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Coordenação do Desenvolvimento dos Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Conteúdos Programáticos e dos Cadernos dos Arte: Geraldo de Oliveira Suzigan,


Professores Gisa Picosque, Mirian Celeste Ferreira
Ghisleine Trigo Silveira Dias Martins e Sayonara Pereira

Coordenação de Área para o Desenvolvimento Educação Física: Adalberto dos Santos Souza,
dos conteúdos Programáticos e dos Cadernos Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches
dos Professores Neto, Mauro Betti, Sérgio Roberto Silveira

Ciências Humanas e suas Tecnologias: LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges,
Angela Corrêa da Silva e Paulo Miceli Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo
Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama
Ciências da Natureza e suas Tecnologias:
Luis Carlos de Menezes Língua Portuguesa: Débora Mallet Pezarin de
Governador Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: Marques López Landeira e João Henrique
José Serra Alice Vieira Nogueira Mateos
Vice-Governador Matemática:
Alberto Goldman Nilson José Machado Matemática
Matemática: Carlos Eduardo de Souza Campos
Secretária da Educação Autores Granja, José Luiz Pastore Mello, Nilson José
Maria Helena Guimarães de Castro Machado, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Secretária-Adjunta Pietropaolo e Walter Spinelli
Filosofia: Adilton Luís Martins e Paulo Miceli
Iara Gloria Areias Prado Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Caderno do Gestor
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Chefe de Gabinete Zuleika de Felice Murrie
de Araújo e Sérgio Adas
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História: Diego López Silva, Glaydson José da Consulta à rede sobre experiências exitosas
Coordenador de Estudos e Normas Silva, Mônica Lungov Bugelli, Paulo Miceli e
Pedagógicas Raquel dos Santos Funari Lourdes Athiê e Raquel B. Namo Cury
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Ciências da Natureza e suas Tecnologias
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Coordenação Executiva: Beatriz Scavazza
Metropolitana da Grande São Paulo Trigo Silveira, Maria Augusta Querubim Rodrigues
Luiz Candido Rodrigues Maria Pereira, Olga Aguilar Santana, Rodrigo Venturoso Assessores: Alex Barros, Beatriz Blay, Denise
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Ciências: Cristina Leite, João Carlos Thomaz
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Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisboa,
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Desenvolvimento da Educação – FDE e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues
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Lino de Macedo
Luis Carlos de Menezes
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São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
Diretor de Gestão de Tecnologias S239c Caderno do professor: arte, ensino fundamental - 5ª série, 2º bimestre /
aplicadas à Educação: Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Mirian
Guilherme Ary Plonski Celeste Ferreira Dias Martins, Gisa Picosque, Sayonara Pereira, Geraldo de
Oliveira Suzigan. – São Paulo: SEE, 2008.
Coordenadoras Executivas de Projetos:
Beatriz Scavazza e Angela Sprenger
ISBN. 978-85-61400-94-1

APOIO 1. Arte 2. Ensino Fundamental 3. Estudo e ensino. I. Fini, Maria Inês. II.
CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas Martins, Mirian Celeste Ferreira Dias. III. Picosque, Gisa. IV. Pereira,
Pedagógicas Sayonara. V. Suzigan, Geraldo de Oliveira. VI. Título.
FDE – Fundação para o Desenvolvimento da CDU: 373.3:7
Educação

matéria: artes série: 5a bimestre: 2a segunda prova data: 1/05/08


caderno do
PROFESSOR

ARTE
ensino fundamental

5ª SÉRIE
2º bimestre - 2008

matéria: artes série: 5a bimestre: 2a segunda prova data: 1/04/08


ITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
O ESPAÇO NA LINGUAGEM DA MÚSICA:
CORRELAÇÕES POTENCIAIS

Relembrando o que já foi trabalhado sobre durante a audição ajudam-nos na percepção,


a tridimensionalidade na música e também nas pois, além de conceituar a diferença entre ou-
artes visuais, na dança e no teatro, podemos vir/escutar, estamos também ampliando o re-
partir para um apuramento da escuta. Em co- pertório dos alunos, com obras com as quais
nexões possíveis com a questão do espaço na eles não têm contato no dia-a-dia.
música, propomos a audição comparativa en-
tre duas gravações da mesma obra, ampliando Podemos trabalhar com a música Cravo e
a percepção de melodias e harmonias. Uma canela, de Milton Nascimento e Ronaldo Bas-
delas traz a gravação do autor mantendo as tos, fazendo a experiência de escuta com duas
características de quando foi composta e a versões da música.
outra, com uma re-harmonização de outro ar-
ranjador e com outro intérprete. Como contato com a primeira versão, po-
demos escutar a Faixa 6 do CD Clube da Es-
Antes, entretanto, podemos problematizar: quina, com o violão tocando uma seqüência
Qual a diferença entre ouvir e escutar? Quais de acordes (harmonia) de uma música.
as hipóteses dos alunos? Para isso, é funda-
mental criar um ambiente de cooperação en- Sem contarmos aos alunos a qual música
tre os alunos para que seja possível ficar em esses acordes pertencem, vamos convidá-los a
silêncio para escutar com atenção. Anotações escutar um pequeno trecho da gravação, so-

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matéria: artes série: 5a bimestre: 2a segunda prova data: 1/05/08


Arte – 5ª série, 2º bimestre

mente com acordes de violão, no ritmo da pelo Tom da Terra8 (Faixa 6), com a melodia
música, para que tentem descobrir de qual cantada por oito vozes.
música é.
Após cada escuta, podemos problematizar
Depois de levantar algumas hipóteses, pas- os alunos com questões sobre cada evento so-
samos a escutar um segundo trecho, somente noro que perceberam.
o início da gravação, com a música harmo-
nizada em vozes (Ahh) entoando os acordes Tempo previsto: 1 a 2 aulas.
(harmonia), com bateria e percussão, ainda
sem contar que música é (Faixa 6 do CD Gru-
po Tom da Terra).
linguagens artísticas
Assim preparados, podemos oferecer as
duas versões de Cravo e canela, com o obje-
tivo de escutar os sons criados pelos instru- o espaço na linguagem da música
mentos e vozes, tentando identificar quando
a mesma melodia em diversas
acontece só a melodia e quando melodia re-harmonizações tonais e
e acordes são simultâneos na gravação de modais; percepção harmônica.
Milton Nascimento e Lô Borges7 (Faixa 6),
e comparar com a mesma música gravada

7
NASCIMENTO, Milton; BASTOS, Ronaldo. Cravo e canela. Intérpretes: Milton Nascimento e Lô Borges. In:
Boxe Clube da esquina. v. 1 (3 CDs). Faixa 6. Emi-Music Brasil Ltda., 2007. <http://www.emimusicbrasil.com.
br>. Ficha técnica: violão, Toninho Horta; guitarra, Tavito; piano, Wagner Tiso; bateria, Robertinho Silva;
baixo acústico, Luiz Alves; percussão, Lô Borges, Beto Guedes, Robertinho Silva e Luiz Alves.
8
NASCIMENTO, Milton; BASTOS, Ronaldo. Cravo e canela. Intérprete: Grupo Tom da Terra (cantam,
Fafá Couto, Sueli Gondim, Claudia Ferrete, Nadir Cândido, Paulo Campos, Rubinho Ribeiro, Luis Bastos e
Ricardo Gomes; solo vocal, Claudia Ferrete). In: Grupo Tom da Terra. Faixa 6. Movieplay, 1996. <http://www.
movieplay.com.br>. Ficha técnica: arranjo vocal, Maestro Tasso Rangel; piano e teclado, Lis de Carvalho;
regência e teclados, Tasso Rangel; bateria, André Melo; baixo elétrico, Bira de Castro; percussão, Luiz Rabello
e Gambier; violão e viola, Natan Marques; violão, Edmilson Capelupi.

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matéria: artes série: 5a bimestre: 2a segunda prova data: 1/04/08


CARPEAUX, Otto Maria. História da ANDRADE, Farnese de. <http://www.
música – da Idade Média ao século XX. Rio revistamuseu.com.br/galeria.asp?id=5910>.
de Janeiro: Ediouro, 2001.
ARTE-EDUCAÇÃO-CULTURA. <http://
COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil www.rizomacultural.com.br>.
1950-2000: movimentos e meios. São Paulo:
Alameda, 2004. BASTOS, Ronaldo. <http://cliquemusic.uol.
com.br/artistas/ronaldo-bastos.asp.
FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira hoje. São
Paulo: Publifolha, 2002. BORGES, Lô. <http://www.loborges.com>.

FERNANDES, Sílvia; AUDIO, Roberto ENCICLOPÉDIA DE ARTES VISUAIS.


(orgs.). BR-3. São Paulo: Perspectiva: <http://www.itaucultural.org.br/index.
EDUSP, 2006. cfm?cd_pagina=2690>.

GARAUDY, Roger. Dançar a vida. Rio de GRUPO CORPO. <http://www.grupocorpo.


Janeiro: Nova Fronteira, 1989. com.br>.

GOMBRICH, E.H. História da arte. Rio de MATERIAL EDUCATIVO PARA


Janeiro: LCT, 2000. PROFESSOR PROPOSITOR. <http://www.
artenaescola.org.br>.
KRAUSS, Rosalind E. Caminhos da escultura
moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1998. NASCIMENTO, Milton. <http://www2.uol.
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MAGALDI, Sábato. Panorama do teatro
brasileiro. São Paulo: Global, 1997. OITICICA, Hélio. <http://www.niteroiartes.
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MANGE, Marilyn Diggs. Arte brasileira para
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net/bauhaus/oskar-schlemmer.html> e
RATTO, Gianni. Antitratado de cenografia: <http://www.pucsp.br/pos/cos/budetlie/tec13.
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(Coleção Primeiros Passos). TRIDIMENSIONALIDADE NA
ARTE BRASILEIRA DO SÉCULO
TUCKER, William. A linguagem da XX. <http://www.itaucultural.org.br/
escultura. São Paulo: Cosac&Naify, 1999. tridimensionalidade>.

Sites de artistas e sobre arte


Os sites abaixo foram acessados em 5 nov.
2007:

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matéria: artes série: 5a bimestre: 2a segunda prova data: 1/05/08


Ready-made – Expressão cunhada por Mar- Nova Iorque e que foi destruída em 1999. No
cel Duchamp, significando objeto pronto. Em Brasil, são exemplos as obras de Nelson Felix,
vez de criar um novo objeto, ele se apropriava Carlos Fajardo, Carmela Gross, Nuno Ra-
de objetos produzidos em série pela indústria, mos, entre outros.
modificando-os. Esse conceito introduz o co-
tidiano na arte. Web art – É uma expressão ainda em defi-
nição. Tem sido usada para designar trabalhos
Site specific – O termo “sítio específico” re- disponíveis em sites da internet que disponibi-
fere-se a obras que são criadas a partir de um lizam um canal de experiências visuais, sono-
espaço determinado. São obras planejadas, ras ou temporais com o visitante. A navegação
integradas ao meio circundante, freqüente- torna-se uma experiência singular, que pode
mente como fruto de um convite. Conecta-se ser cômica, hermética, insólita, repetitiva,
com a idéia de arte ambiente e com a land art labiríntica, estética etc. Alguns fatores estão
(arte da terra) e a arte pública. Algumas obras presentes ou são renegados pelos artistas da
de Richard Serra são deste modo definidas web art, como estrutura de hipertexto, instan-
por ele, como Tilted arc (1981), que criou uma taneidade, interatividade, imaterialidade, al-
gigantesca “parede” de aço em uma praça em cance mundial reprodutibilidade infinita.

ARTISTAS CITADOS

Farnese de Andrade (Araguari, MG, 1926 sobre artes plásticas. O registro escrito de suas
-Rio de Janeiro, 1996) – Pintor, escultor, de- reflexões sobre arte e sua produção torna-se
senhista, gravador e ilustrador. Viveu em um hábito, nunca abandonado. Participou do
Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. A par- Grupo de Frente (1955-56) e, a partir de 1959,
tir de 1964, passa a transformar os restos de integrou o Grupo Neoconcreto. Abandonou
madeira e brinquedos que coletava junto com os trabalhos bidimensionais, interessando-se
conchas e detritos vindos do mar em obras de por outras formas de expressão, procurando
arte, criando assemblages. As primeiras caixas retirar a pintura do quadro e levá-la para o
de Farnese já misturam bonecos destruídos, espaço: cria relevos espaciais, bólides e pene-
mariscos, cacos e bolas de vidro. Embora te- tráveis. Em 1964, começa a criar as chamadas
nha sido muitas vezes chamado de escultor, o manifestações ambientais. O Parangolé (capas,
artista nada esculpia, apenas dava tratamento tendas e estandartes) é a primeira obra total-
ao mobiliário mineiro de roça que adquiria mente influenciada pela experiência do artista
em fontes diversas (antiquários, feiras e depó- na favela da Mangueira. A idéia de partici-
sito de demolição), misturando-o à “coleção pação do espectador encontrou aí toda sua
de restos” que reunia nas praias e até mesmo força, uma vez que os parangolés eram para
na rua. As imagens de santos também são um ser vestidos, usados e, de preferência, o parti-
elemento recorrente em sua obra. cipante deveria dançar com eles.

Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 1937-1980) Lô Borges (Belo Horizonte, 1952) – Músi-
– Pintor, escultor, artista plástico e perfor- co, compositor e cantor brasileiro. Integran-
mático, estudou pintura e desenho com Ivan te da geração de compositores mineiros que
Serpa e, em 1954, escreveu seu primeiro texto marcou presença na música popular nas déca-

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matéria: artes série: 5a bimestre: 2a segunda prova data: 1/05/08


Arte – 5ª série, 2º bimestre

das de 1970 e 1980, estreou aos 19 anos, junto tivas do corpo do ator-dançarino. Máscaras e
com Milton Nascimento, no disco Clube da aparatos de cena muitas vezes constringiam
esquina (1971), em que compôs, cantou e to- o livre movimento, exigindo novas posturas
cou instrumentos. Em 1978, novamente com diante da atuação e do corpo.
Milton Nascimento, lançou o álbum Clube da
esquina 2. Peter Brook (Londres, Inglaterra, 1925) –
Diretor de teatro e cinema. Como diretor e
Marepe, Marcos Reis Peixoto (Santo An- teórico, é referência obrigatória para a com-
tônio de Jesus, BA, 1970) – Seu trabalho man- preensão do teatro do século XX. Quando,
tém uma estreita ligação com a vida cotidiana, nos anos 1960, passa a ser diretor da Royal
conectado à cultura popular e aos materiais Shakespeare Company, Brook torna-se céle-
que são refugos do consumo ou de uso coti- bre no mundo do teatro com suas adaptações
diano. Participou da 27ª Bienal de São Paulo, dos clássicos shakespearianos, como Rei Lear
da Bienal de Veneza, além de expor em outros (1962). Nesse mesmo ano, adapta ao cinema
importantes centros de arte contemporânea. o romance O senhor das moscas, de William
Golding. Muitas de suas obras dramáticas fo-
Milton Nascimento (Rio de Janeiro, 1942) – ram levadas ao cinema. Suas instigantes idéias
Músico, compositor e cantor brasileiro. Nas- estão traduzidas no Brasil em três livros: O
ceu no Rio de Janeiro e foi para Minas Gerais teatro e seu espaço, Ponto de mudança e Fios
muito cedo, por isso se diz mineiro. Adoles- do tempo. Atualmente, pesquisa as origens do
cente, formou seu primeiro conjunto e, desde teatro à frente do seu próprio centro de estudo
então, sua vida esteve ligada à música. Em em Paris, o Centro Internacional para a Inves-
1966, tem sua primeira composição, Canção tigação Teatral, e nas suas viagens à África,
do Sal, gravada por Elis Regina. No ano se- onde observa as representações cênicas popu-
guinte, obtém o segundo lugar no II Festival lares.
Internacional da Canção, com Travessia, ob-
tendo repercussão nacional. Décadas depois, Ronaldo Bastos (Niterói, RJ, 1948) – Com-
Milton Nascimento é um dos artistas brasi- positor, desde menino tem um fascínio pe-
leiros mais conhecidos e respeitados no exte- los grandes sambistas cariocas. Ainda muito
rior. Entre os inúmeros discos gravados estão garoto, escreve marchinhas de carnaval com
Milagre dos Peixes, Minas, Geraes, Clube da seus amigos de escola, inspirado no compo-
Esquina, Yauaretê, Txai e Ângelus.. É sua a sitor Heitor dos Prazeres. No final da década
composição Coração de Estudante (Milton/ de 1960, conhece Milton Nascimento durante
Wagner Tiso), que se tornou hino das Diretas- o espetáculo Rosa de ouro, no Teatro Jovem,
Já, assim como Menestrel das Alagoas (Mil- no Rio de Janeiro. A primeira composição em
ton/ Fernando Brant), composta em respeito que fez a letra para Milton foi Três Pontas,
à luta do senador Teotônio Vilela pela demo- dando início a uma rica e criativa parceria,
cracia durante o regime militar. de onde nasceram alguns clássicos da MPB,
como Cravo e canela, Fé cega, faca amolada e
Oskar Schlemmer (Stuttgart, Alemanha, Nada será como antes.
1888 - Baden-Baden, Alemanha, 1943) –
Pintor, começou a dar aulas na Bauhaus em Tablado de Arruar – Fundado em 2001,
1920, como diretor da oficina de escultura, o grupo paulista surgiu com o propósito de
envolvendo-se também com a oficina de metal pesquisar o teatro de rua. O espetáculo ini-
temporariamente, assumindo, depois, a dire- cial, A farsa do monumento, estreou em 2002
ção de arte teatral. Em 1922, estréia o seu Balé na Mostra Oficial de Teatro Contemporâneo
triádico que, como os posteriores, tem rotei- do Festival de Curitiba e, desde então, ganhou
ro gráfico detalhado. Seus figurinos também destaque, com apresentações sempre em par-
buscavam extrair novas possibilidades percep- ques, ruas e praças de várias cidades.

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matéria: artes série: 5a bimestre: 2a segunda prova data: 1/04/08


Teatro da Vertigem – A companhia teatral formou em um teatro-pista, com parede de
paulista teve início em 1992. Uma de suas ca- vidro e teto móvel.
racterísticas marcantes é a utilização de espa-
ços não-convencionais para a montagem dos Théâtre du Soleil – Foi fundado em 1964
espetáculos. Igreja, hospital e presídio foram por Ariane Mnouchkine, junto com alguns co-
escolhidos como locais, que ajudavam na legas da Sorbonne. Em 1970, a trupe instalou-
discussão temática levada a efeito nas mon- se no Bosque de Vincennes, na Cartoucherie,
tagens. Por meio dessa ressignificação de es- uma antiga fábrica de munição do exército
paços públicos, o Teatro da Vertigem sempre francês, nos arredores de Paris. Partindo da
procurou criar intervenções que trouxessem idéia de companhia semelhante a uma tribo
uma outra experiência na relação entre o te- ou família, Ariane Mnouchkine estabeleceu a
atro e a cidade. ética do Soleil a partir de regras elementares:
as funções confundem-se, todos recebem o
Teatro Oficina – Foi fundado em 1958 mesmo salário e, em cena, a distribuição de-
por um grupo de alunos da Escola de Di- finitiva só é decidida depois de vários atores
reito do Largo de São Francisco, sendo um terem passado por diversos papéis.
deles José Celso Martinez Corrêa, hoje o
principal diretor e responsável pela forma- Tom da Terra – Grupo vocal criado em 1991
ção de centenas de atores. O Teatro Oficina sob a direção do maestro e arranjador Tasso
distinguiu-se por ter absorvido, na década Rangel, é composto por Fafá Couto, Sueli
de 1960, toda a experiência cênica interna- Gondim, Vera Veríssimo, Iara Negrete, Pauli-
cional. Foi na companhia que surgiram os nho Campos, Rubinho Ribeiro, Luiz Bastos e
princípios do que ficaria conhecido na cul- Ricardo Moreno. O Tom da Terra lançou seu
tura brasileira como Tropicalismo. O grupo primeiro CD em 1996, com o qual obteve uma
tem uma trajetória que ultrapassa os limites indicação ao prêmio Sharp de Melhor Grupo
estéticos, passando por várias formas de in- de MPB. O grupo já acompanhou grandes no-
terpretação, gestão e arquitetura, já que o mes da música brasileira, como Milton Nasci-
atual espaço do Teatro Oficina foi projetado mento, Edu Lobo, Paulo Moura e Orquestra
pela arquiteta Lina Bo Bardi, que o trans- Jazz Sinfônica, entre outros.

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matéria: artes série: 5a bimestre: 2a segunda prova data: 1/05/08


caderno do
PROFESSOR

ARTE
ensino fundamental

6ª SÉRIE
2º bimestre - 2008

matéria: artes série: 7a bimestre: 2a primeira prova data: 16/04/08


matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08
ITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
A LINHA E A FORMA COMO REGISTRO NA MÚSICA
NO TERRITÓRIO DE FORMA-CONTEÚDO

O pensar sobre as possibilidades de criar tes para aprofundar a questão: quando fo-
partituras, já realizado no Caderno da 6ª ram produzidas as primeiras partituras de
Série do 1º Bimestre, prepara os estudan- música?

Podemos começar com a leitura das seguintes imagens:

Fig. 13 – Notações musicais.

32

matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


Arte – 6ª série, 2º bimestre

O que os estudantes reconhecem nessas linhas e espaços (a partitura da primeira ima-


notações musicais? Percebem que são linhas gem). A segunda imagem é a da mais antiga
e formas utilizadas para criar a partitura? representação gráfica de música conhecida,
Que contato já tiveram com esse tipo de par- que foi gravada em uma lápide encontrada
titura? Será que algum aluno toca algum ins- perto de Aidin, na Turquia (próximo a Éfeso).
trumento? Podemos ver a tradução dessa representação
gráfica em notação musical convencional na
Depois dessa conversa, você pode ampliar partitura da terceira imagem.
as informações sobre a representação gráfica
da música, que começou a ser desenvolvida Sugerimos iniciar com uma partitura sim-
há mais de mil anos atrás. O mais utilizado ples, que pode ser vista (Fig. 14a) e cantada
atualmente é o sistema gráfico ocidental, que (Faixa 1 do CD Educação em Arte Música –
utiliza símbolos escritos em uma pauta com Volume 2: Vocalise nº 89).

G4
Fig. 14a – Partitura de Vocalise nº 8.

Na figura acima, podemos pedir aos alu- As informações abaixo são apenas para
nos para que descubram os diversos códigos ampliar o repertório dos alunos. Só serão
da notação musical que aparecem nela. O que aprofundadas se você for um professor de mú-
eles percebem? Quais as suas hipóteses sobre a sica e puder dar maiores exemplos. Caso con-
função desses signos? trário, indique apenas que cada signo contém
informações para a leitura e a interpretação.

É a figura semínima, também chamada de ¿JXUD (para saber


mais, vá ao final deste Caderno, onde mostramos como foram for-
madas as figuras musicais). Ao seu lado, aparece a SDXVDGH¿JXUD
 (semínima) que representa o silêncio com a mesma duração dela.
É a ¿JXUD(colcheia) – tem valor de duração igual à metade da ¿-
JXUD(semímina). Ao seu lado direito, aparece a pausa de colcheia
que representa o silêncio com a mesma duração dela.
Os dois Q~PHURV que aparecem um sobre o outro indicam que
entre as barras do compasso cabem quatro ¿JXUDV (semínimas).
Os dois números 4 que aparecem um sobre o outro indicam que
entre as barras do compasso cabem quatro ¿JXUDV (semínimas) ou
oito ¿JXUDV(colcheias), que valem a metade da ¿JXUD (semínima).

9
Vocalise nº 8. Gravação extraída de um dos dois CDs que acompanham o livro: GOULART, Diana; COOPER,
Malu. Por todo canto: método de técnica vocal – 40 vocalises para música popular. São Paulo: G4, 2002.

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


A indicação da velocidade em que a música deve ser executada. Isso
indica que FDGD¿JXUD (semínima) deve durar 1/120 de um minu-
to. Ou seja, QXPPLQXWRSRGHUmRVHUWRFDGDV¿JXUDV.
As letras que representam as cifras da harmonia são letras que fo-
ram criadas, inicialmente, para representar cada uma das sete notas
musicais. Depois, foram utilizadas para representar um acorde de
três sons, as tríades. Estão organizadas a partir da nota lá:
A = lá B = si C = dó D = ré E = mi F = fá G = sol
A clave de sol – serve para dar nomes às notas, como veremos a
seguir.

Fig. 14b – Quadro explicativo da partitura de Vocalise nº 8

São sete as notas musicais: dó, ré, mi, fá, (Fig. 15). No vídeo, as notas aparecem confor-
sol, lá e si. Elas representam os sons, que me a música vai sendo tocada (similar ao que já
variam do grave para o agudo e vice-versa. vimos no Caderno da 5ª Série, 1º Bimestre).
Para ouvir o som das sete notas, coloque a
Faixa 2 do do CD Educação em Arte Música Indica o nome das notas
– Volume 2.
Clave de sol na segunda linha: a nota na
A duração de cada som é representada segunda linha é sol
por figuras musicais que são apresentadas
dentro de uma medida de espaço chamada
compasso, que organiza a seqüência de figu-
ras num texto musical.

