Sei sulla pagina 1di 53

DEPARTAMENTO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS

DISCIPLINA DE CIÊNCIA DOS MATERIAIS

PROF. TECG.º DR. PAULO JORGE BRAZÃO MARCOS

SÃO PAULO – SP – BRASIL


2016
DEPARTAMENTO DE SISTEMAS ELETRÔNICOS

APOSTILA DA DISCIPLINA DE CIÊNCIA DOS MATERIAIS VERSÃO 1


10/02/2016

TRABALHO ELABORADO E EDITADO NA FATEC-SP

A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO


CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, ESTÁ AUTORIZADA PARA FINS DE ESTUDO E
PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS AUTORAIS
É PUNÍVEL COMO CRIME COM PENA DE PRISÃO, MULTA E INDENIZAÇÃO
DIVERSAS (Código Penal Leis N.º 5.988 e 6.895).

Prof. Tecg.º Dr. Paulo Jorge Brazão Marcos

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO PAULO


Pça. Cel. Fernando Prestes, 30 - Bom Retiro – São Paulo – SP
CEP 01124-060
Tel.: (0XX11) 3322-2230 – site: www.fatecsp.br
AGRADECIMENTOS

Quero aqui expressar o meu agradecimento a Deus e a todos aqueles que deram suas
contribuições a este documento.
Tendo em vista este ser um material de apoio, a contribuição de vários alunos da
disciplina de graduação Ciência dos Materiais foi importante por meio de suas valiosas críticas
e sugestões. Acredito ser esta a forma adequada para a construção do processo ensino-
aprendizagem: a participação mútua de alunos e professores.
Aproveito esta oportunidade para agradecer e me desculpar com outras pessoas cujas
contribuições eu possa ter esquecido de agradecer. Por último, mas certamente não menos
importante, meus profundos e sinceros agradecimentos pelo encorajamento e o apoio contínuos
da minha família.

Prof. Dr. Paulo Jorge Brazão Marcos

São Paulo, SP, Brasil


Fevereiro de 2016
PREFÁCIO

O conhecimento e o
desenvolvimento da tecnologia de materiais
acompanham a evolução da própria
humanidade desde os primórdios da
história sendo, por vezes, utilizado como
um marco divisor dos diferentes períodos
da nossa civilização.
A função exercida pelos materiais
em nossa sociedade tem sido, sem dúvida
alguma, de grande importância para o
avanço das novas tecnologias e da própria
economia globalizada atual. A tecnologia
de materiais encontra aplicação em várias áreas produtivas, entre as quais as mais importantes
são: construção civil, mecânica, medicina, eletroeletrônica, telecomunicações, aeroespacial e
automobilística. O domínio e a gestão responsável desta tecnologia tem sido muitas vezes, causa
de aumento na balança comercial de países desenvolvidos e em desenvolvimento trazendo, por
conseqüência, melhorias na qualidade de vida dessas sociedades.
Esta ênfase se apóia no conceito de que as propriedades e o comportamento de um
material estão interligados com a sua estrutura interna. Logo, uma mudança nas propriedades
provoca o estabelecimento de alterações na estrutura interna do material. Da mesma forma, se
processamentos prévios ou condições de serviço alterarem a estrutura deste, alteradas estarão
também suas características.
Os temas apresentados baseiam-se nos conceitos de física e química da graduação e são
apresentados na forma de capítulos, sendo que cada um possui sua relação de tópicos, referências
e exercícios. Adicionalmente, são acrescidos termos específicos e que se constituem em
palavras-chave na forma de um glossário.

Prof. Dr. Paulo Jorge Brazão Marcos – Fevereiro de 2016.


Não pretendemos que as coisas mudem, se
sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que
pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz
progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia
nasce da noite escura. É na crise que nascem as
invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias.
Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar
"superado". Quem atribui à crise seus fracassos e
penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos
problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente
das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não
há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É
na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é
exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única
crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.

Albert Einstein (1879 - 1955).


MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – A MATÉRIA E A SUA CONSTITUIÇÃO ................................................................................... 2


1.1 - O QUE SÃO MATERIAIS?..................................................................................................................................... 2
1.2 - DO QUÊ OS MATERIAIS SÃO FEITOS? .................................................................................................................. 6
1.3 - COMO SURGEM OS MATERIAIS? ....................................................................................................................... 14

CAPÍTULO 2 – A ESTRUTURA DOS MATERIAIS SÓLIDOS ..........................................................................25


2.1 - O QUE É UMA ESTRUTURA? ............................................................................................................................. 25
2.2 – TIPOS DE ESTRUTURAS ................................................................................................................................... 28
2.3 – IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS .......................................................................................................................... 34

CAPÍTULO 3 – MICROESTRUTURAS ..............................................................................................................41


3.1 - O QUE É UMA MICROESTRUTURA? .................................................................................................................. 41
CAPÍTULO 1 – A MATÉRIA E A SUA CONSTITUIÇÃO

1.1 - O QUE SÃO MATERIAIS?

Os materiais são as substâncias com as quais se fazem todas as “coisas” (tenham elas vida
ou não), ou seja, o mundo físico que nos rodeia. Podemos dizer que existem materiais biológicos
(fazem parte de seres vivos), elétricos (fazem parte dos dispositivos eletro-eletrônicos), de
construção mecânica (são utilizados para a confecção de estruturas, peças e ferramentas), etc.
Logo, pode-se dizer que os materiais compõem parte da matéria do universo e cujas propriedades
são exploradas para utilização em várias aplicações, como estruturas, máquinas e dispositivos.

Figura 1. Alguns exemplos dos vários materiais que podem ser encontrados no nosso cotidiano.
Os materiais integram a nossa vida, já que todos os produtos que conhecemos são feitos
de materiais, como a madeira, o tijolo, o aço, o plástico, o vidro, a borracha, o alumínio, o papel,
entre outros, como é apresentado na Fig.1. No entanto, novos materiais são freqüentemente
inventados, de modo a atender as várias exigências das aplicações industriais, tecnológicas e
científicas, as quais são transformadas em melhoria da qualidade de vida da nossa sociedade nos
seus vários aspectos.
Todo e qualquer material usado pela humanidade passa por um ciclo, por vezes muito
extenso, de transformação.
Inicialmente, materiais em estado bruto são extraídos da terra através de técnicas de
mineração, perfuração, escavação ou colheita. A partir daí, são convertidos em materiais de base
ou intermediários, tais como lingotes metálicos, pedra fragmentada e compactada, produtos
petroquímicos e madeira serrada. Estes, por sua vez, são transformados em materiais mais
técnicos e com propriedades controladas (ditos tecnológicos ou de engenharia), tais como fios
eletrocondutores, perfis estruturais, engrenagens plásticas, entre outros, de modo a atingir as
necessidades requeridas.
Após o seu desempenho a serviço da humanidade, estes materiais, já na forma de
SUCATA, são devolvidos à terra ou preferivelmente, se possível e viável, incluídos novamente
no ciclo de transformação para uso posterior (seja na mesma função ou em outra).
Como é apontado na literatura, “o ciclo de transformação dos materiais é um sistema que
entrelaça recursos naturais e necessidades humanas”. Logo, é inevitável se deparar com os
temas da poluição e da reciclagem.
Assim, surge uma derivação do conhecimento humano que se denomina por CIÊNCIA E

TECNOLOGIA / ENGENHARIA DE MATERIAIS que objetiva lidar com todos os aspectos mencionados
anteriormente.
A CIÊNCIA DOS MATERIAIS consiste na investigação da relação entre a estrutura interna dos
materiais, suas respectivas propriedades e o processamento necessário para a sua obtenção,
formando assim, o conhecimento dito FUNDAMENTAL. Estes elementos correlacionam-se
como um polígono geométrico da seguinte forma:
ESTRUTURA

PROPRIEDADES
PROCESSAMENTO

DESEMPENHO

Figura 2. Representação esquemática dos elementos que compõem a ciência dos materiais.

Já a chamada TECNOLOGIA / ENGENHARIA DE MATERIAIS é um campo interdisciplinar que


usa os conceitos da ciência dos materiais em aplicações que gerem produtos funcionais,
formando assim, o conhecimento dito APLICADO. Ambos os aspectos (ciência e tecnologia) se
combinam e serão abordados nesta apostila.
Com base na Fig. 2, têm-se as seguintes definições:

ESTRUTURA – arranjo dos constituintes internos do material (em escala atômica)


PROCESSAMENTO – conjunto de transformações realizadas nos materiais (como
serão fabricados?)
PROPRIEDADES – resposta do material a estímulos impostos (propriedades físicas,
químicas, mecânicas, etc.)
DESEMPENHO – comportamento do material em determinada situação (satisfatório ou
não?).
Todos estes elementos devem ser considerados na fabricação dos materiais existentes,
assim como da sua modificação, e no desenvolvimento de novos. Um dos vários exemplos desta
situação ocorre com as ferramentas de corte, importantes utensílios que promoveram avanços
extraordinários na tecnologia mecânica.
No projeto destes utensílios levou-se em conta, inicialmente, a necessidade de materiais
duros o suficiente para desgastar outros, mais moles. Contudo, devido ao atrito entre os materiais
(o cortante e o cortado) desenvolve-se calor. Assim, o material da ferramenta deve suportar o
nível de calor criado na ação de corte, assim como ser capaz de dissipá-lo.

Figura 3. Ferramentas de corte feitas em aço de alto carbono.

