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SOCIOLOGIA
Lisboa mudou muito desde 2009. Sentimos por isso a necessidade de
atualizar o exercício de planeamento estratégico realizado então no domí-
nio da cultura, voltando a convocar artistas, produtores, técnicos e demais
agentes culturais para participar numa reflexão alargada sobre o presente
e o futuro cultural da cidade.
ÍNDICE
SUMÁRIO EXECUTIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.1. Objetivos e orientações gerais do trabalho realizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
1.2. Metodologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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ÍNDICE
7. VISÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
7.1. Enunciar da visão estratégica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
7.2. Alguns pressupostos e implicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
AGRADECIMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 383
ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .387
7
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.1. Organização geral do estudo e da metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 2.1. Principais linhas da relação entre cultura, qualidade de vida e bem-estar . . . . 48
Figura 3.2. População residente, por grandes grupos etários, 2009-2015 (%) . . . . . . . . . . 61
Figura 3.4. População estrangeira que solicitou estatuto de residente, total (n.º) e
por nacionalidade (%), 2008-2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 3.7. Proveitos totais (euros) dos estabelecimentos hoteleiros, 2009-2015 (n.º) . . . . 67
Figura 3.8. Hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros por 100 habitantes, por
nacionalidade dos hóspedes, 2009-2013 (n.º) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 3.10. Pessoal ao serviço das Empresas, em número (n.º) e taxa de variação
face ao ano anterior (%), 2008-2014 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Figura 3.11. Estimativas de população residente, em número (n.º) e taxa de variação
face ao ano anterior (%), 2004-2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 3.12. Valores médios (em euros) de avaliação bancária dos alojamentos
(média global), 2009-2014 (n.º) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 5.2. Número total de galerias de arte e outros espaços, 2000-2014 (n.º) . . . . . . . 106
Figura 5.3. Exposições realizadas em galerias de arte e outros espaços, 2004-2014 (n.º) 106
Figura 5.4. Obras expostas em galerias de arte e outros espaços, 2004-2014 (n.º) . . . . . 107
Figura 5.5. Lotação média total das salas dos recintos de espetáculos, 2010-2014 (n.º) . 108
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.8. Total de lugares sentados nos recintos culturais, 2010-2014 (n.º) . . . . . . . . . . 109
Figuras 5.17. Bens culturais segundo a categoria de proteção, em 2014 (%) . . . . . . . . . . 113
Figura 5.21. Circulação total das publicações periódicas, 2004-2014 (n.º) . . . . . . . . . . . . 115
Figura 5.30. Espectadores de espetáculos ao vivo por habitante, 2004-2014 (n.º) . . . . . 118
Figura 5.32. Valor médio (em euros) dos bilhetes de espetáculos ao vivo vendidos,
2004-2014 (n.º) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
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ÍNDICE
Figura 5.40. Emprego no setor da cultura por categorias, em Lisboa, em 2012 (%) . . . . . 128
Figura 5.41. Emprego no setor da cultura por categorias, na AML, em 2012 (%) . . . . . . . 130
Figura 5.42. Emprego no setor da cultura por categorias, em Portugal, em 2012 (%) . . . 132
Figura 5.44. Evolução do emprego nas atividades ligadas ao setor da cultura, 2007-
2012 (n.º) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Figura 5.46. Evolução do emprego nas atividades ligadas ao setor da cultura, nas
três categorias de atividades, em Lisboa, 2007-2012 (n.º) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Figura 5.48. Peso do emprego nas atividades ligadas ao setor da cultura em Lisboa
face à AML, em 2012 (%) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Figura 5.49. Peso do emprego nas atividades ligadas ao setor da cultura em Lisboa
face ao país, em 2012 (%) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Tabelas 5.6. Áreas artístico-culturais das atividades enunciadas nas Agenda Cultural
de Lisboa — 2015, por principais locais de realização (n.º e %) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
Figura 5.57. Despesas (em euros) das câmaras municipais em atividades culturais e
de desporto, por habitante, 2004-2014 (n.º) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Figura 5.59. Despesas correntes e de capital (em euros) das câmaras municipais em
atividades culturais e de desporto, por habitante, 2004-2014 (n.º) . . . . . . . . . . . . . . . 153
Figura 5.65. Filmes produzidos com o apoio financeiro do ICA, por tipo de
metragem, 2004-2015 (%) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
Figura 5.64. Filmes produzidos com o apoio financeiro do ICA, 2004-2015 (n.º) . . . . . . . 177
Figura 5.66. Filmes produzidos com o apoio financeiro do ICA, por tipo de filme,
2004-2015 (%) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
Figura 5.68. Evolução do número de frequentadores por festival, 2011-2015 (n.º). . . . . . 194
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ÍNDICE
Figura 5.72. Espaços de caráter cultural no Eixo da Avenida Almirante Reis, em 2016 . . 206
Figura 5.75. Cultura 21: Ações – Lisboa e Painel Global 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
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ÍNDICE
ÍNDICE DE CAIXAS
CAIXA 3.1. ALGUNS ELEMENTOS SOBRE AS DINÂMICAS DEMOGRÁFICAS E
MIGRATÓRIAS EM LISBOA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
CAIXA 5.1. ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CML – ARTES VISUAIS E MERCADO DE ARTE . . . 171
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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SUMÁRIO EXECUTIVO
SUMÁRIO
EXECUTIVO
• Este documento pretende sintetizar os resultados do processo de refle-
xão estratégica encomendado pelo Pelouro da Cultura da CML ao DINÂ-
MIA’CET-IUL , centro de investigação do Instituto Universitário de Lisboa
(ISCTE-IUL), em 2016, sobre a atuação municipal no campo cultural, a qual
se traduziu num processo amplamente participado que ocorreu entre
Março de 2016 e Janeiro de 2017, envolvendo a CML (em particular a sua
Direção Municipal de Cultura – DMC – e a empresa municipal com ação no
campo cultural, a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Ani-
mação Cultural de Lisboa), bem como múltiplos outros agentes culturais e
institucionais da cidade.
• Pretendeu-se promover e alimentar um processo participado de reflexão
e de planeamento estratégico sobre o setor cultural em Lisboa, partindo
de uma análise e de um diagnóstico sobre as condições da provisão e da
fruição cultural na cidade, dos seus principais recursos e ativos, e das suas
principais dinâmicas, procurando, de forma abrangente e inclusiva, o en-
volvimento dos agentes na consensualização de linhas de atuação estrutu-
rantes para a ação no campo cultural pelo município de Lisboa.
• A reflexão efetuada parte, numa 1ª fase, da realidade diagnosticada nas
Estratégias para a cultura 2009, e procura atualizá-la à luz da leitura das
principais dinâmicas entretanto decorridas, da compilação e análise de al-
guns elementos de caracterização entretanto recolhidos e de um balanço
da aplicação dos princípios estratégicos de atuação enunciados à época.
Numa 2ª fase, procura equacionar a visão estratégica subjacente à atuação
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
municipal no campo cultural e traduzi-la num conjunto de eixos estratégi-
cos de atuação que apoiem a ação do Pelouro da Cultura no próximo pe-
ríodo de programação, aqui entendido como tendo o horizonte temporal
global de 10 anos. Pretende-se que cada um desses eixos de atuação se
traduza num conjunto de objetivos e subobjetivos de ação, que sejam am-
plamente consensualizados e partilhados por toda a hierarquia municipal,
pois só a sua apropriação quotidiana, por esta via, conseguirá garantir uma
implementação bem-sucedida deste novo quadro estratégico.
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SUMÁRIO EXECUTIVO
• Estas tendências gerais são então confrontadas com aquilo que se passa
especificamente no campo cultural, no capítulo 4, considerando-se que a
cidade enfrenta um conjunto de desafios que se foram afirmando desde o
anterior processo de reflexão estratégica, que colocam à autarquia a ne-
cessidade de se confrontar com novas formas de pensar o campo cultural
e de atuar face aos novos desafios que se lhe colocam. É aqui identificado
um conjunto de aspetos cruciais que, quanto à equipa, são considerados
21
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
como sendo fulcrais para ter em conta para (re)pensar uma atuação cultural
sobre a cidade, nos dias de hoje, assumindo uma lógica de cultural plan-
ning1 (Bianchini, 1999) e o quadro conceptual defendido.
• Isto implica uma atuação que terá de ter em particular atenção um conjun-
to de dimensões transversais de ação, muitas das quais fora da esfera de
ação tradicional do Pelouro da Cultura, mas que serão imprescindíveis para
uma atuação mais consequente no campo cultural contemporâneo, múlti-
plo, diversificado e aberto, de uma cidade como Lisboa, que sofreu profun-
das transformações desde as Estratégias para a cultura 2009. Preconiza-se
assim (i) trabalhar com a sobrecarga e massificação de algumas zonas, em
particular no centro histórico da cidade; (ii) lidar com as consequências da
crise económica e financeira e o agravamento dos problemas da mobili-
dade; (iii) enfrentar os desafios da mudança tecnológica e organizacional
nas atividades culturais; (iv) lidar com as dinâmicas de recomposição da
metrópole que Lisboa polariza; (v) gerir e mobilizar as novas dinâmicas de
participação na cidade; (vi) saber lidar com o desenvolvimento de novas
formas de mediação cultural; (vii) articular-se com o desenvolvimento da
economia criativa; e (viii) lidar com as mudanças nas lógicas de governança
sentidas na cidade.
22
SUMÁRIO EXECUTIVO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
• Naturalmente que a evolução registada é complexa e as dinâmicas verifica-
das na vida cultural da cidade são múltiplas, com sinais muitas vezes contra-
ditórios. Não fazendo sentido uma síntese redutora, que destaque apenas
dois ou três aspetos ou dimensões particulares do amplo balanço efetuado,
fará eventualmente mais sentido ter uma noção das principais dinâmicas
assinaladas e dos mais relevantes elementos de diagnóstico apurados atra-
vés da consulta dos principais pontos fortes, pontos fracos, oportunidades
e ameaças identificados, que se apresentam nas tabelas decorrentes da
análise SWOT, patentes no Capítulo 6.
24
SUMÁRIO EXECUTIVO
• A formulação da estratégia partiu de um conjunto de pressupostos para a
ação, que são explanados no capítulo 7 e que permitiram operacionalizar a
adaptação desta visão à realidade atual. Assumem-se como pressupostos
para a prossecução da estratégia desenhada (i) o aproveitar da vitalidade
cultural urbana e as dinâmicas endógenas verificadas na cidade, procuran-
do articular a ação com a atuação quotidiana e as dinâmicas dos agentes
culturais existentes na cidade; (ii) o olhar de forma integrada e abrangente
para as atividades culturais, assumindo de forma ampla e desassombrada
a multiplicidade e diversidade das práticas, bens e atividades culturais na
cidade, bem como a consequente necessidade de uma articulação quoti-
diana e de um trabalho conjunto com outras esferas de atuação que não
as tradicionalmente assumidas pelo Pelouro da Cultura; e (iii) o assumir de
uma perspetiva de “cultural planning” (que reconheça as diversas verten-
tes do relacionamento entre cultura e cidade e os diversos mecanismos
de transmissão da relação entre cultura e desenvolvimento, encarando a
cultura como um dos pilares do desenvolvimento territorial e humano e
procurando contribuir, através da sua esfera de atuação específica, para o
desenvolvimento sustentável pela via da promoção da qualidade de vida e
do bem-estar dos residentes e utilizadores da cidade.
• Estes pressupostos e a forma como foram assumidos na reflexão efetuada
pela equipa têm algumas implicações que são claras sobre a forma como
se pensa a atuação que é preconizada, valorizando nomeadamente (i) o
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
• Esta visão e estes pressupostos foram a base para uma reflexão estratégica
aprofundada e participada, virada para a ação, que ocupou a 2ª fase dos
trabalhos desenvolvidos, a qual se centrou nas seguintes etapas de con-
cretização mais detalhada de um programa de ação: (i) definição de Eixos
Estratégicos; (ii) definição de objetivos e de subobjetivos; e (iii) definição
de projetos e medidas concretas a propor; para além de uma reflexão mais
específica sobre o modelo de implementação e o sistema de monitoriza-
ção respetivo.
• Na base da definição dos eixos estratégicos de atuação (capítulo 8) estão
os mecanismos de transmissão da relação entre cultura e desenvolvimento
identificados no capítulo 2 (os quais dão origem aos quatro primeiros eixos
definidos, cada um deles associado a cada um desses mecanismos de
transmissão), sendo desenhado um eixo suplementar associado ao aprovei-
tamento do potencial da cidade como cidade capital e como polarizadora
de uma área metropolitana de dimensão cinco vezes superior ao município
em si mesmo. São os seguintes os eixos estratégicos identificados:
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SUMÁRIO EXECUTIVO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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SUMÁRIO EXECUTIVO
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INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
1.1. Objetivos e orientações
gerais do trabalho realizado
Este relatório final das Estratégias para a cultura
2017 configura um documento de síntese dos
trabalhos realizados, os quais compreenderam,
conforme o contratualizado com a Câmara
Municipal de Lisboa (CML), uma primeira fase
de diagnóstico da situação cultural no concelho
de Lisboa, e uma segunda fase centrada na
(re)definição das estratégias de atuação,
concretizando objetivos e subobjetivos para
a ação, medidas concretas de política, bem
como instrumentos para a monitorização da
sua implementação.
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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INTRODUÇÃO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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INTRODUÇÃO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
DIAGNÓSTICO
ANÁLISE SWOT
Com base em: análise documental; recolha e tratamento de
informação qualitativa e quantitativa; entrevistas / discussão
RELATÓRIO INTERMÉDIO
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INTRODUÇÃO
Definição de uma Visão
APRESENTAÇÃO À CML
Identificação preliminar
das Linhas Estratégicas de
Desenvolvimento
APRESENTAÇÃO
Discussão e afinamento das
PÚBLICA FINAL
linhas estratégicas
Estruturação e aprofun-
damento dos eixos de
intervenção
IMPLEMENTAÇÃO
Definição e concretização dos
projetos e medidas Execução dos procedimentos
relativos à implementação
das estratégias e da estrutura
Definição de um sistema de de monitorização
monitorização das atuações
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
1.2. Metodologia
Em termos gerais, podem ser assumidas três C. Sistematização das conclusões do diag-
grandes vertentes na primeira fase, de dia- nóstico e análise SWOT
gnóstico:
No âmbito desta terceira vertente, proce-
A. Balanço da concretização das Estraté- demos à sistematização das conclusões e à
gias para a cultura 2009 realização da análise SWOT, por parte dos
diversos núcleos da equipa.
No âmbito desta primeira vertente, pre-
tendeu-se efetuar um balanço, essencial- No âmbito deste diagnóstico, realizado de
mente através de reuniões com a estrutura fevereiro a junho de 2016, procedemos a
municipal e da EGEAC, e reflexão interna uma recolha intensiva e panorâmica da in-
aos diversos núcleos da equipa. Ressalva- formação existente (bibliográfica, estatística,
mos o facto de o plano ter sido levado a cartográfica, etc.), ao seu tratamento através
cabo num contexto de mutação organiza- de métodos quantitativos e qualitativos e à
cional, face aos líderes e face às estruturas. subsequente análise. O objetivo desta pri-
meira fase foi o de elaborar um diagnóstico
B. Caracterização das principais dinâmicas atualizado das dinâmicas culturais da cidade,
culturais, nos campos da oferta, da procu- com identificação designadamente dos seus
ra e dos mecanismos de mediação e legiti- principais ativos materiais e imateriais e uma
mação cultural caracterização da oferta e da procura cul-
turais. Pretendeu-se traçar um diagnóstico
No âmbito desta segunda vertente realizá- o mais abrangente e participado possível,
mos: envolvendo na sua prossecução uma diversi-
dade de fontes e de agentes culturais e ins-
› A definição e o enquadramento opera- titucionais da cidade, bem como elementos
tivo do setor cultural, operacionalizando da comunidade sem uma ligação direta ao
conceitos, dimensões, sub-dimensões setor da cultura.
de análise e indicadores para a carateri-
zação do campo cultural na cidade.
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INTRODUÇÃO
39
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
workshops foi preenchida uma grelha de pon- um workshop de maior dimensão, com ses-
tuação (de 1 a 9, consoante o aspeto avaliado sões transversais, associadas aos sete temas
se encontrasse num “estádio emergente”, identificados para pensar a cultura na cidade
“estádio de desenvolvimento” ou “estádio (já elencados no anterior exercício de elabo-
avançado”), relativa a cada uma das ações da ração das Estratégias para a cultura 2009):
Agenda 21 para a Cultura, dando origem ao conhecer, criar, distribuir, lembrar, participar,
gráfico Radar que pretende ilustrar o posicio- planear e representar.
namento da cidade de Lisboa, em relação a
cada um dos nove compromissos. Num segundo momento, após a entrega de
um relatório intermédio com a apresentação
Em paralelo a esta recolha de informação de do diagnóstico realizado até ao momento,
segunda ordem, recolhemos informação de avançámos para uma fase de aprofunda-
primeira ordem, recorrendo, por um lado, a mento do mesmo, que decorreu até finais de
entrevistas semiestruturadas (i) às diversas novembro. Assim, terminámos o processo
entidades relevantes dentro das estruturas de auscultação iniciado através da realiza-
municipais e da EGEAC e ii) a agentes cultu- ção de entrevistas semiestruturadas a diver-
rais chave na cidade. Por outro lado, desen- sas entidades das estruturas municipais e a
volvemos um processo de inquirição mais agentes culturais chave na cidade que ainda
amplo a outros agentes culturais e territoriais não tinham sido ouvidos. Paralelamente, rea-
da cidade, através da realização de grupos lizámos ainda alguns outros grupos de dis-
de discussão focados temática e territo- cussão temáticos, previstos desde o início,
rialmente (focus group). Finalmente, numa mas que por indisponibilidade de agendas
perspetiva mais generalista, foi realizado ainda não tinha sido possível operacionalizar.
40
INTRODUÇÃO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Atividades Fontes
Levantamentos de informação de 2ª ordem
(e atualização dos levantamentos anteriormente efetuados)
Análise da oferta e da procura dos vários setores INE, Estatísticas da Cultura 2000-2014, ICA/
culturais Pordata, espectadores de Cinema 2004-2014
Análise das despesas municipais em atividades INE, Estatísticas da Cultura 2004-2014, Relató-
culturais e de desporto rio e Contas
Recolha de informação de 1ª ordem
(recolha de informação junto dos agentes culturais concelhios e stakeholders relevantes, com base em
vias distintas)
(continua)
42
INTRODUÇÃO
Atividades Fontes
c) 7 Grupos de discussão temáticos:
Sessões de discussão com agentes relevantes
Jovens – dia 21 de abril, no Arquivo 237 e representativos do campo setorial temático
Noite e cenas urbanas – dia 21 de abril, no Incógnito ou do grupo identificado:
Estrangeiros a residir em Lisboa – dia 28 de abril, no › Jovens – 11 participantes
Cinema São Jorge › Noite e cenas urbanas – 9 participantes
Economia da cultura e criatividade – dia 13 de › Estrangeiros a residir em Lisboa – 12 parti-
outubro, no São Luiz Teatro Municipal cipantes
Festivalização da cultura – dia 22 de outubro, › Economia da cultura e criatividade – 11
no Povo participantes
Crianças – dia 8 de novembro, na Biblioteca › Festivalização da cultura – 10 participantes
Municipal Natália Correia
› Crianças – 9 participantes
Governança – dia 15 de novembro, nos Paços do
› Governança – 12 participantes
Concelho
d) 5 Grupos de discussão territoriais:
Sessões de discussão com agentes culturais,
› Zona Ocidental: 23 de maio, na livraria Ler Devagar educativos, políticos e moradores das 5 zonas
› Centro Histórico: 30 de maio, no Polo Cultural das consideradas:
Gaivotas | Boavista › Zona Ocidental – 8 participantes
› Zona Oriental: 31 de maio, na Fábrica do Braço de › Centro Histórico – 7 participantes
Prata
› Zona Oriental – 13 participantes
› Zona Centro: 15 de junho, na Escola Secundária
› Zona Centro – 13 participantes
Luís de Camões
› Zona Norte – 8 participantes
› Zona Norte: 16 de junho, no Teatro de Carnide
e) Criação e divulgação do e-mail do projeto, dando
a possibilidade de qualquer agente cultural ou
cidadão partilhar as suas opiniões e sugestões
Discussão em equipa e com os consultores externos
43
CULTURA, QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO
2. CULTURA,
QUALIDADE DE VIDA E
DESENVOLVIMENTO
A relação da cultura com o desenvolvimento da
cidade, nas suas múltiplas dimensões, é uma das
vertentes fundamentais que conduziu o processo
de reflexão estratégica que aqui se apresenta.
Esta seria aliás uma dimensão incontornável à
partida, tendo em conta a desejável articulação
deste processo de revisão e atualização das
estratégias para a cultura em Lisboa face à adesão
do município à Agenda 21 para a Cultura e todo o
caminho subsequente que nesse campo tem feito.
Mas, para além disto, a visão de cultura e Neste quadro, assume-se que a cultura se
de políticas culturais seguida pela equipa, associa inequivocamente às diversas di-
e subjacente tanto ao diagnóstico como ao mensões do conceito de desenvolvimento
potencial de definição de linhas estratégicas sustentável (eficiência económica, equidade
de atuação, parte de uma perspetiva em que social, qualidade ambiental, participação
o seu principal racional, o seu principal con- cívica, cidadania e expressão identitária,
ceito-base, é pensar e atuar sobre a forma numa perspetiva de coesão territorial e inter-
como a cultura e as atividades culturais geracional – Costa, 2002, 2007, 2015). As
podem ser um fator fundamental para o atividades e as práticas culturais têm sido
desenvolvimento do território lisboeta e, recorrentemente reconhecidas como funda-
numa lógica integrada de cultural planning, mentais nos processos de desenvolvimento
perceber de que forma a qualidade de vida independentemente da discussão atual, nas
e bem-estar das populações que vivem e principais instituições internacionais, sobre a
usufruem a cidade pode ser promovida e sua consagração como um 4º pilar do desen-
melhorada com e através da cultura. volvimento sustentável, a par do económico,
45
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
3. Ou, por vezes, “mal-estar”, uma vez que, naturalmente, não serão sempre positivos estes mecanis-
mos, pelo menos para todos os envolvidos.
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
QUALIDADE
CULTURA DE VIDA E
BEM-ESTAR
Pela via:
› da fruição
› da capacidade de expressão cultural
› da construção de identidades e memória coletiva
› das externalidades induzidas
Num quadro destes, colocam-se dois grandes desafios a este
processo de reflexão, os quais terão necessariamente de ser
tidos em conta. Por um lado, a ideia de que só se poderá con-
seguir avaliar e atuar sobre esta íntima relação – entre cultu-
ra, qualidade de vida e bem-estar e seus impactos nos seus
diversos domínios (criativo, económico, social, etc.) –, se for
possível ter uma visão muito ampla e abrangente acerca dos
tipos e características desses mesmos impactos e dos me-
4
canismos de transmissão, não os reduzindo meramente aos
indicadores quantificáveis possíveis – volumes de audiências,
4. Sejam estes efeitos externos positivos (como mais valor criado a transportar, a alimentar ou a alojar
pessoas, ou mais trabalho gráfico desenvolvido e impresso em material de comunicação dos eventos,
por exemplo); sejam estes negativos (como o congestionamento das infraestruturas viárias e de esta-
cionamento, o ruído ou a poluição causadas pelas atividades culturais); ou sejam estes, muitas vezes,
apercebidos diferenciadamente por indivíduos ou segmentos populacionais distintos, uns valorizando-
-os positivamente e outros negativamente, e mesmo entrando em conflitos, materiais ou simbólicos,
em relação a eles (como o graffiti, a arte pública ou os espetáculos de rua que possam ser estética e
simbolicamente entendidos e valorizados de forma muito diferenciada pelos intervenientes urbanos
que com eles se cruzam).
48
CULTURA, QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO
50
CULTURA, QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO
Esta abordagem e esta visão das estratégias Tendo em conta estes princípios, equacio-
culturais para a cidade centrada na quali- nam-se nos pontos seguintes as principais
dade de vida e bem-estar dos “lisboetas” dinâmicas recentes de transformação da ci-
(sejam estes residentes, ou utilizadores mais dade e sua metrópole (cap. 3) e os principais
ou menos ocasionais ou permanentes da desafios que as mudanças e tendências ocor-
cidade) não deixa de ter em conta um con- ridas desde o último processo de reflexão
junto de princípios orientadores que retoma- estratégica colocam para um repensar sobre
mos das anteriores Estratégias para a Cultura a cultura na contemporaneidade neste terri-
(Costa, 2009: 27-29), e que se mantêm com- tório (cap. 4), antes de passar propriamente
pletamente atuais, sendo, portanto, mantidos à síntese do diagnóstico efetuado (cap. 5),
neste documento: baseada no racional aqui exposto e, em parti-
cular, nesta visão integrada do planeamento
(i) o não fazer tabula rasa do passado; cultural e da articulação entre cultura, qua-
lidade de vida e desenvolvimento, que será
(ii) o assumir que a atuação na cultura não apresentada nos capítulos subsequentes.
se faz só através das políticas explicita-
mente orientadas para o setor cultural;
51
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
3. TENDÊNCIAS
CULTURAIS URBANAS
DE LISBOA
3.1. Contexto global da
urbanidade ocidental
O ato de refletir sobre o atual posicionamento
e sobretudo sobre as atuais tendências de
transformação de uma cidade – e de uma
cidade situada no que é hoje o mais poderoso,
mas também mais questionado, bloco
geoeconómico – exige antes de tudo olhar para
as grandes transformações de ordem global em
curso nas sociedades contemporâneas.
Entre diversas abordagens, uma das reflexões
mais estimulantes recentemente desenvolvidas
nesse sentido encontra-se no livro O Mundo em
2050 do geógrafo californiano Laurence Smith
(Smith, 2012).
53
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
54
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
Uma centralidade
metropolitana em
mutação Crise, novo
Reformas políticas paradigma
e reestruturações económico,
institucionais aumento das
desigualdades
Uma
demografia
Novas pressões
envelhecida e
sobre o mercado
LISBOA
uma nova cultura
imobiliário
urbana na
cidadania
Revolução
Explosão do
tecnológica
turismo urbano e
informacional e de
do city use
intermediação
55
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
56
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
É de realçar que duas das dimensões, onde se verifica com
particular notoriedade a centralidade do núcleo metropoli-
tano, encontram-se:
(i) Nos cenários científico e tecnológico e gradual destas pela metrópole bem como
nos ecossistemas de inovação – por uma por todo o país, este continua a ser um setor
acentuada concentração de instituições do notoriamente centralizado na capital e nos
ensino superior e politécnico e de investiga- territórios envolventes mais próximos que
ção e desenvolvimento científico. Este ecos- configuram a metrópole. Esta manifesta
sistema de inovação da macrorregião inclui: macrocefalia é confirmada pelos indicado-
a) as empresas multinacionais e as grandes res quantitativos de vários domínios: Lisboa
empresas dos setores infraestruturais, que acolhe mais de um quinto das galerias de
contribuem decisivamente para a inovação arte do país, correspondendo-lhes quase um
estrutural localizando na macrorregião novas terço do total de visitantes; os espetáculos
atividades ou funções com orientação expor- ao vivo realizados em Lisboa representam
tadora; b) os clusters industriais consolida- 60% das receitas nacionais em eventos deste
dos, constituídos essencialmente por PME; tipo e o número de espectadores por habi-
c) as incubadoras e os parques tecnológicos tante é em média de cinco (e para o país de
criados pelas Universidades ou pelas Autar- apenas um espectador por habitante); na ca-
quias e onde são apoiadas spin offs e star- pital está implantado um terço das publica-
tups que contribuem decisivamente para o ções periódicas nacionais; mais de metade
empreendedorismo da região (Félix Ribeiro das vendas de jornais corresponde a publi-
et al., 2015). cações sedeadas em Lisboa; os museus de
Lisboa (12% do total nacional) acolhem cerca
(ii) Nos panoramas da produção e dos um terço do total de visitantes tendo um nú-
consumos culturais – com Lisboa-cidade mero médio de visitas que é quase o triplo
mantendo uma elevada concentração de do valor nacional; apesar de uma evolução
agentes, meios, eventos, espaços, empre- recente desfavorável, o setor da cultura em
gos e públicos associados ao setor cultural. Lisboa representa 15% do emprego (11% no
Não obstante as tendências recentes de país) e 18% de todo o emprego nas ativida-
centrifugação das ofertas e dos consumos des ligadas ao setor está em Lisboa (cf. Cap.
culturais, resultantes de um incremento 5 deste relatório).
57
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Uma das características mais sérias resultan- ainda face às próprias estruturas de polari-
tes deste conjunto de tendências, tanto a zação espaciais existentes dentro da cidade
nível global como local, tem sido o aumento bem como na sua metrópole. A questão da
das desigualdades sociais. Esta tendência é desigualdade socioeconómica no espaço
particularmente séria para a cidade de Lis- urbano é uma questão-chave de efeitos
boa, quer por acontecer após um longo e es- transversais pois ela torna-se, em si mesma,
forçado período de redução das diferenças causa e efeito de outras problemáticas. E
de rendimentos e de oportunidades, quer limita, por sua vez, as possibilidades de
58
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
59
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
60
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
Não obstante, existem hoje elementos que vez, as tentativas de resposta à crise econó-
têm paulatinamente amplificado o que se mica e social têm também fomentado uma
poderá definir como capital sociocultural série crescente de iniciativas de cidadãos
de sentido urbano. Entre estes elementos, de todos os tipos: as práticas de ativida-
encontramos os maiores graus de conheci- des da economia social no terceiro setor e
mento e de formação, de participação e de dos movimentos e plataformas ligados às
associativismo, de interação sociolaboral, questões da habitação, apelando para uma
de consciencialização política. Por outro maior transparência e uma melhor governa-
lado, têm-se também consolidado em Lis- ção. Práticas que mostram que os cidadãos
boa determinados processos de formação não são apenas instrumentos essenciais de
de políticas, como o Programa BIP/ZIP, o solidariedade, mas também ferramentas de
Orçamento Participativo, promovendo o re- defesa contra retrocessos dos direitos civis e,
forço da governação de maior proximidade por vezes, testando alternativas na organiza-
que têm paulatinamente incentivado a par- ção da produção e do consumo.
ticipação e o envolvimento cívico. Por sua
Figura 3.2. População residente, por grandes grupos etários, 2009-2015 (%)
100,0
17,7
18,1
18,2
18,5
18,7
18,9
19,2
19,2
19,6
19,7
20,1
20,2
20,5
20,7
90,0
25,5
25,9
26,4
26,9
27,3
27,6
28,1
80,0
70,0
60,0
66,5
66,0
66,5
65,5
50,0
66,3
65,0
64,4
66,1
63,9
65,9
63,5
65,7
65,5
65,3
61,7
61,2
57,9
57,0
60,5
58,7
59,6
40,0
30,0
20,0
10,0
15,9
15,9
15,9
15,9
15,8
15,8
15,8
15,4
15,2
15,0
14,9
14,9
14,7
14,5
14,5
14,2
14,0
2012 13,5
2011 13,1
2010 12,9
2009 12,8
0,0
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2013
2014
2015
4. http://www.pordata.pt/Municipios/Popula%C3%A7%C3%A3o+residente+total+e+por+grandes+-
grupos+et%C3%A1rios-390
61
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
60000 56213
50000
40000
30000
20000 21011 2439
10000
0 2209
-3891
-10000 -11502
-20000 -11704
-10481
-30000
-40000 -37338
2001 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Figura 3.4. População estrangeira que solicitou estatuto de residente, total (n.º) e por nacionalidade (%),
2008-2015
100,0 80 000
6,1
6,1
7,4
7,8
11,4
11,7
8,7
12,5
9,3
12,9
9,9
15,2
16,2
19,4
19,6
20,2
21,0
23,6
90,0
23,7
26,8
28,0
70 000
36,3
40,4
43,1
80,0
29,9
33,1
34,7
38,7
30,4
60 000
21,5
31,7
28,9
16,1 16,7
45,9
43,0
17,3
48,3
20,5
70,0
15,5
15,9
34,8
46,5
50 000
54,0
60,0 33,3
36,6
18,4
8,9 12,6
18,8
10,1 13,0
22,0
50,0 40 000
19,0
23,1
16,1
22,8
22,3
26,1
28,3
33,1
33,5
35,0
17,3
40,0
13,9
23,0
30 000
14,3
16,0
24,8
12,2
15,6
30,0
20,5 11,7
46,3
20 000
41,6
38,9
38,4
37,0
20,0
36,1
36,0
33,5
33,3
31,5
30,3
30,0
28,4
27,5
26,9
25,5
24,8
24,3
24,2
23,2
21,9
21,2
10 000
20,1
10,0
0,0 0
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
5. O saldo migratório traduz a diferença entre a imigração (entrada) e a emigração (saída) numa determi-
nada região durante o ano, o que significa que um saldo migratório negativo resulta de um maior número
de emigrantes em relação ao número de imigrantes. “Como a maioria dos países não possui valores
exatos sobre imigração e emigração, o saldo migratório é geralmente calculado com base na diferença
entre a variação populacional e o crescimento natural entre dois períodos (saldo migratório ajustado). Por
conseguinte, as estatísticas sobre saldos migratórios são afetadas por todas as imprecisões estatísticas
nas duas componentes desta equação, especialmente a variação populacional.” (Pordata, http://www.
pordata.pt/Municipios/Saldos+populacionais+anuais+total++natural+e+migrat%C3%B3rio-376)
6. http://www.pordata.pt/Municipios/Saldos+populacionais+anuais+total++natural+e+migrat%-
C3%B3rio-376
7. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0008627&con-
texto=bd&selTab=tab2
62
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
Lisboa, como grande região urbana esten- crescimento com desenvolvimento) ainda de
dida em relevante medida pelas últimas base neoclássica ou mesmo fordista, conti-
cinco décadas e onde a produção no espaço nuam a perpetuar, de forma cada vez mais
de base positivista foi padrão dominante, grave, os modelos clássicos de produção de
detém uma pegada ecológica relativamente cidade.
elevada.
Por seu lado, a redução das pressões sobre
Revolucionar estruturas, reduzir pressões e os sistemas de suporte deverá passar, em
alterar comportamentos nos sistemas urba- Lisboa, e de forma decisiva, pelo aumento
nos de Lisboa implicará não somente a insti- da complexidade e da densidade urbana,
tuição de políticas orientadas para a redução ou seja, por uma nova organização da vida
de consumos, mas o aumento (de forma urbana. Os modelos de “cidade sustentá-
radical) de uma capacidade de antecipação, vel” realmente eficientes serão aqueles que
atualmente reduzida face às muitas incerte- conseguirem inverter as tendências ainda
zas existentes e que alavancam as tendências predominantes, reduzindo paulatinamente o
de insustentabilidade. As atuais equações consumo de recursos e de energia e aumen-
de (in)sustentabilidade encontram-se sobre- tando o valor das organizações funcionais ur-
tudo em duas grandes dimensões: os consu- banas. Isto significa, por sua vez, aumentar a
mos e pressões sobre os sistemas e recursos diversidade à pequena escala bem como os
de suporte; e a organização da vida urbana. níveis de densidade de conhecimento terri-
torial; pugnando por atrair uma considerável
Os consumos e as pressões em torno dos massa crítica para cada território – incluindo,
sistemas e recursos, sendo enquadrados obviamente, o seu centro – e assim conse-
por lógicas económicas (de contabilização guindo uma melhoria do próprio capital
do produto, do rendimento, de resultados e económico.
do próprio valor, erroneamente confundindo
63
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
64
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
Figura 3.5. Estabelecimentos hoteleiros: total (n.º) e por tipo de estabelecimento hoteleiro (%), 2009-2015
100,0 0,0 5000
9,6 8,0 6,7 6,3
90,0 3,2 4500
9,1 9,6 4339
9,3
80,0 6,4 7,1 7,2 32,7 4000
26,6 41,5
34,4 47,4
70,0 40,8 53,0 53,9 3500
3345
60,0 32,5 24,8 63,3 3000
40,4
50,0 2500
40,0 1988 2019 2000
30,0 63,6 63,4 1500
51,7 56,3 55,4
48,0 48,9
20,0 43,2 42,2 43,5 1000
34,3
26,8 562
10,0 425 500
304 311 255 356
190 193
0,0 0
2009 2011 2013 2015 2009 2011 2013 2015 2009 2011 2013 2015
Portugal AML Lisboa
Nota: Estabelecimentos hoteleiros incluem Hotéis, Pensões, Estalagens, Pousadas, Motéis, Hotéis-aparta-
mentos, Aldeamentos turísticos, Apartamentos turísticos.
8. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0008574&con-
texto=bd&selTab=tab2
9. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0008576&con-
texto=bd&selTab=tab2
66
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
Figura 3.7. Proveitos totais (euros) dos estabelecimentos hoteleiros, 2009-2015 (n.º)
3,0 €
2,6 €
2,5 €
2,0 € 2,0 €
1,9 €
1,8 €
1,5 €
1,0 €
0,8 €
0,5 € 0,6 € 0,6 €
0,5 € 0,6 €
0,3 € 0,4 € 0,4 €
0,0 €
2009 2011 2013 2015
Figura 3.8. Hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros por 100 habitantes, por nacionalidade dos
hóspedes, 2009-2013 (n.º)
600,0
500,0
400,0
435,5
396,8
349,3 366,2
324,5
300,0
200,0
100,0 61,3 64,6 70,2 73,1 79,4 80,3 86,9 91,2 95,9 104,0
159,9 168,0 159,9 158,8 157,5
61,0 63,4 62,3 58,6 58,1 49,5 53,1 51,3 50,0 49,6
0,0
2009 2010 2011 2012 2013 2009 2010 2011 2012 2013 2009 2010 2011 2012 2013
Portugal AML Lisboa
Portugueses Estrangeiros
Fonte: Pordata, 201611
10. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0005150&-
contexto=bd&selTab=tab2
11. ht t p://w w w.p ordat a.pt /Mu nicipios /H%C 3%B3s p e d e s+nos+e s t ab ele cime ntos+hotelei -
ros+por+100+habitantes-757
67
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
68
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
Figura 3.9. Desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional no total da
população residente com 15 a 64 anos, 2001-201512 (%)
12,0
10,5 10,5
10,0 9,6 10,3
9,4 9,4
9,0 9,2
8,5 8,5 8,3
8,0 7,9 7,9
7,5
7,0 7,1 7,1
6,2 6,9 7,0
6,0 5,4 6,1
5,0
4,0 4,7
2,0
0,0
2001 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Portugal AML Lisboa
Fonte: Pordata, 2016 através de IEFP/MTSSS, INE.13
12. Note-se que esta operação não corresponde exatamente ao que conhecemos por taxa de desem-
prego, na medida em que esta é calculada tendo em conta o número de desempregados sobre o
número de pessoas ativas (no caso deste gráfico estão consideradas as pessoas ativas e inativas). Dado
que o número de pessoas ativas só é possível aferir através da realização dos Censos, não nos é possível
calcular essa operação para os anos em que não tenham sido realizados Censos. Além disso, deve-se
notar que o número de desempregados aqui considerados corresponde apenas ao número de desem-
pregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional, não englobando por isso todos
os outros desempregados que procuravam trabalho por outras vias — ver metainformação disponibili-
zada pelo INE, em http://smi.ine.pt/.
13. http://www.pordata.pt/Tema/Municipios/Emprego+e+Mercado+de+Trabalho-53
69
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 3.10. Pessoal ao serviço das Empresas14, em número (n.º) e taxa de variação face ao ano anterior (%),
2008-2014
4 500 3,0
Milhares
4 000 2,0
1,0
3 500
0,0
3 000
-1,0
2 500 -2,0
2 000 -3,0
-4,0
1 500
-5,0
1 000
-6,0
3 962
1 399
3 835
1 367
3 733
1 330
3 632
1 288
3 405
1 204
3 378
1 172
3 449
1 192
500 -7,0
599
591
585
568
533
530
543
0 -8,0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
14. Pessoal ao Serviço das Empresas: “Pessoas que, no período de referência, participaram na ativi-
dade da empresa/instituição, qualquer que tenha sido a duração dessa participação, nas seguintes
condições: a) pessoal ligado à empresa/instituição por um contrato de trabalho, recebendo em con-
trapartida uma remuneração; b) pessoal ligado à empresa/instituição que, por não estar vinculado por
um contrato de trabalho, não recebe uma remuneração regular pelo tempo trabalhado ou trabalho
fornecido (p. ex.: proprietários-gerentes, familiares não remunerados, membros ativos de cooperati-
vas); c) pessoal com vínculo a outras empresas/instituições que trabalharam na empresa/instituição
sendo por esta diretamente remunerados; d) pessoas nas condições das alíneas anteriores, tempora-
riamente ausentes por um período igual ou inferior a um mês por férias, conflito de trabalho, formação
profissional, assim como por doença e acidente de trabalho. Não são consideradas como pessoal ao
serviço as pessoas que: i) se encontram nas condições descritas nas alíneas a), b), e c) e estejam tem-
porariamente ausentes por um período superior a um mês; ii) os trabalhadores com vínculo à empresa/
instituição deslocados para outras empresas/instituições, sendo nessas diretamente remunerados;
iii) os trabalhadores a trabalhar na empresa/instituição e cuja remuneração é suportada por outras
empresas/instituições (p. ex.: trabalhadores temporários); iv) os trabalhadores independentes (p. ex.:
prestadores de serviços, também designados por “recibos verdes”).” (ver metainformação disponibi-
lizada pelo INE, em http://smi.ine.pt/ )
70
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
15. Foram aqui consideradas as seguintes fontes: bases de dados do Recenseamento Eleitoral (Secre-
taria Geral do MAI); INE; Direcção Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC).
16. Foram aqui consideradas as seguintes fontes: Confidencial Imobiliário; APEMIP.
71
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 3.11. Estimativas de população residente, em número (n.º) e taxa de variação face ao ano anterior
(%), 2004-2015
12 000 0,7
Milhares
0,2
10 000
-0,3
8 000
-0,8
6 000 10 573
10 573
10 563
10 553
10 542
10 533
10 512
10 495
10 487
10 427
10 375
10 341
-1,3
4 000
-1,8
2 000
2 827
2 823
2 818
2 813
2 809
2 808
2 808
-2,3
2 792
2 776
2 760
2 746
2 732
558
556
554
552
551
550
548
537
524
512
509
504
0 -2,8
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Figura 3.12. Valores médios (em euros) de avaliação bancária dos alojamentos (média global), 2009-2014
(n.º)
2 500
500
0
2009 2010 2011 2012 2013 2014
17. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0003182&-
contexto=bd&selTab=tab2
72
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
73
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
(i) as escalas de proximidade: a reforma (iii) vão-se paulatinamente estruturando
administrativa de Lisboa, iniciada no ano novas lógicas de financiamento das
de 2012, originou um amplo movimento políticas públicas, quer por via de uma
de transferência de competências, de maior transversalidade orçamental, quer
meios e de recursos para as novas juntas pela interligação com as estratégias en-
de freguesia da cidade. Lisboa hoje tem volventes ao Portugal 2020;
25 autarquias e configura um sistema de
governação crescentemente complexo (iv) finalmente, é de referir a formação de
e onde as juntas de freguesias se torna- políticas de base metropolitana ou pelo
ram protagonistas muito relevantes da menos mais articuladas com as autar-
gestão pública de base local; quias envolventes, um panorama ainda
pouco consolidado. Estará, no entanto,
(ii) as políticas municipais de nova geração, em formação uma nova estrutura ins-
conjugadas com a formação da Carta titucional nesse sentido, quer de base
Estratégica de 2009: desde finais da dé- setorial – como no caso dos transportes
cada anterior, a Câmara Municipal tem – quer, e de forma mais transversal, com
desenvolvido uma série de políticas e a futura instituição de uma autarquia
de programas de nova geração. Estas metropolitana (prevista para eleição di-
políticas conjugam uma necessidade de reta em outubro de 2017, embora ainda
ação pública em áreas anteriormente se desconheçam as áreas de competên-
pouco percecionadas para tal – como cias bem como os recursos previstos).
nas áreas da ecologia ou do empreen-
dedorismo; com uma tendência de Também para Lisboa, é evidente que a gover-
aproximação na administração (na qual nação urbana do futuro terá de ser de nature-
a reforma administrativa é exemplar, za multi-governativa, exercida a vários níveis
mas também os processos de descon- e escalas, sendo essa natureza múltipla a sua
centração por via da criação da UCT e principal força e segurança. Obviamente, terá
das UITs); e ainda com uma nova cultura de ser sustentada em princípios sólidos, hoje
de envolvimento, de participação e de ainda em formação. Daí que uma cidadania
monitorização. Entre diversos exemplos, mais empenhada possa ser aproveitada nos
poder-se-ão referir os programas de mais diversos areópagos, instituições e for-
ação BIP/ZIP; o Orçamento Participativo; mas de pressão e de expressão.
os investimentos ligados ao fomento do
empreendedorismo económico e social
e à estruturação de startups; as novas
práticas de ação de base ecológica e
ambiental;
74
OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
4. OS PRINCIPAIS
DESAFIOS ATUAIS
PARA (RE)PENSAR A
CULTURA EM LISBOA
Como se percebe facilmente a partir do que é
referido no capítulo anterior, a cidade de
Lisboa foi alvo de transformações significativas
no período que mediou entre a formulação das
anteriores Estratégias para a cultura, em 2008-09,
e a atualidade, as quais se juntam a um outro
conjunto de dinâmicas estruturais específicas de
evolução no campo cultural, que têm contribuído
para transformar significativamente as lógicas
de criação, produção, mediação, legitimação e
fruição cultural, em diversos campos artísticos
e mundos da arte (envolvendo dinâmicas rela-
cionadas com as evoluções tecnológicas, mas
também com as transformações nos modos e
estilos de vida, nos valores e nas expectativas
das populações).
77
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
LISBOA
Uma cidade que mudou muito desde 2009
e enfrenta novos desafios
78
OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
18. A outro nível, é certo, e eventualmente apenas de forma temporária, mas também gentrificadores.
80
OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
da identidade do lugar e florescem as retóri- de carga dos sistemas, desafiando cada vez
cas acerca de uma vernacularidade e de uma mais os sistemas de regulação destas ativi-
eventual (pseudo-)“autenticidade” do lugar. dades.
Mas tal como não podemos deixar passar
acriticamente o fenómeno da turistificação Note-se, no entanto, a complexidade desta
e gentrificação de forma passiva, e vê-lo realidade. Muitas vezes (como no caso dos
transformar a cidade correndo o risco de bairros culturais, como é o caso do Bairro
destruir a essência daquilo que os próprios Alto em Lisboa – cf. Costa e Lopes, 2013, 2015)
turistas procuram, será também necessário esta massificação conduz à exclusão dos
ir para além de visões simplistas e pouco artistas e criativos pela via do aumento do
complexificadas deste fenómenos, que não preço do solo e processos de gentrificação
reconheçam a sua multidimensionalidade e como os acima apontados, mas isto é ape-
a realidade de a identidade e autenticidade nas uma face da moeda. Por outro lado, essa
de cada lugar estarem em permanente (re) exclusão realiza-se também por mecanismos
construção, e se negociarem constantemen- simbólicos de autossegregarão decorrentes
te (e de forma diferenciada) entre os diversos da “mainstremização” de certas zonas ou
atores envolvidos. locais, e da negociação de novas identidades
e da busca de novos espaços de liminarida-
Independentemente destas discussões, o de e transgressão, essenciais à legitimação
que é facto é que nem todos os agentes junto dos mundos da arte respetivos (veja-se
beneficiarão da mesma forma nem terão o caso da expansão do “Bairro” para a Bica
o mesmo poder face a estes fenómenos. e o Cais do Sodré, e mais recentemente São
A cidade é, e sempre foi, um espaço de con- Paulo e Poço dos Negros, ou para o Príncipe
flito, que não é neutro, e estas dinâmicas não Real, em segmentos diversos do campo
serão exceção. E a questão dos conflitos de cultural).
interesse aqui verificados, entre diferentes
usos e lógicas de utilização alternativos para Enquanto nalgumas áreas esta sobrecarga
estes mesmos espaços, que se desenvolvem sobre os sistemas já se faz sentir há mais
em múltiplas arenas (o espaço físico material, tempo e está até já bem documentada e
os espaços simbólicos, o mercado fundiário, estudada (como por exemplo o Bairro Alto,
etc...) é algo que se coloca em permanência, confrontado com fortes desafios à susten-
no espaço público e nos espaços privados. tabilidade do sistema territorial que supor-
Estes conflitos traduzem-se, sobretudo em ta a sua dinâmica criativa – cf. Costa, 2014),
épocas de pressão como esta, em que se noutras zonas a pressão vem, nos dias de
verifica o aumento muito significativo das hoje, essencialmente do aumento dos fluxos
externalidades na generalidade do centro turísticos e da pressão gentrificadora dos
histórico (naturalmente a questão do ruído alojamentos de curta duração, bem como
associado à animação noturna mas também das transformações no comércio e no mer-
a pressão sobre sistemas de higiene urbana, cado imobiliário. Importará pensar, portanto,
as questões da circulação automóvel, a pres- de que forma se conseguirá gerir os diver-
são dos veículos turísticos, a sobrecarga dos sos interesses que impendem sobre estes
espaço públicos pela circulação de pessoas, territórios sem comprometer a resiliência e
entre muitos outros exemplos, para além sustentabilidade destes sistemas e, na pers-
ainda de aspetos mais complexos, como a petiva que aqui nos interessa, sem compro-
arte urbana ou o graffiti, onde a capacidade meter as dinâmicas criativas e de fruição da
de descodificação simbólica joga também cultura e do património de cada um destes
um papel determinante), num claro acrés- espaços.
cimo das repercussões sobre a capacidade
81
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
82
OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
cidade, seja em termos qualitativos seja para uma potencial redução das externalida-
quantitativos19. Finalmente, em terceiro lugar, des negativas associadas a alguma atividade
as novas desigualdades socioespaciais que cultural e turística na cidade, pelo incentivo
se aprofundam com a crise (em particular que dá à utilização de transporte individual
com a necessidade de mudança residencial ou outros veículos turísticos alternativos ao
para a periferia da cidade por parte de al- transporte coletivo. Mas também se reper-
guma população, com a dualização social cute na sobrecarga e congestionamento das
crescente no centro da cidade, etc.), vêm redes viárias e espaços de estacionamento
indelevelmente também marcar as dinâ- dos bairros históricos. Isto assume propor-
micas culturais. Não obstante algum efeito ções desastrosas para a qualidade de vida
positivo de dinamização cultural em algumas e bem-estar dos respetivos residentes e de
das periferias da cidade, a redução de massas muitos dos utilizadores de vários bairros da
críticas e de capacidade de acesso20 tem cidade quando se conjuga com uma “política”
claramente impacto na procura e na capaci- de tarificação de estacionamento errática e
dade de potenciar a oferta artística e criativa, muito pouco coerente (com inflexões cons-
mesmo nas zonas mais centrais da cidade. tantes em diversas zonas da cidade e com
lacunas profundas ao nível da fiscalização),
Pela sua importância transversal, nomeada- como a que acontece atualmente em vários
mente no que concerne aos seus impactos bairros históricos, com ausência de tarifi-
sobre o setor cultural, destacam-se aqui de cação exatamente nas alturas de maior
forma mais veemente as transformações na pressão sobre a infraestrutura (que deviam
mobilidade e em particular nos transportes ser as mais tarificadas)21, bem como com a
coletivos. O fortíssimo desinvestimento na notória falta de civismo de muitos condutores
qualidade dos transportes públicos dentro (estacionamento em lugares irregulares ou
da cidade verificado nos anos mais recentes em cima dos passeios, utilização abusiva de
(em geral, mas sobretudo no caso do me- quatro piscas, paragem irregular de veículos
tropolitano, com redução da frequência e turísticos na via pública – táxis, autocarros
dimensão das composições e com uma de- turísticos, tuk tuks – sem respeito pelo tráfe-
gradação muito clara do serviço prestado) é go local, cargas e descargas fora de espaços
extremamente prejudicial para uma oferta e horários consagrados para o efeito, etc.).
cultural e criativa equilibrada na cidade e
19. Ainda que este fenómeno, em termos globais, possa ser parcialmente compensado pela tendência
para a atração de população estrangeira altamente qualificada, alguma dela com formação e prática
artística consistente, conforme acima também se referiu.
20. Por exemplo, o custo de transporte para uma deslocação ao centro da cidade para assistência a
um espetáculo ou sessão de cinema, que aumentou muito consideravelmente durante este período,
foi referido várias vezes nas entrevistas e focus groups realizados, para além das já acima referidas
contingências à mobilidade.
21. Por exemplo, em zonas como o Bairro Alto e o Chiado, com a passagem do estacionamento para
gratuito à noite ou aos sábados, que são exatamente as ocasiões de maior pressão; o que se conjuga
negativamente com outros aspetos dramáticos como a sucessiva desvalorização dos espaços reserva-
dos para residentes, em muitas freguesias, a ausência ou deficiência da fiscalização do parqueamento
irregular, a grande permissividade verificada em relação ao estacionamento em cima dos passeios ou
noutros locais irregulares, a passividade em relação à atividade informal de promoção de parqueamen-
to (muitas vezes em lugares irregulares, pelos “arrumadores”, por exemplo).
83
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Por um lado, a forma como potenciam novas evoluções interessantes nos tempos mais
formas de consumo e fruição, particularmen- próximos e muito desafiantes para os agen-
te com a passagem progressiva de lógicas tes culturais e institucionais da cidade.
baseadas no descarregamento (download)
de conteúdos para lógicas baseadas na uti- Em paralelo será também fundamental
lização em plataformas (streaming, sharing), pensar a forma como estas transformações
e seus impactos em termos daquilo que são impactam e desafiam a estruturação dos
os modelos de negócio, os atores-chave no mercados de trabalho, bem como a própria
processo, e a forma como os processos de noção que temos da atividade de trabalho
gatekeeping e de intermediação são realiza- (profissional ou amadora) no campo cultural.
dos. Aspetos como o potencial de cocriação Num campo já ele próprio marcado desde
de conhecimento, a utilização e desenvol- sempre pela instabilidade, precariedade e
vimento de comunidades de prática, ou a flexibilidade laboral, com a atividade estru-
estruturação de novos circuitos e lógicas de turada essencialmente em torno do projeto
legitimação dos bens e dos atores culturais, e não do vínculo laboral permanente, a pro-
entre outros, são aqui particularmente inte- gressiva utilização de lógicas, mais ou menos
ressantes. Por outro lado, são igualmente mercantilizadas, de provisão de conteúdos,
extremamente desafiantes as novas formas individual ou coletivamente, a plataformas
de criação e de disseminação, e o potencial (como o Youtube, o Spotify, a Netflix, a Ama-
(quase infinito) de levar ao limite formas do it zon, ou outras), que terão a capacidade (e o
yourself, quase artesanais e individuais, uti- poder) de as fazer chegar aos potenciais des-
lizando tecnologia cada vez mais acessível, tinatários, gera novos potenciais desequilí-
para a fabricação e disseminação de conteú- brios nas relações de poder, nas motivações,
dos, bem como, em simultâneo, de explorar e nas lógicas comportamentais, que certa-
novas formas organizativas de base colabo- mente desafiarão os hábitos instituídos nas
rativa e redes, mais ou menos virtuais, para a lógicas de criação e produção cultural (por
cocriação e a coprodução de bens criativos. exemplo, quando um autor de um conteúdo
Estes, entre outros aspetos, como o lugar visualizável no Youtube é remunerado pelas
da economia da partilha e a exploração de visualizações que consegue ter, isso poderá
motivações extraeconómicas na criação ter impactos claros na forma como estrutura
e disseminação dos bens culturais, ou as e define as suas estratégias de afirmação e
discussões acerca do papel dos direitos de legitimação simbólica, em diversos campos,
propriedade intelectual na estruturação e como gera as suas relações com os seus
e financiamento dos modelos de negócio públicos, bem como com o agente provisor
no setor cultural, serão certamente alvo de da plataforma que está a utilizar).
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OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
A afirmação simbólica, numa forte interliga- mais global, associado às mudanças gerais
ção entre as legitimações e reputações dos de suporte e das lógicas de funcionamento
artistas, das suas obras, e dos “meios” e terri- e financiamento subjacentes (com a maior
tórios onde se desenvolve a sua atividade (cf. tendência para a “espetacularização” e “sen-
p.e. Costa, 2012) continua a ser determinante sacionalização” da informação, em busca do
para a criação e fruição cultural, determinan- “clique”, nas edições digitais, por exemplo)
do muitas das motivações e dos processos a e outro, mais particular do caso português
elas associados. recente (com o aprofundamento das tendên-
cias para a concentração económica, e a as-
Duas questões merecem aqui particular des- sunção de políticas editoriais menos neutras,
taque. Por um lado, o desenvolvimento de com um maior condicionamento ideológico
novas formas e processos de mediação (por às agendas políticas e económicas próprias
exemplo, através das redes sociais digitais, de dos acionistas e de editores, por exemplo).
novas plataformas de criação e de partilha de Ambos os aspetos desafiam fortemente a
conteúdos, de novos processos colaborativos capacidade dos agentes culturais conse-
de fruição e de consumo cultural – p.e. nos guirem ter acesso a estes meios e impo-
videojogos), particularmente nas gerações rem a visibilidade da sua oferta sem terem
mais jovens, cuja realidade importará decer- de entrar pela “espectacularização” ou o
to aos agentes de política conhecerem me- enfeudamento a interesses específicos (no-
lhor, sendo áreas que estão particularmente te-se o cada vez mais reduzido espaço para
descoladas das premissas e dos instrumentos a generalidade das atividades culturais nos
das atuais políticas culturais. media, em particular na imprensa, seja em
termos de notícias, de crítica ou mesmo de
Por outro lado, a questão específica das mu- programações, exceto se envolvidas em ou
danças sentidas nos media em Portugal nos articuladas com acontecimentos, eventos ou
anos mais recentes. As transformações na personalidades marcantes — o que explica
comunicação social e nas suas práticas têm aliás parte da tendência para a “festivaliza-
sido assinaláveis, sendo fortemente marca- ção” das programações por muitas entida-
das por mudanças a dois níveis distintos: um des culturais).
92
OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
A exploração pela iniciativa privada mercan- reprodutível, etc.), eles próprios portadores
til (em particular no turismo, na gastrono- de um conteúdo simbólico e estético mais
mia, no design, na moda, na decoração, na facilmente articulável com este potencial de
joalharia, na pastelaria, no alojamento local, criação de valor extra.
etc.) tem sido, naturalmente, mais dinâmica
neste campo (pense-se, por exemplo, na Note-se que a exploração deste potencial
profusão de circuitos turísticos temáticos da economia criativa é muitas vezes associa-
ou na sofisticação crescente da indústria de da a uma necessidade de articulação com o
souvenirs e de lembranças locais no centro específico e próprio de cada território, neste
histórico da cidade). Mas também no campo caso com aquilo que possam ser os elemen-
das organizações e agentes culturais sem tos distintivos e diferenciadores da cidade
fins lucrativos ou mesmo de entidades pú- de Lisboa ou dos seus bairros. No entanto,
blicas a exploração económica de atributos não serão apenas esses elementos que po-
deste tipo tem sido e poderá vir a ser uma derão ser mobilizados em processos deste
via (não necessariamente exclusiva, nem tipo. Num cenário de competição global
mesmo obrigatória ou desejável, claro, face pela atração turística, é natural que estes
às diferentes lógicas e motivações intrínse- sejam elementos simbólicos facilmente mo-
cas dos agentes culturais nas suas ativida- bilizados e rapidamente priorizados por mui-
des) potencialmente utilizável para geração tos agentes económicos e culturais para criar
de valor simbólico, nos campos culturais e valor, pelo seu potencial diferenciador, mas
sociais (quer em áreas mais ou menos univer- processos semelhantes podem ser desen-
salizadas e generalistas, quer em áreas mais volvidos com todas as outras componentes
de nicho) e aproveitado o seu potencial eco- suscetíveis de criar diferenciação estética,
nómico (pense-se, p.e., no merchandising artística ou simbólica nos bens, e transmitir
em instituições museológicas, monumentos significado simbólico e cultural que seja des-
ou espaços performativos). Tudo isto é na- codificado pelos seus destinatários (ou seja,
turalmente válido também para os produtos aquilo que é a própria natureza intrínseca
culturais mais tradicionais (espetáculo ao dos bens culturais e “criativos”).
vivo, conteúdo cultural inserido num suporte
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OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
96
OS PRINCIPAIS DESAFIOS ATUAIS PARA (RE)PENSAR A CULTURA
Como acima se refere, sejam geradas através de dinâmicas
mais orgânicas em territórios e comunidades concretos,
sejam fruto de incentivos de política pública (em particular
na estruturação dos acessos aos fundos estruturais da políti-
ca de coesão da UE, mas também de projetos piloto diversos,
alguns de base essencialmente local — p.e. BIP/ZIP, etc.), vá-
rios exemplos destas lógicas se têm multiplicado ao longo
dos últimos anos e muitas oportunidades novas se apresen-
tam ainda neste campo.
97
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
5. SÍNTESE DE
DIAGNÓSTICO
5.1. Introdução
Conforme proposto e indicado na metodologia (Cap. 1), pre-
tende-se, neste ponto, não um diagnóstico de caracterização
exaustiva, mas uma abordagem setorial e territorial identifi-
cadora das principais dinâmicas em curso, numa lógica de
similitude com a abordagem das Estratégias para a cultura
2009. Partindo do diagnóstico então realizado e das dinâ-
micas entretanto verificadas, recolheu-se nova informação
empírica disponível e auscultaram-se os agentes culturais e
institucionais no sentido de procurar atualizar esse retrato.
99
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
100
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
visto no seu quadro específico, e importa Com variações e especificidades próprias
termos consciência das limitações a ele de cada área concreta (as artes performati-
inerentes. Temos de ter a perceção clara vas, o cinema, as artes visuais, os museus, as
ao longo deste diagnóstico que a política bibliotecas, etc...), temos de perceber que a
cultural que se pode desenvolver sobre a CML não é de todo um agente institucional
cidade é complexa e cruza esferas de ação isolado nos mundos da arte da cidade e que
(e de política) bastante diversas, como já o diagnóstico que se faz da vida cultural da
ficou patente nos pontos anteriores. A Fi- cidade passa por uma miríade de atuações,
gura 5.1 dá-nos um enquadramento esque- dos mais diversos agentes, públicos, priva-
mático daquilo que é a margem de ação dos, do 3º setor, que constituem os campos
do Pelouro da Cultura da CML, e das impli- culturais respetivos. A evolução do que se
cações que isso tem, em termos da neces- passou na cidade ao longo de todos estes
sária articulação de interesses e vontades anos é naturalmente responsabilidade de
que muitas vezes têm de estar na base da todos eles, tal como será a evolução futura.
formulação e implementação de políticas As políticas culturais municipais têm de ser
consequentes. Este raciocínio é exatamen- inevitavelmente enquadradas neste contex-
te válido para pensarmos o diagnóstico de to, bem como qualquer balanço que sobre
evolução em cada campo cultural da cidade. elas se possa fazer.
Universo CML
outros pelouros e áreas de atuação
CML – CULTURA
Atuação DMC / EGEAC • Educação • Espaço Público
• Economia • Turismo
• Urbanismo • (...)
• Direitos Sociais
• Administração Central /
Governo
• Juntas de Freguesia
Cidade Metrópole • Agentes culturais e
• Municípios envolventes
(agentes externos) criativos
outros agentes culturais e • Associações
• AML / Junta Metropolitana
institucionais com atuação na
• Operadores de transportes • Empresas
cidade: no campo cultural;
• Principais agentes culturais exteriores à “cultura” • Patrocinadores / mecenas
“nacionais”
• (...)
Atuação pública (políticas / planeamento) Outra atuação (agentes privados, 3º setor, etc.,
culturais e não culturais)
101
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Um ponto de partida importante foi natural- (pense-se, por exemplo, no Estudo sobre
mente a informação anteriormente recolhida os Públicos dos Eventos e Equipamentos
e sistematizada, aquando do processo das da EGEAC, que nos dá interessantes ele-
Estratégias para a cultura 2009, a qual foi mentos sobre a procura destes espaços – cf.
cruzada e comparada com os dados agora Anexo 6), ou a informação que foi compilada
recolhidos. Isto implicou naturalmente uma e disponibilizada por parte da equipa res-
atualização dos elementos de caracterização, ponsável pela implementação do programa
seja em termos dos elementos quantitativos Cidade-Piloto da Agenda 21 para a Cultura.
existentes em relação à oferta e procura
cultural na cidade, seja no que concerne à Temos consciência das debilidades dos
informação entretanto levantada e sistema- dados estatísticos existentes (em Portugal,
tizada pelas estruturas municipais (agora mas também um pouco por todo o mundo)
dotadas de condições e recursos que permi- em relação ao setor cultural, e olhamos para
tem uma melhor sistematização da atividade eles portanto com os muitos cuidados com
municipal e das próprias dinâmicas culturais que devem ser encarados. Nunca é demais
da cidade do que então), bem como outros advertir para os riscos dessa informação e
elementos entretanto disponibilizados da forma como leituras apressadas de dados
102
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
existentes (por serem os únicos disponíveis, fontes, bem como, claro, pela triangulação e
embora muitas vezes baseados num conjun- confronto das diversas fontes quantitativas
to de categorizações ou métodos de reco- utilizadas.
lha deficientes ou claramente inadequados
face à realidade desse setor ou do mundo Partindo dos dados existentes mais facil-
de hoje) podem conduzir a conclusões de- mente mobilizáveis, das fontes estatísticas
sajustadas ou mesmo, ao limite, erradas. Os oficiais, e de informação comparável com
dados estatísticos sobre a cultura têm reco- as estratégias anteriores (em particular na
nhecidas deficiências, algumas universais, análise que é feita acerca do emprego no
associadas às próprias questões concetuais setor cultural e criativo e na análise dos in-
e metodológicas que se relacionam com a dicadores fornecidos pelo INE), opta-se por
definição do que é “cultural” ou “criativo”, e uma apresentação e análise de dados a ní-
às convenções estabelecidas nos sistemas veis distintos, no âmbito desta caraterização
de contabilidade para “mapear” essas variá- sumária:
veis; outras, mais específicas, das regras de
contabilização utilizadas em particular nos a) uma panorâmica sobre os principais
sistemas nacionais (e europeu) de contabili- dados estatísticos oficiais (do INE) sobre a
zação; outras ainda, de caráter mais pragmá- oferta e fruição culturais, disponibilizados
tico, associadas às metodologias de recolha com a desagregação municipal;
e de coleção de informação em muitas das
fontes utilizadas em Portugal; e outras ainda, b) uma leitura dos dados sobre a evolução
associadas às necessárias partições e cate- do emprego no setor cultural e criativo,
gorizações específicas utilizadas (p.e. setor com base na informação fornecida pelos
ou ramo de atividade considerado; ou unida- quadros de pessoal do Ministério do
de territorial considerada na análise; ou tipo Trabalho, Solidariedade e Segurança Social;
de ocupação considerada), que são necessa-
riamente descoincidentes em relação a cada c) uma abordagem empírica à atividade
realidade específica analisada. Não vamos cultural promovida na cidade no último
aqui discutir estes problemas (cf., por exem- ano, a partir da sistematização e análise dos
plo, a este respeito, Costa, 2003, 2007; Rato eventos anunciados na Agenda Cultural
et al, 2010), bem como os esclarecimentos municipal;
metodológicos específicos fornecidos nos
anexos 1 e 2), mas apenas chamar a atenção d) e uma leitura da evolução das despesas
para o cuidado com que os dados que usa- municipais em cultura e de alguns dados
mos podem ser lidos. A sua análise pode e orçamentais fornecidos pelo pelouro da
deve ser complementada com a informação cultura em relação à despesa municipal,
de caráter mais qualitativo obtido por outras da DMC e da EGEAC, com a sua atividade.
103
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
22. Este estudo realizado para a CM Cascais (Cascais Criativo: Estudo sobre o potencial de desenvol-
vimento do concelho de Cascais com base nas indústrias criativas - Relatório Final) permite uma com-
paração com o quadro metodológico aqui seguido, tal como os trabalhos apresentados nos anexos às
Estratégias para a cultura 2009.
104
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Embora em rigor o setor cultural em Lisboa uma boa parte destes não é contemplada
ultrapasse largamente o âmbito do municí- por estes dados:
pio (como fica claramente patente no diag-
nóstico apresentado), consideramos ser • No que diz respeito ao setor das Artes
relevante concentrar a análise estatística no Visuais e Mercado de Arte, a informação
concelho de Lisboa, território onde se foca- estatística disponível respeita apenas às
liza igualmente a escala de ação privilegia- galerias de arte e outros espaços;
da para a visão e as propostas estratégicas
preconizadas por este estudo. Estas condi- • A informação estatística disponível com-
cionantes em termos de escala geográfica preende alguns dados sobre espetáculos
e temporal foram, portanto, determinantes ao vivo que correspondem, em grande
da seleção de dados a tratar em relação às medida, a Artes Performativas e a Música
fontes analisadas. e Edição Fonográfica;
105
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
De um modo geral, procurou-se tratar séries 2012), razão pela qual nem sempre é possível
de variáveis entre os anos 2000 e 2014 (ainda fazer uma análise a 15 anos. Por outro lado,
não estão disponíveis dados para 2015). Em algumas variáveis estão disponíveis apenas
alguns casos, porém, as variáveis foram intro- para um período temporal muito limitado, o
duzidas nas estatísticas da cultura mais tarde que retira qualquer relevância da sua inclu-
(muitas em 2004) ou descontinuadas antes são nesta análise.
do final deste período (designadamente em
Na cidade de Lisboa existem cerca de 150 que em Lisboa se traduz numa ligeira dimi-
galerias de arte e outros espaços afins. Nos nuição do número de exposições e de obras
últimos anos registou-se alguma inconstân- expostas entre 2004 e 2014. Esta evolução
cia na evolução do número de galerias (che- acompanha a registada na AML, designada-
gou a ultrapassar os 200) que globalmente mente como resultado de a cidade de Lisboa
se traduz num ligeiro aumento da oferta (no representar grande parte da oferta metropo-
início do período registavam-se 89 galerias). litana em espaços deste tipo: em 2000 esse
No que respeita ao número de exposições peso era 70%; em 2014, apesar da perda de
realizadas e de obras expostas, a evolução peso da cidade, ainda representava 60% do
traduz um padrão igualmente inconstante, total de galerias da AML.
Figura 5.2. Número total de galerias de arte e Figura 5.3. Exposições realizadas em galerias de
outros espaços, 2000-2014 (n.º) arte e outros espaços, 2004-2014 (n.º)
1 200 8 000
7 261 7 395
1 058 7 000
1 000
881 6 000 6 130 5 854
800 773 5 000
600 4 000
479 3 000
400
273 2 000 1 949 1 774
238 258 1 671 1 613
200 207 1 404
138 172 146 1 000 1 227 996 1 043
89
0 0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
106
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
350 000
150 000
100 000
70 784 66 380 76 167
59 029
50 000 45 53 258 45 841 44 799
013
0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
No período em análise verificou-se uma re- regista-se uma quebra significativa no nú-
lativa estabilização do número de recintos mero de lugares em recintos culturais entre
de espetáculos (até 2009, designados por 2009 e 2010 (de 370 mil para 230 mil) que po-
“recintos culturais” na nomenclatura do INE) derá ser justificada por uma eventual “subs-
existentes na cidade (com algumas oscila- tituição” de espaços de maior dimensão por
ções entre os 67 e os 78 espaços), tendência outros de lotação mais modesta ou (o que
também evidente na AML. No país, a evolu- nos parece mais plausível) pela alteração ve-
ção é mais expressiva, sobretudo até 2010 rificada nos critérios para a definição desta
(entre 2000 e 2010, aumentou de 344 para variável23. Desde 2010, é também possível
500 recintos), tendo desde então mantido o dispor de dados sobre os lugares sentados,
número de recintos. registando-se uma estabilização do seu nú-
mero na cidade, na AML e no país (Lisboa,
A evolução do número de lugares em recin- em 2014, totalizava 44 mil).
tos culturais em Lisboa e na AML acompanha
a evolução do número de recintos, manten- A cidade de Lisboa representa uma parte
do-se sensivelmente constante (56 mil lu- muito significativa desta oferta, quer no con-
gares em Lisboa, em 2014). A nível nacional, texto metropolitano (51% dos recintos), quer
23. A variável recintos de espetáculos sofreu entre 2009 e 2010 uma alteração no que diz respeito ao seu
universo de referência: “até 2009, os valores, obtidos através do Inquérito aos Recintos Culturais, incluem
os recintos fixos, itinerantes e improvisados onde se realizam espetáculos ao vivo; a partir de 2010, os valo-
res, obtidos a partir do Inquérito aos Recintos de Espetáculos, incluem também salas polivalentes e salas
multiusos, excluindo casas de fado, salas de cinema, salas de espetáculos localizadas em casinos, pavilhões
desportivos e praças de touros.” (Pordata, Sistema de Metainformação — http://www.pordata.pt/)
107
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
A lotação média total das salas dos recintos Nesta evolução destaca-se o decréscimo re-
de espetáculos da cidade de Lisboa registou, gistado no número de sessões entre 2010 e
desde 2010, um ligeiro aumento, enquanto 2011 que, no entanto, viria a ser recuperado
na AML e em Portugal se manteve no mesmo nos anos seguintes.
Figura 5.5. Lotação média total das salas dos Figura 5.6. Total de recintos culturais/ salas, 2004-
recintos de espetáculos, 2010-2014 (n.º) 2014 (n.º)
900 600
835,6 835,6
800 799 799,2
767 500 500 485 485 494 494
700 468 470
435
400 397
600 372
545 564 563,8 557,6 557,6 344
500 300
463 456 455,7 443,9 443,9
400
200
300
145 141 144 133 133 131 131
119 123 134 134
200 100
70 73 78 71 77 77 77 72 72 67 67
100
0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
0
2010 2011 2012 2013 2014
Lisboa AML Portugal Lisboa AML Portugal
Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2010-2014. Nota: a partir de 2010 surge a variável “salas” que
consideramos dar continuidade à variável “recintos
culturais” existente nas séries estatísticas até essa
data.
108
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.7. Total de lugares em recintos culturais, Figura 5.8. Total de lugares sentados nos recintos
2004-2014 (n.º) culturais, 2010-2014 (n.º)
0
0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2010 2011 2012 2013 2014
35 000
25 871
25 000
23 371
20 000
15 000
11 611 12 052 11 742 11 583
10 000 9 744
7 549 7 781 8 256 7 400
6 303
5 000
0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
109
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.10. Recintos de cinema utilizados, 2000- Figura 5.11. Ecrãs de cinema, 2000-2014 (n.º)
2014 (n.º)
300 700
255 624
250 600 594
245 246 572 564 551 545
226
500 490
200 479
182 420
167 168 400
160
150
140
300
100 225
200 203 194 198 185
158 176
50 52 53 58 136
37 38 100 88 104 85
33 34 35 76 84 80 77 74
22 23 23
14 13 13 14 14
0 0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
24. No ano de 2004, deixa de ser o INE a entidade responsável pela produção da informação relativa ao
cinema (através de recenseamento direto) para passar a ser o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA)
(com base na informatização das bilheteiras — Decreto-Lei n.º 125/2003, de 20 de julho).
