Bruno Estudio introductorio

Miguel Angel Granada

L a cena de las cenizas

D e l a causa, e l p r i n c i p i o y e l u n o
D e l infinito: e luniverso y los m u n d o s

VERSIÓN ELECTRÓNICA P A R A F I N E S E D U C A T I V O S

GREDOS
 GIORDANO BRUNO

LA CENA DE LAS CENIZAS

DE LA CAUSA, E L PRINCIPIO Y E L U N O
DEL INFINITO: EL UNIVERSO
Y LOS M U N D O S

ESTUDIO INTRODUCTORIO
por
M I G U E L ÁNGEL GRANADA

EDITORIAL GREDOS

MADRID
 CONTENIDO

ESTUDIO INTRODUCTORIO

VII

LA C E N A D E LAS CENIZAS

DE LA CAUSA, E L P R I N C I P I O Y E L UNO

I I I

D E L I N F I N I T O : E L U N I V E R S O Y LOS M U N D O S

223
ESTUDIO INTRODUCTORIO
por
M I G U E L ÁNGEL GRANADA
 G I O R D A N O B R U N O ,
E L FILÓSOFO D E L I N F I N I T O

G i o r d a n o B r u n o es, s i n d u d a , e l filósofo más i m p o r t a n t e d e l s i g l o x v i

y c o n Nicolás d e C u s a e l más i m p o r t a n t e d e l R e n a c i m i e n t o . D e e s a
dimensión e r a p o r o t r a p a r t e c o n s c i e n t e e l p r o p i o B r u n o , p u e s t o q u e
e n u n a o b r a p u b l i c a d a e n 1591, j u s t o antes d e s u fatal regreso a I t a l i a
p a r a c a e r e n m a n o s d e l a Inquisición y a f r o n t a r e l p r o c e s o y l a m u e r -
t e e n l a h o g u e r a , había h a b l a d o d e sí m i s m o c o m o «destinado p o r l a
a l t a d i v i n i d a d a s e r m i n i s t r o n o v u l g a r d e u n a época m e j o r q u e c o -
mienza». E n s u función d e c o r i f e o d e u n n u e v o período histórico,
B r u n o s e veía c o n t r a p u e s t o a l o s d o s h e r a l d o s d e l período histórico
q u e e s t a b a c o n c l u y e n d o : Aristóteles y C r i s t o . Creía, e n s u m a , i n i c i a r
u n a época m e j o r e n l a q u e l a (auténtica) filosofía r e t o r n a b a — c o m o
empresa intelectual y propia d e personalidades superiores— frente a
s u sustitución e n e l período p r e c e d e n t e p o r u n a pseudofilosofía o fi-
losofía v u l g a r q u e había u s u r p a d o e l n o m b r e d e filosofía, c o n l a c o n -
s i g u i e n t e subversión lingüística y d e v a l o r e s , y a b i e r t o e l c a m i n o a l a
reducción d e l a filosofía ( o d e l a c i e n c i a ) a m e r a s i r v i e n t a d e l a t e o l o -
gía o religión e n v i r t u d d e l a n e c e s i d a d , p a r a t o d o s l o s h o m b r e s , d e l a
f e e n C r i s t o c o m o única p o s i b i l i d a d d e salvación o unión c o n D i o s .
E n opinión d e B r u n o , Aristóteles había d a d o c o m i e n z o a l período d e
t i n i e b l a s p o r s u concepción e m p i r i s t a d e l a filosofía, p o r s u f e a e r i f i c a e n
l a e x p e r i e n c i a i n m e d i a t a d e l s e n t i d o , q u e l e había l l e v a d o a e s t a b l e c e r e l
postulado de lacentralidad e inmovilidad d e laT i e r r a y a construir a
p a r t i r d e él u n a física errónea q u e había p e r v e r t i d o t o d a l a filosofía. N o
podía ser d e o t r a m a n e r a , p u e s t o q u e l a i n m o v i l i d a d d e l a T i e r r a i m p l i -
c a b a n e c e s a r i a m e n t e l a finitud d e l u n i v e r s o , y a q u e , s i t o d o e l m u n d o g i r a
e n t o r n o a l a T i e r r a e n u n día n a t u r a l , s u extensión e s i n e v i t a b l e m e n t e
finita. E l e r r o r aristotélico d e l u n i v e r s o finito c o m p o r t a b a , además, u n
e r r o r d e c o n s e c u e n c i a s n o m e n o s p e r v e r s a s e n e l p l a n o teológico: s i e l

IX
X Estudio introductorio

e f e c t o d e l a c a u s a d i v i n a e r a finito, e l l o i m p l i c a b a q u e D i o s m i s m o e r a
finito, q u e s u p o t e n c i a y b o n d a d e r a n finitas; o b i e n q u e p u d i e n d o p r o -
d u c i r u n u n i v e r s o i n f i n i t o n o había q u e r i d o h a c e r l o , c o n l a c o n s i g u i e n t e
contradicción e n l a m i s m a e s e n c i a d i v i n a e n t r e s u p o t e n c i a i n f i n i t a y s u
b o n d a d y acción finitas. E n s u m a : l a finitud d e l u n i v e r s o i m p l i c a b a l a
pérdida d e l a c o r r e c t a relación e n t r e l a c a u s a d i v i n a i n f i n i t a y s u p r o d u c -
ción. E l u n i v e r s o finito n o podía s e r e l r e f l e j o t o t a l d e s u c a u s a y l a h u m a -
n i d a d se veía o b l i g a d a a b u s c a r u n a vía d e a c c e s o a l a d i v i n i d a d a l m a r g e n
d e l a n a t u r a l e z a finita, l a vía sobre-natural q u e l e e r a o f r e c i d a p o r C r i s t o
e n v i r t u d d e l a f e e n s u carácter d e D i o s e n c a r n a d o y r e d e n t o r .
C o n l a afirmación d e l m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a p o r Nicolás Copér-
n i c o e n s u o b r a p u b l i c a d a e n 1 5 4 3 s e habían c r e a d o l a s c o n d i c i o n e s p a r a
la superación d e l e r r o r aristotélico y d e s u s c o n s e c u e n c i a s . Copérnico es,
p u e s , l a a u r o r a q u e a n u n c i a y a l a v e z p r o d u c e l a disipación d e l a s t i n i e -
b l a s d e l a l a r g a n o c h e aristotélica ( e i n c l u s o c r i s t i a n a ) , p e r m i t i e n d o l a
manifestación d e l mediodía d e l a v e r d a d , r e c u p e r a d a e n s u p l e n i t u d
por G i o r d a n o B r u n o . Es, pues, f u n d a m e n t a l q u e B r u n o haya sido des-
de l o s p r i m e r o s m o m e n t o s d e s u o b r a c o p e r n i c a n o (de h e c h o es e l
único filósofo a d h e r i d o a l a cosmología c o p e r n i c a n a e n e l s i g l o x v i ) ,
p u e s l a atribución a l a T i e r r a d e l m o v i m i e n t o a s e g u r a l a i n m o v i l i d a d
d e l u n i v e r s o y h a c e p o s i b l e ( c o s a q u e Copérnico n o había o s a d o h a c e r
y d e ahí q u e n o r e b a s a r a e l n i v e l d e a u r o r a ) l a recuperación d e l a i n f i -
n i t u d d e l u n i v e r s o y c o n e l l o , e l r e s t a b l e c i m i e n t o d e l a c o r r e c t a relación
e n t r e D i o s y s u producción: e l u n i v e r s o e s i n f i n i t o ( c o n s i s t e e n u n a i n f i -
n i t a reiteración d e s i s t e m a s s o l a r e s , p u e s c a d a e s t r e l l a e s u n s o l r o d e a -
d o d e u n c o n j u n t o d e p l a n e t a s y c o m e t a s ) ; es, además, n e c e s a r i a m e n t e
i n f i n i t o e n e l e s p a c i o y e n e l t i e m p o , e s t o es, l a explicitación e t e r n a d e
t o d a l a p o t e n c i a d i v i n a q u e e n él s e r e f l e j a i n e x h a u s t a e i n a g o t a b l e , e l
v e r d a d e r o y auténtico V e r b o d i v i n o , c o n s u s t a n c i a l a s u c a u s a . P o r c o n -
s i g u i e n t e también, e l u n i v e r s o i n f i n i t o y e t e r n o e s l a vía y e l c a m i n o
p a r a e l c o n o c i m i e n t o y l a unión c o n l a d i v i n i d a d . D e e s t a m a n e r a , e n
t a n t o q u e e j e r c i c i o i n t e l e c t u a l libre, v o l c a d o a l c o n o c i m i e n t o d e l a n a t u -
r a l e z a i n f i n i t a , l a filosofía e s r e i v i n d i c a d a c o m o l a e m p r e s a p o r l a q u e
e l h o m b r e s u p e r i o r a s p i r a a l c o n o c i m i e n t o y unión c o n D i o s e n l a única
vía q u e está c o n c e d i d a a l h o m b r e , c o n i n d e p e n d e n c i a d e l a s r e p r e s e n t a -
c i o n e s r e l i g i o s a s o p e r a n t e s e n las d i f e r e n t e s c o m u n i d a d e s h u m a n a s c o n
l a finalidad d e h a c e r a l v u l g o h u m a n o v i r t u o s o y p o r c o n s i g u i e n t e p o -
s i b l e l a c o m u n i d a d política.
Éstos s o n a l g u n o s d e l o s p u n t o s c e n t r a l e s — n o t o d o s , p e r o sí l o s
más d e s t a c a d o s — d e l a o b r a d e u n filósofo q u e , d e n u n c i a d o y e n t r e -
 G i o r d a n o B r u n o , elfilósofo d e l infinito XI

g a d o a l a Inquisición e n V e n e c i a e n 1 5 9 2 , terminaría s i e n d o c o n d e n a -
d o c o m o «hereje i m p e n i t e n t e o b s t i n a d o y pertinaz» y q u e m a d o v i v o
el 17 d e f e b r e r o de 1600 e n l a r o m a n a p l a z a d e C a m p o d e i F i o r i .

VIDA Y OBRA

G i o r d a n o B r u n o nació e n 1 5 4 8 e n Ñola, u n a pequeña c i u d a d d e l a

C a m p a n i a c e r c a n a a Ñapóles; d e e l l a tomó e l a p e l a t i v o «Nolano», q u e
añadió a s u n o m b r e y q u e a p a r e c e e n e l f r o n t i s p i c i o d e b u e n a p a r t e d e
s u s o b r a s , y q u e también utilizó p a r a d e s i g n a r s u filosofía («filosofía
nolana»). S u f a m i l i a e r a m o d e s t a : e l p a d r e — G i o a n B r u n o — e r a s o l -
d a d o a l s e r v i c i o d e l r e y d e España, a c u y o s d o m i n i o s pertenecía e n t o n -
ces e l R e i n o d e Ñapóles, y l a m a d r e — F r a u l i s s a S a v o l i n o — pertenecía
a u n m o d e s t o l i n a j e d e l a l o c a l i d a d . E l n o m b r e d e p i l a d e l f u t u r o filó-
s o f o f u e F i l i p p o , s i n d u d a e n h o m e n a j e a l h e r e d e r o d e l a monarquía
hispánica y e n m u e s t r a d e l e a l t a d . E n s u s o b r a s — y e n c o n c r e t o e n l a s
o b r a s i t a l i a n a s r e c o g i d a s e n l a p r e s e n t e edición— B r u n o r e c u e r d a c o n
f r e c u e n c i a s u s orígenes f a m i l i a r e s y l a s p e r s o n a s y l o s p a i s a j e s d e s u
t i e r r a n a t a l . E n e l e x i l i o e v o c a l a figura d e s u p a d r e ( e n e l p r i m e r diá-
l o g o d e l a p r i m e r a p a r t e d e Los heroicos furores) e n r e c o n o c i m i e n t o d e
u n a c i e r t a c u l t u r a a s o c i a d a a l a profesión m i l i t a r ( l a unión d e l a s l e t r a s
y l a s a r m a s f r e c u e n t e m e n t e c a n t a d a e n l a época), m i e n t r a s q u e e l n o m -
b r e S a u l i n o d e u n o d e l o s p e r s o n a j e s d e l a Expulsión de la bestia triun-
fante r e c o g e u n a v a r i a n t e d e l a p e l l i d o m a t e r n o . Además, l a s páginas
finales d e l p r i m e r diálogo d e e s t a o b r a e v o c a n (elevándolo a categoría
filosófica) t o d a u n a s e r i e d e p e r s o n a j e s y e s c e n a s d e l a h u m i l d e i n f a n c i a
n o l a n a , «minucias» o h e c h o s «atómicos» e n e l e n t r a m a d o u n i v e r s a l ,
p a r a t e s t i m o n i a r q u e también e l l o s están s o m e t i d o s a l a p r o v i d e n c i a
u n i v e r s a l y q u e l o «mínimo» e s f u n d a m e n t a l e i m p r e s c i n d i b l e e n l a
e x i s t e n c i a d e l «máximo» o u n i v e r s o i n f i n i t o .
L a v i d a d e B r u n o , y s u trágico final e l 1 7 d e f e b r e r o d e 1 6 0 0 , p u e -
de d i v i d i r s e e n las s i g u i e n t e s etapas:

1) I n f a n c i a y j u v e n t u d n a p o l i t a n a s ( 1 5 4 8 - 1 5 7 6 ) .
2) H u i d a del c o n v e n t o n a p o l i t a n o , peregrinaje por e l n o r t e d e
I t a l i a y p a r t i d a a l e x i l i o , c o n las p r i m e r a s e s t a n c i a s e n G i n e b r a
y T o u l o u s e (1576-1581).
3 ) P r i m e r a e s t a n c i a e n París ( 1 5 8 1 - 1 5 8 3 ) .
4) Estancia en I n g l a t e r r a (1583-1585).
XII Estudio introductorio

5 ) S e g u n d a e s t a n c i a e n París ( 1 5 8 5 - 1 5 8 6 ) .
6) E s t a n c i a e n A l e m a n i a (1586-1591).
7 ) T r a s l a d o a V e n e c i a , d e n u n c i a a l a Inquisición y p r o c e s o v e n e -
ciano (1591-1592).
8 ) P r o c e s o r o m a n o , c o n d e n a y ejecución ( 1 5 9 2 - 1 6 0 0 ) .

S a l v o a l g u n o s e s c r i t o s anónimos p u b l i c a d o s p o s t u m a m e n t e p o r a l g u -
n o s discípulos ( o y a a finales d e l s i g l o x i x , c u a n d o e l Risorgimento
i t a l i a n o propició l a edición n a c i o n a l d e s u s o b r a s l a t i n a s ) , B r u n o r e -
dactó y publicó s u o b r a e n e l b r e v e p l a z o d e d i e z años ( 1 5 8 2 - 1 5 9 1 )
c o m p r e n d i d o p o r l a s e s t a n c i a s e n París, L o n d r e s , d e n u e v o París y
diversos lugares d e A l e m a n i a . L a o b r a e n i t a l i a n o — e n c o n c r e t o los
s e i s diálogos filosóficos q u e aquí p r e s e n t a m o s — s e publicó e n L o n -
d r e s e n l o s años 1 5 8 4 - 1 5 8 5 .

Infancia y juventud napolitanas (1548-1576)

T r a s r e a l i z a r l o s p r i m e r o s e s t u d i o s d e l e n g u a l a t i n a e n s u Ñola n a t a l ,
e n e l año 1 5 6 2 B r u n o s e trasladó a Ñapóles p a r a c u r s a r e s t u d i o s e n e l
S t u d i o u n i v e r s i t a r i o d e l a c i u d a d , q u e e n t o n c e s compartía e m p l a z a -
m i e n t o c o n el c o n v e n t o d o m i n i c a n o de S a n D o m e n i c o M a g g i o r e . P o c o
se s a b e d e l o s p r i m e r o s e s t u d i o s bruñíanos, s a l v o q u e frecuentó las l e c c i o -
n e s d e u n peripatético averroísta ( G i o v a n V i n c e n z o C o l l e , l l a m a d o
Sámese), q u i e n p u d o h a b e r l e t r a n s m i t i d o l a inclinación a l a l e c t u r a d e l
c o m e n t a r i o averroísta d e Aristóteles, así c o m o l a h o s t i l i d a d h a c i a e l
h u m a n i s m o y s u reducción d e l a filosofía a l e n g u a j e («degeneración» y
«perversión» d e l a filosofía q u e B r u n o denominará p o s t e r i o r m e n t e
«pedantismo»). E n e s t a e t a p a , B r u n o frecuentó también l a s l e c c i o n e s
p r i v a d a s d e F r a Teófilo d a V a i r a n o , m o n j e a g u s t i n o d e l q u e más t a r d e
( e n París, e n 1 5 8 5 ) d i j o q u e «fue s u m e j o r maestro». N a d a s e s a b e d e l a
enseñanza q u e recibió d e F r a Teófilo, p e r o e s r a z o n a b l e q u e i n c l u y e r a
l a e s p i r i t u a l i d a d a g u s t i n i a n a y e l e l e m e n t o platónico p r e s e n t e e n e l l a .
E s p o s i b l e también q u e a e s t a época — e n t o d o c a s o a l período n a p o l n
taño— se r e m o n t e s u interés p o r e l c u l t i v o d e l l l a m a d o «arte d e l a
memoria», a p a r t i r d e l a l e c t u r a e n t u s i a s t a d e u n a f a m o s a exposición d e
l o s p r i n c i p i o s d e ese a r t e : Phoenixseu artificiosa memoria ( 1 4 9 1 ) , d e P i e -
tro da Ravenna.
E n 1 5 6 5 B r u n o ingresó e n e l c o n v e n t o d o m i n i c a n o d e S a n D o m e -
n i c o M a g g i o r e y , s i g u i e n d o l a c o s t u m b r e , cambió s u n o m b r e d e p i l a
 G i o r d a n o B r u n o , elfilósofo d e l infinito XIII

p o r e l d e G i o r d a n o . N o s e c o n o c e n l o s m o t i v o s d e t a l decisión, p e r o
es p r o b a b l e q u e e s t u v i e r a n r e l a c i o n a d o s c o n s u v o l u n t a d d e d e d i c a r s e
a la vida especulativa y consagrarse a la docencia universitaria, para
l o q u e e l c o n v e n t o d o m i n i c a n o d e Ñapóles — e s t r e c h a m e n t e v i n c u l a -
d o a l a u n i v e r s i d a d y e l más i m p o r t a n t e d e l R e i n o — parecía m u y
a p r o p i a d o . B r u n o siguió e l cursus studiorum d e l c o n v e n t o : e n 1 5 6 6
profesó l o s v o t o s s i m p l e s ; e n t r e 1 5 6 6 y 1 5 7 0 siguió l o s c u r s o s d e filo-
sofía; e n 1 5 7 0 f u e o r d e n a d o subdiácono y a l año s i g u i e n t e diácono, y
comenzó l o s e s t u d i o s d e teología, q u e concluyó e n 1 5 7 5 , c u a n d o o b -
t u v o e l g r a d o d e d o c t o r . E n t r e t a n t o , e n 1 5 7 3 había s i d o o r d e n a d o
s a c e r d o t e y celebró s u p r i m e r a m i s a e n e l c o n v e n t o d o m i n i c a n o d e
C a m p a g n a , cerca d e S a l e r n o .
E n a q u e l l o s años l a atmósfera d e l c o n v e n t o d o m i n i c a n o d e Ñapó-
les e r a b a s t a n t e c o n v u l s a , y B r u n o , c u y o interés s e dirigía p r i o r i t a r i a -
m e n t e a l a filosofía, chocó c o n l a s e s t r u c t u r a s d i s c i p l i n a r e s y d e v o c i o -
nales del c o n v e n t o , d e l a O r d e n y d e l a C o n t r a r r e f o r m a tridentina.
Y a e n e l año d e n o v i c i a d o ( 1 5 6 5 - 1 5 6 6 ) , s u decisión d e e l i m i n a r d e s u
c e l d a l a s imágenes d e l o s s a n t o s p a r a c o n s e r v a r únicamente e l c r u c i -
fijo, y s u observación a o t r o n o v i c i o d e q u e haría m e j o r s u s t i t u y e n d o
l a l e c t u r a d e l a Historia de las siete alegrías de la Virgen ( u n a o b r a d e
p i e d a d m a r i a n a ) p o r l a Vida de los santos padres, l e valió u n a d e n u n c i a
— f i n a l m e n t e no t r a m i t a d a — por parte del maestro d e novicios. E s
p o s i b l e c o n e c t a r a m b o s g e s t o s c o n u n a orientación evangélica y c r i s -
tocéntrica, a l a v e z q u e c o n u n m e n o s p r e c i o p o r l a devoción inútil e n
oposición a u n a religión a c t i v a u n i d a a l c u l t i v o d e l s a b e r . P e r o s i n
d u d a f u e más g r a v e l a d e n u n c i a d e q u e f u e o b j e t o a finales d e 1 5 7 5
p o r u n a s d e c l a r a c i o n e s a n t e r i o r e s ( e n 1 5 7 2 ) a propósito d e l a T r i n i -
d a d . E n este caso B r u n o — q u e p o s t e r i o r m e n t e , e n el proceso v e n e c i a -
n o , reconoció q u e a l b e r g a b a d u d a s s o b r e l a T r i n i d a d d e s d e l o s d i e c i o -
c h o años, p e r o q u e l a s había m a n t e n i d o s i e m p r e e n s e c r e t o — e x p u s o
s u s r e s e r v a s s o b r e l a formulación d e l d o g m a t r i n i t a r i o y s o b r e e l tér-
m i n o «persona» e n l a tradición escolástica r e c i e n t e , mostró s u p r e d i -
lección p o r e l p l a n t e a m i e n t o d e a u t o r e s c o m o s a n Agustín y s o s t u v o
q u e l a posición d e A r r i o e r a m e n o s p e r n i c i o s a d e l o q u e s e creía y d e
h e c h o había s i d o m a l i n t e r p r e t a d a .
L a d e n u n c i a t r a j o c o n s i g o l a a p e r t u r a d e u n p r o c e s o , q u e coincidía
c o n e l r e c r u d e c i m i e n t o e n l o s últimos años d e l a a c t i t u d d e l a I g l e s i a
c o n t r a e l a n t i t r i n i t a r i s m o , y e n f e b r e r o d e 1 5 7 6 B r u n o huyó a R o m a ,
quizá también c o n l a intención d e d e f e n d e r allí s u posición.
XIV Estudio introductorio

Peregrinaje por el norte de Italia y partida al exilio.

Estancias en Ginebra y Toulouse (15J6-1581)

E n R o m a l e llegó a B r u n o l a n o t i c i a d e q u e , t r a s s u f u g a , s e había
d e s c u b i e r t o q u e había leído o b r a s p r o h i b i d a s d e E r a s m o . E s t e h e c h o ,
u n i d o a l a acusación d e h a b e r a s e s i n a d o y a r r o j a d o a l Tíber a u n
compañero d e l a O r d e n , l e i n d u j o a h u i r , t r a s c o l g a r l o s hábitos, a l
n o r t e d e l a península.
D e s d e e s t e m o m e n t o h a s t a finales d e 1 5 7 7 B r u n o a n d u v o e r r a n t e
por diversos lugares de la Italia s e p t e n t r i o n a l . T r a s u n a breve estancia
e n G e n o v a s e asentó e n l a pequeña l o c a l i d a d l i g u r d e N o l i , d o n d e
enseñó d u r a n t e v a r i o s m e s e s l a gramática a u n o s jóvenes, y además l a
«Esfera» — l o s r u d i m e n t o s d e l a astronomía y d e l a cosmología a
p a r t i r d e l Tractatus de Sphaera d e J o h a n n e s d e S a c r o b o s c o , e l f a m o s o
m a n u a l m e d i e v a l d e introducción a l a c i e n c i a astronómica— a a l g u -
n o s c a b a l l e r o s d e la l o c a l i d a d . Y a e n 1577, y tras u n a b r e v e estancia e n
S a v o n a y Turín, B r u n o permaneció u n m e s y m e d i o e n V e n e c i a ,
d o n d e publicó — c o m o confesó más t a r d e e n e l p r o c e s o v e n e c i a n o —
u n opúsculo t i t u l a d o De' segni de' tempi, o b r a q u e n o h a l l e g a d o h a s t a
n o s o t r o s y d e c u y o c o n t e n i d o n a d a s a b e m o s : p o r e l título s e p u e d e
d e d u c i r q u e s e t r a t a b a d e u n opúsculo s o b r e l a s c o n d i c i o n e s m e t e o r o -
lógicas d e l o s m e s e s i n m e d i a t o s , p e r o p u e d e s e r también q u e a b o r d a -
r a l a cuestión d e l o s c a m b i o s históricos e n e l m u n d o h u m a n o a s o c i a -
d o s a e s a s n u e v a s c o n f i g u r a c i o n e s c e l e s t e s . Ésta e r a u n a cuestión m u y
d e b a t i d a e n a q u e l l o s años, d e b i d o a l d e s c u b r i m i e n t o e n 1 5 7 2 d e u n a
e s t r e l l a n u e v a e n l a constelación d e C a s i o p e a y a l o s pronósticos d e
«renovación» d e l m u n d o a s o c i a d o s a l a s g r a n d e s c o n j u n c i o n e s p l a n e -
t a r i a s p r e v i s t a s p a r a 1583 y 1584.
T r a s u n a breve estancia e n la vecina c i u d a d u n i v e r s i t a r i a d e P a d u a ,
p o s i b l e m e n t e e n búsqueda d e algún e m p l e o d o c e n t e y d o n d e a l g u n o s
p a d r e s d o m i n i c a n o s l o p e r s u a d i e r o n p a r a q u e v o l v i e r a a v e s t i r e l hábito
d e l a O r d e n , B r u n o s e p u s o d e n u e v o e n m a r c h a : Bérgamo, Milán y
finalmente F r a n c i a . Pasó l o s p r i m e r o s m e s e s i n v e r n a l e s d e 1 5 7 8 e n e l
c o n v e n t o d o m i n i c a n o d e Chambéry, d o n d e s e l e desaconsejó p r o s e g u i r
r u m b o a L y o n d e b i d o a la i n s e g u r i d a d r e i n a n t e p o r los conflictos civiles
d e religión e n esa z o n a d e F r a n c i a , p o r l o q u e decidió d i r i g i r s e a G i n e -
bra, l aciudadela del calvinismo y m e t a natural del exilio religioso
italiano. N o podemos olvidar, sin embargo, que B r u n o era f u n d a m e n -
t a l m e n t e u n filósofo y q u e s u concepción d e l a religión, básicamente
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito xv

c i v i l y política, manifestó e n s e g u i d a u n a f u e r t e oposición a l a R e f o r m a

protestante debido a las consecuencias nocivas que algunas doctrinas
c e n t r a l e s d e l a m i s m a — c o m o l a justificación p o r l a f e y l a p r e d e s t i n a -
ción— tenían, según creía él, e n e l p l a n o s o c i a l y político: e n l a e d i -
ficación m o r a l d e l v u l g o , d e s t i n a t a r i o n a t u r a l d e l a religión.
B r u n o llegó a G i n e b r a e n 1 5 7 9 y e l 2 0 d e m a y o s e matriculó e n l a
universidad. A s u llegada fue acogido por e ldirigente d e l a c o m u n i -
d a d r e f o r m a d a i t a l i a n a (el n o b l e n a p o l i t a n o G i a n G a l e a z z o C a r a c c i o -
l o , marqués d e V i c o ) , e l c u a l l e exhortó a d e j a r d e n u e v o l o s hábitos.
L a c o m u n i d a d i t a l i a n a l e procuró u n e m p l e o c o m o c o r r e c t o r d e p r u e -
b a s e n u n a i m p r e n t a , u n a a c t i v i d a d q u e e n e l f u t u r o l e resultó m u y útil
p a r a l a edición d e s u s p r o p i a s o b r a s . A u n q u e l a intención d e B r u n o ,
según respondió a l a p r e g u n t a d e l marqués e n ese s e n t i d o , e r a «vivir
e n libertad», h a c i e n d o también r e f e r e n c i a a l e j e r c i c i o l i b r e d e l a filo-
sofía, t a l pretensión r e s u l t a b a e x c e s i v a e n l a rígida atmósfera d e G i n e -
b r a . L a matrícula u n i v e r s i t a r i a , p a r a s e g u i r c o m o o y e n t e l a s l e c c i o n e s ,
c o m p o r t a b a n e c e s a r i a m e n t e l a adscripción a l a I g l e s i a r e f o r m a d a d e
G i n e b r a , y B r u n o — a u n q u e sólo f u e r a d e s d e l a p e r s p e c t i v a filosófica
d e a d a p t a r s e a l a religión d e l m e d i o , c o n s e r v a n d o l a l i b e r t a d filosófica
i n t e r i o r — t u v o q u e h a c e r profesión d e f e c a l v i n i s t a y p a r t i c i p a r d e l a
«cena d e l Señor» e n l a versión g i n e b r i n a , c o m o s e p u s o d e m a n i f i e s t o
e n u n escándalo e n q u e s e v i o i m p l i c a d o : i n d i g n a d o p o r e l e l e v a d o
número d e e r r o r e s a propósito d e l a d o c t r i n a d e Aristóteles c o m e t i d o s
e n u n a s o l a lección p o r e l p r o f e s o r d e filosofía d e l a A c a d e m i a ( A n t o i -
n e d e l a F a y e ) , B r u n o imprimió u n f o l l e t o d e d e n u n c i a q u e l e costó a
su v e z ser d e n u n c i a d o a n t e e l m a g i s t r a d o , p o r l o q u e e l N o l a n o t u v o
q u e r e t r a c t a r s e y p e d i r perdón. E l p r o c e s o l e costó también l a e x c o -
munión, e s d e c i r , f u e e x c l u i d o d e l a participación e n l a eucaristía, l o
c u a l c o n f i r m a s u conversión ( s i n d u d a f o r m a l y e x t e r i o r ) a l c a l v i n i s -
m o . E l 2 7 d e a g o s t o f u e a d m i t i d o d e n u e v o a l a c e n a eucarística t r a s
h a b e r r e c o n o c i d o s u c u l p a , h a b e r p e d i d o perdón y h a b e r s o l i c i t a d o l a
readmisión, p e r o B r u n o n o permaneció e n l a c i u d a d s i n o q u e decidió
trasladarse a F r a n c i a , p r o f u n d a m e n t e resentido c o n t r a la intolerancia
r e f o r m a d a , s u c i e g a adhesión a l a filosofía d e Aristóteles y e l n u e v o
c e r e m o n i a l i s m o d esu vida religiosa.
Después d e u n a e s t a n c i a d e u n m e s e n L y o n , d o n d e n o p u d o h a c e r -
se c o n u n m e d i o d e v i d a , s e dirigió a T o u l o u s e , c i u d a d u n i v e r s i t a r i a y
bastión d e l a o r t o d o x i a católica, d o n d e residió d o s años, d e s d e e l otoño
d e 1 5 7 9 h a s t a e l d e 1 5 8 1 . Allí encontró l a p o s i b i l i d a d d e enseñar u n a
v e z más, d u r a n t e v a r i o s m e s e s , l a «Esfera» d e S a c r o b o s c o , p e r o a l h a -
XVI Estudio introductorio

b e r q u e d a d o v a c a n t e u n p u e s t o d e «lector o r d i n a r i o d e filosofía» e n l a
u n i v e r s i d a d — p a r a c u y o e j e r c i c i o n o se requería l a práctica católica—,
o b t u v o e l título d e magister artium y e l n o m b r a m i e n t o d e p r o f e s o r
o r d i n a r i o , p o r l o q u e p u d o i m p a r t i r l e c c i o n e s s o b r e e l De anima a r i s t o -
télico y a c a s o también s o b r e a r g u m e n t o s l u l i a n o s y mnemotécnicos.
P e r o l a reanudación d e l a g u e r r a d e religión e n l a z o n a —según d i j o
p o s t e r i o r m e n t e c o n ocasión d e l p r o c e s o v e n e c i a n o — l e i n d u j o a a b a n -
d o n a r T o u l o u s e y d i r i g i r s e a París.

Primera estancia en París (1581-1583)

E n París, c o m o refirió también a l o s j u e c e s d e l p r o c e s o v e n e c i a n o ,

«para d a r m e a c o n o c e r y d a r m u e s t r a d e m i valía, m e p u s e a i m p a r t i r
u n a lección e x t r a o r d i n a r i a y leí t r e i n t a l e c c i o n e s a c e r c a d e t r e i n t a
a t r i b u t o s d i v i n o s , t o m a d o s d e l a p r i m e r a p a r t e [ d e l a Suma teológica]
d e s a n t o Tomás». L a exhibición d e m e m o r i a h e c h a p o r B r u n o e n
1

e s t a s l e c c i o n e s llamó l a atención d e l o s círculos i n t e l e c t u a l e s q u e r o -

d e a b a n a E n r i q u e I I I , r e y d e s d e 1 5 7 4 . Según l a p o s t e r i o r declaración
de B r u n o ante e l t r i b u n a l i n q u i s i t o r i a l veneciano, e l m i s m o rey l o
habría h e c h o l l a m a r e i n t e r r o g a d o s o b r e s i s u p r o d i g i o s a m e m o r i a e r a
d e o r i g e n n a t u r a l o mágico. B r u n o l e permitió c o m p r o b a r q u e «no
provenía d e a r t e mágica, s i n o d e ciencia», e s d e c i r , d e l d o m i n i o d e l
a r t e d e l a m e m o r i a q u e B r u n o p r a c t i c a b a d e s d e l o s años n a p o l i t a n o s .
D e e s t e m o d o entró B r u n o e n e l círculo i n t e l e c t u a l d e l m o n a r c a y e n
e l ámbito d e l a a c a d e m i a d e p a l a c i o , q u e reunía e n t o r n o a l r e y a u n
g r u p o d e i n t e l e c t u a l e s c o n orientación s i m i l a r a l a d e B r u n o . Además
de m o s t r a r u n a p r o f u n d a influencia en general d e l ac u l t u r a italiana
d e l R e n a c i m i e n t o y d e t e n e r u n c l a r o interés p o r l a filosofía platónica
( r e s t a u r a d a e l s i g l o a n t e r i o r p o r M a r s i l i o F i c i n o ) , este g r u p o se c a r a c -
t e r i z a b a p o r s u c u r i o s i d a d h a c i a las n u e v a s c o r r i e n t e s e n e l c a m p o d e
l a filosofía n a t u r a l y l a cosmología, i n c l u y e n d o l a r e c i e n t e hipótesis
heliocéntrica d e Copérnico. S e añadía también l a l e c t u r a d e M a q u i a -
v e l o y l a inclinación h a c i a u n a concepción política y m o r a l d e l a r e l i -
gión c o m o i n s t r u m e n t o d e cohesión s o c i a l b a j o l a a u t o r i d a d s u p r e m a *
d e l m o n a r c a , f r e n t e a los efectos d i s o l v e n t e s d e las facciones c o n t r a -
p u e s t a s d e p r o t e s t a n t e s c a l v i n i s t a s y católicos i n t r a n s i g e n t e s .

Cf. L . Firpo, 1993, pág. 161 (Documentos venecianos, Segunda deposición

1

de Bruno ante el tribunal, 30 de mayo de 1592).

 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XVII

E n e s t a n u e v a situación publicó B r u n o s u p r i m e r a o b r a : e l t r a t a d o
d e m e m o r i a a r t i f i c i a l De umbris idearum, e d i t a d o e n París e n 1 5 8 2 y
dedicado a l r e yE n r i q u e I I I . D e s d e la perspectiva que nos interesa
aquí, c a b e señalar q u e e n e s t a o b r a , e n l a q u e B r u n o e x p o n e l o s p r i n c i -
p i o s d e s u técnica d e p e r f e c c i o n a m i e n t o d e l a m e m o r i a n a t u r a l e l e v a d a
a l r a n g o d e método d e organización y disposición d e l c o n o c i m i e n t o , 2

se h a l l a l a p r i m e r a profesión explícita p o r p a r t e d e B r u n o d e adhesión

a l a cosmología c o p e r n i c a n a : e l h e l i o c e n t r i s m o y e l d o b l e m o v i m i e n t o ,
diario y anual, d e la T i e r r a aparecen rotundamente afirmados, junto
c o n s u carácter d e t e s i s filosófica ( y p o r t a n t o m i n o r i t a r i a , d e b i d o a s u
dimensión intelectual), s i b i e n n o s e p u e d e d e c i r l o m i s m o d e l a t e s i s d e
u n u n i v e r s o i n f i n i t o y homogéneo, c u y a formulación explícita s e h i z o
e n l o s diálogos i t a l i a n o s p u b l i c a d o s e n L o n d r e s d o s años más t a r d e .
C o m o r e c o m p e n s a p o r l a d e d i c a t o r i a d e l De umbris, e l r e y nombró
a B r u n o «profesor extraordinario», e s d e c i r , m i e m b r o d e l o s «lectores
reales» q u e constituían u n c u e r p o d e p r o f e s o r e s p a g a d o s p o r l a C o r o -
n a y r e p r e s e n t a b a n u n a cuña d e c u l t u r a h u m a n i s t a y filosóficamente
i n n o v a d o r a e n e l m e d i o c o n s e r v a d o r y peripatético d e l a U n i v e r s i d a d
d e París. S i e m p r e e n 1 5 8 2 , B r u n o prosiguió c o n l a publicación d e
o b r a s l a t i n a s d e a r g u m e n t o mnemotécnico y l u l i a n o : e l Cantus Cir-
caeus y e l De compendiosa architectura et complemento artis Lullii.
A e l l a s s e unió, ese m i s m o año, u n a c o m e d i a e n l e n g u a i t a l i a n a : Can-
delaio (Candelero). A m b i e n t a d a e n e l p o p u l a r b a r r i o n a p o l i t a n o d e l
N i l o , d o n d e estaba ubicado el c o n v e n t o d e S a n D o m e n i c o M a g g i o r e ,
es p o s i b l e q u e s u redacción s e r e m o n t a r a a l o s años n a p o l i t a n o s . S e
t r a t a d e u n a c o m e d i a e n l a tradición d e La mandragora m a q u i a v e l i a n a ,
d o n d e e l e n r e d o a m o r o s o se c o m b i n a c o n o t r a s d o s t r a m a s : l a a m b i -
ción d e d i n e r o a s o c i a d a a l a persecución d e l sueño alquímico c o n e l
c o n s i g u i e n t e engaño a m a n o s d e u n f a r s a n t e , y e l r e t r a t o histriónico
d e l p e d a n t i s m o , e s d e c i r , d e l h u m a n i s m o p u r a m e n t e lingüístico r e d u -
c i d o a l a s e r v i l imitación d e l o s a n t i g u o s . 3

C u a n d o B r u n o parecía sólidamente i n s t a l a d o e n París, c o n u n a

b u e n a posición e n e l e n t o r n o c u l t u r a l y filosófico d e l m o n a r c a , d e
r e p e n t e s e marchó a I n g l a t e r r a . C o n ocasión d e l p r o c e s o v e n e c i a n o ,

2
Sobre el tema de la memoria artificial, que Bruno expone siempre en latín,
en diferentes obras redactadas y publicadas a lo largo de su vida activa y que está
ausente de los diálogos filosóficos en lengua italiana, remitimos al lector a las mo-
nografías clásicas de P. Rossi, C l a v i s U n i v e r s a l i s . E l a r t e d e la m e m o r i a y l a lógica
c o m b i n a t o r i a d e L u t i o a L e i b n i z , México, F C E , 1989, y F . A . Yates, 2007.
3
Cf. la edición castellana de la comedia C a n d e l e r o , 2004.
XVIII Estudio introductorio

B r u n o atribuyó s u m a r c h a «a l o s t u m u l t o s q u e nacieron», refiriéndo-

se a l o s c o n f l i c t o s r e l i g i o s o s e n F r a n c i a y a l a difícil posición d e l m o -
n a r c a e n m e d i o d e l a i n t r a n s i g e n c i a y l a ambición d e l o s p a r t i d o s
c a l v i n i s t a y ultracatólico. E s p o s i b l e q u e l a p r e s e n c i a d e B r u n o r e s u l -
t a r a incómoda p a r a e l m o n a r c a a n t e l a s críticas d e l a facción u l t r a c a -
tólica y q u e e l t r a s l a d o a I n g l a t e r r a , a d o n d e e l filósofo s e dirigió c o n
c a r t a s d e presentación d e E n r i q u e I I I a n t e e l e m b a j a d o r francés, f u e -
ra u n m e d i o d e salir del trance.

Estancia en Inglaterra (i$83-1585)

C u a n d o B r u n o llegó a L o n d r e s e n a b r i l d e 1 5 8 3 , l e había p r e c e d i d o
u n a v i s o s o b r e s u p e r s o n a , d i r i g i d o p o r e l e m b a j a d o r inglés e n París
a l s e c r e t a r i o d e l a r e i n a I s a b e l I , s i r F r a n c i s W a l s i n g h a m , q u e decía:
«El d o c t o r G i o r d a n o B r u n o N o l a n o , p r o f e s o r d e filosofía, p r e t e n d e
p a s a r a I n g l a t e r r a ; n o p u e d o a p r o b a r s u religión». E n L o n d r e s , l a
c a r t a d e presentación d e E n r i q u e I I I p r o c u r a b a a B r u n o u n a a c o g i d a
f a v o r a b l e p o r p a r t e d e l e m b a j a d o r francés M i c h e l d e C a s t e l n a u , e n
c u y a r e s i d e n c i a c e r c a n a a l Támesis s e alojó d u r a n t e t o d a s u e s t a n c i a
e n L o n d r e s . E l N o l a n o mostró g r a n a f e c t o y r e c o n o c i m i e n t o h a c i a e l
e m b a j a d o r , a q u i e n dedicó a l g u n a s d e l a s o b r a s p u b l i c a d a s e n e s t e
período, e n c o n c r e t o l o s t r e s p r i m e r o s diálogos i t a l i a n o s .
E l e m b a j a d o r fue u n a eficaz a y u d a a la h o r a d ei n t r o d u c i r a B r u n o
e n l o s círculos d e l a v i d a i n t e l e c t u a l y c o r t e s a n a d e L o n d r e s , y s i n d u d a
f u e g r a c i a s a él q u e e l N o l a n o consiguió figurar e n j u n i o d e e s e año
e n t r e l o s p a r t i c i p a n t e s e n l a s d i s p u t a s académicas c o n q u e l a U n i v e r s i -
d a d d e O x f o r d , p o r e x p r e s o d e s e o d e l a r e i n a , honró l a v i s i t a d e l n o b l e
p o l a c o A l b e r t o L a s k i . D e s u participación, q u e se saldó c o n u n e n f r e n -
t a m i e n t o dialéctico c o n u n o p o n e n t e o x o n i e n s e , i n f o r m a B r u n o h a c i a e l
final d e l c u a r t o diálogo d e La cena de las cenizas; e r a s u p r i m e r e n f r e n -
t a m i e n t o c o n e l m u n d o académico inglés, d o m i n a d o p o r l a conjunción
d e f a c t o r e s (teología r e f o r m a d a , filosofía aristotélica, h u m a n i s m o filoló-
g i c o ) q u e B r u n o d e n o m i n a b a d e s p e c t i v a m e n t e «pedantismo». D e n u e -
v o e n L o n d r e s , B r u n o preparó u n a o b r a mnemotécnica q u e publicó ese
m i s m o año c o n d e d i c a t o r i a a C a s t e l n a u : l a Explicatio triginta sigillorum,
q u e incluía c o m o apéndice e l Sigillus sigillorum. A l m i s m o t i e m p o , s u s
renovados esfuerzos por relacionarse con l a aristocracia cortesana y
a c c e d e r así a u n e m p l e o u n i v e r s i t a r i o d i e r o n s u s f r u t o s : consiguió
u n n o m b r a m i e n t o para i m p a r t i r u n a serie d e lecciones e n O x f o r d .
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito xix

D e n u e v o La cena i n f o r m a v a g a m e n t e d e l d e s a r r o l l o n e g a t i v o d e e s t a s
l e c c i o n e s : «Informaos d e cómo l e h a n h e c h o t e r m i n a r s u s l e c t u r a s pú-
b l i c a s , l a s d e inmortalitate animae y las d e de quintuplici sphera». T e s t i -
m o n i o s p o s t e r i o r e s , h o s t i l e s a B r u n o , d i c e n q u e e n esas l e c c i o n e s intentó
a f i r m a r l a cosmología heliocéntrica c o p e r n i c a n a y , p o r t a n t o , e l m o v i -
m i e n t o d e l a T i e r r a — q u e y a había a s u m i d o e n e l De umbris p a r i s i n o
d e l año a n t e r i o r — , a p a r t i r d e l a filosofía platónica d e M a r s i l i o F i c i n o .
P r e c i s a m e n t e l a acusación d e p l a g i a r a F i c i n o e n s u s l e c c i o n e s habría
s i d o e l p r e t e x t o p a r a s u b r u s c a interrupción. A u n q u e e l p l a t o n i s m o fi-
c i n i a n o siguió s i e n d o geocéntrico e n cosmología, es m u y p o s i b l e q u e e n
l a teoría platónica d e l a l m a i n m o r t a l , e n s u relación c o n e l c u e r p o c o m o
p r i n c i p i o d e m o v i m i e n t o y e n l a reformulación neoplatónica d e l a t e o -
ría d e l m o v i m i e n t o d e l o s e l e m e n t o s h u b i e r a e n c o n t r a d o B r u n o u n a vía
d e demostración d e l a v e r d a d d e l a cosmología c o p e r n i c a n a . 4

L a suspensión d e las l e c c i o n e s o x o n i e n s e s causó p r o f u n d a a m a r g u r a

y resentimiento en B r u n o , y a q u e significaba la imposibilidad para l a
«filosofía nolana» d e a b r i r s e p a s o e n l a u n i v e r s i d a d y s u d e r r o t a a n t e
l a constelación i n t e g r a d a p o r e l a r i s t o t e l i s m o , e l h u m a n i s m o retórico y l a
teología r e f o r m a d a ; e n s u m a , a n t e e l «pedantismo» o «filosofía vulgar».
L a «filosofía» — y l a «filantropía universal» u n i d a a e l l a c o m o posición
m o r a l p o r e n c i m a d e l o s s e c t a r i s m o s r e l i g i o s o s — n o había l o g r a d o a b r i r -
se u n e s p a c i o d e l i b r e exposición e n l a u n i v e r s i d a d y había s i d o e x p u l s a -
d a p o r e l r a d i c a l i s m o teológico p r o t e s t a n t e h o s t i l a l a filosofía g e n u i n a .
Instalado d e n u e v o e n L o n d r e s , siempre e n l a embajada francesa
s i t u a d a e n S a l i s b u r y C o u r t , e n t r e F l e e t S t r e e t y e l Támesis, B r u n o f r e -
cuentó, d e l a m a n o d e l e m b a j a d o r M i c h e l d e C a s t e l n a u , l o s a m b i e n t e s
i n t e l e c t u a l e s l o n d i n e n s e s más g r a t o s y a f i n e s a s u p e n s a m i e n t o : l o s d e l a
aristocracia cortesana, p r o f u n d a m e n t e i n f l u i d a por la c u l t u r a renacen-
t i s t a i t a l i a n a (poesía d e inspiración p e t r a r q u e s c a y filosofía p l a t o n i z a n -
t e ) , y p r o b a b l e m e n t e también l o s círculos científicos l o n d i n e n s e s , a b i e r -
t o s a l o s n u e v o s r u m b o s d e l a c i e n c i a , y e n p a r t i c u l a r d e l a cosmología
y d e l a astronomía, c o n u n a r i c a producción e d i t o r i a l e n l e n g u a v u l g a r .
E n L o n d r e s , p o c o a n t e s d e l a C u a r e s m a d e 1 5 8 4 , B r u n o recibió l a i n v i -

4
E s muy posible incluso que elementos de estas lecciones oxonienses y de su
demostración del movimiento de la T i e r r a se encuentren presentes en el primer
diálogo italiano ( L a c e n a d e las c e n i z a s , Londres, 1584), al igual que elementos de
su doctrina de la inmortalidad del alma y de su función cosmológica pueden ha-
berse incorporado al segundo diálogo ( D e l a c a u s a , e l p r i n c i p i o y e l u n o , Londres,
1584). Sobre todo ello permítasenos remitir a nuestra «Introducción» a la segunda
edición de L a c e n a d e l e c e n e r i , París, Les Belles Lettres, 2009, § 4.
XX Estudio introductorio

tación d e s i r F u l k e G r e v i l l e («escudero real») d e p r e s e n t a r y d i s c u t i r s u

versión d e Copérnico y e n g e n e r a l «otras p a r a d o j a s d e s u n u e v a filoso-
fía», según r e z a l a epístola p r o e m i a l d e La cena. L a reunión s e celebró
l a t a r d e d e l miércoles d e c e n i z a e n l a e s t a n c i a d e F u l k e G r e v i l l e , y e n
e l l a se e n f r e n t a r o n a B r u n o d o s d o c t o r e s d e O x f o r d q u e defendían l a
cosmología aristotélico-ptolemaica d e l a T i e r r a c e n t r a l e inmóvil. P e r o
l a discusión acabó a b r u p t a m e n t e y d e m a n e r a p o c o e l e g a n t e .
E n t o d o c a s o , B r u n o s e decidió a e s c r i b i r e n i t a l i a n o e l d e s a r r o l l o d e
l a discusión, e n l a f o r m a dramática d e diálogo, y a p u b l i c a r l o e n l a
p r i m a v e r a d e l m i s m o año ( 1 5 8 4 ) c o m o a p e r t u r a d e l a presentación g e -
n e r a l d e s u filosofía, q u e siguió a u n r i t m o rápido e n l o s m e s e s s i g u i e n -
t e s : a La cena de las cenizas l e s i g u i e r o n e n 1 5 8 4 De la causa, el principio
y el uno, Del infinito: el universo y los mundos y l a Expulsión de la bestia
triunfante, p a r a c u l m i n a r e n 1 5 8 5 c o n l a Cabala del caballo Pegaso y Los
heroicos furores. L o s t r e s p r i m e r o s diálogos — c o n o c i d o s c o m o diálogos
metafísicos o cosmológicos— exponían e l p e c u l i a r d e s a r r o l l o b r u n i a n o
d e l a cosmología c o p e r n i c a n a y s u s u s t r a t o metafísico u ontológico; l o s
t r e s últimos extraían l a s c o n s e c u e n c i a s prácticas ( m o r a l e s y políticas)
q u e l a recuperación d e l a v e r d a d cosmológico-teológica i m p l i c a b a . 5

M i e n t r a s t a n t o , l a agudización d e l e n f r e n t a m i e n t o político-reli-
g i o s o e n F r a n c i a y e l h o s t i g a m i e n t o a l r e y p o r p a r t e d e l a facción u l -
tracatólica d e l a S a n t a L i g a e n c a b e z a d a p o r l a c a s a d e G u i s a i m p u s i e -
r o n u n c a m b i o e n l a embajada francesa e n L o n d r e s . Castelnau f u e
l l a m a d o a F r a n c i a y regresó a París e n o c t u b r e d e 1 5 8 5 acompañado
d e G i o r d a n o B r u n o , q u e a p e s a r d e t o d o guardó u n b u e n r e c u e r d o d e
su estancia inglesa y sobre t o d o de la p e r s o n a l i d a d de la r e i n a Isabel I ,
d e l a q u e tejió e n c e n d i d a s l o a s e n l o s diálogos i t a l i a n o s , e n c o n c r e t o e n
La cena y De la causa, y a l a q u e s e refirió e n Los heroicos furores c o m o
«Diana», s i g u i e n d o l a c o s t u m b r e d e l a hagiografía i n g l e s a c o n t e m p o -
ránea, p e r o q u e e n l a filosofía n o l a n a d e s i g n a también a l a n a t u r a l e z a
i n f i n i t a e n t a n t o q u e expresión d e l a d i v i n i d a d q u e l e e s i n m a n e n t e .
I s a b e l I f u e p a r a B r u n o — q u e l e ofreció e n u n a l u j o s a encuademación
l o s c u a t r o p r i m e r o s diálogos i t a l i a n o s — e l p a r a d i g m a d e l príncipe
m o d e r n o , u n príncipe i l u s t r a d o d e s t i n a d o a r e a l i z a r l a n u e v a a l i a n z a
c o n l a filosofía, q u e debía p o n e r fin a l a s g u e r r a s d e religión y s e r v i r s ^
d e ésta c o m o i n s t r u m e n t o político u n i f i c a d o r d e l c u e r p o político, a l a

5
Dejamos la exposición del contenido de estos seis diálogos filosóficos, esto es,
del programa bruniano desplegado en estas obras, para el apartado «Los diálogos
italianos de Giordano Bruno (1584-1585): una alternativa distinta a la crisis».
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XXI

v e z q u e g a r a n t i z a b a e l l i b r e e j e r c i c i o d e l a filosofía a l a minoría i n t e -
l e c t u a l q u e b u s c a b a l a unión c o n l a d i v i n i d a d e n e l c o n o c i m i e n t o filo-
sófico-científico d e l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a , d e l p r i n c i p i o d i v i n o q u e e n
e l l a se e x p r e s a y d e l l u g a r d e l h o m b r e e n s u s e n o .

Segunda estancia en París (i585-1586)

B r u n o encontró e n París, a finales d e 1 5 8 5 , u n a atmósfera m u y d i f e r e n -

t e d e l a q u e había d e j a d o e n l a p r i m a v e r a d e 1 5 8 3 . U n a n u e v a g u e r r a
c i v i l d e religión e s t a b a e n c i e r n e s : l a m u e r t e e n 1 5 8 4 d e l d u q u e d e
A l e n c o n , h e r m a n o m e n o r d e l r e y ( s i n h e r e d e r o d i r e c t o ) y último vas-
t a g o V a l o i s , imponía u n c a m b i o d e dinastía, y e l m e j o r s i t u a d o e n l a
sucesión e r a E n r i q u e d e Borbón ( r e y d e N a v a r r a , r e c o n v e r t i d o a l c a l -
v i n i s m o y jefe del p a r t i d o h u g o n o t e ) . P a r a e v i t a r tal posibilidad y ga-
r a n t i z a r u n a sucesión católica, l a facción d e l o s G u i s a , a p o y a d a p o r
España, fraguó l a S a n t a L i g a , p o r l o q u e E n r i q u e I I I s e v i o o b l i g a d o ,
e n j u l i o d e 1585, a r e v o c a r las c o n c e s i o n e s h e c h a s c o n a n t e r i o r i d a d a los
r e f o r m a d o s e i n c l u s o a d i s p o n e r s u conversión f o r z o s a e n u n p l a z o d e
seis m e s e s b a j o p e n a d e l e x i l i o . E n s e p t i e m b r e e l p a p a S i x t o V p r o m u l -
gó l a excomunión d e E n r i q u e d e Borbón y l a privación d e s u s d e r e c h o s
y b i e n e s , m e d i d a q u e suscitó u n a m p l i o r e c h a z o e n F r a n c i a , n o sólo e n
l o s m e d i o s p r o t e s t a n t e s , s i n o también e n l o s a m b i e n t e s católicos m o d e -
r a d o s , «políticos», p a r t i d a r i o s d e l a reconciliación. Y f u e a e s t o s s e c t o -
res a l o s q u e trató d e g a n a r s e — y e n g r a n p a r t e l o consiguió; M o n t a i g -
n e e s u n e j e m p l o — E n r i q u e d e Borbón. A s u r e g r e s o a París, B r u n o
6

trató d e v i n c u l a r s e c o n e s t e s e c t o r político y m o d e r a d o c o n e l q u e y a se
había r e l a c i o n a d o p r e v i a m e n t e y d e l q u e f o r m a b a n p a r t e m u c h o s e m i -
g r a d o s i t a l i a n o s , y así l o m u e s t r a l a d e d i c a t o r i a , e n 1 5 8 6 , d e s u l i b r o Fi-
guratio Aristotelici physici auditus (Representación figurada de la Física de
Aristóteles), u n a exposición n o crítica d e l a m i s m a c o n l a a y u d a d e imá-
g e n e s mnemónico-mitológicas a P i e r o D a l B e n e , r e p r e s e n t a n t e d e l o s
intereses de E n r i q u e de N a v a r r a e n la corte de E n r i q u e I I I . L o p e l i g r o -
so d e l a situación e x p l i c a también e l i n t e n t o r e a l i z a d o p o r B r u n o a n t e e l
n u n c i o d e l a I g l e s i a e n París p o r «volver a l a religión» ( o b v i a m e n t e e n
c o n d i c i o n e s a c e p t a b l e s p a r a él e n c u a n t o a l l i b r e e j e r c i c i o d e l a filosofía),
i n t e n t o i n f r u c t u o s o p o r s u apostasía.

6
Cf. C . Vivanti, L e g u e r r e d i r e l i g i o n e n e l C i n q u e c e n t o , Roma-Bari, Laterza,
2007, e n
particular la pág. 81 y sigs.
XXII Estudio introductorio

D u r a n t e e s t o s m e s e s e n París B r u n o trabó c o n o c i m i e n t o c o n F a -
b r i z i o M o r d e n t e , geómetra a r t e s a n o p r o c e d e n t e d e S a l e r n o q u e había
c o n s t r u i d o u n compás d e proporción d e o c h o p u n t a s y c a p a z d e m e -
d i r l a más pequeña fracción d e g r a d o . M o r d e n t e había p u b l i c a d o e n
A m b e r e s e n 1 5 8 4 u n a descripción e n l e n g u a i t a l i a n a d e s u compás,
c o m p l e t a d a e n 1 5 8 5 c o n l a impresión e n París d e u n f o l i o q u e c o n t e -
nía l a f i g u r a d e l compás c o n u n b r e v e c o m e n t a r i o . E l geómetra s a l e r -
n i t a n o , i g n o r a n t e d e l a l e n g u a l a t i n a , llegó a l a c u e r d o c o n B r u n o
— q u e atribuía a l a invención e l mérito d e d e m o s t r a r l a e x i s t e n c i a d e l
mínimo, e s d e c i r , d e l a e s t r u c t u r a atómica d e l a m a t e r i a , c o n t r a l a t e s i s
aristotélica d e l a i n f i n i t a d i v i s i b i l i d a d d e l c o n t i n u o — d e q u e éste
presentaría a l público c u l t o l a i m p o r t a n c i a y l a u t i l i d a d d e l compás e n
e s c r i t o s r e d a c t a d o s e n latín. B r u n o redactó y publicó e n a b r i l d e 1 5 8 6
d o s b r e v e s diálogos l a t i n o s : Dialogi dúo de Fabricii Mordentis Salemi-
tani prope divina adinventione ad perfectam cosmimetriae praxim (Dos
diálogos acerca de la invención casi divina de Fabricio Mordente Salerni-
tano para la perfecta praxis cosmimétrica). E n e s t o s diálogos, t i t u l a d o s
r e s p e c t i v a m e n t e Mordentius y De Mordentii circino {Mordente y Sobre
el compás de Mordente), B r u n o p r e s e n t a b a a M o r d e n t e c o m o u n i g n o -
r a n t e q u e , s i n s a b e r l o q u e s e traía e n t r e m a n o s e i g n o r a n d o l a s p r o -
f u n d a s i m p l i c a c i o n e s d e s u invención, i m p u l s a d o p o r u n a i n s t a n c i a
s u p e r i o r , h i z o u n d e s c u b r i m i e n t o trascendental, c o m p a r a b l e a la afir-
mación c o p e r n i c a n a d e l m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a , q u e p e r m i t e l a
afirmación d e l a i n f i n i t u d d e l u n i v e r s o c o n t r a Aristóteles. E l compás
de M o r d e n t e aportaba l a prueba e x p e r i m e n t a l d e l a existencia del
mínimo o átomo, d e m o s t r a n d o así e l e r r o r d e Aristóteles e n e l p l a n o
opuesto d elaestructura corpuscular d ela materia.
M o r d e n t e s e sintió p r o f u n d a m e n t e o f e n d i d o p o r e l t r a t a m i e n t o
d a d o a s u p e r s o n a p o r e l N o l a n o e intentó c o m p r a r l a s c o p i a s d i s -
p o n i b l e s p a r a d e s t r u i r l a s . P o r s u p a r t e , B r u n o reaccionó p u b l i c a n d o
e n m u y b r e v e t i e m p o o t r o s d o s n u e v o s diálogos: Idiota triumphans
seu de Mordentio inter geómetras deo (El idiota triunfante o sobre Mor-
dente, dios entre los geómetras) y De somnii interpretatione (Interpre-
tación de la visión onírica) e n adición a l o s d o s p r e c e d e n t e s . E n e s t o s
n u e v o s diálogos l a d o s i s d e s a r c a s m o e n relación c o n Mordeníe
alcanzó e l p a r o x i s m o . E l geómetra, afín a l a facción católica d e l o s
G u i s a , reaccionó a p e l a n d o a s u p a r t i d o c o n t r a u n B r u n o q u e , a d e -
más, había d e d i c a d o l a s e g u n d a edición a l politique P i e r o D a l B e n e .
E l l o ponía a B r u n o e n u n a situación m u y d e l i c a d a y podía r e p r e -
sentar u n a seria a m e n a z a .
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XXIII

E n e s t o s m o m e n t o s — p r i m a v e r a d e 1 5 8 6 — B r u n o s e embarcó e n
u n a operación i n t e l e c t u a l d e a m p l i o c a l a d o : s i l a Representación figu-
rada de la Física e r a u n a exposición y c o m e n t a r i o pedagógicos d e l a
física d e Aristóteles, s i n dimensión crítica, l o s Centum et viginti arti-
culi de natura et mundo adversus peripatéticos (Ciento veinte artículos
sobre la naturaleza y el universo contra los peripatéticos) constituían
o t r a s t a n t a s t e s i s cosmológicas y físicas c o n t r a r i a s a l a cosmología y
física d e Aristóteles ( e n oposición a l Acerca del cielo y l a Física d e l
E s t a g i r i t a ) . E n s u m a , s e t r a t a b a d e u n a repetición, e n l e n g u a l a t i n a y
e n l a f o r m a d e b r e v e s t e s i s , d e l a cosmología c o p e r n i c a n a e i n f i n i t i s t a
p r e s e n t a d a e n l o s diálogos i t a l i a n o s p u b l i c a d o s e n L o n d r e s . B r u n o
publicó l o s artículos s e g u r a m e n t e e n m a y o d e 1 5 8 6 , c o m o t e s i s p a r a
s o s t e n e r e n u n a d i s p u t a pública o r g a n i z a d a p a r a e l 2 8 d e m a y o e n e l
C o l e g i o d e C a m b r a i , c o l e g i o d e l a U n i v e r s i d a d d e París d o n d e solían
i m p a r t i r s u s l e c c i o n e s l o s l e c t o r e s r e a l e s . E l día d e l a d i s p u t a s u p o r -
t a v o z y d e f e n s o r ( s u discípulo J e a n H e n n e q u i n , c o n B r u n o a l a e s p e r a
e n t r e e l a u d i t o r i o ) f u e r e p l i c a d o p o r u n a s i s t e n t e q u e salió e n d e f e n s a
d e l i n j u s t a m e n t e a t a c a d o Aristóteles. S e t r a t a b a d e R o g e r C a l l i e r , u n
j o v e n a b o g a d o v i n c u l a d o a l g r u p o d e l o s políticos ( c o n D a l B e n e y
o t r o s m i e m b r o s d e l p a r t i d o c e r c a n o a l r e y ) . L a d i s p u t a terminó e n
u n a t r i f u l c a g e n e r a l y a l o s p o c o s días B r u n o , c o n v e n c i d o d e h a b e r
p e r d i d o e l f a v o r d e l p a r t i d o r e a l , además d e p e n d e r s o b r e él l a a m e -
n a z a d e l r e c u r s o d e M o r d e n t e a l p a r t i d o ultracatólico, partió h a c i a
A l e m a n i a después d e «haber l a v a d o l a c a b e z a — e n p a l a b r a s d e u n
a m i g o i t a l i a n o — a l p o b r e Aristóteles».

Estancia de Bruno en Alemania (1586-1591)

E n j u n i o d e 1 5 8 6 B r u n o s e f u e a A l e m a n i a , y s u p e r i p l o l o llevó p o r
diversas ciudades universitarias a f i n de conseguir u n encargo docente.
Pasó s u c e s i v a m e n t e p o r M a g u n c i a , Würzburg y M a r b u r g o s i n éxito,
h a s t a q u e finalmente consiguió u n n o m b r a m i e n t o e n l a U n i v e r s i d a d
d e W i t t e n b e r g p a r a enseñar l a lógica d e Aristóteles y o t r a s m a t e r i a s
filosóficas. B r u n o permaneció año y m e d i o e n l a c i u d a d e l a d e l a r e f o r -
m a p r o t e s t a n t e — d e s d e d o n d e L u t e r o había p r o c l a m a d o s u r e v o l u -
ción r e l i g i o s a y M e l a n c h t o n había r e n o v a d o l a enseñanza u n i v e r s i t a -
r i a — y encontró u n a atmósfera f a v o r a b l e a l l i b r e d e s a r r o l l o d e l a
filosofía. Allí imprimió e n 1 5 8 7 u n a s e r i e d e o b r a s d e a r g u m e n t o l u l i a -
n o : De lampade combinatoria lulliana (Lámpara combinatoria luliana) y
XXIV Estudio introductorio

Deprogressu et lampade venatoria logicorum (Progreso y lámpara venato-

ria de los lógicos), y redactó o t r a s q u e p e r m a n e c i e r o n inéditas h a s t a s u
publicación p o s t u m a : e l Artificium perorandi (Artificio retórico, e x p o s i -
ción d e l a retórica aristotélica p u b l i c a d a e n 1 6 1 2 ) y o t r a s o b r a s q u e
s o l a m e n t e s e p u b l i c a r o n e n e l m a r c o d e l a edición n a c i o n a l d e l a s o b r a s
l a t i n a s i m p r e s a a finales d e l s i g l o x i x : l a s Animadversiones circa Lam-
padem lullianam (Observaciones acerca de la lámpara luliana), l a Lampas
triginta statuarum (Lámpara de las treinta estatuas) y l o s Libri physico-
rum Aristotelis explanati (Exposición de los libros físicos de Aristóteles).
L a s o b r a s d e a r g u m e n t o l u l i a n o p u b l i c a d a s e n W i t t e n b e r g están
dedicadas al claustro de profesores de la u n i v e r s i d a d y a su canciller, y
e n l a s d e d i c a t o r i a s B r u n o mostró s u a g r a d e c i m i e n t o p o r l a r e s p e t u o s a
a c o g i d a d e q u e había s i d o o b j e t o : i n d e p e n d i e n t e m e n t e d e l a confesión
religiosa protestante d e la universidad, e l claustro y las autoridades
habían r e s p e t a d o s u profesión e x c l u s i v a m e n t e filosófica y l a d i s p o s i -
ción filantrópica u n i v e r s a l , s i n d i s t i n c i o n e s d e c r e d o , q u e e s l a n e c e s a -
r i a c o n s e c u e n c i a d e l a auténtica filosofía. E n p a l a b r a s d e l p r o p i o B r u -
n o , q u e vale la pena recoger:

V o s o t r o s m e acogisteis [...] s i n i n t e r r o g a r m e y p r o b a r m e e n relación c o n

v u e s t r o d o g m a r e l i g i o s o . Únicamente t u v i s t e i s e n c u e n t a q u e , s i n h o s t i l i -
d a d y t r a n q u i l o , m o s t r a b a y hacía g a l a d e u n espíritu d o t a d o d e u n a fi-
lantropía g e n e r a l y d e l título d e l a profesión filosófica, e n e l q u e q u i e r o
p o n e r t o d o m i g o z o y g l o r i a r m e únicamente, a j e n o d e l t o d o a u n a a c t i t u d
cismática y d i v o r c i o s a , e n a b s o l u t o s o m e t i d o a las c i r c u n s t a n c i a s d e l t i e m -
p o , d e l l u g a r y a las o c a s i o n e s p a r t i c u l a r e s .
7

E n e s t e b r e v e paréntesis d e c a l m a B r u n o retomó l o s Articuli p a r i s i n o s d e

1 5 8 6 , l o s reagrupó e n u n t o t a l d e o c h e n t a y l o s amplió c o n u n a s e r i e
d e rationes o c o m e n t a r i o s e n l o s q u e e x p l i c a b a y j u s t i f i c a b a s u crítica d e
l a cosmología y d e l a física aristotélicas, y s u s i n n o v a c i o n e s a p a r t i r d e l a
cosmología heliocéntrica c o p e r n i c a n a . E l N o l a n o incorporó e l d i s c u r s o
q u e e n l a d i s p u t a p a r i s i n a había p r o n u n c i a d o e n s u n o m b r e J e a n H e n -
n e q u i n c o m o presentación d e l a s t e s i s y p r e l u d i o d e l a d i s p u t a , y l o p u b l i -
có e n l a p r i m a v e r a d e 1 5 8 8 c o n e l título d e Camoeracensis Acrotismus seu
rationes articulorum physicorum adversus peripatéticos (Disputa de Cambrai

7
Dedicatoria de D e l a m p a d e c o m b i n a t o r i a l u l l i a n a . Sobre la afirmación, en
estos escritos, de la libertad filosófica y sus implicaciones en el campo de la ética y
de la política, cf. M . Á . G r a n a d a , 2002, en particular el cap. 3, pág. 158 y sigs.
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito xxv

o razones de los artículos físicos contra los peripatéticos). S e t r a t a b a d e l a

p r i m e r a exposición d e l a cosmología i n f i n i t i s t a b r u n i a n a e n l a l e n g u a
l a t i n a d e l a c o m u n i d a d científica e u r o p e a . 8

P e r o e l g r a t o i n t e r l u d i o e n l a c i u d a d d e L u t e r o llegó a s u fin c u a n -
d o e n 1588, tras e l a d v e n i m i e n t o e n S a j o n i a d e u n n u e v o d u q u e
—éste d e adscripción c a l v i n i s t a , f r e n t e a l l u t e r a n i s m o d e s u a n t e c e -
s o r — , l a facción c a l v i n i s t a tomó e l p o d e r e n l a u n i v e r s i d a d y p u s o fin
a l a t o l e r a n c i a q u e l o s l u t e r a n o s habían m a n t e n i d o h a s t a e n t o n c e s .
B r u n o s e despidió d e l a u n i v e r s i d a d e n m a r z o d e 1 5 8 8 c o n u n a Chatio
valedictoria (Discurso de despedida) i m p r e s a p o r e s a s m i s m a s f e c h a s .
E s t e b r e v e t e x t o e s e n r e a l i d a d u n a «loa d e l a Sabiduría», d e esa f o r -
m a p o s i b l e d e unión c o n l a d i v i n i d a d a l a q u e e l h o m b r e v e r d a d e r o s e
e s f u e r z a p o r a c c e d e r m e d i a n t e l a filosofía y l a f o r m a d e v i d a filosófi-
c a , y p o r t a n t o s e i n s e r t a e n e l ámbito d e l a reivindicación d e l a filo-
sofía, d e l a contemplación teorética q u e , e n v i r t u d d e l i n t e l e c t u a l i s m o
m o r a l , c o m p o r t a n e c e s a r i a m e n t e l o s p r i n c i p i o s d e u n a «vida buena»,
d e u n a p r a x i s m o r a l c o r r e c t a . Así, B r u n o b e n d i c e e l e x i l i o q u e f u e l a
c o n s e c u e n c i a d e s u profesión filosófica:

[...] ardiendo del deseo de contemplar este Paladio [la casa de M i n e r v a -

Sabiduría], por lo que no m e avergüenzo de la pobreza, la envidia y el
odio de los míos, de las execraciones e ingratitud de aquellos a quienes
quise ayudar y ayudé, efectos de la extrema barbarie y de la sórdidísima
avaricia; de las injurias, c a l u m n i a s , improperios e incluso infamias de
quienes me debían amor, servicio y honor.

Además, e x p l i c a ese e x i l i o y e s o s t r a b a j o s c o m o u n a c o n s e c u e n c i a d e
l a h o s t i l i d a d y d e l a persecución p o r p a r t e d e a q u e l l o s a l o s q u e e n
La cena había c a l i f i c a d o c o n expresión d e A v e r r o e s d e «muertos
e n vida», e s d e c i r , s u j e t o s q u e n o e r a n h o m b r e s e n e l s e n t i d o e s t r i c t o
d e l a p a l a b r a s i n o «bestias» p o r e l n i v e l d e c o n o c i m i e n t o q u e s e m a -
nifestaba b a j o la apariencia h u m a n a :

N o me avergüenzo de haber sufrido las risas y los desprecios de necios e

innobles, de algunos que, a u n cuando son completamente bestias, se pa-
vonean de su fortuna y modo de vida con temeraria arrogancia, bajo la
imagen y s e m e j a n z a de hombres. Por lo c u a l , no me avergüenzo de haber

8
Sobre esta obra y su importancia, cf. M . Á . Granada, E l d e b a t e cosmológico en
1588: B r u n o , B r a h e , R o t h m a n , Ursus, R o s l i n , Ñapóles, Bibliopolis, 1996, cap. 1.
XXVI Estudio introductorio

i n c u r r i d o en trabajos, dolores, exilio, porque con los trabajos avancé, con

los dolores acumulé experiencia, con el exilio aprendí, puesto que en el
breve trabajo encontré prolongado descanso, en el ligero dolor i n m e n s a
alegría, en el angosto exilio u n a patria amplísima. 9

B r u n o s e dirigió h a c i a P r a g a , atraído s e g u r a m e n t e n o t a n t o p o r l a
u n i v e r s i d a d c o m o p o r l a figura d e l e m p e r a d o r R o d o l f o I I , c u y o m e -
c e n a z g o i n t e l e c t u a l e interés p o r l a filosofía «nueva», así c o m o l a
perspectiva religiosa abierta e irenista, eran a m p l i a m e n t e conocidos.
Allí reeditó Lámpara combinatoria luliana c o n e l añadido d e u n De
lulliano specierum scrutinio (Escrutinio luliano de las especies), edición
q u e dedicó a l e m b a j a d o r español, d o n G u i l l e n d e H a r o . P e r o l a e s t a n -
c i a e n P r a g a destacó p o r l a edición d e l o s Articuli centum et sexaginta
adversus huius tempestatis mathematicos atquephilosophos (Ciento sesen-
ta artículos contra los matemáticos y filósofos de nuestra época), d e d i c a d a
a l e m p e r a d o r , q u e recompensó a l N o l a n o c o n t r e s c i e n t o s táleros. L a
o b r a d e s a r r o l l a l a concepción b r u n i a n a d e l a geometría, y a e s b o z a d a
e n l o s diálogos p a r i s i n o s r e l a t i v o s a l compás d e M o r d e n t e , y a n t i c i p a
l a exposición más c o m p l e t a q u e B r u n o publicó t r e s años más t a r d e e n
De triplici mínimo et mensura (Sobre el triple mínimo y la medida).
Además, p o l e m i z a b a d u r a m e n t e c o n t r a l a astronomía contemporá-
n e a , c u y a orientación matemática e s c i n d i d a d e l a s c o n s i d e r a c i o n e s
físicas c r i t i c a b a d u r a m e n t e .
1 0

L o s Articuli d e P r a g a i b a n p r e c e d i d o s d e u n a e l o c u e n t e d e d i c a t o -
r i a a l e m p e r a d o r e n l a q u e e l N o l a n o e x p r e s a b a d e n u e v o s u profesión
e x c l u s i v a m e n t e filosófica y p o r t a n t o filantrópica, a l e j a d a d e t o d o

u
E l lector puede leer ahora una traducción española (acompañada del texto
latino) de este importante D i s c u r s o en la obra de J. B. Díaz-Urmeneta y P. A . Ji-
ménez Manzorro, L a tercera dimensión d e l espejo. E n s a y o s o b r e la m i r a d a r e n a c e n t i s -
ta [trad. de M. Á . Granada], Sevilla, Universidad de Sevilla, 2004, págs. 352-373.
Para un desarrollo más extenso, remitimos a M. A . Granada, 2005, cap. 1, pág. 73
y sigs.
'° Así decía: «Los cometas s o n indiscutiblemente planetas, que se mueven
también regularmente, como la T i e r r a , la L u n a , Mercurio, etc.; por eso el número
de los planetas que se mueven en torno a este sol todavía no está definido, pues no
se ha investigado ya que tampoco se le ha dado crédito. A h o r a bien, no es difícil de |
descubrirlo al que lo investigue, si bien no de manera total, sino teniendo en cuen-
ta, con los que siempre son visibles, aquellos que lo son de vez en cuando, pues
puede ocurrir que haya otros que nunca nos sean visibles. Por tanto, el orden de
los cuerpos de la esfera mundana, tal como se la imaginan y la pintan estos pobres
|astrónomos contemporáneos!, rio existe en ningún sitio». Cf. M. Á . G r a n a d a ,
2002, pág. 140 y sigs.
 G i o r d a n o B r u n o , elfilósofo d e l infinito XXVII

sectarismo religioso. A l m i s m o t i e m p o condenaba sin paliativos —se-

g u r o d e e n c o n t r a r u n e c o f a v o r a b l e e n e l e m p e r a d o r — e l espectáculo
contemporáneo d e l o s v i o l e n t o s e n f r e n t a m i e n t o s e n t r e l a s f a c c i o n e s
r e l i g i o s a s c r i s t i a n a s . C a d a u n a d e e l l a s —decía B r u n o — e s t a b a p e r -
s u a d i d a d e l e r r o r d e l a s demás a l c r e e r s e e n posesión d e u n a v e r d a d
c o n c e d i d a únicamente a e l l o s , e n l a convicción s e c t a r i a d e q u e D i o s e s
p a d r e g e n e r o s o y r e t r i b u i d o r d e v i d a e t e r n a sólo p a r a e l l o s , p u e s a b o -
m i n a d e l o s demás, a q u i e n e s h a d e j a d o e n l a s t i n i e b l a s d e l e r r o r y
d e s t i n a d o a l a condenación e t e r n a . Así, c a d a s e c t a d a g r a c i a s a D i o s
por haber recibido en exclusiva e l beneficio del que h a privado a la
m a y o r p a r t e d e l género h u m a n o . U n a situación q u e , p o r s u i r r a c i o n a l
egoísmo e x c l u y e n t e , c o n t r a r i o a t o d a s a n a concepción d e D i o s , debía
d e p r e s e n t a r s e a l o s o j o s d e B r u n o c o m o p a r a l e l a a l a concepción
aristotélico-cristiana d e l a creación, p o r p a r t e d e l a i n f i n i t a b o n d a d
y p o t e n c i a d e D i o s , d e u n m u n d o único y finito q u e n o e s n a d a e n
comparación c o n l a i n f i n i t a creación p o s i b l e , y a q u e e n t r e l o finito y
l o i n f i n i t o n o h a y proporción. P e r o d e j e m o s l a p a l a b r a a B r u n o :

T o d a s las generaciones se enfrentan a todas las demás, de suerte que cada

una de ellas, a juicio de todas las demás, delira tanto más cuanto más
convencida está de que puede avanzar en el saber a todas las restantes.
E n t r e todos ellos, los más envueltos en tinieblas son aquellos que ( i l u m i -
nados por la l u z de la verdad, con los ojos y las m a n o s elevadas al cielo,
por la l u z , puerto y casa de la verdad a ellos en exclusiva revelada, conce-
dido y por ellos en exclusiva habitada, mientras que, fuera de allí, todos
los demás colectivos a n d a n a ciegas, fluctúan vacilantes y peregrinan)
desde lo más profundo de su corazón d a n gracias al Altísimo, que sola-
mente a ellos ha vuelto su m i r a d a , cual padre cariñoso y retribuidor de
vida eterna, mientras que se ha apartado de todos los demás, destinados a
la muerte eterna, a b o m i n a n d o de ellos, cruel, juez severo y vengador. N o
hay n i n g u n a [secta] que (despreciando las demás) no se atribuya n i se
haya atribuido la primacía y no estime u n sacrilegio y el mayor de los
pecados tener algún trato con las demás. D e esa clase de religión deriva,
como fuente, que (contra toda razón, forma de gobierno y naturaleza;
contra el derecho de gentes también y por consiguiente contra el verdade-
ro orden impuesto por D i o s óptimo a las cosas) los vínculos de naturaleza
y a z c a n disueltos y por sugestión de espíritus malignos y la ayuda de E r i -
nias infernales (que a t i z a n el fuego entre los pueblos presentándose como
mensajeras de paz e introducen la espada de la discordia entre aquellos
que están más unidos, ofreciéndose como Mercurios bajados del cielo con
XXVIII Estudio introductorio

artimañas e impostura múltiple) se haya llegado al extremo de que el

hombre disienta del hombre más que de cualquier otro a n i m a l y esté m á s
enfrentado a los demás hombres que a los restantes seres vivos, con la
consecuencia de que esa ley de amor, d i f u n d i d a por doquier, no esté o b -
servada en n i n g u n a parte, u n a ley que, al no provenir del genio perverso
de u n único pueblo, sino ciertamente de D i o s padre de todos, enseña la
filantropía general en tanto que consonante c o n la naturaleza universal,
por la cual a m e m o s a nuestros mismos enemigos para que no seamos se-
mejantes a los brutos y a los bárbaros, sino q u e nos hagamos imagen de
aquel que hace salir su sol sobre los buenos y los malos y destila la lluvia
de sus gracias sobre justos e injustos. Ésta es la religión que, sin ningún
tipo de controversia y al margen de toda disputa, o b s e r v o . "

S i n e m b a r g o , B r u n o n o o b t u v o d e l e m p e r a d o r n a d a más allá d e l o s
t r e s c i e n t o s táleros d e r e c o m p e n s a p o r l a d e d i c a t o r i a . S e v i o o b l i g a d o
a c o n t i n u a r s u peregrinaje por A l e m a n i a , y tras u n a breve parada
i n f r u c t u o s a e n T u b i n g a — d o n d e a l c a b o d e p o c o s años comenzaría
s u s e s t u d i o s K e p l e r — recaló e n l a pequeña c i u d a d d e H e l m s t e d t ,
d o n d e e n 1 5 7 6 s e había f u n d a d o u n a u n i v e r s i d a d .
E n e n e r o d e 1 5 8 9 B r u n o s e inscribió e n l a A c a d e m i a J u l i a , n o m b r e
q u e había r e c i b i d o l a u n i v e r s i d a d d e H e l m s t e d t e n h o n o r d e s u f u n -
d a d o r , e l d u q u e J u l i u s d e B r a u n s c h w e i g . Allí leyó, e l 1 d e j u l i o , l a
Oratio consolatoria (Discurso de consolación) c o n ocasión d e l a m u e r t e
d e l d u q u e . B r u n o permaneció e n H e l m s t e d t h a s t a l a p r i m a v e r a d e
1 5 9 0 , beneficiándose d e l a a y u d a d e l n u e v o d u q u e H e i n r i c h J u l i u s , y
d u r a n t e e s t e t i e m p o s e dedicó a l a redacción ( c o n l a a y u d a , e n c a l i d a d
d e a m a n u e n s e , d e u n discípulo alemán: H i e r o n y m u s B e s l e r ) d e u n
c o n j u n t o d e e s c r i t o s d e problemática mágica q u e p e r m a n e c i e r o n iné-
d i t o s h a s t a l a edición m o d e r n a d e l a s o b r a s l a t i n a s . S o n e s c r i t o s q u e
r e c o g e n e n p a r t e l a l e c t u r a d e o b r a s mágicas d e a u t o r e s c o m o e l
pseudo-Alberto Magno, Trithemiusy Agrippa deNettesheim, y e n
p a r t e d e s a r r o l l o s teóricos p r o p i o s : De magia,' Theses de magia, De
1

magia mathematica, De rerum principiis et elementis et causis (Sobre los

principios, elementos y causas de las cosas) y Medicina lulliana. S e g u r a -
m e n t e B r u n o aprovechó también l a c a l m a d e esa e s t a n c i a p a r a a v a n -

1 1
Bruno, A r t i c u l i a d v e r s u s m a t h e m a t i c o s , citado y comentado en M . Á . G r a n a -
da, 2002, pág. 151 y sigs.
1 2
U n a traducción castellana parcial de esta obra ha aparecido en la antología
M u n d o , m a g i a , m e m o r i a , 1973-2007, págs. 237-292.
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XXIX

z a r e n l a culminación d e l o s p o e m a s l a t i n o s q u e publicó e n F r a n k f u r t
e n 1591, a u n q u e l a c a l m a d e esos m e s e s f u e r e l a t i v a , p u e s t o q u e p o r
u n a c a r t a d e p r o t e s t a s u y a d i r i g i d a a l a a u t o r i d a d académica d e l a
u n i v e r s i d a d s a b e m o s q u e fue e x c o m u l g a d o p o r el pastor d e l a iglesia
l u t e r a n a l o c a l . E s u n n u e v o i n d i c i o d e q u e p a r a B r u n o l a religión e s
f u n d a m e n t a l m e n t e u n i n s t r u m e n t o d e educación m o r a l y política d e l
v u l g o e n e l m a r c o d e u n a c o m u n i d a d política, a l q u e e l filósofo — q u e
e n c u e n t r a e n l a filosofía s u p r o p i a vía d e a c c e s o a l a d i v i n i d a d y l o s
p r i n c i p i o s d e l a c o r r e c t a p r a x i s m o r a l y política— s e a d h i e r e e n t a n t o
q u e m i e m b r o d e l a c o m u n i d a d e n cuestión.
B r u n o dejó H e l m s t e d t y s e trasladó a F r a n k f u r t a c o m i e n z o s d e l
v e r a n o d e 1 5 9 0 c o n l a intención d e p u b l i c a r s u s t r e s p o e m a s l a t i n o s .
A l m i s m o t i e m p o impartía l e c c i o n e s p r i v a d a s y adquirió l a r e p u t a -
ción d e «hombre q u e n o tenía n i n g u n a religión», «más o c u p a d o e n
e s c r i b i r y a n d a r q u i m e r i z a n d o y a s t r o l o g i z a n d o c o s a s nuevas». E l
S e n a d o d e l a c i u d a d rechazó s u s o l i c i t u d d e a l o j a m i e n t o e n c a s a d e l
i m p r e s o r J o h a n n W e c h e l , l o c u a l equivalía a u n a o r d e n d e expulsión,
p e r o B r u n o s e alojó e n e l c o n v e n t o d e l o s d o m i n i c o s , a c a r g o d e s u
i m p r e s o r . E n 1 5 9 1 a p a r e c i e r o n los tres g r a n d e s p o e m a s l a t i n o s , escri-
t o s a l a m a n e r a d e L u c r e c i o , p e r o e n e l l o s l o s l i b r o s están d i v i d i d o s e n
capítulos, c o n l a t i r a d a d e v e r s o s d e c a d a capítulo s e g u i d a d e u n c o -
m e n t a r i o e n p r o s a más o m e n o s e x t e n s o . P r i m e r o apareció — a c o -
m i e n z o s d e l año, p a r a v e n d e r l o e n l a f e r i a d e p r i m a v e r a — Sobre el
triple mínimo y la medida, o b r a c o m p l e j a e n l a q u e e x p o n e s u p e c u l i a r
concepción d e l a geometría a l a v e z q u e s u d o c t r i n a d e l a t r i p l e m a -
nifestación d e l «mínimo»: mínimo geométrico o p u n t o , mínimo físi-
c o o átomo y mínimo metafísico o mónada. A u n q u e y a había a p a r e -
c i d o tímidamente e n e l diálogo i t a l i a n o Del infinito, e l p o e m a l a t i n o
e x p o n e p o r e x t e n s o l a concepción a t o m i s t a b r u n i a n a d e l a m a t e r i a ,
u n i d a a u n a concepción d e l e s p a c i o i n f i n i t o c o m o vacuum (vacío) q u e ,
s i n e m b a r g o , n o e s u n vacío a b s o l u t o , s i n o u n e s p a c i o t r i d i m e n s i o n a l
i n f i n i t o l l e n o d e u n a s u s t a n c i a s u t i l ( e l éter o a i r e p u r o ) c o n t i n u a — n o
c o m p u e s t a p o r s u p a r t e d e átomos— q u e , además d e l l e n a r e l e s p a c i o ,
p e n e t r a e n e l i n t e r i o r d e l o s c u e r p o s c o m p u e s t o s d e átomos.
B r u n o s e alejó u n o s m e s e s d e F r a n k f u r t , s e g u r a m e n t e d e b i d o a
l a o r d e n d e expulsión, q u e n o s e aplicó h a s t a f e b r e r o d e 1 5 9 1 . D u -
r a n t e e s e t i e m p o residió e n Z u r i c h , d o n d e impartió a u n g r u p o d e
jóvenes d o c t o r e s u n a s l e c c i o n e s d e filosofía escolástica q u e f u e r o n
p u b l i c a d a s e n 1 5 9 5 c o n e l título d e Summa terminorum metaphysico-
rum ( u n a e s p e c i e d e d i c c i o n a r i o d e términos metafísicos f u n d a m e n -
XXX Estudio introductorio

t a l e s c o m e n t a d o s e n e l s e n t i d o d e l a tradición metafísico-teológica).
C o n t o d o , regresó a F r a n k f u r t e n v e r a n o p a r a p u b l i c a r l o s o t r o s d o s
p o e m a s l a t i n o s q u e s e v e n d i e r o n e n l a f e r i a d e otoño: e l De monade,
numero et figura y e l De immenso et innumerabilibus (Sobre el [univer-
so] infinito y los [mundos] innumerables). S i De monade e s u n a o b r a
breve e n l a q u e B r u n o desarrolla, con poca o r i g i n a l i d a d , u n a serie
d e c o n s i d e r a c i o n e s e n l a línea d e l p i t a g o r i s m o a c e r c a d e l a e s c a l a d e
l o s d i e z p r i m e r o s números e n t e r o s , Sobre el infinito c o n s t i t u y e , e n
c a m b i o , l a c i m a d e l a reflexión filosófica b r u n i a n a . E n e s t a summa
d e l a cosmología y teología b r u n i a n a s , o culminación d e l a «filosofía
nolana», e l p r o g r a m a d e s a r r o l l a d o e s e n g r a n m e d i d a idéntico a l
d e s p l e g a d o e n e l diálogo i t a l i a n o Del infinito: el universo y los mun-
dos. S i n e m b a r g o , l a m a y o r extensión d e e s t a o b r a l a t i n a c o n c e d e a
l a exposición d e l a cosmología d e u n u n i v e r s o i n f i n i t o y homogéneo
— c o n s i s t e n t e e n u n a repetición i n f i n i t a d e s i s t e m a s p l a n e t a r i o s
( d o n d e los c o m e t a s son u n a especie d e planetas e n m o v i m i e n t o pe-
riódico también e n t o r n o a l a e s t r e l l a c e n t r a l d e l s i s t e m a ) , y d e s u
f u n d a m e n t o metafísico y teológico— l a d e f i n i t i v a formulación, p o -
s i b i l i t a d a también p o r e l h e c h o d e q u e l o s años t r a n s c u r r i d o s e n
A l e m a n i a habían p e r m i t i d o a B r u n o f a m i l i a r i z a r s e c o n l o s últimos
d e s a r r o l l o s d e l a astronomía y d e l a cosmología.' 3

E n e s t o s últimos m e s e s e n F r a n k f u r t B r u n o publicó también, s i e m -

p r e c o n e l m i s m o e d i t o r , u n n u e v o t r a t a d o mnemotécnico: e l De ima-
ginum, signorum et idearum compositione (Sobre la composición de las
imágenes, los signos y las ideas). * P e r o e n t o n c e s recibió u n a invitación
1

d e l p a t r i c i o v e n e c i a n o G i o v a n n i M o c e n i g o , a q u i e n había l l e g a d o l a
f a m a d e l a prodigiosa y eficaz m e m o r i a b r u n i a n a , para alojarse en s u
mansión v e n e c i a n a a c a m b i o d e enseñarle l o s s e c r e t o s d e l a r t e .

' i Fundamentalmente los desarrollos de T y c h o Brahe y del príncipe astróno-

mo Guillermo I V de Hesse-Kassel con sus colaboradores, así como la discusión en
Alemania en torno a las recientes novedades celestes (cometas y nova de 1572). Cf.
al respecto M . A . Granada, 2002, págs. 127-146, y M . A . Granada, E l u m b r a l d e l a
m o d e r n i d a d . E s t u d i o s s o b r e filosofía, religión y c i e n c i a e n t r e P e t r a r c a y D e s c a r t e s , Bar-
celona, Herder, 2000, págs. 452-478. D e los poemas latinos sólo existe traducción
en lengua italiana, digna de ser tenida en cuenta, a pesar de sus ocasionales errores,
por la importancia y dificultad del original: Giordano Bruno, Opere l a t i n e . 11 trípli-
ce mínimo e l a m i s u r a ; L a m o n a d e , i l n u m e r o e la figura; L ' i m m e n s o e g l i i n n u m e r e -
v o l i [ed. de C . Monti], Turín, U T E T , 1980.
' U n a selección de pasajes de esta obra ha sido traducida al español en la an-
4

tología citada, M u n d o , m a g i a , m e m o r i a , 1973-2007, págs. 333-407.

 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XXXI

Regreso a Italia, denuncia a la Inquisición y proceso en Venecia

y Roma. Condena y ejecución (i591-1600)

S e d e s c o n o c e n l a s c a u s a s d e l a decisión d e B r u n o d e r e g r e s a r a I t a l i a ,
q u e s e reveló t a n i m p r u d e n t e a l a l u z d e l o s a c o n t e c i m i e n t o s p o s t e r i o -
r e s . C i e r t o e s q u e volvía a l a República v e n e c i a n a , q u e hacía g a l a d e
i n d e p e n d e n c i a f r e n t e a l a I g l e s i a y a España, y c u y a política s e o r i e n -
t a b a e n l a dirección d e F r a n c i a e I n g l a t e r r a , e n l a p e r s p e c t i v a d e u n a
superación «política» d e l c o n f l i c t o r e l i g i o s o . P o r o t r a p a r t e , h a y q u e
t e n e r p r e s e n t e q u e e l t r a s l a d o a V e n e c i a , e n v e r a n o d e 1591, se p r o d u -
j o e n u n m o m e n t o e n q u e l a política g e n e r a l e u r o p e a parecía i n c l i n a r -
se c l a r a m e n t e e n l a dirección d e l t r i u n f o d e l a s p o s i c i o n e s c o n c i l i a d o -
r a s y m o d e r a d a s : l a d e r r o t a d e l a A r m a d a I n v e n c i b l e e n 1 5 8 8 había
a s e g u r a d o d e f i n i t i v a m e n t e a I s a b e l I e n e l t r o n o d e I n g l a t e r r a , así
c o m o el t r i u n f o de l a R e f o r m a e n l aisla; la m u e r t e d e E n r i q u e I I I d e
F r a n c i a e n 1 5 8 9 , t r a s o r d e n a r e l a s e s i n a t o político d e l j e f e d e l a S a n -
ta L i g a E n r i q u e d e G u i s a e n 1588 y r e c o n o c e r c o m o sucesor a E n r i -
q u e d e N a v a r r a , parecía a u g u r a r e l fin d e l c o n f l i c t o r e l i g i o s o y e l
t r i u n f o d e l a política d e conciliación y t o l e r a n c i a b a j o l o s i n t e r e s e s
g e n e r a l e s d e F r a n c i a , a l a e s p e r a t a n sólo d e l a reconciliación c o n e l
p a p a d o a c a m b i o d e l a conversión a l c a t o l i c i s m o ; e n l a I g l e s i a , l a
m u e r t e e n 1 5 9 0 d e S i x t o V , q u e había e x c o m u l g a d o a E n r i q u e d e
N a v a r r a y p r o h i b i d o s u a c c e s o a l t r o n o e n 1 5 8 5 , parecía d e j a r p a s o a
p o s i c i o n e s más d i a l o g a n t e s . E s p o s i b l e , p o r o t r a p a r t e , q u e B r u n o
c o n t a r a c o n o b t e n e r e l a p o y o d e círculos i n t e l e c t u a l e s y políticos d e
V e n e c i a y P a d u a r e l a c i o n a d o s c o n e l g r u p o d e politiques c o n l o s q u e
había e s t a d o e n c o n t a c t o e n París.
A l p a r e c e r , e l t r a s l a d o a V e n e c i a n o respondía a l a aceptación d e
l a invitación d e M o c e n i g o , c o m o c o n f i r m a e l h e c h o d e q u e a s u l l e g a -
d a a l a c i u d a d , e n s e p t i e m b r e d e 1591, B r u n o se a l o j a s e p o r s u c u e n t a
y se t r a s l a d a s e i n m e d i a t a m e n t e a l a v e c i n a c i u d a d u n i v e r s i t a r i a d e
P a d u a . T o d o p a r e c e a p u n t a r a q u e P a d u a e r a l a m e t a d e B r u n o , atraí-
d o p o r l a e s p e r a n z a d e c o n s e g u i r u n a cátedra e n l a u n i v e r s i d a d : l a d e
matemáticas e s t a b a v a c a n t e d e s d e 1 5 8 8 , c o m o B r u n o s u p o s e g u r a -
m e n t e p o r H i e r o n y m u s B e s l e r , s u a n t i g u o discípulo e n H e l m s t e d t
q u e s e había m a t r i c u l a d o e n P a d u a y d e s d e j u l i o h a s t a n o v i e m b r e d e
1 5 9 1 presidió l a i n f l u y e n t e agrupación d e l o s e s t u d i a n t e s d e l a «na-
ción germánica». B r u n o impartió e n P a d u a a l g u n a s l e c c i o n e s p r i v a -
das a u n g r u p o d e e s t u d i a n t e s a l e m a n e s , e n t r e l o s c u a l e s se e n c o n t r a -
XXXII Estudio introductorio

b a B e s l c r , q u e d e n u e v o l e ayudó a u l t i m a r e l t e x t o d e o b r a s q u e
p e r m a n e c i e r o n inéditas h a s t a e l s i g l o x i x : l a Lámpara de las treinta
estatuas y De vinculis in genere (De los vínculos en general). L o s i g n i f i -
c a t i v o e s , n o o b s t a n t e , q u e s e g u r a m e n t e e n e s t o s m o m e n t o s redactó
B r u n o u n o s opúsculos matemáticos (Praelectiones geometricae y Ars
deformationum) q u e n o sólo p e r m a n e c i e r o n inéditos e n s u m o m e n t o ,
s i n o q u e i n c l u s o p a s a r o n i n a d v e r t i d o s a los e d i t o r e s d e las o b r a s l a t i -
n a s d e B r u n o e n e l s i g l o x i x . E s t o s opúsculos constituían u n a p r e s e n -
tación y u n c i e r t o d e s a r r o l l o d e l a reformulación d e l a geometría
euclídea p l a n t e a d a p o r B r u n o e n Sobre el triple mínimo, recién p u b l i -
c a d o e n F r a n k f u r t y q u e e m p e z a b a a s u s c i t a r interés e n l o s ámbitos
filosóficos v e n e c i a n o s . E s p r o b a b l e q u e e s t o s opúsculos e s t u v i e r a n
d e s t i n a d o s a p r o m o v e r l a c a n d i d a t u r a d e B r u n o a l a cátedra d e m a t e -
máticas v a c a n t e c o n e l a p o y o d e l a nación germánica y d e B e s l e r . L a
cátedra, s i n e m b a r g o , quedó v a c a n t e —sólo f u e a s i g n a d a e n s e p t i e m -
b r e d e 1 5 9 2 a G a l i l e o , q u e l a ocuparía h a s t a 1 6 1 0 — , y e l r e g r e s o d e
B e s l e r a A l e m a n i a e n n o v i e m b r e d e 1 5 9 1 frustró l a s e x p e c t a t i v a s
d e B r u n o , q u e s e v i o o b l i g a d o a a c e p t a r l a invitación d e M o c e n i g o .
B r u n o s e instaló finalmente e n l a mansión d e l p a t r i c i o v e n e c i a n o
e n m a r z o d e 1 5 9 2 p a r a enseñarle e l «arte d e l a memoria». E n l a c i u -
d a d entró e n c o n t a c t o c o n e l círculo i n t e l e c t u a l q u e s e reunía e n t o r n o
a l p a t r i c i o A n d r e a M o r o s i n i y , s a b e d o r d e q u e e l recién e l e g i d o p a p a
C l e m e n t e V I I I ( q u e concedió e l perdón a E n r i q u e d e N a v a r r a y l o
acogió d e n u e v o e n l a I g l e s i a , h a c i e n d o así p o s i b l e d e f i n i t i v a m e n t e
s u r e c o n o c i m i e n t o c o m o r e y E n r i q u e I V d e F r a n c i a y l a superación
d e l a s g u e r r a s c i v i l e s d e religión) favorecía l a filosofía platónica e n
l a p e r s o n a d e F r a n c e s c o P a t r i z i , a q u i e n había o t o r g a d o u n a cátedra
d e d i c h a filosofía e n l a U n i v e r s i d a d d e R o m a , ' concibió a l p a r e c e r l a
5

5
' Patrizi había publicado en Ferrara en 1591 su N o v a d e u n i v e r s i s p h i l o s o -
p h i a , gran s u m m a de filosofía platónica (dedicada al entonces pontífice Grego-
rio X I V y sus sucesores) en la que se proponía el platonismo como filosofía acorde
con la teología cristiana frente a los efectos disolventes de la filosofía aristotélica,
a la que se hacía responsable de la crisis de la teología cristiana y de la escisión
protestante. Patrizi proponía de esta manera el platonismo (y la tradición de
«theologia antigua» con que se hallaba emparentado, que se remontaba hasta el
hermetismo y la tradición de los magos discípulos de Zoroastro) como la única
vía para devolver al redil de la Iglesia las corrientes protestantes que se habían
escindido. L a obra de Patrizi sería denunciada ante la Congregación del índicq y
finalmente condenada e incluida en el índice de libros prohibidos en 1596, como
consecuencia de una reacción de los sectores teológicos aristotélicos bajo la direc-
ción de importantes personalidades de la Compañía de Jesús. Sobre esta impor-
tante cuestión, cf. M . Á . G r a n a d a , « N e w visions of the cosmos», en J. H a n k i n s
 G i o r d a n o B r u n o , elfilósofo d e l infinito XXXII

i d e a d e o b t e n e r s i m i l a r f a v o r . P a r a e l l o pensó r e g r e s a r a F r a n k f u r t a
f i n d e i m p r i m i r a l g u n a s o b r a s c o n l a intención d e p r e s e n t a r l a s a l p a p a
y o b t e n e r , j u n t o c o n u n p u e s t o d o c e n t e , l a reconciliación c o n l a I g l e -
s i a , v i v i e n d o , n o o b s t a n t e , «en hábito c i v i l f u e r a d e l a religión [ o s e a ,
d e l a d i s c i p l i n a d e l a Orden]». Pidió p e r m i s o a M o c e n i g o , q u i e n ,
d e s c o n t e n t o c o n l a enseñanza q u e había r e c i b i d o d e B r u n o p o r p e n s a r
q u e éste l e escondía l o s s e c r e t o s d e s u a r t e y c r e y e n d o q u e e l filósofo
pretendía s i m p l e m e n t e a l e j a r s e d e él, l o encerró e n s u c a s a ( 2 2 d e
m a y o ) y l o denunció a n t e l a Inquisición imputándole u n a b u e n a c a n -
t i d a d d e d e c l a r a c i o n e s y c r e e n c i a s heréticas: B r u n o habría d e c l a r a d o
q u e n i n g u n a religión l e g u s t a b a , n e g a b a l a transubstanciación, s e
oponía a l a m i s a ; C r i s t o e r a —según é l — u n s e d u c t o r y u n m a g o , y
s u s m i l a g r o s m e r a m e n t e a p a r e n t e s ; e n D i o s n o había distinción d e
p e r s o n a s . B r u n o a f i r m a b a , además, l a e t e r n i d a d d e l m u n d o y l o s
m u n d o s i n f i n i t o s , la m e t e m p s i c o s i s , e n t r e otras i m p i e d a d e s .
E l p r o c e s o v e n e c i a n o , c e l e b r a d o e n t r e finales d e m a y o y finales
d e j u l i o , s e concentró e n e l i t i n e r a r i o biográfico y e n p r o b l e m a s e s t r i c -
t a m e n t e r e l i g i o s o s y teológicos ( c o m o l a opinión d e B r u n o s o b r e l a
T r i n i d a d y l a Encarnación), p r o b l e m a s c u y a e s t r e c h a vinculación c o n
l a cosmología i n f i n i t i s t a b r u n i a n a n o e r a fácil d e e s t a b l e c e r e n a u s e n -
c i a d e l a o b r a filosófica. A u s e n t e l a cosmología d e l p r o c e s o c o m o
p u n t o problemático, e l N o l a n o — q u e enfatizó e l carácter e s t r i c t a -
m e n t e filosófico d e s u p e n s a m i e n t o y d e s u o b r a , d e s a r r o l l a d a s i n t e -
n e r e n c u e n t a l o s i m p e r a t i v o s d e l a f e — s e mostró d i s p u e s t o a r e c o -
n o c e r s u s «errores», q u e tenían u n carácter e s t r i c t a m e n t e r e l i g i o s o
y teológico, r e l a t i v o a v e r d a d e s d e f e , y a b j u r a r d e e l l o s . B r u n o c o n -
fiaba e n s a l i r b i e n l i b r a d o d e l p r o c e s o , p o r q u e l o s t e s t i g o s habían d e -
c l a r a d o e n s u f a v o r y sólo q u e d a b a s u d e n u n c i a n t e c o m o única f u e n t e
d e imputación. E n s u deposición d e l 3 d e j u n i o declaró:

T o d o s los errores que he cometido hasta el día de hoy, relativos a la vida

católica y a la profesión regular, que es m i estado, y todas las herejías que
he mantenido y las dudas que he tenido acerca de la fe católica y a las
cosas establecidas por la santa Iglesia, ahora las detesto y aborrezco, y es-
toy arrepentido de haber hecho, sostenido, dicho, creído o d u d a d o de c o -
sas q u e no serían católicas; y ruego a este sagrado T r i b u n a l que, conocien-

(ed.), T h e C a m b r i d g e C o m p a n i o n to R e n a i s s a n c e P h i l o s o p h y , Cambridge, C a m -
bridge University Press, 2007, págs. 270-286, en especial págs. 275-278 y la biblio-
grafía allí mencionada.
XXXIV Estudio introductorio

do mis debilidades, se digne acogerme en el seno de la santa Iglesia,

procurando los remedios oportunos a m i salvación, mostrándose m i s e r i -
cordioso c o n m i g o . ' 6

S i n e m b a r g o , l a n o t i c i a d e l a detención y p r o c e s o llegó a l a Inquisición

d e R o m a , q u e e n s e p t i e m b r e d e 1 5 9 2 solicitó l a extradición d e l i m p u -
t a d o . I n i c i a l m e n t e e l E s t a d o v e n e c i a n o , q u e debía a u t o r i z a r l a e x t r a -
dición, c o m o e r a s u c o s t u m b r e s e resistió a e l l o p a r a n o d a r l a i m p r e -
sión d e u n a concesión política q u e m e n o s c a b a r a s u i n d e p e n d e n c i a
f r e n t e a l a a u t o r i d a d e s p i r i t u a l d e l a I g l e s i a , p e r o a n t e l a alegación, e n
d i c i e m b r e d e 1 5 9 2 , d e q u e l a extradición e r a p r o c e d e n t e p o r q u e e l r e o
e r a n a p o l i t a n o ( n o subdito d e V e n e c i a ) , había u n a c a u s a i n q u i s i t o r i a l
c o n t r a él a b i e r t a años atrás e n Ñapóles y R o m a y n o c o n c l u i d a , a d e -
más d e t r a t a r s e d e u n r e l i g i o s o r e g u l a r , e l E s t a d o v e n e c i a n o concedió
l a extradición e n f e b r e r o d e l año s i g u i e n t e . B r u n o f u e t r a s l a d a d o a
R o m a y r e c l u i d o e n l a cárcel d e l S a n t o O f i c i o r o m a n o e l 2 7 d e f e b r e -
r o de 1593.
E l p r o c e s o r o m a n o duró s i e t e años, s i b i e n c o n d i s t i n t a s f a s e s d e
e s t a n c a m i e n t o q u e e n ocasiones d u r a r o n bastantes meses. Inicial-
m e n t e s e desarrolló e n l a línea d e l p r o c e s o v e n e c i a n o , a u n q u e l a
posición d e B r u n o s e agravó p o r l a s n u e v a s a c u s a c i o n e s d e q u e f u e
o b j e t o p o r p a r t e d e u n compañero d e l a prisión v e n e c i a n a y q u e
venían a c o n f i r m a r l a s a c u s a c i o n e s d e M o c e n i g o . N o o b s t a n t e , e l p r o -
c e s o entró e n u n a n u e v a f a s e c u a n d o , e n 1 5 9 6 , e l t r i b u n a l acordó
p r o c e d e r a l a c e n s u r a d e l a s o b r a s b r u n i a n a s d e q u e s e disponía, y
e n m a r z o d e 1 5 9 7 s e pasó a B r u n o u n a l i s t a d e o c h o p r o p o s i c i o n e s
heréticas extraídas d e s u s e s c r i t o s d e l a s q u e debía a b j u r a r . L a pér-
d i d a de las actas d e l p r o c e s o , c o m o c o n s e c u e n c i a d e los t r a s l a d o s d e l
a r c h i v o p o r l a s g u e r r a s napoleónicas, n o p e r m i t e c o n o c e r e l d o c u -
m e n t o , s i b i e n e l Sommario del processo ( p u b l i c a d o e n 1 9 4 2 ) r e c o g e
u n r e s u m e n d e las respuestas d e B r u n o y p e r m i t e identificar las
tesis i n c r i m i n a d a s , e n t r e las q u e figuraban: l a necesaria correspon-
d e n c i a e n t r e la causa d i v i n a y el efecto p r o d u c i d o , c o n la c o n s e c u e n -
cia d e q u e l a i n f i n i t a p o t e n c i a d i v i n a p r o d u c e u n u n i v e r s o i n f i n i t o ;
l a concepción d e l a e x i s t e n c i a e t e r n a d e l a l m a c o n e l c o r o l a r i o d e l a
metempsicosis; elm o v i m i e n t odelaT i e r r a . ' 7
/

Cf. L . F i r p o , 1993, pág. 190.

1 6

Cf. la reproducción del S o m m a r i o del proceso en L . F i r p o , 1993, págs.

1 7

299-304, para la censura de los libros.

 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito xxxv

E s t o s i g n i f i c a b a q u e e l p r o c e s o r o m a n o había e n t r a d o y a e n e l
corazón d e l a filosofía y l a cosmología b r u n i a n a s , y q u e había i d e n t i -
f i c a d o l a s t e s i s c e n t r a l e s d e l a s q u e exigía a l filósofo l a abjuración y l a
sumisión a l a a u t o r i d a d d e l a I g l e s i a . E l t r i b u n a l requería, e n última
i n s t a n c i a , s u retractación c o m o filósofo, e l r e c o n o c i m i e n t o d e l a s u -
p e r i o r i d a d d e l a teología s o b r e l a filosofía, l a aceptación d e q u e l a
teología ( n o l a teología filosófica, s i n o l a teología dogmática e s t a b l e -
c i d a s o b r e e l t e x t o r e v e l a d o y a d m i n i s t r a d a p o r l a jerarquía eclesiás-
t i c a e n función también d e l o s i n t e r e s e s d e p o d e r d e l a institución) e r a
l a i n s t a n c i a depositaría y d e f i n i d o r a d e l a v e r d a d , i n c l u s o e n c u e s t i o -
n e s filosóficas. Exigía, e n s u m a , s u r e n u n c i a a l a filosofía a l r e c l a m a r -
l e l a abjuración d e s u concepción c o p e r n i c a n a d e l u n i v e r s o i n f i n i t o y
d e s u relación c o n l a d i v i n i d a d . P o r t a n t o , e l t r i b u n a l i n q u i s i t o r i a l
r e c l a m a b a d e l filósofo l a r e n u n c i a a s u p r o p i o s e r c o m o t a l , e l «des-
p o j a r s e d e l a h u m a n a perfección».' P e r o e l r a z o n a b l e t e m o r a s e r
8

p r i v a d o d e e s a perfección e s l o único q u e movió a l filósofo ( c o m o

había d i c h o B r u n o e n l a Expulsión, c i t a n d o tácitamente a A v e r r o e s y
a l u d i e n d o a Sócrates) a r e n u n c i a r i n c l u s o a l a v i d a y a p r e f e r i r l a
m u e r t e , c u a n d o e l «disimulo» p r u d e n c i a l c o m o «escudo d e l a v e r -
dad» y a n o e r a p o s i b l e .
L a n e g a t i v a a r e t r a c t a r s e o a a b j u r a r ( B r u n o d i j o q u e «no d e b e n i
q u i e r e a r r e p e n t i r s e , n i t i e n e n a d a d e qué a r r e p e n t i r s e y n o s a b e
d e qué d e b a arrepentirse»)' m u e s t r a s u c o h e r e n c i a c o n e s t a f e d e l fi-
9

lósofo, así c o m o también l a r e s p u e s t a q u e d i o a l a l e c t u r a d e l a s e n t e n -

c i a , después d e q u e e l p a p a C l e m e n t e V I I I h u b i e r a o r d e n a d o e l 2 0 d e
e n e r o d e 1600 q u e f u e r a c o n s i d e r a d o h e r e j e o b s t i n a d o , i m p e n i t e n t e y
p e r t i n a z : «Quizá v o s o t r o s pronunciáis c o n t r a mí l a s e n t e n c i a c o n
m a y o r t e m o r q u e e l q u e y o s i e n t o a l recibirla». C i e r t a m e n t e , ¿qué
20

t e m o r podía a l b e r g a r B r u n o , s i — c o n o c e d o r d e l a e t e r n i d a d d e t o d a
s u s t a n c i a — a f i r m a b a s u condición d e filósofo, e n e l s e n t i d o averroís-

' L a fórmula, que aparece en un pasaje decisivo de la Expulsión d e la bestia

8

triunfante (tercer diálogo, parte tercera, constelación de la Liebre), evoca un famo-

so pasaje del G r a n Comentario de Averroes a la Física de Aristóteles, ilustrativo de
la doctrina averroísta de que la filosofía, en tanto que actualización de la parte más
noble del hombre, el intelecto, constituye la perfección del hombre y la suprema
felicidad. Se trata de una doctrina que expresa la superioridad de la filosofía sobre
la religión y que Bruno asume plenamente, constituyendo uno de los ejes rectores
de los diálogos italianos. Cf. al respecto M. A . G r a n a d a , 2002, cap. 7, y M . A . G r a -
nada, 2005, «Introducción».
1 9
Declaración del 21 de diciembre de 1599. Cf. L . Firpo, 1993, pág. 333.
2 0
l b i d . , pág. 351. L a sentencia fue leída solemnemente el 8 de febrero.
XXXVI Estudio introductorio

t a q u e él compartía, y l a perfección q u e l e e r a i n h e r e n t e ? E l t e m o r
estaba, por e lc o n t r a r i o , del lado d e la r e n u n c i a y del d e s p o j a m i e n t o
d e l a perfección h u m a n a . Prefirió, p o r t a n t o , l a m u e r t e a l a v i d a e n
«testimonio» d e l a ftducia philosophantis ( l a «confianza d e l filósofo»,
término d e l a tradición peripatética m e d i e v a l q u e a f i r m a b a l a a u t o -
c o n c i e n c i a d e l filósofo).
Más allá d e l o s i n t e n t o s finales y d e s e s p e r a d o s d e a r g u m e n t a r y
d i s p u t a r , q u e s e h a n i n t e r p r e t a d o malévolamente c o m o u n síntoma
d e enajenación m e n t a l , B r u n o — t a l c o m o había p r o c l a m a d o A v e r r o e s
e n e l m e n c i o n a d o c o m e n t a r i o a l a Física d e Aristóteles— f u e «fuer-
t e e n l a necesidad» y «eligió l a m u e r t e a l a vida» e n e l t r a n c e d e c i s i v o
d e c o n s e r v a r l a v i d a a c a m b i o d e v e r s e d e s p o j a d o d e l a perfección
h u m a n a , e s t o es, d e l a filosofía. Eligió l a m u e r t e y murió c o m o filó-
sofo. S u t r a y e c t o r i a fue, e n este p u n t o decisivo, p e r f e c t a m e n t e c o h e -
r e n t e . S u crítica filosófica d e l c r i s t i a n i s m o s e mostró, además, e n u n
último g e s t o : c u a n d o e r a c o n d u c i d o a l a p i r a e n q u e i b a n a q u e m a r l o
v i v o , c o n l a l e n g u a i n m o v i l i z a d a p a r a q u e n o p u d i e r a g r i t a r —según
u n t e s t i g o p r e s e n c i a l d e s u ejecución—, «como s e l e p r e s e n t a r a l a
21

i m a g e n d e l S a l v a d o r c r u c i f i c a d o [...], despreciándola c o n u n a m i r a d a
t o r v a , l a rechazó». 22

L a c o n d e n a i n q u i s i t o r i a l a f e c t a b a también a t o d a s u o b r a , q u e
q u e d a b a c o n d e n a d a : todos los libros q u e estaban e n p o d e r del S a n t o
O f i c i o y l o s q u e v i n i e r a n a e s t a r l o e n e l f u t u r o debían s e r pública-
m e n t e «quemados e n l a p l a z a d e S a n P e d r o , d e l a n t e d e l o s e s c a l o -
nes» y p u e s t o s e n e l índice d e l i b r o s p r o h i b i d o s . L a inclusión t u v o
2 ¡

l u g a r e n a g o s t o d e 1603 m e d i a n t e u n e d i c t o d e l m i n i s t r o d e l S a g r a d o
P a l a c i o . L a prohibición s e repitió e n t o d o s l o s índices p r o m u l g a d o s
h a s t a e l s i g l o x x , a u n q u e e l l o n o impidió l a circulación y l a i n f l u -
e n c i a más o m e n o s subterránea d e l o s e s c r i t o s d e l N o l a n o , e s p e c i a l -
m e n t e e n l o s países p r o t e s t a n t e s y e n l o s q u e , c o m o F r a n c i a , s e h a -
bían n e g a d o a a p l i c a r l o s d e c r e t o s d e l c o n c i l i o d e T r e n t o e n e s t e
p u n t o . E l s i g l o x i x v i o l a resurrección d e l a o b r a d e B r u n o m e -
2 4

d i a n t e l a s p r i m e r a s ediciones c o m p l e t a s d e sus obras l a t i n a s e i t a -

lianas.

I b i d . , pág. 352.
2 1
I
I b i d . , pág. 352.
2 2

I b i d . , pág. 343. L a Congregación del índice registró el mismo día de la lec-

2 3

tura pública y solemne de la sentencia la prohibición de todas las obras del Nolano.
Sobre la presencia posterior de Bruno, cf. S. Ricci, 1990.
2 4
 PENSAMIENTO

E l p r e s e n t e v o l u m e n o f r e c e a l l e c t o r u n a p a r t e d e l a o b r a filosófica
d e B r u n o e n l e n g u a i t a l i a n a , e s t o e s , l o s diálogos p u b l i c a d o s e n
L o n d r e s e n 1 5 8 4 - 1 5 8 5 . D e l a producción e n d i c h a l e n g u a faltaría l a
c o m e d i a Candelero, q u e v i o l a l u z e n París e n 1 5 8 2 y q u e , a p e s a r
d e t e n e r más d e u n p u n t o d e c o n t a c t o c o n l o s diálogos l o n d i n e n s e s ,
q u e d a a l m a r g e n d e l p r o y e c t o u n i t a r i o y g l o b a l q u e e l N o l a n o llevó
a c a b o c o n s u s diálogos filosóficos. L o s diálogos s e p r e s e n t a n e n s u
i n t e g r i d a d y , lógicamente, e n e l o r d e n cronológico d e publicación. 25

A u n q u e p a r t e d e e s t a o b r a filosófica d i a l o g a l p u d o h a b e r s i d o
redactada con a n t e r i o r i d a d — a s p e c t o q u e n o puede establecerse con
s e g u r i d a d p o r f a l t a d e documentación—, l a edición i m p r e s a s e r e a -
lizó e n L o n d r e s ( a u n q u e l o s f r o n t i s p i c i o s p r e s e n t a b a n f a l s o s p i e s d e
i m p r e n t a e n V e n e c i a y París) a p a r t i r d e l a p r i m a v e r a d e 1 5 8 4 .
E l r i t m o d e edición f u e rápido: e s e año a p a r e c i e r o n l o s c u a t r o p r i -
m e r o s diálogos (La cena de las cenizas; De la causa, el principio y el
uno; Del infinito: el universo y los mundos, y Expulsión de la bestia
triunfante) y e n 1 5 8 5 l o s d o s últimos (Cúbala del caballo Pegaso y Los
heroicos furores). L a redacción d e l p r i m e r diálogo (La cena de las
cenizas) f u e m o t i v a d a p o r u n a discusión e n t o r n o a l a cosmología d e
Copérnico q u e t u v o l u g a r e n l a mansión d e l c a b a l l e r o inglés F u l k e
G r e v i l l e l a t a r d e d e l miércoles d e c e n i z a d e 1 5 8 4 y e n l a c u a l l a d e -
f e n s a b r u n i a n a d e Copérnico s e enfrentó a l a d e f e n s a d e l a c o s m o -
logía geocéntrica d e Aristóteles y P t o l o m e o p o r p a r t e d e d o s d o c t o -
r e s d e O x f o r d , y B r u n o s e g u r a m e n t e utilizó e n s u d e f e n s a l a
e s t r a t e g i a d e confirmación d e l m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a y a i n t e n t a -
da i n f r u c t u o s a m e n t e e n las fracasadas lecciones oxonienses del ve-
r a n o d e 1583.
S i n e m b a r g o , l a o b r a filosófica q u e B r u n o p r e s e n t a a l l e c t o r e n l o s
diálogos i t a l i a n o s y c u y a a p e r t u r a e s p r e c i s a m e n t e l a cosmología c o -

2 5
Por lo que se refiere a D e la causa, e l p r i n c i p i o y e l u n o , el primero de sus
cinco diálogos se redactó con posterioridad a los demás, como defensa de la obra
precedente ( L a c e n a d e las c e n i z a s ) frente a los ataques que había recibido por par-
te del público londinense. E l interés de estas páginas es muy grande, pero no abor-
dan las cuestiones relativas a la estructura ontológica o metafísica del universo
infinito que constituyen el tema propio del diálogo y que posiblemente Bruno
había redactado con anterioridad a L a c e n a misma.
XXXVIII Estudio introductorio

p e r n i c a n a d e f e n d i d a e n ha cena r e s p o n d e a u n p r o y e c t o d e a l c a n c e
2h

m u c h o más g l o b a l y d e c i s i v o históricamente: s e t r a t a d e r e i v i n d i c a r l a
(auténtica) filosofía — q u e s e i d e n t i f i c a c o n l a c i e n c i a — c o m o f o r m a
suprema de conocimiento h u m a n o y de restaurarla frente a la suplan-
tación d e q u e h a s i d o o b j e t o e n e l c i c l o histórico a n t e r i o r , d o m i n a d o
p o r l a seudofilosofía («filosofía vulgar») d e Aristóteles. E s t a f a l s a fi-
losofía, u n i d a a l c r i s t i a n i s m o , había p e r d i d o —según B r u n o — l a
v e r d a d e r a concepción d e l u n i v e r s o , d e s u relación c o n l a d i v i n i d a d y
del l u g a r d e l h o m b r e e n el u n i v e r s o , d a n d o o r i g e n a toda u n a serie d e
e f e c t o s n o c i v o s e n e l p l a n o m o r a l , político y r e l i g i o s o q u e c u l m i n a r o n
e n e l d r a m a d e l m o m e n t o , d o m i n a d o p o r las g u e r r a s civiles d e r e l i -
gión e n E u r o p a y p o r l a b a r b a r i e d e l a colonización d e América.
E l c r i s t i a n i s m o p u s o fin a l a pretensión d e l a filosofía a n t i g u a d e
c o n s t i t u i r l a vía legítima d e l «sabio» ( d e l a p e r s o n a l i d a d h u m a n a
s u p e r i o r ) a l c o n o c i m i e n t o d e l a n a t u r a l e z a y , a través d e e l l a , a l a
unión c o n l a d i v i n i d a d y , p o r t a n t o , a l a f e l i c i d a d , p r o c l a m a n d o p o r
e l c o n t r a r i o l a f e e n C r i s t o c o m o «única» vía d e salvación p a r a «to-
dos» l o s h o m b r e s . A l a v e z , l a c u l t u r a c r i s t i a n a contemporánea e x p r e -
s a b a l a visión escatológica d e l a h i s t o r i a a s o c i a d a a l m e n s a j e c r i s t i a n o
m e d i a n t e u n a serie de p r o c l a m a c i o n e s d e la i n m i n e n t e s e g u n d a v e n i -
da de C r i s t o para juzgar al m u n d o y abrir los escenarios ya definitivos
d e l paraíso d e l o s c r e y e n t e s y e l c a s t i g o e t e r n o d e l o s r e p r o b o s . G r a c i a s
a d i v e r s o s p l a n t e a m i e n t o s — d e s d e l o s cálculos cronológicos d e l a
e d a d d e l m u n d o h a s t a l a s r e c i e n t e s n o v e d a d e s c e l e s t e s d e carácter
o r d i n a r i o y e x t r a o r d i n a r i o — estaba a m p l i a m e n t e e x t e n d i d a l a espe-
r a n z a o e l t e m o r d e q u e l a década d e 1 5 8 0 — y e n c o n c r e t o e l n u e v o
e s c e n a r i o q u e s e abría c o n l a configuración c e l e s t e d e 1 5 8 3 y 1 5 8 4 —
podía a s i s t i r a l a realización d e t o d o e l l o . H a y m o t i v o s s u f i c i e n t e s
p a r a p e n s a r q u e l a reivindicación d e l a filosofía q u e B r u n o e x p o n e e n
l o s diálogos i t a l i a n o s c o n s t i t u y e a l m i s m o t i e m p o u n a a l t e r n a t i v a crí-
t i c a a e s a s e x p e c t a t i v a s m e d i a n t e u n a r e f o r m a d e l a cosmología y d e
l a concepción d e l a relación d e l u n i v e r s o c o n l a d i v i n i d a d q u e c o m -
p o r t a s u desescatologización y descristianización. P o r e s o e s i m p o r -
t a n t e y m u y i l u s t r a t i v o t o m a r c o n c i e n c i a d e esas e x p e c t a t i v a s d e

2 6
Cf. el elogio de Copérnico en el primer diálogo de L a c e n a : «[Copérnico! ha
sido] dispuesto por los dioses como una aurora que debía preceder la salida de este
sol de la antigua y verdadera filosofía [la filosofía de Bruno], durante tantos siglos
sepultada en las tenebrosas cavernas de la ciega, maligna, proterva y envidiosa ig-
norancia».
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XXXIX

c u m p l i m i e n t o i n m i n e n t e d e l a s profecías d e l f i n d e l m u n d o y d e l a
historia que circulaban a m p l i a m e n t e por E u r o p a , especialmente e n
l o s países r e f o r m a d o s y e n c o n c r e t o e n I n g l a t e r r a e n e l m o m e n t o e n q u e
B r u n o arribó a l a i s l a e n l a p r i m a v e r a d e 1 5 8 3 .

1584: la segunda venida de Cristo y el fin del mundo

C i e r t a m e n t e , 1 5 8 4 e r a u n annus mirabilis q u e b u e n a p a r t e d e l a c r i s -
t i a n d a d —trágicamente e s c i n d i d a p o r l a c r i s i s d e l a R e f o r m a y l a s
g u e r r a s d e religión, c o n s u s p e n o s a s c o n s e c u e n c i a s e n e l p l a n o s o c i a l
y e s p i r i t u a l — e s p e r a b a a n h e l a n t e d e s d e t i e m p o atrás c o m o e l m o -
m e n t o q u e i b a a m a r c a r u n a p r o f u n d a mutación. Y a e l astrónomo-
astrólogo b o h e m i o C y p r i a n u s L e o v i t i u s , e n u n a o b r a p u b l i c a d a e n
1 5 6 4 (Sobre las grandes conjunciones más importantes de los planetas
superiores, eclipses del Sol y cometas en la cuarta monarquía, con la expo-
sición histórica de sus efectos), había a s o c i a d o l a g r a n conjunción d e
27

casi t o d o s los p l a n e t a s e n A r i e s — q u e se i b a a p r o d u c i r e n l a p r i m a -
v e r a d e 1 5 8 4 — , así c o m o e l c o n s i g u i e n t e p a s o a u n trígono ígneo p a r a
l o s próximos d o s c i e n t o s años, c o n l a s e g u n d a v e n i d a d e C r i s t o , e l f i n
d e l m u n d o y e l J u i c i o F i n a l , e s t o es, c o n e l c u m p l i m i e n t o d e l a s p r o -
fecías escatológicas; t o d o e l l o d e a c u e r d o c o n l a duración máxima d e
s e i s m i l años q u e l a s S a g r a d a s E s c r i t u r a s parecían a t r i b u i r a l m u n d o
— q u e había c u m p l i d o y a l o s c i n c o m i l q u i n i e n t o s años d e e x i s t e n -
c i a — y c o n l a profecía d e C r i s t o ( M t 2 4 , 2 2 ) d e q u e l o s años finales
serían «abreviados p o r c a u s a d e l o s elegidos». E n e l decrépito e s t a d o
d e l a c u a r t a y última monarquía — l a r o m a n a r e s t a u r a d a p o r C a r l o -
m a g n o y t r a n s f e r i d a ad Germanos— n o cabía s i n o e s p e r a r , e n c o -
nexión c o n esa g r a n conjunción p l a n e t a r i a — q u e e n u n c i c l o a n t e r i o r
había c o i n c i d i d o c o n l a Encarnación d e l V e r b o — , e l a d v e n i m i e n t o ,
a t e n o r d e l a profecía d e D a n i e l ( c a p s . 2 y 7 ) , d e l a q u i n t a y última
monarquía: l a d e l Mesías t r a s e l J u i c i o F i n a l .
A esas e x p e c t a t i v a s se u n i e r o n , a m p l i a n d o y c o n f i r m a n d o l a t e n -
sión escatológica, l a s i n e s p e r a d a s y m u y s o r p r e n d e n t e s novedades c e -
l e s t e s d e l o s años s e t e n t a : l a e s t r e l l a nova q u e brilló e n l a constelación

2 7
C . Leovitius, D e c o n i u n c t i o n i b u s m a g n i s i n s i g n i o r i b u s s u p e r i o r u m p l a n e t a -
r u m , solis defectionibus et c o m e t i s in q u a r t a m o n a r c h i a , c u m e o r u n d e m effectuum his-
tórica expositione. H i s a d c a l c e m accessit p r o g n o s t i c o n a b a n n o D o m i n i 1564 i n v i g i n t i
sequentes a n n o s , Laugingae ad D a n u b i u m , 1564.
XL Estudio introductorio

d e C a s i o p e a d e 1572 a 1574 y el c o m e t a celeste d e 1577; a m b a s p a r e -

cían s e r n o v e d a d e s m i l a g r o s a s o praeternaturales p o r s u i n c o m p a t i b i -
l i d a d c o n l a cosmología aristotélica, q u e excluía l a generación y l a
corrupción d e l m u n d o c e l e s t e , y p o r e l l o f u e r o n e v a l u a d a s m a y o r i t a -
r i a m e n t e c o m o p o r t e n t o s d i r i g i d o s a l o s h o m b r e s e n c a l i d a d d e «sig-
nos» d e l o s d e c r e t o s d i v i n o s d e i n m i n e n t e c u m p l i m i e n t o . D e l a e x t e n -
sa l i t e r a t u r a d e s e n c a d e n a d a e n t o d a E u r o p a s o b r e e s t a s n o v e d a d e s
c e l e s t e s señalamos únicamente l a s o b r a s d e l j o v e n T y c h o B r a h e y d e
H e l i s a e u s Róslin. E l opúsculo l a t i n o d e l p r i m e r o (Sobre la nueva estre-
lla nunca percibida con anterioridad en la memoria de ningún siglo desde
el comienzo del mundo, p u b l i c a d o e n 1 5 7 3 ) r e l a c i o n a b a l a n o v a c o n l a
2 8

o t r a n o v a q u e había p r e c e d i d o l a p r i m e r a v e n i d a d e C r i s t o p a r a p r e -
d e c i r — e n e l c o n t e x t o d e u n m u n d o y a decrépito y d e l i n m i n e n t e
p a s o a l trígono ígneo e n 1 5 8 4 — e l a d v e n i m i e n t o d e u n a g r a n m u t a -
ción política y r e l i g i o s a . Róslin, más r a d i c a l , e n s u o b r a d e 1 5 7 8 (Tkeo-
ria nova coelestium meteoron, q u e e s t u d i a b a e l c o m e t a d e 1 5 7 7 e n s u
relación c o n l a n o v a d e 1 5 7 2 y c o n l a g r a n conjunción d e 1 5 8 4 ) a n u n -
c i a b a q u e «el séptimo y último t i e m p o d e l A p o c a l i p s i s está c e r c a , e n
e l c u a l C r i s t o aplastará c o n l a e s p a d a d e d o b l e filo y e l Espíritu d e s u
b o c a a l a b e s t i a c o n e l f a l s o p r o f e t a , liberará a s u I g l e s i a y dará e l d e s -
c a n s o a l a naturaleza». 29

A t o d o e l l o cabía añadir l a s e x p e c t a t i v a s escatológicas a s o c i a d a s

— e s p e c i a l m e n t e e n e l ámbito católico— a l d e s c u b r i m i e n t o y a l a
evangelización d e América: e l a c c e s o a l o s últimos h o m b r e s ( a l a s últi-
m a s p o b l a c i o n e s d e s c e n d i e n t e s d e Adán), l a predicación d e l E v a n g e l i o y
l a rápida evangelización permitían p e n s a r q u e l a profecía d e C r i s t o
( M t 2 4 , 1 2 : «Y será p r e d i c a d o e s t e E v a n g e l i o d e l r e i n o e n t o d o e l m u n -
d o , p a r a t e s t i m o n i o a t o d a s l a s n a c i o n e s ; y e n t o n c e s vendrá e l fin») s e
i b a a c u m p l i r d e m a n e r a i n m i n e n t e . Así, l o h a n n e s F r e d e r i c u s L u m -
n i u s , e n s u o b r a Del juicio final de Dios y de la conversión de los indios
( 1 5 6 7 ) , a f i r m a b a : «Nosotros s a b e m o s l a c a u s a d e l a postergación d e l
J u i c i o F i n a l , d e p o r qué e s t a profecía n o se cumplió h a c e m i l d o s c i e n t o s

T . Brahe, D e n o v a et n u l l i u s a e v i m e m o r i a p r i u s visa stella, i a m p r i d e m A n n o

2 8

a nato C h r i s t o 1572. M e n s e N o v e m b r i p r i m u m conspecta, contemplatio mathematica,

Copenhague, 1573 (recogido en T y c h o n i s B r a h e D a n i opera o m n i a [ed. de J. ]¿. E .
Dreyer], Copenhague, 1913 y sigs., vol. r, págs. 3-72). I
H . Róslin, T h e o r i a n o v a c o e l e s t i u m m e t e o r o n , Estrasburgo, 1578 y sig. G 3V.
2 9

Sobre toda esta problemática, cf. M. Á . Granada, o p . c i t . , 2000, 2. parte, cap. 3 a

(«Cálculos cronológicos, novedades cosmológicas y expectativas escatológicas en

la Europa del siglo x v i » ) .
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XLI

o t r e s c i e n t o s años, p e r o oímos q u e se h a d e c u m p l i r e n e s t a n u e s t r a épo-

ca, p u e s y a s e h a d e s c u b i e r t o e l n u e v o y último m u n d o d e l o s indios».'"
E s t a s e x p e c t a t i v a s escatológicas e r a n e s p e c i a l m e n t e v i v a s e n I n g l a -
t e r r a , y e l l o s i n d u d a p o r l a s t e n s i o n e s y a m e n a z a s r e l i g i o s a s y polí-
t i c a s q u e acompañaban a l r e i n a d o d e I s a b e l I . E n 1 5 7 3 — m u y p r o b a -
b l e m e n t e e n relación c o n l a aparición d e l a n o v a d e C a s i o p e a —
se había r e e d i t a d o e n L o n d r e s l a m e n c i o n a d a o b r a d e L e o v i t i u s , y e n
1 5 7 7 s e había p u b l i c a d o l a traducción i n g l e s a d e u n a o b r a d e l a u t o r
holandés S h e l t c o á G e v e r e n c o n e l s i g n i f i c a t i v o título d e Del fin
del mundo y segunda venida de Cristo ( r e e d i t a d a e n 1 5 7 8 , 1 5 8 0 y 1 5 8 3 ) .
E n 1 5 8 3 , s i n d u d a p o r l a expectación a s o c i a d a a l a g r a n conjunción,
s a l i e r o n d e l a i m p r e n t a g r a n c a n t i d a d d e e s c r i t o s escatológicos e n
l e n g u a i n g l e s a d e s t i n a d o s a u n a m p l i o público. L a l l e g a d a d e B r u n o
a I n g l a t e r r a y l a publicación d e l o s diálogos c o i n c i d i e r o n c o n e s t e
clima espiritual, del que con m a y o r o m e n o r intensidad participaban
t o d o s l o s e s t a m e n t o s s o c i a l e s , e l p u e b l o l l a n o y l o s círculos i n t e l e c t u a -
l e s . E n t r e e s a l i t e r a t u r a d e s t a c a quizá l a o b r a d e S h e l t c o á G e v e r e n ,
p e r o e n e s t e año h u b o o t r o s e s c r i t o s d e l m i s m o t e n o r . A n t e s d e a b r i l
se p u b l i c a r o n e n L o n d r e s d o s e d i c i o n e s d e l a o b r a d e R i c h a r d H a r v e y
Discurso astrológico sobre la grande y notable conjunción de los dos pla-
netas superiores, Saturno y Júpiter, que ocurrirá el 2 8 de abril de 1 5 8 3 ;
a c o m i e n z o s d e año s e había p u b l i c a d o e l Juicio y pronóstico sobre la
gran conjunción de los dos planetas superiores, d e R i c h a r d T a n n e r .
L o s a r g u m e n t o s y l a s a u t o r i d a d e s e r a n s i e m p r e los m i s m o s y l a
o b r a d e G e v e r e n l o s p r e s e n t a c o n l a máxima p r o l i j i d a d : e l m u n d o ,
q u e h a r e b a s a d o y a l o s c i n c o m i l q u i n i e n t o s años, verá a b r e v i a r s e s u
duración máxima d e s e i s m i l , p o r l o q u e c a b e p e n s a r q u e «el fin d e l
m u n d o está y a cerca», q u e «Dios está d i s p u e s t o a c a e r s o b r e n o s o t r o s
y está l l a m a n d o y a a n u e s t r a s puertas». G e v e r e n s e c o m p l a c e e n m o s -
t r a r e x t e n s a m e n t e q u e l o s s i g n o s d e l fin y a s e h a n c u m p l i d o : l a
predicación d e l E v a n g e l i o e n t o d o e l m u n d o ( s i b i e n e s t e s i g n o n o s e
i n f i e r e d e l a evangelización d e América, s i n o d e s u proclamación y
aclaración p o r L u t e r o y l a R e f o r m a ) ; l a aparición d e l o s f a l s o s p r o f e -
tas ( c o n l a d e n u n c i a d e l p a p a d o c o m o A n t i c r i s t o ) ; g u e r r a s , h a m b r e ,
pestes, t e r r e m o t o s ; l a m i s m a v e j e z d e l m u n d o c o n l a d e c a d e n c i a ge-
neral d e l a n a t u r a l e z a ; l a decadencia general del saber, s u m a l uso;

J. F . L u m n i u s , D e e x t r e m o D e i j u d i c i o et I n d o r u m v o c a t i o n e , Amberes, 1567,
3 0

pág. 85. Sobre la interpretación escatológica del descubrimiento y evangelización

de América, cf. M. A . Granada, 2002, cap. 5.
XLII Estudio introductorio

l a «asombrosa confianza» e n l o s h o m b r e s c o n l a subversión g e n e r a l

d e v a l o r e s q u e l a acompaña, p o r t o d o l o c u a l «notaremos q u e l a m a l -
d a d h a l l e g a d o a s u culminación y r e i n a prácticamente s i n n i n g u n a
c l a s e d e control»; ' l a profecía d e D a n i e l ( c a p . 7 ) s o b r e e l c u r s o d e l o s
3

cuatro imperios.
Sólo l o s «signos e n e l S o l , l a L u n a y o t r a s estrellas» p r o f e t i z a d o s
p o r C r i s t o parecían n o h a b e r a p a r e c i d o todavía, p e r o G e v e r e n seña-
l a b a q u e l o s astrónomos e s t i m a b a n q u e , e n l o s últimos s i g l o s , n u n c a
h a h a b i d o t a n t o s e c l i p s e s d e l S o l y d e L u n a , «tantas extrañas c o n j u n -
c i o n e s d e p l a n e t a s c o m o l a s q u e v a n a a p a r e c e r d e n t r o d e p o c o s años»
( r e f e r e n c i a a 1 5 8 3 y 1 5 8 4 ) , «prodigiosos cometas», p o r n o h a b l a r d e l a
e s t r e l l a d e 1 5 7 2 , «verdadero m e n s a j e r o y a v i s o d e q u e D i o s s e a p r e s t a
a v e n i r a j u z g a r a l mundo», d e idéntica n a t u r a l e z a q u e l a e s t r e l l a d e
Belén q u e anunció l a p r i m e r a v e n i d a .
S i n p r e t e n d e r i d e n t i f i c a r e s t a s n o v e d a d e s c e l e s t e s c o n l a s señales
p r o f e t i z a d a s p o r C r i s t o , G e v e r e n las a d u j o , n o o b s t a n t e , c o m o claros
i n d i c i o s d e l a cercanía d e l a s e g u n d a v e n i d a y asumió l a a u t o r i d a d d e
L e o v i t i u s a propósito d e l a g r a n conjunción d e 1 5 8 4 . P a r a f o r t a l e c e r
e l s i g n i f i c a d o escatológico d e 1 5 8 3 y 1 5 8 4 G e v e r e n s e embarcó e n u n a
s e r i e d e c o r r e l a c i o n e s numéricas e n t r e e l A n t i g u o y e l N u e v o T e s t a -
m e n t o : e n t r e Moisés y l a destrucción d e Jerusalén («figura e v i d e n t e
d e l a destrucción final d e l mundo») t r a n s c u r r i e r o n 1 . 5 8 3 años; e n t r e
e l n a c i m i e n t o d e C r i s t o y l a destrucción d e Jerusalén, 7 3 años, c a s i e l
m i s m o número q u e s e p a r a e l c o m i e n z o d e l a proclamación d e l E v a n -
g e l i o p o r L u t e r o e n 1 5 1 7 y e l año 1 5 8 8 . T o d o e l l o p e r m i t e a G e v e r e n
e x p r e s a r s u convicción d e q u e e l fin d e l m u n d o y l a s e g u n d a v e n i d a
d e C r i s t o están a l a s p u e r t a s y q u e a p a r t i r d e 1 5 8 4 podían p r o d u c i r s e
en cualquier m o m e n t o .
P o r o t r a p a r t e , y s i e m p r e e n I n g l a t e r r a , B r u n o asistió a u n a b a t a l l a
político-religiosa e n e l s e n o d e l a s o c i e d a d y d e l a I g l e s i a r e f o r m a d a s .
E n septiembre d e 1583 f u e elegido arzobispo d e C a n t e r b u r y John
W h i t g i f t , q u e i n m e d i a t a m e n t e desencadenó, d e a c u e r d o c o n I s a b e l I ,
u n a campaña — q u e s e prolongaría d u r a n t e t o d a l a e s t a n c i a d e B r u n o

3 1
Of the e n d of this w o r l d , a n d s e c o n d c o m m i n g o f C h r i s t , a comfortable a n d most
necessarie d i s c o u r s e f o r these m i s e r a b l e a n d d a n g e r o u s d a y e s , H . Middleton, Londres,
1583, pág. 28r y sigs. Entre las razones más poderosas para la impía seguridad
y c o n f i a n z a del mundo contemporáneo Geveren señala la doctrina filosófica de la
eternidad del mundo y especialmente la concepción de la homogeneidad t e m p o r a l
de la naturaleza. Esta homogeneidad será precisamente central en el planteamien-
to bruniano expuesto en los diálogos.
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XLIIl

e n l a i s l a — c o n t r a e l p r o t e s t a n t i s m o r a d i c a l ( p u r i t a n i s m o ) c o n e l fin d e
o b l i g a r l o a s o m e t e r s e a l a política r e g i a y e n p a r t i c u l a r a l a política
eclesiástica, e s d e c i r , a l o r d e n a m i e n t o a n g l i c a n o , r e c o n o c i e n d o l a / a / /
sovereignty ( p l e n i t u d d e soberanía) d e l a r e i n a . E s d e t o d o p u n t o i m p o -
sible q u e B r u n o n o h u b i e r a s a b i d o d e este v i o l e n t o e n f r e n t a m i e n t o
e n t r e e l p o d e r político, empeñado e n s o m e t e r a l o s m i n i s t r o s p u r i t a n o s
a s u política eclesiástica, y l a insubordinación d e éstos. E n e s t a b a t a l l a
— y e l l o e s i m p o r t a n t e p a r a l o s diálogos m o r a l e s d e B r u n o , e n e s p e c i a l
p a r a l a Expulsión de la bestia triunfante— e l N o l a n o tomó a b i e r t a m e n -
t e p a r t i d o y s e alineó c o n I s a b e l I c o n t r a l a R e f o r m a r a d i c a l , p o r u n a
religión c i v i l y d e E s t a d o a s o c i a d a a l a unión d e l p o d e r político y d e l
p o d e r e s p i r i t u a l e n l a figura d e l s o b e r a n o , c o n t r a l a disolución p r o t e s -
t a n t e d e l a s n o r m a s d e c o n v i v e n c i a y l o s vínculos políticos.

Los diálogos italianos de Giordano Bruno (1584-1585):

una alternativa distinta a la crisis

G i o r d a n o B r u n o había l l e g a d o a L o n d r e s e n a b r i l d e 1 5 8 3 , e n e l p u n -
t o álgido d e l a tensión escatológica. L e había p r e c e d i d o , c o m o y a s e h a
d i c h o , u n m e n s a j e d e l e m b a j a d o r inglés e n París: «El d o c t o r G i o r d a n o
B r u n o N o l a n o , p r o f e s o r d e filosofía, p r e t e n d e p a s a r a I n g l a t e r r a ;
n o p u e d o a p r o b a r s u religión». B r u n o debía d e e s t a r a l c o r r i e n t e d e l a
problemática cosmológico-escatológica m e n c i o n a d a (esa c u r i o s a c o m -
binación d e cosmología aristotélica y escatología c r i s t i a n a ) , y e s i m p o s i -
b l e q u e s u d e s p l i e g u e e n e l L o n d r e s d e a q u e l l o s días l e f u e r a d e s c o n o -
c i d o . P o d e m o s p e n s a r i n c l u s o q u e l a s o b r a s i t a l i a n a s q u e B r u n o publicó
e n L o n d r e s s o n u n a r e s p u e s t a polémica a esa i n q u i e t u d e u r o p e a y a s u s
f u n d a m e n t o s cosmológicos y teológico-religiosos.
E n e f e c t o , l o s s e i s diálogos filosóficos e n l e n g u a i t a l i a n a c o n s t i t u -
y e n e n r e a l i d a d u n a o b r a única y u n i t a r i a , p r e s i d i d a p o r u n diseño
g l o b a l y u n p r o g r a m a q u e se d e s p l i e g a c o n r i g u r o s a c o n s e c u e n c i a
d e s d e e l p r i n c i p i o h a s t a e l final. D i c h a o b r a e r a u n a «filosofía» q u e
pretendía o f r e c e r l a recuperación d e l a v e r d a d e r a representación d e l
u n i v e r s o , d e s u relación c o n D i o s y d e l a c c e s o d e l h o m b r e a D i o s e n
l a n a t u r a l e z a . Según B r u n o , e s t a v e r d a d e r a representación d e l u n i -
3 2

v e r s o s e había p e r d i d o históricamente c o m o c o n s e c u e n c i a d e l t r i u n f o

Para una exposición más detallada de esta estructura unitaria de los diálo-
3 2

gos, cf. M . A . Granada, 2002, «Epílogo».

XLIV Estudio introductorio

d e l a f a l s a concepción d e l u n i v e r s o , d e l a s u s t a n c i a y d e s u relación
c o n l a d i v i n i d a d i n t r o d u c i d a s p o r Aristóteles y , p o s t e r i o r m e n t e , s a n -
c i o n a d a s p o r l a religión c r i s t i a n a , l a c u a l había e s t a b l e c i d o l a f e e n
C r i s t o ( V e r b o d i v i n o e n c a r n a d o y a u t o i n m o l a d o e n la c r u z para repa-
ración d e l p e c a d o o r i g i n a l h u m a n o ) c o m o única garantía d e v i d a
eterna y t r i u n f o sobre la m u e r t e , a l m a r g e n , por tanto, d e u n a n a t u -
raleza q u e — f i n i t a y caduca; contingente criatura escindida d e
D i o s — n o podía m e d i a r e n t r e h o m b r e y p r i n c i p i o d i v i n o .

La cena de las cenizas

L a concepción b r u n i a n a d e l u n i v e r s o pretendía s e r u n a renovación
t o t a l f r e n t e a l a concepción t r a d i c i o n a l aristotélico-cristiana o , m e j o r ,
B r u n o creía e s t a r r e s t a u r a n d o l a v e r d a d e r a concepción d e l u n i v e r s o
c o n o c i d a d e l a Antigüedad c o n a n t e r i o r i d a d a Aristóteles. E l p r i m e r
diálogo (La cena de le ceneri) e m p i e z a l a exposición d e esa cosmología
p o r e l p u n t o c l a v e : l a adopción d e l a t e s i s c o p e r n i c a n a d e l m o v i m i e n t o
d e l a T i e r r a e n t o r n o a l S o l . E r a l a t e s i s c e n t r a l , p o r q u e s u negación
p o r Aristóteles, a p a r t i r d e l a información i n m e d i a t a d e l s e n t i d o , n o
sólo r e p r e s e n t a b a l a pérdida d e l a v e r d a d e r a cosmología, s i n o q u e
además i m p l i c a b a e l i m i n a r l a filosofía auténtica c o m o e m p r e s a i n t e -
l e c t u a l , q u e e r a s u s t i t u i d a p o r u n a «filosofía vulgar», y l a pérdida
también d e l a c o r r e c t a vinculación e n t r e D i o s y e l u n i v e r s o . E n e f e c t o ,
la i n m o v i l i d a d d e l a tierra central implicaba necesariamente — c o m o
b i e n había v i s t o Aristóteles— l a finitud d e l u n i v e r s o , p o r q u e s i e l
m u n d o debe girar alrededor d e la T i e r r a e n veinticuatro horas, s u
r a d i o — y p o r c o n s i g u i e n t e e l m u n d o m i s m o — e s n e c e s a r i a m e n t e fi-
n i t o : n o se p u e d e r e c o r r e r u n a d i s t a n c i a i n f i n i t a e n u n t i e m p o finito.
D e ahí también l a «blasfemia» d e q u e l a i n f i n i t u d d i v i n a p u e d e p r o -
d u c i r u n e f e c t o ( e l u n i v e r s o ) finito. P o r e s o B r u n o e r a c o n s c i e n t e d e
q u e Copérnico r e p r e s e n t a b a l a «aurora q u e debía p r e c e d e r l a s a l i d a
d e e s t e s o l d e l a a n t i g u a y v e r d a d e r a filosofía, d u r a n t e t a n t o s s i g l o s
s e p u l t a d a e n las t e n e b r o s a s c a v e r n a s d e l a c i e g a , m a l i g n a , p r o t e r v a y
e n v i d i o s a ignorancia». Así, La cena r e i v i n d i c a b a l a o b r a d e Copérnico
c o m o u n a d o c t r i n a cosmológica, f r e n t e a s u reducción p o r l a c u l t u r a
contemporánea a u n s u p u e s t o hipotético p a r a e l cálculo geométrico d e
l o s m o v i m i e n t o s c e l e s t e s s i n p r e t e n s i o n e s d e r e a l i d a d cosmológica. 33

3 3
Cf. el decidido rechazo y la dura crítica, en el diálogo tercero, de la misiva
« A l lector, sobre las hipótesis de la obra» con que un autor anónimo—en realidad
el teólogo protestante Andreas Osiander, como reveló Kepler en 1609; Bruno des-
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XLV

B r u n o , además, defendía e n e s t a p r i m e r a o b r a l a cosmología c o -

p e r n i c a n a f r e n t e a l a s o b j e c i o n e s p r o c e d e n t e s d e l a Física d e Aristóte-
l e s ( e n e l diálogo t e r c e r o ) y d e l ámbito teológico ( l a i n c o m p a t i b i l i d a d
c o n la B i b l i a , c u y o t e x t o literal a f i r m a b a la c e n t r a l i d a d e i n m o v i l i d a d
d e l a T i e r r a ) e n e l diálogo c u a r t o . E n e s t a d e f e n s a d e l a cosmología
c o p e r n i c a n a e n e l f r e n t e teológico ( d e s a r r o l l a d a e n l a s p r i m e r a s pá-
g i n a s d e l diálogo c u a r t o ) B r u n o a p e l a a l a l l a m a d a «teoría d e l a
acomodación» d i v i n a a l a i n t e l i g e n c i a v u l g a r . H a y , n o o b s t a n t e , u n a
s e n s i b l e d i f e r e n c i a e n t r e e l u s o d e e s t a teoría q u e h a c e B r u n o y e l q u e
a s u m e l a tradición teológica c r i s t i a n a ( l a patrística y e n l a época c o n -
temporánea, p o r e j e m p l o , C a l v i n o ) y o t r o s c o p e r n i c a n o s realistas
a n t e r i o r e s , contemporáneos y p o s t e r i o r e s a B r u n o ( R h e t i c u s — e l
discípulo d e Copérnico—, R o t h m a n n , K e p l e r , G a l i l e o ) . T o d o s e l l o s
a s u m e n l a «acomodación divina» e n e l s e n t i d o o r t o d o x o , c o m p a t i b l e
c o n e l p r i n c i p i o d e q u e e n m a t e r i a s p e r t i n e n t e s a l a salvación l a s
S a g r a d a s E s c r i t u r a s ( e n t a n t o q u e revelación d i v i n a ) s e d i r i g e n a to-
dos l o s h o m b r e s p u e s t o q u e t o d o s e l l o s n e c e s i t a n p o r i g u a l s e r r e d i -
m i d o s p o r C r i s t o . E n c a m b i o , B r u n o a p e l a a l a acomodación d i v i n a
e n u n s e n t i d o d i f e r e n t e , más r a d i c a l y c l a r a m e n t e h e t e r o d o x o , p u e s t o
q u e p a r a él l a s S a g r a d a s E s c r i t u r a s ( d a d a s a l o s h o m b r e s p o r l o s
«dioses», p o r «el d i v i n o legislador», e s t o e s , p o r u n a i n s t a n c i a q u e n o
es l a d i v i n i d a d s u p r e m a , q u e p a r a B r u n o e s a b s o l u t a y t o t a l m e n t e
s e p a r a d a ) n o a p e l a n a t o d o s l o s h o m b r e s , s i n o «al c o n j u n t o d e l v u l -
go», «a l a m u l t i t u d , q u e e s p a r a q u i e n s e e s t a b l e c e n l a s leyes», d e j a n -
d o e n l i b e r t a d «a l o s s a b i o s , a espíritus n o b l e s y a q u i e n e s s o n v e r d a -
d e r a m e n t e h o m b r e s , los cuales hacen l o q u e c o n v i e n e sin necesidad
d e leyes» p a r a e l d e s c u b r i m i e n t o d e l auténtico f u n c i o n a m i e n t o d e l a
n a t u r a l e z a y p a r a l a unión c o n D i o s a través d e d i c h o c o n o c i m i e n t o
( q u e c o n s t i t u y e , p o r t a n t o , u n a salvación p o r l a vía d e l a filosofía). E n
s u m a , B r u n o i n s e r t a l a teoría d e l a acomodación d i v i n a e n e l m a r c o
d e u n a concepción d e l a religión c o m o «ley», d e a c u e r d o c o n l a t r a -
dición d e l a filosofía g r i e g a y d e l a filosofía islámica, p a r a l a c u a l l a
religión e s e l c o m p o n e n t e c e n t r a l d e l a legislación i n t r o d u c i d a p o r e l
l e g i s l a d o r - p r o f e t a e n s u o b r a d e construcción d e u n a c o m u n i d a d
política. E n e s t e s e n t i d o , l a religión ( t o d a religión y p o r t a n t o t a m -
bién l a c r i s t i a n a ) e s «ley y f o r m a d e vida», e s d e c i r , n o r m a s e x t e r n a s

conoce su identidad y se refiere a él como «asno ignorante y presuntuoso»— había

negado a la obra de Copérnico dimensión física y reducido la tesis del movimiento
de la T i e r r a a mera hipótesis de cálculo.
XLVI Estudio introductorio

de c o m p o r t a m i e n t o por cuyo respeto y obediencia el v u l g o adquiere

l a v i r t u d c i v i l y política. C o m o s e a t r e v e a p r o n u n c i a r B r u n o , c o n
p a l a b r a s q u e e v o c a n a l a v e z a A v e r r o e s y a M a q u i a v e l o , «el f i n d e
las leyes n o es t a n t o b u s c a r l a v e r d a d d e las cosas y d e las e s p e c u l a -
c i o n e s c o m o la b o n d a d d e las c o s t u m b r e s , el p r o v e c h o d e l a c i v i l i z a -
ción, l a c o n c o r d i a e n l o s p u e b l o s y l a c o n d u c t a c o n v i s t a s a l b i e n e s t a r
de l a c o n v i v e n c i a h u m a n a , el m a n t e n i m i e n t o d e l a paz y e l p r o g r e -
s o d e l o s Estados». 3,1

S i n e m b a r g o , La cena i b a m u c h o más allá, p u e s t o q u e c o m e n z a b a

a exponer el original desarrollo bruniano del copernicanismo e n la
dirección d e u n u n i v e r s o i n f i n i t o y homogéneo, c o n s i s t e n t e e n l a r e -
petición i n f i n i t a d e s i s t e m a s s o l a r e s o p l a n e t a r i o s a p a r t i r d e l a i n t e r -
pretación d e l S o l c o m o u n a e s t r e l l a o d e l a s e s t r e l l a s c o m o s o l e s s i m i -
l a r e s a l n u e s t r o , y d e l a afirmación d e q u e , a l i g u a l q u e e l n u e s t r o ,
también l o s r e s t a n t e s s o l e s - e s t r e l l a s están c i r c u n d a d o s p o r u n número
m a y o r o m e n o r d e p l a n e t a s . La cena de las cenizas c o m p l e t a b a e s t a
p r o f u n d a renovación cosmológica c o n l a t e s i s d e q u e t o d o s l o s c u e r -
p o s c e l e s t e s están i n m e r s o s e n u n m e d i o f l u i d o ( a i r e p u r o o éter,
p u e s t o q u e l a noción aristotélica d e e s f e r a s sólidas p o r t a d o r a s d e l o s
p l a n e t a s e r a u n a «locura» y «fantasía») p o r e l q u e s e m u e v e n i m p u l -
s a d o s p o r s u p r o p i a a l m a i n t e l i g e n t e . L a presentación d e e s t e d e s a r r o l l o
i n f i n i t i s t a d e l c o p e r n i c a n i s m o se d a a l o l a r g o d e t o d a l a o b r a , y e n
este s e n t i d o reviste u n a i m p o r t a n c i a f u n d a m e n t a l el pasaje d e l p r i m e r
diálogo c o n o c i d o c o m o «Elogio d e l Nolano», e n e l q u e B r u n o h a c e
u n e l o g i o d e sí m i s m o ( c o n s u p o r t a v o z Teófilo c o m o p e r s o n a i n t e r -
p u e s t a ) c o m o r e s t a u r a d o r d e l a v e r d a d cosmológica e i n c l u s o m o r a l -
religiosa:

E l N o l a n o [...] h a l i b e r a d o e l ánimo h u m a n o y e l c o n o c i m i e n t o q u e e s t a b a
e n c e r r a d o e n l a estrechísima cárcel d e l a i r e t u r b u l e n t o , d o n d e a p e n a s ,
c o m o p o r c i e r t o s a g u j e r o s , podía m i r a r las lejanísimas e s t r e l l a s y le habían
s i d o c o r t a d a s las a l a s a fin d e q u e n o v o l a r a a a b r i r e l v e l o d e estas n u b e s
y v e r l o q u e v e r d a d e r a m e n t e se e n c o n t r a b a allá a r r i b a , liberándose d e las
q u i m e r a s i n t r o d u c i d a s por aquellos q u e (salidos del fango y cavernas d e
l a T i e r r a , p e r o presentándose c o m o M e r c u r i o s y A p o l o s b a j a d o s d e l c i e l o )
con m u l t i f o r m e i m p o s t u r a h a n llenado el m u n d o e n t e r o de i n f i n i t a s l o c u -
ras, b e s t i a l i d a d e s y v i c i o s c o m o si f u e r a n o t r a s t a n t a s v i r t u d e s \ d i v i n i d a d e s

Sobre este importante aspecto remitimos al lector a nuestros trabajos: M. Á .

3 4

Granada, 2002, caps. 3.2,4 y 6, y M . Á . Granada, 2005, «Introducción».

 G i o r d a n o B r u n o , elfilósofo d e l infinito XLVI

y d i s c i p l i n a s , a p a g a n d o a q u e l l a l u z q u e hacía d i v i n o s y h e r o i c o s los áni-

m o s d e n u e s t r o s p a d r e s , a p r o b a n d o y c o n f i r m a n d o las t i n i e b l a s c a l i g i n o -
sas d e sofistas y asnos. [...] h a s u r c a d o el a i r e , p e n e t r a d o el c i e l o , r e c o r r i d o
las e s t r e l l a s , a t r a v e s a d o los márgenes d e l m u n d o , d i s i p a d o las i m a g i n a r i a s
m u r a l l a s d e las p r i m e r a s , o c t a v a s , n o v e n a s , décimas y o t r a s esferas q u e
h u b i e r a n p o d i d o añadirse p o r relación d e v a n o s matemáticos y p o r l a
ciega visión d e los filósofos v u l g a r e s . Así, a la v i s t a d e t o d o s los s e n t i d o s y
de la razón, a b i e r t o s c o n la l l a v e d e u n a diligentísima investigación a q u e l l o s
c l a u s t r o s d e l a v e r d a d q u e n o s o t r o s p o d e m o s a b r i r , d e s n u d a d a la v e l a d a y
e n c u b i e r t a n a t u r a l e z a , h a d a d o o j o s a los t o p o s , i l u m i n a d o a los ciegos q u e
n o podían fijar los o j o s y m i r a r s u i m a g e n e n t a n t o s espejos q u e p o r t o d a s
p a r t e s se les e n f r e n t a n ; h a s o l t a d o la l e n g u a a los m u d o s q u e n o sabían y n o
se atrevían a e x p l i c a r sus i n t r i n c a d o s s e n t i m i e n t o s ; h a r e s t a b l e c i d o a los
c o j o s , incapaces de h a c e r c o n el espíritu ese p r o g r e s o q u e n o p u e d e hacer el
c o m p u e s t o i n n o b l e y disoluble [...]. 35

También a l o l a r g o d e l a d e f e n s a d e l m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a e n l o s
diálogos t e r c e r o y c u a r t o a p a r e c e n p u n t u a l m e n t e e x p o s i c i o n e s s u m a -
r i a s d e l a cosmología i n f i n i t i s t a b r u n i a n a . P e r o e s e n e l diálogo q u i n -
t o d o n d e B r u n o a c o m e t e u n p r i m e r i n t e n t o d e presentación d e s u s
p r o p i a s c o n c e p c i o n e s a p a r t i r d e l a petición d e u n p e r s o n a j e e n l a
conclusión d e l diálogo c u a r t o :

¡Ea, y a h e m o s c o n v e r s a d o b a s t a n t e p o r h o y ! P o r f a v o r , Teófilo, v o l v e d
mañana, q u e q u i e r o e s c u c h a r algún o t r o p u n t o acerca d e la d o c t r i n a d e l
N o l a n o , y a q u e la d e Copérnico, a u n q u e cómoda p a r a los cálculos, n o es,
s i n e m b a r g o , s e g u r a y e x p e d i t a e n l o q u e se r e f i e r e a las r a z o n e s n a t u r a l e s ,
q u e s o n las p r i n c i p a l e s .

De la causa, el principio y el uno

E l diálogo De la causa, principio et uno p r e s e n t a l o s f u n d a m e n t o s m e -
tafísicos d e l a cosmología i n f i n i t i s t a : l a «unidad» d e l a s u s t a n c i a «in-
finita» y e l carácter d e l o s i n d i v i d u o s p a r t i c u l a r e s d e a c c i d e n t e s
o m o d o s d e l a s u s t a n c i a única s o m e t i d o s a u n p r o c e s o i n c e s a n t e d e
«mutación» y «alternancia vicisitudinal» e n e l q u e e l «ser» p e r m a n e c e
c o n s t a n t e , p u e s t o q u e «ninguna mutación b u s c a o t r o s e r , s i n o o t r o
m o d o d e ser», c o m o s e d i c e e n e l diálogo q u i n t o d e e s t a o b r a . E s t a

Para una explicitación del sentido y dimensión últimas de este manifiesto y

3 5

proclamación filosófica, cf. M . A . Granada, 2005, cap. 111.

XLVIII Estudio introductorio

d o c t r i n a permitía a B r u n o r e f u t a r c o m o ilusión i n f a n t i l e l m i e d o a l a
m u e r t e q u e — a p a r t i r d e l a errónea concepción aristotélica d e l a s u s -
t a n c i a c o m o e l c o m p u e s t o hilemórfico i n d i v i d u a l , s u j e t o d e generación
y corrupción— había s e r v i d o d e b a s e a l e r r o r c r i s t i a n o , a l t r i u n f o h i s -
tórico d e l a f e e n C r i s t o c o m o única vía y garantía d e l t r i u n f o s o b r e l a
m u e r t e . F r e n t e a e l l o l a filosofía, decía B r u n o refiriéndose a Pitágoras,
«no t e m e a l a m u e r t e , s i n o q u e e s p e r a l a mutación» (diálogo q u i n t o ) .
E n De la causa hacía también c o n v e r g e r l o s g r a d o s d e l s e r o hipós-
t a s i s ontológicas ( D i o s , i n t e l i g e n c i a , a l m a , c u e r p o , m a t e r i a ) e n u n a
única r e a l i d a d ontológica homogénea y u n i f o r m e : l a i n f i n i t a n a t u r a -
leza a n i m a d a c o m o efecto necesario d e l a infinita potencia activa d i -
v i n a q u e e n e l l a ex-plica ( i n m a n e n c i a d i v i n a a l u n i v e r s o i n f i n i t o ) l o
q u e e n e l l a m i s m a está com-plicado ( t r a s c e n d e n c i a o p r i o r i d a d c o n -
ceptual d e l a d i v i n i d a d c o m o causa). E l u n i v e r s o i n f i n i t o era, e n
s u m a , l a composición o conjunción d e m a t e r i a y f o r m a o a l m a , l o s d o s
principios opuestos pero coextensivos (no hay, por tanto, m a t e r i a ina-
n i m a d a n i formas o almas separadas d ela materia) que coinciden en
e l U n o i n f i n i t o c o m o u n i d a d i n d i f e r e n c i a d a ( e s u n a manifestación
más d e l a coincidentia oppositorum o «coincidencia d e l o s opuestos» e n
la d i v i n i d a d , u n i m p o r t a n t e concepto q u e B r u n o t o m a d i r e c t a m e n t e
d e Nicolás d e C u s a ) . D e e s t e m o d o e l u n i v e r s o i n f i n i t o devenía e l
v e r d a d e r o «retrato» y «simulacro» d e D i o s , l a producción «unigéni-
ta» q u e r e c u p e r a b a s u carácter d e auténtico y único V e r b o d i v i n o , a
través d e c u y a contemplación o c o n o c i m i e n t o e l filósofo a c c e d e a l a
unión c o n l a d i v i n i d a d .
E s t e diálogo e s e l q u e p r e s e n t a u n a e s t r u c t u r a y u n a disposición
más sistemáticas d e t o d a l a s e r i e . C o m o s e h a d i c h o , l a exposición d e
l a metafísica s u b y a c e n t e a l u n i v e r s o i n f i n i t o c o m i e n z a p r o p i a m e n t e
e n e l diálogo s e g u n d o , y a q u e e l p r i m e r o — r e d a c t a d o c o n p o s t e r i o r i -
d a d a l o s d e m á s — está d e d i c a d o a d e f e n d e r La cena d e l o s a t a q u e s d e
q u e había s i d o o b j e t o . E l diálogo s e g u n d o c o m i e n z a c o n u n a s páginas
e n l a s q u e B r u n o , d e s d e u n a s p o s i c i o n e s e n a p a r i e n c i a teísticas, d i s t i n -
g u e e n t r e filosofía ( c o m o c o n o c i m i e n t o d e l a n a t u r a l e z a a p a r t i r d e l a s
f a c u l t a d e s n a t u r a l e s d e l h o m b r e ) y teología ( c o n o c i m i e n t o d e l a d i v i -
n i d a d a p a r t i r d e l a revelación d e q u e e l l a m i s m a h a b e n e f i c i a d o a l
h o m b r e ) . Según e s t o , e l c o n o c i m i e n t o d e l a d i v i n i d a d estaría v e d a d o
a l a filosofía, t a n t o más c u a n t o q u e (se d i c e ) l a n a t u r a l e z a e s e l p r o -
d u c t o d e l a l i b r e v o l u n t a d d i v i n a y además e s i n f i n i t a , p e aquí s e
d e d u c e , además, l a i n f e r i o r i d a d d e l a filosofía c o n r e s p e c t o a l a t e o l o -
gía ( r e v e l a d a ) e n t a n t o q u e sólo ésta a c c e d e a l c o n o c i m i e n t o d e l a d i -
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito XLIX

v i n i d a d . E l p o r t a v o z d e B r u n o (Teófilo) p a r e c e a f i r m a r l a a u s e n c i a
d e u n c o n o c i m i e n t o d e l a d i v i n i d a d e n l a filosofía o c i e n c i a :

[...] p u e s t o q u e n o v e m o s p e r f e c t a m e n t e este u n i v e r s o c u y a s u s t a n c i a y l o
p r i n c i p a l es t a n difícil d e c o m p r e n d e r , r e s u l t a q u e c o n o c e m o s e l p r i m e r
p r i n c i p i o y l a p r i m e r a c a u s a p o r s u efecto c o n m u c h a m e n o r razón d e l a
q u e p o d e m o s c o n o c e r a A p e l e s p o r m e d i o d e las e s t a t u a s a las q u e h a d a d o
f o r m a , y a q u e a éstas las p o d e m o s ver t o d a s y e x a m i n a r l a s p a r t e p o r p a r t e ,
p e r o n o y a el g r a n d e e i n f i n i t o efecto d e la p o t e n c i a d i v i n a . [...] H a r e m o s
b i e n , p o r l o t a n t o , si n o s a b s t e n e m o s d e h a b l a r de u n o b j e t o t a n e l e v a d o .

Y s i n e m b a r g o , e n u n a inversión s o r p r e n d e n t e d e l p l a n t e a m i e n t o ,
b a s a d a e n l a adopción d e u n a concepción i n m a n e n t i s t a d e l a relación
d e l a d i v i n i d a d c o n e l u n i v e r s o e n t a n t o q u e l a producción a l a v e z
necesaria y l i b r e d e la i n f i n i t a p o t e n c i a d i v i n a q u e e n ella se a c t u a l i z a
t o t a l m e n t e , B r u n o a f i r m a , a través s i e m p r e d e s u p o r t a v o z Teófilo,
q u e l a filosofía a d q u i e r e u n c o n o c i m i e n t o d e l a d i v i n i d a d e n e s e
r e t r a t o s u y o q u e es l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a , d e l o c u a l r e s u l t a q u e l a
filosofía es e l s u p r e m o c o n o c i m i e n t o h u m a n o :

[...] dignísimos d e a l a b a n z a s o n a q u e l l o s q u e se e s f u e r z a n p o r c o n o c e r ese

p r i n c i p i o y c a u s a , p o r a p r e h e n d e r s u g r a n d e z a e n la m e d i d a d e l o p o s i b l e ,
r e f l e x i o n a n d o c o n los o j o s d e p e r c e p c i o n e s r e g u l a d a s acerca d e estos m a g -
níficos a s t r o s y c u e r p o s l u m i n o s o s q u e s o n o t r o s t a n t o s m u n d o s h a b i t a d o s ,
g r a n d e s a n i m a l e s y excelentísimos númenes, los c u a l e s p a r e c e n y s o n i n -
n u m e r a b l e s m u n d o s n o m u y d i f e r e n t e s d e éste q u e n o s c o n t i e n e . E s t o s
m u n d o s , s i e n d o i m p o s i b l e q u e t e n g a n el ser p o r sí m i s m o s , d a d o q u e s o n
c o m p u e s t o s y d i s o l u b l e s ( a u n q u e n o p o r e l l o m e r e z c a n ser d i s u e l t o s , c o m o
está m u y b i e n d i c h o e n e l T i m e o ) , es n e c e s a r i o q u e c o n o z c a n p r i n c i p i o y
c a u s a . Y p o r c o n s i g u i e n t e , c o n l a g r a n d e z a d e s u ser, d e s u v i d a y d e s u
m o d o d e o p e r a r , m u e s t r a n y p r e g o n a n e n u n e s p a c i o i n f i n i t o , c o n voces
i n n u m e r a b l e s , l a i n f i n i t a excelencia y majestad d e su p r i m e r p r i n c i p i o y
c a u s a . D e j a n d o p o r t a n t o , c o m o vos decís, a q u e l l a consideración [de l a
d i v i n i d a d e n sí m i s m a , s e p a r a d a o a b s o l u t a ] e n t a n t o q u e es s u p e r i o r a
t o d o s e n t i d o e i n t e l e c t o , c e n t r a m o s n u e s t r a consideración e n e l p r i n c i p i o y
l a c a u s a e n t a n t o q u e , a l m o d o d e v e s t i g i o , o b i e n es l a n a t u r a l e z a m i s m a
o b i e n r e l u c e e n el ámbito y s e n o d e la m i s m a .

A continuación, B r u n o p r e s e n t a e l c o n o c i m i e n t o filosófico d e l a d i v i -
n i d a d e n t a n t o que p r i n c i p i o y causa d e l a n a t u r a l e z a infinita. E l
L Estudio introductorio

N o l a n o t o m a l a distinción e n t r e c a u s a y p r i n c i p i o d e l a escolástica
aristotélica contemporánea, q u e d e n o m i n a b a «causa» a l a s c a u s a s e f i -
c i e n t e y final ( e n t a n t o q u e e x t e r n a s a s u e f e c t o ) y «principio» a l a s
causas m a t e r i a l y f o r m a l (en t a n t o q u e i n t e r n a s o i n m a n e n t e s al efecto):

[...] p r i n c i p i o es a q u e l l o q u e c o n c u r r e intrínsecamente a la constitución d e

la cosa y p e r m a n e c e e n e l e f e c t o , c o m o suele d e c i r s e de la m a t e r i a y d e la
f o r m a , las c u a l e s p e r m a n e c e n e n e l c o m p u e s t o , o b i e n d e los e l e m e n t o s d e
q u e l a cosa se c o m p o n e y e n los c u a l e s se d i s u e l v e . L l a m a s , e n c a m b i o
[ h a b l a e l i n t e r l o c u t o r d e l p o r t a v o z d e B r u n o , t r a t a n d o d e e x p r e s a r la c o n -
cepción d e l filósofo], c a u s a a l o q u e c o n c u r r e d e s d e f u e r a a la producción
d e las cosas y t i e n e el ser f u e r a d e l c o m p u e s t o , c o m o es e l caso d e l e f i c i e n -
te y d e l fin a l q u e se o r d e n a la cosa p r o d u c i d a .

Así, e l r e s t o d e l diálogo s e g u n d o s e c o n c e n t r a e n l a exposición d e

l a concepción b r u n i a n a d e l a s c a u s a s e f i c i e n t e y final d e l u n i v e r s o .
P o r l o q u e s e r e f i e r e a l a p r i m e r a , «afirmo — d i c e B r u n o — q u e e l
e f i c i e n t e físico u n i v e r s a l e s e l i n t e l e c t o u n i v e r s a l , e l c u a l e s l a p r i -
m e r a y p r i n c i p a l f a c u l t a d d e l a l m a d e l m u n d o , q u e a s u v e z es s u
f o r m a universal». D e e s t a m a n e r a , e l e f i c i e n t e d e l u n i v e r s o e s u n a
inteligencia d i v i n a y e x t e r n a a su efecto en lam e d i d a en que desig-
n a l a c a u s a d i v i n a última, p e r o e n t a n t o q u e «facultad d e l a l m a d e l
mundo» q u e s e i d e n t i f i c a c o n «su f o r m a universal» ( c o n e l p r i n c i -
pio f o r m a l ) resulta ser i n m a n e n t e a l universo infinito. Causa efi-
ciente y causa o p r i n c i p i o f o r m a l c o i n c i d e n , y d e esta m a n e r a u n i -
v e r s o y D i o s c o m i e n z a n a c o n v e r g e r . S o b r e l a c a u s a final B r u n o
afirma:

E l o b j e t i v o y la c a u s a final q u e se p r o p o n e el e f i c i e n t e es la perfección d e l
u n i v e r s o , la c u a l c o n s i s t e e n q u e t o d a s las f o r m a s t e n g a n e x i s t e n c i a a c t u a l
e n d i f e r e n t e s p a r t e s d e l a m a t e r i a , e n c u y o fin e l i n t e l e c t o se c o m p l a c e y
d e l e i t a t a n t o q u e jamás se c a n s a d e s u s c i t a r t o d a clase d e f o r m a s a p a r t i r
d e la m a t e r i a .

R e s u l t a , p o r c o n s i g u i e n t e , q u e l a c a u s a final n o e s t r a s c e n d e n t e y
s e p a r a d a c o n respecto a l u n i v e r s o , o b i e n es D i o s m i s m o e n l a m e -
d i d a e n q u e e l u n i v e r s o e s s u p r o p i a autoproducción o expresión. Y
p o r e s t o e l u n i v e r s o e s i n f i n i t o e n t a n t o q u e actualización d e t o d o l o
p o s i b l e , d e t o d o l o com-plicado e n l a d i v i n i d a d y que s e ex-plica e n
el u n i v e r s o e n e l p l a n o e x t e n s i v o (espacial y t e m p o r a l ) d e l i n f i n i t o ,
 G i o r d a n o B r u n o , elfilósofo d e l infinito LI

p e r o también e n e l p l a n o i n t e n s i v o , d e l a actualización d e t o d a s l a s
f o r m a s e n c a d a u n a d e las p a r t e s d e l a m a t e r i a e n l a m e d i d a e n q u e
ello es posible.
L o s diálogos t e r c e r o y c u a r t o s e c o n c e n t r a n e n l a exposición d e
la m a t e r i a c o m o p r i n c i p i o d e l u n i v e r s o i n f i n i t o c o e x t e n s i v o a l a
f o r m a , e s t o e s , a l a l m a u n i v e r s a l d e l a q u e s e h a h a b l a d o e n e l diá-
l o g o s e g u n d o . H a y , p o r t a n t o , u n d e s e q u i l i b r i o e n l a extensión
c o n c e d i d a a l t r a t a m i e n t o d e l o s d o s p r i n c i p i o s . B r u n o — y éste e s
u n o d e l o s p u n t o s s o b r e s a l i e n t e s y más o r i g i n a l e s d e e s t e diálogo—
l l e v a a c a b o u n a auténtica reivindicación d e l a m a t e r i a . L e j o s d e s e r
unprope nihil («casi nada»), c o m o sostenía l a tradición platónica y
espiritualista, e l principio del m a l opuesto a s ucontrario e lbien, la
m a t e r i a e s , según B r u n o , p r i n c i p i o c o e x t e n s i v o a l a l m a , u n a «poten-
c i a pasiva» o p o t e n c i a d e s e r h e c h o q u e d e b e s e r n e c e s a r i a m e n t e t a n
i n f i n i t a c o m o l a «potencia activa» o p o t e n c i a d e h a c e r d e l a l m a ( d e
l a d i v i n i d a d e n s u acción i n m a n e n t e a l u n i v e r s o ) . E s más, c o i n c i -
d i e n d o c o n e l C u s a n o , p e r o r a d i c a l i z a n d o s u concepción e n l a d i r e c -
ción d e l a identificación d e D i o s c o n e l u n i v e r s o i n f i n i t o , D i o s n o e s
sólo A c t o p u r o , I n t e l i g e n c i a s e p a r a d a d e l a m a t e r i a , s i n o l a u n i d a d
indiferenciada d e potencia activa (Acto, Inteligencia) y potencia
pasiva ( M a t e r i a ) . E n e l m i s m o sentido, para B r u n o el u n i v e r s o i n f i -
n i t o es l a u n i d a d d e p o t e n c i a y a c t o , o sea, es t o d o l o q u e p u e d e ser,
p o r t a n t o , es i n f i n i t o , a u n q u e h a y a u n a d i f e r e n c i a c o n r e s p e c t o a l
principio divino:

Por tanto, toda potencia y acto, que en el principio están como complica-
dos, unidos y son u n o , en las demás cosas están explicados, dispersos y
multiplicados. E l universo, que es el g r a n simulacro, la g r a n imagen y la
unigénita naturaleza, es él también todo lo que puede ser, en el plano de
las especies m i s m a s y miembros principales y por contener toda la materia
(a la cual no se añade y de la cual no se quita nada) así como la forma toda
y única. S i n embargo, no es ya todo lo que puede ser en el plano de las
diferencias, modos, propiedades e individuos m i s m o s ; por eso no es más
que u n a sombra del p r i m e r acto y p r i m e r a potencia y por tanto en él la
potencia y el acto no son absolutamente la m i s m a cosa, ya que n i n g u n a
parte suya es todo lo que puede ser. A d e m á s de por ese modo específico
que hemos dicho, el universo es todo lo que puede ser según u n m o d o
explicado, disperso, diferenciado; su principio lo es unitaria e indiferente-
mente, porque todo es todo y lo m i s m o simplicísimamente, sin diferencia
y distinción.
LII Estudio introductorio

E s t a reivindicación d e l a m a t e r i a c u l m i n a e n e l diálogo c u a r t o , d o n d e
se m u e s t r a q u e , l e j o s d e a p e t e c e r l a s f o r m a s extrañas y a j e n a s a e l l a ,
l a m a t e r i a c o n t i e n e t o d a s l a s f o r m a s («la m a t e r i a s a c a l a s f o r m a s
c o m o d e s u p r o p i o i n t e r i o r y n o l a s r e c i b e p o r así d e c i r d e fuera»), e s t o
es, e l a l m a o p r i n c i p i o f o r m a l y e l i n t e l e c t o u n i v e r s a l ( c a u s a e f i c i e n t e )
s o n c o e x t e n s o s e i n t e r n o s a l a m a t e r i a . L e j o s d e s e r «casi nada», l a
m a t e r i a e s «cosa d i v i n a , óptima p r o g e n i t u r a , e n g e n d r a d o r a y m a d r e
d e l a s c o s a s naturales». B r u n o n o c a e , s i n e m b a r g o , e n e l e r r o r d e
r e d u c i r a l m a e i n t e l e c t o a l a m a t e r i a c o m o p r i n c i p i o único, s i n o q u e
m a t e r i a y f o r m a c o i n c i d e n e n el u n o , e n e l q u e v i e n e n a ser i n d i f e r e n -
tes y d o n d e n i n g u n o d e e l l o s s o f o c a al o t r o .
F i n a l m e n t e , e l diálogo q u i n t o c u l m i n a l a d o c t r i n a metafísica c o n
u n h i m n o a l a u n i d a d e n e l q u e l a filosofía a d q u i e r e u n a t o n a l i d a d
r e l i g i o s a : «el u n i v e r s o e s u n o , i n f i n i t o , inmóvil». E l u n i v e r s o , c o m o
s u s t a n c i a u n a e i n f i n i t a , e s inmóvil, e s t o es, l a mutación s e d a e n l o s
m o d o s o i n d i v i d u o s finitos q u e l o c o m p o n e n , p e r m a n e c i e n d o él ( l a
s u s t a n c i a única) i n m u t a b l e :

M e diréis: ¿por qué, e n t o n c e s , las cosas c a m b i a n , la m a t e r i a p a r t i c u l a r se

e s f u e r z a p o r a l c a n z a r o t r a s f o r m a s ? O s r e s p o n d o q u e n i n g u n a mutación
b u s c a o t r o ser, s i n o o t r o m o d o d e ser. Y aquí está l a d i f e r e n c i a e n t r e e l
u n i v e r s o y las cosas d e l u n i v e r s o : p o r q u e aquél c o m p r e n d e t o d o e l ser y
t o d o s los m o d o s d e ser; c a d a u n a d e éstas t i e n e t o d o el ser, p e r o n o t o d o s
los m o d o s d e ser. Y n o p u e d e t e n e r e n a c t o t o d a s las c i r c u n s t a n c i a s y ac-
cidentes, p o r q u e m u c h a s f o r m a s son incompatibles en u n m i s m o sujeto,
y a sea p o r q u e s o n c o n t r a r i a s o p o r q u e p e r t e n e c e n a especies d i s t i n t a s ; así
n o p u e d e d a r s e u n m i s m o s u j e t o i n d i v i d u a l b a j o los a c c i d e n t e s d e c a b a l l o
y d e h o m b r e , b a j o las d i m e n s i o n e s d e u n a p l a n t a y d e u n a n i m a l . Además,
e l u n i v e r s o c o m p r e n d e t o d o el ser t o t a l m e n t e , p o r q u e f u e r a y más allá d e l
ser i n f i n i t o n o e x i s t e n a d a , y a q u e n o e x i s t e f u e r a n i más allá; e n c a m b i o ,
c a d a u n a d e las cosas d e l u n i v e r s o c o m p r e n d e t o d o e l ser, p e r o n o t o t a l -
m e n t e , p o r q u e más allá d e c a d a u n a e x i s t e n i n f i n i t a s o t r a s . E n t e n d e d ,
p u e s , q u e t o d o está e n t o d o , p e r o n o t o t a l m e n t e y omnímodamente e n
c a d a cosa. E n t e n d e d , p u e s , q u e c a d a cosa es u n a , p e r o n o d e u n s o l o
m o d o . P o r eso n o m i e n t e q u i e n d i c e q u e u n o es e l e n t e , l a s u s t a n c i a y l a
e s e n c i a , e l c u a l — c o m o i n f i n i t o e i l i m i t a d o , t a n t o según l a s u s t a n c i a
c o m o según l a duración, l a m a g n i t u d y e l p o d e r — n o t i e n e carácter d e
principio n i de principiado, porque c o n c u r r i e n d o todo en u n i d a d e iden-
t i d a d — q u i e r o decir, e n u n m i s m o s e r — viene a tener u n valor absoluto
y n o r e l a t i v o . { C a u s a , v.) \
 G i o r d a n o B r u n o , elfilósofo d e l infinito LUÍ

Del infinito: el universo y los mundos

E n e l diálogo De ¡'infinito, universo e mondi B r u n o v u e l v e a l a p r o b l e -
mática cosmológica y física y a a b o r d a d a e n La cena. E l N o l a n o p r e -
t e n d e e f e c t u a r u n a presentación más sistemática d e l o s p u n t o s s o b r e -
s a l i e n t e s d e s u cosmología, más allá d e l a exposición q u e había
a d e l a n t a d o e n e l p r i m e r diálogo, c u a n d o s e había d e c i d i d o a e x p l i c i -
t a r s u p r o p i o d e s a r r o l l o d e l a cosmología c o p e r n i c a n a . Y B r u n o r e a -
l i z a d i c h o o b j e t i v o e n d i r e c t a oposición a Aristóteles, p u e s s i él e s l a
restauración d e l «sol d e l a a n t i g u a filosofía verdadera» t r a s l a a u r o r a
c o p e r n i c a n a , l o e s p o r q u e Aristóteles «ha p e r v e r t i d o t o d a l a filosofía
natural» (diálogo s e g u n d o ) . L a oposición a Aristóteles, c o m o p r o f e t a
d e l período d e t i n i e b l a s a l q u e B r u n o p o n e fin c o n s u restauración d e l
u n i v e r s o i n f i n i t o y homogéneo, s e m a n i f i e s t a y a e n e l título d e l a o b r a .
E n e f e c t o , Del infinito: el universo y los mundos e s l a réplica a l a o b r a c o s -
mológica d e Aristóteles De cáelo et mundo {Del universo y el mundo)
y c o n e l título d e s u o b r a B r u n o p r e t e n d e m o s t r a r s u a n t a g o n i s t a y
al m i s m o t i e m p o explicitar e l p u n t o f u n d a m e n t a l e n t o r n o a l cual
g i r a l a d i s p u t a y d e c u y a c o r r e c t a o i n c o r r e c t a solución d e p e n d e l a
s u e r t e histórica d e l a filosofía e i n c l u s o d e l a h u m a n i d a d : e l «infini-
to». E l título d e l a o b r a d e Aristóteles e x p r e s a sólo implícitamente l a
r e f e r e n c i a a l p r o b l e m a y l a solución finitista ( e n l a u n i c i d a d d e l m u n -
d o , c u y a n e c e s a r i a finitud p r e t e n d e h a b e r d e m o s t r a d o Aristóteles e n
l o s p r i m e r o s capítulos d e s u o b r a ) , m i e n t r a s q u e B r u n o d e c i d e h a c e r
explícito e l p r o b l e m a básico y e l e n f r e n t a m i e n t o c o n Aristóteles t i t u -
l a n d o s u o b r a Del infinito y añadiendo l a distinción c o n c e p t u a l e n t r e
«universo» ( i n f i n i t o ) y «mundos» ( e n p l u r a l ) i n f i n i t o s a s u v e z e n
número f r e n t e a l a s i n g u l a r i d a d aristotélica y l a errónea i d e n t i f i c a -
ción d e u n i v e r s o y m u n d o .
L a s c i t a s c o n s t a n t e s d e Acerca del cielo m u e s t r a n q u e l a polémica
antiaristotélica d e B r u n o s e d i r i g e f u n d a m e n t a l m e n t e c o n t r a e s t a
obra. P o r o t r a parte, la e s t r u c t u r a m i s m a d e l a o b r a d e B r u n o lo m a -
n i f i e s t a c l a r a m e n t e : l a p r i m e r a p a r t e , f o r m a d a p o r l o s diálogos p r i -
m e r o y s e g u n d o , e s t a b l e c e l a p o s i b i l i d a d y l a n e c e s i d a d d e l «universo
infinito» (diálogo p r i m e r o ) p a r a r e f u t a r a continuación (diálogo s e -

Se trata del tratado acerca d e l c i e l o . Esta obra era citada frecuentemente en la

3 6

tradición latina, a la que Bruno se refiere como D e cáelo et m u n d o por dos razones:
a) para resolver la ambigüedad del létmmocaelum (ouranós en griego), que significa
tanto «cielo» como «mundo o universo», y b ) porque frecuentemente el D e cáelo iba
seguido del tratado (entonces considerado auténtico de Aristóteles y hoy tenido ma-
yoritariamente por apócrifo) D e m u n d o et A l e x a n d r u m ( P e r i Kósmon).
LIV Estudio introductorio

g u n d o ) l o s a r g u m e n t o s a d u c i d o s e n c o n t r a p o r Aristóteles (Acerca del

cielo, i , 5 - 7 ) ; l a s e g u n d a p a r t e (diálogos t e r c e r o y c u a r t o ) m u e s t r a l a
c o n v e n i e n c i a y l a n e c e s i d a d d e l o s i n f i n i t o s «mundos» (diálogo t e r c e -
r o ) y r e f u t a (diálogo c u a r t o ) l o s a r g u m e n t o s e n c o n t r a d e l filósofo
g r i e g o (Acerca del cielo, 1, 8 - 9 ) . F i n a l m e n t e , e l diálogo q u i n t o r e c a p i -
t u l a t o d a l a discusión a n t e r i o r e n l a f o r m a e s p e c u l a r d e u n a e x p o s i -
ción d e l o s a r g u m e n t o s aristotélicos e n Acerca del cielo a f a v o r d e l a
finitud del universo y d e l a unicidad del m u n d o , a l a cual sigue s u
disolución y p o r c o n s i g u i e n t e e l e s t a b l e c i m i e n t o d e l a i n f i n i t u d d e l
u n i v e r s o y d e l o s m u n d o s . L o n u e v o e n e s t e diálogo c o n c l u s i v o e s
e l énfasis e n l a v e r d a d d e l a filosofía b r u n i a n a d e l i n f i n i t o m e d i a n t e e l
e x p e d i e n t e retórico d e p r e s e n t a r s u adopción p o r p a r t e d e s u d e t r a c -
t o r i n i c i a l ( e l p e r s o n a j e A l b e r t i n o , u n aristotélico c o n g e n u i n a c a p a c i -
d a d filosófica y autonomía d e j u i c i o ) , q u e p o n e p u n t o final a l a o b r a
c o n u n a l o a e n t u s i a s t a d e B r u n o y l a exhortación a «perseverar e n l a
d i v i n a e m p r e s a y a l t o esfuerzo», e s t o e s , a c o n c l u i r «el e n t e r o e d i f i c i o
d e n u e s t r a filosofía» (diálogo q u i n t o , conclusión), o l o q u e e s l o m i s -
m o , a f o r m u l a r l a s c o n s e c u e n c i a s prácticas ( e n e l ámbito d e l a m o r a l ,
l a política, l a religión) d e l a cosmología i n f i n i t i s t a .
Del infinito, y e n g e n e r a l l a filosofía b r u n i a n a f u n d a d a e n e l c o n -
c e p t o d e i n f i n i t o , p o r t a a l m u n d o «nuevas» q u e s e p r e t e n d e n u n
e v a n g e l i o d e carácter antiaristotélico, a u n q u e h e m o s d e p r e c i s a r i n -
m e d i a t a m e n t e — p a r a e v i t a r t o d a confusión— q u e s e t r a t a e n t o d o
c a s o d e u n e v a n g e l i o d e carácter filosófico, d e s t i n a d o a p o n e r fin a l a
corrupción i n t r o d u c i d a p o r Aristóteles («no e s u n a e d a d d e o r o l o
q u e h a a p o r t a d o Aristóteles a l a filosofía»), p r e c i s a m e n t e p o r h a b e r
negado el infinito. P o d e m o s decir incluso que, e n l a m e d i d a en q u e
e l p e n s a m i e n t o d e Aristóteles d e s c a n s a e n l a e x p e r i e n c i a i n m e d i a t a
del s e n t i d o c o m o c r i t e r i o d e v e r d a d q u e establece la c e n t r a l i d a d yl a
i n m o v i l i d a d d e l a T i e r r a , c o n él «se a p a g a l a l u z [ d e l a d i v i n a i n t e -
ligencia]» y , p o r r a n t o , s e p o n e p u n t o final a l a filosofía c o m o e m -
presa intelectual, propia d e l o sh o m b r e s superiores, reemplazada
p o r u n a «filosofía vulgar» q u e r e c i b e l a adhesión d e l v u l g o p e r o e n
r e a l i d a d sólo e s filosofía d e n o m b r e . E l e v a n g e l i o b r u n i a n o r e i v i n -
d i c a l a filosofía e n e l s e n t i d o p r o p i o , c u y a restauración s e m a n i f i e s -
t a e n l a afirmación, p o r vía d e l a consideración i n t e l e c t u a l , d e l o s
dos principios del m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a y del u n i v e r s o infinito.
A e s t e r e s p e c t o h e m o s d e señalar a l l e c t o r l a i m p o r t a n c i a d e c i s i v a d e
l a demostración ( e n e l p r i m e r diálogo) d e l a i n f i n i t u d «necesaria»
d e l u n i v e r s o ( n o sólo e n e l p l a n o d e l e s p a c i o , q u e e s e l q u e B r u n o
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito LV

c i e r t a m e n t e c o n t e m p l a , s i n o también e n e l p l a n o t e m p o r a l : e l u n i -
v e r s o homogéneo e s e t e r n o y , p o r t a n t o , p o s e e u n a e s t r u c t u r a
e s t a b l e ) , demostración q u e p r o c e d e e n d o s p a s o s : a) a p a r t i r d e l a
3 7

p o t e n c i a p a s i v a d e l a m a t e r i a ( o d e l e s p a c i o homogéneo e i n d i f e r e n -
t e p a r a a c o g e r e n s u s e n o i n f i n i t o s m u n d o s s e m e j a n t e s a éste q u e está
p r e s e n t e e n e s t a región i n d i f e r e n t e d e l e s p a c i o ) , y b) a p a r t i r d e l a
p o t e n c i a activa ( i n f i n i t a ) del eficiente d i v i n o . E n este s e g u n d o paso,
B r u n o a r g u m e n t a , a p a r t i r d e l p r i n c i p i o platónico d e p l e n i t u d y d e
la necesaria coincidencia e n D i o s d e potencia, v o l u n t a d y p r o d u c -
ción, q u e s i D i o s e s i n f i n i t o y s u p o t e n c i a e s i n f i n i t a , también d e b e
s e r l o s u v o l u n t a d y s u producción, s o p e n a d e a t r i b u i r a D i o s u n a
«envidia» e n relación c o n s u p o s i b l e e f e c t o y c o n c e b i r u n a i m p o s i b l e
composición y m u t a b i l i d a d e n l a d i v i n i d a d . " 3

L a dimensión d e l a filosofía b r u n i a n a c o m o «evangelio» filosó-

fico se m u e s t r a c o n t o d a c l a r i d a d e n l a conclusión d e l a epístola
p r o e m i a l d e l p r e s e n t e diálogo, q u e c o n s t i t u y e u n r o t u n d o m a n i -
fiesto q u e r e i v i n d i c a l a filosofía c o m o c o n o c i m i e n t o s u p r e m o ,
perfección d e l h o m b r e e n l a q u e éste e n c u e n t r a l a máxima f e l i c i -
d a d q u e p u e d e a l c a n z a r , p u e s t o q u e a través d e l c o n o c i m i e n t o q u e
l a filosofía p r o c u r a d e l a n a t u r a l e z a y d e l a relación d e ésta c o n l a
d i v i n i d a d e l h o m b r e alcanza los p r i n c i p i o s d e u n c o m p o r t a m i e n t o
m o r a l v i r t u o s o , l a unión c o n D i o s q u e l e e s p o s i b l e n a t u r a l m e n t e
y , p o r t a n t o , e l v e r d a d e r o Paraíso. L o i n d i c a c o n t o d a c l a r i d a d e l
siguiente pasaje:

Ésta es la filosofía q u e a b r e los s e n t i d o s , c o n t e n t a e l espíritu, e x a l t a e l i n -

telecto y reconduce a l h o m b r e a l a verdadera b e a t i t u d que puede tener
c o m o h o m b r e y q u e c o n s i s t e e n esta y t a l c o m p o s t u r a , p o r q u e l o l i b e r a d e l
solícito afán d e los p l a c e r e s y d e l c i e g o s e n t i m i e n t o d e los d o l o r e s , le h a c e
g o z a r d e l p r e s e n t e y n o t e m e r más q u e e s p e r a r d e l f u t u r o .

Podríamos decir, extrapolando un poco, que el universo infinito e x - p l i c a d o

3 7

a partir de Dios en una explosión (suerte de b i g b a n g ) a b a e t e r n o es estable a lo

largo de toda su existencia eterna.
Sobre este importante tema v i d . M. Á . Granada, «"Blasphemia vero est fa-
3 8

ceré D e u m alium a D e o . " L a polémica di Bruno con l'aristotelismo a proposito

della potenza di D i o » , en L e t t u r e b r u n i a n e L I I d e l Lessico intellettuale europeo
1996.1997 [ed. de E . CanoneJ, Pisa-Roma, Istituti Editoriali e Poligrafía Interna-
zionali, 2002, págs. 151-188, y A . del Prete, «"L'attiva potenza dell'efficiente" et
l'univers infini. Giordano Bruno á propos de l'oisivété de Dieu», en M o n d e s , f o r -
mes et société s e l o n G i o r d a n o B r u n o [ed. de T . Dagron y H . Védrine), París, V r i n ,
2003, Págs. " 3 - I 3 - 1
LVI Estudio introductorio

E s t a s páginas finales d e l a epístola p r o e m i a l a l Del infinito v a n , p o r t a n t o ,

m u c h o más allá d e u n a presentación d e l a cosmología e x p u e s t a e n e l
diálogo. C o n s t i t u y e n , c o m o se h a d i c h o , u n a e s p e c i e d e m a n i f i e s t o filo-
sófico q u e amplía l a temática cosmológica a las i m p l i c a c i o n e s m o r a l e s d e
l a recuperación d e l a filosofía v e r d a d e r a . E n s u m a , e s u n a exposición
sintética d e l s e n t i d o y d e l c o n t e n i d o d e l c o n j u n t o d e l o s diálogos i t a l i a n o s
c o m o u n a o b r a u n i t a r i a q u e c u l m i n a , e n l o s diálogos m o r a l e s p o s t e r i o r e s
a Del infinito, c o n l a formulación d e las c o n s e c u e n c i a s m o r a l e s d e l a filo-
sofía teorética y , más c o n c r e t a m e n t e , c o n l a restauración d e l a filosofía
c o m o vía p r o p i a d e l s a b i o a l c o n o c i m i e n t o y unión c o n D i o s m e d i a n t e l a
«contemplación» d e l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a e n q u e D i o s se e x p r e s a , c o n
i n d e p e n d e n c i a d e l a religión d e s t i n a d a a d a r a l v u l g o l a L e y q u e p e r m i -
t e e s t a b l e c e r u n a c o m u n i d a d política armónica y p a c i f i c a d a . G i o r d a n o
B r u n o n o pretendía q u e l a filosofía s u s t i t u y e r a a l a religión; d e l m i s m o
m o d o q u e l a distinción e n t r e l a mayoría «vulgar» — c u y o c o n o c i m i e n t o
n o r e b a s a l a percepción s e n s i b l e y l a imaginación— y l a minoría «sabia»
es u n a distinción p e r m a n e n t e , p o r q u e r e s p o n d e a l a l e y d e l a n a t u r a l e z a ,
también l a distinción y l a separación e n t r e religión y filosofía s o n p e r m a -
n e n t e s . Del infinito ( y e n g e n e r a l l a o b r a u n i t a r i a d e l o s diálogos) a s p i r a a
r e s t a u r a r l a filosofía c o m o l a vía p r o p i a d e l s a b i o ( d e l h o m b r e s u p e r i o r o
d e «los s a b i o s , espíritus n o b l e s y q u i e n e s s o n v e r d a d e r a m e n t e h o m b r e s ,
l o s c u a l e s h a c e n l o q u e c o n v i e n e s i n n e c e s i d a d d e leyes», c o m o había
d i c h o e l diálogo c u a r t o d e La cena) a l a unión c o n D i o s , f r e n t e a l a e x a -
g e r a d a pretensión d e l a religión c r i s t i a n a d e q u e l a f e e n C r i s t o , c o m o
único m e d i a d o r y r e d e n t o r u n i v e r s a l , e s l a única vía, c a m i n o y v e r d a d .

Expulsión de la bestia triunfante

E l s i g n i f i c a d o y e l a l c a n c e d e Spaccio de la bestia trionfante n o s o n c i e r -
t a m e n t e t r a n s p a r e n t e s , y n o podía s e r d e o t r a m a n e r a d a d a l a r a d i c a l
polémica a n t i c r i s t i a n a q u e e n e l l a s e d e s a r r o l l a , polémica q u e r e b a s a b a
c o n c r e c e s l a h a b i t u a l d i s p u t a c o n f e s i o n a l d e l a época p a r a a d q u i r i r l a
dimensión d e u n a refutación d e l o s f u n d a m e n t o s m i s m o s d e l a religión
de C r i s t o y d e u n ataque directo c o n t r a s u f u n d a d o r . B r u n o estaba
o b l i g a d o a e x p o n e r s u p e n s a m i e n t o d e f o r m a r e l a t i v a m e n t e «velada»,
a u n q u e d a n d o a l l e c t o r a v i s a d o y a t e n t o l a p o s i b i l i d a d d e «descodifi-
car» e l m e n s a j e , a l m e n o s e n s u s m o t i v o s y c o n c e p t o s c e n t r a l e s . 3 9

3 9
Sobre esta dimensión de la obra, cf. J.-P. Cavaillé, «Théorie et pratique de la
dissimulation dans le Spaccio d e la bestia trionfante», en Mondes, formes et societé selon
G i o r d a n o B r u n o [ed. de T . Dragón y H . Védrine], París, Vrin, 2003, págs. 47-63.
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito LVI

L a o b r a p r e s e n t a l a f o r m a e x t e r n a d e u n diálogo e n t r e S a u l i n o y
Sofía ( l a Sabiduría) " e n e l q u e Sofía d e s c r i b e a s u m o d e s t o i n t e r l o c u -
4

tor (designado m e d i a n t e el apellido m a t e r n o de B r u n o ) el desarrollo

d e u n a r e c i e n t e a s a m b l e a d e l o s d i o s e s olímpicos q u e h a a c o m e t i d o l a
t a r e a d e r e f o r m a r e l m u n d o , más c o n c r e t a m e n t e e l c i e l o e s t r e l l a d o ,
t e m a r e l a t i v a m e n t e d i f u n d i d o e n l a l i t e r a t u r a g r i e g a tardía y r e n a -
c e n t i s t a . D e e s t a m a n e r a l a o b r a parecía i n s c r i b i r s e f o r m a l m e n t e e n
l a l i t e r a t u r a cómico-satírica q u e g i r a b a e n t o r n o a l o s d i o s e s olímpi-
c o s y a l a mitología e s t e l a r , p e r o l a «Epístola explicativa» q u e B r u n o
a n t e p o n e a l a o b r a n o e s c o n d e q u e t o d o e l l o e s u n a alegoría. L o s
d i o s e s r e u n i d o s e n cónclave s o n u n a alegoría d e l a s f a c u l t a d e s h u m a -
n a s y , e n p a r t i c u l a r , Júpiter e s u n a alegoría d e l i n t e l e c t o h u m a n o ; p o r
s u p a r t e , el c i e l o e s t r e l l a d o o b j e t o d e l a r e f o r m a es el u n i v e r s o m o r a l
humano:

E l m i s m o Júpiter es p u e s t o c o m o g o b e r n a d o r y m o t o r d e l c i e l o p a r a d a r a
e n t e n d e r q u e e n c a d a h o m b r e , e n c a d a i n d i v i d u o , se c o n t e m p l a u n m u n -
d o , u n u n i v e r s o ; p o r Júpiter g o b e r n a d o r se s i g n i f i c a la l u z i n t e l e c t u a l q u e
d i s p e n s a y g o b i e r n a e n ese m u n d o y d i s t r i b u y e e n ese a d m i r a b l e e d i f i c i o
los g r a d o s y sedes d e las v i r t u d e s y v i c i o s (Epístola e x p l i c a t i v a ) .

Q u e d a c l a r o q u e el t e m a d e l a o b r a es m o r a l , y desde u n a perspectiva
n o sólo i n d i v i d u a l s i n o s o b r e t o d o c o l e c t i v a . E l c i e l o e s t r e l l a d o r e p r e s e n -
t a l o s «vicios» q u e h a n t r i u n f a d o históricamente e n e l i n d i v i d u o y e n l a
s o c i e d a d ( v i c i o s e l e v a d o s a l «cielo» u «Olimpo», t e n i d o s p o r v i r t u d e s ) y
q u e a h o r a d e b e n d e j a r p a s o a las auténticas «virtudes», d e a c u e r d o c o n
l a c o n c i e n c i a b r u n i a n a d e mutación v i c i s i t u d i n a l q u e — c o m o c o n s e -
c u e n c i a d e l a recuperación d e l a v e r d a d cosmo-onto-teológica p r o m o -
v i d a e n l o s diálogos a n t e r i o r e s — d e b e a c o n t e c e r e n l a s o c i e d a d e u r o p e a ,
d o n d e l a corrupción m o r a l h a l l e g a d o a l p u n t o máximo:

[...] después d e c o m e r , e s t o es, t r a s h a b e r g u s t a d o la ambrosía d e l v i r t u o -

so c e l o y h a b e r b e b i d o e l néctar d e l d i v i n o a m o r ; e n t o r n o a l mediodía o

Sabiduría (como a continuación Ley, Justicia, Verdad, etc.) son presentadas

4 0

por Bruno como personificaciones alegóricas de virtudes que recuperan su lugar

en «el cielo», esto es, en el ánimo del sujeto individual y colectivo. L o mismo
ocurre con los términos antagónicos (necia F e , Impostura, etc.) que designan los
vicios que son depuestos en la reforma moral. Hemos mantenido las mayúsculas
para diferenciar el uso bruniano de nuestras referencias a los diferentes conceptos
designados por las alegorías.
LVI I I Estudio introductorio

e n e l m o m e n t o e x a c t o d e l mediodía, e s t o es, c u a n d o m e n o s daño n o s

h a c e e l e r r o r e n e m i g o y más n o s f a v o r e c e l a a m i g a v e r d a d , e n e l i n s t a n t e
d e l más lúcido i n t e r v a l o . E n t o n c e s t i e n e l u g a r l a expulsión d e l a b e s t i a
t r i u n f a n t e , es d e c i r , d e l o s v i c i o s q u e p r e d o m i n a n y s u e l e n c o n c u l c a r l a
p a r t e d i v i n a ; se p u r i f i c a e l ánimo d e e r r o r e s y se le a d o r n a c o n v i r t u d e s ,
p o r a m o r d e l a b e l l e z a q u e se v e e n l a b o n d a d y j u s t i c i a n a t u r a l , p o r
d e s e o d e l p l a c e r q u e d e r i v a d e sus f r u t o s y p o r o d i o y t e m o r a la f e a l d a d
y displacer contrarios.

E l c i e l o e s t r e l l a d o , q u e e n l a o b r a sólo e s — r e p e t i m o s — u n a alegoría
d e l o s v i c i o s d e p u e s t o s y v i r t u d e s e n t r o n i z a d a s , está r e p r e s e n t a d o e n
l o s términos e s t a b l e c i d o s p o r l a tradición cosmológica s e c u l a r , d e
Aristóteles y P t o l o m e o a Copérnico y l a cosmología contemporánea:
c o m o l a s c u a r e n t a y o c h o c o n s t e l a c i o n e s e n q u e se a g r u p a b a n l a s 1 . 0 2 2
estrellas equidistantes del c e n t r o y constitutivas del censo total d e la
e s f e r a d e l a s fijas, según l a tradición y t a l c o m o s e r e p r e s e n t a n e n l o s
p r i m e r o s m a p a s celestes i m p r e s o s (los d e D u r e r o de 1515, r e p r o d u c i -
d o s e n l a s láminas 1 y 2 , a l final d e l a epístola e x p l i c a t i v a ) . E v i d e n t e -
m e n t e , B r u n o — q u e h a h e c h o s a l t a r e n p e d a z o s e s e o r b e estelífero
p a r a d i s p e r s a r l a s i n n u m e r a b l e s e s t r e l l a s p o r e l e s p a c i o i n f i n i t o — sólo
p u e d e a c e p t a r t a l representación c o m o u n r e c u r s o l i t e r a r i o :

[...] t e m a d e n u e s t r o t r a b a j o es este m u n d o , t o m a d o según c o m o se l o i m a -

g i n a n n e c i o s matemáticos y c o m o l o a d m i t e n físicos n o más sabios, e n t r e
los c u a l e s los peripatéticos s o n los más v a n o s , n o s i n u n f r u t o p r e s e n t e p a r a
n o s o t r o s : d i v i d i d o e n p r i m e r l u g a r e n m u c h a s esferas y d i s t r i b u i d o des-
pués e n u n a s c u a r e n t a y o c h o imágenes, e n las q u e c r e e n p r i m e r a m e n t e
d i v i d i d o u n c i e l o o c t a v o , estelífero, l l a m a d o v u l g a r m e n t e «firmamento»
(Epístola e x p l i c a t i v a ) .

S i g u i e n d o l a p a u t a mnemotécnica p r o p o r c i o n a d a p o r l a s e c u e n c i a d e
las c o n s t e l a c i o n e s celestes, B r u n o p r e s e n t a c o m o p r i n c i p i o d e la r e f o r -
m a m o r a l y religiosa d e l a sociedad europea (del correcto plantea-
m i e n t o de la L e y y la Justicia) la V e r d a d (el correcto c o n o c i m i e n t o del
u n i v e r s o y d e s u relación c o n l a d i v i n i d a d f r e n t e a F a l s e d a d , H i p o c r e -
sía, I m p o s t u r a , l o s v i c i o s antitéticos e x p u l s a d o s ; r e p r e s e n t a d a p o r l a
constelación p o l a r d e l a O s a M e n o r ) . Acompañan i n m e d i a t a m e n t e a
l a V e r d a d P r u d e n c i a - P r o v i d e n c i a y Sabiduría, a s o c i a d a s a s u v e z a l a s
c o n s t e l a c i o n e s d e l Dragón y d e C e f e o . L a Sabiduría, además, s e o p o -
n e a l a n e c i a F e , o s e a , a l a «fe» p a u l i n o - l u t e r a n a e n C r i s t o s a l v a d o r y
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito LIX

f u e n t e d e j u s t i c i a , l a c u a l e s d e s t r o n a d a d e l l u g a r e m i n e n t e a l q u e sólo
había p o d i d o a c c e d e r d e l a m a n o d e l o s v i c i o s c o n t r a r i o s a l a V e r d a d ,
c u y a deposición e s s u p r o p i a r u i n a .
Sólo V e r d a d , P r u d e n c i a y Sabiduría p e r m i t e n e l e s t a b l e c i m i e n t o
de u n a L e y y Justicia correctas, lascuales son c i e r t a m e n t e d i v i n a s ,
pero lo son en tanto que naturales. E l restablecimiento delaLey yla
J u s t i c i a ( p r e s e n t a d a s e n l a s c o n s t e l a c i o n e s d e Boótes [ e l B o y e r o ] y
l a C o r o n a B o r e a l ) e s u n o d e l o s t e m a s f u n d a m e n t a l e s d e l diálogo y está
p r e s i d i d o p o r l a tesis ( c o n s e c u e n c i a d e l a d o c t r i n a a s e n t a d a e n l a s
obras anteriores) d e q u e l a v o l u n t a d d i v i n a fuente d e l a ley y d e la
j u s t i c i a s e e x p r e s a e n y «sólo» e n l a n a t u r a l e z a , p o r q u e ésta, e n t a n t o
q u e i n f i n i t a , e s l a expresión n e c e s a r i a y única d e D i o s , e l auténtico
V e r b o o H i j o d i v i n o e n c a r n a d o ( c o m o unigénita natura había s i d o
d e s i g n a d a s i g n i f i c a t i v a m e n t e e n De la causa). P o r e s o , l a relación y e l
diálogo d e l h o m b r e c o n l a d i v i n i d a d t i e n e n l u g a r s o l a m e n t e e n l a
n a t u r a l e z a y n u n c a a l m a r g e n d e ésta, e n u n a p r e s u n t a donación s o -
b r e n a t u r a l . L aley y l a justicia divinas coinciden por consiguiente con
la ley y l a j u s t i c i a n a t u r a l e s y , p o r e n d e , c o n l a ley y l a j u s t i c i a r a c i o -
n a l e s ( l a L e y e s h i j a d e l a Sabiduría), p u e s t o q u e l a razón q u e a c c e d e
a l c o n o c i m i e n t o d e l a l e y n a t u r a l d e s c u b r e simultáneamente l a l e y
divina.
B r u n o d e s a r r o l l a e s t e t e m a m e d i a n t e l a crítica d e l a concepción
p a u l i n o - l u t e r a n a de la ley y de la justicia, s i g u i e n d o e n b u e n a m e d i d a
l a p a u t a d e l a crítica e r a s m i s t a a L u t e r o e n e l De libero arbitrio. E n e l
e x t e n s o t r a t a m i e n t o d e l a s c o n s t e l a c i o n e s d e Boótes, l a C o r o n a y Hér-
cules (la F o r t a l e z a , el p o d e r s o b e r a n o q u e ejecuta l a ley y a d m i n i s t r a
l a j u s t i c i a ) a l o l a r g o d e l o s diálogos i , 3 y n , 1 , B r u n o r e c h a z a l a c o n -
cepción r e f o r m a d a ( q u e p a r a él e s u n a reafirmación d e l a d o c t r i n a
cristiana) d e u n a ley d i v i n a d e i m p o s i b l e c u m p l i m i e n t o p o r los h o m -
bres (en v i r t u d d e u n a n a t u r a l e z a h u m a n a r a d i c a l m e n t e c o r r o m p i d a
p o r e l p e c a d o o r i g i n a l adámico; l a noción d e p e c a d o o r i g i n a l , paraíso
u e d a d d e o r o y e l m o n o g e n i s m o adámico serán p o s t e r i o r m e n t e r e -
c h a z a d o s p o r B r u n o e n e l diálogo m , 1 y e n l a constelación d e A c u a -
rio), con l a consecuencia d e u n a i m p o s i b l e justicia h u m a n a activa (el
h o m b r e n o p u e d e ser j u s t o o i n j u s t o e n v i r t u d d e l p r o p i o o b r a r ) y d e
la sola r e a l i d a d d e u n a justicia pasiva, i m p u t a d a , g r a t u i t a e n v i r t u d
de la f e e n C r i s t o , c o n i n d e p e n d e n c i a d e las o b r a s p r o p i a s c a r e n t e s d e
mérito. E s , e n s u m a , t o d a l a d o c t r i n a d e l a «justicia d e l a fe» l u t e r a -
no-calvinista l o q u e B r u n o rechaza para postular l a n u l i d a d y el s i n -
sentido d e u n a ley d e i m p o s i b l e c u m p l i m i e n t o :
LX Estudio introductorio

[...] d o s s o n las m a n o s c o n las q u e coda ley t i e n e el p o d e r d e o b l i g a r : u n a

es l a d e l a j u s t i c i a , l a o t r a l a d e l a p o s i b i l i d a d y c a d a u n a d e ellas está
m o d e r a d a p o r l a o t r a , d a d o q u e si b i e n h a y m u c h a s cosas posibles q u e n o
s o n j u s t a s , n a d a , s i n e m b a r g o , es j u s t o q u e n o sea a l m i s m o t i e m p o p o s i -
b l e . [...] n o d e b e ser a c e p t a d a n i n g u n a ley q u e n o t e n g a p o r finalidad l a
c o n v i v e n c i a h u m a n a . |...] t a n t o si v i e n e d e l c i e l o c o m o si sale d e la t i e r r a ,
n o d e b e ser a p r o b a d a n i a c e p t a d a a q u e l l a institución o ley q u e n o a p o r t a
u t i l i d a d y v e n t a j a , q u e n o c o n d u c e a l fin óptimo [...], e n d e r e z a r los áni-
m o s y r e f o r m a r los i n g e n i o s d e t a l m a n e r a q u e p r o d u z c a n f r u t o s útiles y
n e c e s a r i o s p a r a la c o n v i v e n c i a h u m a n a [...] (Diálogo n , i ) .

