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EVANGELISMO REFORMADO
Estudo da evangelização reformada, centrada em Deus, em contraste com evangelização arminiana, centrada no
homem, como tem sido em nossos dias.
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Por
JOSÉ SANTANA DÓRIA
Mestrando em Teologia
I – EMENTA
Estudo da evangelização Reformada, centrada em Deus, em contraste com
evangelização Arminiana, centrada no homem, como tem sido em nossos dias.
II – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. O que é evangelismo?
2. Eleição, um incentivo para a evangelização;
3. Deus e os meios para a evangelização;
4. A mensagem da evangelização;
Pregando o evangelho de arrependimento, expiação e graça;
Pregando o evangelho do novo nascimento;
Pregando o evangelho do reino;
Pregando um evangelho exclusivo e “ofensivo”.
5. A caricatura do evangelho de Cristo (uma crítica ao evangelismo moderno).
Um evangelho existencialista;
Um evangelho de reconciliação do homem com Deus;
Um evangelho de apelação;
Um evangelho pragmatista;
Um evangelho de evidência numérica;
Um evangelho de obras;
Um evangelho inofensivo.
6. A evangelização de Jesus Cristo.
Pregava o caráter de Deus – Mc.10:17,18;
Pregava a Lei de Deus – Mc.10:19-21a;
Pregava o arrependimento – Mc.10:21b;
Pregava a fé no filho de Deus – Mc.10:21c;
Pregava sem uma falsa segurança de salvação – Mc.10:22;
Pregava dependendo de Deus – Mc.10:23-27.
7. O sistema de apelo.
Suas implicações doutrinárias.
Seus perigos;
8. Características da evangelização arminiana.
Uma evangelização influenciada pela teologia de Pelágio e Finney;
Uma evangelização que baseia-se no pragmatismo;
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CAPÍTULO I
O QUE É EVANGELISMO?
(John Armstrong)
Será que existe um assunto de maior interesse do que o evangelismo, para aqueles que
estão vitalmente ligados a Jesus Cristo? Na verdade, mesmo aqueles pertencentes às
denominações mais liberais, têm tido um interesse cada vez maior pelo assunto nas últimas
décadas, isso devido ao declínio no número de membros de suas respectivas igrejas.
O interesse pelo evangelismo tem sido o foco das atenções da igreja cristã desde o seu
início. Jesus não ensinou aos Seus discípulos que após a descida do Espírito Santo sobre eles:
“sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da
terra”? (Atos 1:8). Nós lemos em Atos 8:4, “os que foram dispersos iam por toda parte pregando a
Palavra”. Quando o Espírito Santo veio sobre a igreja incipiente, a promessa de Atos 1:8
aplicava-se a todos, não somente aos apóstolos. A obra da evangelização tem sido uma
preocupação constante para a Igreja como um todo e especialmente em épocas de reforma e
reavivamento derramadas pelo Espírito. Embora evangelismo e reavivamento não sejam a
mesma coisa - o que se constitui em um erro comum cometido nos últimos 50 anos no
movimento evangélico ocidental - não podemos orar por despertamento espiritual e
permanecer desobedientes à comissão do evangelismo e das missões. Conforme escreveu
John Blanchard, “nenhuma igreja é obediente, se não for evangelística”. Um evangelismo do
tipo melhor e mais eficaz será uma evidência de qualquer reavivamento verdadeiro que nós
possamos experimentar em nossa geração.
Mas o que é evangelismo? Por que deveríamos nos envolver com ele? Quais são os
métodos que as Escrituras nos autorizam a usar para alcançar homens e mulheres com a
mensagem de Cristo? O que a teologia tem a ver com o evangelismo?
Por mais de uma geração, o evangelismo no Ocidente tem sido feito dentro de um
vácuo doutrinário. Muito do que tem sido exportado para outros campos da missão cristã,
reflete a mesma superficialidade e confusão doutrinária. Chegou o momento de refletir
seriamente sobre muito do que está sendo feito hoje, em nome do evangelismo. Se o que
estamos fazendo é um evangelismo verdadeiro, bem estruturado, ou é somente atividade
constante, ou ainda pior do que isso, uma atividade prejudicial, então precisamos questioná-
lo com base no princípio da “sola scriptura”.
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O resultado desse vácuo doutrinário pode ser visto em nossa preocupação com
métodos evangelísticos, às expensas da exclusão virtual da compreensão e concentração
sobre a questão “o que é o evangelho em si mesmo?”. Será que as mensagens que estão
sendo pregadas, os padrões de apresentação e os livretos distribuídos são verdadeiramente
fiéis à mensagem do evangelho? As campanhas em massa, os ministérios de longo alcance
televisionados e por rádio, as numerosas agências para-eclesiásticas têm procurado
conquistar as multidões para Cristo. Qual é o resultado de quase um século de tais esforços
bem intencionados?
Essa definição deixa claro que evangelismo não equivale a apelar por decisões através
de uma forma especializada ou obter resposta aos nossos apelos. Não é tão pouco
reorganizar a vida familiar ou salvar o casamento com novas técnicas de aconselhamento.
Não, o evangelismo pode até mesmo terminar com alguns casamentos e freqüentemente
dividirá famílias, o que se tornará cada vez mais aparente à medida que nossa cultura se
torna cada vez mais hostil às suas raízes cristãs. Nosso Senhor não trouxe uma espada de
divisão? (Mt.10:34-39; Lc.14:25-27).
Ernest Reisinger está certo em acrescentar a tudo isso que necessitamos de um motivo
correto. Ele escreve: “Qual é o motivo correto na evangelização centralizada em Deus? Há dois
motivos corretos: 1) Amor a Deus e preocupação com a Sua glória. 2) Amor pelo homem e preocupação
com seu bem estar... Como glorificamos a Deus?... fazendo Sua vontade - e é Sua vontade que
tornemos conhecido Seu nome e Sua imagem de salvação...Ele nos incumbiu da tarefa de levar Sua
mensagem a todo o mundo; dessa forma, nosso motivo inicial deve ser amor a Deus e preocupação com
a Sua glória. Isso é expresso na obediência à Sua vontade revelada. Portanto, se formos obedientes na
difusão da mensagem de Deus, Ele será glorificado, a despeito dos resultados. Os resultados estão fora
de nosso alcance, de nossa habilidade e, graças a Deus, fora de nossa responsabilidade.”
CAPÍTULO II
INTRODUÇÃO:
Vez por outra se ouve a idéia de que a eleição torna supérflua a ação evangelizadora.
Essas pessoas sempre perguntam: “Se o imutável decreto da eleição torna absolutamente certa a
salvação dos eleitos, que necessidade tem eles do evangelho? Os eleitos não vão ser salvos mesmo,
ouçam ou não o evangelho?”
A premissa desse argumento é inteiramente verdadeira (O imutável decreto da eleição
torna absolutamente certa a salvação dos eleitos) Mas a conclusão dessa premissa (Os eleitos não
vão ser salvos mesmo, ouçam ou não o evangelho) revela grave incompreensão da soberania
divina como expressa no decreto da eleição.
Ilustração: Certa vez, quando William Carey, um jovem missionário cheio de amor pelos
perdidos, propôs a criação de uma missão para alcançar os pagãos que nunca ouviram o evangelho, um
pastor que se considerava calvinista disse: “Sente-se jovem, se Deus quiser salvar os pagãos não vai
precisar de você ou de mim”. Ficou claro que este pastor nunca entendeu realmente a doutrina da
eleição!
Enquanto que a eleição feita na eternidade, não se pode perder de vista a verdade de
que sua concretização é um processo que se dá no tempo, ou seja, dentro da história. Muitos
fatores tomam parte nesse processo. Um deles é a evangelização.
No texto de (At.18:9 -11) temos o relato de como o Senhor apareceu a Paulo numa
visão, estando ele em Corinto, após a rejeição dos judeus (At 18:5, 6). O Senhor Jesus ordenou
a Paulo que falasse e não se calasse, mesmo em face daquela oposição (v.9). O argumento de
Cristo ao apóstolo além de assegurar-lhe sua presença, foi que “eu tenho muito povo nesta
cidade” (v.10). Em outras palavras, saber que havia muitos eleitos em Corinto, que viriam a
se converter, foi fonte de ânimo e incentivo para Paulo permanecer naquela cidade por um
ano e meio, pregando o evangelho (v.11).
Na aula de hoje procuraremos demonstrar que, longe de ser um obstáculo à evangelização,
a doutrina da eleição se constitui um grande incentivo, em face das seguintes razões:
No homem não há nenhum desejo por Deus. Não há temor de Deus no homem. Talvez
ele tenha algum temor supersticioso e escravizante; mas nada de um temor reverente e
salvador, que produz um desejo de honrar a Deus como Deus e caminhar humildemente
pelos caminhos de Deus, com o devido senso de exaltação a Deus pela sua incomparável
glória. O homem despreza o Deus que é revelado nas Escrituras. Ele se recusa a adorá-lo e
amá-lo em espírito e em verdade. Recusa-se a submeter-se diariamente à Palavra de Deus e a
obedecer a Cristo com amor e gratidão no coração. A inclinação natural do homem é lutar
contra Deus, opor-se a Deus, correr para longe de Deus. Ele é Incapaz de se arrepender, de
crer no evangelho, ou de vir a cristo. Não há poder nem vontade dentro dele para transformar a
sua natureza ou prepará-lo para a salvação. (Jó.14:4; Jr.13:23; Mt.7:16-18; Jo.6:44, 5:40 e
2Co.3:5).
A queda com as suas conseqüências nos mostra claramente que, sem a eleição
ninguém seria salvo. Esse é um dos grandes incentivos para evangelizar, porque temos a
certeza que somente a eleição nos garante que no seu tempo todos os eleitos serão
eficazmente chamados, pelo Espírito Santo, das trevas para a luz (2Tm. 2:10).
Evangelizar é uma ordem de Deus claramente prescrita nas Escrituras. Podemos não
saber o número e a identidade dos eleitos, mas isto não anula nosso dever de “pregar a toda
criatura” (Mc.16:15,16). Por conseguinte, podemos dizer:
alguma. Há vários exemplos dessa vontade afirmada na Escritura: Observe a base bíblica dos
nossos argumentos:
Exemplo 1 - O desejo natural e espontâneo de Deus para com todos os homens, está
expresso em dois textos de Ezequiel:
Ez 33.11 - "Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o Senhor, não tenho prazer na morte do
perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho, e viva..."
Ez 18: 23 - "Acaso tenho eu prazer na morte do perverso? diz o Senhor Deus; não desejo
eu antes que ele se converta do seus caminhos; e viva?"
É comum, dentro de círculos calvinistas, negar em Deus este prazer, por causa do
temor da violação da doutrina da expiação limitada. Não há fundamento para esse temor,
porque essa vontade de Deus, expressa nos versos acima, é constitucional nele. Deus afirma de
modo claro, nos versos acima, o seu prazer de duas maneiras: uma negativa e a outra
positiva. Primeiro, Deus não tem prazer na morte do perverso; segundo, Deus tem prazer na
conversão do ímpio. Por não fazerem essa distinção da vontade de Deus, muitos calvinistas
tentam negar o que está óbvio nas Escrituras. Faz parte da natureza constitucional de Deus
não ter prazer na condenação do perverso e se comprazer na conversão deles. Ninguém
pode, em sã consciência, negar essas verdades que o próprio Deus diz de si, de maneira
incontestável.
Todavia, esse desejo constitucional constante em Deus nem sempre é realizado. Esse
desejo constitucional é distinto da sua realização ou satisfação. Por razões desconhecidas de
nós, Deus determina não satisfazer ou realizar seu próprio desejo. Está em suas mãos salvar o
pecador. E ele quem efetua a regeneração nele e o ressuscita espiritualmente. E obra da
soberania de Deus salvar o pecador. Ele resolveu não salvar alguns (isso tem a ver com a sua
vontade de propósito, que é igual à vontade de decreto), mas o fato dele resolver não salvar
alguém não elimina o outro, que ele tenha prazer em que o pecador se converta e não tenha
prazer que ele seja condenado. Isso não é contradição em Deus (que possui uma mente
infinita), pois é possível esse tipo de situação em nós próprios (que possuímos mente finita).
É possível para nós termos prazer em que alguma coisa boa aconteça a alguém e, todavia,
por razões suficientes a nós, resolvemos não fazer nada para que isso aconteça. Algumas
vezes não fazemos por incapacidade ou impotência. Aqui está a grande diferença entre nós e
Deus. Não é por incapacidade ou falta de poder que Deus resolve não salvar, mas é um ato
de sua soberania que não anula a sua vontade de prazer de ver ímpios convertidos ou o seu
desprazer de vê-los condenados. Afinal de contas, todos os ímpios que não são convertidos
são criaturas suas, e isso explica por que ele não tem prazer na condenação deles. Deus lhes
aplica a condenação porque ele é justo, mas não há qualquer sugestão de que ele se alegra na
condenação deles. Pensar isso seria uma blasfêmia contra a sua natureza e uma negação de
sua vontade de prazer, que lhe é constitucional.
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7:2; 8:1, 2, 20 - O desejo de Deus era que Faraó pudesse ficar livre das pragas. Isso mostra o
desejo de Deus. Mas esse desejo de Deus não foi realizado porque ele decidiu não interferir
no coração de Faraó Ex 9:14,15,16). O propósito de Deus, em distinção do Seu desejo, está
expresso em Ex 8:15 e 19: 4.
Deus desejou que Faraó espontaneamente concordasse em deixar o povo sair do Egito
Ex 9:1), mas Deus decidiu não vencer a resistência de Faraó Ex 9:12).
Deus enviou Moisés para persuadir Faraó. Isto mostra o desejo de Deus. Mas Deus, ao
mesmo tempo, informou Moisés de que a sua persuasão falharia Ex 7:14). Isto indica o
propósito divino, em não vencer a obstinação de Faraó.
Este exemplos não mostram contradição em Deus, pois encontramos paralelo disso nas
ações dos homens.
Por exemplo: Uma decisão de um homem (que é um Decreto de um homem em um
caso particular) é freqüentemente contrária à sua inclinação natural. Um homem decide
sofrer dor física e emocional na amputação de sua perna, embora ele seja
constitucionalmente avesso à dor. Seu desejo natural seria escapar da dor física e emocional,
mas por razões suficientes para ele, ele decide não escapar dela e submeter-se à cirurgia.
Se há razões suficientes para um homem tomar decisões dessa natureza, o mesmo deve
ser válido para Deus.
Talvez a melhor ilustração de como Deus predestina tanto o fim como os meios é o
caso de Paulo e seus companheiros na tormentosa viagem a Roma (At.27:9-44).
Esta história mostra a harmonia que existe entre os decretos de Deus e os atos
humanos.
O mesmo acontece na eleição para a salvação. Para conseguir esse fim, Deus emprega
meios naturais e sobrenaturais. A proclamação do evangelho, a leitura da Bíblia, a celebração
dos sacramentos, a audição da mensagem por parte dos pecadores, tudo isto são meios
naturais. Mas a chamada eficaz, a regeneração, a justificação, etc. são meios sobrenaturais.
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“Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito
da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos,
achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo
seu Espírito, que opera no tempo devido, são justificados, adotados e guardados pelo seu poder por
meio da fé salvadora” ( C.F.W., Cap. III, Nº 6.).
A igreja só deve admitir como membros, aqueles que dão sinais evidentes
da sua eleição (1Ts.1:4 e 2Pe.1:10). Que sinais são esses:
CONCLUSÃO:
CAPÍTULO III
A teologia cristã fala em meios de graça. A Deus apraz empregar meios para levar os
pecadores à fé, como também emprega meios para edificar na fé os salvos. No primeiro caso
(levar pecadores à fé), o meio é a palavra de Deus; no segundo (edificar na fé os salvos), os
meios são a Palavra de Deus (1Pe.2:2) e as ordenanças divinamente instituídos.
I – A FÉ E A PALAVRA DE DEUS
para a salvação, mas evidentemente ele não é capaz de fazer nenhuma destas coisas sem
conhecer o conteúdo da Escritura. Sem as Escrituras o pecador jamais enxergará a beleza de
Cristo (Is.53:2,3). Erram dolorosamente aqueles que premiam a ignorância sugerindo que
quanto menos uma pessoa conhece a Bíblia, mais simples e mais forte será a sua fé. A
antítese(oposição) de conhecimento e fé é inteiramente falsa. A fé não é nem um salto no
escuro nem um jogo. Todo aquele que se entrega ao salvador o faz graças ao conhecimento
do Salvador, conhecimento recebido da Santa Escritura.
Ninguém tem direito de dizer que Deus não pode usar Sua Palavra para a salvação dos
pecadores se essa Palavra é apresentada por uma pessoa não salva. Deus é soberano, e
também neste ponto Sua soberania deve ser respeitada. Ele colocou uma profecia
esplendidamente bela nos lábios do ímpio Balaão (Nm.24:17-19) e fez o perverso Caifás dar
testemunho da expiação vicária de Cristo (Jo.11:49-51). Judas Iscariotes foi um dos doze
enviados por Jesus para pregar o evangelho da verdade anunciado por um infiel ou
hipócrita.
Entretanto, aquele que ensina a outros a palavra de Deus e não a pratica, não tem
direito de esperar que a bênção divina repouse sobre o seu ensino. O que ele faz contradiz o
que fala. Os homens têm toda razão de censurá-lo, dizendo: “Médico, cura-te a ti mesmo”, e de
lhe lançar em rosto o dito vulgar: “o que você faz fala tão alto que não posso ouvir o que diz”.
Vale observar que Deus em soberania pode usar essa “burra” para falar a pecadores.
Mas, isso não a isenta da sua responsabilidade (Mt.7:21-23).
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Doutro lado, a vida do evangelista piedoso reforçara sua mensagem, como eloqüente
testemunho de sua veracidade. No entanto, ninguém deve concluir que vida piedosa e
conduta exemplar pode tomar o lugar do Evangelho e torna-lo supérfluo. Com freqüência
essa posição é tomada, e não poucas vezes se conta piedosamente algo da vida de Francisco
de Assis em apoio dela. Um dia Francisco convidou um jovem monge para acompanhá-lo a
certa aldeia com a intenção de pregar o Evangelho ali. Chegando na aldeia, encontraram
muitas doenças e grande pobreza. O empenho por aliviar aquela miséria os manteve
ocupados o dia inteiro. Ao entardecer, o jovem monge virou-se para Francisco perguntando,
preocupado, quando iam começar a pregar. Francisco respondeu: “Estivemos pregando o
Evangelho o dia todo”. Se Francisco pretendeu igualar atos de misericórdia à Palavra de Deus
como meio de graça, enganou-se.
Os que afirmam que um bom exemplo de piedade pode substituir o Evangelho, não
tem base bíblica. Quando Jesus enviou Seus doze apóstolos às ovelhas perdidas da casa de
Israel, encarregou-os: “Pregai que está próximo o reino dos céus. Curai enfermos”(Mt.10:7,8).
Deveriam não só curar, mas também pregar. A pregação era, de fato, a sua primeira e
primordial tarefa. Eles obedeceram: “Percorriam todas as aldeias, anunciando o evangelho e
efetuando curas por toda parte”(Lc.9:6). Quem quer que esteja familiarizado com a carreira
missionária de Paulo sabe que ele considerava a pregação sua vocação, e que subordinava a
ela as obras de cura.
Há uma passagem da Escritura que, à primeira vista, parece ensinar que em certos
casos a Palavra de Deus pode ser ignorada na evangelização, e que o comportamento
exemplar pode tomar o seu lugar. O apóstolo Pedro exortou as esposas de incrédulos,
dizendo: “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vossos próprios maridos, para que, se alguns
deles ainda não obedecem à palavra, sejam ganhos, sem palavra alguma, por meio do procedimento de
suas esposas, ao observarem o vosso honesto comportamento cheio de temor”(1Pe.3:1,2). Pode-se
observar que é quase inconcebível que o marido não crente de uma mulher cristã não tivesse
nenhum conhecimento da Palavra de Deus. Mas há outra consideração, ainda mais
ponderável. A tradução “sem a palavra”, que aparece em certas versões, não é correta. No
original não consta o artigo definido. Está certa a tradução que aparece noutras versões: “sem
palavra” ou, como a que transcrevemos acima: “Sem palavra alguma”. Portanto, esta frase não
se refere à Palavra de Deus e, sim, à palavra da mulher. Numa colocação popular, por seu
andar, antes que por seu falar, ela deve procurar ganhar seu marido descrente para Cristo.
É evidente que, embora o evangelista tenha o sagrado dever de reforçar sua mensagem
com uma conduta cristã exemplar, a vida piedosa não substitui o Evangelho.
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O ensino de Jesus sobre o ponto em questão é bem claro. Na parábola do rico e Lázaro,
o rico, padecendo tormentos do inferno, viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio. Sendo
recusado seu pedido de que Abraão mandasse Lázaro molhar em água a ponta do dedo e lhe
refrescasse a língua, fez um apelo de suprema urgência: “Pai, eu te imploro que o mandes `a
minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho a fim de não virem
também para este lugar de tormento”. Mas Abraão respondeu: “Eles tem Moisés e os profetas;
ouçam-nos. O rico insistiu: “Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles,
arrepender-se-ão. A resposta de Abraão foi categórica: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão
pouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos”. (Lc.16:23-31). “Moisés e os
profetas” eram a Bíblia daqueles dias. É difícil imaginar experiência mais tremenda do que a
visita de alguém ressuscitado dentre os mortos. A mais impressionante experiência não
salvará aquele que se nega a ouvir a Palavra de Deus. Por isso, não se deve evangelizar
pecadores contando o seu passado, como referencial.
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Às vezes se fala da oração qualificando-a como meio de graça. Pode-se pensar assim,
desde que se lembre que a oração como meio de graça não deve ser igualada – e nem mesmo
coordenada – com a Palavra de Deus. A Palavra de Deus e a oração são meios de graça em
diferentes sentidos. Deus comunica a graça salvadora pela instrumentalidade de Sua
palavra. Com freqüência o faz em resposta à oração.
Podem-se fazer aqui duas breves afirmações que deviam ser totalmente supérfluas,
mas talvez não o sejam. Sua veracidade parece que não é evidente para todos.
Orar da maneira mais fervorosa pela conversão dos não salvos, esteja na china ou na
casa vizinha, e não fazer nada para que eles conheçam o evangelho de Jesus Cristo, é
abominação.
Ser diligente como nunca em levar o Evangelho aos perdidos, e não orar para que Deus
abençoe o evangelho no coração deles, para a salvação, é o cúmulo da loucura, pois somente
Deus o Espírito pode chamar efetivamente pela Palavra, os pecadores ao Arrependimento.
CAPÍTULO IV
A MENSAGEM DA EVANGELIZAÇÃO
(R.B. Kuiper)
I- EVANGELHO DE ARREPENDIMENTO
Há duas tristezas pelo pecado: remorso e arrependimento. Calvino diz o seguinte das
duas: “A tristeza do mundo é a que os homens sentem quando se desanimam em
conseqüência de aflições terrenas e ficam dominados pelo pesar; enquanto que a tristeza
segundo Deus é a que os homens sentem quando olham para Deus e consideram como única
miséria o terem perdido o favor de Deus.” A primeira decorre exclusivamente do amor
próprio e leva à morte; a segunda tem suas raízes na reverência para com Deus e resulta em
arrependimento para a salvação.
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Frase de Augusto Toplady “Corressem sempre lágrimas de dor por meus pecados, nunca os
apagaria; só Tu me salvas, sim, só Tu, Senhor.”
II - EVANGELHO DE EXPIAÇÃO
O âmago do Evangelho não tem que ver com aquilo que Deus exige de um pecador.
Isto é importante, mas não é o centro dele. Como o próprio nome indica, o Evangelho não
consiste de mandamento, mas de notícia. São as boas novas que Deus em Cristo fez pela
salvação dos pecadores.
Por exemplo: um criminoso está em sua cela e um amigo lhe visita dizendo: Seja bom.
Que boa notícia seria essa? Contudo, essa é exatamente a única mensagem que alguns
evangelistas têm para os pecadores. Isso não é boa notícia. Para o pecador, a boa notícia é
que fora feita provisão para que seja libertado do pecado e do inferno.
A provisão foi feita no Calvário (Is 53:5-6). Jesus foi traspassado pelas nossas
transgressões; Ele nos resgatou da maldição de Deus que merecíamos por não perseverarmos
em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, fazendo-se Ele maldição por nós (Gl
3:10,13); “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele
fôssemos feitos justiça de Deus”(2Co. 5:21; Rm 5:18-21).
