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Orientador:
Prof. Dr. Ronaldo Sathler-Rosa
Agradeço a Deus, que de uma forma íntima e pessoal tem confirmado este
também a responsável por todas as revisões deste trabalho, até chegar a este
estágio. Aos meus filhos, Levi, Débora e Nathan, minhas inspirações para o
esta dissertação por meio do estudo da psicologia, e ao Prof. Dr. Geoval Jacinto
RESUMO
indivíduo.
MARINHO, Marco Lecio M... The overcoming of conflicts produced by anxiety : A
contribution to the pastoral praxis, based on the interpersonal theory. São
Bernardo do Campo, 2008. Master Dissertation. The Methodist University of São
Paulo.
ABSTRACT
The object of this research is to clarify how the anxiety plays a major role
conscious attitude that allows the minimization of the anxiety would give place to
harmonic relationships and the decrease of the every day life conflicts. Based on a
philosophy and theology were consulted, for the acknowledgement that exist a
huge volume of Scientific information about the theme that might add positively to
this study. A dialectic that considers the genesis, of the social relations and of the
based on faith as the hope that minimizes the anxiety element. Its value points to a
hope on harmonic interpersonal relations, not a utopian one, but one that is
interpersonal reality.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................8
1. CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................13
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................118
8
INTRODUÇÃO
premissa de que este sistema tem como matriz básica, a formação e concepções do
interpessoais.
tenham suas posições e ideologias transmitidas aos outros, por imposição, quando a
particular, passa a ser algo claro, especialmente quando se observa a forma que o
interpessoais. Este reflexo pode ser visto nos meios de consumo, nas organizações,
interpessoais. Refletir sobre sua origem, sua dinâmica e sobre sua influência nos
diversos ambientes onde um indivíduo pode estar inserido. Este trabalho entende
como finalidade, mesmo que tímida, sugerir encaminhamentos para uma práxis
precisam se relacionar com o outro e não podem eliminar tal relacionamento de seu
descobriu que existem cerca de 3.000.000 (três milhões) de casos de violência por
ano em escolas americanas. Isto significa 16.000 casos de violência por dia, 1 a
relacionamentos interpessoais. 1
700% em 72 anos, e o número de crianças vivendo com pai e mãe juntos, caiu de
só dos pais, cresceu de 12% para 28%, durante este mesmo tempo. 2
intrapessoalidade, seu contexto familiar básico e sua extensão social, a qual leva à
haja maior compreensão sobre as raízes dos aspectos relacionados a tais conflitos.
1
NASB – National association of boards of education: Disponível em:
<http://www.nasbe.org/new_resources_section/policy_Updates/pu_conflict_resolution.pdf>. Acesso em: 22 mai
2007.
2
Ibid.
11
entendimento, por sua vez, deve vir por meio de uma prática pastoral fundamentada
Assim, será feito o uso também de uma dialética que considera a formação,
bem como sua insatisfação emocional produzida pela ansiedade. Algumas palavras
relacionamentos.
por meio de seus estudos sobre relações sociais e moralidade; Jean Piaget,
sociais; e Lawrence Kohlberg, quando comenta dos estágios das relações sociais.
raciocínio que soma a racionalidade e a emoção, utilizando como filtro, o bem estar
por outro, 4 o que elimina em parte sua responsabilidade na ação. Tais conceitos
interferem nas relações interpessoais. Também será feito um dialogo com Lev S.
interpessoalidade.
Por meio desses referenciais e seus construtos foi proposto um diálogo entre
Nesta mesma direção o autor propõe a superação de conflito por meio de uma
3
Lino de MACEDO (Org). Cinco estudos de educação moral, p. 38.
4
Ibid., p. 38.
13
1. CONTEXTUALIZAÇÃO
A ciência já descobriu, há muito, o homem como ser social, ser que necessita
etc)
Esta exposição gera interações, algumas vezes não muito bem sucedidas,
ações para que os desacordos relacionais, que naturalmente surgem, não venham a
se transformar em conflitos.
convívio em suas mais variadas formas. Por isso a importância de estudá-los têm
sido evidenciadas por inúmeras pesquisas feitas sobre o tema. As quais tem sido
produzidas por mais de setenta anos e podem ser encontrados hoje em uma
realidade atual reflete que o aumento dos conflitos em suas mais variadas formas
têm crescido a cada dia, de forma assustadora e alarmante. O que faz concluir que,
este tema, mesmo sendo pesquisado com insistência por muitas pessoas ou grupos
5
Jon HARTWICK e Henri BARKI, Conceptualizing the construct of interpersonal conflict, p. 5.
14
sociedades contemporâneas.
revelou que na percepção de 95% das pessoas envolvidas nestes casos, o fator
mostra que os conflitos têm relação direta com os desejos e intenções de cada
pessoa e, de forma bem clara, revela também que é a desarmonia produzida por
demonstram que conflitos têm sido definidos em diferentes formas, porém, três
conflito. Existe uma discordância entre dois indivíduos e acontece uma reação
mencionado, a discordância é o aspecto que tem sido alvo dos estudos e pesquisas,
talvez por ser esta, na maioria das vezes visível e identificada pelo comportamento
conseqüente.
O fator comportamental, por sua vez, para ser explorado necessita das
agressões e ações do tipo a causas conflitantes. Essa interação pode ter causas
diversas, como por exemplo podem ser advindas de conflitos com uma terceira
9
Jon HARTWICK e Henri BARKI, Conceptualizing the construct of interpersonal conflict, p. 5.
16
do conflito pode e deve ser objeto de investigação, pelo papel que representará em
futuros relacionamentos.
anteriormente. Consideram que pode existir conflito quando somente um dos temas
processo, no qual, duas ou mais entidades sociais são ligadas por uma forma de
outra definição simples de conflito diz que ele é uma luta entre pelo menos duas
conflitos, como o fazem Hartwick e Barki, onde concordam que os conflitos vividos
emoções negativas.
10
Jon HARTWICK e Henri BARKI, Conceptualizing the construct of interpersonal conflict, p. 8, 9.
11
Ibid., p.10,11.
17
próximo.” 12
por temor da dor que um relacionamento mais profundo pode vir a causar, que é
resultado também de uma proteção natural da pessoa, uma fuga das emoções
12
Ronaldo SATHLER-ROSA, Cuidado pastoral em tempos de insegurança: uma hermenêutica
teológico pastoral, p. 19.
18
se que mais de 1 milhão deles estão vivendo nesta situação, a qual já foi
evitar contato com as pessoas da casa. Passam o tempo vendo TV, jogando games
resume a relacionamentos virtuais com pessoas que não conhecem. Alguns sofrem
mundo. 14
Segundo a reportagem, esses jovens sofrem muita pressão para serem bem
competitivo, eles se isolam, e tentam com isso fugir dos relacionamentos e das
ser melhor e ter sempre mais. Os relacionamentos, ou são evitados como forma de
proteção, ou são usados como meio para atingir alvos pessoais insustentáveis e
13
Ronaldo SATHLER-ROSA, Cuidado pastoral em tempos de insegurança: uma hermenêutica
teológico pastoral, p.24.
14
Ariel KOSTMAN, Multidão de solitários: um milhão de japoneses vivem trancados em seus quartos.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/171104/p_124.html>. Acesso em: 26 nov 2007.
19
voláteis. “Tudo quanto desejaram os meus olhos, eu não lhes neguei, nem privei o
coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso
A luta pelo poder, ter ou ser algo leva a pessoa a ver o outro como inimigo e
palavra crise transformou-se numa categoria chave para designação daquilo que
profunda. 16 Crise nos valores, crise nos relacionamentos, crises que provocam
amado.
e valores. E nestas mudanças, o homem não tem conseguido colher muito, ou quase
15
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Velho Testamento, Eclesiastes, 2:10 e 11, p. 594.
16
Clóvis de P. CASTRO (Org), Ecologia urbana (eco-solidariedade): Uma ética como
responsabilidade pelo futuro da cidade-solidariedade com os seres sobrantes. Novos paradigmas,
São Bernardo do Campo, ano 1, v.1, p.14, nov. 1995.
