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Entrando no Círculo Sagrado

Rituais do feminino

©Monika von Koss

Espaço Caldeirão – www.monikavonkoss.com.br

1
Introdução

Reunir mulheres para viver e compartilhar nossas experiências pode ser uma viagem de
descoberta a um país afundado. Partilhar este saber é construir uma comunidade de
apoio mútuo. 1

Decorrente do ressurgimento da consciência feminina, da consciência ecológica e do despertar para a espiritualidade,


o anseio pelo sagrado levou muitas pessoas a buscarem espaços alternativos às formas patriarcais tradicionais. Esta foi, no meu
entender, a razão pelo absoluto sucesso dos rituais mensais, realizados no Espaço Caldeirão, de 1998 a 2004.
A experiência como um todo comprovou as palavras de Régis de Morais, quando ele afirma que “Na consciência
mítica que sobrevive em nós está a fonte das energias do sagrado, que aparentemente renasce das cinzas da secularização
como a Fênix. [...] Uma nova intuição mágica reinventa a realidade para grande quantidade de seres humanos que, ao
contrário de passarem a enxergar outro mundo, enxergam o mesmo mundo de uma forma diferente - a partir de um ângulo
novo.”2
O projeto dos rituais foi a solução encontrada para atender ao desejo expresso por algumas alunas, de darem
continuidade ao estudo da tradição da deusa. Algo parecido como um estágio prático. Para que o efeito do nosso trabalho
pudesse ser verificado, pensamos em convidar algumas mulheres para participar dos rituais e partilhar conosco suas
experiências. Elas prontamente atenderam ao nosso convite. No primeiro encontro havia 10 mulheres, no segundo 15 e no
terceiro 30!
Ao longo destes anos, em que realizamos um ritual toda última sexta-feira do mês, em nenhuma ocasião havia menos
de 15 mulheres presentes, mesmo quando a última sexta-feira do mês iniciava um feriado prolongado. Fomos reconhecendo
que a maior ou menor participação estava mais relacionada com o tema proposto, do que com as circunstâncias externas,
muitas vezes invocadas para justificar a não realização de algum trabalho.
Nosso processo de definição dos temas era intuitivo. Para mobilizar a nossa intuição, utilizávamos uma série de
recursos, tais como amuletos, cartas, runas, meditação, música. Considerávamos a fase da lua e a estação do ano.
Às vezes emergia o nome de uma deusa e aí verificávamos quais eram suas características e qualidades que
gostaríamos de trabalhar, outras vezes era uma qualidade ou um valor que surgia e então procurávamos uma deusa que
representasse essa qualidade ou valor.
Com isto, ampliávamos nosso conhecimento do universo da deusa, percorrendo as mais variadas tradições
mitológicas e nos aprofundando no estudo de cada uma. As sutis diferenças entre as deusas de diferentes tradições foram
surgindo, refinando nosso conhecimento.
A experiência com este trabalho produziu transformações em todas as pessoas envolvidas, desde a criação do ritual,
passando pela sua execução e englobando a experiência partilhada pelas participantes, em sua maioria mulheres, mas
contando com a bem-vinda presença eventual de homens.
É baseado nesta experiência que formulo as orientações que se seguem, honrando a colaboração de todas as pessoas
que contribuíram para este saber.

Ritual: a experiência do sagrado


Um ritual é um modo de colocar as coisas em um padrão inteligível,
um ato simbólico que usamos para dar forma a nossa experiência. 3

A forma mais antiga da humanidade manifestar o sagrado é o ritual. Quando realizamos um ritual, recortamos um
tempo/espaço da nossa vida cotidiana e penetramos no espaço sagrado, alinhando nossa energia com a energia divina. Em
assim fazendo, entramos em sintonia com a dimensão cósmica, permitindo que a vida aconteça em harmonia com o universo.
Desde os mais simples até os mais complexos, os rituais são expressões coletivas de realidades coletivas. A
experiência coletiva atualiza e vivifica os valores prevalentes em um dado grupo, além de transmitir e ensinar estes valores aos
integrantes mais novos do grupo. São, portanto, um elemento fundamental para criar e manter a harmonia no interior de
comunidades duradouras, temporárias ou ocasionais.
A participação em rituais coletivos não propicia apenas uma transformação pessoal, mas a experiência grupal cria um
senso de comunidade que causa impacto na vida cotidiana de cada participante, atuando no sentido de transformar suas
relações sociais.
Na tradição feminina, os rituais se relacionam com os eventos naturais, enraizados na natureza e em harmonia com
ela. Sua inspiração vem dos movimentos do sol, da lua, das estrelas, do vôo dos pássaros, do crescer das plantas, dos ciclos
sazonais. Expressam padrões profundamente enraizados na consciência coletiva, a que dão forma e conteúdo.
Com a função primordial de fazer fluir a energia cósmica presente em todos os seres, os rituais sempre envolvem
algum tipo de movimento, palavras ou cantos repetidos, objetos simbólicos, vestimentas ou máscaras, instrumentos, comida e
bebida.

1
Rubra Força, Fluxos do poder feminino , Monika von Koss, Escrituras, SP, 2004, pg.156
2
A consciência Mítica: fonte de resistência do sagrado, Regis de Morais em As razões do mito, org. Regis de Morais,
Papirus, Campinas, SP, 1988, pg. 75
3
Seasonal Dance. How to Celebrate the Pagan Year, Janice Broch, Verônica MacLer, Samuel Weiser, Inc., York Beach,
Maine, 1993, pg. 1

2
Ao realizar um ritual, é importante estabelecer um propósito e definir exatamente o que desejamos alcançar com ele.
Uma das razões para isto é que, ao mobilizarmos energia, nos tornamos responsáveis por sua utilização e destinação. Se
mobilizarmos energia sem que ela tenha um destino definido, ela simplesmente vai impulsionar qualquer forma-pensamento
que estiver cruzando o espaço sutil. Assim, sem nos darmos conta disto, podemos acabar alimentando aquilo que não
queremos.
Outra razão para deixar claro o nosso propósito é que, em assim fazendo, facilitamos a definição dos elementos a
serem utilizados e a seqüência espaço-temporal das ações a serem executadas. O alinhamento harmonioso de todos os
elementos confere maior eficácia ao ritual.
E uma terceira razão, que não deve ser desconsiderada, é o fato da clareza e precisão do objetivo atrair, por
ressonância, as pessoas sintonizadas com esta freqüência vibratória, o que contribui para um trabalho amoroso.
Não há uma forma rígida prescrita para os rituais na tradição feminina. Há apenas algumas regras básicas, como criar
um espaço sagrado, mobilizar energia para o propósito, a vivência propriamente dita e o fechamento no final, quando o círculo
é aberto.
Às vezes as pessoas confundem a abertura do ritual com a abertura do círculo. Quando criamos um círculo estamos,
de fato, fechando um círculo em torno do espaço/tempo ritual. No término do ritual, é preciso abrir o círculo, para que as
pessoas possam retornar ao seu espaço/tempo cotidiano.
No CALDEIRÃO, terminamos todos os trabalhos com os versos abaixo, inspirados na tradição feminina e adaptados
para nossa língua portuguesa. Sintam-se livres para usá-los, modificá-los ou criar seus próprios.

O círculo se abre,
mas não se desfaz.
Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz.

Quando mobilizamos energia e a utilizamos para nosso propósito, o que estamos de fato fazendo é modificando a
organização dos nossos conteúdos, para configurá-los de um modo mais apropriado ao momento presente de nossa vida.
É uma ação semelhante à de modificar a disposição da mobília em nossa casa, quando podemos destacar uma bela
peça que estava esquecida em algum canto ou dar-lhe outra destinação. Quando criamos um espaço mais aconchegante para
estar só ou acompanhada de pessoas queridas. Quando adicionamos elementos que expressam melhor nosso mundo interno,
assim como quando nos desfazemos de coisas que não mais estão em harmonia com nosso ser e que apenas ocupam espaço,
remetendo-nos a experiências ultrapassadas.
Qualquer que seja a modificação que efetuamos, é importante ancorá-la na nossa experiência física. Precisamos
impregnar cada célula do nosso corpo com o novo, de modo que possamos sustentar a transformação na vida cotidiana.
Enquanto precisarmos nos esforçar para agir de modo diferente, ainda não completamos a transformação. Pode levar algum
tempo até que o novo se torne espontâneo, natural; mas, para a mudança se processar, é necessário criarmos uma imagem do
que queremos, para que nossa mente profunda, ancorada na inteligência e na criatividade do nosso corpo, possa manifestá-la
harmoniosamente.
Podemos ancorar a transformação na nossa experiência física por meio do movimento (dançando), do sabor
(comendo), do som (verbalizando ou cantando), do cheiro. Podemos codificá-la em um objeto, uma pedra, um cristal. Mas
também podemos fazê-lo criando uma imagem ou um símbolo em nosso espaço mental. Podemos concretizar esta imagem ou
símbolo em uma fotografia, uma pintura, uma cerâmica, um poema, uma música. Lembre-se, a criatividade humana é infinita e
cada pessoa a expressa de seu modo único.
Também ancoramos nossa experiência quando a partilhamos. Nossas parceiras e parceiros no viver nos ajudam a
sustentar a memória das nossas experiências e mudanças, lembrando-nos daquilo que possamos ter esquecido.
Mas o partilhar é importante por vários outros motivos. Compartilhar é criativo. Ao partilhar, crio uma nova versão da
experiência. E cada nova versão da experiência enriquece minha experiência, adicionando mais uma camada de significado e
compreensão.
Ganhamos mais quando partilhamos, do que se guardássemos tudo só para nós mesmos. O testemunho atencioso do
outro amplia nossa experiência, que se enriquece, porque o outro participa dela.
A partilha é um presente que oferecemos ao círculo. Com ela, enriquecemos o círculo e, ao enriquecer o círculo, nos
enriquecemos. E ganhamos o maior de todos os presentes, a experiência de acolhimento no seio da humanidade.
O compartilhar molda relações harmoniosas na vida humana e com a natureza. Compartilhar nos leva direto ao colo e
ao coração da Deusa.
Já vimos que, para delimitar o espaço, criamos o círculo sagrado, configurando um campo energético que protege
contra invasões de toda ordem, e não apenas de retardatários e telefonemas. É importante lembrar que, no final do ritual, o
círculo precisa ser aberto, para que as pessoas possam retornar à sua consciência cotidiana.
Criado o espaço sagrado, o próximo passo na elaboração de um ritual é definir a força que queremos manifestar
neste espaço. Com isto, marcamos o tempo.
O tempo sagrado é um “tempo mítico primordial tornado presente” 4 e, neste sentido, as forças ativas nos primórdios
se fazem presentes aqui-e-agora no espaço e tempo do ritual. Quando invocamos a deusa no centro do círculo, a força que
invocamos se faz presente no mesmo espaço e no mesmo tempo em que também nós nos encontramos. Assim, nos tornamos
unas com a deusa e experienciamos o aspecto invocado em nós mesmas.
Para que isto aconteça, é necessário ter clareza a respeito de seu propósito e uma coerência entre os diversos
elementos utilizados no ritual. Os elementos, os objetos, os movimentos, a música, as palavras, tudo precisa vibrar numa
freqüência harmônica.
Para se assegurar de que você está trabalhando com a energia apropriada ao seu tema, procure antes se fami liarizar
com o fluxo da energia em seu corpo, pois assim você saberá se sua proposta leva as participantes a vivenciarem exatamente
o que você deseja. Isto em si já é um ritual individual, que mobiliza energia para a realização do ritual grupal. Contra o fundo
deste fluxo de energia, você pode verificar se os elementos e ações que você vai sugerir irão mobilizar este fluxo nas
participantes.

4
Mircea Eliade, O sagrado e o profano , Martins Fontes, S.Paulo, 1992, p.60

3
Se você utilizar uma música, ouça com cuidado e atenção para verificar qual o efeito que ela produz em seu corpo, se
você expande sua percepção ou se faz mais presente, mais enraizada; quais são os sentimentos despertados pelo ritmo, pelos
instrumentos utilizados; se ela produz mais movimento ou quietude.
Identifique as cores que correspondem às sensações que você deseja despertar. Você pode seguir as orientações de
alguma tradição que você honre, mas você também pode experimentar com coisas diferentes, se elas fizerem sentido para
você. As coisas que fazem sentido para nós são aquelas que sentimos. Quando nos permitimos confiar nos nossos sentidos, nas
nossas sensações, criamos um contexto com o qual as pessoas podem ressoar, experienciando o que estamos propondo. Seja
criativa, invente, experimente e confie!
Se os valores pessoais são as motivações para nossas ações, o poder é a energia necessária para sua realização.
Poder é energia e esta é a razão pela qual sempre precisamos mobilizar energia para realizar um ritual. Nada podemos fazer
sem energia, pois é ela que fornece o combustível para nossas ações.
Mobilizar energia sempre envolve algum tipo de movimento. Todo nosso ser está sempre envolvido em cada
movimento, mas o foco do movimento pode ser no corpo, na emoção ou na visualização, dependendo da vibração energética
que queremos ativar.
Quando propomos algum movimento que implica em deslocamento no espaço físico, estamos ativando a consciência
corporal, trazendo para o momento presente a sabedoria e a memória de cada célula de nosso corpo. Fazemos isto para
modificar nossos hábitos cotidianos, os comportamentos automatizados que assimilamos no processo de socialização e
educação. Quando os ativamos e conscientizamos, podemos revê-los e reformulá-los para uma forma mais apropriada para
nosso momento presente, ou substituí-los por outros mais em harmonia com nosso ser verdadeiro.
Para trabalhar com as emoções, podemos utilizar movimentos corporais ou conduzir viagens de reflexão, que
permitam a cada pessoa acessar seu universo psíquico e mobilizar suas relações, clarificando o fluxo emocional subjacente a
qualquer atitude, a todo relacionamento. Quando somos capazes de olhar para as energias bloqueadas ou acumuladas do
nosso campo emocional, podemos escolher o que fazer com elas, liberando o fluxo para uma vida relacional mais satisfatória e
prazerosa.
Quando queremos mobilizar níveis mais sutis de energia, a utilização de narrativas indutoras é mais apropriada. Estas
narrativas são baseadas nos mitos e nas tradições e, pelo fato de terem sido percorridas inúmeras vezes ao longo do tempo,
formam um campo energético coletivo, acessível a qualquer ser humano. Ao mergulharmos neste campo mítico coletivo,
entramos em contato com valores, crenças e poderes que constituem nossa herança comum. Quando resgatamos estas
qualidades, estamos contribuindo para que elas se atualizem nos tempos presentes e, simultaneamente, participando no
fortalecimento do campo energético coletivo. Isto nos beneficia com uma sensação mais forte de integração na grande teia
cósmica, restabelecendo nossa conexão com a totalidade.
Quando mobilizamos energia, estamos ativando as forças cósmicas em nós, tornando-nos responsáveis pela sua
utilização. Por isto é importante ter um propósito claro, para qual fim esta energia vai ser utilizada. Quanto mais preciso f or o
propósito, maior será a energia mobilizada e melhor será o resultado de nossas ações. Isto se aplica ao trabalho com os rituais,
assim como se aplica a todas as nossas ações no mundo.

Temas Gerais

I – Os elementos e as estações

II – Clarificando os valores pessoais

III – Recuperando os poderes pessoais

IV - Renovando por meio da transformação

4
I
Os elementos e as estações

A Magia das Quatro Direções

Nos rituais de todos os povos, as quatro direções são muito importantes, porque nos ajudam a criar o espaço
sagrado. Quando invocamos as quatro direções e nos movemos ao longo delas, criamos um círculo de proteção e delimitamos
um espaço, no interior do qual podemos nos sentir seguras.
Nos contam as lendas da tradição celta que do leste, do sul, do oeste e do norte vieram os Tuatha De Danaan, o
povo da deusa Dana. Vieram das quatro cidades sagradas, trazendo seus poderes mágicos. E se estas cidades mágicas nunca
foram vistas por olhos humanos, a alma conhece seu paradeiro. Portanto, através da nossa imaginação, podemos encontrar o
caminho para lá.
Ao leste encontramos a cidade de Górias, cujo símbolo é a espada do discernimento. Trazida por Nuada, o deus da
guerra, relaciona-se com o ar, o pensamento e a inspiração. Seu poder consiste em cortar com precisão através de qualquer
obstáculo que se apresenta diante de nós, abrindo caminho. Está no leste, porque esta é a direção de todos os começos, da
aurora e da primavera. O momento preciso para iniciar uma viagem a Górias é ao raiar do sol de qualquer dia, mas
especialmente no equinócio da primavera.
Ao sul está a cidade de Fínias, simbolizada pela lança que sangra. Jamais errando seu alvo quando lançada,
estabelece limites e define localidades. Trazida pelo deus solar Lugh, relaciona-se com o fogo, a paixão e a força da vontade. O
momento mais propício para ir a Fínias é ao meio-dia, principalmente no solstício de verão, quando a luz solar incide
verticalmente sobre a terra.
Indo para oeste chegamos a Múrias, onde se encontra o caldeirão da abundância. Trazido por Dagda, o Bom Deus, é
o mais famoso caldeirão da tradição celta. Um deus terreno, paternal, o gigante Dagda é o protótipo do bom provedor, pois o
caldeirão que traz jamais se esgota, não importa quantos dele se alimentem. Imergir nas águas do caldeirão é entrar em
contato com a intuição e voltar renovada. Para ir a Múrias, o momento mais propício é o entardecer, especialmente no
equinócio do outrono.
E, finalmente, ao norte se localiza Fálias, o lugar da pedra do destino. Representando o próprio solo que nos receberá
de volta no momento da morte, a pedra que grita quando o rei de direito se sentar nela é a manifestação concreta da união
mística com a terra. A entrada nesta cidade é mais propícia à meia-noite, e melhor ainda no solstício de inverno.
Estes quatro tesouros sagrados, representados nos quatro naipes do baralho, são as chaves para destrancar os
portais situados nas entradas das cidades sagradas. Aquilo que você encontrar ao entrar, é sua história pessoal.

Ritual
Os quatro elementos
Atravessar o Véu da Ilusão

Em alguns rituais, utilizamos dois espaços, a sala e o jardim anexo, de modo que parte do ritual acontecia na sala e a passagem
para o jardim significava a transformação de um estado para outro.
Neste ritual, o altar foi montado no jardim, enquanto a sala vazia foi utilizada para a liberação da energia.
Na passagem para o jardim foi colocada uma cortina de tule, sinalizando o umbral.
Se você não dispuser de um espaço duplo, nada impede que você adapte este ritual para o espaço disponível.

Construir o altar
no centro, sobre uma superfície rústica (terra ou pedrisco), uma tocha acesa cercada de pedras

Configurar o círculo
Os elementos das quatro direções, no limite exterior do círculo, são consagrados antes das pessoas entrarem (a realidade
futura já existe!)

Entrada no primeiro espaço


Pede-se às pessoas para entrarem na sala e se anuncia o propósito.

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para atravessar o véu da ilusão que nos tem envolvido, e criar uma nova visão para o futuro.”

Mobilizar energia
Mobiliza-se energia, solicitando às pessoas que entrem em contato e expressem livremente suas sensações e sentimentos de
loucura (ar); depois de raiva (fogo). Quando a energia estiver forte, solicita-se ir baixando o movimento gradualmente (água),
até o silêncio total (terra).

5
Passar o umbral
Quando o silêncio estiver instalado, pede-se que cada pessoa passe pela cortina de tule, momento em que é incensada, e se
diz: “Entre para o Outro Mundo.”

Trabalhar o propósito
Com as pessoas sentadas em círculo, fazemos uma viagem em busca da visão:
 partindo da sua vida como ela se apresenta neste momento, siga um caminho que se abre diante de você
 lá adiante você chega diante de um portal
 afirmando o que você veio fazer, ordene ao portal que se abra
 passe pelo portal e visualize o reino que se descortina diante de você
 invoque os auxiliares que achar necessário para explorar este reino
 ao longe, você começa a ouvir uma suave música tocando e você atende ao seu chamado, indo em direção a ela
 ela te leva até o topo de uma colina, onde você senta para ouvir a canção
 de repente, o chão debaixo de você cede e você se encontra no interior de uma caverna rochosa
 lá, você se encontra diante de um trono de diamante, cravado na rocha
 observe a figura sentada no trono. Ela aponta para uma grande bacia natural na rocha, cheia de água cristalina
 você se dirige para lá e olha na água, em busca da sua visão
 quando você tiver recebido a visão, você se encontra novamente na colina, onde agora está acesa uma fogueira.
 Com o auxílio do fogo, você traz sua visão para dentro do seu coração
 Mantendo a chama da visão acesa no seu coração, você retorna até o portal
 Ao retornar pelo portal, ele se fecha atrás de você
 E você retorna para sua vida aqui agora.
 Abrindo os olhos, no seu devido tempo, projete sua visão na chama no centro do círculo, onde todas as visões se
nutrem e são nutridas ao mesmo tempo.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos aos Quatro Elementos, por nos possibilitar a realização de nossos sonhos e visões.”
“O círculo se abre, mas não se desfaz.
Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!”