Esse é o centro do Evangelho. Por Sua morte na cruz o Filho de Deus satisfez
plenamente a justiça penal de Deus, em favor dos pecadores.
A teologia modernista torce esse significado quando tenta ensinar que a morte de Jesus
visava reconciliar o homem com Deus e não Deus com o homem. Diz-nos então, que como Deus é
amor, não tinha necessidade de reconciliar-se como homem, nem que o coração de Deus teria
que ser abrandado com a morte do Cordeiro com antigas lendas.
O Pr. Moisés Bezeril diz que muitos pregadores tem feito uma exposição do plano salvador de
Deus sempre apresentando o homem como estando distante de Deus, e precisando se reconciliar. É
bem verdade que o homem está distante de Deus. Mas o problema é que essa mensagem ensina que
Jesus reconciliou o homem com Deus e não Deus com o homem. Parece até que Deus estava
implorando ao homem que ficasse com Ele, e o homem foi embora, para bem distante de Deus, mas Ele
ficou em profunda nostalgia por causa desse fato, e ainda assim espera por uma reconciliação por meio
do sacrifício de Seu próprio Filho que traz o homem de volta para Deus. Essa é a pregação que também
afirma que Deus ama todos os pecadores igualmente para a salvação. Destitui-se assim o aspecto da ira
de Deus sobre o pecador sem Cristo, e prega-se um Deus-avô que faz vista grossa para com as
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traquinagens dos netos. Mas a Bíblia nos ensina que na história da salvação a parte ofendida pelo
pecado não foi o homem, e sim Deus. Logo, quem precisa ser reconciliado é Deus com o homem. Sua
Palavra nos ensina que a Sua ira está sobre todos os pecadores que não foram amados para a salvação
(Rm 5:10-11; Ef 2:3; Rm 5:9). Jesus não morreu para satisfazer a vontade do pecador, mas sim a
vontade de Deus que era vingar na morte do Seu próprio Filho a hediondez do pecado que lhe ofendeu
profundamente. Jesus cumpre a Lei e sofre o castigo da mesma para cumprir as exigências da Lei de
Deus e não do homem.
Um aspecto muito importante do Evangelho que tem sido muito negligenciado pelos
pregadores modernos é a obediência ativa de Cristo. Muitos salientam apenas a morte de
Cristo, como se Deus somente exigisse um castigo pelo pecado. Mas a verdade é que além do
castigo pelo pecado, Deus exige total e perfeita obediência a Sua lei para recompensar com o
mérito da vida eterna. Assim, a mensagem do Evangelho não é somente a morte de Jesus,
mas a sua vida de obediência ativa à lei de Deus. Cristo foi sem pecado. Somente ele poderia
obedecer perfeitamente à lei de Deus, (Rm 5:18,19).
A expressão “salvação pela graça” não significa outra coisa a não ser “salvação por
Deus”. O Evangelho ensina que a salvação é cem por cento do Trino Deus.
Deus o Pai decreta a eleição, dos que hão de ser salvos em Cristo, antes da fundação
do mundo (Ef 1:4). Escolheu-os não porque previu neles algum mérito ou bem, mas por Seu
amor (Ef 1:5; Rm 8:29). Esses, o Pai deu ao Filho, sendo a salvação coisa segura, ninguém
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pode arrebatar da sua mão, (Jo.10:28,29). Aqueles a quem o Pai amou, a esses predestinou
para a salvação, (Rm 8:30).
O filho obteve merecimento da salvação. Ele pagou a dívida dos pecadores até o último
centavo. Foi esmagado, abandonado em lugar de todos os criminosos merecedores do
inferno. Por sua perfeita obediência ao Pai, mereceu para os pecadores a justiça, a vida eterna
e glória eterna. Em conseqüência, nada resta que entre na conta dos méritos dos pecadores.
Cada um deve dizer “Nada trago em minhas mãos”. O Filho não obteve somente o mérito,
mas ele dá também o mérito. Cristo não morreu potencialmente pelos pecadores. Ele morreu
efetivamente por eles. Ninguém é capaz de explicar ou entender como pode alguém ter
morrido a morte de outra pessoa, e essa pessoa ainda assim morrer. “Espera lá! Morreu por
mim ou não morreu? (ela pergunta) E como você me diz que eu ainda estou condenado à
morte, se de fato não há nenhuma morte mais para mim, pelo fato de alguém ter morrido por
mim?” Esta é exatamente a confusão na qual estão todos aqueles que crêem que Jesus
morreu potencialmente. O filho morreu vicariamente, e não potencialmente.
O Espírito aplica a salvação aos pecadores, dando-lhes coração de carne (Ez 36:23-27).
Fazendo-os nascer de novo, em conseqüência eles tomam posse de Cristo e de todos os seus
benefícios salvadores. A fé salvadora é fruto da regeneração. A regeneração vem antes da fé.
A fé é ato do homem. Não podemos imaginar que Deus crê no lugar dos homens. Seria
isso um absurdo. No entanto, devemos enfatizar não menos, que a fé salvadora é dom de
Deus. Quando Jesus convida em Jo 6:35 “O que vem a mim, jamais terá fome; e o que crê em mim
jamais terá sede”, logo em seguida ele afirma “Ninguém pode vira a mim, se o Pai que me enviou
não o trouxer” (Jo 6:44). A fé é dom de Deus (Fp 1:29; 1 Co 12:3; Ef 2:8; At.18:27).
Devemos então dizer aos pecadores não salvos que a fé é dom de Deus? Sim, devemos.
Devemos contar-lhes toda a verdade sobre esta questão. Deixá-los embebidos no
pensamento de que podem crer por um ato de sua própria volição, à parte da graça
regeneradora do Espírito é coisa pior do que irresponsabilidade.
Alguns dizem que este tipo de mensagem faz com que as pessoas fiquem revoltadas
contra Deus, ou que pode amedrontá-las com a terrível ira de Deus. Assim sendo, o homem
não creria por amor, mas por medo.
O argumento de que o homem vai a Deus por medo da Sua ira também não se encaixa
no ensino do Evangelho. Não há um só texto na Palavra de Deus que nos informe de que o
medo produza salvação. Nenhum homem crê em Jesus por medo da ira de Deus. Medo não
converte pecador, nem tampouco muda seu coração ou mente, nem faz o homem andar nos
estatutos do Senhor, pois a regeneração é obra do Espírito e não do homem.
É preciso dizer enfaticamente ao pecador que ele tem que crer e que, se não crer, a ira
de Deus permanecerá sobre ele. Não se pode imaginar pior dilema do que aquele no qual se
acha o pecador não salvo. Ele tem que crer em Cristo. Senão crer estará condenado. Mas ele
não é capaz de crer. É preciso cientificá-lo desse dilema tremendo. Se o Espírito Santo o
tornar ciente disto, o pecador dirigirá o olhar para longe de si, em busca de salvação e se
abandonará sem reserva à graça de Deus. É esse precisamente o ato da fé salvadora.
Em João 5:1-9, o paralítico recebeu ordem para fazer exatamente aquilo que ele não
podia. Ninguém pense que ele não estava ciente de sua incapacidade. Mas ele sabia também
que sua única esperança de ficar bom de saúde estava em fazer justamente aquilo.
Conhecendo plenamente a sua condição, esqueceu-se de si mesmo e fixou os olhos em Jesus.
Isso é fé. Pela fé ele foi totalmente curado.
se levantar e vir para fora, ele não estava ordenando-o que Lázaro devolvesse a si mesmo a
sua própria vida. Ali estava em evidência a palavra de poder de Jesus.
Seria desnecessário então informar ao pecador que ele tem que nascer de novo? Não.
Não devemos dar-lhe ordem para nascer de novo como se isso dependesse dele. Mas em
nossa mensagem devemos mostrar-lhe que há necessidade de um novo nascimento operado
pelo Espírito Santo, com o mesmo propósito com que Jesus disse à Nicodemos: quebrar a
falsa confiança de salvação por obras. O pecador deve ser alertado de que salvação é um
nascimento espiritual operado por Deus, e que ele jamais poderá fazer isso na sua própria
vida, assim como um morto não pode voltar à vida.
O que também precisa ficar claro em nossas mentes é que a prova da regeneração não
está na vida de perfeição sem pecado mas, antes, na profunda convicção de pecado que leva
a pessoa a correr para o calvário, ajoelhar-se aos pés de Jesus e bradar: “Lava-me Senhor,
senão eu morro!” Um exemplo disso era Nicodemos. Moralmente um bom homem, mas sem
salvação, (Jo 3).
V- EVANGELHO COMPREENSIVO
O evangelho, na verdade possui muitos aspectos que não devem ser negligenciados na pregação:
3) O Evangelho é convite. A oferta sincera de salvação feita por Deus a todos os que são
alcançados pelo Evangelho. E entenda-se bem, esse convite é incondicional.
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4) O Evangelho é promessa. A promessa de vida eterna que Deus faz a todos os que, para
a salvação confiam no Cristo divino e em sua obra redentora.
6) O Evangelho é uma ordem. Dada por Deus àqueles que confiam em Cristo, para que,
com igual satisfação, também O sirvam como o Rei de suas vidas.
VI - O EVANGELHO EXCLUSIVO
Imaginar que pessoas sejam salvas em outras religiões sem o conhecimento desse
Evangelho é admitir que Deus tenha Se revelado de uma outra forma que não o Evangelho.
Muitos até afirmam que têm “irmãos” na Igreja Católica, simpatizando com alguma forma
de ecumenismo cristão. Mas esse pensamento não passa de uma conjectura teológica. Só
podemos concordar até onde se ensine que em todas as religiões do mundo existam eleitos
que ainda não foram chamados. Estão debaixo da ira de Deus até o dia de sua justificação. A
ordem da salvação ensinada no Novo Testamento é: 1)Conhecimento (uma forma de
relacionamento com o eleito), 2)Predestinação, 3)Vocação, 4)Justificação, 5)Glorificação, (Rm
8:29-30)
Afirmar que na Igreja Católica Romana tem vocacionados para a salvação é perverter
completamente a natureza e o caráter de Deus, e comprometer a Sua santa Lei com o pecado.
Não podemos admitir que haja vocação sem reforma. A vocação corresponde à regeneração
e conversão (fé, arrependimento e santificação). Onde podemos encontrar tudo isso em
alguém que nem sequer crê em Jesus suficientemente para sua salvação. Pode-se então
encontrar salvação naqueles que tentam outro caminho para a salvação que não Jesus? Pode-
se encontrar salvação naqueles que negam a eficácia da obra de Cristo para a salvação do
pecador? Pode-se imaginar um católico salvo por si mesmo através de suas próprias obras e
obediência à Lei de Deus? O problema dos Católicos Romanos é que eles anulam totalmente
o plano evangelístico através do qual Deus determinou salvar o homem.
Portanto, quem quer que afirme tamanha mentira, está totalmente equivocado sobre o
Evangelho, nem sequer também conhece a Cristo, nunca teve experiência de salvação, e está
totalmente perdido porque considera válido o caminho romano das boas obras para a
salvação.
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Muitas pessoas estão mais preocupadas em não ofender o pecador do que com a
salvação do mesmo. Tenta-se então dizer-lhes a verdade que machuca com palavras brandas.
Mas não podemos correr tal risco porque mais do que não ser ofendido ele precisa ser salvo.
E Deus escolheu salvar o homem por meio de palavras ofensivas ao ego do homem.
Pode-se imaginar quão duro foi aquele diálogo com Nicodemos! Naquela noite,
Nicodemos esforçou-se para ir ter com Jesus. Chegou perto do mestre com palavras bonitas
de elogio: “Rabi, sabemos que és mestre da parte de Deus, porque ninguém pode fazer os
sinais que tu fazes.” Mas Jesus deu-lhe uma resposta que sei com certeza que poucos diriam:
“Você é um homem perdido”.
Um outro episódio do Evangelho ofensivo está em João 6. Ali parece ser a expressão
mais ofensiva do Evangelho, pois os próprios discípulos reclamaram disso: “Duro é este
discurso” (v.60) e “já não andavam com ele”.
Primeiro é que o Evangelho anuncia a salvação do pecador pela graça somente. Isto é
muito humilhante para o homem, o qual, amante de si mesmo, sempre tem em mente ser
merecedor de algo. E certamente, o que mais lhe fere é a questão do Evangelho não
reconhecer nada de bom nele, apontando-o sempre como condenado, sem nenhuma chance
de salvar-se por si mesmo.
CAPÍTULO V
A avaliação que ora passo a apresentar visa tão somente redirecionar a Igreja de Cristo
ao ponto de partida da nossa tradição apostólica quanto à evangelização do pecador. Meu
maior interesse aqui não é apresentar nenhuma disputa sobre qual método de evangelização
produziria o maior número de convertidos para o Reino de Deus, pois isso não é a nossa
primeira preocupação.
Minha maior preocupação é com o rumo que estamos tomando a cada dia na tarefa de
evangelizar o mundo. A questão na qual eu estou mais interessado é saber se a pregação, os
meios e os métodos modernos do evangelismo hoje estão realmente produzindo os
verdadeiros crentes que devem compor a Igreja de Cristo.
I - UM EVANGELHO EXISTENCIALISTA
A ordem de Jesus em Lucas 22:47 é que se pregasse o arrependimento para a remissão dos
pecados.
Em todo Novo Testamento não existe sequer uma ordem para mudar essa prioridade.
Mas o que queremos enfatizar ainda não é bem esse aspecto. O aspecto existencialista
do evangelismo moderno é que as pessoas não entendem outra coisa com os termos “igreja”
e “evangelho” além de “clínica” e “solução”. Tenho ouvido programas evangélicos de rádio
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que não passa de puro existencialismo. Todas as pessoas estão apenas interessadas em seus
próprios problemas durante todo tempo. Procuram o Evangelho por causa de algum lucro,
solução, ou resolução de seus próprios problemas. Os cultos não são para glorificar a Deus, mas
para fazer um “negócio” com Deus. O Evangelho não oferece vida eterna, mas tão somente
curas e toda espécie de solução de problemas. Assim, as igrejas que compartilham desse tipo
de evangelismo estão abarrotadas, não de verdadeiros crentes que foram constrangidos pela
verdadeira pregação do Evangelho, mas de pessoas que estavam sufocadas com suas próprias questões
existenciais e foram atraídos pela isca do evangelho existencialista. A grande maioria das músicas
desse tipo de evangelismo geralmente tem letras existenciais. Essas pessoas parecem viver
tão somente para com seus próprios problemas sem fim, e fazem deles o motivo de sua
religiosidade. Parece até que se não houvessem tantas questões existenciais, dificilmente
alguém teria alguma razão para cultuar.
O Evangelho se torna caricatura quando ele é apresentado apenas como promessa de alívio
dessas questões. O resultado desse tipo de evangelismo é que no final as pessoas não se
lembram nem porque estão na igreja. O Evangelho foi apenas a isca do anzol.
II - O EVANGELHO DA APELAÇÃO
Com certeza, esse não pode ser o Deus e o Jesus do verdadeiro Evangelho que
apresenta Deus como sendo o Soberano em toda a obra da salvação, (Ef 1:1-14).
Pensa-se o tempo todo em estratégias. Gasta-se muito apenas com aquilo foi aprovado
como sendo produtivo. O importante é que haja produção. O aumento de pessoas dentro da
igreja é apontado como um bom sinal de crescimento. Todas as providências quanto às
estratégias a serem tomadas devem proceder como a administração de qualquer negócio
bem ou mal-sucedido.
Tudo o que funciona deve ser aproveitado na tarefa de fazer a igreja crescer,
independente de qualquer fundamento bíblico.
Em nossos dias, parece haver uma concorrência em todas as áreas da vida do homem.
Isso porque de certa forma a população do mundo tem aumentado, e a vida tem sido muito
disputada em todos os sentidos. A mentalidade frenética de número, produção, lucro, e
concorrência do mundo moderno tem afetado demasiadamente a mentalidade dos
evangelistas do nosso tempo.
Nos U.S.A a igreja que atualmente está com um crescimento espantoso é a dos
homossexuais. O Espiritismo sempre foi a religião que mais cresce no Brasil. A Igreja
Mórmon é reconhecida pela eficácia de seus missionários que em pouco tempo fundam
igrejas sempre cheias. Nunca vi um Salão das Testemunhas de Jeová com pouca gente. Os
movimentos neo-pentecostais mais escandalosos e que caem perfeitamente no perfil
neotestamentário do falso profeta são os movimentos que mais crescem hoje em no Brasil.
O Evangelho se torna uma caricatura quando os evangelistas olham para o homem como mais
um número, e não como mais um pecador que carece profundamente da graça salvadora de
Jesus para ser salvo. Os olhos de tais evangelistas estão mais interessados nos pecadores para
preencherem seus relatórios, ou tirar lucro financeiro para sua igreja, do que movidos de compaixão
pela alma perdida daquela pessoa.
V - UM EVANGELHO DE OBRAS
É muito comum se criticar a Igreja Católica Romana pela sua pregação de salvação por
obras. Mas o que dizer dos evangelistas protestantes que ensinam a mesma mentira da Igreja
Romana?
O evangelho que tem sido pregado é exatamente aquele evangelho de obras em que o
crente tem que obedecer para manter a sua salvação, ou se pecar termina perdendo-a . O
mesmo que diz que se pecar perde a salvação, é o mesmo que diz que se obedecer torna a ganhá-la de
volta. Essa mentalidade é de obras porque sempre imagina em fazer algo para obter de Deus
32
mérito de vida eterna. Crêem que Jesus sozinho não é suficiente para salvar o pecador e
mantê-lo salvo. Esses crentes imaginam que estão ajudando a Jesus em sua mediação por
nós. Nunca descansam somente em Jesus pela fé para sua salvação. Ao contrário, agonizam
diariamente na luta com seus próprios pecados, sempre tentando escapar de perder a
salvação. Os mesmos dormem salvos e acordam condenados. Não conseguem sequer passar
um só minuto convictos de vida eterna, pois não sabem com certeza quando poderão pecar
novamente e cair do estado graça. Pobres miseráveis que estão à mercê de suas próprias sortes!
O Evangelho torna-se uma caricatura quando ele já não consegue mais ensinar a
suficiência de Jesus para a salvação. É absurdo alguém afirmar que Jesus é suficiente para
sua salvação, e que foi salva pela fé em Jesus, e no entanto admite que o crente tanto pode
perder quanto ganhar a salvação, dependendo de sua obediência. Alguém que pensa assim
jamais conheceu o verdadeiro significado do Evangelho de Cristo. Ou melhor, jamais
conheceu a Cristo, pois o Cristo que ele conhece é impotente para salvá-lo totalmente. É
estranho imaginar alguém que diz ser salvo pela graça e, no entanto conserva uma
mentalidade de obras.
É tremendamente difícil para eu imaginar que alguém que diga conhecer o Jesus do
Evangelho e conserve uma brecha para suas próprias obras seja salvo.
Qualquer brecha para uma mentalidade de obras no plano salvador de Deus declara
que o pecador ainda permanece condenado, debaixo da ira de Deus, (Gl 2:16).
VI - UM EVANGELHO INOFENSIVO
a) Porque tenta agradar o ouvinte com uma mensagem que o cative no auditório, e não
na Igreja. Geralmente oferecem-se cargos ou qualquer outra atividade para segurar o não
convertido na igreja. É preocupante o número de pessoas que estão na igreja, que já se
batizaram e até exercem cargos simplesmente porque um dia se agregaram à igreja por
motivo de um passeio, pic-nic, ou qualquer interesse que as cativou ali, sem nunca terem
passado por uma verdadeira conversão. A igreja entendeu que essas pessoas eram crentes e
perguntou-lhes se não queriam se batizar. Ninguém deve perguntar se querem se batizar,
apenas deve-se instruir sobre o significado do batismo e de sua necessidade, mas nunca
forçar ou constranger alguém a desejar os sacramentos.
b) Porque tenta agradar o pecador com uma mensagem de obras, produzindo uma
falsa segurança de salvação. Geralmente no apelo o pregador já vai impondo as condições de
obediência dizendo-lhe sempre o que ele deve "fazer" para se manter salvo. Geralmente,
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essas mensagens de obras fazem os pecadores crer que podem perder a salvação a qualquer
pecado, e que podem retomá-la voltando à obediência novamente. É da própria natureza do
homem querer operar sua própria salvação, pois assim ele não tem que se submeter a uma
vontade de alguém, mas fará a sua própria. A mensagem de obras agrada a todos porque
todos operam como querem e não como Deus quer. Além do mais, dá poderes ao homem
para ele decidir o que fazer e como fazer para ser salvo, podendo o mesmo operar suas obras
mesmo estando em pecado. Assim, a mensagem de obras agrada porque ela é conivente com
o pecado. Todo pecador gosta de pecado e jamais se agradará com uma mensagem que seja
contra sua vida pecaminosa.
c) Porque tenta agradar o pecador com uma mensagem sempre de amor. A maioria dos
pregadores estão mais interessados em dizer que Deus ama aquele pecador, do que dizer-lhe
que ele está debaixo da ira, e conseqüentemente condenado. Ninguém que não esteja em
Cristo Jesus pode ter a experiência do amor salvador de Deus. Esse amor é descrito como
estando em Cristo Jesus (Rm 8:39), e só experimentam este amor aqueles que estão em Cristo
Jesus. Para os pecadores que não estão em cristo Jesus, o que lhes resta é a amarga
experiência da ira de Deus sobre aqueles que ainda permanecem em rebelião com Deus e são
declaradamente Seus inimigos, (Rm 5:10-11). Não se deve dizer logo ao pecador que Deus o
ama. Como poderá entender isso se ele nem sequer nasceu de novo? Uma outra pergunta
que sempre faço é: Que tipo de amor pretende-se dizer quando se diz ao pecador que Deus o
ama? Certamente tal pregador deve estar falando que Deus se importou com a humanidade
perdida, não deixando-a à mercê de seus próprios pecados. O mesmo pregador deve
pretender, com a mensagem do amor de Deus, falar a respeito da misericórdia e
longanimidade de Deus, mas nunca deverá querer dizer que Deus ama o pecador e ainda
assim ele permanece perdido. O amor salvador de Deus é somente para os Seus eleitos. Os
não eleitos perecem exatamente porque não foram amados, mas, sobre eles permanece a ira
condenadora de Deus. Além do mais, essa mensagem do amor de Deus pelo pecador sem
Cristo causa no homem um certo conforto, pois o mesmo pensará que Deus, de certa forma,
está satisfeito com ele, pois o ama. A mensagem do Evangelho deve provocar desconforto no
homem dizendo-lhe que Deus está totalmente insatisfeito com o pecador, e que sua posição
diante de Deus não é confortável, mas de total desconforto, pois ele, ainda sem Cristo, é
inimigo de Deus. Só Jesus desfaz essa inimizade, estabelece a paz e torna possível o
verdadeiro amor de Deus pelo pecador.
d) Porque tenta agradar o pecador com uma mensagem que não seja "escândalo" ou
"loucura". Neste ponto, muitos pregadores têm tentado mudar a natureza ofensiva do
Evangelho para dar certo ou com as expectativas do ouvinte, ou com suas necessidades
racionais. Assim, muitos pontos do Evangelho tem sido racionalizados e contextualizados às
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Todo pregador do Evangelho não deve estar preocupado em não ofender o pecador
com o Evangelho. Devemos nos lembrar que a mensagem do evangelho não visa fazer
"amigos" do Evangelho, mas sim inimigos, pois é com eles que Deus quer fazer a
reconciliação (Rm 5:1-11).
Uma igreja que busca a aprovação do mundo – Ler anexo 05 (apascentando ovelha ou
entretendo bode - Spurgeon)
35
CAPÍTULO VI
a. Era religioso e preocupado com sua vida espiritual. Ajoelhou-se diante de Jesus e queria
se assegurar da sua “vida eterna”. (v.17). O seu desejo era tal que nem aguardou por um
encontro a sós com Cristo, mas diante de todos pergunta o que deve fazer para herdar a vida
eterna.
b. Era moralmente correto. “Tudo isso tenho observado desde a minha juventude” (v..20). Sua
vida era pura, casta, era honesto com seus negócios, respeitava aos pais, não mentia, desde a
infância tinha aprendido todas estas coisas e as praticava (v.19)
c. Era rico. Era bem sucedido no mundo dos negócios e “era dono de muitas
propriedades” (v..22). Era um homem de posição (Lc.18:18), possuía muitas propriedades
(Mc.10:22)
Não seria extraordinário ganhá-lo para Cristo? Qualquer evangelista não ficaria
sonhando com sua conversão e iria divulgar isso como tendo ganho um grande troféu? Não
é isso que os pregadores sentem quando uma personagem importante se converte com sua
pregação? O que nós faríamos nesta circunstância? Penso que faríamos o que a maioria dos
evangelistas de hoje fariam: Perguntaríamos: Você acredita que é um pecador? Que Cristo
morreu por você? Você não aceita Jesus como Seu Salvador? Você não quer receber
segurança de salvação agora, neste momento? Ore comigo...faça sua decisão agora... e é bem
provável que ele respondesse afirmativamente. Seria uma “decisão” rápida. Faria parte da
estatística dos convertidos da Igreja e logo estaríamos espalhando isso por todo canto onde
fôssemos.
