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HÁ VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS?

Wéllem Aparecida de FREITAS


Prof. Joyce Elaine de ALMEIDA BARONAS (Orientadora)

RESUMO

Nos últimos anos, pesquisadores da área de linguagem vêm


desenvolvendo investigações científicas com o intuito de identificar,
descrever e analisar fenômenos de variação linguística. É certo que a
Língua Portuguesa usada no Brasil não é uniforme, pois é constituída de
muitas variedades. Assim, o ensino da variação linguística na escola é
importante para que o aluno consiga identificar nas práticas sociais _
afinal a língua é uma instituição social_ as regularidades das diferentes
variedades do português, reconhecendo os valores sociais implicados. Em
primeiro lugar, é preciso lembrar que, muitas vezes, o ensino de língua
materna está associado à concepção de “erro”, o que na verdade deveria
ser revisto sob a ótica da adequação às circunstâncias de uso. Tendo isso
como base, o presente artigo se inclina sobre o ensino da variação
linguística, mais especificamente nas escolas públicas de Londrina-PR.
Desse modo, partindo dos pressupostos teóricos de Sociolinguística,
pretende-se analisar dados de uma entrevista realizada com professores
de escolas públicas, localizadas nas áreas rurais e urbanas, com o objetivo
de saber se os professores trabalham com o estudo da variação linguística
em sala de aula. Cabe ressaltar que não podemos procurar impedir a
variação; pelo contrário, é imprescindível abordar esse assunto em sala e
apresentar a ideia da adequação de cada possibilidade linguística a um
contexto particular.

Palavras-chave: Variação linguística; ensino; sociolinguística.

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INTRODUÇÃO

Há anos pesquisadores da área de linguagem vêm desenvolvendo


pesquisas científicas com o objetivo de identificar, descrever e analisar
fenômenos de variação linguística, pois a Língua Portuguesa utilizada no
Brasil não é uniforme, pelo contrário é constituída de muitas variedades.

Como resultado dessas pesquisas, e porque a língua é uma


unidade composta de variedades, já há nos documentos que orientam o
Ensino Fundamental (Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto
ciclos do Ensino Fundamental, doravante PCNs) a indicação explícita para
que sejam trabalhadas em sala de aula questões que têm como foco a
variação linguística, pois “o aluno, ao entrar na escola, já sabe pelo menos
uma dessas variedades – aquela que aprendeu pelo fato de estar inserido
em uma comunidade de falantes” (BRASIL, 1998, p. 81), assim também
podemos constatar, a partir da citação a seguir, extraída dos PCNs, que a
língua muda e que por isso o aluno deve estar preparado para identificar
tais mudanças:

A variação é constitutiva das línguas humanas,


ocorrendo em todos os níveis. Ela sempre
existiu e sempre existirá, independente de
qualquer ação normativa. Assim, quando se
fala em “Língua Portuguesa” está se falando
de uma unidade que os constitui de muitas
variedades. Embora no Brasil haja relativa
unidade linguística e apenas uma língua
nacional, notam-se diferenças de pronúncia,
de emprego de palavras, de morfologia e de
construções sintáticas, as quais não somente
identificam os falantes de comunidades
linguísticas em diferentes regiões, como ainda
se multiplicam em uma mesma comunidade de
fala. (BRASIL, 1998, p. 29).

Assim, se espera que o aluno “seja capaz de verificar as


regularidades das diferentes variedades do português, reconhecendo os

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valores sociais nelas implicados” (BRASIL, 1998, p. 52), ou seja, espera-
se que os alunos não somente conheçam as variedades da língua
materna, mas também que combatam o preconceito que existe contra as
formas populares em oposição às formas utilizadas por grupos
socialmente prestigiados, já que:

O preconceito linguístico, como qualquer outro


preconceito, resulta de avaliações subjetivas
dos grupos sociais e deve ser combatido com
vigor e energia. É importante que o aluno, ao
aprender novas formas linguísticas,
particularmente a escrita e o padrão de
oralidade mais formal orientado pela tradição
gramatical, entenda que todas as variedades
linguísticas são legítimas e próprias da história
e da cultura humana. (BRASIL, 1998, p.82).

Diante disso, pretendemos investigar como os professores que


trabalham em escolas públicas, estão trabalhando não somente as
variedades linguísticas de prestígio, mas também as variedades
populares, sobretudo as variantes dos alunos, que quase sempre se
distanciam da variedade de prestígio no que diz respeito a alguns
aspectos formais, além disso, objetivamos verificar se os livros didáticos
contemplam este conteúdo.

