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Ciências Humanas e suas Tecnologias: LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges,
Angela Corrêa da Silva e Paulo Miceli Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo
Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama
Ciências da Natureza e suas Tecnologias:
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Governador Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís
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José Serra Alice Vieira Nogueira Mateos
Vice-Governador Matemática:
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Matemática: Carlos Eduardo de Souza Campos
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Maria Helena Guimarães de Castro Machado, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Secretária-Adjunta Pietropaolo e Walter Spinelli
Filosofia: Adilton Luís Martins e Paulo Miceli
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Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Célia Corrêa
Chefe de Gabinete Zuleika de Felice Murrie
de Araújo e Sérgio Adas
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História: Diego López Silva, Glaydson José da Consulta à rede sobre experiências exitosas
Coordenador de Estudos e Normas Silva, Mônica Lungov Bugelli, Paulo Miceli e
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José Carlos Neves Lopes
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
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Luiz Candido Rodrigues Maria Pereira, Olga Aguilar Santana, Rodrigo Venturoso Assessores: Alex Barros, Beatriz Blay, Denise
Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo Blanes, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de
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Ciências: Cristina Leite, João Carlos Thomaz
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Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisboa,
Presidente da Fundação para o Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni
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Fábio Bonini Simões de Lima
Jordão, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume Projeto Editorial: Zuleika de Felice Murrie
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Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de Amarelinha, Conexão Editorial, Jairo Souza Design
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Diretor de Gestão de Tecnologias S239c Caderno do professor: arte, ensino fundamental - 5ª série, 2º bimestre /
aplicadas à Educação: Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Mirian
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ISBN. 978-85-61400-94-1
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FDE – Fundação para o Desenvolvimento da CDU: 373.3:7
Educação
ARTE
ensino fundamental
5ª SÉRIE
2º bimestre - 2008
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mente com acordes de violão, no ritmo da pelo Tom da Terra8 (Faixa 6), com a melodia
música, para que tentem descobrir de qual cantada por oito vozes.
música é.
Após cada escuta, podemos problematizar
Depois de levantar algumas hipóteses, pas- os alunos com questões sobre cada evento so-
samos a escutar um segundo trecho, somente noro que perceberam.
o início da gravação, com a música harmo-
nizada em vozes (Ahh) entoando os acordes Tempo previsto: 1 a 2 aulas.
(harmonia), com bateria e percussão, ainda
sem contar que música é (Faixa 6 do CD Gru-
po Tom da Terra).
linguagens artísticas
Assim preparados, podemos oferecer as
duas versões de Cravo e canela, com o obje-
tivo de escutar os sons criados pelos instru- o espaço na linguagem da música
mentos e vozes, tentando identificar quando
a mesma melodia em diversas
acontece só a melodia e quando melodia re-harmonizações tonais e
e acordes são simultâneos na gravação de modais; percepção harmônica.
Milton Nascimento e Lô Borges7 (Faixa 6),
e comparar com a mesma música gravada
7
NASCIMENTO, Milton; BASTOS, Ronaldo. Cravo e canela. Intérpretes: Milton Nascimento e Lô Borges. In:
Boxe Clube da esquina. v. 1 (3 CDs). Faixa 6. Emi-Music Brasil Ltda., 2007. <http://www.emimusicbrasil.com.
br>. Ficha técnica: violão, Toninho Horta; guitarra, Tavito; piano, Wagner Tiso; bateria, Robertinho Silva;
baixo acústico, Luiz Alves; percussão, Lô Borges, Beto Guedes, Robertinho Silva e Luiz Alves.
8
NASCIMENTO, Milton; BASTOS, Ronaldo. Cravo e canela. Intérprete: Grupo Tom da Terra (cantam,
Fafá Couto, Sueli Gondim, Claudia Ferrete, Nadir Cândido, Paulo Campos, Rubinho Ribeiro, Luis Bastos e
Ricardo Gomes; solo vocal, Claudia Ferrete). In: Grupo Tom da Terra. Faixa 6. Movieplay, 1996. <http://www.
movieplay.com.br>. Ficha técnica: arranjo vocal, Maestro Tasso Rangel; piano e teclado, Lis de Carvalho;
regência e teclados, Tasso Rangel; bateria, André Melo; baixo elétrico, Bira de Castro; percussão, Luiz Rabello
e Gambier; violão e viola, Natan Marques; violão, Edmilson Capelupi.
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ARTISTAS CITADOS
Farnese de Andrade (Araguari, MG, 1926 sobre artes plásticas. O registro escrito de suas
-Rio de Janeiro, 1996) – Pintor, escultor, de- reflexões sobre arte e sua produção torna-se
senhista, gravador e ilustrador. Viveu em um hábito, nunca abandonado. Participou do
Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. A par- Grupo de Frente (1955-56) e, a partir de 1959,
tir de 1964, passa a transformar os restos de integrou o Grupo Neoconcreto. Abandonou
madeira e brinquedos que coletava junto com os trabalhos bidimensionais, interessando-se
conchas e detritos vindos do mar em obras de por outras formas de expressão, procurando
arte, criando assemblages. As primeiras caixas retirar a pintura do quadro e levá-la para o
de Farnese já misturam bonecos destruídos, espaço: cria relevos espaciais, bólides e pene-
mariscos, cacos e bolas de vidro. Embora te- tráveis. Em 1964, começa a criar as chamadas
nha sido muitas vezes chamado de escultor, o manifestações ambientais. O Parangolé (capas,
artista nada esculpia, apenas dava tratamento tendas e estandartes) é a primeira obra total-
ao mobiliário mineiro de roça que adquiria mente influenciada pela experiência do artista
em fontes diversas (antiquários, feiras e depó- na favela da Mangueira. A idéia de partici-
sito de demolição), misturando-o à “coleção pação do espectador encontrou aí toda sua
de restos” que reunia nas praias e até mesmo força, uma vez que os parangolés eram para
na rua. As imagens de santos também são um ser vestidos, usados e, de preferência, o parti-
elemento recorrente em sua obra. cipante deveria dançar com eles.
Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 1937-1980) Lô Borges (Belo Horizonte, 1952) – Músi-
– Pintor, escultor, artista plástico e perfor- co, compositor e cantor brasileiro. Integran-
mático, estudou pintura e desenho com Ivan te da geração de compositores mineiros que
Serpa e, em 1954, escreveu seu primeiro texto marcou presença na música popular nas déca-
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das de 1970 e 1980, estreou aos 19 anos, junto tivas do corpo do ator-dançarino. Máscaras e
com Milton Nascimento, no disco Clube da aparatos de cena muitas vezes constringiam
esquina (1971), em que compôs, cantou e to- o livre movimento, exigindo novas posturas
cou instrumentos. Em 1978, novamente com diante da atuação e do corpo.
Milton Nascimento, lançou o álbum Clube da
esquina 2. Peter Brook (Londres, Inglaterra, 1925) –
Diretor de teatro e cinema. Como diretor e
Marepe, Marcos Reis Peixoto (Santo An- teórico, é referência obrigatória para a com-
tônio de Jesus, BA, 1970) – Seu trabalho man- preensão do teatro do século XX. Quando,
tém uma estreita ligação com a vida cotidiana, nos anos 1960, passa a ser diretor da Royal
conectado à cultura popular e aos materiais Shakespeare Company, Brook torna-se céle-
que são refugos do consumo ou de uso coti- bre no mundo do teatro com suas adaptações
diano. Participou da 27ª Bienal de São Paulo, dos clássicos shakespearianos, como Rei Lear
da Bienal de Veneza, além de expor em outros (1962). Nesse mesmo ano, adapta ao cinema
importantes centros de arte contemporânea. o romance O senhor das moscas, de William
Golding. Muitas de suas obras dramáticas fo-
Milton Nascimento (Rio de Janeiro, 1942) – ram levadas ao cinema. Suas instigantes idéias
Músico, compositor e cantor brasileiro. Nas- estão traduzidas no Brasil em três livros: O
ceu no Rio de Janeiro e foi para Minas Gerais teatro e seu espaço, Ponto de mudança e Fios
muito cedo, por isso se diz mineiro. Adoles- do tempo. Atualmente, pesquisa as origens do
cente, formou seu primeiro conjunto e, desde teatro à frente do seu próprio centro de estudo
então, sua vida esteve ligada à música. Em em Paris, o Centro Internacional para a Inves-
1966, tem sua primeira composição, Canção tigação Teatral, e nas suas viagens à África,
do Sal, gravada por Elis Regina. No ano se- onde observa as representações cênicas popu-
guinte, obtém o segundo lugar no II Festival lares.
Internacional da Canção, com Travessia, ob-
tendo repercussão nacional. Décadas depois, Ronaldo Bastos (Niterói, RJ, 1948) – Com-
Milton Nascimento é um dos artistas brasi- positor, desde menino tem um fascínio pe-
leiros mais conhecidos e respeitados no exte- los grandes sambistas cariocas. Ainda muito
rior. Entre os inúmeros discos gravados estão garoto, escreve marchinhas de carnaval com
Milagre dos Peixes, Minas, Geraes, Clube da seus amigos de escola, inspirado no compo-
Esquina, Yauaretê, Txai e Ângelus.. É sua a sitor Heitor dos Prazeres. No final da década
composição Coração de Estudante (Milton/ de 1960, conhece Milton Nascimento durante
Wagner Tiso), que se tornou hino das Diretas- o espetáculo Rosa de ouro, no Teatro Jovem,
Já, assim como Menestrel das Alagoas (Mil- no Rio de Janeiro. A primeira composição em
ton/ Fernando Brant), composta em respeito que fez a letra para Milton foi Três Pontas,
à luta do senador Teotônio Vilela pela demo- dando início a uma rica e criativa parceria,
cracia durante o regime militar. de onde nasceram alguns clássicos da MPB,
como Cravo e canela, Fé cega, faca amolada e
Oskar Schlemmer (Stuttgart, Alemanha, Nada será como antes.
1888 - Baden-Baden, Alemanha, 1943) –
Pintor, começou a dar aulas na Bauhaus em Tablado de Arruar – Fundado em 2001,
1920, como diretor da oficina de escultura, o grupo paulista surgiu com o propósito de
envolvendo-se também com a oficina de metal pesquisar o teatro de rua. O espetáculo ini-
temporariamente, assumindo, depois, a dire- cial, A farsa do monumento, estreou em 2002
ção de arte teatral. Em 1922, estréia o seu Balé na Mostra Oficial de Teatro Contemporâneo
triádico que, como os posteriores, tem rotei- do Festival de Curitiba e, desde então, ganhou
ro gráfico detalhado. Seus figurinos também destaque, com apresentações sempre em par-
buscavam extrair novas possibilidades percep- ques, ruas e praças de várias cidades.
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ARTE
ensino fundamental
6ª SÉRIE
2º bimestre - 2008
O pensar sobre as possibilidades de criar tes para aprofundar a questão: quando fo-
partituras, já realizado no Caderno da 6ª ram produzidas as primeiras partituras de
Série do 1º Bimestre, prepara os estudan- música?
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G4
Fig. 14a – Partitura de Vocalise nº 8.
Na figura acima, podemos pedir aos alu- As informações abaixo são apenas para
nos para que descubram os diversos códigos ampliar o repertório dos alunos. Só serão
da notação musical que aparecem nela. O que aprofundadas se você for um professor de mú-
eles percebem? Quais as suas hipóteses sobre a sica e puder dar maiores exemplos. Caso con-
função desses signos? trário, indique apenas que cada signo contém
informações para a leitura e a interpretação.
9
Vocalise nº 8. Gravação extraída de um dos dois CDs que acompanham o livro: GOULART, Diana; COOPER,
Malu. Por todo canto: método de técnica vocal – 40 vocalises para música popular. São Paulo: G4, 2002.