Aqui vemos o assunto que queremos tratar nesta primeira aula. Jesus queria honrar a
Deus e estabelecer o respeito devido por Seu caráter. Jesus queria chamar a atenção do jovem
para os atributos de Deus: Santidade e Bondade. Um Deus Santo!!
Jesus amava aquele jovem (v..21). Jesus chorou por Jerusalém, mesmo que não fosse
um amor especial que ele tem por seus eleitos. Mas ela amou o jovem! Isso é uma condição
essencial para todo evangelista: amar o pecador.
Mas esta não é a motivação suprema do evangelista, como não era de Jesus. Ele
queria glorificar o Pai! Essa era a Sua vontade demonstrada em todas as Suas ações:
demonstrar a glória do Pai aos homens. “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me
confiaste para fazer” (Jo.17:4). Este é o maior compromisso do evangelista: a glorificação de
Deus! Não temos visto isso na nossa vida, temos de confessar. Antes de amarmos aos
pecadores, temos de amar a Deus e por isso sermos movidos a amar os pecadores. Só assim
podemos amar e ter paixão pelos pecadores.
O rapaz estava preocupado consigo mesmo mas Jesus “virou a mesa”. O jovem fez
uma pergunta e antes de respondê-la, Jesus queria esclarecer um ponto crucial: Ele viera para
exaltar o Pai antes de salvar pecadores.
veremos como realmente somos: miseráveis pecadores. É assim que devemos proceder ao
evangelizar.
Sem saber quem é Deus o pecador não saberá a quem ofendeu e que sobre ele está a
ira deste Deus Santo que não tem por inocente o culpado. Dessa forma faremos com que o
pecador se sinta como Isaías no cap.6:5 - “Ai de mim que estou perecendo”. Aquele jovem rico
precisava saber quem era Deus e Seus atributos. Ele era religioso, mas isso não é o suficiente,
ele precisava se confrontar com a glória de Deus.
Isto está encoberto dos nossos evangelistas hoje quando apenas falam do “bem estar
eterno”, mas se esquecem da pergunta crucial: “Quem é Deus?” A quem o pecador está
ofendendo, a quem você está ofendendo? Os pecadores precisam saber que este Deus Santo
é JUIZ! Hoje o que ouvimos é esta expressão: “Deus o ama e tem um plano maravilhoso para
você, para sua vida!” Porém a Bíblia fala com muito maior freqüência da santidade de Deus
do que do Seu amor. Por que? Porque os homens têm a tendência de primeiro se lembrarem
dos atributos que lhe favorecem do que aqueles que podem lhes trazer ameaça.
Deus é amor, mas na conversa de Jesus com o jovem rico Ele não o confortou na sua
ignorância a respeito de Deus, mas despertou-lhe temor ao afirmar que só Deus é
essencialmente bom, e Santo. O problema é que os pecadores imaginam um Deus tão flexível
que não punirá de forma alguma os homens. Quando você, na sua evangelização, pede que
pecadores venham à frente, depois de lhes dar três ou quatro “regrinhas” de como ir para o
céu, está enganando estas pessoas e a você mesmo. Você pode levá-las orar a Deus, repetindo
sua oração, mas quando elas repetem a palavra “Deus”, elas estão orando a um Deus
desconhecido, um Deus que elas não sabem quem é.
Por isso Paulo pergunta; “Como crerão naquele de quem não ouviram?” (Rm.10:14). Os
pecadores têm de conhecer este Deus a quem têm de clamar por salvação, pois a “salvação
pertence ao Senhor” (Jonas 2:9) . Não podemos eliminar a doutrina da pessoa de Deus, do Seu
poder e glória no nosso evangelismo.
“Que farei para herdar a vida eterna?”, perguntou o jovem rico. Você tem de clamar a
Deus, mas antes de entrar em Sua corte deve saber que Ele é Santo, Santíssimo, e que apenas
um raio de Sua glória o consumiria para sempre. A Bíblia diz que “...nosso Deus é fogo
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consumidor” (Hb.12:29). Você tem de clamar por misericórdia e não pense que está fazendo
um favor por “aceitar a Jesus” quando lhe pedem que dê uma “chance a Jesus”.
Por isso, a pregação “açucarada” de hoje não é evangelismo! Mas o que temos de
fazer é apresentar todo conselho de Deus, e que Deus é criador, sábio e santo e que faz
exigências ao homem: que morra para si mesmo, que clame por misericórdia, que entre pela
porta estreita. Este foi o Evangelho que Cristo pregou, que Paulo pregou, que Agostinho
pregou, que Calvino pregou, que John Knox pregou e que nós devemos pregar nos nossos
dias.
Aqui Jesus começa a responder a pergunta do jovem rico. Também começa a ficar mais
marcante a diferença do evangelismo de Jesus com o evangelismo moderno.
Depois de falar sobre o caráter santo de Deus, Jesus passa a falar sobre a Lei, os Dez
Mandamentos, a lei moral. Esta revela o caráter de Deus. Jesus usa a lei para levar o jovem a
refletir sobre o seu pecado - ele “quebrava” os primeiros mandamentos.
Jesus era um grande evangelista e sabia que a Lei é um elemento essencial na pregação
do Evangelho, porque é por ela que “vem o conhecimento do pecado” (Rm.3:20). Pregar a lei não
tem sido comum nos nossos dias.
39
O que é pecado? É qualquer transgressão da Lei de Deus. É o que João diz em I Jo.3:4 -
Iniqüidade é uma palavra grega que significa transgressão. É necessário se pregar a Lei e se
expor com isso a gravidade do pecado. Hoje no nosso evangelismo temos a tendência de ir o
mais depressa possível à cruz. Mas a cruz fora do contexto da lei não tem significado. Por
que? Sem a Lei o sacrifício de Jesus não é nada mais do que alguma coisa trágica (apenas) e
não se percebe que sua obra expiatória na cruz é exatamente a justiça divina sendo satisfeita,
quando o Pai derrama Sua ira contra a quebra da Sua lei. E fez isso, não sobre nós, como
merecíamos, mas sobre o Filho. A quebra da Lei nos levaria a morte eterna como “salário”.
Mas Cristo foi colocado como substituto nosso, como propiciação, porque quebramos a Lei e
nada podíamos fazer para desviar a ira de Deus.
Para o jovem moralista era necessário perceber quem de fato era. Isso a Lei lhe
mostraria, não de uma forma superficial como é comum hoje em dia. O pecador precisa
entender o quão grave é o pecado, o quão grave é transgredir a Lei a ponto de levar Cristo, o
Filho de Deus a ser cravado em uma cruz. E isso Ele fez para poder salvar pecadores
depravados e sem qualquer possibilidade de salvação. Tudo isso desperta no pecador o
desejo pela misericórdia e graça de Deus.
Paulo afirma que “não conheci o pecado senão pela Lei” (Rm.7:7). A Lei faz o pecador
clamar por misericórdia, pois vê que está perdido. Mas os púlpitos estão ignorantes do
capítulo 20 de Êxodo. O diabo tem conseguido convencer os pregadores de que a LEI é
incompatível com a graça, incompatível com o AMOR. Mas a Bíblia nos ensina o oposto, pois
há afinidade entre os dois: Leia Mt.22:37, 39,40. A Lei elucida as exigências do amor. “Se me
amardes guardareis os meus mandamentos” (Jo.14:15), “Aquele que tem os Meus mandamentos e os
guarda, esse é o que me ama” (Jo.14:21).
É verdade que a salvação é pela graça, por meio da fé, mas a Lei deve ser apresentada
“para que toda boca esteja fechada e todo mundo seja condenável diante de Deus... Porque pela Lei vem
o conhecimento do pecado” (Rm.3:19, 20). A Lei traz ao pecador a convicção de pecado. Um
puritano (Samuel Bolton), disse que quando nós notarmos os homens feridos pela lei, então
está na hora entregar o bálsamo do Evangelho.
O jovem precisava aprender que a Lei é “espiritual”, e que assim nos leva a exigências
mais profundas em relação aos pensamentos e intenções do coração, por isso Jesus usa-a
para ferir a alma dos pecadores. Ele não dá explicações da Lei como fez no sermão do monte,
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mas quando diz ao jovem: “... vende tudo que tens e dá-os aos pobres”, Jesus pregava o décimo
mandamento - “Não cobiçarás”. Este pecado estava encoberto aos olhos daquele jovem.
Quando o Senhor Jesus faz essa exigência, a Lei de Deus, como um dardo, perfurou a
consciência daquele príncipe pela primeira vez.
Perceba a sabedoria de Jesus. Se Ele tivesse dito: “Não cobiçarás”, o jovem responderia
que nunca desejou a riqueza de ninguém, que estava satisfeito com o que tinha. O que Jesus
faz é traduzir de forma prática, através desse teste, o décimo mandamento ao exigir que o
mesmo se desfizesse das suas riquezas. Aqui vem o grande problema: o jovem amava mais
suas riquezas do que a Deus e a Seu Filho. Por isso se foi triste, mas completamente sabedor
de que era um pecador cobiçoso, pois amou mais as riquezas do que a Deus.
É necessário que os pregadores saibam como declarar a Lei espiritual de Deus para
ferir as consciências e depois passar o bálsamo do Evangelho. Temos de ferir os pecadores
com a Lei e não ficar satisfeitos em pregar apenas o amor de forma superficial. Temos de
pregar o caráter de Deus que é santo e temos de pregar a Lei santa aplicando-a aos corações,
às consciências, ao homem interior. Dessa forma o nosso evangelismo vai gerar pecadores
convictos de seus pecados e clamando por misericórdia ao verem sua miserável condição de
perdidos. Preguem a lei de Deus! Mostrem um Deus santo ofendido pelo pecado. Jesus fez
isso. (Vide cap. IV, inciso II – O Evangelho da Expiação).
O jovem rico ouviu de Jesus qual era o caráter de Deus: só Ele é bom e santo. Que é
necessário observar a Lei para se perceber de fato quem é o homem: corrupto e pecador.
Dessa forma o jovem estava sendo preparado para receber o apelo do Evangelho. Jesus
insistiu na Lei ao determinar que ele vendesse tudo o que tinha e desse aos pobres. Com isso
a Lei revelava que ele era cobiçoso e que necessitava esquecer as riquezas dando preferência
ao Senhor. Se o jovem assim fizesse daria mostras de que estava arrependido.
Quando o jovem rico correu para Jesus, não sabia das exigências do Evangelho. Temos
nos acostumado a ouvir os pregadores convidarem pessoas a aceitarem Jesus como seu
salvador pessoal (coisa que não vemos nas Escrituras), mas não mostram a exigência
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Os apóstolos exigiram arrependimento. (Mc.6:12; Atos 2:38; Atos 3:19; Lucas 24:46,47).
Em Atenas Paulo pregou: “Deus... anuncia agora a todos os homens e em todo lugar que se
arrependam” (At.17:30).
O jovem tinha de esquecer seu apego às coisas do mundo e não apenas reconhecer
que era pecador. “Ninguém pode servir a dois senhores...Não podeis servir Deus e às riquezas”
(Mt.6:24). A pessoa que confessar os seus pecados e os deixar, alcançará misericórdia de
Deus (Pv.28:13).
Agora podemos entender porque devemos evangelizar como Jesus. Como uma pessoa
pode se converter a um Deus que ela não conhece? Por isso devemos falar do caráter de
Deus: santo. Como uma pessoa pode se converter dos seus pecados se ela não consegue
enxergá-los se não lhes falarmos da Lei de Deus. A Lei aponta-lhe os pecados cometidos.
Se não fosse assim, sem a exigência de arrependimento, o jovem rico teria “aceito a
Jesus” para receber a garantia do céu. Ele veio correndo para Jesus mas não estava disposto a
esquecer as suas riquezas.
É triste dizer, mas as Igrejas estão cheias de pessoas que “aceitaram a Cristo”, mas
nunca nasceram de novo, nunca se converteram e continuam mundanas, cheias de amor aos
prazeres carnais. O lazer e as riquezas são seus objetivos de vida. São “crentes carnais”.
Muitos pensam que estes “carnais” são crentes verdadeiros, mas estão enganados pois
“crente carnal” não é crente! “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda seus mandamentos, é
mentiroso e nele não está a verdade” (I Jo.2:4). O jovem rico poderia ser um crente carnal, mas
Jesus não aceita isso. Ele disse: “Qualquer de vós que não renunciar a tudo quanto tem, não pode
ser meu discípulo” (Lc.14:33). O jovem rico, ou se convertia das suas riquezas terrestres para
as celestiais, ou se apegaria às terrestres, para sua perdição.
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Não temos hoje um Evangelho diferente? Não é triste ver mensagens, pregações e
literaturas que não enfatizam o arrependimento? Aí está a fragilidade da pregação de hoje.
Vamos confrontar os pecadores com o ultimato de Jesus: arrependei-vos ou perecereis nas
mãos de um Deus santo cuja Lei vós desprezaste criminosamente.
O filho pródigo não podia voltar enquanto estava nos braços das meretrizes, nem pode
você entrar nos céus enquanto se apega ao mundo e suas riquezas.
O jovem estava com o pensamento fixo nas riquezas, seu livre arbítrio estava inclinado
a escolher as coisas do mundo. Jesus exigiu que ele se arrependesse abandonando esta
prioridade de vida, ou nunca teria “um tesouro nos céus”. A conversão envolve fé ou será
apenas um desvio para uma situação grave.
Crer e obedecer são palavras tão intercambiáveis e paralelas que o Novo Testamento
não faz distinção entre elas. Aqui há algo importante em relação ao significado das palavras
no original grego. “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (Jo.3:36). Crê, aqui, é, no grego, a
palavra pisteô. Mas na segunda parte do versículo lemos: “... mas aquele que não crê no Filho
não verá a vida”. Crê, aqui, no grego é apeitheô, que significa desobedecer. (Rm.2:8; 11:30-31;
15:31). Portanto, na Bíblia, crê é obedecer. Sem obediência é impossível se chegar ao céu.
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O jovem queria a vida eterna, mas Jesus lhe exige: Se você me seguir, eu lhe darei a
vida eterna. Você precisa se tornar meu servo e submeta-se aos meus ensinos pois eu sou o
Grande Profeta. Dobre-se aos meus mandamentos, Eu sou o rei e somente assim você será
salvo! A Bíblia seria um livro diferente se Jesus aceitasse pessoas que fazem uma confissão
intelectual apenas. Se Jesus oferecesse ao jovem tesouros no céu sem a exigências de segui-lo,
João não teria escrito: “Aquele que diz: Eu conheço-O, e não guarda os seus mandamentos, é
mentiroso e nele não está a verdade” (I Jo.2:4). A fé não é apenas um balançar de cabeça à
uma série de fatos, mas é obediência, libertação dos pecados, evidenciados no seguir a Jesus.
Esta forma de pregar soa estranha nos dias de hoje. Ouvi de certo pastor, que ao ouvir
uma mensagem como essa, dizer ao pregador: “Você está pregando salvação pelas obras”.
Muitos pensam que ao se pregar isso, virá a cisão, a divisão e é melhor amordaçar o
Evangelho em prol da unidade. Será que estamos dispostos a adocicar a doutrina da fé
apenas para manter o tradicionalismo evangélico e a unidade, passando por cima da
verdade?
Esta é uma questão muito importante. O Evangelho de hoje com a prática de convidar
a ir à frente ou levantar a mão e fazer uma oração de confissão, considerando este pecador
como convertido e afirmando que ele basta crer em Jesus e será salvo, é o que Dietrich
Bonhoeffer chamou de “graça barata”. Ele dizia: “Graça barata é a pregação do perdão sem a
exigência do arrependimento, batismo sem disciplina na igreja, comunhão sem confissão, absolvição
sem confissão pessoal. Graça barata é graça sem discipulado, graça sem cruz...” É deixar que o
“cristão viva como o resto do mundo, deixe que se amolde aos padrões do mundo em todas as esferas da
vida, e não tenha a presunção de aspirar viver uma vida diferente... da sua antiga vida debaixo do
pecado”. Em outras palavras é querer Jesus como Salvador mas sem querer segui-lo nas suas
exigências. Sem isso não haverá vida eterna. Por isso Jesus disse: “Segue-me”. Seguir é ter fé!
Eu creio, por isso O sigo incondicionalmente.
“Graça barata” também é pregar o evangelho convidando pessoas com problemas para
virem a Jesus para solução dos seus problemas, dizendo que “sua vida vai mudar”. É
apresentar Jesus como um super-psicólogo que irá colocar sorriso nos lábios dos
necessitados. Mas ninguém apresenta o seguir a Jesus e muito menos o quanto isso custa, e
quanto é doloroso. (Vide cap. V, inciso II – O Evangelho da Apelação).
“Graça barata” é “Fé fácil”! Sem exigências! E não é de se estranhar que muitos
“convertidos” logo abandonam o Evangelho, voltando ao mundo como a porca volta à lama.
Eles constatam que foram iludidos. Dessa forma, as igrejas que receberam estas pessoas,
entram em triste confusão e frustração. O que precisamos é apresentar o Evangelho como
Cristo apresentou. Que os ouvintes devem carregar a cruz, que meçam o preço de ser crente,
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Não existe evidência de que o jovem tenha chegado a confiar em Cristo arrependendo-
se dos seus pecados. Mas Jesus o confrontou com o verdadeiro Evangelho e suas implicações.
O jovem não foi enganado com técnicas de apelos psicológicos. Quando o jovem se retirou
ele sabia claramente da resposta à sua pergunta inicial: Segue-me, creia, arrependa-se,
renuncie, mude de vida, tome sua cruz, entre pela porta estreita!
A salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo quanto temos – Ler anexo 06
( o custo de seguir a Cristo – J. C. Ryle)
Além disso, o obreiro ou conselheiro, neste momento afirma ao “decidido” que ele
agora está salvo e que nunca duvide disso, pois seria chamar Deus de mentiroso, pois Ele
prometeu tudo aquilo ao que crer.
Este estilo evangelístico nunca foi usado por Cristo, muito menos com este jovem rico.
Na verdade, é uma forma anômala de evangelizar, pois não leva em conta a santidade de
Deus, não prega a Sua Lei, não exige arrependimento e a fé é colocada como uma mera
“aceitação de Cristo”. Além disso, garantem que agora o pecador já tem segurança de
salvação.
Outra forma de se cometer este equívoco é achar que não se deve duvidar da salvação
das pessoas que fizeram à classe de catecúmenos e professaram a sua fé, a não ser que
tenham cometido algum pecado escandaloso. E se o professo estiver com alguma dúvida,
isso é considerado apenas pobreza de entendimento doutrinário. Em outras palavras, o mero
entendimento intelectual da doutrina garante a salvação, sem uma fé experimental de
mudança de vida.
Jesus amou aquele jovem rico, mas, não agiu como os evangelistas modernos, pois
exigiu mudança radical, arrependimento e fé. Não temos dúvida de que o jovem “viria à
frente” se lhe fosse feito um convite de aceitar a Jesus e seria considerado como nascido de
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novo. O jovem creu e se entristeceu, mas continuou perdido. Assim é com o diabo, que crê na
verdade, na sã doutrina e até treme, mas está condenado (Tg. 2.19).
Na verdade o jovem “foi à frente”, publicamente, pediu por vida eterna, mas não
recebeu esta dádiva. Ele se comoveu com a mensagem de Cristo, mas não se converteu e se
estivesse numa classe de catecúmenos teria se saído muito bem. Estas coisas não dão
segurança de salvação. Essa falsa paz, essa falsa segurança é pregada no evangelismo
moderno e é isso que os missionários, pastores e evangelistas estão fazendo hoje.
Vemos isso de forma clara em Jeremias 6:13-14, em relação aos falsos profetas. Eles
curam superficialmente a ferida do povo ao dizerem que está tudo bem. Que há “paz, paz,
quando não há paz”. Quem coloca segurança nos corações é o Espírito de Deus. Os métodos de
hoje nunca foram usados pelos grandes pregadores e evangelistas do passado. Tenho visto
uma tendência em ser criativo na evangelização, mas sem base Bíblica para este métodos
criativos. São inovações, acréscimos que Lloyd-Jones chamava de “volta ao catolicismo”.
Cremos que a Confissão de Fé de Westminster tem algo muito importante a nos dizer
no capítulo XVIII. (vide anexo Nº 01)
Muitas vezes é mais honesto que as pessoas retornem às suas casas entristecidos, mas
perfeitamente conscientes das suas condições, a voltarem com uma falsa certeza de salvação
por terem “vindo à frente”, ou respondido a orações de confissão. Estes são atos externos
apenas. O que ele necessita é de conversão verdadeira reconhecendo o senhorio de Cristo em
Sua vida.
É o Espírito Santo que deve dar esta segurança ao crente: Romanos 8.16 e I João 3:24.
Ele dá a certeza de pecados perdoados aos que se examinam à luz da Palavra (II Co.13.5 e
João 14.23). Jesus exige, purificação, santificação, mudança completa ao dizer “vende tudo que
tens e dá-o aos pobres... vem e segue-me”. A recusa do jovem o impediu de ter “um tesouro nos
céus”.
É claro que não devemos olhar para os sinais externos de moralidade como
demonstração de que uma pessoa possui a vida eterna. O jovem era moralmente correto. O
que precisamos é penetrar na intimidade da nossa alma e ver se estamos alegres à submissão
à Palavra de Deus e que Ele dirige agora nossas vontades; que Deus é o objeto supremo de
nosso amor e o espírito da lei é guardado.
O entusiasmo religioso não é prova de nossa aceitação por parte de Deus. O jovem rico
era assim, e creio que sua vida exemplar envergonharia muitos crentes, mas não era
convertido. Jesus não recebeu dele lealdade completa e por isso não podia ser seu discípulo.
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Ao chegar ao fim da conversa este jovem tinha ouvido tudo que necessitava. Cremos
que ele aceitou o que Cristo disse: “Deus é santo e eu cobiçoso; tenho de negar o meu
dinheiro para ganhar a vida eterna; devo seguir a Jesus totalmente se quiser um tesouro no
céu”. Mas a compreensão intelectual não é suficiente, mas é necessário devoção, aprovação
íntima, alegria íntima no Evangelho que se manifestaria numa transformação exterior.
Ter certa dúvida se preenchemos as condições para nos considerarmos herdeiros das
promessas é compreensível por termos corações enganosos (Jr.17:9). Mas, sem dúvida
percebemos que ir “à frente”, o levantar a mão e a repetição de uma oração não é garantia de
fé salvadora.
Nos lembramos do atalho escolhido por Abraão, o caminho carnal para conseguir um
herdeiro. Ele produziu Ismael, um “jumento selvagem” (Gn.16:12). Em Romanos 9:8, lemos:
“...estes filhos de Deus não são propriamente os da carne...”. Abraão poderia dizer que era seu
filho amado, mas Deus o desconsiderou como filho da promessa. O evangelho moderno está
enchendo as igrejas de “Ismaéis” ao produzirem “convertidos” por causa de sua pressa em
chamá-los filhos de Deus. Mas Deus procura por “Isaques”, que podem demorar e vir, mas
virão de forma irresistível, pois estes é que são os filhos da promessa.
Jesus é nosso mestre em evangelismo e Ele sem dúvida condena estas práticas
modernas de evangelização. Ele deixou o jovem rico ir-se triste, mas não enganado.
O problema dos nossos dias é que no intuito de se pregar essa falsa segurança de salvação,
prega-se uma mensagem inofensiva (Vide Cap. V, inciso VI – O Evangelho Inofensivo).
Creio que Jesus ao dizer que era difícil um rico entrar no reino de Deus, estava dizendo
que era, também, difícil um adúltero, ou um ladrão, ou um desobediente entrar no céu. Jesus
usou um pecado específico (a cobiça) para exemplificar uma verdade de cunho geral.