20
dos casos não foi possível detectar as causas, os resultados desta pesquisa no
município de São Paulo revelaram que 46,2% dos homicídios de autoria conhecida,
instituições, como estado, escola, igreja e família estão em uma crise de aceitação
17
Clóvis de P. CASTRO (Org.), Ecologia urbana (eco-solidariedade): Uma ética como
responsabilidade pelo futuro da cidade-solidariedade com os seres sobrantes. Novos paradigmas,
São Bernardo do Campo, ano 1, v.1, p.14, nov. 1995.
18
Instituto de pesquisa econômica aplicada. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/destaques/livroradar/07>.segurança.pdf. Acesso em: 22 mai 2007.
21
também é concebido como competidor. 19 Amigos não são mais para compartilhar
pessoa, interferindo no julgamento que ela tem sobre si mesma, sobre os outros,
sobre suas amizades e seu grupo. À medida que não há uma interação isenta de
discurso teológico adequados sob medida ao novo Ethos social, daquele que faz do
seus adeptos. Para isso, fazem uso de instrumentos variados, até mesmo da fé e do
19
Hugo ASSMAN e Jung MO SUNG, Competência e sensibilidade solidária: educar para a
esperança, p. 171.
20
Ibid., p. 195.
21
Clóvis de P. CASTRO (Org.), Ecologia urbana (eco-solidariedade): Uma ética como
responsabilidade pelo futuro da cidade-solidariedade com os seres sobrantes. Novos paradigmas,
São Bernardo do Campo, ano 1, v.1, p.23, nov. 1995.
22
medo natural do fiel para manipulá-lo. Utilizam diferentes formas, também veladas,
O senso de julgamento de quem tem poder, predomina sobre aqueles que não tem,
desencadeando assim o abuso espiritual, bem como, conflitos intra e inter pessoais
entre congregados.
exigência de conduzir sua vida em harmonia com leis formuladas por Deus e seus
representantes – no caso, seus líderes na igreja. 22 E o que leva até mesmo ao caos
típicos ambientes abusivos. É o homem que desenvolve seu medo diante de Deus,
quando se deixa inspirar por uma teologia de êxito, em vez de basear sua fé no
Assim, são muitos os líderes religiosos que, de forma abusiva, fazem uso
destes argumentos, basicamente fortalecidos pelo receio que seus congregados têm
22
Hugo ASSMAN e Jung MO SUNG, Competência e sensibilidade solidária: educar para a
esperança, p. 103.
23
Ibid., p. 104.
23
Estes congregados, por sua vez, molestados pela premissa de que não são
agradável a Deus. 24
sempre por mais bens, mesmo em países subdesenvolvidos, e ver nestes bens a
constatação de sua eleição por Deus. Aquele que prospera vê-se recebendo as
bênçãos de Deus e busca os dons e benefícios a que tem direito. A riqueza é dom
de Deus e as pessoas que são abastadas não necessitam sentir vergonha, pois
Deus. 25
exemplificar a cooperação, doutrinar e criar bons hábitos. Ela deve conhecer sobre o
Deus, o doador da esperança, ajudar este outro, por meio de uma conduta solidária.
E para que isso seja possível, se faz necessário conhecer a influência que a
conflitos. Visto que parece ser na formação destas relações sociais que muitas
25
David G. BENNER, Care of souls: revisioning christian nurture and counsel, p.127.
25
chegando a 51%. 26
profissionais da área de ensino. Elas perfazem um total de 60%, de onde 38% tem
as crianças.
administração de relacionamentos.
26
Augusto CURY, Pais brilhantes, professores fascinantes, p. 29.
27
Ibid., p. 29.
26
refletir por meio de uma práxis que respeite a individualidade e a autonomia das
deveria valorizar o outro, como agente promotor de seu bem estar, sua atitude de
pessoais, objetivando receber algo em troca e sim, tão somente, ajudar o próximo.
Emanuel Kant, Jean Piaget, Lawrence Kohlberg, Lev Vygotsky e mais recentemente
relacionamentos interpessoais.
ética do dever entre indivíduos em seus escritos, ao conceber moral como algo
tempo em que estas atitudes morais, irão influenciar positiva ou negativamente estas
28
Lino de MACEDO (Org.) Cinco estudos de educação moral, p. 38.
27
filtro, o bem estar das partes e não de um único indivíduo. 29 Para Kant, a
plausível em seu resultado, mesmo porque trabalha com dois objetos diferentes e
que não são em tudo harmoniosos. A razão é lógica e prática, enquanto a emoção é
Kant entendia que, para que o bem estar relacional pudesse existir, a razão e
sentido, Kant definiu que nenhuma ação individualista poderia ser produtora de
pela ação. Pode-se dizer desta forma que a autonomia é valiosa no nascimento da
por este raciocínio compartilhado, citado acima e permite ser governado por outro. 30
29
Lino de MACEDO (Org.) Cinco estudos de educação moral, p. 38.
30
Ibid.
28
pela autonomia, é obstruída pela intervenção de um ser que exerce domínio sobre o
agente da ação.
que predomina dentro da relação social é o desejo controlador do que governa e não
razão que a justifica. Esta razão para alguns é entendida como sendo uma fuga da
mesma ação, sendo que outro a impôs, ele não se vê como responsável pela
mesma.
pessoal objetiva não sofrer a conseqüência do ato em relação ao outro, ela passa a
visão de Kant, propõe uma inter-relação na qual não haveria agressão ao outro. As
racionalização das partes, tendo como resultado a harmonia. Porém este mesmo
gerando, em conseqüência, uma conduta com resultados positivos. É por isso que
Kant justifica sua visão, quando defende que a autonomia leva em consideração o
filtro, o bem estar das partes e não de um único indivíduo. Esta também deve ser
interpessoais. Eliminam assim o respeito, que é visto por meio do raciocínio que
31
Lino de MACEDO (Org.) Cinco estudos de educação moral, p. 38.
30
baseado nas mesmas leis e regras impostas, deveria ser evitada. Assim as relações
Para Kant não existe moralidade sem autonomia, parece plausível também
tensa entre partes, pois, desde que não existe entendimento em uma relação, a
mesma fica aberta à tensão que por sua vez será produtora de conflito.
32
Yves de LA TAILLE; Marta OLIVEIRA; Dantas HELOYSA, Teorias psicogenéticas em discussão, p.
14
31
Ele argumenta que é durante a convivência diária, com adultos e seus pares
mesma. Para Piaget todo o contexto relacional de alguém vem a ser fator
século XX, parece ter inspirado Piaget. Ele criticava a chamada moral teórica,
atribuindo a ela alguns erros, entre eles: a crença numa natureza humana, a
Foi daí que Piaget procurou através do método científico pensar e explicar a
lançou mão de situações de jogos com crianças para avaliar o respeito às regras,
Para ele toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda
moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas
regras. 33 Essa aquisição do respeito às regras foi o foco de sua pesquisa sobre o
33
Jean PIAGET, O juízo moral da criança, p. 23.
32
Essas regras seriam transmitidas pelos adultos, sendo este, filtro ou fonte de
regras. Após observação e pesquisa, Piaget concluiu que existe uma diferença entre
duas morais. A primeira, advinda da coação, a qual associa o bem ao que advêm de
realizados por Emanuel Kant quanto aos fatores de formação social relacionados à
autonomia e a heteronomia. O que seria para Piaget a moral advinda de uma ação
de coação, pode ser o que Kant chamaria de ação heterônoma, que é imposta. E a
moral advinda de uma ação cooperativa, que produz uma ação espontânea, seria o
regra. 35
indivíduo é egocêntrico, imita regras, mas joga sozinho sem precisar vencer. O
34
Jean PIAGET, O juízo moral da criança, p. 40.
35
Ibid.
33
para este estágio vencer é essencial, porém há uma variação na interpretação das
codificação dela. Ela ignora a regra, depois a imita, pratica como pode e depois
onde a regra é sagrada até o estágio onde ela interioriza a regra coletiva, e esta
Por fim, Piaget afirma em uma máxima coerente com sua pesquisa que a
mútuo. Neste sentido se observa que a presença da ação consciente de Kant é mais
uma vez observada em Piaget, e justifica que o ato autônomo concebe segurança
36
Jean PIAGET, O juízo moral da criança, p. 297.
37
Telma VINHA, O educador e a moralidade infantil: uma visão construtivista, p. 67.
