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JUVENATRIX

JUVENATRIX – Fanzine de Horror & Ficção Científica


ANO 27 – Número 191 – DEZEMBRO 2017
JUVENATRIX – Desde Janeiro de 1991 – total 4.585 páginas
“A morte é apenas o começo... de uma eterna vida de dor...”
Editor – Renato Rosatti
Capa – Dimitri Kozma (homenagem para “Zé do Caixão”)
INTERNET
Blogs: www.infernoticias.blogspot.com.br & www.juvenatrix.blogspot.com.br
E-mail: renatorosatti@yahoo.com.br / Twitter: www.twitter.com/juvenatrix

Lançamento dessa edição: 17/12/2017 – São Paulo/SP


Distribuição gratuita – Solicite o envio do arquivo PDF por e-mail

HORROR E METAL EXTREMO


Música: Carving a Giant / Banda: Gorgoroth (Noruega) / Álbum: Ad Majorem Sathanas Gloriam (2006)

Might and Lust my work. No trust is for man. Father of unholy damnation light. Rewarding assistance for an ended life. To
every living worm. Write an omen. To every living walking. Through the twilight. And every night there is a FIRE!!
Singeing and Burning. The Curse of a child. Bring the pain out. Ours was spirit. Raped Intelligence. We exist...all...to
awaken and save us from war! The essence of doubt. Carving a giant. Carving the eye of a god. Create ME. Torn so much.
Taint a love. Chasing a giant. Forcing the wakes of a storm. Standing as human. Facing a god. Fighting and turning your
secrets. And every night I am the flame. And every night there is a fire. To anyone… Raking the twilight.

Memórias do metal extremo:


LP vinil – “Darkthrone” (Noruega) – “A Blaze in the Northern Sky” (1992)
“Satyricon” (Noruega): show no Fabrique (Barra Funda, São Paulo/SP) em 11/11/17

“Obituary” (EUA): show no Fabrique (Barra Funda, São Paulo/SP) em 18/11/17


“Gorgoroth” (Noruega): show no Hangar 110 (Bom Retiro, São Paulo/SP) em 07/12/17

DIVULGAÇÕES & CURIOSIDADES


Fanzine: “Astaroth” número 69
O fanzine “Astaroth” número 69 está disponível trazendo resenha do filme “Os Mortos Falam” (The Devil Commands,
EUA, 1941), com Boris Karloff, e cartaz do “IV Festival Boca do Inferno”, evento de horror realizado em São Paulo/SP em
25 e 26/11/17. Versão impressa distribuída gratuitamente em eventos. Versão em PDF distribuída por solicitação via e-mail
(renatorosatti@yahoo.com.br).

Fanzine: “Coffin Fang Zine” número 1 (Novembro de 2017)


Fanzine em PDF “Cinemakabro” número 01 (Novembro de 2017) e número 02 (Dezembro de
2017)

Fanzine “Coffin Fang Zine” número 1 (Novembro de 2017), lançado no “IV Festival Boca do Inferno”, em São Paulo, nos
dias 25 e 26/11/17. Editora: Patty Fang
Contatos: www.facebook.com/CoffinFangStore

O fanzine em PDF “Cinemakabro” número 01 (Novembro de 2017), editado por Iam Godoy (portal “Gore Boulevard”)
está disponível gratuitamente podendo ser baixado no link:
https://mega.nz/#!MGYFBBqD!Jma0bcknCdajuPRevEUvj2HdoLET4zHPc3jzb5GGsP0

O fanzine em PDF “Cinemakabro” número 02 (Dezembro de 2017), editado por Iam Godoy (portal “Gore Boulevard”)
está disponível gratuitamente podendo ser baixado no link:
https://drive.google.com/file/d/1V1DwJDynciHwx-zSLh4Plfy290vbqgCU/view