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São sete as notas musicais: dó, ré, mi, fá, (Fig. 15). No vídeo, as notas aparecem confor-
sol, lá e si. Elas representam os sons, que me a música vai sendo tocada (similar ao que já
variam do grave para o agudo e vice-versa. vimos no Caderno da 5ª Série, 1º Bimestre).
Para ouvir o som das sete notas, coloque a
Faixa 2 do do CD Educação em Arte Música Indica o nome das notas
– Volume 2.
Clave de sol na segunda linha: a nota na
A duração de cada som é representada segunda linha é sol
por figuras musicais que são apresentadas
dentro de uma medida de espaço chamada
compasso, que organiza a seqüência de figu-
ras num texto musical.
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Vídeo com partitura animada da música Ô Abre Alas, composição de Chiquinha Gonzaga. Animação produzida
por Geraldo Suzigan. Fonte: G4 Editora – Copyright © 2007 by G4 Editora Ltda. ® São Paulo, Brazil, All
Rights Reserved. International Copyright Secured. Printed In Brazil g4editora@tons.com.br <http://www.tons.
com.br>. Cedida gratuitamente para ser usada anexa a este Caderno.
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Após ver o vídeo com a partitura animada, gravação preparada especialmente para isso.
propomos a observação de uma partitura sim- A tonalidade da música é adequada para a
ples escrita para piano e violão, da música Ca- extensão das vozes deles (Faixa 3, com me-
ranguejo, do folclore brasileiro (Fig. 16). lodia, e Faixa 4, só o acompanhamento, com
linha-guia da melodia para cantar – CD Edu-
Os alunos já viram uma tablatura para vio- cação em Arte Música – Volume 211).
lão ou guitarra?
A letra que está disponível no encarte do
São “carimbos” que mostram onde os de- CD Educação e Arte – Volume 2 pode ser es-
dos devem apertar as cordas para formar os tudada e analisada pelos alunos, identifican-
acordes. Isso pode ser visto na parte final da do palavras que não conhecem, num trabalho
figura 16. interdisciplinar com a disciplina de Língua
Portuguesa. Com História, podemos citar um
E uma partitura completa de orquestra, problema que ocorreu com um verso da letra
chamada pelos músicos de “grade de or- na época da primeira gravação da música:
questra” (Fig. 17), você já viu? “Terra do samba e do pandeiro”12.
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Fig. 15 – Partitura como aparece no vídeo Ô Abre Alas, composição de Chiquinha Gonzaga.
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G4
Fig. 16 – Partitura de Caranguejo (canção folclórica brasileira) extraída do livro Música folclórica brasileira, Volume 1, G4
Editora, São Paulo, SP, 1999. Cedida gratuitamente para ser usada anexa a este Caderno.
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Fig. 17 – Trecho da partitura para orquestra sinfônica do Concerto para piano e orquestra, de Tchaikovsky. Transcrita por Ge-
raldo Suzigan – G4 Editora, São Paulo, SP. Cedida gratuitamente para ser usada anexa a este Caderno.
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GLOSSÁRIO
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O nome das figuras é dado a partir do con- Notas musicais – Guido Darezzo, um
ceito de fração matemática, em que o número monge italiano (990-1050), criou o sforam.
de cima é o numerador e o de baixo é o denomi- Temos sete notas musicais: dó, ré, mi, fá,
nador (que denomina). Então, como podemos sol, lá e si. Cada uma representa um som da
ver acima, a figura semibreve é considerada a escala musical e tem sua origem na música
figura 1 (inteira), a seguinte é chamada de fi- coral medieval. Elas foram criadas a partir
gura 2 (metade), a próxima, que vale um quar- das seis primeiras frases de uma música de
to da primeira, é chamada de figura 4 (quarto) Paolo Diacono (720-799), Hino a São João
e a seguinte, que vale um oitavo da primeira, é Baptista, em que cada frase era cantada um
chamada de figura 8 (oitavo). grau mais agudo: Ut queant laxis, Resonare
fibris, Mira gestorum, Famuli tuorum, Solve
Labanotação (ou labanotation) – É um sis- polluti, Labii reatum (a tradução da letra
tema de análise e gravação do movimento hu- pode ser entendida assim: “Para que os Teus
mano criada pelo austro-húngaro Rudolf von servos possam cantar as maravilhas dos Teus
Laban (1879-1958), um importante represen- Atos admiráveis, absolve as faltas dos seus
tante europeu da dança moderna. Ele publicou lábios impuros”). Por sugestão de um mú-
a notação pela primeira vez em 1928. Várias sico italiano que achava incômoda a silaba
pessoas prosseguiram e aperfeiçoaram esta lin- Ut para o solfejo, foi substituída pela síla-
guagem, entre outros, Anne Hutchinson, nos ba Dó, por ser mais cantável. Foi também
Estados Unidos, e Albrecht Knust, na Alema- adicionada a sílaba Si, como abreviação de
nha. É importante observar que a labanotação Sante Iohannes (São João). Fonte: <http://
não está ligada a um determinado estilo de pt.wikipedia.org/wiki/nota>.
dança; ao contrário, ela serve a vários tipos. A
labanotação é usada em investigação industrial, Relevé – Em francês, significa erguido. Na
bem como na fisioterapia e na psicoterapia. dança, é o termo usado para descrever a ele-
vação do corpo partindo dos pés até a meia
Mamulengo – Teatro popular de bonecos ponta ou ponta do pé, sendo sustentado pelas
original de Pernambuco, que depois prolife- costas.
rou por todo o Norte e o Nordeste.
Teatro de animação – Manifestação con-
Marionete – No Brasil, são chamados de temporânea do teatro de bonecos que, com
“marionetes” os bonecos de fio. De constru- bonecos ou não, coloca em cena outros ele-
ção complexa e manipulação difícil, podem mentos, como objetos, imagens, sombras, for-
ter dezenas de fios que convergem para a cruz mas abstratas, que contracenam com atores e
de manipulação, onde ficam ao alcance das manipuladores visíveis ou ocultos, mas man-
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tendo sempre o foco principal de atenção nas é visível, colocando-se atrás de anteparos. De
figuras animadas. A diferença entre teatro de acordo com as possibilidades de manipula-
animação e teatro de bonecos é que, neste, o ção, os bonecos podem ser de luva, também
boneco é o personagem central, e no teatro de conhecidos como fantoches; de vara e varetas;
animação, quando presente, ele é apenas um de fios e articulados.
entre outros elementos.
Vocalises – São pequenas frases musicais
Teatro de bonecos – Gênero teatral em que utilizadas no estudo do canto como exercício
bonecos representam personagens antropo- para trabalhar a voz em vários aspectos: aque-
morfos, zoomorfos e míticos. Nesses espetá- cimento, ressonância, articulação, flexibilida-
culos, o ator-manipulador quase sempre não de, projeção e extensão.
OBRAS CITADAS
ARTISTAS CITADOS
Álvaro Apocalypse (Ouro Fino/MG, 1937 diretor do grupo Giramundo. Desenhista desde
- Belo Horizonte/MG, 2003) – Personalidade a infância, desdobra sua paixão pelo desenho
exemplar no cenário artístico brasileiro. Pro- em múltiplas possibilidades inventivas, como
fundamente idealista, competente e coerente a pintura, o mural, a gravura, a animação e os
em suas pesquisas estéticas e em sua trajetória bonecos, culminando na criação do Giramun-
profissional, integra com maestria o trabalho do, teatro de bonecos e espetáculo cênico que
de artista plástico, professor, administrador e sintetiza várias linguagens artísticas (visuais,
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Ary Barroso (Ubá/MG, 1903 - Rio de Ja- Leonardo da Vinci (Vinci, Itália, 1452 -
neiro, 1964) – Compositor brasileiro. Aos Cloux, França, 1519) – Pintor, escultor, ar-
doze anos, trabalha como pianista no cinema quiteto, engenheiro, cientista e músico do
de sua cidade natal. Em 1921, muda-se para Renascimento italiano. Nascido num pequeno
o Rio de Janeiro e entra para a Faculdade de vilarejo do município toscano de Vinci, próxi-
Direito. Nos anos 1930, escreve as primeiras mo a Florença, da Vinci é considerado um dos
composições para o teatro musicado carioca. maiores gênios da história da Humanidade
Recebe o diploma da Academia de Ciências devido à sua multiplicidade de talentos para
e Arte Cinematográfica de Hollywood pela ciências e artes, sua engenhosidade e criativi-
trilha sonora do longa-metragem Você já foi dade, além de suas obras polêmicas.
à Bahia? (1944), de Walt Disney. A partir de
1943, manteve durante vários anos o progra- Regina Silveira (Porto Alegre/RS, 1939)
ma A hora do calouro, na Rádio Cruzeiro do – Pintora, gravadora, desenhista, artista mul-
Sul/RJ, revelando e incentivando novos talen- timídia, curadora, professora e estudiosa da
tos musicais. Também trabalha como locutor linguagem da arte. O conceito é o germe da
esportivo, proporcionando momentos inusi- criação desta artista. É ele que move a procura
tados ao sair para comemorar os gols do seu por determinada matéria ou técnica. O dese-
time, o CR Flamengo. Autor de centenas de nho se torna a linguagem para visualizar idéias
composições em estilos variados, como choro, como um pensamento visual que intermedeia
xote, marcha, foxtrote e samba. Entre outras diálogos com outros suportes e alimenta a con-
canções, compôs Tabuleiro da baiana (1937), cretude do conceito que faz nascer as obras.
Os quindins de Yayá (1941), Boneca de piche etc. Sua história artística é pródiga na subversão
Durante as décadas de 1940 e 1950, compôs dos códigos de representação, na perversão da
vários dos sucessos consagrados por Carmen aparência, na crítica política e na distorção da
Miranda no cinema. Ao compor “Aquarela do perspectiva, esta última tema de diversas sé-
Brasil”, inaugurou o gênero samba-exaltação. ries de trabalhos.
Iole de Freitas (Belo Horizonte/MG, 1945) Rudolf von Laban (Poszony, Hungria, 1879
– Escultora, gravadora e artista multimídia. - Weybridge, Inglaterra, 1958) – Dançarino e
Vive no Rio de Janeiro e tem uma atuação de coreógrafo austro-húngaro, é considerado o
destaque no campo da arte contemporânea. maior teórico da dança do século XX. Dedicou
A dança é sua formação primeira. Estuda sua vida ao estudo e à sistematização da lingua-
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gem do movimento em seus diversos aspectos: inusitados, como macarrão, fios de arame, pó,
criação, notação, apreciação e educação. chocolate, açúcar etc. Com eles, compõe de-
senhos, pinturas ou esculturas que, após ser
Tchaikovsky, Pyotr Il’yich (1840 - 1893) – fotografados, são destruídos. As edições li-
Compositor russo da música erudita. Estu- mitadas dessas fotografias são expostas como
dou e foi professor no Conservatório de São produto final.
