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PPGE3M
Porto Alegre
2014
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
PPGE3M
Porto Alegre
2014
I
II
Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre em
Engenharia, área de concentração em Ciência e Tecnologia dos Materiais, e aprovada em
sua forma final, pelo orientador e pela Banca Examinadora do Programa de Pós-
Graduação.
Banca Examinadora:
III
Dedico esta dissertação a minha mãe Zenilda Machado Costa, ao meu pai Valdemar da
Silva Costa, minha irmã Bruna Machado Costa e a minha namorada Paula Tassoni.
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos colegas do grupo GEM (Grupo de Ensaios Mecânicos) Bill Paiva,
Diego Vieira, Agnes Fróes, João Herrmann, Lucas Ranzi, Daniel Fabrício e Jefferson Haag
por me ajudarem direta ou indiretamente na realização deste trabalho.
Agradeço aos colegas do grupo GAF (Grupo de Análise de Falhas) Cristian Pohl
Meinhardt, Lucas Mendonça e Henrique Schwendler pela ajuda fornecida.
Agradeço ao Professor Dr. Telmo Roberto Strohaecker pela orientação e por todas
as oportunidades oferecidas;
V
SUMÁRIO
VI
4.3 Micrografia ........................................................................................................... 57
4.4 Dureza ................................................................................................................... 59
4.5 Ensaio de Tração ................................................................................................... 62
4.6 Ensaio de Charpy .................................................................................................. 64
4.7 Ensaio de CTOD ................................................................................................... 69
5.0 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 78
6.0 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................... 79
7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 80
8.0 APÊNDICE .............................................................................................................. 85
8.1 Resultados dos ensaios de tração .......................................................................... 85
8.2 Resultados do ensaio de Charpy-V ....................................................................... 86
8.3 Resultados dos ensaios de CTOD ......................................................................... 88
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Exemplos de aplicações dos aços resistentes à abrasão. Caixa de carga de um
caminhão utilizado para transporte em mineração (a), caixa de carga de um
implemento rodoviário (b) e calha para descarregamento de concreto (c). ... 17
Figura 2.1 Soldagem com arame tubular com gás de proteção (a) e sem gás de proteção
– autoprotegido (b) (ESAB, 2013). ................................................................ 19
Figura 2.2 Soldagem com arame metal cored utilizando como gás de proteção: 75% Ar e
25% CO2 (a) e 100% CO2 (b) adaptado de STARLING, et al., 2011. ........... 20
Figura 2.3 Fluxograma apresentando as variações da soldagem por arame tubular. ...... 21
Figura 2.4 Processo de fabricação do arame tubular (ESAB, 2013). .............................. 22
Figura 2.5 Sistema de classificação para eletrodo tubular usado para soldagem de aço
carbono. .......................................................................................................... 22
Figura 2.6 Comparação da taxa de deposição entre diferentes processos de soldagem
(ESAB, 2013) ................................................................................................. 23
Figura 2.7 Ilustração das diferentes abordagens para projeto mecânico (HAAG, 2012). 24
Figura 2.8 Representação da definição de CTOD (ANDERSON, 2005) ....................... 27
Figura 2.9 Ilustração de um corpo de prova do tipo SE(B) a ser testado. ....................... 28
Figura 2.10 Possíveis gráficos que podem ser obtidos no ensaio de CTOD adaptado de BS
7448-1............................................................................................................. 28
Figura 2.11 Determinação de Vp para o cálculo da componente plástica do CTOD
(ANDERSON, 2005). .................................................................................... 30
Figura 2.12 Representação das componentes para o cálculo do CTOD plástico de um
corpo de prova tipo SE(B) (ANDERSON, 2005) .......................................... 31
Figura 2.13 Corpos de prova para ensaio de impacto, conforme a norma ASTM E23 (a).
