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ONDIÇÃO HUMANA

PO R MARIA LiGIA PAGEN OTTO

,.

Discutido por Platão, Hume e Camus, o


suicídio é visto, em alguns casos, como uma
saída diante da perplexidade em relação à vida

~
v
u • ó há um problema filosófico praticado por indivíduos fracos demais
verdadeiramente sério : o sui- para enfrentar as vicissitudes da vida",
cídio. Julgar se a vida merece há quatro exceções em que o suicídio é
ou não ser vivida é resp onder desculpado: quando uma mente é tão
a uma questão fundnmental da Filo- moralmente co rrupta que para ela não
sofw. De resto, se o , mundo tem três há salvação; quando a prática é mo-
d imensões, se o espírito tem nove ou livada po r me io de ordens judic ia is,
doze categorias, vem em segu ida". Es- como no caso de Sócrates; qua ndo é
tas palavras são do escritor e pensador cometido sob extrema e inevitável in-
Albert Camus ( 1913- 1960) e estão no felicidade; e quando é motivado por
ensaio O Mito de Sísifo, que trata da vergonha ou por ter o indivíduo come-
condição humana e do estarrecimento tido ato de gran de injustiça.
diante do absurdo do mundo. O tema,
abordado pelos existen cialistas na se- 0" .r ~ f1JCOS. Cru-10 rírfRfi.
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gund a metade do século XX, sempre po r volta de 250 a.C, nfumavam que
fez parte do discurso filosófiCO, desde "sem os meios de ter umn v ida que se
Platão, q ue discutiu o suicídio em dois desenvolva naturalmente, o suicíd io
trabalhos, passa ndo pelo escocês Da- pode ser justiftcado. Nossa natureza
vid Hume, que no século XVill escre- requer ·certas vantagens naturais' (o
veu o ensaio Do Suicídio. bem-estar físico) para que possamos
Vê-se em Fedon, de Platão, a des- ser felizes. E uma pessoa sábin, que
crição que o filósofo faz de Sócrates reconhece não ter essas vantagens, vê
em seus últimos dias, defendendo a que term in ar s ua vida não diminui su a
tese, associada à escola de P itágoras, vi rtude natural. Quando a vida d e um
p ela qual o su icídio é sempre um erro homem te m p reponderância de co isas
por liberarmos nossa a lma do corpo ·de acordo com a natureza· é apropria-
em que Deus nos colocou. Depois, em do para e le permanecer vivo. Quando
seu outro trabalho (Leis), Platão aftr- ele percebe uma maioria de coisas ad-
ma que o s uicídio é uma desgraça e versas é apropria do terminar com a
quem o comete deve ser enterrado em v ida". O estóico romano Sêneca, ele
sepultura clandestina. No enta nto, mesmo condenado a cometer suicídio,
Maria Lígia
Platão afirma que "embora o suicídio d iz que "o essencia l não é simplesmen- Pagenotto é jornaliua e
não deixe de ser um ato de covardia, te viver, mas viver bem", e uma pessoa escreve para esta publicação