Escolhemos a escola pública, porque é a que mais absorve uma


clientela cuja linguagem pode se afastar mais da norma culta, dadas as
condições sócio culturais que implicam diferenças também no publico
escolar. Em vista disso, a pesquisa foi realizada em seis escolas públicas
de Londrina, sendo quatro localizadas na área urbana e duas na área
rural, para que fosse verificado se há o ensino da variação linguística nas
escolas públicas. Para tanto, tomamos por base estudos fundamentados
na sociolinguística, sobretudo, nas pesquisas desenvolvidas por Calvet
(2002), Tarallo (2001), Fregonezi (1975), entre outros.

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Pretendemos com isso verificar se os professores da escola
pública trabalham com questões de variação linguística em sala de aula o
que contribui, por um lado para combater o preconceito contra as
variedades populares; e por outro, para eliminar a noção de “erro” o que
possibilita uma melhora na prática de ensino em relação aos fenômenos
de variação linguística.

1. Variação linguística

A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus


falantes, pois seu uso varia de época para época, de região para região,
de classe social para classe social, e assim por diante. Nem
individualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme, porque
dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes
variedades de uma só forma da língua.

Travaglia divide as variedades linguísticas em dois tipos:

Basicamente podemos ter dois tipos de


variedades linguísticas: os dialetos e os
registros (estes também chamados de
estilos, por muitos estudiosos). Os dialetos
são as variedades que ocorrem em função das
pessoas que usam a língua, ou como preferem
alguns, para empregar uma terminologia
derivada da teoria da comunicação, dos
emissores. Já os registros são as variedades
que ocorrem em função do uso que se faz a
língua, ou como preferem alguns, dependem
do recebedor, da mensagem ou da situação.
(TRAVAGLIA, 2000, p. 42).

Já que a Língua Portuguesa é heterogênea foram realizados


vários estudos a respeito da variação linguística que registram pelo menos
seis dimensões de variação dialetal: a territorial, a social, a de idade, a de
sexo, a de geração e a de função.

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Para Halliday, McIntosh e Strevens (1974), as variações de
registro são classificadas como sendo de três tipos diferentes: de grau de
formalismo, entendida como um maior cuidado e apuro (no sentido
normativo e estético) no uso dos recursos da língua; de modo, que se
refere à oposição entre a língua falada e a língua escrita; e de sintonia,
que envolve características próprias que marcam um estilo próprio:

De tal modo que alguns autores acham que a


dificuldade que os alunos têm para escrever
não advém do desconhecimento da norma
culta ou padrão, mas antes do
desconhecimento dessas características
próprias do escrito. A língua escrita e a falada
apresentam uma série de diferenças devidas
ao meio (visual ou auditivo) em que são
produzidas. (TRAVAGLIA, 2000, p. 52).

Assim, por causa destas, questões se faz necessário tal


abordagem em sala, para que dificuldades como estas sejam evitadas.

Fregonezi, referindo-se às variações, afirma:

„O contexto social do enunciado específico, a


posição social do locutor, sua origem
geográfica e sua idade. Cada um destes
aspectos proporciona um conjunto útil de
generalidades‟. (FREGONEZI, 1975, p. 16)

Tendo estas ideias como base, o professor deve proporcionar ao


aluno o conhecimento das variedades presentes na língua, porque “é uma
instituição social”, portanto não pode ser considerada como forma de
domínio e/ou classificada em escala de valores, pois muitas vezes os
preconceitos são gerados por causa do desconhecimento da variação
linguística.

„A capacidade de utilizar corretamente a língua


em uma variedade de situações socialmente

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determinadas é parte integrante e central da
competência linguística tanto quanto a
capacidade de produzir orações
gramaticalmente bem formadas‟.
(FREGONEZI, 1975, p. 5.)

Em vista disso, não cabe ao professor ensinar apenas normas


gramaticais, mas sim levar o aluno a verificar fatores que estão envolvidos
na sociedade para que consiga identificar as variantes da língua e usá-las
em suas situações específicas, pois se faz necessário que o contexto social
do aluno seja considerado como um fator importante em sala de aula.

2. Breve histórico da sociolinguística

Nossa pesquisa tem como foco o ensino da variação linguística


em sala de aula, partiremos, portanto, de pressupostos teóricos de
sociolinguística uma vez que a língua está e é parte integrante da
sociedade. William Labov insistiu na relação entre língua e sociedade.