Quando Jesus afirmou que era “mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha
do que um rico entrar no reino de Deus”, ele estava dizendo que é impossível ao homem ser
salvo por seus esforços. Os discípulos compreenderam isso, tanto é que disseram: “Quem
poderá salvar-se?”. Podemos até imaginar Jesus balançando a cabeça e dizendo: “É verdade,
vocês entenderam o que Eu quis dizer - para os homens é impossível!”. Quão diferente é o
que dizem os evangelistas modernos: “É fácil, só depende de vocês... creiam!”.
Jesus estava dizendo aos discípulos que o que Ele pedia ao jovem rico era o impossível.
Ele não podia se desfazer de tudo que tinha, pois para isso era necessário se arrepender e
crer. Mas o jovem estava escravo de Satanás, a sua vontade estava presa, pois sua natureza,
como a de todos os homens, é corrompida e oposta às exigências do Evangelho. Por isso
Jeremias (13:23) pergunta: “Pode o Etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as sua manchas? Nesse
caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal?”. A resposta a esta indagação
é: Nenhum pecador tem a capacidade de se converter, se arrepender e crer no Senhor Jesus.
Este encontro de Jesus com o jovem rico nos mostra esta verdade. Jesus exigiu
arrependimento e fé, mas ele tinha o coração corrompido (Gn.6:5) e era um “morto em delitos e
pecados” (Ef.2:1). Ele não obedeceu porque não podia, mas isso não o fazia inocente!! Quando
Jesus disse: “segue-me”, Ele sabia que “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o
trouxer” (Jo.6:44). Este jovem estava tão incapacitado de vir, que por estar morto, necessitava
NASCER DE NOVO. A Bíblia diz claramente que todos os que crêem em Jesus, não
nasceram “nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo.1:13). De fato
para o homem “é impossível!!”.
O evangelismo moderno tem sido apresentado como se Deus já tivesse feito tudo que
podia para salvar o homem e agora está de braços cruzados esperando que o homem faça
alguma coisa, use seu livre arbítrio para ir em busca de Deus, em direção a Jesus, como se a
salvação dependesse agora exclusivamente dele. Esquecem os evangelistas modernos de que
é o Espírito Santo que trabalha no coração dos homens, convencendo-os do pecado, da
justiça e do juízo; que lhes revela Jesus e regenera os pecadores para que possam crer e se
arrepender.
Ora, como pode o homem caído, corrupto, cego e entenebrecido no entendimento, com
uma natureza que o leva a se afastar de Deus, que odeia a este Deus, agora, por sua
espontânea vontade, ir em busca de Jesus? Como pode uma pessoa vender tudo que tem, dar
aos pobres para depois querer seguir a Jesus? Não, isto é impossível!! Seu livre arbítrio o leva
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O mesmo se diz para o arrependimento: é uma dádiva de Deus (Atos 5:31; 11:18; II
Tm.2:25). Para um pecador se arrepender, Deus tem de quebrar-lhe o coração de pedra e dar-
lhe um coração de carne. Pedir a um homem não regenerado que se arrependa e a um
coração cobiçoso que venda tudo e dê aos pobres, é pedir o impossível. E foi isso que Jesus
exigiu. Só Ele pode fazer esta obra no coração dos homens. Se é assim, o que o homem tem
de fazer é clamar a Deus para que Ele faça o que os homens não podem fazer por si mesmos.
Pregar o evangelho a descrentes é pregar a mortos e exigir que eles saiam dos túmulos;
é pregar a ossos secos. Quando evangelizamos, temos de lembrar que as pessoas estão em
total incapacidade de atender ao chamado e às exortações apresentadas. Nossa esperança
reside apenas e exclusivamente em Deus e não na vontade humana ou no seu livre arbítrio.
Porém a Bíblia diz que Deus se alegra em ressuscitar pecadores mortos em seus delitos e
pecados pela “loucura da pregação”. O método é a pregação.
Quando Jesus mandou que Lázaro saísse do túmulo, Ele estava mostrando que a
doutrina do livre arbítrio é absurda. Como pode um morto, um cadáver que cheira mal,
obedecer e desejar sair. É verdade que Lázaro obedeceu e exercitou sua vontade, mas só após
Jesus tê-lo ressuscitado, após receber vida nova que lhe foi dada pela soberania de Deus.
Somos chamados a pregar a “ossos secos”. Em Ezequiel lemos que Deus mandou o profeta
profetizar sobre eles. Aqueles ossos não tinham vontade, não tinham livre arbítrio. Mas
quando Deus soprou sobre eles, receberam vida e se tornaram um grande exército. Só assim
esses “ossos secos” podem se levantar e seguir ao Cordeiro louvando a glória de Sua graça
soberana e poderosa. O jovem rico tinha sua vontade morta, seu livre arbítrio escravo do
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pecado e por isso ele não atendeu ao mandado de Cristo. (Vide Cap. IV, inciso III – O
Evangelho da Graça).
Assim, temos de nos voltar em humildade para Deus. Só Ele pode nos assistir e não
podemos depositar nossa esperança em técnicas psicológicas, em entretenimento, em
sabedoria humana. Não são três ou quatro passos que os pecadores devem tomar, exigidos
pelos pregadores modernos, que os farão convertidos, mas só Deus, pelo Seu Espírito, pode
converter, dar nova vida. É isso que vemos em 2Tm.2:24-26. Só “se” Deus lhes conceder
arrependimento... Esta é a nossa esperança! Por isso, quando pregamos, temos de exigir com
amor, que os pecadores clamem, peçam, implorem, orem, dizendo : “Senhor, tem misericórdia
de mim. Converte-me, dá-me fé, salva-me por Tua graça”. (Vide Cap. IV, inciso IV e VI – O
Evangelho da Apelação e o Evangelho Exclusivo).
CONCLUSÕES:
2. Observe com cuidado o quanto estamos longe desta evangelização que Cristo
praticou.
3. A maioria, esta baseada nos seus resultados pragmáticos, não quer voltar à
mensagem pura do Evangelho, presumindo que a tradição evangélica está correta.
4. A nossa evangelização deve estar repleta de doutrina e ensino. O método bíblico de
evangelizar é explicativo e aplicativo. O Evangelho deve entrar pela mente e descer ao
coração. Por isso devemos pregar todo conselho de Deus sem receio de que estejamos
“afugentando” os pecadores. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem”, disse Jesus.
Não há o que temer, temos de ser fiéis na evangelização.
5. Vamos evangelizar com as verdades bíblicas e “batalhando pela fé que uma vez foi
dada aos santos” (Judas 3).
CAPÍTULO VII
Quando surgiu esta prática? Por que é tão comum nos nossos dias? Qual a base bíblica
para o apelo? Creio que você já ouviu expressões como esta: “Se o senhor tivesse feito um
apelo teria havido muitas decisões”. Outros chegam ao ponto de afirmar que o sermão não
foi completo por não ter sido feito um apelo por decisões. Certa vez um presbitério (da Igreja
Presbiteriana do Brasil) convidou certo pastor para ser o pregador em uma cruzada
evangelística, mas ela foi suspensa em virtude de o pregador afirmar que não fazia apelo
para que pessoas se decidissem. Além de ser suspensa a cruzada, o pastor contrário à prática
do apelo foi chamado de radical. Na verdade, sejamos sinceros, quem neste caso, foi o
radical? O apelo por decisões seria uma prática apenas “cultural”, sem nenhum fundamento
doutrinário?
O Dr. Martin Lloyd-Jones nos conta em seu livro “Pregação e Pregadores”, que certo
pregador foi convidado para falar em um programa que seria transmitido pelo rádio e onde
haveria um intervalo de meia hora para que alguns hinos fossem cantados. No final da
mensagem, este pregador fez seu tradicional apelo. Como não conseguira muitas “decisões”,
sua explicação foi: “Os hinos atrapalharam as conversões”.
Conta-nos, ainda, o Dr. Lloyd-Jones, que certo dia, enquanto pregava, um homem, que
era alcoólatra inveterado, parecia muito tocado pela mensagem, pois chorava copiosamente.
No final do sermão o “doutor” apenas se despediu dele apesar de vê-lo chorando. Na noite
seguinte, quando Lloyd-Jones se dirigia à igreja para o culto de oração, aquele homem se
aproxima e diz: “Pastor, sabe de uma coisa, se o senhor tivesse me convidado na noite passada, eu
teria atendido” (ele se referia ao apelo). O “doutor”, então, o convidou para ir com ele à igreja.
Porém o homem argumentou que infelizmente a ocasião havia passado, mas se tudo tivesse
sido feito naquela noite, ele teria se convertido. Lloyd-Jones respondeu: “Meu caro amigo, se
aquilo que aconteceu na noite passada não perdurou por 24 horas, então não me interessa. Se você não
está preparado para vir comigo agora como estava na noite passada, então você não tem a coisa
verdadeira...você, de fato, não percebeu ainda sua necessidade de Cristo”.
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Temos de voltar à história e observar quando isso começou. Não precisamos dizer que
o apelo nunca foi uma prática dos apóstolos, nem da igreja primitiva, nem dos grandes
pregadores que o mundo conheceu como George Whitefield, John Wesley, Spurgeon, Asahel
Nettleton, os puritanos, etc. Esta prática foi “inventada” na década de 1820 pelo pelagiano
Charles Finney, quando deu início ao chamado “assento dos ansiosos” e apelava às pessoas a
que se decidissem naquele instante por Cristo.
Há uma questão teológica por trás de tudo isso. Finney, seu inventor, tinha uma visão
distorcida e limitada da soberania de Deus. Ele afirmava: “É inútil falar da onipotência de
Deus para impedir o pecado”. Dizia que Deus era soberano no mundo físico mas não no
reino moral e que Ele se encontra limitado pelo livre-arbítrio do homem, de tal forma que
Seu poder sobre o homem fica reduzido apenas à persuasão. Defendia que a graça torna
possível a salvação para todos os homens, mas não é eficaz para ninguém. O Espírito Santo
tem a função de “cativar a mente” sendo que não existe uma obra direta e imediata do
Espírito sobre ela. Seria sempre uma ação externa. O Espírito estaria sempre mantendo o
impacto da verdade para afastar as más intenções e os pecadores seriam persuadidos a
aceitarem a verdade. A mesma técnica de lavagem cerebral usada pelos comunistas no
passado. Finney defendia que a obra do Espírito Santo era apenas externa e que nossa mente
é neutra e os desejos somente são pecaminosos quando são transformados em ação. Negava
que a natureza do homem precisasse de regeneração, mas somente as escolhas por ela
efetuadas é que necessitavam. Não aceitava o pecado original, pois o homem nasce inocente
e se torna pecador devido o ambiente em que vive que corrompe a sua inocência original.
Dessa forma o novo nascimento não é uma regeneração interior do coração, mas
simplesmente uma mudança de escolha. O pecador regenera-se a si mesmo, porém a palavra
de Deus mostra-lhe como fazê-lo; o pecador converte-se a si mesmo, mas o Espírito o
persuade a fazê-lo. Sua opinião de que o homem é capaz de fazer aquilo que Deus ordena
(“arrependei-vos e crede”), levou Finney a criticar as orações que pediam a Deus que fizesse
com que os pecadores se arrependessem e cressem no Evangelho. Segundo Finney, fazer isso
seria um insulto a Deus. Para ele, o homem é perfeitamente capaz de, sem a ajuda de Deus,
criar um novo coração para si mesmo.
Podemos ver claramente porque Finney fazia apelo: porque o homem pode responder
ao chamado de Deus por sua livre iniciativa, por seu livre-arbítrio. Ou seja, o apelo está
fundamentado num conceito teológico e não cultural. Ele era Pelagiano (seguidor de Pelágio)
que defendia a vontade humana desassistida como a base da salvação e tudo depende da
vontade do homem. Pelágio foi um herege!
Quais os perigos do apelo por decisões? Lloyd-Jones responde mais ou menos assim:
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Aqui é necessário que se fale das formas de usar o emocional para se produzir decisão
e resposta ao apelo: Usar histórias comoventes e a música. Tudo isso pode ser lícito como
ilustração e louvor, porém nunca como motivador para gerar decisões. Isso tem sido usado
com muita freqüência no evangelismo moderno.
Ilust. – Há uma enorme confusão entre “vir a Cristo” e “vir a frente”. (o texto em itálico é
acréscimo meu) - Ler anexo 08 (quanto ao vir a Cristo – Ernest Reisinger)
Alguma reunião musical ou mesmo uma cantata ou uma pregação “telegráfica”, não
explicativa, pode ficar dissociada do apelo e o pregador e os crentes esperarem uma resposta
positiva e sincera (“mágica e espúria”) dos “decididos”. Creio que é necessário lembrar que é
muito freqüente se fazer apelo após uma mensagem que em si está totalmente desvinculada
do apelo. São dois momentos distintos no culto. É comum se vê pastores que não sabem
terminar o sermão se não fizerem um apelo.
4) O risco de esperar que os pecadores tenham poder inerente de “fazer uma decisão
por Cristo”.
O versículo em I Co. 2:14 desfaz esta pretensão condenável. “...o homem natural não
aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque
elas se discernem espiritualmente”. Não há poder inerente nas pessoas para fazerem “decisão
por Cristo”, elas estão obscurecidas no entendimento.
6) Este método tende a produzir uma superficial convicção de pecado (se é que produz).
As pessoas respondem positivamente quando lhes são oferecidos certos benefícios.
Certo homem foi à frente no apelo quando o pastor disse: “Se alguém não quiser “perder o
barco”, venha à frente. Este homem foi à frente e considerado como convertido. O próprio
Wesley, que era arminiano, mas não fazia apelo, não se interessava por resultados imediatos
e visíveis e sim na obra regeneradora do Espírito Santo. Os reformados e puritanos
pensavam assim, e, dessa forma queriam ver primeiro os frutos para depois afirmar que a
pessoa estava convertida (“produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” Mt 3:8).
Às vezes sou inclinado a pensar que uma grande parte do avivalismo moderno tem sido mais
uma maldição do que uma bênção, porque tem conduzido milhares a um tipo de paz antes que
conheçam a sua miséria. Buscam restaurar o pródigo à casa do Pai sem antes fazer com que ele afirme
“Pai pequei!”. Você acha que um fazendeiro obterá uma colheita de sem antes ter limpado, gradeado e
arado a terra? Assim é a alma convertida...não vem sem convicção de pecado. (o texto em itálico é
acréscimo meu).
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7) O risco de encorajar as pessoas a pensar que o ato de vir à frente ou levantar a mão
as salvará.
Isso aconteceu com aquele homem que agora estava “no barco”. Não parece tudo isso
uma desconfiança na ação do Espírito Santo como se Ele precisa de ajuda ? Isso é muito
grave ! A obra do Espírito é completa e eficaz. A regeneração, a convicção de pecado, a fé, e o
arrependimento estão nas mãos do Espírito Santo. Não é necessário que alguém se
identifique indo à frente para que a salvação torne-se visível e sim pelo que acontecerá na
vida das pessoas: novo nascimento não depende ou se ver num levantar de mão. Certo
pregador do Congo fazia todo tipo de apelo para que as pessoas se convertessem, mas nada
acontecia. Quando viajou e outro pastor pregava em seu lugar, irrompeu um grande
avivamento. Ele não gostou quando sua esposa o escreveu sobre o fato, pois ele não estava
ali, tudo não havia sido feito por ele. Havia orgulho e disso somos tentados. Quando voltou,
e ao começar a expor as Escrituras, as pessoas se quebrantaram em profunda convicção de
pecado. Ele tentara isso por 20 anos e não conseguia. Por que? Porque é obra exclusiva do
Espírito Santo. Não podemos pisar em terreno que é dEle. Infelizmente essa é a mentalidade
de Billy Grahan. Ele diz nas suas campanhas: “Eu vou pedir que você venha a frente. Lá em
cima e aqui em baixo, vou pedir que você venha. Deve vir agora, rapidamente. Não permita
que a distância o separe de Cristo. O caminho é longo, mas Cristo percorreu todo o caminho até
a cruz porque amou você. Certamente você deve dar esses poucos passos e entregar sua vida
a Cristo...”
Uma disposição do não convertido para vir à frente pode ser motivada por várias razões: 1)
Amor próprio natural buscando felicidade; 2) Uma consciência perturbada buscando alívio por meio
de um ato religioso; 3) A influência condicionadora de uma grande reunião onde outros respondem, e
assim por diante, não passa de uma questão psicológica - a multidão sempre nos atrai. Pergunto: em
que o apelo beneficia as pessoas? Aqueles chamados eficazmente não perderiam nada se o apelo fosse
omitido. (o texto em itálico é acréscimo meu).
8) O pelo incentiva a pessoa a pensar que pode se “decidir por Cristo”.
O pecador não “se decide por Cristo”, mas ele “foge” para Cristo em total desamparo e
desespero, clamando por misericórdia : “...Converte-me e serei convertido, porque tu és o Senhor
meu Deus” (Jr. 31:18). É como alguém que está se afogando e não simplesmente se “decide” a
pegar a corda que o salvará, mas agarra-se a ela pois é a única escapatória, a única
esperança . “Se decidir por Cristo” é uma expressão imprópria.
Trata-se de uma idéia perniciosa pensar que qualquer homem pode ser salvo se ele reconhecer a
Cristo de uma forma genérica, tipo Rm.10:9 (falar sobre o contexto dessa afirmação) ou At.2:21.
Observe que em Atos o texto diz “todo aquele que invocar o nome do senhor será salvo”. O texto não
diz: “Aquele que invocar o Senhor...”. Mas sim, “Aquele que invocar o nome do Senhor”. Por “nome
do Senhor” entende-se tudo aquilo que nos é revelado nas Escrituras sobre o Senhor Jesus. Significa
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que, qualquer que receber, reconhecer e adorar a Cristo de acordo com o que as Escrituras revelam e
testificam acerca dele, será salvo. Spurgeon diz que você pode crer que Jesus Cristo morreu por você e
ao mesmo tempo acreditar naquilo que não é verdadeiro. (o texto em itálico é acréscimo meu).
MAS COMO ?
Lloyd-Jones nos responde: “O apelo deve fazer parte integrante da própria Verdade, da própria
mensagem. ... O apelo deve estar implícito ao longo de todo o corpo do sermão, bem como em tudo
quanto o pregador faz.”
Ele diz que a exposição e aplicação do sermão é um apelo e que se sentir do Espírito o
desejo de fazer um apelo distinto do sermão, nunca será convidando pessoas à frente, mas se
dispondo a conversar no final da reunião ou em qualquer outra ocasião. Disse ele: “Confesso
que já vi casos de pessoas que, depois de estarem a meio caminho de casa, voltaram para conversar
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comigo na igreja, por não poderem tolerar o senso de convicção de pecado e de infelicidade; a agonia
delas era grande demais”.
Spurgeon, o grande pastor batista calvinista, e que condenava esta prática do apelo
para vir à frente, sendo que, na sua época esta prática ainda estava tão comum como hoje,
dizia que um animal ferido (em convicção de pecado) longe de se expor, procurava um lugar
solitário para sofrer suas dores.
Esta prática do apelo tem sido muito comum nos nossos dias, inclusive nas igrejas de
confissão reformada (pelo menos nominalmente). Também, o apelo aos crentes para orar,
para se consagrar, para chorar, para clamar... é fruto de uma mentalidade “Finneyana” e tem
os mesmos riscos e equívocos doutrinários do apelo aos não convertidos.
Precisamos ter a coragem de quebrar este tradicionalismo e romper com estes
“paradigmas” que descansam em bases doutrinárias equivocadas e sermos verdadeiros
evangélicos como foram, Knox, Calvino, Lutero e os Puritanos, que defendiam com todo
vigor SOLA SCRIPTURA e por isso foram às últimas conseqüências para serem fiéis a
Palavra.
Deus nos dê da Sua força !! Amém.
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CAPÍTULO VIII
A EVANGELIZAÇÃO ARMINIANA
(Michael Horton)
Jerry Falwell denomina-o de “um dos meus heróis e um herói para muitos evangélicos,
inclusive Billy Graham”. Lembro-me passeando pelo Billy Graham Center alguns anos atrás,
observando o lugar de honra dado a Finney na tradição evangélica, reforçado pela primeira
aula de teologia que tive numa faculdade evangélica, onde exigia-se a leitura da obra de
Finney. O reavivalista nova-iorquino era o celebrado e sempre citado campeão do cantor
evangélico e líder da JOCUM (Jovens Com Uma Missão), Keith Green. Finney é
especialmente estimado tanto pela Direita como pela Esquerda evangélica, tanto por Jerry
Falwell quanto por Jim Wallis (revista Sojourner’s); as suas marcas podem ser vistas em
movimentos aparentemente opostos, mas que, na verdade, são herdeiros do seu legado.
Desde os movimentos da Videira (Vineyard) e Crescimento de Igrejas até às cruzadas sociais
e políticas, tele-evangelismo, e Guardadores da Promessa. Como aclamava entusiasticamente
um ex-presidente do Wheaton College: “Finney continua vivo!”.
Isto deve-se ao impulso moralista de Finney que visionava uma igreja que era, em
grande parte, uma agência da reforma social e pessoal em vez de uma instituição na qual os
meios de graça, Palavra e Sacramentos, são colocados à disposição dos crentes que então
levam o evangelho ao mundo. No século dezenove o movimento evangélico tornou-se
crescentemente identificado com causas políticas — da abolição da escravatura e leis sobre o
trabalho infantil aos direitos da mulher e proibição de bebidas alcoólicas. Na virada do
século, com uma afluência de imigrantes católicos que já deixava pouco a vontade os
evangélicos americanos, o secularismo começou a arrancar das mãos dos protestantes as
instituições (faculdades, hospitais, instituições de caridade) que estes haviam criado e
mantido. Num esforço desesperado para recuperar este poder institucional e a glória da
“América Evangélica” (uma visão que sempre é poderosa na imaginação, mas é ilusória após
a desintegração da Nova Inglaterra puritana) o establishment protestante da virada do século
58
É por isso que Finney é tão popular. Ele é o ponto mais alto na mudança da ortodoxia
reformada, evidente no Grande Despertamento (sob Edwards e Whitefield), para o
evangelismo Arminiano (na verdade pelagiano), evidente no Segundo Grande
Despertamento até aos dias presentes. Para demonstrar o débito do evangelicalismo
moderno a Finney, temos que observar primeiro seus princípios teológicos. Por causa deles
Finney tornou-se o pai dos pressupostos de alguns dos maiores desafios no meio das igrejas
evangélicas, nominalmente: o movimento de Crescimento de Igrejas, o Pentecostalismo e o
reavivamento político.
A) QUEM É FINNEY?
Primeiro, não é necessário ir além do índice de sua Teologia Sistemática para entender
que toda teologia de Finney girava em torno da moralidade humana. Os capítulos de um a
cinco são sobre governo moral, obrigação, e unidade da ação moral; capítulos seis e sete são
“Obediência Total”, assim como os capítulos de oito a quatorze discutem os atributos do
amor, egoísmo, e virtudes e vício em geral. Não é senão no capítulo vinte e um que se lê algo
de interesse especialmente evangélico: expiação. A isto segue-se uma discussão sobre
regeneração, arrependimento e fé. Há um capítulo sobre justificação seguido de seis sobre
santificação. Noutras palavras: Finney na verdade não escreveu uma Teologia Sistemática,
mas uma coletânea de ensaios sobre ética.
Mas isso não significa que a Teologia Sistemática de Finney não possua declarações
teologicamente significativas.
Primeiro, em resposta à pergunta: “Um crente deixa de ser crente, sempre que cometer
um pecado?”, Finney responde: “Sempre que pecar ele deixa, por enquanto, de ser santo. Isto é
evidente. Sempre que pecar, ele tem que ser condenado; tem que incorrer na penalidade da Lei de
Deus... Se se diz que o preceito ainda prevalece sobre ele, mas que, quanto ao cristianismo, a
penalidade é posta de lado para sempre, ou ab-rogada, replico pois que ab-rogar a penalidade é rejeitar
o preceito, porque um preceito sem penalidade não é lei, é conselho ou advertência. Portanto o crente
não é mais justificado pelo que obedece, e deve ser condenado quando desobedece; ou o
Atinominianismo é verdade… Neste aspecto, então, o crente pecador e o pecador não convertido estão
precisamente no mesmo terreno. (pág.46)
Finney acreditava que Deus exigia perfeição absoluta, mas em vez disso levá-lo à sua
perfeita justificação em Cristo, ele concluiu que “…obediência total é uma condição de
justificação. Mas novamente, quanto à questão, o homem pode ser justificado enquanto nele permanece
o pecado? Certamente que não, nem pelos princípios legais nem pelo evangelho, a menos que a lei seja
rejeitada… Mas ele pode ser perdoado e aceito, e justificado, no sentido do evangelho, enquanto o
pecado, qualquer grau de pecado, permanece nele? Certamente que não”. (pág.57)
60
Retornaremos à doutrina da justificação de Finney, mas deve-se notar que ela repousa
sobre a negação da doutrina do pecado original. Este ensinamento bíblico, sustentado tanto
pelos católicos romanos quanto pelos protestantes, assevera que todos nascemos neste
mundo herdeiros da culpa e corrupção de Adão. Estamos, portanto, presos à uma natureza
pecaminosa. Como disse alguém: “Pecamos porque somos pecadores”; a condição do pecado
determina os atos do pecado, e não ao contrário. Mas Finney seguia Pelágio, herege do
quinto século, que foi condenado por mais concílios da igreja do que qualquer outro na
história, por negar esta doutrina.