FllOSOFIAcicncl~&v,d• I7
ONDIÇÃO HUMANA

sábia "vive o qu anto deveria viver e


não o q u anto e la pode viver." Para ele,
é a q ua lid ade da vida e não duração
que importa. Ou tro estóico, Catão, O
Jovem (95-46 a.C), comete suicíd io em
nome da justiça e da liberdade para se
opor ao Império Romano.
Por outro lado, o cristianismo con-
dena drasticamente o suicídio com base
no quinto mandamento {"Não matarás"),
embora a Bíblia tião faça nenhuma re-
ferência ao ato. Para Santo Agostinho,
o suicídio é um pecado. Santo Tomás
de Aquino baseou a proibição em três
justificativas: o suicídio é contrário à
inclinação natural da pessoa de amar
a si mesmo; é um atentado à comuni-
dade à qua l a pessoa pertence; a vida
é um bem dado ao homem por Deus c "Estou certa de que V·
quem a tira v iola o d ireito d ivino de enlouquecer novameni
d etermi na r a d u ração de nossa exis- Eu sinto que não
tência na Terra. podemos passar por
outro daqueles terri
momentos. Começo a
More recomendava suicídio
escutar vozes, não
aos doentes incuráveis consigo me concentr~
Portanto estou fazei
defendesse essa lese. Já Montaigne
que parece ser a meJ
Embora o Renascimento seja um enumerou v<irios argu mentos em favor coisa a fazer" - trec
contraponto à Idade Média, os intelec- do su icídio cm seus Eusaios ( 1580- da última carta dei
tuais daquela época tinham a mesma 1588), segundo o professor adjun to do pela escritora ao m
posição da Igreja, ou seja, de condena- Departamento de Filosofia da Univer-
ção ao suicídio. Mas há duas exceções: sidade Federal do Rio Grande do Norte virginia \'loolf
Thomas More e Michel de Montaigne. (Uf-RN), Jaimir Conte. "No final do en- (1882-1941)
Em sua Utopia, More parece recomen- sa io O bem e o mal só o são, as mais
dar o suicídio voluntário para os que das vezes, pela idéia que deles temos··
sofrem de doenças incuráveis - embo- (Livro I ,ca pi tulo 14), Montaignc afi r-
ra o to m satírico e fantást ico desse tra- ma, numa clara defesa do suicíd io, que
ba lho faça duvidar de q ue ele de fato "se não vale a pena v iver, v iver sem

18 FILOSOFIAclcne~a&v•da
O su icídio de indivíduos sozinhos ou em grupo
deixou de ser um ato pu ramente privativo para se r
público, como se fosse um show

É PRECISO IMAGINAR SÍSIFO FELIZ


N a mitologia grega, por ter desa-
fiado os deuses, Sísifo recebe
como castigo a tarefa de empurrar
so a esperança de conseguir o ajudas-
se? O operário de hoje trabalha todos
os dias da sua vida nas mesmas tarefas,
descida se faz assim. em certos dias. na
dor, pode também fazer-se na alegria.
Deixo Sísifo no sopé da montanha
uma pedra ladeira acima. Quando e esse destino não é menos absurdo. [ ...]. Cada grão dessa pedra, cada es-
chega próx1mo do topo, a pedra rola Mas só é trágico nos raros momentos tilhaço mineral dessa montanha che1a
novamente e traduz falta de sent1do em que ele se toma consc1ente. Sísifo, de noite, forma por si só um mundo.
do seu trabalho eterno. proletáno dos deuses. impotente e re- A própria luta para atingir os píncaros
"Se este mrto é trág1co, éporque o voltado. conhece toda a extensão da basta para encher um coração de ho-
seu herói é consciente. Onde estaria, sua miserável condição: é nela que ele mem. É preciso imaginar Sísifo feliz".
com eferto, a sua tortura se a cada pas- pensa durante a sua descida [ ...]. Se a (Albert Camus. em Mito de Sísifo).

que valha a pena não é imprescindível.


Ninguém verá prolongar-se o seu mal
EMRORA MW fi !Dr'(" fAÇA
apologia do suicídio, ele admira o ato
se não o quiser"', diz.
quando este é ditado por motivos no-
Uma defesa ousada e pouco cató lica
Ines, expl ica Conte. "Seu elogio do
desse ato aparece de forma méliS clé!-
suicídio relaciona-se também com a
ra no ensaio 1\ propósito de um Cos-
concepção que ele tem da morte c com
t um e da Ilha de Cé (Livro 2, cap ítulo
o ideal de uma virtude estó ica que ele
3). Neste ensa io, Monlaign e ap resenta
preconizou nos primeiros ensaios". Em-
as obj eções daqueles que condenam o
bora nos últimos ensaios suas concep-
su icídi o: "Alguns cons ideram que não
podemos abandonar este mundo em
"Eis por qu e se diz qu e o sábio vive quanto deve e não quanto o po-
que estamos aquartelados, sem ordem
deria; e o qu e de melhor recebemos da nature za e que nos tira todo
c.rprcssa de quem 11ele 11os colocou; c
direito de queixa é a possibilidade de desaparecer quando bem qui-
a Deus, qu e para Cá IIOS e11viou IIÕO sermos. C riou e la um só meio de entrar na vida, ma.s cem d e sair.
ape11as para IIOSSO prazer, mas para Podemos carecer de terras para viver; não nos faltam para m o rrer.
sua glória e semiço de 11ossos seme- [ ...] . E não se trata de receita para uma só doença. A morte é um
1/l(llltes, cabe despedir-nos quando Lhe remédio para t odos os ma les, é um porto de inteira segurança que
agradar e 11ào quando nós o desejar- não é d e se temer jamais e sim de se procurar não raro. Tudo con-
siste nisto: qu e o homem decida acabar, que corra à fre nte de se u
mos. Ntio nascemos apenas para 11ós,
fim o u o aguarde, é sempre ele que está em causa: em qua lquer
mas f(lmb ém para a nossa terra. As
ponto que se ro mpa o fio, e i· lo fora do jogo. [ ...] A morte vo luntá-
lei s, em seu próprio interesse, exigem
ria é a mais bela. Nossa vida de pe nde da vontade de outrem; nossa
que prest emos contas d e nós e podem morte, da nossa. Em nenhuma coisa, mais do que nesta, temos li-
pu11ir- nos como homicidas; por outro berdade para agir".
lado, 110 outro lltun do seremos castiga-
(Mic hel de Montaigne)
dos por deserçtio".
I FILOSOFIA ,.,,,n 1/:l.vod • 19

