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PROFESSOR A GRAMÁTICA DOS TEXTOS
www.ser.com.br
Algumas palavras não têm sua carga significativa completa e, por isso, necessitam de outras
palavras ou de outros termos que completem ou integrem seu sentido; outras, com carga significa-
tiva completa, podem vir acompanhadas de modificadores, determinantes ou circunstanciais, que
ampliam, descrevem, determinam ou caracterizam seu sentido. Isso ocorre com verbos, substantivos,
adjetivos e advérbios. Imaginemos, por exemplo, os enunciados anteriores sem alguns complementos:
Crepúsculo amazônico deu (em quem?) vontade (de quê?); Em 2 de julho de 1927, em Manaus, Má-
rio registrou (o quê?). Vamos imaginar, agora, os enunciados sem alguns modificadores, determinantes
e circunstanciais: Crepúsculo deu vontade de morrer (?); paulistano foi estudioso da tradição e da
cultura (?); [...] Mário registrou: Principiou (onde? quando?).
As relações entre os diferentes termos, complementares ou adicionais, vão construindo o sen-
tido sintático-semântico dos enunciados; a ausência desses termos acaba por comprometer o en-
tendimento do texto.
O ADJUNTO ADNOMINAL
Considere o seguinte enunciado:
O poeta modernista Mário de Andrade foi generoso com a alma brasileira.
Nele, observam-se algumas relações que têm como centro um substantivo:
O poeta modernista Mário de Andrade foi generoso com a alma brasileira.
O APOSTO
Observe, agora, o termo em negrito:
Mário de Andrade, o poeta modernista, foi generoso com a alma brasileira.
Trata-se de um termo acessório que se relaciona ao núcleo de outro termo – geralmente, um
substantivo – para esclarecê-lo ou explicá-lo, ao mesmo tempo que o retoma. Nesse caso, o termo
em questão exerce a função de aposto.
É importante notar que o aposto sempre pertence ao termo a que se refere, podendo, sem
perda de sentido, substituí-lo:
sujeito
Macunaíma: o herói sem nenhum
caráter, de Mário de Andrade. Mário de Andrade, o poeta modernista, foi generoso com a alma brasileira.
Rio de Janeiro: Agir, 2008. núcleo aposto do sujeito
sujeito
“Meu São Paulo da garoa, Londres das neblinas finas [...]” (Mário de Andrade)
núcleo aposto do vocativo
aposto do objeto
Morfossintaxe do aposto
O aposto apresenta uma particularidade importante: o núcleo do aposto e o substantivo a que
o aposto se refere denominam o mesmo ser. Podemos, então, falar que o aposto é mais uma função OPS!
substantiva da oração (ou seja, seu núcleo é representado por um substantivo ou palavra com valor Para não confundir o aposto de
de substantivo). Assim, retomando os exemplos anteriores, podemos montar o seguinte esquema: especificação com o adjunto ad-
livros 5 Macunaíma, Amar, verbo intransitivo, Contos novos nominal, observe a seguinte frase:
poeta 5 Mário de Andrade A obra de Mário de Andrade
rua 5 Direita é símbolo da cultura brasileira.
cidade 5 São Paulo Nela, o termo destacado tem
função de adjetivo: a obra “an-
Observe que isso se aplica inclusive a alguns casos em que o núcleo do termo a que o aposto dradiana”. Os termos obra e
se refere não é um substantivo: Mário de Andrade não desig-
nam o mesmo referente; assim,
Amanhã, domingo, iremos à praia. de Mário de Andrade é um ad-
amanhã 5 domingo junto adnominal.
MARCOS GUILHERME/ARQUIVO DA EDITORA
O aposto também pode estar representado por uma oração no período composto: trata-se de
uma oração subordinada (é termo de uma oração principal) substantiva (tem valor de substanti-
vo) apositiva (funciona como um aposto):
ORAÇÃO SUBSTANTIVA APOSITIVA
A obra de Mário de Andrade tinha um objetivo: que a cultura brasileira ganhasse destaque.
aposto representado por oração subordinada
O COMPLEMENTO NOMINAL
Como sabemos, alguns nomes (é o caso de alguns substantivos, advérbios e adjetivos) não
apresentam sentido completo, necessitando de complemento que, por oposição ao complemento
verbal, é chamado complemento nominal e apresenta-se sempre antecedido de preposição:
IMPORTANTE!
É muito comum uma ligeira confusão entre o adjunto adnominal e o complemento nominal. Aqui vão algumas diferenças importantes:
O complemento nominal relaciona-se ao substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto adnominal relaciona-se apenas ao substantivo.
Portanto, se o termo estiver completando o sentido de um adjetivo ou advérbio, será, com certeza, um complemento nominal.
A confusão só ocorre quando o termo em dúvida está antecedido por preposição e relacionado a um substantivo; sem preposição, será
um adjunto adnominal.
O complemento nominal equivale a um complemento verbal, ou seja, só se relaciona a substantivos cujos significados transitam (em geral,
substantivos abstratos); portanto, seu valor será passivo, é sobre ele que recai a ação. O adjunto adnominal tem sempre valor ativo. Exemplos:
O incêndio da mata foi um desastre ambiental. O incêndio dos madeireiros foi um desastre ambiental.
complemento nominal adjunto adnominal
(sentido passivo) (sentido ativo)
No primeiro exemplo, a mata sofre a ação; no segundo, os madeireiros praticam a ação.