O lendário fanzine “Megalon” retorna com a edição 72, disponível para download gratuito
em versão PDF
(Mensagem do editor Marcello Branco)
Depois de vários anos volto a lançar uma edição inédita do fanzine “Megalon”.
O número 72, de dezembro de 2017, comemora o centenário de nascimento de Arthur C. Clarke (1917-2017), a acontecer no
próximo dia 16 de dezembro.
A edição especial contém um extenso trabalho de pesquisa bibliográfica sobre a obra dele em inglês e em língua portuguesa.
Sua ficção (longa e curta), não-ficção, divulgação científica, e os trabalhos publicados sobre a sua obra.
Complementa a edição um artigo sobre a vida e a obra do autor, e outro que conta como foi a participação de Clarke no “I
Simpósio Internacional de FC”, realizado no Rio de Janeiro em 1969.
A edição impressa tem 60 páginas, com capa colorida, ilustrações e encadernação em espiral.
Pode ser adquirida comigo pelo valor de custo de R$ 30,00.
e-mail: marcellobranco@ig.com.br
A edição também está disponível em PDF e pode ser acessada aqui:
http://www.mediafire.com/file/bb5sdmliuig3r3n/Megalon+72.pdf

Fanzine “Jornalzine Underground” número 1 (Dezembro de 2017)


(mensagem de divulgação)

“JORNALZINE UNDERGROUND”
Cinema / Música / Ilustrações / Quadrinhos
Ibiúna-Cityo, SP, Brasil
# 1 (seg, 11/Dez/2017) - A4 (21x29,7 cm)
6 Páginas - xerox - tiragem indefinida (sob demanda)
Versão física/impressa/paga acompanha um dvdzine (dvd-r)
Versão digital em arquivo pdf distribuída gratuitamente via e-mail (ou pelo facebook/messenger)
Editado por: Androdead Bathory & Julie Albuquerque
Colaboradores: Elias Macedo, Yasmin “Pandinha” Fernandes, José “Zinerman” Nogueira, Espinho - 35 Índios (ilustrações)
& Júlio César (tirinha)
Site: https://www.facebook.com/planetdeadtv/
e-mail: Kathoeyqueerpunk@gmail.com

A/C Julie Albuquerque - Rua Zico Soares, 129 - Biblioteca Municipal – Centro - Ibiúna-SP - CEP: 18150-000

Novo fanzine da dupla e parceiros de arte underground Androdead Bathory(Planet Dead TV) & Julie Albuquerque (Camila
GLS Rock Zine). Estilo jornal e sem capa, sendo este o motivo que dá origem ao nome „Jornalzine‟, que é um trocadilho
de „jornalzinho‟ com „fanzine‟. Contém as resenha/sinopse/créditos do primeiro curta-metragem tosco de Julied “Wood”
Albuquerque, o „Perdendo a Cabeça‟ (Direção tosca: Julied “Wood” Albuquerque. Co-Produção duvidosa:Maldita
Produtora & D.V.D. Produções. Roteiro terrível: Julied “Wood” Albuquerque. Gênero: Terrir/trash-tosco/humor-negro.
Ano: 2015. Origem: Ibiúna-Cityo/SP. Duração: 13 minutos aproximadamente.). As senhas/biografias/formações/discografias
das bandas „Behemoth‟ (banda de blackned death metal da Polônia) e „Borknagar‟ (banda de progressive/viking/black metal
da Noruega). O „P.I.Z.Z.A. 2016‟ (Panorama Ibiunense de Zines Zicados Autenticamente), que era um fanzine-catálogo
independente/solo, mas que agora migrou para dentro das páginas do Jornalzine Underground. Uma entrevista com o Paulo
Moraes falando sobre o seu pioneirismo na fanzinagem ibiunense. E por último, a colaboração/participação de amig@s
talentos@s que enviaram material para ser publicado neste fanzine pobre e tosco, que são as seguintes pessoas; Elias
Macedo, Yasmin “Pandinha” Fernandes, José “Zinerman” Nogueira, Espinho - 35 Índios (tod@s com caprichosas
ilustrações), e Júlio César (na tosca tirinha seriada em várias partes. rs.).
Memórias dos fanzines: A Revolta Sangrenta das Tripas Assassinas (1992) - capa de Laudo
Ferreira Junior, conto de Petter Baiestorf / Hiperespaço 1 (1983) e 11 Especial Contos (1986)

Livro: “Guia Para Defuntos Inexperientes”, por Norton A. Coll (ncoll@hotmail.com)


Antologia de contos de FC: “Galáxias Ocultas”, Editora Illuminare (Novembro de 2017)
ANTOLOGIA DE CONTOS DE FICÇÃO CIENTÍFICA
"Galáxias Ocultas". Editora "Illuminare". Organização de Rô Mierling, Lançamento: 10 de novembro de 2017.