Para atender estes requisitos iniciais, vários materiais foram considerados.


Inevitavelmente, o fator custo (que está diretamente ligado à extração das matérias-primas e
fabricação do material) se encarrega de eliminar a maioria das opções. Um dos materiais que
pode ter a sua dureza facilmente controlada tanto pelo teor dos seus elementos de liga como
através de técnicas adequadas de processamento é o aço, cuja estrutura pode assim ser
manipulada. Além disso, suas matérias-primas são relativamente abundantes e as técnicas para a
sua fabricação já são conhecidas há séculos, colaborando para a redução de custo.
A composição do material, sua estrutura e a geometria do material fabricado determinam
a dissipação de calor, quando em operação. Além disso, atuando principalmente em altas
temperaturas, existe a possibilidade de oxidação, fator adicional que deve ser considerado no
projeto desta ferramenta.
Portanto, a produção de materiais e o seu processamento, tal que se obtenham produtos
acabados e funcionais, constitui-se numa importante atividade econômica e cabe a profissionais
especializados, como tecnólogos e engenheiros concebê-los e definir as tecnologias necessárias
para a sua fabricação. Uma vez que qualquer produto incorpora MATERIAIS, estes profissionais
devem ser conhecedores da sua estrutura interna e das propriedades resultantes, de modo a
estarem aptos a selecionar os mais adequados para cada aplicação e serem capazes de
desenvolver os melhores métodos de produção.

1.2 - DO QUÊ OS MATERIAIS SÃO FEITOS?

Todo e qualquer material é feito de constituintes internos. Tome como exemplo um


prédio. Do quê ele é feito? Após uma análise detalhada, alguém poderia responder: ele é
composto por uma série de elementos, tais como fundações, paredes, tijolos, vigas e lajes,
colunas, etc.

COLUNAS
FUNDAÇÕES

TIJOLOS
LAJES E VIGAS
Figura 4. Representação esquemática da constituição de um prédio.

Isoladamente, os componentes não são funcionais, mas quando integrados constituem


uma estrutura com propriedades e desempenho característicos. Estes elementos se integram
mutuamente e têm como principal função sustentar o prédio como um todo, ou seja, suportam o

peso do prédio (e de tudo que estiver dentre dele), assim como esforços que atuem sobre ele, tais
como ventos oriundos de várias direções, vibrações do solo, etc. De uma maneira mais simples
podemos dizer que este prédio é composto por ELEMENTOS ESTRUTURAIS, sendo que toda
e qualquer manipulação destes elementos provocará uma alteração no seu comportamento.
Comparativamente, os materiais também são compostos por constituintes internos: os
ÁTOMOS. Eles são, também de maneira comparativa, os blocos fundamentais da matéria, seja
ela gasosa, líquida ou sólida. De acordo com as fontes literárias pesquisadas, um átomo é a
menor partícula que ainda caracteriza um elemento químico, sendo que este possui um conjunto
de características especiais e que o diferenciam dos demais.
Historicamente, o conceito e a detecção física do átomo resultaram de um longo trabalho
realizado a partir de observações de propriedades e suas medidas. Vários aspectos demoraram
para serem constatados devido às limitações tecnológicas e a sua aceitação pela comunidade
científica esbarrou em vários momentos de resistência.
Inicialmente, o conceito de átomo surgiu na Grécia antiga com o filósofo Demócrito
(520–440 a.C.), o qual a partir de suas observações dos fenômenos naturais acreditava que toda e
qualquer matéria era constituída por partículas indivisíveis e que seriam qualitativamente iguais,
diferindo apenas na forma, tamanho e massa. Segundo ele, a grande variedade de materiais na
natureza resultava dos movimentos dos diferentes tipos de átomos que, ao se chocarem,
formavam conjuntos maiores, gerando diferentes corpos com características próprias. Durante
cerca de 17 séculos (1700 anos!), as idéias fundamentais sobre a matéria não se alteraram até os
trabalhos do cientista inglês John Dalton (1766–1844). Ele retomou o conceito dos antigos
gregos, imaginando o átomo como uma pequena esfera com massa definida e propriedades
características. Assim, as transformações químicas observadas podiam ser explicadas através dos
arranjos executados pelos átomos.
Apenas após o trabalho de Albert Einstein (1879-1955) sobre o movimento Browniano é
que passou a se aceitar a existência dos átomos. Desde então, foram feitas sucessivas tentativas
de descrevê-los por meio de diferentes modelos, destacando-se os de J. J. Thompson (1856-
1940) e Ernest Rutherford (1871-1937). Neste sentido, até o final do século XIX, o átomo era
considerado a menor porção da matéria. Contudo, nas últimas duas décadas desse século, as
descobertas dos prótons e dos elétrons revelaram o equívoco de tal conceito. Posteriormente, a
descoberta dos nêutrons e de outras partículas subatômicas reforçou a necessidade de rever o
conceito de átomo. Para maiores detalhes, recomenda-se a leitura das referências CALLISTER e
VAN VLACK.

Até então, os modelos atômicos eram descritos sob as leis da física clássica, apresentando
limitações e também falhas até que o físico dinamarquês Niels H. D. Bohr (1885-1962) elaborou
um modelo que mesclava aspectos da física clássica com os do que seria chamada de teoria
quântica. O grande avanço foi que este modelo conseguia explicar vários dos fenômenos em que
os modelos anteriores falhavam.
O modelo atômico de Bohr, também chamado de planetário, apresenta as seguintes
características:
a) Todo e qualquer átomo é constituído por duas regiões: a do núcleo e a da
eletrosfera. No núcleo ou região central concentram-se os prótons (partículas com carga
elétrica positiva) e os nêutrons (partículas de carga elétrica neutra), sendo que esta
combinação é denominada de núcleon. Na eletrosfera ou região periférica localizam-se os
elétrons, os quais descrevem órbitas circulares em volta do núcleo;

NÚCLEO
ELETROSFERA

Figura 5. O átomo, segundo o modelo de Niels Bohr.


b) Os elétrons de um átomo somente podem se mover em determinadas órbitas
circulares, chamadas de níveis eletrônicos, ao redor do núcleo sem absorverem ou
emitirem energia. Em átomos grandes podem existir até 7 níveis. Este comportamento é
definido como quantização do momento angular e é previsto pela física quântica. Outra
conseqüência é a quantização da energia dos elétrons, ou seja, os elétrons possuem uma
quantidade específica de energia. A cada órbita relaciona-se uma energia e quanto maior
o raio da órbita maior seria a energia associada. Logo, o elétron que ocupasse uma
determinada órbita possuiria a energia dela;

c) Sob condições adequadas, os elétrons podem passar de uma órbita (ou nível) para
outra, significando que a sua energia pode se alterar. Para que um elétron saia de uma
órbita para outra mais energética, deve absorver energia, de modo a possuir a energia da
órbita mais externa. De maneira contrária, se ele passar para uma órbita menos
energética, o elétron deve liberar o excesso de energia, passando a ter a energia da órbita
mais interna.

Desde então, o modelo atômico de Bohr foi refinado com base nos conceitos da física
quântica. Pode-se dizer que o modelo atômico atual está fundamentado nestes conceitos. Devido
aos avanços da Física, sabe-se que elétrons, prótons e nêutrons são constituídos por outras
subpartículas, os quarks. No entanto, nas discussões que serão abordadas, não se chegará a tal
nível de detalhe.
Figura 6. Representação esquemática da estrutura da matéria em seus constituintes mais básicos.

Em nossas considerações sobre os materiais, os átomos serão tratados como sendo as


unidades básicas estruturais. Assim, um átomo é constituído por três tipos de partículas
fundamentais, os elétrons, os prótons e os nêutrons, cujas características são apresentadas a
seguir:

Tabela 1. Características das partículas fundamentais.

PARTÍCULA MASSA CARGA ELÉTRICA


(Kg) (Coulomb)

