Sei sulla pagina 1di 68

Ano 13- n° 50 - Julho / Agosto / Setembro - 2016

Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense

O Diário de
um Sábio Livro de Eclesiastes
Pr. Diego Nunes Araújo
LIÇÕES
SÁBIO!
COM A PALAVRA, O
12
SUMÁRIO 16
CORRER
A INUTILIDADE DE TO
ATRÁS DO VEN

RA”
“O TEMPO NÃO PA
20

02 FESTA DAJUBERJ
PRIMAVERA
24 VITÓRIAS E CONQUIS
TAS

REVERÊNCIA
28 RELIGIOSIDADE
X

PRIMEIRAS PALAVRAS
03 BÊNÇÃOS DA
GENEROSIDADE 32 O DINHEIRO E
SEU S PERIGOS

DA
UMA VIDA MODERA
36
07 PALAVRA DO REDATOR
É TEMPO DE AVANÇAR! O SÁBIO, O REI, A VID
A E AS
40 OBRAS DE DEUS

108ª ASSEMBLÉIA DA
09
S
O DESTINO DE TODO
CONVENÇÃO BATISTA 44
FLUMINENSE
BEDORIA
48 MELANCOLIA
X SA

IMPACTO
10 EVANGELÍSTICO
E NOITE MISSIONÁRIA
52 A TOLICE DOS TOLOS

URO
O PRESENTE E O FUT
56
11 APRESENTAÇÃO
PR. DIEGO NUNES ARAÚJO 60 A CONCLUSÃO DE TUD
O
2
PRIMEIRAS PALAVRAS

BÊNÇÃOS DA GENEROSIDADE
Mas digo isto:
Aquele que semeia
pouco, pouco também
ceifará; e aquele que
semeia em abundância,
em abundância
também ceifará. Cada
um contribua segundo
propôs no seu coração;
não com tristeza, nem
por constrangimento;
porque Deus ama ao pois não estimula que esperemos
que dá com alegria. de Deus apenas as bênçãos do
(2Coríntios 9.6-7) mundo material capitalista. Quando
você é bondoso, além das recom-
A GENEROSIDADE ABENÇOA pensas materiais, há outras bên-
NOSSAS VIDAS. çãos emocionais e espirituais:
A “lei da colheita” sempre preva- Riqueza em amor – Quem não
lece. Por isso, foi usada a figura de tem essa riqueza, é desnutrido
linguagem do semear, que lembra afetivamente e não tem alegria
proporcionalidade. Quando você de viver.
semeia pouco, a colheita será es- Riquezas em amizades – A gra-
cassa, mas quando semeia em tidão não faltará, não obstante
abundância... possam existir exceções, amigos
O apóstolo Paulo está sendo ab- verdadeiramente gratos sempre
solutamente prático e realista ao existirão.
tratar do assunto, que para alguns é Riqueza no sentimento de que
polêmico: recompensa e justiça re- somos perdoados e amados por
tributiva. Há sim, recompensas es- Deus – Misericórdia gera miseri-
pontâneas para quem é generoso. córdia. Quando necessitarmos da
A “lei da colheita” não é autori- espontânea reciprocidade, não nos
zativa para atitudes materialistas, faltará apoio e solidariedade.

3
Você será recompensado por mesmos e a Deus. Melhoramos
Deus – Os ensinos de Jesus esta- nossa auto-estima, libertamo-nos
belecem que quando servimos ao da avareza e do materialismo. “A
próximo, estamos servindo a Deus vida de um homem não consis-
e receberemos de Sua parte a de- te na abundância dos bens que
claração: “Vinde benditos de meu possui... apartai-vos da avare-
Pai” (Mateus 25.34). za” (Lucas 12.15). Há alegria em
Geralmente as pessoas ajudam praticar a generosidade! Quando
por obrigação, para se gratifica- as pessoas veem nossas obras,
rem, para receberem prestígio glorificam a Deus, a Igreja é pres-
ou impulsionados pelo amor. A tigiada e cai na graça do povo.
Bíblia estabelece o meu dever de Deus se revela por nossa genero-
praticar a generosidade, pois Deus sidade e amor.
é generoso para comigo. Ele “é Servimos a um Deus generoso
poderoso para fazer abundar em e amoroso. Precisamos de mais
vós toda a graça, a fim de que, motivos? Sejamos generosos com
tendo sempre, em tudo, toda a nossa família, com as demais pes-
suficiência, abundeis em toda soas, com a Igreja, com a denomi-
boa obra” (2Coríntios 9.8). nação, pois assim seremos instru-
Quando somos generosos, agra- mentos da graça, amor e miseri-
damos ao nosso próximo, a nós córdia do Senhor.

Amilton Ribeiro Vargas


Diretor Executivo

4
5
6
PALAVRA DO REDATOR

É TEMPO DE
AVANÇAR!
“Disse o SENHOR a Moisés: Por-
que clamas a mim? Dize aos filhos
de Israel que marchem” (Êx 14.15).

Eclesiastes 3.1 diz que “Tudo


tem o seu tempo determinado, e
há tempo para todo o propósito de-
baixo do céu”. Também acrescen-
to: há tempo de esperar, planejar,
mas há um momento em que Deus
manda marchar, avançar “dize aos
filhos de Israel que marchem”. Em
quais áreas da vida cristã precisa-
mos avançar?
1 - No compromisso – A pala-
vra compromisso, embora não se para trás, não é apto para o Reino
encontre na Bíblia, quando apli- de Deus.
cada ao Reino de Deus, expressa Convencidos dessas verdades,
profundamente o nosso relaciona- resta-nos olhar para o nosso cora-
mento com o Senhor e Sua obra. ção, para nossa vida e verificar o
Em Mateus 6.33, em seu primeiro quanto de nós está comprometido
sermão, Jesus convidava as pesso- com o Reino, até onde vai nosso
as a buscarem em primeiro lugar o amor pelo Pai, lembrando que Ele
seu Reino e todas as outras coisas nos ensinou a amá-lo com todo o
seriam acrescentadas. Em Marcos nosso coração, com  toda a  nossa
8.34, Jesus convocou àqueles que alma, com todo o nosso entendi-
desejavam segui-lo a negarem a mento e com toda a nossa força.
si mesmo e a levarem sua própria 2 - Na comunhão – Ter comunhão
cruz. Em Lucas 9.62, Jesus revela é comungar, repartir, compartilhar. A
a seriedade do chamado: aquele comunhão nos leva a desenvolver
que colocar a mão no arado e olhar relacionamentos pessoais amigáveis.

7
Trabalhar para que a unidade do 3.2 - Ler a Sua Palavra, espe-
Espírito seja experimentada e isso rando para ouvir a Sua voz – É
se faz através do amor e do serviço através do conhecimento da Pa-
mútuo. Atos 2.42 e 44 diz: “E per- lavra que vamos ter uma vida de
severavam na doutrina dos após- intimidade com Deus. “Errais não
tolos, e na comunhão, e no partir conhecendo as Escrituras nem o
do pão, e nas orações. Todos os poder de Deus” (Mt 22.29).
que criam mantinham-se unidos e Muitos têm brincado com o peca-
tinham tudo em comum”. O cristão do, deixando que a vida cristã te-
tem, na comunhão, a marca que o nha “altos e baixos”, ficando enfra-
separa do mundo após o seu novo quecidos e desanimados. A Palavra
nascimento em Cristo. Essa marca de Deus nos ensina que devemos
gera frutos na vida da Igreja. confessar os nossos pecados, pois
3 - Na intimidade com Deus – o Senhor os perdoará: “Se confes-
O que significa intimidade? É uma sarmos os nossos pecados, ele
ação afetiva de proximidade entre é fiel e justo para nos perdoar os
as pessoas. Ter intimidade com pecados, e nos purificar de toda a
alguém é conhecer essa pessoa injustiça”. (1Jo 1.9)
profundamente, passar tempo com Não é tempo de olharmos para
ela, saber o que ela gosta, o que trás ou ficarmos parados em nos-
ela quer. Com Deus também é as- sos preceitos humanos, Deus tem
sim. Para ter intimidade com Ele, é grandes coisas para cada um de
preciso: nós. Deus manda avançar!
3.1 - Passar tempo orando – “Toda visão sem ação não pas-
Oração é um diálogo com Deus, é sa de sonho. Toda ação sem visão
uma conversa natural entre você e é utopia. Mas uma visão de Deus,
Deus: você fala e Ele escuta. com ação, pode mudar o mundo”
“Atualmente estou tão ocupado (George Barna).
que não posso passar menos de “Alarga o espaço da tua tenda;
quatro horas por dia na presença de estenda-se o toldo da tua habita-
Deus.” - Martinho Lutero (1483-1546). ção, e não o impeças; alonga as
“Tenho passado dias e até se- tuas cordas e firma bem as tuas
manas prostrado ao chão, orando, estacas” (Is 54.2).
silenciosamente ou em voz alta.”
George Whitefield (1714-1770). Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Redator da Revista Palavra & Vida
Diretor do Departamento de
Educação Religiosa da CBF

8
9
10
APRESENTAÇÃO
O livro do Eclesiastes é um livro dermos, por isso, estamos diante de
de sabedoria que retrata a vida de um grande desafio. Os contextos histó-
um rei sábio, chamado Salomão. rico, geográfico, político e religioso di-
Percebo que ora é o personagem ferem do nosso, mas com dependência
principal, mas ora ele retrata alguma do Senhor e vontade de aprender, en-
postura que não entende ser a mais contraremos êxito em nosso propósito
prudente, sugerindo até comporta- de estudar este maravilhoso livro.
mentos e atitudes. Convido você, amado leitor e irmão
As lições pretendem elucidar em em Cristo, para que durante este novo
forma de reflexões cada capítulo do trimestre, sua mente e coração este-
Eclesiastes, não pretendendo entrar jam disponíveis para refletir a partir de
em questões técnicas, de linguística e um tema tão central no Eclesiastes que
etc. A  proposta é tratar o Eclesiastes é a sabedoria, pensando, avaliando e,
como “o diário de um sábio”, analisan- sobretudo, aplicando as verdades des-
do a nossa vida hoje pelos indicativos ta valiosa porção da Palavra de Deus.
do pregador.  Seja bem-vindo às lições do diário do
O texto do Eclesiastes, em geral, não sábio vaidoso, do rei invejável, mas do
é um texto tão simples de compreen- amigo da sabedoria!

QUEM século 21”, publicado


pela Fonte Editorial

ESCREVEU
e “Guia politicamente
incorreto sobre Jesus:
por um evangelho so-
Diego Nunes de Araujo, 27 lidário à condição hu-
anos, nascido na cidade de mana”, publicado pela
Belford Roxo, Baixada Flumi- Think Free Publisher.
nense. É graduado em teologia Escreve para as Re-
pelo Seminário Teológico Ba- vistas Diálogo & Ação
tista de Belford Roxo, graduado e Atitude, da Conven-
em Liderança Avançada pelo ção Batista Brasileira.
Instituto Haggai; bacharel em Teologia É o editor-chefe da Think Free Publi-
pela Faculdade Batista do Rio de Ja- sher (www.thinkfreepub.com), um novo
neiro; pós-graduando em Ciências da conceito editorial.
Religião pela UCAM – Universidade Exerce o ministério pastoral há 6
Cândido Mendes. Tem cursos de ex- anos. Atualmente é pastor titular da Pri-
tensão universitária nas áreas de Ética meira Igreja Batista em Parque Suécia,
e Ciência Política pela USP – Universi- Belford Roxo - RJ (www.pibps.com).
dade de São Paulo e de formação em É casado com Gabrielle, pai da prin-
Psicanálise Clínica pela Escola de Psi- cesa Alice e dono do Téo, um shih-tzu
canálise Koinonia. bem divertido.
É autor dos livros «Essa tal felicida-
de: a «contraditora» felicidade do Cris- Contatos:
to”, publicado pela Editora Autografia, E-mail: diegonunesaraujo@gmail.com
“As 7 igrejas do apocalipse: mensa- Website: diegonunesaraujo.blogspot.com
gens modelos às igrejas brasileiras do Facebook: Diego Nunes Araujo

11
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 1
Texto Bíblico: Eclesiastes 1.1

COM A PALAVRA, O SÁBIO!

O nome Eclesiastes vem da uma coisa ou outra, Salomão está


tradução para o grego do nome em destaque, com sua vida e sua
hebraico que consta no primeiro sabedoria.
verso do livro: ‫( תֶלֶ֣הֹק‬qōheleṯ). As lições pretendem elucidar
O nome qōheleṯ vem da raiz em forma de reflexões os capí-
da palavra qahal que significa tulos do Eclesiastes, não preten-
“aquele que convoca uma as- dendo entrar em questões técni-
sembleia” provavelmente com o cas, como linguística, etc. A  pro-
intuito de pregar para ela. Daí, posta é tratar o Eclesiastes como
algumas traduções deste livro o diário de um sábio, analisando a
para “O Pregador”. nossa vida hoje pelos indicativos
A tradição bíblica cristã, na sua do pregador. 
grande maioria, identifica como Salomão tem, ao longo do seu
sendo de Salomão, a autoria dos diário, uma certa oscilação de hu-
três livros: Cântico dos Cânticos, mor. Alguns capítulos, por exem-
Provérbios e Eclesiastes. Alguns plo, quase nos levam a crer que
já acham que apenas foi o grande existe uma contradição instaura-
inspirador dos mesmos, no entan- da. Não sei por que, mas me iden-
to, outra pessoa escreveu. Sendo tifico por demais com esse diário.

12
Vejo que a distância de épocas não efeito devastador sobre a vida e a
consegue suprimir características condição da população judaica. Em
centrais da humanidade: dias que períodos de seca, de pestes, ou de
preferimos não ter acordado, mo- redução das chuvas, muitos peque-
mentos que nunca desejaríamos nos proprietários tinham de hipote-
ter vivido. car ou vender sua propriedade. Às
vezes, tinham até de vender a si
1 – O ambiente histórico mesmos e a família como escravos,
A linguagem e o aparecimento para obter o dinheiro necessário ao
de algumas palavras persas situ- pagamento dos impostos exigidos.
am o livro firmemente no período Aumentou a distância entre os
pós-exílico. Alguns comentaristas pequenos proprietários e fazendei-
recentes optam pelo início do perí- ros e a rica classe aristocrata. Esta
odo helênico, entre 300 e 200 a.C., minoria abastada se compunha
quando os Ptomoleus do Egito in- de funcionários estrangeiros que
cluíram a Palestina como parte de haviam se instalado tanto no país,
seu império. como fora dele. Também incluía os
Esses reis ptolemaicos explora- agentes e os colaboradores desses
vam o país com impiedosa eficiên- estrangeiros, judeus de classe alta.
cia. Deram continuidade ao siste- Muitos pequenos fazendeiros e
ma econômico persa anterior de se suas famílias se viram privados de
apossar da riqueza dos povos aos suas propriedades, enquanto que
quais governavam, especialmente a elite opulenta acumulava áreas
por meio de seu sistema fiscal, ini- cada vez maiores para si e/ou para
ciado pelos persas e mantido sob os agentes das potências dirigen-
o governo desses reis egípcios. O tes estrangeiras, primeiro da Pérsia
sistema requeria dos pequenos e depois do grupo de reis e nobres
fazendeiros o pagamento de im- ptolemaicos. Os fazendeiros e pas-
postos, não com produtos agrope- tores, despossuídos, agora traba-
cuários – porcentagens da colheita lhavam a terra como meeiros ou
ou dos rebanhos ovinos e bovinos. diaristas.1
Em vez disso, esses reis helêni- Os antigos valores e relaciona-
cos exigiam o pagamento anual de mentos baseados nos laços fami-
uma soma fixa em moeda corrente, liares e de parentesco tinham pro-
qualquer que fosse o produto da la- movido a ajuda e o apoio mútuos.
voura ou da criação. Mas com a nova economia mone-
A introdução dessa economia tária em expansão, essas redes de
monetária na Palestina teve um consanguinidade e de apoio come-
1 - CERESKO, Anthony R. A sabedoria do Antigo Testamento: espiritualidade libertadora. São Paulo: Paulus, 2004. p. 101.

