mostrando-me que não sou melhor que os outros e que, por isso, devo ser mais
humilde sempre.

Agradeço imensamente e intensamente ao Prof. Dr. Murilo José de Souza


Pires pelas constantes admoestações e ajuda a mim dadas em todo o decorrer do
curso e, efusivamente, nesta etapa final. Agradeço-o pelas freqüentes “puxadas de
orelha” e, principalmente, pelos infindáveis conselhos a mim dirigidos que,
certamente, têm me tornado uma pessoa melhor. Agradeço-o também pelas horas
de sono que foram dispensadas a mim, me incentivando e, certamente, promovendo
o meu crescimento intelectual.

Agradeço de forma especial o Prof. Dr. Henrique Neder, da Universidade


Federal de Uberlândia, pelas horas dispensadas dando-me valiosas orientações
sobre o assunto ora discutido.

Agradeço à minha mãe pelas grandes e constantes “puxadas de orelha” que


tão bem me fizeram e me trilharam o caminho do sucesso.

Aos meus colegas acadêmicos que me ajudaram nesta longa jornada.


Agradecimento especial é devotado ao amigo Adriano Paranaíba que, exatamente
por não concordar com meus posicionamentos, me ofereceu subsídios importantes
para a construção de interessantes idéias. Agradeço também imensamente à minha
amiga Aparecida Botosso pelos incansáveis conselhos a mim destinados e por todas
as “brigas” que tivemos. Para não criar uma extensa lista, agradeço a todos que me
ajudaram de todas as formas durante a minha vida acadêmica.

v
À minha família que sempre me ajudou da melhor forma possível e sempre
tentou me compreender.

Á minha namorada que nunca me compreendeu mas sempre me suportou.

vi
Os fatos sociais resultam ao menos de modo
imediato do comportamento humano. Os fatos
econômicos resultam do comportamento
econômico
(SCHUMPETER).

O Gato apenas sorriu quando viu Alice. Ele


parecia bem natural, ela pensou, e tinha garras
muito longas e muitos dentes grandes, assim
ela sentiu que deveria tratá-lo com respeito.
“Gatinho de Cheshire”, começou, bem
timidamente, pois não tinha certeza se ele
gostaria de ser chamado assim: entretanto ele
apenas sorriu um pouco mais. “Acho que ele
gostou”, pensou Alice, e continuou. “O senhor
poderia me dizer, por favor, qual o caminho que
devo tomar para sair daqui?”
“Isso depende muito de para onde você quer
ir”, respondeu o Gato.
“Não me importo muito para onde...”, retrucou
Alice.
“Então não importa o caminho que você
escolha”, disse o Gato.
(LEWIS CARROL)

vii
RESUMO

O GRAU DE DESENVOLVIMENTO RURAL DOS MUNICÍPIOS


DO ESTADO DE GOIÁS

Autor: Edilson Gonçalves de Aguiais


Orientador: Dr. Murilo José de Souza Pires

A finalidade desta investigação é calcular um Índice de Desenvolvimento Rural (IDR)


para os municípios do Estado de Goiás, no interregno censitário 1996-2000. Para
tanto, a idéia defendida é que o estado apresenta uma estrutura rural heterogênea
onde coexistem áreas com notável grau de desenvolvimento em contraste outras
que apresentam baixo dinamismo. Para a realização do objetivo proposto no
trabalho utilizou-se os recursos técnicos da pesquisa bibliográfica e documental e
adotou-se o método analítico descritivo. Os resultados encontrados demonstram
que, no período analisado, o estado apresentou de modo geral baixo nível de
desenvolvimento rural. No entanto, percebe-se que a região Centro-Sul apresentou
maiores valores para o IDR em comparação à região Centro-Norte, o que demonstra
que o processo de modernização do campo aconteceu de forma mais efetiva nesta
porção do território.

Palavras-chave: Desenvolvimento, Desenvolvimento Rural, Goiás.

viii
Sumário
INTRODUÇÃO..........................................................................................................1

CAPITULO 1 ............................................................................................................7

O TERMO DESENVOLVIMENTO: ORIGENS E UTILIZAÇÃO NO BRASIL...........7

1.1 A definição de Desenvolvimento segundo a Escola Clássica do


Pensamento Econômico............................................................................................7

1.2 O Desenvolvimento para alguns analistas brasileiros............................11

1.3 Implicações do termo desenvolvimento para o caso rural.....................14

1.4 Observações finais..................................................................................19

CAPITULO 2...........................................................................................................21

ESTRUTURA E EVOLUÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS........................................21

Formação Econômica de Goiás (ou período pré 1970)..............................21

Evolução Econômica (ou período pós 1970)...............................................28

1.5 Considerações finais...............................................................................36

CAPITULO 3...........................................................................................................38

ASPECTOS ESTRUTURAIS DO DESENVOLVIMENTO RURAL EM GOIÁS NO


INTERREGNO 1996 - 2000........................................................................................38

1.6 Aspectos metodológicos.........................................................................38

1.7 Índice de População – IPOP...................................................................44

1.8 Índice de Bem-Estar Social – IBES........................................................48

1.9 Índice de Desenvolvimento Econômico..................................................51

1.10 Índice de Meio Ambiente......................................................................55

1.11 Índice de Desenvolvimento Rural.........................................................58

CONCLUSÃO.........................................................................................................61

REFERÊNCIAS.......................................................................................................65

ix
LISTA DE SIGLAS

CANG – Colônia Agrícola Nacional de Goiás

CEPAL - Comissão Econômica para América Latina

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária

EMBRATER – Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural

EMGOPA – Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária

FCO - Fundo Constitucional do Centro Oeste

GO – Estado de Goiás

IBES – Índice de Bem-estar Social

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDE – Índice de Desenvolvimento Econômico

IDR – Índice de Desenvolvimento Rural

II PND – II Plano Nacional de Desenvolvimento

IMA – Índice de Meio Ambiente

IPOP – Índice De População

PAM – Pesquisa Agrícola Municipal

POLOCENTRO - Programa de Desenvolvimento dos Cerrados

PRODECER - Programa de Cooperação Nipo-Brasileira de Desenvolvimento dos


Cerrados

SEPLAN/GO - Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás

SNCR – Sistema Nacional de Crédito Rural

SUDAM - Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia

SUDECO - Superintendência do Centro Oeste

x
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Evolução e Distribuição do PIB da agricultura do Estado de Goiás......33

Tabela 2. População residente por situação do domicílio no Estado de Goiás –


1872, 1890, 1900, 1920, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000 – 05. . .35

Tabela 3. ESTADO DE GOIÁS: Produção dos principais produtos agrícolas –


1995, 2000, 2005 - 2008.............................................................................................43

Tabela 4. Tabela de resultado dos indicadores......................................................44

Tabela 5. Resultado do IPOP.................................................................................45

Tabela 6. Distribuição do IPOP...............................................................................45

Tabela 7. Divisão dos resultados do IPOP por regiões..........................................46

Tabela 8. Resultados do IBES................................................................................48

Tabela 9. Distribuição do IBES...............................................................................48

Tabela 10. Divisão dos resultados do IBES por regiões........................................49

Tabela 11. Resultados do IDE................................................................................51

Tabela 12. Distribuição do IDE...............................................................................52

Tabela 13. Divisão dos resultados do IDE por regiões..........................................52

Tabela 14. Resultados do IMA................................................................................55

Tabela 15. Distribuição do IMA...............................................................................55

Tabela 16. Divisão dos resultados do IMA por regiões..........................................56

Tabela 17. Resultados do IDR................................................................................58

Tabela 18. Distribuição do IDR...............................................................................59

Tabela 19. Divisão dos resultados do IDR por regiões..........................................59

xi
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Divisão Regional do Estado de Goiás.......................................................5

Figura 2. Índice de População – IPOP...................................................................46

Figura 3. Índice de Bem-Estar Social – IBES.........................................................49

Figura 4. Índice de Desenvolvimento Econômico – IDE........................................53

Figura 5. Índice de Meio Ambiente – IMA...............................................................56

Figura 6. Índice de Desenvolvimento Rural............................................................60

xii
INTRODUÇÃO

Desde a crise econômica do final dos anos 20 do século XX, o Brasil vem
passando por uma transformação em sua estrutura econômica que rompe com o
padrão primário-exportador para constituir um novo padrão, enraizado em uma
estrutura econômica e social alicerçada nos setores industriais e urbanos. Neste
sentido, apesar de o Brasil apresentar, em 2000, uma população
predominantemente urbana, na qual apenas 20% residem em áreas rurais (IBGE,
2000), a grande maioria do território nacional continua estruturada em bases rurais e
agrícolas.

Após as transformações econômicas e financeiras que aconteceram no


mercado internacional a partir de 1980, que ficou conhecida como globalização
econômica e financeira, o rural passa a ter um novo papel na sociedade
contemporânea. Neste novo contexto, este espaço deixa de ser considerado apenas
fonte fornecedora de produtos agrícolas, ofertador de mão-de-obra e mercado para
os produtos industriais e adquire uma nova característica fundamental, isto é, passa
a existir uma integração gradativa e contínua com os espaços urbanos formando
uma espécie de cadeia de interdependências, que passa a ser o objeto central dos
estudos rurais.

Esta nova configuração, que liga a urbanidade e a ruralidade, passa a


comportar as particularidades do campo e da cidade. A este espaço de integração
urbano-rural é dado o nome de “espaço local” onde existe a interpolação destes dois
planos. Sobre este assunto Wanderley (2001) afirma que não existe uma diluição de
nenhum dos pólos (urbano e rural) e sim a criação de redes que em muitos planos
reiteram e viabilizam as particularidades de cada espaço. Deste modo, o
desenvolvimento de um espaço local não deve supor o fim de suas “ruralidades” e
sim a incorporação do desenvolvimento rural ao desenvolvimento local.

Logo, o desenvolvimento de cada região está diretamente ligado com o grau


de inserção desta economia no mercado, como também das políticas de
1
desenvolvimento programadas pelos Estados Nacionais. Para corrigir as assimetrias
no nível de desenvolvimento das várias regiões, a mediação do Estado através de
políticas é fundamental, com vistas a dar consistência ao movimento.

Deste modo, “o estudo das desigualdades de renda no Brasil aponta de forma


sistemática um elevado grau de desigualdade regional” (Paes & Siqueira, 2008). Em
um estudo feito sobre a realidade da Suécia, Ceccato & Person (2002) concluíram
que o nível de integração da economia depende do desempenho de cada região.
Deste estudo infere-se que regiões com maior dinamismo tendem a se incluir nos
ramos das atividades privadas ao passo que áreas com menor dinamismo se
apóiam nas atividades públicas.

No Brasil, os diferentes níveis de desenvolvimento não são identificáveis


apenas entre as federações mas também entre diferentes regiões de uma mesma
Unidade Federativa. Assim, regiões dotadas de menor dinamismo passam a
depender mais diretamente do apoio estatal enquanto outras, mais dinâmicas, se
integram ao fenômeno capitalista de mercado sem, no entanto, renegar a
participação do Estado através das políticas de desenvolvimento regional.

Assim, percebe-se a existência de um dualismo estrutural que comporta


estruturas arcaicas e modernas no mesmo espaço, dando características de
subdesenvolvimento ao país (Furtado, 1979). Esta heterogeneidade estrutural
origina-se na disparidade da distribuição do progresso técnico, que define o nível de
desenvolvimento de cada região.

Para mensurar o grau de desenvolvimento das regiões rurais este trabalho se


propõe a calcular o nível de desenvolvimento rural para os municípios do Estado de
Goiás a partir da metodologia desenvolvida por Kageyama (2004) e adaptada por
Correa, Silva & Neder (2007). Então, primeiramente será feita uma revisão
bibliográfica dos conceitos de desenvolvimento para moldar um quadro para a
análise da evolução da estrutura econômica de Goiás, sobretudo depois de meados
da década de 1970. Após criar este quadro será calculado um Índice de
Desenvolvimento Rural (IDR) para os municípios do Estado de Goiás.

Para tanto, serão mensurados quatro sub-indicadores que abrangem, se não


a totalidade, pelo menos a maioria das características definidoras do
desenvolvimento de cada região. O primeiro indicador (IPOP) abarca as

2
características populacionais, tais como densidade demográfica, migração,
população rural, etc. O próximo indicador a ser medido versa sobre o Bem-Estar
Social que aborda a escolaridade dos habitantes e saneamento básico. O terceiro é
focado no desenvolvimento econômico (IDE) da região sendo elaborado a partir dos
dados de rendimentos domiciliares e atividades não-agrícolas desempenhadas. Para
abranger a questão do meio ambiente, existe um indicador (IMA) que trabalha a
ausência de monocultura, práticas de conservação do solo e progresso técnico
incorporados na atividade rural.

Desta forma, esta pesquisa tem como pergunta norteadora a seguinte


problemática: Como se objetivou o desenvolvimento rural nos municípios de Goiás
no interregno censitário de 1996/2000? Para tanto, o objetivo geral desta
investigação é verificar o grau de desenvolvimento rural dos municípios de Goiás no
interregno censitário de 1996/2000. Para a realização deste trabalho estabeleceu-se
os seguintes objetivos específicos: i) fazer uma revisão conceitual de
desenvolvimento e desenvolvimento rural; ii) elaborar uma análise da evolução da
estrutura econômica de Goiás, sobretudo depois de meados da década de 1970 e;
iii) calcular e analisar, a partir da metodologia proposta por Kageyama (2004) e
adaptada por Correa, Silva & Neder (2007), um Índice de Desenvolvimento Rural
(IDR) para os municípios do estado de Goiás.

Esta pesquisa justifica-se em diversos âmbitos: primeiramente, pela escassez


de estudos e pesquisas realizadas abordando este enfoque para o Estado de Goiás.
Em segundo lugar, pela importância que o Estado de Goiás adquiriu no cenário
nacional principalmente após a década de 1970/80 (Pires, 2008) quando a política
econômica nacional voltou-se para a exportação de suas principais culturas 1 (Aguiar,
2007). Por fim, por fornecer informações sobre o desenvolvimento rural goiano a fim
de oferecer subsídios teóricos e empíricos para os formuladores de políticas para
este Estado que “tem se inserido no contexto nacional com um padrão agrícola que
estimula a consolidação de uma agricultura moderna e empresarial com fortes
vínculos com os mercados nacionais e internacionais” (Pires, 2008, p.2). Estas
informações vêm colaborar com as políticas futuras pois “não se faz política sem

1
Como a exploração agrícola goiana após o ciclo do ouro se deu na forma de complementaridade
com a pecuária, somente eram produzidas culturas de consumo interno tais como milho, feijão e arroz
(AGUIAR, 2007).

3
teoria: decisões públicas e privadas conseqüentes e eficazes são sempre ancoradas
em um quadro de referência organizado e coerente” (Castro, 2005, p. 12).

Adota-se como hipótese de trabalho que o Estado de Goiás apresenta “ilhas”


com notável grau de desenvolvimento rural em contraste com outras que
apresentam baixo dinamismo sendo, portanto, dependentes de políticas específicas
voltadas para o desenvolvimento destas áreas.

Tal hipótese encontra fundamentação no trabalho de Filippi (2006) que afirma


que o desenvolvimento rural no Brasil não foi diferente do processo econômico geral
sendo, portanto, desigual e excludente. Num enfoque regional e tratando o caso
especifico de Goiás, Pires (2008) apresenta a região Centro-Sul de Goiás como
dotada de um dinamismo próprio, o que promoveu “uma intensificação em seu processo
de modernização econômica que favoreceu a penetração das principais unidades de
processamento agroindustrial dos complexos grãos, carnes, lácteo e sucroalcooleiro dos
complexos agroindustriais nacionais” (Pires, 2008, p.4).

A metodologia da pesquisa deve ser abordada como um conjunto de métodos


e técnicas a serem desenvolvidas buscando atingir os objetivos inicialmente
propostos. Deste modo, esta investigação se encaixará na abordagem qualitativa da
pesquisa. Segundo Pádua (1996), “a pesquisa qualitativa preocupa-se com o
significado dos fenômenos e processos sociais e tem como objetivo esclarecer
situações, trazer uma conscientização dos problemas e proporcionar meios e
estratégias de solução” (Pádua, 1996, p. 31).

A primeira parte desta pesquisa dedicou-se a realização de uma Pesquisa


Bibliográfica, a qual “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos” (Gil, 2002, p.56). De acordo com Pádua
(1996) a pesquisa bibliográfica é a que permite ao pesquisador acessar o que se
tem produzido e registrado perante o tema a que se dispõe pesquisar. Desta
maneira, foi realizada uma revisão bibliográfica da literatura que trata a temática do
desenvolvimento rural regional. O enfoque foi baseado nos autores: Veiga (2002),
Favareto (2006), Abramovay (1992), Kageyama (2004), Faria (2006), Pires (2008),
Estevam (1998), dentre outros.

A segunda etapa foi destinada à Pesquisa Documental que “vale-se de


materiais que não receberam tratamento analítico ou que podem ser reelaborados

4
de acordo com os objetivos da pesquisa. Entre esses materiais estão os dados
censitários, os documentos oficiais (...)” (Gil, 2002, p.57). Adotou-se como
documentos os dados do Censo Demográfico (2000 e 1991) e do Censo Agrícola e
da Pesquisa Agrícola Municipal, todos obtidos através do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).