6
Oya
A Força dos Ventos

Oyá é a grande deusa africana da tradição Yorubá, no comando dos ventos e das tempestades. Essencialmente uma
deusa dos elementos, ela se manifesta em várias formas naturais. Em seu estado gentil, ela é lúdica e refrescante como uma
brisa suave, mas quando se agita, torna-se um vento forte, que escalona até o tornado. Como vento ardente, ela rege o fogo
rápido, nervoso, dos relâmpagos.
Originária do oeste nigeriano, onde todos os rios são espíritos femininos, Oyá é o próprio rio Niger. Conta a lenda que
ela o criou rasgando um tecido preto e o depositando sobre a terra. Oyá, seu nome mais simples, é uma forma de verbo que
significa “ela dilacerou”, nomeando sua passagem como um evento com conseqüências desastrosas.
Em sua manifestação como vento, ela rasga a superfície calma do rio, do mesmo modo que dilacera nossas crenças
estagnadas. Quando as energias se acumulam, Oyá se manifesta como as faíscas nervosas que produzem uma infinidade das
chamadas “queixas femininas”, aprisionando-nos em redemoinhos de atividade sem sentido, em situações incapacitadoras,
brincando destrutivamente.
Treinadas que fomos a conter nossas tempestades em vez de descarregá-las, a represar e canalizar nossas águas em
vez de transbordar, o fluxo de Oyá em nós congelou. Mas as partículas de gelo que se formam no coração da tempestade,
carregadas negativamente, são as misteriosas fontes geradoras dos relâmpagos de Oyá. Quando estes nos atingem, produzem
dor aqui, cólicas ali, cãibras acolá. Mas passada a tempestade, nos encontramos revigoradas e livres.

Ritual
Oya - A Força dos Ventos
Construir o altar no centro do círculo
Sobre uma base preta,dispor
vagens de flamboyant,
muitos bastonetes de incenso (que podem estar fincados em um pote contendo arroz para segurá-los)
um cesto com um pedaço de tecido vermelho vivo, fácil de rasgar.
uma travessa com alimento predileto de Oyá (que pode ser acarajé, berinjela ou doce de batata roxa, por exemplo)
Cruzando sobre o altar, esticar um barbante de leste a oeste, de norte a sul, a uma altura que permita as pessoas passarem
por baixo e ao mesmo tempo alcançarem o barbante com os braços esticados.

Configurar o círculo
Nas quatro direções, colocar os quatro elementos escolhidos no limite exterior do círculo.

Passar o umbral
Com um incenso forte, que pode ser sálvia ou um bastão de incenso da Amazônia, incensar cada pessoa e convidá -la a entrar
na sala e encontrar um lugar no círculo formado por almofadas.

Marcar o tempo
“Hoje estamos reunidas para entrar em contato com a força dos ventos e mover tudo que está estagnado em nossa vida.”

Invocar o círculo
Quando todos estiverem sentadas, invocar as quatro direções.
Senhora do Leste, Senhora do Ar! Invocamos sua proteção para este nosso trabalho! (acender o incenso)
Senhora do Sul, Senhora do Fogo! Invocamos sua proteção para este nosso trabalho! (acender a vela)
Senhora do Oeste, Senhora da Água! Invocamos sua proteção para este nosso trabalho! (aspergir um pouco da água)
Senhora do Norte, Senhora da Terra! Invocamos sua proteção para este nosso trabalho! (honrar o silêncio)

Invocar a deusa no centro


“Oyá, faça-se presente entre nós! Iremos louvá-la ao longo de todos os rios, iremos pendurar bandeiras de oração tremulando
ao vento. Queremos conhecer os seus ventos, para reclamar nossa parte do fogo !”

Mobilizar energia
Feito isto, todos levantam e dançam em círculo, chamando o vento, até mobilizar energia suficiente para impregnar o propósito.
Então, uma a uma, cada pessoa rasga uma tira de tecido e a pendura no barbante.
Ao fazer isto, diz “Eu abro uma fenda em mim, para dar passagem à energia de Oyá” (rasga) e peço........” (pendura). Feito
isto, senta-se no círculo novamente.

Trabalhar o propósito
Olhe para sua vida e veja o que você está vivendo agora.
Olhe para seus valores, seus projetos.
Veja o que está faltando em sua vida e
lembre-se do que você pediu a Oyá.
Chame um animal para acompanhar você nesta viagem.
(pausa)
Mantenha sua atenção focada em todos estes aspectos que te circundam,
acumule toda a energia contida neles e em você.

7
(pausa)
De repente, você é pega num redemoinho que te envolve e te leva.
Permita-se ser levada!
Lembre-se que teu animal te acompanha
Estes são os ventos de Oyá, que precedem a tempestade
e que abrem o caminho para as sementes da fertilidade.
Não tenha medo!
Os ventos de Oyá limpam e purificam nosso entorno.
A força dos ventos de Oyá abre fendas e espaços para o novo.
Permita que tudo que está estagnado em você e em sua vida se movimente.
(pausa)
Aos poucos, a tempestade se acalma.
Agora olhe a sua volta e veja o que você encontra.
Recrie um novo equilíbrio em sua forma de viver.
Re-avalie seus valores e os organize harmonicamente.
Algumas coisas podem ter desaparecido,
outras podem ter aparecido em seu lugar.
Familiarize-se com esta nova configuração da sua vida!
(pausa)
Quando você estiver confortável, retorne para o círculo.

Ancorar a experiência
Uma pessoa pega a travessa, come um alimento (que deve ter o tamanho de um bocado que se pega com os dedos e põe na
boca) e passa a travessa para a pessoa à sua esquerda, dizendo: “Compartilhamos o alimento de Oyá!”

Partilhar a experiência
Quando o alimento tiver percorrido o círculo, as participantes são convidadas a partilhar sua experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Oyá e das forças dos elementos”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!

8
Héstia
O fogo primordial
A evolução da humanidade está intimamente associada ao fogo. Desde os primórdios, os grupos humanos sentavam
em torno da fogueira, que lhes proporcionava calor, proteção e luz. A experiência do fogo está profundamente impressa em
todos nós e se expressa nas festas do fogo, nas tochas olímpicas, na lareira das casas, no fogão da cozinha e mesmo no
acender de uma simples vela.
Como a mais venerada das deusas gregas, Héstia é o próprio fogo primordial, presente no centro de cada lar,
representando a unidade da família. Como o fogo que permanentemente queimava no centro de cada cidade grega, representa
a unidade social. A ela eram ofertados os primeiros frutos da colheita.
“Comece com Héstia” rezava o ditado grego. Associada com estabilidade, permanência e prosperidade, Héstia é o
„umbigo da terra‟. Assim, toda mulher trazia o fogo da casa de sua mãe para acender sua própria lareira, quando iniciava um
novo lar. Do mesmo modo, colonizadores gregos traziam o fogo da lareira pública de sua cidade-mãe, para garantir a coesão
das novas comunidades que formavam.
O conceito da lareira sagrada sob a proteção de uma deusa está conectado com o bem estar do estado e o favor das
divindades, bem como com a futura colheita, a armazenagem do novo grão e a provisão de comida.
Em Roma, era conhecida como Vesta, em cujo templo as virgens vestais, suas sacerdotisas, guardavam o fogo sagrado,
que era anualmente renovado pela fricção de uma pequena madeira da árvore da sorte, ocasião em que o templo era limpo
com água da fonte sagrada e recebia os grãos da nova safra. Tornar-se uma Vestal era uma grande honra e meninas das mais
altas classes ingressavam nos templos com a idade de 7 anos, servindo pelos próximos 30 anos.
Mas Vesta estava presente em todos os altares, sendo que as orações e oferendas começavam e terminavam com ela,
a guardiã das coisas mais internas.
Entre os celtas, a deusa do fogo é Brigit, em cujo templo o fogo jamais se extinguia. Como a guardiã da lareira nas
casas celtas, uma oração é ainda hoje endereçada a ela quando o fogo é „coberto‟ para a noite, de modo que a „semente‟ do
fogo possa permanecer no braseiro até de manhã. Mas seu fogo famoso, cuidado por 19 donzelas, estava situado em Kildare.

Ritual
Héstia - Alimentando o Fogo Primordial
Construir o altar no centro do círculo
 caldeirão preparado para o fogo
 uma vela no lugar de cada pessoa

Configurar o círculo
Nas quatro direções, colocar os quatro elementos escolhidos no limite exterior do círculo.

Passar o umbral
 pedir para as pessoas ficarem em fila por ordem de idade, a mais velha primeiro
 purificar cada pessoa com fogo, passando a chama de uma vela azul

Marcar o tempo
Estamos hoje reunidas para alimentar o fogo primordial. Com o auxílio do fogo do centro do lar, iremos em busca do fogo do
centro do nosso ser, para com ele alimentarmos o fogo do centro da terra.

Invocar o círculo
Quando todas estiverem sentadas, invocar as quatro direções:
 Senhora do Leste, traga a força do Ar para que possamos superar todas as formas de ignorância e intolerância, e
alcançar a liberdade do verdadeiro conhecimento.
 Senhora do Sul, traga a força do Fogo para que possamos expressar com alegria, confiança e equilíbrio a essência do
nosso ser.
 Senhora do Oeste, traga a força da Água para que possamos encontrar nossas próprias respostas e transformar
nossa verdade pessoal em objetivos concretos.
 Senhora do Norte, traga a força da Terra para que possamos honrar a fonte da sabedoria e viver nossa gratidão pelo
conhecimento recebido.

Invocar a deusa no centro


(acendendo o fogo no caldeirão)
“Oh! Héstia, Senhora do Fogo Primordial, invocamos sua presença, neste fogo do centro do lar. Traga estabilidade,
permanência e prosperidade para nossos objetivos.”

Mobilizar energia
Com uma tocha que é acesa no caldeirão, acender a vela de cada pessoa, dizendo:
“Receba o fogo do centro do lar.” A pessoa coloca a vela acesa diante de si.

Trabalhar o propósito
 vamos colocar nossa atenção no fogo central
 vamos sentir a conexão do fogo central com nosso fogo particular, que está diante de nós
 (pausa)

9
 vamos trazer este fogo para o centro da nossa percepção consciente
 vamos olhar para dentro de nós, para “aquilo que sei de mim”
 (pausa)
 agora vamos expandir um pouco nossa percepção consciente,
 incluindo uma área ligeiramente sombria e
 olhar para “aquilo que nego de mim”
 (pausa)
 vamos expandir mais um pouco nossa percepção consciente,
 incluindo uma área escurecida e
 olhar para “aquilo que desconheço de mim”
 (pausa)
 vamos expandir mais um pouco nossa percepção consciente,
 incluindo todo o espaço escuro
 e penetrando neste buraco negro, vamos sair
 na luz que tudo transcende para
 encontrar “aquilo que sou”
 (pausa)
 trazendo conosco o fogo da essência do ser,
 vamos impregnar a chama da vela com esta qualidade.
 (pausa)
Cada pessoa no seu tempo, vai levar a vela e colocá-la em volta do caldeirão,
 Dizendo em voz alta com o que alimenta o fogo do centro da terra,

Ancorar a experiência (uma música apropriada)


Quando todas tiverem colocado sua vela em volta do caldeirão, vamos dançar no círculo, na direção dos ponteiros do relógio,
para levar a energia ao centro da terra.

Partilhar a experiência
Quando a energia estiver enraizada, cada pessoa se senta no círculo e as participantes são convidadas a partilhar sua
experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Héstia e o poder do fogo primordial”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!

10
Água
Origem e fundamento da vida

A água é um líquido vital para a vida. Sem ela, não haveria vida em nosso planeta. Ela não é apenas fundamental para
a vida da vegetação, mas todas as reações que acontecem nos corpos dos animais - e nós estamos incluídos entre eles -
acontecem em soluções aquosas.
Quando, há bilhões de anos, ocorreu a grande explosão que originou nosso universo, uma radiação cósmica se
expandiu uniforme e suavemente: a sopa primordial. Esta consistia, em sua maior parte, de partículas elementares, misturadas
com átomos de hidrogênio. Expandindo-se rapidamente, a sopa sofre um resfriamento, que tem como conseqüência uma
aglutinação de partículas, que formam caroços de matéria condensada. Sob a ação gravitacional, estes caroços começam a
girar cada vez mais rapidamente, até formarem os sistemas formadores de estrelas: as proto-galáxias compostas de hidrogênio
e hélio.
Durante as primeiras fases de formação do nosso planeta, reações químicas levaram à formação das moléculas de
água, componentes fundamentais da atmosfera terrestre.
A água sempre se faz presente para sustentar a vida, a mesma vida que surgiu dela há milhões de anos, em forma de
bactérias e algas unicelulares, presentes no Oceano Primitivo. Mas ela não está apenas presente na superfície terrestre;
também se encontra nos mundos subterrâneos, formando reservas como os lençóis freáticos, além de se elevar à atmosfera, de
onde traz a umidade e a chuva renovadora.
Ela é a referência para definirmos o espectro da temperatura. Uma temperatura igual a zero é o ponto em que a água
congela. Curiosamente, a água congelada é menos densa do que em estado líquido, o que faz com que o gelo flutue, gerando
sob sua camada um ambiente vital para a sobrevivência de peixes e plantas que habitam os lagos e rios das regiões de inverno
rigoroso.
À temperatura ambiente, ela se apresenta em estado líquido, podendo ser absorvida pelos organismos vivos. Quando a
temperatura chega a 100 graus, a água evapora e se desloca pela atmosfera que envolve o planeta. Resfriando, o vapor
d‟água se aglutina em gotículas, precipitando-se em forma de chuva, granizo ou neve, retornando a seu estado líquido.
A vida de cada uma de nós começa no meio aquoso, o líquido amniótico que nos envolve no útero materno. Esta
experiência, registrada profundamente em todas as nossas células, se manifesta nos mitos da criação de muitos povos, em que
o universo emerge das águas primordiais.
Um coletivo indiferenciado, cada onda do oceano, ou cada gota d‟água que se separa, sempre retorna à sua origem. Do
mesmo modo como a água evapora e se eleva, para cair novamente em forma de chuva e penetrar profundamente na terra,
dali brotando nos riachos e lagos como água purificada, ressurgimos renovadas pela experiência de retornar à origem, rever
nossa trajetória e aprender com ela.

Ritual
As Águas Primordiais - Em busca da união

Configurar o círculo
-circundar o salão com um fio tecido de branco/vermelho/preto, as cores da deusa, criando uma roda de cura
-colocar os quatro elementos na parte externa do círculo,
-invocar as quatro direções, antes das pessoas entrarem no espaço ritual

Passar o umbral
incensar as pessoas na entrada, dizendo “Entre no silêncio de você mesma!

Mobilizar energia
quando todas estiverem dentro da sala, dá-se as seguintes comandas:
vamos caminhar lentamente pela sala,
como se estivéssemos caminhando pela nossa vida
à medida que caminhamos, vamos reunir a colheita de nossa vida.
Quando você encontrar algo que deseja colocar em sua cesta, gire no seu eixo
continue caminhando e girando, até que você tenha reunido toda a colheita da sua vida
quando você tiver terminado sua colheita, sente-se no lugar em que está, em silêncio

Trabalhar o propósito
(quando todas estiverem sentadas, toca-se uma música que lembra o fluir de água)
 agora vamos iniciar uma viagem em busca da união, em busca do elo sagrado
 você está sentada na fonte da sua vida
 deixe-se levar pelas águas que brotam da fonte

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 renda-se às águas, para onde quer que elas te levem
 deixando para trás toda a colheita da sua vida
 (pausa)
 sinta as águas se avolumando, à medida que avançam
 até o momento em que há o encontro das águas de todas as fontes num grande oceano – o oceano primordial
 (pausa)
 quais são as suas águas e quais as águas dos outros? Você é capaz de dizer?
 Harmonize-se neste oceano.

Ancorar a experiência
 e como sinal da harmonia, vamos entoar o canto das sereias.
 vamos soltar nosso canto de sereia e encantar o mundo

Partilhar a experiência

Fechar o ritual

“O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!”

12
Nerthus
A Mãe-Terra dos povos nórdicos

A Grande Deusa é intimamente associada com o poder da terra. O próprio planeta que habitamos, nosso berço e
fonte de nutrição, sempre foi cultuado como a Grande Mãe. De seu corpo abundante, a terra produz os vegetais que são nossa
fonte básica de alimento. De suas entranhas brota a água cristalina indispensável à vida. Em suas cálidas e escuras
profundezas, ela nos acolhe na morte.
Na tradição de todos os povos, encontramos a mãe-terra como a divindade pré-histórica mais preeminente. Ela não
pode ser reduzida a uma simples deusa da fertilidade dos campos cultivados, pois muito antes do advento da agricultura, ela já
paria partenogenicamente (i. é., a partir de si mesma) todos os seres vivos.
Recuperar o respeito por este Ser, que é nosso fundamento e nosso destino, torna-se de suma importância, quando
nossa própria sobrevivência está em jogo. Honrar a Mãe-Terra significa cuidar das nossas próprias origens.
Na mitologia nórdica, a deusa-terra pré-histórica é chamada de Nerthus. Seu maior santuário situava-se em uma ilha
no oceano, onde se encontrava uma estátua sentada em uma carroça coberta com um pano, cuja retirada, no início do ritual,
anunciava a presença da deusa.
Uma divindade da fertilidade, era levada em procissão solene entre seu povo, com a carroça puxada por bois
passando de tribo em tribo. Neste período, que podia ter sido na primavera ou no outono, cessavam todas as lutas e todas as
armas e objetos feitos de ferro eram guardados, até que a jornada da deusa tivesse sido completada. A procissão era
acompanhada por festividades, quando todas as portas eram abertas hospitaleiramente e a prosperidade se manifestava nos
campos. No fim, a estátua de Nerthus era levada de volta ao santuário na ilha, onde, em um lago sagrado, a deusa e sua
carroça eram banhadas.
Poucas são as informações a respeito das deusas pré-históricas na mitologia nórdica antiga, que aparecem somente
como divindades apagadas, raramente mencionadas nas fontes escritas.
As inscrições rupestres, por sua vez, sempre deixam dúvidas quanto a seus significados. Figuras humanas sem falo e
com longos cabelos, freqüentemente com marcas do cálice entre as pernas (o „V‟ de vagina), são em geral interpretadas como
mulheres. Também há sugestões de que os navios representam a deusa da fertilidade. O hábito de carreg ar navios em
procissão para beneficiar os campos sobreviveu por muito tempo em partes da Dinamarca. Mas o navio também pode
representar a morte. Outros símbolos femininos sugeridos, além do cálice e dos navios, são marcas de pisadas, a serpente, a
espiral e o círculo com uma cruz.
O historiador romano Tácito menciona o povo de Nerthus, sete tribos que eram protegidas por florestas e rios. Diz no
Germânia que não há nada importante a dizer sobre eles individualmente, exceto que cultuavam em comum Nerthus, a Mãe-
Terra, que passava em procissão pelas localidades e interferia nas questões humanas.
Entre os diversos significados do nome desta deusa estão o de 'força'; 'do submundo' (referindo-se a uma deusa
ctônica relacionada com fertilidade); 'mergulhar'; 'brincar'. Sua descrição por Tácito a identifica como pertencente aos Vanir, um
grupo de divindades que promoviam a fertilidade, o amor e a paz!

Ritual
Nerthus - Reconhecer o poder da Mãe Terra

Construir o altar no centro do círculo


Neste ritual, trabalhamos com dois ambientes, o primeiro ambiente ficou vazio, sendo o altar construído no segundo ambiente.
No centro, um tablado com um grande vela em um suporte de ferro no centro, com espaço em volta para colocar velas
menores
(A vela no centro pode ser substituída por um fogo, se o local permitir)
Uma jarra com suco de maçã e uma taça
Material adicional: número de velas menores e vendas para os olhos, correspondente ao número de participantes;

Configurar o círculo
Antes de iniciar o ritual, a focalizadora invoca as quatro direções, configurando o círculo, que abarca os dois ambientes.