O que os alunos sabem sobre as claves? Elas


servem para indicar o nome das notas e a altu- Clave de dó na segunda linha: agora, a
ra (mais grave ou mais aguda) de seus sons. nota na segunda linha é dó
Uma animação de uma partitura foi prepa-
rada especialmente para este Caderno. Nela,
podemos ver as notas passeando pela tela en-
quanto a música é tocada. Será que dá para es-
cutar a música e acompanhar as notas que estão Clave de fá na terceira linha: neste caso, a
escritas na partitura? nota na terceira linha é fá
Vamos acompanhar, assistindo ao vídeo
IM.110, especialmente criado para você e seus
alunos, com a partitura animada da música Ô
Abre Alas, composição de Chiquinha Gonzaga

10
Vídeo com partitura animada da música Ô Abre Alas, composição de Chiquinha Gonzaga. Animação produzida
por Geraldo Suzigan. Fonte: G4 Editora – Copyright © 2007 by G4 Editora Ltda. ® São Paulo, Brazil, All
Rights Reserved. International Copyright Secured. Printed In Brazil g4editora@tons.com.br <http://www.tons.
com.br>. Cedida gratuitamente para ser usada anexa a este Caderno.

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


Arte – 6ª série, 2º bimestre

Após ver o vídeo com a partitura animada, gravação preparada especialmente para isso.
propomos a observação de uma partitura sim- A tonalidade da música é adequada para a
ples escrita para piano e violão, da música Ca- extensão das vozes deles (Faixa 3, com me-
ranguejo, do folclore brasileiro (Fig. 16). lodia, e Faixa 4, só o acompanhamento, com
linha-guia da melodia para cantar – CD Edu-
Os alunos já viram uma tablatura para vio- cação em Arte Música – Volume 211).
lão ou guitarra?
A letra que está disponível no encarte do
São “carimbos” que mostram onde os de- CD Educação e Arte – Volume 2 pode ser es-
dos devem apertar as cordas para formar os tudada e analisada pelos alunos, identifican-
acordes. Isso pode ser visto na parte final da do palavras que não conhecem, num trabalho
figura 16. interdisciplinar com a disciplina de Língua
Portuguesa. Com História, podemos citar um
E uma partitura completa de orquestra, problema que ocorreu com um verso da letra
chamada pelos músicos de “grade de or- na época da primeira gravação da música:
questra” (Fig. 17), você já viu? “Terra do samba e do pandeiro”12.

Os alunos ficarão espantados com tan- Explorar o canto, sem acompanhamento


tas linhas e notas? Em cada uma das linhas de orquestra, é um ponto importante para
está escrito o que um grupo de instrumentos que os alunos possam perceber a sonoridade
deve tocar. Podemos pedir para que contem das vozes, mas isso depende de sua forma-
quantos grupos de instrumentos temos? ção específica em música. O que se espera
Quais são? é que cantem em uníssono. Suas possibili-
dades como professor específico de Música
Nesta partitura há oito grupos de ins- podem transformar o canto em grupo coral
trumentos: um piano, flautas transversais, quando há uma distribuição de harmonia
clarinetes, trompas francesas (french horn), em vozes.
violinos e violas, violoncelos (cellos), contra-
baixo (baixo) e tímpanos. Tempo previsto: 2 aulas

Podemos lembrar também aos alunos as


partituras não convencionais que vimos no
DUHSUHVHQWDomRJUi¿FDGDP~VLFD
Caderno do 1º Bimestre. notação musical;
¿JXUDVYDORUHVFRPSDVVRV
Sugerimos uma experiência sonora para canto solo em grupo.

vivenciar todo o conteúdo trabalhado: va- A forma


mos propor aos alunos que aprendam a can- como registro na
música no território de
tar a música Aquarela do Brasil, composição forma-conteúdo
de Ary Barroso, acompanhados por uma

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


G4

Fig. 15 – Partitura como aparece no vídeo Ô Abre Alas, composição de Chiquinha Gonzaga.

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Arte – 6ª série, 2º bimestre

G4

Fig. 16 – Partitura de Caranguejo (canção folclórica brasileira) extraída do livro Música folclórica brasileira, Volume 1, G4
Editora, São Paulo, SP, 1999. Cedida gratuitamente para ser usada anexa a este Caderno.

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


G4

Fig. 17 – Trecho da partitura para orquestra sinfônica do Concerto para piano e orquestra, de Tchaikovsky. Transcrita por Ge-
raldo Suzigan – G4 Editora, São Paulo, SP. Cedida gratuitamente para ser usada anexa a este Caderno.

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


no projeto poético de Álvaro Apocalypse. programa da exposição Desenhos de dança.
São Paulo: Pontifícia Universidade São Paulo: AS Estúdio, 1996.
Católica de São Paulo. Tese (Doutorado)
em Comunicação e Semiótica, 2004. OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio
de Janeiro: Campus, 2004.
CASELLA, Alfredo; MORTARI, Virgilio.
La técnica de la orquestra contemporanea. RANGEL, Lenira. Dicionário Laban. São
Buenos Aires: Ricordi Americana, 1954. Paulo: Annablume, 2003.

CORDEIRO, Analivia. Nota-Anna: a escrita SANTOS, Moacir. Cancioneiro Moacir


eletrônica dos movimentos do corpo baseada Santos. Rio de Janeiro: Ed. Jobim Music &
no método Laban. São Paulo: Annablume/ Adnet Música, 2005.
Fapesp, 1998. SOUZA, Marco. O Kuruma Ningyo e o teatro
FERNANDES, Ciane. O corpo em de animação japonês. São Paulo: Annablume,
movimento: o sistema Laban/Bartenieff na 2005.
formação e pesquisa em artes cênicas. São SUZIGAN, Geraldo (Org.). Educação
Paulo: Annablume, 2002. musical para crianças, jovens e adultos. 2. ed.
GOULART, Diana; COOPER, Malu. Por São Paulo: G4, 2007. 1 CD-ROM.
todo canto: método de técnica vocal – 40 ______. Educação em arte – música. v. 2. São
vocalises para música popular. São Paulo: Paulo: G4, 2007. 1 CD.
G4, 2002. Disponível em: www.tons.com.br.
Acesso em: 30 nov. 2007. ______; SUZIGAN, Maria Lucia Cruz.
Introdução à leitura e escrita musical. vol. 2.
GUINSBURG, Jacó; FARIA, João Roberto; São Paulo: Zimbo Edições Musicais, 1982.
LIMA, Mariângela Alves de (Org.).
Dicionário de teatro brasileiro: temas, formas
e conceitos. São Paulo: Perspectivas/Sesc São
Sites de artistas e sobre arte
Paulo, 2006. Os sites abaixo foram acessados em 30 de
LABAN, Rudolf von; ULMANN, Lisa. novembro de 2007.
Domínio do movimento. São Paulo: Summus, APOCALYPSE, Álvaro <http://www.
1978. giramundo.org/museu/arquivo.htm>.
LOBO, Edu. Songbook Edu Lobo. Rio de BARROSO, Ary <http://www2.cultura.gov.
Janeiro: Lumiar Editora, 1992. br/scripts/noticia.idc?codigo=532>.
MANCINI, Henry. Sound of scores. Citrus CIA. TRUKS <http://www.truks.com.br>.
Heights, Califórnia: Northridge Music, 1967.
CORDEIRO, Analivia. Notações em dança
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, <http://www.notaanna.com.br>.
Gisa; GUERRA, M. Teresinha. Didática do
ensino de arte – a língua do mundo: poetizar, ENCICLOPÉDIA DE ARTES VISUAIS
fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998. <http://www.itaucultural.org.br>.

NAVAS, Cássia. Os desenhos dos desenhos MATERIAL EDUCATIVO PARA


da dança – drawings of dance. Texto do PROFESSOR PROPOSITOR <http://www.
artenaescola.org.br>.

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


Arte – 6ª série, 2º bimestre

MUSEU AFRO BRASIL <http://www. TONS – Instituto de Educação Musical


museuafrobrasil.com.br>. <http://www.tons.com.br>.
POVOS INDÍGENAS NO BRASIL <http:// VAN GOGH <http://www.vangoghgallery.
www.socioambiental.org/pib/index.html>. com>.

GLOSSÁRIO

Compasso – No ensino da linguagem mu- Coreografia – A palavra original vem do


sical tem se complicado muito a explicação de grego coreo para dança e grafia para escrita.
compasso, mas, na verdade, para o músico é É a arte de criar um roteiro de movimentos
muito simples. Significa apenas quantas figu- que compõem uma dança. Podemos dizer
ras devem estar dentro de cada espaço deter- que em toda forma de dança há uma coreo-
minado pelo compasso. Volta aí o conceito de grafia. No balé clássico, os movimentos uti-
fração e o nome das figuras. Fonte: CD-ROM lizados provêm de uma técnica composta por
Educação musical para crianças, jovens e adul- passos mais padronizados. Na dança moder-
tos. São Paulo: G4, 2007. na, os movimentos pertencem a uma técnica
que segue diferentes ramificações. E, na dan-
ça contemporânea, há quase um rompimento
A medida de cada compasso é dada por dois números
do conceito original de coreografia, porque
3 Numerador Quantidade além dos movimentos originarem-se de qual-
4 Denominador Nome quer modalidade de dança, podem, da mesma
forma, ser bastante livres ou até mesmo im-
provisados. A coreografia é, portanto, o texto
portanto
corporal que será executado pelos bailarinos.
4
3 4
Três compasso compasso compasso Epitáfio de Seikilos – É famoso por ser o
4 Figuras 4 mais antigo exemplo encontrado de uma com-
posição musical completa, incluindo notação
4 4 musical e letra, no mundo ocidental. Um re-
ou TXDWUR¿JXUDVHPFDGDFRPSDVVR
4
gistro da melodia da música grega foi encon-
formula de compasso
trado gravado em uma lápide perto de Aidin,
na Turquia (próximo a Éfeso). Também há na
gravação a informação de que foi feita por um
4 certo Seikilos para sua esposa, presumivel-
4 mente enterrada no local. Além da composi-
1º compasso 2º compasso 3º compasso
ção, foi encontrada esta inscrição: “Eu sou um
túmulo, um ícone. Seikilos me pôs aqui como
3 3 um símbolo eterno da lembrança imortal”. Aci-
ou WUrV¿JXUDVHPFDGDFRPSDVVR
4 ma da letra, há uma linha com letras e sinais
formula de compasso que indicam as notas.

Figuras musicais – Sinais que representam


a duração de um som produzido em relação à
1º compasso 2º compasso 3º compasso
metade ou ao dobro da duração de outros na
mesma peça.

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


mãos do marionetista. É um gênero que per-
mite movimentos próximos dos movimentos
humanos. Por ser acionado por fios, o mario-
nete move-se de modo lento e delicado. Para o
desenvolvimento da técnica de manipulação, o
marionetista precisa conhecer o comportamen-
to do movimento de um pêndulo, aplicando-o
ao boneco.

Nota-Anna – É um sistema para brincar e


preservar a memória do movimento, desen-
volvido pela bailarina paulistana Analivia
Cordeiro.

O nome das figuras é dado a partir do con- Notas musicais – Guido Darezzo, um
ceito de fração matemática, em que o número monge italiano (990-1050), criou o sforam.
de cima é o numerador e o de baixo é o denomi- Temos sete notas musicais: dó, ré, mi, fá,
nador (que denomina). Então, como podemos sol, lá e si. Cada uma representa um som da
ver acima, a figura semibreve é considerada a escala musical e tem sua origem na música
figura 1 (inteira), a seguinte é chamada de fi- coral medieval. Elas foram criadas a partir
gura 2 (metade), a próxima, que vale um quar- das seis primeiras frases de uma música de
to da primeira, é chamada de figura 4 (quarto) Paolo Diacono (720-799), Hino a São João
e a seguinte, que vale um oitavo da primeira, é Baptista, em que cada frase era cantada um
chamada de figura 8 (oitavo). grau mais agudo: Ut queant laxis, Resonare
fibris, Mira gestorum, Famuli tuorum, Solve
Labanotação (ou labanotation) – É um sis- polluti, Labii reatum (a tradução da letra
tema de análise e gravação do movimento hu- pode ser entendida assim: “Para que os Teus
mano criada pelo austro-húngaro Rudolf von servos possam cantar as maravilhas dos Teus
Laban (1879-1958), um importante represen- Atos admiráveis, absolve as faltas dos seus
tante europeu da dança moderna. Ele publicou lábios impuros”). Por sugestão de um mú-
a notação pela primeira vez em 1928. Várias sico italiano que achava incômoda a silaba
pessoas prosseguiram e aperfeiçoaram esta lin- Ut para o solfejo, foi substituída pela síla-
guagem, entre outros, Anne Hutchinson, nos ba Dó, por ser mais cantável. Foi também
Estados Unidos, e Albrecht Knust, na Alema- adicionada a sílaba Si, como abreviação de
nha. É importante observar que a labanotação Sante Iohannes (São João). Fonte: <http://
não está ligada a um determinado estilo de pt.wikipedia.org/wiki/nota>.
dança; ao contrário, ela serve a vários tipos. A
labanotação é usada em investigação industrial, Relevé – Em francês, significa erguido. Na
bem como na fisioterapia e na psicoterapia. dança, é o termo usado para descrever a ele-
vação do corpo partindo dos pés até a meia
Mamulengo – Teatro popular de bonecos ponta ou ponta do pé, sendo sustentado pelas
original de Pernambuco, que depois prolife- costas.
rou por todo o Norte e o Nordeste.
Teatro de animação – Manifestação con-
Marionete – No Brasil, são chamados de temporânea do teatro de bonecos que, com
“marionetes” os bonecos de fio. De constru- bonecos ou não, coloca em cena outros ele-
ção complexa e manipulação difícil, podem mentos, como objetos, imagens, sombras, for-
ter dezenas de fios que convergem para a cruz mas abstratas, que contracenam com atores e
de manipulação, onde ficam ao alcance das manipuladores visíveis ou ocultos, mas man-

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


Arte – 6ª série, 2º bimestre

tendo sempre o foco principal de atenção nas é visível, colocando-se atrás de anteparos. De
figuras animadas. A diferença entre teatro de acordo com as possibilidades de manipula-
animação e teatro de bonecos é que, neste, o ção, os bonecos podem ser de luva, também
boneco é o personagem central, e no teatro de conhecidos como fantoches; de vara e varetas;
animação, quando presente, ele é apenas um de fios e articulados.
entre outros elementos.
Vocalises – São pequenas frases musicais
Teatro de bonecos – Gênero teatral em que utilizadas no estudo do canto como exercício
bonecos representam personagens antropo- para trabalhar a voz em vários aspectos: aque-
morfos, zoomorfos e míticos. Nesses espetá- cimento, ressonância, articulação, flexibilida-
culos, o ator-manipulador quase sempre não de, projeção e extensão.

OBRAS CITADAS

Aquarela do Brasil – Gravada originalmen- rencória” (melancólica), “trigueiro” (moreno).


te em 1939 por Francisco Alves, acompanhado Ary defendeu-se deixando a entender que estas
por Radamés Gnattali e sua Orquestra, lança- expressões são efeitos poéticos indissolúveis
da em discos de 78 rpm e tendo “cena brasilei- da composição. Juntamente com Tico-tico
ra” como gênero. Em novembro de 1997, esta no fubá, de Zequinha de Abreu, e Garota de
canção foi votada como a Melhor Canção Ipanema, de Tom Jobim e Vinícius de Mora-
Brasileira do Século por um júri de treze pe- es, Aquarela do Brasil é a música brasileira
ritos organizado pela Academia Brasileira de mais conhecida no mundo.
Letras. Entre seus mais conhecidos intérpretes
destacam-se João Gilberto (com uma versão Concerto para piano e orquestra nº 1 em si
ligeiramente alterada), Carmen Miranda, Gal bemol menor, op. 23 – Obra de Tchaikovsky,
Costa, Wilson Simonal, Elis Regina, Zimbo muito conhecida no mundo todo, composta
Trio, João Bosco, César Camargo Mariano, entre novembro de 1874 e fevereiro de 1875.
Plácido Domingo, Grupo Tom da Terra, en- Teve sua primeira revisão em 1879 e a segun-
tre tantos outros. Muito censurado na época, da, em dezembro de 1888. A versão original
Ary não se incomodou com as críticas irôni- teve sua estréia em Boston, Estados Unidos
cas que, além da redundância de um coqueiro da América, em 25 de outubro de 1875, com
dar coco, o acusavam de utilizar termos pou- Hans von Bülow ao piano e regência de Ben-
co usuais, como “inzoneiro” (manhoso), “me- jamin Johnson Lang.

ARTISTAS CITADOS

Álvaro Apocalypse (Ouro Fino/MG, 1937 diretor do grupo Giramundo. Desenhista desde
- Belo Horizonte/MG, 2003) – Personalidade a infância, desdobra sua paixão pelo desenho
exemplar no cenário artístico brasileiro. Pro- em múltiplas possibilidades inventivas, como
fundamente idealista, competente e coerente a pintura, o mural, a gravura, a animação e os
em suas pesquisas estéticas e em sua trajetória bonecos, culminando na criação do Giramun-
profissional, integra com maestria o trabalho do, teatro de bonecos e espetáculo cênico que
de artista plástico, professor, administrador e sintetiza várias linguagens artísticas (visuais,

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


gestuais, auditivas e literárias), reconhecido também design. Em 1970 trabalha em Milão
internacionalmente por sua singularidade. e desenvolve trabalhos experimentais em fo-
Professor de desenho, Álvaro sempre desta- tografia e Super-8. O corpo surge como tema
cou a figura humana, seja analisando as arti- principal. Atualmente cria instalações experi-
culações do corpo em seus mínimos detalhes, mentando novos materiais, como os tubos de
seja registrando cenas da cultura brasileira, metal, o arame, a tela, o aço, o cobre, a pedra,
como capoeira, danças, festas e mitos popula- a água e as placas de policarbonato. Em 2007
res. Dedica-se ao ensino de arte integralmente participa da Documenta, de Kassell.
e não se limita ao curso universitário na Esco-
la de Belas Artes da UFMG, estendendo suas Jacopo Tintoretto (Veneza, 1518 - Veneza,
atividades educativas às oficinas do Festival 1594) – Conhecido como Il Furioso, graças à
de Inverno e ao trabalho com o Giramundo, sua enorme energia em pintar, é considerado o
que desde a origem é uma proposta de equipe, último grande pintor da Renascença Italiana e
criada por Álvaro, Terezinha e Madu, visando um dos precursores do Barroco, dada sua dra-
à troca de conhecimentos e experiências entre mática utilização da perspectiva e dos efeitos
os componentes do grupo. da luz.

Ary Barroso (Ubá/MG, 1903 - Rio de Ja- Leonardo da Vinci (Vinci, Itália, 1452 -
neiro, 1964) – Compositor brasileiro. Aos Cloux, França, 1519) – Pintor, escultor, ar-
doze anos, trabalha como pianista no cinema quiteto, engenheiro, cientista e músico do
de sua cidade natal. Em 1921, muda-se para Renascimento italiano. Nascido num pequeno
o Rio de Janeiro e entra para a Faculdade de vilarejo do município toscano de Vinci, próxi-
Direito. Nos anos 1930, escreve as primeiras mo a Florença, da Vinci é considerado um dos
composições para o teatro musicado carioca. maiores gênios da história da Humanidade
Recebe o diploma da Academia de Ciências devido à sua multiplicidade de talentos para
e Arte Cinematográfica de Hollywood pela ciências e artes, sua engenhosidade e criativi-
trilha sonora do longa-metragem Você já foi dade, além de suas obras polêmicas.
à Bahia? (1944), de Walt Disney. A partir de
1943, manteve durante vários anos o progra- Regina Silveira (Porto Alegre/RS, 1939)
ma A hora do calouro, na Rádio Cruzeiro do – Pintora, gravadora, desenhista, artista mul-
Sul/RJ, revelando e incentivando novos talen- timídia, curadora, professora e estudiosa da
tos musicais. Também trabalha como locutor linguagem da arte. O conceito é o germe da
esportivo, proporcionando momentos inusi- criação desta artista. É ele que move a procura
tados ao sair para comemorar os gols do seu por determinada matéria ou técnica. O dese-
time, o CR Flamengo. Autor de centenas de nho se torna a linguagem para visualizar idéias
composições em estilos variados, como choro, como um pensamento visual que intermedeia
xote, marcha, foxtrote e samba. Entre outras diálogos com outros suportes e alimenta a con-
canções, compôs Tabuleiro da baiana (1937), cretude do conceito que faz nascer as obras.
Os quindins de Yayá (1941), Boneca de piche etc. Sua história artística é pródiga na subversão
Durante as décadas de 1940 e 1950, compôs dos códigos de representação, na perversão da
vários dos sucessos consagrados por Carmen aparência, na crítica política e na distorção da
Miranda no cinema. Ao compor “Aquarela do perspectiva, esta última tema de diversas sé-
Brasil”, inaugurou o gênero samba-exaltação. ries de trabalhos.

Iole de Freitas (Belo Horizonte/MG, 1945) Rudolf von Laban (Poszony, Hungria, 1879
– Escultora, gravadora e artista multimídia. - Weybridge, Inglaterra, 1958) – Dançarino e
Vive no Rio de Janeiro e tem uma atuação de coreógrafo austro-húngaro, é considerado o
destaque no campo da arte contemporânea. maior teórico da dança do século XX. Dedicou
A dança é sua formação primeira. Estuda sua vida ao estudo e à sistematização da lingua-

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


Arte – 6ª série, 2º bimestre

gem do movimento em seus diversos aspectos: inusitados, como macarrão, fios de arame, pó,
criação, notação, apreciação e educação. chocolate, açúcar etc. Com eles, compõe de-
senhos, pinturas ou esculturas que, após ser
Tchaikovsky, Pyotr Il’yich (1840 - 1893) – fotografados, são destruídos. As edições li-
Compositor russo da música erudita. Estu- mitadas dessas fotografias são expostas como
dou e foi professor no Conservatório de São produto final.
Petersburgo. Foi influenciado pelos ideais dos
compositores nacionalistas russos, chamados Vincent van Gogh (Holanda, 1853 - Fran-
“Grupo dos cinco” (Balakirev, Cui, Borodin, ça, 1890) – Pintor e desenhista, foi sobretu-
Rimsky-Korsakov e Mussorgsky), mas sua do um autodidata, mas absorveu as férteis
obra pertence à escola mais internacional de lições do Impressionismo durante os dois
composição. anos que viveu em Paris. Morou também em
Arles, no sul da França, onde pintou pai-
Vik Muniz (São Paulo/SP, 1961) – Vicente sagens, naturezas-mortas e retratos que se
José Muniz cursou Publicidade, mas seu inte- tornaram seus trabalhos mais famosos. Em
resse inicial na área das artes o dirigiu para todos assinava simplesmente “Vincent”. Na
o teatro. Em 1983, mudou-se para Nova Ior- história da pintura, van Gogh ocupa uma
que, onde desistiu da carreira em publicidade posição de primeira ordem no movimento
e tornou-se escultor. Passou a se dedicar à que levou do realismo óptico impressionista
fotografia quando percebeu, ao ver reprodu- ao uso abstrato da cor e da forma segundo
ções em preto e branco de esculturas, que elas valores expressivos e simbólicos. A volumo-
carregavam o código da tridimensionalidade sa correspondência entre ele e o devotado
desses objetos (mesmo sem volume), assim irmão Theo é fonte abundante de informa-
como informavam sobre seu material. Isto ge- ção acerca de seus objetivos estéticos. A vida
rou idéias para criar novas ilusões por meio da para van Gogh foi uma sombria e desespera-
fotografia. Geralmente apresentadas como sé- da luta contra a pobreza, a fome e as crises
ries, suas fotografias registram as imagens de de depressão e alucinação, culminando com
aparência realista produzidas com materiais seu suicídio.