Elétron 9,11x10-31 - 1,6x10-19


Próton 1,67x10-27 + 1,6x10-19
Nêutron 1,68x10-27 nula
O núcleo atômico é constituído por prótons e nêutrons, sendo que a massa do átomo é
aproximadamente igual à soma das massas dos prótons e dos nêutrons. O número de prótons,
chamado de número atômico e representado pela letra Z, é o parâmetro que caracteriza o átomo.
Este, para ser estável eletricamente, necessita equilibrar as suas cargas elétricas. Logo, para
neutralizar um determinado número de prótons (cargas positivas), é necessária uma quantidade
igual de elétrons, os quais possuem carga elétrica negativa. Portanto, o número atômico também
é o indicativo do número de elétrons associado a cada átomo. Cada elemento é único em relação
ao seu número atômico.
Através dos avanços científicos, hoje sabe-se que o tamanho de 1 átomo está em torno de
1 Å (Angstron) ou 1x10-10 m e o do núcleo, aproximadamente 1 fm (femtometro) ou 1x10-15 m.
Assim, devido ao volume reduzido do núcleo, a força repulsiva entre os prótons é muito intensa,
tornando a região do núcleo instável. Esse é o motivo porque existem processos ditos nucleares
(geração de energia, explosões, etc.). Para que o núcleo seja estável, é necessário que haja uma
outra força que balanceie a força eletrostática dos prótons. Esta é a chamada força de interação
forte e que existe entre os prótons e os nêutrons. Assim, os nêutrons atuam como separadores dos
prótons, diminuindo a força repulsiva entre eles.
São os elétrons, particularmente os mais afastados do núcleo, que afetam a maioria das
propriedades de interesse da tecnologia. Por exemplo, eles controlam o tamanho do átomo e
determinam suas propriedades químicas, estabelecem a natureza das ligações interatômicas e,
por conseqüência, as características mecânicas e de resistência, influenciam propriedades
elétricas e ópticas, etc.
Do mesmo modo que foi exposto no exemplo do prédio, no início desta seção, os
constituintes internos de um material – os átomos – isoladamente não são funcionais. Além
disso, raramente os átomos podem ser encontrados em estado isolado. Para comporem os
materiais, os átomos se integram por meio de LIGAÇÕES QUÍMICAS. Mas, o que vem a ser
uma ligação química?
Como dito anteriormente, na natureza raramente se encontram átomos isolados. Ao se
aproximarem, os átomos interagem entre si de diferentes formas: de maneira física ou química.
As interações físicas constituem processos de separação das frações de carga positiva e negativa
no interior de um átomo ou de uma molécula (conjunto de átomos) formando o chamado dipolo.
Esta separação pode ocorrer espontaneamente quando se combinam determinados tipos de
átomos ou pode ser induzida por agentes externos. A ligação resulta da atração elétrica entre as
extremidades dos vários dipolos criados na estrutura do material e a sua intensidade não é
grande, da ordem de 10 kJ/mol. Estas interações físicas constituem um grupo de ligações
chamadas de London-Van der Waals ou secundárias ou fracas, tendo em vista sua baixa
intensidade.
Já as interações químicas envolvem processos de transferência e compartilhamento de
elétrons. Toda e qualquer ligação química é executada por meio dos elétrons mais externos de
cada átomo, chamados de valência, visto que eles encontram-se mais distantes do núcleo e são
fracamente atraídos pelos prótons. Estes elétrons podem ser removidos por um campo elétrico
relativamente pequeno ou devido a uma tendência natural para perder elétrons, criando uma
deficiência de carga elétrica negativa. Logo, surge um átomo com desequilíbrio elétrico, uma vez
que não possui mais o mesmo número de cargas elétricas positivas e negativas. Assim, forma-se
um átomo com carga elétrica ou íon. Neste caso, o íon com carga positiva chama-se cátion. Do
mesmo modo, quando um átomo possui tendência a atrair mais elétrons, ele pode aceitar um
número limitado de elétrons adicionais resultando na criação de um átomo com excesso de
cargas negativas. Neste caso, o íon com carga negativa chama-se ânion. Um determinado
material que seja composto por estes diferentes tipos de átomos, cátions e ânions, desenvolve a
chamada ligação iônica, a qual se caracteriza por uma atração eletrostática entre os átomos
muito intensa. Cada íon é rodeado por um determinado número de íons com carga oposta e como
eles se atraem mutuamente, as suas distâncias de separação são mínimas.

Os materiais assim formados são ditos iônicos e devido às suas configurações eletrônicas
e à natureza da ligação apresentam-se como muito duros e ao mesmo tempo quebradiços. Além
disso, comportam-se como isolantes elétricos e térmicos.
Numa outra situação, se um material for constituído por um tipo de átomo ou uma
combinação de átomos com as mesmas características, não haverão processos de transferência de
elétrons, como ocorre na ligação iônica. Aqui o mecanismo de equilíbrio energético entre os
átomos que se ligam é feito através do compartilhamento dos elétrons e isso ocorre de duas
maneiras.
Na primeira, pode ser que os átomos possuam poucos elétrons de valência e a tendência a
perdê-los. Neste caso, pode-se imaginar a criação de íons positivos cercados por elétrons
desprendidos. Estes elétrons “livres” permanecem neste estado já que os elementos que
compõem o material possuem a mesma tendência a perder os elétrons de valência, ou seja, não
haverá outro átomo com tendência a atraí-los. Desta forma, para alcançar o equilíbrio energético
e a estabilidade da ligação1, os elétrons livres passam a ser compartilhados por todos os átomos
do material simultaneamente. Esta condição define a chamada ligação metálica e os materiais
assim formados denominam-se de metais. Diferentemente dos materiais iônicos, os metais
apresentam-se com vários níveis de dureza e de deformação. Por conterem elétrons livres, são
bons condutores de calor e de eletricidade.
De uma segunda maneira, quando a órbita de valência de um átomo não está completa,
ele pode aceitar um número limitado de elétrons adicionais dentro desses níveis de energia
incompletos. Isto significa, então, que tais átomos não possuem a tendência a perder elétrons e,
sim, atraí-los. Nesta condição, assim como na ligação metálica, para alcançar o equilíbrio
energético e a estabilidade da ligação, os elétrons de valência passam a ser compartilhados, mas
sob as seguintes condições: eles são compartilhados entre átomos que possuem uma quantidade
relativamente maior de elétrons e isto é feito pelos átomos mais próximos uns dos outros e em
direções específicas (apenas entre os átomos que irão compartilhar os elétrons). Esta condição
define a chamada ligação covalente e os materiais assim formados denominam-se de covalentes.
A chamada covalência de uma ligação química pode ser encontrada em vários materiais,
como em cerâmicas, plásticos e borrachas. Substâncias moleculares orgânicas e inorgânicas
podem exibir este tipo de ligação dependendo do tipo de átomo presente em sua composição.
Uma das conseqüências da presença desta num material é a capacidade de polimerização,
caracterizada por extensas fileiras ou cadeias de átomos.
Estes três tipos de ligações químicas, iônica, covalente e metálica são muito intensas.
Comparadas às ligações de London-van der Waals apresentam intensidades de 100 – 1000
kJ/mol e por esta razão são chamadas de ligações primárias ou fortes.
Como a maioria dos materiais de uso e interesse tecnológico é sólida, eles são
convenientemente agrupados em três classes principais, de acordo com o tipo de configuração
eletrônica e de ligação química:

MATERIAIS
MATERIAIS

METÁLICOS CERÂMICOS POLIMÉRICOS

COMPÓSITOS
1
O contexto da estabilidade de uma ligação química obedece à regra do octeto.
Figura 7. Representação esquemática da classificação dos materiais.

As características da ligação que compõe cada material, assim como a descrição do seu
comportamento já foram feitas anteriormente. Verifica-se, ainda, a existência de uma quarta
classe de materiais, os compósitos. Estes materiais podem ser definidos como sendo resultantes
da combinação de diferentes tipos de materiais, apresentando inclusive, combinações de
propriedades. Devido a tais características, estes materiais têm sido aprimorados a ponto de
serem cada vez mais aplicados.
Na literatura, aliás, é comum encontrarem-se referências a outros tipos de materiais,
como os semicondutores e os biomateriais. Estes não estão sendo classificados com base no tipo
de ligação química, conforme apresentado ao longo desta seção, mas sim em função da aplicação
em que são utilizados. Neste caso, existem metais, polímeros e cerâmicos que exibem o
comportamento semicondutor ou podem ser utilizados em aplicações biomédicas. Assim, todo e
qualquer tipo de material irá exibir um comportamento com características de algum tipo de
ligação química, seja ela mais intensa ou não.
Para maiores detalhes, consultar os Caps. 2 das referências VAN VLACK, CALLISTER
e Caps. 2 e 3 da referência PADILHA.

1.3 - COMO SURGEM OS MATERIAIS?

Os diversos materiais conhecidos têm duas origens: natural ou artificial. A origem natural
está associada com os vários processos de transformação que ocorrem nos três reinos da
natureza: o mineral, o vegetal e o animal. Como a grande maioria dos materiais naturais de uso e
interesse tecnológico pertencem ao reino mineral, nossa atenção se voltará para eles.

Tabela 2. Exemplos de materiais provenientes da natureza.


REINO MATERIAIS
Mineral

Vegetal

Animal

Os diferentes minerais extraídos da natureza originam-se em processos geológicos, tais


como erosão, terremotos, erupções vulcânicas, entre outros. Contudo, os minerais consistem de
substâncias formadas pelo agrupamento de vários tipos de átomos e ou moléculas.
Mas qual é o mecanismo que os forma?
Do ponto de vista geológico, a presença de átomos e moléculas está relacionada com
mecanismos internos e externos. Os mecanismos internos envolvem basicamente processos
nucleares de decaimento radiativo, fenômeno no qual o núcleo instável de um átomo se
desintegra transformando-se em outro núcleo (mais estável) através da emissão de energia na
forma de radiação (a chamada radioatividade). Ou seja, um átomo acaba se transformando em
outro e este processo é importante no que diz respeito à formação de elementos químicos
essenciais para o surgimento e manutenção da vida em nosso planeta, além de tratamentos
medicinais, etc. A instabilidade do núcleo do átomo em questão pode ocorrer pelo excesso de
nêutrons, prótons ou ambos. Os processos de decaimento radioativo mais comuns são três: alfa
(α), beta () e gama (). Quando ocorrem processos geológicos, esses elementos se combinam e
são deslocados para a superfície do planeta.
De acordo com as atuais teorias geológicas a estrutura do planeta Terra é distribuída por
camadas, sendo que a mais interna é chamada de núcleo planetário. Sua constituição envolve a
presença de ferro (Fe) e níquel (Ni) em alta temperatura, devido aos processos nucleares
mencionados.

Figura 8. Estrutura do planeta Terra.