Quanto à brasilidade, Mário de Andrade acreditava que o resgate do folclore lhe era favorável.
complemento nominal representado por
pronome pessoal oblíquo, equivalente a a ela SNp = sintagma nominal
No período composto, podemos ter uma oração inteira funcionando como complemento preposicionado
nominal; trata-se de uma oração subordinada (é termo de uma oração principal) substantiva
(tem valor de um substantivo) completiva nominal (exerce a função de complemento nominal):
ORAÇÃO SUBSTANTIVA
COMPLETIVA NOMINAL
Mário de Andrade acreditava na necessidade de resgatar o folclore.
complemento nominal representado
por oração subordinada
PARA CONSTRUIR
4 Destes trechos de reportagem foram retirados alguns termos, que estão no respectivo quadro. Reescreva-os colocando esses
termos no lugar adequado. Em seguida, dê sua função sintática.
a) Em quase quatro décadas de jornalismo, Caco Barcellos acostumou-se a circular pelos dois universos mais perigosos do país.
Tornou-se, no dia a dia das ruas, uma autoridade no sentimento que paralisa a sociedade brasileira.
NOGUEIRA, Bruno Torturra. Profissão: perigo. Trip. São Paulo: Trip Editora, n. 168, jul. 2008. p. 26.
Em quase quatro décadas de jornalismo, Caco Barcellos acostumou-se a circular pelos dois universos mais perigosos do país, o dos matadores
da polícia e o dos bandidos do tráfico. Tornou-se, no dia a dia das ruas, uma autoridade no sentimento que paralisa a sociedade brasileira:
o medo. Os termos exercem a função de aposto. Comentário: Mostre ao aluno que a ausência dos termos prejudica o entendimento do texto
porque não se explicitam quais são os dois universos citados e qual é o sentimento a que se refere o repórter.
b) O plantão informa: Caco Barcellos tem 58 anos. Como explicar a cara de 40 e poucos? A macrobiótica de que é adepto
desde 1971, seus tempos?
Idem, ibidem. p. 28.
O plantão da revista Trip informa: Caco Barcellos tem 58 anos. Como explicar a enxuta cara de 40 e poucos? A inveterada macrobiótica de
que é adepto desde 1971, seus tempos de hippie? Os termos exercem a função de adjunto adnominal. Comentário: Ressalte a presença
de um aposto de especificação (Trip) no adjunto adnominal “da revista Trip”.
Jovens recebem alerta sobre riscos do tabaco b) O tema escolhido pela OMS está bem representado por
“Juventude livre do tabaco.” Esse é o tema que a Or- m
Ene-7
esse sintagma? Por quê?
C 4
H-2 O emprego dos termos juventude e tabaco fortalece uma
ganização Mundial da Saúde, OMS, escolheu para come-
morar o Dia Mundial sem Tabaco. O objetivo é alertar a campanha que pretende evitar novos dependentes do fumo.
sociedade para as estratégias que a indústria do cigarro Já a palavra livre, além de indicar o desejo de libertar os jovens
utiliza para atrair novos consumidores, como embalagens do vício, tem uma relação intrínseca com juventude.
atrativas, sabores diferenciados e o patrocínio de eventos
Comentário: Relembre a importância dos nomes (substantivos
que atraem o público jovem: corridas de carro, esportes
e adjetivos) nas situações em que se deseja destacar conceitos.
radicais e shows de rock, por exemplo.
Disponível em: <www.saudelazer.com/index.php?Itemid549&id52672&opt
ion5com_content&task5view>. Acesso em: 24 fev. 2010.
c) Qual teria sido a razão de se iniciar o texto com esse sintagma?
5 Qual é o alerta que a OMS faz aos jovens? Esse alerta vale Provocar maior impacto no leitor, revelando rapidamente o tema
m
Ene-7
apenas para os possíveis consumidores de tabaco? da comemoração.
C 3
H2
-
A indústria do tabaco utiliza algumas estratégias para atrair novos
consumidores, especialmente o público jovem: patrocínio de corridas
7 Na oração “Esse é o tema [...]”, qual é o referente que preenche
de carro, esportes radicais e shows de rock. As indústrias que o conteúdo semântico do pronome demonstrativo?
produzem cerveja, por exemplo, utilizam os mesmos recursos. O alerta
A sequência “Juventude livre do tabaco”.
vale para todas as pessoas, mas tem como foco o jovem, que acaba
sendo mais vulnerável a essas estratégias.
8 a) “Jovens recebem alerta sobre riscos do tabaco”
b) “[...] o patrocínio de eventos que atraem o público jo-
vem [...]”
Classifique morfossintaticamente as palavras em destaque.
No item a, a palavra jovens é substantivo na função de sujeito da
6 Considere o seguinte sintagma nominal: “Juventude livre do forma verbal “recebem”. No item b, a palavra jovem é adjetivo na
tabaco”. função de adjunto adnominal do substantivo “público”.
ADÃO ITURRUSGARAI/
ACERVO DO CARTUNISTA
Não. A progressão narrativa não é ocasionada pela sequência de
imagens. Com pouquíssima alteração, a imagem dos quadros se
repete. A progressão se dá pela fala da personagem.
