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Fundamentos da Nossa Confissão

Romeu Bornelli Cordeiro

1 – Introdução

“Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar,


fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus
vivo, coluna e baluarte da verdade. Evidentemente, grande é o mistério da
piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito,
contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na
glória. Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns
apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de
demônios,...” 1Tm 3.14-16; 4.1

Vamos orar:

Ó Pai, que alegria para o nosso coração nos reunirmos como Igreja do Deus vivo.
Que privilégio para nós podermos nos acercar de Ti mesmo, tendo o Senhor como
nosso foco, centro e fim. Obrigado porque podemos nos assentar aos seus pés.
Obrigado porque podemos ser ensinados do Senhor, pastoreados do Senhor,
cuidados do Senhor. Pedimos ao Senhor que nos supra abundantemente com a
Tua pessoa, através da Tua palavra nessa noite. Oferecemos os nossos corações
para ouvir-te, oferecemos o nosso espírito, a nossa mente, para que o Senhor abra
a nossa compreensão espiritual. E o Senhor nos propicie um maior conhecimento
espiritual de Cristo. Nós te pedimos. Cubra-nos com o Teu precioso sangue, e fale
aos nossos corações, cumprindo o Teu propósito para esta noite. Nós esperamos
tudo de Ti. Em nome de Jesus, amém.

Irmãos, o Senhor tem depositado no meu coração o desejo de compartilhar com


vocês algo relacionado aos alicerces da visão, aos alicerces do Evangelho, aos
fundamentos do Evangelho. Nós iremos gastar várias reuniões nesse assunto e
teremos inicialmente quatro mensagens. Nelas não poderei fazer mais do que abrir
um panorama. Gostaria que os irmãos prestassem muita atenção a esse
panorama, porque depois, quando retornarmos, poderemos tomá-lo por outros
ângulos, por outras facetas, para poder aí, quem sabe, dissecar um pouco mais
das verdades envolvidas nessa coluna central. Nós vamos usar esses quatro
períodos que teremos, inclusive hoje, para partilhar com os irmãos sobre o eixo
central da nossa confissão. Qual é a nossa confissão como cristãos?

Meu coração tem ficado muito alarmado com a necessidade do povo de Deus, do
povo cristão, do povo que se chama pelo nome do Senhor, ter alicerces sólidos no
que concerne a essa visão central, a esse eixo central do propósito de Deus,
daquilo que está no coração de Deus, nos seus tratos com o homem,
especialmente, com a sua Igreja. Nós podemos nos perder de muitas maneiras
sem esse eixo. Como acontece no corpo humano, há uma coluna vertebral no
propósito de Deus, na visão desse propósito, na nossa confissão
conseqüentemente. E essa coluna vertebral precisa estar clara para nós. São
elementos essenciais e fundamentais demais para podermos estar oscilando, para
podermos estar jogando de um lado para o outro. São verdades pelas quais nós
vivemos e devemos morrer. São verdades que formam o cerne da nossa
confissão.

Durante todos os períodos da história da igreja, absolutamente todos, o Senhor


sempre levantou homens, os chamados apolojetas que se ocuparam então com
um encargo e uma unção especial da parte de Deus e do Espírito Santo para
levantarem verdades que estavam sendo ou obscurecidas, ou negligenciadas, ou
até mesmo contrariadas no meio do povo de Deus, para prejuízo do Seu
testemunho. Porque nós nunca podemos ter um testemunho adequado sem uma
visão adequada dos propósitos de Deus, do plano de Deus. Nós não podemos ter
um corpo; não podemos ter sustentação e nem mesmo podemos ter os acessórios
nesse corpo - a carne, os músculos, os tendões, os órgãos, os tecidos - se nós
não tivermos um esqueleto. Então, nós iremos gastar toda uma série de
mensagens a respeito do esqueleto, da coluna vertebral no que concerne à visão e
conseqüentemente no que concerne à confissão.

Pedro, já velhinho, escrevendo a irmãos, filhos de Deus que estavam na dispersão


da perseguição que o império romano deflagrou sobre a igreja nos primeiros
séculos, principalmente no primeiro, diz que nós devemos santificar a Cristo como
Senhor em nossos corações, estando sempre preparados para responder a todo
aquele que nos pedir qual a razão da esperança que há em nós (1Pe 3.15). E
quão importante é isso irmãos! Quantas vezes nos envergonhamos de nossa fé?
Muitas vezes nos sentimos como ratinhos acuados diante daqueles ignorantes
disfarçados que tentam usar as suas filosofias e suas idéias mirabolantes contra o
Evangelho. Paulo diz a Timóteo que o obreiro deve manejar bem a palavra da
verdade, manejar como uma espada. Nós então nos sentimos tantas vezes
despreparados para estarmos lidando com esses inimigos, sejam eles filosóficos,
sejam eles idealistas, sejam eles sociais, sejam eles políticos, sejam eles culturais.
A palavra de Deus como espada é hábil e útil. Paulo diz em 2 Timóteo 3:16 que
toda palavra inspirada por Deus é útil para o ensino, para correção, para educação
na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, ou adulto, e preparado,
perfeitamente habilitado para toda boa obra. Irmãos, quando nós vemos o que
Paulo diz aqui, já que ele era agora um velho homem de Deus escrevendo para
um jovem homem de Deus, observamos o quanto esse velho Paulo se preocupava
com o jovem Timóteo. Lembra o que ele disse para Timóteo? Não se envergonhe
do testemunho do nosso Senhor; seja um obreiro que maneja bem a palavra da
verdade, ou corta um caminho reto com a palavra da verdade. Porque é
necessário que um homem de Deus não viva a contender, mas que ele seja apto
para ensinar, que ele seja apto para convencer os que se contradizem.

Irmão! Qual é a tua posição nos teus níveis de relacionamento? Você é uma
pessoa apta para ensinar? Nem que seja na tua esfera familiar, você é uma mulher
apta para ensinar os seus filhos? Você é uma pessoa capaz de ensinar no seu
relacionamento de trabalho? Você é capaz de ensinar, quem sabe, na sua escola?
Você é capaz de dar um testemunho de Deus usando a sua espada afiada? Ou
você é despreparada, ou despreparado? Pai, você é capaz de ensinar, pastorear a
sua esposa e os seus filhos? Irmão, ou irmã, você é capaz de ajudar na vida da
Igreja, nesse sentido? Quão envergonhado muitas vezes nós ficamos quando nos
vemos desarmados, despreparados, tentando combater uma idéia montada com
outra idéia montada. Idéia contra idéia, ao invés de usarmos a poderosa palavra
de Deus, palavra viva e eficaz. Como Paulo se preocupou com isso em relação a
Timóteo nessa carta tão maravilhosa! Essa epístola precisa ser lida por nós,
precisa ser estudada. Paulo diz a Timóteo que Deus não nos deu um espírito de
covardia (2 Tm 1:7), mas Ele nos deu um espírito de poder, de amor ou de
moderação, ou de domínio próprio, sabendo usar a palavra certa no tempo certo.
Isso é moderação; domínio próprio. Deus nos deu um espírito de poder, de amor e
moderação. Não te envergonhes do testemunho do Senhor, maneja bem a palavra
da verdade; quantas exortações mais (2 Tm 4:2 ); prega a palavra, quer seja
oportuno quer não; exorta, insta, repreende, com toda a longanimidade e com
doutrina (1 Tm 4:7); exercita-te pessoalmente na piedade, torna-te um padrão para
os fiéis, na palavra em primeiro lugar, depois no conhecimento, na fé, na pureza.

Então quão envergonhados muitas vezes nós ficamos, quando lemos estas
epístolas, especialmente os seis capítulos da primeira epístola. Nos vemos ali
como ratinhos acuados no canto da parede enquanto pessoas ignorantes tem se
levantado para propagar tantas mentiras. É necessário que o Senhor, nesses dias
em que vivemos, novamente levante apologetas, pessoas que sustentam o Seu
testemunho. O apóstolo Paulo disse a Timóteo que a Igreja é a casa de Deus,
coluna e baluarte. A coluna significa sustento e o baluarte é uma bandeira que vai
à frente de um exército proclamando uma ofensiva, a posse de um território. A
Igreja não só sustenta, isso é coluna, mas ela também é baluarte, ela proclama.
Coluna sustenta, e baluarte proclama a verdade. Irmão você já pensou sobre você
mesmo assim? Você pensa que é um simples praticante do cristianismo? É assim
que você se vê? Você pensa que você abraçou um conjunto de doutrinas que tem
feito muito bem para a sua alma, para as suas emoções, quem sabe até para o
seu intelecto? Ou você vê que como filho de Deus você é um porta-voz da
verdade? Você é portador da verdade. Não de uma verdade, não de um pedaço da
verdade, mas da verdade. O Senhor Jesus disse: Eu sou o caminho, a verdade e a
vida. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Maneja bem a palavra da
verdade. A Igreja é Coluna e Baluarte da Verdade. Irmãos, quem temos sido na
nossa vida cristã e no nosso testemunho cristão? Ratinhos acuados? Ou porta-
vozes da verdade, coluna e baluarte?

O encargo então do meu coração é colocar para os irmãos a coluna vertebral da


verdade, o que Paulo chamou de piedade. Ele diz: grande é o mistério da piedade.
Mas ele não diz apenas isso. Ele mostra qual é o mistério e qual é o foco e o
centro desse mistério. Quando ele diz em 1 Timóteo 3:16: “Aquele que foi
ressuscitado na carne, justificado em Espírito, pregado aos gentios...” ele está
falando de Cristo. Ele está dizendo que a verdade foi totalmente manifestada em
Cristo. Mas nós podemos agora olhar para essa manifestação da verdade, que é
Cristo e podemos ver então algumas facetas centrais dessa verdade. O que Cristo,
que é a verdade, fala sobre essa verdade? Quais as facetas essenciais dessa
verdade? Nós vamos ver que em Cristo - que é a verdade - nós conhecemos a
verdade sobre Deus. Em Cristo - que é a verdade - nós conhecemos a verdade
sobre a encarnação. Em Cristo - que é a verdade - nós conhecemos a verdade
sobre a justificação pela fé. Em Cristo - que é a verdade - nós conhecemos outras
verdades. Nós vamos abordar aqui oito pontos, oito ossos dessa coluna vertebral.
Cada um deles deve ser um ponto em que nós possamos checar nosso espírito,
nossa alma, nossa mente, tudo o que há em nós; se tudo o que há em nós tem
sido regido por esse eixo central.

Irmão! Pense nessa nota que eu coloquei como introdução. Pense nisso! Vá para
casa hoje pensando sobre você. Quem é você como filho de Deus? Você se vê
assim como Paulo falou, usando a figura da Igreja como um todo, é claro? Porque
nós não vivemos vidas individuais. A revelação de Cristo está no Seu Corpo,
sempre no Corpo. Mas nós somos membros individuais desse Corpo que é a
Igreja. Então algo do depósito da verdade está em nós e deve ser evidenciado em
nós, é claro, senão Paulo não iria dizer para Timóteo: Maneja a palavra da
verdade, prega a palavra, seja apto para ensinar, poderoso para convencer os que
se contradizem. Por que é que Paulo era assim tão ousado espiritualmente?
Porque ele compreendia muito bem que o Evangelho não é mais uma doutrina, um
adendo filosófico. Paulo viu o que é o Evangelho. Paulo viu que o Evangelho é
uma espada que corta as pernas de todas as filosofias e faz com que elas se
prostrem por terra, porque essa espada anuncia Cristo, o Filho de Deus. Então
irmão; pense sobre você e ore ao Senhor porque esse é um assunto de oração,
assim como de arrependimento. Ore e peça ao Senhor que não permita que você
seja um ratinho acuado, nem na sua família, nem no meio da sua vizinhança, nem
no seu trabalho, diante dos seus empregados, diante do seu patrão. Mas que você
se veja como aquilo que você é, porque a palavra de Deus te declara assim, um
porta-voz da verdade, uma pessoa que conhece Aquele que é o caminho a
verdade e a vida. Nós somos membros desse Corpo, Igreja do Deus vivo, coluna e
baluarte do Evangelho. Que essa palavra de Paulo a Timóteo soe e retine no seu
ouvido interior. Não te envergonhes do Evangelho.

Irmãos, as pessoas estão morrendo sem Deus. A igreja precisa ser edificada com
o poder da verdade. E nós? Que tipo de resposta temos dado à graça do Senhor.
Será que temos tornado essa graça vã?

“Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no


qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal
como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos
entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo
as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por mais de
quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém
alguns já dormem. Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos
e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de
tempo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser
chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o
que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei
muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1Co
15.1-10).

Veja que Paulo diz que a graça do Senhor que lhe foi dada não se tornou vã.
Significa que ele podia tornar vã a graça de Deus. Eu e você também podemos
tornar vã a graça de Deus. Isto depende da resposta que nós damos a ela.
Depende do nosso arrependimento diante da verdade, depende de como nós
lidamos quando vemos a nós mesmos na nossa atual estatura espiritual. Nós
podemos tornar a graça leviana, a graça vã. A graça é eficaz, mas ela não trabalha
em nós como uma mão manejando uma marionete. Isso não é a graça de Deus
em hipótese alguma. Esse é um ensino extrapolado do hiper calvinismo. Isso não
é doutrina bíblica reformada. Isso é um ultra calvinismo. É até mesmo herético
porque contraria a palavra de Deus. O Senhor não maneja marionetes, mas Ele
estimula a ação em nossas vidas porque tudo começa com Ele. Deus é a única
fonte, o único autor. Tudo provém Dele. Mas mesmo a graça cooperando conosco
de tal forma, nós ainda podemos resistir a ela. Então Paulo diz: Eu não tornei vã a
graça de Deus. Antes, eu trabalhei, trabalhei mais do que todos os apóstolos.
Trabalhei, viajei, preguei, cooperei na edificação das igrejas. Mas para não
acharmos que Paulo estava se gloriando nele mesmo, ele termina o mesmo
versículo falando assim: “Porém não eu, mas a graça de Deus comigo”. Ele não
fala a graça de Deus em mim. Ele fala a graça de Deus comigo. Esse comigo, fala
de cooperação. Paulo tinha certeza de que é Deus quem faz tudo, Ele é a única
fonte de toda ação, de toda a visão, de tudo, mas ele também sabia que essa
graça pode ser tornada vã por nós, se não respondermos a ela. Então ele fala:
“trabalhei mais do que todos eles, não eu, mas a graça de Deus comigo”. Que
coisa importante irmão. Eu creio que antes de entrar no assunto que eu quero
partilhar essa noite e nas outras reuniões queria que você visse isto. Quem é
você? Você é um cooperador da graça? Ou você tem tornado leviana a graça?
Quantas vezes Deus têm te falado sobre os mesmos aspectos da verdade?
Quantas vezes ele tem te pedido a mesma rendição no mesmo assunto? Quantas
vezes Ele tem tocado você no uníssono? A nossa vida muitas vezes não é um
testemunho genuíno do Senhor e não atrai outras vidas porque somos um piano
que só toca o dó. Nós não tocamos uma música porque temos resistido ao falar de
Deus aqui, ali e lá; resistido às notas que Ele tem tocado em nós. E você sabe
muito bem quais as notas que Ele tem tocado em você, as notas que ele tocado na
sua vida familiar, na sua vida no trabalho, na sua vida na Igreja. Você sabe, porque
a palavra diz que todos nós temos unção que vem do Santo e todos temos
conhecimento. Essa unção que Dele recebemos permanece em nós e nos guia em
toda a verdade; é o que João diz na sua epístola. A graça do ensino da unção.