Passar o umbral
Cada pessoa tem os olhos vendados na entrada, sendo saudada com a seguinte pergunta: “Qual é a natureza do seu
caminho?”
Em seguida, outra pessoa a toma pela mão e elas começam uma procissão , em passos muito lentos e calmos, a condutora
sempre passando pelo umbral para receber a nova participante, que é unida pela mão com a última da fila.

Mobilizar energia
Com uma música suave de fundo, a procissão segue em seu movimento lento, e iniciam uma viagem guiada, deixando tempo
entre as sugestões para que as pessoas possam ter sua própria vivência:

 Caminhe calmamente em uma paisagem ao entardecer.


 Enquanto caminha, preste atenção aos pensamentos que vão aflorando.
 Ache no seu caminho uma grande pedra.
 Nela estão registradas suas emoções e suas crenças.

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 Observe bem.
 Tem algo que você gostaria de apagar?
 Tem algo que você gostaria de reescrever?
 Descubra como é fácil!
 Reescreva o seu caminho
 Quando você sentir que reescreveu seu caminho, tire o véu e dirija-se para a porta
Na passagem para o segundo espaço, uma pessoa espera com as velas menores na mão. Entregando uma vela para cada
pessoa, ela faz o convite: “Venha sonhar o seu novo caminho.”

Trabalhar o propósito
Quando todas tiverem se acomodado em volta do altar, inicia-se o “sonhar”
 Sonhe!
 Permita que as imagens surjam na sua mente.
 Não julgue ou analise, apenas sonhe o seu novo caminho.
 (pausa longa)
 Neste seu novo caminho, qual a imagem que aparece como símbolo do seu caminho?
 (pausa longa)
 Retornando deste sonho incorpore essa imagem em seu novo caminho, acendendo uma vela para o altar da deusa,
aqui e agora.

Ancorar a experiência
Quando todas tiverem acendido suas velas, a focalizadora pega o cálice, enche com suco de maçã e diz: “Este é o cálice da
vida!”. Ela toma um gole e passa o cálice, com a fala: “Que o seu caminho seja o meu caminho !”
Obs.: dependendo do número de pessoas, é necessário reabastecer o cálice, para que todos possam tomar seu gole.

Partilhar a experiência
Quando o cálice tiver percorrido o círculo, as participantes são convidadas a partilhar sua experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Nerthus e das forças dos elementos”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!

14
A roda do ano e as quatro estações
Assim como as quatro direções estruturam o espaço, as quatro estações estruturam o tempo. Assim, a
circularidade do espaço se associa à ciclicidade do tempo para estruturar a existência humana.
As quatro estações - primavera, verão, outono e inverno - estão relacionadas com o movimento
aparente do sol na esfera celeste, cuja trajetória se aproxima de um círculo, em cujo centro nos encontramos
como observadores terrestres.
Apesar de sabermos que é a terra que gira em torno do sol, nossa experiência imediata nos informa
que, no decorrer de um ano, o sol nasce e se põe em pontos diferentes no horizonte. A trajetória deste seu
deslocamento é limitada pelos pontos extremos que marcam os solstícios. Quando o sol alcança o ponto
extremo ao norte, ocorre o solstício de inverno no hemisfério norte e o solstício de verão no hemisfério sul. A
partir deste ponto, ele inicia seu deslocamento no sentido inverso, até chegar ao ponto limite sul, que marca o
solstício de verão no hemisfério norte e o solstício de inverno no hemisfério sul. E um novo ciclo se inicia.
Neste seu deslocamento em ambas as direções, o sol passa pelo ponto mediano, momento em que os
raios solares incidem verticalmente sobre o equador, marcando os equinócios de primavera e outono,
alternadamente nos dois hemisférios. A percepção da regularidade deste deslocamento permitiu à humanidade definir um
intervalo de tempo designado como ano, que abarca as quatro estações.
Devido à prevalência da cultura solar, o início de cada estação foi definido pela posição do sol. Na cultura lunar, os
festivais femininos aconteciam no tempo intermediário entre solstícios e equinócios. Exemplo disto são os festivais do fogo da
tradição celta. Celebrando os processos que acontecem nas dimensões mais profundas, as festas do fogo celebram o momento
exato em que luz e escuridão alternam sua ascensão ou declínio, enquanto os solstícios e equinócios marcam o ápice da
transformação, o meio do inverno e do verão, ou o equilíbrio das forças.
A atividade agrícola, desenvolvida há cerca de 10 mil anos na zona temperada do hemisfério norte, está intimamente
associada com o ciclo anual das estações, que foram definidas para organizar as atividades de plantio e colheita, cada estação
tendo seus festivais próprios: a primavera é a estação das flores e do renascer da natureza, o verão é a época do calor e da
maturação, o outono é a época dos frutos e da colheita e, finalmente, o inverno é a época do frio, do recolhimento e da
renovação para um novo ciclo.
Por nossa herança européia, ainda hoje nossa definição das estações se orienta pelas características climáticas da
zona temperada do hemisfério norte, apesar delas se manifestarem de modo diferente em zo nas tropicais ou árticas, ou mesmo
em zonas temperadas do hemisfério sul. No Brasil, diríamos que o verão é a estação das chuvas e o inverno, a estação da seca.
A manifestação da primavera e do outono é discreta e poderia passar despercebida, não fosse pelo calendário oficial.
Isto não impede que possamos festejar as estações, pois elas pertencem ao universo cultural humano e suas
correspondências tocam aspectos importantes de nossa alma. O ciclo das estações é o ciclo da vida. Tudo que é vivo é cíclico,
uma característica associada ao feminino. Cíclico quer dizer que algo nasce, cresce, amadurece, morre e renasce para um novo
ciclo. O cíclico é eterno, não no sentido da duração infinita, mas da renovação infinita.
Assim como a natureza se renova na ciclicidade das estações, também nós podemos nos reciclar nas estações da
nossa vida.

Ritual
As quatro Estações - Dissolver o estabelecido

Construir o altar no centro do círculo


Um vaso com flores de campo no centro
Um aromatizador com essência
Uma tigela de cristal com água
Um cristal escuro

Passar o umbral
dar uma almofada para cada pessoa ao entrar, dizendo: “Encontre o seu lugar no círculo”

Marcar o tempo
“Com o objetivo de encontrar um novo modo de nos perceber e de estar no mundo, vamos dissolver o que está estabelecido e
criar nossos recursos.”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, com o seu poder de tudo movimentar, nos ajude a dissolver os padrões fixos de crenças e
pensamentos.
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, com o seu poder de tudo transformar, nos ajude a dissolver o que estiver estagnado.
Senhora do Oeste, Senhora das Águas, com o seu poder de tudo fazer fluir, nos ajude a dissolver as emoções cristalizadas.
Senhora do Norte, Senhora da Terra, com o seu poder regenerador, nos ajude a dissolver as atitudes repetitivas.

Trabalhar o propósito (uma música meditativa)

 vamos fechar nossos olhos,


 entrar em contato com nossa respiração

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 e no interior deste círculo formado pelos elementos,
 cada pessoa vai encontrar um lugar em que se sinta confortável
 vamos sentir este lugar por alguns momentos
 acalmando a mente, o coração, o corpo

 e nesta tranqüilidade, recebemos a visita de um animal


 suave e gentilmente ele se aproxima
 oferece a cabeça para ser acariciada
 olha docemente em nossos olhos
 seu olhar nos diz para acompanhá-lo
 ele nos conduz por uma trilha até um portal

 olhamos para o portal que tem uma inscrição


 “Este é o reino da eterna primavera”.
 Atravessamos o portal e nos encontramos num campo florido
 pássaros cantam alegremente
 doces aromas perfumam o ar
 suaves brisas acariciam nossa pele.
 No interior da nossa mente, crenças e pensamentos se fazem ouvir como um enxame de insetos.
 Intencionalmente, expandimos nossa mente e libertamos as crenças e os pensamentos.
 Libertos, eles se deleitam nas suaves ondas do vento,
 repousando nas flores coloridas,
 alimentando-se do néctar,
 integrando-se na paisagem primaveril.
 Com a mente leve retornamos pelo portal,
 encontramos o animal e continuamos com ele pela trilha

 até chegar a outro portal, que tem como inscrição:


 “Este é o reino do eterno verão”.
 Atravessamos o portal e nos encontramos em meio a plantações.
 as espigas cheias de cereal balançam ao vento,
 aquecidas pelo calor do sol,
 umedecidas pelo frescor da chuva,
 alimentadas pela fertilidade da terra.
 Árvores frutíferas, repletas de frutas maduras deixam pender seus galhos
 oferecendo sombra para o descanso.
 Sentimos nosso coração borbulhar como um vulcão em erupção.
 Abrimos o coração e permitimos que o seu pulsar se transforme em raios solares,
 que vão beijar as folhas verdes, os frutos maduros, as espigas gordas.
 Com o coração relaxado, retornamos pelo portal
 e encontramos o animal.
 Continuamos com ele pela trilha,

 até chegar a outro portal, que tem como inscrição:


 “Este é o reino do eterno outono”.
 Atravessamos o portal e nos encontramos numa paisagem ampla,
 cheia de árvores, com folhas que vão mudando de cor,
 do verde claro, passando pelo amarelo e ocre, até o vermelho fogo.
 O chão está repleto de folhas secas e sementes
 que fazem barulho, quando caminhamos sobre elas.
 Os campos que se estendem ao longe estão ressecados,
 o gelo no topo das montanhas reflete a luz solar,
 um vento ligeiramente cortante nos faz estremecer.
 Os sons mais diversos nos chegam de todos os lados,
 apesar de não conseguirmos identificar sua origem.
 De repente, sentimos o interior de nossas vísceras se movimentar.
 São nossas emoções que fluem em todas as cores
 e percorrem nosso interior em todas as temperaturas.
 Relaxamos na nossa barriga e deixamos as emoções fluírem.
 As ondas se expandem e se juntam aos sons externos,
 fluindo livremente com o mundo à volta.
 Com a barriga solta e macia, retornamos ao portal,
 onde encontramos o animal e
 continuamos com ele pela trilha,

 até chegar a outro portal, que tem como inscrição:


 “Este é o reino do eterno inverno”.
 Nos encontramos numa paisagem silenciosa, imóvel.
 Ela é ampla, até onde o olhar alcança, nada parece oferecer obstáculo.
 É um espaço de possibilidades ilimitadas,
 onde cada um pode inscrever sua própria marca.
 Entramos em contato profundo com este silêncio infinito

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 e percebemos em nossos músculos leves impulsos nervosos,
 que nos incitam a tomar atitudes de acordo com esquemas pré-estabelecidos.
 Com a respiração, vamos penetrar entre os músculos e os impulsos,
 introduzindo pequenos espaços que se conectam com o imenso espaço externo,
 e vamos permitir que nossos músculos se movimentem de modos sempre novos,
 maneiras inesperadas, criativas, livres.
 Podemos nos movimentar em todas as direções ao mesmo tempo,
 os músculos se expandindo e contraindo ludicamente.
 Completamente relaxadas, retornamos ao portal
 e encontramos o animal.

 Ele nos acompanha de volta para o lugar de onde iniciamos.


 Olhando profundamente em nossos olhos, ele se despede gentilmente de nós.
 Com uma respiração profunda, retornamos ao círculo.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de todos os elementos”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!

17
Flora
O desabrochar da primavera

A primavera é o momento em que toda a natureza desperta de seu período de descanso. Quando a terra recebe o
influxo do sol e da chuva, ela desabrocha, fecunda e florida. As flores abundantes deste período do ano simbolizam um novo
tempo, em que é chegado o momento de abrirmos espaço em nossa vida para o crescimento, a alegria, o amor, a paz, o
prazer, a celebração.
A deusa romana da primavera é Flora. A ela eram feitas preces pedindo prosperidade e o amadurecimento dos frutos.
Como deusa da flor da juventude e de seus prazeres, era conhecida na Grécia como Chlóris, “a verdejante”. Como essência das
flores e do florescer em geral, Flora empresta seu nome à designação geral de todo o mundo botânico: flores, plantas, árvores ,
vegetais, frutos, gramíneas, fungos.
Em sua honra, os romanos realizavam um festival de 6 dias, a Florália, ocasião em que as mulheres trocavam suas
roupas comuns por outras mais floridas e os homens enfeitavam a si próprios e seus animais com flores.
Como símbolo da primavera, as flores representam o desabrochar de uma nova estação, colorindo a natureza e
trazendo a brisa suave e o frescor da chuva. A florada abundante das plantações promete grãos em profusão e doces vinhos.
Atraindo as abelhas para coletarem o néctar e produzirem o mel, as flores nos lembram de crescer em apoio mútuo,
honrando e celebrando cada passo no caminho do amor.
Em suas múltiplas cores e formas, antes de fenecerem, as flores liberam um encantador perfume no ar, testemunhando
a passagem de uma deusa.

Ritual
Flora - A Abundância das Flores

Construir o altar no centro do círculo


 uma toalha verde, com um vaso de flores diversas no centro e flores espalhadas em torno do vaso;
 uma cuia com mel

Configurar o círculo
dispor os quatro elementos no centro, em torno do altar
 na direção leste, um aromatizador com uma fragrância floral
 na direção sul, uma vela colorida, ou várias velas de diferentes cores
 na direção oeste, um vasilhame com água e flores flutuantes
 na direção norte, frutas de diversas cores

Passar o umbral
A pessoa encarregada de guardar o umbral coloca um toque de óleo essencial de flores na testa de cada pessoa ao entrar,
dizendo: “Abra o seu coração para a festa das flores.”

Invocar o círculo
(quando todas as pessoas estiverem sentadas no círculo)
Senhora do Leste, Senhora do Ar, espalhe o perfume das flores pelo mundo
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, que seu calor faça as flores desabrocharem
Senhora do Oeste, Senhora da Água, umedeça as flores com seu frescor
Senhora do Norte, Senhora da Terra, nutra as flores com sua fertilidade

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para festejar a abundância das flores e abrir espaço para o novo em nossa vida.”

Invocar a deusa no centro


“Te invocamos, Flora, também chamada Chloris, a ninfa dos felizes campos onde os antigos habitavam.”

Mobilizar energia
Em pé, vamos dar as mãos e começar dançando em roda, depois deixar a energia fluir e improvisar. Uma música apropriada
deve ser alegre, podendo ser música de ciranda ou de flauta, por exemplo. Quando suficiente energia estiver mobilizada,
sentamos novamente.

Trabalhar o propósito (viagem em busca da flor interior)


 Vamos por nossa atenção na nossa respiração e seguir o suave perfume das flores que penetra pelas nossas narinas.
 Seguindo o aroma vamos penetrando profundamente no nosso ser e encontrar a flor que somos no mundo espiritual
 Permita que sua flor se manifeste a você e desabroche plenamente
 Acolha a flor em seu coração
 Comprometa-se a cuidar dela com muito carinho, para que ela possa frutificar abundantemente
 Inspirando profundamente, retorne para o círculo

Ancorar a experiência
passar a cuia com mel, na qual cada pessoa coloca o dedo e experimenta o sabor do mel e passa a cuia para a pessoa à sua
esquerda, dizendo:“Sinta o sabor da essência das flores.”

18
Partilhar a experiência
Quando a cuia com o mel tiver passado no círculo, as participantes são convidadas a partilhar sua experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Flora e de todas as flores, pela suavidade e pelo colorido que trazem ao mundo e a nós.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!

19
Hethert
O amor compassivo

Oh! Mãe... Ser Brilhante que afasta a escuridão,


que ilumina cada criatura humana com seus raios.

Muito antes dos faraós governarem o Egito, os povos que habitavam o fértil vale do rio Nilo já buscavam refúgio no
amor compassivo da deusa-vaca.
No primeiro tempo, ela formou a Via Láctea do leite que jorrou de seu úbere. A cada ano, ela envia a água que
inunda o vale tornando-o fértil, para nutrir todas as suas criaturas. Como protetora das mulheres, ela assegura a fecundidade
humana.
Quando os faraós começaram a governar o Egito em nome do deus-sol, eis que a deusa-vaca - sua mãe - se torna às
vezes sua esposa, às vezes sua filha. Seja como for, é ela que lhe dá à luz toda manhã, é ela o firmamento que ele percorre em
sua jornada diurna e é entre cornos dela que ele descansa ao entardecer.
Uma das divindades egípcias mais antigas, a deusa mãe solar Hethert possui muitas facetas e histórias. Ela mesma,
contudo, é simplesmente a vaca que porta o disco solar entre seus cornos, expressando sua qualidade materna que alimenta a
tudo e a todos, não apenas com seu suprimento infindável de leite, mas também com amor incondicional e compassivo
Essencialmente uma deusa da alegria e da maternidade, entre as muitas insígnias de Hethert destaca-se o sistro, um
chocalho sagrado, cujo som sussurrante embala o sono das crianças e afugenta os maus espíritos.
Em nome de Hethert, suas sacerdotisas celebravam a vida por meio de canto, dança e júbilo. Destacando-se entre
todos os festivais do antigo Egito, as festividades em sua homenagem eram puro êxtase, pura alegria, pura entrega.
Como deusa do amor e da proteção, ela acolheu Auset quando esta, em seu pesar pela morte do irmão-amante,
cortou uma mecha de seu cabelo, vestiu-se de luto e se refugiou entre os papiros do delta do rio Nilo. Ao encontrá-la neste
estado emocional, Hethert ofereceu-lhe consolo. Auset descansou a cabeça em seu colo e sentiu-se profundamente
compreendida, protegida e amada. Do amor de Hethert ela tirou grande força e reconquistou seu poder pessoal, recompondo-
se e consolidando suas energias.

Ritual
Hethert - Acolher com compaixão

Construir o altar
Uma planta verde escuro
Um cesto raso de vime contendo pedaços de bolo de chocolate
Uma pedra comum
Incenso
Um chocalho

Passar o umbral
Na porta de entrada as pessoas ficam em fila. Uma a uma são incensadas com a frase : Venha alimentar sua energia com o
amor de Hethert

Marcar o tempo
“Hoje estamos reunidas para festejar a dádiva da mãe-solar Hethert.”

Invocar o círculo:
Senhora do Leste, Senhora do Ar, desperte os meus sentidos para o prazer
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, ancore a minha alegria .
Senhora do Oeste, Senhora da Água, envolva meu corpo em sensações
Senhora do Norte, Senhora da Terra, enraíze a minha energia vital

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença de Hethert, para que festeje conosco a alegria e as dádivas da luz solar”

Mobilizar energia
 Fechem os olhos,
 Inspire e expire com muita calma, até sentir que as tensões vão relaxando
 e você encontra uma respiração calma e tranqüila.
 Ouçam este chocalho (tocar o chocalho)........
 Você tem reservado alguma hora do dia para cuidar de você?
 Você tem dado a atenção necessária para viabilizar seu projeto pessoal?
 Você tem prestado atenção nas coisas que te deixam feliz?
 O prazer faz parte das suas prioridades?

20
 Você cuidado amorosamente de seu corpo?
 Tem alguma parte em seu ser, que você sente que esta vazia?
 Sem vitalidade? Sem prazer?

Trabalhar o propósito
 Respire estas percepções.
 Preste atenção onde elas estão localizadas.
 Com estas sensações caminhe até uma planície.
 No silencio do prado, ouça um mugido.
 Vá até ele.
 Você vai estar diante da vaca sagrada, com o sol entre os cornos.
 Esta é Hethert.
 Apresente a ela as suas sensações.
 Deixe sua consciência penetrar fundo nos olhos dela.
 Deixe que o calor natural e a proteção dela te acolham.
 Deixe que esta sensação penetre em você, limpando o que for necessário.
 Respire, relaxe......
 Está na hora de voltar.
 Retorne pelo mesmo caminho e retorne aqui e agora.....

Ancorar a experiência
o cesto com o bolo é passado de uma em uma, partilhando este alimento que simboliza a nutrição de Hethert.

Partilhar a experiência
Quando o alimento tiver percorrido o círculo, as participantes são convidadas a partilhar sua experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Hethert”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!