Localização do corpo de prova no equipamento para ser ensaiado Charpy (b)
e Izod (c) (GARCIA, et al., 2012). ................................................................ 32
Figura 2. 14 Dispositivo utilizado para medição da expansão lateral (a). Representação das
metades de um corpo de prova Charpy-V, ilustrando a medida de expansão
lateral, dimensões A1, A2, A3, A4 e a largura original, dimensão W. ............. 33
VIII
Figura 2. 15 Imagem apresentando as fraturas para análise comparativa da quantidade de
fratura dúctil e frágil. Onde 100% representam uma fratura totalmente dúctil e
0% representa uma fratura totalmente frágil (ASTM E23, 2007). ................ 34
Figura 2. 16 Representação esquemática de um equipamento utilizado para ensaio de
impacto (GARCIA, et al., 2012). ................................................................... 35
Figura 2. 17 Gráfico típico de um material que apresenta uma transição dúctil-frágil
significativa (a). Gráfico apresentando o comportamento de diferentes
materiais submetidos ao ensaio de impacto (b) (CIMM, 2014). .................... 36
Figura 2. 18 Representação dos critérios para temperatura de transição dúctil-frágil obtidos
pelo ensaio Charpy (CIMM, 2014). ............................................................... 37
Figura 2. 19 Efeito da orientação do corpo de prova (a) e do teor de carbono (b) na curva
de transição dúctil-frágil (GARCIA, et al., 2012). ......................................... 38
Figura 3. 1 Chapa soldada (a). Região da chapa após a usinagem do reforço de solda (b).
........................................................................................................................ 39
Figura 3. 2 Desenho da configuração da junta utilizada. .................................................. 40
Figura 3. 3 Disposição esquemática das amostras na chapa soldada. .............................. 42
Figura 3. 4 Fluxograma apresentando as etapas para confecção dos corpos de prova. .... 43
Figura 3. 5 Macrografia ilustrando o posicionamento para usinagem dos entalhes na
região do metal de solda (A) e na região da ZAC (B).................................... 43
Figura 3. 6 Corpo de prova com o plano da trinca através da espessura (through thickness
crack) (ANDERSON, 2005). ......................................................................... 44
Figura 3. 7 Desenho dos corpos de prova para ensaio de CTOD da junta soldada (a) do
metal base (b). ................................................................................................ 44
Figura 3. 8 Dimensões do corpo de prova utilizado no ensaio de impacto Charpy-V. .... 45
Figura 3. 9 Dimensões do corpo de prova de tamanho reduzido utilizado para ensaio de
tração do metal base e da junta soldada. ........................................................ 46
Figura 3. 10 Máquina utilizada para os ensaios de tração (a). Corpo de prova preso na
garra para realização do ensaio (b). ................................................................ 46
Figura 3. 11 Montagem do equipamento para realização do ensaio de CTOD. ................. 48
Figura 3. 12 Montagem do equipamento utilizado para realizar os ensaios de impacto a
baixa temperatura (a) e cuba utilizada para resfriar os corpos de prova (b). . 50
Figura 3. 13 Equipamento utilizado para realização do ensaio de impacto Charpy. .......... 51
Figura 3. 14 Posição em que foi realizado o perfil de microdureza. .................................. 53
Figura 3. 15 Amostra utilizada para análise química do metal de solda. ........................... 53
IX
Figura 4. 1 Diagrama de Graville, adaptado de DATTA, et al., 2002. ............................. 55
Figura 4. 2 Macrografia da junta soldada (a) e falta de fusão (b). .................................... 56
Figura 4. 3 Microestrutura do metal base Hardox 450. (500X). Nital 2%. ...................... 57
Figura 4. 4 Microestrutura da ZAC, B – bainita, FS(NA) – ferrita de segunda fase não
alinhada e FS(A) – ferrita de segunda fase alinhada.(500X). Nital 2%. ........ 58
Figura 4. 5 Microestrutura do MS, FA – ferrita acicular e FP – ferrita poligonal (500X).