SEMEADORES – Adnelson Campos


LUZES AO CREPÚSCULO – Carlos Asa
A SPHERA – Cecilia Torres
HORROR EM ARMSTRONG930 – Diego Scariot
CÉU VERMELHO – Gustavo Lopes
O OLHO DE CERBERUS – J. T. S. Neto
A ESTRELA MAIS BRILHANTE – Lorena Caribé
UMA NOTA NO „„FANTÁSTICO‟‟ – Luiz Haiml
MARTE QUER CARNE – Marcelo Milici
A NATUREZA DE NIBIRU – Olipe Sisão
Et‟s NÃO EXISTEM SÓ NA TELEVISÃO – Sergio Mattos
CRÔNICA ESPECIAL ACADEMIAS – Osame Kinouchi

Livro: “A Terra da Noite”, por William Hope Hodgson

A “Editora Clock Tower” colocou à venda em sua loja virtual o livro “A Terra da Noite”, tradução do clássico “The Night
Land”, escrito por William Hope Hodgson em 1912 e considerado uma das maiores obras de fantasia e horror de toda a
literatura. É a primeira vez que é traduzido em nosso idioma e o volume vem carregado de muitos extras: nome dos
compradores impresso no livro (se quiser), notas, biografia do autor, ilustrações exclusivas, etc.
https://www.facebook.com/editoraclocktower/
http://loja.sitelovecraft.com/

Festival Boca do Inferno 4 em São Paulo/SP: algumas fotos do dia 25/11/17


"Perdidos no Espaço" (Lost in Space, 1965 / 1968)
Série de TV – Episódio 16 - "O Estranho Colecionador" (The Keeper)

Dr. Smith: “Vamos procurar não perder a calma, agindo como seres inteligentes.”
O Colecionador: “Seres inteligentes? Vocês são inferiores aos insetos que esmago ao caminhar!”.
CONTOS

Pelos Campos em Flor


por Norton A. Coll
Que sensação maravilhosa, essa de percorrer campos com perfumes variados de flores multicoloridas! Junto com o
aroma, escuto o ruído sutil, mas extremante agradável de um riacho que deve correr aqui perto. Pelo céu alaranjado as
revoadas constantes de passarinhos. Devo estar em algum lugar do centro oeste e é a época que precede o outono. Existem
ainda grupos de árvores heróicas, bem antigas que conseguiram enganar as serras motorizadas e se reúnem para celebrar a
sobrevivência do seu verde. Nada como desfrutar essas riquezas naturais no descortino dos anos de juventude. Percorre por
todo meu corpo um vigor como há muito não sentia. Há alegrias que podem ser adquiridas, ou mesmo compradas, mas não a
que me invade agora.
É disso que devem falar e escrever constantemente os poetas ou mesmo os sábios que nem sabem escrever.
Como é bom dar um intervalo em tudo e sair como um andarilho comprometido apenas com viver e desfrutar dessa
natureza que eu já não lembrava existir. Quem diria que ela estava tão pertinho, quase ao lado, dos dias rotineiros e
enclausurados naquele lugar que não me importo de não lembrar mais qual era.
No momento, não tenho preocupações com cansaço ou sede; meu desígnio é ir em frente com firmeza. Tenho uma
boa ideia para onde estou indo. Tenho consciência, nesse momento, de estar realizando a caminhada mais compensadora de
todas. Há um local familiar que espera por mim lá adiante. Não entendo bem a lógica disso tudo, nem sei se importa e, no
entanto, tenho a certeza de que ali existe alguém me esperando.
Dou-me conta com mais precisão agora, de minha localização: sei para onde tenho de ir. Devo orientar meu curso
caminhando sempre em direção ao oriente. Preciso acompanhar o mesmo percurso que o astro-rei faz no alto.
Depois de uma longa jornada que nem me pareceu tão cansativa assim, encontro afinal o lugar que buscava. À
minha frente está uma casa bem construída, embora mostrando sinais da ação do tempo. Parece isolada de todo resto. Não há
outras residências por perto. De longe vejo na porta uma mulher que acena. Sei que a conheço bem, embora não consiga
agora lembrar seu nome. Aperto o passo e avanço até ela. Penso apenas em tê-la mais perto de mim, pois sei que é muito
querida para mim. Eu a abraço e beijo com ternura, evocando momentos há muito vividos. De repente, então, ela some diante
de meus olhos. Estarei sonhando? Para confirmar, concentro-me para perceber as coisas em torno de mim. Sinto nitidamente
o assoalho debaixo de meus pés descalços e a madeira dos tacos é macia e acolhedora. Corro as mãos tateando a parede fria e
percebo sua solidez. É tudo real. Ainda estou fazendo esse exame, quando ela reaparece. Sua presença traz lembranças
prazerosas. Estou quase recordando seu nome. O que será que ocorre? Indago a ela por que desaparece e ela se limita a
sorrir. Estou confuso. Agora lhe suplico que fique, pelo menos, até eu entender quem é.
Continuo andando, passo para outro cômodo e a vejo de costas, diante do espelho. Seus dedos buscam alguma coisa
sobre o móvel poeirento. Por fim, escreve com um objeto de cera: “Procure lembrar. Você sabe!”. Por fim, ela faz um gesto de
despedida, antes de se evaporar de vez. Fico intrigado com o desafio das palavras deixadas no vidro. Desfez-se a satisfação
que sentia por estar nesse esse lugar. Ainda vou conseguir lembrar quem era. Sei que foi um dos muitos vultos efêmeros a
quem conheci. Foi inútil tentar segurá-los mais tempo junto de mim.
Ainda quero aproveitar a luz desse dia que, espero, nunca terminar. Não posso parar de percorrer essa moradia, que
vai parecendo cada vez maior, com sua quantidade incontável de salas e quartos, igualmente vazios...
***
- Não adianta prosseguir, doutor! Acho que podemos parar agora. Não está mais reagindo à nossa tentativa de reavivá-lo.
- Ufa! Até que resistiu muito, esse sujeito. Era mais um desses prisioneiros com condenação perpétua, não é?
- Sim, e pelo que vi no fichário dele, tinha matado a própria mulher há quase 40 anos atrás!
- Talvez nem lembrasse mais porque veio para cá.
- E muito menos devia lembrar o nome dela!

