SÉRIE: A NATUREZA DA IGREJA
Texto: Efésios 1.15-23
Mensagem 9: O Perfil do Crente
INTRODUÇÃO
A cada dia que passa, com o desenvolvimento da
internet, mais e mais sites dão condições para que
as pessoas possam registrar seus perfis pessoais e
permitir que outros possam acessá-lo. Ao mesmo
que isso facilita as informações, nos deixa frágeis
em relação a desconhecidos que podem, usar
delas, para prejudicar e, em muitos casos
conhecidos, trazer sérios problemas a nós.
Mas, pensemos apenas por um instante: uma
simples página como o Facebook (ou um diário)
por mais informações que possam nos transmitir,
podem nos ajudar a traçar um perfil e nos fazer
conhecer um pouco das pessoas. Todavia, o perfil
de cada um só pode ser realmente conhecido pela
convivência diária, pelo tempo em que passamos
na companhia uns dos outros.
Assim mesmo, nunca somos as mesmas pessoas a
cada dia. De maneira que alguns que julgávamos
conhecer profundamente, mudam, seja para
melhor seja para pior, nos surpreendendo ou
decepcionando. Não somos robôs incapazes de
mudar ou impermeáveis ao que acontece ao nosso
redor.
Mas, há um perfil que é único e que todos nós
devemos buscar. Ele tem suas regras plenamente
estabelecidas e fim de serem seguidas e que
podem (e devem) moldar nosso caráter, a maneira
como somos vistos e conhecidos por Deus e pelas
pessoas. Trata-se do perfil do cristão.
Este perfil pode ser reconhecido...
1. POR UMA VIDA DE FÉ E AMOR
Note que os efésios já possuíam isso e, portanto,
Paulo dá graças pela vida deles. Mas, jamais se
deve – na carreira cristã – ficar estacionado, parar
no tempo e ficar indiferente ao querer de Deus,
aquele que deseja que cresçamos em fé e em
amor.
Ao olharmos para esses dois aspectos nos
deparamos com o mínimo que se pode esperar na
vida de um crente genuíno: fé e amor.
Note que a vida de fé diz respeito ao nosso
relacionamento com Deus e o amor diz respeito
muito mais ao nosso relacionamento com ele e uns
com os outros. A fé nos remete à maneira como
nos relacionamos com Deus Salvador. O amor, à
maneira como nos relacionamos uns com os
outros.
Paulo, no texto de Primeira a Corintios nos diz que
a fé, a esperança e o amor permanecem,
demonstrando que eles são essenciais à vida cristã.
Assim, se fé e amor são a base de qualquer
relacionamento cristão, pensemos por um instante
na importância da base: se ela não é sólida, se ela
está fundamentada em algo incerto a edificação
será ruim e ficará comprometida. Um corpo que
não se alimentou corretamente durante a base de
seu crescimento, não estará preparado para aquilo
que virá depois. Se não temos a base necessária
em nossa vida, o que poderemos ter depois que
realmente nos identificará como cristãos? Se não
há fé em nosso relacionamento com Deus e amor
para com os irmãos, como podemos esperar uma
vida genuinamente cristã?
A igreja não pode ser o lugar de constante
administração de conflitos. Pelo contrário: o que se
espera na casa de Deus é que entendamos que fé e
amor são base e que devem ser exercitado em
busca constante de Deus e serviço uns aos outros.
É óbvio que Paulo mais para frente vai falar de
maneira detalhada sobre isso (relacionamentos no
lar, no trabalho). Mas, já adianta como deve ser a
base de nossa vida.
Igreja, oremos por nós mesmos e pelos irmãos.
Demos graças pelo que já temos. Entretanto,
continuemos firmes de fé em fé e profundo amor,
mostrando com isso que o Espírito santo nos selou
e nos faz crescer em Cristo. Amadurecimento na
relação com Deus. Amadurecimento na comunhão
com os irmãos. Desse modo podemos ter a certeza
de que somos dele para sempre.
2. POR UMA VIDA DE ORAÇÃO FERVOROSA
Quais são os verdadeiros motivos que alegram uns
aos outros e que nos fazem orar uns pelos outros?
Muitas vezes oramos para que os outros tenham
bens, consigam emprego, tenham famílias
estabilizadas, consigam bens. Associamos ação de
graças a Deus somente à conquista de um carro
novo, de uma viagem, de uma nova casa. Nenhum
problema em se ter essas coisas. Todavia, elas não
demonstram se somos ou não, de fato, cristãos
verdadeiros.
No entanto, Paulo nos dá motivos para uma oração
muito mais rica, muito mais cristã, muito mais
edificante. Ele ora para que aqueles crentes não
fiquem estagnados. Ora a fim de que cresçam em
sua vida espiritual e em seu relacionamento com
Deus. A fé e o amor devem permanecer, mas Deus
tem muito mais para oferecer ao seu povo.
Veja que interessante: a fé e o amor são só o
começo de toda uma vida a ser desenvolvida com
Deus e uns com os outros. Há muito mais a crescer.
Há muito mais a desenvolver. Deus quer e tem
muito mais coisa para nós do que vidas estagnadas
que insistem em ser pobres espiritualmente.
Ele quer agir com o Espírito Santo em nossa vida, e
se o temos, podemos crescer rumo ao alvo que Ele
tem estabelecido para nós. O texto no original, no
vers. 17, se refere ao Espírito Santo e não ao
espírito natural do homem. Obviamente, sem o
Espírito Santo que é o nosso penhor e selo, não
podemos avançar um centímetro sequer em nossa
vida com Deus. Mas, Ele nos foi concedido. Nós
podemos e devemos crescer continuamente.
Primeiro, devemos orar e buscar sabedoria e
revelação (em pleno conhecimento dele). Paulo
não está falando de qualquer sabedoria. Também
não está falando das revelações falaciosas as quais
muitas vezes vemos pessoas mencionar. Paulo, em
resumo, está dizendo que precisamos crescer em
conhecimento de quem Deus é, de seu poder e
força, de seu amor e misericórdia para com o seu
povo. À medida que isso acontece, crescemos em
sabedoria e revelação.
Segundo, devemos orar e para conhecer qual é a