Quanto aos objetivos, esta pesquisa se caracteriza como descritiva, pois “tem
como objetivo primordial a descrição das características de determinadas
populações” (Gil, 2002, p.42). Sendo assim, a terceira etapa do trabalho faz a
análise descritiva dos dados coletados por meio da pesquisa documental à luz do
referencial teórico.

Metodologicamente, e com o intuito de delimitar as regiões de estudo,


seguindo a proposta apresentada por Pires (2008), o estado de Goiás foi dividido em
duas macrorregiões: Centro-Sul e Centro-Norte. Esta divisão foi feita seguindo
rigorosamente a resolução - PR nº 11 de 05/06/90 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE.

Figura 1. Divisão Regional do Estado de Goiás

Fonte: Pires (2008)


Assim, adotou-se as microrregiões de Ceres, Anápolis, Iporá, Anicuns,
Goiânia, Sudoeste de Goiás, Vale Rio dos Bois, Meia Ponte, Pires do Rio, Catalão e
Quirinópolis como pertencentes à região Centro-Sul do Estado. Do mesmo modo, as
microrregiões de São Miguel do Araguaia, Rio Vermelho, Aragarças, Porangatu,

5
Chapada dos Veadeiros, Vão do Panamá e Entorno de Brasília foram caracterizadas
como região Centro-Norte.

A extração, montagem e manipulação dos dados foram realizadas por meio


do Pacote Estatístico STATA, versão 9.0 ao passo que os mapas foram plotados
utilizando-se o software Arcviews, versão 3.2.

6
CAPITULO 1

O TERMO DESENVOLVIMENTO: ORIGENS E UTILIZAÇÃO NO


BRASIL

Este capítulo tem por objetivo discutir o termo desenvolvimento econômico,


suas implicações para o caso brasileiro, como também, o seu desdobramento para a
problemática do desenvolvimento rural. Para tanto, a primeira parte deste trabalho
faz o resgate teórico do pensamento por analistas internacionais. Na segunda parte,
buscou-se apresentar as acepções comumente utilizadas para o termo entre os
analistas brasileiros. Já no caso da terceira parte objetivou-se discutir as implicações
do termo desenvolvimento para o caso rural.

Para a discussão desta parte do trabalho fez-se uma revisão bibliográfica


desta temática e utilizou-se os seguintes autores, Smith (1996), Ricardo (1996),
Schumpeter (1997), Furtado (1965/1979/1996), Wanderley (2000), Veiga (2000),
Kageyama (2004), Castro (2005), Favareto (2006), Corrêa, Silva & Neder (2008),
dentre outros.

1.1 A definição de Desenvolvimento segundo a Escola Clássica


do Pensamento Econômico

O objetivo desta parte do trabalho é fazer uma revisão sucinta do conceito de


desenvolvimento segundo a escola clássica do pensamento econômico. Para fins
deste capitulo, adota-se o conceito de escola clássica como aquela que teve Adam
Smith (1996), David Ricardo (1996) e Joseph Schumpeter (1997) como seus
principais precursores. No entanto, é importante ressaltar que há certa arbitragem
nesta classificação, dado que, segundo Karl Marx (1996), a escola clássica engloba
somente as obras de Adam Smith e David Ricardo. Entretanto, a adição de
Schumpeter se justifica pois este autor foi o primeiro a fazer a clara diferenciação

7
entre crescimento – progresso ou evolução – e desenvolvimento econômico, além
de introduzir o estudo da economia como algo dinâmico.

Para atingir estes objetivos, foi feita uma revisão bibliográfica nos textos de
Smith (1996), Ricardo (1996) e Schumpeter (1997) onde se buscou entender a
problemática do desenvolvimento para estes autores. No entanto, cabe ressaltar que
o intuito desta parte não é resgatar toda a literatura sobre a questão mas delinear
um quadro teórico adequado para a análise do desenvolvimento nos espaços rurais.

O desenvolvimento econômico das nações sempre ocupou posição central


nos debates da ciência econômica. Nos escritos de Smith (1996) pode se encontrar
claramente expressa a idéia que um aumento do produto traz conseqüente aumento
da distribuição da riqueza no país. Para Smith (1996), a divisão do trabalho é
responsável pelos aumentos na produtividade, que faz aumentar a riqueza de uma
economia num “movimento natural”, que gera melhoria do bem-estar da sociedade.

Com efeito, Furtado (1979) defende que os autores clássicos construíram as


suas idéias baseados em economias em desenvolvimento e que “em Adam Smith
essa idéia de desenvolvimento surge explicitamente e de forma dogmática. O
progresso econômico pareceria ser um fenômeno natural e que ocorria em quase
todas as nações” (Furtado, 1979, p. 11) não existindo, portanto, uma explicação que
o integre no corpo da ciência econômica. Desta forma, pode-se inferir que a falha
deste autor é dar um aspecto natural ao desenvolvimento econômico da sociedade,
deixando a “mão invisível” coordenar o destino do país.

Após fazer uma leitura dos escritos de Smith (1996), Ricardo (1996) avança
no seu pensamento ao incorporar a questão da divisão da renda gerada dentro do
país como fator fundamental para a melhoria da sociedade. Nos escritos de Ricardo
(1996) não se encontra uma clara idéia de desenvolvimento, no entanto, o autor
trabalha questão da distribuição da renda numa perspectiva importante para o
desenvolvimento econômico. Segundo este autor, somente com o incremento dos
lucros pode-se ocorrer o desenvolvimento da economia (Ricardo, 1996).

De acordo com Furtado (1979) o principal objetivo das teorias ricardianas tem
sido o estudo da repartição do produto social. Assim, a teoria de Ricardo (1996)
assume que o progresso técnico pode aumentar o produto líquido de modo que
beneficie todas as classes, inclusive a operária. No entanto, este autor não

8
aprofunda o seu estudo na melhoria dos padrões de vida do operário pois
preocupou-se mais em demonstrar que o motor do progresso social - os lucros –
estava constantemente ameaçado pelo aumento do custo de mão-de-obra.

Existe, ainda neste momento, uma grande dificuldade para se definir o


desenvolvimento de uma sociedade pois Ricardo (1996), Smith (1996) e grande
parte os clássicos, utilizavam o termo desenvolvimento no sentido de progresso.
Com efeito, ao afirmar que “com o desenvolvimento da sociedade, as terras de
fertilidade secundária são utilizadas para cultivo” (Ricardo, 1996, p. 51) o autor
demonstra claramente a utilização da idéia de progresso como orientador da
atividade econômica. Por estes motivos, infere-se da teoria de Ricardo (1996) a
noção de desenvolvimento como algo retilíneo, onde o progresso do país gera
conseqüente melhoria da distribuição de renda e na vida das pessoas.

Assim, na evolução do pensamento sobre o desenvolvimento econômico,


pode-se dizer que até este momento os teóricos sempre traziam os movimentos
econômicos orientados a algo retilíneo, contínuo. A mudança no enfoque se dá nos
escritos de Schumpeter (1997) onde o autor apresenta uma visão dinâmica da
economia e coloca a questão da inovação como principal elemento das
transformações econômicas.

Para Schumpeter (1997), a economia funciona sem desenvolvimento – ou em


crescimento – quando segue o modelo definido pelo fluxo circular de renda. Neste
modelo não existem inovações e nem líderes empresariais e qualquer mudança
pode ocasionar, no máximo, alguma mudança ao longo da curva do produto. Deste
modo, existe um equilíbrio geral onde as empresas e os consumidores ajustam as
quantidades demandadas e ofertadas de acordo com o preço (Schumpeter, 1997).

Na contramão, o desenvolvimento, para este autor, pressupõe uma mudança


nos modos de produção de modo que ocorra uma perturbação do equilíbrio e
conseqüente aumento do produto. Não basta, portanto, que existam alterações nos
gostos dos consumidores para que ocorra o desenvolvimento pois “essas
perturbações do centro do equilíbrio aparecem na esfera da vida industrial e
comercial” (Schumpeter, 1997, p. 75).

Com efeito, nos escritos de Schumpeter (1997) é possível observar a clara


diferenciação entre crescimento e desenvolvimento econômico. Para este autor, não

9
se deve admitir como “processo de desenvolvimento o mero crescimento da
economia, demonstrado pelo crescimento da população e da riqueza” (Schumpeter,
1997, p. 74). O autor descreve crescimento como aumento na população e na
riqueza, ou seja, “uma mudança nos dados” e diferencia-o de desenvolvimento, que
pressupõe mudanças no bem-estar aliado a incremento na justiça social.

Sobre este ponto, Schumpeter (1997) afirma que,

Entenderemos por “desenvolvimento”, portanto, apenas as mudanças da


vida econômica que não lhe forem impostas de fora, mas que surjam de
dentro, por sua própria iniciativa. Se se concluir que não há tais mudanças
emergindo na própria esfera econômica, e que o fenômeno que chamamos
de desenvolvimento econômico é na prática baseado no fato de que os
dados mudam e que a economia se adapta continuamente a eles, então
diríamos que não há nenhum desenvolvimento econômico (Schumpeter,
1997 p. 74).

Neste sentido, Schumpeter passa a criticar as teorias de “progresso natural”


defendidas por Smith, Ricardo e outros pensadores clássicos, apontando a
importância da interação dos agentes econômicos para a dinâmica da economia.
Segundo o autor, ao introduzir uma inovação, o empresário-inovador estimula a
demanda de bens de produção e a economia cresce a um ritmo superior à tendência
histórica (Schumpeter, 1997).

Após a incorporação desta inovação, os demais empresários, ao perceberem


os lucros extraordinários obtidos pelo empresário-inovador, passam a imitá-lo,
criando o que o autor chama “enxame” (Schumpeter, 1997). Assim, para
Schumpeter, “a ação criadora do empresário seria o motor do progresso econômico”
(Furtado, 1979, p. 46).

Deste modo, pode ser concluído que os pensadores clássicos (Smith (1996),
Ricardo (1996) e Schumpeter (1997) trabalharam as suas análises com base em
nações em desenvolvimento. Sendo que Smith (1996) defende que a divisão do
trabalho é o fator responsável pela melhoria da “riqueza das nações”, que leva à
melhoria do produto e conseqüente desenvolvimento.

Nesta mesma linha, Ricardo (1996) aceita a divisão do trabalho como fator
importante para a melhoria da produtividade mas destaca a importância dos lucros
na indução do desenvolvimento. Segundo este autor, os lucros devem ser
considerados “o motor do progresso social” (Furtado, 1979, p. 12).

10
No entanto, ao analisar a economia “estática” apresentada por Smith (1996) e
Ricardo (1996), Schumpeter (1997) percebeu que a interação dos agentes
econômicos era a principal responsável pelo incremento do produto, dando
característica dinâmica à economia. Assim, as inovações incorporadas ao mercado
pelo empresário-inovador faziam com que houvesse uma perturbação no equilíbrio
da economia e aumentava o nível do produto, gerando o desenvolvimento
(Schumpeter, 1997).

1.2 O Desenvolvimento para alguns analistas brasileiros

O objetivo desta parte do trabalho é apresentar uma breve revisão da adoção


do conceito de desenvolvimento por alguns analistas brasileiros. Para tanto, foi feita
uma revisão bibliográfica nos textos de Furtado (1996), Souza (1999), Castro (2005),
dentre outros. Assim, procurou-se nas teorias destes autores obter um quadro
teórico adequado para a análise do uso deste termo nas alterações recentes vividas
nos espaços rurais.

O debate sobre o desenvolvimento econômico no Brasil adquire contornos no


pós-guerra com os trabalhos da Comissão Econômica para América Latina
(CEPAL). Entre os principais expoentes desta escola de pensamento econômico
destacam-se o economista argentino e ex-presidente da CEPAL, Raúl Prebisch
(1901-1986), e Celso Furtado (1920-2004), influente pensador econômico e membro
da CEPAL.

Segundo a visão de Prebisch (1949 apud Furtado, 1979), a idéia da divisão


internacional do trabalho criou estágios diferenciados de desenvolvimento
econômico entre os países do centro e da periferia. Com isto, devido a uma difusão
heterogênea do progresso técnico, os ganhos de produtividade da periferia
transferem-se para os países centrais aumentando a disparidade econômica e, por
conseguinte, distância existente entre eles.

Adotando as idéias da teoria “centro-periferia” desenvolvida por Prebisch


(1949 apud Furtado, 1979), Furtado (1979) percebe que mesmo existindo a
incorporação do progresso técnico na periferia, este movimento ocorre de forma
desigual e cria uma estrutura econômica heterogênea, onde coexistem no mesmo

11
espaço estruturas modernas e arcaicas. Assim, esse tipo de economia constitui,
especificadamente, o fenômeno do subdesenvolvimento contemporâneo (Furtado,
1979).

Para Furtado (1979), “as causas iniciais da heterogeneidade estrutural são da


natureza econômica, mas são fatores da ordem tecnológica que a aprofundam, dão-
lhe permanência e fazem do subdesenvolvimento um processo fechado, que tende a
autogerar-se” (Furtado, 1979, p. 197). Nesta linha de raciocínio, o autor demonstra
que a diferença temporal existente entre o inicio da industrialização no centro e na
periferia é o responsável por estas diferenças estruturais.

Apesar de reconhecer que os países da periferia apresentam estruturas


híbridas, Furtado (1979) destacou que “(...) o subdesenvolvimento não constitui uma
etapa necessária do processo de formação das economias capitalistas modernas. É
em si, um processo particular, resultante da penetração de empresas capitalistas
modernas em estruturas arcaicas.” (Furtado, 1979, p. 195). Assim, nas economias
subdesenvolvidas, algumas regiões apresentam forte incorporação de progresso
técnico e, portanto, se torna moderna ao passo que em outras regiões isto não
acontece permanecendo, portanto, atrasadas.

Mesmo reconhecendo o conflito distributivo existente no comércio


internacional, bem como as diferenças no modo de penetração do progresso técnico
nas economias, de modo geral, estes autores defendem que a noção de
desenvolvimento econômico implica necessariamente em mudanças nas estruturas
econômicas, sociais, políticas e institucionais, com melhoria da produtividade e da
renda média dos agentes envolvidos no processo produtivo (Souza, 1999).

Para Furtado (1996), o desenvolvimento deve ser conceituado de acordo com


as mudanças na estrutura da sociedade. Assim, o autor afirma que o “crescimento
econômico pode ocorrer espontaneamente pela interação das forças do mercado,
mas o desenvolvimento social é fruto de uma ação política deliberada” (Furtado,
1996, p. 64).

Com efeito, pode-se inferir que para existir crescimento sustentado com
mudança estrutural e inclusão social, ou seja, para que haja desenvolvimento, são
necessárias importantes transformações no conjunto das atividades produtivas, na

12
inserção internacional da economia e nas regras que prescrevem como os agentes
econômicos se relacionam.

Assim, o desenvolvimento econômico traz, além do aumento na quantidade


de bens e serviços, mudanças de caráter qualitativo na sociedade. Logo, só existe
desenvolvimento se, cumulativamente, existe: i) crescimento econômico, que se dá
pela incorporação de eficiência à economia; ii) melhorias na condição de vida da
população (expectativa de vida, escolaridade, etc.); e iii) manutenção de um perfil de
distribuição de renda, poder e riqueza que reduza as distâncias sociais e crie amplas
oportunidades de realização individual (Cunha, 2006).

Sobre estes aspectos Recupiero (in Arbix, Zilbovicius & Abramovay, 2001)
afirma que o sentido do desenvolvimento é diminuir a desigualdade, eliminar a
pobreza absoluta, tentar criar um mundo menos desigual tanto em termos de países
e continentes. O desenvolvimento deve ser considerado como um aumento nas
opções de escolha das pessoas e, sobre este ponto, Arbix & Zilbovicius (in Arbix,
Zilbovicius & Abramovay, 2001) afirmam que é preciso resgatar a função original do
desenvolvimento como processo de busca do bem-estar humano.

Com a mesma concepção, Castro (2005) afirma que o desenvolvimento deve


ser entendido como um processo sustentado de crescimento (maior geração de
valores econômicos), transformação produtiva (mudança nos produtos e modos de
produção) e distribuição de riqueza entre as camadas da sociedade e regiões. Isto
se dá porque “as condições necessárias e suficientes para se alcançar um ciclo
virtuoso de desenvolvimento não surgem automaticamente, demandando
intervenções públicas específicas e coordenadas, além de politicamente
sustentáveis” (Castro, 2005, p. 13).

Por tudo isto, entende-se que o conceito de desenvolvimento abrange


alterações na composição do produto e na alocação dos recursos buscando a
melhoria dos indicadores de bem-estar econômico e social tais como a pobreza,
desemprego, desigualdade e condições de saúde.

No entanto, devido à utilização destas diferentes definições, foi dado lugar


para a cunhagem de teorias inovadoras sobre desenvolvimento. Englobadas num
sem-número de adjetivações surgiram idéias como a do “desenvolvimento com

13
liberdade” e o ideário do “desenvolvimento sustentável” da Comissão de Brundtland,
“desenvolvimento includente”, entre outros (Favareto, 2006)

Portanto, a assertiva de Furtado (1980) será o fio condutor para a


interpretação desenvolvida nesta investigação uma vez que este autor dedicou os
seus estudos ao entendimento dos processos sociais que emanam do
desenvolvimento, ou da ausência deste. Portanto,

intenta-se apreender o desenvolvimento como um processo global:


transformação da sociedade ao nível dos meios, mas também dos fins;
processo de acumulação e de ampliação da capacidade produtiva, mas
também de apropriação do produto social e de configuração desse produto;
divisão social do trabalho e cooperação, mas também estratificação social e
dominação; introdução de novos produtos e diversificação do consumo, mas
também destruição de valores e supressão de capacidade criativa (Furtado,
1980, p. 19).