110
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.12. Lugares nas salas de cinema, 2000- Figura 5.13. Sessões de cinema, 2000-2014 (n.º)
2014 (n.º)
Milhares
124,5 718,5
120,0 700,0
113,8 659,1 670,3
111,7 109,3 107,8 644,8 635,1
104,4 105,1 600,0 591,1 596,9
100,0
91,5
500,0 504,7
80,0
419,7
400,0
60,0 343,6
300,0 317,0
288,7 273,0
45,8 268,5 282,6 252,2
40,0 39,8 37,3 38,4
34,7 33,1 33,8 200,0 179,2 209,0
29,3 167,4
20,0 19,8 132,1 138,4 132,4 128,8 118,9
14,5 17,2 15,4 15,9 15,0 14,6 14,0 100,0 112,7 111,6
0,0 0,0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Lisboa AML Portugal
Lisboa AML Portugal
Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2000-2014; Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2000-2014;
ICA/Pordata, Lotação/Lugares das Salas de Cinema ICA/Pordata, Sessões de Cinema 2000-2014.
2000-2014.
111
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
MUSEUS
Figura 5.14. Número total de museus, 2000-2014 Figura 5.15. Objetos em museus, 2004-2014 (n.º)
500 30
Milhões
400 392 24 24 24 25 25 24
360 22 22 23 23
345 20 20
300 285 17 17 18 18
15 16 16 17 17 17
201
14 13
13 13 14 14 14 14 14 14 15 15
200
10
100 82 76 80
57 74
34 40 45 39 45
0 0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
112
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
BENS CULTURAIS
5 000
4 308 4 413
4 000 4 103
3 845 3 859
3 000
2 000
1 000
539 545 614 636 638
229 232 269 278 279
0
2010 2011 2012 2013 2014
10
59 99 103 760 816
Monumentos
nacionais
Imóveis de
interesse público
Imóveis de
210 interesse municipal
436 2 837
113
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
PUBLICAÇÕES
Figura 5.18. Publicações periódicas, 2004-2014 (n.º) Figura 5.19. Publicações simultaneamente em
suporte papel e eletrónico, 2006-2014 (n.º)
2 500 600
500 510
2 000 2 064 2 054 489 480
1 896 1 852 431
400
1 500
1 399 1 382 332
300
281
254 263
1 000 1 009 993 234
915 908 200 178 194
187 189
169
687 662 641 644 149
608 616
500 100
433 432
0
0
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
114
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.20. Total de edições, 2004-2014 (n.º) Figura 5.21. Circulação total das publicações
periódicas, 2004-2014 (n.º)
40 000 900,0
Milhões
37 422 37 133
35 000 800,0 800,5
33 903
31 910 733,5
30 000 700,0
652,8 644,6 656,7
25 398 24 675 600,0 580,3
25 000
500,0 492,6 519,2
20 000 395,2
449,7
400,0
15 000 14 262 331,2 346,1
13 882 300,0
12 642 12 026 281,6 282,7
262,4 246,0
10 000 9 778 9 412 9 147 8 662
8 239 7 723 200,0 190,4 175,6
6 094 6 202
5 000 100,0
0 0,0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Lisboa AML Portugal Lisboa AML Portugal
Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2004-2014. Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2004-2014.
Figura 5.22. Circulação de jornais, 2004-2014 (n.º) Figura 5.23. Circulação de revistas, 2004-2014 (n.º)
700 200
Milhões
Milhões
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
115
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.24. Exemplares de publicações perió- Figura 5.25. Exemplares de jornais vendidos,
dicas vendidos, 2004-2014 (n.º) 2004-2014 (n.º)
500,0 500,0
Milhões
Milhões
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
116
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.26. Exemplares de revistas vendidos, Figura 5.27. Proporção de exemplares de pu-
2004-2014 (n.º) blicações periódicas distribuídos gratuitamente,
2006-2014 (%)
140 70,0
Milhões
0 0,0
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
No que respeita aos bilhetes vendidos e aos obstante a enorme diversidade de tipos de
espectadores de espetáculos ao vivo, veri- evento englobadas nesta variável, da forma
fica-se uma quebra muito significativa entre como é fornecida pelo INE) é claramente evi-
2010 e 2011. Não obstante, no conjunto do denciada quando analisada a relação entre
período analisado, verifica-se um aumento o número de espectadores e a população
da procura deste tipo de espetáculos (em residente. Com efeito, o facto de a oferta
2014 cerca de 2 milhões de bilhetes vendidos da cidade ser mais significativa e atrair públi-
e 2,5 milhões de espectadores em espetácu- cos provenientes de territórios exteriores ao
los ao vivo realizados em Lisboa). limite do município, polarizando uma ampla
região (em muitos espetáculos ultrapassa o
Do lado da procura, o peso da cidade de Lis- âmbito metropolitano e mesmo nacional), faz
boa, embora tenda a diminuir ligeiramente, com que em Lisboa o número de espectado-
é ainda mais expressivo, correspondendo os res por habitante, que oscila nestes anos entre
espectadores dos espetáculos ao vivo reali- 3,6 e 6,2, seja significativamente superior ao
zados na cidade a cerca de 70% da AML e registado ao nível nacional (nesta série tem-
24% do país (em termos de bilhetes vendidos, poral quase sempre inferior a 1) bem como da
o peso da cidade é mais elevado). AML (entre 0,9 e 1,5). Também nesta variável
se nota a quebra entre 2010 e 2011 (anos que
A relevância da cidade de Lisboa como polo registam os valores respetivamente mais alto
de concentração dos espetáculos ao vivo (não e mais baixo desta série).
117
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.28. Bilhetes de espetáculos ao vivo, Figura 5.29. Espectadores de espetáculos ao vivo,
2004-2014 (n.º) 2004-2014 (n.º)
5,0 12,0
Milhões
Milhões
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Lisboa AML Portugal Lisboa AML Portugal
Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2000-2014. Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2000-2014.
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
118
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Nesta variável, e apesar da evolução relativa- AML e 60% do total nacional. A indiscutível
mente mais positiva do país quando compara- relevância da cidade nesta área específica
da com a de Lisboa, o peso da capital é muito fica assim muito evidente tendo, proporcio-
significativo, mais ainda do que quando anali- nalmente ao país, mais sessões, muito mais
sados os espectadores, correspondendo-lhe espectadores e ainda mais receitas.
85% das receitas em espetáculos ao vivo da
Figura 5.31. Receitas de espetáculos ao vivo, 2004- Figura 5.32. Valor médio (em euros) dos bilhetes
2014 (n.º) de espetáculos ao vivo vendidos, 2004-2014 (n.º)
85,2 22,222,0
21,1 22,6
80,0
AML; 20,7 20,9
72,1 20,0 21,3
70,0 69,9 70,5 18,5
65,6 18,4 19,0
60,0 57,7 16,9 16,3 16,4
53,0 15,0
50,0 48,9 49,6
45,3 48,6 12,0
40,0 42,7 40,1 42,2
10,0 11,2
30,0 29,0 31,1
20,0 19,4
18,6 5,0
10,0
0,0 0,0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Lisboa AML Portugal Lisboa AML Portugal
Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2000-2014. Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2000-2014.
119
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
ESPECTADORES DE CINEMA
Quando analisamos os dados relativos ao nú- 2004, altura em que se verifica uma quebra
mero de espectadores de cinema, verifica- de receitas que vai ser recuperada, lenta-
mos que a tendência de redução é marcante. mente, até 2010, altura em que as receitas
A nível nacional e da AML, essa diminuição voltam a decair, tanto na AML como a nível
é sobretudo notória depois de 2010. Já em nacional.
Lisboa, a redução mantem-se mais ou menos
ao mesmo ritmo ao longo de todo o período No caso particular de Lisboa, a tendência de
em análise (2000-2014). decréscimo segue de perto a tendência ve-
rificada no número de espectadores e tem-
A evolução das receitas tem um padrão mais -se mantido relativamente constante desde
específico, registando um acréscimo até 2002.
Figura 5.33. Espectadores de cinema, Figura 5.34. Receitas (em euros) de cinema,
2000-2014 (n.º) 2000-2014 (n.º)
25,0 90,0
Milhões de euros
Milhões
82,2
80,0
76,1
20,0 73,2 74,0
19,5 70,0 69,9
18,8 68,3
17,9 62,7
16,4 16,0 16,6 60,0 60,3
15,0
13,8 50,0
12,1
40,0 39,4
10,0 37,0
34,3 35,2
33,2 33,1
7,9 8,1 8,5 30,0 29,2 30,8
7,8 7,3 7,7
6,4 22,1
5,2 5,3 5,7 20,0 20,0 20,5
5,0 4,7 18,7
16,5 17,6
4,1 3,6
15,9 14,5
3,5 2,9 2,6 10,0
0,0 0,0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
120
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
10,0
9,0 8,8
8,0
7,5
7,0
6,5 6,3
6,0
5,4
5,0 5,1
4,0
3,6
3,0 3,1 2,8 2,7
2,3
2,0 1,8 2,0
1,5 1,5 1,6
1,3 1,2
1,0
0,0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
121
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
VISITANTES DE MUSEUS
Figura 5.36. Visitantes de museus, 2000-2014 (n.º) Figura 5.37. Visitantes por museu, 2000-2014 (n.º)
16,0 120,0
Milhares
Milhões
108,7 109,6
14,0 13,8
100,0 98,0 97,5
95,4
12,0 11,6 11,7 86,3 79,4
83,2
10,3 80,0 78,6 79,2
10,0 10,1 76,7 73,1
72,8 73,1
9,2 9,0 66,2
8,0 62,8
60,0
7,4
6,8
6,0 6,0 5,9
5,5 40,0 36,7 38,4
4,9 4,6 4,9 4,8 37,2 34,8 35,4 36,3
4,5 4,1 4,2
4,0 29,2 30,0
3,2 3,5 3,5 3,6
2,9 20,0
2,0
0,0 0,0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
122
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.38. Visitantes escolares de museus, Figura 5.39. Proporção de visitantes escolares de
2006-2014 (n.º) museus no total de visitantes, 2006-2014 (%)
3,50 25,0
Milhões
22,9
3,00 2,94 21,2 Portugal; 13,0
20,0 20,4
17,8 17,3
2,50
2,38 16,8 16,4 16,2 15,3
2,00 15,0
13,6
1,73 12,6
11,9 14,5
1,50 1,54 1,53 Lisboa; …
10,0 11,2
1,11 Lisboa; …
1,00 0,96
0,74 0,69 0,69 0,66 5,0
0,50 0,54 0,59 0,49 0,45
0,00 0,0
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Lisboa AML Portugal Lisboa AML Portugal
Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2006-2014. Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2006-2014.
123
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
124
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
25. Opta-se pela análise dos dados dos quadros de pessoal (não obstante todas as suas limitações,
que se indicam de seguida) em vez dos dados disponibilizados através do CENSOS 2011, por diversas
razões: a) atualidade, e possibilidade de mapeamento de evolução; b) comparabilidade com o realizado
nas Estratégias para a cultura 2009; c) desagregação por subsetor de atividade e não por ocupação
(que é a categorização oferecida pelos CENSOS); d) critério de localização do exercício da atividade
e não do local de residência da pessoa (que é a categorização oferecida pelos CENSOS). A fonte re-
censeamento da população será interessante de ser explorada também, naturalmente, e aconselha-se
a que o seja no âmbito de uma monitorização contínua das atividades culturais na cidade, mas para
evoluções em períodos longos; e com comparabilidade com outros dados por ocupação. Note-se que
apesar da maior fiabilidade e universalidade desta fonte em relação aos quadros de pessoal, ela conti-
nua a ter enormes debilidades na análise do setor cultural, pois mesmo em termos de ocupação muitos
são os artistas e criadores que não se auto-classificam como tal, não referindo a sua prática artística
como sua primeira ou segunda ocupação (sendo frequentemente professores, trabalhadores numa loja
ou administrativos, por exemplo, como “profissão”/”ocupação” que (auto-)legitimam como principal e
não se declarando pintores ou atores ou cineastas...
125
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
126
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
26. Esta tipologia é comparável com a utilizada nos estudos anteriores Estratégias para a Cultura
em Lisboa 2009, bem como um estudo de natureza semelhante efetuado para a CM de
Cascais, com análise de alguns dados metropolitanos. (Costa, 2010)
127
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
vários dos grupos/categorias definidos e, Figura 5.40. Emprego no setor da cultura por
nessa medida, deva ser contabilizada em categorias, em Lisboa, em 2012 (%)
ambos mas sem duplicação (p.e. atividades
das artes do espetáculo e atividades de
apoio às artes do espetáculo, ambas enqua- Incorporação de conteú-
dos nos suportes 0,1%
dradas quer pelas artes visuais, quer pelas
artes performativas). Distribuição de produtos
reprodutíveis 8,9%
128
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Incorporação
Distribuição
Núcleo de conteú-
de produtos Total
criativo dos nos
reprodutíveis
suportes
ATIVIDADES Nº % Nº % Nº % Nº %
Cinema, vídeo e
447 0,9
fotografia
Artesanato 83 0,2
129
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Das atividades consideradas, e excluindo o Figura 5.41. Emprego no setor da cultura por
turismo, é de sublinhar o peso do emprego categorias, na AML, em 2012 (%)
relacionado com Livros e imprensa (7,8%),
Rádio e Televisão (5,6%) e Publicidade (5,5%).
Incorporação de conteú-
dos nos suportes 0,4%
As atividades de Incorporação de conteúdos
nos suportes têm um peso quase irrelevante Distribuição de produtos
reprodutíveis 13%
no total (64 empregos) enquanto as ligadas
à distribuição de conteúdos reprodutíveis,
com 4443 empregos, representam 8,9% do
emprego no setor, dividido de forma equili-
brada pelas atividades culturais e pelo círcu-
lo de indústrias culturais. Núcleo criativo 86,5%
130
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Tabela 5.2. Emprego no setor da cultura, na Área Metropolitana de Lisboa, em 2012 (n.º e %)
Incorporação
Distribuição
Núcleo de conteú-
de produtos Total
criativo dos nos
reprodutíveis
suportes
ATIVIDADES Nº % Nº % Nº % Nº %
Cinema, vídeo e
769 0,8
fotografia
131
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Também na AML é o círculo das indústrias Figura 5.42. Emprego no setor da cultura por
relacionadas que mais se destaca (59%), categorias, em Portugal, em 2012 (%)
em virtude do peso do turismo (55% do
emprego). As Indústrias culturais têm um
peso importante, correspondente a 23% do Incorporação de conteú-
dos nos suportes 0,5%
total (relativamente mais expressivo que o
do mesmo grupo na cidade de Lisboa). Tal Distribuição de produtos
reprodutíveis 14,5%
como acontece na cidade de Lisboa, na AML
as atividades com maior peso do emprego
(excluindo o turismo) são os Livros e impren-
sa (9,7%, superior ao peso destas atividades
na cidade), Rádio e Televisão e Publicidade
(4,5% para ambas, inferior aos valores regis- Núcleo criativo 85%
tados na cidade).
132
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Incorporação
Distribuição
Núcleo de conteú-
de produtos Total
criativo dos nos
reprodutíveis
suportes
ATIVIDADES Nº % Nº % Nº % Nº %
Cinema, vídeo e
2211 0,8
fotografia
133
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.43. Evolução do emprego global, Figura 5.44. Evolução do emprego nas atividades
2007-2012 (n.º) ligadas ao setor da cultura, 2007-2012 (n.º)
3500000 400000
3000000 350000
300000
2500000
250000
2000000
200000
1500000
150000
1000000
100000
500000 50000
0 0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2007 2008 2009 2010 2011 2012
134
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Analisando em maior detalhe a situação da quebra forte entre 2009 e 2010, para perto
cidade de Lisboa, constata-se que os valo- dos 54 mil, valor que se manteve em 2011,
res do emprego neste setor se mantiveram sofrendo nova diminuição em 2012, para
acima dos 60 mil até 2009, sofrendo uma um valor muito próximo dos 50 mil.
Figura 5.45. Evolução do emprego nas Figura 5.46. Evolução do emprego nas ativida-
atividades ligadas ao setor da cultura, em Lisboa, des ligadas ao setor da cultura, nas três catego-
2007-2012 (n.º) rias de atividades, em Lisboa, 2007-2012 (n.º)
70000 60000
60000
50000
50000
40000
40000
30000
30000
20000
20000
10000 10000
0
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012
2007 2008 2009 2010 2011 2012
Fonte: MTSSS, Quadros de Pessoal 2007-2012.
NUCLEO CRIATIVO
135
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
18,0
Nos últimos anos, e como já foi referido, a
diminuição do emprego neste setor foi mais
16,0
significativa que a diminuição do emprego
total o que se traduziu numa redução do 14,0
peso do emprego no setor da cultura, paten-
te em qualquer dos contextos territoriais em 12,0
análise.
10,0
Assim, em Lisboa, em 2007, o peso do em-
8,0
prego neste setor era de 15,4% o que signi-
fica que desde então houve uma quebra de
6,0
mais de meio ponto percentual (para 14,7%).
Na AML, a quebra foi semelhante (de 13,4% 4,0
para 12,7%) mas em Portugal não foi tão ex-
pressiva (de 11,1% para 10,9%). 2,0
136
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.48. Peso do emprego nas atividades Figura 5.49. Peso do emprego nas atividades
ligadas ao setor da cultura em Lisboa face à ligadas ao setor da cultura em Lisboa face ao país,
AML, em 2012 (%) em 2012 (%)
TOTAL TOTAL
DISTRIBUIÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE
PRODUTOS REPRODUTÍVEIS PRODUTOS
REPRODUTÍVEIS
INCORPORAÇÃO DE INCORPORAÇÃO DE
CONTEÚDOS NOS CONTEÚDOS NOS
SUPORTES SUPORTES
Comparando o emprego nas atividades criativo que o peso de Lisboa mais se des-
associadas ao setor cultural em Lisboa taca (19,2%). Pelo contrário, nas atividades
face ao país, constata-se que tem um peso de Incorporação de conteúdos nos supor-
relativamente importante (17,9%), que se tes, o peso do emprego de Lisboa é pouco
tem mantido praticamente constante ao expressivo (4,8%).
longo dos últimos anos.
Considerando as várias atividades, desta-
Entre as três categorias consideradas, e à cam-se as Indústrias e atividades criativas,
semelhança do que se passa por compara- dado que a cidade de Lisboa concentra
ção com a AML, é no emprego do Núcleo 33,8% do emprego do país.
137
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
27. No cálculo do quociente de localização (QL) é comparada a importância da atividade j na região
r, com a importância que essa mesma atividade tem numa região padrão p. Neste caso, a “região” é
Lisboa e a região padrão é Portugal. Quando o valor do QL é superior a 1 significa que em Lisboa o peso
relativo da atividade em causa é maior que no país.
138
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Tabela 5.4. Quociente de localização do emprego das atividades do setor da cultura, em 2012 (%)
Lisboa AML
139
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
ATIVIDADES ARTÍSTICO-CULTURAIS
140
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.50. Evolução do número de atividades artístico-culturais ativas enunciadas nas Agenda Cultural
de Lisboa — 2015 ao longo do ano (n.º)
500 455
431
450 417 407
395 389
400 353 359
326 325
350
290
300
250
200
140
150
100
50
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Nota: O cálculo das atividades ativas foi obtido tendo por base a data de início e de fim de cada atividade.
Por exemplo, um evento teve início em janeiro e terminou em março de 2015; isso significa que o evento
esteve ativo durante os meses de janeiro, fevereiro e março. Para os eventos que não foi possível determinar
a sua data de início ou fim (39 eventos), apenas consideramos que estiveram ativos durante o mês da data
que foi possível obter.
Figura 5.51. Tipo de atividades artístico-culturais enunciadas na Agenda Cultural de Lisboa — 2015 (n.º)
1200
Exposições (vídeo); 18 Exposições (Arquitetura, design); 19
469
200 Exposições (N/D) 166
283 257
26
6 5 11
0
Espetáculos Exposições Aulas…* Ciclos...** Festivais Arraiais Concursos Jogos e Outros
Corridas
* Aulas, Cursos, Workshops
** Ciclos, conferências, seminários, debates, tertúlias, conversas.
141
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.52. Distribuição das atividades artístico-culturais enunciadas na Agenda Cultural de Lisboa —
2015 pelas freguesias do município de Lisboa (n.º e %)
Analisando, agora, a distribuição das ativida- que notoriamente mais eventos artístico-cul-
des artístico-culturais divulgadas na Agen- turais alberga (495 eventos, o que representa
da Cultural pelas freguesias do município 17,3% do total de eventos aqui analisados),
de Lisboa, constatamos: em primeiro lugar, seguindo-se as freguesias de Avenidas
que 13 das 24 freguesias que compõem o Novas, Belém, Misericórdia, Alvalade e
Município de Lisboa, acolheram 50 ou mais Estrela (com 332, 264, 262, 255 e 253 eventos,
eventos cada uma durante o ano de 2015, respetivamente). Em conjunto, estas fregue-
sendo que todas as freguesias apresenta- sias acolheram mais de metade dos eventos
ram pelo menos dois eventos; em segundo analisados (64,9%). Em termos de distribui-
lugar, que são as freguesias localizadas no ção dos locais de realização das atividades
centro de Lisboa que mais eventos alberga- pelas diferentes freguesias do município de
ram, existindo, portanto, uma tendência para Lisboa, verificamos que o panorama descri-
a diminuição dos eventos à medida que nos to há pouco não se altera substancialmente,
afastamos desse centro; e, por fim, que a continuando a ser as freguesias que se loca-
freguesia de Santa Maria Maior é a freguesia lizam mais no centro do município aquelas
142
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.53. Distribuição dos locais onde se realizam as atividades artístico-culturais enunciadas na
Agendas Cultural de Lisboa — 2015 pelas freguesias do município de Lisboa (n.º e %)
143
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.54. Média de atividades artístico-culturais enunciadas na Agenda Cultural de Lisboa — 2015 por
local de realização e freguesias do município de Lisboa (n.º)
16,0 14,4
14,0
12,0 10,6
10,0 8,2 Lisboa
7,2 6,8 5,6
8,0 5,9 5,8
6,0 4,8 4,6 4,5
4,0 3,9 3,6
3,3 3,2 3,0 3,0 2,9
4,0 2,6 2,5 2,3 2,2
1,1 1,0
2,0
0,0
144
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
ATIVIDADES ARTÍSTICO-CULTURAIS
Figura 5.55. Contexto das atividades artístico-culturais enunciadas nas Agenda Cultural de Lisboa — 2015,
e sua duração (n.º)
1200
1000
800
600
400
200
0
Artes Música Teatro Literatura Dança Cinema Outros Vários
1 dia 2-7 dias 8-14 dias 15-30 dias 31-60 dias 61-180 dias >180 dias **
145
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
ATIVIDADES ARTÍSTICO-CULTURAIS
Na Figura 5.56. cruzam-se os tipos de ativi- maioritariamente na área das artes (94,8%),
dades com as áreas artístico-culturais em assim como as aulas/ cursos/ workshops
que se inserem segundo a Agenda Cultural (52,5%). Já os ciclos/ conferências/ seminá-
de Lisboa 2015. Aí verificamos que os espe- rios/ debates/ tertúlias/ conversas são, so-
táculos divulgados pela agenda são predo- bretudo, organizados no âmbito da literatura
minantemente de música (68,2%) e teatro (57,2%) e das artes (23,4%).
(24,0%). As exposições contextualizam-se
Figura 5.56. Tipo de atividades artístico-culturais enunciadas na Agenda Cultural de Lisboa — 2015, por
área artístico-cultural (%)
100,00%
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Espetáculos Exposições Aulas…* Ciclos…** Festivais Arraiais Concursos Jogos e Outros
Corridas
Artes Cinema Dança Literatura Música Teatro Vários Outros
146
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
ATIVIDADES ARTÍSTICO-CULTURAIS
Tabela 5.5. Os 15 locais onde se realizaram mais atividades artístico-culturais enunciadas na Agenda
Cultural de Lisboa — 2015 (n.º e %)
Fundação Calouste Gulbenkian 156 5,4 Livraria Bulhosa (Campo Grande) 31 1,1
Nota: Todos os outros locais que não são identificados nesta tabela acolheram cada um menos de 1% das
atividades artístico-culturais aqui em análise.
* Os eventos catalogados como tendo ocorrido em “Vários locais” foram assim inventariados porque se rea-
lizaram em diferentes locais. Em alguns casos foi possível determinar uma freguesia (apenas 4 casos) porque
os locais onde o evento se realizava situavam-se dentro de uma mesma freguesia, mas na maioria dos casos
(54 eventos) isso não foi possível na medida em que um mesmo evento ocorria em diferentes locais que, por
sua vez, se localizavam em diferentes freguesias.
28. Ressalvamos aqui o facto de o CCB, tal como outros grandes equipamentos, ter capacidade técnica
para se afirmar na imprensa, incluindo na Agenda Cultural municipal. Pelo contrário, as estruturas mais
pequenas não possuem a mesma capacidade. Muitas delas, em virtude das lacunas em termos dos
seus recursos humanos, enviam a informação fora de prazo ou pelo canal errado. Assim, é facilmente
compreensível que a expressão do CCB e de outros grandes equipamentos seja maior.
147
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Incorrendo numa abordagem da distribui- como o espaço que mais eventos acolhe (29
ção das atividades pelas áreas artístico-cul- eventos); na área do Teatro, é o Teatro Nacio-
turais e os seus locais de realização (Tabelas nal D. Maria II que mais atividades promove
5.2.), verificamos que: na área das Artes, é o (34 eventos); na área da Música, o Centro
Museu do Oriente e a Fundação Calouste Cultural de Belém e a Fundação Calouste
Gulbenkian quem mais atividades ligadas às Gulbenkian assumem, em conjunto, a pro-
artes acolhe (59 e 32 eventos, respetivamen- moção de mais de um quarto dos eventos
te); na área do Cinema, o Cinema City Alvala- registados nesta área em 2015 (250 eventos);
de surge como o promotor que mais eventos finalmente, na área da Literatura/ Letras, é a
acolheu (12 eventos); na área da Dança, é a Livraria Bulhosa (Campo Grande) que acolhe
vez do Centro em Movimento (CEM) aparecer mais eventos dentro desta área (30 eventos).
Tabelas 5.6. Áreas artístico-culturais das atividades enunciadas nas Agenda Cultural de Lisboa — 2015, por
principais locais de realização (n.º e %)
148
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Centro Cultural de Belém 141 4,9 Livraria Bulhosa (Campo Grande) 30 1,0
149
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
150
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
estarem a ser executadas por uma empresa de reflexão estratégica, de que há no mu-
municipal. Estes fatores, entre outros, com- nicípio de Lisboa um aumento orçamen-
prometem uma análise comparativa destes tal sustentado nos últimos dois/três anos
dados estatísticos, que deve ser lida com (acompanhando aliás a situação orçamental
muito cuidado, sendo muito importante uma e de tesouraria bem mais favorável na ge-
leitura mais fina, a outra escala, da evolução neralidade da estrutura municipal neste pe-
da despesa municipal e das suas categorias, ríodo). Este aumento regista-se depois de
seja ao nível da DMC, seja da EGEAC, bem uma quebra considerável da despesa com
como uma noção do seu valor agregado. o setor cultural sentida nos anos anteriores,
em particular no período posterior à crise
Não dispondo de dados que permitam ter financeira de 2008 e seus efeitos imediatos
uma noção mais rigorosa desta evolução, no controle da despesa pública, tanto na
fica a perceção, confirmada por diversos dos administração central como na administra-
interlocutores envolvidos neste processo ção local.
Entre 2004 e 2014, as despesas dos muni- acordo com a mesma fonte “em parte esse
cípios associadas à cultura e ao desporto aumento deve-se à alteração do vínculo
(sistematizadas nas estatísticas do INE) re- laboral de prestadores de serviço que pas-
gistaram oscilações significativas. Embora a saram a integrar os quadros da Câmara Mu-
tendência dessas oscilações seja semelhan- nicipal nos domínios culturais mencionados”.
te nos três contextos territoriais em análise, A amplitude desta discrepância, bem como
verifica-se que, enquanto ao nível nacional o a evolução desta variável nos anos seguintes
balanço global se traduz numa redução das fazem-nos questionar a razoabilidade desta
despesas nestas áreas, na cidade de Lisboa justificação, levando-nos a crer que a mesma
e no contexto metropolitano esse balanço estará antes associada a uma aplicação pon-
traduz-se num acréscimo muito expressivo. tual de critérios metodológicos distintos dos
Esta evolução pode ser avaliada tendo por utilizados antes e depois deste ano. Por este
base as despesas por habitante ou o peso motivo, nesta análise não tomaremos em
destas despesas nos orçamentos municipais. consideração os valores extremos regista-
dos em 2009 nestas variáveis (e noutras em
O padrão de evolução destas variáveis na que se verifica a mesma situação).
cidade de Lisboa é marcado por um valor
extremo em 2009, ano em que as despesas Assim, ainda no que diz respeito às despesas
nestes domínios atingem os 375 euros por por habitante, verifica-se que em Lisboa, na
habitante. A justificação para este aumento década e meia em análise, estas mais que
(dada pelo INE, tendo por base confirmação duplicam, passando de 32 para 76 euros por
junto das fontes da CML responsáveis pelas habitante. No conjunto do país, as despesas
estatísticas da cultura) reside num “grande dos municípios decrescem, de 76 para 55
aumento das despesas efetuadas nos domí- euros por habitante; enquanto na AML, com
nios Património Cultural, nomeadamente nos um padrão de evolução semelhante, essa
Monumentos, centros históricos e sítios pro- quebra é menos expressiva, de 48 para 41
tegidos e Museus; e Publicações e Literatura, euros por habitante.
nomeadamente as afetas às Bibliotecas”. De
151
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.57. Despesas (em euros) das câmaras Figura 5.58. Proporção de despesa das autarquias
municipais em atividades culturais e de desporto, em cultura e desporto no total de despesas, 2004-
por habitante, 2004-2014 (n.º) 2014 (%)
400,0 € 25,0
374,60 € 23,0
350,0 €
20,0
300,0 €
250,0 €
15,0
74,50 €
200,0 €
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Lisboa AML Portugal Lisboa AML Portugal
Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2004-2014. Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2004-2014.
152
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.59. Despesas correntes e de capital (em euros) das câmaras municipais em atividades culturais e
de desporto, por habitante, 2004-2014 (n.º)
400,0 12,5
350,0
300,0
250,0
200,0
362,0
150,0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Lisboa AML Portugal
Correntes Capital
Nota: Por despesas correntes entendem-se as despesas que incluem gastos “com o pessoal, aquisição de
bens e serviços, juros e outros encargos, transferências correntes, subsídios e outras despesas correntes”.
Já as despesas de capital “incluem gastos que não se repetem todos os anos, mas que perduram no tempo,
como os investimentos em infraestruturas ou equipamentos.” (Pordata, Sistema de Metainformação —
http://www.pordata.pt/)
Fonte: INE, Estatísticas da Cultura 2004-2012; Pordata através de INE, Estatísticas da Cultura 2013-2014.
Analisando as várias áreas, verifica-se que imaterial e arquivos) e publicações e litera-
as despesas mais relevantes se concentram, tura (edição de jornais e outras publicações
na generalidade dos anos e nas três escalas periódicas; edição e aquisição de livros; bi-
de análise aqui consideradas (Lisboa, AML bliotecas; e outras atividades). No caso das
e Portugal), no que até ao ano de 201329 o despesas de capital, para além daquelas
INE denominava por património cultural (mu- duas áreas, também a antiga variável jogos
seus; monumentos; centros históricos e sítios e desportos tem, na maior parte dos anos,
protegidos; sítios arqueológicos; património despesas municipais significativas.
29. A partir do ano 2014, o INE atualizou a metodologia de recolha de informação relativa às despesas
em cultura feitas pela administração local, indo de encontro à “metodologia definida no Relatório final
da ESSnet - Culture (2012) promovido pelo Eurostat e no qual os domínios e subdomínios culturais e
criativos foram redefinidos.” A nova versão do Inquérito (agora denominado por Inquérito ao Financia-
mento das Atividades Culturais, Criativas e Desportivas pelas Câmaras Municipais) é preenchido por
via eletrónica, tem uma “periodicidade anual e é dirigido às Câmaras Municipais para reportarem as
despesas totais, correntes e de capital efetuadas nas atividades culturais, criativas e desportivas.” (INE,
Sistema de Metainformação — http://smi.ine.pt/ )
153
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figuras 5.60. Despesas correntes e despesas de capital das Câmaras Municipais em atividades culturais e
de desporto, por domínio cultural, 2013-2014 (%)
2,1
100,0 0,0
5,7
11,2
90,0
21,8
26,1 32,3 27,3 22,1
80,0 34,1 35,9
38,7 18,2
45,0 45,5
70,0 2,0 2,3
8,1 19,8
4,1 73,3 16,2 15,8
60,0 17,4
20,3
12,8 19,9 17,9
50,0 6,4 7,1 17,6 13,1
4,3 14,3 13,3
2,3 14,9
40,0 10,4 5,6 2,1
2,2
16,5 13,2 12,9 2,5
12,9 2,2
8,6
30,0 14,5
6,7 8,8 14,8
31,0
8,3
20,0 14,4 36,2 40,4
35,6 2,4 13,5
28,8
10,0 22,1 21,4 8,4 20,2 23,6
9,7 11,3 12,8
7,2
0,0
2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014
Na impossibilidade de dados mais detalha- vigente de 2009 a 2016, cujo montante vai
dos, efetuou-se uma análise aos orçamentos necessariamente descendo à medida que o
da DMC e da EGEAC entre 2013-2016 per- valor global atribuído a projetos da Cultura
mite fazer um retrato interrelacionando dos vai sendo executado; ii) houve vários equipa-
valores globais investidos na área da Cultura mentos que, gradualmente, foram integra-
em Lisboa. Como já foi referido, conside- dos na empresa municipal; e iii) verifica-se um
rando o conjunto das duas estruturas, DMC substancial aumento das receitas da EGEAC
e EGEAC, há uma progressiva subida dos (diretamente relacionado com o aumento da
valores da despesa nesta área. Analisados atividade turística na cidade), libertando re-
os dados isoladamente verifica-se que o or- ceita e investimento por parte da tutela.
çamento da DMC sofre uma redução entre
2013 e 2014, subindo em 2015 e voltando a Tendo em conta as despesas correntes
descer ligeiramente em 2016, enquanto o da (excluímos as verbas de investimento, as-
EGEAC regista um crescimento contínuo. sociadas ao PIPARU, e realizadas fora da or-
gânica da DMC), e cruzando com os dados
Na análise destes dados, há que ter em conta da EGEAC verifica-se uma evolução do or-
os seguintes fatores: i) uma fatia do orçamen- çamento global executado de 32,5 milhões
to da DMC está afeta ao PIPARU (Programa de euros em 2013 para 36,3 milhões de euros
Intervenção para a Reabilitação Urbana) em 2016.
154
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.61. Orçamentos da DMC, 2013-2016 (despesas correntes) e da EGEAC, 2013-2016 (euros)
40 000 000
35 000 000
30 000 000
17 587 670
25 000 000 15 234 310 21 695 453
15 965 693
20 000 000
15 000 000
0
2013 2014 2015 2016
DMC (despesas correntes) EGEAC
Fonte: Gabinete da Vereadora CVP/CML.
Importa, por outro lado, sublinhar que o Figura 5.62. Demonstração de resultados EGEAC,
aumento das receitas da EGEAC influen- em 2016 (euros)
cia de forma direta o orçamento global da
cultura, designadamente porque o valor da 25 000 000 21 807 966
comparticipação da CML na empresa muni- 21 695 453
cipal (através do Contrato-programa) flutua 20 000 000
consoante as receitas próprias da empresa.
Assim, o aumento das receitas próprias da
15 000 000
EGEAC (de 9,8 milhões de euros em 2013
para 15,7 milhões de euros em 2016, ou seja,
a um ritmo de 2 milhões de euros ao ano) é 10 000 000
155
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.63. Demonstração de resultados por unidade orgânica da EGEAC, em 2016 (euros)
12000000
10000000
8000000
6000000
4000000
2000000
-2000000
-4000000
-6000000
156
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Uma análise mais detalhada aos rendimentos Museu do Fado (34%). No Museu da Mario-
permite perceber a relevância da bilheteira neta as concessões representam mais de
na generalidade dos equipamentos, particu- metade dos rendimentos.
larmente no Castelo de S. Jorge e no Padrão
dos Descobrimentos (representa, em ambos, Quanto aos gastos, as despesas com pes-
mais de 97% dos rendimentos), mas igual- soal são as que geralmente se destacam
mente nos Museus do Teatro Romano e do representando, em muitos equipamentos,
Aljube e no São Luiz Teatro Municipal (81%, mais de metade dos custos globais. A pro-
76% e 69% respetivamente). Quantos às de- gramação é responsável por uma parte im-
mais rúbricas de rendimentos, destacam-se portante do orçamento no Museu do Fado
as vendas de mercadorias no Atelier-Museu bem como nos Teatros Municipais São Luiz e
Júlio Pomar (90%), nas Galerias Municipais Maria Matos (45% dos gastos nos três equi-
(61%), na Casa Fernando Pessoa (55%) e no pamentos, em 2016).