C o m o m u e s t r a e s t e p a s a j e , l a reivindicación d e u n a j u s t i c i a a c t i v a d e
l a s o b r a s y l a c o n s i g u i e n t e remuneración d e l o s méritos y deméritos
p r o p i o s c o i n c i d e c o n l a adopción d e u n a concepción d e l a s r e l i g i o n e s
c o m o l e y e s (leges) d a d a s a l v u l g o p a r a s u educación m o r a l y d e s u
articulación política e n e l E s t a d o , e n l a p e r s p e c t i v a d e l p r o g r e s o m o -
r a l y m a t e r i a l , t a l c o m o y a s e había a d e l a n t a d o e n La cena. S e e n t i e n -
d e q u e t o d a s l a s r e l i g i o n e s s o n p o s i t i v a s y d i v i n a s s i c u m p l e n ese o b -
j e t i v o ( d e h e c h o , B r u n o efectúa u n a e n c e n d i d a d e f e n s a d e l a religión
r o m a n a e n l a línea d e l M a q u i a v e l o d e l o s Discursos). L a crítica d e l a
R e f o r m a protestante y del cristianismo en su c o n j u n t o a partir de u n a
concepción i n m a n e n t e y político-moral d e l a religión d e s a u t o r i z a
t o d a concepción d e l a religión y d e l vínculo h o m b r e - D i o s a l m a r g e n
d e l a n a t u r a l e z a ; e s más, r e c h a z a l a remuneración e n v i r t u d d e l a f e
e n C r i s t o ( a l m a r g e n d e l o s p r o p i o s méritos) y e n e l m a r c o d e u n f u -
t u r o escatológico heterogéneo c o n r e s p e c t o a l a n a t u r a l e z a y s u o r d e n
( J u i c i o F i n a l o j u i c i o d e l m u n d o ; Paraíso o I n f i e r n o ) p a r a e s t a b l e c e r
l a remuneración d e l a p r o p i a j u s t i c i a o i n j u s t i c i a e n u n «juicio e n
e l mundo» («el j u i c i o u n i v e r s a l p o r m e d i o d e l c u a l c a d a u n o será
p r e m i a d o o c a s t i g a d o e n e l m u n d o según l a m e d i d a d e s u s méritos
y delitos», Diálogo i , 3 ) a través d e l a «rueda d e l a metamorfosis»
o «sempiterna a l t e r n a n c i a vicisitudinal», e s d e c i r , d e l a s s u c e s i v a s
v i n c u l a c i o n e s d e l a l m a c o n o t r a s c o n f i g u r a c i o n e s corpóreas ( d e u n a u
o t r a e s p e c i e ) e n e l u n i v e r s o i n f i n i t o , e t e r n o y homogéneo.
E l diálogo a l c a n z a u n n u e v o p u n t o c u l m i n a n t e e n l a constelación
d e C a p r i c o r n i o ( m , 2 ) . C a p r i c o r n i o e s P a n , jeroglífico d e l a máquina
m u n d a n a , d e l a n a t u r a l e z a u n i v e r s a l , y a l m i s m o t i e m p o símbolo d e
l a m e t a m o r f o s i s n a t u r a l , p u e s t o q u e P a n enseñó a l o s d i o s e s olímpicos
— r e f u g i a d o s e n E g i p t o — l a vía p a r a b u r l a r e l a t a q u e d e l g i g a n t e
Tifón p o r m e d i o d e l a m e t a m o r f o s i s e n b e s t i a s . N o es, p o r t a n t o , e x -
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito LXI

traño q u e e n e l t r a t a m i e n t o d e e s t a constelación B r u n o l l e v e a c a b o
u n a a p a s i o n a d a d e f e n s a d e l a religión e g i p c i a ( d e s u c u l t o a l a d i v i n i -
d a d m a n i f i e s t a o contraída e n l a s e s p e c i e s n a t u r a l e s ) y q u e e n e l c u r s o
d e ésta h a g a s u única y p o d e r o s a aparición I s i s , d i o s a q u e , p o r l o d e -
más, s e había c o n v e r t i d o e n l a religión p a g a n a tardía e n expresión
d e l a d i v i n i d a d u n i v e r s a l i n m a n e n t e a l a n a t u r a l e z a : natura est deus
in rebus («la n a t u r a l e z a e s d i o s e n l a s cosas»), d i c e B r u n o anticipán-
d o s e a l Deus sive natura d e S p i n o z a .
Y s i n e m b a r g o , c o n s t a t a B r u n o , esa religión a n t i g u a «se h a p e r d i -
do», d e s p l a z a d a y s u s t i t u i d a p o r l a religión d e C r i s t o , c u y o t r i u n f o
— p o s i b i l i t a d o p o r e l e r r o r cosmológico, ontológico y teológico d e
Aristóteles— e s , e n r e a l i d a d , a u n q u e e l l a c r e a l o c o n t r a r i o , e l t r i u n f o
d e l e r r o r y d e l v i c i o , l a imposición s o b r e l a s c o n c i e n c i a s d e u n a «fá-
b u l a inútil y perniciosa», d e a c u e r d o c o n l a l e y v i c i s i t u d i n a l q u e r i g e
l a h i s t o r i a c o m o sucesión a l t e r n a n t e d e períodos d e v e r d a d - v i r t u d y
períodos d e e r r o r - v i c i o . L l e g a d o s a e s t e p u n t o , n o n o s p u e d e s o r p r e n -
der v e r a B r u n o a d u c i r , e n cita casi c o m p l e t a , e n boca d e H e r m e s
T r i s m e g i s t o , e l f a m o s o «Lamento» d e l Asclepius hermético — q u e l a
tradición c r i s t i a n a ( L a c t a n c i o , s a n Agustín, F i c i n o ) tenía p o r p r o f e -
cía— d e l t r i u n f o d e l c r i s t i a n i s m o s o b r e l a religión p a g a n a . B r u n o
a d u c e e l t e s t i m o n i o e n l a línea d e s a n Agustín, s u b r a y a n d o q u e , d e
h e c h o , H e r m e s «lamenta» e l t r i u n f o d e l c r i s t i a n i s m o («Trismegisto
d e p l o r a l a pérdida d e a q u e l mágico r i t o p o r e l q u e l a d i v i n i d a d s e
c o m u n i c a b a t a n cómodamente c o n l o s hombres»), p e r o a d i f e r e n c i a
d e l s a n t o a s u m e l a s v a l o r a c i o n e s herméticas d e l a s d o s r e l i g i o n e s e n -
f r e n t a d a s : l a religión a n t i g u a e s v e r d a d , l u z , n o r m a m o r a l j u s t a y e f i -
c a z ; l a religión d e C r i s t o será e r r o r , t i n i e b l a s , fábula p e r n i c i o s a y
demoníaca, s u b v e r t i d o r a d e l o s v a l o r e s : «Sólo quedarán ángeles n o c i -
v o s q u e m e z c l a d o s c o n l o s h o m b r e s forzarán a l o s d e s g r a c i a d o s a
a t r e v e r s e a t o d o m a l c o m o si f u e r a j u s t i c i a , d a n d o m a t e r i a a g u e r r a s ,
rapiñas, engaños y t o d a s l a s o t r a s c o s a s c o n t r a r i a s a l a l m a y a l a j u s t i -
c i a natural». B r u n o l l e g a i n c l u s o a m a n i p u l a r e l t e x t o p a r a h a c e r más
p a t e n t e l a p r e s e n c i a e n él n o sólo d e l a n u n c i o d e l a n u e v a religión
c r i s t i a n a , s i n o también, e n p r i m e r l u g a r , d e l m o m e n t o contemporá-
n e o ( l a s e g u n d a m i t a d d e l s i g l o x v i c o n l a s g u e r r a s d e religión e n
E u r o p a y l a colonización d e América) c o m o culminación d e l a d i s o -
lución s o c i a l c a u s a d a p o r l a subversión c r i s t i a n a d e l o s v a l o r e s , y p o r
l a perversión d e l a l e y y d e l a j u s t i c i a n a t u r a l e s q u e s i g u e a l d i v o r c i o
de d i v i n i d a d , n a t u r a l e z a y h o m b r e ; e n s e g u n d o lugar, del a n u n c i o del
p r o f e t a (el m i s m o G i o r d a n o B r u n o ) d e s t i n a d o a a p o r t a r l a r e c u p e r a -
LXII Estudio introductorio

ción d e l a v e r d a d s o b r e l a d i v i n i d a d , e l u n i v e r s o y e l h o m b r e y , c o n
ello, a r e s t a u r a r los valores s u b v e r t i d o s , p o s i b i l i t a n d o el a d v e n i m i e n t o
d e u n a n u e v a época d e l u z e n l a r u e d a v i c i s i t u d i n a l d e l t i e m p o :

Y esto será la vejez y el desorden y la irreligión del m u n d o . Pero no temas,

Asclepio, porque después de que hayan sucedido estas cosas, entonces el
señor y padre D i o s [...] mediante [...] ministros de su justicia misericordio-
sa, sin d u d a a l g u n a pondrá fin a semejante m a n c h a , l l a m a n d o de nuevo
el m u n d o a su antiguo rostro (Diálogo m , i ) .

Q u e d a b a así c l a r a l a c o n c i e n c i a b r u n i a n a d e s e r p r o f e t a i n v e s t i d o p o r
e l d e s t i n o d e u n a misión antitética a l a d e C r i s t o , d e s e r e n s u m a y e n
c i e r t o m o d o el A n t i c r i s t o , c u y a b o n d a d — f r e n t e a los t e m o r e s d e los
s e g u i d o r e s d e l a religión d e C r i s t o — n o i b a a o f r e c e r d u d a a l g u n a a l
espritfort d e p e n s a m i e n t o l i b e r a d o . ' ' 1

A d i f e r e n c i a d e l a mayoría d e l a s c o n s t e l a c i o n e s , q u e r e p r e s e n t a n
vicios y por t a n t o son expulsadas del cielo para dejar paso a virtudes,
C a p r i c o r n i o permanece e n e l cielo por representar u n a v i r t u d y u n a
v e r d a d . Además d e l a m e t a m o r f o s i s d e l o s m o d o s finitos e n e l s e n o
d e l a s u s t a n c i a única d i v i n a q u e e s l a n a t u r a l e z a , C a p r i c o r n i o r e p r e -
s e n t a l a s v i r t u d e s d e l a S o l e d a d , e l D e s i e r t o , l a Contracción, e s d e c i r ,
l a v i d a c o n t e m p l a t i v a y s o l i t a r i a d e l «filósofo» q u e t i e n e c o m o único
o b j e t o d e s u a m o r l a Sabiduría y l a d i v i n i d a d , a l a q u e t r a t a d e a l c a n -
z a r m e d i a n t e l a profundización e n e l c o n o c i m i e n t o d e l a n a t u r a l e z a
u n a e i n f i n i t a , m e d i a n t e l a p r o g r e s i v a contracción h a c i a l a u n i d a d . D e
ahí q u e C a p r i c o r n i o e x p r e s e también l a «Libertad d e espíritu» ( l a
l i b e r t a d filosófica q u e l a s leges o r e l i g i o n e s n o p u e d e n c o n c u l c a r y
q u e , p o r s u p u e s t o , e n l a r e f o r m a e n c u r s o se g a r a n t i z a ) y se a s o c i e a la
d i v i n i d a d d e D i a n a c a z a d o r a ( p a t r o n a d e l a contemplación s o l i t a r i a y
n o c t u r n a , d e l a c a z a ; alegoría también d e l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a , r e t r a -
t o d e l a c a u s a d i v i n a a b s o l u t a ) c o m o e l o b j e t o d e l a persecución o c a z a
d e l filósofo, q u e a s u v e z será r e p r e s e n t a d o e n Los heroicos furores p o r
e l m i t o d e Acteón, e l c a z a d o r a s o c i a d o mitológica e iconológicamente
a Diana-Isis.
Cabría p e n s a r q u e , u n a v e z a l c a n z a d o e s t e c l i m a x , l a Expulsión
finaliza. N o o b s t a n t e , todavía q u e d a n l a s c o n s t e l a c i o n e s d e l c i e l o a u s -
t r a l , y B r u n o h a d e d e d i c a r l e s a l g u n a atención. P u e s b i e n , s u e x a m e n

E n este sentido la crítica bruniana anticipa en muchos puntos la posterior

4 1

crítica de Nietzsche al cristianismo.

 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito LXI

e n l a última p a r t e d e l a o b r a ( m , 3 ) l l e v a a s u e x t r e m a culminación l a
crítica d e l c r i s t i a n i s m o , a h o r a e n l a f o r m a d e u n a revisión d e s u s p r i n -
c i p i o s o f u n d a m e n t o s dogmáticos e s e n c i a l e s : d i v i n i d a d d e C r i s t o ,
encarnación, s a c r i f i c i o eucarístico, s a c e r d o c i o c r i s t i a n o . D a d o e l r i e s -
g o q u e c o m p o r t a b a e l t r a t a m i e n t o d e e s t o s t e m a s ( y a n o u n a polémica
c o n f e s i o n a l e n e l s e n o d e l c r i s t i a n i s m o , s i n o s u crítica r a d i c a l d e s d e l a
filosofía), B r u n o e x p r e s a s u s o p i n i o n e s d e u n a f o r m a b a s t a n t e e n c u -
b i e r t a , e f e c t u a n d o u n s u t i l e i n t e l i g e n t e e n c a j e d e l a s fábulas a s o c i a d a s
a l a s c o n s t e l a c i o n e s c o n u n a m u l t i t u d d e m o t i v o s c u l t u r a l e s y polémi-
c o s contemporáneos ( e l E r a s m o d e l Elogio de la locura y d e l o s Ada-
gios; e l C a l v i n o d e l a Institución de la religión cristiana p r e f e r e n t e m e n -
t e ) , a l o s c u a l e s c o n f i e r e u n a radicalización e x t r e m a , u n i e n d o t o d o
ello al u n i v e r s o d esignificados a n t i c r i s t i a n o o poscristiano q u e desea
t r a n s m i t i r , c o n f i a d o e n q u e l a a g u d e z a y l a c u l t u r a d e l l e c t o r sabrán
i r h a s t a l a médula d e l d i s c u r s o .
D o s datos del m i t o d e O r i o n p e r m i t e n utilizarlo c o m o signo d e
C r i s t o : s u n a c i m i e n t o d e l a o r i n a - s e m e n d e los dioses y s u capacidad
de c a m i n a r sobre el m a r sin h u n d i r s e ; l o m i s m o o c u r r e c o n l a conste-
lación d e C e n t a u r o , q u e — f o r m a n d o u n a u n i d a d c o n l a s c o n s t e l a c i o -
n e s s u c e s i v a s d e l a F i e r a y e l A l t a r — p u e d e s e r figura d e l a d o b l e
n a t u r a l e z a d i v i n a y h u m a n a d e C r i s t o , así c o m o d e s u función d e s a -
c e r d o t e y víctima a través d e l a u t o s a c r i f i c i o e n l a c r u z . A través d e
Orion, B r u n o presenta u n a especie d e h i s t o r i a n a t u r a l del cristianis-
m o , e s t o e s , r e c o n s t r u y e cómo C r i s t o se i m p u s o a l o s h o m b r e s («triun-
fó») e n c a l i d a d d e D i o s y único m e d i a d o r . L o s m i l a g r o s — e f e c t o s e n
r e a l i d a d d e m a g i a n a t u r a l , d e «prestidigitación», y e v a l u a d o s p o r
B r u n o c o m o «Prodigio v a n o , Bagatela», p e r o t e n i d o s p o r e l v u l g o
ignorante por acciones sobrenaturales indicativas d e s u d i v i n i d a d —
p e r m i t e n a C r i s t o ( r e a l m e n t e «impostor» q u e actúa «enmascarado y
n o r e c o n o c i d o e n s u v e r d a d e r o ser», «con l a mediación d e g e n i o s
perversos», e s d e c i r , d e d e m o n i o s ) «ser e s t i m a d o f a l s a m e n t e d i o s p o r
t o d o s l o s mortales», a l s e r l e o t o r g a d a u n a «falsa reputación [...] b a s a -
d a e n l a i g n o r a n c i a y bestialidad» d e s u s a d o r a d o r e s . C o n e l l o C r i s t o
«espanta a l o s dioses», e s d e c i r , «triunfa» y s e i m p o n e f a l s a m e n t e
c o m o única encarnación d e l o d i v i n o e n e l m u n d o («encontrándose
c o n l a c a z a e n l a m a n o , s e l a q u e d e p a r a él, d i c i e n d o y haciéndoles
además c r e e r [ a l o s h o m b r e s ] q u e e l g r a n Júpiter n o e s Júpiter, s i n o
q u e O r i o n e s Júpiter y q u e l o s d i o s e s t o d o s n o s o n o t r a c o s a q u e q u i -
m e r a s y fantasías»), c o m o m e d i a d o r e x c l u s i v o c o n D i o s e n v i r t u d d e
u n a justicia d e la fe en s udivinidad redentora que garantiza la vida
LXIV Estudio introductorio

e t e r n a , l a unión c o n l a d i v i n i d a d , d e l a q u e p o r o t r a p a r t e c o n c e d e u n
a n t i c i p o a s u s f i e l e s ofreciéndose a e l l o s c o m o a l i m e n t o ( c a z a ) e n l a
c e n a eucarística, a u n q u e e n r e a l i d a d e l q u e c r e e c a z a r a D i o s , l a v i d a
e t e r n a , a través d e C r i s t o r e s u l t a e n r e a l i d a d c a z a d o ( O r i o n e s u n t e -
r r i b l e c a z a d o r q u e osó d i s p u t a r l a c a z a a l o s d i o s e s ) . E s t a suplantación
d e l a d i v i n i d a d p o r p a r t e d e u n «bribón», q u e e n última i n s t a n c i a n o
es s i n o «un i n s t r u m e n t o d e l destino», sólo p u e d e t r i u n f a r e n t r e l o s
«ciegos mortales» a c o s t a d e u n a confusión d e l a a p a r i e n c i a c o n l a
r e a l i d a d , d e l a subversión d e l o s v a l o r e s :

[...] haciéndoles c r e e r [...] q u e e l i n t e l e c t o h u m a n o allí d o n d e m e j o r l e

p a r e c e v e r es c i e g o y q u e l o q u e según la razón p a r e c e e x c e l e n t e , b u e n o y
óptimo es v i l , p e r v e r s o y e x t r e m a d a m e n t e m a l o ; q u e la n a t u r a l e z a es u n a
p u t a r a m e r a ; q u e la ley n a t u r a l es u n a bellaquería; q u e la n a t u r a l e z a y la
d i v i n i d a d n o p u e d e n c o n c u r r i r e n u n m i s m o b u e n f i n y q u e la j u s t i c i a d e
la u n a n o está s u b o r d i n a d a a l a j u s t i c i a d e la o t r a , s i n o q u e s o n cosas c o n -
t r a r i a s , c o m o las t i n i e b l a s y la l u z . [...] C o n t o d o esto persuadirá d e q u e la
filosofía, t o d a contemplación y t o d a m a g i a q u e p u e d a h a c e r l e s s e m e j a n t e s
a n o s o t r o s [los d i o s e s ] , n o s o n más q u e l o c u r a s , q u e t o d o a c t o h e r o i c o n o
es más q u e bellaquería y q u e l a i g n o r a n c i a es l a más b e l l a c i e n c i a d e l
m u n d o p o r q u e se a d q u i e r e s i n f a t i g a y n o d e j a e l ánimo a f e c t a d o d e m e -
lancolía (Diálogo n i , 3 ) .

A continuación, e l Erídano y l a L i e b r e r e d u c e n l a c e n a eucarística ( l a

p r e s u n t a comunión c o n l a d i v i n i d a d a través d e l a l i m e n t o d e l c u e r p o
y s a n g r e d e C r i s t o o f r e c i d o a l o s f i e l e s c o m o víctima-caza d i v i n a q u e
p e r m i t e t r i u n f a r s o b r e e l m i e d o a l a m u e r t e ) a p u r a ilusión fantástica,
s i n r e a l i d a d . Así, e l Erídano e s «fantasía», «río d e l a s s u p e r f l u i d a -
des»:

[...] q u i e n c o m a d e sus peces i m a g i n a d o s , n o m b r a d o s , l l a m a d o s y v e n e r a -

d o s , sea ( p o r así d e c i r ) c o m o si n o c o m i e s e ; s i m i l a r m e n t e q u i e n b e b a d e sus
a g u a s , sea también c o m o el q u e n o t i e n e n a d a q u e b e b e r ; i g u a l m e n t e q u i e n
l o t e n g a d e n t r o d e l c e r e b r o , sea también c o m o e l q u e l o t i e n e vacío y h u e c o ;
d e l a m i s m a m a n e r a q u i e n esté e n compañía d e sus n e r e i d a s y n i n f a s n o
esté m e n o s s o l o q u e e l q u e está f u e r a d e sí m i s m o (Diálogo 111, 3 ) .

A s u v e z , e l a l i m e n t o d e l a L i e b r e , t e n i d o p o r o t o r g a d o r d e «gracia»,
es e n r e a l i d a d u n a l i m e n t o fantástico, i l u s o r i o : u n «procedimiento
p o r e l q u e t o d o e l m u n d o podrá c o m e r y b e b e r d e e l l a s i n q u e e l l a sea
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito LXV

comida, n ibebida, sin que haya diente que la toque, m a n o que la

p a l p e , o j o q u e l a v e a y quizá t a m p o c o l u g a r q u e l a contenga». D e
f o r m a s i m i l a r , l a constelación d e l P e r r o p u e d e e f e c t u a r u n a crítica
d e m o l e d o r a d e l s a c e r d o c i o católico y d e l p a p a d o , crítica q u e n o p u e d e
d e j a r d e a f e c t a r a C r i s t o , e n t a n t o q u e s a c e r d o t e y víctima d e l s a c r i f i -
c i o , y también a l a noción m i s m a d e s a c r i f i c i o c o m o vía d e a c c e s o a l a
d i v i n i d a d . Y s i n e m b a r g o , B r u n o podrá s e g u i r a c e p t a n d o l a c e n a
eucarística y e l s a c e r d o c i o c o m o c u l t o público p a r a a q u e l l a m a s a d e
i n d i v i d u o s a t e n a z a d a p o r el m i e d o a l a m u e r t e , al c u a l c o n j u r a c o n l a
fantasía y e n e l m a r c o d e u n a e x i s t e n c i a fantástica: «Quede, p u e s , e l
Erídano e n e l c i e l o , p e r o n o d e o t r a m a n e r a q u e p o r f e e imaginación».
E l s a c e r d o c i o c r i s t i a n o permanecerá c o m o función política (se l e a t r i -
b u y e n , e n e f e c t o , v i r t u d e s c i v i l e s y «Prudencia y J u s t i c i a natural»),
a u n q u e s u c o n t e n i d o s a c r i f i c i a l n o sea o t r a c o s a q u e «elevación a l c i e l o
d e b e l l a s y s a c r o s a n t a s bagatelas». F i n a l m e n t e , e n l a constelación d e l
C e n t a u r o , e l d o g m a d e l a encarnación d e l V e r b o d i v i n o e n Jesús y l a
unión hipostática o s u s t a n c i a l d e l a n a t u r a l e z a h u m a n a y d i v i n a e n s u
persona s o n ridiculizados c o m o algo irracional e incomprensible,
c o m o «misterio» vacío d e c o n t e n i d o i n t e l i g i b l e q u e e s t a n sólo o b j e t o
d e f e y d e fantasía, y r e q u i e r e u n a adhesión m e r a m e n t e práctica:

[...] el misterio de este asunto es oculto y grande y tú no puedes c o m p r e n -

derlo; por eso, como asunto alto y grande, es necesario únicamente que lo
creas. [...] no debes querer saber más de lo que es preciso saber y, créeme,
que esto no es preciso saberlo. [...] quiero creer [...] que u n medio hombre
y m e d i a bestia no es hombre imperfecto y bestia imperfecta, sino por el
contrario u n dios y que hay que venerarlo p u r a m e n t e (Diálogo m , 3 ) .

P e r o e n este m o m e n t o e l discurso b r u n i a n o e x p e r i m e n t a u n a m u t a -
ción. L e j o s d e c o n c l u i r c o n e l a n u n c i o d e l a desaparición i n m i n e n t e d e
e s t a religión d e C r i s t o , a s o c i a d a a l a i m p o s t u r a y a l e r r o r c o s m o - o n t o -
teológico, c o m o c o n s e c u e n c i a n e c e s a r i a d e l a recuperación d e l a v e r -
dad, d e l a justicia natural-divina, y en v i r t u d del desvelamiento d e l a
i m p o s t u r a q u e B r u n o l l e v a a c a b o c o n l a publicación d e s u o b r a e n 1 5 8 4
c o m o e l v e r d a d e r o «apocalipsis» y v e n i d a d i v i n a , p a r e c e i m p o n e r s e l a
c o n c i e n c i a d e q u e t a l recuperación y c o n s i g u i e n t e renovación o r e f o r -
m a m o r a l , l a «expulsión d e l a b e s t i a triunfante», sólo tendrá l u g a r e n
e l s u j e t o i l u s t r a d o , filosófico. E l v u l g o m a y o r i t a r i o p e r m a n e c e a d h e r i -
d o a l a religión a través d e l a f e y d e l a fantasía; sólo aquélla — c o m o
«ley» q u e t r a d u c e mítica y fantásticamente l a v e r d a d — p e r m i t e a l
LXVI Estudio introductorio

v u l g o e l a c c e s o a l a v e r d a d y l a d i v i n i d a d , concediéndole además l a l e y
j u s t a . P e r o l a religión a n t i g u a v e r d a d e r a ( l a e g i p c i a y r o m a n a ) , q u e e r a
u n a fiel i m a g e n d e l a v e r d a d , «se h a perdido». E n s u m a : h o y p o r h o y
— p a r e c e p e n s a r B r u n o — n o h a y o t r a religión ( y l a religión e s n e c e s a -
ria m i e n t r a s haya v u l g o ; p o r t a n t o , siempre) q u e la cristiana, y el v u l g o
p a r e c e d i s p u e s t o a s e g u i r alimentándose fantásticamente c o n e l l a . P o r
e s o , c o n c l u y e B r u n o , n o se p u e d e — e s u n a cuestión práctica o pragmá-
t i c a , e s d e c i r , política— p r e s c i n d i r d e l a religión c r i s t i a n a :

I n c l u s o l o e s t i m o [ a l C e n t a u r o ] dignísimo d e él [ e l c i e l o ] , p o r q u e e n este
t e m p l o celeste, j u n t o a l a l t a r a l q u e asiste, n o h a y o t r o s a c e r d o t e q u e él y
ya l o veis c o n esa b e s t i a q u e h a d e ser o f r e n d a d a e n la m a n o [...] Y p u e s t o
q u e el a l t a r , el t e m p l o , e l o r a t o r i o es necesarísimo y sería inútil s i n el a d -
m i n i s t r a n t e , q u e v i v a , p u e s , aquí, q u e aquí p e r m a n e z c a y p e r s e v e r e eter-
n a m e n t e a n o ser q u e e l d e s t i n o d i s p o n g a o t r a cosa (Diálogo m , 3 ) .

También podría o c u r r i r q u e e l d e s t i n o a p o r t a r a e n e l n u e v o período

d e l u z u n a n u e v a religión, p e r o m i e n t r a s e l t i e m p o h a c e s u o b r a , l a
p r u d e n c i a a c o n s e j a r e f o r m a r e l c r i s t i a n i s m o . Éste, p u e s , permanecerá
e n e l c i e l o , e n l a m e n t e d e l v u l g o , m a s será u n c r i s t i a n i s m o «regula-
do» e n s e n t i d o m o r a l y d e p u r a d o d e s u s c o m p o n e n t e s s o c i a l y políti-
camente nocivos, puesto que:

[...] cae y es e x p u l s a d a l a Fábula s e n i l y b e s t i a l ; [...] inútil y p e r n i c i o s a (...)

c o n v e n t o s p o r c i n o s , sectas sediciosas [...] d e s o r d e n a d a s órdenes, r e f o r m a s
d e f o r m e s , p u r e z a s i n m u n d a s , sucias p u r i f i c a c i o n e s y perniciosísimas b r i -
bonerías q u e se m u e v e n e n e l c a m p o d e la ambición, d o n d e l a t o r v a M a -
l i c i a o c u p a el p r i m e r p u e s t o y la ciega y crasa I g n o r a n c i a se m u e v e a sus
a n c h a s (Epístola e x p l i c a t i v a ) .

E s t o d o e l u n i v e r s o d e l a R e f o r m a p r o t e s t a n t e y d e l c a t o l i c i s m o , más
e l ateísmo políticamente «insano», l o q u e e s o b l i g a d o a s o m e t e r s e ( e n
v i r t u d d e u n c r i t e r i o m o r a l p o r el q u e el J u i c i o o p e r a sobre las accio-
nes, n o s o b r e las i n t e n c i o n e s o r e p r e s e n t a c i o n e s s u b j e t i v a s ) a u n a r e -
glamentación c u y o o b j e t o e s i m p e d i r q u e l a c r e e n c i a y e l c u l t o r e l i -
giosos degeneren e n conflicto civil y obstaculicen l a convivencia y
el progreso. E l encargado d e ello es el s u s t i t u t o d e O r i o n ( q u e era e l
símbolo d e t o d o s l o s c o m p o n e n t e s n e g a t i v o s d e l c r i s t i a n i s m o ) : l a M i -
licia, es d e c i r , la f u e r z a a r m a d a , q u e n o es s i n o u n a n u e v a i m a g e n del
J u i c i o ( C o r o n a B o r e a l ) , d e l a F o r t a l e z a (Hércules) y d e l a S o l i c i t u d
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito
LXVII
( P e r s e o ) , e n s u m a , d e l p o d e r político q u e h a d e a s u m i r a l m i s m o
t i e m p o l a a u t o r i d a d r e l i g i o s a . E n e f e c t o , l a unificación d e p o d e r polí-
t i c o y r e l i g i o s o ( c o h e r e n t e c o n l a concepción política d e l a religión y
c o n l a identificación d e l e y r e l i g i o s a y l e y política) e s p l a n t e a d a táci-
t a m e n t e p o r B r u n o e n l a constelación d e l a C o r o n a A u s t r a l , a l a q u e
d e n o m i n a también «Tiara», símbolo d e l p o d e r r e l i g i o s o , y a n t e s — d e
f o r m a más v e l a d a — e n l a constelación d e l P e r r o , d o n d e e l p o d e r
político «soberano» ( e l n u e v o príncipe a l i a d o a l a filosofía, c o m o B r u -
n o e s p e r a d e I s a b e l I ) a s u m e también p a r a sí — e s t a b l e c i e n d o c o n e l l o
s u «plena soberanía»— l a función s a c r i f i c i a l (arrebatándosela a l
p a p a ) ; e s t o es, a s u m e l a representación d e l c u e r p o político a n t e l a d i -
v i n i d a d , c o n e l c o n s i g u i e n t e «honor, b u e n a reputación y gloria», c o n
v i s t a s a l o c u a l «no s i n razón, v e n g a a h a c e r e s a s b e l l a s c e r e m o n i a s ,
e x p r e s e ese cálido a g r a d e c i m i e n t o y e l e v e a l c i e l o e s a s b e l l a s y s a c r o -
s a n t a s bagatelas». E n s u m a , e l n u e v o príncipe d e l f u t u r o , r e c u p e r a d a
s u p l e n a soberanía m e r c e d a s u a l i a n z a c o n l a filosofía, s a b e p o r e s t a
última q u e l a religión e s u n m i t o , p e r o también q u e e s política y s o -
c i a l m e n t e i m p r e s c i n d i b l e p o r q u e sólo p o r l a religión a l c a n z a e l v u l g o
l a v i r t u d . P o r e l l o , p r o m u e v e l a religión y e l s a c r i f i c i o ( a u n q u e s a b e
p o r l a filosofía q u e e l s a c r i f i c i o e s r e a l m e n t e u n a bestialización), p e r o
a s u m e él m i s m o ( o e n s u s f u n c i o n a r i o s d e l e g a d o s ) l a realización d e l
s a c r i f i c i o p a r a i m p e d i r q u e u n a función t a n i m p o r t a n t e , p o r e l p r e s -
t i g i o d e mediación c o n l a d i v i n i d a d q u e t i e n e a n t e l a fantasía d e l
v u l g o , seaa d o p t a d a p o r o t r o (el sacerdote, e l papa) q u e acaba a r r o -
gándose l a a u t o r i d a d e s p i r i t u a l , c o n e l c o n s i g u i e n t e m e n o s c a b o d e l a
soberanía r e g i a y e l r i e s g o d e f r a c t u r a política:

[...] si l o c o es u n r e y q u e d a a u n capitán y n o b l e d u q u e s u y o t a n t o p o d e r
y a u t o r i d a d c o m o p a r a q u e p u e d a h a c e r s e s u p e r i o r a él m i s m o ( l o c u a l
p u e d e o c u r r i r s i n p e r j u i c i o p a r a e l r e i n o , q u e podrá ser g o b e r n a d o t a n
b i e n y quizá m e j o r p o r este capitán q u e p o r e l r e y ) , ¡cuánto más i n s e n -
s a t o y m e r e c e d o r d e u n c o r r e c t o r y t u t o r será, s i p u s i e r a o d e j a r a e n l a
m i s m a a u t o r i d a d a u n h o m b r e v i l , a b y e c t o e i g n o r a n t e | O r i o n , e s t o es,
la a u t o r i d a d s a c e r d o t a l e n l a religión c r i s t i a n a ] p o r e l q u e t o d o q u e d e
e n v i l e c i d o , m a l t r e c h o , c o n f u n d i d o s u b v e r t i d o , s i e n d o q u e él p o n e l a i g -
n o r a n c i a e n hábito d e c i e n c i a , l a n o b l e z a e n d e s p r e c i o y l a villanía e n
reputación! (Diálogo m , 3 . ) 4 2

Sobre esta dimensión de la Expulsión remitimos al lector a la obra funda-

4 2

mental de G . Sacerdoti, 2002. Para la dimensión civil o «legal» de la religión pue-

 Estudio introductorio
LXVIII
Cabala del caballo Pegaso
L a Cabala del cavallo Pegaseo — e l más b r e v e d e l o s diálogos— e s
más b i e n u n a prolongación d e l a Expulsión, y a q u e s e p r e s e n t a c o m o
e l t r a t a m i e n t o d e d o s c o n s t e l a c i o n e s ( O s a M a y o r y Erídano) c u y o
s u s t i t u t o n o s e había a b o r d a d o e n l a r e f o r m a e x p u e s t a e n l a Expul-
sión. A h o r a s e n o s d i c e e n l a Cabala q u e s u l u g a r e s o c u p a d o p o r l a
A s i n i d a d «en abstracto» y «en concreto», r e s p e c t i v a m e n t e . Así p u e s ,
e l t e m a d e e s t e s e g u n d o diálogo m o r a l e s l a a s i n i d a d o i g n o r a n c i a ,
y e l h e c h o d e q u e a p a r e z c a e n s e g u n d o l u g a r e n e l c i e l o , después d e
l a V e r d a d y p o r d e l a n t e d e l a P r u d e n c i a y l a Sabiduría, n o s h a c e v e r l a
ambigüedad c o n q u e e s t a figura a p a r e c e e n l a filosofía b r u n i a n a .
P o r u n l a d o , l a a s i n i d a d e s p o s i t i v a e n t a n t o q u e figura d e l a i g n o -
r a n c i a , y a q u e ésta, c o m o privación q u e e s d e l c o n o c i m i e n t o , r e s u l t a
u n estímulo p a r a l a persecución d e l s a b e r m e d i a n t e e l t r a b a j o h u -
m i l d e , e s f o r z a d o y c o n s t a n t e , q u e s o n características a s o c i a d a s t r a d i -
c i o n a l m e n t e a l a figura d e l a s n o .
A u n q u e e s t a dimensión p o s i t i v a d e l a a s i n i d a d a p a r e c e o c a s i o n a l -
m e n t e e n e l diálogo, e s s u o t r a c a r a l o q u e c o n s t i t u y e e l t e m a p r e f e -
rente de la obra: la asinidad negativa c o m o ignorancia obstinada y
a u t o c o m p l a c i e n t e , c o m o oposición a l e s f u e r z o y e n t r e g a a l o c i o , c o m o
r e n u n c i a a l a elevación a c t i v a h a c i a l a d i v i n i d a d p o r e l e s f u e r z o p r o -
pio, e n espera del descenso m i s m o d e l a d i v i n i d a d sobre nosotros.
E j e m p l o s d e e s t a a s i n i d a d n e g a t i v a s o n l a teología n e g a t i v a , e l e s c e p -
t i c i s m o filosófico y l a «santa asinidad» o l o c u r a d e l a f e d e q u e h a b l a n
l a s epístolas p a u l i n a s .
E l p r i m e r diálogo p r e s e n t a c o n m a y o r o m e n o r d e t e n i m i e n t o
e s t a s t r e s e s p e c i e s d e a s i n i d a d . L a teología n e g a t i v a e s l a a c t i t u d p o r
l a q u e «siempre s e está n e g a n d o , p o r l o c u a l s e l e l l a m a i g n o r a n c i a
n e g a t i v a q u e jamás s e a t r e v e a afirmar». B r u n o s e r e f i e r e a l a r e n u n -
cia a l c o n o c i m i e n t o p o s i t i v o d e l a n a t u r a l e z a e n v i r t u d d e l o b j e t i v o
divino que, por s u trascendencia inefable, excluye todo pronuncia-
m i e n t o p o s i t i v o . E l e s c e p t i c i s m o e s l a a c t i t u d d e «pirrónicos, efécti-
c o s y similares» ( l a renovación d e l e s c e p t i c i s m o e n M o n t a i g n e y o t r o s
a u t o r e s contemporáneos), r e p r e s e n t a d a «por u n a a s n a c l a v a d a e n
m e d i o d e d o s c a m i n o s , s i n q u e jamás s e m u e v a , i n c a p a z d e d e c i d i r
p o r cuál d e l o s d o s d e b e más b i e n e n c a m i n a r s u s pasos». P o r e s t a

de consultarse también N . Ordine, G i o r d a n o B r u n o , R o n s a r d e la r e l i g i o n e , París,

Albin Michel, 2004. Para una presentación en castellano, remitimos a M. A . G r a -
nada, 2005, caps, ni y iv.
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito
LXIX
a c t i t u d «siempre s e está d u d a n d o y jamás s e o s a d e c i d i r o definir».
T r a s e s t a p r i m e r a caracterización d e l e s c e p t i c i s m o , B r u n o a c o m e t e
u n a crítica más p o r m e n o r i z a d a ( n , 3 ) p o r l a vía d e u n a reducción
político-social d e s u s m o t i v a c i o n e s . E l e s c e p t i c i s m o t i e n e s u o r i g e n
e n l a p e r e z a , e n l a i n c a p a c i d a d d e s o p o r t a r e l e s f u e r z o , e n l a «hol-
gazanería» u n i d a a l d e s m e d i d o afán d e n o t o r i e d a d a n t e e l v u l g o ,
e n e l d e s e o d e g a n a r s u a p l a u s o m e d i a n t e u n r e c u r s o fácil. M i d i e n -
d o e l s a b e r p o r l a aprobación d e l a m u l t i t u d , e l escéptico r e c u r r e
a l fácil e x p e d i e n t e d e c u e s t i o n a r o n e g a r l a c a p a c i d a d h u m a n a d e
conocer:

E s t o s h o l g a z a n e s , p a r a a h o r r a r s e el e s f u e r z o d e d a r razón d e las cosas y

n o a c u s a r a s u i n d o l e n c i a y a la e n v i d i a q u e t i e n e n d e l a i n d u s t r i a a j e n a ,
q u e r i e n d o p a r e c e r m e j o r e s y n o bastándoles c o n o c u l t a r l a p r o p i a c o b a r -
día, i n c a p a c e s d e p a s a r l e s d e l a n t e n i d e c o r r e r a l a p a r , s i n u n p r o c e d i -
m i e n t o q u e les p e r m i t a h a c e r a l g o s u y o , p a r a n o p e r j u d i c a r s u v a n a p r e -
sunción c o n f e s a n d o la i m b e c i l i d a d d e l p r o p i o i n g e n i o , la d u r e z a d e j u i c i o
y privación d e i n t e l e c t o y p a r a h a c e r p a r e c e r a los demás c a r e n t e s d e l a l u z
d e l c o n o c i m i e n t o d e la p r o p i a c e g u e r a , a c u s a n a la n a t u r a l e z a , a las cosas
q u e se n o s r e p r e s e n t a n m a l , y n o f u n d a m e n t a l m e n t e a l a m a l a a p r e h e n -
sión d e los dogmáticos.

P e r o l a e s p e c i e más c u m p l i d a d e a s i n i d a d , según B r u n o , e s l a l o c u r a
p a u l i n a d e l a f e , l a «santa asinidad». S u caracterización e s e l o b j e t o
p r e f e r e n t e d e l a Cabala del caballo Pegaso y e n t o r n o a e l l a g i r a n
prácticamente t o d o s l o s demás m o t i v o s d e l a o b r a . B r u n o l a d e s c r i b e
p o r l a vía d e l e l o g i o sarcástico, c o m o s e m u e s t r a e n e l s o n e t o «Elogio
d e l asno», e n e l «Soneto m u y p i a d o s o s o b r e e l s i g n i f i c a d o d e l a s n o y
e l pollino» — e n e v i d e n t e alusión a l a e n t r a d a d e C r i s t o e n J e r u s a -
l é n — y s o b r e t o d o e n l a «Declamación a l l e c t o r e s t u d i o s o , d e v o t o y
piadoso». E n e s p e c i a l e s t e último t e x t o , c o n s t r u i d o s o b r e e l m o d e l o
d e l sermón e d i f i c a n t e d e l a época l l e v a d o h a s t a e l p a r o x i s m o , s u b -
v i e r t e , p o r e l descrédito q u e s i g u e a l e l o g i o d e s m e s u r a d o , l o s v a l o r e s
cristianos:

[...] e l Señor abrió la b o c a d e l a s n a y e l l a habló. P o r l a a u t o r i d a d d e ésta,

p o r s u b o c a , v o z y p a l a b r a s , se v e d o m a d a , v e n c i d a y p i s o t e a d a l a v a n i -
d o s a , s o b e r b i a y t e m e r a r i a c i e n c i a s e c u l a r y se v e r e d u c i d a a l n i v e l d e l
s u e l o t o d a a l t u r a q u e se a t r e v a a l e v a n t a r l a c a b e z a h a c i a el c i e l o , p o r q u e
D i o s h a e l e g i d o las cosas débiles p a r a c o n f u n d i r a las f u e r z a s d e l m u n d o
 Estudio introductorio
LXX
[ i C o r i , 27]; h a p u e s t o e n reputación las cosas n e c i a s , d a d o q u e l o q u e
p o r l a sabiduría n o podía s e r r e s t i t u i d o , h a q u e d a d o r e p a r a d o p o r l a
s a n t a e s t u l t i c i a e i g n o r a n c i a . P o r eso q u e d a r e p r o b a d a l a sabiduría d e
los s a b i o s y r e c h a z a d a l a p r u d e n c i a d e los p r u d e n t e s | i C o r 1, 19]. N e -
cios d e l m u n d o h a n s i d o l o s q u e h a n f o r m a d o l a religión, las c e r e m o -
n i a s , l a l e y , l a fe, la r e g l a d e v i d a ; l o s m a y o r e s a s n o s d e l m u n d o ( q u e s o n
l o s q u e p r i v a d o s d e c u a l q u i e r o t r o s e n t i d o y d o c t r i n a y vacíos d e t o d a
v i d a y c o s t u m b r e c i v i l se p u d r e n e n l a p e r p e t u a pedantería), s o n a q u e -
llos q u e p o r l a gracia del cielo r e f o r m a n l a p r o f a n a d a y c o r r o m p i d a fe,
m e d i c a n las h e r i d a s d e l a l l a g a d a religión y s u p r i m i e n d o l o s a b u s o s d e
las s u p e r s t i c i o n e s r e p a r a n las r a s g a d u r a s d e sus v e s t i d u r a s ; n o s o n a q u e -
l l o s q u e c o n impía c u r i o s i d a d v a n y f u e r o n s i e m p r e e s c r u t a n d o l o s a r c a -
n o s d e la n a t u r a l e z a y c o m p u t a n d o las v i c i s i t u d e s d e las e s t r e l l a s . M i r a d
si t i e n e n o t u v i e r o n jamás e l mínimo interés p o r las c a u s a s s e c r e t a s d e
las c o s a s ; si t i e n e n algún m i r a m i e n t o p o r la disipación d e r e i n o s , d i s p e r -
sión d e p u e b l o s , i n c e n d i o s , d e r r a m a m i e n t o s d e s a n g r e , r u i n a s y e x t e r -
m i n i o s ; s i se p r e o c u p a n d e q u e e l m u n d o e n t e r o p e r e z c a p o r c a u s a d e
e l l o s c o n t a l d e q u e l a p o b r e a l m a q u e d e s a l v a d a , c o n t a l d e q u e se c o n s -
t r u y a e l e d i f i c i o e n e l c i e l o , c o n t a l d e q u e se r e p o n g a e l t e s o r o e n a q u e -
l l a b i e n a v e n t u r a d a p a t r i a , s i n p r e o c u p a r s e l o más mínimo p o r l a f a m a ,
b i e n e s t a r y g l o r i a d e esta frágil e i n s e g u r a v i d a e n p r o d e a q u e l l a o t r a
certísima y e t e r n a .

Además d e e s t a crítica sarcástica d e l a religión y m o r a l c r i s t i a n a s , q u e

v i e n e a c o m p l e t a r l a expulsión d e u n a b e s t i a t r i u n f a n t e históricamen-
t e q u e e n g r a n m e d i d a e s e l c r i s t i a n i s m o m i s m o , l a Cabala aborda
— e n e l diálogo s e g u n d o y e n e l apéndice «El a s n o cilénico d e l N o -
lano»— u n t e m a m u y i m p o r t a n t e y a p l a n t e a d o p r e v i a m e n t e e n De la
causa y e n l a Expulsión, y q u e recibirá u l t e r i o r t r a t a m i e n t o e n Los
heroicos furores: e l a l m a u n i v e r s a l y e l e s t a t u t o d e l a s a l m a s p a r t i c u l a -
res y sus m o d o s , c o n l a consecuencia d e l a m e t e m p s i c o s i s y d e l a d e -
volución d e l a e x i s t e n c i a h u m a n a a l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a , d e d o n d e e l
c r i s t i a n i s m o había p r e t e n d i d o e x t r a e r l a e n l a e s p e r a n z a d e u n a t r a s -
c e n d e n c i a escatológica. P o r e l c o n t r a r i o , I n f i e r n o y Paraíso s o n i n m a -
nentes a l a naturaleza infinita y coinciden, respectivamente, con el
a c c e s o a l a v e r d a d y , p o r t a n t o , a l a d i v i n i d a d a través d e l a filosofía y
c o n la existencia s u m i d a e n l a i g n o r a n c i a y e n el v i c i o . ' 4

Sobre esta problemática y el sentido preciso de la metempsicosis en Bruno,

4 3

remitimos al lector a M. A . Granada, 2005, cap. v n .

 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito
LXXI
Los heroicos furores
E s t e diálogo (De gli eroici furori), q u e p o n e p u n t o final a l a s e r i e d e l a
o b r a i t a l i a n a , p r e s e n t a u n a e s t r u c t u r a o r i g i n a l : se o f r e c e a l l e c t o r
c o m o e l c o m e n t a r i o filosófico, p o r p a r t e d e d i v e r s o s i n t e r l o c u t o r e s ,
d e l c a n c i o n e r o a m o r o s o d e u n p o e t a d e n o m i n a d o «Furioso», q u e n o
es o t r o q u e B r u n o . D e e s t a m a n e r a l a o b r a s e i n s e r t a e n l a tradición,
q u e s e r e m o n t a b a a l m e n o s h a s t a D a n t e y s u Convivio, d e c o m e n t a r i o
alegórico a l a poesía a m o r o s a . E l título d e «Furioso» c o n q u e B r u n o
se d e s i g n a a sí m i s m o h a c e r e f e r e n c i a a l a c u a r t a f o r m a d e «locura
divina» (theia manía), c o n c r e t a m e n t e e l a m o r , d e s c r i t a p o r Platón e n
e l Fedro y c u y a teoría filosófica había p r e s e n t a d o a l público c u l t o d e l
R e n a c i m i e n t o M a r s i l i o F i c i n o c o n s u traducción y c o m e n t a r i o d e l Fedro
y d e l Banquete. F i c i n o p r e c i s a m e n t e había t r a d u c i d o e l término g r i e -
g o manía p o r e l l a t i n o furor, q u e B r u n o a s u m e e n s u traducción a l a
l e n g u a v u l g a r c o m o furore, p a r a d e s i g n a r p o r t a n t o u n a pasión d e
o r i g e n d i v i n o . E l a d j e t i v o eroico d e l título o r i g i n a l i n d i c a q u e e s a l o -
c u r a o atracción d i v i n a e s a m o r o s a ( m a n i f i e s t a c o m o eros) y a l m i s m o
t i e m p o q u e a p a r e c e e n u n s u j e t o e x c e p c i o n a l («heroico»), p o r q u e e l
o b j e t o d e e s a atracción a m o r o s a n o e s u n i n d i v i d u o finito ( u n a m u j e r
c o n c r e t a , c o m o e n l a lírica d e P e t r a r c a , a q u i e n B r u n o s o m e t e a u n a
crítica f e r o z e n l a s p r i m e r a s páginas d e l a epístola p r e l i m i n a r ) , s i n o l a
d i v i n i d a d , e s t o e s , l a u n i d a d i n f i n i t a . E n t a n t o q u e poesía d i r i g i d a
a l o d i v i n o , B r u n o a s i m i l a s u c a n c i o n e r o a l Cántico o C a n t a r d e l o s
C a n t a r e s bíblico, y d e e s t a m a n e r a s u c o m e n t a r i o filosófico a l o s p o e -
m a s s e a s o c i a a l a tradición, t a n t o h e b r a i c a c o m o c r i s t i a n a , d e c o m e n -
t a r i o alegórico a l l i b r o v e t e r o t e s t a m e n t a r i o .
L a Expulsión había a b o r d a d o l a r e f o r m a m o r a l y r e l i g i o s a d e l c o -
l e c t i v o h u m a n o e n e l m a r c o d e l a n a t u r a l e z a múltiple y e n oposición
a l a o c i o s i d a d y a l a «santa asinidad» c r i s t i a n a , q u e a s u v e z había s i d o
d e n o s t a d a e n l a Cabala p o r s u e s p e r a d e u n a asunción p a s i v a p o r l a
d i v i n i d a d . A h o r a , Los heroicosfurores p r e s e n t a l a p e r s o n a l i d a d «heroi-
ca», e l filósofo q u e — e s p o l e a d o p o r e l eros o «furor-locura amorosa»
d i r i g i d o a l a d i v i n i d a d — s e l a n z a a c t i v a m e n t e a s u «caza» e n l a única
f o r m a e n q u e t a l e m p r e s a e s p o s i b l e a l h o m b r e : m e d i a n t e l a «contem-
plación filosófica» d e l a u n i d a d d e l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a e n t a n t o q u e
«vestigio» o «retrato» d i v i n o , e n t a n t o q u e único H i j o o V e r b o .
E l p r o y e c t o filosófico b r u n i a n o , p l a n t e a d o c o m o r e s p u e s t a s u p e r a -
d o r a d e l a c r i s i s g l o b a l contemporánea, l l e g a b a así a s u culminación
c o n l a presentación d e e s t a figura e x c e p c i o n a l ( s i m b o l i z a d a e n e l m i t o
d e l c a z a d o r Acteón) c o m o expresión d e l a «dignidad d e l hombre», e l
 Estudio introductorio
LXXII
c u a l a l c a n z a s u o b j e t o — l a d i v i n i d a d y l a fusión o comunión c o n e l l a —
e n e l i n s t a n t e s u p r e m o e n q u e l a persecución-caza d e l a d i v i n i d a d i n -
m a n e n t e a l a n a t u r a l e z a d e v i e n e «visión» c u a n d o se es «visto» p o r e l l a ,
s u p e r a n d o l a escisión d e s u j e t o y o b j e t o y p r o d u c i e n d o l a m e t a m o r f o s i s
en l a d i v i n i d a d que constituye (de acuerdo con l acorrecta lectura del
d i c h o bíblico: «el r e i n o d e D i o s está e n vosotros» [ L e 1 7 , 2 1 ] ) , e l v e r d a -
d e r o Paraíso, c i e l o o g l o r i a a c c e s i b l e a l h o m b r e . E s t a m e t a m o r f o s i s d e
Acteón a p a r e c e e n d o s m o m e n t o s : e n e l diálogo c u a r t o d e l a p r i m e r a
p a r t e y e n e l diálogo s e g u n d o d e l a s e g u n d a p a r t e . E n p a r t i c u l a r e s t e
segundo m o m e n t o deja claro q u e la m e t a m o r f o s i s e n l o d i v i n o q u e u n e
a l s u j e t o h e r o i c o — e l filósofo— c o n l a d i v i n i d a d e s u n a unión c o n l a
divinidad e ncuanto manifiesta e nla naturaleza (denominada Diana
p o r B r u n o ) , n o c o n l a d i v i n i d a d e n sí m i s m a ( d e n o m i n a d a A p o l o ) , q u e
p e r m a n e c e i n a s e q u i b l e y c o n r e s p e c t o a l a c u a l sólo v a l e e l s i l e n c i o :

[...] n i n g u n o cree p o s i b l e v e r el s o l , e l u n i v e r s a l A p o l o y l u z a b s o l u t a , e x -
celentísima y s u p r e m a e s p e c i e ; m a s sí c i e r t a m e n t e s u s o m b r a , s u D i a n a , el
m u n d o , el u n i v e r s o , la n a t u r a l e z a q u e se h a l l a e n las cosas, la l u z q u e está
e n l a o p a c i d a d d e l a m a t e r i a (es d e c i r , a q u e l l a m i s m a e n t a n t o q u e res-
p l a n d e c e e n las t i n i e b l a s ) . [...] Rarísimos s o n , c o m o d i g o , los A c t e o n e s a
los q u e c o n c e d e e l d e s t i n o p o d e r c o n t e m p l a r a D i a n a d e s n u d a y t r a n s f o r -
m a r s e d e t a l m o d o q u e - — t o t a l m e n t e p r e n d a d o s d e l a armónica b e l l e z a
d e l c u e r p o d e l a n a t u r a l e z a , y a v i s t a d o s e l l o s p o r esas dos luces, g e m i n o
r e s p l a n d o r d e l a d i v i n a b o n d a d y b e l l e z a — v e n g a n c o n v e r t i d o s e n cier-
v o s , n o s i e n d o y a c a z a d o r e s , s i n o c a z a . P u e s es término y f i n último d e
esta cacería e l l l e g a r a l a c a p t u r a d e esa f u g a z y m o n t a r a z p r e s a , p o r l a
c u a l e l d e p r e d a d o r vuélvese p r e s a , y e l c a z a d o r c a z a .

E s t a unión c o n l a d i v i n i d a d e n l a n a t u r a l e z a — e n t a n t o q u e i n f i n i t a y
u n a («contempla a h o r a t o d o c o m o uno», d i c e B r u n o ) , i m a g e n d e A p o -
l o — p r o c u r a a l filósofo q u e l a c o n t e m p l a ( y q u e e n l a contemplación
r e c o n o c e q u e a q u e l l o q u e b u s c a está e n s u p r o p i o s e r más íntimo, e s t o
es, q u e él e s u n o s u s t a n c i a l m e n t e c o n s u o b j e t o ) l a s u p r e m a f e l i c i d a d :

[...] p o r t o d o e l l o u f a n a s e e l F u r i o s o d e ser p r e s a d e esa D i a n a a l a c u a l

rindióse, d e la c u a l se c o n s i d e r a f a v o r e c i d o e s p o s o y e l más f e l i z c a u t i v o y
s u b y u g a d o , s i n q u e p u e d a e n v i d i a r a h o m b r e a l g u n o — q u e más n o p u e d e
t e n e r — n i a ningún d i o s , q u e l o t i e n e e n t a l f o r m a q u e u n a n a t u r a l e z a
i n f e r i o r n o p u e d e a l c a n z a r y q u e p o r c o n s i g u i e n t e n o d e b e ser d e s e a d a n i
t a m p o c o caer bajo n u e s t r o apetito.
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito
LXX1I
E l h o m b r e q u e h a a l c a n z a d o ese e s t a d o n o p u e d e a l c a n z a r n i d e s e a r
n a d a más, p u e s e n él e n c u e n t r a u n océano i n f i n i t o q u e s a t i s f a c e t o d o
s u a n h e l o c o g n o s c i t i v o y a p e t i t i v o . C o m o s e d i c e e n e l t e r c e r diálogo
de l a segunda parte:

Así, e n t a n t o q u e el i n t e l e c t o c o n c i b e la l u z , el b i e n , l o b e l l o , e n t o d a la ex-
tensión d e l h o r i z o n t e d e s u c a p a c i d a d , y el a l m a b e b e d e l néctar d i v i n o y de
la f u e n t e d e v i d a e t e r n a e n l a m e d i d a q u e l o p e r m i t e e l p r o p i o vaso, se
v e q u e la l u z se d i f u n d e más allá d e l círculo d e s u h o r i z o n t e , d o n d e p u e d e
él s i e m p r e p e n e t r a r más y más, y q u e e l néctar y f u e n t e d e a g u a v i v a es
i n f i n i t a m e n t e f e c u n d o , d e d o n d e p u e d e s i e m p r e más y más e m b r i a g a r s e .

E l l e n g u a j e u s a d o aquí p o r B r u n o ( l a metáfora platónica d e l «néctar»,

las metáforas bíblicas d e «la f u e n t e d e v i d a eterna» y d e l a «fuente d e
a g u a viva» p a r a i n d i c a r e l a l i m e n t o y l a regeneración e n l a c o n t e m p l a -
ción d e l a v e r d a d , e s t o es, d e l a d i v i n i d a d ) i n d i c a q u e ese e s t a d o , p e r d u -
r a b l e e n u n a posesión c o n t i n u a («gozan, p u e s , l a s a c i e d a d c o m o e n m o -
v i m i e n t o y aprehensión, y n o c o m o e n q u i e t u d y comprensión; n o están
s a c i a d o s s i n más a p e t i t o , n i a p e t e c e n s i n q u e v e n g a n e n c i e r t o m o d o a
e s t a r saciados», se p r e c i s a ) , c o n s t i t u y e e l paraíso. E l paraíso, e n e f e c t o ,
c o m o también e l i n f i e r n o , r e c i b e u n a transposición i n m a n e n t i s t a («tal
f e l i c i d a d d e afecto c o m i e n z a d e s d e esta v i d a , y e n este e s t a d o t i e n e s u
m o d o d e ser»), p u e s t o q u e n o h a y o t r a f o r m a d e e x i s t e n c i a f u e r a d e l
u n i v e r s o i n f i n i t o , e t e r n o y homogéneo.
A u n q u e e n s u e x i s t e n c i a e t e r n a e l a l m a , c o m o p r i n c i p i o ontológi-
co s i e m p r e c o e x t e n s i v o a l a m a t e r i a , se c o n t r a i g a e n c o m p u e s t o s i n d i -
viduales siempre nuevos y por ello incurra en lo que B r u n o d e n o m i n a
( a l final d e l diálogo t e r c e r o d e l a p r i m e r a p a r t e ) «la r u e d a d e l a s m e -
tamorfosis», e s t o e s , e n u n a i n c e s a n t e a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l d e
s u e r t e s q u e l a l l e v a n , e n s u s múltiples c o n t r a c c i o n e s , d e s d e e l paraíso
d e l a contemplación d e l a v e r d a d a l a caída e n e l i n f i e r n o d e l a i g n o -
r a n c i a y v i c i o , ' e l «Furioso» ( e s t o e s , e l filósofo q u e b u s c a l a unión
4 1

4 4
T e m a desplegado en las páginas importantísimas del «Argumento y alego-
ría del quinto diálogo [de la segunda parte]» con que concluye la epístola prelimi-
nar como interpretación del diálogo final de la obra. Allí los estadios contrapues-
tos de paraíso e infierno son designados mediante las expresiones bíblicas de
«aguas sobre el firmamento» y «aguas bajo el firmamento», que iluminan y cie-
gan, respectivamente. Hemos presentado este tema por extenso en la Introducción
y anotación a la edición crítica de D e g l i e r o i c i f u r o r i en Les Belles Lettres. A ella
remitimos al lector interesado.
 Estudio introductorio
LXXIV
c o n l a d i v i n i d a d elevándose h a c i a e l l a p o r m e d i o d e l a s «dos alas»: l a
d e l a «voluntad» q u e e s p o l e a a l a l a d e l «intelecto» a i r s i e m p r e más
allá d e l o y a a p r e s a d o ) s e e s f u e r z a p o r a l c a n z a r , e n s u e x i s t e n c i a c o n -
c r e t a e i r r e p e t i b l e d e m o d o f i n i t o , l a unión c o n e l p r i n c i p i o e n l a t o t a -
l i d a d - u n i d a d d e l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a . E l r e c o n o c i m i e n t o d e esa p o -
s i b i l i d a d d e a l c a n z a r e l paraíso e n l a i n m a n e n c i a a l a n a t u r a l e z a
d e n t r o d e u n a r u e d a i n c e s a n t e y v i c i s i t u d i n a l d e m e t a m o r f o s i s es l o
q u e s e c a n t a e n l a r u e d a f i n a l q u e e s c e n i f i c a n («presos d e u n a l o c u r a
báquica», e s d e c i r , dionisíaca) l o s c i e g o s q u e a c a b a n d e r e c u p e r a r l a
visión, e s t o es, q u e s e h a n e l e v a d o , p o r m e d i o d e l c o n o c i m i e n t o f i l o -
sófico, d e l i n f i e r n o d e l a i g n o r a n c i a y d e l v i c i o a l a b e a t i t u d d e l a s a -
biduría y l a v i r t u d , a l a s u m a f e l i c i d a d d e c o n t e m p l a r «la i m a g e n d e l
s u m o b i e n e n l a tierra».'' 5

D e e s t a m a n e r a l a o b r a i t a l i a n a d e B r u n o venía a s e r l a r e i v i n d i c a -
ción d e l a «filo-sofía» ( a m o r p o r l a sabiduría, l a v e r d a d , l a d i v i n i d a d )
c o m o empresa excepcional propia de personalidades heroicas y capaz
d e u n i r a l h o m b r e c o n l a d i v i n i d a d f r e n t e a l a desautorización histó-
r i c a p o r l a religión d e C r i s t o , q u e había p r e t e n d i d o e s t a b l e c e r l a u n i -
v e r s a l n e c e s i d a d d e l a f e e n C r i s t o y n e g a d o l a filosofía c o m o vía a u -
tónoma d e l s a b i o a l a d i v i n i d a d , d i s t i n t a d e l a religión d e s t i n a d a a l
v u l g o i n m e r s o e n l a s e n s i b i l i d a d y m u l t i p l i c i d a d . Así, f r e n t e a l h u m i l -
d e y d e v o t o c r i s t i a n o a l i m e n t a d o p o r l a s fantasías e i l u s i o n e s d e u n a
«necia fe» ( p o r c a r e n t e d e discreción) y d e l a comunión eucarística,
a l a e s p e r a d e l a i n m i n e n t e v e n i d a d e C r i s t o q u e debía e l e v a r l o a l a
g l o r i a e t e r n a , l a m e t a m o r f o s i s filosófica d e Acteón ( a r q u e t i p o d e l fi-
lósofo c u m p l i d o ) producía u n espritfort s i t u a d o p o r e n c i m a d e l v u l g o
h u m a n o a g i t a d o p o r las p a s i o n e s : n i v a n a m e n t e e s p e r a n z a d o p o r u n
f u t u r o irreal, n i atenazado p o r el m i e d o a la inexistente m u e r t e ; ajeno
a l a s v a n a s e x p e c t a t i v a s escatológicas e n v i r t u d d e l a penetración d e
la e t e r n i d a d y h o m o g e n e i d a d del u n i v e r s o ; u n i d o a la d i v i n i d a d e n l a
f o r m a más e l e v a d a p o s i b l e a l h o m b r e e n l a única e x i s t e n c i a m u n d a n a
q u e l e está c o n c e d i d a : «Más g r a n d e q u e e s o s d i o s e s q u e e l c i e g o v u l g o
adora, porque nos habremos hecho verdaderos contempladores d e la
h i s t o r i a d e l a n a t u r a l e z a [...] y r e g u l a d o s e j e c u t o r e s d e l a s l e y e s d i v i -
n a s , q u e están e s c u l p i d a s e n e l c e n t r o d e n u e s t r o corazón». 46

4 5
E l lector encontrará una exposición más detallada en nuestro estudio: M. Á .
Granada, 2002, epílogo, págs. 352-363.
4 6
Pasaje del manifiesto filosófico que concluye la epístola preliminar a D e l
infinito.
 G i o r d a n o B r u n o , e l filósofo d e l infinito
LXXV

NOTA SOBRE LA P R E S E N T E EDICION

E s t a edición o f r e c e a l l e c t o r , e n s u i n t e g r i d a d , t r e s d e l o s s e i s diálogos
filosóficos e n l e n g u a i t a l i a n a p u b l i c a d o s p o r G i o r d a n o B r u n o e n L o n -
dres e n 1584 y 1585.
L o s diálogos La cena de las cenizas y Del infinito: el universo y los
mundos a p a r e c e n e n t r a d u c c i o n e s d e M i g u e l Ángel G r a n a d a o r i g i -
nales d e 1987 y revisadas m e t i c u l o s a m e n t e d e n u e v o p a r a esta e d i -
ción. E n c u a n t o a l diálogo De la causa, el principio y el uno, l a t r a -
ducción — o b r a d e M i g u e l A . G r a n a d a — e s inédita y c o n s t i t u y e ,
p o r t a n t o , u n a p r i m i c i a d e e s t a edición.
L a s características e d i t o r i a l e s d e e s t a colección y l a s l i m i t a c i o n e s
d e e s p a c i o h a n e x i g i d o l a eliminación d e l a s n o t a s q u e acompaña-
b a n a l a s e d i c i o n e s o r i g i n a l e s . E l a p a r a t o crítico e s mínimo y r e c o g e :
a) l a s t r a d u c c i o n e s a l español d e l o s p a s a j e s y c i t a s d e B r u n o e n
l e n g u a s d i s t i n t a s d e l i t a l i a n o (básicamente latín) y b) l a i d e n t i f i c a -
ción d e l a s f u e n t e s c i t a d a s y , e n a l g u n o s c a s o s e n q u e n o s h a p a r e c i -
d o n e c e s a r i o o c o n v e n i e n t e , l a d e las f u e n t e s a l u d i d a s .
P o r t o d o e l l o n o s a t r e v e m o s a p r e s e n t a r a l l e c t o r e s t a edición c o m o
u n a n t i c i p o d e l a edición q u e e s t a m o s p r e p a r a n d o d e l c o n j u n t o d e l a
o b r a i t a l i a n a d e B r u n o : u n a edición bilingüe q u e recogerá p o r t a n t o
e l t e x t o i t a l i a n o o r i g i n a l e n l a edición crítica p u b l i c a d a p o r L e s B e l l e s
L e t t r e s , c u y a s e g u n d a edición r e v i s a d a está e n c u r s o d e publicación;
q u e acogerá también l a c o m e d i a Candelaio (Candelera, p u b l i c a d a e n
París e n 1 5 8 2 , c o n a n t e r i o r i d a d p o r t a n t o a l o s diálogos filosóficos)
e n traducción n u e s t r a . U n a edición, finalmente, e n l a q u e l a t r a d u c -
ción española d e t o d o s l o s diálogos, u l t e r i o r m e n t e r e v i s a d a , estará
acompañada d e u n a a m p l i a introducción y c o m e n t a r i o a c a d a u n o d e
l o s diálogos, c o n l a intención d e i n c o r p o r a r l o s últimos r e s u l t a d o s y
d e s c u b r i m i e n t o s d e l a crítica.
 CRONOLOGÍA

1548 G i o r d a n o B r u n o n a c e e n Ñola, u n a pequeña población c e r c a -

n a a Ñapóles, y e s b a u t i z a d o c o n e l n o m b r e d e F i l i p p o .
1563 S e t r a s l a d a a Ñapóles p a r a c u r s a r e s t u d i o s . F r e c u e n t a e l S t u d i o
u n i v e r s i t a r i o d e l a c i u d a d y sigue lecciones privadas del m o n j e
a g u s t i n o Teófilo d a V a i r a n o . D e s c u b r e e l «arte d e l a memoria».
1565 Ingresa c o m o novicio en elconvento dominicano de San D o -
m e n i c o M a g g i o r e e n Ñapóles y c a m b i a s u n o m b r e p o r e l d e
Giordano.
1566 P r o f e s a e n e l c o n v e n t o n a p o l i t a n o . H a s t a 1570 sigue los e s t u -
d i o s d e a r t e s o filosofía.
1570 E s o r d e n a d o subdiácono. C o m i e n z a l o s e s t u d i o s d e teología.
1571 E s o r d e n a d o diácono.
1573 E s o r d e n a d o sacerdote.
1575 S e d o c t o r a e n teología.
1576 E nfebrero abandona el convento napolitano ante la apertura
de u n proceso inquisitorial e n s u contra. Se traslada a R o m a ,
d o n d e se a l o j a e n e l c o n v e n t o d o m i n i c a n o d e S a n t a M a r i a s o p r a
M i n e r v a . A l c o m p l i c a r s e d e n u e v o s u situación, h u y e d e R o m a ,
a b a n d o n a l o s hábitos y s e d i r i g e a l n o r t e d e I t a l i a .
1576 H a s t a 1578 t r a n s i t a p o r d i f e r e n t e s localidades d e l a L i g u r i a y
d e l Véneto. E n V e n e c i a p u b l i c a e n 1 5 7 7 e l opúsculo De' segni
de' tempi. E n P a d u a d e c i d e r e t o m a r l o s hábitos.
1578 Pasa a F r a n c i a y reside u n t i e m p o e n e lc o n v e n t o d o m i n i c a n o
d e Chambéry.
1579 E n m a y o l l e g a a G i n e b r a y se m a t r i c u l a e n l a u n i v e r s i d a d .
D e j a d e n u e v o e l hábito y s e a d h i e r e a l c a l v i n i s m o . T r a b a j a
c o m o corrector de pruebas e i m p r i m e u n folleto e n el q u e acu-
sa a l p r o f e s o r d e filosofía d e l a u n i v e r s i d a d A n t o i n e d e l a F a y e

LXXVII
LXXVIII Estudio introductorio

d e h a b e r c o m e t i d o v e i n t e e r r o r e s e n u n a s o l a lección. A c u s a d o
d e difamación, e s o b l i g a d o a r e t r a c t a r s e y e x c o m u l g a d o . T r a s
p e d i r perdón e s r e a d m i t i d o . A b a n d o n a G i n e b r a y , t r a s u n a
c o r t a e s t a n c i a e n L y o n , se d i r i g e a T o u l o u s e , d o n d e r e s i d e
hasta 1581 tras conseguir u n puesto c o m o profesor o r d i n a r i o
en la universidad.
1581 P r i m e r a e s t a n c i a e n París, h a s t a 1 5 8 3 . L a p o p u l a r i d a d o b t e n i -
da p o r unas lecciones sobre los atributos divinos l o relaciona
c o n l o s círculos i n t e l e c t u a l e s e n t o r n o a l r e y E n r i q u e I I I .
1582 P u b l i c a u n t r a t a d o mnemotécnico (De umbris idearum) q u e
dedica a l rey, el cual le n o m b r a lector e x t r a o r d i n a r i o . Publica
o t r o s t r a t a d o s d e a r g u m e n t o mnemotécnico y l u l i a n o (Cantus
Circaeus, De compendiosa architectura et complemento artis Lu-
llii) y u n a c o m e d i a e n l e n g u a i t a l i a n a , Candelero (Candelaio).
1583 E n p r i m a v e r a se t r a s l a d a a I n g l a t e r r a c o n u n a c a r t a d e p r e s e n -
tación d e E n r i q u e I I I a l e m b a j a d o r d e F r a n c i a , M i c h e l d e
Castelnau. Se aloja e n L o n d r e s , e n la residencia d e l embaja-
dor. E n j u n i o participa e n los debates organizados e n la U n i -
versidad d e O x f o r d e n h o m e n a j e a l noble polaco A l b e r t o
L a s k i . I m p a r t e u n c u r s o e n esa u n i v e r s i d a d , q u e es i n t e r r u m -
p i d o a l p o c o d e e m p e z a r p o r u n a acusación d e p l a g i o . R e g r e s a
a L o n d r e s . P u b l i c a l a Explicatio triginta sigillorum, c o n e l Sigi-
llus sigillorum c o m o apéndice.
1584 C o m i e n z a l a publicación e n L o n d r e s d e l o s diálogos i t a l i a n o s .
A p a r e c e n La cena de las cenizas, De la causa, el principio y el
uno, Del infinito: el universo y los mundos y l a Expulsión de la
bestia triunfante.
1585 P u b l i c a l o s d o s últimos diálogos: l a Cabala del caballo Pegaso y
Los heroicos furores. E n otoño r e g r e s a a París acompañando a l
embajador.
1586 P u b l i c a Figuratio Aristotelici physici auditus. E n t r a e n c o n t a c t o
c o n e l geómetra s a l e r n i t a n o F a b r i z i o M o r d e n t e , p a r a l a d i v u l -
gación d e c u y o compás r e d a c t a v a r i o s diálogos e n latín (Mor-
dentius, De Mordentii circino, Idiota triumphans seu de Mordente
inter geómetras deo y De somnii interpretatione). B r u n o e s c r i b e e
i m p r i m e l o s Centum et viginti articuli de natura et mundo adver-
sus peripatéticos. A c o m i e n z o s d e j u n i o p a r t e h a c i a A l e m a n i a .
T r a s p a s a r p o r M a g u n c i a , Würzburg y M a r b u r g o , s e i n s t a l a
en W i t t e n b e r g , donde consigue u n n o m b r a m i e n t o c o m o pro-
f e s o r d e filosofía e n l a u n i v e r s i d a d .
 Cronología
LXXIX
587 E n W i t t e n b e r g p u b l i c a d i f e r e n t e s o b r a s d e a r g u m e n t o lógico y
l u l i s t a : De lampade combinatoria lulliana y Deprogressu et lampa-
de venatoria logicorum. R e d a c t a o t r a s o b r a s q u e p e r m a n e c i e r o n
inéditas y n o verían l a l u z h a s t a e l s i g l o x i x : Artificium perorandi,
Animadversiones circa Lampadem lullianam, Lampas triginta sta-
tuarum y Libri physicorum Aristotelis explanati.
588 E n l o s p r i m e r o s m e s e s d e l año p u b l i c a e l Camoeracensis Acro-
tismus seu rationes articulorum physicorum adversus peripatéticos,
u n a reelaboración m u y a m p l i a d a d e l o s Articuli p a r i s i n o s , y l a
Oratio valedictoria. S e t r a s l a d a a P r a g a , d o n d e p u b l i c a Articuli
centum et sexaginta adversus huius tempestatis mathematicos
atque philosophos. B r u n o n o c o n s i g u e n i n g u n a posición r e m u -
n e r a d a y se v e o b l i g a d o a r e a n u d a r s u p e r e g r i n a j e . T r a s u n a
b r e v e e s t a n c i a i n f r u c t u o s a e n T u b i n g a se i n s t a l a a f i n a l e s d e
año e n H e l m s t e d t .
589 E n e n e r o s e i n s c r i b e e n l a A c a d e m i a J u l i a . E n j u l i o l e e l a Ora-
tio consolatoria, e n m e m o r i a d e l d u q u e J u l i u s d e B r a u n s c h -
w e i g , recién f a l l e c i d o . E l f a v o r d e l s u c e s o r p e r m i t e a B r u n o
p e r m a n e c e r v a r i o s m e s e s e n esa l o c a l i d a d , d o n d e r e d a c t a d i f e -
r e n t e s o b r a s d e carácter mágico q u e permanecerán inéditas
hasta el siglo x i x .
590 C o n c l u y e e l t e x t o d e l o s p o e m a s l a t i n o s y se t r a s l a d a a
F r a n k f u r t p a r a e d i t a r l o s . E n j u n i o p r e s e n t a a las a u t o r i d a d e s
u n a s o l i c i t u d d e a l o j a m i e n t o e n casa d e s u e d i t o r , J o h a n n W e -
c h e l . R e c h a z a d a l a s o l i c i t u d , q u e i m p l i c a b a l a expulsión d e l a
c i u d a d , se a l o j a n o o b s t a n t e e n el c o n v e n t o d e los c a r m e l i t a s .
591 A c o m i e n z o s d e año p u b l i c a e l p r i m e r o d e l o s t r e s g r a n d e s
p o e m a s l a t i n o s : De triplici mínimo et mensura, q u e s e p o n e a l a
venta e n l a feria d e primavera. Se traslada a Z u r i c h , donde
i m p a r t e a u n g r u p o d e jóvenes l e c c i o n e s d e filosofía q u e f u e -
r o n p u b l i c a d a s e n 1 5 9 5 c o n e l título d e Summa terminorum
metaphysicorum. R e g r e s a a F r a n k f u r t y p u b l i c a l o s o t r o s d o s
p o e m a s l a t i n o s : De monade, numero et figura y De immenso et
innumerabilibus. V i a j a a I t a l i a y e n otoño s e i n s t a l a e n P a d u a ,
c o n f i a n d o o b t e n e r l a cátedra v a c a n t e d e matemáticas. R e d a c t a
u n a s Praelectiones geometricae, s e g u i d a s d e u n Ars deformatio-
num, q u e d e s a r r o l l a n u n a r g u m e n t o geométrico a p a r t i r d e l
De triplici mínimo. A l m i s m o t i e m p o c u l m i n a l a redacción d e
d o s o b r a s q u e p e r m a n e c i e r o n también inéditas h a s t a e l s i -
g l o x i x : Lampas triginta statuarum y De vinculis in genere.
 Estudio introductorio
LXXX
1592 A c e p t a l a invitación d e G i o v a n n i M o c e n i g o y a f i n a l e s d e m a r -
z o s e i n s t a l a e n s u mansión d e V e n e c i a . I n s a t i s f e c h o c o n l a
enseñanza d e l N o l a n o , q u e n o respondía a l p a r e c e r a s u s e x -
pectativas, e i n c o m o d a d o con e lp e r m i s o solicitado por B r u n o
para regresar a F r a n k f u r t , M o c e n i g o encierra a B r u n o bajo
l l a v e e n u n a habitación e l 2 3 d e m a y o y l o d e n u n c i a a l a I n q u i -
sición. E l p r o c e s o v e n e c i a n o se p r o l o n g a h a s t a j u l i o . L a I n q u i s i -
ción d e R o m a s o l i c i t a l a extradición d e l i m p u t a d o , y e l E s t a d o
v e n e c i a n o la c o n c e d e a c o m i e n z o s d e 1593.
1593 E l p r o c e s o i n q u i s i t o r i a l p r o s i g u e e n R o m a c o n v a r i a s fases e
i n t e r r u p c i o n e s , hasta 1599. T r a s u n t i r a y a f l o j a c o n el t r i b u n a l
a propósito d e u n a abjuración a l a q u e e n p r i n c i p i o parecía
d i s p u e s t o , B r u n o t e r m i n a p o r a f i r m a r s e e n s u posición d e filó-
sofo y r e c h a z a a b j u r a r . T o d o s los i n t e n t o s d e l t r i b u n a l p o r i n -
d u c i r l e a e l l o s o n inútiles.
1600 E l 8 d e f e b r e r o se lee s o l e m n e m e n t e l a s e n t e n c i a c o n d e n a t o r i a
que l odeclara hereje i m p e n i t e n t e , obstinado y pertinaz y l o
e n t r e g a a l b r a z o s e c u l a r p a r a ser e j e c u t a d o . E l 17 d e f e b r e r o , al
a l b a , es q u e m a d o v i v o e n l a p i r a i n s t a l a d a e n l a p l a z a r o m a n a
de C a m p o dei Fiori.
 GLOSARIO

ABSOLUTO (dSSoluto)

S e p a r a d o o e n sí m i s m o , c o n i n d e p e n d e n c i a d e l e f e c t o d e s u o p e r a -
ción. S e d i c e d e D i o s ( c o m o p r i m e r a CAUSA y PRINCIPIO) e n t a n t o q u e
s e p a r a d o d e l UNIVERSO INFINITO. B r u n o l o d e n o m i n a APOLO e n Furo-
res ( n , 2 ) p o r oposición a l a d i v i n i d a d e n t a n t o q u e m a n i f i e s t a y e x p r e -
sa e n e l u n i v e r s o o n a t u r a l e z a i n f i n i t a , a l a q u e d a e l n o m b r e d e DIANA.
C o m o a b s o l u t o , D i o s es i n c o g n o s c i b l e y l a a c t i t u d c o r r e c t a d e l h o m -
bre a l r e s p e c t o es e l s i l e n c i o .

[...] d i c e n los más p r o f u n d o s y d i v i n o s teólogos q u e más se h o n r a y a m a a

D i o s m e d i a n t e e l s i l e n c i o q u e a través d e la p a l a b r a , y q u e más se v e c o n e l
c e r r a r los o j o s a las especies r e p r e s e n t a d a s q u e c o n a b r i r l o s : p o r esa razón
es t a n célebre l a teología n e g a t i v a d e Pitágoras y d e D i o n i s i o , p o r e n c i m a
d e l a d e m o s t r a t i v a d e Aristóteles y los escolásticos d o c t o r e s . (Furores, 11, 4 . )

ALMA (anima)
PRINCIPIO i n t e r i o r d e m o v i m i e n t o e n l a s c o s a s . También l o s a s t r o s o
m u n d o s t i e n e n u n a l m a ( i n t e l i g e n t e además) q u e e s e l p r i n c i p i o d e s u
m o v i m i e n t o . Metafísicamente, e l a l m a e s e l p r i n c i p i o f o r m a l d e l UNI-
VERSO y d e l a s c o s a s p a r t i c u l a r e s , u n p r i n c i p i o s u s t a n c i a l c o e x t e n s o a l a
MATERIA y c o i n c i d e n t e c o n e l l a e n l a u n i d a d i n f i n i t a (cf. UNO). D e
a c u e r d o c o n l a tradición platónica ( P l o t i n o y F i c i n o ) , B r u n o a f i r m a q u e
«el a l m a está t o d a e n t o d o e l m u n d o y t o d a e n c u a l q u i e r p a r t e d e l m i s -
mo» (Causa, 11), e s d e c i r : t o d a s l a s c o s a s t i e n e n a l m a y p r i n c i p i o v i t a l .

ALTERNANCIA VICISITUDINAL (vicissitudine)

M o v i m i e n t o d e sucesión e n e l t i e m p o e n t r e l o s CONTRARIOS, l o s c u a l e s
c o i n c i d e n e n t o d o caso e n l a u n i d a d i n f i n i t a carente d e m o v i m i e n t o y

LXXXI
 Estudio introductorio
LXXXII
MUTACIÓN. L a a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l e s u n a l e y f u n d a m e n t a l d e l a
n a t u r a l e z a y d e l a m i s m a h i s t o r i a h u m a n a , q u e d e esta f o r m a es d e -
v u e l t a a l a n a t u r a l e z a ( a b a n d o n a n d o l a concepción l i n e a l , p r o g r e s i v a
y escatológica d e l c r i s t i a n i s m o ) . Cf. Expulsión, n i , 2 , C a p r i c o r n i o : «[...]
el d e s t i n o h a establecido l a a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l d e las t i n i e b l a s y
d e l a luz».

APOLO (Apolline, Apollo)

Término c o n e l q u e B r u n o d e s i g n a e n Los heroicos furores l a d i v i -
n i d a d ( o e l p r i m e r PRINCIPIO y CAUSA) a b s o l u t a o s e p a r a d a , i n a c c e s i b l e
a l s u j e t o h u m a n o y a c e r c a d e l a c u a l sólo c a b e e l s i l e n c i o (teología
negativa).

(...) d i o s , e n t a n t o q u e a b s o l u t o , n a d a t i e n e q u e h a c e r c o n n o s o t r o s , s i n o
e n l a m e d i d a e n q u e se c o m u n i c a a l o s e f e c t o s d e l a n a t u r a l e z a y es más
íntimo a e l l o s q u e l a n a t u r a l e z a m i s m a , d e m a n e r a q u e s i él n o es la
n a t u r a l e z a m i s m a , es s i n d u d a l a n a t u r a l e z a d e l a n a t u r a l e z a y es el
a l m a d e l a l m a d e l m u n d o , s i n o es e l a l m a m i s m a . (Expulsión, m , 2,
Capricornio.)

E s t a n a t u r a l e z a ( i n f i n i t a y homogénea, r e f l e j o y expresión n e c e s a r i a
d e A p o l o , e l c u a l a c t u a l i z a e n e l l a t o d a s u i n f i n i t a p o t e n c i a ) e s DIANA:

N i n g u n o cree p o s i b l e v e r e l s o l , e l u n i v e r s a l A p o l o y l u z a b s o l u t a , e x c e l e n -
tísima y s u p r e m a especie; m a s sí c i e r t a m e n t e s u D i a n a , e l m u n d o , e l
u n i v e r s o , la n a t u r a l e z a q u e se h a l l a e n las cosas, la l u z q u e está e n la o p a -
c i d a d d e la m a t e r i a . (Furores, 11, 2.)

ASNO, ASINIDAD (asino, asinitá)

Símbolo d e l a i g n o r a n c i a , p o r l o común acompañada d e presunción
d e sabiduría y d e o c i o s i d a d y p e r e z a q u e r e n u n c i a a l a acción p r o p i a
e s p e r a n d o l a acción d e D i o s e n n o s o t r o s . B r u n o c r i t i c a e n l a C a b a l a , a
través d e l e l o g i o irónico, s u manifestación histórica e n e l e s c e p t i c i s m o
y e n l a religión c r i s t i a n a .

(...) l a p u r a b o n d a d , r e g i a s i n c e r i d a d y magnífica m a j e s t a d d e l a s a n t a
i g n o r a n c i a , d o c t a resignación y d i v i n a a s i n i d a d . (...) M i r a d , p u e s , cómo el
pueblo r e d i m i d o , estimado, deseado, gobernado, enderezado, amonesta-
d o , c o r r e g i d o , l i b e r a d o y finalmente p r e d e s t i n a d o , a p a r e c e s i g n i f i c a d o p o r
e l a s n o . (Cabala, Declamación.)
 Glosario
LXXXIII
E l a s n o r e p r e s e n t a también l a sumisión a l p r i n c i p i o d e a u t o r i d a d ( d e
l a FILOSOFÍA VULGAR o d e l a a u t o r i d a d teológica) a través d e l s e n t i d o
p a s i v o d e l oído: «nuestros d i v i n o s a s n o s , p r i v a d o s d e l c o n o c i m i e n t o y
a f e c t o p r o p i o s , v i e n e n a e n t e n d e r t a l c o m o s e l e s s o p l a e n e l oído p o r
las r e v e l a c i o n e s d e l o s d i o s e s o d e s u s v i c a r i o s y e n c o n s e c u e n c i a n o
se g o b i e r n a n según o t r a l e y q u e l a d e a q u e l l o s mismos» (Cabala, i ) .
Cf. también PEDANTERÍA.

ÁTOMOS (atomi)
B r u n o c o n c e d e u n a composición atómica a l e l e m e n t o t i e r r a , a l q u e
d e n o m i n a «árida» ( t i e r r a s e c a ) c u a n d o está s e p a r a d o d e l a g u a , q u e e s
l a s u s t a n c i a c o a g u l a n t e q u e u n e l o s átomos d e t i e r r a e n c o m p u e s t o s :

[...] e l a g u a es l o q u e p r o d u c e e l espesor e n las p a r t e s d e l a t i e r r a , la c u a l

se d i s u e l v e p o r l a acción d e l c a l o r [...] y c u a n t o más espesa y p e s a d a e s ,
t a n t a más participación d e a g u a t i e n e [...] d e f o r m a q u e l a t i e r r a seca
c o m p l e t a m e n t e s e p a r a d a d e l a g u a n o es o t r a cosa q u e e r r a n t e s y d i s p e r s o s
átomos. (Infinito, n i . )

P o r e l c o n t r a r i o , e l a i r e o ÉTER e s u n a s u s t a n c i a c o n t i n u a q u e l l e n a y
p e n e t r a i n m e d i a t a m e n t e e l e s p a c i o INFINITO O VACÍO.

BAGATELAS (bagattelle)
Denominación irónica y d e s p e c t i v a d e l o s m i l a g r o s d e C r i s t o y d e l o s
m i s t e r i o s d e l a religión c r i s t i a n a . Cf Cena, n , n o t a 7 4 , a propósito d e l a
Eucaristía y e l c u e r p o místico d e C r i s t o ; Expulsión, m , 3 ( O r i o n ) . B r u n o
u s a también l o s sinónimos «gentilezas», «galanterías», «habilidades».

BESTIA TRIUNFANTE (bestia trionfante)

L o s v i c i o s q u e i m p e r a n e n e l s u j e t o h u m a n o o c o l e c t i v o ( e n e s t e últi-
m o c a s o i n d i c a n d o u n a época d e «tinieblas» e n l a r u e d a v i c i s i t u d i n a l
d e l t i e m p o ; cf. ALTERNANCIA VICISITUDINAL), t e n i d o s p o r v i r t u d e s y
p o r e l l o i n d i c a t i v o s d e u n a subversión d e v a l o r e s . S u expulsión ( o b j e -
t o d e l diálogo Expulsión de la bestia triunfante) m a r c a e l m o m e n t o e n
q u e , c o m o c o n s e c u e n c i a d e l a recuperación d e l a v e r d a d a c e r c a d e l a
n a t u r a l e z a y d e s u relación c o n D i o s , t i e n e l u g a r l a r e f o r m a m o r a l ,
política y r e l i g i o s a q u e p o n e fin a l período d e «tinieblas»:

[...] la expulsión d e la b e s t i a t r i u n f a n t e , es d e c i r , d e los v i c i o s q u e p r e d o m i -

n a n y s u e l e n c o n c u l c a r l a p a r t e d i v i n a ; se p u r i f i c a e l ánimo d e e r r o r e s y
LXXXIV Estudio introductorio

se le a d o r n a c o n v i r t u d e s , p o r a m o r d e la b e l l e z a q u e se ve e n la b o n d a d y
j u s t i c i a n a t u r a l , p o r d e s e o d e l p l a c e r q u e d e r i v a d e los f r u t o s d e ésta y p o r
o d i o y t e m o r a l a f e a l d a d y d i s p l a c e r contrarios». P a r a B r u n o l a bestia
t r i u n f a n t e c o i n c i d e e n g r a n m e d i d a c o n e l c r i s t i a n i s m o m i s m o . (Expulsión,
epístola e x p l i c a t i v a . )

CAUSA (causa)
C o n i n d e p e n d e n c i a d e D i o s e n sí m i s m o c o m o p r i m e r PRINCIPIO y
p r i m e r a CAUSA, q u e e s i n c o g n o s c i b l e (cf. Causa, n ) , e n l a n a t u r a l e z a
«[...] c a u s a [es] l o q u e c o n c u r r e d e s d e f u e r a a l a producción d e l a s
cosas y t i e n e e l ser f u e r a d e l c o m p u e s t o , c o m o es e l caso d e l e f i c i e n t e
y d e l fin a l q u e s e o r d e n a l a c o s a producida» (Causa, n ) . N o o b s t a n t e ,
e l r e s u l t a d o d e l a especulación b r u n i a n a es q u e l a CAUSA EFICIENTE ( e l
i n t e l e c t o u n i v e r s a l c o m o f a c u l t a d p r i m e r a d e l ALMA d e l m u n d o o
FORMA) y l a CAUSA FINAL s o n i n m a n e n t e s a l u n i v e r s o i n f i n i t o .

CAUSA EFICIENTE (causa ejficiente)

«[...] e l e f i c i e n t e físico u n i v e r s a l e s e l i n t e l e c t o u n i v e r s a l , e l c u a l e s l a p r i -
m e r a y p r i n c i p a l f a c u l t a d d e l a l m a d e l m u n d o , q u e a s u v e z es s u f o r m a
universal» (Causa, n ) . H a y q u e t e n e r p r e s e n t e q u e , c o m o e l a l m a u n i -
v e r s a l e s c o e x t e n s a a l a MATERIA, e l i n t e l e c t o u n i v e r s a l o l a c a u s a e f i c i e n -
t e d e l u n i v e r s o ( D i o s e n s u operación) e s íntimo a l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a ,
u n «[...] a r t i s t a i n t e r i o r q u e f o r m a l a m a t e r i a y l a c o n f i g u r a d e s d e d e n -
tro», o p e r a n d o «todo e n t e r o e n l a t o t a l i d a d d e l a materia» (Causa, n ) .

CAUSA FINAL (causa finale)

L a c a u s a final d e l u n i v e r s o n o e s t r a s c e n d e n t e o e x t e r i o r , s i n o s u p r o -
p i a perfección, q u e s e i d e n t i f i c a c o n l a i n f i n i t u d e x t e n s i v a ( e s p a c i a l y
t e m p o r a l ) e i n t e n s i v a , e s t o es:

[...] q u e t o d a s las f o r m a s t e n g a n e x i s t e n c i a a c t u a l e n d i f e r e n t e s p a r t e s d e
l a m a t e r i a , e n e l c u a l f i n e l i n t e l e c t o se c o m p l a c e y d e l e i t a t a n t o q u e
jamás se c a n s a d e s u s c i t a r t o d a clase d e f o r m a s a p a r t i r d e l a m a t e r i a .
(Causa, II.)

CONTEMPLACIÓN (contemplazione)
Término q u e t r a d u c e e l latín contemplatio, q u e a s u v e z e x p r e s a e l
g r i e g o theoría. D e s i g n a e l c o n o c i m i e n t o i n t e l e c t u a l , p r o p i o d e l a m i -
noría d e h o m b r e s s u p e r i o r e s , q u e a l c a n z a l a filosofía v e r d a d e r a , e n
s u s c o m p o n e n t e s t a n t o teóricos c o m o prácticos.
 Glosario LXXXV

[...] p o r a m o r a l a v e r d a d e r a sabiduría y afán d e la v e r d a d e r a c o n t e m p l a -

ción m e f a t i g o , m e a f l i j o y m e a t o r m e n t o . [ . . . ] G r a c i a s a esta c o n t e m -
plación sucederá, si e s t a m o s a t e n t o s a e l l a , q u e ningún extraño a c c i d e n t e
n o s descompondrá p o r d o l o r o t e m o r y n i n g u n a f o r t u n a n o s elevará p o r
p l a c e r y e s p e r a n z a , c o n l o c u a l t e n d r e m o s la v e r d a d e r a vía a la v e r d a d e r a
moralidad». (Infinito, epístola p r o e m i a l . ) Cf INFIERNO.

CONTRARIOS (contrarii)
L a n a t u r a l e z a , e n s u e s t r u c t u r a física y metafísica, c o n s t a d e c o n -
trarios, l o s cuales coinciden indiferenciados e n l a u n i d a d infinita
(cf. u n o ) . A e s c a l a cosmológica s o n c o n t r a r i o s e l c a l o r y e l frío, p r i m e -
r o s p r i n c i p i o s a c t i v o s q u e se m a n i f i e s t a n r e s p e c t i v a m e n t e e n l o s SOLES
y e n l a s TIERRAS O p l a n e t a s , l o s c u a l e s f o r m a n u n s i s t e m a armónico
c o n i n t e r c a m b i o recíproco d e s u s t a n c i a n u t r i c i a .

[...] los c o n t r a r i o s n o d e b e n e s t a r a l a máxima d i s t a n c i a , s i n o t a n l e j o s

e n t r e sí q u e e l u n o p u e d a a c t u a r s o b r e e l o t r o y p u e d a p a d e c e r l a acción
d e l o t r o , t a l y c o m o v e m o s q u e está d i s p u e s t o el sol próximo a n o s o t r o s
c o n r e s p e c t o a sus t i e r r a s q u e l e están a l r e d e d o r , y a q u e e l o r d e n d e l a
n a t u r a l e z a c o m p o r t a e s t o : q u e u n c o n t r a r i o subsiste, v i v e y se n u t r e d e l
o t r o . ( I n f i n i t o , v.)

A e s c a l a metafísica, c o n t r a r i o s s o n l o s PRINCIPIOS s u s t a n c i a l e s d e l a
MATERIA y l a FORMA, así c o m o l a POTENCIA y e l a c t o , q u e c o i n c i d e n e n
la u n i d a d i n f i n i t a .

DIANA (Diana)
D i v i n i d a d mitológica c o n l a q u e B r u n o d e s i g n a l a n a t u r a l e z a o U N I -
VERSO INFINITO homogéneo, expresión n e c e s a r i a y t o t a l d e l a d i v i n i -
d a d a b s o l u t a (APOLO, también a v e c e s A n f i t r i t e ) .

[Acteón) v e l a A n f i t r i t e , f u e n t e d e t o d o s l o s números, d e t o d a s las e s p e -

cies, d e t o d a s las r a z o n e s , q u e es l a Mónada, v e r d a d e r a e s e n c i a d e l ser d e
t o d o s ; y si n o l a v e e n s u e s e n c i a , e n s u a b s o l u t a l u z , l a c o n t e m p l a e n s u
p r o g e n i t u r a , q u e se le a s e m e j a y es s u i m a g e n ; p o r q u e d e la mónada q u e
es l a d i v i n i d a d p r o c e d e esta o t r a mónada q u e es l a n a t u r a l e z a , e l u n i v e r -
so, e l m u n d o , d o n d e se c o n t e m p l a y r e f l e j a c o m o e l S o l e n l a L u n a , m e -
d i a n t e l a c u a l n o s i l u m i n a , p e r m a n e c i e n d o él e n e l h e m i s f e r i o d e l a s
s u s t a n c i a s i n t e l e c t u a l e s . T a l es D i a n a , ese u n o q u e es e l e n t e m i s m o , ese
e n t e q u e es l a m i s m a v e r d a d , esa v e r d a d q u e es la n a t u r a l e z a c o m p r e n -
 Estudio introductorio
LXXXV1
sible, e n la q u e i n f l u y e el Sol y el resplandor d e l a n a t u r a l e z a superior,
según q u e l a u n i d a d se d i s t i n g u e e n g e n e r a d a y g e n e r a n t e , o p r o d u c t o r a
y p r o d u c i d a . (Furores, n , 2.)

D i a n a d e s i g n a también c o n f r e c u e n c i a , e s p e c i a l m e n t e e n Furores, a
I s a b e l I , r e i n a d e I n g l a t e r r a , d e a c u e r d o c o n l a hagiografía r e a l i n g l e -
sa d e l a época, q u e d a b a ese a p e l a t i v o a l a r e i n a «virgen». Cf. Furores,
s o n e t o «A l a s más v i r t u o s a s y g e n t i l e s damas», a n t e p u e s t o a l a p r i m e -
r a p a r t e d e esa o b r a y m u y e s p e c i a l m e n t e l a s «ninfas d e l Támesis» e n
Furores, 11, 5 , c o n s u explicación e n e l «Argumento y alegoría d e l
q u i n t o diálogo [ d e l a s e g u n d a parte]»:

Allí están las n i n f a s , es d e c i r , las b i e n a v e n t u r a d a s y d i v i n a s i n t e l i g e n c i a s ,

las c u a l e s a s i s t e n y s i r v e n a l a i n t e l i g e n c i a p r i m e r a , q u e v i e n e a ser c u a l
D i a n a e n t r e las n i n f a s d e los d e s i e r t o s . Sólo e l l a e n t r e t o d a s las demás
tiene p o r su triple v i r t u d poder para a b r i r t o d o sello, para desatar t o d o
n u d o , p a r a d e s c u b r i r t o d o secreto y l i b e r a r c u a l q u i e r cosa e n c e r r a d a . E l l a ,
c o n s u sola p r e s e n c i a y g e m i n o e s p l e n d o r d e b i e n y v e r d a d , d e b o n d a d y
b e l l e z a , sacia l a s v o l u n t a d e s y los i n t e l e c t o s t o d o s , rociándolos c o n l a s
a g u a s salutíferas d e purificación.

ÉTER (etere)
F r e n t e a l a concepción aristotélica, según l a c u a l e l éter e s e l q u i n t o
e l e m e n t o , p r o p i o d e l cielo, m i e n t r a s q u e los c u a t r o e l e m e n t o s (tierra,
agua, aire, fuego) son propios del m u n d o sublunar, B r u n o concibe el
éter c o m o l a s u s t a n c i a c o n t i n u a ( n o c o m p u e s t a d e ÁTOMOS, a d i f e r e n c i a
d e la t i e r r a ) q u e l l e n a i n m e d i a t a m e n t e el espacio ( d e n o m i n a d o p o r eso
también ««región etérea») y q u e es «aire puro» ( f r e n t e a l a i r e m e z c l a d o
c o n partículas d e a g u a y t i e r r a q u e e s i n t e r n o a l o s m u n d o s o a s t r o s ) .

[...] h a y u n a región etérea i n m e n s a [...] e n l a c u a l se m u e v e , v i v e y v e g e -

t a e l t o d o . E s e l éter q u e c o n t i e n e y p e n e t r a t o d a s las cosas, el c u a l e n l a
m e d i d a e n q u e se e n c u e n t r a d e n t r o d e l a composición ( q u i e r o d e c i r , e n
la m e d i d a e n q u e f o r m a p a r t e d e l c o m p u e s t o ) es l l a m a d o comúnmente
«aire», c o m o p o r e j e m p l o este a i r e v a p o r o s o e n t o r n o a las a g u a s y d e n t r o
d e l c o n t i n e n t e t e r r e s t r e , e n c e r r a d o e n t r e l o s altísimos m o n t e s , c a p a z d e
p r o d u c i r densas nubes y tempestuosos austros y aquilones. E n la m e d i d a
l u e g o e n q u e es p u r o y n o f o r m a p a r t e d e c o m p u e s t o , s i n o q u e es e l l u g a r
y receptáculo p o r d o n d e e l c o m p u e s t o se m u e v e y c o r r e , se l l a m a p r o p i a -
m e n t e «éter». ( I n f i n i t o , v . )
 Glosario
LXXXVII
FILOSOFÍA VULGAR (volgarfilosofía)
P a r a B r u n o u n a contradicción in terminis, p u e s t o q u e l a filosofía
c o m o a c t i v i d a d i n t e l e c t u a l n o p u e d e s e r n u n c a e j e r c i c i o d e l VULGO O
d e l a mayoría d e l a h u m a n i d a d , s i n o t a n sólo d e l a s p e r s o n a l i d a d e s
h e r o i c a s q u e s e e l e v a n m e d i a n t e l a s «alas» d e l a l m a , e s t o e s , e l i n t e -
l e c t o y l a v o l u n t a d . Cf. Furores, n , 2 : «[...] e l s u r s u n c o r d a n o e s a t o d o s
e n t o n a d o , s i n o únicamente a a q u e l l o s q u e están d o t a d o s d e alas». L a
filosofía v u l g a r e s , p o r t a n t o , u n a seudofilosofía, u n a filosofía f a l s a ,
basada e n l a fe y l a c o s t u m b r e (en e l p r i n c i p i o d e a u t o r i d a d ) tras la
q u e s e e x p r e s a u n a subversión d e v a l o r e s y l a usurpación d e l a v e r d a d
p o r p a r t e d e l a f a l s e d a d . L a expresión d e s i g n a e n B r u n o f u n d a m e n -
t a l m e n t e a l a r i s t o t e l i s m o e n t a n t o q u e seudofilosofía f u n d a d a e n l a
e x p e r i e n c i a i n m e d i a t a d e l s e n t i d o . S u o p u e s t o , l a filosofía v e r d a d e r a ,
d e s i g n a básicamente l a filosofía «nolana» d e B r u n o m i s m o : «Ésta e s
l a filosofía q u e a b r e l o s s e n t i d o s , c o n t e n t a e l espíritu, e x a l t a e l i n t e l e c -
to y reconduce a l h o m b r e a la verdadera beatitud que puede tener
c o m o hombre» {Infinito, epístola p r o e m i a l ) . P a r a u n a contraposición
d e a m b a s filosofías, cf. Infinito, v , i n i c i o .

FORMA (forma)
P r i n c i p i o f o r m a l d e l u n i v e r s o c o e x t e n s i v o a l a MATERIA. C o i n c i d e c o n
l a CAUSA EFICIENTE ( e l i n t e l e c t o u n i v e r s a l ) , p u e s t o q u e éste e s i n t e r i o r
a l ALMA u n i v e r s a l , l a c u a l a s u v e z es l a f o r m a : «el a l m a d e l m u n d o es
e l p r i n c i p i o f o r m a l c o n s t i t u t i v o d e l u n i v e r s o y d e a q u e l l o q u e e n él
se contiene» (Causa, 11). P r i n c i p i o e t e r n o , c o m o l a m a t e r i a , l a f o r m a o
a l m a e s u n i v e r s a l también e n e l s e n t i d o d e «única», y l a s f o r m a s
o a l m a s p a r t i c u l a r e s s o n «accidentes» y «modos» t r a n s i t o r i o s d e l
a l m a u n i v e r s a l , s o m e t i d a s a l a MUTACIÓN INCESANTE (cf. METAMORFO-
SIS, TRANSMIGRACIÓN) p o r l a c u a l se r e a l i z a l a CAUSA FINAL d e l u n i v e r s o .

FUROR HEROICO (furore eroico)

E l término «furor» p r o c e d e d e Platón (Banquete, y e s p e c i a l m e n t e
Fedro) y d e s i g n a l a «locura amorosa» d e p r o c e d e n c i a d i v i n a . B r u n o
l o a s u m e a p a r t i r d e M a r s i l i o F i c i n o , q u e había t r a d u c i d o e l término
g r i e g o manía c o n e l l a t i n o furor y había d e s a r r o l l a d o l a teoría platóni-
ca e n s u s c o m e n t a r i o s ( t a n i n f l u y e n t e s e n l a c u l t u r a d e l R e n a c i m i e n t o )
a e s o s d o s diálogos platónicos. C o m o e n F i c i n o , e l f u r o r d i v i n o s e
d i s t i n g u e e n B r u n o d e l «furor bestial» d i r i g i d o a l o s c u e r p o s p o r
m e d i o d e las p a s i o n e s d e s o r d e n a d a s . A u n q u e e l f u r o r d i v i n o r e c o g e
i n i c i a l m e n t e l a posesión y e l r a p t o p o r l a d i v i n i d a d d e a q u e l l o s s u j e t o s
 Estudio introductorio
LXXXVIII
i g n o r a n t e s q u e s o n c o n v e r t i d o s e n «vaso d e elección» o m e r o s i n s t r u -
m e n t o s d e l a acción d i v i n a , s i n acción p r o p i a p o r s u p a r t e , e l término
d e s i g n a p r o p i a m e n t e el i m p u l s o (a la v e z a m o r o s o y h e r o i c o ) d e a q u e -
llos sujetos q u e hacen o b j e t o d e su a m o r n o u n i n d i v i d u o finito, sino
l a d i v i n i d a d i n f i n i t a , a l a c u a l t r a t a n d e a c c e d e r y «cazar» a través d e l
c o n o c i m i e n t o d e s u manifestación e n l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a (cf. DIANA
y Furores, i , 3 , i n i c i o ) . E l s u j e t o d e e s t e a m o r ( e l «furioso») e s p r o p i a -
m e n t e e l filósofo («el q u e a m a a l a Sabiduría»; p o r e s o B r u n o s e d e -
s i g n a m e d i a n t e ese a p e l a t i v o e n Furores) y a p a r e c e p e r s o n i f i c a d o e n l a
figura mitológica d e Acteón, e l c a z a d o r d e s t i n a d o a m e t a m o r f o s e a r s e
e n c i e r v o a n t e l a v i s t a d e l a d i v i n i d a d (DIANA): «Vio, y e l g r a n c a z a d o r
mudóse e n caza» (Furores, 1, 4 , i n i c i o ; 11, 2 ) .

INFIERNO (inferno)
A l i g u a l q u e e l Paraíso, e l I n f i e r n o p a r a B r u n o n o e s u n e s t a d i o e s c a -
tológico d e f i n i t i v o e n e l q u e l o s r e p r o b o s o c o n d e n a d o s recibirán
e t e r n o c a s t i g o , s i n o u n a situación e n l a q u e s e e n c u e n t r a e l s u j e t o
h u m a n o e n e l s e n o d e l a n a t u r a l e z a o UNIVERSO INFINITO homogéneo
o indiferente e n e l espacio y e n e l t i e m p o . B r u n o lleva a cabo por
t a n t o u n a transposición i n m a n e n t i s t a d e l paraíso y d e l i n f i e r n o , d o n -
d e e l paraíso c o i n c i d e c o n l a unión c o n D i o s a través d e l a CONTEM-
PLACIÓN d e l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a , s u u n i d a d s u s t a n c i a l y s u carácter
d e expresión n e c e s a r i a d e l a d i v i n i d a d (DIANA d e l APOLO i n c o g n o s c i -
ble), m i e n t r a s que e l i n f i e r n o coincide con e l estado d e ignorancia y
v i c i o y e l c o n s i g u i e n t e m i e d o a l a MUERTE q u e s i g u e a l d e s c o n o c i -
m i e n t o d e l a v e r d a d e r a e s t r u c t u r a ontológica d e l u n i v e r s o .

[...] e l v a n o T e m o r , Cobardía y Desesperación v a y a n s e a b a j o j u n t o c o n l a

L i e b r e a c a u s a r e l v e r d a d e r o i n f i e r n o y O r c o d e las p e n a s a los ánimos
estúpidos e i g n o r a n t e s . N o habrá allí l u g a r t a n o c u l t o e n el q u e n o e n t r e
esta falsa S o s p e c h a y el c i e g o E s p a n t o a n t e la m u e r t e , abriéndose la p u e r -
t a d e t o d a a p a r t a d a e s t a n c i a m e d i a n t e los falsos p e n s a m i e n t o s q u e la n e c i a
F e y c i e g a C r e d u l i d a d e n g e n d r a , a l i m e n t a y cría. P e r o q u e n o se a c e r q u e
( e x c e p t o e n u n e s f u e r z o v a n o ) allí d o n d e el i n e x p u g n a b l e m u r o d e l a ver-
d a d e r a contemplación filosófica c i r c u n d a , d o n d e l a t r a n q u i l i d a d d e l a
v i d a está f o r t i f i c a d a y s i t u a d a e n l o a l t o , d o n d e está a b i e r t a l a v e r d a d ,
d o n d e es c l a r a la n e c e s i d a d d e l a e t e r n i d a d d e t o d a s u s t a n c i a , d o n d e n o se
d e b e t e m e r d e o t r a cosa q u e d e ser d e s p o j a d o d e l a h u m a n a perfección
y j u s t i c i a , q u e c o n s i s t e e n la c o n f o r m i d a d c o n l a n a t u r a l e z a s u p e r i o r y n o
errante.» (Expulsión, m , 3, L i e b r e . )
 Glosario
LXXXIX
S i n e m b a r g o , e n t a n t o q u e e s t a d o s d e l m o d o finito e n l a n a t u r a l e z a
i n f i n i t a , paraíso e i n f i e r n o n o s o n e s t a d o s p e r m a n e n t e s , s i n o s i t u a c i o -
nes e n t r e las q u e el a l m a — a l o l a r g o d e sucesivas c o n t r a c c i o n e s fini-
t a s — va c i r c u l a n d o en l a r u e d a eterna d e l a m e t a m o r f o s i s .

INFINITO (infinito)
E s e l c o n c e p t o f u n d a m e n t a l d e l a filosofía b r u n i a n a . B r u n o c o i n c i d e
c o n Aristóteles e n q u e l a solución a l a cuestión d e l a finitud o i n f i n i -
t u d d e l u n i v e r s o e s e l p r o b l e m a f u n d a m e n t a l d e l a filosofía, d e l q u e
d e p e n d e t o d o l o demás. Cf. Infinito, n : «[...] t a n t o l a u n a c o m o l a o t r a
p a r t e d e l a contradicción s o n d e t a n t o a l c a n c e q u e c o n s t i t u y e n e l
p r i n c i p i o d e d o s f o r m a s d e filosofar m u y diferentes». S i Aristóteles
h a p e r v e r t i d o l a filosofía a l a f i r m a r l a n e c e s a r i a finitud d e l u n i v e r s o ,
B r u n o cree restaurar la v e r d a d a l a f i r m a r s u necesaria i n f i n i t u d , a
p a r t i r d e : a) l a extracción d e t o d a s l a s c o n s e c u e n c i a s q u e s e s i g u e n d e
l a t e s i s c o p e r n i c a n a d e l m o v i m i e n t o d e l a TIERRA; b) l a concepción d e l
e s p a c i o o VACÍO c o m o i n f i n i t o c o n t e n e d o r homogéneo o i n d i f e r e n t e ,
q u e p u e d e c o n t e n e r y c o n t i e n e i n f i n i t o s MUNDOS s i m i l a r e s a l c o n t e n i -
d o e n e s t a porción d e l e s p a c i o d o n d e r e s i d e n u e s t r o m u n d o , l a c u a l e s
c o m p l e t a m e n t e i n d i f e r e n t e d e l r e s t o d e l e s p a c i o i n f i n i t o , y c) l a i n f i -
n i t a POTENCIA y b o n d a d d e l PRINCIPIO d i v i n o q u e p r o d u c e n e c e s a r i a -
m e n t e u n a operación i n f i n i t a ( e l u n i v e r s o ) q u e e s l a explicación d e l o
q u e e l l a m i s m a i m p l i c a o c o m p l i c a (cf. Expulsión, i , 3 : «La u n i d a d e s
u n i n f i n i t o implícito y e l i n f i n i t o es l a u n i d a d explícita»). E l r e s u l t a d o
d e e s t a operación d i v i n a e s e l u n i v e r s o i n f i n i t o , q u e c o n s t i t u y e e l t o d o
uno y en el cual

[...] n o h a y c e n t r o n i c i r c u n f e r e n c i a , s i n o q u e |...] p o r d o q u i e r está el c e n t r o

y e n c u a l q u i e r p u n t o se p u e d e e n c o n t r a r p a r t e d e a l g u n a c i r c u n f e r e n c i a
c o n r e s p e c t o a algún o t r o m e d i o o c e n t r o . ( I n f i n i t o , v.)

LEY (legge)
Además d e l s e n t i d o h a b i t u a l (jurídico), e l término d e s i g n a c o n f r e -
c u e n c i a l a religión e n t e n d i d a c o m o c o n j u n t o d e n o r m a s p o r c u y a
o b e d i e n c i a s e c o n s t i t u y e u n a c o m u n i d a d política, d e a c u e r d o c o n l a
concepción d e l a filosofía islámica y e l l e n g u a j e filosófico d e l M e d i e v o
l a t i n o p o r e l l a c o n d i c i o n a d o . Cf. Cena, 1: «[...] oímos c e n s u r a r l a s l e y e s ,
l o s r i t o s , l a f e y l a s c o s t u m b r e s d e n u e s t r o s adversarios»; Cena, i v : « [ . . . ]
d a r a l c o n j u n t o d e l v u l g o l a l e y y f o r m a d e vida». E n g e n e r a l , l a l e y e s
h i j a d e l a Sabiduría y t i e n e «por finalidad l a c o n v i v e n c i a humana»:
xc Estudio introductorio

[...] t a n t o si v i e n e d e l c i e l o c o m o si sale d e la t i e r r a , n o d e b e ser a p r o b a d a

n i a c e p t a d a a q u e l l a institución o ley q u e n o a p o r t a u t i l i d a d y v e n t a j a , que
n o c o n d u c e a l f i n óptimo y n o p o d e m o s c o m p r e n d e r u n fin m a y o r q u e el
de e n d e r e z a r los ánimos y r e f o r m a r los i n g e n i o s d e t a l m a n e r a q u e p r o -
d u z c a n f r u t o s útiles y n e c e s a r i o s p a r a la c o n v i v e n c i a h u m a n a . (Expulsión,
II, i , Boótes.)

A p a r t i r d e aquí s e d e s a r r o l l a l a crítica d e l a R e f o r m a p r o t e s t a n t e ,
basada e nl a justicia d e l a sola fe y e ne l n u l o v a l o r m e r i t o r i o d e las
obras.

MATERIA (materia)
PRINCIPIO s u s t a n c i a l q u e , j u n t o c o n l a FORMA O ALMA, c o n s t i t u y e l a
s u s t a n c i a . M a t e r i a y f o r m a s o n c o e x t e n s o s y n o se d a n s e p a r a d a m e n t e
el u n o d e l o t r o . A veces B r u n o , e n u n uso l a x o , los d e n o m i n a sustan-
c i a s , p e r o e n r i g o r l a s u s t a n c i a e s u n a y c o i n c i d e c o n e l UNIVERSO IN-
FINITO y UNO. L a filosofía b r u n i a n a se c a r a c t e r i z a p o r u n a r e i v i n d i c a -
ción e n t u s i a s t a d e l a m a t e r i a , q u e t i e n e l u g a r f u n d a m e n t a l m e n t e e n
Causa, m y i v . E n e s t a reivindicación B r u n o s e a s o c i a c o n p e n s a d o r e s
c o m o Avicebrón y D a v i d d e D i n a n t , e n t r e o t r o s , c o r r i g i e n d o n o o b s -
t a n t e s u concepción e x a g e r a d a ( q u e él d i c e h a b e r c o m p a r t i d o d u r a n t e
u n t i e m p o ) d e q u e «la m a t e r i a s o l a e s l a s u s t a n c i a d e l a s c o s a s , e i n -
c l u s o q u e es l a n a t u r a l e z a d i v i n a , [y q u e ] las f o r m a s n o s o n o t r a cosa
q u e c i e r t a s d i s p o s i c i o n e s a c c i d e n t a l e s d e l a materia» (Causa, m ) . L a
posición m a d u r a d e B r u n o e s q u e m a t e r i a y f o r m a s o n , c o n e l m i s m o
rango, principios sustanciales q u e coinciden en l asustancia u n a e i n -
finita. S i p a r a Avicebrón «la m a t e r i a e s D i o s q u e está e n t o d a s l a s
cosas» (Causa, m ) , p a r a B r u n o «Dios e n l a s cosas» (Expulsión, m , 2 ,
C a p r i c o r n i o ) es l a n a t u r a l e z a c o m o u n i d a d i n d i s o c i a b l e d e m a t e r i a y
f o r m a . L a m a t e r i a es: a) s u s t r a t o d e l a s f o r m a s , q u e s e v a n s u c e d i e n d o
u n a s a o t r a s p o r l a acción d e l e f i c i e n t e u n i v e r s a l i n t e r n o a l a m a t e r i a ,
e l c u a l l a s e x t r a e o s a c a d e s u s e n o , y b) p o t e n c i a p a s i v a i n f i n i t a , q u e
«[...] r e s p o n d e t a n e x a c t a m e n t e a l a p o t e n c i a a c t i v a [ l a p o t e n c i a i n f i -
n i t a d e l e f i c i e n t e ] q u e l a u n a n o e x i s t e s i n l a o t r a e n m o d o alguno»
(Causa, m ) .

METAMORFOSIS (metamorfosis)
E s t r e c h a m e n t e v i n c u l a d a c o n ALTERNANCIA VICISITUDINAL, MUTA-
CIÓN, TRANSMIGRACIÓN, l a m e t a m o r f o s i s i n d i c a l a i n c e s a n t e sucesión
de los m o d o s finitos s o b r e «la s u p e r f i c i e d e l a MATERIA» c o n l a p e r m a -
 Glosario
XCI
n e n c i a i n a l t e r a b l e d e l a SUSTANCIA única y d e l o s d o s p r i n c i p i o s q u e
l a c o n s t i t u y e n ( l a m a t e r i a y l a FORMA O ALMA). M e d i a n t e l a m e t a m o r -
f o s i s se r e a l i z a l a CAUSA FINAL d e l UNIVERSO: l a actualización d e t o d a s
las f o r m a s e n t o d a s las p a r t e s d e l a m a t e r i a e n l a m e d i d a d e l o p o s i -
b l e . Furores p r e s e n t a l a m e t a m o r f o s i s c o m o s o m e t i d a a u n a «rueda»
p o r l a q u e l o s u p e r i o r y d i v i n o se c o n v i e r t e a l o i n f e r i o r y l o i n f e r i o r
regresa a lo superior y d i v i n o :

[...] esta conversión y v i c i s i t u d se h a l l a f i g u r a d a e n l a r u e d a d e las m e t a -

m o r f o s i s , d o n d e el h o m b r e se e n c u e n t r a e n la sede más e m i n e n t e , yace e n
l o más b a j o u n a b e s t i a , d e s c i e n d e p o r l a i z q u i e r d a u n ser m i t a d h o m b r e y
m i t a d bestia, y asciende o t r o , m i t a d bestia, m i t a d h o m b r e , por la derecha.
Muéstrase esta conversión allí d o n d e Júpiter —según l a d i v e r s i d a d d e
afectos y m o d o s d e afectos q u e h a c i a las cosas i n f e r i o r e s e x p e r i m e n t a — se
r e v i s t e d e d i v e r s a s f i g u r a s , transformándose e n b e s t i a s ; d e l m i s m o m o d o
los o t r o s d i o s e s t r a n s m i g r a n a f o r m a s b a j a s y a j e n a s . Y p o r e l c o n t r a r i o
r e t o m a n l a propia y d i v i n a f o r m a e n v i r t u d del s e n t i m i e n t o de l a propia
n o b l e z a ; así también e l f u r i o s o h e r o i c o , elevándose p o r la especie c o n c e b i -
d a d e l a d i v i n a b e l l e z a y b o n d a d , c o n las a l a s d e l i n t e l e c t o y l a v o l u n t a d
i n t e l e c t i v a se a l z a h a c i a la d i v i n i d a d a b a n d o n a n d o la f o r m a d e s u j e t o más
b a j o . D e ahí q u e d i j e r a : «De s u j e t o v i l e n d i o s y o m e c o n v i e r t o . E n d i o s
m e t r a n s f o r m o d e cosa inferior». { F u r o r e s , i , 3.)

Paraíso e INFIERNO n o s o n , p o r t a n t o , e s t a d o s t r a n s m u n d a n o s , c o s a
i m p o s i b l e e n e l UNIVERSO INFINITO, s i n o q u e c o i n c i d e n c o n e l e s t a d o
superior e inferior dela rueda delametamorfosis, cuyo m o v i m i e n t o
incesante hace q u e t a m p o c o sean estados p e r m a n e n t e s . D e esta f o r m a ,
l a penetración i n t e l e c t u a l d e l a ALTERNANCIA VICISITUDINAL (vicissitu-
dine) e n e l s e n o d e l a u n i d a d d e l a SUSTANCIA d i v i n a i n f i n i t a c o n s t i t u y e
e l a c c e s o a l paraíso, l a b e a t i t u d o f e l i c i d a d , c o m o m u e s t r a e l c a n t o d e
l o s c i e g o s q u e h a n r e c o b r a d o l a visión e n l a conclusión d e Furores (11,
5 y s u «Argumento y alegoría» a l final d e l a epístola p r e l i m i n a r ) .

MUERTE (morte)
P a r a B r u n o e s s i m p l e m e n t e disolución d e l a s c o s a s c o m p u e s t a s : «[...]
l a m u e r t e n o e s más q u e e l d i v o r c i o d e l a s p a r t e s u n i d a s e n e l c o m -
puesto» (Expulsión, epístola e x p l i c a t i v a ) . C o m o t a l , n o a f e c t a a l a
SUSTANCIA, n i a l o s PRINCIPIOS m a t e r i a l y f o r m a l , s i n o a s u s a c c i d e n t e s
o m o d o s particulares, los cuales m u t a n en e l seno d e l a sustancia i n -
finita c u y o s e r e s c o n s t a n t e e idéntico: «ninguna mutación b u s c a o t r o
 Estudio introductorio
XCII
s e r , s i n o o t r o m o d o d e ser» (Causa, v ) . P o r e s o n o t i e n e s e n t i d o , p a r a
l a filosofía v e r d a d e r a , e l m i e d o a l a m u e r t e . Así, «Pitágoras [ . . . | n o

t e m e a l a m u e r t e , s i n o q u e e s p e r a l a mutación» (Causa, v ) .

MUNDO (mondo)
E s t e término e s u s a d o p o r B r u n o c o n t r e s a c e p c i o n e s d i f e r e n t e s :
a) a l g u n a s v e c e s e n e l s e n t i d o t r a d i c i o n a l d e UNIVERSO (cf. Cena, uv.
«[...] e l N o l a n o , q u e p r e t e n d e q u e e l m u n d o e s infinito»); b) e n e l
s e n t i d o d e s i s t e m a p l a n e t a r i o ( e n l a s o b r a s l a t i n a s p o s t e r i o r e s synodus
ex mundis), f o r m a d o p o r u n a e s t r e l l a c e n t r a l y u n c o r t e j o d e p l a n e t a s
y c o m e t a s g i r a n d o a s u a l r e d e d o r , y c) f u n d a m e n t a l m e n t e e n e l s e n -
t i d o p r o p i o d e B r u n o d e a s t r o o c u e r p o c e l e s t e (cf. Cena, i v : «[...] l o s
o t r o s m u n d o s l l a m a d o s astros»), q u e p a r a B r u n o t i e n e e l r a n g o d e
d i v i n i d a d (cf. n u m e n ) .

MUTACIÓN (mutazione)
P r o c e s o i n c e s a n t e d e c a m b i o y transformación a l q u e están s o m e t i d a s
t o d a s las p a r t e s e i n d i v i d u o s p a r t i c u l a r e s d e l u n i v e r s o i n f i n i t o (el c u a l e n
sí m i s m o , c o m o s u s t a n c i a u n a e i n f i n i t a , e s inmóvil, c a r e c e d e m u t a -
ción). L a mutación p r o c e d e p o r l o g e n e r a l c o m o ALTERNANCIA VICISITU-
DINAL e n t r e l o s CONTRARIOS, y s u CAUSA (FINAL) e s l a perfección d e l a
n a t u r a l e z a , t a n t o e n e l m a n t e n i m i e n t o y conservación d e l o s i n d i v i d u o s
( p o r e j e m p l o e n e l c a s o d e l o s a s t r o s o MUNDOS; cf. a propósito d e l a
T i e r r a Cena, v ) c o m o e n l a manifiestación s u c e s i v a d e t o d a s l a s f o r m a s ,
e n l a m e d i d a d e l o p o s i b l e , e n l a s p a r t e s d e l a MATERIA (cf. CAUSA FINAL).

NUMEN (nume)
D e l latín numen («divinidad»). Término a p l i c a d o sistemáticamente
a l o s a s t r o s o MUNDOS ( i n c l u i d a l a T i e r r a ) , a v e c e s d e n o m i n a d o s t a m -
bién «dioses segundos» e n t a n t o q u e expresión d e l a d i v i n i d a d a b s o -
l u t a q u e a través d e e l l o s ( c o m o e n g e n e r a l d e l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a )
se m a n i f i e s t a , r e s u l t a n d o así c o g n o s c i b l e . C o n e s t a d i v i n i d a d d e l o s
a s t r o s o MUNDOS s e c o n e c t a s u e s t a t u t o d e p e r m a n e n c i a e t e r n a e n e l
t i e m p o ( c o m o p o r l o demás v a l e p a r a e l UNIVERSO), a u n q u e e l l o s s e a n
d i s o l u b l e s . B r u n o a p l i c a a l o s MUNDOS e l dictum platónico (Timeo, 4 5 )
d e «sois d i s o l u b l e s m a s n o o s disolveréis».

OCIO (ozio)
L a filosofía d e B r u n o e s u n a filosofía d e l a acción y d e l e s f u e r z o . P o r
eso e l o c i o , e n p r i n c i p i o , es v a l o r a d o n e g a t i v a m e n t e , y c o n e l o c i o e l
 Glosario xcm

fenómeno d e l a PEDANTERÍA, d e l a ASINIDAD y l a R e f o r m a p r o t e s t a n t e ,

que B r u n o valora n e g a t i v a m e n t e por creer que disuade del esfuerzo
¿ l a acción e n v i r t u d d e l a «necia fantasía» d e l a j u s t i c i a d e l a f e y d e
e

l a predestinación. E l l o n o i m p i d e , s i n e m b a r g o , q u e e n v i r t u d d e l a
armonía d e l o s CONTRARIOS y d e s u n e c e s i d a d recíproca, e l o c i o t e n g a
u n v a l o r , u n s e n t i d o y sea n e c e s a r i o ( e n v i r t u d d e l a a l t e r n a n c i a v i c i -
situdinal e n t r e los c o n t r a r i o s ) e n a l t e r n a n c i a c o n el esfuerzo:

Así p u e s , jamás o c u r r a q u e tú, O c i o , p u e d a s ser v e r d a d e r a m e n t e g r a t o ,

si n o c u a n d o s u c e d a s a d i g n a s o c u p a c i o n e s . Q u i e r o q u e e l o c i o v i l e i n e r -
te sea el m a y o r t r a b a j o q u e p u e d a t e n e r u n ánimo g e n e r o s o , a n o ser q u e
se le p r e s e n t e t r a s u n a a c t i v i d a d y u n e s f u e r z o l o a b l e s . (Expulsión, i n , i . )

PEDANTERÍA (pedantería, pedantaria)

C o n c e p t o d e r i v a d o d e l a figura d e l p e d a n t e , p e r s o n a j e d e l a c o m e d i a
italiana del siglo x v i elevado por B r u n o a a r q u e t i p o d e l a decadencia
c u l t u r a l . E l p e d a n t e d e s i g n a a u n p r o f e s o r d e l e n g u a s clásicas y c u l t o r
d e las d i s c i p l i n a s humanísticas q u e s e a r r o g a u n a a u t o r i d a d e n filosofía
p o r e l m e r o c o n o c i m i e n t o d e l a s l e n g u a s , e n v i r t u d d e l a reducción d e l
p e n s a m i e n t o e s p e c u l a t i v o a l e n g u a j e . P o r eso t e s t i m o n i a l a d e s a p a r i -
ción histórica d e l a filosofía ( c o m o s a b e r i n t e l e c t u a l ) s u s t i t u i d a p o r u n a
FILOSOFÍA VULGAR b a s a d a e n l a percepción s e n s i b l e y e n l a atención p r e -
f e r e n t e a las c u e s t i o n e s g r a m a t i c a l e s ( f o r m a l e s ) , sobre la base d e l p r i n -
c i p i o d e a u t o r i d a d . E s t r e c h a m e n t e a s o c i a d a a l a ASINIDAD y a l a SOFÍSTI-
CA, Aristóteles e s p r e s e n t a d o p o r B r u n o c o m o p e d a n t e (cf. Cabala, u , 2 )
y p u e d e h a b e r s i d o históricamente e l c o r r u p t o r d e l a filosofía y e l i n i -
c i a d o r d e l a subversión d e v a l o r e s q u e m a r c a e l período d e t i n i e b l a s e n
e l q u e él e s e l «filósofo» p o r a n t o n o m a s i a . L a pedantería d e s i g n a t a m -
bién e l u n i v e r s o d e l a R e f o r m a p r o t e s t a n t e y s u s teólogos y m i n i s t r o s :

[...] esa h o l g a z a n a secta d e p e d a n t e s q u e s i n o b r a r b i e n según la ley d i v i n a

y n a t u r a l se c r e e n y q u i e r e n ser creídos r e l i g i o s o s g r a t o s a los d i o s e s , y
d i c e n q u e el o b r a r b i e n está b i e n , e l o b r a r m a l está m a l , p e r o q u e n o se
llega a ser d i g n o y g r a t o a los dioses p o r el b i e n q u e se h a g a o e l m a l q u e
n o se h a g a , s i n o p o r e s p e r a r y c r e e r según s u c a t e c i s m o . (Expulsión, 1, 3.)

POTENCIA (potenza)
Es la capacidad o posibilidad. Puede ser t a n t o activa (potencia d e
h a c e r , p r o p i a d e l p r i n c i p i o d i v i n o y d e l i n t e l e c t o - A L M A , FORMA) c o m o
pasiva ( p o t e n c i a d e ser h e c h o , p r o p i a d e l a m a t e r i a ) . E n a m b o s casos
 Estudio introductorio
XCIV
es i n f i n i t a : «[...] así c o m o l a p o t e n c i a a c t i v a e s i n f i n i t a , también e s
i n f i n i t o p o r c o n s e c u e n c i a n e c e s a r i a e l o b j e t o d e e s a potencia» (Infini-
to, n ) . D e l a n e c e s a r i a actualización d e l a p o t e n c i a , p o r l a c o i n c i d e n c i a
d e p o t e n c i a y a c t o e n e l UNIVERSO, s e s i g u e q u e e l UNIVERSO e s INFINI-
TO. L a i n f i n i t u d d e l a p o t e n c i a y s u actualización e n u n e f e c t o i n f i n i t o
se d i c e t a n t o e n e l p l a n o e x t e n s i v o ( i n f i n i t u d e s p a c i a l y t e m p o r a l )
c o m o e n el p l a n o i n t e n s i v o ( i n t e n s i d a d i n f i n i t a de la velocidad i m p r e -
sa p o r e l m o t o r d i v i n o a l u n i v e r s o ) . E n e s t e último c a s o e l m o v i m i e n -
to d e intensidad infinita coincide con e l reposo ( m o v i m i e n t o instan-
táneo); cf. Infinito, i , final.

PRINCIPIO (principio)
I n d e p e n d i e n t e m e n t e d e D i o s e n sí m i s m o c o m o p r i m e r p r i n c i p i o y
p r i m e r a CAUSA, q u e e s i n c o g n o s c i b l e (cf. Causa, n ) , e n e l u n i v e r s o
i n f i n i t o , q u e e s s u e f e c t o n e c e s a r i o y a través d e l c u a l s e l e c o n o c e ,
«[...] p r i n c i p i o e s a q u e l l o q u e c o n c u r r e intrínsecamente a l a c o n s t i -
tución d e l a c o s a y p e r m a n e c e e n e l e f e c t o , c o m o s u e l e d e c i r s e d e l a
MATERIA y d e l a FORMA» (Causa, n ) , q u e s o n , p u e s , l o s p r i n c i p i o s
constantes y eternos.

SENTIDO REGULADO (senso regolato)

A diferencia d e l a experiencia sensible i n m e d i a t a , p r i n c i p i o d ela
filosofía v u l g a r ( a r i s t o t e l i s m o ) y d e l a f a l s a i m a g e n d e l UNIVERSO, e n
t a n t o q u e establece la c e n t r a l i d a d e i n m o v i l i d a d d e la T i e r r a , el sen-
t i d o r e g u l a d o —término técnico q u e B r u n o u s a c o n f r e c u e n c i a e n
l o s diálogos cosmológicos— d e s i g n a l a e x p e r i e n c i a d e l s e n t i d o r e c t i -
ficada p o r l a razón y d a n d o p o r c o n s i g u i e n t e o r i g e n a u n a e x p e r i e n -
c i a v e r d a d e r a . Cf. Infinito, i : «[...] d e b e d e h a b e r u n p r o c e d i m i e n t o a
l a h o r a d e p e d i r t e s t i m o n i o a l s e n t i d o y n o h e m o s d e d a r l e l u g a r más
q u e e n las cosas sensibles y eso n o s i n r e s e r v a s s i n o e n t r a a j u z g a r
u n i d o a l a razón».

SILENOS (sileni)
C o n c e p t o q u e — a p a r t i r d e l a figura e x t e r i o r m e n t e g r o t e s c a d e l S u e -
n o , p e r s o n a j e d e l c o r t e j o d e D i o n i s o s , y a p a r t i r d e l Banquete platóni-
c o y s u reformulación p o r P i c o d e l l a Mirándola y E r a s m o d e R o t t e r -
d a m — designa l a falta d e correspondencia entre l a apariencia
e x t e r i o r d e l a s cosas y s u v e r d a d e r a r e a l i d a d i n t e r i o r . S i g u i e n d o a
E r a s m o , B r u n o d i s t i n g u e e n t r e l o s s i l e n o s auténticos ( a p a r i e n c i a d e s -
preciable, i n t e r i o r esencial d i v i n o ) y los silenos i n v e r t i d o s . E n l a m i s -
 Glosario xcv

f n a línea, l a denominación d e s i l e n o s s e a p l i c a a a q u e l l a s o b r a s , c o m o
l o s m i s m o s diálogos b r u n i a n o s , q u e e s c o n d e n s u v e r d a d e r o c o n t e n i d o
tras la c o r t e z a d e l a l e t r a .

[...] dejaremos que la multitud se ría, bromee, se burle y se recree con la

superficie de estos mímicos, cómicos e histriónicos Silenos, bajo los cuales
está escondido, cubierto y seguro, el tesoro de la bondad y de la verdad,
igual que por el contrario hay más que muchos que bajo el ceño severo, el
semblante sumiso, la prolija barba y toga magistral y grave, encierran expre-
samente, con daño universal, la ignorancia no menos vil que arrogante y la
maldad no menos perniciosa que ostentosa. {Expulsión, epístola explicativa.)

SOLES (soli)
E l c o p e r n i c a n i s m o d e B r u n o se c a r a c t e r i z a , a d i f e r e n c i a d e l p r o p i o
Copérnico y d e K e p l e r , p o r c o n s i d e r a r q u e l a s e s t r e l l a s s o n s o l e s y ,
como nuestro Sol (en virtud d el a homogeneidad del universo infini-
t o ) , c e n t r o d e s i s t e m a s p l a n e t a r i o s . L o s s o l e s están c o m p u e s t o s d e l o s
c u a t r o e l e m e n t o s , p e r o c o n p r e d o m i n i o d e l f u e g o ; b r i l l a n p o r sí m i s -
m o s , m i e n t r a s q u e l a s TIERRAS O p l a n e t a s r e f l e j a n l a l u z d e l s o l d e s d e
l a s u p e r f i c i e d e l o s océanos o m a r e s . Cf. Infinito, m : «[...] s i e n d o e l
u n i v e r s o i n f i n i t o , e s p r e c i s o a fin d e c u e n t a s q u e h a y a m u c h o s s o l e s ,
p o r q u e es i m p o s i b l e q u e el calor y la l u z de u n o solo p u e d a d i f u n d i r -
se p o r t o d a l a inmensidad».

SUSTANCIA (sostanza)
L a s u s t a n c i a es u n a y se i d e n t i f i c a o c o i n c i d e c o n e l UNIVERSO INFINITO
y UNO. A v e c e s B r u n o d e s i g n a a l a MATERIA y a l a FORMA ( p r i n c i p i o s
s u s t a n c i a l e s ) c o m o s u s t a n c i a s , p e r o e n r i g o r s o n PRINCIPIOS q u e c o i n -
c i d e n i n d i f e r e n t e m e n t e e n l a s u s t a n c i a u n a . E s t a concepción nítida-
m e n t e m o n i s t a s e e n f r e n t a a l a concepción aristotélica ( l a s u s t a n c i a e s
el i n d i v i d u o p a r t i c u l a r c o m p u e s t o d e m a t e r i a y f o r m a , p o r l o q u e l a
s u s t a n c i a se g e n e r a y se c o r r o m p e ) , e n l a q u e B r u n o v e , j u n t o c o n l a c o n -
cepción finita y jerárquica d e l u n i v e r s o , l a raíz d e l a corrupción d e l a
filosofía y d e l t r i u n f o d e u n a FILOSOFÍA VULGAR q u e a b r e l a vía a l m i e -
d o a l a MUERTE (Causa, n ; Expulsión, m , 3 , L i e b r e ) y c o n él a l t r i u n f o
d e l a religión d e C r i s t o , s a l v a d o r q u e c o n c e d e l a v i d a e t e r n a a l o s q u e
c r e e n e n él. L o s s u j e t o s p a r t i c u l a r e s «no s o n o t r a c o s a q u e u n a s p e c t o
d i f e r e n t e d e u n a idéntica sustancia» (Causa, v ) , a c c i d e n t e s o m o d o s d e
l a s u s t a n c i a única, l o s c u a l e s t i e n e n t o d o e l s e r , p e r o contraído a u n
m o d o p a r t i c u l a r ; Cf Causa, v .
 Estudio introductorio
XCVI
TIERRAS (térra)
A s t r o s o c u e r p o s c e l e s t e s q u e , c o m o n u e s t r a T i e r r a , están f o r m a d o s
por los c u a t r o e l e m e n t o s , c o n p r e d o m i n i o del agua y la tierra. E x i s t e n
e n número i n f i n i t o e n l a f o r m a d e p l a n e t a s y c o m e t a s q u e g i r a n a l r e -
d e d o r d e s u s e s t r e l l a s o SOLES c e n t r a l e s f o r m a n d o s i s t e m a s p l a n e t a r i o s
(expresión q u e B r u n o n o e m p l e a , p r e f i r i e n d o e n c a m b i o , e n l a s o b r a s
l a t i n a s , synodus ex mundis, o s e a , a s a m b l e a d e a s t r o s ) . T i e r r a s y s o l e s
s o n CONTRARIOS e n c o n c o r d i a p o r e l i n t e r c a m b i o d e s u s t a n c i a s e x i s t e n -
t e e n t r e e l l o s , e l c u a l m a n t i e n e e l s i s t e m a e s t a b l e ; cf. Cena, i v : «[...] se
mantienen e nconcordia de f o r m a que a u n siendo contrarios el uno
v i v e , s e a l i m e n t a y v e g e t a p o r e l otro». L a s t i e r r a s s o n c u e r p o s o p a c o s
que reflejan l al u z d esu estrella o sol.

TRANSMIGRACIÓN (transanigrazione)
Término sinónimo d e m e t e m p s i c o s i s y m e t e n s o m a t o s i s . D e s i g n a l a
p e r p e t u a MUTACIÓN e n e l s e n o d e l a n a t u r a l e z a i n f i n i t a , p o r l a c u a l e l
PRINCIPIO FORMAL u n i v e r s a l ( e l ALMA) s e c o n t r a e p o r s u unión c o n
c o m p u e s t o s corporales particulares a a l m a s particulares, q u e son ac-
c i d e n t e s finitos d e l a l m a u n i v e r s a l i n m o r t a l . B r u n o a c o g e l a c o n c e p -
ción pitagórica d e l a m e t e m p s i c o s i s c o m o m i t o m o r a l d e s t i n a d o a l a
edificación m o r a l d e l a m u l t i t u d :

[...] e n v i r t u d d e l a a l t a j u s t i c i a q u e p r e s i d e a t o d a s las cosas, p o r sus

afectos d e s o r d e n a d o s es c o n d e n a d o y e n v i l e c i d o e n e l m i s m o o e n o t r o
c u e r p o y n o d e b e e s p e r a r g o b i e r n o y administración d e u n a m o r a d a
m e j o r s i se h a c o m p o r t a d o m a l e n e l g o b i e r n o d e o t r a . Así p u e s , p o r
h a b e r l l e v a d o allí u n a v i d a p o r e j e m p l o e q u i n a o p o r c i n a , quedará d i s -
p u e s t o p o r l a j u s t i c i a d e l h a d o (según h a n s o s t e n i d o m u c h o s filósofos
excelentísimos; y y o p i e n s o q u e s i n o creído, p o r l o m e n o s m e r e c e ser
t e n i d o e n c u e n t a ) q u e l e sea t e j i d a a s u a l r e d e d o r u n a cárcel a p r o p i a d a
p a r a ese d e l i t o o c r i m e n , órganos e i n s t r u m e n t o s a d e c u a d o s p a r a t a l
o p e r a r i o o artífice. Y d e esta m a n e r a , d i s c u r r i e n d o s i e m p r e u n a y o t r a
v e z p o r e l d e s t i n o d e l a mutación, incurrirá e t e r n a m e n t e e n clases d e
v i d a y d e f o r t u n a s u c e s i v a m e n t e p e o r e s o m e j o r e s , según se h a y a c o m -
p o r t a d o m e j o r o p e o r e n l a condición y s u e r t e i n m e d i a t a m e n t e a n t e r i o r .
(Expulsión, epístola e x p l i c a t i v a . )

D e e s t a m a n e r a l a concepción escatológica c r i s t i a n a d e u n «juicio

universal» s e d i s u e l v e e n e l f u n c i o n a m i e n t o o r d i n a r i o d e l a n a t u r a l e -
z a homogénea : «[...] e l j u i c i o u n i v e r s a l , p o r m e d i o d e l c u a l c a d a u n o
 Glosario
xcvn

será p r e m i a d o y c a s t i g a d o e n e l m u n d o según l a m e d i d a d e s u s méri-

t o s y delitos» (Expulsión, i , 3 ) . N o o b s t a n t e , h a y q u e t e n e r p r e s e n t e
q u e e l a l m a i n d i v i d u a l finita n o p e r s e v e r a c o m o t a l e n o t r o s c u e r p o s ,
sino q u e desaparece e n e l a l m a u n i v e r s a l , q u e pasa a a d o p t a r otras
individuaciones:

[...] ¿por qué e s t a m o s t a n o c i o s o s y d o r m i m o s v i v o s , si t a n t o y t a n t o t i e m -

p o d e b e m o s e s t a r o c i o s o s y d o r m i r e n l a m u e r t e ? , p u e s t o q u e a u n q u e es-
p e r e m o s o t r a v i d a u o t r o m o d o d e ser n o s o t r o s , n o será c o m o l a q u e t e n e -
m o s a h o r a , p o r q u e ésta pasa p a r a s i e m p r e s i n e s p e r a r r e t o r n o a l g u n o
jamás. (Expulsión, 11, 3.)

Así, l a p e r s p e c t i v a d e l a transmigración s e c o n v i e r t e p a r a B r u n o e n
u n a exhortación a l a a c t i v i d a d y a l e s f u e r z o .

UNIVERSO (universo)
L a t o t a l i d a d d e l o q u e e x i s t e . E s INFINITO e n e l e s p a c i o y e n e l t i e m p o
y además s u s t a n c i a l m e n t e u n o , y l o s i n d i v i d u o s p a r t i c u l a r e s q u e l o
c o m p o n e n son m o d o s o accidentes. E s i n f i n i t o p o r q u e es efecto nece-
sario y total d e l a infinita potencia d i v i n a que l oproduce. E n t a n t o
q u e i n f i n i t o p u e d e ser c o n c e b i d o c o m o u n a esfera i n f i n i t a c u y o c e n t r o
está e n t o d a s p a r t e s y s u p e r i f e r i a e n ningún s i t i o , p o r l o q u e l a s d e -
t e r m i n a c i o n e s d ec e n t r o y periferia son p u r a m e n t e relativas al espec-
t a d o r . E s inmóvil («el u n i v e r s o e s u n o , i n f i n i t o , inmóvil», Causa, v )
p o r q u e e l i n f i n i t o «no t i e n e n a d a f u e r a d e sí a d o n d e t r a s l a d a r s e , y a
q u e e s e l todo» y p o r q u e «es t o d o l o q u e p u e d e ser» (Causa, v ) , s i b i e n
( e n t a n t o q u e t o d o u n o e n e l q u e l o s CONTRARIOS c o i n c i d e n ) s u r e p o s o
o i n m o v i l i d a d coincide con u n m o v i m i e n t o intensivo infinito i m p r e -
so p o r l a d i v i n i d a d c o m o PRINCIPIO i n f i n i t o q u e «[...] e n u n s o l o i n s -
t a n t e m u e v e y h a m o v i d o , p o r l o q u e según e l l o e l c u e r p o móvil n o e s
m e n o s estabilísimo q u e móvilísimo» (Infinito, 1). S u e s t r u c t u r a e s
homogénea e n e l e s p a c i o ( c o n t r a l a concepción jerárquica d e l a t r a d i -
ción platónica y aristotélica) y e n e l t i e m p o ( c o n t r a l a concepción e s -
catológica c r i s t i a n a ) y c o n s i s t e e n u n a i n f i n i t a reiteración d e s i s t e m a s
solares o planetarios.

UNO (uno)
Característica f u n d a m e n t a l d e l u n i v e r s o o l a SUSTANCIA: UNO, I N F I N I -
TO, inmóvil, s i n p a r t e s . E n e l u n i v e r s o u n o l o s CONTRARIOS c o i n c i d e n
i n d i f e r e n t e m e n t e : «[...] e s f o r m a d e t a l m a n e r a q u e n o e s f o r m a ; e s
 Estudio introductorio
XCVII1
m a t e r i a d e t a l m a n e r a q u e n o es m a t e r i a ; es a l m a d e t a l m a n e r a q u e

n o es a l m a , p o r q u e es e l t o d o i n d i f e r e n t e m e n t e y p o r eso es u n o , d
u n i v e r s o es uno» (Causa, v ) . C o m o u n i d a d t o t a l d e POTENCIA y a c t o es
todo l o que puede ser (como la u n i d a d absoluta — D i o s — que l o
p r o d u c e n e c e s a r i a m e n t e ) , p o r l o c u a l n o h a y e n él MUTACIÓN, y a q u e
ésta s e d a e n l o s m o d o s o p a r t i c u l a r e s :

[...] n i n g u n a mutación b u s c a o t r o ser, s i n o o t r o m o d o d e ser. Y aquí está

la d i f e r e n c i a e n t r e e l u n i v e r s o y las cosas d e l u n i v e r s o : p o r q u e aquél c o m -
p r e n d e t o d o e l ser y t o d o s los m o d o s d e ser; c a d a u n a d e éstas t i e n e t o d o
e l ser, p e r o n o t o d o s los m o d o s d e ser. ( C a u s a , v . )

A s i m i s m o e n e l u n o y c o n r e s p e c t o a él l o s m o d o s s o n i n d i f e r e n t e s y
equivalentes, por lo cual queda abolida toda preeminencia del h o m -
bre c o n respecto al resto de la n a t u r a l e z a :

N o t e acercas más a l a proporción, s e m e j a n z a , unión e i d e n t i d a d c o n e l

i n f i n i t o , s i e n d o h o m b r e q u e s i e n d o h o r m i g a , s i e n d o u n a e s t r e l l a más q u e
s i e n d o u n h o m b r e , p o r q u e a ese ser n o t e acercas más s i e n d o sol o l u n a
q u e s i e n d o u n h o m b r e o u n a h o r m i g a , y p o r eso e n el i n f i n i t o estas cosas
son indiferentes. ( C a u s a , v.)

E l c o n o c i m i e n t o i n t e l e c t u a l d e l a u n i d a d d e l u n i v e r s o «es e l o b j e t i v o
y fin d e t o d a s l a s filosofías y c o n t e m p l a c i o n e s naturales» (Causa, i v ) ;
es más: «Los filósofos q u e h a n d e s c u b i e r t o e s t a u n i d a d h a n d e s c u -
b i e r t o también a s u a m i g a Sabiduría. L a sabiduría, l a v e r d a d , l a u n i -
d a d , s o n a b s o l u t a m e n t e l a m i s m a cosa» (Causa, v ) .

VACÍO (vuoto)
Término u s a d o p o r B r u n o e n d o s s e n t i d o s , a) C o m o sinónimo d e
«nada», e s d e c i r , d e a u s e n c i a d e MATERIA y d e c u e r p o s ; e s e l s e n t i d o
aristotélico, y c o m o Aristóteles, B r u n o e x c l u y e q u e p u e d a d a r s e e n l a
n a t u r a l e z a , q u e está s i e m p r e «llena», p u e s t o q u e e l vacío e n e s t e s e n -
t i d o e s i n c o m p a t i b l e c o n l a i n f i n i t a b o n d a d , p o t e n c i a y operación
d i v i n a : «la o m n i p o t e n c i a s e vería c e n s u r a d a ( b a j o l a acusación d e n o
q u e r e r o d e n o p o d e r ) p o r d e j a r u n vacío o , s i n o q u i e r e s h a b l a r d e
vacío, u n e s p a c i o infinito» (Infinito, i ) , b) C o m o sinónimo d e «espa-
cio» («inane», «región etérea», «firmamento», «cielo»). E n e s t e c a s o
B r u n o a f i r m a d e c i d i d a m e n t e s u e x i s t e n c i a e n t a n t o q u e receptáculo
i n f i n i t o y homogéneo («indiferente») d e l UNIVERSO INFINITO. Cf. Infi-
 Glosario xcix

nito, i : «[•••] ^ 'e s t D

í
e n < u e
e s p a c i o q u e e s i g u a l a l a dimensión d e l
e s t e

m u n d o ( y a l c u a l q u i e r o l l a m a r vacío [...]) esté l l e n o d e l a m a n e r a

c o m o l o está». E n e s t e último s e n t i d o , e l e s p a c i o s e l l a m a vacío c u a n -
d o los s e n t i d o s n o p e r c i b e n el c u e r p o q u e l o l l e n a :

N o s o t r o s n o a f i r m a m o s u n vacío c o m o a q u e l l o q u e es s e n c i l l a m e n t e n a d a ,
s i n o e n el s e n t i d o de q u e t o d o a q u e l l o q u e n o es c u e r p o q u e a n t e los s e n -
t i d o s o f r e z c a r e s i s t e n c i a suele s e r l l a m a d o , s i t i e n e d i m e n s i o n e s , vacío,
p u e s t o q u e p o r l o g e n e r a l los s e n t i d o s n o t o m a n n o t i c i a d e la e x i s t e n c i a d e
u n c u e r p o más q u e p o r la p r o p i e d a d d e o f r e c e r r e s i s t e n c i a . (Infinito, u . )

VULGO (volgo)
L a m a y o r p a r t e d e l a h u m a n i d a d ( p o r oposición a l filósofo o s a b i o ) ,
c u y o n i v e l d e c o n o c i m i e n t o e s l a sensación y l a imaginación, s i n e l e -
v a r s e a l d i s c u r s o r a c i o n a l y a l a contemplación i n t e l e c t u a l . P o r e l l o l a
v i r t u d m o r a l l e a d v i e n e heterónomamente, p o r l a o b e d i e n c i a a l a LEY
( n o r m a s r e l i g i o s a s ) d a d a p o r e l l e g i s l a d o r . Cf. Cena, i v : «[...] e l v u l g o
y l a estúpida m u l t i t u d , d e l a q u e l o único q u e s e r e q u i e r e e s e l c o m -
portamiento».
 BIBLIOGRAFÍA SELECTA

E D I C I O N E S D E OBRA C O M P L E T A

Obras italianas

Opere complete. Oeuvres completes [colección d i r i g i d a p o r Y . H e r s a n t y

N . O r d i n e ] , París, L e s B e l l e s L e t t r e s , 1 9 9 3 - 1 9 9 9 . v o l . 1: [edición d e G .
A q u i l e c c h i a , p r e f a c i o y n o t a s d e G . B a r b e r i S q u a r o t t i , traducción d e
Y . H e r s a n t ] ; v o l . 11: [edición d e G . A q u i l e c c h i a , introducción d e A .
O p h i r , n o t a s d e G . A q u i l e c c h i a , traducción d e Y . H e r s a n t ; 2 . e d . c o n
a

u n a n u e v a introducción d e M . Á. G r a n a d a ] ; v o l . m : [edición d e G .
A q u i l e c c h i a , introducción d e M . C i l i b e r t o , n o t a s d e G . A q u i l e c c h i a ,
traducción d e Y . H e r s a n t ] ; v o l . i v : [edición d e G . A q u i l e c c h i a , i n t r o -
ducción d e M . Á. G r a n a d a , n o t a s d e J . S e i d e n g a r t , traducción d e J . - P .
Cavaillé]; v o l . v : [edición d e G . A q u i l e c c h i a , introducción d e N . O r -
d i n e , n o t a s d e M . P . E l l e r o , traducción d e J . B a l s a m o ] ; v o l . v i : [edición
d e G . A q u i l e c c h i a , introducción y n o t a s d e N . B a d a l o n i , traducción d e
T . D a g r o n ] ; v o l . v n : [edición d e G . A q u i l e c c h i a , introducción y n o t a s
d e M . A . G r a n a d a , traducción d e P . - H . M i c h e l y Y . H e r s a n t ] .

Obras latinas

Opera latine conscripta [recensebat F. Florentino et al.], Nápoles-Florencia,

M o r a n o - L e M o n n i e r , 1 8 7 9 - 1 8 9 1 , 3 volúmenes e n 8 t o m o s , r e p r o d u c -
ción anastática, S t u t t g a r t - B a d C a n n s t a t t , F r o m m a n n - H o l z b o o g , 1 9 6 1 -
1962.

ci
 EDICIONES PARCIALES

Cento venti articoli sulla natura e sull'universo contro i peripatetici. Centum

et viginti articuli de natura et mundo adversus peripatéticos [ e d . d e E . C a -
none], P i s a - R o m a , F a b r i z i o Serra E d i t o r e , 2007.
Due dialoghi sconosciuti e due dialoghi noti. Idiota triumphans — De somnii
interpretatione — Mordentius — De Mordentii circino [ e d . d e G . A q u i l e c -
c h i a ] , R o m a , E d i z i o n i d i S t o r i a e L e t t e r a t u r a , 1957.
Opere magiche [ e d . d e S . B a s s i , E . S c a p p a r o n e y N . T i r i n n a n z i ] , Milán,
A d e l p h i , 2000.
Opere mnemotechniche, 2 v o l s . [edición bilingüe d i r i g i d a p o r M . C i l i b e r t o ,
traducción y n o t a s d e M . M a t t e o l i , R . S t u r l e s e y N . T i r i n a n z i ] , Milán,
A d e l p h i , 2004 y 2009.
Praelectiones geometricae e Ars deformationum [ e d . d e G . A q u i l e c c h i a ] ,
R o m a , E d i z i o n i d i S t o r i a e L e t t e r a t u r a , 1964.

TRADUCCIONES

Cabala del caballo Pegaso [traducción, introducción y n o t a s d e M . Á. G r a -

n a d a ] , M a d r i d , A l i a n z a E d i t o r i a l , 1990.
Candelero [ t r a d . d e T . L o s a d a ] , M a d r i d , E l l a g o E d i c i o n e s , 2 0 0 4 .
Del infinito: el universo y los mundos [traducción, introducción y n o t a s d e
M . A . G r a n a d a ] , M a d r i d , A l i a n z a E d i t o r i a l , 1993.
Expulsión de la bestia triunfante [traducción, introducción y n o t a s d e M . Á.
G r a n a d a ] , M a d r i d , A l i a n z a E d i t o r i a l , 1989.
La cena de las cenizas [traducción, introducción y n o t a s d e M . A . G r a n a d a ] ,
M a d r i d , A l i a n z a E d i t o r i a l , 1987.
Las sombras de las ideas (De umbris idearum) [prólogo d e E . V i n a t e a ; t r a -
ducción d e J . Raventós], M a d r i d , S i r u e l a , 2 0 0 9 .
Los heroicos furores [traducción, introducción y n o t a s d e M . R . González
P r a d a ] , M a d r i d , T e c n o s , 1987.
Mundo, magia, memoria. Selección de textos, [ e d . d e I . Gómez d e Liaño],
T a u r u s , M a d r i d , 1973 ( 2 . e d . , M a d r i d , B i b l i o t e c a N u e v a , 2 0 0 7 ) .
a
 OBRAS S O B R E G I O R D A N O B R U N O

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épocas.
CANONE, E., // dorso e il grembo delieterno. Percorsi della filosofía di Gior-
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 Estudio introductorio
CIV
SPAMPANATO, v . , Vita di Giordano Bruno con documenti editi e inediti, M e s i -
n a , P r i n c i p a t o , 1 9 2 1 ( n u e v a edición c o n p o s f a c i o d e N . O r d i n e , R o m a ,
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TESSICINI, D., /dintorni dell' infinito. Giordano Bruno e ¿'astronomía del Cin-
quecento, P i s a - R o m a , F a b r i z i o S e r r a E d i t o r e , 2 0 0 7 .
VÍDRINE, H., La conception de la nature chez Giordano Bruno, 2 . e d . , París, a

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YATES, F. A . , El arte de la memoria, M a d r i d , T a u r u s , 1974 ( r e i m p r . , M a d r i d ,
Siruela, 2007).
, Giordano Bruno y la tradición hermética, B a r c e l o n a , A r i e l , 1983.
 LA CENA DE LAS CENIZAS
D E S C R I T A E N C I N C O DIÁLOGOS, POR C U A T R O
INTERLOCUTORES CON TRES CONSIDERACIONES,
A C E R C A D E DOS SUJETOS

Traducción y notas de
M I G U E L Á N G E L GRANADA
COPIA CON FINES E D U C A T I V O S
C. D. A .

NOTA DE TRADUCCIÓN

L a presente traducción se basa en G. B r u n o , O p e r e c o m p l e t e . O e u v r e s c o m p l e t e s

[colección dirigida por Y . Hersant y N . Ordine], París, Les Belles Lettres, 1993-1999.
Las figuras que se reproducen a lo largo del libro son versiones modernizadas de los
dibujos de Bruno. Se ha mantenido, sin embargo, el original en aquellos casos en que
no presenta problemas de comprensión.
 Al único refugio de las Musas: el ilustrísimo
Michel de Castelnau, señor de Mauvissiére, Concressault
y de Joinville, Caballero de la Orden del Rey Cristianísimo
y Consejero de su Consejo privado, Capitán
de cincuenta hombres de armas, Gobernador y
Capitán de Saint Dizier y Embajador ante la
serenísima Reina de Inglaterra

El significado general se declara en el proemio.

i584
 AL D E S C O N T E N T O

S i el cínico c l i e n t e t e t r a s p a s a ,
quéjate d e t i m i s m o , bárbaro p e r r o ,
q u e e n v a n o m e m u e s t r a s t u bastón y e s p a d a
si n o t e g u a r d a s d e c a u s a r m i d e s p e c h o .

P u e s t o q u e p o r c a m i n o e q u i v o c a d o v i n i s t e a mí d i r e c t a m e n t e ,
p o r eso t u p i e l d e s g a r r o y h a g o t r i z a s .
Y si después o c u r r e q u e m i c u e r p o cae a t i e r r a ,
t u v i t u p e r i o resta e n d i a m a n t e escrito.

N o v a y a s d e s n u d o a r o b a r l a m i e l a las a b e j a s .
N o m u e r d a s s i n s a b e r si es p i e d r a o p a n .
N o vayas descalzo a s e m b r a r espinas.

N o d e s p r e c i e s , m o s c a , las telarañas.
S i e r e s ratón n o sigas a las r a n a s .
H u y e de los z o r r o s , sangre de g a l l i n a .

Y cree al E v a n g e l i o ,
q u e dice c o n b u e n celo:
e n n u e s t r o c a m p o cosecha penitencia
q u i e n e n él lanzó s e m i l l a d e e r r o r e s .
 EPÍSTOLA P R O E M I A L
ESCRITA AL ILUSTRÍSIMO Y EXCELENTÍSIMO
SEÑOR DE MAUVISSIÉRE,
Caballero de la Orden del Rey y Consejero de su Consejo privado,
Capitán de cincuenta hombres de armas, Gobernador general
de Saint-Dizier y Embajador de Francia en Inglaterra

Tenéis a n t e V o s , Señor, n o u n b a n q u e t e j u p i t e r i n o d e néctar a m o d o

d e m a j e s t a d ; n i u n b a n q u e t e protoplástico p a r a desolación h u m a n a ;
n i t a m p o c o e l d e A s u e r o p a r a u n m i s t e r i o ; n i e l d e Lóculo p a r a
ostentación d e r i q u e z a s ; n i e l d e Licaón p a r a u n s a c r i l e g i o ; n i e l
d e T i e s t e p a r a u n a t r a g e d i a ; n i e l d e Tántalo p a r a u n s u p l i c i o ; n i
e l d e Platón p a r a u n a filosofía; n i e l d e Diógenes p a r a u n a m i s e r i a ;
n i e l d e las s a n g u i j u e l a s p a r a u n a b a g a t e l a ; n i el d e u n a r c i p r e s t e d e
P o g l i a n o p a r a u n a sátira b e r n e s c a ; n i e l d e u n B o n i f a c i o C a n d e l a i o
p a r a u n a c o m e d i a , s i n o u n b a n q u e t e t a n g r a n d e y t a n pequeño, t a n
magistral y tan discipular, tan sacrilego y t a n religioso, t a n alegre y
t a n colérico, t a n áspero y t a n j o c o s o , t a n flaco florentino y t a n g r a s o
b o l o n e s , t a n cínico y t a n s a r d a n a p a l e s c o , t a n f r i v o l o y t a n s e r i o , t a n
g r a v e y t a n b u f o n e s c o , t a n trágico y t a n cómico, q u e e s t o y s e g u r o
q u e n o o s faltará ocasión d e v o l v e r o s héroe y h u m i l d e , m a e s t r o y
discípulo, c r e y e n t e e incrédulo, a l e g r e y t r i s t e , s a t u r n i a n o y j o v i a l ,
l i g e r o y g r a v e , tacaño y l i b e r a l , s i m i e s c o y c o n s u l a r , s o f i s t a c o n
Aristóteles y filósofo c o n Pitágoras, j o c o s o c o n Demócrito y llorón
c o n Heráclito. Q u i e r o d e c i r q u e , t r a s o l e r c o n l o s peripatéticos, t r a s
c o m e r c o n l o s pitagóricos y b e b e r c o n l o s e s t o i c o s , todavía podréis
llevaros algo a l a boca c o n a q u e l q u e m o s t r a b a los dientes c o n u n a
s o n r i s a t a n g e n t i l q u e s u b o c a l e t o c a b a l a s o r e j a s . P o r q u e s i rompéis
l o s h u e s o s y extraéis l a médula encontraréis c o s a s c a p a c e s d e v o l v e r
d i s o l u t o a san C o l o m b i n o , el patriarca de los jesuatos, de hacer callar
a c u a l q u i e r m e r c a d o , de d e s t e r n i l l a r de risa a los m o n o s y de r o m p e r
e l s i l e n c i o d e c u a l q u i e r c e m e n t e r i o . M e preguntaréis e n t o n c e s : ¿Qué
c l a s e d e b a n q u e t e e s ése? U n a c e n a . ¿Qué c e n a ? D e l a s c e n i z a s .

5
6 L a c e n a d e las c e n i z a s

¿Qué q u i e r e d e c i r c e n a d e l a s c e n i z a s ? ¿Acaso s e o s d i o d e c o m e r
ese p l a t o ? ¿Podremos e n t o n c e s d e c i r e n e s e c a s o cinerem tanquam
panem manducabam?' N o ; s e t r a t a d e u n b a n q u e t e c e l e b r a d o t r a s
l a p u e s t a d e l s o l , e l p r i m e r día d e C u a r e s m a , l l a m a d o p o r n u e s t r o s
s a c e r d o t e s dies cinerum y a v e c e s día d e l memento. ¿De qué t r a t a
2 3

e s t e b a n q u e t e , e s t a c e n a ? N o y a d e c o n s i d e r a r e l ánimo y l o s méritos
d e l m u y n o b l e y b i e n e d u c a d o señor F u l k e G r e v i l l e , e n c u y a
h o n o r a b l e e s t a n c i a t u v o l u g a r l a reunión; t a m p o c o d e l a s h o n o r a b l e s
c o s t u m b r e s d e l o s educadísimos señores q u e s e h a l l a b a n p r e s e n t e s
c o m o espectadores y c o m o auditorio. T r a t a , por e lcontrario, d e u n
q u e r e r v e r cuan g r a n d e es e l p o d e r d e l a n a t u r a l e z a a l hacer dos
fantásticas b r u j a s , d o s sueños, d o s s o m b r a s y d o s fiebres c u a r t a n a s .
M i e n t r a s se v a d e s g r a n a n d o y l u e g o se p r u e b a y m a s t i c a s u s e n t i d o
histórico, s e t r a e n a colación d i f e r e n t e s topografías, geográficas e n
a l g u n o s c a s o s , r a c i o n a l e s y m o r a l e s e n o t r o s , así c o m o e s p e c u l a c i o n e s
a v e c e s metafísicas, a v e c e s matemáticas y a v e c e s n a t u r a l e s .

A R G U M E N T O D E L DIALOGO PRIMERO

E n e l p r i m e r diálogo veréis l a presentación d e d o s i n d i v i d u o s j u n t o

c o n l a razón d e s u s n o m b r e s s i l a queréis s a b e r . E n s e g u n d o l u g a r se
c e l e b r a a propósito s u y o l a e s c a l a d e l número d o s . E n t e r c e r l u g a r
se señalan l a s e x c e l e n t e s características d e l a r e c u p e r a d a y r e s t a u r a d a
filosofía. E n c u a r t o l u g a r s e m u e s t r a c u a n d i g n o d e a l a b a n z a e s
Copérnico. E n q u i n t o l u g a r s e p o n e a n t e v u e s t r o s o j o s l o s f r u t o s d e
l a filosofía n o l a n a j u n t o c o n l a d i f e r e n c i a e n t r e éste y l o s o t r o s m o d o s
de filosofar.

A R G U M E N T O D E L DIÁLOGO S E G U N D O

E n e l s e g u n d o diálogo veréis e n p r i m e r l u g a r e l m o t i v o o r i g i n a l d e
l a c e n a ; e n s e g u n d o l u g a r , u n a descripción d e p a s o s y d e p a s a j e s q u e
será j u z g a d a p o r t o d o s más poética y alegórica quizá q u e histórica. E n
t e r c e r l u g a r veréis cómo s e p r e c i p i t a c o n f u s a m e n t e e n u n a topografía

1
«Comía ceniza como pan», Sal 101 (Vulgata), 10.
2
«día de las cenizas».
3
«recuerda».
 Epístola p r o e m i a l 7

m o r a l e n l a q u e , m i r a n d o aquí y allá c o s a p o r c o s a c o n l o s o j o s d e
L i n c e o , m i e n t r a s h a c e s u c a m i n o y s i n p a r a r s e d e m a s i a d o , además
d e c o n t e m p l a r l a s g r a n d e s máquinas m e p a r e c e q u e n o h a y m i n u c i a
n i p i e d r e c i l l a n i g u i j a r r o q u e n o os salga al e n c u e n t r o . Y e n e l l o h a c e
j u s t a m e n t e l o q u e u n p i n t o r , al cual n o basta c o n hacer s i m p l e m e n t e
e l retrato d e l ahistoria, sino q u e para llenar el c u a d r o y c o n f o r m a r s e
c o n s u a r t e a l a n a t u r a l e z a , p i n t a también p i e d r a s , m o n t e s , árboles,
f u e n t e s , ríos, c o l i n a s , y o s h a c e v e r aquí u n p a l a c i o r e a l , allí u n b o s q u e ,
allá u n t r o z o d e c i e l o , e n a q u e l ángulo u n m e d i o s o l n a c i e n t e y d e s i t i o
e n s i t i o u n pájaro, u n c e r d o , u n c i e r v o , u n a s n o , u n c a b a l l o ; m i e n t r a s
b a s t a c o n h a c e r v e r d e éste u n a c a b e z a , d e aquél u n c u e r n o , d e l o t r o
l a p a r t e t r a s e r a , d e éste l a s o r e j a s y d e a q u e l o t r o n o s h a c e l a e n t e r a
descripción, n o s d a d e c a d a u n o u n g e s t o y u n a expresión d i f e r e n t e d e
l a d e l o s demás, d e t a l f o r m a q u e v i e n e a h i s t o r i a r (ésta e s l a expresión
q u e u t i l i z a n ) l a figura c o n m a y o r satisfacción d e l a p e r s o n a q u e
o b s e r v a y j u z g a . L e e d también aquí d e l a m i s m a m a n e r a y veréis l o
q u e q u i e r o d e c i r . F i n a l m e n t e s e c o n c l u y e e s t e b e n d i t o diálogo c o n l a
llegada al l u g a r de la cena, c o n la a m a b l e acogida de q u e fue o b j e t o el
N o l a n o y c o n el c e r e m o n i o s o sentarse a la mesa.

A R G U M E N T O D E L DIALOGO TERCERO

E l t e r c e r diálogo l o veréis d i v i d i d o e n c i n c o p a r t e s según e l número

de las p r o p o s i c i o n e s d e l d o c t o r N u n d i n i o . L a p r i m e r a d e ellas t r a t a d e
l a n e c e s i d a d d e u n a y o t r a l e n g u a . L a s e g u n d a e x p l i c a l a intención
d e Copérnico, d a solución a u n a d u d a importantísima a c e r c a d e l o s
fenómenos c e l e s t e s , m u e s t r a l a v a n i d a d d e l e s t u d i o d e p e r s p e c t i v i s t a s
y ópticos a c e r c a d e l a determinación d e l a m a g n i t u d d e l o s c u e r p o s
l u m i n o s o s y e x p o n e a este respecto u n a d o c t r i n a n u e v a , r e s u e l t a y
certísima. L a t e r c e r a m u e s t r a l a constitución d e l o s c u e r p o s m u n d a n o s
y a f i r m a q u e la m o l e d e l u n i v e r s o es i n f i n i t a y q u e r e s u l t a v a n o a n d a r
b u s c a n d o e l c e n t r o o l a c i r c u n f e r e n c i a d e l u n i v e r s o c o m o si se t r a t a r a
de u n o d e sus c u e r p o s p a r t i c u l a r e s . L a c u a r t a a f i r m a q u e la m a t e r i a d e
e s t e m u n d o n u e s t r o l l a m a d o g l o b o t e r r e s t r e es idéntica a l a d e e s o s o t r o s
m u n d o s q u e s o n l o s c u e r p o s d e l o s demás a s t r o s y q u e e s d e niños
h a b e r p e n s a d o y p e n s a r d e o t r a m a n e r a . A f i r m a también q u e e s o s
astros son o t r o s tantos a n i m a l e s intelectuales y q u e e n ellos vegetan y
entienden muchos e innumerables individuos simples y compuestos,
tantos c o m o v e m o s v i v i r y vegetar e n el d o r s o de la T i e r r a . L a q u i n t a ,
8 L a c e n a d e las c e n i z a s

con m o t i v o de u n argumento que finalmente a d u j o N u n d i n i o , nos

m u e s t r a l a v a n i d a d d e d o s g r a n d e s creencias, p o r m e d i o d e las cuales
( y d e o t r a s s i m i l a r e s ) Aristóteles y o t r o s h a n e s t a d o t a n c i e g o s q u e
n o v i e r o n q u e e l m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a era verdadero y necesario
y se h a n v i s t o t a n i m p e d i d o s q u e n o h a n p o d i d o c r e e r q u e d i c h o
m o v i m i e n t o e r a posible, a d m i t i d o l o c u a l se d e s c u b r e n m u c h o s
secretos d e la n a t u r a l e z a ocultos hasta el presente.

A R G U M E N T O D E L DIALOGO CUARTO

A l c o m i e n z o d e l c u a r t o diálogo encontraréis e l m e d i o c o n q u e
r e s p o n d e r a t o d o s l o s a r g u m e n t o s e i n c o n v e n i e n t e s teológicos y c o n e l
q u e m o s t r a r q u e e s t a filosofía g u a r d a c o n f o r m i d a d c o n l a v e r d a d e r a
teología y m e r e c e s e r f a v o r e c i d a p o r l a s v e r d a d e r a s r e l i g i o n e s . E n e l
r e s t o d e l diálogo se o s p r e s e n t a u n i n d i v i d u o q u e n o sabía n i d i s p u t a r n i
p r e g u n t a r a propósito, p e r o q u e a l s e r más a r r o g a n t e y d e s v e r g o n z a d o
parecía a l o s más i g n o r a n t e s q u e e r a más d o c t o q u e e l d o c t o r
N u n d i n i o . Veréis, s i n e m b a r g o , q u e t o d a s l a s p r e n s a s d e l m u n d o serían
i n s u f i c i e n t e s p a r a e x t r a e r u n a g o t a d e j u g o d e l o q u e dice, p a r a sacar
m a t e r i a c o n v i s t a s a l a s p r e g u n t a s d e S m i t h y l a s r e s p u e s t a s d e Teófilo.
D a , sin e m b a r g o , m o t i v o para las ostentaciones d e P r u d e n c i o y las
r e p r e n s i o n e s d e F r u l l a . Y e n v e r d a d q u e l a m e n t o l a p r e s e n c i a d e esta
p a r t e d e l diálogo.

A R G U M E N T O D E L DIALOGO QUINTO

E l q u i n t o diálogo n o s e añade ( o s l o j u r o ) p o r o t r o m o t i v o q u e p a r a
n o c o n c l u i r t a n estérilmente n u e s t r a c e n a . Aquí s e o s d e m u e s t r a e n
p r i m e r l u g a r l a disposición más a p r o p i a d a d e l o s c u e r p o s e n l a región
etérea, señalando q u e e l l l a m a d o c i e l o d e l a s fijas, l a o c t a v a e s f e r a ,
n o es u n c i e l o , d e l a m i s m a m a n e r a q u e esos c u e r p o s l u m i n o s o s q u e
a p a r e c e n t a m p o c o se h a l l a n e q u i d i s t a n t e s d e l c e n t r o , s i n o q u e a l g u n o s
n o s p a r e c e n c e r c a n o s c u a n d o e n r e a l i d a d están más l e j o s e l u n o d e l
o t r o , t a n t o e n l o n g i t u d c o m o e n l a t i t u d , d e l o q u e p u e d a n estar con
respecto a l S o l y a l a T i e r r a . E n s e g u n d o l u g a r , q u e n o h a y siete
p l a n e t a s t a n sólo p o r q u e a s i e t e h a y a m o s c o m p r e n d i d o p o r t a l e s , s i n o
q u e , p o r l a m i s m a razón, h a y i n n u m e r a b l e s o t r o s q u e f u e r o n l l a m a d o s
n o s i n razón p o r l o s a n t i g u o s y v e r d a d e r o s filósofos ethera, e s d e c i r ,
 Epístola p r o e m i a l 9

c o r r e d o r e s , y a q u e e l l o s s o n l o s c u e r p o s q u e r e a l m e n t e se m u e v e n y n o
l a s i m a g i n a r i a s e s f e r a s . E n t e r c e r l u g a r se m u e s t r a q u e ese m o v i m i e n t o
procede necesariamente d e u n principio i n t e r n o c o m o d e la propia
n a t u r a l e z a y a l m a , c o n l a c u a l v e r d a d s e d e s t r u y e n m u c h o s sueños
t a n t o acerca d e l m o v i m i e n t o a c t i v o de la L u n a sobre las a g u a s y o t r a s
clases d e h u m o r e s c o m o a c e r c a d e o t r a s cosas n a t u r a l e s q u e p a r e c e n
recibir el p r i n c i p i o de.su m o v i m i e n t o de u n a causa eficiente exterior.
E n c u a r t o l u g a r e s t a b l e c e c o n t r a l a s d u d a s e m a n a d a s d e l estupidísimo
a r g u m e n t o de la p e s a d e z y l i g e r e z a de los c u e r p o s y d e m u e s t r a q u e t o d o
m o v i m i e n t o n a t u r a l t i e n d e a l c i r c u l a r ( y a sea e n t o r n o a l p r o p i o c e n t r o
o e n t o r n o a algún o t r o c e n t r o ) . E n q u i n t o l u g a r h a c e v e r l a n e c e s i d a d
de q u e esta t i e r r a y los o t r o s c u e r p o s s i m i l a r e s se m u e v a n n o c o n u n o ,
sino con varios m o v i m i e n t o s diferentes y que dichos m o v i m i e n t o s n o
d e b e n s e r n i más n i m e n o s d e c u a t r o m o v i m i e n t o s s i m p l e s , s i b i e n
c o n c u r r e n e n u n m o v i m i e n t o c o m p u e s t o . N o s d i c e también cuáles
s o n esos m o v i m i e n t o s e n e l caso d e l a T i e r r a . F i n a l m e n t e p r o m e t e
añadir e n o t r o s diálogos l o q u e p a r e c e f a l t a r p a r a l a culminación d e
e s t a filosofía. Y c o n c l u y e c o n u n a invocación d e P r u d e n c i o .

Quedaréis m a r a v i l l a d o d e l a r a p i d e z y s u f i c i e n c i a c o n q u e s e r e s u e l -
v e n p r o b l e m a s d e t a n t a i m p o r t a n c i a . P o r l o demás, s i observáis e n
ocasiones algunos m o t i v o s m e n o s graves q u e parece que deban te-
m e r e l c o m p a r e c e r a n t e l a s e v e r a c e n s u r a d e Catón, n o temáis, p u e s
e s t o s C a t o n e s serán m u y c i e g o s y l o c o s s i n o s a b e n d e s c u b r i r l o q u e s e
e s c o n d e b a j o e s t o s S i l e n o s . S i encontráis a g r u p a d o s t a n t o s y t a n
diversos m o t i v o s q u e n o parece q u e estemos ante u n a sola disci-
p l i n a , s i n o q u e o r a p a r e c e u n diálogo, o r a u n a c o m e d i a , o r a u n a
t r a g e d i a , o r a poesía, o r a retórica, aquí a l a b a , ahí v i t u p e r a , allí
d e m u e s t r a y enseña y e n e s e o t r o s i t i o c o n t i e n e física o matemá-
t i c a o m o r a l o lógica, e n conclusión: n o h a y c i e n c i a a l g u n a d e l a
q u e n o encontréis a l g u n a m u e s t r a , t e n e d p r e s e n t e además, S e -
ñor, q u e e l diálogo e s histórico y q u e m i e n t r a s s e r e l a t a n l a s o c a -
siones, l o s m o v i m i e n t o s , l o s pasajes y l o s e n c u e n t r o s , l o s gestos,
los afectos, los discursos, l a s proposiciones, las respuestas, los p r o -
pósitos y despropósitos, s o m e t i e n d o t o d o a l r i g o r d e l j u i c i o d e
l o s c u a t r o i n t e r l o c u t o r e s , n o h a y n a d a q u e n o p u e d a v e n i r a propó-
s i t o p o r a l g u n a razón. T e n e d p r e s e n t e también q u e n o h a y n i u n a
sola p a l a b r a s u p e r f l u a , ya q u e e n t o d a s p a r t e s se p u e d e c o s e c h a r a l g o
y d e s e n t e r r a r c o s a s d e n o p o c a i m p o r t a n c i a y quizás más d o n d e m e -
10 L a c e n a d e las c e n i z a s

n o s l o p a r e c e . E n c u a n t o a l o q u e se p r e s e n t a e n l a s u p e r f i c i e , los q u e
n o s h a n d a d o l a o p o r t u n i d a d d e h a c e r e l diálogo y quizás u n a sátira y c o -
m e d i a t i e n e n l a m a n e r a d e h a c e r s e más c i r c u n s p e c t o s c u a n d o a p r e n d a n
a m e d i r a l o s h o m b r e s c o n esa v a r a c o n q u e se m i d e e l t e r c i o p e l o y p e s e n
l o s ánimos c o n l a b a l a n z a d e l a precisión. L o s e s p e c t a d o r e s o l e c t o r e s ,
c u a n d o v e a n cómo r e s u l t a n t o c a d o s l o s demás, encontrarán e l m e d i o d e
d e s p a b i l a r s e y e s c a r m e n t a r e n c a b e z a a j e n a . L o s q u e se s i e n t a n h e r i d o s
o g o l p e a d o s abrirán t a l v e z l o s o j o s y v i e n d o s u p o b r e z a , s u d e s n u d e z ,
s u i n d i g n i d a d , podrán ( s i n o p o r a m o r , c u a n t o m e n o s p o r vergüenza)
c o r r e g i r s e o c u b r i r s e , s i n o q u i e r e n r e c o n o c e r s u situación.
S i o s p a r e c e q u e n u e s t r o Teófilo y F r u l l a g o l p e a n l a e s p a l d a d e
a l g u n o s i n d i v i d u o s c o n excesiva f u e r z a y d u r e z a , t e n e d presente, Se-
ñor, q u e e s o s a n i m a l e s n o t i e n e n l a p i e l m u y s u a v e , q u e s i l o s g o l p e s
f u e r a n c i e n v e c e s m a y o r e s n o l o s apreciarían e n a b s o l u t o , n i l o s s e n -
tirían más q u e s i f u e r a n c a r i c i a s d e d o n c e l l a . T a m p o c o q u i s i e r a q u e
m e c o n s i d e r a r a i s d i g n o d e r e p r o c h e p o r q u e más allá d e t a n t a s t o n t e -
rías y d e t a n i n d i g n o espectáculo c o m o n o s h a n p r o p o r c i o n a d o e s t o s
d o c t o r e s , h a y a m o s q u e r i d o a c u m u l a r t a n g r a v e s y t a n d i g n o s propó-
s i t o s , p u e s e s t o y s e g u r o d e q u e conocéis l a d i f e r e n c i a e n t r e c o g e r a l g o
en calidad d eprincipio y t o m a r l o de f o r m a ocasional. L o s principios
d e b e n g u a r d a r c i e r t a m e n t e proporción c o n l a m a g n i t u d , condición y
n o b l e z a d e l e d i f i c i o . L a s o c a s i o n e s , s i n e m b a r g o , p u e d e n ser d e t o d o
t i p o y p a r a t o d a c l a s e d e e f e c t o s p o r q u e c o s a s mínimas y sórdidas s o n
también g e r m e n d e c o s a s g r a n d e s y e x c e l e n t e s ; e s t u p i d e c e s y l o c u r a s
suelen provocar grandes consejos y juicios e invenciones. A p a r t e d e
q u e es m a n i f i e s t o q u e e r r o r e s y d e l i t o s h a n d a d o f r e c u e n t e m e n t e o c a -
sión a grandísimas r e g l a s d e j u s t i c i a y b o n d a d .
S i o s p a r e c e q u e l o s c o l o r e s d e l a descripción n o r e s p o n d e n a l
n a t u r a l y t a m p o c o los t r a z o s os parecen c o m p l e t a m e n t e apropiados,
sabed q u e l a culpa p r o v i e n e d e q u e el p i n t o r n o h a p o d i d o e x a m i n a r
el retrato c o n l adistancia y el espacio q u e suelen t o m a r s e los artistas,
p u e s t o q u e ( d e j a n d o a u n l a d o q u e e l l i e n z o o e l a s u n t o estaba
d e m a s i a d o c e r c a d e l r o s t r o y d e s u s o j o s ) n o podía d a r n i u n s o l o p a s o
atrás o a l e j a r s e l o más mínimo h a c i a u n o u o t r o l a d o p o r t e m o r a d a r
el m i s m o salto q u e el h i j o d e l f a m o s o d e f e n s o r de T r o y a . E n c u a l q u i e r
c a s o , r e c i b i d t a l c o m o e s e s t e r e t r a t o d o n d e están e s o s d o s , e s o s c i e n ,
esos m i l , t o d o s , p u e s t o q u e n o se os m a n d a p a r a i n f o r m a r o s d e l o q u e
y a sabéis, n i p a r a añadir más a g u a a l rápido río d e v u e s t r o j u i c i o e
i n g e n i o , s i n o p o r q u e sé q u e n o r m a l m e n t e , a u n q u e c o n o c e m o s m e j o r
las cosas a l n a t u r a l , n o s o l e m o s , s i n e m b a r g o , d e s p r e c i a r s u r e t r a t o
 Epístola p r o e m i a l

y $ u representación. Además, e s t o y s e g u r o d e q u e v u e s t r o g e n e r o s o
ánimo dirigirá e l o j o d e l a consideración más a l a g r a t i t u d d e l a f e c t o
con q u e se d a , q u e a l p r e s e n t e m i s m o d e l a m a n o q u e o s l o ofrece.
£ t o s e d i r i g e a v o s , q u e estáis más c e r c a y o s mostráis más p r o p i c i o y
s

más f a v o r a b l e a n u e s t r o N o l a n o . P o r e l l o , o s habéis h e c h o más d i g n o

m e r e c e d o r d e n u e s t r o s o b s e q u i o s e n esta t i e r r a , d o n d e los m e r c a d e r e s
sin c o n c i e n c i a y s i n f e r e s u l t a n c o n f a c i l i d a d C r e s o s y d o n d e n o es
difícil q u e l o s v i r t u o s o s s i n o r o r e s u l t e n Diógenes. A v o s , q u e c o n
t a n t a g e n e r o s i d a d y l i b e r a l i d a d habéis a c o g i d o a l N o l a n o b a j o v u e s t r o
p r o p i o t e c h o y e n e l l u g a r más e m i n e n t e d e v u e s t r a m o r a d a , e n u n a
tierra donde, si e nvez d e producir m i l torvos gigantones produjera
o t r o s t a n t o s A l e j a n d r o s M a g n o s , veríais a más d e q u i n i e n t o s v e n i r a
c o r t e j a r a e s t e Diógenes, q u e p o r d o n d e l o s a s t r o s sólo o s t i e n e a v o s
p a r a h a c e r l e s a l i r e l S o l a e n v i a r l e (así n o será más p o b r e q u e a q u e l
cínico bribón) algún r a y o d i r e c t o o r e f l e j o a ese a g u j e r o q u e v o s sabéis.
A v o s , p u e s , s e d e d i c a , q u e e n e s t a Bretaña representáis l a e m i n e n c i a
d e t a n magnánimo, t a n g r a n d e y t a n p o d e r o s o r e y , q u e d e s d e e l
generosísimo p e c h o d e E u r o p a h a c e r e s o n a r l o s p u n t o s c a r d i n a l e s d e
l a T i e r r a c o n l a v o z d e s u f a m a y q u e c u a n d o r u g e a i r a d o , c u a l león
desde p r o f u n d a cueva, p r o d u c e t e m o r y h o r r o r m o r t a l e s a los restantes
p o d e r o s o s d e p r e d a d o r e s d e estas s e l v a s , m i e n t r a s c u a n d o d e s c a n s a y se
s e r e n a envía t a l l l a m a d e a m o r l i b e r a l y cortés q u e e n c i e n d e e l c e r c a n o
trópico, c a l i e n t a l a gélida O s a y d i s i p a e l r i g o r d e l d e s i e r t o ártico q u e
g i r a b a j o l a e t e r n a c u s t o d i a d e l fiero B o o t e s .

VALE. 4

4
«Adiós.»
COPIA CON FINES EDUCATIVOS
C. D . A .

DIÁLOGO PRIMERO

INTERLOCUTORES
Smith, Teófilo (filósofo), Prudencio (pedante), Frulla

SMITH —¿Hablaban b i e n latín?

TEÓFILO —Sí.
SMITH —¿Gente d e b i e n ?
TEÓFILO —Sí.
S M I T H — ¿ D e b u e n a reputación?
TEÓFILO —Sí.
S M I T H —¿Doctos?
TEÓFILO — B a s t a n t e .
SMITH —¿Bien e d u c a d o s , c o r t e s e s , c i v i l i z a d o s ?
TEÓFILO — R e g u l a r t a n sólo.
S M I T H —¿Doctores?
TEÓFILO — ¡ S í señor, sí p a d r e , sí señora, c l a r o q u e sí! C r e o q u e d e
Oxford.
SMITH —¿Gente c a l i f i c a d a ?
TEÓFILO — ¡ P o r s u p u e s t o ! H o m b r e s s e l e c t o s , d e l a r g a t o g a , c o n
hábitos d e t e r c i o p e l o . U n o d e e l l o s l l e v a b a a l c u e l l o d o s c a d e n a s d e
o r o l u c i e n t e y e l o t r o , ¡por D i o s ! , c o n a q u e l l a p r e c i o s a m a n o e n l a
q u e había d o c e a n i l l o s e n d o s d e d o s , parecía u n riquísimo j o y e r o q u e
se t e l l e v a b a detrás l o s o j o s y e l corazón c a d a v e z q u e s e l a a d m i r a b a
complacido.
S M I T H —¿Mostraban s a b e r g r i e g o ?
TEÓFILO — Y a s a z d e c e r v e z a también.
PRUDENCIO — S u p r i m e e s e a s a z , p u e s es u n a expresión o b s o l e t a y
anticuada.
FRULLA — C a l l a d , m a e s t r o , q u e n o h a b l a c o n v o s .
SMITH —¿Cómo e r a n ?
TEÓFILO — U n o parecía e l c o n d e s t a b l e d e l a g i g a n t a y d e l o r c o ; e l
o t r o , e l a l m o t a l a f e d e l a d i o s a d e l a reputación.

!3
 L a c e n a d e las c e n i z a s
ü
SMITH —¿Eran dos, p u e s ?
TEÓFILO — S í , p o r s e r éste u n número m i s t e r i o s o .
PRUDENCIO — U t essent dúo testes. ' 1

FRULLA — ¿ Q u é queréis d e c i r c o n ese testes}^

PRUDENCIO — T e s t i g o s e x a m i n a d o r e s d e l a s u f i c i e n c i a d e l N o l a n o .
At me hercle 7
Teófilo, ¿por qué habéis d i c h o q u e e l número d o s e s
misterioso?
TEÓFILO — P o r q u e , c o m o d i c e Pitágoras, d o s s o n l a s p r i m e r a s
c o o r d i n a c i o n e s : finito e i n f i n i t o , c u r v o y r e c t o , d e r e c h o e i z q u i e r d o , y
así s u c e s i v a m e n t e . D o s s o n l a s e s p e c i e s d e números: p a r e i m p a r , d e l a s
c u a l e s l a u n a es m a c h o , y l a o t r a , h e m b r a . D o s s o n l o s a m o r e s : s u p e r i o r
y d i v i n o u n o , i n f e r i o r y v u l g a r e l o t r o . D o s s o n los actos d e l a vida:
c o n o c i m i e n t o y afección, c u y o s o b j e t o s a s u v e z s o n d o s : l a v e r d a d
y e l b i e n . D o s s o n l a s e s p e c i e s d e l m o v i m i e n t o : rectilíneo, m e d i a n t e
e l c u a l l o s c u e r p o s t i e n d e n a l a conservación, y c i r c u l a r , m e d i a n t e e l
c u a l se c o n s e r v a n . D o s s o n los p r i n c i p i o s esenciales d e l a s cosas: l a
m a t e r i a y l a f o r m a . D o s s o n l a s d i f e r e n c i a s específicas d e l a s u s t a n c i a :
lo r a r o y lo denso, lo s i m p l e y lo m i x t o . D o s los p r i m e r o s c o n t r a r i o s
y a c t i v o s p r i n c i p i o s : e l c a l o r y e l frío; d o s , l o s p r i m e r o s p a d r e s d e l a s
cosas n a t u r a l e s : el S o l y la T i e r r a .
FRULLA — P u e s t o q u e e s t a m o s h a b l a n d o d e e s t o s d o s s u j e t o s v o y a
h a c e r o t r a e s c a l a d e l número d o s : l a s b e s t i a s e n t r a r o n e n e l a r c a d e d o s
e n d o s y s a l i e r o n también d e d o s e n d o s . D o s s o n l o s c o r i f e o s d e
l o s s i g n o s c e l e s t e s : Aries y Taurus. D o s s o n l a s e s p e c i e s d e l Nolitefierv?
el caballo y e l m u l o . D o s s o n los a n i m a l e s a i m a g e n y s e m e j a n z a d e l
h o m b r e : e l m o n o e n l a t i e r r a y e l buho e n e l c i e l o . D o s s o n l a s f a l s a s
r e l i q u i a s d e F l o r e n c i a h o n r a d a s e n e s t e país: l o s d i e n t e s d e S a s s e t t o y
la barba d e P i e t r u c c i a . D o s son los a n i m a l e s de los q u e d i j o el p r o f e t a
q u e tenían más e n t e n d i m i e n t o q u e e l p u e b l o d e I s r a e l : e l b u e y , p o r q u e
c o n o c e a s u dueño, y e l a s n o , p o r q u e s a b e e n c o n t r a r e l p e s e b r e d e s u
a m o . D o s f u e r o n las m i s t e r i o s a s c a b a l g a d u r a s d e n u e s t r o r e d e n t o r : e l
a s n a y e l p o l l i n o c o n l o s c u a l e s se s i g n i f i c a e l a n t i g u o c r e y e n t e h e b r e o
y el n u e v o creyente g e n t i l . D o s son los n o m b r e s d e r i v a d o s de ellos q u e
h a n f o r m a d o l o s a p e l l i d o s d e l s e c r e t a r i o d e A u g u s t o : A s i n i o y Polión.
D o s s o n l o s géneros d e l o s a s n o s : doméstico y s a l v a j e ; d o s s u s c o l o r e s

5
«Como si fueran dos testigos.»
6
Testes en latín significa «testigos» y «testículos».
7
«Pero ¡por Hércules!»
8
Sal 31 (Vulgata), 9: « N o seas sin entendimiento, como el caballo y el mulo».
 Diálogo 1 '5

más h a b i t u a l e s : g r i s y p a r d o . D o s s o n l a s pirámides e n l a s q u e d e b e n
ser e s c r i t o s y c o n s a g r a d o s p a r a t o d a la e t e r n i d a d los n o m b r e s d e estos
dos y otros doctores del m i s m o jaez: l a oreja derecha del caballo d e
S i l e n o y l a i z q u i e r d a d e l a n t a g o n i s t a d e l dios de los h u e r t o s .
PRUDENCIO —Optimae indolis ingenium, enumeratio minime con-
temnenda. 9

FRULLA — M e e n o r g u l l e c e , señor P r u d e n c i o mío, q u e aprobéis m i

d i s c u r s o v o s , q u e s o i s más p r u d e n t e q u e l a m i s m a p r u d e n c i a , p u e s t o
q u e s o i s l a p r u d e n c i a masculini generis. 10

PRUDENCIO — Ñ e q u e id sine lepore et gratia. ' M a s ¡ e a ! , isthaec mitta -

1

mus encomia. Sedeamus quia, ut ait Peripateticorum princeps, sedendo

et quiescendo sapimus.' Y así a l a r g a r e m o s h a s t a e l a t a r d e c e r n u e s t r o
2

tetrálogo a c e r c a d e l r e s u l t a d o d e l c o l o q u i o d e l N o l a n o c o n e l d o c t o r
T o r c u a t o y el doctor N u n d i n i o .
FRULLA — M e gustaría s a b e r qué queréis d e c i r c o n e s o d e tretá-
logo.
PRUDENCIO — H e d i c h o «tetrálogo», id est quatorum sermo, d e l a li

m i s m a m a n e r a q u e diálogo q u i e r e d e c i r duorum sermón trílogo trium

sermón y así s u c e s i v a m e n t e c o n pentálogo, heptálogo, e t c . , a l o s c u a l e s
a l g u n o s d e n o m i n a n d e f o r m a a b u s i v a diálogos, c o m o s i d i j e r a diver-
sorum logi;' p e r o n o e s verosímil q u e l o s g r i e g o s , i n v e n t o r e s d e e s t e
b

n o m b r e , h a y a n e n t e n d i d o e s a p r i m e r a sílaba «di» pro capite illius lati-

naedictionis «diversum».' 1

SMITH — P o r favor, m a e s t r o , d e j e m o s esos p u r i s m o s g r a m a t i c a l e s

y pasemos a nuestro asunto.
PRUDENCIO — O saeclum!,'* m e p a r e c e q u e valoráis e n p o c o l a s
b u e n a s l e t r a s . ¿Cómo p o d r e m o s c o m p o n e r u n b u e n tetrálogo s i n o
s a b e m o s l o q u e l a m i s m a p a l a b r a tetrálogo s i g n i f i c a ? Y quod peius
est,'^ ¿pensaremos a c a s o q u e s e t r a t a d e u n diálogo? ¿Non ne a defini-

9
«Ingenio de óptima naturaleza, enumeración mínimamente censurable.»
«del género masculino».
1 0

" «Tampoco eso carece de encanto y de gracia.»

«dejemos estos cumplidos. Sentémonos, pues, como dice el Príncipe de los
1 2

peripatéticos, sentados y descansados, aprendemos.»

«es decir, conversación entre cuatro»,
1 3

«conversación entre dos».

«conversación entre tres».
1 5

«conversación entre diversos personajes».

1 6

«"di" como comienzo de la palabra latina "diverso"».

1 7

«¡Qué tiempos!»
1 8

« Y lo que es peor.»
1 9
ió L a c e n a d e las c e n i z a s

tione et a nominis explicatione exordiendum, " c o m o n o s enseña n u e s t r o

2

Arpíñate?
TEÓFILO — V o s , señor P r u d e n c i o , s o i s d e m a s i a d o p r u d e n t e . D e j e -
m o s , p o r f a v o r , estas c o n s i d e r a c i o n e s g r a m a t i c a l e s y haceos c u e n t a
d e q u e e s t e r a z o n a m i e n t o n u e s t r o e s u n diálogo, d a d o q u e a u n q u e
seamos c u a t r o personas, seremos dos lasencargadas d e p r o p o n e r y
responder, de r a z o n a r y de escuchar. E n t o n c e s , para e m p e z a r y n a r r a r
el a s u n t o desde el p r i n c i p i o , v e n i d a i n s p i r a r m e , M u s a s . Y n o os l l a m o
a v o s o t r a s , q u e habláis c o n v e r s o s o b e r b i o y engreído d e s d e e l Helicón,
p u e s t e m o q u e a c a s o o s quejéis d e mí a l final, u n a v e z q u e ( t r a s h a b e r
hecho tan largo y fastidioso viaje, surcado tan peligrosos mares,
p r o b a d o t a n salvajes costumbres) tuvierais q u e regresar sin d e m o r a
a v u e s t r a p a t r i a d e s c a l z a s y d e s n u d a s , p o r q u e aquí n o h a y n a d a q u e
s a c a r . D e j o a u n l a d o q u e n o sólo s o i s e x t r a n j e r a s , s i n o además d e
aquella raza d ela q u e d i j o u n poeta:

N o h u b o jamás u n g r i e g o l i m p i o d e m a l d a d .

Además, q u e n o p u e d o e n a m o r a r m e d e a q u e l l o q u e n o v e o . O t r a s ,
o t r a s , s o n las q u e m e t i e n e n e n c a d e n a d a el a l m a . A v o s o t r a s , pues, o s
l l a m o : g r a c i o s a s , g e n t i l e s , b l a n d a s , mórbidas, jóvenes, b e l l a s , d e l i c a d a s ,
cabellos r u b i o s , blancas m e j i l l a s , carrillos b e r m e j o s , labios jugosos, ojos
divinos, pechos de esmalte y corazones de d i a m a n t e , por quienes tantos
p e n s a m i e n t o s f a b r i c o e n l a m e n t e , t a n t o s d e s e o s a c o j o e n e l espíritu,
t a n t a s p a s i o n e s c o n c i b o e n l a v i d a , t a n t a s lágrimas v i e r t o p o r m i s
o j o s , t a n t o s s u s p i r o s s a l e n d e m i p e c h o y d e m i corazón t a n t a s l l a m a s .
A vosotras, Musas d e Inglaterra, os llamo: inspiradme, sopladme,
escaldadme, encendedme, destiladme y disolvedme e n licor, resolved-
m e e n j u g o , y h a c e d m e c o m p a r e c e r n o c o n u n pequeño, d e l i c a d o ,
angosto, corto y sucinto e p i g r a m a , sino con u n a copiosa y ancha vena
d e p r o s a l a r g a , fluida, g r a n d e y sólida, d e f o r m a q u e n o c o m o d e u n
e s t r e c h o cálamo, s i n o c o m o d e u n a n c h o c a n a l m a n d e m i s ríos. Y tú,
M n e m o s i n e mía, e s c o n d i d a b a j o t r e i n t a s e l l o s y e n c e r r a d a e n l a o s c u r a
cárcel d e l a s s o m b r a s d e l a s i d e a s : susúrrame u n p o c o a l oído.
H a c e u n o s días v i n i e r o n h a s t a e l N o l a n o d o s p e r s o n a s d e p a r t e
d e u n e s c u d e r o r e a l , haciéndole s a b e r l o a r d i e n t e m e n t e q u e d i c h o
señor d e s e a b a h a b l a r c o n él, a fin d e c o n o c e r a s u Copérnico y o t r a s

«¿Acaso no hay que empezar por la definición y la explicación del nom-

2 0

bre»? E l Arpinate es Cicerón.

 Diálogo 1 1

p a r a d o j a s d e s u n u e v a filosofía. E l N o l a n o respondió q u e él n o veía

p o r l o s o j o s d e Copérnico n i p o r l o s d e P t o l o m e o , s i n o p o r l o s s u y o s
p r o p i o s e n l o q u e hacía r e f e r e n c i a a l j u i c i o y determinación, s i b i e n e n
l o r e l a t i v o a las o b s e r v a c i o n e s e s t i m a q u e d e b e m u c h o a ellos y a o t r o s
d i l i g e n t e s matemáticos q u e c o n l a sucesión d e l o s t i e m p o s , s u m a n d o
luz sobre l u z , nos h a n dado principios suficientes para llegar a u n a
conclusión t a l q u e n o podía h a b e r n a c i d o s i n o t r a s m u c h a s e d a d e s
e n a b s o l u t o o c i o s a s . Añadió e l N o l a n o q u e e l l o s e r a n s i n d u d a c o m o
a q u e l l o s intérpretes q u e t r a d u c e n l a s p a l a b r a s d e u n i d i o m a a o t r o s i n
ser e l l o s m i s m o s q u i e n e s p r o f u n d i z a n e n e l s e n t i d o , s i n o o t r o s . S o n
s e m e j a n t e s a esos a l d e a n o s q u e n a r r a n los p a r t i c u l a r e s y l a f o r m a d e
u n a b a t a l l a a u n capitán a u s e n t e ; n o s o n e l l o s q u i e n e s e n t i e n d e n e l
a s u n t o , l a s r a z o n e s y e l a r t e c o n q u e se h a o b t e n i d o l a v i c t o r i a , s i n o
el q u e posee l a e x p e r i e n c i a y m e j o r j u i c i o e n e l a r t e m i l i t a r . D e l a
m i s m a f o r m a a l a t e b a n a M a n t o , q u e veía, p e r o n o entendía, T i r e s i a s
( c i e g o , p e r o intérprete d i v i n o ) decía:

Visu carentem magna pan veri latet,

sed quo vocat me patria, que Phoebus sequar.
Tu lucis inopem gnata genitorem regens,
manifestó sacrisigna faticidi refer. ' 2

Así también, ¿qué podríamos c o n c l u i r n o s o t r o s , s i t a n t a s y t a n

diferentes observaciones acerca d e los m o v i m i e n t o s aparentes d e l o s
cuerpos superiores, ocircunstantes, n o nos h u b i e r a n sido procuradas y
p u e s t a s a n t e l o s o j o s d e l a razón? S i n d u d a a l g u n a , n a d a . N o o b s t a n t e ,
tras haber d a d o las gracias a l o s dioses d i s t r i b u i d o r e s d e l o s dones
procedentes de la p r i m e r a e infinita l u z o m n i p o t e n t e , y tras haber loado
e l e s f u e r z o d e e s o s g e n e r o s o s espíritus, r e c o n o c e m o s sincerísimamente
q u e d e b e m o s a b r i r los o j o s a l o q u e h a n o b s e r v a d o y v i s t o , y n o d a r e l
consentimiento a lo que h a n pensado, entendido y afirmado.
SMITH — P o r f a v o r , h a c e d m e s a b e r qué opinión tenéis d e Copérnico.
TEÓFILO — E r a d e i n g e n i o g r a v e , e l a b o r a d o , d i l i g e n t e y m a d u r o ;
n o i n f e r i o r a ningún astrónomo a n t e r i o r a él e x c e p t o e n l o q u e h a c e a
l a sucesión e n e l t i e m p o , y e n c u a n t o a l a c a p a c i d a d n a t u r a l d e j u i c i o ,

Séneca, E d i p o , vv. 295-296 y 301-302: « A l que carece de vista se le oculta

2 1

gran parte de la verdad. Pero a donde me llama la patria, a donde Febo, allí voy
yo; tú, hija que eres la que conduce a este padre privado de luz, dime las señales
que vayan apareciendo en este sacrificio adivinatorio» [trad. de J. L u q u e ] .
i8 L a c e n a d e las c e n i z a s

m u y superior a P t o l o m e o , Hiparco, E u d o x o y a todos aquellos que

c a m i n a r o n después t r a s l a s h u e l l a s d e éstos, s u p e r i o r i d a d q u e l e v i e n e
d e h a b e r s e l i b e r a d o d e a l g u n o s p r e s u p u e s t o s f a l s o s d e l a común y v u l g a r
filosofía, p o r n o d e c i r c e g u e r a . S i n e m b a r g o , n o se h a a l e j a d o m u c h o d e
e l l a , p o r q u e a l s e r más e s t u d i o s o d e l a matemática q u e d e l a n a t u r a l e z a ,
n o h a p o d i d o p r o f u n d i z a r y penetrar hasta el p u n t o de poder arrancar
c o m p l e t a m e n t e l a s raíces d e p r i n c i p i o s v a n o s e i n a p r o p i a d o s y c o n
e l l o a n u l a r t o t a l m e n t e t o d a s l a s d i f i c u l t a d e s c o n t r a r i a s , liberándose
a sí m i s m o y a l o s demás d e t a n t a s v a n a s i n q u i s i c i o n e s , y s i t u a n d o l a
contemplación e n las c o s a s c o n s t a n t e s y c i e r t a s . P e r o a p e s a r d e t o d o e l l o ,
¿quién podrá a l a b a r e n s u j u s t a m e d i d a l a e x c e l e n c i a d e e s t e g e r m a n o
q u e — i n d i f e r e n t e a n t e l a estúpida m u l t i t u d — se h a m a n t e n i d o t a n
firme a n t e e l t o r r e n t e d e l a f e c o n t r a r i a , y a u n q u e prácticamente
d e s p r o v i s t o d e r a z o n e s v i v a s , r e c o g i e n d o d e l a s m a n o s d e l a Antigüedad
a q u e l l o s f r a g m e n t o s despreciados y h e r r u m b r o s o s q u e h a p o d i d o , los
h a l i m p i a d o , a g r u p a d o y c o n j u n t a d o de tal m a n e r a que, con su discurso
más matemático q u e n a t u r a l , l a c a u s a q u e a n t e s e r a r i d i c u l i z a d a ,
despreciada y vilipendiada, nos l a h a devuelto honorable, apreciada,
más verosímil q u e l a c o n t r a r i a y s i n d u d a a l g u n a más cómoda y e x p e d i t a
p a r a l a teoría y l a razón c a l c u l a t o r i a ? Así e s t e alemán, a u n q u e n o h a y a
t e n i d o l o s r e c u r s o s s u f i c i e n t e s m e d i a n t e l o s c u a l e s , además d e r e s i s t i r
pudiese h o l g a d a m e n t e vencer, reducir y s u p r i m i r l a falsedad, sin
e m b a r g o , s e h a m a n t e n i d o firme a l c o n c l u i r e n s u ánimo y c o n f e s a r
a b i e r t a m e n t e q u e e n última i n s t a n c i a s e d e b e c o n c l u i r n e c e s a r i a m e n t e
q u e es e s t e g l o b o q u i e n s e m u e v e c o n r e s p e c t o a l u n i v e r s o a n t e s d e q u e
sea p o s i b l e q u e l a t o t a l i d a d d e t a n t o s c u e r p o s i n n u m e r a b l e s , m u c h o s
d e l o s c u a l e s c o n o c e m o s c o m o más espléndidos y más g r a n d e s , d e b a
reconocer (a despecho d e l a naturaleza y d e las razones q u e con
m o v i m i e n t o s evidentísimos g r i t a n l o c o n t r a r i o ) a e s t e g l o b o n u e s t r o
p o r c e n t r o y b a s e d e s u s g i r o s e i n f l u j o s . ¿Quién, p u e s , será t a n v i l l a n o
y descortés a n t e e l e s f u e r z o d e e s t e h o m b r e q u e — d e j a n d o a u n l a d o
l o q u e h a h e c h o , d i s p u e s t o p o r l o s d i o s e s c o m o u n a a u r o r a q u e debía
p r e c e d e r l a s a l i d a d e e s t e s o l d e l a a n t i g u a y v e r d a d e r a filosofía, d u r a n t e
t a n t o s siglos s e p u l t a d a e n las t e n e b r o s a s c a v e r n a s d e la ciega, m a l i g n a ,
proterva y envidiosa ignorancia— quiera, t o m a n d o en cuenta lo que
n o h a p o d i d o hacer, p o n e r l o e n el saco de la g r e g a r i a m u l t i t u d q u e dis-
c u r r e , s e guía (se p r e c i p i t a más b i e n ) p o r e l s e n t i d o d e l oído d e u n a f e
innoble y a n i m a l , en lugar d econtarlo entre aquellos que gracias a su
f e l i z i n g e n i o h a n p o d i d o o r i e n t a r s e y e l e v a r s e c o n l a fidelísima guía d e l
o j o de la d i v i n a inteligencia?
 Diálogo 1
19
Y a h o r a ¿qué diré y o d e l N o l a n o ? ¿Acaso p o r e s t a r t a n c e r c a d e mí
c o m o y o d e mí m i s m o , n o será c o n v e n i e n t e q u e l o a l a b e ? N o será, s i n
d u d a , r a z o n a b l e q u i e n m e c e n s u r e s i l o h a g o , p u e s n o e s t a n sólo a l g o
lícito e n o c a s i o n e s , s i n o también n e c e s a r i o , c o m o b i e n d i j o e l t e r s o y
culto Tansillo:

A u n q u e a u n h o m b r e q u e h o n r a y h o n o r desea
h a b l a r m u c h o d e sí n o es c o n v e n i e n t e ,
p o r q u e l a l e n g u a , allí d o n d e e l corazón t e m e y a m a ,
n o es e n s u h a b l a r d i g n a d e fe,
e l ser a n t e o t r o pregón d e s u f a m a
sin e m b a r g o parece e n ocasiones c o n v e n i e n t e ,
c u a n d o viene a hablar por u n a de dos razones:
para evitar censura o ayudar a o t r o . "

N o o b s t a n t e , s i h a y a l g u i e n t a n s e v e r o q u e e n m o d o a l g u n o se a v e n g a a
t o l e r a r l a p r o p i a a l a b a n z a o c a s i p r o p i a , s e p a q u e f r e c u e n t e m e n t e ésta
n o s e p u e d e s e p a r a r d e s u s e f e c t o s p r e s e n t e s y y a o r i g i n a d o s . ¿Quién
reprenderá a A p e l e s s i p r e s e n t a n d o e l c u a d r o d i c e a q u i e n l o q u i e r a
s a b e r q u e es o b r a s u y a ? ¿Quién censurará a F i d i a s s i a q u i e n p r e g u n t a
p o r e l a u t o r d e e s t a magnífica e s c u l t u r a r e s p o n d e q u e h a s i d o él?
P u e s b i e n , p a r a q u e entendáis e l a s u n t o p r e s e n t e y s u i m p o r t a n c i a ,
o s p r o p o n g o a m o d o d e conclusión a l g o q u e s e o s demostrará m u y
p r o n t o , fácilmente y c o n m e r i d i a n a c l a r i d a d , q u e s i s e a l a b a a l a n t i g u o
T i f i s p o r h a b e r i n v e n t a d o l a p r i m e r a n a v e y c r u z a d o e l m a r c o n los
argonautas:

Audax ninium, qui freía primus,

rate tamfragili pérfida rupit:
terrasque suas post terga videns,
animam levibus credidit auris; * 1

s i e n n u e s t r a época e s e n s a l z a d o Colón p o r s e r a q u e l d e q u i e n c o n
t a n t a a n t e r i o r i d a d s e había p r o n o s t i c a d o ,

L u i g i Tansillo, // v e n d e m m i a t o r e , octava 29.

1 2

Séneca, M e d e a , vv. 301-304: «Demasiado atrevido quien surcó el primero

2 3

los mares traicioneros en tan frágil barca y, mirando a su espalda la tierra en que
nació, la vida puso en manos de las volubles auras» [trad. de J. Luque).
 Venient annis
sécula seris, quibus Oceanus
vincula rerum laxet, et ingens
pateat tellus, Tiphysque novos
detegat orbes, nec sit terris
ultima Thule; 24

¿qué deberá h a c e r s e c o n q u i e n h a e n c o n t r a d o e l m o d o d e s u b i r a l
c i e l o , r e b a s a r las c i r c u n f e r e n c i a s d e las estrellas, d e j a r a sus espaldas
la c o n v e x a superficie d e l firmamento? Los Tifis h a n encontrado la
m a n e r a d e p e r t u r b a r l a p a z a j e n a , d e v i o l a r l o s g e n i o s p a t r i o s d e las
r e g i o n e s , d e c o n f u n d i r l o q u e l a p r o v i d e n t e n a t u r a l e z a había s e p a r a d o ,
d e d u p l i c a r m e d i a n t e e l c o m e r c i o l o s d e f e c t o s y añadir a l o s d e u n a
l o s v i c i o s d e o t r a nación, d e p r o p a g a r c o n v i o l e n c i a n u e v a s l o c u r a s y
e n r a i z a r i n s a n i a s i n a u d i t a s allí d o n d e n o había, c o n c l u y e n d o a l final
q u e es más s a b i o q u i e n es más f u e r t e , d e m o s t r a r n u e v o s a f a n e s , n u e v o s
i n s t r u m e n t o s y arte de t i r a n i z a r y asesinar los u n o s a los o t r o s . G r a c i a s
a t a l e s g e s t a s llegará u n día e n q u e , h a b i e n d o a q u e l l o s a p r e n d i d o a
c o s t a p r o p i a , sabrán y podrán ( c o m o c o n s e c u e n c i a d e l a a l t e r n a n c i a
v i s i c i t u d i n a l d e las cosas) d e v o l v e r n o s s e m e j a n t e s y a u n peores f r u t o s
de tan perniciosas invenciones.