13
çaram a se desfazer. Membros da 2 – A estrutura do Coélet
mesma família ou do mesmo grupo Os estudos de Addison Wright
viram-se separados em estratos demonstram a unidade do livro e
econômicos diferentes e opostos. a progressão do pensamento. O
Os valores e padrões mais an- livro tem uma estrutura simples
tigos, fundados na lealdade e na e descomplicada, na qual estão
compaixão humana, haviam dado em ação dois padrões comple-
lugar a valores mais materialis- mentares. As palavras-chave e
tas de riqueza e influência, com a refrões dividem o livro em seções.
chegada das forças dirigentes es- Na primeira metade do livro, Co-
trangeiras e de seus representan- élet descreve sua investigação da
tes. Logo, muitas pessoas já não vida. Essa primeira metade se di-
podiam compreender o mundo e a vide em oito seções, sendo cada
maneira como ele estava agora or- uma delas encerrada com a fugaz
ganizado, uma vez que estava es- “vaidade das vaidades“ e/ou “uma
tranho ao que estavam educados. corrida atrás do vento”. Coélet
É nesse contexto de incerteza apresenta algumas conclusões
que podemos situar Coélet. Diante
das investigações que fez. A se-
dessa confusão política e econô-
gunda metade também se divide
mica sob o tacão de um regente
em oito seções. As quatro primei-
opressor, Coélet e muitos de seus
ras seções terminam com o verbo
companheiros judeus devem ter
“descobrir” (ou equivalente) e as
tido uma sensação de impotência
quatro últimas são concluídas com
e incapacidade de melhorar as
o verbo “saber” (ou equivalente).
coisas. É nessas circunstâncias, e
Essa estrutura, baseada nos re-
com essas limitações, que ele se
frões e na repetição de palavra-cha-
empenha em sua busca da manei-
ra mais “sábia” de levar a vida. ve, é confirmada e complementada
Coélet responde as crises eco- pela identificação que Wright fez de
nômica, política e religiosa de seu padrões numerológicos que contro-
povo de duas formas. De um lado, lam a extensão do livro. Tal como
volta-se como pastor compassivo no Livro dos Provérbios, o valor
para seu povo, moldando para ele numérico das letras das palavras-
uma espiritualidade marcada pelo -chave parece determinante no que
mais rigoroso ascetismo. Do outro, se refere à extensão do livro e de
ataca os fundamentos intelectuais, vários de seus segmentos.
a chamada “sabedoria” da econo- O padrão mais óbvio se constrói
mia monetária helênica, que estava a partir da palavra hebel, “vaidade”,
causando tamanha destruição na que ocorre trinta e sete vezes. O
vida de seus companheiros judeus. valor numérico das consoantes em

14
hebel também é trinta e sete. O nú- da religiosidade. E como desisti-
mero de versículos de cada meta- mos até mesmo do que acabamos
de do livro é cento e onze, ou três de falar.
vezes trinta e sete. Observe que os 3 – O diário do sábio quer que
“refrões” de 1.2 e de 12.8 contém, você se sinta à vontade, se sinta
cada um, três hebels. bem à mesa, se sinta em casa, a
Wright identificou outros padrões ponto de refazer e fazer, de ver e
matemáticos além desses. Porém, não ver, de aprender e desapren-
basta dizer que esses padrões der, de vislumbrar ou não de quem
coincidem com as indicações es- sabe desenvolver a sabedoria, de
truturais proporcionadas pelos quem sabe apreender o que ainda
refrões repetidos. Em outras pala- não havia, de quem sabe construir
vras, é óbvio que o autor elaborou novas possibilidades, de quem
a obra com extremo cuidado e deu sabe ser abençoado à luz dos
uma forma consciente e proposital desabafos e discursos do grande
ao livro, tanto em termos de exten- pregador e sábio que iniciou o seu
são como de organização.2 diário com as polêmicas palavras:
“Vaidade de vaidades, tudo é vai-
Para pensar e agir: dade!...”. 
1 – O diário de um sábio não quer As lições que você tem em mãos,
ser um guia moral para a sua vida. deseja sintetizar percepções de
Aqui não é autoajuda, psicologia um jovem pastor, escritor, esposo,
barata, ou qualquer outra tentativa filho, neto, amigo, irmão, cunhado,
de moldar sua vida. Apenas acom- falho, pobre, simples, pecador, de-
panharemos o diário de alguém sacreditado com algumas coisas,
considerado o mais sábio de sua andarilho, discípulo, amante da
época. Retire os óculos de sua for- filosofia, servo do bem. Seja bem-
ma de ver as coisas. Tente ver além -vindo ao diário do sábio vaidoso;
do que está escrito, enxergue além do rei invejável, mas do amigo da
do jeito como sempre enxergou to- sabedoria!
das as coisas.
2 – O diário de um sábio pretende
Segunda-feira: Eclesiastes 1.1-5
demonstrar a estranheza de ontem
Terça-feira: Eclesiastes 1.6-13
e de hoje da nossa vida. Pretende
Quarta-feira: Eclesiastes 1.14-18
comparar como somos falíveis e,
Leitura Diária

Quinta-feira: Eclesiastes 12.1-5


em muitos aspectos, iguais. Como
Sexta-feira: Eclesiastes 12.6-7
somos fracos, e também sem ação.
Sábado: Eclesiastes 12.8-10
Como cansamos do faz de conta
Domingo: Eclesiastes 12.11-14
2 - Ibid., p. 106

15
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 2
Texto Bíblico: Eclesiastes 1.1–2.26

A INUTILIDADE DE CORRER
ATRÁS DO VENTO

A palavra Eclesiastes vem do lavra do Pregador, Filho de Davi,


termo hebraico ‫תֶלֶ֣הֹק‬, ou seja, rei de Jerusalém” (Ec 1.1). A te-
“reunir” ou “juntar”, e a sua for- mática do livro pode ser resumida
ma sugere algum tipo de cargo assim: “Vaidade de vaidades” diz
público. Era, possivelmente, um o Pregador; “vaidades de vaida-
status eclesiástico de alguém que des! Tudo é vaidade” (Ec 1.2).
convocava uma assembleia ou Ao lermos o Eclesiastes, temos
falava perante ela. A raiz da pala- a impressão de que Salomão, em
vra Eclesiastes é a mesma usada um dia que não tinha muita coisa
para o termo “igreja” ou “congre- a fazer, sentou em seu trono real
gação” – Eclésia. O título do livro e começou a meditar na vida, em
que estamos refletindo pode ter tudo o que já havia feito, chegan-
diversas traduções: “o Pregador, do à conclusão de que sua vida
o Orador, o Presidente, o Porta- era inútil, pois gastou muito tempo
-voz, o Filósofo, o Professor”. com coisas inúteis.
O autor do livro é o rei Salomão, De fato, é um tema interessan-
defendido pela tradição. Era co- te. Em minha opinião, perece que
nhecido pela sua sabedoria – “Pa- o autor está sem otimismo, cau-

16
sando em nós também certo desâ- a liberdade de vir para cá sempre
nimo diante da vida. Reflitamos um que quero. Aqui posso tocar meu
pouco mais adiante. violão, posso cantar à vontade,
posso pescar, posso nadar, posso
1. A vaidade do ter (Ec 2.1-11) ver o pôr do sol e os pássaros me
Salomão foi um homem extrema- fazem companhia”. Então, os men-
mente rico. Um pouco da sua sageiros do rei desceram do cava-
fortuna está explícita em 1Reis lo, pegaram uma grande quantia
10.14-29. O capítulo 2 do Livro de de dinheiro e disseram ao homem:
Eclesiastes descreve que o mes- “O rei precisa da sua camisa e ele
mo investiu muito em coisas e em quer comprá-la”. Aquele sujeito co-
pessoas: casas, jardins, bosques, meçou a sorrir e disse: “Diga ao rei
gado, terras, cantores, escravos, que o homem mais feliz do mundo
etc. Está registrado: “Tudo quanto não tem camisa”.
desejaram os meus olhos não lhes Sobre a temática do conto acima,
neguei” (Ec 2.10). o Cristo nos ajuda dizendo: “porque
Conta-se a história de certo rei a vida de um homem não consis-
que era muito infeliz. Ele consultou te na abundância dos bens que
os sábios do seu palácio querendo ele possui” (Lc 12.15). Salomão
que o ajudassem a encontrar a chegou também a esta conclusão.
felicidade. Os sábios lhe disseram Vejamos: “Mas, quando pensei em
que a única maneira de ser feliz todas as coisas que havia feito e
seria usando a camisa de um no trabalho que tinha tido para con-
homem feliz. Então o rei mandou seguir fazê-las, compreendi que
mensageiros por todo o reino, a tudo aquilo era ilusão, não tinha
fim de encontrar um homem feliz nenhum proveito. Era como se eu
e comprar sua camisa a qualquer estivesse correndo atrás do vento”
preço. Eles viajaram por diversas (Ec 2.11 - NTLH).
cidades, mas não encontraram 2. A vaidade da sabedoria
ninguém que fosse verdadeiramen- (Ec 2.12-17)
te feliz. Por fim, quando já estavam Você saberia me informar quan-
desistindo da missão, ouviram um tas horas tem um ano? Sabe
homem cantarolando e nadando quantos segundos tem um dia?
alegremente num riacho ali perto. Sabe quantos dias dura a prima-
Eles pararam e perguntaram: “O vera? Sabe qual é o diâmetro da
senhor é feliz?”. Ele respondeu: terra? Que perguntas esquisitas
“Claro que sou! Acho que sou até a essa hora – você pode pensar
o homem mais feliz do mundo! – mas se soubesse respondê-las,
Não tenho quase nada, mas tenho na ponta da língua, eu diria que

17
você é um gênio. Essas informa- mesmo buraco, debaixo da terra?”.
ções para Salomão era fácil, pois Mas o que fazer diante disso
ele era muito sábio. tudo? Deixar de estudar e buscar a
A Bíblia relata que “de todos os sabedoria? Claro que não devemos
povos vinha gente a ouvir a sabe- agir assim. Salomão desabafa.
doria de Salomão” (1Rs 4.34). Re- Assim como todos nós, quando
lata também que um dia recebeu vivemos aqueles dias de crises e
uma visita ilustre, a rainha de Sabá. muitas reflexões.
Vejamos o texto: “A rainha de Sabá Devemos buscar, sim, a sabe-
ouviu falar da fama de Salomão e doria e o conhecimento, pois vale
foi até Jerusalém a fim de pô-lo à a pena adquirir. No entanto, a sa-
prova, com perguntas difíceis... bedoria que precisamos buscar é
quando se encontrou com Salo- a de Deus. A sabedoria do alto é
mão, ela lhe fez todas as perguntas eterna e experiencial. É construída
mais difíceis que podia. Ele respon- na vida. Não vem pronta ou enla-
deu a todas; não houve nenhuma tada. É processual! É gradual! É
que fosse difícil demais para ele existencial!
responder” (2Cr 9.1-2 – NTLH). Sobre a sabedoria, a carta de
A rainha ficou impressionada, Tiago registra: “A sabedoria que
simplesmente encantada com tudo vem do céu é antes de tudo pura;
o que ouviu e viu, e declarou: “Eis e é também pacífica, bondosa e
que não me contaram nem a meta- amigável. Ela é cheia de misericór-
de da grandeza da tua sabedoria” dia, produz uma colheita de boas
(2Cr 9.6). Salomão era “o cara” da ações, não trata os outros pela sua
sua época! aparência e é livre de fingimento”
O que devemos perceber de inte- (Tg 3.17 – NTLH).
ressante em tudo isso é que apesar
de toda sabedoria, ele descobriu 3. A vaidade do trabalho
que é tolice se esforçar demais para (Ec 2.18-26)
adquirir conhecimento (Ec 2.15-17), Chegando à parte final da sua
pois o final da vida do sábio é o vida, Salomão realmente entendeu
mesmo da vida de quem não sabe o quanto “correu atrás do vento”.
nada – ambos caem no esqueci- Ele “ralou” a vida toda para adqui-
mento. O sábio teria dito assim: rir conhecimento, riqueza e fama,
“De que me adiantou gastar anos mas percebeu que, enquanto junta-
e anos para descobrir o diâmetro va seus “tesouros”, não tinha tem-
da Terra, se tanto eu como aqueles po para desfrutá-los e, no fim de
que nem sabem que a Terra tem tudo, outras pessoas iriam esban-
diâmetro, vamos todos acabar no jar o que ele “a duras penas” con-

18
quistou. Por isso, exclamou: “Tudo 2 – Será que o seu sonho de ri-
o que eu tinha e que havia conse- queza não tem tornado sua vida
guido com o meu trabalho não valia um pesadelo? Será que hoje, você
nada para mim. Sabia que teria de não se resume apenas ao traba-
deixar tudo para o rei que ficasse lho? A maneira para um viver equi-
no meu lugar. E ele poderia ser librado está justamente quando as
um sábio ou um tolo – quem é que conquistas da criatura não dispen-
sabe? No entanto, ele seria o dono sam o Criador; quando os alcances
de todas as coisas que eu consegui de nossos conhecimentos não nos
com o meu trabalho e ficaria com trazem arrogância de uma vida iso-
tudo o que a minha sabedoria me lada, sem darmos o devido valor ao
deu neste mundo. Tudo é ilusão” semelhante.
(Ec 2.18-19 – NTLH). 3 – Será que você não está cor-
Trabalho não é castigo! O traba- rendo atrás do vento? A vida feliz
lho é uma dádiva de Deus conce- passa por essas reflexões, mas
dida ao homem antes mesmo da precisamos parar de correr atrás
rebelião do pecado (Gn 1.28-30 do vento e encontrarmos os cami-
e 2.19-20). No entanto, o traba- nhos que nos ajudarão a responder
lho deve ser um meio para a vida o propósito de nossa existência!
e nunca um meio para a morte. 4 – A sua sabedoria se resume
É trabalhar para viver e não viver apenas a conhecimentos e des-
para trabalhar. O trabalho é o meio cobertas humanas ou materiais?
pela qual contribuímos para por o Como é a sabedoria de Deus para
mundo em ordem. Precisamos do você? Você acha que é possível a
trabalho, mas o nosso semelhante felicidade pela sabedoria divina? A
precisa mais de mim do que qual- sabedoria divina é a educação ne-
quer outra coisa. Com o meu traba- cessária no uso de nossas habilida-
lho, abençoo o meu vizinho e torno des e conhecimentos conquistados!
o nosso mundo mais habitável!

Para pensar e agir:


1 – De que precisamos para ser-
Segunda-feira: Eclesiastes 1.1-3
mos felizes? De onde vem a felicida-
Terça-feira: Eclesiastes 1.4-11
de? É possível ser feliz? Podemos
Quarta-feira: Eclesiastes 1.12-18
concluir que o homem não tem ca-
Leitura Diária

Quinta-feira: Eclesiastes 2.1-11


pacidade de encontrar a satisfação
Sexta-feira: Eclesiastes 2.12-17
por seus próprios méritos, por mais
Sábado: Eclesiastes 2.18-23
que se esforce, pois “tudo é vaida-
Domingo: Eclesiastes 2.24-26
de; tudo é correr atrás do vento”.