OBS.: Conto extraído do livro “Guia Para Defuntos Inexperientes”.

Os Mortos Não Fazem Publicidade


por Emanuel R. Marques (Portugal)
Quando lhe perguntavam o motivo de tanto viajar, ele, ironicamente, respondia que andava em busca do melhor
lugar para morrer. Já conhecia todos os cantos e recantos do mundo, poucas seriam as culturas que lhe faltava experimentar.
Certo é que quando misteriosamente desapareceu, muitas foram as especulações acerca do local onde, eventualmente, ele teria
deixado este mundo terreno. As últimas páginas do seu diário deram asas às teorias mais incríveis e a fama criada em torno
da sua última viagem voou para todos os sítios que havia visitado em vida.
Esta é a teoria mais conhecida e que ajudou a inspirar o seu mito.
Decidiu voltar a Edimburgo, cidade que sempre lhe fora confortável nas duas anteriores vezes que a visitara. O
ambiente místico da Escócia, associada à paixão que tivera por uma bela ruiva durante a última estadia, fizeram com que
retornasse, em busca das emoções que andavam a escassear na sua vida. Ficou no pequeno hotel do costume, o dono já o
conhecia e oferecia-lhe bebidas em troca de interessantes conversas acerca dos países que ele visitara. Ele era um cliente que
não tinha problemas em pagar, mas o dono fazia sempre questão em presenteá-lo, pois além da agradável companhia sabia
que as gorjetas no final da estadia eram sempre boas e compensavam aquele gesto simpático.
Foi precisamente numa destas noites, em que ambos discutiam os lugares que ainda lhes faltava visitar, após ele ter
referido que ainda lhe faltava visitar o “lado de lá”, que surgiu na recepção um curioso cavalheiro, de fato e gravata, que se
identificou como vendedor de actividades de diversão, promotor de eventos e animações. Percebendo que poderia cativar
aquele hóspede sedento de aventuras, uma vez que o dono teve de sair da recepção quase de imediato, mostrou-lhe um plano
especial de visita a uma Edimburgo que lhe garantiu não conhecer. Aliás, este era um roteiro apenas autorizado a alguns.
Quanto ao preço, seria pago com a publicidade que ele faria por todos os locais onde passasse, visto que era um homem em
constantes viagens. Era uma oportunidade irrecusável. Seriam três dias de descoberta, após os quais voltaria ao hotel, onde
ficariam todos os seus pertences, pois para aquela aventura apenas poderia levar a roupa que tinha no corpo e mesmo essa
seria trocada por uma indumentária especial.
O estranho vendedor deixou-lhe um pequeno mapa com a indicação do local onde se encontrariam na manhã
seguinte, pelas seis e meia, onde um grupo de seis pessoas se juntaria a eles. Entusiasmado, ele tentou pagar uma bebida ao
vendedor, o qual recusou, em tom irónico, afirmando que deixara de beber há alguns séculos. Despediram-se e o nosso
aventureiro foi dormir, sonhar com as desconhecidas maravilhas que o esperavam e alguma mulher bonita que,
eventualmente, também estivesse naquela jornada.
Foi o último a chegar ao sítio combinado, que ficava junto às ruínas de uma rústica capela. As seis pessoas que lá se
encontravam, que partilhavam do seu entusiasmo, tinham uma aparência de normais turistas, quatro homens e duas mulheres
todos com idade aparentemente superior aos trinta anos. Havia, de facto uma bela e elegante mulher, ou melhor, por certo
havia-o sido até há bem pouco tempo, pois tinha já algum avanço de idade. Agora era de uma charmosa beleza. A interacção