Nital 2%.......................................................................................................... 59
Figura 4. 6 Perfil de microdurezas Vickers superior (a) e inferior (b). ............................. 60
Figura 4. 7 Perfil de microdureza Vickers no metal base-MB (a) e no metal de solda-MS
(b). .................................................................................................................. 62
Figura 4. 8 Amostra da JS fraturada após o ensaio de tração. .......................................... 63
Figura 4. 9 Curva tensão-deformação de engenharia das amostras ensaiadas. MB linha
contínua e JS (Junta Soldada) linha pontilhada. ............................................. 64
Figura 4. 10 Curva de transição dúctil-frágil para o MB (linha continua), MS (linha
pontilhada) e ZAC (linha tracejada). .............................................................. 64
Figura 4. 11 Ilustração do ponto de realização de MEV nas amostras fraturadas no ensaio
de Charpy-V. .................................................................................................. 65
Figura 4. 12 Corpos de prova fraturados após o ensaio de impacto Charpy-V. ................. 66
Figura 4. 13 Fractografia do MB (a) 25ºC, (b) -20ºC e (c) -100ºC. ................................... 67
Figura 4. 14 Fractografia do MS (a) 25ºC, (b) -20ºC e (c) -100ºC. .................................... 67
Figura 4. 15 Fractografia da ZAC (a) 25ºC, (b) -20ºC e (c) -100ºC. .................................. 68
Figura 4. 16 Gráficos Força versus CMOD nas temperaturas ensaiadas. .......................... 69
Figura 4. 17 Gráfico CTOD versus Temperatura para MB (linha continua), MS (linha
pontilhada) e ZAC (linha tracejada). .............................................................. 71
Figura 4. 18 Comparação múltipla das médias para relação RxT. ..................................... 72
Figura 4. 19 Comparação múltipla das médias para relação TxR. ..................................... 73
Figura 4. 20 Amostras fraturadas após o ensaio de CTOD. ............................................... 74
Figura 4. 21 Fractografia da MB (a) 25ºC, (b) 0ºC e (c) -20ºC. ...................................... 75
Figura 4. 22 Fractografia da MS (a) 25ºC, (b) 0ºC e (c) -20ºC. ...................................... 75
Figura 4. 23 Fractografia da ZAC (a) 25ºC, (b) 0ºC e (c) -20ºC. .................................... 76
Figura 4. 24 Fractografia em MEV da amostra ZAC -04 a 25ºC (a) 50X e (b) 200X para
determinação do δc. ........................................................................................ 77
X
LISTA DE TABELAS
XI
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
MB Metal Base;
MS Metal de Solda;
HB Dureza Brinell;
JS junta soldada;
XII
P Carga aplicada;
LE Limite de escoamento;
a Tamanho de trinca;
σ Tensão aplicada;
Y Fator de forma;
f (a/W) é uma função adimensional do tamanho da trinca (a) sobre a largura (W).
u CTOD crítico no inicio da fratura instável ou pop-in que possui mais de 0,2mm de
crescimento estável de trinca;
XIII
RESUMO
XIV
ABSTRACT
Abrasion resistant steels have a high hardness, being widely used in applications
where the component or structure is subjected to situations where high strength and wear
resistance is required. This type of steel can be applied to the production of road
equipment, agricultural implements, mounting blast furnaces and in the mining industry.
The present work analyzes the influence of low temperature on the toughness of an
abrasion resistant steel joint of 450HB series welded through the FCAW (Flux Cored Arc
Welding-FCAW) process. It was performed tests of impact toughness (Charpy-V) in the
base metal, weld metal and HAZ in the temperatures of 25ºC, 0ºC, -20ºC, -60ºC, -80ºC e
-100ºC with the objective to raise the ductile-fragile transition curve for each one of these
regions. Tests for measurement of fracture toughness by CTOD (Crack Tip Opening
Displacement) parameter in the regions of the base metal, weld metal and HAZ in the
temperatures of 25 º C, 0 º C, -20 º C were also performed. In addition, Vickers
microhardness profile, Brinell hardness, chemical analysis of the base metal and weld
metal, metallographic characterization (macrograph and micrographs) and fractography
analysis were performed to complement the study of the welded joint.
The results show better performance of the base metal in relation to the impact test,
however, the weld metal showed a better fracture toughness. The region of the HAZ
showed the worst performance among regions in both toughness tests performed.
Key words: abrasion resistant steel; FCAW; toughness; ductile-fragile transition; Charpy-
V; CTOD.
XV
16
1.0 INTRODUÇÃO
Estes aços são produzidos por laminação a quente e processados por tratamento
térmico de têmpera e revenido. Estes aços apresentam microestrutura martensítica de
elevada dureza ao longo de toda espessura da chapa, devido à combinação entre o carbono
e os elementos de liga adicionados a estes aços (Níquel, Cromo, Molibdênio e o Boro)
(Guimarães, et al., 2011). Sendo este material muito utilizado em aplicações em que são
exigidos elevados níveis de resistência mecânica (possui resistência à tração superior a
1200 MPa) e resistência à abrasão, conciliando boa tenacidade e soldabilidade.
Esse tipo de aço resistente ao desgaste é produzido por várias usinas siderúrgicas,
sendo normalmente identificado pelo nome da marca seguido da dureza do aço, que é
medido em Brinell. Quanto maior for a dureza requerida para o aço, mais difícil será para
produzi-lo e soldá-lo. Por esta razão, as chapas com dureza de cerca de 400-450 Brinell,
são as mais amplamente utilizadas. No entanto, para condições abrasivas mais severas, as
chapas estão disponíveis em níveis de 500-600 Brinell de dureza.
a) b)
c)
Figura 1.1 Exemplos de aplicações dos aços resistentes à abrasão. Caixa de carga de
um caminhão utilizado para transporte em mineração (a), caixa de carga de
um implemento rodoviário (b) e calha para descarregamento de concreto (c).