Candida nostri sécula paires

videre proculfraude remonta:
sua quisque piger litora tangens,
patrioque senex fractus in arvo
parvo dives: nisi quas tulerat
natale solum non norat opes.
Bene dissepti faedera mundi
traxit in unum Thessala pinus,
iussitque pati verbera pontum
partemque metusfieri nostri
mare sepositum. 25

I b i d . , vv. 375-379: «Tiempos vendrán al paso de los años en que suelte el

2 4

océano las barreras del mundo y se abra la tierra en toda su extensión y T i f i s nos
descubra nuevos orbes y el confín de la tierra ya no sea T h u l e » [trad. de J. L u -
que].
2 5
Ibid., vv. 329-339: «Puros fueron los siglos que vieron nuestros padres,
completamente libres de malicia. Tocando cada cual tranquilamente su propio
litoral y llegando hasta viejo en los campos paternos, rico con poco, sin conocer
 Diálogo I 21

£1 N o l a n o , p a r a c a u s a r e f e c t o s c o m p l e t a m e n t e c o n t r a r i o s , h a l i b e -
r a d o e l ánimo h u m a n o y e l c o n o c i m i e n t o q u e e s t a b a e n c e r r a d o e n
[a estrechísima cárcel d e l a i r e t u r b u l e n t o , d o n d e a p e n a s , c o m o p o r
c i e r t o s a g u j e r o s , podía m i r a r l a s lejanísimas e s t r e l l a s y l e habían s i d o
c o r t a d a s l a s a l a s a fin d e q u e n o v o l a r a a a b r i r e l v e l o d e e s t a s n u b e s
y v e r l o q u e v e r d a d e r a m e n t e s e e n c o n t r a b a allá a r r i b a , liberándose
de las q u i m e r a s i n t r o d u c i d a s p o r a q u e l l o s q u e (salidos d e l f a n g o y
c a v e r n a s d e l a T i e r r a , p e r o presentándose c o m o M e r c u r i o s y A p o l o s
bajados del cielo) con m u l t i f o r m e i m p o s t u r a h a n llenado e l m u n d o
e n t e r o d e i n f i n i t a s l o c u r a s , b e s t i a l i d a d e s y v i c i o s c o m o si f u e r a n o t r a s
tantas virtudes, divinidades y disciplinas, apagando aquella l u z que
hacía d i v i n o s y h e r o i c o s l o s ánimos d e n u e s t r o s p a d r e s , a p r o b a n d o y
c o n f i r m a n d o l a s t i n i e b l a s caliginosas d e sofistas y asnos. P o r eso, l a
razón h u m a n a , d e s d e h a c e y a t a n t o t i e m p o o p r i m i d a , e n o c a s i o n e s
— l a m e n t a n d o e n algún i n t e r v a l o d e l u c i d e z s u condición t a n b a j a —
se d i r i g e a l a d i v i n a y próvida m e n t e q u e s i e m p r e e n e l oído i n t e r n o
l e s u s u r r a y s e q u e j a c o n a c e n t o s c o m o éstos:

¿Quién subirá p o r mí, señora, a l c i e l o

a devolverme m i perdido ingenio? 1 6

P u e s b i e n , h e aquí a a q u e l q u e h a s u r c a d o e l a i r e , p e n e t r a d o e l c i e l o ,
r e c o r r i d o l a s e s t r e l l a s , a t r a v e s a d o l o s márgenes d e l m u n d o , d i s i p a d o
l a s i m a g i n a r i a s m u r a l l a s d e l a s p r i m e r a s , o c t a v a s , n o v e n a s , décimas
y o t r a s e s f e r a s q u e h u b i e r a n p o d i d o añadirse p o r relación d e v a n o s
matemáticos y p o r l a c i e g a visión d e l o s filósofos v u l g a r e s . Así, a
l a v i s t a d e t o d o s l o s s e n t i d o s y d e l a razón, a b i e r t o s c o n l a l l a v e d e
u n a diligentísima investigación a q u e l l o s c l a u s t r o s d e l a v e r d a d q u e
nosotros p o d e m o s abrir, d e s n u d a d a la velada y e n c u b i e r t a n a t u r a l e z a ,
h a d a d o o j o s a l o s t o p o s , i l u m i n a d o a l o s c i e g o s q u e n o podían fijar
los o j o s y m i r a r s u i m a g e n e n t a n t o s e s p e j o s q u e p o r t o d a s p a r t e s se
les e n f r e n t a n ; h a s o l t a d o l a l e n g u a a l o s m u d o s q u e n o sabían y n o
se atrevían a e x p l i c a r s u s i n t r i n c a d o s s e n t i m i e n t o s ; h a r e s t a b l e c i d o
a l o s c o j o s , i n c a p a c e s d e h a c e r c o n e l espíritu e s e p r o g r e s o q u e n o

rnás bienes que los que daba el suelo en que nació. L a s acertadas leyes de división
del mundo las llevó al caos un pino de Tesalia. H i z o azotar al Ponto y que la mar
que algo ajeno hasta entonces había sido entrara a formar parte de nuestros temo-
res» [trad. de J. Luque].
2 6
Ariosto, O r l a n d o f u r i o s o , xxxv, 1, 1-2.
22 L a c e n a d e las c e n i z a s

p u e d e h a c e r e l c o m p u e s t o i n n o b l e y d i s o l u b l e , haciéndolos n o m e n o s
p r e s e n t e s q u e s i f u e r a n mismísimos h a b i t a n t e s d e l S o l , d e l a L u n a
y d e l o s o t r o s l l a m a d o s a s t r o s . D e m u e s t r a h a s t a qué p u n t o a q u e l l o s
cuerpos q u e v e m o s a lo lejos son semejantes o desemejantes, m a y o r e s
o p e o r e s q u e a q u e l q u e está a n u e s t r o l a d o y a l q u e e s t a m o s u n i d o s ,
abriéndonos l o s o j o s p a r a v e r a e s t e n u m e n , a e s t a m a d r e n u e s t r a q u e
en su dorso nos a l i m e n t a y nos n u t r e , tras habernos p r o d u c i d o d e s u
s e n o e n e l q u e d e n u e v o n o s r e c o g e s i e m p r e , enseñándonos a d e j a r
d e p e n s a r q u e sea u n c u e r p o s i n a l m a y s i n v i d a , l a h e z i n c l u s o d e las
s u s t a n c i a s c o r p o r a l e s . D e e s t a m a n e r a s a b e m o s q u e s i estuviéramos e n
l a L u n a o e n o t r a s e s t r e l l a s n o estaríamos e n u n l u g a r m u y d i f e r e n t e a
éste y a c a s o e n u n o p e o r , d e l a m i s m a m a n e r a q u e p u e d e h a b e r o t r o s
c u e r p o s t a n b u e n o s o i n c l u s o m e j o r e s p o r sí m i s m o s y p o r l a m a y o r
f e l i c i d a d d e s u s p r o p i o s a n i m a l e s . Así c o n o c e m o s t a n t a s e s t r e l l a s ,
t a n t o s a s t r o s , t a n t o s númenes, c o m o s o n t o d o s e s o s c e n t e n a r e s d e m i l e s
q u e a s i s t e n a l s e r v i c i o y contemplación d e l p r i m e r o , u n i v e r s a l , i n f i n i t o
y e t e r n o e f i c i e n t e . Y a n o está e n c a r c e l a d a n u n c a más n u e s t r a razón
c o n l o s c e p o s d e l o s fantásticos o c h o , n u e v e y d i e z móviles y m o t o r e s .
S a b e m o s q u e n o h a y más q u e u n c i e l o , u n a i n m e n s a región etérea e n
l a q u e e s t a s magníficas l u m i n a r i a s c o n s e r v a n l a s p r o p i a s d i s t a n c i a s
p o r c o m o d i d a d e n l a participación d e l a v i d a p e r p e t u a . E s t o s c u e r p o s
flameantes s o n esos e m b a j a d o r e s q u e a n u n c i a n l a e x c e l e n c i a d e l a
g l o r i a y m a j e s t a d d i v i n a s . Así n o s v e m o s l l e v a d o s a d e s c u b r i r e l i n f i n i t o
efecto de la infinita causa, el v e r d a d e r o y v i v o vestigio del i n f i n i t o vigor,
y s a b e m o s q u e n o h a y q u e buscar la d i v i n i d a d lejos de n o s o t r o s , p u e s t o
q u e l a t e n e m o s a l l a d o , i n c l u s o d e n t r o , más d e l o q u e n o s o t r o s e s t a m o s
d e n t r o d e n o s o t r o s m i s m o s . D e l a m i s m a m a n e r a los h a b i t a n t e s d e los
otros m u n d o s n o la deben buscar e n t r e nosotros c u a n d o la tienen a s u
l a d o y d e n t r o d e sí, d a d o q u e l a L u n a n o es más c i e l o p a r a n o s o t r o s q u e
n o s o t r o s p a r a l a L u n a . P o r t o d o e l l o se p u e d e d a r s i n d u d a m e j o r u s o a
l o q u e T a n s i l l o d i j o c o n intención j o c o s a :

S i n o tomáis e l b i e n q u e os está c e r c a ,
¿cómo cogeréis e l q u e os está l e j a n o ?
Despreciar lo vuestro m e parece e r r o r expreso,
así c o m o d e s e a r l o q u e está e n las m a n o s d e o t r o .
V o s o t r o s sois e l q u e se abandonó a sí m i s m o
deseando su apariencia en vano;
v o s o t r o s sois e l g a l g o q u e se l a n z a a l río
p o r d e s e a r la s o m b r a d e l o q u e l l e v a s u b o c a .
 Diálogo I

D e j a d las s o m b r a s y a b r a z a d l o v e r d a d e r o ,
n o cambiéis e l p r e s e n t e p o r e l f u t u r o .
Y o d e t e n e r días m e j o r e s n o d e s e s p e r o ,
m a s p o r v i v i r más a l e g r e y más s e g u r o
g o z o el p r e s e n t e y d e l f u t u r o e s p e r o :
así d o b l e d u l z u r a m e p r o c u r o . 1 7

D e e s t a f o r m a u n o s o l o , a u n q u e s o l o , p u e d e y podrá v e n c e r , y a l final
habrá v e n c i d o y triunfará c o n t r a l a i g n o r a n c i a g e n e r a l . Y n o c a b e
duda alguna d e ello, si el asunto debe decidirse n o con la m u l t i t u d
de ciegos y sordos t e s t i m o n i o s , d e i n j u r i a s y d e palabras vanas, s i n o
c o n l a a u t o r i d a d d e u n s e n t i d o r e g u l a d o , e l c u a l será q u i e n deberá
p r o n u n c i a r l a conclusión. P o r q u e e n r e a l i d a d t o d o s l o s c i e g o s n o v a l e n
p o r u n o q u e ve y t o d o s los necios n o p u e d e n s u p l i r a u n sabio.
PRUDENCIO —Rebus, et in sensu, si non est quodfuit ante,
fac vivas contentus eo quod témpora praebent,
iudicium populi nunquam contempseris unus,
ne pulli placeas dum vis contemnere multóse
TEÓFILO — E s t o está prudentísimamente d i c h o a propósito d e l a
c o n v i v e n c i a , d e l g o b i e r n o público y d e l t r a t o c i v i l , m a s n o a propósito
d e l c o n o c i m i e n t o d e l a v e r d a d y d e l c r i t e r i o d e l a contemplación, a
c u y o respecto el m i s m o sabio dijo:

Disce, sed a doctis, indoctos ipse doceto. 29

L o q u e tú d i c e s a propósito d e l s a b e r e s también útil a m u c h o s y

p o r eso es u n c o n s e j o d e s t i n a d o a l a m u l t i t u d , p o r q u e este peso n o
es p a r a l a s e s p a l d a s d e c u a l q u i e r a , s i n o p a r a a q u e l l o s q u e p u e d e n
l l e v a r l o , c o m o e l N o l a n o , o c u a n t o m e n o s m o v e r l o h a c i a s u término
sin i n c u r r i r e n d i f i c u l t a d e s e n o j o s a s ; y eso es l o q u e h a p o d i d o h a c e r
Copérnico.
Además, l o s q u e se e n c u e n t r a n e n posesión d e e s t a v e r d a d n o d e b e n
c o m u n i c a r l a a t o d o t i p o d e p e r s o n a s , a n o n ser q u e q u i e r a n ( c o m o se

2 7
Tansillo, // vendemmiatore, octavas 18 y 19, cita algo libre. Bruno vierte a lo
moral y divino el lenguaje erótico del poeta italiano.
28
Distica Catonis, m , 11 y 11, 29: «Si en las cosas y en el sentido se ve cambiada
tu condición, vive contento con lo que te ofrece el presente. N o desprecies nunca, tú
solo, el juicio del pueblo, no sea que no agrades a nadie mientras quieres menospre-
ciar a muchos».
2 9
Ibid., iv, 23: «Aprende, pero de los doctos; a los indoctos, enséñales».
 L a c e n a d e las c e n i z a s

dice) l a v a r la cabeza al a s n o o c o m p r o b a r l o q u e saben h a c e r los cerdos

c o n las p e r l a s , r e c o g i e n d o d e s u e s t u d i o y f a t i g a a q u e l l o s f r u t o s q u e
s u e l e p r o d u c i r l a t e m e r a r i a y n e c i a i g n o r a n c i a , j u n t o c o n l a presunción
y descortesía q u e es s u p e r p e t u a y fiel compañera. P o d e m o s , p o r t a n t o ,
ser m a e s t r o s d e a q u e l l o s i g n o r a n t e s e i l u m i n a d o r e s d e a q u e l l o s ciegos
que reciben dicho n o m b r e n o por incapacidad emanada de impotencia
n a t u r a l o p o r c a r e n c i a d e i n g e n i o o aplicación, s i n o t a n sólo p o r n o
a d v e r t i r y n o t o m a r e n consideración, l o c u a l s u c e d e únicamente p o r
privación d e l a c t o y n o también d e l a p o t e n c i a . D e e s t o s últimos h a y
algunos tan malvados y desalmados que por u n a cierta indolencia
y e n v i d i a se e n c o l e r i z a n y e n s o b e r b e c e n c o n t r a a q u e l q u e c r e e n q u e
p r e t e n d e enseñarles ( a e l l o s , q u e s o n e s t i m a d o s y — l o q u e e s p e o r —
se e s t i m a n a sí m i s m o s d o c t o s y d o c t o r e s ) y s e a t r e v e a m o s t r a r s a b e r l o
q u e e l l o s n o s a b e n . E n t o n c e s l o s veréis s o f o c a r s e y r a b i a r .
FRULLA — E s l o q u e ocurrió a a q u e l l o s d o s bárbaros d o c t o r e s d e
q u e h a b l a r e m o s , u n o d e l o s c u a l e s , a l n o s a b e r y a qué r e s p o n d e r y qué
a r g u m e n t a r , s e p u s o e n p i e c o n intención d e p o n e r fin a l a discusión
c o n u n a s a r t a d e a d a g i o s d e E r a s m o , o b i e n c o n l o s puños, y gritó:
Quid? non ne Anticyram navigas? tu Ule philosophorum protoplastes, qui
nec Ptolomeo, nec tot, tantorumque, philosophorum, et astronomorum
maiestati quippiam concedis? Tu ne nodum in scirpo quaeritas? " y o t r o s 3

propósitos d i g n o s d e s e r l e m a r c a d o s e n l a e s p a l d a c o n e s a s v a r a s d o b l e s
l l a m a d a s b a s t o n e s , c o n las cuales los p e o n e s s u e l e n t o m a r las m e d i d a s
p a r a hacer a los asnos las a l b a r d a s .
TEÓFILO — D e j e m o s e s t a s c u e s t i o n e s p o r a h o r a . H a y q u i e n e s , d e b i -
d o a a l g u n a crédula l o c u r a , t e m e n g a s t a r s e s i v e n y q u i e r e n p e r s e v e r a r
o b s t i n a d a m e n t e e n l a s t i n i e b l a s d e a q u e l l o q u e e n u n a ocasión m a l a -
prendieron. Distintos, en cambio, son aquellos afortunados y bien na-
c i d o s i n g e n i o s c o n r e s p e c t o a l o s c u a l e s ningún e s t u d i o h o n r o s o es pér-
dida d e t i e m p o , n o j u z g a n t e m e r a r i a m e n t e , tienen su e n t e n d i m i e n t o
l i b r e , c l a r a l a visión, y e l c i e l o l o s h a c e s i n o i n v e n t o r e s , c u a n d o m e n o s
dignos e x a m i n a d o r e s , escrutadores, jueces y testigos d e l a v e r d a d . E l
N o l a n o h a g a n a d o , g a n a y ganará s u a s e n t i m i e n t o y s u a m o r . E l l o s s o n
l o s i n g e n i o s nobilísimos c a p a c e s d e e s c u c h a r l e y d i s c u t i r c o n él; p o r q u e ,
en verdad, de todos aquellos q u e pueden hacerle frente con d i g n i d a d en
estas c u e s t i o n e s n o h a y n i n g u n o q u e , s i n o se c o n t e n t a c o n a s e n t i r l e

>° «¿Qué? ¿Acaso navegas a Anticira? ¿Eres tú el primero de los filósofos,

para no conceder nada ni a Ptolomeo ni a la majestad de tantos y tan grandes filó-
sofos y astrónomos? ¿Buscas un nudo en un junco?»
 Diálogo I 25

e n la t o t a l i d a d p o r n o ser c a p a z d e t a n t o , n o s u s c r i b a c u a n t o m e n o s l a
mayoría d e l o s p u n t o s , l o s más i m p o r t a n t e s y l o s p r i n c i p a l e s , c o n f e s a n -
d o además q u e a q u e l l o q u e n o p u e d e t e n e r p o r más v e r d a d e r o e s , s i n
d u d a , más verosímil.
PRUDENCIO — M e p a r e c e m u y b i e n , p e r o y o n o p i e n s o a l e j a r m e d e
l a opinión d e l o s a n t i g u o s , p u e s , c o m o d i c e e l s a b i o , «en l a Antigüedad
está l a sabiduría».
TEÓFILO—Y él también añade: «en l o s m u c h o s años l a prudencia».
S i entendéis c o r r e c t a m e n t e l o q u e decís, veréis q u e d e v u e s t r o
p r i n c i p i o s e i n f i e r e l o c o n t r a r i o d e l o q u e pensáis; e s t o e s , n o s o t r o s
s o m o s más v i e j o s y t e n e m o s más años q u e n u e s t r o s p r e d e c e s o r e s e n
lo q u e afecta a ciertas cuestiones, c o m o l a q u e a h o r a nos ocupa. N o
p u d o s e r t a n m a d u r o e l j u i c i o d e E u d o x o , q u e vivió p o c o después d e l
r e n a c i m i e n t o d e l a astronomía, q u e a c a s o i n c l u s o renació c o n él, c o m o
e l d e C a l i p o , q u e vivió t r e i n t a años después d e l a m u e r t e d e A l e j a n d r o
M a g n o y q u e , s u m a n d o años y años, p u d o también añadir a l a s s u y a s
las o b s e r v a c i o n e s a n t e r i o r e s . P o r l a m i s m a razón, H i p a r c o debía
s a b e r más q u e C a l i p o , p u e s v i o l a mutación o c u r r i d a h a s t a c i e n t o
n o v e n t a y s e i s años después d e l a m u e r t e d e A l e j a n d r o . E s lógico q u e
M e n e l a o , geómetra r o m a n o , e n t e n d i e r a más q u e H i p a r c o a l h a b e r
v i s t o l a d i f e r e n c i a d e m o v i m i e n t o c u a t r o c i e n t o s s e s e n t a y d o s años
después d e l a m u e r t e d e A l e j a n d r o . Todavía más debía h a b e r v i s t o
M o h a m e d A r a c e n s e a l c a b o d e m i l d o s c i e n t o s d o s años. Todavía más
h a v i s t o Copérnico c a s i e n n u e s t r o s días, m i l o c h o c i e n t o s c u a r e n t a y
n u e v e años después d e d i c h a m u e r t e . P e r o q u e a l g u n o s d e l o s más
r e c i e n t e s n o h a y a n s i d o p o r e s o más a v i s a d o s q u e l o s a n t e r i o r e s , y q u e
l a mayoría d e l o s q u e v i v e n e n n u e s t r o s días n o t e n g a , s i n e m b a r g o ,
más j u i c i o , s e d e b e a q u e l o s p r i m e r o s n o v i v i e r o n y e s t o s últimos n o
v i v e n l o s años a j e n o s y l o q u e e s p e o r : t a n t o u n o s c o m o o t r o s v i v i e r o n
m u e r t o s sus p r o p i a s vidas.
PRUDENCIO — D e c i d l o q u e queráis; podéis h a c e r l o q u e o s dé l a g a n a ,
q u e y o s o y a m i g o d e l a Antigüedad, y p o r l o q u e r e s p e c t a a v u e s t r a s
o p i n i o n e s o paradojas, n o creo q u e tantos y t a n grandes sabios, h a y a n
s i d o t a n i g n o r a n t e s c o m o pensáis v o s y o t r o s a m i g o s d e l a s n o v e d a d e s .
TEÓFILO — B i e n , m a e s t r o P r u d e n c i o ; s i e s t a opinión v u l g a r y v u e s -
t r a es v e r d a d e r a p r e c i s a m e n t e p o r ser a n t i g u a , n o cabe d u d a d e q u e
e r a f a l s a c u a n d o r e s u l t a b a n u e v a . A n t e s d e q u e e x i s t i e r a e s t a filosofía
acorde c o n v u e s t r o c e r e b r o h u b o l a d e los caldeos, egipcios, m a g o s ,
órficos, pitagóricos y o t r o s q u e s o n l o s p r i m e r o s e n n u e s t r a m e m o r i a ,
c o n f o r m e , p o r e l c o n t r a r i o , c o n n o s o t r o s y c o n t r a l a c u a l se r e b e l a r o n
26 L a c e n a d e las c e n i z a s

e s t o s i n s e n s a t o s y v a n o s lógicos y matemáticos, n o t a n t o e n e m i g o s d e
l a Antigüedad c o m o a j e n o s a l a v e r d a d . D e j e m o s , p o r t a n t o , d e l a d o e l
a r g u m e n t o d e l a Antigüedad y d e l a n o v e d a d , d a d o q u e n o h a y n a d a
n u e v o q u e n o p u e d a ser v i e j o y n o h a y n a d a v i e j o q u e n o h a y a s i d o n u e v o ,
c o m o b i e n advirtió v u e s t r o Aristóteles.
FRULLA — S i n o h a b l o reventaré y estallaré c o n t o d a s e g u r i d a d .
Habéis d i c h o «vuestro Aristóteles» dirigiéndoos a l m a e s t r o P r u d e n -
c i o . ¿Sabéis d e qué f o r m a c r e o q u e Aristóteles e s s u y o , idest, q u e él e s
peripatético? ( h a g a m o s , p o r f a v o r , e s t e p o q u i t o d e digresión a m o d o
d e paréntesis): d e l a m i s m a m a n e r a q u e d o s c i e g o s m e n d i g o s a n t e l a
p u e r t a d e l a r z o b i s p o d e Ñapóles y d e l o s c u a l e s e l u n o s e p r o c l a m a b a
güelfo y e l o t r o g i b e l i n o ; e n e s t o c o m e n z a r o n a g o l p e a r s e t a n f u e r t e -
m e n t e el u n o a l o t r o c o n a q u e l l o s b a s t o n e s q u e l l e v a b a n , q u e si n o los
h u b i e r a n s e p a r a d o n o sé cómo h u b i e r a t e r m i n a d o e l a s u n t o . S e l e s
acercó e n t o n c e s u n h o m b r e d e b i e n y l e s d i j o : «Venid aquí, tú y tú
c i e g o b e l l a c o , ¿qué e s u n güelfo?, ¿qué e s u n g i b e l i n o ? , ¿qué q u i e r e
d e c i r s e r güelfo y s e r gibelino?». Y e n v e r d a d q u e e l u n o n o s u p o e n
a b s o l u t o qué r e s p o n d e r n i qué d e c i r , e n t a n t o q u e e l o t r o salió d i c i e n -
d o : «El señor P i e t r o C o n s t a n z o , q u e es m i patrón y a l c u a l q u i e r o m u -
c h o , e s gibelino». D e l a m i s m a m a n e r a h a y m u c h o s peripatéticos q u e
se e n c o l e r i z a n , s e e n a r d e c e n y s e e n f u r e c e n p o r Aristóteles, q u i e r e n
d e f e n d e r l a d o c t r i n a d e Aristóteles, s o n e n e m i g o s d e l o s e n e m i g o s d e
Aristóteles, q u i e r e n v i v i r y m o r i r p o r Aristóteles, y , s i n e m b a r g o , n i
s i q u i e r a s a b e n l o q u e s i g n i f i c a n l o s títulos d e l o s l i b r o s d e Aristóteles.
S i queréis q u e o s enseñe u n o d e e l l o s , aquí tenéis a q u e l a q u i e n habéis
d i c h o «vuestro Aristóteles» y q u e d e v e z e n c u a n d o t e s a c a a r e l u c i r
Aristóteles noster Peripateticorum princeps, * u n Plato noster, y ultra.
3 31

PRUDENCIO — M e i m p o r t a p o c o v u e s t r a consideración; e n n a d a
estimo vuestra estima.
TEÓFILO — P o r f a v o r , n o interrumpáis más n u e s t r a conversación.
S M I T H — P r o s e g u i d , Teófilo.
TEÓFILO —Advirtió, decía, v u e s t r o Aristóteles q u e a l i g u a l q u e s e
p r o d u c e l a a l t e r n a n c i a v i s i c i t u d i n a l d e l a s demás c o s a s , l o m i s m o o c u r r e
c o n l a s o p i n i o n e s y o t r a s c u e s t i o n e s . P o r e s o e v a l u a r l a s filosofías p o r
s u antigüedad e s c o m o p r e t e n d e r d e c i d i r s i f u e a n t e s e l día q u e l a
n o c h e o v i c e v e r s a . A q u e l l o , p u e s , s o b r e l o q u e d e b e m o s fijar e l o j o
d e n u e s t r a consideración e s s i n o s o t r o s e s t a m o s e n e l día y l a l u z d e

3 1
«Nuestro Aristóteles, príncipe de los peripatéticos.»
3 2
«Nuestro Platón y así sucesivamente.»
 Diálogo 1

la v e r d a d b r i l l a sobre n u e s t r o h o r i z o n t e , o b i e n sobre el d e n u e s t r o s
antípodas a d v e r s a r i o s ; s i e s t a m o s n o s o t r o s e n l a s t i n i e b l a s o e l l o s , y e n
conclusión, s i n o s o t r o s , q u e d a m o s c o m i e n z o a l a renovación d e l a a n -
t i g u a filosofía, e s t a m o s e n l a mañana p a r a d a r fin a l a n o c h e o b i e n e n
e l o c a s o p a r a p o n e r fin a l día. Y n o s e t r a t a c i e r t a m e n t e d e a l g o difícil
de decidir, i n c l u s o j u z g a n d o a p r i m e r a vista a p a r t i r d e los f r u t o s d e
u n a y o t r a e s p e c i e d e contemplación.
V e a m o s , pues, la diferencia e n t r e u n o s y otros. L o s p r i m e r o s , t e m -
perados e n su m o d o de v i d a , e n la m e d i c i n a expertos, e n la c o n t e m p l a -
ción j u i c i o s o s , e n l a adivinación e x c e l e n t e s , e n l a m a g i a m i l a g r o s o s , e n
las s u p e r s t i c i o n e s p r u d e n t e s , e n las l e y e s o b s e r v a n t e s , e n l a m o r a l i d a d
i r r e p r e n s i b l e s , e n l a teología d i v i n o s ; e n t o d a s s u s a c c i o n e s , h e r o i c o s .
N o s d a n c u m p l i d o e j e m p l o d e t o d o e l l o sus l a r g a s v i d a s , sus c u e r p o s
m e n o s e n f e r m o s , s u s altísimas i n v e n c i o n e s , s u s profecías c u m p l i d a s ,
l a s s u s t a n c i a s t r a n s f o r m a d a s p o r o b r a s u y a , l a c o n v i v e n c i a pacífica e n
s u s p u e b l o s , s u s s a c r a m e n t o s i n v i o l a b l e s , s u s justísimas a c c i o n e s , s u
f a m i l i a r i d a d c o n inteligencias buenas y protectoras, los vestigios q u e
todavía d u r a n d e s u s m a r a v i l l o s a s p r o e z a s . E n c u a n t o a l o s o t r o s , s u s
contrarios, dejo el e x a m e n a q u i e n tenga juicio.
S M I T H — ¿ Y qué diréis s i l a mayoría e n n u e s t r a época p i e n s a t o d o l o
contrario, especialmente en lo que hace referencia al c o n o c i m i e n t o ?
TEÓFILO — N o m e s o r p r e n d e p o r q u e ( c o m o s u e l e o c u r r i r ) q u i e n e s
m e n o s e n t i e n d e n c r e e n s a b e r más y l o s t o t a l m e n t e l o c o s c r e e n s a b e r l o
todo.
S M I T H — D e c i d m e cómo se podrá c o r r e g i r l o s .
FRULLA —Arrancándoles l a c a b e z a y plantándoles u n a n u e v a .
TEÓFILO —Arrancándoles c o n algún t i p o d e argumentación e s a
estimación q u e t i e n e n d e s a b e r , despojándoles ( e n l a m e d i d a d e l o p o -
s i b l e ) m e d i a n t e s u t i l e s p e r s u a s i o n e s , d e e s a n e c i a opinión, a fin d e q u e
se v u e l v a n a u d i t o r e s , o y e n t e s , s i e m p r e q u e e l q u e enseña h a y a a d v e r -
t i d o p r e v i a m e n t e q u e se t r a t a d e i n g e n i o s c a p a c e s y a p t o s . S i g u i e n d o
l a c o s t u m b r e d e l a e s c u e l a pitagórica y n u e s t r a , q u i e r o q u e d i c h o s s u -
jetos n o p u e d a n i n t e r r o g a r o d i s p u t a r antes d e haber escuchado t o d o
e l c u r s o d e l a filosofía, p o r q u e e n t o n c e s , s i l a d o c t r i n a e s p e r f e c t a e n
sí y h a s i d o p e r f e c t a m e n t e e n t e n d i d a p o r e l l o s , l e s l i m p i a d e t o d a s l a s
d u d a s y e l i m i n a t o d a s l a s c o n t r a d i c c i o n e s . Además, s i o c u r r e q u e s e
e n c u e n t r a u n i n g e n i o más fino, e n t o n c e s éste podrá v e r l o q u e s e p u e -
d e añadir, q u i t a r , c o r r e g i r y c a m b i a r . Podrá también e n t o n c e s c o m p a -
r a r estos p r i n c i p i o s y estas c o n c l u s i o n e s c o n a q u e l l o s o t r o s p r i n c i p i o s y
c o n c l u s i o n e s c o n t r a r i o s , y de esta m a n e r a a s e n t i r o d i s e n t i r , p r e g u n t a r
28 L a c e n a d e las c e n i z a s

y r e s p o n d e r según razón, y a q u e d e l o c o n t r a r i o n o e s p o s i b l e , e n u n
arte o ciencia d e t e r m i n a d a , saber d u d a r y p r e g u n t a r a d e c u a d a m e n t e
y según e l o r d e n c o n v e n i e n t e , s i n o h a e s c u c h a d o c o n a n t e r i o r i d a d .
Jamás podrá s e r b u e n i n v e s t i g a d o r y j u e z d e u n c a s o q u i e n n o s e h a y a
i n f o r m a d o p r e v i a m e n t e d e l a s u n t o . P o r e s o , allí d o n d e e l c o n o c i m i e n -
t o p r o c e d e p o r sus g r a d o s , a v a n z a n d o d e s d e los p r i n c i p i o s y f u n d a -
m e n t o s establecidos y c o n f i r m a d o s hasta e l edificio e n t e r o y l a tota-
l i d a d d e a q u e l l a s cosas q u e m e d i a n t e d i c h o c o n o c i m i e n t o se p u e d e n
d e s c u b r i r , e s n e c e s a r i o q u e e l q u e e s c u c h a sea t a c i t u r n o y c r e a — a n t e s
d e h a b e r e s c u c h a d o y oído t o d o — q u e c o n e l p r o g r e s o d e l c o n o c i -
m i e n t o cesarán t o d a s l a s d i f i c u l t a d e s . O t r o p r o c e d i m i e n t o u t i l i z a n l o s
efécticos y pirrónicos, l o s c u a l e s s o s t i e n e n q u e n o s e p u e d e s a b e r n a d a
y v a n p r e g u n t a n d o y b u s c a n d o s i e m p r e p a r a n o e n c o n t r a r jamás c o s a
alguna. N o menos desafortunados son aquellos ingenios que preten-
d e n d i s p u t a r h a s t a d e l a s c o s a s más c l a r a s , c a u s a n d o l a m a y o r pérdida
d e t i e m p o q u e s e p u e d a i m a g i n a r . Y también q u i e n e s , p o r p a r e c e r
d o c t o s y p o r o t r a s r a z o n e s i n d i g n a s , n i q u i e r e n enseñar n i a p r e n d e r ,
s i n o t a n sólo d i s c u t i r y e n f r e n t a r s e a l a v e r d a d .
S M I T H — S e m e o c u r r e u n a d u d a a c e r c a d e l o q u e habéis d i c h o y
es q u e r e s u l t a i n c o n t a b l e l a m u l t i t u d d e l o s q u e p r e s u m e n d e s a b e r
y se c r e e n d i g n o s d e ser e s c u c h a d o s c o n s t a n t e m e n t e , p u e s v o s m i s m o
podéis v e r q u e l a s u n i v e r s i d a d e s y a c a d e m i a s están l l e n a s e n t o d a s
p a r t e s d e e s t o s A r i s t a r c o s q u e n o cederían n i u n a c o m a a Júpiter a l t i -
t o n a n t e , b a j o c u y a guía l o s e s t u d i a n t e s n o habrán g a n a d o a l final o t r a
c o s a q u e s e r e l e v a d o s d e n o s a b e r ( q u e e s u n a privación d e l a v e r d a d )
a p e n s a r s e y c r e e r s e s a b i o s , q u e e s u n a l o c u r a y hábito d e f a l s e d a d .
M i r a , pues, l o q u e h a n g a n a d o estos a u d i t o r e s : sacados de la i g n o r a n -
c i a d e s i m p l e negación s e h a n v i s t o l l e v a d o s a l a i g n o r a n c i a d e m a l a
disposición, c o m o e l l o s d i c e n . E n t o n c e s , ¿quién m e asegurará q u e
— g a s t a n d o y o t a n t o t i e m p o y energía, t a n t a s o c a s i o n e s d e u n m e j o r
e s t u d i o y ocupación— n o m e v a a o c u r r i r a mí l o q u e s u e l e o c u r r i r
a l a mayoría: q u e , e n l u g a r d e h a b e r a d q u i r i d o l a d o c t r i n a , m e h a y a
i n f e c t a d o l a m e n t e d e l o c u r a s p e r n i c i o s a s ? ¿Cómo podré y o , q u e n o
sé n a d a , c o n o c e r l a d i f e r e n c i a d e d i g n i d a d e i n d i g n i d a d , d e p o b r e z a
y r i q u e z a , e n t r e a q u e l l o s q u e se e s t i m a n y s o n e s t i m a d o s s a b i o s ? M e
doy perfecta cuenta d e q u e todos nacemos ignorantes, creemos con
facilidad ser ignorantes, creemos y nos educamos e nla disciplina y
c o s t u m b r e d e n u e s t r a c a s a , oímos c e n s u r a r las l e y e s , l o s r i t o s , l a f e y las c o s -
t u m b r e s de n u e s t r o s adversarios y d e los q u e son d i f e r e n t e s d e n o s o -
t r o s , al i g u a l q u e ellos c o n respecto a n o s o t r o s y a n u e s t r a s cosas. E n
 Diálogo 1 2 9
n o s o t r o s se i m p l a n t a n p o r l a f u e r z a d e u n c i e r t o a l i m e n t o n a t u r a l ,
l a s raíces d e l c e l o d e l o n u e s t r o , a l i g u a l q u e e n e l l o s l a s d e l c e l o d e l o
s u y o . P o r e s o h a l l e g a d o fácilmente a s e r c o s t u m b r e q u e l o s n u e s t r o s
piensen haber h e c h o u n sacrificio a los dioses c u a n d o h a y a n o p r i m i -
do, m a t a d o , r e d u c i d o y asesinado a los e n e m i g o s d e n u e s t r a fe, d e
l a m i s m a f o r m a q u e t o d o s l o s demás c u a n d o h a y a n h e c h o l o p r o p i o
c o n n o s o t r o s . E l l o s d a n g r a c i a s a D i o s p o r t e n e r esa l u z p o r l a q u e se
p r o m e t e n e t e r n a v i d a c o n n o m e n o s f e r v o r y convicción d e c e r t e z a
c o n q u e n o s o t r o s le a g r a d e c e m o s el n o estar e n la c e g u e r a y t i n i e b l a s e n
q u e e l l o s s e e n c u e n t r a n . A e s t a s c o n v i c c i o n e s d e l a religión y l a f e s e
añaden l a s c o n v i c c i o n e s p r o c e d e n t e s d e l a s c i e n c i a s . Y o ( b i e n sea p o r
elección d e m i s t u t o r e s , p a d r e s y p e d a g o g o s , b i e n s e a p o r m i p r o p i o
c a p r i c h o y fantasía o l l e v a d o p o r l a f a m a d e u n d o c t o r ) creeré c o n
g r a n satisfacción d e m i ánimo h a b e r g a n a d o b a j o l a a r r o g a n t e y f e l i z
ignorancia d e u n caballo n o m e n o s d e lo conseguido por cualquier
o t r o , b a j o a l g u i e n m e n o s i g n o r a n t e e i n c l u s o d o c t o . ¿No sabes q u e l a
c o s t u m b r e de creer y el estar a l i m e n t a d o desde la i n f a n c i a p o r ciertas
convicciones tiene una fuerza e n o r m e para impedirnos comprender
i n c l u s o l a s c o s a s más m a n i f i e s t a s ? E s l o m i s m o q u e s u e l e o c u r r i r a
q u i e n e s están a c o s t u m b r a d o s a t o m a r v e n e n o : a l final s u complexión
n o sólo y a n o s i e n t e daño, s i n o q u e i n c l u s o se h a c o n v e r t i d o e l v e n e n o e n
u n a l i m e n t o n a t u r a l , d e f o r m a q u e e l mismísimo antídoto l e s r e s u l t a
mortífero. D i m e , p u e s , c o n qué a r t e t e v a s a c o n c i l i a r tú e s t o s oídos
e n v e z d e c u a l q u i e r o t r o , d a d o q u e e n s u ánimo h a y quizá m e n o s i n -
clinación a p r e s t a r f e a t u s a f i r m a c i o n e s q u e a l a s c o n t r a r i a s d e o t r o s
m i l oponentes tuyos.
TEÓFILO — E s u n d o n d e l o s d i o s e s s i t e guían y t e o t o r g a n l a s u e r t e
d e h a c e r t e e n c o n t r a r u n h o m b r e q u e n o t a n t o e s t i m e ser u n v e r d a d e r o
guía c o m o r e a l m e n t e l o sea y q u e además i l u m i n e n e l i n t e r i o r d e t u
espíritu p a r a q u e e l i j a s a l m e j o r .
S M I T H — P e r o g e n e r a l m e n t e s e g u i m o s l a opinión d e l a mayoría
a fin d e q u e s i n o s e q u i v o c a m o s n o l o h a g a m o s s i n compañía y s i n e l
aplauso general.
TEÓFILO — A c t i t u d t o t a l m e n t e i n d i g n a e n u n h o m b r e . P o r e s o
l o s h o m b r e s s a b i o s y d i v i n o s s o n t a n p o c o s . Además, l a v o l u n t a d d e l o s
dioses es p r e c i s a m e n t e esa, p u e s t o q u e n o es e s t i m a d o n i p r e c i o s o
a q u e l l o q u e e s s e n c i l l a m e n t e común y g e n e r a l .
S M I T H — A c e p t o q u e l a v e r d a d sea c o n o c i d a p o r p o c o s y q u e l a s
c o s a s d e v a l o r s e a n posesión d e poquísimos, m a s l o q u e m e c o n f u n d e
es q u e m u c h a s c o s a s s o n e s c a s a s , s e d a n e n t r e p o c o s y quizás e n u n o
3° L a c e n a d e las c e n i z a s

s o l o y s i n e m b a r g o n o d e b e n ser e s t i m a d a s , n o v a l e n n a d a y p u e d e n
ser las m a y o r e s l o c u r a s y v i c i o s .
TEÓFILO — E s c i e r t o , p e r o a fin d e c u e n t a s e s más s e g u r o b u s c a r
l a v e r d a d y l o c o n v e n i e n t e f u e r a d e l a m u l t i t u d , p o r q u e ésta jamás
aportó n a d a d i g n o y v a l i o s o . Además, l a s c o s a s d e perfección y v a l o r
s i e m p r e se e n c o n t r a r o n e n t r e p o c o s y s i f u e r a n e l l a s l a s únicas q u e s o n
r a r a s y q u e se e n c u e n t r a n e n t r e s u j e t o s e x c e p c i o n a l e s , t o d o e l m u n d o
podría c u a n t o m e n o s c o n o c e r l a s , a u n q u e n o s u p i e s e e n c o n t r a r l a s , y
d e esa m a n e r a n o serían t a n p r e c i o s a s p o r vía d e c o n o c i m i e n t o , s i n o
únicamente p o r s u posesión.
SMITH — D e j e m o s , pues, estas c o n s i d e r a c i o n e s y p a s e m o s a e s c u c h a r
y e s t u d i a r u n p o c o l o s p e n s a m i e n t o s d e l N o l a n o . Y a es b a s t a n t e , quizá,
q u e h a s t a a h o r a s e h a y a c o n c i l i a d o t a n t a f e c o m o p a r a q u e se l e j u z g u e
d i g n o de ser escuchado.
TEÓFILO — C o n e s o l e b a s t a . A h o r a veréis h a s t a qué p u n t o s u
filosofía e s c a p a z d e m a n t e n e r s e firme, d e d e f e n d e r s e , d e s c u b r i r l a
v a n i d a d y h a c e r m a n i f i e s t a s las falacias d e los sofistas y la c e g u e r a d e l
v u l g o y d e l a filosofía v u l g a r .
SMITH — C o n este f i n , p o r ser a h o r a y a d e n o c h e , n o s e n c o n t r a r e m o s
aquí mañana a l a m i s m a h o r a y t o m a r e m o s e n consideración l o s
combates y la d o c t r i n a del N o l a n o .
PRUDENCIO — S a t prata biberunt: nam iam nox húmida cáelo prae-
cipitat.»

Virgilio, Églogas, m , 111 y E n e i d a , n , 8-9: «Los prados han bebido bastante,

3 3

pues ya la noche húmeda se precipita desde el cielo».

COPIA CON FINES EDUCATIVOS
C. D . A .

DIÁLOGO SEGUNDO

TEÓFILO — E n t o n c e s e l señor F u l k e G r e v i l l e l e d i j o : «Por f a v o r ,

señor N o l a n o , h a c e d m e s a b e r l a s r a z o n e s p o r l a s q u e pensáis q u e l a
T i e r r a s e mueve». E l N o l a n o respondió q u e n o podía d a r l e razón
a l g u n a s i n o conocía s u c a p a c i d a d y q u e s i n s a b e r cómo podía s e r
e n t e n d i d o p o r él temía h a c e r l o d e q u i e n e s e x p o n e n s u s r a z o n e s a
las e s t a t u a s y v a n a h a b l a r c o n l o s m u e r t o s . L e r o g a b a , p o r t a n t o , q u e
se d i g n a r a e n p r i m e r l u g a r d a r s e a c o n o c e r p r o p o n i e n d o l a s r a z o n e s
q u e l e p e r s u a d i e r a n d e l o c o n t r a r i o , p u e s t o q u e e n relación c o n l a s
luces y l a f u e r z a d e i n g e n i o q u e d e m o s t r a r a a l a d u c i r s u s r a z o n e s ,
podrían s e r l e d a d a s l a s s o l u c i o n e s . Añadió además q u e , d a d o s u d e s e o
d e m o s t r a r l a i n s u f i c i e n c i a d e las o p i n i o n e s c o n t r a r i a s m e d i a n t e los
m i s m o s p r i n c i p i o s c o n q u e se c r e e n c o n f i r m a d a s , s i se l e p r o c u r a b a
e l g r a n p l a c e r d e e n c o n t r a r p e r s o n a s e s t i m a d a s idóneas p a r a e s t a
e m p r e s a , él s i e m p r e estaría d i s p u e s t o y p r e p a r a d o p a r a r e s p o n d e r .
D e e s t a m a n e r a s e podría v e r t a n t o m e j o r l a v i r t u d d e l o s p r i n c i p i o s d e
s u filosofía e n oposición a l a v u l g a r c u a n t a m a y o r o p o r t u n i d a d s e l e
o f r e c i e r a d e r e s p o n d e r y d e d a r e x p l i c a c i o n e s . M u c h o gustó a l señor
F u l k e e s t a r e s p u e s t a : «Me hacéis — d i j o — u n grandísimo c u m p l i d o .
A c e p t o v u e s t r a proposición y v o y a f i j a r u n a f e c h a e n l a q u e s e o s
enfrentarán p e r s o n a s q u e quizá n o o s p r i v e n d e l a o p o r t u n i d a d d e
e x p o n e r a b i e r t a m e n t e v u e s t r a d o c t r i n a . E l miércoles próximo, d e n t r o
d e o c h o días, q u e será p r e c i s a m e n t e e l miércoles d e c e n i z a , estáis
invitado j u n t o con m u c h o s nobles y doctos personajes, a f i n d e que
después d e c o m e r s e d i s c u t a d e d i v e r s o s y h e r m o s o s temas». «Os
p r o m e t o — d i j o e l N o l a n o — q u e n o dejaré d e e s t a r p r e s e n t e ese día
y s i e m p r e q u e s e m e o f r e z c a u n a ocasión s i m i l a r , p u e s e n l a m e d i d a
e n q u e d e p e n d e d e mí n a d a e s l o s u f i c i e n t e m e n t e i m p o r t a n t e p a r a
p o s p o n e r m i deseo de a p r e n d e r y de saber. O s r u e g o , s i n e m b a r g o , q u e

3 1
 L a c e n a d e las c e n i z a s
31
n o m e hagáis c o m p a r e c e r a n t e p e r s o n a s i n n o b l e s , m a l e d u c a d a s y p o c o
v e r s a d a s e n s e m e j a n t e s especulaciones.» N o c a b e d u d a d e q u e tenía
m o t i v o s d e t e m o r , p u e s h a e n c o n t r a d o q u e m u c h o s d o c t o r e s d e este
país c o n l o s q u e h a t e n i d o ocasión d e h a b l a r d e l e t r a s tenían d e l patán,
e n s u m o d o d e p r o c e d e r , más d e l o q u e sería d e s e a b l e . E l señor F u l k e
respondió q u e n o s e p r e o c u p a r a , p u e s a q u e l l o s q u e l e i b a a p r e s e n t a r
e r a n morigeradísimos y doctísimos. Así s e acordó. E n t o n c e s , c u a n d o
llegó e l día e n cuestión ( a y u d a d m e , M u s a s , a c o n t a r l o ) . . .
PRUDENCIO—Apostrophe, pathos, invocatiopoetarum more. * 3

SMITH — E s c u c h a d , p o r favor, m a e s t r o P r u d e n c i o .
PRUDENCIO —Lubentissime. '' 3

TEÓFILO —... e l N o l a n o , t r a s h a b e r e s p e r a d o h a s t a después d e

c o m e r y n o h a b e r r e c i b i d o n o t i c i a a l g u n a , pensó q u e a q u e l c a b a l l e r o se
había o l v i d a d o p o r c a u s a d e s u s o t r a s o c u p a c i o n e s o b i e n q u e n o había
p o d i d o u l t i m a r l a reunión. Despreocupándose, p o r t a n t o , d e a q u e l
a s u n t o , salió a d a r u n p a s e o y a v i s i t a r a a l g u n o s a m i g o s i t a l i a n o s .
Y c u a n d o regresaba t a r d e ya, tras l a puesta del sol...
PRUDENCIO — Y a e l r u t i l a n t e F e b o t r a s v o l v e r l a e s p a l d a a n u e s -
t r o h e m i s f e r i o c o n s u r a d i a n t e f a z se m a r c h a b a a i l u m i n a r a l o s a n -
típodas.
FRULLA — P o r f a v o r , magister, c o n t a d l o v o s , q u e v u e s t r o m o d o d e
recitar m e satisface m a r a v i l l o s a m e n t e .
PRUDENCIO—¡Ah, s i y o s u p i e r a l a h i s t o r i a !
FRULLA — E n t o n c e s c a l l a o s e n n o m b r e d e v u e s t r o d e m o n i o .
TEÓFILO —... l l e g a d o a c a s a , t a r d e y a , s e e n c u e n t r a a n t e l a p u e r t a
a l señor F l o r i o y a l m a e s t r o G w i n e q u e s e habían e s f o r z a d o d u r a n t e
b a s t a n t e r a t o e n b u s c a r l o . C u a n d o l e v i e r o n l l e g a r d i j e r o n : «Por f a v o r ,
v a m o s rápidamente, s i n p e r d e r u n i n s t a n t e , q u e o s e s p e r a n u n montón
de caballeros, nobles y doctores y e n t r e ellos h a y u n o d e los q u e t i e n e n
q u e d i s p u t a r q u e s e l l a m a c o m o vos». « N o p o d e m o s h a c e r n o s daño a
n o s o t r o s m i s m o s — d i j o e l N o l a n o — ; t a n sólo u n a c o s a m e h a f a l l a d o
y e s q u e y o e s p e r a b a d e s p a c h a r e s t e a s u n t o a l a l u z d e l día y v e o q u e
d i s p u t a r e m o s a l a l u z d e l a candela.» E l m a e s t r o G w i n e pidió e x c u s a s
en n o m b r e d e a l g u n o s caballeros q u e deseaban estar presentes y q u e
a l n o p o d e r i r a mediodía habían a c u d i d o a c e n a r . «Bien p u e s — d i j o
e l N o l a n o — v a y a m o s y r o g u e m o s a D i o s q u e n o s acompañe e n e s t a
n o c h e o s c u r a , d u r a n t e t a n l a r g o c a m i n o y p o r c a l l e s t a n p o c o seguras.»

3
* « A p ó s t r o f o , p a t h o s , invocación a la manera de los poetas.»
3 5
«Con muchísimo gusto.»
 Diálogo I I 33

E n t o n c e s , a u n q u e estábamos e n l a c a l l e q u e l l e v a d i r e c t a m e n t e a l
l u g a r a c o r d a d o , p e n s a m o s q u e sería m e j o r a c o r t a r y n o s d e s v i a m o s
h a c i a e l Támesis c o n l a intención d e c o g e r u n a b a r c a q u e n o s l l e v a r a
a palacio. L l e g a m o s a l atracadero del palacio d e lord B u c k h u r s t y
allí p a s a m o s t a n t o r a t o g r i t a n d o y l l a m a n d o o a r e s , i d e s t , g o n d o l e r o s ,
q u e habríamos p o d i d o l l e g a r p o r t i e r r a a l l u g a r p r e f i j a d o c o n t o d a
t r a n q u i l i d a d y h a s t a h a b e r s o l u c i o n a d o algún pequeño a s u n t o . A l final
n o s c o n t e s t a r o n d e l e j o s d o s b a r q u e r o s y c o n e x t r e m a l e n t i t u d , c o m o si
fueran a l a horca, llegaron a l aorilla, d o n d e tras m u c h a s preguntas y
r e s p u e s t a s s o b r e d e dónde, a dónde, p o r qué, cómo y cuánto, a c e r c a r o n
l a p r o a a l último peldaño d e l a t r a c a d e r o . E n t o n c e s , d e l o s d o s q u e e r a n ,
u n o — q u e parecía e l a n t i g u o p i l o t o d e l r e i n o tartáreo— l e echó l a m a n o
a l N o l a n o y e l o t r o — q u e s u p o n g o sería s u h i j o , a p e s a r d e r o n d a r l o s
s e s e n t a y c i n c o años— n o s cogió después a n o s o t r o s . Y e n t o n c e s , s i n q u e
h u b i e r a s u b i d o u n Hércules, u n E n e a s o u n R o d o m o n t e r e y d e S a r z a ,

gemu.it sub pondere c i m b a

sutilis, et m u l t a m accepit l i m o s a p a l u d e m . '} (

A l oír e s t a música d i j o e l N o l a n o : «Quiera D i o s q u e éste n o s e a

C a r o n t e ; c r e o q u e ésta es l a b a r c a l l a m a d a l a émula d e l a l u x p e r p e t u a .
S i n d u d a a l g u n a p u e d e c o m p e t i r e n antigüedad c o n e l a r c a d e Noé
y a f e mía p a r e c e c i e r t a m e n t e u n a d e l a s r e l i q u i a s d e l diluvio». L a s
p i e z a s d e e s t a b a r c a t e respondían p o r d o n d e l a t o c a s e s y a l mínimo
m o v i m i e n t o r e s o n a b a n p o r t o d a s p a r t e s . «Ahora m e d o y c u e n t a — d i j o
el N o l a n o — d e q u e n o era u n c u e n t o e s o d e q u e las m u r a l l a s (de
T e b a s , s i n o r e c u e r d o m a l ) tenían v o z y e n o c a s i o n e s c a n t a b a n a l r i t m o
d e l a música. S i n o l o creéis, e s c u c h a d l o s a c e n t o s d e e s t a b a r c a q u e
p a r e c e o t r o s t a n t o s pífanos c o n e s o s s i l b i d o s q u e d e j a n oír l a s o l a s
c u a n d o e n t r a n p o r t o d o e s t e c o n c i e r t o d e g r i e t a s y hendiduras.» N o s
e c h a m o s a reír, p e r o D i o s s a b e cómo.

A n í b a l , c u a n d o a su afligido i m p e r i o
vio hacerse la fortuna tan adversa,
se echó a reír entre gente l a c r i m o s a y t r i s t e . ' 7

3
Virgilio, E n e i d a , v i , 413-414: «Cruje bajo su peso la recosida barca y por
sus juntas da entrada a borbotones al agua marismosa» [trad. de J. de Echave-
Sustaeta].
Petrarca, C a n c i o n e r o , 102, 5-7.
3 7
 L a c e n a d e las c e n i z a s
31
PRUDENCIO — R i s u s sardónicas.**
TEÓFILO — N o s o t r o s , i n v i t a d o s p o r a q u e l l a d u l c e armonía c o r n o
p o r a m o r l o s d e s d e n e s , l o s t i e m p o s y l a s e s t a c i o n e s , acompañábamos
s u s o n i d o c o n n u e s t r o s c a n t o s . E l señor F l o r i o , c o m o s i r e c o r d a r a
s u s a m o r e s , c a n t a b a e l «Dónde s i n mí, d u l c e v i d a mía». E l N o l a n o
39

r e p l i c a b a : «El s a r r a c e n o d o l i e n t e , ¡oh, f e m e n i n o ingenio!»''" y así

s u c e s i v a m e n t e . Así, p o c o a p o c o , e n l a m e d i d a e n q u e l o permitían l a
b a r c a , q u e — a u n q u e l a c a r c o m a y e l t i e m p o l a habían r e d u c i d o a t a l
e s t a d o q u e h u b i e r a p o d i d o s e r v i r d e c o r c h o — parecía c o n s u festina
lente*' t o d a d e p l o m o , y l o s b r a z o s d e r r o t a d o s d e a q u e l l o s d o s v i e j o s ,
que aunque con el movimiento de sucuerpo mostraban la medida
larga, s i n e m b a r g o c o n los r e m o s d a b a n los pasos cortos.
PRUDENCIO — O p t i m e discriptum illud, festina* p a r a l a a p r e s u r a d a
2

e s p a l d a d e l o s m a r i n e r o s , lente p a r a e l r e n d i m i e n t o d e l o s r e m o s , c o m o
si se t r a t a r a d e s i e r v o s i n e f i c a c e s d e l d i o s d e l o s h u e r t o s .
TEÓFILO — D e e s t a m a n e r a a v a n z a n d o m u c h o t i e m p o y p o c o es-
p a c i o , c u a n d o aún n o habíamos h e c h o l a t e r c e r a p a r t e d e l v i a j e , p o c o
después d e ese l u g a r l l a m a d o e l T e m p l o , r e s u l t a q u e n u e s t r o s p a d r i n o s
en lugar d eapresurarse a r r i m a r o n l a proa a l a orilla. Entonces el
N o l a n o preguntó: «¿Qué q u i e r e n h a c e r ? ¿Acaso p r e t e n d e n r e c u p e r a r
u n p o c o d e aliento?» y s e l e t r a d u j o q u e n o querían c o n t i n u a r p o r q u e
s u c a s a e s t a b a allí. R u e g a q u e t e r u e g a , p e r o t a n t o p e o r , p u e s ésta es
u n a especie d e a l d e a n o s e n c u y o p e c h o d e s p u n t a t o d a s sus saetas e l
dios del a m o r del pueblo llano.
PRUDENCIO —Principio omni rusticorumgeneri, hocest a natura tribu-
tum, ut nihil virtutis amorefaciant; et vix quicquam formidinepaenae.* 3

FRULLA — H a y también o t r o p r o v e r b i o a propósito d e t o d o a l d e a n o :

Rogatus tumet,
pulsatus rogat,
pugnis concisus adorat.**

«Risa sardónica.»
3 8

A r i o s t o , o p . c i t . , v m , 76, vv. 1-2.

3 9

l b i d . , x x v n , 117, vv. 1-2.

4 0

«sin prisa, pero sin pausa».

4 1

«Muy bien descrito, sin pausa.»

4 2

4 3
« L a naturaleza ha establecido en principio que los aldeanos de toda clase no
hagan nada por amor a la virtud y apenas nada por temor al castigo.»
4 4
«Se hincha cuando se le ruega / ruega cuando se le golpea / y adora al que
le sacude a golpes» (versión medieval de Juvenal, Sátiras, 111, 293 y 300).
 Diálogo 11 35

TEÓFILO — E n conclusión: n o s d e j a r o n allá t i r a d o s y después d e

p a g a r l e s y d a r l e s l a s g r a c i a s , p o r q u e e n e s t e país n o se p u e d e h a c e r o t r a
cosa c u a n d o se r e c i b e u n a o f e n s a d e s e m e j a n t e c a n a l l a , n o s m o s t r a r o n
e l c a m i n o más c o r t o p a r a s a l i r a l a c a l l e .
Aquí t e q u i e r o , d u l c e M a f e l i n a , m u s a d e Merlín C o c a i o . A q u e l l o
era u n c a m i n o q u e c o m e n z a b a e n u n l o d a z a l q u e n i s i q u i e r a
p o r c a s u a l i d a d tenía u n s e n d e r o . E l N o l a n o , q u e h a e s t u d i a d o y
f r e c u e n t a d o l a s e s c u e l a s más q u e n o s o t r o s , d i j o : «Me p a r e c e v e r u n
p a s o c o c h i n o , s e g u i d m e pues». Y aún n o había t e r m i n a d o d e d e c i r l o
c u a n d o s e v i o e n f r a s c a d o e n e s e f a n g o d e t a l m a n e r a q u e n o podía
s a c a r l a s p i e r n a s y así, ayudándonos e l u n o a l o t r o , p a s a m o s p o r m e d i o
con l a esperanza d e q u e ese p u r g a t o r i o durase poco. M a s resulta
q u e p o r m a l a e i n m e r e c i d a s u e r t e , él y n o s o t r o s , n o s o t r o s y él, n o s
encontramos e m p a n t a n a d o s e nu n cenagal cercado por todas partes
c o n b u e n o s m u r o s , c o m o s i d e l h u e r t o d e l a e n v i d i a o d e l jardín d e
l a s d e l i c i a s s e t r a t a r a . Y c o m o n o había l u z a l g u n a q u e n o s s i r v i e r a
d e guía, n o sabíamos d i s t i n g u i r e l c a m i n o q u e habíamos r e c o r r i d o
d e l q u e todavía teníamos q u e h a c e r , e s p e r a n d o a c a d a p a s o e n c o n t r a r
e l final; a t r a v e s a n d o s i e m p r e ese f a n g o líquido n o s hundíamos h a s t a
l a s r o d i l l a s e n e l p r o f u n d o y t e n e b r o s o A v e r n o . E n e s t a situación n o
podíamos a c o n s e j a r n o s u n o s a o t r o s , n i sabíamos qué d e c i r , s i n o q u e
en u n m u d o silencio el u n o silbaba d e rabia, el o t r o susurraba, el o t r o
b u f a b a c o n l o s l a b i o s o l a n z a b a u n s u s p i r o y s e detenía u n p o c o o b i e n
b l a s f e m a b a e n v o z b a j a , y c o m o l o s o j o s n o n o s servían n o s guiábamos
p o r l o s p i e s , u n c i e g o s e confundía p o r m e j o r s e r v i r d e guía a l o t r o ,
hasta el p u n t o de que:

C o m o el h o m b r e que yace y llora a m a r g a m e n t e

sobre el d u r o lecho el lento pasar de las horas,
espera que pildoras, encantos, polvos o licor
maten el grave m a l que siente;
mas c u a n d o a la larga ve el doliente
que el dolor vence todos los remedios,
desesperado, se t r a n q u i l i z a y a u n q u e m u e r e
desdeña que por su salud algo más se i n t e n t e ; 45

también n o s o t r o s , t r a s h a b e r l o i n t e n t a d o u n a y o t r a v e z s i n r e m e d i o
a l g u n o a n u e s t r o m a l , d e s e s p e r a d o s , s i n a f a n a r n o s más y s i n d e v a n a r n o s

Tansillo, soneto Q u a l u o m , c h e g i a c e , e p i a n g e l u n g a m e n t e , vv. 1-8.

 L a c e n a d e las c e n i z a s

l o s s e s o s e n v a n o , n o s d e c i d i m o s a a t r a v e s a r c o n resolución e l p r o f u n d o
m a r d e e s e líquido f a n g o q u e fluía l e n t a m e n t e d e s d e l o h o n d o d e l
p r o f u n d o Támesis h a s t a l a o r i l l a .
P R U D E N C I O — H e r m o s a cláusula.
TEÓFILO — C a d a u n o d e n o s o t r o s había t o m a d o l a decisión d e l
trágico c i e g o d e E p i c u r o :

D o n d e e l f a t a l d e s t i n o m e guía c i e g o
déjame i r , y d o n d e e l p i e m e l l e v a ;
n o m e acompañes más p o r compasión.
Hallaré quizás u n f o s o , u n a c u e v a , u n a r o c a ,
que piadosa m e prive de t a n t a g u e r r a
arrojándome e n l u g a r p r o f u n d o y b a j o . 4 6

M a s , g r a c i a s a l o s d i o s e s ( p o r q u e , c o m o d i c e Aristóteles, non d a t u r
infinitum in actu^) n o s e n c o n t r a m o s a l fin, s i n i n c u r r i r e n p e o r e s
d e s g r a c i a s , e n u n p a n t a n o q u e , a u n q u e también a v a r o e n c o n c e d e r -
nos u n poco d e m a r g e n q u e nos sirviera d ec a m i n o , sin embargo, nos
trató más cortésmente a l d e j a r y a d e t r a b a r n o s l o s p i e s , h a s t a q u e
c u a n d o h u b i m o s s u b i d o más a r r i b a p o r e l s e n d e r o , n o s ofreció a m a -
blemente u n torrente q u e p o r u n lado dejaba u n m a r g e n d e piedra
s u f i c i e n t e p a r a p o n e r l o s pies e n seco. P o c o a p o c o f u i m o s a v a n z a n -
do, t r o p e z a n d o borrachos, n o s i n riesgo d e r o m p e r n o s l a cabeza
o la pierna.
PRUDENCIO —Conclusio, conclusión
TEÓFILO — E n conclusión: tándem laeta arva tenemus.w N o s p a r e -
ció q u e estábamos e n l o s c a m p o s Elíseos c u a n d o l l e g a m o s a l a c a l l e
p r i n c i p a l . Y j u z g a n d o p o r e l a s p e c t o d e l l u g a r a d o n d e n o s había l l e v a -
d o e s e m a l d i t o s e n d e r o , r e s u l t a q u e n o s encontrábamos p o c o más o
m e n o s a u n a d i s t a n c i a d e veintidós p a s o s d e l l u g a r d e d o n d e n o s h a -
bíamos d e s v i a d o p a r a b u s c a r a l o s b a r q u e r o s , m u y c e r c a d e l a r e s i -
d e n c i a d e l N o l a n o . ¡Oh múltiples dialécticas!, ¡oh i n t r i n c a d a s d u d a s ,
i m p o r t u n o s sofismas, cavilosas falacias, oscuros e n i g m a s , i n t r i n c a d o s
laberintos, endiabladas esfinges, resolveos o haceos resolver!

4 6
Marco Antonio Epicuro, C e c a r i a , tercetos 1 y m .
4 7
«no existe el infinito en acto».
4 8
«¡conclusión, conclusión!»
4 9
«finalmente alcanzamos los alegres parajes» ( E n e i d a , vi, v. 744).
 Diálogo I I 37

E n esta e n c r u c i j a d a , en este dudoso trance,

¿qué debo h a c e r ? , ¿qué debo decir, d e s d i c h a d o ? 50

p e u n lado nos llamaba nuestro alojamiento, puesto que el maestro

F a n g o y e l m a e s t r o P a n t a n o n o s habían l l e n a d o d e b a r r o h a s t a t a l
p u n t o q u e a p e n a s podíamos m o v e r l a s p i e r n a s . Además, l a r e g l a d e l a
o d o m a n c i a y e l común d e l o s a u g u r i o s n o s a c o n s e j a b a n i n s i s t e n t e m e n t e
q u e n o continuáramos e l v i a j e . L o s a s t r o s , c o m p l e t a m e n t e c u b i e r t o s
p o r u n o s c u r o y t e n e b r o s o m a n t o q u e volvía b r u m o s o e l a i r e , n o s
f o r z a b a n a r e g r e s a r . L a h o r a n o s disuadía d e s e g u i r a d e l a n t e y n o s
exhortaba a volver l o poco q u e q u e d a b a a nuestras espaldas. L a
p r o x i m i d a d d e l a r e s i d e n c i a d e l N o l a n o aplaudía f a v o r a b l e m e n t e .
L a o p o r t u n i d a d , q u e c o n u n a m a n o n o s había e m p u j a d o h a s t a allí,
c o n d o s i m p u l s o s aún más f u e r t e s n o s hacía s e n t i r e n e s e m o m e n t o l a
m a y o r presión d e l m u n d o . E l c a n s a n c i o , a l fin ( d e l a m i s m a f o r m a q u e
u n a p i e d r a es m o v i d a h a c i a e l c e n t r o p o r s u p r i n c i p i o y n a t u r a l e z a ) ,
nos indicaba el m i s m o c a m i n o y nos inclinaba hacia laderecha. E n l a
o t r a dirección n o s l l a m a b a n t a n t a s f a t i g a s , e s f u e r z o s y m o l e s t i a s q u e
hubiéramos a f r o n t a d o e n v a n o . P e r o e l g u s a n i l l o d e l a c o n c i e n c i a n o s
decía: «Si e s t e p o c o d e c a m i n o n o s h a c o s t a d o t a n t o q u e a p e n a s h e m o s
h e c h o v e i n t i c i n c o p a s o s ¿qué ocurrirá c o n t a n t o c a m i n o c o m o todavía
n o s q u e d a ? Mejor es perder, que más perder.»'* E n a q u e l l a dirección n o s
1

l l a m a b a también e l d e s e o común q u e teníamos d e n o d e f r a u d a r l a

expectación d e a q u e l l o s c a b a l l e r o s y n o b l e s p e r s o n a j e s ; e n s e n t i d o
o p u e s t o respondía e l c r u d o r e s e n t i m i e n t o d e q u e a l n o h a b e r s e e l l o s
preocupado n i haber pensado t a m p o c o en enviar caballo o bote a unas
p e r s o n a s r e s p e t a b l e s , s i n t o m a r e n consideración e l t i e m p o , l a h o r a
y l a ocasión, t a m p o c o sentirían d e m a s i a d o escrúpulo a n t e n u e s t r a
a u s e n c i a . D e a q u e l l a d o éramos a c u s a d o s d e p o c o c o r t e s e s a fin d e
cuentas o bien d e personas excesivamente puntillosas que m i d e n las
c o s a s e n función d e l o s méritos y d e l o s f a v o r e s y q u e h a c e n profesión
d e r e c i b i r cortesía más q u e d e h a c e r l a y d e p r e f e r i r c o m o g e n t e v i l l a n a
e i n n o b l e s e r v e n c i d o s e n ella a vencer. D e este l a d o e n c a m b i o n o s
e x c u s a b a e l h e c h o d e q u e d o n d e h a y f u e r z a n o h a y razón. D e allá n o s
atraía e l interés p a r t i c u l a r d e l N o l a n o , q u e había d a d o s u p r o m e s a y a
q u i e n l e habrían p o d i d o a c h a c a r n o sé qué. Además, él t i e n e s i e m p r e
g r a n d e s e o d e q u e se l e o f r e z c a l a o p o r t u n i d a d d e v e r c o s t u m b r e s , d e

5 0
Cf. Petrarca, C a n c i o n e r o , 2 6 8 , v. 2.
5 1
E n español en el original.
3l L a c e n a d e las c e n i z a s

c o n o c e r l o s i n g e n i o s , d e a d q u i r i r si es p o s i b l e a l g u n a n u e v a v e r d a d , de
f o r t a l e c e r e l b u e n hábito d e l c o n o c i m i e n t o , d e r e p a r a r e n a q u e l l o q u e
l e f a l t a . D e e s t a p a r t e n o s retenía e l t e d i o g e n e r a l y u n c i e r t o espíritu
q u e n o s d a b a a l g u n a s r a z o n e s más v e r d a d e r a s q u e d i g n a s d e r e p e t i r .
¿A quién t o c a r e s o l v e r e s t a contradicción?, ¿quién d e b e t r i u n f a r e n
e s t e l i b r e albedrío?, ¿a quién d a s u c o n s e n t i m i e n t o l a razón?, ¿qué h a
e s t a b l e c i d o e l d e s t i n o ? R e s u l t a q u e e s t e d e s t i n o , p o r m e d i o d e l a razón,
a b r i e n d o l a p u e r t a a l e n t e n d i m i e n t o , e n t r a y o r d e n a a l a elección q u e
d e s p a c h e e l c o n s e n t i m i e n t o a c o n t i n u a r e l v i a j e . «O passi graviora"> 1

— s e n o s d i c e — ¡oh h o m b r e s pusilánimes, l i g e r o s , i n c o n s t a n t e s y d e
p o c o espíritu...!»
PRUDENCIO —Exaggeratio concinna.^
TEÓFILO — « . . . n o , n o e s i m p o s i b l e , a u n q u e sí s e a difícil, e s t a e m -
p r e s a . S o n difíciles a q u e l l a s c o s a s e s t a b l e c i d a s p a r a h a c e r r e t r o c e d e r
a l o s p o l t r o n e s . L a s c o s a s o r d i n a r i a s y fáciles s o n p a r a e l v u l g o y p a r a
la gente o r d i n a r i a . L o s h o m b r e s raros, heroicos y d i v i n o s pasan p o r
e s t e c a m i n o d e l a d i f i c u l t a d c o n e l fin d e q u e l a n e c e s i d a d s e v e a o b l i -
g a d a a c o n c e d e r l e s l a p a l m a d e l a i n m o r t a l i d a d . Añádase a e s t o q u e
a u n q u e n o sea p o s i b l e l l e g a r a l e x t r e m o d e g a n a r e l p a l i o , c o r r e d s i n
e m b a r g o y h a c e d t o d o l o q u e podáis e n a s u n t o d e t a n t a i m p o r t a n c i a ,
r e s i s t i e n d o h a s t a e l último a l i e n t o d e v u e s t r o espíritu. N o sólo e s a l a -
b a d o e l v e n c e d o r , s i n o también q u i e n n o m u e r e c o m o u n c o b a r d e y
poltrón. E s t e último r e c h a z a s e r c u l p a b l e d e s u f r a c a s o y d e s u m u e r -
t e atribuyéndolo a l a s u e r t e y m u e s t r a a l m u n d o q u e h a l l e g a d o a t a l
e s t a d o n o p o r u n a f a l t a s u y a , s i n o p o r c u l p a d e l a f o r t u n a . N o sólo
m e r e c e h o n o r e s e l único i n d i v i d u o q u e h a g a n a d o l a c a r r e r a , s i n o
también t o d o s a q u e l l o s q u e h a n c o r r i d o t a n e x c e l e n t e m e n t e c o m o
para s e r j u z g a d o s i g u a l m e n t e d i g n o s y capaces d e h a b e r l a g a n a d o ,
a u n q u e n o h a y a n sido los vencedores. M e r e c e n v i t u p e r i o los q u e de-
s e s p e r a d o s se p a r a n a m i t a d d e l a c a r r e r a y n o t r a t a n ( a u n q u e sea e n
última posición) d e a l c a n z a r l a m e t a c o n e l e s f u e r z o y v i g o r q u e l e s
es p o s i b l e .

Vidi ego lecta diu, et multu spectata labore

degenerare tamen, ni vis. Sic omniafatis
in peius mere, ac retro sublata referri;
non aliler quam qui adverso vix flumine lembum

5 2
«Vosotros que habéis pasado tantas pruebas» ( E n e i d a , 1, 199).
5 3
«Hermosa amplificación retórica.»
 Diálogo I I 39

r e m i g i i s s u b i g i f . si b r a c h i a f o r t e r e m i s i t ;
atque i l l u m in precepsprono rapit Alveus amne».™

T r i u n f e , pues, l a perseverancia, p o r q u e si t a n g r a n d e ese l e s f u e r z o

n o será m e d i o c r e e l p r e m i o . T o d a s l a s c o s a s d e v a l o r s o n difíciles d e
o b t e n e r ; e s t r e c h a y e s p i n o s a e s l a vía d e l a b e a t i t u d ; g r a n d e s c o s a s
quizá n o s p r o m e t e e l c i e l o . P o r e s o d i c e e l p o e t a :

P a t e r ipse c o l e n d i
h a u d f a c i l e m esse v i a m v o l u i t , p r i m u s q u e p e r a r t e m
m o v i t agros: curis acuens mortalia corda,
nec torperegravipassussua regna veterno.^

P R U D E N C I O — E s éste u n d e s a r r o l l o m u y enfático q u e vendría m e -

jor a u n a m a t e r i a d em a y o r i m p o r t a n c i a .
FRULLA — E s lícito y también p o t e s t a d d e l o s príncipes e x a l t a r
las c o s a s b a j a s . S i l a s h a c e n d i g n a s , serán e s t i m a d a s d i g n a s y v e r -
d a d e r a m e n t e l o serán; y e n e s t o s u s a c c i o n e s s o n más i l u s t r e s y n o t a b l e s
q u e s i e n g r a n d e c i e r a n a l o s g r a n d e s , p u e s éstos t o d o l o c r e e n m e r e c e r
por s u grandeza, o conservaran a los superiores e n s u superioridad,
l o s c u a l e s dirán q u e e s o e s l o q u e s e les d e b e n o p o r f a v o r o cortesía o
m a g n a n i m i d a d d e l príncipe, s i n o p o r j u s t i c i a y razón. '' P u e s b i e n , 5

Virgilio, Geórgicas, i, 197-203: « H e visto simientes largamente selecciona-

5 4

das y probadas con mucho trabajo, degenerar, a pesar de todo, si el hombre, con
esfuerzo, no estriaba a mano cada año las más grandes una a una. T o d o está así
condenado a ir de mal en peor y a retroceder y desmoronarse, no de otro modo
como el que a duras penas impulsa a remo una barca remontando un río, y si por
azar afloja los brazos la corriente la arrastra rápidamente río abajo» [trad. de
B. Segura Ramos].
5 5
I b i d . , 1, 121-124: «El propio padre quiso que la vía de la agricultura no fue-
se fácil; fue el primero en remover los campos con técnica, aguzando el corazón de
los hombres con sobresaltos, y no consintió que su reino languideciera en un letar-
go pesado» [trad. de B. Segura Ramos].
5 6
Desde aquí hasta la próxima intervención de Teófilo la mayor parte de los
ejemplares impresos presentan la siguiente redacción: «Así no exaltan de ordina-
rio a los dignos y a los virtuosos porque les parece que ellos no tienen tantas opor-
tunidades de rendirles tantos favores como un holgazán engrandecido y una hez
de truhanes. Además, observan esta norma para hacer saber que la fortuna, a cuya
ciega majestad están muy obligados, es superior a la virtud. Si en alguna ocasión
ensalzan entre ellos a un hombre de bien y honorable, raramente lo harán ocupar
el grado en el que no se le anteponga alguien que le haga saber hasta qué punto la
autoridad vale más que los méritos y que éstos no valen sino en la medida en que
aquélla lo permite y lo dispensa. Ahora veis de qué manera podréis entender por
40 L a c e n a d e las c e n i z a s

a p l i c a d l o m i s m o a propósito d e l d i s c u r s o d e n u e s t r o Teófilo. N o
o b s t a n t e , m a e s t r o P r u d e n c i o , s i todavía o s p a r e c e d u r o , s e p a r a d l o d e
esta m a t e r i a y u n i d l o a o t r a .
PRUDENCIO — Y o s o l a m e n t e d i j e q u e e l d e s a r r o l l o parecía m u y
enfático p a r a l a m a t e r i a q u e se o f r e c e e n e s t e m o m e n t o .
FRULLA — Y o quería d e c i r también q u e p a r e c e q u e Teófilo t e n g a
a l g o d e P r u d e n c i o , p e r o d i s c u l p a d l e , p o r q u e m e p a r e c e q u e esta e n -
f e r m e d a d v u e s t r a e s c o n t a g i o s a . Y n o temáis, q u e Teófilo s a b e h a c e r
d e l a n e c e s i d a d v i r t u d y d e l a e n f e r m e d a d c a u t e l a , preservación y
s a l u d . P r o s e g u i d , p u e s , Teófilo, v u e s t r o d i s c u r s o .
PRUDENCIO — U l t r a domine.^ 1

S M I T H — V a m o s , démonos p r i s a s i n o q u e r e m o s q u e e l t i e m p o n o s
apremie.
TEÓFILO — L e v a n t a , p u e s , l a s a l a s , Teófilo, p o n t e a p u n t o y r e c u e r d a
q u e n o se t e d a a h o r a l a o p o r t u n i d a d d e a p o r t a r l a s más s u b l i m e s c o s a s
d e l m u n d o . N o t i e n e s aquí m a t e r i a p a r a h a b l a r d e ese n u m e n d e l a
T i e r r a , d e esa d a m a rarísima y s i n g u l a r q u e d e s d e e s t e frío c i e l o c e r c a

qué Teófilo exagera toda esta cuestión, pues, aunque os parezca burda, es algo
muy distinto de loar la salsa, el huertecillo, el mosquito, la mosca, la nuez y cosas
semejantes, a la manera de los antiguos escritores, o bien la estaca, la varilla, el
abanico, la raíz, el soldado que envía a otro a la guerra en su lugar a cambio de
dinero, la candela, el calientamanos, el higo, la fiebre quintana, el anillo y otras
cosas por el estilo, al modo de los autores de nuestros días, cosas todas ellas que no
sólo son consideradas innobles, sino incluso repugnantes muchas de ellas. Se trata,
sin embargo, de ir al encuentro entre otros de un par de sujetos \i.e. Torcuato y
Nundinio], que portan tal significado que sin duda gran cosa nos promete el cielo.
¿ N o sabéis que cuando el hijo de C i s , llamado Saúl, andaba buscando los asnos fue
estimado digno de ser investido rey del pueblo de Israel? I d , id a leer el primer
libro de Samuel y veréis que ese noble personaje ponía, sin embargo, más cuenta
en encontrar los asnos que en ser ungido rey. Parece incluso que no le satisfacía en
absoluto el reino si no encontraba los asnos. Por eso, cada vez que Samuel le habla-
ba de coronarle, él respondía: « ¿ Y dónde están los asnos? ¿Dónde están los asnos?
Mi padre me ha enviado a encontrarlos y ¿no queréis vos que yo encuentre a mis
asnos?». E n conclusión: no se tranquilizó hasta que el profeta le dijo que los asnos
ya habían sido hallados, queriendo acaso indicar que tenía aquel reino, con el que
podía estar contento, pues valía por sus asnos y más todavía. H e aquí, pues, cómo
en ocasiones se ha ido buscando una cosa y esa búsqueda ha sido el presagio de un
reino. G r a n cosa, pues, nos promete el cielo. Prosigue ahora, Teófilo, tu discurso.
N a r r a los acontecimientos de esta búsqueda que hacía el Nolano; haznos oír el
resto de los accidentes de este viaje. — P R U D E N C I O : B e n e est, p r o b e n e e s t p r o s e q u e r e ,
T e o p h i l e [Está bien, muy bien; prosigue, Teófilo]. — S M I T H : Daos prisa porque se
acerca la hora de ir a cenar. Comadnos con brevedad lo que os sucedió después de
que os decidisteis a proseguir aquel largo y fastidioso camino antes que retornar a
casa».
5 7
«Adelante, señor.»
 Diálogo 11
41
d e l p a r a l e l o ártico p r o p o r c i o n a t a n c l a r a l u z a t o d o e l g l o b o t e r r e s t r e . M e
e s t o y r e f i r i e n d o a I s a b e l , q u e p o r título y d i g n i d a d r e a l n o es i n f e r i o r a
ningún o t r o r e y q u e e x i s t a e n e l m u n d o y e n c u a n t o a l j u i c i o , sabiduría,
c o n s e j o y g o b i e r n o n o c e d e e l p r i m e r p u e s t o a ningún o t r o g o b e r n a n t e .
E n e l c o n o c i m i e n t o d e l a s a r t e s y d e l a s c i e n c i a s , e n l a comprensión y
en el d o m i n i o d e t o d a s las l e n g u a s q u e p u e d e n e s c u c h a r s e e n E u r o p a
d e l a b i o s d e p e r s o n a s l l a n a s y d o c t a s , s u p e r a s i n discusión a t o d o s l o s
demás príncipes y t r i u n f a s o b r e e l l o s d e t a l m a n e r a q u e s i e l p o d e r d e l a
f o r t u n a e s t u v i e r a e n c o r r e s p o n d e n c i a e i g u a l a r a a l d e s u generosísimo
espíritu e i n g e n i o , sería l a única e m p e r a t r i z d e l a e s f e r a t e r r e s t r e y c o n
s u d i v i n a m a n o sostendría c o n m a y o r significación aún e l g l o b o d e l a
monarquía u n i v e r s a l . N o t i e n e s m a t e r i a p a r a h a b l a r d e ese ánimo t a n
h e r o i c o q u e , d e s d e h a c e y a v e i n t i c i n c o años y más, c o n e l g e s t o d e s u s
ojos, e n m e d i o d e las b o r r a s c a s d e u n m a r d e a d v e r s i d a d e s , h a h e c h o
t r i u n f a r l a p a z y l a c a l m a , s e h a m a n t e n i d o firme e n m e d i o d e o l e a j e s
tan violentos y de hinchadas olas de t a n diversas tempestades c o n que,
c o n t o d o s u ímpetu, l e h a h e c h o f r e n t e e s t e o r g u l l o s o y l o c o océano
que por todas partes la circunda. N otienes m a t e r i a para hablar d e
ella, a l a q u e si quisieras c o m p a r a r c o n a l g u n a o t r a r e i n a d e t i e m p o s
p a s a d o s profanarías l a d i g n i d a d d e s u s i n g u l a r i d a d y e x c e p c i o n a l i d a d ,
porque supera con m u c h o a todas: a unas por l a grandeza d es u
a u t o r i d a d , a o t r a s p o r l a duración d e s u l a r g o , c o m p l e t o y todavía
incólume r e i n a d o , a t o d a s e n fin p o r s u s o b r i e d a d , c a s t i d a d , i n g e n i o
y c o n o c i m i e n t o . A t o d a s s u p e r a también p o r l a h o s p i t a l i d a d y cortesía
c o n q u e a c o g e a t o d a clase d e e x t r a n j e r o s c o n t a l d e q u e n o se h a g a n
completamente indignos de gracia y de favor. 5 8

T a m p o c o s e t e o f r e c e l a ocasión d e h a b l a r d e l a generosísima
h u m a n i d a d d e l ilustrísimo señor c o n d e R o b e r t D u d l e y , c o n d e d e
Leicester, etc., t a n c o n o c i d a p o r t o d o e l m u n d o , t a n r e n o m b r a d a a

5
L a loa de Isabel I presenta en la mayor parte de los ejemplares impresos la
siguiente redacción: «En el conocimiento de las artes y de las ciencias, en la com-
prensión y en el dominio de todas las lenguas que pueden ser habladas en Europa
P°r personas llanas y doctas, dejo al mundo entero determinar cuál es el puesto que
ocupa entre todos los demás príncipes. Cierto es que, si el imperio de la fortuna es-
tuviera en correspondencia e igualara el imperio del generosísimo espíritu e ingenio,
sería necesario que esta gran Anfitrite abriera sus bordes y ampliara tanto su circun-
ferencia que, así como comprende una Bretaña y una Hibernia, le diera otro globo
entero que viniera a igualarse a la mole universal de forma que con mayor signifi-
cado aún su potente mano sustente el globo de una general y entera monarquía. N o
tienes ahora la materia para hablar de un consejo tan maduro, discreto y prudente
con el que este ánimo tan heroico, desde hace ya veinticinco años y más...».
 L a c e n a d e las c e n i z a s
41
la par q u e l a f a m a del r e i n o y d e l a r e i n a d e I n g l a t e r r a e n los r e i n o s

v e c i n o s , t a n e n s a l z a d a p o r l o s c o r a z o n e s d e l o s g e n e r o s o s espíritus
i t a l i a n o s q u e p o r él ( y p o r s u señora) h a n s i d o y s o n t r a t a d o s s i e m p r e
c o n p a r t i c u l a r f a v o r . Él y también e l excelentísimo señor F r a n c i s c o
5 9

W a l s i n g h a m , g r a n s e c r e t a r i o d e l C o n s e j o r e a l , se b a s t a n — c o m o
q u i e n e s están s e n t a d o s j u n t o a l s o l d e l e s p l e n d o r r e a l — p a r a e l i m i n a r
y anular la oscuridad con la l u z d e s ug r a n nobleza y para educar y
p u r g a r c o n e l c a l o r d e s u a m a b l e cortesía c u a l q u i e r r u d e z a o r u s t i c i d a d
q u e se p u e d a e n c o n t r a r n o sólo e n t r e l o s británicos, s i n o también e n t r e
l o s e s c i t a s , l o s árabes, l o s tártaros, caníbales y antropófagos. T a m p o c o
es éste e l m o m e n t o a p r o p i a d o p a r a r e f e r i r l a h o n e s t a conversación,
c u l t u r a y b u e n a educación d e m u c h o s c a b a l l e r o s y p e r s o n a j e s i n g l e s e s
m u y i l u s t r e s , e n t r e l o s q u e e s conocidísimo ( e s p e c i a l m e n t e p a r a
n o s o t r o s , e n u n p r i m e r m o m e n t o c u a n d o estábamos e n Milán y e n
F r a n c i a p o r s u f a m a , y luego, a h o r a q u e estamos e n s u patria, por
e x p e r i e n c i a p e r s o n a l ) e l m u y i l u s t r e y e x c e l e n t e c a b a l l e r o señor P h i l i p
S i d n e y , c u y o tersísimo i n g e n i o ( d e j a n d o a u n l a d o s u s c o s t u m b r e s
ensalzadísimas) e s t a n r a r o y s i n g u l a r q u e difícilmente hallarás o t r o s
s e m e j a n t e a él e n t r e l o s más s i n g u l a r e s y r a r o s i n g e n i o s t a n t o d e d e n t r o
c o m o de f u e r a de Italia. Se nos h a p r i v a d o , pues, t o t a l m e n t e de m a t e r i a
d i g n a d e a l a b a n z a . P e r o , d e l a f o r m a más i n o p o r t u n a , a d e s p e c h o
d e t o d o e l m u n d o , se n o s p o n e p o r d e l a n t e u n a plebe q u e c o m o tal
plebe n o es i n f e r i o r a n i n g u n a o t r a plebe q u e a l i m e n t e e n s u seno
l a más b i e n e x c e s i v a m e n t e pródiga t i e r r a , p o r q u e d e t o d a s l a s p l e b e s
que yo pueda haber conocido hasta ahora irreverentes, irrespetuosas,
i n c i v i l e s , m a l e d u c a d a s , l a p l e b e i n g l e s a es v e r d a d e r a m e n t e u n a b u e n a
m u e s t r a . C u a n d o v e n a u n e x t r a n j e r o p a r e c e (¡por D i o s ! ) o t r o s
tantos lobos, o t r o s t a n t o s osos q u e c o n s u t o r v o s e m b l a n t e l e l a n z a n
e s a m i r a d a q u e arrojaría u n c e r d o a q u i e n v i n i e r a a llevársele d e
d e l a n t e l a c o m e d e r a . E s a innobilísima p l e b e — p o r l o q u e a h o r a n o s
i n t e r e s a — se d i v i d e e n d o s p a r t e s . 6 0

Este párrafo aparece en la mayor parte de los ejemplares impresos con la si-
5 9

guiente redacción: «Aquí, aunque yo particularmente no los conozca, ni tenga in-

tención de conocerlos, oigo nombrar tanto a ilustrísimos y excelentísimos caballeros, a
un gran tesorero del reino [William Cecil, lord Burghley] y a Robert Dudley, conde
de Leicester, cuya generosísima humanidad es tan conocida por todo el mundo, tan
renombrada junto con la fama de la reina y del reino, tan ensalzada en los países
vecinos, como acogedora con particular benevolencia de toda clase de extranjeros
con tal de que no se hagan completamente indignos de gracia y favor».
6 0
E l pasaje referente a la plebe dice así en la versión divulgada: «Mas he aquí
que, de la forma más inoportuna, se nos pone ante nuestros ojos una gran parte de
 Diálogo I I 43

PRUDENCIO — O m n i s divisio debet esse bimembris, vel reducibilis ad

b imembrem. ' 6

TEÓFILO — L a p r i m e r a d e e l l a s está f o r m a d a p o r a r t e s a n o s y
t e n d e r o s , l o s c u a l e s c u a n d o se h a n d a d o c u e n t a d e a l g u n a m a n e r a
Je q u e e r e s
fuera,
C j e t e
t u e r c e n e l h o c i c o , s e ríen d e t i , s e t e m o f a n ,
se t e p e d o r r e a n c o n l a b o c a , t e l l a m a n e n s u l e n g u a p e r r o , t r a i d o r ,
e x t r a n j e r o , y e s t o último e s e n t r e e l l o s u n c a l i f i c a t i v o injuriosísimo
que v u e l v e a l i m p u t a d o d i g n o de r e c i b i r t o d a s las ofensas d e l m u n d o ,
c o n i n d e p e n d e n c i a d e q u e sea j o v e n o v i e j o , t o g a d o o a r m a d o , n o b l e
o caballero. L e slleva a ello s u deseo d e tener u n a o p o r t u n i d a d d e
reñir c o n u n f o r a s t e r o y e n e l l o l e s d a s e g u r i d a d e l q u e n o p a s a c o m o
en I t a l i a , d o n d e s i a l g u i e n r o m p e l a cabeza a u n o d e estos canallas
se quedarán t o d o s q u i e t o s m i r a n d o s i p o r c a s u a l i d a d a p a r e c e algún
p o l i z o n t e d e o f i c i o q u e l o d e t e n g a ; y e n e l c a s o d e q u e a l g u i e n se
m u e v a l o h a c e p a r a s e p a r a r y a p a c i g u a r , p a r a a y u d a r a l más débil y
d e f e n d e r s o b r e t o d o l a c a u s a d e l f o r a s t e r o . E l q u e n o es o f i c i a l d e c o r t e
o f u n c i o n a r i o d e l a j u s t i c i a , id est, a l g u a c i l , n o s e a t r e v e n i s e s i e n t e
autorizado a poner su m a n o sobre e ldelincuente. Y , siel alguacil n o
es l o s u f i c i e n t e m e n t e f u e r t e p a r a d e t e n e r l o , t o d o s s e avergonzarán d e
a y u d a r l e e n s e m e j a n t e tarea. D e esta f o r m a , el a l g u a c i l y e n ocasiones
l o s a l g u a c i l e s p i e r d e n l a p r e s a . P e r o aquí, s i p o r m a l a s u e r t e t e o c u r r e
que aprovechas l a o p o r t u n i d a d d e tocar a u n o d e ellos o bien echas
l a m a n o a l a s a r m a s , r e s u l t a q u e e n u n i n s t a n t e t e encontrarás a t o d o
l o l a r g o d e l a c a l l e e n m e d i o d e u n ejército d e b r i b o n e s q u e p a r e c e n
s u r g i d o s d e l a t i e r r a c o n m a y o r r a p i d e z d e l a q u e (según s e i m a g i n a n
los poetas) s u r g i e r o n o t r o s t a n t o s h o m b r e s a r m a d o s d e los d i e n t e s d e l
dragón s e m b r a d o s p o r Jasón. P e r o l o c i e r t o e s q u e s a l e n d e l a s t i e n d a s
y t e m u e s t r a n l a gentilísima y honorabilísima p e r s p e c t i v a d e u n a s e l v a
de bastones, largas varas, alabardas, partesanas y horcas e n m o h e c i d a s
q u e ( a u n q u e l e s h a n s i d o c o n c e d i d a s p o r e l príncipe p a r a m e j o r u s o )
t i e n e n s i e m p r e p r e p a r a d a s y d i s p u e s t a s p a r a o c a s i o n e s c o m o ésa. Así

la plebe, la cual es una sentina de tal calibre que si no fuera bien suprimida por los
otros, echaría tal hedor y tan mal humo que llegaría ofuscar hasta tal punto el
nombre de toda la plebe entera que Inglaterra podría vanagloriarse de tener una
plebe que, en punto a irrespetuosa, incivil, burda, rústica, salvaje y mal educada,
no cede el puesto a ninguna otra que pueda alimentar la tierra en su seno. Dejados
a un lado muchos individuos que hay en ella, dignos de cualquier honor, distin-
ción y nobleza, he aquí que se nos viene delante otra parte, que cuando ve a un
e
"tranjero...».
6 1
«Toda división debe ser bimembre o reducible a dos miembros.»
44 L a c e n a d e las c e n i z a s

t e l o s verás echársete e n c i m a c o n f u r i a s a l v a j e , s i n m i r a r a quié n

p o r qué, dónde y cómo, s i n d e c i r s e n a d a e l u n o a l o t r o , c a d a u n o

d e s f o g a n d o e s a aversión n a t u r a l q u e s i e n t e c o n t r a e l f o r a s t e r o ; c o n
s u p r o p i a m a n o ( a n o ser q u e se v e a n o b s t a c u l i z a d o s p o r l a m u l t i t u d
d e l o s o t r o s q u e t r a t a n d e l l e v a r a l a práctica l a m i s m a intención)
y c o n s u p r o p i a v a r a t e tomarán l a m e d i d a d e l s a y o y s i n o t e a n d a s
c o n c u i d a d o h a s t a t e soldarán e l p e l o a l a c a b e z a . Y s i , p o r u n c a s u a l
e s t u v i e r a p r e s e n t e algún h o m b r e d e b i e n o u n c a b a l l e r o a l q u e

d i s g u s t e s e m e j a n t e villanía, s e verá o b l i g a d o ( a u n q u e s e a u n c o n d e
o u n d u q u e ) a r a b i a r p o r d e n t r o y e s p e r a r d e s d e l e j o s e l final p o r
t e m o r a acompañarte s i n p r o v e c h o t u y o y c o n daño s u y o , p u e s esos
i n d i v i d u o s n o t i e n e n r e s p e t o a n a d i e c u a n d o s e v e n a r m a d o s d e esa
m a n e r a . A h o r a , a l tándem? c u a n d o c r e a s q u e y a p u e d e s i r a b u s c a r a l
1

b a r b e r o y p o n e r a descansar t u fatigado y m a l t r e c h o c u e r p o , resulta

q u e verás q u e a q u e l l o s m i s m o s i n d i v i d u o s s o n o t r o s t a n t o s a l g u a c i l e s
y polizontes q u esi pueden imaginarse q u ehas tocado a alguno
d e e l l o s ( y a podrás t e n e r l a e s p a l d a o l a s p i e r n a s t o d o l o r o t a s q u e
q u i e r a s ) a f u e r z a d e g o l p e s t e harán c o r r e r c o m o s i l l e v a r a s l o s t a l a r e s
de M e r c u r i o o m o n t a r a s e l caballo Pegaso o fatigaras e l l o m o del
c o r c e l d e P e r s e o o c a b a l g a r a s s o b r e e l hipógrifo d e A s t o l f o o t e l l e v a r a
e n c i m a e l d r o m e d a r i o d e Madián o t r o t a r a s s o b r e u n a d e l a s j i r a f a s
d e l o s r e y e s m a g o s , ayudándote a c a m i n a r c o n s u s s a l v a j e s puñetazos,
q u e más t e valdría q u e f u e r a n o t r a s t a n t a s c o c e s d e b u e y , d e a s n o o d e
m u l o . N o t e dejarán h a s t a q u e t e h a y a n m e t i d o e n l a cárcel y u n a v e z
allí me tibi comendo. ' 6

PRUDENCIO — A fulgure et tempestate, ab ira, et indignitate, malitia,

tentatione, et furia rusticorum... * 6

FRULLA — . . . libera nos domine. * 6

TEÓFILO — A e l l o s se añade l a o r d e n d e l o s c r i a d o s . N o m e r e f i e r o
a l o s d e p r i m e r a categoría, e s d e c i r , a l o s s e r v i d o r e s d e l a n o b l e z a , q u e
g e n e r a l m e n t e n o l l e v a n d i v i s a o e m b l e m a a n o ser p o r l a excesiva va-
n i d a d d e l o s u n o s o p o r d e m a s i a d a adulación d e l o s o t r o s . E n t r e éstos
se e n c u e n t r a a l g u n a educación.
PRUDENCIO—Omnis regula exceptionem patitur. 66

«para concluir».
6 2

«me encomiendo a ti».

6 3

«Del rayo y del trueno, de la ira y la indignación, malicia, tentación y furia

6 4

de los aldeanos...»
«...libéranos, Señor».
6 5

« T o d a regla tiene su excepción.»

6 6
 Diálogo I I 45

TEÓFILO — M e r e f i e r o , p o r e l c o n t r a r i o , a l a s o t r a s c l a s e s d e c r i a d o s ,
i j n o s s o n d e s e g u n d a categoría y l l e v a n t o d o s e l e m b l e m a a l a e s p a l d a ;
o t r o s s o n d e t e r c e r a categoría y s u s señores n o s o n l o s u f i c i e n t e m e n t e
potables c o m o p a r a q u e les i n t e r e s e p o n e r u n e m b l e m a a sus c r i a d o s
o b i e n se les c r e e i n d i g n o s e i n c a p a c e s d e l l e v a r l o . O t r o s s o n d e c u a r t a
categoría y v i e n e n después d e l o s m a r c a d o s y d e l o s n o m a r c a d o s ; s o n
siervos de los siervos.
PRUDENCIO—Servus servorum, non est malus titulus usquequaque. b7

TEÓFILO — L o s d e l a p r i m e r a categoría s o n n o b l e s p o b r e s y n e c e s i -
t a d o s q u e se p o n e n b a j o l a protección d e l o s p o d e r o s o s c o n l a intención
d e g a n a r a l g o y p r o c u r a r s e algún f a v o r . G e n e r a l m e n t e n o s o n a r r a n c a -
d o s d e s u s c a s a s , s i g u e n a s u s señores c o n d i g n i d a d y s o n a p r e c i a d o s
y f a v o r e c i d o s p o r e l l o s . L o s d e l a s e g u n d a categoría s o n pequeños
mercaderes, a r r u i n a d o s , artesanos o gente q u e h a a p r e n d i d o a leer o
c u a l q u i e r o t r o o f i c i o s i n ningún p r o v e c h o ; o b i e n h a n h u i d o o se l e s h a
e c h a d o d e a l g u n a e s c u e l a , t a l l e r o almacén. L o s d e l a t e r c e r a categoría
son a q u e l l o s vagos q u e para e v i t a r u n e s f u e r z o m a y o r h a n a b a n d o n a -
d o u n o f i c i o más l i b r e y o b i e n s o n v a g o s acuáticos s a c a d o s d e l o s b a r -
cos o b i e n s o n v a g o s t e r r e s t r e s s a c a d o s d e l a r a d o . F i n a l m e n t e , l o s d e
l a c u a r t a categoría s o n u n a combinación d e d e s e s p e r a d o s , d e d e s p r e -
c i a d o s p o r s u s señores, g e n t e e s c a p a d a d e t e m p e s t a d e s , v a g a b u n d o s ,
g e n t e inútil y o c i o s a , i n d i v i d u o s q u e y a n o e n c u e n t r a n f a c i l i d a d e s p a r a
r o b a r o q u e a c a b a n d e e s c a p a r s e d e l a prisión, g e n t e s c u y a intención e s
engañar a q u i e n l o s v e n g a a s a c a r d e allí. Y s e l e s s a c a d e l a c o l u m n a t a
d e l a B o l s a y d e l a p u e r t a d e S a n P a b l o . E n París encontrarás t o d a l a
g e n t e q u e q u i e r a s d e esa calaña e n l a p u e r t a d e p a l a c i o ; e n Ñapóles e n
las g r a d a s d e S a n P a b l o y e n V e n e c i a e n R i a l t o .
D e l a s t r e s últimas c l a s e s s o n a q u e l l o s q u e p a r a m o s t r a r e l p o d e r
q u e o s t e n t a n e n s u c a s a , q u e s o n p e r s o n a s d e b u e n estómago, b u e n o s
soldados y superiores a t o d o e l m u n d o , a t o d o aquel q u e n o parece
c e d e r l e s e l p a s o l e d a n u n empujón c o n e l h o m b r o ( c o m o s i d e l espolón
d e u n a g a l e r a s e t r a t a r a ) q u e l e hará g i r a r e n r e d o n d o haciéndole v e r
t o d a s u f u e r z a , r o b u s t e z y p o d e r , c a p a c e s i n c l u s o d e d e s h a c e r u n ejér-
c i t o e n c a s o d e n e c e s i d a d . Y s i e l q u e se l e s p o n e e n f r e n t e e s u n e x t r a n -
j e r o , y a les p u e d e c e d e r t o d o e l p a s o q u e q u i e r a q u e d e t o d a s f o r m a s
l e harán s a b e r h a s t a qué p u n t o s a b e n h a c e r d e César, d e Aníbal, d e
Héctor y h a s t a d e u n b u e y e m b i s t i e n d o . N o s e l i m i t a n a h a c e r l o q u e
el a s n o , c o n t e n t o (sobre t o d o c u a n d o v a c a r g a d o ) c o n s e g u i r s i e m p r e

«Siervo de los siervos no es tampoco un mal título.»

46 L a c e n a d e las c e n i z a s

s u c a m i n o r e c t o , p o r l o q u e s i tú n o t e m u e v e s él t a m p o c o s e moverá y
será n e c e s a r i o d a r u n empujón o tú a él o él a t i . P e r o e s o s a g u a d o r e s
n o a n d a n así, d e f o r m a q u e , s i n o estás a t e n t o , t e harán s e n t i r l a p u n t a
d e esa n a r i z d e h i e r r o s i t u a d a e n l a b o c a d e l a j a r r a . P o r s u p a r t e , los
q u e l l e v a n c e r v e z a , s i p o r u n d e s c u i d o t u y o se t e t i r a n e n c i m a m i e n -
t r a s v a n h a c i e n d o s u r e c o r r i d o , t e harán s e n t i r e l p e s o d e l a c a r g a q u e
l l e v a n e n c i m a y q u e n o s o l a m e n t e s o n capaces de l l e v a r s o b r e sus h o m -
b r o s , s i n o h a s t a d e d e r r i b a r c u a l q u i e r obstáculo y a r r a s t r a r u n c a r r o si
fuera preciso. Estos i n d i v i d u o s , debido a l a a u t o r i d a d d e que gozan
p o r l l e v a r l a c a r g a , m e r e c e n e x c u s a , p u e s t o q u e t i e n e n más d e c a b a -
llos, m u l o s y asnos q u e d e h o m b r e s . A c u s o p o r eso a a q u e l l o s o t r o s q u e
t i e n e n u n poquitín d e razón y están más h e c h o s q u e e l l o s a i m a g e n
y s e m e j a n z a del h o m b r e y , sin e m b a r g o , e n vez d e d a r t e los buenos
días o l a s b u e n a s t a r d e s , t r a s h a b e r t e p u e s t o u n a c a r a s o n r i e n t e c o m o
s i t e c o n o c i e r a n y t e q u i s i e r a n s a l u d a r , t e darán u n g o l p e b e s t i a l . D i g o
q u e acuso a aquellos otros q u e e n ocasiones s i m u l a n escapar o querer
p e r s e g u i r a a l g u i e n o c o r r e r h a c i a algún a s u n t o n e c e s a r i o , s a l e n d e l
i n t e r i o r d e u n t a l l e r y t e darán p o r detrás o d e l a d o c o n t o d a s u f u r i a e l
m i s m o g o l p e q u e t e daría u n t o r o e m b r a v e c i d o . E s t o e s l o q u e ocurrió
precisamente hace pocos meses a u n pobre caballero italiano, a l que
d e esta m a n e r a r o m p i e r o n y d e s t r o z a r o n u n a p i e r n a e n t r e las risas y
e l r e g o c i j o d e t o d a l a p l a z a . C u a n d o e l m a g i s t r a d o q u i s o más t a r d e i n -
v e s t i g a r e l i n c i d e n t e , n i s i q u i e r a encontró q u e t a l c o s a h u b i e r a p o d i d o
o c u r r i r e n a q u e l l a plaza, d e f o r m a q u e c u a n d o tengas g a n a s d e salir
d e c a s a , m i r a b i e n a n t e s d e h a c e r l o s i n u n a razón u r g e n t e y n o p i e n s e s
e n a l g o así c o m o e n q u e r e r i r p o r l a c i u d a d d e p a s e o . L u e g o , h a z l a
señal d e l a s a n t a c r u z , ármate c o n u n a c o r a z a d e p a c i e n c i a a p r u e b a d e
arcabuz y disponte siempre a soportar lo menos m a l o con buena vo-
l u n t a d , s i n o q u i e r e s l l e v a r t e l o p e o r p o r l a f u e r z a . Pórtate c o n p r u -
6 8

6 8
Desde aquí hasta la última intervención de Prudencio, la mayor parte de los
ejemplares impresos presenta el siguiente texto: «Mas ¿de qué te quieres lamentar,
desgraciado? ¿ T e parece innoble ser un animal de embestida? ¿ N o te acuerdas,
Nolano, de lo que está escrito en tu libro titulado E l a r c a d e Noé? [Se trata de una
obra perdida de Bruno, compuesta en su juventud.] Allí, mientras se debían dispo-
ner esos animales por orden y se debía poner fin a la discordia surgida en torno a
los primeros puestos, ¿en cuánto peligro estuvo el asno de perder la preeminencia,
que consistía en estar sentado en la popa del arca, por ser un animal más bien de
coces que de embestidas?, ¿qué animales representan la nobleza del género huma-
no en el horrible día del juicio, sino los corderos y los cabritos? Pues bien, ellos son
los viriles, intrépidos y animosos, de los cuales los unos no serán separados de los
otros, como oves a b haedis {ovejas d e cabritos; cf. Mt, 25, 32], sino que (como más
 Diálogo I I 47

c i e n c i a y p i e n s a q u e n u n c a t e l a s tendrás q u e v e r c o n u n o s o l o n i c o n
d o s o c o n c i n c u e n t a , s i n o c o n t o d a l a república y l a p a t r i a p l e b e y a , p o r
l a c u a l t o d o e l m u n d o está o b l i g a d o , c o n razón o s i n e l l a , a e n t r e g a r
h a s t a l a v i d a . P o r e s o , h e r m a n o , c u a n d o t e s i e n t a s t o c a r así, e c h a m a n o
a t u sombrero, saluda a t u antagonista y haz cuenta que ha hecho lo
q u e s u e l e h a c e r s e e n t r e compañeros y a m i g o s ; y s i t e p a r e c e q u e t e
h a d a d o d e m a s i a d o f u e r t e , pídele perdón p a r a q u e n o v u e l v a a d a r t e
p e o r , provocándote y s i m u l a n d o q u e tú l e h a s g o l p e a d o o h a s q u e -
r i d o h a c e r l o . Ése es e l m o m e n t o y l a ocasión e n q u e podrás c o n o c e r l o s
m e j o r q u e n u n c a . D i c e el N o l a n o q u e e n los diez meses q u e lleva d e
e s t a n c i a e n I n g l a t e r r a n o h a a p r o v e c h a d o l o q u e esa n o c h e e n h a c e r
p e n i t e n c i a y g a n a r p e r d o n e s . C o n sólo e s a n o c h e l e b a s t a b a p a r a p r i n -
c i p i o , m e d i o y fin d e t o d a l a C u a r e s m a . «Esta n o c h e — d i j o — q u i e r o
q u e v a l g a p o r l a p e n i t e n c i a q u e habría p o d i d o h a c e r a y u n a n d o d u r a n t e
c u a r e n t a días y h a s t a d u r a n t e c u a r e n t a n o c h e s también. E s t a n o c h e h e
estado e n el desierto, d o n d e he g a n a d o ( n o p o r u n a o p o r tres, s i n o p o r
c u a r e n t a t e n t a c i o n e s ) c u a r e n t a m i l años d e i n d u l g e n c i a plenaria...»
PRUDENCIO — P e r modum sufrague
TEÓFILO — « . . . d e f o r m a q u e c r e o d e b u e n a f e h a b e r g a n a d o l o
s u f i c i e n t e n o sólo p o r l o s p e c a d o s q u e h e c o m e t i d o s i n o h a s t a p o r
m u c h o s o t r o s q u e p u d i e r a c o m e t e r e n e l futuro.»

venerables, feroces y embestidores) serán distinguidos como los padres de los cor-
deros lo son de los padres de los cabritos. Sin embargo, los primeros gozan en la
corte celestial de un favor que no poseen los segundos. Y si no lo creéis, alzad un
poco los ojos y mirad quién ha sido puesto como cabeza de la vanguardia de los
signos celestes. ¿Quién es el que con su omnipotente sacudida nos abre el año?
— P R U D E N C I O : A r i e s p r i m o ; p o s t i p s u m , T a u r u s [ E n primer lugar el Carnero, des-
pués el T o r o ] . — T E Ó F I L O : Junto a este gran capitán y príncipe de los rebaños,
¿quién ha sido digno de estar a su lado y sucederle sino el gran duque de las mana-
das, al que se añaden como dos pajes o dos Ganímedes esos hermosos garzones
gemelos? Considerad, por tanto, cuál y cuánta es esa raza de personas que tienen
la primacía en un lugar distinto a un arca podrida. — F R U L L A : Cierto, yo no sabría
encontrar diferencia alguna entre ellos y esa clase de animales, excepto que los
unos embisten con la cabeza y ellos golpean también con el hombro. Pero dejad a
un lado estas digresiones y volved a nuestro tema. Decidnos lo que ocurrió en lo
que les quedaba de viaje, antes de que acabe la jornada de hoy. — T E Ó F I L O : Des-
pués de que el Nolano hubo recibido más o menos unas veinte espontonadas de
ésas, especialmente en la pirámide cercana al palacio, en medio de tres calles, nos
salieron al encuentro seis caballeros, uno de los cuales le dio una tan gentil y tan
gorda que ella sola valía por diez y le hizo dar otra contra el muro que sin duda
alguna podía valer por otras diez. E l Nolano dijo: T a n c h i , m e s t e r [«Gracias, maes-
tro»]. Creo que le dio las gracias porque le golpeó con el hombro y no con la punta
del centro del escudo o con la cimera del casco».
6 9
« D e sobras.»
48 L a c e n a d e las c e n i z a s

PRUDENCIO —Supererogatorie. " 7

FRULLA — Q u i s i e r a s a b e r s i contó e s a s h u m i l l a c i o n e s y g o l p e s

s a l v a j e s q u e d i c e s q u e f u e r o n c u a r e n t a . M e hacéis a c o r d a r m e d e l
m a e s t r o M a n f u r i o , a l q u e u n o s b r i b o n e s l e h i c i e r o n c o n t a r n o sé
cuántas.
TEÓFILO — S i h u b i e r a s a b i d o él q u e s e debía l l e v a r t a n t o s , quizás
h u b i e r a t e n i d o c u r i o s i d a d p o r c o n t a r l o s , p e r o s i e m p r e creía q u e c a d a
u n o debía s e r e l último. S i n e m b a r g o , t a n sólo e r a e l último c o n r e s p e c t o
a l o s q u e y a habían p a s a d o c o n a n t e r i o r i d a d . C u a n d o d i c e q u e l o s g o l p e s
f u e r o n c u a r e n t a h a c e quizá l o q u e u n d e v o t o p e c a d o r , q u e d e b i e n d o
r e s p o n d e r a l c o n f e s o r d e l quoties, e s d e c i r , d e l número d e v e c e s , y n o
acordándose c o n precisión d e l a c a n t i d a d e x a c t a , t i r a h a c i a a r r i b a e n
l u g a r d e hacia abajo p o r t e m o r d e q u e si confiesa m e n o s e n vez de
más, s e q u e d e f u e r a algún p e c a d o q u e debería p o r e l c o n t r a r i o e s t a r
d e n t r o d e l a m a n o d e l s a c e r d o t e q u e l o s a b s u e l v e . Además, c u a n d o
se r e c i b e n e s o s e m p u j o n e s y h e r i d a s n o s e s i e n t e e l m i s m o p l a c e r q u e
al c o n t a r l o s , p o r q u e e n e l c u e r p o n o se s i e n t e n s i n d o l o r o c o n g o j a y
de l a boca salen con l a m i s m a facilidad dos q u e doce, que cuarenta,
q u e c i e n m i l . S e a n , s i n e m b a r g o , los q u e se q u i e r a ; y o n o h e p o d i d o
c o n t a r l o s s u y o s , p e r o sí l o s míos. Él s e q u e d a b a detrás, c o m o s u e l e n
h a c e r l o s q u e e n u n m a l p a s o d e j a n l a d e l a n t e r a a l compañero, p e r o se
engañaba p o r q u e l a p a l i z a n o n o s l a d a b a n m e n o s p o r detrás l o s q u e
estaban a nuestras espaldas q u e p o r d e l a n t e los q u e estaban e n f r e n t e .
S i n e m b a r g o él, c o m o m a l m e n o r , s e p o r t a b a c o m o u n p r i o r q u e s i g u e
a s u c o n v e n t o o b i e n hacía l o q u e se h a c e c u a n d o se v a a l c o m b a t e ( q u e
e r a d o n d e s e i m a g i n a b a q u e debía d e e s t a r e n a q u e l m o m e n t o , v i e n d o
e n c i m a t a n t o s c h o q u e s d e l a n z a s p a r t i d a s ) : fabricándose u n p a r a p e t o
c o n n o s o t r o s , s e q u e d a b a detrás, c o m o e l b u e n capitán q u e p a r a l a
salvación d e s u ejército, q u e c o n s u m u e r t e desaparecería, s e m a n -
tiene e n la retaguardia, sano y salvo, seguro y alejado, desde d o n d e en
c a s o d e n e c e s i d a d p u e d a c o r r e r a d a r órdenes p a r a q u e o t r a s g e n t e s
a c u d a n e n a u x i l i o o b i e n s e r él m i s m o e l e m b a j a d o r d e l a d e s g r a c i a .
C o m o él c a m i n a b a , p u e s , c o n e s t e p l a n n o podía s e r v i s t o p o r n o s o t r o s ,
q u e , o c u p a d o s c o n n u e s t r o s p r o p i o s p r o b l e m a s , n o estábamos e n c o n -
d i c i o n e s d e v o l v e r l a v i s t a atrás y h a c e r a q u e l l o s g e s t o s q u e p r e c i s a -
m e n t e p o r m e n o s d i s i m u l a d o s e r a n t a n t o más p e l i g r o s o s .
PRUDENCIO — O p t i m e consultum. ' 7

7 0
«Está bien pagado.»
7 1
«Muy bien pensado.»
 Diálogo I I
49
TEÓFILO — P e r o e s p e c i a l m e n t e c u a n d o estábamos e n l a pirámide
cercana al p a l a c i o , e n el c r u c e d e tres calles...
PRUDENCIO — I n trivio. 11

TEÓFILO —... n o s s a l i e r o n e n t o n c e s a l e n c u e n t r o s e i s c a b a l l e r o s q u e
[levaban delante u n m u c h a c h o con u n farol. U n o d eellos m e d i o tal
sacudida q u e m e h i z o v o l v e r m e y v e r c o m o o t r o le a t i z a b a u n a d o b l e
a l N o l a n o , t a n g e n t i l y t a n g o r d a q u e e l l a s o l a podía v a l e r p o r d i e z y
l e h i z o d a r o t r a a l a p a r e d q u e podía también v a l e r p o r o t r a s t a n t a s .
PRUDENCIO — I n silentio, et spe, erit fortitudo vestra. Si quis dederit
tibi alapam; trihue Mi et alteram. ' 7

TEÓFILO —Ésta f u e l a última b o r r a s c a p o r q u e p o c o después, g r a c i a s

a san F o r t u n i o , tras h a b e r r e c o r r i d o senderos t a n penosos, c a m i n a d o
t a n i n s e g u r o s v e r i c u e t o s , c r u z a d o t a n rápidos ríos, d e j a d o atrás t a n
arenosos lugares, superado t a n cenagosos fangos, atravesado t a n t u r b i o s
pantanos, h o l l a d o t a n pedregosas t o r r e n t e r a s , s u p e r a d o t a n salvajes
encuentros, andado t a n resbaladizos caminos, topado con t a n escabrosos
peñascos, c h o c a d o c o n t r a t a n p e l i g r o s o s e s c o l l o s , c o n e l f a v o r d e l c i e l o
l l e g a m o s a l final v i v o s a p u e r t o , idest, a l a p u e r t a , l a c u a l s e abrió a n t e
n o s o t r o s n a d a más t o c a r l a . E n t r a m o s , e n c o n t r a m o s a b a j o m u c h o s y
diversos personajes, m u c h o s y diversos criados, q u e sin i n t e r r u m p i r
l o q u e hacían, s i n b a j a r l a c a b e z a y s i n s i g n o a l g u n o d e r e v e r e n c i a ,
mostrándonos s u d e s p r e c i o c o n s u s g e s t o s , n o s h i c i e r o n e l f a v o r d e m o s -
trarnos la puerta. Pasamos al interior, s u b i m o s y nos e n c o n t r a m o s c o n
q u e después d e h a b e r n o s e s p e r a d o d u r a n t e m u c h o r a t o , s e habían
sentado — p e r d i d a y a toda e s p e r a n z a — a l a mesa. T r a s hacer l o s
saludos u n a y o t r a vez...
PRUDENCIO — S a l u t a c i o n e s .
TEÓFILO — . . . y a l g u n a s o t r a s pequeñas c e r e m o n i a s , e n t r e l a s c u a l e s
h u b o e s t e g r a c i o s o i n c i d e n t e : y e s q u e c u a n d o s e ofreció a u n o d e
l o s n u e s t r o s e l último l u g a r , e n l a c o l a d e l a m e s a , él s e pensó q u e
se t r a t a b a d e l a c a b e c e r a y p o r m o d e s t i a quería i r a s e n t a r s e a l a
p r e s i d e n c i a . H u b o e n t o n c e s u n a pequeña discusión e n t r e l o s q u e p o r
cortesía querían q u e se s e n t a r a e l último y él, q u e p o r m o d e s t i a quería
s e n t a r s e a l a c a b e c e r a . E n conclusión: e l señor F l o r i o s e sentó f r e n t e
a
u n c a b a l l e r o q u e e s t a b a s e n t a d o a l a c a b e c e r a d e l a m e s a ; e l señor
F u l k e a l a d e r e c h a d e l señor F l o r i o y y o y e l N o l a n o a l a i z q u i e r d a d e l

7 2
«En la encrucijada.»
7 3
« E n la quietud y la esperanza estará vuestra fuerza. Si alguien te da una
>°fetada, dale tú otra.»
5° L a c e n a d e las c e n i z a s

señor F l o r i o . E l d o c t o r T o r c u a t o e s t a b a a l a i z q u i e r d a d e l N o l a n o y ]
e

d o c t o r N u n d i n i o j u s t o e n f r e n t e d e él. 74

S M I T H — B i e n , dejémosles c e n a r , dejémosles d e s c a n s a r a l a m e s a
h a s t a mañana.
FRULLA — E s t o y s e g u r o d e q u e n o tomarán t a n t o s b o c a d o s c o m o
peripecias h a n pasado.
S M I T H — L a s p a l a b r a s colmarán l a d i f e r e n c i a . H a s t a l a v i s t a .
FRULLA —Adiós.
PRUDENCIO —Válete. 1,5

7 4
L a versión definitiva suprime un largo pasaje de la edición divulgada que
dice así: «Allí, gracias a Dios, no vi la ceremonia de ese jarro o copa que suele pasar
por la mesa de mano en mano, de arriba abajo, de izquierda a derecha y en otras
direcciones, sin otro orden que la amistad y cortesía de montañeses. Después de
que quien dirige el baile se ha sacado de la boca el jarro, tras dejar en él esa empa-
ñadura de grasa que muy bien puede servir de cola, pasa a beber inmediatamente
otro y os deja una miga de pan; bebe otro y os pega al borde un hilillo de carne;
bebe aquél y os mete dentro un pelo de la barba. Así, en un hermoso desorden,
gustando todos de la bebida, no hay nadie tan mal educado que no os deje dentro
alguna prenda de las reliquias que lleva en el bigote. Entonces, si alguno (ya sea
porque no tiene estómago o porque se las dé de grande) no quiere beber, le basta
tan sólo con acercárselo a la boca lo suficiente como para imprimir también un
poco la huella de sus labios. T o d o eso se hace con el fin de que, de la misma mane-
ra que todos se congregan para hacerse un lobo carnicero comiendo de un mismo
cuerpo de cordero, de carnero o de un G r u n n i o Corocotta, aplicando todos la boca
a un mismo recipiente, se hagan todos una misma sanguijuela como expresión de
una urbanidad, de una hermandad, de una enfermedad, de un corazón, de un
estómago, de una garganta y de una boca. Y todo eso se escenifica con ciertas gen-
tilezas y bagatelas que verlo es la más hermosa comedia del mundo, pero la más
cruda y desagradable tragedia es el que se encuentre allí en medio un caballero
que se crea obligado a hacer como los demás por el temor a ser considerado grose-
ro y descortés, pues en eso reside el máximo de la educación y cortesía. Mas, como
tal uso sólo ha permanecido en las mesas de más baja extracción social y en las
otras ya no se encuentra excepto de una manera algo más venial, dejémosles, por
tanto, cenar, sin entrar en más consideraciones; y mañana hablaremos de lo que
ocurrió después de la cena».
7 5
«Adiós.»
COPIA CON FINES EDUCATIVOS
C. D . A .

DIÁLOGO TERCERO

TEÓFILO — E n t o n c e s e l d o c t o r N u n d i n i o ( u n a v e z p u e s t a a p u n t o s u
p e r s o n a , t r a s e n c o g e r s e u n p o c o d e h o m b r o s , c o l o c a d a s las d o s m a n o s
s o b r e l a m e s a , h a b i e n d o o b s e r v a d o u n p o c o circum circa, 7b
ajustada
algo la l e n g u a e n l aboca, elevada l am i r a d a al cielo, d e j a n d o caer d e
l a b o c a u n a d e l i c a d a s o n r i s a y t r a s h a b e r e s c u p i d o u n a v e z ) comenzó
de la s i g u i e n t e m a n e r a :
P R U D E N C I O — I n haec verba, in hosceprorupit sensus. 77

P R I M E R A PROPOSICIÓN D E N U N D I N I O

TEÓFILO —«Intelligis d o m i n e q u a e diximus?» ' Y l e preguntó si c o m -

7

prendía l a l e n g u a i n g l e s a . E l N o l a n o respondió q u e n o y d i j o l a v e r d a d .
FRULLA — M e j o r p a r a él p o r q u e habría oído más c o s a s d e s a g r a d a -
bles e i m p r o p i a s q u e c o n t r a r i a s a ellas. V i e n e m u y b i e n ser s o r d o p o r
n e c e s i d a d c u a n d o n o s e sería s o r d o p o r g u s t o . P e r o y o estaría más
b i e n t e n t a d o d e c r e e r q u e él l a c o m p r e n d e y q u e s i m u l a n o e n t e n d e r l a
p a r a n o p r i v a r s e d e t o d a s las o c a s i o n e s q u e se le p r e s e n t a n p o r l a g r a n
c a n t i d a d d e ásperos e n c u e n t r o s y p a r a p o d e r filosofar m e j o r a c e r c a d e
las c o s t u m b r e s d e l o s q u e se le p o n e n d e l a n t e .
PRUDENCIO — S u r d o r u m , alii natura, alii physico accidente, alii ra-
tionali volúntate. 79

«a su alrededor».
7 6

«Prorrumpió en estas palabras, en estas frases.»

7 7

«¿Entendéis, señor, lo que hemos dicho?»

7 8

«Unos son sordos por naturaleza, otros por accidente, otros por elección
7 9

racional.»

51
 L a c e n a d e las c e n i z a s
51
TEÓFILO — N o penséis e s t o d e él, p o r q u e a u n q u e c a s i h a c e u n año
q u e se e n c u e n t r a e n e s t e país, n o e n t i e n d e más q u e d o s o t r e s p a l a b r a s d e
l o más común, l a s c u a l e s s a b e q u e s o n s a l u d o s , m a s n o l o q u e s i g n i f i c a n
c o n c r e t a m e n t e . Y si q u i s i e r a p r o n u n c i a r u n a d e e l l a s n o sabría.
SMITH — ¿ Q u é s i g n i f i c a e l q u e t e n g a t a n p o c a intención d e a p r e n d e r
nuestra lengua?
TEÓFILO — N o h a y n a d a q u e l e o b l i g u e o l e i n c l i n e a e l l o , p o r q u e
aquellas personas h o n o r a b l e s y los caballeros c o n q u e suele conversar,
t o d o s s a b e n h a b l a r o latín, o francés o español o i t a l i a n o , p u e s s a b i e n d o
q u e l a l e n g u a i n g l e s a t a n sólo s e u s a e n e s t a i s l a , s e considerarían
s a l v a j e s s i únicamente c o n o c i e r a n s u l e n g u a m a t e r n a .
S M I T H — E s t o t a l m e n t e c i e r t o q u e n o s a b e r h a b l a r más q u e u n a
s o l a l e n g u a e s a l g o i n d i g n o n o t a n sólo e n u n inglés b i e n n a c i d o , s i n o
en cualquier persona con independencia de su origen. S i n embargo, en
I n g l a t e r r a ( y e s t o y s e g u r o q u e también e n I t a l i a y F r a n c i a ) h a y m u c h a
g e n t e e n e s a situación, c o n l o s c u a l e s q u i e n n o d o m i n a l a l e n g u a d e l
país e s i n c a p a z d e c o n v e r s a r s i n esa a n g u s t i a q u e s i e n t e e l q u e n e c e s i t a
s e r v i r s e d e u n intérprete.
TEÓFILO — E s c i e r t o q u e todavía h a y m u c h o s q u e t a n sólo s o n c a -
b a l l e r o s p o r l i n a j e , p e r o p a r a m a y o r c o m o d i d a d s u y a y n u e s t r a es m e -
j o r q u e n o se les e n t i e n d a y a u n q u e n i se les v e a .

DE L A S E G U N D A PROPOSICIÓN D E N U N D I N I O

S M I T H — ¿ Q u é añadió e l d o c t o r N u n d i n i o ?
TEÓFILO —«Entonces — d i j o e n latín— v o y a t r a d u c i r o s l o q u e
decíamos: H e m o s d e c r e e r q u e Copérnico n o o p i n a b a q u e l a T i e r r a
se movía, p u e s e s t o e s a l g o i n a p r o p i a d o e i m p o s i b l e , s i n o q u e l e
atribuyó e l m o v i m i e n t o a e l l a e n v e z d e a l a o c t a v a e s f e r a p o r razón
d e l a c o m o d i d a d e n l o s cálculos.» E l N o l a n o d i j o q u e s i Copérnico
sostenía e l m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a p o r e s t a única razón y n o también
p o r a q u e l l a o t r a , e n t o n c e s entendía más b i e n p o c o d e l p r o b l e m a y n o
l o s u f i c i e n t e . L o c i e r t o s i n e m b a r g o e s q u e Copérnico l o entendió t a l
c o m o l o d i j o y q u e intentó p r o b a r l o e n l a m e d i d a d e s u s f u e r z a s .
SMITH —¿Qué significa entonces q u e ellos h a y a n a t r i b u i d o c o n
t a n t a l i g e r e z a e s a opinión a l p r o p i o Copérnico, s i n o l a p u e d e n e x t r a e r
d e n i n g u n a proposición s u y a ?
TEÓFILO — T e n e n c u e n t a q u e e s t a m a n e r a d e h a b l a r procedía
d e l d o c t o r T o r c u a t o , q u e d e t o d o Copérnico ( a u n q u e p u e d o c r e e r
 Diálogo 111 53

q u e h a y a o j e a d o t o d a l a o b r a ) t a n sólo había r e t e n i d o e l n o m b r e d e l
a u t o r d e l l i b r o , d e l i m p r e s o r , e l l u g a r d o n d e f u e i m p r e s o , e l año,
e l número d e c u a d e r n o s y d e páginas, y c o m o n o i g n o r a e l latín había
e n t e n d i d o u n a c i e r t a epístola p r e l i m i n a r añadida p o r n o sé q u e a s n o
ignorante y presuntuoso, e l cual (pretendiendo favorecer a l autor
p o r m e d i o d e e x c u s a s o b i e n c o n e l propósito d e q u e l o s o t r o s a s n o s
e n c o n t r a r a n también e n e s t e l i b r o s u s l e c h u g a s y pequeños f r u t o s
y n o se v i e r a n o b l i g a d o s a m a r c h a r s e c o m p l e t a m e n t e e n a y u n a s )
les a d v i e r t e d e l a s i g u i e n t e m a n e r a a n t e s d e q u e c o m i e n c e n a l e e r
e l l i b r o y a n a l i z a r s u s o p i n i o n e s : «No p o n g o e n d u d a q u e a l g u n o s
eruditos» ( d i j o m u y b i e n a l g u n o s , d e l o s c u a l e s él p u e d e s e r u n o )
«una v e z d i v u l g a d a l a n o v e d a d d e l a s hipótesis d e e s t a o b r a , d e q u e
l a T i e r r a s e m u e v e y q u e e l S o l está inmóvil e n e l c e n t r o d e l u n i v e r s o ,
se sentirán p r o f u n d a m e n t e o f e n d i d o s , p e n s a n d o q u e s e t r a t a d e u n
p r i n c i p i o p a r a l l e v a r l a confusión a l a s a r t e s l i b e r a l e s , t a n firmemente
y desde h a c e y a t a n t o t i e m p o establecidas. S i n e m b a r g o , si se d i g n a n
e x a m i n a r l a cuestión c o r r e c t a m e n t e , descubrirán q u e e l a u t o r d e e s t a
o b r a n o h a c o m e t i d o n a d a d i g n o d e r e p r o c h e . E n efecto, es p r o p i o
d e l astrónomo e x a m i n a r l a h i s t o r i a d e l o s m o v i m i e n t o s c e l e s t e s ,
a través d e u n a d i l i g e n t e y c o n c i e n z u d a observación; y , l u e g o , i d e a r o
i m a g i n a r cualesquiera causas d e ellos — y a q u e d e n i n g u n a m a n e r a
podrá a l c a n z a r l a s v e r d a d e r a s — s o b r e l a b a s e d e l a s c u a l e s podrán
calcularse c o r r e c t a m e n t e dichos m o v i m i e n t o s d e acuerdo con los
p r i n c i p i o s d e l a geometría t a n t o e n e l f u t u r o c o m o e n e l p a s a d o ,
p u e s n o e s n e c e s a r i o q u e e s a s hipótesis s e a n v e r d a d e r a s , n i s i q u i e r a
verosímiles. E s t e v a l o r c a b e d a r a l a s hipótesis d e e s t e h o m b r e a m e n o s
q u e s e a m o s t a n i g n o r a n t e s d e l a óptica y d e l a geometría q u e c r e a m o s q u e
l a d i s t a n c i a d e c u a r e n t a g r a d o s y más a l c a n z a d a p o r V e n u s c u a n d o
se a l e j a d e l S o l , t a n t o p o r u n o c o m o p o r o t r o l a d o , esté c a u s a d a p o r
s u m o v i m i e n t o e n e l e p i c i c l o . S i e s o f u e r a c i e r t o , ¿quién e s t a n c i e g o
p a r a n o v e r l o q u e c o n t r a t o d a e x p e r i e n c i a s e seguiría: q u e e l diámetro
d e l a e s t r e l l a parecería c u a t r o v e c e s m a y o r y s u m i s m o c u e r p o más d e
dieciséis v e c e s m a y o r c u a n d o está cercanísima, e n e l p u n t o o p u e s t o
a l a p o g e o , q u e e n e l p u n t o d e s u máxima d i s t a n c i a , l l a m a d o a p o g e o ?
H a y también o t r o s s u p u e s t o s n o m e n o s a b s u r d o s q u e éste, a l o s c u a l e s
n o es n e c e s a r i o h a c e r referencia». Y a l final c o n c l u y e : «Permitámonos,
p u e s , a p r o v e c h a r e l t e s o r o d e e s t a s s u p o s i c i o n e s , a u n q u e sólo sea p o r l a
a d m i r a b l e y a r t i f i c i o s a f a c i l i d a d q u e c o n c e d e n a l cálculo, p u e s t o q u e s i
a l g u i e n t o m a p o r v e r d a d e r a s e s t a s ficciones, saldrá d e e s t a d i s c i p l i n a
más i g n o r a n t e d e l o q u e entró».
 L a c e n a d e las c e n i z a s
54
P u e s b i e n , ¡ved qué magnífico p o r t e r o ! M i r a d qué b i e n o s a b r e
l a p u e r t a p a r a h a c e r o s e n t r a r y p a r t i c i p a r d e e s e honorabilísimo
c o n o c i m i e n t o , s i ne l cual e l saber calcular, m e d i r , g e o m e t r i z a r y
p e r s p e c t i v i z a r n o es s i n o u n p a s a t i e m p o p a r a locos i n g e n i o s o s .
M i r a d c o n qué fidelidad s i r v e a l dueño d e l a c a s a . Copérnico n o se
h a c o n t e n t a d o únicamente c o n d e c i r q u e l a T i e r r a s e m u e v e , s i n o q u e
además l o d e c l a r a s o l e m n e m e n t e y l o c o n f i r m a e n s u c a r t a a l p a p a ,
c u a n d o d i c e q u e l a s o p i n i o n e s d e l o s filósofos están m u y l e j o s d e l a s
o p i n i o n e s d e l v u l g o , las cuales n o m e r e c e n ser s e g u i d a s y s o b r e t o d o
m e r e c e n ser r e c h a z a d a s p o r c o n t r a r i a s a la v e r d a d y a l o j u s t o . Y o f r e c e
o t r o s m u c h o s s i g n o s e x p r e s o s d e s u opinión, a u n q u e a l final p a r e z c a
q u e e n c i e r t o m o d o p r e t e n d e ( c o i n c i d i e n d o t a n t o c o n los q u e e n t i e n d e n
e s t a filosofía c o m o c o n l o s p u r o s matemáticos) q u e s i esa hipótesis n o
a g r a d a r a p o r s u s i n c o n v e n i e n t e s a p a r e n t e s e s lícito q u e también a él
se l e c o n c e d a l a l i b e r t a d d e a f i r m a r e l m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a c o n e l
fin d e o b t e n e r d e m o s t r a c i o n e s más sólidas q u e l a s e f e c t u a d a s p o r l o s
antiguos, que por s u parte h a n tenido plena libertad para imaginarse
t a n t a s c l a s e s y m o d e l o s d e círculos a l a h o r a d e d e m o s t r a r l a s a p a r i e n c i a s
d e l o s a s t r o s . D e e s t a s p a l a b r a s n o s e p u e d e i n f e r i r q u e él d u d e d e
lo q u e h a a f i r m a d o tan constantemente y d e m a n e r a suficiente
probará e n e l p r i m e r l i b r o a l r e s p o n d e r a a l g u n o s a r g u m e n t o s d e
l o s q u e p i e n s a n l o c o n t r a r i o . Y e n e s t a r e s p u e s t a n o h a c e únicamente
o f i c i o d e matemático q u e p r e s u p o n e a l g o , s i n o también d e físico q u e
d e m u e s t r a el m o v i m i e n t o de la T i e r r a .
P e r o s i n d u d a p o c o se l e d a a l N o l a n o q u e Copérnico, e l pitagórico
H i c e t a s d e S i r a c u s a , F i l o l a o , Heráclides d e P o n t o , E c f a n t o e l pitagóri-
c o , Platón e n e l Timeo ( a u n q u e d e f o r m a tímida y v a c i l a n t e p o r q u e
l o sostenía más p o r f e q u e p o r c i e n c i a ) , y e l d i v i n o C u s a n o e n e l s e -
g u n d o l i b r o d e s u Docta ignorantia, y o t r o s i n d i v i d u o s e n c u a l q u i e r
c a s o e x c e p c i o n a l e s , l o h a y a n enseñado y r a t i f i c a d o c o n a n t e r i o r i d a d ,
p u e s él l o a f i r m a p o r o t r o s p r i n c i p i o s , p r o p i o s y más firmes, g r a c i a s a
l o s c u a l e s y n o p o r a u t o r i d a d , s i n o p o r s e n t i d o v i v o y razón, l o t i e n e
t a n s e g u r o c o m o c u a l q u i e r o t r a cosa q u e p u e d a t e n e r p o r cierta.
SMITH — E s t á b i e n , p e r o , p o r f a v o r , d e c i d m e qué a r g u m e n t o
a p o r t a ese p o r t e r o d e Copérnico p a r a q u e l e p a r e z c a más q u e verosímil
(si n o y a l a v e r d a d m i s m a ) q u e l a e s t r e l l a d e V e n u s d e b a t e n e r t a n t a
diferencia de m a g n i t u d c o m o de distancia.
TEÓFILO — E s e l o c o , q u e t e m e y l e p r e o c u p a q u e a l g u n o s e n l o -
q u e z c a n c o n l a d o c t r i n a d e Copérnico, n o sé s i e n c a s o d e n e c e s i d a d
h u b i e r a p o d i d o a d u c i r más i n c o n v e n i e n t e s q u e aquél, s u f i c i e n t e e n s u
 Diálogo I I I 55

opinión ( a j u z g a r p o r l a s o l e m n i d a d c o n q u e l o r e f i e r e ) p a r a d e m o s -
t r a r q u e p e n s a r e s o e s p r o p i o d e q u i e n i g n o r a t o t a l m e n t e l a óptica y l a
geometría. M e gustaría s a b e r d e qué óptica y geometría está h a b l a n d o
ese b e s t i a q u e m u e s t r a h a s t a qué p u n t o i g n o r a l a v e r d a d e r a óptica y
geometría él y a q u e l l o s d e q u i e n e s h a a p r e n d i d o . M e gustaría s a b e r
cómo a p a r t i r d e l a m a g n i t u d d e l o s c u e r p o s l u m i n o s o s s e p u e d e i n -
f e r i r l a razón d e s u cercanía y lejanía y p o r e l c o n t r a r i o d e qué m a n e r a
se p u e d e , a p a r t i r d e l a d i s t a n c i a y cercanía d e c u e r p o s s e m e j a n t e s ,
i n f e r i r a l g u n a variación p r o p o r c i o n a l a s u m a g n i t u d . M e gustaría
s a b e r e n v i r t u d d e qué p r i n c i p i o d e p e r s p e c t i v a o d e óptica p o d e m o s
e s t a b l e c e r c o n precisión l a d i s t a n c i a c o r r e c t a o l a m a y o r o m e n o r d i -
f e r e n c i a a p a r t i r d e c u a l q u i e r variación d e diámetro. Q u i s i e r a s a b e r
si n o s e q u i v o c a m o s n o s o t r o s a l a f i r m a r q u e d e l a m a g n i t u d a p a r e n t e
del cuerpo l u m i n o s o n o p o d e m o s inferir su verdadera m a g n i t u d n i su
d i s t a n c i a , p u e s así c o m o n o e s l a m i s m a l a razón e n u n c u e r p o o p a c o
y e n u n o l u m i n o s o , t a m p o c o l o es e n u n c u e r p o m e n o s l u m i n o s o y
e n o t r o más l u m i n o s o o luminosísimo, d e t a l m a n e r a q u e p o d a m o s
d e t e r m i n a r la m a g n i t u d o bien su distancia. L a cabeza de u n h o m b r e
n o s e v e a d o s m i l l a s d e d i s t a n c i a y s i n e m b a r g o u n f a r o l m u c h o más
pequeño o c u a l q u i e r c o s a s e m e j a n t e d e f u e g o l a v e r e m o s s i n m u c h a
diferencia (yprobablemente con n i n g u n a diferencia) a una distancia
d e s e s e n t a m i l l a s . Así, p o r e j e m p l o , d e s d e O t r a n t o ( e n A p u l i a ) s e v e n
c o n f r e c u e n c i a las luces d e V a l o n a a pesar d e q u e e n t r e a m b o s l u g a r e s
se i n t e r p o n e u n g r a n t r e c h o d e l m a r Jónico. T o d o e l q u e t e n g a b u e n
s e n t i d o y razón s a b e q u e s i e s a s l u c e s t u v i e r a n e l d o b l e d e i n t e n s i d a d ,
al i g u a l q u e a h o r a se las v e a u n a d i s t a n c i a d e s e t e n t a m i l l a s s i n v a r i a r
d e m a g n i t u d , s e l a s vería e n t o n c e s a u n a d i s t a n c i a d e c i e n t o c u a r e n t a
m i l l a s . S i s u i n t e n s i d a d f u e r a t r i p l e , serían v i s t a s a u n a d i s t a n c i a d e
d o s c i e n t a s d i e z m i l l a s ; s i f u e r a cuádruple, a d o s c i e n t a s o c h e n t a , c a l -
c u l a n d o s i e m p r e d e l a m i s m a m a n e r a e n las sucesivas adiciones d e
p r o p o r c i o n e s y g r a d o s . L a c a u s a e s q u e l a conservación d e u n m i s m o
diámetro y u n m i s m o v o l u m e n d e c u e r p o s u e l e d e b e r s e más a l a c u a l i -
dad e i n t e n s a f u e r z a de la l u z q u e a la c a n t i d a d del c u e r p o i n f l a m a d o .
¿Pretendéis, p u e s , s a b i o s ópticos y s a g a c e s e x p e r t o s e n p e r s p e c t i v a ,
que si y o veo que u n a l u z distante cien estadios tiene c u a t r o dedos
d e diámetro, será lógico q u e e s a m i s m a l u z d e b a t e n e r o c h o d e d o s d e
diámetro a c i n c u e n t a e s t a d i o s d e d i s t a n c i a , dieciséis a u n a d i s t a n c i a
d e v e i n t i c i n c o , t r e i n t a y d o s a l o s d o c e e s t a d i o s y m e d i o y así s u c e s i v a -
m e n t e , h a s t a q u e a l e n c o n t r a r s e cercanísima v e n g a a t e n e r e s a m a g n i -
t u d q u e o s pensáis?
56 L a c e n a d e las c e n i z a s

S M I T H — D e f o r m a q u e según l o decís n o podrá s e r r e f u t a d a c o n

r a z o n e s geométricas, a u n q u e s e a f a l s a , l a opinión d e Heráclito d e
Éfeso, q u e d i j o q u e e l S o l e s r e a l m e n t e d e l a m a g n i t u d c o n q u e se
o f r e c e a n u e s t r o s o j o s . Suscribió también esa opinión E p i c u r o , según
c o n s t a e n s u epístola a Sófocles, y e n e l undécimo l i b r o d e s u o b r a De
natura (según c u e n t a Diógenes L a e r c i o ) d i c e q u e , e n l a m e d i d a e n q u e
p u e d e j u z g a r , «la m a g n i t u d d e l S o l , d e l a L u n a y d e l a s o t r a s e s t r e l l a s
es e x a c t a m e n t e l a q u e n o s a p a r e c e a n u e s t r o s sentidos», «ya q u e ( d i c e )
s i c o n l a d i s t a n c i a p e r d i e r a n l a m a g n i t u d c o n más razón perderían e l
color» y d i c e q u e «no d e b e m o s j u z g a r a e s a s l u c e s d e m a n e r a d i f e -
r e n t e d e c o m o j u z g a m o s a l a s q u e s e h a l l a n c e r c a d e nosotros».
PRUDENCIO — I l l u d quoque Epicureus Lucretius testatur quinto D e
n a t u r a libro} 0

Nec nimio solis maior rota, nec minor ardor

esse potest, nostris quam sensibus esse videtur.
Nam quibus e spaciis cumque ignes lumina possunt
adiicere, et calidum membris adflare vaporem,
illa ipsa intervalla nihil de corpore limant
flammarum, nihilo ad speciem est contractior ignis.
Luna quoque sive notho fertur, sive lumine lustrans,
sive suam proprio iactat de corpore lucem,
quicquid id est, nihilo fertur maiore figura.
Postremo quoscunque vides hinc aetheris ignes,
dum tremor est clarus, dum cernitur ardor eorum,
scire licet perquam pauxillo posse minores
sse, vel exigua maiores parte brevisque,.
quando quidem quoscunque in terris cernimus ignes
perparvum quiddam interdum mutare videntur,
alterutram inpartemfilum, cum longius absint. &1

8 0
« L o testimonia también el epicúreo Lucrecio en el quinto libro de L a n a t u -
raleza.»
8
' Lucrecio,op. c i t . , v, 564-569; 575-577; 585,587,594-595,586,588-589: « L a rue-
da del Sol y el calor que de él emana no puede ser mucho mayor ni menor de
como aparece a nuestros sentidos; pues por grande que sea la distancia desde la
que un foco manda su luz y nos insufla el calor de sus miembros, el intervalo que
nos lo separa nada resta a sus llamas ni reduce su tamaño aparente. Y también la
L u n a , tanto si la luz con que recorre su curso es prestada, como si la emite desde
su propio cuerpo, en uno y otro caso camina con un tamaño en nada mayor [a
aquel con que la ven nuestros ojos; verso 578]. Por último, todos los fuegos del
éter que ves desde aquí, mientras es visible su titilación y su ardor brillante, po-
 Diálogo I I I 57

TEÓFILO —Tenéis razón, s i n d u d a , e n q u e l o s geómetras y e x p e r t o s

d e l a p e r s p e c t i v a discutirán e n v a n o c o n l o s epicúreos m e d i a n t e s u s a r g u -
m e n t o s p r o p i o s y o r d i n a r i o s , y n o d i g a m o s y a l o c o s c o m o ese p o r t e r o d e l
l i b r o d e Copérnico, s i n o g e n t e más s a b i a i n c l u s o q u e aquéllos. V e a m o s
cómo podrán c o n c l u i r q u e a t a n t a d i s t a n c i a c o m o se h a l l a e l diámetro d e l
e p i c i c l o d e V e n u s e s p o s i b l e i n f e r i r razón d e u n diámetro t a n g r a n d e
del c u e r p o d e l p l a n e t a y o t r a s cosas d e l m i s m o estilo. Q u i e r o , s i n e m b a r -
g o , h a c e r o s n o t a r o t r a c o s a . ¿Veis qué g r a n d e e s e l c u e r p o d e l a T i e r r a ?
¿Sabéis q u e l o único q u e p o d e m o s v e r d e él es e l h o r i z o n t e a r t i f i c i a l ?
S M I T H — A s í es.
TEÓFILO — ¿ C r e é i s e n t o n c e s q u e , s i p u d i e r a i s a l e j a r o s d e l g l o b o d e
l a T i e r r a a c u a l q u i e r p u n t o d e l a región c e l e s t e ( s e a c u a l f u e r e ) , jamás
se daría e l c a s o d e q u e l a T i e r r a o s p a r e c i e r a más g r a n d e ?
S M I T H — C r e o q u e n o , p o r q u e n o h a y razón a l g u n a p o r l a q u e l a
línea v i s u a l d e m i v i s t a d e b a h a c e r s e más f u e r t e y a l a r g a r s u r a d i o q u e
m i d e e l diámetro d e l h o r i z o n t e .
TEÓFILO —Estáis e n l o c i e r t o . N o o b s t a n t e s e h a d e c r e e r q u e e l
horizonte v a d i s m i n u y e n d o a medida que nos alejamos. Pero notad
q u e a e s t a disminución d e l h o r i z o n t e v i e n e a s u m a r s e l a c o n f u s a visión
d e l o q u e está más allá d e l h o r i z o n t e p r e v i a m e n t e c o m p r e n d i d o ,
c o m o s e p u e d e m o s t r a r p o r l a p r e s e n t e figura, 82
donde elhorizonte
artificial es I-I, a l cual c o r r e s p o n d e e l arco A - A d e l g l o b o terrestre.
E l h o r i z o n t e d e l a p r i m e r a disminución e s 2 - 2 a l c u a l c o r r e s p o n d e e l
a r c o B - B d e l g l o b o . E l h o r i z o n t e d e l a t e r c e r a disminución e s 3 - 3 a l
c u a l c o r r e s p o n d e e l a r c o C - C . E l h o r i z o n t e d e l a c u a r t a disminución
es 4 - 4 , c o n e l c o r r e s p o n d i e n t e a r c o D - D ; y y e n d o así d i s m i n u y e n d o
p r o g r e s i v a m e n t e e l h o r i z o n t e , irá s i e m p r e c r e c i e n d o l a comprensión
d e l a r c o h a s t a l l e g a r a l a línea d e l h e m i s f e r i o e i n c l u s o más allá. L l e g a d o s
a esa d i s t a n c i a p o c o más o m e n o s , veríamos l a T i e r r a c o n l o s m i s m o s
accidentes c o n q u e se p r e s e n t a l a L u n a a n u e s t r a v i s t a , c u y a s p a r t e s
s o n l u m i n o s a s u o s c u r a s según q u e s u s u p e r f i c i e sea a c u o s a o t e r r o s a .

demos decir que sólo pueden ser o muy poco menores o muy poco mayores de
cómo los vemos, puesto que todos los fuegos que vemos en la T i e r r a nos parece
que modifican insensiblemente su contorno, en más o en menos, según lo aleja-
dos que estén» [trad. de E . Valentí Fiol).
8 2
D a d o que por lo general las figuras originales de Bruno son defectuosas, no
coincidiendo las letras de las figuras con las letras indicadas en el texto, reproduci-
mos las figuras corregidas que figuran en Giordano Bruno, C o r p u s i c o n o g r a p h i -
c u m . L e i n c i s i o n i n e l l e opere a s t a m p a . Catalogo, ricostruzioni grafiche e commento
di Mino Gabriele, Milán, 2001.
D e e s t a m a n e r a , c u a n t o más s e r e d u c e e l ángulo v i s u a l , t a n t o m a y o r se
h a c e l a b a s e d e l a r c o hemisférico y t a n t o m e n o r r e s u l t a e l h o r i z o n t e , a l
c u a l q u e r e m o s s e g u i r l l a m a n d o n o o b s t a n t e h o r i z o n t e , a u n q u e según
la c o s t u m b r e l a p a l a b r a t i e n e u n solo significado p r o p i o . A m e d i d a ,
pues, q u e nos alejamos v a m o s observando u n a parte creciente del
h e m i s f e r i o y l a l u z se v a h a c i e n d o m a y o r , l a c u a l c u a n t o más d i s m i n u y e
e l diámetro t a n t o más v i e n e a c o n g r e g a r s e , d e s u e r t e q u e s i n o s o t r o s
estuviéramos a u n a d i s t a n c i a m a y o r d e l a L u n a s u s m a n c h a s serían
c a d a v e z m e n o r e s , h a s t a q u e finalmente sólo tuviéramos a n t e n u e s t r a
v i s t a u n c u e r p o pequeño y l u m i n o s o .
SMITH — M e parece h a b e r e n t e n d i d o a l g o n o v u l g a r y de n o poca
i m p o r t a n c i a . M a s , p o r f a v o r , v o l v a m o s a l t e m a d e l a opinión d e Herá-
c l i t o y E p i c u r o , q u e según v o s p u e d e m a n t e n e r s e incólume f r e n t e a
las r a z o n e s d e l a p e r s p e c t i v a p o r c a u s a d e los defectos d e los p r i n c i p i o s
a s i g n a d o s hasta a h o r a a esta ciencia. A h o r a , p a r a d e s c u b r i r estos defec-
t o s y v e r algún f r u t o d e v u e s t r o d e s c u b r i m i e n t o , q u i s i e r a e n t e n d e r l a
conclusión d e e s t e a r g u m e n t o m e d i a n t e e l c u a l s e d e m u e s t r a c o n r a n -
g o d e n e c e s i d a d q u e e l S o l n o sólo es g r a n d e , s i n o además más g r a n d e
 Diálogo I I I 59

q u e l a T i e r r a . E l p r i n c i p i o d e d i c h o a r g u m e n t o es q u e e l c u e r p o l u m i -
noso m a y o r , al d i f u n d i r su l u z sobre u n c u e r p o opaco m e n o r , produce
u n c o n o de s o m b r a c u y a base es el m e n c i o n a d o c u e r p o o p a c o y el c o n o
s e e x t i e n d e a p a r t i r d e él, e n l a p a r t e o p u e s t a , t a l c o m o s e m u e s t r a e n
l a s i g u i e n t e figura, d o n d e M e s u n c u e r p o l u m i n o s o q u e p r o y e c t a u n
cono d e s o m b r a desde l a base C ( l i m i t a d a p o r H e I) hasta e l p u n t o
N . E lcuerpo luminoso menor, habiendo formado elcono e nel cu-
e r p o o p a c o m a y o r , n o conocerá u n l u g a r d e t e r m i n a d o d o n d e p u e d a
t r a z a r s e r a z o n a b l e m e n t e l a línea d e s u b a s e y p a r e c e q u e t i e n d e a f o r m a r
u n a figura c o n o i d a l i n f i n i t a , t a l y c o m o e n l a m i s m a figura s e v e q u e e l
c u e r p o l u m i n o s o A p r o y e c t a l a s d o s líneas C D y C E d e s d e e l c o n o d e
s o m b r a e n e l c u e r p o o p a c o C , l a s c u a l e s d o s líneas v a n e x t e n d i e n d o
c a d a v e z más l a s o m b r a c o n o i d a l , d e m a n e r a q u e s e a b r e n a l i n f i n i t o
s i n p o d e r e n c o n t r a r l a b a s e q u e l a s l i m i t e . L a conclusión d e e s t a d e -
mostración e s q u e e l S o l e s u n c u e r p o m a y o r q u e l a T i e r r a , p o r q u e
p r o y e c t a e l c o n o d e l a s o m b r a d e ésta h a s t a c a s i l a e s f e r a d e M e r c u r i o
y n o más allá. S i e l S o l f u e r a u n c u e r p o l u m i n o s o m e n o r sería n e c e s a -
r i o j u z g a r d e m a n e r a d i f e r e n t e , y s e seguiría q u e c u a n d o e s t e c u e r p o
l u m i n o s o se h a l l a r a e n e l h e m i s f e r i o i n f e r i o r n u e s t r o c i e l o estaría o s c u r o
e n m a y o r m e d i d a q u e i l u m i n a d o , s i e m p r e q u e se c o n c e d a o a d m i t a
q u e t o d a s las estrellas t o m a n s u l u z d e l S o l .

TEÓFILO — V e d a h o r a d e qué m a n e r a u n c u e r p o l u m i n o s o m e n o r p u e d e
i l u m i n a r más d e l a m i t a d d e u n c u e r p o o p a c o m a y o r . Debéis t e n e r p r e -
sente l o q u e nos m u e s t r a la e x p e r i e n c i a . S e a n dos cuerpos de los cuales
e l u n o e s o p a c o y g r a n d e c o m o A y e l o t r o pequeño y l u m i n o s o c o m o
N . S i e l c u e r p o l u m i n o s o e s c o l o c a d o a l a mínima y p r i m e r a d i s t a n c i a
c o m o s e i n d i c a e n l a s i g u i e n t e figura—, iluminará según l a razón
d e l a r c o pequeño C D t e n d i d o p o r l a línea B i . C o l o c a d o e n l a s e g u n d a
6o L a c e n a d e las c e n i z a s

d i s t a n c i a m a y o r iluminará según l a razón d e l a r c o m a y o r E F t e n d i d o

p o r l a línea B 2 ; s i se h a l l a e n l a t e r c e r a y m a y o r d i s t a n c i a , l a iluminación
terminará según l a razón d e l a r c o m a y o r G H d e l i n e a d o p o r l a línea
B 3 . D e aquí s e c o n c l u y e q u e p u e d e s u c e d e r q u e e l c u e r p o l u m i n o s o
B (siempre q u e conserve e lvigor d e tanta l u m i n o s i d a d q u e pueda at-
ravesar t a n t o espacio c o m o el r e q u e r i d o para u n efecto semejante) po-
drá — d a d a u n a g r a n d i s t a n c i a — c o m p r e n d e r a l final u n a r c o m a y o r
q u e e l semicírculo, p u e s t o q u e n o h a y razón p a r a q u e esa lejanía q u e
h a l l e v a d o e l c u e r p o l u m i n o s o a c o m p r e n d e r e l semicírculo n o p u e d a
l l e v a r l o todavía más l e j o s h a s t a c o m p r e n d e r aún más. O s d i g o i n c l u s o
q u e ( c o m o e l c u e r p o l u m i n o s o n o p i e r d e s u diámetro s i n o tardísima y
dificilísimamente, m i e n t r a s q u e e l c u e r p o o p a c o , p o r m u y g r a n d e q u e
s e a , l o p i e r d e facilísima y d e s p r o p o r c i o n a d a m e n t e ) así c o m o p o r i n c r e -
m e n t o d e l a d i s t a n c i a se h a p a s a d o d e la c u e r d a m e n o r C D a l a c u e r d a
m a y o r E F y l u e g o a l a máxima G H , q u e e s e l diámetro, d e l a m i s m a
m a n e r a , y a condición d e q u e l a d i s t a n c i a s i g a a u m e n t a n d o , pasará a
l a s o t r a s c u e r d a s m e n o r e s q u e e l diámetro h a s t a e l m o m e n t o e n q u e e l
c u e r p o o p a c o i n t e r p u e s t o n o i m p i d a y a l a v i s t a recíproca d e a q u e l l o s
c u e r p o s q u e estén d i a m e t r a l m e n t e o p u e s t o s . Y l a c a u s a d e e s t o es q u e e l
i m p e d i m e n t o p r o c e d e n t e d e l diámetro v a d i s m i n u y e n d o c a d a v e z más
 Diálogo 111 61

a m e d i d a q u e d i s m i n u y e e l diámetro c o n f o r m e e l ángulo B se h a c e más

a g u d o . Y e s n e c e s a r i o a l final q u e e l ángulo s e h a y a h e c h o t a n a g u d o
( p u e s t o q u e e n l a división física d e u n c u e r p o finito está l o c o q u i e n c r e a
q u e p u e d e h a b e r u n p r o g r e s o h a s t a e l i n f i n i t o , y a se le e n t i e n d a e n a c t o
o e n p o t e n c i a ) q u e y a n o h a y a ángulo, s i n o u n a línea a través d e l a c u a l
dos cuerpos visibles opuestos p u e d a n e n c o n t r a r s e el u n o a l a vista del
otro sin q u e el cuerpo i n t e r m e d i o pueda i m p e d i r l o en p u n t o a l g u n o ,
dado que dicho cuerpo ha perdido toda proporcionalidad y diferencia
d e diámetro, l a c u a l p e r s i s t e , s i n e m b a r g o , e n l o s c u e r p o s l u m i n o s o s .
S i n e m b a r g o , es n e c e s a r i o q u e e l c u e r p o o p a c o i n t e r m e d i o se e n c u e n -
tre a t a n t a distancia d e u n o y d e o t r o c o m o para q u e pueda perder
d i c h a proporción y d i f e r e n c i a d e s u diámetro, c o m o s e v e q u e o c u r r e
e n l a T i e r r a , c u y o diámetro n o i m p i d e q u e d o s e s t r e l l a s d i a m e t r a l -
m e n t e o p u e s t a s se v e a n l a u n a a l a o t r a , d e l a m i s m a m a n e r a q u e el o j o
puede ver sin n i n g u n a diferencia tanto a l a u n a c o m o a laotra desde
e l c e n t r o hemisférico N y d e s d e l o s p u n t o s d e l a c i r c u n f e r e n c i a A N O
(imagínate a e s t e r e s p e c t o q u e l a T i e r r a s e d i v i d e p o r e l c e n t r o e n d o s
p a r t e s i g u a l e s , a fin d e q u e c a d a línea d e p e r s p e c t i v a t e n g a s u l u g a r ) . L a
p r e s e n t e figura l o e x p r e s a c o n c l a r i d a d : p o r l a m i s m a razón q u e l a línea
A N , a l s e r u n diámetro, f o r m a u n ángulo r e c t o c o n l a c i r c u n f e r e n c i a ,
e n e l s e g u n d o l u g a r h a c e u n ángulo a g u d o , e n e l t e r c e r o más a g u d o ;

N6 N5

es n e c e s a r i o q u e a l final l l e g u e a s e r agudísimo y , e n última i n s t a n c i a ,

d e b e l l e g a r a t a l e x t r e m o q u e y a n o a p a r e z c a ningún ángulo, s i n o u n a
línea y , e n c o n s e c u e n c i a , q u e d a d e s t r u i d a l a relación y d i f e r e n c i a d e l
semidiámetro y p o r e l m i s m o m o t i v o s e destruirá l a e n t e r a d i f e r e n c i a
d e l diámetro A O . P o r e s o e s n e c e s a r i o , a fin d e c u e n t a s , q u e d o s
62 L a c e n a d e las c e n i z a s

c u e r p o s más l u m i n o s o s , l o s c u a l e s n i p i e r d e n e l diámetro t a n p r o n t o
n o s e v e a n o b s t a c u l i z a d o s p a r a v e r s e recíprocamente, a l n o h a b e r s e
d e s v a n e c i d o s u diámetro, c o m o p o r e l c o n t r a r i o o c u r r e e n e l c u e r p o
intermedio no luminoso o menos luminoso.
C o n c l u i m o s , p o r t a n t o , q u e u n c u e r p o m a y o r , más s u s c e p t i b l e d e
p e r d e r s u diámetro, a u n q u e esté s i t u a d o e n e l m e d i o según u n a línea
rectísima, n o impedirá l a visión d e d o s c u e r p o s t o d o l o m e n o r e s q u e se
q u i e r a , c o n t a l d e q u e c o n s e r v e n e l diámetro d e s u v i s i b i l i d a d , q u e e n
el c u e r p o m a y o r se h a p e r d i d o . E n t o n c e s , p a r a d e s a s n a r a u n i n g e n i o
n o d e m a s i a d o p u l i d o , a fin d e q u e p u e d a c o m e n z a r fácilmente a c o m -
p r e n d e r l a explicación d a d a y p a r a a l l a n a r e n l a m e d i d a d e l o p o s i b l e
l a s d i f i c u l t a d e s d e comprensión, h a c e d l e o b s e r v a r q u e s i s e p o n e u n
p a l i t o f r e n t e a l o j o l e resultará t o t a l m e n t e i m p o s i b l e v e r l a l u z d e u n a
c a n d e l a s i t u a d a a u n a c i e r t a d i s t a n c i a ; p e r o c u a n t o más a c e r q u e e l p a -
l i t o a l a l u z y l o a l e j e d e l o j o , t a n t o m e n o s s e impedirá l a visión, h a s t a
q u e l l e g u e u n m o m e n t o e n q u e se h a l l e t a n c e r c a y t a n p e g a d o a l a
l u z c o m o antes l o estaba del o j o . Y entonces acaso n i siquiera i m p i d a
tanto c o m o la a n c h u r a del palito.
Añade a h o r a q u e e l p a l i t o p e r m a n e z c a allí y l a l u z s e a l e j e o t r o
t a n t o . E l p a l i t o será u n obstáculo m u c h o m e n o r . Así, c o n f o r m e a u -
m e n t a más y más l a e q u i d i s t a n c i a d e l a l u z y d e l o j o r e s p e c t o a l p a l i t o ,
a l final verás sólo l a l u z , s i n p e r c i b i r e n a b s o l u t o e l p a l i t o . C o m p r e n -
d i d o e s t o , c u a l q u i e r e n t e n d i m i e n t o , p o r m u y r u d o q u e s e a , podrá ser
llevado con facilidad a entender lo que poco antes h e m o s dicho.
SMITH — M e parece q u e d e b o s e n t i r m e m u y satisfecho e n c u a n t o a
e s t e p u n t o . S i n e m b a r g o , m e q u e d a todavía u n a d u d a e n l a m e n t e c o n
r e s p e c t o a l o q u e decíais e n p r i m e r l u g a r , a s a b e r : q u e s i n o s eleváramos
d e s d e l a T i e r r a y fuéramos p e r d i e n d o d e v i s t a e l h o r i z o n t e , c u y o
diámetro s e iría h a c i e n d o c a d a v e z más e s t r e c h o , veríamos q u e e s t e
c u e r p o e s u n a e s t r e l l a . Querría q u e a l o q u e habéis d i c h o añadierais
a l g o a c e r c a d e e s t o último, d a d o q u e pensáis q u e h a y m u c h a s t i e r r a s
s e m e j a n t e s a ésta, i n c l u s o i n n u m e r a b l e s , y r e c u e r d o h a b e r v i s t o q u e
e l C u s a n o ( c u y o j u i c i o sé q u e n o rechazáis) p r e t e n d e q u e también e l
S o l t i e n e partes d i f e r e n t e s , c o m o la L u n a y la T i e r r a . P o r eso dice q u e
si fijáramos n u e s t r a v i s t a a t e n t a m e n t e e n e l c u e r p o d e l S o l veríamos
q u e e n e l c e n t r o d e ese r e s p l a n d o r — r a d i c a d o f u n d a m e n t a l m e n t e e n
l a c i r c u n f e r e n c i a — h a y u n a clarísima o p a c i d a d .
TEÓFILO — D i v i n a m e n t e d i c h o y c o m p r e n d i d o p o r él y p o r v o s
m u y l a u d a b l e m e n t e a p l i c a d o . S i r e c u e r d o b i e n , y o también d i j e p o c o
a n t e s q u e m i e n t r a s e l c u e r p o o p a c o p i e r d e e l diámetro c o n f a c i l i d a d
 Diálogo I I I 63

y e l l u m i n o s o difícilmente, o c u r r e q u e c o n l a d i s t a n c i a s e a n u l a y d e -
s p a r e c e l a percepción d e l o o s c u r o , y l a d e l c u e r p o diáfano i l u m i -
n a d o o l u m i n o s o p o r las r a z o n e s q u e s e a n v i e n e c o m o a u n i r s e y d e
las p a r t e s l u m i n o s a s d i s p e r s a s s e f o r m a u n a l u z v i s i b l e c o n t i n u a . P o r
e s o , s i l a L u n a e s t u v i e s e más l e j a n a n o eclipsaría a l S o l y t o d o e l q u e
s e p a c o n s i d e r a r e s t a s c u e s t i o n e s podrá v e r fácilmente q u e s i t u a d a a
más d i s t a n c i a l a L u n a sería también más b r i l l a n t e , m i e n t r a s q u e s i
n o s o t r o s estuviéramos e n e l l a dejaría d e s e r b r i l l a n t e a n u e s t r o s o j o s ,
al i g u a l q u e p o r estar e n esta T i e r r a n o v e m o s l a l u z q u e d i f u n d e a
los q u e se e n c u e n t r a n e n l a L u n a m e d i a n t e l o s r a y o s solares d i f u n d i -
d o s e n s u líquido c r i s t a l . P o r l o q u e s e r e f i e r e a l a l u z d e l S o l , n o sé e n
e s t e m o m e n t o si d e b e m o s j u z g a r d e l m i s m o m o d o o d i f e r e n t e . Y a v e i s
a dónde h e m o s i d o a p a r a r d e s d e n u e s t r o m o t i v o i n i c i a l . M e p a r e c e
q u e ya es h o r a d ev o l v e r a los restantes p u n t o s d en u e s t r o t e m a .
SMITH — E s c u c h e m o s las o t r a s a f i r m a c i o n e s q u e N u n d i n i o h a y a
podido formular.

T E R C E R A PROPOSICIÓN D E L DOCTOR N U N D I N I O

TEÓFILO — D i j o después N u n d i n i o q u e n o p u e d e s e r verosímil q u e l a

T i e r r a se m u e v a , s i e n d o e l c e n t r o y p u n t o m e d i o d e l u n i v e r s o , a l c u a l
c o r r e s p o n d e s e r f u n d a m e n t o fijo y c o n s t a n t e d e t o d o m o v i m i e n t o .
Respondió e l N o l a n o q u e l o m i s m o p u e d e d e c i r q u i e n s o s t e n g a q u e
e l S o l o c u p a e l c e n t r o d e l u n i v e r s o y q u e , p o r t a n t o , está inmóvil y
fijo, c o m o h i z o Copérnico y o t r o s m u c h o s q u e h a n o t o r g a d o a l
u n i v e r s o u n límite c i r c u l a r . P o r t a n t o , e s t e a r g u m e n t o d e N u n d i n i o
( s u p o n i e n d o q u e v e r d a d e r a m e n t e sea u n a r g u m e n t o ) es n u l o c o n t r a
e l l o s y p r e s u p o n e l o p r o p i o s p r i n c i p i o s . E s n u l o también c o n t r a e l
N o l a n o , q u e p r e t e n d e q u e e l m u n d o es i n f i n i t o y q u e , p o r t a n t o ,
no hay cuerpo alguno a l que corresponda absolutamente ocupar e l
c e n t r o o l a p e r i f e r i a o c u a l q u i e r l u g a r e n t r e e s o s d o s p u n t o s . T a n sólo
se p u e d e d e c i r u n a c o s a así a p a r t i r d e c i e r t a s r e l a c i o n e s c o n r e s p e c t o a
otros cuerpos y p u n t o s a r b i t r a r i a m e n t e establecidos.
S M I T H — ¿Qué opináis d e e s t o ?
TEÓFILO — Q u e está perfectísimamente d i c h o , p u e s a l i g u a l q u e
n o s e h a v i s t o a ningún c u e r p o n a t u r a l a b s o l u t a m e n t e r e d o n d o y d o -
t a d o e n consecuencia de u n c e n t r o a b s o l u t o , de la m i s m a m a n e r a t a m -
bién e n l o s m o v i m i e n t o s s e n s i b l e s y físicos q u e v e m o s e n l o s c u e r p o s
naturales n o hay n i n g u n o que n o difiera e nm u c h o del m o v i m i e n t o
64 L a c e n a d e las c e n i z a s

a b s o l u t a m e n t e c i r c u l a r y r e g u l a r e n t o r n o a algún c e n t r o , p o r m u c h o
q u e se e s f u e r c e n los q u e se i m a g i n a n estas b o r r a s y r e l l e n o s d e o r b e s
d e s i g u a l e s , diámetros d i f e r e n t e s y o t r o s e m p l a s t o s y r e c e t a r i o s p a r a
m e d i c a r l a n a t u r a l e z a hasta q u e venga a c o n c l u i r (al servicio d e M a -
g i s t e r Aristóteles u o t r o ) q u e t o d o m o v i m i e n t o e s c o n t i n u o y r e g u l a r
en t o r n o a l centro. N o s o t r o s , sin e m b a r g o , que n o atendemos a las
s o m b r a s fantásticas, s i n o a l a s c o s a s m i s m a s ; n o s o t r o s , q u e v e m o s u n
c u e r p o aéreo, etéreo, e s p i r i t u a l , líquido, l u g a r c a p a z d e m o v i m i e n t o
y r e p o s o , s e n o i n m e n s o e i n f i n i t o (cosa q u e d e b e m o s a f i r m a r al m e n o s
p o r q u e n o v e m o s límite a l g u n o n i c o n l o s s e n t i d o s n i c o n l a razón), sa-
bemos c o n certeza q u e siendo efecto y consecuencia de u n a causa infi-
n i t a y d e u n p r i n c i p i o i n f i n i t o , d e b e ser, e n l a m e d i d a d e s u c a p a c i d a d
corporal y a su m a n e r a , i n f i n i t a m e n t e infinito. Y estoy convencido d e
q u e es i m p o s i b l e n o sólo a N u n d i n i o , s i n o i n c l u s o a t o d o s a q u e l l o s q u e
p r e t e n d e n c o n o c e r a f o n d o e l p r o b l e m a , e n c o n t r a r jamás u n a razón
m e d i a n a m e n t e p r o b a b l e p o r l a c u a l h a y a u n límite e n e s t e u n i v e r s o
c o r p o r a l y e n consecuencia los astros c o n t e n i d o s e n s u espacio sean
también finitos y q u e además e x i s t a u n c e n t r o d e l m i s m o a b s o l u t o y
naturalmente determinado.
S M I T H — E n t o n c e s , ¿añadió N u n d i n i o a l g o a t o d o e s t o ? , ¿aportó
algún a r g u m e n t o o v e r o s i m i l i t u d p a r a i n f e r i r e n p r i m e r l u g a r q u e e l
u n i v e r s o s e a finito, e n s e g u n d o l u g a r q u e l a T i e r r a esté e n e l c e n t r o y
e n t e r c e r o q u e e s t e c e n t r o esté e n t e r o y t o t a l m e n t e inmóvil y p r i v a d o
de m o v i m i e n t o local?
TEÓFILO — N u n d i n i o ( c o m o a q u e l l o s q u e d i c e n l o q u e d i c e n p o r
fe y p o r c o s t u m b r e y l o q u e n i e g a n l o h a c e n p o r d e s a c o s t u m b r a d o y
n o v e d o s o , c o m o es p r o p i o d e q u i e n e s r e f l e x i o n a n p o c o y n o s o n dueños
d e s u s p r o p i a s a c c i o n e s , y a s e a n n a t u r a l e s o r a c i o n a l e s ) s e quedó e s t u -
p e f a c t o y atónito, c o m o a q u e l a q u i e n s e l e a p a r e c e d e r e p e n t e u n f a n -
t a s m a . Y c o m o e r a a l g o más d i s c r e t o y m e n o s j a c t a n c i o s o y malévolo
q u e s u compañero, calló y n o añadió p a l a b r a a l g u n a allí d o n d e n o
podía añadir r a z o n e s .
FRULLA — N o e s así e l d o c t o r T o r c u a t o , q u e c o n razón o s i n e l l a ,
p o r D i o s o por el d i a b l o , s i e m p r e q u i e r e discutir, y c u a n d o h a p e r d i d o
el escudo c o n q u e defenderse y la espada c o n q u e atacar, q u i e r o decir
c u a n d o y a n o t i e n e más r e s p u e s t a s o a r g u m e n t o s , s a l t a y d a c o c e s d e
r a b i a , a g u z a l a s uñas d e l a difamación, h a c e r e c h i n a r l o s d i e n t e s d e l a s
i n j u r i a s , a b r e l a g a r g a n t a d e s u s c l a m o r e s c o n e l propósito d e n o d e j a r
d e c i r l a s r a z o n e s c o n t r a r i a s y q u e d e e s a m a n e r a n o l l e g u e n a l o s oídos
d e l o s p r e s e n t e s , según h e oído d e c i r .
 Diálogo I I I ^5

SMITH — A s í p u e s , n o d i j o n a d a más.
TEÓFILO — N o d i j o n a d a a e s t e r e s p e c t o , p e r o pasó a e s t a b l e c e r o t r a
proposición.

C U A R T A PROPOSICIÓN D E N U N D I N I O

C o m o e l N o l a n o había d i c h o d e p a s a d a q u e había i n n u m e r a b l e s
t i e r r a s s e m e j a n t e s a ésta, e l d o c t o r N u n d i n i o , c o m o b u e n d i s p u t a d o r
y n o t e n i e n d o n a d a q u e añadir a l r e s p e c t o , comenzó a h a c e r p r e g u n t a s
f u e r a d e l u g a r y d e j a n d o a u n l a d o l o q u e veníamos d i c i e n d o s o b r e
l a m o v i l i d a d o i n m o v i l i d a d d e e s t e g l o b o , pasó a p r e g u n t a r p o r l a
n a t u r a l e z a d e l o s o t r o s y quería s a b e r d e qué m a t e r i a e s t a b a n h e c h o s
esos c u e r p o s q u e se c r e e d e q u i n t a e s e n c i a , d e u n a m a t e r i a i n a l t e r a b l e
e i n c o r r u p t i b l e c u y a s p a r t e s más d e n s a s s o n l a s e s t r e l l a s .
FRULLA — E s t a p r e g u n t a m e p a r e c e f u e r a d e l u g a r , a u n q u e y o n o
e n t i e n d o d e lógica.
TEÓFILO — E l N o l a n o n o s e l o q u i s o e c h a r e n c a r a p o r cortesía
y tras decirle q u e le h u b i e r a gustado q u e respetara e l t e m a p r i n c i -
p a l o q u e p r e g u n t a r a e n t o r n o a l m i s m o , l e respondió q u e a q u e l l o s
g l o b o s q u e s o n t i e r r a s n o d i f i e r e n e n p u n t o a l g u n o d e éste e n e s -
p e c i e ; t a n sólo s o n d i f e r e n t e s e n m a g n i t u d , s i e n d o más g r a n d e s o
más pequeños, a l i g u a l q u e e n l a s o t r a s e s p e c i e s d e a n i m a l e s también
se d a n d e s i g u a l d a d e s e n c u a n t o a l a s d i f e r e n c i a s i n d i v i d u a l e s . S i n
e m b a r g o , aquellas esferas q u e , c o m o el S o l , s o n d e fuego, cree ( p o r
a h o r a ) q u e s o n d i f e r e n t e s e n e s p e c i e , c o m o e l c a l o r y e l frío o l o q u e
es l u m i n o s o p o r sí o l u m i n o s o p o r o t r o .
S M I T H — ¿ P o r qué d i j o q u e l o creía «por ahora» y n o l o afirmó d e
una m a n e r a absoluta?
TEÓFILO — P o r t e m o r d e q u e N u n d i n i o d e j a r a también a u n l a d o
l a cuestión q u e a c a b a b a d e s u s c i t a r y a g a r r a r a y se a f e r r a r a a ésta. P a s o
p o r a l t o q u e a l ser l a T i e r r a u n a n i m a l y e n c o n s e c u e n c i a u n c u e r p o
heterogéneo, n o d e b e m o s p e n s a r q u e t e n g a u n c u e r p o frío a c a u s a
d e a l g u n a s d e s u s p a r t e s más e x t e r n a s v e n t i l a d a s p o r e l a i r e , y a q u e
p o r o t r o s m i e m b r o s , m a y o r e s e n número y e n m a g n i t u d , d e b e m o s
e s t i m a r l a c a l i e n t e y calentísima; p a s o p o r a l t o también q u e , s u p o n i e n d o
e n parte e n l a disputa los principios del adversario, q u e q u i e r e ser
c o n s i d e r a d o y h a c e profesión d e peripatético, y e n p a r t e l o s p r i n c i p i o s
p r o p i o s , q u e n o están m e r a m e n t e c o n c e d i d o s , s i n o p r o b a d o s , l a T i e r r a
vendría a s e r e n c i e r t o s e n t i d o t a n c a l i e n t e c o m o e l S o l .
66 L a c e n a d e las c e n i z a s

S M I T H — ¿ Y d e qué m a n e r a ?
TEÓFILO — P o r q u e ( p o r l o q u e h e m o s d i c h o ) d e l a desaparición d e
l a s p a r t e s o s c u r a s y o p a c a s d e l g l o b o y d e l a unión d e l a s p a r t e s c r i s -
t a l i n a s y l u m i n o s a s v i e n e a d i f u n d i r s e c a d a v e z más l u z a l a s r e g i o n e s
más y más d i s t a n t e s . A h o r a , si l a l u z e s c a u s a d e l c a l o r ( c o m o a f i r m a n
c o n Aristóteles o t r o s m u c h o s q u e p r e t e n d e n también q u e l a L u n a y
l a s o t r a s e s t r e l l a s s o n más o m e n o s c a l i e n t e s p o r l a m a y o r o m e n o r
participación d e l a l u z ; p o r e s o c u a n d o s e d i c e a a l g u n o s p l a n e t a s fríos
q u i e r e n q u e se e n t i e n d a t a n sólo e n u n c i e r t o s e n t i d o y proporción), l a
T i e r r a comunicará también l a p o t e n c i a calorífica m e d i a n t e l o s r a y o s
q u e envía a l a s l e j a n a s p a r t e s d e l a etérea región según l a p o t e n c i a
d e s u l u z . S i n e m b a r g o , a n o s o t r o s n o n o s c o n s t a q u e u n a cosa sea
c a l i e n t e p o r e l s o l o h e c h o d e ser l u m i n o s a , p u e s e n t o r n o n u e s t r o ve-
m o s m u c h a s cosas l u m i n o s a s q u e n o l o s o n . A h o r a b i e n , v o l v i e n d o
a N u n d i n i o , m i r a cómo e m p i e z a a enseñar l o s d i e n t e s , a a l a r g a r las
mandíbulas, a r r u g a r l a s c e j a s , f r u n c i r e l ceño, a b r i r l a s n a r i c e s y s o l t a r
u n g r a z n i d o d e capón p o r e l g a z n a t e , c o n e l propósito d e q u e l o s p r e -
s e n t e s p e n s a r a n p o r e s t a r i s a q u e l o entendía p e r f e c t a m e n t e y q u e e r a
él q u i e n tenía razón y q u e e l o t r o decía r i d i c u l e c e s .
FRULLA — Y e s v e r d a d ; ¿no v e i s q u e s u m i s m a r i s a m o s t r a b a q u e
e l N o l a n o tenía razón?
TEÓFILO — E s t o e s l o q u e o c u r r e a q u i e n d a d u l c e s a l o s c e r d o s .
P r e g u n t a d o p o r qué s e reía, repondió q u e e s t a m a n e r a d e h a b l a r
y d e i m a g i n a r s e q u e h a y o t r a s t i e r r a s c o n las m i s m a s p r o p i e d a d e s y
a c c i d e n t e s , e s t a b a s a c a d o d e l a s Narraciones verídicas d e L u c i a n o . E l
N o l a n o respondió q u e s i c u a n d o L u c i a n o d i j o q u e l a L u n a e r a u n a
t i e r r a t a n h a b i t a d a y c u l t i v a d a c o m o ésta, l o d i j o p a r a b u r l a r s e d e
a q u e l l o s filósofos q u e a f i r m a b a n q u e había m u c h a s t i e r r a s ( y e s p e -
c i a l m e n t e l a L u n a , c u y a s e m e j a n z a c o n este g l o b o n u e s t r o es t a n t o
más p a t e n t e c u a n t o q u e está más c e r c a n a a n o s o t r o s ) , s e e q u i v o c a -
b a . Mostró c i e r t a m e n t e h a l l a r s e e n l a i g n o r a n c i a y c e g u e r a g e n e r a l ,
puesto que si reflexionamos correctamente v e r e m o s q u e l a T i e r r a y
tantos otros cuerpos q u e son llamados astros, m i e m b r o s principales
d e l u n i v e r s o , a l i g u a l q u e d a n l a v i d a y e l a l i m e n t o a las cosas q u e d e
ellos reciben l am a t e r i a y a ellos m i s m o s l a r e s t i t u y e n , d e l a m i s m a
m a n e r a y e n m e d i d a m u c h o m a y o r t i e n e n l a v i d a e n sí, p o r l a c u a l ,
c o n u n a o r d e n a d a y n a t u r a l v o l u n t a d , se m u e v e n h a c i a l a s c o s a s a p a r -
t i r d e u n p r i n c i p i o intrínseco y p o r l o s e s p a c i o s c o n v e n i e n t e s a e l l o s .
Y n o h a y m o t o r e s extrínsecos q u e a l m o v e r fantásticas e s f e r a s v e n g a n
a t r a n s p o r t a r e s t o s c u e r p o s c o m o si e s t u v i e r a n c l a v a d o s e n e l l a s . S i e s o
 Diálogo I I I 67

f u e r a c i e r t o , e l m o v i m i e n t o sería v i o l e n t o y c o n t r a r i o a l a n a t u r a l e -
z a d e l móvil, e l m o t o r sería más i m p e r f e c t o , e l m o v i m i e n t o y e l m o -
t o r solícitos y l a b o r i o s o s y s e añadirían o t r o s m u c h o s i n c o n v e n i e n t e s .
Considérese, p u e s , q u e d e l a m i s m a m a n e r a q u e e l m a c h o s e m u e v e
hacia l a h e m b r a y l a h e m b r a a l m a c h o , cada h i e r b a y cada a n i m a l
( u n o más e x p r e s a m e n t e y o t r o m e n o s ) s e m u e v e h a c i a s u p r i n c i p i o
v i t a l , e s d e c i r , a l S o l y o t r o s a s t r o s . E l imán s e m u e v e h a c i a e l h i e r r r o ,
l a p a j a h a c i a e l ámbar y e n d e f i n i t i v a c a d a c o s a v a a l e n c u e n t r o d e s u
s e m e j a n t e y h u y e d e s u c o n t r a r i o . T o d o es c a u s a d o p o r e l p r i n c i p i o
interior suficiente, por el cual viene a m o v e r s e d e f o r m a n a t u r a l y n o
a partir d eu n principio exterior, como vemos que ocurre siempre en
aquellas cosas q u e s o n m o v i d a s o e n c o n t r a o a l m a r g e n d e s u p r o p i a
n a t u r a l e z a . L a T i e r r a , p o r t a n t o , y l o s o t r o s a s t r o s , s e m u e v e n según
l a s p r o p i a s d i f e r e n c i a s l o c a l e s a p a r t i r d e l p r i n c i p i o intrínseco q u e e s
s u p r o p i a a l m a . «¿Creéis, d i j o N u n d i n i o , q u e e s t a a l m a e s sensitiva?»
«No sólo sensitiva», respondió e l N o l a n o , «sino también i n t e l e c t i v a , y
n o sólo i n t e l e c t i v a , c o m o l a n u e s t r a , s i n o quizá todavía más». Aquí s e
calló y a N u n d i n i o y dejó d e reír.
PRUDENCIO — M e p a r e c e q u e s i l a T i e r r a t i e n e u n a l m a , n o d e b e d e
s e n t i r ningún p l a c e r c u a n d o s e l e h a c e n e s t a s g r u t a s y c a v e r n a s e n s u
espalda, al igual que a nosotros nos produce d o l o r y displacer c u a n d o
se n o s c l a v a algún d i e n t e o s e n o s p e r f o r a l a c a r n e .
TEÓFILO — N u n d i n i o n o t u v o t a n t o d e P r u d e n c i o c o m o p a r a c o n -
s i d e r a r este a r g u m e n t o d i g n o d e ser a d u c i d o a u n e n e l c a s o d e q u e se
l e h u b i e r a o c u r r i d o , p u e s n o es u n filósofo t a n i g n o r a n t e c o m o p a r a n o
saber q u e si la T i e r r a t i e n e s e n s i b i l i d a d n o es c o m o la n u e s t r a ; si t i e n e
carne, sangre, nervios, huesos y venas n o son c o m o los nuestros; si
t i e n e corazón n o e s c o m o e l n u e s t r o , y l o m i s m o d e t o d a s l a s r e s t a n t e s
p a r t e s q u e g u a r d a n u n a c i e r t a proporción c o n l o s m i e m b r o s d e l o s
d i f e r e n t e s seres q u e n o s o t r o s l l a m a m o s a n i m a l e s y q u e s o n c o n s i d e -
r a d o s g e n e r a l m e n t e c o m o l o s únicos a n i m a l e s . N o e s N u n d i n i o t a n
b u e n P r u d e n c i o n i t a n m a l médico q u e n o s e p a q u e s o n t o t a l m e n t e
i m p e r c e p t i b l e s a l a g r a n m o l e d e l a T i e r r a esos accidentes q u e t a n
sensibles son a n u e s t r a p e q u e n e z . Y creo q u e c o m p r e n d e q u e al i g u a l
q u e e n a q u e l l o s a n i m a l e s q u e n o s o t r o s t e n e m o s p o r tales sus partes
están e n c o n t i n u a alteración y m o v i m i e n t o y p o s e e n además u n c i e r t o
flujo y r e f l u j o , a c o g i e n d o s i e m p r e d e n t r o a l g o d e f u e r a y e x p u l s a n d o
a f u e r a a l g o d e d e n t r o , p o r l o c u a l c r e c e n l a s uñas, s e a l i m e n t a n l o s
pelos, las l a n a s y los c a b e l l o s , las pieles v i e n e n a s o l d a r s e y los c u e r o s
se e n d u r e c e n ; d e l a m i s m a m a n e r a , l a T i e r r a r e c i b e e l flujo y r e f l u j o
68 L a c e n a d e las c e n i z a s

de sus partes, por l o cual m u c h o s animales a nosotros manifiestos

c o m o t a l e s n o s h a c e n v e r e x p r e s a m e n t e s u v i d a , s i e n d o c o m o e s más
q u e verosímil ( d a d o q u e t o d o p a r t i c i p a d e l a v i d a ) q u e m u c h o s e i n -
n u m e r a b l e s i n d i v i d u o s v i v a n n o t a n sólo e n n o s o t r o s , s i n o e n t o d a s
las cosas c o m p u e s t a s , y q u e c u a n d o v e a m o s a l g o q u e se d i c e m o r i r
n o t a n t o d e b e m o s c r e e r q u e m u e r e c o m o q u e s e c a m b i a , a l c e s a r esa
composición y c o n c o r d i a a c c i d e n t a l e s , p e r o p e r m a n e c i e n d o e n c a m -
b i o s i e m p r e i n m o r t a l e s las cosas q u e c o n c u r r e n e n e l l a , e n m a y o r m e -
d i d a l a s l l a m a d a s e s p i r i t u a l e s q u e l a s c o r p o r a l e s y m a t e r i a l e s , según
t e n d r e m o s ocasión d e m o s t r a r e n o t r o m o m e n t o . V o l v i e n d o a h o r a
a l N o l a n o , c u a n d o v i o q u e N u n d i n i o c a l l a b a decidió a p r o v e c h a r l a
ocasión p a r a r e s a r c i r s e d e e s a r i s a nundínica q u e s e permitía c o m -
p a r a r l a s p o s i c i o n e s d e l N o l a n o c o n l a s Narraciones verídicas d e L u -
c i a n o , y mostró a l g o d e hiél a l d e c i r l e q u e e n u n a discusión h o n e s t a
n o debía reírse y b u r l a r s e d e l o q u e n o podía e n t e n d e r , «ya q u e s i yo»,
d i j o e l N o l a n o , «no m e río d e v u e s t r a s fantasías, t a m p o c o debéis h a -
cerlo vos d e m i s opiniones. S iy o discuto con vos d e m a n e r a educada
y c o n r e s p e t o , o t r o t a n t o a l m e n o s debéis h a c e r v o s c o n m i g o , p u e s o s
sé d e t a n t o i n g e n i o q u e s i y o q u i s i e r a d e f e n d e r c o m o v e r d a d e s esas
n a r r a c i o n e s d e L u c i a n o , n o seríais c a p a z d e refutarlas». Y d e e s t a
m a n e r a respondió c o n a l g o d e cólera a l a s r i s a s , t r a s h a b e r r e s p o n d i d o
c o n más d e u n a razón a l a p r e g u n t a .

Q U I N T A PROPOSICIÓN D E N U N D I N I O

U r g i d o N u n d i n i o t a n t o p o r el N o l a n o c o m o p o r los o t r o s a q u e , de-
j a n d o a u n l a d o l a s d i s c u s i o n e s d e l p o r qué y d e l cómo y d e l cuál,
p r o p u s i e r a algún a r g u m e n t o . . .
PRUDENCIO — P e r quomodo, et quare; quilibet asinus novit disputare} 3

TEÓFILO —... a l final p r o p u s o e s e d e l q u e están l l e n o s t o d o s l o s

c u c u r u c h o s , a saber: q u e s i f u e r a v e r d a d q u e l a T i e r r a se m u e v e
h a c i a e l l a d o q u e l l a m a m o s O r i e n t e sería n e c e s a r i o q u e l a s n u b e s
del aire parecieran discurrir siempre hacia Occidente por causa del
velocísimo y rapidísimo m o v i m i e n t o d e e s t e g l o b o , q u e e n e l e s p a c i o
de v e i n t i c u a t r o horas debe efectuar u n g i r o t a n grande. E l N o l a n o
respondió q u e e s e a i r e p o r e l q u e d i s c u r r e n l a s n u b e s y l o s v i e n t o s e s
p a r t e d e l a T i e r r a , p u e s t o q u e p o r e l n o m b r e d e T i e r r a él q u i e r e q u e

8 3
«Por cómo y por qué, cualquier asno sabe disputar.»
 Diálogo I I I 69

se e n t i e n d a ( y así d e b e s e r e n e l c a s o p r e s e n t e ) t o d o e l e d i f i c i o y t o d o
e l a n i m a l c o m p u e s t o d e s u s d i f e r e n t e s p a r t e s . Según e s o , l o s ríos, l a s
rocas, los m a r e s , t o d o el a i r e v a p o r o s o y t u r b u l e n t o e n c e r r a d o e n los
altísimos m o n t e s , p e r t e n e c e n a l a T i e r r a c o m o m i e m b r o s d e e l l a ; e s
c o m o e l a i r e e n c e r r a d o e n e l pulmón y e n l a s r e s t a n t e s c a v i d a d e s d e l o s
a n i m a l e s , m e d i a n t e e l c u a l r e s p i r a n , se d i l a t a n l a s a r t e r i a s y s e r e a l i z a n
o t r o s e f e c t o s n e c e s a r i o s p a r a l a v i d a . L a s n u b e s , p o r t a n t o , se m u e v e n
según l a s c i r c u n s t a n c i a s q u e s e p r o d u c e n e n e l c u e r p o d e l a T i e r r a y e s
c o m o s i e s t u v i e r a n e n s u s v i s c e r a s , a l i g u a l q u e l a s a g u a s . L o entendió
b i e n Aristóteles e n e l p r i m e r l i b r o d e l o s Meteorológicos, d o n d e d i c e
q u e p o r e n c i m a d e ese a i r e q u e c i r c u n d a l a T i e r r a , húmedo y cálido
c o m o c o n s e c u e n c i a d e sus e x h a l a c i o n e s , se h a l l a o t r o a i r e — c a l i e n t e y
s e c o — e n e l q u e n o h a y n u b e s . D i c e también q u e e s t e a i r e está f u e r a
de l a c i r c u n f e r e n c i a d e l a T i e r r a y d e l a superficie q u e l a l i m i t a , a
fin d e q u e r e s u l t e v e r d a d e r a m e n t e r e d o n d a , y q u e l a generación d e
los v i e n t o s n o se p r o d u c e s i n o e n las visceras y r e g i o n e s d e l a T i e r r a .
P e r o s o b r e l o s a l t o s m o n t e s n o h a y n i n u b e s n i v i e n t o s y allí e l a i r e s e
m u e v e r e g u l a r m e n t e e n círculo, c o m o t o d o e l c u e r p o d e l a T i e r r a .
E s t o quería d e c i r quizá Platón c u a n d o señalaba q u e n o s o t r o s v i v i m o s
e n las c o n c a v i d a d e s y p a r t e s o s c u r a s d e la T i e r r a y q u e c o n r e s p e c t o a
los a n i m a l e s q u e v i v e n p o r e n c i m a d e l a T i e r r a e s t a m o s e n l a m i s m a
relación q u e g u a r d a n c o n r e s p e c t o a n o s o t r o s l o s p e c e s q u e h a b i t a n e n
u n m e d i o húmedo más e s p e s o . Q u i e r e d e c i r q u e e n c i e r t o m o d o e s t e
a i r e v a p o r o s o es a g u a y e l a i r e p u r o , q u e c o n t i e n e a n i m a l e s más f e l i c e s ,
está p o r e n c i m a d e l a T i e r r a , d e m a n e r a q u e a l i g u a l q u e e s t e A n f i t r i t e
es a g u a p a r a n o s o t r o s , también n u e s t r o a i r e e s a g u a p a r a e l l o s . Así s e
puede responder, pues, al a r g u m e n t o aducido por N u n d i n i o , y a q u e
e l m a r n o está e n l a s u p e r f i c i e , s i n o e n l a s v i s c e r a s d e l a T i e r r a , d e l
m i s m o m o d o q u e e l hígado, f u e n t e d e l o s h u m o r e s , está e n n u e s t r o
i n t e r i o r ; d e l a m i s m a f o r m a e l a i r e t u r b u l e n t o n o está f u e r a , s i n o c o m o
e n e l pulmón d e l o s a n i m a l e s .
S M I T H — E n e s e c a s o , ¿cómo e s p o s i b l e q u e v e a m o s t o d o e l
h e m i s f e r i o celeste si n o s e n c o n t r a m o s e n las visceras d e la T i e r r a ?
TEÓFILO — D e b i d o a l a m o l e esférica d e l a T i e r r a o c u r r e , n o
sólo e n l a s u p e r f i c i e e x t e r i o r , s i n o también e n l a s i n t e r i o r e s , q u e a l a
vista del h o r i z o n t e u n a c o n v e x i t u d d a lugar a otra, d e m a n e r a que
n o p u e d e p r o d u c i r s e ese obstáculo c o n q u e n o s e n c o n t r a m o s c u a n d o
e n t r e n u e s t r o s o j o s y u n a p a r t e d e l c i e l o se i n t e r p o n e u n m o n t e q u e
p o r s u cercanía p u e d e p r i v a r n o s d e l a p e r f e c t a v i s i b i l i d a d d e l círculo
d e l h o r i z o n t e . L a d i s t a n c i a , p o r t a n t o , d e esos m o n t e s q u e s i g u e n l a
 L a c e n a d e las c e n i z a s
2^

c o n v e x i t u d d e l a T i e r r a ( q u e n o es p l a n a , s i n o c i r c u l a r ) h a c e q u e n o
nos d e m o s c u e n t a d e q u e n o s e n c o n t r a m o s d e n t r o d e las visceras d e la
T i e r r a . P o d e m o s v e r l o d e a l g u n a m a n e r a e n l a p r e s e n t e figura, d o n d e
la v e r d a d e r a s u p e r f i c i e d e l a T i e r r a es A B C , e n l a c u a l h a y m u c h o s
particulares del m a r y d e los c o n t i n e n t e s , c o m o , p o r e j e m p l o , M , desde
el c u a l v e m o s t o d o el h e m i s f e r i o al i g u a l q u e desde el p u n t o A y o t r o s de
l a s u p e r f i c i e e x t e r i o r . L a c a u s a d e e l l o es d o b l e : l a m a g n i t u d d e l a T i e r r a
y l a c o n v e x i d a d d e s u c i r c u n f e r e n c i a h a c e n q u e e l p u n t o M n o esté t a n
obstaculizado c o m o para n o poder ver el hemisferio, y a q u e montes
altísimos n o s e v i e n e n a i n t e r p o n e r f r e n t e a l p u n t o M c o m o l a línea M B
( c r e o q u e sucedería e s o s i l a s u p e r f i c i e d e l a T i e r r a f u e r a p l a n a ) , s i n o

c o m o l a s líneas M C , M D , l a s c u a l e s p o d e m o s v e r q u e n o c a u s a n t a l
obstáculo e n v i r t u d d e l a r c o c i r c u n f e r e n c i a l . Y h e m o s d e t e n e r p r e s e n t e
además q u e l a m i s m a relación q u e g u a r d a M c o n C y c o n D l a g u a r d a
también K c o n r e s p e c t o a M , p o r l o c u a l n o d e b e m o s c o n s i d e r a r u n a
fábula l o q u e decía Platón a c e r c a d e l a s g r a n d e s c o n c a v i d a d e s y s e n o s
de la T i e r r a .
S M I T H — Q u i s i e r a s a b e r s i l o s q u e están c e r c a d e l a s montañas más
a l t a s s u f r e n e s t e obstáculo.
TEÓFILO — N o , t a n sólo l o s q u e están c e r c a d e l o s m o n t e s más b a -
j o s , p u e s t o q u e l a s montañas más a l t a s s o n l a s q u e s o n t a n g r a n d e s
c o m o p a r a q u e s u m a g n i t u d sea i m p e r c e p t i b l e a n u e s t r a v i s t a , d e f o r -
m a q u e v i e n e n a c o m p r e n d e r j u n t o c o n e l p r i m e r o más y más h o r i -
zontes artificiales, d o n d e losaccidentes de los u n o s n o p u e d e n alterar
l o s o t r o s . P o r e s o n o e n t e n d e m o s p o r m o n t e s altísimos l o s A l p e s , l o s
 Diálogo I I I
71
pirineos y otros semejantes, sino toda Francia, situada entre dos m a -
res: e l océano a l n o r t e y e l Mediterráneo a l s u r . D e s d e u n o y o t r o m a r
s j m p r e se v a a s c e n d i e n d o hacia l a A u v e r n i a , a l i g u a l q u e d e s d e los
e

Alp y ' e s o s
P'
r m e o s
, q u e f u e r o n antaño l a c a b e z a d e u n m o n t e altí-
simo q u e fue d e s p e d a z a d o p o r e l t i e m p o (el cual p r o d u c e o t r o s e n
o t r a s p a r t e s e n v i r t u d d e l a s v i c i s i t u d e s d e l a renovación d e l a s p a r t e s
d e l a T i e r r a ) y formó t o d a s e s a s montañas p a r t i c u l a r e s a l a s q u e l l a -
m a m o s m o n t e s . S i n e m b a r g o , p o r l o q u e respecta a c i e r t o e j e m p l o
a d u c i d o p o r N u n d i n i o s o b r e l o s m o n t e s d e E s c o c i a , d o n d e quizás h a
estado, m u e s t r a s u i n c a p a c i d a d p a r a c o m p r e n d e r l o q u e se e n t i e n d e
p o r m o n t e s altísimos, y a q u e l o c i e r t o e s q u e t o d a e s t a i s l a británica
es u n m o n t e q u e a l z a s u c a b e z a s o b r e l a s o l a s d e l océano, m o n t e c u y a
c i m a d e b e m o s s i t u a r e n e l l u g a r más e l e v a d o d e l a i s l a . S i e s a c i m a
l l e g a h a s t a l a región t r a n q u i l a d e l a i r e vendría a p r o b a r s e q u e éste
es u n o d e a q u e l l o s m o n t e s altísimos d o n d e h a b i t a n a n i m a l e s quizá
más f e l i c e s . A l e j a n d r o d e A f r o d i s i a h a b l a d e l m o n t e O l i m p o , d o n d e
l a e x p e r i e n c i a d e l a s c e n i z a s d e l o s s a c r i f i c i o s m u e s t r a s u condición
d e m o n t e altísimo y d e q u e e l a i r e s e e n c u e n t r a allí p o r e n c i m a d e l o s
confines y m i e m b r o s de la T i e r r a .
S M I T H — M e habéis d a d o e n t e r a satisfacción y m e habéis a b i e r t o
e g r e g i a m e n t e m u c h o s s e c r e t o s d e l a n a t u r a l e z a q u e están e s c o n d i d o s
b a j o e s t a l l a v e . P o r l o q u e respondéis a l a r g u m e n t o d e l o s v i e n t o s y d e
las n u b e s s e p u e d e i n f e r i r también l a r e s p u e s t a a ese o t r o a r g u m e n t o
a d u c i d o p o r Aristóteles e n e l l i b r o s e g u n d o d e s u o b r a Del universo y el
mundo, c u a n d o d i c e q u e sería i m p o s i b l e q u e u n a p i e d r a t i r a d a a l o a l t o
p u d i e r a v o l v e r a c a e r a b a j o según l a m i s m a línea r e c t a p e r p e n d i c u l a r ,
s i n o q u e sería n e c e s a r i o q u e e l velocísimo m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a
l a d e j a r a m u y atrás, h a c i a O c c i d e n t e , p u e s t o q u e a l t e n e r l u g a r e s t e
m o v i m i e n t o d e n t r o d e la T i e r r a , es necesario q u e c o n el m o v i m i e n t o
d e ésta v e n g a a a l t e r a r s e t o d a relación d e v e r t i c a l i d a d y o b l i c u i d a d ,
pues son diferentes e l m o v i m i e n t o d e l a nave y e l m o v i m i e n t o d e
las c o s a s q u e están e n l a n a v e . S i e s t o n o f u e r a c i e r t o , s e seguiría q u e
c u a n d o l a n a v e c o r r e p o r e l m a r n a d i e podría jamás l l e v a r a l g o d e u n
s i t i o a o t r o d e l a n a v e según u n a línea r e c t a y sería i m p o s i b l e s a l t a r y
v o l v e r a c a e r c o n e l p i e e n e l m i s m o s i t i o d o n d e s e saltó.
[TEÓFILO] — C o n l a T i e r r a , p u e s , s e m u e v e n t o d a s l a s c o s a s q u e
se e n c u e n t r a n e n e l l a . P o r e s o s i d e s d e u n l u g a r f u e r a d e l a T i e r r a s e
a r r o j a r a algún o b j e t o h a c i a e l l a , resultaría q u e d i c h o o b j e t o perdería
la p e r p e n d i c u l a r i d a d p o r causa d e l m o v i m i e n t o de la T i e r r a . E s l o q u e
ocurrirá e n l a n a v e A B q u e p a s a p o r e l río: s i a l g u i e n a r r o j a u n a p i e d r a
 L a cena, de las c e n i z a s
71
d e s d e l a o r i l l a C según u n a t r a y e c t o r i a rectilínea, fallará e l t i r o e n l a

m e d i d a d e la v e l o c i d a d d e la c o r r i e n t e . M a s , si a l g u i e n se e n c u e n t r a e n
e l mástil d e l a n a v e , y a p u e d e ésta c o r r e r c o n l a v e l o c i d a d q u e q u i e r a
q u e n u n c a fallará e l t i r o , d e f o r m a q u e l a p i e d r a o c u a l q u i e r o t r o
g r a v e a r r o j a d o n o c a i g a según u n a línea r e c t a d e s d e e l p u n t o E e n l a
c i m a d e l mástil o e n l a c o f a h a s t a e l p u n t o D e n l a b a s e d e l mástil o e n
o t r a p a r t e d e l v i e n t r e y c u e r p o d e l a n a v e . Así, s i u n a p e r s o n a s i t u a d a
d e n t r o d e l a n a v e t i r a , según u n a línea r e c t a , u n a p i e d r a d e s d e u n
p u n t o D a u n p u n t o E , d i c h a p i e d r a volverá d e n u e v o a b a j o según l a
m i s m a t r a y e c t o r i a rectilínea, p o r m u c h o q u e s e m u e v a l a n a v e , a n o
ser q u e se i n c l i n e .

S M I T H — E l e s t u d i o d e e s t a d i f e r e n c i a a b r e l a vía a m u c h o s e i m p o r -
tantísimos s e c r e t o s d e l a n a t u r a l e z a y d e u n a p r o f u n d a filosofía. E s
algo m u y frecuente y m u y poco e s t u d i a d o la g r a n diferencia existente
e n t r e l o q u e u n o s e r e c e t a a sí m i s m o y l o q u e n o s e s r e c e t a d o p o r o t r o ;
es b a s t a n t e e v i d e n t e q u e s e n t i m o s m a y o r p l a c e r y satisfacción c u a n d o
c o m e m o s con la a y u d a d e nuestras propias m a n o s q u e si lo hacemos
p o r l o s b r a z o s d e o t r o . L o s niños c u a n d o p u e d e n s e r v i r s e p a r a c o -
m e r de sus p r o p i o s i n s t r u m e n t o s ya n o q u i e r e n s e r v i r s e de los ajenos.
E s c o m o s i l a n a t u r a l e z a les h i c i e r a a p r e n d e r d e a l g u n a m a n e r a q u e
c o m o n o h a y t a n t o p l a c e r t a m p o c o h a y e l m i s m o p r o v e c h o . ¿Habéis
 Diálogo ¡II
21

v i s t o cómo s e a g a r r a n c o n l a m a n o a l a t e t a l o s niños d e p e c h o ? Y o
jamás h e t e n i d o t a n t o m i e d o a n t e u n r o b o c o m o e n e l c a s o d e l e f e c t u a -
d o p o r u n c r i a d o , p u e s n o sé p o r qué razón u n c o n o c i d o t r a e c o n s i g o
m á s a s o m b r o o p o r t e n t o q u e u n extraño, p u e s t o q u e l l e v a c o m o u n a
especie d e m a l g e n i o o p r e s a g i o t e r r i b l e .
TEÓFILO — V o l v a m o s a n u e s t r o a s u n t o . S i h a y d o s p e r s o n a s , d e l a s
c u a l e s u n o está d e n t r o d e l a n a v e e n m o v i m i e n t o y e l o t r o f u e r a d e e l l a ;
si t a n t o e l u n o c o m o e l o t r o t i e n e n l a m a n o e n e l m i s m o p u n t o d e l a i r e
y d e s d e ese l u g a r , y e n e l m i s m o i n s t a n t e además, d e j a c a e r e l u n o u n a
p i e d r a y e l o t r o o t r a , s i n d a r l e s i m p u l s o a l g u n o , l a d e l p r i m e r o llegará
a l l u g a r d e t e r m i n a d o s i n p e r d e r u n p u n t o y s i n d e s v i a r s e d e l a línea,
m i e n t r a s q u e l a d e l s e g u n d o s e quedará atrás. E s t o n o r e s u l t a s i n o d e
q u e l a p i e d r a q u e sale d e l a m a n o d e q u i e n se e n c u e n t r a e n l a n a v e
y, p o r t a n t o , se m u e v e c o n e l m o v i m i e n t o d e e l l a , p o s e e u n a f u e r z a
i m p r e s a q u e n o p o s e e l a q u e p r o c e d e d e l a m a n o d e l q u e está f u e r a d e
la n a v e , a u n q u e las d o s p i e d r a s t e n g a n e l m i s m o peso, e l m i s m o a i r e
i n t e r m e d i o , p a r t a n (si es p o s i b l e ) d e l m i s m o p u n t o y e x p e r i m e n t e n e l
mismo impulso.
L a única explicación q u e p o d e m o s d a r d e e s a d i f e r e n c i a e s q u e l a s
c o s a s q u e están fijas o p e r t e n e c e n a l a n a v e s e m u e v e n c o n e l l a y q u e
u n a d e las dos p i e d r a s l l e v a c o n s i g o la f u e r z a d e l m o t o r q u e se m u e v e
c o n l a n a v e y l a o t r a d e l q u e n o p a r t i c i p a d e d i c h o m o v i m i e n t o . Según
e s t o , p o d e m o s v e r c l a r a m e n t e q u e l a c a p a c i d a d d e m o v e r s e según u n a
línea r e c t a n o v i e n e d a d a p o r e l p u n t o d e d o n d e p a r t e e l m o v i m i e n t o
n i p o r aquél a d o n d e v a , n i p o r e l m e d i o p o r d o n d e d i s c u r r e , s i n o
por la eficacia d e l a f u e r z a i m p r e s a e n p r i m e r lugar. D e ella d e p e n d e
toda l adiferencia. Y m e parece q u e c o n esto y a h e m o s considerado
s u f i c i e n t e m e n t e las p r o p o s i c i o n e s d e N u n d i n i o .
S M I T H — E n t o n c e s n o s v e r e m o s mañana p a r a e s c u c h a r l o s a r g u -
m e n t o s q u e añadió T o r c u a t o .
PRUDENCIO — F i a t } *
COPIA CON FINES EDUCATIVOS
C. D . A .

DIÁLOGO C U A R T O

SMITH — ¿ Q u e r é i s q u e o s d i g a l a razón?
TEÓFILO — D e c i d l a , p u e s .
SMITH — P o r q u e l a d i v i n a E s c r i t u r a ( a c u y o s e n t i d o d e b e m o s
atenernos con g r a n respeto por proceder d e inteligencias superiores
q u e n u n c a y e r r a n ) señala y s u p o n e e n m u c h o s l u g a r e s l o c o n t r a r i o .
TEÓFILO — B u e n o , p o r l o q u e a e s t o s e r e f i e r e , c r e e d m e q u e s i l o s
d i o s e s se h u b i e r a n d i g n a d o enseñarnos l a teoría d e l a s c o s a s n a t u r a l e s ,
al i g u a l q u e n o s h a n h e c h o el f a v o r d e p r o p o n e r n o s l a c o n d u c t a m o -
r a l , y o m i s m o abrazaría a n t e s l a f e d e s u s r e v e l a c i o n e s q u e a v a n z a r
u n solo paso g u i a d o por la certeza d e m i s razones y d e m i s propias
o p i n i o n e s . S i n e m b a r g o , c o m o t o d o e l m u n d o p u e d e v e r clarísima-
m e n t e , los libros d i v i n o s concedidos a l servicio d e n u e s t r o i n t e l e c t o ,
n o se o c u p a n d e d e m o s t r a c i o n e s y e s p e c u l a c i o n e s s o b r e las cosas n a -
t u r a l e s , c o m o s i d e filosofía s e t r a t a r a , s i n o q u e e s t a b l e c e n m e d i a n t e
l e y e s , e n b e n e f i c i o d e n u e s t r a m e n t e y ánimo, l a c o n d u c t a e n l o r e -
l a t i v o a l a s a c c i o n e s m o r a l e s . C o n e s t e propósito, p o r t a n t o , a n t e s u s
o j o s , e l d i v i n o l e g i s l a d o r n o s e p r e o c u p a e n l o demás d e h a b l a r según
esa v e r d a d d e l a c u a l e l v u l g o n o sacaría ningún p r o v e c h o a l a h o r a
d e a l e j a r s e d e l m a l y s e g u i r e l b i e n . D e j a , p o r e l c o n t r a r i o , l a reflexión
sobre estos p u n t o s a los c o n t e m p l a t i v o s y h a b l a a l v u l g o d e m a n e r a
q u e según s u m o d o d e e n t e n d e r y d e h a b l a r l l e g u e a c o m p r e n d e r l o
fundamental.
S M I T H — C o n v i e n e , s i n d u d a , c u a n d o se t r a t a d e e s c r i b i r l a h i s t o r i a
y d e l e g i s l a r , h a b l a r según l a i n t e l i g e n c i a d e l v u l g o y n o s e r e s c r u p u l o s o
e n c u e s t i o n e s i n d i f e r e n t e s . L o c o sería e l h i s t o r i a d o r q u e a l t r a t a r s u
asunto p r e t e n d i e r a i n t r o d u c i r vocablos n u e v o s y r e f o r m a r los viejos,
comportándose d e m a n e r a q u e e l l e c t o r esté más a t e n t o a o b s e r v a r l o
e i n t e r p r e t a r l o c o m o gramático q u e a e n t e n d e r l o c o m o h i s t o r i a d o r .