Petersburgo. Foi influenciado pelos ideais dos
compositores nacionalistas russos, chamados Vincent van Gogh (Holanda, 1853 - Fran-
“Grupo dos cinco” (Balakirev, Cui, Borodin, ça, 1890) – Pintor e desenhista, foi sobretu-
Rimsky-Korsakov e Mussorgsky), mas sua do um autodidata, mas absorveu as férteis
obra pertence à escola mais internacional de lições do Impressionismo durante os dois
composição. anos que viveu em Paris. Morou também em
Arles, no sul da França, onde pintou pai-
Vik Muniz (São Paulo/SP, 1961) – Vicente sagens, naturezas-mortas e retratos que se
José Muniz cursou Publicidade, mas seu inte- tornaram seus trabalhos mais famosos. Em
resse inicial na área das artes o dirigiu para todos assinava simplesmente “Vincent”. Na
o teatro. Em 1983, mudou-se para Nova Ior- história da pintura, van Gogh ocupa uma
que, onde desistiu da carreira em publicidade posição de primeira ordem no movimento
e tornou-se escultor. Passou a se dedicar à que levou do realismo óptico impressionista
fotografia quando percebeu, ao ver reprodu- ao uso abstrato da cor e da forma segundo
ções em preto e branco de esculturas, que elas valores expressivos e simbólicos. A volumo-
carregavam o código da tridimensionalidade sa correspondência entre ele e o devotado
desses objetos (mesmo sem volume), assim irmão Theo é fonte abundante de informa-
como informavam sobre seu material. Isto ge- ção acerca de seus objetivos estéticos. A vida
rou idéias para criar novas ilusões por meio da para van Gogh foi uma sombria e desespera-
fotografia. Geralmente apresentadas como sé- da luta contra a pobreza, a fome e as crises
ries, suas fotografias registram as imagens de de depressão e alucinação, culminando com
aparência realista produzidas com materiais seu suicídio.
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ARTE
ensino fundamental
7ª SÉRIE
2º bimestre - 2008
Na vida contemporânea, ao contrário de seus alunos? Será que eles têm consciência da
outros tempos, é quase impossível não ouvir diferença entre o ambiente sonoro contem-
música. Se há a música que ouvimos por es- porâneo e o de outros tempos? Eles têm a
colha própria, há também sons musicais que percepção da paisagem sonora da escola, da
nos invadem vindos de todas as direções e cidade ou do bairro onde vivem e sua qualida-
a qualquer hora do dia e da noite. Sons dos de ambiental? O que para os alunos é o ruído?
toques de celulares; sons que sinalizam er- Com os ruídos ambientais é possível a criação
ros e acertos nos comandos do computador; de composição musical? O que eles pensam
sons da música ambiente dos supermercados, sobre isso?
restaurantes; sons do rádio ou cd player em
carros; sons dos jogos de diversão eletrôni- Essas questões podem mover uma primeira
ca; sem contar o constante ruído do tráfego conversa com os alunos, como modo de trazer
presente nas grandes cidades, entre tantos à tona suas idéias sobre música.
outros ruídos.
Em seguida, a proposta é levar os alunos
Para esse amplo ambiente acústico que nos a uma investigação sobre os sons ambientais
envolve sem cessar, o compositor canadense através de exercícios de escuta. Para isso, esta
Murray Schafer criou a expressão “paisagem situação de aprendizagem pode começar, per-
sonora”. Ou seja, a paisagem sonora significa guntando aos alunos: qual é o primeiro som
o conjunto do ambiente sonoro, englobando a que você ouve quando acorda?
totalidade dos sons ambientes como todos os
sons do nosso cotidiano, sejam eles de nature- As respostas dos alunos podem ser anota-
za agradável ou desagradável. das na lousa, organizando um mapeamento
dos sons que escutam, usando critérios como:
Esse ambiente acústico gerado por grava- sons produzidos pela voz humana; pela na-
ções, manipulações e transmissões sonoras ou, tureza; por máquinas; sons produzidos pela
ainda, a incorporação musical de outros sons, música, entre outros. O que eles percebem do
como o som-ruído ou ruído musical, abre ca- mapeamento? Quais sons são citados com
minho no século 20 para a renovação da lin- mais e menos freqüência? Há escuta do silên-
guagem musical, com a ruptura dos suportes cio? O que eles percebem que o mapeamento
tradicionais. Nesse sentido, é interessante per- diz sobre o ambiente sonoro de suas casas e
ceber a incorporação do ruído como um som sobre eles mesmos?
que se torna um elemento sonoro virtualmen-
te criativo e desorganizador de modos de com- Essa conversa pode gerar um diálogo in-
posição musical cristalizados, provocando o teressante levando o grupo de alunos à per-
surgimento de novas linguagens musicais. cepção e reflexão sobre o ambiente sonoro
de suas casas, sobre o qual talvez ainda não
tivessem pensado. Ao mesmo tempo, a con-
Proposição I – Mapeando sons versa aquece para a investigação da paisagem
sonora que os envolve no dia-a-dia.
Diante de uma realidade onde o conceito
tradicional de música se vê perpassado pela A pesquisa, para isso, pode ser desenvolvi-
idéia de paisagem sonora, o que é música para da com os alunos divididos em grupos, sendo
16
que cada grupo fica com a tarefa de investiga- antes do exercício da escuta? Para eles, o que
ção dos sons ambientes do cotidiano, tendo causou surpresa no resultado da pesquisa de
como foco aqui sugerido o rádio como mídia todos os grupos? Qual mudança o exercício
sonora e suas diferentes emissoras. Ou seja, de escuta causou em relação à escuta do rádio
cada grupo escolhe uma emissora de rádio como mídia sonora? O que é escutar?
para fazer a escuta da programação. É im-
portante que o professor ofereça diferentes Finalizando, os grupos podem construir
emissoras para a escolha do grupo, tanto as um texto coletivo narrando a experiência e
de programação AM, FM, como de diferentes contextualizando seus resultados a partir das
gêneros musicais. Na realização da pesquisa, respostas às questões acima, de modo a mos-
os alunos devem cercar: trar a opinião do grupo como um todo.
17
41
Balé clássico – O balé tem suas raízes na podem obter mais informações sobre esta lin-
Itália renascentista nas pantomimas que guagem da dança.
eram realizadas em grandes salões por mem-
bros da corte. O balé tomou a forma pela Dança contemporânea – Mais que uma
qual é conhecido hoje na França, durante o técnica específica, a dança contemporânea é
reinado de Luís XIII, mas foi seu filho, Luís um conjunto de princípios e procedimentos
XIV, que fundou a Académie de Musique et desenvolvidos a partir da dança moderna e
de Danse, em 1661, com o objetivo de siste- pós-moderna. Peculiaridades são encontradas
matizar, preservar a qualidade e fiscalizar o na dança contemporânea nos diferentes pa-
ensino e a produção do balé. Os chamados íses onde ela é praticada. Enquanto a dança
balés de repertório são baseados em compo- moderna modificou drasticamente as “posi-
sições musicais que contribuíram para torná- ções básicas” de pés, pernas e braços oriun-
los populares na Europa e depois no resto do das do balé clássico e tirou as sapatilhas das
mundo. Alguns dos balés mais notáveis são dançarinas, a dança contemporânea busca
Coppélia, com música de Léo Delibes, O pás- uma ruptura total com o balé, chegando, às
saro de fogo, com música de Igor Stravinsky, vezes, até mesmo a deixar de lado a estética: o
O quebra-nozes e O lago dos cisnes, ambos que importa é a transmissão de sentimentos,
com música de Tchaikovsky. Posições para os idéias etc. Solos são bastante freqüentes nes-
pés, os braços e as pernas, além de direções ta linguagem de dança. A trilha sonora para
e saltos, recebem nomes em língua francesa espetáculos de dança contemporânea possui
que são utilizados no mundo inteiro. Sugeri- total liberdade na sua composição. Sugerimos
mos que os alunos façam uma consulta na in- que os alunos façam uma consulta na inter-
ternet, onde podem obter mais informações net, onde podem obter mais informações so-
sobre esta linguagem da dança. bre esta linguagem da dança.
Capoeira – É uma expressão cultural que Dança moderna – A dança moderna surgiu
mistura esporte, luta, dança, cultura popular, no início do século 20 e seus pioneiros procura-
música e brincadeira. Desenvolvida por escra- vam maneiras modernas e pessoais de expres-
vos africanos trazidos ao Brasil e seus descen- sar como se sentiam por meio da dança. Entre
dentes, é caracterizada por movimentos ágeis os que começaram este movimento, estão as
e complexos, feitos com freqüência junto ao norte-americanas Isadora Duncan, Louie Fül-
chão ou de cabeça para baixo, tendo por vezes ler e Ruth St. Denis, o suíço Emile Jacque-Dal-
forte componente ginástico-acrobático. Uma croze e o austro-húngaro Rudolf von Laban.
característica que a distingue de outras lutas Sugerimos que os alunos façam uma consulta
é o fato de ser acompanhada por música. A na internet, onde podem obter mais informa-
palavra capoeira tem alguns significados, um ções sobre esta linguagem da dança.
dos quais se refere às áreas de mata rasteira
do interior do Brasil. Imagina-se que a capo- Disc Jockey (DJ ou dee jay) – É um profis-
eira obteve o nome devido aos locais que cer- sional que seleciona e roda as mais diferentes
cavam as grandes propriedades rurais de base composições previamente gravadas para um
escravocrata. Atualmente, é muito popular em determinado público-alvo, trabalhando seu
vários Estados brasileiros. Sugerimos que os conteúdo e diversificando seu trabalho em
alunos façam uma consulta na internet, onde pistas de dança de bailes, clubes, boates e dan-
42
ceterias. No início, o termo disc jockey era uti- rie de inovações à cena: o não-uso de temas
lizado para descrever anunciantes de rádio que dramáticos, o não-uso da palavra impostada,
introduziam e tocavam discos de gramofone. O para citar alguns exemplos. A principal carac-
nome foi logo encurtado para DJ. Hoje, nem terística na passagem do happening para a per-
todos os DJs usam discos, alguns podem tocar formance é o aumento da esteticidade.
com CDs, outros com laptop (emulando com
softwares, como Traktor Final Scratch, Virtu- Hip-hop – É um movimento cultural ini-
al DJ, Serato Scratch Live e DJ Decks), entre ciado no final da década de 1960 nos Estados
outros meios. Há também aqueles que mixam Unidos, que trata dos conflitos sociais e da
sons e vídeos, mesclando seu conteúdo ao tra- violência urbana vividos pelas classes menos
balho desenvolvido no momento da apresen- favorecidas da sociedade, com temas como a
tação musical. Já no fim do século XX, com cultura das ruas e dos guetos, a miséria e os
a popularização do formato MPEG-3 (popu- poderes insituídos.É um movimento de reivin-
larmente conhecido como MP3) para canções dicação de espaço e voz, traduzido nas letras
digitais, de programas de compartilhamento questionadoras e agressivas, no ritmo forte e
de arquivos como o Napster e o surgimento intenso e nas imagens grafitadas pelos muros
de programas de edição musical, surgiu uma das cidades. O hip-hop, como movimento cul-
nova casta de editores musicais autodenomi- tural, é composto por quatro elementos (ativi-
nados DJs. Apesar de possuírem, às vezes, até dades): o canto do rap, a instrumentação do
certo talento para a música, pois precisam al- DJ, a dança do break dance e a pintura do gra-
terar uma faixa para mixar na anterior, têm fite. A música hip-hop refere-se aos elementos
seu trabalho extremamente facilitado e, por- rap e DJ, sendo que o termo “hip-hop” é tam-
tanto, não são bem-vistos por profissionais bém usado como substituto para o rap. No
que executam seu trabalho ao vivo em clubes, Brasil, esse estilo mostra a realidade dos jovens
casas, discotecas e eventos. negros e pobres de cidades grandes, como Rio
de Janeiro, Brasília e São Paulo, numa forma
Happening – No teatro e, de uma forma de discussão e protesto que envolve o precon-
mais global, nas artes cênicas, a quebra com ceito racial e a miséria dessa população discri-
o formalismo, com as convenções que “amar- minada, ignorada e excluída. O hip-hop, nesse
ram” a linguagem só vem a ser concretizada sentido, é o grito que pede para ser ouvido, a
nos anos 1960, com o happening e o teatro ex- fim de modificar a vida de jovens que, a prin-
perimental. A tradução literal de happening é cípio, parecem sem esperança e sem força para
acontecimento, ocorrência, evento. Aplica-se romper com essa realidade.
