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:Hsmola
"Considerações e exeJ;Ilplos pelo Servo de Deus
AN:CBÉ :SE:::C..TB.A.J:M:CJ:
da Pia Sociedade &Jesiaria
NITEROI
Escolas Profissionais Salesianas
1938
alexandriacatolica.blogspot.com.br
lMPRIMATUR
alexandriacatolica.blogspot.com.br
( Prefácio dos Editores h
~{[ ~
- Já em odra ocasião foi publicado
nas Ledura.J Católica.J um opúsculo
sobre a esmola_, intitulado « A Esmola
segundo Deus Y. Esse trabalho foi muito
apreciado e estavamos cogitando fazer
nova edição, quando foi traduzido
o presente opúsculo da lavra do Servo
de Deus Padre André Beltrami, da
Pia Sociedade Salesiana.
Ohl seja benvinda esta voz do vir-
tuoso Sacerdote a acordar certas pes-
soas que dormem, a evocar certos
mortos 1
O glorioso Apóstolo S. Paulo nos
exorta a fazermos o bem, enquanto
femos tempo. Outra não é a exortação
do Padre Beltrami neste seu trabalhi-
nho sobre a Esmola.
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Hoje a palavra de André Beltrami
é mais autorizàda, porque já se introdu-
ziu a Causa de sua Beatificação e Ca-
nonização, e esperamos que, dentro
em breve, receba na fronte a auréola
dos Bem-aventurados.
Acolhei, pois, esta sua palavra como
uma voz vinda do Céu. ~
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j
CAPITULO I
FREQUENTES FALENCIAS
DE BANCOS
Todo ano, nas principais cidades da
Europa e da América, os jornais anun-
ciam a falência de algum banco, que
arrasta à miséria muitas famílias e
lança na desolação regiões inteiras.
São desgraças terríveis, que, invés de
diminuírem com o avançar da civili-
zação e do progresso, aumentam em
proporção espantosa; e dão o que fazer
aos homens de Estado, os quais, de-
balde, procuram medicar essa chaga
social, que assassina o comércio e
flagela os povos. Mal se acalmaram
os gritos de dôr pela quebra de um
banco, que roubou o patrimônio a
inúmeras familias, eis logo se divulga
a funesta noticia da falência de outro
banco, que renova as mesmas cenas
de desventura, lançando na rua um
número gran,d e de pessoas, que da
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opulência passam á mais esquálida
• f •
m.1sena.
São muitas as causas de tais ban-
carrotas, qtie constituem um estu;do
sério para os legi slado~es que tentam
impédi-las por m~io de leis.
Algumas vezes é a má administração
e a falta de treino no manejo dos ne-
gócios; outras v ezes é uma crise que
paralisa a a dministração, os negócios
de toda uma região. Mas, n a m.Ór
parte dos casos, a falência provém
da fraude ou furto de algum dos admi-
nistradores. São aleivosias indignas,
que deshonram o homem e mostram
até que ponto de baixeza pékl:e levar
o amor ao ouro, o qual bem considerado
não é s'enão um pouco de terra .t;elu-
zent e. Eis a trist'e história: Um dos
directores do banco apodera-se do di-
nheiro, das letras e dos valores e foge
para o estrangeiro, onde a lei o não
p6.de alcançar, afim de gozar das rique-
zas roubadas, que pertencem a inúme-
ras famílias, as quais talvez SUél;ram por ~
muitos anos, fazendo economia, mesmo
do necessário, para assim garantir o
futuro. Então o banco abre falência;
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e o tribunal institue o processo par a
examinar os delinquentes. Que deplo-
rável espet áculo não apresenta a sala
judiciária1 Aquí, um pobre pai de famí-
lia, qu~ tinha posto no banco todo seu
dinheiro, reduzido agora á miséria; tris-
te, rábido, assiste ao processo, pedindo
justiça. Ali uma criada que serviu
por muitos lustros, . trabalhando de
manhã á noite, e pondo no banco, mês
por mês, os frutos de suas economias.
Já possuía um bom capital, aumentado
pelos juros, e esperava ter um arrimo
na sua decrepitude, quando fosse im.-
poten~e para o trabalho. O pensamento
do próximo descanso, após duras fadi-
gas, fazia saltar de alegria a b6a da
mulher; de repente o banco quebra e
ela perde tudo. Agora est á lá, furiosa,
no tribunal, a dirigir imprecações contra
r-..._os autores de sua irreparável des\len-
tura. Ouem é aquele ancião, que chora
qual uma criança e, de onde em onde,
mostra os punhos aos que se assentam
no mocho dos acusados ? E' um pobre
operário que tinha posto no banco
bôa parte dos ordenados recebi_d os
desde os p rimeiros anos da m ocidade.
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Não podendo mais trabalhar vivia dos
juros e passava tranquilo os anos da
senilidade; mas a falência do banco
o arruinou e o lançou na miséria e, se
quer comer, deve estender a mão e im-
plorar a caridaàe ao transeunte. Estais
vendo aquele senhor de modos corteses .
...-estido de p obre OJ?.erá rio? E ra um
~ i co proprietário de palacetes e terras.
_-\. falência do b anco arrebatou-lhe todo
o capi~al; agora é coagido a trabalhar
para v1ver .
Felizes aqueles que sabem transmu-
dar em mérito a sua desgraça, receben-
do-a das mãos de Deus e apren dendo á
sua custa a não confiar nos homens, nem
nas riquezas terrenas, mas a depositar
a confiança nos bens eternos do céu 1
Todavia, são bem poucas tais pessôas1
Ouantas, invés, reduzidas à miséria,
não sabem. resignar-se e põem t ermo
aos seus dias com o suicídio, sem. refle-
tir que depois da morte cairão numa
m iséria mil vezes pior.
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CAPITULO II
UM BANCO lNFALIVEL
Ha, porém, um banco infalível, no
qual deveriam pôr seus capitais tqdos
os cristãos, certos de que se locupleta-
rão no tempo e na eternidade, na terra
e no céu. Esse banco conta já milhares
de anos de existência e nunca abriu
falência, e temos firme certeza que ha
de durar até o fim do mundo . As pessoas
sábias e previdentes, que pensa~. seria-
mente nos seus verdadeiros interesses,
-empre confiaram a ele os seus bens
c e' e tiraram riquezas inexauríveis.
· · e.: "T'enda este banco ao seu
e -:-:;i r:-simos lugares de sua
ei · e a mór parte dos livros do Antigo
Te-tamento o exaltam com louvores
rna3"níficos. O livro ·de Tobias parece
escrito unicamente para demonstrar
a sua utilidade, a sua grandeza, as
Yantagens imensas que traz consigo;
e um Anjo descido do céu tece-lhe
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o rn.a1s belo elogio, recomendando-o
a todos.
Jesús Cristo, vindo à terra, falou
muitas vezes de tal banco, altamente
e encomiou e o propôs aos seus sequazes.
Mas, que banco misterioso é esse?
Os nossos corteses leitores já adivinha-
ram; esse banco previlegiado é a umola.
O pr6prio Deus, creador de todas as
coisas, senhor de tddo o ouro do mundo,
é o banqueiro, que não p6de falir,
e é fiel a pagar os juros. Os agentes do
banco s.ã o os pobres, que J;ecebem em.
nome dele. Tu'do quanto damos aos
necessitados para aliviá-los nas suas
misérias, em dinheiro, alimento, ves-
tiário ou abrigo, é como s.e o déssemos
ao mesmo Deus. Os pobres são uma
continuação, uma imagem real, um
retrato pedeito de Jesús sofr~dor, o
qual é honrado e servi,do na pessoa
deles. Nosso Senhor considera feito a
si mesm:o tudo quanto fazemos em favor
dos pobres. Até o copo dágua dado em
seu nome ao sedento terá recompensa.
O Divino Redentor repetiu muitas
vezes esta confortadora doutrina, que
o pobre é seu representante na terra.
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~~a descrição do juizo universal ele
a tornou 6bvia e familiar com um diálo-
go que vale por um tratado e contém
a mais alta filoso,fia.
No dia em que os homens deverem
dar contas das riquezas que Deus
lhes colocou nas mãos, Ele dirá com
ar de júbilo aos eleitos:- «Vinde,
benditos de meu Pai, vinde possuir
o reino que vos está preparado desde
o início dos tempos. Pois que, eu tive
fome e v6s me déstes de comer; eu tive
sêde e v6s me déstes de beber; andava
eregrino e me déstes pousada; estava
- u e me déstes de vestir; estava enfermo
e m e visit astes; estava preso e me con-
:o:astes ·~ . Admirados de tal modo de
: alar, dirão os justos:- «Quando vos
-imos faminto, sedento, p eregrino, nu,
::nferrn.o e preso, e fomos em vosso so-
-~rro? E resporiderá Jesús:- «Tudo
que tendes feito aos pobres, eu o con-
- aero feito á minha pessoa ».
\~oltando-se depois para os máus, os
_ probará por terem-no desprezado nos
· : es, afirmando que todas as vezes
e negaram uma esmola aos necessi-
o_, fizeram uma injúria a Ele.