19 A tira que você leu foi publicada no jornal Folha de S.Paulo, A sequência descreve uma situação por meio da enumeração de
m
Ene-7
em seção destinada a quadrinhos, cujo objetivo é divertir o fatos. Há, nela, dois casos de complemento nominal: lavagem de
C 4
H-2 leitor. Nessa tira, especificamente, há outra intenção do autor, dinheiro / desvio de verbas.
além de divertir. Qual?
A intenção do autor é criticar o comportamento vergonhoso dos
23 Comente a pontuação que finaliza as falas dos quadrinhos.
políticos que fazem a política parecer uma atividade ilegal e para a
m
Ene-77 O ponto de exclamação que encerra a fala do primeiro quadrinho
qual seria necessária uma “legalização”. C 21
H -
denota indignação. No segundo quadrinho, as reticências delimitam
as ideias que a personagem vai introduzindo, exprimindo, por um
lado, hesitação e, por outro, suspense; este último é imprescindível
para produzir o humor. No último quadrinho, o ponto de exclamação
20 Nas tirinhas, a progressão narrativa se dá normalmente pelas
denota alegria pela descoberta, enfatizando ainda mais a frase que
m
Ene-6
ações retratadas em sequência, nos quadros, reforçada pelas fa-
C 8
las da personagem (que estão dentro dos balões) ou pela legen- fecha o quadrinho e produz o humor.
H1
-
GÊNERO TEXTUAL
Tira
7 (Fuvest-SP) Explique por que há ambiguidade na frase: “Fica- 3 (Uece) Ocorre vocativo em:
mos escandalizados com a matança dos animais”. a) Então, senhora linha, ainda teima...
b) Entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.
8 (PUC-RS – Adaptada) As sugestões corretas de reescrita para c) A senhora não é alfinete, é agulha.
os enunciados a seguir são: d) Mas você é orgulhosa.
ANOTAÇÕES
Objetivos:
c Refletir sobre a
morfosintaxe desses
termos.
c Compreender os efeitos
de sentido que esses BROWNE, Chris. Hagar. Zero Hora, 20 nov. 2002, p. 11. 2o caderno.
termos exercem no Como já vimos, alguns verbos não têm sua carga significativa completa e, por isso, necessitam
texto. de outras palavras ou termos que completem e integrem seu sentido. Imaginemos, por exemplo, a
primeira fala de Hagar sem alguns complementos. Ficaria assim: “[eu] Preciso!”; “É capaz de dizer?”. Seu
interlocutor, Eddie Sortudo, que leva tudo ao pé da letra, ficaria mais perdido ainda: Hagar precisa de
quê? Eu sou capaz de dizer o quê? A comunicação entre eles, que já não é das mais eficientes, ficaria
definitivamente comprometida!
PARA CONSTRUIR
TOME NOTA
Pronome tônico na função de objeto sem preposição?
Os pronomes ele, eles, ela e elas podem ser empregados como sujeito ou como complemento verbal. A gramática normativa prescre-
ve que esses pronomes, quando empregados como complemento verbal, por serem tônicos, devem ser precedidos de preposição. No
entanto, é cada vez mais comum (tanto em textos falados como em textos escritos) o emprego do pronome tônico da terceira pessoa
na função de objeto direto, sem preposição. É o que faz Calvin na tira a seguir.
Referindo-se a Papai Noel, Calvin afirma:
PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR 4 (UFMS) Leia o fragmento do poema “Canção do vento e da mi-
nha vida”, de Manuel Bandeira, e responda à questão a seguir.
O ADJUNTO ADVERBIAL
Como surgiu o tae
kwon do? Adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância do verbo ou intensifica
e modifica o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de outro advérbio. Veja:
A origem deste esporte sujeito predicado
milenar está ligada à histó-
ria da Coreia. No século Atleta baiano garante pódio no Grand Slam de Taekwondo
I a.C., a península coreana núcleo verbo objeto locução adverbial
do suj. transitivo direto (indica lugar)
era ocupada por três reinos direto circunstância ligada ao verbo
rivais: Goguryeo, no norte, A Tarde. Vitória, 17 fev. 2014. Disponível em: <http://atarde.uol.com.br/esportes/
Silla, no sudeste, e Baekje, vitoria/materias/1569558- atleta-baiano-garante-podio-no-
no oeste. Para ensinar os jo- grand-slam-de-taekwondo>. Acesso em: 5 dez. 2014.
vens de Goguryeo a lutar Nessa frase, o sintagma destacado modifica o verbo, indicando uma circunstância de lugar (no
sem armas, foram criadas Grand Slam de Taekwondo, ou seja, no torneio de tae kwon do).
técnicas como o taekkyeon. Nas frases a seguir, observe a que classes de palavras podem se ligar um mesmo adjunto adver-
Além de usar os pés com bial, indicando intensidade:
rapidez e precisão, os alu-
nos eram instruídos em his- O atleta se prepara muito antes de participar de um campeonato.
verbo
tória, filosofia e esportes a
cavalo. Ao longo do proces- É muito forte a saúde de um atleta?
adjetivo
so de fusão dos três reinos,
finalizado no século VII, os O sucesso pode estar muito próximo dos que levam os treinos a sério.
advérbio
moradores de Silla acres-
centaram à arte marcial o Nesses exemplos, o termo muito intensifica o sentido de um verbo (preparar), de um adjetivo
uso das mãos como defesa. (forte) e de um advérbio (próximo) e não sofre flexão de gênero nem de número.