Tendo em vista a crescente utilização deste tipo de aço, este trabalho visa avaliar a
tenacidade de uma junta soldada de um aço resistente à abrasão da série 450HB quando
submetido a temperaturas inferiores a temperatura ambiente.
18
2.1 Soldagem ao arco elétrico com arame tubular (Flux-cored arc welding- FCAW)
Neste processo, o calor necessário para a fusão localizada é fornecido pelo arco
elétrico formado pelo arame continuamente alimentado e o material que está sendo
soldado. Este processo de soldagem é similar ao processo MIG/MAG. Porém, existe a
necessidade de uma adequação no sistema de alimentação do arame. Se faz necessária a
substituição das roldanas lisas utilizadas com arames sólidos, por roldanas recartilhadas,
especialmente desenvolvidas para alimentação de arames tubulares (ESAB, 2013). Essa
troca da roldana está relacionada ao fato de o arame tubular ser mais flexível do que o
arame sólido, necessitando, assim, de uma menor pressão para o tracionamento. Desta
forma, a utilização da roldana recartilhada garante uma alimentação adequada do arame
sem necessitar do emprego de uma alta pressão de aperto.
O arame tubular apresenta um fluxo interno com função similar ao fluxo utilizado
nos eletrodos revestidos. Este fluxo é composto de pós de materiais inorgânicos e/ou
metálicos, que têm como principais funções: desoxidar o metal de solda (MS), estabilizar o
arco, aumentar a taxa de deposição através do pó de ferro, formar gás de proteção pela
decomposição de alguns dos seus elementos e estabelecer conveniente geometria do
cordão de solda (RODRIGUES, 2010). A composição química do fluxo utilizado no arame
tubular também tem influência significativa nas propriedades do metal depositado.
a) b)
Figura 2.1 Soldagem com arame tubular com gás de proteção (a) e sem gás de proteção
– autoprotegido (b) (ESAB, 2013).
O fluxo utilizado nos arames tubulares com gás de proteção pode ser dividido em
Metal Cored ou Flux Cored, com as seguintes características:
Metal Cored: Este tipo de arame tubular caracteriza-se por possuir um fluxo interno
composto por pós metálicos, o que proporciona alta eficiência de deposição (cerca de
95%). Este tipo de arame também possui baixa formação de respingos, baixa quantidade de
formação de fumos (melhor ambiente de trabalho) e baixo índice de hidrogênio difusível.
Flux Cored: Este arame possui um fluxo interno composto por pós não metálicos, o
que proporciona maior produtividade através de maiores velocidades de soldagem. A
soldagem com este tipo de arame tubular proporciona a formação de escória, que além de
proteger a poça de fusão, contribui para um melhor desempenho na soldagem fora de
posição. É largamente utilizado nas indústrias de construção naval, offshore e em soldagem
de dutos. Podem ser do tipo rutílico ou básico, sendo o rutílico mais comum e indicado
para aplicações gerais, e o básico para aplicações que requerem altíssima tenacidade
(ESAB, 2013).
Normalmente, utiliza-se como gás de proteção CO2 puro ou uma mistura de gases,
sendo a mais comum composta por 75% Argônio e 25% CO2. Entretanto, a mudança de
um gás de proteção para outro influencia no nível de respingos, nas características
geométricas do cordão, no tipo de transferência, na estabilidade do arco, entre outras
(RODRIGUES, et al., 2008). Para ilustrar uma dessas alterações provocadas pela mudança
20
do gás, a Figura 2.2, apresenta uma comparação de dois cordões de solda em que os
autores alteraram o gás de proteção e mantiveram os mesmos parâmetros de soldagem
(STARLING, et al., 2011).
a)
b)
Figura 2.2 Soldagem com arame metal cored utilizando como gás de proteção: 75% Ar
e 25% CO2 (a) e 100% CO2 (b) adaptado de STARLING, et al., 2011.
Figura 2.5 Sistema de classificação para eletrodo tubular usado para soldagem de aço
carbono.
