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Uma nova receita

para a bataticultura

O consumidor
mudou, mas a
bataticultura continua
a mesma. Para
garantir a rentabilidade,
é preciso modernizar o
setor e “reinventar”
a comercialização do
produto.

HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 1


É PRECISO INOVAR!

Editorial
A batata é a hortaliça mais consumida pelo brasi- A última pesquisa do IBGE (2003) revelou que
leiro, atingindo a média de cinco quilos por habi- metade da produção de batata do País é consumi-
tante/ano, nos domicílios, segundo o IBGE (2003). da por pessoas de renda mais elevada, de maior
Em respeito a essa preferência, é importante que o escolaridade e com condições de adquirir um
setor tenha consciência da urgência de moderni- produto de maior valor agregado.
zar a cadeia agroindustrial da batata in natura.
Na avaliação da Hortifruti Brasil, caso seja man-
A Hortifruti Brasil traz nesta edição uma análise tida a estrutura atual de produção e comercializa-
sobre o setor e ressalta a importância de um pla- ção da batata a tendência é que a volatilidade dos
no estratégico que leve à estabilidade dos preços preços nas lavouras aumente e que o consumo
nas lavouras, à qualidade do produto nas gôndo- caia. Tentamos trazer alguns passos para a mu-
las dos supermercados e estimule o consumo da dança nesta edição especial da batata. Confira!
batata in natura.
Apesar de diversas barreiras dificultarem a inte-
gração comercial entre os produtores e os com-
pradores, é importante todos se conscientizarem
de que ações pró-modernização beneficiam to-
dos os agentes da cadeia, do produtor ao consu-
midor final.
Muitos ainda acreditam que o consumidor com-
pra baseado apenas no aspecto visual, mas isso é
um mito que precisa ser derrubado. O consumi-
dor só age assim porque não lhe é oferecida ne-
nhuma outra informação a respeito da variedade;
a aparência da batata é o único atributo que ele Rafaela Cristina da Silva (esq.), João Paulo Bernades Deleo e Margarete
pode considerar na escolha do produto. Boteon são os autores desta Matéria de Capa
Capa 06 14 Tomate
DÚVIDAS SOBRE A FLORADA
Sou produtor de manga palmer em Itápolis
(SP) e gostaria de saber se vocês têm
15 Cebola
conhecimento sobre a florada em nossa região. Tenho
um talhão com boa florada, mas de modo irregular. Vocês
sabem o porquê disso na região? Gostaria de saber também
16 Batata qual a relação entre a temperatura e a florada. Qual deve
ser a temperatura ideal para uma boa florada?
Antonio A. Branco Peres
18 Citros brancoperesfrutas@ig.com.br

O consumidor mudou,
20 Uva
O clima atípico deste inverno resultou em uma florada
desuniforme em muitos pomares de São Paulo. Para um bom
florescimento, as plantas devem passar por um estresse hídrico
mas a bataticultura
continua a mesma. Para
garantir a lucratividade
21 Manga
e térmico, capaz de induzir os brotos. Segundo a Embrapa, a
temperatura ideal é a inferior a 15º C e o período de seca, de
seis a doze semanas, seguido de irrigação ou chuva.
do setor, os agentes
deste mercado precisam
se modernizar e
22 Mamão
Escreva para a gente!
“reinventar” o método
de comercializar o
produto.
23 Banana
Hortifruti Brasil
CP 132
CEP:13400-970
24 Melão Piracicaba/SP
hfbrasil@esalq.usp.br

Fórum 25
Dois dos principais
grupos produtores
de batata do País
Agradecimentos
Agradecemos ao
Contry Potatoes, de
@ Hortifruti Brasil on-line
A sua publicação favorita agora no seu computador!
discutem o atual Piracicaba (SP),
cenário do setor e pela gentileza em E muito mais rápido.
apontam saídas para ceder espaço para a
Acesse: www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil
melhorar as vendas produção das fotos
do tubérculo. desta edição Todo dia 10, você confere uma nova edição.

Errata:
- A valorização do Real frente ao dólar e ao euro é que tem reduzido a lucratividade dos exportadores neste ano, e
não o inverso, publicado na Matéria de Capa da edição nº 40, pág 10.

EXPEDIENTE
A Hortifruti Brasil é uma publicação do CEPEA - Centro de Jornalista Responsável: Impressão:
Estudos Avançados em Economia Aplicada - USP/ESALQ Ana Paula da Silva - MTb: 27368 MPC - Artes Gráficas.

Editor Científico: Revisão: Tiragem:


Geraldo Sant’ Ana de Camargo Barros Ana Júlia Vidal e Paola Garcia Ribeiro 8.000 exemplares

Editora Executiva: Equipe Técnica: Contato:


Margarete Boteon Adriana Carla Passoni, Bianca Cavicchioli, Bruna B. C.Postal 132 - 13400-970 Piracicaba, SP
Rodrigues, Carolina Dalla Costa, Daiana Braga, Francine Tel: 19 3429-8809
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Carolina Dalla Costa Apoio: A revista Hortifruti Brasil pertence ao Cepea - Centro de
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Sergio De Zen Diagramação Eletrônica/Arte: desde que citados os nomes dos autores, a fonte Hortifruti
Thiago Luiz Dias Siqueira Barros Brasil/Cepea e a devida data de publicação.

4 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL


HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 5
CAPA

Uma nova
receita para a
bataticultura
O aumento da produção nacional
associado à estagnação do
consumo per capita tem limitado a
rentabilidade do setor. Para
mudar esse quadro, é preciso
“reinventar” a bataticultura e adequá-la
ao novo perfil do consumidor.

Por Margarete Boteon, Rafaela Cristina da Silva


e João Paulo Bernardes Deleo.

os últimos 10 anos, mesmo com a redução de


N 19% da área plantada com batata, a produção na-
cional cresceu 16%. Isso foi possível devido ao ganho
de eficiência agronômica nas lavouras, que
resultou em um aumento de quase 50% da
produtividade no período. Esse cresci-
mento se deve à introdução de varie-
dades mais produtivas, como a ágata,
ao aperfeiçoamento tecnológico
e gerencial das propriedades, aos
ganhos de escala com aumento do
porte das fazendas e à consolida-
ção de novas regiões produtoras.
No entanto, isso não foi suficiente
para manter a rentabilidade do produ-
tor rural. Entre 1994 e 2004, o valor da produção
nacional de batata caiu 46% em termos reais. Mesmo
com a desvalorização do produto nas roças e no prato
do brasileiro, a demanda não reagiu. O crescimento
da oferta registrado nos últimos anos foi proporcional
ao da população brasileira, não havendo incremento
do consumo per capita.
A perda da rentabilidade, porém, não acontece só na
bataticultura. Muitas outras commodities agropecuárias

6 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL


CAPA

sofreram o mesmo problema nos últimos custos e preocupados em manter o padrão


10 anos. Na avaliação de Geraldo Sant’Ana de qualidade do produto.
de Camargo Barros, professor da Esalq/USP O problema é que, caso a demanda não
e coordenador científico do Cepea (Centro acompanhe o crescimento da produção, o
de Estudos Avançados em Economia Apli- resultado tende a ser a queda do preço re-
cada, da Esalq/USP), os agricultores estão cebido pelo bataticultor, podendo desesti-
em desvantagem na venda dos seus produ- mulá-lo a investir na cultura no curto pra-
tos e na aquisição dos insumos. Isso por- zo, reproduzindo os ciclos de alta e baixa
que são poucas as empresas que adquirem do preço do tubérculo.
a safra e também poucas as que fornecem Com a introdução da ágata no mercado,
os produtos necessários à sanidade das la- nos últimos anos, a previsão é que a volati-
vouras. Assim, o poder de barganha dessas lidade dos preços seja mais elevada que no
organizações é superior ao de milhares passado, devido à facilidade de reprodu-
de produtores pulverizados. ção dessa semente e ao seu elevado poten-
Do lado comprador, a pressão vem es- cial produtivo, causando fortes oscilações
pecialmente das processadoras e re- nos preços em resposta ao plantio atrelado
des de supermercados, que travam à capitalização do produtor. Neste ano, se
um braço-de-ferro para conquis- observou esse fenômeno. A batata atingiu
tar a renda do consumidor, cada preço recorde nas lavouras, a R$ 60,00/sc
vez mais exigente em qualida- de 50 kg, em média, em maio e, o menor
de e praticidade. Nessa guerra, preço do histórico do Cepea em agosto e
os preços da matéria-prima setembro, cerca de R$ 9,00/sc de 50 kg.
são reduzidos e as exigências Nota-se, portanto, que a fórmula de mo-
ampliadas. Para os produto- dernização do campo, baseada em ganhos
res sobreviverem, precisam de produtividade e aumento da escala de
ser eficientes, propensos produção como redutor de custos, não
a adotar as mais modernas será suficiente para garantir a rentabilida-
tecnologias redutoras de de do setor.