Surgia assim o tae kwon do,
que significa “caminho dos Morfossintaxe do adjunto adverbial
pés e das mãos”. Com o iní-
cio da Guerra da Coreia, No período simples, os adjuntos adverbiais são representados por advérbios ou locuções
nos anos 1950, o governo adverbiais:
do sul reorganizou a luta e Horário de verão termina amanhã, à meia-noite
advérbio locução adverbial
deu a ela sua versão moder- de tempo de tempo
na, que seria transformada Bem Paraná. Curitiba, 14 fev. 2014. Disponível em: <www.bemparana.com.br
em esporte olímpico nos /noticia/304590/horario-de-verao-termina-amanha-a-meia-noite>.
Jogos de Sydney, em 2000. Acesso em: 15 fev. 2014.
Disponível em: <http://
mundoestranho.abril.com.br/ Parar de fumar deixa a pessoa mais feliz, diz estudo
materia/como-surgiu-o-tae-kwon- advérbio de
do>. Acesso em: 11 dez. 2014. intensidade
Adaptado.
Região Noroeste. Disponível em: <www.regiaonoroeste.com/portal/
materias.php?id=55003>. Acesso em: 15 fev. 2014.
O AGENTE DA PASSIVA
Agente da passiva é um termo que só aparece em orações cujo verbo está na voz passiva
analítica (verbo auxiliar + particípio do verbo principal, ou seja, o que exprime o fato). Designa
o ser que pratica a ação do verbo (daí ser chamado de “agente”) e vem sempre antecedido
por preposição. Na voz passiva, o sujeito da frase é o ser que sofre a ação (daí ser chamado de
“paciente”):
É interessante notar a diferença que há entre o agente da passiva e o sujeito paciente. O agente
da passiva é o ser que pratica a ação e não pode ser confundido com o sujeito, que é o ser sobre o
qual se declara algo. Para compreender melhor a diferença, é só passar uma oração da voz ativa para www.ser.com.br
a passiva (ou vice-versa): o sujeito da voz ativa passa a ser o agente da passiva; o objeto direto da voz Acesse o portal e explore o con-
ativa passa a ser o sujeito da passiva. Mudam a função sintática e a forma de exprimir o fato, mas não teúdo Vozes verbais.
muda o fato em si: quem pratica a ação, pratica-a tanto na voz passiva como na ativa; quem sofre a
ação, sofre-a tanto na voz ativa como na passiva. Veja:
voz ativa → O homem capturou o animal.
sujeito objeto direto
LATINSTOCK/WORLDSAT INTERNATIONAL/
SCIENCE PHOTO LIBRARY/SPL
No período composto, uma oração inteira pode funcionar como agente da passiva; trata-se de
uma oração subordinada (é termo de uma oração principal) substantiva (tem valor de substanti-
vo) agente da passiva (exerce a função de agente da passiva).
ORAÇÃO PRINCIPAL ORAÇÃO COM FUNÇÃO DE AGENTE DA PASSIVA
PARA CONSTRUIR
Leia esta notícia: 6 Em sua opinião, por que o jornalista preferiu usar a voz passi-
PlayStation 4 é lançado nos EUA; primeiro compra- m
Ene-7
va para a manchete?
C 4
H-2
dor recebe console autografado Para dar mais destaque ao termo PlayStation 4, assunto da notícia.
O PlayStation 4, novo console da Sony, começou a ser
vendido nesta sexta-feira nos Estados Unidos. Fãs aguar-
davam há dias na fila esperando as lojas abrirem.
Em Nova York, a Sony realizou um evento de lança- 7 Releia a primeira frase do texto observando as construções
mento especial e vendeu seu primeiro videogame a Joey destacadas.
Chiu, 24, morador do Brooklyn. Ele recebeu o PS4 auto- O PlayStation 4, novo console da Sony, começou a ser
grafado por Andrew House, presidente da Sony Computer vendido nesta sexta-feira nos Estados Unidos.
Entertainment Global, e por Jack Tretton, presidente da Qual é a função dos sintagmas destacados e que termo da
Sony Computer Entertainment America. oração eles modificam? Classifique esses sintagmas.
A Sony anunciou no evento, transmitido ao vivo para
Indicam circunstâncias de tempo e de lugar da locução verbal
a televisão nos EUA, um novo jogo da série “Uncharted”,
entre outros títulos. começou a ser vendido. Nesta sexta-feira – adjunto adverbial de
Nos Estados Unidos, o PlayStation 4 custa US$ 400. tempo; nos Estados Unidos – adjunto adverbial de lugar.
No Brasil, o preço será de R$ 3.999, com vendas a partir
de 29 de novembro.
Os jogos do PS4 custarão entre R$ 180 e R$ 200,
semelhantes aos do rival Xbox One. A diferença é que o
console da Microsoft – em pré-venda desde junho – sairá
por quase metade do valor: R$ 2.299.
Folha de S.Paulo. São Paulo, 15 nov. 2013. Disponível em: <www1.folha.
uol.com.br/tec/2013/11/1372076-playstation-4-e-lancado-nos-eua-primeiro-
comprador-recebe-console-autografado.shtml>. Acesso em: 14 dez. 2013. 8 Observe as relações estabelecidas pelo termo elíptico no se-
guinte fragmento:
4 A que público leitor a notícia se destina?
m
Os jogos do PS4 custarão entre R$ 180 e R$ 200, seme-
Ene-7 Aos leitores do jornal interessados em jogos eletrônicos.