Agora, qual é a nossa resposta a essas notas? Então irmão, em primeiro lugar,
nós precisamos nos encaixar nesse texto de 1Tm 3.14-16. Nós não somos um
povo qualquer; não somos mais uma escola filosófica nesse mundo tão cansado
de tanta filosofia. Nós somos casa do Deus vivo. Nós somos coluna e baluarte da
verdade. O que você acha disso? Esse é você e eu. Então, qual é a nossa
resposta a isso? Quando você está em uma rodinha de amigos, você é capaz de
dar um testemunho digno; você é capaz de pregar a verdade, de colocar a visão
do Senhor? Você é capaz de pelo menos, buscar uma hora, um momento, um
tempo com o Senhor para fazer isso? Tem sensibilidade espiritual? Ou você se
omite, se acua, se ausenta? Irmão, nesse aspecto o papel da Igreja é totalmente
ofensivo. Paulo fala em 2Co 6 que a Igreja tem armas defensivas e ofensivas,
lembra? Nós, como servos de Deus, temos armas defensivas, e temos armas
ofensivas. Claro que tudo ao seu tempo e à sua hora. Mas são armas que
precisam ser manejadas. Então, primeiro busque diante do Senhor seu
enquadramento nesse texto. Quem é você diante desse chamamento de Deus?
Você é um membro desse Corpo. Você foi chamado pelo Senhor! Não foi
chamado por quem está ao seu lado, pelo pregador, pelo fulano, sicrano, pelo livro
que você leu. Você foi chamado por Cristo, o Senhor. Então Pedro diz em 1Pe
3.15: “Santificai a Cristo como Senhor nos vossos corações”. Ele é o único Senhor.
Nós não temos outros senhores. Só um Senhor. Então Pedro diz: “Separai.
Colocai à parte só Cristo como Senhor nos vossos corações, estando sempre
preparados para responder a todo aquele que pedir razão da esperança que há
em vós. Fazendo, todavia com mansidão e temor”. Ele não está dizendo que você
vai ser um arrogante tolo, mas que você vai fazer isso com ousadia, com mansidão
e com temor. Que maravilha, o equilíbrio cristão! Não devemos ser pessoas
inconvenientes, mas responsáveis. Responsáveis e não acuadas. Irmão, você
precisa estar convicto desta verdade. Você faz parte dessa coluna.
Individualmente falando você é uma coluna e um baluarte. O Senhor te separou
para isso. Então, que o Senhor nos ajude pela sua graça a sondarmos esse eixo
central para que o nosso coração possa ser ajudado.

Irmãos, nós só iremos dar algumas pinceladas nessas quatro reuniões. Por
enquanto não dá para fazer mais do que isto. Mas você vai poder levar oito
aspectos para casa depois dessas quatro reuniões para que você esteja
checando, estudando, suando, batalhando. Sabe qual é o segredo para você ser
uma coluna e baluarte da verdade, olhando o aspecto doutrinário da palavra de
Deus? O segredo é: estude, estude, estude. Ninguém conhece por acaso. Gaste
tempo com a palavra de Deus. Medite nela. Ore, estude. Ore, estude. Isso é um
lado. Outro lado é o desenvolvimento dessa vida interior com o Senhor. A vida de
comunhão, a vida de permanecer Nele, de habitar Nele, de morar Nele no cultivo
dessa vida interior para que nós sejamos equilibrados nesses dois braços. Mas
não pense que isso vai vir na sua vida caindo do céu de uma hora para outra.
Você nunca será um verdadeiro sustento, um verdadeiro baluarte se você não
aprender a suar em cima da palavra de Deus; lendo e orando, lendo e orando.
Paulo aconselhou Timóteo a fazer isso. Paulo mesmo fazia isso. Esse velho
homem de Deus, tão amado – já preso - quando escreve sua última carta (2Tm),
diz para Timóteo vir ter com ele depressa porque o inverno estava chegando e ele
estava preso naquela masmorra fria de Roma, aguardando o juízo, onde seria
decapitado durante o império de Nero. E como as coisas se inverteram a partir daí,
não é? Nero era um grande homem naquela época, e Paulo, como ele mesmo diz,
era o lixo do mundo, escória de todos; esse homem, porta-voz da verdade. Mas
hoje, dois mil anos depois, nós colocamos nos nossos filhos o nome de Paulo e
nos nossos cachorros o nome de Nero. Então, quando foi martirizado durante esse
império romano Paulo escreveu em 2Tm 4; ele disse para Timóteo: “Vem ter
comigo depressa”. Porque o inverno se aproxima Paulo lembra de duas coisas:
“Traga-me os pergaminhos, e a minha capa que eu deixei em Trôade”. A capa e os
pergaminhos. Irmãos! Essa era a possessão final desse homem de Deus. Uma
capa, e uns livros. Como esses últimos escritos de Paulo nos envergonham. O que
esse homem de Deus possuía no final da sua vida? Um monte de livros e uma
capa eram do que ele estava sentindo falta lá na prisão antes dele partir para o
Senhor.

Então, que desafio nós temos! Hoje nós temos tido uma profissão de fé superficial.
Vidas medíocres; tantas vezes irresponsáveis à graça do Senhor. Não é verdade?
Porque o Senhor tem em nós, pela sua bondade, o Seu testemunho, Ele colocou
em nós o Seu nome. E por amor do Seu nome Ele tem lidado com as nossas vidas
com longanimidade, porque Ele vai produzir o Seu testemunho na vida da Igreja.
Na verdade Ele já tem feito isso, mas nós precisamos ser desafiados porque o
nosso testemunho é medíocre diante do que a Igreja testemunhou nos séculos
passados. Não estou me referindo aos irmãos especificamente, mas à Igreja em
geral na face da Terra. Então nós só podemos nos dobrar diante do Senhor e pedir
que na Sua misericórdia, que largamente já tem sido derramada sobre nós, Ele
desperte corações que respondam. Essa deve ser a nossa oração. Não é: Senhor
tenha misericórdia, como se Ele não tivesse misericórdia, mas é: Senhor, na Sua
misericórdia, desperte os nossos corações, ganha os nossos corações, levanta os
nossos corações para Ti; tira-nos da apatia, da mesmice, da mediocridade, da
superficialidade. Irmãos, o Senhor tem de alguma forma movido as águas na vida
da Igreja com relação a estes assuntos. O Senhor tem me dado a oportunidade de
estar com muitos irmãos em muitos lugares, e eu tenho visto isso. O Senhor tem
despertado no seu povo um desespero por Ele. Os irmãos não imaginam até que
ponto esse desespero chega. O desespero de uma terra seca. Pessoas que foram
feitas filhos de Deus, mas tem recebido tão pouco alimento, tão pouco alimento
público, tão pouca pregação da palavra genuína, tão pouca visão do Senhor, que
elas estão clamando em desespero pelo Senhor. E elas não querem ouvir fulano
daqui, sicrano de lá, beltrano dali. É desespero por Cristo mesmo, desespero pelo
genuíno, desespero pelo sagrado, desespero pelo Senhor. Graças a Deus, nós
cremos que esse é um preparo para que o Senhor possa realmente, nesses dias
que antecedem a sua vinda, levantar um povo sólido, um povo que tem conteúdo,
um povo que ama o Senhor, um povo que é sustento e que é baluarte, que é
coluna e baluarte. Esse é o nosso desafio nos dias em que vivemos.

Ensino, pregação e doutrinamento nós temos tido muito, mas eu creio que
precisamos pedir ao Senhor que, na Sua e pela Sua misericórdia, nós tenhamos
uma resposta adequada. Então deixe que esse contexto localize você como filho
de Deus. Você não é alguém a mais, você não é um membro a mais, você não é
simplesmente um recém convertido, nada disso. Ou você não é simplesmente um
velho convertido; quem sabe você pensa assim: “Vamos deixar para os mais
novos; nós já somos veteranos de guerra”. Não há isso na casa de Deus. Nós
somos membros de um Corpo, a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da
verdade. Esse é um dos textos mais fortes de todo o Novo Testamento. A Igreja é
a Casa de Deus, é a Igreja do Deus vivo, coluna para sustento, e baluarte para
proclamação da verdade. Agora veja que Paulo, no versículo 15 de 1Tm 3 fala da
verdade. No versículo 16 ele fala da piedade; “grande é o mistério da piedade”. E
depois, no cap 4 verso 1, ele diz: “o espírito afirma expressamente que nos últimos
tempos, alguns apostatarão da fé”. Então podemos ver três coisas aqui que na
verdade são uma só. A verdade, a piedade e a fé. Por isso iremos procurar
passar nessas reuniões, esse eixo central; oito aspectos que são o fundamento da
nossa confissão, o fundamento da nossa fé, ou o fundamento da verdade, o
fundamento da piedade. Todas estas verdades tem relação com o próprio Cristo.
Todavia, não podemos deixar a coisa assim tão global. Precisamos dissecar isso.
Iremos ver quais são as verdades essenciais da nossa confissão; aquilo que nós
não abrimos mão em hipótese alguma; aquilo baseado no qual se outras pessoas
não tem a mesma confissão - preste atenção - elas não podem ser chamadas
irmãos. Não seja universalista em nome do amor porque isso é ecumenismo, e
ecumenismo é você colocar todos os gatos no mesmo balaio; a briga é feia. A
Bíblia não nos ensina a fazer isso. Devemos viver a unidade em torno da verdade.
O que o catolicismo romano faz é colocar a unidade acima da verdade. Então
vamos ser um, e nesse um vale tudo. Então surgem as celebrações ecumênicas,
não é? Podemos observar em formaturas de oitava série, segundo grau e até de
universidades: um sacerdote católico, um representante do budismo, um
representante do judaísmo, um rabino, um pastor protestante, todas as religiões na
celebração ecumênica. Isso não é unidade. Isso é uma perversão. A igreja é
coluna e baluarte da verdade.

Irmão, nós, por natureza, somos a própria mentira em pessoa. Quando falo isto,
não é para que você se orgulhe de você, porque nós, por natureza, somos trevas.
É por causa de Cristo. Em Cristo fomos feitos luz no Senhor (Efésios 5:8). Andai
como filhos da luz. Então nós erguemos a nossa cabeça e por outro lado
dobramos o nosso joelho porque nós reconhecemos que é em Cristo, não é em
mim. “Não é porque eu sou mais espertinho ou tive um ensino de berço muito
adequado”. É GRAÇA. Só graça. Ele nos pôs em Cristo, nós que éramos trevas.
Então nós temos o joelho dobrado e ao mesmo tempo a cabeça erguida. Nós
fomos feitos luz no Senhor, e somos colunas e baluartes da verdade. Uma verdade
inegociável, uma verdade completa. Não sobrou para ninguém. Não sobrou para o
budismo, não sobrou para a filosofia, não sobrou para os islâmicos, não sobrou
para ninguém. A Igreja é a coluna e o baluarte da verdade. E nesse corpo estão
incluídos você e eu. Portanto, isso enche o nosso peito de prazer e de satisfação.
Não é assim com você? Comigo é assim! Que privilégio irmão, que graça
podermos abrir a nossa boca como porta-vozes! Então, todos nós participamos
desse privilégio.

Então, quero que você veja essas três palavrinhas: Verdade (1Tm 3.15), piedade
(1Tm 3.16), e fé (1Tm 4.1). Na Bíblia, a palavra fé é usada em dois sentidos. Ela
tanto pode ser usada como ato de crer; crer no Senhor Jesus. Isso é um ato do
crer; é fé. Como a fé, é também usada na Bíblia no sentido de um depósito. E o
sentido que Paulo usa aqui em 1Tm é este segundo; o do depósito e não do ato de
crer. Quando Paulo diz que alguns apostatarão da fé, - apostatar, significa
literalmente abandonar, se afastar – ele está falando de pessoas que professavam
essa fé. Só Deus sabe em que níveis professavam. Alguns têm problema com
esse texto dizendo assim: “então alguém que se converteu verdadeiramente pode
apostatar da fé?”. Eu creio que sim, por muitos motivos: por não andarem em
temor do Senhor; por não andarem em dependência do Senhor; por se incharem
no seu próprio conhecimento, sem reter a cabeça que é Cristo, e se
desencaminharem, mesmo sendo filhos de Deus. Mas isso não vem ao caso aqui.
O que importa que apostatar é abandonar, tenha tido uma verdadeira realidade ou
não. Mas o que importa é que o Espírito afirma que muitos apostatarão. E aí ele
mostra o motivo: seguir espíritos enganadores. Olhem a palavra “enganadores”. É
obvio que essa expressão está confrontando com a verdade dos versículos
anteriores. Paulo mostra que a fé é um depósito que a Igreja possui. Ninguém
conhece esse assunto de fé a não ser a Igreja. Ninguém conhece esse assunto da
piedade a não ser a Igreja. Ninguém conhece esse assunto da verdade a não ser a
Igreja. Não tem verdade em nenhuma religião ou filosofia a não ser na Igreja,
porque a Igreja é como candelabro; lembra da visão de Ezequiel? Aquele
candelabro era mantido por tubos que o alimentavam com óleo. O Espírito Santo
depositou na Igreja. Paulo chama nesses escritos a Timóteo de o bom depósito.
Guarda o bom depósito mediante o Espírito que habita em nós. Então o Espírito
Santo depositou algo na Igreja. Esse é um depósito sublime, um depósito divino,
esse é um depósito sagrado e santo, e é o que a Bíblia chama de a verdade, ou a
piedade. Então irmão, eu sei que estou gastando muito tempo nisso, mas eu tenho
que gastar, porque se você não ver isso, você não viu nada. Você precisa ver isso,
para que você tenha joelho dobrado e cabeça erguida ao mesmo tempo. Joelhos
dobrados de adoração e agradecimento, porque é por causa do Senhor, só por Ele
e só Nele. E cabeça erguida, porque você foi objeto dessa revelação. Você faz
parte dessa casa do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade. Pense sobre isso.

Iremos agora tomar o restinho do tempo que nos resta. Que coisa é o tempo, não
é? Ainda bem que na Nova Jerusalém não tem tempo. A gente fala, fala, fala e não
consegue sair do começo. Vamos comentar aqui um pouquinho mais. Observe que
em 1Tm 4.1 o Espírito Santo diz: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos
últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos
enganadores e a ensinos de demônios...”. A razão da apostasia é essa: obedecer
a espíritos enganadores. Então há um depósito da verdade que precisa ser
conhecido. Não é ecumênico como nós falamos. É a verdade. Qual é esse
depósito? Paulo era claro quanto a este assunto . A maioria dos textos que nós
vamos examinar durante esses dias estão nas epístolas de Paulo. João era claro,
Pedro era claro. Barnabé era claro, Timóteo era claro, e muitos mais homens de
Deus por toda a história da Igreja foram claros. Centenas de homens e até mesmo
mulheres de Deus eram claras a respeito desse depósito da verdade. E o Senhor
sempre levantou esses apologetas para proclamarem, além de sustentarem esse
depósito. Então esta é a primeira coisa importante para vermos nesse texto. Mas,
a apostasia significa simplesmente abandono. Nada mais do que abandono no
sentido literal dessa palavra.