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Os pob~:es são, pois, os agentes do
banco divino, que recebem os capitais,
em nome de Deus; e o que depusermos
em suas maos - sera, en t regue a Jesus
,
Cristo, que nos recompensará nesta
vida e na outra. O nosso bom Anjo da
Guarda, à guisa de fi;el secretário,
toma nota das esmolas e das obras de
caridade que fazemos.
Ora, se esta é a verdade, porque não
pomos os nossos capitais ~esse banco?
Deus, que é o banqu.eiro, p6de talvez
falir? Ele que é o senhor do mundo, que
depositou o ouro e os diamantes nas
entranhas das rochas e no seio dos
montes, p6de talvez tornar-se pobre
e nos arrastar à miséria, cbmo fazem
os banqueiros deste mundo? Não. Ele
é infalível e nos enriquecerá no tempo
e na eterni'dade.
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CAPITULO III
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tando, quiçá, galgos ou cavalos de raça,
para fazer bela figura diante dos ho-
mens. Ei-lo agora esten.dido no leito
de morte, e em breve deve deixar tudo
e baixar á sepultura, sem poder levar
nem um cei til.
Por outro lado, como não deve
consolar o rico no ponto de morte o
pensamento de ter socorrido generosa-
mente os pobres1 Suas riquezas ele as
achará na outra vida convertidas em
méritos e gl6ria eterna e morre conso-
lado com a esperança do céu.
Procuremos, pois, acertar na escolha
do banco e dêmos preferência ao divino
banco da caridade, pondo nele os
nossos capitais, porque apresenta tais
garantias, que torna-se impossível uma
bancarrota, e porque dá rendas visto-
sas. Destarte evitaremos a triste sorte
do rico epulão e daqueloutro i~eliz
que, depois de ter enchido os celeiros
para gozar da vida, foi logo chamado
ao outro mundo e obrigado a deixar
tudo.
Não esqueçamos a promessa do Re-
dentor: «Dai e vos será dado; e derra-
m.ar-vos-ão no seio uma bôa medida,
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cheia, e recalcada, e acogulada;
ue com aquela mesma medida
que tiverdes medido, se vos há
_ ~~ edir a v6s » . (S. Lucas, VI, 38).
_-a vida dos santos vemos confirmada
.etribuição do. cem por um. Quanto
--ais davam, ·mais recebiam .
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do mordomo, e procurou saber como
este cumprira a ordem recebi'da; confes-
sou sem arnbages, que tinha dado
cinco escudos somente. Foi o santo
agradecer á piedosa senhora, e qual
não foi a sua admiração ao saber que
ela determinára mandar-lhe mil e qui-
nhentos escudos e ao da r a ordem ao
seu caixa, errára o número, notando
s6 quinhentos.
S. João via a J esús Cristo na pessôa
dos pobres e porisso os chamava seus
senhores. Enquanto, certo dia, um dos
pobres por ele socorrido se desabafava
nos mais ternos afetos de reconheci-
mento, o santo Bispo\ lançando-se a
seus pés, o interromp e com estas belas
palavras: «Meu caro irmão, eu ainda
nã o derramei o meu sangue por ti,
corno fez J esús Cristo pela minha salva-
ção e como está obrigado a fazer, se
preciso fôr, um Pastor fiel » .
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rem ao hospital e abrirem. um educan-
dário, notou qrle não s6 não tinha
dinheiro para fornecer o necessário
ás religiosas, mas nem ainda um ceitil
para a viag~m.. Confiando na Divina
Providência, sái trapquilo de casa e na
rua Milão dá com o senhor Henry, seu
conhecido e amigo ~
O Santo foi-lhe logo dizendo:
-Devo ir a Utelle afim de engtr
uma casa das nossas Irmãs e não
tenho no bols.o nem siquer um centési-
:no. Ouererieis emprestar-me mil liras?
- Dar~i com muito gosto, respon-
eu o amtgo.
Horas ap6s, o Santo tinha a quantia
ecessária; ao recebê-la, pronunciou
infaJível Deo gratiaJ'; e sorrindo
--escentou:
- Recordai-vos caro Henry, cm-
nta por um .
.1.enry não compreendeu.
ottolengo ao se despedir disse mais
a yez.
- Recordai-vos, Henry, cincoenta
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um bilhete de loteria que lhe custára
mil. S6 então compreendeu que Deus~
para premiar a sua caridàde, o recom-
pensava precisamente como lhe fera
p redito.
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Quereis um exemplo? Lêde:
Santa Teresa de Jesús recebia abun-
dantes esmolas de um negociante que
se recomendava sempre ás suas orações;
uma vez a Santa lhe falou assim:
- «Tenho rogado muito por vós e foi-
me revelado que o vosso nome está
escrito no livro da vida pela generosa
carida,Pe que haveis usado para comi-
go; mas, no entanto, é mister que passeis
antes por muitas provações » .
Tal aconteceu; uma tempestade pôs
a pique as náus carregadas de merca-
doria sua. Abriu falência. Cientes da
desgraça, os seus amigos lhe subminis-
traram o necessário para continuar
o negócio. Novo desastre e nova falên-
cia. Pelo que ele, espontaneamente,
fechou-se numa prisão. Seus credores,
conhecendo a magnanimidade de seu
coração, libertaram-no.
Reduzido á miséria, deu-se todo ao
serviço divino e ás obras de carida\de
e morreu santam.ente, cheio de méritos.
Ora, pergunto eu, deixou talvez de se
cumprir a palavra do Divino Redentor
neste negociante esmoler?- Absolu-
tamente. Ele recebeu cem por um nas
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d e, graças que lhe deram ampla ocasião
e conseguir méritos, na paciência
e Deus lhe concedeu, nas bôas obras
raticou. Do céu deve certamente
dízer a caridade para com Santa
-a e aquelas desventuras, que, su-
a por amor de Deus, lhe fruiram
I
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CAPITULO IV
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ao depois, tornou-se menos precioso
pelas muitas minas descobertas.
Eis, pois, o motivo porque tanto
amamos o ouro: representa os valores
e com ele pddemos procurar comodida-
des da vida e os prazeres terrenos; mas
é sempre . terra, lodo.
Como são estultos os avaros que
amam o dinheiro e ajuntam ouro uni-
camente pelo prazer de vê-lo em suas
mãos, fazendo grandes penitências e
mortificações para economizar.
Não são menos estultos aqueles ho-
mens que amam desordenadamente o
ouro, para viver vida cômoda. Mas,
a vida do homem é tão breve, e o que
não vale para a vida futura é vaidade
e estultícia. Prudentes são os que com
o ouro e as riquezas terrenas compram,
por meio da esmola, os bens eternos do
céu. O ouro é terra brilhante, vil metal;
mas Deus em sua bondade permite-nos
trocá-lo com as riquezas imperecíveis
do paraíso. Pensemos seriamente nisto;
invés de amar um pouco de terra visto-
sa, sirvamo-nos dela para merecer gra-
ças e favores que nos levam á santidade.
Os pobres devem ser os vossos maiores
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amigos, porquanto serão os vossos
defensores no dia do juizo e perorarão
a vossa causa, apresentando á justiça
divina o bem que lhes temos feito.
~'las, ai de n6s se lhes fechamos a porta
e lhes negamos auxilio1 Teremos ames-
ma sorte do rico epulão e pagaremos
no inferno a truculência usada pa ra
com os nossos irmãos.
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CAPITULO V
A AVAREZA E' UM VICIO
REPUGNANTE
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não só é cruel para com o~
e.e o e, t am b,em consigo
. mesm o;
- alha de manhã á noite, come mal,
ste-se pobremente, priva-se do con-
: ~ to par a economizél:r... Quanto sa-
_:ifício ... para não gastar1 Muita vez
avarento jejua como um anacoreta,
este-se como um pedinte, suporta o
::io e o calor com uma constância
_ alável á dos santos mais austeros.
~ ouro é a sua divindade, á qual sa-
- ~fica a saude, as comodidades e, ás
~zes, a mesma vida. Viram-se ava-
- tos preferirem a morte a gastarem
heiro com médico e remédios 1
_ p aixão pelo ouro, longe de dimi-
- com a idade, aumenta e~ aproxi-
do-se a hora extrema . em
, que se deve
,
-:donar tu do, mawr e o apego as
_zas . O velho é sempre mais ava-
do que o móço. Oue d8r não há
-ir o avaro ao separar-se de seus
. Que tristeza no dever ditar
ento e pronunciar aquela pala-
ixo ... » 1 Ele bem quisera não
morreram
as mãos nô cofre,
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como não soubessem separar-se do
dinheiro idolatrado; outros apertavam
convulsivamente ao coração o vil metal
e expiraram naquele ato, furiosos por
não o poderem levar consigo. A morte
de um avarento, odiado em toda a cida-
de por sua paixão repugnante, deu
azo a que Santo Antonio pregasse sobre
a avareza e a necessidade da esmola.
Depois de ter comentado as palavras
do Evangelho, «onde está o tesouro aí
está o coração », afirmou que o coração
do avarento estava dentro do cofre.
Foram os ouvintes á casa do _ defunto~
abriram o cofre e encontraram no
m eio das moedas o coração do avarento.
Quis Deus mostrar com um milagre
quão asquerosa é a avareza, que prende
o homem ao lodo da terra.