entre todos foi rápida e fácil e eis que chegou o vendedor daquela aventura, entregando-lhes de imediato uma túnica branca.
Começaram por descer a um túnel que ficava secretamente localizado junto às ruínas. Foi uma visita guiada historicamente
interessante, o túnel estava repleto de artefactos antigos e, supostamente, era habitado por vários espíritos que o haviam
utilizado ao longo dos últimos dois séculos. Segundo o guia, o último espectro ali presente falecera longe do túnel, há apenas
cinquenta anos, mas o seu espírito retornara àquele lugar. Sendo ou não um cenário previamente montado, certo foi que os
ruídos, vozes fantasmagóricas e movimentos estranhos acompanharam a visita. A passagem pelo túnel durou cinco horas,
havendo pelo meio uma sumptuosa refeição à disposição dos convidados. As tochas haviam sido previamente acesas e
acompanhavam todo o longo percurso do túnel. A saída deu-se pelo alçapão de acesso a um rico palácio com influências
Vitorianas. O espaço interior era incrivelmente decorado e luxuoso. Os convidados tiveram mordomos, termas e piscina,
entre outras regalias e diversões. O anfitrião, o homem que os conduzira lá, não parecia ser o dono daquele espaço, mas
conhecia-o extremamente bem e afirmou mais tarde que tinha estreitos laços com os proprietários. Chegada a noite, as
túnicas eram retiradas, e esta era a única fase do dia em que eram tiradas.
Um palácio à disposição daqueles sete convidados, ele nem queria acreditar que iria pagar tudo aquilo apenas com a
publicidade que as suas palavras fariam. Não resistiu aos encantos da voluptuosa concubina que o visitou durante a noite e
misteriosamente desapareceu pela manhã.
No segundo dia acordaram ao final da manhã, com todas as mordomias e atenções do dia anterior, e prepararam-se
para as actividades que a tarde lhes reservava. Este foi o dia em que visitaram os bares mais antigos da cidade, enveredaram
na exploração dos habituais monumentos e outros locais de relevância histórica. A eloquência e cultura geral do enigmático
condutor do passeio, juntamente com a simpatia que sempre demonstrava, cativava facilmente a confiança do grupo. O
misticismo e certos lugares mágicos foram também apresentados. No entanto, este foi um dia normal, dentro do presumível
de ser no contexto de passeio histórico.
No terceiro e último dia acordaram pela madrugada e, apesar da excitação quanto ao que os poderia esperar, este dia
foi passado a visitar orfanatos, centros de apoio social e outros lugares onde a sorte não era o fado de uma existência. Foi
deveras estranho para o grupo, o contraste com a experiência de luxo dos outros dias era imensa. Não perceberam qual o
motivo de incluir aqueles espaços num roteiro turístico. Todavia, a visita foi tão docemente guiada pelo promotor que todos
aceitaram de bom grado a experiência, apesar de alguns momentos mais emotivos. A noite que se seguiu teve os mesmos
luxos das anteriores, mas era notória a influência que o dia lhes trouxera, pela forma como saboreavam o que lhes era
oferecido.
Pela manhã, o anfitrião despediu-se com a sua cordialidade habitual, prometendo que se voltariam a encontrar. O
grupo trocou contactos entre si, agradeceram a experiência e cada um seguiu o seu rumo. O nosso viajante voltou ao hotel
inicial para recolher as malas.
As últimas palavras encontradas no seu diário, encontrado caído no chão, em frente ao hotel no dia seguinte à sua
partida, diziam: - Nunca na vida me senti tão vivo.