C 3
H2
- lhantes aos do rival Xbox One.
Identifique esse termo elíptico e reescreva a frase explicitan-
5 Embora a primeira parte da manchete esteja na voz passi- do-o.
va, o agente foi omitido. Entretanto, ao ler o texto, é possível O termo é preços. Os jogos do PS4 custarão entre R$ 180 e R$ 200,
perceber quem seria esse agente. Identifique-o e reescreva a semelhantes aos preços do rival Xbox One.
manchete na voz ativa.
Sony lança PlayStation 4 nos EUA.
a) Classifique os verbos dessa frase quanto à sua transitividade. voz ativa (Sony) transforma-se em agente da passiva. Com essa
Realizou: transitivo direto; vendeu: transitivo direto e indireto. modificação, dá-se maior ênfase ao jogo, que se torna a principal
informação, aparecendo em primeiro lugar.
b) Identifique os complementos dos verbos e classifique-os
em objeto direto ou objeto indireto. 13 Releia os últimos parágrafos do texto observando o efeito de
Um evento de lançamento especial: objeto direto do verbo sentido das comparações.
realizar; seu primeiro videogame: objeto direto do verbo Nos Estados Unidos, o PlayStation 4 custa US$ 400.
vender; a Joey Chiu: objeto indireto do verbo vender. No Brasil, o preço será de R$ 3.999, com vendas a partir
de 29 de novembro.
10 Identifique no texto palavras usadas como sinônimos para Os jogos do PS4 custarão entre R$ 180 e R$ 200,
substituir o termo PlayStation 4. Qual é a vantagem de alter-
semelhantes aos do rival Xbox One. A diferença é que o
nar o uso dessas palavras na notícia?
console da Microsoft – em pré-venda desde junho – sairá
Console, videogame e PS4. A vantagem é evitar a repetição do por quase metade do valor: R$ 2.299.
termo PlayStation 4. a) Em sua opinião, por que o jornalista optou por colocar
11 Leia o período a seguir: m
Ene-7
lado a lado os preços do videogame no Brasil e nos Esta-
C 3
H-2 dos Unidos? O que essa diferença evidencia para o leitor?
A diferença é que o console da Microsoft – em pré-
A comparação evidencia a diferença entre os preços praticados
-venda desde junho – sairá por quase metade do valor:
R$ 2.299. nos Estados Unidos e no Brasil.
Um novo jogo da série “Uncharted”, entre outros títulos, foi colabora para a reflexão a respeito da necessidade de se adquirir
vazia, tudo isso produziu e produz nos alunos uma sadia aver-
PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR
são pela ‘análise lógica’”, a expressão pela análise lógica é:
URBANBUZZ/SHUTTERSTOCK/
convidou a mim e a Cecília para ir com ele. Fomos no fusquinha azul-claro
do Tom.
GLOW IMAGES
Disponível em: <marieclaire.globo.com/edic/ed116/rep_inspiracao2.htm>. Acesso em: 21 jan. 2013.
Em alguns casos, o objeto direto pode vir precedido de preposição para evitar ambiguidade. Observe:
O tigre o caçador matou.
Otelo Iago enganou.
A não ser que se conhecesse o acontecido, não se poderia dizer com certeza quem praticou a
ação e sobre quem ela recaiu. Assim, em função da clareza, mesmo quando se segue a ordem con-
vencional (sujeito + verbo + objeto), o objeto direto pode vir precedido de preposição. Veja agora:
Ao tigre matou o caçador.
A Otelo Iago enganou.
Cabe lembrar que o sujeito nunca vem precedido de preposição.
O OBJETO PLEONÁSTICO
DANUSSA/SHUTTERSTOCK/
GLOW IMAGES
Numa construção mais simples e na ordem direta, o enunciado acima ficaria assim:
Um amor correspondido
A carioca Denise Fraga conquistou São Paulo e foi conquistada pela cidade: nem pensar
em voltar ao Rio.
Revista Já. Diário de São Paulo. São Paulo, n. 376, ano 8, 18 jan. 2004. p. 3.
VEJA O FILME
A opção pelo emprego da voz passiva no lugar da ativa, muitas vezes, deve-se à ênfase ou ao realce
Matrix, de Lana e Andy que se quer dar ao sujeito paciente. O enunciado acima é constituído por duas orações coordenadas:
Wachowski. EUA/Austrália,
A carioca Denise Fraga conquistou São Paulo e foi conquistada pela cidade.
1999. (136 min.)
Primeiro filme da trilogia em que Na primeira oração, na voz ativa, “A carioca Denise Fraga” é o sujeito agente, que, na segunda,
Neo (Keanu Reeves), um progra- vira sujeito paciente. Ao optar por essa construção, o enunciador mantém o foco no sujeito anterior,
mador de computadores, desco- além de se expressar com concisão.
bre que o mundo e as pessoas Compare a redação original com a seguinte:
estão presos a um gigantesco sis- A carioca Denise Fraga conquistou São Paulo e São Paulo a conquistou.
tema computacional inteligente e
artificial que controla a realidade e Com as duas orações na voz ativa, o sentido é o mesmo, mas a ênfase fica dividida entre os
usa o cérebro e o corpo das pes- dois sujeitos agentes (A carioca Denise Fraga e São Paulo) e o período perde elegância do ponto
soas para produzir energia. Sua de vista estilístico.
missão passa a ser, então, destruir
a Matrix e devolver a liberdade A OMISSÃO DO AGENTE DA PASSIVA: UM CASO DE
e a realidade às pessoas. Os dois
outros filmes da trilogia são Matrix INDETERMINAÇÃO
reloaded e Matrix revolution, am- Vamos ver agora outro tipo de construção com agente da passiva. Leia o fragmento a seguir.
bos de 2003.
