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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
“É preferível antecipar a esperança da vida do que abreviar o caminho da morte ”1.“Quem salva
uma vida, salva toda a humanidade”2. “0 Município de Jacareí não compreendeu bem, o que é
profundamente lamentável, que o que está em pauta, é o direito à saúde, bem supremo, tutelado
constitucionalmente. É extremamente necessário que esses direitos venham a ser respeitados e
implementados. Se, porém, não atingiu, ainda, o grau ético necessário para compreender essa
questão, deve ser compelido pelo Poder Judiciário, guardião da Constituição, afazê-lo 3. “(...) o
Estado (sentido amplo), ao negar a proteção perseguida nas circunstâncias dos autos,
omitindo-se em garantir o direito fundamental à saúde, humilha a cidadania, descumpre o seu
dever constitucional e ostenta prática violenta de atentado à dignidade humana e à vida,
tornando-se, assim totalitário e insensível4”. “um país que não prevê, em sua Constituição, a
tutela da dignidade da pessoa humana, não tem uma Constituição. Construir uma sociedade
mais justa e igualitária é o ideário da nossa Constituição de 1988. Se todos nós somos iguais
perante a lei, somos iguais perante a Justiça”5. “É inaceitável que o ajuste do orçamentário
tenha maior valor que a vida”6.
1 Rel. Des. Gaspar Rubik - Agravo De Instrumento 9872, Tribunal De Justiça De Santa Catarina.
2 Notícias do STF, segunda-feira, 14 de Abril de 2008: Estudante tetraplégico vitimado por assalto terá cirurgia paga pelo estado de
Pernambuco - www.stf.gov.br/portal/geral: Vale a pena trazer á baila a entrevista do Eminente Ministro do STF, Doutor Celso de Mello:
“A mim me parece que todos os elementos que compõem a estrutura da responsabilidade civil objetiva do poder público estariam
presentes nesse caso. “Não há opção possível para o Judiciário, nessa relação dilemática, senão destacar, senão dar primazia,
senão fazer prevalecer o direito à vida”. “Tenho a impressão que a realidade da vida tão pulsante nesse caso impõe que se dê
provimento a este recurso e que se reconheça a essa pessoa o direito de buscar autonomia existencial desvinculando-se de um
respirador artificial que a mantém ligada a um leito hospitalar depois de meses de estado comatoso”, concluiu, ressaltando que deve
ser reconhecido a todos o direito referente à busca da felicidade, resultado do princípio da dignidade da pessoa humana. “Quem salva uma
vida, salva toda a humanidade”, finalizou o ministro, sendo seguido pela maioria dos votos. “O que não tem sentido é que haja uma
proclamação constitucional meramente retórica. Proclamações constitucionais não podem ser declarações inconseqüentes do
poder público”. Para ele, é preciso dar real efetividade “a essas normas meramente programáticas e reconhecer efetivamente que o
direito à saúde e o direito à vida são bens, são valores essenciais que devem ser preservados pela autoridade pública”.
3 TJSP. Desembargador Antônio Carlos Malheiros.Julgado em 04/11/2008. AGRAVO DE INSTRUMENTO n° 775.4 68-5/0-00, da
Comarca de Jacareí, em que é agravante PREFEITURA MUNICIPAL DE JACAREI sendo agravado MINISTÉRIO PUBLICO.
6 Doutor RUBENS RIHL, Eminente Desembargador do Eg. TJSP, nos autos do Agravo de Instrumento de n. 695.180-5/3-00.
7 CF: Art. 5º, inc. LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
8 Lei n. 1.533/51: Art. 1º - Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas-corpus, sempre que, ilegalmente ou com abuso do poder, alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
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DOS FATOS
Embora a renda dela seja de 835,00, a idosa paga convênio médico (r$351,19),
outros medicamentos (r$150,00), alimentação r$130,00) e outras despesas como
água, luz, telefone, etc., ou seja, é hipossuficiente, não havendo possibilidades de
adquirir os medicamentos de que precisa para sobreviver.
“Quanto ao fato de determinado insumo médico não estar relacionado nos protocolos
clínicos elaborados pela rede pública de saúde, isto também não elide a obrigação de seu
fornecimento pelo Estado, vez que as portarias e resoluções das autoridades administrativas
que padronizam a distribuição de medicamentos são normas de natureza infra legal que, por
razões de hierarquia normativa, não podem restringir ou limitar o direito constitucional do
deficiente físico à saúde e à dignidade. Os protocolos clínicos elaborados pela Administração, em
que pese serem relevantes na orientação das políticas públicas, são atos administrativos inferiores à
norma constitucional e que nesta encontram limites, de modo que não podem contrariar nem
restringir o direito fundamental e constitucionalmente assegurado do impetrante Ademais, o princípio
da isonomia não está sendo bem interpretado pelo Poder Público vez que, em situações
excepcionais, como é a hipótese dos autos (vide fotos de fls. 43/44), as providências tomadas pelo
Município devem ser diferentes daquelas que rotineiramente se processam conforme os referidos
protocolos.” 9
não tem o condão de justificar o descumprimento do disposto na Lei n. 8.080/90...". Por fim, o
9 TJSP. APELAÇÃO CÍVEL n. 769.820-5/9-00. 8ª Câmara de Direito Publico do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Rel. Des.
OTÁVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA FRANCO.
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constitucionalmente, não se coaduna com a burocracia estatal ainda que o Protocolo Clinico
não autorize a utilização da medicação postulada, essa é questão técnica que não pode ser
apreciada e resolvida nesta sede. De fato, somente os profissionais que atendem a autora é
prescrição. De mais a mais, outra orientação médica confinaria com a Resolução 1246 do
Conselho Federal de Medicina que aprovou o Código de Ética Médica (art. 18- As relações do
médico com os demais profissionais em exercício na área de saúde devem basear-se no respeito
É vedado ao médico: Art. 81 - Alterar a prescrição ou tratamento de paciente, determinado por outro
avança a cada dia. É inadmissível limitar o direito dos pacientes de tão grave enfermidade. A
doença fatal e inexorável não pode ser tratada apenas com as prescrições estabelecidas pela
burocracia estatal. Se os novos medicamentos vierem a ser indicados, eles devem ser
entregues de imediato, não sendo admissível esperar os trâmites burocráticos que, como se
sabe, são lentos e complicados. Não primam pela eficiência e nem pela lucidez. Aliás, o
próprio Poder Público, nos três níveis, assim o proclamam quando pretendem privatizar os
seus serviços”
DA PROVA PRÉ-CONSTITUIDA
Do laudo Médico
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Início na infância X
Início na meia-idade XX
História de tabagismo XX
Exacerbações sazonais ou periódicas XX
Exacerbações com o esforço físico X
principalmente
Falta de ar Intercrise mais leve ou Progressiva e
sem falta de ar XX persistente
Espirometria com obstrução amplamente X
reversível **
Espirometria com obstrução pouco ou nada X
reversível**
Presença de doenças alérgicas XX
História familiar X
* Adaptado de GOLD- Global Strategy for the Diagnosis, Management and
Prevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease- updated 2008.
(www.goldcopd.org)
** Não se obteve acesso às espirometrias iniciais (antes de se começar o tratamento),
que poderiam informar este resultado. Em uso de medicação, a paciente não
apresenta reversibilidadeda da obstrução, porém, isso pode significar que os
medicamentos estão surtindo o efeito desejado.
3. Esses medicamentos são de uso contínuo? A asma brônquica não tem cura, mas
pode ser estabilizada com uso contínuo de medicamentos, da mesma forma que
a hipertensão arterial, por exemplo.
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(manifesto como falta de ar, que é o sintoma principal desta doença), tirando a
inflamação dos brônquios; 2- dilatando os brônquios; e 3- diminuindo a ação de
substâncias inflamatórias relacionadas ao broncoespasmo, presentes no
sangue.
6. Quais os prejuízos que a falta desses medicamentos podem acarretar para ela? A
falta dos medicamentos pode significar, cedo ou tarde, a volta dos sintomas
(principalmente falta de ar, cansaço e tosse), com possibilidade de piora
gradativa, que pode chegar ao ponto de insuficiência respiratória e morte. Não
necessariamente essas complicações ocorrerm, pois existem fatores outros
(ambientais, infecciosos, alérgicos, etc.) que contribuem para uma melhor ou
pior evolução desses quadros, porém a evolução negativa é possível,
especialmente por se tratar de pessoa idosa. Além da piora da doença em si,
eventos secundários, como pneumonias, gripes, sinusites, etc., ficam mais
freqüentes no indivíduo mal controlado.