157
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
158
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Todavia, e à semelhança do que foi salien- adequada ou pouco orientada para quem
tado há sete anos atrás, são identificadas nelas habita. Neste sentido, é identificada
lacunas ao nível da existência de salas de a necessidade de alargar a oferta cultural
espetáculo de dimensão intermédia, bem a toda a cidade, criando relações entre os
como de salas de ensaio de artes performa- vários círculos e centros de Lisboa e inves-
tivas e de armazenamento/arquivo. A este tindo nas zonas periféricas, quer ao nível
respeito há que realçar o projeto promovi- da criação de espaços, quer em termos de
do pela CML - Polo Cultural das Gaivotas | programação, ou mesmo da dinamização de
Boavista que, situado na Escola das Gaivotas, criadores/artistas.
no eixo Cais do Sodré - Santos, disponibili-
za um centro de criação cultural constituído Não apenas nas zonas periféricas, mas tam-
por salas de ensaio (música, teatro, dança e bém em áreas centrais da cidade, como por
performance) e de formação, e por um con- exemplo a Avenida Almirante Reis, têm ad-
junto de salas de escritório para sedes de quirido significativa expressão as dinâmicas
entidades de produção cultural. Em paralelo, culturais associativas. Com efeito, assentan-
e através das Residências da Boavista, é dis- do numa lógica de estreita articulação com
ponibilizado um conjunto de apartamentos o território, as associações têm-se revelado
que recebem artistas, nacionais e estrangei- importantes agentes do setor cultural e ar-
ros, não residentes em Lisboa, que aqui se tístico da cidade. Fazem-no contribuindo,
encontram em processo de criação artística. igualmente, para o desenvolvimento de uma
Com efeito, se este projeto vem de alguma cultura de mobilização cívica, assumindo o
forma responder a uma necessidade iden- papel de fecundadores de laços de solida-
tificada no anterior estudo, promovendo a riedade, união e pertença entre as comuni-
utilização para fins culturais e criativos de dades locais que, por sua vez, se assumem
espaços abandonados, devolutos ou vazios, enquanto fatores essenciais para o enraiza-
quer privados quer municipais, é perceciona- mento e manutenção de dinâmicas culturais
da pelos agentes a necessidade de reforçar na cidade. Seja de base mais territorial (as-
este processo e de o alargar a outras zonas sociações de bairro, etc.), seja mais focado
da cidade, contribuindo para a revitalização em vertentes especificamente culturais (nas
e regeneração das mesmas e, ao mesmo artes performativas, nas indústrias criativas,
tempo, para a descentralização da oferta nas novas culturas urbanas, etc.), este tecido
cultural. associativo tem surgido como importante
motor da grande vitalidade e criatividade de
A questão da centralização da oferta cultural, certas zonas da cidade.
quer em termos de equipamentos e estrutu-
ras existentes, quer em termos da progra- Porém, se entre os agentes auscultados há
mação e das atividades promovidas, é aliás consenso em relação ao aumento e diversi-
um dos aspetos mais desfavoráveis salienta- dade da oferta cultural da cidade, o mesmo
dos pelos diversos agentes auscultados no não acontece no que respeita à programa-
âmbito das entrevistas e dos focus group ção. Se alguns fazem uma avaliação positiva
realizados. Permanece, assim, a perceção de da mesma, outros dão conta de lacunas ao
que a oferta cultural se encontra concentra- nível da articulação da programação dos
da em certas áreas da cidade, como a Baixa/ diferentes espaços e estruturas culturais,
Chiado e todo o centro histórico em geral ou bem como ao nível da articulação com a
a zona de Belém, e de que, pelo contrário, as programação internacional. Desta ausência
periferias e as zonas mais desfavorecidas se de articulação resultam, por vezes, situações
pautam por uma escassa oferta em termos de sobreposição, o que alguns consideram
culturais que, muitas vezes, é também pouco ser normal nas cidades capitais. Nesta linha,
159
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Assim, a oferta cultural municipal traduz-se de uma forma geral, as principais compe-
essencialmente numa série de eventos, es- tências mantêm-se, no cômputo dos dois
truturas e equipamentos tutelados pela DMC “braços de atuação” da vereação: a DMC e
e pela EGEAC. Desde 2009 até hoje, o Pelou- a EGEAC.
ro da Cultura sofreu algumas alterações na
sua estrutura orgânica (vejam-se os Anexos Para além dos múltiplos equipamentos com
3 e 4), nomeadamente com a passagem dos atividade quotidiana que prestam funções
museus e de alguns outros equipamentos culturais na autarquia (como, por exemplo,
– galerias/ateliers, Casa Fernando Pessoa, al- redes de bibliotecas e arquivos, museus
guns espaços concessionados – (e, portan- municipais, teatros e espaços de espetácu-
to, o essencial da dimensão que ainda tinha lo e exposição, sem esquecer monumentos
relativa à programação cultural) até então como o Castelo de S. Jorge e o Padrão dos
sob a alçada da DMC para a EGEAC 30 e com Descobrimentos, uns programados e ex-
a reorganização de alguns departamentos e plorados diretamente pela Câmara, outros
divisões da DMC. Apesar destas mudanças, cedidos regularmente a diversas entidades),
30. Com exceção do MUDE – Museu do Design e da Moda, Coleção Francisco Capelo, que se mantém
na DMC, embora seja equacionada a possibilidade de vir a assumir uma nova forma jurídica.
160
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
a CML tem ainda uma importante, embora freguesia, agora também responsáveis por
menos visível, esfera de atuação. Mais con- alguma da programação cultural das suas
cretamente, referimo-nos a áreas como o áreas geográficas de atuação.
acompanhamento, avaliação e classificação
patrimonial e arqueológica ou a gestão e Esta transferência parece não gerar con-
preservação dos seus diversos espólios, de senso. Se alguns dos agentes auscultados
variados tipos, asseguradas no âmbito da a veem com bons olhos, na medida em que
atuação da Divisão de Salvaguarda do Patri- promove uma maior articulação com o terri-
mónio, da Divisão de Arquivo Municipal e tório e com as dinâmicas locais, outros fazem
do, entretanto criado, Centro de Arqueolo- referência à proliferação de eventos cultu-
gia de Lisboa, que se encontram ambos sob rais de parca qualidade, uma vez que, como
a alçada do Departamento de Património realçam, de uma forma geral, as juntas não
Cultural. Também inseridos neste departa- possuem as competências e o know-how
mento, importa referir a atuação da Galeria necessários para assumir esse papel. Ainda
de Arte Urbana, a principal plataforma de no âmbito da oferta cultural municipal, im-
ação do município na esfera da street art, porta referir a recente integração da cidade
bem como o trabalho desenvolvido pelo Ga- de Lisboa na ARTEMREDE. Trata-se de um
binete de Estudos Olisiponenses (GEO), que projeto de cooperação cultural, na região de
se assume como centro de documentação e Lisboa e Vale do Tejo, que tem como missão
de investigação sobre a história da cidade promover a qualificação e o desenvolvimento
de Lisboa. dos territórios onde atua, valorizando o
papel central dos teatros e de outros espa-
Além disso, através da Divisão de Promoção ços culturais enquanto polos dinamizado-
e Comunicação Cultural, a CML tem im- res e promotores das artes e da cidadania.
portantes funções ao nível da divulgação e Reconhece-se desde já que esta integração
comunicação cultural em relação às ativida- vai implicar uma clara definição dos contri-
des culturais da cidade (de que a face mais butos e do papel que Lisboa poderá ter na
visível é a Agenda Cultural, editada pela au- ARTEMREDE e daquelas que serão para a
tarquia), e atua igualmente em áreas como o cidade as mais-valias desta participação.
acolhimento de artistas em residências e ate-
liês, ou mesmo o apoio financeiro e logístico 5.3.1.3. Procura cultural na cidade
ao tecido cultural e associativo da cidade, as
principais áreas de atividade da Divisão de Uma das questões incontornáveis quando se
Ação Cultural. A complexidade e a amplitu- fala em procura, seja ao nível local, regional
de dos serviços é de tal ordem que a genera- ou nacional, prende-se com o deficiente nú-
lidade dos agentes auscultados reconhece a mero de estudos que caracterizem de forma
existência de uma escassa articulação entre rigorosa e sistemática os públicos da cultura.
departamentos, divisões e equipamentos, A maior parte dos estudos de larga escala
bem como de lacunas ao nível da comunica- realizados no país tem assentado em inquéri-
ção, que fazem com que algumas direções tos às práticas culturais e hábitos de lazer de
de equipamentos desconheçam as progra- populações específicas em acontecimentos
mações, projetos e linhas de investigação singulares, caso da Lisboa Capital da Cultura
que estão a ser tomadas pelos seus congé- 1994 e Porto Capital da Cultura 2001. Embora
neres, mesmo quando se trata de equipa- haja, complementarmente a estes exemplos
mentos inseridos numa mesma divisão. Uma emblemáticos, alguns estudos de referên-
outra alteração ao nível da oferta cultural cia em diversos setores artísticos e culturais
municipal a salientar é a passagem de um portugueses, o conhecimento dos agentes
conjunto de competências para as juntas de culturais sobre públicos, hábitos de lazer e
161
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
A urbe comporta inclusive diversos graus de consome cultura de forma regular. Este facto
proximidade, de vivência e de experiência resulta não só do baixo nível de rendimen-
cultural. A procura em Lisboa reflete esta to per capita da população, mas sobretudo
realidade diferenciada ao ser constituída por de hábitos culturais pouco enraizados e de-
públicos com perfis diversos que frequen- senvolvidos, associados a um baixo capital
tam múltiplos espaços existentes, embora escolar/habilitacional médio da população e
muitas vezes a oferta seja diferenciada para a assimetrias sociais consideráveis. Este di-
a cultura mais elitista, para a cultura de mas- minuto capital cultural, de que resulta numa
sas ou para as culturas alternativas. Compa- fraca procura, é um problema transversal a
rativamente a outras cidades europeias da todo o território continental, embora mino-
mesma natureza, Lisboa é ainda uma capital rado pela boom de novas formas de con-
relativamente pouco desenvolvida em ter- sumo digitais, sobretudo no segmento dos
mos de públicos, se atendermos à percen- jovens, que questionam e rivalizam com os
tagem de população local que efetivamente meios mais tradicionais de consumo cultural.
162
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
De facto, na era da cultura em streaming e digital, surgem igualmente cada vez mais fe-
da partilha online, nas mais diversas platafor- nómenos e redes informais de produção de
mas (algumas delas permitindo a cocriação cultura, sobretudo ligadas a espaços alterna-
de conhecimento na produção e fruição cul- tivos e a movimentos associativos, tanto no
tural – pense-se no caso das comunidades centro urbano, como nas suas zonas limítro-
de videojogos online) e das redes sociais fes. Por outro lado, é necessário considerar
(ex: Youtube, Spotify, Facebook, Instagram), ainda a importância crescente da adesão
assiste-se hoje a autênticos fenómenos de dos diferentes públicos ao formato festival
popularidade na internet, aliados a consu- – designadamente de música e de cinema –
mos culturais de nicho por vezes invisíveis tendo-se observado aqui uma interessante
aos olhos do mercado. Com o advento da lógica de fidelização de públicos, transversal
democratização da procura em formato em termos sociais e mesmo geracionais.
163
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
5.3.1.4. Procura cultural nos equipamentos Quanto aos hábitos de visita, as situações
e atividades municipais são naturalmente díspares. Nos equipamen-
tos “de programação” e nos eventos organi-
Após uma sucinta abordagem sobre a im- zados pela EGEAC, em geral, a maioria dos
portância do estudo da procura cultural, nas inquiridos (60 a 80%) afirmou que não estava
suas diversas vertentes de análise, escalas e a frequentar o evento em causa pela primei-
públicos diferenciados, importa agora foca- ra vez, ou seja, assumiam-se como público
lizar sobre os equipamentos da CML, dado frequente ou fidelizado. Como seria expec-
que nos permite ter uma noção mais precisa tável, nos equipamentos tendencialmente
e atual do perfil da procura na cidade. Face mais visitados por turistas, a maior parte
à informação existente e disponível, vamos dos inquiridos (72 a 83%) era público espo-
fazê-lo em concreto sobre os espaços de rádico ou ocasional. É de referir que a esma-
cultura tutelados pela EGEAC, empresa gadora maioria dos inquiridos declarou vir
municipal que atualmente agrega o maior acompanhado, em todos os equipamentos
número e diversificação de equipamentos e eventos, variando entre mínimos de 60% e
camarários culturais, desde museus, mo- valores acima de 85%. Quanto à tipificação
numentos, teatros, galerias e eventos no desta companhia, é possível distinguir duas
espaço público. Para o efeito, iremos debru- tendências: nos monumentos e nos museus,
çar-nos sobre as principais conclusões do prevaleceu a visita em casal ou em família,
Estudo sobre Públicos dos Equipamentos e ao passo que nos restantes equipamentos,
Eventos geridos pela EGEAC, já acima refe- as visitas com os amigos foram claramente
rido, e que foi concluído em 201431. A análise maioritárias. Em termos do conhecimento
então efetuada centrou-se em torno de um e notoriedade dos equipamentos e even-
conjunto de 6 grandes dimensões-chave que tos EGEAC, destacaram-se claramente dois
31. O intuito global do Estudo foi analisar os públicos de diversos equipamentos culturais, iniciativas e
eventos que a EGEAC geria, tutelava e promovia na cidade de Lisboa. Assim, este Estudo foi aplicado
num contexto em que a EGEAC tutelava ainda apenas alguns dos equipamentos e serviços que tem na
atualidade. O estudo, de natureza quantitativa e qualitativa, teve por base a aplicação de um inquérito
multilinguístico, de julho de 2012 a junho de 2013, a um conjunto de nove equipamentos, e aos princi-
pais eventos regulares realizados e programados diretamente pela EGEAC. O seu principal objetivo foi
estudar e compreender o perfil dos diferentes utilizadores e frequentadores de cada um dos espaços
e eventos. Em termos de caracterização dos inquiridos e quanto à distribuição etária, não obstante a
elevada dispersão patente na distribuição etária dos inquiridos, com idades compreendidas entre os 11
e os 90 anos de idade, a grande maioria dos inquiridos situou-se entre os 25 e os 55 anos, com metade
dos espectadores/visitantes na faixa entre os 28 e os 49 anos (em torno de uma média geral de cerca
de 39 anos). Relativamente ao nível de habilitações, na globalidade dos equipamentos/eventos obser-
vados (com a exceção notória das Festas de Lisboa, especificamente muito marcada pelas Marchas
Populares), a maioria dos inquiridos (ca. 80%) possuía formação de nível superior. Em termos da con-
dição perante o trabalho e a atividade profissional, a maior parte dos inquiridos exercia uma profissão.
A esmagadora maioria dos inquiridos era de nacionalidade portuguesa, residente em território nacio-
nal, maioritariamente do próprio Concelho de Lisboa. Tendência só contrariada, naturalmente, pela
grande percentagem de público estrangeiro, sobretudo turistas brasileiros e espanhóis, que frequen-
tam principalmente monumentos e museus.
164
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
equipamentos com nível de conhecimento mais associadas à reputação das obras e dos
transversalmente muito elevado (reconhe- autores nos equipamentos mais virados para
cidos por mais de 90% dos inquiridos em a programação (cinema, teatros) a par de um
quase todos eles): o Castelo de S. Jorge e maior peso relativo mais associado à repu-
o Padrão dos Descobrimentos. Quanto à tação (ou “marca”) de equipamentos tais
relação com outros equipamentos culturais como monumentos e museus. Em paralelo
da cidade, destacaram-se claramente dois às questões reputacionais, destacaram-se
equipamentos (o CCB e a Fundação Calous- muito transversalmente outros fatores moti-
te Gulbenkian) como referências na cidade, vacionais para a visita, como a temática do
já que a esmagadora maioria dos inquiridos evento/equipamento visitado, ou as diver-
admitiu uma visita regular a esses espaços, sas vertentes associadas à convivialidade e
ultrapassando os 75% dos inquiridos. socialização. Tendo os inquiridos sido con-
frontados com quatro tipos de experiência
pré-definidos, associados à fruição cultural:
Em termos da comunicação, a aprendizagem (experiência intelectual), as
verificou-se uma clara distin- emoções/sensações (experiência emocio-
nal), o convívio (experiência social) e a di-
ção entre os equipamentos versão (experiência recreativa), as respostas
mais vocacionados para a indicaram que todos os tipos de experiência
apareceram positivamente valorizados em
programação regular e os todos os equipamentos/eventos. Apesar de
equipamentos com uma alguma variabilidade, as experiências mais
associadas a dimensões estéticas e hedóni-
prática mais associada à cas e, em menor grau, à aprendizagem, assu-
captação de público com mem uma maior valorização relativa do que
as ligadas à sociabilidade.
cariz mais turístico.
A informação recolhida em relação à ima-
Nos primeiros, o boca-a-boca foi claramen- gem de cada equipamento/evento (seja pela
te a forma de divulgação mais referida em via de caracterização espontânea – sem in-
todas as categorias, ao passo que nos se- dução, através de um conjunto de palavras
gundos, nomeadamente nos monumentos e chave – seja através do confronto com um
nos museus, impôs-se naturalmente a divul- conjunto de valores pré-definidos) apre-
gação por meio de guias turísticos, mais até sentou resultados bastante interessantes,
que a divulgação turística mais institucional. naturalmente diversos de caso para caso,
Para além do dominante boca-a-boca, foi mas que permitem uma reflexão substantiva
assinalada uma dispersão de respostas por sobre a identidade e os valores associados a
diversas outras vias de comunicação, mais cada espaço/evento. Os resultados obtidos
tradicionais ou menos convencionais, onde enquadraram facilmente os equipamentos
fatores como a casualidade e múltiplas lógi- e eventos analisados nas tipologias pré-
cas de divulgação pela internet assumiram -definidas a priori para o Estudo (os “espaços
uma relevância mais marcante do que a es- de programação”, os “espaços concessio-
perada. nados”, os “museus”, “os monumentos”, os
“eventos”), numa lógica quase homológica, já
No que concerne às motivações para a vi- que a imagem de cada equipamento se cola
sita, não obstante uma grande diversidade e se harmoniza com a sua respetiva política e
de respostas, destacaram-se em termos estratégia de programação.
globais: a importância clara das motivações
165
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Por fim, registou-se uma avaliação bastante assumindo os mediadores um papel crucial
positiva da oferta da EGEAC em relação à no estabelecimento de um primeiro contac-
oferta cultural global da cidade de Lisboa. to entre a oferta e a procura, dando a conhe-
A análise dos dados relativos aos quatro as- cer ao público e legitimando os produtos
petos em estudo (avaliação da importância culturais. No tecido urbano atual, os prin-
cultural do evento na cidade; da qualidade cipais agentes que assumem a função de
da sua oferta e programação; da sua visi- mediação são: os críticos/opinion makers, os
bilidade; e das condições de acolhimento) média, os programadores, os curadores, os
revelou que a avaliação feita foi bastante próprios circuitos de distribuição e exibição
positiva em relação a qualquer dos aspetos da oferta cultural, bem como as redes sociais,
em análise: valor médio de 4,5 numa escala a Internet e os novos suportes de comunica-
de 1 (nada significativa) a 5 (muitíssimo signi- ção e divulgação.
ficativa). Esta avaliação genérica refletiu, con-
tudo, realidades algo diferenciadas, seja em A este nível, e olhando para a situação de
relação a cada um destes aspetos, seja no há sete anos atrás em Lisboa, parecem man-
que concerne aos diferentes tipos de equi- ter-se alguns dos principais problemas ante-
pamentos/eventos. Mas em termos gerais riormente identificados, nomeadamente no
verificou-se que a avaliação da importância que diz respeito aos aspetos da comunica-
dos equipamentos/eventos promovidos pela ção, divulgação e articulação dos diferentes
EGEAC, bem como a avaliação das suas agentes e entidades, internos e externos
condições de acolhimento e da qualidade aos serviços camarários. Isto é, a comuni-
da sua oferta e programação, foi um pouco cação e divulgação entre as diferentes ins-
mais bem cotada do que a sua visibilidade tâncias continua a ser um aspeto a trabalhar
no seio da oferta cultural da cidade. dentro do conjunto da intervenção autár-
quica, nomeadamente pela intensidade e a
Os dados obtidos e veiculados neste Estudo velocidade dos mecanismos de informação
sobre Públicos dos Equipamentos e Eventos e redes sociais que obrigam a uma perma-
geridos pela EGEAC dão-nos assim um retra- nente interligação, interface e articulação de
to, embora sempre limitado no tempo e no conteúdos e referências – esta é uma ques-
espaço, da procura em Lisboa. De facto, re- tão recorrente no diagnóstico feito junto dos
vela-nos pistas e dados importantes para um agentes, plasmado nas entrevistas realizadas.
(re)pensar mais informado sobre as missões,
No que concerne à comunicação e divulga-
objetivos e linhas estratégicas de atuação,
dos vários equipamentos EGEAC e espaços ção do que acontece na cidade em termos
similares de cultura da cidade de Lisboa. culturais, desde logo a nível interno, entre
os vários serviços e estruturas camarárias,
5.3.1.5. Mediação cultural os agentes auscultados parecem concordar
na identificação de lacunas na circulação da
Os processos de mediação e de legitimação informação que, por sua vez, promovem a
cultural revelam-se fulcrais no âmbito das desarticulação entre atividades, estruturas
atividades culturais, pois neles assenta a e equipamentos. Estas questões colocam-
criação de reputação e de legitimação dos -se quer no interior do Pelouro da Cultura,
criadores em relação aos seus públicos, aos quer ao nível da articulação entre este e as
críticos, às redes sociais e outros agentes dos restantes áreas de atuação da CML (social,
mundos da arte em que se inserem. Simulta- habitação, educação, economia e inova-
neamente, são estes processos de mediação ção…). Mas também no que diz respeito
que viabilizam a divulgação da informação à comunicação e divulgação exterior das
nos mercados e circuitos de bens culturais, atividades culturais é identificada a pouca
166
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
capacidade de divulgação dos produtos e escrita e dos restantes média, aos diver-
eventos culturais e de promoção dos seus ele- sos guias sobre a cidade, passando pelas
mentos identitários, o que é exponenciado newsletters e mailing lists, sem esquecer
pelo aumento do número de acontecimen- as mais institucionais publicações munici-
tos e atividades culturais nos múltiplos espa- pais, a Agenda Cultural, da DMC, e a Follow
ços da cidade. Paralelamente, a informação Me, da ATL. Esta sobreposição resulta da já
existente encontra-se dispersa e sobre- identificada ausência de articulação entre
posta em diferentes meios de circulação de os diferentes atores – estruturas e entida-
informação: desde a informação institucio- des públicas e privadas, programadores e
nal das várias instituições, às agendas, às agentes culturais (a qual aliás se questiona
programações, aos destaques da imprensa que possa ou deva existir).
167
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Neste sentido, foi referida a necessidade espaços culturais muito diversos como ar-
de criação de plataformas de promoção da quivos, bibliotecas, museus, teatros, entre
internacionalização dos artistas e da produ- outros equipamentos e projetos culturais ao
ção cultural da cidade. É fundamental, a este serviço dos munícipes e visitantes de Lisboa.
nível, o reequacionamento de modalidades Reconhecendo a importância destes servi-
de comunicação mais flexíveis em termos ços na promoção da história da cidade, do
de suporte, de diferentes âmbitos (nacio- sentimento de pertença à comunidade das
nal, local, internacional), orientadas para a diferentes culturas, da compreensão da pre-
panóplia complexa de segmentos de públi- sença da cidade no mundo, e da ligação e
cos, matizadas por diferentes informações expressão afetiva por Lisboa, desde 2014,
(notícias, reportagens, memórias, destaques, está em curso um projeto global de reflexão
emergências) e fortemente ancoradas nos e requalificação dos serviços educativos. Tal
serviços educativos dos diferentes atores/ projeto alicerça-se numa lógica de revitaliza-
instituições e no tecido escolar (nos seus di- ção das atividades educativas colocadas ao
ferentes níveis e traduções territoriais). serviço dos munícipes. Neste sentido, teve
já como resultado o desenvolvimento de
No âmbito dos mecanismos de mediação, novos e renovados serviços educativos no
do contacto entre a oferta e a procura, os âmbito da DMC. Num novo ciclo de trabalho,
serviços educativos desempenham igual- pretende-se criar um espaço alargado de
mente um importante papel. Assumidos reflexão, formação e construção partilhada
como a estrutura destinada ao encontro das de saberes e experiências, lançando-se as
instituições com a comunidade, e ao estímu- bases de uma identidade reconhecível do
lo da criatividade e da literacia dos diversos Programa Educativo do Pelouro da Cultura
públicos que a constituem, sediam-se em de Câmara Municipal de Lisboa.
168
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Por artes visuais entendemos aqui a pintu- constante nos mercados internacionais, e
ra, a escultura, new media e instalação e a essa realidade é comparativamente mais vi-
fotografia. A imagem que neste momento sível e dinâmica que há 20 anos atrás, esse
transparece do setor das artes visuais em trabalho deve-se também às galerias que os
Lisboa é de um dinamismo e criatividade representam. Lisboa concentra, naturalmen-
crescente, maculado por um mercado frágil te, o maior número de galerias do país, repre-
e financeiramente pouco poderoso. Pare- sentando a maior parte dos mais importantes
ce ser unânime que existe, neste momento, artistas portugueses. Galerias como Cristina
uma geração de artistas em Lisboa talentosa Guerra Contemporary Art, Galeria Filomena
e diversificada, que se distingue das gera- Soares, Galeria Carlos Carvalho ou a agência
ções anteriores: aberta ao mundo e viajada, Vera Cortez apresentam-se regularmente
presente em exposições e feiras internacio- nas feiras internacionais, contribuindo de-
nais, em alguns casos formados no estran- cisivamente para a difusão do trabalho dos
geiro, representados por vezes por galerias artistas nacionais por si representados. De
não portuguesas, e trabalhando temas que referir ainda a abertura da Barbado Gallery
são na maior parte das vezes os mesmos dos em Campo de Ourique, especializada em
seus homólogos internacionais (da ecologia obras que apelam ao grande público e com
à discussão pós-colonial). Neste tecido, en- um posicionamento comercial claramente
contra-se um grupo significativo de artistas orientado para a comunidade expatriada.
que, não obstante terem uma presença im-
portante nos mercados e circuitos interna- Do lado da procura, também o mercado e as
cionais, e conscientes da dificuldade que a práticas colecionistas sofreram transforma-
distância das grandes capitais europeias e ções significativas. Os anos 2000 foram marca-
das suas dinâmicas lhes traz, optam por viver dos pelo dinamismo colecionista de grandes
em Lisboa por razões financeiras ou de qua- instituições financeiras, como o BES, o BPN
lidade de vida. ou o BPP e a sua coleção Ellipse. Com a crise
financeira e com o colapso de algumas destas
instituições, as galerias viram-se na contin-
O mercado de arte em gência de trabalhar com os magros orçamen-
Lisboa, seja o primário tos das poucas instituições museológicas que
ainda compram para as suas coleções, gerin-
como o secundário, do as frágeis práticas colecionistas portugue-
continua a padecer de falta sas (que ainda assim existem e não podem ser
subestimadas). É importante assinalar que há
de transparência pelo que é sinais de que as novas populações interna-
complexo assinalar as suas cionais em Lisboa, nomeadamente francesas,
estão atentas e são compradoras de artistas
dinâmicas ou estado de portugueses, recorrendo às galerias locais
saúde financeiro. para algumas aquisições.
169
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
170
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
171
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
32. Ambos os teatros municipais oferecem um desconto de 50% nos bilhetes para estudantes, desem-
pregados, maiores de 65 anos e pessoas com deficiência e acompanhantes.
172
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
173
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Lisboa assiste igualmente a um outro fenó- Edições de Lisboa (organizada pela livraria
meno editorial que, seguindo uma tendên- STET, importante veículo de difusão de livros
cia global, consiste na publicação de livros de artista e photobooks, com sede no Bairro
de artista e de photobooks. Estas publica- Alto) ou ainda os encontros O que um livro
ções, muitas vezes autoeditadas, são por pode. Encontros à volta do livro de artista e
vezes objetos de arte em si, realizados com da autoedição. É importante realçar que a
um cuidado gráfico singular e com tiragens Feira do Livro, coorganizada pela Associa-
reduzidas. Editoras ou operações editoriais ção Portuguesa de Editores e Livreiros e pela
como a Pierre von Kleist, as edições Ghost, Rede de Bibliotecas de Lisboa, continua a ser
Senhora do Monte, Chilli Com Carne ou Dois um momento importante da vida editorial da
Dia Edições são exemplos deste dinamismo cidade, tendo a edição de 2016 acolhido um
com sede na cidade. Naturalmente, esta di- número recorde de 277 stands. Com efeito,
nâmica assenta num mercado muito sensível, a Feira do Livro é o maior evento cultural da
sustentado numa procura altamente espe- cidade, contando com quase meio milhão de
cializada, embora se assista à internaciona- visitantes. A par com as bibliotecas é a ini-
lização ou exportação de algumas destas ciativa apoiada pela CML mais importante na
edições. Verifica-se ainda a multiplicação de área do livro e da leitura, recebendo apoio fi-
eventos em torno do livro como a Feira de nanceiro e não financeiro muito significativo.
174
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
33. A Lei da Arte Cinematográfica e do Audiovisual (Lei nº 42/2004, de 18 de agosto) foi “revogada
pela Lei n.º 55/2012, de 6 de setembro, Lei do Cinema, atualmente em vigor com as alterações introdu-
zidas pela Lei 28/2014, de 19 de maio, que ‘Estabelece os princípios de ação do Estado no quadro do
fomento, desenvolvimento e proteção da arte do cinema e das atividades cinematográficas e audiovi-
suais.’ Esta Lei prevê um aumento da receita do ICA, através da criação de uma nova taxa de subscrição
que impende sobre os operadores de serviço de televisão por subscrição. Mais prevê um conjunto
de obrigações de investimento direto por parte dos operadores de serviços de televisão, de distri-
buição, de exibição e de audiovisual a pedido. A Lei n.º 55/2012 foi regulamentada pelo Decreto-Lei
n.º 124/2013, de 30 de agosto.” (ICA, http://www.ica-ip.pt/pt/o-ica/quem-somos/apresentacao/)
175
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
176
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Os dados disponibilizados pelo Instituto do atestar que têm ocorrido algumas alterações
Cinema e do Audiovisual (ICA) revelam-nos ao longo dos últimos anos, designadamente
que, entre 2004 e 2015, o número de obras com o aumento do peso dos documentários
cinematográficas e audiovisuais produzidas no total de filmes financiados. Por sua vez, o
com o financiamento desta entidade tem número de filmes de animação tem vindo a
oscilado um pouco. Até 2011, o número de diminuir.
filmes produzidos por ano foi sempre igual
ou superior aos 48 filmes. Após essa data, as-
siste-se a um decréscimo muito significativo Figura 5.64. Filmes produzidos com o apoio finan-
do número de filmes (2012: 39 filmes; 2013: ceiro do ICA, 2004-2015 (n.º)
25 filmes), o qual, no entanto, foi recuperado
80
a partir do ano 2014. Em 2015, a barreira dos
48 filmes foi ultrapassada, atingindo-se um 70 68 68
total de 50 filmes produzidos. 60 61
58
50 52 51 50
48 48
Em termos de metragem, os filmes finan- 40 39
ciados são sobretudo curtas e longas- 30
-metragens, sendo que nos anos mais recen- 25 27
20
tes parece existir uma tendência para a con-
10
vergência no que diz respeito ao número de
0
curtas e longas-metragens financiadas.
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Os dados disponíveis possibilitam-nos ainda
verificar que são os filmes de ficção que sur- * Inclui valor do Contrato Programa
gem em maior número entre os filmes finan-
ciados. Contudo, também aqui é possível Fonte: ICA, Filmes produzidos 2004-2015.
Figura 5.65. Filmes produzidos com o apoio finan- Figura 5.66. Filmes produzidos com o apoio finan-
ceiro do ICA, por tipo de metragem, 2004-2015 (%) ceiro do ICA, por tipo de filme, 2004-2015 (%)
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
177
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
5.3.2.5. Música popular e indústria forma geral, as editoras surgem hoje em
fonográfica dia, essencialmente, como facilitadoras ou
mediadoras, com um papel ativo sobretudo
À semelhança do que acontecia em 2009, o no que diz respeito à distribuição. Neste
espectro da música e da edição fonográfica sentido, e como se evidenciava no anterior
tem conhecido inúmeras alterações. Esta é estudo, muitas das editoras discográficas
uma tendência global à qual Lisboa não es- multinacionais optaram por sair do merca-
capa. Nomeadamente, consideramos aqui do português. Mantêm-se, e com sede em
as mudanças geradas pelas transformações Lisboa, a Universal Portugal e a Sony Music
tecnológicas, que vieram alterar as formas de Entertainment Portugal. Ainda no âmbito
produção e de consumo de música, obrigan- das grandes editoras, importa referir a por-
do a indústria fonográfica a uma reflexão e a tuguesa Valentim de Carvalho, não obstante
um reposicionamento daquele que é o seu a sua sede se encontrar situada em Paço de
papel e as suas linhas de atuação. De uma Arcos, no concelho de Oeiras.
178
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
É o caso da FLUR que, também situada em anterior estudo – a falta de salas médias (não
Santa Apolónia, mantém uma estreita rela- obstante a proliferação de espaços de atua-
ção com o Lux, bem como com a esfera da ção de menor dimensão). Aliás, os grupos de
programação musical do Teatro Maria Matos. discussão e as entrevistas reiteraram a pre-
mência das salas de ensaio.
Também com um cada vez maior reconhe-
cimento, tanto a nível nacional, como inter- Tal cenário não deixa de estar relacionado
nacional, há que considerar o fado, que foi com o trabalho das promotoras. Para além
em 2011 considerado Património Imaterial da daquelas que se enquadram em lógicas e
Humanidade. Género musical português, e circuitos mais independentes, como anterior-
muito associado à cidade de Lisboa, conti- mente referido, é reconhecido o trabalho de
nua a marcar presença no museu que lhe é um conjunto de promotoras de maior dimen-
dedicado (Museu do Fado) e nas várias casas são e já com bastante know-how acumulado,
de fado que existem sobretudo no centro nomeadamente na organização e promoção
histórico da cidade. Merece destaque a nova de grandes espetáculos de música ao vivo.
geração de jovens fadistas de Lisboa, que Contudo, importa realçar a permanência de
conhece sucesso dentro e fora de portas. uma grande concentração empresarial nesta
esfera, que se traduz no domínio de um grupo
Em termos de concertos, tanto de artistas extremamente limitado de empresas, ao qual
e bandas nacionais, como internacionais, pertencem, por exemplo a Everything Is New
Lisboa mantém uma oferta bastante signifi- ou a Música no Coração.
cativa, ao longo de todo o ano e abarcando
diferentes géneros musicais, sem esquecer as Ao nível da formação mais avançada, Lisboa
propostas mais exploratórias e experimentais. possui escolas de boa qualidade. Para além de
A partir da Primavera a oferta é exponenciada ser a sede do Conservatório Nacional, possui
através dos festivais. São disso exemplo os igualmente a Escola Superior de Música.
anuais NOS Alive e Super Bock, Super Rock e Ambas visam a formação artística, técnica,
o bianual Rock In Rio, sem esquecer o Festival tecnológica e científica, ao mais alto nível, de
Ao Largo, o Jazz em agosto da Fundação Ca- profissionais na área da música. Paralelamen-
louste Gulbenkian, os Dias da Música do CCB, te, importa realçar o trabalho da Orquestra
o Lisboa Mistura ou o Festival Silêncio, só para Metropolitana que, para além da sua progra-
referir alguns nomes dentro de um vasto e di- mação regular, contempla também a verten-
versificado conjunto de eventos deste género. te formativa. Dela fazem parte a Academia
Aos festivais somam-se vários concertos em Nacional Superior de Orquestra (nível supe-
espaço público, como é o caso do Out Jazz e rior), o Conservatório de Música da Metropo-
do Lisboa na Rua, bem como dos concertos litana (nível básico e secundário) e a Escola
inseridos nas Festas de Lisboa, um evento Profissional Metropolitana (ensino de música
promovido pela EGEAC que, durante o mês integrado). Especificamente na área do jazz,
de junho, anima diferentes pontos da cidade é igualmente de destacar o trabalho da
com uma oferta musical sobejamente diver- Escola de Jazz Luiz Villas-Boas, do Hot Club
sificada, como é aliás reconhecido nos mate- Portugal, membro fundador da International
riais de divulgação do evento (“música para Association of Schools of Jazz (IASJ). Todavia,
todos os gostos e feitios!”). No que concerne Lisboa não só não conseguiu ainda afirmar-se
aos equipamentos/espaços de atuação ao enquanto cidade capaz de atrair jovens mú-
vivo, reconhece-se a existência de uma oferta sicos em formação, provenientes de outros
considerável em termos de salas de grande países, como continua a ver jovens músicos
e de pequena dimensão. Porém, permanece portugueses sair para seguir a sua formação
(e agrava-se até...) a lacuna identificada no noutros países.
179
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Ainda no âmbito da formação musical mere- Artes, cujo principal objetivo era promover
ce, igualmente, destaque o trabalho desen- o desenvolvimento de competências artísti-
volvido pela Orquestra Geração, um projeto cas, culturais, pessoais e sociais de crianças
de inclusão social que aposta na aprendi- e jovens, permitindo a prevenção de com-
zagem da música a jovens e comunidades portamentos desviantes. Desde 2011, e até
desfavorecidas que nunca tiveram contacto recentemente34, realizou diversos eventos,
com a prática orquestral, reforçando as suas ciclos de workshops e formações para crian-
competências individuais, sociais e escola- ças e jovens em diferentes áreas artísticas,
res. Na mesma linha insere-se o Projeto ALL entre as quais se incluía a música.
34. O ALL Artes era desenvolvido no âmbito dos projetos BIP/ZIP da CML e, apesar do seu sucesso, a
ausência de financiamento não permitiu assegurar a sua continuidade.
180
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
181
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Warehouse, Gestual, Vfablab, Pátio Ambu- através do evento Open House. Indepen-
lante, entre outros. dente da Ordem dos Arquitetos, com sede
própria cedida pela CML, pode dizer-se que
A Trienal de Arquitetura, que lançava a sua é atualmente uma plataforma de grande
primeira edição em 2007, assumiu também peso na cidade. Em comparação com o de-
um papel importante na última década, não sign, são conferidos ao setor da arquitetura
só como promotor de reflexão sobre as prá- mais apoios e atenção por parte das institui-
ticas arquitetónicas na cidade, mas também ções culturais da cidade e existem iniciativas
como plataforma para a visibilidade e divul- regulares em espaços dedicados à arquitetu-
gação dos ateliers de Lisboa, principalmente ra, como a Garagem Sul, no CCB.
• apoio à produção das iniciativas, prosse- • utilização das suas estruturas neste campo
guidas pelas associações de profissionais, (MUDE) para a promoção do setor e facili-
de comerciantes ou de empresas, de pro- tação das relações entre criadores e tecido
moção das suas atividades; económico.