Nos bastidores do cinema, comenta-se que, ainda na surdina, os irmãos Andy e Lana
DIVULGAÇÃO/ARQUIVO DA EDITORA
PARA CONSTRUIR
Leia o texto abaixo, do gaúcho Mario Quintana (1906-1994). Observe o título. Sobre que rituais o poeta escreverá?
Dos rituais
No primeiro contato com os selvagens, que medo nos dá de infringir os rituais, de violar um tabu! É todo um meticuloso
cerimonial, cuja infração eles não nos perdoam.
Eu estava falando nos selvagens? Mas com os civilizados é o mesmo. Ou pior até.
Quando você estiver metido entre grã-finos, é preciso ter muito, muito cuidado: eles são tão primitivos...
QUINTANA, Mario. In: Mario Quintana: prosa & verso.
Porto Alegre: Globo, 1980. p. 122.
18 Ainda pensando na progressividade do texto: 22 Leia a notícia reproduzida a seguir e escolha o título mais
m
Ene-7
adequado para ressaltar o que se indica. a
a) o termo grã-finos recupera que outro termo citado ante- C 4
H-2 Mato Grosso do Sul escolheu o norte do Paraná para
riormente?
apresentar as potencialidades turísticas, como Pantanal e
Civilizados.
Bonito (Serra da Bodoquena). O evento é uma realização
da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, com o
b) a oração adverbial “Quando você estiver metido entre apoio do Sebrae estadual e faz parte das ações de promo-
grã-finos” remete o leitor a que passagem do texto? ção e divulgação nacional e internacional realizadas pelo
Ao sintagma adverbial que abre o texto (ambos indicando uma
governo do Estado.
Correio do Estado. Londrina, 6 jun. 2014. Disponível em: <www.
circunstância temporal: o momento do primeiro contato com correiodoestado.com.br>. Acesso em: 4 jun. 2014.
o ritual de um grupo, seja de selvagens, seja de grã-finos). a) O título “Potencialidades turísticas de MS serão apre-
sentadas em Londrina”, na voz passiva, ressalta o foco da
notícia. Comentário: Esse é o título original da notícia.
b) O título “Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul
19 Qual é o efeito de sentido produzido pela repetição da pala- apresenta potencialidades turísticas de MS”, na voz passi-
vra muito? va, ressalta o foco da notícia.
A repetição produz efeito intensificador. c) O título “O turismo em MS é tema de evento em Londrina”,
na voz passiva, ressalta o foco da notícia.
d) O título “Ações do governo do Estado são promovidas em
Mato Grosso do Sul”, na voz passiva, ressalta o foco da notícia.
PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR 4 (Umesp)
[...] E surgia na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos cres-
1 (Unifesp) cidos até aos ombros, barba inculta e longa; face escaveirada;
olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de
INSTRUÇÃO: Os versos de Gregório de Matos são base para
brim americano; abordoado ao clássico bastão em que se
responder à questão seguinte.
apoia o passo tardo dos peregrinos. É desconhecida a sua
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: existência durante tão longo período. Um velho caboclo, pre-
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: so em Canudos nos últimos dias da campanha, disse-me algo
Com sua língua ao nobre o vil decepa: a respeito, mas vagamente, sem precisar datas, sem porme-
O Velhaco maior sempre tem capa. nores característicos. Conhecera-o nos sertões de Pernambu-
Assinale a alternativa correta. co, um ou dous anos depois da partida do Crato.
a) Na expressão Neste mundo, o pronome refere-se a um Considere as afirmações:
mundo utópico, irreal. I. O anacoreta sombrio e a sua existência desempenham
b) Em Quem mais limpo se faz, o pronome se indica reci- função sintática de sujeito.
procidade. II. Os pronomes oblíquos assinalados desempenham fun-
c) Língua e capa são termos empregados em sentido de- ções sintáticas diferentes.
notativo. III. Depois da conjunção mas há elipse de um verbo.
d) A expressão Com sua língua, que remete a nobre, é indi-
Assinale:
cativa de causa.
e) Em ao nobre, emprega-se a preposição para se evitar a a) se apenas I e II estiverem corretas.
ambiguidade. b) se apenas II e III estiverem corretas.
c) se apenas II estiver correta.
2 (FCMSCSP) Observe as duas frases seguintes. d) se todas estiverem corretas.
I. O proprietário da farmácia saiu. e) se apenas I e III estiverem corretas.
II. O proprietário saiu da farmácia.
5 (UFU-MG) No período “Quando enxotada por mim foi pousar
Sobre elas são feitas as seguintes considerações:
na vidraça”, qual a função sintática de por mim?
Na I, da farmácia é adjunto adnominal. a) Objeto direto. d) Complemento nominal.
Na II, da farmácia é adjunto adverbial. b) Sujeito. e) Agente da passiva.
Ambas as frases têm exatamente o mesmo significado. c) Objeto indireto.