DA TEMPESTIVIDADE DA AÇÃO
O PODER JUDICIÁRIO
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“O bem que se visa tutelar, é a saúde, assegurada a todo cidadão, como dever do Estado, em
sentido genérico, abrangendo União, Estados e Municípios, em solidariedade, como tem
decidido nossas Cortes Superiores.”
“EMENTA: Ação civil pública – Prótese – Fornecimento pelo Poder Público – Artigo 196 da
Constituição Federal – A responsabilidade pela prestação dos serviços de saúde é
compartilhada por todos os entes políticos – O direito à saúde rege-se pelos princípios da
universalidade e da igualdade de acesso às ações e serviços que a promovam, protegem e
recuperam – decisão monocrática que dá provimento ao recurso”.
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“De início, cumpre afastar a preliminar de ilegitimidade ativa do Ministério Público argüida pela
agravante. Com efeito, diversamente do que deduzido pela recorrente, o agravado é sim parte
legitima para a propositura do mandamus, posto que, à luz da dicção final do disposto no art. 127 da
Constituição Federal de 1988, é inquestionável a legitimação do Ministério Público para promover a
defesa também dos interesses individuais indisponíveis, ainda que em favor de pessoa determinada.
Frise-se, nesse passo, que iterativos julgados do Colendo Superior Tribunal de Justiça tem firmado o
entendimento no sentido de que o Ministério Público está legitimado para propor as medidas
judiciais necessárias para a defesa de direito individual indisponível à saúde de hipossuficiente,
ainda que em favor de pessoa determinada. Nesse sentido, confira-se: " 1 , O Ministério Público
tem legitimidade para defesa dos direitos individuais indisponíveis, mesmo quando a ação
vise à tutela de pessoa individualmente considerada (art. 127 da Constituição Federal)., 2.
Busca-se, com efeito, tutelar os direitos ávida e à vida e à saúde de que tratam os arts. 5°,
caput, e 196 da Constituição em favor de menor portador de osteonecrose da cabeça femural
-, necessita de cirurgia corretiva. 3. A legitimidade ativa se afirma, não por se tratar de tutela
de direitos individuais homogêneos, mas por se tratar de interesses individuais
indisponíveis/' (REsp 687847/RS, Ministro Humberto Martins, DJ 09.03.2007, p. 298)”.
“Logo, não sobeja dúvida de que o Ministério Público Estadual detém legitimidade ativa para a
impetração, não havendo que se falar em ofensa à Lei Orgânica do Ministério Público. Por outro
lado, também não merece guarida a ilação da agravante no sentido de que não é o ente público
responsável pelos procedimentos de alta complexidade. Ora, por óbvio, tal fato não afasta a
legitimidade do Município de Jacareí para figurar no pólo passivo da causa, ante a natureza da
obrigação, de caráter solidário e concorrente. Como se sabe, qualquer das três esferas de governo,
bem como suas respectivas autarquias, pode ser acionada para o cumprimento da norma
constitucional, que garante acesso do cidadão às ações da área da saúde, não havendo que se
cogitar em competência primitiva da União ou do Estado para a realização do tratamento e/ou da
cirurgia. Em outras palavras: é defeso ao Município, para se livrar do encargo, alegar que o
dever é de outro.”
12 Agravo de Instrumento 457.544-2, Rio Grande do Sul, Relator. Min. Celso de Mello
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“Com efeito, o Supremo Tribunal Federal já enfrentou a questão de maneira uníssona, conforme
revelam os AI 486.816, Carlos Velloso, 12/04/2005; RE 256.327, Moreira Alves, 25/06/2002; RE
268.479, Sydney Sanches, 25/09/2001; RE 273.042, Carlos Velloso, 28/08/2001; RE 273.834,
Celso de Mello, 02/02/2001; RE 255.627, Nelson Jobim, 21/11/2000; RE 271.286, Celso de
Mello, 12/09/2000; RE 195.192, Marco Aurélio, 22/02/2000; RE 242.859, limar Galvão, 29/11/1999
e o AI 238.328, Marco Aurélio, 16/11/1999. Destaca-se o voto do Eminente Ministro Celso de Mello,
constantemente citado nos acórdãos da relatoria do Douto Desembargador Paulo Travain, quando
ao examinar pedido liminar (petição de n° 1246-1 - Estado de Santa Catarina) assim manifestou-se:
‘Entre proteger a inviolabilidade do direito à vida, que se qualifica como direito subjetivo
inalienável assegurado pela própria Constituição da República (art. 5o, caput'), ou fazer
prevalecer, secundário do Estado, entendo - uma vez configurado esse dilema - que razões
de ordem ético-jurídica impõem ao julgador uma só e possível opção: o respeito indeclinável
à vida’.”
“No mesmo sentido posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça nos seguintes julgados: REsp
904204, Humberto Martins, 01/03/07; REsp 900487, Humberto Martins, 28/02/07; REsp 664154,
Humberto Martins, 02/03/2007; REsp 9C4443, José Delgado, 06/02/07; REsp 882928, Castro
Meira, 16/02/2007; AgRg no Ag 746502, José Delgado, 01/02/2007; REsp 863240 , Luiz Fux,
14/12/2006; REsp 880099, Humberto Martins, 18/12/2006; REsp 889160, Francisco Falcão,
14/12/2006; REsp 795667, Denise Arruda, 04/12/2006; AgRg no REsp 855787, Luiz Fux,
27/11/2006; REsp 854383, Denise Arruda, 16/11/2006; REsp 829705, Denise Arruda, 16/11/2006;
REsp 855414, Luiz Fux, 16/11/2006; REsp 695665, Luiz Fux, 20/11/2006; EDRESP 811561,
Eliana Calmon, 16/11/2006; REsp 851174, Luiz Fux, 20/11/2006; REsp 850230, Luiz Fux,
13/11/2006; EDcl no REsp 847975, Castro Meira, 08/11/2006, AgRg no REsp 796255, Luiz Fux,
13/11/2006. REsp 832317, João Otávio de Noronha, 08/11/2006; REsp 887844, Humberto
Martins, 07/11/2006; REsp 727303, Humberto Martins, 07/11/2006; REsp 831734, Denise
Arruda, 07/11/2006; REsp 866863, Denise Arruda, 07/11/2006; AgRg no REsp 865089,
Francisco Falcão, 09/11/2006, REsp 881234, Humberto Martins, 30/10/2006; REsp 857502,
Humberto Martins, 30/10/2006; AgRg nos EREsp 796509, Luiz Fux, 30/10/2006, REsp 855739,
Castro Meira, 02/10/2006; REsp 861682, Humberto Martins, 17/10/2006; REsp 878705,
Humberto Martins, 18/10/2006; REsp 705580, João Otávio de Noronha, 16/10/2006; AgRg no
REsp 853990, José Delgado, 16/10/2006; REsp 773671, Humberto Martins, 10/10/2006; REsp
853880, Castro Meira, 29/09/2006; REsp 861262, Eliana Calmon, 26/09/2006; Resp 854316,
Eliana Calmon, 26/09/2006; REsp 874630, Humberto Martins, 02/10/2006; REsp 867507,
Humberto Martins, 02/10/2006; REsp 857562, Humberto Martins, 02/10/2006; REsp 854283,
Humberto Martins, 18/09/2006; REsp 851760, Teori Albino Zavascki, 11/09/2006; REsp 837591,
José Delgado, 11/09/2006; REsp 850813, Humberto Martins, 05/09/2006; EDcl no REsp 819399,
Luiz Fux, 31/08/2006; REsp 852084, Humberto Martins, 31/08/2006; EREsp 770969, José