Deste modo, discutiu-se até o presente momento as principais idéias sobre o


desenvolvimento econômico segundo a visão clássica e de alguns autores nacionais
com o intuito de destacar que este não é sinônimo de crescimento. Segundo a
assertiva de Furtado (1980) o desenvolvimento tem como objetivo central determinar
as transformações na estrutura econômica das sociedades, mas incorporando, cada
vez mais, parcelas da população que estavam à margem do sistema capitalista.

Com efeito, uma das fases do desenvolvimento objetiva-se nas


transformações do setor rural da economia onde este passa a absorver costumes
urbanos e desenvolver novas características. Assim, o objetivo maior deste trabalho
está focado na compreensão dos fenômenos explicativos do desenvolvimento das
regiões rurais apresentando as principais teorias que o definem.

1.3 Implicações do termo desenvolvimento para o caso rural

A idéia de desenvolvimento rural abarca em si as características de um


processo geral, o desenvolvimento, aplicadas a um contexto específico, o espaço
rural. Seguindo a proposta de Veiga (2000 apud Kageyama 2004) que busca
entender o lado “rural” do desenvolvimento, esta parte do estudo busca, sem
maiores pretensões, mostrar em linhas gerais como está configurado o pensamento
sobre o desenvolvimento rural no Brasil. Portanto, objetivou-se demonstrar alguns
conceitos comumente discutidos e aceitos acerca das mudanças ocorridas no modo
de inserção das áreas rurais na economia contemporânea.

14
O espaço rural, a partir das novas tendências vividas, pode ser qualificado em
um novo momento na sua longa evolução. A dicotomia campo-cidade, que deveria
terminar com a completa urbanização dos territórios rurais, aponta para a
emergência de uma nova ruralidade (Wanderley, 2000). Entretanto, este novo rural
adquiriu características próprias em conseqüência das mudanças que vem
ocorrendo nos últimos anos no meio urbano. Assim, é fato pertinente entre os
pensadores que o rural não irá desaparecer no contexto da economia
contemporânea. Afinal, as características que definiam o meio rural até o último
quarto do século XX perderam o seu uso comum 2, dando lugar a outras que refletem
a ruralidade atual.

Nos anos 70 do século XX a taxa de urbanização dos países de capitalismo


avançado ficou estagnada pela primeira vez, desde a revolução industrial. A partir da
constatação deste fenômeno, as questões acerca da diluição das assimetrias entre
campo e cidade passaram ser constantes nos debates na Europa (Favareto, 2006).
No Brasil, estas discussões ganham ênfase a partir de 1990 e passam a contar com
grandes pensadores neste novo debate que discute um novo momento na
ruralidade. Dos estudos elaborados por pensadores como Abramovay (1992/1998),
Favareto (2006), Kageyama (2004), Veiga (1998/2000/2002/2004), Wanderley
(2000/2001), partem as principais idéias acerca desta evolução na ruralidade
brasileira.

Analisando as alterações no espaço rural no Brasil, Kageyama (2004, p. 2)


pode perceber que “a grande propriedade já não reina absoluta, a agricultura se
modernizou, a população rural passou a obter rendimentos nas adjacências das
cidades e a própria indústria penetrou nos espaços rurais”. Estas novas
características atraíram intensa modificação para as estruturas da atividade rural e
trouxe à tona a necessidade de se redefinir o nível de desenvolvimento destes
espaços.

Assim, Kageyama (2004) defende que o desenvolvimento rural deve ser


caracterizado como i) ”multi-nível”, ou seja, deve ser considerado num nível global

2
De acordo com Albuquerque e Nicol (1987) a agricultura desempenharia cinco papéis básicos com
vista a dar suporte ao processo de desenvolvimento de outros setores da economia: a) liberação da
mão-de-obra para o setor industrial; b) fornecimento de produtos alimentícios e matérias-primas; c)
suprimento de capital para o financiamento de investimentos industriais; d) suprimento de divisas
estrangeiras através da exportação de produtos agrícolas; e) criação de um mercado interno para
produtos industriais (Albuquerque e Nicol, 1987 apud Elesbão, 2007).

15
pela relação agricultura-sociedade; intermediário, sendo adotado como um modelo
para o setor agrícola e “micro” por demonstrar a as formas de alocação do trabalho
familiar na empresa individual; ii) “multi-atores” pois depende das relações locais e
entre a localidades e a economia global, tendo, portanto, vários atores envolvidos e
iii) “multi-facetado” pois necessidades como a conservação da natureza, agro-
turismo, agricultura orgânica, administração da paisagem, produção de
especialidades regionais e vendas diretas adquiriram um novo contorno nos últimos
anos (Kageyama, 2004, p. 3).

Estas novas demandas que surgiram no espaço rural criaram entre vários
pesquisadores a necessidade de teorizar este novo momento do rural. De acordo
com Corrêa, Silva & Neder (2008) existe uma consenso entre os diversos
pesquisadores sobre: i) o “rural” não é sinônimo de “agrícola”; ii) o “rural” deve conter
o aspecto da pluriatividade; iii) o espaço “rural” pode exercer as funções ambiental,
ecológica e social, (multifuncionalidade); iv) deve haver a compreensão de que não
existe um isolamento absoluto entre os espaços rurais e urbanos, visto que se
estabelece em redes mercantis sociais e institucionais entre o “rural” e vilas
adjacentes; v) áreas rurais possuem densidade populacional baixa.

Por estas inovações percebe-se que há algum tempo o rural deixou de ser
encarado como sinônimo de agrícola ou de agricultura, principalmente pela
diversidade de atividades que hoje ele apresenta. “Na economia rural, a tradição
sempre foi pensar seu objeto como algo relacionado à agricultura” (Favareto, 2006)
destacando aspectos ligados à produção primária nas famílias ou empresas ligadas
a esta atividade.

Neste novo momento, de acordo com as idéias de Marsden (1989 apud


Schneider, 2001) o rural deixa de atender a função de agri-food system e adquire
novas funções num ambiente onde são desenvolvidas múltiplas atividades. Sobre
esta idéia, pode-se afirmar que “se antes a sociedade esperava do setor rural
alimentos baratos, hoje elas buscam um novo tipo de produto, os chamados ‘bens
públicos’ como áreas verdes, paisagens bonitas e valores naturais” (Filippi, 2006, p.
16).

Deste modo, observa-se que nos últimos anos foram sendo criados novos
usos para o rural onde “encantos como paisagens silvestres ou cultivadas, ar puro,

16
água limpa, silêncio, tranqüilidade, etc., muito valorizados por aposentados, turistas,
esportistas, congressistas e empresários, já constituem a principal fonte de
vantagens comparativas da economia rural” (Galston & Baehler, 1995).

Estes “novos usos” podem ser associados à necessidade de melhoria na


qualidade de vida da população. Portanto, “os espaços rurais deixariam de ser
prioritariamente produtivos para se tornarem espaços de consumo, voltados em
especial para as atividades relacionadas às funções de residência e de lazer”
(Wanderley, 2000, p. 8) onde deixam de ser percebidos com interesse apenas para
o agricultor e passam a ser “patrimônios” da sociedade.

Assim, a uniformização dos modos de vida das populações rurais e urbanas e


a diminuição das distâncias também demonstram as implicações do processo de
desenvolvimento. Sobre este ponto Wanderley (2000) afirma que a crescente
facilidade de acesso a bens e serviços modernos bem como a “paridade” econômica
e social reduziu o distanciamento social entre rural e urbano. Para Kayser (1990), a
chave deste desenvolvimento das áreas rurais também está ligada ao fator
populacional e aos efeitos do enriquecimento da sociedade em geral.

O padrão de crescimento demográfico que passa a vigorar não aponta mais


para o esvaziamento dos campos, mas até para a situação inversa, para atração
populacional destes espaços. Este movimento se dá inicialmente através do
dinamismo gerado pela equalização das rendas, num segundo momento, com o
avanço da infra-estrutura e das possibilidades de comunicação, com novos
habitantes, sobretudo profissionais liberais e idosos em busca de amenidades e
lazer. (Favareto, 2006).

De acordo com Wanderley (2000) “nas sociedades modernas, o


desenvolvimento dos espaços rurais dependerá, não apenas do dinamismo do setor
agrícola, porém, cada vez mais, da sua capacidade de atrair outras atividades
econômicas e outros interesses sociais” (Wanderley, 2000, p. 6).

Outro enfoque apresentado pelo rural nos últimos anos tem se voltado
principalmente para a diversidade de atividades que são desenvolvidas no campo.
Na análise do rural é preciso sempre se considerar os diversos matizes desta
diversidade especialmente porque, a cada dia, novas funções são absorvidas nas
suas estratégias de produção. Várias das atividades que são desenvolvidas no meio

17
rural não advêm de nenhuma atividade agrícola, o que dá o caráter de pluriatividade
no espaço rural.

Sobre este ponto Elesbão (2007, p. 58) afirma que “as atividades não
agrícolas, que compõem a pluriatividade de uma parcela significativa das famílias
que residem no rural brasileiro, são muito importantes para a permanência de muitas
delas no campo”. Segundo Schneider (2001) o que caracteriza e define a
pluriatividade é a combinação permanente de atividades agrícolas e não-agrícolas
dentro do espaço rural.

Para Graziano da Silva (1999), a pluriatividade combina atividades


agropecuárias com atividades não-agrícolas em diversos ramos, tanto dentro como
fora de seu estabelecimento como prestação de serviços pessoais, lazer, turismo,
etc.. "O part-time não é mais o fazendeiro especializado, mas um trabalhador
autônomo que combina diversas formas de ocupação (assalariadas ou não). Essa é
a sua característica nova: uma pluriatividade que combina atividades agrícolas e
não-agrícolas” (Graziano da Silva, 1999, p. 5).

Neste sentido, no Brasil está acontecendo um processo de desconcentração


espacial da indústria e da urbanização, até mesmo em regiões onde a estrutura
agrária é altamente concentrada. Um fato importante na análise da pluriatividade
agrícola advém da descontinuidade desta atividade, ou seja, por sua própria
característica o trabalho não exige dedicação exclusiva (pois depende da natureza)
podendo, portanto, ser desempenhadas outras atividades consideradas não-
agrícolas.

No entanto, é importante ressaltar que o desenvolvimento rural em si, por


ocorrer numa estrutura de economia subdesenvolvida, cria duas regiões distintas no
mundo rural: uma moderna e outra atrasada. As regiões modernas apresentam
grande dinamismo e, como tal, possuem grande parte das características
demonstradas pelo desenvolvimento rural. As regiões atrasadas, por estarem à
margem deste processo de desenvolvimento, podem apresentar poucas ou
nenhuma das características que definem este novo momento.

18
1.4 Observações finais

Em linhas gerais, o objetivo deste capítulo é demonstrar que o processo de


desenvolvimento econômico ocorreu de forma desigual e, portanto, excludente.
Nesta lógica de desenvolvimento, os países hoje considerados desenvolvidos
incorporaram a tecnologia ao processo de produção de forma mais homogênea,
modernizando praticamente todas as esferas da economia. Por outro lado, nos
demais países, considerados subdesenvolvidos, a introdução do capitalismo se deu
de forma tardia criando estruturas econômicas e sociais marcadas pela coexistência
de estruturas modernas e arcaicas.

Historicamente, o desenvolvimento foi conceituado primeiramente por Smith


(1996), que defendia a divisão do trabalho como centelha detonadora para o
desenvolvimento da nação. O próximo passo nesta teoria foi dado por Ricardo
(1996), que demonstrou o papel do lucro como motor indutor deste processo.

No entanto, apesar destas definições, não existia ainda uma teoria que
abordasse a economia de forma dinâmica, ultrapassando os limites definidos no
fluxo circular de renda. Baseado nos ciclos de crescimento e declínio da economia,
Schumpeter (1997) elaborou a sua teoria demonstrando o papel central da
tecnologia no desenvolvimento econômico.

Entretanto, ao analisar as relações de comércio internacional, Prebisch (1949)


percebeu que a difusão destas tecnologias ocorria de modo desigual entre os países
centrais e periféricos. Deste modo, esta disparidade distributiva criou estágios
diferenciados de desenvolvimento econômico entre os países do centro e aqueles
considerados de periferia.

Aprofundando esta análise, Furtado (1979) verifica que há uma diferença


temporal entre a incorporação da tecnologia entre os países centrais e periféricos.
Assim, nos países onde houve penetração de tecnologia tardiamente passam a
existir estruturas híbridas onde coexistem setores altamente modernos e estruturas
particularmente atrasadas, caracterizando o subdesenvolvimento contemporâneo.

No entanto, como destaca este Furtado (1979), o subdesenvolvimento não é


uma etapa pela qual as economias devem passar mas apenas o resultado destas
estruturas heterogêneas de produção. De modo geral, o desenvolvimento pode ser
conceituado como um processo de alterações na estrutura econômica de produção

19
e alocação dos recursos do país. Estas mudanças devem ser orientadas buscando a
melhoria dos indicadores sociais tais como a pobreza, desemprego, desigualdade e
condições de saúde.

No Brasil, este processo de desenvolvimento extremamente desigual faz com


que coexistam situações rurais extremadas. Devido à existência de estruturas
arcaicas convivendo com estruturas modernas percebe-se que em algumas regiões
do país o desenvolvimento rural já está bastante avançado ao passo que em outras
este processo praticamente inexiste.

Portanto, após apresentar as características do que é comumente definido por


desenvolvimento rural percebe-se que ele é resultado de fatores internos e externos
ao meio rural. Assim, os fatores externos estão ligados à ampliação do acesso da
população rural a bens de consumo equiparado aos citadinos3 que, aliados à
globalização, crises de emprego, etc. confirmam os efeitos das novas relações
econômicas no rural. Por outro lado, os fatores internos advêm da modernização da
agricultura que, através da incorporação de progresso técnico nas atividades
agrícolas, trouxe “ares de modernidade” para o meio rural.

No entanto, este processo desenvolvimento no meio rural também se dá de


forma desigual e fortemente excludente. Então, estas características da economia
subdesenvolvida, que também estão presentes no rural, criam regiões que
apresentam intenso dinamismo rural ao passo que outras permanecem no marasmo.

3
Na França, os habitantes do campo gozam hoje de todas as amenidades da vida urbana: todos os
lares são equipados com banheiros, cozinha moderna, máquina de lavar roupa, geladeira, televisão e
automóvel (Wanderley, 2000).

20
CAPITULO 2

ESTRUTURA E EVOLUÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS

O objetivo geral deste capítulo é fazer uma revisão sucinta da estrutura e


evolução econômica do Estado no intuito de demonstrar como se deu a formação
econômica de Goiás e como está conformada, em linhas gerais, a estrutura atual da
economia goiana. Para discussão desta parte do trabalho, foi feita uma revisão
bibliográfica do assunto abordado onde utilizou-se os seguintes autores: Pires
(2008), Pádua (2008), Estevam (1998), Aguiar (1997), dentre outros.

Com efeito, este capítulo foi dividido em três partes que buscam abarcar de
forma sucinta a história econômica do Estado de Goiás apresentando as recentes
alterações na sua estrutura produtiva e social. Para tanto, a primeira parte apresenta
brevemente os contornos da economia goiana no período pré-1970. Na segunda
parte são apresentadas as mudanças ocorridas na região após 1970 ao passo que a
última parte está reservada para as observações gerais sobre o assunto.

Formação Econômica de Goiás (ou período pré 1970)

Como característica própria de uma colônia de exploração, a economia


brasileira no período colonial esteve voltada somente para o abastecimento da
metrópole. Deste modo, a lógica de exploração esteve concentrada no litoral, devido
principalmente à dificuldade de transporte das mercadorias obtidas no processo de
produção da empresa agro-mercantil que se instalava no território.

Assim, a colonização brasileira alicerçou-se, conforme destacado por Caio


Prado Júnior, no objetivo único de “explorar os recursos naturais de um território
virgem em proveito do comércio europeu” (Prado Júnior, 1992, p. 31). Portanto, esta
lógica de exploração colonial orientou o processo de formação do país e “explicará
os elementos fundamentais, tanto no econômico como no social, da formação e
evolução histórica dos trópicos americanos” (Prado Júnior, 1992, p. 31).

21
Neste processo de integração ao mercado internacional, a empresa agro-
mercantil brasileira não poderia apresentar altos custos com transporte devido à
necessidade de gerar excedente para financiar o desenvolvimento da Europa. Sem
o interesse econômico da coroa lusitana, o “interior” do país ficou praticamente
intocado até a descoberta de ouro, quando as áreas de “fronteira” começaram a ser
desbravadas e a exploração econômica nestas regiões começou a ser desenvolvida
(Pires, 2008).

É neste bojo que nasce a Economia de Goiás, a partir das bandeiras do


Anhanguera sendo que o ouro foi descoberto primeiro na região onde atualmente é
Goiás Velho e Pirenópolis (Assis, 2005) e, por causa disto, “os primeiros arraiais do
ouro foram erigidos no Centro-Sul da capitania tendo sido descobertos entre 1725 e
1931” (Estevam, 1998, p .14).