(
NDIÇÃO HUMANA

Hume afirma que quando a Filosofia se vo


para a análise do suicídio, ela se torna L
antídoto contra a superstição e a falsa religi

ções sobre a morte e a virtude tenh


"Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?"
se transformado em relação ao te1
Súbita, uma angústia ... Montaigne manteve a admiração,
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
exemplo, de belas mortes, enriquec
Que amigos que tenho tido!
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
do seus ensaios com anedotas ext1
Que esterco metafisico os m eus propósitos todos! das de escritores gregos e romanos.
Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma, ASSIM COMO. OS ii:ÓlOS
Um de ixar cair os braços ao sol-pôr do esforço... do Cristianismo, os protestantes da :
Renego. forma eram categóricos ao condena
,.
Renego tudo. ato, abrindo, porém, a possibilidade
Renego mais "do que tudo.
Deus tratar com benevolência o suici
Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na
permitindo seu arrependimento. A vi
circulação do sangue? cristã permaneceu forte até o final
Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro? século XVII, quando mesmo um pen
Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me? dor liberal como John Locke adotou
Não: vou existir. Arre! Vou existir. argumentos dos tomistas (comenta•
E-xis-tir... res da obra de Santo Tomas) dizer
E--xis--tir... que "Deus nos legou a liberdade p
(Trecho do poema Bicarbonato de Soda, do português Fernando Pessoa soai, mas isto não inclui a liberdade
( 1888-1935), pela pena de seu heterônimo Álvaro Campos)
nos ma ta rmos".

I o SUICÍDIO-ESPETÁCULO
Departamento de Fundamentos da também como um su1cíd1o espeta
O mundo moderno ass1ste estar-
recido ao aumento do fanatis-
mo religioso e dos atentados cometi-
Educação da Universidade Estadual de
Maringá. os ataques suicidas, antes no-
lar do sujeito, que é representante
uma cultura dentro de uma socied
dos pelos chamados homens-bomba. ticiados como gesto de fanáticos, após globalizada que faz do espetácula
que dão a própria vida para destruir o I I de setembro de 200 I foram re- sua estética e ética de vida". E co
milhares de outras. O fenômeno, que considerados como um ato mais ou nua mostrando a mudança que sofi
começou em meados do século pas- menos racional, e imprevisível. o gesto suicida de solitário e anôni1
sado, chegou a seu auge no dia I I de Em seu artigo O suicídio-espetácu/o para ato público, divulgado por to(
setembro de 200 I, com o atentado, na sociedade do espetáculo, publicado o mundo. "O suicídio de indivíd
nos EUA. às torres gêmeas, tragédia na Revista Espaço Acadêmico (www. sozinhos ou em grupo deixou de s
de proporções até então desconheci- espacoacademico.com.br), Lima desta- um ato puramente privativo para sêi
das chocando o mundo pela ousadia.
frieza e planejamento. Para o psicólo-
go Raymundo de Lima, professor do
ca a importância e as proporções que
a mídia tem na ação desses terroris-
tas: "O megaterrorismo deve ser visto
público, como se fosse um show. e
nome de uma causa muitas vezes
compreensível, principalmente se e
l
A primeira defesa moderna do suicí-
dio foi de J ohn Donne (1572-1631), em
Biathanatos. Esta obra cita fontes clássi-
cas e modernas, legais e teológicas para
contradizer a doutrina cristã de que o
suicídio é necessariamente um pecado.
Donne afirma haver circunstâncias em
que a razão recomenda o suicídio. E con-
clui d izendo não haver na Bíblia uma
condenação explícita ao su!cídio. E, ain-
da, lembra que o Cristianismo permitiu
outras formas de matar como o martírio,
a pena capital e as mortes na g uerra.
O tratado de Donne fo i um exemplo
precoce das atitudes liberais do iluminis-
mo. Os fiJósofos deste movimento ten-
dem a ver o suicídio em termos seculares,
ligados ao ind ivíduo, sua psicologia e sua ,
·~
~
. N-ao