Delgado, 21/08/2006; EREsp 787101, Luiz Fux, 14/08/2006; REsp 807863, Luiz Fux, 01/08/2006;
REsp 775233, Luiz Fux, 01/08/2006; REsp 771616, Luiz Fux, 01/08/2006; REsp 814076, Luiz
Fux, 01/08/2006; REsp 815277, Eliana Calmon, 02/08/2006; REsp 832935, Teori Albino
Zavascki, 30/6/2006; REsp 824164, João Otávio de Noronha, 28/06/2006; AgRg no Ag 749477,
Francisco Falcão, 01/06/2006; MC 11120, José Delgado, 08/06/2006; REsp 820574, Eliana
Calmon, 14/06/2006; REsp 697857, Franciuili Netto, 31/05/2006; REsp 735378, Francisco
Falcão, 08/06/2006; REsp 814739, Eliana Calmon, 30/05/1006; REsp 827133, Teori Albino
Zavascki, 29/05/2006; REsp 8:_552, Luiz Fux, 29/05/2006; REsp 824381, Luiz Fux, 29/05/2006;
AgRg no Ag 672413, José Delgado, 29/05/2006; AgRg no REsp 818920, Francisco Falcão,
25/05/2006; AgRg no Ag 738560, José Delgado, 22/05/2006; REsp 746781, Teori Albino
Zavascki, 22/05/2006; REsp 824406, Teori Albino Zavascki, 18/05/2006; AgRg no REsp 819049,
Francisco Falcão, 15/05/2006; AgRg no REsp 795921, João Otávio de Noronha, 03/05/2006;
REsp 819010, José Delgado, 02/05/2006; REsp 806765, Teori Albino Zavascki, 02/05/2006;
REsp 809804, João Otávio de Noronha, 25/04/2006; REsp 769630, Francisco Falcão,
02/05/2006; REsp 806822, João Otávio de Noronha, 25/04/2006; REsp 439833, Denise Arruda,
24/04/2006; AgRg no REsp 800878, Francisco Falcão, 10/4/2006; REsp 768184, Francisco
Peçanha Martins, 21/03/2006; REsp 804405, José Delgado, 03/04/2006; AgRg no REsp 750738,
Luiz Fux, 27/03/3006; REsp 770429, Francisco Peçanha Martins, 06/03/2006; REsp 756162,
Francisco Falcão, 06/03/2006; REsp 737382, Francisco Peçanha Martins, 13/02/2006; REsp
796215, José Delgado, 01/02/2006; AgRg no Ag 701577, João Otávio de Noronha, 19/12/2005;
REsp 773657, Francisco Falcão, 19/12/2005; REsp 715974, Luiz Fux, 28/11/2005; REsp 723214,
Teori Albino Zavasckim 21/11/2005; EDcl no REsp 699495, Luiz Fux, 14/11/2005; REsp 64244,
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
Luiz Fux, 14/11/2005; REsp 748188, Teori Albino Zavascki, 14/11/2005; AgRg no REsp 757012,
Luiz Fux, 24/10/2005; AgRg no REsp 654580, Francisco Falcão, 17/10/2005; REsp 771537,
Eliana Calmon, 03/10/2005; REsp 689587, Franciulh Netto, 12/09/2005; REsp 702786, Franciulh
Netto, 12/09/2005; AgRg no Ag 645746, João Otávio de Noronfa, 05/09/2005; REsp 699495,
Luiz Fux, 05/09/2005; REsp 704SS0, Franciulli Netto, 05/09/2005; AgRg no REsp 727983,
Francisco Falcão, 05/09/2005; REsp 699550, Luiz Fux, 29/8/2005; AgRg no REsp 736952,
Francisco Falcão, 29/08/2005; AgRg no REsp 747646, José Delgado, 29/08/2005; REsp 759684,
Teori Albino Zavascki, 22/08/2005; REsp 527356, Eliana Calmon, 15/08/2005; REsp 656838,
João Otávio de Noronha, 20/06/2005; AgRg no REsp 690483, José Delgado, 06/06/2005; REsp
684646, Luiz Fux, 30/05/2005; AgRg no REsp 718011, José Delgado, 30/05/2005; REsp 684.646,
Luiz Fux, 05/05/2005; AgRg no REsp 690.483, José Delgado, 19/04/2005; REsp 658.323, Luiz
Fux, 03/02/2005; REsp 656.979, Castro Almeida, 16/11/2004; REsp 656.296, Francisco Falcão,
21/10/2004; AGRg na STA 83, Edson Vidigal, 25/10/2004; REsp 662.033, José Delgado,
28/09/2004; RMS 17425, Eliana Calmon, 14/09/2004; AgRg no AG 580.424, Teori Albino,
Zavascki, 02/09/2004; REsp 625.329, Luiz Fux, 03/08/2004; REsp 507.205, José Delgado,
07/10/2003; REsp 430.526, Luiz Fux, 01/10/2002; RMS 13.452, Garcia Vieira, 13/08/2002; REsp
212.346, Franciulh Netto, 09/10/2001; REsp 195.159, Milton Luiz Pereira, 04/10/2001; RMS
11.129, Francisco Peçanha Martins, 02/10/2001; RMS 5.986, Laurita Vaz, 09/10/2001; REsp
325.337, José Delgado, 21/06/2001; RMS 11.183, José Delgado, 22/08/2000; AgRg no AG
253.938, José Delgado, 07/12/1999; AgRg no AG 246.642, Garcia Vieira, 28/09/1999; REsp
93.658, Francisco Peçanha Martins, 25/05/1999; REsp 57.869, Hélio Mosimann, 26/05/1998;
REsp 127.604, Garcia Vieira, 18/12/1997, dentre outros.”
“A mesma trilha é compartilhada também por este Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo nos
Agravo de Instrumento/p. 4 1 8 . 2 2 2 - 5 / 4 - 0 0 - Santo André - 8a Câmara de Direito Público -
Relator: Paulo Travain - 22.06.2005; Agravo de Instrumento n. 417.297-5/8-00 - Santo André -
8a Câmara de Direito Público, Relator: Paulo Travain - 22.06.2005; Agravo de Instrumento n.
397.183-5/4 - São Paulo - 8ª Câmara de Direito Público - Relator: Celso Bonilha - 19.01.05;
Agravo de Instrumento n. 394.926-5/4 - São Paulo - 9ª Câmara de Direito Público - Relator:
Sidnei Beneti - 15.12.04; Apelação Cível n. 364.105-5/3 - São Paulo - 6a Câmara de Direito
Público - Relator: Evaristo dos Santos - 18.10.04; Agravo de Instrumento n. 349.937-5/0 -
Ribeirão Preto - 3a Câmara de Direito Público - Relator: Gama Pellegrini - 25.05.04; Apelação
Cível n. 188.873-5/4 - São Paulo - 3a Câmara de Direito Público - Relator: Gama Pellegrini -
25.05.04; Apelação Cível n. 244.478-5/9 - Ribeirão Preto - 3a Câmara de Direito Público -
Relator: Magalhães Coelho - 11.05.04; Apelação Civel n. 244.478-5/9 - Ribeirão Preto - 3a
Câmara de Direito Público - Relator: Magalhães Coelho - 11.05.04; Agravo de Instrumento n.
363.477-5/2 – São Paulo - 3a Câmara de Direito Público - Relator: Gama Pellegrini - 04.05.04;
Agravo de Instrumento n. 367.173-5/4 - São Paulo - 9ª Câmara de Direito Público - Relator:
Antônio Rulli - 14.04.04; Apelação Cível n. 150.723-5/8 - São Paulo - 3a Câmara de Direito
Público - Relator: Antônio Carlos Malheiros - 16.03.04; Agravo de Instrumento n. 363.983-5/1 -
São Paulo - 3a Câmara de Direito Público - Relator: Peiretti de Godoy - 09.03.04; Agravo de
Instrumento n. 350.496-5/9 - São Paulo - I a Câmara de Direito Público - Relator: Roberto
Bedaque - 02.03.04; Agravo/ de Instrumento n. 359.232-5/0 - Batatais - 3a Câmara de Direito
Público - Relator: Peiretti de Godoy - 03.02.04; Agravo) de Instrumento n. 350.472-5/0 - São
Paulo - 3a Câmara de Direito Público - Relator: Gama Pellegrini - 16.12.03; Agravo de
Instrumento n. 3 5 3 . 5 7 9 - 5 / 0 - Jundiaí - 8 a Câmara de Direito Público - Relator:: Teresa
Ramos Marques - 10.12.03; Agravo de Instrumento n. 345.132-5/4-00 - São Paulo - 3a Câmara
de Direito Público - Relator: Peiretti de Godoy 23.09.03; Agravo de Instrumento n. 335.446-5/1
- São Paulo - 3a Câmara de Direito Público "Julho/2003n - Relator: José Cardinale - 09.09.03;
Agravo de Instrumento n. 326.210-5/4 - Ribeirão Preto - 9a Câmara de Direito Público -
Relator: Antônio Rulli - 21.05.03; Agravo de Instrumento n. 292.740-5/1 - Ribeirão Preto - 9a
Câmara de Direito Público - Relator: Antônio Rulli - ] 2.03.03; Mandado de Segurança n.