CINEMA

OS VIVOS ESTÃO MORTOS?


por Angelo Junior
As temporadas da série norte-americana “The Walking Dead” têm causado furor entre os amantes do gênero, tanto
que já se encontram no oitavo ano. O tema é instigante, tabu para alguns, atração para outros. A rigor, mortos em estado de
putrefação que andam e ameaçam a quem não for igual a eles. A morte, apesar de se saber que é algo irreversível para todo
ser vivo sobre a face da terra, continua com o seu perfil “sedutor”. Já notou quando há uma pessoa morta numa rua como
atrai a atenção? Talvez o homem, se aproximando o máximo dela, busque respostas para as quais nunca conseguiu. Talvez...
a busca maior das razões da sua efêmera existência...
“The Waking Dead” explora um velho conhecido do mundo do terror: o zumbi. Esse ser existe desde que começaram
a falar dos rituais haitianos, dos vodus e de pessoas transformadas em zumbis, passando pelo clássico absoluto de George
Romero, “A Noite dos Mortos-Vivos”, de 1968; e chegando a uma enxurrada de revistas de histórias em quadrinhos sobre o
tema. Aliás, a série é inspirada nos quadrinhos.
O seriado mostra um mundo desolado, infestado por zumbis e tem em Rick Grimes (Andrew Lincoln), um aparente
herói-padrão yankee, daqueles clichês que se vê aos borbotões nas películas hollywoodianas. Mas Rick não o é. Apesar de
policial, dependendo do contexto, mata sem dó. Obviamente é preciso levar em consideração o “salve-se quem puder”
daquele mundo repleto de criaturas famintas por vísceras. Mas, aqui é que surge uma questão: há divergências o tempo todo.
A ordem parece alterada não só pelos mortos-vivos, mas também pelos vivos-vivos. Ao invés de procurarem a unidade,
justamente para poderem sobreviver o mais próximo da harmonia, os indivíduos vivem brigando, sejam com integrantes do
próprio grupo ou de outros grupos que se formaram para se resguardarem dos perigos.
A série parece pecar nesse aspecto, muita briga desnecessária, muita desunião, a ganância e o individualismo
surgindo num momento capital da espécie humana sobre a terra. Em tese, o telespectador poderia esperar que exista uma
coexistência pacífica e um objetivo só: a sobrevivência mútua. Tudo isso confere tons modorrentos ao roteiro, cansa pela
repetição. O foco, que é se proteger dos zumbis, é deixado em segundo plano.
Outro aspecto repetitivo no roteiro é o fato de grupos dos personagens principais serem sempre surpreendidos (e
rendidos) pelos opositores, ao saírem em suas “missões”. É um recurso manjado, uma ideia já usada que acaba ficando
surrada.
Porém, o que mais instiga em “The Walking Dead” é a atmosfera, a possibilidade constante do encontro com
criaturas horripilantes, oriundas das tumbas ou recém-transformadas em zumbis por mordidas infectantes de similares. Os
cadáveres ambulantes podem fazer surgir um pensamento angustiante, de cunho extremamente existencial: quem somos nós,
afinal? Seres vivos, formados de células distribuídas em ossos, músculos, artérias, detentores de uma série de episódios
fisiológicos que fazem um corpo funcionar... Um milagre! Seres que pensam, raciocinam e sabem quem são. E buscam mais!
Quem os criou! Um ser que cria ferramentas, vive socialmente com regras e que manda sondas para o espaço além-solar.
Um ser que depois de morto, torna-se horroroso quando em putrefação, exala um odor terrível e deve ser cremado ou
escondido em uma sepultura. Tanto, que o mais bonito e perfeito ser humano do planeta, nas condições aqui expostas, não
atrairá olhares nem da pessoa que mais lhe amou. Eis o antagonismo: vida e morte. Essa questão, a série expõe bem e parece
indagar o tempo todo a razão da existência humana. Aquele zumbi poderia ser eu, você... Eles somos nós amanhã!
Voltando à série, outro aspecto peculiar e frustrante para muitos fãs, é que muitos dos personagens principais