essa designação a um espectro de manifesta-
ções que incluem várias mídias, como artes Improvisação – É usada na dança como
plásticas, teatro, art-collage, música, dança uma ferramenta na composição coreográfi-
etc. Com o florescimento da contracultura ca. Com ela, os participantes experienciam
e do movimento hippie, os anos 1960 foram os conceitos de forma, espaço, tempo, energia
marcados por uma produção maciça, que e movimento sem inibição, possibilitando a
usa a experimentação cênica como forma de criação de desenhos exclusivos e inovadores,
atingir as propostas humanistas da época. O com fluência, uso do espaço, dinâmica e rit-
happening, que funciona como uma vanguar- mos imprevisíveis, provenientes de seu próprio
da catalisadora, nutriu-se do que de mais vocabulário.
novo produzia-se nas diversas artes. Do tea-
tro, incorpora o laboratório de Grotowski, o Instalação – O termo é incorporado ao vo-
teatro ritual de Artaud e o teatro dialético de cabulário das artes visuais na década de 1960,
Brecht. O fato de se lidar com os velhos axio- designando ambientes construídos nos espa-
mas da arte cênica, sob um novo ponto de ços de galerias e museus. As ambigüidades
vista (o ponto de vista plástico), traz uma sé- que rondam o conceito desde a origem não
43
44
ARTISTAS CITADOS
45
ARTE
ensino fundamental
8ª SÉRIE
2º bimestre - 2008
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
DIÁLOGOS SOBRE A MÚSICA NO TERRITÓRIO
DA MATERIALIDADE
A percepção humana de um fato, de um ce- não é necessariamente feita por uma flauta ou
nário, de um objeto, de um som, de um chei- outro instrumento de sopro, por exemplo.
ro, de uma palavra, de uma lembrança produz
reflexos da realidade, pensamentos, sensações, Para estudarmos os diálogos com a materia-
sentimentos que podem se canalizar para as lidade na criação da forma artística em música,
linguagens da arte, para a pesquisa científica, propomos o estudo de algumas composições
para a filosofia. São estes os modos diversos musicais e algumas explorações sonoras.
de se colocar diante da realidade e recriá-la.
Quando o músico quer comunicar o pen- Tom, Vivaldi e Hermeto: invenção &
samento de uma manhã de chuva forte no criação
meio do mato, não cria necessariamente uma
melodia ou um som de instrumentos que re- Compositores e orquestradores selecionam
presentem o som da chuva, os pingos, a lama, os mais diversos instrumentos da orquestra ou
para representar cada objeto, cada movimen- elétricos e eletrônicos para criar suas obras. Essa
to, cada ação. Concebe isso em um pensamen- escolha é sempre cuidadosa, pois é um embate
to musical, expresso em células melódicas, concreto, um diálogo constante com a matéria
rítmicas e timbres, articulando som, silêncio que vão usar na construção de suas obras, pois
e sonoridades. Nada necessita ser sempre tão cada instrumento, ou grupo de instrumentos,
explícito. As escolhas das notas e as células produz sensações auditivas muito diferentes.
rítmicas para comunicar o pensamento musi-
cal não seguem necessariamente uma exigên- Quando ouvimos uma obra musical com
cia lógica e explícita que faça a representação atenção, podemos escutar pássaros, florestas,
direta do som com o objeto concreto a ser índios, negros em procissão, vento bravo, bri-
comunicado. A representação de um pássaro sa, ondas do mar, sem que isso seja tão explí-
20
cito, isto é, sem a necessidade de uma imitação de uma primeira escuta, proponha uma conver-
explícita do som desses elementos que impul- sa: já haviam escutado esta música antes? Onde?
sionaram a criação dos artistas. Ao vivo ou a partir de gravações? Que sensações,
lembranças, sentimentos e pensamentos vieram
Que sensações, lembranças, sentimentos, à tona? Conseguem perceber as partes que com-
pensamentos nos capturam ao ouvir o primeiro põem este movimento criado por Vivaldi?
movimento da obra Quatro estações, de Vivaldi?
O que podemos ouvir da sua Primavera? Para Esta conversa pode prepará-los para uma
isso, sugerimos a audição da faixa Primavera do escuta orientada para a leitura do primeiro mo-
CD Quatro estações (The four seasons)7 Depois vimento da música Primavera, de Vivaldi.
Ouvindo a faixa “Primavera” e lendo os versos ao lado, vamos experimentar fazer a relação entre o que é tocado
pelo violino solista e as cordas da orquestra (violinos, violas, violoncelos e contrabaixos).
VERSOS ORQUESTRA
I − Chegada é a Primavera... (abertura) − Todas as cordas da or-
Chegada é a Primavera e festejando questra tocam de forma alegre e vigorosa.
saúdam as aves com alegre canto. II − As aves saúdam... − Tocam: violino solista com resposta das
cordas da orquestra.
III − Volta o tema da abertura com as cordas da orquestra para
preparar o próximo tema.
E as fontes, ao expirar do Zéfiro, IV − As fontes correm com doce murmúrio − Todas as cordas tocam
correm com doce murmúrio. um novo tema.
Uma tempestade cobre o ar com VI − Uma tempestade cobre o ar com negro manto – Tocam todas
negro manto. as cordas da orquestra com predominância dos graves dos contra-
Relâmpagos e trovões são eleitos a baixos e dos violoncelos, criando o clima de relâmpagos e trovões,
anunciá-la. e o violino solista.
7
Vivaldi. Primavera – Concerto para violino, cordas e baixo-contínuo, opus 8. In: The four seasons – Vivaldi. Faixa
1. Gravadora Movieplay.
21
“A minha música deve muito às árvores, às mesmo você não olha para a paisagem. Na
montanhas, ao mar, à costa, aos pássaros e, hora “h”, você está concentrado. Fiz o Sabiá,
naturalmente, não podemos esquecer, à mu- também. Conheço muitos passarinhos, mas
lher brasileira que também faz parte da eco- pelo nome popular. Só alguns pelo nome
logia, é um animal natural como o homem. científico. Esse negócio de entender de uma
Tudo isso me deu um grande estímulo para coisa, tem que amar! Villa-Lobos também
escrever música. Para sentar de manhã, ver o conhecia muito bem os passarinhos, inclusi-
sol e achar que a vida é bonita, [...] que vale ve ouvindo as obras dele, poli-sinfônicas, sou
a pena ser vivida. [...] Essas músicas que eu capaz de dizer que passarinho ele está imi-
fiz: Dindi, Borzeguim, Águas de março e tan- tando com a orquestra. Ele, como eu, usava
tas outras, são todas inspiradas na Floresta muito o matita-perê [...] Na Mata Atlântica
Atlântica. O visual é bonito, me inspira para a vida é em profusão. Aqui é o Pindorama: a
fazer música. Se bem que eu acho que na hora Terra das Palmeiras.
Tom Jobim foi um compositor que mui- dem me seguir, um é você, o outro é o Tom
to influenciou os compositores e intérpretes Jobim. Cuidado com o Tom na canção de câ-
da música brasileira. No texto, ele se refere a mara, ele sabe escrever, é um perigo”9.
Villa-Lobos, que o valorizava também. Dis-
se ele uma vez ao músico Cláudio Santoro: O que chama a atenção dos estudantes ven-
“Olha, eu estou partindo, mas os dois que po- do a paisagem e ouvindo o texto e a música do
8
Vídeo: Abertura do DVD Águas de março − Tom Jobim – Maestro Soberano. Biscoito Fino Produções Artísticas,
Rio de Janeiro/RJ, 2006 (4 DVDs).
9
Depoimento extraído do DVD Águas de março − Tom Jobim – Maestro Soberano. Biscoito Fino Produções
Artísticas, Rio de Janeiro/RJ, 2006 (4 DVDs). Depoimento de Tom Jobim.
22
DVD do Tom Jobim? Percebem o que alimenta te do tempo (dias, semanas, meses), para ficar
os processos de criação do artista? Os estudan- à disposição do mestre o tempo todo. É uma
tes percebem que a inquietude dos criadores renúnica à vida pessoal, num trabalho musical
faz com que sejam atentos observadores dos exaustivo, em busca da perfeição.
seus universos sonoros, ou seja, de tudo o que
está à sua volta e em sua memória afetiva? Explorações sonoras
Alguns compositores usam os instrumen- Para que os nossos alunos experimentem
tos convencionais para compor suas obras, a produção musical, a partir de instrumentos
outros buscam tudo que produza som sobre construídos por eles com material encontrado
a face da Terra. Isso não significa que sejam à sua volta, podemos propor que façam uma
mais ou menos ousados, mas são escolhas orquestra com garrafas afinadas com água.
diferentes. Os alunos conhecem alguns ins-
trumentos não convencionais? Já ouviram O som é produzido assoprando-se no garga-
alguém tocar no pente? Ou no serrote? Ou lo das garrafas. Para afinar cada uma delas com
em vasilhames com água? uma nota musical, temos que colocar água den-
tro. Quanto mais água, mais o som ficará agudo,
Hermeto Pascoal é virtuose em vários ins- pois diminui o espaço interno da garrafa. É im-
trumentos: piano, saxofones (soprano, alto, portante que se consiga uma variedade de garra-
tenor e baixo), flautas transversais (flauta dó fas para que tenham uma série de sons, do grave
e flauta sol), um excelente arranjador que do- ao agudo. Quais serão as diferenças provocadas
mina as técnicas mais complexas da orques- por garrafas de pet e uma de vidro, e diferentes
tração com instrumentos tradicionais. É um tamanhos de garrafas e de garrafões?
desses músicos que também usam tudo o que
tem à sua volta para produzir música. Seria importante conseguir um diapasão
de plástico − aparelho usado para afinar as
A exigência de Hermeto com a precisão seis cordas do violão (mi, lá, ré, sol, si e mi).
rítmica, afinação e técnica artística com seus Se conseguirmos afinar seis garrafas, deixan-
músicos cria a necessidade de um enorme tem- do o som parecido com as cordas do violão,
po de ensaio. Para trabalhar no seu grupo, os teremos um grupo de seis alunos que podem
músicos passam a viver junto dele grande par- criar músicas assoprando as garrafas
Cortesia/Geraldo Suzigan
23
24
Outros instrumentos podem ser constru- Podemos fazer uma tabela na lousa para
ídos pelos alunos com a sua ajuda dos pais apontar as diferenças entre as duas faixas ou-
e de outros professores. Se tiverem dispo- vidas, ressaltando as conexões entre elas, as
níveis instrumentos musicais, mãos à obra, diferenças e semelhanças. Algumas problema-
usem-nos. Até canos de metal, em diversos tizações possíveis:
tamanhos, se tiverem como conseguir, vale
arriscar. Os alunos conseguem identificar os ins-
trumentos musicais tocados em cada faixa?
É possível também criar efeitos sonoros Como é este diálogo entre instrumentos? Ele
de chuva, de trovão etc., com muitos mate- toca de modo convencional? Conseguem
riais, tais como: agitando no ar placas bem perceber a melodia principal da música de
finas de metal; produzindo sons com a boca cada faixa e cantarolar um trecho delas? Su-
junto a um microfone; ou mesmo gravando gerimos que eles escrevam uma reportagem
sons da natureza (trovão, som da chuva, para um jornal ou revista ou mesmo que
vento...). Podem ainda gravar som de água contem a alguém o que escutaram nas duas
da torneira ou mexer na água de um balde, faixas.
por exemplo.