19
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 3
Texto Bíblico: Eclesiastes 3.1-22

“O TEMPO NÃO PARA”

“O tempo não para” é o título de po recebemos na virada de cada


uma canção da MPB. Revela uma ano! E só de pensar sobre isso, o
verdade sem fim. De fato, o tem- tempo vai passando.
po não dá trégua para ninguém.
O tempo é algo preciso, é algo mi- 1 – Tudo tem o seu tempo de-
lagroso, é algo que não pode ser terminado
desperdiçado. Deus é a causa incausada, dis-
O tempo é: 1) Inelástico: não se o filósofo Aristóteles. O motivo
aumenta e nem diminui; 2) In- pela qual tudo existe e está funda-
dispensável: é necessário para mentado. Todas as coisas são co-
que aconteçam todas as demais nhecidas previamente pelo Eter-
coisas, e 3) Irreversível: não vol- no, estão rigorosamente debaixo
ta atrás. O tempo é o mesmo do seu controle e há tempo para
para todos, já a sua administra- tudo acontecer.
ção é outra coisa. É pessoal e Tudo tem o tempo próprio, a
intransferível! hora adequada, o momento certo,
Cada ano que recebemos de a situação apropriada. Há tempo
presente para vivermos pos- para plantar e colher (v. 2), há
sui: 1) 31.536.000 segundos; 2) tempo de derrubar e de edificar (v.
525.600 minutos; 3) 8.760 horas, 3), há tempo para ajuntar pedras
e 4) 365 dias. Olha quanto tem- e espalhar pedras (v. 5), há tempo

20
de guardar e tempo de jogar fora (v. bilidade de discernir o tempo para
6), e há ainda tempo para muitas todas as coisas.
outras coisas.
“Tudo tem o tempo determinado” 2 – O tempo para todo propósi-
refere-se às estações tanto da na- to debaixo do céu
tureza quanto da vida humana (ze- Tempo e propósito não estão
man, isto é, tempo determinado). numa batalha. Pensar sobre o tem-
É o mesmo termo usado em Nee- po é pensar também sobre a razão,
mias 2.6. Seja a natureza ou qual- o propósito de todas as coisas. A
quer outra coisa, todas as coisas palavra propósito é a tradução da
estão dispostas diante de Deus e palavra hebraica cheephetz, que
sob seu Senhorio. significa desejo, inclinação, desíg-
A arte da vida não está em sa- nios, intenções humanas. À medida
ber disso, porque isso é simples. que correspondemos ao Criador,
A grande questão da nossa vida descobrindo o propósito para a
está em sabermos lidar com o tem- vida, vamos vivendo bem.
po, pois requer de nós sabedoria e Em Eclesiastes 3.11 vemos que
discernimento. Há muitas pessoas “tudo fez Deus no seu devido tem-
que vivem sem regras e sem leis, po”, e acrescenta no versículo 14:
pois não acreditam na soberania “tudo quanto Deus faz durará eter-
absoluta do Criador e o Seu rela- namente”. Podemos, então, dizer
cionamento conosco. que Deus fez “tudo” certo e da “me-
Olhar como os mais vividos fize- lhor” maneira. Nada ficou para ser
ram, orar a Deus a fim de encontrar feito, melhorado ou acabado.
serenidade na alma e buscar orien- Precisamos pensar em três prin-
tação em Suas palavras podem cípios para a boa administração do
nos ajudar a trilhar o nosso cami- tempo:
nho na vida, no tocante à adminis- 1) Alvo: fazer a coisa certa;
tração do tempo. 2) Prioridades: fazer na hora certa;
Receita pronta ninguém tem para 3) Planejamento: fazer da ma-
saber administrar o tempo com per- neira correta.
feição, pois o mesmo é um fenô- A maneira como tocamos a nos-
meno que passa necessariamente sa vida é influenciada pelos nossos
por três exercícios interessantes: alvos. Os alvos que projetamos são
paciência, esperança e fé. O tema influenciados pelas nossas priori-
do tempo é filosófico, subjetivo, dades. E, para atingirmos isso, de-
no entanto, ninguém pode correr vemos ter planejamento.
dele. Nossos caminhos serão feli- Quando esses princípios estão
zes quando desenvolvermos a ha- em dia, podemos vislumbrar ca-

21
minhos seguros e equilibrados. A de curar não pode ser ignorada. Os
orientação divina deve ser o nosso judeus acreditavam muito na cura
alvo. Nossas prioridades serão in- divina, sem o uso de medicamen-
fluenciadas com isso. O nosso pla- tos, a cura pela cura, tendo Deus
nejamento não irá faltar, pois nossa como a causa. Temos também aqui
fé não é burra. o tempo de derribar e o tempo de
O tempo que temos usado com edificar. Podemos fazer um parale-
propósito nos ensina a sermos pru- lo: há várias construções e edifica-
dentes (Ef 5.15), a saber aproveitar as ções (curar), mas também o tem-
oportunidades (Ef 5.16) e a adminis- po de destruir e derribar (matar).
trar bem o próprio tempo (Sl 90.12). Construir e destruir são marcas da
humanidade decaída pelo pecado!
3 – O tempo de todas as coisas 3. Tempo de chorar e tempo de
1. Tempo de nascer e de morrer – rir – Chorar pelas calamidades,
É comum ouvirmos nas mais diver- tristezas, enfermidades e decep-
sas doutrinas religiosas que o dia ções fazem parte da vida, uma vez
do nascimento e da morte de uma que são consequências inevitáveis
pessoa já está determinados. Sa- do pecado. Todavia, rir faz parte
lomão, que depositava no Criador dos planos divinos para a nossa
a sua forma de enxergar todas as vida. Quantas e quantas vezes sor-
coisas, entende que a vida humana rimos e até choramos de alegria?
está guardada em Deus. Ainda so- Aqui também temos o tempo de
bre nascer e morrer, temos a reali- prantear e tempo de saltar de ale-
dade do plantio: “tempo de plantar gria. Nossa vida é ciclo após ciclo
e tempo de arrancar o que plantou”. repleta dessas experiências!
Na agricultura, obedecer as esta- 4. Tempo de espalhar pedras
ções estabelecidas pelo Criador é e tempo de ajuntar pedras – Em
de vital importância para um bom toda construção é preciso espalhar
plantio. Todas as coisas acontecem pedras de um terreno pedregoso e
e Deus previamente conhece. A apenas usar as realmente adequa-
vontade do Eterno sempre acon- das ao empreendimento. Não dá
tece! Nascer e morrer, bem como, para construir uma vida com qual-
plantar e arrancar são experiências quer pedra, precisamos selecionar
determinadas por Ele. as mais firmes, para não tombar-
2. Tempo de matar e tempo de mos diante dos ventos e tempesta-
curar – Todos nós sabemos que as des. O sábio também percebeu na
nossas guerras político-religiosas vida o tempo de abraçar e o tem-
e de outras naturezas preservam po de se afastar do abraço, isto é,
esse tempo de matar por toda a de construir relacionamentos e de
parte, mas a realidade do tempo romper com os mesmos.

22
5. Tempo de buscar e tempo cimentos. Que nunca nos falte o
de perder – Aqui o sentido é pu- amor e a paz!
ramente material, ou seja, ganhar
ou perder vantagens, aproveitar Para pensar e agir:
ou não as oportunidades, perder 1 – Como está o seu tempo?
ou ganhar riquezas. Aqui temos O tempo é uma medida que não
também o tempo de guardar e o muda. É igual a todos. O que muda
tempo de lançar fora. Esses são não é o tempo, mas o uso que faze-
os períodos que vivemos em nos- mos dele, a forma como o compre-
sa vida: ora aproveitar o que con- endemos, a ideia que temos dele.
quistamos, ora perder aquilo que Nós somos os únicos responsáveis
suamos para conseguir. Eis as pelo nosso tempo.
contradições do tempo! 2 – Como você tem tratado o seu
6. Tempo de rasgar e tempo de tempo? Tempo é dádiva. É milagre.
remendar – Os termos aqui são É oportunidade. É trabalho. Para vi-
familiares à prática da costura, no vermos bem, não podem faltar: pla-
entanto, se aplica a tudo o que na nejamento, alvo e prioridade, bus-
vida podemos começar, por algu- cando sempre em todas essas coi-
mas razões parar, mas novamente sas a orientação do alto. Olhando a
recomeçar. Nossa vida é repleta vida dos nossos pais na fé, homens
fracos e falhos, mas dependentes
deste ciclo. Mas também temos o
e experientes, homens e mulheres
tempo de falar e o tempo de ficar
de batalha e de fé!
calado. Precisamos desenvolver o
3 – Seu tempo hoje é sinônimo
equilíbrio entre o momento em que
de felicidade, apesar das lutas? O
se deve falar, sem nos esquecer do
tempo que temos precisa ser tra-
momento que é melhor o silêncio.
tado com sabedoria, investindo o
7. Tempo de amar e tempo de
máximo possível em construções
odiar – É impossível não vivermos
eternas, onde podemos reclinar a
o tempo de amar, sobretudo, amar
nossa cabeça no travesseiro da fe-
os nossos familiares, os que nos licidade!
fazem muito bem e estão conosco
para o que der e vier. Infelizmente,
Segunda-feira: Efésios 5.15-21
também vivemos a experiência do
Terça-feira: Marcos 8.1-10
aborrecimento, da briga, do ódio,
Quarta-feira: Romanos 14.12
de vivermos dias de lutas. Esse
Leitura Diária

Quinta-feira: Salmos 90.1-12


ódio é a causa do tempo de guerra,
Sexta-feira: Eclesiastes 11.6-9
enquanto o amor é a causa do tem-
Sábado: Colossenses 4.5-6
po de paz. A vida é feita de ciclos
Domingo: Eclesiastes 12.1
de amor, mas também de aborre-

23
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 4
Texto Bíblico: Eclesiastes 4.1-16

VITÓRIAS E CONQUISTAS

Em nosso tempo, vitórias são, Com Salomão, temos algumas


basicamente, todas as experiên- informações específicas. Ele era
cias que perpassam pelo suces- rico, bem sucedido e poderoso.
so, riquezas e poder. Recebemos Seu reino foi próspero, mas quan-
sempre a informação de que não do estabeleceu contato com reis
podemos perder, mas sim, ganhar. pagãos, seu coração se envolveu
A busca por vitória se dá porque com diversas mulheres e chegou
desejamos conforto e segurança ao fracasso espiritual. Isso quer
para nossa vida como um todo. mostrar que suas vitórias ficaram

24
sem sentido, foram vazias, devido O trabalho sem Deus é como
seu distanciamento da vontade do carregar um fardo inútil. Trabalhar
Criador. é acordar cedo e dormir tarde para
No texto indicado acima, Salo- poder ter o que deseja e precisa. É
mão retrata três conquistas “de- interessante também lembrar que
baixo do sol” e nos adverte de que nada desse mundo poderemos le-
tudo é sem proveito. Nosso olhar var (1Tm 6.6-8). É frustrante traba-
precisa estar “acima do sol”. A ideia lhar diante desse perfil. Se é ape-
que devemos perpetuar é que ne- nas para isso o trabalho, ele não
nhum sucesso, seja dinheiro, fama serve.
e poder, compensa o fracasso rela-
cional com o Criador, pois o homem 1.2 As riquezas que não valem
tem um vazio exatamente possível nada (Ec 4: 7-12)
de ser ocupado por Ele. As riquezas sem Deus não com-
pram a felicidade, até porque quan-
1 – Vitórias “debaixo do sol” to mais se tem, mas se deseja ter.
Alguém já disse: “as pessoas Ter é algo que desejamos muito.
mais frustradas do mundo são as O mundo que vivemos é marcado
que querem tudo e não têm nada, pelo poder de compra. O problema
e aquelas que querem tudo e con- é que quanto mais acumulamos,
seguem tudo”. A vida sem a cons- mas vazios nos tornamos. Quem
ciência do Criador é insignificante, vive para ter, encontra dificulda-
incerta e vazia de sentido. des para conviver, uma vez que o
dinheiro afasta as pessoas umas
1.1 O trabalho que não serve das outras, classificando o que tem
(Ec 4.4-6) do que não tem, o que usa do que
O trabalho para o sábio não deve- não usa, quem pode de quem não
ria ser compreendido como oportu- pode.
nidade de competição, escondendo Riquezas que não valem nada
muitas vezes ambições egoístas são as que nos afastam das pes-
como o acúmulo de riquezas, po- soas, mas também, as que nos tor-
der e status social. Digo isso, pois nam vazios de sentido, sem respos-
o mundo antigo também tinha suas tas diante da finalidade do trabalho,
problemáticas e tensões, suas lu- diante da razão de tanto esforço. A
tas de classes e demais dilemas. vida, se não for compartilhada, é va-
Exatamente por esta razão que o zia de sentido e entregue à solidão.
sábio se põe a revelar os anseios O dinheiro, consequência de tanto
escondidos do homem, que era su- trabalho, se tornará puramente algo
perar socialmente uns aos outros. sem nenhuma razão que o justifique.

25
1. 3 O poder fracassado (Ec 4.13-16) esse diagnóstico faz com que, via
Quanto mais poder, mais inimigo de regra, vivamos afastados uns
se tem, pois quem tem poder dese- dos outros, permitindo uma enor-
ja exercê-lo. Poder sem o Criador é me interferência nas relações hu-
saldo positivo temporário. Ninguém manas: a riqueza.
tem poder para a vida toda, até Viver “acima do sol” é trabalhar
porque não existe vida toda, existe para viver, mesmo que não se te-
vida hoje, agora. Daqui a um milé- nha o que deseja ou aquilo que to-
simo de segundo, não sei se conti- dos dizem que devemos ter “custe
nuarei com o poder que conquistei. o que custar”. Contentamento é
O poder fracassado é ambíguo, senso de gratidão pelo lugar que
uma vez que todo explorador — o já chegamos; é percepção de que
que exerce o poder — poderá ser há muitos que ainda não tem o que
explorado por alguém — o que so- já conquistamos. A individualidade
fre o poder. Em algum momento da do nosso tempo não pode nos rou-
história, o explorado quer ser o ex- bar a sensibilidade pelo outro e a
plorador, ou simplesmente, deseja consciência de que já estou numa
romper com aquela estrutura de condição melhor que a de ontem.
exploração. Alguém já disse que “o
sonho do oprimido é ser o opres- 2.2 – A comunidade é mais im-
sor”. Enfim, o poder se torna fra- portante que as riquezas
cassado quando quem reina é por A ideia do texto é que o calor,
ele dominado, desenvolvendo nes- consolo, segurança e proteção são
se reinado a satisfação apenas dos frutos da comunhão. Quem vive
seus caprichos, oprimindo cada “debaixo do sol” vive para com-
vez mais com condições desuma- petir e mostrar que uma marca,
nas quem sofre a sua liderança. simplesmente porque é cara, o di-
ferencia dos demais. O problema é
2 – Vitórias “acima do sol” que as marcas não trazem nobre-
2.1 – O contentamento é mais za para a alma, pelo contrário, traz
importante que o sucesso cada vez mais o distanciamento do
A prioridade da vida não é vi- outro. O pensamento é o seguinte:
ver para trabalhar. Os que vivem “ele só está se aproximando de
“debaixo do sol” querem sempre mim porque tenho isso ou porque
mais e mais. Ter pelo simples fato uso a marca x”. Tornamo-nos pior
de ter. Conquistar pela vontade de do que imaginamos, quem sabe,
ser reconhecido como o vitorioso. coisificados!
Possuir cada vez mais como o úni- A comunhão com o semelhante
co combustível da existência. Todo vale mais que o isolamento das

26
nossas posses, porque não pode- Poder sem integridade é oportu-
mos sair e andar com qualquer um, nidade de valorização de uma mi-
quando temos algumas coisas que noria em detrimento da maioria. O
nem todos podem ter. Quem vive poder só é legítimo quando a inte-
sob a ótica do “acima do sol” tem gridade for a base do reinado.
para cooperar e não para compe-
tir, humilhar ou separar. Tem para Para pensar e agir:
usar o que tem e não para ser usa- 1 – De quanto você precisa para
do pelo que comprou. A marca da ser feliz? É possível ser feliz sem
nossa sociedade contemporânea é ter o que se quer? Salomão afirma
ser possuída pela lógica do consu- que não existe chave para a felici-
mo, que é comprar para ser o que dade. Não é o sucesso, a riqueza e
ainda não é. nem a fama que ele manda buscar.
Há muitos ricos infelizes, famosos
2.3 - A integridade é mais im- infelizes e poderosos infelizes.
portante do que o poder 2 – O que significa felicidade para
A grande preocupação dos que você? Ser feliz é encontrar o eixo
vivem “debaixo do sol” é com a sua da vida a partir de seus relaciona-
reputação. Quem vive “acima do mentos de afeto. É agir pela ótica
sol” respeita, mas não teme a nin- do “acima do sol” e não estar sem-
guém. A única coisa que devemos pre na condição de coitado e de
temer é uma vida falsa, sem integri- vítima.
dade, sem autenticidade. 3 – Ser feliz tem a ver com con-
Sucesso, conquistas e vitórias tentamento? Ser feliz é ser conten-
têm um sentido diferente para o te pelo que Deus já permitiu você
sábio. A medida não é regulada construir. É ser grato e solidário. É
pelo que já realizamos, mas pelo ser orientado pelo Criador e não
que desejamos para a vida. Aon- pelo poder do ter. É viver um dia de
de já chegamos não mede nosso cada vez!
sucesso e, sim, aonde desejamos
chegar. Nossa vida é de sucesso
porque sabemos onde queremos
Segunda-feira: Lucas 12.20
repousar. O sucesso é para a con-
Terça-feira: Mateus 6.20
tinuidade do caminho, para a jorna-
Quarta-feira: Salmos 37.25
da da vida!
Leitura Diária

Quinta-feira: 1Timóteo 6.6-8


A integridade é mais importante
Sexta-feira: Provérbios 30.7-9
do que o poder, pois sem integri-
Sábado: Mateus 6.25-33
dade o poder será oportunidade de
Domingo: Marcos 8.36
opressão dos menos favorecidos.