Vamos observar agora com bastante atenção o versículo 3 de Judas. Queria que
você fosse para casa com isso martelando no seu ouvido. Peça ao Senhor que
faça isso com você. Martelando no seu ouvido tudo o que nós falamos aqui por
quase uma hora. Quem é você? O que em Cristo você foi tornado? Coluna e
baluarte, casa do Deus vivo, porta-voz desse grande mistério! Se você for
examinar essa palavra mistério, e quem sabe nós poderemos examinar isso em
uma outra oportunidade, você vai ver a beleza dessa palavrinha. O mistério que
estivera guardado dos séculos e das gerações, guardado em silêncio nos tempos
eternos, agora foi dado a conhecer. A palavra de Deus é poderosa, maravilhosa e
eficaz. Ela é eficaz porque é uma palavra que proveio do silêncio. Do silêncio
eterno de Deus. Nesse silêncio eterno de Deus havia uma palavra, um Verbo,
Cristo. E um dia essa Palavra foi encarnada, revelada. O Verbo se fez carne e
habitou entre nós. Então agora os apóstolos quando pregam o Evangelho eles
falam assim: o Verbo de Deus se fez carne. Aquele mistério que estava oculto nos
séculos e das gerações agora foi revelado aos santos, apóstolos e profetas, no
espírito. Você vê a beleza disso irmão? Uma palavra que veio lá do silêncio eterno.
Deus um dia falou. Deus tinha falado de muitas maneiras parciais, fragmentárias,
temporárias, transitórias, aos pais pelos profetas, aqui e ali, um pouquinho aqui,
um pouquinho ali, mas nesses últimos dias nos falou no Filho. Nos falou
completamente, nos falou de forma final. O Verbo foi rasgado na Cruz do Calvário.
E o Senhor então rasgou totalmente esse Verbo a nós. Nós temos pouco
conhecido esse Verbo de Deus. Por isso Paulo centraliza o mistério nesse Verbo.
Evidentemente grande é o mistério; aquele que foi manifestado na carne. Qual é o
mistério? O Verbo se fez carne. Ele foi justificado em Espírito, pregado entre os
gentios, crido no mundo, recebido na glória.

Esse é o mistério; o cerne do mistério. E nós então somos os porta-vozes. Irmãos,


não há nada que possa mudar vidas a não ser a pregação do mistério. Tolice se
ocupar com outras coisas. Você pode melhorar a psique de uma pessoa. Faz uma
reforma aqui, uma reforma ali, ensina algumas boas maneiras, dá um pouco mais
de educação; você pode reformar a lanternagem, mas nada pode mudar o homem
a não ser a pregação do Evangelho. É por isso que pregar o Evangelho é a coisa
mais sublime que um homem ou uma mulher podem fazer sobre a face da terra,
porque é a única coisa que pode produzir filhos regenerados para Deus. O resto
faz só retoque de lataria, mas ainda vai para o inferno do mesmo jeito, com lataria
nova. Só o Evangelho produz filhos e filhas de Deus, quando Ele é proclamado.
Irmãos! Sabe porque às vezes somos tão defeituosos na proclamação do
Evangelho? Porque o Evangelho às vezes para nós é como um ratinho e não
como um leão. Um leão não precisa ser defendido. Ele precisa ser solto. Basta
você abrir a porta da jaula e ele toma conta de si mesmo. A Palavra de Deus
precisa ser proclamada. E ela cuida de si mesma. Ela tem poder para convencer,
poder para repreender, poder para regenerar, poder para edificar, poder para
transformar, poder para libertar, poder para salvar. Basta que ela seja solta. E nós,
como igrejas de Deus, nós somos como baluartes, colunas. Que benção! Foi isso
que o Senhor te tornou, pela graça de Deus em Cristo. Amém.

Vamos então ler o texto de Judas: “Amados, quando empregava toda a diligência
em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a
corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé
que uma vez por todas foi entregue aos santos. 4 Pois certos indivíduos se
introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente
pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em
libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor,
Jesus Cristo” (Jd 3,4).

A intenção de Judas ao escrever uma epístola era fazer um tratado sobre a fé. Era
quem sabe fazer o que eu vou procurar fazer durante as reuniões, colocando ali o
eixo central da nossa confissão de fé. Ele chamou isso de escrevermos acerca da
nossa comum salvação. Salvação é uma palavra muito grande na Bíblia. Salvação
fala de regeneração, de justificação, de santificação, de glorificação; salvação é
tudo isso. Então Judas queria escrever sobre a nossa comum salvação. É muito
assunto. Paulo escreveu sobre isso em Romanos. Gastou 16 capítulos. Falou tudo
sobre a nossa salvação. Então Judas queria escrever um tratado sobre a salvação,
mais ou menos como Romanos. Mas olhe que interessante. Ele fala que se sentiu
constrangido. É como se o Espírito Santo pegando Judas falasse assim: Judas!
Não é isso que eu quero que você faça. Você vai escrever uma “pequena epístola”
de vinte e cinco versículos. Vão ser as suas únicas palavras na Bíblia. Vinte e
cinco versículos, mas vinte e cinco versículos arrasadores. É como uma pílula para
se dormir uma semana. Então Judas escreve vinte e cinco versículos arrasadores.
Ele diz: “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da
nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco,
exortando-vos a batalhardes(baluarte) diligentemente, pela fé”. Ele não escreve
um tratado, mas uma exortação. Veja o peso irmão. Se você acha que a epístola
aos Romanos com seus dezesseis capítulos é pesada, não dê peso diferente para
Judas, porque Judas ia, quem sabe, escrever um tratado de dezesseis capítulos,
mas o Espírito Santo o pegou e falou: você vai falar vinte e cinco versículos que
tem o mesmo texto, a mesma potência, o mesmo valor.

Olhe então qual é a exortação de Judas que tem esse peso. Você vai ver que seis
vezes, ele usa nessa epístola a palavra guardar. É a palavra chave da epístola de
Judas. A idéia é guardar o evangelho; guardar o amor de Deus; Deus vai nos
guardar de tropeço; guardar-nos na fé. As palavras – usadas por Paulo - piedade,
verdade, depósito, bom depósito são intercambiáveis. Judas também está falando
de algo santo e sublime que foi depositado na Igreja. Estava no próprio coração de
Deus. Era um mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, mas agora, é um
mistério rasgado, um mistério revelado; Cristo. E há facetas específicas dentro
desse mistério. Um depósito que de uma vez por todas foi entregue aos santos.
Que maravilha irmão! Eu e você estamos incluídos nisso! A Igreja não é um ramo
de filosofia. A Igreja é a verdade porque ela tem Cristo. Ela proclama a verdade.
Ela é a expressão da verdade. Vejamos agora o versículo 4 de Judas: “Pois certos
indivíduos se introduziram com dissimulação...”. Veja que idéia interessante. Veja
o que fulano está falando, mas olha aqui o rabino, olhe aqui o budista, olhe aqui o
Dalai Lama – certos indivíduos se introduziram com dissimulação - no tempo deles
trazendo elementos gnósticos, elementos do judaísmo; “... os quais, desde muito,
foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que
transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único
Soberano e Senhor, Jesus Cristo”. Que texto de peso! Judas está falando sobre
esse depósito, essa fé, que tem que ser conhecida é claro. Conhecida, sustentada
e proclamada pela Igreja. Então esse é o nosso desafio como Igreja. Que todos
nós estejamos diante do Senhor nesses dias em que passaremos juntos, para que
o Senhor possa literalmente rasgar diante dos nossos olhos, dos olhos do nosso
espírito e do nosso coração, esse mistério que é Cristo.

Então vamos ver quais são os ossos dessa coluna vertebral, qual que é o eixo
central dessa nossa confissão. Quais são essas verdades essenciais que são
inegociáveis, verdades que ninguém que não as confesse, pode ser chamado de
irmão, ou de filho de Deus, porque elas são a essência, o fundamento. Então que
o Senhor nos ajude a ter a nossa própria vida checada, estruturada, estabelecida e
ousada, responsável diante de tão grande testemunho que foi confiado a nós.
Irmão! Você faz parte disso. Não se omita. Este é um santo privilégio. Considere
isso diante do Senhor. Amém!?

Vamos orar:

Ó Pai, ajude-nos Senhor a darmos a Ti uma resposta muito mais plena, do que os
nossos corações, a tudo aquilo que o Senhor já tem tocado em nós. Essas notas
que o Senhor tem tangido no nosso espírito, no nosso coração, na nossa
consciência. Ó Senhor. O Senhor já nos tem dado plenamente da sua graça e da
tua misericórdia, e nós queremos e pedimos a Ti que despertes em nós essa
resposta mais completa Senhor, para que não tornemos leviana ou vã, a graça de
Deus. Possamos desenvolver a nossa salvação, com temor e tremor. Não nos
deixe encastelados no nosso egocentrismo, Senhor. Não nos deixe escondidos
atrás de disfarces e justificativas, mas pela tua misericórdia, despe-nos diante de
teus próprios olhos para que nós vejamos o quanto carecemos de ser revestidos
de Ti. Muito obrigado por termos o privilégio de sermos a casa do Senhor, a igreja
do Deus vivo, a coluna e o baluarte da verdade. Desafia o nosso coração Senhor,
nós te pedimos. Desafia-nos. Encha-nos com esse santo privilégio de termos sido
feitos filhos de Deus, um povo Teu. Nós te pedimos em nome de Jesus. Amém.

Romeu Bornelli

Fonte: Texto "adaptado" do estudo (em áudio) “Fundamentos da nossa


confissão”, ministrado pelo irmão Romeu Bornelli.

http://exaltandoosenhor-estudo.blogspot.com/2008/09/fundamentos-da-nossa-confisso.html

2 – Trindade
Querido Pai. Em nome de Jesus nos reunimos. Nome doce, sublime, santo; nome
que nos dá prazer. Nós queremos te pedir, pela tua bondade, que o Senhor nos dê
o privilégio de podermos ver algo mais da Tua gloriosa Pessoa enquanto
estudamos a Tua palavra. Somos pobres e cegos, mas no Senhor nos tornou
filhos, nos deu a Tua luz, nos enriqueceu com a Tua própria Pessoa em Teu Filho.
Em Ti estão todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Pedimos que o
Senhor abra um pouco dessas Tuas câmaras do tesouro nessa noite para nós,
para que possamos ver algo mais da glória do Senhor. Te pedimos Senhor,
esperando tudo de Ti, em Ti e para Ti. Em nome de Jesus, amém”.

Vamos ler dois textos antes de prosseguirmos com o estudo que iniciamos na
reunião anterior a respeito dos Fundamentos da nossa Confissão. Por favor,
abram a Bíblia no capítulo 6 do Evangelho de Lucas. Vamos ler a partir do verso
46:

“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Todo
aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei
a quem é semelhante. É semelhante a um homem que, edificando uma casa,
cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente,
arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem
construída. Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou
uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo
desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa” (Lc 6.46-49).

Vamos ler também o texto que lemos na reunião anterior:

“Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar,


fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus
vivo, coluna e baluarte da verdade. Evidentemente, grande é o mistério da
piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito,
contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na
glória (1Tm 3.14-16).

Irmãos! O Senhor depositou, de uma forma bem definida e clara, um encargo no


meu coração para estar partilhando com vocês a respeito da visão dos alicerces
da nossa confissão. Na reunião anterior nos valemos do texto acima, mostrando
aos irmãos a importância de algumas palavras chaves nesse pequeno contexto.
Mostramos que quando Paulo fala que a Igreja é a casa de Deus, mostra algumas
expressões muito claras do significado dessa tremenda realidade. Ela é a Igreja de
Deus. Ela é a casa de Deus. A Igreja é a habitação de Deus. E Paulo não pára aí.
Ele diz que ela é coluna e baluarte da verdade.

Eu não sei com relação a você, mas este é um texto que pesa tremendamente, em
termos de desafio, em termos de conquista, em meu próprio coração. A Igreja é
casa de Deus. E como casa de Deus é coluna e baluarte da verdade. Não de uma
verdade, não de um ângulo da verdade, mas “de toda a verdade”. A verdade, no
singular, se refere então à verdade a respeito de Deus, de como Ele tem se
revelado a nós. Deus e os seus propósitos eternos. Então nós iremos procurar
extrair alicerces desse foco. Assim como em um corpo existe um esqueleto que
matem a sua sustentação, na revelação da palavra de Deus existem verdades que
são essenciais. Um corpo de verdade. Nenhuma mais importante do que outra.
Algumas são essenciais e outras são periféricas. Cada uma no seu devido lugar
tem o seu devido valor, assim como em uma casa. Em uma casa, uma mesa não é
propriamente essencial. Você pode comer com o prato na mão ou assentado em
uma cadeira. Mas a mesa tem um lugar importante na casa, embora não
essencial, mas importante, no seu devido lugar, assim como a cadeira e todos os
demais utensílios. No entanto os alicerces da casa são singulares. Se nós não
temos alicerces o que é que nos adianta uma mesa e uma cadeira? Assim, no
corpo de verdade da palavra de Deus existem verdades que são alicerces. E se
nós não temos o alicerce, de que nos adiantam pequenas compressões? De que
nos adianta saber o que é ministério, o que é dom, ou o que é isso, ou o que é
aquilo? Então, quão necessário é ver aquilo que é essencial? O Espírito Santo
nesses dias tem chamado o povo de Deus para o que é essencial. Porque satanás
tem pleiteado não por aquilo que não é essencial, mas contra aquilo que é
essencial. Então, o encargo do meu coração depositado pelo Senhor é mostrar
para os irmãos qual é essa coluna vertebral; quais são esses alicerces que se
referem então à pessoa do Senhor, ao seu plano eterno e à sua revelação. Sem as
verdades absolutas e essenciais que Ele nos revelou não podemos nos chamar,
com propriedade, de cristãos. E nem podemos chamar a outros de irmãos, se
estes não compactuam do mesmo corpo de verdade, porque não são irmãos. Nós
precisamos ter isso muito definido nos nossos corações. Quem não compartilha
destas verdades não conhece a Deus.

Então, nós vamos ver um corpo, uma coluna vertebral de oito alicerces. Oito
verdades essenciais que constituem o fundamento da nossa confissão. Queria
dizer que quanto mais nós conhecemos os irmãos aqui ou ali, mais vemos a
carência desses alicerces. São pessoas que, em primeiro lugar, tem o Senhor. Em
segundo lugar, amam o Senhor, e em terceiro lugar, buscam o Senhor. Mas há
alguma coisa faltando no meio desse amor, dessa devoção, desse desejo para
com o Senhor: é a falta de alicerce. São pessoas que no maior zelo e no maior
interesse pelo próprio Senhor, de alguma maneira, podem ser confundidas. Podem
ser até mesmo enganadas, e na melhor das hipóteses, estarão sem poder de
testemunho, sem aquele fundamento nas suas próprias vidas que exalam o frescor
do conhecimento sólido da vida de Cristo. E isso faz muita diferença no
testemunho cristão. Uma criança sempre expressa algo da realidade da sua
família. Se ela compreende um pouco de obediência, irá mostrá-la; se ela
compreende um pouco de autoridade, irá mostrá-la; se ela compreende um pouco
de disciplina, irá mostrá-la. Mas, se você quiser conhecer o caráter daquela
família, não olhe propriamente para os filhos. Olhe, em primeiro lugar, para os
pais. Quem são os pais; o que eles pensam; como é que eles vivem? Na vida
cristã também é assim. Porque é a partir dessa base que os filhos refletem os
alicerces da casa de Deus. Então nós deixamos de ter verdadeiro poder de
testemunho quando a nossa vida não é amadurecida, quando ela não tem
alicerces sólidos, alicerces pelos quais nós vivemos e pelos quais nós devemos
morrer: a base da nossa confissão.