182
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
de longo prazo, que inclui a construção de estas alterações que pretendem contribuir
novas bibliotecas e a requalificação física e/ para a afirmação de Lisboa na rede nacional
ou funcional de algumas já existentes, e que de bibliotecas, mantêm-se alguns aspetos
só se prevê concluído em 2024. No que às menos positivos. Um deles prende-se com os
bibliotecas âncora diz respeito, para além de horários, vistos muitas vezes como desade-
estar praticamente concluída a reabilitação quados às necessidades da população que
da Biblioteca Palácio Galveias, encontra-se servem. Um segundo aspeto menos positivo
prestes a abrir ao público a Biblioteca de diz respeito aos recursos humanos quer pela
Marvila. Portanto, este Programa tem sido sua insuficiência face às necessidades, quer
peça basilar na dinamização e reajustamento pelo desajustamento das suas competências
à cidade atual das bibliotecas. Não obstante às especificidades.
No que concerne aos arquivos, para além Todavia, mantêm-se alguns dos problemas já
da constituição da Divisão do Arquivo anteriormente detetados, como sejam a de-
Municipal, sob a alçada do Departamento de gradação de equipamentos, os problemas de
Património Cultural, há que salientar a inte- segurança e manutenção ou a dispersão dos
gração da videoteca, em 2011. Paralelamen- espólios por estruturas precárias e sem con-
te, é reconhecida a melhoria nos sistemas de dições de conservação adequadas. Na ver-
informação e a aproximação do Arquivo aos dade, parece ser consensual a necessidade
diferentes públicos, através da organização de reunir todos os arquivos municipais num
de visitas guiadas, dias abertos, festivais, ex- mesmo edifício, como forma de concentrar
posições itinerantes ou do trabalho com o o espólio, mas também os recursos humanos
público escolar desde o 1.º ciclo. A compro- e os equipamentos, aumentando a eficácia
vá-lo, é possível destacar a TRAÇA – Mostra e a capacidade de resposta dos serviços. À
de Filmes de Arquivos Familiares, uma inicia- semelhança do que aconteceu no âmbito da
tiva da Videoteca, que tem como objetivo Rede de Bibliotecas, também no que concer-
dar a conhecer alguns dos filmes amadores e ne ao Arquivo foi formado um grupo de tra-
caseiros que o Arquivo tem já no seu espólio balho que, durante nove meses, elaborou um
ou está a receber através de uma angariação diagnóstico do estado dos arquivos e definiu
aberta em permanência, oriundos de arqui- linhas prioritárias de ação, sendo uma nova
vos familiares, feitos na cidade de Lisboa ou localização onde todos os arquivos possam
por lisboetas. estar concentrados a prioridade número um.
183
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
184
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
37. O eixo integra alguns dos museus e monumentos mais visitados do país, nomeadamente o Museu
dos Coches, a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos, o Palácio da Ajuda, o Museu Nacional de
Arqueologia, o Museu de Marinha, o Museu da Presidência da República, a Capela de São Jerónimo, o
Museu de Arte Popular e o Museu Nacional de Etnologia. Inclui ainda dois jardins botânicos - o Tropical
e o da Ajuda.
185
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
186
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
da DMC, integrantes sobretudo das redes Para o sucesso da estratégia em curso, a me-
de arquivos e bibliotecas, passam assim a as- diação e comunicação intra-equipamentos é
sumir sobretudo uma natureza documental e essencial e uma prioridade, tendo o Gabine-
investigativa, embora de apoio e consulto- te de Assessoria do Conselho de Adminis-
ria a outros equipamentos camarários38. Ao tração da EGEAC a responsabilidade, entre
abrigo dessa mudança estratégica, a EGEAC, outras funções, de monitorizar e promover
com a exceção do MUDE, passa atualmente o diálogo no seio do seu setor museológico.
a deter a totalidade dos museus municipais39. Outra ideia que está em cima da mesa, de
modo a reforçar a articulação dos equipa-
A passagem dos museus da DMC para a mentos é a criação de um bilhete conjunto
EGEAC teve lugar devido a questões de vária para os equipamentos da EGEAC de forma
ordem. O principal motivo prendeu-se com e passar uma imagem de coerência para o
o excesso de burocracia existente no seio da público.
CML, o que provocava contantes atrasos pro-
cessuais e orçamentais na gestão quotidiana Como foi mencionado, uma das maiores mu-
dos respetivos equipamentos. Assim, o que danças ocorridas neste ano corrente ao nível
se procurou foi agilizar e facilitar processos do setor museológico camarário foi a passa-
administrativos, legais e financeiros, dotan- gem de alguns museus municipais para a tu-
do os museus camarários de maior eficiên- tela da EGEAC. O caso mais paradigmático,
cia ao nível da gestão. Embora nem sempre pelo simbolismo e importância que deve as-
consensual, foi uma decisão estratégica vista sumir na cidade, foi o Museu de Lisboa40. An-
com bons olhos sobretudo pelas direções teriormente denominado Museu da Cidade,
dos museus que transitaram para a EGEAC. a mudança de nome veio na esteira de uma
Para além de munidos de uma maior e sau- tendência atual na Europa. Com efeito, este
dável autonomia, os museus enquadram-se Museu foi objeto de uma redefinição estraté-
agora no seio de um novo posicionamento gica: o que passou a existir é uma estrutura
estratégico do conjunto museológico da com diferentes núcleos que permitem contar
EGEAC. Salvaguardando a identidade e es- a história de Lisboa sob diferentes prismas.
pecificidade de cada núcleo museológico, Assume-se como um museu polinucleado -
o que se pretende é uma maior definição e núcleos Torreão Poente do Terreiro do Paço,
coerência na articulação entre a oferta e pro- Palácio Pimenta, Santo António, Núcleo Ar-
cura dos equipamentos, isto é, promovendo queológico da Casa dos Bicos e Teatro Ro-
a diversidade na unidade. mano). Assim, no Palácio Pimenta (ex-Museu
da Cidade), a incidência temporal situa-se no
38. O Gabinete de Estudos Olisiponenses e o Centro de Arqueologia de Lisboa, por exemplo, ambos
parte do Departamento Património Cultural da DMC, continuam a colaborar com inúmeros museus da
EGEAC, nomeadamente, ao Museu de Lisboa. Também a Divisão Salvaguarda Património Cultural terá
como responsabilidade, quando necessário, fazer obras estruturantes dos museus municipais.
39. Para além do Museu do Fado e Museu da Marioneta, a EGEAC acumulou em 2016, a gestão museo-
lógica do Museu de Lisboa (núcleos Torreão Poente do Terreiro do Paço, Palácio Pimenta, Santo António,
Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos e Teatro Romano), do Museu do Aljube e do Museu Bordalo
Pinheiro. Este foi um processo moroso, de há 15 anos a esta parte, marcado pelo início da gestão do
Museu da Marioneta e do Museu do Fado. Assim, os museus que a DMC/CML ainda detinham em 2008,
nomeadamente o Museu Bordalo Pinheiro e Museu de Lisboa, transitaram para a gestão da EGEAC
neste ano vigente. O MUDE, que alberga a coleção de Design de Francisco Capelo, manter-se-á para
já na dependência da CML, embora ao abrigo de uma nova forma jurídica, em princípio, uma Fundação.
40. O Projeto P9 - Renovar o Conceito de Museu da Cidade, enquanto proposta do documento das
Estratégias para a cultura 2009, foi assim implementado quase na sua totalidade em 2016.
187
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
século XVIII, ficando as outras temporalida- especializadas e grupos informais de pes-
des da história de Lisboa adstritas a outros soas com experiência de campo, preservan-
espaços. Neste processo, a missão do museu, do, contudo, uma equipa base interna, dado
inexistente, foi escrita, a sua vocação reescri- o conhecimento específico que tem de todos
ta. Os seus objetivos e discursos museológi- os núcleos do Museu de Lisboa.
cos e museográficos reequacionados. O seu
acervo alterado e melhorado. A estratégia do A reformulação dos serviços educativos –
Museu de Lisboa passa por transformar uma área chave sobretudo no setor museológico
instituição municipal, cuja coleção permanen- pelo seu contributo precioso na mediação e
te termina em 1910 com o advento da Implan- reflexão crítica entre a coleção e o público
tação da República, num museu que reflita – assume-se também atualmente como uma
também o presente, a cidade cosmopolita prioridade do Pelouro da Cultura da CML.
que é Lisboa. Museu que deve de facto refle- De facto, está em curso um projeto que visa
tir sobre a contemporaneidade, debruçando- a requalificação dos diferentes serviços edu-
-se também sobre o património imaterial, as cativos dos equipamentos da DMC, onde
vivências, as memórias e os imaginários que se incluem inúmeros arquivos e bibliotecas.
contribuem fortemente para a identidade da Numa fase ainda preliminar de diagnóstico,
cidade de Lisboa. De modo a alcançar estes foi constituída uma comunidade informal
objetivos, irá ser assumido um novo discur- de reflexão entre a coordenação do proje-
so narrativo sobre a cidade, do qual se real- to, colaboradores de serviços e equipas de
çaram os seus highlights e a sua atualidade. instituições culturais de referência da cidade
Dimensões a serem exibidas, sob forma de de Lisboa. Futuramente, pretende-se gerar
exposições temporárias, no Torreão Poente um espaço alargado de reflexão, formação e
do Terreiro do Paço. Também o seu serviço partilha de experiências, que lance as bases
educativo foi reformulado, onde se preten- do que será um dia o Programa Educativo do
de trabalhar com pessoas independentes Pelouro da Cultura da CML.
188
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
189
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
190
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Resultam de um genuíno desejo de chegar Cultural de Belém) ou o projeto Le Voyage
a um público crescente, de um esforço de à Nantes (um evento realizado ao longo do
democratização cultural, de animação de ano que propõe a criação de intervenções
localidades na época estival, mas também artísticas em lugares não convencionais da
podem ser fruto de estratégias de atração cidade, em íntima ligação com o património
turística, de procurar fazer parte dos circui- edificado e histórico, incluindo as tradições
tos mais ou menos glamorosos da arte con- da cidade).
temporânea ou do cinema, ou resultando
simplesmente de estratégias de captação Lisboa parece também acompanhar esta
de patrocínios ou mecenato. Por vezes, estes tendência. Em 1994 organizou a Capital
tipos de propostas rotulam ou classificam de Europeia da Cultura e quatro anos mais
forma simplificada uma oferta artística que, tarde recebeu a Expo’98, eventos que mu-
enquadrada numa programação institucio- daram, de formas diferentes, a paisagem
nal, pode ser menos clara. Esta tendência, cultural e não só da cidade. Guerra (2010)
verificável um pouco por todas as grandes comprova de forma pungente estes dados,
cidades da Europa, obedece também a para o campo especifico da música, ao focar
preocupações legítimas de criação de laços a sua análise nos festivais de música rock.
de proximidade, de criação de dinâmicas Desde o verão de 1998, com a realização
territoriais, de animação da cidade, e muito do segundo Festival Sudoeste TMN, que
regularmente estes acontecimentos surgem os festivais são megaeventos que materiali-
simplesmente de tradições locais. A cidade zam, num intenso quadro de interação direta,
de Nantes em França é um exemplo conhe- todas as dinâmicas atuais de globalização,
cido de uma política agressiva ao nível das profissionalização, mercadorização e media-
iniciativas culturais desta natureza, sendo o tização da cultura, mobilizando milhares de
exemplo mais conhecido o festival La Folle pessoas (Guerra, 2010). São vários os fatores
Journée (um festival de música clássica apre- que se conjugam na explicação desta ten-
sentado ao longo de cinco dias que, aliando dência. Em primeiro lugar, importa referir o
formatos e formações tradicionais a momen- maior dinamismo das várias promotoras de
tos menos convencionais, transformou-se eventos, as quais têm aumentado em núme-
num caso de estudo replicado um pouco ro e caminhado no sentido de uma maior so-
pelo mundo fora, incluindo no nosso Centro fisticação das condições técnicas, logísticas
191
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
192
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
mencionada e que diz respeito ao trabalho de propostas resulta muitas vezes em mo-
efetuado ao longo do ano com as comuni- mentos de convivialidade importantes na
dades locais. Projetos como o Festival Todos, vida das cidades.
promovido pela CML, ou Lisboa Mistura,
produzido pelos Sons da Lusofonia, contor- As cidades, ou áreas específicas das mes-
nam as acusações de efemeridade ou facili- mas, são transformadas em espaços de
dade regularmente apontadas a muitos dos experiências, almejando-se não raras as
eventos realizados em Lisboa ao longo do vezes a criação de uma identidade das
ano, propondo verdadeiras parcerias consis- mesmas através da multiplicação de eventos
tentes e no longo prazo. culturais.
• apoio aos festivais da cidade (logístico, • reflexão e definição de uma estratégia
financeiro, cedência de equipamentos e relativa ao apoio a festivais e grandes even-
das suas equipas, por exemplo); tos públicos, atendendo a aspetos como a
sua calendarização (de modo a evitar sobre-
• promoção de uma maior e melhor divul- posição de eventos), e a sua localização
gação dos acontecimentos culturais da (de forma a promover a descentralização
cidade. deste tipo de eventos)
193
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.67. Evolução do número de frequentadores dos festivais, em Portugal, 2011-2015 (n.º)
2 000 1 869
Milhares
1 800
1 600
1 400
1 200 1 055
953
1 000
400
200
0
2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Guerra, 2016, através de APORFEST, 2015; Blitz, 2014.
350
300
250
200
150
100
50
0
Rock in Meo NOS Festival Vodafone FMM Meo NOS O Sol da RFM Super
Rio Lisboa Sudoeste Alive do Crato Paredes Sines Marés Primavera Caparica Somnii Bock
de Coura Vivas Sound Super
Rock
Fonte: Guerra, 2016, através de APORFEST, 2015; Blitz, 2014; Produtoras de eventos.
194
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.69. Evolução do número de festivais (edições) por concelho, em Portugal, 1968-2008 (%)
195
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
42. A reestruturação orgânica da Câmara Municipal de Lisboa (CML) em 2012 implementou “um
conceito de gestão de proximidade através da criação de cinco zonas de gestão da cidade: Norte,
Oriental, Centro, Ocidental e Centro Histórico. Estas zonas de gestão, designadas de Unidades de
Intervenção Territorial (UIT), são constituídas por equipas multidisciplinares, preparadas para intervir no
espaço público e equipamentos da sua área, identificar os problemas existentes e providenciar pela sua
resolução pelos serviços operacionais da CML, ou outros. As UIT trabalham em estreita colaboração
com os moradores, juntas de Freguesia, associações e todos os outros parceiros locais nos processos
de decisão, de forma a envolver ativamente a comunidade na gestão da cidade em áreas como: urba-
nismo, gestão e manutenção do espaço público, intervenção comunitária, gestão de equipamentos e
licenciamentos no espaço público.” (CML, http://www.cm-lisboa.pt/zonas)
196
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Nota: As zonas encontram-se identificadas da seguinte forma: a Zona Norte está identificada em tons de
verde; a Zona Ocidental em tons de amarelo; a zona Centro em tons laranja; o Centro Histórico em tons
violeta; e a Zona Oriental em tons de azul.
197
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
É esse tecido social que organiza aquilo que 5.3.3.3. Centro histórico
parece ser uma característica identitária da
produção cultural desta zona: os festivais Sem pretender descrever de forma exausti-
territoriais. Viver Telheiras, All Artes, Cine va as transformações na cidade, é inevitável,
Conchas, LumiArte, Festival de Arte Urbana nesta breve apresentação, que tem como
de Lisboa e Monsanto primavera Fest são foco a zona histórica, fazer uma referência
alguns dos festivais realizados na zona à presença crescente do turismo em Lisboa
norte nos últimos anos. A manutenção da bem como à crescente massificação da uti-
frequência desse tipo de programação tem lização das zonas centrais da cidade e seu
permitido que os atores se conheçam entre espaço público, por população nacional e
festivais, bairros e freguesias – participando estrangeira, que acorre à cidade histórica
nas propostas uns dos outros e criando par- em cada vez maior número, utilizando-a
cerias informais de programação conjunta. A como centro de consumo e lazer (para além
produção destes festivais locais tem permi- de espaço de trabalho e de residência para
tido elevar o trabalho das instituições locais alguns). Isto tem tido naturalmente as suas
e das expressões culturais de cada território, consequências na criação artística e na dis-
garantindo uma intersecionalidade das po- seminação da atividade cultural nos últimos
líticas e serviços, do mesmo modo que se anos. O centro histórico de Lisboa é tradicio-
apresenta como uma resposta à distância nalmente a área que aloja grande parte dos
relativa entre públicos e criadores; mas tam- equipamentos culturais. Não só as grandes
bém da zona norte face aos principais espa- instituições culturais formais como os tea-
ços de consagração cultural da cidade. tros nacionais e municipais mas também as
organizações e grupos informais, que contri-
A sustentabilidade dos festivais tem estado buem para a vida cultural da cidade, utilizam
a cargo das parcerias locais, a partir da na- o centro como lugar de criação e de apre-
tureza de cada uma das instituições, sendo sentação de projetos artísticos.
por vezes financiadas por bolsas territoriais,
dos projetos BIP/ZIP às juntas de freguesia. No entanto, nos últimos anos, tem-se assisti-
Para além de expressões culturais-artísticas do a uma descentralização da oferta cultural,
quotidianas de caráter residencial – rap, es- nomeadamente para a zona oriental, zona
túdios de música, dança hip hop em bairros norte da cidade ou para o eixo da Avenida
como o Padre Cruz e Alta de Lisboa; teatro, Almirante Reis/ Martim Moniz até à Alameda.
199
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Se, por um lado, este fenómeno é de caráter Concorde, Manpower, Plano Lisboa, entre
estratégico, designadamente por parte da outros). Note-se que muitas destas organi-
CML, por outro lado acontece a partir dos zações colaboram entre elas e muitas vezes
efeitos da atualização das rendas, da crise e, dependem umas das outras para existirem,
mais recentemente, devido ao aumento do fomentando um efetivo meio criativo de
investimento no setor imobiliário no centro proximidade. Muitas têm contudo uma exis-
de Lisboa. tência relativamente efémera também, pois
acabam por ter de encerrar portas em vir-
Há, contudo, ainda bastantes entidades cul- tude dos constrangimentos económicos ou
turais sediadas no eixo histórico, considera- outros, como se tem também visto em vários
do neste estudo como a área entre o Bairro casos recentes na cidade.
de Santos e Santa Apolónia. Muitas delas
são equipamentos municipais, outras são es- É essencial referir a importância das acessibi-
truturas de dimensão média independentes, lidades e do bom funcionamento dos trans-
que persistem, não apenas com algum tipo portes no centro histórico para todos estes
de apoio da CML, mas também fruto da re- equipamentos e organizações. Ao problema
siliência da comunidade (como a ZDB, o Tea- crónico de Lisboa do excesso de automóveis
tro Praga ou a Carpe Diem). Há também uma e da desarticulação dos transportes públicos,
série de iniciativas locais de menor dimen- acresceram nos últimos anos novas ques-
são que recebem apoios, designadamente o tões relacionadas com os serviços turísticos
programa BIP/ZIP ou o Orçamento Participa- (como o excesso de tuk tuks, o elétrico 28
tivo (como o Renovar a Mouraria, o Hangar, que deixa progressivamente de servir como
ou o Sou/Largo Residências, entre outras). A meio de transporte da população para servir
estas juntam-se muitas outras associações os turistas, estacionamento das camionetas
e festivais independentes de menor escala. turísticas, constante cargas e descargas de
São lugares de criação que apresentam pro- mercadorias, etc.). Para além dos desafios
gramação pontual, frequentemente orques- acima enunciados, verifica-se uma questão
tradas por colaboradores que se desdobram crónica de dificuldade na continuidade dos
em diversos projetos (Cão Solteiro, Crew projetos que, na sua maioria, dependem de
Hassan, Oficina Coletiva, rés do chão, Irreal, apoios, tanto financeiros como de concessão
Zaratan, Arquivo 237, Laboratório, Atelier de espaços.
200
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Estas mudanças levariam, contudo, a uma de rendas de espaços para cultura e outras
alteração profunda da vida cultural (e não organizações (como por exemplo creches,
só) no centro da cidade, uma decisão que centros de dia, sociedades recreativas e gré-
caberá à CML tomar. Surgiram neste encon- mios); distribuição e controlo do uso do ter-
tro várias propostas para evitar a saída dos ritório por percentagens (habitação, cultura,
equipamentos culturais do centro e para ga- comércio); direito de preferência em relação
rantir um desenvolvimento mais sustentável aos imóveis, criando uma estratégia que ga-
da oferta cultural na zona histórica: cotas ranta os espaços cedidos (a 10 ou 20 anos).
201
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Alguns projetos BIP/ZIP, de Orçamento passeios, passeios estreitos, túneis e passa-
Participativo ou outros coordenados pela gens pedonais pouco acessíveis, comércio e
Fundação Aga Khan, foram nomeados com restauração de pouca qualidade, etc.).
potencial para se aliarem à cultura. À se-
melhança de outras zonas da cidade, os Num momento em que há uma forte pro-
financiamentos territoriais permitiram o cura no setor imobiliário e uma tentativa de
desenvolvimento de pactos e consórcios requalificação do edificado da cidade, surge
de desenvolvimento local com consequên- também o perigo de descaracterização do
cias na fruição cultural. É o caso da marca espaço público, bem como do património. A
D´Ajuda, do Festival D´Ajuda e da Feira do proximidade ao rio e a sua utilização foram
Galo (todos na Ajuda). apontadas como um potencial que está ainda
pouco aproveitado, especialmente por parte
No que respeita à questão das acessibilida- da população e eventualmente em parceria
des, esta é uma zona que padece de um pro- com as instituições culturais locais. À seme-
blema de transportes e de desqualificação lhança do que se passa no centro histórico
do espaço público. Os meios de transporte e das consequências do turismo massificado,
estão regularmente sobrelotados e a rede referiu-se a importância de reinventar o ter-
não é suficientemente ampla. O esforço feito ritório e de requalificar uma zona que atrai
para reforçar o uso de bicicletas parece in- maioritariamente um público pontual, mas
satisfatório e ainda em curso. Para além dos que atualmente não é convidativa para a vi-
transportes, pode afirmar-se que o espaço vência regular da população lisboeta.
urbano está pouco cuidado (buracos nos
202
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
203
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
204
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Figura 5.71. Espaços culturais no Eixo da Avenida Almirante Reis, 2000-2007 e 2008-2016
205
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 5.72. Espaços de caráter cultural no Eixo da Avenida Almirante Reis, em 2016
Um número considerável dos espaços que grupo de atores locais, há que destacar a
exercem práticas culturais no Eixo Martim adaptação dos mais antigos às dinâmicas
Moniz – Anjos da Avenida Almirante Reis atuais. Sport Clube do Intendente, Casa da
sustentam-se de forma autogestionada, Covilhã e a Casa de Amigos do Minho re-
de de Lisboa 2017
através - Eixo Almirante
das atividades Reis
e serviços que pro- cebem frequentemente atividades culturais
videnciam ou, por elementos análogos que proporcionadas por coletivos que não têm
acompanham essa oferta (por exemplo, a sede na área geográfica, mas que preten-
restauração). São os casos da Crew Hassan, dem consumar ali as suas práticas; e ativida-
Sem Tempo Cra (antigo Clube Recreativo des associadas a festivais locais. O mesmo
dos Anjos), Recreativa dos Anjos e respetiva já acontecia no Clube Recreativo dos Anjos,
Biblioteca, Pessoa e Companhia, Casa da entretanto extinto (2015) por não resistir ao
Covilhã, Casa dos Amigos do Minho, Sport aumento da renda. O caso do Clube Recrea-
Clube Intendente, Zona Franca dos Anjos, tivo dos Anjos corre risco de estender-se aos
Mob e Centro Escolar Republicano. Deste restantes espaços associativos mais antigos
206
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
do Eixo. Os edifícios que albergam o Sport Assim, no início do século XXI e, como pri-
Clube Intendente, a Casa dos Amigos do meira fase de um grande plano de urbaniza-
Minho e o Centro Escolar Republicano foram ção – a Alta de Lisboa, esses bairros foram
adquiridos recentemente o que pode dar realojados nas mesmas freguesias, num total
origem a projetos imobiliários ou a um au- de doze conjuntos que alojaram pouco mais
mento de rendas que não permita a conti- de dez mil pessoas. Numa segunda fase do
nuação das atividades. Outras associações plano de urbanização, construíram-se vários
de natureza privada foram subsidiadas para fogos para serem disponibilizados no merca-
reabilitação dos seus espaços e/ou manu- do imobiliário. Essa segunda fase está ainda
tenção de um plano de atividades. Nesse longe da concretização projetada. Com o
sentido há um plano de recurso a fundos projeto urbano ainda por concretizar, as
territoriais: do QREN (Centro Mário Dionísio/ dinâmicas quotidianas do bairro são ainda
Casa da Achada); e aos BIP/ZIP´s (Casa Co- dominadas pela população realojada. Se
munitária da Mouraria/Renovar a Mouraria, externamente se consensualizou a denomi-
Hangar/Epiderme, Taberna das Almas, Sou/ nação de Alta de Lisboa, internamente são
Largo Residências, Casa Independente). as referências dos bairros e sítios antigos que
são contempladas para as relações e geolo-
As iniciativas autárquicas dos últimos anos calização do território (“Mulas”, “Kosovo”,
têm incidido na recuperação do espaço pú- Bairro Quinta Grande, Quinta dos Cavalos,
blico, onde se exercem regularmente ativida- Bairro da Cruz Vermelha, etc.). Trata-se de
des culturais (Largo do Intendente e Largo uma população bastante mais jovem que
da Severa, por exemplo), financiadas pelo a média da cidade (24% com menos de 14
QREN/Ai Mouraria. De resto, nota-se uma anos), de escala mais baixa de rendimentos,
prática de concessionamento de espaços re- com alto índice de desemprego e de subsí-
cuperados como a Casa da Severa/Polo do dio-dependência. Embora a grande maioria
Museu do Fado (gerido por um restaurante), tenha nacionalidade portuguesa, boa parte
Carpintaria de São Lázaro (com inauguração da população tem um referencial cultural di-
prevista para novembro de 2016) e uso do versificado; das tradições mais populares da
Martim Moniz (Mercado de Fusão). Em sen- cidade até às africanas e ciganas. O elevado
tido contrário, a Câmara Municipal cativou número de jovens, que no percurso educa-
para si a gestão do Centro de Inovação da cional frequentam as escolas da área (até ao
Mouraria financiado pelo QREN e Orçamento 12.º ano); as relações de vizinhança já com
Participativo de Lisboa. várias gerações; e a necessidade de manter
vivos certos padrões culturais; faz com que
5.3.4.2. Alta de Lisboa as expressões culturais sejam bastante terri-
torializadas.
O alto do Lumiar é uma área de Lisboa que
deve o seu incremento populacional ao Para efeitos da presente Estratégia conse-
êxodo rural das décadas de 1950 e 1960, aos guimos identificar 22 grupos de intérpretes/
deslocados da construção da Ponte sobre o músicos na Alta de Lisboa (optámos por não
Tejo, aos retornados e à restante imigração os desagregar individualmente para permitir
de países africanos de língua oficial portu- a leitura do mapa). Analisando o mapa da Fi-
guesa. Esta concentração populacional das gura 5.72., percebemos a sua densidade nos
então freguesias do Lumiar e Charneca ca- blocos de realojamento. São maioritariamen-
racterizava-se, essencialmente, por bairros te intérpretes musicais ligados ao rap, ao
de génese ilegal ou por construções que não afro-house, ao techno e ao quizomba; mas
se coadunavam com os paradigmas habita- também encontramos bailarinos, graffiters
cionais contemporâneos. e tatuadores. Alguns deles, como Nigga Fox
207
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
(Dj) e Nuno Cebola (do Ballet Angolano Ki- criaram o estúdio Ghetto Class para produ-
aAltade de CML Lisboa
Cultura
landukilo) s/camada
2017alguma
já atingiram - Alta
entidades
de Lisboalocais
notabilidade ção e gravação musical, mas, a inacessibili-
nas suas áreas de especialidade. O espaço dade dos espaços no Bairro, fê-los optar por
tes Culturais
de criação de todos estes intérpretes iden- se estabelecerem no Bairro de Angola, de
adem tificados é, quase na totalidade, residencial. génese ilegal e vizinho embora já no conce-
straca Há uns anos, alguns dos jovens do Bairro lho de Loures.
road G
LK
Mankapita
chola Aphroluso Figura 5.73. Intérpretes da Alta de Lisboa, em 2016 Figura 5.74. Intérpretes e espaços/ instituições da
la Fla BQG Alta de Lisboa, em 2016
ygas
onus
xegs
QG Familia
onda
res e Deejays
cs
apela Brothers
eejay Kelly K
Nigga Fox
vanildo Loureiro
Nuno Cebola
adjo Pa Dianti
res
aulinho
udu
Fonte: Elaboração própria com base em levanta- Fonte: Elaboração própria com base em levanta-
mento feito pela equipa. mento feito pela equipa.
aulo Rodrigues
es Locais
A Alta de Lisboa tem um número elevado de Há três anos, através de um financiamento
instituições (assinaladas a vermelho no mapa
ciação de Moradores do
BIP/ZIP, a Associação de Residentes da Alta
Estratégias para a Cultura da cidade de Lisboa 2017 - Mapa da Alta de Lisboa
da Figura 5.73.). Algumas transitaram dos anti- de Lisboa liderou uma parceria – o All Artes –
gos bairros de génese ilegal (Centro Social da
ciação de Moradores das
nas
que permitiu durante dois anos providenciar
Musgueira, Isu, Irmãs do Bom Pastor), outras aulas e workshops dos mais diversos estilos
são da criação do novo bairro (Associação de artísticos usando como referências intérpre-
Residentes do Alto Lumiar, Associação para tes locais. Apesar de cariz educacional e não
a Valorização Ambiental da Alta de Lisboa, de apoio à produção e criação, o projeto
Associação de Pais e Encarregados de Edu- permitiu fruição entre territórios internamen-
cação do Agrupamento da Alta de Lisboa). te distanciados, um contágio alargado junto
O único equipamento estritamente cultural de crianças/jovens e ainda, a possibilidade
público e municipal é a Biblioteca Maria Keil. de os intérpretes locais atuarem em espaços
Apesar do elevado número de instituições e como o São Luiz ou o Mercado de Fusão.
espaços, a sua natureza não tem permitido A sua quebra deveu-se à dependência de
dar atenção aos fenómenos de criação cultu- financiamentos de base territorial, com jus-
ral locais, pelo menos no que diz respeito à tificação social, que impede a prossecução
criação de fruição, inclusão educativa e social, análoga de ano para ano.
intercâmbio de experiências, criação e produ-
ção cultural propriamente ditas.
208
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
209
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Direitos
Culturais
70
Património,
Governança da 60
Diversidade e
Cultura 50 Criatividade
40
30
Cultura, 20 Painel Global 2015
Cultura e
Informação e 10 Lisboa Workshop Externo
Educação
Conhecimento
0 Lisboa Workshop Interno
Cultura,
Cultura e
Planeamento e
Ambiente
Espaço Público
Cultura e Cultura e
Inclusão Social Economia
210
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Basta lembrar a epítome dos Buraka Som competências cosmopolitas. Assim, a Lisboa
Sistema: “De Lisboa para o Mundo”. No to- das misturas, das diversidades tem vindo a
cante ao fortalecimento e potenciação de fortalecer-se se considerarmos a emergên-
competências cosmopolitas na cidade e nos cia de uma certa cultura colaborativa ao
lisboetas, o cômputo dos entrevistados – in- nível da organização de eventos marcados
cluindo os focus group realizados – incidiram pela pluralidade e abertos a toda a popu-
a sua análise e avaliação tendo em conta o lação, mas também pela operacionalização
aumento de uma postura de tolerância, na de políticas de proximidade através do au-
emergência de uma atitude de compreen- mento da oferta cultural a novos e variados
são da diversidade, no enraizamento de um públicos. Um bom exemplo é o Bar Popular
ethos e de uma praxis de combate à exclusão no Bairro de Alvalade, que privilegia os
social e a promoção de políticas de proximi- valores socioculturais deste carismático
dade, no fomento da acessibilidade à cultura bairro, que se pretende transversal a todas
e na defesa de uma literacia cultural. as gerações, apoiando sobretudo a música
portuguesa ao vivo, num ambiente de ami-
Da análise dos discursos, perpassam al- zade e vizinhança entre todos, para todos.
guns pontos fortes que assinalam uma Outro exemplo poderá assentar nos Dead
evolução claramente positiva ao nível das Combo: uma banda lisboeta, criada no Cais
211
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
212
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
213
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
217
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
218
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
cidade. Ora, tal tem como corolário uma pro- da cidade de Lisboa; a reestruturação dos
gressiva valorização das vivências na cidade serviços educativos dos equipamentos mu-
e das suas memórias. Também uma maior nicipais; a afetação de parte das receitas fis-
vivência do espaço público associada a uma cais e das mais-valias do turismo em prol do
animação noturna diversificada e dinâmica – setor cultural.
particularmente em certas zonas da cidade
– são elementos fundamentais de reforço da De forma mais negativa, as vivências da
memória da cidade e do seu consequente cidade e das suas memórias e promoção
conhecimento formal e informal. A existência do conhecimento enfrentam ainda alguns
de um património museológico, arqueológi- estrangulamentos, designadamente a per-
co e imaterial vasto – que atrai milhões de sistente desarticulação dos transportes e
visitantes nacionais e estrangeiros e sua con- acessibilidades das zonas mais periféricas e
sequente divulgação em médias de impacto distantes do centro; a insuficiente informação,
global – é também facilitadora da preserva- análise e mecanismos de monitorização da
ção das vivências da cidade, suas memórias, atividade cultural da cidade, nomeadamente
patrimónios e conhecimento. O reforço e sobre oferta, públicos e práticas culturais –
rejuvenescimento do tecido associativo local marcados muito por um caráter quantitativo
que assume papel dinamizador de pertença, e lacunar; e, claro, as dificuldades de atração
solidariedade e união entre habitantes dos e de fixação de residentes permanentes no
bairros, e que preserva o património imate- centro da cidade, portadores de um capital
rial da cidade – nomeadamente tradições e simbólico e memórias coletivos de todo o
atividades emblemáticas da cultura popular relevo para a coesão identitária de Lisboa e
lisboeta – apresenta-se, aqui, como uma po- sua perpetuação geracional. Neste mesmo
tencialidade muito importante. âmbito, também se prefigura um contexto
desfavorável relacionado com as seguintes
Todas estas potencialidades para a revalori- ameaças: excesso de artificialização/esva-
zação da memória e do património lisboeta ziamento das identidades da cidade de Lis-
assentam em todo um conjunto de oportu- boa; certa descaracterização dos espaços
nidades de contexto relevantes: a existên- ignorando as suas memórias urbanas, nor-
cia de uma estratégia de intervenção em matizando-os; falta de participação das co-
parceria e em rede face ao aproveitamento munidades locais nos processos de criação
conjunto da diversidade de recursos edito- e preservação de memória – numa lógica
riais e arquivísticos da cidade; a existência ascendente e de combate ao “etnocentris-
de meios para facilitar o acesso à informa- mo de gabinete”; gentrificação de algumas
ção (agenda cultural, site, múpis...) por parte zonas da cidade (alojamento local, subida de
da autarquia; a cocriação de conhecimento rendas, venda de espaços para hotéis, des-
sobre a cidade entre os diversos agentes caracterização dos bairros...) que expulsou
(escolas, universidades, CML, agentes cul- e expulsa cada vez mais para fora de Lisboa
turais); as constantes reflexões científicas e os portadores de memórias diversificadas e
cívicas sobre a reconstrução das identidades autênticas do que é “ser alfacinha”.
219
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
220
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
desenvolvimento desta rede (cf. Costa, 2015 Este conjunto de oportunidades e poten-
a este propósito). Esta será uma oportuni- cialidades não nos pode fazer descurar os
dade (desejavelmente não a única…) para estrangulamentos com que a governança
fomentar uma maior articulação, dentro do cultural se defronta na cidade de Lisboa:
próprio município, com as áreas do urba- exacerbados pela falta de continuidade e da
nismo e do desenvolvimento económico da articulação das políticas com as linhas estra-
educação, por exemplo. tégicas de fundo (por exemplo, a mudança
de protagonistas); a manutenção de um
No curso da auscultação de atores realizada, diálogo ainda insuficiente entre os diferen-
e no âmbito da governança cultural da cida- tes níveis hierárquicos em termos verticais e
de, foram destacados alguns importantes horizontais (entre departamentos e divisões);
pontos fortes: nomeadamente, a implemen- a continuação do reduzido peso político do
tação de progressos na desburocratização Pelouro da Cultura; a forte burocracia / estru-
institucional e agilização financeira e logís- tura muito pesada das estruturas de gestão
tica em alguns equipamentos municipais; a municipal; a asfixia e a incerteza orçamental
consolidação de uma vontade institucional dos agentes do setor cultural (públicos e pri-
e política de articulação entre a Vereação vados); os desajustamentos entre a produ-
da Cultura, a DMC e a EGEAC; a relevância ção e a apropriação da cidade por parte de
de experiências bem-sucedidas de colabo- larga parte dos seus habitantes; a reduzida
ração entre estruturas e equipamentos cul- capacidade de incorporação de profissionais
turais e setoriais afins da cultura. Ora, estes qualificados ao nível da liderança e da gestão
pontos fortes serão autênticas potenciali- das entidades culturais públicas e privadas.
dades de governança se considerarmos o Estes estrangulamentos são exponenciados
contexto favorável do seu desenvolvimento: pela vivência de um contexto de governança
quadro legislativo de novas competências e ameaçado pelos seguintes constrangimen-
espaços de atuação das juntas de freguesia; tos: continuidade das limitações externas à
o potencial de articulação da cultura com gestão de recursos humanos e financeiros
outros setores de atuação da CML (educa- na administração pública; incapacidade de
ção pela arte, criação de novos negócios); renovação, adaptação às funções desem-
a crucialidade política da articulação entre penhadas e formação continuada dos re-
as estruturas na programação e na gestão cursos humanos no setor cultural; potencial
(inter e intramunicipal – por exemplo, do de capacidade do alinhamento das políticas
ARTEMREDE); o reforço da centralidade culturais do município com a recente reor-
política das atividades culturais e criativas; ganização administrativa da cidade (juntas
a consideração das diversas escalas da cida- de freguesia e unidades descentralizadas);
de que podem ser articuladas a seu favor: desarticulação entre as diversas escalas de
cidade vs. capital, concelho vs. Área Metro- Lisboa: cidade vs. capital, concelho vs. Área
politana de Lisboa, centro vs. periferias, mu- Metropolitana de Lisboa, centro vs. perife-
nicípio vs. juntas de freguesia. rias, município vs. juntas de freguesia.