27
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 5
Texto Bíblico: Eclesiastes 5.1-7

RELIGIOSIDADE X REVERÊNCIA

Pensar sobre religião ou sobre O que está em questão aqui é


a religiosidade é algo enigmático a diferença tênue entre a reverên-
e complexo. Há diversas religiões, cia – que é sugerida no texto – e a
bem como, inúmeras expressões religiosidade, abordada muitas ve-
de religiosidade. Há religiões e zes como algo mecanizado e frio.
religiosidades para todo gosto. Al- O pregador sinaliza algumas coi-
gumas até similares, outras nem sas interessantes nesse capítulo a
tanto; algumas ainda completa- respeito da presença do Criador e
mente excludentes e antagônicas. do nosso relacionamento com Ele.

28
1 – Precisamos de reverência Como contrário à reverência,
diante do Criador (Ec 5.1) temos a religiosidade, que se evi-
O que significa reverência? Gosto dencia em fazer as mesmas coisas
da sugestão de Harold Kushner: “O sempre, sem algum sentido ou ati-
mundo me afasta de Deus; a reve- tude reflexiva. Reverência é cuidar
rência me aproxima dele”. Reverên- da vida a tal ponto de conseguir
cia é reconhecimento da existência ouvir a cada momento a voz do
do Criador. É viver sob a ótica de Criador, que muitas vezes se ma-
Sua existência. nifesta contrária à nossa dita reli-
O culto, no contexto do Antigo giosidade, que inúmeras vezes é
Testamento, era algo bem proces- vazia e sem vida!
sual, onde a ideia da presença de
Deus manifestada era bem nítida 2 – Precisamos pensar em tudo
o que falamos ao Criador (Ec 5.2)
e que não poderia ser banalizada.
O Eclesiastes se preocupa com o
A indicação do verso é: “Guarda o
que sai da nossa boca e chama de
teu pé”, que significa uma reverên-
votos ao Senhor. Votar uma coisa
cia na casa de Deus, pois o culto
e não cumprir é religiosidade fria
e seus elementos litúrgicos eram
e sem vida, que não traz respon-
sagrados.
sabilidade pela reverência na vida.
A vida é o culto! Jesus Cristo dis-
Nunca se esqueça do que cantou,
se à mulher samaritana que “Deus
disse ou fez diante do Criador. Não
é espírito e deve ser adorado em digas aquilo que não possas cum-
espírito e em verdade” (Jo 4.24). prir. Reverencie a Deus a ponto de
Banalizar a presença de Deus é não banalizá-lo.
tratá-lo como qualquer coisa menos Jesus disse que “a boca fala
importante do que aquilo que me re- do que o coração está cheio”
tira da ideia da reverência a Ele. (Mt 12.34) mas às vezes falamos
Quando há essa reverência na algumas coisas produzidas por
vida, há uma atenção especial à uma emoção momentânea que não
voz do Criador. Podemos ouvi-la suportaremos cumprir daqui a al-
mesmo nas estranhezas da vida, gum tempo. E se a boca declara do
nos contratempos do cotidiano, no que há no coração, então há muita
desenvolvimento de nossos so- religiosidade abrigada lá.
nhos. Reverência ao Criador não As palavras justificam, mas tam-
pressupõe ausência de lutas. Re- bém condenam; elas têm poder de
verenciar o Criador é oportunidade abençoar e amaldiçoar; elas man-
única de quem o percebe em todos dam matar, mas também fazem o
os momentos. bem; elas ferem, mas curam; elas

29
paralisam uma pessoa, mas tam- 4 – Precisamos cumprir os
bém libertam quem desejar; elas nossos votos (Ec 5.4-5)
trazem o desabafo do peito, mas Fazer um voto a Deus revela
também a alegria de uma vitória. As questões sérias em nossa espiritu-
palavras precisam ser usadas com alidade, assim como dar a palavra
cuidado e reverência, para não ser a alguém, e pedir que essa pessoa
uma prática de corações religiosos confie nela. Dar a sua palavra e não
diante do Criador e das pessoas. cumprir revela tolice, eis a afirma-
ção do pregador.
3 – Precisamos discernir com sa- A grande questão está no verso
bedoria os nossos sonhos (Ec 5.3) anterior (Ec 5.3), quando a adver-
A vida repleta de atividades e de tência é não acreditar em tudo o
muito trabalho provoca uma noite que se ouve e nem oferecer votos
mediante a tudo o que se sonha.
de muitos sonhos. Estes, por sua
Quando há prudência aqui, have-
vez, não passam de uma fuga na-
rá também na relação com Deus.
tural para aliviar a mente, devido a
Não é errado oferecer algum
ansiedade adquirida durante todo o
voto, mas sim, oferecer e não cum-
dia de trabalho.
prir (Ec 5.5), uma vez que pode
O discernimento está na habilida-
revelar subtração de caráter, bem
de que devemos ter na administra-
como, pouca importância ao rela-
ção dos sonhos, entendendo que
cionamento com Deus, que pode-
nem tudo expressa a realidade da mos também chamar de reverência
vida, que nem todo sonho quer di- diante do Criador.
zer alguma coisa para o presente,
que sonhar faz parte do trabalho da 5 – Precisamos dominar a nos-
psique humana. sa boca (Ec 5.6)
Assim como os muitos sonhos, A nossa boca, digamos também:
devemos tomar cuidado com as a nossa língua, pode nos levar a
muitas palavras que advém da ruínas ou a lugares mais firmes. A
multidão. Nem sempre a multidão ideia é que não permitamos que
tem razão, nem sempre a maioria sejamos dominados e venhamos a
tem razão, nem sempre ouvir os passar vergonha devido aos votos
sonhos e então tomar decisões é não cumpridos.
o mais sensato. Buscar discerni- A vida não leva em conta nos-
mento é, antes de tudo, desistir de sos erros, nos dando uma segunda
normatizar a sabedoria, seja por chance. As pessoas a quem damos
sonho, revelação ou por qualquer a nossa palavra, pouco se importa
outro método. com os nossos contratempos. É me-

30
lhor ficar em silêncio e nada dizer do promessas, de darmos a nossa pa-
que dizer e não poder cumprir. lavra. Tema a Deus antes de tudo!
O grande desafio é domar a nos-
sa ansiedade, o nosso ímpeto de Para pensar e agir:
querer dizer sempre alguma coi- 1 – Seja na liturgia, seja na vida,
sa – seja a Deus, ao filho ou até precisamos vencer a religiosidade
mesmo ao cônjuge – e preferir o incoerente entre a teoria e a prá-
silêncio muitas vezes. O melhor é tica; entre as palavras e as ações;
não cair na tentação de votar e não entre o pensamento e o viver diá-
cumprir, pecando com a boca, le- rio. Alguém já disse que: “Se não há
vando o sofrimento à própria carne. culto na vida, não haverá vida no
culto”. A vida precisa ser litúrgica,
6 – Precisamos tomar cuidado um autêntico culto ao Eterno, ain-
com a vaidade das palavras (Ec 5.7) da que seja para confessar nossas
Tudo o que é humano é contra- mazelas.
ditório, portanto, perigoso. Os so- 2 – A nossa reverência não pode
nhos, como já vimos, podem rele- estar limitada à prática do culto,
var nosso distanciamento da sa- com dia e hora marcados, mas pre-
bedoria, quando o tomamos como cisa extrapolar esses limites, bem
a base de nossas resoluções. O como, caminhar na direção oposta
aos votos não cumpridos e a irre-
mesmo cuidado com os sonhos de-
verência diante do Criador. Deus
vemos ter com as nossas palavras,
precisa fazer parte de todo o nosso
ou melhor, com os nossos votos e
conjunto existencial e sua vontade
promessas.
precisa nos afetar!
As nossas palavras revelam su-
3 – A pergunta que faço é: o que
mariamente a nossa vaidade. Bas-
significa reverência para você?
ta que numa roda seja a nossa vez
Você reverencia Deus nos seus ne-
de falar, então, o nosso peito infla e
gócios, relacionamentos, trabalho
o nosso ego canta, a fim de que to-
e estudos? O que essa reverência
dos nos ouçam e sejamos o centro tem a ver com a sua vida?
das atenções.
O apelo do pregador é: “teme a
Segunda-feira: Eclesiastes 5.7
Deus”. O temor do Senhor é o pa-
Terça-feira: Mateus 12.33-35
drão da piedade dos hebreus, a
Quarta-feira: Mateus 12.36-37
centralidade da espiritualidade do
Leitura Diária

Quinta-feira: Romanos 12.1-2


Antigo Testamento. É o temor a
Sexta-feira: Tiago 1.19-27
Deus que nos fará ponderar acerca
Sábado: Tiago 3.1-5
dos nossos votos, que nos fará re-
Domingo: Tiago 3.6-12
fletir antes de fazermos as nossas

31
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 6
Texto Bíblico: Eclesiastes 5.8–6.12

O DINHEIRO E SEUS PERIGOS

O dinheiro é a busca de todos ele podemos investir e trazer


a cada manhã. Se não há traba- certa segurança para os filhos,
lho, não há dinheiro. Desde crian- todavia, podemos nos enforcar
ça, aprendemos a pedir dinheiro. em dívidas, devido a uma má ad-
É dinheiro para o lanche, para a ministração.
roupa nova, para o curso, para Paulo, em seu tempo, alertou
sair com os amigos, para o amigo a todos a respeito do dinheiro,
oculto, etc. dizendo que: “o amor ao dinhei-
Sem dinheiro fazemos poucas ro é a raiz de todos os males”
coisas. É bem verdade que com (1Tm 6.10). Claro que não o di-

32
nheiro em si, mas um amor devoto ver para ter riqueza pode nos afas-
a ele. O Eclesiastes alerta sobre al- tar da realidade (1Tm 6.17); pode
guns perigos do dinheiro. Vejamos nos afastar da referência a Deus
a seguir. (1Tm 6.10); e pode nos afastar das
palavras do Cristo (Mc 4.19).
1 – O perigo da proximidade da Para crescer na vida não é preci-
injustiça (Ec 5.8-9) so pisar em ninguém, pular etapas,
Os versos em destaque retratam achar o caminho mais fácil e, quem
a opressão, desigualdade social, in- sabe, contribuindo para a falta de
justiça e exploração das pessoas. Os dignidade do semelhante. No que
profetas bíblicos denunciaram essas depender nós, precisamos coope-
práticas pecaminosas, enquanto rar para que o maior número de
que o Eclesiastes evidencia como pessoas ao nosso redor não tenha
se fosse um álbum da vida real. falta de dignidade. Tenha cuidado
Entre a utopia e a revolta te- com a injustiça, se afaste dela, lute
mos a própria realidade, do jeito contra ela!
que se apresenta e se avoluma.
O Eclesiastes declara: “Não fi- 2 – O perigo de viver na ilusão
que admirado quando você notar (Ec 5.10-12)
em algum lugar o governo fazen- A riqueza é uma grande ilusão.
do injustiça, perseguindo os po- Ser rico é um projeto que nunca
bres e negando os direitos deles” se acaba, pois sempre se desejará
(Ec 5.8 – NTLH). mais, sempre um pouco ou muito
Jesus ministrou aos pobres de mais. Nunca chega ao fim. É contí-
sua época em seu ministério. Não nuo e enfadonho. É um ciclo vician-
sentia apenas uma compaixão te e sufocante que coloca seus per-
“platônica”, mas procurava agir em seguidores em estado de infinita
direção ao aflito, oprimido e pobre. insatisfação. O Eclesiastes sugere
Jesus denunciou o não cuidado algumas razões do perigo de viver
dos pobres e marginalizados, uma de ilusão:
vez que os religiosos apenas sus-
tentavam com sua indiferença o 2.1 – A busca pela riqueza é ilu-
status quo vigente. são, porque é algo que não tem
Quem busca riqueza fácil se tor- fim (v.10).
na amante da injustiça e explorador Essa busca é infinita e nos dis-
do seu próximo. O desejo de se dar tancia da realidade da vida. Nunca
bem na vida não pode roubar de tem fim e nos faz escravos de uma
nós o senso de justiça e ajuda devi- contínua tentativa. É uma fome não
da ao necessitado. O desejo de vi- saciada que produz pessoas obe-

33
sas de um vazio existencial e rela- se aproxima de nós, quer o nosso
cional. É uma ilusão que nunca se dinheiro; e nossas casas são re-
realiza; um mal moral que adoece pletas de câmeras. Somos inse-
até mesmo a alma; um vício, por guros, queremos proteger o nosso
assim dizer, que manipula quem bem, custe o que custar. Vivemos
nessa situação se encontra. a era de um medo excessivo do
próximo, porque o julgamos sem-
2.2 – A busca pela riqueza é pre como concorrente e, por isso,
ilusão, porque um grande salário nosso inimigo.
atrai grandes despesas (v.11).
O grande lutador de boxe, o mi- 3 – O perigo da destruição pes-
lionário Mike Tyson, declarou falên- soal (Ec 5.13-17)
cia, quebra total do caixa financei- A bênção da construção da
ro. O homem de fortuna é alguém casa, da compra do carro e outras
que atrai gente que deseja ajudar, coisas mais refletem esforço e tra-
mas muito mais ainda, aqueles que balho, no entanto, o Cristo alerta
desejam explorar. Riquezas nos fa- para o fato de que é melhor “ajun-
zem reféns de gente mais ambicio- tar tesouros no céu, onde a traça
sa que nós mesmos, nos colocan- nem ferrugem corrói, e onde la-
do em perigos sequer imaginados. drões não escavam, nem roubam”
O sociólogo polonês Zygmunt Bau- (Mt 6.20).
man, afirma que “os laços humanos O Eclesiastes alerta também
são bênção e maldição”. Quem vive para o fato de que muitos guardam
pela lógica do ter cada vez mais, riquezas para o seu próprio dano
vive sempre à procura de quem (v.13). Até o dinheiro que resulta do
possa usar para alcançar seus so- trabalho e esforço pode contribuir
nhos egoístas e doentios. Isso seria também para canseira, enfermida-
com certeza uma maldição! des e revoltas (v.17). A busca pelo
dinheiro não pode roubar de nós o
2.3 – A busca pela riqueza é que de fato é impagável: as amiza-
ilusão, porque traz medo, inse- des, a família e o bem viver.
gurança e ansiedade (v. 12). O dinheiro deve ser sempre
Quanto mais temos, mais pro- o nosso servo e nunca o nosso
pensos à insegurança ficamos, senhor. Ele precisa estar na con-
mais medrosos nos tornamos, e a dição de nos servir e não de nos
ansiedade aumenta cada dia mais. usar, para nos aprisionar em seus
Todo carro que aparece perto do engodos passageiros. O dinheiro é
nosso, é bandido; toda pessoa que necessário, mas não compra tudo!