posição social. David l-lume ( 1711- 1776)


~
~
deu voz a essa nova visão em seu ensaio
Do suicídio, em que ataca praticamente.. .

---.~)~
~
é direcionada para ser decodificada em meados de abril, na Universidade 30 segundos ~
pela cultura ocidental". Assim, continua de Tecnologia de Virginia. um estu- de glória ma-
Urna, o suicídio terrorista. podendo dante matou diversos colegas e de- cabra nas telas do noti-
acontecer em qualquer parte do mun- pois suicidou-se. Em seu artigo, diz o ciário da televisão, que ele não pode
do e a qualquer momento. mina qual- professor. "A cultura norte-americana, mais ver, mas pode gozar por anteci-
quer forma de segurança preventiva. historicamente violenta. soube proje- pação, e a mídia não tem como evitar.
visto que não existe meio para contê- tar nos filmes homicídios e suicídios "Como o sujeito de nossa época não
lo. "O ator do gesto suicida atua como estetizados, porém, nas últimas déca- mais acredita na idéia de revolução,
se fosse personagem de uma tragédia. das está sendo vítima de sua própria deixa-se levar pelos ventos da paixão
como que uma lei acima dele o em- violência fabricada pelos meios virtu- mística ou niilista, usando a morte do
purrasse para o ato final", completa. ais, e também pelo estilo de vida que próprio corpo para expressar sua re-
Esta alusão ao espetáculo se aplica espalha pelo mundo". Para Lima. o volta contra um mundo sem coração.
também às tragédias que acontecem suicida-terrorista é atingido por signos Morre o corpo para viver o transcen-
nos campi estadunidenses: na última. e termina também aspirando ter seus dente", conclui.

FILOSOFIAcienci3&vid3 21
ONDIÇÃO HUMANA

todas as bases da crença cristã tradicional


- tanto as bases da religião natural como
as bases da religião revelada ...A religião
revelada tomava o conhecimento de Deus
contido na revelação, particulam1ente na
Bíblia, como fundamento da crença cristã
tradicional. A religião natural procurava
fundamentar a crença cristã num conhe-
cimento de Deus inferido da natureza por
meio da lógica e .da razão", conta Conte,
que é tradutqr da obra do escocês. Dessa "Mas o homem ni
maneira, a condenação do suicídio, no foi feito para ;
caso em questão, era feita tanto pelos que derrota. Um homc
procuravam fundamentar a fé cristã com pode ser destru:
base na Bíblia (religião revelada) como mas não derrota
pelos que o faz iam com base na razão , - t recho do li v r.
(religião natural). No ensaio Do suicídio, Velho e o Nar
Hume concentra seu exame nos princi- Na apresentação de seu livro Da
pais argumentos apresentados pelos de- imortalidade da alma e outros textos pós- ) Ernest
fensores da religião natural. Hemingway
tu mos (Editora Unij_·u-í-, 2-0 0_6_)_, _q_u_e _r_e_u· n_ e_ j (1899-1961)

