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1. Conceito
O agravo de instrumento é uma espécie recursal prevista no novo código de
processo civil, em seu art. 994, II, tendo como objetivo a impugnação de decisões
interlocutórias previstas no rol do art. 1015 do novo CPC. Esta espécie recursal, à
diferença das demais, tem a peculiaridade de seu cabimento se dar apenas para as
decisões interlocutórias previstas em rol constante do diploma processual, tendo em
vista seguir o princípio da taxatividade.
Por seu turno, para a correta compreensão do agravo de instrumento, é
necessário, antes de tudo, a compreensão do que venha a ser uma decisão
interlocutória. Consiste esta em uma decisão que não resolve o mérito do processo,
mas mera questão incidental. Exemplos de decisão deste tipo pode ser perfeitamente
ilustrada pela decisão do juiz que verse acerca do deferimento ou indeferimento de
uma tutela provisória ou, o deferimento ou indeferimento do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica.
Por ocasião da discussão da aprovação do novo diploma processual pátrio, a
comissão de juristas encarregada de sua formulação pensou em, a exemplo do que
ocorre no processo trabalhista, excluir completamente a possibilidade de recursos
para as decisões interlocutórias. Porém, a comissão teve a percepção de que, à
diferença do que ocorre no processo do trabalho, as interlocutórias de natureza cível
são muito mais complexas e muitas vezes capazes de gerar prejuízo para uma das
partes (DONIZETTI, 2016). Assim, a opção do legislador foi a de simplismento
restringir, em rol taxativo, as decisões interlocutórias passíveis de serem agraváveis,
tendo em vista o princípio da celeridade processual.
Desta feita, podemos conceituar o recurso de agravo de instrumento, como
sendo o expediente cabível para impugnar decisões interlocutórias expressamente
previstas no rol do art. 1015 do Código de Processo Civil.
2. Cabimento
Como dito, o agravo de instrumento é cabível somente para as especíes de
interlocutórias expressamente previstas no art. 1015 do novo CPC. Essas hipóteses
são em número de onze, constando também previsão no número XIII para “outros
casos expressamente referidos em lei” (DONIZETTI, 2016). Com relação às decisões
interlocutórias não previstas exepressamente no rol taxativo ou não referidas em lei,
aquelas e estas poderão ser atacadas por apelação, pois não serão atingidas pela
preclusão, ou, como ensina Donizetti (2016), poderão ser atacadas por meio do
remédio constitucional mandado de segurança.
O primeiro caso expressamente previsto no diploma processual cabível para
ser agravado instrumentalmente, é a da decisão que se refere à tutela provisória. É
esta uma decisão capaz de acarretar prejuízo a uma das partes, por essa razão, está
prevista a hipótese de seu agravamento.
Interlocutórias que versam sobre o mérito do processo também são passíveis
de agravo instrumental. Este tipo de decisão encontra previsão expressa no art. 356
do CPC, que versa sobre a cumulação de pedidos onde autoriza o juiz proceder ao
julgamento de maneira incidental sobre um dos pedidos ou mais de um deles. Um
claro exemplo deste tipo de decisão é a que julga procedente o pedido de prestação
de contas.
A decisão que rejeita a alegação de convenção de arbitragem figura como a
terceira hipótese prevista no CPC/2015 passível de ser atacada por meio de agravo
de instrumuneto. Trata-se esta, de decisão prevista no art. 337, X da codificação
processual, que diz ser ônus do réu alegar em preliminar de contestação, a existência
de compromisso arbitral ou cláusula compromissória. Deste modo, como trata-se de
interlocutória potencialmente gravosa para a parte ré, caberá o agravo de instrumento
para atacar a decisão.
Como quarta hipótese cabível para o agravo de instrumento prevista no art.
1015 do novo CPC figura a decisão que defere ou não o pedido de desconsideração
da personalidade jurídica, instituto processual regulamentado nos arts. 133 a 137 do
diploma processual pátrio, e com previsão no art. 50 do Código Civil e nos arts. 28, §
5º , do CDC, e ainda no art. 4º da Lei 9.605/98. Para que esta interlocutória seja
apreciada é necessário que a parte qua a alega traga provas suficientes para o bojo
do processo.
Também são passíveis de ataque por meio de agravo instrumental, as
interlocutórias que versem sobre o deferimento ou não do pedido de justiça gratuita,
exibição ou posse de documento ou coisa, exclusão de litisconsorte, inversão do ônus
da prova, dentre outras, como visto, todas capazes de gerar prejuízo a uma ou às
duas partes do processo, sendo por isso, passíves de agravo de instrumento como
extensão dos princípios do devido processo legal e do contraditório e ampla defesa,
bem como, o principío do duplo grau de jurisdição no qual se baseia toda a teoria geral
dos recursos.
CONCLUSÃO
Pelo exposto, pode-se concluir que é o agravo um recurso sui generis, sendo
apto a reformar diversas decisões interlocutórias que possam prejudicar as partes no
curso do processo civil, tendo a parte que dele se utiliza o ônus de observar algumas
nuances que lhes são peculiares por natureza como a cópia dos documentos aptos a
formar o instrumento, a previsão expressa da decisão agravada em lei, dentre outras.
Pode-se ainda concluir que, o agravo de instrumento, embora possa ser
dispensado no ambito de outros tipos de processo, como o trabalhista por exemplo,
continua indispensável para o processo civil, tendo o legislador o cuidado para que o
processo civil siga todos os ditames previstos nos princípios constitucionais, sendo o
mesmo, assim como os outros recursos, um claro desdobramento dos princípios do
devido processo legal, e, mais especificamente, do contraditório e da ampla defesa.
REFERÊNCIAS
Donizetti, Elpídio. Curso didático de direito processual civil – 19. ed. rev., atual.e
ampl. – São Paulo: Atlas, 2016