A Bíblia é muito clara em lançar esses alicerces, e o nosso coração ganha


robustez e beleza sobre eles. Há duas coisas na palavra de Deus que sempre
andam juntas. Deus nunca separa edificação de glória. Pelo contrário, Ele sempre
une as duas coisas. A glória está ligada à edificação. Sem a edificação não há
glória. Assim é em nossa vida individual, familiar e na vida da Igreja, que é a casa
de Deus. Então Deus edifica a Sua Igreja sobre alicerces sólidos para que ela
tenha a beleza dessa solidez, a beleza dessa cidade compacta. Lembram do
Salmo 122 que fala de Jerusalém, profeticamente se referindo à Igreja? Jerusalém
que está edificada sobre os montes, como uma cidade compacta. Os muros de
Jerusalém são louvados. Então isso fala de uma edificação sólida. Olhe esse texto
de Lucas que nós acabamos de ler! A insensatez de um homem que edifica a sua
casa sobre a areia. Ela não subsiste à prova. Mas há sabedoria sobre aquele que
edifica sobre a rocha. Ele cava na areia, procura a rocha, e lança os alicerces. Isto
é muito interessante porque ele não coloca a rocha ali. A rocha já está ali. Assim
também, nós não tornamos o Senhor, o nosso alicerce. Ele é o Alicerce. Ele é a
Rocha dos séculos. Qual é o nosso compromisso? Cavar. Tirar areia. Procurar a
Rocha e sobre ela lançarmos os nossos alicerces. Como é que nós fazemos isso?
Através do estudo da palavra de Deus. Paulo diz em Efésios 3.8 que todo o seu
ministério como apóstolo, tinha essa finalidade.

“A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os
gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo e
demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos,
esteve oculto em Deus, que tudo criou;...” (Ef 3.8,9).

“A mim, o menor de todos os santos, foi dada esta graça”. Qual a graça? Pregar o
evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifestar qual seja a
dispensação desse ministério. Era isto que enchia a vida de Paulo. Em Timóteo
também vemos a palavra mistério. Fala daquele mistério de Deus. Mas este não é
algo esotérico, não é algo oculto que só pode ser conhecido por alguma sabedoria
especial. Muito pelo contrário. Paulo está dizendo que esse mistério foi
dispensado, dado, revelado, aos santos, apóstolos e profetas no Espírito. E ele diz
que é um deles. A mim me foi dada essa graça.

Então, os irmãos estão vendo o que a pregação do Evangelho faz? A pregação do


Evangelho não é para divertir as pessoas. A pregação do Evangelho não é para
você se sentir melhor. A pregação do Evangelho não é para você se sair embalado
daqui, quase dormindo, para chegar na sua casa e deitar na cama. A pregação do
Evangelho é para te desafiar. A pregação do Evangelho é para te incomodar. A
pregação do Evangelho é para mostrar quais são as realidades de Deus, a nossa
própria realidade, e a relação que existe entre essas duas realidades. Deus e eu.
Deus e você. Deus e a Igreja. Deus e a Sua casa que é a Igreja. Então a pregação
do Evangelho manifesta o mistério desde os tempos ocultos em Deus, que Paulo
chama em Efésios 3 de insondáveis. Nós não podíamos ir lá. Ele é quem tinha que
vir aqui. O Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e
vimos a sua glória. Nós não podíamos ir lá, porque as riquezas são insondáveis.
Não existe sabedoria especial, não existe iluminação especial, não existe um grau
de entendimento especial. Não existe nada que possa alcançar esse nível de
verdade; a verdade eterna absoluta que está em Cristo Jesus que é o próprio
Deus. Então irmãos, essa verdade foi depositada na Igreja. Quão importante é
isto? É isto que está escrito em 1Tm 3: A Igreja é casa de Deus. Deus não habita
em todos os lugares. Deus habita em Sua casa. Ele está em todos lugares porque
Ele é imanente, além de transcendente. Mas a palavra que se refere à habitação
fala de morada. Eu também posso passar em muitas ruas em São Lourenço, mas
eu moro em minha casa. Deus habita na Igreja embora a Sua presença e Seus
olhos alcancem todos os lugares. Até o inferno Ele conhece. Mas Ele habita na
Igreja. A Igreja é a Sua casa. Então Paulo diz assim: além de casa, habitação do
Deus Vivo, Sua morada é coluna. Coluna fala de sustento. Mas também é
baluarte. Baluarte fala de proclamação, anúncio. A Igreja sustenta, anuncia e
proclama. O quê? A Verdade.
Na reunião passada nós falamos que “a verdade” se refere a um corpo de
doutrinas. Ela é usada através de outros termos que nos ajudam a entender. Em
1Tm 3 Paulo usa o termo piedade. Grande é o mistério da piedade. Aquele que foi
manifestado na carne, justificado em espírito, se refere a este Senhor que é a
própria verdade: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Conhecereis a verdade e
a verdade vos libertará”. Então esse Senhor que é a verdade se fez carne e
habitou entre nós. Grande é o mistério da verdade, ou da piedade; aquele que foi
manifestado na carne; o verbo que se fez carne. Paulo usa a palavra mistério em
vários contextos nas escrituras, sempre se referindo a algo oculto em Deus, mas
que agora foi plenamente revelado. O mistério do Evangelho, o mistério da
piedade, o mistério de Deus, o mistério do reino dos céus, o mistério do
matrimônio, o mistério da sabedoria de Deus outrora oculta (1Co 2).

Em muitos contextos, veremos essa palavra sempre se referindo a algo eterno,


santo e glorioso, guardado no coração de Deus e plenamente revelado em Cristo.
Plenamente revelado não a todos, mas a quem? A esse povo que Paulo chama
em Timóteo de casa de Deus, coluna e baluarte da verdade. Então nós
terminamos a reunião anterior mostrando aos irmãos, que se você não tiver um
senso adequado de quem você é, como membro desse corpo, você então não tem
nada, você é simplesmente um religioso, praticante do protestantismo, que está
em uma condição muito infeliz porque Deus te fez algo muito maior do que isso,
Deus te fez membro do corpo de Cristo, casa de Deus, participante da casa de
Deus que é coluna e baluarte da verdade. A verdade não está em todo lugar, um
pouco aqui e um pouco ali. A verdade está na Igreja de Deus. Irmão. Você sente o
peso disso? Você sente que você faz parte disso porque você nasceu de novo?
Você sabe que você faz parte disso? Que você crê, eu penso que você creia, se
não o que é que você está fazendo aqui? Mas você sabe no seu coração, que o
Espírito Santo habita em você para isso, que você é parte desse testemunho,
coluna e baluarte para sustentar e para proclamar? Grande é esse mistério, esse
mistério da piedade. Então irmãos, essa é a Igreja, a casa de Deus.

Portanto, a nossa ocupação quando pregamos o Evangelho, quando repartimos a


palavra de Deus uns com os outros, de alguma forma, é estarmos aprendendo
sobre esses alicerces. E os irmãos irão ver que há pelo menos oito elementos. Nós
iremos procurar isolar oito verdades inegociáveis que formam esse esqueleto
(alicerce). São verdades claras. Alicerces da nossa confissão. Sem os quais a
casa de Deus não pode ser edificada, e sem essa edificação nunca haverá glória.
Comprar dez milheiros de tijolos e jogar em um terreno não significa ter uma casa.
É preciso rasgar as bases, chamar os construtores e edificar os tijolos para se
fazer uma linda casa. Há muita diferença. Dez milheiros de tijolos em um terreno
não são uma casa. Hoje, de modo geral, o cristianismo tem se parecido muito mais
a dez milheiros de tijolos em um terreno do que uma gloriosa casa.

E como iremos resgatar os alicerces? Não podemos começar uma construção pela
janela. Nós não vamos dependurar a janela no ar. Nós vamos resgatar os
alicerces, para que o Senhor leve os nossos corações a uma profunda solidez
Nele mesmo e nas verdades reveladas na Sua palavra. Quão importante é isso?
Irmãos! O inimigo tem pelejado contra os alicerces. Se você quer derrubar uma
casa, não balance a janela, balance as colunas que você derruba a casa. Então o
Senhor depositou de uma forma constrangedora, em meu coração, essa questão
dos alicerces, para compartilharmos durante um bom tempo. Estaremos fazendo
quatro reuniões de introdução, por enquanto. Vamos prosseguir.

Irmãos. Iremos ver cada alicerce de uma vez. Mas, para que não fiquem muito
curiosos direi quais são os oito alicerces.

O primeiro alicerce da casa de Deus é a revelação da Trindade. Esse alicerce tem


sido profundamente atacado pelo diabo. Os desvios com relação a essa verdade
podem nos levar até mesmo a perdermos completamente a visão do Deus da
Bíblia, do Deus que Se revela como o único Deus em três Pessoas.

O segundo grande alicerce é a verdade da Encarnação. Esse é um alicerce que o


diabo sempre pelejou. Você se lembra dos escritos de João nos primeiros séculos.
“Todo espírito que não confessa que Jesus veio em carne não é de Deus. Esse é o
espírito do anticristo que nega o Pai e nega o Filho” (1 e 2 Jo). Nós não cremos em
um Deus supremo arquiteto - esse é o deus dos filósofos, dos pensadores; um
deus impessoal. Nós cremos em Deus como revelado em Cristo, no tempo e na
história. “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Quando Pedro falou isso,
o Senhor disse que ele era um bem aventurado, porque não poderia saber disso
se o Pai que está nos céus não tivesse revelado. O Verbo se fez carne. Isto é
Encarnação. Deus entrou no tempo e na história. Isto tem toda uma implicação. É
por causa disto que nós podemos ser salvos. Porque um deus supremo arquiteto
não salva ninguém. Mas o Deus que entra na história e assume o nosso pecado,
nos salva.

O terceiro alicerce é a Expiação. O Verbo se fez carne não apenas para viver uma
vida humana, realizar milagres, curas, ensinar, trazer modelo. Quantos falam isso,
irmãos! Quantos já descambaram a muito tempo do verdadeiro Evangelho por
causa da perda deste alicerce? Muitos vêem em Jesus Cristo apenas um modelo.
Quem é Jesus? Jesus é Deus? Sim! Jesus é Deus. É o Verbo que se fez carne?
Sim! Ele é o Verbo que se fez carne. É o Filho de Deus? Sim! Ele é o Filho de
Deus. E Ele veio a Terra apenas como um exemplo a ser imitado? Não!
Definitivamente não. Isso fere o Evangelho, porque Ele não veio apenas para dar
exemplo. Ele veio a essa terra para morrer. “Se o grão de trigo, caindo em terra
(encarnação) não morrer (expiação) fica só”. Deus nunca poderia ter uma espiga
de grãos se Aquele Grão não fosse semeado. A Bíblia chama essa verdade de
Expiação. O que é que é expiar? Literalmente falando, é tirar a culpa. Nossa culpa
foi lançada sobre Ele. O Justo foi oferecido pelos injustos para nos conduzir a
Deus. Não é isso que Pedro disse? “Pois também Cristo morreu, uma única vez,
pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na
carne, mas vivificado no espírito” (1Pe 3.18). Todos os salvos em Cristo Jesus,
todos aqueles que confessam que Jesus é o Filho de Deus precisam entender a
respeito deste fundamento. Porque nós somos salvos pela Expiação, pois sem
derramamento de sangue não há remissão.

O quarto alicerce é a Justificação pela Fé. Expiação é o que o Senhor Jesus fez
na cruz do calvário. Agora, como podemos nos apropriar daquilo que Ele fez?
Como podemos nos valer da justiça Dele? Nós sabemos que não podemos nos
justificar. Apesar de muitos pregarem a justificação pelas obras. Não somos
justificados pelas nossas obras. Nós não somos salvos por religião, por educação
ou por conhecimento. Nós somos justificados pela Fé em Cristo. Esse fundamental
alicerce foi usado pelo Senhor como uma espada nas mãos de Lutero. Calvino foi
o teólogo da reforma e Lutero foi o guerreiro da reforma. Ele levantou a sua
espada e lutou contra a visão romanista da justificação pelas obras, contra as
indulgências, penitências, e etc. Nós somos justificados somente pela fé em Cristo
Jesus, nosso Senhor. “Justificados, pois pela fé, temos paz com Deus por meio de
Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5:1).

O quinto alicerce é a Ressurreição. É claro que todos os alicerces dos quais


estamos tratando estão intimamente relacionados. Se Cristo tivesse apenas
realizado Expiação, e não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã. Satanás
combateu contra todos estes alicerces, e peleja até hoje para que a Igreja não
tome posse destas verdades. Leia a história da Igreja e ficarão impressionados.
Algumas pessoas afirmavam que o corpo de Jesus havia sido comido por
cachorros, e por isso o Seu corpo nunca fora encontrado. Alguns diziam que os
Seus discípulos haviam aberto o túmulo e roubado o Seu corpo depois que Ele
morreu. Mas o testemunho da Ressurreição de Cristo é tão claro na Bíblia, na
pregação apostólica! Lembram da primeira pregação de Pedro nos Atos dos
apóstolos? “Este Jesus que vós crucificastes, Deus o ressuscitou e o fez Senhor e
Cristo” (Atos 2:36). Nós fomos salvos porque a Ressurreição é a prova de que
Deus aceitou o sacrifício de Cristo como plenamente suficiente. Se o sacrifício de
Cristo tivesse alguma coisa a desejar, Ele não ressuscitaria. Os irmãos
compreendem isso? Ele só ressuscitou porque Ele é Santo e porque o Seu
sacrifício foi completamente suficiente. Se Ele tivesse alguma coisa a ver com o
pecado, a morte retê-lo-ia, porque o pecado reina no império da morte. Portanto se
Jesus tivesse qualquer tipo de pecado, seja em pensamento, em motivação interior
ou exterior, mácula ou defeito, Ele seria retido pela morte. A morte O prenderia
com os seus grilhões. Então Pedro, quando prega aquela mensagem em Atos, diz
assim: “Ele não podia ser retido pela morte”. Lembra? Rompeu os grilhões da
morte porque não era possível ser retido por ela. Então irmãos, a Ressurreição é o
grande aval de Deus. Qual é a segurança que temos de que Jesus nos substituiu
na cruz do Calvário? O que precisamos para ter esta segurança? Crer que Deus
Ressuscitou a Cristo dentre os mortos. No capítulo 4 de Romanos Paulo diz que a
justiça foi imputada a Abraão pela fé e não pelas obras. E isto não foi escrito
apenas por causa de Abraão, mas também por nossa causa. Portanto precisamos
crer em Deus; crer que Jesus Se fez carne, desceu até a sepultura e foi
ressuscitado pelo Pai. Este é o foco da nossa fé. Jesus foi entregue por causa das
nossas transgressões (expiação), e por causa da nossa justificação, Ele
ressuscitou. Então se Cristo não tivesse ressuscitado, nós não poderíamos ser
justificados.

O sexto alicerce é o Espírito Santo. Quanta confusão existe no meio da Igreja em


torno do Espírito Santo? Alguns nem se interessam por esta Pessoa. Alguns nem
crêem que Ele é Deus! Deus com Deus. Outros se confundem tanto a respeito do
Espírito Santo que se perdem num completo misticismo. Mas esta verdade, este
fundamento, é essencial na vida da Igreja. Se nós nos perdemos com relação a
isto, teremos muitos problemas no exercício do ministério, na vida do Corpo de
Cristo. Nos perderemos completamente no exercício dos dons. Voltaremos a falar
sobre este alicerce.