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matéria: artes série: 6a bimestre: 2a segunda prova data: 02/05/08


caderno do
PROFESSOR

ARTE
ensino fundamental

7ª SÉRIE
2º bimestre - 2008

matéria: artes série: 7a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
A RUPTURA DA TRADIÇÃO NA LINGUAGEM MUSICAL

Na vida contemporânea, ao contrário de seus alunos? Será que eles têm consciência da
outros tempos, é quase impossível não ouvir diferença entre o ambiente sonoro contem-
música. Se há a música que ouvimos por es- porâneo e o de outros tempos? Eles têm a
colha própria, há também sons musicais que percepção da paisagem sonora da escola, da
nos invadem vindos de todas as direções e cidade ou do bairro onde vivem e sua qualida-
a qualquer hora do dia e da noite. Sons dos de ambiental? O que para os alunos é o ruído?
toques de celulares; sons que sinalizam er- Com os ruídos ambientais é possível a criação
ros e acertos nos comandos do computador; de composição musical? O que eles pensam
sons da música ambiente dos supermercados, sobre isso?
restaurantes; sons do rádio ou cd player em
carros; sons dos jogos de diversão eletrôni- Essas questões podem mover uma primeira
ca; sem contar o constante ruído do tráfego conversa com os alunos, como modo de trazer
presente nas grandes cidades, entre tantos à tona suas idéias sobre música.
outros ruídos.
Em seguida, a proposta é levar os alunos
Para esse amplo ambiente acústico que nos a uma investigação sobre os sons ambientais
envolve sem cessar, o compositor canadense através de exercícios de escuta. Para isso, esta
Murray Schafer criou a expressão “paisagem situação de aprendizagem pode começar, per-
sonora”. Ou seja, a paisagem sonora significa guntando aos alunos: qual é o primeiro som
o conjunto do ambiente sonoro, englobando a que você ouve quando acorda?
totalidade dos sons ambientes como todos os
sons do nosso cotidiano, sejam eles de nature- As respostas dos alunos podem ser anota-
za agradável ou desagradável. das na lousa, organizando um mapeamento
dos sons que escutam, usando critérios como:
Esse ambiente acústico gerado por grava- sons produzidos pela voz humana; pela na-
ções, manipulações e transmissões sonoras ou, tureza; por máquinas; sons produzidos pela
ainda, a incorporação musical de outros sons, música, entre outros. O que eles percebem do
como o som-ruído ou ruído musical, abre ca- mapeamento? Quais sons são citados com
minho no século 20 para a renovação da lin- mais e menos freqüência? Há escuta do silên-
guagem musical, com a ruptura dos suportes cio? O que eles percebem que o mapeamento
tradicionais. Nesse sentido, é interessante per- diz sobre o ambiente sonoro de suas casas e
ceber a incorporação do ruído como um som sobre eles mesmos?
que se torna um elemento sonoro virtualmen-
te criativo e desorganizador de modos de com- Essa conversa pode gerar um diálogo in-
posição musical cristalizados, provocando o teressante levando o grupo de alunos à per-
surgimento de novas linguagens musicais. cepção e reflexão sobre o ambiente sonoro
de suas casas, sobre o qual talvez ainda não
tivessem pensado. Ao mesmo tempo, a con-
Proposição I – Mapeando sons versa aquece para a investigação da paisagem
sonora que os envolve no dia-a-dia.
Diante de uma realidade onde o conceito
tradicional de música se vê perpassado pela A pesquisa, para isso, pode ser desenvolvi-
idéia de paisagem sonora, o que é música para da com os alunos divididos em grupos, sendo

16

matéria: artes série: 7a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


Arte – 7ª série, 2º bimestre

que cada grupo fica com a tarefa de investiga- antes do exercício da escuta? Para eles, o que
ção dos sons ambientes do cotidiano, tendo causou surpresa no resultado da pesquisa de
como foco aqui sugerido o rádio como mídia todos os grupos? Qual mudança o exercício
sonora e suas diferentes emissoras. Ou seja, de escuta causou em relação à escuta do rádio
cada grupo escolhe uma emissora de rádio como mídia sonora? O que é escutar?
para fazer a escuta da programação. É im-
portante que o professor ofereça diferentes Finalizando, os grupos podem construir
emissoras para a escolha do grupo, tanto as um texto coletivo narrando a experiência e
de programação AM, FM, como de diferentes contextualizando seus resultados a partir das
gêneros musicais. Na realização da pesquisa, respostas às questões acima, de modo a mos-
os alunos devem cercar: trar a opinião do grupo como um todo.

f a identificação da estação selecionada com


o seu nome e a posição da emissora no dial Proposição II – O som dos DJs
do rádio;
Com o desenvolvimento dos recursos
f a descrição do tipo de música e conteú- tecnológicos eletroeletrônicos da segunda
do da programação escolhida: música metade do século passado e com a dispo-
instrumental, canção, música popular, nibilidade de equipamentos e instrumentos
erudita, brasileira, mix... os gêneros, com eletrônicos, tais como sintetizadores, grava-
exemplos de artistas e gravação de tre- dores digitais, computadores ou softwares de
chos de músicas; composição, tornou-se possível uma forma
de composição intuitiva e que, muitas vezes,
f caracterização dos locutores: voz masculi- pode ser feita até mesmo por pessoas com
na ou feminina, linguagem formal, jovem, pouca experiência musical. Os softwares são
uso de gírias; desenvolvidos de forma a facilitar a criação.
Nas décadas de 1980 e 1990, surgem os DJs
f propagandas veiculadas na programação (Disc Jockeys), com a função que conhece-
escolhida, gravando exemplos de jingles. mos hoje. A atitude contemporânea dos DJs
que se apropriam do que já foi produzido
Numa aula programada para a apresen- para a criação faz conexões com a atitude
tação da pesquisa, os grupos fazem o relato de Marcel Duchmap e seus ready-mades, im-
das informações coletadas correspondentes plicando outro modo de atuar em face do
aos aspectos focalizados na escuta, mostran- universo da arte.
do exemplos através das gravações feitas. É
importante que após cada apresentação uma Na segunda metade dos anos 1990, os dis-
leitura comparativa seja feita entre o que já cos usados pelos DJs ainda eram de vinil. A
foi apresentado e a apresentação do grupo partir daí, passaram a utilizar também recur-
mais recente. Sendo uma leitura comparativa, sos da música eletroeletrônica e fazer inter-
a conversa gira em torno das semelhanças e venções nas gravações de músicos e cantores.
diferenças entre as apresentações.
O que os estudantes conhecem e podem
Após a socialização e leitura comparativa pesquisar sobre os DJs? O que os alunos po-
dos resultados da pesquisa, pode-se mover dem explorar como DJ com os recursos de
uma conversa cercando quais idéias de música que dispõem?
se revelam depois desse percurso de pesqui-
sa. A indagação pode ser: para eles, após essa Em algumas escolas da rede pública há
experiência de escuta, o que é música? O que projetos de Rádio, onde estão disponíveis
modificou na idéia de música que eles tinham aparelhos de som: mesa de mixagem, toca-

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matéria: artes série: 7a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


discos (LP), toca-CD e/ou toca-fitas. Há tam- Tempo previsto: 2 aulas.
bém, entre os alunos, aqueles que já tiveram a
oportunidade de praticar o trabalho de DJs.
Eles podem ajudar você a fazer com que seus
alunos possam experimentar a “tocar” músi-
cas, como os DJs fazem.
linguagens artísticas
Outra possibilidade é convidar algum DJs
que atuam em festas no entorno da escola,
muito comum atualmente, para fazer uma
apresentação aos seus alunos, com o objeti-
vo de mostrar a eles como eles fazem. Contar
como começaram a trabalhar como DJs e, se A ruptura da tradição
na música:
atuam profissionalmente, quais as oportunida-
des que têm no mercado. Há também alguns a linguagem da música eletro-eletrônica;
música produzida pelos Djs.
sites que disponibilizam programas gratuitos
para quem quer iniciar a prática como DJ.

matéria: artes série: 7a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


Arte – 7ª série, 2º bimestre

RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO


PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA

COHEN, Renato. Performance como lingua Sites de artistas e sobre arte


gem. São Paulo: Perspectiva, 1989.
Os sites abaixo foram acessados em
_____. Work in progress na cena contemporânea. 7 fev. 2008.
São Paulo: Perspectiva, 1998. BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO
COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil <http://www.baledacidade.com.br>.
1950-2000: movimentos e meios. São Paulo: BEIGUELMAN, Giselle <http://www.desvir
Alameda, 2004. tual.com/nike/img_gen.htm>.
DOMINGUES, Diana (Org.). A arte no BRECHERET, Victor <http://www.victor.br
século XXI: a humanização das tecnologias. echeret.nom.br>.
São Paulo: Edusp, 1997.
DJs (Sugestão: ver o programa AlgoRhythmia
GUINSBURG, Jacó; FARIA, João Roberto; 2.0 (Mercadoria Grátis: Freeware) <http://
LIMA, Mariângela Alves de. Dicionário do audioware.cifraclub.terra.com.br/lista.
teatro brasileiro: temas, formas e conceitos. php?categoria=24&licenca=0>.
São Paulo: Perspectiva/Sesc São Paulo, 2006,
p. 240. ENCICLOPÉDIA DE ARTES VISUAIS
<http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_
SCHAFER, Murray. Ouvido pensante. São pagina=2690>.
Paulo: Ed. Unesp, 1991.
LACAZ, Guto <http://www.gutolacaz.com.br>.
_____. Afinação do mundo: a paisagem sonora.
São Paulo: Ed. da Unesp, 2001. STOCKHAUSEN, Karlheinz <http://www.net
saber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1081.
SILVA, José Milton da. Linguagem do corpo html>.
na capoeira. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.
TESSLER, Elida <http://www.elidatessler.com.
SILVEIRA, Paulo. A página violada: da br>.
ternura à injúria na construção do livro de
artista. Porto Alegre: UFRGS, 2001. VIDEOCRIATURA <http://videodispositivo.
blogspot.com>.
SOUZA, Jusamara; FIALHO, Vânia
Malagutti; ARALDI, Juciane. Hip-hop da rua WEB ARTE NO BRASIL <http://www.fabio
para a escola. Porto Alegre: Sulina, 2005. fon.com/webartenobrasil>.
SPANGHERO, Maíra. A dança dos encéfalos
acesos. São Paulo: Itaú Cultural, 2003.

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matéria: artes série: 7a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


GLOSSÁRIO

Balé clássico – O balé tem suas raízes na podem obter mais informações sobre esta lin-
Itália renascentista nas pantomimas que guagem da dança.
eram realizadas em grandes salões por mem-
bros da corte. O balé tomou a forma pela Dança contemporânea – Mais que uma
qual é conhecido hoje na França, durante o técnica específica, a dança contemporânea é
reinado de Luís XIII, mas foi seu filho, Luís um conjunto de princípios e procedimentos
XIV, que fundou a Académie de Musique et desenvolvidos a partir da dança moderna e
de Danse, em 1661, com o objetivo de siste- pós-moderna. Peculiaridades são encontradas
matizar, preservar a qualidade e fiscalizar o na dança contemporânea nos diferentes pa-
ensino e a produção do balé. Os chamados íses onde ela é praticada. Enquanto a dança
balés de repertório são baseados em compo- moderna modificou drasticamente as “posi-
sições musicais que contribuíram para torná- ções básicas” de pés, pernas e braços oriun-
los populares na Europa e depois no resto do das do balé clássico e tirou as sapatilhas das
mundo. Alguns dos balés mais notáveis são dançarinas, a dança contemporânea busca
Coppélia, com música de Léo Delibes, O pás- uma ruptura total com o balé, chegando, às
saro de fogo, com música de Igor Stravinsky, vezes, até mesmo a deixar de lado a estética: o
O quebra-nozes e O lago dos cisnes, ambos que importa é a transmissão de sentimentos,
com música de Tchaikovsky. Posições para os idéias etc. Solos são bastante freqüentes nes-
pés, os braços e as pernas, além de direções ta linguagem de dança. A trilha sonora para
e saltos, recebem nomes em língua francesa espetáculos de dança contemporânea possui
que são utilizados no mundo inteiro. Sugeri- total liberdade na sua composição. Sugerimos
mos que os alunos façam uma consulta na in- que os alunos façam uma consulta na inter-
ternet, onde podem obter mais informações net, onde podem obter mais informações so-
sobre esta linguagem da dança. bre esta linguagem da dança.

Capoeira – É uma expressão cultural que Dança moderna – A dança moderna surgiu
mistura esporte, luta, dança, cultura popular, no início do século 20 e seus pioneiros procura-
música e brincadeira. Desenvolvida por escra- vam maneiras modernas e pessoais de expres-
vos africanos trazidos ao Brasil e seus descen- sar como se sentiam por meio da dança. Entre
dentes, é caracterizada por movimentos ágeis os que começaram este movimento, estão as
e complexos, feitos com freqüência junto ao norte-americanas Isadora Duncan, Louie Fül-
chão ou de cabeça para baixo, tendo por vezes ler e Ruth St. Denis, o suíço Emile Jacque-Dal-
forte componente ginástico-acrobático. Uma croze e o austro-húngaro Rudolf von Laban.
característica que a distingue de outras lutas Sugerimos que os alunos façam uma consulta
é o fato de ser acompanhada por música. A na internet, onde podem obter mais informa-
palavra capoeira tem alguns significados, um ções sobre esta linguagem da dança.
dos quais se refere às áreas de mata rasteira
do interior do Brasil. Imagina-se que a capo- Disc Jockey (DJ ou dee jay) – É um profis-
eira obteve o nome devido aos locais que cer- sional que seleciona e roda as mais diferentes
cavam as grandes propriedades rurais de base composições previamente gravadas para um
escravocrata. Atualmente, é muito popular em determinado público-alvo, trabalhando seu
vários Estados brasileiros. Sugerimos que os conteúdo e diversificando seu trabalho em
alunos façam uma consulta na internet, onde pistas de dança de bailes, clubes, boates e dan-

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Arte – 7ª série, 2º bimestre

ceterias. No início, o termo disc jockey era uti- rie de inovações à cena: o não-uso de temas
lizado para descrever anunciantes de rádio que dramáticos, o não-uso da palavra impostada,
introduziam e tocavam discos de gramofone. O para citar alguns exemplos. A principal carac-
nome foi logo encurtado para DJ. Hoje, nem terística na passagem do happening para a per-
todos os DJs usam discos, alguns podem tocar formance é o aumento da esteticidade.
com CDs, outros com laptop (emulando com
softwares, como Traktor Final Scratch, Virtu- Hip-hop – É um movimento cultural ini-
al DJ, Serato Scratch Live e DJ Decks), entre ciado no final da década de 1960 nos Estados
outros meios. Há também aqueles que mixam Unidos, que trata dos conflitos sociais e da
sons e vídeos, mesclando seu conteúdo ao tra- violência urbana vividos pelas classes menos
balho desenvolvido no momento da apresen- favorecidas da sociedade, com temas como a
tação musical. Já no fim do século XX, com cultura das ruas e dos guetos, a miséria e os
a popularização do formato MPEG-3 (popu- poderes insituídos.É um movimento de reivin-
larmente conhecido como MP3) para canções dicação de espaço e voz, traduzido nas letras
digitais, de programas de compartilhamento questionadoras e agressivas, no ritmo forte e
de arquivos como o Napster e o surgimento intenso e nas imagens grafitadas pelos muros
de programas de edição musical, surgiu uma das cidades. O hip-hop, como movimento cul-
nova casta de editores musicais autodenomi- tural, é composto por quatro elementos (ativi-
nados DJs. Apesar de possuírem, às vezes, até dades): o canto do rap, a instrumentação do
certo talento para a música, pois precisam al- DJ, a dança do break dance e a pintura do gra-
terar uma faixa para mixar na anterior, têm fite. A música hip-hop refere-se aos elementos
seu trabalho extremamente facilitado e, por- rap e DJ, sendo que o termo “hip-hop” é tam-
tanto, não são bem-vistos por profissionais bém usado como substituto para o rap. No
que executam seu trabalho ao vivo em clubes, Brasil, esse estilo mostra a realidade dos jovens
casas, discotecas e eventos. negros e pobres de cidades grandes, como Rio
de Janeiro, Brasília e São Paulo, numa forma
Happening – No teatro e, de uma forma de discussão e protesto que envolve o precon-
mais global, nas artes cênicas, a quebra com ceito racial e a miséria dessa população discri-
o formalismo, com as convenções que “amar- minada, ignorada e excluída. O hip-hop, nesse
ram” a linguagem só vem a ser concretizada sentido, é o grito que pede para ser ouvido, a
nos anos 1960, com o happening e o teatro ex- fim de modificar a vida de jovens que, a prin-
perimental. A tradução literal de happening é cípio, parecem sem esperança e sem força para
acontecimento, ocorrência, evento. Aplica-se romper com essa realidade.
essa designação a um espectro de manifesta-
ções que incluem várias mídias, como artes Improvisação – É usada na dança como
plásticas, teatro, art-collage, música, dança uma ferramenta na composição coreográfi-
etc. Com o florescimento da contracultura ca. Com ela, os participantes experienciam
e do movimento hippie, os anos 1960 foram os conceitos de forma, espaço, tempo, energia
marcados por uma produção maciça, que e movimento sem inibição, possibilitando a
usa a experimentação cênica como forma de criação de desenhos exclusivos e inovadores,
atingir as propostas humanistas da época. O com fluência, uso do espaço, dinâmica e rit-
happening, que funciona como uma vanguar- mos imprevisíveis, provenientes de seu próprio
da catalisadora, nutriu-se do que de mais vocabulário.
novo produzia-se nas diversas artes. Do tea-
tro, incorpora o laboratório de Grotowski, o Instalação – O termo é incorporado ao vo-
teatro ritual de Artaud e o teatro dialético de cabulário das artes visuais na década de 1960,
Brecht. O fato de se lidar com os velhos axio- designando ambientes construídos nos espa-
mas da arte cênica, sob um novo ponto de ços de galerias e museus. As ambigüidades
vista (o ponto de vista plástico), traz uma sé- que rondam o conceito desde a origem não

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matéria: artes série: 7a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


podem ser esquecidas, mas tampouco devem informática. Hoje, o MIDI é aceito pela mai
afastar o esforço de pensar as particularidades oria dos equipamentos de áudio e instrumen-
dessa modalidade de produção artística, que tos musicais eletrônicos.
lança a obra no espaço com o auxílio de mate-
riais muito variados, na tentativa de construir Objeto – Tem sua origem nas assemblages
um certo ambiente ou cena, cujo movimento é cubistas de Picasso, nas invenções de Marcel
dado pela relação entre objetos, construções, Duchamp e nos objects trouvés (objetos en-
o ponto de vista e o corpo do observador. contrados) surrealistas. No Brasil, a questão
Para a apreensão da obra, é preciso percorrê- do objeto surge na década de 1960, com traba-
la, passar entre suas dobras e aberturas ou, lhos que rompem com a bidimensionalidade
simplesmente, caminhar pelas veredas e tri- da pintura. A construção de objetos e o uso
lhas que ela constrói por meio da disposição de outros prontos em trabalhos compostos
de peças, cores e objetos. expandiram-se e, hoje, são considerados uma
categoria. Fonte: COSTA, Cacilda Teixeira
Instrumentos eletroeletrônicos – São aque- da. Arte no Brasil 1950-2000. São Paulo: Ala-
les que reproduzem virtualmente os sons dos meda, 2004. p. 55-58.
instrumentos acústicos. Seus sons ficam cada
vez mais próximos do som gravado em estú- Paisagem sonora – O conceito criado por
dio dos instrumentos originais. Hoje, é difí- Murray Schafer dá relevância ao chama-
cil distinguir alguns sons sampleados de seus do ambiente sônico que nos envolve como
originais. fenômeno musical, ambiente cuja paleta é
composta por sonoridades que vão do ruído
Livro de artista – Também chamado de estridente das metrópoles aos sons dos ele-
livro-arte, tem o livro como referente, mesmo mentos primordiais (terra, fogo, água e ar).
que remotamente. Ele pode não ser um livro
propriamente dito, podendo ganhar o estatu- Performance – Nasce como arte híbrida,
to de escultura ou objeto. É uma manifestação espetacular, mix das artes plásticas, visuais e
da arte contemporânea. cênicas. Partindo da investigação de supor-
te, das assemblages do corpo (body art), dos
Maître de ballet – Um dos cargos mais im- happenings que enfatizam o acontecimento e
portantes do balé clássico. É o profissional que do uso de multimídia, a performance propõe
dirige os bailarinos do corpo de baile, zelando modos inventivos, num movimento antiesta-
pelo rendimento técnico e artístico do espetá- blishment e antiarte. Surge como live art, que
culo; ensaia bailarinos; remonta coreografias; se refere tanto à arte ao vivo, sem representa-
ministra aulas de dança em uma companhia ção, quanto à arte viva. A performance esten-
específica. de e desconstrói a tríade da linguagem teatral
(ator-texto-público), somando a corporalida-
Música eletroeletrônica – Surgiu de uma de e o teatro de imagens ao texto, alterando as
vertente da música erudita, chegou à músi- relações de espaço-tempo convencionais.
ca popular, inicialmente por grupos de rock,
depois, criando estilos próprios como techno, Ready made – Expressão cunhada por Mar-
acid, house, trance e drum‘n’bass. A partir da cel Duchamp, significando objeto pronto. Em
década de 1970 e início da década de 1980, vez de criar um novo objeto, ele se apropriava
cresceu o interesse pela inovação de instru- de objetos produzidos em série pela indústria,
mentos que possibilitavam a manipulação de modificando-os. Esse conceito introduz o co-
sons virtuais. Para evitar que esses instrumen- tidiano na arte.
tos não se relacionassem tecnicamente, criou-
se o MIDI, um protocolo de comunicação. Site specific ou “sítio específico” – Obras
Foi um acontecimento notável na indústria da criadas de acordo com o ambiente e com

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Arte – 7ª série, 2º bimestre

um espaço determinado. Trata-se, em geral, Videocriatura – É um ser híbrido monta-


de trabalhos planejados, muitas vezes fruto do a partir de máscaras eletrônicas criadas
de convites, para um certo local, em que os com monitores de vídeo low-tech acoplados
elementos esculturais dialogam com o meio ao corpo de performers utilizando-se próteses
circundante, para o qual a obra é elaborada. ortopédicas. Vem sendo desenvolvida desde a
Nesse sentido, o conceito liga-se à idéia de década de 1980 por Otávio Donasci, por meio
arte ambiente, land art (arte da terra) e arte de centenas de performances diferentes em vá-
pública, quando em locais públicos. rios países.

ARTISTAS CITADOS

trazem consigo (obra Criaturas) ou transmitir,


sucessivamente, das pernas para os braços do
artista solitário (obra Transferência), a chama
de velas conectadas aos seus membros. Ao
contrário do que sugeriam os aparelhos cor-
porais fora do contexto da ação de Groisman,
a transmissão dessa energia luminosa celebra
a positividade da própria vida, do desejo e sua
eterna transmissão de fluxos, que se apagam
e reacendem numa seqüência sem origem ou
fim.” Fonte: <http://www.itaucultural.org.br>.
Acesso em: 2 fev. 2008.

Murray Schafer, Raymond (Canadá, 1933)


– Compositor, escritor, pedagogo. Ganha re-
putação internacional pelas suas composições
musicais e teorias educacionais inovadoras. Em
1956, muda-se de Toronto para viver na Áus-
tria e na Inglaterra. Em 1961, transfere-se para
o Canadá. Desde 1975, vive em Ontário. Suas
experiências radicais em educação de música
elementar nos anos 1960 resultaram em uma
série de brochuras educacionais imaginativas e
várias composições elaboradas para orquestras
de mocidade e coros. Em 1997, lança o livro A
Afinação do Mundo, traduzido em oito idio-
mas. Suas teorias educacionais são aplicadas
em vários lugares do mundo, como Japão, Es-
candinávia e América do Sul, entre outros.

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caderno do
PROFESSOR

ARTE
ensino fundamental

8ª SÉRIE
2º bimestre - 2008

matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


Que interesses surgem entre os alunos de- combinados, possam formar ou compor ele-
pois das problematizações? mentos cênicos. Para onde pode caminhar o
seu projeto com a turma de alunos?
Um pequeno estudo coreográfico pode ser
iniciado em espaços diferenciados, por exem- Tempo previsto: 2 a 4 aulas.
plo, num espaço que tenha cadeiras, um espa-
ço que tenha diferentes níveis inferiores, como
um porão? Ou níveis superiores, como uma Diálogos sobre a dança no território da
escada ou arquibancada? Um espaço onde
se possa fazer um fundo preto? Um corredor,
como uma passarela? Que outros cenários materialidade
podem ser criados? Ou, ainda, que outros ele-
mentos cênicos podem ser realizados?
o c orpo c omo s uporte fís ic o da danç a;
objetos c ênic os ; adereç os , c enário;
Você pode também pedir aos alunos que figurino; s apato para s apateado;
tragam para a próxima aula materiais que, mús ic a; rec urs os de c omputaç ão;

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
DIÁLOGOS SOBRE A MÚSICA NO TERRITÓRIO
DA MATERIALIDADE

A percepção humana de um fato, de um ce- não é necessariamente feita por uma flauta ou
nário, de um objeto, de um som, de um chei- outro instrumento de sopro, por exemplo.
ro, de uma palavra, de uma lembrança produz
reflexos da realidade, pensamentos, sensações, Para estudarmos os diálogos com a materia-
sentimentos que podem se canalizar para as lidade na criação da forma artística em música,
linguagens da arte, para a pesquisa científica, propomos o estudo de algumas composições
para a filosofia. São estes os modos diversos musicais e algumas explorações sonoras.
de se colocar diante da realidade e recriá-la.