Mesmo que os elementos Fe e Ni sofram decaimento radioativo, como explicar a


formação de elementos cujos tamanhos, massas e outras características são superiores, como o
chumbo (Pb) e o ouro (Au)?
A resposta vem do exterior do planeta, mais exatamente das estrelas. Estas são imensos
aglomerados de gases, inicialmente compostos de hidrogênio (H) e hélio (He) criados no evento
conhecido como Big Bang, processo que originou o universo. A massa destes gases é tão enorme
que provoca o surgimento de forças gravitacionais sobre a sua região central suficientes para a
ocorrência de reações nucleares de fusão. Devido ao intenso campo gravitacional, átomos de
hidrogênio na estrela colidem e fundem seus núcleos formando núcleos de hélio.
Figura 9. Processos de formação de elementos químicos nas reações nucleares estelares.

Posteriormente o hélio, colidindo com o hidrogênio e outros núcleos de hélio, origina os


elementos mais pesados, como carbono (C) e nitrogênio (N). Essas reações continuam, até que o
núcleo de ferro é formado (massa atômica = 60 g/mol). A partir do Fe, não ocorre mais fusão na
estrela, pois o processo passa a ser energeticamente desfavorável. Quando uma estrela converteu
uma apreciável fração de seu hidrogênio e hélio em elementos mais pesados, ela passa para a
etapa final de sua vida. Algumas estrelas passam a se contrair, numa bola constituída em grande
parte de ferro. Entretanto, se a massa da estrela for suficientemente grande, uma tremenda,
violenta e brilhante explosão pode ocorrer. A estrela subitamente se expande e produz, num
pequeno intervalo de tempo, mais energia que o sol irá produzir em toda sua vida. Quando isso
ocorre, dizemos que a estrela se tornou uma supernova.
Figura 10. Explosão de uma estrela, evento conhecido como supernova.

Quando a estrela está na fase supernova, muitas reações nucleares importantes


acontecem. Nesta explosão, os núcleos são acelerados a velocidades muito maiores que as que
eles normalmente tinham na estrela. Na nova condição, os núcleos em alta velocidade colidem e
podem agora fundir novamente, produzindo os elementos com massa maior que a do ferro, além
de capturarem subpartículas atômicas como os prótons e nêutrons. A energia extra vinda da
explosão é necessária para superar a enorme força repulsiva entre os núcleos devido à carga
elétrica nuclear.
Elementos como urânio (U), chumbo (Pb), ouro (Au) e prata (Ag) encontrados na Terra
foram antes restos da explosão de uma supernova. O ferro que encontramos em grande parte da
superfície do planeta, bem como em seu núcleo deriva-se tanto de restos de supernovas quanto
de estrelas mortas.
É por este motivo que os astrônomos dizem que somos “filhos das estrelas”! Apesar dos
eventos catastróficos associados com a evolução das estrelas, elas agem como verdadeiras
“agricultoras”, semeando elementos que possibilitam o surgimento da vida e de materiais.
Assim, têm-se 94 elementos químicos formados na natureza, sendo o mais simples e menor dos
átomos o hidrogênio (H) e o maior o urânio (U). Destes, cerca de 80 possuem isótopos estáveis,
principalmente os elementos com número atômico de 1 a 82, com exceção dos elementos com Z
= 43 e 61 (tecnécio – Tc e promécio – Pm, respectivamente). Os elementos com Z ≥ 83 (bismuto
– Bi) são inerentemente instáveis devido ao grande tamanho de seus núcleos e sofrem
decaimento radioativo. Os elementos com Z entre 83 e 94, embora não possuam núcleos
estáveis, são encontrados na natureza em quantidades mínimas como resíduos de processos de
síntese estelar ou como isótopos de vida curta provenientes do decaimento radioativo natural do
urânio (U) e do tório (Th).
Os elementos químicos com número atômico superior ao do urânio (Z = 92) são todos
artificiais ou sintéticos e são denominados genericamente de transurânicos. Normalmente são
produtos de reações nucleares ou de choques em aceleradores de partículas. A grande maioria é
radioativa e exibe tempos de vida muito curtos passando, também, por decaimento radioativo.
São muito difíceis e caros de produzir, exibindo pouco uso tecnológico atualmente. No total, são
aceitos pela IUPAC2 23 elementos artificiais.
Desta forma, chega-se a um total de 117 elementos químicos conhecidos, onde cada um
(natural ou artificial) é representado por um símbolo. Todos os elementos conhecidos são
organizados numa representação gráfica, conhecida por tabela periódica, segundo os critérios
de ordem crescente de número atômico (Z) e semelhança de propriedades, formando
respectivamente, as linhas horizontais (também chamadas de períodos) e verticais (também
chamadas de grupos ou famílias) características. A seguir, a tabela periódica dos elementos
atualizada.

2
IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemistry ou União Internacional de Química Pura e Aplicada.
É o órgão internacional que regulamenta as atividades da química e as suas informações associadas por meio de seus
comitês.
Figura 12. Tabela periódica atualizada dos elementos químicos.
Cabe ressaltar que dos 117 elementos químicos conhecidos, não existe o elemento com
número atômico igual a 117. Como tais elementos transurânicos são instáveis, ainda não se
conseguiu sintetizá-lo de maneira a ser estável e detectável.
Neste arranjo de elementos há características importantes e que determinam o seu
comportamento individual, tais como tamanho, energia de ionização (energia necessária para
“arrancar” os elétrons das suas órbitas) e eletronegatividade. Esta última, em particular, exerce
uma importância fundamental quando se trata da interação entre os átomos com a conseqüente
formação dos materiais. Ou seja, ela determina como ocorre a interação. A eletronegatividade de
um elemento químico ou de um átomo representa a sua tendência a atrair elétrons. Esta afinidade
é levada em conta na formação das ligações metálica, covalente e iônica, como definidas
anteriormente. No caso das ligações metálica e covalente, os elementos que se ligam
quimicamente exibem semelhança de eletronegatividade. Já na ligação iônica, os elementos que
se ligam exibem diferentes eletronegatividades.
Contudo, a principal função da tabela periódica é a capacidade de prever as propriedades
químicas de um elemento e, por conseqüência, dos materiais que podem se originar das suas
possíveis combinações baseada na sua posição na tabela. As propriedades em questão variam de
maneira diferente quando nos deslocamos ao longo das colunas e das linhas. Por exemplo, os
grupos são considerados como sendo o método de classificação mais importante dos elementos
químicos devido à tendência de semelhança de propriedades. Os elementos de um mesmo grupo
possuem a mesma configuração de elétrons na camada de valência, assim como semelhanças de
tamanho atômico, energia de ionização e eletronegatividade. A tecnologia de materiais está
fortemente baseada nestas características porque elas determinam como os elementos se ligam e
como os materiais se formam.
Neste sentido, chamamos de elementos representativos aqueles que apresentam
distribuição interna de orbitais eletrônicos completos. Quando em ligações químicas, esses
elementos usam apenas os elétrons do nível mais externo (o de valência). Ao todo são nove
grupos que possuem esta característica: 1A, 2A, 3A, 4A, 5A, 6A, 7A, 8A e 2B.
Por outro lado, chamamos de elementos de transição interna os elementos que possuem
orbitais incompletos (penúltimo e antepenúltimo). Quando em ligações químicas, esses
elementos recorrem aos elétrons de níveis inferiores para suprir suas deficiências. É o que
acontece com os metais de transição e os elementos lantanídeos e actinídeos. Ao todo são sete
grupos que possuem esta característica: 1B, 3B, 4B, 5B, 6B, 7B e 8B.
Ao longo dos anos, os vários grupos da tabela periódica receberam denominações
específicas para identificar o grupo de elementos com características semelhantes. Dessa forma
tem-se:

Tabela 3. Classificação dos grupos de elementos químicos.


FAMÍLIA NOMENCLATURA
1A Metais Alcalinos
2A Metais Alcalino-Terrosos
3A Grupo do Boro
4A Grupo do Carbono
5A Grupo do Nitrogênio
6A Grupo do Oxigênio (ou Calcogênios)
7A Halogênios
8A Gases Nobres (inertes)
1B Grupo do Cobre
2B Grupo do Zinco
3B Grupo do Escândio
4B Grupo do Titânio
5B Grupo do Vanádio
6B Grupo do Cromo
7B Grupo do Manganês
8B Grupo do Ferro-Cobalto-Níquel

Na disciplina de Materiais de Construção I (MC I) enfocamos os conceitos básicos da


ciência e tecnologia dos materiais e a sua aplicação na tecnologia mecânica. Os materiais
abordados serão os metálicos. A sua importância reside no fato de que dos 117 elementos
químicos conhecidos, 95 (ou seja, cerca de 81,2 %) são metálicos.
GLOSSÁRIO

MATERIAL – Matéria física constituinte do universo e com a qual se fazem produtos,


utensílios, estruturas, máquinas, etc.

ELEMENTO QUÍMICO - Substância química pura composta por átomos com o mesmo número
de prótons em seu núcleo.

LIGAÇÃO QUÍMICA – Todo e qualquer processo que envolve a transferência ou o


compartilhamento de elétrons entre átomos.

ISÓTOPOS– Átomos de um mesmo elemento químico, mas que possuem massas atômicas
diferentes devido à variação do número de nêutrons nos seus núcleos.

EXERCÍCIOS

1) Quais são as principais classes de materiais de uso tecnológico? Indique 5


freqüentemente usados.

2) Enuncie algumas mudanças no consumo de materiais usados na fabricação de


determinados produtos, observadas ao longo de um certo período de tempo. Quais as
razões para essas mudanças?