Mais batata no mercado e menos dinheiro


no bolso do produtor

Área Valor da Produção


Produção Produtividade
Período produção per capita
(milhões de t) (mil ha) (t/ha)
(bilhões de R$) (kg)
1994 2,49 171,85 14,48 3,02 16
1995 2,69 176,77 15,23 2,40 17
1996 2,41 163,07 14,76 1,63 15
1997 2,67 174,83 15,27 1,97 16
1998 2,78 177,97 15,64 2,53 17
1999 2,90 176,48 16,46 1,77 17
2000 2,56 150,48 17,02 1,71 15
2001 2,85 153,97 18,50 2,58 16
2002 3,13 161,12 19,40 2,25 18
2003 3,05 147,43 20,67 2,10 17
2004 2,89 138,36 20,90 1,64 16
Variação 16% -19% 44% - 46% 0%
Fonte: FAO, IBGE, FGV e IPEA

HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 7


AGREGAÇÃO DE VALOR:
UM NOVO MODELO PARA O SETOR
Para reverter o atual cenário da batati- modernização da venda do produto. Os
cultura nacional, um novo modelo de compradores pouco se atentam às ne-
gestão deve ser seguido pelos agentes cessidades dos consumidores e, quando
do setor com o objetivo de agregar va- o fazem, não costumam repassar essa
lor ao produto e ampliar a rentabilidade tendência aos produtores. A maioria
da cultura. Para isso, toda a cadeia deve também não estimula parcerias com o
estar integrada, com parcerias entre o produtor a fim de obter um produto dife-
setor produtivo e comercial, visando renciado e de valor agregado mais alto.
atender às demandas específicas Além disso, a estrutura de recepção do
do consumidor, promovendo tubérculo e os instrumentos de compra
um produto seguro, adequa- e venda do produto pouco evoluíram
do aos hábitos modernos e nos atacados, principalmente nas cen-
que também gere uma distri- trais de abastecimento. A formalização
buição de renda mais equi- dos negócios ou a criação de ambien-
librada entre os agentes. tes para negociações modernas, como
A prioridade nas lavouras leilões eletrônicos, também continuam
não pode mais se res- apenas no imaginário dos agentes. A
tringir ao conceito agro- aproximação do produtor com os bares,
nômico; deve-se atentar restaurantes e redes de fast food, devi-
também à comercializa- do à crescente tendência de alimenta-
ção do produto. É preciso ção fora do lar, também é um caminho
desenvolver urgentemente um a ser seguido. Outra política de apoio
plano estratégico para a moderniza- importante seria a criação de canais
ção do setor, visando a agregação de alternativos de escoamento do tubércu-
valor ao produto, para depender me- lo, como incentivos para a abertura de
nos do modelo preço versus oferta. agroindústrias, vitais para aumentar as
Para estabelecer um plano estratégico alternativas de venda do produto.
de modernização do setor, três ações
são importantes: III- PROMOVER O CONSUMO:
o hábito alimentar do brasileiro mudou
nos últimos 30 anos. Os consumidores
I- CHOQUE DE GESTÃO NAS buscam mais praticidade na hora de pre-
PROPRIEDADES: o setor deve buscar a parar as refeições e, cada vez mais, se
eficiência produtiva e administrativa das alimentam fora do lar. A exemplo das es-
propriedades, visto que as questões ge- tratégias dos bataticultores norte-america-
renciais são cada vez mais importantes nos, é necessário “reinventar” o setor para
diante da baixa margem de comerciali- atender às necessidades do consumidor e
zação do produto. Além disso, devem ser estimular o consumo.
adotados procedimentos que se adequem
aos conceitos de Boas Práticas Agrícolas. Paralelamente a essas três ações, o su-
Isto é, aumentar a produtividade, reduzir porte científico sempre é importante. As
o custo, cultivar um produto de qualida- universidades e a iniciativa privada de-
de e seguro, sem ferir o meio ambiente e vem investir permanentemente em no-
respeitando o trabalhador rural. vos materiais genéticos, desenvolvendo
produtos que se adequem à necessidade
II- MODERNIZAR A COMER- do consumidor e alcancem as melhores
CIALIZAÇÃO: é preciso incentivar a características agronômicas.

8 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL


CAPA

I. CHOQUE DE GESTÃO NAS PROPRIEDADES


Há espaço para cortar muitos custos no se-
Participação da BATATA
tor e aumentar ainda mais a produtividade. Ano da IN NATURA PERDE
batata no consumo
Comparando a média brasileira à dos prin- Pesquisa ESPAÇO NA LISTA
total(%)*
cipais produtores europeus, nota-se que
DE COMPRAS DO
ainda temos muito que evoluir. Países como 1975 1,49%
BRASILEIRO
a Holanda e a França têm produtividade mé- 1988 1,25%
dia de aproximadamente 50 t/ha, enquanto 1996 1,01% *Participação relativa da batata no
que, no Brasil, a média é de cerca de 20 t/ha. 2003 0,88% total de calorias ingeridas com os
principais alimentos consumidos nos
Entretanto, para produzir mais, não basta
Variação -41% domicílios brasileiros.
Fonte: Endef (1975) e POF/IBGE
implementar o pacote tecnológico no cam-
po. É preciso também mobilizar uiversida-
des, centros de pesquisa e a iniciativa priva- Minas (Abasmig) que, em parceria com ins-
da para promover estudos acadêmicos para tituições de pesquisa e com o Ministério da
a bataticultura, principalmente quanto ao Agricultura, criou um comitê para desenvol-
material genético específico às condições ver a Produção Integrada de Batata (PIB) de
brasileiras. mesa no Brasil.
Além disso, alguns erros básicos precisam Além dos aspectos agronômicos, os produ-
ser evitados. Em diversas regiões, a correta tores devem inserir ferramentas de gerencia-
calibração dos pulverizadores e a aplicação mento da propriedade e adotar uma postura
dos defensivos no período ideal ainda não profissional dentro da fazenda. O produtor
são seguidas pelos produtores. Outros er- deve colocar em prática um programa de
ros comuns como a aplicação de adubos e controle de custos e de receitas, com cadas-
corretivos sem planejamento nutricional tro de fornecedores e de compradores. O
baseado em análises químicas, uso de im- controle do fluxo de caixa, a diminuição das
plementos que prejudicam a conservação relações informais de compra e venda e da
do solo e o desperdício de água na irrigação inadimplência são ações urgentes na gestão
também aumentam os custos e reduzem a das propriedades.
produtividade das lavouras. Outra atitude importante do produtor é es-
De qualquer forma, analisando o cresci- treitar a relação comercial com o compra-
mento da produtividade nos últimos 10 dor. Toda empresa tem que estabelecer um
anos, pode-se dizer que o manejo da nu- bom relacionamento com os compradores.
trição e do controle de pragas e doenças No caso do produtor, é essencial trazer o
melhorou muito. Atualmente, o produtor cliente para conhecer o produto na fazenda
tem uma postura muito mais profissional para que ele saiba os métodos de trabalho
SUL E
frente à cultura, utilizando os insumos de aplicados e as limitações agronômicas do
SUDESTE SÃO
maneira racional, consciente e adequa- produto. Além disso, visitar os locais de ven-
OS PRINCIPAIS
da às regras de segurança do alimento. da do cliente é uma ação que permite com-
CONSUMIDORES
A última pesquisa da Agência Nacional de preender melhor a comercialização.
DE BATATA
Vigilância Sanitária (Anvisa), realizada em
2004, constatou que a contaminação da bata- Participação da batata no
Batata inglesa
ta com resíduos de agrotóxicos e/ou produ- Região consumo total dos
(kg/per capita ano)
tos não registrados para a cultura reduziu em tubérculos e raízes(%)*
comparação aos anos anteriores. Em 2004, o Sul 10,31 55%
índice de agrotóxicos impróprios para bata- Sudeste 6,08 57%
Centro Oeste 3,01 47%
ta foi de 1,8%, contra 8,7% em 2003, e 22,2%
Nordeste 2,74 41%
em 2001/02. No entanto, o setor ainda é ca-
Norte 2,39 35%
rente de um programa amplo de Produção
Média Brasil 5,27 52%
Integrada. Uma iniciativa neste sentido é a
* Participação da batata inglesa no total ingerido com todas as variedades de batata (baroa, aipo e doce), mandioca, inhame e cará.
da Associação dos Bataticultores do Sul de Fonte: POF/IBGE (2003)

HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 9


CAPA

II. MODERNIZAR A COMERCIALIZAÇÃO


É essencial melhorar a qualidade do produ- ficando para trás.
to nas gôndolas dos supermercados e no É importante, contudo, destacar que o foco
varejo em geral no Brasil. Os produtores das grandes redes não é melhorar os indi-
precisam se aproximar das exigências dos cadores econômicos no campo, mas con-
compradores, principalmente quanto à re- quistar e fidelizar clientes para suas lojas.
gularidade de oferta, qualidade e variedade, No entanto, quanto mais as grandes redes
além de divulgar informação sobre as carac- se afastarem do modelo de vendas basea-
terísticas nutricionais e culinárias da batata e das em preços baixos e adotarem estraté-
investir na segurança do alimento. Do outro gias que agreguem valor ao produto, mais
lado, o supermercado deve rever os incenti- o setor produtivo tem a ganhar. Os bene-
vos dados aos produtores, com vistas a ob- fícios serão ainda maiores se as exigências
ter a qualidade desejada por seus clientes. de qualidade, diversidade e segurança dos
Uso de rotulagem, divulgação de informa- FLV forem acompanhadas por um prêmio no
ções sobre o produto e sua origem nos preço recebido pelo produtor.
supermercados, varejões e feiras livres são Além disso, outros canais de comercializa-
importantes para cativar os consumidores. ção como as refeições coletivas, bares, res-
É importante também estabelecer parcerias taurantes e as redes de fast food devem ser
para melhorar a imagem do setor quanto ao melhor explorados pelos produtores.
uso de agrotóxicos, divulgando ao consu- Apesar de o produto demandado por
midor a adoção de programas de Produção esses compradores ser diferente do
Integrada e o respeito à carência de defen- procurado pelos supermercados,
sivos agrícolas. O varejo deve dar espaço este é mais um importante canal de
para que as associações organizem bancas comercialização a ser explorado
de degustação nos supermercados, distri- pelos produtores, visto que as des-
buam brindes, prêmios e folders a respeito pesas com a alimentação fora do lar
do produto. é crescente, principalmente entre a clas-
Na década de 90, com a abertura econômica se econômica que mais consome a batata.
e a estabilização monetária, o setor batati- Outro segmento que precisa ser mais ex-
cultor se deparou com um consumidor mais plorado é o da agroindústria, principalmen-
exigente quanto a preço e qualidade e com te para a produção da batata pré-frita con-
um setor varejista mais consolidado através gelada. Segundo dados da Secex, o Brasil
das grandes redes de supermercados. Nes- importa cerca de 40 milhões de dólares por
te período, grupos varejistas internacionais ano de batata pré-frita congelada. O setor
ingressaram no País e se estabeleceram atra- produtivo nacional não participa dessa fatia
vés da aquisição, fusão, arrendamentos ou e está perdendo participação no faturamen-
associações com supermercados nacionais. to total da cadeia.
Isso acirrou a competição entre as grandes
redes, forçando-as a aumentar a eficiência
operacional, elevar a escala de compra e re- AUMENTA A
duzir os custos com logística. PARTICIPAÇÃO Participação de refei ções
Depois desses intensos movimentos, a par- Ano da prontas e misturas
DOS ALIMENTOS
ticipação das quatro maiores redes varejis- Pesquisa industrializadas no consumo
PRONTOS
tas segue estável em torno de 40%, segundo doméstico (%)*
a Associação Brasileira dos Supermercados *Participação relativa das 1975 1,26
(Abras). Nesse sentido, as grandes redes va- refeições prontas no total de
calorias ingeridas
1988 1,59
rejistas enfrentam um novo desafio: agregar com os principais 1996 1,50
alimentos consumidos
valor ao produto final, diferenciar-se dos nos domicílios brasileiros. 2003 2,29
Fonte: Endef (1975) e
concorrentes e fidelizar os clientes. O mo- POF /IBGE Variação 82%
delo de reduzir preço a qualquer custo está

10 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL


Participação do total GASTO COM
Rendimento mensal ALIMENTAÇÃO
gasto com alimentação
da família (R$) FORA DO LAR É
fora do lar (%)
CADA VEZ MAIOR
Total 24%
Até 400 12%
Mais de 400 a 600 14%
Mais de 600 a 1000 17%
Mais de 1000 a 1200 21%
Mais de 1200 a 1600 22%
Mais de 1600 a 2000 23%

Fonte: POF/IBGE (2003)


Mais de 2000 a 3000 27%
Mais de 3000 a 4000 33%
Mais de 4000 37%

III. MUDANÇAS NO HÁBITO DE CONSUMO


Os hábitos de consumo do brasileiro muda- cado de trabalho, o tempo dedicado às ta-
ram nos últimos 30 anos, aponta a Pesquisa refas domésticas, inclusive ao preparo dos
de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE. alimentos, diminuiu. Alimentos que levam
Principalmente nas grandes cidades, os pa- mais de meia hora para serem preparados
drões de compra estão cada vez mais simi- estão cada vez mais longe do cardápio do
lares aos dos países desenvolvidos, onde as brasileiro, principalmente no jantar.
pessoas buscam praticidade na hora de pre- Avaliando especificamente o consumo da
parar os alimentos e investem em alimenta- batata in natura nas regiões metropolitanas
ção fora do lar. do País, a diminuição foi de mais de 40%
Segundo a última POF, de 2003, quase um entre 1975 e 2003. Por outro lado, alimen-
terço dos gastos com alimentação se refere tos derivados do tubérculo, como a batata
a refeições fora de casa. Além disso, quando pré-frita congelada, estão cada vez mais
a opção é comer nos domicílios, a presen- presentes nos lares. Nas camadas de maior
ça de alimentos prontos e industrializados poder aquisitivo, onde o faturamento men-
é cada vez maior. O IBGE detectou um au- sal familiar é superior a 15 salários mínimos
mento médio de 82% no consumo de refei- - o que representa 15% da população ou
ções prontas ou misturas industrializadas 26 milhões de brasileiros -, o gasto mensal
nos lares brasileiros entre 1975 e 2003. Isso com batata in natura, em 2003, era de cerca
porque, com a entrada da mulher no mer- de R$ 10,00 e de quase R$ 3,00 com a batata

QUANTO MAIS DINHEIRO, MAIS BATATA


Rendimento mensal Aquisição domiciliar Distribuição do consumo
da família anual de batata total da batata por classe
(Salários mínimos) (kg/per capita ) de renda (%)*
Até 2 2,245 6%
Mais de 2 a 3 3,149 8%
Mais de 3 a 5 4,848 20%
Mais de 5 a 8 6,096 21%
Mais de 8 a 15 7,196 23%
Mais de 15 7,665 22%
Média Total 5,271 100%
*Índice obtido através do consumo por faixa de renda, ponderado pelo número de habitantes.
Fonte: POF/IBGE (2003)

HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 11


CAPA

pré-frita congelada. é justamente o grupo que se alimenta cada


Os dados da POF também mostram que o vez mais fora de casa e através de alimentos
grupo com faturamento mensal acima de industrializados, o principal comprador do
oito salários mínimos é o que mais consome produto. Além disso, os principais consumi-
batata. Cálculos da Hortifruti Brasil, com base dores da batata in natura, hoje, também são
no consumo anual da população por faixa mais conscientes quanto à qualidade e à se-
de renda e ponderando pelo número da gurança do alimento e ávidos por informa-
população, revela que esse grupo consome ção nutricional.
45% do total de batata brasileira ofertado no Se a cadeia não se restruturar, com base
País. A população com renda inferior a três neste novo perfil de consumidor, a batata
salários mínimos é responsável por apenas pode continuar perdendo mercado junto
15% do consumo da batata brasileira. ao seu maior público, ao mesmo tempo em
Esse resultado derruba o mito de que o pú- que os produtos derivados do tubérculo,
blico da batata in natura é a população de sejam os prontos para consumo nos lares
baixa renda e acentua a preocupação com o ou fora dos domicílios, ganham maior valor
futuro das vendas do tubérculo. Isso porque nesse segmento.

UMA NOVA BATATA


PARA UM NOVO CONSUMIDOR
A mudança dos hábitos de alimentação do do consumo de frutas, legumes e hortaliças.
consumidor não é exclusividade brasileira; A conseqüência dessa mudança de hábito é
é uma tendência mundial. Segundo o Mi- o aumento de peso da população e, princi-
nistério da Saúde, modificações no padrão palmente, de doenças.
alimentar da população podem ser observa- Segundo o relatório da Organização Mun-
das tanto em países desenvolvidos quanto dial da Saúde (OMS) de 2002, a alimentação
em países em desenvolvimento. inadequada, atrelada à falta de exercícios fí-
De modo geral, houve aumento do consumo sicos e ao fumo, está entre os principais fato-
de alimentos processados (com alto valor res de risco de doenças não-transmissíveis,
energético e baixo valor nutritivo) e redução como cardiopatias, diabetes tipo 2, obesida-
de e certos tipos de câncer - responsáveis
Propaganda da
por quase 60% das mortes em todo mundo
associação dos
e por 45% das causas de doenças.
bataticultores
A bataticultura enfrentou ainda outra mu-
norte-americanos
dança no padrão alimentar da população
ressaltando
entre 2003 e 2004 ocasionada pela onda de
os benefícios da
dietas com baixa ingestão de carboidratos.
batata à saúde, a fim
Apesar de não existir dados específicos so-
de combater
bre a influência dessas dietas no consumo
a imagem de que o
do tubérculo no Brasil, criou-se uma ima-
alimento é calórico.
gem negativa entre os consumidores de que
a batata engorda.
Nos Estados Unidos, o impacto dessas dietas
sobre a comercialização da batata foi bastan-
te expressivo. Os produtores que forneciam
a batata para as grandes redes de fast food
foram os que mais sentiram esse impacto. O
McDonalds, por exemplo, anunciou o corte
das batatas de tamanho grande, as supersize
fries, em resposta à onda das dietas.
12 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL
Para conter a depreciação da imagem da ba- preciso promover re-
tata, o National Potato Promotion Board, a as- ceitas e desenvolver
sociação dos bataticultores norte-americanos, uma classificação
investiu pesado em campanhas informativas adequada.
sobre os benefícios da batata e no combate No médio pra-
ao mito de que o “índice glicêmico” seria o zo, a introdu-
propulsor do aumento de peso da popula- ção de novos
ção. Toda a campanha foi baseada em um produtos que Mascote
plano estratégico de marketing, chamado agreguem caracterís- da campanha
“reinventando a batata” (www.uspotatoes. ticas de praticidade, norte-americana
com), com o objetivo de agregar valor ao como os minimamente com destaque ao
produto, visando promover o consumo da processados, e o desenvolvimento de uma apelo saudável e
batata e elevar a rentabilidade do produtor. agroindústria nacional da batata pré-frita anúncio (abaixo)
Esse exemplo deve ser analisado pelos bra- congelada são essenciais para que o setor promovendo o
sileiros no sentido de buscar a diferenciação e impulsione a demanda no País e capture a consumo através
do produto, que hoje é uma commodity e se- receita dos consumidores. de receitas.
gue as regras do mercado via preço.
Assim, informar os consumidores quanto às
características nutricionais e culinárias da
batata é fundamental. A rotulagem do tubér-
culo com selos que apresentem essas infor-
mações pode ser uma iniciativa importante
para agregar valor ao produto. Dados sobre
a origem, permitindo sua rastreabilidade,
e o cultivo de acordo com as Boas Práticas
Agrícolas, além da padronização, também
são ações importantíssimas para promover
o tubérculo no mercado interno.
O consumidor ainda não conhece as carac-
terísticas culinárias de cada variedade. No
supermercado, o máximo que é informado
é que existem cinco tipos de batata: boli-
nha, rosada, comum, orgânica e escovada. É

HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 13


TOMATE Por Rodrigo Martini e
Rafaela Cristina da Silva

Araguari Sumaré e Paty do Alferes


estende colheita entram
até dezembro no mercado

Clima interfere na oferta de novembro outubro acelerou o amadurecimento do tomate, e mui-


A colheita da safra de verão em Paty do Alferes (RJ) e Su- tos frutos tiveram que ser colhidos antes de atingir o ta-
maré (SP) começou em meados de outubro. No final do manho adequado. Além disso, boa parte das roças das
último mês, a elevação da temperatura em Sumaré fa- regiões de Araguari (MG), São José de Ubá (RJ) e Mogi-
voreceu a incidência de câncro bacteriano em algumas Guaçu (SP) estavam em final de colheita, aumentando a
roças e acelerou a maturação do fruto. Assim, a oferta quantidade de tomate ponteiro no mercado. A expectati-
aumentou antecipadamente e muitas lavouras entraram va é de que o preço suba no início de novembro, devido
em ritmo acelerado de colheita no início deste mês. Já ao baixo volume ofertado no mercado. No entanto, com
em Paty do Alferes, as chuvas de granizo registradas no a intensificação da colheita em Sumaré (SP) e Paty do Al-
dia 29 de outubro ocasionaram perdas nas lavouras. Ain- feres (RJ) e a entrada de outras praças como Itapeva (SP) e
da não é possível estimar os prejuízos, mas os tomaticul- Venda Nova do Imigrantre (ES), ao longo do mês, a oferta
tores locais acreditam que isso deve interferir na oferta deve aumentar, limitando a valorização do tomate. Ata-
desta safra. Em ambas as praças, a perspectiva inicial de cadistas acreditam que ao final do período o fruto deva
plantio foi mantida: Sumaré com dois milhões de pés e manter o valor médio observado nos últimos meses.
Paty do Alferes, três milhões. Tomaticultores da praça
fluminense esperavam uma produtividade média entre Exportação para Argentina
200 e 250 cx/mil pés, porém, esse número deve ser redu- não teve continuidade
zido. Em Sumaré, produtores acreditam obter produtivi- Apesar de produtores de Araguari (MG) terem enviado
dade de 300 cx/mil pés, em média. algumas carretas de tomate à ceasa de Buenos Aires em
setembro, não houve mais pedidos por parte dos argen-
Mogi-Guaçu finaliza safra e Araguari tinos no último mês. Segundo produtores mineiros, a
deve colher até dezembro paralisação das compras da Argentina se deve ao fato
Na região de Mogi-Guaçu (SP), a colheita de toma- de a produção daquele país não ter sido danificada pela
te foi encerrada na segunda quinzena de outubro. nevasca de setembro. Assim, não há perspectiva de ex-
Porém, alguns produtores continuaram colhendo o portações para a Argentina no curto prazo.
ponteiro no início de novembro. Já em Araguari (MG),
alguns produtores devem estender a safra até dezem- 50,00
bro. Mesmo com a desvalorização do fruto após julho, 2004
2005
tomaticultores estão satisfeitos com o resultado geral
40,00
e preferiram prorrogar o término da colheita. No en-
tanto, não houve aumento de oferta, apenas alteração
no calendário de plantio. 30,00
22,83

Preços estáveis no atacado 20,00


Em outubro, o preço do tomate permaneceu pratica- 21,81
mente estável em relação a setembro. Um dos principais
10,00
responsáveis pela manutenção dos valores do produto
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
foi a regularidade da oferta nos últimos dois meses. No Fonte: Cepea
atacado de São Paulo, o salada AA, longa vida, foi comer- Preços estáveis na Ceagesp
cializado a R$ 21,81/cx de 23 kg, no último mês. Contu- Preços médios de venda do tomade AA, longa vida,
do, a maior parte do produto ofertado no período teve no atacado de São Paulo - R$/cx de 23 kg
qualidade inferior e não alcançou esse preço. O calor de
14 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL
CEBOLA Por Bianca Cavicchioli

Produtores Sulistas Boa lucratividade


devem atrasar para cebolicultores
colheita neste ano paulistas em 2005

Chuva pode Qualidade do bulbo de


comprometer produção sulista Cristalina e Brasília em destaque
As chuvas de verão continuaram intensas no Sul Em Brasília (DF) e Cristalina (GO), o clima seco em boa
em outubro. No Paraná, houve perdas de produ- parte de outubro contribuiu com a qualidade do bulbo.
ção, e a incidência de fungos aumentou. Produ- Mercados mais exigentes, como o de São Paulo, têm dado
tores locais tiveram custos adicionais com o controle de preferência à compra do produto dessas regiões. Para
doenças e daninhas. A baixa incidência de sol aumen- este mês, não há perspectiva de aumento da quantidade
tou o ciclo de desenvolvimento do bulbo no estado, ofertada em Brasília. Apenas em Cristalina (GO) é que a
e a colheita local deve ser iniciada apenas na segunda oferta deve aumentar em pequenas proporções até o dia
quinzena de novembro. Em Santa Catarina, as lavouras dez, quando o ritmo de colheita começa a diminuir.
foram menos afetadas, e produtores devem colher as
cebolas precoces no início deste mês. No entanto, o Aumenta oferta nordestina
volume colhido será pouco significativo, restringindo A oferta de cebola do Vale do São Francisco (BA)
as vendas ao próprio estado até meados de novembro. aumentou no início de outubro com a colheita de bul-
No Rio Grande do Sul, mesmo com um volume de chu- bos do repasse. Para novembro, a expectativa é que o es-
vas menor que o registrado nos outros dois estados, a coamento da produção nordestina seja favorecido pela
colheita deve começar depois do dia vinte deste mês. redução da oferta paulista. Em meados do mês, porém,
o início da safra sulista pode voltar a prejudicar a venda
Termina safra paulista da cebola do Vale do São Francisco. Na região de Irecê
As safras de Monte Alto (SP) e de São José do (BA), a colheita começou no início de outubro, e o pico
Rio Pardo (SP) foram encerradas na última semana de de safra está previsto para a primeira quinzena de no-
outubro. Neste ano, o preço médio recebido por pro- vembro. A novidade na produção da região é o aumento
dutores locais foi de R$ 0,45/kg. Apesar de o valor ser do cultivo da variedade 502, não híbrida. O bulbo, apesar
57% menor que o registrado na safra anterior, quando de mais sensível que a ipa 11, é fácil de “enraizar” e apre-
a cebola foi valorizada pela baixa oferta, produtores es- senta ciclo de desenvolvimento mais curto.
tão satisfeitos com a rentabilidade obtida. A receita foi
suficiente para dar continuidade aos tratos nas lavouras 2,00

e garantir a lucratividade dos agentes. 2004


2005
1,60

Chuva prejudica qualidade do bulbo


de Divinolândia e Piedade 1,20

Em Piedade (SP), a colheita do segundo semestre co-


0,60 0,80
meçou no início de outubro e, em Divinolândia (SP),
no final do mês. Até o início de novembro, a cebola
de Piedade era considerada boa e a produtividade es- 0,40

tava acima da obtida em 2004, devido ao maior plantio 0,40


da optima. Já em Divinolândia, o excesso de calor du- 0,00
jul ago set out nov
rante o desenvolvimento do bulbo e a incidência de
Fonte: Cepea
chuva na região comprometeu a qualidade do produ- Aumento da oferta mineira
to. Além disso, produtores locais estimam que essas desvaloriza bulbo paulista
adversidades climáticas possam resultar em quebra de Preços médios recebidos pelos produtores paulistas pela
cebola superex - R$/ kg
60% da produção local.
HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 15
BATATA Aumento do plantio
Por Rafaela Cristina da Silva e
João Paulo Bernardes Deleo

Sudoeste Paulista
entra em e maior cultivo da ágata
pico de safra prejudicam rentabilidade em
em novembro Vargem Grande do Sul