75
7± L a c e n a d e las c e n i z a s

E n m e d i d a m u c h o m a y o r q u i e n quiera dar al c o n j u n t o del v u l g 0

l a l e y y f o r m a d e v i d a , s i u s a r a términos e n t e n d i d o s únicamente p 0 r

él y u n o s p o c o s más, a t e n d i e n d o y t r a t a n d o c u e s t i o n e s i n d i f e r e n t e s
c o n r e s p e c t o a l fin p a r a e l q u e s e e s t a b l e c e n l a s l e y e s , n o c a b e d u d a
d e q u e parecería q u e n o d i r i g e s u d o c t r i n a a t o d o e l m u n d o y a l a

m u l t i t u d ( q u e e s p a r a q u i e n se e s t a b l e c e n las l e y e s ) , s i n o a l o s sabios,
a espíritus n o b l e s y a q u i e n e s s o n v e r d a d e r a m e n t e h o m b r e s , l o s c u a l e s
h a c e n l o q u e c o n v i e n e s i n n e c e s i d a d d e leyes. P o r eso d i j o A l g a c e l
(filósofo, s u m o pontífice y teólogo m a h o m e t a n o ) q u e e l fin d e l a s
leyes n o es t a n t o b u s c a r l a v e r d a d d e las cosas y d e las e s p e c u l a c i o n e s
c o m o l a b o n d a d d e l a s c o s t u m b r e s , e l p r o v e c h o d e l a civilización,
la c o n c o r d i a e n los pueblos y l a c o n d u c t a c o n vistas a l bienestar d e la
c o n v i v e n c i a h u m a n a , e l m a n t e n i m i e n t o d e l a p a z y e l p r o g r e s o d e los
Estados. M u c h a s veces, p o r t a n t o , y e n m u c h o s sentidos, es d e tontos
e i g n o r a n t e s r e f e r i r l a s c o s a s según l a v e r d a d y n o según l a ocasión y
l a c o m o d i d a d . S i c u a n d o e l s a b i o d i j o «nace e l S o l y s e p o n e , g i r a a l
mediodía y d o b l a h a c i a e l norte» h u b i e r a d i c h o «la T i e r r a g i r a h a c i a
o r i e n t e y d e j a detrás e l s o l p o n i e n t e , d o b l a h a c i a l o s d o s trópicos, e l
d e Cáncer a l s u r y e l d e C a p r i c o r n i o a l norte», l o s o y e n t e s s e h u b i -
e r a n p a r a d o a p e n s a r preguntándose: «¿Cómo e s q u e éste d i c e q u e
l a T i e r r a s e m u e v e ? ¿Qué fábulas s o n éstas?». A l final l o habrían t e -
n i d o p o r l o c o y n o c a b e d u d a d e q u e e f e c t i v a m e n t e l o habría s i d o . E n
t o d o c a s o , p a r a d a r satisfacción a l a i n o p o r t u n i d a d d e algún r a b i n o
i m p a c i e n t e y r i g u r o s o , m e gustaría s a b e r s i l o q u e d e c i m o s s e p u e d e
confirmar sin dificultad con el favor de l am i s m a Escritura.
TEÓFILO — ¿ A c a s o p r e t e n d e n e s t o s r e v e r e n d o s q u e c u a n d o M o i -
sés d i j o q u e D i o s h a h e c h o , e n t r e l o s demás l u m i n a r e s , d o s g r a n d e s ,
q u e son el Sol y l a L u n a , debemos e n t e n d e r l o a b s o l u t a m e n t e , de for-
m a q u e t o d o s l o s demás s e a n m e n o r e s q u e l a L u n a o b i e n según e l
s e n t i d o v u l g a r y e l m o d o o r d i n a r i o d e h a b l a r y e n t e n d e r ? ¿No h a y
m u c h o s a s t r o s m a y o r e s q u e l a L u n a ? ¿No p u e d e h a b e r o t r o s m a y o -
r e s q u e e l S o l ? ¿Qué l e f a l t a a l a T i e r r a p a r a s e r u n l u m i n a r más b e l l o
y más g r a n d e q u e l a L u n a , d e f o r m a q u e , r e c i b i e n d o también e n e l
c u e r p o d e l océano y o t r o s m a r e s mediterráneos e l g r a n r e s p l a n d o r
d e l S o l , p u e d a c o m p a r e c e r c o m o u n c u e r p o luminosísimo a n t e l o s
o t r o s m u n d o s l l a m a d o s a s t r o s , a l i g u a l q u e e l l o s se n o s a p a r e c e n a
nosotros c o m o otras tantas luces resplandecientes? N o cabe d u d a d e
q u e e l n o l l a m a r a l a T i e r r a u n l u m i n a r g r a n d e o pequeño y d e c i r q u e
t a l e s s o n e l S o l y l a L u n a , está m u y b i e n y v e r d a d e r a m e n t e d i c h o a s u
n i v e l , p o r q u e debía h a c e r s e e n t e n d e r según l a s p a l a b r a s y o p i n i o n e s
 Diálogo I V 77

vulgares y n ohacer c o m o q u i e n usa del c o n o c i m i e n t o y d e l a sabi-

duría d e f o r m a estúpida e i n s e n s a t a . H a b l a r e n l o s términos d e l a
v e r d a d allí d o n d e n o e s n e c e s a r i o , y q u e r e r q u e e l v u l g o y l a estúpida
m u l t i t u d — d e l a q u e l o único q u e s e r e q u i e r e e s e l c o m p o r t a m i e n -
t o - — t e n g a n u n c o n o c i m i e n t o p o r m e n o r i z a d o sería c o m o p r e t e n d e r
que la m a n o tenga ojo, cuando la naturaleza n ola h a hecho para
v e r , s i n o p a r a a c t u a r y a s e n t i r a l a v i s t a . Así, a u n q u e c o n o c i e r a l a
n a t u r a l e z a d e l a s s u s t a n c i a s e s p i r i t u a l e s , ¿a qué fin debería t r a t a r d e
e l l a s s i n o e n l a m e d i d a e n q u e a l g u n a s d e e l l a s t i e n e n comunicación
y r i n d e n algún s e r v i c i o a l o s h o m b r e s c u a n d o s e h a c e n e m b a j a d o -
ras? A u n q u e h u b i e r a s a b i d o q u e a la L u n a y o t r o s c u e r p o s m u n d a n o s
(visibles o invisibles a nosotros) c o n v i e n e t o d o a q u e l l o q u e c o n v i e n e
a n u e s t r o m u n d o o p o r l o m e n o s a l g o s e m e j a n t e , ¿creéis q u e sería
p r o p i o de u n legislador o c u p a r s e de e l l o y p r o p o r c i o n a r a los pueblos
e s t a s i n d i g e s t i o n e s ? ¿Qué t i e n e q u e v e r l a o b s e r v a n c i a d e n u e s t r a s l e -
y e s y e l e j e r c i c i o d e n u e s t r a s v i r t u d e s c o n e s a s c o s a s ? Así p u e s , d o n d e
los h o m b r e s d i v i n o s h a b l a n p r e s u p o n i e n d o e n las cosas n a t u r a l e s e l
s e n t i d o comúnmente r e c i b i d o , n o d e b e n s e r t o m a d o s c o m o a u t o r i -
d a d , s i n o más b i e n c u a n d o h a b l a n i n d i f e r e n t e m e n t e y allí d o n d e e l
v u l g o n o t i e n e posición a l g u n a . Allí e s d o n d e q u i e r o q u e s e a t i e n d a
a las p a l a b r a s d e los h o m b r e s d i v i n o s , e i n c l u s o a los e n t u s i a s m o s d e
los poetas, q u e n o s h a n h a b l a d o c o n u n a l u z s u p e r i o r , y q u e n o se
t o m e p o r metáfora l o q u e n o s e d i j o p o r metáfora, t o m a n d o p o r e l
c o n t r a r i o c o m o v e r d a d e r o l o q u e s e d i j o a m o d o d e símil. P e r o e s t a
distinción e n t r e l o metafórico y l o v e r d a d e r o n o t o c a a t o d o s q u e r e r l a
c o m p r e n d e r , d e l m i s m o m o d o q u e n o se d a a t o d o e l m u n d o e l p o -
derla comprender.
S i a h o r a d i r i g i m o s n u e s t r a atención a u n l i b r o c o n t e m p l a t i v o , n a -
t u r a l , m o r a l y d i v i n o , h a l l a r e m o s q u e e s t a filosofía r e s u l t a m u y f a v o -
r e c i d a y a p r e c i a d a . M e r e f i e r o a l L i b r o de Job, u n o d e l o s más s i n g u l a -
r e s q u e c a b e l e e r , l l e n o d e t o d a c l a s e d e b u e n a teología, filosofía n a t u -
r a l y m o r a l , s a t u r a d o d e sapientísimos d i s c u r s o s , h a s t a e l p u n t o d e q u e
Moisés l o unió c o m o a l g o s a g r a d o a l o s l i b r o s d e s u l e y . E n d i c h o l i b r o ,
q u e r i e n d o u n o d e los personajes describir l a p r o v i d e n t e potencia d e
D i o s , d i j o q u e Él establecía l a p a z e n t r e s u s h i j o s e m i n e n t e s , e s d e c i r ,
s u b l i m e s , q u e son los astros, los dioses, de los cuales u n o s son fuegos y
o t r o s a g u a s (al i g u a l q u e n o s o t r o s d e c i m o s a los u n o s soles y a los o t r o s
t i e r r a s ) y q u e e l l o s se m a n t i e n e n e n c o n c o r d i a d e f o r m a q u e a u n s i e n -
d o c o n t r a r i o s el u n o v i v e , se a l i m e n t a y v e g e t a p o r el o t r o , s i n c o n f u n -
d i r s e n u n c a e n t r e sí, s i n o moviéndose l o s u n o s a l r e d e d o r d e l o s o t r o s
78 L a c e n a d e las c e n i z a s

c o n a r r e g l o a d i s t a n c i a s d e t e r m i n a d a s . D e e s t a m a n e r a e l u n i v e r s o se
d i v i d e e n fuego y agua, sujetos d elos dos p r i m e r o s p r i n c i p i o s f o r m a -
l e s y a c t i v o s : e l frío y e l c a l o r . L o s c u e r p o s q u e e x h a l a n c a l o r s o n l o s
s o l e s , l u m i n o s o s y c a l i e n t e s p o r sí m i s m o s ; l o s q u e e x h a l a n e l frío s o n
l a s t i e r r a s , c u e r p o s heterogéneos también a l o s q u e s e l l a m a p r e f e r e n -
t e m e n t e a g u a s p o r r e s u l t a r visibles gracias a ellas. P o r eso los d e n o m i -
n a m o s c o n razón a p a r t i r d e e s a región q u e n o s l o s h a c e p e r c e p t i b l e s
y c u a n d o d i g o p e r c e p t i b l e s n o d i g o q u e l o s e a n p o r sí m i s m o s , s i n o p o r
l a l u z d e l o s s o l e s e s p a r c i d a p o r s u s u p e r f i c i e . C o n e s t a d o c t r i n a está
d e a c u e r d o Moisés, q u e l l a m a «firmamento» a l a i r e d o n d e t o d o s e s t o s
c u e r p o s e x i s t e n y se h a l l a n s i t u a d o s , e l c u a l s e p a r a y d i v i d e las a g u a s
i n f e r i o r e s (las d e n u e s t r o g l o b o ) d e las s u p e r i o r e s , q u e s o n las d e los
o t r o s g l o b o s . D e ahí q u e s e d i g a q u e l a s a g u a s f u e r o n s e p a r a d a s d e las
a g u a s . Y s i examináis c o r r e c t a m e n t e m u c h o s d e l o s p a s a j e s d e l a d i v i n a
E s c r i t u r a veréis q u e l o s d i o s e s y m i n i s t r o s d e l Altísimo r e c i b e n e l n o m -
b r e d e «aguas», «abismos», «tierras» y «llamas ardientes». ¿Quién
l e prohibía l l a m a r l o s «cuerpos n e u t r o s , i n a l t e r a b l e s , inmutables»,
«quintaesencias», «partes más d e n s a s d e l a s esferas», «esmeraldas»,
«rubíes», y o t r o s n o m b r e s fantásticos c o n l o s q u e , c o m o i n d i f e r e n t e s , e l
v u l g o habría p o d i d o , s i n e m b a r g o , a l i m e n t a r s e ?
SMITH — Y o , p o r c i e r t o , m e d e j o g u i a r m u c h o p o r l a a u t o r i d a d
d e l Libro de Job y d e Moisés y m e r e s u l t a fácil q u e d a r m e e n e s t o s
s e n t i d o s r e a l e s a n t e s q u e e n l o s metafóricos y a b s t r a c t o s , p e r o a l g u n o s
p a p a g a y o s d e Aristóteles, Platón y A v e r r o e s , d e s d e c u y a filosofía se
v e n e l e v a d o s después a l r a n g o d e teólogos, d i c e n q u e e s t o s s e n t i d o s
s o n metafóricos y d e e s t a m a n e r a l e s h a c e n s i g n i f i c a r e n v i r t u d d e sus
metáforas t o d o l o q u e l e s a p e t e c e , l l e v a d o s p o r e l c e l o d e l a filosofía e n
la q u e se h a n c r i a d o .
TEÓFILO — P u e s b i e n , h a s t a qué p u n t o s o n c o n s t a n t e s e s t a s m e -
táforas l o podéis j u z g a r d e l h e c h o d e q u e l a m i s m a e s c r i t u r a está e n
m a n o s d e judíos, c r i s t i a n o s y m a h o m e t a n o s , s e c t a s t a n d i f e r e n t e s y
c o n t r a r i a s q u e e n g e n d r a n o t r a s i n n u m e r a b l e s contrarísimas y d i f e -
rentísimas, t o d a s l a s c u a l e s s a b e n e n c o n t r a r e n e l l a e s a resolución q u e
l e s a g r a d a y más a c u e n t o l e s v i e n e ; y n o sólo u n a resolución d i v e r s a
y d i f e r e n t e , s i n o i n c l u s o l a t o t a l m e n t e c o n t r a r i a , h a c i e n d o d e u n sí
u n n o y d e u n n o u n sí, c o m o verbigratia e n c i e r t o s p a s a j e s e n l o s q u e
d i c e n q u e D i o s h a b l a irónicamente.
S M I T H —Abstengámonos d e j u z g a r l e s . E s t o y s e g u r o d e q u e a
e l l o s n o l e s i m p o r t a q u e e s t o sea o n o metáfora y p o r e s o n o s dejarán
fácilmente e n p a z c o n n u e s t r a filosofía.
 Diálogo I V 79

TEÓFILO — N o c a b e a b r i g a r t e m o r a l g u n o d e l a c e n s u r a d e espí-
ritus honorables, v e r d a d e r a m e n t e religiosos y a s i m i s m o h o m b r e s d e
b i e n p o r n a t u r a l e z a , a m i g o s d e l a c o n v i v e n c i a c i v i l y d e las b u e n a s
d o c t r i n a s , p u e s t r a s u n a a t e n t a consideración verán q u e e s t a filosofía
n o sólo c o n t i e n e l a v e r d a d , s i n o q u e i n c l u s o f a v o r e c e l a religión más
q u e c u a l q u i e r o t r a c l a s e d e filosofía, c o m o p o r e j e m p l o e s a s q u e
a f i r m a n q u e e l m u n d o e s finito, q u e e l e f e c t o y l a o b r a d e l a p o t e n c i a
d i v i n a s o n finitos, q u e l a s i n t e l i g e n c i a s y n a t u r a l e z a s i n t e l e c t u a l e s t a n
sólo s o n o c h o o d i e z , q u e l a s u s t a n c i a d e l a s c o s a s e s c o r r u p t i b l e , q u e
e l a l m a e s m o r t a l p o r c o n s i s t i r más b i e n e n u n a disposición a c c i d e n t a l
y e n e l e f e c t o d e l a complexión, e n u n t e m p e r a m e n t o s u s c e p t i b l e
d e disolución y e n u n a armonía, s i e n d o p o r c o n s i g u i e n t e n u l o
el p o d e r d e l a j u s t i c i a d i v i n a sobre las acciones h u m a n a s , y q u e l a s
c a u s a s p r i m e r a s y u n i v e r s a l e s están m u y l e j o s d e c o n o c e r l a s c o s a s
p a r t i c u l a r e s ; y o t r o s m u c h o s i n c o n v e n i e n t e s q u e n o sólo c i e g a n c o m o
falsos l a l u z d e l i n t e l e c t o , s i n o q u e i n c l u s o a p a g a n , c o m o f u e n t e d e
i n d o l e n c i a e i m p i e d a d , el f e r v o r de los b u e n o s s e n t i m i e n t o s .
S M I T H — E s t o y m u y c o n t e n t o d e t e n e r e s t a información s o b r e l a
filosofía d e l N o l a n o . P a s e m o s a h o r a u n p o c o a s u discusión c o n e l d o c -
t o r T o r c u a t o , q u i e n e s t o y s e g u r o q u e n o p u e d e n o s e r t a n t o más i g -
n o r a n t e q u e N u n d i n i o c u a n t o q u e e s más p r e s u n t u o s o , t e m e r a r i o y
descarado.
FRULLA — I g n o r a n c i a y a r r o g a n c i a s o n d o s h e r m a n a s i n s e p a r a b l e s
en u n solo c u e r p o y e n u n a sola a l m a .
TEÓFILO — E s e i n d i v i d u o , c o n e l a s p e c t o enfático c o n q u e l a s Meta-
morfosis n o s d e s c r i b e n a l divum Patera s e n t a d o e n m e d i o d e l c o n c i l i o
d e l o s d i o s e s p a r a f u l m i n a r s u severísima s e n t e n c i a c o n t r a e l p r o f a n o
Licaón, t r a s h a b e r c o n t e m p l a d o s u c a d e n a d e o r o . . .
PRUDENCIO —Torquem aureum, aureum monile.* 6

TEÓFILO —... y h a b e r m i r a d o a continuación e l p e c h o d e l N o l a n o

d o n d e habría p o d i d o f a l t a r más b i e n algún botón; t r a s h a b e r s e e r g u i d o ,
s e p a r a d o l o s b r a z o s d e l a m e s a , encogiéndose u n p o c o d e h o m b r o s ,
t r a s r o c i a r u n p o c o c o n l a s a l i v a a l o s p r e s e n t e s , ajustándose e l b i r r e t e
d e t e r c i o p e l o e n l a c a b e z a , retorciéndose e l b i g o t e , l e v a n t a n d o s u
p e r f u m a d o r o s t r o , a r q u e a d a s las cejas, a b i e r t a s las fosas nasales, p u e s t o
a p u n t o c o n u n a m i r a d a de soslayo, a p o y a n d o su m a n o i z q u i e r d a e n el
l a d o i z q u i e r d o p a r a c o m e n z a r s u d u e l o , apuntó c o n l o s t r e s p r i m e r o s

8 5
«padre de los dioses».
8 6
«Su cadena de oro, su collar dorado.»
8o L a c e n a d e las c e n i z a s

d e d o s d e l a m a n o d e r e c h a j u n t o s y comenzó a d a r e s t o c a d a s , h a b l a n d o
d e l a s i g u i e n t e m a n e r a : «Tune i l l e p h i l o s o p h o r u m protoplastes...?»»
E l N o l a n o , s o s p e c h a n d o a l p u n t o q u e l a c o s a podía d e r i v a r h a c i a a l g o
d i s t i n t o d e u n a d i s p u t a , l e interrumpió d i c i e n d o : «Quo v a d i s d o m i n e , q u o
v a d i s ? q u i d si e g o p h i l o s o p h o r u m p r o t o p l a s t e s ? q u i d si n e c A r i s t o t e l i nec
c u i q u a m , m a g i s c o n c e d a m , q u a m m i h i i p s i c o n c e s s e r i n t ? i d e o n e térra
est c e n t r u m m u n d i inmobile?». C o n e s t o s y o t r o s a r g u m e n t o s p o r e l
88

e s t i l o l e i n s t a b a c o n l a m e j o r p a c i e n c i a q u e podía a a d u c i r p r o p o s i c i o n e s
m e d i a n t e las cuales p u d i e r a c o n c l u i r , d e m o s t r a t i v a o p r o b a b l e m e n t e , a
f a v o r d e l o s o t r o s príncipes y e n c o n t r a d e e s t e n u e v o . Y volviéndose
a l o s p r e s e n t e s , s o n r i e n d o c o n u n a m e d i a s o n r i s a , e l N o l a n o d i j o : «Este
h a v e n i d o m e n o s a r m a d o d e razones que d e palabras y d e burlas que
se m u e r e n d e frío y d e hambre». R o g a d o p o r t o d o s q u e p a s a r a a los
a r g u m e n t o s , T o r c u a t o pronunció e s t a s p a l a b r a s : «Unde i g i t u r s t e l l a
M a r t i s n u n c m a i o r , n u n c v e r o m i n o r a p p a r e t ; si térra m o v e t u r ? ». 89

S M I T H — ¡ P o r l a A r c a d i a ! ¿Es p o s i b l e q u e h a y a in rerum n a t u r a 9 0

b a j o e l título d e filósofo y médico...

FRULLA — Y d o c t o r y e n c o l l a r a d o . ' 9

S M I T H —... q u i e n h a y a p o d i d o s a c a r e s t a c o n s e c u e n c i a ? ¿Qué r e s -
pondió e l N o l a n o ?
TEÓFILO — N o se sorprendió p o r e s o , s i n o q u e l e respondió q u e u n a
d e l a s c a u s a s p r i n c i p a l e s p o r l a s q u e M a r t e a p a r e c e m a y o r o m e n o r se-
gún l a s o c a s i o n e s , es e l m o v i m i e n t o d e l a T i e r r a y también e l d e M a r t e
m i s m o p o r s u s p r o p i o s círculos, l o c u a l h a c e q u e u n a s v e c e s estén más
c e r c a y o t r a s más l e j o s .
S M I T H — ¿ Q u é añadió T o r c u a t o ?
TEÓFILO — P r e g u n t ó i n m e d i a t a m e n t e p o r l a proporción d e l o s
m o v i m i e n t o s de los planetas y de la T i e r r a .
SMITH — ¿ Y e l N o l a n o t u v o t a n t a paciencia a n t e u n s u j e t o t a n
p r e s u n t u o s o y estúpido q u e n o volvió l a e s p a l d a p a r a m a r c h a r s e a c a s a
y d e c i r a q u i e n l e había l l a m a d o q u e . . . ?

8 7
« ¿ A s í que éste es el príncipe de los filósofos...?»
8 8
« ¿ A dónde vas, Señor, a dónde vas? ¿Qué pasa, si yo soy el príncipe de los
filósofos? ¿Qué pasa si no concedo ni a Aristóteles ni a ningún otro más de lo que
ellos me conceden a mí? ¿Acaso por eso es la T i e r r a el centro inmóvil del mundo?»
8 9
«¿Por qué, entonces, el astro de Marte se ve ora mayor ora menor, si la
T i e r r a se mueve?»
9 0
«en toda la naturaleza».
9 1
E n el original t o r q u a t o , del latín torques (collar), jugando con el nombre del
sujeto.
 Diálogo I V 81

TEÓFILO —Respondió, p o r e l c o n t r a r i o , q u e él n o había i d o allí

a l e e r n i a enseñar, s i n o a r e s p o n d e r , y q u e l a simetría, e l o r d e n y
la m e d i d a d e los m o v i m i e n t o s celestes se p r e s u p o n e t a l c u a l es y h a
s i d o c o n o c i d a p o r l o s a n t i g u o s y l o s m o d e r n o s ; q u e él n o d i s c u t e e s o
n i t i e n e d e s e o s d e p l e i t e a r c o n l o s matemáticos p a r a p r i v a r l e s d e s u s
m e d i d a s y teorías, l a s c u a l e s , p o r e l c o n t r a r i o , s u s c r i b e y a c e p t a , s i n o
q u e s u interés r e s i d e e n l a n a t u r a l e z a y e n l a verificación d e l s u j e t o d e
e s t o s m o v i m i e n t o s . D i j o además e l N o l a n o : «Si y o e m p l e o t i e m p o p a r a
r e s p o n d e r a e s t a p r e g u n t a , n o s e s t a r e m o s aquí t o d a l a n o c h e s i n d i s c u t i r
y s i n p o n e r jamás l o s f u n d a m e n t o s d e n u e s t r a s p r e t e n s i o n e s c o n t r a
l a filosofía v u l g a r , y a q u e t a n t o l o s u n o s c o m o l o s o t r o s a d m i t i m o s
t o d o s l o s s u p u e s t o s c o n t a l d e q u e se c o n c l u y a l a v e r d a d e r a razón d e l a
c a n t i d a d y c u a l i d a d d e l o s m o v i m i e n t o s . Y e n e s t o c o i n c i d i m o s . ¿Para
qué, p u e s , d e v a n a r s e e l c e r e b r o p o r a l g o q u e n o g u a r d a relación c o n
n u e s t r o t e m a ? M i r a d v o s s i a p a r t i r d e las o b s e r v a c i o n e s r e a l i z a d a s
y d e l a s v e r i f i c a c i o n e s a d m i t i d a s podéis i n f e r i r a l g o q u e c o n c l u y a e n
c o n t r a n u e s t r a . E n t o n c e s estaréis e n l i b e r t a d d e p r o n u n c i a r v u e s t r a s
condenas».
SMITH — B a s t a b a c o n d e c i r l e q u e hablase a c u e n t o .
TEÓFILO — N i n g u n o d e l o s p r e s e n t e s e r a t a n i g n o r a n t e c o m o p a r a
n o m o s t r a r e n s u r o s t r o y e n s u s g e s t o s q u e había c o m p r e n d i d o q u e
aquél e r a u n b u e n b o r r e g o aurati ordinis. 92

FRULLA — I d e s t , e l v e l l o c i n o .
TEÓFILO — S i n e m b a r g o , p a r a e m b r o l l a r e l a s u n t o , r o g a r o n a l
N o l a n o q u e e x p l i c a r a l o q u e quería d e f e n d e r , a fin d e q u e e l m e n -
c i o n a d o d o c t o r T o r c u a t o a r g u m e n t a r a . E l N o l a n o respondió q u e y a
se había e x p l i c a d o d e m a s i a d o y q u e s i l o s a r g u m e n t o s d e l o s a d v e r s a -
rios e r a n escasos n o e r a d e b i d o a f a l t a d e m a t e r i a , c o m o p u e d e n v e r
h a s t a l o s c i e g o s . S i n e m b a r g o , l e s ratificó d e n u e v o q u e e l u n i v e r s o e s
i n f i n i t o y q u e c o n s t a d e u n a i n m e n s a región etérea, q u e h a y v e r d a -
d e r a m e n t e u n c i e l o l l a m a d o e s p a c i o y s e n o e n e l q u e se h a l l a n m u c h o s
a s t r o s s i t u a d o s e n él d e f o r m a n o d i f e r e n t e a l a T i e r r a . Y así l a L u n a ,
e l S o l y o t r o s m u c h o s c u e r p o s i n n u m e r a b l e s s e h a l l a n e n e s t a región
etérea c o m o v e m o s q u e también está l a T i e r r a . D i j o también q u e n o
h e m o s de creer que haya o t r o firmamento, o t r a base, o t r o f u n d a m e n -
to, d o n d e se a p o y e n estos g r a n d e s a n i m a l e s q u e c o n s t i t u y e n t o d o s
juntos el u n i v e r s o , verdadero sujeto y m a t e r i a infinita d e l a potencia
divina, infinita en acto, c o m o m u y bien nos lo h a hecho ver tanto l a

9 2
«de áurea orden»
82 L a c e n a d e las c e n i z a s

razón y e l d i s c u r s o r e g u l a d o s c o m o l a s r e v e l a c i o n e s d i v i n a s , las c u a l e s
n o s d i c e n q u e s o n i n n u m e r a b l e s l o s m i n i s t r o s d e l Altísimo, a l q U e

s i r v e n m i l l a r e s d e m i l l a r e s y m i l l o n e s d e m i l l o n e s asisten. E l l o s son
esos g r a n d e s a n i m a l e s d e los q u e m u c h o s n o s s o n p e r c e p t i b l e s e n su
i n t e g r i d a d gracias a l a clara l u z d i f u n d i d a p o r sus cuerpos. A l g u n o s
d e ellos s o n r e a l m e n t e calientes, c o m o e l S o l y o t r o s m u c h o s fuegos
i n n u m e r a b l e s ; o t r o s s o n fríos, c o m o l a T i e r r a , l a L u n a , V e n u s y o t r a s
m u c h a s t i e r r a s i n n u m e r a b l e s . Y así, p a r a c o m u n i c a r s e e l u n o a l o t r o
y p a r t i c i p a r e l u n o d e l p r i n c i p i o v i t a l d e l o t r o , c u m p l e n s u s g i r o s los
u n o s a l r e d e d o r d e l o s o t r o s según e s p a c i o s d e t e r m i n a d o s , a d i s t a n -
cias d e t e r m i n a d a s , t a l y c o m o es m a n i f i e s t o e n estos siete q u e g i r a n
a l r e d e d o r d e l S o l y d e los cuales l a T i e r r a es u n o q u e a l m o v e r s e en
veinticuatro horas desde el lado l l a m a d o Occidente hacia e l O r i e n t e
o r i g i n a ese m o v i m i e n t o a p a r e n t e d e l u n i v e r s o a s u a l r e d e d o r , a l q u e
d e n o m i n a m o s m o v i m i e n t o m u n d a n o y d i u r n o . E s t a fantasía e s f a l -
sísima, c o n t r a n a t u r a l e i m p o s i b l e , y a q u e e s p o s i b l e , c o n v e n i e n t e , v e r -
d a d e r o y necesario q u e la T i e r r a se m u e v a e n t o r n o a su p r o p i o c e n t r o
p a r a p a r t i c i p a r d e l a l u z y d e l a s t i n i e b l a s , d e l día y d e l a n o c h e , d e l
c a l o r y d e l frío; q u e s e m u e v a a l r e d e d o r d e l S o l p a r a p a r t i c i p a r d e l a
p r i m a v e r a , v e r a n o , otoño e i n v i e r n o ; h a c i a l o s l l a m a d o s p o l o s y p u n -
t o s hemisféricos o p u e s t o s p a r a l a renovación d e l o s s i g l o s y mutación
d e s u r o s t r o , c o n e l fin d e q u e allí d o n d e e r a m a r p a s e a s e r t i e r r a seca,
d o n d e e r a tórrido sea frío, d o n d e e s t a b a e l trópico esté e l e q u i n o c c i o y
se p r o d u z c a finalmente l a a l t e r n a n c i a v i s i c i t u d i n a l d e t o d a s l a s cosas
t a n t o e n éste c o m o e n l o s o t r o s a s t r o s , j u s t a m e n t e l l a m a d o s m u n d o s
p o r l o s a n t i g u o s y v e r d a d e r o s filósofos.
M i e n t r a s e l N o l a n o decía e s t o , e l d o c t o r T o r c u a t o g r i t a b a : «Ad
r e m , a d r e m , a d rem». A l final e l N o l a n o se echó a reír y l e d i j o q u e n i
93

e s t a b a a r g u m e n t a n d o n i respondía, s i n o q u e establecía p r o p o s i c i o n e s
y q u e p o r e s o ista sunt res, res, res. * Y e s q u e atañía a T o r c u a t o a p o r t a r
9

a continuación a l g o ad rem.
SMITH — C o m o e s t e a s n o s e p e n s a b a q u e e s t a b a e n t r e estúpidos y
n e c i o s , creía q u e e l l o s tomarían ese ad rem s u y o p o r u n a r g u m e n t o
y resolución y q u e d e e s t a m a n e r a u n s i m p l e g r i t o c o n s u c a d e n a d e
o r o satisfaría a l a m u l t i t u d .
TEÓFILO — E s c u c h a d u n p o c o más. M i e n t r a s t o d o s e s t a b a n e s p e -
r a n d o ese t a n d e s e a d o a r g u m e n t o , r e s u l t a q u e e l d o c t o r T o r c u a t o se

9 3
« A la cosa, a la cosa, a la cosa.»
9
* «estas son cosas, cosas, cosas».
 Diálogo I V

volvió h a c i a l o s c o m e n s a l e s y d e s d e l o más p r o f u n d o d e s u s u f i c i e n c i a
d e s e n v a i n a y l e v i e n e a l o s m o r r o s u n a d a g i o e r a s m i a n o : Anticiram
navigat- 95

S M I T H — N o podía h a b l a r m e j o r u n a s n o y n o podía e s c u c h a r o t r a
cosa q u i e n v a a c o n v e r s a r c o n a s n o s .
TEÓFILO — C r e o q u e p r o f e t i z a b a ( a u n q u e él m i s m o n o e n t e n d i e r a
s u p r o p i a profecía) q u e e l N o l a n o i b a a h a c e r provisión d e eléboro
p a r a s a n a r e l c e r e b r o a e s t o s l o c o s bárbaros.
SMITH — S i los presentes, e n v e z d e ser e d u c a d o s h u b i e r a n s i d o
educadísimos, l e habrían p u e s t o a l c u e l l o u n c a b e s t r o e n l u g a r d e
su c a d e n a y l e h u b i e r a n h e c h o c o n t a r h a s t a c u a r e n t a b a s t o n a z o s e n
conmemoración d e l p r i m e r día d e l a C u a r e s m a .
TEÓFILO — E l N o l a n o l e s d i j o q u e e l l o c o n o e r a él, s i n o e l d o c t o r
T o r c u a t o . Él l l e v a b a l a c a d e n a , s i n l a c u a l e n c i m a n o valdría c i e r t a -
m e n t e más q u e p o r s u r o p a , d e e s c a s o v a l o r p o r l o demás, a n o s e r q u e
a f u e r z a d e b a s t o n a z o s se l e s a q u e e l p o l v o . Y c o n estas palabras se
levantó d e l a m e s a , lamentándose d e q u e e l señor F u l k e G r e v i l l e n o
se h u b i e r a p r o c u r a d o m e j o r e s c o n t e n d i e n t e s .
F R U L L A — A s í s o n l o s f r u t o s d e I n g l a t e r r a . Y a podéis b u s c a r t o d o l o
q u e queráis q u e encontraréis q u e t o d o s s o n d o c t o r e s e n gramática e n
n u e s t r o s días. R e i n a h o y e n n u e s t r a a f o r t u n a d a p a t r i a u n a constelación
d e obstinadísima i g n o r a n c i a p e d a n t e s c a y presunción u n i d a a u n a
s a l v a j e f a l t a d e educación q u e sacaría d e s u s c a s i l l a s a l a m i s m a
p a c i e n c i a d e J o b ; y s i n o m e creéis, i d a O x f o r d y h a c e d q u e o s c u e n t e n
l o q u e l e pasó a l N o l a n o c u a n d o disputó e n público c o n e s o s d o c t o r e s
e n teología e n p r e s e n c i a d e l príncipe p o l a c o A l b e r t o L a s k i y d e o t r a s
p e r s o n a s d e l a n o b l e z a i n g l e s a . Q u e o s d i g a n cómo s e s u p o r e s p o n d e r
a l o s a r g u m e n t o s , cómo quedó e n q u i n c e o c a s i o n e s y p o r q u i n c e
s i l o g i s m o s c o m p l e t a m e n t e m u d o s i n s a b e r qué d e c i r ese p o b r e d o c t o r
que en calidad d e corifeo d e l a A c a d e m i a enfrentaron a l N o l a n o en
e s t a i m p o r t a n t e ocasión. Q u e o s d i g a n c o n cuánta descortesía y m a l a
educación se c o m p o r t a b a ese c e r d o y c o n cuánta p a c i e n c i a y h u m a n i d a d
actuó e l N o l a n o , m o s t r a n d o s e r r e a l m e n t e n a p o l i t a n o d e n a c i m i e n t o
y e d u c a d o b a j o más b e n i g n o c i e l o . I n f o r m a o s d e cómo l e h a n h e c h o
t e r m i n a r s u s l e c t u r a s públicas, l a s d e inmortalitate animae y l a s d e 96

de quintuplici sphera.^

«Navega a Anticúa.»
«la inmortalidad del alma».
«la quíntuple esfera».
84 L a c e n a d e las c e n i z a s

SMITH — Q u i e n d a perlas a los cerdos n o debe l a m e n t a r s e si l a s

pisotean. P r o s e g u i d c o n la a c t i t u d de T o r c u a t o .
TEÓFILO — L e v a n t a d o s t o d o s d e l a m e s a , h u b o a l g u n o s q u e e n s u
lengua tachaban a l N o l a n o d e impaciente, e n vez d e considerar l a

bárbara y s a l v a j e descortesía d e T o r c u a t o y s u y a p r o p i a . N o o b s t a n t e ,
e l N o l a n o , q u e h a c e profesión d e s u p e r a r e n cortesía a q u i e n e s c o n
f a c i l i d a d podrían s u p e r a r l o e n o t r a c o s a , s e sentó d e n u e v o y o l v i d a n -
d o t o d o l o a c o n t e c i d o d i j o a m i s t o s a m e n t e a T o r c u a t o : «No penséis,
h e r m a n o , q u e y o q u i e r o o p u e d o ser v u e s t r o e n e m i g o p o r c a u s a d e
v u e s t r a opinión. M u y a l c o n t r a r i o : s o y t a n a m i g o d e v o s c o m o d e mí
m i s m o y p o r e s o q u i e r o q u e sepáis q u e y o , a n t e s d e t e n e r e s t a d o c t r i -
n a c o m o c o s a evidentísima, h a c e a l g u n o s años l a creía s e n c i l l a m e n t e
v e r d a d e r a y c u a n d o e r a más j o v e n y m e n o s s a b i o l a creía verosímil.
C u a n d o aún e r a más p r i n c i p i a n t e e n l a s c o s a s e s p e c u l a t i v a s , m e p a -
recía t a n a b s o l u t a m e n t e f a l s a q u e m e extrañaba s o b r e m a n e r a q u e
Aristóteles n o sólo s e h u b i e r a d i g n a d o t o m a r l a b a j o s u consideración,
s i n o q u e h a s t a h u b i e r a g a s t a d o más d e l a m i t a d d e l s e g u n d o l i b r o Del
universo y el mundo e n u n e s f u e r z o p o r d e m o s t r a r q u e l a T i e r r a n o
se m u e v e . C u a n d o e r a u n niño y carecía t o t a l m e n t e d e i n t e l i g e n c i a
e s p e c u l a t i v a , m e parecía c r e e r q u e e s o e r a u n a l o c u r a y p e n s a b a q u e
había s i d o p r o p u e s t o p o r a l g u i e n c o n u n a intención sofística y c a p c i o -
sa, c o m o u n e j e r c i c i o p a r a esos i n g e n i o s o c i o s o s q u e g u s t a n d e d i s p u -
t a r p o r diversión y q u e h a c e n profesión d e d e m o s t r a r y d e f e n d e r q u e
l o b l a n c o e s n e g r o . Así p u e s , t a n t o p u e d o y o o d i a r o s p o r e s t e m o t i v o
c o m o a mí m i s m o c u a n d o e r a más j o v e n , más niño, m e n o s s a b i o y
m e n o s d i s c r e t o . P o r eso, e n l u g a r d e e n c o l e r i z a r m e c o n vos, os c o m p a -
d e z c o y r u e g o a D i o s q u e d e l a m i s m a f o r m a q u e m e h a d a d o a mí e s t e
c o n o c i m i e n t o , o s h a g a (si n o l e place haceros c a p a z d e v e r ) al m e n o s
c a p a z d e c r e e r q u e estáis c i e g o . Y e s o n o será p o c a c o s a p a r a h a c e r o s
más e d u c a d o y cortés, m e n o s i g n o r a n t e y t e m e r a r i o . Y v o s , además,
m e debéis e s t i m a r , s i n o c o m o p e r s o n a a c t u a l m e n t e más p r u d e n t e y
d e m a y o r e d a d , a l m e n o s c o m o q u i e n f u e más i g n o r a n t e y más j o v e n ,
c u a n d o e r a e n m i más t i e r n a e d a d c o m o v o s s o i s e n v u e s t r a v e j e z .
Q u i e r o d e c i r , q u e a u n q u e jamás h e s i d o e n l a conversación y e n l a d i s -
puta tan salvaje, m a l educado e incivilizado, he sido, sin e m b a r g o , en
algún t i e m p o t a n i g n o r a n t e c o m o v o s . P o r t o d o e l l o , a t e n d i e n d o y o a
vuestro estado presente c o m o c o n f o r m e a m i pasado y vos a m i pasado
c o n f o r m e a v u e s t r o p r e s e n t e , y o o s estimaré y v o s n o m e odiaréis».
SMITH —¿Qué d i j e r o n a esto, u n a v e z q u e e n t r a r o n e n o t r o t i p o
de disputa?
 Diálogo I V 85

TEÓFILO — D i j e r o n e n conclusión q u e e l l o s seguían l a compañía

d e Aristóteles, d e P t o l o m e o y d e o t r o s m u c h o s doctísimos filósofos.
E l N o l a n o añadió q u e h a y i n n u m e r a b l e s t o n t o s , i n s e n s a t o s , estúpi-
d o s e ignorantísimos q u e e n e s o n o s o n únicamente s e g u i d o r e s d e
Aristóteles y P t o l o m e o , s i n o d e a q u e l l o s m i s m o s también q u e n o
p u e d e n c o m p r e n d e r l o q u e e l N o l a n o e n t i e n d e , c o n q u i e n n o está n i
p u e d e e s t a r c o n f o r m e e l g r a n número, s i n o t a n sólo h o m b r e s d i v i n o s
y sapientísimos c o m o Pitágoras, Platón y o t r o s . «Por l o demás, e n
c u a n t o a l a m u l t i t u d q u e s e e n o r g u l l e c e d e t e n e r filósofos a s u l a d o ,
q u i s i e r a q u e t e n g a p r e s e n t e q u e e n l a m e d i d a e n q u e e s o s filósofos
están d e a c u e r d o c o n e l v u l g o , h a n p r o d u c i d o u n a filosofía v u l g a r .
Y p o r l o q u e h a c e a q u i e n e s o s alineáis b a j o l a b a n d e r a d e Aristó-
t e l e s , o s a v i s o q u e n o debéis e n o r g u l l e c e r o s c o m o s i e n t e n d i e r a i s l o
q u e entendió Aristóteles y p e n e t r a r a i s e n l o q u e él penetró, p o r q u e
h a y u n a grandísima d i f e r e n c i a e n t r e n o s a b e r l o q u e él n o s u p o y
s a b e r l o q u e él s u p o , y a q u e e n l o q u e e s e filósofo ignoró n o s o l a -
m e n t e t i e n e p o r compañía a v o s o t r o s , s i n o a t o d o s l o s q u e s o n c o m o
v o s o t r o s , i n c l u y e n d o a l o s b a r q u e r o s y c a r g a d o r e s l o n d i n e n s e s . Allí
d o n d e a q u e l h o m b r e f u e d o c t o y j u i c i o s o , c r e o y e s t o y segurísimo d e
q u e t o d o s v o s o t r o s j u n t o s estáis m u y l e j o s d e él. U n a c o s a , s i n e m -
b a r g o , m e l l a m a e x t r a o r d i n a r i a m e n t e l a atención, y e s q u e h a b i e n d o
s i d o i n v i t a d o y v e n i d o a d i s p u t a r , n o hayáis e s t a b l e c i d o e n ningún
m o m e n t o p r i n c i p i o s tales o a f i r m a d o r a z o n e s m e d i a n t e l a s cuales
podáis e x t r a e r a l g u n a conclusión c o n t r a mí o c o n t r a Copérnico, a
p e s a r d e t e n e r a m a n o t a n t o s sólidos a r g u m e n t o s y persuasiones.»
T o r c u a t o , c o m o s i q u i s i e r a d e s e n v a i n a r a h o r a u n a nobilísima d e -
mostración, preguntó c o n a u g u s t a m a j e s t a d : «Ubi e s t a u x solis?». 98

E l N o l a n o respondió q u e s e l o i m a g i n a s e d o n d e q u i s i e r a y e x t r a j e r a
a l g u n a conclusión, p u e s t o q u e e l a p o g e o c a m b i a y n o está s i e m p r e
e n e l m i s m o g r a d o d e l a eclíptica y n o podía v e r a propósito d e qué
l o p r e g u n t a b a . Volvió T o r c u a t o a h a c e r l a m i s m a p r e g u n t a , c o m o
s i e l N o l a n o n o s u p i e r a r e s p o n d e r . E n t o n c e s e l N o l a n o contestó:
«Quot s u n t s a c r a m e n t e e c c l e s i a e ? E s t c i r c a v i g e s i m u m C a n c r i ; e t
o p p o s i t u m circa d e c i m u m vel c e n t e s i m u m C a p r i c o r n i , o sobre e l
9 9

c a m p a n a r i o d e S a n Pablo».
S M I T H — ¿ S a b é i s c o n qué intención hacía e s a p r e g u n t a ?

«¿Dónde está el apogeo del Sol?»

9 8

«¿Cuántos son los sacramentos de la Iglesia? Está hacia el vigésimo grado

9 9

del Cangrejo; y el perigeo hacia el décimo o centesimo del Capricornio.»

86 L a c e n a d e las c e n i z a s

TEÓFILO — P a r a m o s t r a r a q u i e n e s n a d a sabían q u e él d i s p u t a b a y
decía a l g o y p a r a i n t e n t a r también m u c h o s quomodo, quare, ubi, " h a s t a 10

e n c o n t r a r u n o a n t e e l q u e e l N o l a n o d i j e r a q u e n o sabía. Llegó h a s t a e l
p u n t o d e q u e r e r s a b e r cuántas e s t r e l l a s había d e l a c u a r t a m a g n i t u d
P e r o e l N o l a n o d i j o q u e t a n sólo sabía l o q u e tenía q u e v e r c o n e l t e m a
de l a disputa. Esta p r e g u n t a sobre e l apogeo del Sol p e r m i t e concluir
d e u n a v e z p o r t o d a s q u e ese i n d i v i d u o i g n o r a b a c o m p l e t a m e n t e e l a r t e
d e d i s p u t a r . P r e g u n t a r dónde está e l a p o g e o d e l S o l a q u i e n d i c e q u e
l a T i e r r a s e m u e v e a l r e d e d o r d e l m i s m o , q u e e l S o l está además fijo e n
e l c e n t r o d e e s t o s a s t r o s e r r a n t e s , es c o m o p r e g u n t a r a q u i e n s o s t i e n e l a
opinión v u l g a r dónde está e l a p o g e o d e l a T i e r r a . Y , s i n e m b a r g o , l a p r i -
m e r a lección q u e s e d a a q u i e n q u i e r e a p r e n d e r a a r g u m e n t a r e s l a d e
n o i n q u i r i r y p r e g u n t a r según l o s p r i n c i p i o s p r o p i o s , s i n o según l o s q u e
h a n s i d o c o n c e d i d o s p o r e l a d v e r s a r i o . P e r o p a r a ese n e c i o t o d o d a b a
i g u a l , p o r q u e así habría s a b i d o s a c a r a r g u m e n t o s t a n t o d e l o s t e m a s q u e
venían a propósito c o m o d e l o s q u e n o venían a c u e n t o .
A continuación c o m e n z a r o n a h a b l a r e n t r e sí e n inglés y a l c a b o
de u n rato pusieron sobre l amesa papel y tintero. E l doctor T o r c u a t o
extendió u n f o l i o a l o l a r g o y a l o a n c h o , cogió l a p l u m a , trazó u n a línea
r e c t a p o r l a m i t a d d e l f o l i o d e u n l a d o a o t r o , dibujó e n e l c e n t r o u n
círculo, c u y o diámetro e r a l a línea m e n c i o n a d a y e n e l i n t e r i o r d e
u n semicírculo escribió Tierra y e n e l o t r o Sol. E n l a p a r t e d e l a T i e r r a t r a -
zó o c h o semicírculos s o b r e l o s q u e d i s p u s o d e f o r m a o r d e n a d a l o s s i g n o s
d e l o s s i e t e p l a n e t a s y a l r e d e d o r d e l último escribió Octava sphaera mobi-
lis"" y a l m a r g e n Ptolomeus. E n t r e t a n t o e l N o l a n o l e preguntó qué q u e -
ría h a c e r c o n e s o , q u e es c o s a s a b i d a h a s t a p o r l o s niños. T o r c u a t o r e s p o n -
dió: «Vide, t a c e e t d i s c e ; e g o d o c e b o t e P t o l o m e u m e t Copernicum».'" 2

S M I T H — S u s quandoque Minervam. 103

TEÓFILO — E l N o l a n o respondió q u e c u a n d o a l g u i e n está a p r e n -

d i e n d o e l a l f a b e t o m u e s t r a u n m a l p r i n c i p i o s i p r e t e n d e enseñar g r a -
mática a q u i e n s a b e más q u e él. T o r c u a t o , s i n e m b a r g o , continúa c o n
su d i b u j o y e n t o r n o al S o l q u e estaba e n e l c e n t r o t r a z a siete s e m i -
círculos c o n l o s m i s m o s s i g n o s , e s c r i b i e n d o e n t o r n o a l último Sphae-
ra inmobilis fixarum' * y a l m a r g e n Copernicus. L u e g o s e d i r i g e a l
0

1 0 0
«cómo, por qué, dónde».
1 0 1
«Esfera octava móvil.»
1 0 2
«Mira, calla y aprende; te voy a enseñar Ptolomeo y Copérnico.»
1 0 3
« D e vez en cuando el cerdo [enseña] a Minerva.»
1 0 4
«Esfera inmóvil de las fijas.»
 Diálogo ¡Y 87

t e r c e r c í r c u l o y e n u n p u n t o d e s u c i r c u n f e r e n c i a señala e l c e n t r o d e
un epiciclo, traza s ucircunferencia y e nd i c h o c e n t r o d i b u j a e l g l o b o
terrestre, escribiendo con h e r m o s o s trazos Terra, a fin d e q u e nadie
s e engañara p e n s a n d o q u e e s e g l o b o n o f u e r a l a T i e r r a . Y e n u n l u -
g a r d e l a c i r c u n f e r e n c i a d e l e p i c i c l o , m u y d i s t a n t e d e l c e n t r o , dibujó
el s i g n o d e l a L u n a . C u a n d o l o v i o e l N o l a n o , d i j o : «Resulta q u e este
m e q u i e r e enseñar d e Copérnico l o q u e e l p r o p i o Copérnico j a -
más p e n s ó y q u e i n c l u s o s e h a b r í a h e c h o c o r t a r e l c u e l l o a n t e s d e
decirlo o escribirlo, porque hasta el m a y o r asno del m u n d o sabe
q u e d e s d e e s a p a r t e s e vería s i e m p r e e l diámetro d e l S o l idén-
t i c o y s e seguirían o t r a s m u c h a s consecuencias inverificables».
« T a c e , t a c e » , d i j o T o r c u a t o , «tu v i s m e d o c e r e Copernicumr».'" s

«Me i m p o r t a p o c o C o p é r n i c o » , d i j o e l N o l a n o , «y m e i m p o r t a p o c o

PTOLEMAEVS.

COPERNICVS.

q u e v o s u o t r o s l o entendáis. T a n sólo q u i e r o a d v e r t i r o s q u e estudiéis

m e j o r a n t e s d e v e n i r a e n s e ñ a r m e e n o t r a ocasión». L o s c a b a l l e r o s
p r e s e n t e s f u e r o n t a n d i l i g e n t e s q u e se t r a j o e l l i b r o d e Copérnico y
mirando la figura v i e r o n que la T i e r r a n oestaba representada e n la
c i r c u n f e r e n c i a d e l e p i c i c l o , c o m o l a L u n a , y p o r e s o quería T o r c u a t o

«Calla, calla; ¿quieres tú enseñarme Copérnico?»

88 L a c e n a d e las c e n i z a s

q u e e l p u n t o q u e había e n e l c e n t r o d e l e p i c i c l o e n l a c i r c u n f e r e n c i a d e
l a t e r c e r a e s f e r a signiñcara l a T i e r r a .
S M I T H — L a c a u s a d e l e r r o r f u e q u e T o r c u a t o había m i r a d o las
figuras d e l l i b r o , p e r o n o había leído l o s capítulos, y s i l o s h a leído n o
los h a e n t e n d i d o .
TEÓFILO — E l N o l a n o se echó a reír y l e d i j o q u e ese p u n t o n o e r a
o t r a c o s a q u e l a señal d e l compás c u a n d o se trazó e l e p i c i c l o d e l a T i e r r a
y d e l a L u n a , q u e e s u n o y e l m i s m o . «Además, s i v e r d a d e r a m e n t e
queréis s a b e r dónde está l a T i e r r a según Copérnico, l e e d s u s p r o p i a s
palabras». L e y e r o n y v i e r o n q u e decía: «la T i e r r a y l a L u n a están
c o n t e n i d a s c o m o e n u n m i s m o epiciclo», e t c . E n t o n c e s s e q u e d a r o n
,o6

refunfuñando e n s u l e n g u a h a s t a q u e N u n d i n i o y T o r c u a t o s a l u d a r o n
a t o d o s l o s p r e s e n t e s e x c e p t o a l N o l a n o y s e m a r c h a r o n . Él e n c a m b i o
envió a a l g u i e n p a r a q u e l o s s a l u d a r a d e s u p a r t e . L o s demás c a b a l l e r o s ,
t r a s h a b e r r o g a d o al N o l a n o q u e n o se e n f a d a r a p o r l a m a l e d u c a d a
descortesía y l a t e m e r a r i a i g n o r a n c i a d e s u s d o c t o r e s , s i n o q u e se
c o m p a d e c i e r a d e l a p o b r e z a d e e s t e país, q u e h a q u e d a d o v i u d o d e
l a s b u e n a s l e t r a s e n l o q u e s e r e f i e r e a l e j e r c i c i o d e l a filosofía y d e las
v e r d a d e r a s matemáticas ( m i e n t r a s t o d o s s o n c i e g o s e n e l l a s , v i e n e n
e s t o s a s n o s y s e n o s v e n d e n p o r v i d e n t e s , dándonos g a t o p o r l i e b r e ) ,
se d e s p i d i e r o n d e él c o n obsequiosísimos s a l u d o s y s e m a r c h a r o n p o r
u n lado. N o s o t r o s y e l N o l a n o t o m a m o s otro c a m i n o y regresamos
a c a s a t a r d e s i n s u f r i r d e n u e v o e s o s obstáculos h a b i t u a l e s , y a q u e
l a n o c h e e r a p r o f u n d a y l o s a n i m a l e s cornúpetas y c o c e a n t e s n o n o s
m o l e s t a r o n a n u e s t r o r e g r e s o c o m o l o habían h e c h o a l a i d a , p u e s
c e d i e n d o a l p r o f u n d o sueño s e habían r e t i r a d o a s u s c o r r a l e s y
establos.
PRUDENCIO — N o x erat etplacidum carpebant fessa soporem
corpora per térras, sylvaeque et saeva quierant
aequora, cum medio volvuntur sidera lapsu,
cum tacet omnis ager, pecudes, etc. 107

1 0 6
Cf. Copérnico, D e r e v o l u t i o n i b u s , cap. 1, 10: Q u a r t u m in o r d i n e a n n u a r e v o -
l u t i o l o c u m obtinet, in q u o t e r r a m c u m o r b e l u n a r i t a n q u a m e p i c y c l o c o n t i n e r i d i x i m u s
[«La revolución anual ocupa la cuarta posición; en dicha revolución dijimos que
está contenida la T i e r r a junto con el orbe lunar como un epiciclo»]. Bruno comete
un error, haciendo concordar t a n q u a m e p i c y c l o con in q u o , cuando en realidad
concuerda con c u m o r b e l u n a r i .
Virgilio, E n e i d a , iv, 522-525: «Era de noche. L o s cansados cuerpos disfru-
1 0 7

taban la dulzura del sueño sobre el haz de la T i e r r a . Y a los bosques y el iracundo

mar yacían sumidos en reposo. E r a la hora en que median su carrera los astros en
su giro por el cielo; cuando enmudece todo el campo, bestias y aves».
 Diálogo I V 89

SMITH — ¡ E a , y a h e m o s c o n v e r s a d o b a s t a n t e p o r h o y ! P o r f a v o r ,
Teófilo, v o l v e d mañana, q u e q u i e r o e s c u c h a r algún o t r o p u n t o a c e r c a
¿ l a d o c t r i n a d e l N o l a n o , y a q u e l a d e Copérnico, a u n q u e cómoda
e

p a r a l o s cálculos, n o e s , s i n e m b a r g o , s e g u r a y e x p e d i t a e n l o q u e s e
refiere a las r a z o n e s n a t u r a l e s , q u e son las principales.
TEÓFILO —Volveré g u s t o s o u n a v e z más.
FRULLA — Y y o .
P R U D E N C I O — E g o q u o q u e . Válete.™*

1 0 8
« Y o también. Adiós.»
COPIA CON FINES E D U C A T I V O S
C. D. A .

DIÁLOGO Q U I N T O

TEÓFILO — P o r q u e l a s o t r a s e s t r e l l a s n o están n i m á s fijas n i fijas d e

m a n e r a d i f e r e n t e a c o m o l o está e s t a e s t r e l l a n u e s t r a ( l a T i e r r a ) e n e l
mismo firmamento q u e e s e l a i r e . Y n o e s más d i g n o d e r e c i b i r e l n o m -
b r e d e o c t a v a e s f e r a e l l u g a r d o n d e está l a c o l a d e l a O s a , q u e e l l u g a r
d o n d e está l a T i e r r a e n q u e n o s e n c o n t r a m o s , p u e s t o q u e e s t o s c u e r p o s
están d i s t r i b u i d o s p o r u n a m i s m a región etérea c o m o a l o l a r g o y a n -
cho d e u n m i s m o g r a n espacio y c a m p o , y se e n c u e n t r a n s e p a r a d o s los
u n o s d e los o t r o s p o r las distancias a p r o p i a d a s . C o n s i d e r a d e l m o t i v o
por el q u e se h a p e n s a d o q u e e r a n siete los cielos d e los planetas y u n o
s o l o e l d e t o d o s l o s demás a s t r o s : l o s d i f e r e n t e s m o v i m i e n t o s q u e s e
veía e n s i e t e y e l m o v i m i e n t o único y r e g u l a r d e t o d a s l a s r e s t a n t e s
e s t r e l l a s , c o n e l p e r p e t u o m a n t e n i m i e n t o d e s u d i s t a n c i a recíproca y
de s u r e g u l a r i d a d , c r e a n l a a p a r i e n c i a d e q u e todas ellas poseen ne-
c e s a r i a m e n t e u n m i s m o m o v i m i e n t o y están fijas e nel m i s m o orbe,
n o h a b i e n d o , p o r t a n t o , más q u e o c h o e s f e r a s s e n s i b l e s p a r a t o d o s l o s
l u m i n a r e s q u e se e n c u e n t r a n c o m o c l a v a d o s e n ellas.
Si nosotros llegamos ahora a alcanzar tanta l u z y sentido t a n re-
gulado c o m o para reconocer que e lm o v i m i e n t oaparente del m u n d o
está c a u s a d o p o r l a rotación d e l a T i e r r a ; s i p o r analogía c o n l a c o n s i s -
tencia e nm e d i o del aire d e este c u e r p o q u e es l aT i e r r a establecemos
la c o n s i s t e n c i a d e t o d o s l o s demás c u e r p o s , p o d r e m o s e n p r i m e r l u g a r
c r e e r y después c o n c l u i r d e m o s t r a t i v a m e n t e l o c o n t r a r i o d e e s e sueño
V d e e s a fantasía q u e h a s i d o e l p r i m e r i n c o n v e n i e n t e q u e h a d a d o
o r i g e n y seguirá d a n d o o r i g e n t o d a v í a a i n n u m e r a b l e s o t r o s . D i c h o
error surge d e l asiguiente m a n e r a : situados nosotros e n e lc e n t r o del
h o r i z o n t e y v o l v i e n d o los ojos e n todas direcciones, p o d e m o s deter-
m i n a r l a distancia m a y o r y m e n o r entre, desde y e n aquellas cosas
°,ue están m á s c e r c a d e n o s o t r o s . P e r o a p a r t i r d e u n c i e r t o p u n t o n o s

9
 L a c e n a d e las c e n i z a s
91
parecerá q u e t o d a s s e e n c u e n t r a n a l a m i s m a d i s t a n c i a . D e l a m i s m a

m a n e r a , c u a n d o m i r a m o s a l a sestrellas d e l firmamento, notamos el

diferente m o v i m i e n t o y l a diferente distancia d e algunos astros, l 0 s

m á s c e r c a n o s a n o s o t r o s , p e r o l o s m á s l e j a n o s y l o s q u e están lejísirnos
n o s p a r e c e n i n m ó v i l e s y s i t u a d o s a l a m i s m a d i s t a n c i a y lejanía d e n o -
s o t r o s . A s í , t a m b i é n u n árbol n o s p a r e c e r á e n o c a s i o n e s más cercano
a o t r o p o r e s t a r s i t u a d o a p r o x i m a d a m e n t e e n e l m i s m o semidiámetro
y c u a n d o esté e n e l m i s m o s e m i d i á m e t r o parecerá q u e s e t r a t a d e l
m i s m o árbol y h a b r á , s i n e m b a r g o , a p e s a r d e t o d o , m á s d i s t a n c i a e n -
t r e e l l o s q u e e n t r e a q u e l l o s a l o s q u e c r e e m o s m u c h o más l e j a n o s p o r
e n c o n t r a r s e e n d i f e r e n t e s semidiámetros. Así s u c e d e q u e u n a e s t r e l l a
q u e e n realidad es m u c h o m e n o r es considerada mucho mayor y a
o t r a m u c h o más c e r c a n a s e l a c o n s i d e r a s i t u a d a a u n a d i s t a n c i a mucho
mayor. Podemos verlo e n la siguiente figura d o n d e a l o j o O parece
q u e l a e s t r e l l a A e s l a m i s m a q u e l a e s t r e l l a B y e n e l c a s o d e q u e se
m u e s t r e d i f e r e n t e parecerá cercanísima, m i e n t r a s l a e s t r e l l a C , s i t u a -
d a e n u n semidiámetro m u y d i f e r e n t e , parecerá m u c h o más l e j a n a
c u a n d o e n r e a l i d a d está m u c h o m á s c e r c a .

P o r t a n t o , e l q u e n o s o t r o s n o v e a m o s m u c h o s m o v i m i e n t o s e n esas
estrellas y n on o s p a r e z c a n alejarse y acercarse l a su n a s c o n respecto
a l a s o t r a s , n o e s d e b i d o a q u e n o efectúen t a m b i é n e l l a s s u s g i r o s d e
f o r m a idéntica a e s t a s o t r a s , p u e s n o h a y r a z ó n a l g u n a p a r a q u e n o s e
d e n e n ellas los m i s m o s a c c i d e n t e s q u e e n estas o t r a s , p o r m e d i o d e los
c u a l e s u n c u e r p o d e b e m o v e r s e a l r e d e d o r d e o t r o p a r a t o m a r d e él s u
v i r t u d . P o r e s a razón n o d e b e m o s l l a m a r l a s fijas e ne l sentido d e que
verdaderamente c o n s e r v e n s i e m p r e l a m i s m a d i s t a n c i a e n t r e sí y c o n
 Diálogo V 93

r e S pecto a nosotros, sino e ne l sentido d e q u e n opercibimos s u m o -

vimiento- Podemos verlo e ne l e j e m p l o d eu n a nave m u ylejana, l a
c u a l n o s parecerá, s i d a u n a v u e l t a d e t r e i n t a o c u a r e n t a p a s o s , t a n
quieta c o m o si n o sem o v i e r a e nabsoluto. L om i s m o seh a d e consi-
derar p r o p o r c i o n a l m e n t e e n el caso d edistancias m a y o r e s , e n cuerpos
grandísimos y luminosísimos: e s p o s i b l e q u e m u c h o s d e e l l o s , i n c l u s o
e n u n a cantidad i n n u m e r a b l e , sean t a n grandes y t a n l u m i n o s o s c o m o
el S o l e i n c l u s o más aún, s i n q u e p o d a m o s v e rsusm o v i m i e n t o s y
trayectorias circulares, a pesar d e sus e n o r m e s dimensiones. P o r eso,
si a l g u n o s d e e l l o s v a n v a r i a n d o s u d i s t a n c i a n o l o p o d e m o s saber
s i n o t r a s larguísimas o b s e r v a c i o n e s q u e n ih a nsido comenzadas n i
c o n t i n u a d a s p o r q u e n a d i e h a creído, n i b u s c a d o , n isupuesto dicho
m o v i m i e n t o . Y s a b e m o s q u e e l p r i n c i p i o d e l a investigación e s s a b e r
darse c u e n t a d e q u e l a cosa sed a o esposible y c o n v e n i e n t e , y q u e se
saque p r o v e c h o d e ella.
PRUDENCIO — R e m acu tangís. 109

T E Ó F I L O — P u e s b i e n , e s t a distribución d e l o s c u e r p o s p o r l a región
etérea e r a y a c o n o c i d a p o r H e r á c l i t o , D e m ó c r i t o , E p i c u r o , P i t á g o r a s ,
Parménides, M e l i s o , c o m o r e s u l t a m a n i f i e s t o p o r l o s r e s t o s q u e n o s
h a n l l e g a d o d e e l l o s , e n l o s c u a l e s p u e d e v e r s e q u e conocían u n e s -
p a c i o i n f i n i t o , u n a región i n f i n i t a , u n a m a t e r i a i n f i n i t a , u n a i n f i n i t a
capacidad d e m u n d o s innumerables semejantes a l nuestro, todos los
c u a l e s efectúan s u s m o v i m i e n t o s c i r c u l a r e s a l i g u a l q u e l a T i e r r a e l
s u y o y p o r e s o s e l l a m a b a n a n t i g u a m e n t e ethera, e s d e c i r , corredores,
c o r r e o s , e m b a j a d o r e s , n u n c i o s d e l a m a g n i f i c e n c i a d e l único altísimo,
c o n t e m p l a d o r e s c o n m u s i c a l a r m o n í a d e l o r d e n d e l a constitución d e
la n a t u r a l e z a , e s p e j o v i v o d e l a i n f i n i t a d e i d a d . S i n e m b a r g o , l a ciega
i g n o r a n c i a h a p r i v a d o a estos cuerpos d e l n o m b r e d e ethera y l o h a
a t r i b u i d o a c i e r t a s q u i n t a e s e n c i a s e n l a s q u e e s t a s luciérnagas y l i n t e r -
n a s estarían c l a v a d a s c o m o o t r o s t a n t o s c l a v o s .
Estos corredores tienen u nprincipio interior d emovimiento: s u
propia n a t u r a l e z a , s u p r o p i a a l m a , s up r o p i a inteligencia, y aq u e e l
a i r e líquido y s u t i l n o b a s t a p a r a m o v e r máquinas t a n d e n s a s y t a n
g r a n d e s , p u e s t o q u e p a r a e l l o necesitaría u n a f u e r z a i m p u l s i v a o d e
arrastre y otras semejantes q u e n o se p r o d u c e n s i n contacto d e d o s
cuerpos p o r l omenos, u n o d e los cuales e m p u j a c o n s u e x t r e m i d a d
Y e l o t r o e se m p u j a d o . Y c i e r t a m e n t e todas las cosas m o v i d a s d e esta
m a n e r a reconocen q u e e l principio d e s u m o v i m i e n t o escontrario o

1 0 9
«Das en el clavo.»
 L a c e n a de las c e n i z a s
94
exterior a s up r o p i a n a t u r a l e z a , q u i e r o decir q u e es v i o l e n t o o cuanto
m e n o s n onatural. Conviene, por tanto, a lac o m o d i d a d d e las cos a s

e x i s t e n t e s y a l e f e c t o d e l a perfectísima c a u s a q u e e s t e m o v i m i e n t o sea
natural, causado por u nprincipio interior y por el propio impulso
sin resistencia; y esto c o n v i e n e a t o d o s los c u e r p o s q u e se m u e v e n sin
contacto sensible a l g u n o c o n o t r o c u e r p o q u e los i m p u l s e o los atraiga
P o r e s o l o e n t i e n d e n a l revés q u i e n e s a f i r m a n q u e e l i m á n a t r a e a l
h i e r r o , e l ámbar a l a p a j a , l a c a l a l a p l u m a , e l s o l a l h e l i o t r o p o . L o q u e

o c u r r e es q u e e n e l h i e r r o h a y u n a especie d e s e n t i d o q u e se v e des-
p e r t a d o p o r u n a v i r t u d e s p i r i t u a l q u e s e d i f u n d e d e s d e e l imán y p o r
l a c u a l s e m u e v e h a c i a él, l a p a j a h a c i a e l á m b a r y e n g e n e r a l t o d a s l a s
cosas q u e s i e n t e n d e s e o y necesidad se m u e v e n hacia el o b j e t o deseado
y s e d i r i g e n h a c i a él e n l a m e d i d a e n q u e l e s e s p o s i b l e , comenzando
p o r e l d e s e o d e e s t a r e n e l m i s m o l u g a r . A p a r t i r d e e s t a consideración
d e q u e ningún m o v i m i e n t o l o c a l e s p r o d u c i d o p o r u n p r i n c i p i o e x t e -
r i o r s i n u n c o n t a c t o más f u e r t e q u e l a r e s i s t e n c i a d e l móvil, p o d e m o s
d e t e r m i n a r h a s t a qué p u n t o e s u n a s o l e m n e e s t u p i d e z y a l g o d e l o q u e
jamás s e podrá p e r s u a d i r a q u i e n p o s e a u n s e n t i d o r e g u l a d o , q u e l a
L u n a m u e v e las a g u a s d e l m a r c a u s a n d o las m a r e a s , q u e h a c e crecer
los h u m o r e s , f e c u n d a los peces, l l e n a las o s t r a s y p r o d u c e o t r o s efec-
t o s , p u e s t o q u e d e t o d a s e s a s c o s a s e s más b i e n y p r o p i a m e n t e s i g n o y
n o causa. H e d i c h o s i g n o e i n d i c i o p o r q u e e l v e r esas cosas u n i d a s a
ciertas disposiciones d e l a L u n a y otras cosas c o n t r a r i a s y diferentes
u n i d a s a disposiciones c o n t r a r i a s y diferentes, es d e b i d o a l o r d e n y
correspondencia e x i s t e n t e e n t r e l a scosas y a l a sleyes d e u n a m u t a -
ción, c o n f o r m e s y e n c o r r e s p o n d e n c i a c o n l a s d e l a o t r a .
SMITH — D e l a i g n o r a n c i a d e e s t a distinción p r o c e d e n l o s e r r o r e s
s i m i l a r e s d e q u e están l l e n o s m u c h o s e s c r i t o s q u e n o s e n s e ñ a n t a n t a s
extrañas filosofías d o n d e l o ssignos, circunstancias y accidentes r e -
c i b e n e l n o m b r e d e c a u s a s . E n t r e e s t a s n e c e d a d e s u n a d e l a s q u e se
l l e v a n l a p a l m a es l a q u e dice q u e los rayos p e r p e n d i c u l a r e s y rectos
s o n l a c a u s a d e m a y o r c a l o r , y l o s a g u d o s y o b l i c u o s , d e m a y o r frío, l o
cual, sin e m b a r g o , es u n m e r o accidente del S o l , q u e es l a verdadera
c a u s a d e e l l o según p e r s e v e r e más o m e n o s s o b r e l a T i e r r a . R a y o r e -
flejo y d i r e c t o , á n g u l o a g u d o y o b t u s o , línea p e r p e n d i c u l a r , i n c i d e n t e
y plana, arco m a y o r y m e n o r , tal y cual aspecto, son circunstancias
matemáticas y n o c a u s a s n a t u r a l e s . U n a c o s a e s j u g a r c o n l a geometría
y o t r a v e r i f i c a r c o n l a n a t u r a l e z a . N o s o n l a s líneas y l o s á n g u l o s l o s
q u e h a c e n q u e e l f u e g o c a l i e n t e m á s o m e n o s , s i n o l a posición c e r c a n a
o l e j a n a , l a p e r s i s t e n c i a más l a r g a o más b r e v e .
 Diálogo V 95

TEÓFILO — L o habéis c o m p r e n d i d o m u y b i e n y a h í tenéis u n e j e m -

p l o d e cómo u n a v e r d a d a c l a r a a o t r a . C o n c l u y e n d o a h o r a nuestro
tema: siestos g r a n d e s cuerpos f u e r a n m o v i d o s p o r u n p r i n c i p i o exte-
r i o r y n o p o r e l fin y e l b i e n d e s e a d o , serían m o v i d o s v i o l e n t a m e n t e
y def o r m a accidental, incluso a u n q u e t u v i e r a n esapotencia llamada
n o r e p u g n a n t e , p u e s t o q u e l ov e r d a d e r a m e n t e n o repugnante es l o
n a t u r a l y l o n a t u r a l ( s e q u i e r a o n o ) e s p r i n c i p i o intrínseco, q u e p o r sí
m i s m o c o n d u c e la cosa al l u g a r c o n v e n i e n t e . D e l o c o n t r a r i o , el m o t o r
extrínseco n o p o d r á m o v e r s i n f a t i g a o b i e n n o será n e c e s a r i o , sino
superfluo; y siquieres que sea necesario, acusa entonces a l a causa
e f i c i e n t e d e d e f i c i e n t e e n s u e f e c t o y d e o c u p a r e s o s nobilísimos m o -
t o r e s e n m o v e r c u e r p o s b a s t a n t e más i n d i g n o s , c o m o h a c e n quienes
s o s t i e n e n q u e l a s a c c i o n e s d e l a s h o r m i g a s y d e l a s arañas n o proceden
de s upropia prudencia y habilidad, sino d e inteligencias divinas que
n o y e r r a n , l a s c u a l e s l e s d a n (verbi gracia ) 110
esos i m p u l s o s llamados
instintos naturales y otras cosas indicadas m e d i a n t e expresiones c a -
r e n t e s d e s e n t i d o , p u e s s i preguntáis a e s o s s a b i o s qué e s e s e i n s t i n t o
n o sabrán d e c i r m á s q u e u n «instinto» o a l g u n a o t r a p a l a b r a t a n v a g a
y estúpida c o m o ésa d e i n s t i n t o , q u e s i g n i f i c a p r i n c i p i o i n s t i g a d o r ,
n o m b r e e n v e r d a d generalísimo, p o r n o d e c i r y a u n s e x t o s e n t i d o o
razón o i n c l u s o i n t e l e c t o .
PRUDENCIO — N i m i s arduae quaestiones.'' 1

SMITH — P a r a a q u e l l o s q u e n o q u i e r e n entenderlas, sino creer

o b s t i n a d a m e n t e l o f a l s o . P e r o v o l v a m o s a l o n u e s t r o : y o sabría q u é
r e s p o n d e r a l o s q u e p i e n s a n q u e e s difícil q u e l a T i e r r a s e m u e v a , a l
s e r u n c u e r p o t a n g r a n d e , t a n d e n s o y t a n p e s a d o . P e r o m e gustaría
c o n o c e r v u e s t r o m o d o d e r e s p o n d e r , y a q u e o s v e o t a n d e c i d i d o e n las
razones.
PRUDENCIO — N o n talis mihi." 2

SMITH — P o r q u e v o s sois u n z o q u e t e .
TEÓFILO — E l m o d o d e r e s p o n d e r e s e l s i g u i e n t e : l o m i s m o podríais
d e c i r d e l a L u n a , d e l S o l y d e o t r o s c u e r p o s grandísimos y t a n i n n u m e -
rables c o m o s o n los q u e n u e s t r o s adversarios p r e t e n d e n q u e c i r c u n -
d a n l a T i e r r a t a n v e l o z m e n t e y c o n círculos t a n d e s m e s u r a d o s . Y sin
e m b a r g o , t i e n e n p o r g r a n cosa q u e la T i e r r a gire e n v e i n t i c u a t r o horas
a l r e d e d o r d es u p r o p i o c e n t r o y e n u n año a l r e d e d o r d e l S o l . D e b e s

1 1 0
«por ejemplo».
1 . 1
«Cuestiones demasiado difíciles.»
1 . 2
« A mí no me parece lo mismo.»
9 6 L a c e n a d e las c e n i z a s

s a b e r q u e n i l a T i e r r a n i ningún o t r o c u e r p o e s a b s o l u t a m e n t e p e s a d o
o l i g e r o ; ningún c u e r p o s i t u a d o e n s u l u g a r e s g r a v e o l i g e r o . E s t a s
diferencias y cualidades p e r t e n e c e n , p o r e lc o n t r a r i o , n o a los cuerpos
p r i m a r i o s y a los i n d i v i d u o s particulares y perfectos del u n i v e r s o , sino
a a q u e l l a s p a r t e s q u e están s e p a r a d a s d e l t o d o y q u e s e e n c u e n t r a n f u e -
ra d e l c u e r p o c o n t i n e n t e q u e leses p r o p i o , c o m o p e r e g r i n a s . Dichas
p a r t e s s e e s f u e r z a n p o r a c c e d e r a l l u g a r d e s u conservación d e m a n e r a
n o m e n o s n a t u r a l d e c o m o e l h i e r r o l o h a c e h a c i a e l imán, a q u i e n v a
a encontrar n o d ef o r m a exclusiva hacia abajo o hacia arriba o hacia la
d e r e c h a , s i n o h a c i a c u a l q u i e r l u g a r i n d i s t i n t a m e n t e , allí d o n d e s e e n -
c u e n t r e e l imán. L a s p a r t e s d e l a T i e r r a v i e n e n a n o s o t r o s d e s d e e l a i r e
p o r q u e a q u í está s u e s f e r a , p e r o s i ésta e s t u v i e r a e n l a p a r t e o p u e s t a s e
alejarían d e n o s o t r o s y d i r i g i r í a n s u c a r r e r a e n a q u e l l a dirección. L o
m i s m o p a s a c o n l a s a g u a s y l o m i s m o también c o n e l f u e g o . E l a g u a
n o e s p e s a d a e n s u l u g a r y n o p e s a a l o s q u e están e n e l f o n d o d e l m a r ;
l o s b r a z o s , l a c a b e z a y demás m i e m b r o s n o s o n p e s a d o s p a r a e l p r o -
pio busto y n i n g u n a cosa constituida d em a n e r a n a t u r a l ejerce acto d e
violencia en s ulugar natural. Gravedad y ligereza n o son apreciables
d e h e c h o e n a q u e l l a s c o s a s q u e p o s e e n s u l u g a r y disposición n a t u r a l ,
s i n o q u e se e n c u e n t r a n e n l a s c o s a s q u e t i e n e n u n c i e r t o ímpetu, m e d i a n -
te e l c u a l se e s f u e r z a n p o r a l c a n z a r el l u g a r q u e les es c o n v e n i e n t e . P o r
eso esa b s u r d o l l a m a r a u n c u e r p o p e s a d o o l i g e r o p o r n a t u r a l e z a , d a d o
q u e estas cualidades n o c o n v i e n e n a aquellas cosas q u e se e n c u e n t r a n
e n s u constitución n a t u r a l , s i n o f u e r a d e e l l a ; y e s t o n u n c a l e s u c e d e a
l a e s f e r a , p e r o sí e n o s a c i o n e s a s u s p a r t e s , l a s c u a l e s , s i n e m b a r g o , n o
están ( e n opinión n u e s t r a ) e x c l u s i v a m e n t e d e t e r m i n a d a s a u n c i e r t o
l u g a r específico, s i n o q u e s e d i r i g e n s i e m p r e a l l u g a r d o n d e s e h a l l a
s u p r o p i a e s f e r a y e l c e n t r o d e s u conservación. P o r e s o , s i d e b a j o d e
la T i e r r a se e n c o n t r a r a o t r a clase d e c u e r p o , las p a r t e s d e l a T i e r r a a s -
cenderían d e s d e e s e l u g a r d e f o r m a n a t u r a l y s i s e e n c o n t r a r a alguna
chispa d efuego (hablando v u l g a r m e n t e ) por e n c i m a d el a concavidad
d e l a L u n a , bajaría c o n l a m i s m a v e l o c i d a d c o n q u e s u b e h a c i a a r r i b a
d e s d e l a c o n v e x i d a d d e l a T i e r r a . También e l a g u a d e s c i e n d e h a s t a e l
c e n t r o d e l a T i e r r a si se l e d a espacio, d e l a m i s m a f o r m a q u e desde
e l c e n t r o d e l a T i e r r a s u b e h a s t a l a s u p e r f i c i e . También e l a i r e se m u e v e
c o n l a m i s m a f a c i l i d a d h a c i a c u a l q u i e r l u g a r . ¿Qué q u i e r e d e c i r , p u e s ,
p e s a d o y l i g e r o ? ¿No v e m o s q u e e nocasiones l a l l a m a v a hacia abajo
y e notras direcciones a encender u n cuerpo dispuesto a s ua l i m e n t o y
conservación? T o d o l o n a t u r a l e s , p o r t a n t o , facilísimo; t o d o lugar
y m o v i m i e n t o n a t u r a l e s apropiadísimo. C o n l a m i s m a f a c i l i d a d con
 Diálogo V 97

q u e l a s c o s a s q u e p o r s u n a t u r a l e z a n o s e m u e v e n p e r m a n e c e n fijas e n
s u sitio, las o t r a s cosas q u e se m u e v e n n a t u r a l m e n t e m a r c h a n p o r sus
p r o p i o s c a m i n o s . Y a l i g u a l q u e e l m o v i m i e n t o d e l a s p r i m e r a s sería
violento y contrario a su naturaleza, tan violento y contrario a la natu-
r a l e z a sería e l r e p o s o d e l a s segundas.
Así p u e s , e s c i e r t o q u e s i a l a T i e r r a l e c o n v i n i e r a e s t a r inmóvil
p o r n a t u r a l e z a , s u m o v i m i e n t o sería c o n t r a n a t u r a l , v i o l e n t o y difícil,
p e r o ¿quién l o h a d e s c u b i e r t o ? , ¿quién l o h a d e m o s t r a d o ? L a común
i g n o r a n c i a , l a f a l t a d e s e n t i d o y d e razón.
SMITH — H e c a p t a d o m u y b i e n q u e l a T i e r r a n o es más g r a v e en
su l u g a r q u e e l S o l e n e l s u y o o los m i e m b r o s d elos c u e r p o s p r i n c i -
pales ( p o r e j e m p l o las a g u a s ) e n s u sp r o p i a s esferas, s e p a r a d o s d e l a s
c u a l e s s e m o v e r í a n h a c i a e l l a s d e s d e c u a l q u i e r l u g a r , s i t i o y dirección.
P o r e s t a razón podríamos l l a m a r l a s d e s d e n u e s t r o p u n t o d e v i s t a n o
menos graves que ligeras, t a n t o graves y ligeras c o m o indiferentes.D e
la m i s m a f o r m a v e m o s q u e l o s c o m e t a s y o t r a s i n f l a m a c i o n e s envían
en ocasiones l a l l a m a a l u g a r e s o p u e s t o s d e s d e sus c u e r p o s ardientes,
p o r l o q u e s e l e s l l a m a «cabelludos»; o t r a s v e c e s h a c i a n o s o t r o s y r e c i -
b e n e l n o m b r e d e «barbados», y o t r a s v e c e s e n o t r a s d i r e c c i o n e s y s e
l e s l l a m a « c a u d a d o s » . E l a i r e , e s d e c i r , e l u n i v e r s a l í s i m o receptáculo
y firmamento d e l o s c u e r p o s esféricos, s a l e d e t o d a s p a r t e s , e n t o d a s
partes e n t r a , por todas partes penetra y por d o q u i e r sed i f u n d e . P o r
e s o e s v a n o e l a r g u m e n t o q u e a d u c e n c o m o razón d e l a i n m o v i l i d a d
d e l a T i e r r a : s u carácter d e c u e r p o p e s a d o , d e n s o y frío.
TEÓFILO — D o y gracias a D i o s por veros t a n capaz y por a h o r r a r m e
t a n t o e s f u e r z o . Habéis c o m p r e n d i d o b i e n e l p r i n c i p i o c o n q u e poder
r e s p o n d e r a l a s m á s sólidas c o n v i c c i o n e s d e l o s filósofos v u l g a r e s y t e -
néis a c c e s o a m u c h a s y p r o f u n d a s c o n t e m p l a c i o n e s d e l a n a t u r a l e z a .
SMITH — A n t e s d e p a s a r a o t r a s c u e s t i o n e s m e gustaría s a b e r a h o r a
p o r qué s o s t e n e m o s q u e e l S o l e s e l v e r d a d e r o e l e m e n t o d e l f u e g o , l a
f u e n t e d e l c a l o r y q u e s e e n c u e n t r a inmóvil e n e l c e n t r o d e e s t o s p l a -
netas, d elos q u e e n t e n d e m o s q u e f o r m a parte la T i e r r a , puesto q u e m e
p a r e c e m á s verosímil q u e s e m u e v a él y n o l o s o t r o s c u e r p o s q u e pode-
mos ver por experiencia sensible.
TEÓFILO — D e c i d l a r a z ó n .
SMITH — L a s p a r t e s d e l a T i e r r a n o s e m u e v e n d e s u s i t i o , y a sea
p o r q u e están a h í d e f o r m a n a t u r a l o r e t e n i d a s v i o l e n t a m e n t e . D e l a
m i s m a m a n e r a l a s p a r t e s d e l a s a g u a s , f u e r a d e l m a r , l o s ríos y o t r o s
receptáculos v i v o s , s e m a n t i e n e n q u i e t a s . P e r o l a s p a r t e s d e l fuego,
c u a n d o n ot i e n e n posibilidad d esubir a l oa l t o — c o m o c u a n d o son
9 8 L a c e n a d e las c e n i z a s

r e t e n i d a s e n e l i n t e r i o r d e l o s h o r n o s — , s e r e v u e l v e n y g i r a n e n círc u

lo, sin que haya m o d o d econtenerlas. P o r tanto, siq u e r e m o s extraer

a l g ú n a r g u m e n t o y persuasión a p a r t i r d e l c o m p o r t a m i e n t o d e l a s
partes, h e m o s d edecir q u e el m o v i m i e n t o c o n v i e n e e n m a y o r m e d i d a
al Sol y a le l e m e n t o fuego q u e a l a T i e r r a .
TEÓFILO — A e s o r e s p o n d o e n p r i m e r l u g a r q u e l o q u e s e podría
c o n c e d e r a ese a r g u m e n t o e s q u e e l S o l s e m u e v e a l r e d e d o r d e su p r o -
pio c e n t r o , pero n o ya alrededor d eo t r o centro, d a d o q u e es suficiente
q u e todos los cuerpos q u e l er o d e a n se m u e v a n e nt o r n o suyo e n la
m e d i d a e n q u e t i e n e n n e c e s i d a d d e él y t a m b i é n p o r l o q u e él p u d i e r a
desear d eellos. E ns e g u n d o lugar, se h a d etener e n cuenta que el
e l e m e n t o f u e g o e s s u j e t o d e l c a l o r p r i m e r o , q u e e s u n c u e r p o además
t a n d e n s o y d e s e m e j a n t e e n sus partes y m i e m b r o s c o m o la T i e r r a . P o r
eso l oq u e n o s o t r o s v e m o s m o v e r s e d e tal m a n e r a esaire i n f l a m a d o ,
d e n o m i n a d o « l l a m a » , i g u a l q u e e l m i s m o a i r e a l t e r a d o p o r e l frío d e
l a T i e r r a s e d e n o m i n a «vapor».
SMITH—Y ello m e parece q u e p e r m i t e c o n f i r m a r lo q u e digo, pues
el v a p o r se m u e v e l e n t a y p e r e z o s a m e n t e , l al l a m a e n c a m b i o y l a ex-
halación l o h a c e n v e l o c í s i m a m e n t e . P o r e s o e l a i r e q u e s e m e j a m á s a l
f u e g o p a r e c e m u c h o m á s m ó v i l q u e a q u e l a i r e q u e e s e n c a m b i o más
similar a laTierra.
TEÓFILO — L a razón es q u e e l f u e g o se e s f u e r z a más p o r e s c a p a r d e
e s t a región, q u e e s más c o n n a t u r a l a l c u e r p o d e c u a l i d a d c o n t r a r i a . L o
m i s m o o c u r r i r í a s i e l a g u a o e l v a p o r s e e n c o n t r a r a n e n l a región d e l
f u e g o o e n u n l u g a r s e m e j a n t e : huirían m á s v e l o z m e n t e q u e l a e x h a -
lación, p u e s ésta t i e n e c o n él u n a c i e r t a participación y u n a m a y o r s e -
m e j a n z a d enaturaleza que contrariedad y diferencia. Contentaos con
esto, p o r q u e e n lo q u e serefiere al m o v i m i e n t o o reposo del Sol n o veo
al N o l a n o c o m p l e t a m e n t e decidido. E l m o v i m i e n t o , pues, q u e vemos
e n l al l a m a r e t e n i d a y c o n t e n i d a e n el i n t e r i o r d elos h o r n o s es debido
a q u e l av i r t u d del f u e g o persigue, i n f l a m a , altera y t r a n s m u t a e l aire
vaporoso, con e lcual trata d eincrementarse y nutrirse, mientras que
éste s e r e t i r a y h u y e d e l e n e m i g o d e s u s e r y d e s u b i e n e s t a r .
SMITH — H a b é i s h a b l a d o d e l a i r e v a p o r o s o , p e r o ¿ q u é diríais d e l
aire p u r o y simple?
TEÓFILO — Q u e n o e s m á s s u j e t o d e c a l o r q u e d e frío, q u e n o e s
m á s c a p a z n i e n m a y o r m e d i d a receptáculo d e h u m o r c u a n d o e l frío
l o e s p e s a q u e d e v a p o r y e x h a l a c i ó n c u a n d o e l c a l o r atenúa e l a g u a .
SMITH — P u e s t o que en lanaturaleza no hay nada sin providen-
cia y sin causa final, m e gustaría q u e m e d i j e r a i s d e n u e v o ( y a que
 Diálogo V 99

0 r 1° habéis d i c h o s e p u e d e c o m p r e n d e r p e r f e c t a m e n t e ) cuál e s
j a causa del m o v i m i e n t o local d e l a T i e r r a .
TEÓFILO — L a c a u s a d e d i c h o m o v i m i e n t o e s l a renovación y e l
r e n a c i m i e n t o d e este c u e r p o , i n c a p a z d e perpetuarse e n la m i s m a
disposición, t a l y c o m o l a s c o s a s q u e n o p u e d e n p e r p e t u a r s e indivi-
d u a l m e n t e ( p o r h a b l a r v u l g a r m e n t e ) s e h a c e n p e r p e t u a s a través d e
la e s p e c i e o las s u s t a n c i a s q u e n o p u e d e n p e r p e t u a r s e b a j o u n m i s m o
rostro v a n c a m b i a n d o , sin embargo, d e faz, puesto que l a m a t e r i a y
sustancia d e lascosas es i n c o r r u p t i b l e y d e b e sere n todas las partes
s u j e t o d e t o d a s l a s f o r m a s , c o n e l fin d e q u e e n t o d a s l a s p a r t e s ( y e n
la m e d i d a d e l o p o s i b l e ) se h a g a t o d o , s e a t o d o , s i n o e n u n m i s m o
t i e m p o e instante d eeternidad, c u a n t o m e n o s e n t i e m p o s diversos, en
instantes diferentes d e eternidad, d e m a n e r a sucesiva y vicisitudinal-
mente, puesto que por m u c h o que toda lamateria sea capaz d e todas
las f o r m a s j u n t a s , s i n e m b a r g o , c a d a u n a d e las p a r t e s d e l a m a t e r i a n o
p u e d e ser c a p a z d e todas ellas a l a vez. P o r eso, c o m o a l a m a s a entera
de q u e c o n s t a este g l o b o , este a s t r o , n o l e es c o n v e n i e n t e l a m u e r t e
y l a disolución, y p u e s t o q u e e s i m p o s i b l e a t o d a n a t u r a l e z a l a a n i -
quilación, v i e n e a r e n o v a r s e p e r i ó d i c a m e n t e según u n c i e r t o o r d e n ,
alterando, c a m b i a n d o , p e r m u t a n d o todas s u spartes. E s t o debe p r o -
d u c i r s e s e g ú n U n a c i e r t a sucesión, e n l a c u a l c a d a c o s a p a s a a o c u p a r
el l u g a r d e t o d a s las demás, y a q u e d e o t r a f o r m a e s t o s c u e r p o s (que
s o n s u s c e p t i b l e s d e disolución) l l e g a r í a n d e h e c h o e n a l g u n a ocasión
a disolverse, t a l y c o m o n o s o c u r r e a n o s o t r o s , los a n i m a l e s menores
y p a r t i c u l a r e s . A e l l o s , s i n e m b a r g o , ( c o m o c r e e P l a t ó n e n e l Timeo y
c o m o c r e e m o s también n o s o t r o s ) l e s h a s i d o d i c h o p o r e l p r i m e r p r i n -
c i p i o : «Sois d i s o l u b l e s , m a s n o o s disolveréis». O c u r r e , p u e s , q u e n o
h a y p a r t e e n e lc e n t r o y p u n t o m e d i o d el aestrella q u e n o se p r o d u z c a
e n l a c i r c u n f e r e n c i a y e n e l e x t e r i o r ; n o h a y porción e x t e r i o r y e x t r e m a e n
e l l a q u e n o d e b a e n a l g u n a ocasión h a c e r s e y s e r íntima e i n t e r i o r . L a e x -
p e r i e n c i a d e c a d a día n o s l o d e m u e s t r a : u n a s c o s a s s e r e f u g i a n e n e l s e n o
y visceras d e l a T i e r r a , m i e n t r a s otras son despedidas fuera. I n c l u s o
n o s o t r o s m i s m o s y nuestras cosas v a m o s y v e n i m o s , p a s a m o s y v o l v e -
m o s ; t o d o l o n u e s t r o se v u e l v e a j e n o y t o d o l o a j e n o se v u e l v e n u e s t r o .
Y n o h a y c o s a a l a q u e p e r t e n e z c a m o s q u e n o d e b a e n a l g u n a ocasión
ser n u e s t r a , a l i g u a l q u e n o h a y n a d a n u e s t r o a l o q u e n o d e b a m o s e n
algún m o m e n t o p e r t e n e c e r , e n u n género s i u n a e s l a m a t e r i a d e l a s
c o s a s o e n d o s géneros s i s o n d o s l a s m a t e r i a s , p u e s t o q u e n o m e p r o -
n u n c i o todavía a c e r c a d e s i l a s u s t a n c i a y m a t e r i a a l a q u e llamamos
e s p i r i t u a l se c a m b i a e n l a q u e d e n o m i n a m o s c o r p o r a l y viceversa, o ,
 L a c e n a d e las c e n i z a s

p o r e l c o n t r a r i o , n o e s así. D e e s t a f o r m a t o d a s l a s c o s a s e x p e r i m e n
t a n , e n s u género, t o d a s l a s v i c i s i t u d e s d e d o m i n i o y s e r v i d u m b r e r j e

f e l i c i d a d o i n f e l i c i d a d , d e eseestado l l a m a d o v i d a y d e l d e n o m i n a d o
m u e r t e , d e l u z y d et i n i e b l a s , d e b i e n y d e m a l . A n a d a c o n v i e n e ser
e t e r n o d e m a n e r a n a t u r a l excepto a esasustancia q u e esl a m a t e r i a y
a lacual n o por ello deja d econvenir e lencontrarse e nc o n t i n u a m u -
tación. N o h a b l o a h o r a d e l a s u s t a n c i a s u p r a s u s t a n c i a l , s i n o q u e v u e l -
v o a r a z o n a r c o n c r e t a m e n t e sobre eseg r a n i n d i v i d u o q u e es nuestra
perpetua nodriza y madre, respondiendo a vuestra pregunta por la
causa d e l m o v i m i e n t o local. D i g o q u e l a causa d e l m o v i m i e n t o local
( t a n t o d e t o d o e l c u e r p o c o m o d e c a d a u n a d e s u s p a r t e s ) e s e l fin d e l a
a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l , n o sólo p a r a q u e t o d o s e e n c u e n t r e e n t o d o s
l o s l u g a r e s , s i n o también p a r a q u e d e e s a m a n e r a t o d o r e c i b a t o d a s las
disposiciones y f o r m a s . P o r eso, e l m o v i m i e n t o local h a s i d o conside-
r a d o c o n t o d a razón p r i n c i p i o d e c u a l q u i e r o t r a mutación y f o r m a , n o
p u d i e n d o d a r s e n i n g ú n o t r o s i s e e l i m i n a éste.
Aristóteles s e d i o c u e n t a d e l a mutación d e a c u e r d o c o n l a s d i s p o -
siciones y c u a l i d a d e s p r e s e n t e s e n t o d a s las p a r t e s d el aT i e r r a , p e r o n o
comprendió e l m o v i m i e n t o l o c a l q u e c o n s t i t u y e s u p r i n c i p i o . S i n e m -
b a r g o , h a c i a e l final d e l p r i m e r l i b r o d e s u s Meteorológicos h a h a b l a d o
c o m o p r o f e t a y a d i v i n o q u e , a u n q u e n o e n t i e n d a él m i s m o e n o c a s i o -
nes lo q u e dice, n o obstante (a t r o m p i c o n e s y m e z c l a n d o s i e m p r e con
el d i v i n o f u r o r algo d e s up r o p i o e r r o r ) , dice e n l am a y o r p a r t e y en l o
f u n d a m e n t a l l av e r d a d . V e a m o s a h o r a l a scosas v e r d a d e r a s y dignas
d e c o n s i d e r a c i ó n q u e él h a d i c h o y d e s p u é s a ñ a d i r e m o s l a s c a u s a s d e
t o d o e l l o q u e él n o p u d o c o n o c e r : « N o s i e m p r e » , d i c e , «son h ú m e d o s
o s e c o s l o s m i s m o s l u g a r e s d e l a T i e r r a , s i n o q u e c a m b i a n según e l n a -
c i m i e n t o y l a f a l t a d e ríos. P o r e s o , l o q u e f u e y e s m a r n o s i e m p r e h a
s i d o y será m a r ; l o q u e h a s i d o y será t i e r r a n o e s n i f u e s i e m p r e t i e r r a ,
s i n o q u e d e a c u e r d o c o n u n a c i e r t a v i c i s i t u d , según u n d e t e r m i n a d o
c i c l o y o r d e n , s e h a d e c r e e r q u e d o n d e está a h o r a a q u é l l a pasará a
e s t a r ésta y d o n d e e s t a b a ésta pasará a e s t a r a q u é l l a » . Y s i preguntáis
a Aristóteles e l p r i n c i p i o y l a c a u s a d e e s o r e s p o n d e r á q u e «el i n t e r i o r
d e l a T i e r r a , a l i g u a l q u e los c u e r p o s d e las p l a n t a s y d e los a n i m a l e s ,
a l c a n z a l a perfección y d e s p u é s e n v e j e c e . P e r o h a y u n a d i f e r e n c i a e n -
t r e l a T i e r r a y l o s d e m á s c u e r p o s y e s q u e éstos e x p e r i m e n t a n — e n s u
i n t e g r i d a d , simultáneamente y e n t o d a s s u s p a r t e s — e l c r e c i m i e n t o ,
l a perfección y e l d e c l i v e ( o c o m o d i c e él, l a p l e n i t u d y l a v e j e z ) ; p e r o
e n l a T i e r r a e s o a c a e c e d e m a n e r a s u c e s i v a y según s u s p a r t e s , por
m e d i o d e l a sucesión d e l frío y d e l c a l o r , c a u s a n t e d e l a u m e n t o y l a
 Diálogo V 101

disminución q u e s i g u e a l S o l y a l m o v i m i e n t o c i r c u l a r , p o r e l q u e l a s
partes d e l a T i e r r a a d q u i e r e n c o m p l e x i o n e s y v i r t u d e s diversas. Por
e so, l° s
lugares acuosos p e r m a n e c e n d u r a n t e u ncierto t i e m p o , des-
p u e s s e s e c a n d e n u e v o y e n v e j e c e n , m i e n t r a s q u e o t r o s se r e a v i v a n
y s e v u e l v e n h ú m e d o s p o r p a r t e s . V e m o s así d e s a p a r e c e r l a s f u e n t e s y
cómo l o s ríos d e p e q u e ñ o s s e h a c e n g r a n d e s , o b i e n c ó m o d e g r a n d e s
s e h a c e n p e q u e ñ o s y a l final s e s e c a n . Y e s t a desaparición d e l o s ríos t r a e
c o n s i g o , c o m o n e c e s a r i a c o n s e c u e n c i a , l a desaparición d e l o s l a g o s y l a
mutación d e l o s m a r e s . P e r o d a d o q u e e s t o o c u r r e s u c e s i v a m e n t e a l o
l a r g o d e l a T i e r r a y e n períodos d e t i e m p o l a r g u í s i m o s y l e n t o s , a m u y
duras penas p o d e m o s percibirlo e ne lcurso d e nuestra vida o e nla d e
nuestros padres, p u e s t o q u e el r e c u e r d o d elos h o m b r e s y las g e n e r a c i o -
nes m i s m a s p a s a n y a c o n t e c e n e n o r m e s d e s t r u c c i o n e s y m u t a c i o n e s p o r
desolación y desertización, p o r g u e r r a s , p o r e p i d e m i a s y p o r d i l u v i o s ,
por cambios d e lenguas y d e escrituras, por migraciones y esterilidad
del suelo, antes d eq u e p o d a m o s a c o r d a r n o s d et o d o ello desde el p r i n -
c i p i o h a s t a e l fin a l o l a r g o d e t a n e x t e n s o s , d i v e r s o s y t u r b u l e n t í s i m o s
períodos. L o s r e s t o s d e l a n t i g u o E g i p t o n o s m u e s t r a n b a s t a n t e s d e e s -
tos g r a n d e s c a m b i o s : las b o c a s d e l N i l o , t o d a s las cuales s o n o b r a h u -
m a n a , c o n e x c e p c i ó n d e l b r a z o canópico; l o s habitáculos d e l a c i u d a d
d e M e n f i s , d o n d e l o s l u g a r e s i n f e r i o r e s f u e r o n h a b i t a d o s después d e
los s u p e r i o r e s . L o m i s m o o c u r r e e n A r g o s y e n M i c e n a s , l a p r i m e r a
d e l a s c u a l e s e r a u n a región p a n t a n o s a e n t i e m p o s d e l o s t r o y a n o s , c o n
m u y p o c o s h a b i t a n t e s , y l a s e g u n d a e r a a p r e c i a d a m u c h o más d e b i d o
a s u fertilidad. E nc a m b i o , h o y o c u r r e t o d o l oc o n t r a r i o , p o r q u e M i -
cenas es t o t a l m e n t eseca, m i e n t r a s A r g o s se h av u e l t o t e m p l a d a y bas-
t a n t e fértil. P u e s b i e n , h e m o s d e p e n s a r q u e e n g r a n d e s extensiones
y e n regiones enteras o c u r r e lo m i s m o q u e e n estos lugares reducidos.
P o r eso, al i g u a l q u e v e m o s q u e a h o r a s o n tierra firme m u c h o s lugares
q u e a n t e s e s t a b a n c u b i e r t o s p o r l a s a g u a s , también o t r o s m u c h o s h a n
q u e d a d o s u m e r g i d o s b a j o e l mar». V e m o s q u e estas m u t a c i o n e s se
p r o d u c e n p o c o a p o c o , c o m o las y a m e n c i o n a d a s , y c o m o n o s l o testi-
m o n i a l a corrosión d e m o n t e s altísimos y m u y a l e j a d o s d e l m a r , q u e
m u e s t r a n c a s i f r e s c a s l a s h u e l l a s d e l ímpetu d e l a s o l a s . N o s d a n t a m -
bién t e s t i m o n i o d e e l l o l a s h i s t o r i a s d e s a n F é l i x , e l m á r t i r d e Ñ o l a , l a s
c u a l e s a f i r m a n q u e e n s u época ( h a c e a p r o x i m a d a m e n t e m i l años) e l
m a r estaba cerca d e los m u r o s d e l ac i u d a d , d o n d e se h a l l a u n t e m p l o
q u e c o n s e r v a e l n o m b r e d e P u e r t o y está s i t u a d o a h o r a a u n a d i s t a n c i a
del m a r d edoce m i l pasos. ¿No o c u r r e l o m i s m o e n t o d a l a P r o v e n z a ?
¿No m u e s t r a n t o d a s las p i e d r a s e s p a r c i d a s p o r los c a m p o s las h u e l l a s
102 L a c e n a d e las c e n i z a s

d e h a b e r s i d o a g i t a d a s p o r l a s o l a s ? ¿Os p a r e c e q u e e l c l i m a d e F r a r l

c i a h a c a m b i a d o p o c o d e s d e l a época d e C é s a r h a s t a h o y ? E n t o n c e s n o
era apta e n a b s o l u t o para el c u l t i v o de la v i d y a h o r a p r o d u c e vinos tan
deliciosos c o m o o t r a s partes d e l m u n d o y e l f r u t o d e l a v i d se recoge
h a s t a e n l a s r e g i o n e s más s e p t e n t r i o n a l e s . E s t e año h e l l e g a d o a c o m e r
u v a s h a s t a d e los h u e r t o s d e L o n d r e s , n ot a n b u e n a s c o m o las peores
d e F r a n c i a , p e r o e n c u a l q u i e r c a s o , y según h e oído d e c i r , d e u n a c a l i -
d a d jamás a l c a n z a d a c o n a n t e r i o r i d a d e n I n g l a t e r r a .
C o m o e l m a r M e d i t e r r á n e o está i n c l i n á n d o s e h a c i a L i b i a d e j a n d o
m á s s e c a y cálida F r a n c i a y l a s p a r t e s d e I t a l i a q u e y o h e p o d i d o v e r
c o n m i s p r o p i o s ojos, c o n el r e s u l t a d o d eq u e I t a l i a y F r a n c i a se calien-
t a n c a d a v e z más e I n g l a t e r r a a l c a n z a u n a t e m p e r a t u r a más t e m p l a d a ,
d e b e m o s c o n c l u i r q u e e n líneas g e n e r a l e s l a s características climáticas
d e l a s d i f e r e n t e s r e g i o n e s v a n c a m b i a n d o a m e d i d a q u e l a propensión
a l frío v a d i s m i n u y e n d o h a c i a e l p o l o N o r t e . S i p r e g u n t á i s a Aristóte-
l e s «cuál e s l a c a u s a d e e s t e f e n ó m e n o » , o s r e s p o n d e r á : « P o r e l S o l y
p o r e l m o v i m i e n t o circular», u n a r e s p u e s t a n o t a n t o c o n f u s a y o s c u r a ,
c o m o a l g o d i v i n a , e g r e g i a y v e r í s i m a m e n t e d i c h o p o r él. P e r o ¿de qué
m a n e r a ? ¿ C o m o u n filósofo q u i z á ? N o , s i n o m á s b i e n c o m o u n a d i v i -
n o o a c a s o c o m o q u i e n c o m p r e n d í a , p e r o n o s e atrevía a d e c i r l o ; a c a s o
c o m o q u i e n v e y n o c r e e l o q u e está v i e n d o y e n e l c a s o d e q u e l o c r e a
d u d a e n a f i r m a r l o p o r t e m o r a q u e a l g u i e n le o b l i g u e a a d u c i r l a p r u e -
b a q u e n o está e n c o n d i c i o n e s d e d a r . L o d i c e , s i n e m b a r g o , d e f o r m a
q u e p u e d a t a p a r l a b o c a a q u i e n q u i e r a s a b e r más. O quizás e s u n a
m a n e r a d e h a b l a r a l a u s a n z a d e l o s a n t i g u o s filósofos, p u e s d i c e q u e e l
c a l o r y e l frío, l o s e c o y l o h ú m e d o , c r e c e n y d i s m i n u y e n p o r t o d a s l a s
p a r t e s d e l a T i e r r a , d o n d e t o d a s l a s c o s a s e x p e r i m e n t a n l a renovación,
m a d u r e z , v e j e z y disminución. Y a l d a r l a c a u s a d e e l l o d i c e : «Propter
s o l e m e t circulationem»." A h o r a b i e n , ¿por qué n o d i c e p r o p t e r
3
solis
c i r c u l a t i o n e m ? " * P o r q u e estaba establecido a s u a l r e d e d o r y t o d o s los
filósofos d e s u época y d e s u índole reconocían q u e e l S o l n o podía
causar c o n s u m o v i m i e n t o t o d a esta d i v e r s i d a d , p u e s t o q u e d a d a l a
inclinación d e l a eclíptica c o n r e s p e c t o a l a línea e q u i n o c c i a l , e l S o l
s e m u e v e e t e r n a m e n t e e n t r e l o s d o s trópicos y p o r e s o e s i m p o s i b l e
q u e seacalentada o t r a p a r t e d e l a T i e r r a y e nconsecuencia las zonas
y l o s c l i m a s están e t e r n a m e n t e e n l a m i s m a disposición. ¿ P o r q u é n o

"i «Por el Sol y el movimiento circular», Aristóteles, Meteorológicos, i, >4'

351332.
" 4
«Por el movimiento circular del Sol.»
 Diálogo V 103

J i j o «por e l m o v i m i e n t o c i r c u l a r d e o t r o s p l a n e t a s » ? P o r q u e estaba
e s t a b l e c i d o d e s d e hacía t i e m p o q u e t o d o s e l l o s , e x c e p t o a l g u n o s que
la r e b a s a n u n p o c o , s e m u e v e n únicamente a l o a n c h o d e l a b a n d a del
zodíaco, d e n o m i n a d o « c a m i n o h a b i t u a l d e l o s p l a n e t a s » . ¿ P o r q u é
n o d i j o «por e l m o v i m i e n t o c i r c u l a r d e l p r i m e r móvil»? P o r q u e n o
conocía o t r o m o v i m i e n t o q u e e l d i a r i o y e n s u época s e s o s p e c h a b a u n
p o c o d e l a e x i s t e n c i a d e u n m o v i m i e n t o retrógrado, s i m i l a r a l d e l o s
p l a n e t a s . ¿ P o r q u é n o d i j o « p o r e l m o v i m i e n t o c i r c u l a r d e l cielo»?
P o r q u e n o podía d e c i r cómo podía d a r s e y d e qué c l a s e podía s e r . ¿Por
qué n o d i j o « p o r e l m o v i m i e n t o c i r c u l a r d e l a T i e r r a » ? P o r q u e ha-
bía s u p u e s t o c a s i c o m o u n p r i n c i p i o q u e l a T i e r r a está i n m ó v i l . ¿ P o r
qué d i j o , p u e s , l o q u e d i j o ? F o r z a d o p o r l a v e r d a d , q u e s e h a c e oír
a través d e l o s e f e c t o s n a t u r a l e s . N o s q u e d a , p u e s , q u e s e a p o r e l S o l y
e l m o v i m i e n t o ; p o r e l S o l — d i g o — , p o r q u e e s e l único q u e comunica
y d i f u n d e l a v i r t u d v i t a l . P o r e l m o v i m i e n t o t a m b i é n , p o r q u e s i él n o
se m o v i e r a h a c i a l o s o t r o s c u e r p o s o l o s o t r o s c u e r p o s h a c i a él ¿ c ó m o
podría r e c i b i r l o q u e n o t i e n e o d a r l o q u e t i e n e ? E s , p o r t a n t o , n e c e -
s a r i o q u e s e a e l m o v i m i e n t o , p e r o u n m o v i m i e n t o d e t a l e s caracterís-
t i c a s q u e n o s e a p a r c i a l , s i n o q u e , c o n l a m i s m a razón c o n q u e o r i g i n a
l a renovación d e c i e r t a s p a r t e s , r e n u e v e también a q u e l l a s o t r a s , q u e
a l s e r d e l a m i s m a condición y n a t u r a l e z a t i e n e n l a m i s m a potencia
pasiva, a l a c u a l (si l a n a t u r a l e z a n oes i n j u s t a ) d e b e c o r r e s p o n d e r l a
potencia activa.
P e r o d e esta m a n e r a d e s c u b r i m o s q u e es m u c h o m e n o s razonable
que el S o l y t o d o el c o n j u n t o d elos astros t e n g a n q u e m o v e r s e e n tor-
n o a n u e s t r o g l o b o q u e él, p o r e l c o n t r a r i o , d e b a g i r a r c o n r e s p e c t o a l
universo, cumpliendo s um o v i m i e n t o circular anual e ntorno a l Sol,
v o l v i é n d o s e d e m a n e r a d i v e r s a p o r t o d o s s u s l a d o s según u n o r d e n
r e g u l a r e inclinándose h a c i a él c o m o v i v o e l e m e n t o d e l f u e g o . N o hay
razón a l g u n a p o r l a q u e i n n u m e r a b l e s a s t r o s , q u e s o n o t r o s t a n t o s
m u n d o s m a y o r e s i n c l u s o q u e éste, g u a r d e n u n a relación t a n v i o l e n t a
c o n e s t e ú n i c o c u e r p o , s i n q u e e x i s t a u n fin d e t e r m i n a d o y u n m o t i v o
u r g e n t e ; n o h a y razón q u e n o s h a g a d e c i r q u e más b i e n e l p o l o t r e p i -
da, el eje del m u n d o vacila, los g o z n e s del u n i v e r s o t i e m b l a n y globos
t a n i n n u m e r a b l e s , t a n g r a n d e s y t a n espléndidos c o m o n o e s p o s i b l e
s e r l o más, s e v e a n s a c u d i d o s , g i r e n , s e r e t u e r z a n y s e r e m i e n d e n , d e s -
cuartizándose a d e s p e c h o d e l a n a t u r a l e z a , m i e n t r a s l a T i e r r a ( c o m o
p u e d e d e m o s t r a r l a s u t i l e z a d e ópticos y g e ó m e t r a s ) v i e n e a o c u p a r
t a n t o r p e m e n t e e l c e n t r o p o r s u c a l i d a d d e único c u e r p o p e s a d o y
frío. Y , s i n e m b a r g o , n o p u e d e d e m o s t r a r s e q u e e l l a s e a d i f e r e n t e d e
104 L a c e n a d e las c e n i z a s

cualquier otro cuerpo que brilla en e l firmamento, tanto en lo que e S

r e f i e r e a s u s u s t a n c i a y m a t e r i a c o m o e n l o q u e r e s p e c t a a s u posición
y a q u e s i e s t e c u e r p o p u e d e s e r a b r a z a d o p o r e l a i r e e n q u e está fij0

también l o s o t r o s p u e d e n s e r i g u a l m e n t e a b r a z a d o s p o r e l a i r e c i r -
c u n d a n t e . S i aquéllos p u e d e n g i r a r e n t o r n o a a l g ú n c e n t r o c o r t a n d o
e l a i r e p o r sí m i s m o s , i m p u l s a d o s p o r s u p r o p i a a l m a y n a t u r a l e z a l a

T i e r r a también y e n m e d i d a n o m e n o r .
SMITH — O s p i d o q u e este p u n t o l o d e m o s a h o r a p o r supuesto, y a

q u e ( p o r l o q u e a mí r e s p e c t a ) m e p a r e c e evidentísimo q u e e s n e c e s a -
rio q u e se m u e v a l a T i e r r a antes d e q u e p u e d a existir ese entablado
y c l a v e t e a d o d e l u c e s ; además, p a r a a q u e l l o s q u e n o l o h a n c o m p r e n -
d i d o , e s más c o n v e n i e n t e e x p o n e r l o c o m o m a t e r i a p r i n c i p a l q u e t o -
c a r l o d e p a s a d a a propósito d e o t r a cuestión. P o r e s o , s i q u e r é i s c o m -
placerme, especificadme sin d e m o r a los m o v i m i e n t o s apropiados a l
g l o b o terráqueo.
TEÓFILO — C o n m u c h o g u s t o , p o r q u e e s t a d i g r e s i ó n n o s habría
h e c h o d i f e r i r d e m a s i a d o l a conclusión a l a q u e y o q u e r í a l l e g a r d e l a
n e c e s i d a d y d e l h e c h o d e q u e t o d a s las partes d e l aT i e r r a d e b e n par-
t i c i p a r s u c e s i v a m e n t e d et o d a s las p o s i c i o n e s y r e l a c i o n e s c o n respecto
a l S o l , haciéndose s u j e t o d e t o d a s l a s c o m p l e x i o n e s y s e m b l a n t e s . P u e s
b i e n , c o n v i s t a s a e s t e fin, e s c o n v e n i e n t e y n e c e s a r i o q u e e l m o v i m i e n -
t o d e l a T i e r r a s e a d e t a l e s características c o m o p a r a q u e d e a c u e r d o
c o n u n a c i e r t a a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l d o n d e a h o r a está e l m a r esté
e l c o n t i n e n t e , y v i c e v e r s a ; d o n d e a h o r a e s c á l i d o s e a frío, y v i c e v e r s a ;
d o n d e a h o r a e s h a b i t a b l e y más t e m p l a d o s e a l o m e n o s h a b i t a b l e y
t e m p l a d o , y v i c e v e r s a ; e n conclusión: q u e c a d a u n a d e l a s p a r t e s v e n g a
a t e n e r c o n r e s p e c t o a l S o l l a m i s m a relación q u e t i e n e n t o d a s l a s d e -
más, c o n e l fin d e q u e c a d a u n a d e s u s p a r t e s p a r t i c i p e d e t o d a l a v i d a ,
d e t o d o t i p o d e generación y d e t o d o t i p o d e f e l i c i d a d .
E n p r i m e r l u g a r , pues, c o n vistas a s u v i d a y a l a d e las cosas c o n -
t e n i d a s e n e l l a , y p a r a d a r u n a e s p e c i e d e respiración e inspiración
m e d i a n t e e l c a l o r y e l frío d i a r i o s , m e d i a n t e l a l u z y l a s t i n i e b l a s , l a
T i e r r a se m u e v e e n e l c u r s o d e v e i n t i c u a t r o h o r a s iguales e n t o r n o
a s u propio centro, exponiendo a lSol toda s u superficie e nla m e d i -
d a d e l o p o s i b l e . E n s e g u n d o l u g a r , p a r a l a regeneración d e l a s c o s a s
q u e v i v e n y se d i s u e l v e n e n s u d o r s o , g i r a c o n s u c e n t r o e n t o r n o a l
b r i l l a n t e c u e r p o d e l S o l e n t r e s c i e n t o s s e s e n t a y c i n c o días y u n c u a r t o
a p r o x i m a d a m e n t e , l l a m a n d o d e s d e l o s c u a t r o p u n t o s d e l a eclíptica
a l a g e n e r a c i ó n , a l a a d o l e s c e n c i a , a l a m a d u r e z y a l a declinación d e
t o d a s s u s c o s a s . E n t e r c e r l u g a r , y p a r a l a renovación d e l o s s i g l o s ,
 Diálogo V 105

participa d e o t r o m o v i m i e n t o por e lcual e l hemisferio inferior d e l a

T i e r r a o b t i e n e l a m i s m a relación c o n r e s p e c t o a l u n i v e r s o q u e ahora
g u a r d a e l h e m i s f e r i o s u p e r i o r , y e l u n o o b t i e n e l a disposición d e l o t r o ,
g n c u a r t o l u g a r , p a r a l a mutación d e s u s r o s t r o s y c o m p l e x i o n e s , c o n -
viene n e c e s a r i a m e n t e a l aT i e r r a o t r o m o v i m i e n t o p o r m e d i o d e l c u a l
l a posición d e l vértice d e l a T i e r r a c o n r e s p e c t o a u n p u n t o c e r c a n o a l
p o l o N o r t e s e c a m b i a p o r l a posición d e l o t r o v é r t i c e c o n respecto
al p u n t o o p u e s t o d e l p o l o S u r . E l p r i m e r m o v i m i e n t o se m i d e a p a r t i r
d e u n p u n t o d e l a línea e q u i n o c c i a l d e l a T i e r r a h a s t a q u e v u e l v e a l
m i s m o l u g a r p o c o más o m e n o s . E l s e g u n d o m o v i m i e n t o s e m i d e a
p a r t i r d e u n p u n t o i m a g i n a r i o d e l a eclíptica ( q u e e s e l c a m i n o d e l a
T i e r r a a l r e d e d o r d e l S o l ) h a s t a q u e v u e l v e a l m i s m o l u g a r p o c o más o
m e n o s . E l t e r c e r m o v i m i e n t o s e m i d e p o r l a d i f e r e n t e posición d e u n a
línea h e m i s f é r i c a d e l a T i e r r a , q u e s i r v e d e h o r i z o n t e , c o n r e s p e c t o a l
u n i v e r s o h a s t a q u e l a m i s m a línea o u n a p r o p o r c i o n a l a e l l a v u e l v e a
l a m i s m a posición. E l c u a r t o m o v i m i e n t o s e m i d e p o r e l a v a n c e d e u n
p u n t o p o l a r d e l a T i e r r a a l ol a r g o d e u nm e r i d i a n o q u e pasa p o r e l
o t r o p o l o h a s t a q u e v u e l v e a l a m i s m a posición p o c o m á s o m e n o s que
tenía a n t e s . Y s o b r e e s t o s e h a d e t e n e r e n c u e n t a q u e , a u n q u e deci-
m o s que hay cuatro m o v i m i e n t o s , sin e m b a r g o , todos ellos c o n c u r r e n
e n u n único m o v i m i e n t o c o m p u e s t o . T e n e d p r e s e n t e q u e e l p r i m e r o
de estos c u a t r o m o v i m i e n t o s se d e s p r e n d e d e q u e e n u n día n a t u r a l
parece q u e t o d o se m u e v a a l r e d e d o r d e l a T i e r r a sobre los p o l o s d e l
m u n d o , c o m o se dice v u l g a r m e n t e . E l s e g u n d o se desprende d ela
a p a r i e n c i a d e q u e e l S o l c i r c u n d a e n u n año t o d o e l zodíaco h a c i e n d o
c a d a día (según d i c e P t o l o m e o e n e l t e r c e r l i b r o d e l Almagesto) c i n c u e n -
ta y n u e v e m i n u t o s , o c h o s e g u n d o s , 17 t e r c i o s , 13 c u a r t o s , 12 q u i n t o s ,
3 1 s e x t o s ; según A l f o n s o , c i n c u e n t a y n u e v e m i n u t o s , o c h o segundos,
i i t e r c i o s , 3 7 c u a r t o s , 1 9 q u i n t o s , 13 s e x t o s , 5 6 s é p t i m o s ; s e g ú n C o -
pérnico, c i n c u e n t a y n u e v e m i n u t o s , o c h o s e g u n d o s y 1 1 t e r c i o s . E l
tercer m o v i m i e n t o se d e s p r e n d e d e laapariencia por lacual la octa-
v a e s f e r a s e m u e v e s o b r e l o s p o l o s d e l z o d í a c o , según e l o r d e n d e l o s
s i g n o s , e n dirección c o n t r a r i a d e l m o v i m i e n t o d i a r i o , p e r o c o n t a n t a
l e n t i t u d q u e e n d o s c i e n t o s años n o s e m u e v e más d e u n g r a d o y 2 8 m i -
n u t o s , d e f o r m a q u e t a r d a c u a r e n t a y n u e v e m i l años e n c u m p l i r u n
círculo. E l p r i n c i p i o d e e s t e m o v i m i e n t o e s a t r i b u i d o a u n a novena
e s f e r a . E l c u a r t o m o v i m i e n t o s e d e s p r e n d e d e l a trepidación, a c c e s o y
r e c e s o q u e , s e g ú n d i c e n , h a c e l a o c t a v a e s f e r a s o b r e d o s círculos i g u a -
les q u e se i m a g i n a n e n l a c o n c a v i d a d d e l a n o v e n a esfera, sobre l o s
p r i n c i p i o s d e A r i e s y L i b r a e n s u zodíaco. D e l a s a p a r i e n c i a s s e d e s -
io6 L a c e n a d e las c e n i z a s

p r e n d e l a n e c e s i d a d d e q u e l a eclíptica d e l a o c t a v a e s f e r a n o r e s u l t e
s i e m p r e c o r t a r l a línea e q u i n o c c i a l p o r l o s m i s m o s p u n t o s , s i n o u n a s
veces e n l a cabeza d e A r i e s y otras veces fuera, a u n o y o t r o lado d e
l a eclíptica. P o r e s o v e m o s q u e l a s e n o r m e s d e c l i n a c i o n e s d e l zodíaco
n o s o n s i e m p r e idénticas, d e l o q u e s e s i g u e n e c e s a r i a m e n t e q u e l o s
e q u i n o c c i o s y l o s s o l s t i c i o s varían c o n t i n u a m e n t e , t a l y c o m o s e h a
observado efectivamente desde hace m u c h o tiempo. T e n e d presente
q u e , a u n q u e d e c i m o s q u e estos m o v i m i e n t o s s o n c u a t r o , sin e m b a r g o ,
se h a d e n o t a r q u e t o d o s c o n c u r r e n e n u n m o v i m i e n t o compuesto-
e n s e g u n d o lugar, q u e a u n q u e los l l a m e m o s circulares, n i n g u n o d e
ellos, sin e m b a r g o , es u n m o v i m i e n t o v e r d a d e r a m e n t e circular; e n
tercer l u g a r , q u e a u n q u e m u c h o s se h a n e s f o r z a d o p o r d e s c u b r i r l a
regla verdadera d e dichos m o v i m i e n t o s , l o h a n hecho — y quienes
se e s f u e r c e n e n e l f u t u r o también— e n v a n o , p u e s t o q u e n i n g u n o d e
esos m o v i m i e n t o s es c o m p l e t a m e n t e r e g u l a r y susceptible d e m e d i -
d a geométrica. S o n , p o r t a n t o , c u a t r o y n o d e b e h a b e r más n i m e -
nos m o v i m i e n t o s ( q u i e r o decir diferentes m o v i m i e n t o s locales e n la
T i e r r a ) y l a i r r e g u l a r i d a d d e u n o d e ellos hace necesariamente irre-
gulares a los restantes, todos los cuales v o y a describir e n el m o v i m i e n -
to d e u n a bola l a n z a d a a l aire. E s abola, e n p r i m e r lugar, se m u e v e
 Diálogo V 07

con s uc e n t r o d e A a B ; " ' e n s e g u n d o l u g a r , m i e n t r a s se m u e v e c o n e l

centro d earriba abajo o d eabajo arriba, gira en t o r n o a s up r o p i o cen-
tro d e s p l a z a n d o el p u n t o I a ll u g a r del p u n t o K , y e l p u n t o K al l u g a r
del p u n t o I . E n tercer lugar, v u e l v e poco a poco y a v a n z a n d o e n s u
camino e i n c r e m e n t a n d o s uvelocidad d egiro o bien perdiendo y dis-
minuyéndola ( c o m o o c u r r e a l a b o l a q u e e n s u c a m i n o a s c e n d e n t e s e
m u e v e e n p r i n c i p i o a más v e l o c i d a d y l u e g o más l e n t a m e n t e , m i e n t r a s
q u e más t a r d e , c u a n d o v u e l v e h a c i a a b a j o , h a c e l o c o n t r a r i o , e s t a n d o
e n u n a proporción m e d i a e n l a s d i s t a n c i a s m e d i a s p o r l a s q u e a s c i e n d e
y d e s c i e n d e ) l a m i t a d d e l a c i r c u n f e r e n c i a m a r c a d a p o r l o s números 1 ,
2, 3 , 4 , a l c a n z a r á l a posición d e l a o t r a m i t a d m a r c a d a p o r l o s n ú m e -
r o s , 5, 6 , 7 , 8 . E n c u a r t o l u g a r , e s t e c a m b i o n o s e p r o d u c e según u n a
t r a y e c t o r i a rectilínea, p u e s t o q u e n o e s c o m o e n e l c a s o d e u n a rueda
q u e c o r r e c o n e l í m p e t u d e u n círculo e n q u e c o n s i s t e e l m o m e n t o
de s u peso, sino q u e procede o b l i c u a m e n t e p o r q u e es e l c o m p o r t a -
m i e n t o d e u ng l o b o q u e p u e d e i n c l i n a r s e c o n f a c i l i d a d e n todas l a s
direcciones. P o r eso, los p u n t o s I y K n o s i e m p r e pasan p o r l a m i s m a
línea r e c t a , y p o r e s o e s n e c e s a r i o q u e m á s p r o n t o o m á s t a r d e , c o n u n
proceso c o n t i n u o o i n t e r m i t e n t e , se l l e g u e a c u m p l i r esem o v i m i e n t o
p o r e l q u e e l p u n t o O s e e n c u e n t r e e n e l l u g a r d o n d e está e l p u n t o V ,
y viceversa. B a s t a c o n q u e u n o d e estos m o v i m i e n t o s n osea r e g u l a r
p a r a q u e n i n g u n o d e l o s o t r o s l o sea. E l q u e u n o sea d e s c o n o c i d o hace
desconocidos a t o d o s l o s demás. N o o b s t a n t e , t i e n e n u n c i e r t o o r d e n
p o r e l c u a l s e a c e r c a n y s e a l e j a n más o m e n o s d e l a r e g u l a r i d a d . Así,
e n e s t o s d i f e r e n t e s m o v i m i e n t o s , e l más r e g u l a r y e l más cercano
a l regularísimo e s e l m o v i m i e n t o d e l c e n t r o . A continuación v i e n e e l
m o v i m i e n t o e n t o r n o a l c e n t r o p o r e l diámetro, u n m o v i m i e n t o más
rápido. E n t e r c e r l u g a r v i e n e e l m o v i m i e n t o q u e c o n l a i r r e g u l a r i d a d
del segundo (que consiste e nu n i n c r e m e n t o d e velocidad y l e n t i t u d )
c a m b i a p o c o a p o c o t o d o e l a s p e c t o d e l h e m i s f e r i o . E l último m o v i -
m i e n t o , irregularísimo y m u y i n c i e r t o , e s e l q u e c a m b i a l o s l a d o s , p o r -
q u e e n o c a s i o n e s e n l u g a r d e a v a n z a r h a c i a d e l a n t e v u e l v e h a c i a atrás
y c o n g r a n d í s i m a i n c o n s t a n c i a l l e g a a l final a c a m b i a r l a situación d e
dos p u n t o s opuestos, p o n i e n d o a l u n o e n lugar del otro. L o m i s m o
le pasa a l a T i e r r a , q u e t i e n e e n p r i m e r l u g a r e l m o v i m i e n t o d e s u
c e n t r o , u n m o v i m i e n t o a n u a l y e l m á s r e g u l a r d e t o d o s , s i m i l a r a sí
m i s m o e n m a y o r m e d i d a q u e l o s demás. E n s e g u n d o l u g a r , p o s e e u n
m o v i m i e n t o m e n o s regular, eldiario; en tercer lugar, u n m o v i m i e n t o

"5 E n la figura B es E .
io8 L a c e n a d e las c e n i z a s

i r r e g u l a r q u e l l a m a m o s hemisférico, y e n c u a r t o l u g a r , u n m o v i m i e n -
t o irregularísimo, q u e e s e l p o l a r o c o l u r a l .
SMITH — M e g u s t a r í a s a b e r c o n q u é o r d e n y r e g l a n o s hará e n t e n -
der e lN o l a n o estos m o v i m i e n t o s .
PRUDENCIO — E c q u i s erit modus, novis usque, et usque semper indi-
gebimus theoriis?' 10

TEÓFILO — N o t e m á i s , P r u d e n c i o , p o r q u e n a d a d e l o v i e j o q u e
t e n g a u n v a l o r s e perderá. Y a v o s , S m i t h , o s mandaré e l diálogo d e l
N o l a n o t i t u l a d o Purgatorio del Infierno e n e l c u a l e n c o n t r a r é i s e l f r u t o
d e l a redención. V o s , F r u l l a , m a n t e n e d s e c r e t a s n u e s t r a s considera-
c i o n e s y p r o c u r a d q u e n o l l e g u e n a l o s oídos d e q u i e n e s h e m o s m o r -
d i d o , a fin d e q u e n o s e e n c o l e r i c e n c o n t r a n o s o t r o s y n o s procuren
nuevas ocasiones para hacerse tratar peor y recibir m e j o r castigo. Vos,
m a e s t r o P r u d e n c i o , p r o n u n c i a d l a conclusión y u n e p í l o g o d e carácter
e x c l u s i v a m e n t e m o r a l d e n u e s t r o t e t r á l o g o , p u e s l a ocasión especula-
t i v a s a c a d a d e l a c e n a d e las c e n i z a s h ac o n c l u i d o ya.
PRUDENCIO — Y o te c o n j u r o , N o l a n o , p o r l a esperanza que tienes
e n l a altísima e i n f i n i t a u n i d a d q u e t e a n i m a y a l a q u e a d o r a s , p o r l o s
e m i n e n t e s númenes q u e t e p r o t e g e n y a l o s q u e h o n r a s , p o r e l d i v i n o
g e n i o t u y o q u e t e d e f i e n d e y e n q u i e n confías, q u e s e d i g n e guardarte
de conversaciones v i l e s , i n n o b l e s , b á r b a r a s e i n d i g n a s , a fin d e q u e
n o contraigas por u n casual tal rabia y tanta altivez q u e t e conviertan
q u i z á s e n u n a e s p e c i e d e M o m o satírico e n t r e l o s d i o s e s o e n u n T i -
món misántropo e n t r e l o s h o m b r e s . P e r m a n e c e m i e n t r a s t a n t o j u n t o
a l i l u s t r í s i m o y g e n e r o s í s i m o á n i m o d e l señor d e M a u v i s s i é r e ( b a j o
c u y o s a u s p i c i o s c o m i e n z a s a h a c e r pública u n a filosofía t a n s o l e m n e ) ,
q u e quizá v e n g a u n m e d i o más q u e s u f i c i e n t e p o r e l q u e l o s astros
y l o s poderosísimos d i o s e s t e guíen a u n l u g a r t a l d e s d e e l q u e puedas
m i r a r d elejos a semejante canalla. Y a vosotros, m u y nobles perso-
n a j e s , o s c o n j u r o p o r e l c e t r o d e l f u l g u r a n t e Júpiter, p o r l a f a m o s a
civilización d e l o s p r i á m i d a s , p o r l a m a g n a n i m i d a d d e l S e n a d o y d e l
p u e b l o r o m a n o y p o r e l nectareo b a n q u e t e q u e celebran los dioses so-
b r e l a a r d i e n t e Etiopía, a q u e s i p o r c a s u a l i d a d s u c e d e o t r a v e z q u e e l
N o l a n o p e r n o c t e e n vuestras casas, y a seap a r a serviros, p a r a compla-
c e r o s o p a r a h a c e r o s u n f a v o r , procuréis d e f e n d e r l e d e s e m e j a n t e s en-
cuentros. Y e n e lcaso d e q u e tenga q u e v o l v e r a s u residencia e n u n a
n o c h e o s c u r a , s i n o queréis h a c e r l o acompañar p o r c i n c u e n t a o c i e n

" 6
« ¿ N o se va a guardar una justa medida? ¿Tendremos que recurrir siem-
pre a nuevas y nuevas teorías?»
 Diálogo V

a n t o r c h a s ( l a s c u a l e s a u n q u e d e b a m a r c h a r a m e d i o d í a n o l e faltarán
s i l e e s d a d o m o r i r e n t i e r r a católica r o m a n a ) , h a c e d q u e a l m e n o s l e
acompañe u n a . Y s i e s t o o s p a r e c e d e m a s i a d o , d e j a d l e u n a linterna
c 0 n u n a v e l a d e s e b o e n s u i n t e r i o r , a fin d e q u e t e n g a m o s abundante
m a t e r i a d e conversación s o b r e s u f e l i z l l e g a d a d e s d e v u e s t r a s c a s a s , d e
lo cual n o se h ah a b l a d o hasta ahora.
Adiuro vos," 7
doctores N u n d i n i o y T o r c u a t o , por e la l i m e n t od e
l o s a n t r o p ó f a g o s , p o r e l m o r t e r o d e l cínico A n a x a r c o , p o r l a s e n o r m e s
serpientes d e L a o c o o n t e y por l at r e m e n d a llaga d e san R o q u e , a q u e
reclaméis ( a u n q u e s e a e n e l p r o f u n d o a b i s m o y e n e l d í a d e l j u i c i o ) a
e s e p e d a g o g o v u e s t r o s a l v a j e y m a l e d u c a d o q u e o s crió y a e s e o t r o
a r c h i a s n o e i g n o r a n t e q u e o s e n s e ñ ó a d i s p u t a r , a fin d e q u e o s d e -
v u e l v a n e l d i n e r o m a l g a s t a d o , e l interés a c u m u l a d o e n e l t i e m p o y e l
c e r e b r o q u e o s h a n h e c h o p e r d e r . Adiuro vos, b a r q u e r o s londinenses
q u e c o n v u e s t r o s r e m o s batís l a s o l a s d e l s o b e r b i o T á m e s i s , p o r e l h o -
n o r d e E v e n o y T i b e r i n o , q u e d a n n o m b r e a d o s ríos f a m o s o s , y p o r
la f a m o s a y a m p l i a s e p u l t u r a d e P a l i n u r o , a q u e p o r n u e s t r o s d i n e r o s
n o s llevéis a p u e r t o . Y v o s o t r o s , T r a s o n e s s a l v a j e s y fieros Martes del
p u e b l o r u d o , o s c o n j u r o p o r las caricias q u e h i c i e r o n a O r f e o las mé-
n a d e s t r a c i a s , p o r e l último s e r v i c i o q u e r i n d i e r o n s u s c a b a l l o s a D i o -
m e d e s y a l h e r m a n o d e Sémele, y p o r l a v i r t u d d e l e s c u d o p e t r i f i c a n t e
d e C e f e o , a q u e c u a n d o veáis y encontréis f o r a s t e r o s y v i a n d a n t e s , s i
n o q u e r é i s a b s t e n e r o s d e e s o s s e m b l a n t e s t o r v o s y erínicos, s e o s p i d e
q u e o s abstengáis c u a n t o m e n o s d e l o s g o l p e s . T o r n o a c o n j u r a r o s a
todos a u n t i e m p o , a u n o s p o r el escudo y l al a n z a d e M i n e r v a , a otros
por l agenerosa prole del caballo d eT r o y a , a otros por l a venerable
barba d e E s c u l a p i o , a o t r o s p o r el t r i d e n t e d e N e p t u n o , a o t r o s p o r los
b e s o s q u e las y e g u a s d i e r o n a G l a u c o : l a próxima v e z d a d n o s n o t i c i a
d e v u e s t r o s h e c h o s c o n m e j o r e s diálogos o a l m e n o s c a l l a d .

1 1 7
«Os conjuro a vosotros.»
DE LA CAUSA, EL PRINCIPIO Y EL UNO
A L ILUSTRÍSIMO SEÑOR D E M A U V I S S I E R E

Traducción y notas de
M I G U E L Á N G E L GRANADA
COPIA CON F I N E S E D U C A T I V O S
C. D. A .

NOTA DE TRADUCCIÓN

L a presente traducción se basa en G. B r u n o , Opere c o m p l e t e . O e u v r e s c o m p l e t e s [co-

lección dirigida por Y . Hersant y N . Ordine], París, Les Belles Lettres, 1993-1999-
Las figuras que se reproducen a lo largo del libro son versiones modernizadas de los
dibujos de Bruno.
 E P Í S T O L A P R O E M I A L
DIRIGIDA A L ILUSTRÍSIMO SEÑOR MICHEL
DE C A S T E L N A U , SEÑOR D E M A U V I S S I E R E ,
DE CONCRESSAULT Y DE J O I N V I L L E
Caballero de la Orden del Rey Cristianísimo, Consejero en su Consejo
privado, Capitán de cincuenta hombres armados y Embajador
ante la Serenísima Reina de Inglaterra

Ilustrísimo y ú n i c o c a b a l l e r o : s i d i r i j o m i atención a a d m i r a r v u e s t r a
m a g n a n i m i d a d , p e r s e v e r a n c i a y s o l i c i t u d c o n q u e añadiendo s e r v i c i o
a s e r v i c i o , b e n e f i c i o a b e n e f i c i o , m e habéis v e n c i d o , v i n c u l a d o y o b l i -
g a d o c o n v o s y a l a v e z soléis s u p e r a r t o d a d i f i c u l t a d , e s c a p a r d e c u a l -
q u i e r p e l i g r o y c o n d u c i r a b u e n fin t o d o s v u e s t r o s honorabilísimos
propósitos, d e s c u b r o c o n c u á n t a p r o p i e d a d o s c o n v i e n e l a g e n e r o s a
d i v i s a c o n q u e ornáis v u e s t r a t e r r i b l e c i m e r a . A l l í , e s e l í q u i d o h u m o r ,
que dulcemente hiere goteando continua e incesantemente, a fuerza
de perseverancia, a b l a n d a , s o c a v a , d o m a , r o m p e y a p l a n a l a sólida,
áspera, d u r a y r u g o s a roca.
Si, por otra parte, traigo a m i m e m o r i a — d e j a n d o a u nlado las
o t r a s h o n o r a b l e s a c c i o n e s v u e s t r a s — cómo p o r d e c r e t o d i v i n o y a l t a
p r o v i d e n c i a y predestinación s o i s p a r a m í firme y capaz defensor
f r e n t e a l o s i n j u s t o s u l t r a j e s q u e s u f r o ( q u e requerían l a p r e s e n c i a d e
u n ánimo v e r d a d e r a m e n t e h e r o i c o p a r a n o d e p o n e r l o s b r a z o s , aban-
d o n a r t o d a e s p e r a n z a y d a r s e p o r v e n c i d o a n t e t a n rápido t o r r e n t e d e
c r i m i n a l e s i m p o s t u r a s c o n q u e c o n todas sus f u e r z a s m eh a asaltado
l a e n v i d i a d e l o s i g n o r a n t e s , l a presunción d e l o s s o f i s t a s , l a d e t r a c -
ción d e l o s m a l é v o l o s , l a m u r m u r a c i ó n d e l o s c r i a d o s , l o s susurros
de los m e r c e n a r i o s , las a f r e n t a s d e los s e r v i d o r e s , las s o s p e c h a s d e los
n e c i o s , l o s e s c r ú p u l o s d e l o s i n f o r m a d o r e s , e l c e l o d e l o s hipócritas,
l o s o d i o s d e l o s bárbaros, l a f u r i a d e l a p l e b e , e l f u r o r d e l p o p u l a c h o ,
las q u e j a s d e los q u e se h a n s e n t i d o h e r i d o s y l o s g r i t o s d e l o s c a s t i -
g a d o s , d o n d e l o ú n i c o q u e f a l t a b a e r a u n descortés, l o c o y m a l i g n o
desdén f e m e n i n o , c u y a s f a l s a s l á g r i m a s s u e l e n s e r m á s p o d e r o s a s q u e

'•3
" 4 D e la causa, el p r i n c i p i o y el u n o

cualesquiera h i n c h a d a s olas y rudas tempestades d e presunciones

envidias, detracciones, m u r m u r a c i o n e s , traiciones, iras, desprecios'
o d i o s y f u r o r e s ) , n o e s d e s o r p r e n d e r q u e o s v e a c u a l sólido, firme y
constante escollo que, a l z a n d o y m o s t r a n d o l acabeza fuera del tem-
p e s t u o s o m a r , n o s e d e j a r o m p e r , m o v e r o s a c u d i r l o más mínimo n i
por airado cielo, n ipor terrible i n v i e r n o , n ipor violentos golpes d e
h i n c h a d a s o l a s , n i p o r e s t r i d e n t e s ráfagas d e v i e n t o , n i p o r v i o l e n t o
s o p l o d e l o s a q u i l o n e s , s i n o q u e c o n m a y o r brío r e v e r d e c e y d e p a r e j a
sustancia se c u b r e y se reviste. V o s , pues, d o t a d o d e esad o b l e virtud
p o r l a q u e s o n potentísimas l a s g o t a s l í q u i d a s y s u a v e s a l a v e z que
inútilísimas l a s d u r a s y t e m p e s t u o s a s o l a s , p o r l a q u e c o n t r a l a s g o t a s
r e s u l t a t a n débil l a i n f o r t u n a d a r o c a y s e e l e v a t a n p o d e r o s o c o n t r a e l
oleaje e l a g i t a d o escollo, vos sois q u i e n a l a v e z se m u e s t r a s e g u r o y
t r a n q u i l o p u e r t o p a r a las v e r d a d e r a s m u s a s y r o c a d e s t r u c t o r a c o n t r a
la q u e v i e n e n a r o m p e r s e las falsas m u n i c i o n e s d e los i m p e t u o s o s p r o -
pósitos d e l a s e n e m i g a s velas.
P o r t o d o e l l o y o , a q u i e n n a d i e h a p o d i d o jamás a c u s a r d e d e s a -
g r a d e c i d o , v i t u p e r a r d e descortés y d e q u i e n n a d i e p u e d e quejarse
j u s t a m e n t e ; y o , o d i a d o p o r los necios, despreciado p o r los viles, cen-
surado por l o sinnobles, v i t u p e r a d o por l o sm a l v a d o s y perseguido
p o r l o s espíritus b e s t i a l e s ; y o , a m a d o p o r l o s s a b i o s , a d m i r a d o p o r l o s
doctos, e n s a l z a d o p o r los g r a n d e s , e s t i m a d o p o r los poderosos y favo-
recido p o r los dioses; y o , p o r tales y t a n grandes favores c o n q u e m e
habéis a c o g i d o , a l i m e n t a d o , d e f e n d i d o , l i b e r a d o , m a n t e n i d o a s a l v o ,
abrigado e n puerto, puesto que gracias a vos h eescapado d e t a n peli-
g r o s a y c r u e l t e m p e s t a d : a vos c o n s a g r o esta a n c l a , estas jarcias, estas
flácidas v e l a s y e s t a s mercancías — p a r a mí más c a r a s y p a r a e l m u n d o
f u t u r o m á s p r e c i o s a s — , a fin d e q u e g r a c i a s a v u e s t r o f a v o r n o s e v e a n
s u m e r g i d a s p o r e l i n i c u o y t u r b u l e n t o océano q u e m e e s h o s t i l . C o l -
g a d a s e n e l s a g r a d o t e m p l o d e l a f a m a , serán c a p a c e s d e h a c e r f r e n t e
a l a p r o t e r v a i g n o r a n c i a y v o r a c i d a d d e l t i e m p o y a l a v e z darán e t e r -
no testimonio d e vuestro invicto favor, para que e l m u n d o conozca
q u e esta g e n e r o s a y d i v i n a p r o l e , i n s p i r a d a p o r alta i n t e l i g e n c i a , c o n -
cebida por u n sentido regulado y dada a l u z por l a nolana M u s a , n o
h a m u e r t o a l n a c e r g r a c i a s a v o s y s e l e p r o m e t e además l a r g a v i d a ,
m i e n t r a s esta T i e r r a n u e s t r a siga g i r a n d o c o n s u f e c u n d o d o r s o bajo
la e t e r n a m i r a d a d e las o t r a s r e s p l a n d e c i e n t e s estrellas.
H e a q u í , p u e s , e s a c l a s e d e filosofía e n l a q u e s e h a l l a c i e r t a y v e r -
d a d e r a m e n t e l o q u e e n v a n o se b u s c a e nlas q u e s o n c o n t r a r i a s y d i f e -
r e n t e s . Y e n p r i m e r l u g a r o so f r e z c o c o n l a máxima b r e v e d a d p o r m e -
 Epístola p r o e m i a l •15

d i o d e c i n c o diálogos t o d o l o q u e p a r e c e c o n v e n i r a l a c o n t e m p l a c i ó n
real d e l acausa, el p r i n c i p i o y e l u n o .

A R G U M E N T O D E L DIALOGO PRIMERO

E n e l p r i m e r d i á l o g o tenéis u n a a p o l o g í a — o a l g u n a o t r a c o s a q u e n o
s ¿ . — a c e r c a d e l o s c i n c o diálogos e n t o r n o a l a c e n a d e l a s c e n i z a s , etc.

A R G U M E N T O D E L DIALOGO SEGUNDO

E n e l s e g u n d o d i á l o g o tenéis, e n p r i m e r l u g a r , l a explicación d e l a d i -
ficultad d e ese c o n o c i m i e n t o , p u e s t o q u e s e d a a s a b e r h a s t a qué p u n t o
e l o b j e t o d e c o n o c i m i e n t o está l e j o s d e l a c a p a c i d a d c o g n o s c i t i v a . E n
s e g u n d o l u g a r , s e d a a c o n o c e r d e qué m o d o y e n qué m e d i d a e l p r i n -
cipio y l acausa resulta i l u m i n a d o p o r l o c a u s a d o y p r i n c i p i a d o . E n ter-
c e r l u g a r , cuánto a p o r t a e l c o n o c i m i e n t o d e l a s u s t a n c i a d e l u n i v e r s o a l
c o n o c i m i e n t o d e a q u e l d eq u i e n el u n i v e r s o d e p e n d e . E n c u a r t o lugar,
p o r q u é m e d i o y p o r q u é vía n o s o t r o s e n c o n c r e t o i n t e n t a m o s conocer
el p r i m e r p r i n c i p i o . E n q u i n t o l u g a r , l a d i f e r e n c i a y c o n c o r d a n c i a , l a
i d e n t i d a d y d i f e r e n c i a , e n t r e e l s i g n i f i c a d o d e l t é r m i n o «causa» y e l d e l
término « p r i n c i p i o » . E n s e x t o l u g a r , cuál e s l a c a u s a q u e s e d i s t i n g u e
en eficiente, f o r m a l y final, cuántas s o n l a s d e n o m i n a c i o n e s d e l a c a u -
s a e f i c i e n t e y cuántos l o s m o d o s d e c o n c e b i r l a . A s i m i s m o , c ó m o e s t a
causa e f i c i e n t e es e n c i e r t o m o d o i n t e r i o r a las cosas n a t u r a l e s p o r s e r
l a mismísima n a t u r a l e z a y cómo e n c i e r t o m o d o e s también e x t e r i o r
a e l l a s ; c ó m o l a c a u s a f o r m a l está u n i d a a l e f i c i e n t e y e s a q u e l l a p o r l a
q u e e l e f i c i e n t e o p e r a , s i e n d o s a c a d a p o r él d e l s e n o d e l a m a t e r i a ; c ó m o
el eficiente y l a f o r m a c o i n c i d e n e n u n m i s m o p r i n c i p i o q u e es s u j e t o
y c ó m o u n a c a u s a e s d i s t i n t a d e l a o t r a . E n séptimo l u g a r , l a d i f e r e n c i a
e n t r e l a c a u s a f o r m a l u n i v e r s a l , q u e e s u n a l m a única p o r l a q u e e l
u n i v e r s o infinito (en t a n t o q u e infinito) es u n a n i m a l n o positiva, sino
negativamente, y la causa f o r m a l particular multiplicable y m u l t i p l i -
c a d a i n f i n i t a m e n t e , l a c u a l e s t a n t o más p e r f e c t a c u a n t o s e d a e n u n
s u j e t o más g e n e r a l y s u p e r i o r , p o r l o q u e e s o s g r a n d e s a n i m a l e s que
s o n los astros d e b e n ser c o n s i d e r a d o s m u c h o más d i v i n o s , e s t o es, más
inteligentes sin error y realizadores sin defecto. E n octavo lugar, q u e l a
forma natural primera y principal, elprincipio formal y la naturaleza
eficiente, es e l a l m a del u n i v e r s o , l a cual es p r i n c i p i o d e vida, d e ere-
116 D e la causa, el principio y el u n o

c i m i e n t o y s e n s i t i v o e n t o d a s las cosas q u e v i v e n , crecen y s i e n t e n . D e

t o d o e l l o se p u e d e c o n c l u i r q u e es i m p r o p i o d e u n i n d i v i d u o racional
p o d e r creer q u e e l u n i v e r s o y sus c u e r p o s p r i n c i p a l e s s o n i n a n i m a d o s
d a d o q u e d e sus partes y e x c r e m e n t o s p r o c e d e n los a n i m a l e s q u e n o -
s o t r o s l l a m a m o s perfectísimos. E n n o v e n o l u g a r , q u e n o h a y c o s a t a n
d e f e c t u o s a , d e s a j u s t a d a , mínima e i m p e r f e c t a q u e p o r e l h e c h o d e t e -
n e r p r i n c i p i o f o r m a l n o t e n g a también a l m a , a p e s a r d e q u e n o t e n g a
el acto d e s u j e t o q u e n o s o t r o s l l a m a m o s a n i m a l . Y se c o n c l u y e c o n P i -
tágoras y o t r o s q u e n o h a n a b i e r t o inútilmente l o s o j o s q u e u n espíritu
i n m e n s o l l e n a y c o n t i e n e e l t o d o según r a z o n e s y m o d o s d i v e r s o s . E n
d é c i m o l u g a r s e h a c e c o m p r e n d e r q u e s i e n d o e s t e espíritu p e r s i s t e n t e ,
i g u a l q u e l am a t e r i a a l aq u e los b a b i l o n i o s y los persas l l a m a n s o m b r a ,
y siendo t a n t o el u n o c o m o l ao t r a indisolubles, es i m p o s i b l e q u e nada
s e c o r r o m p a o m u e r a s e g ú n l a s u s t a n c i a j a m á s , a u n q u e según d e t e r -
m i n a d o s accidentes t o d a s las cosas c a m b i e n d e r o s t r o y se t r a n s m u t e n
o r a e n u n a o r a e n o t r a composición, m e d i a n t e u n a o m e d i a n t e o t r a
disposición, a b a n d o n a n d o y a s u m i e n d o o r a e s t e o r a a q u e l o t r o s e r . E n
u n d é c i m o l u g a r , q u e l o s aristotélicos, l o s platónicos y o t r o s s o f i s t a s n o
h a n c o n o c i d o la sustancia d elas cosas; y sed e j a c l a r o q u e t o d o a q u e l l o a
l o q u e e n las cosas n a t u r a l e s d a n el n o m b r e d esustancia, d e j a n d o apar-
te l am a t e r i a , n o es s i n o u n m e r o accidente. Y q u e del c o n o c i m i e n t o d e
la v e r d a d e r a f o r m a se i n f i e r e e l v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o d e l oq u e es
v i d a y l oq u e es m u e r t e , p o r l oq u e — t o t a l m e n t e e l i m i n a d o e l v a n o y
p u e r i l t e m o r a n t e l a m i s m a — se conoce u n a p a r t e d e l a felicidad que
t r a e c o n s i g o n u e s t r a contemplación a p a r t i r d e l o s p r i n c i p i o s d e n u e s -
t r a filosofía, d a d o q u e l e v a n t a e l o s c u r o v e l o d e e s a l o c a c r e e n c i a e n e l
O r c o y e n e l a v a r o C a r o n t e q u e n o s r o b a y e n v e n e n a l o más d u l c e d e
n u e s t r a v i d a . E n duodécimo l u g a r , s e c a r a c t e r i z a l a f o r m a n o d e s d e e l
p u n t o d e v i s t a d e l a s u s t a n c i a , según e l c u a l e s u n a , s i n o a p a r t i r d e l o s
a c t o s y o p e r a c i o n e s d e l a s d i f e r e n t e s f a c u l t a d e s y l o s g r a d o s específicos
d e l e n t e q u e e l l a v i e n e a p r o d u c i r . E n tredécimo l u g a r s e c o n c l u y e l a
v e r d a d e r a y última definición d e l p r i n c i p i o f o r m a l : c ó m o l a f o r m a e s
e s p e c i e p e r f e c t a , q u e s e d i f e r e n c i a e n l a m a t e r i a según l a s disposiciones
a c c i d e n t a l e s q u e d e p e n d e n d e l a f o r m a m a t e r i a l , c o n s i s t i e n d o ésta e n
d i v e r s o s g r a d o s y d i s p o s i c i o n e s d elas facultades activas y pasivas. S e v e
e n qué m e d i d a e s v a r i a b l e y e n qué m e d i d a i n v a r i a b l e ; cómo d e f i n e y
d e t e r m i n a l a m a t e r i a y c ó m o está d e f i n i d a y d e t e r m i n a d a p o r e l l a . P o r
ú l t i m o s e m u e s t r a m e d i a n t e u n símil a d a p t a d o a l c o n o c i m i e n t o v u l g a r
cómo e s t a f o r m a , e s t a a l m a , p u e d e e s t a r t o d a e n t o d o y e n c u a l q u i e r
parte del todo.
 A R G U M E N T O D E L DIALOGO T E R C E R O

£ n e l t e r c e r d i á l o g o (después d e h a b e r e x a m i n a d o e n e l p r i m e r o l a
f o r m a , q u e t i e n e más v a l o r d e c a u s a q u e d e p r i n c i p i o ) s e p a s a a l a c o n -
sideración d e l a m a t e r i a , l a c u a l s e e s t i m a q u e t i e n e m á s v a l o r d e p r i n -
cipio y e l e m e n t o q u ed e causa. D e j a n d o a u nl a d o l o s p r e l u d i o s q u e
a p a r e c e n a l p r i n c i p i o d e l diálogo, s e m u e s t r a e n p r i m e r l u g a r q u e n o
e s t a b a l o c o D a v i d d e D i n a n t c u a n d o asumió l a m a t e r i a c o m o cosa
excelentísima y d i v i n a . E n s e g u n d o l u g a r , s e m u e s t r a c ó m o pueden
t o m a r s e d i v e r s a s c o n c e p c i o n e s d e l a m a t e r i a según l a s d i v e r s a s formas
de filosofar, a u n q u e e n v e r d a d haya u n ap r i m e r a y absoluta; puesto
q u e s e p o n e d e m a n i f i e s t o según g r a d o s d i v e r s o s y está e s c o n d i d a bajo
diferentes especies, losdiferentes i n d i v i d u o s l a p u e d e n t o m a r d e d i -
f e r e n t e m a n e r a según l a s c o n c e p c i o n e s q u e lesresultan apropiadas,
d e l a m i s m a m a n e r a q u e e l n ú m e r o q u e e s t o m a d o p o r e l aritmético
e n s u s e n t i d o p u r o y s i m p l e e s t o m a d o p o r e l músico armónicamente,
p o r e l c a b a l i s t a c o m o u n símbolo y p o r o t r o s i n d i v i d u o s l o c o s y s a b i o s
en u ns e n t i d o diferente. E n tercer lugar, se explica e l significado d e
l a p a l a b r a «materia» a p a r t i r d e l a d i f e r e n c i a y s e m e j a n z a existente
e n t r e u no b j e t o n a t u r a l y u no b j e t o artificial. E n c u a r t o l u g a r , se p r e -
s e n t a cómo h a y q u e t r a t a r a l o s s u j e t o s o b s t i n a d o s y h a s t a qué p u n t o
estamos obligados a responder y a discutir. E n q u i n t o lugar, se infiere
a p a r t i r d e l a v e r d a d e r a concepción d e l a m a t e r i a q u e n i n g u n a f o r -
m a s u s t a n c i a l p i e r d e e l s e r y s e e s t a b l e c e c o n f u e r z a l a convicción d e
q u e l o s peripatéticos y o t r o s filósofos vulgares (aunque empleen el
t é r m i n o « f o r m a sustancial») n o h a n c o n o c i d o o t r a s u s t a n c i a q u e l a
m a t e r i a . E n sexto l u g a r , se establece u n p r i n c i p i o f o r m a l c o n s t a n t e
igual q u e se h a r e c o n o c i d o u n p r i n c i p i o m a t e r i a l constante; y q u e , p o r
las d i f e r e n t e s d i s p o s i c i o n e s q u e h a y e n l a m a t e r i a , e l p r i n c i p i o f o r m a l
p r o c e d e a l a m u l t i f o r m e configuración d e d i f e r e n t e s e s p e c i e s e i n d i v i -
d u o s , m o s t r á n d o s e t a m b i é n cuál e s l a c a u s a d e q u e a l g u n o s formados
e n l a e s c u e l a peripatética n o h a y a n q u e r i d o r e c o n o c e r o t r a s u s t a n c i a
q u e l a m a t e r i a . E n séptimo l u g a r , p o r qué e s n e c e s a r i o q u e l a razón
d i s t i n g a l a m a t e r i a d e l a f o r m a , l a p o t e n c i a d e l acto y se r e p i t e l o q u e
se d i j o e n s e g u n d o l u g a r : q u e e l p r i n c i p i o y s u s t r a t o d e l a s c o s a s n a -
turales puede sera s u m i d o diferentemente por lasdiversas formas d e
filosofar s i n i n c u r r i r p o r e l l o e n d e l i t o a l g u n o , p e r o q u e s o n m á s útiles
l o s p r o c e d i m i e n t o s n a t u r a l e s y mágicos, más v a n o s l o s matemáticos
y r a c i o n a l e s , s o b r e t o d o s i e s t o s últimos p r o c e d e n a l e j e r c i c i o y a p l i -
n8 D e l a causa, el principio y el u n o

cación d e l a r a z ó n d e t a l m o d o q u e a l final n ollevan a cabo nada

v e r d a d e r a m e n t e v a l i o s o y n o o b t i e n e n ningún f r u t o práctico, s i n e l
c u a l s e estimaría v a n o t o d o e s t u d i o teórico.
E n o c t a v o l u g a r , se p r o p o n e n dos m o d o s d e c o n s i d e r a r h a b i t u a l -
m e n t e l a m a t e r i a , a saber: e n t a n t o q u e p o t e n c i a y e n t a n t o q u e sus-
t r a t o . Y c o m e n z a n d o p o r e l p r i m e r o d e ellos, se d i s t i n g u e l a potencia
e n activa y pasiva y se las r e d u c e d e u n a c i e r t a m a n e r a a u n a sola. E n
n o v e n o l u g a r , s e i n f i e r e a p a r t i r d e l a o c t a v a proposición q u e l o s u p r e -
m o y d i v i n o es t o d o l o q u e p u e d e ser y q u e e l u n i v e r s o es t o d o l o q u e
p u e d e ser, m i e n t r a s q u e l a s demás c o s a s n o s o n t o d o l o q u e pueden
ser. E n décimo l u g a r y c o m o c o n s e c u e n c i a d e l o q u e se h a d i c h o e n
n o v e n o l u g a r s e d e m u e s t r a p r o f u n d a , b r e v e y c l a r a m e n t e d e dónde
p r o v i e n e n e n l a n a t u r a l e z a l o s v i c i o s , l o s m o n s t r u o s , l a corrupción y
l a m u e r t e . E n undécimo l u g a r , s e m u e s t r a d e qué m a n e r a e l u n i v e r s o
está e n t o d a s l a s p a r t e s y e n n i n g u n a y s e a b r e e l p a s o a u n a excelente
contemplación d e l a d i v i n i d a d .
E n d u o d é c i m o l u g a r , s e m u e s t r a cuál e s l a c a u s a d e q u e e l i n t e l e c -
t o n o p u e d a c o m p r e n d e r e s t e a c t o a b s o l u t í s i m o y e s t a absolutísima
p o t e n c i a . E n tredécimo l u g a r , s e c o n c l u y e l a e x c e l e n c i a d e l a m a t e r i a ,
que coincide con laf o r m a exactamente c o m o lapotencia coincide con
el acto. F i n a l m e n t e , t a n t o p o r el h e c h o de q u e l ap o t e n c i a c o i n c i d e c o n el
a c t o y e l u n i v e r s o e s t o d o l o q u e p u e d e ser c o m o p o r o t r a s r a z o n e s , se
concluye q u e el t o d o es u n o .

A R G U M E N T O D E L DIÁLOGO C U A R T O

E n e l c u a r t o diálogo ( t r a s h a b e r c o n s i d e r a d o e n e l s e g u n d o l a m a t e r i a
e n t a n t o q u e es u n a p o t e n c i a ) se c o n s i d e r a l a m a t e r i a e n t a n t o q u e es
u n s u s t r a t o . Allí, e n p r i m e r l u g a r , s e a p o r t a m e d i a n t e l o s pasatiempos
p o l i h í m n i c o s , l a concepción d e l a m a t e r i a s e g ú n l o s p r i n c i p i o s v u l g a -
r e s t a n t o d e a l g u n o s platónicos c o m o d e l o s peripatéticos t o d o s . E n
s e g u n d o l u g a r , r a z o n á n d o s e iuxta' l o s p r o p i o s p r i n c i p i o s , s e m u e s t r a
m e d i a n t e d i v e r s a s r a z o n e s q u e l a m a t e r i a d e l a s c o s a s corpóreas e i n -
corpóreas e s u n a . L a p r i m e r a d e d i c h a s r a z o n e s s e s a c a d e l a p o t e n c i a
d e u n m i s m o género; l a s e g u n d a d e u n a c i e r t a analogía p r o p o r c i o n a l
e n t r e l o corpóreo y l o incorpóreo, l o a b s o l u t o y l o c o n t r a c t o ; l a t e r c e r a
del o r d e n y escala d e l a n a t u r a l e z a , q u e asciende a u n p r i m e r o abar-

1
«a partir de»
 Epístola p r o e m i a l 119

cante y c o m p r e n d e n t e ; l ac u a r t a d eq u e es preciso q u e exista u n i n d i s -

tinto antes d e q u e l a m a t e r i a sediferencie e nc o r p o r a l y n o c o r p o r a l ,
i n d i s t i n t o q u e v i e n e señalado p o r e l género s u p r e m o d e l a categoría;
l a q u i n t a d e q u e i g u a l q u e e x i s t e u n a razón común a l o s e n s i b l e y a l o
inteligible, debe o c u r r i r l o m i s m o con e lsustrato d e l asensibilidad [y
el s u s t r a t o d e l a i n t e l i g i b i l i d a d ] ; l a s e x t a d e q u e e l ser d e l a m a t e r i a e s
i n d e p e n d i e n t e d e l ser d e l c u e r p o , p o r l o q u e p u e d e c o r r e s p o n d e r a las
c o s a s incorpóreas c o n n o m e n o r razón q u e a l a s c o s a s corpóreas; l a
séptima d e l o r d e n d e s u p e r i o r e i n f e r i o r q u e s e e n c u e n t r a e n l a s s u s -
tancias, p o r q u e d o n d e se d aesto se p r e s u p o n e y e n t i e n d e c i e r t a c o m u -
nión según l a m a t e r i a , l a c u a l está s i g n i f i c a d a s i e m p r e p o r e l g é n e r o ,
d e l m i s m o m o d o q u e l a f o r m a está s i g n i f i c a d a p o r l a d i f e r e n c i a e s -
pecífica; l a o c t a v a p r o v i e n e d e u n p r i n c i p i o f o r á n e o , p e r o aceptado
por m u c h o s ; l a n o v e n a d e l a p l u r a l i d a d d e especies q u e sea f i r m a e n
e l m u n d o i n t e l i g i b l e ; l a d é c i m a d e l a s e m e j a n z a e imitación d e t r e s
m u n d o s : e l metafísico, e l físico y e l lógico; l a u n d é c i m a d e q u e todo
número, d i v e r s i d a d , o r d e n , b e l l e z a y o r n a m e n t o s e d a n e n l a m a t e r i a .
E n tercer lugar, sea d u c e n b r e v e m e n t e c u a t r o r a z o n e s c o n t r a r i a s y
s e l e s d a u n a r e s p u e s t a . E n c u a r t o l u g a r , s e m u e s t r a cuál e s l a d i f e r e n -
cia e n t r e u n a y o t r a , e n t r e e s t a y a q u e l l a m a t e r i a , y cómo e n las c o s a s
incorpóreas c o i n c i d e c o n e l a c t o y c ó m o e n l a m a t e r i a s e d a n t o d a s l a s
e s p e c i e s d e d i m e n s i o n e s y e n l a f o r m a están c o m p r e n d i d a s todas
las c u a l i d a d e s . E n q u i n t o l u g a r , q u e ningún s a b i o h a d i c h o jamás q u e l a
m a t e r i a recibe las f o r m a s c o m o d e f u e r a , s i n o q u e las h a c e s u r g i r d e s d e
d e n t r o , c o m o sacándolas d e s u p r o p i o s e n o . P o r c o n s i g u i e n t e , n o e s
u n prope nihil, u n c a s i n a d a , u n a p o t e n c i a p u r a y n u d a , p u e s t o que
t o d a s l a s f o r m a s están c o m o c o n t e n i d a s e n e l l a y s o n p r o d u c i d a s y
p a r i d a s a p a r t i r d e e l l a p o r v i r t u d d e l e f i c i e n t e , e l c u a l p u e d e además
ser i n d i s t i n t o d e e l l a e n e l ser; y n o t i e n e n l a s f o r m a s o t r a clase d e
a c t u a l i d a d e ne l s e rsensible y e x p l i c a d o q u e l a e x i s t e n c i a accidental,
d a d o q u e t o d o l o q u e se v e y se h a c e m a n i f i e s t o p o r los a c c i d e n t e s ba-
sados e nlas d i m e n s i o n e s n o es o t r a cosa q u e p u r o a c c i d e n t e , perma-
neciendo l a sustancia indivisa y coincidente con la materia indivisa.
A p a r t i r d e ahí s e v e c l a r o q u e d e s d e e l ámbito d e l a explicación n o
p o d e m o s asir o t r a cosa q u e accidentes, d e suerte q u e las diferencias
s u s t a n c i a l e s n o s q u e d a n o c u l t a s , c o m o d i j o Aristóteles f o r z a d o por
la v e r d a d . P o r eso, si c o n s i d e r a m o s b i e n l a cosa, p o d e m o s i n f e r i r d e
t o d o e l l o q u e l ao m n i f o r m e sustancia es u n a , q u e u n o es l o v e r d a d e r o
y e lente q u e semanifiesta e ni n n u m e r a b l e s circunstancias e indivi-
d u o s , mostrándose e n t a n t o s y t a n d i f e r e n t e s s u j e t o s . E n s e x t o l u g a r ,
 D e la causa, el p r i n c i p i o y e l u n o
120
c u a n a b s u r d o e s l o q u e A r i s t ó t e l e s y o t r o s c o m o él e n t i e n d e n a c e r c a
del sere n potencia d e l a materia: 2
e s oes c i e r t a m e n t e n a d a , puesto
q u e según e l l o s m i s m o s l a m a t e r i a e s h a s t a t a l p u n t o p e r m a n e n t e q u e
jamás c a m b i a o varía s u s e r , y a q u e t o d a variación y mutación t i e n e n
l u g a r e n t o r n o a e l l a y a q u e l l o q u e e s después d e q u e podía s e r , e s
s i e m p r e (según e l l o s t a m b i é n ) e l c o m p u e s t o . E n s é p t i m o l u g a r , s e
r e s u e l v e l a cuestión d e l a p e t i t o d e l a m a t e r i a , m o s t r a n d o h a s t a qué
p u n t o e s erróneo d e f i n i r l a p o r d i c h o a p e t i t o , y s e h a c e m e d i a n t e r a -
zones t o m a d a s d e los p r i n c i p i o s y supuestos d e aquellos m i s m o s que
n o c e s a n d e p r o c l a m a r l a h i j a d e l a privación y s e m e j a n t e a l a a v i d e z
insaciable d e la m u j e r e n celo.

A R G U M E N T O D E L DIALOGO QUINTO

E n e l q u i n t o diálogo, q u e t r a t a e s p e c i a l m e n t e del u n o , se c o m p l e t a
el f u n d a m e n t o d e l edificio d e t o d o e l c o n o c i m i e n t o n a t u r a l y d i v i n o .
Allí s e p r e s e n t a , e n p r i m e r l u g a r , e l t e m a d e l a c o i n c i d e n c i a d e l a
m a t e r i a y l af o r m a , d el apotencia y el acto, d esuerte q u e el ente, d i v i -
d i d o lógicamente e n l o q u e e s y l o q u e p u e d e s e r , e s — d e s d e e l p u n t o
d e v i s t a físico— i n d i v i s o , i n d i s t i n t o y u n o ; y e s t e e n t e e s a l m i s m o
t i e m p o i n f i n i t o , inmóvil, i n d i v i s i b l e , s i n d i f e r e n c i a e n t r e e l t o d o y l a
p a r t e , e n t r e e l p r i n c i p i o y l op r i n c i p i a d o . E ns e g u n d o l u g a r , se m u e s -
t r a q u e e n él n o e s d i f e r e n t e e l s i g l o d e l a ñ o , e l a ñ o d e l m o m e n t o , e l
p a l m o d e l e s t a d i o , e l e s t a d i o d e l a p a r a s a n g a , y q u e e n s ue s e n c i a este
y a q u e l o t r o s e r específicos n o s o n d i f e r e n t e s y p o r e s o e n e l u n i v e r s o
n o h a y número y e l u n i v e r s o e s p o r t a n t o u n o . E n t e r c e r l u g a r , que
e n e l i n f i n i t o e l p u n t o n o es d i f e r e n t e del c u e r p o , p o r q u e l a potencia
n o e s u n a c o s a y e l a c t o o t r a ; y allí, s i e l p u n t o p u e d e c o r r e r a l o l a r g o ,
l a línea a l o a n c h o y l a s u p e r f i c i e e n p r o f u n d i d a d , e l u n o e s l a r g o , l a
o t r a es a n c h a y l a tercera es p r o f u n d a ; c u a l q u i e r cosa es larga, ancha
y p r o f u n d a y p o r c o n s i g u i e n t e u n a m i s m a y única c o s a ; y e l u n i v e r s o
es t o d o c e n t r o y t o d o c i r c u n f e r e n c i a . E n c u a r t o l u g a r , d e qué m a n e r a
a p a r t i r d e q u e J ú p i t e r (así l o l l a m a n ) está m á s í n t i m a m e n t e e n e l
t o d o d e l o q u e p u e d a i m a g i n a r s e q u e l a f o r m a está e n e l t o d o ( p o r q u e
él e s l a e s e n c i a p o r l a q u e t o d o l o q u e e s t i e n e e l s e r ; y e s t a n d o él e n
t o d o , t o d a s l a s c o s a s t i e n e n e l t o d o más íntimamente q u e l a p r o p i a
f o r m a ) s e i n f i e r e q u e t o d a s l a s c o s a s están e n c a d a u n a d e e l l a s y p o r

2
Cf. Metafísica, ix, 8, 1050815 y sigs.
 Epístola p r o e m i a l
121
consiguiente t o d o es u n o . E n q u i n t o lugar, se responde a l a d u d a que
p r e g u n t a p o r qué t o d a s l a s c o s a s p a r t i c u l a r e s c a m b i a n y l a s m a t e r i a s
particulares se esfuerzan por alcanzar n u e v a s f o r m a s para recibir u n
n u e v o s e r , y s e m u e s t r a c ó m o l a u n i d a d está e n l a m u l t i p l i c i d a d y e n
l a u n i d a d l a m u l t i p l i c i d a d , cómo e l e n t e e s multímodo y multiúnico
y e n última i n s t a n c i a u n o e n s u s t a n c i a y v e r d a d . E n s e x t o l u g a r , s e
i n f i e r e d e dónde p r o v i e n e l a d i f e r e n c i a y e l número y q u e t a n t o u n o
c o m o o t r o n o s o n e n t e , s i n o d e l e n t e y e n t o r n o a l e n t e . E n séptimo
lugar, se a d v i e r t e q u e q u i e n h a h a l l a d o este u n o — q u i e r o d e c i r l a
razón d e e s t a u n i d a d — h a h a l l a d o l a l l a v e s i n l a c u a l n o s e p u e d e t e -
n e r a c c e s o a l a v e r d a d e r a contemplación d e l a n a t u r a l e z a . E n o c t a v o
l u g a r , s e r e p i t e m e d i a n t e u n a n u e v a consideración q u e e l u n o , e l i n -
finito, el e n t e , es a q u e l l o q u e es e n t o d o , p o r t o d o y q u e es i n c l u s o e l
m i s m í s i m o ubique; 3
y q u e l a dimensión i n f i n i t a , p o r n o s e r m a g n i t u d ,
coincide con l oindivisible, igual que lam u l t i t u d infinita, por n o ser
número, c o i n c i d e c o n l a u n i d a d . E n n o v e n o l u g a r , cómo e n e l u n i v e r -
so n oh a y partes, pase l o pase e n e l u n i v e r s o d e s d e e l p u n t o d e v i s t a
d e l a explicación, d o n d e s i n e m b a r g o t o d a l a d i v e r s i d a d y d i f e r e n c i a
q u e v e m o s n oes o t r a cosa q u e u ndiverso y d i f e r e n t e r o s t r o d e u n a
m i s m a s u s t a n c i a . E n décimo l u g a r , cómo e n l o s d o s e x t r e m o s d e q u e
se h a b l a e n l a e x t r e m i d a d d e l a e s c a l a d e l a n a t u r a l e z a n o e s p o s i b l e
c o n t e m p l a r más d o s p r i n c i p i o s q u e u n o , d o s e n t e s q u e u n o , d o s c o n -
t r a r i o s y d i f e r e n t e s q u e u n o c o n c o r d a n t e e idéntico. A l l í l a a l t u r a e s
p r o f u n d i d a d , e l a b i s m o es l u z inaccesible, l a t i n i e b l a es claridad, l o
g r a n d e pequeño, l o c o n f u s o d i s t i n t o , l a d i s c o r d i a a m i s t a d , l o d i v i s i b l e
i n d i v i s i b l e , e l á t o m o i n m e n s o , y a l revés. E n u n d é c i m o l u g a r , c ó m o
a l g u n o s términos geométricos, c o m o e l «punto» y e l «uno», s e u t i l i -
z a n p a r a c o n d u c i r a l a contemplación d e l e n t e y d e l u n o , s i e n d o por
sí m i s m o s i n c a p a c e s d e s i g n i f i c a r l o , p o r l o c u a l n o s e d e b e i n t e r p r e -
t a r a Pitágoras, Parménides y Platón t a n n e c i a m e n t e c o m o l o h a c e
l a p e d a n t e s c a crítica d e A r i s t ó t e l e s . E n d u o d é c i m o l u g a r , d e q u e l a
s u s t a n c i a y e l s e r s o n d i s t i n t o s d e l a c a n t i d a d , d e l a m e d i d a y d e l nú-
m e r o , se infiere q u e ella es u n a e indivisible e n e lt o d o y e n c u a l q u i e r
c o s a . E n tredécimo l u g a r , s e a p o r t a n l o s s i g n o s y l a s v e r i f i c a c i o n e s d e
q u e los c o n t r a r i o s v e r d a d e r a m e n t e c o i n c i d e n , d e r i v a n d eu n p r i n c i p i o
único y s o n e n v e r d a d y s u s t a n c i a u n o , l o c u a l s e e s t a b l e c e físicamente
después d e h a b e r l o v i s t o m a t e m á t i c a m e n t e .

3
«en todas partes»
 D e ta causa, el p r i n c i p i o y el u n o
122
A h í tenéis, ilustrísimo señor, d e d ó n d e e s p r e c i s o p a r t i r a n t e s d e q u e r e r
e n t r a r e n e l c o n o c i m i e n t o m á s específico y a p r o p i a d o d e l a s c o s a s . A h í
s e c o n t i e n e y está i m p l i c a d a , c o m o e n s u p r o p i a s e m i l l a , l a m u l t i t u d d e
l a s c o n c l u s i o n e s d e l a c i e n c i a n a t u r a l . D e ahí d e r i v a l a t r a m a , l a d i s p o s i -
ción y e l o r d e n d e l a s c i e n c i a s e s p e c u l a t i v a s . S i n e s t a propedéutica t o d o
intento, toda entrada, todo comienzo son vanos. T o m a d , por consi-
g u i e n t e , c o n ánimo b i e n d i s p u e s t o e s t e p r i n c i p i o , e s t e u n o , esta f u e n t e ,
e s t e p u n t o d e p a r t i d a , p a r a q u e también s e a n i m e n a s a l i r y a p r e s e n -
tarse su prole y su descendencia, p a r a q u e s u s ríos y c a u c e s m a y o r e s s e
d i f u n d a n , s u número s e m u l t i p l i q u e s u c e s i v a m e n t e y sus miembros
se d e s p l i e g u e n e n t o d a s u e x t e n s i ó n , a fin d e q u e , c e s a n d o l a n o c h e
c o n s u s o m n o l i e n t o v e l o y t e n e b r o s o m a n t o , e l c l a r o Titán p a d r e d e
las d i v i n a s musas,' 1
o r n a d o d e s ufamilia, rodeado por s ueterna corte,
tras disipar lasluces n o c t u r n a s , a d o r n a n d o e l m u n d o c o n u n n u e v o
d í a , h a g a s u r g i r d e n u e v o s u t r i u n f a n t e c a r r o d e s d e e l rosáceo s e n o d e
esta h e r m o s a A u r o r a .

VALE. 5

4
Apolo, representado también por el Sol.
5
«Adiós.»
 G I O R D A N O N O L A N O

A LOS PRINCIPIOSD E L UNIVERSO

Q u i e n retiene desde el origen leteo la l l a n u r a líquida

e m i g r e , ¡oh T i t á n ! , y busque los astros; tal es m i ruego.
E r r a n t e s estrellas, vedme ascender al orbe
gemelo, pues vosotras m e abristeis el c a m i n o .
P e r m i t a n vuestros giros la apertura de las dobles puertas
del sueño ante mí q u e a v a n z o a grandes pasos por el vacío:
lo q u e el tiempo avaro ha g u a r d a d o escondido largo tiempo,
séame permitido sacarlo a la l u z de las densas tinieblas.
D o l i e n t e espíritu, ¿qué te i m p i d e apresurarte a d a r tu fruto,
a u n q u e deba ser concedido a u n siglo indigno?
A u n q u e el flujo de las sombras oculte las tierras,
eleva tú, nuestro O l i m p o , la c i m a al brillante Júpiter.

A L PROPIO ESPÍRITU

M o n t e , a u n q u e la tierra te abrace en las profundas raíces

en que descansas, puedes elevarte a los astros con tu c i m a ;
mente, u n espíritu h e r m a n o te l l a m a desde la c u m b r e de la realii
para que seas límite entre los infiernos y Z e u s .
N o pierdas aquí tus derechos y cayendo en el abismo
no toques, atacado, las aguas del negro A q u e r o n t e :
busque tu n a t u r a l e z a por el contrario los altos parajes,
pues, tocándote D i o s , serás ardiente fuego.

AL TIEMPO

V i e j o lento y a la vez veloz, que cierras y abres,

¿se te habrá de l l a m a r u n bien o acaso u n m a l ?

I 2
3
 D e la causa, el principio y el u n o
I2 4

E r e s g e n e r o s o y eres a v a r o : los clones q u e concedes, q u i t a s ;

s i c o m o p a d r e e s t a b a s p r e s e n t e , también l o estás c o m o d e s t r u c t o r ,
escondes e n tus visceras l o q u e de ellas ha s u r g i d o ,
tú, a q u i e n e s lícito d e v o r a r l o s f r u t o s d e l p r o p i o s e n o ;
p u e s t o q u e t o d o h a c e s y t o d o d e s t r u y e s , ¿no podría p o r e l l o
llamarte u n bien y a lavez llamarte u n mal?
P e r o c u a n d o tú, f u r i o s o , c o n c r u e l g o l p e m e a n i q u i l e s ,
permíteme, a p e s a r d e t u h o z a m e n a z a n t e , t e n d e r allí l a s m a n o s
d o n d e ningún v e s t i g i o d e l n e g r o C a o s está p r e s e n t e ,
para que n o parezcas bueno, para que n o parezcas m a l o .

DEL AMOR

A m o r por q u i e n verdad tan alta a ver alcanzo,

q u e a b r e las n e g r a s p u e r t a s d e d i a m a n t e ;
p e n e t r a m i n u m e n p o r los ojos y, para ver,
nace, v i v e , se n u t r e y e t e r n a m e n t e r e i n a .
H a c e e n t r e v e r c u a n t o e n e l c i e l o , t i e r r a e i n f i e r n o es;
d e l o s a u s e n t e s fieles e f i g i e s m u e s t r a ,
recobra fuerzas y con certero golpe hiere,
y l l a g a n d o s i e m p r e e l corazón, l o más íntimo d e s c u b r e .
O h , v u l g o v i l , a la v e r d a d atiende,
escucha m i s palabras n o falaces,
a b r e , a b r e , si p u e d e s , los o j o s , i n s a n o y t o r v o .
Niño l e c r e e s p o r q u e p o c o e n t i e n d e s .
P o r q u e p r o n t o tú c a m b i a s , versátil t e p a r e c e ,
y p u e s q u e tú n o v e s , l e l l a m a s c i e g o .

Causa, principio y u n o sempiterno, 6

d e d o n d e e l ser, l a v i d a , e l m o v i m i e n t o p e n d e n ;
d e d o n d e a l o l a r g o , a n c h o y p r o f u n d o se e x t i e n d e
c u a n t o existe e n el cielo, la t i e r r a y el i n f i e r n o :
c o n s e n t i d o , c o n razón, c o n l a m e n t e d i s c i e r n o
q u e acto, m e d i d a y cuenta n o c o m p r e n d e
a q u e l v i g o r , m o l e y número q u e
todo lo inferior, medio y superior extiende.

Este poema carece de título.

 Giordano Nolano
H5
C i e g o error, tiempo avaro, c r u e l fortuna,
sorda e n v i d i a , rabia v i l , i n i c u o celo,
d u r o corazón, ingenio impío, raro afán,
no podrán h a c e r m e el a u r a oscura,
no me pondrán ante los ojos velo,
no harán jamás que m i hermoso sol no a d m i r e .
COPIA CON FINES EDUCATIVOS
C. D. A .

D I Á L O G O P R I M E R O

INTERLOCUTORES
Helitropio, Filoteo, Armesso

HELITROPIO — C u a l p r i s i o n e r o s h a b i t u a d o s a las t i n i e b l a s , q u e l i b e -
r a d o s d e l f o n d o d e a l g u n a o s c u r a cárcel s a l e n a l a l u z , m u c h o s d e l o s
e j e r c i t a d o s e n l a filosofía v u l g a r y o t r o s t a m b i é n s e a s u s t a r á n , s e a d -
mirarán y n o p u d i e n d o s o p o r t a r e l n u e v o S o l d e t u s c l a r o s conceptos,
se turbarán.
FILOTEO — E l d e f e c t o n o e s d e l u z , s i n o d e l u c e s : c u a n t o más b e l l o
e n sí m i s m o y m á s e x c e l e n t e s e a e l S o l , t a n t o m á s o d i o s o y d e s a g r a d a -
b l e resultará a l o s o j o s d e l a s a v e s n o c t u r n a s .
HELITROPIO — L a e m p r e s a q u e h a s h e c h o t u y a , F i l o t e o , e s difícil,
rara y singular, a l querer sacarnos del ciego a b i s m o y conducirnos a
l a d e s c u b i e r t a , t r a n q u i l a y s e r e n a contemplación d e l a s e s t r e l l a s q u e
c o n t a n h e r m o s a v a r i e d a d v e m o s d i s e m i n a d a s p o r e l cerúleo m a n t o
del cielo. A u n q u e l a m a n o auxiliar d e t u piadoso celo venga e n a y u d a
únicamente d e l o s h o m b r e s , n o serán s i n e m b a r g o l a s r e a c c i o n e s d e l o s
i n g r a t o s h a c i a t i m e n o s d i v e r s a s q u e las d i s t i n t a s clases d e a n i m a l e s q u e
la b e n i g n a t i e r r a e n g e n d r a y a l i m e n t a e n s u s e n o a m p l i o y m a t e r n o , si es
cierto q u e l a especie h u m a n a m u e s t r a d e f o r m a p a r t i c u l a r i z a d a e n sus
d i f e r e n t e s i n d i v i d u o s t o d a l a v a r i e d a d d e l a s demás e s p e c i e s , p o r e s t a r
más e x p r e s o e n c a d a u n o e l t o d o q u e e n l o s i n d i v i d u o s d e l a s d e m á s
e s p e c i e s . — P o r e s o s e verá q u e a l g u n o s , c u a l o f u s c a d o t o p o , t a n p r o n t o
c o m o s i e n t a n e l a i r e d e s c u b i e r t o , tratarán d e r e g r e s a r , c a v a n d o d e n u e v o
la tierra, a sus oscuros cubiles n a t i v o s . O t r o s , a m o d o d eaves n o c t u r n a s ,
t a n p r o n t o c o m o h a y a n v i s t o d e s p u n t a r p o r e l lúcido o r i e n t e l a b e r m e j a
e m b a j a d o r a d e l S o l , s e sentirán l l a m a d o s p o r l a d e b i l i d a d d e s u s o j o s
a l b r u m o s o c u b i l . T o d o s l o s a n i m a l e s e x c l u i d o s d e l a contemplación
d e las l u m i n a r i a s celestes y d e s t i n a d o s a las e t e r n a s j a u l a s , bolsas y a n -
t r o s d e Plutón, o b e d e c i e n d o a l a l l a m a d a d e l terrorífico y h o r r o r o s o c u e r n o
d e A l e c t o , abrirán l a s a l a s y dirigirán s u v e l o z v u e l o a s u s m o r a d a s .

127
128 D e la causa, el principio y e l u n o

P o r el c o n t r a r i o , los a n i m a l e s nacidos para v e r e l Sol, llegados al

término d e l a o d i o s a n o c h e , d a n d o g r a c i a s a l a b o n d a d d e l c i e l o y ¿ K

p o n i é n d o s e a r e c i b i r e n e l c e n t r o d e l esférico c r i s t a l d e s u s o j o s l o s t a n
a n h e l a d o s y e s p e r a d o s r a y o s , c o n i n u s u a l a p l a u s o d e s u corazón d e
s u v o z y d e s u m a n o , adorarán e l o r i e n t e ; y c u a n d o d e s d e s u d o r a d o
balcón h a y a s a c a d o e l h e r m o s o T i t á n s u s f o g o s o s c o r c e l e s , r o t o e l s o r n -
n o l i e n t o s i l e n c i o d e l a h ú m e d a n o c h e , l o s h o m b r e s r a z o n a r á n ; l o s dó-
c i l e s , i n e r m e s y s e n c i l l o s rebaños l a n u d o s b a l a r á n ; l a s b e s t i a s cornudas
a l c u i d a d o d e r u d o s g u a r d i a n e s mugirán. L o s c a b a l l o s d e S i l e n o ( p a r a
q u e p u e d a n espantar d e n u e v o e n f a v o r d e l o s a t e m o r i z a d o s dioses a
l o s g i g a n t o n e s todavía m á s estúpidos q u e e l l o s ) ; revolcándose e n s u
f a n g o s o l e c h o , l o s c e r d o s n o s ensordecerán c o n s u i n o p o r t u n o gruñi-
d o . L o stigres, los osos, los leones, los lobos, los astutos z o r r o s , sacando
la c a b e z a d e s u s a n t r o s y c o n t e m p l a n d o d e s d e l a s desiertas a l t u r a s las
a n c h a s l l a n u r a s d e s u c a z a , lanzarán d e s u p e c h o s a l v a j e s u s gruñidos,
b u f i d o s , b r a m i d o s , r u g i d o s , a u l l i d o s y gañidos.
E n e l aire y p o r las f r o n d a s d e r a m o s o s arbustos, los gallos, las
á g u i l a s , l o s p a v o s , l a s g r u l l a s , l a s tórtolas, l o s m i r l o s , l o s g o r r i o n e s ,
l o s ruiseñores, l a s c o r n e j a s , l o s p i c o s , l o s c u e r v o s , l o s c u c o s y l a s c i -
g a r r a s n o serán n e g l i g e n t e s a l a h o r a d e r e p e t i r y r e d o b l a r s u s e s t r e -
pitosos chillidos.
D e s d e e l líquido y fluctuante e l e m e n t o también, l o s b l a n c o s cisnes,
l o s p a t o s m u l t i c o l o r e s , l o s solícitos s o m o r g u j o s , l o s b i c h o s d e l o s p a n -
t a n o s , l a s r o n c a s o c a s , l a s q u e j o s a s r a n a s , tocarán n u e s t r o s oídos c o n s u
r u m o r , d e s u e r t e q u e l a cálida l u z d e e s t e S o l , d i f u n d i d a p o r e l a i r e d e
e s t e a f o r t u n a d o h e m i s f e r i o , será a c o m p a ñ a d a , s a l u d a d a y q u i z á t a m -
bién m o l e s t a d a , p o r t a n t a s y t a n v a r i a d a s v o c e s c u a n t o s d i v e r s o s s o n
l o s ánimos q u e d e l o más p r o f u n d o d e s u s p r o p i o s p e c h o s l a s e m i t e n .
FILOTEO — N o sólo e s h a b i t u a l , s i n o n a t u r a l y n e c e s a r i o también,
q u e c a d a a n i m a l e m i t a s u p r o p i a v o z ; y n oes posible q u e l a s bestias
f o r m e n acentos regulados y sonidos articulados a la m a n e r a de los
h o m b r e s , pues contrarias son suscomplexiones, diferentes sus gustos,
otros sus alimentos.
ARMESSO—Por f a v o r , c o n c e d e d m e l a l i b e r t a d d e d e c i r también m i
p a r t e , n o a propósito d e l a l u z , s i n o d e a l g u n a s c i r c u n s t a n c i a s c o n l a s
cuales n o t a n t o se suele r e c o n f o r t a r e ls e n t i d o c o m o m o l e s t a r e l senti-
m i e n t o d eq u i e n lasv e y considera, y aq u en o quisiera — p o r vuestra
p a z y t r a n q u i l i d a d , q u ec o n c a r i d a d f r a t e r n a o s d e s e o — q u ed e estos
discursos vuestros vengan a hacerse comedias, tragedias, lamentos,
diálogos ( o c o m o q u e r a m o s l l a m a r l o s ) s e m e j a n t e s a l o s q u e h a c e p o c o
 Diálogo I 129

tiempo, por haber salido a pasear a cielo abierto, os h a n obligado a

p e r m a n e c e r e n c e r r a d o y r e t i r a d o e n casa. 7

FILOTEO — H a b l a d c o n t o d a libertad.
ARMESSO — N o v o y a h a b l a r c o m o u n santo profeta, c o m o u n adi-
v i n o abstraído, c o m o u n v i s i o n a r i o apocalíptico e l e v a d o a l c i e l o , n i c u a l
a s n a angélica d e B a l a a m ; 8
n o razonaré c o m o i n s p i r a d o p o r B a c o , n i
c o m o i n f l a d o d e v i e n t o p o r las p u t a s m u s a s d e l P a r n a s o , o c o m o u n a S i -
b i l a preñada p o r F e b o , o c o m o u n a fatídica C a s a n d r a , n i c o m o r e p l e t o
d e e n t u s i a s m o apolíneo d e s d e l a s uñas d e l o s p i e s h a s t a l a c i m a d e l o s
c a b e l l o s , n i c u a l v a t e i l u m i n a d o e n e l oráculo o trípode d e i f i c o ; t a m p o c o
c o m o E d i p o i n t e r r o g a d o c o n t r a los e n i g m a s d e l a Esfinge, n i c o m o u n
Salomón a n t e l o s a c e r t i j o s d e l a r e i n a d e S a b a , n i c u a l C a l c a n t e intér-
p r e t e d e l S e n a d o olímpico, n i c o m o u n i n s p i r a d o Merlín o c o m o a l g u i e n
s a l i d o d e l a n t r o d e T r o f o n i o . Hablaré, p o r e l c o n t r a r i o , e n l e n g u a j e o r -
dinario y vulgar, c o m o q u i e n h a tenido otras preocupaciones que el
d e s t i l a r s e e l j u g o d e l a g r a n d e y pequeña n u c a h a s t a d e j a r s e c a l a d u r a
y pía m a d r e ; hablaré, d i g o , c o m o h o m b r e q u e n o t i e n e o t r o c e r e b r o q u e
e l s u y o , a q u i e n n i s i q u i e r a l o s d i o s e s d e l a última categoría y d e t i n a j a
d e n t r o d e l a c o r t e c e l e s t i a l ( m e r e f i e r o a l o s q u e n o b e b e n ambrosía n i
g u s t a n d e l néctar, s i n o q u e s e q u i t a n l a s e d c o n e l p o s o d e l a s b o t a s y c o n
v i n o s a g r i a d o s , s i n p r e o c u p a r s e d e l i n f a s n i d e n i n f a s , o sea, aquellos
q u e s u e l e n s e r más f a m i l i a r e s , c o n o c i d o s y a m i g o s n u e s t r o s ) , o l o q u e
es l o m i s m o : n i e l d i o s B a c o , n i a q u e l b o r r a c h o c a b a l g a d o r d e l a s n o , n i
P a n , n i V e r t u m n o , n i F a u n o , n i Príapo, s e d i g n a n e c h a r u n a b r i z n a d e
más, a u n q u e s u e l e n p r o d i g a r sus beneficios hasta a sus caballos.
HELITROPIO — D e m a s i a d o largo el p r o e m i o .
ARMESSO — P a c i e n c i a , q u e l a conclusión será b r e v e . Q u i e r o d e c i r ,
e n síntesis, q u e o s haré e s c u c h a r p a l a b r a s q u e n o será p r e c i s o descifrar
poniéndolas a d e s t i l a r , p a s á n d o l a s p o r e l a l a m b i q u e , s o m e t i é n d o l a s a l
baño M a r í a y s u b l i m á n d o l a s c o n r e c e t a s d e q u i n t a e s e n c i a , s i n o t a l e s
c u a l e s m e l a s metió e n l a c a b e z a m i n o d r i z a , q u e e r a c a s i t a n d u r a
de piel, tan robusta d e pecho, v e n t r u d a , ancha d e caderas y nalguda
c o m o p u e d e s e r l o esa l o n d i n e n s e q u e h ev i s t o e n W e s t m i n s t e r , l a c u a l
t i e n e c o m o c a l e n t a d o r d e l estómago u n p a r d e t e t a z a s q u e p a r e c e n l o s
borceguíes d e l g i g a n t e s a n S p a r a g o r i o y q u e c u r t i d a s v a l d r í a n s e g u r a -
m e n t e para hacer dos gaitas ferraresas.

Alusión a L a c e n a d e las c e n i z a s , cuya publicación poco antes había originado

7

un alud de críticas contra Bruno.

N ú m 22, 21-30.
8
'3° D e la causa, el principio y e l u n o

HELITROPIO — T a m b i é n e s t o podría b a s t a r p a r a u n p r o e m i o .
ARMESSO — P u e s b i e n , p a r a p o n e r p u n t o final q u i s i e r a q u e m e di
j e r a i s ( d e j a n d o u n p o c o d e l a d o l o s t é r m i n o s y l a s l e n g u a s a propósito
de l a luz y esplendor que puede aportar vuestra filosofía): ¿con qué
términos queréis q u e s e a s a l u d a d o c o n c r e t a m e n t e p o r n o s o t r o s e s e
l u s t r e d e d o c t r i n a q u e s e d e s p r e n d e d e l l i b r o d e La cena de las ceni-
zas} , ¿ q u é c l a s e d e a n i m a l e s s o n l o s q u e h a n r e p r e s e n t a d o La cena de
las cenizas? P r e g u n t o s i s o n acuáticos, aéreos, t e r r e s t r e s o lunáticos.
Y d e j a n d o a u n l a d o l o s propósitos d e S m i t h , P r u d e n c i o y F r u l l a , d e -
seo saber s i m i e n t e n los q u e d i c e n q u e ladras c o m o u n p e r r o rabioso
y f u r i o s o y q u e , además, a v e c e s h a c e s e l m o n o , a v e c e s e l l o b o , o t r a s
veces l a u r r a c a , el papagayo, unas veces u n a n i m a l y otras veces otro,
m e z c l a n d o asuntos graves y serios, m o r a l e s y naturales, nobles e inno-
b l e s , filosóficos y c ó m i c o s .
FILOTEO — N o o s a s o m b r é i s , h e r m a n o , p o r q u e ésa n o pasó d e s e r
u n a cena e n la q u e los cerebros r e s u l t a n g o b e r n a d o s p o r los afectos, tal
c o m o éstos l e s v i e n e n s e r v i d o s p o r l a acción d e l o s s a b o r e s y v a p o r e s d e
las b e b i d a s y los platos. P o r t a n t o , i g u a l q u e p u e d e ser l acena m a t e r i a l
y c o r p o r a l , así r e s u l t a p o r c o n s i g u i e n t e l a c e n a v e r b a l y e s p i r i t u a l ; n o
d e o t r a m a n e r a , p o r t a n t o , esa c e n a d i a l o g a l t i e n e sus p a r t e s d i f e r e n t e s
y v a r i a d a s , t a l c o m o a q u e l l a o t r a s u e l e t e n e r l a s s u y a s ; t i e n e también
s u s p r o p i a s c o n d i c i o n e s , c i r c u n s t a n c i a s y m e d i o s , i g u a l q u e podría t e -
nerlos la otra.
ARMESSO — P o r favor, p r o c u r a d q u e os e n t i e n d a .
FILOTEO — A l l í ( c o m o e s h a b i t u a l y está o b l i g a d o ) s u e l e h a b e r e n -
saladas y platos, frutas y viandas corrientes, platos d ecocina y condi-
m e n t a d o s c o n especias, para sanos y para e n f e r m o s ; a l i m e n t o s calien-
t e s y fríos, c r u d o s y c o c i d o s , acuáticos y t e r r e s t r e s , d e a n i m a l e s d o -
mésticos y s a l v a j e s , a s a d o s y c o c i d o s , m a d u r o s y v e r d e s ; c o s a s t a n sólo
para a l i m e n t a r y otras para p u r o placer, sustanciosas y ligeras, saladas
e insípidas, a g r i a s y d u l c e s , a m a r g a s y s u a v e s . I g u a l m e n t e , e n e s t a o t r a
c e n a h a n a p a r e c i d o también, c o m o p o r u n c i e r t o e n c a d e n a m i e n t o , sus
contrariedades y diversidades, acomodadas a diferentes y contrarios
estómagos y g u s t o s q u e s e h a n d i g n a d o p r e s e n t a r s e a n u e s t r o b a n q u e -
t e s i m b ó l i c o , a fin d e q u e n a d i e s e l a m e n t e d e h a b e r v e n i d o e n v a n o y
a q u i e n n o g u s t a u n a cosa, se s i r v a d e esa o t r a .
ARMESSO — E s c i e r t o ; p e r o ¿ q u é dirás s i , a d e m á s , e n v u e s t r o c o n v i -
te, e n v u e s t r a cena, aparecen cosas q u e n o s o n buenas n i e n ensalada n i
e n p l a t o c o c i n a d o , n i c o m o f r u t a s n i c o m o v i a n d a s c o r r i e n t e s , n i frías
n i calientes, n i crudas n i cocidas, n i para a b r i r el a p e t i t o n i p a r a saciar
 Diálogo I
1
e l h a m b r e ; q u e n os o nbuenas n ipara sanos n ipara e n f e r m o s y n o
conviene q u e salgan d elasm a n o s d eu n cocinero n i d eu n especiero?
FILOTEO —Verás q u e t a m p o c o e n eso es d i f e r e n t e n u e s t r a cena d e
cualquier otra. I g u a l , pues, q u e e n u n caso, a m i t a d d el ac o m i d a , o b i e n
te q u e m a algún b o c a d o d e m a s i a d o c a l i e n t e , d e s u e r t e q u e t e e s p r e c i s o
e c h a r l o d e n u e v o f u e r a o l l o r a n d o y e n t r e lágrimas i r dándole v u e l t a s
p o r e l p a l a d a r h a s t a q u e s e l e p u e d a d a r e s e m a l d i t o empujón p o r e l
g a z n a t e h a c i a a b a j o , o b i e n s e t e e n t u m e c e algún d i e n t e o t e m u e r d e s l a
l e n g u a e nm e d i o d e u n t r o z o d e p a n , o se t ev i e n e a r o m p e r a l g u n a pie-
drecilla q u e se i n c r u s t a e n t r e los d i e n t e s p a r a hacerte echar f u e r a t o d o
e l b o c a d o , o algún p e l o o c a b e l l o d e l c o c i n e r o s e t e p e g a a l p a l a d a r para
hacerte casi v o m i t a r , o se t e clava e n l ag a r g a n t a a l g u n a e s p i n a d e pes-
c a d o haciéndote t o s e r s u a v e m e n t e o s e t e a t r a v i e s a e n e l g a z n a t e a l g ú n
h u e s e c i l l o c o n e l r i e s g o d e c a s i a h o g a r t e , así también e n n u e s t r a c e n a
(para desgracia n u e s t r a y d etodos) h a n s u c e d i d o cosas del m i s m o t e n o r
y p r o p o r c i o n a d a s a ésas. T o d o e s c o n s e c u e n c i a d e l p e c a d o d e n u e s t r o
p r i m e r p a d r e Adán, p o r q u i e n l a n a t u r a l e z a h u m a n a p e r v e r t i d a h a
sido c o n d e n a d a a tener s i e m p r e los disgustos u n i d o s a los gustos.
ARMESSO — E s o e s h a b l a r pía y s a n t a m e n t e . A h o r a b i e n , ¿ q u é r e s -
ponderéis a e s o q u e d i c e n d e q u e s o i s u n cínico r a b i o s o ?
FILOTEO — C o n c e d e r é , s i n o b j e t a r , s i n o t o d o , al m e n o s parte.
ARMESSO — S a b é i s , n o o b s t a n t e , q u e e s m á s vergonzoso para u n
h o m b r e cometer ultrajes que recibirlos.
FILOTEO — P e r o basta c o n q u e los q u e y o h a g o sean l l a m a d o s v e n -
ganzas y los ajenos ofensas.
ARMESSO — T a m b i é n l o s d i o s e s están s u j e t o s a r e c i b i r i n j u r i a s , s o -
portar infamias y aguantar censuras; pero censurar, i n f a m a r e injuriar
es p r o p i o d e g e n t e c o b a r d e , i n n o b l e , s i n v a l o r y m a l v a d a .
FILOTEO — E s cierto. P o r eso n o s o t r o s n o i n j u r i a m o s , s i n o q u e r e -
c h a z a m o s l a s i n j u r i a s q u e se c o m e t e n n o t a n t o c o n t r a n o s o t r o s c o m o
c o n t r a l a filosofía v i l i p e n d i a d a y a c t u a m o s d e m a n e r a q u e a l o s d i s -
gustos recibidos n ov e n g a n a sumarse otros.
ARMESSO — A s í p u e s , ¿queréis p a r e c e r u n p e r r o m o r d e d o r , p a r a
q u e n a d i e se atreva a molestaros?
FILOTEO —Así es, p o r q u e deseo t r a n q u i l i d a d y m e disgusta q u e
m e disgusten.
ARMESSO — S í , p e r o e s t i m a n q u e actuáis c o n e x c e s i v o r i g o r .
FILOTEO — P a r a q u e e s o s n o v u e l v a n o t r a v e z y l o s d e m á s a p r e n -
dan a n ovenir a discutir c o n m i g o o con otro, tratando nuestras con-
c l u s i o n e s c o n s e m e j a n t e s términos m e d i o s .
 D e l a causa, el principio y el u n o

ARMESSO — L a o f e n s a f u e p r i v a d a , l a v e n g a n z a e n c a m b i o pública
FILOTEO — N o p o r e s o es i n j u s t a , p o r q u e m u c h o s e r r o r e s se c o m e
t e n e n p r i v a d o , c u y o c a s t i g o es c o n t o d a j u s t i c i a público.
ARMESSO — P e r o d e esa m a n e r a venís a p e r j u d i c a r v u e s t r a reputación
y o s hacéis más d i g n o d e c e n s u r a q u e e l l o s , p o r q u e se dirá públicamente
q u e sois i n t o l e r a n t e , f a n t a s i o s o , e x t r a v a g a n t e , u n a c a b e z a loca.
FILOTEO — N o m e i m p o r t a , c o n t a l d e q u e d e j e n d e m o l e s t a r m e
e l l o s u o t r o s . P o r e s o m u e s t r o e l cínico bastón, p a r a q u e m e d e j e n e n
p a z c o n m i s a s u n t o s y si n o m e q u i e r e n acariciar, q u e n o v e n g a n a prac-
t i c a r s u m a l a educación c o n m i g o .
ARMESSO — ¿ O s p a r e c e e n t o n c e s q u e es p r o p i o d e u n filósofo v e n -
garse?
FILOTEO — S i l o s q u e m e m o l e s t a n f u e r a n u n a X a n t i p a , y o sería
u n Sócrates.
ARMESSO — ¿ N o s a b e s q u e l a m a g n a n i m i d a d y l a p a c i e n c i a están
b i e n e n t o d o s los h o m b r e s , p u e s g r a c i a s a ellas v i e n e n a ser s e m e j a n t e s
a l o s héroes y a l o s d i o s e s e m i n e n t e s , l o s c u a l e s según a l g u n o s s e v e n -
g a n t a r d e y según o t r o s n i s e v e n g a n n i se d e j a n l l e v a r p o r l a i r a ?
FILOTEO — T e engañas s i p i e n s a s q u e y o m e h e d e d i c a d o a v e n -
garme.
ARMESSO — ¿ Q u é h a s h e c h o , p u e s ?
FILOTEO — M e h e d e d i c a d o a c o r r e g i r , t a r e a e n l a q u e también s o -
m o s semejantes a los dioses. Sabes sin d u d a q u e el p o b r e V u l c a n o ha
s i d o d i s p e n s a d o p o r Júpiter p a r a t r a b a j a r también l o s días d e fiesta, d e
s u e r t e q u e ese m a l d i t o y u n q u e n o s e f a t i g a o c a n s a jamás d e s o p o r t a r
l o s g o l p e s d e t a n t o s y t a n fieros m a r t i l l o s , q u e t a n p r o n t o c o m o se a l z a
u n o y a está d e s c e n d i e n d o e l o t r o p a r a h a c e r q u e n u n c a f a l t e n l o s r a y o s
j u s t i c i e r o s c o n q u e se c a s t i g a a d e l i n c u e n t e s y c u l p a b l e s .
ARMESSO — H a y d i f e r e n c i a e n t r e v o s y e l o r f e b r e d e Júpiter y m a -
r i d o de la diosa cipria.
FILOTEO — M e b a s t a , s i n e m b a r g o , c o n n o s e r d i f e r e n t e a e l l o s q u i -
zás e n l a p a c i e n c i a y m a g n a n i m i d a d , l a s c u a l e s h e e j e r c i t a d o e n e s t e
a s u n t o , n o p o n i e n d o t o d o e l f r e n o a m i e n o j o n i a p r e t a n d o c o n más
f u e r z a la espuela de la i r a .
ARMESSO — N o t o c a a c u a l q u i e r a h a c e r d e c o r r e c t o r , e s p e c i a l m e n -
te d e la m u l t i t u d .
FILOTEO —Añadid: e s p e c i a l m e n t e c u a n d o e l l a n o l e m o l e s t a .
ARMESSO — S e d i c e q u e n o h a y q u e s e r solícito e n p a t r i a a j e n a .
FILOTEO — Y y o d i g o d o s c o s a s : l a p r i m e r a , q u e n o se d e b e m a t a r
a u n médico e x t r a n j e r o p o r q u e i n t e n t a a p l i c a r l o s r e m e d i o s q u e n o
 Diálogo I '33

a p l i c a n l o s médicos d e l l u g a r . E n s e g u n d o l u g a r d i g o q u e p a r a e l v e r -
d a d e r o filósofo c u a l q u i e r l u g a r e s s u p a t r i a .
ARMESSO — ¿ Y s i e l l o s n o t e a c e p t a n n i c o m o filósofo, n i c o m o mé-
dico n i c o m o c o m p a t r i o t a ?
FILOTEO — N o p o r e s o dejaré d e s e r l o .
ARMESSO —¿Quién dará f e d e v o s ?
FILOTEO — L o s d i o s e s q u e m e h a n traído h a s t a aquí, y o m i s m o q u e
m e e n c u e n t r o aquí y l o s q u e t i e n e n o j o s p a r a v e r m e .
ARMESSO — T i e n e s poquísimos t e s t i g o s y d e e s c a s o r e n o m b r e .
FILOTEO —Poquísimos y d e e s c a s o r e n o m b r e s o n l o s auténticos
médicos, p u e s c a s i t o d o s s o n auténticos e n f e r m o s . R e p i t o : n o t i e n e n
d e r e c h o l o s u n o s d e t r a t a r , l o s o t r o s d e p e r m i t i r q u e se t r a t e d e esa m a -
n e r a a q u i e n e s o f r e c e n mercancías r e s p e t a b l e s , s e a n e x t r a n j e r o s o n o .
ARMESSO — P o c o s c o n o c e n e s a s mercancías.
FILOTEO — N o p o r e s o s o n l a s p i e d r a s m e n o s p r e c i o s a s y n o d e b e -
m o s con todas nuestras fuerzas defenderlas y hacerlas defender, liberar
y r e i v i n d i c a r d e l a conculcación d e l a s pezuñas p o r c i n a s c o n t o d o e l r i -
gor posible. Y p o n g o a los dioses p o r testigo, q u e r i d o A r m e s s o , de q u e
y o jamás m e h e e n t r e g a d o a v e n g a n z a s d e ese t i p o l l e v a d o d e u n sórdi-
d o a m o r p r o p i o o p o r u n v i l interés p e r s o n a l , s i n o p o r a m o r a m i m u y
a m a d a m a d r e filosofía y p o r c e l o d e s u l e s a m a j e s t a d , y a q u e p o r c u l p a
d e m e n t i d o s f a m i l i a r e s e h i j o s ( p u e s n o h a y v i l p e d a n t e , v a g o charlatán,
f a u n o estúpido, c a b a l l o i g n o r a n t e , q u e n o q u i e r a l l a m a r s e d e l a f a m i l i a
dejándose c r e c e r l a b a r b a o dándose i m p o r t a n c i a c o n o t r o s p r o c e d i -
m i e n t o s ) está r e d u c i d a a t a l condición q u e a l o s o j o s d e l v u l g o d e c i r u n
filósofo v a l e t a n t o c o m o d e c i r u n e n t r o m e t i d o , u n inútil, u n pedantón,
b u h o n e r o , s a l t i m b a n q u i , charlatán, a l g u i e n q u e s i r v e t a n sólo c o m o
p a s a t i e m p o e n c a s a y c o m o espantapájaros e n e l c a m p o .
HELITROPIO — A d e c i r v e r d a d , l a f a m i l i a d e l o s filósofos e s c o n -
s i d e r a d a p o r l a m a y o r p a r t e d e l m u n d o más v i l i n c l u s o q u e l a d e l o s
c a p e l l a n e s , y a q u e , extraídos d e t o d a c l a s e d e a n i m a l e s , h a n p u e s t o e n
descrédito a l a filosofía e n m e d i d a m a y o r q u e e s t o s últimos, s a c a d o s d e
t o d o t i p o d e g e n t u z a , h a n traído c o n s i g o e l d e s p r e c i o d e l s a c e r d o c i o .
FILOTEO — A l a b e m o s , p o r t a n t o , e n s u s j u s t o s términos a l a A n t i -
güedad, c u a n d o l o s filósofos e r a n d e t a l índole q u e d e e l l o s s e extraían
los legisladores, los consejeros y los reyes. Y los consejeros y los reyes
e r a n d e t a l índole q u e d e s d e allí e r a n e l e v a d o s a l a d i g n i d a d s a c e r d o -
t a l . H o y e n c a m b i o l a m a y o r p a r t e d e l o s s a c e r d o t e s s o n d e t a l índole
q u e ellos m i s m o s son despreciados y por culpa de ellos son desprecia-
d a s l a s l e y e s d i v i n a s ; c a s i t o d o s l o s filósofos q u e v e m o s s o n d e t a n p o c o
•34 D e la causa, el principio y el u n o

v a l o r q u e e l l o s m i s m o s s o n d e s p r e c i a d o s y p o r c u l p a d e e l l o s s o n des
p r e c i a d a s l a s c i e n c i a s . Además, l a m u l t i t u d d e r u f i a n e s q u e h a y e n t r e
e l l o s , c u a l s i d e o r t i g a s s e t r a t a r a , s u e l e también p o r s u p a r t e o p r i m i r
c o n s u s c o n t r a r i a s ensoñaciones l a r a r a v i r t u d y l a r a r a v e r d a d , q U e

sólo s e m a n i f i e s t a a u n o s p o c o s i n d i v i d u o s e x c e p c i o n a l e s .
ARMESSO — N o c o n o z c o filósofo q u e s e d e j e l l e v a r h a s t a t a l p u n t o
p o r l a i r a e n d e f e n s a d e l a m e n o s p r e c i a d a filosofía n i t a m p o c o v i s l u m -
b r o n i n g u n o t a n a p a s i o n a d o p o r s u c i e n c i a c o m o e s t e Teófilo. ¿Qué p a -
saría s i t o d o s l o s demás filósofos f u e r a n d e l a m i s m a condición, q u i e r o
decir, t a n poco tolerantes?
HELITROPIO — L o s demás filósofos n o h a n d e s c u b i e r t o t a n t o , n o
tienen tanto que guardar, n o tienen tanto que defender, por lo que
fácilmente p u e d e n también e l l o s d e s p r e c i a r l a filosofía q u e n o v a l e
n a d a o a q u e l l a o t r a q u e v a l e p o c o , o i n c l u s o la q u e n o c o n o c e n . P e r o el
q u e h a e n c o n t r a d o l a v e r d a d , q u e es u n t e s o r o e s c o n d i d o , i n f l a m a d o
p o r l a b e l l e z a d e ese r o s t r o d i v i n o , s e v u e l v e n o m e n o s c e l o s o d e q u e
n o sea d e f r a u d a d a , d e s p r e c i a d a y c o n t a m i n a d a d e l o q u e p u e d a s e r l o
c u a l q u i e r o t r a sórdida pasión p o r e l o r o , e l rubí y e l d i a m a n t e , o p o r
u n a carroña d e b e l l e z a f e m e n i l .
ARMESSO — V o l v a m o s , s i n e m b a r g o , a l o n u e s t r o y p a s e m o s a l
q u i a f i D i c e n d e v o s , Teófilo, q u e e n esa c e n a v u e s t r a criticáis e i n j u -
riáis a t o d a u n a c i u d a d , a t o d a u n a p r o v i n c i a , a t o d o u n r e i n o .
FILOTEO —Jamás pensé, jamás m e p r o p u s e , jamás h i c e t a l c o s a ;
y si l o h u b i e r a p e n s a d o , m e l o h u b i e r a p r o p u e s t o y l o h u b i e r a h e c h o , y o
m i s m o m e declararía pésimo y estaría d i s p u e s t o a m i l r e t r a c t a c i o n e s ,
a m i l r e v o c a c i o n e s , a m i l p a l i n o d i a s ; n o sólo s i h u b i e s e i n j u r i a d o a
u n n o b l e y a n t i g u o r e i n o c o m o e s éste, s i n o a c u a l q u i e r o t r o p o r m u y
bárbaro q u e f u e r a c o n s i d e r a d o . N o sólo, d i g o , a c u a l q u i e r c i u d a d , p o r
m u c h a reputación q u e t e n g a d e i n c i v i l i z a d a , s i n o a c u a l q u i e r l i n a j e
p o r m u y r e p u t a d o q u e esté d e s a l v a j e e i n c l u s o a c u a l q u i e r f a m i l i a p o r
m u y c o n o c i d a q u e sea s u i n h o s p i t a l i d a d . P o r q u e n o p u e d e h a b e r r e i -
n o , c i u d a d , p r o l e o casa e n t e r a q u e p u e d a ser, o se d e b a p r e s u p o n e r
q u e es, d e u n m i s m o h u m o r y d o n d e n o p u e d a haber c o s t u m b r e s
opuestas y contrarias, d e suerte q u e lo q u e gusta a u n o n o pueda dis-
gustar a otro.
ARMESSO — E n l o q u e a mí r e s p e c t a , q u e h e leído y releído t o d a
l a o b r a , a u n q u e n o sé p o r qué o s e n c u e n t r o u n p o c o e x c e s i v a m e n t e
p r o l i j o e n l o s d e t a l l e s , l o c i e r t o e s q u e e n g e n e r a l v e o q u e procedéis

9
«Al asunto.»
 Diálogo I 35

m o d e r a d a , r a z o n a b l e y d i s c r e t a m e n t e . S i n e m b a r g o , e l r u m o r está d i -
f u n d i d o t a l c o m o os d i g o .
HELITROPIO — E l r u m o r d e e s t o y d e o t r a s c o s a s h a s i d o d i f u n d i d o
p o r a l g u n o s c o b a r d e s d e e n t r e l o s q u e se s i e n t e n a l u d i d o s , los c u a -
les, a n s i a n d o v e n g a r s e y viéndose i n c a p a c e s d e h a c e r l o c o n s u p r o p i a
razón, d o c t r i n a , i n g e n i o y f u e r z a s , además d e fingir t o d a s l a s m e n t i -
ras q u e p u e d e n y a l a s q u e s o l a m e n t e p u e d e n d a r crédito l o s q u e s o n
c o m o e l l o s , b u s c a n compañía h a c i e n d o q u e e l c a s t i g o p a r t i c u l a r s e a
tenido por injuria colectiva.
ARMESSO — C r e o q u e se t r a t a más b i e n d e p e r s o n a s n o c a r e n t e s d e
juicio y d ecriterio, que piensan que la injuria h asido universal por-
q u e habéis p u e s t o d e m a n i f i e s t o t a l e s c o s t u m b r e s e n p e r s o n a s d e u n a
d e t e r m i n a d a nación.
FILOTEO — P e r o ¿qué c o s t u m b r e s s o n e s a s q u e n o s e e n c u e n t r e n
s e m e j a n t e s , p e o r e s y m u c h o más r a r a s e n género, e n e s p e c i e y e n nú-
m e r o e n a l g u n o s l u g a r e s d e l a s r e g i o n e s y p r o v i n c i a s más e x c e l e n t e s
d e l m u n d o ? ¿Me llamaréis p o r v e n t u r a i n j u s t o e i n g r a t o c o n m i p a -
t r i a s i d i j e r a q u e c o s t u m b r e s s e m e j a n t e s e i n c l u s o más c r i m i n a l e s s e
e n c u e n t r a n e n I t a l i a , e n Ñapóles, e n Ñola? ¿Vendré quizá p o r e s o a
r e b a j a r e s a región, e n s a l z a d a p o r e l c i e l o y señalada e n o c a s i o n e s a l a
v e z c a b e z a y d i e s t r a d e este g l o b o , g o b e r n a d o r a y p a c i f i c a d o r a d e las
demás n a c i o n e s ( y e s t i m a d a s i e m p r e , p o r n o s o t r o s y p o r o t r o s , m a e s -
t r a , n o d r i z a y m a d r e d e t o d a s las v i r t u d e s , d i s c i p l i n a s , h u m a n i d a d e s ,
m o d e r a c i o n e s y cortesías), s i o c u r r e q u e e x a g e r o l o q u e d e e l l a h a n
cantado nuestros m i s m o s poetas, que e n n o m e n o r m e d i d a l a hacen
m a e s t r a d e t o d o s l o s v i c i o s , engaños, a v a r i c i a s y c r u e l d a d e s ?
HELITROPIO — E s t o es c i e r t o p o r l o s p r i n c i p i o s d e v u e s t r a filosofía,
p o r l o s c u a l e s pretendéis q u e l o s c o n t r a r i o s c o i n c i d e n e n l o s p r i n c i -
p i o s y e n l o s s u j e t o s más próximos, p o r q u e l o s m i s m o s i n g e n i o s q u e
s o n más a p t o s p a r a l a s e m p r e s a s e l e v a d a s , v i r t u o s a s y g e n e r o s a s , s i s e
p e r v i e r t e n , v i e n e n a c a e r e n l o s v i c i o s e x t r e m o s . Además, l o s i n g e n i o s
más e x c e p c i o n a l e s y s e l e c t o s s e s u e l e n e n c o n t r a r allí d o n d e p o r l o g e -
n e r a l h a y más i g n o r a n t e s y n e c i o s ; y d o n d e p o r l o g e n e r a l h a y m e n o s
e d u c a d o s y c o r t e s e s , allí e n c o n t r a m o s c a s o s i n d i v i d u a l e s d e cortesía
y u r b a n i d a d e x t r e m a s . P a r e c e , p o r t a n t o , q u e se h a d a d o a m u c h a s
naciones y d e diversas m a n e r a s u n a m i s m a m e d i d a d e perfecciones
e imperfecciones.
FILOTEO —Tenéis razón.
ARMESSO — A p e s a r d e t o d o , y o l a m e n t o , Teófilo, ( y c o n m i g o o t r o s
m u c h o s ) q u e v o s o s hayáis t o p a d o e n n u e s t r a a c o g e d o r a p a t r i a c o n
136 D e l a causa, el principio y el u n o

i n d i v i d u o s t a l e s q u e o s h a n d a d o ocasión d e l a m e n t a r o s c o n u n a c e n a
de cenizas, e n vez d e con otros m u c h o s q u e os h u b i e r a n mostrado
h a s t a qué p u n t o n u e s t r o país ( a u n q u e l o s v u e s t r o s l o l l a m e n p e n i t u s
t o t o d i v i s u s a b orbe)™ está a b i e r t o a t o d o s l o s e s t u d i o s d e b u e n a s l e t r a s
a l a s a r m a s , caballería, h u m a n i d a d e s y cortesías, e n t o d o l o c u a l n o s
esforzamos, e n la m e d i d a e n que l op e r m i t e n nuestras fuerzas, p 0 r

n o s e r i n f e r i o r e s a n u e s t r o s a n t e p a s a d o s n i s u p e r a d o s p o r l a s demás
n a c i o n e s , m u y e s p e c i a l m e n t e p o r a q u e l l a s q u e se p r e c i a n d e t e n e r la
n o b l e z a , las ciencias, las a r m a s y la u r b a n i d a d d e s d e la c u n a .
FILOTEO — V e r d a d e r a m e n t e , A r m e s s o , e n l o q u e d i c e s y o n o d e b o
n i sabría c o n t r a d e c i r t e , n i d e p a l a b r a , n i c o n r a z o n e s , n i e n c o n c i e n c i a ,
p o r q u e defiendes vuestra causa con toda destreza en p u n t o a mode-
ración y a r g u m e n t o s . P o r e s o y o a h o r a c o m i e n z o a a r r e p e n t i r m e ( p o r
v o s , q u e n o o s habéis a c e r c a d o a mí c o n u n o r g u l l o bárbaro) y a s e n -
t i r m e disgustado d e q u e los a n t e r i o r m e n t e m e n c i o n a d o s m e hayan
p r o c u r a d o ocasión d e e n t r i s t e c e r o s a v o s y a o t r o s d e honestísima y
h u m a n a complexión. P o r e s o desearía a r d i e n t e m e n t e q u e e s o s diá-
l o g o s n o s e h u b i e r a n p u b l i c a d o y s i queréis m e esforzaré p o r q u e n o
v u e l v a n a ver la l u z .
ARMESSO — M i t r i s t e z a , c o m o l a d e o t r o s nobilísimos i n g e n i o s , está
m u y l e j o s d e p r o v e n i r d e l a publicación d e e s o s diálogos, p u e s c o n
g u s t o procuraría q u e f u e r a n t r a d u c i d o s a n u e s t r o i d i o m a p a r a q u e s i r -
v i e r a n d e lección a e s o s p o c o y m a l e d u c a d o s q u e h a y e n t r e n o s o t r o s ,
l o s c u a l e s — s i a l c a n z a r a n a v e r cómo s e d i g i e r e n y c o n qué r a s g o s s o n
d e s c r i t o s s u s i n n o b l e s m o d a l e s y h a s t a qué p u n t o p r o c u r a n u n a m a l a
i m a g e n — podría o c u r r i r quizá q u e , s i n o s e q u i e r e n a p a r t a r d e a q u e l
c a m i n o p o r l a b u e n a educación y e l b u e n e j e m p l o q u e v e n e n q u i e n e s
s o n m e j o r e s y m a y o r e s q u e ellos, al m e n o s se e n m i e n d e n y se c o n f o r -
m e n a e s t o s últimos p o r vergüenza d e s e r c o n t a d o s e n t r e i n d i v i d u o s
d e s e m e j a n t e calaña. Así aprenderán q u e e l h o n o r d e l a s p e r s o n a s y
l a hombría n o n c o n s i s t e e n p o d e r y s a b e r cómo m o l e s t a r a l o s demás,
sino justamente en lo contrario.
HELITROPIO — O s mostráis m u y d i s c r e t o y s a g a z e n l a d e f e n s a d e
v u e s t r a p a t r i a y n o sois i n g r a t o y d e s a g r a d e c i d o a n t e los b u e n o s oficios
ajenos, a diferencia d em u c h o s otros pobres de a r g u m e n t o y d e buen
s e n t i d o . S i n e m b a r g o , m e p a r e c e q u e F i l o t e o n o es t a n d e s p i e r t o a l a
h o r a d e c o n s e r v a r s u reputación y d e f e n d e r s u p e r s o n a . E n e f e c t o ,

Virgilio, Églogas, 1,66: «Los britanos, completamente apartados del mundo

l o

entero».
 Diálogo I !37

cabe e s p e r a r y t e m e r e n u n e s c i t a s a l v a j e c o m p o r t a m i e n t o s c o n t r a r i o s ,
e n proporción a l a d i f e r e n c i a e x i s t e n t e e n t r e u n n o b l e y u n c a m p e s i n o ,
g s e e s c i t a resultará s a b i o y s e verá f e l i z m e n t e e n s a l z a d o , si p a r t i e n d o
de las o r i l l a s d e l D a n u b i o a c u d e c o n a u d a z c e n s u r a y j u s t a q u e r e -
l l a a t e n t a r l a a u t o r i d a d y m a j e s t a d d e l S e n a d o r o m a n o , q u e sabrá
a p r o v e c h a r l a ocasión d e s u crítica e i n v e c t i v a p a r a c u m p l i r u n a c t o
d e máxima p r u d e n c i a y m a g n a n i m i d a d , h o n r a n d o a s u s e v e r o c e n s o r
con c o l o s a l e s t a t u a . D i s t i n t o será e l c a s o d e u n n o b l e s e n a d o r r o m a n o ,
e l c u a l resultará p o c o s a b i o e n s u i n f o r t u n i o , s i d e j a n d o l a s a m e n a s
r i b e r a s d e s u Tíber s e v a , i n c l u s o c o n j u s t a q u e r e l l a y razonabilísima
c e n s u r a , a t e n t a r a l o s s a l v a j e s e s c i t a s : éstos aprovecharán l a ocasión
para f a b r i c a r t o r r e s y B a b e l e s de a r g u m e n t o s d e la m a y o r v i l e z a , i n f a -
m i a y r u s t i c i d a d , lapidándolo, s o l t a n d o e l f r e n o d e l a i r a p o p u l a r , p a r a
h a c e r v e r a l a s demás n a c i o n e s l a d i f e r e n c i a q u e h a y e n t r e t r a t a r c o n
h o m b r e s y h a l l a r s e e n t r e e l l o s y vérselas c o n q u i e n e s t a n sólo están
hechos a su i m a g e n y semejanza.
ARMESSO — Q u e n u n c a s u c e d a , Teófilo, q u e y o d e b a o p u e d a e s -
t i m a r d i g n o e l q u e y o u o t r o c o n más i n g e n i o q u e y o q u i e r a a s u m i r
l a d e f e n s a y protección d e e s o s q u e s o n o b j e t o d e v u e s t r a sátira c o m o
g e n t e y p e r s o n a s d e l país, a c u y a d e f e n s a l a m i s m a l e y n a t u r a l n o s
i n c i t a ; p o r q u e jamás reconoceré y n o seré n u n c a o t r a c o s a q u e e n e -
m i g o d e q u i e n a f i r m e q u e esos i n d i v i d u o s s o n p a r t e y m i e m b r o s d e
n u e s t r a p a t r i a , l a c u a l n o c o n s t a más q u e d e p e r s o n a s t a n n o b l e s , c i -
vilizadas, b i e n educadas, disciplinadas, discretas, h u m a n a s y sensatas,
c o m o c u a l q u i e r o t r a . A u n q u e tales i n d i v i d u o s p u e d a n estar c o n t e n i -
dos e n e l l a , n o c a b e d u d a d e q u e n o s e h a l l a n más q u e e n c a l i d a d d e
b a s u r a , h e z , estiércol y carroña, d e s u e r t e q u e n o p u e d e n s e r l l a m a d o s
p a r t e d e l r e i n o o d e l a c i u d a d d e u n m o d o d i s t i n t o a c o m o se d i c e d e
la s e n t i n a q u e es p a r t e d e l a n a v e . P o r eso, n o h a y m o t i v o p a r a q u e
d e b a m o s l a m e n t a r n o s , p u e s s i l o hiciéramos, seríamos d i g n o s d e v i -
t u p e r i o . E n t r e ellos n o e x c l u y o a g r a n parte d e los doctores y d e los
s a c e r d o t e s , a l g u n o s d e l o s c u a l e s s e c o n v i e r t e n e n señores g r a c i a s a s u
d o c t o r a d o , a u n q u e l a mayoría esa g r o s e r a a u t o r i d a d q u e a n t e s n o s e
atrevían a m o s t r a r , v i e n e n a o s t e n t a r l a a u d a z y a r r o g a n t e m e n t e a h o -
r a p o r e l e n g r e i m i e n t o y presunción q u e l e s o t o r g a l a reputación d e
l e t r a d o y sacerdote. N o es d e a d m i r a r , p o r t a n t o , si veis a m u c h o s q u e
c o n t o d o s u d o c t o r a d o y p r e s b i t e r a d o s a b e n más d e rebaño, e s t a b l o y
cuadra que quienes son d e hecho cabrero, m o z o d ecuadra y boyero.
P o r e s o habría q u e r i d o q u e n o h u b i e r a i s s i d o t a n d u r o c o n n u e s t r a
Universidad, a l a q u e habéis c o n d e n a d o c a s i d e f o r m a g e n e r a l , s i n
i 8
3
D e la causa, el principio y el u n o

consideración a l o q u e h a s i d o , será o podrá s e r e n e l f u t u r o y e n p a r t e

es a c t u a l m e n t e .
FILOTEO — N o o s preocupéis. A u n q u e e l l a n o s h a y a s i d o p r e s e n
t a d a e n u n d e t a l l e e n e s t a ocasión, l o c i e r t o e s q u e n o c o m e t e e r r o r e s
t a l e s q u e n o l o s c o m e t a n también t o d a s l a s demás q u e s e e s t i m a n
más i m p o r t a n t e s y q u e e n l a mayoría d e l o s c a s o s e c h a n f u e r a , b a j o
e l título d e d o c t o r , c a b a l l o s o r n a d o s d e a n i l l o s y a s n o s e n g a l a n a d o s
c o n d i a d e m a s . C o n eso n o n i e g o , s i n e m b a r g o , q u e d e s d e sus inicios
h a y a e s t a d o b i e n i n s t i t u i d a , sus h e r m o s o s p r o g r a m a s d e estudios, la
s e v e r i d a d d e l a s c e r e m o n i a s , l a b u e n a organización d e s u s t r a b a j o s ,
e l d e c o r o d e s u s hábitos y o t r a s m u c h a s c i r c u n s t a n c i a s q u e s u b v i e n e n
a las n e c e s i d a d e s y a l o r n a m e n t o d e u n a u n i v e r s i d a d , p o r l o q u e sin
d u d a a l g u n a n o hay q u i e n n o deba confesarla c o m o p r i m e r a en toda
E u r o p a y p o r c o n s i g u i e n t e e n t o d o e l m u n d o . Y n o n i e g o q u e p o r la
g e n t i l e z a d e l o s espíritus y l a a g u d e z a d e l o s i n g e n i o s q u e p r o d u c e n
t a n t o l a u n a c o m o l a o t r a p a r t e d e l a Bretaña es s e m e j a n t e y p u e d e ser
i g u a l a t o d a s a q u e l l a s q u e e n v e r d a d s o n excelentísimas. T a m p o c o
está p e r d i d a l a m e m o r i a d e q u e e n e s t e l u g a r florecieron l a s c i e n c i a s
e s p e c u l a t i v a s a n t e s d e q u e a p a r e c i e r a n e n l a s demás p a r t e s d e E u r o -
p a y d e q u e s u s príncipes d e l a metafísica ( p o r más q u e f u e r a n bárba-
r o s d e l e n g u a y f r a i l e s d e profesión) h a n d a d o b r i l l o a u n a nobilísima
y s i n g u l a r p a r t e d e l a filosofía ( q u e h o y día está c a s i e x t i n g u i d a ) q u e
l u e g o s e h a d i f u n d i d o a t o d a s l a s demás u n i v e r s i d a d e s d e l o s países
n o bárbaros. P e r o l o q u e m e h a m o l e s t a d o y m e d a a l a v e z r i s a y
f a s t i d i o e s q u e a l m i s m o t i e m p o q u e n o e n c u e n t r o m a y o r número d e
r o m a n o s y d e áticos d e l e n g u a q u e e n e s t e país, p o r l o demás ( h a b l o
e n g e n e r a l ) se e n o r g u l l e c e n d e ser t o t a l m e n t e c o n t r a r i o s y d i f e r e n t e s
de los a n t e r i o r e s , los cuales se p r e o c u p a b a n poco d e l a elocuencia y
r i g o r g r a m a t i c a l y e s t a b a n a t e n t o s t a n sólo a l a s e s p e c u l a c i o n e s , l l a -
m a d a s p o r e s t o s o t r o s s o f i s m a s . S i n e m b a r g o , y o e s t i m o más l a m e t a -
física d e aquéllos, e n l a c u a l h a n s u p e r a d o a s u príncipe Aristóteles
( p o r i m p u r a y e n s u c i a d a q u e esté c o n a l g u n a s v a n a s c o n c l u s i o n e s y
t e o r e m a s , q u e n o s o n d e carácter filosófico o teológico, s i n o p r o p i o s
de ingenios ociosos y m a l empleados), q u e t o d o lo q u e p u e d a n apor-
t a r l o s d e l a época p r e s e n t e c o n t o d a s u e l o c u e n c i a c i c e r o n i a n a y s u
arte oratoria toda.
ARMESSO — N o s o n c o s a s d i g n a s d e d e s p r e c i o .
FILOTEO — E s v e r d a d , p e r o s i s e t i e n e q u e e l e g i r e n t r e u n a y o t r a ,
y o p r e f i e r o e l c u l t i v o d e l espíritu, p o r sórdido q u e s e a , q u e l a s p a l a b r a s
y los discursos p o r m u y elocuentes q u e sean.
 Diálogo 1 39

HELITROPIO — E s t e m o t i v o m e t r a e e l r e c u e r d o d e f r a y V e n t u r a ,
e l c u a l a propósito d e l p a s a j e d e l E v a n g e l i o q u e d i c e «dad a l César l o
q u e e s d e l C é s a r » , " t r a j o a colación t o d o s l o s n o m b r e s d e l a s m o n e -
das q u e h u b o e n t i e m p o s d e l o s r o m a n o s , c o n s u s acuñaciones y s u s
p e s o s , q u e n o sé d e qué d i a b l o d e a n a l o d e l i b r a c o l o s había r e c o g i d o , y
q u e hacían u n n u m e r o m a y o r d e c i e n t o v e i n t e , t o d o p a r a d a r n o s m u e s -
t r a d e t o d a l a extensión d e s u s a b e r y r e t e n t i v a . A c a b a d o e l sermón, se l e
acercó u n h o m b r e d e b i e n q u e l e d i j o : «reverendo p a d r e , p r e s t a d m e u n
carlino», a l o q u e respondió q u e él e r a d e l o r d e n m e n d i c a n t e .
ARMESSO — ¿ A c u e n t o d e qué venís c o n e s t o ?
HELITROPIO — Q u i e r o d e c i r q u e l o s q u e están m u y v e r s a d o s e n l a s
d i c c i o n e s y e n los n o m b r e s y n o se p r e o c u p a n d e las cosas, c a b a l g a n l a
m i s m a muía q u e e s t e r e v e r e n d o p a d r e d e l a s muías.
ARMESSO — Y o c r e o q u e , además d e l e s t u d i o d e l a e l o c u e n c i a , e n
el q u e s u p e r a n a t o d o s los a n t i g u o s y n o s o n i n f e r i o r e s a los r e s t a n t e s
m o d e r n o s , t a m p o c o s o n m e n d i g o s e n l a filosofía n i e n o t r a s d i s c i p l i n a s
especulativas, s i n e l d o m i n i o d e las cuales n o p u e d e n ser p r o m o v i d o s
a ningún g r a d o , p u e s t o q u e l o s e s t a t u t o s d e l a u n i v e r s i d a d , a l o s c u a -
les están o b l i g a d o s p o r j u r a m e n t o , e x i g e n q u e Nullus ad Philosophiae
et Theologiae magisterium et doctoratum promoveatur, nisi epotaverit e
fonte Aristotelis.''
HELITROPIO — ¡ A h ! , y o o s diré l o q u e h a n h e c h o p a r a n o s e r p e r j u -
ros. D e las t r e s f u e n t e s q u e h a y e n l a u n i v e r s i d a d , a u n a le h a n p u e s t o
e l n o m b r e d e Fons Aristotelis, a o t r a l a l l a m a n Fons Pythagorae y a l a
t e r c e r a Fons Platonis. C o m o d e e s t a s t r e s f u e n t e s s a c a n e l a g u a p a r a
hacer la cerveza (de la cual a g u a n i siquiera d e j a n de beber los bueyes
y los caballos), p o r c o n s i g u i e n t e , n o h a y n a d i e q u e tras h a b e r p a s a d o
a p e n a s t r e s o c u a t r o días e n e s o s e s t u d i o s y c o l e g i o s n o v e n g a a e s t a r
e m p a p a d o n o sólo d e l a f u e n t e d e Aristóteles, s i n o también d e l a s d e
Pitágoras y Platón.
ARMESSO — P o r d e s g r a c i a , l o q u e decís e s i n c l u s o d e m a s i a d o v e r -
d a d e r o . D e ahí v i e n e , Teófilo, q u e l o s d o c t o r e s v a n t a n b a r a t o s c o m o
las s a r d i n a s ; p o r q u e , i g u a l q u e s e p r o d u c e n , s e e n c u e n t r a n y s e p e s c a n
s i n e s f u e r z o , también s e c o m p r a n p o r p o c o d i n e r o . E n t o n c e s , c o m o
es d e e s a índole e n t r e n o s o t r o s l a m a y o r p a r t e d e l o s d o c t o r e s h o y e n
día ( s i n p e r j u i c i o , n o o b s t a n t e , d e l b u e n n o m b r e d e a l g u n o s , célebres

" Mt22, I I
1 2
«Nadie sea promovido al grado de maestro y doctor en filosofía y teología
S 1
no ha bebido de la fuente de Aristóteles.»
140 D e l a causa, el principio y el u n o

p o r s u e l o c u e n c i a y d o c t r i n a así c o m o p o r s u a m a b l e cortesía, e n t r e
l o s q u e s e h a l l a n Tobías M a t t h e w , C u l p e p e r y o t r o s c u y o s n o m b r e s
n o t e n g o p r e s e n t e s ) , s u c e d e q u e , m u y l e j o s d e q u e se p u e d a c o n s i d e -
rar q u e a l g u i e n h a alcanzado u n n u e v o g r a d o en l a nobleza por el
m e r o h e c h o d e l l a m a r s e d o c t o r , r e s u l t a más b i e n s o s p e c h o s o d e t e n e r
u n a n a t u r a l e z a y u n a condición c o n t r a r i a s , a m e n o s d e q u e s e l e c o -
n o z c a p e r s o n a l m e n t e . O c u r r e , p o r t a n t o , q u e quienes p o r l i n a j e o por
o t r a c i r c u n s t a n c i a s o n y a n o b l e s , a u n q u e s e l e s añada e l c o m p o n e n t e
p r i n c i p a l d e l a n o b l e z a , q u e n o es o t r o q u e e l s a b e r , t i e n e n vergüenza
d e g r a d u a r s e y h a c e r s e l l a m a r d o c t o r e s , bastándoles c o n s e r s a b i o s .
Y d e éstos tendréis u n número m a y o r e n l a s c o r t e s d e l q u e podáis
encontrar en la universidad.
FILOTEO — N o o s lamentéis, A r m e s s o , p o r q u e e n t o d a s p a r t e s d o n -
de hay doctores y sacerdotes e n c o n t r a m o s t a n t o l a u n a c o m o la otra
d e s c e n d e n c i a s u y a : los q u e s o n v e r d a d e r o s sabios y v e r d a d e r o s sacer-
d o t e s , a u n q u e h a y a n s i d o e l e v a d o s a e s a condición d e s d e u n a b a j a
condición s o c i a l , e s i m p o s i b l e q u e n o s e a n c o r t e s e s y n o b l e s , p o r q u e
l a c i e n c i a e s u n c a m i n o excelentísimo p a r a h a c e r h e r o i c o e l ánimo
h u m a n o ; e n c a m b i o l o s o t r o s s e m u e s t r a n a t o d a s l u c e s t a n t o más s a l -
vajes c u a n t o parece q u e p r e t e n d a n t r o n a r desde l o a l t o o c o n el d i v u m
pater' o c o n e l g i g a n t e S a l m o n e o c u a n d o se p a s e a n c u a l sátiro o f a u n o
}

p u r p u r a d o c o n esa e s p a n t o s a e i m p e r i a l m a j e s t a d , t r a s h a b e r d e t e r m i -
n a d o d e s d e s u cátedra m a g i s t r a l a qué declinación p e r t e n e c e n e l hic,
et haec, et hoc nihil.'*
ARMESSO — D e j e m o s y a e s t a s c u e s t i o n e s . ¿Qué l i b r o es ese q u e t e -
néis e n l a m a n o ?
FILOTEO — S o n u n o s diálogos.
ARMESSO — ¿ L a Cena}
FILOTEO — N o .
ARMESSO — ¿ Q u é e s , p u e s ?
FILOTEO — O t r o s diálogos, e n l o s q u e se t r a t a d e l a c a u s a , e l p r i n c i -
p i o y e l u n o según n u e s t r a filosofía.
ARMESSO — ¿ D e qué índole s o n l o s i n t e r l o c u t o r e s ? ¿Tenemos a c a -
s o algún o t r o d i a b l o d e F r u l l a o d e P r u d e n c i o q u e n o s m e t a n d e n u e v o
en alguna refriega?
FILOTEO — N o temáis, p u e s s a l v o u n o t o d o s l o s demás s o n p e r s o -
n a s t r a n q u i l a s y honestísimas.