Judas é um exemplo terrível, que nos
mostra como o ouro céga. Encarregá-
ra-o J esús de guardar as esmolas para
prover ás necessidades do colégio apos-
t6lico. O mísero deixou-se levar pelo
amor ao dinheiro e acabou ladrão.
Quando Madalena entrou em casa
do fariseu e perfumou com bálsamo
os pés do Divino R~dentor, enxugando-
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Atirou longe aquelas moedas infames,
preço do sangue inocente e p&s termo
á sua vida com o suicídio. O triste fim
do ap6stolo traidor previne-nos salu-
tarmente a não nos afeiçoarmos ao
ouro, que cega o homem, levando-o
a deploráveis excessos.
Até os pagãos reconheceram a feal-
dade da avareza e a abjeção daquele
que se deixa seduzir pelo dinheiro.
Virgílio descreve na sua Enei'da os
tristes eíeitos desta paixão e mal;diz
a s,ê de execrável do ouro, causadora
de tantos delitos abomináveis. Séneca
proclama que o homem é superior á
matéria e é talhado para algo de mais
nobre e não deve ser escravo do corpo
e dos bens terrenos.
Veio depois Jesús Cristo que verbe-
rou os ricos avarentos, os quais negam
socorro ao necessitado.
Se nos fosse dado acabar com a avare-
za e fazer reinar na sociedade a caridaP.e
ensinada no Evangelho, a terra muda-
ria de aspeto e tornar-se-ia a imagem
do paraíso, onde todos se amam. Como
eram belos os primeiros tempos do
Cristianismo, quando o supérJfluo era
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entregue ao~ Ap6stolos para ser dis-
tribuido ás viuvas, aos 6rfãos e a todos
os necessitados1 quando a multidão dos
crentes formava ·um s6 coração e uma
s6 alma para amar e servir a Deus1
Pddem aqueles belos tempos voltar e o
meio para isso é a caridade, é a esmola,
é a guerra à avareza e ao egoismo indi-
vidual.
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CAPITULO VI
O PRECEITO DA ESMOLA NO
ANTIGO TESTAMENTO
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bem de mim, porque eu livrava o
pobre que gemia e o 6rfão sem. defesa.
Bendizia-me todo aquele que perigava,
e ao coração da viuva eu levava
conforto. Revesti-me de justiça, e ador-
nei-m.e da minha equidade, como de
manto e diadema. Fui luz ao cego
e arrimo ao coxo. Era o pai dos pobres;
e das coisas que desconhecia fazia dili-
gentíssima inquisição. Arrancava a más-
cara aos máus, e arrebatava-lhes dos
dentes a presa. (XXIX). Chorava as
aflições dos outros e minha alma era
compassiva com o pobre». (XXX, 25).
E rn.ais ad.eante acrescenta: «Se neguei
aos pobres o que me pediam e se iludi
a esperança da viuva; se sozinho comi
o pão e não fiz participante ao 6rfão
«porisso que desde a iníancia cresceu
comigo a miseric6:cdia e comigo nasceu»;
se fiz pouco caso do que perecia, porque
não tinha com. que se cobrir, e o pobre
que estava nu, se me não bendisse ele,
e se não foi aquecido com lã de minhas
ovelhas; se levantei a mão contra o
6rfão, mesmo quando me via superior
no tribunal, despregue-se o meu ombro
com sua junta e se despedace o meu
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inculca o dever da esmola, repetindo-o
_ob mil conceitos, para gravá-lo na
mente . Ouçamos os Provérbios: «Não
te desamparem a miseric6rdia e a ver-
dade; põe-nas á roda de teu pescoço,
e grava-as nas tábuas do teu coração»
'III, 3). «Honra o Senhor com as
tuas faculdades e dá-lhe as primícias
de todos os teus frutos. E os teus celei-
ros se encherão de quanto podes dese-
jar e em tuas adegas haverá vinho
em barda ». (lU, 9 e 10).
Deus recompensa sempre tão fiel-
mente a esmola feita ao culto divino
e aos pob,res, que entre os hebreus
corria este provérbio : o dízimo enri-
quece e é manancial de bênção.
«Não impeças a quem pbde fazer
o bem, e se poderes, também tu -pra-
tica-o. Não digas a teu amigo:- Vái e
volta; amanhã dar-te-ei; -quando p6-
des dar logo». (lU, 28). «A clemência
é o caminho da vida». (XI, 19). «A alma
que faz bem será farta; e o que embria-
ga, também ele mesmo será embriaga-
do». (XI, 25).
«Peca quem despreza o seu pr6ximo
e quem se compadece do. pobre será
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feliz. Ouem crê no Senhor ama a
miseric6rdia. Estão no erro os que
fazem o mal; a misericórdia e a verdé~de
preparam. os bens». (XIV, 21 e seg.).
« Ou em. oprime o mendigo injuria ao
seu Creador; agrada-lhe, porém, o que
se compadece do pobre». (XIV, 31).
«Ouem fecha os ouvidos aos gritos dos
pobres, gritará também ele sem ser
ouvido» . (XXI, 13). «Quem exercita
a misericórdia, achará vida, justiça
e glória». (XXI, 21). «Quem é inclinado
á compaixão, será abençoado; porque
do seu pão se servirá o pobre. Ouem
usa de liberdade, alcançará vitór'a
e honra; e ele cativa o coração dos que
os recebem~. (XXII, 9). «Quem dá
ao pobre jamais estará em necessidade;
mas quem despreza aquele que pede,
sofrerá privações». ( rxvn, 27). No
descrever a mulher forte, o Sábio dá-lhe
o atributo da misericórdia para com o
próximo: «Abre as mãos aos míseros
e estende as palmas aos pob rezinhos ~.
(XXI, 20).
O Eclesiastes convida a distribuir
o pão aos necessita.dos, fi gurados na
água que passa, prometendo que recebe-
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segundo as tuas posses». (XIV, 13).
«Emprega o teu tesouro em. cumprir
os preceitos do Altíssimo e isto te aproM
veitará mais que o ouro. Deita a esmola
no seio do pobre e ele rogará por ti
contra toda espécie de males. Ela
combaterá o teu inimigo muito melhor
que a lança e o escudo dum campeão».
(XXI V, 14). -
Os Profetas levantam-se para estigma-
tizar as usuras e a opressão dos pobres,
inculcando com palavras enérgicas a
esmola. I saias exclama: «Reparte com
o faminto o teu pão; e os pobres e os
peregrinos leva-os para tua casa; se
vires um nu, veste-o e não desdenhes
a tua pr6pria carne. Então, como ap6s
a aurora, despontará a tua luz e logo
virá a tua salvação; a tua justiça te
precederá e a gl6ria do Senhor te
acolherá,. Então tu invocarás o Senhor
e Ele te ouvirá; levantarás a tua voz
e Ele te dirá: Eis-me. Ouando abrires as ·
tuas entranhas ao faminto e consolares
a alma aflita, nascer-te-á nas trevas
a luz e as tuas trevas se mudarão em
meio-dia. O Senhor dar-te-á sempre
repOU$0 e. a tua alma encherá de esplen-
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dores e confortará os teus ossos e tu
serás como um jardim regado e como
uma fonte á qual não vem a faltar
água.» (Cap. LVIII).
A lsaias fazem eco Jeremias e Eze-
quiel. Daniel, depois de ter feito ciente a
Nabucodonosor do próximo castigo do
céu, o exorta a resgatar com esmolas
os seus pecados e iniquidades, dando-
lhe esperança de perdão .
.lVliqueas diz da parte do Senhor:
,<Eu te ensinarei, ó homem, o que é bom
e o que o Senhor deseja de ti, isto é,
que sejas criterioso, ames a misericór-
dia e andes com solicitude diante de
Deus». (VI, 8).
Zacarias escreve: «Estas coisas diz
o Senhor Deus dos exércitos: Julgai
segundo a verdade e fazei frequentes
obras de misericórdia aos vossos pró-
ximos. E guardai-vos de oprimir a
viuva, o órfão, o forasteiro e o pobre,
e ninguém frame no seu coração contra
o próximo». (VII, 9 e 10).
Como é que os judeus esqueceram
tantos ensinos? Hoje, o nome de judeu,
é sinônimo de usurário, fona, opressor
dos pobres; e todavia eles leern., mes-
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-48-
mo presentemente, com grande atenção
e constancia, a Sagrada Escritura e
os trechos em que Deus recomenda
a esmola. N6s, porém, sequazes de
Jesús Cristo, sejamos coerentes conosco
. mesmos e pratiquemos os ensinos salu-
tares dos Livros Santos, fazendo os
pobres participantes do bem que Deus
nos tem dado.
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CAPITULO VII
BELA DOUTRINA DO LIVRO DE
TOBIAS
O livro de Tobias é o livro da esmola.
Deus não se contentou de inculcar essa
virtude em todas as obras do Antigo
e Novo Testamento; quis inspirar um
tratado especial, que explicasse a bele-
za, a eficácia e os frutos salutares da
caridade para com os pobres, propon-
do um exemplo luminoso de pessoa
esmoler no santo velho Tobias.