Em vez disso, Finney cria que os seres humanos eram capazes de escolher se seriam ou
não de natureza corrompida ou redimidos, referindo-se ao pecado original como um “dogma
antibíblico e sem sentido” (pág.179). Finney negava, claramente, a noção de que os seres
humanos possuíam uma natureza pecadora (ibid.). Portanto se Adão nos introduz no
pecado, não por herdarmos sua culpa e corrupção, mas por seguirmos seu mau exemplo, isto
leva logicamente à visão de Cristo, o segundo Adão, salvando pelo exemplo. É precisamente
daí que Finney tira sua explicação sobre a expiação.
A primeira coisa que devemos notar sobre a expiação, diz Finney, é que Cristo não
podia ter morrido pelos pecados de ninguém senão pelos seus próprios. Sua obediência à Lei
e sua perfeita retidão eram suficientes para salvá-Lo, mas não poderiam ser legalmente
aceitas em benefício de outros. Vê-se ver neste ponto que toda a teologia de Finney era
levada por uma paixão pelo aperfeiçoamento moral: “Se Ele [Cristo] tivesse obedecido à Lei
como nosso substituto, por que deveria nossa própria obediência pessoal ser uma condição sine qua
non para nossa salvação?” (pág.206). Em outras palavras, por que Deus insistiria que nos
salvamos por nossa obediência se a obra de Cristo foi suficiente? O leitor deve lembrar-se das
palavra de São Paulo quanto a isso: “Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante
a lei, segue-se que Cristo morreu em vão” (Gal.2:21). Pareceria que a réplica de Finney é de
concordância. A diferença é que ele não tinha dificuldade em crer nestas duas premissas.
Isto não é totalmente razoável, é claro, porque Finney cria que Cristo morreu por algo
— não por alguém, mas por alguma coisa. Noutras palavras: Ele morreu por um propósito,
mas não por pessoas. O propósito daquela morte era restabelecer o governo moral de Deus e
conduzir-nos à vida eterna pelo exemplo, assim como o exemplo de Adão nos motivou a
pecar. Por que Cristo morreu? Deus sabia que “A expiação apresentaria às criaturas os maiores
61
motivos possíveis para a virtude. O exemplo é a maior influência moral que pode ser exercida… Se a
benevolência manifestada na expiação não subjugar o egoísmo dos pecadores, o caso deles é
desesperado” (pág.209). Não somos, portanto, pecadores que precisam ser redimidos, mas
pecadores caprichosos que necessitam de uma demonstração de abnegação tão comovente
que nos motive a abandonar o egoísmo. Finney não somente acreditava que a teoria da
“influência moral” da expiação era o meio principal para compreendermos a cruz, mas
negava explicitamente a expiação substitutiva que “…assume a expiação como um pagamento
literal de um débito que não é consistente com a natureza da expiação… É verdade que a expiação, nela
mesma, não assegura a salvação de ninguém” (pág.217).
Há, então, o tema relativo à redenção. Jogando fora a ortodoxia calvinista dos antigos
Presbiterianos e Congregacionais, Finney contendia energicamente contra a crença de que o
novo nascimento é uma dádiva divina, afirmando que “a regeneração consiste em o pecador
mudar sua escolha suprema, intenção, preferência; ou em mudar do egoísmo para a
bondade”, levado pela influência moral do exemplo comovedor de Cristo (pág.224).
“Regeneração física, pecaminosidade original ou constitucional, e todos os dogmas resultantes e
similares, são igualmente subversões do evangelho, e repulsivos à inteligência humana”(pág.236).
máxima legal de que aquilo que um homem faz por outro ele o faz por si mesmo, e portanto a Lei
considera a obediência de Cristo como nossa obediência, pela razão de que Ele obedeceu por nós”.
A isso Finney replica: “A doutrina de uma justiça imputada, ou de que a obediência de Cristo
à Lei foi tida como nossa obediência, está fundamentada numa disparatada e falsa suposição”. Além de
que, a justiça de Cristo, “não podia fazer mais do que justificar a Ele mesmo. Jamais ser-nos
imputada… era naturalmente impossível, então, que Ele obedecesse em nosso lugar”. Esta
“representação da expiação como fundamento para a justificação de pecadores tem sido a triste causa
do tropeço de muitos” (pág.320-322).
Finney afirma que a visão de que a fé é a única condição para a justificação é a “visão
antinominiana”. “Temos que ver que a perseverança na obediência até o fim da vida é
também uma condição de justificação”. Além de que “a presente santificação, no sentido da
presente consagração total a Deus, é um outra condição… de justificação. Alguns teólogos
fizeram da justificação uma condição de santificação, em vez de fazerem da santificação uma
condição de justificação. Mas veremos que esta é uma visão errada sobre este assunto”
(pag.326-327). Cada ato de pecado requer “uma nova justificação” (pág.331).
Ele chama isso de “outro evangelho”. Insistindo que o relato realista de Paulo sobre a
vida cristã em Romanos 7 referia-se, na verdade, à vida do apóstolo antes de experimentar a
“inteira santificação”. Finney supera Wesley quando teima na possibilidade de um crente
alcançar santificação nesta vida. John Wesley sustentava que era possível ao crente alcançar
completa santificação, mas quando reconhecia que o mais santo dos crentes peca, ele
acomodou sua teologia a este fato empírico singelo. Fez isso ao dizer que a experiência da
“santificação cristã” é um assunto do coração, não de ações. Em outras palavras: um crente
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pode ser aperfeiçoado em amor, de modo que o amor seja agora a única motivação de suas
atitudes, embora cometa erros ocasionalmente. Finney rejeita esta posição e insiste que a
justificação é condicionada à completa e total perfeição, isto é: “conformidade com toda a Lei
de Deus”, e o crente não é capaz apenas disso; quando ele ou ela transgride em qualquer
ponto requer-se uma nova justificação.
frutos, eles estão seguindo a Finney além do pai do pragmatismo americano, William James,
que declarou que a verdade tem de ser julgada na base “de sua contabilidade em termos de
experiências”.
Portanto, na teologia de Finney, Deus não é soberano; o homem não é pecador por
natureza; a expiação não é o verdadeiro pagamento pelo pecado; justificação imputada é um
insulto à razão e à moralidade; o novo nascimento é simplesmente o efeito de técnicas bem
sucedidas, e o reavivamento é um resultado natural de campanhas inteligentes. Em sua
recente introdução à edição do bicentenário da Teologia Sistemática de Finney, Harry Conn
recomenda o pragmatismo de Finney: “Muitos servos de nosso Senhor devem estar
procurando diligentemente por um evangelho que “funcione”, e estou feliz em dizer que
eles podem achá-lo neste volume”. Como documentou cuidadosamente Whitney R. Cross
em O Distrito de Burned-Over: A História Intelectual e Social da Religião Entusiástica na Nova
York Ocidental, 1800-1850 (The Burned-Over District: The Social and Intellectual History of
Enthusiastic Religion in Western New York 1800-1850 — Cornell University Press, 1950), a
região na qual os reavivamentos de Finney foram mais constantes foi também o berço dos
cultos perfeccionistas que empestaram aquele século. Um evangelho que, por um momento,
“funciona” para perfeccionistas zelosos cria meramente os super-santos desgastados e
desiludidos de amanhã.
Não é com prazer que aponto estas coisas, como para denunciar alegremente os heróis
dos evangélicos americanos. Entretanto, é sempre melhor, quando alguém perde algo de
valor, voltar pelo caminho para determinar quando e onde pela última vez o teve em sua
posse. É este o propósito deste exercício, encarar honestamente o sério distanciamento do
cristianismo bíblico que ocorreu através do reavivalismo americano. Se não encararmos esta
mudança, perpetuaremos um curso distorcido e perigoso.
A Inglaterra, que uma vez já foi conhecida pela sua vitalidade espiritual, agora está
mergulhada numa letargia espiritual e a visão missionária dos Estados Unidos está
substituindo aquilo que a Inglaterra deixou de lado. Além disso, muita coisa do que Deus
está fazendo hoje está acontecendo fora desses dois países. Eu espero que a Igreja no Brasil
esteja em constante oração para que, a partir do Brasil, uma outra reforma e um grande
despertamento venha e tome conta do mundo.
Não sabemos o que Deus vai fazer no mundo, mas seria muito emocionante se
pudéssemos fazer parte daquilo que Ele deseja fazer no Brasil. É maravilhoso ser um cristão
e saber que Deus tem todas as coisas debaixo do Seu controle. Todos nós sabemos da
necessidade de um grande avivamento, mas ao mesmo tempo existe uma grande polêmica
nesses dias sobre a questão. Sem sombra de dúvidas, se convidássemos as pessoas para uma
reunião de avivamento, muitas delas viriam com conceitos diferentes do que é avivamento.
Assim sendo, faz-se necessário ter uma definição clara em nossa mente do significado desse
termo. Qual a diferença entre avivamento e avivalismo, se assim podemos chamar?
Esse modelo tem como base o que nós chamamos de pragmatismo. Se você for abrir
um negócio você tem que ser pragmático e se você vai criar uma família, existe uma série de
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considerações práticas que você precisa sempre ter em mente; e, certamente, o mesmo se
aplica quando nós estamos fundando uma Igreja e queremos desenvolvê-la.
Em segundo lugar, Paulo diz que eles serão amantes do dinheiro. Porque as pessoas
amam excessivamente a si mesmas, elas criam o evangelho da auto-estima; e porque as
pessoas amam excessivamente o dinheiro, elas criam o evangelho da prosperidade.
Rebeldia, desprezo pelo passado e busca do prazer - Paulo diz ainda que haverá
muito orgulho e revolta contra as autoridades. Haverá pessoas desobedientes aos pais. Uma
geração não se preocupará com a geração anterior. O cantor Bob Marley escreveu uma
música sobre a cultura americana dizendo: “Povo do futuro, onde está o teu passado? Povo
do futuro, quanto tempo vocês vão durar?” O povo que não tem passado também não tem
futuro. Não sei se Bob Marley era crente, mas com certeza esses versos refletem um ponto de
vista bíblico ao tentar se segurar naquilo que pede o seu passado.
Eu quero lhes garantir que se levarem a doutrina bíblica a sério, muitos irmãos e irmãs
vão lhes dizer que vocês não estão andando nos passos do Espírito; vão lhes dizer que o
Espírito Santo hoje quer fazer uma coisa inteiramente nova, tal como nunca fez no passado. E
o que vocês vão falar? Vão falar sobre os grandes avivamentos do passado, sobre a Reforma?
Qual o valor disso para os amantes de si mesmos e materialistas? Eles responderão que Deus
está fazendo algo completamente diferente nos dias de hoje. Mais uma vez eu quero lembrar
que isso faz parte do narcisismo que diz o seguinte: - “eu é que sou importante e aqueles da
minha geração é que são importantes e não os que vieram antes de nós”.
E ele diz também que as pessoas serão hedonistas, amantes do prazer, nos últimos
dias; como ele diz no verso 4, serão mais “amigos dos prazeres que amigos de Deus”. Mais
uma vez queremos enfatizar: Se você perguntar em uma Igreja: “Vocês concordam com o
hedonismo?” Creio que ninguém vai responder sim a essa pergunta. Mas se você entrar
numa livraria evangélica, se ouvir uma emissora de rádio evangélica, se prestar atenção a
muitos sermões evangélicos, você ouvirá mensagens afirmando que o Cristianismo é a
melhor maneira para você se auto-realizar. Quantos testemunhos temos visto que funcionam
como comerciais de televisão? Nos Estados Unidos, temos aquelas propagandas de dieta que
mostram uma pessoa antes e depois da dieta. Muitas vezes, os testemunhos dos crentes são
assim: “Antes eu era triste, agora sou feliz; antes eu era deprimido, mas agora eu estou
extremamente motivado para viver”. Esses são benefícios maravilhosos, mas, por vezes, a
verdade é que nós, como cristãos, nos tornamos tristes. Algumas vezes, o caminho da cruz é
o caminho do sofrimento, e nem sempre estamos tão entusiasmados a respeito disso. Apesar
de tudo isso, a perspectiva que predomina nos nossos dias é que temos que viver para
satisfazer a nós mesmos.
Moralidade sem piedade - No verso 5 do texto destacado, Paulo diz: “tendo forma de
piedade, negando-lhe, entretanto, o poder”. Veja bem! O que Paulo está dizendo é que pode
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haver uma moralidade sem Deus. Existem pagãos que tem uma vida moral excelente, e há
ímpios que acreditam ser errado você trair sua esposa. Há pessoas não cristãs que têm
famílias muito boas. Mas será que este é o propósito do cristianismo? Consertar tudo aquilo
que está moralmente errado no mundo, ou será que o foco está em Deus, nos Seus
mandamentos justos, e no Evangelho pelo qual nós devemos viver?
Foi dessa filosofia que nasceu o que ficou chamado naquela época de “novas medidas
introduzidas por Finney”. Por exemplo: O sistema de apelo para que as pessoas se
manifestem fisicamente e caminhem até à frente em resposta à pregação nasceu com Carlos
Finney, nesse período. Em sua Teologia Sistemática, Finney nega explicitamente a doutrina
do pecado original. Ele diz ainda que a doutrina da substituição vicária de Cristo é uma
ficção, e que a justificação pela graça, por meio da fé somente, é “outro evangelho”. Com
certeza, é um evangelho diferente daquele que Finney estava pregando.
É isso que Paulo diz a Timóteo, quando fala de pessoas que têm forma de piedade mas
negam, entretanto, o seu poder. Afinal de contas, onde reside o poder da piedade? É o poder
de Deus para a salvação! E que poder é esse? É o evangelho de Jesus Cristo! Somente o
Evangelho pode nos capacitar a viver a vida cristã. Portanto, é possível ter moralidade sem
piedade; e esse é o resultado do pragmatismo.
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Mais tarde, tornou-se conhecida a idéia de D.L. Moody. Ele disse no século XIX que
não faz nenhuma diferença como você leva alguém a Deus; se você conseguir fazer isso, não
importa o meio. O importante é levar, de qualquer maneira, a Deus.
Uma vez perguntaram a Moody: Qual é a sua teologia? Ele disse: “Minha teologia? nem
sei se eu tenho uma!”. Vejam bem! Moody era um vendedor de sapatos, e um dia ele disse que
ao se tornar evangelista não mudou de profissão, o que ele havia feito era trocado de
produto.
Acredito que quase ninguém iria marcar essas coisas num exame tipo teste dizendo
que acredita nelas, mas, na prática, o que acontece é que esse é o credo do evangelicalismo
mundial hoje. Um evangelista americano famoso disse: “Não tente entender, simplesmente
comece a desfrutar, porque funciona; eu já tentei”. Ele estava falando a respeito da meditação
transcendental da Nova Era. Na década de 50 do nosso século, esse pragmatismo se
desenvolveu em termos de pensamento positivo. Foi então publicado um livro chamado “A
Mágica do Crer”. Esse livro propõe que há uma certa qualidade mágica no simples ato de
crer. Porém, a verdade é outra. No cristianismo, o que salva não é o ato da fé, mas sim o
objeto da fé. Nós não somos salvos pela fé, não somos justificados pela fé; nós somos
justificados pela justiça de Cristo que nos é imputada. Mas hoje em dia, desenvolveram essa
equação de que fé é igual a pensamento positivo. Na realidade, essa última frase que
mencionei foi uma citação de Peter Wagner. Ler anexo 03 (o pensamento jesuíta – “os fins
justificam os meios” – Pb. Manoel Canuto)
Deus como objeto de consumo - Muito bem! Esses conceitos funcionam numa
sociedade materialista, que está satisfeita e centralizada no ego; pode funcionar muito bem
na América do final do século XX, pode ser até que funcione em São Paulo também, e pode
funcionar em Londres. Mas imagine o seguinte quadro: Você vai a um cristão do século I e
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diz a ele que a razão principal pela qual ele está indo para a boca dos leões é porque o
Cristianismo funcionou melhor do que as outras religiões!
Temos que nos perguntar: “Será que não estamos usando a Deus? Será que,
finalmente, não embarcamos nesse consumismo da nossa sociedade? Será que não estamos
tratando a Deus como tratamos um produto?” São perguntas muito importantes que devem
ser feitas a nós mesmos. “Será que Deus está nos usando ou nós estamos usando a Deus?”
Reavivamento e Reforma não virão à Igreja até que a mentalidade dos crentes seja
desviada desse egoísmo humano, da centralização no homem que Paulo descreve, para o
verdadeiro Evangelho e para Deus.
Nos Estados Unidos, temos um adesivo que diz: “Jesus é a resposta”. Os incrédulos
fizeram um outro adesivo para retrucar a esse: “Qual é a pergunta?” Considere, agora, o que
diz o pragmatismo: “Eu não sei qual é o seu problema, mas qualquer que seja, Deus pode
resolver. O seu carro está enguiçado? A sua vida familiar não está progredindo como devia?
Deus pode consertar em um piscar de olhos!”. Assim, passamos a consumir a Deus. Nós
usamos a Deus, ao invés de amá-Lo, servi-Lo e honrá-Lo. Ler anexo 04 ( discípulos ou
consumidores – Augusto Nicodemos)
Muito bem! Então qual é o propósito do nosso ministério? Vejamos o que diz Paulo:
“Tu, porém, tens seguido de perto o meu ensino, procedimento, propósito, fé longanimidade, amor,
perseverança, as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia,
Icônio e Listra, - que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor.
Ora todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Mas os homens
perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece
naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que desde a infância
sabes as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção para a educação
na justiça. a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
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Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo
seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, que não, corrige, repreende, exorta com toda a
longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário,
cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se
recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as cousas,
suporta as aflições, faze o trabalho de evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério (II Tim. 3:10-
4:5)
A proclamação da Lei e do Evangelho - Além de seguir o seu exemplo, Paulo quer que
Timóteo também se firme naquelas verdades que aprendeu quando era jovem. Veja que
Paulo, ao invés de nos levar à questão do pragmatismo: “Será que funciona?”, ele nos
conduz para as Escrituras. Ele diz: “prega a Palavra”, com muita paciência instruindo as
pessoas. Porque haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina. Ao contrário, cercar-se-
ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como quem sente coceira nos ouvidos (4:3).
Vejam! sempre temos coceira nos ouvidos. Pragmatismo não é uma coisa nova. Na
realidade já foi praticado desde o jardim do Éden. Quando Eva viu que a árvore era
agradável para se ver, para descobrir o conhecimento e desejável para trazer entendimento;
então ela tomou do fruto e comeu. O que significa para nós “pregar a Palavra”? O que Paulo
quer dizer no verso 5 “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o
trabalho de evangelista”?. O que ele quer dizer com isso, “pregar a Palavra”? Vez após vez,
Paulo e os demais escritores bíblicos nos dizem que isso é a proclamação da lei. Na verdade,
é pela proclamação da lei santa de Deus que nós somos tocados e feridos. A lei de Deus vem
até nós e ela não vem dizendo assim: “Eu vou transformar a tua vida numa vida feliz!”, ela
não vem dizendo: “Vou te dar prosperidade!”. Na realidade, a lei vem para nos dizer
exatamente aquilo que Deus tem dito que requer de nós. A lei nos confronta com a glória de
Deus e a nossa pecaminosidade torna isso aterrorizante!
disse: “As pessoas hoje em dia não estão preocupadas com doutrinas como justificação,
salvação ou expiação. Nos dias de hoje, ninguém entende esses termos. O que nós
precisamos fazer é atender as necessidades das pessoas!”
Imaginem um professor! Vocês não acham que seria muito estranho se o professor
chegasse dizendo assim: “Não posso ensinar o alfabeto para esta criança porque ela ainda
não sabe português”. Esse é o tipo de argumento que esse pastor estava apresentando. Tanto
que o que hoje se passa com o nome de pregação, na realidade, não é pregação da Palavra.
Porque não apresenta nem a Lei nem o Evangelho. Esses pastores começam decidindo o que
é que as pessoas de sua igreja desejam ouvir. Quais são os pontos que estão em moda hoje?
Quais são as necessidades das pessoas dos dias de hoje? E aí, então, eles vão às Escrituras e
procuram e acham passagens que podem ser usadas para apoiar essa necessidade, ao invés
de, indo ao texto, perguntarem primeiro como a santidade de Deus nos convence do nosso
pecado e como o Evangelho de Cristo pode ser tão claro que até pecadores como nós podem
se arrepender e crer.
Mas vocês, irmãos e irmãs ouçam o que Paulo diz, sejam sóbrios em todas essas coisas,
preguem a palavra, suportem as aflições, façam o trabalho de evangelista, e cumpram
cabalmente o ministério. Ler anexo 02 ( tentando agradar a homens uma prática cheia de
perigos – George M. Bowman)
73
CAPÍTULO IX
INTRODUÇÃO:
Dois conceitos e tipos distintos de evangelismo tem sido desenvolvidos durante o
curso da história protestante. Podemos chamá-los de Evangelismo Puritano e Evangelismo
Moderno. – Estamos tão acostumado com o Tipo moderno, que olvidamos o Evangelismo
Puritano. A fim de apreender mais sobre o Evangelismo Puritano, quero pô-lo aqui em
contraste com o Evangelismo Tipo Moderno. Que em nossa era predomina.
A evangelização dos nossos dias é o prolongamento das medidas criadas por Finney –
Sequer percebemos que este tipo de evangelização é uma inovação na história da Igreja
Cristã. – e como ela esta distante da realidade bíblica. Tanto Finney, quanto a evangelização
moderna, cometeram alguns erros básicos em diferentes aspectos das Escrituras. Citarei
apenas quatro áreas em que eles se afastaram dos princípios bíblicos.
A Bíblia diz que Deus pode fazer com que uma vara torta se torne reta. Entretanto, esse
fato não nos isenta da responsabilidade em apresentar aos nossos ouvintes uma evangelização bíblica,
saudável e teocêntrica. É isso que descobrimos quando nos voltamos para o método puritano.
a) O pregador puritano não temia pregar todo o conselho de Deus para o povo.
b) Pregavam sem medo, a doutrina do pecado – Chamavam pecado de pecado. Mostravam
todas as conseqüências do pecado original. Hoje há muita pouca convicção de pecado entre
os não salvos – Temos muitos membros de igrejas, fruto do evangelismo moderno, que
nunca se arrependeram de seus pecados.
A evangelização moderna – tem uma visão superficial do pecado; fala tão pouco de
um assunto que a Bíblia tanto menciona.
A evangelização moderna – tem medo de falar às pessoas as verdades a respeito
delas mesmas; tem medo de perdê-las. Ensina que não devemos ofender as pessoas, e sim,
sempre conquistá-las.
A evangelização moderna – não nega algumas doutrinas básicas: Ef.2:1; Rm.8:7;
1Co.2:14 – porém não as aplica – “como poderemos ganhar pessoas se dissermos que elas
não podem salvar-se a si próprio.”A razão humana diz que não vamos ganhar pessoas se
falarmos do pecado.
c) Pregavam a Doutrina de Deus – Mostravam que todas as coisas são preparadas,
iniciadas, projetadas e feitas para glória de Deus. Os puritanos achavam que não podia
contar uma história qualquer, sem que esta tivesse doutrina. Pregavam a verdade de Deus
como um homem que estava morrendo a outros que estão morrendo.
O evangelista puritano mostrava aos seus ouvintes, não salvos, Que eles precisavam se
arrepender, precisavam parar de fazer o mal, precisavam ser santo como Deus é, precisavam
amar a Deus de todo o coração, precisavam entrar pela porta estreita. Eles mostravam
claramente a incapacidade do homem para salvar-se a si mesmo. Em primeiro lugar eles
mostravam as suas necessidades (ser salvo) mostrava a sua impossibilidade (eu não posso
ser salvo).