Foi, portanto, William Labov quem, mais


veemente, voltou a insistir na relação entre
língua e sociedade e na possibilidade, virtual e
real, de se sistematizar a variação existente e
própria da língua falada. Desde seu primeiro
estudo, de 1963, sobre o inglês falado na ilha
de Martha‟s Vineyard, no Estado de
Massachusetts (Estados Unidos). (TARALLO,
2001, p. 7).

Seguiremos estes princípios da sociolinguística, porque é


perceptível que o ensino da variação linguística em sala de aula deve ser
trabalhado levando em consideração o meio social em que o aluno está
inserido, portanto, para nós a língua é entendida como um fato social que
só acontece por meio de seus falantes.

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3. Variação e ensino

O ensino de Língua Portuguesa passou por transformações para


que fossem consideradas em sala não só a gramática normativa, mas
questões referentes à interação, questões que estão na vivencia dos
alunos, que fazem parte de seu repertório e que são vistas como algo a
ser usado na sociedade e não apenas para aprender a língua escrita.

A disciplina de Língua Portuguesa passou a


denominar-se, a partir da Lei 5692/71, no
primeiro grau, Comunicação e Expressão (nas
quatro primeiras séries) e Comunicação em
Língua Portuguesa (nas quatro últimas séries),
com base em estudos posteriores a Saussure,
em especial nos estudos de Jakobson,
referentes à teoria da comunicação. Na década
de 70, além disso, outras teorias a respeito da
linguagem passaram a ser debatidas, entre
elas: a Sociolinguística, que volta-se para as
questões de variação linguística; a Análise do
Discurso, que reflete sobre a relação sujeito-
linguagem-história, relaciona-se à ideologia; a
Semântica, que preocupa-se com a natureza,
função e uso dos significados; a Linguística
Textual, que apresenta como objeto o texto,
considerando o sujeito e a situação de
interação, estuda os mecanismos de
textualização. (PARANÁ, 2008, p. 44)

Com base nestas diretrizes, o ensino passa a ser democrático e a


visar à interação, as situações de uso social, pois o aluno já faz uso da
língua antes de fazer parte do ambiente escolar, portanto temos que levar
em conta o seu contexto sociocultural.

A acolhida democrática da escola às variações


linguísticas toma como ponto de partida os
conhecimentos linguísticos dos alunos, para
promover situações que os incentivem a falar,
ou seja, fazer uso da variedade de linguagem
que eles empregam em suas relações sociais,
mostrando que as diferenças de registro não
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constituem, científica e legalmente, objeto de
classificação e que é importante a adequação
do registro nas diferentes instâncias
discursivas. (PARANÁ, 2008, p. 55)

Tendo este estudo por base nas salas de aula, é possível ser
mostrado ao aluno que as classificações “boa” e “ruim”, “certo” e “errado”
não existem, mas que devemos saber adequar em cada situação uma
variante linguística. Com esta perspectiva, o ensino torna-se mais fácil e
melhor recebido por parte dos alunos, pois identificarão as relações sociais
nos discursos, o que facilitará na hora da comunicação.

A Sociolinguística não classifica as diferentes


variações linguísticas como boas ou ruins,
melhores ou piores, primitivas ou elaboradas,
pois constituem sistemas linguísticos eficazes,
falares que atendem a diferentes propósitos
comunicativos, dadas as práticas sociais e os
hábitos culturais das comunidades. (PARANÁ,
2008, p. 56)

Antunes afirma que:

Existem situações sociais diferentes; logo,


deve haver também padrões de uso da língua
diferente. A variação, assim, aparece como
uma coisa inevitavelmente normal. Ou seja,
existem variações linguísticas não porque as
pessoas são ignorantes ou indisciplinadas;
existem, porque as línguas são fatos sociais,
situados num tempo e num espaço concretos,
com funções definidas. E, como tais, são
condicionados por esses fatores. (PARANÁ,
2008, p. 65)

4. Coleta de dados – pesquisa

Com o intuito de verificar questões a respeito do ensino-


aprendizagem da variação linguística nas escolas, nos propusemos a

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analisar seis escolas públicas da cidade de Londrina, para que pudéssemos
constatar se há o ensino da variação linguística.

Em vista disso, seguem as análises das entrevistas e


posteriormente as considerações finais contendo os resultados por nós
alcançados.