Nasceu Tobias na cidade de Cades
de Neftali, no reino de Israel; e desde
menino observou a lei de Moisés,
agindo com c.ritério superior á sua
idade. Corriam, então, dias tristes para
a religião; e enquanto todos adornavam
os vitelos de ouro levàntados pelo Ímpio
Jeroboão, ele soube conservar-se puro
da idolatria, indo a Jerusalem. para
adorar a Deus no templo, oferecendo
as suas prímicias e os seus dízimos.
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-50-
Mas a virtude que nele brilhou e o
distinguiu, foi a caridade para com os
pobres, aos quais dava o supérfluo.
Levado prisioneiro para Ninive, com
os de sua tribu, por Salmanassar, rei
dos Assir~os, redobrou a. esmola para
com seus Irmãos que gem.1am na esc r a-
vidão. Deus fez que ele caisse nas graças
do monarca, o qual o elevou ao cargo
honorífico de Provedor régio. Tobias
serviu-se da liberdade e da influência
que tinha na côrte para auxiliar os seus
concidadãos, visitando-os e dando-lhes
auxílio material e espiritual.
Vieram, porém, os dias de prova.
Morto Salmanassar, sucedeu-lhe no
trono o filho Senaqueribe, o qual se
mostrou cruel para com os hebreus,
fazendo matar a muitos, máxime depois
que perdeu seu numeroso exército, ao
pé das muralhas de Jerusalem, por
obra do Anjo exterminador. Tobias
ia á procura de cadáveres para sepultar,
de nus para vestir, de famintos para
desalterar, de aflitos para consolar,
multiplicando-se a si mesmo para fazer
frente a tantas necessidades. Disso
teve conheciménto o bárbaro impera-
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-51-
::, que o condenou á morte e á confis-
ação dos seus bens. Tobias teve tempo
'e fugir e de se homiziar, até que o
monarca foi morto por seus pr6prios
ilhos; foi quando readguiriu os bens
e o primiti· o cargo.
Deus, porém, o reserva a outras
provas dolorosas para o purificar. O
santo continuava a sepultar os seus
irmãos mortos, deixando, ás vezes, a
refeição para fazer aquela obra de
caridade.
Cançado, um dia, deitou-se á sombra
de um muro, onde as andorinhas nidi-
ficavam, e alí adormeceu; durante o
sono caiu-lhe nos olhos um pouco de
cisco do ninho daquelas avezinhas, e
ficou cego. Naquela desventura ele
manifestou heroica paciência e inteira
resignação á ' vontade de Deus seme-
lhantes à de santo Job, ás imprecações
dos parentes e amigos pela sua caridade,
ele opôs a esperança da vida futura.
A estulta mulher chegou até a expro-
bar-lhe as esmolas, dizendo: «Claro
está que se des'f ez em fumaça a tua
esperança e agora se vê o fruto das
tuas esmolas». Então, Tobias, vendo
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-52-
que os hon1.ens o àfligiam tanto, lan-
çou-se nos braços da bondade divina;
e pediu-lhe que o tirasse do mundo.
Supondo que Deus se dignára escutar
a sua prece, chamou o filho à sua cabe-
ceira e deu-lhe as derradeiras lembran-
ças, que são o compêndio da mais santa
e perfeita moral. E n tre outras coisas
recomenda-lhe insistentemente a sua
virtude predileta, a esmola.
«Faze esmola dos teus bens e não
voltes o teu rosto a. nenhum pobre,
porque desta sorte sucederá que tam-
bém não se afaste de ti a face do Senhor.
Da maneira que poderes, sê caritativo.
Se tiveres muito, dá muito; se tiveres
pouco, procura dar de boamente tam,-
bém esse pouco; porque assim ente-
souras uma grande recompensa para o
dia da necessidade; porque a esmola
livra de todo o pecado e da morte;
e não deixará cair a alma nas trevas .
A esmola servirá duma grande con-
fiança diante do sumo Deus, para
todos os que a fazem». (Cap. IV).
Parece que se não possa fazer maior
elogio da esmola. Depois de ter-lhe
dado estes e outros santos conselhos,
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53-
manda-o cobrar uma quan6a em-
restada ao primo Gabei, na cidade
Rages. Enquanto o filho procura
um companheiro de viagem, Deus,
orno prêmio da caridade daquela santa
am.ilia, envia o Arcanjo Rafael, em
f6rma humana, para o acomp.::mhar.
E' sabido tudo o quanto aconteceu
no caminho e o que fez o guia celeste.
A' s margens do Tibre fá-lo tomar· um
enorme peixe para conservar algumas
partes dele, dá-lhe por e.sposa a prima
Sara, filha de Raquel; faz que receba
o dinheiro procurado e o reconduz ileso
aos seus genitores, que já temiam. al-
guma desgraça pela demora.
O fel do peixe serve para restituir
a vista ao velho Tobias e a família está
no auge do contentamento. S6 então
é que o Arcanjo Rafael dá-se a conhe-
cer; e revela a Tobias que Deus ope-
rou todas aquelas maravilhas come
prêmio de sua caridade e exalta a esme-
la e as obras de miseric6rdia.
«Bôa é, disse, a oração com o jejum
e a esmola; melhor que amontoar te-
souros; pois que a esmola livra da
morte e limpa os pecados e faz achar a
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-54-
misericórdia e vida eterna. Portanto,
eu vos digo a verdade e não vos deixa-
rei latente este mistério: - Ouando
fazias oração, com lágrimas, quando
deixavas a tua refeição e de dia escon-
dias os mortos en tua casa e de noite
os sepultavas, eu te acompanhava nas
tuas ações. E porque Deus muito te
amava, fez-se mister que a tentação
te experimentasse». (Cap. XII).
Essas palavras do Arcanjo merecem
ser atentamente meditadas, porque fe-
cundas de importantes ensinamentos.
Ele proclama a santidade e a éficá-
cia da oração unida ao jejum e â es-
mola, profligando o hebetismo dos que
s6 pensam em ajuntar tesouros para si,
fechando a p orta ao pobre faminto.
O jejum e a esmola são as duas asas
com as _quais a oração se eleva até
ao céu. A caridade para com. o pr6ximo
livra-nos da morte, rem.ite a pena tem-
poral devida aos nossos pecados, move
Deu& á miseric6rdia e faz-nos conseguir
as alegrias do paraísq.
OuarrP.o Tobias sepultava os cadáve-
res, com risco d a pr6pria vida, e espa-
lhava o perfurr.c de sua caridade para
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'
-55 -
,:om os irmãos que gemiam sob o peso do
_ativeiro e eram oprimidos pela tira-
_ia assíria, o Anjo do Senhor recolhia
úS bagas de suor derramado e numerava
odos os seus atos de piedade para ofere-
-:ê-los a Deus, em odor de su avidade.
Como foi grande o poder da e:smola1
ez descer do céu um Anjo para acom-
anhar o filho na viagem e para operar
·odos os prodígios de que se admirarão
u S séculos.
Demos esmola, e seremos aben çoados
por Deus como o foi o santo velho
Tobias, que recebeu cem por um nesta
Yida e a gl6ria eterna na outra .
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I
CAPITULO VIII
O PRECEITO DA ESMOLA EM
O NOVO TESTAMENTO
~as suas pregações ás n1argens do
Jordão, o Batista precursor começou
de ,inculcar o preceito , favorito
. de
Jesus -- o am.or ao prox1mo - pre-
ludiando ao grande ensino do Messias.
Corriam as turbas em massa a ouvi-lo
e interrogá-lo sobre o q ue era preciso
fazer para subtrair-se á ira de Deus; e
ele ihes dizia: «O que tem d uas túnicas,
dê uma ao que não tem; e o que tem
que comer faça o mesmo» (S. Lucas,
111. 11).
Aparece o Divino Redentor, e os
seus lábios jamais se cansam de repetir
a lei da caridade e o preceito da esmola
espiritual e temporal, chamando-o a
característica de seu Evangelho. O
~ovo Testamento é lei de amor, de
earidade, de miseric6rdia e de bene-
volência. E Jesús fala claro: «Dai es-
mola do que sobra; quod .ruperuf, date
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-57-
~..eemÓJ'ynam». (S. Lucas, XI, 14).
E note-se que não é conselho ou exorta-
~ão, mas ordem absoluta, expressa em
:nado imperativo, que não admite ré-
plica.
Alhures diz: . «Vendei o que possuis
e dai esmola. Fazei para v6s bolsas que
se não gastam com o tempo, u;m tesouro
que se não esgota no céu; ao qual não
chega o ladrão, e que a traça não r6i~ .
(S . Lucas XII, 33). -Néscio, grita
ele a um rico, esta noite serás chamado
á eternidade e as coisas que ajuntaste
para quem serão?- Como se dissesse:
aquela riqueza ficará no mundo, na
mão dos herdeiros, mas se tu a tivesses
dado aos necessitados, tê-la-ias en-
contrado além do túmulo.