298.623-5/1 - São Paulo - 9a Câmara de Direito Público - Relator: Antônio Rulli - 12.02.03;
Apelação Cível n. 159.781-5/7 - Araçatuba - I a Câmara de Direito Público - Relator: Roberto
Bedaque - 11.02.03; Apelação Cível n. 1 6 1 . 0 2 6 - 5 / 2 - Araçatuba - 8a Câmara de Direito
Público - Relator: José Santana - 29.01.03; Agravo de Instrumento n. 313.048-5/4 - 9ª Câmara
de Direito Público de Férias "Janeiro/2003" - Relator: Antônio Rulli - 24.01.03; Apelação Cível
n. 276.843-5/4 – São Paulo - I a Câmara de Direito Público - Relator: Roberto Bedaque -
05.11.02; Apelação Cível n. 117.232-5 - São Paulo - 9a Câmara de Direito Público - Relator:
Antônio Rulli - 19.06.02; Apelação Cível n. 152.837-5 - São Paulo - 9a Câmara de Direito
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
Público - Relator: Geraldo Lucena - 12.06.02; Agravo de Instrumento n. 251.801*5 - São Paulo -
9a Câmara cie Direito Público - Relator: Antônio Rulli - 06.03.02; Agravo de Instrumento n.
200.036-5/0 - Campinas f 3ª Câmara de Direito Público - Relator: Magalhães Coelho - 28.
Agravo de Instrumento n. 227.718-5 - São Paulo - 9a Câmara de Direito Público -• Relator:
Antônio Rulli - 08.08.01; Agravo de Instrumento n. 235.903-5 - São Paulo - 9a Câmara de
Direito Público - Relator: Antônio Rulli - 31.07.01; Agravo de Instrumento n. 205.240-5/8 - São
Paulo - 9a Câmara de Direito Público - Relator: Antônio Rulli - 14.03.01; Agravo de
Instrumento n. 254.407-5 - São Paulo - 7a Câmara de Direito Público - Relator: Torres de
Carvalho - 18.02.02; Agravo de Instrumento n. 199.313- 5 - São Paulo - 2a Câmara de Direito
Público - Relator: Corrêa Vianna - 06.02.01; Embargos Infringentes n. 62.592-5 - São Paulo - 3a
Câmara de Direito Público - Relator: Magalhães Coelho - 07.11.00; Agravo de Instrumento n.
160.327-5 - São Paulo – Ia Câmara de Direito Público - Relator: Demóstenes Braga - 11.04.00;
Apelação Cível n. 101.345-5 - Santos - 8a Câmara Janeiro/2000 de Direito Público - Relator:
Torres de Carvalho - 26.01.2000; Agravo de Instrumento n. 134.507-5 - São Paulo - I a Câmara
de Direito Público - Relator: Demóstenes Braga - 09.11.99; Apelação Cível n. 66.023-5 - São
Paulo – Ia Câmara de Direito Público - Relator: Demóstenes Braga - 20.04.99; Apelação Cível
n. 54.511-5 - Araçatuba - 8ª Câmara de Direito Público - Relator: Teresa Ramos Marques -
10.02.99; Agravo de Instrumento n. 99.546-5 - São Paulo - 8a Câmara de Direito Público -
Relator: José Santana - 03.03.99; Agravo de Instrumento n. 40.445-5 - Santos- 8ª Câmara de
Direito Público - Relator: Antônio ViHten - 21.05.97 e no Agravo de Instrumento n. 22.239-5 -
São Paulo - 8a Câmara de Direito Público - Relator: Felipe Ferreira - 18.11.96. 0 Tribunal
Federal de Recursos da 4a Região também adotou o posicionamento ora referido. Confira-se
RTs 822/408 e 821/423. Este Julgador, de outra parte, em estrita observância à dicção
constitucional, vem reiteradamente afirmando esse dever do Estado de assistência à saúde,
conforme se pode verificar nos seguintes julgados: Agravo de Instrumento n. 422.687-5/0-00 -
Jaú; Agravo de Instrumento n. 423.589-5/0-00 - Franca; Agravo de Instrumento n. 428.464-5/6 -
São Paulo; Agravo de Instrumento n. 436.153-5/0-00 - São Paulo; Agravo de Instrumento n.
436.247-5/0-00 - Votuporanga; Apelação n. 236.944-5/2-00 - Araçatuba; Apelação n. 240.131-
5/7-00 - Bauru; Agravo de Instrumento n. 443.544-5/1-00 - Jaú; Apelação n. 248.438-5/6-00 -
Araçatuba; Apelação n. 379.944-5/6-00 - Campinas; Apelação n. 379.960-5/9-00 - Araçatuba;
Apelação IU. 391.450-5/0-00 - Araçatuba; Agravo de Instrumento n. 448.959-5/1-00 - São Paulo;
Apelação n. 379.994-5/3-00 - Campinas; Apelação n. 380.677-5/0-00 - São Paulo; Apelação n.
380.903-5/2-00 - São Paulo; Apelação n. 387.486-5/9-00 - São Paulo; Apelação n. 388.161-5/3-00
- Jales; Apelação n. 396.450- 5/6-00 - São Paulo; Apelação n. 396.798-5/3-00 - Santos;
Apelação n. 399.005-5/8-00 - São Paulo; Apelação ní 399.034-5/0-00 - São Paulo; Apelação n.
452.535-5/1-OOJÍ- São Paulo; Apelação n. 309.778-5/0-00 - Araçatuba; Apelação n. 423.162-5/1-
00 - Birigui; Apelação n. 423.865- 5/0-00 – Araçatuba.”
“Diante desse quadro, forçoso reconhecer que, no particular, estavam presentes os requisitos
autorizadores da concessão liminar. (…) Registre-se, em remate, que não prospera a tese de
desrespeito às normas da lei orçamentária, porque o orçamento não cuida de tais minúcias nem
descreve, na alocação das verbas destinadas à saúde, quais e quantas cirurgias, exames e
medicamentos, de cada tipo, podem ser feitos e adquiridos pelo administrador. Além do mais,
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
concessão de liminares e tutoria antecipada contra a fazenda pública, entre cujas hipóteses não se
geração ou dimensão, e, pois, individual, não parecendo justificar-se uma solução, em rigor,
interesse público secundário ao interesse público primário que, por sua mesma definição,
“AÇÃO CIVIL PÚBLICA – Ação promovida pelo Ministério Público em favor de duas irmãs
portadoras de deficiência, com 25 e 28 anos, de duas cadeiras de rodas e uma cadeira de
banho, não fornecidos pela rede pública – liminar concedida – Responsabilidade indistinta do
Poder Público (União, Estado e Município) de fornecimento dos meios ara a população
necessitada manter o nível de saúde adequado – recurso não provido – O direito público
subjetivo à saúde traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve
velar, de maneira responsável, o Poder Público(Federal, Estadual ou Municipal), a quem
incumbe formular – e implementar – políticas sociais e econômicas que visem a garantir a
plena consecução dos objetivos proclamados no art. 196 da Constituição da República. Logo,
a União, os Municípios e os Estados têm o dever de cuidar da saúde, de forma concorrente,
de acordo com os arts. 23, II, 30, I e VII, 196, 198, I, da Constituição Federal e 219, da
Constituição Estadual.”
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
“Estudante tetraplégico vitimado por assalto terá cirurgia paga pelo estado de Pernambuco.
Tetraplégico em razão de um assalto ocorrido em via pública no estado de Pernambuco (PE),
Marcos José Silva de Oliveira, estudante universitário de 25 anos, obteve decisão favorável no
Supremo Tribunal Federal (STF). Ele conseguiu autorização para ser submetido a uma cirurgia de
implante de um Marcapasso Diafragmático Muscular (MDM) a fim de que possa respirar sem
depender de aparelho mecânico. A questão foi debatida durante o julgamento de um recurso [agravo
regimental] interposto por Marcos nos autos da Suspensão de Tutela Antecipada (STA) 223. Ele
contestava decisão da Presidência do STF que suspendeu execução da decisão do Tribunal de
Justiça de Pernambuco (TJ-PE), a qual determinava a liberação de quantia depositada por meio de
uma ação de indenização para que a cirurgia fosse realizada. O TJ-PE determinou a transferência
de recursos que foram depositados pelo estado de Pernambuco em conta judicial para uma conta
bancária no exterior, pertencente ao médico norte-americano que a família alega que virá ao Brasil
para operar Marcos. Segundo os familiares, o Brasil não possui profissional capacitado para realizar
tal procedimento, que caso não ocorra até o próximo dia 30 de abril fará com que Marcos corra risco
de morte. Em sede de tutela antecipada, a responsabilização do estado de Pernambuco pelo custo
da cirurgia equivale a U$ 150.000 (cento e cinqüenta mil dólares americanos). O estado de
Pernambuco sustenta ocorrência de grave lesão à ordem pública, em razão da iminência de
transferência de recursos públicos ao exterior para pessoa não domiciliada no país, sem prévia
autorização do Banco Central do Brasil. Alegava ocorrência de grave lesão à economia pública, com
base na determinação do pagamento sem o trânsito em julgado da sentença condenatória e sem a
obrigatória expedição de precatório, em afronta ao artigo 100 da Constituição Federal.”