Pesquisando
Vamos provocar nossos alunos para que
pensem projetos de construção de instrumen- Muitos aspectos podem ser pesquisados
tos, na exploração de sonoridades, para gerar em relação à materialidade na música, apro-
pequenas composições sonoras que devem fundando tudo o que foi trabalhado aqui.
ser gravadas e, assim, analisadas para a con- Alguns exemplos: Walter Smetak, que bus-
tinuidade de processos de criação. cou “uma nova escuta e sonoridade a partir
da criação de novos instrumentos musicais,
termina por expandir o próprio conceito de
Pesquisando a poética de um artista música, ultrapassando os limites da lingua-
gem musical ao aproximá-la da dimensão
A procura inquietante de sons impulsiona plástica e espacial”11. Grupo Uakti, com seus
Hermeto, um eterno menino sapeca, a con- instrumentos feitos de materiais como tubos
seguir resultados incríveis nos instrumentos de PVC, sinos de madeira, caldeirões, ma-
musicais, tradicionais ou não, trabalhando a rimba de vidro, aqualung (que utiliza o som
forma de tocar (o touche) com surpreendentes da água como matéria sonora). A orquestra
rearmonizações. Podemos pesquisar o modo mágica do Parque Lúdico no Sesc Itaquera
de ser musical deste artista comparando duas em São Paulo, um projeto de Cristina Mello
de suas composições no CD Ao vivo – Mon- e Rita Vaz, com brinquedos que se asseme-
treaux Festival: as faixas Bem-vinda e La- lham a instrumentos musicais, baseados em
goa Santa10. princípios acústicos. Músicos que tiram a so-
noridade do próprio corpo, como o Barbatu-
O que se pode dizer do modo de tocar ques, ou com objetos, como o grupo Stomp,
de Hermeto Pascoal e seu grupo? Os alunos que foram apresentados no Caderno da 7ª
podem reconhecer a poética pessoal deste série, primeiro bimestre.
músico?
10
CD Hermeto Pachoal − Ao vivo – Montreaux Festival. Warner, 2002. Nacional − ASIN – 809274143525.
11
SCARASSATTI, Marco. Mediando [con]tatos com arte e cultura. Universidade Estadual Paulista/Instituto
de Artes. Pós-graduação. São Paulo, v. 1, n. 1, Nov. 2007, p. 85. Leia mais em: <www.terra.com.br/istoe/1679/
artes/1679_escultor_som.htm>. Acesso em: 24 dez. 2007.
25
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
DIÁLOGOS COM A MATERIALIDADE NA CRIAÇÃO
DA FORMA ARTÍSTICA EM TEATRO
Mantendo o foco nas proposições ofe- I – A leitura de um texto teatral nos reve-
recidas no primeiro bimestre, o que foi de- la que o dramaturgo é um pensador do te-
senvolvido junto aos alunos de experiência atro. É ele quem primeiro organiza a cena.
cênica com texto? Qual fragmento de texto O texto teatral é, nesse sentido, um projeto
foi proposto para os percursos de leitura? de cena. Seria a encenação um ato de tradu-
Nesses percursos, os alunos mostraram sol- ção ou ilustração da matéria textual no es-
tura, amplitude vocal, foco no texto? Des- paço cênico? O que os alunos pensam sobre
sa experiência física, vocal e sensorial de isso? Para pensar a revelação da teatralidade
apropriação do texto, o que permanece nos do texto no palco, vejamos fotos de algumas
alunos? Como eles percebem esse processo montagens de textos do dramaturgo William
físico de tornar audível o texto, de tornar Shakespeare.
a palavra escrita vocalizada? A partir dessa
experiência, para eles o que é um texto de A encenação, por exemplo, do texto A tem-
teatro? Como eles percebem a relação entre pestade, de Shakespeare, já foi realizada com
texto, ator/atriz e a palavra falada no con- os atores Paulo Autran e Sérgio Mamberti
texto do fazer cênico? como o personagem Próspero. Para os alunos,
um personagem é modificado quando encena-
Estas são questões que podem ser o embrião do por diferentes atores?
de indagações, tanto para você, professor(a)
fazer uma leitura do processo desenvolvido, O diretor Peter Brook, em sua montagem
como para abrir aos seus alunos o assunto de A tempestade, escolhe para protagonizar o
deste segundo bimestre: a matéria textual e a mágico Próspero o ator africano Sotigui Kou-
palavra como materialidade sonora no fazer yaté e, para o papel de Caliban, um jovem ator
cênico. alemão12. Essa escolha do diretor seria para
iluminar alguma ambigüidade presente no
Comecemos investigando a matéria textual texto de Shakespeare? O que os alunos pen-
no fazer cênico. sam sobre isso?
12
Para aprofundar mais, consulte: BROOK, Peter. A porta aberta: reflexões sobre a interpretação e o teatro. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. p. 85-102.
26
comentada de dois ou três portfolios realiza- Apuraram o olhar para perceber conexões en-
dos por colegas para a reconstrução de seu tre a materialidade, os processos de criação e
próprio portfolio. a utilização das relações de forma-conteúdo?
Viveram processos de criação em arte?
ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: Shakespeare. São Paulo: Perspectiva, 1998.
uma psicologia da visão criadora. São Paulo:
Thomson Learning, 2002. LEAL, Patrícia. Respiração e expressividade:
práticas corporais fundamentadas em Graham
BOGÉA, Inês. O livro da dança. São Paulo: e Laban. São Paulo: Fapesp/Annablume,
Companhia das Letrinhas, 2002 (Coleção 2006.
Profissões).
LOBO, Lenora; NAVAS, Cássia. Teatro do
BROOK, Peter. A porta aberta: reflexões sobre movimento: um método para o intérprete
a interpretação e o teatro. Rio de Janeiro: criador. Brasília: LGE Editora, 2003.
Civilização Brasileira, 1999.
MAGALDI, Sábato. O texto no teatro. São
FORTUNA, Marlene. A performance da Paulo: Perspectiva, 1999.
oralidade teatral. São Paulo: Annablume,
2000. _______________. Moderna dramaturgia
brasileira. São Paulo: Perspectiva, 2006.
FUSARI, Maria Felisminda de Rezende;
FERRAZ, Maria Heloisa. Arte na educação MARTINS, Marcos Bulhões. Encenação em
escolar. São Paulo: Cortez, 1993. jogo − Experimento de aprendizagem e criação
do teatro. Brasília: Hucitec, 2004.
GAYOTTO, Lucia Helena. Voz: partitura da
ação. 2. ed. São Paulo: Plexus, 2002. MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE,
Gisa; TELLES, M. Terezinha. A língua do
GODOY, Amilton; SUZIGAN, Geraldo; mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São
CRUZ, Sylvio B. Princípios da harmonia Paulo: FTD, 1998 (Coleção Didática do
moderna. São Paulo: Zimbo Edições Musicais, Ensino).
1984 ( 5 volumes).
OSTROWER, FAYGA. Universos da arte. Rio
HELIODORA, Bárbara. Falando de de Janeiro: Campus, 2004.
47
GLOSSÁRIO
Blue notes – São notas cromáticas resul- centar a dimensão temporal), e não mais um
tantes de fragmentos de escalas pentatônicas arte pictórica da tela pintada, como o teatro
muito utilizadas no blues, no jazz, no choro e se contentou em ser até o naturalismo.
no rock, inconfundível para qualquer ouvido.
São “estranhas” à harmonia de uma música e Escalas pentatônicas – São escalas, como o
encontradas em diversas culturas, como a ja- próprio nome fala, com apenas cinco notas.
ponesa, chinesa e africana. Há duas formas mais utilizadas de encontrá-
las: a primeira é suprimindo a segunda e a sex-
Cenografia – No sentido moderno, é a ci- ta notas de uma escala. Exemplo: na escala lá
ência e a arte da organização do palco e do – si – dó – ré – mi – fá – sol, vamos suprimir
espaço teatral. A linguagem da cenografia tem as notas si e fá, ficando a pentatônica: lá, dó,
hoje o desejo de ser uma escritura no espaço ré, mi, sol (correspondente à tonalidade me-
tridimensional (ao qual seria mesmo acres- nor). A segunda forma é suprimindo a quarta
48
e a sétima nota de uma escala. Exemplo com dispõe progressões harmônicas complexas e
a escala: lá – si – dó# – ré – mi – fá# - sol, exige complicados cálculos rápidos durante
de onde vamos suprimir as notas ré e sol, fi- o improviso, onde problemas básicos do pen-
cando a pentatônica: lá – si – dó# – mi – fá# samento melódico pedem o uso inteligente de
(correspondente à tonalidade maior). Ao in- escalas e a substituição de acordes. Já a apli-
vertermos as notas de uma escala pentatôni- cação jazzística dos conceitos da modalidade
ca, temos outras quatro escalas chamadas de permite a criação de resultados sofisticados e
shapes da escala, muito utilizadas por músicos inusitados, como os conseguidos pelo músico
com influência do blues. Miles Davis no disco Kind of blue na balada
Blue in green, onde há muitos movimentos
Escalas hexafônicas – São escalas de tons harmônicos em acordes complexos, como
inteiros. Há praticamente apenas duas: uma Bbmaj7#11.
começando pela nota dó natural: dó, ré, mi#,
fá#, sol#, lá#, e a outra da nota ré bemol: réb Música atonal – Sua estrutura básica é evi-
– mib – fá – sólb – láb – sib. Muito utilizada tar tonalidade ou modo, usando livremente as
para improvisar em acordes de sétima menor 12 notas da escala cromática: dó, dó susteni-
e nona maior. do, ré, ré sustenido, mi, fá, fá sustenido, sol,
sol sustenido, lá, lá sustenido e si. Foi muito
Figurino – É definido como a vestimenta utilizada pelos compositores expressionistas.
utilizada pelos atores para a caracterização
de seus personagens de acordo com sua na- Música serial – Seu princípio nasce após o
tureza e identifica, geralmente, a época e o abandono do sistema da música tonal, quan-
local da ação. Assim como na vida real, o do o compositor Schöenberg sentiu necessida-
vestuário, no teatro, tem a função de repro- de de criar um novo sistema para organizar a
duzir várias normas de diferentes culturas. criação no sistema atonal. A forma encontra-
Ao identificar o seu procedimento, identi- da é chamada de serialismo ou dodecafonis-
ficam-se o sexo, a idade, a classe social, a mo, onde o compositor ordena a priori todas
profissão, a nacionalidade ou a religião do as doze notas da escala cromática e, então,
personagem. Ao mesmo tempo, o figurino é segue a seqüência das notas conforme ordena-
um símbolo que representa atmosfera, épo- da com base para sua composição. Nenhuma
ca histórica, região, estação do ano, hora do nota pode aparecer fora desta ordem prede-
dia, entre outras situações. Igualmente, o fi- terminada, mesmo as doze notas terem igual
gurino associa, identifica e equipara outros importância, embora qualquer uma das notas
sistemas culturais. da série possa ser repetida ou usada em oita-
vas diferentes.
Fotograma – Cada uma das imagens im-
pressas por processo químico na fita de ce- Patinação – A patinação tem sua origem na
lulóide. São projetadas a uma freqüência de Europa. No começo, patinar era uma maneira
24 por segundo, produzindo a ilusão de mo- de se locomover, utilizada para atravessar os
vimento. Nosso cérebro processa as imagens lagos e canais congelados no inverno. Após
mesclando as imagens seguidas, dando a sen- passar a ser utilizada como forma de recrea-
sação de movimento. O conjunto de fotogra- ção, patinadores passaram a fazer desenhos
mas é denominado de frame. no gelo com as lâminas dos patins. O atleta
equilibra-se em cima de patins e faz diversas
Música modal – A música modal é estru- acrobacias. Na patinação artística, as acro-
turada nos modos gregos. Originalmente, bacias executam uma espécie de coreografia.
ela pode ter apenas dois ou três acordes que A patinagem pode-se dividir em dois grupos
permitem uma maior facilidade de improvi- distintos: a patinagem no gelo e em ringue de
sação muito diferente da música tonal, que madeira ou cimento.