Este processo também requer menor habilidade por parte do soldador quando
comparado com o processo MIG/MAG. É um processo mais simples e adaptável do que o
processo por arco submerso, apresenta maior penetração do que o processo por eletrodo
revestido e possui uma maior facilidade e produtividade na soldagem fora de posição,
como apresentado na Tabela 2.1.
Por outro lado, a soldagem por eletrodo tubular apresenta algumas desvantagens,
tais como: maior produção de fumos de soldagem quando comparado com os processos
24
Figura 2.7 Ilustração das diferentes abordagens para projeto mecânico (HAAG, 2012).
25
√ Equação 2.1
Onde:
Existem diversas definições para avaliar o CTOD, as duas mais conhecidas são: o
deslocamento normal ao plano da trinca em relação à posição original da ponta da mesma
(Figura 2.8-a) e a distância entre duas retas ortogonais posicionadas na ponta deformada da
trinca com as suas faces (Figura 2.8-b). A segunda definição, também conhecida como
CTOD 90º, foi proposta por Rice e é comumente aplicada para medir o CTOD em modelos
de elementos finitos (HAAG, 2012).
27
a) b)
No caso da amostra SE(B), como mostra a Figura 2.9, o teste é conduzido de forma
a posicionar um corpo de prova pré-trincado do tipo em questão em um dispositivo de
flexão três pontos. De acordo com as normas, outros tipos de corpos de prova podem ser
utilizados, com o dispositivo utilizado para fixação modificado para os cp’s específicos.
28
O ensaio se processa até que a força aplicada para dobramento seja suficiente para
que a ponta da trinca sofra abertura até atingir um valor limite, ou seja, até a ponta da
trinca atingir uma abertura suficiente para que ocorra o início da sua propagação ou a carga
alcançar o valor máximo. O ensaio pode ser conduzido até que ocorra a falha total ou
parcial da amostra.
Figura 2.10 Possíveis gráficos que podem ser obtidos no ensaio de CTOD adaptado de
BS 7448-1.
29
( )
Equação 2.3
( ) Equação 2.4
( )
Equação 2.5
( )
Onde:
z: altura do suporte (knife edge) utilizado para fixar o clip gauge na amostra.
Quando utilizado este suporte, sua altura deve ser considerada no cálculo de CTOD;
( ) ( )
( ) * ( )+ Equação 2.6
32
Existem duas formas principais de ensaio de impacto, o Charpy e o Izod, sendo este
último raramente utilizado hoje em dia. Ambos os ensaios são padronizados pelas normas
ASTM E23 e BS EN ISO 148-1:2010. Nesses dois tipos de ensaio, o corpo de prova possui
uma seção transversal quadrada ou retangular onde é usinado um entalhe (Figura 2.13).
Uma vez que variações nas dimensões do entalhe afetam seriamente o resultado dos
ensaios, a fabricação dos corpos de prova deve obedecer às tolerâncias de usinagem
fornecidas pelas normas para garantir a reprodutibilidade dos testes realizados. As normas
também permitem a utilização de corpos de prova de tamanho reduzido com as dimensões
por ela determinada.
a) b)
c)
Figura 2.13 Corpos de prova para ensaio de impacto, conforme a norma ASTM E23 (a).
Localização do corpo de prova no equipamento para ser ensaiado Charpy
(b) e Izod (c) (GARCIA, et al., 2012).
Deve ser enfatizado que a energia de impacto absorvida pelo corpo de prova
fornece uma informação qualitativa da tenacidade à fratura, sendo que seus resultados
podem ser somente comparados entre si ou com um valor determinado em uma
especificação. Essa limitação do ensaio está principalmente associada ao fato do entalhe
usinado ser, de modo geral, um concentrador de tensões menos severo do que o encontrado
33
Além da energia necessária para fraturar uma amostra, outras informações podem
ser obtidas através do ensaio de impacto. Pode-se obter a quantidade de expansão lateral
em cada lado do corpo de prova após a fratura. Essa medida é obtida com o auxílio de um
dispositivo, que utiliza um relógio comparador (Figura 2. 14-a), para medição da expansão
lateral de modo comparativo em relação à medida inicial W do corpo de prova (Figura 2.
14-b).
a) b)
Transição Dúctil-Frágil
* Materiais que possuem estrutura cristalina CFC (cúbica de face centrada) de baixa
e média resistência. Estes materiais permanecem dúcteis mesmo a temperaturas
extremamente baixas.