acabam sendo mortos, como acontece com Glenn, por exemplo, no início da sétima temporada. Algo não muito usual num
cinema que prima por heróis ufanistas, messiânicos e defensores da moral e bons costumes. Num cinema onde o mal é um
meio e não um fim, e não costuma triunfar.
Como é de se esperar, o público acaba se identificando com os artistas principais, cada qual com as suas
características: Rick, o policial durão, líder nato e que não hesita em suas decisões. O garoto Carl, filho de Rick, que tem
personalidade e carisma. Michonne, de corpo esguio, muito atraente, e exímia manejadora de um sabre, lacônica, vive
decepando cabeças de quem lhe ameaça. Glenn e Maggie formam um casal simpático, que mostra a busca pelo amor e que
nada pode impedir que fiquem juntos. Carol, em meio a questões existenciais, mesmo querendo se livrar de toda a violência
que deve enfrentar para ficar viva, se mostra uma lutadora. Daryl, o arqueiro preciso, parece dividir a predileção da ribalta
com Rick, e dá um suporte fundamental ao “mocinho” da série.
Outra questão interessante exposta na série e serve também para provocar verdadeiros dilemas e reflexões é que, ao
longo dos capítulos, personagens hesitam ou até se negam a matar entes queridos transformados em zumbis. E aí surgem
mais uma vez questões que envolvem profundos sentimentos: matar a pessoa amada para libertá-la ou não? O próprio
Governador (da cidade de Woodbury) manteve a sua filha (transformada em zumbi) aprisionada, justamente por amá-la
demais, num resquício de humanidade, mesmo sendo um sujeito sanguinário e implacável. Esse aspecto faz pensar o quanto é
importante uma pessoa amada no seio de uma sociedade...
O tema de abertura é providencial, os acordes dilacerantes casam muito bem com cenas desoladoras de uma Atlanta
devastada, com carros abandonados aos milhares e lugares outrora idílicos, transformados em verdadeiros pesadelos
acordados. Os takes da abertura são cartões-postais da geografia do terror. E o oásis Alexandria chega a parecer um porto
seguro em meio a um deserto de criaturas sedentas de sangue. Aliás, outro aspecto interessante da série é notar que os
personagens principais também não hesitam em sair de suas cidadelas, por uma razão ou outra, mesmo que aparentemente
fútil, mesmo que sabendo de que no avançar da noite muitos zumbis possam estar à espreita; nas soturnas florestas do
entorno.
Vilões como o Governador e Negan, ou os canibais do Terminus, fazem brotar nos telespectadores, o asco que se tem
sobre gente dessa índole. São sádicos, malvados ao extremo e matam sem remorso algum. Negan, na sétima temporada,
tortura tinhosamente o público durante todo o episódio, quando ao colocar os protagonistas de joelhos, faz uma espécie de
roleta russa psicológica pra ver qual deles terá o crânio estraçalhado pelos golpes de seu taco de beisebol revestido por arame
farpado (apelidado de Lucille).
Mas “The Walkind Dead” tem seus méritos, mesmo com tema tão requentado. Com certeza, consegue causar boas
indagações filosóficas naquele que lhe acompanha. Tem nos grandes efeitos especiais, outra razão para ficar boquiaberto (os
norte-americanos são peritos nisso!). As locações são muito bem escolhidas e produzidas, as cidades parecem realmente
abandonadas, devastadas por causa da “grande praga” que assolou o mundo. A trama cativa e faz o telespectador atento
estipular se a cura será alcançada ou se os protagonistas da série continuarão errantes pelas lúgubres florestas da vida. Se
continuarão como muitos aficionados desconfiam: os mortos-vivos, na verdade, são os integrantes do grupo capitaneado pelo
policial Rick Grimes.
“A morte é apenas o começo... de uma eterna vida de dor...”

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