Jesús ensina também o modo de
exercer com fruto a hospitalidade:
«Quando déres jantar, ou ceia, não
chames teus amigos; nem teus irmãos,
nem teus parentes, nem teus vizinhos
que forem ricos; para que não te convi-
dem eles por sua vez, e te paguem com
isso; mas quando déres banquete, con-
vida os pobres, os aleijados, os coxos
e os cegos; e serás feliz, porque não têm
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-59-
·,-irtude ele considera feito a si pr6prio
o que se faz aos pobres. Como já
ficou dito, ele agradecerá aos eleitos,
no dia do juizo final, de terem-no
vestido, saciado, consolado, hospedado,
visitado no cárcere ou no leito, na
pessoa do pr6ximo; ao passo que re-
preenderá acerbamente os réprobos por
terem-no desprezado na pessoa dos
pobres. E tu'<lo terá sua recompensa;
até o simples copo dágua dado por
seu amor: «E todo o que dér a beber
a um destes pequeninos um copo de
água fria, a título de esmola, digo-vos
em verdade que não perderá sua re-
compensa ». (S. Ma teus, 42) .
S. Pedro, um dia, ousou perguntar
ao Divino Mestre: - «Eis-nos aquí, os
que deixámos tudo e te seguimos; que
haverá então para n6s ? » - E Jesús
lhe disse: - « Em verdade vos digo
que, na regeneração, quando o Filho
do homem. se assentar no trono de
sua gl6ria, v6s, que me seguistes,
sentar-vos-eis também em doze tronos,
e julgareis as doze tribus de Israel.
E todo o que deiXar por amor de meu
nome a casa, ou os irmãos, ou as irmãs,
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-60-
ou o pai, ou a mãe, ou a mulher, ou os
filhos, ou a he1;dade, receberá o cêntu-
plo, e possuirá a vi'da eterna». (S. Ma-
teus, XIX, 27 a 29).
Jesús, sempre doce, sempre cheio
de bon dade,· assume um tom terrível
contra os ricos mofinas e os ameaça de
eterna condenação. Veremos num capí-
-tulo á parte as suas ameaças. E ele
mesmo praticava o que ia ensinando,
para dar-nos exemplo, e distribuía aos
pobres a sobra do que lhe davam os
judeus.
No sermão da ceia, que p6de chamar-
se o testam.ento de Jesús aos seus discí-
pulos, o Mestre recomenda a caridade.
« Um novo mandamento vos dou : que
vos ameis uns aos outros, corno eu vos
amei» . (S. João, XIII, 34); «meu
preceito é que vos ameis uns aos outros,
corno eu vos amei >> . (XV, 12). A cari-
dade, pois, é o preceito principal, a lei
caraterística do Evangelho_. o manda-
mento do Divino Redentor.
Em seus sermões, Jesús narrou a
parábola do bom Samaritano, para
mostrar de maneira clara e simples
quem possue a verdadeira caridad e
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,
-61-
ara com o próximo. O primeiro man-
amento da lei é o amor a Deus e o
·egundo é o amor ao próximo. Oual
na de ser a medida do amor ao próximo ?
- O amor a nós mesmos, isto é, nós
devemos amar o p róximo como a nós
mesmos.
Os apóstolos aprenderam do Divino
Mestre a lição do amor, e em suas
cartas recomendam sempre a caridade
espiritual e temporal. S. João fala dela
tantas vezes, que me.eceu a antono-
másia de ap6.Ytolo da caridade. «Aquele
que tem riquezas deste mundo, e vê
a seu irmão em necessidade, e lhe cerra
as suas entranhas: como está nele o
amor de Deus ? » (I. S . João, III, 17) .
Nos últimos anos de su a vida era le-
vado á igreja, e não sabia dizer outra
coisa: «Meus filhinhos, amai-vos reci-
procamente ». Enfadados os discípulos
de ouvir sempre a mesma coisa, per-
guntaram-lhe porque lhes não falava
dos outros preceitos, ele que, tendo-se
jnclinado ao peito de J esús, conjecturá-
ra os mistérios sublimes; e o apóstolo
respond eu : «Outras coisas vos não
direi, pois isto é o que nos mand a espe-
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-62-
cialmente o Senhor; e isto perfeita-
mente executado basta para fazer-nos
santos »,
O Ap6stolo S. Paulo ordena coletas
em várias Igrejas para socorrer os
irmãos de Jerusalem, desolados pela
carestia, e exorta os fiéis a pôrem se-
manalmente no gazofilácio algum di-
nheiro. «Aquele q ue semeia pouco,
também segará pouco; e o que semeia
com abund~ncia, também segará com
abun,d~ncÍa » . (li Cor. IX, 6). E os
exorta a não temer a in6pia, que Deus
os proverá: «Poderoso é Deus para
fa4er abundar em v6s toda a graça;
para que em todas as coisas tendo
sempre o suficiente, tenhais abu:n:d~n
cia para toda sorte de obras boas ».
(Id., 8). São dignas de nota as palavras
da epístola aos Hebreus: <( E não esque-
çais de fazer bem e de repartir com os
outros; porque com. ' tais sacrifícios se
agrada a Deus ». (XIII, 16).
Santo Tiago diz: «A religião pura
e imaculada aos olhos de Deus e nosso
Pai é esta: Visitar os 6rfãos e as viuvas
nas suas tribulações, e conservar-se
sem ser contaminado deste século ».
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-63-
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-64-
ás rebatinhas, recomendam a esmola,
mostrando a sua necessidade, beleza
e utilidade. S. João Cris6stomo foi
um verdadeiro apóstolo da esmola;
ao terminar os seus sermões, as ma-
tronas tiravam das orelhas as arrecadas
para dá-las aos pobres. S. João de
Alexandria, chamado o Esmolér, tinha
consigo uma lista de oito mil pobres
para socorrer diariamente. Houve san-
tos que depois de terem dado todos os
seus haveres, ficaram escravos para
libertar o próximo. Mais. A Igreja teve
uma Ordem Religiosa que fazia pro-
fissão de livrar os escravos dos turcos
e tais religiosos ficavam em lugar dos
escravos quando não p odiam diversa-
mente livrar os que tiveram a infeli-
cidade de cair nas mãos dos infiéis .
Valham esses exemplos e as palavras
do Divino Redentor para fazer-nos
amar a caridade e a esmola1
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I
CAPITULO IX
QUE E' O RICO ?
E' O TESOUREIRO E O PROVE-
DOR DO POBRE ·
Na ordem da creação, o rico é o
tesoureiro do pobre, qbrigado a prover
ás suas necessidades. Deus o favoreceu
com riquezas, não para que as malba-
ratasse e gozasse a · seu talar;te, mas
para que socorresse os infelizes. Jesús
Cristo ordenava que o supérfluo seja
dado de esmola. Deve, pois, o rico
dar muita esmola. Podia Deus distri-
buir igualmente os bens da terra e
sustentar todos os homens corno faz
com a erva do prado, o lírio do campo,
a árvore da floresta; invés, quis as
desigualdades sociais, ordenando que
uns auxiliassem os outros. Esta é urP.a
verdade pouco entendida de muitos
ricos, que se fecham no círculo estreito
do pr6prio eu e não pensam sinão em
gozar, expulsando de sua porta ao
pobre, como a un•. importuno. Contra
A Esmola, 3
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I
-66-
esses, o Divino Redentor, sempre bran-
do, sempre doce, tomou um tom. terrí-
vel, ameaçando-os de eterna con dena-
ção: «Ai de vós, ó ricos, porque tende5.
já recebido a vossa consolação. Aí de
v6s que sois saciados, porque sofrereis
fome. Ai de vós que rides, porque
chorareis e gemereis », (S. Lucas V, 24).
Na parábola do epulão mostrou cla-
ramente o triste fim dos ricos que pen-
sam só em gozar, desprezando os po-
bres.
E' Jesús quem nos cont a: Havia
um homem muito rico, que andava
luxuosamente vestido e vivia vida re-
galada e ocio.sa, oferecendo aos amigos
lautos banquetes. Havia também um
mendigo chamado Lázaro, que inutil-
mente suplicava lhe mitigassem. a fome
com as migalhas que caíam da mesa.
Algum tempo depois, morreram ambos.
O pobre foi levàdo pelos anjos ao seio
de Abraão . Morreu o rico e foi sepul-
tado n as profundezas do inferno. Por
qual culpa ? Talvez porque era blasfe-
mo? deshonesto ? injusto ou ladrão?
Nada disso. Foi condenado ás penas
somente porque se mostrou cruel para
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-67-
com o pobre Lázaro e só pensou em
gozar.
E' impossível ·s alvar-se um rico que
põe a sua esperança nos bens da terra
e não é caridoso. E' mais facil passar
uma corda no fundo de uma agulha .
que tal pessoa vá ao céu. Não ha
tergiversar. O rico que deseja salvar a
alma deve dar esmola, desapegar o
coração dos bens .terrenos e conservar
a pobreza de espírito, tão recomendada
pelo Divino Redentor. Se o rico está
obrigado a dar o supérfluo ao pobre,
segue-se que, não o fazen do, é um
ladrão que retem. o alheio.