21
Freiá
Senhora do Grão
Freiá, a grande deusa nórdica, é a mais renomada deusa da raça dos Vanir, as divindades relacionadas com a
fertilidade e a riqueza, que tinham o poder de trazer vida nova e abundância aos campos cultivados, aos animais e aos casais
humanos. Sendo o espírito da fertilidade da terra, sua ausência fazia as folhas caírem e os campos se cobrirem com um manto
de neve.
Deusa do amor e da guerra, da vida e da morte, cujo culto sobreviveu até os dias de hoje, era a líder das Valquírias e
cabia a ela recolher primeiro sua parte dos guerreiros mortos em batalha. Mas não era uma deusa aterrorizante e a ela também
eram dirigidos os pedidos amorosos.
Como deusa da magia, Freiá possuía o poder oracular de conhecer os destinos das pessoas e prever os acontecimentos
futuros, sendo patrona das volvas (sibilas) que usavam luvas de pele de gato, em sua homenagem.
A mais bela de todas as deusas, vestia um manto de penas de falcão sobre seu colar de âmbar, símbolo da fertilidade
da terra, enquanto cruzava os céus em uma charrete conduzida por gatos, seus animais sagrados. Na catedral da Silésia existe
um mural do século 12, representando Freiá cavalgando nua em um gato gigante.
Na sociedade viking, as mulheres ocupavam um lugar de igualdade com os homens, mas a capacidade de profetizar era
tida como exclusiva das mulheres. Entre as tribos germânicas do leste, a figura feminina, seja deusa, seja mulher, possuía
maior autoridade do que entre as tribos germânicas do oeste, cujas deidades são todas masculinas.

Ritual
Fréia - Senhora do Grão
(Este ritual foi realizado utilizando-se de dois ambientes, mas nada impede que seja adaptado em um único espaço)

Construir o altar no centro do círculo (segundo ambiente)


 Uma pequena árvore conífera com “estrelas” e brilhos
 Os quatro elementos
 pedras (tipo olho de gato)
 grãos torrados

Configurar o círculo
os quatro elementos são colocados na parte exterior do círculo, no primeiro ambiente, e no centro junto com o altar, no
segundo ambiente

Passar o umbral, invocar as quatro direções e mobilizar energia


entrando no primeiro ambiente, realizamos uma procissão invocando as quatro direções, trabalhando cada elemento
exaustivamente, para eliminar tudo que estiver ultrapassado, enrijecido ou ultrapassado.

Trabalhar o propósito
(Quando tudo tiver sido exorcizado, entramos no segundo ambiente e sentamos no círculo):
 encontrar um ritmo respiratório
 sentir a presença da rena (o animal de Freiá)
 Visualizar uma floresta e deixar a rena nos levar através dela
 Percebemos que é noite porque vai ficando escuro
 Chegamos numa clareira iluminada pela lua cheia
 Uma coruja sobrevoa e pousa num galho baixo
 Chegamos bem próximo da coruja e
 Somos atraídas pelos seus olhos
 Ao olharmos bem dentro de seus olhos redondos
 Somos capturadas por eles e transportadas para um espaço de luz brilhante
 (paua)
 Nos encontramos diante de Freia
 ela nos faz sinal para nos aproximarmos
 Quando chegamos perto, somos envolvidas por um sentimento de paz
 (pausa)
 Nos encontramos no ponto em que todos os ciclos começam e terminam
 espaço infinito do tempo infinito
 A origem de toda fertilidade
 lugar de origem de todo florescimento do universo
 Inspiramos profundamente este poder e deixamos que ele inunde nosso ser
 (pausa)
 sentimos a fertilidade, a criatividade e o poder florescerem em nós
 E à medida que florescem, nos encontramos novamente diante de Fréia
 Agradecemos e pedimos proteção para este novo nascimento
 (pausa)

22
 Ela faz um sinal nos abençoando e nos encontramos diante dos olhos da coruja
 (pausa)
 Ela bate as asas e ergue vôo e ao acompanhá-la com o olhar
 Nos encontramos olhando para a lua cheia que ilumina a clareira na floresta
 (pausa)
 Ao nosso lado está a rena que gentilmente nos conduz para fora da floresta
 Retornamos para nossa vida,
 Para esta sala
 Aqui e agora

Ancorar a experiência
Todas recebem um “olho de gato” como lembrança.
a tigela com as sementes é passada, e todas se alimentam.

Partilhar a experiência
Quando o alimento tiver percorrido o círculo, as participantes são convidadas a partilhar sua experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Freiá e da rena”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!

23
Cailleach
A memória ancestral
A Terra tudo ouve e nada esquece, sabiam os antigos gregos e lhe chamaram de Gaia. Apoiados nesta idéia,
estudiosos de várias especialidades interrogam a Terra para desvendar a evolução do planeta, da vida e da jornada
humana.
Na tradição irlandesa e escocesa, a guardiã da memória ancestral é Cailleach, a giganta velha e feia que, num
piscar de olhos, se transforma em uma bela e jovem donzela.
Como as grandes deusas de tantas outras tradições, ela é a Mãe-Montanha do Norte. E como tantas outras grandes
deusas que abarcam a vida em todos os seus aspectos, apesar de se transfigurar incessantemente, ela permanece
essencialmente a mesma.
Uma deusa cósmica, controladora das estações e do clima, responsável pela posição das colinas, montanhas, lagos e
ilhas, tornou-se definitivamente uma velha encarquilhada, quando as concepções religiosas associaram a transfiguração com a
morte.
Cailleach chega até nós como o aspecto invernal da deusa-mãe celta: alta, morrendo, mas reunindo forças para um
novo ciclo de vida. E como tal, rege o período entre Samhain e Imbolg.
A festa de Samhain - também conhecida como Hallow‟eve - abre a metade escura do ano. Como o primeiro dia do
inverno nórdico, abre a estação em que a natureza parece morta. Festeja a anciã ou a deusa-morte, que também é a senhora
da magia e a guardiã dos enigmas.
Imbolg, a festa das luzes, - também conhecida como Candlemas – encerra o período invernal e traz nova vida com
ares primaveris. A terra se transfigura, e a vida ressurge em toda sua juventude e beleza.
Este eterno renovar das estações está profundamente impresso em nossas células. Feitos da terra, nossos corpos
realizam incessantemente este processo de transfiguração. Nossas células são sementes na terra fértil.
Para ativar e recuperar a memória ancestral depositada nas infinitas camadas da existência, basta direcionarmos
nossa atenção para as profundezas do nosso ser. E, num piscar de olhos, nossa vida se renova e desabrocha em seu vigor
juvenil. Nossos sonhos brotam como as flores na campina primaveril.

Ritual
Cailleach - A Memória Ancestral

Construir o altar no centro do círculo


Um caldeirão com pedras (sal grosso e álcool para acender)
Em volta do caldeirão:
 vasos com terra para plantar sementes (podem ser copos de plástico)
 uma cumbuca com sementes (de girassol, ou outras)
 um jarro com água para regar

Configurar o círculo
Nas quatro direções, colocar os quatro elementos escolhidos no limite exterior do círculo.

Passar o umbral
Incensar as pessoas, que chegam até o círculo por um caminho de pedras (seixos rolados)

Marcar o tempo
Estamos reunidas para celebrar o inverno, um tempo de recolhimento e renovação.

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar! Invocamos sua proteção para este nosso trabalho! (acender o incenso)
Senhora do Sul, Senhora do Fogo! Invocamos sua proteção para este nosso trabalho! (acender a vela)
Senhora do Oeste, Senhora da Água! Invocamos sua proteção para este nosso trabalho! (aspergir um pouco da água)
Senhora do Norte, Senhora da Terra! Invocamos sua proteção para este nosso trabalho! (honrar o silêncio)

Invocar a deusa no centro


Invocamos a presença de Cailleach, para que ela nos ensine o caminho que nos leva à unificação do nosso Eu pessoal.

Mobilizar energia
A focalizadora orienta as pessoas para mobilizar a energia:
 trazendo a energia de Cailleach oriunda do centro da terra
 trazendo a energia de Cailleach oriunda do centro do céu
 vamos unir estas energias no nosso centro cardíaco
 enviá-la pelo braço direito
 passá-la por nossa mão direita para nossa parceira
 recebendo pela mão esquerda da nossa parceira
 enviando pelo braço esquerdo ao centro cardíaco
 fazendo a energia circular no sentido anti-horário

Trabalhar o propósito

24
(quando tiver bastante energia mobilizada)
 vamos soltar as mãos e no instante em que o fazemos
 nos vemos diante de um portal de pedra, um dólmen imenso, no topo de uma colina
 paradas diante do portal, vamos rever todo nosso passado
 Sua vida inteira jaz atrás e abaixo de você
 Pare e reveja o passado:
 O aprendizado e as alegrias
 As vitórias e as tristezas
 Tudo que foi necessário para trazer você até este momento e lugar.
 Abençoe tudo e libere tudo
 Quando nos desfazemos do passado, reclamamos nosso poder!

 Vamos dar um passo adiante.


 Estamos agora debaixo do portal, dentro do dólmen
 Um momento de parada, de quietude
 Este é o olho do furacão, o lugar da absoluta quietude
 Somos envolvidas por uma chuva de amor incondicional e infinito
 É o amor que a deusa mãe derrama sobre suas crianças
 Sinta-se envolvida por este amor que nada pede, nada retém.
 O amor que é!
 Vamos dar mais um passo
 Entrando no espaço desconhecido
 Entrando no espaço da visão
 Abra-se para uma nova visão da vida! A sua visão!
 (pausa para a visão)
 retornamos pelo portal,
 trazendo conosco a semente do amor incondicional
 retornamos ao mundo das condições
 aceitando todas as sombras
 todas as dificuldades que encontrarmos
 como desafios a serem superados,
 como lugares onde o crescimento ficou estagnado,
 como guias para retificar nossa relação com o Eu profundo, pessoal.
 A retificação vem antes do progresso!

Ancorar a experiência
Representando a semente do amor infinito que trouxemos conosco, vamos plantar estas sementes e nutri-las, para que
cresçam fortes e belas.
Cada pessoa pega um vaso com terra, a cumbuca com sementes e a jarra de água é passada no círculo (sempre na direção da
esquerda, ou seja, no sentido horário, de expansão)
As sementes plantadas são colocadas em volta do caldeirão.
O caldeirão é aceso e dançamos a dança da criação. (escolher uma música primaveril)

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Cailleach e dos elementos”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
que a partida seja em paz!

25
II
Conscientização de valores pessoais

Vivemos numa época em que os valores estão meio borrados, confusos, necessitando de uma reavaliação e
reformulação. Forças que vibram em uma freqüência muito sutil, cada qual se desdobrando em várias crenças que, por sua vez,
se manifestam em múltiplas atitudes, os valores que cultivamos determinam, em última instância, nosso comportamento e a
direção de nossa vida.
Para as mulheres em especial, vivendo em um mundo definido pelo masculino, o simples fato de nascer em um corpo
de mulher traz um sentimento de menos-valia. Por mais que tenhamos trabalhado com nossa estima, nossa confiança, nossa
valorização, no fundo do nosso ser existe um resquício de depreciação, de desqualificação ou sentimento de inferioridade, que
apenas pode ser curado por meio da recuperação de valores humanos que, em essência, não pertencem a nenhum gênero,
mas fazem parte da herança coletiva da humanidade.
Apesar dos valores em si serem independentes e imutáveis, cada pessoa precisa atualizar os valores pessoais, dando -
lhes uma conformação própria para que possa sustentá-los em sua vida cotidiana, integrando-os em sua personalidade. Não
tendo sua origem nas circunstâncias de vida, mas sendo parte da própria estrutura que nos torna humanos, apenas a própria
pessoa pode determinar a importância de um valor em sua vida, pois os valores que informam nossas ações definem como
escolhemos viver, dentre as infinitas possibilidades de ser.
Trabalhar com os valores pessoais nos torna mais conscientes das vibrações que motivam e orientam nossas ações
no mundo. Isto não apenas traz mais foco e direção para tudo que fizermos, mas também alimenta um sentimento de
propósito e satisfação, fortalecendo a confiança em nós mesmas.
Como forças em ação na vida de todos os seres humanos, os valores foram personificados como divindades, desde os
tempos arcaicos. As deusas e deuses que compõem o panteão de uma determinada cultura expressam os valores enfatizados
por este agrupamento humano, em seu espaço e tempo de vida. Assim, quando escolhemos vivenciar um valor específico,
podemos acessá-lo através dos personagens mitológicos que enfatizam o valor que buscamos.
Neste livreto, você vai encontrar rituais para diversos valores, baseado em tradições variadas. É bom lembrar que
uma divindade jamais se esgota em um único aspecto, razão pela qual a familiaridade com a mitologia da deusa é de grande
auxílio na escolha da força a ser ritualizada.
Se você tiver uma deusa em especial que você gostaria de invocar em um ritual, procure saber mais a respeito dela e
de suas qualidades. Ou se você tiver apenas um valor em mente, busque saber qual deusa, de qual tradição, expressa mais
precisamente este aspecto.

26
Hera
A Rainha do Céu
Muitas gerações antes de Zeus ser conhecido na Grécia, reinava soberana Hera, a rainha com belos olhos de vaca.
Seu nome é, na verdade, um título comum a todas as grandes deusas, que quer dizer “Nossa Senhora”. Filha da terra
(Réia) e do tempo (Cronos), ela era especialmente uma deusa das mulheres e da sexualidade. E como as mulheres humanas,
passa pelas três fases da vida: juventude, maturidade e velhice. Abarcando o nascimento, a maturidade e a morte, a suave
primavera, o pleno verão e d tardio outono, seus emblemas eram o cuco, a maça e a romã.
Originalmente, ela não tinha consorte, mas quando as tribos patriarcais do norte chegaram à Grécia, trouxeram com
eles o deus do raio, Zeus. E porque o poder de Hera era forte demais para ser destruído, um casamento por conveniência foi
estabelecido entre as duas divindades. Da fusão entre a deusa pré-helênica das mulheres e o recém chegado portador do raio,
emergiu a Hera dos tempos clássicos.
Conta seu mito olímpico:
Terceira filha de Réia, a grande deusa titã, era ainda muito pequena quando foi entregue aos cuidados de Tétis,
deusa do oceano, e das Horas, para salvá-la da fúria de seu pai que, temeroso da profecia de que um de seus filhos o
destronaria, devorava todos eles.
Quando Réia deu à luz o filho mais novo, Zeus, Hera pediu que a criança fosse deixada a seus cuidados. Levou-o a
Creta onde foi amamentado por uma cabra. Quando cresceu, Zeus matou a cabra e, coberto com sua pele que lhe
proporcionava invulnerabilidade, pôde combater e derrotar o pai, tornando-se senhor do Olimpo.
Apaixonando-se pela bela Hera, Zeus a cortejou, inicialmente sem êxito. Inconformado, usou de um subterfúgio.
Encontrando-a só, vagando pelas montanhas após uma tempestade, transformou-se num cuco triste e quase morto de frio,
despertando a compaixão da deusa, que o trouxe para junto de seu peito, a fim de aquecê-lo. Retomando sua forma, Zeus
procurou torná-la sua amante, o que só conseguiu após prometer desposá-la. No local do acontecimento foi erguido, mais
tarde, um templo dedicado a Hera Teléia, "a realizada".
Como presente de casamento, a Mãe-Terra-Gaia deu-lhe a Árvore das Maçãs Douradas da Imortalidade, guardadas
desde então em seu jardim pelas Hespérides e pela serpente Ládon. A noite de núpcias durou 300 anos, ao fim dos quais a
Deusa banhou-se na fonte de Canátos, renovando sua virgindade.

Ritual
Resgatando a Dignidade do Ser

Construir o altar
Centro: Rosas vermelhas, quartzo rosa, taça com água

Fase inicial (mobilizar energia)


As pessoas são solicitadas a entrarem no espaço, que tem uma música movimentada tocando.
Consigna: “Vamos entrar em contato com o que estamos sentindo, o que está presente, e colocar para fora impedimentos,
bloqueios, raiva, tudo o que nos impede de fazer, de falar, de ser; aquilo que está bloqueando o fluxo da nossa energia.
Permitam-se fazer caretas, sons, movimentos”
A focalizadora (e suas auxiliares) permanece sintonizada com o fluxo da energia, até sentir que esta se esgota. Então abaixa a
música, reúne as pessoas em um lado da sala, pega a bacia com água e uma toalha que estava preparada em um canto, e
convida todas para um lava-pés e para se acomodarem no círculo.

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para invocar Hera e sua dignidade”

Invocar o círculo
Senhora do leste, senhora do Ar, traga-nos foco e precisão para o trabalho.
Senhora do sul, senhora do Fogo, ilumine a dignidade em cada uma de nós e no planeta.
Senhora do Oeste, senhora da Água, faça a dignidade fluir cristalina por nossa vida.
Senhora do Norte, senhora da terra, enraíze e fertilize a dignidade em nossas vidas.

Invocar a Deusa
“Invocamos a presença de Hera no centro do círculo, para que nos traga e nos ensine a dignidade de ser”.

Trabalhar o propósito
(tocar uma música suave)
“Diante da Deusa vamos nos conectar com nossa criança interna e como filhas da Deusa vamos formular todas as perguntas
que surgirem em nosso coração”.

Um momento de silêncio.
Então a focalizadora (ou uma de suas ajudantes) vai formular uma pergunta em voz alta, dando a dica para que as pessoas
formulem perguntas. Dar o tempo necessário para as perguntas.

“Vamos trazer as perguntas para o coração e deixá-las lá. As respostas que não chegaram ainda, virão a seu tempo. Estejamos
atentas para ouvir as respostas quando elas chegarem”.

27
Ancorar a experiência
“Na certeza de que a deusa ouviu todas as perguntas e responderá a elas, vamos dançar as nossas perguntas para enraizá-las
e fazê-las circularem em nós”.
Alternativas: caminhar com as perguntas e olhar uma para a outra a partir das perguntas

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a atenção de Hera.”

O círculo se abre mas não se desfaz,


nos encontramos coma alegria,
que a partida seja em paz

28
Saraswati
Deusa da Sabedoria
Das regiões celestes, um fluxo contínuo de graça desce sobre a terra, representando a seiva vital contida em todas as
coisas vivas. Este fluxo é entendido, desde os tempos védicos, como a manifestação de Saraswati, a deusa hindu que
corporifica a sabedoria contida no som criativo distintamente humano: a palavra falada.
Identificada inicialmente com um rio, cuja água purifica e fertiliza a terra, ao longo do tempo seu fluxo aquoso se
transforma na fluidez da fala, da poesia, da música, até ela tornar-se, primariamente, uma deusa da inspiração poética e da
aprendizagem. Mas manteve as características de abundância e fertilidade das águas que enriquecem o solo, tornando-o
produtivo, assim como suas qualidades purificadoras e curadoras.
Seu poder maior, contudo, está contido nas sílabas mântricas, sons e palavras que criam continuamente o mundo
humano, assim como criaram o cosmos, no início dos tempos. Como a vibração sonora primordial que emana da base do nosso
Ser e se expressa nas infinitas manifestações culturais humanas, Saraswati põe em movimento nossas habilidades mentais
sutis.
Esta é uma das razões pelas quais é mister ficar atento às palavras que usamos para expressar nossos pensamentos,
nossas emoções, nossos desejos. Quando enunciamos algo, seja a nosso respeito, seja a respeito de alguém outro, o poder
contido na fala irá afetar o universo como um todo.
Para que possamos criar a realidade que desejamos, podemos nos espelhar em Saraswati que, em sua infinita
amorosidade, partilha sua sabedoria com todos que a invocam.

Ritual
Recuperando a Sabedoria
Construir o altar
vasilha com água, flores brancas e vela amarela flutuando na vasilha
jarro com água, taças.

Passar o umbral
ao entrar no salão, as pessoas são borrifadas com água aromatizada: “Que as águas da graça te purifiquem”.
Cada pessoa encontra um lugar para sentar-se e aquietar-se

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para invocar a sabedoria de Saraswati, a deusa hindu da eloquência, que se manifesta como um rio
fluindo.”

Invocar o círculo
Invocamos a Senhora do Leste, Senhora do Ar, para que nos traga discernimento.
Invocamos a Senhora do Sul, Senhora do Fogo, para que nos traga a paixão que anima todas as nossas atividades.
Invocamos a Senhora do Oeste, Senhora da Água, para que nos purifique e dê fluidez aos nossos sentimentos.
Invocamos a Senhora do Norte, Senhora da Terra, para que ancore nossa sabedoria.

Invocar a Deusa no centro


“Invocamos Saraswati, para que nos conceda sua Sabedoria”

Mobilizar energia
Vamos respirar mais profundamente
Entrar em contato com nosso mundo interno....
Agora vamos refletir sobre nossos projetos, sonhos, nossa vida....
Esses projetos, sonhos, a vida que levamos é justa para conosco mesmas e para com os outros?....
Necessitam algum ajuste?...
Necessitam esforço?...
Após esta revisão, busque um propósito para a sua viagem.
Quando tiver clareza, traga a sua intenção para o círculo.