36
a) b)
O fato dessa diferença na transição entre materiais CCC e CFC está associado ao
fenômeno de geração, movimentação e recuperação de discordâncias. No caso de materiais
com estrutura CFC, os níveis de tensão em que ocorrem esses fenômenos, em geral, não
são suficientemente elevados para romper as ligações atômicas e conduzir a ruptura por
clivagem, ou seja, fratura frágil (GARCIA, et al., 2012).
Além do tipo de estrutura dos materiais metálicos (CCC ou CFC, por exemplo), a
temperatura de transição dúctil-frágil é afetada por outros fatores como: tamanho de grão
(quanto maior o grão menor será a energia absorvida no impacto), direção de retirada dos
corpos de prova (considerando também o sentido de posicionamento do entalhe, Figura 2.
19-a) devido à heterogeneidade microestrutural e composição química (Figura 2. 19-b).
38
a)
b)
Figura 2. 19 Efeito da orientação do corpo de prova (a) e do teor de carbono (b) na curva
de transição dúctil-frágil (GARCIA, et al., 2012).
39
O material utilizado neste trabalho foi um aço resistente ao desgaste da série 450
HB com 10 mm de espessura. Esse material possui a característica de ser laminado a
quente e posteriormente receber o tratamento térmico de têmpera e revenimento, para
assim, atingir as propriedades mecânicas necessárias a sua aplicação, como alta dureza e
boa tenacidade.
a)
b)
Figura 3. 1 Chapa soldada (a). Região da chapa após a usinagem do reforço de solda
(b).
40
Para realização da soldagem foi utilizado o arame tubular Metal Cored ASME
SFA-5.28 E110C-G com 1,2 mm de diâmetro. Esse consumível caracteriza-se por conter
os elementos Ni e Mo, tornando-o apropriado para soldagem de aços de alta resistência,
bem como de aços temperados.
Para realização deste trabalho foi escolhida uma junta meio V (Figura 3.2), pois
esta configuração facilita na etapa de marcação de um local especifico da ZAC (Zona
Afetada pelo Calor) para usinagem do entalhe. Mais detalhes sobre esta etapa de marcação
será discutida a seguir no item 3.3.
lado oposto ao chanfro. Para correção dessa falha, o soldador deu um passe de solda do
lado que possuía a abertura. Em consequência desse erro operacional no momento da
soldagem, ocorreu um desalinhamento entre os cordões de solda que ocasionou uma
dificuldade em marcar a correta posição de usinagem do entalhe, tanto para os corpos de
prova para ensaio de CTOD, quanto em relação às amostras para ensaio de impacto
Charpy-V.
Parâmetros de Soldagem
Uma mistura de 85% Argônio e 15% CO2 com vazão de 15 L/min foi utilizada como
proteção gasosa do arco elétrico. Foi empregada uma corrente contínua de 300A, com
polaridade positiva e voltagem de 32V. Realizou-se o processo de forma manual,
empregando uma velocidade de soldagem de aproximadamente 0,5 m/min. Estes
parâmetros resultaram em um aporte térmico de 1,04 KJ/mm.
Os corpos de prova utilizados para ensaio CTOD foram obtidos conforme a norma
BS 7448, tendo a orientação do plano da trinca através da espessura (through thickness
crack), Figura 3. 6.
a)
b)
Figura 3. 7 Desenho dos corpos de prova para ensaio de CTOD da junta soldada (a) do
metal base (b).
45
A retirada das amostras para ensaio de impacto Charpy seguiu a orientação L-T
(conforme terminologia descrita pela norma ASTM E1823-13) com as dimensões de
10x10x55 mm (com entalhe em V) conforme a norma ASTM E23. Tais quais as amostras
para ensaio de CTOD, os prismas referentes à região soldada foram cortados com o
comprimento um pouco maior, justamente para posicionar o entalhe na região desejada
sem afetar a posterior usinagem no comprimento padrão de 55 mm. A Figura 3. 8
apresenta o desenho dos corpos de prova utilizados no ensaio de impacto.
a) b)
Figura 3. 10 Máquina utilizada para os ensaios de tração (a). Corpo de prova preso na
garra para realização do ensaio (b).
47
Equação 3.1
Equação 3.2
( ) ( ) Equação 3.3
( )
baixa temperatura foram colocadas em uma cuba desenvolvida especialmente para este
tipo de procedimento, onde ficaram imersas nas suas respectivas misturas. O tempo de
permanência das amostras nas respectivas temperaturas e o procedimento de realização de
ensaio seguiu conforme a norma ASTM E-23. A Figura 3. 12 apresenta a montagem do
equipamento para aquisição de dados de temperatura e a cuba utilizada para os testes.
a)
b)
3.7.1 Macrografia
inspeção visual, a fim de verificar a zona termicamente afetada e se houve penetração total
nas juntas soldadas.