34
Por outro lado, a ação isenta desta consciência moral, que é a ação
moral”, como aquela onde a criança ainda não é consciente da intencionalidade por
trás dos atos, no que diz respeito ao juízo moral e as regras ainda não
compreendidas. Para ela o dever significa tão somente obediência a uma lei
revelada e imposta pelos adultos, a qual ela deve obedecer. 38 Da mesma forma
amor e o medo que a criança sente pela autoridade produtora da regra, ela
está diretamente relacionada à determinada sanção, o que por sua vez não produz
38
Yves de LA TAILLE, A dimensão ética na obra de Jean Piaget, p.79.
39
Ibid., p. 79.
35
sócio-morais. 40 Pode-se concluir que para Piaget o conflito tem um valor construtivo
das regras são duas coisas distintas, porém, em existindo a consciência das regras,
Assim como Kant, Piaget entendeu também que um ato que não contemple a
porque ela existe, não desenvolveria relações equilibradas, podendo este dar
cumprimento de regras deve considerar algo que vai além do conhecimento puro e
simples das mesmas, ele deve partir da compreensão através da ótica racional
trocas equilibradas com o outro. Tal atitude provoca descentração, que resulta na
relacionamento interpessoal.
40
Yves LA TAILLE, Marta OLIVEIRA, Dantas HELOYSA, Teorias psicogenéticas em discussão, p. 14.
41
Telma VINHA, O educador e a moralidade infantil: uma visão construtivista, p. 42-45.
36
conhecimento. Piaget formulou que é necessário que haja conhecimento para que
entendimento coletivo. 42
fundamental. Assim sua dinâmica, seus conflitos e sua esperança são objetos de
relacionamentos interpessoais.
esses estágios, agrupados em três níveis: nível pré-convencional que se baseia nas
42
Yves LA TAILLE, Marta OLIVEIRA, Dantas HELOYSA, Teorias psicogenéticas em discussão, p. 38.
43
Ibid.
37
possível por meio da liberdade da ação. Na descrição do quinto estágio, o bem tem
a ver com o direito individual e civil e, diante disso, os valores pessoais se tornam
relativos. E o sexto e último estágio, onde o bem passa a ser definido por uma
estágio, seria sempre propensa a desenvolver o próximo estágio pela facilitação que
44
Lino de MACEDO (Org.) Cinco estudos de educação moral, p. 38.
45
Ibid.
46
Ibid.
47
Ibid.
48
Ibid.
38
problema moral, precedido por uma adaptação à nova estrutura; e por fim, os
social.
condutas impostas. Neste caso, elas não são pensadas ou julgadas, e geram uma
fortalecem colocações de Kant e Piaget. Entre outras coisas, observa-se uma clara
relação entre os três autores e suas colocações sobre ação imposta e conflitos
interpessoais, e ação voluntária e equilíbrio relacional. Colocações que por sua vez
relacionamentos interpessoais.
que alguém está inserido, segundo Vygotsky, tende a moldar sua conduta
psicológica. E a cultura passa a ser parte da natureza de uma pessoa. Ele entendia
pessoa ao longo de sua vida, e eles são fornecidos pelo grupo onde este indivíduo
está sendo formado. Tais conceitos, uma vez assimilados, são também
conceitos. A esta dinâmica de influência que, na visão dos autores já citados, tem
direta ligação com a relação do indivíduo e seu ambiente de convívio, o que resta,
seria identificar tais postulados e relacioná-los com a ansiedade e seu fator promotor
49
Yves de LA TAILLE, Marta OLIVEIRA, Dantas HELOYSA, Teorias psicogenéticas em discussão, p.
24.
50
Ibid., p. 24.
40
outros que tem a mesma linguagem. 51 A influência do que foi absorvido por um
indivíduo, passa a ser, em potencial o que deverá ser absorvido por outro ser, pelo
da razão e permeada pelo governo do outro, Piaget definiria como conduta advinda
de coação, a qual associa o bem ao que advêm de uma autoridade e tem como
resultado a formação de uma moral heterônoma. Para Kohlberg isso tem relação
de quem emite a lei. Desta forma estes autores seriam reafirmados por Vygotsky
51
Yves de LA TAILLE, Marta OLIVEIRA, Dantas HELOYSA, Teorias psicogenéticas em discussão, p.
27.
41
transmitida por coação ou medo sempre irá culminar em um ato conflitante, visto ser
indivíduo faz parte da construção de seu mundo intra e interpessoal, levando ele a
presente.
53
Robert L. SELMAN, The growth of interpersonal understanding: developmental and clinical
analyses, p.37.
43
se coloca no lugar do outro e percebe que o outro fará o mesmo. Ela também
do que é melhor para as partes. As pessoas são vistas como sistemas de atitudes e
54
Robert L. SELMAN, The growth of interpersonal understanding: developmental and clinical
analyses, p.39.
44
compreendidas por um ego observador. As pessoas são vistas como sendo capazes
de fazer coisas que elas não querem e não entendem porque não querem. O
diferença entre os gêneros no que diz respeito aos estágios; cada nível avançado
apenas adição de novos dados sociais; 56 e por fim, o significado social nasce
55
Robert L. SELMAN, The growth of interpersonal understanding: developmental and clinical
analyses, p.39-40.
56
Ibid., p.76.
57
Ibid., p.65.
45
relacionamento.
que existe uma discordância entre duas partes, para esta criança, alguém
processo de descentração, ela entende o conflito como um problema que uma parte
58
Robert L. SELMAN, The growth of interpersonal understanding: developmental and clinical
analyses, p. 108.
46
dialógicamente. 60
Por fim, no nível 4, segue um grau mais profundo de amizade, a qual envolve
interiores próprios. 62
59
Robert L. SELMAN, The growth of interpersonal understanding: developmental and clinical
analyses, p. 108.
60
Ibid., p.110.
61
Ibid., p.112.
62
Ibid., p.114.
47
indivíduo está exposto, as quais servem como modelo e modeladores das relações
sociais.
não quer dizer necessariamente que a pessoa agirá assim em determinada idade.
Como foi descrito nos parágrafos anteriores, a psicologia genética muito tem
indíviduo, porém, de forma alguma esgota o assunto, cedendo espaço para que se
freudiana. 63
expressão de seu pensamento que, o fator social em que o indivíduo está inserido,
63
Susan C. CLONINGER, Teorias da personalidade, p. 146.
64
Ibid., p. 149.
48
esperança. 65
Essas fases envolvem crises e conflitos dos quais insurge uma nova fase, e cada
anterior, relações influenciam a formação do indivíduo, que por sua vez influenciarão
adquirida pela criança ainda bebê pelo contato com sua genitora e satisfação ou não
Entendendo que o vocábulo autonomia utilizado por Erickson não representa, pelo
65
Susan C. CLONINGER, Teorias da personalidade, p. 150.
66
Ibid., p. 153.
67
Ibid., p. 154.
49
anterior uma porção de vergonha e dúvida é colocada como necessária para a futura
vida social. 68
para os outros. O jovem retira o seu olhar dos pais e busca a si mesmo
acontece quando não se acha coerência ou quando se opta por uma identidade
adulta, esta fase só ocorre quando a quinta é resolvida, pois o indivíduo só está
68
Susan C. CLONINGER, Teorias da personalidade, p. 154.
69
Ibid., p. 155 e 156.
50
admitir que ela tem sentido do jeito como foi vivida, sem desejar que as coisas
entendimento cada indivíduo recebe uma carga de influência por intermédio de seu
ambiente social, esta influência vem a ser responsável pela forma que a mesma lida
70
Susan C. CLONINGER, Teorias da personalidade, p.156 e 157.
71
Ibid., p. 149.