O sétimo alicerce é o Corpo de Cristo: a Igreja. Irmãos! Quanto absurdos temos


ouvido a respeito da Igreja hoje em dia! “Igreja é isso, igreja é aquilo. Para ser
igreja tem que praticar isso, para ser igreja se fala assim, se vive assim. A igreja
tem esse e aquele fundamento. A minha igreja tem uma base presbiteriana, ou
batista, ou metodista, e etc”. Mas, na verdade o que é a Igreja bíblica? Porque
você não vê presbiterianismo, batismo, metodismo na Bíblia. Você só vê a Igreja!
Então o que é a Igreja? A Igreja é a casa de Deus! A Igreja é o corpo de Cristo! O
pelejar de Satanás em torno desse alicerce é imenso também. Ele lança pessoas
umas contra as outras. “Olhe aqui a minha estrutura eclesiástica. Ela é melhor do
que a sua. Ela funciona melhor”. Todo esse assunto de igreja se torna tão confuso.
E na palavra de Deus ele é tão simples! A Igreja é composta de todos aqueles que
verdadeiramente crêem em Cristo Jesus. Naquele que Se fez carne, que morreu,
que ressuscitou, que derramou o seu Espírito para habitar na Sua casa, a Sua
Igreja. Todos os que confessam este Senhor, são irmãos. Todos devem viver
juntos. Todos devem se amar e se servir. Existem algumas questões específicas e
práticas a respeito da Igreja. Questões que são simples, se não colocarmos as
nossas mãos medonhas nelas. Mas, se colocarmos as nossas mãos, e
começarmos a sistematizar, estruturar e institucionalizar, iremos bagunçar e
deformar toda esta maravilhosa realidade chamada Igreja. E ela vai se tornar
apenas uma estrutura, uma instituição, uma denominação, sem realidade e sem
vida. E assim deixaremos de gozar da simplicidade e pureza de Cristo.

O oitavo alicerce é o Supremo Propósito de Deus. Iremos tocar neste alicerce


com mais detalhes. Nós precisamos de uma clara visão do Supremo Propósito de
Deus. Não basta apenas Trindade, Encarnação, Expiação, Ressurreição,
Justificação pela Fé. Precisamos de uma visão do Supremo Propósito de Deus
para não nos perdermos na nossa vida, na nossa prática, seja individual, familiar
ou corporativa. Nesses últimos tempos o Senhor vem restaurando a Sua palavra
no meio do seu povo. Com a ajuda do d’Ele iremos perceber que há uma
seqüência lógica nesta restauração. Ele está restaurando as verdades essenciais
contidas na revelação bíblica. E qual é a primeira verdade essencial revelada na
Bíblia? É a Trindade. Depois vem a Encarnação de Cristo. Não podemos entender
a Encarnação sem entender a Trindade. Do contrário, falharemos na visão da
Cruz, da Expiação, da Justificação, da Ressurreição e etc. Deus começou a
reconstruir e a restaurar a Sua casa. O Senhor disse para Pedro: “Eu edificarei a
minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Então irmãos,
quando olhamos para esses dois mil anos de história da Igreja, podemos ver que o
Senhor está cumprindo exatamente o que Ele falou. Todo aquele vigor, aquele
poder, aquela realidade que os apóstolos tinham no primeiro século foi perdida.
Veio o segundo século, o terceiro, o quarto com Constantino oficializando o
cristianismo como principal religião do império romano. Que coisa bacana! Agora
todo cidadão romano é um cristão, e todos aqueles que a partir de então nascer
nesse império será batizado como tal. Mas, a Bíblia não diz isso. A Bíblia não diz
que quem nasce no império romano é cristão. A Bíblia diz que quem nasce da
água e do Espírito é cristão. Quem nasce de novo é cristão. Constantino
encorajava as pessoas a se batizarem. Oferecia uma moeda de prata e uma muda
de roupa para quem quisesse se batizar. Então todo aquele paganismo agora
passou a ter o nome de cristianismo. Mas era só o nome. O nome era cristianismo,
mas a realidade era paganismo. Porque a verdade do novo nascimento foi perdida.

Mas Deus levantou homens através dos quais Ele começou a restaurar as
verdades perdidas. E se você olhar, foi exatamente no quarto século, no Concílio
de Nicéia, e depois no Concílio de Constantinopla. Os dois mais importantes
concílios daquele século. Nicéia no ano 325 e Constantinopla no ano 381. Qual é a
verdade essencial resgatada por esses Concílios? Uma só. A Trindade. Deus não
poderia começar pelo meio, ou fim. Então Ele levantou homens para resgatar essa
primeira verdade, a Trindade. Deus é uno, um único Deus, mas Ele subsiste em
três Pessoas. Qual a relação entre Elas? Como Elas subsistem? Na próxima
reunião nós vamos procurar mostrar porque isso é tão essencial. Mas então
irmãos, quando você acompanha a história, você vai vendo essa mesma
seqüência, até chegarmos hoje, nesse oitavo alicerce que eu citei, o Supremo
Propósito de Deus. Podemos ver como Deus levantou homens nesse sentido:
Austin Sparks, Watchman Nee; alguns vivos ainda hoje: Stephen Kaung, Devern
Fronke. Deus tem levantado esses irmãos com clareza a respeito do Supremo
Propósito de Deus. Nós cremos que o Senhor realmente está às portas, porque a
ocupação do Senhor, através desses homens, tem sido resgatar esse último
alicerce, o Supremo Propósito, já que de modo geral, todos os outros já foram
resgatados. É claro que em cada geração o Senhor, pela sua bondade, opera
novamente. Todas essas verdades - a Trindade, a Encarnação, a Expiação, a
Justificação pela fé - já foram resgatadas na história da Igreja. Mas em cada
geração há a necessidade dessa restauração, pois não nascemos conhecendo
isto. Portanto, precisamos fazer uma importante consideração. Colocaremos a
Bíblia como um apêndice dentro do Supremo Propósito de Deus. Porque a Palavra
escrita é um alicerce.

Nos últimos dias, principalmente a partir do século 19, surgiu uma corrente
chamada modernista, ou liberal, dentro da Igreja. Esta tem sido um instrumento
nas mãos do diabo para confundir os santos. “Pregadores” usam a Bíblia, mas são
liberais na sua visão doutrinária. Dizem que a Bíblia não é a palavra de Deus, mas
contém a palavra de Deus. Segundo esses pregadores, na Bíblia existem textos
inspirados e textos não inspirados. Assim sendo, é possível exercer a sua própria
crítica e juízo sobre o que é inspirado e o que não é inspirado. Desta forma
perderíamos toda a realidade da ação da palavra de Deus sobre nós, pois
passaríamos a ser juízes dela, em vez de sermos julgados por ela (Jo 12.48).
Devemos sempre estar submisso à autoridade infalível da palavra de Deus. Então
o Senhor tem levantado alguns homens que têm pleiteado com relação a esse
assunto da inerrância Bíblica, da infalibilidade e da inspiração plenária das
Escrituras Sagradas. E como nós temos necessidade disso? Como você vê a
Bíblia? Qual valor você dá a ela? Alguns têm vergonha de andar com a Bíblia na
mão? Será que você tem visto bem esse livro, irmão? Há mais de duzentos anos
atrás houve uma perseguição na Inglaterra, durante o reinado de Maria 1ª,
chamada “A sanguinária”. Sabem o que ela mandava fazer? Que todos aqueles
que professavam o nome de Jesus fossem mortos, e que seu sangue fosse
recolhido em uma bacia, para que a sua Bíblia fosse mergulhada nele. A ira dessa
mulher contra o testemunho de Cristo na vida dos cristãos e contra a Palavra de
Deus era muito grande. Eu li um livro há pouco tempo, e nele, o irmão disse que
teve o privilégio de manusear uma dessas Bíblias que tinha esse sangue seco de
quase trezentos anos; uma das bíblias que foi mergulhada no sangue desses
mártires. Satanás peleja contra a Palavra escrita, saiba você! Estão vendo a
imensa necessidade de resgatar todos esses alicerces? Vêem a importância da
Palavra escrita? Não a colocamos como nono alicerce porque a Bíblia é o
instrumento de revelação de todos os oito fundamentos que nós falamos. Você
não os encontra em outro lugar, senão na Bíblia. Então dentro desses oito
alicerces você coloca como um acréscimo, a Bíblia. O diabo odeia a Bíblia. O que
ele mais quer é uma Bíblia fechada, o que ele mais quer é que pessoas se reúnam
durante uma hora e meia, falem e cantem, e dêem testemunho. E que venha o
dueto, o quarteto, o terceto, o coral e não sei mais o quê, e encha o culto de
afazeres, de coisas. Mas, o diabo quer que a Bíblia não seja aberta, pregada e
ensinada. Ele odeia a Bíblia porque a Bíblia é a palavra de Deus. Então nós
precisamos dar o valor devido à Palavra de Deus. Só podemos ser edificados por
meio da Palavra. Porque a Palavra é o instrumento de revelação de todos esses
alicerces, que estão claros na Bíblia. Mas, se a Bíblia não for aberta, pregada aos
santos, compartilhada; se não estivermos nos exortando com ela, nos
admoestando, nos corrigindo, nos pastoreando, nos ensinando, não avançaremos
no Supremo Propósito de Deus.

Como foi dito no início deste estudo, após termos tido uma visão panorâmica do
assunto, iremos ver um de cada vez de forma mais profunda. Iremos falar agora
um pouco mais sobre a Trindade, a primeira dessas verdades.

Por que a revelação da Trindade é importante? O que vou falar aqui não é o
fundamento, porque o fundamento é o próprio Ser do Deus Triuno. E isto é a
verdade teológica, a verdade doutrinária. Depois entraremos mais profundamente
neste ponto, mas agora queria falar da verdade aplicada a nós. Por que é
importante compreendermos a Trindade doutrinária, a Trindade teológica? Será
que isso não é assunto de seminário? Será que isso não é assunto de
escolásticos? Será que isso não é assunto de pastores? Na vida comum da Igreja,
parece não haver muito problema em ter ou não ter um claro entendimento sobre a
Trindade. Será? Eu queria que você pensasse sobre dois assuntos agora, e
levasse também para casa, a fim de meditar um pouco mais. O primeiro é sobre a
personalidade e o segundo é sobre o amor. Essas duas grandes realidades - a
personalidade e o amor - são totalmente derivadas da Trindade de Deus. Irmãos.
Uma personalidade não pode ser desenvolvida, e nem mesmo existe no
isolamento. É impossível. Pense em uma situação hipotética: Pense em Deus te
criando, te gerando no vácuo. Não existe coisa nenhuma, não existe pessoa
nenhuma, só existe você. Sabe o que aconteceria? Você não teria autoconsciência
porque a nossa autoconsciência só existe quando nós estamos em relação com
algo ou com alguém. Pense um pouco sobre isso. Irmãos! Deus não é algo
indefinido, impessoal. Não é como o panteísmo fala: “Deus é tudo, tudo é Deus.
Deus está em tudo. Na árvore, no cachorro, no vento, no mar”. Esse não é o Deus
da Bíblia.

A Bíblia diz que Deus é pessoal, e está acima e além de tudo isso. Não há
essência de Deus no vento, não há essência de Deus na árvore, não há essência
de Deus nem no homem que Ele mesmo criou. Não há porque a essência de Deus
é incomunicável, é o próprio Ser de Deus. Ele não comunica a sua essência. Ele
comunica apenas os seus atributos: Sua santidade, Sua glória, Sua justiça. Isto
Ele compartilha com aqueles que o conhecem. Então o panteísmo é uma heresia.
“Cada coisinha tem um pouquinho de Deus”. Isso é uma mentira. Então Deus é
uma Pessoa Divina. E como é que Deus conhece a Si mesmo? Deus se revela na
primeira pessoa porque Ele é tri-pessoal. A personalidade humana só existe
porque Deus é uma Pessoa. Uma pessoa humana existe porque existe a Pessoa
de Deus. Essa realidade chamada pessoa não existiria se Deus não fosse uma
Pessoa. Quando Ele criou o homem Ele disse assim: “Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança”. Nossa imagem deriva d’Ele. Então pense
agora sobre a personalidade humana. Como que você conhece a si mesmo? Por
que é que você conhece a você mesmo? Por que? Porque você é tripartido. Deus
colocou em você um espírito para ter comunhão com Ele. Mas este espírito não
pode ter comunhão com Ele enquanto não for regenerado. Deus criou uma alma
para você se conhecer a si mesmo, suas aferições, seus desejos e sua mente, e
com ela conhecer as outras coisas. E criou o seu corpo para você entrar em
contato com as coisas materiais. Então, se você não tivesse uma mente, não se
conheceria.

Será que agora conseguimos entender como Deus Se conhece a Si mesmo? Deus
conhece a Si mesmo por meio de uma segunda Pessoa Divina, gerada por Ele e
não criada, que a Bíblia chama de Logos, ou Verbo. Portanto, o Pai se
autoconhece por meio do Filho. Cristo é a mente de Deus. Agora irmão, na sua
mente você não se conhece perfeitamente. Você acha que se conhece, mas não
se conhece plenamente. Afinal de contas, não somos oniscientes. Todos temos
um conhecimento limitado. E Deus? Deus é onisciente. Portanto, Deus Se
conhece plenamente. Deus Se conhece pela Sua sabedoria, porque Ele é
plenamente sábio. Ele Se conhece totalmente porque a Sua sabedoria é perfeita.
Cristo é a sabedoria de Deus. Ele conhece a Si e a todas as coisas perfeitamente.
Então o Seu Verbo é a Pessoa pela qual Ele Se conhece, é a Pessoa pela qual Ele
Se revela.

“Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está
encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos,
para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a
imagem de Deus” (2Co 4.3,4).

“Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do
seu amor, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos
pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades;
tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.13-16).

Assim como Ele se conhece perfeitamente, Ele se revela perfeitamente. Você se


conhece por causa da sua mente; Deus se conhece no Seu Verbo, no Seu Filho, e
quando Ele se revela, Ele se revela perfeitamente. Por isso que Jesus disse assim:
“Quem me vê a Mim, vê o Pai”. Ele é o unigênito de Deus, cheio de graça e de
verdade. João diz: “Vimos a sua glória, glória singular, glória que não há igual em
outro lugar. Glória do unigênito do Pai”. Que maravilha irmãos! Esse é o Senhor
Jesus. Então, nós só somos pessoas e experimentamos essa realidade de ser
pessoas porque Deus é uma Pessoa. Essa realidade é fundamental para a nossa
existência. Imagine se você deixasse de ser uma pessoa, o que você seria? Você
podia ser um objeto, poderia ser um animal, irracional. Você não teria consciência
de você mesmo. Toda essa beleza que nós desfrutamos como pessoas humanas
é por causa da Trindade.