3) Por que os pesos atômicos dos elementos químicos não são números inteiros?

4) Qual a diferença entre massa atômica e peso atômico?

5) Em relação à configuração eletrônica, o que todos os elementos do grupo VIIA da tabela


periódica têm em comum?

6) A partir da tabela periódica fornecida neste material, forneça a as configurações


eletrônicas dos seguintes íons: Fe2+, Fe3+, Cu+, Ba+, e Br-.
REFERÊNCIAS

CALLISTER Jr., William D.; Ciência e Engenharia dos Materiais: Uma introdução - 7.a Ed.
Rio de Janeiro: LTC Editora S.A; 2008.

VAN VLACK, Lawrence H.; Princípios de Ciência dos Materiais - 1.a Ed., São Paulo: Editora
Edgard Blucher Ltda. 2000.

ATKINS, Peter; Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente –


3.a Ed., Porto Alegre: Editora Bookman, 2008.

PADILHA, Angelo F.; Materiais de Engenharia: Microestrutura e Propriedades, São Paulo:


Editora Hemus, .1997

INTERNET

http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil

www.dfn.if.usp.br/pagina-dfn/divulgacao/abc/basic.html
CAPÍTULO 2 – A ESTRUTURA DOS MATERIAIS SÓLIDOS

2.1 - O QUE É UMA ESTRUTURA?

O termo estrutura é originário da palavra em latim structura e que tem o sentido de


construir ou construção. Entende-se que num sentido mais amplo, o termo está associado com a
organização das partes ou dos elementos que formam um todo.
Mas qual a sua importância na ciência e tecnologia de materiais? Simplesmente toda! A
natureza e o comportamento dos materiais em serviço estão basicamente associados aos tipos de
átomos presentes em sua composição e à sua organização ou arranjo. Um material pode ser
constituído por um ou mais tipos de elementos químicos. Contudo, a maneira como tais
elementos se arranjam espacialmente no volume interno do material determinará as
características do mesmo. Tome-se como exemplo, o caso do prédio, apresentado no Cap. 1. Ele
é constituído por vários elementos estruturais que conferem o seu comportamento, tais como
fundações, lajes, paredes, colunas, etc. O comportamento do prédio, como um todo, depende da
organização ou arranjo destes elementos.
Uma outra comparação que se pode fazer é com o corpo humano. Nosso corpo depende
de um delicado e complexo equilíbrio entre vários elementos estruturais. Primariamente
possuímos um esqueleto, e que tem como função principal sustentar e dar forma ao corpo, mas
também a de proteger determinados órgãos vitais, como o cérebro, que é protegido pelo crânio, e
também os pulmões e o coração, que são protegidos pelas costelas e pelo esterno. É nos ossos
que se prendem os músculos, por intermédio dos tendões. Os músculos são os tecidos
responsáveis pelo movimento dos animais e funcionam através da contração e extensão das suas
fibras. Os músculos são constituídos por tecido muscular e caraterizam-se pela sua
contratibilidade ou capacidade de contração muscular. Esta ocorre com a saída de um impulso
elétrico do sistema nervoso central que é conduzido ao músculo através de um nervo.
A estrutura, por sua vez, pode se apresentar em diferentes níveis de detalhes, conforme a
necessidade de se investigar as relações entre os seus constituintes internos e o comportamento
resultante do material. Os níveis em questão são o subatômico, atômico, microscópico e
macroscópico.
Tabela 4. Comparação de tamanho entre diferentes elementos estruturais.
NÍVEL
ELEMENTO
Subatômico Atômico Microscópico Macroscópico
Estruturas
Circuitos integrados Muralha da China
tecnológicas
Contornos
Microestrutura de grãos Grãos grandes

Fases Célula unitária

Moléculas Monômeros Polímeros

Átomos
Núcleos atômicos
Partículas
elementares
ESCALA (m) 10-15 10-12 10-9 10-6 10-3 100 103

No nível subatômico são consideradas as relações entre o átomo e o comportamento do


seu núcleo e os elétrons nas suas camadas mais externas. Tais relações determinam, por
exemplo, o tipo de comportamento elétrico, térmico e magnético de um material.
O nível atômico analisa a interação entre os átomos com a conseqüente ligação entre os
mesmos e a formação de agrupamentos como as moléculas. Em função do tipo e intensidade das
ligações químicas realizadas, um dado material sob uma determinada condição, pode se
apresentar como sólido, líquido ou gasoso.
O nível microscópico analisa o arranjo espacial de átomos ou moléculas ao longo do
volume interno do material. O arranjo atômico ou molecular pode se apresentar de formas
diferentes: molecular, cristalino, semicristalino e amorfo. Este arranjo determina as
características do material como um todo.
Finalmente, no nível macroscópico, relacionamos as características dos materiais e as
suas propriedades com os elementos dos níveis anteriores.
Os átomos que constituem um material sólido encontram-se em um estado de constante
movimento vibratório ao redor das suas posições de equilíbrio, sendo que a sua intensidade
depende da temperatura em que se encontra o material. Nas considerações sobre os materiais
sólidos, este movimento é praticamente desprezível, uma vez que o material compõe-se de um
agregado estático de átomos interligados e localizados em pontos de equilíbrio desses
movimentos.
Independente do tipo de ligação química realizada por estes átomos, os pontos de
equilíbrio em questão resultam da ação de dois tipos de forças. A primeira é a força de atração
que resulta do tipo de ligação existente (iônica, metálica ou covalente) e acaba sendo responsável
por manter os átomos do material coesos (ligados). A segunda é a força de repulsão, que se
origina na aproximação dos átomos. Inicialmente ela surge quando as nuvens eletrônicas de cada
átomo se aproximam e, em última instância, quando há a proximidade dos núcleos atômicos,
como exibido na Figura 13.

Figura 13. Interação entre dois átomos genéricos durante a sua ligação química.

Isso faz supor, então, que para ocorrer uma ligação química deve haver uma distância de
equilíbrio entre os átomos que se ligam. Assim, em termos de energia, a distância de equilíbrio
entre os átomos será aquela em que a energia potencial tem valor mínimo ou quando as forças de
repulsão e atração forem iguais. Há uma outra conseqüência: o valor de energia associado com a
interação dos átomos representa o valor da energia da sua ligação. A energia potencial citada está
relacionada com as forças de atração e repulsão. Este comportamento pode ser ilustrado pela
curva de energia potencial em função da distância de separação entre os átomos na Figura 13.
Para maiores detalhes, consulte os capítulos 2 das referências CALLISTER, SMITH e
VAN VLACK, além do Cap. 3 da referência PADILHA.
Figura 14. Variação da energia potencial em função da distância de separação entre dois átomos.

2.2 – TIPOS DE ESTRUTURAS

Os arranjos atômicos e moleculares em materiais sólidos classificam-se em molecular,


cristalino, semicristalino e amorfo. Ressalta-se que cada arranjo pode ser obtido a partir de
condições adequadas de temperatura, pressão, composição química, entre outros fatores.
Os arranjos moleculares caracterizam-se por um número limitado de átomos fortemente
ligados entre si. Este número é variável conforme as interações que podem haver entre os átomos
constituintes. Este é o caso de compostos como a água (H2O), dióxido de carbono (CO2) e os
polímeros, os quais englobam vários tipos de resinas, plásticos e borrachas.

Figura 15. Representação de um arranjo estrutural molecular.


A estrutura cristalina caracteriza-se pela existência de arranjos ordenados de átomos e
que se repetem tridimensionalmente pelo interior do material. As posições ocupadas pelos
átomos seguem uma ordenação que se repete em todas as direções e ao longo de grandes
distâncias. A grande maioria dos materiais sólidos, particularmente os metálicos, é cristalina.

Figura 16. Representação de um arranjo estrutural cristalino.

A estrutura amorfa, em princípio, apresenta características exatamente opostas à estrutura


cristalina. Neste caso, caracteriza-se pela presença de arranjos atômicos ou moleculares
desordenados e aleatórios, como a estrutura de um líquido. Tal efeito se torna mais concreto
quando se resfria muito rapidamente um líquido até a sua solidificação. O sólido assim formado
apresenta a estrutura de um líquido, como é o caso dos vidros. Por esta razão é que os materiais
amorfos também são chamados de vítreos. Outros materiais também exibem este tipo de
estrutura, como alguns polímeros.

Figura 17. Representação de um arranjo estrutural amorfo.


O termo amorfo, aliás, pode ser mal interpretado quando da sua tradução literal, que significa
“sem estrutura”. Todo e qualquer material, independente do seu estado físico, exibe uma
estrutura com a ordenação dos seus elementos constituintes ou não. Assim, o termo AMORFO
identifica uma estrutura que não exibe a ordenação periódica dos cristais.
Já os arranjos semicristalinos ou quase-cristais podem ser considerados como uma
condição intermediária entre a cristalina e a amorfa e que pode ser encontrada em vários
materiais. Por exemplo, o estado estrutural natural dos polímeros é o amorfo. Contudo, sob
condições adequadas de processamento, regiões de alinhamento molecular podem ser criadas.
Estas regiões alinhadas podem ser consideradas como cristalinas devido à ordenação de suas
cadeias moleculares. A alteração da estrutura é realizada com o intuito de modificar as
propriedades dos materiais.

Região
cristalina

Região
amorfa

Figura 18. Representação de um arranjo estrutural semicristalino.