A necessidade alimentar da população que veio para estes primeiros arraiais


aliada ao grande distanciamento até os principais centros produtores do país criou
um modelo de exploração onde a extração do ouro esteve ligada a uma incipiente
produção agrícola e pecuária. No entanto, apesar de terem sido iniciadas atividades
agropecuárias, não existia grande interesse da população pela lavoura pois “a
esperança dos pioneiros era o rápido enriquecimento e o breve retorno ao litoral”
(Estevam, 1998, p. 17).

Neste período do ouro, conforme destaca Pires (2008), a economia goiana


passa a gravitar em torno da exploração aurífera e a dinâmica comercial se
consolida através da importação de produtos manufaturados. Com o fim do ciclo do
ouro, que orientava a economia goiana no período, há uma forte redução na
atividade econômica e a agricultura de subsistência se torna predominante no
cenário goiano devido ao isolamento econômico de Goiás e, em grande parte, às
escassas vias de transporte (Pires, 2008). Deste modo, percebe-se a disseminação
da cultura de subsistência em todas as regiões povoadas do estado, formando
fazendas auto-suficientes e possibilitando o surgimento do complexo pecuária-
agricultura de subsistência.

Sobre a passagem de economia aurífera para economia de subsistência,


Estevam (1998) afirma que a maior parte da população se estabeleceu no latifúndio
como morador, trabalhando como artesão ou cultivando para a própria subsistência.

22
Deste fato entende-se que poucas famílias puderam assegurar o controle das terras
mesmo existindo grandes extensões desocupadas, confirmando que a ocupação do
território goiano se deu posse e em grandes extensões de terras (Pires, 2008).

Acerca da ocupação do território goiano, Pires (2008) defende que esse


modelo de “ocupação do território goiano não impulsionou o crescimento do
mercado de trabalho tipicamente capitalista, pois criou uma massa de trabalhadores
agregados à fazenda que era explorada por meio da coação e da dívida” (Pires,
2008, p. 37). Isto posto, depreende-se que a ausência de relações capitalistas aliado
ao caráter familiar e de subsistência da atividade agrícola deste período faz com que
praticamente só o gado fosse exportado, criando uma débil atividade mercantil em
Goiás.

Esta trajetória da economia de subsistência começa a ser modificada,


sobretudo, após a penetração da Estrada de Ferro Goiás, em 1914. A chegada dos
trilhos no território goiano iniciou um processo de diversificação da economia goiana
de modo a servir complementariamente à economia mineira e paulista, eixo
dinâmico da economia brasileira. Assim, a Estrada de Ferro Goiás, impulsionando as
trocas entre as três unidades federativas (Goiás, Minas Gerais e São Paulo 4), trouxe
consigo os gérmenes da modernização para o sudeste goiano (Pires, 2008).
Conforme destaca Estevam (1998), o final da estrada de ferro em Roncador exerceu
ampla influência nesta área e evidenciou significativa concentração agrícola nas
adjacências. Por isto, de acordo com Pires (2008), a região do sudoeste goiano
intensificou a produção de arroz, milho e feijão sendo responsável por mais da
metade da produção destes em todo estado além de fazer este estado participar do
novo processo de crescimento econômico que advinha do eixo paulista.

Este evidente aumento na participação da produção agrícola surge


principalmente pela necessidade de atender ao mercado consumidor de produtos
agrícolas na região Sudoeste do país. Assim, “o reflexo do avanço da Estrada de
Ferro Goiás pelo sudeste goiano pode ser captado pelo crescimento da cultura do

4
“A título de exemplificação, em 1945, São Paulo absorveu 58,4% das “exportações” goianas, ao
passo que Goiás demandou internamente 48,3% das mercadorias provenientes de São Paulo. Se
acrescidas às “exportações” para Minas Gerais, os dois estados sozinhos demandaram 84,5% da
produção do estado de Goiás e ofertaram 83,5% da demanda proveniente de Goiás” (Pires, 2008, p.
40).

23
arroz e da pecuária e pelo movimento migratório que se materializou na região
Centro-Sul de Goiás” (Pires, 2008, p. 42).

Nas palavras de Pires (2008), o processo de integração de Goiás aos


principais eixos de desenvolvimento econômico brasileiro se deu de modo que “São
Paulo ofertou produtos com maior valor agregado a Goiás e este estado abasteceu o
principal centro consumidor brasileiro com arroz e boi” (Pires, 2008, p. 40). Por tudo
isto entende-se que o desenvolvimento da economia goiana bem como sua
incorporação ao mercado nacional “está muito ligada às demandas do mercado
nacional e internacional por produtos da agropecuária e das necessidades do
processo de industrialização que se intensificava” (Aguiar, 2007, p. 784).

Com efeito, apesar da inserção da economia do sudeste goiano ao mercado


nacional, este processo se deu sem que houvesse modificação na estrutura da
fazenda, que se manteve à margem deste processo de modernização. Apesar de
serem importantes estas transformações iniciadas pela penetração da estrada de
ferro, percebe-se que ela ocorreram somente na parte do estado que se
convencionou chamar de Centro-Sul, ou seja, Sudeste e Mato Grosso Goiano,
ficando a região Centro-Norte bastante distanciada destes movimentos (Pires,
2008).

Entretanto, a passagem de 1930 representa um novo marco no


desenvolvimento econômico de Goiás visto que inaugurou um período de forte
centralização no pacto federativo trincando os alicerces que sustentavam velhas
oligarquias dominantes. Aliando a diminuição das pressões demográficas no
Sudeste do país com a necessidade de ocupação dos territórios vazios no interior do
Brasil, a Marcha para o Oeste beneficiou Goiás ao passo que promoveu a
integração do estado com as demais regiões produtoras nacionais.

Deste modo, o projeto de ocupação dos vazios demográficos brasileiros


gerado pela Marcha para o Oeste trouxe uma onda de investimentos para Goiás o
que possibilitou “a) construção de Goiânia e a transferência da capital; b) o
prolongamento dos trilhos da Estrada de Ferro Goiás e a construção de uma rede
rodoviária e c) a fundação da Colônia Agrícola Nacional de Goiás” (Borges, 2000, p.
250 apud Pires, 2008).

24
Assim, a edificação da nova capital – Goiânia - ao ensejar correntes
migratórias, foi responsável pelo lançamento de “gérmenes” de transformação nas
estruturas tradicionais do Estado. Isto se deu porque a construção da nova capital
não significava apenas mudança geográfica mas consolidava a transformação do
eixo político de Goiás5. Com efeito, este empreendimento sintetizava “o afã de
desenvolver o estado” (Estevam, 1998, p. 80) que era freqüentemente reproduzido
nos documentos oficiais em lemas como “tempo novo” e “modernismo”. Assim, a
população que estava largamente espaçada pelo território passa a migrar, mesmo
que lentamente, para a nova capital do estado.

Outro projeto implantado pelo governo federal em Goiás neste período foi a
Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG), que tinha como objetivo expandir a
fronteira agrícola proporcionando ocupação demográfica e econômica do interior do
Estado6. No entanto, conforme destaca Pires (2008) este projeto basicamente só
“serviu como alternativa política para equacionar os conflitos agrários gerados pelo
uso e posse da terra nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste” (Pires, 2008, p. 52).

Deste modo, com a implantação da CANG, um grande número de famílias


penetrou o estado na busca da “terra prometida”. Segundo Pires (2008), os
imigrantes vieram principalmente de São Paulo, Minas Gerais, Nordeste, Rio Grande
do Sul e de outras regiões do Estado sendo que a ocupação da região da colônia se
deu pela posse pois “não houve preocupação do Ministério da Agricultura em emitir
título de propriedade dos lotes no ato do assentamento das famílias” (Pires, 2008, p.
54).

Sem embargo, “a implantação da CANG promoveu assentamento de milhares


de colonos, considerável parcelamento de terras e relevante volume da produção
agrícola alimentar em Goiás” (Estevam, 1998, p. 94). Entretanto, apesar do
assentamento destes colonos, que deveriam produzir alimentos para “exportação”,
não havia sido criado um modal de transporte adequado para escoamento desta
produção. Para solucionar este impasse, dentro do processo de ocupação dos
territórios vazios promovidos pela “Marcha para o Oeste”, o território goiano recebeu
5
“A transferência da capital da cidade de Goiás para Goiânia foi carregada de forte simbolismo
político, pois marcou o fim do domínio das “velhas oligarquias” da antiga capital estadual no jogo
político goiano” (Pires, 2008, p. 45).
6
“A “Macha para o Oeste” que serviu como estratégia política e econômica para deslocar aqueles
produtores rurais desapossados de suas propriedades rurais e transpô-los para as regiões de
fronteira em expansão como era o caso de Goiás” (Pires, 2008, p. 43).

25
um complexo de “vias que proporcionaram ampliação da fronteira agrícola nacional
e facilitaram a integração intra e inter-regional” (Estevam, 1998, p. 97).

Apesar da penetração da Estrada de Ferro Goiás, transferência da capital


para Goiânia e a criação da CANG, a base da estrutura econômica do Estado
continuou alicerçada na unidade de exploração tradicional com baixa demanda de
progresso técnico. Além disto, a principal fonte de trabalho continuou sendo familiar
evidenciando que as relações de trabalho tradicionais ainda predominavam no meio
rural goiano embora existisse, de forma incipiente, relativa inserção de empregados.

Então, entende-se que, devido à ausência de dinâmica produtiva, “o mercado


interno em terras goyases não teve estímulos suficientes para atrair empresas de
outras regiões para o estado e, com isto, diversificar a sua estrutura produtiva”
(Pires, 2008, p. 50). Este fato demonstra que o mercado interno goiano não teve
forças suficientes para transformar a fazenda numa unidade de exploração
tipicamente capitalista. Com isto, pode-se concluir que apesar das influências
externas terem trazido a necessidade de diversificação produtiva para o Estado, as
forças internas não estavam plenamente constituídas, devido à ausência de
mercado interno forte pois ainda dominava a agricultura de subsistência e a pecuária
extensiva (Pires, 2008).

Apesar destes entraves, a partir de 1950, algumas alterações na dinâmica


produtiva do estado começaram a ser sentidas principalmente no que tange à
incorporação de progresso técnico à atividade agropecuária, principalmente na
região Centro-Sul do território, num processo denominado modernização
conservadora7. No bojo destas transformações, o primeiro passo foi a promoção de
uma campanha no sentido de impedir a saída de gado vivo de Goiás, priorizando a
comercialização da carne industrializada (Estevam, 1998). Este esforço modificou a
estrutura de criação do gado de modo que os produtores goianos intensificaram a
produção destinando-a para os abatedouros localizados ao longo da Estrada de
Ferro Goiás8.

7
PIRES, M. J. de S. As implicações do processo de modernização conservadora nas atividades
agropecuárias na região centro-sul de Goiás. 2008. Universidade de Campinas – UNICAMP.
Campinas, São Paulo, 2008.
8
Segundo Campos Junior (2004) até 1952, a Estrada de Ferro Goiás, possuía cerca de 480
quilômetros, chegando a Goiânia. No total, existiam 30 estações que serviam à estrada, com
destaque para: Araguari, Amanhece, Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com a Rede
Mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Engenheiro Balduíno, Vianópolis, Leopoldo de Bulhões,

26
Um segundo passo foi atrair empresas transformadoras de alimentos para a
região buscando dinamizar a estrutura econômica do estado. Este fato se deu
porque, neste período, “as empresas instaladas no estado de Goiás agregavam
pouco valor aos seus principais produtos mercantis, como a carne e o arroz” (Pires,
2008, p. 49) mesmo existindo uma incipiente penetração de estruturas capitalistas
no território.

Evidentemente, não era de se esperar uma forte industrialização em Goiás


visto que o setor industrial goiano, segundo Estevam (1998), esteve umbilicalmente
ligado ao setor agropecuário (beneficiamento de grãos e laticínio) operando com
pequenas indústrias, como fábricas de doces, panificadoras, olarias e cerâmicas. No
entanto, verifica-se que a concentração industrial se deu praticamente em Goiânia e
Anápolis, onde “predominavam indústrias alimentares responsáveis por cerca de
80,0% da produção industrial do estado” (Estevam, 1998, p. 118).

Assim, percebe-se que os pilares da industrialização se fixaram na região


Centro-Sul do estado sendo que a instalação das primeiras indústrias criou opções
para a população que passou a “encontrar condições de sobrevivência nos seios
dos centros urbanos comerciais” (Estevam, 1998, p. 118). Como era de se esperar,
o ritmo de urbanização em Goiás cresceu num ritmo bem mais intenso a partir de
1950, principalmente na região Centro-Sul. Ou seja, percebe-se que houve intensa
migração para as cidades onde já havia se iniciado a industrialização.

Deste modo, “Goiânia e Anápolis ostentaram significativo incremento nas


suas taxas de urbanização” (Estevam, 1998, p. 118) ao passo que, no final da
década, a população urbana de Anápolis representou 75,0% do total do município e
a de Goiânia alcançou 87,0% do contingente de habitantes municipais. Isto posto,
percebe-se que as cidades com maior taxa de industrialização, como Goiânia e
Anápolis, apresentaram maiores taxas de crescimento da população urbana.

No entanto, este movimento de urbanização deve ser visto como um processo


heterogêneo tanto nos seus efeitos quanto na sua origem. Assim, percebe-se que
cidades próximas ao eixo Goiânia-Anápolis apresentaram intensivo incremento nas
taxas de urbanização no período 1950-1960 condicionadas pela dinâmica
econômica existentes no comércio de mercadorias entre estas cidades. No mesmo

Anápolis e Goiânia” (Campos Junior, 2004).

27
sentido, mas movidos em grande parte pela política de transportes efetivada pelo
governo federal, algumas cidades do médio-norte goiano, como Porangatu e
Uruaçu, também apresentaram significativo crescimento da população urbana sem
que, no entanto, houvesse maior integração destas economias à dinâmica
econômica do estado (Estevam, 1998).

Assim e por tudo isto, percebe-se que apesar das transformações vividas no
estado de Goiás até a década de 1970, estes movimentos não criaram uma
economia tipicamente capitalista e suficientemente autônoma. Ao final da década de
1960, a fazenda goiana ainda sustentava baixa incorporação de progresso técnico
(químico e mecânico) aliada ao trabalho basicamente familiar. A produção industrial
ainda estava situada em um nível muito baixo e era voltada quase exclusivamente
para a industrialização de produtos alimentícios e para o suprimento das
necessidades básicas da população urbana. A população urbana, que apresentou
elevados índices de crescimento entre 1950 e 1970 devido em grande parte à
modernização conservadora que se materializava no meio rural, volta-se
principalmente para o setor de serviços, onde percebe-se que os aluguéis e serviços
pessoais obtinham constantes incrementos à medida que a urbanização se
consolidava.

Entretanto, apesar de todas as modificações que ocorreram neste período,


entende-se que até 1970 o processo de modernização do campo aconteceu de
modo mais intenso na região Centro-Sul aprofundando o desequilíbrio regional no
estado. Neste sentido, a próxima parte busca delinear as mudanças ocorridas no
estado a partir de 1970 e, principalmente, como estas transformações influenciaram
o processo de desenvolvimento rural em Goiás buscando verificar se houve
mudanças no sentido do desenvolvimento goiano.

Evolução Econômica (ou período pós 1970)

Como foi abordada na parte anterior deste capítulo, a incipiente penetração


do progresso técnico na agricultura não foi suficiente para romper com as estruturas
políticas e econômicas dominantes no período. A produção agrícola ainda estava
assentada numa estrutura fundiária baseada nas médias e grandes propriedades,
com baixa incorporação de progresso técnico e com utilização da mão de obra
familiar, em sua grande parte.

28
Neste período o cenário econômico brasileiro passa por profundas
transformações a partir do Golpe Militar instaurado em 1964. Este novo regime, na
tentativa de obter legitimidade frente à sociedade brasileira, passa a desenvolver
políticas voltadas para o desenvolvimento das diferentes regiões do país. Na
economia do pós-golpe houve uma intensificação no planejamento das ações
estatais e forte incremento nos investimentos públicos em infra-estrutura por todo o
país.

Estes investimentos vieram na forma de Programas de Desenvolvimento que


buscavam incrementar a industrialização de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro além de “reduzir as desigualdades intra e inter regionais, ampliar os laços de
complementaridade entre as economias periféricas e as economias centrais do
capitalismo brasileiro e criar mercados para o setor industrial nacional” (Pires, 2008,
p. 76). Assim, este processo buscou também dinamizar a agropecuária através
incorporação de progresso técnico, num movimento conhecido como modernização
da agricultura.

O Estado de Goiás, devido à forte ligação comercial com São Paulo, também
foi influenciado pelos processos de modernização do campo. Sobre este ponto,
destaca Pires (2008) que “as transformações na estrutura e nas atividades
agropecuárias em Goiás potencializaram-se a partir do II Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND) – 1974 a 1979 quando o Estado interveio nas regiões
periféricas ao eixo dinâmico da economia nacional” (Pires, 2008, p. 76).

Deste modo, o governo militar de Ernesto Geisel cria um conjunto de planos


de desenvolvimento regional que criam e consolidam diversos pólos de
desenvolvimento econômico situados às margens do eixo dinâmico brasileiro. Com
isto, a estrutura agrícola embasada na “ineficiência produtiva”9 ao poucos cede lugar
a uma estrutura alicerçada na agropecuária capitalista demandante de inovações
oriundas do setor industrial, criando assim os complexos agroindustriais nacionais
(Pires, 2008).