51
conhecimento mais razoável do contexto sócio cultural onde alguém esta inserido e
a sociedade em que vivemos como um dos pontos centrais nesta pesquisa, ser-lhe-á
uma pessoa parece fazer parte da natureza de sobrevivência do ser. Desta forma
O que leva uma pessoa à busca pela realização individual? Em que o desejo de
alguém entra em conflito com o propósito de outro? O desejo será sempre algo
natural ou pode ser produzido? A ansiedade pode ser produto de desejos não
costumes) que leva a pessoa a ações moldadas pelo grupo ou pelo contexto em que
convívio comum que parece ser algo intrínseco à natureza de alguém. Nunca foi
possível para a raça humana, viver à parte do convívio relacional comum à sua
espécie. Desde que se conhece a história deste ser social, ele é identificado como
da presença da ansiedade.
gerações seguintes.
realização relacional está no fazer comum, o que o leva a centralizar seu esforço
novamente este relacionamento seguro, o qual por ser objeto de sua necessidade,
deve ser encontrado e satisfeito, sob pena de sofrimento, ao qual ele chama de
solidão.
Compreende-se também que o valor demasiado que uma pessoa passa a dar
para serem completadas por meio deles. E esta procura natural passa a ser, em
72
Dados de pesquisa, http://www.uol.cgi-bin.exe..segurança.pdf. Acesso em: 22 mai 2007.
73
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Velho Testamento, Gênesis 1: 27, p. 3.
55
Esta crise depende do nível de valor que um indivíduo atribui a outro e a sua
que esta pessoa, por uma carência relacional passa a atribuir um demasiado valor a
relacionamento também deve ser maior. Da mesma forma, ao atribuir menos valor, o
sofrimento pela ausência será menor. Seja uma pessoa ou um grupo, a falta dele
Assim a ansiedade pode ser medida pelo nível de valor que é dado à pessoa
ou grupo, e este nível de valor tem seu dimensionamento com base na sua gênese
forma, o meio onde alguém está inserido, passa a ser, em certo sentido, um agente
interpessoais. 74
ação é bidirecional, ou seja, uma pessoa é decepcionada com o meio e o meio, por
do outro, abrindo sempre um maior espaço para a satisfação do desejo próprio. Este
tipo de resposta será sempre mais previsível, visto que tal insatisfação é a
Esta relação, que passa a ser influenciada pelo contexto de convívio, não
O ser humano, como ser social e responsável diante das crises é um ser
sistema que precisa de cooperação das partes para sobreviver, não há coerência em
religião do tipo feiticeira, a qual segundo Weber, em contraste com a religião do tipo
75
Leonardo BOFF, Crise: oportunidade de crescimento, p. 15-45.
76
James R. FARRIS, Psicologia e religião, comentários sobre Max Weber, p. 1-5.
57
Não se pode fugir do fato que a natureza dos indivíduos os tem afastado do
e por ser esta natureza parte de seu interior, tende a impedir qualquer progresso do
que os seres humanos não se preocupam apenas com suas necessidades, mas
chamado pecado original, vem a ser um dos fatores preponderantes para a não
assimilação do bem ao outro. Sua ação, na maioria das vezes centrada em seus
próprios interesses e sua luta por sobreviver em detrimento de quem está ao seu
inconsciente, a uma busca por uma realização pessoal utópica e por uma satisfação
à sua realização pessoal, isto já deveria ter sido percebido e amplamente divulgado
77
James R. FARRIS, Psicologia e religião, comentários sobre Max Weber, p. 1-5.
58
intenção primária.
o indivíduo, levando-o a crer numa realização que existirá, caso ele faça parte de
sua proposta ou caso ele possua o que ela propõe como objeto de felicidade. Se
assim não for, ou se assim não possuir, que seja infeliz! De fato não parece ter
havido jamais, nenhuma organização social humana sem alguma forma de abuso de
econômica moderna, entendia que: “se uma pessoa busca seu interesse próprio de
uma forma intencional, certamente ela mesma irá produzir para si efeito não
interior insaciável ou, o resultado advindo do outro lado sempre será inverso à busca
da realização proposta pelo interesse. A mente humana parece ter sido laçada pelo
contrário. Nesta realidade que faz parte do cotidiano da maior parte das pessoas, as
78
Hugo ASSMANN e Jung MO SUNG, Competência e sensibilidade solidária: educar para a
esperança, p. 166-172.
59
desejo do outro e do que é comum, mesmo que seja algo que essencialmente não
indivíduo luta para ser parte deste sistema que é demasiadamente egoísta. Esforça-
se para adquirir o que é proposto como regra e tenta ficar seguro, garantir sua
estabilidade fazendo tudo com o objetivo de conseguir o que tem valor para a
ansiedade e uma que busca ansiosa pela satisfação do desejo assimilado, elas são
mesma busca. Sua tentativa de ter o que o outro tem, como forma de sentir-se bem
e seguro, antes, produzirá no outro uma ameaça, pois este, por sua vez, está em
busca das mesmas coisas. Tal realização será impossível de alcançar, mesmo que
medida que lhe é oferecido como complemento, aquilo que ele entende que precisa
79
A Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Novo Testamento, Mateus 22: 39, p. 29.
80
Guy ROSOLATO, A força do desejo: o âmago da psicanálise, p. 18.
81
José GIOVANETTI, Entre necessidades e desejos: diálogo da psicologia com a religião, p.98.
60
que, em não ter, posso não pertencer, o temor de ficar só, parece levar o ser
visão relacional sumamente estreita, ou seja, o ser humano precisa de algum tipo de
companhia com outro ser humano” para completar sua interação social. 82 A
cada núcleo do grupo, sedimentando sempre suas práticas e seus modos de vida. A
mais pálida das existências está repleta de símbolos, o homem mais realista, vive de
imagens. 83 Isto revela que qualquer contexto, é composto pela unidade de várias
zonas do real e o símbolo ocupa uma dessas unidades. E sua influência, nas
estudada, pelo fato de que o mesmo pode se tornar fator que desequilibra as
relações humanas.
82
Hugo ASSMANN e Jung MO SUNG, Competência e sensibilidade solidária: educar para a
esperança, p. 171.
83
Mircea ELIADE, Tratado de historia das religiões, p. 368.
61
objetos em algo diferente do que eles parecem ser à experiência profana: uma pedra
símbolo, quer dizer, sinal de uma realidade transcendente, esses objetos anulam os
seus limites concretos, deixam de ser fragmentos isolados para se integrar num
passando a ter uma força que nem mesmo ele, por si teria, mas lhe é concedida
devido à dimensão emocional que o homem lhe atribui. Assim, tudo pode ser um
incorporado num objeto qualquer, até Jesus Cristo, que, de certo ponto de vista,
homem. 85
deixa de ser somente um costume e vem a ser algo considerado também uma
realidade emocional natural, uma necessidade, ou seja, algo comum à vida de cada
pessoa. Compreendemos hoje algo que o século IXX não podia nem mesmo se
poderemos extirpá-los. 86
Haja vista que muitas das discussões em torno do assunto do religioso, não
passam da esfera simples de seu uso nas comunidades e raramente são avaliadas
84
Mircea ELIADE, Tratado de historia das religiões, p. 368.
85
Ibid., p. 365.
86
Mircea ELIADE, Imagens e símbolos , ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso, p. 7.
62
imaginário ou não visível. Essa, talvez seja a razão pela qual se pode observar a
dinheiro, beleza, fama e outros, de nada significariam se não fosse por intermédio da
significado atribuído a algo” 88 , mostram uma clara relação existente entre um objeto
e seu valor emocional atribuído. Eles estabelecem como fator comum, a segurança,
87
Francisco B. SILVEIRA, Dicionário da língua portuguesa, p 799.
88
Mircea ELIADE, Imagens e símbolos, ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso, p. 7.
63
um ser humano inserido em um grupo e suas relações. Para uma pessoa, sempre
será mais fácil crer em algo que vá além do seu senso de fé imaginária, algo que ela
possa enxergar ou pegar, alguma coisa visível. Algo que para outros costumeira ou
culturalmente já tem sido usado com o mesmo fim. Assim ela mesma passa a fazer
uso deste algo, mostrando que qualquer imagem ou representação, seja material,
humanas, pode e deve estar ligada diretamente a uma possível necessidade natural
jovem que faz uso de drogas em um grupo. Nada poderia justificar esta ação onde,
mesmo sabendo que tal uso poderá trazer problemas maiores que a satisfação
sentida, o jovem decide ainda usar a droga. Isto mostra a força que existe na
em alguém. Este é um exemplo claro do símbolo, sua influência e seus riscos nas
relações interpessoais.
social, sentimento este que machuca o ego da pessoa e a faz sentir mal amada e
desprezada, o que contraria sua natureza que deseja ser aceita e reconhecida.