Quando o músico quer comunicar o pen- Tom, Vivaldi e Hermeto: invenção &
samento de uma manhã de chuva forte no criação
meio do mato, não cria necessariamente uma
melodia ou um som de instrumentos que re- Compositores e orquestradores selecionam
presentem o som da chuva, os pingos, a lama, os mais diversos instrumentos da orquestra ou
para representar cada objeto, cada movimen- elétricos e eletrônicos para criar suas obras. Essa
to, cada ação. Concebe isso em um pensamen- escolha é sempre cuidadosa, pois é um embate
to musical, expresso em células melódicas, concreto, um diálogo constante com a matéria
rítmicas e timbres, articulando som, silêncio que vão usar na construção de suas obras, pois
e sonoridades. Nada necessita ser sempre tão cada instrumento, ou grupo de instrumentos,
explícito. As escolhas das notas e as células produz sensações auditivas muito diferentes.
rítmicas para comunicar o pensamento musi-
cal não seguem necessariamente uma exigên- Quando ouvimos uma obra musical com
cia lógica e explícita que faça a representação atenção, podemos escutar pássaros, florestas,
direta do som com o objeto concreto a ser índios, negros em procissão, vento bravo, bri-
comunicado. A representação de um pássaro sa, ondas do mar, sem que isso seja tão explí-

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


Arte – 8ª série, 2º bimestre

cito, isto é, sem a necessidade de uma imitação de uma primeira escuta, proponha uma conver-
explícita do som desses elementos que impul- sa: já haviam escutado esta música antes? Onde?
sionaram a criação dos artistas. Ao vivo ou a partir de gravações? Que sensações,
lembranças, sentimentos e pensamentos vieram
Que sensações, lembranças, sentimentos, à tona? Conseguem perceber as partes que com-
pensamentos nos capturam ao ouvir o primeiro põem este movimento criado por Vivaldi?
movimento da obra Quatro estações, de Vivaldi?
O que podemos ouvir da sua Primavera? Para Esta conversa pode prepará-los para uma
isso, sugerimos a audição da faixa Primavera do escuta orientada para a leitura do primeiro mo-
CD Quatro estações (The four seasons)7 Depois vimento da música Primavera, de Vivaldi.

Quatro estações – Primavera – 1º Movimento (Vivaldi)


Violino solista: Anne Sophie Mutter
Orquestra Filarmônica de Berlim sob a regência de Herbert Von Karajan

Ouvindo a faixa “Primavera” e lendo os versos ao lado, vamos experimentar fazer a relação entre o que é tocado
pelo violino solista e as cordas da orquestra (violinos, violas, violoncelos e contrabaixos).

VERSOS ORQUESTRA
I − Chegada é a Primavera... (abertura) − Todas as cordas da or-
Chegada é a Primavera e festejando questra tocam de forma alegre e vigorosa.
saúdam as aves com alegre canto. II − As aves saúdam... − Tocam: violino solista com resposta das
cordas da orquestra.
III − Volta o tema da abertura com as cordas da orquestra para
preparar o próximo tema.
E as fontes, ao expirar do Zéfiro, IV − As fontes correm com doce murmúrio − Todas as cordas tocam
correm com doce murmúrio. um novo tema.

V − Volta o tema da abertura preparando o tema da tempestade.

Uma tempestade cobre o ar com VI − Uma tempestade cobre o ar com negro manto – Tocam todas
negro manto. as cordas da orquestra com predominância dos graves dos contra-
Relâmpagos e trovões são eleitos a baixos e dos violoncelos, criando o clima de relâmpagos e trovões,
anunciá-la. e o violino solista.

VII − Volta o tema da abertura.

VIII − ... as avezinhas tornam de novo... cantando suave e harmo-


Logo que ela se cala, as avezinhas
niosamente (canoro) com o violino solista correspondido pela res-
tornam de novo ao canoro encanto.
posta das cordas da orquestra.
IX − Volta o tema da abertura para encerrar com violino solista e
as cordas da orquestra.

7
Vivaldi. Primavera – Concerto para violino, cordas e baixo-contínuo, opus 8. In: The four seasons – Vivaldi. Faixa
1. Gravadora Movieplay.

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O compositor que domina o conhecimento para ser compreendido, o público fruidor de
e a linguagem musicais, somados à estética da obras musicais também deve compreendê-la.
sensibilidade (delicadeza, leveza e sutileza), tem Isso não significa necessariamente que o públi-
habilidades e competências para escolher os co domine a leitura e escrita musical ou saiba
instrumentos para orquestrar suas obras (gran- harmonia, mas é fundamental que tenha desen-
des e pequenas orquestras e pequenos grupos volvido competências e habilidades auditivas,
instrumentais), utilizando desde instrumentos disciplina para escutar em silêncio, necessárias
tradicionais (acústicos e elétricos) até inusitados também para ler um livro, ouvir um poema, en-
instrumentos eletro-eletrônicos (há mais infor- fim, para entrar em [con]tato com a arte.
mações sobre instrumentos no caderno do 1º bi-
mestre da 7ª série, onde foi tratada a questão dos Neste momento, recomendamos assistir
suportes dentro do território da materialidade). com seus alunos ao vídeo de abertura do DVD
Águas de março – Capítulo 1 – Pindorama8,
Além de escolher os instrumentos, usa-os para ver imagens da paisagem Atlântica, com
expressivamente para conseguir comunicar seu texto de Tom Jobim na voz de Chico Buarque,
pensamento musical. Algumas vezes, de forma e compreender o cenário-base que estimulou
bem descritiva, outras causando impressões, Tom a compor suas obras, e também para ou-
sempre provocando sensações. Não só o cria- vir o som de uma de suas músicas: Lenda (que
dor deve dominar a linguagem musical, mas, é a trilha musical do Capítulo 1). Diz ele:

“A minha música deve muito às árvores, às mesmo você não olha para a paisagem. Na
montanhas, ao mar, à costa, aos pássaros e, hora “h”, você está concentrado. Fiz o Sabiá,
naturalmente, não podemos esquecer, à mu- também. Conheço muitos passarinhos, mas
lher brasileira que também faz parte da eco- pelo nome popular. Só alguns pelo nome
logia, é um animal natural como o homem. científico. Esse negócio de entender de uma
Tudo isso me deu um grande estímulo para coisa, tem que amar! Villa-Lobos também
escrever música. Para sentar de manhã, ver o conhecia muito bem os passarinhos, inclusi-
sol e achar que a vida é bonita, [...] que vale ve ouvindo as obras dele, poli-sinfônicas, sou
a pena ser vivida. [...] Essas músicas que eu capaz de dizer que passarinho ele está imi-
fiz: Dindi, Borzeguim, Águas de março e tan- tando com a orquestra. Ele, como eu, usava
tas outras, são todas inspiradas na Floresta muito o matita-perê [...] Na Mata Atlântica
Atlântica. O visual é bonito, me inspira para a vida é em profusão. Aqui é o Pindorama: a
fazer música. Se bem que eu acho que na hora Terra das Palmeiras.

Tom Jobim foi um compositor que mui- dem me seguir, um é você, o outro é o Tom
to influenciou os compositores e intérpretes Jobim. Cuidado com o Tom na canção de câ-
da música brasileira. No texto, ele se refere a mara, ele sabe escrever, é um perigo”9.
Villa-Lobos, que o valorizava também. Dis-
se ele uma vez ao músico Cláudio Santoro: O que chama a atenção dos estudantes ven-
“Olha, eu estou partindo, mas os dois que po- do a paisagem e ouvindo o texto e a música do

8
Vídeo: Abertura do DVD Águas de março − Tom Jobim – Maestro Soberano. Biscoito Fino Produções Artísticas,
Rio de Janeiro/RJ, 2006 (4 DVDs).
9
Depoimento extraído do DVD Águas de março − Tom Jobim – Maestro Soberano. Biscoito Fino Produções
Artísticas, Rio de Janeiro/RJ, 2006 (4 DVDs). Depoimento de Tom Jobim.

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Arte – 8ª série, 2º bimestre

DVD do Tom Jobim? Percebem o que alimenta te do tempo (dias, semanas, meses), para ficar
os processos de criação do artista? Os estudan- à disposição do mestre o tempo todo. É uma
tes percebem que a inquietude dos criadores renúnica à vida pessoal, num trabalho musical
faz com que sejam atentos observadores dos exaustivo, em busca da perfeição.
seus universos sonoros, ou seja, de tudo o que
está à sua volta e em sua memória afetiva? Explorações sonoras
Alguns compositores usam os instrumen- Para que os nossos alunos experimentem
tos convencionais para compor suas obras, a produção musical, a partir de instrumentos
outros buscam tudo que produza som sobre construídos por eles com material encontrado
a face da Terra. Isso não significa que sejam à sua volta, podemos propor que façam uma
mais ou menos ousados, mas são escolhas orquestra com garrafas afinadas com água.
diferentes. Os alunos conhecem alguns ins-
trumentos não convencionais? Já ouviram O som é produzido assoprando-se no garga-
alguém tocar no pente? Ou no serrote? Ou lo das garrafas. Para afinar cada uma delas com
em vasilhames com água? uma nota musical, temos que colocar água den-
tro. Quanto mais água, mais o som ficará agudo,
Hermeto Pascoal é virtuose em vários ins- pois diminui o espaço interno da garrafa. É im-
trumentos: piano, saxofones (soprano, alto, portante que se consiga uma variedade de garra-
tenor e baixo), flautas transversais (flauta dó fas para que tenham uma série de sons, do grave
e flauta sol), um excelente arranjador que do- ao agudo. Quais serão as diferenças provocadas
mina as técnicas mais complexas da orques- por garrafas de pet e uma de vidro, e diferentes
tração com instrumentos tradicionais. É um tamanhos de garrafas e de garrafões?
desses músicos que também usam tudo o que
tem à sua volta para produzir música. Seria importante conseguir um diapasão
de plástico − aparelho usado para afinar as
A exigência de Hermeto com a precisão seis cordas do violão (mi, lá, ré, sol, si e mi).
rítmica, afinação e técnica artística com seus Se conseguirmos afinar seis garrafas, deixan-
músicos cria a necessidade de um enorme tem- do o som parecido com as cordas do violão,
po de ensaio. Para trabalhar no seu grupo, os teremos um grupo de seis alunos que podem
músicos passam a viver junto dele grande par- criar músicas assoprando as garrafas
Cortesia/Geraldo Suzigan

Fig. 6 – Garrafas pet.

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


É importante cuidar para que somente um de comprimento. Tampe um dos lados do
aluno assopre a mesma garrafa, evitando que tubo e faça oito furos: um próximo ao lado
vários alunos coloquem a boca no mesmo gar- tampado do tubo e outros sete, conforme o
galo para que não haja contaminações de do- desenho abaixo. Para tocar, devemos asso-
enças transmissíveis pela saliva. prar pelo furo maior da mesma forma que
fazemos nas garrafas. O sopro não deve ser
Um outro instrumento a ser prepara- muito forte e pode variar usando-se a colo-
do é uma flauta que pode ser feita com um cação da língua como se fosse para falar tu,
tubo de PVC de 2 cm de diâmetro e 66 cm tu, ru, ru, tu...
Cortesia/Geraldo Suzigan

Fig. 7 – Flauta feita com tubo de PVC.


Cortesia/Geraldo Suzigan

Fig. 8 – Embocadura: como soprar a flauta.

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


Arte – 8ª série, 2º bimestre

Outros instrumentos podem ser constru- Podemos fazer uma tabela na lousa para
ídos pelos alunos com a sua ajuda dos pais apontar as diferenças entre as duas faixas ou-
e de outros professores. Se tiverem dispo- vidas, ressaltando as conexões entre elas, as
níveis instrumentos musicais, mãos à obra, diferenças e semelhanças. Algumas problema-
usem-nos. Até canos de metal, em diversos tizações possíveis:
tamanhos, se tiverem como conseguir, vale
arriscar. Os alunos conseguem identificar os ins-
trumentos musicais tocados em cada faixa?
É possível também criar efeitos sonoros Como é este diálogo entre instrumentos? Ele
de chuva, de trovão etc., com muitos mate- toca de modo convencional? Conseguem
riais, tais como: agitando no ar placas bem perceber a melodia principal da música de
finas de metal; produzindo sons com a boca cada faixa e cantarolar um trecho delas? Su-
junto a um microfone; ou mesmo gravando gerimos que eles escrevam uma reportagem
sons da natureza (trovão, som da chuva, para um jornal ou revista ou mesmo que
vento...). Podem ainda gravar som de água contem a alguém o que escutaram nas duas
da torneira ou mexer na água de um balde, faixas.
por exemplo.
Pesquisando
Vamos provocar nossos alunos para que
pensem projetos de construção de instrumen- Muitos aspectos podem ser pesquisados
tos, na exploração de sonoridades, para gerar em relação à materialidade na música, apro-
pequenas composições sonoras que devem fundando tudo o que foi trabalhado aqui.
ser gravadas e, assim, analisadas para a con- Alguns exemplos: Walter Smetak, que bus-
tinuidade de processos de criação. cou “uma nova escuta e sonoridade a partir
da criação de novos instrumentos musicais,
termina por expandir o próprio conceito de
Pesquisando a poética de um artista música, ultrapassando os limites da lingua-
gem musical ao aproximá-la da dimensão
A procura inquietante de sons impulsiona plástica e espacial”11. Grupo Uakti, com seus
Hermeto, um eterno menino sapeca, a con- instrumentos feitos de materiais como tubos
seguir resultados incríveis nos instrumentos de PVC, sinos de madeira, caldeirões, ma-
musicais, tradicionais ou não, trabalhando a rimba de vidro, aqualung (que utiliza o som
forma de tocar (o touche) com surpreendentes da água como matéria sonora). A orquestra
rearmonizações. Podemos pesquisar o modo mágica do Parque Lúdico no Sesc Itaquera
de ser musical deste artista comparando duas em São Paulo, um projeto de Cristina Mello
de suas composições no CD Ao vivo – Mon- e Rita Vaz, com brinquedos que se asseme-
treaux Festival: as faixas Bem-vinda e La- lham a instrumentos musicais, baseados em
goa Santa10. princípios acústicos. Músicos que tiram a so-
noridade do próprio corpo, como o Barbatu-
O que se pode dizer do modo de tocar ques, ou com objetos, como o grupo Stomp,
de Hermeto Pascoal e seu grupo? Os alunos que foram apresentados no Caderno da 7ª
podem reconhecer a poética pessoal deste série, primeiro bimestre.
músico?

10
CD Hermeto Pachoal − Ao vivo – Montreaux Festival. Warner, 2002. Nacional − ASIN – 809274143525.
11
SCARASSATTI, Marco. Mediando [con]tatos com arte e cultura. Universidade Estadual Paulista/Instituto
de Artes. Pós-graduação. São Paulo, v. 1, n. 1, Nov. 2007, p. 85. Leia mais em: <www.terra.com.br/istoe/1679/
artes/1679_escultor_som.htm>. Acesso em: 24 dez. 2007.

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


A partir das pesquisas e de toda a produ- Diálogos s obre a mús ic a no território de
ção apreciada e realizada pelos estudantes, eles materialidade
podem escrever um texto jornalístico como se
fossem críticos de música. Assim, complemen-
tariam o portfolio do bimestre. matéria s onora e s ignific aç ão;
ins trumentos tradic ionais ; não tradic ionais ;
Tempo previsto: 2 a 4 aulas. ins trumentos elétric os , eletrônic os ; s ons c orporais ;
c riaç ão de novos ins trumentos ; prec is ão rítmic a;
afinaç ão; proc edimentos téc nic os

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
DIÁLOGOS COM A MATERIALIDADE NA CRIAÇÃO
DA FORMA ARTÍSTICA EM TEATRO

Mantendo o foco nas proposições ofe- I – A leitura de um texto teatral nos reve-
recidas no primeiro bimestre, o que foi de- la que o dramaturgo é um pensador do te-
senvolvido junto aos alunos de experiência atro. É ele quem primeiro organiza a cena.
cênica com texto? Qual fragmento de texto O texto teatral é, nesse sentido, um projeto
foi proposto para os percursos de leitura? de cena. Seria a encenação um ato de tradu-
Nesses percursos, os alunos mostraram sol- ção ou ilustração da matéria textual no es-
tura, amplitude vocal, foco no texto? Des- paço cênico? O que os alunos pensam sobre
sa experiência física, vocal e sensorial de isso? Para pensar a revelação da teatralidade
apropriação do texto, o que permanece nos do texto no palco, vejamos fotos de algumas
alunos? Como eles percebem esse processo montagens de textos do dramaturgo William
físico de tornar audível o texto, de tornar Shakespeare.
a palavra escrita vocalizada? A partir dessa
experiência, para eles o que é um texto de A encenação, por exemplo, do texto A tem-
teatro? Como eles percebem a relação entre pestade, de Shakespeare, já foi realizada com
texto, ator/atriz e a palavra falada no con- os atores Paulo Autran e Sérgio Mamberti
texto do fazer cênico? como o personagem Próspero. Para os alunos,
um personagem é modificado quando encena-
Estas são questões que podem ser o embrião do por diferentes atores?
de indagações, tanto para você, professor(a)
fazer uma leitura do processo desenvolvido, O diretor Peter Brook, em sua montagem
como para abrir aos seus alunos o assunto de A tempestade, escolhe para protagonizar o
deste segundo bimestre: a matéria textual e a mágico Próspero o ator africano Sotigui Kou-
palavra como materialidade sonora no fazer yaté e, para o papel de Caliban, um jovem ator
cênico. alemão12. Essa escolha do diretor seria para
iluminar alguma ambigüidade presente no
Comecemos investigando a matéria textual texto de Shakespeare? O que os alunos pen-
no fazer cênico. sam sobre isso?

12
Para aprofundar mais, consulte: BROOK, Peter. A porta aberta: reflexões sobre a interpretação e o teatro. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. p. 85-102.

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


Arte – 8ª série, 2º bimestre

comentada de dois ou três portfolios realiza- Apuraram o olhar para perceber conexões en-
dos por colegas para a reconstrução de seu tre a materialidade, os processos de criação e
próprio portfolio. a utilização das relações de forma-conteúdo?
Viveram processos de criação em arte?

Diário de bordo do professor Avaliando o seu diário de bordo: as Situ-


ações de Aprendizagem selecionadas e inven-
A cartografia do percurso vivido no bimes- tadas por você foram adequadas? O que você
tre por meio dos portfolios dos estudantes ali- faria de modo diferente? Quais outras conexões
menta a avaliação de todo o processo. poderiam ter sido feitas? Algo moveu você para
estudar, pesquisar e produzir em arte?
Foram ampliados os repertórios dos estu-
dantes em relação à especificidade da mate- Estas questões abrem um espaço para a re-
rialidade nas diferentes linguagens artísticas? flexão e aquecem para o próximo semestre.

RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR


E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA

ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: Shakespeare. São Paulo: Perspectiva, 1998.
uma psicologia da visão criadora. São Paulo:
Thomson Learning, 2002. LEAL, Patrícia. Respiração e expressividade:
práticas corporais fundamentadas em Graham
BOGÉA, Inês. O livro da dança. São Paulo: e Laban. São Paulo: Fapesp/Annablume,
Companhia das Letrinhas, 2002 (Coleção 2006.
Profissões).
LOBO, Lenora; NAVAS, Cássia. Teatro do
BROOK, Peter. A porta aberta: reflexões sobre movimento: um método para o intérprete
a interpretação e o teatro. Rio de Janeiro: criador. Brasília: LGE Editora, 2003.
Civilização Brasileira, 1999.
MAGALDI, Sábato. O texto no teatro. São
FORTUNA, Marlene. A performance da Paulo: Perspectiva, 1999.
oralidade teatral. São Paulo: Annablume,
2000. _______________. Moderna dramaturgia
brasileira. São Paulo: Perspectiva, 2006.
FUSARI, Maria Felisminda de Rezende;
FERRAZ, Maria Heloisa. Arte na educação MARTINS, Marcos Bulhões. Encenação em
escolar. São Paulo: Cortez, 1993. jogo − Experimento de aprendizagem e criação
do teatro. Brasília: Hucitec, 2004.
GAYOTTO, Lucia Helena. Voz: partitura da
ação. 2. ed. São Paulo: Plexus, 2002. MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE,
Gisa; TELLES, M. Terezinha. A língua do
GODOY, Amilton; SUZIGAN, Geraldo; mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São
CRUZ, Sylvio B. Princípios da harmonia Paulo: FTD, 1998 (Coleção Didática do
moderna. São Paulo: Zimbo Edições Musicais, Ensino).
1984 ( 5 volumes).
OSTROWER, FAYGA. Universos da arte. Rio
HELIODORA, Bárbara. Falando de de Janeiro: Campus, 2004.

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


PAREYSON, Luigi. Problemas da estética. JOBIM, Tom <www.acjobim.org.br/acervo/
São Paulo: Martins Fontes, 1984. acervodigital.html>, <www.jobim.com.br> e
www.jobim.org/acervo/acervodigital.html.
QUINTEIRO, Eudosia Acuña. Estética
da voz: uma voz para o ator. São Paulo: MATERIAL EDUCATIVO PARA PRO-
Summus, 1989. FESSOR PROPOSITOR <www.artenaes
cola.org.br/dvdteca>.
SUZIGAN, Maria Lucia C.; SUZIGAN, Ge-
raldo. Educação musical: um fator preponde- MÚSICA CONTEMPORÂNEA <www.cic.
rante na construção do ser. São Paulo: CLR unb.br/docentes/fatima/imi/imi200/s/Historia/
Balieiro/G4 Editora, 1986. (Cadernos Brasilei- IMI-histmus-contemp.html>.
ros de Educação – Coleção. Ensinando Apren-
dendo / Aprendendo Ensinando) MUSICA MODAL <www.jazzbossa.com/
sabatella/06.03.improvisacaomodal.html>.
SUZIGAN, Maria Lucia C.; MOTA, Fernando
C.; SUZIGAN, Geraldo. Método de percepção PASCOAL, Hermeto <http://cliquemusic.uol.
auditiva − Volume 1, com CD de áudio para a com.br/artistas/hermeto-pascoal.asp.>.
prática. São Paulo: G4 Editora, 2000.
RAMOS, Nuno <http://www.artcanal.com.br/
UBERSFELD, Anne. Para ler o teatro. São oscardambrosio/nunoramos.htm> e <http://
Paulo: Perspectiva, 2005. www.fortesvilaca.com.br/artistas/nuno_
ramos/index.html>.
Sites de artistas e sobre arte
TONS – Instituto de Educação Musical
Os sites abaixo foram acessados em 24 de <http://www.tons.com.br>.
dezembro de 2007.
UAKTI <http://www.uakti.com.br>.
ARTE-EDUCAÇÃO-CULTURA <www.riz
omacultural.com.br>. VIVALDI http://w3.rz-berlin.mpg.de/cmp/
vivaldi_op8_1to4_four_seasons.html.
ENCICLOPÉDIAS <www.itaucultural.org.br>.

GLOSSÁRIO

Blue notes – São notas cromáticas resul- centar a dimensão temporal), e não mais um
tantes de fragmentos de escalas pentatônicas arte pictórica da tela pintada, como o teatro
muito utilizadas no blues, no jazz, no choro e se contentou em ser até o naturalismo.
no rock, inconfundível para qualquer ouvido.
São “estranhas” à harmonia de uma música e Escalas pentatônicas – São escalas, como o
encontradas em diversas culturas, como a ja- próprio nome fala, com apenas cinco notas.
ponesa, chinesa e africana. Há duas formas mais utilizadas de encontrá-
las: a primeira é suprimindo a segunda e a sex-
Cenografia – No sentido moderno, é a ci- ta notas de uma escala. Exemplo: na escala lá
ência e a arte da organização do palco e do – si – dó – ré – mi – fá – sol, vamos suprimir
espaço teatral. A linguagem da cenografia tem as notas si e fá, ficando a pentatônica: lá, dó,
hoje o desejo de ser uma escritura no espaço ré, mi, sol (correspondente à tonalidade me-
tridimensional (ao qual seria mesmo acres- nor). A segunda forma é suprimindo a quarta

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


Arte – 8ª série, 2º bimestre

e a sétima nota de uma escala. Exemplo com dispõe progressões harmônicas complexas e
a escala: lá – si – dó# – ré – mi – fá# - sol, exige complicados cálculos rápidos durante
de onde vamos suprimir as notas ré e sol, fi- o improviso, onde problemas básicos do pen-
cando a pentatônica: lá – si – dó# – mi – fá# samento melódico pedem o uso inteligente de
(correspondente à tonalidade maior). Ao in- escalas e a substituição de acordes. Já a apli-
vertermos as notas de uma escala pentatôni- cação jazzística dos conceitos da modalidade
ca, temos outras quatro escalas chamadas de permite a criação de resultados sofisticados e
shapes da escala, muito utilizadas por músicos inusitados, como os conseguidos pelo músico
com influência do blues. Miles Davis no disco Kind of blue na balada
Blue in green, onde há muitos movimentos
Escalas hexafônicas – São escalas de tons harmônicos em acordes complexos, como
inteiros. Há praticamente apenas duas: uma Bbmaj7#11.
começando pela nota dó natural: dó, ré, mi#,
fá#, sol#, lá#, e a outra da nota ré bemol: réb Música atonal – Sua estrutura básica é evi-
– mib – fá – sólb – láb – sib. Muito utilizada tar tonalidade ou modo, usando livremente as
para improvisar em acordes de sétima menor 12 notas da escala cromática: dó, dó susteni-
e nona maior. do, ré, ré sustenido, mi, fá, fá sustenido, sol,
sol sustenido, lá, lá sustenido e si. Foi muito
Figurino – É definido como a vestimenta utilizada pelos compositores expressionistas.
utilizada pelos atores para a caracterização
de seus personagens de acordo com sua na- Música serial – Seu princípio nasce após o
tureza e identifica, geralmente, a época e o abandono do sistema da música tonal, quan-
local da ação. Assim como na vida real, o do o compositor Schöenberg sentiu necessida-
vestuário, no teatro, tem a função de repro- de de criar um novo sistema para organizar a
duzir várias normas de diferentes culturas. criação no sistema atonal. A forma encontra-
Ao identificar o seu procedimento, identi- da é chamada de serialismo ou dodecafonis-
ficam-se o sexo, a idade, a classe social, a mo, onde o compositor ordena a priori todas
profissão, a nacionalidade ou a religião do as doze notas da escala cromática e, então,
personagem. Ao mesmo tempo, o figurino é segue a seqüência das notas conforme ordena-
um símbolo que representa atmosfera, épo- da com base para sua composição. Nenhuma
ca histórica, região, estação do ano, hora do nota pode aparecer fora desta ordem prede-
dia, entre outras situações. Igualmente, o fi- terminada, mesmo as doze notas terem igual
gurino associa, identifica e equipara outros importância, embora qualquer uma das notas
sistemas culturais. da série possa ser repetida ou usada em oita-
vas diferentes.
Fotograma – Cada uma das imagens im-
pressas por processo químico na fita de ce- Patinação – A patinação tem sua origem na
lulóide. São projetadas a uma freqüência de Europa. No começo, patinar era uma maneira
24 por segundo, produzindo a ilusão de mo- de se locomover, utilizada para atravessar os
vimento. Nosso cérebro processa as imagens lagos e canais congelados no inverno. Após
mesclando as imagens seguidas, dando a sen- passar a ser utilizada como forma de recrea-
sação de movimento. O conjunto de fotogra- ção, patinadores passaram a fazer desenhos
mas é denominado de frame. no gelo com as lâminas dos patins. O atleta
equilibra-se em cima de patins e faz diversas
Música modal – A música modal é estru- acrobacias. Na patinação artística, as acro-
turada nos modos gregos. Originalmente, bacias executam uma espécie de coreografia.
ela pode ter apenas dois ou três acordes que A patinagem pode-se dividir em dois grupos
permitem uma maior facilidade de improvi- distintos: a patinagem no gelo e em ringue de
sação muito diferente da música tonal, que madeira ou cimento.