No período citado, em grande parte devido à sua extensão territorial, Goiás


permanecia contemplado por diferentes linhas de financiamento que contribuíram

9
Considera-se ineficiência produtiva o regime de produção onde existe a baixa incorporação de
progresso técnico na agricultura, aliado à ausência de relações capitalistas e existência de baixa
produtividade no campo.

29
para maior produção agrícola e efetivaram uma colonização da fronteira baseada
primordialmente em intensivo capital. Segundo Estevam (1998), a parte Norte do
estado estava englobada nos esforços da Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia (SUDAM), ao passo que a região Sul recebia capitais da
Superintendência do Centro Oeste (SUDECO).

Logo, como defende Pires (2008), ações como as desenvolvidas pelo


Programa de Desenvolvimento dos Cerrados – POLOCENTRO (1975); Programa de
Desenvolvimento da Região Geoeconômica de Brasília (1979); Programa de
Cooperação Nipo-Brasileira de Desenvolvimento dos Cerrados – PRODECER
(1985) e Fundo Constitucional do Centro Oeste – FCO (1989) detonaram a centelha
de desenvolvimento necessário para a consolidação do processo de modernização
da agropecuária goiana.

Entretanto, apesar da influência destes vários programas, “o POLOCENTRO


foi um dos principais planos de desenvolvimento regional realizados pelo governo
federal para colocar a região do cerrado no circuito de produção empresarial de
grãos no Brasil” (Pires, 2008, p. 77). Este programa estava voltado principalmente
para a implantação de uma nova estrutura agropecuária na região Centro-Sul do
estado, tinha o objetivo de modernizar as médias e grandes propriedades sem, no
entanto, alterar a estrutura fundiária. Para Estevam (1998), as ações de infra-
estrutura do POLOCENTRO foram voltadas em grande parte para armazenamento,
estradas e energia ao passo que o crédito rural assegurou a geração de “empresas-
fazendas” com modernas técnicas de cultivo.

Outra fonte de financiamento ao produtor rural, o Sistema Nacional de Crédito


Rural (SNCR), de 1965, criava linhas de crédito para distribuição e aplicação de
acordo com a política de desenvolvimento direcionada à produção rural brasileira.
Segundo Pires (2008) este crédito estimulou os proprietários rurais a utilizarem
insumos modernos desenvolvidos por multinacionais do setor de fertilizantes e
defensivos além de máquinas e equipamentos agrícolas.

Além destes, o Fundo Constitucional do Centro Oeste - FCO, criado pelo


Artigo 159 da Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei 7.827 de
27/09/1989, veio, através de investimentos de longo prazo, contribuir com o
desenvolvimento regional sustentável e promoção da modernização das atividades

30
econômicas (Pires, 2008). Assim, o objetivo do FCO era “determinar o
aprofundamento das relações entre o setor industrial e a agropecuária no estado de
Goiás dando condições para que esta última avançasse cada vez mais no processo
de modernização conservadora” (Pires, 2008, p. 80).

Sobre os financiamentos agrícolas do período, Estevam (1998) afirma que,

O crédito, devido à exigência de padrão operacional e tecnológico, não


contemplou significativamente os pequenos produtores. Os projetos de
viabilidade econômica e financeira, o volume de recursos necessários, as
garantias demandadas, a formação de estoques de capital e os padrões
técnicos requeridos não estavam ao alcance do pequeno agricultor; deste
modo, o crédito rural esteve concentrado no âmbito da grande propriedade
(Estevam, 1998, p. 135)

Deste modo, verifica-se que os programas de financiamento tiveram papel


fundamental na incorporação de progresso técnico nos empreendimentos rurais
goianos. No entanto, as principais beneficiárias destes programas foram as médias e
grandes propriedades que modernizaram a suas atividades agropecuárias focando,
notadamente, nas culturas de exportação.

Com a utilização de tecnologias avançadas ocorreu conseqüente aumento da


produtividade inserindo a economia goiana no mercado internacional (Pires, 2008).
Sobre este ponto Estevam (1998, p. 128) confirma que “o capital industrial, em sua
nova forma de expansão, foi seletivo: promoveu o enriquecimento dos maiores
produtores – técnificados – ao mesmo tempo que condenou ao empobrecimento os
produtores tradicionais”.

Outro fator essencial para a expansão e consolidação do novo padrão


agrícola em Goiás advém dos esforços de pesquisa da Empresa Brasileira de
Pesquisas Agropecuária –EMBRAPA, Empresa Brasileira de Assistência Técnica e
Extensão Rural – EMBRATER e pela Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária –
EMGOPA. Assim, estas pesquisas “desenvolveram e difundiram inovações
biológicas, mecânicas e físico-químicas para adaptar o ciclo de vida das culturas
agrícolas, em especial da soja, às condições edafoclimáticas do Planalto Central”
(Pires, 2008, p. 81).

Desde então, inicia-se o processo de aprofundamento na incorporação de


progresso técnico à agricultura em Goiás onde, no decênio 1975-1985, existe uma
expansão considerável no uso de tratores, defensivos agrícolas e fertilizantes.
Segundo (Pires, 2008), estes indicadores de modernização demonstram que o uso e

31
a difusão das inovações físico-químicas e mecânicas em meio aos produtores rurais
foram responsáveis pela transformação de parte das unidades de exploração
agrícola tradicionais em unidades de exploração agrícolas tipicamente capitalistas.

Entretanto, assim como o processo de desenvolvimento no país, a


incorporação de modernas técnicas agropecuárias em terras goyazes aconteceu de
forma bastante heterogênea. Isto se deu porque coexistiram estruturas modernas,
voltadas para a agropecuária empresarial, convivendo com unidades agrícolas
tradicionais, que apresentavam baixa incorporação de progresso técnico,
agropecuária extensiva e trabalho familiar.

Assim, com a incorporação cada vez maior de progresso técnico na


agricultura goiana (na forma de tratores, defensivos e outros), principalmente na
região Centro-Sul do estado, a soja começa a despontar no novo produto agrícola
regional. De acordo com Pires (2008, p. 62) “em 1960, não havia nenhum registro de
área colhida com esta oleaginosa, ao passo que em 1975, a área colhida era de
55.000 hectares”. Este movimento aprofunda-se com a expansão da fronteira
agrícola ao longo dos anos 80 onde o arroz, importante produto da pauta de
exportações goianas, passa a perder participação. Segundo Estevam (1998), as
culturas de arroz e feijão, que tinham integrado o estado no mercado nacional nos
anos anteriores, tenderam à diminuição pois “a tendência foi o cultivo de produtos
com melhores perspectivas de exportação e mecanização” (Estevam, 1998, p. 140).

Este crescimento da produção de soja, segundo Pires (2008), é decorrente


em grande parte do deslocamento de produtores de Minas Gerais, São Paulo e da
região Sul do país para Goiás. Estes empresários, financiados pelo
SNCR/POLOCENTRO, introduziram as inovações tecnológicas necessárias à
transformação da estrutura produtiva no estado nos moldes capitalista empresarial.
Por estes motivos, a soja, considerada carro-chefe da modernização agrícola,
obteve tão grande expansão da produção desde o final dos anos 80 se mantendo
até hoje como um dos principais produtos exportados pelo estado.

Outro fator latente na análise da expansão da cultura da soja em Goiás versa


sobre os agentes indutores deste processo. Durante o processo de modernização,
os empresários sulistas foram ocupando os espaços da região da “fronteira” agrícola
devido, segundo Estevam (1998), ao acesso à terra por um preço mais baixo ou, até

32
mesmo, pela não-obrigatoriedade da compra da mesma. Este fato permitia a criação
de reservas de capital para investimentos em tecnologia e insumos dentro do
sistema de arrendamento.

Tabela 1. Evolução e Distribuição do PIB da agricultura do Estado de Goiás


Cana- Algodão Outras
Milh Arro Feijã Sorg Toma Trig
Ano Soja de- Herbác Café Cultur
o z o o te o
açúcar eo as
198
5 10,9 9,6 8,5 3,4 2,5 2,1 0,0 0,0 0,0 0,9 1,7
198
6 9,5 14,0 8,8 2,7 2,0 1,8 0,0 0,0 0,0 1,4 0,7
198
7 7,2 11,0 6,6 3,5 3,0 0,8 0,0 0,0 0,0 0,6 1,7
198
8 9,1 9,1 5,5 4,8 1,9 0,8 0,0 0,0 0,0 0,4 2,0
198
9 7,0 8,2 2,2 3,5 3,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0,2 2,0
199
0 6,0 8,1 2,0 2,8 4,1 0,9 0,0 0,0 0,0 0,5 2,0
199
1 6,7 8,1 2,9 2,7 4,3 0,9 0,0 0,0 0,0 0,4 2,2
199
2 7,3 7,0 2,7 3,1 3,2 0,6 0,0 0,0 0,0 0,3 1,9
199
3 5,8 10,1 1,4 3,4 3,3 0,7 0,0 0,0 0,0 0,3 2,1
199
4 12,3 11,3 2,2 2,7 3,8 1,4 0,0 0,0 0,0 0,4 2,2
199
5 8,2 10,9 1,8 3,2 2,2 1,9 0,0 0,0 0,0 0,2 2,2
199
6 9,7 11,4 1,1 4,2 2,2 2,2 0,2 0,9 0,0 0,1 1,6
199
7 11,8 10,4 1,0 3,9 2,7 2,4 0,2 0,9 0,0 0,1 1,7
199
8 12,8 7,6 1,0 4,3 5,3 2,4 0,3 0,6 0,0 0,1 2,9
199
9 12,7 9,0 1,5 2,9 2,9 2,8 0,2 1,2 0,0 0,1 1,2
200
0 13,5 11,4 0,9 2,7 2,1 2,3 0,4 1,0 0,0 0,1 1,0
200
1 13,6 8,3 0,7 2,7 3,2 4,1 0,3 0,8 0,0 0,1 1,3
200
2 19,6 8,2 0,6 2,3 2,8 2,4 0,3 0,9 0,1 0,2 1,0
200
3 18,4 0,8 0,8 2,8 3,6 2,3 0,6 0,7 0,1 0,1 1,2
200
4 20,3 6,5 1,3 2,7 1,6 4,5 0,6 0,8 0,1 0,2 1,1
Fonte: SEPLAN

33
Assim, constata-se que as políticas públicas voltadas para o financiamento
rural foram direcionadas diretamente para culturas de exportação, como soja, cana e
milho. De acordo com Pires (2008), em 1985 a soja era responsável por 11% do
produto interno bruto da agricultura em Goiás ao passo que milho, 10% e arroz
8,5%. Já no ano de 2004, segundo a Tabela 1, a participação da soja representa
20,3%, enquanto milho, 6,5% e arroz, 1,6%.

Outra cultura que apresentou grande expansão da área colhida nos anos
recentes é a de cana-de-açúcar, influenciada em grande parte pelos capitais
agroindustriais paulistas, o seu plantio vem aos poucos “conquistando produtores
rurais que ampliaram sua área plantada com esta cultura para ofertar às usinas
sucroalcooleiras” (Pires, 2008, p. 95).

Por tudo isto, o processo de modernização agrícola goiano engendrou


profundas alterações na composição da população urbana e rural. Pode-se observar
o intenso deslocamento da população rural para as cidades em busca de melhorias
econômicas e sociais. Nas palavras de Pires (2008, p. 110), a forte penetração do
progresso técnico no meio rural “libertou os produtores rurais descapitalizados dos
laços que os prendiam à terra para serem, assim, lançados ao setor urbano e
industrial, enquanto ofertantes de força de trabalho”.

Com efeito, devido as alterações nas unidades produtivas tradicionais, o


processo de modernização separa o produtor rural tradicional do seu meio de
produção, a propriedade da terra. Assim, para sobreviver o camponês necessita
vender a sua força de trabalho e se vê frente a duas opções: i) permanecia no meio
rural ofertando a sua força de trabalho a um produtor rural capitalista ou; ii) ir para a
cidade e vender para trabalhar na indústria.

Assim, verifica-se que a população rural passa a decrescer a partir de 1970


incrementando a urbanização das regiões mais dinâmicas do território. Devido à
proximidade com Minas Gerais e São Paulo, e da integração desta região ao
comércio, a região Centro-Sul do estado recebe fluxos migratórios com mais
intensidade, assim como ocorreu em meados do Século XX, aumentando
consideravelmente a taxa de urbanização da região.

Segundo dados da Tabela 2, em 1960 quase 70% da população do estado de


Goiás residia no setor rural, ao passo que em 1970 este número passa a ser 50%.

34
No caso do rural goiano, estes dados indicam claramente que o processo de
modernização da agrícola teve um papel importante para a redução do número de
pessoas residentes no meio rural, obrigando-as buscar no setor urbano um caminho
para o mercado de trabalho.

Tabela 2. População residente por situação do domicílio no Estado de Goiás – 1872,


1890, 1900, 1920, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000 – 05

População (hab)
Ano Total Urbana Rural
1872 160.395 - -
1890 227.572 - -
1900 255.284 - -
1920 511.919 - -
1940 826.414 - -
1950 1.214.921 245.667 969.254
1960 1.913.289 575.325 1.337.964
1970 2.938.677 1.237.108 1.701.569
1980 3.860.174 2.401.098 1.459.076
1991 4.018.903 3.247.676 771.227
1996 4.514.967 3.872.822 642.145
2000 5.003.228 4.396.645 606.583
2001 5.116.462 (1) 4.520.770 (2) 595.692 (2)
2002 5.210.335 (1) 4.627.916 (2) 582.419 (2)
2003 5.306.459 (1) 4.737.079 (2) 569.380 (2)
2004 5.508.245 (1) 4.940.895 (2) 567.350 (2)
2005 5.619.917 (1) 5.064.626 (2) 555.291 (2)
Fonte: IBGE
Elaboração: SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2005.
(1) Estimativa 1º/07. (2) Estimativa pelo método logístico.
Ainda pelos dados da Tabela 2, percebe-se que nos anos 1991 e 2000 a
concentração urbana no Estado de Goiás se apresenta cada vez mais forte.
Enquanto a população residente no meio rural goiano é de pouco mais de 771 mil
habitantes, a população urbana ultrapassa a marca de 3 milhões de pessoas em
1991. No ano 2000, dos 5 milhões de habitantes do estado, apenas 607 mil residiam
no meio rural (12%) ao passo que 4,4 milhões (88%) estavam no meio urbano.

No entanto, é importante ressaltar que a penetração das relações capitalistas


no meio rural, ou seja, a modernização da agricultura, não aconteceu de forma
homogênea em todo o estado. Assim, percebe-se que em algumas regiões
permanecia a exploração agrícola por meio de relações tradicionais onde os
camponeses produziam para somente para a subsistência ao passo que, em outras,

35
existia forte e crescente incorporação de progresso técnico e consequente
integraçaõ com o mercado internacional.

1.5 Considerações finais

Em termos gerais esta parte do estudo foi reservada para o estudo das
transformações ocorridas no estado de Goiás, principalmente a partir de 1970. Nesta
parte pode ser observado que no período de formação da economia goiana (Séc.
XVIII) a atividade econômica principal era a extrativista tendo toda a economia
gravitando em torno da extração aurífera até o declínio da produção do ouro. Com o
fim da extração do ouro como atividade econômica principal observa-se, portanto, a
criação de fazendas auto-suficientes e a incorporação da agricultura de subsistência
em todas as partes povoadas do território.

Isto ocorre em grande parte devido à baixa incorporação de progresso técnico


que, aliado à precariedade das estradas, cria uma economia onde apenas o arroz e
o boi eram exportados. O nível de comércio neste período era muito baixo pois
praticamente todos os produtos demandados eram produzidos no interior da
fazenda. No entanto, o alvorecer do Sec. XIX e a penetração da estrada de ferro no
território goiano fazem com que a economia goiana entre em um novo momento na
sua história.

A Estrada de Ferro Goiás, que chegou no estado em 1914, alicerçou as


transformações vividas na terra dos goyazes e é no bojo destas mudanças que o
estado passa a ganhar importância no cenário nacional e as correntes capitalistas
começam, os poucos, a derrubar as velhas estruturas existentes no território. Neste
período, ocorre a mudança da capital da Cidade de Goiás para Goiânia, a
construção de Brasília em território goiano e a implantação de um extenso modal
rodoviário no estado, ligando-o às demais regiões do país.

Entretanto, estas mudanças que ocorreram até 1970, embora particularmente


importantes para o entendimento das transformações recentes da economia goiana,
não tiveram forças suficientes para alterar a estrutura fundiária e implantar bases
capitalistas sustentáveis para a atividade empresarial no territorio.

A partir de 1970, o processo de modernização da agricultura amplia de forma


consideravel a incorporação de progresso técnico (mecânico e químico) à produção

36
agrícola e altera de forma significativa a matriz de produção agrícola estadual. Com
efeito, os programas de financiamento para o desenvolvimento regional
possibilitaram incorporação de modernas técnicas de cultivo, principalmente na
região Centro-Sul10 do estado. Assim, percebe-se que produtos como arroz e milho
passam a perder participação na pauta de exportações goianas, cedendo lugar para
o cultivo da soja e da cana-de-açúcar.

