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Terror e miséria do Terceiro Reich 24 cenas Furcht und Elend des Dritlen Reiches Escrita em 1935-1938, ‘Tradugdo: Gilda Oswaldo Cruz Colaborador: M. Steffin, A GRANDE PARADA MILITAR ALEMA. No quinto ano do governo daquele Que se diz enviado de Deus, Ouvimorto declacar ser chegado 0 momento De iniciar sua guerra; estavam prontos os tanques, 0s canhées, 0s couracados; 05 avides Enchiam os hangares e eram tantos que Se algassem v6o juntos, a um aceno de sua mio, (Os céus se escureceriam. Nesse momento resolvemos passar © povo em revista, Que tipo de gente, em que situacdo, ¢ com que pensamento, Acortera ao chamado do chefe, disposta a marchar Sob sua bandeira, Passamos em revista 0 exército. LA vem cles: uma multidto pilida, heterogénea. A fiente a bandeira cor de sangue, com a cruz: E a gente do povo que carrega essa cruz. Quem no marcha, se arrasta, de quatro patas no chao. Partem para a grande guerra. Nao se ouve um lamento, Nenhuma praga, ninguém arqueja; ¢ se alguém pergunta algo, Nao se escuta: € barulhenta a banda militar. La vem eles, com mulheres ¢ filhos. Depois de cinco longos invernos, Nao distinguem mais as coisas claramente. Arrastam 0s velhos ¢ os doentes ¢ desfilam. £.a grande parada militar alem’. z COMUNIDADE NACIONAL 14 vm offciais da SS: ouviram discur- ‘505, beberam cerveja. EstZo pesados € bebados. $6 tem um descjo: que 0 povo alemlo se tomne grande, temido, fiel e obediente, 184 Bertolt Brecht Noite de 30 de janeiro de 1933. Vem pela rua dots oficiais da SS, aos tropecos. Panvemo $$ — Estamos por cima. Que beleza, a marcha com archotes! ‘Ontem estivamos na miséria, hoje entramos na Chancelaria do Reich. Ontem éramos abutres famintos, hoje somos éguias impe- tials, Param para urinar. Saaunbo $$ — Agora poderemas ter a comunidade nacional. Prevejo ‘um irresistivel soerguimento moral do povo alemao, Paizo $$ — Mas primeiro teremas que despertar a consciéncia do homem alemao, tiré-lo da situacao de escéria subumana. Que lugar € este? Nao vejo bandeiras em parte alguma, Sscunvo $$ — Acho que nos perdemos, Pawo $5 — Que lugar horroroso. Secunpo $$ — Isto € bairro de criminosos. Pauveiro SS — Vocé acha mesmo perigoso? | ‘Ssouxno $$ — Um companheiro decente nfo mora num barracio des- ses. Pantetko $5 — Esté tudo as escuras! ‘Saouvpo $$ — Dever ter saido todos, Pautzizo $$ — Os que pensam como nés. Sera que foram ver de pero 4 inauguracao do ‘Terceiro Reich? Vamos embora, mas aten¢io a retaguarda, Recomecam a andar, cambaleando, um atras do outro. 4 Pantano $$ — Aqui nio é o baitro do canal? Stounpo $$ — Nao sei, ‘Terror e miséria do Terceiro Reich 185 Paweito $$ — Foi exatamente nesta esquina que descobrimos um nix nnho de marsistas. Declaravam ser apenas uma associacao de militantes catSlicos. Que nada! Nenhum deles tinha colarinho de padre. Szcuxvo $5 — Voce acha que ele vai conseguir criar a comunidade nacional? Panteito $$ — Ele consegue tudo! Para de repente e escuta, transido. Alguém abriu uma janela Svounvo $$ — Que ha? Engatilba 0 revbtver. Um velbo de camisola se debnuga a janela e ouve-se ele perguntar batxinbo: “Ema, é vocé?" ‘Seatnno $$ — Sao eles! Comesa a correr de um lado para outro, alucinado, atirando em todas as direcées, Proteiro S$ aas berros — Socorro! De uma jancla frontetra a do velo, que ainda esta al, visivel, ouve- $@ 0 grito horrivel de um alvejado A TRAIGAO 1 vém os traidores. Delataram os viti- ‘nhos. Sabem que foram identificados. Serd que a rua nao esquece jamais? A noite nfo conseguem dotmie. Mas ain- ‘da ndo chegou o dia final, Breslau, 1933. Interior de um apartamento pequeno-burgués. Um homem e uma mulher esto de pe, junto a porta, escutando, Ambos ‘muito patidos.

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