Tanto em I como em II, da farmácia tem a mesma função
sintática. 6 (UEL-PR) Assinale a alternativa correspondente ao período
Dessas quatro considerações: onde há agente da passiva.
a) apenas uma é verdadeira. a) O rapaz foi preso por um investigador, compadre do
b) apenas duas são verdadeiras. Bertolão.
c) apenas três são verdadeiras. b) O coração não resistiu à prova.
d) as quatro são verdadeiras. c) Não o sabíamos doente.
e) nenhuma é verdadeira. d) Tão grande e forte, não era resistente à bebida.
e) Seu apartamento fora interditado poucas horas depois
3 (PUC-PR) Observe a frase: do crime.
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
1 (Unicamp-SP – Adaptada) Calvin é personagem de uma conhecida tirinha norte-americana traduzida para várias línguas.
m
Ene-6
m
Ene-8
C 5
H-2
A primeira tira é uma tradução portuguesa e a segunda, uma tradução brasileira. Dê um exemplo de uma diferença sintática entre
a tradução do português europeu e a do português brasileiro. Descreva essa diferença.
2 (Fuvest-SP) Na frase “Ele chegou de mansinho”, a preposição indica modo. Escreva frases em que a mesma preposição indique:
a) causa; b) lugar.
3 (PUC-RJ) O enunciado a seguir é ambíguo por apresentar mais de uma possibilidade de leitura:
A indicação do neurocientista trouxe benefícios para a pesquisa.
a) Explique quais são as leituras possíveis. b) Desfaça a ambiguidade, deixando clara uma dessas leituras.
4 (Vunesp – Adaptada)
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Faça o que é pedido.
a) Reescreva a estrofe acima, substituindo os termos destacados pelo pronome pessoal correspondente, e elimine as expressões
adverbiais.
b) Classifique os verbos do período reescrito quanto à predicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BACCEGA, M. A. Concordância verbal. 3. ed. São Paulo: Ática, 2001.
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.
CARONE, F. de B. Morfossintaxe. 8. ed. São Paulo: Ática, 1999.
CASTILHO, A. T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
MARTINS, N. S. Introdução à estilística: a expressividade na língua portuguesa. 4. ed. rev. São Paulo: Edusp, 2008.
MATTOSO CÂMARA JR., J. Estrutura da língua portuguesa. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1973.
NEVES, M. H. M. Gramática de usos do português. São Paulo: Unesp, 2000.
SOUZA E SILVA, M. C. P. de; KOCH, I. V. Linguística aplicada ao português: morfologia. 9. ed. São Paulo:
Cortez, 1997.
______. Linguística aplicada ao português: sintaxe. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
VILELA, M.; KOCH, I. V. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001.
Aí pelas três da tarde c) Na última oração do texto, escrita na voz passiva, a palavra
Nesta sala atulhada de mesas, máquinas e papéis, onde mundo cumpre a função sintática de sujeito.
invejáveis escreventes dividiram entre si o bom senso do mun- d) O sujeito da primeira frase do conto é o homem moderno.
do, aplicando-se em ideias claras apesar do ruído e do morma- e) Na segunda frase do conto, nota-se a ocorrência de dois
ço, seguros ao se pronunciarem sobre problemas que afligem o objetos indiretos: aos olhares interrogativos e a intensa
homem moderno (espécie da qual você, milenarmente cansa- expectativa que se instala.
do, talvez se sinta um pouco excluído), largue tudo de repente
sob os olhares à sua volta, componha uma cara de louco quie- 2 O conto da Raduan Nassar apresenta características formais
to e perigoso, faça os gestos mais calmos quanto os tais escribas bem nuançadas, o que garante expressividade ao texto. Sobre
mais severos, dê um largo “ciao” ao trabalho do dia, assim como esse assunto, não se pode dizer que: e
quem se despede da vida, e surpreenda pouco mais tarde, com a) No texto predominam as frases longas, o que marca o ritmo
sua presença em hora tão insólita, os que estiveram em casa da leitura do conto.
ocupados na limpeza dos armários, que você não sabia antes b) Ao longo do conto há o predomínio da função conativa, ten-
como era conduzida. Convém não responder aos olhares inter- do em vista que o conto se desenvolve através da interlocu-
rogativos, deixando crescer, por instantes, a intensa expectativa ção direta com o leitor.
que se instala. Mas não exagere na medida e suba sem demora c) No contexto em que está inserida, a oração “sendo toleran-
ao quarto, libertando aí os pés das meias e dos sapatos, tirando te com o espanto (coitados!) dos pobres familiares”, cumpre
a roupa do corpo como se retirasse a importância das coisas, função de oração subordinada adverbial de modo.
pondo-se enfim em vestes mínimas, quem sabe até em pelo, d) Uma característica do texto é a elipse do sujeito de diversas
mas sem ferir o pudor (o seu pudor, bem entendido), e aceitan- orações, o que não compromete o sentido do conto, pois as
do ao mesmo tempo, como boa verdade provisória, toda mu- desinências deixam evidente o sujeito da ação e a ideia ex-
dança de comportamento. Feito um banhista incerto, assome pressa pela narrativa
depois com sua nudez no trampolim do patamar e avance dois e) A frase “Nada de grandes lances” é uma interjeição de alerta, o
passos como se fosse beirar um salto, silenciando de vez, em- que se evidencia na oralidade e na falta de sujeito e de verbo.