34
4 – O perigo da vaidade e da vida e ao próximo; quanto menos
aflição (Ec 5.18–6.12) temor, mais irresponsabilidade con-
Servir aos bens é o caminho sigo e com o semelhante!
mais curto para a infelicidade. Pas-
sar pela vida sem aproveitá-la é vi- Para pensar e agir:
ver apenas para ter e acumular. É 1 – A grande questão no Ecle-
Deus quem confere a vida (v.18), siastes é que os bens são passa-
as riquezas, os bens, a possibilida- geiros. Não lembraremos sequer
de do trabalho (v.19), e até mesmo deles e do desfrute dos mesmos.
que enche de alegria o coração hu- O lugar para onde iremos após a
mano (v.20). Deus é o grande pro- morte é ausente de bens que cons-
vedor do que precisamos, mas nem truímos aqui na terra. A eternidade
sempre do que queremos! é ela por ela mesma, não conse-
O problema está justamente guiremos levar mais nada, absolu-
quando a vaidade nos coloca na tamente nada!
condição de estarmos acima do 2 – Tudo é muito rápido e ligei-
bem e do mal, com vontade de des- ro, portanto, o lugar de desfrutar é
truir quem quer que seja, de aniqui- aqui, entendendo que a nossa es-
lar quem não podemos comprar perança não está na riqueza dos
com o nosso dinheiro. A vaidade bens, nem mesmo a nossa segu-
é consequência de um poder falso rança. Todo cuidado ainda é pouco.
adquirido pelas riquezas. Nossa vida é recheada de ilusão!
O Eclesiastes vai dizer que todos 3 – A pergunta para a nossa
nós teremos o mesmo fim. Então, reflexão é a seguinte: Você é fe-
devemos lidar com as pessoas pela liz mesmo sabendo da ilusão dos
perspectiva do fim que teremos. So- bens? Como podemos desfrutar
mos iguais pelo fim de nossos ca- dos bens sem idolatrá-los? Você se
minhos. Daqui a alguns anos, não considera iludido com aquilo que já
fará diferença se você andou num conquistou? Onde está a sua su-
trem lotado (Ec 6.3-6), se andou a ficiência e a sua esperança? Seja
pé, se sua casa era alugada ou pró- honesto nas respostas!
pria, e se comeu nos grandes res-
taurantes ou se sobreviveu indo a Segunda-feira: Levítico 25.35-38
lugares mais simples (Ec 6.7); se foi Terça-feira: Salmos 1.1-5
mestre, doutor, ou alguém sem mui- Quarta-feira: Atos 8.14-20
to estudo. O que fará diferença é se
Leitura Diária

Quinta-feira: Romanos 12.1-2


vivemos no temor do Senhor, com
Sexta-feira: 1Timóteo 6.6-10
reverência a Ele diante da vida. A
Sábado: 1Timóteo 6.17-19
razão disso pode ser bem simples:
Domingo: 2Timóteo 4.1-5
quanto mais temor, mais respeito à

35
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 7
Texto Bíblico: Eclesiastes 7.1-29

UMA VIDA MODERADA

Somos incapazes de ter todas No texto em destaque, há uma


as respostas para os questiona- série de ponderações que o Ecle-
mentos diante da complexidade siastes propõe, a fim de que con-
da vida. A vida e o viver não são sigamos enfrentar a vida de um
tão óbvios como alguns pensam. jeito mais significativo. Vejamos
É necessário, muitas vezes, res- algumas necessidades básicas
pirar fundo diante dos “engasga para vivermos bem, ou simples-
gatos” que enfrentamos. mente, moderadamente.

36
1 – Caráter (Ec 7.1) própria vida. É considerar algumas
A proposta do Pregador é: “Me- posturas e práticas. É agir com
lhor é o bom nome do que o per- cautela e prudência. É ser mode-
fume caro”. A vida com relevância rado e equilibrado!
social é a que carrega boa fama, A vida precisa ser preservada
boa visibilidade. O que somos é sempre, diante de qualquer situa-
mais importante do que aquilo que ção, inesperada ou não, analisada
queremos possuir. A boa fama vale ou não, boa ou não. Pensar sobre
mais do que usar grifes e ter o últi- a morte é oportunidade de análise
mo modelo de celular. Bens não fa- da vida e do viver. Quando pensa-
zem ninguém ser melhor do que já mos em algo que nos escapa, que
é. Pelo contrário, alguns ficam mais revela a nossa finitude e a nossa
bestializados. incapacidade diante do mistério da
O grande desafio para a vida é vida, ficamos mais contritos, man-
desenvolvermos o caráter antes sos e sensíveis.
de ter o que tanto desejamos, para Foi o filósofo Sócrates – reconhe-
que, quando conquistarmos o que cido como o pai da filosofia – pela
tanto sonhamos, não nos tornemos instrumentalidade de Platão, que
pior do que somos. afirmou: “Uma vida não examinada
Arthur Schopenhauer, filósofo não é digna de ser vivida”. Refletir
alemão do século XIX, pode nos é um exercício que revela coragem
ajudar na reflexão do tema, quan- e caráter!
do afirmou: “Um caráter bom, mo-
derado e brando pode sentir-se sa- 3 – Ouvir bons conselhos
tisfeito em circunstâncias adversas; (Ec 7.4-7)
enquanto que um caráter cobiçoso, Ser repreendido é algo que nin-
invejoso e mau não se contenta guém gosta mesmo, no entanto,
nem mesmo no meio de todas as não precisamos gostar, mas de-
riquezas”. Um bom caráter é o ou- vemos ouvir, porque é necessário
tro nome para moderação! à vida. O conselho sábio prepara
para a vida, enquanto os insensa-
2 – Reflexão (Ec 7.1-3) tos são imediatistas e imprudentes.
O Pregador diz que “é melhor o A grande diferença está na du-
dia da morte do que o dia do nas- rabilidade do conselho de cada
cimento”. A grande maioria das grupo. Os sábios desejam oferecer
pessoas gosta e prefere o dia do conselhos para a vida. Preparar
nascimento, no entanto, para os para o dia mal e indesejado. Ad-
que reverenciam o Criador, pensar moestar quando há erros e exces-
sobre a morte é ponderar sobre a sos. Anunciar a necessidade de

37
arrependimentos e transformação que olhemos sempre para onde
do coração. vem a resposta. Paciência é im-
Os insensatos não possuem prescindível diante dos problemas
conteúdo sustentável para a vida. e situações do cotidiano.
A ideia central é a não reverência
ao Criador; a não pergunta sobre o 5 – Moderação para viver
sentido e o propósito da existência, (Ec 7.14-18)
e por extensão, a impossibilidade Incoerências e contradições ve-
da resposta. Quem não pergunta, mos a todo instante nos contornos
não tem resposta. Isso nos parece da vida (v.15). Justos morrendo e
bem lógico, mas também revela, ímpios vivendo. Gente com estru-
apesar da simplicidade, algo muito tura familiar morrendo e gente sem
importante que é característica do estrutura familiar, vivendo. (Não es-
insensato: a recusa de ouvir mais
tou propondo nenhum tipo de mo-
do que a recusa de falar!
delo familiar perfeito e acabado).
Moderação e equilíbrio são as
4 – Sabedoria para descansar
sugestões do Eclesiastes diante da
no Criador (Ec 7.8-14)
vida e seus contratempos e desen-
A vida nos surpreende dia a dia,
contros. Diante dos roubos, assal-
minuto a minuto, segundo a se-
tos, contrabandos, furtos e mortes
gundo. Achamos, muitas vezes,
sejamos tementes ao Criador – é o
que tudo vai dar certo, quando, de
repente, tudo desaba. Nessas ho- que sugere o Pregador.
ras não adiantará ficar impaciente, Salomão foi fazer uma pesqui-
pois não resolve o problema esta- sa de campo, investigando ho-
belecido; não adianta ficar irado, mens e mulheres, pessoas de todo
porque também não resolve nada; tipo e ofereceu suas conclusões
não adianta murmurar, porque só (Ec 7.23-27):
aumenta a indignação.
Resolver o problema não é che- 5.1 – Não podemos ser sábios
gar à nossa conclusão, mas apren- por nós mesmos.
der um jeito de enfrentar os pro- Após pesquisar muito para en-
blemas. O necessário é ser sábio. contrar pessoas iguais a ele, que
A sabedoria nos protege e nos dá se enquadrassem em seus cri-
forças diante das críticas que rece- térios, encontrou apenas um ho-
bemos (Ec 7.19-22). mem dentre mil (v.28). Não é algo
Não seja orgulhoso querendo fa- fácil mesmo agir com moderação
zer tudo sozinho. Espere a direção e equilíbrio, que são atitudes de
do Criador! A sabedoria faz com alguém sábio.

38
O homem sozinho não é sufi- mos ou, como afirma Carl Jung, psi-
cientemente capaz de encontrar a quiatra suíço: “Nós precisamos en-
vontade de Deus. Quebrantamento tender melhor a natureza humana,
diante do Criador, busca constan- porque o único perigo real que re-
te e silêncio diante de sua voz são almente existe é o próprio homem.”
boas sugestões para encontrarmos
discernimento diante dos aconteci- Para pensar e agir:
mentos, não faltando, em nenhuma 1 – Refletir, trabalhar o caráter,
hipótese, temor. ouvir bons conselhos e descansar
no Criador são sugestões para li-
5.2 – Nossos problemas não darmos com o contingente da vida.
começam ao nosso redor, mas A vida é como ela é; nós precisa-
dentro de nós. mos vivê-la a partir dos indicativos
O pecado reside em nós, a dificul- que fazem sentido para nós, as pis-
dade é inerente a cada um de nós, tas que nos ajudam a encontrar o
nossas limitações é que nos acom- tesouro: a sabedoria, o equilíbrio e
panham diuturnamente. Não se a moderação!
esqueça de que Salomão era sim 2 – Essa sabedoria nos dará for-
muito sábio, mas ele era humano, ma e discernimento diante das ur-
finito, limitado diante da amplitude gências da vida, das propostas do
da criação e de todas as demais dia a dia, dos encontros emergen-
coisas estabelecidas por Deus. tes, das situações alarmantes. Mas
também, nos dias bons e alegres,
O que temos proposto no Ecle-
nas festas e bodas, nas aprova-
siastes é uma compilação de um
ções e conquistas.
homem que fez suas análises e,
3 – A pergunta que não quer
diante do visto, concluiu a partir
calar: você é moderado em suas
de sua percepção. O que nos afe-
ações? Faz parte de sua agenda
ta hoje como seres humanos foi o
existencial buscar a prudência e a
que afetou Salomão e os demais
moderação? Diante disso tudo: há
sábios da época. A limitação é
felicidade em você?
uma herança humana e não privi-
légio nosso.
Segunda-feira: Eclesiastes 7.1-9
O problema está em nós. A in-
Terça-feira: Eclesiastes 7.10-18
capacidade é nossa. A imprevisibi-
Quarta-feira: Lucas 12.13-21
lidade é minha e sua. A pequenez
Leitura Diária

Quinta-feira: Apocalipse 14.13


é parte de nosso DNA. O pecado
Sexta-feira: Salmos 1.1-6
é a característica da humanidade
Sábado: Tiago 1.2-8
caída, distante do Criador. O nosso
Domingo: Romanos 2.1-11
maior problema somos nós mes-

39
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 8
Texto Bíblico: Eclesiastes 8.1-17

O SÁBIO, O REI, A VIDA E AS


OBRAS DE DEUS

Não! Não pense que não tem nosso trimestre. O sentido está
a ver os temas acima com o livro em tudo isso que aparentemente
do Eclesiastes e, sobretudo, com não tem sentido.
o capítulo que estamos refletin- Sim! O sábio filósofo, ora pes-
do. Parecem desconexos, fora simista, ora desiludido, ora espe-
de ordem, desalinhados, sem rançoso, ora cheio de otimismo,
sentido ou coisa parecida. Aliás, deseja abordar a sabedoria ne-
o que faz sentido nessa vida? cessária para se viver numa mo-
Essa é uma pergunta que revela narquia. Descreve também a rea-
um tema bastante recorrente em lidade da vida injustiça – para ele,

40
é claro –, mas também as insondá- problema. É alguém que sempre
veis proezas divinas, revelando em encontra uma saída!
potencial a segurança que é obser- O sábio revela clareza no seu ros-
var o agir do Eterno. to. Parece que há firmeza no seu
Mesmo que haja um não na vida, falar, nas suas decisões, nas suas
ela terminará com sim. Na verdade, palavras. Talvez até demore para
para valer a pena, precisa haver tomar uma decisão, mas quando
não e sim. Precisa haver tensão, toma é fruto de reflexões e análi-
mas também esperança; incerte- ses. Mesmo que a vida faça o co-
zas, mas também fé; derrota, mas ração endurecer, trazendo acidez e
também vitórias; morte, mas tam- perplexidades, sendo perceptível o
bém vida. Vejamos, a seguir, os entristecer desse coração, o sábio
temas que o sábio aborda nesta consegue ter o coração amolecido.
porção do seu diário. A sabedoria faz com que sejamos
menos duros e mais abertos, flexí-
veis diante das reviravoltas que so-
1 – O sábio
mos acometidos. O sábio percebe
“Quem é como o sábio?” Essa é
e sempre encontra uma saída para
a forma que o filósofo começa sua
os conflitos!
explanação. Essa pergunta revela,
quem sabe, uma estratégia retórica
2 – O rei
para chamar a atenção do ouvinte,
Uma observação importante é
por conseguinte, a nossa atenção
que a sabedoria do sábio (Ec 8.1)
também. O homem sábio é o ho- tem tudo a ver com os demais ver-
mem que sabe interpretar as coi- sículos que abordam o conselho do
sas à sua volta. Não está alheio ao autor para nós (Ec 8.2-5). A presen-
que está acontecendo e nem finge ça do rei não pode ser desprezada
que não está inserido na situação e tratada como que fosse qualquer
conflitante, seja ela qual for e de coisa. Diante do rei, o sábio age
que grandeza for. com respeito e prudência, cautela e
Diante das múltiplas realidades subserviência, até porque, à época,
da sua vida, o sábio é alguém que o rei era a representação divina, ou
age com destreza, com habilida- seja, a personificação de Deus.
de, com maestria. O sábio enten- O voto de obediência ao rei era
de que não é jogando tudo para o em nome de Yahweh (Deus). O
alto, enganando a si mesmo que Eterno está intimamente represen-
conseguirá resolver seus proble- tado nessa relação de obediência
mas, mas procurando equidade e entre a pessoa e o rei. Intentar al-
sensibilidade para a resolução do gum plano contra o rei era neces-

41
sariamente agir contrário à vontade homem, pois este não tem o domí-
de Deus; essa é a grande questão nio total de todas as variáveis que
em jogo. Desobedecer ao rei seria, compõem a vida.
em outras palavras, desobedecer a Há um desabafo por parte do
Deus. O rei era uma das formas de sábio, quando afirma que viu mui-
perceber a concretização dos pla- tos ímpios serem sepultados com
nos divinos na terra. aplausos. É uma reclamação por
A palavra do rei, como lemos, parte do sábio, mas podemos ver
não cabe questionamento, nem nos versos 11 a 13, o trabalho do
uma ordem sua, qualquer tipo de editor tornando o texto mais apre-
ponderação. Quando o rei manda sentável à comunidade de Judeus
é para ser cumprido, estabelecido. mais ortodoxos, que poderiam não
Por isso mesmo que todos os reis concordar com esse desabafo. A
da história tinham os seus decre- questão é que o sábio viu muitos
tos. Não cabe uma errata no decre- justos sofrendo, enquanto ímpios
to do rei, cabe obediência, somente viviam bem, e ainda morriam sendo
isso. Mas, e a relação disso com o aplaudidos. Mas a ideia é que a jus-
sábio, onde entra aqui? O sábio é tiça divina pode até demorar, mas
aquele que aprende a conviver com chegará revelando, mais cedo ou
um rei brando, mas também com mais tarde, as obras dos homens
um tirano, sanguinário e déspota. maus.
De um lado a outro, de um extremo Diante desses absurdos existen-
a outro, a sabedoria pode nos ad- ciais, a saída do sábio é “exaltar
vertir, nos ensinar. a alegria” (v.15). Nada melhor que
viver, gozar a vida, experimentar o
3 – A vida que temos para hoje, sentir o vento
O sábio percebeu que a vida é da lagoa trazer frescor, e com ele,
repleta de desigualdades, de fases, ânimo para o dia seguinte debaixo
de momentos, de altos e baixos. do sol. Alegrar-se é a solução para
O próprio texto do sábio é oscilan- as questões aparentemente sem
te, já pudemos inclusive perceber respostas, para as questões difí-
isso em outras lições. A vida é uma ceis de arrumar na nossa cabeça.
constante interrogação. Não há Alegre-se hoje, viva o agora, per-
como sabermos o que nos suce- mita-se ser feliz neste instante. Não
derá, nem como será exatamente prorrogue a vida vivida, absoluti-
o nosso futuro; se, de fato, aconte- zando as polêmicas e as dúvidas.
cerá exatamente como planejamos. Abra a janela, meu irmão, “há tanta
O controle da vida, diz o sábio com vida lá fora”, foi isso que o cantor
outras palavras, não pertence ao popular disse.