Trabalhar o propósito
 Com esta intenção, visualize dentro de você uma árvore.
 Desça pelas raízes até encontrar um rio subterrâneo....,
 Siga pelas suas margens
 lá adiante o rio desemboca numa clareira
 você chega num jardim abundante
 (pausa).
 Caminhe por ele e veja que bem no meio desse jardim há uma colina
 no topo dela está sentada a Deusa.
 Você se aproxima e deita sua cabeça no colo dela.
 Permita que ela corte seus cabelos, passando-lhe assim conhecimento e o poder
 Assim você será incluída na grande família da Deusa.
 Com a cabeça deitada confortavelmente no colo da deusa,
 pergunte-lhe sobre seus sonhos, seu destino, seu futuro.

29
 Ouça o que ela tem a lhe dizer.
 (pausa)
 Agora, depois de ter ouvido a deusa, calmamente volte pelo jardim,
 percorra o rio de volta até encontrar as raízes de sua árvore,
 suba por elas até alcançar a superfície.
 Retorne aqui agora.

Ancorar a experiência
Para enraizar sabedoria no corpo vamos cantar o mantra de Saraswati: Om Eim Saraswatyei Swaha (Om e saudações para
o princípio feminino Saraswati)

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a sábia presença de Saraswati.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

30
Atena
Deusa da Justiça
Filha de Métis, a deusa grega da sabedoria, e de Zeus, o poderoso senhor do Olimpo, Atena é a deusa identificada
com a criação da civilização característica de uma comunidade humana que vive em cidades, um espaço criado artificialmente
por meio da engenhosidade humana.
Além de incorporar a sabedoria intuitiva de sua mãe, finamente sintonizada com os sutis processos de transformação
que ocorrem continuamente na vida das pessoas, receptiva aos sentimentos pessoais, poéticos e sensíveis próprios do princípio
feminino, Atena também representa o saber abstrato, manifestado através da produção artesanal, da arte da guerra, do poder
institucionalizado, introduzidos pelo princípio masculino. Com coragem e brilho, ela transita entre os reinos da alma e do
espírito, tecendo incessantemente a teia que abarca toda a humanidade.
Conta o mito olímpico que Métis, a oceânide mais sábia dentre os deuses e os humanos, ajudou Zeus a vencer seu
pai Cronos, tornando-se sua primeira parceira sexual. Durante a gravidez de Métis, um oráculo prenuncia que um filho de Zeus
o sobrepujaria, como ele se sobrepôs a seu pai. Tentando alterar seu destino, Zeus utiliza-se de vários artifícios, até conseguir
engolir Métis. Passado um tempo, ele sente uma forte dor de cabeça e “ pelo artifício de Hefesto, após um forte golpe de seu
machado de bronze, Atena emerge da cabeça de seu pai, com um alto grito. O céu tremeu diante dela e a terra nossa mãe .”5
A ênfase posterior em sua exclusiva origem da cabeça de um pai está mais relacionada com a repressão do saber
feminino e a instauração da estrutura patriarcal. Atena é, de fato, uma deusa muito antiga, possuidora de abundante sabedoria
e poder, qualidades que a Atena olímpica reúne como herança de mãe e pai, escapando ao papel desqualificado que o
patriarcado impôs às mulheres.
Vestindo no peito a imagem da Górgona, esta deusa que protegia os templos daqueles que não estavam prontos para
participar dos mistérios ali revelados, Atena representa um feminino forte, determinado, sábio e poderoso, qualidades
fundamentais para o exercício da justiça.
Tendo a coruja como companheira, os bondosos olhos cinzas de Atena podem ver através da escuridão da ignorância
e captar os aspectos sutis de qualquer situação. Ao revelar um quadro de maior inteireza, ela instaura uma justiça amorosa.

Ritual
Instaurar a Justiça Amorosa
Construir o altar
No centro, papel ou tecido com imagem da Górgona/Medusa, rodeada por 9 velas brancas

Configurar o círculo
Os quatro elementos no centro

Passar o umbral
Na entrada as pessoas são incensadas com fumaça de sálvia e louro na brasa, utilizando-se uma pena. Permanecem em pé no
círculo.

Marcar o tempo
“Hoje estamos reunidas para instaurar a justiça, com amor e ação correta.”

Invocar o círculo e mobilizar energia


O círculo se movimenta no sentido do relógio e todas se voltam para a direção que está sendo invocada. Quando se pára por
um tempo olhando para a direção, a focalizadora ativa os elementos colocados no altar.

Vamos seguir o caminho do Leste e buscar o esclarecimento e a iluminação para nosso objetivo.
Vamos caminhar para o Sul e encontrar a fé e a humildade presente ou ausente em nossa vida
Vamos seguir para o Oeste e, através da introspecção, entrar em contato com nossos objetivos.
E caminhando para o Norte, vamos agradecer pela sabedoria que estamos para receber

Invocar a deusa no centro


Todas olham para o centro. A focalizadora (ou uma assistente) acende as nove velas do centro, dizendo: “Invocamos a
orientação de Atena, para alcançarmos a justiça com sabedoria e amor.”

Trabalhar o propósito
As pessoas se sentam no círculo. Faz-se uma meditação de aprox. 5 minutos, para cada participante identificar uma área de
sua vida em que deseja instaurar a justiça com amor e sabedoria

 Com seu propósito em mente, você se encontra diante de um portal.


 Visualize o portal.
 Tenha clareza do seu objetivo e se dirija à guardiã vestida com a máscara da Górgona.
 Transmita a ela sua disposição de honrar a justiça.
 Se ela lhe der permissão, continue,
 atravesse o portal e se dirija para o palácio que você vê adiante.

5
Cf. As Odes de Pindar, citado em Christine Downing, Goddess. Mythological Images of the Feminine, p.111

31
 Este é o Palácio da Justiça.
 Ao entrar no palácio, você se encontra num grande salão,
 no centro se apresenta a Deusa Atena.
 Aproxime-se dela e pergunte o que você precisa saber
 (pausa longa)
 ouça o que ela tem a lhe dizer;
 (pausa longa)
 Agradeça, traga com você o que aprendeu e retorne ao portal.
 Despeça-se da guardiã, com a consciência de que você é co-responsável por guardar este portal daqueles que não
estão prontos para passar através dele.
 Escolha qual das direções você deseja tomar para voltar aqui-agora.
 (pausa)

Ancorar a experiência
Olhar para todas as pessoas no círculo, a fim de possibilitar que a justiça circule no roda através do olhar.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a orientação de Atena e a proteção da Górgona.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz.

32
Tara
A buda feminina
Diz a tradição tibetana que só é possível atingir a iluminação em um corpo de homem. Em uma atitude de sábio
desafio, Tara se determinou a encarnar em corpo de mulher, até que alcançasse a iluminação que lhe possibilitaria ajudar todo s
os seres sensíveis a se livrarem do sofrimento. A realização última buscada por Tara é uma divina simplicidade, a habilidade de
ser espontânea e estar plenamente presente a cada momento de percepção, em um estado de clareza diamantina. 6
Unindo em si traços humanos e divinos, Tara é uma das mais populares, acessíveis e atraentes figuras do panteão
tibetano, que estende seu cuidado amoroso a todos. Irradiando compaixão e amor infinito, ela é representada em cores
diversas, cada qual indicando um aspecto de seu poder. Atuando como um escudo protetor para os fracos, auxiliadora dos
simples, ela também é uma guia para os grandes místicos. Como Salvadora e Estrela, os significados de seu nome Tara, ela nos
guia e protege através dos profundos reinos da Mente.
Em sua compleição verde esmeralda, a deusa compassiva aparece como uma adolescente brincalhona, pois ela vê a
vida como o jogo que é. Evocando o frescor curador das florestas medicinais, ela senta em seu lótus com um pé esticado à
frente, de modo a poder entrar em ação a qualquer momento. Representa a qualidade de liberação que maternalmente protege
o suplicante de qualquer perigo espiritual ou mundano, seu sorriso sereno mas alegre sendo um convite para o bem estar
espiritual.
Como a meditativa Tara Branca, ela nos olha de seus três olhos, assegurando que estará presente para nos iluminar,
se tivermos a coragem de olhar através do terror da morte. Abarcando aspectos que vão do erótico à sabedoria transcendental,
ela é o barco celestial que transporta as pessoas através do mundo da ilusão para o do conhecimento. A cor branca indica ser
ela a verdade completa e indiferenciada.
E quando ela expressa a ferocidade da paixão, sob a qual encontramos o êxtase divino, a ternura e a sabedoria, ela
surge como a Irada Tara Vermelha, dançando em um círculo de chamas. Contendo o mundo todo em si mesma, os
ensinamentos transmitidos por este seu aspecto eram destinados especificamente para as mulheres.

Ritual
Liberando a Espontaneidade

Construir o altar
um fundo amarelo
uma flor branca no centro
circundada pelo verde de ervas e velas
velas-estrelas

Fase inicial (mobilizar energia)


todas as pessoas entram no salão. Tocar uma música suave.
Pede-se para as pessoas andarem devagar para trás, de olhos abertos.
Enquanto andam, a focalizadora formula as seguintes perguntas, com pausas entre elas para reflexão:
 você mascara sua raiva, sua ira, sua frustração?
 você nega seus sentimentos instintivos, viscerais?
 você está congelada em alguma situação?
 você se sente violada em seus direitos?
 qual a máscara que você usa?
 Pare e sustente por um momento todas estas emoções e sensações,

 respire profundamente e deixe-as fluírem livremente


 agora comece a caminhar para frente
 e se conecte com sua fonte interna.

 Quais são seus desejos mais intensos?


 Olhe bem dentro dos olhos da pessoa com quem você está cruzando neste momento
 E comunique a ela seus desejos
 Continue andando.
 Olhe para a próxima pessoa que você encontra
 E comunique seus desejos
 Continue andando...

Passsar o umbral
Depois de um tempo, pede-se que uma a uma as pessoas se dirijam ao portal (que pode ser outro espaço a que se chega
atravessando uma porta ou soleira, ou o mesmo espaço com o portal formado por duas pessoas.)

6
Miranda Shaw, Passionate Enlightenment

33
No portal está alguém com uma tigela de morangos. Cada pessoa é solicitada a pegar e comer um morango, enquanto lhe é
dito: “Ceda ao Sagrado Mistério do Amor!” Depois se acomodam no círculo.

Marcar o tempo
“Estamos hoje aqui reunidos para liberar nossa espontaneidade”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do ar, traga os doces ventos da liberdade e da plenitude.
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, traga o ardente fogo da paixão e do entusiasmo!
Senhora do Oeste, senhora da Água, traga a umidade fecunda da renovação!
Senhora do Norte, Senhora da Terra, traga e sustente todas as potencialidades do universo!

Invocar a deusa no centro


Invocamos a presença de Tara, Grande Deusa da Compaixão e do Amor Infinito.

Trabalhar o propósito
 Vamos visualizar a barca celeste de Tara
 E uma a uma entramos na barca,
 para que ela nos leve do mundo da ilusão, para o mundo do conhecimento.
 Ao longo da viagem, vamos refletir sobre:
 como aprender com nossos erros (pausa)
 como acolher nossas limitações (pausa)
 como realizar nossos desejos dia após dia (pausa)
 como permitir ao tempo se desdobrar (pausa)
 como permanecer no nosso caminho (pausa)
 sem nos sobrecarregar com excesso de responsabilidade (pausa)
 sem medo de fracassar (pausa)
 sem nos deixar intimidar por críticas alheias (pausa)
 partilhando nossas descobertas (pausa)
 apreciando a realização de nossos semelhantes (pausa)
 irradiando a luz do nosso ser
 (pausa longa)
 vamos abrir os olhos e olhar para as pessoas no círculo
 expressando nosso ser espontaneamente
 reconhecendo a expressão do outro

Todas se levantam, pegam uma vela-estrela e a acendem, dizendo:


“Eu liberto minha espontaneidade”

Ancorar a experiência
Dançar em círculo a uma música apropriada.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a inspiração amorosa de Tara

“O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz.”

34
Diana
Senhora da Luz
Hoje confundimos Diana com a grega Ártemis, a quem ela foi assimilada no período romano tardio. Ambas são
representadas como a figura familiar da jovem deusa vestindo uma túnica esvoaçante, portando um arco, cavalgando a lua ou
vagueando pela floresta com suas ninfas.
Mas Diana era originalmente a rainha do céu aberto, cultuada ao ar livre, onde seu domínio se estendia longe. Ela
possivelmente era regente tanto do sol quanto da lua, pois os italianos arcaicos não possuíam um deus do sol, tendo adotado
Apolo posteriormente. O nome Diana vem da palavra „luz‟, sendo ela possivelmente a regente original do sol.

Mas também regia na terra, conferindo soberania e garantindo concepção. Por isto, era chamada também de Diana
Trivia. Ela vivia nas matas famosas de Nemi perto de Aricia, com seus companheiros Egeria, a ninfa da água e sua auxiliar
parteira, e Virbius, o deus misterioso das florestas. Os escravos fugidos competiam pelo ramo dourado, representando o direit o
de ser sacerdote de Diana, até o momento de ser vencido pelo próximo competidor.
Exceção feita a isto, Diana era uma deusa exclusiva das mulheres, cuja festa era celebrada em 15 de agosto. Neste
dia, as mulheres seguiam em procissão até Aricia, para oferecer dádivas na gruta de Diana, em gratidão pela ajuda recebida
durante o ano. Quando o culto a Diana se aproximou das regiões mais populosas, as mulheres continuavam se reunindo em
seu santuário para a lavagem ritual dos cabelos e os pedidos de ajuda para o parto. 7
Diana era considerada a verdadeira luz da lua, cujo fogo permanece latente na madeira. Conta a lenda que Orestes,
depois de matar o rei Toas, esconde a imagem da deusa num feixe de lenha e a leva consigo para a Itália, onde introduz seu
culto. A chama latente do feixe que é trazida novamente à vida através de certos rituais, recebeu o nome de Diviana, isto é, a
Deusa, nome familiar a nós pela abreviatura Diana.
Diana, a caçadora, era a deusa da lua, mãe de todos os animais. Em suas estátuas, aparece coroada com a lua
crescente e carregando uma tocha acesa. A palavra em latim para tocha ou vela é vesta, e Diana era também conhecida como
Vesta. No seu templo, era conservado um fogo perpétuo e sua principal comemoração era a Festa das Velas ou Tochas,
celebrada a 15 de agosto. Seus bosques brilhavam através de inúmeras tochas, neste dia que ainda é celebrado como a Festa
das Velas.

Diana era famosa por abençoar as mulheres com filhos e como “aquela que abre o útero” 8, dirigia os partos.
O culto a Diana era tão difundido no mundo pagão, que os primeiros cristãos a viam como sua maior rival, por isto
mais tarde ela se tornou a “Rainha das Bruxas”. Os inquisidores viam nela o diabo. Mas, diabo ou não, ela regeu as florestas
selvagens da Europa por todo o período medieval. Como patrona da floresta das Ardenas, ela era Dea Arduenna, como patrona
da Floresta Negra, era Dea Abnoda. Os Sérvios, tchecos e poloneses a conheciam como a deusa lua dos bosques Diiwica,
Devana ou Dziewona. Na Inglaterra, ela continuou sendo a deusa dos bosques selvagens e da caça até o século 18. 9
Na Itália, Diana é a deusa da „velha religião‟, cuja filha Aradia é o messias feminino. Suas sacerdotisas eram as
„stregas‟ (bruxas) que realizavam encantamentos e profetizavam. Evangelho das Bruxas afirma que Diana sentia um profundo
amor por seu irmão Lúcifer, o deus do sol e da lua, o deus das luzes, que tinha tanto orgulho de sua beleza, que foi expulso do
paraíso. Dele, Diana concebeu uma filha, Aradia (Herodias), que foi enviada à terra para trazer os ensinamentos.

Ritual
A Liberdade de Ser Feliz

Construir o altar
 pano branco
 caldeirão com brasas/incenso/ervas: sálvia
 os quatro elementos para configurar o círculo

Passar o umbral
todo mundo recebe uma vela ao entrar na sala e senta no círculo

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para manifestar a liberdade de ser feliz”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, ajuda-nos a discernir nossas crenças
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, traga-nos a coragem para sentir nossos sentimentos e emoções
Senhora do Oeste, Senhora da Água, auxilia-nos a dissolver todos os nossos padrões
Senhora do Norte, Senhora da Terra, equilibre todas as nossas ações

Invocar a deusa no centro

7
Goddesses & Heroines, Patrícia Monaghan
8
Os Mistérios da Mulher, M Esther Harding
9
The Encyclopedia of Women‟s Mysteries , Barbara Walker

35
“Invocamos a presença de Diana, a Senhora da Luz, para que presida este trabalho”

Mobilizar energia e trabalhar o propósito


Isto será feito em três etapas:
inventário:
 meditar e conscientizar pensamentos, sentimentos e atitudes que julgamos negativas, no passado, presente e futuro
 reconhecer e aceitar o que encontramos
 meditar e conscientizar pensamentos, sentimentos e atitudes que julgamos positivas, no passado, presente e futuro
 reconhecer e aceitar o que encontram
expressão: Obs.: É importante não responder, argumentar ou discutir, apenas expressar, cada qual falando sempre a partir de,
e a respeito de, si mesma
 uma pessoa expressa em voz alta o que descobriu a respeito de si mesma
 todas ouvem em silêncio,
 se alguém sentir o impulso para acrescentar algo, o faça em voz alta
 todas ouvem em silêncio
Ativação:
 agora que eliminamos a confusão pessoal, vamos ativar os poderes da auto-confiança e ouvir nossa voz interior,
permitindo que nossa própria verdade aflore
 permanecemos em silêncio por um tempo
 depois, uma a uma, cada pessoa pega sua vela e a acende no fogo do caldeirão, dizendo
 “Honrando a minha verdade, eu acendo esta vela como símbolo da liberdade de ser feliz.”
 volta ao lugar e permanece em pé, até que todas estejasm com a vela acesa

Ancorar a experiência
 iniciamos uma procissão, serpenteando no caminho da liberdade e da felicidade.
 finalizamos em círculo, quando então reunimos nossas luzes e a oferecemos para a paz, a liberdade e a felicidade de
todos os seres e do planeta.

Partilhar a experiência e Fechar o ritual


“Agradecemos a Diana, Senhora da Luz, por ter iluminado nosso caminho.

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

36
Lilith
A Árvore da Vida

Entre as muitas árvores do jardim primordial se ergue a Árvore da Vida. Comer de seus frutos foi a primeira proibição
de deus aos seres humanos, cuja conseqüência seria a morte. Mas Eva, a mãe de todos os viventes, dando ouvidos à sabedoria
ancestral da serpente, trouxe a consciência discriminativa para a humanidade. E da Árvore da Vida surgiu a Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal.
A serpente que guarda a árvore da vida é um mito que podemos encontrar em várias tradições. Chega até nós com o
nome de Lilith, um demônio feminino que, apesar de ser uma figura da tradição hebraica, tem sua origem na Suméria. Em um
fragmento de terracota, é mencionada como a jovem mão de Inana, que recolhia as pessoas das ruas e as trazia ao templo.
Uma sacerdotisa a serviço da deusa.
As populações nômades usavam a designação lilith para nomear o espírito do vento e, neste sentido, a identificavam
com o desapiedado Vento do Sudoeste que sopra, quente e perturbador, dos profundos desertos da Arábia e sobe em direção
ao Norte e ao Oriente, nas regiões das bacias dos rios Eufrates e Tigre.
Este mesmo vento sul, nos relata o épico sumério Gilgamesh e a árvore Halub, derrubou um choupo que crescia às
margens do rio Eufrates. Encontrado pela deusa Inana, esta o plantou em seu jardim e cuidou dele, esperando ele crescer, para
que pudesse fazer de sua madeira um trono e uma cama. A árvore cresceu e engrossou, mas em sua base uma serpente imune
a encantamentos fez seu ninho e o feroz pássaro Anzu instalou seus filhotes na coroa, enquanto no meio, a escura donzela
Lilith construiu sua casa. Gilgamesh, o heróico rei pastor de Uruk, matou a serpente e espantou a ave para a montanha,
fazendo com que Lilith destruísse sua casa e fugisse para o deserto.
Estabelecendo uma conexão entre os mundos, a Árvore da Vida aprofunda suas raízes nas entranhas da terra e eleva
sua copa às alturas celestes. É na região do tronco que se localiza o mundo criado, este mundo que demanda de cada pessoa
um posicionamento diante do bem e o mal, da vida e da morte. Como transmissora da consciência discriminativa, a serpente
nos mostra o caminho para nossa centelha divina interior.
Se quisermos ouvir a sabedoria ancestral da serpente, podemos recorrer à escura donzela Lilith, para que ela nos leve
ao templo da Deusa.