“O ministro Celso de Mello entendeu que o recurso deveria ser provido a fim de manter o ato
quanto à obrigação de prestar o tratamento. Segundo ele, Pernambuco, assim como outras
localidades brasileiras, possuem pontos conhecidos pela prática criminosa. No caso, o
ministro entendeu ter havido omissão por parte dos agentes públicos na adoção de medidas
efetivas, ‘que o bom senso impõe’. ‘Medidas que muitas vezes os responsáveis pela
segurança pública nos estados desconhecem ou fazem de conta que não sabem’, disse,
analisando que falta serviço adequado em matéria de segurança pública no país. ‘O que não
tem sentido é que o estado permaneça simplesmente se omitindo no dever constitucional de
prover segurança pública ao cidadão e, depois, demitindo-se das conseqüências que
resultam do cumprimento desse mesmo dever’, completou, ressaltando que Marcos tem o
direito de viver de maneira autônoma, uma vez que atualmente necessita de aparelho
mecânico para respirar. Para o ministro, situações configuradoras de falta de serviço podem
induzir a responsabilidade civil objetiva do poder público, considerado o dever de prestação
pelo Estado, a necessária existência de causa e efeito [nexo de causalidade], omissão
administrativa e o dano sofrido pela vítima. ‘A mim me parece que todos os elementos que
compõem a estrutura da responsabilidade civil objetiva do poder público estariam presentes
nesse caso. A situação de dano gravíssimo, risco inaceitável à vida, ocorre em relação a esse
paciente e muito menos em relação ao poder público’, afirmou Celso de Mello. De acordo
com ele, ao se reconhecer o interesse secundário do estado, em matéria de finanças
públicas, e o direito fundamental da pessoa, que é o direito à vida, ‘não há opção possível
para o Judiciário, nessa relação dilemática, senão destacar, senão dar primazia, senão fazer
prevalecer o direito à vida’. ‘Tenho a impressão que a realidade da vida tão pulsante nesse
caso impõe que se dê provimento a este recurso e que se reconheça a essa pessoa o direito
de buscar autonomia existencial desvinculando-se de um respirador artificial que a mantém
ligada a um leito hospitalar depois de meses de estado comatoso’, concluiu, ressaltando que
deve ser reconhecido a todos o direito referente à busca da felicidade, resultado do princípio
da dignidade da pessoa humana. ‘Quem salva uma vida, salva toda a humanidade’, finalizou o
ministro, sendo seguido pela maioria dos votos. Assim, o Plenário da Corte, por maioria, deu
provimento ao recurso a fim de garantir o custeio, por parte do estado de Pernambuco, do
tratamento médico ao jovem’. “O que não tem sentido é que haja uma proclamação
constitucional meramente retórica. Proclamações constitucionais não podem ser declarações
13 www.stf.gov.br/portal/geral/
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
inconseqüentes do poder público’. ‘(...) é preciso dar real efetividade a essas normas
meramente programáticas e reconhecer efetivamente que o direito à saúde e o direito à vida
são bens, são valores essenciais que devem ser preservados pela autoridade pública’. ‘Essa
é uma decisão que vale para essa situação, extremamente singular. Mas nós consideramos
aí, sim, os diversos princípios constitucionais envolvidos e os diversos direitos invocados’,
afirmou, citando o direito do cidadão à segurança pública, à vida ‘e à obtenção por parte do
poder público de meios e recursos necessários que tornem efetivo o acesso dessa
prerrogativa delicadíssima e essencial, que é o direito à vida.”
14 Art. 127: O ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.
15 LOMP: Art. 32. Além de outras funções cometidas nas Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica
e demais leis, compete aos Promotores de Justiça, dentro de suas esferas de atribuições: I - impetrar
habeas-corpus e mandado de segurança e requerer correição parcial, inclusive perante os Tribunais locais
competentes;
16 Lei n. 10.741/03, art. 81º, inciso I: Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis e individuais
homogêneos, consideram-se legitimado, concorrentemente: I - o Ministério Público...
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
as medidas necessárias a sua garantia’ (art. 129, II). Assim, dentre as várias funções atuais do
Ministério Público, encontra-se a proteção ao status (Jellinek) constitucional do individuo, em
suas diversas posições.(...)Corroborando a idéia da importância da atuação do Ministério Público
na efetividade dos direitos humanos fundamentais, Smanino afirma que ‘rompeu o constituinte de
1988 com o imobilismo da tradicional teoria da separação de poderes, atribuindo função de atuação
a determinado órgão do Estado que é o Ministério Público, para assegurar a eficácia dos
direitos indisponíveis previstos pela própria Constituição (Criminologia e juizado especial
criminal. São .Paulo: Atlas, 1997. p. 7.1)”17.
“O Ministério Público tem a sua razão de ser na necessidade de ativar o Poder Judiciário, em
pontos em que esta remanesceria inerte porque o interesse agredido não diz respeito a
pessoas determinadas, mas a toda coletividade. Mesmo com relação aos indivíduos, é
notório o fato de que a ordem jurídica por vezes lhes confere direitos sobre os quais não
podem dispor. Surge daí a clara necessidade de um órgão que vele tanto pelos interesses da
coletividade quanto pelos dos indivíduos, estes apenas quando indisponíveis. Trata-se,
portanto, de instituição voltada ao patrocínio desinteressado de interesses públicos, assim
como de privados, quando merecerem um especial tratamento do ordenamento jurídico”18.
1. O Ministério Público tem legitimidade para defesa dos direitos individuais indisponíveis,
mesmo quando a ação vise à tutela de pessoa individualmente considerada. No que diz
respeito ao estrito tema da legitimidade ativa do Ministério Público, a questão se resolve pelo
art. 127 da Constituição, segundo o qual "o Ministério Público é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis". No caso dos autos,
os interesses tutelados são inquestionavelmente interesses individuais indisponíveis. Busca-
17 MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais. São Paulo: Atlas, 1998. p. 53-54.
18 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional, 14. ed. – São Paulo: Saraiva, 1992. p. 339.
19 AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 646.240 - RS (2004/0174971-8)
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
se, com efeito, tutelar os direitos à vida e à saúde de que tratam os arts. 5º, caput e 196 da
Constituição em favor de pessoa idosa que precisa do medicamento reclamado para
sobreviver. A legitimidade ativa, portanto, se afirma, não por se tratar de tutela de direitos
individuais homogêneos, mas sim por se tratar de interesses individuais indisponíveis. 2.
Poder-se-ia, quem sabe, duvidar da auto-aplicabilidade do art. 127 da CF, em face do seu
conteúdo indeterminado, o que comprometeria sua força normativa para, desde logo,
independentemente de intermediação do legislador infraconstitucional, autorizar o Ministério
Público a propor demandas judiciais em defesa dos bens jurídicos ali referidos. A dúvida não
tem consistência. Mesmo quando genéricas, as normas constitucionais possuem, em algum
grau, eficácia e operatividade. "Não há norma constitucional alguma destituída de eficácia.
Todas elas irradiam efeitos jurídicos, importando sempre uma inovação da ordem jurídica
preexistente...”, ensina José Afonso da Silva. (Auto-aplicabilidade das normas
constitucionais, SP, RT, 1968, p. 75). “De fato”, observa Celso Bandeira de Mello, “não teria
sentido que o constituinte enunciasse certas disposições apenas por desfastio ou por não
sopitar seus sonhos, devaneios ou anelos políticos. A seriedade do ato constituinte impediria
a suposição de que os investidos em tão alta missão, dela se servissem como simples
válvula de escape para emoções antecipadamente condenadas, por seus próprios emissores,
a permanecer no reino da fantasia. Até porque, se desfrutavam do supremo poder jurídico,
seria ilógico que, desfrutando-o, houvessem renunciado a determinar, impositivamente,
aquilo que consideram desejável, conveniente, adequado” (Eficácia das normas
constitucionais sobre justiça social, Revista de Direito Público, v. 57, p. 238). Ora, o preceito
constitucional que confere ao Ministério Público a incumbência de promover a defesa de
direitos individuais indisponíveis (art. 127) é um preceito completo em si mesmo, apto a
legitimar o agente ministerial, se for o caso, a exercer inclusive judicialmente a incumbência
ali atribuída. Trata-se de preceito muito mais específico que o contido, por exemplo, no art.