A opinião filosófica segundo a qual o suiddio é um


crime depende de se o ato constitui ou não uma
falta para com Deus, para com o próximo ou para co-
homens, mas dizemos que - - - - - - - - - -..
mudar nossa própria natureza terminando uma vid~
sofrimento é uma revolta contra nosso criador? Q~
nosco. Segundo o argumento de Hume. dado que a vida do se considera o efeito social do suicídio, argumE
humana depende das leis gerais Hume, o homem que se suicida não faz nenhum
da matéria e do movimento, não à sociedade; ele simplesmente deixa de fazer um ti
constitui nenhuma ofensa contra Hume conclui que, "se consideramos o suicídio um
a Providência divina mudar a me, então só a covardia poderia nos levar a comet€
aplicação dessas leis. Dado que Se não o consideramos um crime. a prudência e a
podemos alterar todos os tipos ragem juntas nos libertarão de uma vez da existên
de eventos naturais, afirma, por quando ela se toma um fardo. A única maneira pela
que não poderíamos alterar poderíamos ser úteis à sociedade seria dando um ex
também aqueles envolvidos na pio que. se fosse imitado, preservaria para toda pes
conservação de nós mesmos? a oportunidade de felicidade na vida, e a libertaria
Por que admitimos e apoiamos cazmente de todo perigo e de toda a miséria". - ja1
a alteração do curso dos even- Conte, na apresentação do livro Da imortalidade da a
tos naturais para beneficio dos e outros textos póstumos (Editora Unijuí. 2006)

22 FILOSOFIAccêncta&vtd~
Para os exi st encialist as, o suicídi o não era uma escolha mold ada
por considerações morais, mas por preocupações pelo indivíduo
como a única f on te de significa do num mundo sem sentido

três ensaios do ftlósofo escocês, inclu-


sive o Do suicídio, Conte d iz: "Contra
O·sUICÍfliO f UM ft~A CARO.
aos Ex istencialistas do século XX, que o
todas as doutrinas religiosas, que sempre
v iam como uma escolha diante do absur-
condenaram o suicídio, Hume alega que
do e da falta de sentido do mundo e da
o suicídio não é imoral nem irreligioso.
vida humana. Albert Camus demonstrou
Argumenta que toda pessoa deveria ter o
esse absurdo em seu livro o Mito de Sísifo.
direito de decidir se deveria conti nuar a
Para ele, Sísifo, heroicamente, não tenta
viver ou não. Apresenta, assim, u m sério
escapar de sua tarefa absurda, mas per-
desafio às opiniões religiosas aceitas, na
severa e assim resiste à tentação do sui-
.. med ida em que justiftca, racionalmente,
cídio. O suicídio, pensa Camus, nos tenta
um ato expressamente condenado pela
com a promessa de uma liberdade ilusó-
ortodoxia cristã. Hume afirma que quan-
ria do absurdo de nossa existência. E no
D do a Filosofta se volta para a análise do
fLm não passa de uma fuga de nossa res-
suicídio, ela se torna u m antídoto contra
Saúde do corpo e ponsabilidade de enfrentar - ou aceitar -
espírito, me mato antes a superstição e a falsa religião': Um fer-
que o absurdo vai continuar. Jean-Paul
da implacável velhice, renho opositor ao suicídio nesse período
Sartre também fo i atraído pela possibi-
que roubou um apó.s o foi lmmanuel Kant (1724- 1804), para
lidade do suicídio como uma aftrmativa
outro todos os prazeres e quem "nossa razão é a fonte de nossa
da autêntica vontade humana frente ao
alegrias da existência, e obrigação moral e seria quase uma con-
tirou a minha força física absurdo. O ato, para Sartre, é uma opor-
tradição supor q ue essa mesma vontade
e intelectual, paralisou tunidade de a ftrmar a compreensão de
possa destruir a si mesmo".
minha energia e acabou essência individual em um mundo sem
com minha vontade, fazendo Deus. Para os ex istencialistas, o suicídio
de mim um fardo para eu ' não era uma escolha moldada por consi-
mesmo e para os outros. derações morais, mas por preocupações
peJo individuo como a única fonte de
Paul Lafargue
signi ftcado num mu ndo sem sentido. •
(18lf2-19ll)

SfANFORD ENCYCLOPEDIA PHILOSOPHY


(Suicide 18141200'1)
http://plato.stanford.edu/entries/suicide

SUIODE & PHILOSOPHY, MATIHEW PIANALTO


http://comp.uarlc.edu/-mpianaUsuiclde.htm

SINESIO BACCHETTO (Filosofia PUC - Rio de


janeiro)

MARIA aOLIA LEONEL GOMES DOS R.EJS


(Doutora em Filosolia.USP)

FILOSOFIActêneta&vtda 2 3

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