Assim é bem evidente que a ansiedade tem relação direta com a frustração
demasiadamente vasto e ao mesmo tempo arriscado para quem faz uso dos
mesmos. Mesmo porque, a leitura que uma pessoa faz de qualquer objeto ou
expectativas, e elas diferem de pessoa para pessoa, e não é em tudo realista com
Tais utilizações passam pelo mundo do emocional, e por seus clamores, por
pela utilização do novo, e sim por sua não utilização. Conquanto as crises de
O fato de um objeto ser algo comum ao meio, traz estabilidade para quem
usa, diminui o risco de erro ou falha, e não o tira do padrão, do aceitável e comum a
popularmente fortalecido em seu valor. Quem passa a fazer uso do símbolo, passa
assim dizer, a possibilidade de não ser aceito pelo grupo. É deste modo que a
fica em risco.
nas áreas da teologia e da história, mas também no campo da cultura, das artes e
das emoções. Eles estão presentes em qualquer lugar em que sua influência pode
ser vista de forma prática. Eles levam em consideração a própria história e influência
como coisas que mais interessam e têm significado, elas passam assim, a ser pratos
uma pessoa, condição ou estado emocional que comumente a maioria não está
pronta para ter um preço que não estão preparados a pagar, condição esta que
66
eles atribuídos e desta forma, a imaginação do homem pode levá-lo para o mundo
insatisfação e servidão.
mesmo que, de outra forma, em um contexto de mundo real, ele traga em si certa
reproduzidos em costumes.
suas diferenças, assim estas pessoas permanecem unidas mesmo que existam
divergências entre elas. Esta vontade reflete uma realidade lógica da raça humana
um primeiro momento uma relação intrínseca entre o ato e seu agente motivador, ou
67
de Porto Alegre, a qual por orientação da igreja não poderia fazer a aula de
educação física, por razão de sua crença religiosa. Após uma conversa da direção
da escola com o pastor, ficou decidido que ela participaria das aulas, desde que
Esse pequeno recorte da realidade nos permite pensar que o sujeito assume
campo doutrinário restritivo, o que de certa forma estabelece de maneira mais clara
podem ser cortados pelas mulheres e a impossibilidade do uso de calção por parte
89
Edmilson SANTOS, Cláudio MANDARINO, Revista de estudos da religião. Juventude e religião:
cenários no âmbito do Lazer, p.1.
68
Por ser a pessoa humana alguém que busca segurança no contexto social e
representação do comum, assim, sua comunidade, sua religião, sua escola, seu
trabalho é para este, parte do seu existir social. O risco, porém, é que a necessidade
e ansiedade. À medida que não se é feito algo de forma consciente e desejável, algo
que de fato seja julgado como bom e necessário para a pessoa, ou grupo que
emocional são coisas extremamente desejadas pelo homem, porém, sempre será
mais fácil crer em algo que esteja em seu universo comum e visível e que para
fazer comum?
devem existir e sempre serão presentes em qualquer espaço social, sob pena da
90
Edmilson SANTOS, Cláudio MANDARINO, Revista de estudos da religião. Juventude e religião:
cenários no âmbito do Lazer, p.1.
69
brasileiro, Egon Schaden, observa que muitos grupos sobreviventes, após relações
sempre estará demasiadamente presente. E este julgamento deve ser feito, não só
por conta do distanciamento temporal entre os símbolos, mas também por ocasião
consideráveis alterações.
desaparecer, porém devem ser avaliados com cuidado, sob pena de produzirem
harmonia interpessoal.
91
Vera ROMARIZ, Espetáculo revista de estúdios literários, Novembro, p.1.
70
maioria. Neste sentido, o alcance do desejo conduz para além das necessidades e
entre as pessoas. O desejo passa a ser uma sedução dominante da sociedade que
seguindo-a, não oferece quase que chance para aqueles que decidem não ser parte
do sistema.
ter mais. Este tipo de conduta é priorizado sob pena da possibilidade de exclusão do
representado pelo valor a ela atribuído, este valor é atribuído individualmente por
cada um, dependendo da dimensão que este objeto tem, em seu julgamento. E este
julgamento por sua vez sofre a influência direta da visão do outro ou grupo e do
vigente. Suas ações e reações são retratos deste contexto e sendo assim, “não são
um grupo social, sempre terá um álibi em sua defesa, desde que, o contexto em que
vive é reprodutor da ação, como alguém, de forma pessoal, pode ser culpado, de
social e nas opções que uma pessoa tem. O meio, a mídia, o mercado, a
competição advinda do interesse pelo poder comum é buscada pela maioria a fim de
sublimações e os ideais que se revelam”. 94 Para ser aceito é preciso ter, desta
forma surge o desejo de ter por conta da necessidade de pertencer. Nenhum homem
parece ser isento da influência exercida pela valorização que é dada ao que tem e
sobrevivência, é legítimo afirmar que elas virão antes dos desejos. Quando não se
tem o básico, existe uma necessidade e passa-se a desejar. Se alguém tem fome –
Este conjunto, não parece oferecer risco aparente para a relação de convívio,
pois trata de relações naturais. Quando esta ordem se inverte surgem riscos
desnecessário.
insatisfação irá o atingir, mesmo aquelas pessoas com auto poder aquisitivo passam
94
Guy ROSOLATO, A força do desejo: o âmago da psicanálise, p. 15.
73
a viver uma eterna insatisfação, visto que seu desejo está direcionado a uma
trazendo para ele a impressão que se realizar sua vontade, será feliz. A pergunta
que surge diante desta atitude comum à maioria das pessoas é: como posso eu ser
feliz se o meio onde vivo está infeliz? Como posso eu estar realizado, se as pessoas
estão ligadas a sua realidade e são inevitáveis à natureza humana. O alimento para
saciar a fome, a água para saciar a sede, o movimento para firmar o corpo e a
Especialmente ser reconhecido como ser humano, isto é, como um ser com certo
valor ou dignidade. 95 Este reconhecimento se faz por meio do ter o que o outro
deseja, ou que para ele é importante. Desde que a realização deste desejo e
nunca alcançará este objetivo de forma completa. A esperança adiada faz adoecer o
tensão constante.
95
Hugo ASSMANN, Jung MO SUNG, Competência e sensibilidade solidária: educar para a
esperança, p. 17.
96
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Velho Testamento, Provérbios 13: 12, p. 577.
74
ligado à influência de valores simbólicos, ligados ao ter, poder, possuir ou ser, tem
cultura competitiva.
gerada pelo receio de rejeição social, sentimento não muito diferente do medo de
grupo ou pessoa, é algo por demais doloroso. Independente do sistema onde uma
pessoa esteja inserida é natural ao ser, e parte de sua essência relacional ser e
interesse inconsciente o poder por trás do objeto desejado. A ação no conflito pode
que eleva a ansiedade e sofrimento, pelo fato de não se possuir. Estes fatores, por
sua vez, dificultam as relações interpessoais, pois neste contexto, do vale o quanto
pesa, quanto mais se tem, mais se vale, quanto menos, menor valor lhe é atribuído.
Esta assimilação é feita pelo indivíduo em seu contexto social, tem uma
É neste contexto que cabe a análise da influência que a natureza do ser humano e
97
Bernard MAYER, The dynamics of conflict resolution, p. 50.
75
seu desejo exercem sobre suas escolhas, dificultando seu ato harmônico e sua visão
o mercado como fundamento e centro das sociedades. O homem passa a ser tão
através dele. A busca da riqueza passou a ser o mais importante objetivo na vida da
mercado.
À medida que isto é vivenciado, o indivíduo luta para ser parte deste sistema,
se esforça são basicamente as coisas que têm valor para a maioria. A busca pelo
poder leva o homem ao desejo de ter, e para ter poder, ele tem que ter capital, assim
ele entende a felicidade pelo poder. A acumulação de riqueza passa a ser o melhor
se mostram opostas, não parece possível caminharem juntas. Por um lado existe o
questionamento sobre até que ponto pode existir produtividade sem competitividade,
ela é, menor a esperança de alguém ser feliz ou solidário com outro. Haja vista, que
ser solidário é algo que parte de uma intenção renunciadora, incomum a um mundo
76
competitivo. Como também, qualquer um que acha que tem algo, ou que é alguém
acima de seu valor normal como pessoa, tem o risco de si tornar déspota, com
não as estaria levando a uma sociedade desenfreada em busca de algo sem limites
e inalcançável? Até que ponto um indivíduo tem submetido seus desejos a uma
desejos, é que eles não têm limites, sua busca é ilimitada e quando se deseja o
E essa falta, bem como a competição para não padecê-la, pode armar um
ansiedade na interpessoalidade.