baixo, o surto abafado dos comentários. Nada de grandes lan-
ces. Desça, sem pressa, degrau por degrau, sendo tolerante com
3 Mas não exagere na medida e suba sem demora ao quarto,
libertando aí os pés das meias e dos sapatos, tirando a roupa
o espanto (coitados!) dos pobres familiares, que cobrem a boca
do corpo como se retirasse a importância das coisas, pondo-se
com a mão enquanto se comprimem ao pé da escada. Passe por
enfim em vestes mínimas, quem sabe até em pelo, mas sem
eles calado, circule pela casa toda como se andasse numa praia
ferir o pudor (o seu pudor, bem entendido), e aceitando ao
deserta (mas sempre com a mesma cara de louco ainda não
mesmo tempo, como boa verdade provisória, toda mudança
precipitado), e se achegue depois, com cuidado e ternura, jun-
de comportamento. Feito um banhista incerto, assome depois
to à rede languidamente envergada entre plantas lá no terraço.
com sua nudez no trampolim do patamar e avance dois passos
Largue-se nela como quem se larga na vida, e vá fundo nesse
como se fosse beirar um salto, silenciando de vez, embaixo, o
mergulho: cerre as abas da rede sobre os olhos e, com um im-
surto abafado dos comentários.
pulso do pé (já não importa em que apoio), goze a fantasia de
se sentir embalado pelo mundo. Acerca desse trecho, é possível constatar que: c
NASSAR, Raduan. Menina a caminho e outros textos. a) O sintagma a roupa do corpo funciona como objeto indireto
São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 69-73. do verbo tirando.
b) A palavra aí tem a função de um advérbio de tempo.
1 Sobre o breve conto do escritor paulista Raduan Nassar (1935-),
c) Feito um banhista incerto funciona como um adjunto ad-
é possível afirmar que: b
verbial do verbo assome.
a) Todos os trechos entre parênteses cumprem a função de d) Dois passos funciona como adjunto adverbial de lugar do
aposto explicativo. verbo avance (no caso, a distância do ponto de referência
b) O conto se inicia com duas orações subordinadas adverbias onde a ação foi realizada).
que expressam circunstância de lugar. e) Assome, nesse contexto, é um verbo transitivo direto.
39
15-01529 CDD-469.507
Impressão e acabamento
Verbo auxiliar
Sujeito paciente + Agente da passiva Uma publicação
particípio
JOSÉ DE NICOLA
Graduado em Letras, com especialização em ensino de Língua Por-
tuguesa e Literatura. É professor de Literatura desde 1968, tendo
lecionado em diversas escolas particulares de Ensino Médio e tam-
bém em cursinhos preparatórios para exames vestibulares.
Autor de várias obras dedicadas ao ensino de Língua, Literatura e
produção de textos para o Ensino Médio, entre as quais se desta-
cam: Gramática: palavra, frase, texto (volume único); Língua, Litera-
tura e Produção de textos (três volumes); Literatura brasileira: das
origens aos nossos dias (volume único); Painel da literatura em lín-
gua portuguesa: Brasil, Portugal, África (volume único); Práticas de
linguagem: leitura e produção de textos (volume único, em parceria
MÓDULO
O sintagma nominal e o sintagma verbal (14 aulas)
A
Apresentação do módulo
O complemento nominal; o vocativo;
Neste módulo, continuamos o trabalho de abordagem da análi- a relevância dos termos adicionais do nome;
se sintática com base no conceito de sintagma. O foco recai sobre a pontuação: gramática e expressividade
as relações sintáticas dentro dos sintagmas nominal e verbal, com
o estudo dos termos ligados ao nome e ao verbo. Objetivos
Além disso, como já fizemos nos módulos anteriores, preten- Apresentar o conceito de complemento nominal e sua morfossintaxe.
demos ir um pouco além, levando os alunos a refletir sobre esses Introduzir o conceito de vocativo.
conteúdos no uso pragmático da língua; daí a relação entre os Analisar o conceito de termos acessórios e integrantes.
conteúdos apresentados e a leitura de textos dos mais variados Evidenciar a importância dos termos acessórios e integrantes na
gêneros e tipos, para que os alunos entendam como os conceitos construção de significados.
gramaticais funcionam no texto e como eles exercem influência Orientar os alunos quanto à pontuação dos termos da oração tra-
no significado desses textos. balhados no capítulo.
2 GUIA DO PROFESSOR
resPOstAs
4 GUIA DO PROFESSOR
mer de ferros constitui adjunto adverbial e liga-se ao verbo bate, línguas que, de forma nenhuma, devem ser caracterizadas, res-
especificando o modo como se dá a ação verbal. pectivamente, como norma culta (a tradução lusitana) e forma
reFerÊnciAs BiBliOgráFicAs
BECHARA, E. Lições de português pela análise sintática. 18. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.
. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.
BORBA, F. da S. Pequeno vocabulário de linguística moderna. São Paulo: Companhia Editora Nacional/Edusp, 1971.
CARONE, F. de B. Morfossintaxe. 9. ed. São Paulo: Ática, 2003.
CHIERCHIA, G. Semântica. Campinas: Ed. da Unicamp/Londrina: Eduel, 2003.
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
FÁVERO, L. L.; KOCH, I. G. V. Linguística textual: introdução. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
ILARI, R.; GERALDI, J. W. Semântica. 10. ed. São Paulo: Ática, 2003.
VILELA, M.; KOCH, I. G. V. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001.
6 GUIA DO PROFESSOR
8 GUIA DO PROFESSOR