4.1 Análise das entrevistas

As perguntas aplicadas aos professores foram:

1) Nome (Fictício):
____________________________________________________
2) Nome da escola:
___________________________________________________
3) Há quanto tempo ministra aula? _____________
4) Possui licenciatura na disciplina específica? Sim Não
5) Como você vê o ensino da variação linguística em sala de aula?
Considera importante?
6) O livro didático, o qual utiliza em sala, aborda questões de variação
linguística? Como aborda tais questões em sala? Utiliza outros exemplos?
7) Você acha que com o ensino da variação linguística em sala os
alunos podem deixar de utilizar a norma padrão da língua? Por quê?
8) Como os alunos reagem a tal conteúdo? Apresentam dificuldades,
preconceito com outros tipos de variação, etc.

4.1.1 Análise da questão 1

Os professores, para se sentirem mais à vontade, puderam


utilizar nomes fictícios.

4.1.2 Análise da questão 2

As entrevistas foram realizadas com professores da escola


pública em colégios estaduais e de nível médio. As escolas pesquisadas
dividem-se em:

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 Localizadas na Zona Urbana: Colégio Estadual Professor Vicente
Rijo, Colégio Estadual Professora Maria José Balzanelo Aguilera, Colégio
Estadual Monsenhor Josemariá Escrivá, Instituto de Educação Estadual de
Londrina.
 Localizadas na Zona rural: Colégio Estadual de Paiquerê e Colégio
Estadual de Lerroville.

4.1.3 Análise da questão 3

A prática docente dos professores pesquisados é a mais variada


possível, pois há professores recém-formados com a experiência de 2
anos em sala de aula e existem aqueles cuja experiência é maior, pois
estão há mais de 15 anos em contato com a sala de aula, vivenciaram até
mesmo as mudanças no estudo da Língua Portuguesa e estão se
adaptando a alguns fatores por estarem há muito tempo fora da
universidade e por não realizarem, com frequência, um estudo continuado
na área. Alguns, em conversa, relataram dificuldades com o ensino dos
gêneros textuais, conteúdo “novo” que deve ser ensino aos alunos, mas
por não terem estudado estas questões acabam tendo dificuldades em sua
aplicação.

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4.1.4 Análise da questão 4

Todos os professores possuem licenciatura em Letras e atuam na


área como professores, dois deles estão fazendo mestrado e doutorado na
Universidade Estadual de Londrina.

4.1.5 Análise da questão 5

Ao serem questionados a respeito do ensino da variação


linguística, as respostas foram satisfatórias e para que o trabalho
contemple todos os resultados obtidos seguem as observações feitas pelos
professores. Para não demarcamos a escola em questão nem o professor,
utilizaremos siglas para separarmos as respostas:

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- Professor A: “É importante para a desconstrução do conceito de “certo” e
“errado” com relação à língua e para buscar a eliminação da sensação de
inferioridade social por usar uma variante diferente da língua culta. Cabe
lembrar que só o conhecimento possibilita essa análise e conclusão.”

- Professor B: “É muito importante, pois o contato com diferentes tipos de


linguagem naturalmente não substitui a leitura e análise de textos
literários, ao contrário soma-se a elas.”

- Professor C: “Acredito que o ensino da variação linguística é muito


importante no ensino, pois é uma maneira de levar em consideração o
contexto no qual o aluno está inserido e reduzir, em parte, os
preconceitos linguísticos.”

- Professor D: “Acredito que o ensino da variação linguística em sala seja


bastante válido, visto que proporciona momentos de significante interação
com as várias formas de comunicação. Se um dos importantes traços de
identificação de um povo é a sua língua, conhecer e interagir com alguns
deles torna-se uma forma de enriquecimento, de interação e de aquisição
de conhecimento.”

- Professor E: “Este ensino é de suma importância, pois o aluno não pode


desconhecer estas variantes já que em meio a sociedade elas estão
presentes.”

- Professor F: “O ensino da variação linguística na sala de aula se faz


importante, uma vez que o aluno já possui uma variação ao entrar na
escola, e lidar, descrever, conhecer e identificar outras variantes torna o
trabalho da linguagem algo próximo do aluno, o que muitas vezes além de
prazeroso mostra-se como um conteúdo que é usado, que não será
apenas mais um conteúdo a estudar para prova, pelo contrário é um
conteúdo que faz parte de sua vivência.”