49
OBRAS CITADAS
50
ção, composta de oito obras, das quais Quatro jovens apaixonados, Romeu Montéquio e Ju-
estações é a de número oito. Foi possivelmente lieta Capuleto. Filhos de famílias rivais, aca-
a primeira exibição delas. A autoria dos so- bam por não conseguir resistir ao ódio que os
netos acredita-se que seja do próprio Vival- separa, mas o seu amor perdurará para além
di, pois a partitura da música traz letras que da morte.
correspondem às marcações dos sonetos. É
aparente o esforço do compositor para que Singin’in the rain – Com letra de Arthur
seu público apreciasse e compreendesse suas Freed e música de Nacio Herb Brown, pu-
obras, oferecendo recursos em duas mídias, blicada em 1929. Talvez tenha sido apresen-
além da musical: escrita e plástica. tada pela primeira vez em 1927. A música
ficou mundialmente conhecida quando foi
Romeu e Julieta – Mundialmente aclamada tema para o filme musical de mesmo título,
como a mais bela e trágica história de amor de 1952, onde Gene Kelly dança e canta de-
de todos os tempos. Conta a história de dois baixo da chuva.
ARTISTAS CITADOS
51
52
da no Teatro SESC Anchieta), a companhia após ser fotografadas, são destruídas. As edi-
Mandéka Théâtre, tendo dirigido Antígona ções limitadas dessas fotografias são expostas
e Édipo. Desde 1986, tem sua própria com- como produto final. Fonte: <http://www.insti-
panhia, La voix du griot, em Paris, que já se tutoartenaescola>.
apresentou em diversos países. Companheiro
de estrada de Peter Brook há 22 anos, parti- Vivaldi (Veneza, 1678 - Viena, 1741) – An-
cipou dos espetáculos Tierno Bokar, Le costu- tonio Lucio Vivaldi, compositor de música
me, O Mahabharata, Hamlet, A tempestade, O barroca italiana. Talentoso violinista da or-
homem que, e diversas outras criações. Dirige questra da Basílica de São Marcos. É autor de
Le costume, que estreou em outubro de 2006, mais de quinhentos concertos (210 dos quais
em Atenas (Grécia). É ator de mais de 60 fil- para violino ou violoncelo solo), óperas, sin-
mes, na África, na Europa e nos Estados Uni- fonias, 73 sonatas, música de câmara e música
dos, entre eles O céu que nos protege, Golem, sacra. Sua obra mais conhecida é Quatro esta-
Coisas belas e sujas, Little Senegal, Génésis, ções – Opus 8. A maior parte do seu repertório
Sia-Le revê du python e Ip 5. só foi descoberta na primeira metade do século
20 e publicada na segunda metade. A obra de
Tom Jobim (Rio de Janeiro/RJ, 1927 - Nova Vivaldi é inovadora. Rompeu com a estrutura
Iorque/EUA, 1994) – Antônio Carlos Brasi- da época, dando brilho à forma e ao ritmo do
leiro de Almeida Jobim. Compositor, maestro, concerto, adicionando contrastes harmônicos
pianista, cantor, arranjador e violonista brasi- e melódicos. Fugiu das formas acadêmicas
leiro. É considerado um dos maiores expoen- apreciadas pelas minorias intelectuais da épo-
tes da música brasileira e um dos criadores do ca, revelando uma grande aceitação popular,
movimento da bossa nova. Aprendeu a tocar conseguindo ser famoso e admirado em vários
violão e piano tendo aulas, entre outros, com o países, incluindo alguns muito fechados aos
professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, seus valores nacionais, como a França.
introdutor da técnica dodecafônica no Brasil.
Tom Jobim é um dos nomes que melhor repre- Walter Smetak (Zurique, 1913 - Salvador/
senta a música brasileira na segunda metade BA, 1984) – Músico, violoncelista, composi-
do século 20 e é praticamente uma unanimida- tor, escritor, escultor e construtor de instru-
de entre críticos e público em termos de quali- mentos musicais. Anton Walter Smetak vem
dade e sofisticação musical. para o Brasil em 1937, influenciando uma
geração de músicos brasileiros. Em sua ofici-
Vik Muniz (São Paulo/SP, 1961) – Vicente na, cria instrumentos musicais com tubos de
José Muniz cursa Publicidade, mas seu inte- PVC, cabaças, isopor e outros materiais pou-
resse inicial na área das artes o dirige para o co usuais. Alguns dos instrumentos não têm
teatro. Em 1983, muda-se para Nova Iorque. utilidade puramente musical. São esculturas
Desiste da carreira de publicidade e torna- influenciadas por sua percepção mística de
se escultor. Quando vê as reproduções em encarar a música e as formas. Nos últimos
preto e branco das esculturas, percebe que a dez anos de sua vida, deixou de escrever par-
fotografia carrega o código da tridimensiona- tituras de suas composições, preferindo a im-
lidade dos objetos, mesmo sem volume, assim provisação em grupo com seus instrumentos.
como informa sobre o material. Isso gerou Deixou uma série de gravações dessas seções
novas idéias para produzir as ilusões que cria de improviso.
por meio da fotografia. Geralmente apresen-
tadas como séries, as fotografias registram as William Shakespeare (1564-1616) – Devi-
imagens de aparência realista produzidas com do à pouca documentação histórica, a vida
materiais inusitados, como macarrão, fios de de Shakespeare é assunto polêmico. Muito do
arame, pó, chocolate, açúcar etc. Com eles, que se afirma é baseado em deduções ou do-
compõe desenhos, pinturas ou esculturas que, cumentos vagos. Diz-se que nasceu em Stra-
53
54
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
INTERVENÇÃO EM MÚSICA: POTENCIALIDADES DO
CANTO CORAL
Talvez a música seja a mais “intrometida” ferências dos alunos sobre essa linguagem que
das artes. Ela está presente no nosso cotidia- faz parte da linguagem musical? Para levan-
no, seja na sonoridade da vida da natureza, tar as percepções iniciais dos alunos sugeri-
seja pelas rádios, TVs, iPods, chamadas do mos começar com a audição da faixa 1 do CD
celular. Cantarolar ou assobiar desvelam mo- Educação em Arte5: “Palco”, de Gilberto Gil
mentos alegres? (arranjo completo). Sem dar qualquer infor-
mação anterior, podemos convidar os alunos
Nos caminhos possíveis de se pensar sobre para ouvir a gravação. Conhecem a música? Já
intervenções em música na escola, sugerimos a ouviram? O que percebem de diferente nesta
a exploração do canto coral. Mas quais as re- gravação? Reconhecem as três vozes?
5
CD Educação em Arte – Volume 2. São Paulo: G4 Editora, 2007.
18
6
GOULAR, Diana; COOPER. Por todo canto. São Paulo: G4 Editora, 2002. Informações disponíveis em:
<http://www.tons.com.br>.
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21
Essa forma de aprender a cantar as melo- Se houver alunos que saibam tocar ins-
dias de cada voz, pela imitação da gravação, é trumentos musicais (violão, guitarra, bateria,
o que chamamos de mímica melódica. É assim percussão, contrabaixo e sopros) e consigam
também na grande maioria dos coros brasilei- ler as cifras das partituras, muito bom. Depois
ros, cujos participantes não sabem ler música. de praticar bem com o playback, os ensaios
podem ir por este caminho com a participação
Ao aprender as melodias ouvindo as gra- deles. Mas também neste caso é fundamental
vações e acompanhando o desenho (melódi- que os instrumentos respeitem o volume do
co e rítmico) das notas nos grupos de cinco som das vozes do coro. Os instrumentos tam-
linhas de cada voz, muitas pessoas (alunos e bém serão um apoio em volume mais fraco
professores leigos) acabam por decifrar mini- que o som das vozes do coro.
mamente o código musical. Partem sempre da
referência sonora da primeira nota da melodia A partitura e a letra da música Palco (Gil-
e vão seguindo as outras. A isso chamamos de berto Gil) estão no encarte do CD Educação
leitura relativa: uma nota percebida e cantada para arte, vol. 2. As partituras e letras das ou-
a partir de uma referência anterior. Acompa- tras três músicas (When the saints go marching
nhar a letra e a música certamente abrirá no- in, London bridge e Merrily we roll along) estão
vos momentos de aprendizagem para todos. neste Caderno.
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SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
INTERVENÇÃO EM DANÇA
A intervenção é uma possibilidade de cria- mance cênica que tenha o lúdico como ponto
ção que faz com que os envolvidos questionem central, na qual seja criada uma expectativa en-
através das ações cênicas, levantem dúvidas, tre o público e os atores sociais, proporcionan-
recriem, reposicionem, sejam surpreendidos e do nos envolvidos reflexões a respeito dos temas
surpreendam, fazendo com que a vida circule que aparecerão na performance, de modo a rela-
de maneira diversa. Desta maneira sugerimos cioná-los com fatos da vida e do cotidiano. Para
que a intervenção em dança, na escola, consis- tanto, sugerimos neste bimestre que o professor
ta principalmente na realização de uma perfor- trabalhe com elementos da dança coral.
27
ANDRÉ, Carminda Mendes. O teatro pós- RENGEL, Lenira Peral. Dicionário Laban.
dramático na escola. Tese de Doutorado. São Paulo: Anablume, 2003.
Universidade de São Paulo, USP, 2007.
TEIXEIRA COELHO, José. Dicionário
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/
crítico de política cultural. São Paulo: Fapesp/
teses/disponiveis/48/48134/tde-05062007-
Iluminuras, 1999.
092024/>. Acesso em: 24 fev 2008.
CANTON, Kátia. Novíssima arte brasileira:
um guia de tendências. São Paulo: CDs e DVDs
Iluminuras, 2001. CD ROM Educação musical. São Paulo: G4
Editora, 2007.
COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil
1950-2000: movimento e meios. São Paulo: CD de áudio Educação em Arte, vol. 2. São
Alameda, 2004. Paulo: G4 Editora, 2007.
CUNHA, Newton. A linguagem da cultura GOULAR, Diana; COOPER. Método Por
(dicionário). São Paulo: SESC/Perspectiva, todo canto. São Paulo: G4 Editora, 2002.
2003.
DVD: Maria Duschenes: o espaço do
FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira hoje. São movimento, 2006.
Paulo: Publifolha, 2002. (Col. Folha Explica).
LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós- Sites de artistas e sobre arte
dramático. São Paulo: Cosac & Naify, 2007.
Os sites abaixo foram acessados em 15 fev.
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; 2008.
TELLES, M. Terezinha. A língua do mundo: BANDA DE BOCA <http://www.
poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, bandadeboca.com.br>.
1998. (Coleção Didática do Ensino)
BOCA LIVRE <http://www.mpbnet.com.br/
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, musicos/boca.livre>.
Gisa; et al. Mediando [con]tatos com
mediação cultural. Universidade Estadual CENTRO CULTURAL SÃO PAULO –
Paulista. Instituto de artes. Pós-graduação. site com imagens de dança <http://www.
São Paulo. v. 1, n. 1, novembro de 2007. centrocultural.sp.gov.br/danca/index.htm>.
36
GLOSSÁRIO
8
Informações disponíveis em: <http://www.samba-choro.com.br/debates/1033405862> e <http://www.bn.br/fbn/
musica/vlcanto.htm>. Acesso em: 18 fev. 2008.