A magnitude da influência do arranjo estrutural de um material sobre as propriedades do


mesmo é tal que a condutividade elétrica e térmica, a resistência mecânica e até mesmo a
reatividade química variam com a direção de alinhamento dos seus átomos, caso a substância
seja cristalina. Este comportamento é denominado de anisotropia. Caso as propriedades de um
material não apresentem esta dependência com a direção de alinhamento estrutural dizemos que
o material é isotrópico.
Como citado anteriormente, a grande maioria dos materiais sólidos é cristalina. Os
arranjos atômicos nestes podem ser descritos como pontos de interseção de uma rede (ou retículo
ou reticulado) de linhas nas três dimensões. Num cristal ideal, o arranjo destes pontos em torno
de um ponto particular deve ser igual ao arranjo em torno de qualquer outro ponto da rede
cristalina. Assim, é possível descrever um conjunto repetitivo de pontos ou posições atômicas. O
menor arranjo estrutural que se repete num cristal é denominado de célula unitária.

(a) (b)

Figura 18. Representação esquemática de (a) um reticulado cristalino e (b) uma célula unitária.

Na natureza existem vários tipos de células unitárias, as quais se caracterizam por


parâmetros de rede ou axiais (já que a posição de um átomo numa estrutura sólida está associada
à interseção de linhas tridimensionais) – a, b e c - e ângulos interaxiais – α, β e γ -, como pode
ser observado na Fig. 18. Estas considerações foram apontadas pelo matemático e físico francês
Auguste Bravais (1811-1863), o qual propôs a existência de 7 sistemas cristalinos básicos para
representar as estruturas de todas as substâncias cristalinas conhecidas. Em seus estudos, Bravais
identificou, também, que dentro de cada sistema cristalino haviam variações nos arranjos
atômicos com relação aos pontos reticulares no interior de cada célula unitária. No total, foram
identificados 14 reticulados cristalinos e que são denominados de redes de Bravais.
Na referência PADILHA podem ser encontrados detalhes abrangentes sobre os aspectos
históricos da determinação das estruturas das substâncias cristalinas e de como elas foram
identificadas.
Figura 19. Representação esquemática das redes de Bravais.

Para que um material cristalize, ou seja, forme um cristal, ele deve ter tempo de organizar
os seus átomos num arranjo estável, o qual minimiza a energia livre por unidade de volume.
Quando isto acontece, o arranjo atômico torna-se o mais compacto possível. Os elementos
metálicos, em particular, possuem tendência à cristalização e a sua maioria acaba por cristalizar
em estruturas simples. Contudo, segundo PADILHA, existem casos de metais com estrutura
cúbica simples (Polônio – Po) e estruturas mais complexas, como a ortorrômbica (Urânio – U).
Assim, a grande maioria dos metais cristaliza nos sistemas cúbico e hexagonal. O sistema
cúbico se apresenta principalmente em duas variações: de corpo centrado (CCC) e de face
centrada (CFC). Já o sistema hexagonal se apresenta na forma compacta (HC), que é uma
variação da estrutura hexagonal simples.
Figura 20. Representação esquemática das células unitárias HC (a), CFC (b) e CCC (c).

A seguir, são apresentadas as principais estruturas metálicas com os seus respectivos


exemplos:

CCC: Ba, Cr, Fe-α, Fe-δ, Nb, V, W, etc.

CFC: Al, Au, Ag, Fe-γ, Cu, Pb, Co-β, etc.

HC: Be, Cd, Co-α, Mg, Ti-α, Y, Zn, etc.

Verifica-se junto à notação de cada elemento químico a presença de letras gregas, α, β, γ


e δ. Estas identificam a presença de diferentes fases em estado sólido, as quais serão tratadas
com mais detalhes posteriormente. Veja o caso do Fe, o qual pode ser encontrado na forma das
fases α, γ e δ. Cada fase, quimicamente, é constituída basicamente por átomos de Fe. Contudo,
fisicamente, cada fase apresenta um arranjo estrutural diferente. As fases α e δ apresentam
arranjo CCC e a fase γ o arranjo CFC. A alteração de estrutura é possível à variações de
temperatura e pressão que obrigam a estrutura a se adaptar a cada nova condição energética.
A capacidade de um elemento se apresentar com diferentes estruturas no estado sólido é
denominada de alotropia. O mesmo fenômeno ocorre em substâncias compostas e é denominado
polimorfismo.

2.3 – IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS

Na prática, contudo, os materiais cristalinos apresentam determinadas características que


fazem com que estruturalmente sejam imperfeitos. De fato, de acordo com a 3.a Lei da
Termodinâmica, o nível de desorganização (chamado de entropia) dos átomos é mínimo num
cristal puro e próximo da menor temperatura possível na natureza, o zero absoluto (0 Kelvin ou -
273 ºC). Conforme a temperatura é aumentada, os átomos ganham cada vez mais energia, pois
transformam a energia térmica em cinética (movimento). Logo, em temperatura ambiente, um
material possui uma determinada concentração de defeitos em equilíbrio. Assim, verifica-se que
sempre existirão imperfeições estruturais acima do zero absoluto devido a uma questão
energética.
Outra possibilidade para a formação destas irregularidades estruturais ocorre durante
processos de solidificação. Nesta, um material inicialmente em estado líquido, é resfriado até se
tornar um sólido. Dependendo de como o líquido é resfriado, os átomos se nucleiam em sólidos
com falhas nas seqüências de empilhamento e na sua organização. Estas falhas são
genericamente chamadas de defeitos ou imperfeições estruturais.
Industrialmente, a solidificação com a conseqüente formação de núcleos sólidos que
originam os cristais ocorre de maneira controlada e não-controlada. No primeiro caso,
obviamente, os materiais apresentam elevada perfeição estrutural. É assim com os cristais de Si
utilizados em microeletrônica e nos quais estão baseados vários componentes eletrônicos e
processadores de computadores. Ligas metálicas podem ser solidificadas de maneira direcional a
partir de um líquido e com velocidades de resfriamento extremamente baixas. No segundo caso
encontram-se as situações mais comumente encontradas nas indústrias siderúrgicas e
metalúrgicas. Nestes exemplos, o líquido a ser transformado em sólido é vazado em moldes e
perde calor conforme a geometria e demais parâmetros térmicos do sistema. Logo, o sólido
formado apresenta estrutura cristalina com presença acentuada de defeitos. Outra característica
importante é que a direção de crescimento é variada.
Cabe ressaltar que, com exceção de alguns poucos produtos formados por sinterização
(ou metalurgia do pó), todos os produtos metálicos passam pelo processo de solidificação em
algum estágio da sua fabricação.
Os materiais, uma vez já fabricados e em serviço, também podem desenvolver
irregularidades em suas estruturas devido aos esforços a que estão sujeitos. Isto significa que
durante a aplicação de esforços mecanicamente, átomos podem ser deslocados de suas posições
originais.
As imperfeições estruturais são classificadas com relação à sua forma de apresentação e a
geometria associada com a sua propagação na estrutura do material.

PONTUAIS (ou PUNTIFORMES): são irregularidades associadas a pontos isolados da


estrutura de um material, sendo que a estes pontos correspondem átomos. Uma posição vazia ou
desocupada da rede cristalina de um material é denominada de vacância ou lacuna. Os vazios
estruturais que existem entre os átomos de uma rede cristalina são chamados de interstícios.

(a)

(d)

(c)

(b)

Figura 21. Representação esquemática dos defeitos pontuais: (a) vacância, (b) átomo intersticial,
(c) auto-intersticial, (d) átomos substitucionais.

Eventualmente, um átomo pode ocupar uma dessas posições vazias entre os átomos da
rede cristalina. Nesta situação, eles são denominados de átomos intersticiais e auto-intersticiais,
quando um átomo do próprio material ocupa uma posição intersticial.
Átomos estranhos de impurezas ou adicionados intencionalmente também são
considerados defeitos pontuais. De acordo com o tamanho, esses átomos ocupam posições
intersticiais ou substitucionais, sendo esta correspondente à substituição do átomo do material
por outro diferente. Estes são recursos utilizados quando se quer modificar as propriedades dos
materiais. É o caso, por exemplo, da formação de ligas metálicas.

LINEARES: constituem-se de defeitos alinhados e contínuos. Ao invés de defeitos


isolados na estrutura do material, tem-se uma linha inteira ou plana de átomos deslocada para
uma posição inicialmente desocupada. Como esta linha de átomos acaba discordando do restante
da estrutura à sua volta, denominados tal irregularidade de discordância.

(b)
(a)

Figura 22. Representação esquemática de defeitos lineares: (a) aspecto estrutural, (b) aspecto
físico de um material contendo discordâncias.

INTERFACIAIS (ou BIDIMENSIONAIS): os cristais também exibem irregularidades


ao longo da sua estrutura, formando superfícies ou interfaces de separação. Embora existam
diversos tipos de interfaces na estrutura dos materiais, as maiores em termos de extensão e
importância são as superfícies externas e os contornos de grãos.
Embora as superfícies externas ou livres correspondam ao término da estrutura cristalina
do material, elas são consideradas defeitos devido ao fato de que o número de átomos vizinhos a
um átomo superficial não é o mesmo de um átomo que esteja no interior do cristal.

Figura 23. Detalhes da análise da superfície de SiO2.

Um material que é composto por vários cristais, ou policristalino, exibe interfaces entre
os cristais adjacentes. Cada cristal, isoladamente, possui o seu alinhamento característico de
átomos. Neste caso, cada contorno de grão atua como uma fronteira onde ocorre o
desalinhamento de um cristal para o outro.