Como foi que Jesus evangelizou Nicodemos ( você precisa nascer de novo), Como Ele
evangelizou o Jovem Rico ( você precisa guardar os mandamentos) – NÃO POSSO!
Os puritanos pregavam a lei para que os pecadores se sentissem culpado – depois
pregavam a Cristo na Sua plenitude, mostrando que Ele é o fim da lei.
d) Proclamavam de forma completa e plena a doutrina de Jesus Cristo – Recusavam separar
os benefícios que advêm de Cristo, da própria Pessoa de Cristo. Eles entendiam que os
verdadeiros convertidos não aceitam apenas as recompensas de Cristo, mas a própria obra
de Cristo. Não amam apenas os benefícios de Cristo, e sim também o “fardo” de Cristo. São
participantes do pão e do cálice. Eles rejeitavam a graça barata – Um Cristo que tira os nossos
pecados, mas não exige negação do “EU” - Um pé no céu outro no inferno. Os puritanos
nunca deixou de apresentar Jesus como Senhor e Salvador. Eles diziam assim: “O pregador
que é seu melhor amigo, é aquele que vai dizer mais verdade sobre você mesmo.”
78
e) Pregavam com detalhes a doutrina da Santificação – A vida inteira do crente era para ser
colocada aos pés de Deus. Isso nos traz a terceira característica.
CONCLUSÃO:
Concluindo, diríamos que só existe um meio de evangelizar – É aquele que prega e
esclarece o evangelho de Cristo em sua totalidade, trazendo dEle (Cristo) total explicação e
aplicação, glorificando a Deus, reconhecendo-o como o Senhor Soberano. E dando ao homem
o seu devido lugar (com a boca no pó), em busca do favor e da graça divina. Clamando
desesperadamente por Misericórdia.
ANEXOS
79
ANEXO Nº 01
I.Ainda que os hipócritas e os outros não regenerados podem iludir-se vãmente com falsas
esperanças e carnal presunção de se acharem no favor de Deus e em estado de Salvação,
esperança essa que perecerá, contudo, os que verdadeiramente crêem no Senhor Jesus e o
amam com sinceridade, procurando andar diante dele em toda a boa consciência, podem,
nesta vida, certificar-se de se acharem em estado de graça e podem regozijar-se na esperança
da glória de Deus, nessa esperança que nunca os envergonhará.
Ref. Deut. 29:19; Miq. 3:11; João 5:41; Mat. 8:22-23; I João 2:3 e 5: 13; Rom. 5:2, S; II Tim. 4:7-8.
II.Esta certeza não é uma mera persuasão conjectural e provável, fundada numa falsa
esperança, mas uma infalível segurança da fé, fundada na divina verdade das promessas de
salvação, na evidência interna daquelas graças a que são feitas essas promessas, no
testemunho do Espírito de adoção que testifica com os nossos espíritos sermos nós filhos de
Deus, no testemunho desse Espírito que é o penhor de nossa herança e por quem somos
selados para o dia da redenção.
Ref. Heb. 6:11, 17-19; I Ped. 1:4-5, 10-11; I João 3:14; Rom.8:15-16; Ef.1: 13-14, e 4:30; II
Cor.1:21-22.
III.Esta segurança infalível não pertence de tal modo à essência da fé, que um verdadeiro
crente, antes de possuí-la, não tenha de esperar muito e lutar com muitas dificuldades;
contudo, sendo pelo Espírito habilitado a conhecer as coisas que lhe são livremente dadas
por Deus, ele pode alcançá-la sem revelação extraordinária, no devido uso dos meios
ordinários. É, pois, dever de todo o fiel fazer toda a diligência para tornar certas a sua
vocação e eleição, a fim de que por esse modo seja o seu coração no Espírito Santo
confirmado em paz e gozo, em amor e gratidão para com Deus, em firmeza e alegria nos
deveres da obediência que são os frutos próprios desta segurança. Este privilégio está, pois,
muito longe de predispor os homens à negligência.
Ref. I João 5:13; I Cor. 2:12; I João 4:13; Heb. 6:11-12; II Ped. 1:10; Rom. 5:1-2, 5. 14:17, e 15:13;
Sal. 119:32; Rom. 6:1-2; Tito 2:11-12, 14; II Cor. 7: 1; Rom. 8: 1; 12; I João 1:6-7, e 3:2-3.
IV.Por diversos modos podem os crentes ter a sua segurança de salvação abalada, diminuída
e interrompida negligenciando a conservação dela, caindo em algum pecado especial que
fira a consciência e entristeça o Espírito Santo, cedendo a fortes e repentinas tentações,
retirando Deus a luz do seu rosto e permitindo que andem em trevas e não tenham luz
mesmo os que temem; contudo, eles nunca ficam inteiramente privados daquela semente de
Deus e da vida da fé, daquele amor a Cristo e aos irmãos, daquela sinceridade de coração e
consciência do dever; dessas bênçãos a certeza de salvação poderá, no tempo próprio, ser
80
restaurada pela operação do Espírito, e por meio delas eles são, no entanto, suportados para
não caírem no desespero absoluto.
Ref. Sal. 51: 8, 12, 14; Ef. 4:30; Sal. 77: 1-10, e 31:32; I João 3:9; Luc. 22:32; Miq. 7:7-9; Jer. 32:40;
II Cor. 4:8-10.
81
ANEXO Nº 02
Aqueles que estão no Ministério logo descobrem que podem conseguir grandes e
amigáveis respostas as suas pregações, quando tentam agradar aos homens e mulheres de
suas congregações. A. W. Tozer disse: "Nós que testemunhamos e proclamamos o Evangelho, não
podemos pensar de nós mesmos como relações públicas enviados para estabelecer a boa vontade entre
Cristo e o mundo".
Em meu julgamento, isto acontece porque eles acreditam que, fazendo assim, irão
conseguir encher suas Igrejas mais rápido. Mas, norteando-se pelo que suas audiências
desejam ouvir, eles serão obrigados a fazer mudanças que certamente hão de devastar seus
ministérios.
A Bíblia sempre adverte os ministros com relação a agradar a homens, e os perigos que
envolvem os que assim fazem. Você pode prevenir ou vencer estes problemas em seu
ministério, identificando e evitando estes perigos. .
Por exemplo, para agradar aos incrédulos, ele terá que ter em consideração o que eles
gostam e o que não gostam. Isto é perigoso porque a Bíblia diz que eles amam o pecado e
odeiam a justiça. Eles não têm interesse em um Deus que os chamará a prestar contas do que
têm feito com a vida que Ele Lhes deu.
82
A fim de ganhar o respeito deles e sua amizade, o pastor terá que apelar à razão
humana, emoções e experiência. Isto significa que ele terá de dar um "bypass" na autoridade
da Bíblia. O pecador deseja um Deus que ele possa manipular e com o qual possa sentir-se
confortável. A fim de agradá-los, o pastor não poderá pregar sobre o infinito, imutável e
santo Deus da Bíblia.
Esta é a razão por que muitas Igrejas e missões cujas doutrinas são centradas no
homem, têm mudado o conceito bíblico de Deus num deus limitado, mutável e imperfeito.
Deus, dizem eles, está caminhando para uma maturação ou em processo de crescimento da
mesma forma como os homens estão. Esta visão, logicamente, leva a condenar a doutrina do
pecado original, a necessidade de expiação, justiça imputada e a credibilidade de Deus e Sua
Palavra.
Em seu livro Batalha dos Deuses, Dr. Robert A. Morey transcreve Alan Gomes,
instrutor de teologia histórica do Talbot Schoolof Theology, quando diz que estes falsos
conceitos tem penetrado em grupos como Jovens Com uma Missão. Diz Morey, "Gomes
cuidadosamente documenta que líderes da JOCUM, tais como Roy Elseth e Gordon Olson
ensinam que Deus pode pecar, que não conhece o futuro, não está operando Seu plano no
mundo, que Ele não guarda a Sua Palavra e nem cumpre as Suas promessas" (pp. 13-14).
É evidente, que os crentes modernos são como muitos descrentes. Não estão dispostos
a ficar para ouvir sermões sobre todo o conselho de Deus. O seu estilo de vida superficial os
faz sentirem-se desconfortáveis diante do ensino que expõe seus deslizes e hipocrisias, além
de mostrar suas tagarelices como tão malignas como fornicação e assassinato. Eles não
podem tolerar um Evangelho que ordena a crentes, salvos pela Graça, a negarem-se a si
mesmos, tomarem a cruz e a seguirem a Cristo por um caminho estreito.
Para ganhar o respeito e a amizade deles, o pastor tem que adocicar a doutrina do
Evangelho de Cristo. Ele tem que transformá-lo num evangelho centrado no homem de
"milagres, curas e riquezas" do "poder do pensamento positivo" e da "mente que domina a
matéria".
Assim, se ele quer estas decisões fáceis, não poderá enfatizar todas as verdades do
Evangelho bíblico. Não terá coragem de dizer que Deus chama crentes para sofrer, que fé
sem verdadeiro arrependimento não é fé, que um pecador não poderá ser salvo a menos que
confesse Jesus Cristo como seu Senhor, que fé sem obediência é uma fé fingida. Você não
encontrará "decisionismo" entre pessoas que sabem que Deus ordena a todos os crentes a
"seguirem a santificação sem a qual ninguém verá ao Senhor" (Heb. 12:l4).
O pastor que desejar conversões fáceis terá que fazer o Evangelho atrativo para o
homem natural, algo que ele possa gostar neste mundo. Muitos que professam sua fé em
Jesus Cristo hoje não mostram nenhuma mudança na sua maneira de viver, porque
pregadores, evangelistas e missionários, querem diluir a mensagem a fim de alcançar
resultados. Ávidos por registrarem uma estatística de muitas decisões por Cristo, eles têm-se
afastado do que requer a Palavra de Deus.
"Eu prego um evangelho positivo!" disse um pastor e "procuro ficar longe de assuntos
polêmicos". Quando perguntado que assuntos polêmicos ele evitava, então respondeu:
soberania de Deus, eleição incondicional, expiação limitada e aquelas doutrinas que fazem
diferença entre as denominações.
Um ministro evangélico disse que, para evitar controvérsia, ele estava disposto a
aceitar em sua Igreja pessoas batizadas e doutrinadas na Igreja Católica Romana.
Alguns pastores vêem o agradar aos homens como o aspecto mais importante de seus
ministérios. Um pastor costumava ir constantemente aos membros de sua igreja, para
perguntar o que eles estavam achando de sua pregação. Ele estava tão ansioso em agradar as
pessoas, que ele queria saber se eles estavam gostando de seus sermões. Quando alguém,
com sinceridade, mostrava falhas na sua pregação, ele não podia suportar. Então resignado,
deixava o local do culto sem sequer dar uma palavra de despedida aos membros. Há muita
imaturidade emocional entre aqueles que fazem do agradar a homens e mulheres a
prioridade em seus ministérios.
1. Critério exclusivo - Eu duvido que essa espécie de pregador seja aceito diante de
Deus. Paulo disse que tinha por muita pouca coisa o ser julgado em seu ministério pelo
homens. "O único que me examina" disse ele, "é o Senhor" (l Cor. 4..4). Devemos usar como
meio de avaliação do ministério e conduta dos homens somente a Palavra de Deus. De outra
forma como saberemos que um pastor tem a aprovação de Deus quanto ao seu ministério?
Não é da aprovação dos homens que o pastor necessita, mas sim da aprovação de Deus.
2. Trabalhando em vão - Aqueles que fazem como seu alvo principal agradar a
homens enveredam pelo caminho de fazer com que seus cultos agradem a todos. As pessoas
acorrem para as suas reuniões a fim de serem entretidas pelo humor dos púlpitos e estórias
engraçadas. Eles vêm porque esperam ver diversão, apresentações dramáticas, ventríloquos,
celebridades, heróis esportistas, personalidades da televisão e as últimas novidades da
música "gospel".
A congregação do pastor que guia seu ministério por tais métodos de entretenimento,
pode vê-los como ministros poderosos e populares. Porém, tendo assumido esta posição de
tentar agradar as pessoas, eles estarão inevitavelmente na condição de não aceitos por Deus.
O primeiro objetivo deles deveria ser agradar a Deus, manifestando a Sua glória. E a
não ser que Deus os aceite com o servos, todo o seu trabalho terá sido em vão. Tudo que eles
85
fazem, como orações, estudo bíblico, preparação de sermões, pregação, visitação, testemunho
e aconselhamento, será vazio da presença, do poder e da bênção do Senhor.
Fico pensando quantos pastores e ministros têm sempre na mente que terão que
prestar contas diante do trono de Cristo? Quantos deles estão realmente apercebidos do alto
nível de responsabilidade que têm, não diante dos homens, mas diante de Deus? Quantos se
sentiriam confortáveis com a declaração que o apóstolo faz: "E por isso que também nos
esforçamos quer presentes, quer ausentes, para lhe ser agradáveis. Porque importa que todos
nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou
o mal que tiver feito por meio do corpo" (2 Cor. 5:9-10).
3. Consciência de Deus - Quando um pastor tenta agradar a homens, ele pode deixar
de Ter consciência de Deus. É muito fácil num ministério popular, procurando agradar as
pessoas, alcançar tal sucesso quer resulte num esquecimento da onipresença de Deus. A não
ser que um pastor esteja acuradamente cônscio da presença de Deus e O coloca sempre em
primeiro lugar em todos os aspectos do seu ministério e vida, ele acabará adotando um estilo
fútil de raciocínio e procedimento.
Por exemplo, ele poderá pensar que é mais importante obter direção da parte dos
homens que ele está tentando agradar do que da parte de Deus e Sua Palavra. Eu não
mencionaria isto se não tivesse visto e ouvido ministros colocarem a opinião de homens a
frente da Palavra de Deus. Como é diferente esse tipo de raciocínio dos apóstolos!
Confrontados por homens que tentaram forçá-los a fazer sua vontade no ministério, os
apóstolos não pensaram, "qual é a melhor coisa a fazer então?" ou "quais serão as
conseqüências se nos opuser-mos à vontade deles? "Ao contrário, eles responderam e
disseram-lhes: "Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus"
(At. 4:19). Pouco depois, quando foram ordenados pelos mesmos homens e autoridades a
pararem de pregar, eles de novo os enfrentaram: "importa antes obedecer a Deus que aos
homens" (At. 5:29).
dizia ele, "não como quem agrada a homens, mas a Deus que examina nossos corações" (1 Ts.
2:4).
5. Abandonados por Deus - Curvando-se aos gostos e desprazeres dos homens; pode
um pastor tornar-se um abandonado de Deus. Se ele se esforça por agradar a homens e
mulheres do mundo; por exemplo; ele pode achar-se, ele mesmo, tão amigo e identificado
com eles que chega a ser um com eles. O homem de Deus não pode ter esse tipo, de mistura
com as pessoas do mundo, porque a separação do mundo é a marca do verdadeiro ministro
de Cristo. "Não sabeis" pergunta Tiago, "que a amizade com o mundo se constitui em
inimizade contra Deus?" (Tg. 4:4).
Cuidado para não esquecer que você está numa posição de confiança
Buscando popularidade com as pessoas, pode o pastor esquecer-se que Deus lhe
confiou um grande tesouro, o Seu Evangelho da Graça. Em seu ministério apostólico, Paulo
nunca se esqueceu de seu senso pessoal de mordomia. Ele repreendeu aqueles cristãos que
procuravam seus líderes de acordo com sua popularidade. As pessoas deveriam julgar um
ministro, ele disse, pela sua consciência de despenseiro, que vê como sua principal
responsabilidade o ser fiel a Deus e Sua Palavra. (I Cor. 4:1-2) Ele também disse que Deus foi
condescendente com os homens em permitir que fossem ministros. "Nós fomos aprovados
por Deus, a ponto de nos confiar Ele o Evangelho... " (1 Ts. 2:4).
Após falar sobre obediência aos pais e mestres, ele diz que tal obediência deve ser
prestada "Não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo,
fazendo de coração a vontade de Deus" (Ef.6:6). Isto também se aplica ao ministro. Um
pastor não deveria buscar o olhar de aprovação do povo a quem serve. Isto é tentar fazer seu
trabalho "servindo a vista, como para agradar a homens".
Sua motivação nunca deveria ser o "ser visto" ou o "agradar a homens". Como servo de
Cristo, ele deveria buscar com sinceridade fazer "de coração a vontade de Deus".
2. Edificação e Lucro - As epístolas do Novo Testamento têm muito que ensinar sobre
a construção do caráter. Os apóstolos fazem do cultivo do caráter interior do homem ou a
construção do caráter cristão a coisa mais importante, e é nisso que eles gastam a maior parte
87
de suas pregações e escritos. As únicas razões legítimas e permitidas por eles para agradar
aos homens eram a salvação de pecadores, o cultivo da alma e o desenvolvimento da
personalidade de Cristo neles. Quando um pastor busca agradar a homens por qualquer
outro propósito, ele trai sua confiança e falha em alimentar e guardar o rebanho de Deus.
"Assim como também eu procurei em tudo ser agradável a todos, não buscando o meu
próprio interesse mas o de muitos para que sejam salvos" (1 Cor.10:33). Mais tarde ele
escreve, "Há muito pensais que nos estamos desculpando convosco. Falamos em Cristo
perante Deus, e tudo, ó amados, para vossa edificação " (2 Co: 12:19).
1. Cristo, o Modelo - Tão logo um pastor começa a agradar às pessoas, ele perde sua
ligação com o ministério de Cristo. Ele esquece que o Filho de Deus é o modelo para o seu
ministério e falha em seguir o Seu exemplo. Mateus diz que mesmo os inimigos de Cristo,
embora falassem com sarcasmo, sabiam que Ele não procurava agradar a homens, mas
ensinava as verdades de Deus, arcando com as conseqüências.
2. Perder a Visão - Quando um pastor desagrada a Deus por tentar agradar a homens,
ele pode se esquecer de que não pertence a si mesmo, pois foi comprado com preço.
88
Pregando um Evangelho voltado para resultados e centrado no homem, pode ser levado
para longe de Deus e Sua Verdade Eterna, e pode ainda diminuir sua percepção do valor de
sua própria redenção. Como o homem que falha em acrescentar elementos do caráter cristão
à sua fé, ele irá perder tanto sua visão escatológica como histórica.
Tal homem, diz Pedro, "...é cego, vendo só o que está perto (isto é cegueira
escatológica), esquecido da purificação dos seus pecados de outrora (isto é cegueira histórica)
" (2 Pedro 1:9).
"Por preço fostes comprados; não s vos torneis escravos dos homens " (1 Cor.7:23).
Que diferença dos apóstolos! Diante do mais alto tribunal de Jerusalém, enfrentando a
ameaça de punição e mesmo a morte, eles confrontaram seus opositores com coragem e
disseram, "Pois não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido " (At.4:20).
89
ANEXO Nº 03
Quando olhamos para o contexto das igrejas evangélicas hoje, percebemos que isto é
algo também vivido e enfocado implícita ou explicitamente no nosso meio.
Tudo isto é muito grave, pois, com esta prática, subornamos e nos deixamos subornar
por estratégias condenáveis nas Escrituras as quais Deus considera abomináveis. Isso é
aplicável a algumas igrejas ou lideranças que, no intuito de conseguirem seus objetivos,
usam de artifícios e fecham os olhos a determinados recursos ilícitos.
Lembro-me que, quando o rei Josafá constituiu juizes sobre Judá, recomendou que eles
julgassem não da parte dos homens, mas de Deus. E disse: “...seja o temor do Senhor convosco;
tomai cuidado, e fazei-o; porque não há no Senhor nosso Deus injustiça, nem parcialidade, nem aceita
suborno” (2 Cr. 19:7). Muitas vezes se “aceita suborno” para se atingir os fins que se quer.
Até verdades confessionais são omitidas para que se ordenem pastores para comunidades
ditas reformadas.
Tenho conhecimento de igrejas que elegeram presbíteros que não aceitam a doutrina
da predestinação, da expiação limitada, da depravação total do homem, da cessação dos
dons extraordinários (dom de apóstolo, dom de profetas, dom de variedade e línguas, dons
de realizar milagres), a suficiência das Escrituras, que não aceitam batismo de criança,
apenas por necessitarem de elementos para compor o número de presbíteros. Presbíteros que
não são presbiterianos. O mesmo se aplica para pastores. Sei de igrejas que ordenaram
pastores batistas (não reformados) e pentecostais para assumirem o pastorado de igrejas
presbiterianas. O que eles vão ensinar ao rebanho? O que a igreja aprenderá com estes
pastores? Qual a coerência nesta atitude? Infelizmente está caracterizada o pragmatismo
jesuíta, a falta de zelo pelas verdades bíblicas e o amor pelo rebanho. Está em jogo os “fins”
sem importar os “meios”.
90
Estive conversando com determinado ministro reformado sobre o fato de que alguns
pastores que se dizem presbiterianos, afirmarem categoricamente com um “sim” público, no
dia da sua ordenação, ao serem confrontados com a pergunta constitucional: “Recebeis e
adotais sinceramente a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja (Westminster), como fiel
exposição do sistema de doutrina, ensinado nas Escrituras?” Eles respondem: “Recebo, sim,
senhor”! E quando dizem “SIM”, estão apoiando afirmações como estas. “Isto torna a
Escritura Sagrada indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua
vontade ao seu povo“...Todo conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória
dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser
lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum nem por
novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens”. (Confissão de Fé de
Westminster cap.I.I.VI)
Reconheço que muitos pastores não se enquadram neste raciocínio. Quero ser honesto
com estes. Quando são ordenados dizendo “sim” à Confissão de Fé de Westminster e
Catecismos e às instruções de ordenação de ministros, que afirmam explicitamente a
cessação dos dons extraordinários, o fazem sem atentar para as implicações da sua
afirmação. Outros acham que a existência de uma Confissão de Fé é irrelevante e assim
fazem afirmações insinceras e contraditórias como o “sim” que pronunciaram na ocasião da
ordenação. É verdade que alguns, depois do ato de ordenação, mudam de pensamento e
convicções. Isso é possível, mas não menos estranho. No entanto a situação continuará
sempre contraditória, pois estes pastores labutam em uma igreja confessional mas sem
concordarem com a Confissão de Fé que a igreja considera ser baseada na própria Palavra e
uma fiel exposição escriturística. Alguns mais arrojados e pretensiosos (mas coerentes por
discordarem da mesma) defendem mudanças na Confissão de Fé de Westminster e nos
Catecismos. Diante disso, as perguntas obrigatórias são: O que mudar? Quem irá mudar?
91
Como mudar sem ferir as Escrituras? Como mudar certas afirmações sem ter de mudar
outros pontos que a elas estão entrelaçados? Isto me faz lembrar um pensamento puritano
que dizia: “É fácil dizer uma mentira; difícil é dizer só uma mentira”. Diria eu: “É fácil
mudar uma afirmação da Confissão de Fé de Westminster (seria?), difícil é fazer só uma
mudança”.
2) Para termos uma forte defesa contra outros paradigmas baseados em tradições
religiosas humanas.
Se você não concorda com a Confissão de Fé em todas as suas partes, quero dar duas
sugestões, uma grave e radical, apesar de coerente e outra menos radical mas não menos
coerente.
Digo tudo isso em virtude dos problemas que vejo na Igreja Presbiteriana do Brasil e
ratifico minha posição de que a Unidade na Igreja e a necessidade de um grande
despertamento espiritual, passam pela verdade da Palavra, doutra sorte poderá ser apenas
uma caricatura de unidade e avivamento.
Finney parece ter sido o primeiro evangelista, pelo menos de grande influência, a
sugerir que, de fato, os fins justificam os meios. Finney justificava as suas “novas medidas”
pelo número de pessoas que o ouviam e “vinham à frente” (foi o inventor do apelo para
decisão) nas suas campanhas evangelísticas. Finney encorajou os jovens pregadores a “serem
improvisadores, anedóticos...menos doutrinários” e defendia que toda forma de emoção
deveria ser usada para despertar os valores morais adormecidos do homem e assim se
“decidirem” por Cristo.
Finney ficou muito desanimado com o fracasso dos seus métodos e chegou a dizer: “Os
convertidos do meu avivamento são uma desgraça para o cristianismo”. Disse mais: “Com
freqüência fui instrumento para trazer cristãos a uma profunda convicção e a um estado
94
O legado de Finney trouxe inumeráveis e grande males práticos que estão invadindo a
igreja em todos os lugares. Seus pensamentos e ensinos foram um desastre para a teologia
evangélica de hoje. Hoje a igreja ainda sofre dos males advindos do pragmatismo de Finney
e dos jesuítas: os fins justificam os meios.