Com tudo isto, entende-se que este processo de modernização da agricultura


no Estado de Goiás acontece de forma bastante desigual onde apenas o a região
Centro-Sul do estado absorve a maior parte dos beneficios deste processo, em
detrimento da região Centro-Norte. Deste modo, com a incorporação das inovações
mecânicas e químicas ao processo produtivo ocorre um conseqüente aumento da
produtividade, aprofundando ainda mais as desigualdades intra regionais no estado.

Como mecanização da atividade agrícola, o camponês teve que escolher


entre vender a sua força de trabalho ao capitalista rural ou migrar para os centros
urbanos na busca de melhores condições de vida. Neste ínterim, percebe-se um
aumento do fluxo migratório vindo do meio rural com destino às principais áreas
urbanizadas do Estado, ampliando consideravelmente o nível de urbanização.

Com o objetivo de entender como estas alterações na conformação


econômica impactaram o meio rural em Goiás, principalmente no período 1996-
2000, a próxima parte deste estudo está dedicada à apresentação dos resultados
obtidos para o Índice de Desenvolvimento Rural dos Municipios Goianos, objetivo-
fim desta pesquisa.

10
A região Centro-Sul do compreende as regiões do Sudeste Goiano e Mato Grosso Goiano,
conforme aludido à pag. 24.

37
CAPITULO 3

ASPECTOS ESTRUTURAIS DO DESENVOLVIMENTO RURAL EM


GOIÁS NO INTERREGNO 1996 - 2000

Este capítulo tem o objetivo de fazer uma análise do grau de desenvolvimento


rural para os municípios goianos no interregno censitário 1996-2000. Para tanto, os
objetivos específicos que irão nortear esta parte do trabalho são calcular e discutir o:
i) Índice de População (IPOP), que incorpora características populacionais tais como
densidade demográfica, migração, população rural; ii) Índice de Bem-Estar Social
(IBES), que se refere a aspectos sobre a educação da população e características
dos domicílios; iii) Índice de Desenvolvimento Econômico (IDE), que mensura o nível
de “desenvolvimento econômico” desta população rural; e iv) Índice de Meio
Ambiente, que capta os esforços no que se refere à preservação do meio ambiente
nas regiões rurais.

Para a adjetivação desta parte foi feita uma revisão bibliográfica sobre a
temática proposta e adotou-se os trabalhos de Kageyama (2004) e Corrêa, Silva e
Neder como fontes para a construção do quadro de análise. Para o cálculo do índice
de desenvolvimento rural (IDR) e seus sub-índices foram utilizadas as metodologias
apresentadas nos trabalhos desenvolvidos por Kageyama (2004) e adaptadas por
Correa, Silva e Neder (2008).

1.6 Aspectos metodológicos

Os dados secundários utilizados para o cálculo dos indicadores que formam,


por média simples, o IDR foram retirados basicamente de quatro banco de dados. A
primeira fonte foi o Censo Demográfico (2000), onde se utilizou dados da base
“universo” e, em grande parte, dados do “Microdados”. Foram utilizados também os
Microdados do Censo Demográfico (1991) para calcular a variação da população

38
rural no período de estudo. Cabe ressaltar que estes valores foram devidamente
ponderados segundo os pesos fornecidos pelo IBGE.

Foram também utilizados dados do Censo Agropecuário (1995-1996) e da


Pesquisa Agrícola Municipal (PAM/IBGE – 1995), ambos disponíveis no site do
IBGE11. Nesta última fonte buscou-se principalmente dados secundários
relacionados ao meio ambiente como a produção de monoculturas, utilização de
adubos e fertilizantes e itens relacionados à conservação do solo.

Os dados levantados foram compilados buscando a consolidação por


município, abordando somente a “área rural” do mesmo segundo os critérios do
IBGE12, mesmo cientes que esta definição administrativa não capta a totalidade do
meio rural no Brasil.

Para o efeito de não contaminação das análises descritivas e gráficas, foram


retirados os municípios considerados como outliers, ou seja, aqueles que foram
criados posteriormente à realização do último Censo Demográfico e, portanto, ainda
não codificados pelo IBGE13.

A metodologia adotada é baseada nos trabalhos de Corrêa, Silva e Neder


(2008) que, adaptando uma metodologia criada por Kageyama (2004), construíram
um indicador para levantar o nível de Desenvolvimento Rural de cada um dos
municípios das regiões Nordeste e Sul do Brasil.

Assim, conforme esta metodologia, o Índice de Desenvolvimento Rural é


obtido a partir da média aritmética simples de quatro outros indicadores: Índice de
População (IPOP), Índice de Bem-Estar Social (IBES), Índice de Desenvolvimento
Econômico (IDE) e Índice de Meio Ambiente (IMA).

O primeiro sub-indicador se refere a dados da população (IPOP) e que


procura mensurar o dinamismo populacional do município em estudo. Para compor o
indicador quatro variáveis foram utilizadas: a) densidade demográfica; b) variação da

11
É importante ressaltar que os dados do Censo Agropecuário 2006 do IBGE não foram utilizados nesta
investigação pois não haviam sido divulgados no período de coleta de dados deste trabalho.
12
Segundo o IBGE “rural é a área externa ao perímetro urbano de um distrito, composta por setores nas
seguintes situações de setor: rural de extensão urbana, rural-povoado, rural-núcleo, rural-outros aglomerados,
rural-exclusive aglomerados” (IBGE, 2002, p. 66).
13
Desta forma, para as análises desenvolvidas no presente estudo, foram considerados 241 municípios sendo,
portanto, excluídos da análise os municípios de Campo Limpo de Goiás, Gameleira de Goiás, Ipiranga de Goiás
e Lagoa Santa. Além destes, foi excluído o município de Valparaíso pois o mesmo não possui população rural.

39
população entre 1991 e 2000; c) proporção da população rural em termos da
população residente no município e; d) proporção da população rural que não morou
sempre no município. Esta última variável busca evidenciar o poder de atração do
município sendo que, quanto maior a proporção de pessoas vindas de outro
município, maior a capacidade de atração em termos de oportunidades.

Quadro 1. Descrição das variáveis - IPOP

Indicador Descrição da Variável Base de Dados Utilizada

a) Densidade demográfica
IBGE (Disponível no site)
(padronizada)*

b) Variação da população rural


Censos Demográficos IBGE
entre 1991 e 2002
(2000 e 1991) – Microdados
Índice de População (IPOP) = (padronizada)

(a + b + c + d) /4 c) Proporção da população
IBGE (Disponível no site)
rural no município

d) Proporção da população
Censo Demográfico IBGE
rural que não morou sempre
(2000) – Microdados
no município (migração)

* a padronização foi utilizada para fazer uma transformação algébrica para que o índice varie entre zero e um.
Esta transformação é quociente (valor da variável – mínimo)/(máximo – mínimo).
Fonte: Correa, Silva & Neder (2008).

O segundo sub-indicador é o Bem-Estar Social (IBES) que inclui indicadores


que procuram levar aspectos referentes à educação (taxa de analfabetismo e média
de anos de estudo) e outros indicadores que se referem às condições de infra-
estrutura do domicilio.

Para a composição deste índice utilizou-se: a) taxa de analfabetismo da


população rural; b) média de anos de estudo da população (padronizada); c)
proporção de crianças na escola, d) proporção de domicílios rurais com água
encanada em pelo menos um cômodo e; e) proporção dos domicílios rurais com
acesso a água.

40
Quadro 2. Descrição das variáveis - IBES

Indicador Descrição da Variável Base de Dados Utilizada

Censo Demográfico IBGE


e) Taxa de analfabetismo
(2000) – Microdados

f) Média de anos de estudo Censo Demográfico IBGE


(padronizada) (2000) – Microdados

g) Proporção de crianças de 7 Censo Demográfico IBGE


a 14 anos na escola (2000) – Microdados
Índice de Bem-Estar (IBES) =
(e + f + g + h + i) /5
h) Proporção de domicílios
Censo Demográfico IBGE
rurais com água encanada em
(2000) – Universo
pelo menos um cômodo

i) Proporção de domicílios
rurais com acesso a água, Censo Demográfico IBGE
ligada à rede geral de (2000) – Universo
abastecimento

Fonte: Correa, Silva & Neder (2008)

O terceiro sub-indicador demonstra informações sobre o Desenvolvimento


Econômico (IDE). Este sub-índice procura mostrar o perfil do mercado de trabalho e
do rendimento “médio” dos domicílios em cada um dos municípios. Para tanto,
formam este indicador variáveis como: a) renda domiciliar per capita e a b)
proporção de ocupados rurais em atividades não-agrícolas.

Quadro 3. Descrição das variáveis - IDE

Indicador Descrição da Variável Base de Dados Utilizada

j) Proporção de ocupados
Censo Demográfico IBGE
rurais em atividades não
(2000) – Universo
agrícolas**
Índice de Desenvolvimento
k) Rendimento médio
Econômico (IDE) = (j + k) /2
domiciliar per capita (exceto
Censo Demográfico IBGE
agregados, pensionistas e
(2000) – Universo
empregados domésticos)
(padronizado)

41
**Para detectar a questão dos ocupados foram considerados os códigos de ocupação que estivessem
relacionados com atividades não-agrícolas (selecionados na variável v4462/CNAE) do Censo Demográfico
2000, microdados.

Fonte: Correa, Silva & Neder (2008).

O último indicador, de meio ambiente (IMA), se refere às questões ambientais


principalmente ligados à preservação do meio rural. Neste indicador procura-se
contrapor a presença de efeitos nocivos do modelo de modernização agrícola com
os efeitos compensadores das práticas de conservação do solo (Kageyama, 2004).
Este indicador é composto por outros três sub-índices: i) proporção de
estabelecimento que praticam ou adotam práticas de conservação do solo14; ii)
proporção dos estabelecimentos que utilizam fertilizantes e adubos15 e iii) ausência
de monoculturas16.

Quadro 4 – Descrição das variáveis - IMA

Indicador Descrição da Variável Base de Dados Utilizada

l) Proporção de
estabelecimentos que adotam Censo Agropecuário (1995-
práticas de conservação do 1996)
solo
Índice de Meio Ambiente (IMA)
m) Proporção de
= (l + m + n) /3 Censo Agropecuário (1995-
estabelecimentos que usam
1996)
adubos e fertilizantes

Pesquisa Agrícola Municipal –


n) Ausência de monocultura
PAM / SIDRA (IBGE)

Fonte: Correa, Silva & Neder (2008)

O primeiro sub-indicador procura mostrar a preocupação do agricultor em


utilizar técnicas destinadas a garantir maior adequação dos solos à atividade
agrícola bem como prevenir contra os efeitos da mecanização. O segundo refere-se
à utilização de fertilizantes e adubos onde associa-se o uso abusivo destas
tecnologias químicas a possíveis danos ambientais.

14
Assim, verifica-se se o agricultor entende-se que atividades ligadas à agricultura familiar devem
apresentar um maior índice de conservação do solo.
15
Entende-se que as lavouras intensivas em monocultura e altamente mecanizadas têm maior
impacto ambiental. Por outro lado, na agricultura familiar o uso de adubos e fertilizantes é menos
intenso.
16
Olivette (2003 apud Kageyama, 2004) estudou as regiões mais produtivas do São Paulo e pode
verificar que a especialização da produção nas culturas “modernas” são grandes consumidoras de
agrotóxicos, poluidoras de ar e/ou empobrecedoras de solo.

42
O último componente discorre acerca da ausência de monoculturas. Portanto,
para o cálculo deste índice foi considerado o somatório das áreas dos principais
produtos voltados para a exportação ou de maior grau de integração ao mercado,
dividido pelo total das áreas das culturas cultivadas (permanentes e temporárias),
disponibilizadas pelo IBGE. Deste resultado, que demonstra a existência de
monocultura, foi subtraída uma unidade, buscando mostrar o inverso, ou seja, a
ausência de monocultura.

Assim, obtém-se a formula abaixo:

Ausência de Monocultura = 1 – (∑ das áreas as principais monoculturas selecionadas)


(∑ das áreas de culturas permanentes e temporárias)

Para o Estado de Goiás foram levadas em conta as principais monoculturas,


segundo dados obtidos junto à Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás –
SEPLAN/GO - (2009). Estas monoculturas selecionadas são: abacaxi, algodão
herbáceo, alho, arroz, café, cana-de-açúcar, feijão, laranja, milho, soja, sorgo
granífero, tomate e trigo. Conforme tabela abaixo, que compreende um período de
13 anos, estes produtos vêm se mantendo com maior nível de integração ao
mercado.

Tabela 3. ESTADO DE GOIÁS: Produção dos principais produtos agrícolas – 1995,


2000, 2005 - 2008.

Produto 1995 2000 2005 2006 2007 2008 (1)


Abacaxi (mil frutos) 19.728 54.495 39.242 38.549 41.249 52.184
Algodão herbáceo 157.031 254.476 432.045 202.914 296.553 286.750
Alho 7.838 10.206 12.593 12.277 22.707 23.330
Arroz (em casca) 419.871 294.629 374.627 229.716 249.008 238.565
Café 6.227 5.877 16.022 19.105 19.043 19.129
10.162.95 15.642.12
Cana-de-açúcar 7.690.407 9 5 19.049.550 22.387.847 33.359.559
Feijão (1ª, 2ª e 3ª safra) 132.350 200.415 280.461 268.478 253.668 220.449
Laranja 97.174 102.063 113.040 111.270 113.600 127.466
Milho (1ª, 2ª e 3ª safra) 3.476.900 3.659.475 2.855.538 3.297.193 4.155.599 5.101.543
Soja 2.146.926 4.092.934 6.983.860 6.017.719 5.937.727 6.604.805
Sorgo granífero 58.106 287.502 510.869 568.659 503.183 814.969
Tomate (mesa e industrial) 237.002 712.448 776.430 759.620 801.960 1.249.525
Trigo (sequeiro e irrigado) 3.613 8.509 49.885 47.918 48.018 86.465
Fonte: IBGE
Elaboração: SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2009.

43
Assim, após a manipulação dos dados e calculados os quatro sub-índices,
estes foram somados e divididos pela quantidade de elementos (média simples),
gerando o Índice de Desenvolvimento Rural - IDR.

IDR = (IPOP + IBES + IDE + IMA) / 4

A partir dos resultados obtidos através do cálculo dos sub-índices já descritos


anteriormente, obteve-se o valor dos Índices de Desenvolvimento Rural (IDR’s) de
cada um dos municípios do Estado de Goiás. Assim, os valores para o IDR variam
no intervalo entre 0 e 1, sendo que, quanto mais próximo de 1, maior o nível de
desenvolvimento rural.

Assim, a classificação se deu da seguinte forma:

Tabela 4. Tabela de resultado dos indicadores


Total de Classificação
Quartis
Municípios dos intervalos
Até 1º
"Muito Baixo"
quartil
Até 2º
"Baixo"
Número de quartil
municípios Até 3º
"Médio"
quartil
Até 4º
"Alto"
quartil
Fonte: Correa, Silva e Neder (2007).
Segundo demonstrado na Tabela 4, cada um dos municípios foi categorizado
em quatro níveis de IDR: (i) “Muito Baixo”: no qual estão contidos os municípios com
valor abaixo do primeiro quartil; (ii) “Baixo”: contendo os municípios com valores
entre o 1º quartil e a mediana; (iii) “Médio”: contendo os municípios com valores
entre a mediana e o terceiro quartil e; (iv) “Alto”: representando os municípios com
valores entre o 3º quartil e o maior valor observado.

1.7 Índice de População – IPOP

O objetivo desta parte do trabalho é apresentar os resultados referentes ao


Índice de População (IPOP), que busca mensurar o dinamismo populacional rural e
abrange dados sobre a) densidade demográfica da população; b) a variação da
população rural (entre 1991 e 2000); c) proporção da população rural no município; e
d) proporção das pessoas que não morou sempre no município.

44
A partir dos resultados obtidos percebe-se que o Estado de Goiás ainda
apresenta valores muito baixos de IPOP. Considerando que, conforme a
metodologia, quanto mais próximo de 1,00 for o resultado, maior é o
desenvolvimento da região, observa-se que o valor máximo deste indicador para os
municípios de goianos está situado num nível muito baixo (0,42). Este resultado
mostra o baixo dinamismo da população rural e se dá em parte pela baixa densidade
demográfica na maioria dos municípios do estado aliada a heterogeneidade regional
da população rural.

Assim, pelos dados apresentados na Tabela 5, percebe-se que os valores


medianos para o IPOP em ambas as regiões se comportaram de forma
relativamente homogênea (0,19 para porção Centro-Sul e 0,20 para o Centro-Norte).
Do mesmo modo, os valores mínimos e máximos de IPOP são menores para a
região Centro-Sul em comparação aos apresentados pelo Centro-Norte.

Tabela 5. Resultado do IPOP


IPOP Média Mínimo Máximo
Região Centro - Sul 0,1915 0,0779 0,3669
Região Centro - Norte 0,2040 0,1019 0,4202
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.
A classificação dos municípios segundo níveis de desenvolvimento auxilia no
momento da análise dos resultados. Portanto, observa-se que a partir dos resultados
percentis dos índices a classificação para os municípios ficou conforme
demonstrado na Tabela 6.