Ritual
Recuperando a Honra
Construir o altar
Um galho com ramos (seco ou verde, com folhas) em pé num vaso com terra
Uma cesta com maçãs

Configurar o círculo
Nas quatro direções, colocar os quatro elementos escolhidos, no limite exterior do círculo

Passar o umbral
Cada pessoa recebe uma fita colorida amarrada no pulso: “Reivindique a percepção que honra.”

Marcar o tempo
Estamos aqui reunidas hoje para desfazer-nos da herança que nos envergonha e desqualifica

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, faça seus ventos varrerem a desonra
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, queime tudo que nos desqualifica
Senhora do Oeste, Senhora da Água, lave os sentimentos de vergonha
Senhora do Norte, Senhora da Terra, faça brotar aquilo que tem valor

Invocar a deusa no centro


Invocamos a presença de Lilith, que ela nos mostre o caminho para resgatar a percepção que nos honra.

Mobilizar energia
Com as pessoas sentadas no círculo, são dadas as seguintes sugestões:
 Vamos começar identificando a percepção que nos gera desconforto e vergonha (pausa)
 o comportamento e a linguagem que eu uso e que me desqualifica (pausa)
 que deprecia
o meu corpo
o meus instintos, necessidades e desejos
o minha sexualidade
o meus sentimentos
o minhas características
o minha jornada
o minhas relações.
 Como isso afeta minha vitalidade, minha postura, minha parceria corpo-espírito?
 Como isso afeta minhas relações com as mulheres, com os homens, com a terra?
Pede-se às pessoas que caminhem pela sala, trazendo as percepções para o corpo.
Depois de um tempo, a focalizadora une as pessoas e forma um círculo fechado em torno do altar no centro.

37
Trabalhar o propósito
Focalizadora: “Agora começamos a mover-nos para trás pela linha das gerações de mulheres e homens, até chegar à origem
dessa herança que gera desconforto e dor.”
Todas se movem em pequenos passos para trás, abrindo o círculo (um tempo em silêncio)
Focalizadora: “Por nós e por nossas ancestrais, nos desprendemos dessa herança e honramos a sabedoria ancestral da
serpente. Que possamos honrar a sabedoria do corpo.” (todas dão um passo para o centro)
Focalizadora: “Por nós e por nossas ancestrais, honramos a Árvore da Vida. Que os frutos sejam novamente honrados.” (mais
um passo para o centro)
Focalizadora: “Por nós e por nossas ancestrais, honramos Eva por dar ouvidos à serpente. Que os nossos olhos se
abram para a nova percepção. ” (mais um passo para o centro)
Focalizadora: “Por nós e por nossas ancestrais , honramos a escura e livre Lilith. Que ela nos ensine a honrar nossa herança
divina.” (mais um passo para o centro)
Focalizadora: “Como ancestral de uma nova linhagem, adicione à Árvore da Vida a sua herança e afirme a percepção que você
escolhe honrar.”
Todas amarram a fita que está no seu pulso na “árvore” do altar, dizendo em voz alta um valor positivo que deseja imprimir em
sua vida.

Ancorar a experiência
Uma dança circular ao redor do altar: (escolher uma música com ritmo apropriado)
2 passos para a direita, dois pliês enraizando, dois passos para o centro unindo os braços para formar o tronco, 2 passos para
trás elevando os braços como a copa, 4 passos girando ao redor de si mesma (várias vezes)

Partilhar a experiência
Com as pessoas sentadas no círculo, é passada a cesta com as maçãs. “Coma do fruto da árvore!”
Enquanto comemos, as participantes são convidadas a partilhar a experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a Lilith por nos mostrar o caminho, e às nossas ancestrais pela tolerância e pela paciência com que
sustentaram a sabedoria viva.”
O círculo se abre, mas não se desfaz.
Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

38
Sopdet
A Luz do Destino Coletivo
Observar o céu com seus pontos luminosos era uma atividade muito importante no Egito antigo. Os eventos de todo
tipo eram determinados pela configuração das estrelas, da lua e do sol.
Havia uma ocasião que era especialmente importante, pois sua ocorrência decretava o destino coletivo do povo
egípcio.
Em um determinado dia, em uma determinada posição no céu, uma estrela se destacava contra o fundo azul, pouco
antes do alvorecer. Por um tempo, a estrela e os primeiros raios solares podiam ser vistos juntos, até a luz solar encobrir a
estrela.
Esta estrela - conhecida pelos astrônomos como Sírio, a estrela mais brilhante da constelação do Cão Maior - era
cultuada pelos egípcios como a deusa Sopdet, a origem do calendário sideral, que fixava os eventos mais sagrados e eternos,
aqueles que se relacionavam às celebrações especiais da casa real. Como o ano sagrado das divindades, é a medida mais
acurada do tempo.
Para os egípcios, a emergência de Sopdet marca o fim do tempo que ela passou no submundo e a abertura do ano
egípcio. Seu aparecimento anuncia a chegada das águas anuais, que causavam o transbordamento do Rio Nilo, trazendo água
fresca e os nutrientes necessários para outra estação de crescimento. Quando as águas recuavam, deixavam para trás o limo
escuro e fértil, que deu nome à civilização que floresceu ao longo de suas margens: Kemet, a terra negra.
Tão importante era o aparecimento de Sopdet, que as pirâmides têm suas passagens principais orientadas
precisamente em direção ao lugar no horizonte onde ela aparecia na manhã esperada, permitindo que sua luz fosse canalizada,
para inundar o altar no santuário principal.
Quando representada em forma humana, ela porta a estrela de cinco pontas na cabeça, esta mesma estrela que é o
símbolo hieroglífico que a designa. Como a verdadeira estrela da manhã, ela é o marco celestial tanto para o Ano Novo quanto
para o retorno da fertilidade ao país.

Ritual
Confiar na Luz do Destino

Construir o altar
No centro do espaço, traçar no chão uma estrela com setas indicativas de direção
(pode ser com fita crepe ou outro recurso)
No centro da estrela, uma vela branca

Configurar o círculo
Os elementos das quatro direções são colocados na parte exterior do círculo.

Passar o umbral
Ao entrar no espaço, cada pessoa recebe uma vela branca: “Traga sua estrela para esta constelação”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, que nos possamos lembrar do nosso destino
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, que a nossa Vontade prevaleça
Senhora do Oeste, Senhora da Água, que a nossa união seja amorosa
Senhora do Norte, Senhora da Terra, que os caminhos nos conduzam à realização

Invocar a deusa no centro


Sopdet, Senhora do Destino, seja nossa guia nessa viagem que iniciamos agora .

Trabalhar o propósito
Conduzir as pessoas em uma fantasia guiada:

 Há um calor intenso.
 Formamos grandes blocos incandescentes, envolvidos por veios fluidos que nos impulsionam em velocidades
lancinantes.
(pausa)
 Somos, no momento seguinte, um homogêneo rio de magma, ora buscando interagir com o que já fomos, ora
buscando explorar o que podemos vir a ser.
 Como participantes desse teatro ígneo, nos sabemos geradoras de uma força maior.
 (pausa)

 As cortinas se fecharam e estão reabrindo para o próximo ato.


 Estamos mais lentas, experimentando uma densidade plástica propícia para a expansão do ser.
 Do nosso núcleo, uma pressão insiste na busca do desconhecido.
 (pausa)

39
 perdemos calor nas fusões
 a nossa formação sólida é abalada por ondas e tremores.
 O que eu trago comigo que pode contribuir com nossa jornada coletiva?
(pausa)

 Somos uma outra personagem: células de um ser de hidrografia abundante. Rios vermelhos, quentes.
 Lá fora, tão escuro e frio...
 depressões, colinas e montanhas envoltas em elemento água.
 Movemo-nos lentamente nesse corpo de baleia, esse ser que conhece os misteriosos abismos profundos e a
inquietante luz solar.
 (pausa)
 No impulso da busca do ar, a expiração da baleia nos transporta para a superfície.
 E o teatro da existência nos leva pelo chão úmido e coberto de folhas e pelos troncos das arvores centenárias.
 Qual a qualidade dessa espiral de possibilidades que levo comigo?
(pausa)

 No próximo ato, estamos no olhar do felino. São apenas duas linhas negras quase imperceptíveis sob a generosa
claridade.
 No piscar dos seus olhos amendoados, nos transformamos na próxima personagem...
(pausa)
 Quem e ela?...
 Esses sentimentos...
 Desejos, inquietudes, lembranças...
 Linguagem, símbolos...
 Sonhos...
 A responsabilidade pela coexistência pacifica, pela perpetuação...
 O que eu tenho para ofertar ao destino coletivo?
(pausa)
 No espaço amplo, estamos planando nas asas dessa magnífica ave, sustentadas pelas correntes de ar.
 Através dessa zona segura de chuva, de vento, frio e nuvens que parecem colchas de retalhos todos da mesma cor,
seguimos com a lembrança dos nossos papéis, dos nossos propósitos.
(pausa)
 No próximo ato, já não temos qualquer suporte corporal. Somos partículas que se lançam para o espaço. A
temperatura cai gradativamente, o ar torna-se rarefeito.
 Como estrelas cadentes, estamos a um passo do espaço profundo.
 Experimentamos o calor, como no princípio.
 A memória da coletividade nos impulsiona, como no princípio.
 Não há mais trajes a trocar, nem personagens a compor.
 Não há mais fronteiras, nem no pequeno planeta azul, nem no espaço sideral.
 Traçamos nosso destino para Sírius, entrelaçadas que estamos pelo nosso destino comum.
 Nesse ato final, somos irmãs-luzes desse manto estelar da Deusa...
(pausa longa)

Obs.: Quando conduzimos um grupo em uma fantasia guiada, precisamos ter o cuidado no final, para dar o devido tempo
para que todas retornem ao momento presente. Para isto, pode-se usar um som cristalino, podemos verbalizar para as
pessoas retornarem, podemos pedir para que respirem profundamente e abram os olhos quando estiverem prontas. É
recomendável que o grupo permaneça na configuração energética, sem muita movimentação e em silêncio, até que todas
tenham aberto os olhos.

Ancorar a experiência
Quando todas estiverem prontas, cada uma acende sua vela na vela do centro, caminha com ela pela estrela do chão, e quando
tiver dado uma volta, deposita sua vela no centro da estrela: “Que eu seja mais uma estrela a iluminar nosso destino comum”

Partilhar a experiência
Quando todas tiverem colocado sua vela no centro da estrela, partilhamos a experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a luz anunciadora de Sopdet”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

40
Vênus
Deusa do amor primaveril

Mãe ancestral das tribos venezianas do Adriático, em sua origem, Vênus era uma deusa das árvores frutíferas, dos
vinhedos e das hortas. Em Veneza ainda se celebrava o casamento anual do Duque de Veneza com a deusa na época da
Renascença, lançando-se uma aliança ao mar.
Conta um mito que, um dia, quando a bela deusa Vênus descansava à sombra de uma árvore, seu amante saiu para
caçar e foi mortalmente ferido por um javali. Ouvindo os gritos do amado, a deusa correu inutilmente para salvá-lo.
Consternada, ela recolheu algumas gotas de seu sangue e com elas regou o chão. Quando o sangue tocou a terra, nasceu uma
anêmona, flor de vida efêmera, mas a primeira a surgir cada ano na primavera. Esta é a razão porque a deusa apenas se
desfaz de suas vestes de luto quando nasce a primeira anêmona, anunciando a primavera. Feliz, a terra se regozija e enche o
mundo de cor e aroma.
Quem já viu um pomar em flor certamente foi tocado pelo amor da deusa. A beleza extática do ressurgir da vida,
após um período de estagnação, não apenas representa a sobrevivência, mas acende na alma humana a chama do desejo e da
inspiração.
Originalmente um espírito do charme e da beleza, a deusa dos morangos silvestres e das ervas cheirosas era cultuada
em qualquer lugar onde uma pedra repousava perto de uma árvore que se erguia alto. Uma deusa delicada, encantadora, de
um amor virginal e uma alegria diáfana e simples, que brota quando se colhe flores no campo ou se paquera por puro prazer.
Simbolizando inicialmente a primavera, eram-lhe consagradas a rosa, a maçã, o mirto, a pomba, o bode, a concha, o
golfinho e a tartaruga. Como os povos pré-romanos não representavam suas divindades em forma humana, por semelhança e
identidade Vênus foi assimilada à Afrodite grega, assumindo sua mitologia.
Com o passar do tempo, sua qualidade mais ressaltada passou a ser a do amor sexual, carnal. Em vista da
banalização a que foi submetida a sexualidade nos tempos modernos, é importante lembrar que a energia venusiana não é fácil
ou simples de ser vivida e manifestada. Quando a energia da atração mútua, que une todos os elementos do universo, flui
através de nosso ser, somos atraídas para todas as coisas, sem discriminação. A Deusa do amor primaveril não discrimina, ela
atrai e une. Cabe a cada uma de nós decidir a direção de nossas ações.
Com isto em mente, podemos invocar a presença de Vênus em nossas vidas, pedindo que a força e a generosidade
do amor primaveril percorra todo nosso ser, trazendo a experiência prazerosa da vida viva!

Ritual
Irradiando o amor

Construir o altar no centro


Flores silvestres no chão, misturado com frutas da estação (uvas/morangos/maçãs)
Um aromatizador no leste
Uma vela no sul
Uma cuia com água no oeste
Um cristal no norte
Materiais adicionais: um véu turquesa de tule

Passar o umbral
as participantes são incensadas à entrada, com os dizeres: “Convido você para o mundo de Vênus” e são conduzidas para um
lugar no círculo

Marcar o tempo
“Estamos reunidas hoje para nos conectar com a sutil energia de Vênus.”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, que os aromas da primavera nos relembrem nossas mais delicadas emoções
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, que as cores primaveris aqueçam nossos corações
Senhora do Oeste, Senhora da Água, que a delicadeza do orvalho inunde nossos corações
Senhora do Norte, Senhora da Terra, que os campos em flor sejam eternos em nosso ser

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença de Vênus e seu encantador amor primaveril”

Mobilizar energia e trabalhar o propósito (música suave, de expansão)


Pede-se que todas estejam confortáveis e fechem os olhos para se entregarem ao mergulho nas emoções de Vênus

 a primeira vez que você viu o mar..


 a primeira vez que você foi ao circo...
 o primeiro amor que fez seu coração bater diferente...
 o sentimento tão delicado
o pela filha...
o pela mãe...
o pelo companheiro...

41
 pelo perfume da rosa desabrochada no vaso, que lembra cabelos de mulher em desalinho...
 pelo céu cor-de-rosa do alvorecer ou do final de tarde...
 pelo gato enrodilhado no tapete...
 a textura suave do cobertor que te aquece no inverno...
 a onda que rebenta nas pedras, espalhando no ar gotinhas prateadas...
 a primeira vez que você viu o mar...
 mergulhe nas águas de Vênus e deixe-se levar pela lembrança desta sensação...

Enquanto as pessoas estão profundamente mergulhadas nas sensações, a focalizadora (ou sua assistente) sopra bolhas de
sabão por sobre as pessoas (dar bastante tempo)

Ancorar a experiência (música suave mas movimentada)


No tempo certo, a focalizadora (ou sua assistente) pega o véu turquesa do altar e dança com ele, convidando uma pessoa do
círculo a dançar também, dizendo: “Aceite o convite de Vênus e irradie o seu amor”
O véu passa para esta pessoa, que convida outra pessoa para dançar, e assim por diante, até que todas as pessoas estejam
dançando.

Partilhar a experiência
Depois que todas dançaram e a música terminou, senta-se em círculo. Enquanto são passadas as frutas, as pessoas
partilham sua experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Vênus e a todos os elementos que acariciaram nossas sensações!”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz.

42
Kwan Yin
Deusa da Compaixão
Contemplando perpetuamente o frasco dourado de seu próprio ventre, que produz todo o mundo, Kwan Yin, a deusa
da compaixão ilimitada, é a mais popular e disseminada de todas as divindades chinesas.
Como a grande deusa da própria vida, ela permeia tudo com extrema suavidade e sem nada exigir, sustentando o
mundo em seus braços. Em sua compaixão viva, ela é criadora, amiga e intercessora. Como a “Que Ouve os Gritos do Mundo”,
é a expressão viva do amor compassivo.
Na China Budista, Kwan (terra) Yin (o suave poder feminino) é a mais popular e poderosa bodhisattva, um ser tão
compassivo que, no limiar da iluminação, escolhe permanecer entre os humanos para redimir seu sofrimento. Em sua
compaixão ilimitada, ela nos oferece a esperança de poder mudar e transformar aquilo o que desejamos, sem deixarmos de ser
o que somos.
Seu mito nos fala da oposição passiva que fez à decisão de seu pai de casá-la. Vivendo como a mais jovem filha entre
três, observou suas irmãs mais velhas casando com um guerreiro passional e um mercador ganancioso. Quando se recusou a
tomar um marido, pedindo apenas para poder entrar no templo das mulheres, seu pai providenciou para que fosse tratada com
crueldade, de modo que mudasse sua mente e aceitasse as amarras do casamento.
Mas a compaixão e a misericórdia de Kwan Yin triunfaram sobre a crueldade. Superando tudo, ela foi levada ao país
dos mortos nas costas de um tigre onde cantou e superou seu medo dos dedos gelados da morte. Cantou tão docemente, que
sua voz libertou os seres sombrios de suas dores e sofrimentos eternos. Diante disto, foi expulsa dos mundos sombrios e
retornou à terra, encontrando abrigo numa ilha no meio do mar. Neste lugar de solitude e paz, ela ouve os gritos do mundo e
canta eternamente para conforto dos vivos e dos mortos.
Se você ansiar por misericórdia e compaixão, transforme o nome Kwan Yin na sua oração mântrica cotidiana e ela te
ouvirá!

Ritual
Acolher a Plenitude

Construir o altar
vaso com lírios e um crisântemo branco no meio

Configurar o círculo
os quatro elementos (incenso, vela branca, água, cristal branco)

Passar o umbral
Ao entrar na sala, cada pessoa recebe um cristal de açúcar colocado na língua, dizendo “ Entre no silêncio do cosmos”.

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para integrar as transformações em nossa plenitude.”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar. Compareça com sua qualidade.
Senhora do Sul, Senhora do Fogo. Compareça com sua qualidade
Senhora do Oeste, Senhora das Águas. Compareça com sua qualidade.
Senhora do Norte, Senhora da Terra: Compareça com sua qualidade.

Invocar a deusa no centro


“Invocamos Kwan Yin, Deusa da Compaixão e do Amor Infinito, para que nos acolha na imensidão cósmica.”

Trabalhar o propósito
(enquanto as pessoas fazem a viagem, elas são incensadas com sálvia)

 entre em contato com sua respiração


 aprofunde-se em si mesma
 vá a um lugar no qual você se sente confortável
 a partir deste lugar, observe a totalidade de sua vida
 reconheça as pessoas que fazem parte dela
 convide um animal para acompanhar você na jornada que está para fazer
 siga o animal pelo caminho que ele tomar
 ele te leva para o conselho de seus ancestrais
 aqueles a cuja tradição você pertence
 você é recebida com alegria
 sinta-se parte desta tradição
 receba as instruções que eles lhe oferecem
 pergunte o que você quiser saber
 alguém oferece uma substância para você ingerir
 e ao ingeri-la, você é transportada para outra dimensão

 novamente você se encontra numa reunião de seres

43
 mas desta vez, cada ser é de uma tradição diferente
 observe bem estes seres tão diferentes entre si
 Você se encontra no Grande Conselho Universal
 onde todas as tradições estão representadas.
 Você é representante da sua própria tradição
 e assim como cada um destes seres tem algo a oferecer a você
 você tem algo a oferecer a cada um deles.
 Encontre a beleza e a sabedoria que cada um representa
 Troque seu saber com todos eles e receba deles também.

 Ao som de um címbalo (tocar um som)


 você se encontra novamente no conselho de sua tradição
 partilhe com eles sua experiência
 agradeça a eles
 retorne com seu animal para seu lugar de conforto.
 permaneça alguns minutos neste lugar,
 assimilando sua experiência na sua presente vida.

 Despeça-se do animal, agradecendo


 e retorne para esta sala
 aqui e agora.