1 3
«padre de los dioses».
1 4
«éste, ésta y esto nada».
 Diálogo I

ARMESSO — A s í q u e , p o r l o q u e decís, n o n o s faltarán t a m p o c o c o -

sas q u e d e s m e n u z a r e n e s t o s diálogos.
FILOTEO — N o temáis p o r q u e se o s rascará más b i e n d o n d e o s p i c a
que t o c a d o d o n d e os d u e l e .
ARMESSO —¿Entonces?
FILOTEO —Encontraréis allí, e n p r i m e r l u g a r , a l d o c t o , h o n e s t o ,
a m a b l e , b i e n n a c i d o y m u y fiel a m i g o A l e j a n d r o D i c s o n , a q u i e n e l
N o l a n o a m a c o m o a l a niña d e s u s o j o s y e l c u a l h a p l a n t e a d o e s t e
t e m a d e d e b a t e . S e l e p r e s e n t a c o m o q u i e n a p o r t a m a t e r i a d e reflexión
a Teófilo. E n s e g u n d o l u g a r tenéis a Teófilo, q u e s o y y o ' y q u e según 5

las c i r c u n s t a n c i a s v e n g o a d i s t i n g u i r , a d e f i n i r y a c o n c l u i r s o b r e e l
t e m a p r o p u e s t o . E n t e r c e r l u g a r tenéis a G e r v a s i o , u n h o m b r e q u e
n o es d e l a profesión, p e r o q u e q u i e r e e s t a r p r e s e n t e e n n u e s t r a s c o n -
versaciones para pasar el rato; es u n a persona q u e n o h u e l e n i apesta
y q u e e n c u e n t r a cómico t o d o l o q u e h a c e P o l i h i m n i o y l e v a d a n d o
ocasión s u c e s i v a m e n t e d e e j e r c i t a r s u l o c u r a . E n c u a r t o l u g a r tenéis a
e s t e s a c r i l e g o p e d a n t e : u n o d e e s o s r i g u r o s o s c e n s o r e s d e l o s filósofos,
e n l o q u e s e m u e s t r a c o m o u n M o m o ; afectuosísimo c o n l a g r e y d e
sus discípulos, p o r l o q u e s e r e c l a m a a l a m o r socrático; u n p e r p e t u o
e n e m i g o d e l s e x o f e m e n i n o , p o r l o q u e , a l n o s e r físico, c r e e s e r O r f e o ,
M u s e o , Títiro y Anfión. E s u n o d e e s o s q u e c u a n d o t e h a y a n h e c h o
u n a h e r m o s a construcción, p r o d u c i d o u n a e l e g a n t e e p i s t o l i l l a , s a c a -
d o u n a b e l l a f r a s e d e l a c o c i n a c i c e r o n i a n a , ahí t i e n e s a Demóstenes
r e s u c i t a d o , ahí r e s p i r a T u l i o , ahí v i v e S a l u s t i o ; ahí está u n A r g o q u e
v e c a d a l e t r a , c a d a sílaba, c a d a expresión; ahí R a d a m a n t o umbras vo-
cat ille silentum,™ ahí M i n o s , r e y d e C r e t a , urnam movet.' C o n v o c a n 7

a e x a m e n a l o s d i c u r s o s , d i s c u t e n l a s f r a s e s , d i c i e n d o : «éstas s a b e n d e
p o e t a , éstas d e a u t o r cómico, éstas d e o r a d o r ; e s t o e s g r a v e , e s o l i g e r o ,
a q u e l l o e s s u b l i m e , a q u e l l o o t r o es humile dicendigenus;' e s t a oración
s

es áspera, sería s u a v e s i e s t u v i e r a f o r m a d a d e e s t e m o d o ; éste e s u n

' Teófilo y Filoteo son, pues, la misma persona y el portavoz de Bruno. A m -

5

bas denominaciones son significativas, pues Teófilo significa «el que ama a la d i -
vinidad» y Filoteo «el amado por la divinidad», indicando en el primer caso el
sujeto filósofo y en el segundo que la divinidad ama a sus iguales, esto es, a los que
viven intelectualmente. Sobre este motivo, que recoge la herencia de la tradición
filosófica griega, islámica y judía, v i d . M . Á . Granada, L a reivindicación d e la f i l o -
sofía e n G i o r d a n o B r u n o , Barcelona, Herder, 2005, en particular la «Introducción»
y el capítulo 1.
1 6
«convoca las sombras de los silenciosos».
1 7
«mueve la urna».
1 8
«género oratorio humilde».
£42 D e l a causa, el principio y el u n o

e s c r i t o r p o c o e l o c u e n t e , p o c o solícito d e l a Antigüedad, non redoletAr

pinatem, desipit Latium.' E s a p a l a b r a n o e s t o s c a n a , n o está s a c a d a d e
9

B o c c a c c i o , P e t r a r c a u o t r o s a u t o r e s a p r o b a d o s . N o se e s c r i b e " h o r n o "
sino "orno"; no " h o n o r " , sino " o n o r " , n o " P o l i h i m n i o " , sino "Poliin-
nio"». C o n t o d o e s t o t r i u n f a , s e e n o r g u l l e c e d e sí m i s m o , l e g u s t a l o
q u e h a c e más q u e c u a l q u i e r o t r a c o s a : e s u n Júpiter q u e d e s d e s u a l t a
a t a l a y a o b s e r v a y c o n s i d e r a l a v i d a d e l o s demás h o m b r e s , s o m e t i d a
a t a n t o s e r r o r e s , c a l a m i d a d e s , m i s e r i a s , f a t i g a s inútiles; t a n sólo él es
f e l i z , sólo él v i v e u n a v i d a c e l e s t e , c u a n d o c o n t e m p l a s u d i v i n i d a d e n
e l e s p e j o d e u n a recopilación, d e u n d i c c i o n a r i o , u n c a l e p i n o , u n léxi-
co, u n a c o r n u c o p i a , u n N i z z o l i o . D o t a d o d e esta suficiencia, m i e n t r a s
c a d a u n o e s u n o s o l o , él s o l o e s t o d o . S i p o r c a s u a l i d a d s e ríe, se l l a -
m a Demócrito; s i s e l a m e n t a , s e l l a m a Heráclito; s i d i s c u t e , se l l a m a
C r i s i p o ; s i r e f l e x i o n a , s e l l a m a Aristóteles; s i c o n s t r u y e q u i m e r a s , se
l l a m a Platón; s i m u g e u n s e r m o n c i l l o , s e d a e l título d e Demóstenes; si
c o n s t r u y e a V i r g i l i o , él e s e l Marón. Aquí c o r r i g e a A q u i l e s , a p r u e b a
a E n e a s , r e p r e n d e a Héctor, c l a m a c o n t r a P i r r o , s e l a m e n t a d e Pría-
m o , refuta a T u r n o , excusa a D i d o , elogia a Acates, y para concluir:
m i e n t r a s verbum verbo reddit y e n h e b r a s a l v a j e s s i n o n i m i a s , nihil di-
20

vinum a se alienum putat. ' D e e s t e m o d o , d e s c e n d i e n d o o r g u l l o s o d e

2

s u cátedra, c o m o q u i e n h a d i s p u e s t o l o s c i e l o s , r e g u l a d o l o s s e n a d o s ,
d o m a d o l o s ejércitos, r e f o r m a d o l o s m u n d o s , está c o n v e n c i d o d e q u e
s i n o f u e r a p o r l a i n j u r i a d e l o s t i e m p o s , traduciría e n h e c h o s l o q u e
h a c e c o n e l p e n s a m i e n t o . O témpora, o mores! ¡Cuan p o c o s s o n l o s
22

q u e e n t i e n d e n l a n a t u r a l e z a d e los participios, d e los adverbios, de

l a s c o n j u n c i o n e s ! ¿Desde h a c e cuánto t i e m p o n o s e h a d e s c u b i e r t o
l a razón y l a v e r d a d e r a c a u s a p o r l a q u e e l a d j e t i v o d e b e c o n c e r t a r
con el sustantivo, e l relativo debe conjuntarse con el antecedente y
l a r e g l a p o r l a q u e o r a s e p o n e d e l a n t e o r a detrás d e l a oración, y c o n
qué m e d i d a s y qué o r d e n s e e n t r e m e z c l a n e s a s i n t e r j e c c i o n e s dolentis,
gaudentis, «heu», «oh», «ahi», «ah», «hem», «ohe», «hui», y o t r o s
21

c o n d i m e n t o s , s i n l o s c u a l e s t o d o e l d i s c u r s o e s insipidísimo?

1 9
« N o huele al Arpíñate [Cicerón, nacido en A r p i n u m ] , quita el gusto al
latín.»
«traduce palabra por palabra».
2 0

«Estima que nada divino le es ajeno». Remedo paródico de la famosa sen-

2 1

tencia de Terencio, H e a u t o n t i m o r o u m e n o s , 1, 1, 77: «Hombre soy; estimo que nada

humano me es ajeno».
«¡Oh tiempos, oh costumbres!», frase proverbial de Cicerón, C a t i l i n a r i a s , 1, 2.
2 2

«de dolor y de placer».

2 1
 Diálogo 1
143
HELITROPIO — D e c i d l o q u e queráis, e n t e n d e d l o c o m o o s g u s t e ;
y o p o r m i p a r t e d i g o q u e p a r a v i v i r f e l i z , es m e j o r c r e e r s e C r e s o y ser
p o b r e q u e c r e e r s e p o b r e y s e r C r e s o . ¿No e s más a p r o p i a d o p a r a l a
beatitud tener u n callo q u e te parezca bella y te contente q u e n o u n a
Leda o u n a H e l e n a q u e te resulte insoportable y te t e r m i n e cansando?
¿Qué l e s i m p o r t a , p u e s , a éstos e l s e r i g n o r a n t e s y e s t a r e n f r a s c a d o s
e n o c u p a c i o n e s i n d i g n a s , s i s o n t a n t o más f e l i c e s c u a n t o más s o n e l l o s
m i s m o s l o único q u e l e s a g r a d a ? T a n b u e n a e s l a h i e r b a f r e s c a p a r a
el a s n o y l a c e b a d a p a r a e l c a b a l l o c o m o p a r a t i e l p a n d e h a r i n a d e
flor y l a p e r d i z ; e l p u e r c o está t a n c o n t e n t o c o n u n a s b e l l o t a s y c o n
s u b a z o f i a c o m o Júpiter c o n l a ambrosía y e l néctar. ¿Queréis quizá
p r i v a r l e s d e esa d u l c e l o c u r a p o r c u y a c u r a t e deberían l u e g o r o m p e r
l a c a b e z a ? Además, ¿quién s a b e s i e s e s t o o a q u e l l o l a l o c u r a ? U n
p i r r o n i a n o d i j o : «¿Quién s a b e s i n u e s t r o e s t a d o e s m u e r t e y e l d e l o s
q u e l l a m a m o s d i f u n t o s vida?». D e l m i s m o m o d o , ¿quién s a b e s i l a
24

f e l i c i d a d t o d a y l a v e r d a d e r a b e a t i t u d c o n s i s t e e n l a s c o r r e c t a s cópulas
y a p o s i c i o n e s d e l a s p a r t e s d e l a oración?
ARMESSO — A s í v a e l m u n d o . N o s o t r o s n o s reímos c o m o Demó-
c r i t o d e l o s p e d a n t e s y gramáticos, l o s a j e t r e a d o s c o r t e s a n o s s e ríen
c o m o Demócrito d e n o s o t r o s , l o s d e s p r e o c u p a d o s m o n j e s y c u r a s d e -
m o c r i t i z a n a c o s t a d e t o d o s ; y recíprocamente, l o s p e d a n t e s s e b e f a n
de n o s o t r o s , n o s o t r o s de los cortesanos y todos de los m o n j e s . E n c o n -
clusión: m i e n t r a s c a d a u n o es u n l o c o p a r a e l o t r o , v e n d r e m o s a s e r t o -
d o s d i f e r e n t e s e n e s p e c i e y c o n c o r d a n t e s in genere et numero et casu.^
FILOTEO — P o r e s o s o n d i f e r e n t e s l a s e s p e c i e s y l o s m o d o s d e c e n -
s u r a ; d i v e r s o s s o n también s u s g r a d o s , p e r o l a s más r i g u r o s a s , d u r a s ,
h o r r i b l e s y espantosas s o n las de n u e s t r o s escolarcas; p o r eso d e b e m o s
d o b l a r las r o d i l l a s a n t e ellos, i n c l i n a r l a c a b e z a , b a j a r los o j o s y a l z a r
las m a n o s , s u s p i r a n d o , l l o r a n d o , c l a m a n d o y p i d i e n d o m e r c e d . A v o -
s o t r o s , p u e s , m e d i r i j o , a v o s o t r o s q u e portáis e n l a m a n o e l c a d u c e o d e
M e r c u r i o p a r a d i r i m i r los l i t i g i o s y r e s o l v e r las c u e s t i o n e s q u e s u r g e n
e n t r e los m o r t a l e s y e n t r e los dioses; a vosotros, M e n i p o s sentados e n el
g l o b o d e l a L u n a , q u e n o s miráis d e refilón y d e s d e a r r i b a , l l e n o s d e r e -
p u g n a n c i a y desdén h a c i a n u e s t r a s a c c i o n e s ; a v o s o t r o s , e s c u d e r o s d e
Palas, portaestandartes d e M i n e r v a , intendentes d e M e r c u r i o , m a y o -
r i s t a s d e Júpiter, h e r m a n o s d e l e c h e d e A p o l o , a r r i e r o s d e l a s e v a n t e s ,

Diógenes Laercio, Vidas d e los filósofos, i x , 72-73 («Vida de Pirrón»), donde

2 4

la sentencia es atribuida a Eurípides.

«en género, número y caso».
2 5
 D e la causa, el principio y el u n o
144
f u s t i g a d o r e s d e l a s edónidas, i n c i t a d o r e s d e l a s b a c a n t e s , e x c i t a d o r e s
d e l a s ménades, s o b o r n a d o r e s d e l a s basárides, e s c u d e r o s d e l a s m i m a
lónides, c o n c u b i n o s d e l a n i n f a E g e r i a , m o d e r a d o r e s d e l e n t u s i a s m o
demagogos del pueblo errante, descifradores d eD e m o g o r g o n a , dios'
e u r o s d e l a s fluctuantes d i s c i p l i n a s , t e s o r e r o s d e l P a n t a m o r f o y c h i v o s
e m i s a r i o s d e l s u m o pontífice Aarón; a v o s o t r o s e n c o m e n d a m o s n u e s -
tra prosa, sometemos nuestras musas, premisas, subsunciones, digre-
s i o n e s , paréntesis, a p l i c a c i o n e s , cláusulas, períodos, c o n s t r u c c i o n e s
a d j e t i v a c i o n e s , epítetos. V o s o t r o s , delicadísimos a g u a d o r e s , q u e c o n
v u e s t r a s b e l l a s e l e g a n c i a s n o s arrebatáis e l ánimo, n o s cautiváis e l c o -
razón, n o s fascináis l a m e n t e y ponéis e n e l prostíbulo n u e s t r a s p u t a s
almas: someted a vuestro buen criterio nuestros barbarismos, desmo-
c h a d n u e s t r o s s o l e c i s m o s , t a p a d las fosas m a l o l i e n t e s , c a s t r a d a n u e s -
t r o s S i l e n o s , c u b r i d a n u e s t r o s Noés, h a c e d e u n u c o s a n u e s t r o s p r o -
26

lijos discursos, r e c o m p o n e d nuestros oscuros pasajes, p o n e d el freno a

n u e s t r a s tautologías, m o d e r a d n u e s t r a s acrilogías, d i s c u l p a d n u e s t r a s
escrilogías, e x c u s a d n u e s t r a s perisologías, p e r d o n a d n u e s t r o s c a c o -
cefatos. T o r n o a c o n j u r a r o s a todos e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r a t i ,
s e v e r o , puntillosísimo y salvajísimo m a e s t r o P o l i h i m n i o : d e p o n e d
esa r a b i a c o n t u m a z y ese o d i o t a n c r i m i n a l c o n t r a e l nobilísimo s e x o
f e m e n i n o ; n o n o s impidáis l a visión d e c u a n t o b e l l o e l m u n d o a l b e r -
ga y e l cielo con susn u m e r o s o s ojos c o n t e m p l a . V o l v e d , volved e n
v o s o t r o s m i s m o s y r e c l a m a d v u e s t r o i n g e n i o , p a r a q u e veáis q u e ese
o d i o v u e s t r o n o e s o t r a c o s a q u e l o c u r a m a n i f i e s t a y frenético f u r o r .
¿Hay a l g u i e n más i n s e n s a t o y estúpido q u e e l q u e n o v e l a l u z ? ¿Qué
l o c u r a p u e d e s e r más a b y e c t a q u e p o r m o t i v o d e s e x o s e r e n e m i g o d e
l a m i s m a n a t u r a l e z a , c o m o a q u e l bárbaro r e y d e S a r z a q u e p o r h a b e r
a p r e n d i d o de vos, dijo:

N a t u r a jamás hará cosa p e r f e c c i o n a d a ,

pues q u e n a t u r a fue m u j e r n o m b r a d a . 2 7

E x a m i n a d u n p o c o l a r e a l i d a d , a l z a d l o s o j o s a l árbol d e l a c i e n c i a
d e l b i e n y d e l m a l , v e d l a c o n t r a r i e d a d y l a oposición q u e h a y e n t r e
2 8

e l u n o y e l o t r o ; m i r a d quiénes s o n l o s m a c h o s y quiénes l a s h e m b r a s .

G e n 9, 22. Véase una nueva mención del tema de la desnudez de Noé en

2 6

Expulsión, n i , 2, constelación del Cuervo.

Ariosto, O r l a n d o f u r i o s o , xxvn, 120, 7-8
2 7

G e n 3, 2-5.
2 8
 Diálogo I 45

pistinguiréis a u n l a d o e l c u e r p o q u e e s v u e s t r o a m i g o , m a c h o ; a l o t r o
e l a l m a , q u e es v u e s t r a e n e m i g a , h e m b r a . A u n l a d o el m a c h o caos, al
o t r o l a fémina ordenación; a u n l a d o e l sueño, a l o t r o l a v i g i l i a ; e l l e -
targo, la m e m o r i a ; el o d i o , l a a m i s t a d ; el t e m o r , la s e g u r i d a d ; el r i g o r ,
la g e n t i l e z a ; e l d i s t u r b i o , l a p a z ; e l f u r o r , l a t r a n q u i l i d a d ; e l e r r o r , l a
v e r d a d ; e l d e f e c t o , l a perfección. A u n l a d o e l i n f i e r n o , a l o t r o l a f e l i c i -
d a d ; aquí e l p e d a n t e P o l i h i m n i o , ahí l a m u s a P o l i m n i a , y finalmente
todos los v i c i o s , defectos y d e l i t o s s o n m a s c u l i n o s y t o d a s las v i r t u d e s ,
excelencias y b o n d a d e s f e m e n i n a s . P o r eso la p r u d e n c i a , la j u s t i c i a , l a
f o r t a l e z a , la t e m p l a n z a , la b e l l e z a , la m a j e s t a d , la d i g n i d a d , se l l a m a n
así, se d e s c r i b e n así; así se p i n t a n , así s o n . Y p a r a s a l i r d e e s t a s r a z o n e s
teóricas, n o c i o n a l e s y g r a m a t i c a l e s , a c o r d e s c o n v u e s t r o r a z o n a m i e n -
t o , y p a s a r a e s a s o t r a s n a t u r a l e s , r e a l e s y prácticas: ¿no d e b e b a s t a r t e
p a r a a t a r t e l a l e n g u a y t a p a r t e l a b o c a ese único e j e m p l o q u e t e dejará
c o n f u n d i d o j u n t o c o n t o d o s a q u e l l o s compañeros t u y o s , s i t u v i e r a
que e n v i a r t e e n busca d e u n m a c h o m e j o r o s e m e j a n t e a esta d i v i n a
Isabel q u e r e i n a e n I n g l a t e r r a , a q u i e n , p o r ser t a n d o t a d a , e x a l t a d a ,
f a v o r e c i d a , d e f e n d i d a y c o n s e r v a d a p o r los cielos, e n v a n o se e s f o r z a -
rán p o r d e p o n e r l a l a s p a l a b r a s y f u e r z a s a j e n a s ? , ¿a e s t a d a m a , d i g o ,
más d i g n o q u e l a c u a l n o h a y n a d i e e n t o d o e l r e i n o , n a d i e e s más
h e r o i c o e n t r e l o s n o b l e s , n a d i e más d o c t o e n t r e l o s t o g a d o s y n a d i e
más s a b i o e n t r e l o s m i e m b r o s d e l c o n s e j o , e n comparación c o n l a
c u a l , t a n t o p o r l a b e l l e z a física c o m o p o r e l c o n o c i m i e n t o d e l e n g u a s
v u l g a r e s y c u l t a s , t a n t o p o r el c o n o c i m i e n t o d e las ciencias y las artes
como por laprudencia en elgobierno, tanto por ladicha d euna tan
g r a n d e y p r o l o n g a d a a u t o r i d a d c o m o p o r t o d a s l a s demás v i r t u d e s
civiles y n a t u r a l e s , r e s u l t a n d e s p r e c i a b l e s las S o f o n i s b e s , las F a u s t i -
n a s , l a s Semíramis, l a s D i d o s , l a s C l e o p a t r a s y t o d a s a q u e l l a s o t r a s
d e q u e s e p u e d a n g l o r i a r I t a l i a , G r e c i a , E g i p t o y l a s demás p a r t e s d e
E u r o p a y Asia e ntodo e lt i e m p o pasado? D a n t e s t i m o n i o d e lo que
d i g o los r e s u l t a d o s de sus acciones y la b u e n a f o r t u n a , q u e n o s i n n o b l e
maravilla a d m i r a el siglo presente, cuando por el dorso d e E u r o p a ,
c o r r i e n d o a i r a d o e l Tíber, a m e n a z a n t e e l P o , v i o l e n t o e l Ródano, t e -
ñido d e s a n g r e e l S e n a , t u r b i o e l G a r o n a , r a b i o s o e l E b r o , f u r i b u n d o
el T a j o , a t o r m e n t a d o e l M o s a , i n q u i e t o e l D a n u b i o , ella e n c a m b i o
c o n e l b r i l l o d e s u s o j o s , d u r a n t e c i n c o l u s t r o s y más, s e h a g a n a d o l a
29

t r a n q u i l i d a d d e l g r a n océano, q u e c o n c o n t i n u o flujo y r e f l u j o , a l e g r e

Isabel I de Inglaterra había accedido al trono en 1558. Para otras loas encen-
2 9

didas de la reina, v i d . C e n a y F u r o r e s .
146 D e la causa, el principio y el u n o

y s e r e n o , a c o g e e n s u a m p l i o s e n o s u d i l e c t o Támesis, e l c u a l s i n t e m o r
y d i s g u s t o a l g u n o s , s e p a s e a s e g u r o y f e l i z m i e n t r a s s e r p e n t e a p o r sus
v e r d e s r i b e r a s . Así p u e s , p a r a c o m e n z a r d e s d e e l p r i n c i p i o , c o m o . . .
ARMESSO — C a l l a , c a l l a , F i l o t e o , n o t e e s f u e r c e s p o r añadir a g u a a
n u e s t r o océano y l u z a n u e s t r o S o l . D e j a d e m o s t r a r t e abstraído ( p o r

n o decir algo peor) d i s p u t a n d o con ausentes P o l i h i m n i o s . D e j a d m e

v e r u n p o c o e s o s diálogos q u e tenéis a fin d e q u e n o t r a n s c u r r a m o s
o c i o s o s l a s h o r a s d e l día d e h o y .
FILOTEO — T o m a d , l e e d .

COPIA CON FINES EDUCATIVOS

C. D. A .
 DIÁLOGO S E G U N D O

INTERLOCUTORES
Dicson Arelio, Teófilo, Gervasio, Polihimnio

[DICSON] — P o r f a v o r , m a e s t r o P o l i h i m n i o , y tú, G e r v a s i o , d e j a d y a
de i n t e r r u m p i r n u e s t r a s consideraciones.
POLIHIMNIO — F i a t . " 3

GERVASIO — S i éste, q u e e s e l magister, h a b l a , n o h a y d u d a d e q u e

yo n o p u e d o callar.
DICSON — ¿ D e m a n e r a , p u e s , q u e decís, Teófilo, q u e t o d o a q u e l l o
q u e n o es p r i m e r p r i n c i p i o y p r i m e r a causa t i e n e u n p r i n c i p i o y t i e n e
u n a causa ?
TEÓFILO — S i n d u d a a l g u n a y s i n discusión p o s i b l e .
DICSON —¿Creéis e n t o n c e s q u e q u i e n c o n o c e l a s c o s a s c a u s a d a s y
principiadas conoce la causa y el p r i n c i p i o ?
TEÓFILO — L a c a u s a próxima y e l p r i n c i p i o próximo n o fácilmen-
t e ; dificilísimamente ( i n c l u s o e n v e s t i g i o ) l a c a u s a y e l p r i n c i p i o p r i -
mero.
DICSON — E n t o n c e s , ¿cómo entendéis q u e l a s c o s a s q u e t i e n e n
c a u s a y p r i n c i p i o p r i m e r o y próximo p u e d e n s e r n o s c o n o c i d a s v e r -
d a d e r a m e n t e , s i n o s están o c u l t a s según l a razón d e l a c a u s a e f i c i e n t e
(la c u a l es u n a d e las c a u s a s q u e c o n c u r r e n a l c o n o c i m i e n t o r e a l d e las
cosas)?
TEÓFILO — E s o b v i o q u e e s fácil r e g l a m e n t a r l a d o c t r i n a d e l a d e -
mostración, p e r o d e m o s t r a r es difícil. E s m u y s e n c i l l o r e g l a m e n t a r l a s
c a u s a s , l a s c i r c u n s t a n c i a s y l o s métodos d e l a s d o c t r i n a s , p e r o l u e g o
n u e s t r o s e s p e c i a l i s t a s e n métodos y análisis p o n e n m a l e n ejecución
s u s i n s t r u m e n t o s , l o s p r i n c i p i o s d e s u s métodos y e l a r t e d e l a s a r t e s .
GERVASIO — C o m o l o s q u e s a b e n h a c e r e s p a d a s t a n b e l l a s y l u e g o
n o las s a b e n usar.

3° «Sea.»

47
 D e la causa, el principio y e l u n o

POLIHIMNIO — F e r m e . ' 3

GERVASIO — ¡ A s í s e t e c i e r r e n l o s o j o s d e m a n e r a q u e n u n c a l o s
puedas abrir!
TEÓFILO — A f i r m o , s i n e m b a r g o , q u e n o s e r e q u i e r e d e l filósofo
n a t u r a l q u e a p o r t e t o d a s las causas y p r i n c i p i o s , s i n o e x c l u s i v a m e n -
t e l a s físicas, y a u n d e éstas sólo l a s p r i n c i p a l e s y p r o p i a s . P o r t a n t o
a u n q u e s e d i g a q u e t i e n e n esa c a u s a y ese p r i n c i p i o p r i m e r o , p o r q u e
d e e s a c a u s a y p r i n c i p i o p r i m e r o d e p e n d e n , s i n e m b a r g o , l a relación
e n t r e e l l o s n o es t a n n e c e s a r i a q u e d e l c o n o c i m i e n t o d e l u n o se i n f i e r a
e l c o n o c i m i e n t o d e l o t r o y p o r c o n s i g u i e n t e n o se r e q u i e r e q u e v e n g a n
ordenados en una m i s m a disciplina.
DICSON — ¿ Y e s o p o r qué?
TEÓFILO — P o r q u e d e l c o n o c i m i e n t o d e t o d a s l a s c o s a s d e p e n d i e n -
tes n o p o d e m o s i n f e r i r o t r a n o t i c i a d e l p r i m e r p r i n c i p i o y causa q u e
p o r u n a vía m e n o s e f i c a z q u e l a d e l v e s t i g i o , d a d o q u e e l t o d o d e r i v a
d e s u v o l u n t a d o b o n d a d , l a c u a l e s p r i n c i p i o d e s u operación, d e l a
c u a l p r o c e d e a s u v e z e l e f e c t o u n i v e r s a l . L o m i s m o se p u e d e o b s e r v a r
e n las cosas a r t i f i c i a l e s , e n l a m e d i d a e n q u e q u i e n v e l a e s t a t u a n o ve al
escultor; q u i e n v e e l retrato d e H e l e n a n o v e a Apeles, sino que ve
e l e f e c t o d e l a operación, l a c u a l p r o v i e n e d e l a b o n d a d d e l i n g e n i o d e
A p e l e s ( t o d o l o c u a l es u n efecto d e los a c c i d e n t e s y d e las c i r c u n s t a n -
c i a s d e l a s u s t a n c i a d e ese h o m b r e , q u e e n c u a n t o a s u s e r a b s o l u t o n o
es c o n o c i d o e n m o d o a l g u n o ) .
DICSON — D e m a n e r a q u e c o n o c e r e l u n i v e r s o es c o m o n o c o n o c e r
n a d a d e l ser y d e l a s u s t a n c i a d e l p r i m e r p r i n c i p i o , p o r q u e es c o m o
conocer los accidentes de los accidentes.
TEÓFILO — A s í es, p e r o n o q u i s i e r a q u e o s imaginéis q u e y o p i e n s o
q u e e n D i o s h a y accidentes o q u e p u e d e ser c o n o c i d o c o m o p o r sus
accidentes.
DICSON — N o o s a t r i b u y o t a n r u d o i n g e n i o y sé q u e u n a c o s a es
d e c i r q u e t o d o l o q u e e s extraño a l a n a t u r a l e z a d i v i n a s o n a c c i d e n t e s ,
o t r a c o s a q u e s o n s u s a c c i d e n t e s y o t r a c o s a también q u e s o n c o m o sus
a c c i d e n t e s . C r e o q u e es e n e s t e último s e n t i d o c o m o entendéis q u e s o n
l o s e f e c t o s d e l a operación d i v i n a , l o s c u a l e s , a u n q u e s e a n l a s u s t a n c i a
d e las cosas, e i n c l u s o las m i s m a s s u s t a n c i a s n a t u r a l e s , s i n e m b a r g o ,
s o n c o m o a c c i d e n t e s remotísimos a l a h o r a d e h a c e r n o s t o c a r e l c o n o -
c i m i e n t o a p r e h e n s i v o de la s o b r e n a t u r a l esencia d i v i n a .
TEÓFILO —Decís b i e n .

1 1
«Poco más o menos.»
 Diálogo I I •49

DICSON — E n t o n c e s r e s u l t a q u e d e l a s u s t a n c i a d i v i n a , t a n t o p o r -
q u e e s i n f i n i t a c o m o p o r q u e está lejanísima d e e s o s e f e c t o s , l o s c u a l e s
s o n e l límite último d e l e j e r c i c i o d e n u e s t r a f a c u l t a d d i s c u r s i v a , n o
podemos conocer nada, excepto por m o d o d e vestigio, c o m o dicen
l o s platónicos, o d e e f e c t o r e m o t o , c o m o d i c e n l o s peripatéticos, o
de i n d u m e n t o s , c o m o d i c e n los cabalistas, o d e espaldas y d o r s o s ,
c o m o d i c e n los t a l m u d i s t a s , o d e espejo, s o m b r a y e n i g m a , c o m o d i -
c e n l o s apocalípticos.
TEÓFILO — M á s aún: p u e s t o q u e n o v e m o s p e r f e c t a m e n t e e s t e u n i -
v e r s o c u y a s u s t a n c i a y l o p r i n c i p a l e s t a n difícil d e c o m p r e n d e r , r e s u l -
ta q u e c o n o c e m o s e l p r i m e r p r i n c i p i o y la p r i m e r a c a u s a p o r s u e f e c t o
c o n m u c h a m e n o r razón d e l a q u e p o d e m o s c o n o c e r a A p e l e s p o r
m e d i o d e l a s e s t a t u a s a l a s q u e h a d a d o f o r m a , y a q u e a éstas l a s p o d e -
mos ver todas y examinarlas parte por parte, pero n o ya elgrande e
i n f i n i t o efecto de l a p o t e n c i a d i v i n a . P o r eso d e b e m o s e n t e n d e r d i c h a
s e m e j a n z a más allá d e t o d a analogía p r o p o r c i o n a l .
DICSON — A s í es y así l a e n t i e n d o .
TEÓFILO — H a r e m o s b i e n , p o r l o t a n t o , s i n o s a b s t e n e m o s d e h a -
blar de u n objeto tan elevado.
DICSON — E s t o y d e a c u e r d o , p o r q u e d e s d e e l p u n t o d e v i s t a m o -
r a l y teológico b a s t a c o n c o n o c e r e l p r i m e r p r i n c i p i o e n l a m e d i d a e n
q u e l o s númenes s u p e r i o r e s l o h a n r e v e l a d o y l o s h o m b r e s d i v i n o s
l o h a n m a n i f e s t a d o . Además, n o sólo t o d a s l a s l e y e s y teologías, s i n o
también t o d a s l a s filosofías b i e n f u n d a d a s c o n c l u y e n q u e e s p r o p i o
d e u n espíritu p r o f a n o y t u r b u l e n t o e l q u e r e r p r e c i p i t a r s e a r e c l a m a r
explicación y q u e r e r d e f i n i r a q u e l l a s c o s a s q u e están p o r e n c i m a d e l a
esfera de n u e s t r a i n t e l i g e n c i a .
TEÓFILO —Está b i e n ; p e r o éstos n o s o n t a n m e r e c e d o r e s d e r e -
prensión c o m o dignísimos d e a l a b a n z a s o n a q u e l l o s q u e s e e s f u e r -
zan p o r c o n o c e r ese p r i n c i p i o y causa, p o r a p r e h e n d e r s u g r a n d e z a
en la m e d i d a de l o posible, r e f l e x i o n a n d o c o n los ojos de percepciones
r e g u l a d a s a c e r c a d e e s t o s magníficos a s t r o s y c u e r p o s l u m i n o s o s q u e
s o n o t r o s t a n t o s m u n d o s h a b i t a d o s , g r a n d e s a n i m a l e s y excelentísi-
m o s númenes, l o s c u a l e s p a r e c e n y s o n i n n u m e r a b l e s m u n d o s n o m u y
d i f e r e n t e s d e este q u e n o s c o n t i e n e . E s t o s m u n d o s , s i e n d o i m p o s i b l e
q u e t e n g a n e l s e r p o r sí m i s m o s , d a d o q u e s o n c o m p u e s t o s y d i s o l u b l e s
( a u n q u e n o p o r e l l o m e r e z c a n s e r d i s u e l t o s , c o m o está m u y b i e n d i c h o
e n e l Timeó), es n e c e s a r i o q u e c o n o z c a n p r i n c i p i o y c a u s a . Y p o r c o n s i -
g u i e n t e , c o n l a g r a n d e z a d e s u ser, d e s u v i d a y d e s u m o d o d e o p e r a r ,
m u e s t r a n y p r e g o n a n en u n espacio infinito, con voces i n n u m e r a b l e s ,
150 D e la causa, el principio y e l u n o

la i n f i n i t a excelencia y m a j e s t a d d e s u p r i m e r p r i n c i p i o y causa
D e j a n d o p o r t a n t o , c o m o v o s decís, a q u e l l a consideración e n t a n
to q u e es s u p e r i o r a t o d o sentido e intelecto, c e n t r a m o s nuestra
consideración e n e l p r i n c i p i o y l a c a u s a e n t a n t o q u e , a l m o d o d e
v e s t i g i o , o b i e n e s l a n a t u r a l e z a m i s m a o b i e n r e l u c e e n e l ámbito y
s e n o d e l a m i s m a . Así p u e s , p r e g u n t a d m e v o s p o r o r d e n , s i queréis
que yo por orden os responda.
DICSON — A s í l o haré. P e r o , e n p r i m e r l u g a r y d a d o q u e a c o s t u m -
bráis a d e c i r «causa» y «principio», q u i s i e r a s a b e r si usáis e s t o s térmi-
n o s c o m o sinónimos.
TEÓFILO — N o .
DICSON — E n ese c a s o , ¿qué d i f e r e n c i a e x i s t e e n t r e u n o y o t r o ?
TEÓFILO — L a r e s p u e s t a e s q u e c u a n d o h a b l a m o s d e D i o s c o m o
p r i m e r p r i n c i p i o y p r i m e r a c a u s a , n o s r e f e r i m o s a u n a m i s m a cosa
c o n d i f e r e n t e s r a z o n e s ; c u a n d o h a b l a m o s d e p r i n c i p i o s y causas e n la
n a t u r a l e z a , d e c i m o s cosas d i f e r e n t e s c o n sus d i f e r e n t e s r a z o n e s . L l a -
m a m o s a D i o s p r i m e r p r i n c i p i o e n c u a n t o q u e t o d a s las cosas e x i s t e n
después d e él según u n o r d e n d e t e r m i n a d o d e a n t e r i o r i d a d y p o s t e r i o -
r i d a d , o según l a d i g n i d a d . L l a m a m o s a D i o s p r i m e r a c a u s a e n c u a n t o
q u e l a s c o s a s t o d a s s o n d i s t i n t a s d e él c o m o e l e f e c t o l o es d e l e f i c i e n t e ,
la cosa p r o d u c i d a de s u p r o d u c t o r . Y estas dos r a z o n e s s o n diferentes,
p o r q u e n o t o d a c o s a q u e e s a n t e r i o r y más d i g n a e s a l a v e z c a u s a d e
a q u e l l o q u e [es] p o s t e r i o r y m e n o s d i g n o ; d e l m i s m o m o d o , n o t o d a
c o s a q u e e s c a u s a , e s a n t e r i o r y más d i g n a d e a q u e l l o q u e e s c a u s a d o ,
c o m o resulta del todo claro a q u i e n bien considera.
DICSON — E n t o n c e s d e c i d : ¿qué d i f e r e n c i a h a y e n t r e c a u s a y p r i n -
c i p i o e n e l ámbito d e l a n a t u r a l e z a ?
TEÓFILO — A u n q u e a v e c e s u n término se u s a i n d i s t i n t a m e n t e p o r
e l o t r o , s i n e m b a r g o , h a b l a n d o c o n p r o p i e d a d , n o t o d o a q u e l l o q u e es
p r i n c i p i o e s también c a u s a , p o r q u e e l p u n t o e s p r i n c i p i o d e l a línea,
p e r o n o e s c a u s a d e l a m i s m a ; e l i n s t a n t e e s p r i n c i p i o d e l a operación,
[ y n o e s c a u s a d e l a operación]; e l término d e dónde e s p r i n c i p i o d e l
m o v i m i e n t o , y n o es c a u s a d e l m o v i m i e n t o ; l a s p r e m i s a s s o n p r i n c i p i o
d e l a argumentación, n o c a u s a d e e l l a . P o r e s o «principio» e s u n tér-
m i n o más g e n e r a l q u e «causa».
DICSON — P o r t a n t o , l i m i t a n d o e s t o s d o s términos a s u s s i g n i f i c a -
dos p r o p i o s y precisos, de a c u e r d o c o n el uso de q u i e n e s h a b l a n de u n a
m a n e r a más f u n d a d a , c r e o q u e queréis d e c i r q u e p r i n c i p i o e s a q u e l l o
q u e c o n c u r r e intrínsecamente a l a constitución d e l a c o s a y p e r m a n e c e
e n el efecto, c o m o suele d e c i r s e d e la m a t e r i a y d e la f o r m a , las cuales
 Diálogo I I 151

p e r m a n e c e n e n e l c o m p u e s t o , o b i e n d e los e l e m e n t o s d e q u e la cosa se
c o r n p o n e y e n los c u a l e s se d i s u e l v e . L l a m a s , e n c a m b i o , c a u s a a l o q u e
c o n c u r r e d e s d e f u e r a a l a producción d e l a s c o s a s y t i e n e e l s e r f u e r a
¿el c o m p u e s t o , c o m o e s e l c a s o d e l e f i c i e n t e y d e l fin a l q u e s e o r d e n a
la cosa p r o d u c i d a .
TEÓFILO — S u f i c i e n t e m e n t e b i e n .
DICSON — E n t o n c e s , u n a v e z q u e h e m o s a c l a r a d o l a d i f e r e n c i a e n -
t r e e s t a s d o s c o s a s , d e s e o e n p r i m e r l u g a r q u e dirijáis v u e s t r a atención
a las c a u s a s y después a l o s p r i n c i p i o s . Y e n l o q u e s e r e f i e r e a l a s c a u -
sas q u i s i e r a s a b e r e n p r i m e r l u g a r d e l a c a u s a e f i c i e n t e p r i m e r a ; l u e g o
d e l a c a u s a f o r m a l , q u e decís está u n i d a a l a e f i c i e n t e , y después d e l a
c a u s a final, q u e s e e n t i e n d e c o m o m o t r i z d e l a e f i c i e n t e .
TEÓFILO — M u c h o m e s a t i s f a c e e l o r d e n q u e proponéis. P u e s b i e n ,
e n l o q u e s e r e f i e r e a l a c a u s a e f i c i e n t e , a f i r m o q u e e l e f i c i e n t e físico
u n i v e r s a l es e l i n t e l e c t o u n i v e r s a l , e l cual es l a p r i m e r a y p r i n c i p a l
facultad d e l a l m a del m u n d o , q u e a s u vez es f o r m a u n i v e r s a l d e l
mismo.
DICSON — M e p a r e c e q u e n o sólo estáis d e a c u e r d o c o n l a opinión
d e Empédocles, s i n o q u e además o s expresáis c o n más s e g u r i d a d , c o n
más precisión y d e f o r m a más c l a r a , además d e ( p o r l o q u e m e h a c e
v e r v u e s t r a última definición) más p r o f u n d a . P o r e s o o s e s t a r e m o s
m u y a g r a d e c i d o s s i pasáis a e x p l i c a r l o t o d o d e t a l l a d a m e n t e , e m p e -
z a n d o p o r d e c i r qué e s e s e i n t e l e c t o u n i v e r s a l .
TEÓFILO — E l i n t e l e c t o u n i v e r s a l e s l a f a c u l t a d y p a r t e p o t e n c i a l
d e l a l m a d e l m u n d o más íntima, más r e a l y más p r o p i a . E s u n a s o l a
c o s a e idéntico a sí m i s m o , l l e n a e l t o d o , i l u m i n a e l u n i v e r s o y d i r i g e
la n a t u r a l e z a a p r o d u c i r sus especies c o m o c o n v i e n e ; d e esta m a n e r a
es, e n l o q u e s e r e f i e r e a l a producción d e l a s c o s a s n a t u r a l e s , i g u a l q u e
n u e s t r o i n t e l e c t o a l a a d e c u a d a producción d e l a s e s p e c i e s r a c i o n a -
l e s . L o s pitagóricos l o l l a m a n «motor» y «agitador d e l universo», t a l
c o m o explicó e l p o e t a , q u e d i j o :

Totamque infusa per arctus,

mens agitat molem, et toto se corpore miscet.* 1

L o s platónicos l o l l a m a n «artesano d e l mundo». E s t e a r t e s a n o , d i c e n ,

p r o c e d e d e s d e e l m u n d o s u p e r i o r (el c u a l es e n t e r a m e n t e u n o ) a este

Virgilio, E n e i d a , vi, 726-727: «Infundida por todos los miembros agita toda
3 2

la mole y se mezcla con todo el cuerpo» [la traducción es nuestra].

 D e la causa, el p r i n c i p i o y el u n o

m u n d o s e n s i b l e q u e está d i v i d i d o e n m u c h o s , d o n d e r e i n a n o s o l a r n e
t e l a a m i s t a d , s i n o también l a d i s c o r d i a , p o r l a d i s t a n c i a e n t r e l a s p a r
tes. E s t e i n t e l e c t o p r o d u c e e l t o d o , i n f u n d i e n d o y t r a n s m i t i e n d o a l g0

d e sí m i s m o e n l a m a t e r i a , m i e n t r a s él p e r m a n e c e q u i e t o e inmóvil
L o s m a g o s l o l l a m a n «fecundísimo e n semillas» o b i e n «sembrador»
p o r q u e él e s e l q u e preña l a m a t e r i a d e t o d a s l a s f o r m a s y v i e n e a f i '
g u r a r l a , f o r m a r l a , t e j e r l a , según l a razón y condición d e l a s m i s m a s
c o n disposiciones t a n a d m i r a b l e s q u e n o p u e d e n atribuirse al azar n i a
algún o t r o p r i n c i p i o q u e n o s a b e d i s t i n g u i r n i o r d e n a r . O r f e o l o l l a m a
«ojo d e l mundo» p o r a q u e l l o d e q u e v e d e n t r o y f u e r a d e t o d a s las c o -
sas n a t u r a l e s a fin d e q u e t o d o v e n g a a p r o d u c i r s e y a c o n s e r v a r s e e n l a
proporción q u e l e e s p r o p i a , n o sólo intrínseca, s i n o también extrínse-
c a m e n t e . Empédocles l o l l a m a «diferenciador» p o r q u e n u n c a se c a n s a
d e d e s p l e g a r l a s f o r m a s q u e están c o n f u n d i d a s e n e l s e n o d e l a m a t e r i a
y d e s u s c i t a r l a generación d e u n a c o s a a p a r t i r d e l a corrupción d e o t r a .
P l o t i n o l o l l a m a «padre y progenitor» p o r q u e él d i s t r i b u y e l a s s e m i l l a s
e n e l c a m p o d e l a n a t u r a l e z a y es e l d i s p e n s a d o r próximo d e l a s f o r m a s .
N o s o t r o s l o l l a m a m o s «artista interior», p o r q u e f o r m a l a m a t e r i a y
la c o n f i g u r a desde d e n t r o , d e l a m a n e r a c o m o hace salir y despliega
e l t a l l o d e s d e d e n t r o d e l a s e m i l l a o raíz, d e s d e d e n t r o d e l t a l l o h a c e
b r o t a r las r a m a s , d e s d e d e n t r o d e las r a m a s las o t r a s r a m i t a s s e c u n -
d a r i a s y a f o r m a d a s , d e s d e d e n t r o d e éstas d e s p l i e g a l a s y e m a s , d e s d e
d e n t r o d e las c u a l e s f o r m a , c o n f i g u r a , t e j e — c u a l n e r v i o s — las h o j a s ,
l a s flores, l o s f r u t o s y también d e s d e d e n t r o , e n l o s m o m e n t o s p r e c i s o s ,
l l a m a d e n u e v o a sus h u m o r e s d e las h o j a s y l o s f r u t o s a las r a m i t a s , de
l a s r a m i t a s a l a s r a m a s , d e l a s r a m a s a l t a l l o , d e l t a l l o a l a raíz. D e l m i s -
m o m o d o , e n l o s a n i m a l e s , d e s p l e g a n d o s u acción d e s d e e l g e r m e n e n
p r i m e r l u g a r y d e s d e e l c e n t r o d e l corazón a l o s m i e m b r o s e x t e r n o s y
replegando finalmente d e s d e éstos h a c i a e l corazón l a s f a c u l t a d e s p r e -
v i a m e n t e desplegadas, hace c o m o si e n r o l l a r a los h i l o s a n t e r i o r m e n t e
e x t e n d i d o s . P u e s b i e n , s i c r e e m o s q u e n o h a s i d o p r o d u c i d a s i n razón y
s i n i n t e l i g e n c i a esa o b r a q u e , c o m o s i n v i d a , n o s o t r o s s a b e m o s m o d e l a r
c o n u n d e t e r m i n a d o o r d e n e imitación e n l a s u p e r f i c i e d e l a m a t e r i a ,
c u a n d o d e s c o r t e z a n d o y c i n c e l a n d o u n leño h a c e m o s a p a r e c e r l a e f i -
g i e d e u n c a b a l l o , ¿cuánto m a y o r d e b e m o s c r e e r q u e será ese i n t e l e c t o
artista q u e , desde el i n t e r i o r d e l a m a t e r i a s e m i n a l c o n s o l i d a los h u e -
sos, e x t i e n d e l o s cartílagos, a h u e c a l a s a r t e r i a s , l l e n a d e a i r e l o s p o r o s ,
t e j e l a s fibras, r a m i f i c a l o s n e r v i o s y d i s p o n e e l t o d o c o n t a n a d m i r a b l e
maestría? ¿Cuánto, d i g o , más g r a n d e e s e s t e a r t i s t a q u e n o está l i m i t a -
d o a u n a sola p a r t e de la m a t e r i a , s i n o q u e o p e r a c o n t i n u a m e n t e , t o d o
 Diálogo I I
153
e n t e r o e n l a t o t a l i d a d d e l a m a t e r i a ? H a y tres clases d e i n t e l e c t o : e l
d i v i n o , q u e e s t o d o ; e l i n t e l e c t o d e l m u n d o , q u e h a c e t o d o , y l o s demás
intelectos p a r t i c u l a r e s , q u e se h a c e n t o d o , p o r q u e es p r e c i s o q u e e n t r e
los e x t r e m o s s e e n c u e n t r e e s t e m e d i o , q u e e s l a v e r d a d e r a c a u s a e f i -
c i e n t e d e t o d a s l a s c o s a s , n o t a n t o extrínseca c o m o también intrínseca.
DICSON — Q u i s i e r a v e r o s d i s t i n g u i r e n qué s e n t i d o l a entendéis
c o m o c a u s a extrínseca y e n qué s e n t i d o c o m o intrínseca.
TEÓFILO — L l a m o a l i n t e l e c t o c a u s a extrínseca p o r q u e c o m o e f i c i e n -
te n o es p a r t e d e l o s c o m p u e s t o s y c o s a s p r o d u c i d a s ; es c a u s a intrínseca
en c u a n t o n o opera e n t o r n o a la m a t e r i a o f u e r a de ella, sino tal c o m o
a c a b a m o s d e d e c i r . P o r e s o es c a u s a extrínseca, p o r q u e s u s e r es d i s t i n t o
de l a s u s t a n c i a y esencia d e los efectos y p o r q u e s u ser n o es c o m o
e l d e l a s c o s a s s u s c e p t i b l e s d e generación y d e corrupción, a u n q u e v e r s e
s o b r e e l l a s . E s c a u s a intrínseca e n c u a n t o a l a c t o d e s u operación.
DICSON — M e p a r e c e q u e habéis h a b l a d o s u f i c i e n t e m e n t e d e l a
c a u s a e f i c i e n t e . A h o r a q u i s i e r a s a b e r qué e s e s a c a u s a f o r m a l q u e p r e -
tendéis está u n i d a a l a e f i c i e n t e . ¿Es a c a s o l a razón i d e a l ? , p o r q u e
t o d o a g e n t e q u e actúa según l a r e g l a d e l i n t e l e c t o p r o c u r a n o p r o d u c i r
s u s e f e c t o s s i n o d e a c u e r d o c o n u n a intención y ésta n o s e d a s i n l a
aprehensión d e a l g u n a c o s a , l a c u a l aprehensión n o e s s i n o l a f o r m a
de l a cosa q u e d e b e p r o d u c i r s e . P o r t a n t o , este i n t e l e c t o q u e t i e n e l a
c a p a c i d a d d e p r o d u c i r t o d a s las especies y sacarlas, c o n t a n b e l l a a r -
q u i t e c t u r a , de la potencia de la m a t e r i a al acto, debe poseerlas todas de
a n t e m a n o según u n a d e t e r m i n a d a razón f o r m a l , s i n l a c u a l e l a g e n t e
n o podría p r o c e d e r a s u o b r a , d e l m i s m o m o d o q u e r e s u l t a i m p o s i b l e
a l e s c u l t o r r e a l i z a r d i v e r s a s e s t a t u a s si n o t i e n e p r e c o n c e b i d a s d i v e r s a s
formas con anterioridad.
TEÓFILO — L o entendéis m u y b i e n , p o r q u e q u i e r o q u e s e t e n g a n
presentes d o s clases d e f o r m a s : u n a , q u e es causa, p e r o n o e f i c i e n t e ,
s i n o p o r m e d i o d e l a c u a l e l eficiente p r o d u c e sus efectos; l a o t r a es
p r i n c i p i o y es suscitada d e la m a t e r i a p o r el eficiente.
DICSON — E l o b j e t i v o y l a c a u s a final q u e s e p r o p o n e e l e f i c i e n t e
es l a perfección d e l u n i v e r s o , l a c u a l c o n s i s t e e n q u e t o d a s l a s f o r m a s
t e n g a n existencia actual e n diferentes partes d e l a m a t e r i a , e n el cual
fin e l i n t e l e c t o se c o m p l a c e y d e l e i t a t a n t o q u e jamás se c a n s a d e s u s c i -
tar t o d a clase de f o r m a s a p a r t i r de la m a t e r i a , c o m o parece p r e t e n d e r
también Empédocles.
TEÓFILO — M u y b i e n ; a e s t o añado q u e así c o m o e s t e e f i c i e n t e e s
u n i v e r s a l e n e l u n i v e r s o y es e s p e c i a l y p a r t i c u l a r e n l a s p a r t e s y m i e m -
b r o s d e l m i s m o , i g u a l o c u r r e c o n s u f o r m a y s u fin.
'54 D e la causa, el p r i n c i p i o y e l u n o

DICSON — Y a se h a d i c h o b a s t a n t e d e l a s c a u s a s . P a s e m o s a r a z o n a r
de los p r i n c i p i o s .
TEÓFILO — P a s a n d o , p u e s , a l o s p r i n c i p i o s c o n s t i t u t i v o s d e l a s c o
sas, razonaré e n p r i m e r l u g a r a c e r c a d e l a f o r m a , p o r s e r idéntica e n
cierto m o d o c o n l a causa eficiente d e q u e y a h e m o s hablado, puesto
q u e el i n t e l e c t o — q u e es u n a p o t e n c i a d e l a l m a d e l m u n d o — ha sido
ya d e c l a r a d o e f i c i e n t e i n m e d i a t o de t o d a s las cosas n a t u r a l e s .
DICSON — P e r o ¿cómo p u e d e s e r e l m i s m o s u j e t o p r i n c i p i o y c a u s a
d e c o s a s n a t u r a l e s ? ¿Cómo p u e d e t e n e r razón d e p a r t e intrínseca y
a l a v e z n o t e n e r l a d e p a r t e intrínseca?
TEÓFILO — S o s t e n g o q u e e s o n o r e p r e s e n t a ningún i n c o n v e n i e n t e ,
s i e m p r e q u e s e t e n g a e n c u e n t a q u e e l a l m a está e n e l c u e r p o c o m o e l
p i l o t o e n l a n a v e . E l p i l o t o , e n t a n t o q u e se m u e v e j u n t o c o n l a n a v e ,
es p a r t e d e e l l a ; c o n s i d e r a d o , e n c a m b i o , e n t a n t o q u e l a g o b i e r n a y l a
m u e v e , y a n o se l e e n t i e n d e c o m o p a r t e , s i n o c o m o e f i c i e n t e d i s t i n t o
de ella. D e l m i s m o m o d o , el a l m a del u n i v e r s o , e n t a n t o q u e a n i m a e
i n f o r m a , v i e n e a s e r p a r t e intrínseca y f o r m a l d e l m i s m o ; p e r o d a d o
q u e d i r i g e y g o b i e r n a , n o e s p a r t e , n o t i e n e razón d e p r i n c i p i o , s i n o
d e c a u s a . E s t o n o s l o c o n c e d e e l m i s m o Aristóteles, e l c u a l , a u n q u e
n i e g u e q u e e l a l m a t e n g a c o n r e s p e c t o a l c u e r p o l a m i s m a razón q u e
t i e n e e l p i l o t o c o n r e s p e c t o a l a n a v e , s i n e m b a r g o , considerándola
según e s a p o t e n c i a p o r l a c u a l e n t i e n d e y s a b e , n o s e a t r e v e a l l a m a r -
la acto y f o r m a del cuerpo, sino q u e dice q u e , e n t a n t o q u e eficiente
s e p a r a d o d e l a m a t e r i a según e l s e r , e s a l g o q u e v i e n e d e f u e r a , p o r l o
q u e se r e f i e r e a s u subsistencia, s e p a r a d a d e l c o m p u e s t o .
DICSON — A p r u e b o l o q u e decís, p o r q u e s i e l e s t a r s e p a r a d a d e l
c u e r p o c o n v i e n e a l a p o t e n c i a i n t e l e c t i v a d e n u e s t r a a l m a , así c o m o
e l t e n e r razón d e c a u s a e f i c i e n t e , e n m u c h a m a y o r m e d i d a s e d e b e
a f i r m a r d e l a l m a d e l m u n d o , p u e s — c o m o escribe P l o t i n o c o n t r a los
gnósticos— «el a l m a d e l m u n d o g o b i e r n a e l u n i v e r s o c o n m a y o r f a -
c i l i d a d q u e n u e s t r a a l m a e l c u e r p o nuestro», y a q u e h a y u n a g r a n
diferencia e nel m o d o con que launa y la otra gobiernan. Aquella
n o r i g e e l m u n d o c o m o a t a d a a él, d e s u e r t e q u e e l l a m i s m a n o a t e l o
q u e t o m a ; n o s u f r e d e las o t r a s cosas n i c o n las o t r a s cosas; se e l e v a a
las cosas s u p e r i o r e s s i n i m p e d i m e n t o a l g u n o ; d a n d o al c u e r p o la v i d a
y l a perfección, n o o b t i e n e d e él imperfección a l g u n a ; p o r e s o está
u n i d a e t e r n a m e n t e a l m i s m o s u j e t o . E n c u a n t o a e s t a o t r a , es e v i d e n t e
q u e s u condición e s c o n t r a r i a . P o r t a n t o , s i según v u e s t r o p r i n c i p i o
las p e r f e c c i o n e s q u e h a y e n las n a t u r a l e z a s i n f e r i o r e s d e b e n ser a t r i -
b u i d a s y r e c o n o c i d a s a l a s n a t u r a l e z a s s u p e r i o r e s e n u n g r a d o más
 Diálogo II •55

e l e v a d o , d e b e m o s a f i r m a r , s i n d u d a a l g u n a , l a distinción q u e habéis
p l a n t e a d o . E s t o n o sólo s e a f i r m a a propósito d e l a l m a d e l m u n d o ,
s i n o también d e l a d e c a d a u n a d e l a s e s t r e l l a s , d a d o q u e ( c o m o p r e -
t e n d e d i c h o filósofo) t o d a s t i e n e n l a c a p a c i d a d d e c o n t e m p l a r a D i o s ,
l o s p r i n c i p i o s d e t o d a s l a s c o s a s y l a distribución d e l o s g r a d o s e n e l
u n i v e r s o . P r e t e n d e , además, q u e t a l c o s a n o s u c e d e p o r m e d i o d e u n a
m e m o r i a , r a z o n a m i e n t o d i s c u r s i v o y consideración, y a q u e c a d a u n a d e
s u s o p e r a c i o n e s e s u n a operación e t e r n a y n o h a y a c t o q u e p u e d a s e r
n u e v o para ellas, p o r l oq u e n o hacen n a d a q u e n o sea t o t a l m e n t e
conveniente, perfecto, con u no r d e n d e t e r m i n a d o y preestablecido,
s i n a c t o d e d e l i b e r a c i ó n , t a l c o m o l o m u e s t r a t a m b i é n Aristóteles m e -
d i a n t e e le j e m p l o d e u ne s c r i t o r y citarista perfectos, c u a n d o estima
que, por e lhecho d eque l anaturaleza n odiscurre y reflexiona,n o
s e p u e d e c o n c l u i r q u e e l l a o p e r a s i n i n t e l i g e n c i a y s i n u n a intención
final, p u e s t o q u e l o s músicos y l o s e s c r i t o r e s más e x q u i s i t o s s o n l o s q u e
m e n o s a t e n t o s están a l o q u e h a c e n y s i n e m b a r g o n o y e r r a n c o m o l o s
más b u r d o s e i n e r t e s , l o s c u a l e s h a c e n u n a o b r a t a n t o m á s i m p e r f e c t a
y n o s i n e r r o r c u a n t o más p i e n s a n y s e a p l i c a n .
TEÓFILO — L o habéis e n t e n d i d o . P a s e m o s a h o r a a u n a cuestión m á s
concreta. M e parece que d i f a m a n l a d i v i n a b o n d a d y l aexcelencia d e
este g r a n a n i m a l y s i m u l a c r o d e l p r i m e r p r i n c i p i o t o d o s a q u e l l o s que
n o q u i e r e n e n t e n d e r n ia f i r m a r q u e e l m u n d o c o n todos s u s m i e m -
b r o s está a n i m a d o ; c o m o s i D i o s t u v i e r a e n v i d i a d e s u p r o p i a i m a g e n ,
c o m o s i e l a r q u i t e c t o n o a m a r a e s a o b r a s u y a única, d e l c u a l d i c e P l a -
tón q u e s e c o m p l a c i ó e n s u o b r a p o r l a s e m e j a n z a q u e e n e l l a percibió
c o n s i g o m i s m o . C i e r t a m e n t e , ¿qué c o s a más b e l l a p u e d e presentarse
a n t e l o s o j o s d e l a d i v i n i d a d q u e e s t e u n i v e r s o ? ; y d a d o q u e éste c o n s t a
d e s u s p a r t e s , ¿a cuáles d e e l l a s s e d e b e a t r i b u i r m á s i m p o r t a n c i a q u e
a l p r i n c i p i o f o r m a l ? D e j o p a r a m e j o r y más p o r m e n o r i z a d o discurso
o t r a s m i l r a z o n e s n a t u r a l e s a p a r t e d e e s t a tópica o lógica.
DICSON — N o p r e t e n d o q u e o s empeñéis e n e s o , d a d o q u e n o h a y
filósofo d e a l g u n a r e p u t a c i ó n , i n c l u s o e n t r e l o s peripatéticos, q u e n o
s o s t e n g a q u e e l m u n d o y s u s e s f e r a s están a n i m a d a s d e a l g u n a mane-
r a . Q u i s i e r a s a b e r a h o r a c ó m o pretendéis q u e e s t a f o r m a s e i n t r o d u c e
en lamateria del universo.
TEÓFILO — S e leune d e tal manera que la naturaleza del cuerpo,
l a c u a l e n sí m i s m a n o e s b e l l a , v i e n e a h a c e r s e partícipe d e l a b e l l e z a
en l am e d i d a d e l o posible, d a d o q u e n o hay belleza q u e n o consista e n
alguna figura o f o r m a y n o hay n i n g u n a f o r m a que n o haya sido pro-
ducida por el alma.
156 De la causa, el principio y el uno

DICSON — M e p a r e c e e s t a r o y e n d o a l g o m u y n u e v o . ¿Pretendéis
q u i z á q u e n o sólo l a f o r m a d e l u n i v e r s o , s i n o a b s o l u t a m e n t e t o d a s l a s
f o r m a s d ecosas n a t u r a l e s , son a l m a ?
TEÓFILO — S í .
DICSON — ¿ E s t á n , p o r t a n t o , a n i m a d a s t o d a s l a s c o s a s ?
TEÓFILO — S í .
DICSON — P e r o ¿ q u i é n o s v a a c o n c e d e r e s t o ?
TEÓFILO — ¿ Y q u i é n p o d r á r e c h a z a r l o c o n r a z ó n ?
DICSON — E s d e s e n t i d o c o m ú n q u e n o t o d a s l a s c o s a s v i v e n .
TEÓFILO — E l s e n t i d o m á s c o m ú n n o e s e l m á s v e r d a d e r o .
DICSON — E s t o y d i s p u e s t o a c r e e r q u e e s t o ú l t i m o s e p u e d e d e f e n -
d e r . P e r o e l q u e s e l a p u e d a d e f e n d e r n o bastará p a r a h a c e r verdadera
u n a c o s a , d a d o q u e s e n e c e s i t a q u e s e l a p u e d a también d e m o s t r a r .
TEÓFILO — E s o n o e s difícil. ¿ N o h a y filósofos q u e d i c e n q u e e l
m u n d o está a n i m a d o ?
DICSON — M u c h o s , e n v e r d a d , y l o s más i m p o r t a n t e s además.
TEÓFILO — E n t o n c e s , ¿ p o r q u é e l l o s m i s m o s n o dirán q u e t o d a s las
p a r t e s d e l m u n d o están a n i m a d a s ?
DICSON — L o d i c e n , s i n d u d a , p e r o d e las partes p r i n c i p a l e s y d e
aquellas que son verdaderas partes del m u n d o , dado que sostienen
q u e e l a l m a está t o d a e n t o d o e l m u n d o y t o d a e n c u a l q u i e r p a r t e d e l
m i s m o c o n n o m e n o s razón q u e e l a l m a d e l o s a n i m a l e s a n o s o t r o s
p e r c e p t i b l e s está t o d a e n t o d o e l a n i m a l .
TEÓFILO — E n t o n c e s , ¿cuáles pensáis v o s q u e n o s o n p a r t e s v e r d a -
deras del m u n d o ?
DICSON — L a s q u e n o s o n p r i m e r o s cuerpos, c o m o d i c e n los pe-
ripatéticos q u e s o n l a T i e r r a c o n l a s a g u a s y o t r a s p a r t e s , l a s c u a l e s
— c o m o v o s soléis d e c i r — c o n s t i t u y e n e l a n i m a l e n t e r o , l a L u n a , e l
S o l y o t r o s c u e r p o s . A d e m á s d e e s t o s a n i m a l e s p r i n c i p a l e s están a q u e -
llos otros q u e n o son p r i m e r a s partes del u n i v e r s o , d elos cuales unos
t i e n e n , según e l l o s , a l m a v e g e t a t i v a , o t r o s s e n s i t i v a , o t r o s i n t e l e c t i v a .
TEÓFILO — P e r o s i e l a l m a , p o r e l h e c h o d e e s t a r e n e l t o d o , está
t a m b i é n e n l a s p a r t e s , ¿ p o r q u é n o a d m i t í s q u e esté e n l a s p a r t e s d e
las partes?
DICSON — L o a d m i t o , p e r o e n las p a r t e s d e las p a r t e s d e las cosas
animadas.
TEÓFILO — P e r o ¿cuáles s o n e s a s c o s a s q u e n o están a n i m a d a s o n o
son p a r t e d ecosas a n i m a d a s ?
DICSON —¿Os parece q u e t e n e m o s pocas d e ellas a n t e los ojos?
T o d a s las cosas q u e c a r e c e n d e v i d a .
 Diálogo I I '57

TEÓFILO — ¿ Y cuáles s o n las cosas q u e n o t i e n e n v i d a , a l m e n o s

principio vital?
DICSON — E n c o n c l u s i ó n , ¿pretendéis q u e n o h a y c o s a q u e n o t e n -
ga a l m a y q u e n o tenga p r i n c i p i o vital?
TEÓFILO — E s o e s l o q u e p r e t e n d o e n ú l t i m a instancia.
POLIHIMNIO — ¿ E n t o n c e s u n c u e r p o m u e r t o t i e n e a l m a ? Así p u e s ,
m i s c a l o p o d i o s , m i s z a p a t i l l a s , m i s b o t a s , m i s e s p u e l a s , así c o m o m i
a n i l l o y m i s q u i r o t e c a s , ¿estarán a n i m a d a s t a m b i é n ? ¿ E s t á n a n i m a -
dos m i toga y m i palio?
GERVASIO — S í , sí señor, m a e s t r o P o l i h i m n i o , ¿por q u é n o ? Estoy
c o n v e n c i d o d e q u e t u t o g a y t u c a p a están m u y a n i m a d a s c u a n d o c o n -
t i e n e n u n a n i m a l c o m o tú e n s u i n t e r i o r ; l a s b o t a s y l a s e s p u e l a s están
a n i m a d a s c u a n d o c o n t i e n e n l o s p i e s ; e l c a b e l l o está a n i m a d o cuando
c o n t i e n e l a c a b e z a , l a c u a l n o c a r e c e d e a l m a . T a m b i é n e l e s t a b l o está
a n i m a d o c u a n d o c o n t i e n e a l c a b a l l o , l a muía o b i e n a V u e s t r a Señoría.
¿ N o e s así c o m o l o e n t e n d é i s , T e ó f i l o ? , ¿ n o o s p a r e c e q u e y o l o h e
c o m p r e n d i d o m e j o r q u e e l dominus magister?^
POLIHIMNIO — C u i u m pecus?* ¡Cómo q u e n o se v e n a s n o s sutiles
etiam atque etiam\ K
¿ T i e n e s tú l a o s a d í a , i g n o r a n t e , a b e c e d a r i o , d e
q u e r e r t e e q u i p a r a r a u n archididáscalo y r e c t o r d e e s t a b l e c i m i e n t o
minerval c o m o yo?
GERVASIO — P a x vobis, domine magister, servus servorum etscabellum
pedum tuorum. }6

POLIHIMNIO —Maledicat te deus in sécula seculorum. ¡7

DICSON — N o o s e n f a d é i s . D e j a d n o s r e s o l v e r e s t a s c o s a s a noso-
tros.
POLIHIMNIO —Prosequatur ergo sua dogmata Theophilus.^
TEÓFILO — A s í l o h a r é . A f i r m o , p u e s , q u e l a m e s a e n t a n t o que
m e s a n o está a n i m a d a , c o m o t a m p o c o e l v e s t i d o , n i e l c u e r o e n t a n t o
q u e c u e r o , n i e lv i d r i o c o m o v i d r i o , p e r o e n t a n t o q u e cosas n a t u r a l e s
y compuestas t i e n e n e n s u interior l am a t e r i a y l af o r m a . C u a l q u i e r
c o s a , s e a t o d o l o p e q u e ñ a y m í n i m a q u e s e q u i e r a , t i e n e e n sí p a r t e d e
sustancia e s p i r i t u a l , l a cual, si e n c u e n t r a e l sujeto dispuesto se des-

3 3
«señor maestro».
« ¿ A quién el rebaño?»
3 4

3 5
«muchas veces».
3 6
« L a paz sea con vosotros, señor maestro, siervo de los siervos y escabel de
tus pies.» Combinación sin sentido de diferentes pasajes bíblicos.
37 «Que Dios te maldiga por los siglos de los siglos.»
3 8
«Prosiga, pues, Teófilo con la exposición de sus opiniones.»
i 8
5
De la causa, el principio y el uno

p l i e g a a s e r p l a n t a , o a n i m a l , y r e c i b e m i e m b r o s d e c u a l q u i e r clase
de c u e r p o q u e p o r l ogeneral recibe e l n o m b r e d ea n i m a d o , p o r q u e

e l espíritu s e e n c u e n t r a e n t o d a s l a s c o s a s y n o h a y corpúsculo, p o r m í
n i m o q u e s e a , q u e n o c o n t e n g a e n s u i n t e r i o r u n a porción t a l q u e n o
lo a n i m e .
POLIHIMNIO — E r g o quidquid e s t , animal e s t . 3 9

TEÓFILO — N o t o d a s l a s c o s a s q u e t i e n e n a l m a reciben el nombre

de animadas.
DICSON — ¿ A l m e n o s , p u e s , t o d a s l a s c o s a s t i e n e n vida?
TEÓFILO — C o n c e d o q u e t o d a s l a s c o s a s t i e n e n e n sí a l m a , t i e n e n
v i d a , s e g ú n l a s u s t a n c i a y n o según e l a c t o y l a operación q u e l o s p e r i -
patéticos t o d o s p u e d e n c o n o c e r y c o n e l l o s q u i e n e s d e f i n e n l a v i d a y e l
a l m a según c r i t e r i o s d e m a s i a d o p o c o finos.
DICSON — M e descubrís u n p r o c e d i m i e n t o v e r o s í m i l , p o r e l c u a l
s e p o d r í a m a n t e n e r l a o p i n i ó n d e A n a x á g o r a s , e l c u a l pretendía q u e
t o d o está e n t o d o , y a q u e a l e s t a r e l espíritu o a l m a o f o r m a e n t o d a s
las cosas, d e t o d o se p u e d e p r o d u c i r t o d o .
TEÓFILO — N o d i g o v e r o s í m i l , s i n o v e r d a d e r o , p o r q u e e s e espíritu se
e n c u e n t r a e n t o d a s l a s c o s a s , l a s c u a l e s , a u n q u e n o s e a n a n i m a l e s , están
a n i m a d a s ; a u n q u e s u a n i m a l i d a d y s u v i d a n o sea p e r c e p t i b l e d e h e c h o ,
l o e s s i n e m b a r g o según e l p r i n c i p i o y c i e r t o a c t o p r i m e r o d e a n i -
m a l i d a d y v i d a . Y n o d i g o más p o r q u e q u i e r o d e j a r p a r a o t r o m o -
m e n t o las p r o p i e d a d e s d em u c h a s piedras y g e m a s , l a s cuales, rotas,
c o r t a d a s y c o n s u s t r o z o s d i s p u e s t o s s i n ningún o r d e n , p o s e e n c i e r t a
v i r t u d d e a l t e r a r e l espíritu y e n g e n d r a r n u e v o s a f e c t o s y p a s i o n e s e n
e l a l m a , n o t a n sólo e n e l c u e r p o . Y n o s o t r o s s a b e m o s q u e t a l e s e f e c t o s
n o p r o c e d e n n i p u e d e n p r o v e n i r d eu n a c u a l i d a d p u r a m e n t e m a t e r i a l ,
s i n o q u e s e r e m i t e n n e c e s a r i a m e n t e a u n p r i n c i p i o simbólico v i t a l y
a n i m a l . Además, l om i s m o o b s e r v a m o s c o n n u e s t r o s p r o p i o s o j o s e n
l a s r a m a s y raíces s e c a s , l a s c u a l e s a l p u r g a r y c o n g r e g a r l o s h u m o r e s ,
a l a l t e r a r l o s espíritus, p o n e n d e m a n i f i e s t o n e c e s a r i a m e n t e l a acción
d e l a v i d a . D e j o a u n l a d o q u e n o s i n r a z ó n l o s n i g r o m a n t e s confían
efectuar m u c h a s cosas p o r m e d i o d elos huesos d ed i f u n t o s y creen
q u e e s o s h u e s o s c o n s e r v a n s i n o e l a c t o v i t a l m i s m o , sí a l m e n o s a l g o
p a r e c i d o q u e les s i r v e p a r a r e a l i z a r h e c h o s e x t r a o r d i n a r i o s .O t r a s o c a -
s i o n e s m e permitirán c o n s i d e r a r c o n más d e t e n i m i e n t o l a m e n t e , e l
espíritu, e l a l m a , l a v i d a q u e p e n e t r a t o d o , está e n t o d o y m u e v e t o d a
l a m a t e r i a , l l e n a e l s e n o d e ésta y l a e x c e d e m á s q u e e s e x c e d i d a p o r

3 9
«Por tanto, todo lo que existe, es animal.»
 Diálogo II
159
c lla, dado que l asustancia espiritual n o puede ser superada por l a
m a t e r i a l , s i n o q u e más b i e n e s e l l a q u i e n l a c o n t i e n e .
DICSON — E s t o m e p a r e c e c o n f o r m e n o sólo c o n l a o p i n i ó n d e P i -
tágoras, c u y a d o c t r i n a r e c i t a e l p o e t a c u a n d o d i c e :

Principio caelum ac térras camposque liquentes,

lucentemque globum lunae Titaniaque astra
spiritus intus alit, totamque infusa per arctus
mens agitat molem, totoque se corpore miscet* 0

s i n o t a m b i é n c o n l o q u e señala e l teólogo, c u a n d o d i c e : «el espíritu

c o l m a y l l e n a l a T i e r r a , y e l q u e c o n t i e n e e l todo».'' Y o t r o , h a b l a n d o
1

quizá d e l c o m e r c i o d e l a f o r m a c o n l a m a t e r i a y c o n l a p o t e n c i a , d i c e
q u e es excedida por e lacto y p o r l a f o r m a .
TEÓFILO — E n c o n s e c u e n c i a , s i e l espíritu, e l a l m a , l a v i d a , s e
e n c u e n t r a e n todas l a scosas y l l e n a t o d a l am a t e r i a d e a c u e r d o con
d e t e r m i n a d o s grados, v i e n e c i e r t a m e n t e a sere l v e r d a d e r o acto y l a
v e r d a d e r a f o r m a d e t o d a s las cosas. Así p u e s , e l a l m a d e l m u n d o e s e l
p r i n c i p i o f o r m a l c o n s t i t u t i v o d e l u n i v e r s o y d e a q u e l l o q u e e n él s e c o n -
tiene. A f i r m o q u e , si l a v i d a se e n c u e n t r a e n todas las cosas, e l a l m a
v i e n e a ser f o r m a d et o d a s las cosas; p r e s i d e p o r d o q u i e r a l am a t e r i a y
e j e r c e e l d o m i n i o e n l o s c o m p u e s t o s , efectúa l a c o m p o s i c i ó n y c o n s i s -
t e n c i a d e las partes. Y p o r eso p a r e c e q u e l a p e r s i s t e n c i a n o c o n v i e n e
m e n o s a u n a tal f o r m a q u e a l am a t e r i a . E n t i e n d o q u e l af o r m a es
única p a r a t o d a s l a s c o s a s , p e r o q u e , s e g ú n l a s d i v e r s a s disposiciones
d e l a m a t e r i a y según l a c a p a c i d a d d e l o s p r i n c i p i o s m a t e r i a l e s a c t i v o s
y p a s i v o s , p r o d u c e d i v e r s a s c o n f i g u r a c i o n e s y p o n e e n acción d i v e r s a s
f a c u l t a d e s , m o s t r a n d o u n a s v e c e s a c t o d e v i d a s i n sensación, o t r a s v e -
c e s a c t o d e v i d a y sensación s i n i n t e l e c t o , o t r a s p a r e c e t e n e r t o d a s l a s
f a c u l t a d e s s u p r i m i d a s y r e p r i m i d a s sea p o r l a i n c a p a c i d a d o p o r o t r a
razón d e l a m a t e r i a . A s í , m u d a n d o e s t a f o r m a d e s e d e y d e condición,
es i m p o s i b l e q u e s e a n i q u i l e , p o r q u e l a s u s t a n c i a e s p i r i t u a l n o e s m e -
n o s s u b s i s t e n t e q u e l a m a t e r i a l . P o r c o n s i g u i e n t e , las f o r m a s e x t e r i o -
r e s s o n l a s únicas q u e s e c a m b i a n y s e a n i q u i l a n t a m b i é n , p o r q u e n o

Virgilio, Eneida, v i , 724-727: «Ante todo un espíritu interno sustenta cielo

4 0

y tierras, los líquidos llanos, el luminoso globo de la L u n a y los titánicos astros, y

la mente, infundida por todos los miembros, agita toda la mole y se mezcla con
todo el cuerpo» [la traducción es nuestra].
4
' Sab 1,7.
i6o De la causa, el principio y el uno

s o n cosas, s i n o q u e s o n d e las cosas; n o s o n sustancias, s i n o accidentes

y c i r c u n s t a n c i a s d e las sustancias.
POLIHIMNIO — N o n entia, sedentium.* 1

DICSON — C i e r t a m e n t e , s i d e l a s s u s t a n c i a s se aniquilase algo, el

m u n d o s e vaciaría.
TEÓFILO — P o r tanto, tenemos u n p r i n c i p i o intrínseco f o r m a l
eterno y subsistente, incomparablemente m e j o r q u e e l q u ese h a n
i m a g i n a d o l o s s o f i s t a s , q u e t r a t a n únicamente d e l o s a c c i d e n t e s , ig.
n o r a n t e s d e l a s u s t a n c i a d e las cosas, y q u e a f i r m a n q u e las sustancias
son corruptibles, p o r q u e l l a m a n sustancia, principal, p r i m e r a y fun-
d a m e n t a l m e n t e a l o q u e r e s u l t a d e l a c o m p o s i c i ó n , l o c u a l n o e s más
q u e u n a c c i d e n t e q u e n o c o n t i e n e e n sí n i n g u n a e s t a b i l i d a d y v e r d a d
y seresuelve e nnada. D i c e n que h o m b r e esverdaderamente l o que
r e s u l t a d e l a composición, q u e a l m a e s v e r d a d e r a m e n t e l o q u e e s p e r -
fección y a c t o d e c u e r p o v i v i e n t e o b i e n a l g o q u e r e s u l t a d e u n a c i e r t a
simetría d e c o m p l e x i ó n y m i e m b r o s , p o r l o q u e n o s o r p r e n d e s i d a n
t a n t a i m p o r t a n c i a y t i e n e n t a n t o m i e d o a n t e l a m u e r t e y disolución,
c o m o a q u e l l o s a q u i e n e s e s i n m i n e n t e l a r u i n a d e l ser. L a n a t u r a l e z a
g r i t a e n a l t a v o z c o n t r a e s a l o c u r a , asegurándonos q u e n i l o s cuerpos
ni e la l m a deben temer a lamuerte, porque tanto lamateria c o m o la
f o r m a s o n p r i n c i p i o s constantísimos:

Ogenus attonitum gelidae formidine mortis,

quid styga, quid tenebras, et nomina vana timetis,
materiam vatum falsique pericula mundi?
Corpora sive rogusflammaseu tabe vetustas
abstulerit, mala possepati non ulla putetis:
morte carent animae domibus habitantque receptae.
Omnia mutantur, nihil interit.* 3

DICSON — M e p a r e c e q u e e l sapientísimo S a l o m ó n , c e l e b r a d o e n t r e l o s
h e b r e o s , d i c e a l g o c o n f o r m e a e s t o : «Quid est q u o d e s t ? i p s u m quod

« N o entes, sino de los entes.»

4 2

Ovidio, Metamorfosis, xv, 153-159, 165: «Raza aturdida por el pánico a la

4 3

fría muerte, ¿por qué teméis la Estige, por qué las tinieblas y unos nombres vacíos,
materia de poesía y amenazas de un mundo imaginario? L o s cuerpos, creedlo,
háyalos destruido con sus llamas la pira o la vejez con sus achaques, no pueden
sufrir ningún mal. L a s almas son inmortales, y siempre, tras abandonar su sede
anterior, son acogidas en nuevas moradas, donde viven y habitan. T o d o se trans-
forma, nada perece» [trad. de A . Ramírez de Verger y F . Navarro Antolín].
 Diálogo I I 6

f u i t . . Q u i d e s t q u o d f u i t ? I p s u m q u o d e s t . N i h i l s u b solé n o v u m » . 4 4

Así p u e s , ¿esta f o r m a q u e v o s afirmáis n o e x i s t e e n l a m a t e r i a y n o

está p e g a d a a e l l a según e l s e r , n o d e p e n d e d e l c u e r p o y d e l a m a t e r i a
para subsistir?
TEÓFILO — A s í e s . A d e m á s , a ú n n o z a n j o l a cuestión d e s i t o d a l a
f o r m a está a c o m p a ñ a d a d e l a m a t e r i a , m i e n t r a s q u e a f i r m o y a c o n
t o d a r o t u n d i d a d d e l a m a t e r i a q u e n o h a y p a r t e d e e l l a q u e esté c o m -
p l e t a m e n t e d e s p r o v i s t a d e l a f o r m a , a m e n o s q u e s e l a e n t i e n d a lógi-
c a m e n t e , c o m o o c u r r e e n Aristóteles, e l c u a l j a m á s s e c a n s a d e d i v i d i r
c o n l a razón l o q u e e s i n d i v i s o según l a n a t u r a l e z a y l a v e r d a d .
DICSON — ¿ N o aceptáis q u e h a y a o t r a f o r m a q u e e s t a e t e r n a c o m -
pañera d e l a m a t e r i a ?
TEÓFILO — E i n c l u s o más n a t u r a l aún: l a f o r m a m a t e r i a l d e q u e
v a m o s a t r a t a r a continuación. D e m o m e n t o n o t a d l a s i g u i e n t e d i s -
tinción: h a y e n p r i m e r l u g a r u n a c l a s e d e f o r m a , l a c u a l i n f o r m a , s e
e x t i e n d e y e s d e p e n d i e n t e ; p u e s t o q u e i n f o r m a e l t o d o e s t a f o r m a está
e n t o d o y p u e s t o q u e s e e x t i e n d e , c o m u n i c a l a perfección d e l t o d o a l a s
p a r t e s ; y p u e s t o q u e e s d e p e n d i e n t e y n o o p e r a p o r sí m i s m a , v i e n e a
c o m u n i c a r a l a s p a r t e s l a operación d e l t o d o , a l m i s m o t i e m p o q u e e l
n o m b r e y e l ser: se t r a t a d e l a f o r m a m a t e r i a l , c o m o l a d e l f u e g o por
e j e m p l o , y aq u e c u a l q u i e r p a r t e d e l f u e g o c a l i e n t a , se l l a m a f u e g o y es
fuego. E ns e g u n d o lugar, existe o t r a clase d ef o r m a , l a c u a l i n f o r m a
y es d e p e n d i e n t e , p e r o n oes extensa; y esta f o r m a , p u e s t o q u e hace
p e r f e c t o y l l e v a a l a c t o e l t o d o , está e n e l t o d o y e n c a d a u n a d e s u s
partes; puesto q u e n oesextensa, sucede q u e n o atribuye a las partes
el a c t o d e l t o d o ; p u e s t o q u e e s d e p e n d i e n t e , c o m u n i c a a l a s p a r t e s l a
operación d e l t o d o : s e t r a t a d e l a l m a v e g e t a t i v a y s e n s i t i v a , p u e s t o q u e
n i n g u n a parte d e la n i m a l es a n i m a l y n oobstante cada u n a d e ellas
v i v e y siente. E ntercer lugar, existe o t r a clase d ef o r m a , l a cual lleva a l
acto y hace perfecto el t o d o , p e r o n o esextensa n i es d e p e n d i e n t e e n s u
o p e r a c i ó n . E s t a a l m a , p u e s t o q u e l l e v a a l a c t o y h a c e p e r f e c t o , está e n
el t o d o , t a n t o e n e l t o d o c o m o e n c a d a u n a d e sus p a r t e s ; p u e s t o q u e n o
e s e x t e n s a , n o a t r i b u y e a l a s p a r t e s l a perfección d e l t o d o y p u e s t o q u e n o e s
d e p e n d i e n t e , t a m p o c o l e s c o m u n i c a l a operación. S e t r a t a d e l a l m a e n
la m e d i d a e n q u e p u e d e ejercer l a p o t e n c i a i n t e l e c t i v a y sel e l l a m a i n -
telectiva, l acual hace q u e n i n g u n a parte del h o m b r e sep u e d a l l a m a r
h o m b r e , seah o m b r e y p u e d a decirse q u e intelige. D eestas tres espe-

Ece i , 9-10: «¿Qué es lo que es? L o mismo que fue. ¿Qué es lo que fue? L o
4 4

mismo que es. Nada nuevo bajo el Sol».

 62 De la causa, el principio y el uno

cies, l a p r i m e r a esm a t e r i a l y n o sel a p u e d e concebir n i p u e d e existir

s i n m a t e r i a ; l a s o t r a s d o s e s p e c i e s ( q u e e n última i n s t a n c i a concurren
e n u n a s o l a c o s a según l a s u s t a n c i a y e l s e r , distinguiéndose según e l
m o d o q u e h e m o s d i c h o a n t e r i o r m e n t e ) designan ese p r i n c i p i o f o r m a l
q u e es d i s t i n t o del p r i n c i p i o m a t e r i a l .
DICSON — E n t i e n d o .
TEÓFILO — A d e m á s , q u i e r o q u e se advierta q u e si bien decimos
h a b l a n d o según e l m o d o v u l g a r , q u e h a y c i n c o g r a d o s e n l a s f o r m a s , a
s a b e r , « e l e m e n t a l » , « m i x t o » , « v e g e t a l » , «sensitivo» e «intelectivo», n o
lo e n t e n d e m o s sin e m b a r g o d eacuerdo con e lsignificado vulgar, por-
q u e e s a distinción e s v á l i d a s e g ú n l a s o p e r a c i o n e s que se manifiestan
e n l o s d i f e r e n t e s i n d i v i d u o s y s o n r e a l i z a d a s p o r e l l o s , n o según l a r a -
zón d e l s e r p r i m a r i o y f u n d a m e n t a l d e d i c h a f o r m a y v i d a e s p i r i t u a l ,
l a c u a l , u n a e idéntica, l l e n a e l t o d o , s i b i e n n o d e u n m i s m o modo.
DICSON — E n t i e n d o . D e m a n e r a q u e e s t a f o r m a q u e v o s ponéis
c o m o p r i n c i p i o es f o r m a subsistente, constituye u n a especie perfecta,
es s u p r o p i o género y n o e s p a r t e d e e s p e c i e , c o m o l a f o r m a peripa-
tética.
TEÓFILO — A s í e s .
DICSON — L a distinción d e las f o r m a s e n l a m a t e r i a n o se pro-
d u c e según l a s d i s p o s i c i o n e s accidentales que dependen de la forma
material.
TEÓFILO — C i e r t o .
DICSON — S e g ú n e s o también e s t a f o r m a s e p a r a d a n o v i e n e a m u l -
t i p l i c a r s e s e g ú n e l n ú m e r o , y a q u e t o d a multiplicación n u m é r i c a d e -
pende d ela materia.
TEÓFILO — S í .
DICSON — A d e m á s , i n v a r i a b l e e n sí m i s m a , v a r i a b l e después p o r
los i n d i v i d u o s y l a d i v e r s i d a d d ematerias, tal forma, aunque haga
diferir e ne li n d i v i d u o l a parte del todo, n o difiere, sin embargo, ella
m i s m a e n l aparte y e n e ltodo. S i n e m b a r g o , c o m o subsistente p o r
sí m i s m a , l e c o n v i e n e u n a definición, o t r a d i s t i n t a e n c u a n t o q u e e s
a c t o y perfección d e a l g ú n i n d i v i d u o y finalmente o t r a a propósito d e
u n i n d i v i d u o con disposiciones d e u n cierto tipo y otra para e lque las
tiene d eotro tipo.
TEÓFILO — A s í es exactamente.
DICSON — E s t a f o r m a n o l a concebís c o m o a c c i d e n t a l n i c o m o s e -
m e j a n t e a l aaccidental, n i c o m o m e z c l a d a a l am a t e r i a , n i c o m o i n h e -
rente a ella, sino c o m o existente e nella, asociada y asistente.
TEÓFILO — A s í digo.
 Diálogo I I
1É1
DICSON — A d e m á s , e s t a f o r m a está d e f i n i d a y d e t e r m i n a d a p o r l a
m a t e r i a , p u e s t o q u e , t e n i e n d o e n sí m i s m a l a c a p a c i d a d d e c o n s t i t u i r
i n d i v i d u o s p a r t i c u l a r e s d e especies i n n u m e r a b l e s , se c o n t r a e a c o n s -
tituir u n i n d i v i d u o concreto. P o r l aotra parte, l apotencia i n d e t e r m i -
nada d e l a m a t e r i a , q u e puede recibir c u a l q u i e r clase d e f o r m a , viene
a l i m i t a r s e a u n a especie concreta, d em a n e r a q u e l au n a es causa d e l a
definición y d e t e r m i n a c i ó n d e l a o t r a .
TEÓFILO — M u y bien.
DICSON — P o r t a n t o , ¿en c i e r t o s e n t i d o aprobáis l a o p i n i ó n d e
A n a x á g o r a s , q u e l l a m a a l a s f o r m a s p a r t i c u l a r e s d e l a n a t u r a l e z a «la-
tentes», e n c i e r t o s e n t i d o l a d e P l a t ó n , e l c u a l l a s d e d u c e d e l a s ideas,
e n c i e r t o m o d o l a d e Empédocles, q u e las h a c e p r o v e n i r d e l a i n t e l i -
g e n c i a , e n c i e r t o m o d o l a d e Aristóteles, q u e l a s h a c e , p o r d e c i r l o así,
salir d e l a potencia d e l a m a t e r i a ?
TEÓFILO — S í , p o r q u e i g u a l q u e h e m o s d i c h o q u e d o n d e está l a
f o r m a está e n c i e r t o m o d o t o d o , d o n d e está e l a l m a , e l espíritu, l a v i d a ,
está t o d o . E l f o r m a d o r e s e l i n t e l e c t o p o r m e d i o d e l a s e s p e c i e s i d e a -
les; y las f o r m a s , e n e l c a s o d e q u e n o las suscite d e l a m a t e r i a , n o las
v a m e n d i g a n d o s i n e m b a r g o f u e r a d e e l l a , y a q u e e s t e espíritu l l e n a
el t o d o .
POLIHIMNIO — V e l i m scire quomodo forma est anima mundi ubique
tota,** s i e l l a e s i n d i v i s a . S e r á p r e c i s o , p u e s , s e a m u y g r a n d e , i n c l u s o d e
dimensión i n f i n i t a , s i d i c e s q u e e l m u n d o e s i n f i n i t o .
GERVASIO — E s s i n d u d a u n a razón d e q u e s e a g r a n d e . I g u a l q u e d e
n u e s t r o Señor d i j o u n p r e d i c a d o r e n G r a n d a z z o , S i c i l i a , d o n d e para
i n d i c a r q u e aquél está p r e s e n t e e n t o d o e l m u n d o e n c a r g ó u n c r u c i f i j o
tan g r a n d e c o m o la iglesia, a s e m e j a n z a d eD i o s padre, el cual tiene e l
c i e l o empíreo p o r b a l d a q u i n o , e l c i e l o e s t r e l l a d o c o m o a s i e n t o y t i e n e
las p i e r n a s t a n l a r g a s q u e l e l l e g a n h a s t a l a t i e r r a , q u e l e s i r v e d e e s -
c a b e l . U n c i e r t o c a m p e s i n o v i n o y l e preguntó, d i c i e n d o : «Padre mío
r e v e r e n d o , ¿cuántas v a r a s d e l a n a s e necesitarán p a r a h a c e r l e l a s c a l -
z a s ? » ; y o t r o d i j o q u e t o d o s l o s g a r b a n z o s , judías y h a b a s d e M e l a z z o
y d e N i c o s i a n o serían s u f i c i e n t e s p a r a l l e n a r l e l a p a n z a . M i r a d , p u e s ,
q u e e s t a a l m a d e l m u n d o n o esté h e c h a t a m b i é n d e e s t a guisa.
TEÓFILO — Y o n o sabría r e s p o n d e r a t u d u d a , G e r v a s i o , p e r o sí
a l a d e l m a e s t r o P o l i h i m n i o . S i n e m b a r g o , utilizaré u n símil p a r a dar
satisfacción a l a p r e g u n t a d e a m b o s , p o r q u e q u i e r o q u e t a m b i é n v o -

«Quisiera saber cómo la forma es alma del mundo presente toda ella en
4 5

todas partes.»
:6 4
De la causa, el principio y el uno

s o t r o s d o s saquéis u n f r u t o d e n u e s t r o s r a z o n a m i e n t o s y c o n v e r s a c i o
n e s . Debéis, p u e s , s a b e r — d i c h o s e a b r e v e m e n t e — q u e e l a l m a del
m u n d o , y l a d i v i n i d a d , n o están p r e s e n t e s e n t e r a s a través d e l t o d o y
en cada parte del todo del m i s m o m o d o en que pueda estarlo alguna
cosa m a t e r i a l , y a q u e e s o es i m p o s i b l e a cualquier c u e r p o y a cual-
q u i e r espíritu; s i n o d e u n m o d o q u e n o e s fácil d e e x p l i c a r o s , excepto
d e l a s i g u i e n t e m a n e r a : debéis a d v e r t i r q u e s i s e d i c e q u e e l a l m a d e l
m u n d o y f o r m a u n i v e r s a l están a través d e l t o d o , e s o n o s e e n t i e n d e
c o m o u n a presencia c o r p o r a l y d i m e n s i o n a l , p o r q u e n o s o n tales y n o
p u e d e n e s t a r e n p a r t e a l g u n a d e t a l m a n e r a , s i n o q u e están e n t e r a s
a través d e l t o d o e s p i r i t u a l m e n t e , t a l c o m o ( p o r d a r u n e j e m p l o , a u n -
q u e r u d o ) podríais i m a g i n a r o s u n a v o z q u e está t o d a e n t e r a e n t o d a
u n a estancia y e n c a d a u n a d e sus partes, p o r q u e se o y e t o d a e n t e r a en
cada u n a d e sus partes; d e l m i s m o m o d o , estas palabras q u e y o digo
s o n oídas t o d a s p o r t o d o s , a u n q u e f u e r a n m i l l o s p r e s e n t e s y si m i
v o z s e p u d i e r a e x t e n d e r a t o d o e l m u n d o , estaría t o d a e n t e r a a través
d e l t o d o . P o r t a n t o , a v o s , m a e s t r o P o l i h i m n i o , o s d i g o q u e el a l m a es
i n d i v i s a , n o a l am a n e r a del p u n t o , s i n o de u n m o d o parecido a la voz.
Y a t i , G e r v a s i o , t e r e s p o n d o q u e l a d i v i n i d a d n o está a través d e l t o d o
a l a m a n e r a c o m o e l D i o s d e G r a n d a z z o está e n t o d a s u c a p i l l a , y a q u e
a q u é l , a u n q u e esté e n t o d a l a i g l e s i a , n o está s i n e m b a r g o t o d o e n t e r o
e n t o d a e l l a , s i n o q u e t i e n e la c a b e z a e n u n a p a r t e , los pies e n o t r a , los
b r a z o s y e l b u s t o e n p a r t e s d i f e r e n t e s . E n c a m b i o , l a d i v i n i d a d está
t o d a e n t e r a e n c a d a u n a d e l a s p a r t e s , i g u a l q u e m i v o z e s oída t o d a
e n t e r a d e s d e t o d a s las p a r t e s d e esta sala.
POLIHIMNIO —Percepi optime.* 6

GERVASIO — Y o t a m b i é n h e c o m p r e n d i d o v u e s t r a v o z .
DICSON — E s t o y s e g u r o d e q u e l a v o z sí, p e r o e n c u a n t o a su signi-
ficado p i e n s o q u e o s [ h a ] e n t r a d o p o r u n oído y s a l i d o p o r e l o t r o .
GERVASIO — Y o pienso q u e n i siquiera h a e n t r a d o , p o r q u e es tarde
y e l r e l o j q u e t e n g o e n e l estómago h a t o c a d o l a h o r a d e c e n a r .
POLIHIMNIO — H o c est, idest t i e n e e l c e r e b r o in patinis.v
DICSON — B a s t a , p u e s . N o s r e u n i r e m o s m a ñ a n a p a r a r a z o n a r qui-
zás a c e r c a d e l p r i n c i p i o m a t e r i a l .
TEÓFILO — O s e s p e r a r é a q u í o b i e n m e esperaréis a m í .

COPIA CON FINES

< 6
« L o he percibido perfectamente.» EDUCATIVOS
4 7
«Esto es, es decir, tiene el cerebro en las ollas.» C D A
 DIÁLOGO TERCERO

GERVASIO — E s y a l a h o r a y éstos n o h a n v e n i d o . C o m o n o t e n g o o t r a
c o s a e n q u e p e n s a r , v o y a d i v e r t i r m e oyéndolos r a z o n a r ; además d e
que p u e d o aprender d e ellos alguna buena jugada e n e l ajedrez fi-
losófico, s i e m p r e t e n g o u n g r a t o p a s a t i e m p o e n e s o s g r i l l o s q u e b a i -
l a n e n e l c e r e b r o heteróclito d e l p e d a n t e P o l i h i m n i o , q u e m i e n t r a s
d i c e q u e r e r j u z g a r quién h a b l a b i e n , quién d i s c u r r e m e j o r , quién
c o m e t e i n c o n g r u e n c i a s y e r r o r e s e n filosofía, c u a n d o l e l l e g a s u t u r -
n o d e h a b l a r y c o m o n o s a b e qué d e c i r , t e s a c a d e l a m a n g a d e s u
h u e c a p e d a n t e r í a u n a e n s a l a d i l l a d e p r o v e r b i l l o s , d e f r a s e s e n latín y
e n g r i e g o , q u e n u n c a v i e n e n a c u e n t o d e l o q u e d i c e n l o s demás; d e
m a n e r a que n o hay ciego que n o pueda ver sin demasiada dificultad
h a s t a q u é p u n t o él e s u n l o c o l a t i n i p a r l o y l o s d e m á s r e s u l t a n s a b i o s
c o n s u l e n g u a v u l g a r . P e r o c r e o q u e ahí está; c a m i n a q u e p a r e c e q u e
a l e c h a r l o s p i e s s e p a t a m b i é n c a m i n a r e n latín. — B i e n v e n i d o s e a e l
dominus magister.**
POLIHIMNIO — E s e magister n o m e p l a c e , y a q u e e n e s t a época
n u e s t r a a l e j a d a d e l a r e c t a n o r m a y d e l a vía j u s t a y a n o e s a t r i b u i d o
tanto a m i s iguales c o m o a cualquier barbero, artesano d epoca m o n t a
y c a s t r a d o r d e c e r d o s . P o r e s o s e n o s r e c o m i e n d a a q u e l l o d e «Nolite
v o c a r i Rabi». 4 9

GERVASIO — ¿ C ó m o queréis, p u e s , q u e o s l l a m e ? ¿Os g u s t a e l «re-

verendísimo»?
POLIHIMNIO — I l l u d est praesbiteriale et clericum.* 0

GERVASIO — ¿ E l « i l u s t r í s i m o » o s s a t i s f a c e ?

4 8
«señor maestro».
« N o os hagáis llamar "rabbi"» (Mt 23, 8).
5 0
«Eso es presbiteral y clerical.»

165
i66 De la causa, el principio y el uno

POLIHIMNIO—Cedant arma togae.*' E s e título r e s u l t a m á s a p r o p i a -

d o p a r a l o s c a b a l l e r o s , así c o m o p a r a l o s m a g i s t r a d o s .
GERVASIO — ¿ Y e l d e «Cesárea Majestad», e h ?
P O L I H I M N I O — Q u a e Caesaris, Caesari.* 1

GERVASIO — Q u e d a o s , p u e s , c o n e l «domine», p o r f a v o r ; a d o p t a d
e l « a l t i t o n a n t e » , e l divum patera P a s e m o s a l o n u e s t r o : ¿por q u é o s
retrasáis t o d o s t a n t o ?
POLI HIMNIO — S u p o n g o q u e l o s d e m á s estarán t a n e n f r a s c a d o s en
a l g ú n o t r o a s u n t o c o m o y o , q u e p a r a n o d e j a r e l d í a d e h o y s i n línea
m e h e d e d i c a d o a l a c o n t e m p l a c i ó n d e l a figura d e l g l o b o , v u l g a r m e n -
te l l a m a d o el m a p a m u n d i .
GERVASIO — ¿ Q u é tenéis q u e h a c e r c o n e l m a p a m u n d i ?
POLIHIMNIO — C o n t e m p l o l a s p a r t e s d e l a T i e r r a , l o s c l i m a s , l a s
p r o v i n c i a s y r e g i o n e s , t o d a s las cuales h e r e c o r r i d o m e n t a l m e n t e c o n
l a razón y m u c h a s además c o n m i s p r o p i o s p i e s .
GERVASIO — Q u i s i e r a que discurrieras u n poco d e n t r o de ti m i s m o ,
p o r q u e m e p a r e c e q u e e s t o es l o q u e más t e i m p o r t a y s i n e m b a r g o es
de lo que menos te preocupas.
POLIHIMNIO — A b s i t verbo invidia,™ p u e s d e e s t a m a n e r a v e n g o a
c o n o c e r m e a mí m i s m o m u c h o m e j o r .
GERVASIO — ¿ Y c ó m o m e c o n v e n c e r á s d e e s o ?
POLIHIMNIO — P o r q u e a p a r t i r d e l a c o n t e m p l a c i ó n del mega-
c o s m o s s e p u e d e l l e g a r m á s fácilmente (necessaria deductione facía a
similip* a l c o n o c i m i e n t o d e l m i c r o c o s m o s , c u y a s p a r t e s p e q u e ñ a s s e
c o r r e s p o n d e n c o n l a s p a r t e s d e aquél.
GERVASIO — ¿ A s í q u e h a l l a r e m o s d e n t r o de vos la L u n a , M e r c u r i o
y l o s demás a s t r o s , F r a n c i a , España, I n g l a t e r r a , C a l i c u t y l o s demás
países?
POLIHIMNIO — Q u i d ni? Per quamdam analogiam.* 6

GERVASIO — P e r quamdam analogiam c r e o y o q u e s o i s u n gran mo-

n a r c a , p e r o s i f u e r a i s u n a m u j e r o s p r e g u n t a r í a s i tenéis s i t i o p a r a a l o -
jar a u n m u c h a c h i t o o p a r a m e t e r o s e n c o n s e r v a u n a d e esas plantas
d e q u e h a b l a b a Diógenes.

5 1
«Retírense las armas ante la toga.»
5 2
« A l César lo que es del César.»
5 3
«Padre de los dioses.»
** «Hay que ser imparcial.»
5 5
«por deducción necesaria a partir de lo semejante».
5 6
«¿Por qué no? Sí, por alguna analogía.»
 Diálogo III 167

POLIHIMNIO — ¡ J a , j a ! , quodammodofaceten P e r o esa p r e g u n t a n o

es p r o p i a d e u n s a b i o y e r u d i t o .
GERVASIO — S i y o f u e r a u n e r u d i t o y m e c r e y e r a s a b i o , n o vendría
aquí a a p r e n d e r j u n t o c o n v o s .
POLIHIMNIO — V o s sí, p e r o y o n o v e n g o a a p r e n d e r , p o r q u e meum
est docere; mea quoque interest eos qui docere volunt iudicare.^ P o r e s o ,
v e n g o c o n o t r o fin d i s t i n t o a l q u e d e b e t r a e r o s a v o s , a q u i e n c o n v i e n e
s e r n o v i c i o , isagógico y d i s c í p u l o .
GERVASIO — ¿ C o n q u é fin?
POLIHIMNIO — C o n e l fin d e j u z g a r , d i g o .
GERVASIO — V e r d a d e r a m e n t e , a v u e s t r o s semejantes más q u e a
ningún o t r o c o r r e s p o n d e e l e m i t i r j u i c i o s o b r e l a s c i e n c i a s y l a s d o c -
t r i n a s , p o r q u e s o i s l o s únicos a q u i e n e s l a l i b e r a l i d a d d e l a s e s t r e l l a s
y l am u n i f i c e n c i a del destino h a concedido el p o d e r d eextraer el j u g o
de las p a l a b r a s .
POLIHIMNIO — Y p o r c o n s i g u i e n t e también d e l o s p e n s a m i e n t o s ,
q u e están u n i d o s a l a s palabras...
GERVASIO — C o m o a l c u e r p o e l a l m a .
POLIHIMNIO — L a s c u a l e s p a l a b r a s , s i s e h a n comprendido bien,
p e r m i t e n c o n s i d e r a r b i e n además e l p e n s a m i e n t o . P o r e s o , d e l c o n o -
c i m i e n t o d e l a s l e n g u a s ( e n l a s c u a l e s y o e s t o y más e j e r c i t a d o q u e n i n -
gún o t r o e n e s t a c i u d a d y n o m e e s t i m o m e n o s d o c t o q u e cualquier
otro que tenga abierto u n establecimiento minerval) procede el cono-
cimiento d etoda ciencia.
GERVASIO — E n t o n c e s , ¿todos l o s q u e e n t i e n d e n l a l e n g u a i t a l i a n a
c o m p r e n d e r á n l a filosofía d e l N o l a n o ?
POLIHIMNIO — S í , p e r o s e n e c e s i t a además a l g u n a e x p e r i e n c i a y
juicio.
GERVASIO — T i e m p o atrás y o p e n s a b a q u e l o m á s i m p o r t a n t e e r a
esa e x p e r i e n c i a , p o r q u e a l g u i e n q u e n o s e p a g r i e g o p u e d e entender
t o d o e l p e n s a m i e n t o d e Aristóteles y d a r s e c u e n t a d e q u e c o n t i e n e m u -
c h o s e r r o r e s . A s í v e m o s c l a r a m e n t e h o y q u e e s a idolatría q u e existía e n
t o r n o a l a a u t o r i d a d d e e s e filósofo ( s o b r e t o d o e n l o q u e s e r e f i e r e a l a s
c o s a s n a t u r a l e s ) está c o m p l e t a m e n t e a b o l i d a e n t r e t o d o s l o s q u e c o m -
p r e n d e n las c o n c e p c i o n e s q u e a p o r t a esta o t r a secta; y u n o q u e n o sabe
n i g r i e g o , n i árabe y q u i z á t a m p o c o latín, c o m o e s e l c a s o d e P a r a c e l s o ,

5 7
«bien dicho».
5 8
«lo mío es enseñar, a mí corresponde también juzgar a los que quieren en-
señar».
 68 De la causa, el principio y el uno

p u e d e h a b e r c o n o c i d o la n a t u r a l e z a d e los m e d i c a m e n t o s y la m e d i c i n a
m e j o r q u e G a l e n o , A v i c e n a y t o d o s l o s q u e s e h a c e n oír c o n l a l e n g u a
l a t i n a . L a s filosofías y l a s l e y e s n o s e p i e r d e n p o r f a l t a d e intérpretes d e
las p a l a b r a s , s i n o d e a q u e l l o s q u e p r o f u n d i z a n e n los p e n s a m i e n t o s .
POLIHIMNIO — A s í p u e s , c u e n t a s a u n h o m b r e c o m o y o e n e l nú-
m e r o d e lanecia m u l t i t u d .
GERVASIO — N o l o q u i e r a n l o s d i o s e s , p o r q u e sé q u e c o n e l c o n o -
c i m i e n t o y estudio d e laslenguas (lo cual escosa rara y singular) n o
sólo v o s , s i n o t o d o s v u e s t r o s s e m e j a n t e s s o i s capacísimos a l a h o r a d e
e m i t i r j u i c i o s o b r e l a s d o c t r i n a s , después d e h a b e r c r i b a d o l o s p e n s a -
m i e n t o s d eaquellos q u e salen a l a palestra.
POLIHIMNIO — P u e s t o q u e decís l a v e r d a d , p u e d o c r e e r fácilmente
q u e n o l o decís s i n a l g u n a r a z ó n . P o r t a n t o , i g u a l q u e n o o s e s difícil,
t a m p o c o o s será m o l e s t o a p o r t a r l a .
GERVASIO — L a diré (remitiéndome, s i n e m b a r g o , s i e m p r e a l a
censura d evuestra prudencia y cultura): dice u n proverbio vulgar que
l o s q u e están f u e r a d e l j u e g o s a b e n m á s d e él q u e l o s q u e están d e n -
t r o . A s í , l o s q u e a s i s t e n a u n espectáculo p u e d e n j u z g a r m e j o r d e l o s
d i f e r e n t e s a c t o s q u e l o s p e r s o n a j e s q u e están e n e s c e n a y d e l a música
p u e d e e m i t i r más f u n d a d a opinión e l q u e n o f o r m a p a r t e d e l c o r o
o d e l a o r q u e s t a ; a l g o p a r e c i d o o c u r r e e ne l j u e g o d e las cartas, e n e l
a j e d r e z , l a e s g r i m a y o t r o s p o r e l e s t i l o . D e l m i s m o m o d o v o s o t r o s , se-
ñores p e d a n t e s , p o r e s t a r e x c l u i d o s y a l m a r g e n d e t o d o a c t o d e c i e n c i a
y d e filosofía y p o r n o t e n e r n i h a b e r t e n i d o n u n c a relación a l g u n a c o n
Aristóteles, P l a t ó n y o t r o s p a r e c i d o s , podéis j u z g a r l o s y condenar
c o n v u e s t r a s u f i c i e n c i a g r a m a t i c a l y l a presunción n a t u r a l v u e s t r a m e -
j o r q u e e l N o l a n o , e l c u a l s e h a l l a e n e l m i s m o t e a t r o y t i e n e l a máxi-
m a f a m i l i a r i d a d e i n t i m i d a d c o n ellos, d e suerte q u e los c o m b a t e des-
pués d e h a b e r c o n o c i d o s u s p e n s a m i e n t o s m á s íntimos y p r o f u n d o s .
V o s o t r o s , d i g o , p o r q u e estáis a l m a r g e n d e t o d a profesión d e g e n t e
h o n e s t a y d e i n g e n i o s e x c e l e n t e s , s o i s q u i e n e s m e j o r l o s podéis j u z g a r .
POLIHIMNIO — N o sabría r e s p o n d e r así d e r e p e n t e a e s t e d e s v e r -
g o n z a d o . Vox faucibus haesit.* 9

GERVASIO — P o r eso s o n t a n p r e s u n t u o s o s vuestros semejantes, a

d i f e r e n c i a d e a q u e l l o s o t r o s q u e están m e t i d o s e n e l a s u n t o . P o r t a n t o ,
o s a s e g u r o q u e c o n t o d o m e r e c i m i e n t o o s arrogáis e l o f i c i o d e a p r o b a r
e s t o , r e p r o b a r e s o , g l o s a r a q u e l l o ; h a c e r aquí u n a c o n c o r d i a y c o l a -
ción, allá u n a p é n d i c e .

«La voz se me ha atravesado en la garganta.»

 Diálogo III 169

POLIHIMNIO — E s t e ignorantísimo d e l h e c h o d e q u e s o y p e r i t o e n
humanidades, esto es, e n lenguas clásicas, p r e t e n d e i n f e r i r q u e s o y
ignorante en filosofía.
GERVASIO — D o c t í s i m o señor P o l i h i m n i o , l o q u e y o q u i e r o d e c i r e s
q u e a u n q u e d o m i n a r a i s todas las l e n g u a s , q u e s o n ( c o m o d i c e n nues-
tros predicadores) setenta y dos...
POLIHIMNIO — C u m dimidia.'*'
GERVASIO —... d e e s o n o s o l a m e n t e n o s e s i g u e q u e seáis a p t o para
e m i t i r j u i c i o a c e r c a d e filósofos, s i n o q u e , a d e m á s , n o p o d r í a i s e v i t a r
ser e l a n i m a l más b r u t o q u e v i v a b a j o u n a a p a r i e n c i a humana. In-
cluso n ohay q u i e n i m p i d a q u e u n o q u e apenas d o m i n a u n a d e las
l e n g u a s , i n c l u s o b a s t a r d a , sea e l más s a b i o y d o c t o d e t o d o e l m u n d o .
Considerad p o r u n m o m e n t o qué b e n e f i c i o n o s h a n r e p o r t a d o dos
s u j e t o s d e ésos: e l p r i m e r o d e l o s c u a l e s e s u n francés archipedante,
q u e h a e s c r i t o l a s Lecciones sobre las artes liberales y l a s Animadver-
siones contra Aristóteles, y e l o t r o u n e x c r e m e n t o d e p e d a n t e s , italia-
no, que h aensuciado u n montón d e q u i n t e r n o s c o n s u s Discusiones
peripatéticas. 01
C u a l q u i e r a v esin n i n g u n a dificultad q u e e l p r i m e r o
m u e s t r a m u y e l o c u e n t e m e n t e ser p o c o sabio; e l s e g u n d o , p o r d e c i r l o
lisa y l l a n a m e n t e , m u e s t r a t e n e r m u c h o d e a n i m a l y d ea s n o . D e l p r i -
m e r o p o d e m o s d e c i r q u e entendió a Aristóteles, p e r o q u e l o entendió
m a l , y s i l o h u b i e s e e n t e n d i d o b i e n habría quizá t e n i d o i n g e n i o para
h a c e r l e e s a h o n o r a b l e g u e r r a q u e l e h a h e c h o e l juiciosísimo T e l e s i o
de Cosenza. Del segundo n opodemos decir que l ohaya entendido
n i m a l n i b i e n , s i n o q u e l o h a leído y r e l e í d o , c o s i d o y d e s c o s i d o , a l a
vez que confrontado con otros m i l autores griegos amigos y e n e m i -
g o s s u y o s , c o n e l r e s u l t a d o d e l l e v a r a c a b o u n grandísimo esfuerzo
n o sólo s i n n i n g u n a u t i l i d a d , s i n o etiam hl
c o m p l e t a m e n t e inútil, d e
s u e r t e q u e q u i e n q u i e r a v e r e n cuánta l o c u r a y p r e s u n t u o s a vanidad
puede i n c u r r i r y h u n d i r s e u n carácter p e d a n t e s c o , v e a t a n sólo e s e
l i b r o a n t e s d e q u e s e p i e r d a l a s e m i l l a . P e r o a q u í está T e ó f i l o e n c o m -
pañía d e D i c s o n .
POLIHIMNIO —Adeste felices, domini.°i Vuestra presencia es causa
de que m i incandescencia n o e s t a l l e a c u m u l a n d o fulmíneas sentencias
c o n t r a l o s v a n o s propósitos q u e a c a b a d e s o s t e n e r e s t e estéril c h a r l a t á n .

6 0
« Y media.»
0 1
Se trata de Petrus Ramus (Pierre de la Ramee) y Francesco Patrizi.
6 2
«incluso».
6 3
«Sed bienvenidos, señores.»
 De la causa, el principio y el uno

GERVASIO — Y a m í m e p r i v a d e l a ocasión d e b u r l a r m e d e l a m a -
j e s t a d d e e s t e reverendísimo b u h o .
DICSON — T o d o irá b i e n s i n o o s dejáis l l e v a r p o r l a i r a .
GERVASIO — L o que y odigo lo digo d e b r o m a , porque aprecio al
señor m a e s t r o .
POLIHIMNIO — E g o quoque quod irascor, non serio irascor, quia Ger-
vasium non odi. * b

DICSON — E s t á b i e n . D e j a d m e e n t o n c e s r e f l e x i o n a r c o n Teófilo.
TEÓFILO — D e m ó c r i t o , p u e s , y l o s e p i c ú r e o s , l o s c u a l e s dicen que
aquello q u e n oes c u e r p o n oes nada, a f i r m a n p o r consiguiente que
la m a t e r i a sola es l asustancia d el a scosas e i n c l u s o q u e es l a n a t u -
r a l e z a d i v i n a , t a l c o m o d i j o u n c i e r t o árabe l l a m a d o Avicebrón, s e -
g ú n m u e s t r a e n u n l i b r o t i t u l a d o Fuente de vida. E s t o s m i s m o s , j u n t o
c o n l o s c i r e n a i c o s , l o s cínicos y l o s e s t o i c o s , p r e t e n d e n q u e l a s f o r m a s
n o son o t r a cosa q u e ciertas disposiciones accidentales d e l a m a t e r i a .
Y y o m i s m o h e sido durante m u c h o t i e m p o bastante partidario d e
e s t a opinión, p o r l a única razón d e q u e s u s f u n d a m e n t o s t i e n e n m a y o r
c o r r e s p o n d e n c i a c o n l a n a t u r a l e z a q u e l o s d e Aristóteles. S i n embar-
g o , t r a s u n a reflexión m á s m a d u r a y d e s p u é s d e h a b e r a t e n d i d o a m á s
elementos, h a l l a m o s q u e esnecesario reconocer que e nl a naturaleza
h a y d o s géneros d e s u s t a n c i a : u n o q u e e s f o r m a y o t r o q u e e s m a t e r i a ,
p o r q u e e s n e c e s a r i o q u e e x i s t a u n a c t o s u s t a n c i a l í s i m o , e n e l c u a l está
l a p o t e n c i a a c t i v a d e t o d o y también u n a p o t e n c i a y u n s u s t r a t o e n e l
q u e esté u n a p o t e n c i a p a s i v a d e t o d o n o m e n o r . E n e l p r i m e r o e x i s t e
la p o t e n c i a d e hacer, e n e ls e g u n d o l a p o t e n c i a d e ser h e c h o .
DICSON — E s algo manifiesto a todo aquel que bien pondera que
n o e s p o s i b l e q u e aquél p u e d a s i e m p r e h a c e r t o d o s i n q u e e x i s t a s i e m -
p r e q u i e n p u e d e s e r h e c h o t o d o . ¿Cómo p u e d e e la l m a d e l mundo
( q u i e r o decir t o d a f o r m a ) , l ac u a l es i n d i v i s a , o t o r g a r figura s i n el sus-
t r a t o d e l a s d i m e n s i o n e s o c a n t i d a d , q u e e s l a m a t e r i a ? ¿Y cómo p u e -
d e e s t a r c o n f i g u r a d a l a m a t e r i a ? ¿ P o r sí m i s m a a c a s o ? R e s u l t a que
p o d r e m o s d e c i r q u e l a m a t e r i a s e c o n f i g u r a p o r sí m i s m a , s i q u e r e m o s
pensar que e lcuerpo universal f o r m a d o esmateria y l l a m a r l o mate-
r i a . Así, a u n a n i m a l c o n t o d a s sus f a c u l t a d e s l o l l a m a r e m o s m a t e r i a ,
d i s t i n g u i é n d o l o n o d e l a f o r m a , s i n o t a n sólo d e l e f i c i e n t e .
T E Ó F I L O — N a d i e o s p u e d e i m p e d i r q u e uséis e l t é r m i n o « m a t e r i a »
a v u e s t r a m a n e r a , i g u a l q u e e n m u c h a s o t r a s e s c u e l a s t i e n e también
otros m u c h o s significados. P e r o este m o d o d ec o n s i d e r a r l o a q u e o s

6 4
« Y o también, si me enojo, no me enojo en serio, porque no odio a Gervasio.»
 Diálogo 111

referís sé q u e n o podrá s e r v i r m á s q u e a u n a r t e s a n o o a u n m é d i c o
a t e n t o t a n sólo a l a s c u e s t i o n e s prácticas, c o m o p o r e j e m p l o a q u e l que
d i v i d e e l c u e r p o u n i v e r s a l e n m e r c u r i o , a z u f r e y sal. E s t a m a n e r a d e
h a b l a r n o t a n t o d e m u e s t r a u n i n g e n i o d i v i n o d e médico c u a n t o po-
dría p o n e r d e m a n i f i e s t o o t r o e s t u p i d í s i m o q u e q u i s i e r a a r r o g a r s e e l
título d e filósofo, c u y o fin, p o r e l c o n t r a r i o , n o e s t a n sólo a c c e d e r a e s a
distinción e n t r e l o s p r i n c i p i o s q u e s e l l e v a a c a b o físicamente m e d i a n -
t e l a separación e f e c t u a d a g r a c i a s a l a e f i c a c i a d e l f u e g o , s i n o también
a l c a n z a r e s a distinción e n t r e e l l o s a l a q u e n o l l e g a e f i c i e n t e m a t e r i a l
alguno, porque elalma, inseparable del azufre, del m e r c u r i o y d e l a
s a l , e s p r i n c i p i o f o r m a l , q u e n o está s o m e t i d o a c u a l i d a d e s materiales,
s i n o q u e e s p o r c o m p l e t o señor d e l a m a t e r i a y n o r e s u l t a alcanzado
p o r l a o b r a d e a l q u i m i s t a s , c u y a división n o v a m á s allá d e l a s t r e s
s u s t a n c i a s i n d i c a d a s y q u e además r e c o n o c e n o t r a e s p e c i e d e a l m a d i s -
t i n t a a l a d e l m u n d o y q u e n o s o t r o s t e n e m o s todavía q u e d e f i n i r .
DICSON — H a b l á i s m u y b i e n y e s t a consideración m e s a t i s f a c e
e n o r m e m e n t e , porque s o yconsciente d eque algunos son tan poco
avisados q u e n o d i s t i n g u e n e n t r e las causas d e l a n a t u r a l e z a , t o m a d a s
a b s o l u t a m e n t e o según t o d o e l á m b i t o d e s u s e r , l a s c u a l e s s o n o b j e t o
d e l e x a m e n d e l o s filósofos, y a q u e l l a s o t r a s c a u s a s e n u n s e n t i d o l i m i -
t a d o y p a r t i c u l a r i z a d o . L o p r i m e r o e s s u p e r f l u o y v a n o a l o s médicos
e n t a n t o p r e c i s a m e n t e q u e s o n médicos; l o s e g u n d o e s t r u n c o y d e s -
m o c h a d o p a r a l o s filósofos e n t a n t o q u e filósofos.
TEÓFILO — H a b é i s t o c a d o ese p u n t o e n e l c u a l se a l a b a a P a r a c e l s o ,
q u e h a t r a t a d o l a filosofía d e s d e u n p u n t o d e v i s t a m é d i c o , y s e c e n -
sura a Galeno por haber aportado una medicina filosofal, por hacer
u n a m e z c l a fastidiosa y u n a tela t a n e m b r o l l a d a q u e a l final produce
u n m é d i c o p o c o c a p a z y u n filósofo m u y c o n f u s o . P e r o s e a e s t o d i c h o
c o n a l g u n a r e s e r v a , p o r q u e n o h e t e n i d o t i e m p o d e e x a m i n a r t o d a s las
p a r t e s d e l a d o c t r i n a d e ese h o m b r e .
GERVASIO — P o r f a v o r , Teófilo, e n p r i m e r l u g a r h a c e d m e e l p l a -
c e r , a m í q u e n o e s t o y t a n v e r s a d o e n l a filosofía, d e a c l a r a r m e q u é
entendéis b a j o e l n o m b r e d e «materia» y q u é e s l a m a t e r i a e n l a s
cosas n a t u r a l e s .
TEÓFILO — T o d o s los q u e t r a t a n de diferenciar la m a t e r i a y de c o n -
s i d e r a r l a e n sí m i s m a , s i n l a f o r m a , r e c u r r e n a l símil d e l a r t e . E s l o q u e
h a c e n l o s pitagóricos, l o s platónicos, l o s peripatéticos. T o m a d u n a e s -
pecie d earte, el del c a r p i n t e r o p o r e j e m p l o , q u e tiene la m a d e r a como
sustrato d etodas susf o r m a s y d etodos sustrabajos, a ligual q u e e l
h e r r e r o e l h i e r r o y e l s a s t r e e l paño. T o d a s e s t a s a r t e s p r o d u c e n , c a d a
 De la causa, el principio y el uno
121
u n a e n l am a t e r i a q u el ees p r o p i a , diversos retratos, o r d e n a m i e n t o s
y figuras, n i n g u n a d e lascuales es p r o p i a y n a t u r a l a esa m a t e r i a . D e l
m i s m o m o d o , l a n a t u r a l e z a , a l aq u e e l arte semeja, requiere u n a m a -
teria para susoperaciones, p o r q u e n oes posible q u ehaya agente al-
g u n o q u e , s i q u i e r e h a c e r a l g u n a c o s a , n o t e n g a c o n qué h a c e r l a o s i
q u i e r e o p e r a r , n o t e n g a c o n qué o p e r a r . H a y , p o rt a n t o , u n a especie
d e s u s t r a t o , s o b r e e l c u a l , c o n e l c u a l y e n e l c u a l l a n a t u r a l e z a efectúa
s u operación, s u t r a b a j o , y e l c u a l e s f o r m a d o p o r e l l a c o n u n a m u l t i -
t u d d e f o r m a s q u e p r e s e n t a n a l o s o j o s d e n u e s t r a consideración u n a
v a r i e d a d t a n g r a n d e d e e s p e c i e s . Y así c o m o l a m a d e r a n o t i e n e p o r
sí m i s m a n i n g u n a f o r m a a r t i f i c i a l , p e r o p u e d e t e n e r l a s t o d a s p o r l a
operación d e l c a r p i n t e r o , l a m a t e r i a d e q u e h a b l a m o s n o t i e n e p o r sí
m i s m a y e n s unaturaleza propia n i n g u n a f o r m a natural, pero puede
t e n e r l a s t o d a s p o r l a operación d e l a g e n t e a c t i v o p r i n c i p i o d e l a n a -
turaleza. Esta m a t e r i a natural n oestan perceptible c o m o l a materia
artificial, porque l a materia d e l a naturaleza n o tiene n i n g u n a f o r m a
e n absoluto, m i e n t r a s q u e l a m a t e r i a d e l arte es u n acosa formada
p r e v i a m e n t e p o r l an a t u r a l e z a , y aq u e e l arte n op u e d e operar sino e n
la s u p e r f i c i e d e las cosas f o r m a d a s p o r l a n a t u r a l e z a , esto es,e n l a m a -
dera, h i e r r o , piedra, lana y cosas similares. E nc a m b i o , l a n a t u r a l e z a
o p e r a d e s d e e l c e n t r o ( p o r así d e c i r ) d e s u s u s t r a t o o m a t e r i a , e l c u a l
es t o t a l m e n t e i n f o r m e . P o r e s o s o n m u c h o s l o s s u s t r a t o s d e l a s a r t e s ,
m i e n t r a s q u e e l s u s t r a t o d e l a n a t u r a l e z a e s u n o s o l o , p o r q u e aqué-
llos son diferentes y variados por estar d i v e r s a m e n t e f o r m a d o s por la
n a t u r a l e z a ; éste, a l n o t e n e r n i n g u n a f o r m a , e s c o m p l e t a m e n t e indi-
ferente, dado que toda diferencia y diversidad procede d ela forma.
GERVASIO — ¿ D e m a n e r a q u e las cosas f o r m a d a s p o r l a n a t u r a l e z a
s o n m a t e r i a d e l a r t e y u n a única c o s a i n f o r m e e s m a t e r i a d e l a n a t u -
raleza?
TEÓFILO — A s í e s .
GERVASIO — ¿ E s p o s i b l e q u e , así c o m o v e m o s y c o n o c e m o s clara-
m e n t e los sustratos d e lasartes, p o d a m o s c o n o c e r d e u n a m a n e r a p a -
recida el sustrato d el a naturaleza?
TEÓFILO — C i e r t a m e n t e , mas con principios d e conocimiento di-
ferentes, p o r q u e d e lm i s m o m o d o q u en oconocemos con el mismo
s e n t i d o los colores y los sonidos, t a m p o c o v e m o s c o n e l m i s m o o j o e l
s u s t r a t o d e lasartes y e ls u s t r a t o d e l a n a t u r a l e z a .
GERVASIO — L o q u e queréis d e c i r e s q u e n o s o t r o s v e m o s aquél
[ c o n ] l o s o j o s d e l o s s e n t i d o s y a e s t e o t r o c o n e l o j o d e l a razón.
TEÓFILO — A s í es.
 Diálogo ¡II
121
GERVASIO — P r e c i s a d , p o r f a v o r , e s t e ú l t i m o p u n t o .
TEÓFILO — C o n m u c h o g u s t o . L a m i s m a relación y r e s p e t o q u e tie-
ne l a f o r m a d e l a r t e c o n s um a t e r i a es l aq u e t i e n e ( g u a r d a d a l a d e b i d a
proporción) l a f o r m a d e l a n a t u r a l e z a c o n s u m a t e r i a . P o r t a n t o , así
c o m o e n e l a r t e l a s f o r m a s variarían ( s i f u e r a p o s i b l e ) i n f i n i t a m e n t e y
sin e m b a r g o s i e m p r e h a yu n a m i s m a m a t e r i a q u e persevera bajo d i -
c h a s f o r m a s ( p o r e j e m p l o : después d e l a f o r m a d e árbol h a y u n a f o r m a
d e t r o n c o , l u e g o d e v i g a , d e s p u é s d e m e s a , a continuación d e a t r i l , m á s
t a r d e d e e s c a b e l , l u e g o d e c a j a , después d e p e i n e y así s u c e s i v a m e n t e ,
permaneciendo sin e m b a r g o siempre elsermadera), del m i s m o m o d o
en l a naturaleza h a ysiempre u n a m i s m a m a t e r i a a u n q u e las f o r m a s
varían y s e s u c e d e n u n a a o t r a i n f i n i t a m e n t e .
GERVASIO — ¿ C ó m o s e p u e d e c o n f i r m a r e s t e símil?
TEÓFILO — ¿ N o v e i s q u e l o q u e e r a s e m i l l a se hace h i e r b a y d e l o
q u e era h i e r b a r e s u l t a u n a espiga, d e l oq u e era espiga se h a c e p a n , d e l
p a n q u i l o , d e l q u i l o s a n g r e , d e ésta s e m i l l a , d e l a s e m i l l a e m b r i ó n , d e
éste u n h o m b r e , d e e s t e h o m b r e c a d á v e r , d e éste t i e r r a , d e ésta a s u v e z
p i e d r a u o t r a c o s a , y así s u c e s i v a m e n t e para pasar a todas las formas
naturales?
GERVASIO — L o v e o c o n t o d a facilidad.
TEÓFILO — E s n e c e s a r i o , p o r t a n t o , q u e h a y a u n a única c o s a q u e
e n sí m i s m a n o e s p i e d r a , n i t i e r r a , n i c a d á v e r , n i h o m b r e , n i e m b r i ó n ,
n i s a n g r e n i n i n g u n a o t r a c o s a , p e r o q u e después d e s e r s a n g r e s e h a c e
embrión r e c i b i e n d o e l s e r embrión; después d e s e r embrión r e c i b e e l
s e r h o m b r e , haciéndose h o m b r e , i g u a l q u e a q u e l l a m a t e r i a formada
p o r l a n a t u r a l e z a , l a c u a l e s s u s t r a t o d e l a r t e , a p a r t i r d e q u e e r a árbol
e s t a b l a y r e c i b e e l s e r t a b l a , r e c i b i e n d o después e l s e r p u e r t a y s i e n d o
puerta a partir d eque e r a tabla.
GERVASIO — A h o r a l o h e c o m p r e n d i d o m u y b i e n . P e r o este sus-
trato d el an a t u r a l e z a m eparece q u e n opuede serc u e r p o n i poseer
u n a c u a l i d a d d e t e r m i n a d a , puesto q u e a q u e l l o q u e senos escapa, o r a
b a j o u n a f o r m a y s e r n a t u r a l o r a b a j o o t r a f o r m a y ser, n o se m u e s t r a
corporalmente, c o m o lamadera o lapiedra, que siempre dejan ver l o
q u e s o n m a t e r i a l m e n t e o e n sí m i s m a s , preséntense b a j o l a f o r m a q u e
quieran.
TEÓFILO—Tenéis razón.
GERVASIO — ¿ Q u é haré e n t o n c e s c u a n d o t e n g a q u e c o n f r o n t a r e s t a
noción c o n a l g ú n p e r t i n a z , e l c u a l n o q u i e r a c r e e r q u e h a y a u n a m a -
t e r i a única b a j o t o d a s l a s f o r m a c i o n e s d e l a n a t u r a l e z a , i g u a l q u e h a y
u n a bajo todas las f o r m a c i o n e s d ecada arte? P o r q u e l aq u e sev e c o n
'74 De la causa, el principio y el uno

l o s o j o s n o s e p u e d e n e g a r , p e r o l a q u e s e v e ú n i c a m e n t e c o n l a razón
se p u e d e negar.
TEÓFILO — M a n d a d l o a p a s e o o n o l e r e s p o n d á i s .
GERVASIO — ¿ Y s i él e s i n s i s t e n t e a l a h o r a d e p e d i r evidencia de
t o d o ello y esu n a persona d erespeto, e l cual puede antes despachar-
m e a m í q u e y o a él y q u e a d e m á s t e n g a p o r i n j u r i a e l q u e y o n o l e
responda?
TEÓFILO — ¿ Q u é h a r á s s i u n semidiós c i e g o , d i g n o d e t o d o h o n o r y
respeto, estan arrogante, insistente y pertinaz que pretende conocer
y r e q u e r i r e v i d e n c i a d e los colores, i n c l u s o d e las figuras externas de
l a s c o s a s n a t u r a l e s , c o m o p o r e j e m p l o l a f o r m a d e l árbol, l a f o r m a
d e l o s m o n t e s , d e u n a e s t r e l l a , o también l a f o r m a d e l a e s t a t u a , d e l
v e s t i d o e i g u a l m e n t e a propósito d e o t r a s c o s a s a r t i f i c i a l e s q u e s o n t a n
manifiestas a aquellos que ven?
GERVASIO — L e r e s p o n d e r í a q u e s i t u v i e r a o j o s n o pediría e v i d e n -
c i a d e t o d o e s o , s i n o q u e p o d r í a v e r l o p o r sí m i s m o , p e r o q u e siendo
c i e g o e s también i m p o s i b l e q u e o t r o s e l o m u e s t r e .
TEÓFILO — D e l m i s m o m o d o podrías d e c i r a e s t o s o t r o s q u e , s i t u -
v i e r a n i n t e l e c t o , n o p e d i r í a n u n a e v i d e n c i a u l t e r i o r , s i n o q u e podrían
v e r e s a m a t e r i a única d e l a n a t u r a l e z a p o r sí m i s m o s .
GERVASIO — S e sentirían h u m i l l a d o s p o r e s t a r e s p u e s t a y o t r o s l a
c o n s i d e r a r í a n d e m a s i a d o cínica.
TEÓFILO — E n e s e c a s o l e s diréis d e u n a m a n e r a m á s v e l a d a l o s i -
g u i e n t e : « I l u s t r í s i m o señor m í o » o « S a c r a M a j e s t a d , así c o m o algunas
c o s a s sólo p u e d e n s e r e v i d e n t e s c o n l a s m a n o s y e l t a c t o , o t r a s c o n e l
o í d o , o t r a s c o n e l g u s t o ú n i c a m e n t e y o t r a s t a n sólo c o n l o s o j o s , i g u a l -
m e n t e e s t a m a t e r i a d e l a s c o s a s n a t u r a l e s sólo p u e d e h a c e r s e e v i d e n t e
a l intelecto».
GERVASIO — E n t o n c e s m i i n t e r l o c u t o r , c o g i e n d o l a intención, q u e
n o e s a fin d e c u e n t a s n i m u y o s c u r a n i m u y v e l a d a , m e d i r á quizás:
« E r e s tú q u i e n n o t i e n e i n t e l e c t o ; y o t e n g o m á s d e l q u e p u e d e hallarse
e n t o d o s t u s semejantes».
TEÓFILO — E n e s e c a s o n o l e creerás m á s q u e a u n c i e g o q u e t e
d i j e r a q u e e r e s tú e l c i e g o y q u e él v e m á s q u e c u a n t o s e s t i m a n v e r
i g u a l q u e tú.
DICSON — Y a se h a d i c h o b a s t a n t e p a r a d e m o s t r a r más e v i d e n t e -
m e n t e d e l o q u e y o h a y a oído jamás qué s i g n i f i c a e l término «mate-
ria» y q u é s e d e b e e n t e n d e r p o r m a t e r i a e n l a s c o s a s n a t u r a l e s . A s í ,
e l pitagórico T i m e o , e l c u a l enseña, a p a r t i r d e l a transmutación d e u n
e l e m e n t o e n o t r o , cómo e n c o n t r a r l a m a t e r i a o c u l t a y q u e n o s e p u e -
 Diálogo III 75

¿e c o n o c e r s a l v o q u e p o r u n a c i e r t a a n a l o g í a , d i c e : « D o n d e e s t a b a l a
f o r m a d e l a t i e r r a a p a r e c e a continuación l a f o r m a d e l agua» y n o s e
puede decir e n este caso q u e u n a f o r m a reciba a o t r a , p u e s t o q u e un
c o n t r a r i o n o r e c i b e n i a c e p t a a l o t r o , e s t o es, l o s e c o n o r e c i b e a l o hú-
m e d o , o b i e n l a s e q u e d a d n orecibe l a h u m e d a d ; s i n o q u e d e u n a ter-
c e r a c o s a es e x p u l s a d a l a s e q u e d a d e i n t r o d u c i d a l a h u m e d a d y esa t e r c e r a
cosa es s u s t r a t o t a n t o d e u n c o n t r a r i o c o m o d e l o t r o y n o es c o n t r a r i a
a n i n g u n o d eellos. P o r tanto, sin o cabe pensar q u e l atierra haya sido
r e d u c i d a a l a n a d a , s e deberá e s t i m a r q u e a l g o q u e e s t a b a e n l a t i e r r a
h a p e r m a n e c i d o y s e e n c u e n t r a a h o r a e n e l a g u a . P o r l a m i s m a razón,
c u a n d o e l a g u a se h a y a t r a n s f o r m a d o e na i r e ( p o r e l h e c h o d e q u e l a
f u e r z a d e l c a l o r l a h a y a e n r a r e c i d o ) e s t a c o s a permanecerá y habrá
pasado a estar e n e l aire.
TEÓFILO — D e esto se p u e d e c o n c l u i r ( i n c l u s o e n c o n t r a d e ellos)
q u e n a d a s e a n i q u i l a y p i e r d e e l ser, e x c e p t o l a f o r m a a c c i d e n t a l e x t e -
rior y m a t e r i a l . P o r eso t a n t o l a m a t e r i a c o m o l a f o r m a sustancial d e
c u a l q u i e r cosa n a t u r a l , q u e es p r e c i s a m e n t e el a l m a , son indisolubles e
i n a n i q u i l a b l e s , d e s u e r t e q u e p i e r d a n e l ser t o t a l y a b s o l u t a m e n t e . N o
p u e d e n s e r t a l e s , p o r c i e r t o , l a s f o r m a s s u s t a n c i a l e s d e l o s peripatéti-
cos y o t r o s p a r e c i d o s a ellos, l a sc u a l e s n oc o n s i s t e n e n o t r a cosa que
e n u n a d e t e r m i n a d a complexión y o r d e n e n t r e l o s a c c i d e n t e s y t o d o
a q u e l l o q u e p u e d a n n o m b r a r m á s allá d e s u m a t e r i a p r i m a n o e s s i n o
a c c i d e n t e , c o m p l e x i ó n , hábito d e u n a c u a l i d a d , p r i n c i p i o d e d e f i n i -
ción, q u i d d i d a d . D e ahí q u e , e n t r e e l l o s , a l g u n o s f r a i l e s c o n c o g u l l a ,
s u t i l e s metafísicos, q u e r i e n d o m á s b i e n e x c u s a r q u e a c u s a r l a i n s u -
ficiencia d e s u n u m e n Aristóteles, h a y a n e n c o n t r a d o l a h u m a n i d a d ,
la b o v i n i d a d , l a o l i v i d a d , c o m o f o r m a s sustanciales específicas: e s t a
h u m a n i d a d — p o r e j e m p l o l as o c r a t e i d a d — , esta b o v i n i d a d c o n c r e t a ,
esta c a b a l l e i d a d concreta, siendo l a sustancia singular. T o d o esto l o
h a n h e c h o para d a r a los i n d i v i d u o s singulares u n a f o r m a sustancial
que merezca v e r d a d e r a m e n t e e l n o m b r e d e sustancia, igual que l a
m a t e r i a t i e n e n o m b r e y ser d e s u s t a n c i a . S i n e m b a r g o , n o les h a s e r v i d o
d e n a d a , p o r q u e s i l e s preguntáis o r d e n a d a m e n t e : « ¿ E n qué c o n s i s -
t e e l s e r s u s t a n c i a l d e Sócrates?», responderán: « E n l a socrateidad»;
s i seguís p r e g u n t a n d o : « ¿ Q u é entendéis p o r s o c r a t e i d a d ? » , r e s p o n -
derán: «la p r o p i a f o r m a s u s t a n c i a l y l a m a t e r i a p r o p i a d e S ó c r a t e s » .
D e j e m o s , sin e m b a r g o , a u n l a d o esa sustancia q u e es l a m a t e r i a y
d e c i d m e : «¿Qué e s l a s u s t a n c i a c o m o forma?». A l g u n o s responden:
«su a l m a » . P r e g u n t a d : « ¿ Q u é e s e s a a l m a ? » . S i d i c e n q u e e s u n a e n -
t e l e q u i a y perfección d e c u e r p o q u e p u e d e v i v i r , c o n s i d e r a q u e e s o e s
176 De la causa, el principio y el uno

u n accidente. S idicen q u e esu n p r i n c i p i o d e vida, d e sensibilidad, d e

vegetación y d e i n t e l e c t o , c o n s i d e r a d q u e , a u n e n e l c a s o d e q u e e s e
principio (considerado en s uf u n d a m e n t o , c o m o nosotros lo hacemos)
s e a u n a s u s t a n c i a , éste s i n e m b a r g o n o l o p r o p o n e m á s q u e c o m o a c c i -
d e n t e ; p o r q u e s e r p r i n c i p i o d e e s t o o d e a q u e l l o n o s i g n i f i c a s e r razón
s u s t a n c i a l y a b s o l u t a , s i n o u n a razón a c c i d e n t a l y r e l a t i v a a a q u e l l o d e
lo que esprincipio, del m i s m o m o d o que n o declara m i ser y sustan-
cia e l q u e dice l oq u e y o h a g o o p u e d o hacer, s i n o e l q u e dice l o que
s o y , c o n s i d e r a d o e n m í m i s m o y a b s o l u t a m e n t e . V e d , p u e s , cómo t r a -
t a n esta f o r m a sustancial q u e ese l a l m a , q u e , a u n q u e p o r casualidad
h a y a s i d o c o n o c i d a p o r e l l o s c o m o s u s t a n c i a , jamás s i n e m b a r g o l a
h a n n o m b r a d o n i c o n s i d e r a d o c o m o s u s t a n c i a . Podéis v e r c o n mucha
m á s c l a r i d a d e s t a confusión s i l e s p r e g u n t á i s e n q u é c o n s i s t e l a f o r m a
sustancial d e u n a cosa i n a n i m a d a , c o m o p o r e j e m p l o l af o r m a sustan-
c i a l d e l leño. L o s m á s s u t i l e s d e e l l o s e c h a r á n m a n o a l a i m a g i n a c i ó n
y dirán: e n l a l i g n e i d a d . E l i m i n a d e n t o n c e s e s a m a t e r i a q u e e s común
a l h i e r r o , a l leño y a l a p i e d r a y d e c i d : ¿ q u é n o s q u e d a c o m o forma
s u s t a n c i a l d e l h i e r r o ? N u n c a o s señalarán o t r a c o s a q u e a c c i d e n t e s ; y
éstos n o s o n s i n o p r i n c i p i o s d e i n d i v i d u a c i ó n y d a n l a p a r t i c u l a r i d a d ,
p o r q u e l a m a t e r i a n o s e p u e d e c o n t r a e r a l a p a r t i c u l a r i d a d más q u e
p o r m e d i o d e a l g u n a f o r m a ; y esta f o r m a , p o r ser p r i n c i p i o c o n s t i t u -
t i v o d e u n a s u s t a n c i a , p r e t e n d e n q u e s e a s u s t a n c i a l , p e r o después n o
l a p o d r á n m o s t r a r físicamente m á s q u e c o m o u n a f o r m a accidental.
Al final, c u a n d o h a y a n h e c h o t o d o a q u e l l o d el o q u e s o n capaces, se
e n c u e n t r a n con que t i e n e n u n a f o r m a sustancial, e nefecto, pero que
n o e s n a t u r a l , s i n o lógica. D e e s t a m a n e r a , t e r m i n a n p o n i e n d o como
p r i n c i p i o d e l a s c o s a s n a t u r a l e s a l g ú n c o n c e p t o lógico.
DICSON — ¿ A r i s t ó t e l e s n o s e d i o c u e n t a d e esto?
TEÓFILO — Y o c r e o q u e c o n t o d a s e g u r i d a d se d i o c u e n t a , p e r o n o
p u d o p o n e r r e m e d i o y p o r e s o d i j o q u e l a s d i f e r e n c i a s últimas s o n
innombrables y nos resultan desconocidas.
DICSON — M e p a r e c e q u e c o n e l l o confesó a b i e r t a m e n t e s u i g n o -
r a n c i a . P o r e s o m e inclinaría y o a p e n s a r q u e e s m e j o r a b r a z a r aquellos
p r i n c i p i o s d e l a filosofía q u e , e n e s t a i m p o r t a n t e cuestión, n o a l e g a n
i g n o r a n c i a , l o c u a l e s e l c a s o d e Pitágoras, Empédocles y e s e N o l a n o
t u y o , a cuyas o p i n i o n e s aludiste ayer.
TEÓFILO — L o q u e el N o l a n o a f i r m a es lo siguiente: q u e existe u n
i n t e l e c t o q u e d a e l s e r [ a ] t o d a s l a s c o s a s y a l q u e l o s pitagóricos y T i -
m e o l l a m a n «dador d e l a s formas»; u n a l m a y p r i n c i p i o f o r m a l q u e
se h a c e f o r m a e i n f o r m a t o d a s l a s c o s a s y a l q u e l o s m i s m o s l l a m a n
 Diálogo III 71

«fuente d e l a s f o r m a s » ; u n a m a t e r i a d e l a q u e s e h a c e n y s e f o r m a n
t o d a s l a s c o s a s y a l a q u e t o d o s l l a m a n «receptáculo d e l a s formas».
DICSON — E s t a doctrina (porque parece que n o falta nada) m e
gusta m u c h o : sin d u d a a l g u n a es necesario q u e a l igual q u e podemos
afirmar u n principio material constante y eterno, afirmemos u n prin-
c i p i o f o r m a l s i m i l a r . V e m o s q u e t o d a s las f o r m a s n a t u r a l e s se r e t i r a n
de l am a t e r i a y v u e l v e n a aparecer d e n u e v o e n l a m a t e r i a , p o r l o q u e
parece q u e n i n g u n a cosa es constante, firme, eterna y digna d e tener
r a n g o d e p r i n c i p i o e x c e p t o l a m a t e r i a . Además, las f o r m a s n o e x i s t e n
sin l a m a t e r i a , e n ella se g e n e r a n y c o r r o m p e n , salen del s e n o d el a
m a t e r i a y e n él s o n d e n u e v o a c o g i d a s . P o r e s o l a m a t e r i a , q u e perma-
n e c e s i e m p r e idéntica a sí m i s m a y f e c u n d a , d e b e p o s e e r l a p r e r r o g a -
t i v a f u n d a m e n t a l d e s e r r e c o n o c i d a c o m o único p r i n c i p i o s u s t a n c i a l ,
c o m o l o q u e es y l o q u e p e r m a n e c e s i e m p r e ; y n o d e b e m o s entender
las f o r m a s t o d a s , t o m a d a s g l o b a l m e n t e , más q u e c o m o d i f e r e n t e s d i s -
posiciones d e l a m a t e r i a , q u e v a n y v i e n e n , q u e se r e t i r a n y r e a p a r e -
c e n , p o r l o c u a l n o p u e d e n t e n e r l a consideración d e p r i n c i p i o . P o r
e s o h a h a b i d o q u i e n e s , t r a s h a b e r e x a m i n a d o c o r r e c t a m e n t e l a razón
d e l a s f o r m a s n a t u r a l e s , t a l c o m o h a p o d i d o r e c i b i r s e d e Aristóteles y
o t r o s p o r e l e s t i l o , h a n l l e g a d o a l a conclusión d e q u e e l l a s n o s o n m á s
que accidentes y circunstancias d el am a t e r i a y que, por consiguiente,
l a p r e r r o g a t i v a d e a c t o y d e perfección s e d e b e o t o r g a r a l a m a t e r i a y
n o a c o s a s d e l a s q u e c o n razón p o d e m o s d e c i r q u e n o s o n n i s u s t a n c i a
n i n a t u r a l e z a , s i n o q u e p e r t e n e c e n a l asustancia y a l an a t u r a l e z a , a l a
cual i d e n t i f i c a n c o n l a m a t e r i a , q u e es para ellos u n p r i n c i p i o necesa-
r i o e t e r n o y d i v i n o . E s e l c a s o d e ese m o r o Avicebrón, e l c u a l l a l l a m a
« D i o s q u e está e n t o d a s l a s cosas».
TEÓFILO — A este e r r o r h a n sido i n d u c i d o s p o r n o conocer otra
f o r m a q u e l a a c c i d e n t a l . A s í e s t e m o r o , a u n q u e había a c e p t a d o l a f o r -
m a s u s t a n c i a l d e l a d o c t r i n a peripatética e n q u e s e había a l i m e n t a d o ,
s i n e m b a r g o , a l c o n s i d e r a r l a a l g o c o r r u p t i b l e , n o sólo m u d a b l e e n e l
seno d el am a t e r i a , y algo q u e es e n g e n d r a d o y n o e n g e n d r a , fundado
y q u e n o f u n d a , q u e es v o m i t a d o y a s uvez n o v o m i t a , d i o e n despre-
c i a r l a y l a t u v o c o m o a l g o v i l e n comparación c o n l a m a t e r i a e s t a b l e ,
eterna, p r o g e n i t o r a y m a d r e . Y n o cabe d u d a d e q u e tal cosa sucede a
quienes n o conocen lo que nosotros conocemos.
DICSON — T o d o esto h a sido excelentemente e x a m i n a d o , pero y a
es h o r a d e q u e d e l a digresión v o l v a m o s a n u e s t r o t e m a . A h o r a s a b e -
mos distinguir lamateria d e laf o r m a , y tanto d e la f o r m a accidental
(sea l a q u e sea) c o m o d e l a s u s t a n c i a l . L oq u e n o s q u e d a p o r v e r es s u
i 8
7
De la causa, el principio y el uno

n a t u r a l e z a y s u realidad. S i n e m b a r g o , quisiera antes saber si, debido

a l a e s t r e c h a unión q u e e s t a a l m a d e l m u n d o y f o r m a u n i v e r s a l t i e n e
c o n l a m a t e r i a , s e p u e d e a d m i t i r ese o t r o m o d o y m a n e r a d e filosofar
c o n c r e t a m e n t e e l d e q u i e n e s n o s e p a r a n e l a c t o d e l a noción d e m a t e -
ria y l ae n t i e n d e n c o m o algo d i v i n o , n o a b s o l u t a m e n t e i n f o r m e hasta
el p u n t o d eq u e ella m i s m a n o sei n f o r m e y sevista d e l a f o r m a .
TEÓFILO — N o e s fácil d e a d m i t i r , p o r q u e n a d a actúa absoluta-
m e n t e s o b r e sí m i s m o y s i e m p r e h a y a l g u n a distinción e n t r e a q u e l l o
q u e e s a g e n t e y a q u e l l o q u e e s h e c h o o s o b r e e l c u a l s e r e a l i z a l a acción
y l a operación, p o r l o c u a l e s c o r r e c t o d i s t i n g u i r e n e l c u e r p o d e l a n a -
t u r a l e z a l a m a t e r i a d e l a l m a y e n e s t a última d i s t i n g u i r l a razón d e las
especies. P o r eso d e c i m o s q u e e n este c u e r p o h a y tres cosas: e n p r i m e r
l u g a r e l i n t e l e c t o u n i v e r s a l Ínsito e n l a s c o s a s , e n s e g u n d o lugar el
a l m a vivificante del t o d o , e n tercer lugar e lsustrato. S i n e m b a r g o , no
p o r eso n e g a r e m o s e l título d e filósofo a a q u e l q u e t o m e e n s u m o d o
de filosofar este c u e r p o f o r m a d o o este a n i m a l r a c i o n a l (si p r e f e r i m o s
h a b l a r d e e s t a o t r a m a n e r a ) y c o m i e n c e a t o m a r d e algún m o d o como
p r i m e r o s p r i n c i p i o s los m i e m b r o s d eeste c u e r p o , p o r e j e m p l o : aire,
t i e r r a , f u e g o ; o b i e n , etérea región y a s t r o ; o b i e n , espíritu y c u e r p o ; o
b i e n , v a c í o y l l e n o , a c o n d i c i ó n n o o b s t a n t e d e q u e n o e n t i e n d a e l vacío
c o m o l o entendió Aristóteles; o b i e n d e algún o t r o m o d o apropiado.
N o m e p a r e c e r á , p u e s , e s a filosofía d i g n a d e s e r r e c h a z a d a , s o b r e t o d o
si p o r e n c i m a d e c u a l q u i e r f u n d a m e n t o q u e e l l a p r e s u p o n g a o forma
d e e d i f i c i o q u e p r o p o n g a , r e a l i z a l a perfección d e l a c i e n c i a especu-
lativa y e l c o n o c i m i e n t o d e las cosas n a t u r a l e s , c o m o sin d u d a han
l l e v a d o a c a b o m u c h o s d e l o s filósofos m á s a n t i g u o s . P o r q u e e s p r o p i o
de alguien ambicioso y d e u n cerebro presuntuoso, vano y envidioso,
querer convencer a l o s d e m á s d e q u e s o l a m e n t e h a y u n a única vía
d e investigación y d e a l c a n z a r e l c o n o c i m i e n t o d e l a n a t u r a l e z a , y e s
propio d e u n loco y d eu n h o m b r e sin e n t e n d i m i e n t o tratar d e con-
v e n c e r s e a sí m i s m o d e u n a c o s a así. A s í p u e s , a u n q u e s i e m p r e s e d e b e
preferir, estimar y procurar con preferencia l a vía m á s c o n s t a n t e y
firme, l a m á s c o n t e m p l a t i v a y d i g n a , así c o m o e l m o d o d e c o n s i d e r a r
más e l e v a d o , n o p o r e l l o s e h a d e c e n s u r a r sin embargo aquel otro
m o d o que n odeja d e producir buen fruto, aunque n o se trate del
m i s m o árbol.
DICSON — ¿ A p r o b á i s p o r t a n t o el estudio de diferentes filosofías?
TEÓFILO — E n g r a n m e d i d a e n q u i e n dispone de abundante tiem-
p o e i n g e n i o ; e n l o s demás a p r u e b o e l e s t u d i o d e l a m e j o r , s i l o s d i o s e s
l e c o n c e d e n q u e a d i v i n e cuál e s .
 Diálogo III 79

DICSON — E s t o y s e g u r o , s i n e m b a r g o , d e q u e n o aprobáis t o d a s l a s
filosofías, s i n o lasb u e n a s y las m e j o r e s .
TEÓFILO — A s í es. D e l m i s m o m o d o , e n l o s d i v e r s o s t i p o s d e m e d i -
c i n a , n o r e p r u e b o e l q u e p r o c e d e m á g i c a m e n t e m e d i a n t e l a aplicación
d e raíces, c o l g a n d o p i e d r a s d e l c u e l l o y m u r m u r a n d o e n c a n t o s , s i e l
r i g o r d e l o s teólogos m e p e r m i t e h a b l a r d e él c o m o p u r a m e n t e n a t u -
r a l . A p r u e b o e l q u e s e e j e r c e físicamente y p r o c e d e m e d i a n t e r e c e t a s
farmacéuticas, c o n l a s c u a l e s s e c o m b a t e o e v i t a l a b i l i s , l a s a n g r e , l a
f l e m a y l a melancolía. A c e p t o e s e o t r o t i p o q u e p r o c e d e q u í m i c a m e n -
te, q u e e x t r a e l a s q u i n t a e s e n c i a s y m e d i a n t e l a o b r a d e l f u e g o hace
volar e l m e r c u r i o d etodos los c o m p u e s t o s , precipitarse l asal y relucir
e l a z u f r e así c o m o s e p a r a r d e él e l a c e i t e . M a s e n a s u n t o s m é d i c o s n o
p r e t e n d o e s t a b l e c e r cuál s e a e l m e j o r e n t r e t a n t o s b u e n o s m o d o s d e
p r o c e d e r , p o r q u e e l epiléptico e n q u i e n h a n p e r d i d o e l t i e m p o e l físico
y e l químico, e n e l c a s o d e q u e s e a c u r a d o p o r e l m a g o , aprobará n o
s i n r a z ó n a éste m á s q u e a l o s o t r o s d o s m é d i c o s . D i s c u r r e i g u a l m e n t e
a c e r c a d e l a s o t r a s c l a s e s d e m e d i c i n a : n i n g u n a d e e l l a s será p e o r q u e
l a s d e m á s s i t o d a s e l l a s c o n s i g u e n r e a l i z a r e l fin q u e s e p r o p o n e n . L u e -
g o será c o n c r e t a m e n t e m e j o r e s t e m é d i c o q u e m e h a y a c u r a d o q u e l o s
otros que m em a t a n o m e a t o r m e n t a n .
GERVASIO — ¿ D e dónde v i e n e q u e e s t a s s e c t a s médicas s o n t a n e n e -
migas lasunas d elas otras?
TEÓFILO — D e l a a v a r i c i a , d e l a e n v i d i a , d e l a ambición y d e l a
i g n o r a n c i a . P o r l o g e n e r a l , a d u r a s p e n a s e n t i e n d e n s u p r o p i o método
médico, n o d i g a m o s y a q u e p u e d a n t e n e r u n c o n o c i m i e n t o d e l d e l o s
demás. A d e m á s , n o p u d i e n d o a c c e d e r a l o s h o n o r e s y a l a s r i q u e z a s
con suspropios medios, l a m a y o r parte trata d e elevarse rebajando a
l o s demás, m o s t r a n d o d e s p r e c i a r l o q u e n o p u e d e c o n s e g u i r . N o o b s -
t a n t e , e l m e j o r d e e l l o s y e l v e r d a d e r o médico e s a q u e l q u e n o e s t a n
físico q u e d e j e d e s e r t a m b i é n q u í m i c o y m a t e m á t i c o . E n fin, p a r a
v o l v e r a n u e s t r o a s u n t o : e n t r e l a s d i f e r e n t e s e s p e c i e s d e filosofía, l a
m e j o r e s l a q u e m á s a p r o p i a d a y a l t a m e n t e l l e v a a c a b o l a perfección
d e l i n t e l e c t o h u m a n o y más s e c o r r e s p o n d e c o n l a v e r d a d d e l a n a t u -
raleza a l avez q u e [nos hace] e nlam e d i d a d el oposible cooperadores
d e e l l a , b i e n s e a m e d i a n t e l a adivinación ( m e r e f i e r o a u n a adivinación
según e l o r d e n m i s m o n a t u r a l y l a r a z ó n d e l a a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i -
nal, n op o r u n instinto a n i m a l , c o m o h a c e n las bestias y q u i e n e s son
s e m e j a n t e s a e l l a s ; n o p o r inspiración d e b u e n o s o m a l o s d e m o n i o s ,
c o m o h a c e n l o s p r o f e t a s ; n o p o r u n e n t u s i a s m o melancólico, c o m o e s
el caso d e poetas y o t r o s c o n t e m p l a t i v o s ) , b i e n sea m e d i a n t e e l estable-
18o De la causa, el principio y el uno

c i m i e n t o d e l e y e s y l a r e f o r m a d e las c o s t u m b r e s , b i e n s e a m e d i c a n d
o b i e n c o n o c i e n d o y v i v i e n d o u n a v i d a m á s f e l i z y m á s d i v i n a . H e ahí
p u e s , c ó m o n o h a y t i p o d e filosofía q u e , s i h a s i d o e s t a b l e c i d a a p a r t i r
d e u n s e n t i d o r e g u l a d o , n o c o n t e n g a e n sí a l g u n a b u e n a p r o p i e d a d d e
l a q u e las demás c a r e c e n . L o m i s m o p i e n s o d e a q u e l l a m e d i c i n a q u e
d e r i v a d e p r i n c i p i o s t a l e s q u e p r e s u p o n e n u n hábito d e filosofar n o
i m p e r f e c t o , i g u a l q u e l a operación d e l p i e y d e l a m a n o p r e s u p o n e n l a
d e l o j o . P o r eso se dice q u e n o p u e d e t e n e r b u e n p r i n c i p i o e n l a m e d i -
c i n a q u i e n n o t i e n e u n b u e n término e n l a filosofía.
DICSON — M e p r o c u r á i s g r a n satisfacción y o s a l a b o t a m b i é n g r a n -
d e m e n t e , p o r q u e i g u a l q u e n o s o i s t a n p l e b e y o c o m o Aristóteles, t a m -
p o c o s o i s t a n i n j u r i o s o y t a n a m b i c i o s o c o m o él, q u e p r e t e n d i ó q u e s e
despreciara e n t e r a m e n t e l a s o p i n i o n e s d e t o d o s l o s d e m á s filósofos y
sus m o d o s d e filosofar.
TEÓFILO — S i n e m b a r g o , d e c u a n t o s filósofos e x i s t e n n o conozco
n i n g u n o más b a s a d o e n i m a g i n a c i o n e s y más a l e j a d o d e l a n a t u r a l e z a
q u e él; y s i e n a l g u n a ocasión d i c e c o s a s e x c e l e n t e s , s e s a b e q u e n o
p r o c e d e n d es u sp r i n c i p i o s y q u e se trata p o r t a n t o s i e m p r e d e p r o -
p o s i c i o n e s t o m a d a s d e o t r o s filósofos. A s í e n c o n t r a m o s m u c h a s c o s a s
d i v i n a s e n e l l i b r o De la generación, e n l o s Meteorológicos, Sobre los
animales y e n Las plantas.
DICSON — V o l v i e n d o , p u e s , a n u e s t r o a s u n t o , ¿pretendéis q u e s e
pueden dar diferentes definiciones d elamateria sin incurrir en error
n i e n contradicción?
TEÓFILO —Sí, igual que d e u n m i s m o objeto pueden juzgar di-
versos sentidos y u n a m i s m a cosa sepuede presentar d e diversas ma-
n e r a s . Además, t a l c o m o s e h a d i c h o d e p a s a d a , e l e x a m e n d e u n a
c o s a p u e d e h a c e r s e d e s d e d i f e r e n t e s á n g u l o s . L o s epicúreos h a n d i c h o
m u c h a s cosas buenas, a u n q u e n ose h a y a n elevado por e n c i m a d e l a
c u a l i d a d m a t e r i a l ; m u c h a s cosas excelentes h ad a d o a conocer Herá-
clito, a u n q u e n o haya ascendido por e n c i m a del a l m a . T a m p o c o deja
A n a x á g o r a s d e s a c a r p r o v e c h o d e l a investigación d e l a n a t u r a l e z a ,
p o r q u e n o sólo d e n t r o d e e l l a , s i n o t a m b i é n f u e r a y q u i z á p o r e n c i m a ,
q u i e r e r e c o n o c e r u n i n t e l e c t o , e l m i s m o q u e Sócrates, P l a t ó n , T r i s m e -
g i s t o y n u e s t r o s teólogos l l a m a n D i o s . A s í p u e d e p r o g r e s a r n o m e n o s
bien e n e l d e s c u b r i m i e n t o d elos secretos d el an a t u r a l e z a u n o q u e co-
m i e n c e p o r e l c o n o c i m i e n t o e x p e r i m e n t a l d e los cuerpos simples (tal
c o m o e l l o s m i s m o s l o s l l a m a n ) q u e q u i e n e s c o m i e n z a n p o r l a teoría
r a c i o n a l . Y e n t r e ellos n o m e n o s b i e n el q u e p a r t e d elas c o m p l e x i o n e s
q u e e l q u e l o h a c e d e l o s h u m o r e s y e s t e último n o m e j o r q u e e l q u e
 Diálogo 111 181

d e s c i e n d e d e l o s e l e m e n t o s s e n s i b l e s o , a u n n i v e l todavía m á s e l e v a d o ,
j e l o s e l e m e n t o s a b s o l u t o s o d e l a m a t e r i a u n a , q u e e s e l p r i n c i p i o más
a [ t 0 y e m i n e n t e . P o r q u e a v e c e s q u i e n h a c e e l c a m i n o más l a r g o n o e s
q u i e n h a c e u n m e j o r p e r e g r i n a j e , e s p e c i a l m e n t e s i s u fin n o e s t a n t o l a
contemplación c o m o l a o p e r a c i ó n . D e s p u é s , p o r l o q u e a l m o d o d e fi-
l o s o f a r s e r e f i e r e , n o será m e n o s a p r o p i a d o d e s p l e g a r l a s f o r m a s como
a p a r t i r d e u n p r i n c i p i o e n e l q u e están c o m p l i c a d a s q u e d i s t i n g u i r l a s
c o m o a p a r t i r d e u n caos o distribuirlas c o m o a p a r t i r d e u n a fuente
ideal o incluso sacarlas e nacto c o m o a p a r t i r d e posibilidad, extraer-
las c o m o d e u n s e n o o s a c a r l a s a l a l u z c o m o d e u n c i e g o y t e n e b r o s o
a b i s m o . E n e f e c t o , t o d o f u n d a m e n t o e s b u e n o , si r e s u l t a a p r o b a d o por
e l e d i f i c i o ; t o d a s e m i l l a e s a d e c u a d a , s i l o s árboles y l o s f r u t o s s o n l o s
deseados.
DICSON — V o l v i e n d o , pues, a nuestro objetivo: hacednos, por fa-
v o r , u n a exposición d e t a l l a d a d e e s t e p r i n c i p i o .
TEÓFILO — N o h a y d u d a d e q u e este p r i n c i p i o q u e recibe el n o m -
bre d e m a t e r i a p u e d e ser c o n s i d e r a d o d e dos m a n e r a s : e n p r i m e r l u -
gar c o m o u n a potencia; e n s e g u n d o l u g a r c o m o u n sustrato. T o m a d a
en e ls e n t i d o d e potencia, n o hay cosa e nl a q u e n o p u e d a hallarse d e
u n a d e t e r m i n a d a m a n e r a y s e g ú n s u p r o p i a r a z ó n ; así, l o s p i t a g ó r i c o s ,
platónicos, e s t o i c o s y o t r o s l a h a n p u e s t o t a n t o e n e l m u n d o i n t e l i g i b l e
c o m o e n e lsensible. Y nosotros, c o m o n o l ae n t e n d e m o s exactamente
i g u a l q u e e l l o s , s i n o s e g ú n u n a concepción m á s e l e v a d a y m á s c l a r a ,
r a z o n a m o s d e la siguiente m a n e r a sobre la potencia o posibilidad:
p o r l o g e n e r a l l a p o t e n c i a se d i s t i n g u e e n activa, p o r l a q u e e l s u j e t o
de l a m i s m a p u e d e o p e r a r , y e npasiva, p o r l ac u a l p u e d e ser o p u e d e
recibir, o puede tener o puede serd e a l g u n a m a n e r a sustrato d e u n
eficiente. D e j a n d o a u n l a d o e n este m o m e n t o l apotencia activa, afir-
m o que l apotencia t o m a d a en sentido pasivo (aunque n o siempre sea
p a s i v a ) s e p u e d e c o n s i d e r a r [ o r e l a t i v a ] o a b s o l u t a m e n t e ; así, n o h a y
cosa d e l a q u e se p u e d a d e c i r q u e es y d e l ac u a l n o se d i g a q u e puede
ser. Y e s t a p o t e n c i a p a s i v a responde tan exactamente a la potencia
activa que l au n a n o existe sin l aotra e nm o d o alguno; por l o que, si
s i e m p r e h aexistido la potencia d e hacer, d e producir, d e crear, s i e m -
p r e h a e x i s t i d o también l a p o t e n c i a d e s e r h e c h o , p r o d u c i d o y c r e a -
d o , p o r q u e u n a p o t e n c i a i m p l i c a l a o t r a o l o q u e es l om i s m o : puesta
la u n a , se p o n e n e c e s a r i a m e n t e l a o t r a . D i c h a p o t e n c i a — p o r q u e n o
dice incapacidad e n a q u e l d e q u i e n s e d i c e , s i n o más b i e n c o n f i r m a
s u v i r t u d y s u e f i c a c i a e i n c l u s o r e s u l t a s e r a l final u n a s o l a y m i s m a
c o s a c o n l a p o t e n c i a a c t i v a — n o h a y filósofo n i teólogo q u e d u d e d e
182 De la causa, el principio y el uno

a t r i b u i r l a a l p r i m e r eficiente s o b r e n a t u r a l . P o r q u e l a posibilidad ab-

s o l u t a , p o r l a q u e las cosas q u e s o n e n a c t o p u e d e n ser, n o es a n t e r i o r
a l a a c t u a l i d a d n i t a m p o c o p o s t e r i o r a e l l a ; además, e l p o d e r ser e s c o n
e l s e r e n a c t o y n o l e p r e c e d e , p o r q u e s i e l q u e p u e d e s e r s e h i c i e r a a sí
m i s m o , sería a n t e s d e q u e f u e r a h e c h o . C o n t e m p l a a h o r a e l p r i n c i p i o
ó p t i m o y p r i m e r o , e l c u a l e s t o d o l o q u e p u e d e s e r y él m i s m o n o s e -
ría t o d o , s i n o p u d i e r a s e r t o d o : e n él, p o r t a n t o , e l a c t o y l a p o t e n c i a
s o n l a m i s m a c o s a . N o s u c e d e l o m i s m o e n t o d a s las demás c o s a s , l a s
c u a l e s , a u n q u e s o n l o q u e p u e d e n s e r , podrían s i n e m b a r g o n o ser
quizás; y d e s d e l u e g o podrían s e r o t r a c o s a o d i f e r e n t e s d e c o m o s o n ,
p o r q u e n i n g u n a o t r a c o s a e s t o d o l o q u e p u e d e ser. E l h o m b r e es l o
q u e p u e d e ser, p e r o n o e s t o d o l o q u e p u e d e ser. L a p i e d r a n o es t o d o
l o q u e p u e d e ser, p o r q u e n o es c a l , n o e s v a s i j a , n o e s p o l v o , n o es
h i e r b a . A q u e l l o q u e es t o d o l o q u e p u e d e ser es u n o y e ns u ser c o m -
p r e n d e t o d o ser. Él e s t o d o l o q u e e s y p u e d e s e r c u a l q u i e r o t r a c o s a
q u e e s y p u e d e s e r . L a s d e m á s c o s a s n o s o n así: p o r e s o l a p o t e n c i a n o
es i g u a l a l a c t o , p o r q u e n o s o n a c t o a b s o l u t o , s i n o l i m i t a d o ; además, l a
p o t e n c i a s i e m p r e está l i m i t a d a a u n a c t o , p o r q u e j a m á s t i e n e más d e
u n ser especificado y particular, y si b i e n aspira a toda f o r m a y acto,
ello o c u r r e por m e d i o d eciertas disposiciones y con u n a d e t e r m i n a d a
sucesión d e u n s e r d e s p u é s d e o t r o . P o r t a n t o , t o d a p o t e n c i a y a c t o ,
q u e e n e l p r i n c i p i o están c o m o c o m p l i c a d o s , u n i d o s y s o n u n o , e n l a s
d e m á s c o s a s están e x p l i c a d o s , d i s p e r s o s y m u l t i p l i c a d o s . E l u n i v e r s o ,
q u e e s e l g r a n s i m u l a c r o , l a g r a n i m a g e n y l a unigénita n a t u r a l e z a ,
e s él t a m b i é n t o d o l o q u e p u e d e s e r , e n e l p l a n o d e l a s e s p e c i e s m i s -
m a s y m i e m b r o s principales y por contener toda l am a t e r i a (ala cual
n o s e a ñ a d e y d e l a c u a l n o s e q u i t a n a d a ) así c o m o l a f o r m a t o d a y
única. S i n e m b a r g o , n o e s y a t o d o l o q u e p u e d e s e r e n e l p l a n o d e l a s
diferencias, modos, propiedades e i n d i v i d u o s m i s m o s ; p o r e s on o es
más q u e u n a s o m b r a d e l p r i m e r a c t o y p r i m e r a p o t e n c i a y p o r t a n t o
e n él l a p o t e n c i a y e l a c t o n o s o n a b s o l u t a m e n t e l a m i s m a c o s a , y a
q u e n i n g u n a p a r t e s u y a e s t o d o l o q u e p u e d e ser. Además d e p o r e s e
m o d o específico q u e h e m o s d i c h o , e l u n i v e r s o e s t o d o l o q u e puede
s e r según u n m o d o e x p l i c a d o , d i s p e r s o , d i f e r e n c i a d o ; s u p r i n c i p i o l o
es u n i t a r i a e i n d i f e r e n t e m e n t e , p o r q u e t o d o e s t o d o y l o m i s m o s i m -
p l i c í s i m a m e n t e , s i n d i f e r e n c i a y distinción.
DICSON — ¿ Q u é dirás e n t o n c e s d e l a m u e r t e , d e l a corrupción, d e
l o s v i c i o s , d e f e c t o s y m o n s t r u o s ? ¿Pretendes q u e t o d o e l l o t i e n e t a m -
bién u n l u g a r e n a q u e l l o q u e e s t o d o l o q u e p u e d e s e r y q u e e s e n a c t o
t o d o lo q u e es e n potencia?
 Diálogo ¡II 183

TEÓFILO — E s a s cosas n o son acto n i p o t e n c i a , s i n o defecto e i m p o -

t e n c i a q u e s e e n c u e n t r a n e n l a s c o s a s e x p l i c a d a s , p o r q u e éstas n o s o n
t o d o l oq u e p u e d e n s e r y se e s f u e r z a n p o r llegar a s e rl o q u e pueden
ser, p o r l o q u e n o p u d i e n d o s e r a l a v e z y a u n m i s m o t i e m p o t a n t a s
cosas, p i e r d e n u n s e r p a r a poseer o t r o y a veces c o n f u n d e n u n ser c o n
o t r o y e n t o n c e s están d i s m i n u i d a s , d e f e c t u o s a s y estropeadas, por la
i n c o m p a t i b i l i d a d d e u n o y o t r o s e r y p o r l a ocupación d e l a m a t e r i a
en u n o y otro a l a vez. V o l v i e n d o ahora a nuestro asunto: e l p r i m e r
principio a b s o l u t o esg r a n d e z a , es m a g n i t u d ; y es m a g n i t u d y g r a n d e -
z a t a l , q u e e s t o d o l o q u e p u e d e ser. N oe s g r a n d e c o n u n a grandeza
tal q u e p u e d a ser m a y o r , n i q u e p u e d a ser m e n o r , n i q u e p u e d a divi-
dirse, c o m o c u a l q u i e r o t r a g r a n d e z a q u e n o es t o d o l o q u e p u e d e ser;
p o r e s o e s g r a n d e z a máxima, mínima, i n f i n i t a , i n d i v i s i b l e y d e t o d a
m e d i d a . N o e s m a y o r , p o r s e r mínima; n o e s mínima, p o r s e r e l l a
m i s m a m á x i m a ; e s m á s allá d e t o d a i g u a l d a d , p o r q u e e s t o d o a q u e l l o
q u e p u e d e s e r . L o q u e d i g o d e l a g r a n d e z a entiéndelo d e t o d o l o q u e
se p u e d a d e c i r , p o r q u e s i m i l a r m e n t e e s a q u e l l a b o n d a d q u e e s t o d a l a
b o n d a d q u e p u e d e ser; es b e l l e z a q u e es a q u e l l a b e l l e z a q u e es t o d o el
b e l l o p o s i b l e y n o h a y o t r o b e l l o q u e sea t o d o l o q u e p u e d e ser, e x c e p t o
este u n o . U n o es l oq u e es t o d o y p u e d e s e rt o d o a b s o l u t a m e n t e . E n
las c o s a s n a t u r a l e s , además, n o v e m o s n i n g u n a c o s a q u e sea o t r a c o s a
d i f e r e n t e d e l o q u e e s e n a c t o , según e l c u a l e s l o q u e p u e d e s e r p o r t e -
n e r u n a e s p e c i e d e a c t u a l i d a d ; s i n e m b a r g o , t a m p o c o e n e s t e único s e r
específico e s j a m á s c u a l q u i e r i n d i v i d u o p a r t i c u l a r t o d o a q u e l l o que
p u e d e s e r . A h í está e l S o l : n o e s t o d o l o q u e p u e d e s e r e l S o l ; n o está e n
t o d a s p a r t e s d o n d e p u e d e e s t a r e l S o l , p o r q u e c u a n d o está a l o r i e n t e
d e l a T i e r r a n o está e n e l o c c i d e n t e , n i e n e l m e d i o d í a , n i e n n i n g ú n
o t r o p u n t o . P u e s b i e n , s i q u e r e m o s m o s t r a r d e qué m a n e r a D i o s e s
S o l , d i r e m o s ( p u e s t o q u e es t o d o l o q u e p u e d e ser) q u e es a l a v e z
o r i e n t e , o c c i d e n t e , mediodía, m e d i a n o c h e y c u a l q u i e r o t r o p u n t o d e
la c o n v e x i t u d d e l aT i e r r a , p o r l o c u a l , s i q u e r e m o s e n t e n d e r q u e este
S o l ( p o r s u p r o p i o m o v i m i e n t oo p o r e l d e l aT i e r r a ) se m u e v e y c a m -
b i a d e l u g a r p o r q u e n o está a c t u a l m e n t e e n u n p u n t o s i n q u e pueda
e s t a r e n t o d o s l o s demás, e n t o n c e s , s i e s t o d o l o q u e p u e d e s e r y p o s e e
t o d o a q u e l l o q u e e s c a p a z d e p o s e e r , estará a l a v e z p o r t o d o y e n t o d a s
p a r t e s . E s t a n p e r f e c t a m e n t e móvilísimo y velocísimo q u e e s también
estabilísimo e i n m ó v i l í s i m o ; p o r e s o e n t r e l o s d i s c u r s o s d i v i n o s h a l l a -
m o s q u e s e l e l l a m a « e t e r n a m e n t e estable» y « v e l o c í s i m o q u e d i s c u r r e
d e u n término a otro», p o r q u e s e c o n s i d e r a inmóvil a q u e l l o q u e e n u n
único i n s t a n t e p a r t e d e l p u n t o d e o r i e n t e y h a r e g r e s a d o a l p u n t o d e
i8 4
De la causa, el principio y el uno

o r i e n t e , q u e además n o s e v e m e n o s e n o r i e n t e q u e e n o c c i d e n t e y e n

c u a l q u i e r o t r o p u n t o d e s u r e c o r r i d o c i r c u l a r ; p o r l o q u e n o h a y más
r a z ó n p a r a q u e d i g a m o s q u e él p a r t e y r e g r e s a , h a p a r t i d o y r e g r e s a -
do, desde aquel p u n t o a aquel otro p u n t o que para que digamos que
parte d ec u a l q u i e r o t r o d elos infinitos p u n t o s y regresa al m i s m o . Por
t a n t o , estará t o d o y s i e m p r e e n t o d o e l c í r c u l o y e n c u a l q u i e r p a r t e d e l
m i s m o y c o n s i g u i e n t e m e n t e c u a l q u i e r p u n t o i n d i v i s i b l e d e l a eclíptica
c o n t i e n e t o d o e l diámetro d e l S o l y d e e s t a m a n e r a u n i n d i v i s i b l e v i e -
ne a contener lo divisible, lo cual n o o c u r r e por l aposibilidad natural,
s i n o p o r a q u e l l a s o b r e n a t u r a l , esto es: e n e l caso d e q u e se s u p o n g a
q u e e l S o l e s a q u e l l o q u e e s e n a c t o t o d o l o q u e p u e d e ser. L a p o t e n c i a
t a n a b s o l u t a n o es s o l a m e n t e a q u e l l o q u e p u e d e ser e l S o l , s i n o a q u e l l o
q u e es c u a l q u i e r cosa y q u e p u e d e ser c u a l q u i e r cosa. P o t e n c i a d e t o -
das las p o t e n c i a s , acto d e t o d o s los actos, v i d a d e t o d a s las vidas, a l m a
d e t o d a s las a l m a s , ser d e t o d o e l ser, p o r l o c u a l e g r e g i a m e n t e d i c e e l
R e v e l a d o r : «el q u e e s m e e n v í a , e l q u e e s d i c e a s í » . 65
P o r eso lo q u e e n
o t r o e s c o n t r a r i o y o p u e s t o , e n él e s u n o y l o m i s m o , y t o d a c o s a e s
e n él l a m i s m a c o s a . D i s c u r r e así p o r l a s d i f e r e n c i a s d e t i e m p o s y d e
duraciones igual que por las diferencias d e actualidad y d e posibili-
d a d . P o r e s o él n o e s a n t i g u o y n o e s n u e v o , p o r l o q u e m u y b i e n d i j o
e l R e v e l a d o r : «primero y novísimo». 66

DICSON — E s t e a c t o a b s o l u t í s i m o , q u e e s idéntico a l a absolutísima

p o t e n c i a , n o p u e d e s e r c o m p r e n d i d o p o r e l i n t e l e c t o s i n o p o r vía d e
negación; n o p u e d e — d i g o — s e r c a p t a d o n i e n c u a n t o p u e d e s e r t o d o
ni e n c u a n t o q u e es t o d o , p o r q u e el intelecto, c u a n d o q u i e r e entender,
n e c e s i t a f o r m a r l a e s p e c i e i n t e l i g i b l e , asemejársele, c o n m e n s u r a r s e e
i g u a l a r s e a e l l a . P e r o t a l c o s a e s i m p o s i b l e , p o r q u e e l i n t e l e c t o jamás
es t a n g r a n d e q u e n o p u e d a s e r m a y o r y aquél e n c a m b i o , p o r s e r i n -
m e n s o p o r t o d o s los l a d o s y e n t o d o s los s e n t i d o s , n o p u e d e ser m a y o r .
N o hay, p o r tanto, o j o q u e p u e d a a p r o x i m a r s e o q u e tenga acceso a
l u z t a n altísima y a t a n p r o f u n d í s i m o a b i s m o .
TEÓFILO — L a coincidencia d e este acto c o n l a absoluta potencia
h a s i d o d e s c r i t a m u y c l a r a m e n t e p o r e l espíritu d i v i n o allí d o n d e d i c e :
«Tenebrae n o n o b s c u r a b u n t u r a t e . N o x s i c u t d i e s i l l u m i n a b i t u r . S i c u t
t e n e b r a e e i u s , i t a e t l u m e n eius». 67
P a s a n d o , p u e s , a l a conclusión: v e i s

É x 3,14.
6 5

Is i,4-
6 6
4

Sal 138, 12 (Vulgata): «Tampoco las tinieblas son oscuras para ti, y la noche
6 7

luciría como el día, pues las tinieblas son como luz para ti».
 Diálogo 111 ,85

c U án g r a n d e es laexcelencia d e l apotencia, l acual, caso d e q u e que-

p i s l l a m a r l a esencia d el a m a t e r i a q u e n o h a n captado los filósofos
v U l g a r e s , podéis t r a t a r — s i n i n f a m a r a l a d i v i n i d a d — m á s a l t a m e n t e
d e l o q u e h a h e c h o Platón e n s u República y Timeo. É s t o s , p o r haber
presentado u nconcepto demasiado elevado d el a materia, h a n sido
m o t i v o d e e s c á n d a l o p a r a a l g u n o s teólogos. T a l c o s a h a s u c e d i d o b i e n
p o r q u e e l l o s n o s e h a n e x p l i c a d o c o r r e c t a m e n t e o b i e n p o r q u e l o s teó-
l o g o s e n cuestión n o l e s h a n e n t e n d i d o c o r r e c t a m e n t e , y a q u e e s t o s ú l -
t i m o s — n u t r i d o s c o m o están d e l a s s e n t e n c i a s d e A r i s t ó t e l e s — s i e m -
p r e t o m a n c o m o s i g n i f i c a d o d e l a m a t e r i a únicamente e l s e r s u s t r a t o
de cosas n a t u r a l e s y n o t i e n e n e nc u e n t a q u e p a r a los o t r o s l a m a t e r i a
e s d e t a l índole q u e e s c o m ú n a l m u n d o i n t e l i g i b l e y a l s e n s i b l e , c o m o
e l l o s d i c e n , t o m a n d o e l s i g n i f i c a d o d e m a t e r i a d e u n m o d o equívo-
c o a p a r t i r d e l a analogía. S i n e m b a r g o , a n t e s d e c o n d e n a r l a s , cabe
e x a m i n a r m u y a t e n t a m e n t e laso p i n i o n e s y d i s t i n g u i r los m o d o s d e
hablar i g u a l q u e sed i s t i n g u e los p e n s a m i e n t o s , d a d o q u e a u n q u e t o -
d o s c o n v e n g a n a v e c e s e n u n a noción c o m ú n d e l a m a t e r i a , d i f i e r e n
después e n e l u s o p r o p i o q u e d e e l l a h a c e n . Y e n l o q u e h a c e r e f e r e n c i a
a n u e s t r o a s u n t o , e s i m p o s i b l e q u e h a y a teólogo ( s i p r e s c i n d i m o s d e l
término «materia» y p o r m u y c a p c i o s o y malévolo i n g e n i o q u e s e l e
atribuya) que m e pueda acusar d e impiedad por l o que digo y en-
tiendo d el acoincidencia d e lapotencia y elacto t o m a n d o u n o y otro
término a b s o l u t a m e n t e . D e t o d o e s t o querría y o i n f e r i r q u e (guar-
d a n d o l a d e b i d a p r o p o r c i ó n , s e g ú n l a c u a l está p e r m i t i d o h a b l a r ) e n
e s t e s i m u l a c r o d e e s e a c t o y d e e s a p o t e n c i a , p o r s e r e n a c t o específico
t o d o a q u e l l o q u e e s e n p o t e n c i a específica, e n t a n t o q u e e l u n i v e r s o e s
de esem o d o t o d o l o q u e p u e d e ser(pase lo q u e pase e nl or e l a t i v oa l
a c t o y a l a p o t e n c i a i n d i v i d u a l ) , v i e n e a t e n e r u n a p o t e n c i a q u e n o está
s e p a r a d a d e l a c t o , u n a l m a q u e n o está s e p a r a d a d e l a n i m a d o ( n o m e r e -
fiero a l c o m p u e s t o , s i n o a l o s i m p l e ) , d e s u e r t e q u e también e l u n i v e r s o
t e n g a u n p r i m e r p r i n c i p i o q u e s e e n t e n d e r á idéntico, y a n o d i s t i n g u i -
d o e n m a t e r i a l y f o r m a l , y q u e podrá i n f e r i r s e p o r s e m e j a n z a c o n e l
a n t e r i o r m e n t e d i c h o , p o t e n c i a y a c t o a b s o l u t o s . P o r t o d o e l l o n o será
difícil u o n e r o s o a c e p t a r p a r a c o n c l u i r q u e e l t o d o s e g ú n l a s u s t a n c i a
e s u n o , c o m o q u i z á pensó P a r m é n i d e s , a l q u e Aristóteles trató d e u n
modo indigno.
DICSON —Sostenéis, p o r t a n t o , q u e , a u n q u e d e s c e n d i e n d o p o r l a
escala d e l an a t u r a l e z a h a y a u n a d o b l e sustancia, u n a e s p i r i t u a l y o t r a
c o r p o r a l , e n última i n s t a n c i a l a u n a y l a o t r a s e r e d u c e n a u n único s e r
y a u n a s o l a raíz.
i86 De la causa, el principio y el uno

TEÓFILO — S i o s p a r e c e q u e p u e d e ser a d m i t i d o p o r a q u e l l o s q U e

n o son capaces d epenetrar hasta tal p u n t o .

DICSON — N o h a y p r o b l e m a , c o n tal d e q u e n o te eleves por enci-
m a d e l o s límites d e l a n a t u r a l e z a .
TEÓFILO — E s lo que hemos hecho. S in o concebimos y definimos
a l a d i v i n i d a d a l a m a n e r a común, t e n e m o s u n m o d o p r o p i o q u e , s i n
e m b a r g o , n o e s c o n t r a r i o n i a j e n o a e l l a , s i n o q u i z á m á s c l a r o y más
d e s a r r o l l a d o d e s d e e l p u n t o d e v i s t a d e l a r a z ó n , l a c u a l n o está p o r
e n c i m a d e n u e s t r o d i s c u r s o y d e l a c u a l n o o s prometí a b s t e n e r m e .
DICSON — Y a se h a d i c h o b a s t a n t e d e l p r i n c i p i o m a t e r i a l d e s d e la
p e r s p e c t i v a d e l a p o s i b i l i d a d o p o t e n c i a . H a c e d e l f a v o r d e v e n i r maña-
na dispuesto a proseguir el e x a m e n del m i s m o desde l aperspectiva del
sustrato.
TEÓFILO — A s í l o haré.
GERVASIO — A d i ó s .
POLIHIMNIO — B o n i s avibus. * 0

COPIA CON FINES

EDUCATIVOS
C. D. A .

«Que los auspicios os sean favorables» (Ovidio, Fastos, i, 513).

 D I Á L O G O C U A R T O

POLIHIMNIO — E t os vulvae nunquam dicit: «sufficit»; idest, scilicet,

videlicet, ut pote, quod est dictu, materia ( q u e v i e n e a e s t a r s i g n i ñ c a d a
p o r e s t a s c o s a s ) recipiendis formis numquam expletur. P e r o y a q u e n o 69

h a y n a d i e m á s e n e s t e L i c e o , vel potius ° A n t i l i c e o , solus (ita inquam

7

solus, ut minime omnium solus) deambulabo, et ipse mecum confabu-

labor. ' L a m a t e r i a , p u e s , d e l o s peripatéticos p o r e l p r í n c i p e y d e l
7

e l e v a d o i n g e n i o d e l g r a n M a c e d o n i o e d u c a d o r , non minus 71
que por el
d i v i n o P l a t ó n y o t r o s , o r a chaos, o r a hyle, o r a sylva, 73
ora masa, ora
p o t e n c i a , o r a a p t i t u d , oraprivationi admixtum, orzpeccati causa, o r a ad
maleficium ordinata, o r a per se non ens, o r a per se non scibile, o r a per
analogiam adformam cognoscibile, o r a tabula rasa, o r a indepictum, o r a
subiectum, o r a substratum, o r a substerniculum, o r a campus, o r a infini-
tum, o r a indeterminatum, o r a prope nihil, o r a ñeque quid, ñeque quale,
ñeque quantum; tándem, * d e s p u é s d e h a b e r c a l i b r a d o m u c h o
7
(para
d e f i n i r s u n a t u r a l e z a ) c o n v a r i a s y d i f e r e n t e s d e n o m i n a c i o n e s , ab ipsis
scopum ipsum attingentibus, * 7
e s l l a m a d a m u j e r ; tándem inquam (ut

« Y la boca de la vulva nunca dice: "basta"» [cf. Prv 30,15-16]; estoes, a saber,
6 9

es decir, o sea, lo que es lo mismo, la materia [...] nunca se cansa de recibir for-
mas.»
«o más bien».
7 0

«voy a pasearme solo (solo, pero de tal forma que nadie haya menos solo
7 1

que yo) y conversaré conmigo mismo».

«no menos».
7 2

«caos, bosque, selva».

7 3

«mezclado a la privación, causa de pecado, dispuesta al maleficio, por sí no

7 4

ente, por sí no cognoscible, cognoscible por analogía con la forma, tabla rasa, tabla
virgen, sujeto, substrato, lecho, campo, infinito, indeterminado, casi nada, ni qué,
ni cuál, ni cuánto; finalmente».
7 5
«por los que dan en el blanco».

187
i88 De la causa, el principio y el uno

una complectantur omnia vocula), a melius rem ipsam perpendentibus

femina diciturJ b
Y me hercle 77
n o s i n n o m e d i o c r e razón h a n querido
estos s e n a d o r e s d e l r e i n o d e P a l a s colocar e n exacto p a r a l e l o estas dos
cosas: m a t e r i a y m u j e r , l u e g o q u e p o r h a b e r e x p e r i m e n t a d o e l rigor
d e éstas s e h a n v i s t o c o n d u c i d o s a e s a r a b i a y a e s a l o c u r a ( h e aquí
q u e m e v i e n e e n m e n t e u n o r n a m e n t o retórico): l a s m u j e r e s s o n u n
chaos d e i r r a c i o n a l i d a d , hyle d e m a l d a d e s , s e l v a d e b e l l a q u e r í a s , m a s a
d e i n m u n d i c i a s , a p t i t u d a t o d a c l a s e d e perdición. ( U n n u e v o orna-
m e n t o retórico, l l a m a d o p o r a l g u n o s complessio): * ¿ D ó n d e e s t a b a e n
7

p o t e n c i a non solum r e m o t a , s i n o etiam 79

p r ó x i m a l a destrucción d e
Troya? E n u n a m u j e r . ¿ Q u i é n f u e e l i n s t r u m e n t o d e l a destrucción
d e l a f u e r z a d e Sansón, d e a q u e l héroe d i g o q u e c o n a q u e l l a qui-
j a d a s u y a d e a s n o q u e encontró s e convirtió e n t r i u n f a d o r i n v i c t o
sobre los filisteos? U n a m u j e r . ¿Quién d o m ó e n C a p u a e l ímpetu y l a
f u e r z a d e l g r a n capitán y e n e m i g o p e r p e t u o d e l a r e p ú b l i c a r o m a n a ,
A n í b a l ? U n a m u j e r . (Exclamatio):°° D i m e , p r o f e t a c i t a r i s t a , cuál e s l a
c a u s a d e t u d e b i l i d a d : «Quia i n p e c c a t i s c o n c e p i t m e m a t e r mea». 81

¿ C ó m o , a n t i g u o p r o t o p l a s t a n u e s t r o , s i e n d o tú j a r d i n e r o d e l Paraíso
y a g r i c u l t o r d e l árbol d e l a v i d a , f u i s t e e m b r u j a d o d e m a n e r a q u e t e
h u n d i s t e c o n t o d o e l género h u m a n o e n e l a b i s m o profundo d e la
perdición? «Mulier q u a m d e d i t m i h i , i p s a , i p s a m e decepit». P r o c u l -
dubio 8 2
laf o r m a n o peca y d en i n g u n a f o r m a proviene error, excepto
p o r e l h e c h o d e e s t a r u n i d a a l am a t e r i a . Así, l a f o r m a , s i g n i f i c a d a por
el m a c h o , u n a v e z e n t r a e n f a m i l i a r i d a d c o n l am a t e r i a y v i e n e a j u n -
tarse o a c o p u l a r c o n e l l a , r e s p o n d e c o n las s i g u i e n t e s p a l a b r a s o b i e n
c o n l a s i g u i e n t e s e n t e n c i a a l a n a t u r a l e z a n a t u r a n t e : «Mulier quam
d e d i s t i m i h i » , idest l a m a t e r i a q u e m e h a s d a d o p o r c o n s o r t e , «ipsa
m e d e c e p i t » , hoc est, e l l a e s l a c a u s a d e t o d o s m i s p e c a d o s . C o n t e m -
p l a , c o n t e m p l a , d i v i n o i n g e n i o , c ó m o l o s filósofos m á s e g r e g i o s y l o s
más d i s c r e t o s a n a t o m i s t a s d e l a s v i s c e r a s d e l a n a t u r a l e z a n o h a n h a -
l l a d o m o d o más a p r o p i a d o p a r a p o n e r c o m p l e t a m e n t e a n t e nuestros
ojos l anaturaleza d e l am a t e r i a q u e e ld e ilustrarnos con l a siguiente

«finalmente, digo (para que todos los vocablos se resuman en uno), por
7 6

quienes mejor ponderan la cosa misma es llamada mujer».