S. João Crisóstom.o discorre deste
modo:- Rico, ouve-me: são teus este
dinheiro, estas terras, diz o mundo; não
assim. a fé: o senhor de tudo é Deus; tu
não passas de simples adm inistrador;
hás de prestar conta ao senhor até
de uma courela. E se Deus é o senhor,
tem direito de discriminar o emprego
das tuas rendas. Pois. bem, vês aquele
pobre que te espera á porta ? veio para
exigir em nome dele; Deus o mandou,
e aqueles andrajos que o cobrem são
a libré que to i:1dicam tal. V amos,
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-68-
sê pronto em o socorrer; não é um
favor que fazes, é um tributo que pagas.
Cuidado1 assim o grande Santo Am-
brósio, não recuses uma esmola, porque
tanto é pecado tirar o alheio, quanto
negar o que lhe é devido.
Causa asco ver certos ricos criarem
uma matilha de cães de caça ou soberba
tropa de cavalos e negar a um esfarra-
pado um naco de pão ou um abrigo1
Como é doloroso ver certas senhoras
criarem um cachorrinho, levarem-no
ao braço, cobrirem-no de caricias, e
afastarem com indignação' o olhar de
um pobre que lhes estende a mão
súplice, julgando-se rebaixadas com a
sua presença1 No entanto o pobre é
filho de Deus, é uma alma remida pelo
sangue de Jesús Cristo1
Ha ricos que se julgam seres privile-
giados; nascidos para gozar, vêem no
pobre o pária da sociedade, como sé fosse
de natureza inferior, digna tão só de
despr:êzo. Mas quão outros são os juizos
de Deus1 Deus ama o pobre e, para
honrá-lo, quis nascer de pais pobres
e na mais esquálida miséria. Escolheu
para seus Apóstolos, não os magnatas
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-69-
e Herodes ou de Augusto, mas doze
r>obres pescadores; e viveu sempre
;:-odeado pelo povo simples, protestando
ter vindo evangelizar os pobres, por
ter sido essa a missão de que fera
~ncumbido. E()angelizare paupéribuJ mi-
·it me. Jesú.s subiu ao céu, mas con·
tinua a morar na terra no Santíssimo
Sacramento e no tugúrio do póbre.
_-\través dos andrajos que cobrem os
:nembros descarnados dos míseros, os
-antos contemplam semp~e a Jesú.s
sofredor.
E' célebre o fato sucedido a S. Iviar-
tinho. Ouando era soldado da cavalaria,
encontrou um pobre seminu, que lhe
pediu esmola, em nome de Deus.
Ylartinho, não ~endo dinheiro naquela
ocasião, arrancou do manto, dividiu-o
ao meio e deu uma parte ao pedinte.
De noite apareceu-lhe Jesús Cristo
vestido com o manto dado de esmola,
e lhe agradeceu por tê-lo socorrido na
pessoa daquele pobre.· I mitem os ri-
cos este exemplo e sejam pr6digos
para com os representantes de Jesús
sofredor.
O ap6stolo Santo Tiago tem palavras
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-70-
. .
maxs graves aos ncos que esquecem os
seus deveres de caridade: «Eis, pois,
ricos, agora chorai bem alto pelas
desgraças que virão sobre vós. As
vossas riquezas se putrefizerem, e as
vossas vestes são comidas pelas traças.
O vosso ouro e prata se corromperam,
e a sua corrupção dará t estem unho
contra vós, e devorará a vossa carne
com.o fogo. Entesourastes para ...-ós
a ira nos últimos dias. Eis que o salário
d os trabalhadores que ceifaram os vos-
sos ca;m.pos, o qual pela fraude lhes
tirastes, está a clamar; e o clamor deles
chegou até aos ouvidos do Senhor
dos exércitos. Tendes vivido em festins
sobre a terra, e na luxúria .cevastes os
vossos corações, como em dia de imo-
lação ». (Cap. V) .
Para evitar ameaças tão terríveis
o rico deve de imitar o bom. samaritano
e provêr ás necessidades dos pobres.
Então, as maldições cominadas se tro-
carão em bênçãos. Deus ouve sempre a
oração do pobre; e quando ele fôr
ajudado por vós, fará chover sobre
vossa cabeça, sobre vossas famílias,
copiosas graças. Os pobres agraciados
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-71-
elo centurião .Cornélio, lhe obtiveram
ao céu a con~ersão. Um m.ensageiro
.:eleste o p6s em relação com S . Pedro,
afim de ser instruido na fé e batizado
..::om toda a família .
-Ouando se celebra um matrimônio
u "'"'um batizado, o verdadeiro meio
:>ara atrair os favores do céu sobre os
esposos ou sobre a creança é socorrer os
pobres. Experimentem-no as famílias,
que se alegrarão com os sal1t ares
êfeitos.
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CAPITULO X
LUMINOSOS EXEMPLOS DOS
SANTOS
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,
73-
pouca de farinha e algumas gotas de
óleo, pois a carestia flagelava o reino
pelos peca'dos do Ímpio Acab; e todavia
ofereceu aquele bem de Deus ao profeta
Elias, perseguido pelo rei; em recompen-
sa nunca lhe faltou farinha e óleo.
Muito depois, apareceu o Salvador
para regenerar a sociedade com o
preceito da caridade fraterna, abolindo
a escrav idão e ensinando que os hom.ens
são todos filho s do mesmo Pai celeste,
sem distin ção de nacionalida de. O cris-
tianismo funda hospitais, inst itue ir-
mãs de cat·idade abre asilos para invá-
lidos, orfal1atos e casas p ara crianças
desamparadas, albergues para pere-
s rinos. Os pobres no paganismo eram
muit as vezes sacrificados barbaramente
~omo inuteis e de peso á sociedade;
:fi.as Jesús os n obili tou, amando-os
ernam.ente e afirman do que eram seus
. epresentantes na terra e que conside-
:-ava feito a si h tdo o que os homens fa-
ziam. para eles. Então a pobreza era
_. . ais estim ada do que a riqueza e
:'ilhares de p essôas .de ambos os sexos
.bandona vali'. tudo para se tor:nar po-
-es por Jesús Cristo.
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-80-
tes tanto no hospital, como em campo
de batalha para onde correm impávidas,
afrontando a morte com uma coragen1
superior ao seu sexo. Fundou tam béw
a Congregação da Missão, composta de
sacerdotes destinados a instruir o
povo rude. Foi tão grande a sua cari-
dade e z'elo, que chegou a dar miihões
de francos.
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-81-
se abrigam, e a caridade dos fiéis vem
diariamente em auxílio de tantos in-
felizes.
Esses grandes benfeitores da huma-
nidade fizeram coisas maravilhosas com
as esmolas dos bons cristãos. Que esse
belo exemplo arraste o~ ricos 'à irn.i-
tação1
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Os ministros desgostavam-se de sua
liberalidade; um deles lhe disse que
muita esmola arruína as finanças _: e que
seria mais u til fortificar as praças de
guerra e crear novos regimentos.-
«Louvo o vosso zelo, respondeu o prín-
cipe sabáudo; mas sabei que as esmolas
dum soberano são as fortificações mais
seguras dum Estado e o grande segredo
para fazer reinar a abundfi.ncia. »
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-83-
que tinha. Chegou a dar até o leito;
e aquele no qual morreu não lhe
pertencia.
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vezes e não quisera abusar de vos a
bondade.
Pouco depois a princesa o viu em Tu-
rim ~em o diamante e entendeu logo o
que tinha acontecido. Deu-lhe, pois, um
muito mais precioso, recomendando-
lhe que não fizesse como o primeiro.
- Senhora, respondeu-lhe, não vos
posso garantir, porque sei por experi-
ên~ia que .não sou capaz de guardar
co1sas precwsas.
Realmente, ele nutria tão grande
ternura para com os pobres, que não
sabia recusar-lhes coisa alguma.
***
Santo Estêvão, rei da Hungria, pro·
videnciou á manutenção dos pobres do
seu reino, tomando especialmente sob
sua proteção a~ viuvas e os 6rfãos,
dos quais se declarára publicamente
pai e defensor .
.l\'ludava a roupa para não ser re-
conhecido, andava pelos arrabaldes da
cidade a distribuir esmolas, a oferecer
seus préstimos nos hospitais, etc. Che-
gou a dar as a.llfaias do pr6prio palácio
para ~ocorrer nas calamidades públicas
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- 86-
os pobres. Deus, para mostrar como
se comprazia da caridade de seu servo,
quis que depois da morte a sua mão
direita, que tanto déra aos pobres,
permanecesse incorrupta.
***
Santa Catarina de Sena tendo obtido
do pai a permissão de dar esmola,
imitava a S. Njcoláu de Bari levando
ás familias necessitadas, durante a
noit e, pão, carne, vinho, colocando
tudo na janela ou na soleira da porta
para não ser vista.
Um dia, não tendo nada para dar
a um pobre, tirou a cruz de prata de
seu rosário e deu-lha. De no~te, apa-
receu-lhe Jesús tendo na mão a cruz
ornada de muitas pedras preciosa&e res-
plandeceu tes como o sol, dizendo-lhe que
havia de lha restituir no dia do juizofi-
nal, na presença de todos os homens.
Outra vez, não tendo dinheiro, deu
a um pobre o seu manto; apareceu-lhe,
de noite, Jesús vestido com o mesmo
manto, ornado de pérolas e gemas,
e lhe disse:-« Catarina, ontem me
vestiste com êste manto na pessoa da-
quele pobre ».