221
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
222
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
Naturalmente, o exercício que aí se apresenta A somar a estes problemas (que nos reme-
é uma autoavaliação, com todas as implica- tem novamente para a necessidade da
ções que esse fato comporta. Para além de existência de um sistema de monitorização
resultar de um consenso entre os interve- baseado em indicadores, que tanto podem
nientes respetivos, em diálogo aberto sobre ter um caráter quantitativo quanto qualitati-
cada uma das medidas e os progressos na vo, que nos permita avaliar resultados), uma
sua implementação, é algo que reflete sem- outra questão se coloca: a interpretação que
pre perceções (mais ou menos interessadas, cada agente faz daquilo que é a implemen-
mas não será esse o principal problema) tação de uma dada medida ou projeto nem
sobre a sua execução, seja pelo conheci- sempre será a mesma leitura que outro fará,
mento direto que o próprio tem sobre o as- e pode igualmente não corresponder ca-
sunto, seja por interposta pessoa. Agora a balmente ao espírito do que se preconizava
implementação da medida em si (que pode com a sugestão dessa medida aquando da
ser avaliada por indicadores de input – por sua proposição nas estratégias. Determinar
exemplo, a criação de uma determinada se certa medida foi cumprida no seu essen-
iniciativa cultural), não se equipara aos re- cial é sempre algo subjetivo, podendo ser
sultados efetivos que ela possa ter. Seja em interpretado de diferentes formas por quem
termos daquilo que são os seus resultados a tenta implementar. Por exemplo, conside-
diretos e mais imediatos (que podem ser me- rar que certa medida foi implementada só
didos por indicadores de output – por exem- porque está no terreno ou já em curso pode
plo, a participação de determinado número não corresponder àquilo que era o espírito
de pessoas nessa iniciativa), seja em termos que presidiu à definição dessa medida ou
daquilo que possam ser os seus efeitos mais projeto concreto aquando da realização das
efetivos e de longo prazo em relação aos ob- estratégias, nem aos resultados então dela
jetivos da medida (que podem ser medidos esperados.
223
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Este é um exercício que não se sobrepõe, consultoras da equipa das Estratégias para
mas antes complementa o balanço mais ge- a cultura 2009, tendo assumido o cargo
nérico sobre a evolução da atividade cultural de vereadora pouco após a formulação
da cidade em relação a cada um dos eixos e publicação do documento estratégico.
de atuação preconizados, que é apresenta- Assim sendo, esteve sempre numa posição
do na secção anterior (cap. 5.4). privilegiada para que as Estratégias para
a cultura 2009 pudessem passar à prática,
Assim sendo, destacamos então os seguintes pois tendo estado diretamente envolvida
aspetos que nos pareceram genericamente na sua formulação, seria expectável que
consensuais em relação à implementação se reconhecesse na prossecução política
das Estratégias para a cultura 2009: ativa dos seus objetivos.
224
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
225
ANÁLISE SWOT
6. ANÁLISE SWOT
COMPETÊNCIAS COSMOPOLITAS E VOCAÇÃO INTERNACIONAL DA CIDADE
227
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
› Diversidade da oferta › Ausência de uma rede › Ancoragem das cola- › Risco de instrumenta-
cultural em Lisboa de centros culturais de borações em rede que, lização da cultura em
› Dimensão dos públicos proximidade formal ou informalmente, nome de outros objetivos
face ao contexto nacional › Dificuldades de identificar se desenvolvem nos (criação de emprego,
e chegar aos públicos e territórios inclusão social)
› Realização de um número
significativo de eventos, de gerir a comunicação › Desenvolvimento de › Generalização da espe-
mostras e festivais que, por parte dos agentes projetos de âmbito culação imobiliária, que
apesar de dimensão redu- culturais em geral cultural e artístico de cru- torna incomportável o
zida, apresentam alguma › Inexistência de salas zamento com outras áreas preço dos espaços poten-
continuidade médias, salas de ensaio e (empreendedorismo, cialmente indicados para
de armazenamento inclusão social, turismo), as atividades culturais e
› Concentração em Lisboa
reforçando o seu poten- artísticas
de instituições culturais › Desconhecimento dos
cial de implementação › Existência de externalida-
e artísticas locais e públicos e das suas
nacionais, quer privadas características › Aproveitamento das des negativas associadas
quer públicas, algumas novas tecnologias e à animação noturna e a
› Concentração da oferta
de reconhecida qualidade suportes para melhorar a outras atividades culturais,
cultural municipal no
e valor internacional comunicação na área da como por exemplo ruído,
centro da cidade
cultura, designadamente congestionamentos,
› Existência de espaços e › Rigidez da gestão de para os públicos mais sobrecarga de estruturas,
equipamentos culturais recursos (humanos, jovens conflitos com residentes,
com diversas dimensões financeiros, técnicos) das
› Aplicação de programas etc., que podem, no
e vocações, alguns muito atividades culturais, em
menos convencionais de longo prazo, comprome-
bem equipados particular nas entidades
incentivos e de políticas ter a sustentabilidade do
› Importância das asso- públicas
fiscais ao setor cultural setor cultural da cidade
ciações culturais com
(p.e. golden visa; Reabilita › Debilidades da legislação
um papel na produção
Primeiro Paga Depois relacionada com mecena-
artística alternativa, bem
para a cultura) to, patrocínio, proprieda-
como no ensino artístico
› Descentralização da de intelectual e carreiras
› Desenvolvimento de par-
oferta de equipamentos artísticas, bem como
cerias para a mobilização
culturais, favorecendo as legislação fiscal aplicada
de apoios financeiros não
zonas fora do centro de às atividades culturais e
específicos para o setor
Lisboa artísticas, nem sempre
cultural benéfica ou estimulante
› Existência de inúmeros
espaços abandonados, › Persistência do desinves-
devolutos ou vazios, quer timento da administração
privados quer municipais, central na cultura
potencialmente indicados
para o desenvolvimento
de atividades culturais e
artísticas
› Presença de salas de
espetáculos e espaços de
juntas de freguesia, de
associações, de escolas
subaproveitados
› Fortalecimento das
redes e dos processos de
mediação cultural
228
ANÁLISE SWOT
229
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
230
VISÃO
7. VISÃO
7.1. Enunciar da visão
estratégica
O roteiro iniciado neste trabalho com a atualização e ques-
tionamento do diagnóstico efetuado nas Estratégias para
a cultura 2009 desemboca naturalmente num questionar
acerca da validade da visão estratégica então enunciada.
A formulação estratégica de então, assente no diagnóstico
na altura efetuado, assumiu um conjunto de pressupostos e
um quadro analítico que se afirmavam como os fundamentos
de uma visão estratégica para a cidade (Costa, 2009: 95-100).
233
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
234
VISÃO
“Lisboa Capital aberta: cidade central e bem-estar; mas também se assegura a sua
cosmopolita, com vocação internacional; crucialidade face à necessidade de a cidade
cidade vivida quotidianamente e expe- se afirmar politicamente no contexto global
rienciada por todos, cidade de trânsitos e de explorar a sua posição nas lógicas in-
e fluxos, entre culturas, entre espaços, ternacionais de city branding e nas retóricas
entre tempos; cidade de memórias e respetivas — posicionando-se como cidade
da contemporaneidade; cidade que “criativa”, “inteligente”, “sustentável”, “resi-
promove as condições para a expressão liente” ou “multicultural”.
cultural e para o desenvolvimento da
criatividade e que moderniza e adapta Esta visão será então agora a base para uma
o funcionamento das suas instituições reflexão estratégica aprofundada e partici-
para assumir o seu lugar no mundo pada virada para a ação, a qual se centra nas
global da contemporaneidade.” (Costa, seguintes etapas:
2009: 101).
(i) Definição de Eixos Estratégicos
Assume-se, portanto, que mantemos no
essencial esta visão estratégica de base, (ii) Definição de Objetivos e de Subobjetivos
articulando-a, naturalmente, com os ele-
mentos decorrentes do novo diagnóstico (iii) Definição de projetos e medidas con-
e da evolução entretanto sentida. Assim, cretas
arroga-se a sua centralidade face ao novo
conceito-base defendido pela equipa nas (Para além de reflexão mais específica sobre
Estratégias para a cultura 2017 articulando modelo de implementação e sistema de mo-
a cultura com o desenvolvimento territorial nitorização respetivo)
a partir das noções de qualidade de vida e
LISBOA 2027
235
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
236
VISÃO
237
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
8. IDENTIFICAÇÃO
DOS EIXOS
ESTRATÉGICOS E
DOS OBJETIVOS
8.1. Introdução: uma
operacionalização multinível
Tendo em conta o diagnóstico efetuado pela
equipa com base no processo participado que
mobilizou ao longo dos últimos meses, bem como
a visão (re)enunciada no capítulo anterior, identi-
ficam-se neste capitulo os eixos estratégicos que
consubstanciam as orientações gerais de atuação
que decorrem das Estratégias para a cultura 2017,
bem como os objetivos e subobjetivos que se
preconiza atingir no âmbito de cada um desses
eixos de atuação.
239
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Antes de avançar com a sua explicitação, no âmbito destas estratégias e que vão para
importa, no entanto, explicar o racional de além dessa agenda mais “quotidiana” (mui-
articulação com a atuação municipal que tos deles serão projetos piloto com caráter
lhes está subjacente (ver figura 5.1. na pág. demonstrativo, depois replicáveis noutros
78). Conforme se depreende do quadro quadros e contextos), cuja implementação
conceptual utilizado e de toda análise até passa sobretudo por uma ação direta ou um
agora efetuada, não se espera que a atua- protagonismo significativo das estruturas do
ção do Pelouro da Cultura, em qualquer um Pelouro da Cultura da CML;
dos seus dois “braços” de atuação (DMC e
EGEAC), ou nem sequer a atuação da pró- Em terceiro lugar, um conjunto de programas
pria CML como um todo, possam ser vistas mais amplos, direcionados para enfrentar um
de forma isolada no quadro da política da conjunto de dinâmicas e problemas estrutu-
cidade sobre o campo cultural. Isto implica, rais, que envolvem uma atuação que, apesar
naturalmente, uma articulação e concerta- de envolver o pelouro de cultura, tem de
ção permanente seja com outros pelouros, partir de uma lógica mais ampla de atuação,
seja com outros níveis da administração envolvendo uma colaboração estreita (e um
pública (governo, CCDR, organismos des- protagonismo significativo) de outros pelou-
concentrados da administração, como os ros da CML, ou mesmo de entidades externas;
equipamentos culturais de âmbito nacional
localizados na cidade, juntas de freguesia, Finalmente, em quarto lugar, e assumindo
etc.), bem como claro com os diversos agen- que estamos perante uma estratégia em
tes culturais (e outros) da cidade. permanente construção, e com âmbitos
diferentes de especificação e de concre-
Neste quadro, são assumidos, especifica- tização (alguns deles necessitando de um
mente ao nível da atuação do Pelouro da planeamento em maior detalhe do que o
Cultura da CML, e no âmbito destas estraté- âmbito destas estratégias permite), mas as-
gias, quatro níveis distintos de atuação, que sumindo também que qualquer estratégia
configuram outras tantas quatro formas de de atuação tem de estar em permanente
concretizar os princípios orientadores defini- monitorização e requer uma readaptação
dos neste documento: contínua a algumas mudanças de contexto
e a margens de manobra específicas que
Em primeiro lugar a atuação quotidiana existam conjunturalmente para atuações
que é desenvolvida pelos diversos serviços politicas concretas, abre-se espaço para a
e equipamentos do Pelouro da Cultura da formulação de um conjunto de programas
CML, tanto na DMC como na EGEAC, e que específicos associados a agendas concretas
na prática vão ser quem mais decisivamente apontadas para a resolução operativa de as-
vai implementar, através dos seus projetos e petos concretos, algumas delas já em curso
da sua atuação regular, os objetivos e subob- aliás, e que devem ser intimamente articula-
jetivos de atuação definidos nestas estraté- das, em permanência, com estas orientações
gias, em cada um dos eixos de atuação; estratégicas gerais (p.e., Agenda Digital para
a Cultura, Programa das Cidades-Piloto da
Em segundo lugar, um conjunto de medidas, Agenda 21 para a Cultura, gestão do fundo
ações e projetos, explicitamente assumidos do Turismo, etc).
240
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Programas Estruturantes
ESTRATÉGIA de actuação inter-departamental,
envolvendo cultura e outros
pelouros
Eixos
Objetivos Sub-objetivos Medidas | Ações | Projetos
Estratégicos
medidas concretas a executar/
dinamizar pela vereação da
EE1 1.1 1.1.1 cultura: DMC + EGEAC
1.2 1.1.2
EE2 1.3
... ... Atuação Quotidiana
desenvolvimento dos objectivos
EE3 2.1 2.1.1
pela atuação regular dos serviços
2.2 2.1.2 da DMC e EGEAC
EE4 2.3
... ...
EE5 5.1 5.1.1 “Programas” Específicos
Agenda Digital, Adenda de
5.2 5.1.2
marca e comunicação, Fundo de
5.3 Turismo; Agenda XXI,…
241
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
CULTURA
EE2 - Promoção da capacidade de expressão cultural
242
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
243
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
244
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
245
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes e
Medidas
(continua)
246
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes e
Medidas
1.3. Incrementar a 1.3.1. Ativar o capital cultural das diferentes popu- M5 / M6 / M9 /
literacia cultural lações por parte dos serviços educativos e M10 / M11 / M13 /
pedagógicos, reforçando a autoestima e a M15 / M16 / M20
valorização de recursos pessoais de fruição e / M21 / M22 /
vivência cultural da cidade M23 / M24 / M27
1.3.2. Alargar o universo de ativos culturais integran- / M32 / M33
tes das dinâmicas dos serviços educativos,
fomentando uma plataforma de atores diversos PE3
a trabalharem para esse fim numa lógica de
complementaridade e parceria
1.3.3. Alargar o trabalho de capacitação por parte
dos serviços educativos a públicos estigmati-
zados e outsiders às estratégias habituais de
dinamização cultural (incluindo minorias étnicas,
idosos isolados, estudantes Erasmus, sem-abri-
go, jovens indiciados por delinquência e grupos
de imigrantes)
1.3.4. Facilitar e cooperar na promoção da cultura
e da criatividade nos currículos escolares e
nas práticas pedagógicas de forma alargada,
sensibilizando as populações mais jovens para
a crucialidade da cultura e da criatividade como
ativos
(continua)
247
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes e
Medidas
1.6. Trabalhar a fruição 1.6.1. Captar e cativar comunidades imigrantes espe- M5 / M6 / M10 /
dos novos públicos cíficas (chinesa, indiana, paquistanesa, brasilei- M13 / M15 / M17 /
específicos ra, PALOP) potenciando o seu envolvimento na M20 / M21 / M22
atualmente em cultura da cidade e do país. / M23 / M25 /
desenvolvimento 1.6.2. Reconhecer e cativar os segmentos de público M27 / M29
mais jovens que se movem em circuitos ditos
“alternativos” e “invisíveis” à escala metropoli- PE2 / PE3
tana.
1.6.3. Captar estudantes deslocados e Erasmus
1.6.4. Captar “novos” residentes estrangeiros com
capital cultural e económico
1.9. Promover cruzamen- 1.9.1. Promover cruzamentos por idade, género, etnia, M5 / M10 / M11 /
tos de públicos na tipo de atividade M12 / M15 / M17 /
fruição cultural 1.9.2. Promover dessacralização cultural e permeabili- M20 / M21 / M22
dade entre “alta” e ”baixa” cultura / M23 / M25 /
1.9.3. Promover cruzamento entre atividades culturais M27 / M32 / M33
e outras atividades não “tradicionalmente”
culturais PE2 / PE3 / PE4
248
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes e
Medidas
2.1. Apoiar a criação, 2.1.1. Disponibilizar apoio logístico (recursos, equipa- M1 / M3 / M4 /
produção e exibição mentos técnicos) M6 / M7 / M14 /
(apoio aos agentes 2.1.2. Disponibilizar apoio através de coprodução de M16 / M22 / M27
culturais nas suas iniciativas, ou apoios financeiros pontuais / M34
diversas vertentes) 2.1.3. Disponibilizar informação e apoio jurídico aos
agentes culturais PE2 / PE5
2.1.4. Implementar e divulgar regras claras para o
apoio financeiro e logístico aos agentes cultu-
rais e criativos
2.1.5. Promover sistemas de avaliação e monitoriza-
ção
2.1.6. Mapear e gerir os espaços municipais dispo-
níveis, divulgando adequada e regularmente
informação sobre os mesmos
(continua)
249
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes e
Medidas
2.5. Disponibilizar 2.5.1. Continuar a desenhar uma estratégia com crité- M1 / M3 / M10 /
espaços para rios claros para disponibilizar espaços culturais M11 / M14 / M16
criação, ensaio, formais e informais (para a produção, criação, / M27
produção a agentes ensaio, residências artísticas, etc.) existentes na
culturais da cidade, cidade PE2 / PE4
em setores diversos 2.5.2. Assumir um papel ativo na implementação,
regulação e desenvolvimento dos clusters de
indústrias criativas, em articulação com outros
pelouros e organizações da cidade
2.5.3. Garantir que estes espaços estejam adequados
e direcionados para diferentes setores e prá-
ticas artísticas (música, teatro e performance,
artes visuais, etc.)
(continua)
250
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes e
Medidas
2.7. Promover as capa- 2.7.1. Alargar a diversos pontos na cidade o apoio M8 / M14 / M22 /
cidades empreen- técnico e informação especializada (ex: aspetos M30 / M33
dedoras, e a gestão legais, fiscais, segurança social, financiamentos,
das organizações direitos de autor, etc) aos agentes culturais e PE2 / PE4
culturais e criativas criativos
2.7.2. Promover a divulgação de boas práticas
2.7.3. Aproveitar e adaptar os mecanismos de incuba-
ção e financiamento para startups e microem-
presas para o tecido cultural
2.10. Melhorar a relação 2.10.1. Fomentar a transparência e clareza nos procedi- M1 / M3 / M4 /
da CML com os mentos de atribuição e de prestação de contas M6 / M8 / M14 /
criadores e em todos os apoios ao tecido cultural e criativo M24 / M33
promotores da cidade
culturais 2.10.2. Continuar a promover a identidade especí- PE4 / PE5
fica dos diversos equipamentos municipais
através da contratualização clara de programas
plurianuais e da escolha dos seus responsáveis
(diretores e programadores)
2.10.3. Encontrar modelos de recrutamento de Recur-
sos Humanos eficientes e alternativos
251
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes e
Medidas
3.1. Promover o estudo 3.1.1. Promover uma maior ligação entre a cultura M9 / M18 / M19 /
e o conhecimento na cidade com o trabalho desenvolvido pelas M23 / M25 / M28
da memória e da(s) universidades e centros de investigação / M30
identidade(s) da 3.1.2. Apoiar a disseminação da cultura científica
cidade PE4 / PE5
(continua)
252
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes e
Medidas
3.5. Promover a ligação 3.5.1. Cultivar o gosto por Lisboa, proporcionando M5 / M6 / M9 /
e a expressão as condições para que os que vivem e visitam M15 / M17 / M18 /
afetiva pela cidade a cidade tenham gosto na sua relação com a M20 / M23 / M24
cidade / M25 / M28 /
3.5.2. Estimular a compreensão da presença da cida- M30 / M34
de no contexto europeu e mundial, permitindo
entender o sentido de Lisboa no mundo PE1 / PE2 / PE3
3.5.3. Valorizar a marca Lisboa Cultura, como uma / PE5
forma de potenciar a relação afetiva com a
cidade
253
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
EE4. Regulação dos efeitos externos induzidos pelas atividades culturais na cidade
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes
e Medidas
4.1. Atenuar efeitos 4.1.1. Descentralizar a oferta cultural, em especial, do M2 / M14 / M27 /
externos induzidos centro histórico para as zonas periféricas de M30 / M35
pela procura turís- Lisboa
tica, em particular 4.1.2. Regular e fiscalizar o impacto dos usos mas- PE1 / PE2
em zonas com sificados, do turismo e da pressão imobiliária
património histórico no património e vivência cultural da cidade,
e monumental de modo a garantir um equilíbrio entre os
(com componente interesses e as necessidades dos habitantes e
cultural) dos visitantes
4.1.3. Reavaliar a regulamentação relativa ao aloja-
mento local, comércio e habitação, de forma a
evitar a monofuncionalização
4.2. Regular as externa- 4.2.1. Acionar mecanismos compensatórios que per- M2 / M4 / M35
lidades decorrentes mitam colmatar as externalidades provocadas
de atividades por algumas atividades culturais (ex: perturba- PE1
culturais ções ao nível do ruído, mobilidade e estacio-
namento decorrentes de sets de filmagens e
eventos no espaço público)
4.2.2. Garantir a canalização de parte da verba
proveniente da taxa turística para mecanismos
compensatórios neste campo
4.2.3. Promover a internalização de custos associados
a externalidades (ex: mobilidade, higiene) na
organização de grandes eventos
(continua)
254
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
EE4. Regulação dos efeitos externos induzidos pelas atividades culturais na cidade
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes
e Medidas
4.4. Promover 4.4.1. Condicionar (permanentemente ou tempora- M2 / M3 / M30
mecanismos de riamente) a circulação de veículos motorizados / M35
compensação individuais em dias e/ou zonas de grande fluxo
preventivos (ex. de trânsito associado a eventos culturais. PE1
mobilidade, 4.4.2. Garantir uma rede de transportes coletivos efi-
estacionamento) ciente e acessível em dias de grandes eventos
culturais.
4.4.3. Implementar esquemas de bilhetes articula-
dos entre atividades culturais e transportes
públicos.
255
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes
e Medidas
5.1. Afirmar o 5.1.1. Dinamizar a articulação intermunicipal metro- M6 / M14/ M16 /
protagonismo da politana no campo cultural M17 / M19 / M27
autarquia na 5.1.2. Promover a colaboração quotidiana com outras M31 / M33 / M34
articulação do instituições municipais da AML
tecido cultural 5.1.3. Promover a colaboração quotidiana com juntas PE6
metropolitano de freguesia da cidade (e AML)
5.1.4. Promover articulação com outros agentes,
públicos e privados, com atividade cultural na
AML
5.3. Afirmar Lisboa 5.3.1. Valorizar Lisboa enquanto plataforma cultural M17 / M33 / M34
internacionalmente entre Europa, África e América e valorizar
como polo cultural relação com a Ásia (em particular os espaços PE6
com oferta de ibero-americano e lusófono)
excelência 5.3.2. Estimular a relação quotidiana com redes e
instituições internacionais
5.3.3. Intervir ativamente nos territórios culturais e
sociais transnacionais
5.3.4. Atuar concertadamente na promoção global
em artworlds específicos (ex: cinema, livro)
(continua)
256
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Programas
Objetivos Subobjetivos Estruturantes
e Medidas
5.4. Promover interna- 5.4.1. Desenvolver estratégias de promoção setoriais M14 / M31 / M33
cionalização dos internacionalmente (ex: apoios a presenças / M34
recursos culturais bienais, festivais, feiras / apoio ao gatekeeping
da cidade e da sua formal e informal)
metrópole 5.4.2. Pensar integradamente o acolhimento de
PE4 / PE5 / PE6
grandes eventos e manifestações artísticas
5.4.3. Promover e valorizar internacionalmente a
marca associada à cultura em Lisboa
5.4.4. Definir uma estratégia de visibilidade inter-
nacional (e nacional) dos principais aconte-
cimentos e espaços artísticos da cidade, em
articulação com ATL
5.4.5. Pensar integradamente ao nível metropolitano
o potencial das zonas ex-industriais abando-
nadas e o seu aproveitamento para a cultura e
indústrias criativas
5.6. Melhorar a organi- 5.6.1. Promover articulação e diálogo entre os vários M9 / M14 / M19 /
zação e articulação pelouros (ex: educação, economia e inovação, M30 / M31 / M32
intra institucional ao turismo, urbanismo, social) / M33
nível da CML
PE5
257
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
1.1. Promover a
vivência e a fruição
cultural territorializa-
da da cidade 1.2. Aproveitar
1.9. Promover
/ promover /
cruzamentos de
mobilizar dinâmicas
públicos na fruição
culturais locais de
cultural
proximidade
1.8. Desenvolver o
1.3. Incrementar a
conceito e prática de
“fruição ativa”
EIXO 1 literacia cultural
Promoção da experiência de
fruição cultural
1.4. Garantir
1.7. Melhorar relação
condições
da CML com o utente
facilitadoras do
cultural
acesso à cultura
258
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
259
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Um dos problemas já anteriormente iden- diversificados, podem atuar como polariza-
tificados no relatório de 2009, que ainda dores de vida cívica e cultural dos bairros.
hoje se mostra atual e premente, prende-se Outra forma de atuação pode consistir numa
com a debilidade de dinâmicas culturais de melhor articulação em rede entre agentes e
proximidade em muitas zonas da cidade. equipamentos já existentes no território, no-
Torna-se assim necessário aumentar as pres- meadamente: bibliotecas, escolas, associa-
tações de serviços culturais de proximidade, ções e juntas de freguesia. Apesar de hoje
de base local, em espaços abertos à parti- se assistir a um esforço destas estruturas em
cipação e expressão da cidadania. Uma das se adaptarem às realidades socioculturais
formas de cumprir esse objetivo passa pela das comunidades onde se inserem, é neces-
criação de raiz de centros de proximidade. sário também que se foquem na articulação
Espaços estes fortemente territorializados e e cruzamento das suas programações e ativi-
ancorados em contextos locais particulares, dades diferenciadas, almejando provocar as
que ao conjugaram valências múltiplas (não desejadas dinâmicas de coesão territorial e
somente culturais) e fornecerem serviços de integração social e cultural.
A respeito da valorização de dinâmicas terri- Projeto desenvolvido em Londres. Não se
toriais, é pertinente explorar: trata apenas de uma biblioteca ou de um
lugar para aprender. Para além dos serviços
Idea Stores - Library Learning Information de biblioteca, estes espaços oferecem uma
http://www.ideastore.co.uk/ ampla gama de cursos/oportunidade de for-
mação para adultos e um extenso programa
de atividades e eventos.
260
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Uma das conclusões que ressaltou do dia- sensibilizando as populações mais jovens
gnóstico sobre a atividade cultural de Lisboa para a sua importância. Só através de inicia-
é a de que existe uma escassez de hábitos tivas educativas estruturadas e continuadas
culturais regulares por parte da maioria da é que se poderá ativar o capital cultural dos
população da cidade. Inúmeros fatores têm diferentes públicos, de modo a reforçar a
vindo a contribuir para este diminuto capital sua fruição e vivência cultural da cidade. De-
cultural, incluindo fatores de índole social e vem-se incluir nestas ações educativas a pró-
económica, o que se traduz numa carência pria classe artística, bem como populações
de público recorrente e fidelizado. Contu- estigmatizadas e outsiders às estratégias
do, uma das dimensões determinantes para habituais de dinamização cultural (incluindo
a construção, promoção e enraizamento minorias étnicas, idosos isolados, estudantes
de hábitos culturais, logo desde a tenra Erasmus, sem-abrigo, jovens indiciados por
idade, são os programas educativos, seja no delinquência e grupos de imigrantes). Dada
seio dos próprios equipamentos culturais, a importância deste objetivo, de incrementar
seja através das escolas. É essencial assim a literacia cultural, é necessário também alar-
promover a cultura, a criatividade e o es- gar o universo de dinâmicas e de atores dos
pírito crítico nos currículos escolares e nas serviços educativos numa lógica de comple-
práticas pedagógicas de forma alargada, mentaridade e parceria.
261
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Se uma das grandes linhas de atuação é (ex: acesso wi-fi gratuito) enquanto veículo
proporcionar uma melhor fruição cultural de enriquecimento social, cultural, lúdico e
na cidade, é imprescindível garantir as con- informativo. Por fim, é necessário combater
dições necessárias que facilitem o acesso à as barreiras simbólicas associadas à fruição
cultura por parte de todos os cidadãos, sem de cultura, que demasiadas vezes levam à
exceções ou discriminações de foro físico, autoexclusão de pessoas que compõem os
social e intelectual. Assim sendo, um primei- denominados não-públicos. Há que traba-
ro objetivo passa por fomentar condições lhar nesta dimensão de modo a ultrapassar
adequadas de acesso físico (ex: transporte, as barreiras simbólicas associadas à “alta
rampas, sinalização) aos equipamentos e cultura” e desmistificar o conceito de cultura
programas culturais da cidade para pessoas associado somente às Artes, criando assim
com mobilidade reduzida e handicaps espe- novas sensibilidades e canais para a fruição
cíficos. Importa também promover a acessi- de novas experiências e conteúdos culturais
bilidade generalizada às novas tecnologias
Sobre a divulgação da oferta cultural da ci- Projeto desenvolvido em Barcelona pela
dade nos transportes públicos, vale a pena TBM Foundation. O objetivo é levar a cultura
conhecer: a diferentes públicos, integrando os espaços
polivalentes das redes de metro e autocarro
TMB Culture no cenário cultural metropolitano. Estes es-
https://fundacio.tmb.cat/en/tmb-culture paços transformam-se em palco de inúmeras
atividades culturais. Desta forma, o projeto
https://fundacio.tmb.cat/en/tmb-culture/ estabelece ligações entre os públicos e as
cultural-project principais instituições culturais de Barcelona
e da área metropolitana, tornando a viagem
pelos transportes públicos uma experiência
mais enriquecedora.
262
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Pensar sobre a experiência cultural é pensar conforto). Outras formas de valorizar a expe-
necessariamente na qualidade da sua frui- riência cultural prendem-se com o melhora-
ção pelos seus públicos, sejam eles mais ho- mento dos serviços de acolhimento. Seja ao
mogéneos ou mais heterogéneos. De modo nível do atendimento (ex: promover ações
a promover a qualidade da experiência é de sensibilização para o staff em funções de
necessário acautelar uma série de condições frente de casa); dos serviços complementa-
que sejam profícuas à fruição cultural, sejam res de apoio (ex: haver zonas de descanso,
elas de ordem infraestrutural (ex: qualidade WCs, elevadores e cafetarias); seja ao nível
dos equipamentos e espaços de exibição), dos horários (ex: flexibilizar e ajustar horários
técnica (ex: qualidade da iluminação e da às necessidades dos públicos).
acústica) e ambiental (ex: temperatura e
263
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Objetivo 1.6. - Trabalhar a fruição dos novos públicos específicos atualmente em desen-
volvimento
No âmbito da nova conjuntura turística e “alternativos” e “invisíveis”, fora dos circuitos
cosmopolita da cidade, Lisboa tem acolhido institucionalizados. Também os estudantes
um cada vez maior número de comunidades Erasmus e os residentes estrangeiros com
e segmentos diferenciados de público (ex: capital cultural devem ser tidos em conta,
visitantes nacionais, turistas, imigrantes, re- nomeadamente através da legendagem de
sidentes e estudantes). De modo a promover eventos artísticos e da tradução para inglês
um diálogo intercultural e a inclusão social de alguns meios de comunicação de cultura
e cultural das inúmeras comunidades imi- da Câmara/EGEAC. No fundo, a CML deve
grantes (ex: chinesa, indiana, paquistanesa, valorizar, conhecer e tentar captar os mais
brasileira e PALOP) é importante conseguir diversos segmentos de público metropoli-
envolvê-las na cultura da cidade e do país. tanos, sejam eles reais/potenciais, nacionais/
Outro público importante e descurado que internacionais, visíveis/invisíveis. Só através
é necessário cativar são os jovens da AML, do engajamento dos mais diversos públicos
dado que existe um desconhecimento gene- fruidores de cultura é que se poderá aumen-
ralizado do consumo de conteúdos culturais tar a massa crítica na cidade.
264
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
265
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
266
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
267
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
2.1. Apoiar
a criação, pro-
dução e exibição
(apoio aos agentes
2.10. Melhorar a culturais nas suas 2.2. Promover a
relação da CML com diversas verten- expressão
os criadores e tes) multicultural
promotores e o diálogo
culturais intercultural
Promoção da capacidde de
2.8. Apro- expressão cultural
veitar os efeitos 2.4. Estimular
económicos, contacto com
transversalmente, de ambientes e
incorporação de con- atmosferas
teúdos estéticos e criativos
simbólicos
2.7. 2.5. Dispo-
Promover as nibilizar espaços
capacidades para criação, ensaio,
empreendedoras, e produção a agentes
a gestão das organi- culturais da cida-
zações culturais e 2.6. Promover a de, em setores
criativas integração e fixação diversos
de agentes criativos
268
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Objetivo 2.1. - Apoiar a criação, produção e exibição (apoio aos agentes culturais nas suas
diversas vertentes)
Para garantir uma maior oferta cultural de aos apoios financeiros e logísticos, a autar-
qualidade e contribuir para a afirmação da quia pode atuar através do empréstimo ou
capital como cidade cosmopolita e cultural, aluguer de materiais e equipamentos, apoio
a CML deve ter um papel ativo, estratégico legal e jurídico ou na coprodução de iniciati-
e seletivo na disponibilização de apoios e de vas culturais pontuais. A CML deve ainda as-
recursos que facilitem e garantam condições sumir um papel mais dinâmico na promoção
para a criação, produção e exibição culturais de sistemas de avaliação e monitorização
e artísticas. Com critérios claros e transpa- das iniciativas e apoios prestados.
rentes na divulgação das regras relativas
269
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Desde as Estratégias para a cultura 2009 que e outras formas de articulação em rede. É
a cidade viveu várias transformações. Há uma nesses fóruns que se tem decidido algum
deslocalização na criação de novos espaços planeamento estratégico da cidade; através
culturais do centro histórico para o eixo em da articulação entre diversos agentes: mo-
torno da Avenida Almirante Reis (e da Pena à vimento associativo, serviços autárquicos e
Graça). Também nesse território, há uma re- setor público em geral. A CML - cultura nas
novação do tecido associativo pré-existente, suas várias vertentes e escalas (DMC, EGEAC,
que acolhe frequentemente novos coletivos equipamentos de proximidade) deve passar
que atuam aí de forma efémera. Noutros a articular com esses fóruns. Para além da
locais da cidade, mais periféricos e jovens, articulação em rede, a proximidade da CML
há dinâmicas culturais, informais ou acopla- à multiplicidade de territórios da cidade per-
das ao movimento associativo, que passam mitirá observar as transformações nas dinâ-
despercebidas ao setor. Do ponto de vista micas culturais muitas vezes não observáveis
da governação, as alterações económicas numa abordagem mais setorial. Novos ato-
das últimas décadas, as medidas de auste- res culturais da cidade têm-se movido nas
ridade da última legislatura, a estrutura de redes locais, adequando para seu financia-
acesso aos fundos da União Europeia (des- mento práticas autogestionadas ou através
continuados e novos programas) e a refor- de fundos territoriais como os BIP/ZIP e a
ma administrativa da cidade; contribuíram DLBC (Desenvolvimento Local de Base Co-
para novas formas de governança da e na munitária) – uma estruturação dos novos
cidade. Criaram-se redes temáticas, grupos fundos comunitários.
comunitários, comissões sociais de freguesia
270
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
271
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Objetivo 2.5. - Disponibilizar espaços para criação, ensaio, produção a agentes culturais
da cidade, em setores diversos
272
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
No que diz respeito à medida nº22, relativa instrumentos musicais mais antigos do
ao Projeto-Piloto Multidisciplinar que visa mundo (ca. 12.000 anos), sendo hoje tocado
explorar o envolvimento ativo de públicos em diversas partes do globo, em particular
em iniciativas que articulem práticas cul- em Itália, na China e no Japão. A versão mais
turais com outras áreas disciplinares e que moderna da ocarina (séc. XIX), descende da
explorem mecanismos de financiamento cru- própria cidade de Budrio, razão pela qual
zados, importa analisar: se organiza este festival bianual desde 2005,
atraindo aficionados, músicos e fabricantes
Budrio Ocarina Festival de todo o mundo para partilhar know-how e
http://www.ocarinafestival.it/?lang=en tocarem juntos. O evento é um sucesso en-
quanto nicho cultural pois cruza artesanato
O Festival Internacional de Ocarina, da ci- e música, sendo um polo de atração para a
dade de Budrio, é um evento dedicado à cidade e para a cultura italiana, em especial
atmosfera e ao som da ocarina, um instru- a gastronomia. Para além disso, o seu cará-
mento de sopro globular feito geralmente ter intercontinental permite o financiamento
de porcelana, terracota, madeira ou pedra. cruzado com países participantes, nomeada-
Pertence à família das flautas e é um dos mente, a Coreia do Sul e o Japão.
273
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Tem sido notável o esforço de reorganiza- articulação da informação existente nas múl-
ção dos equipamentos culturais municipais. tiplas plataformas de divulgação das diver-
Existem, contudo, ainda alguns obstáculos sas instituições culturais da cidade, públicas
na articulação entre os diversos equipamen- e privadas e fomentar experiências de cola-
tos, especialmente ao nível da divulgação boração para a divulgação. Dado o aumento
e comunicação das diversas programações. do número de residentes estrangeiros e de
Cabe à CML promover a difusão da informa- turistas em Lisboa, potenciais fruidores de
ção nos equipamentos municipais, com de- cultura, deve ser feito um investimento em
sign e texto orientados para diversos tipos materiais de comunicação e de informação
de públicos, nos múltiplos tipos de meios e cultural em inglês, tendo como prioridade a
suportes. A autarquia deve ainda facilitar a Agenda Cultural (versão impressa e website).