Vargem Grande do Sul registra os Sul de Minas encerra


piores preços dos últimos quatro anos colheita de inverno e inicia a das águas
A safra das águas de Vargem Grande do Sul (SP) No Sul de Minas, a colheita de inverno deve ser finalizada
foi finalizada no início deste mês. Neste ano, ainda na primeira quinzena de novembro. No mesmo pe-
a maior área plantada e o cultivo de variedades mais ríodo, alguns produtores intensificarão as atividades refe-
produtivas, como a ágata, resultaram no aumento sig- rentes à safra das águas, contribuindo com a manutenção
nificativo da oferta de batata da região. Em diversos da oferta local. Nesta safra das águas, deve ser colhido
momentos, o volume disponível superou a deman- um volume cerca de 20% superior ao registrado em 2004.
da, reduzindo os preços aos mais baixos patamares
dos últimos quatro anos. Em termos nominais - sem Batata deve seguir em alta
considerar a inflação -, o preço pago ao produtor de A finalização das safras de Vargem Grande do
Vargem Grande do Sul, nos três principais meses de Sul (SP) e de Brasília (DF) e Cristalina (GO) deve con-
safra (agosto, setembro e outubro), foi de R$ 11,19/sc tribuir com a manutenção dos preços da batata, neste
de 50 kg, em média, queda de aproximadamente 70% mês. Na última semana de outubro, os preços do tu-
frente ao mesmo período de 2004, quando o produto bérculo já começaram a reagir com a redução da safra
foi comercializado a R$ 38,65/sc de 50 kg, em média. de inverno, sobretudo da de Vargem Grande do Sul
Além disso, em outubro, muitos produtores retar- (SP). Outro fator que estimulou a valorização do pro-
daram a colheita de áreas que já haviam atingido o duto foi a entrada de batatas de melhor qualidade pro-
ponto ideal. Esse atraso, associado à elevada tempe- venientes do Sudoeste Paulista. Em outubro, a ágata
ratura no período, depreciou a qualidade do tubér- especial foi comercializada a R$ 25,84/sc de 50 kg, em
culo e pressionou ainda mais o seu valor. Assim, em média, no atacado de São Paulo, valor 19% superior
outubro, foram praticados dois preços no mercado: ao de setembro. Os únicos fatores que podem limitar
um para a batata de boa qualidade, proveniente do as altas do tubérculo são o aumento da produção do
Sudoeste Paulista e das novas áreas do Sul de Minas, Sudoeste Paulista, previsto para este mês, e a manu-
e outro para as mais fracas, de Vargem Grande do Sul tenção da oferta do Sul de Minas.
e das lavouras mais velhas do Sul de Minas.
2004 80,00
2005
Aumenta a colheita no
65,00
Sudoeste Paulista
As lavouras de batata do Sudoeste Paulista devem en-
46,14
trar em pico de safra neste mês. A colheita da safra 50,00
das águas da região começou na segunda quinzena de
setembro e, em outubro, um volume significativo do 35,00
tubérculo já era ofertado. A boa qualidade obtida im- 25,85
pulsionou os valores da batata local frente às demais
20,00
regiões produtoras. Em outubro, a batata especial,
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
ágata ou monalisa, foi comercializada nas lavouras do
Fonte: Cepea
Sudoeste Paulista a R$ 18,07/sc de 50 kg, em média, en- Preço sobem após quatro meses
quanto o preço médio recebido pelos demais produ- consecutivos de queda
tores das principais regiões que colhem atualmente Preços médios de venda da batata ágata no atacado
de São Paulo - R$/sc de 50 kg
foi de R$ 13,00/sc de 50 kg, aproximadamente.

16 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL


HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 17
CITROS Por Daiana Braga,
Carolina Dalla Costa e
Margarete Boteon

Indústrias elevam Wilma reduz ainda


preços para R$ 9,00/cx mais a produção
no portão de laranja da Flórida

Wilma derruba mais de mitida pelo vetor Diaphorina citri, tinha sido encontrada
24 milhões de caixas na Flórida no início de setembro em pomares não comerciais. As
A passagem do furacão Wilma pelo sul do cinturão citrí- plantas infectadas pelo greening, bem como aquelas com
cola da Flórida na última semana de outubro prejudicou cancro, devem ser erradicadas para controlar a prolifera-
ainda mais a produção local. De acordo com agentes ção da doença, reduzindo ainda mais o parque citrícola
norte-americanos, os fortes ventos arrancaram plantas da Flórida. Outro fator que deve prejudicar a produção
inteiras, derrubaram frutas e podem ter espalhado ain- da Flórida é a condição climática desfavorável. A seca no
da mais o cancro cítrico pelo estado. Previsões iniciais inverno atrasou a florada em quase um mês. O diâmetro
da Flórida Citrus Mutual é que os prejuízos do furacão das frutas está menor que o considerado normal para esta
sobre a safra 2005/06 de laranja sejam na ordem de 13% época do ano, e a maturação também está mais tardia.
sobre a primeira estimativa oficial do USDA, de 12 de
outubro, que totalizava 190 milhões de caixas de 40,8 Frutas chegam a R$ 9,00/cx no portão
kg. Uma das principais conseqüências da baixa produ- No final de outubro, as processadoras paulistas
ção na Flórida deve ser a manutenção ou aumento das de suco elevaram os preços pagos pela laranja.
importações norte-americanas de suco brasileiro, que Na última semana do mês, o valor recebido pelo
já tinha aumentado cerca de 30% na última safra. Na citricultor pela fruta posta no portão, mercado spot,
semana seguinte ao impacto do furacão, os contratos chegou a R$ 9,00/cx de 40,8 kg. Além da menor dispo-
futuros do suco de laranja concentrado e congelado nibilidade de laranja no mercado, o panorama interna-
atingiram o maior valor dos últimos sete anos na bolsa cional também tem incentivado as indústrias a elevar o
de mercadorias de Nova York (Nybot), chegando a US$ volume recebido. Com a previsão de uma safra restrita
1.750,00/t. Na Europa, os preços também reagiram de- nos Estados Unidos e a expectativa de boas exportações
vido à concorrência com os Estados Unidos pelo suco em 2005, algumas processadoras preferem garantir o
brasileiro, antes mesmo da passagem do Wilma. Após recebimento até mesmo das últimas frutas desta safra.
a tradicional feira da Anuga, que aconteceu no início A maioria das unidades pretendem encerrar o proces-
de outubro, os preços dos novos contratos de suco samento da temporada 2005/06 ainda este ano, dada a
concentrado e congelado passaram para US$ 1.450,00/ oferta nacional cada vez mais restrita.
t, posto em Roterdã. Os compradores que possuem 11,00
negociações antigas ainda praticam valores entre US$ 2004
10,00
900,00 e US$ 1.050,00/t, pelo suco. 2005
9,00
7,80
Doenças: outra preocupação na Flórida 8,00
Não bastasse a passagem dos furacões em 2004 e 2005
7,00
para reduzir a produção da Flórida, citricultores locais
enfrentam mais um problema: a maior incidência de do- 6,00
6,40
enças nas lavouras. Do último ano para cá, a “tristeza dos 5,00
citros” e, principalmente, o cancro cítrico, associados a
4,00
outros fatores como furacões, estresse das plantas e o
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
desenvolvimento urbano, reduziram o potencial produ-
Fonte: Cepea
tivo dos pomares da Flórida e agravaram a diminuição da Preços devem subir
safra deste ano. Para piorar a situação, um foco de gree- com a finalização da safra
Preços médios recebidos pelos produtores paulistas
ning foi detectado pela primeira vez em um pomar co-
pela laranja posta no portão - R$/cx de 40,8 kg
mercial do estado no final de outubro. A doença, trans-
18 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL
HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 19
UVA Por Bruna Boaretto Rodrigues

Safra mineira Uva festival


termina com é aceita com
bons preços sucesso na europa

Menor competição no mercado Termina a safra em Pirapora


internacional favorece exportações Produtores de uva de Pirapora (MG) encerra-
Os embarques de uvas com sementes do Vale do São ram a colheita de uva em meados de outubro. Nesta
Francisco para o mercado europeu devem começar nes- safra, não foram registradas adversidades climáticas
te mês. Em outubro, exportadores intensificaram os en- durante a safra, o que contribuiu para a boa qualidade
vios das variedades sem sementes tanto para a Europa do produto. O brix, o tamanho das bagas e a coloração
quanto para os Estados Unidos. Algumas cargas já che- obtida responderam às exigências dos compradores e
garam ao destino e as frutas vêm sendo bem recebidas valorizaram a fruta. Assim, o preço médio da itália em-
pelos compradores graças à boa qualidade. Além disso, balada obtido neste ano foi de R$ 2,87/kg, nas lavouras
a finalização antecipada das exportações da Grécia e da da região, valor 24% superior ao registrado em 2004. A
Itália também favoreceu a comercialização da fruta na- produtividade dos parreirais também permaneceu alta
cional na Europa. Nos próximos meses, a oferta deve per- neste ano. Durante o pico de safra, em agosto, o calor
manecer restrita no mercado internacional, favorecendo acelerou a maturação e muitos cachos foram colhidos
as vendas brasileiras. Em outubro, produtores do Vale do antecipadamente. Desse modo, a finalização da safra
São Francisco receberam cerca de US$ 2,00/kg, pela a uva que estava prevista para o final de outubro, acabou se
sem sementes destinada à exportação. Já os viticultores antecipando em aproximadamente 15 dias.
que comercializaram a fruta de maneira consignada re-
ceberam um adiantamento de cerca de US$ 1,00/kg, e o Jales enfrenta concorrência nordestina
restante será pago de 45 a 90 dias após a entrega. A uva de Jales (SP) foi prejudicada pela maior
oferta da fruta do Vale do São Francisco no mercado
Seca limita a produção da Grécia interno, em outubro. As variedades sem sementes
De acordo com o Ministério da Agricultura da Grécia, nordestinas - thompson e festival - competiram com a
os viticultores do país colheram 280 mil toneladas de centenial paulista e desvalorizaram em 18,5% o produ-
uva de mesa na última safra, volume 7% menor que o to de Jales, frente ao mês anterior. A finalização da sa-
produzido na temporada anterior. A baixa produção está fra de Jales está prevista para meados de novembro.
relacionada à seca na Bacia do Mediterrâneo. Além dis-
so, no final da safra, em outubro, uma forte chuva pre- 2,40
judicou a qualidade da uva local. A redução da oferta da 2004
uva sultana, variedade com importante participação no 2005 1,92
2,00
total cultivado com uva fina de mesa, resultou em pre-
ços melhores para as exportadores locais. Entretanto, 1,53
esses agentes estão desanimados com o baixo volume 1,60
embarcado e com o aumento do custo de produção.
Isso torna a fruta daquele país menos competitiva que a
1,20
de outras origens como Itália, Espanha, Turquia e Brasil.
O pico da safra grega ocorre entre agosto e setembro, e
o principal comprador da uva local é o Reino Unido. Na 0,80
safra 2004/05, produtores da Grécia receberam entre 0,5 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
e 1,2 euro/kg pela sultana enviada para a Europa. O pon- Fonte: Cepea