82, III, do CPC, que atribui ao Ministério Público a competência para intervir em todas as
causas em que há interesse público. Muito se questionou a respeito da extensão de tal
comando processual, mas jamais se duvidou de sua auto-aplicabilidade. A mesma atitude
interpretativa se há de ter frente à norma constitucional do art. 127: pode-se questionar seu
conteúdo, mas não sua suficiência e aptidão para gerar, desde logo, a eficácia que lhe é
própria. Na hipótese dos autos, em que a ação civil pública visa a garantir o fornecimento de
medicamento necessário e de forma contínua à pessoa idosa (fls. 09-20), há de ser
reconhecida a legitimação do Ministério Público a fim de garantir a tutela dos direitos
individuais indisponíveis à saúde e à vida. 3. Marca importante do atual sistema de processo é a
notável valorização que dá à prestação da tutela específica. Exemplo disso são os dispositivos que
conferem ao juiz uma espécie de poder executório geral, habilitando-o a utilizar, inclusive de ofício,
os meios executivos nominados e inomidados, previstos nos §§ 4º e 5º do art. 461, visando a induzir
ou produzir a entrega in natura da prestação devida ou de seu sucedâneo prático de resultado
equivalente. São estas as disposições legais: Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se
procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) (omissis) § 3o Sendo relevante o
fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao
juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar
poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 4o O juiz
poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe
prazo razoável para o cumprimento do preceito. § 5o Para a efetivação da tutela específica ou a
obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as
medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão,
remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se
necessário com requisição de força policial. Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de
coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.(...) §
2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de
busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. § 3o
Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461. “Tratando-se de meios
executivos para cumprimento de obrigações de fazer e de entregar coisa, deles não se furta a
Fazenda Pública, sujeita que está, nessas espécies de obrigação, ao procedimento comum dos
artigos transcritos. Assim, indubitavelmente, é cabível, mesmo contra a Fazenda Pública, a
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
cominação de multa diária (astreintes) como meio executivo para cumprimento de obrigação de
fazer ou entregar coisa.”
No mesmo sentido:
“O Ministério Público tem legitimidade para propor ação em defesa de direito indisponível de uma
única pessoa, caso se trate de alguém carente economicamente. De acordo com precedentes da
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não é preciso que o interessado seja menor
ou idoso, isto é, protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente ou pelo Estatuto do Idoso,
para autorizar a participação do Ministério Público na ação.”
dessa exemplar decisão do Supremo Tribunal Federal acórdão da lavra do eminente Ministro
Celso de Mello é lícito concluir que o direito à saúde é direito individual indisponível. No
caso, o acórdão recorrido, tendo decidido de forma contrária, é ofensivo ao dispositivo
constitucional invocado, C.F., art. 127. Do exposto, conheço do recurso e dou-lhe
provimento.”
No mesmo sentido:
"A Carta Federal outorgou ao Ministério Público a incumbência de promover a defesa dos
interesses individuais indisponíveis, podendo, para tanto, exercer outras atribuições
prescritas em lei, desde que compatível com sua finalidade institucional (CF, artigos 127 e
129)22.”
A SAÚDE
Foi em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que se assumiu
posição solene em favor do direito à saúde, conforme consta do seu artigo 25:
"Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e
a sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto a alimentação,
ao vestuário, ao alojamento, a assistência médica e ainda quanto aos
serviços sociais necessários; e tem direito a segurança no desemprego, na
doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de
meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade".
22 (excerto da ementa do RE 248.869/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ de 12.3.2004, p. 773).
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
Está muito clara, portanto, a previsão legal, com a menção de que, dentre outras
formas de assistência à saúde, compete ao Município a prestação de
assistência farmacêutica, onde se inclui, naturalmente, o fornecimento das
necessidades da idosa, que se mostram indispensáveis à saúde e a
sobrevida do doente.
23 Art. 196 da CF: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
24 MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais. São Paulo: Atlas, 1998. p. 44-45.
25 Lei n. 8078/90, art. 2°: Consumidor é toda pessoa física ou Jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
26 Lei n. 8078/90, art. 3°: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
27 Lei n. 8078/90, art. 4°: A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança,
a proteção de seus interresses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida (...)
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Começa pela CF, que estipula em seus art. 198, que as ações e serviços de
saúde devem garantir um atendimento integral 29. De maneira idêntica a CE, em
seu art. 21930, reedita aquelas normas sobre a saúde. Esta Carta do Estado de
São Paulo, no seu art. 222 31, fixa que todos os serviços relacionados com a saúde
pública devem ser organizados com o objetivo de atender a população, urbana e
rural, carente e necessitada de amparo, no campo da velhice e no território da
deficiência e os recursos relativos a saúde devem ser municipalizados, além
da gratuidade dos serviços. O artigo seguinte, 22332, complementa aquela
disposição ao determinar competir ao SUS - Sistema Único de Saúde - a
assistência total à saúde do deficiente.
28 Lei n. 8078/90, art. 6°: São direitos básicos do consumidor: I – a proteção da vida, saúde (...), X – a
adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
29 Art.198 da CF: As ações e serviços de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: II – atendimento
integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
30 Artigo 219 da CE: A saúde é direito de todos e dever do Estado. Parágrafo único - Os Poderes
Públicos Estadual e Municipal garantirão o direito à saúde mediante: 1 - políticas sociais, econômicas e
ambientais que visem ao bem-estar físico, mental e social do indivíduo e da coletividade e à redução do
risco de doenças e outros agravos; 2 - acesso universal e igualitário às ações e ao serviço de saúde, em
todos os níveis; 3 - direito à obtenção de informações e esclarecimentos de interesse da saúde individual e
coletiva, assim como as atividades desenvolvidas pelo sistema; 4 - atendimento integral do indivíduo,
abrangendo a promoção, preservação e recuperação de sua saúde.
31 Artigo 222 da CE: As ações e os serviços de saúde executados e desenvolvidos pelos órgãos e
instituições públicas estaduais e municipais, da administração direta, indireta e fundacional, constituem o
sistema único de saúde, nos termos da Constituição Federal, que se organizará ao nível do Estado, de
acordo com as seguintes diretrizes e bases: I - descentralização com direção única no âmbito estadual e no
de cada Município, sob a direção de um profissional de saúde; II - municipalização dos recursos,
serviços e ações de saúde, com estabelecimento em lei dos critérios de repasse das verbas oriundas das
esferas federal e estadual; III - integração das ações e serviços com base na regionalização e hierarquização
do atendimento individual e coletivo, adequado às diversas realidades epidemiológicas; IV - universalização
da assistência de igual qualidade com instalação e acesso a todos os níveis, dos serviços de saúde à
população urbana e rural; V - gratuidade dos serviços prestados, vedada a cobrança de despesas e
taxas, sob qualquer título.
32 Artigo 223 da CE: Compete ao Sistema Único de Saúde, nos termos da lei, além de outras atribuições: I
- a assistência integral à saúde, respeitadas as necessidades específicas de todos os segmentos da
população; II - ... a identificação e o controle dos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual
e coletiva, mediante, especialmente, ações referentes à: a) vigilância sanitária; b) vigilância epidemiológica;
c) saúde do trabalhador; d) saúde do idoso;
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
O não fornecimento das necessidades da idosa põe em risco a sua saúde. Por
isso, o Município tem o dever legal, moral e ético de fazer valer esse direito. “É
o Estado que existe para servir o Homem e não o homem para servir o
Estado”34.
33 (...) o direito a saúde significa o acesso universal (para todos) e equânime (com justa igualdade)
a serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde (atendimento integral). Com a
lei Nº 8.080\90, fica regulamentado o Sistema Único de Saúde - SUS, estabelecido pela Constituição Federal
de 1988, que agrega todos os serviços estatais - das esferas federal, estadual e municipal - e os serviços
privados (desde que contratados ou conveniados) e que é responsabilizado, ainda que sem exclusividade,
pela concretização dos princípios constitucionais. A presente Norma Operacional Básica tem por
finalidade primordial promover e consolidar o pleno exercício, por parte do poder público
municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da atenção à saúde dos seus munícipes (Artigo
30, incisos V e VII, e Artigo 32, Parágrafo 1º, da Constituição Federal), com a conseqüente redefinição
das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e da União, avançando na consolidação dos
princípios do SUS. Busca-se, dessa forma, a plena responsabilidade do poder público municipal (...), Mais
informações podem ser obtidas pelo site: www.rebidia.org.br/noticias/saude/nob.html.