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CAPITULO XI
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-90-
Assiz, quando encontrou um lepro~o.
Desceu logo do cavalo, abraçou o
doente com ternura e deu-lhe uma esmo-
la. lViontando a cavalo, voltou-se para
o saudar; mas não viu ninguém. Com-
preendeu, então, que Jesús lhe aparece-
ra sob aquela ±6rm.a para ser honrado
e socorrido por ele; e daí por diante
concebeu um amor ternissimo para com
esses infelizes, ao ponto de entrar nos
leprosários para lhes prestar os mai&
humildes &erviços.
***
S. João, o esmolér, tendo dado mui-
tas vezes bé>a soma de dinheiro a um
indivíduo que mudava sempre a roupa
e o nome, fingindo ser grande necessi-
tado, ainda depois de perceber isso,
continuou a fazer-lhe caridade. Avisado
dessa fraude, disse ao secretário: -
«Dá-lhe o dinheiro pedido, pois p6de
ser que Jesús Cristo queira experimen-
tar a tua caridade».
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muitos amigos no coração de rígido
inverno, enconh-ou um pobre seminú.
Tobaldo, liberalíssirno corno era, per-
guntou :
- Oue desejas?
- Dai-me, respondeu o pobre, o
vosso manto.
Deu-lho o conde, dizendo:
-. Se queres, pede mais alguma
COISa.
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-92-
Deus perdão ;.:>or aquela recusa e pro-
meteu não mais negar no futuro qual-
quer coisa que lhe pedissem os pobres
* **
Apareceu um dia a S. Gregório
Magno, quando ainda abade do mos-
teiro, um Anjo, disfarçado em comer-
ciante que,· devido a um narlfrágio,
perdera toda a sua mercadoria; pelo
que, vinha lhe pedir algum recurso.
Gregório deu-lhe seis escudos; mas
o comerciante observou-lhe que era
pouco; o abade deu-lhe outros seis
escudos. Alguns dias dep ois, volta o
mesmo negociante todo aflito a pedir-
lhe novo auxilio, alegando a sua extrema
miséria. Como Gregório encontrasse
vasia a bolsa do mosteiro, mandou que
lhe déssem uma bandeja de prata que
Silvia, sua santa mãe, lhe mandára
aquela manhã.
Elevado ao sólio pontifício, ordenou
certa vez a um seu capelão, que cha-
masse á sua mesa doze pobres, em
honra dos doze apóstolos; durante a
refeição notou que eram treze. Per-
guntou ao capelão, porque chamára
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-93-
mais de doze; ele protestou que não
tinha convidado sinão doze. Mas Gre-
g6rio via treze e suspeitando de algum.
mi6tér.io fixou atenta1'-1ente o olhar sobre
o décimo terceiro; notou oue mudava
de semblante, parecendo ora moço,
ora velho. Terminada a refeição,· cha-
mou-o á parte e o conjurou a dizer-lhe
querr. era:
-«Eu sou aquele comerciante arrui-
nado pelo nau'frágio, a quem v6s déstes
doze escudos de esmola e a bandeja de
prata, presente de vossa mãe. Sabei
que por vossa caridade quis Deus
que fosseis o sucessor de S. Pedro.
-Como sabes isto? continuou S.
f' , •
vregono.
-Eu sou um Anjo ;mandado por
Deus para vos experimentar.
Prostrou-se o santo com grande re-
verência e exclamou:
- Se por um a coisa tão _:Jequena
Deus me fez Pastor universal de sua
Igreja, quantos benefícios ainda maiores
posso esperar d'Ele, se O servir com
grande afeto na pessoa dos pobres]
Com .isso, aumentou muito a sua
liberalidade para com os necessitados.
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-94-
Um dia . querendo servir com suas
pr6prias mãos a um pobre, este desapa-
receu. A' noite, apareceu-lhe em sonho
Jesús Cristo e lhe disse:-« Outras
vezes me tens recebido nos meus mem-
bros; ontem, porém, me recebeste em
minha pr6pl:·ia pessoa».
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CAPI1 ULO Xli
A PREDESTINAÇAO DO RICO
DEPENDE DA ESMOLA
Salva-se o rico se pratica o preceito
da esmoia; aliás, perder-se-á irrepara-
vetmente. A obrigação da caridade ~
grave e se encerra no sétimo manda-
mento: «Não furtar». Já que o supér-
fluo pertence ao pobre, comete UID
furto quem lho não dá. Não é ladrão
o que não quer pagar uma dívida
e retém o que perte!lce ao alheio ?
« Praecipio tibi, ut aperia.t manu.t
}ratri tuo egéno ac páuperi qui ~er
.táfur tecum in terra. Eu, disse o
Senhor no Deuteronômio, com a ple-
nitude de minha divina autoridade,
ordeno a ti, milli~a creatura, a quem
enriqueci por mera liberalidade, que,
do muito que te dei, disponhas de uma
parte para o sustento dos pobres:..
Que dirieis se o sol retivesse toda
a luz e não a comunicasse ao wundo,
ou o roar detivesse to.das as águas em
_eu seio, e não as levantasse ao céu
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- 9G-
po~'meio de vapores, porque descessem
em chm.- <.. benéti..:a para fecundar a
terra? Com certeza v6s lhes dirieis:
- Senhor sol, e senhor mar, tamanha
quanticlade de luz e de água r.~o é
exclu~ivam.cnte para v6s. Estas coisas
o Creador vô-las deu aíim de que repar-
tais com o mundo, para iluminá-lo,
para fecundá-lo. As Escrituras ±alam
claro:- Senhores ricos, quod J'upereJ'l,
date eLeemóJ"ynam.
Deus tem supremo domínio sobre
as riquezas todas e a sua Providência
vela sobre todas as creatmas; a alguns
dá mais, porém., com a obrigação expres-
sa de auxiliar os necessitados.
E porisso, no Eclesiástico, o Espírito
Santo adverte o rico a não negar esmola
ao pobre, porque lhe é devida. O rico,
por sua vez, reflita seriamente nisso,
e se lembre de que no tribunal de Deu::..
ser-lhe-á pedida conta severa do usr
ou do abuso de seus bens. O rico epulà-
íoi sepultado no inferno unicamente
porque pensava em gozar das riqueza:-
negando esmola ao pobre Lázaro, pa~:
com o qual foram mais compassiY
os seus cães, que lhe lambiam as chaga
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-97-
Não satisfazem, por certo, os eus
deveres os que dão apenas uma moeda
ou uma fatia de pão. O preceito inclue
todo o supérfluo. Mas, porque ha tanta
dificuldade em socorrer os pobres, en-
quanto que se esbanja dinheiro em fes-
tas, em passatempos, em yestidos de
luxo para seguir a moda ? Melhor seria
evitar despezas inuteis e enxugartantas
lágrimas, saciar a tome a tantos inteli-
zes. O rico que pratica durante a vida
o preceito de esmola tem um penhor
seguro de predestinação. S. Jer6nimo
deixou escritas palavras verdadeira-
mente consoladoras: «Non mémini me
legiJ'J'e mala morte dejuncfum, qut
libériu.r 6pera caritáti.r exercuerit. (1)
Não me recordo de haver lido que urna
pessoa caridosa tenha rnorrido IPal ».
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A Esmola, 4
-98-
boamente, e S. Francisco se ajoelh~u
logo para rezar por ele, como s01a
fazer com os demais benfeitores. Deus
lhe revelou que aquele militar, embora
sadio e robusto, em breve teria morte
improvisa. O santo correu-lhe ao en-
calço e:
- V 6s, lhe disse com grande afeto,
fizestes uma caridade temporal e, em
troca, quero fazer-vos uma espiritual;
e vos aviso da parte de Deus que vos
restam poucos dias de vida. Confessai-
vos e preparai-vos para o grande passo.
O militar se preparou com muitos
exercícios de piedade e pouco depois da
confissão morreu, dando certeza de
salvação.
Imaginemos agora, que aquele mili-
tar, invés de fazer caridade, tivesse
dito um desdenhoso «ide trabalhar»,
ou então «não tenho :o; Francisco não
teria rezado por ele, não teria recebido
o aviso de sua morte pr6xima; e um
homem do mundo, morrendo improvisa-
mente, sem confissão, salva-se?
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.
J
-99-
Mais ins tru ti v o ainda é o f a to seguiu te
narrado por Santa Teresa no capitulo
quinze do livro das Fundações. Um
senhor de V alladolid deu á santa a sua
casa com amplo jardim, para que fizesse
um mosteiro das religiosas de sua Or-
dem. Dois meses ap6s aquela generosa
oferta, o benfeitor rnprreu improvisa-
mente, seni poder receber os Sacra-
mentos. Diante de tal desventura,
Santa Teresa doeu-se profundamente,
tanto mais que na cidade murmurava-se
que a vida desse senhor não tinha sido
irrepreensível.
Pôs-se então a rezar fervorosamente
pela alma de seu benfeitor; e teve re-
velação de Deus que ele se .salvára,
e sua alma ficaria no purgatõrio até
que fosse celebrada a primeira Missa
em sua casa. Como prêmio de sua
caridade para com a santa, Deus lhe
concedera a contrição perfeita no mo-
mento em que a apoplexia o golpeou.