Tabela 6. Distribuição do IPOP


Total de Classificação Intervalos
Quartis
Municípios dos intervalos de IPOP
Até 1º 0.078 -
"Muito Baixo"
quartil 0.166
Até 2º 0.166 -
"Baixo"
quartil 0.221
241
Até 3º 0.221 -
"Médio"
quartil 0.297
Até 4º 0.297 -
"Alto"
quartil 0.420
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.
Os valores apresentados na Tabela 6 referem-se à divisão e classificação dos
resultados em quatro níveis de desenvolvimento rural. Assim, percebe-se que o

45
IPOP para a população do Centro-Norte e do Centro-Sul apresentam-se fortemente
concentrados nos níveis “muito baixo” ou “baixo”, conforme demonstrado abaixo.

Tabela 7. Divisão dos resultados do IPOP por regiões

IPOP Muito Baixo Baixo Médio Alto


Região Centro-
Sul 35% 39% 23% 3%
Região Centro
Norte 26% 35% 36% 4%
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.

Com efeito, observa-se que 4% dos municípios situados na região Centro-


Norte apresentaram valor “alto” de IPOP, enquanto a região Centro-Sul apresenta
3% na mesma situação. Quando se observa os níveis “baixo” e “muito baixo”,
percebe-se que a região Centro-Sul responde por 74% dos municípios ao passo que
a região Centro-Norte apresenta 60%. Assim, percebe-se que os municípios da
porção Centro-Norte do estado apresentam maiores valores de IPOP, no entanto,
verifica-se que a região Centro-Norte do estado apresenta uma maior população
rural em comparação ao Centro-Sul. Estes resultados podem ser mais bem
visualizados conforme demonstrados no mapa abaixo.

Figura 2. Índice de População – IPOP

Índice de População - IPOP

Go50mun
Muito Baixo
Baixo
Médio
Alto
N

W E
300 0 300 600 Kilometers
S

Fonte: Elaboração do autor


Deste modo, na análise dos que versam sobre a densidade demográfica, os
valores para os municípios de Goiás encontram-se no nível “muito baixo”, em

46
praticamente em todo o estado (Mapa 1, Apêndice II). As exceções ficam por conta
da Região Metropolitana de Goiânia17 e Anápolis além de algumas áreas do entorno
de Brasília. Entende-se, portanto, que estes dados corroboram com as idéias
apresentadas no capítulo anterior deste estudo onde mostra-se historicamente que a
população tendeu a migrar principalmente para áreas onde havia maior nível de
industrialização e a urbanização.

Quando se observa a variação da população rural entre 1991-2000 percebe-


se que, conforme Mapa 2 apresentado no Apêndice II, os municípios do Centro-
Norte apresentaram maior variação nesta população rural. Com efeito, há indícios
que as pessoas que perderam as suas propriedades rurais pelo processo de
modernização do campo acabaram se deslocando para os principais centros
industriais e urbanos do estado em busca de emprego e renda.

Embora possa ser observado que alguns municípios da região Centro-Sul


apresentem valores médios de variação da população rural no período de estudo
(Mapa 2 Apêndice II), verifica-se que estes são os municípios que apresentam maior
índice mecanização na atividade agrícola tendo, portanto, provocado intensa
migração da população.

Do mesmo modo, os resultados sobre a migração, ou seja, sobre as pessoas


que não residiram sempre no município (Mapa 3, Apêndice II) demonstram que a
maior parte do estado situa-se nos níveis “médio” e “alto”, o que confirma os fluxos
de migração que houve no período de modernização da agricultura.

O próximo item observado se refere à proporção da população rural-urbana


onde verifica-se que a região Centro-Norte apresenta grande parte dos valores entre
“médio” e “alto” (Mapa 4, Apêndice II), demonstrando que a população nesta região
ainda está fortemente presente no meio rural. Este resultado pode ser atribuído,
conforme defendido por Pires (2008), devido à fraca incorporação de progresso
técnico ocorrido nesta região que, se deu principalmente na região Centro-Sul e
ligada aos programas de financiamento estatais.

17
Que compreende os municípios de Goiânia, Abadia de Goiás, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia,
Bela Vista de Goiás, Goianápolis, Goianira, Hidrolândia, Nerópolis, Santo Antonio de Goiás, Senador
Canedo e Trindade conforme Lei Complementar nº 27 de 30 de dezembro de 1999.

47
1.8 Índice de Bem-Estar Social – IBES

O objetivo desta parte do trabalho é apresentar os resultados referentes ao


Índice de Bem-Estar Social (IBES), que abrange três aspectos referentes à
educação (proporção de crianças na escola, média dos anos de estudo e taxa de
analfabetismo) e dois indicadores que abarcam a infra-estrutura do domicilio.

Os dados acerca da educação são importantes pois demonstram que regiões


com as mais baixas taxas de analfabetismo deveriam apresentar um IDR mais
elevado. Do mesmo modo, a escolaridade média mostra o perfil da população rural
frente aos esforços de qualificação e manutenção da população na escola e na
oferta de serviços. O intuito é mostrar que municípios que empreendem maiores
esforços na educação e na melhoria da condição da vida das pessoas tendem a ter
um IDR mais elevado.

A partir dos resultados obtidos verifica-se que o Estado de Goiás apresenta


valores satisfatórios no que se refere ao IBES. Considerando o nível máximo 1,00,
conforme apresentado na metodologia, observa-se que o valor máximo calculado
para este indicador no estado está situado num nível relativamente alto (0,76) ao
mesmo tempo que o valor mínimo (0,27) não deve ser considerado como valor muito
baixo.

Tabela 8. Resultados do IBES


IBES Média Mínimo Máximo
Região Centro – Sul 0,5018 0,4146 0,7640
Região Centro – Norte 0,4555 0,0950 0,5915
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.
Ao fazer a diferenciação entre as regiões do estado, percebe que a população
rural dos municípios da porção Centro-Sul do estado dispõe de maior “Bem-Estar”,
se comparada a região Centro-Norte. Isto se dá considerando que o valor mínimo de
IBES para a região Centro-Sul (0,41) está bem acima do mesmo valor para a região
Centro-Norte (0,27). Do mesmo modo, os valores máximos para este indicador
também tem considerável diferença (0,76 e 0,59, respectivamente).

Tabela 9. Distribuição do IBES

48
Total de Classificação Intervalos
Quartis
Municipios dos intervalos de IBES
Até 1º 0.279 -
"Muito Baixo"
quartil 0.434
Até 2º 0.434 -
"Baixo"
quartil 0.488
241
Até 3º 0.488 -
"Médio"
quartil 0.546
Até 4º 0.546 -
"Alto"
quartil 0.764
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.

Pela análise dos dados contidos na Tabela 10 percebe-se que 72% dos
municípios do Centro-Norte tiveram resultados entre “muito baixo” e “baixo” para o
IBES enquanto na região Centro-Sul este valor é de 44%. Por outro lado, analisando
a classificação dos municípios com IBES “médio” ou “alto”, percebe-se que 53% da
porção Centro-Sul do território está enquadrada neste nível de desenvolvimento
enquanto a região Centro-Norte apresenta apenas 27% nesta mesma situação.

Tabela 10. Divisão dos resultados do IBES por regiões

IBES Muito Baixo Baixo Médio Alto


Região Centro-
Sul 1% 43% 41% 15%
Região Centro-
Norte 37% 35% 23% 4%
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.

Por meio das informações contidas nas tabelas acima e do mapa abaixo,
percebe-se que municípios que apresentam menores taxas de analfabetismo
tendem a ter um IDR mais elevado18. No mesmo sentido, quão maior for a média de
anos de estudo da população maior será o IDR porque isto demonstra os esforços
de qualificação empreendidos pela mesma. Do mesmo modo, quanto maior for o
valor da proporção das crianças nas escolas maior será o desenvolvimento rural
pois abarca os esforços da população no que concerne à educação básica.

Figura 3. Índice de Bem-Estar Social – IBES

18
Esta afirmação se dá pois, conforme a metodologia de cálculo do indicador, existe uma razão direta
de proporcionalidade entre o valor dos sub-índices e o valor do IDR.

49
Índice de Bem-Estar Social - IBES

Go50mun
0.279 - 0.434
0.434 - 0.488
0.488 - 0.546
0.546 - 0.764
N

W E
300 0 300 600 Kilometers
S

Fonte: Elaboração do autor


Analisando os dados que compõem o IBES, conforme apresentado na
metodologia, quando observa-se os resultados a taxa de analfabetismo é possível
perceber que a mesma se situa entre os níveis “muito baixo” e “baixo” em
praticamente todo o território goiano (Mapa 5, Apêndice II). A exceção se dá em
Santa Isabel, Nova Glória, Cachoeira Dourada, Nova Veneza e Buriti de Goiás que
foram classificados no nível “alto”.

Quando se verifica a quantidade de crianças de7 a 14 anos que residem no


meio rural freqüentando a escola percebe-se que praticamente todo o estado
apresenta níveis “baixo” ou “muito baixo” (Mapa 6, Apêndice II) onde a exceção fica
por conta de alguns municípios do norte e leste goianos , que estão situados na
região Centro-Norte.

Do mesmo modo, observando a média de anos de estudo da população


(Mapa 7, Apêndice II), na região Centro-Sul encontra-se a maior parte situada entre
os níveis “médio” e “alto” ao passo que o Centro-Norte do estado acumula 75% dos
municípios que obtiveram classificação “muito baixo”.

Na margem oposta aos resultados referentes às características da população


rural destes municípios, observa-se que existe grande heterogeneidade nas
características dos domicílios rurais nas regiões de estudo. No que se refere ao
acesso à água tratada (rede geral), observa-se que a região Centro-Norte possui a
maioria dos municípios classificados entre “baixo” e “muito baixo” (Mapa 8, Apêndice

50
II) enquanto a região centro-sul apresenta municípios que maior parte estão situados
entre “médio” e “alto”.

Nesta mesma linha, quando observa-se os dados sobre a utilização de água


canalizada em pelo menos um cômodo nos domicílios rurais percebe-se claramente
que a região Centro-Sul possui grande maioria do seu território com níveis “médio”
ou “alto” (Mapa 9, Apêndice II) em contraste com a região Centro-Norte que
apresenta em sua grande parte valores classificados como “muito baixo”, “baixo” e
“médio”.

Estes resultados corroboram com a idéia central deste estudo e demonstram


a heterogeneidade regional existente entre estes municípios. Por tudo isto, conclui-
se que a região Centro-Sul do Estado de Goiás, segundo os resultados
apresentados, possui maior “Bem-Estar” em comparação à porção Centro-Norte do
estado.

1.9 Índice de Desenvolvimento Econômico

O objetivo desta parte do trabalho é apresentar os resultados referentes ao


Índice de Desenvolvimento Econômico (IDE), que abrange dados sobre as pessoas
residentes no meio rural mas que não exercer atividades agrícolas (pluriatividade)
bem como rendimento médio domiciliar per capita. Este indicador procura mostrar o
perfil do mercado de trabalho e do rendimento “médio” dos domicílios rurais em cada
um dos municípios.

Os resultados obtidos com o cálculo deste índice, conforme Tabela 11,


apresentou valores relativamente baixos, se comparados ao valor máximo que pode
ser obtido (1,00). Ainda de acordo com esta tabela, o valor máximo do IDE para
ambas as regiões (0,63) está num nível está bastante distanciado do nível máximo
possível (1,00), o que demonstra que o estado ainda apresenta baixo nível de
dinamismo no mercado de trabalho.

Tabela 11. Resultados do IDE


IDE Média Mínimo Máximo
Região Centro - Sul 0,2328 0,0868 0,6359
Região Centro - Norte 0,2240 0,0950 0,5762
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.
Como pode ser observado pelos dados da Tabela 11, na região Centro-Sul
apresentou valor médio de 0,23 enquanto este mesmo valor encontrado para a
51
porção Centro-Norte foi de 0,22. Com efeito, a região Centro-Sul apresentou valores
mínimos de 0,087 e máximo de 0,63 ao passo que o valor máximo deste índice para
o Centro-Norte foi de 0,58 e o mínimo 0,095.

Tabela 12. Distribuição do IDE

Total de Classificação Intervalos


Quartis
Municipios dos intervalos de IDR
Até 1º 0.087 -
"Muito Baixo"
quartil 0.186
Até 2º 0.186 -
"Baixo"
quartil 0.268
241
Até 3º 0.268 -
"Médio"
quartil 0.406
Até 4º 0.406 -
"Alto"
quartil 0.636
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.
Pelos resultados apresentados na Tabela 13, observa-se que os resultados
para o IDE para as duas regiões não apresentou grandes oscilações, ou seja, o
rendimento médio per capita e a pluriatividade no meio rural goiano, em média,
apresentaram baixo nível de dispersão na comparação vis-à-vis.

Tabela 13. Divisão dos resultados do IDE por regiões

IDE Muito Baixo Baixo Médio Alto


Região Centro-
Sul 33% 41% 20% 6%
Região Centro-
Norte 36% 41% 21% 2%
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.

Do mesmo modo, observa-se que, conforme a Tabela 13, o nível de


“desenvolvimento econômico” entre as duas regiões se manteve praticamente
homogêneo. Percebe-se que entre os municípios da região Centro Sul 74%
apresentou classificação “muito baixo” ou “baixo” enquanto este valor para a região
Centro-Norte foi de 77%.

52
Figura 4. Índice de Desenvolvimento Econômico – IDE

Índice de Desenvolvimento Econômico - IDE

Go50mun
0.087 - 0.186
0.186 - 0.268
0.268 - 0.406
0.406 - 0.636
N

W E
300 0 300 600 Kilometers
S

Fonte: Elaboração do autor

Na análise que discorre sobre os níveis “médio” e “alto”, a região Centro-Sul


possui 26% dos municípios nesta condição ao passo que 23% dos municípios da
porção Centro-Norte estão nesta mesma situação. Com efeito, verifica-se que o
nível de “desenvolvimento”, explicado por este índice, ainda apresenta valores
baixos em quase todo o estado.

Na análise dos valores que compõem este índice (IDE) percebe-se que a
região Centro-Norte apresenta valores “muito baixo” para a renda per capita na
grande maioria do território ao passo que apresenta alguns municípios com
classificação “baixa” e “média” (Mapa 10, Apêndice II). Já a região Centro-Sul detém
os três municípios que apresentaram valor considerado “alto” no estado, apesar de
também apresentar muitos municípios classificados nos níveis “baixo” e “médio”.

Quando se observa valores que se referem à pluriatividade nos municípios


goianos, ou seja, pessoas que estão no meio rural e que não exercem atividades
agrícolas, (Mapa 11, Apêndice II) percebe-se que a maior parte do território
apresenta valores classificados como “muito baixo” ou baixo. As exceções ficam por
conta de algumas cidades no Entorno de Brasília e a Região Metropolitana de
Goiânia, que apresentaram valor “médio” e “alto”.

A utilização de dados secundários que abrangem as diversas matizes do


mercado de trabalho rural é de extrema importância porque a PEA rural não-agrícola
53
vem apresentando um grande crescimento nos últimos anos, o que impediu que a
PEA rural descrescesse19. Incluída nesta discussão, percebe-se também um
crescimento substancial da “pluriatividade”, que se refere à múltipla inserção dos
membros de uma mesma família no mercado de trabalho.

Outra informação importante incorporada neste indicador diz respeito ao


crescimento no número de não-ocupados no meio rural (desempregados e
aposentados residentes no campo). Estes dados confirmam o perfil do “novo rural”
que mostra que as pessoas residentes no não estão efetivamente ocupadas, ou
melhor, não estão ocupadas em atividades agrícolas. Considerando estas
informações, quanto maior for o número dos ocupado em atividades não-agrícolas
maior será o “Desenvolvimento Rural” da região20.

Do mesmo modo que Corrêa, Silva e Neder (2008), foram considerados


trabalhadores “agrícolas” as pessoas que estão classificadas como produtores na
exploração agropecuária e trabalhadores (agrícolas, pecuários e agropecuários),
pescadores, caçadores, extrativistas, trabalhadores da mecanização, irrigação,
drenagem e outros. Na consolidação dos dados foram retirados os trabalhadores
cujo o código de ocupação estivesse relacionado com atividades não-agrícolas
(indústria de transformação e construção, comércio, alimentação, transportes,
comunicações e serviços, dentre outras).

Por tudo isto, percebe-se que o IDE apresentou valores de certa forma
homogêneos para as duas regiões devido às baixas taxas de população rural
exercendo atividades não-agrícolas (pluriatividade) em praticamente todo o estado e
por apresentar rendimento médio per capita rural também num nível considerado
“muito baixo” em grande parte do estado.

19
Segundo Graziano e Del Grossi (1999) desde meados de 1980 existe uma intensa diminuição no
número de pessoas ocupadas em atividades agrícolas no Brasil. Este fato, segundo o autor, se dá
principalmente pela mecanização da colheita das principais culturas após o processo de
modernização da agricultura.
20
Existe uma dificuldade entre os pesquisadores no que tange à definição de quais atividades são
consideradas “não-agrícolas”. Por esta questão, foram utilizados dados da Classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE Domiciliar) obtidas no CD-ROM do Censo Demográfico – Microdados
(2000).

54
1.10 Índice de Meio Ambiente

O objetivo desta parte do trabalho é apresentar os resultados referentes ao


Índice de Meio Ambiente (IMA), que abrange dados sobre utilização de monocultura,
uso de adubos e fertilizantes bem como a incorporação de progresso técnico no
meio rural. O objetivo deste índice é captar preocupação do agricultor em utilizar
técnicas destinadas a garantir maior adequação dos solos à atividade agrícola bem
como prevenir contra os efeitos da mecanização, da exploração em monocultura e
do uso indiscriminado de produtos químicos.