34 Instituições de Direito Público e Privado – Ruy Rebello Pinho e Amauri Mascaro Nascimento, pág. 125,
Editora Atlas.
35 Art. 3º, Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no
artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
social.
36 Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições
indispensáveis ao seu pleno exercício.
37 Art. 7º, inciso I: Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; IV
- igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie (...)
38 Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preservada nos serviços públicos contratados,
ressalvando-se as cláusulas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades privadas.
39 Lei complementar n. 791/95: artigo 2º - A saúde é uma das condições essenciais da liberdade
individual e da igualdade de todos perante a lei. § 1º - O direito à saúde é inerente à pessoa humana,
constituindo-se em direito público subjetivo.
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
Nas disposições finais43 foi previsto, sem prejuízo da atuação direta do SUS, que
os Poderes Executivos devam adotar as medidas necessárias para a execução
continuada de programas integrados referentes à proteção especial ao
deficiente, dentre outros destinatários. Todavia, com o aumento dos sofrimentos
e com as dificuldades morais vigentes em todos os departamentos da vida
nacional, os munícipes desta cidade buscam ajuda no MP, como último.
Com vem mencionar que o Município poderá celebrar convênios com a União,
com o Estado, entidades públicas e privadas, nacionais, estrangeiras e
internacionais, objetivando a execução dos preceitos específicos e Estatuídos no
mencionado Código de Saúde do Estado de São Paulo 44. Portanto, o Município,
é responsável e, deve figurar no pólo passivo da demanda.
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
44 Lei complementar n. 791/95, art. 72: O Estado, pelos seus órgãos competentes, poderá celebrar
convênios com a União, outros Estados-membros, os Municípios e com entidades públicas e privadas,
nacionais, estrangeiras e internacionais, objetivando a execução de preceitos específicos deste Código.
45 CF, art. 1°, inciso III: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito federal, constituem-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;
46 Nunes, Rizzatto, O Princípio da Dignidade da Pessoa humana, edição 2.002, Editora Saraiva.
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
“(...) O intérprete operará da seguinte maneira. No exame do caso concreto ele verificará se
algum direito ou princípio está em conflito com a dignidade e este dirigirá o caminho para a
solução, uma vez que a prevalência se dá pela dignidade (pág. 56).”
“Na verdade, o princípio da dignidade da pessoa humana exprime, em termos jurídicos, a máxima
kantiana, segundo a qual o Homem deve sempre ser tratado como um fim em si mesmo e
nunca como um meio. O ser humano precede o Direito e o Estado, que apenas se justificam em
razão dele. Nesse sentido, a pessoa humana deve ser concebida e tratada como valor-fonte do
ordenamento jurídico, como assevera Miguel Reale, sendo a defesa e promoção da sua
dignidade, em todas as suas dimensões, a tarefa primordial do Estado Democrático de
Direito. Como afirma José Castan Tobena, el postulado primário del Derecho es el valor próprio del
hombre como valor superior e absoluto, o lo que es igual, el imperativo de respecto a la persona
humana. Nesta linha, o princípio da dignidade da pessoa humana representa o epicentro axiológico
da ordem constitucional, irradiando efeitos sobre todo o ordenamento jurídico e balizando não
apenas os atos estatais, mas também toda a miríade de relações privadas que se desenvolvem no
seio da sociedade civil e do mercado. A despeito do caráter compromissório da Constituição, pode
ser dito que o princípio em questão é o que confere unidade de sentido e valor ao sistema
constitucional, que repousa na idéia de respeito irrestrito ao ser humano razão última do Direito e
do Estado” (grifo acrescido) 47.
“O conceito de justiça espalhado no texto maior é aquele dirigido à realidade social concreta.
Não se trata de uma Abstração da norma máxima. É objetivo a ser alcançado realmente no
contexto histórico atual pela República. Isto dará ao intérpetre, tanto das regras
constitucionais quanto das infraconstitucionais, alternativas de resolução de problemas não
só a partir dos princípios regulares da justiça, como daqueles tradicionalmente conhecidos
como eqüidade na aplicação de cada caso concreto. (...)Numa macrossociedade moderna,
como as atuais, esses conceitos se aplicam da mesma forma. É sabido que o objetivo da
sociedade, entendida como uma nação ou comunidade, é a busca da paz e harmonia social.
As normas jurídicas são o instrumentos para que tal fim seja atingido. E esse objetivo só será
alcançado numa sociedade justa. (...) A justiça soma-se ao princípio da intangibilidade da
dignidade humana, como fundamento de todas as normas jurídicas, na medida em que
qualquer pretensão jurídica deve ter como base uma ordem justa. (...)A justiça é, assim, o
objetivo da República e fundamento da ordem jurídica, como condição de sua possibilidade
de realização histórica. Por isso, na aplicação das normas jurídicas aos casos concretos,
muitas vezes tem-se de atenuar os rigores do texto normado, mitigando seu apelo formal: é
necessário agir com equidade49.”
A JURISPRUDÊNCIA E A DOUTRINA
“na competência comum da União, dos Estados e dos Municípios, além do Distrito Federal,
está a tarefa de cuidarem da saúde e assistência pública, além da proteção das pessoas
portadoras de deficiência. Cuidar da saúde pertence à vocação maior do Estado, de rigor, a
meu ver voltada para ofertar segurança pública interna e externa, administração da justiça,
saúde, educação e assistência social latu sensu”.
Foi exatamente por tal motivo que à saúde foi conferido tratamento especial na
Carta Magna53, erigidos seus serviços e ações como de relevância pública. O
tema ainda ganhou constitucionalmente seção própria e foi abordado dando-se
ênfase ao acesso universal e igualitário às ações e serviços. Com efeito,
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
Em tom menos candente, mas substancialmente igual, John Rawls advertiu que,
entre as constrições de liberdade figura ‘a ausência generalizada de meios’ 56. É
exatamente por tal motivo que a Carta Magna atribui ao Estado a
responsabilidade pela assistência terapêutica integral e gratuita, questão básica
para se atingir as outras liberdades e a própria Democracia.
“A saúde é um direito social conforme entende o art. 6º. da Constituição e como direito
fundamental do cidadão não é norma programática, não encerra somente uma promessa de
atuação do Estado, mas tem aplicação imediata. Na lição do insigne constitucionalista José
Afonso da Silva ‘os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem,
são prestações positivas estatais, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam
melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de
situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se conexionam com o direito da
igualdade. Valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais na medida em que
criam condições materiais mais propícias ao auferimento da igualdade real, o que, por sua
vez, proporciona condição mais compatível com o exercício efetivo da liberdade’. Não é
despiciendo registrar ainda que se insere entre os objetivos fundamentais da República
Brasileira ‘estabelecer uma sociedade livre, justa e solidária’, tendo-se em vista a
realização da justiça social, ou seja, busca a nação a promoção do ‘bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação’.
(...) a jurisprudência de nossos Tribunais Superiores é pacífica no sentido da observância dos
dispositivos constitucionais, no que concerne ao ‘direito à saúde.”
54 1948: “Art. 25 - Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para assegurar a sua saúde
(....)”.
55 Mandado de Segurança n. 743/053.00.011924-8, 11ª Vara da Faz. Pública.
56 CF. “A Theory of Justice”, Oxford: Oxford University Press, 1980, pág. 204.
57 Relator Waldir Leôncio Júnior
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
Por fim, cabe asseverar que a tutela jurisdicional à saúde tem sido considerada
tão ampla que até tratamentos médicos especializados no exterior têm sido objeto
de ações que geraram a obrigação do poder público em ressarcir o particular 58:
“A indenização por gastos efetuados com tratamento de saúde de filho menor, no exterior,
funda-se no cumprimento do artigo 196 da Constituição Federal, ficando afastada a alegação
de ofensa aos artigos 2º e 167-II da mesma Constituição, pois o Juiz apenas decidiu o caso
concreto, no exercício de jurisdição contenciosa, nem, com sua sentença, elaborou lei
orçamentária”.