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Performer – O artista que participa de ações adaptados especialmente para esta dança. Os
que acontecem em espaços expositivos, teatros calçados eram mais flexíveis, feitos de couro, e
e até em lugares menos convencionais. Muitas moedas eram fixadas à sola para que o som fos-
vezes, cria ou adapta seus próprios figurinos e se mais limpo. Mais tarde, finas placas de metal
une várias linguagens na performance que está (taps) passaram a ser fixadas no lugar das mo-
sendo feita. edas, o que aumentou ainda mais a qualidade
do som. O sapateado também é muito popular
Sapateado – Linguagem de dança, origi- nos Estados Unidos e foi introduzido no país
nalmente irlandesa, que teve suas primeiras por volta de 1840, quando escravos, que já pos-
manifestações no início da primeira Revo- suíam um estilo de dança próprio baseado nos
lução Industrial. Os operários costumavam sons corporais, tiveram contato com imigrantes
usar tamancos (clogs) para isolar a umidade irlandeses. Em 1930, o sapateado ganhou força
que subia do solo e, nos períodos livres, reu- com os grandes musicais, que contavam com
niam-se nas ruas para competir: quem fizesse a participação de nomes como Fred Astaire,
o maior e mais variado número de sons com Gene Kelly, Ginger Rogers e Eleonor Parker.
os pés, de forma mais original, seria o vence- Por não ser apenas uma forma de dança, mas
dor. Esta tradição ficou conhecida como Lan- também de percussão, o sapateado se diferen-
cashire Clog. Por volta de 1800, sapatos foram cia entre o meio artístico.

OBRAS CITADAS

A tempestade – É a última peça publicada a dicotomia bem/mal, abalam os estados por-


por Shakespeare (1611), elaborada numa épo- que transgridem, possuem grandes virtudes e
ca em que os europeus se lançavam a mares defeitos. Próspero tinha sido bom governante,
cheios de seres monstruosos que habitavam o amado pelo povo; ainda assim, trama um pla-
imaginário. A ação é situada no Novo Mun- no de vingança, fazendo seus antigos inimigos
do e o personagem central chama-se Próspero. passarem por provações, torturando Caliban
A peça começa com o naufrágio de um barco e tomando a liderança da ilha, escondendo a
onde estão os personagens Gonzalo, Alonso verdade de Miranda, aprisionando Ariel como
(rei de Nápoles), Antônio (irmão de Próspe- escravo. Todos os personagens têm um pouco
ro), Sebastião (irmão do rei), Ferdinando (fi- de santo e pecador. Eles estão passando por
lho do rei), Trínculo e Estéfano (bêbados) e um tipo de processo de educação como resul-
o contra-mestre. Estes são separados por gru- tado da ação dramática. É uma peça sobre a
pos na ilha, de acordo com a vontade de Prós- libertação após inúmeras provações – incluin-
pero, mago governante da ilha, que vive com a do a próprio Próspero, que pede que a platéia
filha Miranda e o monstro Caliban. Próspero o liberte através dos aplausos. Todas as coisas
revela que o naufrágio foi um plano contra tomam seu lugar natural numa espécie de re-
seus traidores. Seu irmão há anos se juntara torno à natureza.
ao rei de Nápoles para roubar seu cargo de
Duque de Milão, mandando-o para essa ilha Quatro estações, opus 8 Composição de
deserta junto com a filha ainda criança, num Vivaldi inspirada nas sensações das mudanças
barco velho, e Gonzalo os teriam ajudado, co- das quatro estações do ano. É uma celebração
locando no barco seus livros de magia, água à força da Natureza. A data da composição é
e comida. Até que Próspero e Miranda che- desconhecida. O programa do concerto (pio-
garam a essa ilha misteriosa, habitada pelo neiro na época), publicado em 1725, exibin-
monstro Caliban e por espíritos como Ariel. do pinturas e sonetos para músicos e platéia,
Shakespeare inova. Seus personagens rompem apresenta o Contraste entre harmonia e inven-

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


Arte – 8ª série, 2º bimestre

ção, composta de oito obras, das quais Quatro jovens apaixonados, Romeu Montéquio e Ju-
estações é a de número oito. Foi possivelmente lieta Capuleto. Filhos de famílias rivais, aca-
a primeira exibição delas. A autoria dos so- bam por não conseguir resistir ao ódio que os
netos acredita-se que seja do próprio Vival- separa, mas o seu amor perdurará para além
di, pois a partitura da música traz letras que da morte.
correspondem às marcações dos sonetos. É
aparente o esforço do compositor para que Singin’in the rain – Com letra de Arthur
seu público apreciasse e compreendesse suas Freed e música de Nacio Herb Brown, pu-
obras, oferecendo recursos em duas mídias, blicada em 1929. Talvez tenha sido apresen-
além da musical: escrita e plástica. tada pela primeira vez em 1927. A música
ficou mundialmente conhecida quando foi
Romeu e Julieta – Mundialmente aclamada tema para o filme musical de mesmo título,
como a mais bela e trágica história de amor de 1952, onde Gene Kelly dança e canta de-
de todos os tempos. Conta a história de dois baixo da chuva.

ARTISTAS CITADOS

Carlos Drummond de Andrade (Itabira/MG, bém utilizam instrumentos “convencionais”,


1902 - Rio de Janeiro/RJ, 1987) – Formado como violões e violoncelos. Participaram de
em Farmácia, funda A Revista para divulgar o discos de Milton Nascimento, que produziu
modernismo no Brasil. Funcionário público, o primeiro trabalho, Uakti − Oficina instru-
começou a escrever muito cedo, com extensa mental, em 1981, continuando sua trajetória
produção: poesia, livros infantis, contos e crô- singular.
nicas. Por seus versos livres, liberdade lingüís-
tica e temáticas cotidianas, é considerado um Hermeto Pascoal (Olho d´Água/AL, 1936)
dos mais importantes poetas brasileiros. – Os sons da natureza o fascinam desde peque-
no. A partir de um cano de mamona (abóbo-
Gene Kelly (EUA, 1912-1996) – Dançarino, ra), fazia um pífano e ficava tocando para os
ator, diretor, produtor e coreógrafo. Eugene passarinhos. Ao ir para a lagoa, passava horas
Curran Kelly foi um dos expoentes na época tocando com a água. O que sobrava de ma-
áurea dos musicais. Trabalhou em várias pe- terial do seu avô ferreiro, ele pendurava num
ças e filmes, com passagem pela televisão nor- varal e ficava tirando sons. Até o acordeão de
te-americana. Seu trabalho mais conhecido, oito baixos de seu pai, ele resolveu experimen-
verdadeiro clássico dos musicais, é Cantando tar, com sete para oito anos, e não parou mais.
na chuva, do qual também foi diretor. Aos onze anos, já se apresentava em forrós e
feiras na companhia do irmão. Em 1950, a fa-
Grupo Uakti – Formado no ano de 1978, mília muda-se para Recife, e ele continua se
sob liderança de Marco Antônio Guimarães, apresentando com o irmão no rádio. No final
discípulo do suíço Walter Smetak. O nome do da década, vai para o Rio de Janeiro, onde
grupo deve-se a uma lenda indígena dos ín- toca em conjuntos regionais e no rádio. Mais
dios tucanos, do Alto Rio Negro. Os músicos tarde, transfere-se para São Paulo. Forma vá-
– Marco Antônio Guimarães, cordas; Paulo rios grupos, como o Som Quatro, Sambrasa
Sérgio dos Santos, percussões; Artur Andrés Trio e Quarteto Novo. Grava, com grande êxi-
Ribeiro, sopros; Décio de Souza Ramos, per- to, o LP A música livre de Hermeto Pascoal,
cussões – são os construtores/adaptadores de onde apresenta temas seus e interpretações de
instrumentos, feitos de materiais como tubos clássicos como Asa branca (Luiz Gonzaga) e
de PVC, sinos de madeira, caldeirões etc. Tam- Carinhoso (Pixinguinha). Participa do Festi-

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


val de Jazz de Montreux, na Suíça, compõe Nuno Álvares Pessoa de Almeida Ramos co-
peças sinfônicas, constrói instrumentos e gra- meça com a pintura, influenciado pelo neo-ex-
va diversos discos por gravadoras diferentes. pressionismo. Formado em Filosofia na USP,
Conhecido como “o bruxo” ou “o mago”, é em 1982, funda um ano depois o grupo Casa
considerado por boa parte dos músicos como 7, com Paulo Monteiro, Rodrigo Andrade,
um dos maiores gênios em atividade na música Carlito Carvalhosa e Fábio Miguez, que atua
mundial. Poliinstrumentista, é famoso por sua até 1985. Poemas, letras de música, matérias
capacidade de extrair música boa de qualquer de jornais e trechos de livros incorporam sua
coisa, desde chaleiras e brinquedos de plástico produção plástica, apresentada em importan-
até a fala das pessoas. Excursiona freqüente- tes exposições nacionais e internacionais. Tem
mente aos Estados Unidos e Europa, onde é também uma produção literária: Cujo (1993),
muito popular, especialmente entre músicos com fragmentos de poema; O pão do corvo
(2002); Balada (1995), um livro-obra com 900
Kurt Browning (Canadá, 1966) – Patina- páginas em branco perfuradas por uma bala,
dor, campeão mundial de patinação artística que se encontra no seu interior. Quando co-
várias vezes. meça a dominar demais um mesmo material,
ele parte para outro, descobrindo as potencia-
Leda Catunda (São Paulo/SP, 1961) – Du- lidades da natureza de cada material. Fonte:
rante o curso de artes plásticas, convive com <http://www.institutoartenaescola>.
mestres como Walter Zanini, Nelson Lerner,
Regina Silveira e Júlio Plaza e realiza, em Peter Brook (1925) – Nasce em Londres e
1983, sua primeira exposição, Pintura como estuda em Westminster, Greshams e Oxford.
meio, no Museu de Arte Contemporânea/ Como diretor teatral, nos anos 1960, inova
USP. Formada em 1984, a artista se interes- em montagens de Shakespeare, como em Rei
sa pela banalização das imagens, muitas vezes Lear, e em Marat/Sade. Em 1970, transfere-se
estereotipadas, sem autoria identificada, como para Paris, fundando o Centro Internacional
também por sua desconstrução, usando veda- de Pesquisa Teatral. Centra seu trabalho na
ções para encobrir parte das imagens, criando valorização do ator. Trabalha com grupos de
um novo diálogo com formas e matérias. As diversas nacionalidades para que as diferen-
relações puramente narrativas dos primeiros ças culturais e físicas enriqueçam o resultado
trabalhos vão sendo alteradas. As figuras pas- final. Uma de suas montagens mais conheci-
sam a ser destacadas com a pintura do fundo, das, Mahabharata, é adaptada de um clássico
na constante discussão figura-fundo. A busca indiano. Mais tarde, a transforma em filme.
constante por novos suportes, por materiais
não convencionais, faz com que objetos casei- Sotigui Kouyaté (Bamako, Mali, África Oci-
ros ganhem nova dimensão. Nas assemblages, dental, 1936) – De origem guineana, Kouyaté
lida com o óbvio, com imagens previsíveis, é griot, que, no oeste africano, é o responsável
porém de forma inusitada; por exemplo, ao por zelar pela memória coletiva e pela con-
sobrepor vestidos, camisetas e meias. Em seu ciliação do grupo ao qual pertence e, assim,
percurso de experimentação, Catunda se atém preservar, por meio da oralidade, a história do
às formas construídas com tecidos, colchas, continente e o equilíbrio da sociedade. Ator
edredons e similares, encontrando a “espessu- de teatro e de cinema, Kouyaté é diretor artís-
ra” e a “densidade” entre os limites da pintura tico e dançarino, jogador de futebol (capitão
e do objeto, do bi e do tridimensional, pela da equipe nacional do Burkina Faso), boxea-
força da materialidade dos suportes utilizados. dor e caçador. Cantor e violonista clássico, as-
Fonte: <http://www.institutoartenaescola>. sinou também muitas encenações teatrais na
Europa e na África. Criou em Bamako, com
Nuno Ramos (São Paulo/SP, 1960) – Escul- Jean-Louis Sagot-Duvauroux e Habib Dem-
tor, pintor, desenhista, gravador e ilustrador. bélé (ator de Sizwe Banzi est mort, apresenta-

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


Arte – 8ª série, 2º bimestre

da no Teatro SESC Anchieta), a companhia após ser fotografadas, são destruídas. As edi-
Mandéka Théâtre, tendo dirigido Antígona ções limitadas dessas fotografias são expostas
e Édipo. Desde 1986, tem sua própria com- como produto final. Fonte: <http://www.insti-
panhia, La voix du griot, em Paris, que já se tutoartenaescola>.
apresentou em diversos países. Companheiro
de estrada de Peter Brook há 22 anos, parti- Vivaldi (Veneza, 1678 - Viena, 1741) – An-
cipou dos espetáculos Tierno Bokar, Le costu- tonio Lucio Vivaldi, compositor de música
me, O Mahabharata, Hamlet, A tempestade, O barroca italiana. Talentoso violinista da or-
homem que, e diversas outras criações. Dirige questra da Basílica de São Marcos. É autor de
Le costume, que estreou em outubro de 2006, mais de quinhentos concertos (210 dos quais
em Atenas (Grécia). É ator de mais de 60 fil- para violino ou violoncelo solo), óperas, sin-
mes, na África, na Europa e nos Estados Uni- fonias, 73 sonatas, música de câmara e música
dos, entre eles O céu que nos protege, Golem, sacra. Sua obra mais conhecida é Quatro esta-
Coisas belas e sujas, Little Senegal, Génésis, ções – Opus 8. A maior parte do seu repertório
Sia-Le revê du python e Ip 5. só foi descoberta na primeira metade do século
20 e publicada na segunda metade. A obra de
Tom Jobim (Rio de Janeiro/RJ, 1927 - Nova Vivaldi é inovadora. Rompeu com a estrutura
Iorque/EUA, 1994) – Antônio Carlos Brasi- da época, dando brilho à forma e ao ritmo do
leiro de Almeida Jobim. Compositor, maestro, concerto, adicionando contrastes harmônicos
pianista, cantor, arranjador e violonista brasi- e melódicos. Fugiu das formas acadêmicas
leiro. É considerado um dos maiores expoen- apreciadas pelas minorias intelectuais da épo-
tes da música brasileira e um dos criadores do ca, revelando uma grande aceitação popular,
movimento da bossa nova. Aprendeu a tocar conseguindo ser famoso e admirado em vários
violão e piano tendo aulas, entre outros, com o países, incluindo alguns muito fechados aos
professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, seus valores nacionais, como a França.
introdutor da técnica dodecafônica no Brasil.
Tom Jobim é um dos nomes que melhor repre- Walter Smetak (Zurique, 1913 - Salvador/
senta a música brasileira na segunda metade BA, 1984) – Músico, violoncelista, composi-
do século 20 e é praticamente uma unanimida- tor, escritor, escultor e construtor de instru-
de entre críticos e público em termos de quali- mentos musicais. Anton Walter Smetak vem
dade e sofisticação musical. para o Brasil em 1937, influenciando uma
geração de músicos brasileiros. Em sua ofici-
Vik Muniz (São Paulo/SP, 1961) – Vicente na, cria instrumentos musicais com tubos de
José Muniz cursa Publicidade, mas seu inte- PVC, cabaças, isopor e outros materiais pou-
resse inicial na área das artes o dirige para o co usuais. Alguns dos instrumentos não têm
teatro. Em 1983, muda-se para Nova Iorque. utilidade puramente musical. São esculturas
Desiste da carreira de publicidade e torna- influenciadas por sua percepção mística de
se escultor. Quando vê as reproduções em encarar a música e as formas. Nos últimos
preto e branco das esculturas, percebe que a dez anos de sua vida, deixou de escrever par-
fotografia carrega o código da tridimensiona- tituras de suas composições, preferindo a im-
lidade dos objetos, mesmo sem volume, assim provisação em grupo com seus instrumentos.
como informa sobre o material. Isso gerou Deixou uma série de gravações dessas seções
novas idéias para produzir as ilusões que cria de improviso.
por meio da fotografia. Geralmente apresen-
tadas como séries, as fotografias registram as William Shakespeare (1564-1616) – Devi-
imagens de aparência realista produzidas com do à pouca documentação histórica, a vida
materiais inusitados, como macarrão, fios de de Shakespeare é assunto polêmico. Muito do
arame, pó, chocolate, açúcar etc. Com eles, que se afirma é baseado em deduções ou do-
compõe desenhos, pinturas ou esculturas que, cumentos vagos. Diz-se que nasceu em Stra-

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tford-on-Avon e trabalhou como aprendiz uma história dramática, pois Shakespeare
de açougueiro com o pai, quando este se viu logo se tornou ponto na Companhia Burba-
reduzido a esse único negócio por ter sido ge e, em seguida, ator. Adquiriu, primeiro,
malsucedido nos outros; que se casou com a fama como ator. Antes de tornar-se céle-
Ana Hathaway, oito anos mais velha que bre como dramaturgo, trabalhou nos palcos
ele, quando tinha apenas dezoito ou dezeno- londrinos durante vinte anos, ganhou di-
ve anos; não sendo muito feliz em sua vida nheiro, tornou-se sócio da companhia que
conjugal, praticando inúmeras extravagân- montou seus maiores sucessos e retirou-se
cias, foi apanhado caçando nas proprieda- para Stratford-on-Avon, onde passou os úl-
des de Sir Thomas Lucy e teve de fugir, indo timos cinco anos de vida. Deixou 37 peças,
assim rumo a Londres e ao teatro. Há ainda além de sonetos. Seus versos e citações são
menos provas de que o autor tenha começa- conhecidos em todo o mundo pela varieda-
do vigiando os cavalos dos espectadores na de e riqueza literárias e, acima de tudo, pela
porta dos teatros, o que seria de certa for- extraordinária galeria de retratos humanos
ma um ponto de partida interessante para presentes em seus textos.

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matéria: artes série: 8a bimestre: 2a primeira prova data: 1/05/08


f pintura fazer, espaço também para uma boa conversa
sobre os resultados, tanto no sentido das idéias
f pintura mural geradoras, como nas reações e interpretações
de seus fruidores, sejam os colegas da classe ou
f projeção aqueles que habitam a escola. Entrevistas com
eles podem evidenciar o quanto as interven-
f site specific ções provocaram o público. Lembramos aqui
a proposição de Cildo Meirelles, para quem a
Quais linguagens não aparecem? Há dese- arte é um processo também de tornar o públi-
nhos, gravuras, fotografias como linguagem? co consciente. Pode-se ainda pensar projetos
de mediação cultural, aproximando o público
Quais outras linguagens poderiam gerar da escola da arte e do patrimônio cultural, es-
intervenções nas escolas? Haveria possibilida- pecialmente de sua região.
de de criar algumas intervenções como a land
art de Christo nos jardins da escola, praças Tempo previsto: 1 aula.
ou terrenos baldios próximos da escola? Ou
as projeções de Regina Silveira, provocando
experimentações com lanternas ou o retropro-
jetor? Ou colagens, ou performances?

Viver a experiência de criar em determina-


das linguagens é importante para o desenvolvi-
mento de idéias que nascem também no próprio
fazer. O que podemos encaminhar para que ex-
periências estéticas sejam vividas, preparando
para o futuro projeto de intervenção?

Abrir espaço para esta experimentação


exige, além do tempo do buscar materiais e do

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
INTERVENÇÃO EM MÚSICA: POTENCIALIDADES DO
CANTO CORAL

Talvez a música seja a mais “intrometida” ferências dos alunos sobre essa linguagem que
das artes. Ela está presente no nosso cotidia- faz parte da linguagem musical? Para levan-
no, seja na sonoridade da vida da natureza, tar as percepções iniciais dos alunos sugeri-
seja pelas rádios, TVs, iPods, chamadas do mos começar com a audição da faixa 1 do CD
celular. Cantarolar ou assobiar desvelam mo- Educação em Arte5: “Palco”, de Gilberto Gil
mentos alegres? (arranjo completo). Sem dar qualquer infor-
mação anterior, podemos convidar os alunos
Nos caminhos possíveis de se pensar sobre para ouvir a gravação. Conhecem a música? Já
intervenções em música na escola, sugerimos a ouviram? O que percebem de diferente nesta
a exploração do canto coral. Mas quais as re- gravação? Reconhecem as três vozes?

5
CD Educação em Arte – Volume 2. São Paulo: G4 Editora, 2007.

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Arte – 1ª série, 2º bimestre

Destas questões iniciais apuramos o ouvir vice-versa. (Consulte o Caderno da 5ª série – 1º


sobre o canto coral, propondo uma nova es- bimestre para novas informações sobre a pro-
cuta. Que outras problematizações podem ser pagação do som). Este ponto poderá se tornar
feitas por nós, professores, e pelos estudantes? uma boa pesquisa para os alunos.
Eles sabem quando se inicia o canto coral? Já
viram algum grupo coral? De lá para cá muita coisa mudou. Há regi-
ões onde o canto coral ganha festivais e fama,
Historiadores apontam que de 12000 a 7000 como os Meninos Cantores de Viena, que já
a.C. existiam apenas as manifestações musicais viajaram pelo mundo todo. Podemos lembrar
rústicas, como o bater de pés e mãos, sons de voz, também de pequenos grupos musicais. O que
grosseiros instrumentos de percussão e até um há na sua região?
tipo de gaita de um só som. A sobrevivência dos
textos musicais é um fato que dificulta levantar Estas primeiras ações poderão motivar os
esta história, mas sabe-se que Confúcio, na Chi- alunos para a criação de projetos de intervenção
na, em 500 a.C, restaurou o cancioneiro Chi-King utilizando esta linguagem. Para que possamos
que data de 1500 a.C. Na Grécia antiga, por volta criar projetos onde o canto coral possa também
de 500 a.C., versos eram aplicados nas melodias se tornar uma intervenção na escola ou fora
tocadas na lira (daí o termo lirismo) ou na flauta, dela, precisamos criar Situações de Aprendiza-
cantados e dançados. Em 990 d.C., com os reis gem específicas. É possível formar coros? Quais
David e Salomão, apareceram os salmos com en- os passos? Qual o repertório desejado?
toação uniforme e a grandiosidade da música de
culto religioso. É do papa Gregório Magno (590- Foram aqui escolhidas quatro canções, mas
604), um compositor fecundo, a Schola Cantorum, outras poderão ser trabalhadas, dependendo
que deu aos cantos litúrgicos uma estrutura fixa da suas possibilidades como professor. Vamos
conhecida como cantochão ou canto gregoriano: cantar?
uma linha melódica, com grandes vocalizações.
Apesar da forma de registro gráfico feito por
letras e neumas (sinais) sobrepostas às palavras, Proposição I – Aquecendo a
havia uma grande confusão e, com ela, a detur- musicalidade das vozes
pação das composições, o que levou o monge ita-
liano Guido d’Arezzo (995-1050) a desenvolver o Antes de começar a cantar, é necessário fa-
uso de uma pauta de quatro linhas para notação zer alguns exercícios com a voz para aquecer
das melodias do canto gregoriano que, mais tar- as cordas vocais, chamados vocalises. Assim
de, se transformou na pauta musical. como no trabalho corporal, onde temos que
fazer alguns exercícios antes de entrar em
Durante o século XV, a Schola Cantorum cena, a voz precisa também se aquecer.
multiplicou as Capellas Corais por todas as
igrejas. Elas se tornaram excelentes escolas mu- Há muito pouco tempo só havia material
sicais. Na basílica de São Marcos, em Veneza, para trabalhar vocalises no canto erudito e com
por exemplo, havia galerias situadas em ambos base no som de línguas européias (alemã, ingle-
os lados da nave, para o coro e dois grandes ór- sa e italiana). Atualmente há materiais dispo-
gãos. Isso deu aos compositores a idéia de criar níveis para preparar vozes na música popular,
obras policorais, para serem cantadas por mais como o método Por todo canto (livro e dois
de um coro, criando um efeito que hoje conhe- CDs)6. O importante é trabalhar as seis formas
cemos como estéreo. Uma voz vinda de um dos de preparar a voz: aquecimento, ressonância,
lados era respondida pelo coro do outro lado e articulação, flexibilidade, projeção e extensão.