Figura 24. Representação esquemática dos contornos de grãos em um material policristalino.


VOLUMÉTRICOS (ou TRIDIMENSIONAIS): Estes tipos de defeitos ocorrem numa
escala de tamanho muito maior do que qualquer defeito até aqui mencionado. Esta característica
decorre do fato de que eles estão normalmente associados com a remoção de material, formando
poros, ou deposição de material, formando precipitados e inclusões.

Figura 25. Componente de aço contendo poros.

Figura 26. Microestrutura de uma liga à base de Ni-Cr-Co-Mo (Inconel IN617). Percebe-se a
presença de volumes de material diferentes do restante, as quais estão associadas com mudanças
de composição química.

Para maiores detalhes, consulte as referências PADILHA e CALLISTER.


GLOSSÁRIO

ESTRUTURA – Conjunto de constituintes internos de um material e que mantêm entre si


determinadas relações geométricas. Pode ser tratada em diferentes níveis: subatômico, atômico,
micro e macroscópico.

MOLÉCULA – Um grupo de átomos interligados através de ligações primárias. A ligação entre


as moléculas, contudo, costuma ser fraca.

VIDRO – Sólido amorfo normalmente obtido pelo resfriamento rápido de uma massa fundida e
que apresenta dureza e transparência característicos.

ANISOTROPIA – Comportamento encontrado em materiais que exibem diferenças de uma


mesma propriedade em diferentes direções.

ISOTROPIA - Comportamento encontrado em materiais onde uma mesma propriedade apresenta


o mesmo valor em diferentes direções.

REDE CRISTALINA – Arranjo geométrico regular de pontos (átomos) no espaço de um cristal.

CRISTALOGRAFIA – ciência experimental que se dedica ao estudo da disposição dos átomos e


ou moléculas em materiais sólidos.

FASE – Porção física e quimicamente homogênea da matéria. Possui características físicas e


químicas específicas e uniformes ao longo do seu volume.

DEFEITO – Em termos estruturais, designa qualquer irregularidade na disposição de átomos e


ou moléculas na estrutura interna de um material.

INTERSTÍCIO – Região espacial vazia de uma rede cristalina existente entre os átomos que a
compõem.
EXERCÍCIOS

1) Por que os átomos podem ser considerados “esferas rígidas”?

2) Por que os metais têm pequena propensão para formarem sólidos amorfos ao se
solidificarem?

3) O Nb, na temperatura ambiente tem estrutura CCC e apresenta raio atômico de 0,147 nm.
Calcule o valor do parâmetro de rede “a” em nanômetros (nm).

4) O Ni apresenta estrutura CFC com uma densidade de 8,9 g/cm3 e tem sua massa molar
igual a 58,71 g/mol. Qual é o volume por célula unitária baseado no valor da densidade?

5) Como é possível estimar a concentração de vacâncias num material a uma determinada


temperatura?

6) Como se pode explicar que um lingote de aço com dimensões de metros seja
transformado em chapas com espessura de milímetros sem perder sua estrutura cristalina?

REFERÊNCIAS
CALLISTER Jr., William D.; Ciência e Engenharia dos Materiais: Uma introdução - 7.a Ed.
Rio de Janeiro: LTC Editora S.A; 2008.

SMITH, William F.; Princípios de Ciência e Engenharia dos Materiais – 3.a Ed. Portugal:
Editora McGraw-Hill de Portugal Ltda., 1996.

VAN VLACK, Lawrence H.; Princípios de Ciência dos Materiais - 1.a Ed., São Paulo: Editora
Edgard Blucher Ltda., 2000.

PADILHA, Angelo F.; Materiais de Engenharia: Microestrutura e Propriedades, São Paulo:


Editora Hemus, 1997

INTERNET: http://www.msm.cam.ac.uk/
CAPÍTULO 3 – MICROESTRUTURAS

3.1 - O QUE É UMA MICROESTRUTURA?

O termo microestrutura está relacionado com o conjunto de detalhes microscópicos


presentes num material. Neste sentido, a microestrutura de um material cristalino é composta
essencialmente pelos cristais, pelos defeitos nele existentes e outros constituintes como
precipitados e inclusões. A microestrutura de um material é conseqüência da sua composição
química e do processamento pelo qual passa. Quando em serviço, inclusive, o material pode ter
sua microestrutura modificada por agentes externos tais como variações de temperatura,
imposição de esforços mecânicos, ataque químico, etc.
O agrupamento dos vários elementos que constituem uma microestrutura material assume
dimensões maiores do que as de cada elemento isolado. Isto significa que o conjunto de cristais,
defeitos, precipitados e inclusões assume uma dimensão específica tal que pode ser identificada
por instrumentos adequados. Atualmente, com a tecnologia disponível, é possível observar os
átomos dos materiais e identificar suas características. Contudo, os instrumentos necessários para
tal caracterização são extremamente sofisticados e dispendiosos. As microestruturas assumem
dimensões micrométricas e podem ser visualizadas com microscópios ópticos, não tão
sofisticados e dispendiosos quanto os anteriores.
As estruturas que se observam em materiais metálicos, sobretudo em aços, dependem
diretamente de transformações de fases que ocorrem em seu processamento, desde a
solidificação até as transformações em estado sólido realizadas nos tratamentos termomecânicos.
Embora um grande número de fenômenos interessantes em materiais cristalinos possa ser
simulado ou representado em duas dimensões, a estrutura real de metal é tridimensional e erros
graves podem ser cometidos na análise da microestrutura quando não se considera este fato.
Neste sentido, a maior parte das técnicas de microscopia produz imagens bidimensionais. A
inferência da geometria tridimensional a partir de observações bidimensionais é realizada por
técnicas de estereologia. Neste texto não serão descritas estas técnicas, devendo o aluno
consultar as referências PADILHA e COLPAERT.
Do ponto de vista geométrico, as microestruturas têm características uni, bi e
tridimensionais. A maior parte destas características resulta do encontro de grãos. Por exemplo,
dois grãos (tridimensionais) se encontram em uma interface (bidimensional), três grãos se
encontram numa linha e o encontro de quatro grãos define um ponto quádruplo.
A Metalografia é o estudo da morfologia (forma) dos componentes e da estrutura dos
metais. Para o exame da microestrutura é necessário, primariamente, preparar o material para a
análise. A metodologia mais empregada consiste na análise do aspecto de uma peça metálica,
segundo uma seção plana devidamente polida e, geralmente, atacada por um reativo apropriado.
O exame pode ser feito à olho nu ou com o auxílio de instrumentos (lupa, microscópio). O
aspecto, assim obtido, é chamado macroestrutura. O termo macrografia é utilizado para designar
os aspectos que reproduzem a macroestrutura, em tamanho natural ou com ampliação máxima de
10 vezes. Para ampliações maiores, emprega-se o termo micrografia, obtidas geralmente por
microscópios.
A preparação dos corpos-de-prova abrange as seguintes etapas:
1) Escolha e localização da seção a ser estudada;
2) Preparação de uma superfície plana e polida no lugar escolhido;
3) Ataque dessa superfície por um reagente químico adequado.
Os corpos-de-prova devem ser mantidos limpos e o procedimento de preparação
cautelosamente seguido, de forma a não influenciar nos resultados e revelar as reais
microestruturas dos materiais.

ESCOLHA DA SEÇÃO
Quando a seção do material a ser analisado não é especificada por quem requisita o
ensaio ou por uma norma aplicável, tem-se que levar em consideração a forma da peça e as
informações que se deseja obter. Normalmente são realizados cortes longitudinais e transversais
em produtos metálicos de geometria regular:

SEÇÃO LONGITUDINAL

SEÇÃO TRANSVERSAL

Figura 27. Representação esquemática dos tipos de cortes realizados em corpos-de-prova


durante a sua preparação metalográfica.
O corte ou seccionamento dos corpos-de-prova é feito num equipamento chamado de
cortadeira ou “cut-off”, o qual é constituído por um elemento de corte refrigerado e
movimentado a baixas rotações por um motor elétrico. O elemento de corte consiste de um disco
abrasivo fino, agregado com borracha ou outro aglomerante. O revestimento superficial do disco
é composto de material abrasivo (SiO2, Al2O3, SiC ou diamante são os mais comuns). O corte,
eventualmente, também pode ser feito com uma serra suficientemente abrasiva. Quando estes
meios não são viáveis, recorre-se ao desbaste por usinagem ou com esmeril comum até se atingir
a região de interesse do material para a análise. Em algumas situações, como em peças grandes,
também é feito o corte com o uso de maçarico. Nesta situação, deve-se prever a remoção de
material para eliminar a região termicamente afetada por essa ação.

Assim, o corte longitudinal é indicado para a análise dos seguintes casos:


- trabalho mecânico (identifica se a amostra foi laminada, forjada, fundida, etc.);
- extensão de tratamentos térmicos;
- formato dos grãos;
- detalhes de soldas;

Já o corte transversal é indicado para a análise dos seguintes casos:


- natureza do material;
- homogeneidade da amostra;
- existência de segregações;
- forma e dimensões de bolhas e vazios;
- profundidade de tratamentos térmicos;
- características de soldas (zona termicamente afetada).