A partir dos resultados encontrados para o Estado de Goiás percebe-se que o


valor máximo obtido pelo Índice de Meio Ambiente (0,79) pode ser considerado um
resultado fortemente positivo. Isto se dá pois, conforme a metodologia, quanto mais
próximo de 1 for o valor encontrado maior será o desenvolvimento da região.

No entanto, quando a análise passa a comparar as duas regiões (Centro-Sul


e Centro-Norte) percebe-se diferença considerável nos valores apresentados, como
demonstrado na Tabela 14.

Tabela 14. Resultados do IMA


IMA Média Mínimo Máximo
Região Centro - Sul 0,3126 0 0,7081
Região Centro - Norte 0,1941 0,004 0,6174
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.

A região Centro-Sul do estado apresenta média (0,31) bem superior quando


comparada com a região Centro-Norte (0,19). No mesmo sentido, percebe-se que o
valor máximo para a primeira região, conforme demonstrado na Tabela 14, é de 0,71
ao passo que a região Centro-Norte apresenta máximo na ordem de 0,62.

Tabela 15. Distribuição do IMA

Total de Classificação Intervalos


Quartis
Municípios dos intervalos de IMA
Até 1º
"Muito Baixo" 0 - 0.133
quartil
Até 2º 0.133 -
"Baixo"
quartil 0.259
241
Até 3º 0.259 -
"Médio"
quartil 0.389
Até 4º 0.389 -
"Alto"
quartil 0.708
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.

55
Quando é feita a distribuição dos resultados segundo os níveis definidos na
metodologia, percebe-se que a região Centro-Norte possui 78% dos seus municípios
classificados em “muito baixo” ou “baixo”. Na mesma análise, a porção Centro-Sul
do território possui apenas 29% dos municípios nestes níveis.

Na margem oposta, a região Centro-Sul apresenta 71% dos municípios com


valores de IMA considerados “médio” e “alto”, conforme demonstrado na Tabela 16
enquanto o Centro-Norte possui apenas 22% dos municípios nesta mesma
condição.

Tabela 16. Divisão dos resultados do IMA por regiões

IMA Muito Baixo Baixo Médio Alto


Região Centro-
Sul 8% 21% 44% 26%
Região Centro-
Norte 28% 49% 17% 5%
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.

Assim, através dos resultados acima apresentados e pela análise do mapa


apresentado abaixo, pode-se verificar que a região Centro-Sul do Estado de Goiás
apresentou maiores valores para o Índice de Meio Ambiente (IMA). Este resultado
corrobora com as idéias defendidas por Pires (2008) que mostram a região Centro-
Sul como dotada de maior dinamismo devido à incorporação de técnicas modernas
de cultivo agrícola.

Figura 5. Índice de Meio Ambiente – IMA

56
Índice de Meio Ambiente - IMA

Go50mun
0 - 0.133
0.133 - 0.259
0.259 - 0.389
0.389 - 0.708
N

W E
300 0 300 600 Kilometers
S

Fonte: Elaboração do autor


Deste modo, entende-se que atividades ligadas à agricultura familiar devem
apresentar um maior índice de conservação do solo e a idéia implícita neste
indicador é mostrar que lavouras intensivas em monoculturas altamente
mecanizadas geram maior impacto ambiental. Este argumento está baseado nos
estudos desenvolvidos por Olivette (2003 apud Kageyama, 2004), que defende que
a especialização da produção nas culturas “modernas” são grandes consumidoras
de agrotóxicos, poluidoras de ar e/ou empobrecedoras de solo.

Com efeito, entende-se que a exigência de técnicas que agridam o meio


ambiente tende a ser relativamente menor para as atividades que são desenvolvidas
no “novo rural”. Portanto, a expectativa é que exista maior presença da agricultura
familiar nas regiões onde o Desenvolvimento Rural esteja num grau mais elevado.
Assim, quanto maior o IMA, menor a tendência de monocultura e maior tende ser a
utilização de práticas de conservação do solo.

De modo geral, verifica-se que, segundo os resultados obtidos, a região


Centro-Sul apresentou maior nível de desenvolvimento rural no que concerne ao
meio ambiente. Assim, verifica-se portanto, que nas regiões onde houve maior
incorporação de progresso técnico na agricultura, existem também maior
preocupação no que concerne à adoção de práticas de conservação do solo e
adequação dos solos à atividade agrícola. Sendo assim, percebe-se que a região
Centro-Sul apresenta níveis “médio” e “alto” na grande maioria do território ao passo

57
que a região Centro-Norte, a maior parte, demonstrou níveis “muito baixo” e “baixo”
para este item (Mapa 12, Apêndice II).

No que se refere ao uso de fertilizantes (Mapa 13, Apêndice II), os valores


são “muito baixo” ou “baixos” para toda região Centro-Norte e parte da região
Centro-Sul. As exceções ficam por conta de alguns municípios da região do Sudeste
e Centro goianos (que fazem parte da região Centro-Sul) que apresentaram valores
classificados como “médio” e “alto” nesta parcela do território. Assim, percebe-se
que as regiões que primeiro se integraram ao mercado e tiveram maior incorporação
de progresso técnico, apresentam maiores taxas de utilização de fertilizantes.

Acerca dos valores de ausência de monocultura (Mapa 14, Apêndice II),


percebe-se que praticamente todos os municípios do estado apresentaram valores
classificados como “muito baixo” ou “baixo”. Este resultado se dá, em grande parte,
devido ao fato de grande parte da estrutura fundiária continuar concentrada em
grandes e médias propriedades em praticamente todo o estado.

Assim, este resultado corrobora com a idéia que defende que a existência
destas grandes propriedades rurais colabora fortemente para a exploração agrícola
no regime de monocultura enquanto as áreas com agricultura familiar tendem a
apresentar maior diversificação nas atividades (Correa, Silva e Neder, 2008).

1.11 Índice de Desenvolvimento Rural

O objetivo desta parte do trabalho é discutir e apresentar os resultados


referentes ao Índice de Desenvolvimento Rural (IDR) para os municípios do Estado
de Goiás. O cálculo deste índice abrange dados sobre a população, domicílios,
mercado de trabalho e modo de cultivo das áreas rurais para, através da
quantificação, definir o grau de desenvolvimento rural para os municípios do estado.

Assim, a partir da análise dos resultados obtidos verifica-se que o Estado de


Goiás ainda apresenta um nível pouco satisfatório de desenvolvimento rural.
Tomando por referência o valor máximo considerado na metodologia (1,00) e o valor
máximo apresentado pelos resultados (0,50), percebe-se o desenvolvimento rural
ainda não está fortemente incorporado aos ambientes rurais do estado.

Tabela 17. Resultados do IDR

58
IDR Média Mínimo Máximo
Região Centro - Sul 0,3097 0,1967 0,4957
Região Centro - Norte 0,2694 0,1785 0,3898
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.
Pelos dados apresentados na Tabela 17 verifica-se que a região Centro-Sul
apresentou melhores resultados em comparação à região Centro-Norte. Os valores
da média para a primeira região ficou 4 pontos percentuais acima do valor
encontrado para a segunda região. Do mesmo modo, os valores para máximos de
cada região também apresentaram considerável variação (0,5 para a região Centro-
Sul e 0,39 para a região Centro-Norte).

Tabela 18. Distribuição do IDR

Total de Classificação Intervalos


Quartis
Municípios dos intervalos de IDR
Até 1º 0.187 -
"Muito Baixo"
quartil 0.253
Até 2º 0.253 -
"Baixo"
quartil 0.292
241
Até 3º 0.292 -
"Médio"
quartil 0.339
Até 4º 0.339 -
"Alto"
quartil 0.491
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.
Deste modo, verifica-se que a região Centro-Sul apresentou maiores valores
para o IDR vis-a-vis à região Centro-Norte do estado. Conforme os resultados
obtidos, 71% dos municípios da região Centro-Norte apresentaram valores para o
IDR classificados como “muito baixo” ou “baixo” sendo que, para a região sul, este
valor é de 37%.

Tabela 19. Divisão dos resultados do IDR por regiões

IDR Muito Baixo Baixo Médio Alto


Região Centro-
Sul 10% 27% 41% 22%
Região Centro-
Norte 41% 30% 22% 7%
Fonte: Tabulação própria, a partir dos dados gerados.

Por outro lado, a região Centro-Sul apresenta 63% dos seus municípios
classificados nos níveis “médio” e “alto” de desenvolvimento rural enquanto a região
Centro-Norte possui apenas 29% dos municípios nesta situação. Pelo mapa abaixo
pode-se visualizar os resultados do IDR para o estado.

59
Figura 6. Índice de Desenvolvimento Rural

Índice de Desenvolvimento Rural - IDR

Go50mun
0.187 - 0.253
0.253 - 0.292
0.292 - 0.339
0.339 - 0.491
N

W E
300 0 300 600 Kilometers
S

Fonte: Elaboração do autor

De modo geral, percebe-se que os valores do IDR para a região Centro-Sul


são mais altos quando comparados à região Centro-Norte do estado. Assim, infere-
se que, a partir da metodologia aplicada e dos resultados obtidos, o Centro-Sul
apresenta nível de desenvolvimento rural mais elevado em relação ao Centro-Norte
de Goiás.

60
CONCLUSÃO

O objetivo geral deste trabalho foi entender como se objetivou o


desenvolvimento rural nos municípios de Goiás no interregno censitário de
1996/2000. Para tanto, buscou-se compreender as origens do termo
desenvolvimento demonstrando que as tentativas de definição deste termo se
iniciaram ainda junto à Escola Clássica de Pensamento Econômico.

A hipótese adotada para este trabalho afirma que Goiás apresenta “ilhas” com
notável grau de desenvolvimento rural em contraste com outras que apresentam
baixo dinamismo. Esta discussão se justifica pois nos escritos dos pensadores
clássicos que se encontra as primeiras tentativas de definição do desenvolvimento.
Assim, Smith (1996) defende que o desenvolvimento das nações ocorre graças à
divisão do trabalho e num movimento natural das economias. Por outro lado,
Ricardo (1996) afirma que o desenvolvimento de uma economia está atrelado ao
lucro dos empresários e apresenta o lucro como fator motivador para a dinâmica da
economia.

Trazendo uma visão mais dinâmica ao processo de desenvolvimento,


Schumpeter (1997) afirma que uma economia seguindo o fluxo circular está apenas
crescendo, não apresentando, portanto, desenvolvimento. Segundo Schumpeter
(1997) é preciso perturbar o equilíbrio de modo a dinamizar a economia e este
processo de dinamização da economia só se dá devido à presença do empresário-
inovador, que é o agente central do desenvolvimento econômico de uma sociedade.

No Brasil, os debates sobre o desenvolvimento adquirem contornos no pós-


guerra com os trabalhos da CEPAL, que defende que a divisão internacional do
trabalho defendida por Ricardo (1996) criou estágios diferenciados de
desenvolvimento econômico entre os países do centro e da periferia. Portanto, por
causa da difusão heterogênea do progresso técnico, os ganhos da periferia
transferem-se para os países centrais aumentando a disparidade econômica
existente entre eles.

Adotando esta idéia, Furtado (1979) afirma que mesmo existindo a


incorporação do progresso técnico na periferia este acontece de forma desigual e

61
cria uma estrutura econômica heterogênea, onde coexistem estruturas modernas e
arcaicas, que caracteriza o subdesenvolvimento. Assim, compreende-se que,
segundo a assertiva de Furtado (1980) o desenvolvimento tem como objetivo central
determinar as transformações na estrutura econômica das sociedades, mas
incorporando, cada vez mais, parcelas da população que estavam à margem do
sistema.

Entretanto, uma das fases do desenvolvimento objetiva-se nas


transformações do setor rural da economia onde este passa a absorver costumes
urbanos e desenvolver novas características. Com efeito, estudando as áreas rurais
do Brasil, Kageyama (2004, p. 2) percebeu que “a grande propriedade já não reina
absoluta, a agricultura se modernizou, a população rural passou a obter rendimentos
nas adjacências das cidades e a própria indústria penetrou nos espaços rurais”.

No mesmo sentido, Correa, Silva e Neder (2008) constaram que o rural


apresenta novas características que definem o seu grau de desenvolvimento. Assim,
estes autores afirmam que: i) o “rural” não é sinônimo de “agrícola”; ii) o “rural” deve
conter o aspecto da pluriatividade; iii) o espaço “rural” pode exercer as funções
ambiental, ecológica e social, (multifuncionalidade); iv) deve haver a compreensão
de que não existe um isolamento absoluto entre os espaços rurais e urbanos, visto
que se estabelece em redes mercantis sociais e institucionais entre o “rural” e vilas
adjacentes; v) áreas rurais possuem densidade populacional baixa.

Por tudo isto, percebe-se que as novas características do “novo rural” são
decorrentes do processo de modernização da agricultura que ocorreu a partir de
1970 que, conforme literatura apresentada, criou uma estrutura onde coexistem o
moderno e o atrasado. Por isto, devido a diferentes níveis de incorporação do
progresso técnico, existem algumas regiões que foram influenciadas com menor
intensidade por esta modernização e, conseqüentemente, não incorporaram
efetivamente o desenvolvimento nas suas estruturas.

Como resultado da modernização do campo em Goiás percebe-se mais


intensa migração da população do meio rural para as regiões mais urbanizadas e
industrializadas (Goiânia e Anápolis). Este fenômeno dá origem a uma persistente
diminuição na população rural ao passo que ocorre o aumento das taxas de
urbanização nas cidades mais industrializadas.

62
Com efeito, pelos resultados encontrados percebe-se que os frutos da
modernização da agricultura, que é o estopim para o desenvolvimento rural, podem
ser observados com mais intensidade na região Centro-Sul do estado ao passo que
a porção Centro-Norte do território não foi influenciada fortemente por este processo
de modernização do campo.

Isto se deu porque a região Centro-Norte do estado não esteve fortemente


ligada ao processo de modernização que acontecia no meio rural. Como este
processo se deu ancorado nas linhas de financiamento estatais e, conforme
Estevam (1998), os produtores descapitalizados não tiveram acesso a estas fontes
de recursos, as regiões mais integradas ao comércio exportador obtiveram estes
benefícios com maior intensidade.

Deste modo, conforme resultados apresentados, devido a menor


incorporação do progresso técnico nas atividades agrícolas, a região Centro-Norte
apresenta fortes indícios de que a sua exploração agropecuária permanece baseada
nos métodos tradicionais utilizando-se de mão de obra familiar, baixa incorporação
de inovações químicas e mecânicas além do manejo de culturas voltadas para o
consumo interno. No entanto, deve ser ressaltado que, por não ser objeto deste
estudo, este item não abordado visto que demandariam outras pesquisas.

Por outro lado, a região Centro-Sul do estado volta-se, sobretudo para


culturas de “exportação” (setor agroindustrial do mercado interno e externo) com
crescente incorporação de progresso técnico, utilizando-se de fertilizantes,
defensivos agrícolas e intensa mecanização da atividade agrícola.

Assim, conclui-se que no Brasil, o processo de desenvolvimento econômico


que ocorreu de forma extremamente desigual faz com que coexistam situações
rurais extremadas. Devido à existência de estruturas arcaicas convivendo com
estruturas modernas percebe-se que, em algumas regiões do país, o
desenvolvimento rural já está bastante avançado ao passo que em outras este
processo praticamente inexiste.

Portanto, entende-se que o desenvolvimento rural é resultado de fatores


internos e externos ao meio rural. Assim, os fatores externos estão ligados à
ampliação do acesso da população rural a bens de consumo equiparado aos

63
citadinos21 que, aliados à globalização, crises de emprego, etc. confirmam os efeitos
das novas relações econômicas no rural. Por outro lado, os fatores internos que
advêm da modernização da agricultura, por meio da incorporação de progresso
técnico às atividades agrícolas, trouxe “ares de modernidade” para o meio rural.

No entanto, seguindo o que ocorreu no desenvolvimento da economia do


país, o processo desenvolvimento no meio rural também se deu de forma desigual e
fortemente excludente. Com efeito, as características de heterogeneidade típicas
das economias subdesenvolvidas também estão presentes no meio rural criando
duas regiões distintas no mundo rural: uma moderna e outra atrasada. As regiões
modernas apresentam grande dinamismo e, como tal, possuem grande parte das
características demonstradas pelo desenvolvimento rural. As regiões atrasadas, por
menos incorporadas a este processo de desenvolvimento, podem apresentar poucas
ou nenhuma das características que definem este novo momento.

Em Goiás os resultados obtidos pelo cálculo do Índice de Desenvolvimento


Rural confirmam a hipótese deste trabalho pois verifica-se que a região Centro-Sul
apresentou maior nível de desenvolvimento vis-à-vis a porção Centro-Norte do
território. Este resultado se dá porque houve menor penetração da modernização do
campo na região Centro-Norte em comparação ao Centro-Sul do estado.

21
Na França, os habitantes do campo gozam hoje de todas as amenidades da vida urbana: todos os
lares são equipados com banheiros, cozinha moderna, máquina de lavar roupa, geladeira, televisão e
automóvel (Wanderley, 2000).

64
REFERÊNCIAS

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