6
GOULAR, Diana; COOPER. Por todo canto. São Paulo: G4 Editora, 2002. Informações disponíveis em:
<http://www.tons.com.br>.

19

matéria: artes série: 1a bimestre: 2a pré diagramação data: 27/04/08


As faixas dos CDs Por todo canto foram monia), voltar a cantar, buscando a afinação,
gravadas em estéreo, e é possível perceber a realmente é um desafio.
melodia e o canto na caixa direita do aparelho
de som. No lado esquerdo está o acompanha- Outro desafio que se põe na educação mu-
mento do grupo instrumental de apoio. sical é escutar em silêncio. Ouvir é um ato da
orelha externa, média e interna. Escutar é com-
As letras de cada vocalise a ser trabalhado preender o que se ouviu. Quem não aprende a
são curtas e devem ser escritas na lousa ou em escutar em silêncio não consegue aprender a
um cartaz para que os alunos possam apren- melodia, o ritmo da melodia, o cenário har-
der, memorizar e cantar depois junto com a mônico e, portanto, cantar afinado.
gravação. Para isso sugerimos as seguintes
faixas do CD Por todo canto para o primeiro Desenvolver a afinação das vozes é um de-
trabalho de preparação, referentes a cada uma safio maior ainda e constante no canto coral.
das seis formas de preparar a voz. Na nossa proposição damos início ao proces-
so da construção da afinação do coro, desde
Preparando o trabalho com os vocalises, o que, por um
Vocalises sugeridos lado, prepara a voz para o canto e, por outro,
a voz
exercita melodias em vários tons ascendentes
Vocalise 8 (disco 1, faixa 8, e descendentes.
Aquecimento
livro p. 20)
Outra estratégia é a utilização de gravações
Vocalise 13 (disco 1, faixa com as vozes e o acompanhamento instru-
Ressonância mental, fazendo uma parte do papel do regen-
13, livro p. 24)
te ou preparador de coros.
Vocalise 21 (disco 1, faixa
Articulação Quando à frente do trabalho com um coro
21, livro p. 28)
há um regente ou uma professora que saiba
Vocalise 24 (disco 2, faixa 2, música e tenha experiência em construir a afi-
Flexibilidade nação, no início de cada canção, a primeira
livro p. 30-31)
nota de cada voz é cantada para cada um dos
Vocalise 32 (disco 2, faixa naipes. É uma referência importante para os
Projeção participantes do coro cantarem à capella ou
32, livro p. 10)
acompanhados por instrumentos musicais.
Vocalise 35 (disco 2, faixa No caso do canto à capella, essa referência é
Extensão mais importante ainda, para que cada naipe
13) ??????
possa iniciar a sua melodia com o som exato
do arranjo. Depois, cada naipe vai desenvol-
Outros vocalises podem ser escolhidos, sem vendo a sua melodia do arranjo.
que esqueçamos as seis formas de preparar as vo-
zes. Os alunos podem também pesquisar como os Há uma recomendação importante que
cantores que gostam de ouvir aquecem suas vozes. fazemos para o(a) professor(a) leigo(a)
em música e que também vale passar para
Uma recomendação importante: o grande os alunos: não se preocupem com o canto,
desafio é cantar afinado. Como não estamos apenas ocupem-se em cantar! É ouvindo as
mais acostumados a cantar músicas melodio- gravações e cantando, cantando e ouvindo o
sas, sem gritar, sem transformar o canto numa que está cantando e, depois, ouvindo o que
manifestação agressiva (até o Parabéns a você as outras vozes estão cantando ao cantar a
nos aniversários sai gritado e desafinado, ou melodia do seu naipe, que se aprende a can-
muitas vezes como um rap, sem melodia e har- tar melhor.

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Arte – 1ª série, 2º bimestre

Proposição II – Aprendendo a contralto, tenor, barítono e baixo) e dentro


cantar em coro da tessitura dos naipes, para que todos pos-
sam cantar. A diferença está na região onde
Estão aqui sugeridas quatro canções, três soa cada uma delas (uma 8ª acima ou abai-
delas do folclore americano e uma composta xo). Por isso, professor(a), não se preocupe
por Gilberto Gil: Palco, When the saints go em selecionar os alunos para montar os gru-
marching in, London bridge e Merrily we roll pos. Deixe que eles mesmos se agrupem em
along. Elas foram especialmente gravadas em cada naipe.
diversas faixas de áudio para melhor per-
cepção auditiva dos alunos. Para cada uma A seguir, alguns passos estão indicados
delas foi preparado um arranjo a três vozes, para que você e seus os alunos possam com-
adequado para todos os tipos de vozes mas- preender melhor o canto coral, depois de
culinas e femininas (soprano, mezzo soprano, aquecerem as cordas vocais.

Passos para aprender a cantar cada voz


When de saints Merrily we
MÚSICAS Palco London bridge
go marching in roll along
Escutar a música cantada
faixa 5 faixa 10 faixa 15 faixa 20
em um arranjo a duas vozes,
(completa (completa (completa (completa
acompanhada de uma banda
cantada) cantada) cantada) cantada)
instrumental.
Aprender a cantar a melodia
da música: voz principal junto faixa 6 (1ª voz) faixa 11 (1ª voz) faixa 16 (1ª voz) faixa 21 (1ª voz)
com a gravação.
faixa 7 e faixa 12 e faixa 17 e faixa 22 e
Aprender a 2ª voz e depois
depois depois depois depois
cantá-la junto com a 1ª voz.
a faixa 6 a faixa 11 a faixa 16 a faixa 21
faixa 8 e faixa 13 e faixa 18 e faixa 23 e
Aprender a 3ª voz e depois
depois depois depois depois
cantá-la junto com a 1ª voz.
a faixa 6 a faixa 11 a faixa 16 a faixa 21
Dividir a classe em três grupos: um para a 1ª voz (melodia principal), outro para a 2ª voz, e mais um
para a 3ª voz.
É importante que os grupos
cantem juntos, acompanhando faixa 5 faixa 10 faixa 15 faixa 20
a gravação, observando audi- (completa (completa (completa (completa
tivamente quando as outras cantada) cantada) cantada) cantada)
vozes começam e o que fazem.
Agora é hora de os três grupos
faixa 9 faixa 14 faixa 19 faixa 24
cantarem a três vozes, acompa-
(playback) (1ª voz) (1ª voz) (playback)
nhados somente do playback.
Se os alunos se sentirem seguros, podemos propor que cantem à capella: somente as vozes, sem o acom-
panhamento do playback.

21

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Partituras para o canto coral Cantar com o apoio do playback é impor-
tante para aprender a cantar as vozes do ar-
Talvez a experiência de cantar com a par- ranjo, manter o ritmo e respeitar as esperas.
titura em mãos nunca tenha sido realizada Cantar à capella, sem o apoio do playback, é
antes. Se for este o caso, sugerimos que você um desafio que pode ser feito.
utilize o Caderno do Professor – Arte para a
6ª série (2º bimestre), cujo conteúdo centrou- Claro que não é proibido ou não reco-
se nas partituras. mendável fazer apresentações tendo como
apoio o playback. Fica muito bom também.
Podemos supor que eles possam ler algu- Mas, nesse caso, é fundamental observar o
mas das características de uma partitura, o volume equilibrado do playback para que fi-
desenho das notas musicais no pentagrama, que um pouco mais fraco do que o som das
onde aparece também a letra dividida ritmica- vozes dos alunos. É apenas um apoio, não
mente, enquanto ouvem a gravação completa o som principal. O som do coro é o mais
e também a gravação de cada voz. importante.

Essa forma de aprender a cantar as melo- Se houver alunos que saibam tocar ins-
dias de cada voz, pela imitação da gravação, é trumentos musicais (violão, guitarra, bateria,
o que chamamos de mímica melódica. É assim percussão, contrabaixo e sopros) e consigam
também na grande maioria dos coros brasilei- ler as cifras das partituras, muito bom. Depois
ros, cujos participantes não sabem ler música. de praticar bem com o playback, os ensaios
podem ir por este caminho com a participação
Ao aprender as melodias ouvindo as gra- deles. Mas também neste caso é fundamental
vações e acompanhando o desenho (melódi- que os instrumentos respeitem o volume do
co e rítmico) das notas nos grupos de cinco som das vozes do coro. Os instrumentos tam-
linhas de cada voz, muitas pessoas (alunos e bém serão um apoio em volume mais fraco
professores leigos) acabam por decifrar mini- que o som das vozes do coro.
mamente o código musical. Partem sempre da
referência sonora da primeira nota da melodia A partitura e a letra da música Palco (Gil-
e vão seguindo as outras. A isso chamamos de berto Gil) estão no encarte do CD Educação
leitura relativa: uma nota percebida e cantada para arte, vol. 2. As partituras e letras das ou-
a partir de uma referência anterior. Acompa- tras três músicas (When the saints go marching
nhar a letra e a música certamente abrirá no- in, London bridge e Merrily we roll along) estão
vos momentos de aprendizagem para todos. neste Caderno.

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Arte – 1ª série, 2º bimestre

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Fig. 5 – Partitura de When the saints go marching in para três vozes.

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Arte – 1ª série, 2º bimestre

Fig. 6 – Partitura de London bridge para três vozes.

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Fig. 7 – Partitura de Merrily we roll along para três vozes.

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Arte – 1ª série, 2º bimestre

Proposição III – Intervenções deriam ser criados arranjos vocais em outras


potenciais músicas que conheçam e gostem? É preciso
também checar a possibilidade de que alguns
Certamente muitos aspectos podem ser alunos façam parte de grupos vocais ou coros
ainda pesquisados em relação à linguagem do em suas atividades fora da escola. Eles podem
canto coral. Os diferentes tipos de vozes pode- trazer as partituras que usam e trabalhar com
riam gerar novas questões, entre outros aspec- seus colegas.
tos específicos desta linguagem. Há corais que
se apresentam com túnicas e perfilados com Rir e cantar é só começar. O importante é
pouco ou nenhum movimento corporal. Ou- seguir os procedimentos que foram aprendi-
tros, se movem pelo palco. Há também o coro dos e sempre fazer o aquecimento com os seis
cênico, que utiliza de alguns elementos da lin- passos dos vocalises. Além disso, seus alunos
guagem cênica como expressão corporal, ce- podem ajudar a organizar outros grupos vo-
nários, adereços, figurinos e iluminação. cais com alunos mais novos do Ensino Fun-
damental II e transformar a escola num centro
Quais possibilidades de desenvolver um de produção musical usando o instrumento
projeto de intervenção na escola com a lin- humano. Ou procurar por festivais para a
guagem do coro cênico? Onde ela aconteceria? apresentação de seus trabalhos. Por que não?
Quando aconteceria? Como podemos auxiliar
a construção deste projeto de intervenção? Tempo previsto: 3 a 5 aulas.
Como não é uma “apresentação de canto
coral”, precisamos levantar com os alunos o
porquê da intervenção. A escolha do lugar
também é importante. Será num espaço com
muita poluição sonora, como o recreio ou a
entrada dos alunos, por exemplo? Ou é para
ter a escuta da natureza, se a escola tem um
bosque, ou um mar, ou... Serão intervenções
no cenário sonoro da escola, com apresen-
tações-relâmpago nos vários locais dentro e
fora do prédio escolar? Podem inserir efeitos
cênicos em seus coros? Poderiam ser criados
movimentos e coreografias adequados a cada
música que desenvolverem no repertório? Po-

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
INTERVENÇÃO EM DANÇA

A intervenção é uma possibilidade de cria- mance cênica que tenha o lúdico como ponto
ção que faz com que os envolvidos questionem central, na qual seja criada uma expectativa en-
através das ações cênicas, levantem dúvidas, tre o público e os atores sociais, proporcionan-
recriem, reposicionem, sejam surpreendidos e do nos envolvidos reflexões a respeito dos temas
surpreendam, fazendo com que a vida circule que aparecerão na performance, de modo a rela-
de maneira diversa. Desta maneira sugerimos cioná-los com fatos da vida e do cotidiano. Para
que a intervenção em dança, na escola, consis- tanto, sugerimos neste bimestre que o professor
ta principalmente na realização de uma perfor- trabalhe com elementos da dança coral.

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RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO
PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA

ANDRÉ, Carminda Mendes. O teatro pós- RENGEL, Lenira Peral. Dicionário Laban.
dramático na escola. Tese de Doutorado. São Paulo: Anablume, 2003.
Universidade de São Paulo, USP, 2007.
TEIXEIRA COELHO, José. Dicionário
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/
crítico de política cultural. São Paulo: Fapesp/
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092024/>. Acesso em: 24 fev 2008.
CANTON, Kátia. Novíssima arte brasileira:
um guia de tendências. São Paulo: CDs e DVDs
Iluminuras, 2001. CD ROM Educação musical. São Paulo: G4
Editora, 2007.
COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil
1950-2000: movimento e meios. São Paulo: CD de áudio Educação em Arte, vol. 2. São
Alameda, 2004. Paulo: G4 Editora, 2007.
CUNHA, Newton. A linguagem da cultura GOULAR, Diana; COOPER. Método Por
(dicionário). São Paulo: SESC/Perspectiva, todo canto. São Paulo: G4 Editora, 2002.
2003.
DVD: Maria Duschenes: o espaço do
FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira hoje. São movimento, 2006.
Paulo: Publifolha, 2002. (Col. Folha Explica).
LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós- Sites de artistas e sobre arte
dramático. São Paulo: Cosac & Naify, 2007.
Os sites abaixo foram acessados em 15 fev.
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; 2008.
TELLES, M. Terezinha. A língua do mundo: BANDA DE BOCA <http://www.
poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, bandadeboca.com.br>.
1998. (Coleção Didática do Ensino)
BOCA LIVRE <http://www.mpbnet.com.br/
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, musicos/boca.livre>.
Gisa; et al. Mediando [con]tatos com
mediação cultural. Universidade Estadual CENTRO CULTURAL SÃO PAULO –
Paulista. Instituto de artes. Pós-graduação. site com imagens de dança <http://www.
São Paulo. v. 1, n. 1, novembro de 2007. centrocultural.sp.gov.br/danca/index.htm>.

MOMMENSON, Maria; PETRELLA, CILDO MEIRELLES – site com imagens


Paulo (orgs.). Reflexões sobre Laban, o mestre sobre a obra Inserções em circuitos
do movimento. São Paulo: Summus, 2006 ideológicos <http://www.macvirtual.usp.
br/mac/templates/projetos/seculoxx/index.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens urbanas. html> e <http://http://passantes.redezero.org/
São Paulo: Senac/Marca D’Água, 1996. reportagens/cildo/inserc.htm>.

36

matéria: artes série: 1a bimestre: 2a pré diagramação data: 27/04/08


Arte – 1ª série, 2º bimestre

GILBERTO GIL <http://www.gilbertogil. PROFESSOR PROPOSITOR <http://www.


com.br>. artenaescola.org.br>.
GRUPO PORO <http://poro.redezero.org>. MÔNICA NADOR E JAMAC – Jardim
Miriam Arte Clube <http://diversao.uol.com.
GRUPO CÊNICO BOSSA NOVA <http://
www.bossanossa.org>. br/27bienal/artistas/jamac.jhtm>.

INTERVENÇÃO URBANA – artistas MPB4 <http://www.mpb4.com.br>.


<http://poro.redezero.org/inicial.html> e OS CARIOCAS <http://www.luciaverissimo.
<http://www.terreno.baldio.nom.br>.
com.br/oscariocas/oscariocas.htm>.
ITAÚ CULTURAL – disponibiliza
QUARTETO EM CY <http://www.
enciclopédias artísticas <http://www.
quartetoemcy.com.br>.
itaucultural.org.br>.
JENNY HOLZER <http://www. SINGERS UNLIMETED <http://www.
magnetoscopio.com.br/jenny_holzer.htm>. singers.com/jazz/singersunlimited.html>.

LA FURA DELS BAUS <http://www.lafura. SWINGLE SINGERS <http://www.


com/entrada/index2.htm>. swinglesingers.com>.

MATERIAL EDUCATIVO PARA TAKE 6 <http://www.take6.com>.

GLOSSÁRIO

Cantochão (ou canto gregoriano) – Coro sical. Aportuguesá-la é bastante discutível. O


em uníssono, em ritmo declamatório, de sons mais recomendável é usar o termo “a capella”
idênticos em duração e intensidade, majestoso (sem crase). No início significava a música
e solene. A forma inicial de registro gráfico fei- sacra cantada nas capelas da antiga Europa,
to por letras e neumas (sinais) sobrepostas às onde era proibido o canto acompanhado de
palavras causava certa deturpação das com- instrumentos musicais. Durante o século XV,
posições. Guido d’Arezzo (995-1050), monge a Schola Cantorum multiplicou as Capelas
italiano, desenvolveu o uso de uma pauta de Corais por todas as igrejas.
quatro linhas para notação das melodias do
canto gregoriano que, mais tarde, se transfor- Canto coral – Os arranjos criados para
mou na pauta musical. Depois foram acrescen- canto coral têm as mesmas características de
tadas outras vozes ao cantochão, criando-se arranjos musicais feitos para grupos instru-
as primeiras composições em estilo coral. mentais. O termo “coral” é muitas vezes uti-
lizado erradamente para indicar um coro ou
Canto a capella – Canto sem acompa- um grupo vocal. “Coral” é um adjetivo, não
nhamento de instrumentos musicais. É uma um substantivo. No Brasil, o canto coral teve
expressão de origem italiana, como grande sua maior divulgação com o canto orfeônico
número de termos usados na linguagem mu- nas escolas8, criado por Villa Lobos nos anos

8
Informações disponíveis em: <http://www.samba-choro.com.br/debates/1033405862> e <http://www.bn.br/fbn/
musica/vlcanto.htm>. Acesso em: 18 fev. 2008.

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matéria: artes série: 1a bimestre: 2a pré diagramação data: 27/04/08


1930 e que durou até os meados anos 1960. Já Desenho – Palavra derivada do latim de-
há algum tempo os coros brasileiros são pra- signáre, que significa marcar, indicar, conec-
ticados em universidades, algumas escolas de tando-se com o termo “desígnio” – intenção,
educação básica, igrejas e empresas. Há pou- propósito. Linguagem com caráter singular
cos coros profissionais em atuação no Brasil. em sua forma de comunicar uma idéia, um
Grupos vocais formados por quatro ou mais pensamento, uma emoção. O desenho se apre-
componentes atuam na MPB e no jazz desde senta como possibilidade de conhecimento ar-
o início do século passado. tístico e estético desde seu significado mágico
para o homem das cavernas até os desenhos
Coro – Grupo musical composto por diver- em grandes formatos e as linguagens híbridas
sas vozes. Um coro formado por vozes femini- contemporâneas, abarcando ainda as produ-
nas e masculinas é chamado de coro misto e é ções ilustrativas, as formas construtivas e as
composto por sopranos (vozes femininas mais técnicas da arquitetura e do design. Com en-
agudas); mezzo sopranos (vozes femininas não foque artístico, científico, lúdico, industrial,
tão agudas); contraltos (vozes femininas mais arquitetônico, publicitário etc., a linguagem
graves); tenores (vozes masculinas mais agu- do desenho se faz presente: é comunicação e
das); barítonos (vozes masculinas mais graves); expressão. Está na pintura, gravura, escultu-
e baixos (vozes masculinas bem mais graves). ra, ilustração, cinema (storyboard), partitura
A cada um desses quatro grupos de vozes cha- musical, poesia visual, esquemas de coreogra-
mamos de naipe. fia, moda, plantas arquitetônicas, esquemas
matemáticos, ilustrações de biologia, química,
Curadoria educativa – Seleção de imagens física e mapas, entre outros.
que lida com ênfases e exclusões, combina-
ções e recortes, comprometida com um foco Diapasão – Instrumento feito de metal no
que desvela pontos de vista e conceitos eleitos formato de uma forquilha que serve para dar a
que se desejam explorar com os estudantes. referência de uma nota musical de uma determi-
O contato com as obras, quando socializados nada altura (o mais usual é o lá 440 Hz). É usado
num grupo, promovem a ampliação de pontos pelos regentes e músicos para afinar intrumen-
de vista que proliferam em múltiplos sentidos. tos e vozes. O diapasão produz seu som pela vi-
Envolve a mediação cultural do professor, que bração das forquilhas, ao ser golpeado contra a
promove um processo instigante de interpre- mão ou uma superfície. Foi criado em 1711 pelo
tações, decifrações, descobertas e estranha- trompetista John Shore, músico que trabalha-
mentos. Indo além do simples reconhecimento va com o compositor alemão Georg Friedrich
de autorias, a curadoria educativa desperta a Handel. Para se ouvir melhor o som produzido
fruição e propõe conexões não restritas entre pelo diapasão, é necessário encostá-lo, logo após
as imagens apresentadas, sempre centrada ser golpeado, numa caixa de ressonância (como
em uma experiência, um processo que leve a o corpo do violão, por exemplo). Os regentes en-
pensar a linguagem da arte, a vida. Uma cura- costam o diapasão na caixa craniana para ouvir
doria educativa cuidadosa se preocupa em a nota produzida. Com esta mesma finalidade,
possibilitar o contato com obras de diferentes há outros tipos de diapasões: os de sopro, que
épocas, lugares, etnias, culturas etc. O termo são pequenas gaitas que produzem os sons de
foi inicialmente utilizado por Luiz Guilherme cada uma das seis cordas do violão ou guitar-
Vergara e adotado pelo Grupo de Pesquisa ra, e o afinador eletrônico, que tanto emite sons
Mediação: arte/cultura/público, coordenado como recebe os sons emitidos pelo canto ou as
por Mirian Celeste Martins no Instituto de notas tocadas num instrumento e indica se estão
Artes/Unesp. afinadas ou não.

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matéria: artes série: 1a bimestre: 2a pré diagramação data: 27/04/08


Arte – 1ª série, 2º bimestre

ART_EM_1a_2bi_f017
ART_EM_1a_2bi_f015

Diapasão de metal (forquilha) Diapasão de sopro (bolacha)

ART_EM_1a_2bi_f016
ART_EM_1a_2bi_f018

Diapasão de sopro Afinador eletrônico

Escultura – Meio de expressão que cria um material a ela sensível. O material fotos-
formas plásticas em volumes ou relevos. Pelo sensível pode ser chapas metálicas (como as
desbaste em sólidos, pela modelagem de subs- do início da fotografia), de vidro ou películas
tâncias maleáveis e/ou moldáveis ou pela com- (filmes) tratadas com compostos químicos e,
posição de materiais e/ou objetos diversos, a mais modernamente, os cartões e disquetes de
escultura cria uma tensão entre o espaço ex- máquinas digitais computadorizadas (em que
terno e o interno, entre o tempo capturado e a a informação visual é descrita por valores nu-
passagem do tempo que nela se materializa. méricos).