Após o corte, os pedaços de amostra geralmente são montados em resinas plásticas para
uma melhor manipulação e proteção das mãos do operador e das bordas da amostra, o que
impediria a observação dessa região ao microscópio. Esta montagem em resina é denominada de
embutimento e é feita por compressão a frio ou a quente numa espécie de prensa, chamada
embutidora. Dentre as reinas mais utilizadas encontram-se a baquelite, acrílico, epóxi, etc.
PREPARO DA SUPERFÍCIE
As operações anteriores objetivaram o isolamento da seção do material a ser analisada.
Na continuidade do processo, faz-se necessário trabalhar a superfície de modo que os riscos
causados pelo abrasivo sejam cada vez menos perceptíveis a olho nu. Assim, é necessário
submeter o material a uma seqüência de desbastes controlados, com o objetivo de se ter
superfícies planas, com rugosidades mínimas e com a orientação desejada. Dentre as
dificuldades inerentes estão a obtenção da planicidade desejada, a qual aumenta na medida em
que se deseja observar superfícies com maior extensão e ou materiais de dureza variável ou de
geometria complexa. Todas as operações envolvidas devem ser realizadas com cuidado para
evitar não apenas o encruamento local excessivo, bem como aquecimentos a mais de 100 ºC, os
quais ficaram evidentes após o ataque químico do material e prejudicarão a interpretação das
imagens obtidas ao microscópio.
Assim, o propósito do lixamento de desbaste é gerar a superfície plana inicial necessária
para as etapas seguintes de lixamento e de polimento. Como resultado do corte, o material pode
ter sido submetido a deformações estruturais consideráveis na superfície e em regiões próximas a
ela. A utilização de lixas de granulação grosseira (granulação 220 ou menos) é recomendada para
a retirada de todo o material possivelmente deformado e rugosidades ou rebarbas remanescentes
do processo de corte. Um fator importante durante esta fase e a fase posterior (de lixamento de
acabamento), é que os riscos causados pelas lixas, ao final de cada lixamento, estejam todos
uniformemente distribuídos e paralelos entre si. Para que o lixamento esteja correto, é necessário
que a amostra seja girada de 90º uma ou duas vezes em cada estágio e entre cada estágio. Em
cada estágio, é necessário que se mantenha constante o ângulo de lixamento até que os riscos
deixados pela lixa sejam visivelmente paralelos, eliminando-se os vestígios do estágio de
lixamento anterior. Nesta situação, é importante que o corpo-de-prova seja lavado com água
corrente antes de se fazer alteração na direção do lixamento e entre cada um dos estágios para
que não se carregue partículas abrasivas. Como o lixamento quase sempre é feito de modo
manual, o principal cuidado é garantir que se aplique pressão “normal” à peça e evitar a
tendência, natural do movimento manual, de forçar mais contra a lixa a aresta que avança, na
direção de movimento da peça. Geralmente, a seqüência de lixamento de acabamento envolve
lixas de granulação 220, 320, 400 e 600.
O polimento é realizado com abrasivos de granulometria muito pequena, utilizando-se
como lubrificante água ou álcool absoluto, sobre um disco recoberto por tecido macio, como o
feltro. O melhor polimento é conseguido utilizando-se como abrasivo pó de diamante ou
alumina. Após o término do lixamento de acabamento com a lixa 600, e tendo sido a superfície
do corpo-de-prova cuidadosamente lavada com água corrente e álcool absoluto, seca sob ar
quente e limpa com algodão hidrófilo, o corpo-de-prova amostra é colocado na politriz com o
abrasivo e o lubrificante. A rotação da politriz deve permanecer entre 150 e 250 rpm.
O corpo-de-prova deve ser girado sobre o disco da politriz de modo que não haja direção
preferencial nessa operação. A pressão sobre o corpo-de-prova deve ser a menor possível e o
tempo necessário para o polimento é de alguns minutos.
A superfície do corpo-de-prova após o correto polimento deve estar completamente livre
de riscos de lixamento, devendo estar quase espelhada, com rugosidade mínima. Tal
espelhamento pode ser observado após cuidadosa limpeza com álcool absoluto, algodão hidrófilo
e secagem com ar quente. A superfície não deve ser tocada para evitar a oxidação da mesma.

ATAQUE QUÍMICO
O exame ao microscópio da superfície polida de um corpo-de-prova revela somente
algumas características estruturais como inclusões, trincas e outras imperfeições físicas
(incluindo-se defeitos no polimento propriamente dito). O ataque químico é utilizado para
destacar e algumas vezes identificar características microestruturais ou fases presentes nas
amostras. Os reagentes utilizados no ataque químico ou reativos são em geral ácidos diluídos ou
álcalis diluídos em água, álcool ou outro tipo de solvente. O ataque químico ocorre quando o
ácido ou a base entra em contato com a amostra, corroendo-a devido à diferentes taxas de
corrosão dos diversos microconstituintes e sua orientação.
O processo de ataque químico consiste no contato entre a face preparada da amostra com
o reativo apropriado. Este contato pode ser feito por imersão (mergulho), por aplicação (com
chumaço de algodão ou pincel) e por impressão direta de Baumann (papel fotográfico umedecido
com reativo e aplicado sobre a superfície do corpo-de-prova). Conforme sua duração e
profundidade, os ataques classificam-se em lentos ou profundos e rápidos ou superficiais, sendo
estes últimos os mais utilizados. A duração do ataque depende da concentração do reativo e da
natureza e estrutura do material a ser analisado. Terminado o ataque, lava-se imediatamente a
superfície do corpo-de-prova com álcool. Em seguida, procede-se à secagem passando chumaço
de algodão umedecido com álcool e submetendo a um fluxo de ar quente.
Após a adequada preparação do corpo-de-prova, é feita a observação ao microscópio.
Como conseqüência da ação do reativo, surge um contraste estabelecido entre as áreas de
composição química diferente ou entre as áreas com estrutura metalográfica diferente (diferenças
de fases, sua fração volumétrica, diferenças de tamanho e orientação cristalográfica). O contraste
decorre do fato de certas regiões escurecerem mais do que outras. Por exemplo, no caso de aços-
carbono, os quais representam o tipo mais simples de aço em termos de composição química, o
ataque geralmente é realizado com um reativo denominado de Nital, uma solução de 1 a 5% de
ácido nítrico diluído em álcool etílico. Neste caso, o reativo ataca principalmente os contornos de
grãos e as fases ricas em carbono, as quais se apresentam mais escuras, como apresentado na
figura a seguir.

Figura 28. Aspecto da microestrutura de um aço-carbono em microscópio óptico após a sua


preparação metalográfica.

Neste caso, a micrografia obtida apresenta vários detalhes da microestrutura do material:


heterogeneidades do material, suas fases, sua distribuição, tamanho e contornos dos grãos, entre
outros.
Quando a obtenção da imagem (macrografia ou micrografia) é realizada por exigência de
alguma norma específica, o critério de avaliação é, em geral, estabelecido na própria norma. É o
caso da NBR 11298 que trata da análise por ataque para a determinação de heterogeneidades e
descontinuidades mais comuns em produtos de seção quadrada, retangular ou circular de aços
laminados ou forjados.
Para maiores detalhes, consulte o cap.12 da referência PADILHA e os caps. 3, 4 5 e 7 da
referência COLPAERT.
GLOSSÁRIO

MICROESTRUTURA – Conjunto de características estruturais de um material e que está sujeito


a análise de algum tipo de instrumento ou equipamento, como o microscópio.

MICROSCOPIA - Técnica de análise dos constituintes de uma microestrutura com a utilização


de algum tipo de microscópio.

MICROCONSTITUINTE – Elemento de uma microestrutura que possui estrutura identificável e


característica. Ele pode consistir em mais de uma fase.

CORPO-DE-PROVA – material preparado, segundo normas, para a realização de ensaios ou


medidas de modo que suas características possam ser avaliadas.

ABRASIVO – Um material duro e resistente ao desgaste usado para desgastar, esmerilhar ou


cortar um outro material.

AÇO-CARBONO – Liga ferrosa em que o carbono é o principal elemento de liga.

EXERCÍCIOS

1) Quais os objetivos de se seccionar um corpo-de-prova transversalmente?

2) Por quê a superfície de um corpo-de-prova, para ser analisada, deve ser atacada
quimicamente?

3) Como o ataque químico pode ser realizado?

4) Por quê as amostras metalográficas devem ser cuidadosamente lavadas e secas antes de
se proceder à troca de lixas?
5) Qual a diferença entre um aço eutetóide e um hipoeutetóide?

6) Qual o efeito do tamanho de grão na resistência mecânica dos materiais?

7) Quais os defeitos de preparação que podem ser encontrados numa amostra durante a sua
preparação metalográfica?

REFERÊNCIAS

CALLISTER Jr., William D.; Ciência e Engenharia dos Materiais: Uma introdução - 7.a Ed.
Rio de Janeiro: LTC Editora S.A; 2008.

SMITH, William F.; Princípios de Ciência e Engenharia dos Materiais – 3.a Ed. Portugal:
Editora McGraw-Hill de Portugal Ltda., 1996.

PADILHA, Angelo F.; Materiais de Engenharia: Microestrutura e Propriedades, São Paulo:


Editora Hemus, 1997

COLPAERT, Hubertus; Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns - 4.a Ed. São Paulo:
Editora Edgard Blucher Ltda, 2008.

CHIAVERINI, Vicente; Aços e ferros-fundidos - 7.a Ed. São Paulo: ABM, 2008.

INTERNET

http://www.metallography.com/

Potrebbero piacerti anche