Ancorar a experiência
Ao som de uma música que expande e aterra alternadamente, as pessoas são solicitadas a dançarem sua experiência.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a Kwan Yin, ao companheiro animal e aos ancestrais de todas as tradições.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz.

44
Grande Deusa
A unicidade da vida

A Deusa está na origem da vida. Ela é a Totalidade que cria o mundo a partir de si mesma, sendo ela o próprio
mundo que contém todas as suas criaturas.
O tema geral do simbolismo da Deusa está intimamente relacionado com os mistérios do nascimento, da morte e da
renovação da vida. Retratando simbolicamente o ato do nascimento, os mitos da criação nos contam que ela emerge das águas
primordiais ou é, ela mesma, estas águas das quais emerge para dançar e, com seu movimento, criar tudo que existe.
O culto à Deusa está intimamente associado com os elementos naturais, cósmicos e terrenos, vegetais, animais e
humanos. Ela abarca e contém toda a vida, todos os seres, todos os fenômenos; não há nada que ela não é. Seu culto era tão
variado quanto são as condições naturais, sendo realizado junto a fontes, rios, montanhas, vulcões, lagos, árvores, pedras.
O conjunto de suas representações se relaciona com todos os fenômenos da vida, incluindo a morte. Representa o
céu, a terra e as águas, o sol, a lua e as estrelas, o reino vegetal, mineral e animal. Manifesta-se por meio das forças da
natureza e seus elementos: ar, fogo, água e terra.
Como Senhora dos Animais, em cada lugar recebia um nome, tinha um lugar de culto, possuía um ou mais animais
sagrados. Em suas múltiplas funções, ela freqüentemente é representada parte humana, parte animal, seja com o Deusa-
Pássaro das águas celestes, como Deusa-Peixe das águas subterrâneas ou como Deusa-Serpente, símbolo da capacidade de
regeneração e fecundação,
A criação/nascimento é inseparável desta figura materna, que nos mitos mais antigos era a divisora das águas,
criadora do céu e da terra. No neolítico, a Deusa era cultuada como a fonte das águas que sustentam a vida, águas que caíam
do céu em forma de chuva ou brotavam da terra como fonte, rio ou lago; a água representava o poder gerador da grande mãe,
que ela oferecia ou negava.
Com o advento do cultivo da terra, ela aparece como Deusa do Grão e das Plantas, guardiã dos ritos do plantio e da colheita,
representando a fertilidade da terra e a fecundidade das mulheres. Nesta sua qualidade, era representada pela porca, por seu
rápido crescimento, sua prole abundante e seu aparente hábito de „arar‟ a terra com o focinho.
São inúmeras as faces do feminino e todas as suas infinitas representações estão contidas na figura da Grande
Deusa, ela própria composta da miríade de aspectos que compõem a imagem do Grande Feminino, o Grande Redondo que tudo
abarca e tudo contém.
À medida que a percepção humana do mundo se organiza e estrutura, ela surge como a Deusa Trina, que reina sobre
o nascimento, a vida e a morte. É representada como a jovem donzela da primavera, a mulher na maturidade do verão e a
anciã na sabedoria da velhice.
O mundo concebido como a manifestação da Deusa é um mundo múltiplo, variado e diverso, os diferentes elementos
que o compõem vinculando-se numa grande teia, definida por suas relações mútuas. Mas gradualmente estes aspectos foram
sendo separados e o Grande Feminino do início dos tempos foi decomposto em aspectos limitados, preferindo-se uns em
detrimento de outros.
Você está convidada a participar do processo de refazer a teia!

Ritual
Reconhecer a Essência Una

Construir o altar no centro


um cesto com materiais diversos, como flores, folhas, galhos secos, frutas, sementes, pedras, cristais
Os quatro elementos

Passar o umbral
Cada pessoa recebe um bindji na testa: “Bem vinda ao encontro”

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas, para reconhecer nossa essência divina e partilhá-la no círculo.”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, você que rege os espaços infinitos, nos ensine a partilhar nossos espaços internos e externos.
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, você que aquece a todos igualmente, nos ensine a partilhar nosso calor humano.
Senhora do Oeste, Senhora da Água, você que toma a forma de qualquer continente, nos ensine a arte da moldagem.
Senhora do Norte, Senhora da Terra, você que dá a vida e acolhe na morte, nos ensine como dar e receber.

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a grande Deusa em suas múltiplas manifestações!”

Trabalhar o propósito

 vamos fechar os olhos


 acalmar nossa respiração
 voltar nosso olhar para dentro
 e percorrer os caminhos de nossa paisagem interna.
 enquanto percorremos nossa paisagem interna

45
 vamos fazer um inventário de nossos talentos...
 de nossas habilidades...
 de nossos sentimentos...
 de nossas idéias...
 de nossos sonhos...
 (pausa)
 Quais dessas qualidades ainda não estão disponíveis para serem oferecidas no círculo?
 Sinta-se no direito de retê-las para você.
 (pausa)
 Quais dessas qualidades estão prontas para serem oferecidas?
 (pausa)

Ancorar a experiência
1. Agora vamos partilhar nossas qualidades
2. Quem se sentir pronta para ofertar algo ao círculo, que o faça em voz alta e espere até que alguém manifeste o
desejo de receber.
3. Quando isto acontecer, a pessoa que oferta irá pegar algo no cesto e entregá-lo à pessoa como símbolo da
qualidade ofertada.
4. Nós vamos fazer isto, até que todas tenhamos partilhado nossos tesouros, lembrando que, com isto, todas
enriquecemos.
5. Quando todas tiverem partilhado, vamos celebrar nossa partilha com tambores e maracás

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos à Grande Deusa e a todas as suas manifestações, nas quais estamos incluídas.”

O Círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz.

46
III
O Poder Pessoal
Diante de um mundo no qual predomina o exercício do poder do mais forte, seja pela força bruta, pelas armas, pelo
poder econômico ou intelectual, cujo resultado é a opressão e a exploração da grande maioria da humanidade, uma reação
comum é darmos às costas para qualquer exercício de poder. Contudo, abrir mão de nosso poder pessoal, é cedê-lo a alguém
outro. Quando fazemos isto, temos a impressão de que não precisamos nos responsabilizar pela sua utilização, mas o que
fazemos de fato é deixar o outro decidir nossa vida e nosso destino.
Por isto, recuperar e exercer o poder pessoal na nossa vida cotidiana é uma das atitudes mais revolucionárias que
podemos ter. Ao me apropriar do meu poder, posso determinar os fins para os quais vou utilizá-lo, escolhendo e
responsabilizando-me conscientemente pelas minhas ações e suas conseqüências. Como a força que impulsiona cada ação
humana, o poder pessoal é um instrumento que nos possibilita participar conscientemente da vida, contribuindo com a
transformação da consciência social.
“Poder” é mais um verbo do que um substantivo; refere-se mais a uma ação do que a uma coisa. Quando afirmo “eu posso”,
estou em contato com meu poder pessoal. Toda pessoa pode. O que podemos talvez seja diferente para cada uma, mas todas
podemos.
O poder não é algo que se possui! O poder flui através de nós, oriundo de uma fonte transpessoal, seja ela nomeada
de Deusa, Deus, Cosmos, Self, Eu Superior, Essência, Alma, Grande Espírito, Atman, Extraterrestre, Intraterrestre, ou
simplesmente Universo. Qualquer que seja o nome que lhe dermos, para acessar esta fonte que brota no âmago de cada uma
de nós temos que nos voltar para dentro e mergulhar nas profundezas escuras, inconscientes, do nosso ser. Precisamos nos
aventurar pelos recônditos que guardam nossos melhores tesouros, aqueles acumulados ao longo da nossa existência e que
muitas vezes estão esquecidos em algum lugar obscuro, apenas aguardando serem redescobertos. Toda vez que voltamos de
uma jornada interior, trazemos conosco esses recursos há muito adormecidos, tornando-nos mais poderosas.
Ao impregnar nossas ações cotidianas com esse poder pessoal, estabelecemos uma profunda conexão com todos os
seres, quer eles pertençam ao reino humano, animal, vegetal ou mineral. O poder inerente a cada ser é um elemento
importante na sustentação da vida como um todo. Assim, quando nos inserimos como um elemento nesta comunidade
universal, aliando nosso poder com o poder dos demais, estaremos contribuindo para o fortalecimento do Campo Unificado de
Consciência, uma outra designação para a Grande Deusa.
Para nos apropriarmos do nosso poder, precisamos rever nossas crenças, hábitos e atitudes, desfazendo-nos daquilo que não
nos serve mais e recuperando o que estava esquecido. Isto é algo que poderíamos fazer com alguma regularidade, assim
mantendo nossas potencialidades atualizadas e disponíveis para serem empregadas nas nossas ações cotidianas.
Ao nos desfazermos de algo, é importante reconhecer e honrar a utilidade que isto teve em algum momento da nossa
vida, antes de retornar sua energia para o manancial cósmico, onde poderá ser reutilizada ou reciclada. Não nos desfazemos de
algo porque não é bom, nos desfazemos, porque não está mais em harmonia com o que somos neste momento. Tudo no
universo tem seu valor e sua utilidade e contribui com a harmonia geral, se estiver no seu devido lugar.

47
Kunapipi
A Serpente do Arco-Íris
Eternamente grávida, a grande deusa-mãe do norte da Austrália é a criadora de todo ser vivo. Às vezes representada
como a serpente do arco-íris, Kunapipi preside os rituais de iniciação e de puberdade. Contam as lendas que ela veio no Tempo
do Sonho de um país afundado, para estabelecer-se na Terra de Arnhem.
Na imagética patriarcal, Kunapipi teve várias filhas, que ela usou como isca para sua refeição predileta: machos
humanos. Ela comeu tantos homens que atraiu a atenção do herói que, pegando ela em flagrante, a destruiu. Mas os lamentos
que ela emitiu ao morrer aderiram a todas as árvores do mundo e ainda podem ser ouvidos, se a madeira é esculpida em
berrantes, que gritam “Mumuna”, seu nome ritual.
A Serpente do Arco-Íris é a força geradora na criação do mundo, capaz de criar rios, poças de água ou chuva. A água
é a força vivificante que todos os aborígenes reconhecem como importante para a sobrevivência. De caráter profundamente
ambivalente, característico de todos os seres criadores, em geral é tida como masculina. Mas o elemento misógino aparece no
mito das Irmãs Wawilak, no qual a serpente ataca e come as filhas de Kunapipi, a mãe da fertilidade. Explicado como a
necessidade dos homens de possuir os poderes criativos de Kunapipi, comer sua cria também é visto como o eterno desejo da
Grande Serpente de reter estes poderes para si mesma.
O culto a Kunapipi é parte de um grupo de ciclos cerimoniais que celebram as vidas dos principais Heróis Celestes da
região de Arnhem. Isto inclui as Irmãs Wawilak, que foram engolidas pela Serpente do Arco-Íris, bem como Djanggawul, um
espírito que possuía um imenso pênis e que regularmente tinha contato sexual com suas irmãs, para impregná-las. De acordo
com o mito, Djanggawul chegou no nordeste do País de Arnhem no Tempo do Sonho, vindo de Bralku, o País dos Mortos.
O culto de Kunapipi lida com dois conceitos importantes: o da Grande Mãe (útero) e o da Serpente do Arco-Íris (pênis). Ela é o
símbolo das qualidades produtivas da terra, eterna abastecedora dos recursos humanos, animais e naturais. Às vezes ela
aparece como duas irmãs ou suas próprias duas filhas, exótica e bela ao mesmo tem po, representando o ideal da juventude
feminina. Como a mãe original, ela é responsável pelo nascimento de todos os totens humanos, de modo que o princípio da
identificação, de fato a delineação humana, é uma parte essencial de seu caráter.
Ela também é responsável por enviar, de estação a estação, os espíritos de todas as espécies naturais para o mundo
orgânico. Mas neste aspecto, ela não age totalmente sozinha. Sua associação com a Serpente do Arco-Íris, o pênis simbólico,
assegura o reconhecimento da dualidade.
Suas cerimônias e rituais corporificam o princípio do retorno ao útero e subseqüente renascimento, a própria vida
refrescada e renovada. O espaço ritual ou „lugar circular‟ ( nonggaru) é uma representação simbólica do útero, no qual todas as
pessoas precisam entrar durante os rituais. Os neófitos podem ir embora, depois de ritualmente limpos. Tal limpeza em geral
envolve a troca cerimonial de esposas (porque não maridos?) para o intercurso ritual. Assim, a fertilidade de todas as espéci es,
incluindo a humana, é estimulada, para que o mundo seja capaz de se renovar. É significativo que entre os Yirrkalla, Kunapipi
significa „penis sub-incisado‟. O pênis incisado simboliza a Grande Serpente, a incisão em si é a vulva da Grande Mulher,
Kunapipi. Simbolicamente, membros macho e fêmeo se tornam um, assim afirmando a natureza unitária essencial do culto.

Ritual

A força geradora da criação

Configurar o espaço
Este ritual foi realizado em dois espaços contíguos (um salão e o jardim), mas você pode adaptá-lo a um único
espaço, utilizando sua criatividade
 a sala está no escuro, um pano preto cobre a passagem para o jardim
 em um canto da sala, uma jarra com água e um cálice
 sálvia para incensar (ou outro incenso)
 a saída para o jardim é um portal, com duas pessoas segurando velas acesas e afastando o pano preto
no momento apropriado
 o jardim está enfeitado com tochas e fitas coloridas.

Passar o umbral e mobilizar energia


as pessoas entram no salão escuro e ao som de música são convidadas a contemplar o passado (dando tempo
entre as comandas, para as pessoas trabalharem os objetivos)
Visualize-se no topo de uma colina.....
Invoque o poder dos ventos para levá-la aonde precisa ir.....
Sua vida inteira jaz abaixo de você.....
Reveja fatos passados, abençoe-os e libere-os todos...
(enquanto isto, o ambiente é incensado com sálvia, para auxiliar na liberação).
Ao desfazer-se do passado reclame o seu poder.....
Mergulhe para dentro....
Olhe os alicerces de sua própria vida....
Abra caminhos para sua verdadeira natureza....
Entre em contato com suas mais profundas forças e recursos....
Prepare-se para dar um novo passo...
Há uma nova vida se desenvolvendo...
Quando se sentir pronta para a travessia, dirija-se ao portal.

48
Trabalhar o propósito
 Uma a uma, as pessoas atravessam o portal e se dirigem ao jardim
 O jardim acolhe as pessoas com música, luz e fitas coloridas.
 Inicia-se uma dança livre, criativa, individual
 Aos poucos as pessoas se agregam em duplas e pequenos grupos
 Até todas estarem reunidas na dança da criação

Ancorar a experiência
Todas retornam para a sala e partilham a água da vida

Partilhar a experiência
Neste momento, pode-se contar o mito de Kunapipi, ou simplesmente partilhar as experiências.

Fechar o ritual
“Agradecemos a todos os elementos presentes na criação e honramos o útero criador de Kunapipi.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

49
Caillech
A Velha Sábia
Na tradição irlandesa e escocesa, Caillech é a giganta velha e feia que se transforma em uma bela e jovem donzela
num piscar de olhos. Literalmente, caillech quer dizer „velada‟, a que usa um capuz. Do mesmo modo que a Górgona, seu signo
afasta o mal e protege o portador.
Antiga Mãe-Montanha do Norte, ela é responsável pela posição das colinas, montanhas, lagos ou ilhas. Controladora
das estações e do clima, ela é a deusa cósmica da terra e do céu, da lua e do sol. Por não aparecer nos mitos escritos, mas
apenas em lendas antigas e nomes de lugares, presume-se que tenha sido a deusa dos habitantes pré-celtas das ilhas
européias. Diz-se que os dolmens, menires e montes de pedra ( cairns) lhe “caíram do avental”.
Ela rege o período entre Samhain (Hallow‟eve=véspera de todos os tesouros) e Imbolg (também chamado de Oi-
melg=ewe-milk: leite de ovelha), tendo como pico o meio do inverno (solstício de inverno). Hallow‟eve marca a retirada para a
escuridão do inverno e simboliza a menstruação durante a lua escura, enquanto Imbolg marca a abertura para o mundo
natural, a ovulação e a emergência para a luz renovada da primavera, cujo primeiro lampejo acontece no solstício de inverno.
Assimilado às festas cristãs, Imbolg é festejado no primeiro dia da primavera, como dia de Santa Brígida. Denominado de
Candlemas, a festa das luzes (Candelária), é celebrado no dia dois de fevereiro no hemisfério norte.
Originalmente, o ano novo celta era festejado em um dia intercalado (aquele que completava o tempo padrão de „um
ano e um dia‟. Era um dia que não era um dia, um tempo que não era um tempo, porque realmente estava fora do ano. Por
isto, a noite de Samhain é um tempo „entre os mundos‟, um dia em que o véu que separa os mundos é muito tênue, um
momento propício para adivinhações, casamentos e, especialmente, para ter um encontro com as fadas.
Os festivais celtas celebram a roda da vida, com a morte em Hallow‟eve seguida da gestação no útero escuro da
Deusa e o renascimento em um novo corpo em Candlemas. Abrindo a metade escura do ano, Samhain é o primeiro dia do
inverno, que traz a dormência da natureza. É a festa da anciã ou deusa-morte, também senhora da magia e guardiã dos
enigmas, que passa sua sabedoria apenas para aqueles que conseguem decifrar seus enigmas.
No fim da colheita anual, os camponeses pegavam o último feixe de grão e o transformavam em uma boneca,
chamada de caillech. Mas ninguém gostava de realizar esta tarefa, por medo de que tivesse „que alimentar a velha durante o
inverno‟. Na primavera, este feixe de grãos era servido ao gado como medicina preventiva.
C aillech é o aspecto invernal da deusa-mãe celta: imponente, morrendo, mas reunindo forças para um novo ciclo de
vida. A mais conhecida Caillech é „a velha de Beare”, uma semi-ilha no sudoeste da Irlanda. Ela foi integrada à literatura
irlandesa no século VIII ou IX e através de suas histórias, é possível traçar seu desenvolvimento de uma força cósmica até sua
forma mais popular.
Com o advento do cristianismo, que não permite mais que a transformação aconteça nesta vida, Caillech se tornou
definitivamente uma velha encarquilhada, lamentando sua perdida juventude e beleza.

Ritual
O Poder da Sabedoria Ancestral
Construir o altar
no centro: caldeirão com pedras (sal grosso e álcool para acender um fogo)
em torno:
vasos com terra para plantar sementes (copos de plástico)
cumbuca com sementes
jarro com água para regar
um caminho de seixos rolados do umbral até o círculo

Configurar o círculo
Elementos das quatro direções fora do círculo

Passar o umbral
as pessoas são incensadas ao passarem pelo umbral e caminham sobre as pedras até o círculo.

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para recuperar o poder da nossa sabedoria ancestral .”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, que seus ventos reúnam todo meu saber
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, que suas chamas ativem todo meu saber
Senhora do Oeste, Senhora da Água, que suas águas purifiquem todo meu saber
Senhora do Norte, Senhora da Terra, que meu saber possa enraizar e frutificar

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença de Caillech, para que ela nos mostre como unificar o saber de todas as nossas
existências.”

50
Mobilizar energia
(sentar em círculo, de modo que seja possível para as participantes se darem as mãos)
o vamos trazer a energia oriunda do centro da terra
o vamos trazer a energia oriunda do centro do céu
o vamos unir estas energias no nosso centro cardíaco
o enviá-la pelo braço direito, para a mão direita
o passá-la para nossa parceira da direita
o recebendo da nossa parceira pela mão esquerda
o enviando pelo braço esquerdo ao centro cardíaco
o deixando a energia circular
o respirando e trazendo mais energia
o fazendo a energia circular

Trabalhar o propósito (tocar uma música apropriada)


(quando tiver bastante energia mobilizada)
o vamos soltar as mãos e no instante em que o fazemos
o nos vemos diante de um portal de pedra,
o um dolmen imenso, no topo de uma colina.
o Paradas diante do portal, vamos rever todo nosso passado
o Sua vida inteira jaz atrás e abaixo de você.
o Pare e reveja o passado,
o Reveja o aprendizado e as alegrias,
o Reveja as vitórias e as tristezas,
o Tudo que foi necessário para trazer você até este momento e lugar.
o Abençoe tudo e libere tudo.
o Ao desfazer-se do passado, reclamamos o poder da nossa sabedoria
o (pausa)
o agora vamos dar um passo adiante.
o Estamos debaixo do portal, dentro do dólmen.
o Um momento de parada, de quietude
o Este é o olho do furacão, o lugar da absoluta quietude.
o Somos envolvidas por uma chuva de amor incondicional e infinito.
o É o amor que a deusa mãe derrama sobre suas crianças.
o Sinta-se envolvida por este amor que nada pede, nada retém.
o O amor que é!
o (pausa)
o Vamos dar mais um passo
o Entrando no espaço desconhecido
o Entrando no espaço da visão
o Abra-se para uma nova visão da vida! A sua visão!
o Abra-se para o poder da sua sabedoria
o (pausa)
o retornamos pelo portal,
o trazendo conosco o poder de nossa sabedoria,
o permeado pelo amor incondicional.
o (pausa)
o retornamos ao mundo das condições
o aceitando todas as sombras
o todas as dificuldades que encontrarmos
o como desafios a serem superados,
o como lugares onde o crescimento ficou estagnado
o com o compromisso de usar o poder de nossa sabedoria
o para transformar o mundo.