E agora, rapidamente, pense sobre o amor. Se Deus fosse apenas uno, eu creio
que nós teríamos bastante dificuldade com a questão amor, porque o amor que
ama a si mesmo é um amor confuso. Para que a realidade do amor possa ser
plena são necessárias duas pessoas. E a realidade do amor em Deus é tão plena,
que a expressão do Seu amor é absolutamente completa e perfeita. O amor do Pai
para com o Filho é desfrutado e vivido em uma terceira Pessoa que procede do
Pai e que também procede do Filho, mas não é um atributo, é uma Pessoa Divina.
O Espírito Santo é uma pessoa Divina, na qual o Pai e o Filho têm comunhão, um
com o outro. Então esse é o modo de vida da Trindade. O Pai habita no Filho e o
Filho habita no Pai; o Espírito procede do Pai para o Filho e o Espírito procede do
Filho para o Pai. O Espírito contém o Pai, e também contém o Filho. Cada uma
das três Pessoas está em cada uma Delas. É assim que a Trindade existe. Que
maravilha irmãos! A realidade da Trindade tem expressão prática. Ela não é
apenas uma verdade teológica. Não veja isto apenas com mentalidade acadêmica.
Mas procure ver que toda a revelação Bíblica do Ser de Deus tem uma aplicação
prática e aplicada em nossas vidas. Aqueles que não conhecem ao Senhor Jesus
nunca podem viver isto em plenitude, mas ainda assim devem isso a Ele. As
pessoas que hoje levantam as suas vozes e blasfemam contra Deus, ainda deve a
sua pessoalidade a Deus. Este é o nosso Deus. Agora Ele nos chamou para
conhecê-Lo intimamente, Pessoa a Pessoa. Experimentar esse amor que é uma
realidade que só Ele inicialmente conhecia. Deus é amor.

Quando nós vemos o nosso Senhor orando em João 17, a Trindade é o foco
daquela oração. Ele ora a respeito disso. Ele fala assim: “Pai. A minha vontade, é
que onde eu estou, estejam juntos comigo os que me destes, para que vejam a
minha glória. Eu neles, e Tu em Mim, para que eles sejam aperfeiçoados na
unidade”. E onde Ele está? Ele está no seio do Pai. Ele não se separou do Pai Nós
fomos chamados para essa comunhão de amor, para essa comunhão de prazer,
para essa plena realização. Os irmãos estão vendo que a gente pode tornar essa
verdade apenas acadêmica? Sim assim fizermos iremos perder todo o significado
dela. Mas se quisermos, com a ajuda do Senhor, podemos ver quão prática e
maravilhosa ela é. Você não vai encontrar amor amando a si mesmo. Você vai
encontrar amor amando o outro, assim como o Pai ama o Filho. Se Deus fosse
uma única Pessoa, não poderia amar a Si mesmo, nem amar as Suas criaturas.
Ele nunca poderia amar o que Ele criou de uma forma suprema. Você compreende
isso? Ele nunca poderia amar o que Ele criou com todo o Seu amor, com tudo o
que Ele é, porque o que Ele criou é limitado. Você não pode colocar um oceano
em uma caneca. Todo ser criado é limitado pela própria criação. Ele é obra. Deus
só podia amar completamente dentro de uma realidade tri-pessoal. Quando o
Senhor Jesus encarnado foi ao Jordão para ser batizado, o que é que aquela voz
do céu falou? Exatamente isto: “Este é o meu filho amado, em quem tenho todo o
Meu prazer”. Ele não disse um, um dos – mas disse “o” meu Filho. Então Ele só
poderia compartilhar supremamente o seu amor com uma outra pessoa Divina.
Digamos, tão Divina quanto Ele, gerada por Ele mesmo. Deus com Deus. Então
essas duas Pessoas podem compartilhar a plenitude do amor.

Paulo usa a palavra “plenitude” (pleroma, no grego) em Efésios 3. Essa palavra


significa plenitude, completação, perfeito, completo. Nós cristãos somos chamados
para conhecer a Cristo, na Sua largura, no Seu comprimento, na Sua altura, na
Sua profundidade. E conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento
para que nós sejamos, não como indivíduos, mas agora com Igreja, tomados de
toda a plenitude de Deus. Então Deus nunca poderia amar plenamente qualquer
ser criado. Aquele ser não desfrutaria senão de um fragmento desse amor, e Deus
se sentiria entristecido porque Ele não poderia dar plenamente o seu amor para
ninguém, pois ninguém é capaz de conter a imensidão desse amor. Mas Ele pôde
dar plenamente o seu amor a alguém e esse alguém é o seu Filho. “Esse é o meu
Filho amado em quem me comprazo”. E por causa desse imenso amor, Ele deu o
Seu Filho na cruz do Calvário para que nós, criaturas limitadas, pequenas
canecas, pudéssemos experimentar algo desse oceano de amor no Deus Triuno.
Será que a verdade da Trindade é só teológica? É só acadêmica? Ou será que ela
é realmente um alicerce das nossas vidas como Igreja? Irmãos, que o Senhor nos
ajude a ver com mais clareza e a desejar acima de tudo entrar na realidade para a
qual o Senhor nos chamou. Experimentar.

Não olhe para você mesmo como uma pessoa qualquer. Não fique recorrendo a
coisas para tentar buscar identidade. Quando não vemos a Trindade fazemos isso.
Quem é você? Você é um dentista? Um engenheiro? Esse é você? Esse não é
você! Essa pode ser a sua profissão. Então, quem é você? Você é filho, ou filha de
Deus. Você foi chamado para comunhão com o Deus Triuno em Cristo Jesus.
Esse é você. Quando não enxergamos a Trindade, não desfrutamos da relação
tremenda que só o Pai, o Filho e o Espírito têm. Quando não estamos desfrutando
dessa relação dia a dia, estamos tentando buscar identidade para nós mesmos em
outras coisas. E não é só identidade, mas também, significado e segurança.
Todavia, nunca iremos conseguir extrair essas três coisas que são básicas para a
personalidade humana - identidade, significado e segurança - em nenhuma coisa,
em nenhuma pessoa, que não seja o próprio Deus. Não encontramos, porque nós
somos chamados para a comunhão com o Deus Triuno. “Fizeste-nos para Ti, e
inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti”, como disse
Agostinho. A realidade do Deus Triuno não é coisa para seminário. É uma
revelação existencial da palavra de Deus, para a qual nós fomos chamados a
desfrutar. Então, levante os seus olhos, erga o teu coração e ore a Deus nesse
sentido. “Senhor. O Senhor me chamou para isso e é isso que eu quero ter. Nada
menor. O Senhor me chamou para isso e é isso que eu quero viver. Senhor mostra
para mim o que há na minha vida que porventura impede isso. Fala o Senhor
porque eu sou tolo. Eu não me conheço a mim mesmo. Só o Senhor me conhece.
Fala comigo sobre mim. Purifica-me dos meus pecados, conserta os meus
caminhos, trás arrependimento mais profundo na minha vida”. Busque essa
relação, irmão, para a qual você foi criado, relação com o Deus Triuno em Cristo
Jesus. Relação de amor, de significado, de identidade, de segurança, de prazer,
de tudo que nós necessitamos. Amém.

Vamos orar:

Ó Pai, como somos agradecidos a Ti, porque o Senhor não se manteve oculto em
mistério, mas o Senhor se revelou a nós. Deus de amor. Deus que é luz na qual
não há treva nenhuma Um Deus que é cheio de graça e de verdade. Deus que nos
amou até o fim. Deus que deu seu Filho por nós na cruz do Calvário. Ah Senhor!
Pedimos ao Senhor que aplique em nossas vidas, as suas verdades reveladas de
tal forma que ela seja uma sustentação do nosso ser. Não queremos viver vida de
menino, inconstantes, infelizes, inseguros. Nós queremos viver vidas robustas em
Ti Senhor, constantes, sólidas. Pedimos ao Senhor que edifique todo o nosso ser
com a Tua palavra, pedimos ao Senhor que nos dê graça para a compreensão
dessas verdades, ilumine os olhos do nosso entendimento. Faze-nos meditar a
respeito dela. Não nos dê apenas um orgulho intelectual de sabermos, mas nos dê
um coração ardente por experimentarmos essa relação de gozo e de prazer,
comunhão com o Deus Triuno. Pedimos ao Senhor que faça pessoalmente esse
trabalho através da Tua palavra, em cada um de nós. Atrai-nos a ti, Senhor.
Conquista-nos totalmente. Cumpre o Teu propósito em nossas vidas, e vivamos
vidas com propósito, enquanto estamos nessa terra. Pedimos ao Senhor, em
Cristo Jesus. Amém

3 – Mistério
Lembremos que selecionamos oito aspectos fundamentais da revelação bíblica
para compartilhar. Já falamos sobre a Trindade e um pouco sobre a Encarnação.
Encorajo os irmãos que têm amado esta Palavra a gastarem tempo em seu
estudo. Nós vamos falar bastante sobre a justificação pela Fé e ressurreição de
Cristo. Vamos falar um pouco mais sobre o Espírito Santo. Vamos falar sobre o
Corpo de Cristo que é a Igreja. Pois este é um dos assuntos que mais tem
despertado, segundo o meu entendimento, a necessidade de abordarmos. O que é
a Igreja bíblica? Quais são os moldes do Novo Testamento a respeito da Igreja?
Quanta coisa nós ouvimos hoje em dia, em torno desse assunto! Como nós
precisamos estar bem alicerçados sobre o que é a Igreja! Qual a expressão prática
da Igreja? Quais são as bases sobre as quais a Igreja se move? O que é essencial
para a unidade da Igreja e o que não é essencial?

Normalmente nos perdemos naquilo que é secundário, considerando-o como


essencial. E na verdade, a grande maioria das divisões nesse período todo de
história da Igreja é em torno de coisas não essenciais. Em torno de formas de
governo, de formas de batismo, e coisas assim, não essenciais. Batismo é
essencial, mas não a forma do batismo. O governo da Igreja é essencial, mas nós
não podemos nos dividir pela forma de governo. Então, o que é secundário passa
a assumir uma questão primordial, e então nós temos todo tipo de dificuldade. Se
não estivermos cientes a respeito desse assunto iremos nos perder, e muito.

O último alicerce que nós citamos foi o Supremo Propósito de Deus. E abrindo um
parêntesis, falamos um pouco sobre a Bíblia. Se o Senhor permitir, falaremos mais
sobre a Bíblia. O que é este Livro que temos nas mãos? Qual o seu significado?
Quanto ele custou através desses três mil e quinhentos anos do mover do Senhor
até hoje para que hoje esteja em nossas mãos, para que possamos dar o valor
adequado à Palavra escrita. Este, na verdade, não seria um nono alicerce e sim,
um fundamento de todos os oito. Nós recebemos a revelação da Trindade de
onde? De um anjo? Recebemos todos os alicerces da palavra escrita. A palavra de
Deus escrita é a auto-revelação de Deus. Se nós não temos a Bíblia como a auto-
revelação de Deus, não conhecemos a Bíblia, nem reconhecemos o seu devido
valor. Se consideramos a Bíblia como um livro qualquer, não a colocamos no seu
devido lugar, porque a Bíblia é o único livro onde Deus Se auto-revela. Ele próprio
é quem fala. A Bíblia se auto-explica. Ela não precisa de manual nenhum para ser
entendida. Ela se explica, ela se completa. Ela é auto-interpretativa e auto-
consistente, porque ela foi inspirada por um único Autor, o Espírito Santo. Então a
palavra escrita de Deus é tão fundamental, tão importante, que nós devemos dar o
devido valor a ela.

O Senhor sempre resgatou o lugar da Sua palavra em todos os movimentos de


avivamento. “Todos”. Até no Velho Testamento. Lembrei aos irmãos há pouco
tempo sobre o retorno do povo do cativeiro da Babilônia. Um dos focos, do
alicerces daquele retorno, foi a restauração da palavra de Deus, por Esdras.
Esdras recuperou a palavra. Ele colocou a Palavra no lugar central. Se ela não vir
de novo a ocupar o lugar central no meio do cristianismo de hoje, nós não temos,
absolutamente, nenhuma chance de uma restauração genuína. Portanto, nós
precisamos dar o devido valor e ter uma visão adequada da palavra de Deus -
esse livro que você tem na mão de 66 pequenos livros. Um único livro, soprado por
Deus, palavra por palavra. Rico de auto-revelação Dele mesmo, rico da revelação
do Seu propósito, rico da revelação de tudo o que Ele é Nele mesmo, e de tudo o
que Ele intentou desde a eternidade fazer com a Sua criação e com aqueles que
Ele planejou para redimir a fim de serem feitos filhos. A

Bíblia não se detém nem só na criação nem só nos filhos. Ela fala dos dois. Ela
mostra que parte, toda a criação e aqueles eleitos no coração de Deus antes da
fundação do mundo, iriam tomar nesse grande propósito, nesse supremo
propósito. A Bíblia é singular. Ela expressa para nós essas riquezas infindáveis de
Cristo. Quanto mais nós cavamos esse livro, mais nós vemos que estamos na
superfície. Quanto mais vamos, mais nós vemos que estamos aquém, porque a
palavra de Deus é tão infinita quanto o próprio Deus.

Então, que necessidade irmãos, nós temos hoje de recuperar o lugar devido dessa
Palavra na nossa vida individual, na vida da nossa família. Será que o foco da
nossa vida familiar é a Bíblia? Nós nos movemos segundo a revelação de Deus, à
visão que temos de Deus, à visão de Cristo, à visão dos princípios Bíblicos? Nossa
vida é governada pelos princípios bíblicos? Nós andamos em obediência aos
princípios da Palavra? Quando nosso coração se desvia desses princípios, temos
a sensibilidade dada pela própria Palavra, renovada em nós, soprada pelo Espírito,
revelando o que é ofensivo ao Senhor e nos levando a nos arrepender? Nós
precisamos ser governados por esta Palavra. Vejam o que Moisés diz em
Deuteronômio:

“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a


teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão
por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas
tuas portas” (Dt 6.6-9).

“Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as
por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos. E
ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e deitando-te, e levantando-te; E escreve-as nos umbrais de tua casa, e
nas tuas portas;” (Dt 11.18-20).

Isso significa que a palavra de Deus deve governar nossa mente, nossa conduta,
nosso pensamento, nossas atividades. Por isso o Senhor falou:

“... por frontais entre os olhos...”; governando a nossa mente;

“... gravada na sua mão...”; governando as nossas obras (o que fazemos);

“... andando pelo caminho...”; significa governando toda a nossa conduta. Mente,
obra e conduta.

Uma vida regida pela palavra de Deus.

Irmãos! Só podemos ser bem-aventurados assim. Pela visão e obediência à


Palavra. Por dar a Ela, nos nossos corações, o seu devido lugar. Nunca seremos
bem-aventurados de outra forma. Não encontraremos paz, alegria, a verdadeira
bem-aventurança em nenhum outro lugar, nem de nenhuma outra forma.

Na verdade, a raiz do nosso pecado é a desobediência. Vamos ver dois versos da


epístola escrita aos hebreus:

“E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram
desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade”
(Hb 3.18,19).

Então, o autor de Hebreus usa em intercâmbio essas duas palavras. O que é que
é incredulidade? É desobediência. O que é que é fé? É obediência. Aquele que
diz: Eu creio, mas não obedece, ele não crê. Mas o que diz: Eu creio e obedece,
esse crê. Simples. Então, toda a base do pecado em nossa vida é a
desobediência. As palavras incredulidade e desobediência são usadas no mesmo
sentido. Quem são os que não entraram no descanso? Os incrédulos. Por que é
que eles não entraram? Porque foram desobedientes. É a mesma coisa. Crer é
obedecer e não crer é não obedecer. Como o Senhor precisa ganhar os nossos
corações para esse simples fato! Sabe o que eu vejo às vezes? Que nós damos
um lugar indevido a algumas coisas. Por exemplo: à rendição. Algumas pessoas a
expressam como se fosse tudo. Mas, precisamos entender que a rendição é
passiva e a obediência é ativa. A vida cristã não é, por essência, passiva. Ela é,
por essência, ativa, extremamente ativa.

“Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”. Isso não é ativo?

“Esforcemo-nos por entrar naquele descanso”.