to positivo para os viticultores do país é a boa aceitação Itália sobe no mercado interno
Preços médios recebidos pelos
da crinson no mercado europeu. Assim, os gregos estão produtores pela uva itália - R$/kg
investindo nesta variedade para as próximas safras.
20 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL
Por Bruna Boaretto Rodrigues MANGA
Começa a safra Terminam as
da tommy no interior exportações para
de São Paulo os Estados Unidos

Monte Alto e Taquaritinga relação ao mês anterior. Já em Petrolina (PE) e Juazei-


iniciam colheita ro (BA), a desvalorização foi de 11% frente a setem-
Produtores de Monte Alto (SP) e Taquaritinga (SP) bro, passando para R$ 0,46/kg, em média.
devem começar a colher a tommy neste mês. Alguns
mangicultores, porém, iniciaram essas atividades em Preços devem continuar
outubro e as frutas foram armazenadas em estufas pressionados no mercado interno
para que amadurecessem mais rápido. Já as mangas A elevada oferta de manga nas principais regiões pro-
destinadas à indústria serão colhidas somente no final dutoras do Nordeste pressionou os valores recebidos
de novembro, uma vez que a demanda deste segmen- pelos produtores locais no último mês. Na primeira
to é por frutas em estágio de maturação avançado. quinzena de outubro, foram registrados preços até
Para este ano, a previsão é que a safra de tommy seja 60% inferiores ao custo médio de produção local, es-
semelhante à de 2004. Os pomares de palmer colhidos timado em aproximadamente R$ 0,45/kg por agentes
em meados de janeiro, porém, devem apresentar que- locais. Muitos produtores venderam as frutas em con-
bra superior aos 20% previstos em outubro. signação ou perderam-nas nos pés, já que não havia
demanda suficiente para absorver a oferta. No final
Terminam vendas aos Estados Unidos, mas de outubro, houve diminuição do volume colhido,
seguem à Europa e os preços começaram a melhorar. Em meados des-
As exportações de manga brasileira para os Estados te mês, porém, com a entrada da manga paulista no
Unidos terminaram na primeira quinzena de outu- mercado nacional, os preços podem ser novamente
bro. Segundo o Departamento de Agricultura daque- pressionados. Nas lavouras de Livramento de Nossa
le país, até o final do mês, foram embarcadas 8.930 Senhora (BA), a tommy foi cotada a R$ 0,34/kg, em mé-
toneladas da fruta para o mercado norte-americano, dia, em outubro, queda de 17% em relação ao mês an-
volume 33% inferior ao exportado no mesmo período terior. Em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), a desvaloriza-
de 2004. Com a finalização das vendas brasileiras, os ção frente a setembro foi de 15%, nas roças, passando
Estados Unidos começam a receber a manga do Equa- para R$ 0,27/kg no último mês.
dor e do Peru. Até fevereiro, esses países devem ser
os principais abastecedores do mercado norte-ame- 2,00
ricano e, a partir de então, com o início de sua nova 2004
2005
safra, o México volta a ser o fornecedor do país. Em 1,60
outubro, a tommy brasileira enviada aos norte-ameri-
canos foi comercializada a R$ 0,50/kg, em média, nas 1,20
roças do Vale do São Francisco, preço semelhante ao
0,80
do mesmo período de 2004, mas 12% menor que o de
setembro. Já para a União Européia, as exportações 0,31
0,40
devem prosseguir até o final de dezembro. O volu-
me embarcado, porém, deve ser um pouco menor, 0,27
0,00
contribuindo com a valorização da fruta no mercado jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
europeu. No último mês, a elevada oferta na Euro- Fonte: Cepea

pa pressionou os valores recebidos por produtores Aumento da produção desvaloriza


manga do Vale do São Francisco
brasileiros. Em Livramento de Nossa Senhora (BA), a Preços médios recebidos pelos produtores do Vale do
tommy destinada à União Européia foi comercializada São Francisco pela tommy - R$/kg
a R$ 0,60/kg, em média, em outubro, queda de 6% em

HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 21


MAMÃO
Furacão Stan pode
Por Margarita Mello

aquecer Calor antecipa colheita


do havaí e limita
exportações para
oferta em novembro
os Estados Unidos

Pouco havaí em novembro Maior demanda


O volume de havaí produzido nas lavouras do impulsiona preços do mamão
Espírito Santo e Bahia pode diminuir, em no- Mesmo com o maior volume de havaí colhido em ou-
vembro. As altas temperaturas em setembro e tubro, os preços registraram altas consecutivas durante
outubro aceleraram a maturação da fruta, e os produ- todo o período, devido ao maior consumo de mamão.
tores tiveram que intensificar a colheita já no último No último mês, os preços recebidos pelos produtores,
mês. Assim, resta um pequeno volume para ser colhido pelo havaí, tipo 12-18, subiram 27% no Espírito Santo,
em novembro. A expectativa é que a menor oferta e o 2% no oeste da Bahia e 10% no sul baiano, frente a se-
provável aumento do consumo da fruta possam impul- tembro. O formosa também foi valorizado, em virtude
sionar ainda mais os preços do havaí. da baixa oferta nas roças. A alta foi de 81% no Espírito
Santo, e de 54% e 58% no oeste e sul da Bahia, respec-
Menor oferta tivamente. Outro fator que contribuiu com o aumento
deve sustentar preços do formosa do preço do havaí capixaba foi o menor volume desti-
A oferta do formosa também deve se manter nado ao mercado interno. Em outubro, a maior parte da
restrita até o final de novembro, quando deve produção foi exportada, visto que o mercado interna-
terminar o “pescoço”. O menor volume sustentou cional se manteve bastante aquecido.
os preços da variedade no último mês. Na segunda
quinzena de outubro, a fruta foi comercializada a R$ Altas temperaturas aumentam vendas
0,80/kg, em média, tanto nas roças capixabas quanto As vendas de mamão estiveram aquecidas em
nas baianas, um dos valores mais altos registrados outubro, devido às altas temperaturas registradas no
em 2005. Esses preços garantiram a rentabilidade dos Sudeste. A comercialização do fruto, que geralmente
produtores, que acreditam em valores elevados para é menor durante os feriados, manteve um bom ritmo
o formosa até o final do ano, quando o volume ofer- até mesmo no dia 12. A expectativa dos atacadistas é
tado pode aumentar. que a demanda continue elevada até o final de 2005,
devido ao calor em todo o País.
Furacão pode contribuir com as
exportações brasileiras 1,60
2004
De acordo com o relatório da Secretaria de Agricultura,
2005
Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação 1,20
do México (SAGARPA), a passagem do furacão Stan pelo
país, no início de outubro, ocasionou perdas à produ-
0,80
ção local de mamão. A Secretaria não divulgou dados 0,46
precisos sobre os prejuízos, mas acredita-se que danos
às lavouras mexicanas possam favorecer as exportações 0,40
brasileiras do fruto para os Estados Unidos. Em outubro, 0,38
um volume significativo de mamão brasileiro foi embar-
0,00
cado os mercados norte-americano e europeu. Devido
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
ao grande número de pedidos, exportadores tiveram
Fonte: Cepea
dificuldades em completar as cargas. Para suprir a alta
Maior demanda valoriza havaí
demanda externa, alguns chegaram a comprar a produ- Preços médios recebidos pelos produtores do Espírito
ção de terceiros a preços superiores aos praticados no Santo pelo mamão havaí, tipo 12-18 - R$/kg
mercado.
22 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL
Por Marcelo Costa Marques Neves BANANA
Termina a safra
falta nanica
de prata litoral
no mercado
no Vale do Ribeira