A abertura do Polo Cultural das Gaivotas | da cidade. A estas questões acresce ainda
Boavista contribuiu para melhorar a relação a ausência de um modelo eficaz para o re-
entre o Pelouro da Cultura e alguns agen- crutamento de novos profissionais da cultura
tes culturais, particularmente no campo das nos equipamentos municipais, uma questão
artes performativas. Persiste, contudo, uma que a CML deve analisar cautelosamente
dificuldade de comunicação entre agentes para fortalecer o setor. Para além da clareza
culturais e os interlocutores dos serviços e e da transparência, a CML deverá continuar
equipamentos municipais vocacionados para a promover a identidade específica dos di-
as questões da cultura. Apesar dos esforços versos equipamentos municipais através da
reconhecidos dos últimos anos persiste contratualização clara de programas pluria-
também falta de clareza nos procedimentos nuais e de modelos de recrutamento alter-
de atribuição e de prestação de contas em nativos para a escolha dos seus responsáveis,
todos os apoios ao tecido cultural e criativo nomeadamente diretores e programadores.
274
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
3.1. Promover
o estudo e o
conhecimento da
memória e da(s)
identidade(s)
da cidade
3.2. Pre-
servar e divulgar
3.5. Promover a
o património e a
ligação e a
memória da cidade,
expressão afetiva
refletindo sobre a sua
pela cidade EIXO 3 contemporanei-
dade
Valorização e reforço da
imagem, da vivência e da
memória coletiva da cidade
3.4. Impul-
sionar o estudo 3.3. Garantir
das atividades a preservação e
culturais da cidade requalificação do
e das políticas património tangível
que sobre elas e intangível
incidem
Promover uma maior ligação da cidade com cidade, a sua memória e a(s) sua(s) identida-
a produção científica que se faz nas univer- de(s), frequentemente feito com o apoio das
sidades, nos centros de investigação e nou- instituições museológicas, facilitando a che-
tras instituições que promovem o estudo da gada destes a diferentes públicos e estratos
cidade, dando a conhecer o seu trabalho e sociais. Tal contribuirá para a afirmação da
disseminando o conhecimento científico e riqueza cultural, económica e simbólica da
a sua aplicação na vida quotidiana. Importa cidade, e para a preservação e reflexão da
contribuir para a disseminação e democrati- sua memória e da(s) sua(s) identidade(s).
zação do estudo e do conhecimento sobre a
275
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Sobre literacia cultural e acesso à cultura por cultura. Reúne cerca de 11.000 pessoas e
parte de crianças e jovens, vale a pena co- organizações que trabalham em torno de
nhecer: diferentes setores: artístico, cultural, criativo,
educativo, juventude e aprendizagem. Os
The Cultural Learning Alliance seus principais objetivos são: desenvolver e
http://www.culturallearningalliance.org.uk/ defender uma estratégia nacional coerente
para a aprendizagem cultural; unir os seto-
É um projeto sediado em Londres, que res da educação, da juventude e da cultura;
pretende assegurar que todas as crian- difundir boas práticas; demonstrar porque a
ças e jovens tenham acesso significativo à aprendizagem cultural é tão importante.
Lisboa tem de ser capaz de desempenhar a autarquia deve aqui passar pela promoção e
sua função de preservar e devolver aos seus facilitação de um diálogo e de uma ação es-
fruidores as suas múltiplas memórias. Ao tratégica articulada entre os diferentes agen-
mesmo tempo, num contexto marcado por tes que atuam no espectro do património e
transformações e imbricações múltiplas, é da memória coletiva da cidade, como sejam
crucial refletir sobre a sua contemporanei- os diversos museus (municipais e nacionais),
dade, problematizando e debatendo os os arquivos, as bibliotecas, as escolas, as
seus imaginários e identidades atuais. Neste universidades e centros de investigação. De
quadro, é fundamental promover e dinami- igual modo, num futuro próximo, salvaguar-
zar o estudo sobre Lisboa, em colaboração dando o necessário distanciamento tempo-
com o meio universitário e de investigação ral, deverá ser assumido como objetivo a
da cidade, bem como com o tecido escolar, monitorização e avaliação da reestruturação
particularmente ligado à história. O papel da orgânica do setor museológico municipal.
276
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Objetivo 3.4. - Impulsionar o estudo das atividades culturais da cidade e das políticas
que sobre elas incidem
Para se conhecer verdadeiramente o que objetivo a avaliação do impacto das ativi-
Lisboa tem para oferecer em termos cultu- dades culturais nas diferentes populações
rais, artísticos e criativos, e para que se possa (residentes e fruidoras) e na própria vivência
garantir e apoiar uma atuação municipal con- da cidade, bem como garantir um acompa-
sistente e eficaz neste campo, é necessário nhamento alargado da implementação das
proceder a um levantamento e mapeamento estratégias e da atuação pública municipal
sistemáticos da procura e da oferta cultural para a cultura, através de uma monitorização
na cidade, bem como à sua contínua moni- e reflexão continuadas, que deverão envolver
torização. Estas tarefas podem ser facilitadas regularmente um conjunto de atores-chave
e potenciadas pela utilização da plataforma do campo artístico e cultural da cidade. Este
de dados abertos, uma ferramenta essencial acompanhamento, monitorização e reflexão
à concentração e divulgação de dados atua- poderão ser assumidos pelo observatório
lizados relativos ao setor cultural. A par deste para mapeamento e monitorização das ativi-
exercício, deve também assumir-se como dades culturais da cidade (medida 30).
Reforçar a imagem, a vivência e a memória pelos habitantes de Lisboa como pelos seus
da cidade passa, igualmente, por promover visitantes nacionais ou estrangeiros. Tal
o sentimento de pertença, a ligação e a ex- passa por permitir compreender o sentido
pressão afetiva daqueles que a habitam e de Lisboa no mundo, aspeto especialmen-
a vivenciam. Em articulação com diferentes te pertinente em 2017, com Lisboa - Capital
agentes e entidades da cidade, a atuação Ibero-americana de Cultura. Neste sentido,
da CML deverá criar condições para que os como forma de potenciar a relação e a ex-
que nela vivem e para os que a visitam se pressão afetiva por Lisboa e a identificação
identifiquem com a cidade e tenham gosto com a cidade e, ao mesmo tempo, promover
na sua relação com ela, desenvolvendo uma o entendimento do seu posicionamento no
ligação sentimental com Lisboa. Paralela- contexto europeu e mundial, é preponde-
mente, a CML deve assumir como objetivo rante que o Pelouro da Cultura contribua
estimular a compreensão da presença da ci- para a valorização da marca Lisboa Cultura.
dade no contexto europeu e mundial, tanto
277
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
4.1.
Atenuar efeitos
externos induzidos
pela procura turística
em particular em zonas
com património histórico
e monumental com
componente
cultural
4.5.
Desenvolver
4.2. Regular as
mecanismos de
externalidades
compensação asso-
decorrentes de
ciados à valorização
atividades
imobiliária ligada EIXO 4 culturais
às atividades
culturais
Regulação dos efeitos
externos induzidos pelas
atividades culturais da cidade
4.3. Regular
4.4. Promover conflitos de uso
mecanismos de associados à anima-
compensação ção noturna nomea-
preventivos damente em bairros
históricos
278
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Objetivo 4.1. - Atenuar efeitos externos induzidos pela procura turística em particular em
zonas com património histórico e monumental com componente cultural
279
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Santa Maria Maior ou a de Santo António, compensatórios neste campo cultural, estan-
entre outras, em que isto acontece, seja com do os impactos mais ou menos ligados a
eventos em espeço público, seja por filma- essa atividade turística. Uma outra via será a
gens e gravações muito frequentes) deverão progressiva internalização de alguns destes
ser alvo de mecanismos que as possam com- custos externos por parte dos organizadores
pensar direta ou indiretamente alguns dos dos grandes eventos, que mobilizem audiên-
prejuízos que sentem na sua vida quotidiana cias muito massificadas e que, dessa forma,
(que podem ir, por exemplo, do fornecimen- geram alterações e impactos significativos na
to de lugares de estacionamento alternativos gestão de sistemas como os de mobilidade
até à compensação financeira, em géneros, (ex: pressão acrescida sobre os transportes
ou em isenções fiscais, entre muitas ou- públicos e congestionamento de infraestru-
tras possibilidades). Uma forma de poder turas de circulação e estacionamento) ou de
operacionalizar esta compensação poderá higiene urbana (ex: sistemas de recolha de
ser a canalização de parte da verba prove- resíduos ou de limpeza de espaços públicos).
niente da taxa turística para mecanismos
280
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
281
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
No que diz respeito à medida nº2 (pág. 313), 2020, o Torino Smart City Project visa criar
referente ao Cartão Residente, que incentiva uma cidade-modelo inteligente e sustentá-
o acesso a equipamentos/espetáculos/even- vel em torno de 5 eixos: energia, mobilida-
tos geridos por entidades da DMC e EGEAC, de, qualidade de vida & saúde, inclusão e
como forma de compensar externalidades integração. A excelência da oferta cultural
negativas decorrentes de perturbações nas e o desenvolvimento de públicos surge
áreas residenciais (ex: nível elevado de ruído, também como objetivo transversal, sendo o
mobilidade condicionada e estacionamento Turin+Piemonte Card, uma expressão dessa
deficiente decorrente de obras, filmagens e intenção. Concebido para promover a hospi-
eventos no espaço público), importa explorar: talidade e a cultura local, este cartão, por um
preço simbólico, permite a entrada gratuita
Torino Smart City Card e/ou descontos em mais de 180 museus, mo-
http://www.turismotorino.org/card/ numentos, exposições, fortalezas, castelos e
residências reais de Turim e Piemonte. Serve
http://www.torinosmartcity.it/english-ver- igualmente como instrumento compensató-
sion/ rio de externalidades para os seus cidadãos,
através de um sistema de pontos que lhes
No âmbito do Programa-Quadro Comuni- permite utilizarem vários serviços culturais e
tário de Investigação & Inovação Horizonte turísticos da cidade, incluindo a restauração.
282
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
pela atividade cultural. Por um lado, pro- a serem obrigatoriamente incorporados nos
mover e facilitar mecanismos de utilização seus projetos imobiliários). Por outro lado,
temporária de edifícios devolutos (ex: isen- ainda, promover a constituição de veículos
tando taxação da propriedade enquanto de financiamento (fundos) do tipo dos an-
estes imóveis estiverem afetos ao uso cultu- glosaxónicos trust funds para a promoção
ral, de forma temporária, incentivando a sua imobiliária em certas zonas da cidade, com a
utilização para fins culturais). Por outro lado, institucionalização de contribuições obriga-
promover mecanismos de compensação as- tórias dos promotores imobiliários para estes
sociados à incorporação de conteúdos cul- fundos (quando invistam em certos bairros
turais e artísticos nos projetos de promoção em processo de valorização imobiliária, ou
imobiliária (ex: à semelhança do que aconte- devido ao seu caráter cultural e patrimonial),
ce em muitos países, e já existiu em Portugal, sendo depois as verbas destes fundos geri-
a obrigatoriedade de os promotores imobi- das para o apoio à atividade cultural na cida-
liários afetarem uma percentagem mínima de pela autarquia.
do seu investimento em conteúdos artísticos
No que diz respeito à medida nº14 (pág. 313), do anfiteatro ficou a cargo da organização
referente ao Programa Reabilita Primeiro Freedom Festival Arts Trust, responsável por
Paga Depois para a cultura, que sugere a iniciativas culturais e artísticas na cidade. O
venda de edifícios municipais devolutos para anfiteatro tem por objetivo ser uma platafor-
serem obrigatoriamente reabilitados pelo ma multidisciplinar para a atuação e expres-
adquirente como espaços culturais (com a são de diversas formas artísticas (Ex: Música,
vantagem de este poder diferir o pagamen- Teatro, Artes Plásticas). O projeto @TheDock
to até ao termo do prazo contratual), importa pretende ser considerado um exemplo icó-
conhecer: nico de regeneração urbana, comercial e cul-
tural, demonstrando como o setor privado e
Anfiteatro nas Docas de Hull público podem trabalhar em conjunto para
http://www.hulldailymail.co.uk/stunning- criar estruturas inovadoras, incluindo o setor
-new-stage-thedock-amphitheatre-venue/ cultural.
story-28711006-detail/story.html
Ainda referente à medida nº14 e também
http://wykeland.co.uk/developments/the- ao objetivo 4.5. (Desenvolver mecanismos
dock/ de compensação associados à valorização
imobiliária ligada às atividades culturais), em
No âmbito da nomeação da cidade de Hull termos do futuro arrendamento de novos es-
como UK City of Culture em 2017, a sua zona paços reabilitados pela CML a associações
industrial foi reabilitada para ser transfor- ou instituições culturais, será interessante
mada num quarteirão cultural - @TheDock considerar e refletir sobre o conceito inglês
- onde se inclui um anfiteatro, situado entre de Peppercorn Rent, uma renda nominal ou
inúmeras novas estruturas e edifícios. O in- muito baixa, que permita que se estabeleça
vestimento total do empreendimento per- um contrato legal embora a preço simbólico.
tence à empresa Wykeland, mas a gestão
283
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
5.1.
Afirmar o
protagonismo da
autarquia na
articulação do
tecido cultural
metropolitano
5.2.
5.6. Melhorar Impulsionar a
a organização e excelência pela
articulação capacidade de gerar
intrainstitucional ao massas críticas
nível de CML únicas a nível
nacional
EIXO 5
Mobilização do potencial
cosmopolita do território
metropolitano de Lisboa
5.5.
Melhorar a 5.3.
organização e Afirmar Lisboa
governança interna internacionalmente
dentro da estrutura como polo cultural
cultura CML (DMC com oferta de
e EGEAC) excelência
5.4. Promover
internacionaliza-
ção dos recursos
culturais da cidade e
da sua metrópole
284
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Os principais desafios que se colocam aos capital e principal destino turístico do país,
grandes centros urbanos da atualidade tem a obrigação de conceber uma visão glo-
passam, de forma geral, pelo equilíbrio e bal, generosa e alargada da sua ação cultu-
harmonização das diferentes dimensões que ral. Essa visão enquadra-se na sua vocação
compõem a sua governação. Nesse senti- cosmopolita, e esse trabalho começa com
do, a ação cultural desenvolvida pela Câ- naturalidade na necessidade de desenvolver
mara de Lisboa não pode ser desenvolvida mecanismos de relacionamento cada vez
de forma isolada, nem descontextualizada mais aprofundados e sofisticados com os
da realidade geográfica e socioeconómica concelhos limítrofes, assim como com as ins-
que a rodeia. Lisboa, enquanto centro me- tituições públicas e privadas da cidade.
tropolitano da região, mas também cidade
Objetivo 5.2. - Impulsionar a excelência pela capacidade de gerar massas críticas únicas
a nível nacional
A criação de uma oferta e de uma procura de criar bolsas de talento, de criar boas
cultural não dependem em exclusivo da Câ- práticas consistentes assim como correntes
mara Municipal, mas esta, enquanto princi- de públicos informadas e com práticas de
pal promotor cultural da cidade, ocupa uma consumo cultural regulares. As iniciativas
posição privilegiada para contribuir para um propostas pela Câmara, diretamente ou
dinamismo consequente do setor cultural. Só por interposto equipamento ou organismo,
a articulação entre as diferentes estratégias deverão resultar de uma visão global para
de cada equipamento, de cada organismo e cultura. Esse trabalho deverá conter a ambi-
de cada programação permitirão, no longo ção de se estender em círculos de influência
prazo, uma visão para a cultura partilhada, cada vez mais alargados.
Objetivo 5.3. - Afirmar Lisboa internacionalmente como polo cultural com oferta de
excelência
Lisboa está especialmente habilitada, por alvo pôs a descoberto muitas das fragilida-
diferentes razões históricas e culturais, a po- des desse tecido: impreparação de muitas
sicionar-se como plataforma giratória entre estruturas para acolher um número crescen-
diferentes regiões culturais e de passagem te de visitantes internacionais, fragilidade
de inúmeros fluxos migratórios, mas tam- das coleções de alguns museus, mercado de
bém profissionais ou turísticos. Neste qua- arte incipiente, entre outras questões. Afir-
dro, a cidade deverá encontrar mecanismos mar internacionalmente a cidade de Lisboa
que fortaleçam e potenciem esse capital. terá de passar por isso e, antes de mais, pelo
A cidade começa a dispor de um leque de fortalecimento do seu tecido local, encon-
equipamentos culturais e uma oferta cultural trando e propondo aquilo que lhe é próprio
alargada e diversificada, atingindo diferentes deixando simultaneamente uma abertura
franjas da população residente. No entanto, aos movimentos, pessoas e ideias que vêm
a recente vaga turística de que a cidade foi de fora.
285
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
O facto de Lisboa ser a capital do país, assim tido em conta o capital acumulado ao longo
como o seu destino mais visitado, coloca-a de décadas de acolhimento de eventos in-
num lugar privilegiado para potenciar a inter- ternacionais, uma comunidade artística que
nacionalização dos seus recursos. A recente cada vez mais circula internacionalmente ou
vaga turística assim como as novas popula- as redes especializadas que os diferentes
ções que começam a instalar-se na cidade equipamentos culturais da cidade foram
resultam parcialmente das possibilidades de integrando. Todos estes fatores são impor-
fruição cultural que Lisboa oferece. Esta será tantes vantagens já existentes e que deverão
a primeira pista no quadro de um esforço de servir um esforço crescente de internaciona-
internacionalização, mas também deverá ser lização da cidade e dos seus recursos.
286
IDENTIFICAÇÃO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS E DOS OBJETIVOS
Este objetivo, já presente num formato nestes últimos anos, mas há ainda melhorias
seme lhante no relatório de 2009 (objetivo importantes a introduzir dentro do universo
4.5 “Incrementar as relações de coopera- cultural da câmara. Estes esforços deverão
ção...”), mantém uma importância crucial no evitar questões simples como a duplicação
quadro da ação a desenvolver pela Câmara. de objetivos ou de ações ao mesmo tempo
Deve-se reconhecer um avanço significativo que permitirão evitar vazios, melhorar capa-
nos mecanismos de articulação e de organi- cidade de reação dos serviços da câmara ou
zação interna entre os diversos organismos dos seus mecanismos de leitura da cidade.
De igual forma, o relatório de 2009 aler- dimensões da vida de uma cidade e o impac-
tava para a necessidade de desenvolver to que estas têm numa estratégia para a cul-
mecanismos de articulação e de melhoria tura tornam-nas cada vez mais indissociáveis.
organizacional entre as diferentes áreas e Só uma articulação profunda entre os dife-
departamentos do município (objetivo 4.4 rentes serviços camarários, aliada natural-
“Promover projetos de articulação e colabo- mente a uma visão de conjunto e sofisticada
ração entre os organismos...”). A importância da vida da cidade permitirão desenvolver e
natural que este objetivo já comportava há potenciar a vocação cosmopolita da cidade
7 anos cresce no quadro do presente eixo. de Lisboa.
A articulação e cruzamento das diferentes
287
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
9. IDENTIFICAÇÃO
DAS MEDIDAS E
PROGRAMAS DE
ATUAÇÃO
9.1. Articulação geral
Retomamos aqui uma figura já anteriormente
apresentada, no capítulo 5, para tornar mais
clara a diversidade de lógicas e esferas de
atuação que importa combinar para uma ação
bem-sucedida sobre o campo cultural na cidade.
Esta será, naturalmente, na vertente que aqui
nos interessa focar, no âmbito das Estratégias
para a cultura 2017, primacialmente vista a partir
da ação do Pelouro da Cultura da CML (tanto
pela via da DMC como da EGEAC), mas não
pode nem deve descurar a necessidade de
articulação interinstitucional aos mais variados
níveis que lhe permita atingir uma ação mais
efetiva nas esferas de atuação que lhe são
externas, paralelas ou complementares.
289
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Universo CML
outros pelouros e áreas de atuação
CML – CULTURA
Atuação DMC / EGEAC • Educação • Espaço Público
• Economia • Turismo
• Urbanismo • (...)
• Direitos Sociais
• Administração Central /
Governo
• Juntas de Freguesia
Cidade Metrópole • Agentes culturais e
• Municípios envolventes
(agentes externos) criativos
outros agentes culturais e • Associações
• AML / Junta Metropolitana
institucionais com atuação na
• Operadores de transportes • Empresas
cidade: no campo cultural;
• Principais agentes culturais exteriores à “cultura” • Patrocinadores / mecenas
“nacionais”
• (...)
Atuação pública (políticas / planeamento) Outra atuação (agentes privados, 3º setor, etc.,
culturais e não culturais)
Tendo isto em conta, temos, portanto, qua- Cultura, que resultam diretamente destas
tro esferas de atuação, elas próprias comple- estratégias, pelo seu caráter exemplificati-
mentares, que propomos como quadro para vo, transversal ou indutor de boas práticas;
a implementação destas estratégias:
• E a articulação com programas específicos,
• A atuação quotidiana, prosseguida re- que configuram algumas agendas exce-
gularmente pelos serviços da DMC e da cionais ou setoriais que se articulam, com
EGEAC, que corporiza a implementação graus de detalhe mais fino, com estas estra-
tégias (como a agenda digital para a cultura,
continuada e efetiva dos objetivos e su-
bobjetivos definidos; a agenda associada à questão da comuni-
cação do Pelouro da Cultura no seu todo, a
• Os programas estruturantes, com um cará- aplicação dos recursos do Fundo de Turis-
ter de atuação interdepartamental, envol- mo; ou a participação como cidade-piloto
vendo uma colaboração entre a cultura e da Agenda 21 para a Cultura, por exemplo).
outros pelouros;
São, portanto, estas quatro vertentes que se
• As medidas, ações e projetos concretos discutem nas próximas quatro secções deste
a executar ou dinamizar pelo Pelouro da capítulo.
290
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
291
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
9.3. Os programas
estruturantes
Esta segunda vertente de implementação da diversos pelouros da CML, e uma assunção
estratégia preconizada assenta num conjun- política da sua prioridade, em termos muni-
to de programas mais amplos, direcionados cipais, que tem de ser assumida pelo conjun-
para enfrentar um conjunto de dinâmicas e to do executivo municipal (e, desejavelmente,
problemas estruturais que foram identifica- também ao nível da própria assembleia mu-
dos como particularmente desafiantes para nicipal). As considerações adiante efetuadas
o campo cultural na Lisboa de hoje, e que acerca dos modelos de governança para
implicam uma atuação que, apesar de en- implementação destas estratégias (no capí-
volver o pelouro de cultura, terá necessaria- tulo 10) são particularmente relevantes para
mente de partir de uma lógica mais ampla a implementação destes programas.
de atuação, passando por uma colaboração
estreita (e um protagonismo significativo) de Foram identificados seis programas estrutu-
outros pelouros da CML, ou mesmo, nalguns rantes no âmbito destas estratégias, que se
casos, de entidades externas à autarquia. apresentam, de forma muito esquemática,
de seguida. O desenvolvimento de cada um
Estes programas estruturantes serão, pela deles requere um diálogo e articulação entre
sua natureza, particularmente desafiantes os departamentos e entidades envolvidos,
em termos das soluções de governança que se preconiza que seja desenvolvido a
necessárias para a sua implementação, im- partir deste ponto.
plicando um diálogo permanente entre
PROGRAMAS ESTRUTURANTES
292
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Objetivos: Ações:
› Preservar as condições de fruição (resi- › Fechamento do trânsito a não residentes (exceções
dencial, cultural, turística) e a qualidade pontuais: transportes coletivos, cargas e descargas, tra-
de vida no centro da cidade balhadores, etc.) na generalidade das ruas, com exceção
› Minimizar os efeitos das externalidades de vias de circulação/atravessamento principais, as quais
associadas às atividades culturais não deverão ter estacionamento à superfície.
› Garantir o direito do acesso à cidade e à › Reforço de transporte coletivo (intensidade e extensão
fruição cultural a públicos diversificados de horário)
› Campanhas mediáticas de sensibilização e promoção
de civismo (4 piscas, estacionamento ilegal, cargas e
descargas, etc)
› Tarificação efetiva do estacionamento (ex: horário notur-
no e fins de semana)
› Reforço da penalização (4 piscas, estacionamento
irregular, paragem indevida de transportes de passagei-
ros como autocarros turísticos, táxis, tuk tuks; cargas e
descargas fora de horário)
› Melhoria dos sistemas de recolha de resíduos e higiene
urbana
› Controle do ruído em zonas residenciais
› Desincentivo à localização de animação noturna massifi-
cada
› Restrição à utilização de espaço público (redirecionamento
de eventos; responsabilização económica por efeitos
nocivos - ex: cartão residente de pontos)
› Controlo de atividade ilegal em espaço público (arruma-
dores, tráfico de substâncias ilícitas)
Medidas relacionadas: M2 / M31 / M35
293
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Tarificação
Fecho do Reforço do Campanhas
efetiva do Reforço da
DMC/EGEAC trânsito a não transporte de promoção
estaciona- penalização
Urbanismo residentes coletivo de civismo
mento
EMEL
Planeamento
Juntas de Freguesia Melhoria Controlo Controlo Restrição à Controlo
Operadores transportes dos sistemas do ruído animação utilização atividade
higiena em zonas noturna de espaço ilegal espaço
Polícia Municipal, PSP,
urbana residenciais massificada público público
Turismo, Economia,…
294
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Universo CML
CML – CULTURA • Urbanismo • EMEL
Atuação DMC / EGEAC
• Planeamento • Polícia Municipal
• Espaços Verdes • Higiente Urbana
• Economia • (...)
• Turismo/ATL
Atuação pública (políticas / planeamento) Outra atuação (agentes privados, 3º setor, etc.,
culturais e não culturais)
295
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Objetivos: Ações:
› Mobilizar dinâmicas endógenas pré-existentes › Criação de projeto-piloto, articulando, com solu-
› Criar massas críticas ções de governança próprias, instituições locais
em torno de projetos comunitários específicos
› Fomentar cruzamento de públicos
(com lógicas de geometria variável)
› Criar efeito de rede
› Eixos a explorar: Marvila-Poço-do-Bispo; Alcân-
› Aproveitar espaços e recursos subutilizados tara; Benfica; Belém; Av. Novas; Olivais; Mouraria/
Intendente; Graça; Lumiar, etc.
Medidas relacionadas: M4 / M31
296
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Centro cívico Centro cívico Centro cívico Centro cívico Centro cívico
DMC/EGEAC de proximi- de proximi- de proximi- de proximi- de proximi-
dade 1 dade 2 dade 3 dade 4 dade 5
Direitos sociais
DMEI
Outros organismos da
Administração Pública
Agentes culturais e
criativos diversos
....
297
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Universo CML
CML – CULTURA • DMEI/Economia • Desporto
Atuação DMC / EGEAC
• Direitos Sociais • Educação
• Planeamento • (...)
Atuação pública (políticas / planeamento) Outra atuação (agentes privados, 3º setor, etc.,
culturais e não culturais)
298
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Objetivos: Ações:
› Aumento do número de artistas-edu- › Testar novos modelos / projetos-piloto com escolas munici-
cadores na cidade e com dimensão pais – currículos escolares com ênfase na cultura; através de
participativa nos equipamentos um trabalho direto com professores e programas de partici-
culturais e escolas, universidades e pação e de intervenção de estudantes na prática artística
outras instituições de ensino e de › Formação de artistas/criadores para uma dimensão edu-
investigação cativa de qualidade, através de programas de intercâmbio
› Aproximação a práticas artísticas e internacionais/residências/formação continuada em Lisboa
culturais de qualidade por parte de › Exploração de parcerias com múltiplas entidades, como por
um maior número de cidadãos exemplo a Gulbenkian, através do Programa PARTIS
› Articulação entre cultura-educa- › Parcerias por parte das escolas, universidades e outras insti-
ção-ação social (novos projetos de tuições de ensino e/ou centros cívicos com artistas/ateliers/
continuidade entre arte e inclusão espaços de coworking para desenvolver projetos culturais/
social) artísticos/ de ensino artístico
› Promoção de práticas no sentido › Residências artísticas nas escolas/ artistas convidados
da descodificação das instituições › Programação participativa e contínua para públicos menos
culturais, de modo a eliminar as habituais nos equipamentos culturais, nomeadamente
diferentes barreiras existentes no adolescentes/jovens
acesso à cultura
› Formação técnica das equipas das estruturas municipais
que atuam no setor da cultura no sentido de promover a
acessibilidade e a literacia cultural
Medidas relacionadas: M10 / M17 / M20 / M24 / M31
299
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Projetos- Parcerias
Residências
-piloto com com
artísticas
DMC/EGEAC escolas múltiplas
nas escolas
municipais Programas de entidades Parcerias
Serviços Educativos Programação
Escolas, Universidades intercâmbio Ensino -
participativa
internacionais Artísticas
Agentes Culturais e
criativos diversos
Públicos variados
…
300
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Universo CML
CML – CULTURA • Direitos Sociais
Atuação DMC / EGEAC
• Educação
• (...)
Atuação pública (políticas / planeamento) Outra atuação (agentes privados, 3º setor, etc.,
culturais e não culturais)
301
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Objetivos: Ações:
› Valorização da economia criativa na cidade e da › Desenvolvimento de projetos-piloto de fomento
possibilidade de valorizar economicamente o de rede entre instituições municipais (bibliotecas,
valor cultural museus, etc) e startups incubadas pela CML para
› Valorização do impacto da cultura nas vidas e resolução de problemas concretos (ex: em torno
vivências dos lisboetas da agenda digital, das acessibilidades, etc)
› Valorização do trabalho no setor da cultura (dos › Articulação de programas da DMEI com a cultura
artistas, dos profissionais dos equipamentos para integração de agentes culturais e criativos
culturais, etc.) (não apenas segmentação com programa especí-
fico para ICC´s)
› Aproveitando a nova dinâmica de “cidade
criativa” e os novos residentes, muitos deles › Apoio e fomento de candidaturas a programas
freelancers das ICs para uma melhoria da oferta de apoio “não-culturais” por agentes culturais
cultural da cidade (ex: Polo Cultural das Gaivotas | Boavista)
› Desenvolvimento de projetos de turismo criativo
nos espaços/equipamentos/programação muni-
cipal (com cocriação de conhecimento)
› Encontro anual de criativos em Lisboa
Medidas relacionadas: M11 / M31 / M34
302
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
303
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Universo CML
CML – CULTURA • DMEI/Economia • Dir. Sociais
Atuação DMC / EGEAC
• ATL/Turismo • Lisboa E-Nova
• Urbanismo • Lisboa Invest
• Planeamento • (...)
Atuação pública (políticas / planeamento) Outra atuação (agentes privados, 3º setor, etc.,
culturais e não culturais)
304
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Objetivos: Ações:
› Promover a integração e articulação na › Exploração da possibilidade de canal de comunicação/
comunicação da cultura e das atividades informação cultural nos transportes públicos (Canal
culturais do município e da cidade Agenda Cultural - web canal e/ou canal de comunicação
› Sistematizar, articular e divulgar o conhe- da cultura dentro dos transportes públicos)
cimento sobre a cidade produzidos pelos › Utilizar as novas tecnologias e suportes para melhorar
diversos agentes (escolas, universidades, a comunicação acerca do setor cultural e assim chegar
centros de investigação, CML, agentes a “novos públicos” (jovens, estrangeiros a residir em
culturais, etc) Lisboa, turistas, etc) – ex: app “agenda”, com recolha
› Mapear, gerir e monitorizar os recursos de informação sobre as práticas culturais do utilizador
culturais disponíveis, divulgando a infor- › Aproveitamento dos vários meios existentes para facilitar
mação de forma atualizada o acesso à informação sobre o setor cultural por parte de
públicos diferenciados (agenda cultural, site, portal de
dados abertos, múpis, transportes públicos, etc)
› Mapeamento, monitorização e disponibilização con-
tínuos de informação relativa às atividades e recursos
culturais da cidade (base de dados / banco de recursos),
com observatório em articulação com instituições de
investigação
› Reestruturação dos sistemas de informação internos de
modo a garantir a transversalidade, a interoperabilidade
semântica e tecnológica e a comunicabilidade organiza-
cional - Centro Operacional Integrado de Lisboa
› Articulação com as Juntas de Freguesia para uma
comunicação de proximidade
› Tradução da Agenda Cultural para inglês
› Replicar a Loja Lisboa Cultura noutros pontos da cidade
Medidas relacionadas: M4 / M7 / M15 / M19 / M31
305
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Aproveita-
Canal de infor-
Utilizar as mento dos Conservatório,
mação cultural
DMC/EGEAC novas tecnolo- vários meios mapeamento,
nos transportes
Universidades gias e suportes para diversos monitorização
públicos
públicos
Centros de investigação
Gab Open Data
Replicar o
Juntas Freguesia Interopera-
“Comunicação Gabinete
bilidade dos Agenda Cultu-
Agentes Culturais e de proximida- de Apoio
sistemas de ral em inglês
criativos diversos de” com JF’s ao Agente
informação
… Cultural
306
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Universo CML
CML – CULTURA • Lisboa Aberta • SIG
Atuação DMC / EGEAC (open data) • Urbanismo
• CIUL • (...)
• Universidades
• Centros de investigação
Cidade Metrópole • Agentes culturais e criativos
(agentes externos) • Associações Culturais, Despor-
• Universidades tivas e Recreativas
• Centros de investigação • Empresas
• Juntas de Freguesia • Produtores e (re)coletores de
• Organismos culturais informação sobre Lisboa
• (...) • (...)
Atuação pública (políticas / planeamento) Outra atuação (agentes privados, 3º setor, etc.,
culturais e não culturais)
307
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
(continua)
308
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Objetivos: Ações:
› Reforçar o protagonismo da autarquia na › Criação de um observatório para o mapeamento/
articulação estratégica do tecido cultural monitorização das atividades culturais na cidade/
metropolitano, valorizando os efeitos de rede AML
e o aproveitamento de massas críticas a nível › Criação de um projeto tutelado pelo Museu de
metropolitano Lisboa, em parceria com universidades/centros
› Promover a colaboração e articulação da CML de investigação, que vise identificar os diferentes
com outros municípios da AML e com outros circuitos, escalas e dinâmicas de produção cultural
agentes e instituições, municipais/nacionais, e fruição dos públicos pela cidade “real”
públicos/privados, que desenvolvam atividade › Criação e promoção de novos pontos de interesse
cultural à escala metropolitana culturais e/ou turísticos que permitam canalizar
› Descentralizar e disseminar a oferta cultural, pessoas para zonas periféricas de Lisboa, longe do
promovendo uma abrangente vivência e fruição seu centro histórico já sobrelotado
cultural da cidade › Promover encontros intrapelouros mensais de
› Valorizar, conhecer e tentar captar os mais modo a partilhar projetos, ideias e know-how, pro-
diversos segmentos de público metropolitanos, movendo assim boas práticas de trabalho assente
sejam eles reais/potenciais, crianças/jovens/ numa visão estratégica municipal para a cidade
adultos/idosos, nacionais/internacionais, que seja coerente e concertada
visíveis/invisíveis › Mapear a rede associativa de cariz cultural da cida-
› Estabelecer, de forma continuada, pontes entre de/AML, de modo a poder delinear uma estratégia
projetos de pelouros diferentes (ex: cultura / de apoio e de programação de médio-longo prazo
direitos sociais / educação), mas também em para a cidade
articulação, por exemplo, com juntas de fregue- › Criação de um Cartão Cultural do Munícipe que,
sia, museus e bibliotecas, cruzando objetivos mediante o pagamento de uma anuidade, permita
e conhecimentos que permitam retirar o maior descontos diferenciados por segmentos de públi-
potencial do território e dos seus habitantes co, em atividades da CML / DMC / EGEAC e outras
› Identificar e mapear o movimento de base entidades (públicas e privadas) que se queiram
associativa de cariz cultural na cidade associar
› Dar apoio financeiro, logístico e promocional a › Criar, ao abrigo da nova gestão da Carris, uma
iniciativas culturais de base local e comunitária carreira de autocarro cultural - Rede de Cultura
› Mediar, colaborar e dialogar melhor com os (ex: hop-on, hop-off ) com paragens nos principais
agentes locais detentores de conhecimento equipamentos e eventos municipais, de modo a
privilegiado das realidades locais: das suas promover e a sensibilizar diferentes públicos para
carências, necessidades, valências e potenciali- a oferta cultural municipal existente. (Em articula-
dades criativas e culturais ção com o Cartão Cultural)
309
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
• Concentração excessiva da produção/
fruição cultural no centro da cidade em • Assunção das diversas escalas de vivência
detrimento das periferias cultural da cidade, numa estratégia metropoli-
• Parco reconhecimento do trabalho da tana coerente e plural
autarquia na promoção da articulação • Aumento da massa crítica na cidade através
cultural intrametropolitana do engajamento dos mais diversos públicos
• Desconhecimento da muita produção culturais
e consumo culturais “alternativos” e • Reconhecimento da importância do entrosa-
“invisíveis” mento e articulação da atuação municipal com
• Não valorização institucional de potenciais a atuação desenvolvida por outras instâncias e
novos segmentos de público diferenciados dinâmicas territorializadas de base local
• Deficiente partilha de informação e pobre • Reforço do trabalho de mediação, diálogo
articulação de iniciativas e projetos entre e apoio aos agentes locais e movimentos
diferentes pelouros associativos, de forma a que a cultura se
• Incompreensão da extensão, importância descentralize e se dissemine por diferentes
e potencial cultural da rede associativa franjas de público
lisboeta e metropolitana
• Incipiente apoio para iniciativas culturais
de base local e comunitária
Projeto de
Conservatório, Promoção de Encontros
identificação
DMC/EGEAC mapeamento, novos pontos intrapelouros
dos circuitos da
Municípios envolventes monitorização de interesse mensais
cidade “real”
Juntas de Freguesia
Centros de investigação
Operadores transporte Carreira de
Agenda
autocarro Cartão Cultural
Agentes culturais e Cultural em
cultural - Rede do Munícipe
criativos diversos inglês
de Cultura
…
310
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Universo CML
CML – CULTURA • Presidência • Mobilidade
Atuação DMC / EGEAC
• Planeamento • (...)