Deus nos socorra nesta hora difícil que vive a igreja brasileira.
95
ANEXO Nº 04
DISCÍPULOS OU CONSUMIDORES?
(Augustus Nicodemus Lopes)
Em certa ocasião o Senhor Jesus teve de fazer uma escolha entre ter cinco mil pessoas
que o seguiam por causa dos benefícios que poderiam obter dele, ou ter doze seguidores
leais, que o seguiam pelo motivo certo. Uma decisão entre muitos consumidores e poucos
fiéis discípulos. Refiro-me à multiplicação dos pães narrada em João, 6. Lemos que a
multidão, extasiada com o milagre, quis proclamar Jesus como rei, mas Ele recusou-se (João
6.15). No dia seguinte, Jesus também se recusa a fazer mais milagres diante da multidão pois
percebe que o estão seguindo por causa dos pães que comeram (Jo 6.26,30). Sua palavra
acerca do pão da vida afugenta quase todos da multidão (Jo 6.60,66), à exceção dos doze
discípulos, que afirmam segui-lo por saber que Ele é o Salvador, o que tem as palavras de
vida eterna (Jo 6.67-69).
Jesus poderia ter satisfeito as necessidades da multidão e saciado o desejo dela de ter
mais milagres, sinais e pão. Teria sido feito rei e teria o povo ao seu lado. Mas o Senhor
preferiu ter um punhado de pessoas que o seguiam pelos motivos certos a ter uma vasta
multidão que o fazia por motivos errados. Preferiu discípulos a consumidores.
Por consumismo quero dizer o impulso de satisfazer as necessidades, reais ou não, pelo
uso de bens ou serviços prestados por outrem. No consumismo, as necessidades individuais
são o centro; e a "escolha" das pessoas, o mais respeitado de seus direitos. Tudo gira em
torno do indivíduo, e tudo existe para satisfazer as suas necessidades. As coisas ganham
importância, validade e relevância à medida em que são capazes de atender estas
necessidades.
Numa pesquisa recente feita Instituto Gallup nos Estados constatou-se que quatro a
cada dez americanos estão envolvidos em pequenos grupos que se reúnem semanalmente,
buscando saída para o envolvimento com drogas, problemas familiares, solidão e
isolacionismo. Embora evidente muitos estarão em busca de uma oportunidade para
aprofundar a experiência cristã e crescer no conhecimento de Deus, a maioria, segundo
Gallup, busca satisfazer suas necessidades pessoais. De acordo com a revista Newsweek, um
em cada cinco americanos sofre de alguma forma de doença mental (incluindo ansiedade,
depressão clínica, esquizofrenia( etc) durante o curso de um ano. Discordo que todas estas
coisas sejam problemas mentais; muita coisa tem a ver com os efeitos do pecado na
consciência. De qualquer forma, os espertos se aproveitam de estatísticas assim. Uma
denúncia contra a indústria evangélica de saúde mental foi feita no ano passado por Steve
Rabey em Christianity Today.
Cada vez mais cresce o Marketing nas igrejas na área de aconselhamento, com um
número alarmante de profissionais cristãos oferecendo ajuda psicológica através de métodos
seculares. A indústria de música cristã tem crescido assustadoramente, abandonando por vez
seu propósito inicial de difundir o Evangelho e tornando-se cada vez mais um mercado
rentável como outro qualquer. A maioria das gravadoras evangélicas nos estados Unidos
pertence a corporações seculares de entretenimento. As estrelas do gospel music cobram
caches altíssimos para suas apresentações. Num recente artigo em Strategies for Today’s
Leader, Gary McIntosh defende abertamente que "o negócio das igrejas é servir ao povo". Ele
defende que a igreja deve ter uma mentalidade voltada para o "cliente", e traçar seus planos e
estratégias visando suas necessidades básicas, e especialmente fazelos sentir-se bem.
97
Um efeito da mentalidade consumista das igrejas é o que tem sido chamado de "a
síndrome da porta giratória". As igrejas estão repletas de pessoas buscando sentido para a
vida, alívio para suas ansiedades e preocupações, ou simplesmente diversão e
entretenimento evangélicos; muitas delas estão simplesmente passeando pelas igrejas, como
quem passeia pelas lojas de um shopping center, escolhendo produtos que lhe agradem.
Assim, elas escolhem igrejas como escolhem refrigerantes. Tão logo a igreja que freqüentam
deixa de satisfazer as suas necessidades, elas saem pela porta tão, facilmente quanto
entraram. As pessoas escolhem igrejas onde se sintam confortáveis, e se esquecem de que
precisam na verdade de uma igreja que as faça crescer em Cristo e no amor para com os
outros.
Em sua obra de teologia sistemática (Sistematic Teology [Bethany, 1976]), escrita no final
de seu ministério, quando era professor do seminário de Oberlin, Finney abraça ensinos
estranhos ao Cristianismo histórico. Ele ensina que a perfeição moral é condição para
justificação, e que ninguém poderá ser justificado de seus pecados enquanto tiver pecado em
si (p. 57); afirma que o verdadeiro cristão perde sua justificação (e consequentemente, a
salvação) toda vez que peca (p. 46); demonstra que não acredita em pecado original e nem na
depravação inerente ao ser humano (p. 179); afirma que o homem é perfeitamente capaz de
aceitar por si mesmo, sem a ajuda do Espírito Santo, a oferta do Evangelho. Mais
98
surpreendente ainda, Finney nega que Cristo morreu para pagar os pecados de alguém; ele
havia morrido com um propósito, o de reafirmar o governo moral de Deus, e nos dar o
exemplo de como agradar a Deus (pp. 206-217). Finney nega ainda, de forma veemente, a
imputação dos méritos de Cristo ao pecador, e rejeita a idéia da justificação com base na obra
de Cristo cm lugar dos pecadores (pp. 320-333). Quanto à aplicação da redenção, Finney nega
a idéia de que o novo nascimento é um milagre operado sobrenaturalmente por Deus na
alma humana. Para ele, "regeneração consiste em o pecador mudar sua escolha última, sua
intenção e suas preferências; ou ainda, mudar do egoísmo para o amor e a benevolência", e
tudo isto movido pela influência moral do exemplo de Cristo ao morrer na cruz (p. 224).
Finney não estava descobrindo uma nova verdade, mas abraçando um erro antigo,
defendido por Pelágio no Século IV, que foi condenado como herético pela Igreja. Ele tem
sido corretamente descrito por estudiosos evangélicos como sendo semi-pelagiano (ou
mesmo, pelagiano) em sua doutrina, e um dos maiores responsáveis pela disseminação deste
erro antigo entre as igrejas modernas.
Na teologia de Finney, Deus não é soberano, o homem não é um pecador por natureza,
a expiação de Cristo não é um pagamento válido pelo pecado, a doutrina da justificação pela
imputação é insultante à razão e à moralidade, o novo nascimento e produzido
simplesmente por técnicas bem sucedidas, e o avivamento é resultado de campanhas bem
planejadas com os métodos conceitos.
uma decisão imediata ao final da mensagem), o uso de quaisquer medidas que provocassem
um estado emocional propício ao pecador para escolher a Deus, o que incluía apelos
emocionais e denúncias terríveis de pecado e do juízo.
ANEXO Nº 05
Um mal acontece no arraial professo do Senhor, tão flagrante na sua impudência, que
até o menos perspicaz dificilmente falharia em notá-lo. Este mal evoluiu numa proporção
anormal, mesmo para o erro, no decurso de alguns anos. Ele tem agido como fermento até
que a massa toda levede.
O demônio raramente fez algo tão engenhoso, quanto insinuar à Igreja que parte da
sua missão é prover entretenimento para o povo, visando alcançá-los. De anunciar em alta
voz, como fizeram os puritanos, a Igreja, gradualmente, baixou o tom do seu testemunho e
também tolerou e desculpou as leviandades da época. Depois, ela as consentiu em suas
fronteiras. Agora, ela as adota sob o pretexto de alcançar as massas.
Meu primeiro argumento é que prover entretenimento ao povo, em nenhum lugar das
Escrituras, é mencionado como uma função da Igreja. Se fosse obrigação da Igreja, porque
Cristo não falaria dele? "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura"
(Lc.16:15). Isto é suficientemente claro. Assim também seria, se Ele adicionasse "e provejam
divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho". Tais palavras, entretanto, não
são encontradas. Nem parecem ocorrer-Lhe.
Em outra passagem encontramos: "E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres"(Ef.4:11). Onde
entram os animadores? O Espírito Santo silencia, no que se refere a eles. Os profetas foram
perseguidos por agradar as pessoas ou por oporem-se a elas?
Cristo poderia ter sido mais popular, se tivesse introduzido mais brilho e elementos
agradáveis a sua missão, quando as pessoas O deixaram por causa da natureza inquiridora
101
do seu ensino. Porém, eu não O escuto dizer: "Corre atrás deste povo Pedro, e diga-lhes que
teremos um estilo diferente de culto amanhã; algo curto e atrativo, com uma pregação bem
pequena. Teremos uma noite agradável para eles. Diga-lhes que, por certo, gostarão. Seja
rápido, Pedro, nós devemos alcançá-los de qualquer jeito!".
Jesus compadeceu-se dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca pretendeu
entretê-los.
Em vão as epístolas serão examinadas com o objetivo de achar nelas qualquer traço do
evangelho do deleite. A mensagem que elas contêm é: "Saia, afaste-se, mantenha-se
afastado!"
Depois que Pedro e João foram presos por pregar o evangelho, a Igreja reuniu-se em
oração, mas não oraram: "Senhor, permite-nos que pelo sábio e judicioso uso da recreação
inocente, possamos mostrar a este povo quão felizes nós somos". Dispersados pela
perseguição, eles iam por todo mundo pregando o evangelho. Eles "viraram o mundo de
cabeça para baixo". Esta é a única diferença! Senhor, limpe a tua Igreja de toda futilidade e
entulho que o diabo impôs sobre ela e traze-a de volta aos métodos apostólicos.
Por fim, a missão do entretenimento falha em realizar o objetivo a que se propõe. Ela
produz destruição entre os jovens convertidos. Permite aos negligentes e zombadores, que
agradecem a Deus porque a Igreja os recebeu no meio do caminho, falar e testificar! Permite
que os sobrecarregados, que encontraram "paz" através de um concerto, não fiquem calados!
Permite que o bêbado, para quem o entretenimento comovente tenha sido o elo de Deus no
encadeamento de sua conversão, fique em pé! Não há contestação. A missão de
entretenimento não produz convertidos.
ANEXO Nº 06
Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a
despesa e verificar se tem os meios para concluir? Lc 14: 28
INTRODUÇÃO:
Mesmo o fraco apelo para a busca da santidade já não surte tanto efeito, pois o "ser
santo" ganhou contornos vagos, quase esotéricos, um ideal que contemplamos à distância,
pertencente ao passado. Não é a toa que as igrejas estão cada vez mais cheias de pessoas e
menos de cristãos genuínos. A santidade deixou de ser uma realidade, passou a ser uma
fantasia. Não é mais um objetivo a ser atingido, mas um ideal a ser contemplado
passivamente. Não é a norma que pauta a conduta moral e espiritual do cristão, mas apenas
um título que lhe é outorgado no momento que passa a ser membro de uma igreja.
Há muito tempo atrás o Bp. Ryle, em seu livro "Santidade",- e muito do que vou falar
hoje aprendi com este homem de Deus, e está melhor escrito em seu livro - escreveu que
"Vivemos em uma época de intensa profissão religiosa,... . No entanto, nada é mais comum do que ver
as pessoas receberem a Palavra de Deus com satisfação, para então, depois de algum tempo,
retornarem ao mundo e aos seus pecados". Hoje eu diria que as pessoas não retornam mais ao
mundo com seus pecados, mas permanecem na igreja com eles, sem terem experimentado a
verdadeira transformação espiritual, o novo nascimento.
Por que? Por que tantos buscam no cristianismo uma resposta para seus anseios e não
as encontram? E se as encontram, por que não perseveram? Uma parte da resposta pode ser
103
encontrada no versículo acima (Lc 14:28): as pessoas que lotam templos evangélicos
simplesmente não param para calcular o preço que custa assumir com coerência a vida cristã.
É muito bom encontrarmos cristãos cujo desejo do coração é uma vida santa aos olhos
de Deus. Melhor ainda é quando os encontramos calculando o devido preço que deverão
arcar ao buscarem este estilo de vida (que por sinal não é estilo, é uma necessidade para o
cristão genuíno). Cristo nos assegurou que, se O seguíssemos teríamos nossas necessidades
básicas satisfeitas (Mt 6:33) e no mundo porvir a vida eterna (Mc 10:30), mas também nos
alertou que o caminho é apertado e estreita a porta que conduz a salvação (Mt 7:13,14). É insensatez
fazer de conta que estas palavras não são dirigidas a nós cristãos. Se desejamos a coroa da
vida (Ap 2:10) devemos estar prontos para a cruz. Não há coroa sem cruz.
Jesus não considerou aquelas pessoas como seus discípulos meramente porque elas o
acompanhavam. Também não baixou as exigências para a entrada no Reino simplesmente
porque aquelas pessoas aparentavam devoção. Antes reafirmou que o discípulo é aquele que
renuncia a tudo quanto tem e O segue (vs. 33). Em outras palavras, Jesus estava ensinando
que há um custo em ser discípulo, e que devemos refletir se estamos dispostos a arcar com
esta obra.
Vejamos quanto custa ao cristão ser santo, e depois reflitamos se estamos dispostos a
arcar com os custos ou apenas nos enganando a nós mesmos.
Antes de mais nada, quero deixar claro que não estou ensinando que devemos pagar
pela nossa salvação. Nada podemos dar em troca que possa pagar os nossos pecados perante
Deus. Esse preço já foi pago, e custou nada menos que o sangue do próprio Filho de Deus (I
104
Co 6:20). A pergunta não é o que devo pagar para obter a salvação, mas sim o que vai me custar
o fato de ser um salvo verdadeiro. A primeira indagação está centrada na causa da salvação,
e esta já foi provida por Cristo, a segunda nas conseqüências da salvação, ou seja, o que o
salvo deve estar disposto a abandonar caso realmente queira seguir a Jesus. Há um custo,
qual? Eis uma das questões importantes que devem ser respondidas por toda criatura que
sinceramente deseja seguir a Jesus.
Outro fato que merece explicação antecipada é sobre a aparência. Aquela multidão que
acompanhava a Jesus não era composta somente de discípulos verdadeiros, ainda que um
observador externo pudesse assim o achar. Aparentavam serem, mas não eram. Custa muito
pouco para alguém manter a aparência de cristão: basta um palavreado um pouco diferente,
duas ou três idas na igreja durante a semana, e uma atitude moral externa que levante a
aprovação das pessoas mais próximas, em especial as da igreja em que freqüenta, e pronto!
Temos um membro aprovadíssimo no quesito "ser crente". Não obstante... Tal atitude é fácil
e pouco nos custará. Muitos membros de seitas cristãs e de religiões pagãs mantêm o mesmo
padrão de comportamento e às vezes com mais eficiência. Convém lembrar mais uma vez
que estreita é a porta.
Irmãos, custa muito ser um cristão coerente com sua fé. Nas palavras do Bp. Ryle
"custa bastante ser um crente verdadeiro, se os padrões da Bíblia tiverem que ser seguidos. Há
inimigos que terão de ser vencidos, batalhas que terão de ser travadas, sacrifícios que terão de ser
feitos, um Egito que precisará ser esquecido, um deserto que precisará ser atravessado, uma cruz que
deverá ser carregada, uma carreira que terá de ser corrida". Há um preço a pagar, um custo a arcar
se desejamos ardentemente seguir ao Senhor. E estarei sendo desonesto senão vos alertar
para estas verdades. vejamos esse custo:
Que difícil! aquele que deseja seguir a Cristo deverá se desvencilhar de todo o orgulho,
dos pensamentos altivos e de toda a presunção acerca de si mesmo. Como é fácil e agradável
ao homem lhe parecer bom a seus próprios olhos. É uma das facetas do homem decaído das
mais difíceis de ser renunciada. Que ser humano não luta com unhas e dentes quando seu
orgulho, sua justiça própria é ferida? Mesmo na fé cristã, lá no fundo de seus corações,
muitos imaginam que vão para o céu por causa de sua bondade, misericórdia, ministério
exercido, sua paciência ou mesmo seu grande sacrifício em deixar a TV de lado para vir
assistir a um culto.
Não! Ninguém entrará nas Bodas do Cordeiro enquanto não estiver convencido na
presença de Deus de seu pecado e de sua pecaminosidade. Enquanto o homem não aceitar
105
de verdade que merece ir para o inferno, ele não estará pronto para o Céu. Ao adentrarmos
nos átrios eternos será porque a justiça de Outro nos redimiu. Nossa justiça própria, obras,
cultos, promessas, de nada valerão, apenas a Justiça, a Graça e as Misericórdias de Deus Pai
por meio de seu Filho Jesus. Mas alguém pode estar pensando neste momento: "Espere! se é
tudo obra de Cristo, eu não tenho que fazer nada!". Ledo engano! Você está trocando a causa pela
conseqüência. A causa de nossa salvação é unicamente o amor e a Graça por meio de Jesus,
não nossa justiça própria. Contudo convém calcular o preço de nossa decisão de seguir a
Cristo, pois as conseqüências desta decisão passam por nossa vontade.
Um segundo item que deverá ser considerado no custo ao se buscar uma vida cristã
coerente com os ensinos bíblicos é o apego a pecado. O homem que quer seguir a Cristo deve
estar disposto a abrir mão de seus pecados, do mundanismo. Quando me refiro a abrir mão,
não estou usando uma figura de retórica ou uma metáfora inaplicável à realidade, me refiro
ao homem estar realmente disposto a desistir de seus pecados, custe o que custar. O que
antes lhe agradava, e que estava contra a vontade de Deus, deverá ser realmente lançado
fora.
O desapego ao pecado é uma luta renhida, e esta luta não deve ter tréguas. Deverá ser
diária. Às vezes intimamente, outras com a ajuda de irmãos. Por vezes o cristão poderá ser
derrotado por algum pecado, secreto ou não, mas não deverá permanecer caído. O justo, que
espera em Deus, ainda que caia sete vezes, buscará levantar-se (Pv 24:16). Enquanto não
tivermos um ódio declarado contra o pecado que tenazmente nos assedia, jamais
experimentaremos o peso de nossas faltas. A Palavra nos exorta em Ez 18:31,32 a lançarmos
fora toda iniquidade:
106
"Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e criai em vós coração
novo e espírito novo; pois, por que morreríeis, ó casa de Israel? Porque não tenho prazer na morte de
ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto convertei-vos e vivei"
Já foi dito que o pecado é como um saco de lixo que o homem leva pendurado por
onde quer que vá. Também já foi dito que os homens possuem para com o pecado uma
relação filial, pois os tratam como filhos mui queridos. A própria idéia de se desvencilhar do
pecado já é dolorosa ao homem. É como se estivesse matando um animal de estimação muito
querido, e do qual não encontra forças de se separar.
Ainda que para alguns isso soe desagradável aos ouvidos, o fato é que o cristão que se
apega displicentemente aos seus pecados, está por eles apaixonado, e seu apego poderá
custar-lhe a sua alma eterna. Não é a toa que Jesus ensina que é preferível lançar fora um
olho ou braço que nos leve a pecar do que os tendo ser lançado no inferno (Mt 5:29,30;
18:8,9). Aliás, lançar fora um pecado querido é o mesmo arrancar um braço, dói e bastante,
mas deve ser feito se quisermos servir ao Mestre.
Estamos dispostos a arcar com mais este custo? Ser cristão custará ao homem os seus
pecados.
Conforto em si mesmo não é mau, é algo até desejável e necessário dentro de certas
circunstâncias, todavia ser cristão genuíno implicará em esforço, e este por sua vez implicará
em um menor tempo para as delícias do lazer pessoal. O apego ao conforto pessoal ou lazer
deverá ser levado em conta por aqueles que manifestam desejo de serem discípulos de
Cristo.
Como discípulos não terão muito tempo e nem deverão se dedicar com muito afinco ao
conforto pessoal. Seguir a Jesus implicará em menos tempo pra o lazer (Mt 8:19,20). Jesus, em
107
Mt 11:12, deixou claro que todos os que desejam entrar no Reino de Deus devem se esforçar.
Esse esforço, de maneira resumida, implicará na prática, em:
Cuidar de sua conduta, em todo lugar e em toda companhia (Sl 1:1; Rm 12:16-18)
Apresentar seu corpo por sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 6:12-13; 12:1; I Co
6:20)
Estar atento a seus pensamentos, temperamento, desejos, imaginação, etc (Rm 12:2)
Todos estes itens acima demandam tempo e esforço, e o crente zeloso deverá estar
disposto a abrir mão de seu conforto e lazer para mostrar-se diligente em todos os afazeres
do ofício cristão. Ser crente custará ao homem não só o seu conforto, como por tabela a sua
preguiça (Pv 6:6).
Hoje em dia, muitos líderes e denominações se esforçam por ensinar que o crente não
tem que fazer nada, tudo já foi feito por Cristo. Você só tem que aproveitar e relaxar. É muito
cômodo viver uma religião onde outra pessoa faz todo o serviço pesado e apenas temos de
desfrutar de bênçãos e de nossos direitos adquiridos, amarrando, exigindo, ordenando, a
nosso bel prazer. É verdade que Cristo morreu em nosso lugar e ressuscitou para nos dar
vida nova com Deus, mas também é verdade que ninguém conseguirá crescer na Graça de
Deus se não se empenhar por desenvolvê-la. Quando a Palavra diz que o caminho é
apertado, é porque é mesmo apertado. Nesta vida sempre estaremos numa posição
desconfortável em relação ao mundo, a carne e o diabo. Sempre estaremos ralando as costas
no muro do pecado, da tentação e da sedução. Não haverá muito descanso. É como o
Peregrino de Bunyan: volta e meia encontraremos um banco aprazível para descansarmos
brevemente na encosta do Morro da Dificuldade, mas não nos será permitido ali armar a
nossa cama, sob pena de perdermos a alegria da salvação.
108
Irmãos, se queremos ser cristãos verdadeiros, que estão destinados ao Céu, devemos
levar em conta o custo. Estamos realmente dispostos a arcar com mais este custo? Ser cristão
custará ao homem o amor ao conforto pessoal.
Em II Tm 3:12 está escrito: "Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus
serão perseguidos"
E em Tg 4:4 "Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele,
pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus"
"Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que seu senhor. Se me
perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também
guardarão a vossa"
Meus amados, assim como Jesus foi tratado tratarão os seus discípulos. Estamos
dispostos a pagar semelhante preço? Ser cristão custará ao homem a sua aprovação perante o
mundo.
Os tópicos acima listados (justiça própria, pecados, conforto, aprovação pública) são,
de modo resumido, o custo que o cristão dever estar disposto a pagar se realmente quiser ser
coerente com sua fé e com sua disposição de seguir ao Senhor Jesus. São itens pesados,
custam caro, mas ninguém poderá viver na presença do Senhor e ainda manter um amor
próprio exacerbado, um conduta pecaminosa desenfreada, uma atitude preguiçosa e ainda
por cima a aprovação do mundo.
Custa muito ser um cristão verdadeiro. Mas vale a pena o preço a pagar. O resultado é
a comunhão eterna com o Senhor Deus, na presença dos irmãos em Cristo, a salvação de sua
alma. O que o homem de juízo daria em troca de sua alma? Acredito que tudo, inclusive seus
tesouros mais preciosos. O cristão deve estar disposto a desistir de toda e qualquer coisa que
se interponha entre ele e Deus. Como dizia o Bp. Ryle: "uma religião que nada custa, nada vale".
Um cristianismo barato, sem nenhuma cruz , será um cristianismo inútil, que não poderá
salvar a ninguém.
Hoje é comum nas igrejas oferecerem às pessoas Cristo, como se fosse um produto
miraculoso, onde a única preocupação do fiel é a de se certificar que já o adquiriu, na
esperança que todos os problemas irão simplesmente porque um dia tomou a decisão de
levantar o braço. estas pessoas ficam alegres em poderem ser considerados salvos. Não lhes é
apresentado nenhum custo, nenhuma renúncia, nenhum arrependimento pelos pecados.
Não calculam o preço, e vindo a provação logo se escandalizam.
Tomemos cuidado para que não sejamos nós os que vivem nesta triste situação. É
verdade que a salvação dada por Deus é instantânea e de graça, mas também é verdade que
devemos nos arrepender de nossas práticas mundanas para que possamos receber a vida
nova em Cristo. É necessário saber o que se deve esperar ao ingressar no discipulado de
Jesus Cristo.