«por Hércules».
7 7

«complexión».
7 8

«no sólo... también».

7 9

«Exclamación.»
8 0

«porque mi madre me concibió en pecado» (Sal 50, 7 ,Vulgata).

8 1

« L a mujer que me diste de compañera, me engañó ( G e n 3, 12). Sin duda.»

8 2
 Diálogo IV 189

proporción: c o m o l a m a t e r i a a l e s t a d o d e l a s c o s a s n a t u r a l e s , así e s e l
s e x o f e m e n i n o a l e c o n ó m i c o , político y c i v i l . A b r i d , a b r i d l o s o j o s y . . .
¡Oh!, ahí v e o a ese c o l m o d e l a holgazanería d e G e r v a s i o , q u e v i e n e a
i n t e r r u m p i r d e m i enérgico d i s c u r s o e l h i l o ; t e m o q u e m e h a y a oído,
p e r o ¿qué i m p o r t a ?
GERVASIO — S a l v e magister doctorum optime. S}

POLIHIMNIO — A n o s e r t e q u i e r a s (tuo more)** b u r l a r d e m í , tu

quoque vale}*
GERVASIO — Q u i s i e r a s a b e r qué es l o q u e a n d a b a i s r u m i a n d o s o l o .
POLIHIMNIO — E s t u d i a n d o e n m i g a b i n e t e , in eum qui apud Aristo-
telem est locum incidid d e l p r i m e r l i b r o d e l a Physica, in calce? 1
e n el
q u e q u e r i e n d o e l u c i d a r qué es la m a t e r i a p r i m e r a se s i r v e c o m o e s p e j o
d e l s e x o f e m e n i n o , s e x o — d i g o — h u r a ñ o , frágil, i n c o n s t a n t e , b l a n d o ,
pusilánime, i n n o b l e , v i l , a b y e c t o , d e s p r e c i a d o , i n d i g n o , reprobo, si-
n i e s t r o , v e r g o n z o s o , frío, d e f o r m e , v a c u o , v a n o , i n d i s c r e t o , i n s e n s a t o ,
pérfido, p e r e z o s o , m a l o l i e n t e , s u c i o , i n g r a t o , t r u n c a d o , m u t i l a d o , i m -
p e r f e c t o , i n c o a d o , i n s u f i c i e n t e , c o r t a d o , a m p u t a d o , d i s m i n u i d o , orín,
g u s a n o , zizaña, p e s t e , e n f e r m e d a d , muerte:

Puesto entre nosotros por lan a t u r a y D i o s

por u n azote y carga incomportable. 8 8

GERVASIO — Y o sé q u e habláis así m á s p o r e j e r c i t a r o s e n e l a r t e

oratoria y por demostrar toda vuestra abundancia y elocuencia que no
p o r q u e seáis r e a l m e n t e d e l a o p i n i ó n q u e m u e s t r a n v u e s t r a s palabras.
P o r q u e e s c o s a f r e c u e n t e e n v o s o t r o s , señores h u m a n i s t a s , q u e o s l l a -
máis p r o f e s o r e s d e l a s b u e n a s l e t r a s , c u a n d o o s halláis l l e n o s d e e s o s
c o n c e p t o s q u e n o podéis r e t e n e r , q u e n o v a y á i s a d e s c a r g a r l o s e n o t r o
sitio q u e sobre laspobres m u j e r e s ; igual q u e c u a n d o os o p r i m e otra
b i l i s , venís a d e s a h o g a r l a sobre e l p r i m e r o d e vuestros a l u m n o s que
comete u n a falta. P e r o guardaos, señores O r f e o s , d e l f u r i o s o enfado
d e las m u j e r e s tracias.
POLIHIMNIO — P o l i h i m n i o soy yo, n o O r f e o .

8 3
«Salud, eminente maestro de los doctos.»
8 4
«como es tu costumbre».
8 5
«salud para ti también».
8 6
«vine a dar en ese lugar de Aristóteles».
8 7
«al final». Cf. Física, 1,9, 192322-25.
8 8
Ariosto, op. cit., xxvii, 119.
 9° De la causa, el principio y el uno

GERVASIO — ¿ N o censuráis, p u e s , e n s e r i o a l a s m u j e r e s ?
POLIHIMNIO — M i n i m e , minime quidem.* Y o h a b l o e n s e r i o
9
y pien-
s o e x a c t a m e n t e c o m o d i g o , p o r q u e n o h a g o (sophistarum more) " p r o - 9

fesión d e d e m o s t r a r q u e l o b l a n c o e s n e g r o . . .
GERVASIO — ¿ P o r q u é , p u e s , o s teñís l a b a r b a ?
POLIHIMNIO —Ingenue loquor, ' p o r e l c o n t r a r i o .
9
Y digo que un
h o m b r e s i n m u j e r s e p a r e c e a u n a d e l a s i n t e l i g e n c i a s ; qui non duxit
uxorem 92
e s ( d i g o ) u n h é r o e , u n semidiós.
GERVASIO — Y e s s e m e j a n t e también a u n a o s t r a y a u n champiñón;
y es u n a trufa.
POLIHIMNIO — P o r l o q u e d i v i n a m e n t e d i j o e l p o e t a lírico:

Credite, Pisones, melius nil célibe vita. 93

Y s i q u i e r e s s a b e r l a r a z ó n , e s c u c h a a l filósofo S e g u n d o : «la m u j e r » ,
d i c e , «es u n obstáculo a l a t r a n q u i l i d a d , d a ñ o c o n t i n u o , g u e r r a c o t i -
d i a n a , prisión d e n u e s t r a v i d a , t e m p e s t a d d o m é s t i c a , n a u f r a g i o d e l
hombre». B i e n l o confirmó a q u e l vizcaíno q u e , i m p a c i e n t e y e n c o l e -
rizado por u n horrible infortunio y tempestad m a r i n a , dijo con tor-
v o y colérico r o s t r o d i r i g i d o a l a s o l a s : « ¡ A y , m a r , m a r , ojalá t e p u -
d i e r a e n c o n t r a r u n a esposa!», c o m o q u e r i e n d o i n f e r i r q u e l a m u j e r
es l a t e m p e s t a d d e l a s t e m p e s t a d e s . P o r e s o Protágoras, p r e g u n t a d o
p o r q u é había d a d o s u h i j a a u n e n e m i g o , respondió q u e e l m a y o r
daño q u e podía h a c e r l e e r a d a r l e u n a m u j e r . A d e m á s , n o m e d e s -
mentirá a q u e l b r a v o francés q u e , r e c i b i e n d o — i g u a l q u e t o d o s l o s
q u e c o m o él s u f r í a n u n a p e l i g r o s í s i m a t e m p e s t a d — d e C i c a l a , e l
patrón d e l a n a v e , l a o r d e n d e t i r a r a l m a r l a s c o s a s más p e s a d a s ,
él a r r o j ó e n p r i m e r l u g a r a s u m u j e r .
GERVASIO — E n c a m b i o n o referís t a n t o s o t r o s e j e m p l o s d e a q u e -
l l o s q u e s o n t e n i d o s p o r afortunadísimos g r a c i a s a s u s m u j e r e s , e n t r e
los cuales (para n o m a n d a r o s m u y lejos) b a j o este m i s m o t e c h o e l se-
ñor d e M a u v i s s i é r e h a t o p a d o c o n u n a q u e n o s o l a m e n t e está d o t a d a
de u n a belleza c o r p o r a l n om e d i o c r e , q u e le vela y recubre e l a l m a ,
s i n o q u e además, c o n e l t r i u n v i r a t o d e m u y d i s c r e t o j u i c i o , p r u d e n t e

8 9
« E n absoluto, en absoluto, ciertamente.»
9 0
«a la manera de los sofistas».
9 1
«Hablo sinceramente.»
9 2
«quien no se casa».
9 3
«Notad, Pisones, nada es preferible al celibato.» Cf. Horacio, Epístolas, 1,
1, 84 y Arte poética, 6.
 Diálogo IV
191
m o d e s t i a y honestísima cortesía, t i e n e c a u t i v o e l á n i m o d e s u c o n s o r t e
c o n l a z o i n d i s o l u b l e y es capaz d ecautivar a t o d o el q u e llega a c o n o -
c e r l a . ¿ Q u é dirás d e s u n o b l e h i j a , q u e h a c e a p e n a s u n l u s t r o y u n a ñ o
q u e h a v i s t o e l S o l y p o r l a s l e n g u a s n o podrás d e c i d i r s i e s d e I t a l i a , d e
Francia o d e Inglaterra; por s um a n e j o d e i n s t r u m e n t o s musicales n o
podrás s a b e r s i e s u n a s u s t a n c i a c o r p ó r e a o i n c o r p ó r e a ; p o r l a m a d u r a
b o n d a d d e s u s c o s t u m b r e s dudarás s i h a d e s c e n d i d o del cielo o bien
ha salido d e l a tierra? T o d o e l m u n d o v e q u e e nella, para l a f o r m a -
ción d e c u e r p o t a n h e r m o s o , l a s a n g r e d e s u s d o s p r o g e n i t o r e s n o h a
c o n c u r r i d o m e n o s q u e l a v i r t u d d e l ánimo h e r o i c o d e a m b o s p a r a l a
confección d e s u e x c e p c i o n a l espíritu.
POLIHIMNIO — R a r a avis * 9
e s t a M a r í a d e B o s h t e l . Rara avis e s t a M a -
ría d e C a s t e l n a u .
GERVASIO — E s a m i s m a r a r e z a q u e decís d e l a s m u j e r e s s e p u e d e
d e c i r también d e l o s h o m b r e s .
POLIHIMNIO — E n fin, v o l v i e n d o a l t e m a i n i c i a l , l a m u j e r n o e s
o t r a c o s a q u e m a t e r i a . S i n o sabéis q u é e s l a m u j e r p o r n o s a b e r q u é
e s l a m a t e r i a , e s t u d i a d u n p o c o a l o s peripatéticos, l o s c u a l e s e n s e ñ á n -
d o o s qué e s l a m a t e r i a , o s enseñarán qué e s l a m u j e r .
GERVASIO — M e doy perfecta cuenta d eque por tener vos u n cere-
b r o peripatético a p r e n d i s t e i s p o c o o n a d a d e l o q u e a y e r d i j o Teófilo
acerca d e l aesencia y potencia d el a m a t e r i a .
POLIHIMNIO — L o demás n o m e i m p o r t a . Y o m e l i m i t o a c e n s u r a r
e l a p e t i t o d e u n a y d e o t r a , q u e e s l a c a u s a d e t o d o m a l , d e t o d a pasión,
d e f e c t o , r u i n a y c o r r u p c i ó n . ¿ N o creéis q u e s i l a m a t e r i a s e c o n t e n t a r a
d e l a f o r m a p r e s e n t e , n i n g u n a alteración o pasión s e e n s e ñ o r e a r í a d e
n o s o t r o s , n o moriríamos, seríamos i n c o r r u p t i b l e s y e t e r n o s ?
GERVASIO — ¿ Y qué diríais s i e l l a s e h u b i e r a c o n t e n t a d o c o n l a
f o r m a q u e tenía c i n c u e n t a a ñ o s a t r á s ? ¿ E x i s t i r í a s tú, P o l i h i m n i o ?
S i s e h u b i e s e d e t e n i d o b a j o l a f o r m a d e h a c e c u a r e n t a a ñ o s , ¿seríais
t a n adúltero, q u i e r o d e c i r t a n a d u l t o , t a n p e r f e c t o y t a n d o c t o ? Así
pues, igual que t e parece bien que lasotras f o r m a s h a y a n dado el
p a s o a ésta, t a m b i é n e s v o l u n t a d d e l a n a t u r a l e z a q u e o r d e n a e l u n i -
v e r s o q u e t o d a s l a s f o r m a s d e n p a s o a t o d a s las demás. Además, e s
m u c h o más d i g n o d e e s t a n u e s t r a s u s t a n c i a q u e s e h a g a todas las
cosas r e c i b i e n d o t o d a s las f o r m a s q u e n o ser p a r c i a l r e t e n i e n d o u n a
sola. D e esa m a n e r a s e m e j a e n l a m e d i d a q u e l e es posible a q u i e n
es t o d o e n t o d o .

9 4
« A v e rarísima» (Juvenal, Sátiras, vi, 165).
£92 De la causa, el principio y el uno

POLIHIMNIO —Comienzas a resultarme docto, abandonando tu

n a t u r a l e z a o r d i n a r i a . A p l i c a a h o r a , s i p u e d e s , a simili,"* a p o r t a n d o l a

d i g n i d a d q u e se presenta e n l a m u j e r .
GERVASIO — L o h a r é facilísimamente. ¡ O h ! , ahí l l e g a Teófilo.
POLIHIMNIO — Y D i c s o n . O t r a v e z será, p u e s . De iis hactenus*
TEÓFILO — ¿ N o v e m o s a a l g u n o s peripatéticos, c o m o también a al-
g u n o s platónicos, d i v i d i r l a s u s t a n c i a según l a distinción d e corpóreo e
incorpóreo? E n t o n c e s , d e l m i s m o m o d o q u e e s t a distinción s e r e d u c e
a l a p o t e n c i a d e u n m i s m o g é n e r o , e s p r e c i s o también q u e l a s formas
sean d e d o s clases: a l g u n a s s o n , e n efecto, t r a s c e n d e n t e s , q u i e r o decir,
s u p e r i o r e s a l género y r e c i b e n e l n o m b r e d e p r i n c i p i o s , c o m o «enti-
d a d » , « u n i d a d » , « u n o » , «cosa», « a l g u n a cosa» y s i m i l a r e s ; o t r a s , e n
c a m b i o , s o n f o r m a s d e u n c i e r t o g é n e r o , d i s t i n t a s d e l a s d e o t r o género,
c o m o «sustancialidad», «accidentalidad». L a s f o r m a s d e l a p r i m e r a
clase n o hacen distinciones e n l a m a t e r i a y n o hacen l a potencia d e l a
m i s m a d i s t i n t a e n u n a y o t r a , s i n o q u e c o m o términos universalísimos
q u e c o m p r e n d e n t a n t o l a s s u s t a n c i a s corpóreas c o m o l a s incorpóreas,
v i e n e n a s i g n i f i c a r l a m a t e r i a u n i v e r s a l í s i m a , c o m u n í s i m a y única d e
l a s u n a s y d e l a s o t r a s . A d e m á s , c o m o d i j o A v i c e b r ó n , «así c o m o antes
de que reconozcamos l a m a t e r i a d e las f o r m a s a c c i d e n t a l e s , q u e s o n e l
compuesto, reconocemos l a m a t e r i a d e l a f o r m a sustancial, q u e es u n a
p a r t e d e d i c h o c o m p u e s t o , d e l m i s m o m o d o ¿qué n o s i m p i d e q u e a n t e s
de que conozcamos l a m a t e r i a q u e está contraída a s e r b a j o l a s formas
corpóreas v e n g a m o s a c o n o c e r u n a p o t e n c i a q u e s e a d i s t i n g u i b l e p o r l a
f o r m a d e n a t u r a l e z a corpórea e incorpórea, d i s o l u b l e e i n d i s o l u b l e ? » . 97

Además, s i t o d o l o q u e e x i s t e , c o m e n z a n d o por e lente s u m o y su-

p r e m o , t i e n e u n c i e r t o o r d e n y f o r m a u n a jerarquía, u n a e s c a l a , e n
la q u e se a s c i e n d e d e las cosas c o m p u e s t a s a l a s s i m p l e s , d e éstas a l a s
simplicísimas y absolutísimas, p o r m e d i o s p r o p o r c i o n a l e s y c o p u l a t i -
v o s q u e p a r t i c i p a n d e l a n a t u r a l e z a d e u n o y o t r o e x t r e m o y s o n según
s u p r o p i a r a z ó n n e u t r o s ; s i n o h a y o r d e n allí d o n d e n o h a y u n a cier-
t a participación, n o h a y participación allí d o n d e n o s e e n c u e n t r a una
c i e r t a vinculación, n o h a y vinculación s i n a l g u n a participación, e s p o r
t a n t o n e c e s a r i o q u e h a y a u n único p r i n c i p i o d e s u b s i s t e n c i a p a r a todas
las cosas q u e s o n subsistentes. A ñ a d e a e s t o q u e l a razón m i s m a n o
p u e d e evitar q u e antes d ec u a l q u i e r cosa d i s t i n g u i b l e p r e s u p o n g a una

9 5
«por semejanza».
9 6
«Detengámonos aquí.»
9 7
Avicebrón, Fons vitae, iv, 15 [trad. libre de Bruno].
 Diálogo IV '93

cosa i n d i s t i n t a ( h a b l o d e a q u e l l a s cosas q u e e x i s t e n r e a l m e n t e , p o r q u e
«ente» y « n o ente» e n t i e n d o q u e n o p o s e e n u n a distinción r e a l , s i n o
t a n sólo v e r b a l y n o m i n a l ) . E s t a c o s a i n d i s t i n t a e s u n a r a z ó n c o m ú n a
l a q u e v i e n e a añadirse l a d i f e r e n c i a y l a f o r m a d i s t i n t i v a . Y c i e r t a m e n -
te, n o se p u e d e n e g a r q u e d e l m i s m o m o d o q u e t o d o sensible presupo-
n e e l s u s t r a t o d e l a s e n s i b i l i d a d , así también t o d o i n t e l i g i b l e p r e s u p o n e
el s u s t r a t o d e l a i n t e l i g i b i l i d a d ; e s n e c e s a r i o , p o r t a n t o , q u e h a y a algo
q u e r e s p o n d a a l a razón común d e u n o y o t r o s u s t r a t o , p u e s t o q u e t o d a
e s e n c i a está f u n d a d a n e c e s a r i a m e n t e s o b r e a l g ú n s e r , e x c e p t o aquella
esencia p r i m e r a q u e e s u n a m i s m a cosa c o n s u ser p o r q u e s u p o t e n c i a
es s u a c t o , p o r q u e e s t o d o l o q u e p u e d e s e r , t a l c o m o s e d i j o a y e r . Ade-
más, sil amateria ( c o m o reconocen nuestros m i s m o s adversarios) n o
es c u e r p o y p r e c e d e p o r s u p r o p i a n a t u r a l e z a a l s e r corpóreo, ¿qué l a
p u e d e h a c e r , e n t o n c e s , t a n a j e n a a l a s s u s t a n c i a s l l a m a d a s incorpóreas?
Y n o f a l t a n peripatéticos q u e d i c e n q u e , d e l m i s m o m o d o q u e e n l a s
s u s t a n c i a s corpóreas s e e n c u e n t r a a l g o d e f o r m a l y d i v i n o , así t a m b i é n
c o n v i e n e q u e e n l a s d i v i n a s e x i s t a a l g o m a t e r i a l , a fin d e q u e l a s c o s a s
i n f e r i o r e s s ea j u s t e n c o n las s u p e r i o r e s y e l o r d e n d e u n a s d e p e n d a del
o r d e n d e l a s o t r a s . Y l o s teólogos, a u n q u e a l g u n o s d e e l l o s s e h a y a n a l i -
m e n t a d o c o n l a d o c t r i n a aristotélica, n o d e b e n e n f a d a r s e c o n m i g o p o r
e s t o , s i d e v e r d a d a c e p t a n s e r más d e u d o r e s d e s u E s c r i t u r a q u e d e l a
filosofía y r a z ó n n a t u r a l . « N o m e a d o r e s » , d i j o u n o d e l o s ángeles d e
e s t o s teólogos a l p a t r i a r c a J a c o b , « p o r q u e s o y t u h e r m a n o » ; ' 8
entonces,
s i e l q u e así h a b l a e s u n a s u s t a n c i a i n t e l e c t u a l ( c o m o e l l o s c r e e n ) y a f i r -
m a c o n s u s p a l a b r a s q u e a q u e l h o m b r e y él c o i n c i d e n e n l a r e a l i d a d d e
u n único s u s t r a t o i n d e p e n d i e n t e m e n t e d e c u a l q u i e r d i f e r e n c i a formal,
n o s q u e d a q u e l o s filósofos t i e n e n a q u í u n o r á c u l o d e e s t o s teólogos
c o m o testimonio a favor d esu doctrina.
DICSON — S é q u e e s t o l o decís p o r r e v e r e n c i a , p o r q u e e n realidad
sabéis q u e n o o s c o n v i e n e m e n d i g a r r a z o n e s d e l u g a r e s c o m o ésos,
q u e están f u e r a d e n u e s t r o c a m p o .
TEÓFILO — H a b l á i s bien y con verdad. Sin embargo, yo no aduzco
ese t e s t i m o n i o a m o d o d e razón y confirmación, s i n o p a r a o b v i a r e n l a
m e d i d a q u e m e e s p o s i b l e l o s escrúpulos d e l o s teólogos, p o r q u e t e m o
p a r e c e r c o n t r a r i o a l a teología n o m e n o s q u e s e r l o .
DICSON — L a s r a z o n e s n a t u r a l e s , s e a c u a l s e a s u c o n t e n i d o , serán
s i e m p r e a d m i t i d a s p o r l o s teólogos j u i c i o s o s c o n t a l d e q u e n o d e t e r -
m i n e n n a d a c o n t r a l aa u t o r i d a d d i v i n a , sino q u e ses o m e t a n a ella.

A p 19, \o\cf. G e n 32, 24 y sigs.

£94 De la causa, el principio y el uno

TEÓFILO — T a l e s s o n y serán s i e m p r e l a s m í a s .
DICSON — E s t á b i e n , p u e s . C o n t i n u a d .
TEÓFILO — P l o t i n o d i c e t a m b i é n e n e l l i b r o De la materia q u e «si
e n e l m u n d o i n t e l i g i b l e h a y m u l t i t u d y p l u r a l i d a d d e especies, es ne-
c e s a r i o q u e h a y a también a l g o común, a p a r t e d e l o q u e e s p r o p i o y
d i f e r e n t e d e c a d a u n a d e e l l a s . A q u e l l o q u e e s común t i e n e e l l u g a r
d e m a t e r i a , l o q u e e s p r o p i o y p r o d u c e distinción t i e n e e l l u g a r d e
f o r m a » . " A ñ a d e a d e m á s q u e «si e s t e m u n d o e s a imitación d e aquél
l a c o m p o s i c i ó n d e éste e s a imitación d e l a c o m p o s i c i ó n d e a q u é l . A d e -
más, aquel m u n d o , sin o tiene diversidad, n o tiene orden; sin o tiene
o r d e n , n otiene belleza n i o r n a m e n t o . Pues b i e n , t o d o esto se d a e n
relación c o n l a m a t e r i a » . P o r t a n t o , e l m u n d o s u p e r i o r n o sólo d e b e
s e r t e n i d o p o r e n t e r a m e n t e i n d i v i s i b l e , s i n o también p o r d i v i s i b l e y
d i f e r e n c i a d o e n v i r t u d d e a l g u n a s d e s u s c o n d i c i o n e s ; e s a división y d i -
ferenciación n o p u e d e s e r c o m p r e n d i d a s i n a l g u n a c l a s e d e m a t e r i a
s u b y a c e n t e . Y a u n q u e d i g o q u e t o d a esa m u l t i t u d c o n v i e n e e n u n e n t e
i n d i v i s i b l e y a j e n o a t o d a d i m e n s i ó n , precisaré q u e e s l a m a t e r i a a q u e l
ente e n e lq u e se u n e n tantas f o r m a s . A n t e s d eserconcebido como
v a r i o y m u l t i f o r m e , a q u e l ente era e nconcepto u n i f o r m e y antes que
e n concepto f o r m a d o se daba e n concepto i n f o r m e .
DICSON — A u n q u e e n l o q u e habéis d i c h o habéis a p o r t a d o c o n
b r e v e d a d m u c h a s y sólidas r a z o n e s p a r a l l e g a r a l a conclusión d e q u e
l a m a t e r i a e s u n a y u n a también l a p o t e n c i a p o r l a q u e t o d o l o q u e
es, e s e n a c t o ; y q u e n o c o n v i e n e c o n m e n o s razón a l a s s u s t a n c i a s
incorpóreas q u e a l a s corpóreas, d a d o q u e e l l a s t i e n e n e l s e r p o r e l
p o d e r s e r i g u a l q u e éstas p o r e l p o d e r s e r t i e n e n e l s e r , t a l c o m o l o h a -
béis d e m o s t r a d o a d e m á s p o r o t r a s r a z o n e s m u y c a p a c e s ( p a r a q u i e n
tiene l acapacidad d econsiderarlas y comprenderlas), sin embargo,
q u i s i e r a ( y a q u e n o c o n v i s t a s a l a perfección d e l a d o c t r i n a , a l m e n o s
c o n vistas a l aclaridad d e l am i s m a ) q u e especificarais d ea l g u n a otra
m a n e r a l o s i g u i e n t e : ¿ c ó m o e s q u e e n e s a s c o s a s excelentísimas q u e
s o n l a s incorpóreas p u e d e d a r s e a l g o i n f o r m e e i n d e f i n i d o ? , ¿ c ó m o
p u e d e h a b e r allí r a z ó n d e l a m i s m a m a t e r i a y q u e n o o b s t a n t e p o r
el a d v e n i m i e n t o d e l a f o r m a y del acto n o sed i g a n i g u a l m e n t e cuer-
p o s ? ¿ C ó m o q u e r é i s q u e allí d o n d e n o h a y m u t a c i ó n , g e n e r a c i ó n n i
corrupción a l g u n a , h a y a m a t e r i a , l a c u a l h a s i d o p u e s t a precisamente
p o r e s e fin? ¿ C ó m o p o d r e m o s d e c i r q u e l a n a t u r a l e z a i n t e l i g i b l e e s
simple y decir q u e e n ella hay m a t e r i a y acto? E s t o n ol o p r e g u n t o

9 9
Plotino, Enéadas, n, 4, 4.
 Diálogo IV
95
p o r mí, p a r a q u i e n l a v e r d a d e s m a n i f i e s t a , s i n o quizá p o r o t r o s q u e
p u e d e n s e r más l e n t o s y t e n e r m e n o s f a c i l i d a d , c o m o p o r e j e m p l o e l
maestro Polihimnio y Gervasio.
POLIHIMNIO —Cedo.'" 0

GERVASIO —Accepto, y o s d o y l a s g r a c i a s , D i c s o n , p o r q u e tenéis

en cuenta l a necesidad d e aquellos q u e n o sea t r e v e n a preguntar, tal
c o m o e x i g e l a cortesía e n l a s m e s a s u l t r a m o n t a n a s , d o n d e a q u i e n e s s e
s i e n t a n e n s e g u n d o l u g a r n o l e s está p e r m i t i d o s a c a r l o s d e d o s f u e r a
del p r o p i o m a n t e l o p l a t o , s i n o q u e d e b e n e s p e r a r a q u e s e les ponga
e n l a m a n o , a fin d e q u e n o c o m a n b o c a d o q u e n o s e v e a p a g a d o c o n
u n «muy agradecido».
TEÓFILO —Para r e s o l v e r t o d a l a cuestión d i r é q u e , i g u a l q u e e l
h o m b r e p o r s u p r o p i a n a t u r a l e z a d e h o m b r e e s d i f e r e n t e d e l león p o r
l a p r o p i a n a t u r a l e z a d e l león, p e r o p o r l a n a t u r a l e z a c o m ú n d e a n i -
m a l , d e l a s u s t a n c i a corpórea y o t r a s s i m i l a r e s , s o n i n d i f e r e n t e s y u n a
m i s m a c o s a , a s i m i s m o l a m a t e r i a d e l a s c o s a s corpóreas e s d i f e r e n t e
d e l a m a t e r i a d e l a s c o s a s incorpóreas p o r s u p r o p i a n a t u r a l e z a . P o r
t a n t o , t o d o l o q u e aducís d e l s e r c a u s a c o n s t i t u t i v a d e n a t u r a l e z a c o r -
pórea, d e s e r s u s t r a t o d e t r a n s m u t a c i o n e s d e t o d a c l a s e y d e s e r p a r t e
d e c o m p u e s t o s , c o n v i e n e a e s t a m a t e r i a corpórea p o r s u p r o p i a n a t u -
r a l e z a , p o r q u e l a m a t e r i a m i s m a o — p o r d e c i r l o más c l a r a m e n t e —
a q u e l l o m i s m o q u e p u e d e ser h e c h o o q u e p u e d e ser, o b i e n e s h e c h o ,
e x i s t e p o r m e d i a c i ó n d e l a s d i m e n s i o n e s y extensión d e l s u s t r a t o y d e
a q u e l l a s c u a l i d a d e s q u e t i e n e n s user e n l ac a n t i d a d ( y esto recibe e l
n o m b r e d e s u s t a n c i a corpórea y p r e s u p o n e u n a m a t e r i a corpórea), o
b i e n e s h e c h o — e n e l c a s o d e q u e t e n g a e l s e r ex novo— y e x i s t e s i n
e s a s d i m e n s i o n e s , s i n extensión n i c u a l i d a d ; y e s t o s e l l a m a s u s t a n c i a
incorpórea y p r e s u p o n e i g u a l m e n t e d i c h a m a t e r i a i n c o r p ó r e a . A s í ,
a u n a única p o t e n c i a a c t i v a t a n t o d e c o s a s corpóreas c o m o d e c o s a s
incorpóreas, o b i e n a u n ú n i c o s e r t a n t o c o r p ó r e o c o m o i n c o r p ó r e o ,
c o r r e s p o n d e u n a única p o t e n c i a p a s i v a t a n t o c o r p ó r e a c o m o i n c o r p ó -
r e a y u n único p o d e r s e r t a n t o corpóreo c o m o incorpóreo. P o r t a n t o ,
si q u e r e m o s h a b l a r d e composición t a n t o e n u n a n a t u r a l e z a c o m o e n
la o t r a , d e b e m o s e n t e n d e r l a d e a m b a s m a n e r a s y c o n s i d e r a r q u e e n las
c o s a s e t e r n a s s e h a b l a d e u n a m a t e r i a q u e está s i e m p r e b a j o u n m i s m o
acto y q u e e n las cosas v a r i a b l e s c o n t i e n e s i e m p r e o r a u n a c t o o r a o t r o .
E n aquellas l am a t e r i a tiene d eu n a sola vez, s i e m p r e y a u n m i s m o
t i e m p o t o d o l o q u e p u e d e t e n e r y e st o d o l o q u e p u e d e ser; e n c a m b i o

«Estoy de acuerdo.»
i 6
9
De la causa, el principio y el uno

esta o t r a m a t e r i a l o t i e n e e n m u c h a s veces, e n t i e m p o s diferentes y

según u n a d e t e r m i n a d a sucesión.
DICSON — A l g u n o s , a u n q u e c o n c e d a n q u e e n l a s c o s a s incorpóreas
existe u n a m a t e r i a , sin e m b a r g o , lae n t i e n d e n d eu n a naturaleza m u y
diferente.
TEÓFILO — P o r m u c h a d i f e r e n c i a q u e h a y a e n la n a t u r a l e z a p r o p i a
d e c a d a u n a , p o r l a c u a l l a u n a d e s c i e n d e a l s e r corpóreo y l a o t r a n o ,
la u n a recibe c u a l i d a d e s sensibles y l a o t r a n o , y n o p a r e c e q u e pueda
h a b e r u n a n a t u r a l e z a o razón común p o r u n l a d o a e s a m a t e r i a a l a
q u e r e p u g n a l ac a n t i d a d y el ser s u s t r a t o d e las c u a l i d a d e s q u e e x i s t e n
e n lasd i m e n s i o n e s y p o r o t r o a esa n a t u r a l e z a a l aq u e n o repugna
ni l ou n o n i lo otro, a pesar d e todo la u n a y l a otra constituyen una
sola m a t e r i a y ( c o m o y a seh ad i c h o r e p e t i d a m e n t e ) t o d a l a diferencia
d e p e n d e d e l a contracción a s e r m a t e r i a corpórea y a n o s e r l o . D e l
m i s m o m o d o , e n e l ser a n i m a l t o d o s los seres d o t a d o s d e s e n t i d o s son
u n o s o l o , p e r o c u a n d o ese género s e c o n t r a e a e s p e c i e s d e t e r m i n a d a s ,
a l h o m b r e l e r e p u g n a s e r león y a e s t e a n i m a l s e r a q u e l o t r o . Y a e s t o
a ñ a d o ( s i q u i e r e s ) , p o r q u e m e dirás q u e l o q u e n u n c a e s d e b e s e r c o n -
s i d e r a d o más b i e n i m p o s i b l e y c o n t r a r i o a l a n a t u r a l e z a q u e natural
y p o r e s o , c o m o a q u e l l a m a t e r i a incorpórea n o t i e n e n u n c a d i m e n s i o -
nes, d e b e e s t i m a r s e q u e l ac o r p o r e i d a d l e es c o n t r a n a t u r a l y q u e s i eso
e s así, n o e s verosímil q u e e x i s t a u n a n a t u r a l e z a c o m ú n a a m b a s a n t e s
d e q u e u n a d e e l l a s s e e n t i e n d a contraída a s e r c o r p ó r e a , a ñ a d o ( d i g o )
q u e a e s a m a t e r i a incorpórea p o d e m o s a t r i b u i r i g u a l m e n t e l a n e c e s i -
d a d d e t o d o s l o s a c t o s d i m e n s i o n a l e s q u e ( c o m o v o s o t r o s querríais) l a
i m p o s i b i l i d a d d elos m i s m o s . E s am a t e r i a , p o r sera c t u a l m e n t e t o d o
l o q u e p u e d e ser, t i e n e t o d a s l a s m e d i d a s , t i e n e t o d a s l a s e s p e c i e s d e
figuras y d edimensiones; y c o m o lastiene todas, n otiene n i n g u n a
de ellas, p o r q u e l o q u e es tantas cosas diferentes es preciso q u e n o
sea n i n g u n a d e e l l a s e n p a r t i c u l a r . A a q u e l l o q u e e s t o d o l e c o n v i e n e
e x c l u i r t o d o ser p a r t i c u l a r .
DICSON —¿Pretendes, p u e s , q u e l a m a t e r i a e s a c t o ? ¿Pretendes,
a d e m á s , q u e e n l a s c o s a s incorpóreas l a m a t e r i a c o i n c i d a c o n e l a c t o ?
TEÓFILO — I g u a l q u e e l p o d e r s e r c o i n c i d e c o n e l ser.
DICSON — ¿ N o d i f i e r e , p o r t a n t o , d e l a f o r m a ?
TEÓFILO — N o d i f i e r e e n n a d a e n l a p o t e n c i a y acto absoluto, el
c u a l n o o b s t a n t e está e n e l e x t r e m o d e l a p u r e z a , s i m p l i c i d a d , i n d i -
v i s i b i l i d a d y u n i d a d , p o r q u e esa b s o l u t a m e n t e t o d o , y a q u e s i t u v i e r a
a l g u n a s d i m e n s i o n e s , u n d e t e r m i n a d o ser, c i e r t a figura, cierta dife-
r e n c i a , n o sería a b s o l u t o , n o será t o d o .
 Diálogo IV '97

DICSON — ¿ C u a l q u i e r c o s a , p u e s , q u e c o m p r e n d a t o d o s l o s géne-
ros es i n d i v i s a ?
TEÓFILO — A s í es, p o r q u e l a f o r m a q u e c o m p r e n d e t o d a s las c u a -
lidades n oesn i n g u n a d e ellas; l oq u e tiene todas las figuras, n o tiene
ninguna figura; l oq u etiene t o d o e l sersensible, n o es a s u v e z sen-
sible. I n d i v i s o e n m a y o r g r a d o es l oq u e t i e n e t o d o e l s e rn a t u r a l ; e n
m a y o r g r a d o l o q u e t i e n e t o d o e l s e r i n t e l e c t u a l ; eminentísimamente
lo que tiene t o d o e l serq u e puede ser.
DICSON —¿Pretendéis q u e l a e s c a l a d e l p o d e r s e r e s s e m e j a n t e a
e s t a e s c a l a d e l s e r y q u e i g u a l q u e a s c i e n d e l a razón f o r m a l a s c i e n d e
también l a r a z ó n m a t e r i a l ?
TEÓFILO — A s í e s .
DICSON — P r o f u n d a y a l t a m e n t e definís m a t e r i a y p o t e n c i a .
TEÓFILO — C i e r t o .
DICSON — P e r o e s t a v e r d a d n o estará a l a l c a n c e d e t o d o s , porque
e s c i e r t a m e n t e difícil d e e n t e n d e r c ó m o s e p o s e e n t o d a s l a s e s p e c i e s d e
d i m e n s i o n e s y n i n g u n a d e e l l a s , cómo s e t i e n e t o d o e l s e r f o r m a l s i n
tener n i n g u n a f o r m a .
TEÓFILO — ¿ E n t e n d é i s v o s c ó m o p u e d e darse?
DICSON — C r e o q u e sí, p o r q u e a l c a n z o a entender que, para ser
todo, es necesario q u e e l acto n osea n i n g u n a cosa d e t e r m i n a d a .
POLIHIMNIO — N o n potest esse ídem, totum, et aliquid: ego quoque
illud capto.""
TEÓFILO —Entonces podréis c o m p r e n d e r a este respecto q u e s i
quisiéramos e s t a b l e c e r l a d i m e n s i o n a l i d a d c o m o n a t u r a l e z a o razón
d e l a m a t e r i a , e s a n a t u r a l e z a n o repugnaría a n i n g u n a c l a s e d e m a t e -
r i a , s i n o q u e u n a m a t e r i a v i e n e a d i f e r i r d e l a o t r a t a n sólo e n q u e u n a
e s i n d e p e n d i e n t e d e l a s d i m e n s i o n e s y l a o t r a contraída a e l l a s . A l s e r
i n d e p e n d i e n t e o a b s o l u t a , está p o r e n c i m a d e t o d a s l a s d i m e n s i o n e s
y l a s c o m p r e n d e a t o d a s ; a l e s t a r contraída r e s u l t a c o m p r e n d i d a p o r
a l g u n a s d i m e n s i o n e s y está b a j o algunas.
DICSON — D e c í s m u y b i e n q u e l a m a t e r i a e n sí m i s m a n o t i e n e d i -
m e n s i o n e s d e t e r m i n a d a s y p o r e s osee n t i e n d e c o m o indivisa y recibe
l a s d i m e n s i o n e s e n función d e l a n a t u r a l e z a d e l a f o r m a q u e r e c i b e .
Tiene unas dimensiones bajo laf o r m a h u m a n a , otras bajo laf o r m a d e
caballo, otras b a j o el o l i v o , otras distintas b a j o e l m i r t o . P o r t a n t o , antes
d e q u e esté b a j o c u a l q u i e r a d e e s t a s f o r m a s , t i e n e e n p o t e n c i a t o d a s e s a s
d i m e n s i o n e s , i g u a l q u e t i e n e l ac a p a c i d a d d e r e c i b i r t o d a s esas f o r m a s .

'"' «Una misma cosa no puede ser a la vez todo y algo. Y o también lo capto.»
i 8
9
De la causa, el principio y el uno

POLIHIMNIO — D i c u n t tamen propterea quod nullas habet dirneti

siones. 102

DICSON — Y n o s o t r o s d e c i m o s q u e ideo habet nullas, ut omnes ha-

beat.
GERVASIO — ¿ P o r q u é preferís q u e l a s i n c l u y a a t o d a s a q u e l a s
excluya a todas?
DICSON — P o r q u e n o v i e n e a r e c i b i r las d i m e n s i o n e s c o m o desde
fuera d e ella, sino a m a n d a r l a s y a sacarlas c o m o d e s up r o p i o seno.
TEÓFILO — M u y b i e n d i c h o . S e t r a t a además d e u n m o d o h a b i -
t u a l d e h a b l a r d e l o s peripatéticos, t o d o s l o s c u a l e s d i c e n q u e e l a c t o
d i m e n s i o n a l y t o d a s las f o r m a s n a t u r a l e s salen y p r o v i e n e n d el a po-
tencia d e l a m a t e r i a . E s l oq u e e np a r t e e n t i e n d e A v e r r o e s , e l cual,
a u n q u e á r a b e e i g n o r a n t e d e l a l e n g u a g r i e g a , e r a s i n e m b a r g o más
e n t e n d i d o e n l a d o c t r i n a peripatética q u e c u a l q u i e r g r i e g o q u e h a y a -
m o s leído; y habría e n t e n d i d o aún más s i n o h u b i e r a s i d o t a n a d i c t o
a s u n u m e n A r i s t ó t e l e s . D i c e él q u e l a m a t e r i a c o m p r e n d e e n s u
e s e n c i a l a s d i m e n s i o n e s n o d e t e r m i n a d a s , c o n l o q u e q u i e r e seña-
lar q u e esas d i m e n s i o n e s v i e n e n a d e t e r m i n a r s e o r a c o n esta figura
y estas d i m e n s i o n e s , o r a c o n esa y a q u e l l a o t r a figura y aquellas
y aquellas otras d i m e n s i o n e s , d e a c u e r d o c o n e l variar d e las for-
m a s n a t u r a l e s . E s t a concepción p e r m i t e v e r q u e l a m a t e r i a s a c a l a s
f o r m a s c o m o d e s u p r o p i o i n t e r i o r y n o l a s r e c i b e p o r así d e c i r d e
f u e r a . E s l o q u e e n p a r t e entendió también P l o t i n o , príncipe d e l a
e s c u e l a d e Platón. E s t a b l e c i e n d o l a d i f e r e n c i a e n t r e l a m a t e r i a d e
las cosas s u p e r i o r e s y l a d e l a s i n f e r i o r e s , d i c e q u e l a p r i m e r a es
simultáneamente t o d o y p u e s t o q u e p o s e e t o d o , n o t i e n e e n qué
c a m b i a r s e ; e n c a m b i o l a s e g u n d a se hace t o d o d e a c u e r d o c o n u n a
d e t e r m i n a d a v i c i s i t u d e n l a s p a r t e s ; así, s e h a c e s u c e s i v a m e n t e u n a y
o t r a c o s a , s i e m p r e p o r t a n t o e n e l ámbito d e l a d i v e r s i d a d , l a a l t e -
ración y e l m o v i m i e n t o . D e e s t a f o r m a , p u e s , a q u e l l a m a t e r i a n o
está n u n c a i n f o r m e , c o m o t a m p o c o e s t a o t r a , a u n q u e e l l o o c u r r a d e
m a n e r a d i f e r e n t e e n u n a y e n o t r a : aquélla e n e l i n s t a n t e d e l a e t e r -
n i d a d , ésta e n l o s i n s t a n t e s d e l t i e m p o ; a q u é l l a s i m u l t á n e a m e n t e ,
ésta s u c e s i v a m e n t e ; ésta s e g ú n e l m o d o d e l a e x p l i c a c i ó n , a q u é l l a
s e g ú n e l m o d o d e l a c o m p l i c a c i ó n ; ésta c o m o m u c h o s , a q u é l l a c o m o
u n o ; ésta p a r a c a d a u n o y c o s a p o r c o s a , a q u é l l a c o m o t o d o y t o d a s
las cosas.

«Pero dicen que es porque [la materia] no tiene dimensiones.»

«no tiene ninguna precisamente para que tenga todas».
 Diálogo IV
199
DICSON — D e m a n e r a q u e n o t a n sólo s e g ú n v u e s t r o s principios,
s i n o según l o s p r i n c i p i o s d e o t r o s m o d o s d e filosofar también, queréis
i n f e r i r q u e l a m a t e r i a n o e s eseprope nihil,' * e s a p o t e n c i a p u r a , d e s n u -
a

d a , s i n a c t o , s i n v i r t u d y perfección.
TEÓFILO — A s í e s . D i g o q u e está p r i v a d a d e l a s f o r m a s y c a r e c e d e
ellas n oa l a m a n e r a c o m o e l h i e l o c a r e c e d ec a l o r o l a p r o f u n d i d a d
está p r i v a d a d e l u z , s i n o c o m o l a p r e ñ a d a está s i n s u p r o l e , a l a c u a l
s a c a y p r o d u c e d e sí m i s m a , i g u a l q u e e n e s t e h e m i s f e r i o l a T i e r r a
d u r a n t e l a n o c h e está s i n l u z , l a c u a l n o o b s t a n t e e s c a p a z d e r e c u p e r a r
c o n s u p r o p i o m o v i m i e n t o d e rotación.
DICSON —Resulta, pues, que también e n e s t a s c o s a s i n f e r i o r e s ,
aunque n o totalmente, e lacto viene a coincidir con l a potencia e n
gran medida.
TEÓFILO — L o d e j o a v u e s t r a consideración.
DICSON — Y s i e s t a p o t e n c i a d e aquí a b a j o v i n i e r a finalmente a ser
u n a s o l a c o n l a d e a r r i b a , ¿ q u é pasaría?
TEÓFILO — J u z g a d v o s m i s m o . Podéis, según l o d i c h o , e l e v a r o s a l
c o n c e p t o , n o d i g o d e l s u m o y ó p t i m o p r i n c i p i o , q u e está e x c l u i d o d e
n u e s t r a consideración, s i n o d e l a l m a d e l m u n d o , e n t a n t o q u e e s a c t o
d e t o d o y p o t e n c i a d e t o d o y está a d e m á s t o d a e n t o d o , d e d o n d e r e s u l -
ta ( a u n q u e e x i s t a n i n n u m e r a b l e s i n d i v i d u o s ) q u e t o d o es u n o ; c o n o c e r
e s t a u n i d a d e s e l o b j e t i v o y fin d e t o d a s l a s filosofías y c o n t e m p l a c i o -
n e s n a t u r a l e s , d e j a n d o e n s u p r o p i o ámbito l a más a l t a contemplación
que seeleva por e n c i m a d e l anaturaleza, l a cual esimposible y n u l a
a q u i e n n o cree.
DICSON — E s c i e r t o , p o r q u e s e a s c i e n d e allí p o r l u z s o b r e n a t u r a l ,
no natural.
TEÓFILO — Y n o la t i e n e n los q u e e s t i m a n q u e t o d a s las cosas s o n
c u e r p o , y a s e a s i m p l e , c o m o e l éter, o c o m p u e s t o , c o m o l o s a s t r o s y
las cosas astrales, y n o b u s c a n l a d i v i n i d a d f u e r a d e l m u n d o infinito
y d e l a s c o s a s i n f i n i t a s , s i n o d e n t r o d e él y e n e l l a s .
DICSON — M e p a r e c e q u e ésta e s l a única d i f e r e n c i a q u e s e p a r a a l
teólogo q u e c o n o c e a p a r t i r d e l a f e d e l v e r d a d e r o filósofo.
TEÓFILO — L o m i s m o c r e o y o t a m b i é n . M e p a r e c e q u e habéis c o m -
p r e n d i d o lo q u e q u i e r o decir.
DICSON —Bastante bien, pienso. D emanera que deduzco d e
vuestras palabras q u e , a u n e n el caso d eq u e n o d e j e m o s a l a m a t e r i a
s u b i r p o r e n c i m a d elas cosas n a t u r a l e s y n o s l i m i t e m o s a l a d e f i n i -

I0
'' «casi nada»
 De la causa, el principio y el uno
200
ción u s u a l q u e d a d e e l l a l a filosofía m á s v u l g a r , h a l l a r e m o s n o o b s
t a n t e q u e l ec o n c e d e u n a p r e r r o g a t i v a m e j o r d e l o q u e ella m i s m a
c r e e , p u e s n o l e c o n c e d e e n ú l t i m a i n s t a n c i a o t r a c o s a q u e l a razón
de sersustrato d e f o r m a s y potencia receptiva d e f o r m a s naturales
s i n n o m b r e , s i n definición, s i n determinación a l g u n a , p o r q u e c a r e c e
d e t o d a a c t u a l i d a d . E s t o h a p a r e c i d o difícil a a l g u n o s encogullados
l o s c u a l e s , q u e r i e n d o e x c u s a r más q u e a c u s a r a e s t a d o c t r i n a , d i c e n
q u e l a m a t e r i a t i e n e únicamente e l a c t o e n t i t a t i v o , e s t o es, d i f e r e n t e
de a q u e l l o q u e s e n c i l l a m e n t e n oesy q u e n otiene sera l g u n o e n l a
n a t u r a l e z a , c o m o o c u r r e c o n a l g u n a q u i m e r a o cosa i m a g i n a r i a , y a

q u e e s t a m a t e r i a a fin d e c u e n t a s t i e n e e l s e r y c o n e s o l e b a s t a , s i n
m o d o y s i n d i g n i d a d , l acual d e p e n d e del acto, q u e e n ella n o existe.
A h o r a b i e n , s e podría p e d i r u n a explicación a Aristóteles: « ¿ P o r qué
pretendes tú, príncipe d e l o s peripatéticos, q u e l a m a t e r i a n o s e a
n a d a p o r n o t e n e r a c t o a l g u n o a n t e s q u e s e a t o d o p o r t e n e r t o d o s los
a c t o s , téngalos c o n f u s o s o confusísimos, c o m o q u i e r a s ? ¿ N o e r e s tú
e l q u e s i e m p r e q u e h a b l a d e l a aparición d e l a s f o r m a s e n l a m a t e r i a
o d e l a generación d e l a s c o s a s , d i c e q u e l a s f o r m a s p r o c e d e n y s a l e n
d e l i n t e r i o r d e l a m a t e r i a y jamás s e t e h a oído d e c i r q u e v e n g a n d e
f u e r a p o r o b r a d e u n e f i c i e n t e , s i n o q u e éste l a s h a c e b r o t a r d e s -
de d e n t r o ? D e j o a u nl a d o q u e a l eficiente d e estas cosas, l l a m a d o
p o r t i c o n e l n o m b r e común d e " N a t u r a l e z a " , l o h a c e s c i e r t a m e n t e
p r i n c i p i o i n t e r n o y n oe x t e r n o , c o m o o c u r r e e n c a m b i o e n las cosas
artificiales. E n t o n c e s , m eparece q u e se h ad e decir q u e ella n o tiene
e n sí f o r m a n i a c t o a l g u n o , c u a n d o v i e n e a r e c i b i r l o d e f u e r a ; e n
c a m b i o , m e p a r e c e q u e se h ad e d e c i r q u e c o n t i e n e t o d a s las f o r m a s ,
c u a n d o s e d i c e q u e l a s s a c a t o d a s d e s u s e n o . ¿ N o e r e s tú e l q u e , y a
q u e n o f o r z a d o p o r l a razón, i n c i t a d o a l m e n o s p o r l a m a n e r a u s u a l
d e h a b l a r , d e f i n e s l a m a t e r i a d i c i e n d o q u e e s más b i e n a q u e l l o d e
l o q u e s e p r o d u c e t o d a s l a s e s p e c i e s n a t u r a l e s y q u e jamás h a s d i -
c h o q u e e s a q u e l l o e n l o q u e l a s c o s a s s e h a c e n , c o m o s e debería e n
c a m b i o d e c i r s ilos actos n o s a l i e r a n d e ella y p o r c o n s i g u i e n t e n o los
contuviera?».
P O L I H I M N I O — C e r t e consuevit dicere Aristóteles cum suis potius
formas educi de potentia materiae, quam in illa induci; emergeré po-
tius ex ipsa, quam in ipsam ingerí;' * p e r o y o d i r í a q u e A r i s t ó t e l e s h a
0

«Cierto, Aristóteles y los suyos acostumbran a decir que las formas salen
1 0 5

de la potencia de la materia, más bien que se introduzcan en ella; que emergen de

ella más bien que se sumergen en ella.»
 Diálogo IV 201

p r e f e r i d o l l a m a r «acto» a l a explicación d e l a f o r m a a n t e s q u e a s u
implicación.
DICSON — Y y o d i g o q u e e l ser e x p r e s o , sensible y e x p l i c a d o n o
e S l a razón p r i n c i p a l d e l a a c t u a l i d a d , s i n o q u e e s u n a consecuencia
y u n efecto d e ella, igual que el serprincipal d e la m a d e r a y l a ra-
zón d e s u a c t u a l i d a d n o c o n s i s t e e n e l s e r l e c h o , s i n o e n s e r d e t a l
s u s t a n c i a y constitución q u e p u e d a s e r l e c h o , a s i e n t o , v i g a , imagen
y cualquier cosa f o r m a d a a partir d em a d e r a . N o d i g a m o s y aq u e t o -
d a s l a s c o s a s n a t u r a l e s s e h a c e n a p a r t i r d e l a m a t e r i a n a t u r a l según
u n a razón más p r o f u n d a q u e l a s a r t i f i c i a l e s a p a r t i r d e l a m a t e r i a
artificial; p o r q u e e la r t e suscita las f o r m a s a p a r t i r d e l a m a t e r i a b i e n
p o r sustracción, c o m o c u a n d o d e l a p i e d r a s e h a c e l a e s t a t u a , b i e n p o r
aposición, c o m o c u a n d o s e f o r m a l a c o s a u n i e n d o p i e d r a a p i e d r a ,
leño y t i e r r a , m i e n t r a s q u e l a n a t u r a l e z a h a c e t o d o a p a r t i r d e s u
m a t e r i a p o r ví a d e s e p a r a c i ó n , d e p a r t o , d e e m a n a c i ó n , t a l c o m o e n -
t e n d i e r o n l o s pitagóricos, c o m p r e n d i e r o n A n a x á g o r a s y Demócrito,
c o n f i r m a r o n l o ssabios d e Babilonia, a quienes suscribió también
Moisés, c u a n d o d e s c r i b i e n d o l a generación d e l a s c o s a s , ordenada
p o r e l e f i c i e n t e u n i v e r s a l , s e e x p r e s a d e l a s i g u i e n t e m a n e r a : «Pro-
duzca la tierra susanimales; produzcan lasaguas almas vivas»,' 0 6

c o m o s i d i j e r a : p r o d ú z c a l o s l a m a t e r i a , p o r q u e s e g ú n él e l p r i n c i p i o
m a t e r i a l d e las cosas es el a g u a y p o r eso dice q u e el i n t e l e c t o e f i c i e n -
t e ( l l a m a d o p o r él e s p í r i t u ) « i n c u b a b a s o b r e l a s a g u a s » , ' 0 7
e s t o es, les
d a b a l a v i r t u d d e e n g e n d r a r y a p a r t i r d e e l l a s producía l a s e s p e c i e s
n a t u r a l e s , l a s c u a l e s s o n l l a m a d a s d e s p u é s p o r él e n s u t o t a l i d a d y
e n s u s t a n c i a a g u a s . D e ahí q u e , h a b l a n d o d e l a separación d e l o s
c u e r p o s i n f e r i o r e s y s u p e r i o r e s , d i g a q u e «la m e n t e s e p a r ó l a s a g u a s
d e las aguas»' 0 8
y q u e i n f i e r a q u e l a t i e r r a seca h a y a a p a r e c i d o entre
las a g u a s . T o d o s , p o r t a n t o , p r e t e n d e n q u e las cosas p r o v e n g a n d e l a
m a t e r i a p o r ví a d e s e p a r a c i ó n y n o p o r v ía d e a p o s i c i ó n y r e c e p c i ó n ,
por l oq u e d e b e m o s decir q u e ella contiene lasf o r m a s y las incluye
e n sí a n t e s q u e p e n s a r q u e esté vacía d e e l l a s y l a s e x c l u y a . E n c o n -
secuencia: ella, q u e explica l o q u e t i e n e i m p l i c a d o , es q u i e n d e b e ser
l l a m a d a c o s a d i v i n a , óptima p r o g e n i t u r a , e n g e n d r a d o r a y m a d r e d e
l a s c o s a s n a t u r a l e s , i n c l u s o l a n a t u r a l e z a t o d a e n s u s t a n c i a . ¿ N o decís
y a f i r m á i s así, T e ó f i l o ?

, o 6
Gen 1,24.
1 0 7
Gen 1,2.
1 0 8
G e n 1,6-7.
 De la causa, el principio y el uno
202
TEÓFILO — E f e c t i v a m e n t e .
DICSON — E s m á s : m e s o r p r e n d e m u c h o q u e n u e s t r o s peripaté-
t i c o s n o h a y a n d e s a r r o l l a d o e l símil d e l a r t e , l a c u a l e s t i m a q u e l a
m e j o r y más d i g n a e n t r e l a sm u c h a s m a t e r i a s q u e c o n o c e y t r a b a j a
e s a q u e l l a q u e m e n o s está s o m e t i d a a l a c o r r u p c i ó n , q u e d u r a m á s
t i e m p o y a p a r t i r d e l a c u a l s e p u e d e n p r o d u c i r más c o s a s . P o r e s o
e s t i m a q u e e l o r o e s más n o b l e q u e l a m a d e r a y q u e e l h i e r r o , p o r q u e
está m e n o s s u j e t o a c o r r u p c i ó n y l o q u e p u e d e h a c e r s e d e m a d e r a y
h i e r r o p u e d e h a c e r s e d e o r o , así c o m o o t r a s m u c h a s c o s a s m á s , m a -
yores y mejores por s ubelleza, constancia, maleabilidad y nobleza.
P u e s b i e n , ¿qué d e b e m o s d e c i r e n t o n c e s d e a q u e l l a m a t e r i a a p a r t i r
de l a c u a l se h a c e e l h o m b r e , e l o r o y t o d a s las cosas n a t u r a l e s ? ¿No
d e b e m o s e s t i m a r l a más d i g n a q u e l a m a t e r i a d e l a r t e y concederle
u n a a c t u a l i d a d s u p e r i o r ? ¿Por q u é , Aristóteles, a q u e l l o q u e e s f u n -
d a m e n t o y base d e l aa c t u a l i d a d ( q u i e r o decir d e a q u e l l o q u e es e n
a c t o ) y a q u e l l o q u e tú m i s m o d i c e s e x i s t e s i e m p r e , d u r a e t e r n a m e n -
t e , n o querrás q u e s e a e n a c t o más q u e t u s f o r m a s , q u e e s a s e n t e -
lequias tuyas que van y vienen?, d em a n e r a que cuando quisieras
b u s c a r l a p e r m a n e n c i a d e e s t e p r i n c i p i o f o r m a l también...
POLIHIMNIO — Q u i a principia oportet semper manere. 100

DICSON — . . . y n o p u d i e n d o r e c u r r i r a l a s fantásticas i d e a s de Pla-

tón, p o r s e r t a n e n e m i g a s t u y a s , t e v e r á s o b l i g a d o y f o r z a d o a d e c i r
q u e e s t a s f o r m a s específicas o b i e n t i e n e n s u a c t u a l i d a d permanente
e n l am a n o del eficiente ( ye s on ol o p u e d e s decir, p o r q u e dices d e
él q u e s u s c i t a y h a c e s a l i r l a s f o r m a s d e l a p o t e n c i a d e l a m a t e r i a ) o
b i e n t i e n e n s u a c t u a l i d a d p e r m a n e n t e e n e l s e n o d e l a m a t e r i a . Y así
t e será n e c e s a r i o d e c i r , p o r q u e t o d a s l a s f o r m a s , q u e a p a r e c e n como
e n l a s u p e r f i c i e d e l a m a t e r i a y a l a s q u e tú l l a m a s f o r m a s i n d i v i d u a -
l e s y e n a c t o ( t a n t o l a s q u e h a n s i d o c o m o l a s q u e s o n y serán), s o n
c o s a s q u e t i e n e n u n p r i n c i p i o , n o s o n e l l a s m i s m a s p r i n c i p i o . Y así
y o c r e o , c i e r t a m e n t e , q u e l a f o r m a p a r t i c u l a r está e n l a s u p e r f i c i e d e
la m a t e r i a c o m o e l a c c i d e n t e e n l a superficie d e l a sustancia com-
p u e s t a , p o r l o q u e l a f o r m a e x p r e s a t i e n e m e n o s razón d e a c t u a l i d a d
q u e l a m a t e r i a , i g u a l q u e l a f o r m a a c c i d e n t a l t i e n e también m e n o s
razón d e a c t u a l i d a d q u e e l c o m p u e s t o .
TEÓFILO — V e r d a d e r a m e n t e Aristóteles c o n c l u y e d e m a n e r a m i -
s e r a b l e c u a n d o d i c e j u n t o c o n t o d o s l o s filósofos a n t i g u o s q u e l o s
principios deben sersiempre permanentes y luego, cuando busca-

«Porque conviene que los principios permanezcan siempre.»

 Diálogo IV 203

f n o s e n s u d o c t r i n a dónde t i e n e s u p e r p e t u a p e r m a n e n c i a l a f o r m a
natural, que v a fluctuando e neldorso d e la materia, n ola hallare-
m o s n i e n las estrellas fijas, p o r q u e estos p a r t i c u l a r e s q u e v e m o s n o
d e s c i e n d e n d e l o a l t o , n i e nlos sellos ideales s e p a r a d o s d e l a m a t e r i a ,
p o r q u e los tales sin d u d a , sin o son m o n s t r u o s , son peores q u e m o n s -
t r u o s , q u i e r o d e c i r : q u i m e r a s y v a n a s fantasías. ¿ E n t o n c e s q u é ? E s -
tán e n e l s e n o d e l a m a t e r i a . ¿ Y q u é m á s ? E l l a e s f u e n t e d e l a e x i s -
t e n c i a e n a c t o . ¿Queréis q u e o s d i g a aún más y q u e o s h a g a v e r e n
cuántos a b s u r d o s h a i n c u r r i d o Aristóteles? Él d i c e q u e l a m a t e r i a
existe e n potencia. P r e g u n t a d l e entonces cuándo existirá e n a c t o .
R e s p o n d e r á , y c o n él u n a g r a n m u l t i t u d : c u a n d o t e n g a l a f o r m a .
E n t o n c e s h a z u n a n u e v a p r e g u n t a : ¿qué e s l o q u e c o m i e n z a a s e r ?
Responderán m a l q u e l e s p e s e : e l c o m p u e s t o y n o l a m a t e r i a , p o r -
q u e ella es s i e m p r e l a m i s m a , n o se r e n u e v a , n o c a m b i a . D e l m i s m o
m o d o , e n l a scosas a r t i f i c i a l e s , c u a n d o se h a c e l a e s t a t u a a p a r t i r d e
la m a d e r a , n o d e c i m o s q u e a l a m a d e r a l e s o b r e v e n g a u n nuevo ser
( p o r q u e n o e s a h o r a más n i m e n o s m a d e r a d e l o q u e e r a a n t e s ) , s i n o
q u e es q u i e n recibe e l s e r y l a e x i s t e n c i a e n acto l o q u e se p r o d u -
ce c o m o n u e v o , e l c o m p u e s t o , o s e a : l a e s t a t u a . E n t o n c e s , ¿por qué
decís q u e l a p o t e n c i a p e r t e n e c e a a q u e l l o q u e j a m á s será e n a c t o o
jamás tendrá e l a c t o ? N o e s , p o r t a n t o , l a m a t e r i a p o t e n c i a d e s e r o l a
q u e p u e d e s e r , y a q u e e l l a e s s i e m p r e idéntica e i n m u t a b l e ; e l l a e s e n
t o r n o a q u i e n y e n q u i e n s e d a l a mutación, a n t e s q u e sea e l l a m i s m a
q u i e n se m u t a . L o q u e se altera, a u m e n t a , d i s m i n u y e , c a m b i a d e
l u g a r , s e c o r r o m p e , e s s i e m p r e ( c o m o v o s o t r o s m i s m o s , peripatéti-
c o s , reconocéis) e l c o m p u e s t o , j a m á s l a m a t e r i a . E n t o n c e s , ¿ p o r q u é
decís q u e l a m a t e r i a está o r a e n p o t e n c i a o r a e n a c t o ? Ciertamente,
nadie debe d u d a r d e q u e o por recibir lasf o r m a s o por sacarlas d e
sí m i s m a e l l a n o o b t i e n e m a y o r o m e n o r a c t u a l i d a d e n l o q u e a s u
e s e n c i a y s u s t a n c i a s e r e f i e r e ; p o r e s o n o h a y razón p a r a q u e s e l a l l a -
m e e n p o t e n c i a , denominación q u e e n c a m b i o c u a d r a a a q u e l l o que
está e n c o n t i n u o m o v i m i e n t o s o b r e e l l a , n o a e l l a m i s m a , q u e está
e n c a m b i o e t e r n a m e n t e e s t a b l e y e s c a u s a más b i e n d e l a e s t a b i l i d a d ,
p u e s t o q u e s i l a f o r m a , e n c u a n t o a s u s e r f u n d a m e n t a l y específico,
e s d e u n a e s e n c i a s i m p l e e i n v a r i a b l e ( n o sólo l ó g i c a m e n t e — e n e l
p l a n o d e l c o n c e p t o y d e l a r a z ó n — , s i n o también físicamente, e s t o
e s , e n l a n a t u r a l e z a ) , será p r e c i s o q u e s e e n c u e n t r e e n l a p e r p e t u a
c a p a c i d a d d e l a m a t e r i a , l a cual es u n a p o t e n c i a i n d i s t i n t a del acto,
tal c o m o he explicado y ad em u c h a s m a n e r a s s i e m p r e q u e h e t r a t a d o
déla p o t e n c i a .
204 De la causa, el principio y el uno

POLIHIMNIO — Q u e s o , " 0
d e c i d a l g o d e l a p e t i t o d e l a m a t e r i a , a fin
de que tomemos alguna resolución a propósito d e c i e r t a discusión
avenida entre Gervasio y yo.
GERVASIO —Hacedlo, T e ó f i l o , p o r f a v o r , p o r q u e éste m e h a r o t o
l a c a b e z a c o n e l símil d e l a m u j e r y l a m a t e r i a y q u e l a m u j e r n o s e
c o n t e n t a m e n o s c o n los m a c h o s q u e l a m a t e r i a c o n l a s f o r m a s y así
sucesivamente.
TEÓFILO — D a d o q u e l a m a t e r i a n o r e c i b e n a d a d e l a f o r m a , ¿por
qué queréis q u e l a a p e t e z c a ? S i ( c o m o h e m o s d i c h o ) e l l a s a c a d e s u
s e n o l a s f o r m a s y p o r c o n s i g u i e n t e l a s t i e n e e n sí, ¿ c ó m o q u e r é i s q u e l a s
a p e t e z c a ? N o a p e t e c e l a s f o r m a s q u e c a d a día s e c a m b i a n e n s u d o r s o ,
p o r q u e toda cosa bien dispuesta apetece a q u e l l o d e lo q u e recibe per-
fección. ¿ Q u é p u e d e d a r u n a c o s a c o r r u p t i b l e a u n a c o s a e t e r n a , u n a
c o s a i m p e r f e c t a c o m o e s l a f o r m a d e c o s a s s e n s i b l e s , q u e s i e m p r e está
e n m o v i m i e n t o , a o t r a t a n perfecta, q u e , sise e x a m i n a bien, es u n ser
d i v i n o e n l a s c o s a s , c o m o quizá quería d e c i r D a v i d d e D i n a n t , m a l e n -
t e n d i d o p o r a l g u n o s q u e e x p o n e n s u opinión? N o d e s e a l a f o r m a para
ser c o n s e r v a d a p o r e l l a , p o r q u e l acosa c o r r u p t i b l e n o c o n s e r v a l a cosa
e t e r n a ; además, e s m a n i f i e s t o q u e l a m a t e r i a c o n s e r v a la f o r m a , por
lo cual tal f o r m a debe antes desear l a materia para perpetuarse, por-
q u e s i s e s e p a r a d e ésta e s e l l a q u i e n p i e r d e e l s e r , y n o p o r e l c o n t r a r i o
l a m a t e r i a , q u e t i e n e t o d o l o q u e tenía a n t e s d e q u e e l l a a p a r e c i e r a y
q u e p u e d e t e n e r además o t r a s f o r m a s . D e j o a u n l a d o q u e , c u a n d o se
d a l a c a u s a d e l a corrupción, n o s e d i c e q u e l a f o r m a h u y e d e l a m a -
t e r i a o q u e d e j a l a m a t e r i a , s i n o más b i e n q u e l a m a t e r i a r e c h a z a e s a
f o r m a p a r a t o m a r o t r a . Y a e s t e r e s p e c t o d e j o también a u n l a d o que
n o t e n e m o s más razón p a r a d e c i r q u e l a m a t e r i a a p e t e c e l a s f o r m a s
que, por e l c o n t r a r i o , las odia (hablo d e l a sf o r m a s q u e se g e n e r a n y
c o r r o m p e n , p o r q u e l a f u e n t e d e l a s f o r m a s , q u e está e n e l l a misma,
n o p u e d e apetecer, y a q u e n o se apetece l oq u e se posee), p o r q u e por
l a m i s m a razón p o r l a q u e d e c i m o s q u e a p e t e c e l o q u e e n u n deter-
m i n a d o m o m e n t o r e c i b e o p r o d u c e , podríamos también d e c i r q u e l o
aborrece cuando l o rechaza o e l i m i n a . E s m á s : c o n m u c h í s i m a más
razón a b o m i n a q u e a p e t e c e , d a d o q u e r e c h a z a e t e r n a m e n t e e s a forma
i n d i v i d u a l q u e d u r a n t e u n breve t i e m p o retiene. P o r consiguiente, si
recuerdas esto, q u e rechaza tantas cuantas t o m a , debes concederme
q u e e s lícito d e c i r q u e l a s a b o r r e c e , d e l m i s m o m o d o q u e y o t e c o n c e -
d o d e c i r q u e las d e s e a .

M O
«Por favor.»
 Diálogo IV 205

GERVASIO — H e ahí t i r a d o s p o r t i e r r a n o s o l a m e n t e l o s c a s t i l l o s d e
p o l i h i m n i o , s i n o también l o s d e o t r o s q u e n o s o n Polihimnio.
POLIHIMNIO — P a r c i u s ista viris.'"
DICSON — B a s t a n t e h e m o s c o m p r e n d i d o ya por hoy. N o s veremos
mañana.
TEÓFILO — E n t o n c e s adiós.

COPIA CON FINES

EDUCATIVOS
C. D. A .

1 1 1
«Más despacio, para echar eso en cara a los hombres» (Virgilio, Églogas,
111, 7 [trad. de B. Segura Ramos]).
 D I Á L O G O Q U I N T O

TEÓFILO — P o r t a n t o , e l u n i v e r s o e s u n o , i n f i n i t o , inmóvil. U n a e s ,
digo, l a posibilidad absoluta, u n o e l acto. U n a la f o r m a o a l m a , u n a
l a m a t e r i a o c u e r p o . U n a l a c o s a , u n o e l e n t e . U n o e l m á x i m o y ópti-
m o , el c u a l n o d e b e p o d e r ser c o m p r e n d i d o y p o r eso t a m p o c o d e f i n i -
ble y d e l i m i t a b l e ; es p o r t a n t o i n f i n i t o e i l i m i t a d o y p o r consiguiente
i n m ó v i l . N o s e m u e v e l o c a l m e n t e , p o r q u e n o t i e n e n a d a f u e r a d e sí
a d o n d e trasladarse, y a q u e es e l t o d o . N ose g e n e r a , p o r q u e n o h a y
o t r o s e r q u e él p u e d a d e s e a r o e s p e r a r , y a q u e él t i e n e t o d o e l s e r . N o
s e c o r r o m p e , p o r q u e n o h a y o t r a c o s a e n l a q u e s e c a m b i e , y a q u e él
es t o d a c o s a . N o p u e d e d i s m i n u i r o c r e c e r , y a q u e e s i n f i n i t o , a q u i e n
i g u a l q u e n o s e l e p u e d e añadir, t a m p o c o s e l e p u e d e s u s t r a e r , porque
el i n f i n i t o n o t i e n e p a r t e s p r o p o r c i o n a l e s . N o es a l t e r a b l e e n o t r a d i s -
posición, p o r q u e n o t i e n e n a d a e x t e r i o r p o r q u i e n p u e d a p a d e c e r o
ser a f e c t a d o d e a l g u n a m a n e r a . Además, p o r c o m p r e n d e r t o d o s l o s
c o n t r a r i o s e n s u ser, e n u n i d a d y armonía, y n o p o d e r t e n e r n i n g u n a
inclinación a u n s e r n u e v o y d i s t i n t o , n i t a m p o c o a u n o u o t r o m o d o
d e s e r , n o p u e d e s e r s u j e t o d e mutación según c u a l i d a d a l g u n a , n i
p u e d e t e n e r u n c o n t r a r i o o d i f e r e n t e q u e l o a l t e r e , p o r q u e e n él t o d o
es c o n c o r d e . N o e s m a t e r i a , p o r q u e n o e s figurado n i figurable, n o es
l i m i t a d o n i l i m i t a b l e . N o es f o r m a , p o r q u e n oi n f o r m a n i figura otra
cosa, y a q u e es t o d o , e s máximo, es u n o , u n i v e r s o . N o es m e n s u r a b l e
n i m e d i d a . N o s e c o m p r e n d e , p o r q u e n o e s m a y o r q u e sí m i s m o . N o
e s c o m p r e n d i d o , p o r q u e n o e s m e n o r q u e sí m i s m o . N o s e i g u a l a ,
p o r q u e n o e s u n a c o s a y o t r a c o s a , s i n o u n o e idéntico. C o m o e s i d é n -
t i c o y u n o , n o t i e n e ser y ser; y c o m o n o t i e n e ser y ser, t a m p o c o t i e n e
parte y parte; y c o m o n o tiene parte y parte, t a m p o c o esc o m p u e s t o . E s
límite d e t a l m a n e r a q u e n o e s límite; e s f o r m a d e t a l m a n e r a q u e n o
es f o r m a ; e s m a t e r i a d e t a l m a n e r a q u e n o e s m a t e r i a ; e s a l m a d e t a l

207
208 De la causa, el principio y el uno

m a n e r a q u e n o es a l m a , p o r q u e es e l t o d o i n d i f e r e n t e m e n t e y p o r eso
e s u n o , e l u n i v e r s o e s u n o . E n él, c i e r t a m e n t e , n o e s m a y o r l a a l t u r a
q u e l a l o n g i t u d y l a p r o f u n d i d a d , p o r l o c u a l se l e l l a m a , p o r cierta
s e m e j a n z a , e s f e r a , a u n q u e n o l o es.
E n l a e s f e r a l a l o n g i t u d e s idéntica a l a a n c h u r a y a l a p r o f u n d i d a d
p o r q u e t i e n e n idéntico límite; p e r o e n e l u n i v e r s o l a a n c h u r a , l a l o n -
g i t u d y l a p r o f u n d i d a d s o n l a m i s m a c o s a p o r q u e idénticamente n o
t i e n e n límite y s o n i n f i n i t a s . S i n o t i e n e n m i t a d , c u a r t a p a r t e n i o t r a s
m e d i d a s , si n oh a y m e d i d a e n ellas, t a m p o c o h a y p a r t e p r o p o r c i o n a l
n i e na b s o l u t o parte q u e sead i f e r e n t e del t o d o , p o r q u e si quieres de-
cir parte del infinito, preciso es q u e l a digas infinita; y si es infinita,
c o n c u r r e e n u n m i s m o ser c o n e l t o d o . P o r t a n t o , e l u n i v e r s o es u n o ,
infinito, sin partes. Y si e n el infinito n o hay diferencia d et o d o y parte,
d e c o s a s d i s t i n t a s , s i n d u d a e l i n f i n i t o e s u n o . E n e l ámbito d e l i n f i n i t o
n o h a y u n a p a r t e m a y o r y o t r a p a r t e m e n o r , p o r q u e a l a proporción
d e l i n f i n i t o n o s e a c e r c a más u n a p a r t e t o d o l o m a y o r q u e quieras
q u e o t r a t o d o l o m e n o r q u e q u i e r a s ; p o r e s o e n l a duración i n f i n i t a l a
h o r a n o e s d i f e r e n t e d e l d í a , e l día d e l a ñ o , e l a ñ o d e l s i g l o , e l s i g l o d e l
m o m e n t o , p o r q u e l o s m o m e n t o s y l a s h o r a s n o s o n más q u e l o s s i g l o s
y n o t i e n e n m e n o r proporción l o s u n o s q u e l o s o t r o s c o n l a e t e r n i d a d .
S i m i l a r m e n t e , e n e l i n f i n i t o n oes d i f e r e n t e e l p a l m o del estadio, e l
e s t a d i o d e l a p a r a s a n g a , p o r q u e a l a proporción c o n l a i n m e n s i d a d n o
t e a c e r c a s más c o n l a s p a r a s a n g a s q u e c o n l o s p a l m o s . P o r t a n t o , i n f i -
n i t a s h o r a s n o s o n más q u e i n f i n i t o s s i g l o s e i n f i n i t o s p a l m o s n o h a c e n
u n número m a y o r q u e i n f i n i t a s p a r a s a n g a s . N o t e a c e r c a s más a l a
proporción, s e m e j a n z a , unión e i d e n t i d a d c o n e l i n f i n i t o , s i e n d o h o m b r e
q u e s i e n d o h o r m i g a , s i e n d o u n a e s t r e l l a más q u e s i e n d o u n h o m b r e ,
p o r q u e a e s e s e r n o t e a c e r c a s más s i e n d o S o l o L u n a q u e s i e n d o u n
h o m b r e o u n a h o r m i g a , y p o r eso e n e l i n f i n i t o estas cosas s o n i n d i f e -
r e n t e s ; y l o q u e d i g o d e éstas l o e n t i e n d o d e t o d a s l a s d e m á s c o s a s q u e
existen i n d i v i d u a l m e n t e . P u e s b i e n , s i todas estas cosas i n d i v i d u a l e s
n o son distintas e ne l infinito, n o son diferentes, n o son especie, t a m -
p o c o s o n p o r c o n s e c u e n c i a n e c e s a r i a número. P o r t a n t o , e l u n i v e r s o e s
u n a v e z más u n o e inmóvil.
El universo, puesto que comprende todo, no experimenta diferen-
c i a s e n s u s e r y n o c o m p o r t a e n sí n i c o n sí m u t a c i ó n a l g u n a , e s p o r
c o n s i g u i e n t e t o d o l o q u e p u e d e s e r y e n él ( c o m o d i j e e l o t r o día) e l
acto n o es d i f e r e n t e d e l a potencia. S ie lacto n o es d i f e r e n t e d e l a po-
t e n c i a , e s n e c e s a r i o q u e e n e l u n i v e r s o e l p u n t o , l a línea, l a s u p e r f i c i e y
e l c u e r p o n o s e a n d i f e r e n t e s e n t r e sí, p o r q u e l a línea e s s u p e r f i c i e e n l a
 Diálogo V 209

m e d i d a e n q u e moviéndose p u e d e s e r s u p e r f i c i e ; d e l m i s m o modo
la s u p e r f i c i e se m u e v e y se h a c e c u e r p o e n l a m e d i d a e n q u e puede
moverse y con su flujo puede hacerse cuerpo. E s necesario, por tan-
to, q u ee n e
' i n f i n i t o e l p u n t o n osead i f e r e n t e del c u e r p o , p o r q u e e l
punto fluyendo d e l s e r p u n t o s e h a c e línea; fluyendo del ser superficie,
se h a c e c u e r p o . P o r t a n t o , e l p u n t o , p u e s t o q u e e s c u e r p o e n p o t e n c i a ,
n o d i f i e r e d e s e r c u e r p o allí d o n d e l a p o t e n c i a y e l a c t o s o n u n a m i s m a
cosa. P o r t a n t o , e l i n d i v i d u o n o es d i f e r e n t e d e l o d i v i s i b l e , l o s i m p l i -
císimo d e l i n f i n i t o , e l c e n t r o d e l a c i r c u n f e r e n c i a .
Así p u e s , d a d o q u e e l i n f i n i t o e s t o d o l o q u e p u e d e s e r , e s inmóvil.
P o r q u e e n él t o d o e s i n d i f e r e n t e , e s u n o ; y p o r q u e t i e n e t o d a l a g r a n -
d e z a y perfección q u e s e p u e d e t e n e r a b s o l u t a m e n t e , e s máximo y
óptimo i n m e n s o .
S i el p u n t o n o esd i f e r e n t e d e l c u e r p o , n i el c e n t r o de la c i r c u n f e r e n -
cia, n i l o finito d e l i n f i n i t o , n i e l máximo d e l mínimo, p o d e m o s a f i r m a r
con t o d a seguridad q u e e l u n i v e r s o es t o d o c e n t r o o q u e e lc e n t r o del
u n i v e r s o está e n t o d a s p a r t e s y q u e l a c i r c u n f e r e n c i a n o está e n p a r t e
a l g u n a e nl a m e d i d a e nq u e es diferente del centro; o b i e n q u e l a cir-
c u n f e r e n c i a está e n t o d a s p a r t e s , p e r o s u c e n t r o n o s e h a l l a e n n i n g ú n
s i t i o e n l a m e d i d a e n q u e e s d i f e r e n t e d e e l l a . H e ahí c ó m o n o e s i m p o -
s i b l e , s i n o n e c e s a r i o , q u e e l óptimo, m á x i m o , i n c o m p r e n s i b l e , sea t o d o ,
esté e n t o d a s p a r t e s y e n t o d o , p o r q u e e n t a n t o q u e s i m p l e e i n d i v i s i b l e
p u e d e ser t o d o , estar e n t o d a s p a r t e s y e n t o d o . Y d eeste m o d o n o se h a
d i c h o e n v a n o q u e Júpiter l l e n a t o d a s l a s c o s a s , h a b i t a t o d a s l a s p a r t e s
d e l u n i v e r s o , es c e n t r o d e l o q u e t i e n e e l ser: u n o e n t o d o y p o r q u i e n
t o d o e s u n o . S i e n d o t o d a s l a s c o s a s y c o m p r e n d i e n d o t o d o e l s e r e n sí,
v i e n e a h a c e r q u e t o d o esté e n t o d o .
S i n e m b a r g o , m e diréis: ¿ p o r q u é , e n t o n c e s , l a s c o s a s c a m b i a n , l a
m a t e r i a p a r t i c u l a r see s f u e r z a p o r a l c a n z a r o t r a s f o r m a s ? O s r e s p o n d o
q u e n i n g u n a mutación b u s c a o t r o s e r , s i n o o t r o m o d o d e ser. Y aquí
está l a d i f e r e n c i a e n t r e e l u n i v e r s o y l a s c o s a s d e l u n i v e r s o : porque
a q u é l c o m p r e n d e t o d o e l s e r y t o d o s l o s m o d o s d e s e r ; c a d a u n a d e és-
tas t i e n e t o d o e l ser, p e r o n o t o d o s los m o d o s d e ser. Y n o p u e d e tener
e n a c t o todas l a sc i r c u n s t a n c i a s y accidentes, p o r q u e m u c h a s formas
s o n i n c o m p a t i b l e s e n u n m i s m o s u j e t o , y a sea p o r q u e s o n c o n t r a r i a s o
p o r q u e p e r t e n e c e n a e s p e c i e s d i s t i n t a s ; así n o p u e d e d a r s e u n m i s m o
s u j e t o i n d i v i d u a l b a j o los accidentes d e c a b a l l o y d e h o m b r e , b a j o las
d i m e n s i o n e s d e u n a p l a n t a y d e u n a n i m a l . Además, e l u n i v e r s o c o m -
p r e n d e t o d o e l s e r t o t a l m e n t e , p o r q u e f u e r a y m á s allá d e l s e r i n f i n i t o
n o e x i s t e n a d a , y a q u e n o e x i s t e f u e r a n i m á s allá; e n c a m b i o , cada
 De la causa, el principio y el uno
210
u n a d e lascosas del u n i v e r s o c o m p r e n d e t o d o e l ser, p e r o n o t o t a l
m e n t e , p o r q u e m á s allá d e c a d a u n a e x i s t e n i n f i n i t a s o t r a s . Entended
p u e s , q u e t o d o está e n t o d o , p e r o n o t o t a l m e n t e y o m n í m o d a m e n t e e n
cada cosa. E n t e n d e d , pues, q u e cada cosa es u n a , p e r o n od e u n solo
m o d o . P o r eso n o m i e n t e q u i e n dice q u e u n o es e le n t e , l a sustancia y
l a e s e n c i a , e l c u a l — c o m o i n f i n i t o e i l i m i t a d o , t a n t o según l a s u s t a n c i a
c o m o según l a d u r a c i ó n , l a m a g n i t u d y e l p o d e r — n o t i e n e carácter
de principio n i d e principiado, porque concurriendo todo e n unidad
e i d e n t i d a d — q u i e r o decir, e n u n m i s m o s e r — viene a tener u n valor
absoluto y n o relativo.
E n e l u n o i n f i n i t o e inmóvil q u e e s l a s u s t a n c i a , q u e e s e l e n t e ,
se h a l l a l a m u l t i t u d , e l número, q u e a u n s i e n d o m o d o y m u l t i f o r m i -
d a d del ente, l a cual viene a d e n o m i n a r lascosas u n a a u n a , n o por
e l l o h a c e q u e e l e n t e s e a más d e u n o , s i n o multímodo, m u l t i f o r m e y
m u l t i f i g u r a d o . P o r eso, r e f l e x i o n a n d o p r o f u n d a m e n t e c o n los filóso-
f o s n a t u r a l e s y d e j a n d o a l o s lógicos c o n s u s fantasías, h a l l a m o s que
t o d o l o q u e p r o d u c e d i f e r e n c i a y n ú m e r o e s p u r o a c c i d e n t e , p u r a fi-
g u r a y p u r a complexión; t o d a producción, s e a d e l t i p o q u e s e a , e s u n a
alteración, p e r m a n e c i e n d o la sustancia s i e m p r e idéntica, p o r q u e n o
h a y más q u e u n a , u n único e n t e d i v i n o , i n m o r t a l . E s t o h a s i d o c a p a z
d e e n t e n d e r l o Pitágoras, q u e n o t e m e a l a m u e r t e , s i n o q u e e s p e r a l a
m u t a c i ó n ; h a n s i d o c a p a c e s t a m b i é n d e e n t e n d e r l o t o d o s l o s filósofos a
q u i e n e s s e l l a m a v u l g a r m e n t e físicos, l o s c u a l e s d i c e n q u e n a d a s e g e -
n e r a n i se c o r r o m p e sustancialmente, a m e n o s q u e q u e r a m o s llamar
d e e s t a m a n e r a a l a alteración; l o h a e n t e n d i d o t a m b i é n S a l o m ó n , e l
c u a l d i c e q u e n o h a y n a d a n u e v o b a j o e l S o l , s i n o q u e l o q u e es, f u e y a
c o n a n t e r i o r i d a d . Tenéis, p u e s , cómo t o d a s l a s c o s a s s o n e n e l u n i v e r s o
y e l u n i v e r s o e s e n t o d a s l a s c o s a s , n o s o t r o s e n él, él e n n o s o t r o s ; d e e s t a
m a n e r a t o d o c o n c u r r e e n u n a p e r f e c t a u n i d a d . Ésta e s l a razón p o r l a
q u e n o d e b e m o s a t o r m e n t a r n o s e l espíritu; ésta e s l a r a z ó n p o r l a q u e
n o hay nada por l oq u e d e b a m o s entristecernos, p o r q u e esta unidad
es e s t a b l e y s i e m p r e p e r m a n e c e ; e s t e u n o e s e t e r n o ; c u a l q u i e r rostro,
c u a l q u i e r f a z , c u a l q u i e r o t r a c o s a , e s v a n i d a d , e s c o m o n a d a ; e s más:
t o d o l o q u e existe f u e r a d e este u n o , es n a d a .
Los filósofos q u eh a n descubierto esta u n i d a d h a n descubierto
también a s u a m i g a Sabiduría. L a sabiduría, l a v e r d a d , l a u n i d a d , s o n
a b s o l u t a m e n t e l am i s m a cosa. T o d o s h a n sabido decir q u e verdadero,
e n t e y u n o es l a m i s m a cosa, p e r o n o t o d o s l oh a n c o m p r e n d i d o , por-
q u e a l g u n o s h a n a d o p t a d o el m o d o d eh a b l a r d elos v e r d a d e r o s sabios,
p e r o n o h a n c o m p r e n d i d o s u m o d o d e e n t e n d e r . E n t r e e l l o s está A r i s -
 Diálogo V 211
tételes, q u e n o d e s c u b r i ó e l u n o , n o d e s c u b r i ó e l e n t e y n o d e s c u b r i ó
[ o v e r d a d e r o , p o r q u e n o conoció a l e n t e c o m o u n o . Y a u n q u e e r a l i b r e
¿e t o m a r e l s i g n i f i c a d o d e l e n t e c o m ú n a l a s u s t a n c i a y a l a c c i d e n t e
y también d e d i s t i n g u i r s u s categorías e n t a n t o s g é n e r o s y e s p e c i e s , d e
acuerdo con tantas diferencias, sin embargo, n opor ello h a dejado
de ser m e n o s p o c o v e r s a d o e n l a v e r d a d , p o r n o h a b e r p r o f u n d i z a d o e n
el c o n o c i m i e n t o d e esta u n i d a d e i n d i f e r e n c i a e n l a n a t u r a l e z a y s e r
p e r m a n e n t e s , y — c o m o sofista m u y árido— d e p e r v e r t i r c o n e x p l i -
c a c i o n e s malévolas y c o n v i c c i o n e s d e p o c o v a l o r e l p e n s a m i e n t o d e
l o s a n t i g u o s , oponiéndose a l a v e r d a d n o t a n t o quizá p o r incapacidad
i n t e l e c t u a l c o m o p o r c a u s a d e e n v i d i a y d e ambición.
DICSON —Así q u e este m u n d o , este ente, v e r d a d e r o , u n i v e r s o , i n -
finito, i n m e n s o , está e n t e r o e n c a d a u n a d e s u s p a r t e s , d e m a n e r a q u e
e s e l m i s m o ubique." 2
E n c o n s e c u e n c i a , l o q u e está e n e l u n i v e r s o , c o n
r e s p e c t o a l u n i v e r s o ( o c u r r a l o q u e o c u r r a e n relación c o n l o s o t r o s
c u e r p o s p a r t i c u l a r e s ) está e n t o d a s p a r t e s , e n l a m e d i d a d e s u c a p a c i -
d a d , p o r q u e está e n c i m a , d e b a j o , a d e r e c h a , a i z q u i e r d a y según t o d a s
las d i f e r e n c i a s d e l u g a r , y a q u e e n t o d o e l i n f i n i t o h a y t o d a s estas d i f e -
rencias y n i n g u n a d e ellas. C u a l q u i e r cosa q u e t o m e m o s e n e l u n i v e r -
s o , p u e s t o q u e t i e n e e n sí a q u e l l o q u e está t o d o e n t e r o e n t o d a s p a r t e s ,
c o m p r e n d e según s u m o d o p r o p i o t o d a e l a l m a d e l m u n d o ( a u n q u e
n o t o t a l m e n t e , c o m o y a h e m o s d i c h o ) , l a c u a l está e n t e r a e n c u a l q u i e r
p a r t e d e l m i s m o . P o r e s o , i g u a l q u e e l a c t o e s u n o y r e a l i z a u n único
s e r e n t o d a s p a r t e s , h e m o s también d e c r e e r q u e e n e l m u n d o n o h a y
u n a p l u r a l i d a d d esustancias y d ea q u e l l o q u e es v e r d a d e r a m e n t e ente.
A d e m á s , sé q u e tenéis p o r a l g o e v i d e n t e q u e c a d a u n o d e t o d o s e s t o s
m u n d o s i n n u m e r a b l e s q u e v e m o s e n e l u n i v e r s o está e n él n o t a n t o
c o m o e n u n lugar q u e contiene y c o m o e n u n intervalo y espacio, cuan-
to c o m o en u n abarcador, conservador, m o t o r , eficiente, el cual resulta
t a n c o m p r e n d i d o e n s ut o t a l i d a d p o r cada u n o d eestos m u n d o s c o m o
el a l m a t o d a p o r c a d a u n a d elas partes d e l m i s m o . P o r eso, a u n q u e u n
m u n d o p a r t i c u l a r se m u e v a hacia y a l r e d e d o r d e o t r o , c o m o l a T i e r r a
con respecto a l Sol y alrededor del Sol, sin e m b a r g o , con respecto a l
u n i v e r s o n a d a s e m u e v e h a c i a él n i a l r e d e d o r d e él, s i n o e n él.
Queréis además q u e d e l m i s m o m o d o q u e e l a l m a ( i n c l u s o según
e l m o d o v u l g a r d e h a b l a r ) está e n t o d a l a g r a n m o l e a l a q u e d a e l s e r ,
p e r m a n e c i e n d o a l m i s m o t i e m p o i n d i v i s a y p o r t a n t o e s t a n d o idéntica
y e n t e r a e n e l t o d o y e n c a d a u n a d e l a s p a r t e s , así t a m b i é n l a e s e n c i a

" 2
«en todas partes»
 De la causa, el principio y el uno
212
del u n i v e r s o es u n a t a n t o e n e l i n f i n i t o c o m o e n c u a l q u i e r cosa t o m a -
da c o m o m i e m b r o d e dicho universo, d e suerte que el todo y cual-
q u i e r p a r t e d e l t o d o v i e n e n a ser a b s o l u t a m e n t e u n a sola cosa desde el
p u n t o d e vista d e l a sustancia. P o r eso n o h a h a b l a d o i m p r o p i a m e n t e
Parménides c u a n d o h a l l a m a d o a l u n i v e r s o u n o , i n f i n i t o e inmóvil,
i n d e p e n d i e n t e m e n t e d e l oq u e h a y a q u e r i d o significar, p u e s t a l cosa
n o es segura, d a d o q u e l o s a b e m o s por relator escasamente fidedigno.
Afirmáis q u e t o d a s l a s d i f e r e n c i a s q u e v e m o s e n l o s c u e r p o s e n c u a n -
to a susformaciones, complexiones, figuras, c o l o r e s y demás r a s g o s
propios y c o m u n e s , n o son o t r a cosa q u e u n aspecto diferente d e u n a
idéntica s u s t a n c i a ; u n r o s t r o lábil, m ó v i l , c o r r u p t i b l e , d e u n s e r i n -
m ó v i l , p e r s i s t e n t e y e t e r n o , e n e l c u a l están t o d a s l a s f o r m a s , figuras y
m i e m b r o s , p e r o s i n distinción y c o m o a g l o m e r a d o s , d e l m i s m o m o d o
q u e e n l a semilla, d o n d e e l b r a z o n o es d i s t i n t o d e l a m a n o , e l busto
d e l a c a b e z a , e l n e r v i o d e l h u e s o , y d o n d e l a diferenciación y s e p a -
ración n o v i e n e a p r o d u c i r u n a s u s t a n c i a n u e v a y d i f e r e n t e , s i n o q u e
actualiza y realiza determinadas cualidades, diferencias, accidentes
y o r d e n a m i e n t o s e n relación c o n e s a m i s m a sustancia.
Y l oq u e se d i c e d e l a s e m i l l a c o n r e s p e c t o a los m i e m b r o s d e los
a n i m a l e s s e d i c e también d e l a l i m e n t o c o n r e s p e c t o a l q u i l o , a l a s a n -
gre, l a flema, l a carne, e l s e m e n ; se dice a s i m i s m o d e c u a l q u i e r otra
cosa q u e preceda a l estado d e a l i m e n t o u otro; y a s i m i s m o d e todas
l a s c o s a s , s u b i e n d o d e s d e e l g r a d o más ínfimo d e l a n a t u r a l e z a h a s t a
e l g r a d o s u p e r i o r d e e l l a , d e s d e l a t o t a l i d a d física q u e c o n o c e n l o s fi-
lósofos h a s t a l a a l t u r a d e l a r q u e t i p o e n q u e c r e e n l o s teólogos, s i q u i e -
r e s . T e r m i n a r á s l l e g a n d o a u n a s u s t a n c i a idéntica d e l t o d o , o r i g i n a l
y u n i v e r s a l , q u e se l l a m a e l e n t e , f u n d a m e n t o d e t o d a s las especies y
f o r m a s diversas. L om i s m o pasa e ne larte del carpintero, d o n d e hay
una s u s t a n c i a d e leño, s o m e t i d a a t o d a s l a s figuras y medidas, q u e
n o s o n leño, s i n o d e l e ñ o , e n e l leño y e n t o r n o a l leño. P o r e s o , t o d o
l o q u e o r i g i n a d i v e r s i d a d , d e géneros, d e e s p e c i e s , d e d i f e r e n c i a s o
p r o p i e d a d e s ; t o d o l o q u e c o n s i s t e e n l a generación, corrupción, a l t e -
ración y c a m b i o , n o e s e n t e , n o e s s e r , s i n o condición y c i r c u n s t a n c i a
d e e n t e y s e r , e l c u a l e s único, i n f i n i t o , inmóvil, s u j e t o , m a t e r i a , v i d a ,
a l m a , v e r d a d e r o y b u e n o . Pretendéis q u e p o r s e r e l e n t e i n d i v i s i b l e y
simplicísimo, p u e s t o q u e e s i n f i n i t o y a c t o ( t o d o e n t o d o y t o d o e n c a d a
parte, d em o d o que hablamos d e parte en elinfinito y n o d eparte del
i n f i n i t o ) , n o p o d e m o s p e n s a r d e ningún m o d o q u e l a T i e r r a sea p a r t e
d e l e n t e , e l S o l p a r t e d e l a s u s t a n c i a , s i e n d o ésta i n d i v i s i b l e ; p e r o sí está
p e r m i t i d o h a b l a r d e s u s t a n c i a d e l a p a r t e o todavía m e j o r , d e sustancia
 Diálogo V

en l a parte. D e la m i s m a m a n e r a , n o es correcto decir que parte del

a l m a está e n e l b r a z o , p a r t e d e l a l m a está e n l a c a b e z a , p e r o sí q u e
e l a l m a está e n e s a p a r t e q u e e s l a c a b e z a o h a b l a r d e l a s u s t a n c i a d e l a
p a r t e o e n l a p a r t e q u e e s e l b r a z o , p o r q u e e l s e r porción, p a r t e , m i e m -
bro, t o d o , tanto, c u a n t o , m a y o r , m e n o r , c o m o esto, c o m o aquello, d e
esto, d e a q u e l l o , c o n c o r d a n t e , d i f e r e n t e y d e o t r a s determinaciones
que n o se refieren al u n o a b s o l u t o y q u e p o r t a n t o n o se p u e d e n referir
a l a s u s t a n c i a , a l u n o , a l e n t e , s i n o q u e e n relación c o n l a s u s t a n c i a , en
el u n o o e n t o r n o a l e n t e , s o n c o m o m o d o s , d e t e r m i n a c i o n e s y f o r m a s ;
de l am i s m a m a n e r a q u e se dice v u l g a r m e n t e q u e e n t o r n o a u n a sus-
t a n c i a están l a c a n t i d a d , l a c u a l i d a d , l a relación, l a acción, l a pasión y
d e m á s categorías c i r c u n s t a n t e s , así t a m b i é n e n e l e n t e ú n i c o y s u p r e -
m o , e n e l cual e l acto es i n d i f e r e n t e d e l a potencia y puede ser t o d o
a b s o l u t a m e n t e y es t o d o l o q u e p u e d e ser: d e s d e e l p u n t o d e v i s t a d e l a
complicación e s u n o , i n m e n s o , i n f i n i t o y c o m p r e n d e t o d o e l s e r , m i e n -
t r a s q u e d e s d e e l p u n t o d e v i s t a d e l a explicación está e n e s t o s cuerpos
sensibles y e n l adiferente potencia y acto q u e v e m o s e n ellos. P o r eso
pretendéis q u e l o q u e e s e n g e n d r a d o y g e n e r a ( y a s e t r a t e d e u n agente
e q u í v o c o o u n í v o c o , c o m o d i c e n l o s filósofos v u l g a r e s ) y a q u e l l o d e l o
q u e s e h a c e l a generación c o n s t i t u y e n s i e m p r e u n a m i s m a sustancia.
P o r t o d o e l l o n o o s sonará m a l e n e l o í d o l a s e n t e n c i a d e H e r á c l i t o , e l
cual d i j o q u e todas las cosas son u n a sola cosa, q u e p o r l a m u t a b i l i -
d a d t i e n e e n sí t o d a s l a s c o s a s ; y p u e s t o q u e c o n t i e n e t o d a s l a s f o r m a s ,
c o n s i g u i e n t e m e n t e l e c o n v i e n e n todas las d e f i n i c i o n e s y p o r t a n t o los
enunciados contradictorios son verdaderos. Y lo que produce la m u l -
t i p l i c i d a d e n las cosas n o es e le n t e , n o e s l a cosa, s i n o l o q u e a p a r e c e ,
l o q u e s e r e p r e s e n t a a l s e n t i d o y está e n l a s u p e r f i c i e d e l a c o s a .
TEÓFILO — A s í e s . A d e m á s , q u i e r o q u e aprendáis o t r o s puntos
fundamentales d e e s t a importantísima c i e n c i a y d e e s t e fundamen-
t o solidísimo d e l a s v e r d a d e s y s e c r e t o s d e l a n a t u r a l e z a . E n p r i m e r
l u g a r , p u e s , q u i e r o q u e toméis n o t a d e q u e l a e s c a l a p o r l a q u e l a n a -
t u r a l e z a d e s c i e n d e a l a producción d e l a s c o s a s y e l i n t e l e c t o a s c i e n d e
al c o n o c i m i e n t o d e ellas es u n a y l a m i s m a ; y q u e t a n t o e l u n o como
la o t r a p r o c e d e n d e l a u n i d a d a l a u n i d a d p a s a n d o p o r m u l t i t u d d e
medios. D e j o a u n lado que, con s u m o d o de filosofar, l o s peripatéticos
y m u c h o s platónicos h a c e n q u e e l a c t o p u r í s i m o d e s d e u n e x t r e m o y
l a purísima p o t e n c i a d e s d e e l o t r o p r o c e d a n a l a m u l t i t u d d e l a s c o s a s ,
c o m o u n a especie d e p u n t o i n t e r m e d i o . O t r o s , por s u parte, p r e t e n -
d e n , h a b l a n d o metafóricamente, q u e l a s t i n i e b l a s y l a l u z c o n c u r r e n
a l a constitución d e i n n u m e r a b l e s g r a d o s d e f o r m a s , e f i g i e s , figuras y
214 De la causa, el principio y el uno

c o l o r e s . A l l a d o d e e l l o s , q u e c o n s i d e r a n d o s p r i n c i p i o s y d o s prínci
p e s , c o m p a r e c e n solícitos o t r o s , e n e m i g o s d e l a p o l i a r q u í a e i n c a p a c e s
de s o p o r t a r l a , los cuales h a c e n c o i n c i d i r esos dos p r i n c i p i o s e n u n o
solo, e l cual es a l a vez a b i s m o y t i n i e b l a y claridad y l u z , oscuridad
p r o f u n d a e i m p e n e t r a b l e y l u z superior e inaccesible. E n segundo l u -
gar, considerad q u e e l intelecto, q u e r i e n d o liberarse y separarse d e la
i m a g i n a c i ó n a q u e está u n i d o , a d e m á s d e r e c u r r i r a l a s figuras mate-
máticas y d e l a i m a g i n a c i ó n p a r a c o m p r e n d e r p o r m e d i o d e e l l a s o
p o r a n a l o g í a c o n e l l a s e l s e r y l a s u s t a n c i a d e l a s c o s a s , v i e n e también
a r e d u c i r l a m u l t i t u d y d i v e r s i d a d d e l a s e s p e c i e s a u n a m i s m a y única
raíz: así P i t á g o r a s , q u e p u s o l o s n ú m e r o s c o m o p r i n c i p i o s específicos
d e l a s c o s a s , entendió q u e e l f u n d a m e n t o y l a s u s t a n c i a d e t o d o s e l l o s
e r a l a u n i d a d ; Platón y o t r o s , q u e e s t a b l e c i e r o n q u e l a s e s p e c i e s c o n s i s -
tían e n l a s figuras, e n t e n d i e r o n q u e el p u n t o , e n t a n t o q u e sustancia y
g é n e r o u n i v e r s a l , e r a l a c e p a y r a í z única d e t o d a s , y q u i z á l a s s u p e r f i -
cies y las figuras s o n l o q u e a l final e n t e n d i ó P l a t ó n p o r s u « G r a n d e »
y e l p u n t o y e l átomo l o q u e entendió p o r s u «Pequeño», p r i n c i p i o s
g e m e l o s específicos d e l a s c o s a s , q u e después s e r e d u c e n a u n o , i g u a l
q u e t o d o l o d i v i s i b l e s e r e d u c e a u n p r i n c i p i o i n d i v i s i b l e . Así p u e s ,
los q u e a f i r m a n q u e e l p r i n c i p i o sustancial es e l u n o p r e t e n d e n que
l a s s u s t a n c i a s s o n c o m o l o s números; a q u e l l o s o t r o s q u e e n t i e n d e n e l
p r i n c i p i o s u s t a n c i a l c o m o e l p u n t o p r e t e n d e n q u e las s u s t a n c i a s d e las
cosas s o n c o m o las figuras, pero todos coinciden en establecer u n prin-
c i p i o i n d i v i s i b l e . S i n e m b a r g o , e l m o d o d e p r o c e d e r d e Pitágoras e s
m e j o r y m á s p u r o q u e e l d e P l a t ó n , p o r q u e l a u n i d a d e s c a u s a y razón
d e l a i n d i v i s i b i l i d a d y d e l a p u n t u a l i d a d y c o n s t i t u y e u n p r i n c i p i o más
a b s o l u t o y más a d e c u a d o a l e n t e u n i v e r s a l .
GERVASIO — ¿ P o r qué razón Platón, q u e v i n o después, n o h i z o l o
m i s m o n i m e j o r q u e Pitágoras?
TEÓFILO —Porque prefirió s e r c o n s i d e r a d o maestro, hablando
peor y d e u n a m a n e r a m e n o s adecuada y apropiada, a hacerse valer
c o m o discípulo h a b l a n d o s e n c i l l a m e n t e m e j o r . L o q u e q u i e r o d e c i r
e s q u e c o n s u filosofía perseguía m á s l a g l o r i a p e r s o n a l q u e l a v e r d a d ,
y a q u e m e r e s u l t a i m p o s i b l e d u d a r d e q u e sabía m u y b i e n q u e s u m o d o
d e p r o c e d e r r e s u l t a b a más a p r o p i a d o p a r a l a s c o s a s c o r p o r a l e s y c o n s i -
d e r a d a s c o r p o r a l m e n t e , m i e n t r a s q u e el o t r o n o se a c o m o d a b a menos
n i e r a m e n o s a p r o p i a d o a e s t a s q u e a t o d a s l a s demás c o s a s q u e l a r a -
zón, l a imaginación, e l i n t e l e c t o y t a n t o l a u n a c o m o l a o t r a n a t u r a l e z a
s u p i e r a n f a b r i c a r . T o d o s reconocerán q u e n o s e o c u l t a b a a P l a t ó n q u e
l a u n i d a d y l o s números c o n s i d e r a n y d a n razón n e c e s a r i a d e p u n t o s
 Diálogo V 2
'5

y figuras, m i e n t r a s que ellos n o son considerados y n o r e c i b e n razón

necesaria d e figuras y puntos, del m i s m o m o d o que la sustancia d i -
m e n s i o n a l y corpórea d e p e n d e d e l a incorpórea e i n d i v i s i b l e ; además,
e s t a última e s i n d e p e n d i e n t e d e l a p r i m e r a , p o r q u e s e p u e d e h a l l a r l a
razón d e l o s n ú m e r o s i n d e p e n d i e n t e m e n t e d e l a d e l a m e d i d a , pero
la p r i m e r a n o es i n d e p e n d i e n t e d e l ao t r a , p o r q u e n o s e p u e d e h a l l a r l a
razón d e l a s m e d i d a s s i n l a d e l o s n ú m e r o s . P o r e s o l a a n a l o g í a y p r o -
porción a r i t m é t i c a e s m á s a p r o p i a d a q u e l a g e o m é t r i c a p a r a g u i a r n o s ,
a través d e l a m u l t i p l i c i d a d , a l a c o n t e m p l a c i ó n y captación d e e s e
p r i n c i p i o i n d i v i s i b l e q u e , p o r s e r l a s u s t a n c i a única y r a d i c a l d e t o d a s
las cosas, es i m p o s i b l e q u e t e n g a u n n o m b r e p r e c i s o y d e t e r m i n a d o o
u n a expresión q u e s i g n i f i q u e p o s i t i v a más q u e p r i v a t i v a m e n t e . P o r
eso h a s i d o l l a m a d o p o r u n o s «punto», p o r o t r o s «unidad», p o r o t r o s
«infinito» y o t r a s v a r i a s d e n o m i n a c i o n e s s e m e j a n t e s a éstas.
Añade a l o q u e se h a d i c h o q u e , c u a n d o e l i n t e l e c t o q u i e r e c o m -
prender l a esencia d e u n a cosa, simplifica t o d o l oq u e puede; quiero
decir: r e c h a z a n d o los accidentes c o r r u p t i b l e s , las d i m e n s i o n e s , los sig-
nos, las figuras, s e r e t i r a d e l a composición y m u l t i p l i c i d a d a a q u e l l o
q u e s u b y a c e a esas cosas. Así, n o e n t e n d e m o s u n a l a r g a e s c r i t u r a o u n
discurso p r o l i j o a m e n o s q u e los c o n t r a i g a m o s e n u n a significación
simple; el intelecto demuestra con ello claramente que l a sustancia
de las cosas reside e n l a u n i d a d , a l a c u a l v a b u s c a n d o o e n v e r d a d o
e n i m a g e n . C r é e m e : sería c o n s u m a d í s i m o y perfectísimo g e ó m e t r a e l
q u e p u d i e r a c o n t r a e r a u n a única significación t o d a s l a s s i g n i f i c a c i o -
n e s d i s p e r s a s e n l o s p r i n c i p i o s d e E u c l i d e s ; perfectísimo lógico e l q u e
c o n t r a j e r a t o d a s l a s s i g n i f i c a c i o n e s a u n a s o l a . D e aquí p r o v i e n e l a
gradación d e l a s i n t e l i g e n c i a s , p o r q u e l a s i n f e r i o r e s n o p u e d e n e n t e n -
d e r m u c h a s c o s a s e x c e p t o c o n m u c h a s imágenes, s i m i l i t u d e s y f o r m a s .
L a s s u p e r i o r e s e n t i e n d e n m e j o r c o n p o c a s . L a s m á s a l t a s perfectísi-
m a m e n t e c o n poquísimas. L a p r i m e r a i n t e l i g e n c i a c o m p r e n d e e l t o d o
perfectísimamente e n u n a s o l a i d e a . L a m e n t e d i v i n a y l a u n i d a d a b -
s o l u t a e s simultáneamente l o q u e e n t i e n d e y l o q u e e s e n t e n d i d o , s i n
i m a g e n a l g u n a . D eesta m a n e r a , pues, a s c e n d i e n d o n o s o t r o s a l c o n o -
cimiento perfecto, vamos complicando l a multiplicidad,a ligual que
l a u n i d a d s e v a e x p l i c a n d o c u a n d o s e d e s c i e n d e a l a producción d e l a s
c o s a s . E l d e s c e n s o e s d e u n e n t e único a i n f i n i t o s i n d i v i d u o s y e s p e c i e s
i n n u m e r a b l e s ; e l a s c e n s o v a d e éstos a a q u é l . P a r a p o n e r p u n t o final,
p u e s , a e s t a s e g u n d a consideración, d i g o q u e c u a n d o a s p i r a m o s y n o s
e s f o r z a m o s p o r a l c a n z a r el p r i n c i p i o y s u s t a n c i a d e las cosas, h a c e m o s
u n p r o g r e s o h a c i a l a i n d i v i s i b i l i d a d ; y jamás c r e e m o s h a b e r alcanzado
2l6 De la causa, el principio y el uno

el p r i m e r e n t e y sustancia u n i v e r s a l hasta q u e n oh a y a m o s llegado a

e s e u n o i n d i v i s o e n q u e t o d o está c o m p r e n d i d o . M i e n t r a s t a n t o , n o
c r e e m o s c o m p r e n d e r d e l a s u s t a n c i a y d e l a e s e n c i a más d e l o q u e s a -
b e m o s c o m p r e n d e r d e l a i n d i v i s i b i l i d a d . D e ahí q u e l o s peripatéticos
y l o s platónicos r e d u z c a n l o s i n f i n i t o s i n d i v i d u o s a u n a razón i n d i -
visible d e m u c h a s especies, c o m p r e n d a n i n n u m e r a b l e s especies bajo
u n número d e t e r m i n a d o d e géneros — q u e Arquitas fue el primero
e n q u e r e r q u e f u e r a n d i e z — y e s t e n ú m e r o d e t e r m i n a d o d e géneros
e n u n único e n t e , e n u n a s o l a c o s a , l a c u a l c o s a y e n t e e s c o m p r e n d i d a
p o r e l l o s c o m o u n n o m b r e y u n a expresión v e r b a l , c o m o u n s i g n i f i c a -
d o lógico y e n ú l t i m a i n s t a n c i a , c o m o u n a v a n i d a d , p o r q u e a l p r o c e d e r
d e s p u é s físicamente n o r e c o n o c e n u n p r i n c i p i o ú n i c o d e r e a l i d a d y d e
ser d e t o d o l o q u e e s , c o m o u n s i g n i f i c a d o y n o m b r e común a t o d o
l o q u e se dice y se c o m p r e n d e , l o cual l e s h a s u c e d i d o , ciertamente,
por incapacidad intelectual.
E n tercer lugar, debes saber que siendo l a sustancia y e l ser algo
d i s t i n t o e i n d e p e n d i e n t e d e l a c a n t i d a d y n os i e n d o , p o r consiguien-
t e , l a m e d i d a y e l número s u s t a n c i a , s i n o e n t o r n o a l a s u s t a n c i a , n o
ente, sino algo del ente, sucede que debemos decir necesariamente
q u e l a s u s t a n c i a e s e s e n c i a l m e n t e s i n número y s i n m e d i d a , y p o r eso
es u n a e i n d i v i s i b l e e n t o d a s las c o s a s p a r t i c u l a r e s , las c u a l e s r e c i b e n s u
p a r t i c u l a r i d a d d e l número, e s t o es, d e c o s a s q u e s o n e n t o r n o a l a s u s -
tancia. P o r eso, q u i e n a p r e h e n d e a P o l i h i m n i o c o m o P o l i h i m n i o , n o
aprehende u n a sustancia particular, sino la sustancia e nel i n d i v i d u o
p a r t i c u l a r y e n las d i f e r e n c i a s q u e h a y e n t o r n o a e l l a , l a c u a l v i e n e a
p o n e r p o r m e d i o d e e l l a s a e s t e h o m b r e e n e l número y e n l a m u l t i p l i -
c i d a d b a j o u n a e s p e c i e . Así, d e l m i s m o m o d o q u e c i e r t o s accidentes
h u m a n o s producen una multiplicidadd elo que llamamos individuos
de l a h u m a n i d a d , d e t e r m i n a d o s accidentes animales producen tam-
bién u n a m u l t i p l i c a c i ó n d e l a s e s p e c i e s d e l a a n i m a l i d a d . I g u a l m e n -
te, d e t e r m i n a d o s accidentes vitales p r o d u c e n multiplicación d e l o
animado y viviente. D ela m i s m a manera, determinados accidentes
corpóreos p r o d u c e n multiplicación d e l a c o r p o r e i d a d . S i m i l a r m e n t e ,
d e t e r m i n a d o s a c c i d e n t e s d e l a e x i s t e n c i a p r o d u c e n multiplicación d e
la sustancia. D e l m i s m o m o d o , d e t e r m i n a d o s accidentes d e l ser p r o -
d u c e n multiplicación d e l a e n t i d a d , d e l a v e r d a d , l a u n i d a d , e l e n t e , l o
verdadero, lo uno.
E n c u a r t o l u g a r , t o m a los signos y l a sverificaciones m e d i a n t e las
cuales q u e r e m o s c o n c l u i r q u e l o sc o n t r a r i o s c o i n c i d e n e n u n a sola
c o s a . N o t e será difícil i n f e r i r d e ahí a l final q u e todas l a scosas s o n
 Diálogo V 217

u n o , i g u a l q u e t o d o número — t a n t o p a r c o m o i m p a r , t a n t o finito
c o m o i n f i n i t o — se r e d u c e a l a u n i d a d , l ac u a l r e i t e r a d a e n m o d o fini-
t o p r o d u c e e l número y e n m o d o i n f i n i t o n i e g a e l número. L o s s i g n o s
los tomarás d e l a matemática, l a s v e r i f i c a c i o n e s d e l a s o t r a s f a c u l t a d e s
m o r a l e s y e s p e c u l a t i v a s . V e a m o s , p u e s , l o s s i g n o s . D i m e : ¿qué e s más
d i f e r e n t e d e l a línea r e c t a q u e e l c í r c u l o ? , ¿hay a l g o m á s c o n t r a r i o a l o
r e c t o q u e l o c u r v o ? S i n e m b a r g o , e n e l p r i n c i p i o y mínimo c o i n c i d e n ,
d a d o q u e ( c o m o percibió d i v i n a m e n t e e l C u s a n o , d e s c u b r i d o r d e l o s
más b e l l o s s e c r e t o s d e l a g e o m e t r í a ) ¿ q u é d i f e r e n c i a e n c o n t r a r á s tú
e n t r e e l a r c o mínimo y l a mínima c u e r d a ? Además, e n e l máximo,
¿qué d i f e r e n c i a hallarás e n t r e e l círculo i n f i n i t o y l a línea r e c t a ? ¿No
v e s q u e c u a n t o m á s g r a n d e e s e l círculo t a n t o m á s s e v a a p r o x i m a n d o
c o n s u a r c o a l a r e c t a ? ¿Quién e s t a n c i e g o q u e n o a l c a n z a a v e r cómo
e l HTCOBB, p o r s e r m á s g r a n d e q u e e l a r c o AA, e l a r c o CC más g r a n d e
q u e e l a r c o BB, y e l a r c o D D más g r a n d e q u e l o s o t r o s t r e s , t i e n d e n
t o d o s e l l o s a s e r p a r t e d e u n círculo c a d a v e z m a y o r y d e e s t a m a n e r a
a a c e r c a r s e c a d a v e z m á s a l a r e c t i t u d d e l a línea i n f i n i t a d e l círculo
i n f i n i t o señalada p o r IK?

E n t o n c e s , e s p r e c i s o s i n d u d a d e c i r y c r e e r q u e así c o m o l a línea q u e e s
m á s g r a n d e e s t a n t o m á s r e c t a c u a n t o m a y o r e s , s i m i l a r m e n t e l a línea m á s
g r a n d e d e t o d a s d e b e s e r s u p e r l a t i v a m e n t e l a más r e c t a d e t o d a s , d e
s u e r t e q u e a l final l a línea r e c t a i n f i n i t a v e n d r á a s e r u n círculo i n f i n i -
t o . H e a h í , p u e s , c ó m o n o t a n sólo e l m á x i m o y e l m í n i m o c o i n c i d e n
e n u n único s e r , c o m o y a h e m o s d e m o s t r a d o e n o t r a s o c a s i o n e s , s i n o
también cómo e n e l m á x i m o y e n e l m í n i m o l o s c o n t r a r i o s v i e n e n
a s e r u n a c o s a única e i n d i f e r e n t e . A d e m á s , s i q u i e r e s c o m p a r a r l a s
especies finitas c o n e l triángulo, p u e s t o q u e t o d a s l a s c o s a s finitas,
2l8 De la causa, el principio y el uno

a p a r t i r d e l a p r i m e r a cosa finita y determinada, participan e n virtud

d e c i e r t a analogía d e l a finitud y l a determinación ( i g u a l q u e e n t o d o s
l o s géneros t o d o s l o s p r e d i c a d o s análogos t o m a n e l g r a d o y e l o r d e n d e l
s u j e t o p r i m e r o y m á x i m o d e d i c h o g é n e r o ) , p o r e s o d e q u e e l triángulo
es l a p r i m e r a figura, l a c u a l n o s e p u e d e r e s o l v e r e n o t r a e s p e c i e d e fi-
g u r a más s i m p l e ( m i e n t r a s p o r e l c o n t r a r i o e l c u a d r a d o s e r e s u e l v e e n
triángulos) y e s p o r c o n s i g u i e n t e f u n d a m e n t o p r i m e r o d e c u a l q u i e r
cosa d e t e r m i n a d a y figurada, e n t o n c e s hallarás q u e e l t r i á n g u l o , d e l
m i s m o m o d o q u e n o se r e s u e l v e e n o t r a figura, tampoco puede pasar
a triángulos, c u y o s t r e s ángulos s e a n m a y o r e s o m e n o r e s , a u n cuando
sean variados y diversos, d evariadas y diversas figuras e n c u a n t o as u
m a g n i t u d m a y o r y m e n o r , m í n i m a y m á x i m a . P o r e s o , s i p o n e s u n trián-
gulo infinito (no digo real y absolutamente infinito, porque el infinito
no tiene figura, s i n o i n f i n i t o p o r suposición y e n t a n t o q u e e l á n g u l o
d a l u g a r a l o q u e n o s p r o p o n e m o s d e m o s t r a r ) , e s e t r i á n g u l o n o tendrá
u n ángulo m a y o r q u e e l triángulo m í n i m o finito y n o sólo n o m a y o r
q u e l o s triángulos i n t e r m e d i o s y o t r o m á x i m o . D e j a n d o a u n l a d o
l a comparación e n t r e figuras y figuras, q u i e r o d e c i r , e n t r e triángu-
l o s y triángulos, y t o m a n d o ángulos y ángulos, t o d o s s o n i g u a l e s ( p o r
g r a n d e s y pequeños q u e s e a n ) , t a l c o m o a p a r e c e e n e s t e cuadrilátero,

D
e l c u a l está d i v i d i d o p o r l a d i a g o n a l e n u n a s e r i e d e t r i á n g u l o s . V e m o s
q u e n o t a n sólo s o n i g u a l e s l o s á n g u l o s r e c t o s d e l o s c u a d r a d o s A, B,
C, s i n o t a m b i é n t o d o s l o s á n g u l o s a g u d o s q u e r e s u l t a n d e l a división
p o r m e d i o d e d i c h a d i a g o n a l , q u e d a l u g a r a o t r o s t a n t o s triángulos
d o b l e s , t o d o s e l l o s d e á n g u l o s i g u a l e s . D e ahí s e v e , p o r u n a analogía
 Diálogo V 219

m u y m a n i f i e s t a , c o m o l a s u s t a n c i a i n f i n i t a única p u e d e e s t a r t o d a e n
todas l a scosas, a u n q u e e n u n a s d e m o d o finito y e notras d e m o d o
infinito; e nunas con u n a m e d i d a m e n o r y e notras con u n a medida
mayor.
A ñ a d e a e s t o , p a r a v e r u n a v e z más q u e e n e s t e u n o e i n f i n i t o l o s
c o n t r a r i o s c o i n c i d e n , q u e l o s ángulos a g u d o y o b t u s o s o n d o s c o n t r a -
r i o s ; s i n e m b a r g o , ¿no v e s c o m o n a c e n a p a r t i r d e u n p r i n c i p i o único,
idéntico e i n d i v i s i b l e , e s t o e s , d e l a inclinación d e l a línea p e r p e n d i c u -
l a r M q u e s e j u n t a c o n l a línea h o r i z o n t a l BD e n e l p u n t o C ?

E s t a línea M, m e d i a n t e u n a s i m p l e inclinación s o b r e e l p u n t o C e n
l a dirección d e l p u n t o D, t r a s p r o d u c i r d o s á n g u l o s r e c t o s idénticos
v i e n e a p r o d u c i r a h o r a u n ángulo a g u d o y o t r o o b t u s o t a n t o más d i f e -
r e n t e s c u a n t o m á s s e a c e r c a a l p u n t o D. Y u n a v e z h a a l c a n z a d o este
p u n t o D y s e h a u n i d o a él, p r o d u c e l a i d e n t i d a d d e a g u d o y o b t u s o ,
p o r q u e u n o y o t r o s e a n u l a n recíprocamente, s i e n d o u n a s o l a c o s a e n
l a p o t e n c i a d e u n a m i s m a y única línea. E s a línea M, d e l m i s m o m o d o
q u e h a p o d i d o u n i r s e y h a c e r s e idéntica a l a línea BD, p u e d e t a m b i é n
separarse y hacerse diferente d e ella, suscitando a partir d e u n prin-
c i p i o idéntico, ú n i c o e i n d i v i s o l o s á n g u l o s m á s c o n t r a r i o s , d e s d e e l
a g u d o máximo y e l o b t u s o máximo h a s t a e l a g u d o mínimo y e l o b t u s o
m í n i m o , y también l a i g u a l d a d d e d o s ángulos r e c t o s y e s a c o i n c i d e n -
cia q u e se p r o d u c e c o n e l c o n t a c t o d e l a recta p e r p e n d i c u l a r sobre l a
horizontal.
P o r l o q u e s e r e f i e r e a l a s v e r i f i c a c i o n e s , ¿quién n o s a b e , e n p r i -
m e r lugar, por l oq u e respecta a lascualidades activas p r i m e r a s d e
l a n a t u r a l e z a corpórea, q u e e l p r i n c i p i o d e l c a l o r e s i n d i v i s i b l e y p o r
c o n s i g u i e n t e está s e p a r a d o d e t o d o c a l o r , p u e s t o q u e e l p r i n c i p i o n o
debe s e r n i n g u n a d e l a scosas principiadas? S i e s así, ¿ q u i é n puede
v a c i l a r a l a h o r a d e a f i r m a r q u e e l p r i n c i p i o n o e s n i c a l i e n t e n i frío,
s i n o u n ú n i c o e idéntico p r i n c i p i o d e l c a l o r y d e l frío? ¿ D e d ó n d e
 De la causa, el principio y el uno
220
p r o v i e n e q u e u nc o n t r a r i o sea p r i n c i p i o del o t r o y q u e por eso las
t r a n s m u t a c i o n e s s e a n c i r c u l a r e s , s i n o e s p o r q u e h a y u n único s u j e t o
u n único p r i n c i p i o y u n único término, y además u n a c o n t i n u i d a d y
c o i n c i d e n c i a e n t r e u n c o n t r a r i o y o t r o ? ¿Acaso n o s o n u n a s o l a cosa
e l m í n i m o c a l o r y e l m í n i m o frío? ¿ N o s e t o m a e l p r i n c i p i o d e l m o v i -
m i e n t o h a c i a e l frío a p a r t i r d e l t é r m i n o d e l m á x i m o c a l o r ? Está c l a r o ,
p u e s , q u e n o sólo s e e n c u e n t r a n a v e c e s l o s d o s m á x i m o s e n l a o p o s i -
ción y l o s d o s m í n i m o s e n l a c o i n c i d e n c i a , s i n o etiam" }
e l máximo y
e l m í n i m o c o n v i s t a s a l a transformación v i c i s i t u d i n a l , p o r l o q u e n o
s i n r a z ó n s u e l e n l o s m é d i c o s t e m e r c u a n d o l a disposición e s óptima y
l o s s a b i o s s o n más c i r c u n s p e c t o s cuando la felicidad h aalcanzado el
g r a d o s u p r e m o . ¿Quién n o v e q u e e l p r i n c i p i o d e l a corrupción y d e l a
generación e s u n o s o l o , q u e e l p u n t o último d e l a corrupción e s p r i n c i -
p i o d e l a generación? ¿ N o d e c i m o s a l m i s m o t i e m p o : q u i t a d o a q u e l l o ,
p u e s t o esto; e r a a q u e l l o , es esto? S i m e d i m o s b i e n las cosas, veremos
c o n c l a r i d a d q u e l a corrupción n o e s o t r a c o s a q u e u n a generación y
q u e l a generación n o e s o t r a c o s a q u e u n a corrupción; e l a m o r e s o d i o
y e lo d i o r e s u l t a ser u n a m o r . E l o d i o d e l c o n t r a r i o es a m o r d e l s e m e -
j a n t e , e l a m o r d e éste e s o d i o d e a q u é l . A m o r y o d i o , a m i s t a d y d i s c o r -
d i a s o n p o r t a n t o u n a m i s m a c o s a e n s u s t a n c i a y raíz. ¿ D ó n d e b u s c a
e l médico e l antídoto c o n más garantías q u e e n e l v e n e n o ? ¿Quién d a
m e j o r t r i a c a q u e l a víbora? E n l o s m a y o r e s v e n e n o s l a s m e j o r e s me-
d i c i n a s . D a d o s d o s o b j e t o s c o n t r a r i o s , ¿no e s u n a s o l a l a p o t e n c i a que
los p r o d u c e ? P u e s b i e n , ¿cuál c r e e s q u e e s l a c a u s a d e t o d o e l l o s i n o
q u e e lp r i n c i p i o d e l ser d e a m b o s es u n o , i g u a l q u e u n o es el p r i n c i p i o
d e s u concepción y q u e l o s c o n t r a r i o s están e n u n m i s m o s u j e t o , d e l
m i s m o m o d o que son aprehendidos p o r u n único y m i s m o sentido?
N o o l v i d e m o s q u e l a e s f e r a r e p o s a e n e l p l a n o , l o cóncavo s e c a l m a
y a s i e n t a s o b r e l o c o n v e x o , e l i r a c u n d o v i v e u n i d o a l p a c i e n t e . A l más
s o b e r b i o l o q u e más l e g u s t a e s e l h u m i l d e , a l a v a r o e l l i b e r a l .
E n conclusión: q u i e n q u i e r a s a b e r l o s m á s p r o f u n d o s s e c r e t o s d e l a
n a t u r a l e z a , q u e m i r e y r e f l e x i o n e s o b r e l o s mínimos y máximos d e los
opuestos y contrarios. M a g i a p r o f u n d a es saber extraer e l c o n t r a r i o
d e s p u é s d e h a b e r h a l l a d o e l p u n t o d e u n i ó n . A e s t o tendía c o n s u p e n -
s a m i e n t o e l p o b r e Aristóteles c u a n d o p o n í a l a p r i v a c i ó n ( a l a q u e está
u n i d a u n a c i e r t a disposición) c o m o p r o g e n i t u r a , e n g e n d r a d o r a y ma-
d r e d e l a f o r m a . S i n e m b a r g o , n o p u d o l l e g a r h a s t a allí, n o h a p o d i d o
a l c a n z a r l o , p o r q u e a l d e t e n e r s e e n e l g é n e r o d e l a oposición s e q u e d ó

"i «incluso»
 Diálogo V
221
atrapado c o m o e n u ncepo d emanera que n opudo descender al a
e s p e c i e d e l a c o n t r a r i e d a d y p o r t a n t o n o a l c a n z ó e l o b j e t i v o n i fijó l o s
o j o s e n él, s i n o q u e s e e q u i v o c ó p o r c o m p l e t o , d i c i e n d o q u e l o s c o n t r a -
rios n o p u e d e n c o i n c i d i r a c t u a l m e n t e e n u n m i s m o sujeto.
POLIHIMNIO — A l t a , r a r a y e g r e g i a m e n t e habéis d e l i b e r a d o y c o n -
c l u i d o a c e r c a d e l t o d o , d e l máximo, d e l e n t e , d e l p r i n c i p i o , d e l u n o .
P e r o quisiera veros d i s t i n g u i r acerca d el au n i d a d p o r q u e encuentro
e n e l l o u n Vaesoli."* Además, s i e n t o u n a g r a n a n g u s t i a p o r e l h e c h o
d e q u e e n m i b o l s a y m a r s u p i o n o s e a l o j a más q u e u n s u e l d o v i u d o .
TEÓFILO — E s a u n i d a d e s t o d o y n o está e x p l i c a d a n i s e e n c u e n t r a
b a j o u n a distribución o distinción n u m é r i c a s ; t a m p o c o e s u n a s i n g u -
l a r i d a d d e l t i p o q u e tú q u i z á podrías e n t e n d e r , s i n o q u e e s u n a u n i d a d
que complica y comprende.
POLIHIMNIO — E x e m p l u m ? P o r q u e a d e c i r v e r d a d intendo, p e r o n o
capto."*
TEÓFILO — I g u a l q u e l a d e c e n a e s también u n a u n i d a d , p e r o una
u n i d a d c o m p l i c a n t e , l a c e n t e n a e s también u n a u n i d a d e n n o m e n o r
m e d i d a , p e r o más c o m p l i c a n t e , y e l m i l l a r n o e s m e n o s u n i d a d que
las o t r a s d o s , p e r o e s m u c h o más c o m p l i c a n t e . L o q u e t e d i g o c o n e s t e
e j e m p l o d e l a aritmética, d e b e s e n t e n d e r l o d e u n m o d o más e l e v a d o
y m á s s i m p l e a propósito d e t o d a s l a s c o s a s . E l b i e n s u p r e m o , l o m á x i -
m a m e n t e d e s e a b l e , l a s u m a perfección, l a b e a t i t u d s u p r e m a , consiste
en l aunidad que complica eltodo. Nosotros nos deleitamos con e l
color, pero n o con u n color explicado cualquiera, sino sobre todo con
a q u e l q u e c o m p l i c a todos los colores. N o s d e l e i t a m o s c o n l av o z , p e r o
no con u n a voz singular, sino con una voz complicante que resulta d e
l a armonía d e m u c h a s v o c e s . N o s d e l e i t a m o s c o n u n o b j e t o sensible,
p e r o s o b r e t o d o c o n l o q u e c o m p r e n d e e n sí m i s m o t o d o s l o s o b j e t o s
sensibles, con u n objeto d ec o n o c i m i e n t o q u e c o m p r e n d e t o d o lo cog-
n o s c i b l e , c o n u n o b j e t o d e aprehensión q u e a b r a z a t o d o l o q u e s e p u e -
de c o m p r e n d e r ; con u n ente que abarca t o d o y especialmente con ese
u n o q u e e s e l t o d o m i s m o . I g u a l q u e tú, P o l i h i m n i o , t e deleitarías m á s
con la u n i d a d d e u n a piedra tan preciosa que valiera por todo el o r o
del m u n d o q u e c o n u n a m u l t i t u d d em i l e s d em i l e s d etales sueldos d e
los q u e s o l a m e n t e tienes u n o e n l a bolsa.
POLIHIMNIO —Optime." 0

" 4
« ¡ A y del que esté solo!»
' « e s t o y atento, pero no lo capto»
" ' ' «Perfecto.»
222 De la causa, el principio y el uno

GERVASIO — H e m e aquí c o n v e r t i d o e n d o c t o : p o r q u e d e l mismo

m o d o q u e q u i e n n o e n t i e n d e e l u n o , n o e n t i e n d e n a d a , así también
quien entiende verdaderamente e l u n o , l o e n t i e n d e t o d o ; y q u i e n se
a c e r c a m á s a l a i n t e l i g e n c i a d e l u n o , s e a p r o x i m a m á s a l a aprehensión
de todo.
DICSON —También y o , s i h e e n t e n d i d o b i e n , m e v o y m u y enri-
quecido c o n l a c o n t e m p l a c i ó n d e Teófilo, fiel r e l a t o r d e l a filosofía
nolana.
TEÓFILO — A l a b a d o s sean los dioses y e n s a l z a d a p o r todos los v i -
v i e n t e s l a i n f i n i t a , s i m p l i c í s i m a , u n í s i m a , altísima y absolutísima c a u -
sa, p r i n c i p i o y u n o .

COPIA CON F I N E S
EDUCATIVOS
C. D. A .
DEL INFINITO: EL UNIVERSO Y LOS MUNDOS
AL ILUSTRÍSIMO SEÑOR D E M A U V I S S I E R E

Traducción y notas de
M I G U E L ÁNGEL GRANADA
 NOTA DE TRADUCCIÓN

L a presente traducción se basa en G. Bruno, Opere complete. Oeuvres completes

[colección dirigida por Y . Hersant y N . Ordine], París, Les Belles Lettres, 1993-1999-
L a s figuras que se reproducen en este libro son los originales de Bruno.
 E P Í S T O L A P R O E M I A L
AL ILUSTRÍSIMO SEÑOR MICHEL
DE C A S T E L N A U , SEÑOR D E M A U V I S S I E R E ,
DE CONCRESSAULT Y DE JOINVILLE,
Caballero de la Orden del Rey Cristianísimo, Consejero de su Consejo
Privado, Capitán de cincuenta hombres armados y Embajador
ante la Serenísima Reina de Inglaterra

S i y o , ilustrísimo C a b a l l e r o , t r a t a r a c o n e l a r a d o , a p a c e n t a r a un reba-
ño, c u l t i v a r a u n h u e r t o , a r r e g l a r a u n v e s t i d o , n a d i e m e m i r a r í a , p o c o s
m e o b s e r v a r í a n , m e n o s todavía m e r e p r e n d e r í a n y p o d r í a a g r a d a r fá-
c i l m e n t e a t o d o s . P e r o p o r ser d e l i n e a n t e d e l c a m p o d e l a n a t u r a l e z a ,
solícito d e l p a s t o d e l a l m a , d e s e o s o d e l c u l t i v o d e l i n g e n i o y a r t e s a n o
d e l o s hábitos d e l i n t e l e c t o , r e s u l t a q u e q u i e n m e h a e n t r e v i s t o m e
amenaza, quien m eh aobservado m eataca, q u i e n m eh a alcanzado
m e m u e r d e , q u i e n m e h ac o m p r e n d i d o m e d e v o r a ; n o es u n o solo, n o
son pocos, s o n m u c h o s , s o n casi todos.
S i q u e r é i s e n t e n d e r cuál e s l a c a u s a d e e s t o , o s diré q u e e l m o t i v o
es e l c o n j u n t o d e l a g e n t e q u e m e d i s g u s t a , e l v u l g o q u e o d i o , l a m u l -
titud que m e desagrada, una que m e enamora: aquella por laque soy
l i b r e e n l a sujeción, c o n t e n t o e n l a p e n a , r i c o e n l a n e c e s i d a d y vivo
en l a m u e r t e ; aquella por l a que n o e n v i d i o a quienes son siervos e n
la l i b e r t a d , s i e n t e n pena e n los placeres, son pobres e n l a sr i q u e z a s y
m u e r t o s e nv i d a , p o r q u e e ne lc u e r p o t i e n e n l ac a d e n a q u e los ata, e n
e l espíritu e l i n f i e r n o q u e l o s d e p r i m e , e n e l a l m a e l e r r o r q u e l o s t i e n e
e n f e r m o s , e n l am e n t e el l e t a r g o q u e los m a t a ; sin m a g n a n i m i d a d que
los libere, sin generosidad q u e los eleve, sin r e s p l a n d o r q u e los i l u m i -
ne, sin ciencia q u e los reviva.
P o r e s osucede que n o retiro, fatigado, e l pie del a r d u o camino;
n i b a j o los b r a z o s desidioso a n t e e l t r a b a j o q u e se presenta; n i v u e l v o
la e s p a l d a d e s e s p e r a d o a n t e e l e n e m i g o q u e m eataca; n i d e s l u m h r a -
d o a p a r t o los ojos del d i v i n o objeto, m i e n t r a s p o r l ogeneral m e veo
c o n s i d e r a d o s o f i s t a , más empeñado e n p a r e c e r s u t i l q u e e n s e r veraz;

225
226 Del infinito: el universo y los mundos

a m b i c i o s o , más a f a n o s o p o r s u s c i t a r u n a n u e v a y f a l s a s e c t a q u e po r

c o n f i r m a r l a a n t i g u a y v e r d a d e r a ; c a z a d o r q u e se v a p r o c u r a n d o u n

r e s p l a n d o r d e g l o r i a p r e s e n t a n d o t e n e b r o s o s e r r o r e s ; u n espíritu i n
q u i e t o q u e s u b v i e r t e los edificios d e l a sb u e n a s d i s c i p l i n a s y se hace
fundador d eartificios d e perversidad.
Ojalá, Señor, l o s s a n t o s númenes a l e j e n d e mí a t o d o s a q u e l l o s q u e
i n j u s t a m e n t e m e o d i a n ; ojalá m e s e a s i e m p r e p r o p i c i o m i D i o s ; ojalá m e
sean favorables todos los g o b e r n a d o r e s d e n u e s t r o m u n d o ; ojalá l o s
astros m e p r o c u r e n tal semilla para e lc a m p o y c a m p o para l a semilla
q u e s e m u e s t r e a l m u n d o útil y g l o r i o s o f r u t o d e m i e s f u e r z o d e s p e r -
t a n d o e l espíritu y a b r i e n d o e l s e n t i d o a q u i e n e s están p r i v a d o s d e l u z ,
i g u a l q u e y o s i n c e r í s i m a m e n t e n o finjo y s i e s t o y e n e l e r r o r , n o c r e o
e n v e r d a d e r r a r ; y c u a n d o h a b l o y escribo, n od i s p u t o p o r a m o r a l a
v i c t o r i a p o r sí m i s m a ( y a q u e c o n s i d e r o e n e m i g a d e D i o s , vilísima y
s i n p i z c a d e h o n o r t o d a reputación y v i c t o r i a e n l a q u e l a v e r d a d está
a u s e n t e ) , s i n o q u e p o r a m o r a l a v e r d a d e r a sabiduría y afán d e l a v e r -
d a d e r a contemplación m e f a t i g o , m e a f l i j o y m e a t o r m e n t o .
Así l o pondrán d e m a n i f i e s t o l o s a r g u m e n t o s d e m o s t r a t i v o s que
d e p e n d e n d e r a z o n e s vivas, las cuales d e r i v a n d e u n s e n t i d o r e g u l a d o ,
i n f o r m a d o p o r imágenes q u e n o s o n f a l s a s y q u e c u a l v e r a c e s e m b a -
j a d o r a s s e d e s p r e n d e n d e l o s o b j e t o s d e l a n a t u r a l e z a , haciéndose p r e -
sentes a q u i e n e s las b u s c a n , p a t e n t e s a q u i e n e s las c o n t e m p l a n , claras
a q u i e n las a p r e h e n d e , ciertas a q u i e n las c o m p r e n d e . Aquí, pues, o s
p r e s e n t o m i contemplación d e l i n f i n i t o u n i v e r s o y l o s m u n d o s innu-
merables.

A R G U M E N T O D E L DIÁLOGO P R I M E R O

Tenéis, p u e s , e n e l p r i m e r diálogo, p r i m e r o q u e l a i n c o n s t a n c i a del

s e n t i d o m u e s t r a q u e él n o e s p r i n c i p i o d e c e r t e z a y n o l a p r o d u c e más
q u e m e d i a n t e u n a c o m p a r a c i ó n y c o t e j o d e u n o b j e t o d e l a sensación
c o n o t r o y d e u n s e n t i d o c o n o t r o ; y s e c o n c l u y e d e qué m a n e r a l a v e r -
d a d está e n s u j e t o s d i f e r e n t e s .
E n s e g u n d o lugar se e m p i e z a a d e m o s t r a r l ai n f i n i t u d del u n i v e r -
so y se a d u c e e l p r i m e r a r g u m e n t o , sacado d e q u e n osaben d a r u n
límite a l m u n d o q u i e n e s p o r o b r a d e l a fantasía p r e t e n d e n fabricarle
m u r a l l a s . E n tercer lugar, del h e c h o d eq u e es i n c o r r e c t o decir q u e e l
m u n d o es finito y q u e está e n sí m i s m o , p o r q u e e s o c o n v i e n e sólo a l
i n m e n s o , s e t o m a e l s e g u n d o a r g u m e n t o . A continuación, e l t e r c e r a r -
 Epístola proemial 227

g u m e n t o s e t o m a d e l a i n c o r r e c t a e i m p o s i b l e imaginación d e l m u n d o
c o m o n o u b i c a d o e n n i n g ú n l u g a r , p o r q u e s e seguiría necesariamente
q u e n o e x i s t e , d a d o q u e t o d a c o s a ( s e a corpórea o incorpórea; c o r p o r a l
o i n c o r p o r a l m e n t e ) está e n u n l u g a r . E l c u a r t o a r g u m e n t o s e r e c o g e
d e u n a d e m o s t r a c i ó n o cuestión m u y a p r e m i a n t e q u e p l a n t e a n l o s e p i -
cúreos:

Nimirum si iamfinitumconstituatur
omne quod est spacium: si quis procurrat ad oras
ultimus extremas iaciatque volatile telum,
invalidis utrum contortum viribus iré
quo fuerit missum mavis, longeque volare;
an prohibere aliquid censes obstareque posse?
Nam sive est aliquid quod prohibeat officiatque,
quominu quo missum est, veniat, finique locet se;
siveforas fertur, non est ea fini' profecto.'

E l q u i n t o s e t o m a d e l h e c h o d e q u e l a definición d e l u g a r d a d a p o r
Aristóteles n o c o n v i e n e a l l u g a r p r i m e r o , m á x i m o y u n i v e r s a l í s i m o y
q u e n o v a l e t o m a r l a s u p e r f i c i e próxima e i n m e d i a t a a l c u e r p o c o n t e -
n i d o y o t r a s l i g e r e z a s q u e h a c e n d e l l u g a r a l g o m a t e m á t i c o y n o físico.
Además, e n t r e l a s u p e r f i c i e d e l c o n t i n e n t e y l a d e l c o n t e n i d o q u e s e
m u e v e d e n t r o d eella se necesita s i e m p r e u n espacio i n t e r m e d i o a l q u e
c o n v i e n e s e r m á s b i e n l u g a r ; y s i q u e r e m o s t o m a r d e l e s p a c i o sólo l a
superficie, es preciso i r b u s c a n d o i n f i n i t a m e n t eu n l u g a r finito. E l sex-
t o s e t o m a d e q u e n o s e p u e d e e v i t a r e l vacío a f i r m a n d o q u e e l m u n d o
es finito, s i vacío e s a q u e l l o e n l o q u e n o h a y n a d a .
E l s é p t i m o d e q u e , así c o m o e l e s p a c i o e n e l q u e está e s t e mundo
s e e n t e n d e r í a vacío s i e n él n o e s t u v i e r a e s t e m u n d o , t a m b i é n d o n d e
n o está e s t e m u n d o s e e n t i e n d e q u e está v a c í o . D e e s t e l a d o d e l m u n -
d o , p o r t a n t o , e s t e e s p a c i o e s i n d i f e r e n t e d e aquél; l a c a p a c i d a d , pues,
q u e t i e n e éste l a t i e n e a q u é l ; p o r t a n t o t i e n e e l a c t o , p o r q u e ninguna
capacidad eseterna sin acto y p o r eso tiene el acto u n i d o eternamente.

1
Lucrecio, La naturaleza, 1, 9 6 8 - 9 7 3 , 9 7 7 - 9 7 9 : «Por otra parte, suponiendo
finito todo el espacio existente, si alguien corriese hacia el borde externo, a lo últi-
mo, y desde allí lanzara un dardo volador, ¿qué prefieres decir, que irá a donde se
le envíe, disparado con ímpetu vigoroso, o crees que algo podrá resistirle y oponer-
se a su curso? (...) Pues, tanto si hay algo que resista y se oponga a que el proyectil
alcance y se clave en el blanco propuesto, como si sale fuera, el punto de que partió
no era el último» [trad. de E . Valentí Fiol|.
228 Del infinito: el universo y los mundos

E s más: e l l a m i s m a e s a c t o p o r q u e e n l a e t e r n i d a d n o h a y diferencia
e n t r e ser y p o d e r ser.
E l o c t a v o a r g u m e n t o s e t o m a d e q u e ningún s e n t i d o n i e g a e l i n f i n i -
t o , d a d o q u e n o l o p o d e m o s n e g a r p o r el h e c h o d eq u e n o l o c o m p r e n -
d a m o s c o n e l s e n t i d o ; p o r e l c o n t r a r i o , d e l h e c h o d e q u e e l s e n t i d o es
c o m p r e n d i d o p o r e l i n f i n i t o y l a razón v i e n e a c o n f i r m a r l o , d e b e m o s
a f i r m a r l o . E s más, si s e g u i m o s c o n s i d e r a n d o b i e n , e l s e n t i d o l o a f i r m a
i n f i n i t o , p o r q u e v e m o s s i e m p r e q u e u n a c o s a está c o m p r e n d i d a por
o t r a y jamás p e r c i b i m o s n i c o n e l s e n t i d o e x t e r n o n i c o n e l i n t e r n o q u e
u n a c o s a n o esté c o m p r e n d i d a p o r o t r a o a l g o s i m i l a r .

Ante oculos etenim rem res finiré videtur.

Aer dissepit colleis, atque aera montes,
térra mare, et contra mare térras terminal omneis:
omne quidem vero nihil est quodfiniat extra;
usque adeo passim patet ingens copia rebus,
finibus exemptis in cunetas undiqueparléis. 2

A partir, pues, d e l o que vemos, debemos inferir antes e l infinito,

p o r q u e n o s e n o s p r e s e n t a n a d a q u e n o esté l i m i t a d o p o r o t r a c o s a y n o
o b s e r v a m o s n a d a q u e esté l i m i t a d o p o r sí m i s m o . E l a r g u m e n t o n o v e -
n o l o t o m a m o s d e q u e n o s e p u e d e n e g a r e l e s p a c i o i n f i n i t o más q u e d e
p a l a b r a , c o m o h a c e n los o b s t i n a d o s , u n a v e z se h a c o n s i d e r a d o q u e e l
r e s t o d e l e s p a c i o d o n d e n o h a y m u n d o y q u e s e l l a m a vacío o s e fin-
g e también n a d a , n o e s p o s i b l e e n t e n d e r l o s i n c a p a c i d a d d e contener
n o m e n o s q u e esta capacidad q u e c o n t i e n e . E l décimo d e q u e igual
q u e está b i e n q u e e x i s t a e s t e m u n d o , n o está m e n o s b i e n q u e exista
c a d a u n o d e l o s i n f i n i t o s o t r o s . E lundécimo d e q u e l a b o n d a d d e este
m u n d o n o es c o m u n i c a b l e a o t r o m u n d o q u e p u e d a existir, igual que
m i s e r n o e s c o m u n i c a b l e a l d e éste o a q u é l . E l d u o d é c i m o d e q u e n o
h a y razón n i s e n t i d o q u e n o p e r m i t a q u e e x i s t a u n i n f i n i t o corpóreo y
explicado i g u a l q u e s e a f i r m a u n i n f i n i t o i n d i v i s i b l e , simplicísimo
y c o m p l i c a n t e . E ld e c i m o t e r c e r o d e q u e este espacio d e l m u n d o , q u e
a nosotros nos parece t a n g r a n d e , n o es n i parte n i t o d o e n compara-

2
Ibid., i , 9 9 8 - 1 0 0 1 , 1006-1007: « E n fin, ante nuestros ojos una cosa limita a
otra, el aire circunscribe los montes y los montes el aire; la tierra amojona el mar,
el mar a todas las tierras, pero más allá del todo nada hay que le ponga límites [..•]•
T a n dilatadamente se abre a las cosas la inmensidad del espacio, sin límites, en
todas direcciones».
 Epístola proemial 229

ción c o n e l i n f i n i t o y n o p u e d e s e r e l o b j e t o d e u n a o p e r a c i ó n i n f i n i t a ,
con respecto a l a cual es u nn oente l oq u e nuestra debilidad puede
comprender. Así s e r e s p o n d e a c i e r t a observación q u e n o s o t r o s n o
a f i r m a m o s el infinito p o r l ad i g n i d a d del espacio, sino p o r l a d i g n i d a d
d e l a s n a t u r a l e z a s , p u e s t o q u e p o r l a m i s m a razón p o r l a q u e existe
esto, debe existir c u a l q u i e r o t r a cosa q u e p u e d a existir, c u y a potencia
n o está a c t u a l i z a d a p o r e l s e r d e éste, i g u a l q u e l a p o t e n c i a d e l s e r d e
E l p i n o t a m p o c o está a c t u a l i z a d a p o r e l a c t o d e l s e r d e F r a c a s t o r o .
E l decimocuarto d e q u e si l a potencia activa infinita actualiza
e l s e r c o r p o r a l y d i m e n s i o n a l , éste d e b e s e r n e c e s a r i a m e n t e infinito;
de l oc o n t r a r i o e m p o b r e c e l a n a t u r a l e z a y d i g n i d a d d e q u i e n puede
hacer y d e q u i e n puede serhecho. E ld e c i m o q u i n t o d e que e l u n i -
v e r s o e n l a concepción v u l g a r n o s e p u e d e d e c i r q u e c o m p r e n d a l a
perfección d e t o d a s l a s c o s a s d e m a n e r a d i s t i n t a a c o m o y o c o m p r e n -
d o l a perfección d e t o d o s m i s m i e m b r o s y c a d a g l o b o t o d o l o q u e hay
e n él; e s c o m o d e c i r q u e e s r i c o t o d o a q u e l a l q u e n o f a l t a n a d a d e l o
q u e t i e n e . E l d e c i m o s e x t o d e q u e e l i n f i n i t o e f i c i e n t e sería necesaria-
m e n t e deficiente sin el efecto y n op o d e m o s concebir q u e tal efecto
i n f i n i t o s e a sólo él m i s m o . A e s t o s e a ñ a d e q u e p o r e s o , s i f u e r a o s i
es, n a d a s e q u i t a d e l o q u e d e b e ser e n a q u e l l o q u e e s v e r d a d e r a m e n -
t e e f e c t o y q u e l o s teólogos d e n o m i n a n acción ad extra y t r a n s i t i v a ,
3

además d e l a i n m a n e n t e , p o r q u e c o n v i e n e q u e sea t a n i n f i n i t a l a u n a
como la otra.
E l decimoséptimo a r g u m e n t o s e t o m a d e q u e s i d e c i m o s q u e e l
m u n d o es i l i m i t a d o se s i g u e c o n n u e s t r o m o d o d e p e n s a r l a p a z del
intelecto, m i e n t r a s q u e d e l m o d o c o n t r a r i o se s i g u e n s i e m p r e innu-
m e r a b l e s d i f i c u l t a d e s e i n c o n v e n i e n t e s . S e r e p i t e , además, l o q u e s e
ha dicho e n el segundo y e n e l tercero. E l decimoctavo d e que si
e l m u n d o e s esférico, e n t o n c e s t i e n e u n a figura y u n l í m i t e y e s e lí-
m i t e q u e está m á s allá d e e s t e m u n d o l i m i t a d o y figurado (aunque
q u i e r a s l l a m a r l o «nada») t i e n e también u n a figura, d e suerte que s u
c o n c a v i d a d está u n i d a a l a c o n v e x i d a d d e ése, y a q u e d o n d e c o m i e n -
za t u n a d a es u n a c o n c a v i d a d q u e n o se d i f e r e n c i a e nn a d a d e l a su-
p e r f i c i e c o n v e x a d e e s t e m u n d o . E l d e c i m o n o v e n o s e añade a l o q u e
se h a d i c h o e n e l s e g u n d o . E n e l vigésimo l u g a r s e r e p i t e l o q u e s e h a
d i c h o e n e l décimo.
E n l a s e g u n d a p a r t e d e e s t e diálogo l o q u e s e h a d e m o s t r a d o por
la p o t e n c i a p a s i v a d e l u n i v e r s o se m u e s t r a p o r l a p o t e n c i a a c t i v a d e l

3
«hacia fuera»
230 Del infinito: el universo y los mundos

eficiente c o n v a r i a s r a z o n e s , l a p r i m e r a d e l a scuales se t o m a d e q u e
l a p o t e n c i a d i v i n a n o d e b e s e r o c i o s a y t a n t o más a f i r m a n d o u n e f e c t o
e x t e r i o r a l a p r o p i a sustancia (en e l caso d e q u e algo p u e d a serle e x -
t e r i o r ) y q u e n o está m e n o s o c i o s a y e n v i d i o s a p r o d u c i e n d o u n e f e c t o
finito que n oproduciendo nada. Se t o m a la segunda d e l a práctica,
p o r q u e l a opinión c o n t r a r i a e l i m i n a l a razón d e l a b o n d a d y g r a n d e z a
d i v i n a s y d ela n u e s t r a n o se sigue i n c o n v e n i e n t e a l g u n o c o n t r a n i n g u -
n a l e y n i d o g m a teológico. L a t e r c e r a e s c o n v e r t i b l e c o n l a d u o d é c i m a
de l a p r i m e r a parte y se aduce l a diferencia e n t r e e lt o d o infinito yl o
t o t a l m e n t e i n f i n i t o . L a c u a r t a se t o m a d e q u e l ao m n i p o t e n c i a resulta
censurada por haber hecho el m u n d o finito y ser a g e n t e i n f i n i t o d e u n
sujeto finito. N o m e n o s por n o querer q u e por n o poder. L aq u i n t a i n -
fiere q u e sin o hace e lm u n d o infinito, n o puede hacerlo; y si n o tiene
potencia para hacerlo infinito, tampoco puede tener vigor para con-
s e r v a r l o i n f i n i t a m e n t e ; y q u e s i él e s finito e n u n a s p e c t o , vendrá a s e r
finito e n t o d o s l o s a s p e c t o s , p o r q u e e n él t o d o m o d o e s u n a c o s a y t o d a
c o s a y m o d o e s u n a e idéntica c o n o t r a y o t r o . L a s e x t a e s c o n v e r t i b l e
c o n l a décima d e l a p r i m e r a p a r t e . Y s e a d u c e l a c a u s a p o r l a q u e l o s
teólogos d e f i e n d e n l o c o n t r a r i o n o s i n u n m o t i v o c o n v e n i e n t e ; y s e
h a b l a también d e l a a m i s t a d e n t r e e s t o s d o c t o s y l o s d o c t o s filósofos.
L a séptima s e t o m a d e p r o p o n e r l a r a z ó n q u e d i s t i n g u e l a p o t e n c i a
a c t i v a d e las d i f e r e n t e s a c c i o n e s y d e d i s o l v e r t a l a r g u m e n t o . Además,
se m u e s t r a l a p o t e n c i a i n f i n i t a i n t e n s i v a y e x t e n s i v a m e n t e d e m a n e r a
m á s e g r e g i a d e l o q u e e l c o n j u n t o d e l o s teólogos h a y a h e c h o jamás.
P o r la o c t a v a sem u e s t r a q u e el m o v i m i e n t o de los i n f i n i t o s m u n d o s n o
p r o v i e n e d e u n m o t o r extrínseco, s i n o d e l a l m a d e c a d a u n o y cómo a
p e s a r d e t o d o e x i s t e u n m o t o r i n f i n i t o . P o r l a n o v e n a s e m u e s t r a cómo
se v e r i f i c a e n c a d a u n o d e l o s m u n d o s e l m o v i m i e n t o i n t e n s i v a m e n t e
i n f i n i t o , a l o q u e s e d e b e añadir q u e d e l h e c h o d e q u e u n móvil se
m u e v a y se h a y a m o v i d o e n u n i n s t a n t e se sigue q u e se p u e d e v e r e n
c u a l q u i e r p u n t o d e l círculo q u e h a c e c o n e l p r o p i o c e n t r o ; y r e s o l v e r e -
m o s e s t a objeción e n p o s t e r i o r e s o c a s i o n e s , c u a n d o n o s esté p e r m i t i d o
presentar l adoctrina c o n m a y o r detalle.

A R G U M E N T O D E L DIÁLOGO S E G U N D O

E l s e g u n d o d i á l o g o p e r s i g u e l a m i s m a conclusión. A d u c e e n p r i m e r
l u g a r c u a t r o r a z o n e s , l a p r i m e r a d e las cuales p r o c e d e a p a r t i r d e q u e
todos los a t r i b u t o s d e l a d i v i n i d a d son c o m o cada u n o p o r separado.
 Epístola proemial

La segunda, d e q u e n u e s t r a imaginación n o d e b e p o d e r extenderse

m á s q u e l a acción d i v i n a . L a t e r c e r a , d e l a i n d i f e r e n c i a e n t r e e l i n -
t e l e c t o y l a acción d i v i n a y d e q u e n o e n t i e n d e m e n o s l o i n f i n i t o que
Jo finito. L a cuarta, d e que si la cualidad corporal tiene u n a potencia
a c t i v a i n f i n i t a ( q u i e r o d e c i r l a s e n s i b l e a n o s o t r o s ) , ¿qué ocurrirá e n -
t o n c e s c o n t o d a l a c u a l i d a d q u e está e n t o d a l a a b s o l u t a p o t e n c i a a c t i v a
y pasiva?
E n segundo l u g a r a r g u m e n t a a p a r t i r d e q u e u n a c o s a corpórea
n o p u e d e e s t a r l i m i t a d a p o r u n a c o s a incorpórea, s i n o o b i e n p o r e l
vacío o b i e n p o r l o l l e n o , y q u e f u e r a d e l m u n d o h a y necesariamente
e s p a c i o , e l c u a l e n última i n s t a n c i a n o e s o t r a c o s a q u e m a t e r i a y l a
m i s m a potencia pasiva e n l aque l an oenvidiosa n iociosa potencia
activa debe actualizarse. Y se m u e s t r a l av a n i d a d del a r g u m e n t o d e
Aristóteles s a c a d o d e l a i n c o m p a t i b i l i d a d d e l a s d i m e n s i o n e s . E n t e r -
c e r l u g a r s e enseña l a d i f e r e n c i a q u e h a y e n t r e e l m u n d o y e l u n i v e r s o ,
p o r q u e q u i e n l l a m a a l u n i v e r s o «infinito u n o » d i s t i n g u e necesaria-
m e n t e e n t r e e s t o s d o s términos. E n c u a r t o l u g a r s e a d u c e n l a s r a z o -
nes c o n t r a r i a s p o r l a sq u e se e s t i m a a l u n i v e r s o finito, donde Elpino
r e f i e r e t o d a s l a s s e n t e n c i a s d e Aristóteles y F i l o t e o l a s v a e x a m i n a n d o .
Dichas sentencias proceden unas d el an a t u r a l e z a d elos elementos,
otras d e l a n a t u r a l e z a d e los cuerpos c o m p u e s t o s ; y sem u e s t r a l a va-
n i d a d d eseis a r g u m e n t o s p r o c e d e n t e s d e l a definición d e l o s movi-
m i e n t o s q u e n op u e d e n darse i n f i n i t a m e n t e y d e otras proposiciones
parecidas, las c u a l e s c a r e c e n d e s e n t i d o y d e f u n d a m e n t o , c o m o se v e
p o r n u e s t r a s r a z o n e s . Éstas harán v e r c o n m a y o r n a t u r a l i d a d l a c a u s a
d e l a s d i f e r e n c i a s y d e l término d e l m o v i m i e n t o y m u e s t r a n e n l a m e -
d i d a d e l o p e r m i t i d o p o r l a ocasión y l u g a r u n c o n o c i m i e n t o m á s r e a l
d e l i m p u l s o g r a v e y l i g e r o , p o r q u e m e d i a n t e e l l a s m o s t r a m o s cómo e l
c u e r p o i n f i n i t o n o e s n i p e s a d o n i l i g e r o y cómo e l c u e r p o finito recibe
esas d i f e r e n c i a s y cómo n o .
C o n e l l o s e h a c e p a t e n t e l a v a n i d a d d e l o s a r g u m e n t o s d e Aristó-
teles, e l c u a l , a r g u m e n t a n d o c o n t r a los q u e a f i r m a n q u e e l m u n d o es
infinito, presupone elcentro y lacircunferencia y pretende que e n el
mundo finito o i n f i n i t o l a T i e r r a o c u p a e l c e n t r o . E n conclusión: n o
h a y ningún m o t i v o g r a n d e o pequeño q u e h a y a l l e v a d o a e s t e filósofo
a d e s t r u i r l a i n f i n i t u d d e l m u n d o ( t a n t o e n e l p r i m e r l i b r o d e l Del
universo y el mundo c o m o e n e l t e r c e r o d e l a Física) s o b r e e l c u a l n o s e
d i s c u r r a b a s t a n t e más d e l o s u f i c i e n t e .
23_2 Del infinito: el universo y los mundos

A R G U M E N T O D E L DIALOGO TERCERO

E n e l t e r c e r d i á l o g o s e n i e g a e n p r i m e r l u g a r a q u e l l a v i l fantasía d e
la figura, d e las esferas y d e l a d i v e r s i d a d d e los cielos y se a f i r m a q u e
el cielo es u n o , q u e h a y u n espacio u n i v e r s a l q u e a b r a z a los infinitos
m u n d o s ; a u n q u e n on e g a m o s u n a p l u r a l i d a d e i n c l u s o u n a infinitud
d e c i e l o s , t o m a n d o e s t a p a l a b r a c o n u n s i g n i f i c a d o d i f e r e n t e , p u e s así
c o m o e s t a T i e r r a t i e n e s u c i e l o , q u e e s l a región e n l a q u e s e m u e v e
y p o r l a q u e d i s c u r r e , también t i e n e n e l s u y o c a d a u n a d e t o d a s l a s
demás t i e r r a s i n n u m e r a b l e s . S e h a c e m a n i f i e s t o d e dónde h a s a l i d o
l a imaginación d e t a l e s y t a n t o s d e f e r e n t e s móviles r e p r e s e n t a d o s d e
tal m a n e r a q u e t i e n e n dos superficies externas y u n a concavidad i n -
t e r n a , así c o m o o t r a s r e c e t a s y m e d i c i n a s q u e d a n náusea y h o r r o r a
los m i s m o s q u e las p r e s c r i b e n y las e j e c u t a n y a los d e s g r a c i a d o s q u e
se l a s t r a g a n .
E n s e g u n d o l u g a r se a d v i e r t e q u e e l m o v i m i e n t o u n i v e r s a l y el
d e l o s l l a m a d o s excéntricos y c u a n t o s p u e d e n r e f e r i r s e a l l l a m a d o
firmamento, s o n t o d o s fantásticos, p u e s t o q u e r e a l m e n t e dependen
d e u n m o v i m i e n t o q u e h a c e l a T i e r r a c o n s u c e n t r o p o r l a eclíptica
y d e l o s o t r o s c u a t r o m o v i m i e n t o s d i f e r e n t e s q u e efectúa e n t o r n o a l
c e n t r o d e l a p r o p i a m o l e . D e ahí s e s i g u e q u e e l m o v i m i e n t o p r o p i o
de cada astro se o b t i e n e d e l a d i f e r e n c i a q u e se p u e d e verificar sub-
j e t i v a m e n t e e n él e n t a n t o q u e s e m u e v e p o r sí m i s m o a través d e l
espacio. E s t a consideración n o s h a c e v e r q u e t o d o s l o s argumentos
s o b r e e l m ó v i l y e l m o v i m i e n t o i n f i n i t o s o n v a n o s y están fundados
e n l a i g n o r a n c i a d e l m o v i m i e n t o d e este g l o b o n u e s t r o . E n tercer
l u g a r se establece q u e n oh a y a s t r o q u e n ose m u e v a i g u a l q u e este
n u e s t r o y o t r o s q u e p o r s e r próximos a n o s o t r o s n o s h a c e n conocer
p o r los s e n t i d o s las d i f e r e n c i a s locales d e sus m o v i m i e n t o s , p e r o q u e
los soles ( q u e s o n c u e r p o s d o n d e p r e d o m i n a e l fuego) se m u e v e n
de u n a m a n e r a y lastierras (en lasq u e p r e d o m i n a e l agua) d e u n a
m a n e r a d i s t i n t a ; y l u e g o s e p o n e d e m a n i f i e s t o d e dónde p r o c e d e l a
l u z q u e d i f u n d e n l o s a s t r o s , d e l o s c u a l e s u n o s r e l u c e n p o r sí m i s m o s
y otros por otro.
E n c u a r t o l u g a r s e e s t a b l e c e d e q u é m a n e r a c u e r p o s lejanísimos d e l
S o l p u e d e n p a r t i c i p a r d e l c a l o r i g u a l q u e l o s más c e r c a n o s y s e c o n d e n a
l a opinión a t r i b u i d a a E p i c u r o d e q u e u n s o l b a s t a p a r a e l u n i v e r s o i n -
finito, al t i e m p o q u e se i n d i c a l a v e r d a d e r a diferencia e n t r e los astros
q u e c e n t e l l e a n y l o s q u e n o . E n q u i n t o l u g a r s e e x a m i n a l a opinión d e l
 Epístola proemial 2
33

C u s a n o e n t o r n o a la m a t e r i a y h a b i t a b i l i d a d d elos m u n d o s y e n t o r n o a
|a c a u s a d e l a l u z . E n s e x t o l u g a r c ó m o l o s c u e r p o s , a u n q u e u n o s s e a n
l u m i n o s o s y c a l i e n t e s p o r sí m i s m o s , n o p o r e s o e l S o l r e l u c e a l S o l
y laT i e r r a reluce a la m i s m a T i e r r a y e lagua a la m i s m a agua, sino
que la l u z procede siempre del astro opuesto, tal y c o m o vemos por
los s e n t i d o s d e s d e l u g a r e s e l e v a d o s c o m o s o n los m o n t e s q u e t o d o e l
m a r reluce, m i e n t r a s q u e c u a n d o estamos en e lm a r y sobre el m i s m o
terreno n oapreciamos r e s p l a n d o r más q u e e n l a m e d i d a e n q u e l a
l u z d e l S o l y d e l a L u n a s e n o s o p o n e a u n a c i e r t a p o c a extensión.
E n séptimo l u g a r s e d i s c u r r e s o b r e l a v a n i d a d d e l a s q u i n t a e s e n -
cias y se e x p l i c a q u e t o d o s los c u e r p o s sensibles n oson o t r a cosa y
n o c o n s t a n d e o t r o s p r i n c i p i o s p r i m e r o s y p r ó x i m o s q u e éstos y q u e n o
s e m u e v e n d e o t r a m a n e r a , t a n t o e n línea r e c t a c o m o e n c í r c u l o .
T o d o s e t r a t a c o n r a z o n e s más a j u s t a d a s a l s e n t i d o común, m i e n t r a s
Fracastoro se adapta e l i n g e n i o d e B u r q u i o y se p o n e claramente
d e m a n i f i e s t o q u e n o h a y a c c i d e n t e aquí q u e n o s e p r e s u p o n g a allá,
i g u a l q u e n o h a y n a d a q u e s e v e a allá d e s d e a q u í l o c u a l ( s i c o n -
s i d e r a m o s l a c o s a c o r r e c t a m e n t e ) n o s e v e a a q u í d e s d e allá; y p o r
c o n s i g u i e n t e q u e eseh e r m o s o o r d e n y escala d e l a n a t u r a l e z a es u n
p u r o sueño y u n a b r o m a d e v i e j a s chochas.
E n o c t a v o l u g a r s e m u e s t r a q u e a u n q u e s e a v e r d a d e r a l a distinción
de los e l e m e n t o s , n o es e n m o d o a l g u n o observable o inteligible el
o r d e n d e l o s e l e m e n t o s e s t a b l e c i d o v u l g a r m e n t e . Y , según e l m i s m o
Aristóteles, l o s c u a t r o e l e m e n t o s s o n i g u a l m e n t e p a r t e s o m i e m b r o s
d e este g l o b o , si n o q u e r e m o s d e c i r q u e e l a g u a p r e d o m i n a , p o r l o c u a l
c o n razón s o n l l a m a d o s l o s a s t r o s a v e c e s a g u a , a v e c e s f u e g o , t a n t o p o r
v e r d a d e r o s filósofos n a t u r a l e s c o m o p o r p r o f e t a s , teólogos y p o e t a s , l o s
c u a l e s e n e s t e p u n t o n o c u e n t a n fábulas n i m e t a f o r i z a n , s i n o q u e d e j a n
f a b u l a r y c h o c h e a r a e s t o s o t r o s s a b i o n d o s . Así e n t e n d e m o s q u e l o s
m u n d o s s o n e s t o s c u e r p o s heterogéneos, e s t o s a n i m a l e s , e s t o s grandes
g l o b o s , d o n d e l a t i e r r a n o e s más p e s a d a q u e l o s o t r o s e l e m e n t o s y
t o d a s l a s partículas s e m u e v e n y c a m b i a n d e l u g a r y disposición d e l a
m i s m a m a n e r a q u e l a s a n g r e y o t r o s h u m o r e s , espíritus y p a r t e s m í n i -
mas que fluyen, r e f l u y e n , e n t r a n y s a l e n e n n o s o t r o s y o t r o s pequeños
a n i m a l e s . A e s t e r e s p e c t o s e i n t r o d u c e u n a comparación, p o r l a q u e
se v e q u e l a t i e r r a , e n v i r t u d d e l i m p u l s o a l c e n t r o d e s u m o l e , n o e s
más p e s a d a q u e c u a l q u i e r o t r o d e l o s e l e m e n t o s q u e c o n c u r r e n e n t a l
c o m p u e s t o y q u e l a t i e r r a p o r sí m i s m a n o e s g r a v e y n o a s c i e n d e ni
d e s c i e n d e ; y q u e e l a g u a e s q u i e n p r o d u c e l a unión, d e n s i d a d , e s p e s o r
y gravedad.
234 infinito: el universo y los mundos

E n n o v e n o lugar, del h e c h o d eq u e se h avisto q u e e lf a m o s o orden

de los e l e m e n t o s es falso se i n f i e r e l a n a t u r a l e z a d e estos cuerpos sen
sibles c o m p u e s t o s q u e , e ncalidad d e o t r o s t a n t o s a n i m a l e s y m u n d o s
están e n e l e s p a c i o s o c a m p o q u e e s e l a i r e , c i e l o o vacío. A l l í están t o d o s
esos m u n d o s , los cuales n o c o n t i e n e n m e n o s h a b i t a n t e s y a n i m a l e s d e
l o q u e p u e d e c o n t e n e r éste, d a d o q u e n o t i e n e n m e n o r p o t e n c i a n i u n a
naturaleza distinta.
E n d é c i m o l u g a r , después d e q u e s e h a v i s t o c ó m o s u e l e n d i s p u t a r
l o s p e r t i n a z m e n t e a d i c t o s e i g n o r a n t e s d e p r a v a disposición, s e p o n e
d e m a n i f i e s t o también cómo s u e l e n c o n c l u i r p o r l o g e n e r a l l a s d i s c u -
siones, a u n q u e algunos sean t a n circunspectos que, sin perder l a c o m -
postura, c o n u n a sonrisa maliciosa, con u n a risita, con cierta modesta
m a l i g n i d a d , l oq u e n o h a n sido capaces d e p r o b a r c o n a r g u m e n t o s n i
e l l o s m i s m o s p u e d e n e n t e n d e r , m e d i a n t e e s a s artimañas d e e d u c a d o s
d e s p r e c i o s n o sólo q u i e r e n o c u l t a r s u i g n o r a n c i a , q u e d e l o c o n t r a r i o
sería p a t e n t e , s i n o endosársela a l a n t a g o n i s t a ; p o r q u e n o v i e n e n a d i s -
cutir para descubrir o buscar l a verdad, sino por la victoria m i s m a y
p a r a p a r e c e r más d o c t o s y a r d i e n t e s d e f e n s o r e s q u e e l c o n t r a r i o . T a l e s
i n d i v i d u o s d e b e n ser e v i t a d o s p o r q u i e n n o t e n g a u n a b u e n a c o r a z a d e
paciencia.

A R G U M E N T O D E L DIALOGO CUARTO

E n e l s i g u i e n t e diálogo s e r e p i t e p r i m e r a m e n t e l o q u e o t r a s v e c e s s e h a
d i c h o : q u e l o s m u n d o s s o n i n f i n i t o s , cómo se m u e v e c a d a u n o d e ellos
y d e q u é está f o r m a d o . E n s e g u n d o l u g a r , a l i g u a l q u e e n e l s e g u n -
d o d i á l o g o s e r e f u t a r o n l o s a r g u m e n t o s c o n t r a l a m o l e o dimensión
i n f i n i t a d e l u n i v e r s o , d e s p u é s d e q u e e n e l p r i m e r o s e estableció c o n
m u l t i t u d d e razones e lefecto i n m e n s o del i n m e n s o vigor y potencia,
a h o r a —después d e q u e e n e l t e r c e r diálogo s e h a e s t a b l e c i d o l a i n f i -
n i t a m u l t i t u d d elos m u n d o s — se r e f u t a n los a b u n d a n t e s argumentos
d e Aristóteles c o n t r a d i c h a i n f i n i t a m u l t i t u d , s i b i e n l a p a l a b r a « m u n -
d o » t i e n e u n s i g n i f i c a d o e n Aristóteles y o t r o d i s t i n t o e n D e m ó c r i t o ,
Epicuro y otros.
E l a r g u m e n t o sacado del m o v i m i e n t o n a t u r a l y v i o l e n t o y d e las
c a u s a s d e l u n o y d e l o t r o f o r m u l a d a s p o r él p r e t e n d e q u e u n a t i e r r a
debería m o v e r s e h a c i a l a o t r a . A l r e f u t a r e s t a s o p i n i o n e s s e p o n e n e n
p r i m e r l u g a r f u n d a m e n t o s d e n opoca i m p o r t a n c i a p a r a v e r los ver-
d a d e r o s p r i n c i p i o s d e l a filosofía n a t u r a l . E n s e g u n d o l u g a r s e a c l a r a
 Epístola proemial Í35

que a u n q u e l a superficie d e u n a tierra estuviera pegada a l aotra, n o

ocurriría q u e l a s p a r t e s d e u n a p u d i e r a n m o v e r s e h a c i a l a o t r a , r e f i -
riéndonos a l a s p a r t e s h e t e r o g é n e a s o d i f e r e n t e s , n o a l o s á t o m o s y
cuerpos s i m p l e s , d e d o n d e se a p r e n d e a p e n s a r m e j o r sobre l a n a t u -
r a l e z a d e l o p e s a d o y d e l o l i g e r o . E n t e r c e r l u g a r s e a c l a r a p o r qué
m o t i v o estos g r a n d e s cuerpos h a n sido dispuestos por la naturaleza
a t a n t a d i s t a n c i a y n o están m á s c e r c a l o s u n o s d e l o s o t r o s d e f o r m a
q u e d e l u n o s e p u d i e r a p a s a r a l o t r o ; y así q u i e n p i e n s a profunda-
m e n t e e n c u e n t r a l a razón p o r l a q u e l o s m u n d o s n o d e b e n e s t a r e n l a
c i r c u n f e r e n c i a d e l éter o c e r c a n o s a u n v a c í o t a l c a r e n t e d e p o t e n c i a ,
v i g o r y actuación, y a q u e p o r e s e l a d o n o podrían t o m a r v i d a y l u z .
E n c u a r t o l u g a r se e x p l i c a cómo l a d i s t a n c i a l o c a l c a m b i a l a n a t u r a l e -
z a d e l c u e r p o y cómo n o ; y d e dónde v i e n e q u e u n a p i e d r a colocada
a l a m i s m a d i s t a n c i a d e d o s t i e r r a s , o estaría i n m ó v i l o s e d e c i d i r í a a
m o v e r s e antes hacia u n a q u e hacia l a o t r a . E n q u i n t o l u g a r se explica
cuánto s e e n g a ñ a Aristóteles c u a n d o r e c o n o c e e n c u e r p o s lejanísimos
u n i m p u l s o d e g r a v e d a d o l i g e r e z a d e l u n o h a c i a e l o t r o ; y también d e
dónde p r o v i e n e e l a p e t i t o d e c o n s e r v a r s e e n e l s e r p r e s e n t e , p o r muy
i n n o b l e q u e sea, q u e t i e n e n las cosas, e l c u a l a p e t i t o es c a u s a d ela h u i d a
y d e l a persecución. E n s e x t o l u g a r q u e e l m o v i m i e n t o rectilíneo n o
c o n v i e n e n i p u e d e ser n a t u r a l a l aT i e r r a o a o t r o s c u e r p o s principales,
s i n o a las p a r t e s d eestos c u e r p o s q u e se m u e v e n h a c i a ellos d e s d e t o d o s
l o s l u g a r e s s i e m p r e q u e n o estén m u y a l e j a d o s . E n s é p t i m o l u g a r s e
a d u c e a p a r t i r d e los c o m e t a s e la r g u m e n t o d e q u e n o es v e r d a d q u e e l
grave t e n g a i m p u l s o o m o v i m i e n t o a s uc o n t i n e n t e p o r m u y lejos q u e
esté, r a z ó n q u e n o está b a s a d a e n l o s v e r d a d e r o s p r i n c i p i o s físicos, s i n o
e n l a s s u p o s i c i o n e s d e l a filosofía d e Aristóteles, q u e f o r m a y c o m p o n e
los c o m e t a s d e partes q u e s o n v a p o r e s y e x h a l a c i o n e s d e l a T i e r r a .E n
o c t a v o l u g a r s e m u e s t r a , a propósito d e o t r o a r g u m e n t o , q u e l o s c u e r -
p o s s i m p l e s d e l a m i s m a e s p e c i e e n l o s demás m u n d o s i n n u m e r a b l e s s e
m u e v e n d e l a m i s m a m a n e r a y cómo l a d i f e r e n c i a numérica e s t a b l e c e
u n a d i v e r s i d a d d e lugares y cada p a r t e t i e n e s u c e n t r o y se refiere a l
c e n t r o común d e l t o d o , e l c u a l c e n t r o s i n e m b a r g o n o c a b e buscarlo
e n e lcaso d e l u n i v e r s o . E n n o v e n o l u g a r se establece q u e los c u e r p o s y
sus p a r t e s n o t i e n e n u n a r r i b a y u n a b a j o d e t e r m i n a d o s más q u e e n l a
m e d i d a e n q u e e l l u g a r d e s u conversación está a q u í o allí. E n d é c i m o
l u g a r cómo e l m o v i m i e n t o e s i n f i n i t o y qué móvil t i e n d e a l i n f i n i t o y a
c o m b i n a c i o n e s i n n u m e r a b l e s sin q u e d e eso se siga g r a v e d a d o l i g e r e -
z a c o n v e l o c i d a d i n f i n i t a ; y q u e e l m o v i m i e n t o d e l a s p a r t e s próximas,
e n c u a n t o c o n s e r v a n s u ser, n o p u e d e s e r i n f i n i t o y q u e e l i m p u l s o d e
236 Del infinito: el universo y los mundos

l a s p a r t e s h a c i a s u c o n t i n e n t e n o p u e d e d a r s e más q u e d e n t r o d e l a

región d e l m i s m o .

A R G U M E N T O D E L DIALOGO QUINTO

A l c o m i e n z o d e l q u i n t o d i á l o g o s e p r e s e n t a a a l g u i e n d o t a d o d e más
feliz ingenio, e l cual — a u n q u e criado e n una doctrina contraria
p u e d e d i s t i n g u i r e n t r e u n a y o t r a d i s c i p l i n a y s e r e s t a b l e c e y c o r r i g e fá-
c i l m e n t e p o r t e n e r c a p a c i d a d d e j u z g a r s o b r e l o q u e h a v i s t o y oído. S e
d i c e q u i é n e s s o n a q u e l l o s a l o s q u e Aristóteles p a r e c e u n m i l a g r o d e l a
naturaleza, dado que quienes lo entienden m a l y son cortos d e ingenio
t i e n e n u n a e l e v a d a o p i n i ó n d e él. D e b e m o s c o m p a d e c e r a esa g e n t e y
e v i t a r d i s c u t i r c o n ellos p o r q u e c o n ellos s i e m p r e se sale p e r d i e n d o .
Ahora Albertino, nuevo interlocutor, aduce doce argumentos
e n l o s q u e se reúne t o d a l a opinión c o n t r a r i a a l a p l u r a l i d a d y m u l t i t u d d e
los m u n d o s . E lp r i m e r o se t o m a d e q u e f u e r a d e l m u n d o se e n t i e n d e
q u e n o h a y l u g a r , n i t i e m p o , n i vacío, n i c u e r p o s e n s i b l e n i c o m p u e s t o .
E l s e g u n d o d e l a u n i c i d a d d e l m o t o r . E l t e r c e r o d e los l u g a r e s d e los
cuerpos e n m o v i m i e n t o . E lcuarto d e l a distancia d e los horizontes
c o n r e s p e c t o a l c e n t r o . E l q u i n t o d e l a contigüidad d e v a r i o s mun-
d o s esféricos. E l s e x t o d e l o s e s p a c i o s t r i a n g u l a r e s q u e g e n e r a n con
s u c o n t a c t o . E l séptimo d e l i n f i n i t o e n a c t o , q u e n o e x i s t e , y d e q u e
u n número d e t e r m i n a d o n o e s más r a z o n a b l e q u e o t r o . A p a r t i r d e
e s t e a r g u m e n t o n o s o t r o s p o d e m o s i n f e r i r n o sólo i g u a l m e n t e , s i n o c o n
m u c h a m á s r a z ó n q u e , según e s o , e l n ú m e r o d e l o s m u n d o s n o d e b e
ser u n o d e t e r m i n a d o , s i n o i n f i n i t o . [...] E l n o v e n o s e t o m a d e l a d e -
4

terminación d e l a s c o s a s n a t u r a l e s y d e l a p o t e n c i a p a s i v a d e l a s c o s a s ,
l a c u a l n o r e s p o n d e a l a e f i c a c i a y p o t e n c i a a c t i v a d i v i n a s . P e r o aquí se
h a d e t e n e r e n c u e n t a q u e e s a l g o inconvenientísimo q u e l o p r i m e r o y
altísimo s e a p a r e c i d o a a l g u i e n q u e t i e n e l a c a p a c i d a d d e t o c a r l a cítara
y n o la toca p o r falta d ei n s t r u m e n t o y q u e es a l g u i e n q u e puede hacer,
p e r o n o h a c e p o r q u e l o q u e p u e d e h a c e r n o p u e d e s e r h e c h o p o r él, l o
c u a l p l a n t e a u n a patentísima contradicción q u e n o p u e d e s e r ignorada
más q u e p o r q u i e n l o i g n o r a t o d o . E l décimo a r g u m e n t o s e t o m a d e l a

4
A q u í , como algunas líneas más abajo, el paréntesis en la edición crítica no
hace referencia a una laguna en el texto, sino a unos errores en la numeración de
los argumentos. L a edición crítica ha corregido la numeración de los argumentos
para adaptar el texto a la sucesión de los mismos en el diálogo quinto.
 Epístola proemial Ü7

b o n d a d c i v i l , q u e c o n s i s t e e n l a c o n v i v e n c i a . E l undécimo d e q u e por
l a contigüidad d e u n m u n d o c o n o t r o s e s i g u e q u e e l m o v i m i e n t o d e
u n o o b s t a c u l i z a e l m o v i m i e n t o d e l o t r o . [...] E l tredicésimo d e q u e s i
este m u n d o es c o m p l e t o y p e r f e c t o n o es p r e c i s o q u e o t r o u o t r o s se l e
añada o a ñ a d a n .
Éstas s o n l a s d u d a s y m o t i v o s e n c u y a solución r e s i d e t a n t a d o c t r i -
n a q u e e l l a s o l a b a s t a p a r a d e s c u b r i r l o s más íntimos y f u n d a m e n t a l e s
e r r o r e s d e l a filosofía v u l g a r y e l p e s o e i m p o r t a n c i a d e l a n u e s t r a .
A q u í está l a r a z ó n p o r l a q u e n o d e b e m o s t e m e r q u e n a d a se disgre-
g u e , q u e ningún s e r p a r t i c u l a r s e d i s p e r s e o v e r d a d e r a m e n t e s e d e s v a -
n e z c a o s e d i f u n d a e n u n vacío q u e l o d e s m e m b r e y a n i q u i l e . Ésta e s l a
razón d e l a m u t a c i ó n v i c i s i t u d i n a l d e l t o d o , p o r l a c u a l n o h a y m a l d e l
q u e n o se salga n i b i e n e n e lq u e n o se i n c u r r a , m i e n t r a s p o r el espacio
i n f i n i t o , p o r l a p e r p e t u a mutación, l a s u s t a n c i a t o d a p e r s e v e r a idén-
t i c a y u n a . G r a c i a s a e s t a contemplación sucederá, s i e s t a m o s atentos
a e l l a , q u e ningún extraño a c c i d e n t e n o s descompondrá p o r d o l o r o
t e m o r y n i n g u n a f o r t u n a n o s elevará p o r p l a c e r y e s p e r a n z a , con l o
cual t e n d r e m o s l a verdadera vía a l a v e r d a d e r a moralidad, seremos
magnánimos d e s p r e c i a d o r e s d elo que pueriles pensamientos estiman
y s e r e m o s c i e r t a m e n t e más g r a n d e s q u e e s o s d i o s e s q u e e l c i e g o v u l g o
adora, porque nos habremos hecho verdaderos contempladores d e la
h i s t o r i a d e l a n a t u r a l e z a , l a c u a l está e s c r i t a e n n o s o t r o s m i s m o s , y
r e g u l a d o s e j e c u t o r e s d e l a s l e y e s d i v i n a s , q u e están e s c u l p i d a s e n el
c e n t r o d e n u e s t r o corazón. C o n o c e r e m o s q u e v o l a r d e aquí a l c i e l o
n o e s d i f e r e n t e a v o l a r d e l c i e l o a q u í , a s c e n d e r d e a q u í allí n o e s d i f e -
r e n t e a a s c e n d e r d e allí a q u í ; n o h a y d i f e r e n c i a e n d e s c e n d e r d e l u n o
a l o t r o p u n t o . N o s o t r o s n o s o m o s m á s periféricos p a r a e l l o s q u e ellos
p a r a n o s o t r o s ; e l l o s n o s o n más c e n t r o p a r a n o s o t r o s q u e n o s o t r o s p a r a
e l l o s ; n o s o t r o s también p i s a m o s u n a e s t r e l l a y e s t a m o s a b r a z a d o s por
el cielo i g u a l q u e ellos.
H e n o s aquí, p u e s , c a r e n t e s d e e n v i d i a ; h e n o s aquí l i b r e s d e l a n -
s i a v a n a y d e l n e c i o afán d e a n h e l a r l e j a n o e s e b i e n t a n g r a n d e que
t e n e m o s a l l a d o y j u n t o a n o s o t r o s . H e n o s aquí más l i b r e s d e l t e m o r
m a y o r a q u e ellos caigan sobre nosotros q u e alzados e n esperanza d e
que nosotros caigamos sobre ellos; p o r q u e t a n infinito aire sostiene a
e s t e g l o b o c o m o a aquéllos, t a n l i b r e c o r r e e s t e a n i m a l p o r s u e s p a c i o
y o c u p a s u región c o m o c a d a u n o d e a q u e l l o s o t r o s p o r e l s u y o . Una
v e z l o h a y a m o s c o n s i d e r a d o y c o m p r e n d i d o , j a cuánta más a l t a c o n s i -
deración y c o m p r e n s i ó n n o s e l e v a r e m o s ! Así, p o r m e d i o d e e s t a c i e n -
cia a l c a n z a r e m o s d e c i e r t o a q u e l b i e n q u e p o r o t r a s se b u s c a e n v a n o .
 Del infinito: el universo y los mundos

É s t a e s l a filosofía q u e a b r e l o s s e n t i d o s , c o n t e n t a e l espíritu, e x a l t a
el i n t e l e c t o y r e c o n d u c e al h o m b r e a l a v e r d a d e r a b e a t i t u d q u e puede
t e n e r c o m o h o m b r e y q u e consiste e n esta y t a l c o m p o s t u r a , porque
l o l i b e r a d e l solícito afán d e l o s p l a c e r e s y del ciego s e n t i m i e n t o de
l o s d o l o r e s , l e h a c e g o z a r d e l p r e s e n t e y n o t e m e r más q u e esperar
d e l f u t u r o , p o r q u e l a p r o v i d e n c i a , h a d o o s u e r t e q u e d i s p o n e d e los
a v a t a r e s d e n u e s t r o ser p a r t i c u l a r n o q u i e r e n i p e r m i t e q u e sepamos
d e l u n o más d e l o q u e i g n o r a m o s d e l o t r o , volviéndonos dudosos
y p e r p l e j o s a n t e l a p r i m e r a visión y e l p r i m e r e n c u e n t r o . P e r o m i e n -
t r a s c o n s i d e r a m o s más p r o f u n d a m e n t e e l s e r y l a s u s t a n c i a d e a q u e l
e n e l q u e s o m o s i n m u t a b l e s , h a l l a r e m o s q u e n oexiste l a m u e r t e , n o
sólo p a r a n o s o t r o s , t a m p o c o p a r a n i n g u n a s u s t a n c i a , m i e n t r a s n a d a
disminuye sustancialmente, sino que todo cambia d erostro discurrien-
d o p o r e l e s p a c i o i n f i n i t o . Y p u e s t o q u e t o d o s e s t a m o s s u j e t o s a l óp-
t i m o eficiente, n o d e b e m o s creer, e s t i m a r y esperar o t r a cosa excepto
q u e c o m o t o d o p r o c e d e d e l o b u e n o , así t a m b i é n t o d o e s b u e n o , p o r
m e d i o d e l o b u e n o y hacia l o bueno; del bien, por el bien, a l bien.
L o c o n t r a r i o d e e s t o n o s e m a n i f i e s t a más q u e a q u i e n n o c a p t a o t r a
cosa q u e e l s e r p r e s e n t e , i g u a l q u e l a b e l l e z a d e l e d i f i c i o n o se hace
a p a r e n t e a q u i e n v i s l u m b r a u n a p a r t e mínima d e l m i s m o , c o m o u n a
piedra, u ncemento adosado, una media pared, sino especialmente
a aquel q u e puede v e rl a totalidad y tiene capacidad de comparar
unas partes con otras.
N o t e m a m o s q u e l o q u e está c o n g r e g a d o e n este m u n d o , p o r l a
v e h e m e n c i a d e a l g ú n espíritu e r r a n t e o p o r l a i r a d e a l g ú n Júpiter
fulmíneo, s e d i s p e r s e f u e r a d e e s t a t u m b a o cúpula d e l c i e l o o s e a g i t e
o d i s g r e g u e c o m o p o l v o f u e r a d e e s t e m a n t o estelífero; n o t e m a m o s q u e
l a n a t u r a l e z a d e l a s c o s a s p u e d a d e s v a n e c e r s e e n s u s t a n c i a i g u a l q u e se
pierde ante nuestros ojos el aire q u e estaba e n c e r r a d o d e n t r o de la con-
cavidad d e u n a b u r b u j a , p o r q u e conocemos u n m u n d o e ne lque una
c o s a s u c e d e s i e m p r e a o t r a s i n q u e h a y a u n a b i s m o último p o r donde
fluyan i r r e p a r a b l e m e n t e a l a nada, c o m o escapando d e l a m a n o del
a r t e s a n o . N o h a y t é r m i n o s , límites, m á r g e n e s , m u r a l l a s q u e n o s r o b e n
y s u s t r a i g a n l a i n f i n i t a a b u n d a n c i a d e las cosas. P o r eso f e c u n d a es l a
t i e r r a y s u m a r ; p o r e s o p e r p e t u a e s l a l l a m a d e l S o l , suministrándose
e t e r n a m e n t e yesca a los voraces fuegos y h u m o r e s a los d i s m i n u i d o s
mares, p o r q u e del infinito nace siempre n u e v a abundancia d e mate-
r i a . D e m a n e r a q u e Demócrito y E p i c u r o , q u e a f i r m a n q u e t o d o se
r e n u e v a y restablece e n e l infinito, l oe n t e n d i e r o n m e j o r q u e quien
se e s f u e r z a p o r s a l v a r e t e r n a m e n t e l a c o n s t a n c i a d e l u n i v e r s o a fin
 Epístola proemial

d e q u e u n m i s m o número s u c e d a s i e m p r e a u n m i s m o número y l a s
m i s m a s p a r t e s d e m a t e r i a se p e r m u t e n s i e m p r e c o n las m i s m a s p a r t e s
de m a t e r i a .
B u s c a d y a u n s u s t i t u t o , señores a s t r ó l o g o s , j u n t o c o n v u e s t r o s s e -
c u a c e s físicos, p a r a e s o s círculos v u e s t r o s q u e o s d e s c r i b e n l a s i m a g i -
n a r i a s n u e v e e s f e r a s m ó v i l e s , c o n l a s c u a l e s o s encarceláis e l c e r e b r o
d e f o r m a q u e m e parecéis u n m o n t ó n d e p a p a g a y o s e n u n a j a u l a ,
m i e n t r a s o s v e o i r d a n d o s a l t i t o s v a g a b u n d o s , moviéndoos y d a n d o
vueltas d e n t r o d e ellos. S a b e m o s que u nemperador tan grande n o
tiene u n a sede t a n angosta, solio t a n miserable, tribunal t a n estrecho,
c o r t e t a n p o c o n u m e r o s a , s i m u l a c r o t a n pequeño e i n c a p a z q u e u n
f a n t a s m a l o e n g e n d r e , u n sueño l o r o m p a , u n a l o c u r a l o r e c o m p o n g a ,
una q u i m e r a l o disperse, u n a desgracia lodisminuya, una fechoría
nos l o arrebate, u n p e n s a m i e n t o nos l orestituya; q u e c o n u n soplo l o
l l e n e y c o n u n s o r b o s e vacíe. E s , p o r e l c o n t r a r i o , u n r e t r a t o g r a n d í -
simo, una imagen admirable, una figura e x c e l s a , u n v e s t i g i o altísimo,
u n r e p r e s e n t a n t e i n f i n i t o d e u n r e p r e s e n t a d o i n f i n i t o y u n espectáculo
a p r o p i a d o a l aexcelencia y e m i n e n c i a d eq u i e n n o p u e d e ser c a p t a d o ,
comprendido, aprehendido.
Así se m a g n i f i c a l a e x c e l e n c i a d e D i o s , s e m a n i f i e s t a l a g r a n d e z a d e
su i m p e r i o ; n ose g l o r i f i c a e n u n o , s i n o e n i n n u m e r a b l e s soles; n o e n
u n a t i e r r a o e n u n m u n d o , s i n o e n u n millón, q u i e r o d e c i r : e n i n f i n i -
tos. D e f o r m a q u e n o es v a n a esta p o t e n c i a d e l i n t e l e c t o , q u e siempre
q u i e r e y p u e d e añadir e s p a c i o a e s p a c i o , m o l e a m o l e , u n i d a d a u n i -
d a d , número a número, p o r m e d i o d e e s a c i e n c i a q u e n o s l i b e r a d e
l a s c a d e n a s d e u n i m p e r i o angostísimo y n o s e l e v a a l a l i b e r t a d d e u n
i m p e r i o augustísimo, q u e n o s l l e v a d e l a p r e s u n t a p o b r e z a y a n g u s t i a
a lasi n n u m e r a b l e s riquezas d e u n espacio tan grande, d e u n c a m p o
t a n d i g n í s i m o , d e m u n d o s t a n h a b i t a d o s , y n o h a c e q u e u n círculo d e
horizonte, insinuado falsamente por elojo e nlaTierra e imaginado
p o r l a fantasía e n e l éter e s p a c i o s o , p u e d a e n c a r c e l a r n u e s t r o e s p í r i t u
b a j o l a c u s t o d i a d e u n P l u t ó n y l a m i s e r i c o r d i a d e u n Júpiter. E s t a -
m o s e x e n t o s d e l o s c u i d a d o s d e u n señor t a n r i c o q u e l u e g o r e s u l t a t a n
p a r c o , sórdido y a v a r o d i s p e n s a d o r , y d e l a l i m e n t o d e t a n f e c u n d a y
u n i v e r s a l m e n t e grávida n a t u r a l e z a c u y o p a r t o e s l u e g o t a n m e z q u i n o
y miserable.
O t r o s m u c h o s son los d i g n o s y h o n r o s o s f r u t o s q u e se cogen d e
e s t o s árboles, o t r a s l a s m i e s e s p r e c i o s a s y d e s e a b l e s q u e p u e d e repor-
t a r e s t a s e m i l l a e s p a r c i d a , l a s c u a l e s n o l a s t r a e m o s a colación para
n o p r o v o c a r más i n o p o r t u n a m e n t e l a c i e g a e n v i d i a d e n u e s t r o s a d -
240 Del infinito: el universo y los mundos

v e r s a r l o s , p e r o q u e las d e j a m o s c o m p r e n d e r p o r e l j u i c i o d e q u i e n e s
p u e d e n c o m p r e n d e r y j u z g a r . E l l o s p o d r á n l e v a n t a r fácilmente p o r sí
m i s m o s , a p a r t i r d eestos f u n d a m e n t o s q u e h e m o s p u e s t o , e l e n t e r o
e d i f i c i o d e n u e s t r a filosofía, c u y o s m i e m b r o s ( s i así g u s t a a q u i e n n o s
gobierna y m u e v e y si l aempresa c o m e n z a d a n o se v e i n t e r r u m p i -
d a ) r e d u c i r e m o s a l a t a n a n s i a d a perfección, a fin d e q u e l o q u e está
s e m b r a d o e n l o s d i á l o g o s De la causa, principio y uno, h a n a c i d o e n
e s t o s o t r o s Del infinito: el universo y los mundos, g e r m i n e p o r o t r o s ,
por otros crezca, por otros m a d u r e , por otros nos enriquezca m e d i a n -
te u n a cosecha s i n g u l a r y e n l a m e d i d a d e l oposible nos contente,
m i e n t r a s ( t r a s h a b e r l o l i m p i a d o d e a r v e j a s , l u e l l o s y d e l a s cizañas
reunidas) c o l m a m o s e lg r a n e r o d eingenios estudiosos con e l m e j o r
trigo que puede producir elterreno d enuestro cultivo.
E n t r e tanto, a u n q u e estoy seguro d e q u e n oes preciso recomen-
dároslo, n o dejaré s i n e m b a r g o — p o r f o r m a r p a r t e d e m i s o b l i g a c i o -
n e s — d e p r o c u r a r q u e o ssea r e c o m e n d a d o d e v e r d a d a q u e l q u e n o
m a n t e n é i s e n v u e s t r a f a m i l i a c o m o a l g u i e n d e q u i e n tengáis n e c e s i -
dad, sino c o m o persona q u e tiene necesidad d e vos por tantas y tan-
tas r a z o n e s c o m o veis. C o n s i d e r a n d o q u e p o r e l h e c h o d e t e n e r j u n t o
a vos a t a n t o s q u e o s s i r v e n n o sois d i f e r e n t e d e plebeyos, b a n q u e r o s y
comerciantes, m a s p o r tener a a l g u i e n d i g n o e ncierta m a n e r a d e ser
e l e v a d o , d e f e n d i d o y a y u d a d o p o r v o s , s o i s — c o m o s i e m p r e habéis
s i d o y o s habéis m o s t r a d o — c o n f o r m e a príncipes m a g n á n i m o s , hé-
roes y dioses, los cuales h a n establecido a los h o m b r e s c o m o vos para
l a d e f e n s a d e s u s a m i g o s . Y o s r e c u e r d o l o q u e sé q u e n o e s p r e c i s o
r e c o r d a r o s : q u e e n ú l t i m a i n s t a n c i a n o podréis s e r e s t i m a d o p o r e l
m u n d o y r e c o m p e n s a d o p o r D i o s t a n t o p o r ser a m a d o y r e s p e t a d o p o r
príncipes t o d o l o g r a n d e s q u e s e q u i e r a d e l a T i e r r a , c o m o p o r a m a r ,
d e f e n d e r y p r o t e g e r a u n o d elos q u e h e d i c h o . P o r q u e q u i e n e s son
superiores a vos en f o r t u n a n o p u e d e n haceros a vos (que a m u c h o s d e
e l l o s superáis e n v i r t u d ) n a d a q u e p u e d a p e r d u r a r m á s q u e vuestras
p a r e d e s y t a p i c e s ; p e r o v o s podéis h a c e r a o t r o s a l g o t a l q u e r e s u l t e
fácilmente i n s c r i t o e n e l l i b r o d e l a e t e r n i d a d , y a s e a e s e q u e s e v e e n
l a t i e r r a , y a s e a e s e o t r o q u e s e c r e e e n e l c i e l o , d a d o q u e l o q u e recibís
d e o t r o s e s t e s t i m o n i o d e l a v i r t u d a j e n a , p e r o l o q u e hacéis v o s a o t r o
e s señal e i n d i c i o e x p r e s o d e l a v u e s t r a .

VALE. 5

5
«Adiós.»
 Pájaro mío s o l i t a r i o , a a q u e l l a s partes
a las q u e d i r i g i s t e a n t e s t u a l t o p e n s a m i e n t o ,
s u b e s i n fin, p u e s e s p r e c i s o
adecuar al objeto i n d u s t r i a y artes.
R e n a c e allí; allí a r r i b a r e s u e l v e c r i a r
tus h e r m o s o s p i c h o n c i l l o s , a h o r a q u e el fiero
destino deja expedito todo el c a m i n o
a l a e m p r e s a d e q u e a n t e s a p a r t a r t e solía.
V e t e d e mí, p u e s d e más n o b l e c o b i j o
a n h e l o t e g o c e s ; y tendrás p o r guía u n d i o s
q u e p o r q u i e n n a d a v ec i e g o es l l a m a d o .
E l c i e l o t e p r o t e j a y t e sea s i e m p r e p r o p i c i o
t o d o n u m e n de este a m p l i o a r q u i t e c t o ;
y n o v u e l v a s a mí, s i n o e r e s mío.

S a l i d o d e prisión a n g o s t a y n e g r a ,
d o n d e p o r l u e n g o s años e r r o r m e t u v o a t a d o ,
aquí d e j o l a s c a d e n a s q u e m e i m p u s o
la m a n o de m i e n e m i g a cruel y fiera.
E n t r e g a r m e a la noche y tarde oscura
y a n o podrá, p u e s q u i e n venció
a l g r a n Pitón y c o n s u s a n g r e tiñó
las a g u a s d e l m a r , h a a p a g a d o m i M e g e r a .
A ti m e vuelvo y alzo, m i voz nutricia;
g r a c i a s t e d o y , s o l mío, m i l u z d i v i n a ;
t e c o n s a g r o m i corazón, e x c e l s a m a n o
que m e apartaste d eaquel t o r m e n t o atroz,
q u e a m e j o r e s t a n c i a t e m e h i c i s t e guía
y e l corazón c o n t r i t o m e v o l v i s t e s a n o .

¿Quién m e e m p l u m a y quién m e i n f l a m a e l p e c h o ? ,
¿quién m e h a c e n o t e m e r f o r t u n a o m u e r t e ? ,
 Del infinito: el universo y los mundos

¿quién rompió l a s c a d e n a s y a q u e l l a s puertas

d e d o n d e p o c o s se v e n s u e l t o s y s a l e n fuera?
L a s e d a d e s , l o s años, l o s m e s e s , días y h o r a s ,
h i j a s y a r m a s d e l t i e m p o , y t o d a esa c o r t e
a n t e q u i e n n i h i e r r o n i d i a m a n t e es f u e r t e ,
de su furor m e h a n puesto a salvo.
P o r eso las alas a l a i r e s e g u r a s a b r o
y n o t e m o chocar con cristal o vidrio,
m a s surco los cielos y al i n f i n i t o m e a l z o .
Y mientras d em i globo a otros surjo
y p o r e l etéreo c a m p o más allá p e n e t r o ,
lo que otros ven lejano, yo, a m i s espaldas dejo.

COPIA CON FINES

EDUCATIVOS
C. D. A .
 D I Á L O G O P R I M E R O

INTERLOCUTORES
Elpino, Filoteo, Fracastoro, Burquio

ELPINO — ¿ C ó m o e s p o s i b l e q u e e l u n i v e r s o s e a i n f i n i t o ?
FILOTEO — ¿ C ó m o e s p o s i b l e q u e e l u n i v e r s o s e a finito?
ELPINO — ¿ P r e t e n d e s tú q u e s e p u e d e d e m o s t r a r e s a i n f i n i t u d ?
FILOTEO — ¿ P r e t e n d e s tú q u e s e p u e d e d e m o s t r a r e s a finitud?
ELPINO — ¿ Q u é e n s a n c h a m i e n t o e s ése?
FILOTEO — ¿ Q u é límite e s ése?
FRACASTORO — A d rem, ad rem, si iuvat; d e m a s i a d o r a t o n o s habéis
0

tenido pendientes.
BURQUIO — P a s a d rápidamente a d a r a l g u n a razón, F i l o t e o , q u e
y o m e d i v e r t i r é e s c u c h a n d o e s a fábula o fantasía.
FRACASTORO —Modestias, 7
B u r q u i o . ¿ Q u é d i r á s s i a l final t e c o n -
vence la verdad?
BURQUIO — E s o n o estoy dispuesto a creerlo a u n q u e sea verdad,
p o r q u e n o es posible q u eeseinfinito p u e d a ser c o m p r e n d i d o p o r m i
c a b e z a n i d i g e r i d o p o r m i estómago, a u n q u e a d e c i r v e r d a d m e g u s t a -
ría q u e f u e s e t a l c o m o d i c e F i l o t e o , p u e s t o q u e s i p o r m a l a s u e r t e o c u -
r r i e r a q u e m e c a y e r a d e e s t e m u n d o , s i e m p r e encontraría a l g ú n s i t i o .
ELPINO — E s verdad, Filoteo; si q u e r e m o s hacer juez a l sentido
o b i e n d a r l e e s a p r i m a c í a q u e l e c o n v i e n e p o r t e n e r e n él o r i g e n t o d o
e l c o n o c i m i e n t o , h a l l a r e m o s q u i z á q u e n o e s fácil e n c o n t r a r u n m e d i o
p a r a c o n c l u i r l o q u e tú d i c e s a n t e s q u e l o c o n t r a r i o . A h o r a , p o r f a v o r ,
c o m i e n z a a enseñarme.
FILOTEO — N i n g ú n s e n t i d o v e e l i n f i n i t o ; a ningún s e n t i d o s e l e
p u e d e e x i g i r e s a conclusión, p o r q u e e l i n f i n i t o n o p u e d e s e r o b j e t o d e l
s e n t i d o . P o r eso, q u i e n p i d e c o n o c e r l o p o r m e d i o d e l s e n t i d o se parece

6
« A l asunto, al asunto, por favor.»
7
«Sé más comedido.»

2
43
244 Del infinito: el universo y los mundos

a q u i e n pretendiera v e r l a sustancia y la esencia c o n los ojos y quien

n e g a r a l a c o s a p o r q u e n o e s s e n s i b l e o v i s i b l e vendría a n e g a r l a p r o p i a

sustancia y e l p r o p i o ser. P o r eso d e b e d e h a b e r u n p r o c e d i m i e n t o a

l a h o r a d e p e d i r t e s t i m o n i o a l s e n t i d o y n o h e m o s d e d a r l e l u g a r más
q u e e n lascosas sensibles y e s on o s i n reservas si n o e n t r a a juzgar
u n i d o a l a r a z ó n . E s a l i n t e l e c t o a q u i e n c o n v i e n e j u z g a r y d a r razón
de lascosas ausentes y separadas p o r distancia d et i e m p o e i n t e r v a l o de
espacio. E n e l presente p r o b l e m a n o sbasta y t e n e m o s suficiente testi-
m o n i o d e l s e n t i d o , p o r c u a n t o e s i n c a p a z d e c o n t r a d e c i r n o s y además
hace e v i d e n t e y confiesa s ud e b i l i d a d e i n s u f i c i e n c i a a l c a u s a r p o r m e -
dio d es uhorizonte laapariencia d e finitud, e n c u y a formación s e v e
además l o m u y i n c o n s t a n t e q u e e s . E n t o n c e s , p u e s t o q u e s a b e m o s p o r
e x p e r i e n c i a q u e n o s engaña e n l a s u p e r f i c i e d e e s t e g l o b o e n e l q u e n o s
h a l l a m o s , d e b e m o s t e n e r l o p o r m u c h o más s o s p e c h o s o e n l o q u e se
r e f i e r e a e s e límite q u e n o s d a a e n t e n d e r e n l a c o n c a v i d a d estelar.
ELPINO — ¿ P a r a qué n o s s i r v e n , p u e s , l o s s e n t i d o s ? D i .
FILOTEO — P a r a e x c i t a r l a razón s o l a m e n t e , p a r a a c u s a r , p a r a i n -
d i c a r y t e s t i f i c a r e n p a r t e , n o p a r a t e s t i f i c a r e n t o d o y m e n o s aún p a r a
j u z g a r y p a r a c o n d e n a r . P o r q u e j a m á s están s i n a l g u n a perturbación,
por m u y perfectos q u e sean. P o reso l a v e r d a d deriva d e los sentidos
e n u n a p e q u e ñ a p a r t e , c o m o débil p r i n c i p i o q u e s o n , p e r o n o está e n
los sentidos.
ELPINO — ¿ D ó n d e está, pues?
FILOTEO — E n e l o b j e t o s e n s i b l e c o m o e n u n e s p e j o ; e n l a razón a
m o d o d e argumentación y d e d i s c u r s o ; e n e l i n t e l e c t o a m o d o d e p r i n -
c i p i o o d e conclusión; e n l a m e n t e e n s u f o r m a v i v a y p r o p i a .
ELPINO — V e n g a , p u e s ; p r e s e n t a t u s r a z o n e s .
FILOTEO — A s í l o haré. S i e l m u n d o e s finito y fuera del m u n d o n o
h a y n a d a , t e p r e g u n t o : ¿ d ó n d e está e l m u n d o ? , ¿ d ó n d e está e l u n i v e r -
s o ? Aristóteles r e s p o n d e : está e n sí m i s m o . L a c o n v e x i d a d d e l p r i m e r
c i e l o e s e l l u g a r u n i v e r s a l y c o m o p r i m e r c o n t i n e n t e n o está e n o t r o
c o n t i n e n t e , p o r q u e e l l u g a r n o es o t r a cosa q u e l asuperficie y l a e x t r e -
m i d a d d e l cuerpo continente. P o r esoq u i e n n otiene cuerpo continen-
t e t a m p o c o t i e n e l u g a r . P e r o ¿ q u é q u i e r e s d e c i r tú, Aristóteles, c o n e s o
d e q u e «el l u g a r está e n sí m i s m o » ? , ¿ q u é m e concluirás c o n «algo
f u e r a d e l mundo»? S i dices q u e n o h a y n a d a , e l cielo, e l m u n d o , n o
8

estará c i e r t a m e n t e e n s i t i o a l g u n o . . .

Cf. Aristóteles, Física, iv, 4 y 5.