Se não désse de presen-te a sua casa,
talvez não se salvasse; pela caridade,
mereceu a contrição e com · esta uma
santa morte. Ele terá dito certamente:
-O' feliz esmola, pela qual mereci
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- 100-
uma gl6ria eterna1 E do céu terá con-
templado c;om satisfação a sua casa
tragsformada em convento, causa de
sua felicidade eterna.
*:**
Concluamos, pois, com o dilema:
«Ou esmola ou condenacão ». Para
o rico não ha meio termo. '
Ele se salva, se fôr fiel á prática
do preceito da caridade; e terá o
mesmo fim . do epulão se, como este,
'f echar a , porta ao pobre. O rico é
obrigado a socorrer o pobre; mas o
pobre não tem direito de se apropriar
dos bens do rico, quando este lhe
nega esmola. Ambos comparecerão ao
tribunal de Deus; então, o pobre acusa-
rá o rico de furto e de crueldade e
pedirá vingança.
Tenho para mim que os ricos, entre a
esmola e a condenação, escolherão a es-
mola e serão pr6digos para com os ne-
cessitados, os quais se tornarão seus ad-
vogados no dia terrivel do juizo. (I)
(l) Causam temor sàlutar aquelas palavras d
salmista: Dormiérunt .romnum .ruum et nihil invenéru,.
0 mne.r viri diviti6.rum .ruárum in mánibu.r .rui.r. (Sal
75).
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CAPITULO XIII
A ESMOLA RESOLVE A
QUESfAO SOCIAL
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-104-
o abraçavam em sinal de reconheci-
mento.
Se, porém, aquelas pobres famílias
vêem o rico nadar na abundânêia não
fazendo C:'l.SO delas, se o vêem passear
em c&modos carros, enquanto elas mor-
rem à míngua, então, se são b&as resig-
nam-se à vontade de Deus; ·mas se não
têm sentimentos religiosos, maldizem
a sua cruelda-de, planejam furtos e
talvez a~sassinatos. Quando o pobre
é espezinhado, se revolta e facilmente
comete delitos.
O' ricos 1 sêde generosos para com os
pobres e impedireis tantos crimes; e
sobre vos~a cabeça choverão infinitas
" - do c eu.
b ençaos ,
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CAPITULO XIV
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-106-
Ademais, tendes certeza de que a
vossa vontade será executada? Ouantas
vezes não se faz desaparecer ; testa-
mento, ou é contestado no tribunal
ou interpretado em outro sentido!
Quasi todas as obras pias se lamen-
tam de alguma injustiça na execução
de testamentos em seu favor. O bem
que se p6de fazer hoje não se deve
deixar para amanhã, pois a vida é
incerta e p6de chegar improvisamente
a morte. Fazendo bom uso do nosso
dinheiro, impedimos o ·mal, salvamos
m?-is almas, somos uteis à religião e à
sociedade civil, afastamos as desgra-
ças corporais e espirituais, temporais
e eternas da cabeça de muitas pessoas,
ás quais, se tardia, a nossa caridade
seria inutil.
Apraz-me repetir ainda uma vez,
que não se trata de conveniência ou de
conselho, mas de grave obrigação. O
preceito da esmola é cotidiano, e obriga
a dar o supérfluo aos pobres, vez por
vez; se são indigentes, têm necessidade
de alimento todos os dias. Horroriza
ouvir contar que todos os anos, princi-
palmente no coração do inverno, mor-
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-107-
rem de fome e de frio tantos infelizes!
A sua morte ho~rível pede vingança
contra aqueles ricos que talvez os
tenham despedido de sua porta sem um
auxílio, e quem sabe se com desdém
os tenham. mandado trabalhar se qui-
sessem comer.
Muito embora se tratasse de vadios,
n6s recebemos do mesmo modo a
recompensa prometida por Jesús Cristo,
se dermos esmola. Se, ás vezes, falsos
pobres nos enganassem, nem porisso n6s
deixaremos de receber o prêmio tem-
poral e espiritual prometido aos miseri-
cordV>sos.
Determinemos, pois, dar esmola em
vida enquanto temos tempo, forças e
meios e não deixemos para o fazer
na hora da morte. (1) E' agora que os
pobres pedem o nosso auxílio, é agora
que os orfanatos esperam o nosso
contributo para educar as crianças
abandonadas; é agora que os hospitais
esperam víveres, remédios para au-
mentar o bem que já fazem a tantos
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doentes; é agora que as missões cat6-
licas têm necessidade de meios para
propagar a religião e a civilização
entre os infiéis. ~:,
Santo Job se alegrava com o pen-
samento de que sobre sua cabeça
descesse a bênção do pobre que ele
socorria. Os ricos que dão esmola expe-
rimentarão a mesma alegria e os mes-
mos favores.
S . Vicente de Paulo, o apóstolo da
caridade, dizia: «Quem ama os pobres
durante a vida, nada tem a temer na
hora da . morte; observei sempre istv;
daí o insinuar esta máxima às pessoas
a quem vejo angustiadas pelo pen-
samento da morte ».
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CAPITULO XV
VARIAS ESPECIES DE ESMOLAS
O nome de esmola abraça todas as o-
bras de miseric6rdia e espirituais e corpo-
rais. A Igreja enumera sete obras de
caridade que dizem respeito ao corpo
e sete ao espírito.
As corporais: Dar de comer a quem
tem fome; dar de beber a quem tem
sêde; vestir os nus; dar pousada aos
peregrinos; visitar os ehfermos e en-
carcerados; remir os cativos; enterrar os
mortos.
As espirituais são: Dar bom conse-
lho; ensinar os ignorantes; castigar os
que erram; consolar os aflitos; perdoar
as injúrias; sofrer com paciência as
fraquezas do pr6ximo; rogar a De · _
pelos vivos e defuntos.
Ha ainda os hospitais, as obras pias,
os orfanatos, as missões a socorrer; e
quem dá. dinheiro e roupa para susten-
tar tais benéficas ·instituições pratica
todas ou quasi todas as obras de mise-
ric6rdia, porguanto aí os infelizes re-
cebem remédios, alimento, vestuário
e tudo de quanto necessit,am.
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-llO-
Os colégios fundados para abrigar
órfãos ou crianças abandonadas com
o fim de adestrá-los em alguma arte ou
oficio, merecem também ser ajudados
com a esmola. J esús ama extremamente
os meninos; e quem os acolhe para edu-
cá-los e instrui-los terá os seus favores
mais es~olhidos. Quantos jovens têm
êxito esplêndido e tornam-se uteis á
sociedade; ao passo que, se não fossem
internados
, . .
num. colégio
,
no oc10 e na m1sena.
permaneceriam
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•
-lll-
mente eleito Papa, desenvolvendo uma
atividade maravilhosa, compreendida
no seu mote favorito: «Morrer em pé:..
S . P edro Damião deveu também
a sua grandeza a um parente que lhe
custeou os estudos.
O célebre orador Massillon foi aju-
dado pela caridade dos fiéis, pela qual
p8de fazer os seus estudos e tornar-se
um dos príncipes da arte orat6ria.
O rico que socorre as obras pias, en-
contrará na outra vida uma roesse
abundante · de obras santas. Entrando
no céu, será recebido por numerosas
almas que o saudarão como seu ben-
feitor. - « N6s somos:., dir-lhe-ão al-
guns, radian tes de alegria, «6rfãos que
'omos acolhidos no colégio mantido com
yossas esmolas». « N 6s somo "• exc ama-
rão outros, «selvagens da ~ fr:ca e a
Oceania, que fom os instruidos e bati-
zados por missionários enviados com os
vossos abun~ntes socorros, para tirar-
nos das trevas da idolatria. A v6s de-
vem os a nossa gl6ria eterna"·
E todas aquelas almas formarão o
seu júbilo e a sua coroa por todos os
séculos. Então ele bendirá a caridade
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feita e entoará um hino de perene agra-
decimento ao Altíssimo, que lhe outor-
gou a graça de converter as riquezas ter-
renas em riquezasim::~.rcessiveis do céu.
Concluamos. No leito de morte de-
vemos abandonar tu·do e separar-nos
do nosso dinheiro; ha, por.é m, .u m meio
de levá-lo além da sepultura e achá-lo
multiplicado na outra vida: Dá-lo aos
pobres e ás instituições de caridade.
Quando um rico emigra para a Améri-
ca. vende os seus ~ens e o valor. o .depõei '"
em algum banco celebre de Paris ou del
Londres, levando consigo um recibo me-"-
diante o qual, chegando ao Novo Conti-
nente, lhe dão o mesmo valor em outro
banco em correspondência co.m o pri-
meiro. E nisto usa prudência finíssima ,
porque se levasse consigo o dinheiro
equivalente poderia ser roubado.
A vida presente é uma viagem para
a eternidade. O rico que deseja en-
contrar os seus bens na cidade do
paraiso, dê-os aos pobres, que são os
banqueiros do Senhor.
A esmola é o banco .m ais vantajoso
e infalível, que dá cem por um no I
mundo e a gl6ria eterna no Céu. ·
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