esperança de nosso chamamento – crescer em
confiança de que Ele cumprirá suas promessas em
nós. E essa esperança, baseada no poder de Deus,
não pode ser, de forma alguma impedida de
acontecer. Ele nos chamou eficazmente para
sermos seus filhos para sempre. Nada que
aconteça pode destruir essa esperança em nós.
Somos dele e estaremos com ele, um dia, para
sempre.
Terceiro, devemos orar e conhecer qual a herança
de Deus nos santos. Lembre-se que no texto
anterior Deus mostra que o grande prazer e
riqueza de sua vida, são os seus filhos. Contudo,
nós podemos duvidar disso e nos sentirmos
desprezíveis e entristecidos diante do pecado e das
lutas. Devemos orar para jamais nos esquecermos
que somos a herança de Deus e de que Ele, um dia,
nos dará a herança final nos céus.
Quarto, devemos orar e conhecer a grandeza de
seu poder em nós. Apesar de talvez não estarmos
vendo, ele está agindo em nós com o mesmo
poder com o qual ele ressuscitou Jesus dentro os
mortos e o fez assentar em poder e majestade (o
que veremos mais adiante).
Enfim, o alvo de Paulo é que nós cresçamos: em
conhecimento da vontade de Deus e de vidas que
verdadeiramente glorifiquem a Ele. Da mesma
maneira devemos orar para que isso aconteça em
cada crente, em toda a igreja. Um dos grandes
problemas nosso hoje é que temos uma visão
pequena. Entretanto Deus tem grandes planos
para todos nós e, por isso, devemos orar
profundamente para que cresçamos em todos
esses adjetivos: sabedoria, revelação, esperança do
chamamento, a herança de Deus nos santos,
conhecimento da grandeza do poder de Deus.
Você ora por essas coisas em você? Ora para ver
isso na vida de seus irmãos?
3. POR UMA VIDA QUE É ALVO DA
TRANSFORMAÇÃO DE DEUS
Tudo isso não aconteceria se não tivéssemos
qualquer garantia de Deus. a dúvida pairaria sobre
nossas mentes e desanimaríamos com facilidade.
Porém, Deus quis nos conceder garantias. A
primeira – que já foi vista na mensagem anterior –
é o Espírito santo como selo e penhor do crente. Se
o Espírito Santo é a garantia interna que temos em
nós, a garantia externa é a obra de Cristo: sua
glorificação em sua ressurreição e ascensão aos
céus. Não foi somente o que foi feito dentro de
nós, mas, principalmente o que foi feito fora de
nós – em poder – que nos garantem a completa
transformação como seus filhos.
Para que tudo isso aconteça é necessário que nos
submetamos completamente a Cristo como aquele
sob quem estão todas as coisas, sejam as do céu,
sejam as da terra. Não basta crer em Cristo, mas
sim, admitir que ele é o Senhor absoluto de nosso
viver.
Todavia, sejamos sinceros. Muitos aqui devem
estar desanimados porque não conseguem nem
amar direito. Sabem qual o discurso de Cristo.
Sabem, igualmente, que devem ser assim. Mas, são
incapazes de servir, são incapazes de perdoar, são
incapazes de controlar suas palavras uns com os
outros, são incapazes de demonstrar uma vida de
fé amor verdadeiro. Como filhos de Deus, em
situações como essa, acabam se sentindo
desanimados e fracassados, duvidando, até mesmo
de sua fé. É óbvio que isso não pode ser algo
comum. Ao menos o desejo de abandonar o
pecado e andar em obediência devem existir. Mas,
o poder de Deus é que opera em nós. Aquele que
ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos e o
glorificou, quer nos dar conhecimento dele,
esperança nele, quer que sejamos pessoas que
conhecem o seu poder transformador. Deus não
deseja que nos sintamos eternamente derrotados
que se acostumam à fraqueza e à apatia, bem
como à melancolia. Deus quer e pode transformá-
lo para que você seja como Jesus é. É esse o tipo
de vitória e conquista que você tanto deseja e
almeja em sua vida?
É na força do seu poder, que é eficaz para fazer o
que Ele quer que somos transformados. Que tal
render-se a este fato e pedir que Deus o
transforme, realizando (mesmo que seja contra sua
vontade) o desejo poderoso e transformador de
Deus? Que tal, também, suplicar por esse poder
transformador na vida daqueles que o rodeiam, no
tempo Dele e como ele deseja?
4. POR FAZER PARTE DO CORPO DE CRISTO
A Igreja, o corpo de glorioso de Cristo, é aquele em
que Ele deseja (não que precise) ser completo. Não
significa que Ele é incompleto em si mesmo, mas
deseja que a Igreja seja uma extensão dele nesse
mundo mal e perdido
Entenda mais ou menos a situação como em um
relacionamento conjugal. Sem ser machista,
usemos da própria linguagem bíblica que trata do
relacionamento conjugal: um homem mora em
uma grande mansão, é cercado de todo conforto e
bens possíveis, é dotado de grande vigor e saúde.
Ele pode viajar a qualquer momento, não possui
qualquer vício e jamais cometeu qualquer crime.
Todos que o conhecem querem muito bem a ele.
Formado e muito bem em sua atividade
profissional, ele é visto por todos como alguém
completo. Contudo, mesmo sendo feliz em tudo
isso, ele sabe que falta alguma coisa. Ele não
precisa, mas ele quer. Ele percebe que precisa de
uma companheira, alguém com quem possa dividir
tudo o que possui, alguém que possa compartilhar
de seus sonhos. Alguém que possa ser uma
extensão dele. Ele precisa de uma esposa, ele quer
uma esposa. Ele é completo, mas deseja ser ainda
mais através dela.
O exemplo é grosseiro, mas assim é o
relacionamento de Cristo conosco. Sendo Senhor
de tudo e dono de todo universo, Ele quer se
completar através da igreja, através do seu povo,
através de cada um de nós. Logo, mesmo podendo
estar sozinho, ele nos quer. Ele é o cabeça e a
igreja seu corpo. Afinal, não há corpo sem cabeça
que fique vivo. Não há cabeça sem corpo que
possa ser um organismo.