Fotografia – O advento da fotografia, na Instalação – Termo incorporado ao vocabu-


primeira metade do século XIX, revolucionou lário das artes visuais na década de 1960, de-
as possibilidades de registro de imagens e libe- signando ambientes construídos nos espaços
rou as artes visuais do peso da representação. das galerias e museus. As ambigüidades que
Tornou-se ela mesma uma linguagem da arte, rondam a noção, desde a origem, não podem
indo além de seu caráter documental. O nome ser esquecidas, mas tampouco devem afastar
surge literalmente de “escrita da luz”, pois a o esforço de pensar as particularidades dessa
imagem é obtida pela ação direta da luz sobre modalidade de produção artística que lança

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matéria: artes série: 1a bimestre: 2a pré diagramação data: 27/04/08


a obra no espaço, com o auxílio de materiais antes e depois dos espetáculos e desenhos mu-
muito variados, na tentativa de construir um seográficos, entre outras atividades que têm
certo ambiente ou cena, cujo movimento está como objetivo acolher e aproximar o público
dado pela relação entre objetos, construções, e que, quando feitas de modo não cuidadoso,
o ponto de vista e o corpo do observador. podem afastá-lo. A mediação cultural implica
Para a apreensão da obra é preciso percorrê- uma ação fundamentada e que se aperfeiçoa
la, passar entre suas dobras e aberturas ou na consciente percepção da atuação do me-
simplesmente caminhar pelas veredas e trilhas diador, que “está entre muitos”, sem consi-
que ela constrói por meio da disposição das derá-la como uma ponte entre dois. O “estar
peças, cores e objetos. entre muitos” da mediação cultural não pode
desconhecer seus interlocutores e a especifi-
Labanotação – Sistema desenvolvido por cidade do público, inclusive o que necessita
Laban para a anotação do movimento, com- de cuidados especiais. O seu desafio maior é
posto por sinais gráficos que simbolizam di- potencializar a experiência estética e estésica
reções e níveis e especificam que movimento em contato com o outro, ou seja, a arte, a cul-
cada parte do corpo deve realizar. tura e os parceiros da experiência. Para isso,
torna-se uma área de pesquisa com crescente
Land art – Surgida no final da década de interesse.
1960 e também conhecida como Earth art ou
Earthwork (arte da terra). Na land art a obra Objeto – Sua origem remonta às assembla-
integra-se à natureza. Pelas dificuldades de rea- ges cubistas de Picasso, às invenções de Mar-
lização, muitas delas ficam apenas em projeto, cel Duchamp e aos objects trouvés (objetos
tendo afinidades com a arte conceitual. Alguns encontrados) surrealistas. Hoje, a expansão
exemplos: Plataforma espiral (Spiral jetty), de da construção de objetos e o uso de objetos
Robert Smithson, as intervenções de Christo & prontos em trabalhos compostos são conside-
Jeanne-Claude, as obras de Walter de Maria, rados uma categoria.
Dennis Oppenheim e Richard Long.
Site specific – O termo, que pode ser tra-
Livro-objeto – Dependendo da proposta, é duzido por “sítio específico”, refere-se a obras
também chamado de livro de artista ou livro- que são criadas a partir de um espaço deter-
arte. Tem o livro como referente, mesmo que minado. São obras planejadas, integradas ao
remotamente. Assim, ele pode não ser um livro meio circundante, freqüentemente como fruto
propriamente dito, podendo ganhar o estatu- de um convite. Conecta-se à idéia de arte am-
to de escultura ou objeto. É uma manifestação biente, à land art (arte da terra) e à arte públi-
da arte contemporânea. ca. Algumas obras de Richard Serra são deste
modo definidas por ele, como Tilted Arc, de
Mediação cultural – Envolve processos de 1981, que consistia numa gigantesca “parede”
diferentes naturezas que atuam, investigam de aço em uma praça de Nova Iorque e que foi
e promovem a aproximação entre indivíduos destruída em 1999. No Brasil, são exemplos as
(ou a coletividade na vida escolar ou social) e obras de Nelson Félix, Carlos Fajardo, Car-
a arte e a cultura. Para além dos espaços dos mela Gross e Nuno Ramos, entre outros.
museus, a mediação cultural envolve todas as
linguagens artísticas, o patrimônio cultural, os Teatro pós-dramático – Termo formulado
profissionais, os produtores culturais, curado- pelo crítico e professor de teatro alemão Hans-
res, críticos de arte, historiadores, professores, Thies Lehmann. Trata-se de formas criadas
educadores de museus e as mídias, além dos a partir de diretores, grupos e experimentos
materiais produzidos para esta aproximação, teatrais que não se satisfaziam mais com o
como catálogos, materiais educativos, pro- modo tradicional de se contar a história ou de
gramas de teatro, música, dança, conversas se tratar o real a partir de uma dessas formas

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matéria: artes série: 1a bimestre: 2a pré diagramação data: 27/04/08


Arte – 1ª série, 2º bimestre

tradicionais. Caracteriza-se por um teatro que como a valorização da autonomia da cena e a


não está na dinâmica da história e do perso- recusa de qualquer tipo de textocentrismo.
nagem. Partindo da hipótese de que, desde os
anos 1970, ocorre uma profunda ruptura no Vocalises – Pequenas frases musicais utili-
modo de pensar e fazer teatro, o teatro pós- zadas no estudo do canto como exercício para
dramático seria uma extensão do teatro da es- trabalhar a voz em vários aspectos: aqueci-
tética pós-moderna dos anos 1960, que coloca mento, ressonância, articulação, flexibilidade,
novos paradigmas da cena e da dramaturgia, projeção e extensão.

ARTISTAS E PROJETOS CITADOS

Cildo Meirelles (Rio de Janeiro/RJ, 1948) parceiro Caetano Veloso. Fica conhecido na-
– Artista multimídia que encara a arte como cionalmente como compositor nos anos 1960.
uma forma de pensar, transformando objetos Na década seguinte, Gil acrescenta elementos
mundanos em reflexão. Em 1967, cursa a Es- novos, da música africana e norte-americana,
cola Nacional de Belas Artes no Rio de Janei- ao já vasto repertório, e lança álbuns como
ro e freqüenta o ateliê de gravura do Museu Realce e Refazenda. Atualmente exerce o car-
de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Do dese- go de ministro da Cultura.
nho passa a uma produção conceitual voltada
à crítica aos meios e suportes das linguagens Grupo Poro (Belo Horizonte/MG, desde
artísticas tradicionais. Reside em Nova Iorque 2002) – É formado pela dupla Brígida Campbell
entre 1971 e 1973. No Brasil dos anos 1970-80, e Marcelo Terça-Nada!. Tem como focos princi-
Cildo arquiteta uma série de trabalhos (Inser- pais o espaço público, as manifestações efême-
ções) que fazem uma severa crítica à ditadura ras e as mídias de comunicação de massa.
militar, tocando em questões sociopolíticas de
maneira potente, e, ao mesmo tempo, traba- Jenny Holzer (EUA, 1950) – O trabalho da
lha engenhosamente e de maneira inédita com artista é com a palavra, mas sem fazer literatu-
alguns materiais, recriando as relações tempo/ ra, porque, ao escrever os textos, não os edita.
espaço. Herdeiro da atitude de experimenta- Expostos em espaços públicos, podem ser tex-
ção, do interesse pela investigação sensorial do tos curtos ou complexas reflexões que levam
corpo e da preocupação com a interação entre a uma dimensão coletiva ou individual, enga-
a obra e o espectador presentes em Hélio Oi- jando diretamente o observador e induzindo-o
ticica e Lygia Clark, Cildo provoca reflexões. a uma reflexão pessoal através da linguagem
Entre suas obras destacam-se as Inserções e da cultura de massa, em total sintonia com as
Desvio para o vermelho, de 1967, reinstalada questões da contemporaneidade. Holzer ini-
na 24ª Bienal de São Paulo. Nela, a cor ver- cia sua carreira como pintora abstrata. A par-
melha funciona como símbolo das torturas tir de 1970, começa a trabalhar com arte em
sangrentas e guarda a memória das sensações espaços públicos, dando maior dimensão às
dos tristes anos de ditadura. suas obras, ao mesmo tempo em que promo-
ve o encontro entre arte e mídia. Sua arte não
Gilberto Gil (Salvador/BA, 1942) – Com- está atrelada a um suporte específico. Ao ex-
positor, cantor e músico brasileiro. Gilberto trapolar limites, utiliza instrumentos variados,
Passos Gil Moreira inicia sua carreira como desde adesivos e anúncios de TV a projeções
músico da bossa nova, mas logo passa a com- em grande escala sobre obras arquitetônicas
por músicas com um novo foco de preocu- ou montanhas, desde instalações com painéis
pação política e ativismo social, ao lado do eletrônicos a inscrições em ossos.

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matéria: artes série: 1a bimestre: 2a pré diagramação data: 27/04/08


Jamac (São Paulo/SP, desde 2004) – Sigla veis pelo salto artisticamente interdisciplinar
de Jardim Miriam Arte Clube, o grupo nasceu que o grupo realiza com Accions: Alteraciò
a partir de um desdobramento de propostas Física d`un Espai em 1983/1984, apresentado
artísticas da artista Mônica Nador que se reu- até 1987 em diversos países da Europa e na
niu a outros artistas e moradores do Jardim Argentina. Accions mescla elementos esté-
Miriam, bairro da Zona Sul de São Paulo. ticos de concertos de rock e de performance
Misto de espaço de experimentação artística com festas populares catalãs e espanholas,
e local de convivência e de debates políticos e com um resultado artisticamente interdisci-
culturais, é uma espécie de ateliê aberto à po- plinar, realizando instalações fora de teatros
pulação local. convencionais, onde atuantes, espectadores,
palco, platéia, obra, recepção, sujeito e obje-
Laban (Eslováquia, 1879 – Inglaterra, to se misturam física e espacialmente em per-
1958) – Dançarino e coreógrafo considera- formances simultâneas e cambiantes. “Fura”,
do o maior teórico da dança do século XX. em catalão, significa furão, aquele animal
Dedicou sua vida ao estudo e sistematização aparentado com fuinhas. “El Baus” era um
da linguagem do movimento, em seus diver- córrego seco que virou um depósito espontâ-
sos aspectos: criação, notação, apreciação e neo e antiecológico de lixo, em Moià, Cata-
educação. Ao mesmo tempo dedicou sua vida lunha, pequena cidade de 3 mil habitantes a
ao estudo do movimento humano em seus sig- 60 km de Barcelona, onde três dos diretores
nificados e relações com o meio, resgatando fundadores do La Fura nasceram e cresceram
os atos espontâneos pela dança e consideran- (Carles Padrissa, Marcel lí Antúnez Roca e
do a rotina de movimentos como restrição à Pere Tantinyà).
expressividade do homem. Sua proposta de
dança não considera apenas a graciosidade e Maria Duschenes (Hungria, 1922) – É
beleza das linhas e a leveza dos movimentos, uma pioneira da dança moderna no Brasil.
mas a liberdade que possibilita ao homem se Destacou-se como educadora e coreógrafa,
expor por seus movimentos e encontrar a au- sendo uma das principais responsáveis pela
to-suficiência no próprio corpo. difusão do método Laban no país. Freqüen-
tou dos 11 aos 15 anos uma escola que tra-
La Fura dels Baus (Barcelona, Espanha, balhava com a metodologia do músico suíço
desde 1979) – Grupo de teatro criado entre Emile Jaques Dalcroze (1865-1950), sob dire-
a abertura da transição democrática após a ção de Olga Szent Pál. Nesta época, também
morte do ditador Franco, em 1975, e o cansa- aprendeu dança clássica com Aurélio Miloss
ço pelo desencanto com a lentidão e ausência durante um ano. Aos 15 anos, foi estudar dan-
de transformações, fazendo parte do poste- ça na Dartington Hall School, escola de arte
rior vigor da movida madrileña e do investi- situada em Devonshire, no sul da Inglaterra,
mento massivo em arte e cultura como vitrine onde permaneceu de 1937 a 1939. Lá foi alu-
para a ambicionada entrada na Comunida- na de Rudolf Laban (1879-1958), inventor do
de Européia e do incremento de mudanças conceito de dança coral, de Kurt Jooss (1901-
estruturais no país com a eleição de Felipe 1979) e de Sigurd Leeder (1902-1981).
González, do Partido Social Obrero Español
(PSOE). Nesse solo histórico sintetizado ao Mônica Nador (Ribeirão Preto/SP, 1955) –
extremo, La Fura passa por uma fase inicial Pintora, desenhista e gravadora formada em
de quatro anos de teatro em ruas, praças e po- Artes Plásticas, Nador realiza sua primeira
blets da nação catalã, que, por sua vez, passa exposição individual no Museu de Arte Con-
por intenso processo de normalização lingü- temporânea da Universidade de São Paulo
ística e de resgate da identidade catalã. Neste (MAC/USP) em 1983. Em 1994, estuda nos
primeiro período, firma-se uma composição Estados Unidos e, em 1999, de volta ao Brasil,
estável de nove homens, que serão responsá- recebe a Bolsa Vitae de Artes, desenvolvendo

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matéria: artes série: 1a bimestre: 2a pré diagramação data: 27/04/08


Arte – 1ª série, 2º bimestre

o projeto Paredes Pinturas. No mesmo ano, rea- pesquisa plástica e teórica denominada Mo-
liza o projeto Paredes Pintadas em conjunto com numento mínimo, onde revê o conceito de
os moradores da Vila Rhodia, em São José dos monumento, subvertendo-o com a redução
Campos, com desenhos em máscaras de acetato de escalas, com uma homenagem singela ao
pintados nas casas do bairro. Cria em 2004 o Ja- cidadão comum, em vez dos ilustres perso-
mac – Jardim Miriam Arte Clube. nagens, e com o tempo e o espaço pautados
pelas pequenas figuras feitas em gelo e pelas
Néle Azevedo (Santos Dumont/MG, 1950) performances em lugares públicos de muitos
– Mestre em Artes Visuais, inicia em 2000 a países.

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matéria: artes série: 1a bimestre: 2a pré diagramação data: 27/04/08


caderno do
PROFESSOR

ARTE
ensino médio
2ª SÉRIE
2º bimestre - 2008

matéria: arte série: 2a bimestre: 2a primeira prova data: 24/04/08


Outros artistas podem ser pesquisados. Al- pontos de vista, temáticas etc.); os recursos
guns exemplos são a importância histórica de técnicos (indo da simples fotografia pinhole,
Cartier-Bresson, as fotomontagens de Valério ou câmera de buraco de agulha, totalmente
Vieira – especialmente sua fotografia Os 30 Va- artesanal, às possibilidades de câmeras foto-
lérios de 1900, que mostra uma cena na qual o gráficas mais sofisticadas). Essa é uma idéia
próprio fotografado está em trinta situações di- para um projeto a ser realizado nos próximos
ferentes –, as denúncias de Sebastião Salgado, a bimestres a partir da escrita do pré-projeto,
fotografia da natureza de Araquém Alcântara, comentado na Situação de Aprendizagem 7.
as fotografias do fotógrafo cego Evgen Bavcar.
Tempo previsto: 2 a 5 aulas.

Proposição III – Ensaios processo


fotográficos e experimentações de P oétic as em artes vis uais
criação
es c olhas , referênc ias , c itaç ões ,
Ensaios fotográficos envolvem a ação de s entidos e s ignific aç ões .
fotografar compondo uma série que explora modos s ingulares de operar c om
s uas linguagens , matérias , formas ,...
um conteúdo, um procedimento, uma idéia. um exemplo: a linguagem da fotografia.
Individuais ou coletivos podem se constituir
um produto cultural de interesse na comuni-
dade. Para dar continuidade a esse processo
forma-conteúdo
é importante aprofundar os vários aspectos
que cercam a linguagem da fotografia: as rela-
ções formais (enquadramento, luminosidade,

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
POÉTICAS EM MÚSICA
Como as memórias da vida do autor inva- ços de papel (para cada um dos escolhidos um
dem suas obras? O que podemos perceber de papel com o nome do aluno no verso). Se for
sua poética musical? Quais caminhos foram possível, faça um círculo e coloque todos os
trilhados? Há um fio condutor em seu modo pedaços de papel no chão para que todos pos-
de produzir música? sam ver os nomes citados e levantar critérios
de análise. Operar com conceitos e classifica-
Estas perguntas iniciais são como o barco ções é um ótimo exercício de pensamento.
por no qual vamos viajar para compreender
poéticas pessoais. Um dos possíveis critérios é separar os no-
mes levantados agrupando os intérpretes, os
músicos e os compositores. Quais deles foram
Pesquisando poéticas os mais lembrados? Por quê? Quais as hipó-
teses para justificar a análise? A mídia é um
Quais são os intérpretes, músicos ou com- ponto forte nas preferências demonstradas?
positores preferidos dos alunos? Um mapea-
mento das preferências pode gerar uma ótima Outro agrupamento pode ser feito mistu-
discussão e uma boa análise. rando todos os nomes novamente para agrupá-
los por linguagens dentro da música. Os alunos
Cada aluno pode citar três a cinco deles. escolheram mais artistas de MPB, rock, música
Para facilitar o mapeamento, eles podem es- instrumental, música clássica, música étnica,
crever com grandes letras em pequenos peda- música sertaneja, samba, pagode? Por quê?

22

matéria: arte série: 2a bimestre: 2a primeira prova data: 24/04/08


Arte – 2ª série, 2º bimestre

Pensando em temáticas, quais desses artis- pretação são facilmente reconhecidas, apesar
tas estariam agrupados? Nas músicas, os artis- das alterações e transformações que ele impri-
tas falam de amor, da vida cotidiana, de temas me em cada uma delas. Convide seus alunos
mais gerais, de sonoridades, do povo brasilei- para ver/ouvir o DVD com papel e lápis para
ro? Não é fácil estabelecer um critério para a anotar o que podemos chamar de uma pauta
análise, pois a vida e a obra do artista revelam do olhar/ouvir: registrar todas as impressões
muitos matizes. É por este viés que podemos que a música e a imagem provocam.
prosseguir: a poética desses artistas, que têm na
linguagem da música a sua força expressiva. Depois da projeção, levante as impres-
sões dos alunos, verificando se já conheciam
Podemos propor aqui uma pesquisa sobre o músico, se registraram algo ou tiveram di-
um dos artistas selecionados para que, em ficuldade de comunicar suas impressões e o
grupo ou individualmente, levantem o seu re- que registraram. Ou, se for mais eficiente em
pertório para perceber os fios condutores e os sua turma, separe-os em pequenos grupos
modos singulares de operar com a linguagem para que leiam as anotações de cada um e
da música, de escolher seus repertórios, de se criem uma síntese para expor à classe. Estas
comunicar por meio dela. primeiras impressões podem trazer uma série
de novas questões.
Depois das escolhas, para aquecê-los, va-
mos adentrar na poética de um artista: Her- Em uma nova escuta, os alunos podem
meto Pascoal. apontar, entre os minutos do vídeo, as citações
que Hermeto reapresenta:
Hermeto Pascoal – Abrindo as gavetas do
guarda-roupa a) 2’37’’ a 4’34’’ – citação da sua composi-
ção Bebê (1973);
Podemos propor que os alunos assistam e b) 4’35’’ a 5’31’’ – citação da música
escutem a interpretação de Hermeto Pascoal Amanhã(1965), de Walter Santos e Te-
para a música Este meu piano4 e entrem em con- reza Souza;
tato com a criação sempre recheada de impro- c) 5’32’’ a 5’59’’ – citação do choro Bem-
visos, citações e fragmentos de muitas músicas te-vi atrevido (1942), de Lina Pesce;
que são parte de sua memória – suas “gavetas e d) 6’00’’ a 6’11’’ – citação da música Round
cabides” de um precioso “guarda-roupas” que midnight (1944), de Thelounius Monk;
se superpõem, entrelaçam-se na sua atuação. e) 6’12’’ a 6’15’’ – citação da música Ti-
co-tico no fubá (1931), de Zequinha de
São nove minutos e oito segundos tocando Abreu;
piano solo (execução usando apenas um ins- f) 6’16’’ a 6’39’’ – retorna à citação de
trumento: piano de cauda) que parecem uma Round midnight;
louca sucessão de notas, alterações rítmicas, g) 6’40’’ a 7’00’’ – citação da música Asa
choque de acordes, escalas, modulações, re- branca (1947), de Luiz Gonzaga e Hum-
harmonizações, para entrar em contato com berto Teixeira.
a construção da poética deste músico, compo-
sitor e arranjador contemporâneo, repleta de Esta gravação do Hermeto Pascoal, pelos
suingue brasileiro. trechos “esticados” das obras citadas em sua
interpretação, revela como os músicos, impro-
Algumas das músicas que Hermeto vai visadores e criadores lançam mão da memória
“desengavetando” no decorrer da sua inter- musical, na qual estão armazenadas as obras

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Faixa 1 do DVD Hermeto Pascoal, Zimbo Trio e Egberto Gismonti – ALG Áudio e Vídeo. 2006. Gravado ao vivo
na Sala Cecília Meireles/RJ.

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matéria: arte série: 2a bimestre: 2a primeira prova data: 24/04/08


tão significativas na construção da sua vida e de uma nova obra, mas na interpretação de uma
as derramam em suas composições. música já composta por outros autores que as
paisagens sonoras povoam a imaginação do mú-
Compor e improvisar tem a ver com reor- sico. Só na música erudita européia composta
ganizar eventos de uma paisagem sonora vi- até o final do século XIX, início do século XX,
vida pelo autor. Nessa paisagem convivem e quando ainda não havia os recursos de grava-
se entrelaçam músicas de outros compositores ção (como o gravador magnético e o disco), os
(não importando a época, gênero ou estilo) intérpretes ficavam restritos a tocar exatamente
e, também, outras composições suas, com os o que estava escrito pelo compositor numa par-
sons do dia-a-dia de suas vidas. titura. A margem de criação na interpretação
era restrita, impedindo a alteração das notas
Em outras obras e interpretações, Hermeto da melodia, a harmonia e o ritmo. Somente era
faz isso escrevendo para uma banda com mui- possível alterar a dinâmica do andamento e da
tos músicos, instrumentos diferentes, somados intensidade. Após esse período, e até aos nossos
à produção de sons com outros objetos como dias, a liberdade de interpretação passou a não
panelas, chaleiras, garrafas, canos etc. Podemos ter limites. O que se aprecia é como cada músico
ouvir outras obras do artista no CD Hermeto faz isso, com suas inserções na melodia e altera-
Paschoal Ao Vivo Montreux Festival5, trabalha- ções na harmonia de uma música já composta,
do no Caderno da 8ª Série – 2º Bimestre. sua ou de outro compositor. Às vezes, o que o
impele a fazer essas mudanças são as imagens
Na música que estamos estudando neste sonoras que povoam sua mente. Um pequeno
Caderno, Este meu piano, Hermeto usa como trecho de uma seqüência de acordes, uma célula
recurso exclusivo um só instrumento: o piano. rítmica, lembra trechos similares de outra mú-
O piano que, com suas oitenta e oito notas – do sica. Então, ele sente vontade de citá-la. Para
mais grave ao mais agudo – oferece a mesma isso, é necessário um domínio muito grande do
possibilidade de extensão (grave-agudo) que a conhecimento da linguagem musical, principal-
orquestra sinfônica com todos os instrumen- mente de harmonia, de escalas musicais tonais e
tos. Mas como este instrumento disponibiliza modais, para que o músico intérprete possa sair
apenas um timbre, mesmo com tantas notas, do cenário musical no qual está trabalhando,
usa recursos que podem ser comparados à ir para citações de trechos de outras músicas e
fotografia em branco e preto, trabalhando as retornar para o tema principal. Por vezes, são
nuances entre o preto e o branco, perspectivas, trechos muito curtos que são citados, mas que
enquadramentos, sensações de sombras e lu- caracterizam a poética pessoal do intérprete.
zes etc. Com o uso da orquestra, o arranjador
pode contar com as mesmas notas e a diver- No mundo da música instrumental do jazz
sidade de cor dos timbres de muitos instru- e da MPB, esse procedimento é característica
mentos. Ainda comparando com a fotografia, usual e apreciada por músicos e público ou-
a orquestra seria a foto colorida, na qual se vinte. Alguns exemplos podem ser contempla-
amplia a diversidade de elementos. dos, além do próprio Hermeto, em músicos
compositores, intérpretes e grupos musicais
Os músicos compositores e improvisadores, como Tom Jobim, Edu Lobo, Chick Corea,
como Hermeto, usam desses recursos de for- Egberto Gismonti, Miles Davis, Thelonious
ma singular para sua construção artística. No Monk, Yamandu Costa e Zimbo Trio.
processo da sua criação, a memória sonora e a
afetiva da sua historicidade pessoal afloram e O domínio da linguagem musical e o reper-
povoam seu trabalho. Não é só na composição tório que compõe sua memória e percepção

5 CD Hermeto Paschoal Ao Vivo Montreux Festival – Warner 2002 (nacional – ASIN – 809274143525), utilizado
também no caderno da 8ª série, 2º bimestre.

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matéria: arte série: 2a bimestre: 2a primeira prova data: 24/04/08


Arte – 2ª série, 2º bimestre

são os recursos mais importantes na sua cria- Esse pode ser um projeto a ser elaborado
ção, não importando qual instrumento ou ins- para o segundo semestre com o levantamento
trumentos usa em suas performances. de recursos para gravação e edição, a escolha
da música-tema principal, selecionando tre-
As referências do público também são im- chos de outras músicas que conheçam e sejam
portantes para perceber, na criação de um mú- significativos para suas vidas, identificando
sico improvisador e/ou compositor, as fontes no tema principal os momentos em que estes
sonoras que influenciaram suas obras, assim trechos possam ser inseridos, para organizá-
como as citações em outras linguagens da arte. las em uma seqüência, inserindo os trechos no
tema principal, transformando-as numa nova
Após este encontro com a música e a po- interpretação que também pode ser cantada e/
ética de Hermeto Pascoal, os alunos podem ou tocada se houver possibilidade.
apresentar os seus estudos das poéticas dos
músicos, intérpretes ou compositores que es- Essa proposição requer tempo e pode ser o
colheram como se fossem pequenos progra- foco do projeto na Situação de Aprendizagem 7.
mas de rádio ou de TV.
Tempo previsto: 2 a 4 aulas

Uma criação coletiva processo


de P oétic as em mús ic a
criação
Uma das possibilidades para seguir traba- c itaç ões , repertórios , s entidos e
lhando com as poéticas dos alunos individual- s ignific aç ões .
modos s ingulares de operar c om
mente ou em processos colaborativos é a criação a linguagem da mús ic a, a
de colagens musicais privilegiando melodias e s onoridade, ...
um exemplo: a mús ic a ins trumental
ritmos que façam parte das suas histórias, das
“gavetas e cabides do guarda-roupa musical”,
como músicos criadores e improvisadores: forma-conteúdo

Quais trechos de quais músicas citariam


em suas obras?