37
38
ART_EM_1a_2bi_f017
ART_EM_1a_2bi_f015
ART_EM_1a_2bi_f016
ART_EM_1a_2bi_f018
Escultura – Meio de expressão que cria um material a ela sensível. O material fotos-
formas plásticas em volumes ou relevos. Pelo sensível pode ser chapas metálicas (como as
desbaste em sólidos, pela modelagem de subs- do início da fotografia), de vidro ou películas
tâncias maleáveis e/ou moldáveis ou pela com- (filmes) tratadas com compostos químicos e,
posição de materiais e/ou objetos diversos, a mais modernamente, os cartões e disquetes de
escultura cria uma tensão entre o espaço ex- máquinas digitais computadorizadas (em que
terno e o interno, entre o tempo capturado e a a informação visual é descrita por valores nu-
passagem do tempo que nela se materializa. méricos).
39
40
Cildo Meirelles (Rio de Janeiro/RJ, 1948) parceiro Caetano Veloso. Fica conhecido na-
– Artista multimídia que encara a arte como cionalmente como compositor nos anos 1960.
uma forma de pensar, transformando objetos Na década seguinte, Gil acrescenta elementos
mundanos em reflexão. Em 1967, cursa a Es- novos, da música africana e norte-americana,
cola Nacional de Belas Artes no Rio de Janei- ao já vasto repertório, e lança álbuns como
ro e freqüenta o ateliê de gravura do Museu Realce e Refazenda. Atualmente exerce o car-
de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Do dese- go de ministro da Cultura.
nho passa a uma produção conceitual voltada
à crítica aos meios e suportes das linguagens Grupo Poro (Belo Horizonte/MG, desde
artísticas tradicionais. Reside em Nova Iorque 2002) – É formado pela dupla Brígida Campbell
entre 1971 e 1973. No Brasil dos anos 1970-80, e Marcelo Terça-Nada!. Tem como focos princi-
Cildo arquiteta uma série de trabalhos (Inser- pais o espaço público, as manifestações efême-
ções) que fazem uma severa crítica à ditadura ras e as mídias de comunicação de massa.
militar, tocando em questões sociopolíticas de
maneira potente, e, ao mesmo tempo, traba- Jenny Holzer (EUA, 1950) – O trabalho da
lha engenhosamente e de maneira inédita com artista é com a palavra, mas sem fazer literatu-
alguns materiais, recriando as relações tempo/ ra, porque, ao escrever os textos, não os edita.
espaço. Herdeiro da atitude de experimenta- Expostos em espaços públicos, podem ser tex-
ção, do interesse pela investigação sensorial do tos curtos ou complexas reflexões que levam
corpo e da preocupação com a interação entre a uma dimensão coletiva ou individual, enga-
a obra e o espectador presentes em Hélio Oi- jando diretamente o observador e induzindo-o
ticica e Lygia Clark, Cildo provoca reflexões. a uma reflexão pessoal através da linguagem
Entre suas obras destacam-se as Inserções e da cultura de massa, em total sintonia com as
Desvio para o vermelho, de 1967, reinstalada questões da contemporaneidade. Holzer ini-
na 24ª Bienal de São Paulo. Nela, a cor ver- cia sua carreira como pintora abstrata. A par-
melha funciona como símbolo das torturas tir de 1970, começa a trabalhar com arte em
sangrentas e guarda a memória das sensações espaços públicos, dando maior dimensão às
dos tristes anos de ditadura. suas obras, ao mesmo tempo em que promo-
ve o encontro entre arte e mídia. Sua arte não
Gilberto Gil (Salvador/BA, 1942) – Com- está atrelada a um suporte específico. Ao ex-
positor, cantor e músico brasileiro. Gilberto trapolar limites, utiliza instrumentos variados,
Passos Gil Moreira inicia sua carreira como desde adesivos e anúncios de TV a projeções
músico da bossa nova, mas logo passa a com- em grande escala sobre obras arquitetônicas
por músicas com um novo foco de preocu- ou montanhas, desde instalações com painéis
pação política e ativismo social, ao lado do eletrônicos a inscrições em ossos.
41
42
o projeto Paredes Pinturas. No mesmo ano, rea- pesquisa plástica e teórica denominada Mo-
liza o projeto Paredes Pintadas em conjunto com numento mínimo, onde revê o conceito de
os moradores da Vila Rhodia, em São José dos monumento, subvertendo-o com a redução
Campos, com desenhos em máscaras de acetato de escalas, com uma homenagem singela ao
pintados nas casas do bairro. Cria em 2004 o Ja- cidadão comum, em vez dos ilustres perso-
mac – Jardim Miriam Arte Clube. nagens, e com o tempo e o espaço pautados
pelas pequenas figuras feitas em gelo e pelas
Néle Azevedo (Santos Dumont/MG, 1950) performances em lugares públicos de muitos
– Mestre em Artes Visuais, inicia em 2000 a países.
43
ARTE
ensino médio
2ª SÉRIE
2º bimestre - 2008
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
POÉTICAS EM MÚSICA
Como as memórias da vida do autor inva- ços de papel (para cada um dos escolhidos um
dem suas obras? O que podemos perceber de papel com o nome do aluno no verso). Se for
sua poética musical? Quais caminhos foram possível, faça um círculo e coloque todos os
trilhados? Há um fio condutor em seu modo pedaços de papel no chão para que todos pos-
de produzir música? sam ver os nomes citados e levantar critérios
de análise. Operar com conceitos e classifica-
Estas perguntas iniciais são como o barco ções é um ótimo exercício de pensamento.
por no qual vamos viajar para compreender
poéticas pessoais. Um dos possíveis critérios é separar os no-
mes levantados agrupando os intérpretes, os
músicos e os compositores. Quais deles foram
Pesquisando poéticas os mais lembrados? Por quê? Quais as hipó-
teses para justificar a análise? A mídia é um
Quais são os intérpretes, músicos ou com- ponto forte nas preferências demonstradas?
positores preferidos dos alunos? Um mapea-
mento das preferências pode gerar uma ótima Outro agrupamento pode ser feito mistu-
discussão e uma boa análise. rando todos os nomes novamente para agrupá-
los por linguagens dentro da música. Os alunos
Cada aluno pode citar três a cinco deles. escolheram mais artistas de MPB, rock, música
Para facilitar o mapeamento, eles podem es- instrumental, música clássica, música étnica,
crever com grandes letras em pequenos peda- música sertaneja, samba, pagode? Por quê?
22
Pensando em temáticas, quais desses artis- pretação são facilmente reconhecidas, apesar
tas estariam agrupados? Nas músicas, os artis- das alterações e transformações que ele impri-
tas falam de amor, da vida cotidiana, de temas me em cada uma delas. Convide seus alunos
mais gerais, de sonoridades, do povo brasilei- para ver/ouvir o DVD com papel e lápis para
ro? Não é fácil estabelecer um critério para a anotar o que podemos chamar de uma pauta
análise, pois a vida e a obra do artista revelam do olhar/ouvir: registrar todas as impressões
muitos matizes. É por este viés que podemos que a música e a imagem provocam.
prosseguir: a poética desses artistas, que têm na
linguagem da música a sua força expressiva. Depois da projeção, levante as impres-
sões dos alunos, verificando se já conheciam
Podemos propor aqui uma pesquisa sobre o músico, se registraram algo ou tiveram di-
um dos artistas selecionados para que, em ficuldade de comunicar suas impressões e o
grupo ou individualmente, levantem o seu re- que registraram. Ou, se for mais eficiente em
pertório para perceber os fios condutores e os sua turma, separe-os em pequenos grupos
modos singulares de operar com a linguagem para que leiam as anotações de cada um e
da música, de escolher seus repertórios, de se criem uma síntese para expor à classe. Estas
comunicar por meio dela. primeiras impressões podem trazer uma série
de novas questões.
Depois das escolhas, para aquecê-los, va-
mos adentrar na poética de um artista: Her- Em uma nova escuta, os alunos podem
meto Pascoal. apontar, entre os minutos do vídeo, as citações
que Hermeto reapresenta:
Hermeto Pascoal – Abrindo as gavetas do
guarda-roupa a) 2’37’’ a 4’34’’ – citação da sua composi-
ção Bebê (1973);
Podemos propor que os alunos assistam e b) 4’35’’ a 5’31’’ – citação da música
escutem a interpretação de Hermeto Pascoal Amanhã(1965), de Walter Santos e Te-
para a música Este meu piano4 e entrem em con- reza Souza;
tato com a criação sempre recheada de impro- c) 5’32’’ a 5’59’’ – citação do choro Bem-
visos, citações e fragmentos de muitas músicas te-vi atrevido (1942), de Lina Pesce;
que são parte de sua memória – suas “gavetas e d) 6’00’’ a 6’11’’ – citação da música Round
cabides” de um precioso “guarda-roupas” que midnight (1944), de Thelounius Monk;
se superpõem, entrelaçam-se na sua atuação. e) 6’12’’ a 6’15’’ – citação da música Ti-
co-tico no fubá (1931), de Zequinha de
São nove minutos e oito segundos tocando Abreu;
piano solo (execução usando apenas um ins- f) 6’16’’ a 6’39’’ – retorna à citação de
trumento: piano de cauda) que parecem uma Round midnight;
louca sucessão de notas, alterações rítmicas, g) 6’40’’ a 7’00’’ – citação da música Asa
choque de acordes, escalas, modulações, re- branca (1947), de Luiz Gonzaga e Hum-
harmonizações, para entrar em contato com berto Teixeira.
a construção da poética deste músico, compo-
sitor e arranjador contemporâneo, repleta de Esta gravação do Hermeto Pascoal, pelos
suingue brasileiro. trechos “esticados” das obras citadas em sua
interpretação, revela como os músicos, impro-
Algumas das músicas que Hermeto vai visadores e criadores lançam mão da memória
“desengavetando” no decorrer da sua inter- musical, na qual estão armazenadas as obras
4
Faixa 1 do DVD Hermeto Pascoal, Zimbo Trio e Egberto Gismonti – ALG Áudio e Vídeo. 2006. Gravado ao vivo
na Sala Cecília Meireles/RJ.
23
5 CD Hermeto Paschoal Ao Vivo Montreux Festival – Warner 2002 (nacional – ASIN – 809274143525), utilizado
também no caderno da 8ª série, 2º bimestre.
24
são os recursos mais importantes na sua cria- Esse pode ser um projeto a ser elaborado
ção, não importando qual instrumento ou ins- para o segundo semestre com o levantamento
trumentos usa em suas performances. de recursos para gravação e edição, a escolha
da música-tema principal, selecionando tre-
As referências do público também são im- chos de outras músicas que conheçam e sejam
portantes para perceber, na criação de um mú- significativos para suas vidas, identificando
sico improvisador e/ou compositor, as fontes no tema principal os momentos em que estes
sonoras que influenciaram suas obras, assim trechos possam ser inseridos, para organizá-
como as citações em outras linguagens da arte. las em uma seqüência, inserindo os trechos no
tema principal, transformando-as numa nova
Após este encontro com a música e a po- interpretação que também pode ser cantada e/
ética de Hermeto Pascoal, os alunos podem ou tocada se houver possibilidade.
apresentar os seus estudos das poéticas dos
músicos, intérpretes ou compositores que es- Essa proposição requer tempo e pode ser o
colheram como se fossem pequenos progra- foco do projeto na Situação de Aprendizagem 7.
mas de rádio ou de TV.