• Turismo
• Municípios envolventes
• AML/Junta Metropolitana
Cidade Metrópole • Agentes culturais e criativos
• Juntas de Freguesia
(agentes externos) • Associações Culturais,
• Organismos culturais depen- Desportivas e Recreativas
dentes da Adm. Central • Empresas, ONG’s, IPSS’s
• Centros de investigação • Públicos específicos
• Operadores de transporte diferenciados
• (...) • (...)
Atuação pública (políticas / planeamento) Outra atuação (agentes privados, 3º setor, etc.,
culturais e não culturais)
311
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Não são necessariamente projetos ou ações mais importan-
tes, que tenham mais impacto ou que necessitem de mais
recursos do que aqueles que são definidos no âmbito dessa
outra vertente de atuação. São apenas um conjunto de me-
didas, projetos e ações, de âmbito muito diverso, e com ló-
gicas e temporalidades também elas bastante diferenciadas,
que foram identificados como importantes ou ilustrativos
(mas nunca exclusivos ou suficientes) para a prossecução dos
objetivos enunciados, e cuja implementação passa sobre-
tudo por uma ação direta ou um protagonismo significativo
das estruturas do Pelouro da Cultura da CML. Procurou-se
que na sua diversidade pudessem cobrir panoramicamente
uma resposta mínima à generalidade dos objetivos de atua-
ção enunciados nos diversos eixos estratégicos. A sua lógica
de seleção foi variada, procurando, para além desta abran-
gência, cobrir não só a resposta a alguns problemas muito
prementes, como também alargar experiências de sucesso
a novos contextos, ou ainda assumir experiências-piloto com
caráter demonstrativo, eventualmente replicáveis noutros
quadros e contextos.
312
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Novos projetos/ações
313
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
314
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
OBJETIVOS A ATINGIR: 4.1 / 4.2 / 4.4
M2. Cartão residente de pontos para
compensar externalidades negativas
M3. Portal “LX Cultura”
Os residentes, em particular os das zonas
mais pressionadas pela procura turística e Criação de um portal com informação sobre
pelos eventos culturais em espaço público, o setor cultural, nomeadamente informação
bem como por outras atividades culturais sobre salas de ensaio, de apresentação e
com impacto como as filmagens ou grava- espaços de residência existentes na cidade
ções audiovisuais quotidianas, são espe- (sejam eles municipais ou não) e disponíveis
cialmente afetados pelas externalidades para utilização dos agentes culturais dos
negativas causadas por alguma da atividade diversos setores artísticos (artes performa-
cultural e criativa verificada na cidade. Não tivas, música, artes visuais, cinema e vídeo,
sendo naturalmente possível nem fácil criar literatura,…). Para além da identificação e
mecanismos compensatórios que os pos- caracterização dos espaços existentes, o
sam ressarcir dos incómodos, em termos de portal permitirá que os agentes culturais
315
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
316
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
317
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Propõe-se que este seja um programa a Desenvolvimento de um conjunto de currí-
desenvolver, por exemplo, no seio da AR- culos culturais de Lisboa, com especificida-
TEMREDE, com a oferta de formação diver- des consoante as zonas em que se situam as
sificada para os funcionários da DMC e da escolas (considere-se, por exemplo, a possi-
EGEAC. Esta formação, que pode comple- bilidade de desenvolver currículos distintos
mentar alguma outra oferta formativa com consoantes os diferentes bairros da cidade).
caráter mais genérico, ou com maior enfoque Não se trata de fazer alterações aos conteú-
nas questões da gestão e da programação dos programáticos, mas antes de explorar
cultural que a ARTEMREDE possa igualmen- as várias dimensões culturais da cidade de
te fornecer, deve focar-se essencialmente no Lisboa (história, memória, identidade, es-
fornecimento de competências específicas pecificidades culturais de cada território) no
nos mais diversos campos particulares de âmbito dos métodos de ensino das várias
trabalho técnico e artístico mobilizado pela disciplinas (matemática, português, física,
oferta cultural municipal (ex: museologia, ar- etc). Tal pressupõe a criação e mobilização
quivística, catalogação bibliográfica, técnicas de parcerias de educação cultural, articu-
audiovisuais, som, iluminação, frentes de lando a atuação do Pelouro da Cultura e do
casa, etc). Justifica-se face às necessidades pelouro da educação, e envolvendo também
estruturais de formação específica no campo as várias organizações artísticas e culturais
artístico e técnico de muitos dos funcionários da cidade, as instituições educacionais e as
dos equipamentos, tanto da DMC como da autoridades locais (juntas de freguesia, por
EGEAC, muitos deles com percursos pro- exemplo), de modo a promover a literacia
fissionais e proveniências que não benefi- cultural. A CML pode aqui atuar como um
ciaram de uma formação específica para o importante agente facilitador, nomeada-
setor cultural e que apresentam lacunas em mente através das atividades desenvolvidas
algumas competências básicas associadas no âmbito dos serviços educativos dos seus
às funções concretas que desempenham vários equipamentos e monumentos.
quotidianamente nos respetivos equipamen-
tos. A sua configuração no âmbito da oferta OBJETIVOS A ATINGIR: 1.1 / 1.2 / 1.3 / 1.4 /
formativa da ARTEMREDE permitirá explorar 1.8 / 1.9 / 2.4 / 3.1 / 3.2 / 3.5 / 5.5 / 5.6
economias de escala através da sua oferta
simultânea a outros municípios, bem como
beneficiar do confronto quotidiano dos técni- M10. Programa de residências artísticas
cos de autarquias com dimensões, estruturas nas escolas
e problemas muito distintos. A implementa-
ção deste programa poderá incluir formação O programa implica o trabalho direto com
avançada com formadores internacionais. as escolas (ex: workshops nas escolas) e
também a participação e a intervenção das
OBJETIVOS A ATINGIR: 1.4 / 1.5 / 2.4 / 2.7 / crianças nos próprios objetos artísticos e na
2.10 / 3.3 / 5.5 experiência em si. Os artistas residentes são
acolhidos pela CML, nomeadamente por en-
tidades (por exemplo, artistas acolhidos em
residências por entidades da DMC/EGEAC.
Uma hipótese de implementação alternativa
e/ou complementar poderia ser tornar esta
318
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
319
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
de cativação tem-se traduzido numa efe- obras de reabilitação pelo adquirente, permi-
tiva escassez de hábitos de visita culturais tindo-se a este diferir o pagamento do preço
por parte deste segmento da população, até ao termo do prazo contratual, que terá
onde muito do seu consumo é preferencial- em conta o licenciamento, a execução das
mente digital, através do uso e partilha de obras e a colocação do imóvel no mercado.
conteúdos culturais em redes sociais como A grande vantagem deste programa em rela-
o Youtube, Facebook e Instagram. No sen- ção a outros intervenientes no imobiliário, é
tido de colmatar esta lacuna presencial e a a faculdade do pagamento em diferido, ou
CML cumprir o seu compromisso de ir ao seja, “o promitente-comprador tem a possi-
encontro de franjas de públicos diferencia- bilidade de pagar o edifício no fim do prazo
dos, sugere-se a criação de uma Caderneta fixado para o efeito, que tem variado entre 18
Cultural Jovem que consiste num conjunto a 28 meses”. Tratam-se, na generalidade dos
de bilhetes-voucher de acesso a todos os casos, de imóveis há muitos anos na posse da
equipamentos culturais municipais (DMC/ CML e que se encontram em avançado esta-
EGEAC), a ser oferecido a estudantes jovens do de degradação, não tendo o município os
aquando da conclusão do 9º e 12º anos de meios necessários para os reabilitar.
escolaridade obrigatória. O fim do Ensino
Básico e Secundário representam momen- OBJETIVOS A ATINGIR: 1.1 / 2.1 / 2.2 / 2.4 /
tos de charneira na vida de qualquer estu- 2.5 / 2.6 / 2.7 / 2.8 / 2.10 / 3.3 / 4.1 / 4.3 / 4.5 /
dante, cuja importância será enriquecida 5.1 / 5.4 / 5.6
culturalmente com a oferta desta Caderneta,
que terá a validade de um ano. Será ainda
oferecido complementarmente um Cartão M15. Canal Lisboa Cultura em transportes
Lisboa Viva pré-carregado com 10 viagens. públicos
Este projeto educativo será operacionaliza-
do entre o Pelouro da Cultura e as Escolas Uma das questões mais pertinentes e com-
da AML, numa parceria estratégica entre o plexas que ressaltou do diagnóstico sobre
Município e o Ministério da Educação. Esta o setor cultural de Lisboa prende-se com a
medida assume como prioritário estimular e desarticulação e a dispersão de informação
garantir a atratividade da oferta nos jovens, que existe sobre as atividades culturais da
sendo igualmente um programa de promo- cidade. Esta questão é transversal à pró-
ção de acesso à cultura e desenvolvimento pria comunicação cultural da Câmara face à
de capital cultural, visando a capacitação e sua dificuldade em divulgar, de forma clara,
mobilização de novos públicos. atempada e estruturada, a programação dos
seus próprios equipamentos. Torna-se assim
OBJETIVOS A ATINGIR: 1.3 / 1.4 / 1.6 / 1.7 / 2.4 essencial pensar em novas plataformas e
tecnologias da comunicação que consigam
ajudar a congregar e a disponibilizar, de
M14. Programa Reabilita Primeiro, Paga forma mais eficiente e direta, os conteúdos
Depois para a cultura culturais das diversas instituições culturais
da cidade: sejam elas públicas, camarárias
Trata-se da generalização de uma experiên- ou privadas. Uma solução poderá passar
cia atual para a área da cultura do ponto pela criação de um canal de informação
de vista de espaços culturais, de exposição, cultural em transportes públicos, a ser im-
de criação, de atelier, de divulgação, etc. O plementado na rede de metro e/ou carris,
Programa Reabilita Primeiro Paga Depois de modo a chegar a um amplo espectro de
consiste na venda de edifícios municipais público. A transmissão televisiva do canal
devolutos, com obrigação de realização de pressupõe naturalmente a instalação de
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IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
Este projeto-piloto, de promoção de uma M25. Circuitos da memória local
maior literacia e qualificação cultural, parte
da assunção de que a maioria dos profissio- Numa lógica de alargamento territorial e
nais da cultura no seio da CML são muito temático de projetos desenvolvidos atual-
especializados em áreas particulares (por mente por diferentes entidades (ex: Vidas e
norma, naquelas em que trabalham), em Memórias de Bairro - Biblioteca Municipal
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Criação de projetos-âncora de diálogo e de
M26. Flexibilização dos horários de fun- cruzamento intercultural em equipamentos
cionamento dos equipamentos culturais municipais situados em zonas de transição
da CML da cidade, “entradas” de bairros problemá-
ticos (ex: Biblioteca de Marvila) ou ainda nas
O desenvolvimento e promoção da expe- border areas da cidade (na transição para
riência de fruição cultural assume-se como concelhos periféricos, como por exemplo o
eixo estratégico que pressupõe, entre ou- bairro das Galinheiras, na Ameixoeira, ou o
tros objetivos, uma vivência e fruição cultu- bairro da Boavista, na Pontinha). Tratam-se
ral territorializada da cidade, pautada pela de projetos de intervenção fundados na edu-
elevação da qualidade da experiência e por cação intercultural. Assim, assentam os seus
condições que facilitem o acesso à cultura. princípios numa perspetiva de diálogo e par-
Uma das formas de ir ao encontro destes tilha entre diferentes culturas, pessoas e con-
objetivos, tendo em conta a diversidade de ceções sobre o mundo. Fenómenos como a
públicos e respetivas comunidades de cada globalização, as migrações ou a complexifi-
território, prende-se com o melhoramento cação das sociedades tornam ainda mais in-
dos serviços de acolhimento, em especial dispensável e necessária a educação para o
ao nível dos horários. O que esta medida respeito mútuo e para a tolerância, para uma
propõe é que se adeque e ajuste, o mais vivência planetária solidária. A educação in-
possível, os horários de funcionamento dos tercultural visa uma perspetiva totalmente
equipamentos culturais da CML (ex: bibliote- democrática entre culturas em que nenhuma
cas, arquivos, museus, monumentos, galerias detém supremacia sobre outra, procurando
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IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
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IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
OBJETIVOS A ATINGIR: 1.4 / 4.1 / 4.2 / 4.3 / 4.4
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IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
331
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Para além disso, vários campos de atuação a Cultura; a elaboração da Agenda Digital
exigem âmbitos mais detalhados de planea- para Cultura; e a gestão de projetos culturais
mento e articulação interdepartamental do financiados no âmbito do Fundo do Turismo,
que aquele que é possível com um trabalho acima referida.
deste tipo, e em alguns campos (como o pro-
grama associado à implementação de uma Para além destes, naturalmente outros sur-
agenda digital para a cultura, ou a criação girão e exigirão acomodação no âmbito da
da marca associada à cultura em Lisboa e ao estratégia geral aqui definida, pelo que esta
desenvolvimento de estratégias de comuni- quarta vertente de implementação estraté-
cação) esse trabalho encontra-se já em curso, gica, permitindo uma flexibilidade associada
enquanto que noutros (em particular todos a esta adaptação contínua, é fundamental
os associados aos programas estruturantes para garantir uma compatibilização perma-
sugeridos no âmbito das Estratégias para a nente entre essas solicitações variadas e um
cultura 2017, por exemplo) fará eventualmen- quadro estratégico comummente apercebi-
te sentido encetar processos do mesmo tipo. do e apropriado pela estrutura municipal e
pelos munícipes.
Assim sendo, assumindo que estamos
perante uma estratégia em permanente Neste cenário revela-se particularmente
construção, e com âmbitos diferentes de es- importante a assunção do cargo técnico
pecificação e de concretização, e tendo em responsabilizado pela coordenação estraté-
conta que qualquer estratégia de atuação gica (envolvendo tanto DMC como EGEAC)
tem de estar em permanente monitorização preconizado como medida M31, uma vez
e requer uma readaptação contínua a algu- que esta tarefa (indo para além da respon-
mas mudanças de contexto e a margens de sabilidade política e de coordenação geral
manobra específicas que existam conjuntu- que tem de ser assumida naturalmente pelo
ralmente para atuações politicas concretas, membro do executivo municipal mandatado
abre-se espaço com esta vertente de atua- para o efeito) envolve uma dedicação quoti-
ção para a formulação de um conjunto de diana e um volume de trabalho considerável
programas específicos associados a agen- (sobretudo se, como desejável, se aliar a esta
das concretas apontadas para a resolução tarefa também a responsabilidade de desen-
operativa de aspetos concretos, os quais não volver um sistema de monitorização contínua
devem no entanto deixar de ser intimamen- que possibilite a recolha, tratamento e aná-
te articulados, em permanência, com estas lise de informação sobre a implementação
orientações estratégicas gerais. das mesmas estratégias, em tempo real) que
recomendam a existência de alguém, com
As caixas 9.1, 9.2 e 9.3 dão informação sobre competências e com reconhecimento efeti-
três exemplos atualmente em curso: a par- vo das suas funções, perfeitamente legitima-
ticipação da cidade no âmbito do Progra- do perante a hierarquia orgânica municipal,
ma das Cidade-Piloto da Agenda 21 para dedicado a esta tarefa.
332
IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS E PROGRAMAS DE ATUAÇÃO
333
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Criado com as receitas geradas pela Taxa A estratégia de utilização deste fundo passa
Turística, tem em curso sete projetos que por promover projetos que dinamizem a
visam melhorar a experiência dos turistas e a oferta de conteúdos turísticos através da
qualidade de vida dos lisboetas: os projetos diversificação temática e territorial e da ges-
de valorização e intervenção das alas Poente tão de fluxos de visitantes; que melhorem
e Norte do Palácio Nacional da Ajuda, ex- a experiência do turista e a qualidade de
posição permanente das Joias da Coroa e vida dos lisboetas; que estimulem a procura
dos Tesouros de Ourivesaria da Casa Real, nos mercados emissores, através de ações
Museu Judaico de Lisboa, Centro Interpre- cirúrgicas relacionadas com a sazonalidade,
tativo da Ponte 25 de Abril, Terminal de Ati- permanência, aumento da despesa e qualifi-
vidade Marítimo-Turística na antiga Estação cação da oferta; e que fomentem a comple-
Fluvial Sul e Sueste, Polo Descobrir e Lojas mentaridade de investimento por terceiros.
com História.
334
MODELO DE GOVERNANÇA
10. MODELO DE
GOVERNANÇA
As Estratégias para a cultura 2009 propunham,
com a devida atenção, uma mudança de paradigma
na governança cultural da cidade; diminuindo a
vocação demasiado centralizadora; articulando
serviços, promovendo o diálogo interno,
aproximando esses serviços da sociedade civil
e do território.
337
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
338
MODELO DE GOVERNANÇA
339
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
a) Assumir que a estratégia não termina técnicos para a existência desse diálogo
com a publicação e divulgação deste terão de ser assegurados. Naturalmente
documento, mas sim que é um processo a estratégia só será apropriada por todos
permanente e contínuo, que implica o se cada uma das partes se reconhecer na
envolvimento continuado dos agentes, na visão e nos objetivos preconizados. Sugere-
sua implementação, na sua monitorização -se nesse sentido o desenvolvimento
e na sua (re)definição periódica; de iniciativas urgentes que permitam a
apresentação destas estratégias e o fo-
b) Apresentar a estratégia a todos os depar- mento desse diálogo com os vereadores
tamentos sob a orientação da Vereação e diretores municipais mais diretamente
(na DMC e na EGEAC), em formato de envolvidos, a sua posterior apresentação
workshops, de modo a ouvir, adaptar se e aprovação pelo executivo municipal, e
necessário; mas consolidar o documento a sua apresentação e aprovação na as-
e sua visão nas esferas técnicas da cultura sembleia municipal, legitimando a visão
da cidade; estratégica de forma mais alargada e ga-
rantindo a sua apropriação pelos agentes
c) Devolver a estratégia aos parceiros envol- culturais da cidade de forma mais ampla;
vidos;
g) Criar um sistema de monitorização, com
d) Criar, juntamente com os envolvidos, critérios, variáveis e indicadores que
internos e externos, bem como outros de- permitam mensurar as ações planeadas
partamentos e vereações da Câmara que e acompanhar o cumprimento dos ob-
justifiquem; planos de ação conjuntos que jetivos preconizados; como se defende
sejam reflexo da vontade de concretizar no capítulo 11, esse sistema deverá ser
as diversas vertentes da estratégia; multivariado e exige uma estrutura de
implementação, que é sugerida através
e) Entender que a estratégia se executa da medida M30 (Observatório para ma-
apenas no pressuposto da articulação peamento e monitorização das atividades
entre todos. Isso implica que a operacio- culturais da cidade), e uma clara respon-
nalização da ação, alocando (a cada eixo sabilização técnica e política (para a qual
e a cada objetivo, em cada plano de a prossecução da medida M31 (Criação
atividades; a cada parceria para a pros- do cargo operacional técnico de coorde-
secução de um programa estruturante; nação estratégica, responsável pela ar-
a cada medida) uma concretização das ticulação e implementação das medidas
questões-chave (o quê? quem? quando? e projetos estruturantes) será também
como? com que recursos?) que estão sub- essencial;
jacentes à sua concretização, seja feita de
forma participada; e tendo em conta os h) Criar uma estrutura de governação espe-
múltiplos interesses envolvidos; cífica (que se sugere ser assente na coor-
denação estratégica pelo responsável
f) Criar condições para um compromisso político – o Vereador da Cultura –, com o
claro de todo o executivo municipal no apoio do responsável pelo cargo opera-
cumprimento destas estratégias. A sua cional técnico sugerido na medida M31 e
prossecução (em particular o cumpri- dos diretores da DMC e da EGEAC). A im-
mento dos programas estruturantes) sé plementação da estrutura de governação
será realizável com o compromisso dos deve igualmente apoiar-se na prossecução
restantes pelouros e da própria presidên- das medidas M30 (Observatório para ma-
cia, sendo que mecanismos políticos e peamento e monitorização das atividades
340
MODELO DE GOVERNANÇA
341
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
11. SISTEMA DE
MONITORIZAÇÃO
11.1. Introdução
Neste capítulo propõe-se, de forma simples e
esquemática, o lançamento de um sistema de
monitorização que permita dar ferramentas ao
Pelouro da Cultura (envolvendo aqui DMC e
EGEAC, novamente) para avaliar e monitorizar
as ações a implementar e os seus resultados.
Este sistema assenta nos indicadores definidos para avaliar a
implementação de cada uma das medidas concretas ou dos
objetivos que se propõe atingir, definindo métricas e procu-
rando rotinizar lógicas de recolha, tratamento e análise da
informação respetiva que permitam à CML uma autonomia
na posterior gestão e utilização deste sistema.
343
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
344
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
diretamente na vida da cidade a as suas co- e, por essa razão, fará todo o sentido que
munidades (avaliando, por exemplo, o que sejam diretamente envolvidos no estabe-
significou para determinada pessoa o con- lecimento das metas a atingir e mesmo na
tato com aquela obra de arte, ou o saber escolha e calibragem dos indicadores utili-
fazer que aquele artista acumulou por estar zados para avaliar a sua atividade.
envolvido nessa atividade). Exemplificando,
podemos avaliar os efeitos da mesma ação Tendo tudo isto em conta, importa então
(um espetáculo de artes performativas), destacar a importância, num caso como este,
medindo o nº de sessões efetuadas, ou da existência de uma estrutura de monitori-
medindo o número de pessoas que tiveram zação permanente, com capacidade efetiva
contacto com ela como público, ou avalian- para proceder à recolha, tratamento, análise
do os efeitos que esse espetáculo teve no e disseminação da informação necessária a
capital cultural de quem nunca tinha visto esta avaliação. Esta estrutura (que pode ter
uma obra desse tipo). Tendo isto em conta, um formato de “observatório” ou algo se-
mais se salienta então a necessidade de melhante) será fundamental para garantir à
cruzar indicadores que cubram todos estes CML uma autonomia e um saber-fazer que
níveis, em simultâneo, para uma monitori- possibilitem uma monitorização perma-
zação completa e eficiente dos objetivos nente das ações em curso e uma avaliação
de uma estratégia cultural. (e readaptação) contínua das opções estra-
tégicas tomadas. Essa estrutura será assim
• Finalmente importa ainda salientar a im- fundamental na continuidade da reflexão
portância de envolver os interessados no que aqui é iniciada e na implementação do
estabelecimento dos indicadores. Natu- sistema que é sugerido na secção seguinte
ralmente alguém externo poderá estabe- (não sendo naturalmente possível concreti-
lecer uma bateria de indicadores, mais ou zá-lo no âmbito daquilo que estava previsto
menos estandardizados, para avaliar uma e contratualizado no quadro deste estudo),
ação. Mas, mais do que ninguém, os agen- incluindo a expansão e operacionalização
tes mais diretamente envolvidos na defini- dos indicadores sugeridos, bem como a de-
ção dos objetivos, na afetação de recursos, finição de metas, critérios e procedimentos
e na prática da implementação de cada mais “finos”, desenhados em detalhe, em
medida detêm um conhecimento específi- colaboração com as diversas instâncias res-
co sobre o contexto específico e o quadro ponsáveis pela implementação concreta das
de limitações em que ela irá ser executada diversas ações preconizadas.
345
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
11.2. Indicadores/metas
para objetivos
Tendo em conta os princípios e questões em
discussões apresentadas no ponto anterior, a
equipa opta por sugerir um sistema que assenta
em três pressupostos:
346
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
347
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
1.2. Aproveitar / promover › Nº de línguas para as quais a › Traduzir a Agenda Cultural para
/ mobilizar dinâmicas Agenda Cultural é traduzida inglês, no espaço de dois anos,
culturais locais de e para uma segunda língua, no
proximidade espaço de dez anos
(continua)
348
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
1.3. Incrementar a litera- › Nº de ações de formação para a › Assegurar que cada trabalhador
cia cultural promoção da literacia e qualifica- da DMC e da EGEAC frequenta
ção cultural do Pelouro da Cultura pelo menos uma ação de forma-
frequentadas por cada trabalha- ção para a promoção da literacia
dor da DMC e da EGEAC e qualificação cultural do Pelouro
da Cultura
(continua)
349
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
1.4. Garantir condições › Nível de adaptação dos horários › Flexibilização dos horários de
facilitadoras do de funcionamento dos equi- funcionamento de todos os
acesso à cultura pamentos culturais da CML às equipamentos culturais da CML às
necessidades e características dos necessidades e características dos
seus públicos, reais e potenciais, seus públicos, reais e potenciais,
nacionais e internacionais nacionais e internacionais, no hori-
zonte temporal de implementação
das Estratégias para a cultura 2017
(continua)
350
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
(continua)
351
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
1.6. Trabalhar a fruição › Nº de línguas para as quais a › Traduzir a Agenda Cultural para
dos novos públicos Agenda Cultural é traduzida inglês, no espaço de dois anos,
específicos atualmen- e para uma segunda língua, no
te em desenvolvi- espaço de dez anos
mento
› Nº de espetáculos apresentados › Tradução para inglês de pelo
nos teatros municipais em língua menos 50% dos espetáculos apre-
portuguesa traduzidos para língua sentados nos teatros municipais
estrangeira em português
(continua)
352
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
1.7. Melhorar relação da › Grau de implementação Canal › No espaço de três anos, imple-
CML com o utente Lisboa Cultural nos transportes mentação a 100% do Canal Lisboa
cultural públicos Cultural na Carris, e no espaço de
cinco anos no Metro
(continua)
353
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
1.9. Promover cruzamen- › Nº mínimo de evento por ano que › No âmbito da programação de
tos de públicos na promova cruzamentos por idade, cada equipamento municipal,
fruição cultural género, etnia e tipo de atividade, garantir pelo menos um evento
em cada equipamento municipal por ano que promova cruzamen-
tos por idade, género, etnia e tipo
de atividade
354
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
(continua)
355
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
(continua)
356
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
2.7. Promover as capacida- › Nível de expansão dos centros › Alargar a um ponto diferente da
des empreendedoras, de apoio técnico e informação cidade, a cada três anos, o apoio
e a gestão das orga- especializada ao agente cultural técnico e informação especializa-
nizações culturais e (sob o formato Loja Lisboa Cultura da ao agente cultural
criativas ou outro)
(continua)
357
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
2.9. Melhorar a divulgação › Nº de línguas para as quais a › Traduzir a Agenda Cultural para
e comunicação da Agenda Cultural é traduzida inglês, no espaço de dois anos,
atividade cultural e para uma segunda língua, no
espaço de dez anos
358
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
3.1. Promover o estudo › Nível de abrangência, em ter- › No espaço de três anos, 75% dos
e o conhecimento mos de equipamentos culturais equipamentos terem uma parceria
da memória e da(s) municipais, da implementação com pelo menos uma Universidade
identidade(s) da de parcerias com Universidades e um centro de investigação
cidade centros de investigação
(continua)
359
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
(continua)
360
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
3.3. Garantir a preserva- › Nº de edifícios com valor patrimo- › No horizonte temporal de imple-
ção e requalificação nial reabilitados e afetos à atividade mentação das Estratégias para a
do património tangí- cultural cultura 2017, ter cinco edifícios com
vel e intangível valor patrimonial reabilitados e
afetos à atividade cultural
(continua)
361
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
(continua)
362
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
363
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
EE4. Regulação dos efeitos externos induzidos pelas atividades culturais na cidade
(continua)
364
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
EE4. Regulação dos efeitos externos induzidos pelas atividades culturais na cidade
4.2. Regular as externali- › Nº de atividades da EGEAC em › Garantir que pelo menos 50% das
dades decorrentes de espaço público realizadas fora da atividades da EGEAC em espaço
atividades culturais “coroa central” (centro histórico + público acontecem fora da “coroa
centro funcional) central”, a partir de 2018
(continua)
365
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
EE4. Regulação dos efeitos externos induzidos pelas atividades culturais na cidade
(continua)
366
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
EE4. Regulação dos efeitos externos induzidos pelas atividades culturais na cidade
(continua)
367
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
EE4. Regulação dos efeitos externos induzidos pelas atividades culturais na cidade
368
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
(continua)
369
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
(continua)
370
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
5.3. Afirmar Lisboa inter- › Nº de grandes eventos de renome › No horizonte temporal de imple-
nacionalmente como protagonizados pelo município, mentação das Estratégias para a
polo cultural com com capacidade de afirmar cultura 2017, afirmar internacional-
oferta de excelência internacionalmente Lisboa, na mente Lisboa, enquanto promo-
sequência do evento Passado e tora de um grande evento de
Presente - Lisboa capital ibero-a- renome, na sequência do evento
mericana de cultura Lisboa 2017 Passado e Presente - Lisboa
capital ibero-americana de cultura
Lisboa 2017
(continua)
371
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
(continua)
372
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO
5.5. Melhorar a organi- › Nível de implementação de uma › Realizar uma reunião mensal entre
zação e governança prática regular de encontro entre todos os diretores de departa-
interna dentro da todos os diretores de departamen- mento e chefes de divisão da
estrutura cultura CML to e chefes de divisão da DMC DMC
(DMC E EGEAC)
› Nível de implementação de uma › Realizar uma reunião mensal entre
prática regular de encontro entre todos os diretores e diretores de
todos os diretores e diretores de equipamento da EGEAC
equipamento da EGEAC
5.6. Melhorar a organi- › Nível de implementação de uma › Realizar reuniões semestrais entre
zação e articulação prática regular de encontros a Vereação da Cultura e outros
intra institucional ao trimestrais entre a Vereação da pelouros (ex: educação, direitos
nível da CML Cultura e outros pelouros (ex: edu- sociais, economia e inovação), cuja
cação, direitos sociais, economia e atividade se possa articular com
inovação), cuja atividade se possa projetos culturais já em curso ou
articular com projetos culturais já alargada a iniciativas conjuntas
em curso ou alargada a iniciativas entre vereações
conjuntas entre vereações
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
› COSTA, P.; LOPES, R. (2013), “Urban design, public space and creative
milieus: an international comparative approach to informal dynamics in
cultural districts”, Cidades, Comunidades e Territórios. Nº 26. pp. 40-66.
› COSTA, P.; LOPES, R. (2015), “Urban Design, public space and the
dynamics of creative milieux: a photographic approach to Bairro Alto
(Lisbon), Gràcia (Barcelona) and Vila Madalena (São Paulo)”, Journal of
Urban Design. Vol.20, nº1. pp. 28-51.
376
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
377
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
› GUERRA, P. (2016), “‘From the night and the light, all festivals are gol-
den’: The festivalization of culture in the late modernity”, in P. GUERRA,
and P. COSTA (eds.), Redefining art worlds in the late modernity. Porto:
University of Porto.
378
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
› MATOS, M. (Coord.), CASTRO, A., COSTA, P., AMORT, T., Velez, A.,
PERESTRELO, M., HENRIQUES, J.M. (2014), Avaliação/Monitorização
do Programa de Desenvolvimento Comunitário da Mouraria – Relatório
Final da Equipa Externa de Avaliação, Lisboa: ISCTE-IUL/DINÂMIA’CET,
Abril de 2014, 252pp.
379
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
› RUEDA, S. (2011), “Un nuevo urbanismo para una ciudad más sostenible”,
TRIA: Rivista Internazionale di cultura urbanistica núm. 06. Università degli
Studi di Napoli Federico II. Centro Interdipartimentale di Ricerca, Laborato-
rio di Urbanistica e Pianificazione Territoriale. Edizioni Scientifiche Italiane.
› SCOTT, A. J. (2014), “Beyond the creative city: Cognitive–cultural capita-
lism and the new urbanism”, Regional Studies. 48:4. pp. 565-578.
380
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
› SOJA, E. (2005), “Mesogeografías: sobre los efectos generativos de las
aglomeraciones urbanas”, in N. Benach,; A.Albet; E. SOJA, (eds.), La pers-
petiva postmoderna de un geógrafo radical. Barcelona: Editorial Icaria.
381
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
A equipa agradece naturalmente à Vereadora Catarina Vaz Pinto, ao Diretor
Municipal de Cultura Manuel Veiga, aos membros do Conselho de Adminis-
tração da EGEAC Joana Gomes Cardoso e Lucinda Lopes, bem como aos
membros dos seus gabinetes envolvidos diretamente no acompanhamento
ao longo deste projeto - Alexandra Sabino, Cecília Folgado, Cristina Almeida,
Edite Guimarães, Manuel Oleiro, Maria Manuel Ferreira - e aos membros
externos da equipa da Cidade-Piloto Agenda 21 para a Cultura, Rui Catarino
e Tiago Mota Saraiva.
Entrevistas: Aida Tavares, Ana Silva Dias, Anabela Valente, António Gomes
de Pinho, António Marques, António Mega Ferreira, Bárbara Coutinho, Clara
Riso, Edite Guimarães, Elísio Summavielle, Hugo de Seabra, Inês Viegas,
Joana Gomes Cardoso, Joana Sousa Monteiro, João Alpuim Botelho, João
Mourão, Jorge Ramos de Carvalho, Jorge Silva, Laurentina Pereira, Lourdes
Menor, Madalena Victorino, Mafalda Sebastião, Manuel Veiga, Margarida
Kohl, Maria José Machado Santos, Marina Uva, Maria Vlachou, Mark Deputter,
Miguel Honrado, Paula Teixeira, Paulo Soeiro de Carvalho, Pedro Teotónio
Pereira, Raquel Henriques da Silva, Rui Catarino, Sara Matos, Sara Pereira,
Susana Serra, Susana Silvestre, Teresa Oliveira, Vítor Costa.
383
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Zona Oriental
Bruno Palma, Diana Sousa, Ilya Semionff, Joana Almeida, Mariana Mesquita,
Marta Fernandes Vaz, Nuno Nabais, Paulo Granja, Paulo José Silva, Ricardo
Máximo, Teresa Negrão, Vera Lopes.
Centro Histórico
Ana Bigotte Vieira, Cristina Correia, Inês Andrade, Lourenço Egreja, Mafalda
Sebastião, Maria João Vicente, Manuel Pereira, Natxo Checa, Ricardo Lopes,
Sérgio Hydalgo.
Zona Centro
Ana Sousa, António Miranda, Hélder Ferreira, Helena Tavares, Lucinda
Correia, Jessica Lopes, João Jaime Pires, José Soares, Pedro Guimarães,
Tiago Casanova.
Zona Ocidental
Carlos Alves, Diogo Gaspar, Fernanda Bandeira, Gonçalo Folgado, Joana
Belard da Fonseca, José Pinho, Luís Castro, Silvana Bessone.
384
AGRADECIMENTOS
Festivalização da Cultura
Alaíde Costa, Alexandre Cortez, João Paulo Feliciano, Joana Godinho, Liz
Vahia, Mário Lopes, Miguel Abreu, Paulo Nunes, Rui Pereira, Sérgio Azevedo.
Crianças
Camila, Célia, Gonçalo, Jénifer, Nuno, Rafael, Rodrigo, Tomás, Vicente.
Governança
Alexandra Sabino, Bernardo Gaeiras, Carla Sousa, Edite Guimarães, Elisa
Marques, Elisabete Oliveira, Figueiredo Costa, Madalena Fontes, Marta
Martins, Nuno Ricou Salgado, Thomas Walgrave, Vera Lopes.
Outras entrevistas:
Carla Miraldo Cardoso, Catarina Vasconcelos, Joana Gusmão, João Abreu
Valente, João Pinharanda, Julião Sarmento, Manuel Henriques, Margarida
Rego, Maria Azevedo Coutinho, Miguel Lobo Antunes, Tiago Bartolomeu
Costa, Vânia Rovisco.
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ANEXOS
ANEXOS
Anexo 1. Nota metodológica do retrato estatístico do setor da cultura
em Lisboa
Anexo 2. Nota metodológica da análise às Agendas Culturais de Lisboa
— 2015
Anexo 3. Estrutura orgânica da DMC
Anexo 4. Estrutura orgânica da EGEAC
Anexo 5. Materiais fornecidos pela CML consultados
Anexo 6. Estudo de Públicos da EGEAC (Sumário executivo)
Anexo 7. Bibliografia sobre cultura em Lisboa
Anexo 8a. Autoavaliação da implementação das medidas propostas
nas Estratégias para a cultura 2009
Anexo 8b. Autoavaliação da implementação dos projetos propostos
nas Estratégias para a cultura 2009
Anexo 9. Guiões de apoio ao Workshop inicial, na Biblioteca de Marvila
Anexo 10. Agenda 21 para a Cultura – Radar 1
http://www.cm-lisboa.pt/viver/cultura-e-lazer
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EQUIPA TÉCNICA
Autores - Equipa base
Pedro Costa (coordenador)
Ana Oliveira
Andreia Magalhães
Filipa Alves de Sousa
Giles Teixeira
Paula Guerra
Tânia Moreira
Consultores externos
António Pinto Ribeiro
Franco Bianchini
EGEAC Tiragem
Joana Gomes Cardoso - Conselho de Administração 2000 exemplares
Lucinda Lopes - Conselho de Administração
Manuel Oleiro - Assessor
Maria Manuel Ferreira - Assessora Junho 2017
Este relatório final das Estratégias para a cultura 2017
configura um documento de síntese dos trabalhos realizados,
os quais compreenderam, conforme o contratualizado com
a Câmara Municipal de Lisboa (CML), uma primeira fase de
diagnóstico da situação cultural no concelho de Lisboa, e
uma segunda fase centrada na (re)definição das estratégias
de atuação, concretizando objetivos e subobjetivos para a
ação, medidas concretas de política, bem como instrumentos
para a monitorização da sua implementação.
colaboração para
instituto
SOCIOLOGIA