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
POÉTICAS EM DANÇA
Neste bimestre apresentaremos aspectos Poderíamos substituir a palavra “artista”
desenvolvidos na poética pessoal de dois por “pessoa”. E, neste caso, podemos conver-
criadores brasileiros evidenciando poéticas sar com os alunos sobre a relação entre pes-
que marcam suas trajetórias, aguçando, des- quisa e processo de criação no fazer artístico
sa maneira, o imaginário dos alunos para e desenvolvimento de poéticas pessoais. No
que descubram a própria poética, deixando trajeto entre a necessidade e o acontecimento
marcas pessoais nos caminhos a serem per- poderão ser desenvolvidos procedimentos ar-
corridos. tísticos e novas possibilidades de criação.

A pesquisadora Cecília Salles, em seu li- Para o estudo de poéticas em dança, serão
vro Gesto Inacabado – Processo de criação apresentados os artistas Carlota Albuquer-
artística, comenta que o artista, quando que, diretora e coreógrafa do TERPSÍ Teatro
sente necessidade, sai em busca de infor- de Dança, e Henrique Rodovalho, diretor da
mações. QUASAR Companhia de Dança.

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matéria: arte série: 2a bimestre: 2a primeira prova data: 24/04/08


PAREYSON, Luigi. Problemas da estética. BAVCAR, Evgen. Disponível em: <http://
São Paulo: Martins Fontes, 1984. zonezero.com/EXPOSICIONES/fotografos/
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PEREIRA, Hamilton Vaz. Trate-me leão. Rio COREA, Chick. Disponível em: <http://www.
de Janeiro: Editora Objetiva, 2004. chickcorea.com>.

CARTIER-BRESSON, Henri. Disponível


SCHULTZE, Ana Maria. Mapas sensíveis: em: <http://www.henricartierbresson.org>.
percursos de leituras do mundo através de
imagens fotográficas, 2003. Dissertação ENCICLOPÉDIAS. Disponível em: <http://
(mestrado). Instituto de Artes. UNESP. São www.itaucultural.org.br>.
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MASCARO, Cristiano. Disponível em:


SUZIGAN, Maria Lucia C; MOTA, <http://www2.uol.com.br/animae/fotogrfs/
Fernando C; SUZIGAN, Geraldo. Método mascaro/mascaro.htm>.
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de áudio para a prática. São Paulo: G4 MUNIZ, Vik. Disponível em: <http://www.
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MONK, Thelonious Sphere. Disponível em:


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Os sites abaixo foram acessados em 20 mar. PASCOAL, Hermeto. Disponível em: <http://
2008. cliquemusic.uol.com.br/artistas/hermeto-
pascoal.asp>.
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<http://www.araquem.com.br>. QUASAR CIA DE DANÇA. Disponível em:
<http://www.quasarciadedanca.com.br>.
A RT E - E D U C A Ç Ã O - C U LT U R A .
Disponível em: <http://www.rizomacultural. TERPSÍ TEATRO DE DANÇA. Disponível
com.br>. em: <http://ciaterpsi.blogspot.com>.

ASDRUBAL TROUXE O TROMBONE. VIEIRA, Valério. Disponível em: <http://


Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/ w w w. s e rg i o s a k a l l . c o m . b r / m o n t ag e m /
aplicexternas/enciclopedia_teatro>. fotografo-valerio-vieira.htm>.

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matéria: arte série: 2a bimestre: 2a primeira prova data: 24/04/08


Arte – 2ª série, 2º bimestre

GLOSSÁRIO

Criação coletiva – No teatro, a criação Música instrumental – Música trabalhada


coletiva surge com os conjuntos teatrais com elementos da linguagem musical como
que, nas décadas de 1960 e 70 do século XX, a melodia, harmonia, ritmo, intensidade,
associam todos os elementos da encenação, andamento e sons dos instrumentos (tim-
inclusive o texto, em um mesmo processo de bre), sejam eles tradicionais como o piano,
autoria baseado na experimentação em sala guitarra, contrabaixo, saxofones, flautas,
de ensaio. bateria, trompete, violino, violoncelo, cla-
rinete, cavaquinho, pandeiro, reco-reco e a
Enquadramento – A fotografia pode ser cuíca, ou qualquer outro objeto que produ-
considerada um retângulo que recorta o vi- za som. A voz humana também é usada com
sível. Para Arlindo Machado (1984), o qua- instrumento, sem a preocupação de cantar
dro da câmera é assim como uma espécie de a letra da música. Em alguns casos, usa-se
tesoura: recorta aquilo que deve ser valori- o som de palavras como efeito sonoro, sem
zado, separando o que é importante, o que que, necessariamente, tenham algum senti-
é acessório, em uma organização das coisas do literário.
visíveis.
Timbre – É a característica do som de ins-
Fotografia de buraco de agulha ou pinho- trumento musical ou qualquer fonte sonora.
le – Fotografia realizada com uma câmera Podemos dizer que é a coloração dos sons. É a
construída com uma caixa ou lata pintada qualidade do som que possibilita distinguir um
por dentro de preto, totalmente vedada, com som de mesma altura e duração, produzido por
um pequeno furo de agulha por onde passa um instrumento sonoro, de outro. Com instru-
a luz. O papel fotográfico é colocado em seu mentos musicais, por exemplo, um saxofone
interior em sala escura e com o orifício tam- tocando uma mesma nota, na mesma altura
pado. Frente ao que será fotografado, o ori- (grave-agudo) que uma guitarra, pelo timbre de
fício é destampado deixando entrar a luz que cada um deles, identificamos qual deles está to-
sensibiliza o filme, formando uma imagem em cando. Assim também acontece com a voz hu-
negativo que é, depois, ampliada ou revertida mana. Podemos perceber isso com a percepção
por meio de cópia de contato. auditiva das mães no reconhecimento da voz
de seus filhos. Podemos observar isso quando
Fotograma – Fotografia feita sem câmera, uma dezena de mães está reunida numa sala,
com os objetos ou formas dispostos sobre o com seus filhos brincando fora, perto da sala
papel fotográfico em sala escura e que rece- e uma das crianças chama: - Mãe, uma só das
be um banho de luz do ampliador. Depois é mulheres se levanta e vai atender o chamado
feita a revelação da fotografia. Nomeiam-se de seu filho ou filha. O timbre da voz daquela
fotograma, também, os quadros de um filme criança, por mais parecido que seja das outras,
fotográfico. tem características próprias.

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ARTISTAS CITADOS

Araquém Alcântara (Florianópolis/SC, Prêmio Internacional de Fotografia Eugène


1951) – Engajado na causa da preservação da Atget, em Paris. Escritor de livros que têm na
natureza, é um dos precursores da fotografia linguagem fotográfica a sua marca, professor
ecológica no Brasil, atuando nesse campo já universitário, este fotógrafo revela a atmosfera
no início dos anos 70. Como outros fotógrafos da cidade paulista registrando suas diversida-
de natureza, Araquém fica dias embrenhado des, como se o tempo estivesse em suspensão,
pacientemente na mata para conseguir uma flagrando harmonias insuspeitáveis.
imagem. Seus livros, mais de quinze, são reve-
ladores de momentos preciosos da nossa gen- Edu Lobo (Rio de Janeiro, 1943) – Compo-
te, da nossa flora, da nossa fauna, da nossa sitor, arranjador e orquestrador e cantor bra-
paisagem, apresentando um conteúdo poético sileiro. Começa na música tocando acordeom.
do dia-a-dia. É um cidadão do mundo. Trilha Depois se interessa pelo violão e dedica-se ao
por paisagens conhecidas ou lugares inóspi- instrumento. Freqüenta shows em bares de
tos com a mesma curiosidade do viajante que Copacabana e forma um conjunto com Dori
por ali passa pela primeira vez. Olha por meio Caymmi e Marcos Valle, apresentando-se al-
das lentes de câmeras fotográficas e descorti- gumas vezes. Em 1962, compôs sua primeira
na imagens que parecem estar ali esperando parceria com Vinicius de Moraes Só Me Fez
por seu olhar sensível e treinado nas técnicas Bem. Faz trilha para teatro, participou do
de captação de imagens da natureza. Fonte: evento Arena Conta Zumbi em 1965, São
www.institutoartenaescola.org.br. Paulo, em que estréia um de seus maiores su-
cessos: Upa, Neguinho em parceria com Gian-
Asdrúbal Trouxe o Trombone – grupo ca- francesco Guarnieri, mais tarde gravada por
rioca de teatro que estréia em 1974 e abraçou Elis Regina. Participa dos festivais de música
as idéias do tropicalismo, do Teatro Oficina e popular, obtendo o primeiro prêmio em 1965
da cultura pop, tornando-se uma das maiores com Arrastão (com Vinicius de Moraes) e em
referências de desconstrução da dramaturgia, 1967 com Ponteio, parceria com Capinam.
da interpretação despojada e do processo de Entre 1969 e 1971 mora nos Estados Unidos,
criação coletiva no teatro brasileiro. São fun- onde aprofunda seus estudos musicais. Nesta
dadores do grupo o diretor Hamilton Vaz Pe- época, trabalha com Sergio Mendes e Paul
reira e os atores Regina Casé e Luiz Fernando Desmond. De volta ao Brasil, lança discos
Guimarães. solo e em parcerias ilustres, como Tom Jobim
e Chico Buarque. Nos anos 90, lança discos
Chick Corea, Armando Anthony “Chick” com músicas inéditas e compôs trilhas para
Corea (EUA, 1941) – Músico, pianista e com- filmes como Canudos de Sergio Resende. Em
positor norte-americano inicia seus estudos 2007 lança um DVD que traz seu primeiro do-
musicais em 1947. Ë um dos mais importantes cumentário, dirigido por Kati Almeida Braga
pianistas da atualidade. e Olivia Hime. Nele, o reservado Edu conta a
sua história musical sem rodeios e conduz, ele
Cristiano Mascaro (Catanduva/ SP 1944) – próprio, o fio da meada.
Fotógrafo e arquiteto. Considerado como um
dos mais importantes fotógrafos da cidade de Egberto Amin Gismonti (Carmo, 5 de de-
São Paulo, com sua paisagem humana e ur- zembro de 1947) – Compositor, músico, cantor
bana, Mascaro iniciou sua carreira fotográfi- e arranjador brasileiro, um virtuoso da música
ca na Revista Veja em 1968, atuando depois instrumental brasileira, conhecido pela sua ca-
de forma independente. Em 1984 recebeu o pacidade de experimentação. Ainda na infân-

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Arte – 2ª série, 2º bimestre

cia e adolescência estudou em Conservatório longo dos anos, sua linha de pesquisa, basea-
Musical, piano, flauta, clarinete e violão. Em da na complexidade existencial do corpo e da
1968, participou com a canção “O Sonho” no alma, resultou na criação de inconfundíveis
festival da TV Globo que chamou a atenção signos rítmicos, que deram identidade própria
do público e obteve boa aceitação da crítica. à Quasar, alternando momentos de vigor e
Nesse mesmo ano, vai à França estudar músi- pungência, humor e simplicidade. O envolvi-
ca dodecafônica com Jean Barraqué e análise mento com produção de vídeos e a montagem
músical com Nadia Boulanger. Em 1969, lan- de espetáculos revelou seu talento também na
ça seu primeiro disco: Egberto Gismonti, com direção cênica e, por causa dessa característi-
forte influência da Bossa Nova. Hoje, esse ál- ca, Rodovalho vem mostrando que consegue
bum é considerado cult e uma de suas obras atingir os níveis desejados de comunicação
mais acessíveis, pois, nos anos 1970, Gismonti entre platéia e bailarinos. Além dos artifícios
passa a se dedicar a pesquisas musicais e ex- cênicos tradicionais, o premiado coreógrafo
perimentações com estruturas complexas e investe em estratégias multimidiáticas para
instrumentos inusitados, voltando-se quase propor interação entre o mundo real e o uni-
exclusivamente para a música instrumental, verso imaginário recriado no palco.
caminhando para o uso de sitentizadores e
com interesse pessoal pelo choro. A pesqui- Henri Cartier-Bresson (França, 1908-2004)
sa em música indígena brasileira, levou-o a – Considerado o pai do Fotojornalismo, ga-
morar um breve período no Alto Xingu, com nhou uma máquina fotográfica quando ainda
índios yawaiapiti. Egberto trabalhou com vá- era criança. Estudou artes e depois de passar
rios músicos, entre eles destacam-se: Naná um ano como caçador na África, descobriu a
Vasconcelos, Marlui Miranda, Charlie Ha- fotografia, influenciado por uma foto do hún-
den, Jan Garbarek, André Geraissati, Jaques garo Martin Munkacsi. Serviu o exército fran-
Morelenbaum, Hermeto Pascoal, Airto Mo- cês. Foi capturado e na terceira tentativa fugiu
reira e Flora Purim. Em 1980 Gismonti cria e juntou-se à Resistência Francesa. Em 1947,
seu próprio selo musical com o nome Carmo depois da guerra, fundou a agência fotográ-
– pois cada vez ficava mais difícil gravar seus fica Magnum. Como um artesão da imagem,
discos nas gravadoras comerciais. interessou-se pelo instante e pela eternidade,
desvelando com emoção a realidade flagrada
Evgen Bavcar (Eslovênia, 1946) – Ficou por olhos singulares.
cego aos 12 anos de idade após sofrer dois aci-
dentes. Doutor em História, Filosofia e Estéti- Hermeto Pascoal (Olho d´Água/AL, 1936)
ca pela Universidade de Sorbonne, na França, – Os sons da natureza o fascinam desde pe-
Bavcar vive em Paris. Em suas viagens pelo queno. A partir de um cano de mamona de
mundo evidencia que a imagem não precisa ser “gerimum” (abóbora), fazia um pífano e fica-
explicitamente visual e que os cegos enxergam va tocando para os passarinhos. Ao ir para a
com o toque e desenvolvem outros sentidos. lagoa, passava horas tocando com a água. O
Ele diz que fotografa para exteriorizar suas que sobrava de material do seu avô ferreiro,
imagens interiores. Fotos com sobreposições e ele pendurava num varal e ficava tirando sons.
em composições da luz em contraste com am- Até o acordeão de oito baixos de seu pai, de
bientes escuros marcam suas fotografias. sete para oito anos, ele resolveu experimentar
e não parou mais. Aos 11 anos de idade já se
Henrique Rodovalho – Autor das peças apresentava em forrós e feiras na companhia
apresentadas pela Quasar Cia. de Dança. do irmão. Em 1950, a família se muda para
Com formação em artes marciais e Educação Recife e ele continua se apresentando com o
Física, pela Escola Superior de Educação Fí- irmão na rádio. No final da década vai para
sica do Estado de Goiás, atuou como ator e o Rio de Janeiro, onde toca em conjuntos re-
bailarino, antes de tornar-se coreógrafo. Ao gionais e na rádio. Mais tarde, transfere-se

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para São Paulo. Forma vários grupos, como choros, sambas, fox e outros gêneros da época.
o Som Quatro, Sambrasa Trio e Quarteto Seu repertório, composto basicamente de mú-
Novo. Grava, com grande êxito, o LP A Mú- sicas estrangeiras, não chegava ao sucesso em
sica Livre de Hermeto Pascoal, em que apre- programas de calouros. Até que um dia, no pro-
senta temas seus e interpretações de clássicos grama de Ary Barroso, recebeu grande aplauso
como Asa Branca (Luiz Gonzaga) e Carinhoso com a música de sua autoria Vira e Mexe, gra-
(Pixinguinha). Participa do Festival de Jazz de vada em disco de 78 rotações por minuto. Um
Montreux, na Suíça, compõe peças sinfônicas, tema com sabor nordestino. Com essa apresen-
constrói instrumentos e grava diversos discos tação teve sua primeira contratação profissional,
por gravadoras diferentes. Conhecido como pela Rádio Nacional. Autor de mais de oitenta
“o bruxo” ou “o mago” é considerado por músicas de sucessos nacionais e internacionais,
boa parte dos músicos como um dos maiores gravadas por quase todos os músicos brasileiros
gênios em atividade na música mundial. Poli- e muitos estrangeiros. Seus parceiros mais cons-
instrumentista é famoso por sua capacidade tantes: Humberto Teixeira e Zé Dantas.
de extrair música boa de qualquer coisa, desde
chaleiras e brinquedos de plástico até a fala Miles Davis (EUA, 1926-1991) – Compo-
das pessoas. Excursiona freqüentemente aos sitor, bandleader e trompetista de jazz. Miles
Estados Unidos e Europa, onde é muito po- Dewey Davis Jr deu forte impulso ao jazz. Com
pular, especialmente entre músicos. o uso freqüente da surdina, o som que tirava de
seu trompete era puro, macio e quase sem vibra-
Lina Pesce, Magdalena Pesce Vitale (São to, com fraseado conciso e despojado. Torna-se
Paulo/SP, 1913 - 1995) – Compositora, instru- famoso com a Miles Davis-Capitol Orchestra,
mentista, filha do maestro italiano Giacomo contando com os arranjados de Gil Evans.
Pesce. Sua primeira composição é de 1922,
um tango-canção Quantas Vezes. Em 1933 Quasar Cia de Dança – Fundada em 1988
casou-se com Vicente Vitale, um dos funda- por Vera Bicalho e Henrique Rodovalho, tem
dores da editora Irmãos Vitale, transferindo- suas origens no Grupo Energia, formado em
se para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu seus Goiânia, no início dos anos 1980 do século
estudos de música, teoria, solfejo e harmonia. XX. Entre os primeiros objetivos, durante o
Em 1937, ganhou o primeiro lugar no Con- período de criação da companhia, sempre es-
curso Oficial de Músicas Carnavalescas da tiveram presentes o desejo de liberdade, diante
Prefeitura de São Paulo com a marcha Você das regras acadêmicas, e a necessidade de não
gosta de brincar. Em 1942, editou pela Irmãos se fixarem modelos. Tal postura possibilitou
Vitale seu choro Bem-te-vi atrevido, gravado que a Quasar trilhasse uma interessante tra-
pela organista norte-americana Ethel Smi- jetória, esquivando-se das relações puramen-
th e apresentado pela mesma no filme Dupla te estéticas da dança para aprofundar-se em
ilusão (Twice Blessed). A partir daí, a músi- questionamentos pertinentes à realidade so-
ca ganhou novas gravações em vários países. cial. Nos seus anos de criações e apresentações
No Brasil foi gravada por Altamiro Carrilho, em palcos brasileiros e estrangeiros propôs
Sivuca e Heriberto Muraro. Outras composi- sempre como poucos o trânsito entre a cultura
ções: Pintassilgo apaixonado, Corruíra salti- erudita da dança e a da música popular brasi-
tante, Tangará na dança, Canarinho gracioso e leira. Quasar consegue chamar a atenção pela
Sabiá feiticeiro, todos editados nas décadas de sua linguagem própria que põe em cena um
1940 e 1950 pela Irmãos Vitale. caldo saboroso, em que as estéticas do circo,
da mímica, da dança e do vídeo se misturam.
Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu,PE:
13/12/1912 – Recife, PE: 02/08/1989) – Compo- Sebastião Salgado (Aimorés/MG, 1944) –
sitor da MPB, conhecido como o “rei do baião”. Trocou a formação em economia pela foto-
No início da sua carreira, tocava no acordeão grafia, tornando-se um cronista e testemunha

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Arte – 2ª série, 2º bimestre

da vida de pessoas excluídas. Tem publicado maneira a obra de ‘outro’, utilizando os mais
livros e realizado exposições de suas fotos em diversos materiais. Fotografias reproduzidas
branco e preto por todo o planeta, denuncian- com açúcar, com detritos de lixo ou com cho-
do problemas sociais, focalizando a dignida- colate líquido implicam numa licença poéti-
de humana, protestando contra a violação ca de alto teor de criatividade. É um artista
dos direitos de homens, mulheres e crianças. plástico, desenhista, pintor que se utiliza da li-
Em 2003 foi nomeado representante oficial da nha, ou de técnicas mistas, mas que opta pela
UNICEF. fotografia, com tiragem limitada para cada
trabalho. Está, assim, dentro de seu tempo e,
Thelonious Sphere Monk (EUA, 1917- simultânea e contraditoriamente, fora dele, ao
1982) – Pianista e compositor de jazz norte- fazer do estritamente artesanal, manual, seu
americano, conhecido pelo seu talento jeito processo de trabalho.
inovador de improvisar e compor. Suas obras,
muito respeitadas pelos amantes do jazz, fa- Zequinha de Abreu, José Gomes de Abreu
zem parte do repertório de quase todos os (19/9/1880 - Santa Rita do Passa Quatro/SP,
músicos jazzistas de todo o mundo. “Round 1880 - São Paulo/SP, 1935) – Aos dezesse-
Midnight” é uma das mais conhecidas. Monk te anos cria sua primeira orquestra que tem
liderou um quarteto Thelonius Monk Quartet, uma vida de mais de vinte anos de atividade
em que grandes jazzistas como John Coltrane, em bailes, saraus, bailes, aniversários, casa-
tocaram. Seu estilo de tocar piano era muito mentos, serestas e acompanhamento dos fil-
singular. Sempre desconsiderou as técnicas mes do cinema mudo. Uma das melhores da
tradicionais e obteve resultados impressionan- região de sua cidade. Muda-se para a capital
tes aos ouvidos dos apaixonados pela música em 1920, onde mantém o ritmo profissional
instrumental contemporânea. tocando em clubes, cabarés, danxings, festas
em casas de famílias e bares (com Bar Via-
Valério Vieira (Angra dos Reis/RJ, 1862- duto e Confeitaria Seleta). Trabalhava na
1941) – Fotógrafo com importante ateliê ins- casa Beethoven (na época uma importante
talado em São Paulo, para onde se mudou em loja de partituras e instrumentos musicais),
1894, Valério fotografou os principais políti- em que demonstrava ao piano os lançamen-
cos da época e lançou a moda dos “retratos de tos em partitura das músicas da época. Foi
formatura”. Em 1901 é premiado nos Estados aí que Vicente Vitale conheceu Zequinha,
Unidos por seu auto-retrato Os trinta Valérios quando iniciava uma editora musical: a Ir-
que testemunha sua pesquisa com montagens mãos Vitale – ainda hoje uma das maiores
fotográficas. editoras de música do Brasil). Em 1924, Ir-
mãos Vitale lança a sua valsa Branca. Um
Vik Muniz (São Paulo, 1961) – Fotógrafo, grande sucesso. Depois foi a vez de Tico-Tico
desenhista, gravador, vivendo e trabalhando no Fubá, Tardes de Lindóia e uma seqüência
em Nova York a partir de 1983. Vik estabelece sucessos. Zequinha adorava improvisar ao
uma relação entre desenho e fotografia, entre piano canções sobre canções, durante horas.
memória e presente. No entanto, o desenho A Companhia Cinematográfica Vera Cruz
não é o produto final. Vik fotografa o dese- produziu um filme baseado em sua vida:
nho e o desenvolve sobre um papel que possa Tico-Tico no Fubá - com Anselmo Duarte,
dar a mesma granulação que uma radiofoto. Tônia Carrero, Zbigniew Ziembinski, entre
Podendo partir da cópia de uma obra de arte outros, com direção de Adolfo Celi, direção
ou de uma fotografia, o artista reproduz à sua musical Radamés Gnattali.

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matéria: arte série: 2a bimestre: 2a primeira prova data: 24/04/08


OBRAS CITADAS

Asa Branca – Composição de Luiz Gon- Tico-Tico no Fubá – Choro composto por
zaga e Humberto Teixeira – Uma canção Zequinha de Abreu que tornou-se uma das
que tem como tema a seca no Nordeste músicas brasileiras mais conhecidas do mun-
brasileiro que, de tão intensa, faz migrar do. Foi gravada por Carmen Miranda e Ray
até mesmo a ave asa-branca (columba pi- Conniff, entre outros. Há registros que em
cazuro, uma espécie de pombo). O som da 1917 foi a primeira apresentação da música,
melodia traz as raízes da música nordesti- num baile na cidade de Santa Rita do Passa
na. Um clássico da MPB, gravado por mui- Quatro. Foi editada e gravada pela primeira
tos artistas; vez em 1931. Nos anos 1940 tem consagração
pública quando incluída em cinco filmes de
Round Midnight – Composta em 1944, origem norte-americana: Escola de Sereias,
uma das mais conhecidas obras do pianis- Kansas City Kitty, Saludos Amigos, A filha
ta norte-americano Thelonious Monk. Foi do Comandante e Copa Cabana, cantada por
tema base de um filme do mesmo nome. Uma Carmem Miranda.
música obrigatória no repertório de músicos
do Jazz e da MPB. Algumas das mais impor- Trata-me Leão – Um texto que se tornou
tantes interpretações dessa música podem um marco na dramaturgia brasileira, expres-
ser ouvidas em gravações de Dizzy Gillespie, sou os temas e os tons da geração que saía
John Coltrane, Miles Davis, Sonny Rollins, da adolescência nos anos 70 do século XX,
Charlie Parker, Michel Legrand, Chick Co- influenciando e definindo uma atitude frente
rea, Bud Powell, Herbie Hancock e Hermeto à vida e à representação teatral através de pro-
Pascoal. É um clássico da música negra ja- cesso de criação coletiva do grupo Asdrúbal
zzistica norte-americana. Trouxe o Trombone.

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