42
4 – As obras de Deus
Para pensar e agir:
Quem pode conhecer a totalida-
de das obras de Deus? Quem pode 1 – Diante da sabedoria que bus-
mensurar o seu alcance e sua von- ca o equilíbrio e destreza para as
tade? Quem pode dizer com exati- muitas situações da vida e que está
dão quem é Deus e o que Ele está conectada com o mundo à nossa
fazendo? A criatura poderia descre- volta, pergunto: você se considera
ver com exatidão o Criador? Para o sábio ou, pelo menos, está em sin-
sábio, não seria possível. As obras tonia com essa sabedoria de vida?
do Eterno Deus são insondáveis! 2 – Embora estejamos em um
O sábio presenciou injustiças, contexto sócio-político-cultural di-
contradições, ódio, morte, mas ferente do Eclesiastes, pergunto:
também amor, alegria, sabedoria, você respeita as suas autoridades
experimentando a vida para além ou, pelo menos, intercede por elas,
de uma mera e simples observa- rogando sabedoria aos mesmos?
ção. Ele tentou conhecer a totali- 3 – Independente das desigual-
dade de tudo que se apresentava dades da vida e dos intermináveis
diante dele, mas percebeu que to- questionamentos que podemos fa-
das as coisas pertencem a Deus, zer nesse mundo, pergunto: você,
que sonda a todos, mas por nin- de fato, acredita que não tem o con-
guém é sondado. trole total da sua vida debaixo do
Qualquer pessoa pode, nesta sol, ou ainda briga mesmo e com
vida, buscar a sabedoria com todas os outros achando que tem?
as suas forças, no entanto, nunca 4 – Apesar de todo o seu esfor-
compreenderá a razão de tudo, a ço, seus estudos e formação espi-
natureza das coisas, a verdade total ritual cristã, apesar da sua história
da existência. Tudo pertence Àque- na igreja e na fé, pergunto: quem é
le que permanece acordado quan- Deus para você? Será que faz sen-
do todos dormem; Àquele que sabe tido tudo isso que você considera
de tudo, antes que esse “tudo” seja ser Deus? Reflita, ore e discuta!
um fenômeno ainda completamen-
te desconhecido. O homem busca
Segunda-feira: Isaías 5.8-17
construir um futuro que ainda não
Terça-feira: Isaías 5.18-30
é, mas Deus tem pleno poder de fa-
Quarta-feira: Mateus 19.16-22
zer realizar, bem como, de não fa-
Leitura Diária

Quinta-feira: Daniel 1.5-8


zer. Tudo é dEle, pois somente Ele
Sexta-feira: Daniel 2.1-18
é. Nós, mortais, apenas existimos,
Sábado: Daniel 2.46-49
mas daqui a pouco, deixamos de
Domingo: 1Timóteo 4.11-16
existir. Deus não morre, nós sim!

43
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 9
Texto Bíblico: Eclesiastes 9.1-12

O DESTINO DE TODOS

A vida e seus caminhos podem los, mas, se a vida é contraditó-


diferenciar homens e mulheres, ria, como que nós não seremos.
mas o seu fim é exatamente o Se quem faz a vida somos nós, a
mesmo. Ler o capítulo 9.1-12 do contradição é inevitável!
livro de Eclesiastes parece ser As nossas diferenças são res-
contraditório aos demais capítu- tritamente biológicas, culturais,

44
sociológicas e emocionais, porque se completar. Essa incompletude
no que diz respeito à nossa con- humana revela a nossa busca por
dição humana, finitude e limitação sentido e significado. Quem escre-
somos todos “farinha do mesmo veu sobre essa questão de forma
saco”. A vida revela o espetáculo elucidativa foi Viktor Frankl no livro
da humanidade caída! “Em busca de sentido”, quando
O pregador aborda algumas coi- afirmou numa frase bem conheci-
sas interessantes que precisamos da: “Quem tem um ‘porque’, enfren-
pensar a partir do que já vimos até ta qualquer ‘como’”.
aqui, somando com o que veremos A fragilidade existencial não está
no capítulo que estamos refletindo. em buscar o que todos buscam,
Permita-se! mas em só buscar o que todos
buscam, como se a vida se limitas-
1 – O homem debaixo do sol se aos nossos desejos e vontades.
Este é o homem natural, isto é, o Viver em torno de desejos é perder
homem limitado, um homem entre- a oportunidade de viver as surpre-
gue a si mesmo, seguindo as suas sas. Há vida além da satisfação
próprias vontades e desejos, como dos desejos. Nós não somos só
já vimos. Um homem que busca desejo, como diz a canção popu-
simplesmente atender o seu ego e lar, no entanto, o homem debaixo
nada mais. Não existe nenhum ho- do sol tende a seguir seus próprios
mem na face da terra que não bus- desejos. O que não podemos é nos
que satisfazer seus desejos e por esquecer também da possibilidade
eles se guiar. Eis um dos fenôme- da esperança, e esta como a últi-
nos inevitáveis de nossa condição. ma coisa que morrerá, nos propi-
O homem debaixo do sol, geral- ciando a transcendência, ou seja, a
mente, busca três coisas em sua procurar sentido a partir do Eterno,
vida: 1) estudar – deseja descobrir ainda que vivendo nas condições
algo novo (Ec 1.4-11), quem sabe existenciais que vivemos. Tente
filosofia ou sociologia (Ec 1.17-18); perceber a vida além do que está
2) se divertir (Ec 2.1-2); e 3) traba- vendo, procure transcender!
lhar para prosperar (Ec 2.4-11).
O homem está sempre à procura 2 – Aproxime-se do Criador e
dessas coisas e de outras tantas, desfrute a vida
porque nunca está plenamente Longe do Criador não temos a
contente, satisfeito, completo, farto. mesma possibilidade de uma vida
Há, por natureza, um vazio enorme sábia, moderada e equilibrada. O
que o homem tenta preencher de sábio chegou à conclusão disso no
diversas formas, tentando sempre fim da vida, fazendo uma ressonân-

45
cia de sua história. O fim é o mes- nos instantes de lazer, ou até mes-
mo: caixão e morte. A vida precisa mo nas incertezas e desilusões. O
ser bem vivida, vivida com sabedo- ânimo para desfrutar a vida deve
ria, para sermos construtores de ser encontrado até quando sen-
pontes e não de abismos. A sabe- timos o cheiro de morte. Por mais
doria não mudará o nosso fim, mas que alguém esteja desanimado e
poderá nos oferecer uma vida com entristecido, com crise de identida-
qualidade, ainda que consideran- de e problemas emocionais, perto
do todas as nossas contradições. da morte ele quererá ainda viver. A
O fim nunca mudará, no entanto, a angústia que sentimos não diz tudo
trajetória poderá ser a partir de ou- o que é a vida, muito menos, do
tros princípios e valores, o que fará que é a não vida. Por essa razão, ti-
todo sentido para quem escolheu rar a vida antes do tempo não é coi-
ser sábio. sa para nos ocuparmos. Enquanto
A vida com temor é uma vida há vida, há esperança, alegria e
com total condição de ser uma experiências boas. A vida sempre
vida com significado, uma vez que será infinitamente mais rica do que
é uma vida acompanhada; é uma qualquer valor que queiram dar a
vida compartilhada; é uma vida de ela, como tentativa de melhorá-la.
esperança; é uma vida dedicada ao A vida é fonte inesgotável de rique-
semelhante e próxima do Criador. za; viver é um privilégio sem fim.
A vida isolada de tudo e todos re-
vela distanciamento do Criador, por 3 – Tenha em mente o juízo
isso temos um conselho por parte A ideia do juízo traz em nós o
do sábio que é o de aproveitar a senso da nossa nudez diante do
vida ao lado da mulher que ama- Criador. Diante dEle, não há espa-
mos; dar o nosso melhor para rea- ço para palavras fingidas, compor-
lizar tudo o que chegar às nossas tamentos do tipo “faz de contas”,
mãos com primazia e excelência. acordos espúrios, hábitos pecami-
Fazer por fazer revela falta de von- nosos, pensamentos impróprios.
tade de viver, além de ausência de Tudo se passa diante do Criador,
presteza em servir o semelhante. sem barreiras ou cortinas. Ele é
Não dá para vivermos à margem Eterno, logo, conhece a nossa
da vida, alheios ao que está acon- hora. É isso mesmo, Ele conhece
tecendo, distante de quem partilha a hora que deixaremos de ter hora,
a vida conosco. Dê o seu melhor e ou seja, a hora da nossa morte.
não viva preguiçosamente! Percebo que o sábio demonstra
A certeza da morte, que é para to- a sua reverência ao Criador quan-
dos, deve nos mover à alegria, seja do sabe que seus dias de tédio

46
também foram conhecidos diante pessoas más. Coisas ruins acon-
de Deus. Saber que Deus sabe é tecem com todos, inclusive com
confortante para qualquer ser que pessoas que fazem o bem. O sábio
esteja aflito, ou que esteja vivendo demonstrou claramente esse as-
repleto de interrogações dia após pecto da vida.
dia. A morte revela, é claro, um 2 – Salomão quer dizer que o
certo medo. Medo talvez por não destino é o além. Sete palmos abai-
dominar a forma como isso aconte- xo da terra. Não está discutindo
cerá. O conforto para essa aflição vida após a morte pelos caracte-
está no juízo, por isso, nunca se res do Novo Testamento: céu, vida
esqueça do juízo. O juízo revela a eterna, etc. Não está contradizendo
outros textos bíblicos, apenas che-
soberania do Eterno, até mesmo
gou à conclusão de que a vida ama
sobre a morte!
a morte e, em um dado momento,
Ao que me parece, a experiência
casa-se com ela por tanto amá-la.
de Deus é mistério para nós. Mes-
3 – Para terminar, pensemos
mo com tanta coisa escrita, Deus numa coisa: como você acha que
ainda é algo a nos inquietar, assim pode ser a recompensa do sábio
como todo o mistério da vida. Ru- a partir da leitura do Eclesiastes?
dolf Otto, teólogo alemão, trata so- Talvez essa recompensa seja apro-
bre isso no seu livro “O sagrado”, veitar a vida todos os dias, inclu-
considerando Deus – que ele abor- sive com a mulher que amamos
da como “o numinoso” – como o (Ec 9.9). Uma das formas de apro-
misterium tremendum et fascinans. veitar a contradição da existência
Isso quer dizer que Deus é um mis- é aproveitar enquanto podemos.
tério que ativa em mim temor, mas O fim está próximo, não necessa-
também fascínio. Não podemos do- riamente no sentido escatológico,
miná-lo, manipulá-lo, uma vez que mas no sentido de que ninguém
escapará da morte. Portanto, apro-
é “o totalmente outro” – expressão
veite, caro amigo!
também do teólogo.

Para pensar e agir: Segunda-feira: Daniel 4.4-27

1 – Vemos, neste capítulo, uma Terça-feira: Lucas 12.13-21


Quarta-feira: Lucas 16.19-31
aparente contradição na filosofia
Leitura Diária

Quinta-feira: Tiago 4.6-9


do sábio, porque, de fato, a vida
Sexta-feira: Tiago 4.13-17
é por demais contraditória mesmo
Sábado: Eclesiastes 12.1-8
(Ec 9.11-12). Coisas boas acon-
Domingo: Eclesiastes 12.9-14
tecem com todos, inclusive com

47
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 10
Texto Bíblico: Eclesiastes 9.13-18

MELANCOLIA X SABEDORIA

O sábio é um melancólico. Essa mar diferente, o texto de Salomão


é a grande verdade do seu livro. não esconde sua filosofia ácida
É alguém marcado pela tristeza, com uma perspectiva mau humo-
chegando à insanidade muitas ve- rada, como bem afirma o Rev. Ed
zes e ao inferno interior. Aqui, pre- René Kivitz em sua obra “O livro
cisamos sublinhar essa questão. mais mau-humorado da Bíblia”.
Por mais que a tradição rabínica Na verdade, não sabemos lidar
mais conservadora quisesse afir- muito bem com aquilo que é con-

48
sequência da nossa própria histó- e sua ordem, Portugal e suas con-
ria, da nossa própria escolha. Lu- quistas. Lembremo-nos da Espa-
tamos tanto por liberdade, mas, no nha, porque não dos Britânicos,
fundo, não queremos os contornos dos EUA, da Europa de uma forma
que ela tem. Criamos nossos mun- geral. E o rei Davi? De fato, “o po-
dos relacionais e depois nós mes- der é tão frágil”, foi o que disse o
mos não sabemos lidar com eles. ex-presidente da nossa República,
Pensamos o que pensamos, claro, Fernando Collor.
devido a tudo o que já experimen- Nos versos 14 e 15, o sábio conta
tamos nesta vida. a parábola de uma cidade. A infor-
O sábio é sim alguém ácido. Veja- mação básica é que essa cidade
mos alguns exemplos iniciais: era pequena, seu poder bélico bem
1. Ec 6.3-6 – Exaltação ao abor- tímido, no entanto, um grande rei,
to, da vida interrompida antes que por demais poderoso, a atacou.
mostrasse suas cores; o desejo Mas nem tudo estava perdido, pois
das trevas pelas trevas, mesmo an- havia um homem humilde (pobre)
tes da sensação da luz. Seria uma nesta cidade que era muito sábio. A
espécie de apologia?! sua sabedoria livrou aquela peque-
2. Ec 7.1-4 – Entre uma festa de na cidade das mãos do inimigo. A
15 anos e um velório numa quinta sabedoria vale mais, sempre mais,
pela manhã, melhor, é claro, o veló- do que qualquer poder humano. A
rio. Que coisa, não?! sabedoria demonstra habilidades
3. Ec 7.27-29 – Não achou uma que o poder, dos mais variados,
mulher justa. Mas um homem entre não consegue sugerir, inclusive,
mil, sim. Alguém cansado de mu- nos ensina a ter poder sem que ele
lher, ao que me parece! nos tenha.
O sábio chegou à conclusão de Não há poder humano que não
que o “melhor presente de Deus seja desbancado na história. A
não era tanta coisa assim”. O que história nos dá conta, através de
representa para você essa conclu- registros sérios, o fim de homens
são? Pensemos a partir de algu- e exércitos, fruto de egos inflados
mas afirmações a seguir. e da malícia volumosa do coração
humano. Seu poder, sua fama, sua
1. O poder é tão frágil! proeminência não conseguem lhe
Alguém já disse: “A história é dar o ânimo do passado, pois che-
o cemitério dos impérios”. Hitler gou ao fim. As palavras do sábio
chegou a um fim trágico. A grande revelam a finitude do nosso poder
Babilônia desmoronou. Os gregos e nossas conquistas; revelam a li-
e sua cultura idílica, os romanos mitação de nossas armas, o tama-

49
nho da nossa força, a fraqueza dos que imaginamos, uma vez que re-
nossos recursos. O poder só serve vela ser uma questão de percepção.
enquanto vence, só se perpetua O sábio está melancólico, talvez,
enquanto está na frente, só se es- por ser o homem mais sábio da
tabelece quando há oportunidades terra e também o mais entediado.
de vitórias. Isso é contraditório, mas a vida é
A maior estupidez – em outras assim. Se a ausência de alguma
palavras, falta de sabedoria – é coisa revela um vazio enorme den-
acreditar no poder (do poder); é tro da gente, o contrário também é
acreditar na força (da força); é se verdadeiro. Basta que consigamos
considerar maior (entre os “meno- aquilo que buscamos, logo chega o
res”). Nesse particular, a sabedoria dito tédio a nos perseguir. O filóso-
está na percepção do potencial que fo Platão, no diálogo chamado “O
temos de nos tornarmos bestializa- banquete”, afirmou que “o que não
dos por acreditar no poder de nos- temos, o que não somos, o que nos
sas próprias conquistas, achando falta, eis os objetos do desejo e do
que somos, sim, diferentes dos de- amor”. Desejamos tanto algo até
mais mortais. A sabedoria está no conseguirmos. Mas, será que aca-
inverso do que a maioria acredita ba o tédio até manipularmos o que
estar, pelo menos é o que podemos tanto queremos? Será que acaba o
perceber (ou, pelo menos é o que desejo, quando tomamos posse do
eu percebo). objeto da nossa ambição?
A melhor sabedoria para chegar
2. A Sabedoria não é tanta coi- ao fim da vida é não ter sabedoria
sa assim! definida, que não possa ser ressig-
Além de uma melancolia presen- nificada ou, porque não dizer, até
te, há aqui uma ironia. O vitorioso mesmo desconstruída, reinventada
não celebra a vitória, não recebe o e refeita. Quando nos fechamos em
crédito, não vê perpetuada sua tese torno de nós mesmos, e em torno
e vida. É triste o final das palavras da forma como sempre fizemos
do sábio. Ele entende que o final é as coisas que envolvem a nossa
mais importante que o começo. Por vida, perdemos a oportunidade de
isso, o pecador destrói o final. Sa- aprender, de refazer, de repensar.
ber terminar é algo difícil, pois geral- Não existe sabedoria sem equilí-
mente há mais pessoas envolvidas brio, e quando estamos abertos
na situação e, por mais que você aos ineditismos que surgem, des-
entenda que está terminando bem, frutamos de acertos e aprendemos
talvez a outra pessoa pense diferen- com os erros. Com ela, aprende-
te. A questão é mais complexa do mos a aprender, mesmo que não