3.7.2 Micrografia
MB ZAC MS ZAC MB
Para análise química do arame tubular utilizado neste trabalho, foram depositados
quatro camadas de metal de solda sobre uma chapa de aço (Figura 3. 15). As camadas
foram feitas no sentido horizontal e transversal, intercalando-se entre si. O objetivo deste
procedimento é evitar a interferência do efeito da diluição do metal base com o metal de
solda, que caso ocorresse, traria um erro na análise química do arame.
% em massa 0,165 0,214 1,30 0,0087 0,0029 0,132 0,0638 0,0207 0,0012
Os elementos de liga Mn, Ni, Mo, Cr e B são frequentemente adicionados aos aços
estruturais para melhorar a resistência e a tenacidade através da modificação da
microestrutura (JUN, et al., 2006). Além disso, sabe-se que o Boro é um agente efetivo
para aumentar a temperabilidade de aços (KIM, et al., 2013), logo, pode se alcançar alta
resistência após o processo de têmpera com o emprego de baixas taxas de resfriamento.
Equação 4.6
55
4.2 Macrografia
a)
4
1
3
b)
frente do arco elétrico, causando insuficiente penetração e, por consequência, falta de fusão
entre o metal de solda e o metal base (SSAB). Por outro lado, se a velocidade de soldagem
for muita rápida, ocasionará em uma energia de soldagem insuficiente para fundir o metal
base, acarretando assim no mesmo problema (JOVANOVIC, et al., 2008). Como retratado
por Alama, et al, este tipo de defeito age como se fosse um entalhe na estrutura, sendo um
grande concentrador de tensões, podendo agir como um ponto de nucleação de trinca e,
portanto, fazendo com que a vida em fadiga do componente diminua.
4.3 Micrografia
interpretação feita ao trabalho realizado por Thewlis (THEWLIS, 2004), em que o autor
realiza uma classificação e quantificação de microestruturas em aço, a microestrutura da
ZAC caracteriza-se por apresentar bainita (B) e ferrita de Widmanstätten, podendo ser
subdividida em ferrita de segunda fase alinhada FS(A) e ferrita de segunda fase não
alinhada FS(NA).
FS(NA)
B
FS(A
)
FA
FP
4.4 Dureza
Segue na Tabela 4. 3 o resultado obtido para cada ponto de medição realizado sobre
a chapa para verificação da dureza superficial do material HARDOX 450 na condição de
como recebido.
O material apresentou uma dureza média de 456 HB, ficando dentro dos limites
estabelecidos pela fabricante. Essa informa que a dureza pode variar de um mínimo de 425
HB até um máximo de 475 HB.
60
a)
b)
relacionado ao segundo passe de soldagem, em que o aporte térmico pode ter ocasionado
alteração microestrutural no MS nesta região causando este aumento.
a)
b)
A Tabela 4. 4 apresenta os valores médios das cinco amostras utilizadas para ensaio
de tração do metal base e das cinco amostras utilizadas para realização dos ensaios
referentes à junta soldada (JS). Os resultados individuais de cada amostra ensaiada seguem
no APÊNDICE 8.1.
63
Os resultados obtidos para o metal base estão de acordo com os valores fornecidos
pelo fabricante, que determina um limite de escoamento entre 1100-1300 MPa e um limite
de resistência em torno de 1400 MPa. Entretanto, a junta soldada (JS) apresentou
resultados bem abaixo dos obtidos com o MB. As mostras da junta soldada romperam na
região da ZAC, como apresentado na Figura 4. 8.
A Figura 4. 9 exibe os gráficos obtidos para todas as amostras ensaiadas. Pode ser
visto claramente o superior desempenho do metal base em relação à junta soldada.
64
MB
25ºC -20ºC -100ºC
MS
25ºC -20ºC -100ºC
ZAC
25ºC -20ºC -100ºC
a) b)
c)
a) b)
c)
a) b)
c)
7448 parte 1, para determinar os valores de P e Vp neste caso. Também foi realizada uma
análise das fraturas referentes a ZAC, a fim de certificar que se tratava de δc, ou seja, início
da fratura instável ou pop-in com menos de 0,2 mm de crescimento estável de trinca. A
Figura 4. 24, no final deste item, apresenta esta análise.