 Diálogo I 2 45
FRACASTORO — N u l l i b i ergo erit mundus. Omne erit in nihilo. 0

FILOTEO —... e l m u n d o será a l g o q u e n o s e e n c u e n t r a . S i d i c e s (y

m e p a r e c e c i e r t a m e n t e q u e q u i e r e s d e c i r a l g o , p a r a e v i t a r e l vacío y l a
nada) que fuera del m u n d o hay u n ente intelectual y divino, d e f o r m a
q u e D i o s v e n g a a s e r e l l u g a r d e t o d a s l a s c o s a s , tú m i s m o e n c o n t r a r á s
m u c h a s d i f i c u l t a d e s p a r a h a c e r n o s e n t e n d e r cómo a l g o incorpóreo,
inteligible y sin d i m e n s i o n e s p u e d e serl u g a r d e algo d o t a d o d e d i -
mensiones. Pues sidices que D i o s contiene c o m o u n a f o r m a y a la
manera c o m o e l a l m a contiene a l cuerpo, n orespondes a la cues-
tión d e l « f u e r a » n i a l a p r e g u n t a p o r l o q u e s e e n c u e n t r a m á s allá y
fuera del universo. Y si tequieres excusar diciendo que donde n o
h a y n a d a y d o n d e n o h a y c o s a a l g u n a , t a m p o c o h a y l u g a r , n i m á s allá
n i f u e r a , n o p o r e s o m e dejarás s a t i s f e c h o , p o r q u e e s o s o n palabras
y excusas inconcebibles. E nefecto, es c o m p l e t a m e n t e i m p o s i b l e que
p o r m e d i o d e a l g ú n s e n t i d o o fantasía ( a u n q u e h u b i e r a o t r o s s e n t i d o s
y o t r a s fantasías) p u e d a s h a c e r m e a f i r m a r s i n c e r a m e n t e q u e e x i s t e t a l
s u p e r f i c i e , t a l límite, t a l e x t r e m i d a d , f u e r a d e l a c u a l n o h a y n i c u e r p o
n i v a c í o ; a u n q u e allí esté D i o s , p o r q u e l a d i v i n i d a d n o está p a r a l l e n a r
e l vacío y p o r c o n s i g u i e n t e n o e s s u función e n m o d o a l g u n o d e l i m i t a r
u n c u e r p o , y a q u e t o d o l oq u e se dice d e l i m i t a r o b i e n es f o r m a e x -
terior o b i e n es c u e r p o c o n t i n e n t e . Y seacual sea l a m a n e r a c o m o l o
q u i s i e r a s d e c i r , s e estimaría q u e l e s i o n a s l a d i g n i d a d d e l a n a t u r a l e z a
divina y universal.
BURQUIO — C i e r t o . C r e o q u e sería n e c e s a r i o d e c i r l e q u e s i u n o e x -
t e n d i e r a l a m a n o f u e r a d e s u c o n v e x i d a d , l a m a n o n o vendría a e s t a r
e n n i n g ú n s i t i o y n o estaría e n p a r t e a l g u n a y p o r c o n s i g u i e n t e n o
existiría.
FILOTEO — A ñ a d o a esto q u e n o hay i n g e n i o q u e n o comprenda
q u e e s t e m o d o d e h a b l a r peripatético c o m p o r t a u n a c o n t r a d i c c i ó n .
Aristóteles h a d e f i n i d o e l l u g a r n o c o m o c u e r p o c o n t i n e n t e , n o c o m o
u n cierto espacio, sino c o m o u n a superficie d e cuerpo continente; y
además, e l l u g a r p r i m e r o , p r i n c i p a l y máximo e s a q u e l a q u i e n m e n o s
e i n c l u s o e n a b s o l u t o c o n v i e n e t a l definición. E s e l u g a r p r i m e r o e s l a
superficie convexa del p r i m e r cielo, l a cual es superficie d e u n cuer-
p o , y d e u n c u e r p o t a l q u e ú n i c a m e n t e c o n t i e n e y n o está c o n t e n i d o .
E n t o n c e s , p a r a h a c e r q u e esasuperficie seal u g a r , n o se r e q u i e r e que
sea d e c u e r p o c o n t e n i d o , s i n o q u e s e a d e c u e r p o c o n t i n e n t e . S i e s s u -
p e r f i c i e d e c u e r p o c o n t i n e n t e y n o está u n i d a a u n c u e r p o contenido

9
«El mundo, por tanto, no estará en ningún sitio. T o d o estará en nada.»
246 Del infinito: el universo y los mundos

n i c o n t i n u a d a p o r él, e s u n l u g a r s i n c o n t e n i d o , d a d o q u e a l p r i m e r
c i e l o n o l e c o n v i e n e s e r l u g a r más q u e p o r s u s u p e r f i c i e cóncava, l a

c u a l t o c a l a s u p e r f i c i e c o n v e x a d e l s e g u n d o c i e l o . H e a h í , p u e s , cómo
e s a definición e s v a n a , c o n f u s a y s e d e s t r u y e a sí m i s m a . Y a e s a c o n -
fusión s e l l e g a e n v i r t u d d e e s a i n c o n v e n i e n c i a d e q u e f u e r a d e l c i e l o
no haya nada.
ELPINO — L o s peripatéticos d i r á n q u e e l p r i m e r c i e l o e s c u e r p o
c o n t i n e n t e p o r l a s u p e r f i c i e c ó n c a v a y n o p o r l a c o n v e x a y q u e según
e s a s u p e r f i c i e cóncava e s l u g a r .
FRACASTORO — Y yo añado q u e p o r c o n s i g u i e n t e s e d a u n a s u p e r f i -
cie d e c u e r p o c o n t i n e n t e q u e n o es lugar.
FILOTEO — E n s u m a , para v e n i r d i r e c t a m e n t e al asunto: m e parece
r i d í c u l o d e c i r q u e f u e r a d e l c i e l o n o h a y n a d a y q u e e l c i e l o está e n sí
m i s m o y está u b i c a d o p o r a c c i d e n t e y e s l u g a r p o r a c c i d e n t e , idest p o r
s u s p a r t e s . Y entiéndase l o q u e s e q u i e r a p o r e s e s u y o « p o r accidente»;
lo cierto esq u e n o p u e d e evitar hacer d eu n a cosa dos, p o r q u e siempre
serán d o s c o s a s d i s t i n t a s l o q u e e s c o n t i n e n t e y l o q u e está c o n t e n i d o .
Y h a s t a t a l p u n t o s o n d i s t i n t a s q u e , s e g ú n él m i s m o , e l c o n t i n e n t e
es incorpóreo y e l c o n t e n i d o e s c u e r p o ; e l c o n t i n e n t e e s inmóvil, e l
c o n t e n i d o m ó v i l ; e l c o n t i n e n t e m a t e m á t i c o , e l c o n t e n i d o físico. P u e s
b i e n , s e a l o q u e s e q u i e r a d e e s a s u p e r f i c i e ; y o preguntaré u n a y o t r a
v e z : ¿ q u é h a y m á s allá d e e l l a ? S i s e r e s p o n d e q u e n o h a y n a d a , y o
diré q u e e s o e s e l vacío, l o i n a n e , y u n vacío y u n i n a n e t a l q u e n o t i e n e
límite n i t é r m i n o a l g u n o u l t e r i o r y sólo está l i m i t a d o e n s u i n t e r i o r ;
y e s m á s difícil d e i m a g i n a r u n a c o s a así q u e p e n s a r q u e e l u n i v e r s o e s
i n f i n i t o e i n m e n s o , p o r q u e n o p o d e m o s e v i t a r e l vacío s i q u e r e m o s es-
tablecer q u e el u n i v e r s o es finito. V e a m o s a h o r a si c o n v i e n e q u e exista
u n e s p a c i o t a l e ne l q u e n o h a y a n a d a . E n ese e s p a c i o i n f i n i t o se h a l l a
este u n i v e r s o (si es p o r a z a r o p o r necesidad o p o r p r o v i d e n c i a , n o m e
p r e o c u p a e neste m o m e n t o ) . P r e g u n t o s i este espacio q u e c o n t i e n e e l
m u n d o t i e n e m a y o r c a p a c i d a d p a r a c o n t e n e r u n m u n d o q u e o t r o es-
p a c i o q u e h a y a m á s allá.
FRACASTORO — M e parece ciertamente q u eno, porque donde
h a y «nada», n o h a y d i f e r e n c i a a l g u n a ; d o n d e n o h a y d i f e r e n c i a ,
n o h a y distinción d e c a p a c i d a d e s y quizás aún m e n o s h a y capaci-
d a d a l g u n a d o n d e n oh a y cosa a l g u n a .
ELPINO — P e r o tampoco incapacidad alguna. Y de las dos antes n o
s e d a a q u e l l a q u e ésta.
FILOTEO — D i c e s b i e n . Así y o d i g o q u e d e l m i s m o m o d o q u e e l
vacío e i n a n e ( e s t a b l e c i d o n e c e s a r i a m e n t e p o r esta m a n e r a peripate-
 Diálogo 1 347

tica d e h a b l a r ) n o t i e n e c a p a c i d a d a l g u n a d e r e c i b i r , todavía menos

debe t e n e r l a para r e c h a z a r e l m u n d o . P e r o d e estas d o s capacidades
n o s o t r o s v e m o s l a u n a e nacto y l ao t r a n o p o d e m o s v e r l a e n a b s o l u t o ,
e x c e p t o c o n e l o j o d e l a razón. P o r t a n t o , d e l m i s m o m o d o q u e e n e s t e
e s p a c i o i g u a l a l a m a g n i t u d d e l m u n d o ( q u e e s l l a m a d o p o r l o s plató-
n i c o s « m a t e r i a » ) , está e s t e m u n d o , t a m b i é n p u e d e e s t a r o t r o m u n d o
e n a q u e l e s p a c i o y e n i n n u m e r a b l e s o t r o s e s p a c i o s m á s allá d e éste e
i g u a l e s a éste.
FRACASTORO — C i e r t o . P o d e m o s j u z g a r c o n más s e g u r i d a d p o r s e -
mejanza c o n aquello q u e vemos y conocemos q u e por contraste c o n
l o q u e v e m o s y c o n o c e m o s . D e ahí q u e , p u e s t o q u e p o r l o q u e v e m o s
y e x p e r i m e n t a m o s e l u n i v e r s o n o t e r m i n a n i l i m i t a c o n e l vacío o i n a -
ne — s o b r e l ocual n otenemos noticia a l g u n a — , debemos concluir
r a z o n a b l e m e n t e t a l c o m o dices, y a q u e a u n e n e l caso d e q u e todas
las demás r a z o n e s f u e r a n i g u a l e s , n o s o t r o s v e m o s q u e l a e x p e r i e n c i a
e s c o n t r a r i a a l v a c í o y n o a l o l l e n o . H a b l a n d o así e s t a r e m o s siempre
j u s t i f i c a d o s ; h a b l a n d o d e o t r a m a n e r a n o n o s será fácil e v i t a r m i l a c u -
s a c i o n e s e i n c o n v e n i e n t e s . Continúa, F i l o t e o .
FILOTEO — P o r tanto, d e la parte d e l espacio infinito sabemos c o n
certeza q u e h a y capacidad para recibir cuerpo y n o sabemos l o contra-
r i o . S i n e m b a r g o , m e bastará c o n s a b e r q u e n o está e n contradicción
c o n e l l a , a l m e n o s p o r l a s i g u i e n t e razón: q u e d o n d e n o h a y n a d a , n o
h a y ningún i n c o n v e n i e n t e . Q u e d a a h o r a p o r v e r s i e s c o n v e n i e n t e q u e
t o d o e l e s p a c i o esté l l e n o o n o . Y a q u í , s i t o m a m o s e n c o n s i d e r a c i ó n
t a n t o l o q u e p u e d e ser c o m o l oq u e p u e d e hacer, h a l l a r e m o s siempre
n o sólo r a z o n a b l e , s i n o i n c l u s o n e c e s a r i o q u e esté l l e n o . P a r a hacerlo
m a n i f i e s t o t e p r e g u n t o s i está b i e n q u e e s t e m u n d o e x i s t a .
ELPINO — E s t á m u y bien.
FILOTEO — P o r t a n t o , está b i e n q u e e s t e e s p a c i o q u e e s i g u a l a l a d i -
mensión d e l m u n d o ( y a l c u a l q u i e r o l l a m a r vacío, s e m e j a n t e e idén-
t i c o a l e s p a c i o q u e tú d i r á s q u e n o e s n a d a m á s allá d e l a c o n v e x i d a d
d e l p r i m e r c i e l o ) esté l l e n o d e l a m a n e r a c o m o l o está...
ELPINO — A s í e s .
FILOTEO — T e p r e g u n t o a d e m á s : ¿crees tú q u e i g u a l q u e e s t a c o n s -
trucción l l a m a d a m u n d o s e e n c u e n t r a e n e s t e e s p a c i o , h a b r í a p o d i d o
o podría e n c o n t r a r s e e n o t r o e s p a c i o d e e s t e i n a n e ?
ELPINO — D i r é q u e sí, a u n q u e n o v e o c o m o e n l a n a d a y vacío
p o d e m o s establecer diferencia e n t r e u n a cosa y otra.
FRACASTORO — Y o estoy seguro d e q u e l o ves, pero n o te atreves a
a f i r m a r l o p o r q u e t e p e r c a t a s d e a dónde t e q u i e r e l l e v a r .
2 8
4
Del infinito: el universo y los mundos

ELPINO —Afírmalo c o n s e g u r i d a d , p o r q u e es necesario decir y

e n t e n d e r q u e e s t e m u n d o está e n u n e s p a c i o , e l c u a l d e n o e x i s t i r e l
m u n d o n o sería d i f e r e n t e d e l q u e e x i s t e m á s allá d e v u e s t r o p r i m e r
móvil. 1 0

FRACASTORO — C o n t i n ú a .
FILOTEO — P o r t a n t o , i g u a l q u e p u e d e y h a p o d i d o y es necesaria-
m e n t e p e r f e c t o este espacio p a r a c o n t e n e r este c u e r p o u n i v e r s a l , c o m o
dices, t a m p o c o p u e d e n ih a p o d i d o s e r m e n o s perfecto t o d o e l otro
espacio.
ELPINO — L o a c e p t o . ¿Y c o n e s t o qué? P u e d e ser, p u e d e tener:
¿por t a n t o e s ? , ¿por t a n t o t i e n e ?
FILOTEO — Y o haré q u e d i g a s — s i q u i e r e s h a b l a r s i n c e r a m e n t e —
q u e p u e d e s e r , q u e d e b e s e r y q u e e s . P o r q u e así c o m o estaría m a l q u e
este espacio n o e s t u v i e r a l l e n o , es decir, q u e este m u n d o n o existiera,
n o está m e n o s m a l — p o r l a i n d i f e r e n c i a — q u e t o d o e l e s p a c i o n o esté
l l e n o ; y p o r c o n s i g u i e n t e e l u n i v e r s o será d e d i m e n s i ó n i n f i n i t a y l o s
m u n d o s serán i n n u m e r a b l e s .
ELPINO — ¿ P o r q u é c a u s a d e b e n s e r t a n t o s y n o basta c o n u n o solo?
FILOTEO — P o r q u e s i está m a l q u e este m u n d o n o exista o q u e n o
se dé e s t e l l e n o , l o e s c o n r e s p e c t o a e s t e e s p a c i o o a o t r o e s p a c i o i g u a l
a éste.
ELPINO — Y o d i g o q u e está m a l c o n r e s p e c t o a l o q u e s e e n c u e n t r a
e n e s t e e s p a c i o , l o c u a l podría e n c o n t r a r s e i n d i f e r e n t e m e n t e e n o t r o
e s p a c i o i g u a l a éste.
FILOTEO — T o d o eso, si l o consideras b i e n , v i e n e a s e r l o m i s m o ,
p o r q u e l a b o n d a d d e e s t e s e r corpóreo q u e s e h a l l a e n e s t e espacio
o p o d r í a h a l l a r s e e n o t r o e s p a c i o i g u a l a éste, d e m u e s t r a y r e f l e j a l a
b o n d a d c o n v e n i e n t e y perfección q u e p u e d e h a b e r e n t a l y t a n g r a n d e
e s p a c i o c o m o e s éste u o t r o i g u a l a éste y n o l a q u e p u e d e h a b e r e n
i n n u m e r a b l e s o t r o s e s p a c i o s i g u a l e s a éste. T a n t o m á s c u a n t o q u e s i
h a y razón d e q u e e x i s t a u n b i e n finito, u n serperfecto l i m i t a d o , hay
i n c o m p a r a b l e m e n t e más razón d e q u e e x i s t a u n b i e n i n f i n i t o , p u e s t o
que mientras el bien finito e x i s t e p o r c o n v e n i e n c i a y razón, e l b i e n
infinito existe por absoluta necesidad.

1 0
T a n t o la edición de 1584 como la edición crítica de Les Belles Lettres atri-
buyen esta intervención a Elpino. Se ha notado, no obstante, frecuentemente por
la crítica la contradicción de esta declaración con la anterior del mismo personaje,
por lo que se ha pensado que hay aquí un desliz por parte de Bruno y que el autor
lógico de esta intervención debería ser Filoteo.
 Diálogo I

ELPINO — E l b i e n i n f i n i t o e x i s t e c i e r t a m e n t e , p e r o e s i n c o r p ó r e o .
FILOTEO — E n e s t o e s t a m o s d e a c u e r d o , e n c u a n t o a l i n f i n i t o i n -
corpóreo. P e r o , ¿por q u é n o e s c o n v e n i e n t í s i m o e l e n t e b u e n o infi-
n i t o y corpóreo? O b i e n , ¿qué i m p i d e q u e e l i n f i n i t o i m p l i c a d o e n
el p r i m e r p r i n c i p i o simplicísimo e i n d i s t i n t o r e s u l t e e x p l i c a d o antes
en este s i m u l a c r o s u y o i n f i n i t o e i l i m i t a d o , c o n c a p a c i d a d para con-
t e n e r m u n d o s i n n u m e r a b l e s , q u e e n límites t a n e s t r e c h o s , d e s u e r t e
que parece v e r g o n z o s o n o pensar q u e este c u e r p o (que a nosotros nos
p a r e c e v a s t o y grandísimo) n o e s más q u e u n p u n t o e i n c l u s o n a d a en
comparación c o n l a p r e s e n c i a divina?
ELPINO — A s í como lagrandeza d e D i o s n o consiste e n m o d o al-
g u n o e n l a dimensión c o r p o r a l ( p o r n o m e n c i o n a r y a q u e e l m u n d o
n o l e añade n a d a ) , t a m p o c o d e b e m o s pensar que la grandeza d es u
s i m u l a c r o consista en l am a y o r o m e n o r m o l e d i m e n s i o n a l .
FILOTEO — D i c e s m u y bien, pero n orespondes al nervio de m i
a r g u m e n t o , p o r q u e y o n oexijo e l espacio infinito n il a naturaleza
tiene u nespacio infinito por l a dignidad d e l a dimensión o d e l a
m o l e corpórea, s i n o p o r l a d i g n i d a d d e l a s n a t u r a l e z a s y d e l a s e s p e -
c i e s corpóreas, y a q u e l a e x c e l e n c i a i n f i n i t a se presenta incompara-
blemente mejor en innumerables individuos que en finitos y nume-
rables. P o r eso es preciso q u e d e u ninaccesible rostro divino haya
u n s i m u l a c r o i n f i n i t o , e n e l c u a l s e e n c u e n t r e n después, e n c a l i d a d
de m i e m b r o s infinitos, m u n d o s i n n u m e r a b l e s , c o m o s o n los otros.
P o r e s o , p o r l a razón d e l o s i n n u m e r a b l e s g r a d o s d e perfección q u e
deben explicar la excelencia d i v i n a incorpórea d e m a n e r a corpó-
rea, d e b e n existir i n n u m e r a b l e s i n d i v i d u o s , q u e son estos g r a n d e s
a n i m a l e s ( u n o d e los cuales es esta t i e r r a , m a d r e d i v i n a q u e nos h a
engendrado y a l i m e n t a y q u e e n e l f u t u r o n o s recogerá d e n u e v o e n
su s e n o ) p a r a c o n t e n e r los c u a l e s se r e q u i e r e u n e s p a c i o i n f i n i t o . P o r
t a n t o , n o está m e n o s b i e n q u e e x i s t a n ( t a l c o m o p u e d e n e x i s t i r ) i n -
n u m e r a b l e s m u n d o s s e m e j a n t e s a éste, i g u a l q u e h a p o d i d o y p u e d e
e x i s t i r y está b i e n q u e e x i s t a e s t e m u n d o .
ELPINO — D i r e m o s q u e este m u n d o finito, c o n estos astros finitos,
c o m p r e n d e l a perfección d e t o d a s l a s c o s a s .
FILOTEO —Podéis d e c i r l o , m a s n o p r o b a r l o , p o r q u e el m u n d o que
hay e neste espacio finito c o m p r e n d e l a perfección d e t o d a s l a s c o s a s
finitas q u e hay e n este espacio, pero n oy a d e l a sinfinitas otras que
puede haber en otros espacios innumerables.
FRACASTORO — P o r f a v o r , detengámonos y n o h a g a m o s como los
sofistas q u e d i s p u t a n p a r a v e n c e r y m i e n t r a s m i r a n y r e m i r a n s u p a l -
250 Del infinito: el universo y los mundos

m a , i m p i d e n q u e ellos y o t r o s c o m p r e n d a n l av e r d a d . Pues bien, y 0

creo q u e n oexiste nadie d eperfidia tan pertinaz c o m o para seguir

n e g a n d o q u e ( t a n t o p o r razón d e q u e e l e s p a c i o p u e d e c o n t e n e r i n -
finitamente c o m o p o r razón d e l a b o n d a d i n d i v i d u a l y numérica d e
los i n f i n i t o s m u n d o s q u e p u e d e n ser c o n t e n i d o s e n m e d i d a n o m e n o r
q u e e s t e u n o q u e n o s o t r o s c o n o c e m o s ) c a d a u n o d e e l l o s t i e n e razón
de existir convenientemente, puesto que e l espacio infinito tiene ca-
pacidad infinita y e nesacapacidad infinita seloa u n acto infinito d e
existencia, p o r el cual e leficiente i n f i n i t o n o es considerado deficiente
y p o r e l q u e l a c a p a c i d a d n o r e s u l t a v a n a . Alégrate, p u e s , E l p i n o , d e
e s c u c h a r o t r a s r a z o n e s , s io t r a s se l eo c u r r e n a F i l o t e o .
ELPINO — R e c o n o z c o , a decir verdad, q u e sostener q u e el m u n d o
( o c o m o v o s o t r o s decís, e l u n i v e r s o ) e s i l i m i t a d o n o t r a e c o n s i g o i n -
c o n v e n i e n t e a l g u n o y n o s l i b e r a d e las i n n u m e r a b l e s d i f i c u l t a d e s e n
q u e n o s v e m o s e n v u e l t o s p o r l a opinión c o n t r a r i a . Sé e n c o n c r e t o q u e
a v e c e s t e n e m o s q u e d e c i r c o n l o s peripatéticos a l g o d e l o q u e somos
conscientes d e que carece t o t a l m e n t e d e f u n d a m e n t o , c o m o cuando
t r a s h a b e r n e g a d o e l vacío, f u e r a y d e n t r o d e l u n i v e r s o , q u e r e m o s r e s -
p o n d e r a l a p r e g u n t a p o r e l l u g a r d e l u n i v e r s o y d e c i m o s q u e está e n
s u s p a r t e s , p o r t e m o r a d e c i r q u e n o está e n l u g a r a l g u n o , c o m o sería
d e c i r nullibi, nusquam." P e r o n o s e p u d e e v i t a r q u e d e esa m a n e r a sea
n e c e s a r i o d e c i r q u e l a s p a r t e s s e h a l l a n e n algún s i t i o y e l u n i v e r s o n o
está e n l u g a r n i e s p a c i o a l g u n o , m a n e r a d e h a b l a r q u e — c o m o t o d o
e l m u n d o v e — c a r e c e p o r c o m p l e t o d e s e n t i d o e i n d i c a explícitamen-
te u n a fuga p e r t i n a z para n o confesar l a v e r d a d a f i r m a n d o q u e e l
m u n d o y el u n i v e r s o esinfinito o a f i r m a n d o q u e el espacio es infinito.
D e l a s d o s p o s i c i o n e s s e s i g u e u n a d o b l e confusión p a r a e l q u e l a s s o s -
t i e n e . A f i r m o , p o r t a n t o , q u e s i e l t o d o e s u n c u e r p o , y u n c u e r p o esfé-
rico y por consiguiente dotado d eu n a figura y d e u n límite, e s p r e c i s o
q u e esté l i m i t a d o e n u n e s p a c i o i n f i n i t o e n e l c u a l , s i q u e r e m o s decir
q u e n o h a y n a d a , esnecesario c o n c e d e r q u e sed a v e r d a d e r a m e n t e e l
vacío. É s t e , a s u v e z , s i e x i s t e , n o t i e n e m e n o s r a z ó n e n e l t o d o q u e e n
e s t a región q u e v e m o s a q u í c a p a z d e e s t e m u n d o ; s i n o e x i s t e , d e b e
existir l o lleno y consiguientemente e luniverso infinito. Y decir que
e l m u n d o está alicubi,' 2
h a b i e n d o d i c h o q u e f u e r a d e él n o h a y nada
y q u e está e n s u s p a r t e s , n o r e s u l t a m e n o s e s t ú p i d o q u e s i u n o d i j e r a
q u e E l p i n o está alicubi p o r q u e s u m a n o está e n s u b r a z o , e l o j o e n s u

" «en ninguna parte»

1 2
«en algún sitio».
 Diálogo I 3.

rostro, e l pie e nl a pierna, l a cabeza sobre s ubusto. M a s , para llegar

a u n a conclusión y n o c o m p o r t a r m e c o m o u n s o f i s t a i n s i s t i e n d o e n
d i f i c u l t a d e s a p a r e n t e s y p e r d i e n d o e l t i e m p o e n tonterías, a f i r m o l o
q u e n o p u e d o n e g a r , a s a b e r : q u e e n e l e s p a c i o i n f i n i t o o b i e n podrían
e x i s t i r i n f i n i t o s m u n d o s s e m e j a n t e s a éste o b i e n q u e e s t e u n i v e r s o
e x t i e n d a s u c a p a c i d a d y comprensión d e m u c h o s c u e r p o s c o m o s o n
éstos a l o s q u e l l a m a m o s a s t r o s ; y t a m b i é n q u e ( s e a n e s t o s m u n d o s
s e m e j a n t e s o d i f e r e n t e s ) l a e x i s t e n c i a n o convendría m e n o s a u n o q u e
a l o t r o , p o r q u e e l s e r d e u n o n o t i e n e m e n o s razón q u e e l s e r d e l o t r o
y e l s e r d e m u c h o s n o t i e n e m e n o s razón q u e e l d e u n o y o t r o , e l s e r
d e i n f i n i t o s q u e e l d e m u c h o s . P o r l o c u a l , así c o m o estaría m a l l a
abolición y e l n o s e r d e e s t e m u n d o , t a m p o c o estaría b i e n e l n o s e r d e
innumerables otros.
FRACASTORO — T e explicas m u y bien y muestras c o m p r e n d e r bien
las r a z o n e s y n o s e r sofista, p u e s t o q u e a c e p t a s l o q u e n o se p u e d e
negar.
ELPINO — Q u i s i e r a , n o o b s t a n t e , oír l o q u e q u e d a d e l a r g u m e n t o
s o b r e e l p r i n c i p i o y c a u s a e f i c i e n t e e t e r n a : s i l e c o n v i e n e ese e f e c t o d e
tal f o r m a i n f i n i t o y si, p o r t a n t o , tal efecto existe d e h e c h o .
FILOTEO — E s o e s l o q u e y o debía a ñ a d i r , p o r q u e t r a s h a b e r d i c h o
que el universo tiene que serinfinito por la capacidad y aptitud del
e s p a c i o i n f i n i t o y también p o r l a p o s i b i l i d a d y c o n v e n i e n c i a d e l s e r
d e i n n u m e r a b l e s m u n d o s c o m o éste, q u e d a p r o b a r l o a p a r t i r d e l a s
circunstancias del eficiente que debe haberlo producido tal o , para
s e r m á s c o r r e c t o , p r o d u c i r l o s i e m p r e t a l , y a p a r t i r d e l a condición
d e n u e s t r o m o d o d e e n t e n d e r . P o d e m o s a r g u m e n t a r m á s fácilmente
q u e e l e s p a c i o i n f i n i t o es s e m e j a n t e a este q u e v e m o s q u e argumen-
tar q u e es t a l c o m o n ol o v e m o s n i c o n e j e m p l o n i p o r s e m e j a n z a n i
p o r p r o p o r c i ó n n i t a m p o c o p o r i m a g i n a c i ó n a l g u n a q u e a l final n o s e
d e s t r u y a a sí m i s m a . E n t o n c e s , p a r a c o m e n z a r : ¿por q u é q u e r e m o s
o p o d e m o s p e n s a r q u e l a d i v i n a e f i c a c i a esté o c i o s a ? , ¿por q u é q u e -
remos decir que ladivina bondad, que puede comunicarse a infinitas
c o s a s y p u e d e d i f u n d i r s e i n f i n i t a m e n t e , q u i e r e s e r e s c a s a y constreñir-
se e n n a d a , d a d o q u e c u a l q u i e r c o s a finita e s n a d a e n comparación c o n
e l i n f i n i t o ? ; ¿por q u é pretendéis q u e e s e c e n t r o d e l a d i v i n i d a d , q u e
p u e d e a m p l i a r s e i n f i n i t a m e n t e e n u n a esfera (si t a l cosa p u d i e r a de-
c i r s e ) i n f i n i t a , p e r m a n e z c a estéril, c o m o s i t u v i e r a e n v i d i a , a n t e s que
c o m u n i c a r s e c u a l p a d r e f e c u n d o , o r n a d o y b e l l o ? , ¿prefiera c o m u -
n i c a r s e ínfimamente y , p a r a s e r más c o r r e c t o s , n o c o m u n i c a r s e antes
q u e o b r a r s e g ú n l a r a z ó n d e s u g l o r i o s a p o t e n c i a y s e r ? ; ¿por q u é d e b e
225
Del infinito: el universo y los mundos

quedar frustrada la capacidad infinita, defraudada la posibilidad de

infinitos m u n d o s que pueden existir, perjudicada l a excelencia d e la
i m a g e n d i v i n a , q u e debería r e s p l a n d e c e r e n u n e s p e j o n o contraído
y según s u m o d o d e s e r i n f i n i t o , i n m e n s o ? ¿ P o r q u é d e b e m o s afirmar
eso q u e u n a v e z p u e s t o trae c o n s i g o t a n t o s i n c o n v e n i e n t e s y destruye
t a n t o s p r i n c i p i o s d e filosofía s i n f a v o r e c e r l a s leyes, religiones, fe o
moralidad e nm o d o alguno? ¿ C ó m o q u i e r e s tú q u e D i o s e n c u a n t o
a l a p o t e n c i a , e n c u a n t o a l a o p e r a c i ó n y e n c u a n t o a l e f e c t o ( q u e e n él
s o n l a m i s m a c o s a ) s e a l i m i t a d o y s e a c o m o e l límite d e l a c o n v e x i d a d
d e u n a e s f e r a , a n t e s q u e ( c o m o s e p u e d e d e c i r ) límite i l i m i t a d o d e u n a
c o s a i l i m i t a d a ? Y d i g o límite i l i m i t a d o p o r s e r d i f e r e n t e l a i n f i n i t u d
d e l u n o d e l a i n f i n i t u d d e l o t r o , y a q u e él e s t o d o e l i n f i n i t o c o m p l i c a -
d a m e n t e y t o t a l m e n t e , m i e n t r a s q u e el u n i v e r s o es t o d o e n t o d o (en el
c a s o d e q u e s e p u e d a d e a l g u n a m a n e r a h a b l a r d e t o t a l i d a d allí d o n d e
n o h a y p a r t e n i fin) e x p l i c a d a m e n t e y n ototalmente, por l oque el
u n o e j e r c e función d e límite y e l o t r o d e l i m i t a d o , n o p o r l a d i f e r e n c i a
entre finito e infinito, s i n o p o r q u e e l u n o es infinito y e l o t r o lo deli-
m i t a p o r razón d e s e r t o t a l y t o t a l m e n t e e n t o d o a q u e l l o q u e , aunque
sea t o d o i n f i n i t o , n o es, s i n e m b a r g o , t o t a l m e n t e i n f i n i t o , p o r q u e eso
repugna a lainfinitud dimensional.
ELPINO — Q u i s i e r a e n t e n d e r m e j o r e s t o ú l t i m o . P o r e s o m e harás
el f a v o r d e e x p l i c a r t e u np o c o e n eso q u e d i c e s q u e es t o d o e n t o d o
t o t a l m e n t e y t o d o e n t o d o el infinito y t o t a l m e n t e infinito.
FILOTEO — Y o l l a m o a l u n i v e r s o « t o d o infinito» p o r q u e n o t i e n e
b o r d e , límite o s u p e r f i c i e ; d i g o q u e e l u n i v e r s o n o e s «totalmente i n f i -
nito» p o r q u e c a d a u n a d e l a s p a r t e s q u e p o d e m o s t o m a r d e él e s finita
y cada u n o d elos m u n d o s i n n u m e r a b l e s q u e c o n t i e n e es finito. Llamo
a D i o s «todo infinito» p o r q u e e x c l u y e d e sí t o d o límite y c a d a a t r i b u t o
s u y o e s u n o e i n f i n i t o ; y d i g o q u e D i o s e s «totalmente infinito» p o r q u e
t o d o él está e n t o d o e l m u n d o y e n c a d a u n a d e s u s p a r t e s i n f i n i t a m e n -
t e y t o t a l m e n t e , a l c o n t r a r i o q u e l a i n f i n i t u d d e l u n i v e r s o , l a c u a l está
t o t a l m e n t e e n t o d o , p e r o n o e n l a s p a r t e s ( s i a propósito d e l i n f i n i t o
p o d e m o s h a b l a r d e p a r t e s ) q u e p o d a m o s c o m p r e n d e r e n él.
ELPINO — E n t i e n d o . P r o s i g u e c o n t u exposición.
FILOTEO — P o r t o d a s l a s r a z o n e s p o r las q u e se dice q u e es c o n -
veniente, bueno, necesario este m u n d o c o m p r e n d i d o c o m o finito,
d e b e d e c i r s e también q u e s o n n e c e s a r i o s , c o n v e n i e n t e s y b u e n o s todos
l o s d e m á s m u n d o s i n n u m e r a b l e s , a l o s c u a l e s p o r l a m i s m a razón l a
o m n i p o t e n c i a n o e s c a t i m a e l ser. S i n e l l o s además l a o m n i p o t e n c i a se
vería c e n s u r a d a ( b a j o l a acusación d e n o q u e r e r o d e n o p o d e r ) por
 Diálogo 1 2
53

d e j a r u n vacío o , s i n o q u i e r e s h a b l a r d e v a c í o , u n e s p a c i o infinito.
D e e s t a m a n e r a n o sólo s e sustraería i n f i n i t a perfección a l e n t e , s i n o
también i n f i n i t a m a j e s t a d a c t u a l a l e f i c i e n t e e n a q u e l l a s c o s a s hechas
si s o n h e c h a s o e n l a s c o s a s d e p e n d i e n t e s s i s o n e t e r n a s . ¿Qué razón
exige q u e creamos q u e e l agente q u e puede hacer u n b i e n infinito l o
hace finito? Y si lo hace finito, ¿por qué deberíamos c r e e r q u e puede
h a c e r l o i n f i n i t o , s i e n él e l p o d e r y e l h a c e r e s t o d o u n a s o l a c o s a ? Pues
e s i n m u t a b l e , n o t i e n e c o n t i n g e n c i a e n s u acción n i e n s u e f i c a c i a , s i n o
q u e d e s u eficacia d e t e r m i n a d a y cierta d e p e n d e i n m u t a b l e m e n t e u n
efecto d e t e r m i n a d o y c i e r t o , p o r l o c u a l n o p u e d e ser d i s t i n t o d e c o m o
es, n o p u e d e ser c o m o n o es, n o p u e d e p o d e r o t r a c o s a q u e l o q u e puede,
no puede querer sino lo que quiere y necesariamente n o puede hacer
otra cosa q u e lo q u e hace, d a d o q u e e ltener u n a potencia distinta del
a c t o c o n v i e n e únicamente a l a s c o s a s m u d a b l e s .
FRACASTORO — C i e r t o . N o es sujeto de posibilidad o de potencia lo
q u e j a m á s f u e , n o e s , n i será n u n c a . Y v e r d a d e r a m e n t e , s i e l p r i m e r
eficiente n o puede q u e r e r o t r a cosa q u e l o q u e quiere, t a m p o c o puede
h a c e r o t r a c o s a q u e l o q u e h a c e . Y n o v e o cómo e n t i e n d e n a l g u n o s l o
que dicen d e la potencia activa infinita a lacual n o corresponde una
potencia pasiva infinita y que haga u n m u n d o finito quien puede ha-
c e r i n n u m e r a b l e s m u n d o s e n e l i n f i n i t o e i n m e n s o , s i e n d o s u acción
necesaria, puesto que procede d e una voluntad tal que, por seri n -
mutabilísima e i n c l u s o l a i n m u t a b i l i d a d m i s m a , e s también l a m i s m a
necesidad, por lo que libertad, v o l u n t a d , necesidad son absolutamente
l a m i s m a c o s a y además e l h a c e r c o i n c i d e c o n e l q u e r e r , p o d e r y ser.
FILOTEO — A p r u e b a s l o q u e d i g o y además h a b l a s m u y b i e n . P o r
tanto, h a y q u e decir u n a d edos: o q u e el eficiente, p u d i e n d o depender
d e él u n e f e c t o i n f i n i t o , s e a r e c o n o c i d o c o m o c a u s a y p r i n c i p i o d e u n
universo i n m e n s o que contiene m u n d o s innumerables, y d e ello n o
se s i g u e i n c o n v e n i e n t e a l g u n o , s i n o más b i e n t o d o s o n v e n t a j a s , t a n t o
p o r l o q u e se r e f i e r e a l ac i e n c i a c o m o p o r l o q u e respecta a las leyes y a
l a f e ; o b i e n q u e , d e p e n d i e n d o d e él u n u n i v e r s o finito, c o n estos mun-
d o s q u e s o n l o s a s t r o s e n u n número d e t e r m i n a d o , sea r e c o n o c i d o d e
potencia activa finita y l i m i t a d a , i g u a l q u e e lacto es finito y limitado,
p o r q u e c o m o e s e l a c t o así e s l a v o l u n t a d y así e s l a p o t e n c i a .
FRACASTORO — Y o c o m p l e t o y pergeño u n p a r d e s i l o g i s m o s d e l a
s i g u i e n t e m a n e r a : el p r i m e r eficiente, si q u i s i e r a hacer o t r a cosa q u e l o
q u e q u i e r e h a c e r , podría h a c e r o t r a c o s a q u e l o q u e h a c e ; p e r o n o p u e -
de q u e r e r hacer otra cosa q u e lo q u e q u i e r e hacer; por t a n t o , n o puede
h a c e r o t r a c o s a q u e l o q u e h a c e . Así, p u e s , q u i e n d i c e q u e e l e f e c t o e s
?54 Del infinito: el universo y los mundos

finito, h a c e l a operación y l a p o t e n c i a finitas. Además, y v i e n e a ser l o

m i s m o : e l p r i m e r eficiente n op u e d e hacer s i n o l oq u e q u i e r e hacer-
n o quiere hacer sino lo q u e hace; por tanto, n o puede hacer sino lo que
hace. P o r tanto, q u i e n niega l a i n f i n i t u d del efecto, niega l a infinitud
de l a potencia.
FILOTEO — E s t o s silogismos, aunque n o son simples, son demos-
t r a t i v o s . S i n e m b a r g o , y o a l a b o q u e a l g u n o s d i g n o s teólogos n o l o s
a d m i t a n , p o r q u e considerando p r u d e n t e m e n t e saben que con esa ne-
cesidad los pueblos r u d o s e i g n o r a n t e s t e r m i n a n p o r n o p o d e r conce-
b i r c ó m o p u e d e d a r s e l a l i b e r t a d y l a d i g n i d a d y méritos d e j u s t i c i a ,
por lo cual, confiados o desesperados bajo u n destino seguro, resultan
n e c e s a r i a m e n t e malvadísimos. Así, e n o c a s i o n e s , a l g u n o s c o r r u p t o r e s
d e l e y e s , f e y religión, q u e r i e n d o p a r e c e r s a b i o s , h a n i n f e c t a d o m u -
c h o s p u e b l o s , convirtiéndolos e n más bárbaros y m a l v a d o s d e l o q u e
eran antes, despreciadores d e l a s b u e n a s o b r a s y confiadísimos a n t e
t o d o t i p o d e v i c i o s y fechorías, g r a c i a s a l a s c o n c l u s i o n e s q u e sacan
de s e m e j a n t e s p r e m i s a s . P o r eso, a n t e l o ssabios e l m o d o d e h a b l a r
contrario n oresulta t a n escandaloso y t a n d i f a m a n t e d e l a grandeza
y excelencia divinas c o m o pernicioso para la convivencia civil y con-
t r a r i o a l fin d e l a s l e y e s r e s u l t a e l m o d o d e h a b l a r v e r d a d e r o , n o p o r
ser v e r d a d e r o , s i n o p o r ser e n t e n d i d o m a l t a n t o p o r q u i e n e s m a l i c i o -
s a m e n t e l ot r a t a n c o m o p o r q u i e n e s n o s o n capaces d e e n t e n d e r l o sin
d e t r i m e n t o d e las c o s t u m b r e s .
FRACASTORO — E s v e r d a d . N o s e h a e n c o n t r a d o jamás filósofo,
docto y h o m b r e d ebien q u e bajo excusa o pretexto a l g u n o haya que-
r i d o e x t r a e r d e t a l proposición l a n e c e s i d a d d e l a s a c c i o n e s humanas
y d e s t r u i r l a l i b e r t a d . A s í , e n t r e o t r o s , Platón y Aristóteles a l a f i r m a r
la necesidad e i n m u t a b i l i d a d e n D i o s n oa f i r m a n m e n o s l a libertad
m o r a l y n u e s t r a c a p a c i d a d d e l i b r e elección, p o r q u e s a b e n m u y b i e n
y p u e d e n e n t e n d e r cómo s o n c o m p a t i b l e s e s t a n e c e s i d a d y esta l i -
bertad. S i n e m b a r g o , a l g u n o s d e los v e r d a d e r o s padres y pastores d e
p u e b l o s s u p r i m e n e s a m a n e r a d e h a b l a r y o t r a s p a r e c i d a s quizá p a r a
n o d a r ocasión a m a l v a d o s y s e d u c t o r e s , e n e m i g o s d e l a s o c i e d a d y
d e l b i e n común, d e e x t r a e r c o n c l u s i o n e s n o c i v a s a b u s a n d o d e l a s i m -
p l i c i d a d e i g n o r a n c i a d e q u i e n e s difícilmente p u e d e n comprender
l a v e r d a d y están p r o n t í s i m a m e n t e d i s p u e s t o s a l m a l . E l l o s n o s d i s -
culparán fácilmente s i u s a m o s l a s p r o p o s i c i o n e s v e r d a d e r a s , d e l a s
cuales n oq u e r e m o s i n f e r i r o t r a cosa q u e l a v e r d a d d e l a n a t u r a l e z a
y d e l a e x c e l e n c i a d e s u a u t o r , t a n t o más c u a n t o q u e n o l a s p r o p o -
n e m o s a l v u l g o , s i n o únicamente a s a b i o s q u e p u e d e n l l e g a r a c o m -
 Diálogo I 2
55

prender nuestras consideraciones. D e este p r i n c i p i o d e p e n d e q u e los

teólogos n o m e n o s d o c t o s q u e r e l i g i o s o s j a m á s h a n p u e s t o t r a b a s a
l a l i b e r t a d d e l o s filósofos y l o s filósofos v e r d a d e r o s , con conciencia
cívica y b u e n a s costumbres, han favorecido siempre las religiones,
p o r q u e t a n t o l o su n o s c o m o l o sotros saben que l a fe es necesaria
p a r a l a ordenación d e l o s p u e b l o s r u d o s q u e d e b e n s e r g o b e r n a d o s
y l a demostración p a r a l o s c o n t e m p l a t i v o s q u e s a b e n g o b e r n a r s e a sí
m i s m o s y a l o s demás.
ELPINO — C o m o declaración y t e s t i m o n i o y a está b i e n . Vuelve
ahora a nuestro asunto.
FILOTEO — P a r a pasar, pues, a i n f e r i r l o q u e q u e r e m o s , d i g o q u e si
e n e l p r i m e r e f i c i e n t e h a y u n a p o t e n c i a i n f i n i t a , h a y también u n a o p e -
ración d e l a c u a l d e p e n d e e l u n i v e r s o d e m a g n i t u d i n f i n i t a y m u n d o s
d e número i n f i n i t o .
ELPINO — L o q u e dices r e s u l t a m u y p e r s u a s i v o , si n o es y a l a v e r -
d a d m i s m a . P e r o e s o , q u e m e p a r e c e m u y verosímil, l o afirmaré c o m o
v e r d a d e r o s i m e p u e d e s l i b e r a r d e u n a r g u m e n t o importantísimo, p o r
e l c u a l Aristóteles s e v i o o b l i g a d o a n e g a r l a i n f i n i t u d d e l a p o t e n c i a
divina intensivamente, aunque la admitiera extensivamente. L a ra-
zón d e s u negación e r a q u e , a l s e r p o t e n c i a y a c t o u n a m i s m a c o s a e n
D i o s , p u d i e n d o p o r t a n t o m o v e r i n f i n i t a m e n t e movería i n f i n i t a m e n t e
c o n v i g o r i n f i n i t o . P e r o s i e s o f u e r a v e r d a d , e l c i e l o sería m o v i d o e n
u n i n s t a n t e , p o r q u e s i e l m o t o r más f u e r t e m u e v e más v e l o z m e n t e ,
e l fortísimo m u e v e velocísimamente y e l i n f i n i t a m e n t e f u e r t e mueve
i n s t a n t á n e a m e n t e . L a r a z ó n d e e s a a f i r m a c i ó n e r a q u e él m u e v e e l
p r i m e r móvil e t e r n a y r e g u l a r m e n t e , según l a razón y m e d i d a c o n l a
q u e m u e v e . V e s , p u e s , p o r qué razón l e a t r i b u y e i n f i n i t u d extensiva,
m a s n o i n f i n i t u d a b s o l u t a e i n t e n s i v a m e n t e también. P o r e s o quiero
c o n c l u i r q u e así c o m o s u i n f i n i t a p o t e n c i a m o t r i z está c o n t r a í d a a l
a c t o d e m o v i m i e n t o según u n a v e l o c i d a d finita, lamisma potencia
d e h a c e r e l u n i v e r s o i n f i n i t o y l o s m u n d o s i n n u m e r a b l e s está l i m i -
t a d a también p o r s u v o l u n t a d a l u n i v e r s o finito y a los m u n d o s nu-
m e r a b l e s . C a s i l a m i s m a c o s a p r e t e n d e n a l g u n o s teólogos, l o s cuales,
a d e m á s d e c o n c e d e r l a i n f i n i t u d e x t e n s i v a m e d i a n t e l a c u a l perpetúa
sucesivamente e l m o v i m i e n t o d e l u n i v e r s o , e x i g e n también l a i n f i n i -
tud intensiva mediante l a cual puede hacer m u n d o s innumerables,
m o v e r m u n d o s innumerables y m o v e r e nu n instante a cada u n o d e
ellos y a t o d o s a l avez. S i n e m b a r g o , h am o d e r a d o c o n s uv o l u n t a d l a
cantidad d elamultitud d em u n d o s innumerables, igual que la cuali-
d a d d e l m o v i m i e n t o intensísimo. P o r e s o , i g u a l q u e s a b e m o s q u e e s t e
26
5
Del infinito: el universo y los mundos

m o v i m i e n t o , p r o c e d e n t e c i e r t a m e n t e d e u n a p o t e n c i a i n f i n i t a , es n o
obstante finito, c o n l a m i s m a f a c i l i d a d p o d r e m o s c r e e r q u e e l número
de los cuerpos m u n d a n o s es l i m i t a d o .
FILOTEO — E l a r g u m e n t o e s e n v e r d a d d e m a y o r persuasión y a p a -
r i e n c i a q u e c u a l q u i e r o t r o . S o b r e él y a h e m o s d i c h o b a s t a n t e a propó-
s i t o d e e s a pretensión d e q u e l a v o l u n t a d d i v i n a r e g u l e , m o d i f i q u e y
l i m i t e l a p o t e n c i a d i v i n a . D e ahí s e s i g u e n i n n u m e r a b l e s i n c o n v e n i e n -
t e s , a l m e n o s según l a filosofía. D e j o d e l a d o l o s p r i n c i p i o s teológicos,
q u e s i n e m b a r g o n o admitirán q u e l a p o t e n c i a d i v i n a s e a m a y o r que
la v o l u n t a d o b o n d a d divinas y e n general q u e u n a t r i b u t o convenga
a l a d i v i n i d a d c o n m a y o r razón q u e o t r o .
ELPINO — E n t o n c e s , ¿por q u é h a b l a n , p u e s , d e e s a m a n e r a , s i n o
l o e n t i e n d e n así?
FILOTEO — P o r f a l t a d e t é r m i n o s y d e soluciones eficaces.
ELPINO — E n t o n c e s tú, q u e t i e n e s p r i n c i p i o s p r o p i o s c o n los q u e
a f i r m a s l ou n o — e s decir, q u e l a potencia d i v i n a es infinita intensiva
y e x t e n s i v a m e n t e , q u e e l acto n o es d i s t i n t o d e l a potencia y q u e por
eso el u n i v e r s o es i n f i n i t o y los m u n d o s i n n u m e r a b l e s — y n o niegas lo
o t r o , a saber: q u e d eh e c h o cada u n o de los astros u orbes, c o m o prefie-
r a s d e c i r , e s m o v i d o e n e l t i e m p o y n o d e f o r m a instantánea, m u e s t r a
c o n q u é t é r m i n o s y c o n q u é solución s a l v a s t u o p i n i ó n o q u i t a s d e
e n m e d i o las o p i n i o n e s d e l o s demás, m e d i a n t e las c u a l e s e s t i m a n e n
conclusión l o c o n t r a r i o d e l o q u e p i e n s a s tú.
FILOTEO — P a r a solucionar lo que buscas debes advertir, e n p r i m e r
l u g a r , q u e s i e n d o e l u n i v e r s o i n f i n i t o e inmóvil n o e s p r e c i s o b u s c a r s u
m o t o r ; e ns e g u n d o lugar, q u e — s i e n d o infinitos los m u n d o s c o n t e n i -
d o s e n él, c o m o s o n l a s t i e r r a s , l o s f u e g o s y o t r a s e s p e c i e s d e c u e r p o s
l l a m a d o s a s t r o s — todos se m u e v e n e nv i r t u d d e s up r i n c i p i o i n t e r n o
q u e es l a p r o p i a a l m a , c o m o h e m o s d e m o s t r a d o e no t r o lugar, y por
e s o e s inútil a n d a r b u s c a n d o s u m o t o r e x t e r n o . D e b e s a d v e r t i r , e n t e r -
c e r l u g a r , q u e e s t o s c u e r p o s m u n d a n o s n o s e m u e v e n e n l a región
etérea m á s fijos o c l a v a d o s e n c u e r p o a l g u n o d e l o q u e está fija esta
tierra, q u e es u n o d e ellos y c o n respecto a l a cual d e m o s t r a m o s que
gira e nt o r n o a lp r o p i o c e n t r o d e varias m a n e r a s y e nt o r n o a l Sol e n
v i r t u d d e s u i n s t i n t o a n i m a l i n t e r n o . A n t e p u e s t a s estas advertencias
según n u e s t r o s p r i n c i p i o s , n o e s t a m o s o b l i g a d o s a d e m o s t r a r movi-
m i e n t o activo n i pasivo d evirtud infinita intensivamente, puesto que
e l móvil y e l m o t o r s o n i n f i n i t o s y e l a l m a m o t r i z y e l c u e r p o movido
concurren e nu n sujeto finito, es decir, e ncada u n o d e dichos astros
m u n d a n o s . D e m a n e r a q u e e l p r i m e r p r i n c i p i o n o es l oq u e mueve,
 Diálogo I 2
57

s i n o q u e— q u i e t o e inmóvil— d a e lp o d e r m o v e r s e a i n f i n i t o s e i n n u -
m e r a b l e s m u n d o s , g r a n d e s y pequeños a n i m a l e s c o l o c a d o s e n l a a m -
plísima región d e l u n i v e r s o , c a d a u n o d e l o s c u a l e s t i e n e u n a f u e n t e
de m o v i l i d a d , m o t r i c i d a d y otros accidentes s e g ú n l a condición d e l a
propia virtud.
ELPINO — E s t á s m u y bien fortificado, pero n o p o r eso deshaces
l a máquina d e l a s o p i n i o n e s c o n t r a r i a s , l a s c u a l e s t i e n e n t o d a s como
presupuesto a c r e d i t a d o q u e e l Óptimo Máximo m u e v e e l t o d o . T ú
dices q u ed ae l m o v e r s e a l t o d o q u ese m u e v e y p o re s o e l m o v i m i e n t o
a c o n t e c e según l a v i r t u d o f u e r z a d e l m o t o r próximo. C i e r t o , e n c o m -
paración c o n l a s d e f i n i c i o n e s v u l g a r e s e s t a m a n e r a t u y a d e h a b l a r m e
p a r e c e b a s t a n t e más r a z o n a b l e q u e i n c o n v e n i e n t e ; s i n e m b a r g o — e n
cuanto a l oq u e sueles decir sobre e la l m a d e l m u n d o y sobre l a esen-
c i a d i v i n a , q u e está t o d a e n t o d o , l l e n a t o d o y e s m á s intrínseca a l a s
c o s a s q u e l a mismísima e s e n c i a d e e l l a s , p u e s t o q u e e s l a e s e n c i a d e
las e s e n c i a s , v i d a d e l a s v i d a s , a l m a d e l a s a l m a s — , n o p o re s o m e p a -
r e c e q u e p o d a m o s d e c i r q u e él m u e v e e l t o d o m e n o s q u e d a a l t o d o e l
m o v e r s e , p o r l o c u a l l a d u d a y a e x p r e s a d a p a r e c e e s t a r todavía e n p i e .
FILOTEO — T a m b i é n e n e s t o p u e d o d a r t e satisfacción fácilmente.
D i g o , p u e s , q u e e n l a s c o s a s h a y q u e t e n e r e n c u e n t a , s i así l o q u i e r e s ,
dos principios activos d em o v i m i e n t o : el u n o finito según l a condición
del sujeto finito, y este p r i n c i p i o m u e v e e ne l t i e m p o ; e l o t r o i n f i n i t o
e n v i r t u d d e l a l m a d e l m u n d o o b i e n d e l a d i v i n i d a d , q u e es c o m o
e l a l m a d e l a l m a , l a c u a l está t o d a e n t o d o y h a c e q u e e l a l m a esté
t o d a e n t o d o ; y e s t e p r i n c i p i o m u e v e instantáneamente. L a T i e r r a
tiene, p o r tanto, d o sm o v i m i e n t o s . D e l a m i s m a m a n e r a todos l o s
cuerpos q u ese m u e v e n tienen dosprincipios de m o v i m i e n t o , de
los cuales e l p r i n c i p i o i n f i n i t o es e l q u e e n u n solo i n s t a n t e mueve
y h a m o v i d o , p o r l o q u e según e l l o e l c u e r p o móvil n o e s m e n o s e s -
tabilísimo q u e m ó v i l í s i m o . P u e d e s v e r l o p o r l a p r e s e n t e figura, q u e
quiero represente l a T i e r r a , l a c u a l e s m o v i d a instantáneamente e n
cuanto q u e tiene u n m o t o r d e fuerza o virtud infinita. L a Tierra, a l
moverse c o n el centro d e A a E y al volver de E a A y producirse
e s o e n u n i n s t a n t e , está s i m u l t á n e a m e n t e e n A , e n E y e n t o d o s l o s
lugares i n t e r m e d i o s . P o r e s o e n u n solo i n s t a n t e se v a y h a v u e l t o ; y
c o m o e s t o e s s i e m p r e así, o c u r r e q u e está s i e m p r e i n m ó v i l í s i m a . D e
la m i s m a m a n e r a e n l o q u e se refiere a s u m o v i m i e n t o e n t o r n o a l
c e n t r o , d o n d e está s u o r i e n t e I , e l m e d i o d í a V , e l o c c i d e n t e K , l a m e -
d i a n o c h e O . C a d a u n o d e estos p u n t o s g i r a e n v i r t u d d e u n i m p u l s o
infinito y p o r eso cada u n o d e ellos se v a y h a v u e l t o e n u n instante.
258 Del infinita: el universo y los mundos

E n consecuencia, c a d a u n o d e e s o s p u n t o s está s i e m p r e fijo y donde

e s t a b a , d e s u e r t e q u e , e n conclusión, e l q u e e s t o s c u e r p o s s e a n movi-
d o s p o r u n a f u e r z a i n f i n i t a es l o m i s m o q u e e l n o ser m o v i d o s , p u e s t o
q u e m o v e r e n u n i n s t a n t e y n o m o v e r e s u n a s o l a e idéntica c o s a . Q u e -
d a , p o r t a n t o , e l o t r o p r i n c i p i o a c t i v o d e m o v i m i e n t o , q u e actúa p o r
v i r t u d o f u e r z a intrínseca y p o r c o n s i g u i e n t e s e d a e n e l t i e m p o y c o n
u n a c i e r t a sucesión; y e s t e m o v i m i e n t o e s d i s t i n t o d e l r e p o s o . H e ahí,
p u e s , cómo p o d e m o s d e c i r q u e D i o s m u e v e e l t o d o y cómo debemos
e n t e n d e r q u e d a e l m o v e r s e a lt o d o q u e se m u e v e .
ELPINO — A h o r a que tan s u b l i m e y eficazmente m e has quitado
y resuelto esad i f i c u l t a d , m es o m e t o e n t e r a m e n t e a t u j u i c i o y espero
seguir recibiendo siempre d e ti parejas aclaraciones. E nefecto, a u n -
que hasta ahora haya tenido poco trato y contacto contigo, he recibido
sin e m b a r g o y a p r e n d i d o b a s t a n t e y e s p e r o muchísimas más c o s a s ,
p o r q u e , a u n q u e n o v e o t u ánimo p o r e n t e r o , d e l r a y o q u e difunde
v i s l u m b r o q u e d e n t r o s e e n c i e r r a o u n s o l o u n a l u m i n a r i a aún m a y o r .
Y d e hoy e n adelante (no con la esperanza d e vencer t u capacidad,
 Diálogo I 2
59

s i n o c o n e l propósito d e d a r ocasión a t u s e l u c i d a c i o n e s ) volveré a p r e -

g u n t a r t e , s i t ed i g n a s r e u n i r t e c o n m i g o e n este l u g a r a l a m i s m a hora
d u r a n t e t a n t o s días c o m o s e a n s u f i c i e n t e s p a r a oír y e n t e n d e r todo
aquello q u e tranquilice m i mente p o r entero.
FILOTEO — A s í l o h a r é .
FRACASTORO — S e r á s r e c i b i d o consumo agrado y te escucharemos
c o n t o d a n u e s t r a atención.
BURQUIO — Y y o , a u n q u e m i e n t e n d i m i e n t o sea escaso, si n o e n -
t i e n d o l a s i d e a s , e s c u c h a r é l a s p a l a b r a s ; s i n o e s c u c h o l a s p a l a b r a s , oiré
la v o z . Adiós.

COPIA CON FINES

EDUCATIVOS
C. D . A .
 D I Á L O G O S E G U N D O

FILOTEO — P u e s t o q u e e l p r i m e r p r i n c i p i o e s s i m p l i c í s i m o , s i f u e r a fi-
n i t o s e g ú n u n a t r i b u t o , sería finito según t o d o s l o s a t r i b u t o s ; o b i e n , s i
fuera finito s e g ú n u n a c i e r t a r a z ó n intrínseca e i n f i n i t o s e g ú n o t r a , s e
e n t e n d e r í a n e c e s a r i a m e n t e q u e e n él h a y c o m p o s i c i ó n . P o r t a n t o , s i él
es r e a l i z a d o r d e l u n i v e r s o , e s c i e r t a m e n t e r e a l i z a d o r i n f i n i t o y a t i e n d e
a u nefecto infinito; digo efecto e n c u a n t o que t o d o depende d e él.
A d e m á s , así c o m o n u e s t r a i m a g i n a c i ó n e s c a p a z d e a v a n z a r infinita-
m e n t e , i m a g i n a n d o s i e m p r e u n a extensión m á s allá d e l a extensión
y u n n ú m e r o m á s allá d e l n ú m e r o , según u n a d e t e r m i n a d a sucesión y
— c o m o suele d e c i r s e — e n potencia, d e b e m o s entender igualmente
q u e D i o s e n t i e n d e e n a c t o u n a dimensión i n f i n i t a y u n número i n f i n i -
to. Y d eeste e n t e n d e r sesigue l ap o s i b i l i d a d j u n t o c o n l a c o n v e n i e n c i a
y o p o r t u n i d a d q u e d e c i m o s e x i s t e , p u e s así c o m o l a p o t e n c i a a c t i v a e s
i n f i n i t a , también e s i n f i n i t o p o r c o n s e c u e n c i a n e c e s a r i a e l o b j e t o d e e s a
potencia, puesto que — c o m o y a hemos demostrado e notras ocasio-
n e s — el p o d e r hacer e x i g e el p o d e r ser h e c h o , l o q u e d i m e n s i o n a e x i -
ge l o d i m e n s i o n a b l e , e l d i m e n s i o n a n t e e x i g e l o d i m e n s i o n a d o . Añade
a e s t o q u e así c o m o e n l a r e a l i d a d h a y c u e r p o s d e e x t e n s i ó n finita,
e l i n t e l e c t o p r i m e r o e n t i e n d e también e l c u e r p o y l a extensión. S i l o
e n t i e n d e , l oe n t i e n d e i g u a l m e n t e i n f i n i t o ; s i l o e n t i e n d e i n f i n i t o y e l
cuerpo es e n t e n d i d o infinito, necesariamente tal especie inteligible
existe y por haber sido p r o d u c i d a por u n intelecto tal c o m o esel divi-
n o , e s realísima y h a s t a t a l p u n t o r e a l q u e e x i s t e más necesariamente
q u e l o q u e está a c t u a l m e n t e d e l a n t e d e n u e s t r o s o j o s .
E n t o n c e s , si l o e x a m i n a s b i e n , o c u r r e q u e al i g u a l q u e e x i s t e e n v e r -
d a d u n i n f i n i t o i n d i v i s i b l e y simplicísimo, e x i s t e también u n amplísi-
m o i n f i n i t o d i m e n s i o n a l q u e está e n a q u é l y e n e l c u a l está a q u é l , d e
l a m i s m a m a n e r a q u e a q u é l está e n e l t o d o y e l t o d o está e n a q u é l .

261
2Ó2 Del infinito: el universo y los mundos

Además, s i v e m o s q u e u n c u e r p o t i e n e c a p a c i d a d d e crecer hasta e l

i n f i n i t o e n c u a n t o a su c u a l i d a d c o r p o r a l , c o m o sev ee n el fuego, el cual
(según t o d o s a d m i t e n ) crecería h a s t a e l i n f i n i t o s i s e l e a p r o x i m a r a m a -
t e r i a y a l i m e n t o , ¿por qué razón e l f u e g o , q u e p u e d e s e r i n f i n i t o y p o r
c o n s i g u i e n t e p u e d e s e rh e c h o i n f i n i t o , n op u e d e s e ri n f i n i t o e n acto?
N o sé e n v e r d a d c ó m o p o d e m o s i m a g i n a r n o s q u e e n l a m a t e r i a e x i s t e
a l g o e n p o t e n c i a p a s i v a q u e n o esté e n p o t e n c i a a c t i v a e n e l e f i c i e n t e
y, p o r c o n s i g u i e n t e e n a c t o , s i e n d o i n c l u s o e l m i s m o a c t o . E n v e r d a d ,
d e c i r q u e e l i n f i n i t o e x i s t e e n p o t e n c i a y e n u n a c i e r t a sucesión y n o e n
acto trae consigo necesariamente que l a potencia activa pueda poner
el i n f i n i t o e n a c t o sucesivo y n o e n a c t o p e r f e c t o , p o r q u e e l i n f i n i t o
n o p u e d e s e r p e r f e c t o . D e e l l o s e seguiría, además, q u e l a c a u s a p r i -
m e r a n o tiene potencia activa simple, absoluta y una, sino u n a poten-
cia activa a l a q u e c o r r e s p o n d e l a posibilidad infinita sucesiva y otra
a la que corresponde l a p o s i b i l i d a d idéntica a l a c t o . D e j o a u n l a d o
que, siendo el m u n d o limitado y n ohabiendo forma d e imaginarse
cómo u n a c o s a corpórea p u e d a q u e d a r l i m i t a d a c i r c u n f e r e n c i a l m e n t e
p o r u n a c o s a i n c o r p ó r e a , e s t e m u n d o estaría e n p o t e n c i a y capacidad
d e d e s v a n e c e r s e y a n i q u i l a r s e , y a q u e ( p o r l oq u e s a b e m o s ) t o d o s los
c u e r p o s s o n d i s o l u b l e s . D e j o a u n l a d o , d i g o , q u e n o habría razón q u e
i m p i d i e r a q u e e n algún m o m e n t o e l vacío i n f i n i t o — a u n q u e n o se
le p u e d a a t r i b u i r p o t e n c i a a c t i v a — a b s o r b i e r a este m u n d o c o m o una
n a d a . D e j o a u n l a d o q u e e l l u g a r , e s p a c i o y vacío t i e n e s e m e j a n z a con
l a m a t e r i a , s i n o e s y a l a m a t e r i a m i s m a , c o m o quizá n o s i n m o t i v o
p a r e c e a v e c e s q u e p r e t e n d e n Platón y t o d o s a q u e l l o s q u e d e f i n e n e l
lugar c o m o u n cierto espacio. A h o r a , si la materia tiene s u apetito,
el c u a l n od e b e darse e n v a n o , p o r q u e t a l a p e t i t o es d e l a n a t u r a l e z a
y procede del o r d e n d e l an a t u r a l e z a p r i m e r a , es preciso q u e e l lugar,
e l e s p a c i o , e l vacío, t e n g a n d i c h o a p e t i t o . D e j o a u n l a d o q u e , como
se h a señalado c o n a n t e r i o r i d a d , n i n g u n o d e l o s q u e p r o c l a m a n que
e l m u n d o e s l i m i t a d o está e n c o n d i c i o n e s — d e s p u é s d e h a b e r a f i r m a -
d o e l l í m i t e — d e i m a g i n a r s e d e a l g u n a m a n e r a c ó m o e s e s e límite;
e i n c l u s o a l g u n o d e e l l o s , a l t i e m p o q u e n i e g a e l vacío e i n a n e c o n s u s
e n u n c i a d o s y p a l a b r a s , l o a f i r m a después n e c e s a r i a m e n t e d e h e c h o y
e n l a práctica. S i e l v a c í o e i n a n e e x i s t e , e s s i n d u d a c a p a z d e r e c i b i r
y esto n o se puede negar d e n i n g u n a m a n e r a , d a d o q u e p o r l a m i s m a
r a z ó n p o r l a q u e s e e s t i m a i m p o s i b l e q u e e n e l e s p a c i o e n q u e está e s t e
m u n d o esté c o n t e n i d o t a m b i é n o t r o m u n d o , s e d e b e p r o c l a m a r p o s i -
ble q u e p u e d a estar c o n t e n i d o e ne l espacio d e a f u e r a d e este m u n d o
o e n a q u e l l a n a d a , s i así q u i e r e l l a m a r Aristóteles a l o q u e n o q u i e r e
 Diálogo II 263

l l a m a r v a c í o . L a r a z ó n p o r l a q u e él d i c e q u e d o s c u e r p o s n o p u e d e n
estar e ne l m i s m o l u g a r es l a i n c o m p a t i b i l i d a d d e las d i m e n s i o n e s d e
u n o y d e o t r o ; r e s t a , p u e s , d a n d o satisfacción a d i c h a r a z ó n , q u e d o n -
d e n o están l a s d i m e n s i o n e s d e l u n o p u e d a n e s t a r l a s d i m e n s i o n e s d e l
otro. S iexiste esta p o t e n c i a , e n t o n c e s el espacio es e n c i e r t o m o d o m a -
teria; si es m a t e r i a , t i e n e c a p a c i d a d ; si t i e n e c a p a c i d a d , ¿por qué razón
debemos negarle e l acto?
ELPINO — M u y bien. Pero, por favor, pasa a otro asunto; hazme
s a b e r qué d i f e r e n c i a e s t a b l e c e s e n t r e e l m u n d o y e l u n i v e r s o .
FILOTEO — L a diferencia es m u y conocida fuera de la escuela p e r i -
patética. L o s e s t o i c o s d i s t i n g u e n e n t r e e l m u n d o y e l u n i v e r s o , p o r q u e
e l m u n d o e s t o d o l o q u e está l l e n o y c o n s t a d e c u e r p o sólido; e l u n i -
v e r s o e s n o s o l a m e n t e e l m u n d o , s i n o además e l vacío, i n a n e y e s p a c i o
exterior a l m u n d o ; p o r eso dicen q u e e l m u n d o es finito, pero el uni-
verso infinito. S i m i l a r m e n t e , E p i c u r o llama a l todo y universo una
m e z c l a d ec u e r p o s y d e i n a n e y dice q u e l an a t u r a l e z a d e l m u n d o , q u e
es i n f i n i t o , c o n s i s t e e n e s t o : e n l a c a p a c i d a d d e l i n a n e y d e l vacío y a d e -
m á s e n l a m u l t i t u d d e c u e r p o s q u e h a y e n él. N o s o t r o s n o a f i r m a m o s
u n vacío c o m o a q u e l l o q u e e s s e n c i l l a m e n t e n a d a , s i n o e n e l s e n t i d o
de q u e t o d o a q u e l l o q u e n oes c u e r p o q u e ante los sentidos ofrezca
r e s i s t e n c i a s u e l e s e r l l a m a d o , s i t i e n e d i m e n s i o n e s , vacío, p u e s t o que
p o r l o general los sentidos n o t o m a n noticia d e l a existencia d e u n
c u e r p o más q u e p o r l a p r o p i e d a d d e o f r e c e r r e s i s t e n c i a ; p o r e s o s e d i c e
q u e igual q u e n o es carne l o q u e n o es v u l n e r a b l e , t a m p o c o es c u e r p o
l o q u e n o o f r e c e r e s i s t e n c i a . D e c i m o s así q u e e x i s t e u n i n f i n i t o , e s d e -
c i r , u n a i n m e n s a región etérea, e n l a q u e h a y i n n u m e r a b l e s e i n f i n i t o s
cuerpos c o m o l aT i e r r a , l a L u n a y e lS o l , a los cuales l l a m a m o s mun-
d o s c o m p u e s t o s d e l l e n o y d e v a c í o , p o r q u e e s t e espíritu, e s t e a i r e , e s t e
éter, n o s o l a m e n t e e x i s t e a l r e d e d o r d e e s t o s c u e r p o s , s i n o q u e penetra
t a m b i é n d e n t r o d e t o d o s e l l o s y r e s u l t a ínsito a t o d a c o s a . D e c i m o s t a m -
bién « v a c í o » e n e l m i s m o s e n t i d o c o n q u e a l a p r e g u n t a q u e inqui-
r i e r a d ó n d e está e l éter i n f i n i t o y l o s m u n d o s , r e s p o n d e r í a m o s : e n u n
e s p a c i o i n f i n i t o , e n u n c i e r t o s e n o e n e l c u a l está y s e e x t i e n d e e l t o d o
y e lcual n o se p u e d e e n t e n d e r n i estar e n o t r o sitio.
A h o r a b i e n , Aristóteles, t o m a n d o c o n f u s a m e n t e e l vacío según e s -
t o s d o s s i g n i f i c a d o s y u n t e r c e r o q u e él s e i m a g i n a y n i él m i s m o s a b e
n o m b r a r n i d e f i n i r , s e p o n e a d i s c u t i r p a r a e l i m i n a r e l vacío y p i e n s a
que con esem o d o d e a r g u m e n t a r destruye c o m p l e t a m e n t e todas las
o p i n i o n e s s o b r e e l vacío. S i n e m b a r g o , n o l a s t o c a m á s q u e l o haría
a l g u i e n si, p o r haber e l i m i n a d o e l n o m b r e d e a l g u n a cosa, pensara
264 Del infinito: el universo y los mundos

haber e l i m i n a d o l a cosa m i s m a ; p o r q u e destruye — e n e l caso d e que

l o d e s t r u y a — e l vacío e n t e n d i d o c o m o q u i z á n o h a s i d o entendido
p o r n a d i e , y a q u e l o s a n t i g u o s y n o s o t r o s e n t e n d e m o s e l vacío c o m o
aquello e n l oque puede haber u ncuerpo y que puede contener al-
g u n a c o s a y e n d o n d e están l o s á t o m o s y l o s c u e r p o s , m i e n t r a s q u e él
d e f i n e ú n i c a m e n t e e l vacío c o m o a q u e l l o q u e e s n a d a , e n d o n d e n o
h a y n a d a y n o p u e d e h a b e r n a d a . P o r e s o , e n t e n d i e n d o e l vacío según
u n s i g n i f i c a d o p o r e l c u a l n a d i e l o h a e n t e n d i d o jamás, v i e n e a h a c e r
c a s t i l l o s e n e l a i r e y a d e s t r u i r s u vacío y n o e l d e t o d o s a q u e l l o s o t r o s
q u e h a n h a b l a d o d e vacío y s e h a n s e r v i d o d e e s t a p a l a b r a «vacío». N o
se c o m p o r t a d e o t r a m a n e r a e s t e s o f i s t a e n t o d a s l a s demás c u e s t i o n e s ,
c o m o e l m o v i m i e n t o , e l i n f i n i t o , l a m a t e r i a , l a f o r m a , l a demostración,
e l e n t e , d o n d e s i e m p r e c o n s t r u y e s o b r e l a f e d e s u p r o p i a definición y
de l a p a l a b r a t o m a d a e nu n n u e v o significado. P o r eso, t o d o el q u e n o
está c o m p l e t a m e n t e p r i v a d o d e j u i c i o p u e d e d a r s e c u e n t a fácilmente
d e h a s t a qué p u n t o e s s u p e r f i c i a l e s t e h o m b r e e n l a consideración d e l a
n a t u r a l e z a d e l a s c o s a s y h a s t a q u é p u n t o está a p e g a d o a s u s s u p o s i c i o -
n e s , n i a d m i t i d a s n i d i g n a s d e s e r l o , p u e s s o n más v a n a s e n s u filosofía
n a t u r a l d e l o q u e j a m á s s e p u e d a i m a g i n a r e n l a m a t e m á t i c a . Y fíjate
si s e glorió y s e mostró s a t i s f e c h o d e e s t a v a n i d a d , q u e e n l o r e l a t i v o
a l a consideración d e l a s c o s a s n a t u r a l e s a n h e l a t a n t o s e r e s t i m a d o
r a z o n a d o r o , p o r así d e c i r , lógico, q u e a l o s q u e h a n s i d o m á s solícitos
d e l a n a t u r a l e z a , r e a l i d a d y v e r d a d , l o s l l a m a a m o d o d e i n s u l t o «físi-
c o s » . P u e s b i e n , p a r a v e n i r a l o n u e s t r o , d a d o q u e e n s u l i b r o Sobre el
vacío' 3
n odice n a d a , n i d i r e c t a n i i n d i r e c t a m e n t e , q u e p u e d a luchar
d i g n a m e n t e c o n t r a n u e s t r a c o n c e p c i ó n , l o d e j a m o s e s t a r así, r e m i -
tiéndolo q u i z á s a u n a ocasión e n l a q u e d i s p o n g a m o s d e m á s t i e m p o .
P o r tanto, E l p i n o , si t e parece bien, f o r m a y ordena lasrazones por
las q u e e l c u e r p o i n f i n i t o n o es a c e p t a d o p o r n u e s t r o s a d v e r s a r i o s y a
continuación a q u e l l a s p o r l a s q u e n o p u e d e n c o m p r e n d e r q u e e x i s t a n
mundos innumerables.
E L P I N O — A s í l o h a r é . Y o referiré l a s o p i n i o n e s d e Aristóteles p o r
o r d e n y tú dirás s o b r e e l l a s l o q u e s e t e o c u r r a . « H a y q u e examinar
— d i c e é l ' — si e x i s t e u n c u e r p o i n f i n i t o , c o m o d i c e n a l g u n o s
4
filósofos
a n t i g u o s , o b i e n e s o e s a l g o imposible»; y l u e g o h a y q u e v e r s i e x i s t e
u n o o b i e n u n a p l u r a l i d a d d e m u n d o s . « L a solución d e e s t a s c u e s -
t i o n e s e s importantísima p o r q u e t a n t o l a u n a c o m o l a o t r a p a r t e d e

1 1
Física, iv, 6 - 9 .
1 4
Acerca del cielo, 1, 5, 271D2-4 y 4-17.
 Diálogo I I 265

l a contradicción s o n d e t a n t o a l c a n c e q u e c o n s t i t u y e n e l p r i n c i p i o d e
Jos f o r m a s d e filosofar m u y diferentes, igual que vemos (por poner
u n ejemplo) que por e l p r i m e r error d e aquellos que h a n afirmado
l a s partículas i n d i v i s i b l e s s e h a c e r r a d o e l c a m i n o d e t a l m a n e r a que
se e q u i v o c a n e n g r a n p a r t e d e l a m a t e m á t i c a . R e s o l v e r e m o s , p u e s , u n
a s u n t o d e g r a n i m p o r t a n c i a p a r a las d i f i c u l t a d e s p a s a d a s , p r e s e n t e s y
f u t u r a s p o r q u e , a u n q u e e n e l p r i n c i p i o s e c o m e t a u n e r r o r pequeño,
viene a resultar diez m i l veces m a y o r c o n f o r m e se a v a n z a , igual q u e
s u c e d e análogamente e n e l e r r o r q u e s e c o m e t e a l p r i n c i p i o d e u n
c a m i n o , e l c u a l v a a u m e n t a n d o y c r e c i e n d o t a n t o más c u a n t o más s e
v a a v a n z a n d o y distanciándose d e l p r i n c i p i o , d e f o r m a q u e a l final
se l l e g a a u n p u n t o c o n t r a r i o a l p r o p u e s t o i n i c i a l m e n t e . Y l a r a z ó n d e
e l l o e s q u e l o s p r i n c i p i o s s o n pequeños d e tamaño, p e r o e n o r m e s e n s u
e f i c a c i a . Ésta e s l a razón p a r a r e s o l v e r e s t a duda.»
FILOTEO — T o d o lo q u e dice es m u y necesario y n o m e n o s digno
d e s e r d i c h o p o r él q u e p o r l o s d e m á s , y a q u e d e l m i s m o m o d o q u e él
cree q u e los adversarios h a n i n c u r r i d o e ng r a n d e s errores p o r haber
e n t e n d i d o m a l e s t e p r i n c i p i o , también n o s o t r o s a l a i n v e r s a creemos
y v e m o s abiertamente q u e por haber a f i r m a d o el principio c o n t r a r i o a
éste él h a p e r v e r t i d o t o d a l a filosofía n a t u r a l .
ELPINO — A r i s t ó t e l e s continúa: « E s p r e c i s o , p u e s , q u e v e a m o s s i
es p o s i b l e q u e e x i s t a u n c u e r p o s i m p l e d e m a g n i t u d i n f i n i t a , l o c u a l
debe ser m o s t r a d o i m p o s i b l e e n p r i m e r l u g a r e n a q u e l p r i m e r c u e r p o
q u e s e m u e v e e n círculo; a continuación e n l o s d e m á s c u e r p o s , porque
siendo todo cuerpo o simple o compuesto, e lcompuesto sigue l a dis-
posición d e l s i m p l e . P o r t a n t o , s i l o s c u e r p o s s i m p l e s n o s o n i n f i n i t o s
n i e n número n i e n m a g n i t u d , t a m p o c o podrá e x i s t i r , n e c e s a r i a m e n t e ,
u n c u e r p o c o m p u e s t o infinito».' 5

FILOTEO — P r o m e t e m u c h o , porque si demuestra que el cuerpo

llamado continente y p r i m e r o es d everdad continente, primero y
finito, será t a m b i é n s u p e r f l u o y v a n o d e m o s t r a r l o p a r a l o s c u e r p o s
contenidos.
ELPINO — D e m u e s t r a a h o r a q u e e l c u e r p o r e d o n d o n o es i n f i n i -
t o . « S i e l c u e r p o r e d o n d o e s i n f i n i t o , l a s líneas q u e p a r t e n d e l c e n t r o
serán i n f i n i t a s y l a d i s t a n c i a q u e s e p a r a u n r a d i o d e o t r o ( l o s c u a l e s
a d q u i e r e n u n a d i s t a n c i a t a n t o m a y o r c u a n t o más s e a l e j a n d e l c e n t r o )
será i n f i n i t a , p o r q u e d e l i n c r e m e n t o d e l a s líneas según l a l o n g i t u d s e
sigue necesariamente u n a d i s t a n c i a m a y o r ; p o r e s o , s i l a s líneas s o n

"5
Ibid. 1, 5, 271D24-28 y 18-22 (en reproducción libre).
y
266 Del infinito: el universo y los mundos

i n f i n i t a s , l a d i s t a n c i a será t a m b i é n i n f i n i t a . A h o r a b i e n , e s i m p o s i b l e
q u e e l móvil p u e d a r e c o r r e r u n a d i s t a n c i a i n f i n i t a y e n e l m o v i m i e n t o
c i r c u l a r e s n e c e s a r i o q u e u n r a d i o d e l móvil a l c a n c e e l l u g a r d e o t r o y
o t r o r a d i o sucesivamente.»' 6

FILOTEO — E s t e a r g u m e n t o es b u e n o , pero n o viene a c u e n t o con-

t r a l a concepción d e l o s a d v e r s a r i o s , p o r q u e jamás h a h a b i d o nadie
tan r u d o n i t a n corto d eingenio q u e haya a f i r m a d o el m u n d o infinito
y u n a m a g n i t u d infinita y l ahaya declarado móvil. M u e s t r a además
h a b e r s e o l v i d a d o d e l o q u e e x p o n e e n s u Física, e s t o e s , q u e l o s que
h a n a f i r m a d o u n único e n t e y u n p r i n c i p i o i n f i n i t o l o h a n afirmado
t a m b i é n i n m ó v i l ; y n i él n i n i n g ú n o t r o p o r él p o d r á n o m b r a r j a m á s
a a l g ú n filósofo o b i e n h o m b r e o r d i n a r i o q u e h a y a d i c h o q u e u n a m a g -
n i t u d i n f i n i t a e s m ó v i l . P e r o él, c o m o s o f i s t a q u e e s , t o m a u n a parte
d e s u a r g u m e n t a c i ó n d e l a conclusión d e l a d v e r s a r i o , s u p o n i e n d o s u
p r o p i o p r i n c i p i o d e q u e e l u n i v e r s o e s móvil e i n c l u s o q u e s e m u e v e
y tiene una figura esférica. M i r a , p u e s , s i d e c u a n t a s r a z o n e s aduce
e s t e m e n d i g o h a y a l m e n o s u n a q u e a r g u m e n t e c o n t r a l a concepción
de los q u e establecen u n i n f i n i t o , inmóvil, s i n figura y espaciosísimo
receptáculo d e i n n u m e r a b l e s móviles q u e s o n l o s m u n d o s , llamados
p o r u n o s astros y p o r o t r o s esferas; m i r a u n poco e n este y otros a r g u -
m e n t o s sim a n e j a supuestos admitidos por alguno.
ELPINO — C i e r t o , l o s seis a r g u m e n t o s se b a s a n e n ese s u p u e s t o , e s t o
es, q u e e l a d v e r s a r i o d i g a q u e e l u n i v e r s o e s i n f i n i t o y q u e l e a d m i t a
q u e e s e i n f i n i t o e s m ó v i l , l o c u a l e s c i e r t a m e n t e u n a tontería, i n c l u s o
u n a b s u r d o , a n o ser q u e q u e r a m o s acaso h a c e r c o i n c i d i r e n u n m i s m o
sujeto e lm o v i m i e n t o infinito y e lreposo infinito, tal c o m o m e hiciste
a y e r m a n i f i e s t o a propósito d e l o s m u n d o s particulares.
FILOTEO — N o q u i e r o d e c i r t a l c o s a a propósito d e l u n i v e r s o , a l
c u a l p o r n i n g u n a r a z ó n s e l e d e b e a t r i b u i r e l m o v i m i e n t o , y a q u e éste
n o p u e d e n i d e b e c o n v e n i r n i e x i g i r s e a l i n f i n i t o ; y jamás, c o m o s e h a
d i c h o , h u b o q u i e n l o i m a g i n a s e , p e r o e s t e filósofo e d i f i c a t a l e s c a s t i l l o s
e n e l a i r e c o m o q u i e n t i e n e carestía d e t e r r e n o .
ELPINO — M e gustaría, d e v e r d a d , e n c o n t r a r u n a r g u m e n t o que
i m p u g n a r a l o q u e dices, p o r q u e las o t r a s c i n c o r a z o n e s q u e a d u c e este
filósofo v a n todas p o r e l m i s m o c a m i n o y d i s c u r r e n c o n los mismos
pies. P o r eso m e parece s u p e r f l u o presentarlas. A h o r a , tras h a b e r ela-
b o r a d o estas, q u e v e r s a n sobre e l m o v i m i e n t o c i r c u l a r del mundo,
p a s a a p r o p o n e r l a s q u e s e b a s a n e n e l m o v i m i e n t o rectilíneo y d i c e

' 6
Ibid., i , 5, 271D28-272CI7 (en reproducción libre).
 Diálogo 11 267

i g u a l m e n t e «que e s i m p o s i b l e q u e a l g o s e m u e v a c o n m o v i m i e n t o i n -
finito h a c i a e l c e n t r o o h a c i a a b a j o , además d e h a c i a a r r i b a d e s d e e l
centro».' Y l o p r u e b a e n p r i m e r l u g a r a p a r t i r d e l o s m o v i m i e n t o s
7

p r o p i o s d e t a l e s c u e r p o s , t a n t o a propósito d e l o s c u e r p o s extremos
c o m o a propósito d e l o s i n t e r m e d i o s . « E l m o v i m i e n t o h a c i a arriba
.—dice— 1 8
y e l m o v i m i e n t o hacia abajo son contrarios y e l lugar del
u n o e s c o n t r a r i o a l l u g a r d e l o t r o . D e l o s c o n t r a r i o s , además, s i e l u n o
está d e t e r m i n a d o , e s p r e c i s o q u e esté d e t e r m i n a d o t a m b i é n e l o t r o ; y
el i n t e r m e d i o , q u e p a r t i c i p a d e u n o y d e o t r o d e t e r m i n a d o , c o n v i e n e
q u e t a m b i é n él l o s e a , p o r q u e l o q u e d e b e d e p a s a r p o r e l m e d i o e s
preciso q u e parta n o d ecualquier sitio, sino d e u n lugar d e t e r m i n a d o ,
ya que hay u np u n t o d e t e r m i n a d o donde c o m i e n z a n y otro p u n t o
d e t e r m i n a d o d o n d e t e r m i n a n l o s límites d e l m e d i o . E s t a n d o , p u e s , d e -
t e r m i n a d o e l m e d i o , e s p r e c i s o q u e estén d e t e r m i n a d o s l o s e x t r e m o s ;
y s i l o s e x t r e m o s están d e t e r m i n a d o s , e s p r e c i s o q u e esté d e t e r m i n a d o
e l m e d i o ; y s i l o s l u g a r e s están d e t e r m i n a d o s , e s p r e c i s o q u e l o s c u e r -
p o s s i t u a d o s e n l o s l u g a r e s t a m b i é n l o estén, p o r q u e d e l o c o n t r a r i o e l
m o v i m i e n t o será i n f i n i t o . A d e m á s , e n c u a n t o a l a p e s a d e z y l a l i g e -
reza, e l c u e r p o q u e v ahacia arriba puede llegar a estar e n tal lugar,
p o r q u e n i n g u n a inclinación s e d a e n v a n o . P o r t a n t o , a l n o s e r infinito
el e s p a c i o d e l m u n d o , n o h a y l u g a r n ic u e r p o i n f i n i t o . E n c u a n t o a l
p e s o , además, n o h a y g r a v e n i l i g e r o i n f i n i t o ; p o r t a n t o , n o h a y cuerpo
infinito, pues esnecesario que, sie lc u e r p o pesado esinfinito, s u peso
sea i n f i n i t o . Y e s t o n o s e p u e d e e v i t a r ; p o r q u e s i q u i s i e r a s d e c i r que
e l c u e r p o i n f i n i t o t i e n e p e s o i n f i n i t o , s e seguirían t r e s i n c o n v e n i e n t e s .
E n p r i m e r l u g a r , q u e sería idéntico a l p e s o o l a l i g e r e z a d e l c u e r p o fi-
nito y del infinito, porque al cuerpo pesado finito, en la m e d i d a e n que
es s u p e r a d o p o r e l c u e r p o i n f i n i t o , y o l e añadiré y l e quitaré d e l o u n o
y d e lo o t r o lo preciso para que pueda alcanzar l am i s m a cantidad d e
peso y d eligereza. E n s e g u n d o lugar, q u e el peso de la m a g n i t u d finita
podría s e r m a y o r q u e e l d e l a m a g n i t u d i n f i n i t a , p o r q u e p o r l a m i s m a
razón p o r l a q u e p u e d e s e r i g u a l , p u e d e s e r l e también s u p e r i o r , c o n
t a l d e a ñ a d i r c u a n d o t e p l a z c a d e c u e r p o p e s a d o o s u s t r a e r d e éste o
b i e n añadir c u e r p o l i g e r o . E n t e r c e r l u g a r , q u e e l p e s o d e l a m a g n i t u d
finita e i n f i n i t a sería idéntico y p u e s t o q u e l a v e l o c i d a d t i e n e c o n l a v e -
l o c i d a d l a m i s m a p r o p o r c i ó n q u e t i e n e e l p e s o c o n e l p e s o , s e seguiría
igualmente que en u n cuerpo finito y e n o t r o i n f i n i t o podrían h a l l a r s e

' 7
Ibid., 1,6,27337-8.
1 8
Ibid., 1, 6 , 27338-274317 (reformulación libre).
268 Del infinito: el universo y los mundos

idéntica v e l o c i d a d y l e n t i t u d , o b i e n q u e l a v e l o c i d a d d e l c u e r p o finito
podría s e r m a y o r q u e l a v e l o c i d a d d e l c u e r p o i n f i n i t o , o b i e n q u e p o -
dría s e r i g u a l , o b i e n q u e e x c e d i e n d o l a v e l o c i d a d a l a v e l o c i d a d e n l a
m i s m a m e d i d a e n q u e el grave excede al grave, d e haber u n peso infi-
n i t o será n e c e s a r i o q u e s e m u e v a p o r a l g ú n e s p a c i o e n m e n o s t i e m p o
que el peso finito o q u e n o se m u e v a , p o r q u e v e l o c i d a d y l e n t i t u d se
s i g u e n d e l a m a g n i t u d d e l c u e r p o . D e ahí q u e a l n o h a b e r proporción
entre lo finito y l o i n f i n i t o , será p r e c i s o a l final q u e el grave i n f i n i t o n o
se m u e v a , p o r q u e s i s e m u e v e , n o s e m u e v e t a n v e l o z m e n t e c o m o p a r a
que n o haya u n peso finito q u e al m i s m o t i e m p o y p o r el m i s m o espacio
h a g a e l m i s m o recorrido.»
FILOTEO — E s i m p o s i b l e e n c o n t r a r o t r o q u e c o n e l título d e filóso-
f o s e h a y a i m a g i n a d o s u p o s i c i o n e s más v a n a s y a t r i b u i d o a l c o n t r a r i o
posiciones t a n necias p a r a d a r l u g a r a t a n t a l i g e r e z a c o m o se v e e n
sus a r g u m e n t o s . A h o r a , p o r l o q u e se refiere a l o q u e dice d e los l u g a -
res p r o p i o s d e los c u e r p o s y d e l a r r i b a , a b a j o e i n f e r i o r d e t e r m i n a d o s ,
q u i s i e r a y o s a b e r c o n t r a q u é posición a r g u m e n t a él. P o r q u e t o d o s l o s
que establecen u n cuerpo y u n a m a g n i t u d infinita n o lea t r i b u y e n ni
c e n t r o n i e x t r e m i d a d ; p o r q u e q u i e n a f i r m a l o i n a n e , e l v a c í o , e l éter
i n f i n i t o , n o l e a t r i b u y e p e s o , n i l i g e r e z a , n i m o v i m i e n t o , n i región
s u p e r i o r , i n f e r i o r o i n t e r m e d i a ; y además e l l o s c o l o c a n e n t a l e s p a c i o
i n f i n i t o s c u e r p o s , c o m o s o n e s t a t i e r r a , aquélla y a q u e l l a o t r a t i e r r a ,
e s t e s o l , aquél y a q u e l o t r o , t o d o s r e a l i z a n d o s u s g i r o s d e n t r o d e e s t e
e s p a c i o i n f i n i t o a través d e e s p a c i o s finitos y determinados o bien e n
t o r n o a s u s p r o p i o s c e n t r o s . Así n o s o t r o s q u e e s t a m o s e n l a T i e r r a
d e c i m o s q u e l a T i e r r a está e n e l c e n t r o y t o d o s l o s filósofos modernos
y a n t i g u o s , s e a n d e l a s e c t a q u e s e a n , d i r á n q u e está e n e l c e n t r o s i n
menoscabo d e susprincipios, igual q u e nosotros decimos a l a vista
d e l h o r i z o n t e m á x i m o d e e s t a región etérea q u e está a n u e s t r o a l -
r e d e d o r , l i m i t a d a p o r e s e círculo e q u i d i s t a n t e c o n r e s p e c t o a l c u a l
e s t a m o s c o m o e n e l c e n t r o . D e l a m i s m a m a n e r a , l o s q u e están e n l a
L u n a e n t i e n d e n t e n e r a s u a l r e d e d o r esta t i e r r a , e l S o l y otras m u -
c h a s e s t r e l l a s , q u e están e n t o r n o a l c e n t r o y e n e l límite d e l o s r a d i o s
p r o p i o s d e l p r o p i o h o r i z o n t e . Así, n o e s más c e n t r o l a T i e r r a q u e
cualquier otro cuerpo m u n d a n o y n ohay unos polos determinados
p a r a l a T i e r r a más d e l o q u e l a T i e r r a m i s m a e s u n p o l o d e t e r m i n a d o
p a r a c u a l q u i e r o t r o p u n t o d e l éter y e s p a c i o m u n d a n o s ; y l o m i s m o
c a b e d e c i r d e t o d o s l o s demás c u e r p o s , l o s c u a l e s s o n t o d o s —para
distintos puntos d e referencia— centros y puntos d ela circunferen-
c i a , p o l o s , cénits y o t r a s d i s t i n c i o n e s . L a T i e r r a , p o r t a n t o , n o e s t a
 Diálogo II 269

e n e l c e n t r o a b s o l u t o d e l u n i v e r s o , s i n o t a n sólo c o n r e s p e c t o a e s t a
región n u e s t r a .
P r o c e d e , p u e s , e s t e l i t i g a n t e c o n petición d e p r i n c i p i o y p r e s u p o -
niendo l oque debe probar. T o m a , digo, por principio l o equivalen-
te a l o o p u e s t o d e l a tesis c o n t r a r i a , p r e s u p o n i e n d o c e n t r o y e x t r e m o
contra quienes d e c l a r a n d o q u e e l m u n d o es infinito n i e g a n a l m i s m o
tiempo necesariamente esee x t r e m o y ese centro y por consiguiente
el m o v i m i e n t o h a c i a e l l u g a r a l t o y s u p r e m o y h a c i a e l l u g a r b a j o e
ínfimo. V i e r o n , p u e s , l o s a n t i g u o s y v e m o s t a m b i é n n o s o t r o s q u e algo
v i e n e a l aT i e r r a d o n d e e s t a m o s y a l g o p a r e c e q u e se aleje d e l a T i e r r a
o bien del lugar donde estamos, por l oque si decimos y queremos
decir q u e e l m o v i m i e n t o d e esacosa es hacia a r r i b a y h a c i a abajo, se
e n t i e n d e e n u n a c i e r t a región, d e s d e c i e r t o s p u n t o s d e v i s t a , d e f o r m a
q u e s i a l g o , alejándose d e n o s o t r o s , a v a n z a h a c i a l a L u n a , i g u a l que
n o s o t r o s d e c i m o s q u e s u b e , l o s anticéfalos n u e s t r o s q u e están e n l a
L u n a dirán q u e b a j a . L o s m o v i m i e n t o s , p u e s , q u e h a y e n e l u n i v e r s o
n o t i e n e n n i n g u n a distinción d e a r r i b a , a b a j o , a q u í , allí, c o n respecto
al u n i v e r s o i n f i n i t o , s i n o c o n respecto a los m u n d o s finitos que hay e n
él, t o m a d o s d i c h o s m o v i m i e n t o s s e g ú n l a s e x t e n s i o n e s d e l o s i n n u m e -
r a b l e s h o r i z o n t e s m u n d a n o s o según e l n ú m e r o d e l o s i n n u m e r a b l e s
a s t r o s , d o n d e l a m i s m a c o s a , según e l m i s m o m o v i m i e n t o , s e d i c e v e -
nir d earriba o d eabajo c o n respecto a distintos p u n t o s d evista. C u e r -
pos d e t e r m i n a d o s n o t i e n e n , p o r tanto, m o v i m i e n t o infinito, sino m o -
vimiento finito y d e t e r m i n a d o e n t o r n o a s u s p r o p i o s términos. P e r o
lo i n d e t e r m i n a d o e infinito n o tiene m o v i m i e n t o finito n i i n f i n i t o , así
como tampoco distinciones d elugar n i d e tiempo.
E n cuanto a la r g u m e n t o que aduce del peso y d e l a ligereza, deci-
m o s q u e e s u n o d e l o s f r u t o s m á s b e l l o s q u e h a y a p o d i d o p r o d u c i r e l ár-
b o l d e l a estúpida i g n o r a n c i a , p o r q u e ( c o m o d e m o s t r a r e m o s e n e l m o -
m e n t o e n q u e n o s o c u p e m o s d e e l l o ) ningún c u e r p o e n t e r o y c o l o c a d o
y d i s p u e s t o n a t u r a l m e n t e es p e s a d o y p o r eso n o h a y diferencias que
d e b a n d i s t i n g u i r l an a t u r a l e z a d elos lugares y la causa del m o v i m i e n -
t o . Además, m o s t r a r e m o s q u e l a m i s m a cosa v i e n e a l l a m a r s e p e s a d a
y l i g e r a según idéntico i m p u l s o y m o v i m i e n t o c o n r e s p e c t o a m e d i o s
diferentes, i g u a l q u e c o n respecto a m e d i o s diferentes se dice q u e l a
m i s m a cosa es alta y b a j a o q u e se m u e v e h a c i a a r r i b a o h a c i a abajo.
Y d i g o e s t o a propósito d e l o s c u e r p o s p a r t i c u l a r e s y m u n d o s p a r t i c u l a r e s ,
n i n g u n o d e los cuales es p e s a d o o l i g e r o y c u y a s partes se l l a m a n l i g e -
ras c u a n d o se a l e j a n y se s e p a r a n d e ellos, m i e n t r a s q u e se l l a m a n pesa-
d a s c u a n d o r e g r e s a n a e l l o s , así c o m o l a s partículas d e t i e r r a o d e c o s a s
270 Del infinito: el universo y los mundos

t e r r e s t r e s s e d i c e q u e s u b e n h a c i a l a c i r c u n f e r e n c i a d e l éter y s e d i c e
q u e d e s c i e n d e n hacia e l t o d o al q u e p e r t e n e c e n . P e r o e n l o q u e se re-
fiere a l u n i v e r s o y c u e r p o i n f i n i t o , ¿quién h u b o jamás q u e l o l l a m a r a
p e s a d o o l i g e r o ? , o b i e n ¿ q u i é n estableció t a l e s p r i n c i p i o s y deliró
hasta tal p u n t o que pueda inferir e n consecuencia d e su forma de
h a b l a r q u e e l i n f i n i t o es pesado o ligero, q u e deba ascender, subir o
e l e v a r s e ? N o s o t r o s d e m o s t r a r e m o s cómo d e l o s i n f i n i t o s c u e r p o s que
h a y n i n g u n o es pesado n i ligero, p o r q u e estas cualidades acontecen a
las p a r t e s e n c u a n t o q u e t i e n d e n a s u t o t a l i d a d y a l l u g a r d e s u c o n -
servación y p o r e s o n o v a l e n c o n r e s p e c t o a l u n i v e r s o , s i n o c o n res-
p e c t o a l o s p r o p i o s m u n d o s c o n t i n e n t e s y e n t e r o s . Así, e n l a T i e r r a ,
c u a n d o l a s partículas d e f u e g o q u i e r e n l i b e r a r s e y a s c e n d e r h a c i a e l
S o l , s e l l e v a n s i e m p r e c o n s i g o a l g u n a porción d e l a t i e r r a s e c a y d e l
a g u a a q u e están u n i d a s , l a s c u a l e s , t r a s h a b e r s e m u l t i p l i c a d o a r r i b a
o e n l o a l t o , r e g r e s a n a s u l u g a r c o n i m p u l s o p r o p i o y naturalísimo.
Además y c o n s e c u e n t e m e n t e , p u e d e s r e m a c h a r q u e n o e s p o s i b l e q u e
los g r a n d e s cuerpos sean pesados o ligeros siendo el u n i v e r s o infinito
y , p o r t a n t o , n o están e n u n a relación d e lejanía o p r o x i m i d a d c o n
r e s p e c t o a l a c i r c u n f e r e n c i a o a l c e n t r o ; d e ahí q u e n o s e a más p e s a d a
la T i e r r a e n s u l u g a r q u e e l S o l e n e l s u y o , S a t u r n o e n e l s u y o o la
estrella polar e ne l suyo. P o d r e m o s decir, sin e m b a r g o , q u e a l igual
q u e las p a r t e s d e l at i e r r a r e g r e s a n a l at i e r r a p o r s u g r a v e d a d —pues
así q u e r e m o s d e n o m i n a r a l i m p u l s o d e l a s p a r t e s h a c i a e l t o d o y e l d e l
c u e r p o e r r a n t e h a c i a s u l u g a r p r o p i o — también l o h a c e n l a s p a r t e s
d e l o s demás c u e r p o s , t a l y c o m o p u e d e h a b e r i n f i n i t a s o t r a s t i e r r a s
o d e u n a condición p a r e c i d a , i n f i n i t o s o t r o s s o l e s o f u e g o s o d e p a r e -
c i d a n a t u r a l e z a . T o d o s s e m u e v e n d e s d e l o s l u g a r e s periféricos h a c i a
el p r o p i o c o n t i n e n t e c o m o c e n t r o , d e d o n d e se sigue q u e existe u n
n ú m e r o i n f i n i t o d e c u e r p o s g r a v e s . P e r o n o p o r e s o existirá u n a g r a -
vedad o peso infinito c o m o en u n sujeto y d ef o r m a intensiva, sino en
i n n u m e r a b l e s sujetos y e x t e n s i v a m e n t e . Y esto es l o q u e se sigue del
m o d o d e h a b l a r d e todos los a n t i g u o s y d e l n u e s t r o ; y c o n t r a esto n o
t u v o a r g u m e n t o a l g u n o e s t e l i t i g a n t e . A s í p u e s , l o q u e él d i c e sobre
la i m p o s i b i l i d a d d e u ng r a v e i n f i n i t o es t a n c i e r t o y p a t e n t e q u e d a
vergüenza m e n c i o n a r l o y n o s i r v e e n m o d o a l g u n o p a r a c o n f i r m a r l a
p r o p i a filosofía y d e s t r u i r l a a j e n a , s i n o q u e s o n propósitos y p a l a b r a s
arrojados alviento.
ELPINO — S u v a n i d a d e n los a r g u m e n t o s a n t e r i o r m e n t e m e n c i o -
n a d o s e s más q u e m a n i f i e s t a , d e f o r m a q u e t o d o e l a r t e d e l a p e r s u a -
sión n o bastaría p a r a e x c u s a r l a . E s c u c h a a h o r a los a r g u m e n t o s que
 Diálogo II 271

añade p a r a c o n c l u i r d e m a n e r a u n i v e r s a l q u e n o e x i s t e u n c u e r p o
i n f i n i t o . «Siendo e n t o n c e s m a n i f i e s t o — d i c e — 1 0
a los q u e e x a m i n a n
las c o s a s p a r t i c u l a r e s q u e n o e x i s t e u n c u e r p o i n f i n i t o , q u e d a p o r
v e r s i t a l c o s a e s p o s i b l e e n g e n e r a l , p o r q u e podría d e c i r a l g u n o q u e
i g u a l q u e e l m u n d o está d i s p u e s t o así a n u e s t r o a l r e d e d o r , t a m p o c o e s
imposible q u e haya otros cielos. P e r o antes d e pasar a esto r a z o n e m o s
en general sobre e l infinito. Es, por tanto, necesario que t o d o cuerpo
[o sea finito] o seai n f i n i t o ; y s i esi n f i n i t o o q u e sea t o d o d e partes s e -
m e j a n t e s o d e p a r t e s d i f e r e n t e s y e s t a s últimas o c o n s t a n d e e s p e c i e s
finitas o b i e n d e especies infinitas. N o es posible q u e conste d e i n f i n i -
tas especies, s i q u e r e m o s p r e s u p o n e r l o q u e h e m o s d i c h o , e s t o es, q u e
h a y a o t r o s m u n d o s s e m e j a n t e s a éste, p o r q u e i g u a l q u e está d i s p u e s t o
e s t e m u n d o a n u e s t r o a l r e d e d o r , así t a m b i é n p u e d e e s t a r d i s p u e s t o e n
t o r n o a o t r o s y h a b e r o t r o s cielos. E nefecto, s i s o n finitos los p r i m e -
ros m o v i m i e n t o s q u e se p r o d u c e n e n t o r n o a l centro, es preciso que
sean finitos también l o s m o v i m i e n t o s s e g u i d o s y , p o r t a n t o , i g u a l q u e
h e m o s d i s t i n g u i d o y ac i n c o clases d ec u e r p o s , d o s d elos cuales s o n
absolutamente pesados o ligeros, otros dos m e d i a n a m e n t e pesados o
l i g e r o s y u n o n i g r a v e n i l i g e r o , s i n o ágil e n t o r n o a l c e n t r o , l o m i s m o
q u e d e b e o c u r r i r e n l o s demás m u n d o s . N o es, p o r t a n t o , p o s i b l e q u e
conste d einfinitas especies. T a m p o c o es posible q u e conste d e especies
finitas.» Y p r u e b a e n p r i m e r l u g a r q u e n oconsta d e especies finitas
diferentes m e d i a n t e c u a t r o razones, l ap r i m e r a d elascuales es q u e
«cada u n a d e e s t a s p a r t e s i n f i n i t a s será a g u a o f u e g o y p o r c o n s i g u i e n -
te pesada o ligera. Y esto se h a d e m o s t r a d o i m p o s i b l e c u a n d o se h a
v i s t o q u e n o h a y p e s o i n f i n i t o n i l i g e r e z a infinita». 20

FILOTEO — A esto ya h e m o s r e s p o n d i d o bastante.

ELPINO — L o sé. A ñ a d e l a s e g u n d a r a z ó n , d i c i e n d o q u e «es p r e -
ciso q u e c a d a u n a d e estas especies seai n f i n i t a y , p o r c o n s i g u i e n t e , e l
l u g a r d e c a d a u n a d e b e s e r i n f i n i t o , d e d o n d e s e seguirá q u e e l m o -
v i m i e n t o d e c a d a u n a será i n f i n i t o . P e r o e s o e s i m p o s i b l e , p o r q u e n o
p u e d e ser q u e u n c u e r p o q u e v a h a c i a a b a j o c o r r a i n f i n i t a m e n t e h a c i a
abajo, l ocual esm a n i f i e s t o p o r l oq u e seobserva e n todos los m o v i -
m i e n t o s y t r a n s m u t a c i o n e s . I g u a l q u e e n l a generación n o s e t r a t a d e
hacer l oq u e n ose p u e d e hacer, t a m p o c o seb u s c a e n e l m o v i m i e n t o
l o c a l e l l u g a r a l q u e n o s e p u e d e l l e g a r jamás; y l o q u e n o e s p o s i b l e
q u e esté e n E g i p t o , e s i m p o s i b l e q u e s e m u e v a h a c i a E g i p t o , p o r q u e

Acerca del cielo, 1, 6, 274819-7, 27402 (exposición libre).

Ibid., 1, 7, 274b5-8.
27_2 Del infinito: el universo y los mundos

l a n a t u r a l e z a n o r e a l i z a n a d a e n v a n o . I m p o s i b l e e s , p u e s , q u e a l g o se
m u e v a h a c i a allí d o n d e n o p u e d e llegar». ' 2

FILOTEO — A esto se h a r e s p o n d i d o y a s u f i c i e n t e m e n t e y decimos

q u e h a y i n f i n i t a s t i e r r a s , i n f i n i t o s s o l e s , i n f i n i t o éter, o s e g ú n e l m o d o
d e h a b l a r d e D e m ó c r i t o y E p i c u r o , q u e e x i s t e l o l l e n o y e l v a c í o , ínsito
lo u n o e n lo otro. H a y diversas especies finitas, c o m p r e n d i d a s las unas
d e n t r o d e las o t r a s y o r d e n a d a s las u n a s c o n respecto a las o t r a s . Estas
especies diferentes c o n c u r r e n todas a hacer u n e n t e r o u n i v e r s o infini-
to, e ncalidad d e i n f i n i t a s partes del i n f i n i t o , tal c o m o d e i n f i n i t a s tie-
r r a s s e m e j a n t e s a ésta p r o v i e n e n e n a c t o u n a t i e r r a i n f i n i t a n o c o m o u n
único c o n t i n u o , s i n o c o m o u n c o n j u n t o f o r m a d o p o r l a i n n u m e r a b l e
m u l t i t u d d e t i e r r a s . L om i s m o se e n t i e n d e d e las restantes especies d e
c u e r p o s , sean c u a t r o o sean d o s o tres o las q u e se q u i e r a ( n a d a a f i r m o
al respecto a h o r a ) , l a scuales, p u e s t o q u e s o n p a r t e d e l i n f i n i t o ( e n l a
m e d i d a e n q u e se p u e d e n l l a m a r p a r t e ) , es preciso q u e sean i n f i n i t a s
según l a m o l e q u e r e s u l t a d e t a l m u l t i t u d . P u e s b i e n , aquí n o e s p r e c i s o
que el grave v a y a i n f i n i t a m e n t e h a c i a a b a j o , s i n o q u e así c o m o este
g r a v e v a a s u c u e r p o c o n n a t u r a l más próximo, aquél v a a l s u y o y a q u e l
o t r o a l s u y o . E s t a t i e r r a t i e n e las p a r t e s q u e l ep e r t e n e c e n ; a q u e l l a o t r a
t i e r r a t i e n e las p a r t e s q u e l ep e r t e n e c e n a ella. D e l m i s m o m o d o aquel
s o l t i e n e s u s p a r t e s q u e s e s e p a r a n d e él y t r a t a n d e r e g r e s a r a él; y d e
la m i s m a m a n e r a o t r o s c u e r p o s a c o g e n d e n u e v o sus partes. P o r eso,
así c o m o l o s límites y l a s d i s t a n c i a s d e u n o s c u e r p o s con respecto a
los o t r o s son finitas, también s o n finitos l o s m o v i m i e n t o s ; y así c o m o
nadie parte d eGrecia para ir al infinito, sino para ir a Italia o a Egipto,
d e l m i s m o m o d o c u a n d o u n a p a r t e d e t i e r r a o d e s o l se m u e v e , n o se
propone el infinito, sino l o finito y limitado. Sin embargo, siendo el
u n i v e r s o i n f i n i t o y t o d o s sus c u e r p o s t r a n s m u t a b l e s , t o d o s , p o r consi-
g u i e n t e , e x p u l s a n c o n s t a n t e m e n t e d e sí y a c o g e n c o n s t a n t e m e n t e e n sí,
envían f u e r a l o p r o p i o y a c o g e n e n s u i n t e r i o r l o q u e a n d a e r r a n t e p o r
fuera. N ocreo q u e sea a b s u r d o e i n c o n v e n i e n t e , sino, p o r e l c o n t r a -
r i o , convenientísimo y n a t u r a l q u e s e a n finitas22
las transmutaciones
p o s i b l e s a u n s u j e t o y p o r e s o partículas d e t i e r r a v a y a n v a g a n d o por
l a r e g i ó n etérea y a c c e d a n p o r e l i n m e n s o e s p a c i o o r a a u n c u e r p o ora
a o t r o , i g u a l q u e v e m o s a l a s m i s m a s partículas c a m b i a r d e l u g a r , d e
disposición y d e f o r m a c u a n d o t o d a v í a están j u n t o a n o s o t r o s .

/¿>/'¿.,i,7,274b8-i8.
21

Creemos posible que el texto de 1584 presente aquí una errata y haya qu<
2 2

leer «infinitas», de acuerdo con lo que se dice en otros lugares.

 Diálogo II 2 73
P o r t o d o ello, siesta t i e r r a es e t e r n a y p e r p e t u a n o lo es p o r l a c o n -
sistencia d e sus m i s m a s partes y d e sus m i s m o s i n d i v i d u o s , s i n o p o r l a
a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l d e l a spartes q u e d i f u n d e y d e aquellas otras
que l ea d v i e n e n e n l u g a r d e ellas, d e m o d o q u e , a u n p e r s e v e r a n d o l a
m i s m a a l m a e i n t e l i g e n c i a , e l c u e r p o se v a c a m b i a n d o y r e n o v a n d o
c o n s t a n t e m e n t e partícula a partícula. E l m i s m o f e n ó m e n o s e p r e s e n t a
también e n l o s a n i m a l e s , l o s c u a l e s n o c o n s e r v a n s u e x i s t e n c i a m á s q u e
con los a l i m e n t o s q u e reciben y los e x c r e m e n t o s q u e c o n t i n u a m e n t e
e x p u l s a n , p o r l o q u e q u i e n b i e n e x a m i n e l a s c o s a s sabrá q u e d e jóvenes
n o t e n e m o s l a m i s m a c a r n e q u e teníamos d e niños y d e v i e j o s n o t e n e -
m o s l a m i s m a q u e teníamos c u a n d o é r a m o s jóvenes. L a r a z ó n e s q u e
e s t a m o s e n c o n t i n u a transmutación, l o c u a l t r a e c o n s i g o q u e a n o s o t r o s
a f l u y a n c o n t i n u a m e n t e n u e v o s átomos y d e n o s o t r o s s e a l e j e n l o s a c o -
g i d o s c o n a n t e r i o r i d a d . A s i m i s m o , u n i é n d o s e l o s átomos a l o s á t o m o s
en t o r n o al esperma en virtud del intelecto universal y a l m a (mediante
la e s t r u c t u r a a l aq u e c o n c u r r e n e n c a l i d a d d e p a r t e s ) , v i e n e a f o r m a r s e
y a c r e c e r e l c u e r p o c u a n d o l a a f l u e n c i a d e l o s átomos e s m a y o r q u e s u
s a l i d a ; l u e g o e l m i s m o c u e r p o está e n u n a c i e r t a c o n s i s t e n c i a cuando
l a s a l i d a e s i g u a l a l a e n t r a d a y a l final c o m i e n z a a d e c l i n a r c u a n d o l a
salida es m a y o r q u e l ae n t r a d a . D i g o salida y e n t r a d a o flujo y afluen-
cia n o e n u n s e n t i d o a b s o l u t o , s i n o e n e l d e flujo d e l oc o n v e n i e n t e y
nativo y afluencia d e l oajeno e inconveniente, l ocual n opuede ser
vencido por e lprincipio debilitado por causa del flujo, continuo tanto
en lo vital c o m o en lo n o vital. V i n i e n d o , pues, a nuestro asunto, a f i r m o
q u e e n v i r t u d d e l a a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l n o es i n a p r o p i a d o , s i n o
razonabilísimo, d e c i r q u e l a s p a r t e s y átomos t i e n e n u n c u r s o y m o -
v i m i e n t o i n f i n i t o p o r l a si n f i n i t a s vicisitudes y t r a n s m u t a c i o n e s t a n t o
d e f o r m a s c o m o d e l u g a r e s . I n a p r o p i a d o sería q u e h u b i e r a a l g o que
t e n d i e r a a l i n f i n i t o c o m o término próximo p r e s c r i t o a l m o v i m i e n t o
l o c a l o a l a alteración. T a l c o s a n o p u e d e s e r , y a q u e t a n p r o n t o c o m o
algo es m o v i d o d e u n s i t i o se e n c u e n t r a e no t r o ; t a n p r o n t o c o m o se v e
d e s p o j a d o d e u n a disposición s e v e i n v e s t i d o d e o t r a y t a n p r o n t o c o m o
d e j a u n s e r t o m a o t r o , e l c u a l s i g u e n e c e s a r i a m e n t e a l a alteración, q u e
a s u v e z sigue necesariamente a l c a m b i o d e lugar. D e esta f o r m a , e l
s u j e t o próximo y d o t a d o d e u n a f o r m a n o p u e d e m o v e r s e más q u e
d e n t r o d e u n o s límites finitos, p o r q u e a d o p t a fácilmente o t r a f o r m a s i
c a m b i a d e lugar. E ls u j e t o p r i m e r o y susceptible d e recibir f o r m a s se
m u e v e i n f i n i t a m e n t e , t a n t o según e l e s p a c i o c o m o según e l n ú m e r o d e
las c o n f i g u r a c i o n e s , m i e n t r a s q u e las p a r t e s d e la m a t e r i a p r i m a e n t r a n
y salen d e este a a q u e l y a a q u e l o t r o l u g a r , p a r t e y t o d o .
2
74 Del infinito: el universo y los mundos

ELPINO — L o e n t i e n d o m u y b i e n . C o m o t e r c e r a razón añade q u e

«si s e d i j e r a q u e e l i n f i n i t o e s d i s c r e t o y d i s c o n t i n u o , p o r l o q u e deben
e x i s t i r i n f i n i t o s fuegos i n d i v i d u a l e s y p a r t i c u l a r e s , c a d a u n o d e ellos
finito, a p e s a r d e t o d o ocurrirá q u e e l f u e g o q u e r e s u l t a d e t o d o s l o s

f u e g o s i n d i v i d u a l e s deberá s e r infinito». 21

FILOTEO — E s t o y a l o h e c o n c e d i d o y , p u e s t o q u e s e sabía, n o tenía

q u e esforzarse c o n t r a a l g o d el o q u e n o se sigue i n c o n v e n i e n t e a l g u n o ,
y a q u e s i e l c u e r p o e s d i s c o n t i n u o y está s e p a r a d o e n p a r t e s ubicadas
e n l u g a r e s d i s t i n t o s , d e las cuales u n a pesa c i e n , l ao t r a m i l , o t r a diez,
s e s e g u i r á q u e e l t o d o pesará m i l c i e n t o d i e z , p e r o t a l c o s a ocurrirá
según v a r i o s p e s o s d i s c r e t o s y n o según u n p e s o c o n t i n u o . A h o r a , n o -
sotros y los a n t i g u o s n o t e n e m o s i n c o n v e n i e n t e a l g u n o e n q u e e n par-
tes discretas se h a l l e u n peso i n f i n i t o , p o r q u e d e ellas r e s u l t a u n solo
p e s o l ó g i c a m e n t e , o aritmética o g e o m é t r i c a m e n t e , s i n q u e verdadera
y n a t u r a l m e n t e h a g a n u n solo peso, i g u a l q u e n o hacen u n a m o l e infi-
nita, sino infinitas m o l e s y pesos finitos. D e c i r , i m a g i n a r y ser n o es l o
m i s m o , s i n o cosas m u y d i s t i n t a s , p o r q u e d e eso n o se sigue q u e haya
u n c u e r p o infinito d e u n a especie, sino u n a especie d ec u e r p o en infi-
nitos sujetos finitos. Infinitos pesos finitos n o h a c e n t a m p o c o u n peso
i n f i n i t o , y a q u e esa i n f i n i t u d n o es c o n t i n u a , s i n o d e s u j e t o s d i s c r e t o s ,
l o s c u a l e s están e n u n c o n t i n u o i n f i n i t o q u e e s e l e s p a c i o , e l l u g a r y l a
dimensión c a p a z d e c o n t e n e r l o s a t o d o s .
No hay, p o r t a n t o , i n c o n v e n i e n t e e n q u e h a y a infinitos graves dis-
c r e t o s , l o s c u a l e s n o c o n s t i t u y e n u n único g r a v e , n i t a m p o c o infinitas
aguas, las cuales n o c o n s t i t u y e n u n agua infinita, o infinitas partes
d e t i e r r a , las cuales n o f o r m a n u n a t i e r r a i n f i n i t a ; d e s u e r t e q u e hay
u n a i n f i n i t a m u l t i t u d d e c u e r p o s , l o s c u a l e s n o f o r m a n físicamente u n
único c u e r p o d e m a g n i t u d i n f i n i t a . Y e s o c o n s t i t u y e u n a diferencia
e n o r m e , t a l c o m o s e v e p o r a n a l o g í a c o n l a tracción d e l a n a v e , l a c u a l
e s a r r a s t r a d a p o r d i e z h o m b r e s u n i d o s y j a m á s l o será p o r m i l l a r e s d e
millares desunidos n i por cada u n o d eellos separadamente.
ELPINO — C o n estas y otras consideraciones has r e s u e l t o m i l ve-
c e s l o q u e a f i r m a c o m o c u a r t a r a z ó n , s e g ú n l a c u a l «si s e e n t i e n d e
un c u e r p o i n f i n i t o , e s n e c e s a r i o e n t e n d e r l o i n f i n i t o según t o d a s l a s
d i m e n s i o n e s , p o r l o q u e n o p u e d e h a b e r n a d a f u e r a d e él p o r ningún
lado. P o r tanto, n o es posible que en u n cuerpo infinito haya u n a plu-
r a l i d a d d e c u e r p o s d i f e r e n t e s , c a d a u n o d e l o s c u a l e s s e a infinito». 24

2 1
Acerca del cielo, i, 7, 274D18-19.
Ibid., 1, 7, 274D20-22.
 Diálogo I I 321

FILOTEO — T o d o eso es v e r d a d y n o h a b l a e n c o n t r a n u e s t r a , que

h e m o s d i c h o m u c h a s veces q u e existe u n a p l u r a l i d a d d e cuerpos di-
ferentes finitos e n u ninfinito y h e m o s considerado cómo o c u r r e t a l
cosa. Análogamente e s quizá c o m o s i a l g u i e n d i j e r a q u e h a y u n a p l u -
ralidad d econtinuos juntos, por ejemplo en u n barro, donde siempre
y e n t o d a s l a s p a r t e s e l a g u a continúa a l a g u a y l a t i e r r a a l a t i e r r a ;
d o n d e p o r l o i m p e r c e p t i b l e d e l a c o n c u r r e n c i a d e l a s partículas m í -
n i m a s d e t i e r r a y d e l a s partículas m í n i m a s d e a g u a n o s e h a b l a r á d e
discretos n i d e u n a p l u r a l i d a d d ec o n t i n u o s , sino d e u n c o n t i n u o q u e
n o es a g u a n i t i e r r a , s i n o b a r r o . I g u a l m e n t e o t r o p u e d e p r e f e r i r decir
q u e p r o p i a m e n t e e l a g u a n o continúa a l a g u a n i l a t i e r r a a l a t i e r r a ,
sino e lagua a la tierra y la tierra a lagua; y puede a s i m i s m o venir u n
tercero que, negando una y otra f o r m a d e hablar, diga que e l barro
continúa a l b a r r o . S e g ú n e s t o s a r g u m e n t o s , e l u n i v e r s o i n f i n i t o puede
ser c o n c e b i d o c o m o u n c o n t i n u o e n e l q u e e l éter i n t e r p u e s t o e n t r e
cuerpos t a n g r a n d e s n o i n t r o d u c e m á s separación d e l a q u e pueda
i n t r o d u c i r e n e l b a r r o e l a i r e q u e está i n t e r p u e s t o y s i t u a d o e n t r e l a s
p a r t e s d e l a g u a y d e l a t i e r r a s e c a , s i e n d o l a única d i f e r e n c i a l a p e q u e -
n e z d e l a s p a r t e s y e l e s c a s o tamaño e i m p e r c e p t i b i l i d a d p r e s e n t e e n e l
b a r r o y l ag r a n d e z a , e n o r m e m a g n i t u d y p e r c e p t i b i l i d a d d e las partes
d e l u n i v e r s o , d e f o r m a q u e los c o n t r a r i o s y los d i f e r e n t e s c u e r p o s mó-
v i l e s c o n c u r r e n a l a formación d e u n c o n t i n u o inmóvil e n e l q u e los
c o n t r a r i o s c o n c u r r e n a l a formación d e u n t o d o y p e r t e n e c e n a u n o r -
den y son finalmente u n o . I n a p r o p i a d o e i m p o s i b l e sería, c i e r t a m e n t e ,
e s t a b l e c e r d o s i n f i n i t o s d i s t i n t o s e l u n o d e l o t r o , p u e s t o q u e n o habría
m o d o d e i m a g i n a r cómo e l u n o c o m i e n z a d o n d e t e r m i n a e l o t r o , p o r
l o q u e a m b o s s e l i m i t a r í a n r e c í p r o c a m e n t e . Y a d e m á s e s dificilísimo
encontrar dos cuerpos finitos por u n lado e infinitos por el otro.
ELPINO — A r i s t ó t e l e s da otras dos razones para probar que n o hay
u n infinito f o r m a d o por partes semejantes: «La p r i m e r a es p o r q u e
sería p r e c i s o q u e l e c o n v i n i e r a u n a d e e s t a s e s p e c i e s d e m o v i m i e n t o
l o c a l y e n t o n c e s habría o u n a g r a v e d a d o una ligereza infinitas, o bien
u n m o v i m i e n t o c i r c u l a r i n f i n i t o , y y a h e m o s d e m o s t r a d o h a s t a qué
p u n t o e s i m p o s i b l e t o d o eso». 25

FILOTEO — Y nosotros hemos aclarado también h a s t a qué p u n t o

son v a n a s estas consideraciones y razones y q u e el i n f i n i t o e n c o n j u n t o
n o
s e m u e v e , así c o m o q u e p e s a d o o l i g e r o n o e s n i e l i n f i n i t o n i n i n -
gún o t r o c u e r p o q u e esté e n s u l u g a r n a t u r a l , n i t a m p o c o l a s p a r t e s

2 5
Ibid., 1,7,274D22-29.
276 Del infinito: el universo y los mundos

s e p a r a d a s u n a v e z s e h a y a n a l e j a d o d e s u l u g a r p r o p i o m á s allá d e u n a
c i e r t a d i s t a n c i a . E l c u e r p o i n f i n i t o , p o r t a n t o , según n o s o t r o s , n o e s
móvil n i e n p o t e n c i a n i e n a c t o ; n o e s p e s a d o n i l i g e r o n i e n p o t e n c i a
n i e n a c t o y a ú n m e n o s p u e d e t e n e r u n p e s o o l i g e r e z a i n f i n i t o s según
n u e s t r o s p r i n c i p i o s y l o s d e o t r o s , c o n t r a l o s c u a l e s e d i f i c a éste t a n
h e r m o s o s castillos.
ELPINO — L a s e g u n d a razón e s p o r e s o i g u a l m e n t e v a n a porque
p r e g u n t a i n ú t i l m e n t e «si e l i n f i n i t o s e m u e v e n a t u r a l o v i o l e n t a -
mente» 2 6
a q u i e n jamás d i j o q u e s e m o v i e r a n i e n p o t e n c i a n i e n
acto. L u e g o p r u e b a q u e n oexiste u nc u e r p o i n f i n i t o m e d i a n t e a r -
g u m e n t o s s a c a d o s d e l m o v i m i e n t o e n g e n e r a l , después d e h a b e r
p r o c e d i d o m e d i a n t e u n a r g u m e n t o s a c a d o d e l m o v i m i e n t o según e l
s e n t i d o común. D i c e , p u e s , q u e e l c u e r p o i n f i n i t o n o p u e d e actuar
s o b r e e l c u e r p o i n f i n i t o n i t a m p o c o s u f r i r s u acción, a d u c i e n d o tres
argumentos. 2 7
E n p r i m e r l u g a r , q u e e l i n f i n i t o n o s u f r e l a acción d e
lo finito, p o r q u e t o d o m o v i m i e n t o y p o r c o n s i g u i e n t e t o d a pasión
se d a e n e l t i e m p o ; y s i e s así, podrá o c u r r i r q u e u n c u e r p o d e m a g -
n i t u d m e n o r podrá e x p e r i m e n t a r u n a pasión p r o p o r c i o n a l a e l l a ;
p o r e s o , i g u a l q u e h a y u n a proporción e n t r e e l p a c i e n t e finito y el
agente finito, vendrá a o c u r r i r l o m i s m o e n t r e e l p a c i e n t e finito y
e l a g e n t e i n f i n i t o . E s t o s e v e s i t o m a m o s p o r c u e r p o i n f i n i t o A, por
cuerpo finito B y puesto q u e t o d o m o v i m i e n t o se d a e n e l t i e m p o ,
sea G e l t i e m p o , e n e l c u r s o d e l c u a l A se m u e v e o es m o v i d o . T o -
m e m o s l u e g o u n c u e r p o d e m e n o r m a g n i t u d , c o m o B; y s e a l a línea
D agente sobre otro cuerpo (representado p o r H), acción q u e s e
c u m p l e e n e l t i e m p o G. A p a r t i r d e a q u í s e v e r á c i e r t a m e n t e q u e l a
proporción q u e h a y e n t r e e l a g e n t e m e n o r D y e l a g e n t e m a y o r B e s
c o m o l aque hay entre elpaciente finito H y laparte finita d e A, s e a
p o r e j e m p l o AZ. S i c a m b i a m o s a h o r a l a proporción e n t r e e l p r i m e r
a g e n t e y e l t e r c e r p a c i e n t e , i g u a l q u e l a proporción e n t r e e l s e g u n d o
a g e n t e y e l c u a r t o p a c i e n t e , e n t o n c e s l a p r o p o r c i ó n d e D y H será
i g u a l q u e l a d e B y AZ; e n e l m i s m o t i e m p o G, B será verdadera-
m e n t e agente perfecto sobre u n a cosa finita y u n a cosa infinita, esto
e s , s o b r e AZ parte del infinito y sobre A infinito. E s o es imposible;
por tanto, e l c u e r p o infinito n op u e d e s e ragente n ipaciente, por-
que d o spacientes iguales sufren igualmente e n el m i s m o tiempo
l a acción d e l m i s m o a g e n t e y e l p a c i e n t e m e n o r s u f r e l a acción d e l

2 6
Ibid.,\, 7, 274D30-31.
1 7
Ibid.,\, 7, 274D33-275D2
 Diálogo II 277

m i s m o agente e n u nt i e m p o menor, el paciente mayor e n cambio

la s u f r e e n u n t i e m p o m a y o r . Además, c u a n d o h a y a g e n t e s d i f e r e n -
tes e n e l m i s m o t i e m p o y s e c u m p l e s u acción, l a proporción e n t r e
a g e n t e y a g e n t e vendrá a s e r i g u a l a l a proporción e n t r e p a c i e n t e y
p a c i e n t e . A d e m á s , t o d o a g e n t e actúa s o b r e e l p a c i e n t e e n u n t i e m p o
f i n i t o ( h a b l o d e a q u e l a g e n t e q u e r e a l i z a c o m p l e t a m e n t e s u acción,
n o d e a q u e l c u y o m o v i m i e n t o e s c o n t i n u o , c o m o e s e l c a s o única-
m e n t e d e l m o v i m i e n t o d e traslación), p o r q u e e s i m p o s i b l e q u e haya
u n a acción finita e n u n t i e m p o infinito. Ves, pues, manifiesto e n
p r i m e r l u g a r cómo l o finito n o p u e d e r e a l i z a r u n a acción completa
sobre l o infinito. 2 8

G tiempo
A paciente infinito B agente finito mayor
A parte del infinito Z
H paciente finito D agente finito menor

E n s e g u n d o lugar, se m u e s t r a i g u a l m e n t e q u e e l i n f i n i t o n o p u e d e
ser a g e n t e s o b r e u n a cosa finita. Sea A e l agente i n f i n i t o , B e l p a -
ciente finito y pongamos q u e A i n f i n i t o actúa s o b r e B finito e n u n
t i e m p o G. S e a l u e g o e l c u e r p o finito D a g e n t e s o b r e l a p a r t e BZ d e
B e n e l m i s m o t i e m p o G. H a b r á c i e r t a m e n t e e n t r e e l p a c i e n t e BZ
y e l p a c i e n t e B e n t e r o u n a proporción i g u a l a l a e x i s t e n t e e n t r e e l
agente D y e lotro agente finito H; y s i c a m b i a l a p r o p o r c i ó n e n t r e
e l a g e n t e D y e l p a c i e n t e BZ i g u a l q u e l a p r o p o r c i ó n e n t r e e l a g e n t e
H y t o d o B, e n t o n c e s B será m o v i d o p o r H e n e l m i s m o t i e m p o e n
q u e BZ e s m o v i d o p o r D, e s d e c i r , e n u n t i e m p o G, d u r a n t e e l c u a l
B e s m o v i d o p o r e l a g e n t e i n f i n i t o A, l o c u a l e s i m p o s i b l e . Dicha
i m p o s i b i l i d a d se sigue d e l oq u e h e m o s d i c h o , a saber: q u e si algo
infinito opera e nu n t i e m p o finito, e s p r e c i s o q u e l a acción n o s e dé
en eltiempo, porque entre l o finito y l o i n f i n i t o n o h a y proporción.
Por tanto, si nosotros p o n e m o s dos agentes diversos que ejercen l a
m i s m a acción s o b r e u n m i s m o p a c i e n t e , s u acción s e desarrollará
necesariamente e n d o s t i e m p o s d i f e r e n t e s y habrá e n t r e l o s tiempos
l a m i s m a proporción q u e e n t r e l o s a g e n t e s . P e r o s i p o n e m o s d o s
agentes, u n o d e los cuales es infinito y e l o t r o finito, con la misma
acción s o b r e u n m i s m o p a c i e n t e , será n e c e s a r i o que digamos una
de dos: o q u e l a acción d e l i n f i n i t o e s instantánea o b i e n q u e l a

Ibid., 1, 7, 27531-14.
 Del infinito: el universo y los mundos

acción d e l a g e n t e finito se d ae n u nt i e m p o i n f i n i t o . T a n t o l o u n o
c o m o l oo t r o es i m p o s i b l e . 2 9

G tiempo
A agente infinito
H agente finito B paciente finito
D agente finito B parte del paciente finito Z

En tercer lugar, se pone d e manifiesto q u e e l cuerpo infinito n o

puede actuar sobre u n c u e r p o infinito. E n efecto, c o m o seh a dicho
e n l a Física, e s i m p o s i b l e q u e l a acción o pasión q u e d e sin c u m -
p l i r s e . E s t a n d o , p u e s , d e m o s t r a d o q u e jamás p u e d e cumplirse la
acción d e l i n f i n i t o s o b r e o t r o i n f i n i t o , s e podrá c o n c l u i r q u e n o
puede h a b e r acción e n t r e e l l o s . P o n g a m o s , pues, d o sinfinitos, d e
l o s c u a l e s s e a u n o B, q u e s u f r e l a a c c i ó n d e A e n u n t i e m p o finito G,
p o r q u e l a acción finita se d anecesariamente e nu n t i e m p o finito.
Pongamos l u e g o q u e l a p a r t e BD d e l p a c i e n t e s u f r e l a a c c i ó n d e
A. E s c i e r t a m e n t e c l a r o q u e l a p a s i ó n d e BD v i e n e a c u m p l i r s e e n
u n t i e m p o m e n o r q u e G, t i e m p o q u e p o d e m o s representar por Z .
Habrá, e n t o n c e s , u n a proporción e n t r e e l t i e m p o Z y e l t i e m p o G
i g u a l a l a p r o p o r c i ó n e n t r e BD ( p a r t e d e l p a c i e n t e i n f i n i t o ) y l a p a r -
t e m a y o r d e l i n f i n i t o B, r e p r e s e n t a d a p o r BDH, l acual es paciente
de A e ne lt i e m p o finito G. E n e l m i s m o t i e m p o t o d o e l i n f i n i t o B
h a s u f r i d o y a l a a c c i ó n d e A, l o c u a l e s f a l s o , p o r q u e e s i m p o s i b l e
que haya dos pacientes, u n o infinito y otro finito, los cuales sufran
l a m i s m a acción d e u n m i s m o a g e n t e e n e l m i s m o t i e m p o , s e a e l
eficiente finito o— c o m o hemos supuesto— infinito.

Tiempo finito
G Z
A agente infinito
Paciente infinito
B D H

FILOTEO — T o d o l o q u e d i c e A r i s t ó t e l e s q u i e r o q u e esté b i e n d i c h o
c u a n d o s e a p l i q u e c o r r e c t a m e n t e y c u a n d o c o n c l u y a a propósito.
P e r o , c o m o h e m o s d i c h o , n o h a y filósofo q u e h a y a h a b l a d o d e l i n f i -
n i t o y d e c u y o m o d o d e h a b l a r p u e d a n seguirse tales i n c o n v e n i e n -

2 9
Ibid., 1,7,275314-24.
 Diálogo I I 279

tes- S i n e m b a r g o , e x a m i n a r e m o s s u m o d o d e a r g u m e n t a r n o p a r a
r e s p o n d e r a l o q u e dice, p o r q u e n o es c o n t r a r i o a n o s o t r o s , s i n o t a n
sólo p a r a c o n t e m p l a r e l v a l o r d e s u s o p i n i o n e s . E n p r i m e r l u g a r ,
pues, p r o c e d e e n s u ssuposiciones p o r f u n d a m e n t o s n o n a t u r a l e s ,
q u e r i e n d o t o m a r esta y a q u e l l a p a r t e del i n f i n i t o , c u a n d o el i n f i n i t o
n o p u e d e t e n e r p a r t e , a n o ser q u e q u e r a m o s d e c i r q u e e s a p a r t e es
i n f i n i t a , p u e s t o q u e i m p l i c a contradicción q u e e n e l i n f i n i t o haya
una parte m a y o r y u n a parte m e n o r o u n a parte que guarde una
p r o p o r c i ó n m a y o r o m e n o r c o n r e s p e c t o a él, y a q u e a l i n f i n i t o n o
te a c e r c a s más c o n l a c e n t e n a q u e c o n e l t r e s , p o r q u e e l número
i n f i n i t o n o c o n s t a m e n o s d e i n f i n i t a s tríadas q u e d e i n f i n i t a s cen-
t e n a s . L a dimensión i n f i n i t a n o c o n s t a m e n o s d e i n f i n i t o s p i e s q u e
de infinitas m i l l a s ; p o r eso, c u a n d o q u e r e m o s h a b l a r d e partes d e
la dimensión i n f i n i t a n o d e c i m o s c i e n m i l , m i l p a r a s a n g a s , p u e s t o
q u e éstas p u e d e n s e r l l a m a d a s p a r t e s d e l o finito y e nverdad son
t a n sólo p a r t e s d e l o finito c o n respecto a l cual (entendido c o m o
u n t o d o ) g u a r d a n u n a proporción, s i n q u e p u e d a n n i d e b a n s e r
consideradas partes d e aquello con respeto a l o cual n o g u a r d a n
proporción. D e l a m i s m a f o r m a m i l años n o s o n p a r t e d e l a e t e r n i -
d a d , p o r q u e n o g u a r d a n p r o p o r c i ó n c o n e l t o d o , p e r o sí s o n p a r t e s
d e a l g u n a m e d i d a d e t i e m p o , c o m o p o r e j e m p l o d i e z m i l años, c i e n
m i l siglos.
ELPINO — E n t o n c e s p u e s , e x p l í c a m e : ¿cuáles dirás q u e s o n l a s p a r -
tes d e l a duración i n f i n i t a ?
FILOTEO — L a s p a r t e s p r o p o r c i o n a l e s d e l a duración, q u e guar-
d a n u n a proporción c o n l a duración y e l t i e m p o , p e r o n o c o n l a d u r a -
ción i n f i n i t a y e l t i e m p o i n f i n i t o , p o r q u e e n éste e l t i e m p o m á x i m o ,
es d e c i r , l a p a r t e p r o p o r c i o n a l máxima d e l a duración v i e n e a s e r
e q u i v a l e n t e a l a p a r t e mínima, d a d o q u e s i g l o s i n f i n i t o s n o h a c e n
más q u e i n f i n i t a s h o r a s . Q u i e r o d e c i r q u e e n l a duración infinita,
q u e e s l a e t e r n i d a d , n o h a y más h o r a s q u e s i g l o s , d e s u e r t e q u e t o d o
lo q u e se dice p a r t e del i n f i n i t o , e nt a n t o q u e es parte del i n f i n i t o , es
i n f i n i t a , t a n t o e n l a duración i n f i n i t a c o m o e n e l tamaño i n f i n i t o . A
p a r t i r d e e s t a d o c t r i n a p u e d e s c o n s i d e r a r c u a n p r e c a v i d o e s Aristó-
teles e n s u ss u p o s i c i o n e s c u a n d o t o m a finitas laspartes del infinito
y c u á n t a e s l a f u e r z a d e l a s r a z o n e s d e a l g u n o s teólogos c u a n d o d e
la e t e r n i d a d d e l t i e m p o p r e t e n d e n i n f e r i r l o i n a p r o p i a d o d e t a n t o s
infinitos m a y o r e s e l u n o q u e el o t r o c o m o puede haber especies d e
números. E s t a d o c t r i n a , d i g o , t e p e r m i t e l i b e r a r t e d e i n n u m e r a b l e s
laberintos.
28o Del infinito: el universo y los mundos

ELPINO — E n c o n c r e t o , d e l q u e se n o s p l a n e t a a propósito d e l o s i n -
finitos p a s o s y l a s i n f i n i t a s m i l l a s q u e vendrían a h a c e r u n i n f i n i t o m e -
n o r y u n i n f i n i t o m a y o r e n l a i n m e n s i d a d d e l u n i v e r s o . P e r o continúa.
FILOTEO — E n s e g u n d o l u g a r , Aristóteles n o p r o c e d e demostra-
t i v a m e n t e e n s ur a z o n a m i e n t o , p o r q u e d eq u e el u n i v e r s o es infinito
y e n él ( n o d i g o d e él, p o r q u e u n a c o s a e s h a b l a r d e p a r t e s e n e l
infinito y otra cosa d e partes del infinito) hay infinitas partes, todas
c o n a c c i ó n y pasión y , p o r c o n s i g u i e n t e , c o n t r a n s m u t a c i ó n e n t r e sí,
p r e t e n d e i n f e r i r o q u e e l i n f i n i t o t i e n e acción o p a s i ó n s o b r e l o finito
o delo finito, o b i e n q u e e l i n f i n i t o t i e n e acción s o b r e e l i n f i n i t o y
éste s u f r a s u acción y s e a t r a n s m u t a d o p o r él. E s a i n f e r e n c i a , a f i r -
m a m o s n o s o t r o s , n o e s válida físicamente, a u n q u e lógicamente s e a
v e r d a d e r a , y a q u e a u n q u e c o m p u t a n d o c o n l a razón encontramos
infinitas partes q u e son activas e infinitas q u e son pasivas y a u n q u e
éstas s e t o m e n c o m o u n c o n t r a r i o y a q u é l l a s c o m o o t r o c o n t r a r i o ,
sin e m b a r g o , e n l a n a t u r a l e z a — p o r estar estas partes d e s u n i d a s y
s e p a r a d a s y d i v i d i d a s p o r u n o s límites p a r t i c u l a r e s , t a l c o m o obser-
v a m o s — n o nos o b l i g a n n in o s i n c l i n a n a decir q u e e l i n f i n i t o sea
agente o paciente, sino que en elinfinito i n n u m e r a b l e s partes finitas
t i e n e n acción o p a s i ó n . S e a d m i t e , p u e s , n o q u e e l i n f i n i t o s e a m ó v i l
y a l t e r a b l e , s i n o q u e e n él h a y i n f i n i t o s c u e r p o s m ó v i l e s y a l t e r a b l e s ;
no que l o finito s u f r a l a acción d e l i n f i n i t o n i e l i n f i n i t o l a acción
de l o finito, n i e l i n f i n i t o l a acción d e l i n f i n i t o , s e g ú n u n a infinitud
física y n a t u r a l , s i n o s e g ú n l a q u e p r o c e d e d e u n a s u m a lógica y r a -
cional, p o r l a cual todos los graves son c o m p u t a d o s c o m o u n grave,
a u n q u e t o d o s los g r a v e s n of o r m e n u n grave.
P e r m a n e c i e n d o , p o r t a n t o , e l t o d o i n f i n i t o inmóvil, i n a l t e r a b l e ,
i n c o r r u p t i b l e , p u e d e h a b e r y d e h e c h o h a y e n él m o v i m i e n t o s y a l t e -
r a c i o n e s i n n u m e r a b l e s e i n f i n i t o s , p e r f e c t o s y c o m p l e t o s . Añade a l o
q u e se h ad i c h o q u e , e n e l s u p u e s t o d e q u e h a y a dos c u e r p o s infinitos
p o r u n l a d o y l i m i t a d o s r e c í p r o c a m e n t e p o r e l o t r o , n o s e seguirá d e
a h í l o q u e Aristóteles p i e n s a q u e s e s i g u e n e c e s a r i a m e n t e , e s t o e s : q u e
l a acción y pasión serán i n f i n i t a s , p u e s t o q u e s i d e e s t o s d o s cuerpos
e l u n o actúa s o b r e e l o t r o , n o ejercerá s u acción s e g ú n t o d a s u d i m e n -
sión y m a g n i t u d , y a q u e n o está p r ó x i m o , v e c i n o , u n i d o y e n p r o l o n -
gación d e l o t r o según t o d a s u dimensión y según t o d a s l a s p a r t e s d e l a
m i s m a . E n efecto, p o n g a m o s por caso q u e haya dos cuerpos infinitos
A y B, l o s c u a l e s están a l i n e a d o s o u n i d o s e l u n o a l o t r o s e g ú n l a línea
o s u p e r f i c i e FG. S i n d u d a n o vendrán a a c t u a r e l u n o s o b r e e l o t r o
c o n t o d a s u f u e r z a , y a q u e n o están p r ó x i m o s e l u n o a l o t r o e n todas
 Diálogo I I 28

s u s p a r t e s , p u e s t o q u e l a c o n t i n u i d a d n o p u e d e d a r s e más q u e d e n t r o
¿ c u n límite finito. Y a f i r m o además q u e , a u n e n e l c a s o d e q u e s u -
p o n g a m o s q u e e s a s u p e r f i c i e o línea e s i n f i n i t a , n o s e seguirá p o r e s o
q u e l o s c u e r p o s , d o t a d o s d e e s a c o n t i n u i d a d , p r o d u z c a n u n a acción y
u n a pasión i n f i n i t a , p o r q u e n o s o n i n t e n s a s , s i n o e x t e n s a s , i g u a l q u e
l a s p a r t e s s o n e x t e n s a s . D e a h í q u e e n n i n g u n a p a r t e actúe e l i n f i n i t o
con toda s ufuerza, sino parte por parte, extensiva, discreta y separa-
damente.

10 A M
20 B N
3° C O
40 D P

Así, por e j e m p l o , las partes d e d o scuerpos contrarios q u e pueden

a l t e r a r s e s o n p a r t e s v e c i n a s , c o m o A y 1 , B y 2, C y 3 , D y 4 y así
s u c e s i v a m e n t e h a s t a e l i n f i n i t o . J a m á s p o d r á s c o m p r o b a r u n a acción
i n t e n s i v a m e n t e i n f i n i t a , p o r q u e l a spartes d e esos dos c u e r p o s n o se
p u e d e n a l t e r a r m á s allá d e u n a c i e r t a y d e t e r m i n a d a d i s t a n c i a y p o r
e s o M y 1 0 , N y 2 0 , O y 3 0 , P y 4 0 n o están y a e n c o n d i c i o n e s d e a l -
t e r a r s e recíprocamente. V e s , p u e s , cómo d a d o s d o s c u e r p o s infinitos
n o s e seguirá u n a acción i n f i n i t a . A f i r m o a d e m á s q u e , a u n q u e s e s u -
ponga y a d m i t a q u e esos dos cuerpos infinitos p u d i e r a n actuar e l u n o
contra e l otro intensivamente y remitirse el u n o al otro con toda s u
f u e r z a , n o s e seguiría p o r e s o acción n i pasión a l g u n a , y a q u e e l u n o
es t a n c a p a z d e r e a c c i o n a r y r e s i s t i r c o m o e l o t r o d e a c t u a r e i n s i s t i r ,
p o r l o q u e n o s e seguiría alteración a l g u n a . H e a h í , p u e s , c ó m o d e d o s
i n f i n i t o s c o n t r a p u e s t o s o s e s i g u e u n a alteración finita o n o se sigue
nada en absoluto.
ELPINO — ¿ Q u é responderás, e n t o n c e s , a l s u p u e s t o d e u n c o n t r a -
no finito y otro infinito, por ejemplo que la Tierra fuera u n cuerpo
frío y e l c i e l o f u e r a f u e g o y t o d o s l o s a s t r o s f u e r a n f u e g o y e l c i e l o
i n m e n s o y l o s a s t r o s i n n u m e r a b l e s ? ¿ P r e t e n d e s q u e d e e s o s e seguiría
l o q u e i n f i e r e Aristóteles, e s d e c i r , q u e l o finito sería a b s o r b i d o por
el i n f i n i t o ?
FILOTEO — E v i d e n t e m e n t e n o , c o m o se puede a f i r m a r a partir d e
lo que h e m o s dicho. E s t a n d o l afuerza corporal dispersa a lo largo d e l a
extensión d e l c u e r p o i n f i n i t o , n o v e n d r í a a a c t u a r c o n t r a e l c u e r p o
282 Del infinito: el universo y los mundos

finito con vigor y fuerza infinita, sino con la que puede difundir de
las p a r t e s finitas s i t u a d a s d e n t r o d e u n o s límites d e t e r m i n a d o s , p u e s t o
q u e e s i m p o s i b l e q u e actúe según t o d a s l a s p a r t e s , s i n o t a n sólo según
l a s p a r t e s más próximas. P o d e m o s v e r l o p o r l a demostración a n t e r i o r ,
e n l a q u e s u p o n e m o s q u e A y B son dos cuerpos infinitos, los cuales
n o s o n c a p a c e s d e m o d i f i c a r s e e l u n o a l o t r o más q u e p o r l a s p a r t e s
q u e están a u n a d i s t a n c i a e n t r e 1 0 , 2 0 , 3 0 , 4 0 y M , N , O , P y , p o r c o n -
siguiente, el hecho d e que el cuerpo B corra y crezca infinitamente
m i e n t r a s el cuerpo A permanece finito n o c o n t r i b u y e e n nada a ejercer
u n a acción m a y o r y m á s v i g o r o s a . V e s , p u e s , c ó m o d e d o s c o n t r a r i o s
c o n t r a p u e s t o s s e s i g u e s i e m p r e u n a acción finita y u n a alteración fi-
n i t a , t a n t o s i se s u p o n e q u e u n o d e los dos es i n f i n i t o y e l o t r o finito
c o m o s i se s u p o n e q u e a m b o s s o n i n f i n i t o s .
ELPINO — M e hasdado p l e n a satisfacción, d e s u e r t e q u e m e
p a r e c e s u p e r f l u o a d u c i r l o s o t r o s a r g u m e n t o s , más b i e n silvestres,
c o n los q u e q u i e r e d e m o s t r a r q u e fuera del cielo n oexiste cuerpo
i n f i n i t o , c o m o e s e q u e d i c e : « t o d o c u e r p o q u e está e n u n l u g a r e s
sensible; fuera del cielo, sin e m b a r g o , n ohay c u e r p o sensible; por
t a n t o , allí n o h a y l u g a r » . O b i e n e s t e o t r o : « t o d o c u e r p o sensible
está e n u n l u g a r ; f u e r a d e l c i e l o n o h a y l u g a r ; p o r t a n t o allí n o h a y
c u e r p o . E s más: todavía m e n o s h a y u n «fuera», p o r q u e «fuera»
significa u n a diferencia d e l u g a r y d e l u g a r sensible y n ou n cuer-
p o e s p i r i t u a l e i n t e l i g i b l e , c o m o a l g u n o podría d e c i r : s i e s s e n s i b l e ,
es finito».10

FILOTEO — Y o c r e o y e n t i e n d o q u e m á s y m á s allá d e l límite i m a -

g i n a r i o d e l c i e l o s i g u e e x i s t i e n d o r e g i ó n etérea y c u e r p o s mundanos,
a s t r o s , t i e r r a s , s o l e s ; t o d o s a b s o l u t a m e n t e p e r c e p t i b l e s e n sí m i s m o s y
p a r a l o s q u e están d e n t r o o c e r c a , a u n q u e n o s e a n p e r c e p t i b l e s a n o s o -
t r o s p o r s u lejanía y d i s t a n c i a . M i e n t r a s , c o n s i d e r a q u é f u n d a m e n t o
a d o p t a Aristóteles, q u e a p a r t i r d e l h e c h o d e q u e n o t e n e m o s ningún
c u e r p o s e n s i b l e m á s allá d e e s a c i r c u n f e r e n c i a i m a g i n a r i a , p r e t e n d e
q u e n o h a y c u e r p o a l g u n o . P o r e s o él s e obstinó e n n o a c e p t a r otro
c u e r p o q u e l a o c t a v a e s f e r a , m á s allá d e l a c u a l l o s a s t r ó n o m o s d e s u
t i e m p o n o habían r e c o n o c i d o ningún o t r o c i e l o . Y c o m o refirieron
siempre el vertiginoso m o v i m i e n t o aparente del m u n d o alrededor
d e l a T i e r r a a u n p r i m e r móvil s i t u a d o p o r e n c i m a d e t o d o s l o s d e -
más, e s t a b l e c i e r o n f u n d a m e n t o s t a l e s q u e h a n i d o añadiendo c o n -
t i n u a m e n t e esfera tras esfera y h a n descubierto lasotras esferas sin

3 0
Ibid., 1, 7 , 275D5-11 (Bruno cita de forma imprecisa).
 Diálogo I I

estrellas y , p o r consiguiente, sin cuerpos perceptibles, m i e n t r a s las

s u p o s i c i o n e s y fantasías a s t r o n ó m i c a s c o n d e n a n e s a o p i n i ó n . R e s u l t a
m u c h o más c o n d e n a d a , sin e m b a r g o , p o r los q u e m e j o r e n t i e n d e n
cómo l o s c u e r p o s q u e s e d i c e p e r t e n e c e r a l octavo cielo n o tienen
m e n o s d i f e r e n c i a s e n t r e sí d e m a y o r y m e n o r d i s t a n c i a c o n respecto
a l a s u p e r f i c i e d e l a T i e r r a q u e l o s o t r o s s i e t e , p o r q u e l a razón d e s u
e q u i d i s t a n c i a d e p e n d e sólo d e l falsísimo s u p u e s t o d e l a i n m o v i l i d a d
de l a T i e r r a , c o n t r a e l cual grita toda l a n a t u r a l e z a , c l a m a toda l a
razón y s e n t e n c i a a l fin t o d o i n t e l e c t o r e g u l a d o y b i e n i n f o r m a d o . E n
c u a l q u i e r c a s o , s e d i c e c o n t r a razón q u e e l u n i v e r s o a c a b a y t e r m i n a
allí d o n d e c o n c l u y e e l a l c a n c e d e n u e s t r o sentido. P o r q u e l a sensi-
b i l i d a d e s c a u s a d e i n f e r i r q u e e x i s t e n l o s c u e r p o s , p e r o s u negación
( q u e p u e d e d e b e r s e a d e f e c t o d e l a p o t e n c i a s e n s i t i v a y n od e l o b j e -
to sensible) n oes suficiente n isiquiera para sospechar ligeramente
que n ohay cuerpos, y a que si la verdad dependiera d e semejante
s e n s i b i l i d a d , los c u e r p o s q u e se n o s a p a r e c e n tan cercanos y pega-
d o s e l u n o a l o t r o serían r e a l m e n t e así. P e r o n o s o t r o s j u z g a m o s que
tal estrella q u e parece m e n o r e n e l firmamento y es e s t i m a d a d el a
c u a r t a o q u i n t a m a g n i t u d , será m u c h o m a y o r q u e a q u e l l a o t r a que
es e s t i m a d a d e l a s e g u n d a y p r i m e r a m a g n i t u d , e n c u y o j u i c i o e l s e n -
t i d o , i n c a p a z d e c o n o c e r l a razón d e l a m a y o r d i s t a n c i a , s e engaña.
Y nosotros, una v e zhemos conocido e l m o v i m i e n t o d e la Tierra,
s a b e m o s q u e a q u e l l o s m u n d o s n o s o n e q u i d i s t a n t e s d e éste y q u e n o
están c o l o c a d o s c o m o e n u n d e f e r e n t e .
ELPINO — Q u i e r e s d e c i r q u e n o están c o m o e m p l a s t a d o s e n una
m i s m a cúpula, c o s a i n d i g n a d e q u e s e l a i m a g i n e n h a s t a l o s niños,
l o s c u a l e s podrían c r e e r quizá q u e , s i n o e s t u v i e r a n p e g a d o s a l a t r i -
b u n a y lámina c e l e s t e c o n b u e n a c o l a o b i e n c l a v a d o s c o n tenacísi-
m o s c l a v o s , caerían s o b r e n o s o t r o s i g u a l q u e c a e e l g r a n i z o d e s d e e l
aire cercano. Q u i e r e s decir q u e todas esas o t r a s tierras y t o d o s esos
o t r o s espaciosísimos c u e r p o s t i e n e n s u s r e g i o n e s y s u s d i s t a n c i a s e n
e l etéreo c a m p o , i g u a l q u e e s t a t i e r r a q u e c o n s u g i r o d i a r i o c a u s a
la a p a r i e n c i a d e q u e t o d o s j u n t o s se m u e v a n e n t o r n o a ella como
si e s t u v i e r a n e n c a d e n a d o s . Q u i e r e s decir q u e n oes preciso aceptar
cuerpo espiritual a l g u n o fuera d el aoctava o n o v e n a esfera, sino q u e
este m i s m o a i r e q u e existe e n t o r n o a l a T i e r r a , l a L u n a , e l S o l y los
c o n t i e n e a t o d o s , s e v a a m p l i a n d o también a l i n f i n i t o p a r a contener
i n f i n i t o s o t r o s astros y g r a n d e s a n i m a l e s ; y este a i r e v i e n e a ser lugar
común y u n i v e r s a l y t i e n e e s p a c i o s o s e n o i n f i n i t o , c o n t i n e n t e a l o
l a r g o d e t o d o e lu n i v e r s o i n f i n i t o i g u a l q u e e n este espacio sensible a
284 Del infinito: el universo y los mundos

n o s o t r o s p o r t a n t a s y t a n n u m e r o s a s l u m i n a r i a s . Q u i e r e s q u e n o sea
e l a i r e y e s t e c u e r p o c o n t i n e n t e q u i e n s e m u e v a e n círculo o a r r a s ,
tre los astros, c o m o por e j e m p l o la T i e r r a , l a L u n a y otros, sino q u e

éstos s e m u e v e n e n v i r t u d d e s u p r o p i a a l m a p o r s u s e s p a c i o s p r o p i o s ,
con todos aquellos m o v i m i e n t o s propios que poseen aparte del movi-
m i e n t o aparente del m u n d o causado por elm o v i m i e n t o d el a Tierra
y aparte d e otros que aparecen c o m u n e s a t o d o s los a s t r o s , c o m o si
e s t u v i e r a n p e g a d o s a u n c u e r p o móvil, t o d o s l o s c u a l e s s o n a p a r i e n -
cias r e s u l t a n t e s d e las d i v e r s a s m o d a l i d a d e s d e l m o v i m i e n t o d e este
astro e n el q u e e s t a m o s y c u y o m o v i m i e n t o nos resulta imperceptible.
Q u i e r e s , p o r c o n s i g u i e n t e , q u e el a i r e y las p a r t e s q u e p o d a m o s t o m a r
e n l a región etérea n o t e n g a n o t r o m o v i m i e n t o q u e e l d e contracción
y expansión, e l c u a l e x i s t e n e c e s a r i a m e n t e p o r el avance d e estos
c u e r p o s sólidos a través d e l a i r e , m i e n t r a s l o s u n o s g i r a n alrededor
d e los o t r o s y m i e n t r a s es necesario q u e este c u e r p o e s p i r i t u a l llene
el t o d o .
FILOTEO — C i e r t o . D i g o , además, q u e e s t e i n f i n i t o e i n m e n s o es
u n a n i m a l , aunque carezca d euna figura d e t e r m i n a d a y d eu n senti-
d o q u e s e r e f i e r a a c o s a s e x t e r i o r e s ; p o r q u e él c o n t i e n e t o d a e l a l m a y
c o m p r e n d e t o d o l o a n i m a d o y e s t o d o l o a n i m a d o . D i g o también q u e
n o se sigue i n c o n v e n i e n t e a l g u n o , c o m o sise t r a t a r a d e dos infinitos,
p o r q u e s i e n d o e l m u n d o u n c u e r p o a n i m a d o h a y e n él i n f i n i t a vir-
tud motriz e infinito sujeto demovilidad, a lamanera c o m o hemos
d i c h o , e s t o es, d i s c r e t a m e n t e , y a q u e e l t o d o c o n t i n u o e s inmóvil, t a n -
to p o r l o q u e se refiere a l m o v i m i e n t o circular e n t o r n o a l centro
c o m o p o r l o q u e s e r e f i e r e a l m o v i m i e n t o rectilíneo d e s d e e l c e n t r o o
hacia e lcentro, careciendo c o m o carece d e c e n t r o y d e e x t r e m o . D e -
c i m o s , a d e m á s , q u e e l m o v i m i e n t o d e l o p e s a d o y d e l o l i g e r o n o sólo
n o c o n v i e n e a lc u e r p o infinito, sino t a m p o c o a lc u e r p o e n t e r o y per-
f e c t o q u e p u e d a h a b e r e n él, n i a l a p a r t e d e a l g u n o d e e s t o s cuerpos
q u e esté e n s u l u g a r y g o c e d e s u d i s p o s i c i ó n n a t u r a l . Y v u e l v o a d e -
cir q u e n a d a es g r a v e o l i g e r o d e f o r m a absoluta, s i n o r e l a t i v a m e n t e ,
e s t o es, c o n r e s p e c t o a l l u g a r h a c i a e l q u e se r e t i r a n o c o n g r e g a n l a s
partes difusas y dispersas. Y basta c o n h a b e r c o n s i d e r a d o t o d o esto
h o y c o n r e s p e c t o a l a i n f i n i t a m o l e d e l u n i v e r s o . M a ñ a n a t e esperaré
p a r a l o q u e q u i e r a s s a b e r a propósito d e l o s i n f i n i t o s m u n d o s que
h a y e n él.
ELPINO — Y yo, a u n q u e p o r l a enseñanza d e h o y m e c r e o y a c a p a z
d e e s t a o t r a , volveré e n l a e s p e r a n z a d e escuchar otros asuntos parti-
c u l a r e s d i g n o s d e interés.
 Diálogo II 285

FRACASTORO — Y y o v e n d r é t a n sólo e n c a l i d a d d e oyente.

BURQUIO — Y y o , q u e así c o m o p o c o a p o c o m e voy acostumbrando
c a d a v e z más a e n t e n d e r t e , p a u l a t i n a m e n t e v e n g o también a e s t i m a r
verosímil y q u i z á v e r d a d e r o l o q u e d i c e s .

COPIA CON FINES

E D U C A T I V O S

C. D . A .
 D I Á L O G O T E R C E R O

FILOTEO — U n o , pues, es el cielo, el espacio i n m e n s o , el seno, el c o n -

t i n e n t e u n i v e r s a l , l a etérea región p o r l a q u e e l t o d o d i s c u r r e y s e m u e -
v e . L o s s e n t i d o s n o s p e r m i t e n v e r allí i n n u m e r a b l e s e s t r e l l a s , astros,
g l o b o s , s o l e s y t i e r r a s y l a razón a r g u m e n t a l a e x i s t e n c i a d e i n f i n i t o s
otros. E l u n i v e r s o i n m e n s o e i n f i n i t o es e l c o m p u e s t o q u e resulta d e
t a l e s p a c i o y d e t a n t o s c u e r p o s e n él c o m p r e n d i d o s .
ELPINO — D e m a n e r a q u e n o h a y e s f e r a s d e s u p e r f i c i e cóncava y
convexa, n o existen los orbes deferentes, sino q u e t o d o es u n campo,
t o d o e s u n receptáculo u n i v e r s a l .
FILOTEO — A s í e s .
ELPINO — P o r t a n t o , lo que h allevado a imaginar diversos cielos
h a sido los diversos m o v i m i e n t o s d e los astros, p o r e lh e c h o d e q u e se
veía u n c i e l o l l e n o d e e s t r e l l a s g i r a r e n t o r n o d e l a T i e r r a s i n que
se v i e r a q u e n i n g u n a d e a q u e l l a s l u c e s s e a l e j a r a d e l a s d e m á s e n m o d o
alguno, sino que guardando s i e m p r e l a m i s m a d i s t a n c i a y relación,
a la v e z q u e u n o r d e n preciso, todas ellas g i r a b a n e n t o r n o de la T i e r r a ,
i g u a l q u e u n a r u e d a e n l a q u e están c l a v a d o s e s p e j o s innumerables
g i r a e n t o r n o a l p r o p i o e j e . P o r t o d o e l l o s e c r e e evidentísimo, c o m o
algo q u e los ojos h a c e n m a n i f i e s t o a l sentido, q u e a esos cuerpos l u -
m i n o s o s n o conviene u n m o v i m i e n t o p r o p i o c o n e lq u e p u d i e r a n dis-
c u r r i r c o m o p á j a r o s p o r e l a i r e , s i n o q u e l a revolución c i r c u l a r d e l o s
o r b e s e n l o s q u e están fijos, e f e c t u a d a p o r e l i m p u l s o d i v i n o d e a l g u n a
inteligencia, los arrastra.
FILOTEO — A s í s e c r e e v u l g a r m e n t e , p e r o e s a imaginación q u e d a r á
s u p r i m i d a c u a n d o se h a y a c o m p r e n d i d o e l m o v i m i e n t o d e este astro
m u n d a n o e n e l q u e e s t a m o s , e l c u a l , s i n e s t a r fijo a o r b e a l g u n o , g i r a e n
t o r n o al p r o p i o c e n t r o y sem u e v e e n t o r n o al S o l p o r el espacioso c a m p o
u n i v e r s a l , a g i t a d o p o r u n p r i n c i p i o intrínseco, p o r s u p r o p i a a l m a y n a -

287
288 Del infinito: el universo y los mundos

t u r a l e z a . C o n e l l o s e abrirá l a p u e r t a d e l a i n t e l i g e n c i a d e l o s verdaderos
p r i n c i p i o s d e las cosas n a t u r a l e s y p o d r e m o s d i s c u r r i r a g r a n d e s pasos
por e lc a m i n o d e l a verdad, la cual h aestado oculta hasta e l presente,
e s c o n d i d a b a j o e l v e l o d e t a n t a s i m a g i n a c i o n e s sórdidas y b e s t i a l e s , p o r
i n j u r i a d e l t i e m p o y a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l d e l a s c o s a s , después d e
q u e a l día d e l o s a n t i g u o s s a b i o s s u c e d i e r a l a c a l i g i n o s a n o c h e d e t e m e -
r a r i o s sofistas.

N o está q u i e t o , s e m u e v e y g i r a
c u a n t o e n e l c i e l o y b a j o e l c i e l o se m i r a .
T o d o corre, alto o bajo,
en giro largo o breve,
y a sea g r a v e o sea l e v e ;
y quizá t o d o v a a l m i s m o p a s o
y al m i s m o p u n t o :
t a n t o discurre el t o d o hasta q u e h a llegado,
t a n t o g i r a e n desbarajuste el a g u a d e n t r o de la o l a ,
que una m i s m a parte
o r a d e a r r i b a a b a j o , o r a d e a b a j o a r r i b a se m u e v e .
Y el m i s m o e m b r o l l o
todas las suertes p o r i g u a l a t o d o s r e p a r t e .

ELPINO — C i e r t o . N o h a y d u d a a l g u n a d e q u e e s t a fantasía d e l o s
o r b e s estelíferos e igníferos, d e l o s e j e s , d e l o s d e f e r e n t e s , d e l a p a r a t o
de los epiciclos y d e otras m u c h a s q u i m e r a s , n o t i e n e o t r o o r i g e n q u e
e l i m a g i n a r s e , s i g u i e n d o l a s a p a r i e n c i a s , q u e e s t a t i e r r a está e n e l m e -
d i o y c e n t r o d e u n i v e r s o y q u e , e s t a n d o únicamente e l l a inmóvil y fija,
la t o t a l i d a d gira a s u alrededor.
FILOTEO — L a m i s m a a p a r i e n c i a s e p r e s e n t a a l o s q u e están e n l a
L u n a y e n l o s demás a s t r o s d e e s t e m i s m o e s p a c i o , q u e s o n o b i e n
t i e r r a s o b i e n soles.
ELPINO — S u p u e s t o , pues, de m o m e n t o q u e la T i e r r a causa c o n su
m o v i m i e n t o esta a p a r i e n c i a d e l m o v i m i e n t o d i a r i o d e l u n i v e r s o y q u e
c o n las d i v e r s a s p e c u l i a r i d a d e s d e d i c h o m o v i m i e n t o c a u s a t o d o s los
m o v i m i e n t o s q u e v e m o s c o n v e n i r a i n n u m e r a b l e s estrellas, nosotros
s e g u i r e m o s d i c i e n d o q u e l a L u n a ( q u e e s o t r a t i e r r a ) s e m u e v e p o r sí
m i s m a p o r el aire e n t o r n o al Sol. D e la m i s m a m a n e r a V e n u s , M e r c u -
r i o y l o s d e m á s , q u e s o n t a m b i é n o t r a s t i e r r a s , efectúan s u s m o v i m i e n -
tos e n t o r n o al m i s m o padre d el a vida.
FILOTEO — A s í es.
 Diálogo III 289

[ELPINO] — M o v i m i e n t o s p r o p i o s d e c a d a u n o s o n los q u e se v e n ,
fuera d e este m o v i m i e n t o l l a m a d o m u n d a n o y d e los m o v i m i e n t o s
propios d e lasllamadas fijas (los cuales deben referirse a m b o s a l a
Tierra); lasdiferencias d e tales m o v i m i e n t o s son m a y o r e s que el
número m i s m o d e c u e r p o s , d e s u e r t e q u e jamás s e verá a d o s astros
coincidir e n u n m i s m o o r d e n y m e d i d a d e m o v i m i e n t o , si se p u -
d i e r a v e r m o v i m i e n t o e n t o d o s a q u e l l o s q u e n o m u e s t r a n variación
a l g u n a p o r l a g r a n d i s t a n c i a a l a q u e están d e n o s o t r o s . Aunque
e s o s a s t r o s efectúen s u s g i r o s e n t o r n o a l f u e g o s o l a r y s e m u e v a n
e n t o r n o a los p r o p i o s c e n t r o s p a r a p a r t i c i p a r d e l c a l o r v i t a l , las d i -
ferencias d e s u a p r o x i m a r s e y alejarse n op u e d e n ser comprendidas
por nosotros.
FILOTEO — A s í e s .
ELPINO — H a y , p o r t a n t o , soles i n n u m e r a b l e s y t i e r r a s infinitas
q u e g i r a n p o r i g u a l e n t o r n o a a q u e l l o s soles, t a l y c o m o v e m o s a estas
siete g i r a r e n t o r n o a este sol c e r c a n o a n o s o t r o s .
FILOTEO — A s í es.
ELPINO — ¿ P o r qué, p u e s , e n t o r n o a e s a s l u c e s q u e s o n s o l e s n o
v e m o s g i r a r o t r a s l u c e s q u e s o n t i e r r a s , s i n o q u e m á s allá d e e s t o s s i e -
te n o p o d e m o s comprender m o v i m i e n t o a l g u n o y t o d o s l o s demás
c u e r p o s m u n d a n o s ( e x c e p t o también l o s l l a m a d o s c o m e t a s ) aparecen
s i e m p r e c o n l a m i s m a disposición y d i s t a n c i a ?
FILOTEO — L a causa es q u e n o s o t r o s v e m o s los soles, q u e son
los c u e r p o s más g r a n d e s , i n c l u s o grandísimos, y n o v e m o s l a s t i e -
rras, las cuales resultan invisibles por sercuerpos m u c h o menores.
T a m p o c o e s c o n t r a r i o a l a razón q u e h a y a también o t r a s t i e r r a s q u e
g i r e n a l r e d e d o r d e este sol y n osean visibles a n o s o t r o s o b i e n por
s u m a y o r d i s t a n c i a o b i e n p o r s u m e n o r dimensión, o p o r n o t e n e r
m u c h a s u p e r f i c i e d e a g u a o i n c l u s o p o r n o t e n e r esa s u p e r f i c i e v u e l t a
a n o s o t r o s y opuesta a lS o l , m e d i a n t e l acual se v u e l v e n visibles como
u n espejo d e cristal q u e recibe los rayos l u m i n o s o s del Sol. P o r e s o
n o es sorprendente n ic o n t r a r i o a l a naturaleza que m u c h a s veces
o i g a m o s q u e e l S o l s e h a e c l i p s a d o d e a l g ú n m o d o s i n q u e e n t r e él
y n u e s t r a v i s t a se h a y a i n t e r p u e s t o l a L u n a . Además d e l a s visibles
puede h a b e r también i n n u m e r a b l e s l u c e s a c u o s a s ( e s t o e s , t i e r r a s ,
de lascuales lasaguas c o n s t i t u y e n u n a parte) g i r a n d o e n t o r n o a l
Sol, p e r o l ap e c u l i a r i d a d d es um o v i m i e n t o circular es insensible p o r
l a g r a n d i s t a n c i a . P o r e s o e n e l lentísimo m o v i m i e n t o q u e s e c o m -
p r e n d e e n l o s q u e n o s s o n v i s i b l e s s o b r e o m á s allá d e S a t u r n o n o s e
aprecia diferencia e ne lm o v i m i e n t o d e los u n o s y e ne l m o v i m i e n t o
290 Del infinito: el universo y los mundos

de los otros, n i t a m p o c o regla a l g u n a e ne l m o v i m i e n t o d e todos e n

torno al centro, y a pongamos como centro la Tierra y a pongamos
c o m o centro el Sol.
ELPINO — ¿ C ó m o pretendías, p u e s , r a z o n a b l e q u e t o d o s ( p o r m u y
distantes q u e p u d i e r a n estar d e l c e n t r o , es decir, d e l S o l ) p u d i e r a n
t o m a r d e él e l c a l o r v i t a l ?
FILOTEO — P o r q u e c u a n t o m á s l e j o s están, t a n t o m a y o r h a c e n e l
círculo; c u a n t o m a y o r h a c e n e l círculo, t a n t o m á s l e n t a m e n t e s e m u e -
v e n a l r e d e d o r d e l S o l ; c u a n t o más l e n t a m e n t e s e m u e v e n , t a n t o más
r e s i s t e n a s u s cálidos e i n f l a m a d o s r a y o s .
ELPINO —¿Pretendías, p u e s , q u e esos c u e r p o s , a u n q u e e s t u v i e r a n
tan alejados del Sol, pueden sin e m b a r g o participar del calor en m e d i -
d a s u f i c i e n t e , y a q u e g i r a n d o más v e l o z m e n t e e n t o r n o a l p r o p i o c e n -
t r o y más l e n t a m e n t e e n t o r n o a l S o l , n o s o l a m e n t e p u e d e n p a r t i c i p a r
d e t o d o e s e c a l o r , s i n o d e aún m á s s i f u e r a n e c e s a r i o , p u e s t o q u e p o r e l
m o v i m i e n t o más v e l o z e n t o r n o a l p r o p i o c e n t r o , l a m i s m a p a r t e d e l a
s u p e r f i c i e t e r r e s t r e q u e n o resultó t a n c a l e n t a d a v u e l v e a r e s t a u r a r s e
a n t e s ; p o r e l m o v i m i e n t o más l e n t o e n t o r n o a l c e n t r o ígneo y e l e s t a r
más firmemente s o m e t i d a a s u acción, r e c i b e m á s v i g o r o s o s l o s r a y o s
igníferos?
[FILOTEO — A s í e s . ]
ELPINO — P o r t a n t o , ¿pretendes q u e s i l o s a s t r o s q u e h a y m á s allá
d e S a t u r n o s o n v e r d a d e r a m e n t e inmóviles, t a l c o m o a p a r e c e n , ven-
drán a s e r s o l e s o f u e g o s i n n u m e r a b l e s , más o m e n o s v i s i b l e s a n o s o -
t r o s , e n t o r n o a l o s c u a l e s g i r a n l a s t i e r r a s q u e l e s están c e r c a n a s y s o n
invisibles a nosotros?
FILOTEO — A s í habría q u e d e c i r , d a d o q u e t o d a s l a s t i e r r a s m e r e -
c e n t e n e r l a m i s m a razón y t o d o s l o s s o l e s l a m i s m a también.
ELPINO — ¿ P r e t e n d e s , según e s o , q u e t o d o s a q u e l l o s a s t r o s sean
soles?
FILOTEO — N o , p o r q u e n o sé s i t o d o s o l a m a y o r p a r t e d e e l l o s s o n
inmóviles o s i a l g u n o s g i r a n a l r e d e d o r d e l o s o t r o s , y a q u e n a d i e l o h a
o b s e r v a d o y a d e m á s n o e s fácil d e o b s e r v a r , i g u a l q u e t a m p o c o s e v e
fácilmente e l m o v i m i e n t o y a v a n c e d e u n a c o s a l e j a n a , c u y o cambio
d e l u g a r n o e s fácil d e v e r a u n a g r a n d i s t a n c i a , t a l y c o m o aconte-
ce c u a n d o v e m o s n a v e s s i t u a d a s e n a l t a m a r . P e r o e n c u a l q u i e r c a s o ,
s i e n d o e l u n i v e r s o i n f i n i t o , e s p r e c i s o a fin d e c u e n t a s q u e h a y a m u -
chos soles, p o r q u e es i m p o s i b l e q u e el calor y l al u z d e u n o solo p u e d a
d i f u n d i r s e p o r t o d a l a i n m e n s i d a d , según p u d o i m a g i n a r s e E p i c u r o ,
si e s c i e r t o l o q u e o t r o s c u e n t a n . P o r t a n t o , e s n e c e s a r i o también q u e
 Diálogo III 39

haya i n n u m e r a b l e s soles, m u c h o s d e los cuales n o s r e s u l t a n visibles

e n l a f o r m a d e u n c u e r p o p e q u e ñ o ; s i n e m b a r g o , n o s parecerá m e n o r
u n a s t r o t a l q u e será e n r e a l i d a d m u c h o m a y o r q u e e l q u e n o s p a r e c e
máximo.
ELPINO — T o d o eso d e b e ser j u z g a d o c u a n t o m e n o s posible y c o n -
veniente.
FILOTEO — A l r e d e d o r d e e l l o s p u e d e n g i r a r t i e r r a s d e dimensión
m a y o r y m e n o r q u e ésta.
ELPINO — ¿ C ó m o conoceré l a d i f e r e n c i a ? , ¿cómo — q u i e r o de-
c i r — distinguiré l o s f u e g o s d e l a s t i e r r a s ?
FILOTEO — P o r e l h e c h o d e q u e l o s f u e g o s están fijos y l a s t i e r r a s s e
m u e v e n ; p o r e l h e c h o d e q u e los f u e g o s c e n t e l l e a n y las t i e r r a s n o , d e
los c u a l e s s i g n o s e l s e g u n d o e s más p e r c e p t i b l e q u e e l p r i m e r o .
ELPINO — D i c e n q u e l a a p a r i e n c i a d e l c e n t e l l e o se d e b e a l a d i s t a n -
cia c o n respecto a n o s o t r o s .
FILOTEO — S i así f u e r a , e l S o l n o centellearía m á s q u e t o d o s l o s
d e m á s y l o s a s t r o s m e n o r e s , q u e están m á s l e j a n o s , centellearían m á s
q u e l o s m a y o r e s q u e están m á s c e r c a n o s .
ELPINO — ¿ P r e t e n d e s q u e l o s m u n d o s ígneos están t a n h a b i t a d o s
c o m o los acuosos?
FILOTEO — N i m á s n i m e n o s .
ELPINO — ¿ P e r o q u é a n i m a l e s p u e d e n v i v i r e n el fuego?
FILOTEO — N o v a y a s a c r e e r q u e l o s f u e g o s son cuerpos d e partes
idénticas, p o r q u e e n t o n c e s n o serían m u n d o s , s i n o m a s a s vacías, v a n a s
y estériles. P o r e s o e s c o n v e n i e n t e y n a t u r a l q u e t e n g a n p a r t e s d i f e r e n -
t e s , i g u a l q u e ésta y o t r a s t i e r r a s t i e n e n m i e m b r o s d i f e r e n t e s , aunque
éstas s e a n p e r c e p t i b l e s c o m o a g u a s i l u m i n a d a s y aquéllos c o m o l l a m a s
luminosas.
ELPINO —¿Crees, p o r l o q u e se refiere a la consistencia y solidez,
q u e l a m a t e r i a p r ó x i m a d e l S o l e s idéntica a l a m a t e r i a p r ó x i m a d e l a
T i e r r a ? , p o r q u e sé q u e n o t i e n e s d u d a a l g u n a s o b r e q u e l a m a t e r i a
p r i m e r a del t o d o es u n a .
FILOTEO — A s í es, c i e r t a m e n t e . L o entendió T i m e o , l o confirmó
Platón, t o d o s l o s v e r d a d e r o s filósofos lo h a n sabido, pocos l oh a n ex-
p l i c a d o , e n n u e s t r a época n o h a h a b i d o n i n g u n o q u e l o h a y a e n t e n d i -
do, antes bien, m u c h o s v a n c o n f u n d i e n d o la inteligencia d e m i l m a -
n e r a s ; y e s o h a s u c e d i d o p o r l a c o r r u p c i ó n d e l hábito d e filosofar yla
falta d e principios.
ELPINO — A este m o d o d e e n t e n d e r parece q u e se a c e r q u e , s i n o
h a l l e g a d o c o m p l e t a m e n t e , l a Docta ignorancia d e l C u s a n o , cuando
2 2 9
Del infinito: el universo y los mundos

h a b l a n d o d e l a s c o n d i c i o n e s d e l a T i e r r a e m i t e e s t a opinión: « N o d e -
béis p e n s a r q u e d e l a o s c u r i d a d y n e g r o c o l o r p o d a m o s c o n c l u i r q u e
e l c u e r p o d e l a T i e r r a s e a v i l y más i n n o b l e q u e l o s demás, p o r q u e s i
f u é r a m o s h a b i t a n t e s d e l S o l n o v e r í a m o s e n él l a m i s m a c l a r i d a d q u e
v e m o s d e s d e e s t a región s i t u a d a e n s u c i r c u n f e r e n c i a . A d e m á s , a h o r a ,
si fijamos b i e n l a v i s t a e n él, d e s c u b r i r e m o s q u e t i e n e h a c i a e l c e n t r o
s u y o c a s i u n a t i e r r a o b i e n c o m o u n c u e r p o húmedo y n e b u l o s o q u e
d i f u n d e l a l u z c l a r a y r a d i a n t e c o m o a p a r t i r d e u n círculo s i t u a d o
a l r e d e d o r . P o r t o d o e l l o , el S o l v i e n e a estar c o m p u e s t o d e sus p r o p i o s
e l e m e n t o s n o m e n o s q u e l a Tierra». ' 3

FILOTEO — H a s t a a q u í h a b l a d i v i n a m e n t e , p e r o continúa d i c i e n d o
l o q u e añade.
ELPINO — P o r l o q u e añade s e p u e d e d a r a e n t e n d e r q u e e s t a t i e -
r r a e s o t r o s o l y q u e t o d o s l o s a s t r o s s o n t a m b i é n s o l e s . D i c e así: «Si
a l g u i e n e s t u v i e r a m á s allá d e l a región d e l f u e g o , e s t a t i e r r a s e l e a p a -
recería c o m o u n a e s t r e l l a b r i l l a n t e e n l a c i r c u n f e r e n c i a d e s u región
por m e d i o del fuego, igual que a nosotros, que estamos e nl acircun-
f e r e n c i a d e l a región d e l S o l , éste n o s a p a r e c e brillantísimo; y l a L u n a
n o a p a r e c e i g u a l d e b r i l l a n t e p o r q u e quizá n o s o t r o s e s t a m o s situados
e n s u c i r c u n f e r e n c i a h a c i a l a s r e g i o n e s más i n t e r m e d i a s ( o , c o m o d i c e
él, c e n t r a l e s ) , e s t o e s , e n s u región h ú m e d a y a c u o s a y , p o r t a n t o , a u n -
q u e t e n g a l u z p r o p i a , a n o s o t r o s s i n e m b a r g o n o s e n o s a p a r e c e y sólo
v e m o s l o q u e e n l a s u p e r f i c i e a c u o s a e s o c a s i o n a d o p o r l a reflexión d e
l a l u z solar». 32

FILOTEO — H a c o n o c i d o y v i s t o m u c h a s cosas este h o m b r e de b i e n ,

q u e e s v e r d a d e r a m e n t e u n o d e l o s i n g e n i o s más s i n g u l a r e s q u e han
r e s p i r a d o b a j o e s t e a i r e . P e r o e n c u a n t o a l a aprehensión d e l a v e r d a d
le h a o c u r r i d o c o m o a l n a d a d o r a g i t a d o a r r i b a y a b a j o p o r e l t e m -
p e s t u o s o o l e a j e , y a q u e n o veía l a l u z c o n t i n u a , a b i e r t a y c l a r a y n o
nadaba tranquilo c o m o e nu n m a r e n calma, sino intermitentemente
y s e g ú n c i e r t o s i n t e r v a l o s . L a c a u s a d e e l l o e s q u e n o s e había l i b e r a d o
de t o d o s los falsos p r i n c i p i o s d e q u e estaba i m b u i d o p o r l a d o c t r i n a
v u l g a r d e q u e había p a r t i d o , d e f o r m a q u e — q u i z á s i n t e n c i o n a d a -
m e n t e — l e v i e n e m u y a propósito e l título d a d o a s u l i b r o De la docta
ignorancia o De la ignorante doctrina.
ELPINO — ¿ C u á l e s e s e p r i n c i p i o d e l q u e n o s e h a l i b e r a d o y debía
liberarse?

3
' De la docta ignorancia, n , 12.
3 2
Ibid.
 Diálogo III 393

FILOTEO — Q u e el e l e m e n t o fuego sea c o m o aire rozado por el

m o v i m i e n t o d e l c i e l o y q u e e l f u e g o s e a u n c u e r p o sutilísimo, c o n t r a
la r e a l i d a d y v e r d a d q u e se n o s h a c e m a n i f i e s t a p o r a q u e l l o q u e c o n
o t r o propósito y e n l o s d e s a r r o l l o s a p r o p i a d o s h e m o s c o n s i d e r a d o , d e
lo cual se c o n c l u y e q u e es necesario q u e h a y a u n p r i n c i p i o m a t e r i a l ,
sólido y c o n s i s t e n t e , t a n t o d e l c u e r p o c a l i e n t e c o m o d e l frío y q u e l a
región etérea n o p u e d e s e r d e f u e g o n i f u e g o , s i n o i n f l a m a d a y e n c e n -
d i d a p o r e l c u e r p o v e c i n o sólido y e s p e s o q u e e s e l S o l . T a n t o e s así
q u e , c u a n d o p o d e m o s h a b l a r según c o n s i d e r a c i o n e s n a t u r a l e s , n o e s
p r e c i s o r e c u r r i r a fantasías m a t e m á t i c a s . V e m o s q u e l a T i e r r a t i e n e
s u s p a r t e s , l a s c u a l e s d e p o r sí n o s o n l u m i n o s a s ; v e m o s q u e algunas
pueden relucir por otro cuerpo, c o m o s uagua, s uaire vaporoso, que
acogen elcalor y laluz del Sol y pueden d i f u n d i r tanto elu n o c o m o
la o t r a a l a sregiones c i r c u n d a n t e s . P o r t a n t o , es necesario q u e haya
u n p r i m e r c u e r p o a l c u a l c o n v e n g a s e r a l a v e z l u m i n o s o d e p o r sí
y c a l i e n t e p o r sí; y n o p u e d e s e r t a l c o s a , s i n o e s c o n s t a n t e , e s p e s o y
d e n s o , y a q u e e l c u e r p o r a r i f i c a d o y t e n u e n o p u e d e ser s u j e t o d e l u z
ni d e calor, c o m o y a h e m o s d e m o s t r a d o otras veces a l respecto. E s
p r e c i s o , p u e s , a l final q u e l o s d o s f u n d a m e n t o s d e l a s d o s primeras
cualidades activas c o n t r a r i a s sean i g u a l m e n t e constantes y q u e el S o l ,
e n a q u e l l a s p a r t e s s u y a s q u e s o n l u m i n o s a s y c a l i e n t e s , sea c o m o u n a p i e -
d r a o u n m e t a l solidísimo i n f l a m a d o ; n o diré u n m e t a l l i c u a b l e , c o m o
el p l o m o , e l b r o n c e , e l o r o o l a p l a t a , s i n o u n m e t a l n ol i c u a b l e , n o
ya h i e r r o i n f l a m a d o , sino eseh i e r r o q u e es fuego m i s m o ; y q u e , a l
i g u a l q u e e s t e a s t r o e n e l q u e e s t a m o s e s d e p o r sí frío y o s c u r o y
no participa e nnada del calor y d e la luz excepto e nla medida e n
q u e e s c a l e n t a d o p o r e l S o l , t a m p o c o e l q u e d e p o r sí e s c a l i e n t e y
luminoso participa e nnada d elafrialdad y d elaopacidad excepto
en l a m e d i d a e n q u e es e n f r i a d o por cuerpos c i r c u n d a n t e s y c o n -
tiene partes d eagua, igual que laT i e r r a tiene partes d e fuego. Por
e s o , así c o m o e n e s t e c u e r p o f r í g i d í s i m o , f u n d a m e n t a l m e n t e frío y
opaco, hay animales que viven por el calor y la luz del Sol, igual-
m e n t e e n e s e o t r o calientísimo y l u m i n o s o , l o s h a y q u e v e g e t a n por
l a r e f r i g e r a c i ó n q u e p r o p o r c i o n a n l o s c u e r p o s fríos c i r c u n d a n t e s .
Y así c o m o e s t e c u e r p o e s c a l i e n t e e n s u s d i f e r e n t e s p a r t e s p o r u n a
c i e r t a p a r t i c i p a c i ó n , e l o t r o e s i g u a l m e n t e frío e n l a s s u y a s s e g ú n
u n a c i e r t a participación también.
ELPINO — ¿ Q u é dices entonces de la l u z ?
FILOTEO — D i g o q u e el Sol n o reluce e n el Sol, l a T i e r r a n o r e l u -
c e e n l a T i e r r a , n i n g ú n c u e r p o r e l u c e e n sí m i s m o , p e r o t o d o c u e r p o
294 Del infinito: el universo y los mundos

l u m i n o s o r e l u c e e n e l espacio c i r c u n d a n t e . P o r eso, a u n q u e l a T i e r r a
sea u n c u e r p o l u m i n o s o p o r los r a y o s d e l S o l s o b r e s u s u p e r f i c i e c r i s -
t a l i n a , n i n o s o t r o s n i los q u e se e n c u e n t r a n e n esa s u p e r f i c i e podemos
p e r c i b i r s u l u z , p e r o sí a q u e l l o s q u e están s i t u a d o s e n f r e n t e d e e l l a .
I g u a l m e n t e , a u n q u e t o d a l a s u p e r f i c i e d e l m a r esté i l u m i n a d a d u r a n t e
la n o c h e p o r el r e s p l a n d o r d e l aL u n a , sin e m b a r g o , a los q u e v a n p o r
e l m a r n o l e s r e s u l t a p e r c e p t i b l e más q u e e n u n e s p a c i o d e t e r m i n a d o
s i t u a d o e n oposición a l a L u n a ; p e r o s i e l l o s p u d i e r a n e l e v a r s e m á s y
m á s e n e l a i r e p o r e n c i m a d e l m a r , l a extensión d e l a l u z iría c r e c i e n d o
p a r a e l l o s c a d a v e z m á s y verían u n e s p a c i o c a d a v e z m a y o r d e c a m p o
l u m i n o s o . A p a r t i r d e ahí s e p u e d e e x t r a e r facilísimamente l a c o n -
clusión d e q u e l o s q u e s e h a l l a n e n a s t r o s l u m i n o s o s o s i m p l e m e n t e
i l u m i n a d o s n o perciben l a l u z d e s u astro, sino l a d e los astros cir-
c u n d a n t e s , t a l y c o m o e n u n m i s m o l u g a r común u n l u g a r p a r t i c u l a r
t o m a l aluz d eu n lugar particular distinto.
ELPINO — A s í p u e s , ¿quieres d e c i r q u e a l o s s e r e s v i v o s d e l S o l n o
l e s h a c e d e día e l S o l , s i n o o t r a e s t r e l l a d e a l r e d e d o r ?
FILOTEO — A s í e s , ¿no l o e n t i e n d e s ?
ELPINO — ¿ Q u i é n n o l o entendería? A n t e s b i e n , e n v i r t u d d e e s t a s
c o n s i d e r a c i o n e s e n t i e n d o también o t r a s m u c h a s c o s a s p o r i n f e r e n c i a .
H a y , p u e s , d o s c l a s e s d e c u e r p o s l u m i n o s o s : l o s ígneos, q u e s o n l u -
m i n o s o s d e p o r sí, y l o s a c u o s o s o c r i s t a l i n o s , q u e r e l u c e n e n segunda
instancia.
FILOTEO — A s í e s .
ELPINO — E n t o n c e s , ¿el o r i g e n d e l a l u z n o d e b e r e f e r i r s e a n i n g ú n
otro principio?
FILOTEO — ¿ C ó m o podría s e r d e o t r a m a n e r a , s i n o reconocemos
o t r o f u n d a m e n t o d e l a l u z ? ¿ P o r q u é a p o y a r n o s e n v a n a s fantasías allí
d o n d e l a e x p e r i e n c i a m i s m a n o s enseña?
ELPINO — E s c i e r t o q u e n o d e b e m o s pensar q u e esos cuerpos tie-
n e n l u z p o r u n a c c i d e n t e i n c o n s t a n t e , c o m o o c u r r e e n l a putrefacción
d e a l g u n o s leños, e n l a s e s c a m a s o i n c r u s t a c i o n e s v i s c o s a s d e c i e r t o s
p e c e s o e n e l fragilísimo d o r s o d e r a t o n e s c a m p e s t r e s y luciérnagas,
d e l o r i g e n d e c u y a l u z h a b l a r e m o s e n o t r a ocasión.
FILOTEO — C o m o t e parezca.
ELPINO — A s í p u e s , quienes d i c e n q u e los cuerpos l u m i n o s o s cir-
c u n d a n t e s s o n c i e r t a s q u i n t a e s e n c i a s , c i e r t a s s u s t a n c i a s corpóreas d i -
v i n a s p o r n a t u r a l e z a ( a d i f e r e n c i a d e l a s q u e están j u n t o a n o s o t r o s y
e n t r e l a s c u a l e s e s t a m o s ) n o s e engañan m e n o s q u e q u i e n e s d i j e r a n l o
m i s m o d eu n a candela o d eu n cristal reluciente visto desde lejos.
 Diálogo ¡II 295

FILOTEO — C i e r t o .
FRACASTORO — E s o e s e n v e r d a d c o n f o r m e a t o d o s e n t i d o , razón
e intelecto.
BURQUIO — N o a l mío, s i n e m b a r g o , q u e e s t i m a s e n c i l l a m e n t e ese
parecer vuestro u n dulce sofisma.
FILOTEO — R e s p ó n d e l e tú, F r a c a s t o r o , q u e y o y E l p i n o , q u e y a h e -
mos hablado m u c h o , os escucharemos.
FRACASTORO — M i b u e n B u r q u i o , y o te p o n g o e n el l u g a r d e A r i s -
tóteles y y o v o y a o c u p a r e l p u e s t o d e u n c a m p e s i n o i d i o t a q u e reco-
noce n o saber nada y d a por sentado q u e nada h ae n t e n d i d o n i d e l o
q u e d i c e y e n t i e n d e F i l o t e o n i d e l o q u e e n t i e n d e Aristóteles y t o d o e l
m u n d o también. C r e o e n l a m u l t i t u d , c r e o e n e l n o m b r e d e l a f a m a
y m a j e s t a d d e l a a u t o r i d a d peripatética, a d m i r o e n c o m p a ñ í a d e u n a
i n n u m e r a b l e m u l t i t u d l ad i v i n i d a d d eeste d e m o n i o d el a n a t u r a l e z a .
Por esovengo a t i ,para i n f o r m a r m e d e l a verdad y l i b e r a r m e d e l a
persuasión d e éste a q u i e n tú l l a m a s s o f i s t a . E n t o n c e s t e p r e g u n t o : ¿por
qué r a z ó n d i c e s q u e h a y u n a g r a n d í s i m a d i f e r e n c i a — o b i e n g r a n d e ,
o b i e n d e l aclase y c a n t i d a d q u e q u i e r a s — e n t r e esos c u e r p o s celestes
y l o s q u e están j u n t o a n o s o t r o s ?
BURQUIO — A q u é l l o s s o n d i v i n o s , éstos s o n p u r a m e n t e m a t e r i a -
les.
FRACASTORO — ¿ C ó m o m e harás v e r y c r e e r q u e a q u é l l o s s o n m á s
divinos?
BURQUIO — P o r q u e aquéllos s o n i m p a s i b l e s , i n a l t e r a b l e s , i n c o r r u p -
t i b l e s y e t e r n o s y éstos t o d o l o c o n t r a r i o ; aquéllos s e m u e v e n c o n u n
m o v i m i e n t o c i r c u l a r y p e r f e c t í s i m o , éstos c o n u n m o v i m i e n t o r e c t i -
líneo.
FRACASTORO — Q u i s i e r a saber si, u n a v e z q u e hayas p e n s a d o b i e n ,
seguirás j u r a n d o q u e e s t e c u e r p o único ( q u e tú c o n c i b e s c o m o t r e s o
cuatro cuerpos, sin entenderlos c o m o m i e m b r o s d e u n m i s m o c o m -
p u e s t o ) n o e s t a n móvil c o m o l o s demás a s t r o s móviles, d a d o q u e e l
m o v i m i e n t o d e éstos n o e s p e r c e p t i b l e p o r q u e n o s o t r o s e s t a m o s ale-
j a d o s d e e l l o s m á s allá d e u n a d e t e r m i n a d a d i s t a n c i a y e l m o v i m i e n t o
d e éste, s i e x i s t e , n o p u e d e s e r n o s s e n s i b l e y a q u e — c o m o h a n o b s e r -
v a d o los verdaderos estudiosos d e l a n a t u r a l e z a a n t i g u o s y m o d e r n o s
y c o m o por experiencia nos hace manifiesto elsentido d e m i l m a n e -
r a s — n o p o d e m o s t e n e r n o t i c i a d e l m o v i m i e n t o s i n o p o r comparación
y relación c o n a l g u n a c o s a fija. E n e f e c t o , s i t o m a m o s a a l g u i e n q u e n o
sepa q u e e l a g u a c o r r e y q u e n ovea l a s o r i l l a s , s i t u a d o e n m e d i o d e l
a g u a d e n t r o d e u n a n a v e e n m o v i m i e n t o , n o percibiría e l m o v i m i e n t o
296 Del infinito: el universo y los mundos

d e d i c h a n a v e . A p a r t i r d e ahí p o d r í a y o e n t r a r e n d u d a y v a c i l a r a
propósito d e e s t a i n m o v i l i d a d y q u i e t u d ; y p u e d o p e n s a r q u e s i e s t u -
v i e r a e n e l S o l , e n l a L u n a y e n o t r a s e s t r e l l a s , s i e m p r e m e parecería e s t a r
e n e l c e n t r o inmóvil d e l m u n d o , e n t o r n o a l c u a l g i r a t o d o l o q u e m e
r o d e a , c u a n d o e n r e a l i d a d ese c u e r p o c o n t i n e n t e e n q u e m e e n c u e n t r o
g i r a e n t o r n o al p r o p i o c e n t r o . P o r eso n o estoy s e g u r o d el a diferencia
e n t r e c u e r p o móvil y c u e r p o fijo.
E n c u a n t o a l o q u e d i c e s d e l m o v i m i e n t o rectilíneo, t a n c i e r t o e s
q u e n o v e m o s a e s t e c u e r p o m o v e r s e e n línea r e c t a c o m o tampoco
v e m o s a los o t r o s . L a T i e r r a , si se m u e v e , se m u e v e c i r c u l a r m e n t e ,
i g u a l q u e l o s demás a s t r o s , c o m o d i c e n H e g e s i a s , Platón y t o d o s l o s
s a b i o s y c o m o d e b e a d m i t i r Aristóteles y c u a l q u i e r o t r o . Y l o q u e d e
la T i e r r a v e m o s subir y bajar, n oes t o d o e l g l o b o , sino algunas par-
tículas d e l m i s m o , l a s c u a l e s n o s e a l e j a n m á s allá d e a q u e l l a región
q u e se c u e n t a e n t r e las p a r t e s y m i e m b r o s d e este g l o b o , e n e l c u a l se
da — i g u a l que en u n a n i m a l — u n flujo y reflujo d epartes, u n a cierta
a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l y u n a c i e r t a conmutación y renovación. S i
t o d o e s o s e d a i g u a l m e n t e e n l o s demás a s t r o s , n o e s p r e c i s o q u e s e a
también p e r c e p t i b l e p o r n o s o t r o s , p u e s t o q u e e s t a s e l e v a c i o n e s d e v a -
pores y exhalaciones, los a c o n t e c i m i e n t o s d e vientos, lluvias, nieves,
truenos, esterilidades, fertilidades, inundaciones, nacimiento, m u e r t e ,
si s e d a n e n l o s demás a s t r o s , n o p u e d e n t a m p o c o s e r p e r c i b i d a s por
n o s o t r o s . D i c h o s a s t r o s s o n t a n sólo p e r c e p t i b l e s p o r n o s o t r o s g r a c i a s
al c o n t i n u o resplandor q u e m a n d a n p o r e l e n o r m e espacio desde s u
s u p e r f i c i e ígnea, a c u o s a o n e b u l o s a . D e l a m i s m a m a n e r a e s t e a s t r o e s
p e r c e p t i b l e a l o s q u e están e n l o s d e m á s a s t r o s g r a c i a s a l r e s p l a n d o r
q u e d i f u n d e desde su r o s t r o m a r i n o (y a veces desde su r o s t r o c u b i e r t o
d e n u b e s ; p o r e s a m i s m a razón e n l a L u n a l a s p a r t e s o p a c a s parecen
m e n o s o p a c a s ) , e l c u a l r o s t r o n o c a m b i a s i n o a l c a b o d e u n grandísi-
m o i n t e r v a l o d e e d a d e s y siglos, e ne l c u r s o d e los cuales los m a r e s se
c a m b i a n e nc o n t i n e n t e s y los c o n t i n e n t e s e n mares. Este cuerpo, por
tanto, y aquellos otros son perceptibles gracias a laluz que d i f u n d e n .
L a l u z q u e d e e s t a t i e r r a s e d i f u n d e a l o s demás a s t r o s n o e s n i más n i
m e n o s p e r p e t u a e inalterable q u e l a d e los o t r o s astros semejantes; e
i g u a l q u e e l m o v i m i e n t o rectilíneo y l a alteración d e s u s partículas n o s
r e s u l t a i m p e r c e p t i b l e a n o s o t r o s , a ellos les r e s u l t a i m p e r c e p t i b l e c u a l -
q u i e r o t r o m o v i m i e n t o y alteración q u e p u e d a h a l l a r s e e n e s t e c u e r p o .
Y así c o m o e n l a L u n a , d e s d e e s t a t i e r r a q u e e s o t r a l u n a , aparecen
p a r t e s d i f e r e n t e s , u n a s más l u m i n o s a s y o t r a s m e n o s , i g u a l m e n t e e n
la T i e r r a , vista desde a q u e l l a l u n a q u e es o t r a t i e r r a , aparecen partes
 Diálogo III

d i f e r e n t e s p o r l a d i v e r s i d a d y variación d e l o s l u g a r e s d e s u s u p e r f i c i e .
Y así c o m o , s i l a L u n a e s t u v i e r a m á s l e j o s , l a s p a r t e s l u m i n o s a s s e
unirían y fundirían e n l a i m a g e n d e u n c u e r p o m á s p e q u e ñ o y t o d o
él l u m i n o s o , i g u a l parecería l a T i e r r a v i s t a d e s d e l a L u n a s i e s t u v i e r a
más l e j o s . A p a r t i r d e ahí p o d e m o s p e n s a r q u e e s a s i n n u m e r a b l e s e s -
trellas son otras tantas lunas, otros tantos globos terrestres, otros tan-
t o s m u n d o s s e m e j a n t e s a éste, e n t o r n o a l o s c u a l e s p a r e c e d a r vueltas
esta t i e r r a i g u a l q u e ellos p a r e c e n d a r v u e l t a s y g i r a r e nt o r n o d e esta
t i e r r a . ¿Por qué, p u e s , p r e t e n d e m o s a f i r m a r q u e h a y u n a diferencia
e n t r e e s t e c u e r p o y aquéllos, s i l o s v e m o s c o n v e n i r e n t o d o ? ¿Por qué
p r e t e n d e m o s n e g a r q u e h a y a u n a c o i n c i d e n c i a , s i n o h a y razón n i s e n -
tido q u e nos i n d u z c a a d u d a r d e ella?
BURQUIO — E n t o n c e s , p u e s , ¿consideras d e m o s t r a d o q u e aquellos
c u e r p o s n o s o n d i f e r e n t e s d e éste?
FRACASTORO — C o m p l e t a m e n t e , p o r q u e l o q u e d e éste p u e d e ver-
s e d e s d e allí, p u e d e v e r s e d e aquéllos d e s d e a q u í ; l o q u e d e aquéllos
p u e d e v e r s e d e s d e a q u í , s e v e d e éste d e s d e allí, e s d e c i r : u n cuerpo
p e q u e ñ o éste y a q u é l l o s , l u m i n o s o e n p a r t e éste y aquéllos d e s d e u n a
d i s t a n c i a m e n o r , t o t a l m e n t e l u m i n o s o y m á s p e q u e ñ o éste y aquéllos
desde u n a distancia mayor.
BURQUIO — ¿ D ó n d e está, p u e s , a q u e l b e l l o o r d e n , a q u e l l a hermosa
e s c a l a d e l a n a t u r a l e z a , p o r l a q u e s e a s c i e n d e d e s d e e l c u e r p o más d e n -
so y craso, q u e es l at i e r r a , al m e n o s craso q u e es el a g u a , a l s u t i l q u e es
e l v a p o r , a l m á s s u t i l q u e e s e l a i r e p u r o , a l sutilísimo q u e e s e l f u e g o , a l
d i v i n o q u e e s e l c u e r p o c e l e s t e ; d e l o s c u r o a l m e n o s o s c u r o , a l c l a r o , a l más
c l a r o , a l clarísimo; d e l t e n e b r o s o a l lucidísimo, d e l a l t e r a b l e y c o r r u p -
t i b l e a l c a r e n t e d e t o d a alteración y c o r r u p c i ó n ; d e l pesadísimo a l p e -
s a d o , d e éste a l l i g e r o , d e l l i g e r o a l l i g e r í s i m o , d e éste a l q u e n o e s n i
g r a v e n i l i g e r o ; d e l móvil h a c i a e l c e n t r o a l móvil d e s d e e l c e n t r o y d e
ahí a l m ó v i l e n t o r n o a l c e n t r o ?
FRACASTORO — ¿ Q u i e r e s s a b e r d ó n d e está e s e o r d e n ? D o n d e están
l o s s u e ñ o s , l a s fantasías, l a s q u i m e r a s , l a s l o c u r a s ; p o r q u e e n c u e n t o a l
m o v i m i e n t o , t o d o l o q u e s e m u e v e n a t u r a l m e n t e s e m u e v e e n círculo,
bien e nt o r n o a l p r o p i o centro bien e nt o r n o a lcentro ajeno. Y cuan-
d o d i g o e n círculo n o m e r e f i e r o a u n círculo y m o v i m i e n t o c i r c u l a r
a b s o l u t o y geométrico, s i n o a e s a r e g l a p o r l a q u e v e m o s a l o s cuerpos
n a t u r a l e s c a m b i a r físicamente d e l u g a r . E l m o v i m i e n t o rectilíneo n o
es p r o p i o n i n a t u r a l d e ningún c u e r p o p r i n c i p a l , p o r q u e n o s e v e más
q u e e n las p a r t e s q u e s o n casi e x c r e m e n t o s q u e fluyen d e los cuerpos
m u n d a n o s o b i e n r e f l u y e n d e o t r a p a r t e a las esferas y c o n t i n e n t e s c o n -
2 8
Q
Del infinito: el universo y los mundos

n a t u r a l e s . E s l o q u e v e m o s e ne l caso d e las a g u a s , q u e s u t i l i z a d a s e n
f o r m a d e v a p o r p o r l a acción d e l c a l o r s u b e n a l o a l t o y e s p e s a d a s e n l a
f o r m a p r o p i a p o r l a acción d e l frío v u e l v e n a b a j o , según d i r e m o s e n e l
l u g a r o p o r t u n o , c u a n d o t o m e m o s e n consideración e l m o v i m i e n t o .
E n c u a n t o a l a disposición d e l o s c u a t r o e l e m e n t o s q u e l l a m a n t i e r r a ,
a g u a , a i r e , f u e g o , q u i s i e r a s a b e r qué n a t u r a l e z a , qué a r t e , qué s e n t i d o
la produce, l averifica y l a d e m u e s t r a .
BURQUIO — A s í p u e s , ¿niegas l a f a m o s a distinción d e los e l e m e n t o s ?
FRACASTORO — N o n i e g o l a distinción, p o r q u e d e j o que cada cual
d i s t i n g a c o m o l e g u s t e e n l a s c o s a s n a t u r a l e s , p e r o sí n i e g o e s e o r d e n ,
e s a disposición, e s t o e s : q u e l a t i e r r a esté r o d e a d a y c o n t e n i d a p o r e l
a g u a , e l a g u a por e l aire, e l aire por e l fuego, e l fuego por e l cielo.
P o r q u e y od i g o q u e e lc o n t i n e n t e q u e c o m p r e n d e t o d o s esos cuerpos
y g r a n d e s máquinas q u e v e m o s c o m o d i s e m i n a d a s y e s p a r c i d a s p o r
e s t e a m p l í s i m o c a m p o e s u n o . E n él c a d a u n o d e e s o s c u e r p o s , a s t r o s ,
m u n d o s , l u c e s e t e r n a s , está c o m p u e s t o d e l o q u e s e l l a m a t i e r r a , a g u a ,
a i r e , f u e g o . Y e n ellos, si p r e d o m i n a el f u e g o e n la s u s t a n c i a c o m p u e s t a ,
e l c u e r p o e s d e n o m i n a d o S o l y l u m i n o s o p o r sí m i s m o ; s i p r e d o m i n a e l
a g u a , e lc u e r p o es d e n o m i n a d o T i e r r a , L u n a o algo parecido, q u e re-
luce por otro, c o m o y ah e m o s dicho.
Así, e nestos astros o m u n d o s ( c o m o q u e r a m o s l l a m a r l o s ) las d i -
f e r e n t e s p a r t e s n o están o r d e n a d a s , s e g ú n l a s v a r i a s y d i v e r s a s com-
p l e x i o n e s d e p i e d r a s , e s t a n q u e s , ríos, f u e n t e s , m a r e s , a r e n a s , m e t a -
les, cavernas, m o n t e s , l l a n u r a s y o t r a s especies s i m i l a r e s d e c u e r p o s
compuestos, sitios y figuras, d e m a n e r a diferente a c o m o las partes
l l a m a d a s h e t e r o g é n e a s están o r d e n a d a s e n l o s a n i m a l e s s e g ú n d i v e r -
sas y v a r i a s c o m p l e x i o n e s d e h u e s o s , d e i n t e s t i n o s , d e v e n a s , d e a r t e -
rias, d e carne, d e nervios, d e p u l m o n e s , d e m i e m b r o s d e u n a u otra
figura, p r e s e n t a n d o s u sm o n t e s , s u svalles, sus cavernas, sus aguas,
s u s espíritus, s u s f u e g o s , c o n a c c i d e n t e s p r o p o r c i o n a d o s a t o d a s l a s
i m p r e s i o n e s meteorológicas, c o m o s o n l o s c a t a r r o s , l a s e r i s i p e l a s , l o s
cálculos, l o s vértigos, l a s fiebres e innumerables otras disposiciones
y hábitos q u e r e s p o n d e n a l a s n i e b l a s , l l u v i a s , n i e v e s , a r d o r e s , r e -
lámpagos; a l o s r a y o s , t r u e n o s , t e r r e m o t o s y v i e n t o s ; a tempestades
a r d i e n t e s y m a r i n a s . P o r t a n t o , si l a T i e r r a y los o t r o s m u n d o s son
animales distintos d eaquellos que n o r m a l m e n t e son tenidos por ta-
l e s , s o n s i n d u d a a n i m a l e s p o r u n a razón m a y o r y más e x c e l e n t e .
¿ C ó m o p o d r á A r i s t ó t e l e s u o t r o p r o b a r q u e e l a i r e está m á s b i e n e n
t o r n o d el atierra q u e d e n t r o d eella, sin o h a y parte a l g u n a d el a tie-
r r a e n l a q u e e l a i r e n o t e n g a s i t i o y p e n e t r e , a l a m a n e r a c o m o quizá
 Diálogo ¡II 299

s e r e f i r i e r o n l o s a n t i g u o s c u a n d o d i j e r o n q u e e l v a c í o l o abraza t o d o
d e s d e f u e r a y p e n e t r a e n e l i n t e r i o r d e l o l l e n o ? ¿ C ó m o podéis v o -
sotros i m a g i n a r q u e l a t i e r r a tenga espesor, d e n s i d a d y consistencia
s ¡n e l a g u a q u e j u n t a y u n e l a s p a r t e s ? ¿ C ó m o podéis p e n s a r q u e l a
t i e r r a e s m á s g r a v e h a c i a e l c e n t r o , s i n q u e creáis q u e allí s u s partes
s o n más e s p e s a s y d e n s a s , e s p e s o r q u e e s i m p o s i b l e s i n e l a g u a , pues
sólo e l l a e s c a p a z d e a g l u t i n a r l a s p a r t e s u n a s c o n o t r a s ? ¿ Q u i é n n o
ve q u e d e l a t i e r r a salen p o r t o d a s p a r t e s islas y m o n t e s p o r encima
d e l a g u a ; y n o sólo p o r e n c i m a d e l a g u a , s i n o i n c l u s o p o r e n c i m a d e l
a i r e v a p o r o s o y t e m p e s t u o s o q u e está e n c e r r a d o e n t r e l o s a l t o s m o n -
t e s y e s t e n i d o p o r u n o d e l o s m i e m b r o s d e l a T i e r r a , p a r a h a c e r así
u n c u e r p o p e r f e c t a m e n t e esférico, d e d o n d e r e s u l t a c l a r a m e n t e que
l a a g u a s están d e n t r o d e l a s v i s c e r a s d e l a T i e r r a n o m e n o s q u e los
h u m o r e s y l a s a n g r e están d e n t r o d e l a s n u e s t r a s ? ¿Quién n o s a b e
q u e l a s p r i n c i p a l e s a c u m u l a c i o n e s d e a g u a están e n l a s p r o f u n d a s ca-
vernas y concavidades d e la T i e r r a ? Y s idices q u e l aT i e r r a se h i n c h a
e n l a s o r i l l a s , r e s p o n d e r é q u e éstas n o s o n l a s p a r t e s s u p e r i o r e s d e
l a T i e r r a , p o r q u e t o d o l o q u e está d e n t r o d e l o s m o n t e s m á s a l t o s
s e e n t i e n d e q u e está e n s u i n t e r i o r . A d e m á s , l o m i s m o s e v e e n l a s
gotas polvorientas q u ecuelgan consistentes sobre una superficie,
p o r q u e e l a l m a í n t i m a q u e a b r a z a y está e n t o d a s l a s c o s a s r e a l i z a
e n p r i m e r l u g a r e s t a operación: u n i r t o d o l o más p o s i b l e l a s p a r t e s
según l a c a p a c i d a d d e l s u j e t o . Y n o e s p o r q u e e l a g u a esté o p u e d a
e s t a r n a t u r a l m e n t e p o r e n c i m a o a l r e d e d o r d e l a T i e r r a más q u e
la h u m e d a d d e n u e s t r a sustancia esté p o r e n c i m a o a l r e d e d o r d e
n u e s t r o c u e r p o . Además, q u e l a s a c u m u l a c i o n e s d e agua s o n más
e l e v a d a s e ne lc e n t r o se v e d e s d e t o d a s las o r i l l a s y t o d o s los lugares
d o n d e se e n c u e n t r a n tales a c u m u l a c i o n e s . C i e r t o , si laspartes d e l a
T i e r r a s e c a p u d i e r a n u n i r s e así p o r sí m i s m a s , harían l o m i s m o , i g u a l
q u e s e c o n g r e g a n c l a r a m e n t e e n f o r m a esférica c u a n d o p o r beneficio
d e l a g u a s e j u n t a n u n a s c o n o t r a s , y a q u e t o d a unión y e s p e s o r d e p a r t e s
q u e se e n c u e n t r a e n e la i r e p r o c e d e d e l a g u a . E s t a n d o , p u e s , las a g u a s
d e n t r o d e las visceras d e la Tierra y n ohabiendo parte alguna d e
t i e r r a q u e t e n g a e s p e s o r y unión d e p a r t e s y n o c o n t e n g a más p a r t e s
de agua q u e d e t i e r r a s e c a ( p o r q u e d o n d e está l o m á s e s p e s o , allí
e n t r a e n l a composición s o b r e t o d o c o m o d o m i n a n t e e s a s u s t a n c i a ,
e l a g u a , q u e t i e n e l a v i r t u d d e u n i r l a s p a r t e s ) , ¿quién habrá q u e n o
q u i e r a a f i r m a r p o r e s oq u e e l a g u a es base d e l a T i e r r a antes q u e
l a T i e r r a d e l a g u a ? , ¿que l a t i e r r a s e a p o y a e n e l a g u a y n o e l a g u a
sobre l a T i e r r a ? D e j o a u nlado q u e l a a l t u r a del agua sobre l a f a z
300 Del infinito: el universo y los mundos

de l atierra que nosotros habitamos y a l acual l l a m a m o s mar, n o

puede sery n oes tanta que merezca compararse con la magnitud
d e e s t a e s f e r a ; y e n r e a l i d a d n o está a l r e d e d o r , c o m o c r e e n l o s i n -
sensatos, sino d e n t r o d eella, tal c o m o — f o r z a d o por l averdad o
b i e n p o r l a m a n e r a d e h a b l a r d e l o s a n t i g u o s f i l ó s o f o s — confesó
A r i s t ó t e l e s e n e l p r i m e r l i b r o d e s u s Meteorológicos, 33
cuando con-
fesó q u e l a s d o s r e g i o n e s i n f e r i o r e s d e l a i r e t u r b u l e n t o e i n q u i e t o
están i n t e r r u m p i d a s p o r l o s a l t o s m o n t e s y c o m p r e n d i d a s d e n t r o d e
e l l o s y s o n c o m o p a r t e s y m i e m b r o s d e l a t i e r r a , l a c u a l está r o d e a d a
y c i r c u n d a d a por u n aire s i e m p r e t r a n q u i l o , sereno y claro a l a vista
de l a s estrellas. D e s d e allí, b a j a n d o l o sojos, se v e e l c o n j u n t o d e
vientos, nubes, nieblas y tempestades, flujos y reflujos que proceden
d e l a v i d a y respiración d e e s t e g r a n a n i m a l y n u m e n q u e nosotros
l l a m a m o s T i e r r a y los a n t i g u o s d e n o m i n a r o n Ceres, representaron
c o m o Isis, t i t u l a r o n P r o s e r p i n a y D i a n a , l a cual es l a m i s m a q u e
l l a m a r o n e n e l c i e l o L u c i n a , e n t e n d i e n d o c o n e l l o q u e ésta n o e s d e
u n a n a t u r a l e z a d i f e r e n t e d e aquélla. M i r a cuan l e j o s s e está d e q u e
este b u e n H o m e r o , c u a n d o n o d u e r m e , d i g a q u e e l a g u a t i e n e sede
n a t u r a l e n c i m a o e n t o r n o d e l at i e r r a , d o n d e n oh a y n iv i e n t o s n i
lluvias n inebulosidades. Y si hubiera pensado m á s y e s t a d o más
a t e n t o , h a b r í a v i s t o q u e i n c l u s o e n e l c e n t r o d e e s t e c u e r p o ( s i allí
está e l c e n t r o d e l a g r a v e d a d ) h a y más l u g a r p a r a e l a g u a q u e para
la t i e r r a seca, p u e s t o q u e l a s partes d el at i e r r a n os o n g r a v e s s i n o
se h a u n i d o a e l l a s m u c h a c a n t i d a d d e a g u a ; y s i n e l a g u a n o t i e n e n
capacidad d e descender por elaire por i m p u l s o y peso propio a en-
c o n t r a r d e n u e v o l a esfera del p r o p i o c o n t i n e n t e . P o r consiguiente,
¿qué s e n t i d o r e g u l a d o , qué v e r d a d d e n a t u r a l e z a d i s t i n g u e y o r d e -
n a e s t a s p a r t e s t a l c o m o e s c o n c e b i d o p o r e l c i e g o y sórdido v u l g o ,
aprobado por quienes h a b l a n sin pensar, predicado por q u i e n habla
m u c h o y piensa poco? ¿Quién seguirá c r e y e n d o q u e n o e s v e r d a d
(antes b i e n , si l odice a l g u i e n sin a u t o r i d a d , cosa d e risa; si lo c u e n -
ta u n a persona e s t i m a d a y p r e g o n a d a c o m o ilustre, cosa digna d e
s e r t e n i d a p o r m i s t e r i o o parábola e i n t e r p r e t a d a metafóricamente;
si e s a d u c i d a p o r p e r s o n a q u e t i e n e más s e n t i d o e i n t e l e c t o q u e au-
t o r i d a d , cosa q u e m e r e c e s e r i n c l u i d a e n t r e las paradojas ocultas)
l a opinión d e Platón, a p r e n d i d a d e T i m e o , d e Pitágoras y o t r o s , q u e
hace manifiesto q u enosotros habitamos e ne l interior oscuro de
la t i e r r a y estamos c o n respecto a l o s a n i m a l e s q u e v i v e n sobre l a

3 3
Meteorológicos, i , 3 , 339D3-16.
 Diálogo III

t i e r r a e n l a m i s m a situación q u e l o s p e c e s c o n r e s p e c t o a n o s o t r o s ,
p o r q u e así c o m o éstos v i v e n e n u n m e d i o h ú m e d o m á s e s p e s o y d e n -
s o q u e e l n u e s t r o , también n o s o t r o s v i v i m o s e n u n a i r e m á s v a p o r o s o
q u e a q u e l l o s q u e están e n u n a r e g i ó n m á s p u r a y m á s t r a n q u i l a , y
a s í c o m o e l océano e s a g u a p a r a e l a i r e i m p u r o , también n u e s t r o a i r e
caliginoso es l om i s m o para ese o t r o aire v e r d a d e r a m e n t e p u r o ? L o
q u e y o q u i e r o i n f e r i r d e esa f o r m a d e v e r y d e h a b l a r es l o s i g u i e n t e :
q u e e l m a r , l a s f u e n t e s , l o s ríos, l o s m o n t e s , l a s p i e d r a s y e l a i r e t n
e l l o s c o n t e n i d o y p o r e l l o s c o m p r e n d i d o h a s t a l a región i n t e r m e d i a ,
c o m o dicen, n oson o t r a cosa q u e partes y m i e m b r o s diferentes d e
u n m i s m o c u e r p o , d e u n a m i s m a m a s a , m u y análogos a l a s p a r t e s y
miembros que nosotros conocemos g e n e r a l m e n t e por los animales
c o m p u e s t o s ; s u l í m i t e , c o n v e x i d a d y ú l t i m a s u p e r f i c i e está d e f i n i d a
por los bordes e x t r e m o s d em o n t e s y aire t e m p e s t u o s o , d ef o r m a q u e
e l o c é a n o y l o s ríos q u e d a n e n l a p r o f u n d i d a d d e l a t i e r r a i g u a l q u e e l
hígado, t e n i d o p o r f u e n t e d e l a s a n g r e , y l a s r a m i f i c a c i o n e s venosas
están e n e l i n t e r i o r y s e e x t i e n d e n p o r l a s d i f e r e n t e s partes.
BURQUIO — ¿ E n t o n c e s l a t i e r r a n o e s u n c u e r p o pesadísimo y p o r
c o n s i g u i e n t e s i t u a d o e n e l c e n t r o , a continuación d e l a c u a l e s más
p e s a d a y más próxima e l a g u a q u e l a c i r c u n d a , l a c u a l a s u v e z e s
más p e s a d a q u e e l a i r e ?
FRACASTORO — S i tú e s t i m a s l o g r a v e o p e s a d o p o r l a m a y o r c a p a -
cidad para penetrar e nlas partes y colocarse e ne lm e d i o y e ne l cen-
t r o , diré q u e e l a i r e e s e l más p e s a d o y a l a v e z e l más l i g e r o d e t o d o s
l o s l l a m a d o s e l e m e n t o s , p o r q u e así c o m o c u a l q u i e r partícula d e t i e r r a
d e s c i e n d e h a s t a e l c e n t r o s i s e l e d a e s p a c i o , también l a s partículas d e
c u a l q u i e r o t r o c u e r p o , ya q u e c o r r e s p o n d e al a i r e ser el p r i m e r o e n s u -
c e d e r a l e s p a c i o , p r o h i b i r e l vacío y l l e n a r . N o o c u p a n e l l u g a r t a n rá-
p i d a m e n t e las p a r t e s d e t i e r r a , las c u a l e s g e n e r a l m e n t e n o se m u e v e n
sino penetrando e nelaire, porque para hacer que elaire penetre n o
se r e q u i e r e t i e r r a , n i a g u a , n i f u e g o y n i n g u n o d e e l l o s s e l e a d e l a n t a
n i l e v e n c e p o r s e r más rápido, c a p a z y d i s p u e s t o a l l e n a r l o s ángulos
d e l c u e r p o c o n t i n e n t e . A d e m á s , s i l a t i e r r a , q u e e s u n c u e r p o sólido, s e
a l e j a , será e l a i r e q u i e n o c u p a r á s u l u g a r ; l a t i e r r a n o e s t a n c a p a z d e
o c u p a r e l l u g a r del a i r e q u e se aleja. P o r c o n s i g u i e n t e , s i e n d o p r o p i o
del aire e l moverse para penetrar e ncualquier sitio y hueco, n o hay
c u e r p o m á s l i g e r o n i t a m p o c o m á s p e s a d o q u e él.
BURQUIO — ¿ Q u é dirás, e n t o n c e s d e l a g u a ?
FRACASTORO — D e l a g u a h e d i c h o y v u e l v o a d e c i r q u e es más p e s a d a
q u e l a t i e r r a , p o r q u e v e m o s q u e e l líquido d e s c i e n d e y p e n e t r a e n l a
302 Del infinito: el universo y los mundos

t i e r r a s e c a h a s t a e l c e n t r o c o n más f u e r z a q u e l a t i e r r a s e c a p e n e t r a e n e l
a g u a . Y además, l a t i e r r a s e c a t o m a d a s i n m e z c l a a l g u n a d e a g u a flotará
s o b r e e l a g u a y será i n c a p a z d e p e n e t r a r e n e l l a ; y n o d e s c i e n d e s i a n t e s
n o está e m p a p a d a d e a g u a y c o n d e n s a d a e n u n a m a s a y c u e r p o e s p e -
so, p o r m e d i o d e c u y o espesor y d e n s i d a d a d q u i e r e p o d e r d e meterse
d e n t r o y b a j o e l a g u a . P o r e l c o n t r a r i o , e l a g u a n o descenderá jamás
p o r o b r a d e l a tierra, s i n o p o r q u e se c o n g r e g a , c o n d e n s a y d u p l i c a el
número d e sus p a r t e s p a r a e m p a p a r y a g l u t i n a r l a t i e r r a seca, y a q u e
o b s e r v a m o s q u e e nu n v a s o l l e n o d e c e n i z a v e r d a d e r a m e n t e seca cabe
b a s t a n t e más a g u a q u e e n o t r o v a s o i g u a l e n e l q u e n o h a y a n a d a . L a
t i e r r a s e c a , p o r t a n t o , c o m o s e c a , s o b r e s a l e y flota p o r e n c i m a d e l a g u a .
BURQUIO — E x p l í c a t e mejor.
FRACASTORO — R e p i t o q u e si d e la t i e r r a se q u i t a r a t o d a el a g u a d e
f o r m a q u e q u e d a r a l a p u r a t i e r r a s e c a , sería p r e c i s o necesariamente
q u e e l r e s t o f u e r a u n c u e r p o s i n c o n s i s t e n c i a , r a r o , d i s u e l t o y fácil d e
d i s p e r s a r p o r e l a i r e ; tendría i n c l u s o l a f o r m a d e i n n u m e r a b l e s c u e r -
pos d i s c o n t i n u o s , p o r q u e l o q u e p r o d u c e u n c o n t i n u o esel aire, l o q u e
p r o d u c e u n c o n t i n u o p o r l a cohesión d e l a s p a r t e s e s e l a g u a , y a s e t r a -
t e d e l c u e r p o c o n t i n u o c o h e r e n t e y sólido q u e o r a e s u n a c o s a , o r a e s
la o t r a , o r a e lc o m p u e s t o d e a m b a s . P o r eso, s ie lpeso n o p r o v i e n e d e
o t r a c o s a q u e d e l a cohesión y e s p e s o r d e l a s p a r t e s , y l a s p a r t e s d e l a
t i e r r a n o t i e n e n cohesión e n t r e sí m á s q u e p o r e l a g u a — c u y a s partes,
i g u a l q u e l a s d e l a i r e , s e u n e n p o r sí m i s m a s y l a c u a l t i e n e m á s f u e r z a
q u e c u a l q u i e r o t r o c u e r p o , si n oy a l a f u e r z a s i n g u l a r d e hacer que
l a s p a r t e s d e o t r o s c u e r p o s s e u n a n e n t r e s í — , sucederá q u e e l a g u a
es e l p r i m e r c u e r p o g r a v e c o n r e s p e c t o a o t r o s c u e r p o s q u e s e v u e l v e n
g r a v e s p o r mediación d e e l l a y p o r m e d i o d e e l l a a d q u i e r e n e l p e s o .
P o r e s o n o merecían s e r t e n i d o s p o r l o c o s , s i n o p o r m u c h o más s a b i o s
q u i e n e s d i j e r o n q u e l a t i e r r a está f u n d a d a s o b r e l a s a g u a s .
BURQUIO — N o s o t r o s d e c i m o s q u e e n e l c e n t r o se d e b e entender
s i e m p r e l a t i e r r a , t a l y c o m o h a n c o n c l u i d o t a n t a s doctísimas p e r s o -
nalidades.
FRACASTORO — Y c o n f i r m a n l o s l o c o s .
BURQUIO — ¿ Q u é d i c e s d e l o c o s ?
FRACASTORO — D i g o q u e e s a f o r m a d e h a b l a r n o está c o n f i r m a d a n i
p o r e l s e n t i d o n i p o r l a razón.
BURQUIO — ¿ N o v e m o s q u e los m a r e s t i e n e n u n flujo y reflujo y
q u e l o s ríos h a c e n s u c u r s o s o b r e l a f a z d e l a t i e r r a ?
FRACASTORO — ¿ N o v e m o s q u e las f u e n t e s , q u e s o n e l p r i n c i p i o d e
l o s ríos y f o r m a n l o s e s t a n q u e s y l o s m a r e s , s u r g e n d e l a s v i s c e r a s d e l a
 Diálogo III 3°3

tierra y n o salen f u e r a d e las visceras d e la t i e r r a , si d ev e r d a d has e n t e n -

d i d o l o q u e h a c e u n m o m e n t o h e d i c h o más d e u n a v e z ?
BURQUIO — V e m o s q u e las a g u a s d e s c i e n d e n por e l aire antes d e
q u e p o r ellas se f o r m e n las f u e n t e s .
FRACASTORO — S a b e m o s que el agua — a u n cuando descienda d e
otro aire q u e el q u e es parte y pertenece a los m i e m b r o s d e l a t i e r r a —
está e n l a t i e r r a o r i g i n a r i a , p r i n c i p a l y t o t a l m e n t e , a n t e s d e q u e luego
esté e n e l a i r e d e r i v a d a , s e c u n d a r i a y p a r c i a l m e n t e .
BURQUIO — S é q u e t e b a s a s e n q u e l a v e r d a d e r a s u p e r f i c i e última
de l a c o n v e x i d a d d e l a T i e r r a n ose t o m a d e l a faz d e l m a r , s i n o del
a i r e i g u a l a l o s m o n t e s más a l t o s .
FRACASTORO — A s í l o h a a f i r m a d o y c o n f i r m a d o también v u e s t r o
príncipe Aristóteles.
BURQUIO — E s t e príncipe n u e s t r o e s s i n c o m p a r a c i ó n a l g u n a m á s
c e l e b r a d o , d i g n o y s e g u i d o q u e e l v u e s t r o , q u e aún n o s e l e h a c o n o c i -
d o n i v i s t o . P o r e s o , q u e o s g u s t e t o d o l o q u e queráis e l v u e s t r o ; a mí
n o m e d i s g u s t a e l mío.
FRACASTORO — A u n q u e t e d e j e m o r i r d e h a m b r e y d e frío, t e a l i -
mente d eviento y te haga andar descalzo y desnudo.
FILOTEO — P o r f a v o r , n o o s detengáis e n e s t a s c u e s t i o n e s inútiles
y vanas.
FRACASTORO — A s í l o h a r e m o s . ¿Qué d i c e s , p u e s , B u r q u i o , a l o q u e
h a s oído?
BURQUIO — D i g o q u e e n c u a l q u i e r c a s o e s p r e c i s o v e r a l final l o
q u e esté e n e l c e n t r o d e e s t a m o l e , d e e s t e a s t r o t u y o , d e e s t e t u a n i m a l .
P o r q u e , s i allí está l a t i e r r a p u r a , l a m a n e r a c o m o ésos h a n ordenado
los e l e m e n t o s n o es v a n a .
FRACASTORO — H e d i c h o y d e m o s t r a d o q u e e s más r a z o n a b l e que
allí esté e l a i r e o e l a g u a q u e l a t i e r r a s e c a , l a c u a l e n t o d o c a s o n o e s t a -
rá allí s i n e s t a r m e z c l a d a c o n m á s p a r t e s d e a g u a , q u e a fin d e c u e n t a s
l e s e r v i r á n d e f u n d a m e n t o , y a q u e v e m o s q u e l a s partículas d e a g u a
t i e n e n m á s f u e r z a p a r a p e n e t r a r e n l a t i e r r a q u e l a s partículas d e
t i e r r a p a r a p e n e t r a r e n e l a g u a . E s más verosímil, p o r t a n t o , e i n c l u s o
n e c e s a r i o q u e e n l a s v i s c e r a s d e l a t i e r r a esté e l a g u a q u e n o l a t i e r r a
e n las visceras d e l a g u a .
BURQUIO —¿Qué m e dices del agua que flota y discurre sobre l a
tierra?
FRACASTORO — N o hay q u i e n n o pueda ver q u e tal cosa ocurre
por beneficio y obra del agua m i s m a , l acual — t r a s haber espesado
y fijado l a t i e r r a , j u n t a n d o las p a r t e s d e ésta— h a c e q u e e l a g u a n o
3°4 Del infinito: el universo y los mundos

s i g a s i e n d o a b s o r b i d a . D e l o c o n t r a r i o , e l a g u a penetraría h a s t a l o
más p r o f u n d o d e l a t i e r r a s e c a , c o m o v e m o s p o r e x p e r i e n c i a u n i v e r -
s a l . E s p r e c i s o , p o r t a n t o , q u e e n e l c e n t r o d e l a t i e r r a esté e l a g u a , a
fin d e q u e e s e c e n t r o t e n g a firmeza, lacual n o debe referirse en pri-
m e r l u g a r a l a t i e r r a , s i n o a l a g u a , y a q u e ésta u n e y j u n t a l a s p a r t e s
de tierra y,por consiguiente, produce l a densidad d e l a tierra antes
q u e , p o r e l c o n t r a r i o , l a t i e r r a s e a c a u s a d e l a cohesión d e l a s p a r t e s
de a g u a y lashaga densas. P o r t a n t o , si n o quieres q u e e n e l c e n t r o
h a y a u n c o m p u e s t o d e t i e r r a y d e a g u a , e s más verosímil y c o n f o r m e
a t o d a r a z ó n y e x p e r i e n c i a q u e allí esté a n t e s e l a g u a q u e l a t i e r r a .
Y s i allí h a y u n c u e r p o e s p e s o , e s m á s r a z o n a b l e q u e e n él p r e d o -
m i n e a l a g u a q u e l a t i e r r a seca, p o r q u e e l a g u a es l o q u e produce
e l e s p e s o r e n l a s p a r t e s d e l a t i e r r a , l a c u a l s e d i s u e l v e p o r l a acción
del calor ( n o digo l o m i s m o del espesor que hay e n e l fuego pri-
m o r d i a l , e l c u a l e s d i s o l u b l e p o r s u c o n t r a r i o ) y c u a n t o más e s p e s a
y p e s a d a e s , t a n t a más participación d e a g u a t i e n e . S e g ú n e s o , l a s
c o s a s q u e a n u e s t r o a l r e d e d o r s o n m á s e s p e s a s n o sólo s e e s t i m a q u e
t i e n e n m a y o r participación d e a g u a , s i n o q u e además r e s u l t a n s e r
e n s u s t a n c i a p u r a a g u a , c o m o s e v e e n l a disolución d e l o s cuerpos
más p e s a d o s y d e n s o s , q u e s o n l o s m e t a l e s l i c u a b l e s . Y e n v e r d a d ,
e n c u a l q u i e r c u e r p o sólido q u e t e n g a p a r t e s c o h e s i o n a d a s se d a p o r
supuesta l a presencia d e agua, l a cual u n e y c o n j u n t a laspartes, c o -
m e n z a n d o p o r l a s partículas últimas d e l a n a t u r a l e z a , d e f o r m a q u e
la t i e r r a seca c o m p l e t a m e n t e s e p a r a d a d e l a g u a n o es o t r a cosa que
e r r a n t e s y d i s p e r s o s átomos. P o r e s o s o n m á s c o n s i s t e n t e s l a s p a r t e s d e
a g u a s i n t i e r r a , p o r q u e las p a r t e s d e la t i e r r a seca n o t i e n e n c o n s i s t e n c i a
a l g u n a s i n e l a g u a . P o r c o n s i g u i e n t e , s i e l l u g a r c e n t r a l está d e s t i -
n a d o a q u i e n c o n m a y o r i m p u l s o y m á s v e l o c i d a d c o r r e h a c í a él,
c o n v i e n e e n p r i m e r l u g a r al aire q u e l l e n a el t o d o , e n s e g u n d o lugar
a l a g u a y e n t e r c e r l u g a r a l a t i e r r a . S i está r e s e r v a d o a l c u e r p o m á s
p e s a d o , a l más d e n s o y e s p e s o , c o n v i e n e e n p r i m e r l u g a r a l a g u a , e n
s e g u n d o l u g a r a l a i r e y e n tercer l u g a r a l a t i e r r a seca. S i t o m a m o s
la t i e r r a seca u n i d a a l a g u a , c o n v i e n e e n p r i m e r l u g a r a l a t i e r r a ,
en segundo lugar a lagua, e ntercer lugar a laire, d e m a n e r a que el
c e n t r o c o n v i e n e e n p r i m e r l u g a r a d i v e r s o s c u e r p o s e n función d e
v a r i a s y d i f e r e n t e s r a z o n e s , p e r o según l a v e r d a d y l a n a t u r a l e z a u n
e l e m e n t o n o se d a s i n e l o t r o y n oh a y m i e m b r o d e l a t i e r r a ( q u i e r o
d e c i r , e s t e g r a n a n i m a l ) e n e l q u e n o estén l o s c u a t r o e l e m e n t o s o a l
m e n o s tres d e ellos.
BURQUIO — B i e n , p a s a r á p i d a m e n t e a l a conclusión.
 Diálogo III i°5

FRACASTORO — L o q u e q u i e r o c o n c l u i r es l o siguiente: q u e el f a m o -
s o y v u l g a r o r d e n d e l o s e l e m e n t o s y c u e r p o s m u n d a n o s e s u n sueño y
u n a v a n í s i m a fantasía, p o r q u e n i p o r l a n a t u r a l e z a s e v e r i f i c a n i p o r l a
razón s e p r u e b a y d e m u e s t r a , n i p o r c o n v e n i e n c i a d e b e n i p o r p o t e n c i a
p u e d e ser d e t a l m a n e r a . Q u e d a , pues, p o r saber q u e h a y u n c a m p o y
e s p a c i o c o n t i n e n t e i n f i n i t o , e l c u a l a b r a z a y p e n e t r a e l t o d o . E n él h a y
i n f i n i t o s c u e r p o s s i m i l a r e s a éste, n i n g u n o d e l o s c u a l e s está m á s e n e l
centro del u n i v e r s o q u e o t r o , p o r q u e e l u n i v e r s o es infinito y por eso
c a r e c e d e c e n t r o y límite, s i b i e n e s t a s c o s a s c o n v i e n e n a c a d a u n o d e l o s
m u n d o s q u e hay e n e l u n i v e r s o infinito a l a m a n e r a c o m o otras veces
he dicho y e n particular c u a n d o h e m o s d e m o s t r a d o que hay ciertos,
d e t e r m i n a d o s y precisos c e n t r o s , q u e s o n los soles, los fuegos, e n t o r n o
a los cuales se m u e v e n t o d o s los planetas, l a stierras, l a saguas, tal y
c o m o v e m o s m a r c h a r estos siete cuerpos errantes e n t o r n o a l S o l cer-
c a n o a n o s o t r o s ; y también c u a n d o h e m o s d e m o s t r a d o q u e c a d a u n o
de estos astros o m u n d o s , a l g i r a r sobre s u p r o p i o c e n t r o , o r i g i n a l a
a p a r i e n c i a d e u n m u n d o sólido y c o n t i n u o q u e a r r a s t r a a t a n t o s a s t r o s
c o m o se v e n y p u e d e n existir y los hace girar a s u a l r e d e d o r c o m o cen-
tro del u n i v e r s o . D e m a n e r a q u e n o h a y u n solo m u n d o , u n a sola tierra,
u n s o l o s o l , s i n o t a n t o s m u n d o s c o m o lámparas l u m i n o s a s v e m o s a
n u e s t r o a l r e d e d o r , l a s c u a l e s n o están e n u n c i e l o , e n u n l u g a r y e n u n
c o n t i n e n t e , e n m a y o r o m e n o r m e d i d a q u e este m u n d o e n e l q u e esta-
m o s n o s o t r o s está e n u n c o n t i n e n t e , l u g a r y c i e l o . A s í , e l c i e l o , e l a i r e
infinito e i n m e n s o , a u n q u e sea parte del u n i v e r s o infinito, n oes sin
e m b a r g o m u n d o n i p a r t e d e l o s m u n d o s , s i n o s e n o , receptáculo y c a m -
p o e n e l q u e l o s m u n d o s están, s e m u e v e n , v i v e n , v e g e t a n y r e a l i z a n l o s
actos d esus vicisitudes, p r o d u c e n , a l i m e n t a n , n u t r e n y c o n s e r v a n a sus
a n i m a l e s , y según c i e r t a s d i s p o s i c i o n e s y órdenes s i r v e n a l a n a t u r a l e z a
s u p e r i o r , c a m b i a n d o e l r o s t r o d e u n e n t e e n s u j e t o s i n n u m e r a b l e s . Así,
cada u n o d e estos m u n d o s es u n c e n t r o hacia el c u a l c o r r e c a d a u n a d e
s u s p a r t e s y d o n d e s e p o s a n t o d o s l o s congéneres, i g u a l q u e l a s p a r t e s
de este a s t r o v u e l v e n a s uc o n t i n e n t e desde u n a d e t e r m i n a d a distancia
y d e s d e t o d a s p a r t e s y región c i r c u n d a n t e s . P o r e s o , a l r e f l u i r d e n u e -
v o e n e l g r a n c u e r p o t o d a s las p a r t e s q u e h a n fluido d e él s u c e d e q u e
es e t e r n o , a u n q u e s e a d i s o l u b l e , s i b i e n l a n e c e s i d a d d e t a l e t e r n i d a d
proviene ciertamente del conservador externo y providente, no d e una
s u f i c i e n c i a p r o p i a e intrínseca, s i n o m e e n g a ñ o . P e r o d e t o d o e s o t e
haré s a b e r d e f o r m a m á s d e t a l l a d a e n o t r a ocasión.
BURQUIO — A s í p u e s , ¿los o t r o s m u n d o s están h a b i t a d o s i g u a l q u e
éste?
306 Del infinito: el universo y los mundos

FRACASTORO — S i n o igual y con mejores habitantes, tampoco me-

nos n i con peores, p o r q u e esimposible que u n i n g e n i o razonable y
algo despierto pueda i m a g i n a r s e q u e estén p r i v a d o s d e s e m e j a n t e s
y mejores habitantes innumerables m u n d o s q u ese m u e s t r a n tan
m a g n í f i c o s o m á s q u e éste y q u e o b i e n s o n s o l e s o b i e n mundos
a l o s q u e e l S o l n o envía m e n o s l o s divinísimos y f e c u n d o s rayos
que tanto d e m u e s t r a n l afelicidad del propio origen y fuente como
h a c e n a f o r t u n a d o s a los q u e e n t o r n o s u y o p a r t i c i p a n d etal fuerza
difusa. S o n , p o r c o n s i g u i e n t e , i n f i n i t o s los i n n u m e r a b l e s y p r i n c i p a -
l e s m i e m b r o s d e l u n i v e r s o ; idéntico e s s u a s p e c t o , f a z , prerrogativa,
fuerza y efecto.
BURQUIO —¿Pretendes q u e n o hay diferencia alguna entre los
u n o s y los otros?
FRACASTORO — H a s oído más d e u n a v e z q u e s o n l u m i n o s o s y c a -
l i e n t e s p o r sí m i s m o s a q u e l l o s e n c u y a composición p r e d o m i n a e l f u e -
g o ; r e s p l a n d e c e n p o r participación d e o t r o s a q u e l l o s q u e p o r sí m i s m o s
s o n fríos y o s c u r o s y e n c u y a c o m p o s i c i ó n p r e d o m i n a e l a g u a . D e e s a
d i f e r e n c i a y oposición d e c o n t r a r i o s d e p e n d e e l o r d e n , l a simetría, l a
armonía, l a p a z , l a c o n c o r d i a , l a composición, l a v i d a , d e s u e r t e q u e l o s
m u n d o s están c o m p u e s t o s d e c o n t r a r i o s y u n o s c o n t r a r i o s (esto es,
las t i e r r a s o a g u a s ) v i v e n y v e g e t a n p o r los o t r o s c o n t r a r i o s ( e s t o es, los
s o l e s o f u e g o s ) . E s l o q u e entendió, m e p a r e c e , a q u e l s a b i o q u e dijo
q u e D i o s establecía l a p a z e n l o s a l t o s c o n t r a r i o s 3 4
y aquel otro que
v i o q u e e l t o d o s e mantenía u n i d o m e d i a n t e l a d i s c o r d i a d e l o s c o n -
cordes y e la m o r d e los litigantes. 3 5

BURQUIO — C o n esta m a n e r a t u y a d e h a b l a r q u i e r e s s u b v e r t i r e l
mundo.
FRACASTORO — ¿ T e p a r e c e q u e haría m a l q u i e n q u i s i e r a subvertir
el m u n d o subvertido?
BURQUIO — ¿ P r e t e n d e s h a c e r inútiles t a n t a s f a t i g a s , e s t u d i o s , su-
d o r e s d e Físicas, d e Del universo y el mundo, d o n d e s e h a n e x p r i m i d o
el cerebro tantos grandes comentadores, parafraseadores, glosistas,
compendiadores, sumistas, escoliastas, traductores, cuestionadores,
t e o r e m i s t a s ; d o n d e h a n p u e s t o sus bases y p l a n t a d o sus c i m i e n t o s doc-
t o r e s p r o f u n d o s , s u t i l e s , áureos, m a g n o s , i n e x p u g n a b l e s , irrefutables,
angélicos, seráficos, q u e r u b í n i c o s y d i v i n o s ?