50
consigamos acertar com tanta re- de, e 3) Provérbios: a sabedoria da
gularidade. Sem ela, nada apren- idade avançada. A nossa vida não
demos, porque julgamos já saber é diferente no que se refere a altos
tudo o que tínhamos para apren- e baixos, a contratempos e desen-
der. É impossível viver bem com a contros. Para todos os momentos,
ideia de que já somos “copo cheio”, busque sabedoria!
prontos, detentores dos absolutos. 3 – Não dá para descartar nada
A sabedoria se torna aquilo que de quem teve uma produção ou
fazemos com ela, pode ter a im- que foi inspiração para uma produ-
portância que damos a ela. Quem ção tão significativa como a do Rei
despreza a sabedoria, anula-a com Salomão. O sábio tem muito a nos
sua própria vida, por isso, ela pode ensinar nesses três momentos da
não ser tanta coisa assim. Quem vida. Há acertos, mas também há
erros. A nossa vida também revela
vai dizer o valor da sabedoria será o
essa grande verdade, essa gran-
quanto ela é perceptível na vivência
de contradição; o que não pode-
diária, diante dos inúmeros desa-
mos permitir é a negligência com a
fios que se agigantam perante nós.
oportunidade que temos de apren-
Para pensar e agir: der com as muitas fases que expe-
rimentamos em nossa jornada.
1 – Busque, sim, a sabedoria,
4 – Por isso lhe pergunto, para ter-
pois é melhor a sabedoria do que minar: você tem buscado sabedoria
a vida sem direção. Como pode- mesmo quando está chateado com
mos ver, o desânimo não se escon- a vida? Diante da melancolia, você
de do sábio; mas, de quem ele se acha que há espaço para a felici-
esconde? Penso que de ninguém! dade? Qual o sentido de tudo que
Nascemos com um vazio enorme e não faz tanto sentido para você? A
com uma predisposição ao desâni- nossa vida pode mudar quando, de
mo, devido à contradição da nossa fato, decidirmos mudar? O que falta
existência. O desânimo é presente em você para acontecer essa mu-
no homem, é constante na vida, dança de sentido?
nunca poderemos esperar isso su-
mir “para darmos um norte à nossa
Segunda-feira: 1Reis 3.3-28
vida”.
Terça-feira: Gênesis 6.1-10
2 – A tradição bíblica retrata a
Quarta-feira: Provérbios 2.1-10
vida do sábio tendo como pano de
Leitura Diária

Quinta-feira: Provérbios 2.11-22


fundo três momentos distintos, mas
Sexta-feira: Provérbios 3.1-15
interessantes: 1) Cantares de Salo-
Sábado: Provérbios 3.16-35
mão: retrata o vigor da juventude;
Domingo: Salmos 30.1-12
2) Eclesiastes: a crise da meia ida-

51
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 11
Texto Bíblico: Eclesiastes 10.1-20

A TOLICE DOS TOLOS

Temos agora uma boa notícia: um dia melancólico ou um pouco


o sábio acordou num dia melhor chateado com tudo e com todos.
e deseja refletir sobre a tolice dos Mas isso não quer dizer que o sá-
tolos, em contraste com o com- bio não esteja disposto a propor
portamento dos sábios. Não quer suas afirmações agudas e bem
reclamar da vida, não está em temperadas.

52
Podemos perceber um capítulo em sua tolice. É tolice manter sem-
repleto de máximas, dedicadas a pre a ideia de estar certo em todas
revelar a tolice humana, bem como, as ocasiões.
a sabedoria. Pensando sobre as to- O nosso maior problema é jul-
lices, ele cita quatro características garmos ter a verdade de tudo em
dos tolos que passaremos a refletir nossas mãos. Particularmente, não
a seguir. quero saber tudo, mas também
não posso estar alheio ao que se
1. As palavras do tolo passa diante de nós e conosco. O
O sábio oferece uma informação que precisamos é usar as palavras
a respeito das palavras do tolo, que de forma equilibrada, afirmando a
são autodestrutivas e avassalado- nossa pequenez, sem desprezar
ras. O interessante é que o sábio as nossas habilidades. Bom senso
nunca estará fora de moda!
diz que o efeito maior dessas pa-
lavras é para os próprios tolos. Ele
2. O futuro do tolo
pode morrer pela boca (Ec 10.12),
O sábio oferece outro dado im-
assim como o peixe. As nossas pa- portante sobre o tolo. Eles não
lavras sempre poderão destilar a aceitam avisos, ainda que sejam
vida ou até mesmo a morte. Não no campo das possibilidades. Eles
acredito que o que falamos se tor- não permitem receber um alerta,
na o que acontecerá, por exemplo, um aviso, uma informação. Preca-
como a questão da força do pensa- ver o tolo sobre um iminente perigo
mento. Palavras são apenas pala- é chamá-lo para a briga, até por-
vras, mas podem revelar o bem ou que ele é dono da verdade, e não
o mal, a vida ou a morte. há nada que tenha a aprender. Se
As palavras dos tolos possuem importar com o seu futuro é, com
outras palavras, se intrometer em
um padrão regresso: começam
sua vida particular.
mal e terminam pior (v.13). Os to-
As palavras do tolo são loucura
los também nunca ouvem, sempre
cada vez mais acentuada. Tudo
dominam a conversa, o tempo todo.
pode acontecer com o tolo, des-
O volume das suas palavras revela de um simples acidente até a sua
sua tolice, eis a causa da destrui- morte. Eles são independentes dos
ção (v.14). Os tolos perdem amiza- outros e não percebem quando os
des, destrói sua imagem, seu “bom outros desejam até mesmo o bem
nome” (Ec 7.1), e nunca chegam de suas vidas. Só quem sabe o
à conclusão de que estão errados bem do tolo é o próprio tolo, o que

53
já nos aponta uma tremenda tolice. raízes, a não manter laços bem fei-
O tolo detesta que alguém fale do tos, não perseverar pelos caminhos
seu futuro, pois está segurado da que um dia escolheu.
multidão das suas palavras. Acham O sábio ilustra a estupidez na
que podem prever o que aconte- pessoa de um grande líder ou go-
cerá com suas vidas, contudo, o vernante. Um líder imaturo gera li-
futuro do tolo será arruinado pelas derados imaturos; um príncipe que
suas muitas palavras que sufocam se banqueteia de manhã indica falta
a sua audição! de responsabilidade e uma falta de
O grande desafio está diante controle de suas paixões e desejos.
de todos: falar menos, sobretu- O líder tolo é alguém impulsionado
do, quando não se tem ciência pelas condições favoráveis que se
de uma determinada situação. Mi- encontra ao ser injusto, a não go-
nha avó Zilda até hoje afirma algo vernar com equilíbrio, pensando
muito interessante e que tem a sempre no menos favorecido.
ver com isso: “Vamos falar pouco No verso 17, o ilustre sábio faz o
para Deus nos ajudar!”. Quanta contraste com o bom rei, que come
riqueza há nesta afirmação! Não na hora certa e não de manhã, an-
está nos versos do Eclesiastes, tes de tudo e de todos. O bom rei
mas é rico, é bíblico. Quando fala- senta à mesa na hora adequada
mos pouco, ou simplesmente me- com a motivação oportuna, sem
nos, nosso futuro não será confu- escondidas motivações, ou seja,
so e atrapalhado. Deus, inúmeras esse é o rei que faz justiça, pen-
vezes, age no silêncio. Falemos sando naqueles que não terão a
pouco, ouçamos mais! mesma oportunidade, as mesmas
regalias. Seja na monarquia ou na
3. A estupidez do tolo democracia, a injustiça não está
O verso 15 retrata o esgotamento no modelo, mas sim, nos desejos
pela estupidez de um tolo. Torna-se escondidos que revelam a tolice
tão confuso que perde sua identi- humana. O tolo é estúpido, pois
dade, esquece inclusive o endere- seu foco é sempre saciar seus pró-
ço de sua residência. O tolo pode prios desejos!
ser um bom profissional, uma pes-
soa inteligente no que faz, alguém 4. A procrastinação do tolo
próspero, mas pode não ter uma O tolo faz muitos planos, mas não
espiritualidade sadia, uma vida consegue cumprir nenhum. Não
relacional e familiar equilibrada. O sabe o que significa uma promes-
tolo é tentado facilmente a não criar sa. Nos versos 18 e 19 lemos sobre

54
essa procrastinação do tolo. Para Responda com honestidade essa
ele, o prazer e o que dá dinheiro pergunta, caro leitor. A tolice pode
são indicadores de prioridades. O até trazer vantagens e prazeres,
resto é sempre o resto, sobretudo, o mas eles são temporários e con-
resto não contribui e pode até atra- sumíveis. Com a mesma facilida-
palhar as experiências de prazer. de que chegam, vão embora. Uma
O tolo é um grande desperdiça- proposta para você: desconfie de
dor de tempo, falta prioridade, falta tudo que chega muito fácil nas suas
disciplina, pois a vida é permeada mãos, geralmente revelam falta de
de irresponsabilidades. Está sem- dignidade e verdade.
pre andando para chegar a lugar 2 – O caminho da sabedoria é
nenhum, não porque não tem um
espinhoso no seu processo, mas
alvo, mas se no meio do caminho
também, é um manancial de apren-
encontrar algo que lhe dê pura-
dizado e crescimento. A nossa vida
mente prazer, se dará por satisfeito.
é repleta de paradoxos. O nosso
É facilmente desviado, seja para
coração é contraditório e enga-
uma direção ou outra. Seus alvos
noso. Tenha cuidado, mas não se
são somente para desencargo de
tranque à vida. Só aprendemos er-
consciência, e nada mais.
O tolo é um tolo. É tudo e não rando, mas cuidado com o erro.
é nada. Faz tudo e não faz nada. 3 – Quem é você na maioria
Realiza tudo e não conclui nada. É das vezes? Não se furte a refle-
de todos e não é de ninguém. Faz tir sobre isso. Quem reconhece
e não faz. Diz e não diz. É sempre as fragilidades, não foge da aná-
assim: um tolo. Alguém com uma lise pessoal. Será mais uma ex-
imagem desgastada perante todos pressão de tolice não ser sincero
que o conhecem, alguém que can- consigo. Seja honesto e perceba
sa os que com ele convive, alguém o que precisa reconsiderar na sua
sempre em cima do muro, alguém vida debaixo do sol!
à margem de todos, não economi-
camente, mas estrategicamente. É Segunda-feira: Jó 5.1-4
o famoso coitado, pois nunca assu- Terça-feira: Provérbios 10.8-10
me seus percalços e erros durante Quarta-feira: Provérbios 10.19-21
a sua jornada de vida.
Leitura Diária

Quinta-feira: Provérbios 10.20-23


Sexta-feira: Provérbios 13.1-3
Para pensar e agir:
Sábado: Provérbios 14.1-3
1 – A grande questão é: será que Domingo: Provérbios 24.7-10
há sinais de tolice em nossa vida?

55
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 12
Texto Bíblico: Eclesiastes 11.1-10

O PRESENTE E O FUTURO

Nesses versos, vemos o pre- O sábio é experiente, vivido e


sente e o futuro nas palavras do está quase em fim de carreira.
sábio. Talvez ele tenha acordado Pensando nisso, ele sugere al-
com vontade de escrever sobre gumas atitudes, a fim de admi-
a vida de hoje e a possibilidade nistrarmos nosso presente com
da construção de um futuro pro- boas expectativas de futuro. Nin-
missor. O sábio sugere algumas guém pode fugir da fase adulta,
ações e preocupações, a fim de nem mesmo das suas responsa-
que nossa vida seja significativa e bilidades, desafios e realidades.
que valha a pena. Talvez ele es- Cada fase de nossas vidas reser-
teja, a essa altura, cada vez mais va para nós realidades próprias
adulto, maduro e, quem sabe, de cada tempo. Vejamos as su-
bem cansado. gestões do sábio.

56
1.Trabalhe enquanto pode pendente do clima, se favorável ou
(Ec 11.1, 2, 6) não, precisamos trabalhar. Não po-
O sábio começa dizendo: “Lança demos esperar que as coisas mu-
o teu pão sobre as águas, porque dem a nosso favor.
depois de muitos dias acharás”. Ir à luta é enfrentar a “falta de
Aqui temos uma linguagem comer- sorte”; é vencer as barreiras da sur-
cial comum na época, quando os presa do amanhã; é vencer “maré
comerciantes exportavam cereais baixa”; é superar a ideia do “pé
por navio. Os riscos da viagem e esquerdo”; é vencer o peso e os
a incerteza de que a venda seria fardos e deixar de ser coadjuvan-
bem sucedida eram evidentes e te para ser ator principal da própria
inevitáveis. Mas se quisessem ter história. Ir à luta é trabalhar, mesmo
alguma esperança de dias melho- que a situação esteja difícil; é por
res, tinham de se empenhar no a mão na massa, fazendo o que
presente, arriscando empreendi- depende de nós, contando sempre
mentos diversificados para ver se com a ajuda e a direção do Criador.
seriam bem sucedidos. Não existe prosperidade sem
A nossa condição é de lançar, trabalho. Não existe sucesso sem
repartir, semear, sem desanimar. suor. Não existe colheita sem plan-
Os resultados serão abençoados tio. Não existe diploma sem sentar-
pelo Criador, que tudo acompanha -se na cadeira para aprender. Não
e não pode ser injusto. Lembre-se: existe vida plena sem esforço pleno.
“Trabalhe como se tudo dependes- A nossa juventude atual é vítima de
se de você, confie como se tudo uma característica atual: excesso
dependesse de Deus” (Inácio de de preguiça. Lógico que temos que
Loyola). A juventude possibilita a valorizar o descanso, mas a cada
construção de uma velhice me- dia que se passa temos que vencer
nos traumática. Não desperdice as os nossos leões diários. Lutar, lutar
oportunidades para um envelheci- e lutar compete a nós. Vá à luta!
mento mais saudável, pois a cada
dia que se passa, temos menos um 3. Tenha entusiasmo na vida
dia de vida. (Ec 11.9a)
Sem entusiasmo na vida fica im-
2. Vá à luta! (Ec 11.3-5) possível viver. Até mesmo para a
O Eclesiastes exclama: “Quem luta diária precisamos de entusias-
fica esperando que o vento mude mo. Somente quem é um entusias-
e que o tempo fique bom nun- ta pode enfrentar os dias de desa-
ca plantará, nem colherá nada” fios, sem perder a alegria da vida.
(v. 4 – NTLH). A ideia é que inde- Não existe vitória se não houver

57
motivação. A motivação é que nos vida. Sim, Deus quer o melhor para
faz viver com alegria constante. É a nós, no entanto, há muitos sonhos
chave de um viver com significado. que burlam os projetos divinos para
Chegará um momento em que o homem.
não teremos mais tanto vigor Viva com a ideia de que Deus re-
(Ec 12.1-5). Aproveitar a vida é quererá o que Ele compartilhou co-
uma ordem para quem não deseja nosco: a vida. O que você faz com a
se acinzentar pela rotina das nos- vida que Ele lhe deu? Há diversas
sas tarefas diárias. A velhice che- formas de responder. O sábio su-
gará para todos. Envelhecer com gere três proposições:
entusiasmo, com o senso de dever
cumprido fará com que vivamos 4.1. – Cuide das suas emoções
bem e melhor. (Ec 11.10a)
A acidez tem o seu lugar em “É do coração que procedem as
nossa vida. Há momentos que fi- fontes da vida” (Pv 4.23). É de lá
camos cansados, pensando em que vem a vontade para vivermos
desistir, em jogar tudo para o alto de forma feliz. É de lá que surgem
e chutar o “pau da barraca”, como as paixões. É de lá que vem o cho-
diz o adágio popular. No entanto, a ro e a alegria. Como está o seu
vida sempre terá bons motivos para coração? A resposta sincera é de
lhe colocar de pé com entusiasmo. suma importância para um efetivo
Descubra os seus motivos! cuidado das emoções.