98
Guy ROSOLATO, A força do desejo, o âmago da psicanálise, p. 50.
77
área rural dos Estados Unidos, foi um dos primeiros estudiosos do comportamento
como uma das pessoas de sua época que mais trouxeram contribuição para o
considerado juntamente com Karen Horney e Erich Fromm, um dos expoentes das
humana 100 .
Clinebell, que assistiu conferências proferidas por Sullivan, quem salienta seus
de como estas oferecem recursos importantes que podem nos ajudar a sobreviver e
99
Ronaldo SATHLER-ROSA, Pastoral de aconselhamento e interpersonalismo: um estudo
exploratório do pensamento de Harry Stack Sullivan, p. 2.
100
Ibid.
101
Ibid.
78
a desenvolver um novo tempo para humanidade. 102 Estudar Harry Stack Sullivan é
de cada indivíduo.
trabalho de Sullivan e extrair o máximo que ele pode oferecer em seus estudos e
sua relação com a ansiedade, suas dinâmicas próprias entre pessoas e seus
relacionamentos.
interação dinâmica de dois ou mais organismos. 103 Não muito diferente de outros
102
Ronaldo SATHLER-ROSA, Pastoral de aconselhamento e interpersonalismo: um estudo
exploratório do pensamento de Harry Stack Sullivan, p. 2.
103
Harry S. SULLIVAN, The interpersonal theory of psychiatry, p. 40.
79
interpessoalidade.
Sullivan, este teorema está relacionado ao indivíduo desde a sua mais tenra
efeitos das relações entre pessoas. Para ele a integração em uma situação
onde está existindo uma cooperação mútua para crescimento das partes, e de
repente uma parte crê que já é hora de progredir mais, ameaçando a outra parte,
104
Harry S. SULLIVAN, The interpersonal theory of psychiatry, p. 198.
80
ambas as partes dessa facilitação, a outra parte, logo prevê que suas necessidades
relacionamento da criança com sua mãe. Se houver cooperação nos três aspectos
Por outro lado, quando o teorema é prejudicado, gera a ansiedade, a qual afetará o
condutas assimiladas e estas, por sua vez, são desenvolvidas em forma de padrões.
Os padrões podem ser bons ou ruins, positivos ou negativos, eles irão depender,
como foi observado acima, da assimilação feita por meio do ambiente de convívio da
pessoa.
parte de uma única entidade relacional, ou seja, não são duas partes relacionais
separadas, porém, duas pessoas em uma única parte, em um processo onde cada
Para Sullivan, é no campo das emoções que surgem as ações e atitudes que
Em seu ponto de vista, parece ser conclusivo dizer que: sempre e de alguma
forma, uma pessoa está afetando outra por meio de sua emoção intencional ou não
intencional. O que uma pessoa faz, crendo ser correto ou não, tem dimensões e
É por meio do que ele chama de integração, ou não integração que se reflete
elemento significativo no contexto social, porém este já era raro em seus dias. Ele
entendia que o respeito, observado junto com o exemplo podem trazer reflexos
processo de cura não pode ser eficaz a não ser que as pessoas sejam capazes de
emocional tenso e marcado por sintomas físicos como tensão, tremor, transpiração e
estresse”. A raiz da palavra, vem de outra palavra latina, “angere”, que significa
medo é estimulado.
106
Ronaldo SATHLER-ROSA, Pastoral de Aconselhamento e Interpersonalismo: Um Estudo
Exploratório do Pensamento de Harry Stack Sullivan , p. 3.
107
Aaron T.BECK, Garry EMERY, Ruth L. GREENBERG, Anxiety disorders and phobias: a cognitive
perspective. p. 8, 9.
108
Editores UNIVERSAL. Priberam dicionário. http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx.
Acesso em: 10 nov 2007.
83
questão. 109
geram desconfiança, até certo ponto necessária, porém causadora de uma medida
interpessoais.
e relacionamento da criança com sua mãe. Sullivan defendia a idéia de que “as
experiências atuais podem ser explicadas pela relação anterior com a boa mãe ou a
Uma resultante comum de ansiedade dos dias modernos é o que tem sido
de duas a quatro vezes mais freqüente nas mulheres, mas também pode ocorrer
com sinais semelhantes nos homens. Um único episódio de crise de ansiedade não
do transtorno. 111
109
Harry S. SULLIVAN, The interpersonal theory of psychiatry, p. 42.
110
Harry S. SULLIVAN, The Fusion of Psychiatry and social science, p. 248.
111
Kevin Carden/Shutterstock, O que é síndrome do pânico? As crises, que envolvem taquicardia e a
sensação de morte iminente, são conseqüências da ansiedade patológica. Revista, América
científica, secção Brasil, a ciência como você nunca viu!. Disponível em:
<http://www.2.uol.com.br/sciam/noticias/o_que_e_sindrome_do_panico_html> . Acesso em: 26 nov
2007.
84
preocupação culmina nas crises, e a pessoa fica ainda mais ansiosa porque perde o
controle de quando esta crise irá acontecer novamente. Desta forma, também fica
claro a relação da ansiedade com a falta de segurança direcional que uma pessoa
possa ter, ou seja, a ausência de controle sobre aquilo que passou a ser objeto da
ansiedade.
A atitude pode ser uma ação reprodutora ou não reprodutora de tensão e esta
conflitos na dinâmica relacional, levando uma relação ao alívio por sua inexistência
preocupam muito, são notadas com ansiedade, as mesmas são também raramente
livres deste sentimento de tensão. As sensações de mau humor, raiva e irritação que
as pessoas sentem no dia a dia não advêm de perigos reais, mas de ameaças ao
O simples fato de uma pessoa não dar ao outro a atenção esperada, já pode
produzir uma tensão inicial, a qual pode vir a se tornar em raiva quando se tenta
justificar a ansiedade inicial. Somente quando uma pessoa reconhece que a causa
acompanhada de uma ação terna, não influenciada pela tensão da ansiedade, pode
a ser muito significativa no estudo deste tema, pois a mesma, expressa de uma
de crises relacionais.
Desta forma se pergunta à ação, se ela leva ou não, consigo, a tensão. A tensão,
por sua vez, é um produto de uma ação anterior, desta forma, se pergunta à ação se
ela foi influenciada ou não pela tensão. Assim, ação e tensão atuam como inter-
produtora dos conflitos, como também ela atua como objeto desta mesma ação. Ao
mãe reflete a ansiedade influenciadora de sua ação, como também, transmite esta
mesma ansiedade à futura ação de seu filho em relação a uma outra pessoa.
vida humana. Como um gerador de muita tensão de grupo, e como uma força de tal
113
Harry S. SULLIVAN, The interpersonal theory of psychiatry, p. 99.
86
significado em seus efeitos, que deveria ser tratada com medidas de grupo e de
saúde pública.
alguma situação na vida. 115 Neste sentido comenta que pode ser chamado de
114
Harry S. SULLIVAN, The Psychiatric Interview, p.172.
115
Ibid., p.172, 173.
87
Nesta ótica, Sullivan defende que para eliminar a ansiedade, que também é
resultado da ação, uma pessoa deve quebrar o ciclo criado nesta dinâmica
relacional por meio de uma conduta diferenciada, que em sua opinião vem a
desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” 117 Segundo Mattheus Henry, as
palavras duras e agressivas a que se refere este texto não só suscitam a ira do
simples, porém que pode ser complexa em sua resposta: como quebrar este ciclo
como mais significativo à felicidade, que o ato de receber algo deste mesmo
116
Harry S. SULLIVAN, The Psychiatric Interview, p. 40.
117
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Velho Testamento, Provérbios 15: 1. p. 578.
118
Mattheus HENRY, Commentary on the whole Bible, v.3. http://www.ccel.org/ccel/henry/mhc3.xx.xvi.
html. Acesso em 30 jan 2008.