3 4
Job 25,2.
3 5
Heráclito, frag. 8 (Diels-Kranz).
 Diálogo III 3°7

FRACASTORO —Adde ' }(

l o s r o m p e p i e d r a s , saxífragos, l o s c o r n ú p e t a s
y c o c e a d o r e s . Adde l o s p r o f u n d i v i d e n t e s , p a l a d i o s , o l í m p i c o s , firma-
rnénticos, empíreocelestes, a l t i t o n a n t e s .
BURQUIO —¿Deberemos a r r o j a r l o s a t o d o s , a i n s t a n c i a t u y a , al r e -
t r e t e ? ¡ B i e n g o b e r n a d o estará e n v e r d a d e l m u n d o , s i s e t i r a n y d e s -
p r e c i a n las e s p e c u l a c i o n e s d e t a n t o s y t a n d i g n o s filósofos!
FRACASTORO — N o es j u s t o q u e q u i t e m o s a los asnos sus lechugas
y q u e r a m o s q u e s u g u s t o s e a idéntico a l n u e s t r o . L a v a r i e d a d d e l o s
i n g e n i o s y d e l o s i n t e l e c t o s n o e s m e n o r q u e l a d e l o s espíritus y estó-
magos.
BURQUIO — ¿ Q u i e r e s q u e Platón s e a u n i g n o r a n t e , Aristóteles u n
a s n o y l o s q u e h a n s e g u i d o s u s p a s o s s e a n i n s e n s a t o s , estúpidos y f a -
náticos?
FRACASTORO — H i j o m í o . Y o n o d i g o q u e éstos s e a n l o s p o l l i n o s
y aquéllos l o s a s n o s ; éstos l a s m ó n i t a s y aquéllos l o s g r a n d e s simios,
c o m o tú q u i e r e s q u e d i g a . C o m o t e d i j e a l p r i n c i p i o , l o s c o n s i d e r o
héroes d e l a t i e r r a , p e r o n o e s t o y d i s p u e s t o a c r e e r l e s s i n r a z ó n n i a a d -
mitirles aquellas proposiciones cuyas contradictorias — c o m o puedes
haber c o m p r e n d i d o , si n oeres c o m p l e t a m e n t e ciego y s o r d o — son
tan abiertamente verdaderas.
BURQUIO — ¿ Q u i é n será e l j u e z e n t o n c e s ?
FRACASTORO — T o d o s e n t i d o r e g u l a d o y t o d o juicio despierto; cual-
q u i e r p e r s o n a discreta y n o o b s t i n a d a c u a n d o se r e c o n o z c a convicto
e i n c a p a z d e d e f e n d e r l a s r a z o n e s d e aquéllos y o p o n e r s e a l a s n u e s -
tras.
BURQUIO — C u a n d o y o n o l a s s e p a d e f e n d e r , será p o r c u l p a d e m i
insuficiencia, n o d e s u doctrina; cuando tú, i m p u g n á n d o l a s , s e p a s
c o n c l u i r , n o será p o r l a v e r d a d d e l a d o c t r i n a , s i n o p o r t u s sofísticas
impertinencias.
FRACASTORO — S i y o m e r e c o n o c i e r a i g n o r a n t e d e las causas, m e
abstendría d e p r o n u n c i a r s e n t e n c i a . S i t u v i e r a l a m i s m a disposición
q u e t i e n e s tú, m e c o n s i d e r a r í a d o c t o p o r f e y n o p o r c i e n c i a .
BURQUIO — S i tú t u v i e r a s u n a m e j o r disposición, reconocerías q u e
eres u n a s n o p r e s u n t u o s o , u n sofista, p e r t u r b a d o r d e las b u e n a s l e t r a s ,
v e r d u g o d e los i n g e n i o s , a m i g o d e las n o v e d a d e s , e n e m i g o d e l a v e r -
d a d , s o s p e c h o s o d e herejía.
FILOTEO — H a s t a a h o r a éste h a m o s t r a d o t e n e r p o c a d o c t r i n a : a h o r a
n o s q u i e r e enseñar q u e t i e n e p o c a discreción y c a r e c e d e educación.

3 6
«Añade.»
3o8 Del infinito: el universo y los mundos

ELPINO — T i e n e b u e n a v o z y d i s p u t a más g a l l a r d a m e n t e q u e s i
fuera u n fraile franciscano. M i q u e r i d o B u r q u i o , alabo g r a n d e m e n t e
la c o n s t a n c i a d et u fe. D e s d e el p r i m e r m o m e n t o d i j i s t e q u e n o estabas
dispuesto a creer e n eso a u n q u e f u e r a cierto.
BURQUIO —Sí; prefiero i g n o r a r c o n m u c h o s ilustres y doctos que
saber c o n pocos sofistas, c o m o creo q u e s o n estos a m i g o s .
FRACASTORO — M a l sabrás d i s t i n g u i r e n t r e d o c t o s y s o f i s t a s , s i d a -
m o s crédito a l o q u e d i c e s . N o s o n i l u s t r e s y d o c t o s l o s i g n o r a n t e s ; l o s
q u e saben n o s o n sofistas.
BURQUIO — S é q u e entiendes lo q u e q u i e r o decir.
ELPINO — M u c h o sería s i p u d i é r a m o s e n t e n d e r l o q u e d i c e s , p o r -
q u e a t i m i s m o t e costará m u c h o e s f u e r z o e n t e n d e r l o q u e quieres
decir.
BURQUIO — ¡ A n d a d , a n d a d , q u e s o i s m á s s a b i o s q u e Aristóteles;
i d , i d , q u e s o i s más d i v i n o s q u e Platón, más p r o f u n d o s q u e Averroes,
m á s j u i c i o s o s q u e t a n g r a n n ú m e r o d e filósofos y teólogos d e t a n t a s
edades y tantas naciones q u e los h a n c o m e n t a d o , a d m i r a d o y elevado
a l c i e l o ! ¡ A n d a d , q u e n o sé q u i é n e s s o i s n i d e d ó n d e salís y queréis
presumir d eoponeros a ltorrente d etantos grandes doctores!
FRACASTORO — É s t a sería l a m e j o r d e c u a n t a s n o s h a s a p o r t a d o , s i
d e v e r d a d f u e r a u n a razón.
BURQUIO — T ú serías m á s d o c t o q u e Aristóteles s i n o f u e r a s u n a
bestia, u n desgraciado mendigo, miserable, criado con pan d e mijo,
m u e r t o d e h a m b r e , e n g e n d r a d o p o r u n sastre, n a c i d o d e u n a l a v a n -
d e r a , s o b r i n o d e C e c e o e l r e m e n d ó n , h i j o d e M o m o , postillón d e l a s
p u t a s , h e r m a n o d e l L á z a r o q u e p o n e l a s h e r r a d u r a s a l o s a s n o s . ¡Iros
a l d i a b l o t a m b i é n v o s o t r o s , q u e n o s o i s m u c h o m e j o r e s q u e él!
ELPINO — P o r f a v o r , n o b l e señor, n o o s t o m é i s m á s l a m o l e s t i a
de venir a nuestro encuentro y esperad que vayamos nosotros a bus-
caros.
FRACASTORO — Q u e r e r mostrar la verdad con muchas razones a
g e n t e c o m o ésta e s c o m o l a v a r l a c a b e z a a l a s n o u n a y o t r a v e z c o n
m u c h a s c l a s e s d e jabón y d e lejía, d o n d e n o s e s a c a m á s p r o v e c h o l a -
v a n d o cien veces q u e u n a sola, d e m i l m a n e r a s q u e d e u n a sola, pues
v i e n e a ser l o m i s m o l a v a r q u e n o lavar.
FILOTEO — E s m á s , e s a c a b e z a s i e m p r e será e s t i m a d a m á s s u c i a a l
a c a b a r e l l a v a d o q u e a l p r i n c i p i o y a n t e s , p o r q u e a l añadir más y más
a g u a y p e r f u m e s , l o q u e s e c o n s i g u e e s a g i t a r más y más l o s h u m o s d e
e s a c a b e z a y v i e n e a s e n t i r s e e s e t u f o q u e d e o t r a m a n e r a n o s e sentiría
y q u e será t a n t o m á s m o l e s t o c u a n t o m á s a r o m á t i c o s s e a n l o s l i c o r e s
 Diálogo III

que lo despiertan. Pero y ahemos hablado bastante por hoy. M e alegro

m u c h o d e lacapacidad d eFracastoro y d e t u m a d u r o juicio, Elpino.
A h o r a , t r a s h a b e r d i s c u t i d o d e l s e r , n ú m e r o y condición d e l o s m u n -
d o s i n f i n i t o s , l o o p o r t u n o e s q u e mañana v e a m o s s i h a y r a z o n e s e n
c o n t r a y cuáles s o n .
ELPINO — Q u e así s e a .
FRACASTORO — A d i ó s .

COPIA CON FINES

EDUCATIVOS

C. D . A .
 DIÁLOGO CUARTO

FILOTEO — N o son, pues, infinitos los mundos a la manera como se

imagina el compuesto de esta tierra rodeado de toda una serie de es-
feras, de las cuales unas contienen un astro, otras astros innumera-
bles, puesto que el espacio es tal que por él pueden correr muchos
astros, cada uno de los cuales es tal que por sí mismo y por principio
intrínseco puede moverse a la obtención de las cosas convenientes;
cada uno de ellos es tan grande que resulta suficiente, capaz y digno
de ser considerado un mundo; todos ellos poseen un principio eficaz
y el modo de prolongar y conservar la perpetua generación y la vida
de innumerables y excelentes individuos. Una vez se haya conocido
que la apariencia del movimiento mundano está causada por el ver-
dadero movimiento diario de la Tierra (el cual se da igualmente en
astros semejantes), ya no habrá razón que nos obligue a creer en la
equidistancia de las estrellas, que el vulgo entiende como clavadas y
fijas en una octava esfera; tampoco habrá creencia que nos impida co-
nocer que las diferencias en la longitud de los radios de la distancia de
las innumerables estrellas son innumerables. Comprenderemos que
los orbes y esferas no están dispuestos en el universo de forma que uno
esté comprendido dentro del otro, contenido siempre una y otra vez
el menor dentro del mayor, a la manera de las capas de una cebolla,
sino que por el etéreo campo el calor y el frío difundidos por los cuer-
pos en los que esas cualidades predominan, vienen a atemperarse de
tal manera uno a otro según diversos grados, que resultan principio
próximo de innumerables formas y especies de ente.
ELPINO —Venga, por favor, pasemos pronto a la refutación de los
argumentos de los adversarios y especialmente de Aristóteles, que
son los más célebres y los más famosos, tenidos por la necia multitud
como demostraciones perfectas. Y para que no parezca que omitimos

3 1 1
3 I2 Del infinito: el universo y los mundos

a l g o , expondré t o d o s l o s a r g u m e n t o s y o p i n i o n e s d e e s e p o b r e sofista
y tú l o s t o m a r á s e n consideración u n o p o r u n o .
FILOTEO — A s í s e h a r á .
ELPINO — H e m o s d e v e r , d i c e e n e l p r i m e r l i b r o d e s u o b r a Del
universo y el mundo, s i f u e r a d e e s t e m u n d o e x i s t e o t r o . ' 7

FILOTEO —Sobre e s t a cuestión sabéis y a q u e él u s a l a p a l a b r a

«mundo» e n u n s e n t i d o d i f e r e n t e a n o s o t r o s , p o r q u e n o s o t r o s s u m a -
m o s m u n d o a m u n d o , e n e l s e n t i d o d e a s t r o a a s t r o e n e s t e espaciosí-
s i m o s e n o etéreo, c o m o e s lógico q u e h a y a n e n t e n d i d o también t o d o s
a q u e l l o s s a b i o s q u e h a n creído l o s m u n d o s i n n u m e r a b l e s e i n f i n i t o s .
Él u s a l a p a l a b r a «mundo» c o m o e l c o n j u n t o d e e s t o s e l e m e n t o s o r -
denados y o r b e s i m a g i n a r i o s h a s t a l a c o n v e x i d a d d e l p r i m e r móvil,
que dotado deuna figura p e r f e c t a m e n t e esférica g i r a c o n m o v i m i e n -
t o rapidísimo r o t a n d o e n t o r n o a l c e n t r o e n e l q u e n o s encontramos
n o s o t r o s . P o r e s o será u n e n t r e t e n i m i e n t o v a n o y pueril preten-
d e r e x a m i n a r a r g u m e n t o p o r a r g u m e n t o e s a fantasía; l o c o r r e c t o y
o p o r t u n o será, p o r e l c o n t r a r i o , r e f u t a r s u s a r g u m e n t o s e n l a m e d i d a
e n q u e p u e d a n s e r c o n t r a r i o s a n u e s t r a concepción, s i n t o m a r e n c o n -
sideración l o q u e n o está e n c o n t r a n u e s t r a .
FRACASTORO — ¿ Q u é d i r e m o s a los q u e nos e c h e n e n cara q u e dis-
c u t i m o s s o b r e u n equívoco?
FILOTEO — D i r e m o s dos cosas: q u e l a c u l p a d e eso l a t i e n e q u i e n
h a u s a d o l a p a l a b r a «mundo» c o n u n s i g n i f i c a d o i m p r o p i o , formán-
d o s e u n u n i v e r s o c o r p ó r e o fantástico, y q u e n u e s t r a s r e s p u e s t a s n o
s o n m e n o s válidas e n t e n d i e n d o p o r m u n d o l o q u e e n t i e n d e l a i m a -
ginación d e n u e s t r o s a d v e r s a r i o s q u e entendiéndolo según l a v e r d a d .
P o r q u e allí d o n d e s e e n t i e n d e n l o s p u n t o s d e l a c i r c u n f e r e n c i a última
d e este m u n d o , c u y o c e n t r o esesta t i e r r a , se p u e d e e n t e n d e r los p u n t o s
d e o t r a s t i e r r a s i n n u m e r a b l e s q u e están m á s allá d e a q u e l l a c i r c u n f e -
r e n c i a i m a g i n a r i a ; p u e s t o q u e e x i s t e n r e a l m e n t e , a u n q u e n o según l a
condición e n q u e e l l o s s e l o i m a g i n a n , l a c u a l — e n c u a l q u i e r c a s o — n o
a ñ a d e n i q u i t a u n ápice e n l o q u e s e r e f i e r e a l a d i m e n s i ó n d e l u n i v e r -
so y a l número d e l o s m u n d o s .
FRACASTORO — D i c e s b i e n . C o n t i n ú a , Elpino.
ELPINO — « T o d o c u e r p o — d i c e — j 8
o s e m u e v e o está q u i e t o ; y
e s t e m o v i m i e n t o y r e p o s o o e s n a t u r a l o e s v i o l e n t o . A d e m á s , ningún
c u e r p o sem u e v e p o r violencia, sino n a t u r a l m e n t e , hacia e l lugar e n el

3 7
Acerca del cielo, i, 8, 276218.
3 8
Ibid., 1, 8, 276322-021. Bruno resume la argumentación de Aristóteles.
 Diálogo IV 3'3

q u e n o está i n m ó v i l p o r v i o l e n c i a , s i n o d e f o r m a n a t u r a l ; y a d o n d e n o
s e m u e v e v i o l e n t a m e n t e , allí está e n r e p o s o p o r n a t u r a l e z a , d e f o r m a
q u e t o d o l oq u e es m o v i d o v i o l e n t a m e n t e h a c i a a r r i b a , se m u e v e por
n a t u r a l e z a h a c i a a b a j o y v i c e v e r s a . D e aquí s e i n f i e r e q u e n o h a y u n a
p l u r a l i d a d d e m u n d o s , s i t e n e m o s p r e s e n t e q u e , s i l a t i e r r a q u e está
fuera d e este m u n d o se m u e v e v i o l e n t a m e n t e hacia e l c e n t r o d e este
m u n d o , l a t i e r r a q u e está e n e s t e m u n d o s e m o v e r á a l c e n t r o d e a q u é l
por n a t u r a l e z a y si s u m o v i m i e n t o desde e l c e n t r o d e este m u n d o a l
c e n t r o d e aquél e s v i o l e n t o , s u m o v i m i e n t o d e s d e e l c e n t r o d e a q u e l
m u n d o a éste será n a t u r a l . L a c a u s a d e e s o e s q u e , s i h a y m á s d e u n a
tierra, es preciso decir q u e l a potencia d e u n a es similar a l a potencia
d e l a o t r a , i g u a l q u e l a p o t e n c i a d e a q u e l f u e g o será s i m i l a r a l a p o -
t e n c i a d e éste. D e l o c o n t r a r i o , l a s p a r t e s d e a q u e l l o s m u n d o s serán
s e m e j a n t e s a l a s p a r t e s d e éste t a n sólo n o m i n a l m e n t e y n o r e a l m e n t e ,
y p o r c o n s i g u i e n t e a q u e l m u n d o n o será c o m o éste, a u n q u e s e l e l l a m e
también m u n d o . A d e m á s , t o d o s l o s c u e r p o s q u e s o n d e u n a n a t u r a -
leza y d e u n a especie t i e n e n u nm o v i m i e n t o , p o r q u e t o d o c u e r p o se
m u e v e n a t u r a l m e n t e d e a l g u n a m a n e r a . P o r t a n t o , s i allí h a y t i e r r a s
c o m o ésta y s o n d e l a m i s m a e s p e c i e q u e ésta, t e n d r á n e l m i s m o m o v i -
m i e n t o , i g u a l q u e , p o r e lc o n t r a r i o , s ih a y u n m i s m o m o v i m i e n t o , h a y
t a m b i é n l o s m i s m o s e l e m e n t o s . S i e n d o así l a s c o s a s , l a t i e r r a d e a q u e l
m u n d o s e moverá n e c e s a r i a m e n t e hacia l a t i e r r a d e este m u n d o , e l
f u e g o d e a q u é l h a c i a e l f u e g o d e éste, d e d o n d e s e s i g u e a d e m á s q u e l a
tierra n o se m u e v e m e n o s p o r n a t u r a l e z a hacia a r r i b a q u e hacia abajo
y e l f u e g o n om e n o s hacia a b a j o q u e hacia a r r i b a . P u e s b i e n , s i e n d o
tales cosas i m p o s i b l e s , d e b e h a b e r u n a t i e r r a , u n c e n t r o , u n m e d i o , u n
h o r i z o n t e , u n mundo.»
FILOTEO — C o n t r a esto decimos q u e d e l a m i s m a m a n e r a q u e en
e s t e e s p a c i o u n i v e r s a l i n f i n i t o n u e s t r a t i e r r a s e m u e v e p o r e s t a región
y o c u p a e s t a p a r t e , l o s demás a s t r o s o c u p a n i g u a l m e n t e s u s p r o p i o s
l u g a r e s y se m u e v e n p o r sus r e g i o n e s e n e l i n m e n s o c a m p o . Además,
igual q u e esta t i e r r a consta d e s u sm i e m b r o s , t i e n e s u s alteraciones
y experimenta u n flujo y r e f l u j o e n sus partes (tal c o m o v e m o s acon-
t e c e r e n l o s h u m o r e s y p a r t e s d e l o s a n i m a l e s , q u e están e n c o n t i n u a
alteración y m o v i m i e n t o ) , t a m b i é n l o s d e m á s a s t r o s c o n s t a n d e s u s
propios m i e m b r o s , dotados d e afecciones similares. E i g u a l q u e este
c u e r p o , moviéndose n a t u r a l m e n t e según t o d a l a máquina, t i e n e u n
m o v i m i e n t o similar a l circular, con e l cual gira e n t o r n o a l propio
c e n t r o y se m u e v e a l r e d e d o r del Sol, l om i s m o o c u r r e necesariamen-
te e n aquellos otros cuerpos q u e son d e l a m i s m a n a t u r a l e z a . D e l a
3'4 Del infinito: el universo y los mundos

m i s m a m a n e r a t a m b i é n , sólo l a s p a r t e s d e a q u e l l o s c u e r p o s q u e s e
h a n a l e j a d o d e s u l u g a r p o r algún a c c i d e n t e ( l a s c u a l e s , s i n e m b a r g o ,
n o d e b e n s e r t e n i d a s p o r p a r t e s p r i n c i p a l e s o m i e m b r o s ) v u e l v e n allí
n a t u r a l m e n t e p o r p r o p i o i m p u l s o , i g u a l q u e las p a r t e s d e t i e r r a seca
y d e a g u a q u e p o r l a acción d e l S o l y d e l a T i e r r a s e h a b í a n a l e j a -
d o hacia m i e m b r o s y regiones s u p e r i o r e s d e este c u e r p o e nf o r m a d e
exhalación y d e v a p o r , r e g r e s a n t r a s r e c u p e r a r s u p r o p i a f o r m a . Así,
a q u e l l a s p a r t e s n o s e a l e j a n d e s u c o n t i n e n t e m á s allá d e u n a d e t e r -
m i n a d a d i s t a n c i a , i g u a l q u e o c u r r e c o n éstas, según p o n d r e m o s d e
m a n i f i e s t o c u a n d o v e a m o s q u e l am a t e r i a d elos c o m e t a s n o p e r t e n e c e
a este globo.
Así p u e s , l a s p a r t e s d e u n a n i m a l , a u n q u e s e a n d e l a m i s m a e s p e -
cie q u e laspartes d e o t r o a n i m a l , s i n e m b a r g o , p u e s t o q u e p e r t e n e -
c e n a i n d i v i d u o s d i f e r e n t e s , j a m á s t i e n e n inclinación l a s p a r t e s d e l o s
unos (hablo d e laspartes principales y lejanas) a ocupar e l lugar de
l a s p a r t e s d e l o s o t r o s ; y así m i m a n o n o será j a m á s c o n v e n i e n t e a t u
b r a z o , n i t u cabeza a m i busto. Establecidos estos p r i n c i p i o s , d e c i m o s
q u e h a y v e r d a d e r a m e n t e u n a s e m e j a n z a e n t r e todos los astros, entre
t o d o s los m u n d o s , y q u e esta t i e r r a y las o t r a s t i e n e n l am i s m a c o n s t i -
tución. P e r o d e a h í n o s e s i g u e q u e d o n d e está e s t e m u n d o d e b a n e s -
t a r t o d o s l o s d e m á s y d o n d e está s i t u a d a e s t a t i e r r a d e b a n e s t a r s i t u a -
d a s l a s d e m á s , s i n o q u e s e p u e d e m u y b i e n i n f e r i r q u e i g u a l q u e ésta
r e s i d e e n s u l u g a r , t o d a s l a s demás r e s i d e n e n e l s u y o ; i g u a l q u e n o
está b i e n q u e ésta s e m u e v a a l l u g a r d e l a s d e m á s , t a m p o c o está b i e n
q u e l a s d e m á s s e m u e v a n a l l u g a r d e ésta; i g u a l q u e ésta e s d i f e r e n t e
d e aquélla e n m a t e r i a y e n o t r a s c i r c u n s t a n c i a s i n d i v i d u a l e s , también
a q u é l l a s s o n d i f e r e n t e s d e ésta. A s í t a m b i é n l a s p a r t e s d e e s t e fuego
se m u e v e n h a c i a e s t e f u e g o , c o m o l a s p a r t e s d e aquél h a c i a aquél; l a s
partes d e esta tierra hacia t o d a esta tierra, c o m o laspartes d e a q u e -
l l a t i e r r a a t o d a aquélla. Así, l a s p a r t e s d e a q u e l l a t i e r r a q u e l l a m a -
m o s L u n a , c o n s u s a g u a s , s e moverían e n c o n t r a d e l a n a t u r a l e z a y
v i o l e n t a m e n t e h a c i a ésta, i g u a l q u e l a s p a r t e s d e ésta h a c i a a q u é l l a .
A q u é l l a , d e f o r m a n a t u r a l , s e m u e v e e n s u l u g a r y o c u p a s u región
q u e está allí; ésta está e n s u región a q u í d e f o r m a t a m b i é n n a t u r a l y
s u s p a r t e s s e r e f i e r e n a a q u e l l a t i e r r a c o m o a ésta l a s s u y a s ; p i e n s a l o
m i s m o d e las p a r t e s d ea q u e l l a s a g u a s y d ea q u e l l o s f u e g o s . E l a b a j o y
e l l u g a r i n f e r i o r d e e s t a t i e r r a n o e s u n p u n t o d e l a r e g i ó n etérea f u e r a
d e y e x t e r i o r a ella ( c o m o o c u r r e c o n las partes p r o d u c i d a s f u e r a d e l a
p r o p i a e s f e r a , s i t a l c o s a s u c e d e ) , s i n o q u e está e n e l c e n t r o d e s u m o l e ,
r e d o n d e z o g r a v e d a d . I g u a l m e n t e , e l d e b a j o d e a q u e l l a t i e r r a n o es
 Diálogo 1V

u n lugar exterior a ella, sino s u p r o p i o m e d i o , s u p r o p i o centro. E l

a r r i b a d e e s t a t i e r r a e s t o d o l o q u e está e n s u c i r c u n f e r e n c i a y f u e r a d e
su c i r c u n f e r e n c i a ; p o r eso las partes d e a q u e l l a t i e r r a se m u e v e n t a n
v i o l e n t a m e n t e fuera d e s uc i r c u n f e r e n c i a y se recogen n a t u r a l m e n t e
h a c i a s u c e n t r o , c o m o l a s p a r t e s d e ésta s e a l e j a n v i o l e n t a m e n t e y
r e g r e s a n n a t u r a l m e n t e h a c i a e l p r o p i o c e n t r o . Así e s c o m o s e d e b e
e n t e n d e r l a v e r d a d e r a s e m e j a n z a e n t r e estas tierras y aquellas otras.
ELPINO — - M u y b i e n d i c e s q u e así c o m o e s i n c o n v e n i e n t e e i m p o -
s i b l e q u e u n o d e e s t o s a n i m a l e s s e m u e v a y r e s i d a d o n d e está e l o t r o
y n o tenga s u propia subsistencia i n d i v i d u a l con s ulugar y periferia
p r o p i o s , también e s s u m a m e n t e i n c o n v e n i e n t e q u e l a s p a r t e s d e e s t e
a n i m a l t e n g a n u n a inclinación y u n m o v i m i e n t o r e a l h a c i a e l l u g a r d e
las p a r t e s d e a q u e l o t r o .
FILOTEO — L o entiendes bien d e las partes que son verdadera-
m e n t e partes, p o r q u e e n l o q u e se refiere a los cuerpos p r i m e r o s i n -
divisibles, d e los q u e se c o m p o n e o r i g i n a l m e n t e e l t o d o , h e m o s d e
creer q u e t i e n e n u n a cierta alternancia v i c i s i t u d i n a l p o r e l i n m e n s o
espacio, e n v i r t u d d el acual fluyen hacia otra parte y refluyen d e otra
parte. Estos cuerpos primeros, a u n q u e e n virtud d e la providencia
d i v i n a n o c o n s t i t u y a n d e h e c h o n u e v o s cuerpos n i d i s u e l v a n los a n t i -
guos, t i e n e n a l m e n o s esacapacidad. P o r q u e los cuerpos mundanos
son e nverdad disolubles, pero puede ocurrir que por u n a virtud i n -
trínseca o extrínseca p e r s i s t a n e t e r n a m e n t e idénticos a sí m i s m o s p o r
t e n e r idéntico flujo y r e f l u j o d e á t o m o s y p e r s e v e r e n así idénticos e n
número, i g u a l q u e n o s o t r o s n o s r e n o v a m o s análogamente e n l a s u s -
t a n c i a c o r p o r a l día t r a s d í a , h o r a t r a s h o r a , m o m e n t o t r a s m o m e n t o ,
e n v i r t u d d e l a atracción y digestión q u e h a c e m o s p o r t o d a s l a s p a r t e s
del cuerpo.
ELPINO — D e e s t o h a b l a r e m o s e n o t r a ocasión. P o r e l m o m e n t o
m e d e j a s m u y s a t i s f e c h o también c o n e s o q u e h a s o b s e r v a d o d e q u e
c u a l q u i e r o t r a t i e r r a ascendería t a n v i o l e n t a m e n t e h a c i a ésta s i s e
m o v i e r a h a c i a e s t e l u g a r , c o m o haría ésta s i a s c e n d i e r a a c u a l q u i e r a
de aquellas tierras. E nefecto, i g u a l q u e d e s d e c u a l q u i e r p a r t e d e esta
t i e r r a e n dirección a l a c i r c u n f e r e n c i a o última s u p e r f i c i e y y e n d o h a c i a
e l h o r i z o n t e hemisférico d e l éter p a r e c e q u e s e v a y a h a c i a a r r i b a , así
también d e s d e c u a l q u i e r p a r t e d e l a s u p e r f i c i e d e o t r a s t i e r r a s h a c i a
ésta s e s u p o n e u n a s c e n s o , d a d o q u e e s t a t i e r r a e s t a n periférica p a r a
aquéllas c o m o aquéllas p a r a ésta. S u s c r i b o q u e , a u n q u e a q u e l l a s t i e r r a s
s e a n d e l a m i s m a n a t u r a l e z a q u e ésta, n o p o r e s t o s e s i g u e q u e s e r e f i e -
r a n todas al m i s m o c e n t r o absoluto, p o r q u e el c e n t r o d eo t r a tierran o
3J6 Del infinito: el universo y los mundos

e s c e n t r o d e ésta y s u c i r c u n f e r e n c i a n o e s c i r c u n f e r e n c i a d e ésta, i g u a l
q u e m i a l m a n o es t u a l m a , m i peso y e ld e m i s partes n o es t u cuerpo
n i t u p e s o , a u n q u e t o d o s l o s c u e r p o s , p e s o s y a l m a s s e p r e d i q u e n uní-
v o c a m e n t e y sean d e l am i s m a especie.
FILOTEO — B i e n , p e r o n o p o r eso q u i s i e r a q u e te i m a g i n a r a s que
s i l a s p a r t e s d e a q u e l l a t i e r r a s e a p r o x i m a r a n a ésta, sería i m p o s i b l e
q u e t u v i e r a n i g u a l m e n t e u n i m p u l s o hacia este c o n t i n e n t e , como
e n e l c a s o d e q u e l a s p a r t e s d e ésta s e a c e r c a r a n a aquélla, aunque
de ordinario n oveamos o c u r r i r tal cosa e n los a n i m a l e s n ie n l o s
diferentes i n d i v i d u o s d e l a especie d e estos cuerpos, excepto e n la
m e d i d a e n q u e e l u n o se a l i m e n t a y c r e c e p o r e l o t r o y e l u n o se
t r a n s m u t a e ne l o t r o .
ELPINO — E s t á b i e n . P e r o , ¿ q u é dirías s i t o d a a q u e l l a e s f e r a e s -
t u v i e r a t a n c e r c a d e ésta c u a n t o o c u r r e q u e d e ésta s e a l e j a n aquellas
partes suyas que tienen capacidad d e regresar a s u continente?
FILOTEO —Suponiendo que partes notables d e l a T i e r r a salgan
f u e r a d e l a c i r c u n f e r e n c i a d e l a m i s m a , e n t o r n o d e l a c u a l se dice
q u e está e l a i r e p u r o y t e r s o , c o n c e d o s i n d i f i c u l t a d q u e d e e s e lugar
pueden regresar tales partes n a t u r a l m e n t e a s u lugar, pero n o y a
que venga toda o t r a esfera n ique suspartes desciendan natural-
m e n t e , s i n o más b i e n q u e a s c i e n d a n violentamente, igual que las
p a r t e s d e ésta n o d e s c e n d e r í a n n a t u r a l m e n t e h a c i a a q u é l l a , s i n o q u e
ascenderían v i o l e n t a m e n t e , p o r q u e p a r a t o d o s l o s m u n d o s l o e x t e -
rior a sucircunferencia es e l arriba y e l centro i n t e r n o es e l abajo
y l a razón d e l c e n t r o a d o n d e s u s p a r t e s t i e n d e n n a t u r a l m e n t e n o
se t o m a d e f u e r a , s i n o d e d e n t r o d e e l l o s . E s l o q u e h a n ignorado
a q u e l l o s q u e , imaginándose u n c i e r t o límite y l i m i t a n d o inútilmen-
te e l u n i v e r s o , h a n i d e n t i f i c a d o e l m e d i o y c e n t r o del m u n d o con
el d e esta t i e r r a . L o c o n t r a r i o d e eso c o n c l u y e n , p r e g o n a n y conce-
d e n l o s matemáticos d e n u e s t r a época, q u e h a n d e s c u b i e r t o q u e e l
c e n t r o d e l a T i e r r a n o e s e q u i d i s t a n t e d e l a soñada circunferencia
d e l m u n d o . D e j o a u n l a d o a a q u e l l o s o t r o s más s a b i o s q u e habien-
do c o m p r e n d i d o e lm o v i m i e n t o d e l aT i e r r a , h a n descubierto — n o
sólo p o r r a z o n e s p r o p i a s d e s u d i s c i p l i n a , smo etiam™ p o r a l g u n a ra-
zón n a t u r a l — q u e e n e s t e m u n d o y u n i v e r s o q u e p o d e m o s abrazar
con e l sentido d e l a vista debemos e n t e n d e r (más razonablemente
y sin incurrir e n inconvenientes; estableciendo a d e m á s u n a teoría
más a c o m o d a d a y justa, aplicable a l m o v i m i e n t o más r e g u l a r d e

3 9
«también»
 Diálogo IV
317
l o s l l a m a d o s a s t r o s e r r a n t e s e n t o r n o a l c e n t r o ) q u e l a T i e r r a está
t a n l e j o s d e l c e n t r o c o m o d e l S o l . A p a r t i r d e ahí y c o n s u s propios
principios tienen e lm o d o d edescubrir fácilmente p o c o a p o c o l a
v a n i d a d d e l oq u e se dice acerca d e l a pesadez d e este c u e r p o , d e l a
d i f e r e n c i a d e e s t e l u g a r c o n r e s p e c t o a l o s demás, d e l a e q u i d i s t a n -
c i a d e l o s m u n d o s i n n u m e r a b l e s q u e v e m o s d e s d e éste m á s allá d e
l o s l l a m a d o s p l a n e t a s , d e l rapidísimo m o v i m i e n t o d e t o d o s e l l o s e n
t o r n o a e s t e ú n i c o c u e r p o , a n t e s q u e s u rotación c o n r e s p e c t o a t o d o s
e l l o s ; así p o d r á n c o m e n z a r a d u d a r a l m e n o s d e o t r o s i n c o n v e n i e n -
t e s solemnísimos q u e s e d a n p o r s u p u e s t o s e nla filosofía vulgar.
A h o r a , v o l v i e n d o al a s u n t o q u e n o s o c u p a b a , r e p i t o q u e n i t o d o u n as-
t r o n i p a r t e d e l m i s m o sería c a p a z d e m o v e r s e h a c i a e l c e n t r o d e o t r o ,
a u n q u e e s e a s t r o e s t u v i e r a cercanísimo a él, d e f o r m a q u e e l e s p a c i o
o p u n t o d ela c i r c u n f e r e n c i a d e u n o se tocase c o n el p u n t o o espacio d e
la c i r c u n f e r e n c i a d e l o t r o .
ELPINO — L a providente naturaleza h adispuesto lo contrario d e
e s o , p o r q u e s i así f u e r a , u n c u e r p o c o n t r a r i o destruiría a l o t r o ; e l c u e r -
p o frío y h ú m e d o y e l c u e r p o c a l i e n t e y s e c o s e a n i q u i l a r í a n recíproca-
m e n t e , los cuales sin e m b a r g o — d i s p u e s t o s a una distancia determi-
n a d a y c o n v e n i e n t e — v i v e n y v e g e t a n el u n o p o r el o t r o . Además, u n
c u e r p o s e m e j a n t e i m p e d i r í a a o t r o l a c o m u n i c a c i ó n y participación d e
lo c o n v e n i e n t e q u e d a y recibe del cuerpo diferente, c o m o nos mani-
fiestan a v e c e s l o s daños n o m e d i o c r e s q u e a n u e s t r a f r a g i l i d a d p r o -
c u r a n l a s i n t e r p o s i c i o n e s d e esa o t r a t i e r r a q u e l l a m a m o s L u n a e n t r e
ésta y e l S o l . E n t o n c e s , ¿ q u é o c u r r i r í a s i l a L u n a e s t u v i e r a t a n c e r c a d e
la T i e r r a y n o s p r i v a r a d e ese c a l o r y d e esa l u z v i t a l d u r a n t e u n p l a z o
de t i e m p o mayor?
FILOTEO — D i c e s b i e n . Continúa a h o r a c o n e l a r g u m e n t o d e A r i s -
tóteles.
ELPINO —Aduce a c o n t i n u a c i ó n u n a objeción i m a g i n a r i a , l a c u a l
dice q u e u n c u e r p o n ose m u e v e hacia o t r o p o r q u e e n l am e d i d a e n
q u e está s e p a r a d o d e e s t e o t r o p o r u n a d i s t a n c i a l o c a l v i e n e a s e r d i f e -
rente p o r n a t u r a l e z a . Y e nc o n t r a d e eso dice q u e l a m a y o r o m e n o r
d i s t a n c i a n o e s c a p a z d e h a c e r q u e l a n a t u r a l e z a sea d i f e r e n t e . 4 0

FILOTEO — E s t o , e n t e n d i d o c o m o s e d e b e e n t e n d e r , e s verísimo.
Pero nosotros tenemos otro m o d o d e responder y aportamos otra ra-
zón p o r l a q u e u n a t i e r r a n o s e m u e v e h a c i a o t r a t i e r r a , esté c e r c a o
lejos d e ella.

40
Acerca del cielo, 1, 8, 276)322-25.
¿18 Del infinito: el universo y los mundos

ELPINO — L a h e e n t e n d i d o . N o o b s t a n t e , m e p a r e c e también v e r -
d a d e r o l o q u e parece q u e q u i s i e r o n decir los a n t i g u o s : q u e c u a n d o l a
distancia a u m e n t a u n c u e r p o tiene m e n o s capacidad (ellos l o l l a m a -
ron propiedad y naturaleza e ns um o d o usual d e hablar), porque las
partes b a j o las cuales h a y m u c h o a i r e s o n m e n o s capaces d e d i v i d i r e l
m e d i o y descender.
FILOTEO — E s c i e r t o y está b a s t a n t e c o m p r o b a d o e n l a s p a r t e s d e l a
t i e r r a q u e a p a r t i r d e u n c i e r t o p u n t o d e s u d i s t a n c i a y lejanía s u e l e n
r e g r e s a r a s u c o n t i n e n t e , h a c i a e l c u a l s e a p r e s u r a n t a n t o más c u a n t o
más s e a c e r c a n . P e r o n o s o t r o s h a b l a m o s a h o r a d e l a s p a r t e s d e o t r a
tierra.
ELPINO — E n t o n c e s , siendo semejante una tierra a otra, u n a parte
a o t r a , ¿qué c r e e s q u e ocurriría s i e s t u v i e r a n c e r c a n a s l a u n a a l a o t r a ?
¿ N o t e n d r í a n idéntica c a p a c i d a d l a s p a r t e s d e u n a y d e o t r a p a r a d i -
rigirse tanto a u n a c o m o a l aotra tierra y por consiguiente para subir
y para bajar?
FILOTEO — P u e s t o u n i n c o n v e n i e n t e , s i d e v e r d a d l o es, ¿qué i m -
p i d e p o n e r o t r o d e r i v a d o d e él? P e r o d e j a n d o e s o a u n l a d o , d i g o q u e
l a s p a r t e s , s i t i e n e n l a m i s m a relación y d i s t a n c i a c o n r e s p e c t o a t i e r r a s
d i f e r e n t e s , o están q u i e t a s o e s t a b l e c e n u n l u g a r a l q u e i r , c o n respecto
a l c u a l s e dirá q u e d e s c i e n d e n , m i e n t r a s q u e ascenderán c o n r e s p e c t o a
a q u e l o t r o d e l q u e se a l e j a n .
ELPINO — E n t o d o c a s o , ¿quién s a b e s i l a s p a r t e s d e u n cuerpo
p r i n c i p a l se m u e v e n hacia o t r o c u e r p o p r i n c i p a l de especie s e m e j a n t e ?
P o r q u e se h ao b s e r v a d o q u e las p a r t e s y los m i e m b r o s d e u n h o m b r e
no pueden cuadrar y convenir a otro hombre.
FILOTEO — E s cierto e n p r i n c i p i o e i n i c i a l m e n t e , p e r o accesoria y
secundariamente sucede l oc o n t r a r i o , p o r q u e h e m o s visto por expe-
r i e n c i a q u e l a n a r i z d e u n o se p e g a b a e n e ll u g a r c o r r e s p o n d i e n t e del
rostro d e o t r o y esperamos sustituir l a oreja d e u n o d o n d e estaba la
oreja d eo t r o sin n i n g u n a dificultad.
ELPINO — E s a c i r u g í a n o d e b e s e r v u l g a r .
FILOTEO — N o l o e s .
ELPINO — S i g o q u e r i e n d o s a b e r q u é o c u r r i r í a si u n a piedra es-
tuviera e n m e d i o del aire e n u n p u n t o equidistante d e d o stierras:
¿cómo d e b e m o s c r e e r q u e permanecería inmóvil? ¿ D e qué m a n e r a
s e decidiría a a n d a r a n t e s a u n c o n t i n e n t e q u e a l o t r o ?
FILOTEO — D i g o q u e l a p i e d r a , n o a t e n d i e n d o más a u n o q u e a l
otro por su figura y t e n i e n d o u n o y o t r o idéntica relación c o n l a p i e d r a
y e x a c t a m e n t e l a m i s m a inclinación h a c i a e l l a , o c u r r i r í a , e n v i r t u d d e
 Diálogo IV Ü9

l a i n c a p a c i d a d d e d e c i d i r s e y p o r l a idéntica relación c o n l o s d o s tér-

m i n o s o p u e s t o s , q u e permanecería inmóvil, n o p u d i e n d o d e c i d i r s e a
i r a n t e s a éste q u e a a q u é l , n i n g u n o d e l o s c u a l e s a t r a e m á s q u e e l o t r o ,
c a r e c i e n d o además l a p i e d r a d e u n i m p u l s o m a y o r h a c i a e l u n o q u e
h a c i a e l o t r o . P e r o s i u n o d e l o s d o s l e e s más f a m i l i a r y c o n n a t u r a l y
l e e s m á s s e m e j a n t e o c a p a z d e c o n s e r v a r l a , s e decidiría a i r d e r e c h a
h a c i a él p o r e l c a m i n o m á s c o r t o , p o r q u e e l p r i n c i p i o p r i m o r d i a l d e l
m o v i m i e n t o n o es l ap r o p i a esfera y e l p r o p i o c o n t i n e n t e , s i n o e l ape-
tito d econservarse, tal y c o m o v e m o s a l al l a m a serpentear por tierra,
d o b l a r s e e i r h a c i a a b a j o p a r a a c c e d e r a l l u g a r más próximo d o n d e
p o d e r a l i m e n t a r s e y c e b a r s e ; y dejará d e i r h a c i a e l S o l , h a c i a e l c u a l n o
se e l e v a p o r e l a i r e s i n r i e s g o d e e n f r i a r s e p o r e l c a m i n o .
ELPINO — ¿ Q u é d i c e s a l o q u e a ñ a d e Aristóteles d e q u e l a s p a r t e s
y c u e r p o s a f i n e s , p o r m u y a l e j a d o s q u e estén, s e m u e v e n h a c i a l a t o t a -
lidad d eque f o r m a n parte y hacia s u semejante?
FILOTEO — ¿ Q u i é n n o v e q u e e s o e s c o n t r a r i o a t o d a razón y e x p e -
riencia, si t e n e m o s e nc u e n t a lo q u e h e m o s d i c h o hace poco? C i e r t o ,
l a s p a r t e s q u e estén f u e r a d e l p r o p i o g l o b o s e m o v e r á n h a c i a e l c u e r p o
s e m e j a n t e más c e r c a n o , a u n q u e e s e c u e r p o n o s e a s u c o n t i n e n t e p r i -
m a r i o y p r i n c i p a l ; y a v e c e s s e moverán h a c i a o t r o q u e l a s c o n s e r v e
y a l i m e n t e , a u n q u e n o seas e m e j a n t e e n especie, p o r q u e e l p r i n c i p i o
i m p u l s i v o intrínseco n o p r o c e d e d e l a relación q u e t e n g a c o n u n l u g a r
d e t e r m i n a d o , c o n cierto p u n t o y c o n l a p r o p i a esfera, sino del i m p u l -
s o n a t u r a l a b u s c a r d o n d e m e j o r y más rápidamente s e m a n t e n g a y
c o n s e r v e e ne l s e r p r e s e n t e , l o c u a l ( p o r m u y i n n o b l e q u e sea) d e s e a n
t o d a s l a s c o s a s d e f o r m a n a t u r a l . Así, d e s e a n e s p e c i a l m e n t e v i v i r y
t e m e n especialmente m o r i r aquellos h o m b r e s que n o poseen lal u z d e
l a filosofía v e r d a d e r a y n o c o n o c e n o t r o s e r q u e e l p r e s e n t e , p e n s a n d o
q u e n o p u e d e s o b r e v e n i r l e s o t r o ser q u e les p e r t e n e z c a a ellos, p o r q u e
n o h a n llegado a c o m p r e n d e r q u e e l p r i n c i p i o vital n o consiste e n los
a c c i d e n t e s q u e r e s u l t a n d e l a composición, s i n o e n l a s u s t a n c i a i n d i v i -
s i b l e e i n d i s o l u b l e , e n l a c u a l — a l n o h a b e r perturbación— t a m p o c o
resulta conveniente eldeseo d econservarse n i elt e m o r a desvanecer-
se, s i n o q u e e s o e s c o n v e n i e n t e a l o s c o m p u e s t o s , e s t o es, p o r razón d e
simetría, complexión y a c c i d e n t e s . E n e f e c t o , n i l a s u s t a n c i a e s p i r i t u a l ,
q u e se e n t i e n d e u n e , n il a m a t e r i a l , q u e se e n t i e n d e u n i d a , p u e d e n
e s t a r s u j e t a s a alteración o pasión a l g u n a y p o r c o n s i g u i e n t e n o t r a t a n
d e conservarse; p o r e s oa tales sustancias n oles r e s u l t a c o n v e n i e n t e
n i n g ú n m o v i m i e n t o , s i n o t a n sólo a l a s c o m p u e s t a s . E s t a d o c t r i n a será
c o m p r e n d i d a c u a n d o se sepa q u e el ser p e s a d o o l i g e r o n o c o n v i e n e a
320 Del infinito: el universo y los mundos

los m u n d o s n i a sus partes, y a q u e estas d i s t i n c i o n e s n o e x i s t e n n a t u -

ralmente, sino positiva y relativamente.
A d e m á s , e n v i r t u d d e l o q u e o t r a s v e c e s h e m o s señalado, e s t o e s ,
q u e e l u n i v e r s o n o t i e n e límite, n o t i e n e e x t r e m o , s i n o q u e e s i n m e n -
so e i n f i n i t o , o c u r r e q u e los c u e r p o s p r i n c i p a l e s n o p u e d e n decidirse
a m o v e r s e e n línea r e c t a c o n r e s p e c t o a a l g ú n c e n t r o o e x t r e m o , p o r -
q u e t i e n e n l a m i s m a e idéntica relación c o n t o d o s l o s l a d o s e x t e r i o r e s
a s u c i r c u n f e r e n c i a . P o r e s o n o t i e n e n o t r o m o v i m i e n t o rectilíneo
q u e e l d e s u s p a r t e s , c o n r e s p e c t o a ningún o t r o m e d i o y c e n t r o q u e
e l d e l p r o p i o t o d o , c o n t i n e n t e y p e r f e c t o . P e r o d e e s t o hablaré e n s u
m o m e n t o y lugar. V i n i e n d o , pues, a lp u n t o q u e has planteado, digo
q u e este filósofo n o podrá v e r i f i c a r , a p a r t i r d e s u s p r o p i o s princi-
p i o s , q u e u n c u e r p o , p o r m u y l e j a n o q u e esté, t i e n e l a c a p a c i d a d
d e v o l v e r a s u c o n t i n e n t e o s e m e j a n t e , s i él e n t i e n d e l o s c o m e t a s d e
m a t e r i a t e r r e s t r e y d e u n a m a t e r i a t a l , además, q u e h a a s c e n d i d o
a l a región i n f l a m a d a d e l f u e g o e n f o r m a d e exhalación, l a s c u a -
les p a r t e s s o n i n c a p a c e s d e d e s c e n d e r y a r r a s t r a d a s por la fuerza
d e l p r i m e r móvil, g i r a n e n t o r n o a l a T i e r r a , a u n q u e n o s e a n d e
q u i n t a e s e n c i a , s i n o c u e r p o s t e r r e s t r e s pesadísimos, e s p e s o s y d e n s o s ,
c o m o s e d e d u c e c l a r a m e n t e d e l o s fenómenos e n e l t a n l a r g o e s p a c i o
de t i e m p o y d e l a fuerte resistencia que o p o n e n a l grave y vigoroso
i n c e n d i o d e l f u e g o , p u e s a v e c e s están a r d i e n d o d u r a n t e m á s d e u n
m e s , t a l y c o m o h e m o s v i s t o e n n u e s t r o s días a u n o d u r a n t e c u a r e n t a
y c i n c o días c o n s e c u t i v o s . Pues bien, si la distancia n odestruye el
argumento d e la gravedad, ¿ p o r q u é m o t i v o d i c h o c u e r p o n o sólo
n o c a e h a c i a a b a j o n i está i n m ó v i l , s i n o q u e a d e m á s g i r a e n t o r n o d e
l a T i e r r a ? S i d i c e q u e n o g i r a p o r sí m i s m o , s i n o p o r s e r a r r a s t r a d o ,
seguiré i n s i s t i e n d o e n q u e también s o n a r r a s t r a d o s t o d o s s u s c i e l o s
y astros, los cuales n oq u i e r e q u e sean pesados n i ligeros, n i d e u n a
m a t e r i a s i m i l a r . N od i g a m o s y a q u e e l m o v i m i e n t o d e esos cuerpos
p a r e c e s e r l e s p r o p i o , p o r q u e j a m á s está c o n f o r m e c o n e l m o v i m i e n t o
d i a r i o n i c o n e l d e l o s demás a s t r o s .
E l a r g u m e n t o e s óptimo p a r a c o n v e n c e r l e s a partir d e sus pro-
pios principios, p o r q u e d e la verdadera naturaleza d e los cometas
h a b l a r e m o s , e x p o n i e n d o n u e s t r a p r o p i a explicación d e e l l o s , c u a n d o
m o s t r e m o s q u e tales i n f l a m a c i o n e s n oson p r o d u c i d a s p o r l a esfera
d e l f u e g o , p o r q u e s e encenderían p o r t o d a s p a r t e s ( d a d o q u e toda
l a c i r c u n f e r e n c i a o s u p e r f i c i e d e s u m o l e está c o n t e n i d a e n e l a i r e
r o z a d o p o r e l calor — c o m o ellos d i c e n — o b i e n p o r l a esfera d e l
f u e g o ) , s i n o q u e s i e m p r e v e m o s q u e l a inflamación s e p r o d u c e por
 Diálogo IV 3 '
2

u n a parte. C o n c l u i r e m o s q u e los l l a m a d o s cometas son u n a especie

de astro, c o m o b i e n d i j e r o n y e n t e n d i e r o n los a n t i g u o s , y q u e son u n
a s t r o t a l q u e ( a p r o x i m á n d o s e a e s t e a s t r o n u e s t r o y a l e j á n d o s e d e él
con u n m o v i m i e n t o propio en v i r t u d d eu n acercamiento y retroceso)
parece e n p r i m e r l u g a r q u e a u m e n t e , c o m o s i se e n c e n d i e r a , y l u e g o
q u e d i s m i n u y a , c o m o s ise e x t i n g u i e r a ; y n o se m u e v e a l r e d e d o r d e l a
T i e r r a , s i n o q u e s u m o v i m i e n t o p r o p i o e s e l q u e es, c o n independen-
cia d e l m o v i m i e n t o d i a r i o p r o p i o d e l aT i e r r a , la c u a l a l g i r a r sobre s u
p r o p i o d o r s o p r o d u c e las s a l i d a s y o c a s o s d e t o d a s esas luces q u e hay
fuera d e s ucircunferencia. Y es i m p o s i b l e q u e ese c u e r p o terrestre y
tan grande pueda serarrastrado y m a n t e n i d o suspendido contra su
p r o p i a n a t u r a l e z a p o r u n a i r e t a n líquido y u n c u e r p o s u t i l q u e n o
ofrece resistencia e nabsoluto. Ese m o v i m i e n t o — d e ser c i e r t o — se-
ría c o n f o r m e t a n sólo a l d e l p r i m e r m ó v i l p o r e l q u e e s a r r a s t r a d o y
n o imitaría e l m o v i m i e n t o d e l o s p l a n e t a s , q u e h a c e q u e a v e c e s s e a
j u z g a d o d el anaturaleza d e M e r c u r i o , a veces d el ad e l aL u n a , a ve-
ces d e S a t u r n o y a v e c e s d e o t r o s . P e r o d e e s t o h a b l a r e m o s también e n
o t r a ocasión, e n e l l u g a r o p o r t u n o . P o r a h o r a b a s t a c o n h a b e r dicho
l o s u f i c i e n t e p a r a c o n c l u i r e n c o n t r a d e A r i s t ó t e l e s , q u e d e l a cercanía
y lejanía n o q u i e r e q u e s e i n f i e r a m a y o r y m e n o r c a p a c i d a d p a r a e l
m o v i m i e n t o q u e él l l a m a p r o p i o y n a t u r a l e n c o n t r a d e l a v e r d a d .
Ésta n o p e r m i t e q u e t a l m o v i m i e n t o p u e d a d e c i r s e p r o p i o y n a t u r a l
a u n o b j e t o d i s p u e s t o d e t a l m a n e r a q u e jamás p u e d e c o n v e n i r l e . P o r
e s o , s i l a s p a r t e s jamás s e m u e v e n h a c i a e l p r o p i o c o n t i n e n t e a p a r t i r
de u n a d e t e r m i n a d a distancia, n o se debe decir q u e tal m o v i m i e n t o
sea n a t u r a l a e l l a s .
ELPINO — B i e n s a b e q u i e n b i e n c o n s i d e r a q u e él tenía p r i n c i p i o s
c o m p l e t a m e n t e c o n t r a r i o s a los verdaderos principios d ela naturale-
z a . A continuación r e p l i c a q u e «si e l m o v i m i e n t o s i m p l e d e l o s c u e r -
p o s e s n a t u r a l a e l l o s , sucederá q u e l o s c u e r p o s s i m p l e s q u e están e n
m u l t i t u d d e m u n d o s y s o n d e l a m i s m a e s p e c i e s e moverán o a l m i s m o
c e n t r o o a l m i s m o extremo».'' 1

FILOTEO — E s o e s l o q u e él n o podrá d e m o s t r a r j a m á s , e s d e c i r , q u e
deben m o v e r s e a lm i s m o lugar particular e i n d i v i d u a l . P o r q u e del he-
c h o d e q u e los c u e r p o s s e a n d e l a m i s m a e s p e c i e , s e i n f i e r e q u e les c o n -
viene u n lugar d e l a m i s m a especie y u n centro d e l a m i s m a especie,
q u e es s uc e n t r o p r o p i o ; y n o se d e b e n i se p u e d e i n f e r i r q u e requieran
u n l u g a r n u m é r i c a m e n t e idéntico.

•»' Ibid.,i, 8, 276(529-32.

3_22 Del infinito: el universo y los mundos

ELPINO — É l m i s m o h a p r e s e n t i d o de a l g u n a m a n e r a esta respuesta

y p o r eso d et o d o s u v a n o e s f u e r z o saca esto: p r e t e n d e d e m o s t r a r q u e la
d i f e r e n c i a numérica n o e s c a u s a d e l a d i v e r s i d a d d e l u g a r e s .
FILOTEO — P o r lo general, vemos t o d o lo contrario. D etodas for-
m a s , d i m e : ¿cómo l o d e m u e s t r a ?
ELPINO — D i c e q u e s i l a d i v e r s i d a d numérica d e l o s c u e r p o s de-
b i e r a s e r c a u s a d e l a d i v e r s i d a d d e l o s l u g a r e s sería p r e c i s o q u e l a s p a r -
tes d e e s t a t i e r r a d i f e r e n t e s e n número y p e s a d e z t u v i e r a n c a d a u n a s u
p r o p i o c e n t r o e n el m i s m o m u n d o , l o cual es i m p o s i b l e e i n c o n v e n i e n -
t e , d a d o q u e e l n ú m e r o d e l o s c e n t r o s sería idéntico a l n ú m e r o d e l a s
partes individuales d el a T i e r r a . 4 2

FILOTEO — M i r a q u é m i s e r a b l e o p i n i ó n e s ésa. M i r a s i c o n t o d o
e s o t e p o d r í a s a p a r t a r u n ápice d e l a o p i n i ó n c o n t r a r i a o m á s b i e n
c o n f i r m a r t e e n e l l a . ¿Quién d u d a d e q u e n o h a y i n c o n v e n i e n t e e n
decir q u e el c e n t r o d etoda l am o l e , del cuerpo y a n i m a l entero, hacia
el c u a l se r e f i e r e n y a c o g e n y p o r el c u a l se u n e n y t i e n e n f u n d a m e n t o
t o d a s las partes, es u n o y q u e p u e d e h a b e r p o s i t i v a m e n t e i n n u m e r a -
bles centros e nl a m e d i d a e nq u e d e l a i n n u m e r a b l e m u l t i t u d d e las
partes p o d e m o s buscar o t o m a r o s u p o n e r e lc e n t r o d ecada u n a ? E n
e l h o m b r e e l c e n t r o a b s o l u t o e s u n o , e l corazón; después h a y o t r o s
m u c h o s c e n t r o s , según l a m u l t i t u d d e l a s p a r t e s , d e l a s c u a l e s e l c o r a -
zón t i e n e s u c e n t r o , e l pulmón e l s u y o , e l hígado e l s u y o , l a c a b e z a , e l
b r a z o , l a m a n o , e l p i e , e s t e h u e s o , e s t a v e n a , e s t a articulación y e s t a s
partículas q u e c o n s t i t u y e n t a l e s m i e m b r o s y t i e n e n u n s i t i o p a r t i c u l a r
y d e t e r m i n a d o , t a n t o e ne l c u e r p o p r i m e r o y g e n e r a l q u e es t o d o e l
i n d i v i d u o c o m o e n e l próximo y p a r t i c u l a r q u e e s t o d o e s t e o a q u e l
m i e m b r o del i n d i v i d u o .
ELPINO — T e n p r e s e n t e q u e s e p u e d e p e n s a r q u e él n o q u i e r e d e c i r
a b s o l u t a m e n t e q u e cada parte tenga el c e n t r o , sino q u e tiene el c e n t r o
al q u e se m u e v e .
FILOTEO — A l final, t o d o v i e n e a l o m i s m o , p o r q u e e n e l a n i m a l
n o se r e q u i e r e q u e t o d a s l a spartes v a y a n a l m e d i o y c e n t r o , y a q u e
t a l c o s a e s i m p o s i b l e e i n a p r o p i a d a , s i n o q u e s e r e f i e r a n a él p a r a l a
u n i ó n d e l a s p a r t e s y l a constitución d e l t o d o . E n e f e c t o , l a v i d a y l a
c o n s i s t e n c i a d e l a s c o s a s c o m p u e s t a s n o s e v e s i n o e n l a d e b i d a unión
d e l a s p a r t e s , l a s c u a l e s s e e n t i e n d e s i e m p r e q u e t i e n e n e s e término
q u e s e t o m a c o m o m e d i o y c e n t r o . P o r e s o , p a r a l a constitución d e l
t o d o e n t e r o , l a spartes se r e f i e r e n a u ns o l o c e n t r o ; p a r a l a c o n s t i t u -

4 2
Ibid., 1, 8, 2761532-27709.
 Diálogo IV

ción d e c a d a m i e m b r o l a s partículas d e c a d a u n o s e r e f i e r e n a l c e n t r o
p a r t i c u l a r d e c a d a u n o , a fin d e q u e e l h í g a d o s e c o n s t i t u y a p o r l a
unión d e s u s p a r t e s ; l o m i s m o e l p u l m ó n , l a c a b e z a , l a o r e j a , e l o j o
y así s u c e s i v a m e n t e . V e s , p u e s , c o m o n o sólo n o e s i n a p r o p i a d o , s i n o
naturalísimo, q u e h a y a m u c h o s c e n t r o s p o r razón d e l a s m u c h a s par-
t e s y partículas d e l a s p a r t e s , s i así l e g u s t a , p u e s t o q u e c a d a u n a d e
ellas se c o n s t i t u y e , subsiste y consiste p o r l aconsistencia, subsistencia
y constitución d e l a s d e m á s . E l i n t e l e c t o s e r e s i s t e e n v e r d a d a t o m a r
e n consideración b a n a l i d a d e s c o m o l a s q u e a p o r t a e s t e filósofo.
ELPINO — T o d o e l l o s e d e b e a g u a n t a r p o r l a reputación q u e e s e
i n d i v i d u o s e h a g a n a d o , más p o r n o s e r e n t e n d i d o q u e p o r o t r a c o s a .
P e r o , p o r f a v o r , c o n s i d e r a u n m o m e n t o cuánto s e c o m p l a c e e s t e c a b a -
l l e r o e n e s t e s o l a m e n t e a r g u m e n t o . Fíjate q u e e n a c t i t u d c a s i triun-
f a n t e añade e s t a s p a l a b r a s : «Por t a n t o , s i e l c o n t r i n c a n t e n o p u e d e
r e f u t a r estas palabras y a r g u m e n t o s , es q u e n e c e s a r i a m e n t e h a y u n
c e n t r o y u n horizonte». 43

FILOTEO — D i c e m u y b i e n . Continúa.
ELPINO — A continuación d e m u e s t r a q u e los m o v i m i e n t o s s i m -
ples s o n finitos y l i m i t a d o s , p o r q u e eso q u e d i j o d e q u e e l m u n d o es
u n o y q u e los m o v i m i e n t o s s i m p l e s t i e n e n s u l u g a r p r o p i o , se basa-
b a e n e s t o . D i c e , p u e s , así: « T o d o m ó v i l s e m u e v e d e s d e u n c i e r t o
t é r m i n o a u n c i e r t o t é r m i n o y s i e m p r e h a y u n a d i f e r e n c i a específica
e n t r e e l término d e d o n d e y e l término a d o n d e , s i e n d o t o d o c a m b i o
finito. Así o c u r r e c o n l a e n f e r m e d a d y l a s a l u d , c o n l a p e q u e n e z y l a
g r a n d e z a , e l a q u í y e l allí, p u e s t o q u e e l q u e s e c u r a n o t i e n d e a c u a l -
q u i e r fin, s i n o a l a s a l u d . P o r t a n t o , e l m o v i m i e n t o d e l a t i e r r a y e l d e l
f u e g o n o s o n a l i n f i n i t o , s i n o a c i e r t o s términos d i f e r e n t e s d e a q u e l l o s
lugares d e los q u e p a r t e n , y aq u e el m o v i m i e n t o hacia a r r i b a n o es m o -
v i m i e n t o hacia abajo y estos dos lugares s o n los h o r i z o n t e s d e los m o v i -
m i e n t o s . A s í q u e d a d e t e r m i n a d o e l m o v i m i e n t o rectilíneo. N o menos
d e t e r m i n a d o está e l m o v i m i e n t o c i r c u l a r , y a q u e t a m b i é n él s e d a d e
u n c i e r t o término a u n c i e r t o término, d e c o n t r a r i o a c o n t r a r i o , si c o n -
s i d e r a m o s l a d i v e r s i d a d d e l m o v i m i e n t o , q u e v i e n e d a d a p o r e l diá-
m e t r o d e l círculo, y a q u e e l m o v i m i e n t o d e t o d o e l círculo d e h e c h o n o
tiene c o n t r a r i o (porque n o t e r m i n a en o t r o p u n t o d i s t i n t od eaquel e n
e l q u e c o m e n z ó ) , p e r o sí e n l a s p a r t e s d e l a revolución c u a n d o ésta s e
t o m a d e u n e x t r e m o d e l diámetro a l e x t r e m o opuesto». 44

43
Ibid., i, 8, 277a 9-12.
44 /¿>J'¿., 1, 8, 277314-27.
 Del infinito: el universo y los mundos

FILOTEO — E s o d e q u e e l m o v i m i e n t o está d e t e r m i n a d o y e s fini-

t o según t a l e s r a z o n e s , n o h a y q u i e n l o n i e g u e o l o p o n g a e n d u d a .
P e r o es falso q u e haya a b s o l u t a m e n t e u n arriba d e t e r m i n a d o yu n
abajo d e t e r m i n a d o , c o m o otras veces h e m o s dicho y demostrado.
E n e f e c t o , t o d o s e m u e v e h a c i a aquí o h a c i a allá, i n d i f e r e n t e m e n t e ,
dondequiera q u e esté e l l u g a r d e s u c o n s e r v a c i ó n . Y d e c i m o s (aun
suponiendo l o s p r i n c i p i o s d e Aristóteles y o t r o s s i m i l a r e s ) q u e s i
p o r d e b a j o d e l a T i e r r a e s t u v i e r a o t r o c u e r p o , las p a r t e s d e l a T i e r r a
p e r m a n e c e r í a n allí v i o l e n t a m e n t e y s u b i r í a n d e s d e allí n a t u r a l -
m e n t e . Y n o negará Aristóteles q u e s i l a s p a r t e s d e l f u e g o estuvie-
r a n e n c i m a d e s uesfera ( c o m o , p o r e j e m p l o , d o n d e se i m a g i n a n e l
c i e l o o l a cúpula d e M e r c u r i o ) , descenderían n a t u r a l m e n t e . Ves,
pues, lo b i e n q u e sed e t e r m i n a n n a t u r a l m e n t e el a r r i b a y e l abajo, l o
p e s a d o y l o l i g e r o , u n a v e z h a y a s c o n s i d e r a d o q u e todos los cuerpos,
d o n d e q u i e r a q u e estén y a d o n d e q u i e r a q u e s e m u e v a n , m a n t i e n e n y
b u s c a n e n l o p o s i b l e e l l u g a r d e s u conservación. S i n e m b a r g o , aun-
q u e sea cierto q u e c u a l q u i e r cosa se m u e v e p o r s u sm e d i o s , desde
s u s términos y a s u s términos, y q u e t o d o m o v i m i e n t o ( c i r c u l a r o
rectilíneo) está d e t e r m i n a d o d e u n c o n t r a r i o a l o t r o c o n t r a r i o , d e e l l o
n o se sigue q u e e l u n i v e r s o sea finito e n m a g n i t u d n iq u e n o h a y a
más q u e u n m u n d o ; y t a m p o c o s e i m p i d e q u e s e a i n f i n i t o e l m o v i -
m i e n t o d e c u a l q u i e r a c t o p a r t i c u l a r , p o r e l c u a l e s e espíritu —como
d e c i m o s n o s o t r o s — q u e p r o d u c e e s t a composición, unión y v i v i f i c a -
ción e i n c u r r e e n e l l a , p u e d e e s t a r y estará s i e m p r e e n i n f i n i t a s o t r a s .
Puede ocurrir, por tanto, que todo m o v i m i e n t o sea finito (hablando
del m o v i m i e n t o presente, no absoluta y s i m p l e m e n t e d ecada u n o en
particular y e ntodo) y que haya infinitos m u n d o s , dado que como
cada u n o d e los i n f i n i t o s m u n d o s es finito y t i e n e u n a extensión fini-
t a , a c a d a u n o d e e l l o s l e c o n v i e n e n u n o s términos d e f i n i d o s p a r a s u
m o v i m i e n t o y e ld e sus partes.
ELPINO —Dices b i e n y c o n eso, s i n q u e se siga inconvenien-
te a l g u n o e n c o n t r a n u e s t r a n i n a d a a f a v o r d e l o q u e él quiere
d e m o s t r a r , s e a d u c e e l t e s t i m o n i o q u e él a ñ a d e p a r a m o s t r a r « q u e
el m o v i m i e n t o n oes a l i n f i n i t o , p o r q u e l a t i e r r a y e l f u e g o cuanto
más s e a c e r c a n a s u e s f e r a t a n t o más v e l o z m e n t e s e m u e v e n ; y p o r
eso, s i e l m o v i m i e n t o f u e r a a l i n f i n i t o , l a v e l o c i d a d , l i g e r e z a y gra-
v e d a d llegarían a s e r infinitas». 45

FILOTEO — Q u e le h a g a b u e n provecho.

45
Ibid., i, 8, 277227-30.
 Diálogo IV

FRACASTORO —Sí. P e r o e s o m e parece u n j u e g o d e prestidigita-

ción, p o r q u e s i l o s á t o m o s t i e n e n m o v i m i e n t o i n f i n i t o p o r e l c a m b i o
de lugar que e x p e r i m e n t a n e n el curso del t i e m p o , ora saliendo d e
e s t e c u e r p o o r a e n t r a n d o e n a q u é l , o r a u n i é n d o s e a ésta, o r a a a q u e -
l l a c o m p o s i c i ó n , o r a c o n c u r r i e n d o a ésta o r a a a q u e l l a f o r m a c i ó n p o r
e l i n m e n s o e s p a c i o d e l u n i v e r s o , llegarán s i n d u d a a t e n e r u n m o v i -
m i e n t o local infinito, a discurrir por u n espacio infinito y a concurrir
a infinitas alteraciones. N o se sigue p o r eso q u e t e n g a n i n f i n i t a grave-
dad, ligereza o velocidad.
FILOTEO — D e j e m o s a u n l a d o el m o v i m i e n t o d e las p a r t e s p r i m e -
r a s y e l e m e n t o s y c o n s i d e r e m o s t a n sólo e l d e l a s p a r t e s p r ó x i m a s y d e -
t e r m i n a d a s a c i e r t a e s p e c i e d ee n t e , e s t o es, d e s u s t a n c i a , c o m o e l d e las
p a r t e s d e t i e r r a , q u e s o n también t i e r r a . D e e l l a s s e d i c e c o r r e c t a m e n t e
q u e e n l o s m u n d o s e n q u e están y e n l a s r e g i o n e s e n q u e s e m u e v e n ,
e n l a f o r m a q u e p o s e e n , n o s e m u e v e n m á s q u e e n t r e límites d e t e r m i -
n a d o s . Y d e e s o n o s e s i g u e e s t a conclusión: « p o r t a n t o e l u n i v e r s o e s
finito y e l m u n d o e s único» más q u e e s t a o t r a : «por t a n t o l a s m o n a s
nacen sin cola, p o r t a n t o los b u h o s v e n d e n o c h e sin lentes, por t a n t o
l o s murciélagos p r o d u c e n lana». A d e m á s , h a b l a n d o d e e s t a s p a r t e s ,
j a m á s s e p o d r á h a c e r e s t a a r g u m e n t a c i ó n : «el u n i v e r s o e s i n f i n i t o ,
l a s t i e r r a s s o n i n f i n i t a s ; p o r t a n t o , u n a p a r t e d e t i e r r a podrá m o v e r s e
c o n t i n u a m e n t e hasta e l infinito y debe d e tener gravedad infinita e
i m p u l s o i n f i n i t o h a c i a u n a t i e r r a i n f i n i t a m e n t e distante». Y e s o
p o r dos m o t i v o s : e l p r i m e r o , q u e n o se p u e d e d a r ese paso, y a q u e a l
c o n s t a r e l u n i v e r s o d e c u e r p o s y p r i n c i p i o s c o n t r a r i o s , n o podría d i c h a
p a r t e c o r r e r m u c h o p o r l a etérea región s i n q u e f u e r a v e n c i d a p o r s u
c o n t r a r i o y se h i c i e r a t a l q u e d i c h a t i e r r a y a n o se m o v i e r a ; p o r q u e y a
n o e s t i e r r a l a s u s t a n c i a q u e h a c a m b i a d o complexión y r o s t r o c o m o
consecuencia d e l av i c t o r i a d e s uc o n t r a r i o . E l o t r o m o t i v o es q u e p o r
l o g e n e r a l v e m o s q u e s e está m u y l e j o s d e q u e p u e d a h a b e r a l g u n a v e z
ímpetu d e g r a v e d a d o l i g e r e z a , c o m o s u e l e n d e c i r , d e s d e u n a d i s t a n -
c i a i n f i n i t a , p u e s t o q u e t a l i m p u l s o d e l a s p a r t e s n o p u e d e d a r s e más
q u e d e n t r o d e l a región d e l p r o p i o c o n t i n e n t e . S i l a s p a r t e s e s t u v i e r a n
f u e r a d e e s a r e g i ó n , y a n o s e m o v e r í a n h a c i a allí m á s d e l o q u e l o s
h u m o r e s líquidos ( q u e e n e l a n i m a l s e m u e v e n d e l a s p a r t e s e x t e r n a s
a l a s i n t e r n a s , s u p e r i o r e s e i n f e r i o r e s , según t o d o t i p o d e d i f e r e n c i a s ,
s u b i e n d o y b a j a n d o , moviéndose d e e s t a p a r t e a aquélla y d e aquélla a
ésta) p i e r d e n e s a f u e r z a e i m p u l s o n a t u r a l u n a v e z están f u e r a d e l p r o -
p i o c o n t i n e n t e , a u n q u e estén c o n t i g u o s a él. V a l e , p o r c o n s i g u i e n t e ,
t a l relación p a r a t a n t o e s p a c i o c o m o r e s u l t a m e d i d o p o r e l r a d i o y q u e
326 Del infinito: el universo y los mundos

v a d e s d e e l c e n t r o d e e s a región p a r t i c u l a r h a s t a s u c i r c u n f e r e n c i a .
E n t o r n o a esta c i r c u n f e r e n c i a , s e d a e l p u n t o mínimo d e g r a v e d a d
y e n t o r n o a l c e n t r o e l p u n t o m á x i m o y h a c i a l a m i t a d (según l o s g r a -
d o s d e cercanía a l c e n t r o o a l a c i r c u n f e r e n c i a ) l a g r a v e d a d r e s u l t a s e r
m a y o r o m e n o r , c o m o s e v e p o r l a p r e s e n t e demostración, e n l a q u e
A s i g n i f i c a e l c e n t r o d e l a r e g i ó n , d o n d e ( p o r h a b l a r e n l o s términos
usuales) l apiedra n oes n ipesada n iligera; B significa l a circunfe-
r e n c i a d e l a r e g i ó n , d o n d e d e l a m i s m a f o r m a t a m p o c o será p e s a d a
n i l i g e r a y permanecerá inmóvil ( l o c u a l p o n e d e m a n i f i e s t o u n a vez
más l a c o i n c i d e n c i a d e l m á x i m o y d e l mínimo q u e h e m o s demostrado
al final d e l l i b r o Del principio, la causa y el uno); 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 , 7 , 8 , 9 ,
significan los d i f e r e n t e s espacios i n t e r m e d i o s :

B 9 n i pesado ni ligero
8 mínimamente p e s a d o , ligerísimo
7 b a s t a n t e m e n o s p e s a d o , b a s t a n t e más l i g e r o
6 m e n o s p e s a d o , más l i g e r o
5 pesado, ligero
4 más p e s a d o , m e n o s l i g e r o
3 b a s t a n t e más p e s a d o , b a s t a n t e m e n o s l i g e r o
2 pesadísimo, mínimamente l i g e r o
A 1 ni pesado ni ligero

M i r a , pues, lo m u c h o que falta para que u n a tierra deba moverse ha-

cia o t r a , q u e i n c l u s o las partes d e c a d a u n a carecen d e d i c h o i m p u l s o ,
si sev e n p r o y e c t a d a s f u e r a d e l a p r o p i a c i r c u n f e r e n c i a .
ELPINO — ¿ P r e t e n d e s q u e e s a c i r c u n f e r e n c i a e s limitada?
FILOTEO — S í , p o r l o q u e s e r e f i e r e a l a g r a v e d a d máxima q u e p u -
d i e r a h a b e r e n l a p a r t e m á x i m a o s i así q u i e r e s ( p u e s t o q u e e l g l o b o
e n t e r o n oes n i p e s a d o n i l i g e r o ) , e n t o d a l at i e r r a . P e r o e n l o q u e se
refiere a las d i f e r e n c i a s i n t e r m e d i a s d e g r a v e d a d y l i g e r e z a , d i g o que
se d e b e n t o m a r d i f e r e n c i a s t a n d i v e r s a s c o m o d i v e r s o s p u e d e n s e r l o s
pesos d e las d i v e r s a s p a r t e s c o m p r e n d i d a s e n t r e e lg r a v e máximo ye l
mínimo.
ELPINO —Así pues, esta escala d e b e e n t e n d e r s e d e m o d o discon-
tinuo.
FILOTEO — T o d o a q u e l q u e t e n g a i n g e n i o p o d r á e n t e n d e r p o r sí
m i s m o d e qué m a n e r a . P o r l o q u e r e s p e c t a a l o s a r g u m e n t o s d e A r i s -
tóteles s e ñ a l a d o s , b a s t a y a c o n l o q u e h e m o s d i c h o . V e a m o s a h o r a s i e n
los siguientes a p o r t a a l g u n a o t r a cosa.
 Diálogo IV 3*7

ELPINO — P o r f a v o r , confórmate c o n q u e d e e s t o h a b l e m o s e l
p r ó x i m o d í a , p u e s a h o r a m e e s p e r a A l b e r t i n o , q u e está d i s p u e s t o a v e -
n i r a q u í m a ñ a n a a t u e n c u e n t r o . C r e o q u e d e él p o d r á s e s c u c h a r todos
l o s a r g u m e n t o s más p o d e r o s o s q u e p u e d e a d u c i r l a opinión c o n t r a r i a ,
y a q u e está m u y v e r s a d o e n l a filosofía v u l g a r .
FILOTEO — C o m o tú q u i e r a s .

COPIA CON FINES

EDUCATIVOS

C. D . A .
 D I Á L O G O Q U I N T O

ALBERTINO (nuevo interlocutor) — Q u i s i e r a s a b e r qué f a n t a s m a , qué

m o n s t r u o i n a u d i t o , q u é h o m b r e heteróclito, q u é c e r e b r o e x t r a o r d i -
n a r i o e s éste; q u é n u e v a s t r a e a l m u n d o o b i e n q u é c o s a s obsoletas
y v i e j a s v i e n e n a r e n o v a r s e , q u é a m p u t a d a s raíces v i e n e n a r e b r o t a r
e n e s t a época n u e s t r a .
ELPINO — S o n raíces a m p u t a d a s q u e g e r m i n a n , s o n c o s a s a n t i g u a s
q u e r e t o r n a n , son v e r d a d e s ocultas q u e se descubren; es u n a nueva
l u z que, tras larga noche, a p u n t a e n e l h o r i z o n t e y h e m i s f e r i o d e
n u e s t r o c o n o c i m i e n t o y p o c o a p o c o s e a v e c i n a a l mediodía d e n u e s t r a
inteligencia.
ALBERTINO — S i y o n o c o n o c i e r a a E l p i n o , sé l o q u e d i r í a .
ELPINO — D i l o q u e q u i e r a s , q u e si t i e n e s i n g e n i o , c o m o y o c r e o
t e n e r l o , l e darás t u a s e n t i m i e n t o c o m o y o s e l o d o y ; s i l o t i e n e s
más d e s p i e r t o , l e asentirás más p r e s t o y m e j o r , c o m o c r e o sucede-
rá. E n e f e c t o , a q u e l l o s a q u i e n e s r e s u l t a difícil l a filosofía v u l g a r y
l a c i e n c i a o r d i n a r i a y s o n todavía discípulos p o c o v e r s a d o s e n e l l a
( a u n q u e n o s e e s t i m e n t a l e s , según s u e l e o c u r r i r c o n frecuencia),
n o será fácil q u e s e c o n v i e r t a n a n u e s t r o p a r e c e r , p o r q u e e n t a l e s
s u j e t o s p u e d e más l a f e u n i v e r s a l y e n e l l o s t r i u n f a s o b r e t o d a s l a s
cosas l a f a m a d e los a u t o r e s q u e lesh a n sido puestos e n l a s m a n o s ,
p o r l o q u e a d m i r a n l a reputación d e l o s e x p o s i t o r e s y c o m e n t a d o -
res d e esos a u t o r e s .
E n c a m b i o , a q u e l l o s o t r o s p a r a q u i e n e s d i c h a filosofía está a b i e r t a
y h a n a l c a n z a d o a q u e l p u n t o e ne l q u e y a n o se o c u p a n e ngastar e l
resto d e s u vida e n entender l oq u e otro dice, sino q u e poseen luz
p r o p i a y o j o s d e l i n t e l e c t o a g e n t e v e r d a d e r o , p e n e t r a n t o d o rincón
y cual Argos, con ojos d e diferentes conocimientos, pueden con-
t e m p l a r d e s n u d a e s a filosofía a través d e m i l p u e r t a s ; e l l o s p o d r á n ,

329
33° Del infinito: el universo y los mundos

acercándose aún más, d i s t i n g u i r e n t r e l o q u e s e c r e e y s e t i e n e p o r

o t o r g a d o y verdadero, e n v i r t u d d e m i r a r d e lejos por l a fuerza d e
la c o s t u m b r e y s e n t i d o común, y l o q u e v e r d a d e r a m e n t e es y debe
t e n e r s e p o r c i e r t o , c o m o g a r a n t i z a d o p o r l a v e r d a d y s u s t a n c i a d e las
c o s a s . D i f í c i l m e n t e , d i g o , p o d r á n a p r o b a r e s t a filosofía q u i e n e s o n o
están b i e n d o t a d o s p o r l a f o r t u n a d e i n g e n i o n a t u r a l o b i e n n o están
versados, a l m e n o s m e d i a n a m e n t e , e n diversas disciplinas y n o son
t a m p o c o t a n capaces e ne l acto reflejo del e n t e n d i m i e n t o q u e sepan
d i s t i n g u i r e n t r e l o q u e s e b a s a e n l a f e y l o q u e está e s t a b l e c i d o sobre
la e v i d e n c i a d e p r i n c i p i o s v e r d a d e r o s , p u e s t o q u e , p o r l o g e n e r a l , se
t o m a c o m o p r i n c i p i o a l g o q u e , b i e n e x a m i n a d o , s e mostrará c o n c l u -
sión i m p o s i b l e y c o n t r a r i a a l a n a t u r a l e z a . D e j o a p a r t e e s o s i n g e n i o s
sórdidos y m e r c e n a r i o s q u e — p o c o o n a d a solícitos d e l a v e r d a d —
se c o n t e n t a n c o n s a b e r según l o q u e v u l g a r m e n t e s e e n t i e n d e p o r
saber; poco amigos d e l a verdadera sabiduría, a n s i o s o s d e l a f a m a y
reputación d e s a b i o s , d e s e o s o s d e a p a r e n t a r , p o c o e s f o r z a d o s e n ser.
M a l , d i g o , podrá e l e g i r e n t r e o p i n i o n e s d i f e r e n t e s y a v e c e s e n t r e
s e n t e n c i a s c o n t r a d i c t o r i a s q u i e n n o t i e n e u n j u i c i o sólido y r e c t o s o -
b r e e l l a s . Difícilmente podrá j u z g a r u n a y o t r a q u i e n n o e s c a p a z d e
c o m p a r a r e n t r e éstas y a q u é l l a s . A d u r a s p e n a s p o d r á c o m p a r a r unas
con otras lasdiferentes opiniones quien n ocapte l a diferencia que
l a s d i s t i n g u e . B a s t a n t e difícil e s c o m p r e n d e r e n q u é d i f i e r e n y c ó m o
s e d i s t i n g u e n éstas d e a q u é l l a s , s i está o c u l t a l a s u s t a n c i a y e l s e r d e
c a d a u n a . Y e s t o n o p o d r á j a m á s s e r e v i d e n t e , s i n o está c l a r o por
sus causas y p r i n c i p i o s e nlos q u e se f u n d a m e n t a . P o r t a n t o , u n a vez
hayas m i r a d o con e lojo del intelecto y e x a m i n a d o con sentido regu-
l a d o l o s f u n d a m e n t o s , p r i n c i p i o s y c a u s a s e n q u e están p l a n t a d a s e s -
tas d i v e r s a s y c o n t r a r i a s filosofías, c o n s i d e r a d o cuál e s l a n a t u r a l e z a ,
sustancia y propiedad d ecada una, sopesado con l abalanza del inte-
l e c t o y v i s t o q u é d i f e r e n c i a h a y e n t r e u n a s y o t r a s , c o m p a r a d o éstas y
aquéllas y j u z g a d o c o r r e c t a m e n t e , s i n d u d a r u n i n s t a n t e elegirás d a r
tu asentimiento a la verdad.
ALBERTINO — E l p r í n c i p e Aristóteles d i c e q u e e s p r o p i o d e v a n o s y
d e n e c i o s e s f o r z a r s e c o n t r a las o p i n i o n e s v a n a s y necias.
ELPINO — M u y b i e n d i c h o . P e r o , si b i e n l o m i r a s , esta sentencia
y c o n s e j o s e aplicará c o n t r a s u s p r o p i a s o p i n i o n e s c u a n d o s e a n p a -
tentemente necias y vanas. Q u i e n quiera juzgar correctamente debe
saber despojarse, c o m o h edicho, d e l a c o s t u m b r e d e creer; debe es-
t i m a r i g u a l m e n t e p o s i b l e u n o y o t r o término d e l a contradicción y
r e n u n c i a r p o r e n t e r o a e s a inclinación d e q u e está i m p r e g n a d o desde
 Diálogo V 33

l a c u n a , t a n t o l a q u e n o s i n t r o d u c e e n l a conversación y t r a t o s o c i a l
c o m o a q u e l l a o t r a p o r l a q u e c o n l a filosofía r e n a c e m o s , m u r i e n d o a l
v u l g o , e n t r e los estudiosos considerados sabios por l a m u l t i t u d ye n
u n a época. Q u i e r o d e c i r : c u a n d o s e p r o d u c e u n a c o n t r o v e r s i a e n t r e
éstos y o t r o s , c o n s i d e r a d o s s a b i o s p o r o t r a s m u l t i t u d e s y o t r a s épo-
cas, s i q u e r e m o s juzgar correctamente, debemos tener presente l o
q u e d i c e e l m i s m o Aristóteles, e s t o es: q u e p o r a t e n d e r a p o c a s c o s a s ,
a veces p r o n u n c i a m o s sentencia con d e m a s i a d a f a c i l i d a d y también
q u e a veces, p o r l af u e r z a d el ac o s t u m b r e , sea p o d e r a hasta tal p u n t o
d e n u e s t r o a s e n t i m i e n t o l a opinión, q u e l a c o s a q u e e s i m p o s i b l e n o s
p a r e c e n e c e s a r i a y l a c o s a q u e e s verísima y n e c e s a r i a l a p e r c i b i m o s y
a s u m i m o s c o m o i m p o s i b l e . Y si e s t o o c u r r e e n las cosas e v i d e n t e s por
sí m i s m a s , ¿ q u é d e b e r á o c u r r i r e n l a s q u e s o n d u d o s a s y d e p e n d e n d e
p r i n c i p i o s b i e n p u e s t o s y f u n d a m e n t o s sólidos?
ALBERTINO — E s opinión d e A v e r r o e s , e l c o m e n t a d o r , y d e o t r o s
m u c h o s q u e n o s e p u e d e s a b e r l o q u e i g n o r ó Aristóteles.
[ELPINO] —Ése estaba situado j u n t o con toda esa m u l t i t u d con
e l i n g e n i o t a n b a j o y e s t a b a n e n t i n i e b l a s t a n e s p e s a s q u e l o más a l t o
y m á s c l a r o q u e v e í a n e r a A r i s t ó t e l e s . P o r e s o , s i él y o t r o s q u i s i e -
r a n h a b l a r más c o r r e c t a m e n t e c u a n d o s e p e r m i t e n s o l t a r semejante
s e n t e n c i a , deberían d e c i r q u e Aristóteles e s u n d i o s e n s u opinión,
c o n l o q u e n o conseguirían t a n t o e n s a l z a r a Aristóteles c o m o ma-
n i f e s t a r l a p r o p i a m i s e r i a , p o r q u e e s o e s según s u opinión, d e l a
m i s m a m a n e r a q u e según l a opinión d e l a m o n a l a s c r i a t u r a s más
b e l l a s d e l m u n d o s o n s u s h i j o s y e l m a c h o más h e r m o s o d e l a t i e r r a
es s u m o n o .
ALBERTINO —Parturient montes...* 0

ELPINO — V e r á s q u e n o e s u n ratón l o q u e n a c e .
ALBERTINO — M u c h o s h a n a p u n t a d o y m a q u i n a d o c o n t r a Aristó-
t e l e s , p e r o h a n caído l a s f o r t a l e z a s , s e h a n d e s p u n t a d o l a s f l e c h a s y s e
les h a n r o t o los arcos.
ELPINO — ¿ Q u é i m p o r t a si u n a v a n i d a d c o m b a t e c o n t r a o t r a ? U n a
se i m p o n e a t o d a s l a s demás, p e r o n o p o r e s o d e j a d e s e r v a n i d a d ;
y ¿ n o p o d r á a l final s e r d e s c u b i e r t a y v e n c i d a p o r l a v e r d a d ?
ALBERTINO — D i g o que es imposible contradecir demostrativa-
m e n t e a Aristóteles.
ELPINO — E s o es hablar c o n d e m a s i a d a precipitación.

i 6
«Parirán los montes, nacerá ridículo ratón», Horacio, Arte poética, v. 139.
33 2
Del infinito: el universo y los mundos

ALBERTINO — Y o n ol odigo sino tras haber visto bien y e x a m i -

n a d o b a s t a n t e m e j o r c u a n t o d i c e Aristóteles. Y t a n t o f a l t a q u e y o
e n c u e n t r e e n e l l o e r r o r a l g u n o q u e t o d o l o q u e allí v i s l u m b r o s a b e
a divinidad. Y creo que nadie puede advertir nada que y on o haya
podido advertir.
ELPINO — M i d e s , p u e s , e l estómago y e l c e r e b r o a j e n o s según e l
t u y o y crees q u e n o es posible a o t r o s l o q u e es i m p o s i b l e p a r a t i . H a y
e n e l m u n d o a l g u n o s t a n d e s a f o r t u n a d o s e infelices q u e —además d e
estar privados d e t o d o b i e n — t i e n e n p o r decreto del destino c o m o
compañera e t e r n a t a l e r i n i a y f u r i a i n f e r n a l q u e l e s h a c e empañarse
los ojos v o l u n t a r i a m e n t e c o n e l n e g r o v e l o d e c o r r o s i v a e n v i d i a para
n o ver s u desnudez, p o b r e z a y m i s e r i a , y los o r n a m e n t o s , riquezas y
felicidades ajenas; prefieren c o n s u m i r s e e n u n a p e n u r i a i n m u n d a y so-
b e r b i a y e s t a r s e p u l t a d o s b a j o e l estiércol d e u n a p e r t i n a z i g n o r a n c i a ,
antes q u e se l e svea c o n v e r s o s a u n a n u e v a d o c t r i n a , p u e s l e s parece
que con ello confiesan haber sido ignorantes hasta entonces y haber
t e n i d o a o t r o t a l p o r guía.
ALBERTINO — ¿ P r e t e n d e s , p u e s , verbi gratia*
7
q u e m e h a g a discí-
p u l o d e éste? Y o , q u e s o y d o c t o r , a p r o b a d o p o r m i l a c a d e m i a s y q u e
h e e j e r c i d o p ú b l i c a m e n t e l a e n s e ñ a n z a d e l a filosofía e n l a s p r i m e r a s
u n i v e r s i d a d e s d e l m u n d o , ¿he d e v e n i r a h o r a a r e n e g a r d e Aristóteles
y a h a c e r m e enseñar filosofía p o r i n d i v i d u o s c o m o éste?
ELPINO — P o r l o q u e a mí r e s p e c t a , y o q u i s i e r a s e r enseñado n o
c o m o doctor, sino c o m o i n d o c t o ; quisiera a p r e n d e r n oc o m o l o q u e
debería s e r , s i n o c o m o l o q u e n o s o y ; aceptaría p o r e s o n o sólo a éste,
s i n o a c u a l q u i e r o t r o q u e l o s d i o s e s h a y a n d e t e r m i n a d o q u e l o sea p a r a
mí, a l h a c e r l e e n t e n d e r l o q u e y o n o e n t i e n d o .
ALBERTINO — E n t o n c e s , ¿ m e q u i e r e s h a c e r v o l v e r a la infancia?
ELPINO — M á s b i e n s a l i r d e l a i n f a n c i a .
ALBERTINO — M u c h a s g r a c i a s p o r t u a m a b i l i d a d , puesto que pre-
t e n d e s m e j o r a r m e y e n s a l z a r m e h a c i é n d o m e discípulo d e e s t e a s e n d e -
r e a d o , q u e t o d o e l m u n d o s a b e cuánto s e l e o d i a e n l a s u n i v e r s i d a d e s ,
cuan e n e m i g o es d e l a s d o c t r i n a s c o m u n e s , l o a d o p o r p o c o s , a p r o b a d o
por n i n g u n o , perseguido por todos.
ELPINO — P o r t o d o s sí, p e r o g e n t e s i n v a l o r ; p o r p o c o s sí, p e r o ó p -
t i m o s y héroes. E n e m i g o d e d o c t r i n a s c o m u n e s , n o p o r s e r d o c t r i n a s
o p o r ser c o m u n e s , s i n o p o r s e r falsas. O d i a d o p o r las u n i v e r s i d a d e s ,
porque donde hay diferencia n ohay amor; asendereado, porque la

A 7
«por ejemplo».
 Diálogo V 333

m u l t i t u d es c o n t r a r i a a q u i e n sobresale f u e r a d eella y q u i e n se eleva a

l o a l t o s e h a c e b l a n c o d e m u c h o s . Y p a r a d e s c r i b i r t e s u ánimo a l a h o r a
d e t r a t a r c o s a s e s p e c u l a t i v a s , t e diré q u e n o e s t a n d e s e o s o d e enseñar
c o m o d e e n t e n d e r y q u e oirá m e j o r n o t i c i a y s e sentirá m á s c o n t e n t o
c u a n d o v e a q u e q u i e r e s enseñarle ( s i e m p r e q u e t e n g a e s p e r a n z a d e
c o n s e g u i r l o ) q u e s i l e d i j e r a s q u e q u i e r e s a p r e n d e r d e él, p o r q u e s u
d e s e o c o n s i s t e más e n a p r e n d e r q u e e n enseñar y s e c o n s i d e r a más
a p t o p a r a l o p r i m e r o q u e p a r a l o s e g u n d o . P e r o ahí j u s t a m e n t e v i e n e
e n compañía d e F r a c a s t o r o .
ALBERTINO — M u y b i e n v e n i d o s e a s , F i l o t e o .
FILOTEO — Y tú b i e n h a l l a d o .
ALBERTINO — S i e n l a floresta r u m i o p a j a y h e n o
con buey, carnero, chivo, asno y caballo,
a h o r a , p a r a l l e v a r m e j o r v i d a , s i n engaños,
aquí v e n g o a h a c e r m e catecúmeno.
FRACASTORO — S e d b i e n v e n i d o .
ALBERTINO — H a s t a e l p r e s e n t e he apreciado tanto tus posiciones
q u e l a s h e c r e í d o i n d i g n a s d e s e r oídas, n o d i g a m o s y a d e r e s p u e s t a .
FILOTEO — L o m i s m o j u z g a b a y o e n m i s p r i m e r o s años, c u a n d o
m e o c u p a b a d e Aristóteles, h a s t a u n c i e r t o m o m e n t o . A h o r a , t r a s h a -
b e r v i s t o y c o n s i d e r a d o más c o s a s y c u a n d o d e b o p o d e r j u z g a r d e l a s
c o s a s c o n u n r a z o n a m i e n t o más m a d u r o , podrá o c u r r i r q u e h a y a o l -
v i d a d o l o a p r e n d i d o y p e r d i d o e l s e s o . A h o r a b i e n , p u e s t o q u e ésta e s
u n a e n f e r m e d a d que q u i e n m e n o s l a siente es e lm i s m o e n f e r m o , y o
( i m p u l s a d o más b i e n p o r u n a s o s p e c h a , e l e v a d o d e l s a b e r a l a i g n o r a n -
c i a ) e s t o y m u y c o n t e n t o d e h a b e r e n c o n t r a d o a u n médico t a l q u e e s
considerado por todos capaz d eliberarme d etal locura.
ALBERTINO — N o lo puede hacer naturaleza; yo n o puedo hacerlo,
S i el m a l h a p e n e t r a d o hasta los huesos. 4 8

FRACASTORO — P o r f a v o r , señor, t o c a d l e p r i m e r a m e n t e e l p u l s o y
examinadle laorina, porque luego, si n o podemos efectuar cura, nos
l i m i t a r e m o s a l diagnóstico.
ALBERTINO — L a f o r m a d e t o c a r e l p u l s o e s v e r cómo t e p u e d e s
d e s h a c e r y e s c a p a r d e a l g u n o s a r g u m e n t o s q u e a h o r a m i s m o t e haré
oír, l o s c u a l e s c o n c l u y e n n e c e s a r i a m e n t e l a i m p o s i b i l i d a d d e u n a p l u -
ralidad d e m u n d o s , n o d i g a m o s y ad eq u e los m u n d o s sean infinitos.
FILOTEO — N o t e estaré p o c o r e c o n o c i d o c u a n d o m e l o h a y a s
e n s e ñ a d o . Y a u n q u e t u i n t e n t o n o t e n g a é x i t o , t e estaré s i n e m b a r -

4 8
A r i o s t o , Orlando furioso, x x i v , 3 .
334 Del infinito: el universo y los mundos

g o e n d e u d a p o r q u e m e habrás c o n f i r m a d o e n m i opinión, y a q u e
c i e r t a m e n t e t e t e n g o e n t a l e s t i m a q u e p o r t i m e podré percatar
d e t o d a l a f u e r z a d e l a d v e r s a r i o ; y c o m o e r e s expertísimo e n l a s
c i e n c i a s o r d i n a r i a s , t e podrás d a r c u e n t a fácilmente d e l a s o l i d e z
de los f u n d a m e n t o s y construcciones d e dichas ciencias por l a dife-
rencia con respecto a nuestros principios. A h o r a , para que n o haya
interrupción e n l o s r a z o n a m i e n t o s y c a d a u n o p u e d a e x p l i c a r s e por
entero con holgura, te ruego aduzcas todas aquellas razones q u e
e s t i m a s m á s sólidas y f u n d a m e n t a l e s y t e p a r e c e n c o n c l u i r d e m o s -
trativamente.
ALBERTINO — A s í l o haré. E n p r i m e r l u g a r , p u e s , a r g u m e n t o a
p a r t i r del h e c h o d e q u e f u e r a d e este m u n d o se e n t i e n d e q u e n o h a y
l u g a r n i t i e m p o , p o r q u e se h a b l a d e u n p r i m e r cielo y u n p r i m e r
c u e r p o , e l c u a l está d i s t a n t í s i m o d e n o s o t r o s y e s e l p r i m e r m ó v i l ;
d e ahí l a c o s t u m b r e q u e t e n e m o s d e l l a m a r c i e l o a l o q u e e s s u m o
h o r i z o n t e d e l m u n d o , d o n d e están t o d a s l a s c o s a s i n m ó v i l e s , fijas y
q u i e t a s q u e s o n las i n t e l i g e n c i a s m o t r i c e s d e los o r b e s . Además, d i v i -
d i e n d o e l m u n d o e n c u e r p o c e l e s t e y e l e m e n t a l , s e a f i r m a e s t e último
como limitado y contenido, elotro como delimitante y continente; y
e l o r d e n d e l u n i v e r s o e s t a l q u e a s c e n d i e n d o d e l c u e r p o más c r a s o a l
m á s s u t i l , e l q u e está s o b r e l a c o n v e x i d a d d e l f u e g o y e n e l c u a l están
fijos e l S o l , l a L u n a y demás a s t r o s , e s u n a q u i n t a e s e n c i a a l a q u e
c o n v i e n e n o p r o l o n g a r s e a l i n f i n i t o , p o r q u e e n t o n c e s será i m p o s i b l e
l l e g a r h a s t a e l p r i m e r móvil, y q u e t a m p o c o s e r e p i t a l a p r e s e n c i a ne-
c e s a r i a d e o t r o s e l e m e n t o s , p o r q u e éstos v e n d r í a n a e s t a r s i t u a d o s e n
l a p e r i f e r i a y también p o r q u e e l c u e r p o i n c o r r u p t i b l e d i v i n o vendría
a estar c o n t e n i d o y c o m p r e n d i d o p o r cuerpos c o r r u p t i b l e s . Y tal cosa
n o e s c o n v e n i e n t e , p o r q u e a l o q u e e s d i v i n o c o n v i e n e l a razón d e
f o r m a y d e acto y por consiguiente comprender, configurar, d e l i m i -
t a r ; e n m o d o a l g u n o l a razón d e m a t e r i a d e l i m i t a d a , c o m p r e n d i d a y
figurada.
A c o n t i n u a c i ó n a r g u m e n t o así c o n Aristóteles: «Si f u e r a d e e s t e
c i e l o h a y a l g ú n c u e r p o , o será u n c u e r p o s i m p l e o será u n c u e r p o
c o m p u e s t o ; y d i g a s l o q u e d i g a s , s e g u i r é p r e g u n t a n d o : o está allí e n
s u l u g a r n a t u r a l o e n l u g a r a c c i d e n t a l y v i o l e n t o . M o s t r a m o s q u e allí
n o h a y u n c u e r p o s i m p l e , p o r q u e n o e s p o s i b l e q u e e l c u e r p o esfé-
rico c a m b i e d e lugar, y a q u e i g u a l q u e es i m p o s i b l e q u e c a m b i e d e
centro, t a m p o c o es posible q u e c a m b i e d e sitio, d a d o q u e n o p u e d e
e s t a r f u e r a d e l p r o p i o l u g a r más q u e v i o l e n t a m e n t e y n o p u e d e haber
v i o l e n c i a e n él n i a c t i v a n i p a s i v a m e n t e . A s i m i s m o t a m p o c o e s p o s i -
 Diálogo V 335

b l e q u e f u e r a d e l c i e l o h a y a u n c u e r p o s i m p l e móvil c o n m o v i m i e n t o
rectilíneo: s e a p e s a d o o l i g e r o , n o podrá e s t a r allí d e f o r m a n a t u r a l ,
puesto q u e los lugares d e estos cuerpos s i m p l e s s o n d i s t i n t o s d e los
l u g a r e s q u e s e d i c e h a b e r f u e r a d e l m u n d o . T a m p o c o podrás d e c i r
q u e está allí p o r a c c i d e n t e , p o r q u e e n t o n c e s sucedería q u e o t r o s c u e r -
p o s están allí p o r n a t u r a l e z a . P u e s b i e n , u n a v e z d e m o s t r a d o q u e n o
h a y más c u e r p o s s i m p l e s q u e l o s q u e c o n c u r r e n a l a composición d e
e s t e m u n d o , l o s c u a l e s s o n móviles según l a s t r e s e s p e c i e s d e m o v i -
m i e n t o l o c a l , s e s i g u e l a conclusión d e q u e f u e r a d e l m u n d o n o h a y
ningún o t r o c u e r p o s i m p l e . S i e s así, e s también i m p o s i b l e q u e h a y a
allí ningún c u e r p o c o m p u e s t o , p o r q u e éste c o n s t a d e aquéllos y s e
d i s u e l v e e n aquéllos». 49

R e s u l t a así m a n i f i e s t o q u e n o h a y m u c h o s m u n d o s p o r q u e e l c i e l o
es único, p e r f e c t o y a c a b a d o , q u e n o t i e n e n i p u e d e t e n e r o t r o s e m e -
j a n t e . D e ahí s e i n f i e r e q u e f u e r a d e e s t e c u e r p o n o p u e d e h a b e r n i
l u g a r , n i p l e n o , n i vacío, n i t i e m p o . N o h a y l u g a r p o r q u e s i e s e l u g a r
está l l e n o , contendrá u n c u e r p o s i m p l e o c o m p u e s t o y n o s o t r o s h e -
m o s dicho que fuera del cielo n o hay cuerpo simple n i compuesto. S i
h a y vacío, e n t o n c e s según l a noción d e l vacío ( q u e s e d e f i n e c o m o e l
e s p a c i o e n e l q u e p u e d e h a b e r u n c u e r p o ) , podrá h a b e r l o y y a h e m o s
m o s t r a d o q u e f u e r a d e l c i e l o n o p u e d e h a b e r ningún c u e r p o . T a m -
p o c o h a y t i e m p o , p o r q u e e l t i e m p o e s e l número d e l m o v i m i e n t o ; e l
m o v i m i e n t o n o l o es s i n o d e u n c u e r p o ; p o r eso, d o n d e n o h a y c u e r -
p o t a m p o c o h a y m o v i m i e n t o , n i número n i m e d i d a d e l m o v i m i e n t o ;
d o n d e n o e x i s t e ésta, t a m p o c o h a y t i e m p o . E n fin, h e m o s p r o b a d o q u e
f u e r a d e l m u n d o n o h a y c u e r p o y p o r c o n s i g u i e n t e p a r a n o s o t r o s está
d e m o s t r a d o q u e n o h a y allí m o v i m i e n t o n i t i e m p o . S i e s así, n o h a y
allí s e r e s s o m e t i d o s a l t i e m p o o a l m o v i m i e n t o y p o r c o n s i g u i e n t e sólo
h a y u n mundo». 50

S e g u n d o : l a u n i c i d a d d e l m u n d o se i n f i e r e f u n d a m e n t a l m e n t e d e
la u n i c i d a d d e l m o t o r . S e concede q u e el m o v i m i e n t o c i r c u l a r es v e r -
d a d e r a m e n t e u n o , u n i f o r m e , s i n p r i n c i p i o n i fin. S i e s u n o , e s u n e f e c -
to q u e n op u e d e proceder d e o t r a cosa q u e d e u n a causa. P o r t a n t o ,
s i u n o e s e l p r i m e r c i e l o , b a j o e l c u a l están t o d o s l o s c i e l o s i n f e r i o r e s ,
l o s c u a l e s c o n s p i r a n t o d o s p a r a p r o d u c i r u n único o r d e n , e s p r e c i s o
q u e s e a u n o s o l o e l g o b e r n a n t e y m o t o r . Éste, a l s e r i n m a t e r i a l , n o e s
m u l t i p l i c a b l e numéricamente p o r l a m a t e r i a . S i e l m o t o r e s u n o y d e

49
Acerca del cielo n , 9 , y 2 7 8 b 2 5 - 2 7 9 a 2 .
50
Ibid., 1 1 , 9 , 2 7 9 3 9 - 1 8 .
336 Del infinito: el universo y los mundos

u n m o t o r n o h a y más q u e u n m o v i m i e n t o y u n m o v i m i e n t o (sea c o m -
p l e j o o s i m p l e ) n o s e d a más q u e e n u n móvil ( s i m p l e o c o m p u e s t o ) ,
r e s t a q u e e l u n i v e r s o móvil e s u n o . P o r t a n t o , n o h a y u n a pluralidad
de mundos.
T e r c e r o : se c o n c l u y e q u e e l m u n d o es u n o p r i n c i p a l m e n t e a p a r t i r
d e l o s l u g a r e s d e l o s c u e r p o s móviles. T r e s s o n l a s e s p e c i e s d e c u e r p o s
móviles: g r a v e e n g e n e r a l , l i g e r o e n g e n e r a l y n e u t r o , e s d e c i r : t i e r r a y
a g u a , a i r e y f u e g o , y c i e l o . Así l o s l u g a r e s d e l o s c u e r p o s móviles s o n
t r e s : i n f e r i o r y c e n t r a l , a d o n d e v a e l c u e r p o más p e s a d o ; e l s u p e r i o r y
más a l e j a d o d e l c e n t r o ; e l i n t e r m e d i o e n t r e e l i n f e r i o r y e l s u p e r i o r . E l
p r i m e r o es grave, e l s e g u n d o n o es n i grave n i ligero, e l tercero es l i -
g e r o . E l p r i m e r o p e r t e n e c e al c e n t r o , el s e g u n d o a la c i r c u n f e r e n c i a , el
t e r c e r o a l e s p a c i o e n t r e ésta y a q u é l . H a y , p o r t a n t o , u n l u g a r inferior
a l q u e s e m u e v e n t o d o s l o s g r a v e s e n c u a l q u i e r m u n d o q u e estén; h a y
u n l u g a r s u p e r i o r a l q u e se r e m i t e n t o d o s los c u e r p o s ligeros desde
c u a l q u i e r m u n d o ; p o r t a n t o , h a y u n l u g a r d o n d e s e m u e v e e n círculo
e l c i e l o , d e c u a l q u i e r m u n d o q u e sea. P u e s b i e n , s i h a y u n l u g a r , h a y
un m u n d o y no hay una pluralidad de mundos.
C u a r t o : haya u n a p l u r a l i d a d d e centros, a los q u e se m u e v a n l o s
graves d e diversos mundos; haya una pluralidad de horizontes a
los q u e se m u e v a e l c u e r p o l i g e r o ; y n od i f i e r a n estos l u g a r e s d e d i -
f e r e n t e s m u n d o s e n e s p e c i e , s i n o s o l a m e n t e e n número. Sucederá e n -
t o n c e s q u e e l c e n t r o estará m á s l e j o s d e l c e n t r o q u e d e l h o r i z o n t e ;
a h o r a bien, centro y c e n t r o c o n v i e n e n e n especie, m i e n t r a s q u e c e n t r o
y h o r i z o n t e s o n c o n t r a r i o s . P o r t a n t o , habrá más d i s t a n c i a l o c a l e n t r e
los q u e c o n v i e n e n e n especie q u e e n t r e los contrarios. E s t o v a e n c o n -
tra d e l a n a t u r a l e z a d e tales opuestos, y a q u e c u a n d o se dice q u e los
p r i m e r o s c o n t r a r i o s están s e p a r a d o s a l m á x i m o , t a l c o s a s e e n t i e n d e
sobre t o d o c o m o distancia local, l a cual debe darse e n t r e los c o n t r a -
rios sensibles. V e s , pues, l o q u e se sigue d e l s u p u e s t o d e q u e h a y a una
p l u r a l i d a d d e m u n d o s . P o r t a n t o , t a l hipótesis n o e s ú n i c a m e n t e f a l s a ,
s i n o además i m p o s i b l e .
Q u i n t o : si hay u n a pluralidad d e m u n d o s semejantes e n especie,
deberán s e r i g u a l e s o b i e n ( a u n q u e t o d o v i e n e a s e r l o m i s m o p o r l o
q u e s e r e f i e r e a n u e s t r o propósito) p r o p o r c i o n a l e s e n c a n t i d a d . S i e s
así, n o p o d r á n e x i s t i r m á s q u e s e i s m u n d o s c o n t i g u o s a éste, y a q u e no
p u e d e h a b e r más q u e s e i s e s f e r a s c o n t i g u a s a o t r a d a d a s i n q u e haya
penetración d e c u e r p o s , i g u a l q u e t a n sólo s e i s círculos i g u a l e s pueden
t o c a r a o t r o s i n q u e h a y a intersección d e líneas.
 Diálogo V 337

S i e s así, o c u r r i r á q u e habrá v a r i o s h o r i z o n t e s e n t o r n o a u n único

c e n t r o , e n a q u e l l o s p u n t o s e n los q u e los seis m u n d o s e x t e r i o r e s t o -
q u e n e s t e m u n d o n u e s t r o o algún o t r o . P e r o p u e s t o q u e l a v i r t u d d e
l o s d o s p r i m e r o s c o n t r a r i o s d e b e s e r idéntica y d e e s t a disposición s e
sigue desigualdad, vendrías a h a c e r a l o s e l e m e n t o s s u p e r i o r e s más
p o t e n t e s q u e l o s i n f e r i o r e s ; harías a a q u é l l o s v i c t o r i o s o s s o b r e éstos y
llegarías a d i s o l v e r e s t a m o l e .
S e x t o : d a d o q u e l o s círculos d e l o s m u n d o s n o s e t o c a n m á s q u e
e n u n p u n t o , es preciso n e c e s a r i a m e n t e q u e q u e d e u n espacio e n t r e l a
c o n v e x i d a d d e l círculo d e u n a e s f e r a y e l d e l a o t r a , e n e l c u a l e s p a c i o
o h a y algo q u e llene o n o h a y nada. S i hay algo, n op u e d e tener cier-
tamente lanaturaleza d eu n elemento distante d elaconvexidad de la
c i r c u n f e r e n c i a , p o r q u e — c o m o se v e — d i c h o espacio es t r i a n g u l a r ,
d e t e r m i n a d o p o r t r e s líneas d e a r c o q u e s o n p a r t e s d e l a c i r c u n f e r e n -
c i a d e t r e s m u n d o s ; y p o r e s o e l c e n t r o d e l triángulo v i e n e a e s t a r más
l e j o s d e l a s p a r t e s m á s p r ó x i m a s a l o s á n g u l o s y lejísimos d e a q u é l l o s ,
c o m o s e v e clarísimamente. E s p r e c i s o , p o r t a n t o , i m a g i n a r s e nuevos
elementos y u n n u e v o m u n d o para llenar ese espacio, diferentes d e la
n a t u r a l e z a d e estos e l e m e n t o s y d e este m u n d o . O b i e n es necesario
a f i r m a r e l vacío, l o c u a l s u p o n e m o s imposible.
Séptimo: s i h a y u n a p l u r a l i d a d d e m u n d o s , o s o n finitos o son i n -
finitos. S i s o n i n f i n i t o s , se d a p o r t a n t o e l i n f i n i t o e n a c t o , l o c u a l se
tiene por imposible por muchas razones. S i son finitos, es preciso que
338 Del infinito: el universo y los mundos

e x i s t a n e n u n número d e t e r m i n a d o y s o b r e e s t o i r e m o s i n v e s t i g a n d o :
¿por qué s o n t a n t o s y n o s o n n i más n i m e n o s ? , ¿por qué n o h a y t o -
d a v í a u n o m á s ? , ¿ q u é i m p o r t a éste o a q u e l o t r o d e m á s ? S i s o n p a r e s
o i m p a r e s , ¿por q u é a n t e s d e u n a u o t r a categoría? O b i e n , ¿por q u é
t o d a e s a m a t e r i a q u e está d i v i d i d a e n u n a p l u r a l i d a d d e m u n d o s n o s e
h a c o n g l o b a d o e nu n solo m u n d o , puesto q u e l a u n i d a d es m e j o r q u e
l a m u l t i t u d e n i g u a l d a d d e t o d a s l a s demás c o s a s ? , ¿por qué l a m a t e r i a
q u e está d i v i d i d a e n c u a t r o o s e i s o d i e z t i e r r a s , n o e s m á s b i e n u n g l o b o
grande, perfecto y singular? Por tanto, del m i s m o m o d o que entre l o
p o s i b l e y l o i m p o s i b l e h a l l a m o s e l número finito antes que e l infinito,
así t a m b i é n e n t r e l o c o n v e n i e n t e y l o n o c o n v e n i e n t e e s m á s r a z o n a b l e
y concorde con lan a t u r a l e z a l au n i d a d q u e l am u l t i t u d o pluralidad.
O c t a v o : ' e nt o d a s las cosas v e m o s q u e l a n a t u r a l e z a se d e t i e n e e n
5

u n c o m p e n d i o , p o r q u e así c o m o n u n c a f a l t a e n l a s c o s a s n e c e s a r i a s ,
t a m p o c o a b u n d a e n las cosas s u p e r f l u a s . P u d i e n d o , p o r t a n t o , ella rea-
l i z a r t o d o p o r m e d i o d e l a s o b r a s d e e s t e m u n d o , n o h a y razón t a m -
bién p a r a q u e s e q u i e r a i m a g i n a r q u e e x i s t e n o t r o s m u n d o s .
N o v e n o : s i h u b i e r a i n f i n i t o s m u n d o s o m á s d e u n o , existirían f u n -
d a m e n t a l m e n t e p o r q u e D i o s p u e d e hacerlos o p o r q u e d eD i o s p u e d e n
d e p e n d e r . P e r o a u n q u e e s t o e s verísimo, n o s e s i g u e s i n e m b a r g o que
e x i s t a n , y a q u e además d e l a p o t e n c i a a c t i v a d e D i o s , s e r e q u i e r e l a
p o t e n c i a pasiva d e las cosas. E n efecto, d e l a p o t e n c i a d i v i n a a b s o l u t a
n o d e p e n d e t o d o l o q u e p u e d e ser h e c h o e n la n a t u r a l e z a , d a d o q u e n o
t o d a p o t e n c i a a c t i v a s e c o n v i e r t e e n p a s i v a , s i n o sólo aquélla q u e t i e n e
u n p a c i e n t e p r o p o r c i o n a d o , e s t o es, u n s u j e t o t a l q u e p u e d e r e c i b i r t o d o
e l a c t o d e l e f i c i e n t e . Y según e s o , n i n g u n a c o s a c a u s a d a t i e n e c o r r e s -
pondencia con l a causa p r i m e r a . P o r l oq u e hace referencia, pues, a
l a n a t u r a l e z a d e l m u n d o , n o p u e d e h a b e r más q u e u n o , a u n q u e Dios
p u e d e h a c e r más d e u n o .
Décimo: l a p l u r a l i d a d d e m u n d o s e s c o n t r a r i a a l a razón, p o r q u e
e n e l l o s n o habría b o n d a d c i v i l , l a c u a l c o n s i s t e e n l a c o n v i v e n c i a c i v i l .
Y los dioses creadores d e m u n d o s d i f e r e n t e s n o habrían h e c h o b i e n
al n ohacer q u e los c i u d a d a n o s d e los m i s m o s t u v i e r a n c o m e r c i o re-
cíproco.
Undécimo: c o n l a p l u r a l i d a d d e m u n d o s se o r i g i n a u n i m p e d i -
m e n t o a l trabajo d e cada m o t o r o dios, porque siendo necesario que

Bruno repite aquí «séptimo» en la edición original, generando así un error

5 1

en los argumentos siguientes. Rectificamos de acuerdo con la edición crítica de Les

Belles Lettres.
 Diálogo V 339

l a s e s f e r a s s e t o q u e n e n u n p u n t o , sucederá q u e u n m u n d o n o p o d r á
m o v e r s e e n c o n t r a d e l o t r o y será difícil q u e e l m u n d o esté g o b e r n a d o
p o r los dioses p o r m e d i o del m o v i m i e n t o .
Duodécimo: d e u n i n d i v i d u o n o p u e d e p r o v e n i r u n a p l u r a l i d a d
m á s q u e p o r e s e a c t o p o r e l q u e l a n a t u r a l e z a s e m u l t i p l i c a p o r división
d e l a m a t e r i a . Y e s e a c t o n o e s o t r o q u e l a generación. L o d i c e Aristó-
t e l e s c o n t o d o s l o s peripatéticos: n o s e p r o d u c e m u l t i t u d d e i n d i v i d u o s
e n u n a e s p e c i e más q u e p o r e l a c t o d e l a generación. P e r o l o s q u e h a -
blan de una pluralidad de m u n d o s d e la m i s m a materia y forma e n
especie, n o d i c e n q u e u n o se c o n v i e r t a e n o t r o n i se g e n e r e d e o t r o .
D e c i m o t e r c e r o : a l o p e r f e c t o n o s e l e p u e d e añadir n a d a . P o r t a n t o ,
si e s t e m u n d o e s p e r f e c t o , n o r e q u i e r e c i e r t a m e n t e q u e s e l e añada
o t r o . E l m u n d o es perfecto, e n p r i m e r lugar, c o m o especie d e c o n t i -
n u o q u e n o está l i m i t a d o p o r o t r a e s p e c i e d e c o n t i n u o , y a q u e e l p u n t o
i n d i v i s i b l e m a t e m á t i c a m e n t e s e p r o l o n g a e n l a línea, q u e e s u n a e s p e -
c i e d e c o n t i n u o ; l a línea e n l a s u p e r f i c i e , q u e e s l a s e g u n d a e s p e c i e d e
c o n t i n u o ; l asuperficie e n e lc u e r p o , q u e es l atercera especie d e c o n t i -
n u o . E lc u e r p o n o c a m b i a o se p r o l o n g a e no t r a especie d e c o n t i n u o ,
s i n o q u e s i e s p a r t e d e l u n i v e r s o está l i m i t a d o p o r o t r o c u e r p o ; s i e s
e l u n i v e r s o , e s p e r f e c t o y n o está l i m i t a d o m á s q u e p o r sí m i s m o . P o r
t a n t o , el m u n d o y u n i v e r s o es u n o , s id e b e ser p e r f e c t o .
É s t a s s o n l a s d o c e r a z o n e s q u e q u i e r o d e m o m e n t o p r e s e n t a r . S i tú
m e d a s satisfacción e n e l l a s , m e d a r é p o r s a t i s f e c h o e n t o d a s .
FILOTEO — E s p r e c i s o , A l b e r t i n o mío, q u e q u i e n s e p r o p o n e d e f e n -
d e r u n a conclusión h a y a e x a m i n a d o a n t e s , s i n o está c o m p l e t a m e n t e
l o c o , l a s r a z o n e s c o n t r a r i a s , i g u a l q u e n e c i o sería u n s o l d a d o q u e s e
propusiera defender u n a fortaleza sin haber examinado las circuns-
t a n c i a s y l u g a r e s p o r d o n d e p u e d e s e r a s a l t a d a . L a s r a z o n e s q u e tú
a d u c e s (si d e v e r d a d s o n r a z o n e s ) s o n b a s t a n t e v u l g a r e s y h a n s i d o
r e p e t i d a s m u c h a s v e c e s p o r m u c h o s . A t o d a s e l l a s s e l e s dará c u m p l i -
d í s i m a r e s p u e s t a , e x a m i n a n d o t a n sólo p o r u n l a d o s u f u n d a m e n t o
y p o r o t r o e l p r o c e d i m i e n t o d e l a aserción n u e s t r a . L o u n o y l o o t r o
t e resultará c l a r o p o r e l o r d e n q u e o b s e r v a r é e n m i r e s p u e s t a , que
consistirá e n b r e v e s p a l a b r a s , y a q u e e n e l c a s o d e q u e s e a n e c e s a r i o
d e c i r y e x p l i c a r más c o s a s , t e remitiré a l c u i d a d o d e E l p i n o , e l c u a l t e
repetirá l o q u e h a e s c u c h a d o d e m i s l a b i o s .
ALBERTINO — H a z p r i m e r o q u e m e percate de q u e tal cosa puede
h a c e r s e c o n a l g ú n f r u t o y n o s i n satisfacción p a r a u n a p e r s o n a d e s e o s a
d e s a b e r , p u e s p u e d e s e s t a r s e g u r o d e q u e n o m e pesará e s c u c h a r t e
p r i m e r o a t i y l u e g o a él.
34o Del infinito: el universo y los mundos

FILOTEO — A los h o m b r e s sabios y juiciosos, e n t r e los cuales t e

c u e n t o , b a s t a t a n sólo c o n m o s t r a r l e s e l p u n t o o b j e t o d e consideración,
p o r q u e l u e g o p r o f u n d i z a n p o r sí m i s m o s e n e l j u i c i o d e l o s medios
p o r los q u e se d e s c i e n d e a u n a y o t r a tesis c o n t r a d i c t o r i a o c o n t r a r i a .
E n c u a n t o a l a p r i m e r a d u d a d e c i m o s , p u e s , q u e t o d a e s a construcción
a r t i f i c i o s a cae p o r t i e r r a , y aq u e n o e x i s t e n esas d i s t i n c i o n e s d eo r b e s y
d e c i e l o s y l o s a s t r o s s e m u e v e n e n e s t e i n m e n s o e s p a c i o etéreo p o r u n
p r i n c i p i o intrínseco t a n t o e n t o r n o a l p r o p i o c e n t r o c o m o e n t o r n o a
algún o t r o c e n t r o . N o e x i s t e u n p r i m e r móvil q u e a r r a s t r e realmente
t a n t o s c u e r p o s e n t o r n o a e s t e c e n t r o , s i n o q u e más b i e n e s t e globo
singular causa l a apariencia d e tal rapto. Y lascausas d e esto t e las
dirá E l p i n o .
ALBERTINO — L a s oiré c o n m u c h o g u s t o .
FILOTEO — C u a n d o h a y a s o í d o y c o m p r e n d i d o q u e esa m a n e r a d e
h a b l a r es c o n t r a r i a a l a n a t u r a l e z a y esta o t r a c o n c o r d e c o n t o d a ra-
zón, s e n t i d o y verificación n a t u r a l , n o s e g u i r á s d i c i e n d o q u e h a y u n
límite, u n c u e r p o y u n m o v i m i e n t o d e l u n i v e r s o y verás q u e n o e s
s i n o u n a v a n a fantasía e l p e n s a r q u e e x i s t e u n t a l p r i m e r m ó v i l , u n
t a l c i e l o s u p r e m o y c o n t i n e n t e , a n t e s q u e u n receptáculo g e n e r a l e n e l
q u e l o s o t r o s m u n d o s están c o l o c a d o s d e m a n e r a n o d i f e r e n t e a e s t e
g l o b o t e r r e s t r e e n e s t e e s p a c i o , d o n d e está r o d e a d o d e e s t e a i r e , s i n
q u e esté c l a v a d o y fijo e n a l g ú n o t r o c u e r p o y t e n g a o t r a b a s e q u e e l
p r o p i o c e n t r o . Y s i se v e q u e este a s t r o n o se p u e d e d e m o s t r a r d e o t r a
condición y n a t u r a l e z a , p o r n o m o s t r a r o t r o s a c c i d e n t e s q u e los que
m u e s t r a n l o s a s t r o s c i r c u n d a n t e s , t a m p o c o s e deberá e s t i m a r q u e e n e l
c e n t r o d e l u n i v e r s o s e e n c u e n t r a él a n t e s q u e c u a l q u i e r a d e e l l o s y q u e
él p a r e z c a s e r c i r c u n d a d o p o r e l l o s a n t e s q u e e l l o s p o r él; p o r l o q u e a l
final, concluyéndose t a l i n d i f e r e n c i a e n s u n a t u r a l e z a , s e concluirá
la v a n i d a d d e los orbes deferentes, l a potencia del a l m a m o t r i z y
de l a n a t u r a l e z a i n t e r n a que agita estos globos, l a indiferencia del
a m p l i o e s p a c i o d e l u n i v e r s o , l a i r r a c i o n a l i d a d d e l límite y figura ex-
terior del m i s m o .
ALBERTINO —Cosas e nverdad que n orepugnan a la naturaleza
e i n c l u s o p u e d e n s e r m á s c o n v e n i e n t e s , p e r o q u e s o n d e dificilísima
demostración y e x i g e n grandísimo i n g e n i o p a r a l i b e r a r s e d e l s e n t i d o
y razones contrarias.
FILOTEO — U n a v e z s e h a y a e n c o n t r a d o e l c a b o , s e desenrollará
facilísimamente t o d a l a m a d e j a , p o r q u e l a d i f i c u l t a d p r o v i e n e d e u n
p r o c e d i m i e n t o y d e u n a suposición i n a p r o p i a d a , q u e n o e s o t r a q u e l a
p e s a d e z d e l a T i e r r a , s u i n m o v i l i d a d , l a a f i r m a c i ó n d e l p r i m e r móvil
 Diálogo V

c o n o t r o s s i e t e , o c h o , n u e v e o m á s e n l o s q u e están p l a n t a d o s , gra-
bados, emplastados, clavados, atados, pegados, esculpidos o pintados
los astros, los cuales n o r e s i d e n e n u n m i s m o espacio c o n este a s t r o a l
q u e d a m o s e l n o m b r e d e T i e r r a y q u e — c o m o oirás— n o es d e u n a
región, d e u n a figura, d e u n a n a t u r a l e z a n i más n i m e n o s elemen-
t a l q u e t o d o s l o s d e m á s , n i m e n o s m ó v i l p o r p r i n c i p i o intrínseco q u e
c u a l q u i e r a d eesos o t r o s a n i m a l e s d i v i n o s .
ALBERTINO — D e v e r d a d q u e c u a n d o m e h a y a e n t r a d o e n la cabeza
e s t a i d e a , t o d a s l a s d e m á s q u e m e p r o p o n e s s e sucederán fácilmente.
H a b r á s a r r a n c a d o a u n m i s m o t i e m p o l a s raíces d e u n a filosofía y p l a n -
t a d o las d e o t r a .
FILOTEO — A s í despreciarás p o r m e d i o d e l a razón s e g u i r aceptan-
d o e s e s e n t i d o común p o r e l q u e s e e s t a b l e c e v u l g a r m e n t e u n s u m o
h o r i z o n t e , altísimo y n o b i l í s i m o , limítrofe c o n l a s s u s t a n c i a s divinas
inmóviles y m o t o r a s d e e s t o s o r b e s i m a g i n a r i o s . Confesarás, p o r e l
c o n t r a r i o , q u e e s a l m e n o s i g u a l m e n t e creíble q u e d e l m i s m o m o d o
q u e e s t a t i e r r a e s u n a n i m a l móvil q u e g i r a e n v i r t u d d e u n p r i n c i p i o
intrínseco, t a m b i é n l o s o n t o d o s a q u e l l o s o t r o s , q u e n o s o n m ó v i l e s
p o r e l m o v i m i e n t o y traslación d e u n c u e r p o q u e n o e x p e r i m e n t a d u -
r e z a y r e s i s t e n c i a a l g u n a , más r a r o y más s u t i l d e l o q u e p u e d a serlo
e s t e a i r e q u e r e s p i r a m o s . Considerarás q u e e s a m a n e r a d e h a b l a r n o
e s o t r a c o s a q u e p u r a fantasía y n o s e p u e d e d e m o s t r a r s e n s i b l e m e n t e ,
m i e n t r a s l a n u e s t r a está d e a c u e r d o c o n t o d o s e n t i d o r e g u l a d o y r a z ó n
b i e n f u n d a d a . Afirmarás q u e e l q u e l a s i m a g i n a r i a s e s f e r a s d e s u p e r -
ficie cóncava y c o n v e x a s e a n m o v i d a s y t r a n s p o r t e n c o n s i g o l o s a s t r o s
n o e s m á s verosímil q u e v e r d a d e r o y c o n f o r m e a n u e s t r o i n t e l e c t o y
a l ac o n v e n i e n c i a n a t u r a l resulta q u e los u n o s g i r e n e n t o r n o y alrede-
d o r d e l o s o t r o s p o r razón d e s u v i d a y c o n s i s t e n c i a e n l a m a n e r a q u e
oirás e n s u m o m e n t o , s i n t e m o r a c a e r i n f i n i t a m e n t e a b a j o o s u b i r a l o
alto, dado que en elespacio i n m e n s o n o hay diferencia entre arriba y
a b a j o , d e r e c h a e i z q u i e r d a , d e l a n t e y detrás. V e r á s c o m o f u e r a d e e s t a
circunferencia i m a g i n a r i a del cielo puede haber u n cuerpo simple o
c o m p u e s t o m ó v i l c o n m o v i m i e n t o rectilíneo, p o r q u e i g u a l q u e con
m o v i m i e n t o rectilíneo s e m u e v e n l a s p a r t e s d e e s t e g l o b o , así t a m b i é n
p u e d e n m o v e r s e l a s p a r t e s d e l o s o t r o s g l o b o s y n i u n ápice m e n o s ,
y a q u e éste n o está h e c h o o c o m p u e s t o d e o t r a m a t e r i a q u e l o s o t r o s
e n t o r n o a éste y e n t o r n o a l o s d e m á s ; n o p a r e c e éste g i r a r m e n o s e n
t o r n o a l o s o t r o s q u e l o s o t r o s e n t o r n o a éste.
ALBERTINO — A h o r a más q u e n u n c a m e p e r c a t o d e q u e u n p e -
queñísimo e r r o r e n e l p r i n c i p i o c a u s a u n a máxima d i f e r e n c i a y g r a v e
34 2
Del infinito: el universo y los mundos

error al final; u n único i n c o n v e n i e n t e s e m u l t i p l i c a p o c o a p o c o rami-

ficándose e n i n f i n i t o s o t r o s , c o m o d e u n a pequeña raíz g r a n d e s moles
y r a m a s i n n u m e r a b l e s . P o r m i v i d a , F i l o t e o , a r d o del deseo d eq u e me
d e m u e s t r e s l o q u e m e p r o p o n e s y q u e d e e s t i m a r l o d i g n o y verosímil
m e resulte patente y verdadero.
FILOTEO —Haré c u a n t o m e p e r m i t a el t i e m p o de q u e disponemos,
d e j a n d o a t u j u i c i o m u c h a s cosas q u e hasta a h o r a te h a n estado ocultas
no por incapacidad, sino por descuido.
ALBERTINO — D i l o t o d o a m o d o d e artículo y d e conclusión, p o r -
q u e sé q u e a n t e s d e q u e a s u m i e r a s e s t e p a r e c e r , h a s p o d i d o examinar
m u y bien las fuerzas del contrario, y a q u e estoy seguro d e q u e l o s
s e c r e t o s d e l a filosofía c o m ú n n o t e están m e n o s a b i e r t o s a t i q u e a m í .
Continúa.
FILOTEO — N o es preciso, p o r tanto, investigar si fuera del cielo
h a y l u g a r , vacío o t i e m p o , p o r q u e único e s e l l u g a r u n i v e r s a l , único e l
e s p a c i o i n m e n s o q u e p o d e m o s l l a m a r l i b r e m e n t e vacío, e n e l c u a l h a y
i n n u m e r a b l e s e i n f i n i t o s g l o b o s c o m o éste e n e l q u e v i v i m o s y v e g e t a -
m o s n o s o t r o s . T a l e s p a c i o l o l l a m a m o s i n f i n i t o p o r q u e n o h a y razón,
conveniencia, posibilidad, sentido o naturaleza que deba limitarlo; e n
él h a y i n f i n i t o s m u n d o s s e m e j a n t e s a éste y n o d i f e r e n t e s e n g é n e r o d e
éste, p u e s t o q u e n o h a y r a z ó n n i f a l t a d e c a p a c i d a d n a t u r a l , q u i e r o d e c i r
de potencia t a n t o activa c o m o pasiva, p o r l a cual — i g u a l q u e los h a y
e n e s t e e s p a c i o e n t o r n o a n o s o t r o s — n o l o s h a y a también e n t o d o e l
o t r o e s p a c i o , q u e p o r n a t u r a l e z a n o e s d i f e r e n t e n i d i s t i n t o d e éste.
ALBERTINO — S i lo q u e has d i c h o e n p r i m e r lugar es v e r d a d e r o (y
h a s t a a h o r a n o e s m e n o s verosímil q u e s u c o n t r a d i c t o r i o ) , e s t o o t r o e s
necesario.
FILOTEO — F u e r a , pues, de la i m a g i n a r i a circunferencia y convexi-
d a d d e l m u n d o h a y t i e m p o , p o r q u e allí h a y m e d i d a y r a z ó n d e l m o v i -
m i e n t o , y a q u e allí h a y c u e r p o s m ó v i l e s s i m i l a r e s . Y e s t o s e a e n p a r t e
s u p u e s t o , e n p a r t e p r o p u e s t o a propósito d e l o q u e h a s d i c h o como
p r i m e r a razón d e l a u n i c i d a d d e l m u n d o .
E n c u a n t o a l oq u e has d i c h o e n s e g u n d o lugar, t e r e s p o n d o que
ciertamente hay u nm o t o r primero y principal, pero n oprimero y
p r i n c i p a l d e tal m a n e r a q u e por m e d i o d e u n a cierta escala, por e l se-
g u n d o , t e r c e r o y así s u c e s i v a m e n t e , s e p u e d a d e s c e n d e r d e s d e él c o n -
t a n d o h a s t a e l c e n t r a l y último; p u e s t o q u e t a l e s m o t o r e s n o e x i s t e n
n i p u e d e n e x i s t i r , p u e s d o n d e e l número e s i n f i n i t o n o h a y g r a d o n i
o r d e n n u m e r a l , a u n q u e h a y a g r a d o y o r d e n según l a r a z ó n y d i g n i -
d a d o d e d i v e r s a s e s p e c i e s y géneros o d e d i v e r s o s g r a d o s e n u n m i s m o
 Diálogo V 343

género y e n u n a m i s m a e s p e c i e . S o n , p u e s , i n f i n i t o s l o s m o t o r e s , i g u a l
q u e s o n i n f i n i t a s l a sa l m a s d e estas i n f i n i t a s esferas, las cuales, pues-
t o q u e s o n f o r m a s y a c t o s intrínsecos c o n r e s p e c t o a t o d o s l o s c u a l e s
h a y u n príncipe d e l q u e t o d o s d e p e n d e n , h a y u n p r i m e r o q u e d a l a
c a p a c i d a d d e m o v e r a l o s espíritus, a l m a s , d i o s e s , n ú m e n e s , m o t o r e s
y d a m o v i l i d a d a l a m a t e r i a , a lcuerpo, a l oa n i m a d o , a l a naturaleza
i n f e r i o r , a l móvil. S o n , p u e s , i n f i n i t o s l o s móviles y m o t o r e s , t o d o s l o s
cuales se reducen a u nprincipio pasivo y u nprincipio activo, igual
q u e t o d o número s e r e d u c e a l a u n i d a d ; e l número i n f i n i t o y l a u n i d a d
c o i n c i d e n y e lagente s u p r e m o c a p a z d e hacer el t o d o c o i n c i d e e n u n a
sola cosa c o n l o q u e p u e d e ser h e c h o el t o d o , t a l c o m o se h a m o s t r a d o
al final d e l l i b r o De la causa, principio y uno.
E n número, p o r t a n t o , y m u l t i t u d h a y i n f i n i t o móvil e i n f i n i t o
m o t o r , p e r o e n l a u n i d a d y s i n g u l a r i d a d h a y m o t o r inmóvil i n f i n i -
t o y u n i v e r s o i n f i n i t o inmóvil, y e s t e número y m a g n i t u d i n f i n i t a y
esa u n i d a d y s i m p l i c i d a d i n f i n i t a c o i n c i d e n e nu n p r i n c i p i o , v e r d a d ,
e n t e simplicísimo e i n d i v i s i b l e . D e e s t a m a n e r a n o h a y u n p r i m e r
móvil, a l q u e c o n u n c i e r t o o r d e n s u c e d a e l s e g u n d o , hasta llegar
a l ú l t i m o o b i e n h a s t a e l i n f i n i t o , s i n o q u e t o d o s l o s m ó v i l e s están
i g u a l m e n t e próximos y l e j a n o s a l p r i m e r o y d e l p r i m e r o y u n i v e r s a l
motor. Igual que, hablando lógicamente, t o d a s l a s e s p e c i e s t i e n e n
i d é n t i c a relación c o n e l m i s m o g é n e r o y t o d o s l o s i n d i v i d u o s c o n l a
m i s m a e s p e c i e , también a p a r t i r d e u n m o t o r u n i v e r s a l i n f i n i t o y e n
u n espacio infinito hay u n m o v i m i e n t o universal infinito del que de-
p e n d e n i n f i n i t o s móviles e i n f i n i t o s m o t o r e s , c a d a u n o d e l o s c u a l e s
es finito d em o l e y d e potencia.
E n c u a n t o a l t e r c e r a r g u m e n t o , d i g o q u e e n e l c a m p o etéreo n o
existe u n p u n t o d e t e r m i n a d o hacia e l q u e e ncalidad d e centro se
m u e v a n las cosas g r a v e s y d e l q u e s e a l e j e n las cosas ligeras c o m o ha-
c i a l a c i r c u n f e r e n c i a . L a razón e s q u e e n e l u n i v e r s o n o h a y centro
n i c i r c u n f e r e n c i a , s i n o q u e — s i así l o q u i e r e s — p o r d o q u i e r está e l
centro y e ncualquier p u n t o se puede encontrar parte d e alguna cir-
cunferencia con respecto a algún o t r o m e d i o o c e n t r o . A h o r a bien,
con respecto a nosotros se dice r e l a t i v a m e n t e grave l oque desde l a
c i r c u n f e r e n c i a d e este g l o b o se m u e v e h a c i a e lc e n t r o ; l i g e r o l o q u e d e
m a n e r a c o n t r a r i a se m u e v e hacia el l u g a r c o n t r a r i o ; y v e r e m o s q u e n o
h a y n a d a g r a v e q u e n o sea a s i m i s m o l i g e r o , p o r q u e t o d a s las p a r t e s d e
la T i e r r a c a m b i a n sucesivamente d e s i t i o , l u g a r y complexión, m i e n -
tras q u e e ne l largo curso d e los siglos n o h a y parte c e n t r a l q u e n o se
h a g a periférica n i p a r t e periférica q u e n o s e h a g a c e n t r a l o c e r c a n a a l
344 Del infinito: el universo y los mundos

centro. V e r e m o s q u e pesadez y ligereza n o es o t r a cosa q u e i m p u l s o

d e las p a r t e s d e los c u e r p o s h a c i a e l p r o p i o c o n t i n e n t e y c o n s e r v a n t e ,
d o n d e q u i e r a q u e esté. P o r e s o n o s o n d i f e r e n c i a s l o c a l e s l o q u e a t r a e
h a c i a sí t a l e s p a r t e s n i l o q u e l a s e x p u l s a l e j o s d e sí, s i n o e l d e s e o d e
c o n s e r v a r s e , e l c u a l i m p u l s a a t o d a s l a s c o s a s c o m o p r i n c i p i o intrínse-
co y s i n ose les p o n e i m p e d i m e n t o a l g u n o las c o n d u c e d o n d e m e j o r
e v i t a n s uc o n t r a r i o y se u n e n a l o c o n v e n i e n t e . D e esta f o r m a , pues, y
e n m e d i d a n o m e n o r , las p a r t e s v a n a u n i r s e h a c i a el c e n t r o d e l g l o b o ,
c o m o por fuerza d elagravedad, desde lacircunferencia d el aL u n a y
d e o t r o s m u n d o s s e m e j a n t e s a éste e n e s p e c i e o e n g é n e r o ; y l a s p a r t e s
rarificadas se m u e v e n h a c i a l a c i r c u n f e r e n c i a c o m o p o r f u e r z a d e l a
l e v e d a d . Y n o es p o r q u e h u y a n d e l a c i r c u n f e r e n c i a o se a f e r r e n
a l a c i r c u n f e r e n c i a , y a q u e d e s e r así c u a n t o m á s s e a c e r c a r a n a e l l a
t a n t o m á s v e l o z y r á p i d a m e n t e c o r r e r í a n h a c i a allí y c u a n t o m á s s e
a l e j a r a n d e e l l a t a n t o más f u e r t e m e n t e s e lanzarían a l l u g a r c o n t r a r i o .
P e r o v e m o s l o c o n t r a r i o ,d a d o q u e sis um o v i m i e n t o las l l e v a f u e r a d e
l a región t e r r e s t r e , p e r m a n e c e r á n s u s p e n d i d a s e n e l a i r e y n o subirán
n i d e s c e n d e r á n h a c i a a b a j o h a s t a q u e o b i e n a d q u i e r a n p o r adición d e
p a r t e s o p o r c o n d e n s a c i ó n p r o d u c i d a p o r e l frío u n a g r a v e d a d mayor,
por m e d i o d el acual regresen a s uc o n t i n e n t e d i v i d i e n d o e laire infe-
r i o r o b i e n s e d i s p e r s e n e n átomos, d i s u e l t a s p o r e l c a l o r y r a r i f i c a d a s .
ALBERTINO — ¡ O h , c ó m o s e m e asentará e s t o e n e l á n i m o u n a v e z
m e h a y a s h e c h o v e r c o n más c a l m a l a i n d i f e r e n c i a d e l o s a s t r o s c o n
respecto a este g l o b o t e r r e s t r e !
FILOTEO — E s t o t e l o p o d r á r e p e t i r fácilmente E l p i n o , t a l y c o m o
él l o h a p o d i d o e s c u c h a r d e m í . T a m b i é n t e hará oír m á s p o r m e n o r i -
z a d a m e n t e cómo ningún c u e r p o e s p e s a d o o l i g e r o c o n r e s p e c t o a u n a
región d e l u n i v e r s o , s i n o l a s p a r t e s c o n r e s p e c t o a s u t o t a l i d a d , a l c o n -
t i n e n t e q u e les es p r o p i o o las c o n s e r v a . P o r q u e las p a r t e s se m u e v e n
e n t o d a s d i r e c c i o n e s p o r deseo d e c o n s e r v a r s e e n s u s e r p r e s e n t e , se
u n e n u n a s c o n o t r a s , c o m o h a c e n los m a r e s y las gotas, y se d i s g r e g a n ,
c o m o h a c e n t o d o s l o s líquidos e x p u e s t o s a l S o l o a o t r o s f u e g o s . E n
efecto, t o d o m o v i m i e n t o n a t u r a l q u e se p r o d u c e a p a r t i r d e u n p r i n -
c i p i o intrínseco n o s e d a s i n o p a r a e v i t a r l o i n c o n v e n i e n t e y c o n t r a r i o
y buscar l o a m i s t o s o y c o n v e n i e n t e . P o r eso n a d a se m u e v e d e s u sitio
más q u e d e s a l o j a d o p o r s u c o n t r a r i o ; n a d a e s p e s a d o n i l i g e r o e n s u
lugar, s i n o q u e l atierra elevada e n e laire es pesada y se siente pesada
m i e n t r a s se e s f u e r z a p o r l l e g a r a s u l u g a r . D e l a m i s m a m a n e r a , e l
a g u a suspendida e n e laire es pesada; n o es pesada e n s up r o p i o lugar.
P o r e s o a l o s q u e están s u m e r g i d o s n o e s p e s a d a t o d a e l a g u a y u n
 Diálogo V 345

pequeño v a s o l l e n o d e a g u a s o b r e e l a i r e , f u e r a d e l a s u p e r f i c i e d e l a
tierra seca, pesa. L a cabeza n oresulta pesada a l p r o p i o b u s t o , p e r o
l a c a b e z a d e o t r o resultará p e s a d a s i s e p o n e e n c i m a . L a r a z ó n d e e s o
e s q u e n o está e n s u l u g a r n a t u r a l . P o r t a n t o , s i g r a v e d a d y l i g e r e z a e s
i m p u l s o a l l u g a r d e l a conservación y h u i d a d e l l u g a r c o n t r a r i o , n a d a
c o n s t i t u i d o d e f o r m a n a t u r a l es g r a v e o l i g e r o y n a d a tiene g r a v e d a d
o ligereza m u y alejado del propio conservante y m u y apartado del
c o n t r a r i o s i n q u e n o s i e n t a l o útil d e u n o y e l f a s t i d i o d e l o t r o . P e r o s i
sintiendo el fastidio d eu n o , desespera y permanece vacilante e indeci-
s o a n t e e l c o n t r a r i o , será v e n c i d o p o r éste.
ALBERTINO — P r o m e t e s y e n g r a n p a r t e realizas g r a n d e s cosas.
FILOTEO — P a r a n o r e p e t i r d o s v e c e s l o m i s m o , encargo a Elpino
q u e t ed i g a el resto.
ALBERTINO — C r e o e n t e n d e r t o d o , p o r q u e u n a d u d a suscita otra
d u d a , u n a v e r d a d d e m u e s t r a otra v e r d a d , y y oc o m i e n z o a e n t e n d e r
m á s d e l o q u e p u e d o e x p l i c a r . H a s t a a h o r a tenía p o r c i e r t a s m u c h a s
c o s a s q u e c o m i e n z o a c o n s i d e r a r d u d o s a s . D e ahí q u e m e s i e n t a p o c o
a poco dispuesto a poder asentir.
FILOTEO — C u a n d o m e h a y a s e n t e n d i d o d e l t o d o , m e asentirás d e l
t o d o . P e r o p o r a h o r a retén l o d i c h o o a l m e n o s n o estés o b s t i n a d o e n
l a opinión c o n t r a r i a c o m o t e m o s t r a b a s a n t e s d e q u e s e t e i n d u j e r a a
discutir. P o r q u e poco a poco y e ndiferentes ocasiones explicaremos
p l e n a m e n t e t o d o l o q u e p u e d e hacer al caso, el cual d e p e n d e d e varios
p r i n c i p i o s y c a u s a s , y a q u e i g u a l q u e u n e r r o r s e s u m a a o t r o , también
al d e s c u b r i m i e n t o d e u n a v e r d a d sigue el d e otra.
Sobre elcuarto a r g u m e n t o decimos que aunque haya tantos cen-
tros c o m o i n d i v i d u o s ,globos, esferas, m u n d o s , n o p o r eso sesigue q u e
las p a r t e s d e c a d a u n o se r e f i e r a n a u n c e n t r o d i s t i n t o d e l p r o p i o o se
a l e j e n h a c i a o t r a c i r c u n f e r e n c i a q u e l a d e l a p r o p i a región. Así, l a s
partes d e esta tierra n o c o n t e m p l a n o t r o c e n t r o n i v a n a u n i r s e a o t r o
g l o b o q u e a éste, i g u a l q u e l o s h u m o r e s y p a r t e s d e l o s a n i m a l e s t i e n e n
flujo y reflujo en elpropio sujeto y n o pertenecen a otro distinto.
E n c u a n t o a l o q u e señalas c o m o i n c o n v e n i e n t e , e s t o e s , q u e e l c e n -
t r o q u e c o n v i e n e e n e s p e c i e c o n o t r o c e n t r o vendrá a e s t a r más l e j a n o
de a q u e l q u e e lc e n t r o y l acircunferencia, q u e son c o n t r a r i o s por n a -
t u r a l e z a y p o r e s o están y d e b e n e s t a r a l a m á x i m a d i s t a n c i a , t e r e s -
p o n d o e n p r i m e r l u g a r q u e los c o n t r a r i o s n o d e b e n e s t a r a l a máxima
d i s t a n c i a , s i n o t a n l e j o s e n t r e sí q u e e l u n o p u e d a a c t u a r s o b r e e l o t r o y
p u e d a p a d e c e r l a acción d e l o t r o , t a l y c o m o v e m o s q u e está d i s p u e s t o
e l s o l p r ó x i m o a n o s o t r o s c o n r e s p e c t o a s u s t i e r r a s q u e l e están a l r e d e -
34° Del infinito: el universo y los mundos

dor, ya que el orden de la naturaleza comporta esto: que un contrario

subsiste, vive y se nutre del otro, mientras el uno es afectado, alterado,
vencido y se convierte en el otro.
Además, hace poco hemos discurrido con Elpino de la disposición
de los elementos, los cuales concurren todos a la composición de cada
globo, como partes que están ínsitas la una dentro de la otra y mezcla-
das la una con la otra; y no son distintos y diferentes como lo conteni-
do y el continente, ya que dondequiera que esté la tierra seca, allí hay
agua, aire y fuego, o manifiesta o latentemente. Además, la distinción
que hacemos entre los globos, de los cuales los unos son fuegos, como
el Sol, y los otros son aguas, como la Luna y la Tierra, no proviene de
que consten de un único elemento, sino del elemento que predomina
en dicha composición.
Por otra parte, es falsísimo que los contrarios estén situados a la
máxima distancia, ya que están juntos y unidos naturalmente en todas
las cosas; y el universo, tanto en las partes principales como en las se-
cundarias, no se mantiene unido sino por tal conjunción y unión, dado
que no hay parte de tierra que no contenga en sí unidísima el agua, sin
la cual carece de densidad, solidez y unión de átomos. Además, ¿qué
cuerpo terrestre es tan espeso que no tenga sus poros imperceptibles,
si no existieran los cuales dichos cuerpos no serían divisibles y pene-
trables por el fuego o por su calor, que es algo sensible que proviene
de dicha sustancia? ¿Dónde, pues, hay una parte de este cuerpo tuyo
frío y seco que no tenga unido algo de este otro cuerpo tuyo húmedo
y caliente? No es, por tanto, natural, sino lógica esa distinción entre
los elementos; y si el Sol en su región está lejos de la región de la Tie-
rra, no están, sin embargo, más lejos de él el aire, la tierra seca y el
agua que de este cuerpo, porque el Sol es un cuerpo tan compuesto
como éste, aunque de los llamados cuatro elementos sea uno el que
predomine en el Sol y otro en la Tierra. Además, si queremos que la
naturaleza se adapte a esta lógica que pretende que la distancia máxi-
ma corresponde a los contrarios, será preciso que entre tu fuego, que
es ligero, y la tierra, que es grave, se interponga tu cielo, que no es
ni grave ni ligero. O si te quieres limitar diciendo que este orden lo
entiendes en los llamados elementos, será necesario también que los
ordenes de otra manera. Quiero decir que corresponde al agua estar
en el centro y en el lugar del elemento más pesado, si el fuego está en
la circunferencia y en el lugar del elemento más ligero en la región
elemental, puesto que el agua, que es fría y húmeda, contraria al fue-
go por esas dos cualidades, debe estar lo más lejos posible del ele-
 Diálogo V 347

m e n t ó c a l i e n t e y s e c o ; y e l a i r e , a l q u e tú l l a m a s c a l i e n t e y h ú m e d o ,
d e b e r í a e s t a r lejísimos d e l a t i e r r a fría y s e c a . ¿ V e s , p o r t a n t o , c u a n i n -
c o n s i s t e n t e e s e s t a concepción peripatética, t a n t o s i l a e x a m i n a s s e g ú n
l a v e r d a d d e l a n a t u r a l e z a c o m o s i l a m i d e s según s u s p r o p i o s p r i n c i -
pios y f u n d a m e n t o s ?
ALBERTINO — L o v e o y m u y claramente.
FILOTEO — V e t a m b i é n q u e n o e s c o n t r a r i a a l a r a z ó n n u e s t r a fi-
losofía, q u e r e d u c e a u n p r i n c i p i o y r e m i t e a u n fin l o s c o n t r a r i o s ,
haciéndolos c o i n c i d i r , d e f o r m a q u e e x i s t e u n s u j e t o p r i m e r o d e l u n o
y d e l o t r o . A p a r t i r d e e s a c o i n c i d e n c i a e s t i m a m o s q u e e n última i n s -
t a n c i a está d i v i n a m e n t e d i c h o y p e n s a d o q u e l o s c o n t r a r i o s están e n
l o s c o n t r a r i o s , d e d o n d e n o e s difícil l l e g a r a s a b e r c ó m o c u a l q u i e r
c o s a está e n c u a l q u i e r c o s a , l o c u a l n o f u e r o n c a p a c e s d e c o m p r e n d e r
Aristóteles y o t r o s s o f i s t a s .
ALBERTINO — T e e s c u c h o c o n m u c h o g u s t o . Sé q u e t a n t a s c o s a s y
t a n diferentes conclusiones n o se p u e d e n d e m o s t r a r a l avez y e n u n a
sola o p o r t u n i d a d . P e r o p o r e l h e c h o d e q u e m ed e s c u b r e s inadecua-
d a s l a s c o s a s q u e y o creía n e c e s a r i a s , c o m i e n z o a d u d a r d e a q u e l l a s
o t r a s q u e c r e o n e c e s a r i a s p o r l a m i s m a y análoga razón. P o r e s o m e
dispongo a escuchar tus fundamentos, principios y argumentaciones
c o n s i l e n c i o y atención.
ELPINO —Verás q u e n o es u n a e d a d d e o r o l o q u e h a a p o r t a d o
Aristóteles a l a filosofía. D e m o m e n t o s e d e s p a c h a r á n l a s d u d a s que
has avanzado.
ALBERTINO — N o t e n g o m u c h a c u r i o s i d a d p o r las demás, y a q u e
a r d o e n d e s e o s d e e n t e n d e r esa d o c t r i n a d e los p r i n c i p i o s , a p a r t i r d e
l o s c u a l e s éstas y o t r a s d u d a s q u e d a n r e s u e l t a s p o r t u filosofía.
FILOTEO — S o b r e e l l o s r a z o n a r e m o s después. E n c u a n t o a l q u i n t o
a r g u m e n t o , debes advertir que si nosotros i m a g i n a m o s los m u c h o s
e i n f i n i t o s m u n d o s s e g ú n e s e c r i t e r i o d e c o m p o s i c i ó n c o n q u e soléis
i m a g i n á r o s l o s v o s o t r o s , e s t o e s : m á s allá d e u n c o m p u e s t o d e c u a t r o
e l e m e n t o s , según e l o r d e n v u l g a r m e n t e e s t a b l e c i d o , y o t r o s o c h o , n u e -
ve o diez cielos hechos d e o t r a m a t e r i a y d e d i f e r e n t e n a t u r a l e z a que
l o s c o n t i e n e n y c o n rápido m o v i m i e n t o c i r c u l a r g i r a n a s u a l r e d e d o r ;
y m á s allá d e u n m u n d o t a l , así o r d e n a d o y esférico, n o s representa-
m o s o t r o s y o t r o s i g u a l m e n t e esféricos y c o n u n m o v i m i e n t o i d é n -
tico, entonces deberemos e x p l i c a r e i m a g i n a r n o s d e qué m a n e r a e l
u n o estaría c o n t i n u o o c o n t i g u o a l o t r o . E n t o n c e s i r e m o s fantaseando
e n cuántos p u n t o s d e l a c i r c u n f e r e n c i a p u e d e s e r t o c a d o u n m u n d o
p o r l a c i r c u n f e r e n c i a d e l o s m u n d o s c i r c u n d a n t e s ; e n t o n c e s verás q u e
34» Del infinito: el universo y los mundos

aunque hubiera una pluralidad dehorizontes e ntorno a u n m u n d o ,

n o serían s i n e m b a r g o d e u n m u n d o , s i n o q u e e s t e h o r i z o n t e tendría
c o n r e s p e c t o a e s t e c e n t r o l a m i s m a relación q u e c a d a u n o t i e n e c o n
e l s u y o , p o r q u e t i e n e n i n f l u e n c i a allí d o n d e y e n t o r n o a d o n d e g i r a n
y se m u e v e n . D el a m i s m a m a n e r a , s i u n a p l u r a l i d a d d e a n i m a l e s e s -
t u v i e r a n apiñados t o d o s j u n t o s y c o n t i g u o s e l u n o a l o t r o , n o p o r eso
s e seguiría q u e l o s m i e m b r o s d e u n o p u d i e r a n p e r t e n e c e r a l o s m i e m -
bros d e otro, d e f o r m a q u e a u n o solo y a cada u n o d e ellos p u d i e r a n
pertenecer varias cabezas y bustos. P e r o nosotros, gracias a los dioses,
estamos libres d e la molestia d e m e n d i g a r tal excusa, porque e nl u -
g a r d e t a n t o s c i e l o s y d e t a n t o s móviles rápidos y r e n u e n t e s , r e c t o s y
o b l i c u o s , o r i e n t a l e s y o c c i d e n t a l e s , s o b r e e l e j e d e l zodíaco y e l e j e d e l
m u n d o , c o n t a n t a y c u a n t a , p o c a y m u c h a declinación, t e n e m o s u n
solo cielo, u n solo espacio, p o r el q u e t a n t o este astro e n el q u e estamos
c o m o t o d o s l o s d e m á s efectúan s u s p r o p i o s g i r o s y c a r r e r a s . É s t o s s o n
l o s m u n d o s i n f i n i t o s , e s d e c i r , l o s a s t r o s i n n u m e r a b l e s , aquél e s e l e s -
pacio infinito, es decir, e l cielo c o n t i n e n t e r e c o r r i d o por ellos. Q u e d a
así e l i m i n a d a l a fantasía d e l a rotación g e n e r a l d e t o d o s e n t o r n o a
e s t e c e n t r o , p o r e l h e c h o d e q u e c o n o c e m o s p a t e n t e m e n t e l a rotación
d e éste, q u e g i r a n d o e n t o r n o a l p r o p i o c e n t r o s e e x p o n e a l a v i s t a d e
las luces c i r c u n d a n t e s e n v e i n t i c u a t r o h o r a s . C o n e l l o se e l i m i n a c o m -
p l e t a m e n t e e s a e n v o l t u r a d e l o s o r b e s p o r t a d o r e s d e s u s a s t r o s fijos e n
t o r n o a n u e s t r a región; p e r o s e s i g u e a t r i b u y e n d o a c a d a u n o t a n sólo
s u p r o p i o m o v i m i e n t o , q u e l l a m a n «epicíclico», c o n s u s d i f e r e n c i a s
c o n respecto a los o t r o s astros e n m o v i m i e n t o , m i e n t r a s agitados por
ningún o t r o m o t o r q u e l a p r o p i a a l m a c o r r e n d u r a n t e m u c h o s siglos
(si n o e t e r n a m e n t e ) e n t o r n o a l p r o p i o c e n t r o y e n t o r n o a l e l e m e n t o
del f u e g o i g u a l q u e l o hace este astro.
H e a h í , p u e s , cuáles s o n l o s m u n d o s y cuál e s e l c i e l o . E l c i e l o e s
c o m o l o v e m o s e n t o r n o a este g l o b o , e l c u a l n oes u nastro menos
n o b l e y l u m i n o s o q u e l o s demás. L o s m u n d o s s o n c o m o c o n r o s t r o l u -
m i n o s o y resplandeciente se nos m u e s t r a n , diferenciados y separados
a i n t e r v a l o s d e t e r m i n a d o s los u n o s d e los o t r o s , sin q u e e n n i n g u n a
p a r t e esté e l u n o m á s c e r c a n o a o t r o d e l o q u e p u e d a e s t a r l a L u n a
d e e s t a t i e r r a o e s t a s t i e r r a s d e e s t e s o l , a fin d e q u e u n c o n t r a r i o n o
destruya, sino a l i m e n t e a l o t r o , y u ns e m e j a n t e n oobstaculice, sino
dé e s p a c i o a l o t r o . A s í , s e g ú n c i e r t a s r a z o n e s , s e g ú n c i e r t a s medidas
y según c i e r t o s t i e m p o s , e s t e frígidísimo g l o b o s e c a l i e n t a a l S o l o r a
d e este l a d o o r a d e a q u e l o t r o , o r a p o r esa c a r a o r a p o r a q u e l l a o t r a y
según u n a d e t e r m i n a d a a l t e r n a n c i a v i c i s i t u d i n a l o r a c e d e o r a s e h a c e
 Diálogo V 349

c e d e r p o r l a v e c i n a t i e r r a q u e l l a m a m o s L u n a , alejándose o acercán-
dose a lSol e nmedida m a y o r o m e n o r ora l auna, ora l aotra, por l o
q u e l a L u n a e s l l a m a d a p o r T i m e o y o t r o s p i t a g ó r i c o s «tierra a n t í c -
t o n a » . P u e s b i e n , éstos s o n l o s m u n d o s h a b i t a d o s y c u l t i v a d o s todos
p o r s u s p r o p i o s a n i m a l e s , además d e s e r e l l o s l o s principalísimos y
m á s d i v i n o s a n i m a l e s d e l u n i v e r s o ; y c a d a u n o d e e l l o s n o está m e n o s
c o m p u e s t o d e c u a t r o e l e m e n t o s q u e éste e n e l q u e n o s e n c o n t r a m o s ,
a u n q u e e nunos p r e d o m i n e una cualidad activa y e notros otra, por
l o c u a l u n o s s o n p e r c e p t i b l e s p o r m e d i o d e las a g u a s y los o t r o s l o s o n
p o r m e d i o d e l f u e g o . Además d e l o sc u a t r o e l e m e n t o s q u e entran
e n l a c o m p o s i c i ó n d e e s t o s m u n d o s h a y u n a región etérea i n m e n s a ,
c o m o h e m o s d i c h o , e n l a cual se m u e v e , v i v e y vegeta e l t o d o . E s
e l éter q u e c o n t i e n e y p e n e t r a t o d a s l a s c o s a s , e l c u a l e n l a m e d i d a
e n q u e s e e n c u e n t r a d e n t r o d e l a composición ( q u i e r o d e c i r , e n l a
m e d i d a e n q u e f o r m a p a r t e d e l c o m p u e s t o ) e s l l a m a d o comúnmente
«aire», c o m o p o r e j e m p l o e s t e a i r e v a p o r o s o e n t o r n o a l a s a g u a s y
d e n t r o d e l c o n t i n e n t e t e r r e s t r e , e n c e r r a d o e n t r e l o s altísimos m o n t e s ,
capaz d e producir densas nubes y tempestuosos austros y aquilones.
E n l a m e d i d a l u e g o e nq u e es p u r o y n of o r m a parte d e c o m p u e s t o ,
s i n o q u e e s e l l u g a r y receptáculo p o r d o n d e e l c o m p u e s t o s e m u e -
v e y c o r r e , s e l l a m a p r o p i a m e n t e «éter», c u y a denominación viene
d e c o r r e r . E l éter, a u n q u e e n s u s t a n c i a s e a idéntico a l q u e s e a g i t a
d e n t r o d e lasvisceras d e l a T i e r r a , sin e m b a r g o , lleva o t r o n o m b r e ;
d e l a m i s m a m a n e r a s e l l a m a «aire» e l c i r c u n d a n t e a n o s o t r o s , p e r o e n
la m e d i d a e nq u e f o r m a p a r t e d e n o s o t r o s o b i e n c o n c u r r e a n u e s t r a
composición, p r e s e n t e e n e l pulmón, e n l a s a r t e r i a s y o t r a s c a v i d a d e s
y p o r o s , r e c i b e e l n o m b r e d e «espíritu». E l m i s m o s e c o n c r e t i z a e n
v a p o r e n t o r n o a l c u e r p o frío y e n t o r n o a l a s t r o c a l i d í s m o s e s u t i l i z a
c o m o e n u n a l l a m a , l a c u a l n o e s p e r c e p t i b l e más q u e u n i d a a u n
c u e r p o d e n s o q u e sea e n c e n d i d o p o r e l i n t e n s o a r d o r d e l a m i s m a . D e
e s t a f o r m a e l éter c a r e c e d e u n a c u a l i d a d d e t e r m i n a d a e n sí m i s m o y
p o r s u p r o p i a n a t u r a l e z a , p e r o las recibe t o d a s d e los c u e r p o s vecinos
y l a s t r a n s p o r t a c o n s u m o v i m i e n t o h a s t a e l límite d e l h o r i z o n t e d e l a
eficacia d e tales p r i n c i p i o s activos.
B i e n , ahí t i e n e s s e ñ a l a d o cuáles s o n l o s m u n d o s y cuál e s e l c i e l o ,
d e d o n d e n o sólo p o d r á s h a l l a r l a solución a l a p r e s e n t e d u d a , sino
también a i n n u m e r a b l e s o t r a s y p u e d e s a d q u i r i r u n p r i n c i p i o p a r a
muchas conclusiones físicas v e r d a d e r a s . Y s i t e p a r e c e q u e h a s t a e l
p r e s e n t e a l g u n a proposición s e h a d a d o p o r s u p u e s t a s i n d e m o s t r a -
ción, d e m o m e n t o l a d e j o a t u discreción, l a c u a l — s i está l i b r e d e p e r -
35° Del infinito: el universo y los mundos

t u r b a c i o n e s — a n t e s d e q u e l l e g u e a d e s c u b r i r l a v e r í s i m a l a estimará
m u c h o más p r o b a b l e q u e l a c o n t r a r i a .
ALBERTINO — D i m e , Teófilo, q u e t e e s c u c h o .
FILOTEO — H e m o s d i s u e l t o así t a m b i é n e l s e x t o a r g u m e n t o , el cual
p r e g u n t a b a , a p a r t i r d e l c o n t a c t o d e l o s m u n d o s e n u n p u n t o , qué
podía e n c o n t r a r s e e n a q u e l l o s e s p a c i o s t r i a n g u l a r e s q u e n o f u e r a d e
n a t u r a l e z a celeste n i e l e m e n t a l . P o r q u e n o s o t r o s t e n e m o s u n cielo e n
el q u e los m u n d o s t i e n e n sus espacios, r e g i o n e s y d i s t a n c i a s apropia-
das y q u e se d i f u n d e p o r d o q u i e r , p e n e t r a e lt o d o y esc o n t i n e n t e , c o n -
t i g u o y c o n t i n u o a l t o d o , s i n d e j a r vacío a l g u n o , a n o s e r q u e quieras
l l a m a r vacío — c o m o h i c i e r o n o t r o s m u c h o s — a l c i e l o m i s m o como
sitio y l u g a r e n e l q u e t o d o se m u e v e y espacio d o n d e t o d o d i s c u r r e ;
o b i e n q u i e r a s l l a m a r l o p r i m e r s u j e t o e n t e n d i d o e n e l c i e l o vacío, p a r a
n o hacerle tener lugar e nparte alguna, siquieres ponerlo privativa y
lógicamente c o m o a l g o d i s t i n t o p o r razón y n o p o r n a t u r a l e z a y s u s -
tancia del ente y cuerpo. D e m a n e r a q u e see n t i e n d e q u e n a d a h a y q u e
n o esté e n u n l u g a r o finito o i n f i n i t o , o corpórea o incorpóreamente,
o según e l t o d o o según l a s p a r t e s , e l c u a l l u g a r a fin d e c u e n t a s n o e s
o t r a c o s a q u e e s p a c i o ; e l c u a l e s p a c i o n o e s o t r a c o s a q u e vacío, e l c u a l
(si q u e r e m o s e n t e n d e r l o c o m o u n a c o s a p e r s i s t e n t e ) d e c i m o s q u e es e l
c a m p o etéreo q u e c o n t i e n e l o s m u n d o s ; s i q u e r e m o s c o n c e b i r l o como
a l g o c o n s i s t e n t e , d e c i m o s q u e e s e l e s p a c i o d o n d e están e l c a m p o eté-
r e o y l o s m u n d o s y q u e n o s e p u e d e e n t e n d e r q u e esté a s u v e z e n o t r o
espacio. Ves, pues, c o m o n ot e n e m o s necesidad de imaginar nuevos
e l e m e n t o s y m u n d o s , a l c o n t r a r i o d e q u i e n e s a l a m í n i m a ocasión c o -
m e n z a r o n a n o m b r a r o r b e s d e f e r e n t e s , m a t e r i a s d i v i n a s , p a r t e s más
r a r a s y d e n s a s d e n a t u r a l e z a c e l e s t e , q u i n t a e s e n c i a s y o t r a s fantasías
y n o m b r e s carentes d etoda sustancia y verdad.
A l séptimo a r g u m e n t o r e s p o n d e m o s q u e e l u n i v e r s o i n f i n i t o es
u n o c o m o u n c o n t i n u o y u n c o m p u e s t o d e r e g i o n e s etéreas y m u n d o s
y q u e l o s m u n d o s s o n i n f i n i t o s , l o s c u a l e s d e b e m o s e n t e n d e r q u e están
e n d i f e r e n t e s r e g i o n e s d e l m i s m o p o r l a m i s m a r a z ó n q u e éste e n e l
q u e h a b i t a m o s n o s o t r o s s e e n t i e n d e q u e está e n e s t e e s p a c i o y r e g i ó n ,
según h e r a z o n a d o c o n E l p i n o e n l o s días p a s a d o s , a p r o b a n d o y c o n -
firmando l o q u e d i j e r o n Demócrito, E p i c u r o y o t r o s m u c h o s q u e h a n
c o n t e m p l a d o l a n a t u r a l e z a c o n o j o s más a b i e r t o s y n o s e h a n m a n t e -
n i d o sordos a sus insistentes l l a m a d a s :

Desine quapropter, novitate exterritus ipsa,

expuere ex animo rationem: sed magis acri
 Diálogo V

iudicio perpende, et si tibi vera videtur,

dede manus: aut si falsa est, accingere contra.
Quaerit enim rationem animus, cum summa loci sit
infinita foris haec extra maenia mundi;
quid sit ibi porro, quo prospicere usque velit mens,
atque animi tractus liber quo pervolet ipse.
Principio nobis in cunetas undique partes,
et latere ex utroque, infra supraque per omne,
nulla est finis, uti docui, res ipsaque per se
vociferatur, et elucet natura profundi.* 2

G r i t a c o n t r a e lo c t a v o a r g u m e n t o , q u e p r e t e n d e q u e l a n a t u r a l e z a
se d e t i e n e e n u n c o m p e n d i o , p o r q u e a u n q u e l o e x p e r i m e n t a m o s e n
cada u n o d e los m u n d o s g r a n d e s y pequeños, n o s e v e s i n embargo
e n todos, y aq u e n u e s t r o sentido d el a vista resulta v e n c i d o p o r e l
e s p a c i o i n m e n s o q u e s e p r e s e n t a s i n q u e v e a e l final y q u e d a confun-
dido y superado p o r e l número d e e s t r e l l a s q u e v a multiplicándose
s i e m p r e más y más, d e s u e r t e q u e d e j a i n d e c i s o a l s e n t i d o y o b l i g a a
l a razón a añadir s i e m p r e e s p a c i o a e s p a c i o , región a región, m u n d o
a mundo:

Nullo iam pacto verisimile esseputandum'st,

undique cum vorsum spacium vacet infinitum,
seminaque innúmero numero, summaque profunda
multimodis volitent aeterno percita motu,
hunc unum terrarum orbem, caelumque creatum.
Quare etiam atque etiam tales fateare necesse est
esse olios alibi congressus materiei:
qualis hic est ávido complexu quem tenet aether.* 3

5 2
Lucrecio, op. cit., 11, 1040-1051: «Así pues, deja ya de rechazar de tu mente
mi doctrina, aunque te asuste su novedad, antes sopésala con más penetrante j u -
icio y si te parece verdadera, entrégate, o, si es falsa, cíñete las armas contra ella.
Nuestra mente se plantea, en efecto, una pregunta: siendo infinito el espacio allen-
de estas murallas del mundo, ¿qué hay en aquellas regiones en las que la inteligen-
cia desea hundir su mirada y hacia las que remonta el libre vuelo del espíritu? E n
primer lugar, no hay para nosotros límite en el universo en ninguna dirección, ni
a derecha ni a izquierda, ni arriba ni abajo; te lo demostraré, la realidad misma lo
proclama, y lo hace claro la naturaleza del abismo».
5 3
Ibid., 11, 1052-1056, 1064-1066: «Hemos de considerar, pues, de todo punto
inverosímil que, si el espacio es infinito en todos sentidos y los átomos en número
infinito revolotean de mil maneras en el universo sin fondo, poseídos de eterno
35 2
Del infinito: el universo y los mundos

M u r m u r a contra el noveno argumento, que supone y n o demuestra

q u e a l a potencia activa infinita n oresponde u n a potencia pasiva i n -
finita, q u e u n a m a t e r i a i n f i n i t a n op u e d e ser s u j e t o n i p r e s e n t a r s e un
espacio infinito; y por consiguiente, que n o puede ser proporcionado
e l a c t o y l a acción a l a g e n t e y q u e e l a g e n t e p u e d e c o m u n i c a r t o d o e l
a c t o s i n q u e t o d o e l a c t o p u e d a ser c o m u n i c a d o ( n o cabe e n l a i m a g i -
nación u n a c o n t r a d i c c i ó n m á s p a t e n t e q u e ésta). P o r e s o está m u y b i e n
dicho que

Praeterea cum materies est multa parata,

cum locus est presto, nec res nec causa moratur
ulla, geri debent nimirum et confieri res.
Nunc ex seminibus si tanta est copia, quantam
enumerare actas animantum non queat omnis:
visque eadem et natura manet, quae semina rerum
coniicere in loca quaeque queat, simili ratione
atque huc sunt coniecta: necesse'st confiteare
esse alios aliis terrarum in partibus orbes
et varias hominum genteis, et seda ferarum.™

A l siguiente a r g u m e n t o decimos q u e el c o m e r c i o b u e n o , civil y tal d e

d i f e r e n t e s m u n d o s n o e s más n e c e s a r i o q u e e l q u e t o d o s l o s h o m b r e s
sean u ns o l o h o m b r e , t o d o s los a n i m a l e s u ns o l o a n i m a l . D e j o a u n
l a d o q u e v e m o s p o r experiencia q u e es para b i e n d elos seres vivos d e
este m u n d o q u e l a n a t u r a l e z a h as e p a r a d o p o r m e d i o d e m a r e s y d e
m o n t e s las n a c i o n e s , a las c u a l e s c o m o c o n s e c u e n c i a d e l a d v e n i m i e n -
t o d e l c o m e r c i o p o r a r t i f i c i o h u m a n o n a d a b u e n o s e l e s h a añadido
c o n e l l o , s i n o más b i e n a r r e b a t a d o , d a d o q u e p o r e l c o n t a c t o recípro-
co a n t e s se d u p l i c a n los vicios q u e i n c r e m e n t a r s e p u e d a n las v i r t u d e s .
P o r e s o s e l a m e n t a j u s t a m e n t e e l p o e t a trágico d i c i e n d o :

movimiento, sólo haya sido creado un cielo y un orbe de la T i e r r a [...]. Por lo cual,
una vez más, fuerza es reconocer que hay en otras partes otras combinaciones de
materia semejantes a este mundo que el éter ciñe con ávido abrazo».
Ibid., II, 1067-1076: «Además, cuando hay materia disponible en abundan-
5 4

cia, espacio a discreción y no hay obstáculo ni razón que se oponga, deben, no hay
duda, iniciarse procesos y formarse cosas. Pues bien, si tan grande es el caudal de
átomos que no alcanzaría a contarlos la vida entera de los seres vivientes, y per-
siste en ellos la misma propiedad natural de juntar en cualquier sitio los elemen-
tos, del mismo modo que los agregó en nuestro mundo, necesario es reconocer
que en otras partes deben existir otros orbes de tierras, con diversas razas h u m a -
nas y especies salvajes».
 Diálogo V 353

Bene dissepti foedera mundi

traxit in unum Thessala pinus,
iussitque pati verbera pontum,
partemque metusfierinostri
mare sepositum. 55

A l undécimo s e r e s p o n d e i g u a l q u e a l q u i n t o , p o r q u e c a d a u n o d e l o s
m u n d o s e n e l c a m p o etéreo o c u p a s u e s p a c i o , d e f o r m a q u e n i n g u n o
s e t o c a o c h o c a c o n o t r o , s i n o q u e c o r r e n y están s i t u a d o s a l a d i s t a n c i a
precisa para q u e u n c o n t r a r i o n oseadestruido, sino f o m e n t a d o por
el otro.
A l duodécimo, q u e p r e t e n d e q u e l a n a t u r a l e z a ( m u l t i p l i c a d a p o r
separación y división d e l a m a t e r i a ) n o s e p o n e e n t a l a c t o m á s q u e
p o r l a vía d e l a g e n e r a c i ó n , c u a n d o u n i n d i v i d u o c o m o p a d r e produce
o t r o c o m o h i j o , d e c i m o s q u e t a l cosa n o es u n i v e r s a l m e n t e verdadera,
p o r q u e d e u n a m a s a p o r o b r a d e l S o l eficiente se p r o d u c e n m u c h o s y
diferentes vasos d ediversas f o r m a s e i n n u m e r a b l e s figuras. Además,
s i a c o n t e c e l a destrucción y r e n o v a c i ó n d e a l g ú n m u n d o , l a p r o d u c -
ción d e l o s a n i m a l e s , t a n t o p e r f e c t o s c o m o i m p e r f e c t o s , s i n a c t o d e
generación e n e l p r i n c i p i o , s e p r o d u c e p o r l a f u e r z a y v i r t u d d e l a
naturaleza.
A l d e c i m o t e r c e r o y último, q u e d e l h e c h o d e q u e e s t e m u n d o o
c u a l q u i e r o t r o esperfecto, p r e t e n d e q u e n o ser e q u i e r e n otros m u n d o s ,
d i g o q u e n o s e r e q u i e r e n c i e r t a m e n t e p a r a l a perfección y s u b s i s t e n c i a
d e a q u e l m u n d o , p e r o p a r a l a p r o p i a s u b s i s t e n c i a y perfección d e l u n i -
v e r s o e s n e c e s a r i o q u e s e a n i n f i n i t o s . D e l a perfección, p o r t a n t o , d e
éste o d e a q u é l l o s n o s e s i g u e q u e a q u é l l o s o éste s e a n m e n o s perfectos,
p o r q u e t a n t o éste c o m o a q u é l l o s y a q u é l l o s c o m o éste c o n s t a n d e s u s
partes y s o n , p o r l o q u e a sus m i e m b r o s se refiere, c o m p l e t o s .
ALBERTINO — N o habrá, F i l o t e o , v o z d e p l e b e , indignación del
v u l g o , m u r m u r a c i ó n d e n e c i o s , d e s p r e c i o d e sátrapas, e s t u l t i c i a d e i n -
s e n s a t o s , n e c e d a d d e s a b i d i l l o s , información d e e m b u s t e r o s , l a m e n t o s
d e m a l v a d o s y detracción d e e n v i d i o s o s , q u e m e p r i v e n d e c o n t e m p l a r
tu noble figura y m e r e t r a s e n d e e s c u c h a r t u d i v i n a conversación. P e r -
s e v e r a , F i l o t e o mío, p e r s e v e r a ; n o d e p o n g a s t u ánimo y n o retrocedas

Séneca, Medea, 3 3 5 - 3 3 9 : «Las acertadas leyes de división del mundo las lle-
5 5

vó al caos un pino de Tesalia. H i z o azotar al Ponto y que la mar que algo ajeno
hasta entonces había sido entrara a formar parte de nuestros temores» [trad. de J.
Luque).
354 Del infinito: el universo y los mundos

p o r e l h e c h o d e q u e e l g r a n d e y g r a v e s e n a d o d e l a estúpida i g n o r a n -
cia a m e n a c e e intente destruir t u divina empresa y alto esfuerzo con
m u c h o s a p a r a t o s y a r t i f i c i o s . T e n p o r s e g u r o q u e a l final t o d o s v e r á n
l o q u e y o v e o y r e c o n o c e r á n q u e e s t a n fácil p a r a c a d a u n o alabarte
c o m o difícil p a r a t o d o s enseñarte. T o d o s , s i n o están c o m p l e t a m e n t e
p e r v e r t i d o s , emitirán e n b u e n a c o n c i e n c i a favorable sentencia d et i ,
según s e a i n s t r u i d o c a d a u n o p o r e l m a g i s t e r i o d e l p r o p i o á n i m o , y a
q u e los bienes d e l a m e n t e n olos o b t e n e m o s d e o t r o sitio q u e d el a
m i s m a m e n t e n u e s t r a . Y p u e s t o q u e e n l o s ánimos d e t o d o s h a y una
cierta santidad n a t u r a l q u e , sita e n el alto t r i b u n a l del intelecto, ejerci-
t a e l j u i c i o d e l b i e n y d e l m a l , d e l a l u z y d e l a s t i n i e b l a s , ocurrirá q u e
l a s r e f l e x i o n e s p r o p i a s d e c a d a u n o suscitarán fidelísimos e íntegros
testigos y defensores d e t u causa. D e esta m a n e r a , si n o se t e h a c e n
amigos, sino que prefieren perseverar indolentemente como obstina-
dos adversarios tuyos en defensa d el aturbia ignorancia y d e recono-
c i d o s s o f i s t a s , sentirán e n sí m i s m o s e l v e r d u g o y e j e c u t o r vindicator
t u y o , e l c u a l l o s atormentará t a n t o más c u a n t o más l o o c u l t e n e n l a
p r o f u n d i d a d d e s u p e n s a m i e n t o . Así, e l g u s a n o infernal, salido d e
l a rígida c a b e l l e r a d e l a s Euménides, v i e n d o f r u s t r a d o e l p r o p i o
d e s i g n i o e n c o n t r a t u y a , s e volverá a l t i v o c o n t r a l a m a n o o e l p e c h o d e
s u i n i c u o a c t o r y l e causará l a m u e r t e q u e p u e d e i n f l i g i r q u i e n d e r r a m a
el v e n e n o estigio e n q u e los afilados dientes d e tal sierpe h a n m o r d i d o .
Continúa haciéndonos c o n o c e r qué e s v e r d a d e r a m e n t e e l cielo,
qué s o n v e r d a d e r a m e n t e l o s p l a n e t a s y l o s a s t r o s t o d o s ; c ó m o están
s e p a r a d o s l o s u n o s d e l o s o t r o s l o s m u n d o s i n f i n i t o s ; cómo n o e s i m p o -
s i b l e , s i n o n e c e s a r i o , u n e s p a c i o i n f i n i t o ; cómo t a l e f e c t o i n f i n i t o c o n -
v i e n e a l a c a u s a i n f i n i t a ; cuál e s l a v e r d a d e r a s u s t a n c i a , m a t e r i a , a c t o y
e f i c i e n t e d e l t o d o ; c ó m o t o d a c o s a s e n s i b l e y c o m p u e s t a está f o r m a d a
p o r los m i s m o s p r i n c i p i o s y e l e m e n t o s . H a z t r i u n f a r e l c o n o c i m i e n t o
del u n i v e r s o infinito. Rasga lassuperficies cóncavas y c o n v e x a s que
l i m i t a n p o r d e n t r o y p o r f u e r a t a n t o s e l e m e n t o s y c i e l o s . H a z ridículos
los o r b e s d e f e r e n t e s y las estrellas fijas. R o m p e y tira por tierra con el
e s t r u e n d o y t o r b e l l i n o d e vivas r a z o n e s estas m u r a l l a s diamantinas
d e l p r i m e r móvil y d e l a c o n v e x i d a d última r e c o n o c i d a s por e l ciego
v u l g o . D e s t r u y a s e e l q u e e s t a t i e r r a s e a c e n t r o único y v e r d a d e r o . Eli-
m i n a l a i n n o b l e f e e n e s a q u i n t a e s e n c i a . D a n o s l a c i e n c i a d e l a idéntica
composición d e e s t e a s t r o n u e s t r o y m u n d o y c u a n t o s o t r o s a s t r o s y
m u n d o s p o d a m o s ver. A l i m e n t e y v u e l v a a a l i m e n t a r c o n sus sucesio-
n e s y órdenes c a d a u n o d e l o s i n f i n i t o s m u n d o s g r a n d e s y e s p a c i o s o s
a o t r o s i n f i n i t o s m e n o r e s . A n u l a l o s m o t o r e s extrínsecos j u n t o c o n l o s
 Diálogo V 355

límites d e e s t o s c i e l o s . Á b r e n o s l a p u e r t a p o r l a q u e v e a m o s l a i n d i f e -
r e n c i a d e e s t e a s t r o c o n r e s p e c t o a l o s demás. M u e s t r a l a c o n s i s t e n c i a
d e l o s o t r o s m u n d o s e n e l éter idéntica a l a d e éste. H a z p a t e n t e que
e l m o v i m i e n t o d e t o d o s p r o v i e n e d e l a l m a i n t e r i o r , a fin d e q u e con
l a l u z d e u n a contemplación t a l p r o c e d a m o s al conocimiento dela
n a t u r a l e z a c o n p a s o s más s e g u r o s .
FILOTEO — ¿ C ó m o h e m o s de i n t e r p r e t a r , E l p i n o , q u e el doctor B u r -
q u i o n o h a y a p o d i d o d a r n o s s ua s e n t i m i e n t o n i t a n p r o n t o n i n u n c a ?
ELPINO — E s propio de u n ingenio n o d o r m i d o poder considerar y
c o m p r e n d e r m u c h o c o n p o c o q u e s e h a y a v i s t o y oído.
ALBERTINO — A u n q u e hasta ahora n o m e haya sido concedido ver
todo e lcuerpo del l u m i n o s o planeta, puedo sin embargo vislumbrar
p o r l o s r a y o s q u e d i f u n d e a través d e l o s e s t r e c h o s a g u j e r o s d e l a s
cerradas ventanas d e m i intelecto q u e esto n o es resplandor d e linter-
n a a r t i f i c i o s a y sofística, n o e s d e L u n a n i d e o t r a e s t r e l l a m e n o r . P o r
e s o m e a p r e s t o a u n a m a y o r comprensión e n e l f u t u r o .
FILOTEO — G r a t í s i m a será t u compañía.
ELPINO — V a y a m o s a h o r a a cenar.

COPIA CON FINES

EDUCATIVOS

C. D . A .
 ÍNDICE

ESTUDIO INTRODUCTORIO VII

G i o r d a n o B r u n o , el filósofo d e l infinito ix
Vida y obra xi
Infancia y juventud napolitanas (1548-1576) XII
Peregrinaje por el norte de Italia y partida al exilio.
Estancias en G i n e b r a y T o u l o u s e (1576-1581) XIV
P r i m e r a estancia e n París (1581-1583) XVI
E s t a n c i a en Inglaterra (1583-1585) XVIII
Segunda estancia en París (1585-1586) XXI
E s t a n c i a de B r u n o en A l e m a n i a (1586-1591) XXIII
Regreso a Italia, d e n u n c i a a la Inquisición y proceso
en V e n e c i a y R o m a . C o n d e n a y ejecución (1591-1600) XXXI
Pensamiento xxxvn
1584: la segunda venida de C r i s t o y el fin del m u n d o XXXIX
Los diálogos italianos de G i o r d a n o B r u n o (1584-1585):
una alternativa distinta a la crisis XLIII
L a cena de las cenizas XLIV
D e la causa, el principio y el uno XLVII
Del infinito: el universo y los m u n d o s LUI
Expulsión de la bestia triunfante LVI
C a b a l a del caballo Pegaso LXVIII
Los heroicos furores LXXI
Nota sobre la presente edición LXXV
Cronología LXXVII
Glosario LXXXI
Bibliografía selecta ci

357
LA CENA DE LAS CENIZAS 1

Epístola p r o e m i a l 5
Diálogo primero T
3
Diálogo segundo 3 1

Diálogo tercero 5 1

Diálogo cuarto 75
Diálogo quinto 9 1

DE LA CAUSA, EL PRINCIPIO Y EL UNO I 1 1

Epístola p r o e m i a l 1 l
i
Diálogo primero 7
I 2

Diálogo segundo '47

Diálogo tercero 5
I D

Diálogo cuarto
Diálogo quinto 2
°7

DEL I N F I N I T O ! EL UNIVERSO Y LOS MUNDOS 223

Epístola p r o e m i a l 5
2 2

Diálogo primero 2
43
Diálogo segundo 2 0 1

Diálogo tercero 2
°7
Diálogo cuarto 3 1 1

Diálogo quinto 3 9 2

358
 © De la traducción y las notas de La cena de las cenizas;
De la causa, el principio y el uno y Del infinito: el universo y los mundos:
Miguel Ángel Granada Martínez.
© Del estudio introductorio: Miguel Ángel Granada Martínez, 2011.
© De esta edición: EDITORIAL GREDOS, S.A., 2014.
López de Hoyos, 141 - 28002 Madrid
www.editorialgredos.com
© RBA CONTENIDOS EDITORIALES Y AUDIOVISUALES S.A.U., 2014.
Avda. Diagonal 189 - 08018 Barcelona.
www.rba.es
© De esta edición, RBA COLECCIONABLES, S.A., 2014.
Avda. Diagonal 189 - 08018 Barcelona.
www.rbacoleccionables.com
ED1TEC • FOTOCOMPOSICIÓN
RODESA • IMPRESIÓN
Depósito legal: B-10011-2015
ISBN: 978-84-473-7877-7
Impreso en España - Printed in Spain.
Reservados todos los derechos.
Prohibido cualquier tipo de copia.
 Bruno luchó incansablemente
por la dignidad del hombre,
defendiendo su libertad, la
tolerancia, el derecho que
tiene el hombre a defender
sus propias ideas en cualquier
país, a decir lo que piensa sin
constricciones impuestas por
ninguna barrera ideológica.

Francés A . Y a t e s

VERSION ELECTRONICA PARA FINES EDUCATIVOS

G R A N D E S P E N S A D O R E S