Tempo previsto: 2 a 4 aulas
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
POÉTICAS EM DANÇA
Neste bimestre apresentaremos aspectos Poderíamos substituir a palavra “artista”
desenvolvidos na poética pessoal de dois por “pessoa”. E, neste caso, podemos conver-
criadores brasileiros evidenciando poéticas sar com os alunos sobre a relação entre pes-
que marcam suas trajetórias, aguçando, des- quisa e processo de criação no fazer artístico
sa maneira, o imaginário dos alunos para e desenvolvimento de poéticas pessoais. No
que descubram a própria poética, deixando trajeto entre a necessidade e o acontecimento
marcas pessoais nos caminhos a serem per- poderão ser desenvolvidos procedimentos ar-
corridos. tísticos e novas possibilidades de criação.
A pesquisadora Cecília Salles, em seu li- Para o estudo de poéticas em dança, serão
vro Gesto Inacabado – Processo de criação apresentados os artistas Carlota Albuquer-
artística, comenta que o artista, quando que, diretora e coreógrafa do TERPSÍ Teatro
sente necessidade, sai em busca de infor- de Dança, e Henrique Rodovalho, diretor da
mações. QUASAR Companhia de Dança.
25
PEREIRA, Hamilton Vaz. Trate-me leão. Rio COREA, Chick. Disponível em: <http://www.
de Janeiro: Editora Objetiva, 2004. chickcorea.com>.
38
GLOSSÁRIO
39
40
cia e adolescência estudou em Conservatório longo dos anos, sua linha de pesquisa, basea-
Musical, piano, flauta, clarinete e violão. Em da na complexidade existencial do corpo e da
1968, participou com a canção “O Sonho” no alma, resultou na criação de inconfundíveis
festival da TV Globo que chamou a atenção signos rítmicos, que deram identidade própria
do público e obteve boa aceitação da crítica. à Quasar, alternando momentos de vigor e
Nesse mesmo ano, vai à França estudar músi- pungência, humor e simplicidade. O envolvi-
ca dodecafônica com Jean Barraqué e análise mento com produção de vídeos e a montagem
músical com Nadia Boulanger. Em 1969, lan- de espetáculos revelou seu talento também na
ça seu primeiro disco: Egberto Gismonti, com direção cênica e, por causa dessa característi-
forte influência da Bossa Nova. Hoje, esse ál- ca, Rodovalho vem mostrando que consegue
bum é considerado cult e uma de suas obras atingir os níveis desejados de comunicação
mais acessíveis, pois, nos anos 1970, Gismonti entre platéia e bailarinos. Além dos artifícios
passa a se dedicar a pesquisas musicais e ex- cênicos tradicionais, o premiado coreógrafo
perimentações com estruturas complexas e investe em estratégias multimidiáticas para
instrumentos inusitados, voltando-se quase propor interação entre o mundo real e o uni-
exclusivamente para a música instrumental, verso imaginário recriado no palco.
caminhando para o uso de sitentizadores e
com interesse pessoal pelo choro. A pesqui- Henri Cartier-Bresson (França, 1908-2004)
sa em música indígena brasileira, levou-o a – Considerado o pai do Fotojornalismo, ga-
morar um breve período no Alto Xingu, com nhou uma máquina fotográfica quando ainda
índios yawaiapiti. Egberto trabalhou com vá- era criança. Estudou artes e depois de passar
rios músicos, entre eles destacam-se: Naná um ano como caçador na África, descobriu a
Vasconcelos, Marlui Miranda, Charlie Ha- fotografia, influenciado por uma foto do hún-
den, Jan Garbarek, André Geraissati, Jaques garo Martin Munkacsi. Serviu o exército fran-
Morelenbaum, Hermeto Pascoal, Airto Mo- cês. Foi capturado e na terceira tentativa fugiu
reira e Flora Purim. Em 1980 Gismonti cria e juntou-se à Resistência Francesa. Em 1947,
seu próprio selo musical com o nome Carmo depois da guerra, fundou a agência fotográ-
– pois cada vez ficava mais difícil gravar seus fica Magnum. Como um artesão da imagem,
discos nas gravadoras comerciais. interessou-se pelo instante e pela eternidade,
desvelando com emoção a realidade flagrada
Evgen Bavcar (Eslovênia, 1946) – Ficou por olhos singulares.
cego aos 12 anos de idade após sofrer dois aci-
dentes. Doutor em História, Filosofia e Estéti- Hermeto Pascoal (Olho d´Água/AL, 1936)
ca pela Universidade de Sorbonne, na França, – Os sons da natureza o fascinam desde pe-
Bavcar vive em Paris. Em suas viagens pelo queno. A partir de um cano de mamona de
mundo evidencia que a imagem não precisa ser “gerimum” (abóbora), fazia um pífano e fica-
explicitamente visual e que os cegos enxergam va tocando para os passarinhos. Ao ir para a
com o toque e desenvolvem outros sentidos. lagoa, passava horas tocando com a água. O
Ele diz que fotografa para exteriorizar suas que sobrava de material do seu avô ferreiro,
imagens interiores. Fotos com sobreposições e ele pendurava num varal e ficava tirando sons.
em composições da luz em contraste com am- Até o acordeão de oito baixos de seu pai, de
bientes escuros marcam suas fotografias. sete para oito anos, ele resolveu experimentar
e não parou mais. Aos 11 anos de idade já se
Henrique Rodovalho – Autor das peças apresentava em forrós e feiras na companhia
apresentadas pela Quasar Cia. de Dança. do irmão. Em 1950, a família se muda para
Com formação em artes marciais e Educação Recife e ele continua se apresentando com o
Física, pela Escola Superior de Educação Fí- irmão na rádio. No final da década vai para
sica do Estado de Goiás, atuou como ator e o Rio de Janeiro, onde toca em conjuntos re-
bailarino, antes de tornar-se coreógrafo. Ao gionais e na rádio. Mais tarde, transfere-se
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da vida de pessoas excluídas. Tem publicado maneira a obra de ‘outro’, utilizando os mais
livros e realizado exposições de suas fotos em diversos materiais. Fotografias reproduzidas
branco e preto por todo o planeta, denuncian- com açúcar, com detritos de lixo ou com cho-
do problemas sociais, focalizando a dignida- colate líquido implicam numa licença poéti-
de humana, protestando contra a violação ca de alto teor de criatividade. É um artista
dos direitos de homens, mulheres e crianças. plástico, desenhista, pintor que se utiliza da li-
Em 2003 foi nomeado representante oficial da nha, ou de técnicas mistas, mas que opta pela
UNICEF. fotografia, com tiragem limitada para cada
trabalho. Está, assim, dentro de seu tempo e,
Thelonious Sphere Monk (EUA, 1917- simultânea e contraditoriamente, fora dele, ao
1982) – Pianista e compositor de jazz norte- fazer do estritamente artesanal, manual, seu
americano, conhecido pelo seu talento jeito processo de trabalho.
inovador de improvisar e compor. Suas obras,
muito respeitadas pelos amantes do jazz, fa- Zequinha de Abreu, José Gomes de Abreu
zem parte do repertório de quase todos os (19/9/1880 - Santa Rita do Passa Quatro/SP,
músicos jazzistas de todo o mundo. “Round 1880 - São Paulo/SP, 1935) – Aos dezesse-
Midnight” é uma das mais conhecidas. Monk te anos cria sua primeira orquestra que tem
liderou um quarteto Thelonius Monk Quartet, uma vida de mais de vinte anos de atividade
em que grandes jazzistas como John Coltrane, em bailes, saraus, bailes, aniversários, casa-
tocaram. Seu estilo de tocar piano era muito mentos, serestas e acompanhamento dos fil-
singular. Sempre desconsiderou as técnicas mes do cinema mudo. Uma das melhores da
tradicionais e obteve resultados impressionan- região de sua cidade. Muda-se para a capital
tes aos ouvidos dos apaixonados pela música em 1920, onde mantém o ritmo profissional
instrumental contemporânea. tocando em clubes, cabarés, danxings, festas
em casas de famílias e bares (com Bar Via-
Valério Vieira (Angra dos Reis/RJ, 1862- duto e Confeitaria Seleta). Trabalhava na
1941) – Fotógrafo com importante ateliê ins- casa Beethoven (na época uma importante
talado em São Paulo, para onde se mudou em loja de partituras e instrumentos musicais),
1894, Valério fotografou os principais políti- em que demonstrava ao piano os lançamen-
cos da época e lançou a moda dos “retratos de tos em partitura das músicas da época. Foi
formatura”. Em 1901 é premiado nos Estados aí que Vicente Vitale conheceu Zequinha,
Unidos por seu auto-retrato Os trinta Valérios quando iniciava uma editora musical: a Ir-
que testemunha sua pesquisa com montagens mãos Vitale – ainda hoje uma das maiores
fotográficas. editoras de música do Brasil). Em 1924, Ir-
mãos Vitale lança a sua valsa Branca. Um
Vik Muniz (São Paulo, 1961) – Fotógrafo, grande sucesso. Depois foi a vez de Tico-Tico
desenhista, gravador, vivendo e trabalhando no Fubá, Tardes de Lindóia e uma seqüência
em Nova York a partir de 1983. Vik estabelece sucessos. Zequinha adorava improvisar ao
uma relação entre desenho e fotografia, entre piano canções sobre canções, durante horas.
memória e presente. No entanto, o desenho A Companhia Cinematográfica Vera Cruz
não é o produto final. Vik fotografa o dese- produziu um filme baseado em sua vida:
nho e o desenvolve sobre um papel que possa Tico-Tico no Fubá - com Anselmo Duarte,
dar a mesma granulação que uma radiofoto. Tônia Carrero, Zbigniew Ziembinski, entre
Podendo partir da cópia de uma obra de arte outros, com direção de Adolfo Celi, direção
ou de uma fotografia, o artista reproduz à sua musical Radamés Gnattali.
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Asa Branca – Composição de Luiz Gon- Tico-Tico no Fubá – Choro composto por
zaga e Humberto Teixeira – Uma canção Zequinha de Abreu que tornou-se uma das
que tem como tema a seca no Nordeste músicas brasileiras mais conhecidas do mun-
brasileiro que, de tão intensa, faz migrar do. Foi gravada por Carmen Miranda e Ray
até mesmo a ave asa-branca (columba pi- Conniff, entre outros. Há registros que em
cazuro, uma espécie de pombo). O som da 1917 foi a primeira apresentação da música,
melodia traz as raízes da música nordesti- num baile na cidade de Santa Rita do Passa
na. Um clássico da MPB, gravado por mui- Quatro. Foi editada e gravada pela primeira
tos artistas; vez em 1931. Nos anos 1940 tem consagração
pública quando incluída em cinco filmes de
Round Midnight – Composta em 1944, origem norte-americana: Escola de Sereias,
uma das mais conhecidas obras do pianis- Kansas City Kitty, Saludos Amigos, A filha
ta norte-americano Thelonious Monk. Foi do Comandante e Copa Cabana, cantada por
tema base de um filme do mesmo nome. Uma Carmem Miranda.
música obrigatória no repertório de músicos
do Jazz e da MPB. Algumas das mais impor- Trata-me Leão – Um texto que se tornou
tantes interpretações dessa música podem um marco na dramaturgia brasileira, expres-
ser ouvidas em gravações de Dizzy Gillespie, sou os temas e os tons da geração que saía
John Coltrane, Miles Davis, Sonny Rollins, da adolescência nos anos 70 do século XX,
Charlie Parker, Michel Legrand, Chick Co- influenciando e definindo uma atitude frente
rea, Bud Powell, Herbie Hancock e Hermeto à vida e à representação teatral através de pro-
Pascoal. É um clássico da música negra ja- cesso de criação coletiva do grupo Asdrúbal
zzistica norte-americana. Trouxe o Trombone.
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