Então é preciso colocar o coração diante de Deus dizendo: “eu quero obedecer-te
Senhor. Cria em mim um espírito que obedece. Move em mim esse desejo de te
obedecer, a qualquer preço, em toda circunstância”. Portanto, nós nunca iremos
desenvolver a nossa vida cristã por rendição. Rendição é um primeiro passo. Nós
iremos desenvolver a nossa vida cristã por obediência. Só podemos ser
aperfeiçoados por obediência. Cristo só pode ser formado em nós por obediência.
Obediência ao Senhor, à Sua palavra, aos Seus ditos, a essa unção que nos
ensina todas as coisas. Se nós estamos com pequenas desobediências, aqui, ali,
uma no negócio, outra na família, uma na relação aqui, outra em um assunto ali,
nunca nós iremos desenterrar a nossa vida cristã. Nunca, porque não é um
assunto de rendição apenas. Não adianta nós estarmos orando: “Senhor nós
queremos nos render, nos entregar”. Nós temos uma visão muitas vezes
“quietista”, desequilibrada da vida cristã, como se essa passividade, essa rendição
fosse tudo. A rendição é apenas o inicio.

Quando Davi orou no Salmo 51, ele não pediu rendição a Deus. Ele falou:

“Cria em mim ó Deus, um coração puro. Renova dentro em mim, um espírito reto.
Sustenta-me com um espírito voluntário. Então declararei aos homens a Tua
palavra, o Teu testemunho”.

Um espírito voluntário, um coração que obedece. Um espírito voluntário, que quer


e deseja fazer a Sua vontade. Então nós temos que tomar cuidado para não
vertermos coisas para o nosso próprio prejuízo. Deus não nos pede apenas
rendição. Vejamos o que Pedro nos diz em sua primeira carta:
“Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a
obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam
multiplicadas” (1Pe 1.2).

Deus nos pede obediência. Então essa questão da obediência é muito


significativa. Eleitos para a obediência. A palavra de Deus precisa ser recuperada.
Coloquei toda essa ilustração para que vejamos o lugar que a Palavra de Deus
precisa ter no nosso coração. Ela gera em nós arrependimento? Sim. Ela gera em
nós convicção de pecado? Sim. Ela nos leva à rendição, a deixar de tentar fazer as
coisas por nós, ao nosso modo, do nosso jeito? Sim também. O arrependimento e
a rendição não são fins em si mesmos. São meios. O propósito é obedecer. A
nossa oração deve ser aquela de Davi no Salmo 51: “Senhor me sustenta com
espírito voluntário”. Um espírito que quer; que busca; que vai; que faz; que
obedece; que pratica! Entretanto, esse não é o nosso assunto hoje.

Vamos agora examinar juntos alguns versículos onde aparece a palavra Mistério.
Temos visto os fundamentos da nossa vocação, da nossa confissão, como uma
coluna vertebral de oito alicerces. Fundamentos inegociáveis, centrais, essenciais,
da revelação bíblica. Agora iremos examinar a palavra Mistério de outro ângulo.
Não vamos olhar todas, mas a maioria, porque são muitas. A palavra Mistério é
muito sugestiva e importante, pois lança luz por um ângulo diferente nas mesmas
questões que temos abordado. É muito importante examinar a mesma verdade por
vários ângulos. Isso é um método bíblico muito utilizado pelos apóstolos nos seus
escritos. Mostrar a mesma verdade por ângulos diferentes. Então teremos como
pano de fundo os oito alicerces: Trindade, Encarnação, Expiação, Justificação pela
Fé, Ressurreição, Espírito Santo, Corpo de Cristo e Supremo Propósito de Deus.

Veremos que esse mistério toca a Trindade, a Encarnação, o Corpo de Cristo.

“Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na


carne (Encarnação)...” (1Tm 3:16)

Qual o mistério da piedade?

“Grande é esse mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5)

Veremos que esse mistério oculto, guardado em silêncio no coração de Deus,


como Paulo fala em Romanos, toca em primeiro lugar o que Deus é, Nele mesmo,
o mistério de Deus. Em segundo lugar o mistério da vontade de Deus, ou seja,
tudo aquilo que Ele planejou. Deus com o Ser eterno. Ele próprio é um Ser
misterioso. Nunca iremos esgotar a Deus, no nosso conhecimento Dele, nem
agora e nem por toda a eternidade. Nosso Deus é infindável. Mas o que de Deus
se pode conhecer, Ele teve prazer em Si revelar: Seu caráter, Sua glória, tudo o
que Ele é, Sua perfeição, os Seus atributos. Mas Ele não nos fala só Dele na Sua
palavra. Ele nos fala também da Sua vontade, do Seu plano, da inclusão da Igreja
em Seu propósito.

Vamos começar por Apocalipse cap. 10

“Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o
mistério de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos”(Ap 10.7).
Iremos ver muitos textos, portanto precisamos ficar atentos. Algumas vezes a
palavra mistério aparece no plural, como nos Evangelhos. Mas, na maioria dos
textos iremos encontrar a palavra mistério no singular.

Para efeito de uma ordem didática vamos ver primeiro essa palavra no singular.
Apocalipse 10.7 está falando então de um mistério, e é chamado aqui de mistério
de Deus. Você vai ver que esse versículo lança uma luz bem geral. Fala sobre um
mistério muito amplo. Tem a ver com Deus mesmo, o que Ele é, e com o plano
Dele. O que Ele sempre quis fazer desde a eternidade no Seu coração. Deus e o
Seu plano. Esse é o mistério de Deus. Então, vamos ver onde, na Palavra,
encontramos isso. Que fique bem claro para nós. Quando o sétimo anjo tocar a
trombeta se cumprirá o mistério de Deus, segundo Ele anunciou aos seus servos,
os profetas. Aqui se refere em primeira mão aos profetas da Antiga Aliança. É o
cumprimento de tudo aquilo que Ele falou no Velho Testamento. Tudo o que os
profetas anunciaram vai se cumprir totalmente e integralmente quando? Quando o
sétimo anjo tocar a sétima trombeta. Então nos perguntamos: o que é que vai
acontecer quando esse sétimo anjo tocar essa sétima trombeta? O que é que
significa isso? Vamos ver o versículo 15 do capítulo 11 de Apocalipse:

“E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam:
Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará
para todo o sempre”.

É isto que Ap 10.7 chamou de o mistério ou segredo de Deus! O Reino do mundo


se tornou do nosso Senhor e do seu Cristo. Creio que agora foi lançada mais luz
para nós. Então, o que representa a sétima trombeta do sétimo anjo? Significa que
quando o reino do mundo se tornar do nosso Senhor e do Seu Cristo, Ele reinará
pelos séculos dos séculos. O claro contexto aqui está se referindo ao milênio. É a
inauguração do milênio, o reinando de Cristo sobre a terra durante mil anos,
quando os seus santos reinarão com Ele. O reino do mundo se tornou de nosso
Senhor e do seu Cristo. Hoje isso é uma realidade prática, visível? Não! O Senhor
é o único Rei. Ele reina sobre todos os reinos, todos os principados, todos os
governadores. Mas o Seu reino ainda não é visível nessa terra. Nessa terra o Seu
reino está apenas na Igreja, e ainda assim ele está em formação.

Nós estamos crescendo na graça e, quanto mais crescemos no conhecimento de


Cristo, mais d’Ele é formado em nós, mais do reino de Deus está em nós, porque
Cristo e o reino são a mesma coisa. O Reino é Ele; Ele é o Rei. Arrependei-vos
porque está próximo o Reino. Foi assim que João Batista pregou.Ele foi o
precursor do Rei. “Arrependei-vos porque está próximo o Reino”. Arrependei-vos
porque está próximo o Rei. O Senhor Jesus é o Rei desse Reino. O Reino é o Seu
caráter. Reinar é ser como Ele. O Reino é a Sua glória, é o que Ele é. O Reino não
é uma distribuição de autoridades, de tronos. O Reino é uma questão de ser
semelhante a Cristo. Isso é reinar. Então, o que é que está acontecendo aqui
nesse momento? Esse reino está se tornando visível para todo mundo. Você crê
nisso? Você crê nessa palavra? Você crê que quando o Senhor Jesus voltar Ele
vai, com a espada da sua boca, destruir o governador mundial da época chamado
“A besta”, ou anticristo? E também o seu companheiro religioso chamado “O falso
profeta”?

Apocalipse 13 fala dessa besta que emerge do mar, o anticristo, o governador


político, e a besta que emerge da terra, o príncipe religioso, o falso profeta, a tríade
satânica: o anticristo e o falso profeta, energizados pessoalmente pelo diabo. Você
vê essa tríade no Apocalipse? Apocalipse diz então que o nosso Senhor, na Sua
segunda vinda, pessoalmente vai julgar o inimigo, o anticristo. Vai então aboli-lo,
tirá-lo do caminho e estabelecer o Seu Reino nessa terra com os Seus
vencedores. A Sua Igreja está sendo preparada para isso, para Reinar com Ele. A
Igreja não é uma coisa qualquer. A Igreja é um sacerdócio real, uma nação santa,
um povo de propriedade exclusiva de Deus. Quando é que isso tudo vai ser
visível? Quando é que o Reino do mundo vai se tornar do Senhor e do Seu Cristo?
Quando o sétimo anjo tocar a sétima trombeta. Sete é um número da Bíblia ligado
à perfeição quanto ao tempo. A semana tem sete dias. Sete fala de perfeição
temporal. Doze fala de perfeição eterna. Então, por que sete trombetas? Porque se
trata do propósito de Deus relacionado ao tempo, à história.

Sendo assim, o Senhor Jesus vai voltar no tempo. Ele veio a primeira vez no
tempo. Ele não veio no espaço sideral. Ele veio na Terra. Encarnou-se, Se fez
homem, Ele participou do viver humano, ressuscitou como homem, e voltará como
homem. E quando então Ele voltar, o reino do mundo se tornará do Seu Cristo. Ele
vai reinar pessoalmente. O Cristo glorioso e os Seus santos, embaixadores,
aqueles que seguiram o Cordeiro.

Então, o que é o cumprimento do mistério de Deus? O mistério de Deus será


plenamente cumprido quando ficar claro para toda a criação que Cristo e a Igreja
são um e que a glória de Cristo é expressa na Igreja, que Ele é o Rei eterno, e que
aqueles que O amaram, que creram n’Ele, que O obedeceram, que O seguiram,
reinarão com Ele. No capítulo 11 de Apocalipse isto não fica totalmente claro. Você
só vê que o reino do mundo se torna do nosso Senhor. E Ele Reina. Aqui você vê
algo relacionado especificamente a Cristo. Ele entra de novo na história. Ele volta.
Ele tira o anticristo do caminho, o falso profeta. Ele estabelece o Seu Reino e
Reina.

Sabendo que esse mistério está relacionado ao cumprimento das profecias do


Antigo Testamento, observemos a estreita relação entre Ap 10 e 11 e Dn 7.

“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do
céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram
chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos,
nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio
eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído. O reino, e o domínio,
e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos
do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe
obedecerão.” (Dn 7.13,14,27)

“Foi-lhe dado domínio e glória”. A quem? “Vinha com as nuvens do céu um como
Filho do Homem”. Você tem dúvida de quem é Este? Acho que não. É uma
profecia referente a Cristo, o Filho do Homem, na Sua segunda vinda. “E dirigiu-se
ao Ançião de Dias e o fizeram chegar até ele”. Foi-lhe dado – para Ele, Jesus
Cristo, o Filho do Homem – domínio e glória e o Reino. Está vendo porque
Apocalipse fala assim: segundo ele anunciou aos profetas? Daniel está falando do
Reino. Isaías também falou do Reino. Foi-lhe dado auxílio do homem, Jesus nosso
Senhor, domínio e glória e o Reino. Então, em Apocalipse 11, quando o sétimo
anjo toca a trombeta, que voz se ouve? “O Reino do mundo se tornou do Senhor e
do Seu Cristo”. É o que Daniel profetizou!

Em Apocalipse 11 está escrito assim: o Reino do mundo se tornou do Senhor e do


seu Cristo. Em Daniel se diz: os povos, as nações, e homens de todas línguas. É a
mesma coisa irmãos. Povos, homens, nações e línguas o servirão, pois o Seu
domínio é eterno, não passará, e o Seu reino jamais será destruído. O Filho do
Homem, o Senhor Jesus e o Seu Reino estabelecido nesse mundo conforme
Daniel anunciou e João confirmou.

Todavia, sabemos que há duas formas de ver esse Mistério de Deus. Uma se
refere a algo relacionado ao próprio Deus: Ele é Rei, Ele reinará. Mas o mistério
não pára aí. O mistério tem outro braço, e esse se refere a nós. Vejam a beleza e
a singularidade da palavra de Deus. Se no verso 14, está escrito: “... Foi-lhe...” -
esse “lhe” é pessoal, é ao Filho do Homem, a Jesus Cristo, só a Ele - dado
domínio, glória e Reino. O verso 27 faz referência a nós: “... serão dados ao povo
dos santos do Altíssimo.” Agora não é ao Filho do Homem. Agora é ao povo, os
santos do Altíssimo. Quem são eles? A Igreja. Claro! Aqueles que o Altíssimo
separou para Si. Para reinar em Seu Reino. O reino desse povo, o reino da Igreja,
o seu reino será reino eterno. Esse reino é o Reino de Cristo.

Como se confundem essas duas coisas! Que verdade tremenda! Que coisa é a
Palavra de Deus! Como é que Daniel pode falar disso muito antes do Verbo ter-Se
feito carne?! Como é que Daniel pode falar da Igreja muito antes dela existir?!
Como é que Daniel pode falar desse Reino futuro, dois mil e quinhentos anos
antes dele acontecer, já que nós cremos que estamos às portas dele?! Daniel falou
do Reino que vai ser dado ao Filho do Homem e do Reino que vai ser dado ao
povo, dos santos do Altíssimo. Daniel falou de Cristo e da Igreja, esse grande
mistério de Deus. Por isso é que o Senhor em Apocalipse nos diz que quando o
sétimo anjo tocar a trombeta cumprir-se-á o Mistério de Deus. Qual é o Mistério de
Deus? Cristo e a Igreja. Tão claro. O Reino será dado ao povo, os santos do
altíssimo “... e todos os domínios o servirão...”. Esse “o” está se referindo a quem?
Aos santos, à Igreja. Lembra que Paulo diz assim para os Romanos: Em breve o
Deus da paz esmagará Satanás debaixo dos vossos pés!! Lembra? Em 1 Co 15,
glorioso capítulo da ressurreição, nos é revelado que a morte é o último inimigo a
ser destruído; e que importa que o nosso Senhor Reine até que Ele haja posto
todos os inimigos debaixo do estrado dos Seus pés? Quem são os Seus pés? A
Igreja! A Igreja são os pés de Cristo, o Seu mover nessa terra.

Então irmãos, Ele não só destruiu o diabo pessoalmente, mas Ele irá envergonhar
o diabo debaixo dos pés da Igreja. Você crê nisso? Está escrito em Efésios: “pela
Igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornará conhecida, dos principados e
potestades nos lugares celestiais”. Você vê qual é a minha e a sua posição? Será
que nós podemos viver para um propósito menor do que esse? Isso toca
profundamente a sua e a minha vida. Você vive para quê? Você faz parte desse
povo do santos do Altíssimo, que foi chamado para reinar. Você faz parte desse
povo que vai exercer esse governo, como é dito aqui no final do verso 27. Aqueles
que tiverem desenvolvido com o Senhor essa vida madura poderão ser uma
expressão no governo de Cristo. Terão autoridade distribuída pelo próprio Senhor.