Por primeiro, apenas por excesso de zelo, deve ser referenciado que a Lei
Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000, estabelecedora de normas de
finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, denominada
Lei de Responsabilidade Fiscal, não impede qualquer atuação judicial
tendente a reparar a situação de perigo à vida e à saúde, já que tal
possibilidade encontra nascedouro e amparo diretamente na Constituição
Federal.
“Com relação à previsão orçamentária para o custeio dos medicamentos específicos, basta
relembrar que já há, no orçamento do Estado, dotação apropriada; da mesma forma não pode
o apelante pretender eximir-se de suas responsabilidades sob a alegação de que enfrenta
sérios problemas financeiros, em face da escassez de recursos, o que soa falso em face dos
gastos publicitários que se vê nos meios de comunicação, apregoando obras e realizações
governamentais (...)”. Citando Celso de Mello em caso também relativo à saúde: “A
singularidade do caso (...), a imprescindibilidade da medida cautelar concedida pelo Poder
Judiciário do Estado de Santa Catarina (...) e a impostergabilidade do cumprimento do dever
político constitucional que se impõe ao Poder Público, em todas as dimensões da
organização federativa, de assegurar a todos a proteção à saúde (CF, art. 6°, c.c. art. 227,
Parágrafo 1°) constituem fatores, que, associados a um imperativo de solidariedade humana,
desautorizam o deferimento do pedido ora formulado pelo Estado de Santa Catarina (...).
Entre proteger a inviolabilidade do direito à vida, que se qualifica como direito subjetivo
inalienável assegurado pela própria Constituição da República (art. 5°, caput), ou fazer
prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do
Estado, entendo — uma vez configurado esse dilema — que razões de ordem ético-jurídica
impõem ao julgador uma só e possível opção: o respeito indeclinável à vida.”
60 Lei n. 8666/93, art.24, inciso IV: “(...)é dispensável a licitação nos casos de emergência ou de
calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo à segurança da pessoa”
61 Filho, Marçal Justin. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 4a. ed., Aide Editora,
pág. 152.
62 Angélico, lucidez João. Contabilidade Pública, Ed. Atlas, pág. 35.
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
“Sendo a saúde direito de todos e dever do Estado (CF, art. 196, CE, art. 153), torna-se o
cidadão credor desse benefício, ainda que não haja serviço oficial ou particular no País para
o tratamento reclamado. A existência de previsão orçamentária própria é irrelevante, não
servindo tal pretexto como escusa, uma vez que o executivo pode socorrer-se de créditos
adicionais. A vida, dom maior, não tem preço, mesmo para uma sociedade que perdeu o
sentido da solidariedade, num mundo marcado pelo egoísmo, hedonista e insensível.
Contudo, o reconhecimento do direito à sua manutenção (...), não tem balizamento caritativo,
posto que carrega em si mesmo, o selo da legitimidade constitucional e está ancorado em
legislação obediente àquele comando. Além do mais, não há necessidade de procedimento
licitatório em casos de emergência, quando caracterizada urgência de atendimento de
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras e
serviços.”
“Nenhum bem da vida apresenta tão claramente unidos o interesse individual e o interesse
social, como o da saúde, ou seja, do bem-estar físico que provém da perfeita harmonia de
todos os elementos que constituem o seu organismo e de seu perfeito funcionamento. Para o
indivíduo saúde é pressuposto e condição indispensável de toda atividade intelectual. O
estado de doença não só constitui a negação de todos estes bens, como também representa
perigo, mais ou menos próximo, para a própria existência do indivíduo e, nos casos mais
graves, a causa determinante da morte. Para o corpo social a saúde de seus componentes é
condição indispensável de sua conservação, da defesa interna e externa, do bem-estar geral,
de todo progresso material, moral e político. As pessoas doentes representam ônus e perigo
contínuo para a sociedade: ônus, na medida em que não lhe trazem nenhuma contribuição de
trabalho e exigem cuidados e assistência que comprometem meios econômicos e atividades
de outras pessoas; perigo, pela possibilidade da propagação da doença a outras pessoas e,
em alguns casos, à propagação rápida, de caráter epidêmico.”
“Entre proteger a inviolabilidade do direito à vida, que se qualifica como direito subjetivo
inalienável assegurado pela própria Constituição da República (art. 5°, caput), ou fazer
prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do
Estado, entendo — uma vez configurado esse dilema — que razões de ordem ético-jurídica
impõem ao julgador uma só e possível ação: o respeito indeclinável à vida.”
Anotamos também que a ação civil pública e a ação popular, são meios postos à
disposição do Ministério Público e dos cidadãos que permitem a fiscalização do
orçamento e da sua execução. Mencionamos tais premissas para evitar futura
alegação, por parte do Poder Público, de que não dispõe de recursos.
O direito à saúde e à vida, bem como a tutela de tais bens, devem ser tratados
com prioridade, inclusive porque a Constituição, em seu art. 197 66, colocou de
forma singular, as ações e serviços de saúde como de relevância pública, ou seja,
estabeleceu-se, constitucionalmente, a prioridade com que deve ser tratada a
questão. Ora, o administrador não tem a discricionariedade, em conseqüência,
para deixar de cumprir suas tarefas constitucionalmente previstas. Por
conseguinte, não há que se falar na existência de liberdade, mas de aspecto
cogente e impositivo de cumprimento do dever, por parte do Estado, em favor e
em defesa do direito do cidadão.
Busca-se assim a prestação jurisdicional do Poder Judiciário (CF, art. 5°, XXXV67),
em defesa dos direitos fundamentais e serviços essenciais previstos pela Carta
Magna — vida, dignidade da pessoa humana, saúde — a fim de se garantir a
aplicação do direito ao caso concreto, inclusive para fins de responsabilização,
das autoridades, pela omissão. A esse respeito, leciona Alejandro Nieto68:
66 CF, art. 197: São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor,
nos termos da Lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita
diretamente ou através e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
67 CF, art. 5°, inc. XXXV: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
68 Nieto, Alejandro. La inactividad material de la administración. Madri: Documentacion administrativa n.
208, 1986, p. 16.
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
Desde 1988, o país vivencia uma nova era, onde o Estado se obriga a cuidar e
garantir o mínimo existencial conforme reconhecido no direito brasileiro em
decisão pioneira e paradigmática do Supremo Tribunal Federal, através do
eminente Ministro Celso de Mello70:
69 http://www.jacnews.com.br/conteudo/publicidade_oficial.htm
70 STF, Julgamento da ADPF 45 MC/DF, Informativo 345.
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Com atribuição na Defesa dos Direitos Humanos, abrangendo o Idoso, o Deficiente e a Saúde Pública
A Lei 1.533/51, em seu art. 7.°, inciso II 71, estabelece que são requisitos para a
concessão da liminar: a fundamentação jurídica da impetração (fumus boni
iuris) e o perigo de ineficácia da ordem judicial, se concedida apenas ao final
(periculum in mora).
71 Lei n. 1.533/51, art. 7º: Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: inc. II: que se suspenda o ato que deu
motivo ao pedido, quando for relevante o fundamento e do ato impugnado puder resultar a ineficiência da
medida caso seja deferida.
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“A falta dos medicamentos pode significar, cedo ou tarde, a volta dos sintomas
(principalmente falta de ar, cansaço e tosse), com possibilidade de piora gradativa,
que pode chegar ao ponto de insuficiência respiratória e morte ”.
Além disso, o eminente Jurista, Enrico Tullio Liebman, com sua autoridade, já
definia que72:
“No tempo que flui enquanto se espera para poder iniciar o processo, ou enquanto este se
realiza, pode acontecer que os meios necessários a ele (isto é, as provas e os bens) fiquem
expostos ao perigo de desaparecer ou de, por alguma outra forma, serem subtraídos à
indisponibilidade da Justiça; ou, mais genericamente, pode acontecer que o direito cujo
reconhecimento se pede esteja ameaçado de um prejuízo iminente e irreparável. Nesses
casos, à parte interessada é permitido pedir aos órgãos juridicionais que conservem e
ponham a salvo as provas ou os bens, ou eliminem por outra forma aquela ameaça, de modo
a assegurar que o processo possa conduzir a um resultado útil.”
Assim, existe justificado receio de ineficácia do provimento final, razão pela qual é
preciso que seja concedida liminarmente, e com urgência, a medida pleiteada. A
paciente vem sofrendo com a falta dos medicamentos, havendo sério risco de
comprometimento da saúde dela. O problema dela foi diagnosticado há muito
72 Manual de Direito Processual civil, vol. I, pag. 216, Ed. Forense, 1984
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DOS PEDIDOS
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Jacareí, 16/01/2009.