Por isso é que se torna um verdadeiro absurdo

quando ouvimos falar de crentes que não querem
mais vir à igreja por causa de dezenas de motivos:
falsidade, fofoca, maldade, falta de amor, falta de
atenção, falta de fé das pessoas. Com tudo isso e
apesar de tudo isso (claro, essas coisas devem
deixar de existir) ainda assim, a igreja é a única
agência de Cristo com a qual Ele deseja se
relacionar e usar. Longe dela não há salvação.
Longe dela não há crescimento. Longe dela não há
conhecimento verdadeiro de Deus. Longe dela os
dias, a história e a vida se tornam sombrios. O
futuro fica incerto e a fé e o amor se esfriam
completamente, retrocedendo-se e não possuindo
se quer a base para o relacionamento com Deus.
Aqui há cheiro de vida e de morte, basta você
decidir o que quer fazer. Contudo, lá fora, resta
somente a expectativa da morte para os que se
esqueceram e deixaram a Palavra de Deus.

Já que Cristo é o cabeça da igreja e tudo está

debaixo de seus pés, como um noivo que ama sua
esposa ardorosamente, Ele mesmo faz com que
todo o universo coopere para o bem dela. Somos
aquilo que ele de melhor tem para sua glória. Não
há plano B. Somos o plano principal e único de
Cristo, a fim de manifestarmos e sermos para sua
glória. Somos a glória de Cristo. Estamos sendo
preparados para sermos apresentados em
santificação. Este é o pedaço do céu escolhido por
Deus para manifestar as virtudes daquele que nos
chamou das trevas para sua maravilhosa luz.

É pela igreja que ele deseja que suas obras sejam

conhecidas e concretizadas e seu ministério seja
conhecido no mundo. Não há evangelização fora
da igreja. Não há salvação fora dela. Não há amor
verdadeiro, não há restauração, não há verdade
fora dela. Portanto, se você quer ser um
verdadeiro crente, se você quer um lugar para
passar não uma temporada, mas toda eternidade,
seja bem-vindo ao Corpo glorioso de Cristo e
aprenda a ser feliz aqui, unido a Ele e lutando para
ser unido com os seus irmãos.