Isso é tão claro nas parábolas que Jesus falou. Esse propósito sempre existiu no
coração do Senhor. Ele reinará pessoalmente e através dos Seus santos. Nós
fomos chamados para isso irmãos. Não podemos desfigurar o propósito de Deus.
Por isso falamos do oitavo alicerce. O Supremo Propósito de Deus. Se você perder
o supremo, vai ficar com os menores. Qual é o propósito de Deus? O propósito de
Deus é que sejamos maridos, tenhamos a nossa família, tenhamos uma profissão,
que sirvamos bem naquela função. Tudo isso faz parte do propósito. Foi Ele quem
nos criou como homem ou como mulher, que nos deu ser pai ou mãe, patrão ou
empregado, ser um irmão na vida da Igreja. Foi Ele que deu tudo isso. Isso são
partes do propósito, mas não é o SUPREMO PROPÓSITO. Ele nos chamou para
fazer parte de um Corpo, o Corpo do Seu próprio Filho, para conhecer o Seu Filho
e prosseguir em conhecê-Lo de tal forma que o caráter do Seu Filho seja formado
em nós, e possamos reinar com Ele; expressar a glória do Seu Filho, a autoridade
do Seu Filho, o governo do Seu Filho, pelos séculos dos séculos. Então, quando
lemos Apocalipse, vemos com mais clareza. O sétimo anjo tocando a sétima
trombeta e tudo que todos os profetas falaram, profetizaram, anunciaram vai se
cumprir completamente. Cumprir-se-á o mistério de Deus. Qual? Cristo e a Igreja!
Revelando então essa glória, esse reino, essa majestade. Cristo formado na Igreja.

Esse assunto tem tanto conteúdo que se os irmãos examinarem irão ficar
impressionados. É preciso ganhar uma base sólida nesse primeiro mistério para
depois compreender os outros com mais clareza, porque na verdade os outros são
uma conseqüência. Mistério de Cristo, mistério da Igreja, mistério da vontade de
Deus, mistério da sabedoria de Deus. Nós vamos olhar todos esses mistérios, e
veremos que todos eles lançam pequenas luzes sobre esse mesmo foco, esse
grande mistério de Deus, no singular: O mistério de Deus, Cristo e a Igreja em
plena união. Cristo e a Igreja em plena glória. Cristo formado na Igreja. A Igreja
expressando plenamente Cristo; o governo de Cristo, o caráter de Cristo, a
autoridade de Cristo. Esse é o Mistério de Deus, já revelado. Não tem nenhum
segredo nisso. Não é um mistério esotérico, não é um mistério filosófico. É um
mistério rasgado e aberto para nós. Está bem claro na Palavra. Claro para os
santos e não para o mundo. Claro para nós.

Estas verdades essenciais são propriedade da Igreja! Você já pensou que o seu
vizinho, em casa, no trabalho, o seu colega de profissão, não tem a menor idéia de
tudo o que está acontecendo? Você já pensou nisso? Que alguém do seu lado
pode ser completamente ignorante quanto a este assunto? Ser tomado de
surpresa Naquele Dia? Isso não gera temor em você? Isso não gera gratidão no
seu coração? O Senhor ter mostrado isso a você, um miserável pecador e nada
mais do que isso?! Ser incluído nesse imenso e Supremo Propósito deveria gerar
gratidão, reverência, temor, adoração nos nossos corações.

Vou mostrar mais um pouco sobre esse Mistério de Deus, no singular. Abramos a
Bíblia em 2 Ts 1.4,5:

“... a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista
da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que
suportais, sinal evidente do reto juízo de Deus, para que sejais considerados
dignos do reino de Deus, pelo qual, com efeito, estais sofrendo; ...” Que belo texto!

Paulo está falando das Igrejas de Deus. Ele está dizendo que as tribulações e
perseguições não é nada de extraordinário. É um sinal do juízo de Deus para que
sejamos considerados dignos – este é o propósito. Idôneos do que? Do Reino! Do
Reino de Deus, pelo qual conhecemos que estamos sofrendo. Estão vendo por
que os cristãos sofrem? Para que sejamos considerados dignos do Reino de Deus.
“Dignos” tem o sentido de não merecedor. Não podemos confundir as coisas.
Nunca iremos merecer nada. Jesus Cristo fez tudo por nós. Digno não é
merecedor. Digno é idôneo. Significa que o Reino de Deus tem um caráter, ou
glória, e nós não temos nada. Na medida em que o Senhor vai trabalhando em
nossas vidas, depois de nos colocar em Cristo, somos transformados e nos
tornamos compatíveis; idôneos ao Reino de Deus.

Paulo usa a palavra glória. Essa palavra fala tudo. Tornado idôneo a essa glória do
Reino de Deus.

“... se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos
atribulam e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando
do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder,...”2Ts 1.6,7

Quando do céu se manifestar, o Senhor Jesus com os anjos no Seu poder, será a
única hora em que o cristão deverá verdadeiramente esperar alívio. Até lá, não. Se
nós somos seguidores de Cristo, o nosso alívio é vindouro. Até que o Senhor
Jesus venha, como Pedro diz na sua epístola: “Nós cristãos devemos ter uma
mente disposta a sofrer, disposta às injúrias, disposta às incompreensões”. Não
pense que o Senhor Jesus usa pessoas que tem lombos inteiros, porque um
lombo inteiro é muito bonito. Tem muito brilho, mas não serve para o Senhor. O
Senhor usa lombos rasgados. O Salmista diz assim:

“Sobre o meu dorso lavraram os aradores; nele abriram longos sulcos” (Sl 129:3)

Nós precisamos passar pelo arado de Deus, pelo trabalho da cruz, pelo trabalho
da Palavra de Deus, para que sejamos úteis, dignos, ou idôneos. Não é
merecedor. É idôneo. É compatível com a beleza d’Ele, com a glória d’Ele. Agora
entendemos bem esse texto? Para este propósito estamos sofrendo. Mas vamos
ter alívio. Quando? Quando do céu se manifestar o Senhor Jesus. Que maravilha
irmãos! Essa é a nossa viva esperança, é um tremendo foco na nossa pregação
evangélica.

As pessoas resumiram todo o “evangelho” hoje. Porque isso não é Evangelho. Isso
é uma coisa monstruosa que está sendo pregado. Resumiram toda a esperança
do Evangelho no “já”, no “aqui”, no “agora”. O que Deus quer? Deus é o bondoso
Pai. “Ele e o papai Noel são a mesma coisa”! O que é que o papai Noel quer? Ele
quer dar presentes. Quer te enriquecer, te fazer feliz. Não é verdade? Cheio de
saúde e de prosperidade. Papai Noel celestial! Mas não é isso que Paulo está
falando em Tessalonicenses nem em lugar nenhum. Nem Paulo, nem Pedro, nem
João, nem ninguém. Não existe isso na Bíblia. Isso é um evangelho espúrio. Paulo
está falando em sofrer perseguições, tribulações, e isso é um sinal evidente de
juízo. Deus está julgando. O que Pedro fala? O juízo há de começar por onde
irmão? Pela Casa de Deus. Não é pelo mundo. O mundo vai ser julgado quando o
Senhor se revelar visivelmente.

A Igreja está sendo julgada já, agora. O juízo há de começar pela casa de Deus. E
Pedro fala assim: se há de vir por nós irmãos, que tenhamos temor, porque somos
o povo de Deus, comprado pelo sangue de Cristo, um povo que não tem mais
condenação; e quando for julgar o mundo, o que é que o mundo vai falar? Um
mundo que não creu Nele, que não obedece a Ele. Esse é o argumento de Pedro
em sua primeira carta, no capítulo 4. E é o mesmo de Paulo aqui. Paulo diz: irmão
fique firme. É o juízo de Deus sobre a Sua Casa. Que sejamos considerados
idôneos no Reino, porque Reino virá. E o que vai acontecer quando esse reino
vier? Vamos encontrar alívio, graças a Deus. Não haverá nem pranto, nem luto,
nem dor, as primeiras coisas passaram, nós teremos um corpo glorioso, nós
iremos ver o nosso querido Senhor face a face. Nós seremos como Ele. Quando
Ele se manifestar seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele
é.

Irmão, na sua fé, no seu Evangelho, esse elemento de esperança é vivo como
Pedro disse? Ele nos regenerou para uma viva esperança, ou toda a sua
esperança é aqui e agora? Como é o seu Evangelho? É Bíblico? Você tem uma
mente disposta às incompreensões, às injúrias, às necessidades, às tribulações,
aos sofrimentos? Ou você acha que isso aí é um fogo estranho, algo extraordinário
que não deveria estar acontecendo com você, porque você foi criado para se feliz?
É assim o seu Evangelho? Se é assim, não é bíblico.

Vamos ler mais um texto:

“... e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu
se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, 8 em chama de fogo,
tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não
obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.” 2 Ts 1:7,8

Que dia será esse? Não é dia de graça. É dia de fogo, dia de dor, dia de terror, dia
de pânico. Os profetas falaram isso. Oséias falou, Joel falou, Amós falou: Terrível
é o dia do Senhor. É dia de vingança. Esse é o dia do Senhor para o mundo, mas
não para a Igreja. Para a Igreja não é terrível. Muito pelo contrário, deve ser um dia
almejado, porque nós já confessamos Cristo como Senhor das nossas vidas.
Então esse dia é o dia das bodas para nós, a Sua Igreja. Bodas para a Igreja, juízo
para o mundo. Não é? Que separação!!

Você conhece a Deus? Em Cristo Jesus? Já se rendeu a Ele? Então esse dia não
é de vingança para você. Se você não O conhece, não professou o nome de
Cristo, não se rendeu a Ele, então você está debaixo da ira de Deus. E esse dia
será o dia da vingança para você. Perceberam que obedecer e crer é a mesma
coisa? Obedecer ao Evangelho é crer no Evangelho. É a mesma coisa! Os que
não obedecerem sofrerão penalidade de eterna destruição. Serão banidos da face
do Senhor. Que contraste!

Não precisava existir inferno. Sabe o que é o inferno? Não ver a face do Senhor.
Esse é o inferno. A face do Senhor é o céu. Se o Senhor não estivesse no céu, o
céu seria nada. Um vazio. É como uma casa sem morador.

Nós, como Igreja, fomos chamados a esse mistério de Deus; ser unidos a Ele
mesmo, à pessoa de Cristo, Seu filho, e eternamente contemplar a Sua face e a
Sua glória. Assim, seremos transformados de glória em glória na mesma imagem,
como Paulo disse aos Coríntios. Vêem quantos textos lançam luz no mesmo
assunto? Eles são quase que infindáveis. Podemos ver isso em Romanos, em
Coríntios, em Efésios, em Colossenses, em Hebreus, em Tito, em quase todas as
epístolas. A mesma verdade, colocadas em ângulos diferentes, de formas
diferentes; a mesma gloriosa verdade, o mesmo mistério de Deus, Cristo e a
Igreja.

Vamos continuar em 2Ts1:

“Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da


glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser
admirado em todos os que creram , naquele dia (porquanto foi crido entre vós o
nosso testemunho). Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o
nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito
de bondade e obra de fé, a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja
glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor
Jesus Cristo”. 2Ts 1:9,10,12

Quando o nosso Senhor Jesus vir, o que é que vai acontecer? O texto acima nos
revela que Ele virá para ser glorificado. Mas onde Ele será glorificado? No céu?
Nos anjos? Na sua criação? Que linda expressão! O nosso Senhor será glorificado
nos seus santos, naqueles que crêem, que O obedecem, que O amam, que O
seguem. Todavia, Ele não apenas será glorificado, mas será admirado. As
pessoas olharão para Cristo com aquele espanto, aquela admiração. Ele é o
Senhor da glória! E onde Ele vai ser visto? Na Igreja! Isto não significa que Ele não
será visto pessoalmente. Tomemos cuidado. Cristo tem um corpo glorificado. Ele é
uma Pessoa glorificada, vai reinar e será visto assim. Mas paralelamente, a Igreja
que é o Seu corpo, manifestará a glória Dele. Não é a glória dela, como a lua. A
lua não tem glória, não tem luz própria. Ela reflete a glória do sol, como por um
espelho, como diz Paulo aos Coríntios. Como por espelho, contemplando a glória
do Senhor, nós refletimos a mesma glória de glória em glória. Isso é tão claro!

“... naquele dia...”

Qual é esse dia? É o dia do retorno do Senhor, o dia de Apocalipse. Quando o


sétimo anjo tocar a trombeta, há de se cumprir o mistério de Deus. O texto de 2Ts
1:10-12 coloca luz sobre Ap 10:7. É o mistério de Deus com outras palavras. O
mistério de Deus é Ele glorificado nos seus santos. O mistério de Deus é Ele
admirado em todos os que creram naquele dia. Por isso, também não cessamos
de orar. Que equilíbrio! Paulo não era um vidente. Paulo foi um profeta. Então
quando ele vê com clareza o propósito de Deus, o que é que ele fez? Orou. Ele
orou. Ele intercedeu; se pôs de joelhos, e orou a suprema vontade de Deus.

“... não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua
vocação e cumpra com poder todo propósito...”

Dignos, significa compatíveis, idôneos. Dignos da sua vocação. Qual vocação? A


glória. Sermos semelhantes a Cristo, expressar a sua glória.

Este é um texto claríssimo sobre o Supremo Propósito que em Apocalipse é


chamado de mistério de Deus; aqui tão claramente revelado. Esse Supremo
Propósito é chamado de bondade. Eu neles e tu em mim. Eu em vós, vós em Mim,
foi o que Ele falou para os Seus discípulos. Isso é uma verdade agora? Sim, mas
não é uma verdade plena. Por quê? Porque o Senhor já habita no nosso espírito,
pelo Seu Espírito Santo, mas Ele está tornando a nossa alma semelhante a Ele,
trabalhando essa mente decaída, confusa, complicada, preconceituosa, obstinada
que nós temos.

“Transformai-vos pela renovação da vossa mente...”; Rm 12:2

“... segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo” 2Ts1:12

Ele está quebrando essa vontade rebelde, dura e fazendo a nossa vontade amar a
vontade de Deus, se render à vontade de Deus. Um espírito voluntário implica em
querer os princípios de Deus, a palavra de Deus; implica em amá-Lo, obedecê-Lo.
Ele está trabalhando as nossas emoções complicadas, confusas e aborrecidas.
Ele vai continuar esse processo até que esse corpo também seja transformado.
Até que o mortal seja absorvido pela vida. O corruptível se revista de
incorruptibilidade. Então se cumprirá o mistério de Deus. Paulo usa a palavra
mistério também em 1Co 15. Ele diz:

“Eis que vos digo um mistério. Nem todos dormiremos, mas transformados
seremos todos”

Posteriormente iremos ver em diversos versículos a palavra mistério lançando luz


sobre “O Mistério” no singular, que é Cristo e a Igreja. Cristo formado na Igreja. A
Igreja refletindo a glória de Cristo. Cristo reinando sobre a Igreja. A Igreja
exercendo o governo de Cristo, expressando o Reino de Cristo. Esse é o mistério
de Deus.

Que o Senhor nos ajude para que possamos caminhar um pouco mais
examinando essas palavras. Se os irmãos quiserem adiantar, procurem na chave
bíblica de Sua Bíblia, a palavra Mistério. Leia todos os versículos e vejam que
maravilha. Leiam para que possamos compartilhar mais um pouco. Amém.

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