No texto-base deste estudo, vemos Jesus deixando bem claro para a multidão que O
acompanhava o custo que seria seguí-lO (vs.26). Ele não os incentivou a se tornarem
discípulos sem antes terem idéia do estava em jogo. em outra situação muitos daqueles que
se diziam seus discípulos o abandonaram quando perceberam o custo que seria seguí-lO (Jo
6:66).
Estamos dispostos a pagar o preço exigido? Temos real idéia do que nos custará seguir
ao Senhor? Já paramos para calcular os custos? Temos condições de erguer a torre, e estamos
dispostos?
110
Calculemos o preço!!
111
ANEXO Nº 07
FIDELIDADE NA EVANGELIZAÇÃO
"A palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi
evangelizada" (1 Pe 1.25).
Não há outra entrada para o céu, exceto a estreita passagem do novo nascimento; sem
santidade, ninguém jamais verá a Deus (Hb 12.14). Deus uniu a fé e o arrependimento para
serem as duas facetas de nossa resposta ao chamado do Salvador, deixando bem claro que
vir a Cristo é abandonar o pecado e renegar a impiedade. "Se falharmos em manter unidas
estas coisas que Deus juntou, nosso cristianismo será distorcido." 1 A fé salvadora, o
arrependimento, o compromisso e a obediência são todas operações divinas, realizadas pelo
Espírito Santo no coração daquele que é salvo. Não há obras humanas no ato da salvação. A
salvação vem unicamente pela graça, mediante a fé (Ef 2.8). Sola Gratia e Sola Fide são dois
dos pilares da Reforma. Entretanto, a verdadeira salvação não pode nem deixará de produzir
obras de justiça na vida do verdadeiro crente. A obra de Deus na salvação inclui uma
mudança de intenção, vontade, desejos e atitudes que produz inevitavelmente o fruto do
Espírito.
Por que existem atualmente igrejas tão fracas? Por que tantas conversões são
anunciadas e tantos membros arrolados às igrejas, e estas têm causado cada vez menos
impacto sobre a sociedade? Por que não se pode distinguir muitos crentes dos incrédulos?
Não é porque muitos chamam de crentes pessoas que na verdade não são regeneradas? Não
será que muitos estão tomando "forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder" (2 Tm
3.5)?
Nem todo aquele que afirma ser crente o é na verdade. Jesus declarou em solenes
palavras: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mt 7.21). Incrédulos fazem falsas profissões de fé em
Cristo, e aqueles que não são crentes verdadeiros podem iludir-se, pensando que estão
salvos. O diabo tem produzido muitas imitações de conversão, enganando as pessoas, ora
com isto, ora com aquilo. Ele possui tamanha habilidade e astúcia que, se possível, enganaria
os próprios eleitos.
112
Este fato teria sido considerado como ponto pacífico, há algumas décadas; hoje, não
mais. O barateamento da graça e a fé fácil em um evangelho distorcido estão arruinando a
pureza da igreja. O abrandamento da mensagem do Novo Testamento trouxe consigo um
inclusivismo putrefato que, com efeito, vê qualquer tipo de resposta positiva a Jesus como
um equivalente para a fé salvadora. Os crentes de hoje estão dispostos a aceitar qualquer
coisa, que não seja a rejeição aberta, como a autêntica fé em Cristo. O evangelicalismo
moderno desenvolveu um território largo e notável, que abriga até aqueles cuja doutrina é
suspeita ou cujo comportamento denuncia corações rebeldes contra as coisas de Deus.
O evangelho que Jesus pregou não fomentava esse tipo de credulidade. Desde o
início de seu ministério público, nosso Senhor evitou adesões rápidas, fáceis ou
superficiais. Sua mensagem resultou em mais rejeição do que em aceitação entre os
seus ouvintes, pois recusava-se a proclamar palavras que dessem a qualquer pessoa
uma falsa esperança. Suas palavras, voltadas sempre para as necessidades do
indivíduo, nunca deixaram de fazer murchar a autojustiça dos que O procuravam, ou
de pôr à mostra segundas intenções, ou de alertar quanto a uma fé falsa ou a um
compromisso superficial.2
Nas décadas recentes, tem surgido uma geração de cristãos professos cujo
comportamento raramente se distingue da rebeldia em que vive o não-regenerado. Um
desdobramento do Congresso Internacional de Evangelização Mundial (realizado em 1974, em
Lausanne, Suíça) já apontava para esta realidade:
Este relatório demonstrava que nem tudo estava bem nas igrejas e denominações
evangélicas. Por trás das fachadas dos brilhantes relatórios de crescimento e das estatísticas
impressionantes, existia uma convicção de que a igreja carecia de poder em seu evangelismo.
Ao mesmo tempo, nunca existiram tantas novas igrejas, tantas campanhas evangelísticas e
tantos crentes estudando para o trabalho de evangelismo pessoal. Nunca se realizou tantas
conferências e seminários em uma tentativa de exame sério das causas e curas no ministério
do evangelho. Organizações denominacionais e interdenominacionais também se lançavam
em campanhas procurando transcender as barreiras das denominações em esforços
evangelísticos. A verdade, porém, é que estes esforços limitavam-se também por outras
barreiras:
Uma igreja sadia necessita ter entre suas características uma compreensão bíblica do
evangelismo. Em todas as épocas e lugares, os servos de Cristo estão sob a ordem de
evangelizar, ou seja, proclamar o evangelho. Nas páginas da Bíblia, a evangelização é algo
que centraliza-se em Deus. A Escritura Sagrada exige que a evangelização seja da parte de
114
Deus, "por meio dEle e para Ele" (Rm 11.36). É triste dizer, mas grande parte da evangelização
contemporânea é antropocêntrica — centralizada no homem. 5 Com excessiva freqüência, as luzes
da ribalta focalizam o evangelista — sua personalidade, eloqüência, a arte com que ele
dispõe os argumentos, a história de sua conversão, as dificuldades pelas quais passou, o
número de pessoas que se converteram pelo trabalho dele e, em alguns casos, os milagres
que alguns dizem que ele realizou. Às vezes, a atenção é posta nos que estão sendo
evangelizados. Ressalta-se o grande número deles, o triste estado em que se encontram —
exemplificado na pobreza, doença e imoralidade — sua suposta ansiedade pelo evangelho
da salvação e, pior de tudo, fala-se do bem que existe neles e os capacita a exercitarem a fé
salvadora, por sua livre vontade, embora não regenerada. E quantas vezes o bem-estar do
homem — bem-estar terreno ou eterno — é a única finalidade da evangelização!
Uma igreja sadia necessita ter entre suas características uma compreensão bíblica do
evangelismo. Para todos os membros da igreja, mais particularmente para os líderes que têm
o privilégio e responsabilidade de ensinar, uma compreensão bíblica do evangelismo é
crucial. Naturalmente, isso precisa estar intimamente relacionado a outras compreensões
bíblicas, como, por exemplo, a do evangelho e a da conversão. É óbvio que a maneira como
alguém compartilha o evangelho está intimamente relacionada ao modo como ele o
compreende. Quando o evangelho é redefinido como algo que significa pouco mais do que
uma mensagem de auto-ajuda espiritual, e a conversão degenera-se de um ato de Deus para
uma mera resolução humana, a compreensão e prática da evangelização terão suas
conseqüências lógicas. Por outro lado, se a mente for moldada pela Bíblia no que concerne a
Deus, ao evangelho, à necessidade humana e à conversão, uma correta compreensão do
evangelismo fluirá naturalmente.
Quando alguém herda práticas e ensinamentos que presume serem corretos na prática
da evangelização, talvez nunca pense em questionar a metodologia e a mensagem com a
qual está acostumado. Entretanto, este assunto é sério e afeta cada um de nós. Essas coisas
devem preocupar-nos.
deste ponto. A raiz da confusão pode ser dita numa sentença. "Trata-se de nosso generalizado e
persistente hábito de definir a evangelização não em termos de uma mensagem anunciada, mas de um
efeito produzido em nossos ouvintes." 7 Isto significa dizer que a essência da evangelização é
produzir convertidos.
Isso, entretanto, não pode ser correto. A evangelização é uma obra do homem,
mas a dádiva da fé pertence a Deus. É verdade, realmente, que cada evangelista tem
por alvo converter os pecadores e que nossa definição expressa perfeitamente o ideal
que ele deseja ver cumprido em seu próprio ministério; porém, a questão de ele estar
ou não evangelizando não pode ser resolvida simplesmente pela pergunta: "Meu
ministério tem produzido conversões?" Missionários entre os muçulmanos têm
labutado durante a vida inteira sem ver qualquer convertido; deveríamos concluir que
não estão evangelizando? Tem havido pregadores não-evangélicos através de cujas
palavras (nem sempre compreendidas no sentido pretendido) algumas pessoas foram
saudavelmente convertidas; deveríamos concluir que esses pregadores estavam
evangelizando? Certamente a resposta é negativa em ambos os casos. Os resultados da
pregação dependem não das vontades e intenções dos homens, mas da vontade do
Deus todo-poderoso. Essa consideração não quer dizer que devamos ser indiferentes
quanto a ver ou não os frutos de nosso testemunho em favor de Cristo; se não
estiverem aparecendo os frutos, devemos buscar a face de Deus para descobrir o
motivo. Essa consideração, todavia, significa que não devemos definir a evangelização
em termos dos resultados obtidos.
Como, pois, deveria ser definida a evangelização? A resposta dada pelo Novo
Testamento é muito simples. De acordo com o Novo Testamento, a evangelização
consiste apenas na pregação do evangelho, as boas novas. É uma obra de comunicação
na qual os crentes se tornam porta-vozes da mensagem sobre a misericórdia de Deus
para os pecadores. Todos quantos anunciam fielmente essa mensagem, sob quaisquer
circunstâncias, tanto em numerosa como em pequena reunião, em um púlpito ou em
conversa particular, estão evangelizando. Visto que a mensagem divina tem por
clímax o apelo da parte do Criador a um mundo rebelde, para que este se volte e
deposite fé em Cristo, a entrega da mensagem envolve a chamada dos ouvintes à
conversão. Se não estamos procurando obter conversões nesse sentido, não estamos
evangelizando. Porém, a maneira de saber se alguém está evangelizando de fato não é
perguntar se o testemunho está produzindo conversões. Pelo contrário, é perguntar se
o pregador está proclamando fielmente a mensagem evangélica. 8
116
Assim, pois, de acordo com a Bíblia, evangelismo consiste em apresentar as boas novas
livremente, confiando a Deus a conversão das pessoas (At 16.14). "Ao Senhor pertence a
salvação" (Jn 2.9). Qualquer meio que utilizemos para forçar nascimentos espirituais será tão
eficaz quanto Ezequiel tentando costurar os ossos secos ou Nicodemos procurando dar a si
próprio um novo nascimento. E o resultado será semelhante. Se o número de membros de
nossa igreja é notavelmente maior do que o número de presentes aos cultos, o que se entende
por conversão? Que tipo de evangelismo tem sido praticado que resulta em tão grande
número de pessoas com baixíssimo nível de envolvimento na vida da igreja e sem qualquer
distinção dos incrédulos?
Livros e manuais que falam sobre Crescimento de Igreja hoje são best-sellers. Pastores e
líderes estão famintos por livros que, de forma simples e prática, narrem o testemunho de
líderes e outras igrejas que têm experimentado assombrosos crescimentos numéricos. Porém,
de modo geral, nestes livros (bem como nos modelos e projetos por eles apresentados), sente-
se falta de uma avaliação teológica dos modelos de planejamento estratégico empregados
por essas igrejas e líderes. Atualmente, estão em voga as técnicas de crescimento de igreja
que acriticamente absorvem a perspectiva antropológica moderna. Um exemplo: a
antropologia adotada pelas correntes de planejamento estratégico está fundamentada na
perspectiva de Rosseau, da bondade intrínseca do homem, levando-nos a acreditar que tudo
se resolve com o método; homens bons com um método de desenvolvimento adequado
significa sucesso garantido.
117
No final, o que realmente será levado em conta não é o nosso sucesso, e sim a nossa
fidelidade
exteriores tais como afluência, números, dinheiro ou reações positivas jamais foram a
medida bíblica de sucesso no ministério. Fidelidade, piedade e compromisso espiritual
são as virtudes que Deus estima; e tais qualidades deveriam ser os tijolos com os quais
se constrói uma filosofia de ministério. Isto é verdadeiro tanto para as igrejas grandes
como para as pequenas. Tamanho não é sinônimo da bênção de Deus; popularidade
não é barômetro de sucesso... Nas Escrituras, o sucesso exterior jamais é um objetivo
digno de ser perseguido.
_______________
4 Walter J. Chantry, O Evangelho de Hoje: Autentico ou Sintético?, Editora Fiel, 1986, São
José dos Campos (SP), pp. 10,11.
119
6 J. I. Packer, Evangelizaçao e Soberania de Deus, Edições Vida Nova, 1990, Sao Paulo (SP),
p. 85.
7 Idem, p. 28.
Ernest Reisinger
"Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro,
vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o
dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei
o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa
alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias
prometidas a Davi" (Is 55.1-3).
Vir é Comer — Crer é Beber
"Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê
em mim jamais terá sede" (Jo 6.35).
Um comentário acerca de João 6.35: "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos
digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós
mesmos" (Jo 6.53).
"No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha
a mim e beba" (Jo 7.37).
O primeiro convite de nosso Senhor encontra-se em Mateus 11.28-30: "Vinde a mim,
todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve".
O último convite dEle encontra-se em Apocalipse 22.17: "O Espírito e a noiva dizem:
Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água
da vida".
A expressão "vir a Cristo" é boa, mas está rodeada por muita ignorância e confusão,
quando se torna parte de métodos errados de evangelismo. O que esta expressão significa
para os ouvintes? Com certeza, é necessário que pecadores venham a Cristo para serem
salvos. Mas, quando um pregador chama os pecadores à frente da igreja, enquanto a
congregação cria o ambiente com um "hino de apelo", é bem provável que a maioria dos
ouvintes considerará iguais o "vir a Cristo" e o "vir à frente".
Se for questionado acerca do "vir à frente", o pregador dirá que isto não salva.
Contudo, ao mesmo tempo, por sua linguagem e métodos, ele está equiparando o "vir à
frente" ao "vir a Cristo", e, portanto, muitas pobres almas são enganadas.
Vir a Cristo é uma expressão boa, uma expressão bíblica. Ela é usada para descrever
um ato da alma. Vir a Cristo inclui abandonar toda a auto-justiça e o pecado; envolve receber
a justiça de Cristo para ser nossa justiça e o sangue dEle para nossa expiação. Vir a Cristo
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inclui arrependimento para com Deus e fé no Senhor Jesus Cristo. Vir a Cristo é o primeiro
efeito da regeneração.
Quando o pregador diz: "Venha a Cristo", ao final do culto, para muitos isso significa
vir à frente da igreja. O que as crianças pensam quando o pregador diz: "Venha a Cristo" e,
ao mesmo tempo, as convida a virem à frente da igreja? Todo verdadeiro pregador e
evangelista sabe que o vir à frente de uma igreja não equivale a vir a Cristo. Alguns podem
até dizer "vir à frente não salvará você", mas continuam e "fazem o apelo", como se os
ouvintes achassem que tal apelo equivale a vir a Cristo.
A expressão "vir a Cristo" é boa, mas está rodeada por muita ignorância e confusão,
quando se torna parte de métodos errados de evangelismo.
Nos dias em que Jesus estava aqui, em carne e osso, segui-Lo fisicamente seria possível.
Os pescadores O seguiram literalmente. Zaqueu desceu da árvore, de maneira física e literal,
e seguiu a Jesus. Mas, mesmo nos dias da presença visível de Jesus, o sentido fundamental
das palavras "Vinde após mim" e "Vinde a mim" era claramente uma identificação de
arrependimento e fé. Portanto, Marcos 1.17 não é um texto adequado para dar sustentação a
qualquer ato físico ou sistema de apelo.
O segundo texto usado para amparar esse sistema é Mateus 10.32-33: "Portanto, todo
aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos
céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está
nos céus".
Analisemos com cuidado o que nosso Senhor estava dizendo. Estaria Ele afirmando
que pelo ato de confessar, ou por meio de algum ato físico, nos tornamos cristãos? Ou estaria
Ele ensinando que uma das marcas indispensáveis dos verdadeiros cristãos é que estes O
confessam e vivem uma vida que, publicamente, O reconhece? Não deve haver qualquer
dúvida quanto à resposta. Confessar a Cristo é um dever espiritual dos cristãos. Confessá-Lo
não se refere a como se tornar um cristão.
Nesta passagem, Jesus não estava dizendo aos pecadores como fazerem uma decisão,
não estava descrevendo a forma como ocorre o novo nascimento. Estava ensinando que
confessá-Lo é um dever espiritual do cristão. Confessar a Cristo é um dever cristão. Quanto a
isso, o Novo Testamento é bastante claro. Mas, pergunto eu, como isso era feito? Qual era a
confissão pública?
Mesmo nos dias da presença visível de Jesus, o sentido fundamental das palavras "Vinde
após mim" e "Vinde a mim" era claramente uma identificação de arrependimento e fé.
tornou tão pervertida, depravada e corrupta, que é impossível ao homem vir a Cristo sem a
poderosa obra de Deus, o Espírito Santo.
Vemos isso no mundo animal. Os animais agem de acordo com sua natureza. As
ovelhas não comem lavagem, assim como um porco não se alimenta de grama. Não há
qualquer problema físico — ambos possuem boca, dentes, orelhas e pernas. A razão pela
qual a ovelha não come lavagem é sua natureza. A natureza do homem impede-o de vir a
Cristo.
Dê uma faca a uma mãe e diga-lhe: "Crave-a em seu bebê". Se ela for normal, dirá:
"Não posso fazer isso, não posso!" Isto significa que ela não possui força física ou capacidade
para fazê-lo? Não, de modo nenhum! A natureza da mãe torna aquilo impossível.
Novamente, onde está a incapacidade de alguém vir a Cristo? Na obstinação da
vontade humana. Oh! sim, os homens podem ser salvos, se quiserem. Creio que todo
pecador que ainda está do lado de fora do inferno pode ser salvo, se quiser. Esta é
exatamente a raiz do problema — se ele quiser.
B. B. Warfield disse: "Qual a utilidade de argumentar a respeito de quem quiser em um
mundo tão repleto de ‘eu não quero’? Estamos pregando e testemunhando a um mundo de
‘eu não quero’ ".
O versículo mais pessimista da Bíblia é João 5.40: "Contudo, não quereis vir a mim para
terdes vida". Por esse motivo, João 6.44 é o versículo mais otimista da Bíblia. Você sabia que
este é um dos mais agradáveis versículos da Palavra de Deus? Não houvesse aquela
palavrinha "se" em João 6.44, todas as pessoas iriam para o inferno. Ninguém seria salvo.
Abençoado "se"! "Se o Pai" — graças a Deus pelo que Ele faz. O que estou dizendo é que os
pecadores precisam de um novo "querer". Onde o novo querer é outorgado, o desejo e o
poder surgem como conseqüência.
No estudo anterior, comecei a falar sobre a expressão "vir a Cristo". O que um pregador
tem em mente quando ele diz "vir a Cristo"?
Salientei quatro coisas que "vir a Cristo" não significa:
Não é um ato físico.
Não é um ato puramente mental.
Não é um ato místico não alicerçado na verdade bíblica.
Não é meramente um ato volitivo, tal como votar em alguém. Jesus não
precisa de quaisquer votos, Ele já está no trono.
O último convite da Bíblia é feito àqueles que desejam água, ou seja, pessoas sedentas
— pessoas que reconhecem sua necessidade espiritual.
Uma segunda coisa presente no "vir a Cristo" é a revelação de Cristo ao coração, como
sendo o Único adequado para suprir a necessidade. Ele precisa ser revelado ao coração, pelo
Espírito Santo.
Diversas vezes me perguntaram: "Qual o maior problema no cristianismo dominical?"
Minha resposta é a seguinte: "Uma multidão de pessoas que se reúne na igreja tentando
adorar um Cristo não revelado". Cristo precisa ser revelado ao coração, por intermédio da
Palavra e do Espírito.
Deixe-me salientar essa verdade com alguns textos bíblicos:
Mateus 16.13-17: "Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus
discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João
Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem
dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue
que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus". Cristo teve de ser revelado de maneira
sobrenatural a Pedro.
Gálatas 1.15-16: "Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou
pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios,
sem detença, não consultei carne e sangue". Cristo foi revelado a Paulo.
Mateus 2.11: "Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o
adoraram". Aquele bebê, aos olhos humanos, tinha a aparência de Deus, para ser adorado?
Cristo precisou ser revelado ao coração dos sábios, pelo Espírito.
Então, uma segunda coisa presente no "vir a Cristo" é: Ele precisa ser revelado pelo
Espírito Santo. Uma revelação sobrenatural: o cristianismo é uma religião sobrenatural.
Uma terceira coisa envolvida no "vir a Cristo" é um compromisso com Ele, sem reservas,
como o Único que pode satisfazer essa necessidade da alma. Qualquer coisa menos do que isso
torna uma pessoa estranha a Cristo e à verdadeira religião salvadora.
Ah! Quando alguém reconhece sua necessidade espiritual, e Cristo é revelado ao
coração como o Único que pode satisfazer essa necessidade, resultando em um irrestrito
compromisso com Ele, tal pessoa terá (1) algo a confessar, (2) um desejo de confessá-Lo e (3)
alegria ao confessá-Lo. Essa verdade deveria explicar porque não equiparamos o "vir à
frente" em um culto de domingo à noite com o "vir a Cristo".
Desejo convidar todos que ouvem essas palavras a virem. Sim, se você está fora do
caminho — convido-o a vir. Venha a Cristo.
Gosto muito da palavra "vinde". Para mim, ela parece cheia de graça, misericórdia e
encorajamento. "Vinde, pois, agora", diz o Senhor através do profeta, "e arrazoemos… ainda
que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve" (Is
1.18). "Vem" é uma palavra de encorajamento bondoso. Ela parece dizer: "Tenho tesouros
para dar-lhe, se você simplesmente quiser recebê-los. Então, venha a mim".
"Vem" é a última palavra da Bíblia dirigida aos pecadores — "O Espírito e a noiva
dizem: Vem!" Vem é a palavra de convite misericordioso. Ela parece dizer: "Eu quero que
você escape da ira vindoura. Estou disposto a ajudar, para que ninguém pereça. Não tenho
prazer na morte do ímpio. Então, venha a Mim".
"Vem" é uma palavra de expectativa graciosa. Parece afirmar: "Estou esperando por
você. Eu me assento no trono de misericórdia, esperando que você venha. Espero para ser
gracioso. Portanto, venha a mim".
"Vem" é uma palavra de encorajamento bondoso. Ela parece dizer: "Tenho tesouros
para dar-lhe, se você simplesmente quiser recebê-los. Então, venha a mim".
Meu querido amigo, peço-lhe que ouça essas palavras e guarde-as em seu coração.
Imploro em nome do Mestre. Estou escrevendo como um embaixador. Rogo-lhe que venha e
seja reconciliado com Deus.
Peço-lhe que venha com todos os seus pecados, não importa quantos sejam. Se vier a
Jesus, Ele os removerá. Se esperar, a oportunidade passará, a porta de misericórdia será
fechada, e você morrerá em seus pecados. Venha agora. Venha a Jesus Cristo agora.
Você pode freqüentar à igreja, participar da ceia do Senhor, dirigir-se ao pastor e, assim
mesmo, não estar salvo. Vir ao Salvador é realmente necessário — vir à Fonte e lavar-se no
sangue da expiação. A menos que você faça isto, morrerá em seus pecados. E, como Joseph
Hart o afirmou corretamente em seu hino:
Vem, pecador pobre e infeliz,
Fraco e machucado, doente e entristecido;
Para te salvar, Jesus espera, amoroso,
Cheio de misericórdia, bondade e perdão;
Para te salvar, Ele é todo-poderoso.
Vem, necessitado, e sê bem recebido.
Com verdadeira fé e arrependimento,
glorifica o dom gratuito de Deus;
Sem dinheiro, vem a Jesus e compra
as graças dEle para aproximar-Se dos seus.
Vem, cansado e sobrecarregado,
pela Queda ferido e arruinado.
Se demoras, até que melhor te tornes,
a Jesus nunca virás.
Não aos justos, não aos justos,
E sim aos pecadores veio Jesus chamar.
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