A Figura 4. 18 apresenta a comparação múltipla das médias (CMM) para cada uma
das regiões, em que a linha contínua preta sobre o gráfico de barras informa que os valores
de CTOD não diferem significativamente entre si, em relação à temperatura de ensaio.
A partir da Figura 4. 18, verificou-se que a temperatura (na faixa estudada) não tem
influência significativa no valor do CTOD do metal base e do metal de solda. Em relação à
região da ZAC, a temperatura de 0ºC e -20ºC não ocasionou influência significativa no
valor do CTOD; entretanto, o valor de CTOD é significativamente alterado se a
temperatura passa de 0 para 25ºC.
73
Fazendo-se uma CMM equivalente, mas agora fixando a temperatura, podemos ver
que não houve influência significativa da temperatura de 25ºC no valor de CTOD entre o
MB e a ZAC. No entanto, para as outras temperaturas de ensaio, os valores de CTOD para
cada região apresentaram valores diferentes entre si, como podemos ver nos gráficos da
Figura 4. 19.
MB
25ºC 0ºC -20ºC
MS
25ºC 0ºC -20ºC
ZAC
25ºC 0ºC -20ºC
Como citado anteriormente no início deste item, foi realizada uma análise das
fraturas referentes à ZAC a fim de certificar se que se tratava de um δc.
a)
b)
Figura 4. 24 Fractografia em MEV da amostra ZAC -04 a 25ºC (a) 50X e (b) 200X para
determinação do δc.
78
5.0 CONCLUSÕES
Com base no desenvolvimento deste trabalho e dos resultados obtidos nos ensaios
realizados, sugere-se como trabalhos futuros:
EROGLU M.; AKSOY M.; ORHAN N. Effect of coarse initial grain size on
microstructure and mechanical properties of weld metal and HAZ of low carbon
steel. Materials Science and Engineering A, p. 59-66, 1999.
GARCIA A.; SPIM J. A.; SANTOS C. A. Ensaio dos Materiais. v.2. Rio de
Janeiro : LTC, 2012.
KOU S. Welding Metallurgy. 2ed. New Jersey: John Wiley & Sons, 2002.
SSAB. Welding Handbook - Guide to better welding of hardox and weldox. 1ed.
ISBN: 978-91-978573-0-7, 2009.
8.0 APÊNDICE
*AD=Amostra Descartada
87
MS-2 25 86 ZAC-3 25 90
MS-4 25 92 ZAC-8 25 78
MS-11 0 AD ZAC-6 0 50
MS-12 0 88 ZAC-10 0 AD
MS-14 0 64 ZAC-13 0 66
MS-15 0 78 ZAC-29 0 50
Tabela 8. 8 Resultados dos ensaios de CTOD para a região do ZAC nas temperaturas de
25ºC, 0ºC e -20ºC.
Temperatura de 25ºC
CTOD
Corpo de Pm Vp B W
a0/W δc
Prova (N) (mm) (mm) (mm)
(mm)
ZAC-14 10228 0,44 10,03 20,10 0,51 0,14
ZAC-11 10773 0,42 10,45 20,08 0,50 0,13
ZAC-13 10446 0,23 10,43 20,03 0,52 0,08
Média 10482 0,36 10,30 20,07 0,51 0,11
Desvio
275 0,117 0,237 0,036 0,006 0,033
Padrão
Temperatura de 0ºC
CTOD
Corpo de Pm Vp B W
a0/W δc
Prova (N) (mm) (mm) (mm)
(mm)
ZAC-20 8694 0,07 9,93 20,11 0,52 0,03
ZAC-21 9585 0,19 9,85 20,06 0,51 0,06
ZAC-22 9757 0,22 9,99 20,01 0,52 0,07
Média 9345 0,16 9,92 20,06 0,52 0,05
Desvio
571 0,077 0,070 0,05 0,005 0,022
Padrão
Temperatura de -20ºC
CTOD
Corpo de Pm Vp B W
a0/W δc
Prova (N) (mm) (mm) (mm)
(mm)
ZAC-16 9295 0,10 10,29 20,20 0,52 0,04
ZAC-17 9295 0,15 10,55 20,15 0,52 0,05
ZAC-19 8914 0,12 9,89 20,15 0,52 0,04
Média 9168 0,12 10,24 20,16 0,52 0,04
Desvio
220 0,024 0,332 0,029 0,005 0,006
Padrão
91