88
passa pelo entendimento da ótica de como eliminar a ansiedade, pois neste contexto
seus resultados.
espiritual.
fazendo esta reflexão é que se pode construir uma prática pastoral que vislumbre
ansiedade.
119
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Novo Testamento, Atos 20: 35. p. 151.
120
Russell N.CHAMPLIN, O novo testamento interpretado: versículo por versículo, v. 3, p. 451.
89
Este capítulo tem como objetivo sugerir elementos que contribuam para a
práxis pastoral com vistas à libertação de ciclos relacionais tensos. À medida que a
uma ação branda, ou seja, não influenciada pela tensão. Desde que ações
expectativa harmoniosa.
interesse de ajudar o outro e não parecia esperar retribuição prática por isso. Sua
perspectiva moral era coerente com seu discurso. E sua conduta, quanto as
de escolha.
90
Para que uma pastoral não seja equivocada, ela deve considerar o tema
cristão da graça como fundamental. À medida que se vive à cristandade, com focos
substituído pela tensão. Em uma comunidade eclesiástica, qualquer razão que tente
espontânea.
ser posto de lado. “A primeira e maior mudança que se faz necessária é estabelecer
não de temor, de coisas que se devem fazer e não de coisas que não devem ser
feitas.” 121
121
Russel BERTRAND, Princípios da reconstrução social, p.149.
91
incompreensão”. 122
comum, um ganha e o outro perde. Assim, tem se observado, uma forte tendência
contextuais, com o objetivo de contribuir para a construção dos valores morais que
diversas fases de um conflito, se abre espaço para a resolução, entendendo que por
122
Edgard MORIN, Os sete saberes necessários à educação do futuro, p. 99.
92
nos mapas, de modo que não podemos situá-las com precisão. Mas as ameaças,
essas substâncias estranhas, são bem visíveis.” 123 A ansiedade está seguramente
A proposta do mercado não parece atender a necessidade real, pois cria e recria
necessidades ilusórias.
Em sua definição de práxis pastoral Cassiano Floristan faz uso de termos que
interpessoais. Ele diz que “a ação pastoral é uma prática que atualiza a práxis de
Jesus Cristo através da ação da igreja e dos cristãos.” 124 Afirma também que a
teoria crítica é a autoconsciência de uma práxis. 125 Ela deve ser então, reflexiva,
teórica e crítica. O julgamento para ser correto teria que perguntar: “reflexiva em que
seus interlocutores. Qualquer ajuda que uma pastoral considere, deve ser vivida por
quem a ensina. Isto valida a ajuda e reflete que o objetivo a ser alcançado na vida
mesma deve iniciar por refletir sobre seus próprios relacionamentos com os outros.
Refletir sobre sua história de vida e a maneira que suas decisões são tomadas no
prejudicial a ela e ao outro, bem como ao grupo a que pertence. Neste sentido o alvo
Como afirma Morin, dissertando sobre o processo necessário para que haja
outro. Se descobrirmos que somos todos seres falíveis, então podemos descobrir
126
Edgard MORIN, Os sete saberes necessários à educação do futuro, p.100.
127
Ibid., p. 94.
94
outro, esta, mascara nossas próprias incompreensões e fraquezas que nos tornam
utilização do nível em que está. Pode perceber os caminhos do seu raciocínio, o que
passa pela compreensão do outro, o que o desequilibra, o que gera conflitos e o que
propicia artifícios adequados para agir na busca do equilíbrio. 129 Em todas essas
contexto cristão. Ou seja, se faz necessário entender esta dinâmica relacional para
acontecerá.
área da vida, especialmente na vida cristã. O apóstolo João, em seu livro cita que é
128
Edgard MORIN, Os sete saberes necessários à educação do futuro, p.97.
129
Telma VINHA, O educador e a moralidade infantil: uma visão construtivista, p.117.
95
verdade vos libertará”... 130 O primeiro passo para qualquer mudança interpessoal
de qualquer ação.
algo não significa que de fato isto foi aprendido, é o exercício do que foi ensinado
podemos considerar como mero conhecimento, aquilo que não é exercido na prática.
130
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Novo Testamento, João 8:32, p. 110.
96
quiser, mesmo que isso não represente desistência na busca por tentar alcançar
ambos. 132 Assim “a liberdade é para muitos um objetivo cobiçado e para outros uma
ameaça.” 133
Para um menino brasileiro, o significado de uma bola, será diferente, que para
um americano. Para uma criança nordestina, a água terá um sentido diferente que
para uma criança sulista. E assim, este mesmo horizonte simbólico ou de valor
existe também na vida emocional e social de uma pessoa. Esse significado afeta
131
Zygmund BAUMAN, Comunidade, a busca por segurança no mundo atua, p. 18.
132
Ibid., p.11.
133
Ibid., p.16.
134
Rheta DEVRIES, Bettz ZAN, A ética na educação infantil: o ambiente sócio-moral na escola, p.57
97
que ela valoriza mais ou menos, e se o que ela valoriza é de fato em uma dimensão
influenciada, portanto a adequação tem uma relação real direta ao desejo de ser
para eles e não valorizando o que para eles também não tem nenhum valor.
alcançado, a pessoa faz o possível para pertencer e possuir como os outros. É nesta
conseqüências dos conflitos interpessoais. “Andarão dois juntos se não existir entre
98
convívio comum entre pessoas que não têm harmonia relacional. Segundo Tim
Bulkeley, acordo é uma ação passiva de entendimento mútuo. 136 Esta ausência de
“A palavra dura suscita a ira, mas a resposta branda desvia o furor,” 137 isto
parece esclarecer que a ação contrária à atitude tensa é a forma de resposta que
foi um profeta brando e cauteloso, suas palavras conduziam mais à reflexão e a uma
ações morais e éticas generosas que beneficiassem o outro, demonstrando que não
entre o falar e o agir. Para ela, a palavra verbalizada nunca deve ser diferente da
135
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Velho Testamento, Amós 3: 3, p. 786.
136
Tim BULKELEY, Bible study biblical commentaries. Amos: Postmodern Bible. http://bible.gen.nz/.
Acesso em: 30 jan 2008.
137
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Novo Testamento, Provérbios 15: 1. p. 578.
99
Segundo Champlin, isso significa que “cada pessoa deve ser respeitada por aquilo
que é, devido ao valor de sua própria individualidade e pessoa, e não por causa do
proveito e benefício que se pode extrair de nossa associação com ela”. 139
exemplo de Cristo. E por sua vez passam a ser objetos de crises e afastamento de
uma relação interpessoal mais harmônica, sob pena da mesma ser mais prejudicada
impulsiva que o homem tem, pelo medo do isolamento, e para satisfazer seu impulso
por uma companhia pode sacrificar-se por toda sua vida.” 140
mais por necessidade do que por opção. A ruptura dos fatores de tensão no
138
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Novo Testamento, Mateus 22:39, p. 29.
139
Russell N. CHAMPLIN, O novo testamento interpretado: versículo por versículo, v. 1, p. 538.
140
Honorée BALZAC, O sofrimento do inventor, p. 17.
100
conflitante.
Mesmo que uma pessoa não saiba como atingir seu interesse maior de segurança e
harmonia relacional, ela irá ter a intenção de sentir este estado em seus
relacionamentos pessoais.
influência que os fatores sociais exercem quanto à geração de mais ansiedade, deve
conseqüentemente de conflitos.
Tal ruptura, com certeza, não é fácil desde que significa, como já foi dito, uma
para nossas emoções, este estudo já demonstrou que isto somente coopera para
ansiedade o clamor por ruptura e suspensão desta dor emocional é real, mesmo que
seja inconsciente.