4.1.6 Análise da questão 6

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Quando questionados se o livro didático, o qual utilizava em sala,
abordava questões de variação, a maioria afirmou que sim e relatou que
alguns superficialmente; porém, por considerarem este ensino importante,
sempre buscavam em outras fontes e levavam materiais extras para que
o assunto fosse trabalhado em sala. Uma surpresa foi o relato de que
alguns não fazem o uso do livro didático, ou o utilizam pouco, mas todos
afirmaram trabalhar com o ensino da variação linguística. Assim, seguem
as colocações dos professores.

- Professor A: “O livro traz textos e expressões de diversas regiões, da


linguagem coloquial e técnica, etc. As atividades pedem para identificar os
falantes, relacionar com a língua culta e outros.”
- Professor B: “Sim. Aborda de maneira bem objetiva e bem diversificada.
Utilizo o pen drive, revistas, jornais.”

- Professor C: “Costumo não utilizar o livro didático em sala de aula,


costumo levar fotocópias ou utilizar a televisão pen drive. Todo começo de
ano uma das primeiras coisas que abordo em sala é sobre a importância
da variação linguística. Procuro abordar muito sobre variação social e dar
exemplos sobre o modo de falar dos alunos. Procuro mostrar também a
diferença entre fala e escrita.”

- Professor D: “Sim, o livro utilizado em minha escola, Ensino Médio,


aborda questões de variação linguística, apresentando algumas dessas
variações, bem como explorando seu uso, identificando essas
particularidades de uma forma geralmente enriquecedora e, algumas
vezes, lúdica. Além disso, eu trabalho com exemplos encontrados em
textos literários e/ou filmes regionais. Isso acontece de forma mais
intensa no 1° ano.”

- Professor E: “O livro aborda superficialmente, mas as trabalho em sala.


Não tanto quanto deveria por causa do tempo que não permite.”

- Professor F: “Não utilizo livro didático, mas abordo questões relativas ao


ensino da variação linguística através de exemplos impressos ou
mencionados que fazem parte do cotidiano do aluno.”

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4.1.7 Análise da questão 7

Quando questionados se o ensino da variação linguística pode


interferir na utilização da norma padrão, a resposta foi unanime: Não. E
defenderam esta afirmação de maneira muito positiva, afirmando que o
ensino da variação linguística se faz importante e que não atrapalha no
ensino das demais matérias. Seguem tais afirmações:

- Professor A: “Não, eu penso exatamente ao contrário dessa afirmação. É


pelo conhecimento que pode optar pelo uso de cada variante.”

- Professor B: “Não, porque através das atividades de variação linguística


os alunos são capazes de ampliar e solidificar os seus conhecimentos.
Diante de tanta tecnologia a variação linguística serve como um convite à
leitura permitindo também uma ligação de enfoques, intenções e
contextos.”

- Professor C: “Não, desde que o professor deixe claro a importância da


variação linguística e da norma padrão. Quando o aluno entende a
importância desses dois últimos, ele consegue mais facilmente interagir
com as pessoas nas diferentes situações.”

- Professor D: “Não! Tudo depende da forma como isso é passado ao


aluno, destacando a importância de cada variação e, também, da norma
padrão da língua. Esta não pode ser desconsiderada em detrimento
daquela, considerando um discurso de valorização do diferente. A norma
padrão deve sim, ser o nosso norte em sala de aula, mas as variações
devem ser consideradas e respeitadas.”

- Professor E: “Os alunos possuem dificuldade com a norma “padrão”,


mas não deixam de usá-la por aprenderem a variação linguística.”

- Professor F: “Vai do modo como o professor trabalha em sala com este


conteúdo, nunca tive problemas com relação a isso.”

4.1.8 Análise da questão 8

A questão número oito queria saber se os alunos encontram


dificuldades em relação ao ensino da variação e como reagem a este
conteúdo. Os professores apontaram que, de inicio, os alunos apresentam
preconceito, chegam a descrevê-la como “falar errado”, “caipira”, mas
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conforme se conduz a aula, estas classificações são alteradas e passam a
ser vistas como algo próximo de sua realidade, pois passam a identificar
as variações em seu meio, seja ele escolar, na rua, em casa, enfim,
percebem que está na sociedade, o que desperta o interesse em querer
aprender mais e saber por que é usado em seu contexto. A seguir,
apresenta-se como os professores responderam a esta questão.