4. Sonhe de olhos abertos, 4.2. – Cuide do seu corpo


sempre reverenciando o Criador (Ec 11.10b)
(Ec 11.9b) É a partir do corpo que experi-
Sonhar faz bem para a saúde, mentamos os prazeres da vida. O
traz sorriso ao rosto e vida aos os- vento, o frio, o calor, a brisa, o to-
sos. Sonhar faz bem, mas quando que, o abraço, o carinho, o aroma,
paramos de sonhar, de certa for- o sabor, as delícias de uma forma
ma, começamos a morrer. Sonhar em geral e tudo o que nos dá pra-
é ainda mais maravilhoso quando zer. Como está o seu corpo?
reverenciamos o Criador em todas O corpo é o ponto central de
as etapas. toda percepção de prazer e dese-
Sonhar sem reverenciar o Criador jo. Você só é o que é devido a seu
é, mais cedo ou mais tarde, viver corpo. Não existe vida humana fora
pesadelos e ter de enfrentar dias da matéria. Não existe toque sem
de desapontamentos desnecessá- corpo. Não existe beleza sem os
rios e ruína relacional para a nossa contornos de um corpo. Não existe

58
prazer se não houver a carne (cor- pendentes uns dos outros. Somos
po) e o espírito (mente). Cuide do seres entrelaçados. Cuide de si
seu corpo/vida! mesmo, mas não despreze o devi-
do valor do semelhante. Há muito
4.3. – Cuide do que tem real- de Deus para a sua vida através
mente valor (Ec 11.10c) do cuidado.
Desde a mais tenra idade até a 2 – Você se considera alguém sá-
fase adulta o que mais nos marcou bio nas escolhas que tem feito? As
foi aquilo que fizemos reconhecen- nossas escolhas descrevem o nos-
do a proximidade do Senhor. Tudo so caminho. O nosso caminho de-
o que fizemos reverenciando o monstrará quem nos tornamos com
Criador, buscando a sua direção e o passar dos dias. Pensar antes de
fazendo tudo para a sua glória ja- agir demonstra sensatez na toma-
mais deixará de ter valor inestimá-
da de atitudes. Quando há análise
vel para nós.
do que vamos ou não fazer, vive-
Valorize o que tem valor. Lembre-
mos dias com escolhas acertadas.
-se sempre do que tem valor. Com-
3 – Você já renunciou algo por
partilhe o que tem valor. Ame o que
concluir que a proposta não era
tem valor. Busque o que tem valor.
sensata diante do Criador? Os
Quando o Eterno é a referência
para o viver, damos valor ao que nossos passos precisam ser mar-
experimentamos da vida, até por- cados por renúncias, para viver-
que podemos senti-lo diante dos mos uma vida feliz com o Eterno.
encontros inéditos com a vida. Viver a vida sem renúncias será
Cuidar da juventude é lembrar um acúmulo de erros. Há momen-
que tudo é passageiro e breve, tos em que é melhor renunciar do
inclusive a vida. A juventude é um que insistir numa vida irresponsá-
presente do Criador. Cuide bem vel diante de Deus e dos outros.
dela, pois é dádiva única dEle. Não Renunciar hoje pode significar
teremos outra chance para rever o avançar muito mais amanhã!
que foi feito. Reveja agora e cuide
do presente!
Segunda-feira: Mateus 7.24-27
Para pensar e agir: Terça-feira: Mateus 10.16-19
Quarta-feira: Mateus 24.23-27
1 – Como você tem cuidado
Leitura Diária

Quinta-feira: Mateus 25.1-4


da sua vida? Cuidar é um verbo
Sexta-feira: Lucas 16.10-13
que nunca se tornará cansativo.
Sábado: Tito 2.1-5
Cuidar da nossa vida nos leva a
Domingo: Tito 2.11-14
cuidar dos outros. Somos interde-

59
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 13
Texto Bíblico: Eclesiastes 12.1-14

A CONCLUSÃO DE TUDO

O diário do sábio está chegan- Diante disso, o filósofo Salomão


do ao fim, assim como tudo nes- aponta duas coisas importan-
sa vida. Usando a sua própria tes para caminharmos bem com
filosofia: há tempo para todas as a vida que temos e possibilite
coisas, inclusive, tempo de termi- a construção de um futuro com
nar. A nossa vida terminará bem significado. Acho que podemos
quando não nos faltar a lembran- ter falta de muitas coisas, mas se
ça do Criador e o temor devido à ouvirmos o seu conselho, teremos
sua presença. o imprescindível para um bom de-
A experiência do sábio é bem senvolvimento da vida.
marcante. Existem momentos que
queremos resumir tudo, queremos 1 – “Lembra-te do teu Cria-
praticidade, queremos objetivida- dor…”
de, porque a vida se tornou muito O sábio termina o seu diário fa-
complexa, muito teórica, distante lando de intensidade, esperança
do mundo real. Realmente é isso e sabedoria, propriamente dita.
que o Pregador, em seu texto, “Lembra-te do teu criador nos
quer concluir para os seus leitores. dias da tua mocidade” (Ec 12.1) é
Pelo menos, foi o que ele concluiu. outra forma de dizer: “aproveite a

60
vida que o Criador lhe deu” ou “viva escuro, sem nitidez, sem potência
com intensidade ao lado do Cria- para aproveitar a vida. Todos os
dor, porque com Ele a vida é digna, corpos citados pelo sábio são lumi-
significativa e feliz”. nosos e fornecem luz a este mundo
A vida humana sofre com a che- tenebroso: o sol, as estrelas e a lua.
gada da idade. Todos nós enfren- A juventude também possui a
tamos, ou ainda, enfrentaremos sua própria luz e até quando chega
inúmeras limitações com o avanço a noite, pode iluminar o seu próprio
da idade. A lembrança do Criador caminho. Por isso que o jovem é
na juventude significa tirarmos van- hábil e esperto, mas quando co-
tagens de nossa idade, de nossa loca as esperanças somente em
fase, de nossas habilidades, de sua própria condição, escorrega
nossas condições. Ninguém esca- e pode se machucar muito feio.
pará da velhice! Quando chegar a velhice, com as
Por outro lado, o sábio parece inúmeras dores e limitações, só
alertar: Cuidado com a juventude! haverá noites e tempos nublados.
Lembrar-se do Criador na juven- Aproveite a juventude, pois quando
tude é o buscar o equilíbrio diante chegar a idade diante do espelho,
das múltiplas habilidades. Ser jo- não saberá explicar como foi que
vem é muito bom, ainda mais no isso aconteceu.
tempo atual, onde temos informa- O sábio deseja que os melhores
ções e inúmeras ferramentas para anos de nossas vidas sejam de-
ornamentar a nossa existência. dicados ao Senhor e às pessoas
Na fase jovem da vida, somos que Ele nos dá. A única forma de
brilhantes, encantadores, elogia- vivermos uma vida sem arrependi-
dos, novos, vigorosos. É exata- mentos amargos e irremediáveis é
mente por isso que devemos ter o vivendo para o Criador, no Criador
cuidado redobrado. A juventude é e pelo Criador.
ótima, mas é por demais traiçoeira, Óbvio que se o Pregador encer-
assim como a natureza que muda rasse aqui seu diário seria depri-
de tempo aberto para nublado em mente e desanimador. Todavia,
instantes. A luz da noite engana lembrar-se do Criador é algo que
tanto quanto as oportunidades que revigora a alma, abrilhanta o ros-
surgem na luz da juventude. to e tranquiliza o espírito. A doce
O sábio está sugerindo que a esperança de que nossa vida é
lembrança devida ao Criador seja do Criador e que não há maneira
antes que “se escureçam o sol, a de escaparmos de Sua Graça traz
lua e as estrelas” e só vejamos um um sorriso impagável ao nosso
tempo nublado, completamente rosto (Ec 12.7).

61
2 – O resumo de todas as coisas vias não muito convencionais, aqui
O valor da sabedoria é ilustrado temos a prova disso.
com três palavras interessantes: 1) O último verso que realmente
aguilhões – era uma vara comprida traduz o ensino do sábio é o 9: “É
que estimulava os bois a andarem ilusão, é ilusão, diz o sábio, tudo
mais rápido, a seguirem em fren- é ilusão”. Foi exatamente assim
te; 2) pregos – naquela época, os que o sábio começou o seu diário
pregos eram grandes, chamados de sabedoria (Ec 1.2). Para ele, a
de estacas, pois eram usados para vida é repleta de ilusão. O editor,
prender com mais segurança as nesse sentido, concluiu a sua obra
tendas no chão. Diante de chuvas de forma coerente com toda a sua
e ventos, as tendas e barracas não sabedoria, redirecionando a aten-
eram removidas, e 3) livros – signi- ção do leitor de sua filosofia para
ficam a impossibilidade de cessa- o Criador.
rem as pesquisas e adquirir a pró- Diante da vida, dos altos e bai-
pria sabedoria da vida. É cansati- xos, dos desencontros, dos contra-
vo, mas imprescindível. É penoso, tempos, de tudo o que é descober-
mas valoroso. Requer dedicação, to, vislumbrado, achado, percebi-
mas vale a pena num futuro perto do, realizado, produzido, construí-
ou distante. O sábio é um homem do, eleito, preservado, falado, ensi-
que expressou a contradição da nado, escrito, pregado, rascunha-
vida em sua filosofia. Alguém que do ou desenhado, pintado, enfim,
viveu intensamente a vida e suas nada ultrapassa a necessidade do
muitas incertezas. homem, no início, no meio ou no
Em Israel, havia muitas escolas final da vida de reconhecer a sua
de sabedoria e um editor elaborou dependência exclusiva do Criador.
esses últimos versos, chamado de Por isso, de tudo o que já vimos,
epílogo (Ec 12.9-14), a fim de tor- o resumo é este: “Teme a Deus
nar a mensagem do Pregador, sua- e guarde os seus mandamentos;
ve, de fácil assimilação e com uma porque este é o propósito do ho-
conclusão inteligível à comunidade mem” (Ec 12.13).
dos judeus. Alguns comentaristas O sábio termina o seu diário de
chamam o editor do Eclesiastes de forma espetacular quando lembra,
um judeu ortodoxo. De fato, a sabe- relembra ou, para alguns, até mes-
doria do Eclesiastes não era algo mo sugere, o sentido e o propósito
muito convencional, todavia, era de todo homem. Em outro momen-
considerada importante para todos to, sugere: “O temor ao Criador é
os religiosos da época. Há sabedo- o princípio da sabedoria”. Sem te-
ria até mesmo na contradição, por mor, a vida é apenas vida. Com te-

62
mor, a vida se torna oportunidade sem uma nítida ideia da razão pela
de relacionamentos significantes qual estão aqui. A nossa trajetória
com o Senhor. A vida se torna equi- nessa vida precisa ser relevante,
librada e agraciada. A vida se torna autêntica e leve!
doce, ainda que experimentemos 3 – Em que o diário do sábio con-
algumas doses de limão. O temor tribuiu para sua vida? Sem dúvidas,
é o termômetro para a sabedoria o Eclesiastes tem muito a nos ofe-
nossa de cada dia. Agir com sabe- recer como jovens, adultos e anci-
doria é consultar a experiência, e ãos. Salomão é o retrato no Ecle-
consultar a experiência não exclui siastes das muitas experiências
reverenciar o Eterno em nossos di- que vivemos e ainda viveremos
lemas e desafios. “debaixo do sol”. Nunca se esque-
ça: há muito que aprender com ele,
Para pensar e agir: mas há muito que aprender com
1 – Qual o sentido da sua vida? as nossas próprias experiências
Nós não estamos aqui apenas para também. Devemos seguir a cada
ver e viver tudo o que o sábio des- dia olhando à frente, não retirando
creveu. Nós devemos aprender o foco do que está proposto a nós,
diante de todas as situações, sejam nos esquecendo de nossas falhas
problemas, decepções, desilusões e agruras, acatando a sugestão
– conforme o próprio Jesus excla- paulina: “Irmãos, quanto a mim,
mou: “No mundo tereis aflições...” não julgo que o haja alcançado;
(João 16.33a) –, mas também vitó- mas uma coisa faço, e é que, es-
rias, alegrias e festas. A vida precisa quecendo-me das coisas que atrás
encontrar o seu norte, o motivo que ficam, e avançando para as que es-
a tornará sagrada, o propósito que tão diante de mim, prossigo para o
fará de você alguém insistente pelo alvo, pelo prêmio da soberana vo-
prazer de viver. Há sempre um moti- cação de Deus em Cristo Jesus”
vo mais sublime para tocar a nossa (Fp 3.13-14). Seja sábio, seja feliz,
existência, e esse motivo precisa ser seja um eterno aprendiz!
a vitória proposta de Jesus: “mas eu
venci o mundo” (João 16:33b).
Segunda-feira: 1Corintios 3.18-23
2 – Quem é o Criador para você
Terça-feira: Salmos 119.9-14
e o que Ele significa na sua traje-
Quarta-feira: Salmos 119.37-50
tória “debaixo do sol”? A nossa
Leitura Diária

Quinta-feira: Salmos 119.137-149


maturidade nesta vida se constrói
Sexta-feira: Colossenses 3.13-23
aproveitando cada instante e de-
Sábado: Filipenses 4.8-9
senvolvendo um relacionamento
Domingo: Romanos 8.35-39
com Deus. Vidas vazias são vidas

63
Currículo
2016
Primeiro Trimestre Revista da Convenção Batista Fluminense
Ano 13- n° 50 - Julho / Agosto / Setembro - 2016

Livro de Romanos Diretor Executivo: Pr. Dr. Amilton Ribeiro Vargas


Pr. Jonas Vieira Lima
Diretoria da Convenção Batista Fluminense:
Presidente: Pr. Geraldo Geremias

Segundo Trimestre Primeiro Vice-Presidente: Dca Lindomar Ferreira da Silva


Segundo Vice-Presidente: Pr. Marcos Luís Lopes
Terceiro Vice-Presidente: Pr. Luiz Antonio Rodrigues Vieira
Família Primeira Secretária: Jane Célia da Silva Rodrigues
Pr. Nataniel Sabino Segunda Secretária: Loide Gonçalves do Nascimento
Terceiro Secretário: Pr. Ozéas Dias Gomes da Silva
Quarto Secretário: Pr. Davidson Pereira de Freitas

Terceiro Trimestre Diretor de Educação Religiosa:


Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
O Diário de um Sábio - Meditações
em Eclesiastes Redator: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Pr. Diego Nunes Araújo Revisão Bíblico Doutrinária:
Pr. Paulo Pancote
Revisão e copidesque: Edilene Oliveira

Quarto Trimestre Produção Editorial, Diagramação e Impressão:


Print Master Editora (22) 3021-3091
Atos - O que aconteceu com a Igreja?
Pr. José Gomes da Silva Filho Distribuição:
Telecarga Express Transporte Rodoviário Lida

Convenção Batista Fluminense


Rua Visconde de Morais, 231 - lngá - Niterói - RJ
Seja Mordomo CEP 24210-145
Tel.: (21) 2620-1515
Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais
E-mail: contato@batistafluminense.org.br
revistas que o número de jovens e adultos
matriculados na EBD ou em outro grupo de
estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção
se for este o seu caso. Queremos investir seu
dízimo também em outros projetos.

Acesse nosso site:

www.batistafluminense.org.br

Potrebbero piacerti anche