Menor oferta mês, por exemplo, a queda dos preços da prata-lito-


de nanica impulsiona preços ral da região paulista desvalorizou também a prata-
Nos próximos meses, a oferta de nanica do Vale anã mineira, que foi comercializada a R$ 5,70/cx de 20
do Ribeira (SP) e de Santa Catarina deve conti- kg, a menor média registrada neste ano e 34% infe-
nuar baixa, contribuindo com a manutenção dos pre- rior à de setembro.
ços da fruta. Em outubro, a baixa disponibilidade do
produto impulsionou os valores recebidos pelos bana- Produtores catarinenses buscam qualidade
nicultores. Em Santa Catarina, a nanica foi comerciali- No último mês, a União dos Vinte (Univin) realizou
zada a R$ 4,32/cx de 22 kg, em média, na roça, no último seus primeiros carregamentos de banana, um para a
mês, alta de 127% em relação a setembro. No Vale do Argentina e outro para a ceasa de Araçatuba (SP). A
Ribeira, a valorização foi de 51% no mesmo período e Univin é uma associação formada por vinte produ-
a fruta passou para R$ 7,14/cx de 22 kg em outubro. A tores de banana do norte de Santa Catarina que tem
menor oferta nas principais áreas produtoras da varie- como missão a melhora da qualidade da fruta produ-
dade elevou também os preços da fruta do norte de Mi- zida na região. A iniciativa pretende reverter a imagem
nas Gerais, visto que muitos compradores transferiram de que o produto catarinese tem qualidade inferior ao
seus pedidos para essa região. Assim, o valor médio da produzido nas demais áreas do País. Na Argentina, a
nanica nas lavouras do norte de Minas Gerais passou banana catarinense também é prejudicada pela fruta
para R$ 5,79/cx de 22 kg no último mês, alta de 40% em equatoriana, reconhecida pelo seu padrão elevado.
relação a setembro. O que deve limitar novas valori- Para isso, produtores do grupo pretendem elevar os
zações da fruta no mercado nacional é o recuo da de- investimentos e tratos culturais em uma determinada
manda, ocasionado pelos altos preços do produto no parcela da propriedade, a fim de melhorar a qualidade
último mês. A valorização da nanica também limitou as da fruta produzida. Além disso, as bananas provenien-
exportações da fruta de Santa Catarina para a Argentina tes dessas áreas serão comercializadas diretamente
em outubro, visto que com preços mais altos, a nanica com o atacado nacional e internacional, reforçando a
nacional perdeu competitividade frente à equatoriana. presença do grupo nestes mercados.
Entre janeiro e fevereiro de 2006, a oferta de nanica no
Vale do Ribeira e no norte catarinense deve voltar a su- 7,00
2004
bir, regularizando os preços da fruta. 6,00
2005

5,00
Mercado aguarda final da
4,32
safra de prata no Vale do Ribeira 4,00
A safra de prata-litoral no Vale do Ribeira (SP), que
2,70 3,00
começou em outubro, deve ser finalizada neste mês.
Com a redução da oferta, os preços da variedades 2,00
tendem a subir. Em outubro, o produtor de prata da
1,00
região recebeu, em média, R$ 7,36/cx de 20 kg, 24% a
menos frente a setembro. O Vale do Ribeira é a maior 0,00
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
região produtora de banana do Brasil, com cerca de
Fonte: Cepea
40 mil hectares cultivados, e também a principal refe- Escassez de nanica impulsiona
rência de preços da fruta. Assim, qualquer oscilação preços em Santa Catarina
Preços médios recebidos pelos produtores pela nanica
nos valores praticados nas lavouras locais interfere do norte de Santa Catarina - R$/cx de 22 kg
nas cotações das demais áreas produtoras. No último

HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 23


MELÃO Por Francine Pupin

Vale do São Exportadores do


Francisco volta a Rio Grande do Norte buscam
ofertar para o
fim da taxação
mercado interno

Exportações e calor contribuem dos ao mercado internacional neste ano deve limitar
com a elevação dos preços o volume ofertado. Em anos anteriores, alguns pro-
No final de outubro, as exportações brasilei- dutores chegaram a embarcar um volume superior
ras de melão para o bloco europeu foram in- ao contratado devido ao bom comportamento do ce-
tensificadas. Parte do volume que vinha sendo nário externo. Neste, porém, a queda do dólar deve
comercializado internamente foi embarcado, restringir a venda de volumes superiores ao contra-
contribuindo com a regularização da oferta no mer- tado. O outro fator que pode prejudicar as vendas
cado nacional. Além disso, a elevação das tempera- do melão nacional na Europa, nesta temporada, é a
turas no Sudeste no final do último mês favoreceu maior competição com o gália de Israel. O elevado
as vendas. Dessa forma, os preços do fruto voltaram volume ofertado pelo país tem dificultado a comer-
a reagir. Na última quinzena de outubro, o melão cialização da fruta no mercado europeu. O melão de
amarelo, tipo 6, foi comercializado a R$ 12,67/kg, em Israel deve continuar sendo enviado à União Euro-
média, pelos produtores da Chapada do Apodi (RN) péia até dezembro, quando termina a safra do país.
e Baixo Jaguaribe (CE), alta de 23% frente ao período
anterior. Agentes do setor acreditam que a manuten- Vale do São Francisco aproveita
ção dos embarques e a boa demanda prevista para o demanda do fim-de-ano
final do ano podem sustentar os preços do melão. O início do verão e a aproximação das festas de fi-
nal de ano devem estimular as vendas de melão no
Exportadores exigem fim da taxação mercado interno nos próximos meses. De olho nisso,
No último Expofruit, realizado em outubro no Rio muitos produtores do Vale do São Francisco voltam
Grande do Norte, exportadores de melão pleitearam a colher a fruta no período. O volume colhido deve
à bancada federal do estado o fim da taxação de 8,5% ser significativamente inferior ao produzido na safra
imposta ao fruto brasileiro no mercado europeu. Esse principal da região (de março a julho). Na entressa-
imposto só é aplicado sobre o melão nacional e pre- fra, com exceção de dezembro, a produção no Vale
judica sua competitividade em relação ao de outras do São Francisco é mínima e voltada apenas ao mer-
origens. Segundo o presidente do Comitê Executivo cado regional.
de Fitossanidade do Rio Grande do Norte (Coex),
35,00
Francisco Cipriano de Paula, a Secretaria Nacional de
2004
Comércio Exterior não está pressionando os países 2005 30,00
europeus a rever a taxação. As vendas da fruta para
25,00
os Estados Unidos também esbarram no mesmo pro-
blema. Entretanto, a taxação para a fruta do Rio Gran- 20,00
de do Norte é ainda maior: 28%, e é suspensa apenas
11,48
por um curto período, impedindo a exportação de 15,00

um volume expressivo para o país.


10,00
11,45
Panorama das exportações 5,00
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
A chegada do frio na União Européia deve di-
Fonte: Cepea
minuir a demanda por melão no bloco, mas não deve Queda nas vendas e elevada
prejudicar as exportações brasileiras, uma vez que os oferta desvaloriza melão
embarques já estão programados através de contra- Preços médios recebidos pelos produtores do Rio Grande do
Norte e Ceará pelo melão amarelo tipo 6 - R$/cx de 13 kg
tos. Entretanto, a redução do plantio de frutos volta-
24 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL
Fórum

Uma embalagem
confiável para a batata
Entrevista: Edson Massakazu Asano
O Grupo Nascente, além de ser um dos maiores produtores de batata do
País, atua diretamente no mercado atacadista. Edson Massakazu Asano,
sócio do grupo, discute as estratégias para a modernização do setor e fala
sobre a necessidade de diferenciação da batata.

Hortifruti Brasil: Como foi possível duto no longo prazo (aproximadamen- ram a misturar variedades dentro de
incrementar a produção de batata em te 10 anos)? um mesmo pacote ou rotular as em-
16% nos últimos 10 anos? Asano: Conscientizar o varejista a balagens de maneira errada. A eti-
Edson Massakazu Asano: Um dos identificar o produto seria uma de- queta dizia que aquilo era bintje e,
principais responsáveis pelo au- las. Hoje, a batata é vendida a gra- quando o consumidor abria o paco-
mento da oferta foi a implantação nel, como commoditie, para baixar te, não era. Esse foi inclusive um dos
da ágata. Com o maior cultivo dessa o custo operacional dos varejistas. motivos pelos quais a batata deixou
variedade, a área plantada diminuiu Mas isso não satisfaz o consumidor. de ser comercializada em pacotes na
e a produção aumentou. Além disso, É preciso indentificar a variedade época. Assim, o consumidor podia,
o curto ciclo de desenvolvimento e que está sendo comercializada e pelo menos, escolher o que queria
a ausência do período de dormência especificar a aptidão culinária do comprar. No final de outubro, esti-
dessa variedade estimularam o apro- produto. Só assim o consumidor irá ve em São Paulo conversando sobre
veitamento das sementes e resulta- saber que está levando para casa classificação. Concluímos que a va-
ram no aumento expressivo da ofer- riedade diversa não deveria ser co-
ta. Entretanto, esse volume não foi É preciso identificar a mercializada no mercado in natura,
absorvido, porque a variedade não por ser uma batata fora de padrão,
agrada o consumidor. Falta identifi- variedade e especificar feia, com tamanho inadequado, po-
cação com o comprador final e fun- dridão e lesões. Se essa batata não
cionalidade culinária para a ágata. sua aptidão culinária. fosse ofertada, o produto de quali-
dade superior seria valorizado. Sem
Hf Brasil: Quais outros fatores dificul- Só assim o consumidor a diversa, o mercado seria nivelado
tam a comercialização do produto? por cima. De modo geral, o que se
Asano: Fora a falta de identificação irá comprar o que vê hoje nas bancas dos supermerca-
do consumidor com a ágata, a que- dos é que a diversa é a batata que
da do poder aquisitivo do brasileiro realmente deseja. Para sempre sobra. O consumidor vai es-
nos últimos anos foi outro fator que colhendo as mais bonitas e a diversa
impactou sobre as vendas da batata. que isso funcione, é fica para o final. Uma boa alternativa
Com menos dinheiro no bolso, o para essa batata fora de padrão é o
consumidor deixa de comprar bata- preciso empacotar o processamento. Elas poderiam ser
ta, dando preferência a outros pro- minimamente processadas e voltar
dutos. Nem mesmo os preços mais produto. ao mercado com valor agregado.
baixos estimularam a compra do tu-
bérculo. Sabemos que alguns vare- o que realmente deseja. Para que Hf Brasil: Soubemos que o grupo ten-
jistas deixaram de fazer promoções isso funcione, é preciso empacotar tou realizar ações voltadas à diferen-
para a batata porque perceberam o produto, criando embalagens de ciação da batata. Como foi a experi-
que a redução do valor do produto 2 a 5 quilos com informações sobre ência?
não estimulava o consumidor com- a batata que está ali dentro. O em- Asano: Trabalhamos principalmente
prar mais. pacotador, por sua vez, tem que ter com a classificação e o empacota-
seriedade em rotular as embalagens mento da batata. Ofertávamos a bin-
Hf Brasil: Quais as principais ações adequadamente. Logo depois do tje especial, com uma embalagem
a serem realizadas pelo setor a fim de fim da Cooperativa Agrícola Cotia muito bonita, especificando a varie-
modernizar a comercialização do pro- (CAC), alguns empacotadores passa- dade e sua aptidão culinária. Era a

HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 25


Fórum
classificação noiva, com 50 a 70 mi- chefs franceses, explicando aos dos à empresa. Os gerentes de no-
límetros de diâmetro e 150 gramas consumidores sobre as qualidades vos produtos geralmente aceitam as
por unidade. O objetivo era que o do produto, as vendas foram muito alternativas propostas à mudança na
consumidor levasse a batata para boas. Já nas lojas onde a variedade forma de comercialização da batata,
casa e ficasse satisfeito, mas tivemos ficou exposta apenas com folders ex- mas os gerentes de vendas cobram
alguns problemas. Primeiro, a em- plicativos, não houve retorno. Ape- resultados e não vêem ganhos nas
balagem era cara, segundo, porque sar de a variedade ser importada, o novas propostas. Além disso, há de
existem perdas ocasionadas pelo preço praticado no mercado interno, se lembrar que toda mudança de-
fracionamento da saca de 50 quilos na época, era igual ao das comuns. manda investimentos e, se não trou-
em pacotes de 2 quilos. Mas o prin- A cooperativa francesa envolvida no xer resultados, pára. Atualmente, só
cipal entrave foi o fato de os geren- negócio assumiu os custos iniciais se vê batata empacotada em super-
tes dos supermercados terem avalia- do investimento a fim de manter um mercado quando se trata de um pro-
do o retorno do produto como não preço competitivo no mercado na- duto orgânico, bolinha, mas mesmo
satisfatório. A implantação da idéia cional, mas mesmo assim, a varieda- assim, muito pouco.
demandava um custo operacional de não “deslanchou”.
alto, mas o giro dessa mercadoria Hf Brasil: O Grupo Nascente tem pla-
não foi elevado, prejudicando os Hf Brasil: Então as ações de promo- nos para voltar a investir na agregação
resultados. Outra tentativa que tive- ção da batata desenvolvidas pelo gru- de valor à batata nos próximos anos?
mos foi a implantação de uma varie- po estão paralisadas? Asano: Idéias nós temos. É sem-
dade francesa no mercado nacional, Asano: Sim. No Brasil, as grandes re- pre bom ficar de olho no mercado
a cherie. Um produto diferenciado, des de supermercados estão sempre e temos interesse em agregar valor
com aptidão culinária bastante es- abertas à novas idéias. Os próprios conjugando variedades protegidas
pecífica. Nos pontos de venda onde varejistas reconhecem que a venda com diferencial de aptidão culiná-
haviam promotores vestidos como da batata a granel não traz resulta- ria para satisfazer o consumidor.

Investir em
informação é fundamental
Entrevista: Ivan Ferreira
O Grupo Ioshida está entre os maiores produtores nacionais de batata,
investindo também no cultivo de soja, milho, laranja e na pecuária. Ivan
Ferreira, responsável pelas vendas do Grupo, fala sobre o atual cenário da
bataticultura e discute os rumos do setor.

Hortifruti Brasil: Nos últimos 10 anos, em Cristalina (GO), Brasília (DF) e mercialização do produto.
a produção nacional de batata cresceu no estado do Rio Grande do Sul. A Ferreira: Devemos não somente nos
16%. Quais os impactos do aumen- ampliação do plantio causou dimi- preocupar em produzir, mas tam-
to da oferta na comercialização do nuição do foco de vendas. O Sul é bém em comercializar melhor o nos-
produto? um grande consumidor de batata e so produto. A parte comercial preci-
Ivan Ferreira: Esse aumento de ofer- agora também um produtor. Assim, sa de inovação, modernização. Nos
ta reflete a implantação de novas va- com o aumento da oferta na região, últimos anos, produtores passaram
riedades - ágata, cupido e mondial -, produtores de outras praças “perde- a atender diretamente às grandes
que aumentaram a produtividade no ram terreno” para comercializar no redes de supermercados, buscando
campo. Os principais impactos têm Sul. Agora, mesmo os grandes pro- maior garantia de recebimento nas
sido a redução dos preços e maior dutores estão diversificando suas negociações. Porém, isso acabou li-
concorrência. Com isso, o peque- atividades e alguns, até diminuindo mitando as opções de venda do pro-
no produtor deixou a atividade, o a área de batata. dutor com as redes de supermerca-
que, contudo, não contribuiu com dos, que nem sempre repassam os
a diminuição da oferta. A disponi- Hf Brasil: Além da maior oferta, quais preços praticados nas lavouras aos
bilidade do tubérculo permaneceu outros fatores o senhor acredita que consumidores finais e vice-versa.
elevada, pois surgiram novas áreas também podem ter dificultado a co- Demora muito para que a queda de

26 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL


preços na roça chegue ao consumi- ceasas e supermercados com expli- culinária; quem conhece paga mais
dor, e o supermercado acaba, de al- cação sobre as variedades - qual é por ela. No entanto, poucos conhe-
guma forma, determinando os valo- mais indicada para cada finalidade. cem essa batata.
res a serem praticados. Essa relação Essa medida teve alguns resultados,
entre produtor e varejo seria melhor mas ainda são muito pequenos em Hf Brasil: Então, a diversificação do
se houvesse benefícios e obrigações relação ao que é necessário. Esse mercado seria uma boa alternativa?
iguais para ambos. Outro aspecto tipo de projeto leva tempo e precisa Organizar a produção e comerciali-
que também atrapalha é a qualida- zação do tubérculo de acordo com
de da batata ofertada nas bancas das as necessidades do consumidor final
grandes redes, que não são tão sa- O consumidor precisa (gourmet, prático, preço, bares, restau-
tisfatórias. São ofertadas batatas de rantes, agroindústrias etc) é uma boa
qualidade inferior para os clientes de mais informação. opção para reverter o atual cenário da
finais, o que agrava a queda dos pre- bataticultura?
ços e a diminuição do consumo. Estamos colocando Ferreira: Com certeza. Todo trabalho
feito ajuda a reverter o cenário atual,
Hf Brasil: Quais estratégias devem ser cartazes informativos em que os preços oscilam muito. Ou
tomadas para modernizar o setor no lon- o mercado está em alta ou em bai-
go prazo (aproximadamente 10 anos)? nas ceasas e nos xa, não tem meio-termo. Devemos
Ferreira: Uma boa diminuição da fazer com que produtores partici-
área plantada talvez fosse a solução supermercados com pem mais da renda final da cadeia da
(risos). Cito, na verdade, como exem- batata. Uma saída seria criar formas
plo de ações importantes ao setor o explicação sobre as para expor melhor o produto e dire-
trabalho de pesquisa feito pela equi- cionar cada variedade, diminuindo a
pe Hortifruti Brasil. Faltam informa- variedades. intermediação na cadeia e obtendo
ções no mercado, principalmente aproximação do cliente final. Seria
sobre a ponta vendedora. O aumen- ser feito por todos. Devemos infor- necessário mudar o hábito de con-
to de informação contribui bastante mar os clientes quanto às variedades sumo, pois o consumidor “come o
para o setor. Uma outra boa estraté- e métodos de preparo. A variedade produto com os olhos”. Por mais que
gia é levar informação ao cliente fi- bintje, por exemplo, é adequada a a batata seja boa para culinária, ele
nal. Nós já começamos a fazer nossa todos os métodos: cozinhar, assar, acaba levando a de melhor aparên-
parte. Nesta safra, estamos desenvol- fritar, para saladas e outros, mas está cia. É por isso que esse trabalho de
vendo um trabalho de formiguinha, desaparecendo do mercado, por não levar informação ao consumidor é
colocando cartazes informativos nas ser muito “bonita”. Ela é a melhor de tão importante.

III SEMINÁRIO BRASILEIRO DA BATATA


OBJETIVO:

29 E 30 DE NOVEMBRO DE 2005 REALIZAÇÃO:


ITAPETININGA – SÃO PAULO

INFORMAÇÕES:

HORTIFRUTI BRASIL - Novembro/2005 - 27


28 - Novembro/2005 - HORTIFRUTI BRASIL

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