Quanto mais longa e viciosa for a dinâmica relacional, mais difícil se tornará
esta realidade, cada pessoa pode dimensionar o custo emocional e o preço que
conflituosa e insegura.
satisfação do ser, esta busca de forma ego centrada o leva a adquirir como resultado
algo contrário à sua intenção. O resultado acaba sendo contrário à sua intenção
momento que o outro se defender da ameaça produzida pela ação que procura seus
próprios interesses.
dinâmica, observa-se também que em muitos momentos, ela deixa de ser produto
para ser agente do conflito. A partir do momento em que a tensão existe, suas
um desafio relacional, um risco para quem pretende realizá-la. Ações que não
ainda desconhecido, também passam muitas vezes a impedir uma ação autônoma e
independente.
mão encaminhamentos do quê, este homem pode fazer por ele próprio, no sentido
que são exemplos para a humanidade que mostram que o fazer religioso sincero é
possível. E baseado nisto, muitos tentam trilhar nesta direção e crêem que a
a mesma deveria ser tratada por meio de reconciliação e perdão mútuo. A ofensa ao
outro, deve ser questionada e considerada com cuidado pela pastoral e por aqueles
que a estudam. Atitudes e reações tensas, quase sempre magoam pessoas e por
isso devem ser tratadas por meio de mudanças sinceras e perdoadas mediante
contrição. 141 Seja qual for o erro de uma pessoa neste sistema, existe uma
de reverência, temor e respeito às coisas criadas e a Ele mesmo. Esta atitude divina
há uma perspectiva moral que é consistente com o diálogo genuíno, porque ele
141
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Novo Testamento, Romanos 3: 23; 6: 23; 12: 5, 1 João 1:9, p. 164, 166, 172, 255.
104
aja este querer, nada pode ser feito. A pessoa deve realmente querer a mudança e
atitude inter-relacional falha é reconhecida por alguém. É quando, com ou sem ajuda
de outro o individuo entende que suas reações têm sido prejudiciais ao longo do
com amor para com os responsáveis por suas marcas, reconhecendo que ele é o
parcial o homem se coloca diante do inevitável para mudar, e assim somente por
meio deste reconhecimento e contrição pode trabalhar seu coração com o propósito
ela não existiria. Assim, parece conveniente crer que em relacionamentos onde
no alívio da tensão e na substituição desta pela harmonia. Essa confiança, por sua
interessado em participar na superação de crises, não parece ser algo sensato. Ela
desta ofensa sofrendo uma dor similar ou maior. Resgatando Selman, esse seria o
142
Robert L. SELMAN, The growth of interpersonal understanding: developmental and clinical
analyses, p.38.
106
parando um pouco para ver o outro e percebê-lo como igual, com necessidades,
problemas e desejos.
na harmonia.
Por outro lado, somente a própria pessoa pode permitir mudanças interiores
decisão de fazer é pessoal e de livre escolha. Assim, uma pessoa não deveria
esperar mudanças na ação do outro, para que ela possa mudar sua ação, sob pena
vivendo esta mesma espera. A iniciativa pessoal parte de uma ação própria e
considerando que, quando uma atitude não é ego centrada, ela abre espaço para a
alguém, sem o interesse ou desejo do mesmo. É como um pai que por sua
maturidade e experiência teria condição de tomar as decisões certas por seu filho,
porém para o bem e crescimento do mesmo, ele não o controla, mas permite que ele
107
necessário para uma ação coerente e não ego centrada em relação ao outro. E a
crença de um poder maior, através do qual a esperança renasce, pode ajudar nesta
situação.
sobre alguém, esta pessoa perde o controle sobre a situação e age por impulso do
que o principal adversário com quem as pessoas são confrontadas no cotidiano, são
elas mesmas. A visão errada de superação que tem não entendendo as dinâmicas
frustração em não ver as coisas como ela quer e não conseguir mudar as
alívio em uma situação como esta, pode ser alcançado mediante: primeiro uma ação
Esta atitude pode ser claramente entendida como ação autônoma, sempre
mesma não seja influenciada pela coação ou pressão do outro, não influenciada
pelo ciclo ou pela ação da maioria. Neste sentido, uma pessoa que considera esta
caminho ao Senhor, confia nEle, e o mais Ele fará. Descansa no Senhor e espera
nEle.” 144 Neste caso uma sujeição a Deus parece ser o segredo para uma vida de
moderação e harmonia, fora da qual seria difícil para o homem encontrar paz
relacional.
144
Bíblia SAGRADA, versão revista e atualizada no Brasil, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
Velho Testamento, Salmos 37:5a-7, p. 511.
109
Por fim, um dos aspectos de nosso tema entra na área da liberdade, já que o
fazer religioso tem uma relação íntima com a relação social e sua subseqüente
espera por realização e felicidade. A ação heterônoma pode ser de alguma forma
liberdade.
agir de forma não tensa, ou pela influência direta do outro, é ignorada na maioria das
Neste caso o elemento em questão, passa a ser mais responsável por suas ações. E
isto trará mais segurança à relação em questão. Além de ter também, uma atitude
isto representa uma harmonia relacional muito valiosa. Para esta pessoa, a reação
de uma criança imatura, de alguém que não sabe ou que não vê o melhor, e busca
grande. Elas perdem por não entender a dinâmica relacional e sua chance de
110
coisas e circunstâncias com muita freqüência e são mais propícios a ver Deus fora
fatores relacionais sejam fáceis de assimilar, não são aplicados de forma prática. Por
outro lado, em existindo esta prática relacional na vida de alguém, não só ela é
não! Para evitar esta possibilidade, se faz necessário que existam condutas
À medida que alguém busca ajuda, um dos fatores principais que esta pessoa
interpessoalidade.
145
Rheta DEVRIES, Bettz ZAN, A ética na educação infantil: o ambiente sócio-moral na escola, p.
34.
111
Ter o controle sobre suas próprias emoções, desejos, ações e descanso nas
coisas que têm acesso ou mesmo competência para mudar, proporcionará maior
Porém, cada pessoa é seu principal inimigo na luta contra todas as coisas que as
cumprida, a qual não é somente um senso de realização por ter feito algo, mas
basicamente por ser algo. É um estar seguro de seu caminho. O não desfrutar de
Seria como optar por fazer valer o sistema e ignorar o que é essencial para a
superação de conflitos.
existentes em um ambiente, deve ser por mudança pessoal, sem se esperar a ação
do outro para que a sua aconteça. O sentimento de viver ao lado de alguém que
espera mudanças para amar e não oferece pressões para que as coisas aconteçam.
exteriormente.
112
provavelmente as seguirá.
Agir com calma e confiança no potencial do outro; evitar danos físicos; usar
relacional. 146 Quando uma pessoa entra em contato com diferentes perspectivas, ela
146
Rheta DEVRIES, Bettz ZAN, A ética na educação infantil: o ambiente sócio-moral na escola, p.
93-110.
113
CONSIDERAÇÕES FINAIS
outros lugares.
ansiedade-conflitos.
nenhuma conduta que ignora o raciocínio que soma racionalidade e emoção pode
resulta em uma prática de regras não conscientes. Neste sentido, parece plausível
também concluir que tal coação é responsável por muitas feridas desenvolvidas por
ação.
diretamente ligada a idade cronológica, como outros autores, ele também entende
alguém.
Por fim Erickson, quando defende que cada pessoa inserida na sociedade se
O contexto de formação das relações pessoais, por si, já faz notório o ciclo
que deveria ser o berço do amparo e acolhimento afetivo e espiritual de uma criança,
hostilidade como tem sido as escolas de ensino médio de nossos dias. Qualquer um
o próximo como importante e objeto alvo do serviço cristão, não é na prática vista
assim, e esta ação tem sido negligenciada, ou tem dado lugar à dissimulação. Ela
como projeção social, entrou pelas portas de cada casa de nossa sociedade.
A questão que surge nesta análise é: até que ponto a pastoral contemporânea
tem lugar no seio desta dinâmica interpessoal desarmônica? Mesmo que alguém
Sendo que o homem foi feito à imagem de Deus, ele precisa deste
humana. Desta forma, a causa por trás da ansiedade e conflitos relacionais é, ainda,
Cada pessoa deveria entender seus conflitos e buscar soluções que lhe
tragam não só alívio, como também segurança relacional. Esta segurança seria a
estabilidade e harmonia interpessoal, coisas que para ela, a faria sentir-se mais feliz.
realização passa pela harmonia relacional com o outro e com a pessoa de Deus.
ansiedade e conflito, desta feita, por meio de estudo de casos, onde a observação
relacionamento entre progenitora e progênito, onde possa existir controle por parte
humano, porem, muito ainda pode ser feito no estudo de um tema tão significativo
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