- Professor A: “Eles classificam como “falar errado” ou “caipira”, mas


depois, entendem.”

- Professor B: “Reagem bem. Uma certa dificuldade no início, mas depois


conseguem desenvolver as atividades propostas.”

- Professor C: “Não, como disse anteriormente (na questão 7), é preciso


que o professor deixa bem claro a importância da variação linguística.”

- Professor D: “Até hoje não tive problemas ao trabalhar com as variações


linguísticas, pois acredito nessa pluralidade e tento passar essa
importância aos meus discentes. Além disso, é sempre muito interessante
conhecer e se apropriar do que é diferente. Toda forma de conhecimento
é válida, desde que bem trabalhada e considerada em sua totalidade!”

- Professor E: “Apresentam curiosidade, é um dos conteúdos que mais


gostam porque detectam em seu meio a variação o que os estimulam.”

- Professor F: “De início não demonstram interesse, mas quando


percebem a proximidade do conteúdo com seu dia-a-dia, começam a
identificar as variantes que os colegas possuem ou se conhecem alguém
que “fala diferente” logo começam a participar da aula, o que realmente
demonstra que o conteúdo a ser ministrado pelo professor deve fazer
sentido ao aluno, não só para ele concluir os estudos, mas para que
reconheça a importância do que é estudo ao longo da disciplina.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista dos fatos acima mencionados, compreendemos que o


ensino da variação linguística nas escolas públicas de Londrina segue os
PCNs, não deixando de lado o contexto socioeconômico e cultural do
aluno.

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Por meio da entrevista realizada com seis professores da rede
estadual de ensino, verificamos que a maioria declarou que o livro didático
aborda questões de variação linguística, alguns superficialmente, porém,
segundo os dados das entrevistas, os professores complementam tal
conteúdo trazendo materiais extras ou dialogando com o próprio contexto
escolar vivenciado pelo aluno. O conteúdo é visto como importante e por
causa disso é trabalhado por todos os pesquisados.

Relatos comprovam que de início os alunos estranham, alguns


até consideram como “errado”, mas posteriormente, e devido à explicação
e incentivo dos professores, a ideia de “erro” é deixada de lado e é vista
como uma adequação que se faz necessária de acordo com a situação em
que o aluno se encontra, como por exemplo, o aluno deve saber que em
uma entrevista de emprego ele não pode se comportar da mesma
maneira que em sua casa, falando com amigos, contando uma história
etc. São estas questões que devem ser trabalhadas em sala, pois o aluno
precisa aprender conteúdos que irá utilizar em sua vivência, isso não quer
dizer que a gramática normativa deva ser deixada de lado, pelo contrário
ela orienta e mostra as regras que são necessárias para a escrita e para
as situações formais.

A pesquisa também nos mostrou, por um lado, que os conteúdos,


não só de variação linguística, como os demais, não são tão explorados,
em vista do tempo disponível para trabalhar com tantos assuntos; outro
fator importante é que alguns professores encontram-se há muito tempo
afastados das salas de aula como alunos, o que muitas vezes atrapalha o
ensino de certos conteúdos por não terem domínio do assunto a ser
trabalhado, como foi mencionado por um dos professores a respeito do
ensino dos gêneros textuais.

Portanto, a pesquisa contribuiu para que nosso objetivo fosse


alcançado, os dados desta pesquisa apontam que o conteúdo de variação

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é abordado e nos permitem compreender como isto ocorre. As escolas,
que não possuíam ligação umas com as outras, por causa da distância,
nos mostrou que não há diferença em relação ao ensino na zona urbana
ou rural, pois é papel do professor selecionar os conteúdos a serem
abordados e a maneira como irá conduzi-los.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental: Parâmetros curriculares


nacionais: terceiro e quatro ciclos do ensino fundamental: Língua
Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. Tradução


Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2002. 176p.

FREGONEZI, D. E. A variação linguística e o ensino de Português. Cornélio


Procópio, FAFICL, 1975.

PARANÁ, Secretaria de Educação do Estado do. Departamento de


Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: língua
portuguesa. Paraná, 2008.

TARALLO, Fernando. A relação entre língua e sociedade. In: A pesquisa


sociolinguística. São Paulo: Ática, 2001.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A variação linguística e o ensino de língua


materna. In: Gramática e interação: uma proposta para o ensino de
gramática no 1º e 2º Graus. 5º ed. São Paulo: Cortez, 2000.

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