Ancorar a experiência
(passar as sementes e a água)
Representando o poder da sabedoria que trouxemos conosco, vamos plantar estas sementes e nutri-las, para que
cresçam fortes e belas.
As sementes plantadas e colocadas em volta do caldeirão, acendemos o fogo no caldeirão e dançamos

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos o poder e a força de Caillech e de todos os elementos.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!”

51
Maat
A Verdade, o Equilíbrio e a Ordem
Maria Helena Tedesco

Quem não se perguntou, ao menos quando criança: “O que faz o sol nascer, as estrelas brilharem, o rio fluir, a maré
subir e descer?”
Quem pode afirmar que jamais sentiu perplexidade diante dos mistérios da natureza e da vida e que não quis saber
quem cuida, para que a ordem esteja garantida na manhã seguinte, quando abrir os olhos?
Quem nunca ficou perplexo diante da beleza e perfeição das formas de uma flor?
Desde os tempos mais antigos, e nas mais diversas culturas, os seres humanos sentiram necessidade de buscar
respostas para questões essenciais sobre a vida natural.
Os egípcios responderam a esta pergunta com Maat, a deusa da verdade, do equilíbrio e da ordem, que personifica
as leis da natureza, assegurando a ordem cósmica na dimensão física.
Maat torna o universo um lugar organizado, com funcionamento previsível e regular, com ciclos constantes, favorável
ao florescimento da vida. Sem ela, o universo se tornaria novamente caótico e a vida deixaria de existir.
Podemos dizer que Maat é a ordem e o padrão fundamental da realidade, que faz tudo e todos serem o que são, pois
ela fornece as matrizes das formas e corporifica a ordem natural de toda vida mineral, vegetal e animal.
No universo humano, representa a verdade, a justiça e a integridade.
Seu mito conta que ela acompanha tudo o que é registrado no coração de cada pessoa durante a vida, observando o
alinhamento com a verdade individual. O destino futuro, para além desta vida, depende de como foi vivida tal verdade, uma vez
que em sua jornada para o submundo cada ser tem seu coração pesado na balança de Maat, a balança da verdade.
Se o coração for mais leve que a pena de avestruz representativa de Maat, o viajante pode passar pela escuridão e
continuar sua jornada pela duat. Se for mais pesado, é atirado à deusa hipopótamo-crocodilo-leoa Ammit, a devoradora de
corações, e então a alma não pode continuar sua jornada pela eternidade.
Não precisamos esperar a morte para liberar o peso de nossos corações, se toda noite, ao findar um ciclo, buscarmos
avaliar nossos atos segundo os princípios de Maat: com equilíbrio, justiça e honestidade.
Quando o dia renascer a cada manhã, despertando a vida em toda a natureza, quando as flores se abrirem, os
pássaros cantarem, os animais acordarem, nós, seres humanos, poderemos iniciar uma nova jornada, alinhados com a nossa
verdade. Não seria uma forma ética de viver cada dia?

Ritual
O Poder da Ordem Natural
Construir o altar
 Um mini jardim com elementos e flor.
 Pendurada no teto a balança de Maat com a pena em um dos pratos e no outro um coração mais
pesado que a pena.

Passar pelo umbral


Uma pessoa saúda cada participante com uma pena (que depois será colocada no altar), dizendo: “Sinta a
verdade secreta de seu coração”.

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para refletir sobre a verdade do nosso coração.”

Invocar o círculo
(Invocamos aqui as quatro guardiãs do universo egípcio)
Que Nekhbet permita o fluir da energia em nossos corações.
Que Uadjet permita a saída dos excessos.
Que Bast proteja o novo equilíbrio.
Que Sekhmet proteja a finalização da jornada.

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença da Maat, para que nos oriente na busca pela harmonia da ordem natural”.

Mobilizar energia
 Vamos fechar nossos olhos, encontrar uma posição confortável,
 alinhar nosso corpo, nossa coluna, naturalmente, sem esforço;
 sentir nossa base de apoio em contato com o chão.
 Vamos agora entrar em contato com a respiração,
 com o ar que entra e sai dos pulmões e cria um ritmo.
 Vamos nos entregar a este ritmo e fluir para dentro de nosso coração.
 Sentindo o contato com seu pulsar vamos nos indagar:
o como me relaciono com meu próprio corpo?....
o como minhas atitudes se refletem na saúde do meu corpo,
o no meu bem-estar? ....

52
 e ampliando nossa percepção,
o como têm sido minhas atitudes com relação à casa em que vivo?....
 Ampliando mais
o como têm sido minhas atitudes com relação ao meio ambiente em que vivo?.....
o como lido com os recursos naturais: ar, água, vegetação, alimentos?......

Trabalhar o propósito
 Lentamente vamos nos levantar e buscar no corpo as respostas.
 Balançando de um lado para o outro, calmamente, vamos perguntar ao corpo:
o O que peço ao meu corpo,
o como cuido da minha casa,
o o que retiro do meio ambiente?....
o como contribuo com meu corpo?....
o O que devolvo para minha casa?....
o como utilizo os recursos naturais? ...
o o que retorno ao meio ambiente?....
o como retribuo ao meio ambiente?.....
 Pese em seu coração, se o que você consome e o que retribui está em equilíbrio ou não. Sinta os
excessos e entregue-os a Amit, para que sejam devorados;
 vá entregando até alcançar o equilíbrio em seu coração.
 Quando sentir que encontrou a ordem natural das coisas em você mesma, sente-se no círculo.

Ancorar a experiência
quando todas estiverem sentadas no círculo, a focalizadora equilibra a balança, retirando o excesso de peso do
coração;
em seguida toma a pena que estará no centro e passa para a pessoa à sua direita, dizendo: “Que o seu coração
permaneça leve como a pena de Maat”. A pena é passada no círculo, até retornar à focalizadora e colocada no
centro.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Maat e das guardiãs, agradecemos a Amit por ter acolhido nosso excessos.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

53
Inana
Rainha do Céu e da Terra

Oh, meu amante, querido do meu coração,


o prazer que me dás é doce como o mel!
Me cativastes, estou trêmula diante de ti
meu amante, me conduza para teu leito.
Deixe-me acariciar-te, meu amante,
meu doce querido, quero estar plena em teu mel!
No leito, plena de suavidade,
deixa que gozemos de tua radiante formosura,
meu leão, deixa-me acariciar-te,
meu doce querido, quero estar plena de teu mel! 10

***
Como agricultor, deixe-o tornar os campos férteis.
Como pastor, deixe-o multiplicar o rebanho.
Que haja vegetação sob seu reino.
Que haja abundância em grãos sob seu reino.

Nos pântanos, que haja peixes e aves.


No mangue, que cresça alto o junco novo e velho.
Na estepe, que cresça alta a árvore mashgus.
Nas florestas, que se multipliquem os veados e cabras selvagens.
Nos pomares, que haja mel e vinho.

Nas hortas, que haja alface e rúcula.


No palácio, que haja vida longa.
Que a água transborde no Tigre e Eufrates.
Que as plantas cresçam altas nas ribanceiras, cobrindo os campos.
Que a Senhora da Vegetação amontoe os grãos.

Oh, minha Rainha do Céu e da Terra!


Rainha de todo o universo!
Que ele usufrua longos dias de doçura em teu regaço sagrado! 11

Os hinos acima, livremente traduzidos para o português, são dedicados ao aspecto fecundo de Inana, a mais
venerada deusa da Suméria. Essencialmente uma deusa brilhante, ela corporifica a fertilidade e a abundância natural e preside
sobre o armazém, onde eram estocados os frutos da terra.
Como deusa da fertilidade, era a fonte do sangue vital da terra “Eu piso nos céus e a chuva cai/Eu piso na terra e a
grama e as ervas brotam” canta Inana. Neste sentido, é chamada de “A Verde”, designando o ondulante cereal verde que a
terra veste como manto na primavera.
A imagem de Inana se estende da terra ao céu: ela está “vestida com os céus e coroada com as estrelas”, suas jóias
de lápis-lázuli refletem o azul celeste e o azul das profundas águas cósmicas. Ela veste o arco-íris como colar e o zodíaco como
cinto. Em sua cabeça porta os cornos lunares, que a proclamam como descendente da antiga deusa que originalmente regia o
céu, a terra e o submundo. E como grande deusa, quando ela fica irada, seus rompantes não são apenas tempestuosos, eles
são a própria tempestade, com os trovões fazendo céu e terra tremerem e os relâmpagos queimando e destruindo tudo.
No centro de sua mitologia encontramos o casamento sagrado, o mais importante festival da Suméria, que marcava o
início do ano. Como rainha do solo, ela fazia de cada rei seu noivo. Como noiva, Inanna encontra seu amado no portal, para
admiti-lo junto com seus servos, que trazem suas dádivas: uma abundância infinita de frutos de todo tipo. Acolhendo o rei na
doçura de seu regaço, ela lhe transmite os poderes de fertilidade e liderança, imprescindíveis para sua regência.

Ritual
O Poder da Fecundidade

Construir o altar
 Um vaso de cerâmica com flores do campo, circundado com hera
 Uma vela amarela
 Uma pedra

10
Federico Lara Peinado,Himnos sumerios, p.57
11
Diane Wolkstein, Inanna. Queen of Heaven and Earth, p.46/47

54
 Um pote com água
 rodeados de copinhos com terra
 uma cuia com sementes de girassol

Passar o umbral
As pessoas são incensadas, dizendo: “Eu te convido para dançar o seu ritmo”

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para ativar o poder da fecundidade.”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, prenuncie o renascimento da vida
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, acolha-nos em sua alegria
Senhora do Oeste, Senhora da Água, ajude-nos a olhar para nossas emoções
Senhora do Norte, Senhora da Terra, enraíze-nos em nossa melhor qualidade.

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença de Inana, que ela nos mostre o caminho para nós mesmas !”

Mobilizar energia
Tocar o tambor ou uma música com som de tambor, que vai crescendo aos poucos
Convidar todas a dançar (para desfazer velhos padrões e achar o ritmo pessoal)

 Ouça a música e vamos dançar


 como você se sente dançando?
 a que ritmo você tem dançado?
 quem toca a música?
 quem determina o ritmo?
 de quem é a coreografia?
 você tem estado dançando distraída ?
 Tem dançado ao som da música de outra pessoa?
 Pare a música!!
(pausa a música e depois de um tempo, retorna a música)
 Monte uma nova coreografia..
 Alinhe seu corpo, sua alma e sua respiração com essa nova dança
 Dance......

Trabalhar o propósito
 dançando no seu ritmo, olhe para o seu interior
 e encontre a terra fértil de seu próprio ser,
 iluminada por um sol dourado e gentil.
 Repouse nela.
 E enquanto você repousa, você ouve uma voz.
 É a voz de Inana.
 O que ela lhe conta?
 Ouça com atenção!
(pausa)
 de posse dessa sabedoria, pegue um copinho de terra
 e plante a semente da sua sabedoria

Ancorar a experiência
Cada participante planta uma semente, dizendo: “Eu honro a minha natureza plantando .......”

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
”Agradecemos a Inana por seu poder e a todos os elementos da natureza.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz.

55
Guinevere
A Rainha Soberana
Um tema antigo da tradição celta é a história do jovem cavalheiro que, por ter estuprado uma donzela, foi levado à
corte do Rei Artur para ser julgado e decapitado por seu crime. Mas a rainha Guinevere e suas damas solicitaram que lhes
fosse concedido serem as únicas juízas. Assim, Guinevere anuncia: Eu lhe asseguro a vida, se você puder me dizer, o que
as mulheres mais desejam, dando-lhe o prazo de um ano para retornar com a resposta.
Após muito vaguear sem sucesso, ele finalmente se deparou com uma roda de mulheres dançando e, quando lhes
fez a pergunta, todas desapareceram, exceto uma velha horrorosa. Esta lhe prometeu a resposta, se ele atendesse a um
pedido dela. Assim, diante da rainha, o cavalheiro pôde enunciar a resposta que lhe assegurou a vida:

A mulher deseja ter soberania


Sobre seu marido e seu amante,
E estar acima dele em majestade.

Emergindo da tradição celta mais antiga, Guinevere é uma mulher bela, aguerrida e vigorosa, uma enviada do
mundo das fadas para reinar na esfera humana. Seu nome vem da raiz proto-celta gwena, relacionada com a raiz grega
gyne, significando „mulher‟.
Detentora do poder que emana dos hábitos do Outro Mundo, as mulheres-fada, sempre belas e perigosas, são
soberanas em suas ações e escolhas. Desfrutando de liberdade para escolher seus amantes, sua aparição gera confusão
no mundo dos homens, pois elas testam a virilidade e a fidelidade deles ao compromisso que assumiram.
De acordo com os hábitos antigos, os benefícios da Soberania são concedidos apenas ao mais valoroso. Como
Rainha da Távola Redonda, Guinevere representa a soberania do próprio país a quem o rei prometeu servir.
Em sua função de Rainha de Maio, ela detém o poder de energizar e transformar a apatia e a letargia em beleza
vibrante. Assim, enquanto ela for estimada e honrada, o país permanece fértil e próspero, caso contrário, o rei pode
perder a rainha e seu reino.

Representando o poder que emana dos hábitos do Outro Mundo, cujas leis permitem todos os atos de amor e
prazer sem culpa, Guinevere nos ensina como encontrar e realizar nossa natureza interna. Restaurar e reverenciar a
memória de Guinevere desperta em nós a vida verdejante, transformando tudo que é sombrio, confinado. Ela nos convida
para um modo mais aventuroso e extático de viver. Ela nos convida para exercermos a soberania em nossa vida.

Ritual
Recuperando a Soberania

Construir o altar
 tigela com água,
 folhas verdes como coroa em volta
 no centro uma gérbera vermelha
material adicional: um batom vermelho

Configurar o círculo
Os quatro elementos fora do círculo

Passar o umbral
cada pessoa é aspergida com água: “Que as águas purifiquem suas emoções!”

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para encontrar e realizar nossa verdadeira natureza interna .”

Invocar o círculo
todas sentadas no círculo, invocamos as direções:

Senhora do Leste, Senhora do Ar, que o discernimento possa guiar nossa busca de nós mesmas.
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, que a paixão possa estimular o encontro de nosso próprio poder.
Senhora do Oeste, Senhora das Águas, que possamos renascer donas de nosso destino.
Senhora do Norte, Senhora da Terra, que possamos exercer nossa soberania em harmonia com todos os
seres.

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença de Guinevere, a eterna Rainha de Maio, para que nos indique o caminho para a
soberania interior.”

Mobilizar energia
Meditação ao som da música do mar:

56
 vamos entrar nas ondas e nos conscientizar de nossas emoções,
 como elas fluem ou estagnam,
 quais as emoções que nos levam ou nos impedem,
 como nadamos ou cavalgamos nossas emoções.

Trabalhar o propósito
 Conscientes de nossas emoções,
 vamos visualizar um imenso lago, cujas águas se perdem no horizonte.
 Um barqueiro nos espera na margem.
 Entramos na barca e somos levadas silenciosamente pelas águas,
 até uma ilha em cujo centro se encontra uma colina.
 É uma colina oca e em uma de suas encostas encontramos uma abertura que leva para dentro da
terra.
 Entramos na colina e caminhamos para dentro e para baixo,
 até nos encontrarmos diante da Rainha.
 (pausa)
 Quando a encontramos, pedimos orientação para buscar e realizar a nossa verdadeira natureza
interior.
 O que buscamos é nosso eu florido,
 o poder da jovem florescente.
 Vamos abrir nossas pétalas e manifestar nossa própria soberania interior
 (pausa)
 Vamos transformar a apatia e a letargia em beleza vibrante.
 (pausa)
 Vamos manifestar nossas emoções, de acordo com nossa natureza interior
 (pausa)
 Vamos viver os atos de amor sem culpa, exercendo o poder que emana do coração.
 (pausa)
 Seguindo o exemplo de Guinevere,
 vamos restaurar a vida verdejante dentro de nós.
 (pausa)
 Vamos sair de nossas vidas sombrias, confinadas, para um modo mais aventuroso e extático de viver.
 (pausa)
 Recebemos das mãos da Rainha um símbolo do nosso poder soberano
 (pausa)
 Trazendo este símbolo conosco, iniciamos o caminho de volta,
 desta vez, percorrendo-o como rainhas em direito próprio.
 Respirando profundamente, retornamos para o círculo.

Ancorar a experiência
Com um batom, a focalizadora faz um sinal vermelho na testa da pessoa à esquerda no círculo, dizendo:
“Com este sinal eu reconheço e honro a sua soberania.”
Ela passa o batom para pessoa, que faz a mesma coisa com quem está à sua esquerda, até completar o
círculo.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a orientação de Guinevere e nos comprometemos com nossa própria soberania.”

O círculo se abre, mas não se desfaz!


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz.

57
Lakshmi
Deusa Lótus da Fortuna
Desde tempos remotos, Lakshmi, também conhecida como Sri, tem sido cultuada como uma das deusas mais
populares da tradição hindu, amplamente venerada em toda a Índia até hoje, por indianos de todas as castas. Associada com
prosperidade, bem-estar, poder régio e eminência, considera-se que a própria Sri se apresenta ou revela, quando estas
qualidades são evidentes.
Não se erguiam templos a esta deusa, porque não fazia sentido conter aquela que encarna em si mesma todas as
formas de riqueza. Lakshmi está em todo lugar: em jóias, em moedas, em conchas raras, em cada criança nascida para pai s
esperançosos e, particularmente, em vacas. A bem conhecida reverência por vacas na Índia hinduísta se baseia no culto a esta
deusa, sendo as vacas chamadas simplesmente de lakshmi.
Alguns mitos dizem que Lakshmi existiu desde o início dos tempos, flutuando em um lótus antes da criação, razão
pela qual ela é chamada Padma (“deusa lótus”), símbolo que se tornou o signo da iluminação espiritual em toda Índia. Portando
todos os sinais afortunados, suas cores são como o interior de um lótus. Enfeitada com um a guirlanda branca, toda
ornamentada com colares e braceletes, suas roupas brancas deixam à mostra seus seios redondos, altos e juntos. Seus grandes
olhos sorridentes são como um lótus plenamente aberto. Seus cabelos caem em cachos que lembram um enxame de abelhas
em vôo, emoldurando sua fronte em forma de meia-lua. Seus lábios rubis são como gemas, revelando dentes como fileiras de
pérolas.
O lótus é um símbolo de fertilidade e vida. Retirando sua força das águas primordiais, simboliza o crescimento vegetal
e o pleno florescimento da vida orgânica. O lótus é freqüentemente usado na tradição tântrica como um símbolo de todo o
universo, sugerindo um mundo crescente e em expansão, imbuído de vigoroso poder fértil, revelado em Sri-Lakshmi: o néctar
ou a essência da criação, que impele a vida orgânica por meio de seu poder misterioso. Mas também é símbolo de pureza e
poder espiritual. Enraizado na lama, mas florescendo sobre a água sem ser contaminado pelo lodo, o lótus representa perfeição
e autoridade espiritual.
As representações mais populares e duradouras de Sri-Lakshmi a mostram flanqueada por dois elefantes, que a
regam com água de suas trombas. Eles representam as chuvas fertilizadoras, enfatizando a associação de Sri-Lakshmi com a
fertilidade dos grãos e a seiva da existência em geral. Mas os elefantes também sugerem autoridade real.
Algumas histórias dizem que Lakshmi surgiu do oceano quando este foi revolvido pelos deuses, emergindo como
uma jóia em toda sua beleza e poder, seu corpo dourado ricamente enfeitado com colares e pérolas, coroada e com braceletes.
Muitos vêem as várias lendas a seu respeito como memória da preeminência de Lakshmi na Índia pré-ariana, quando ela era a
deusa da terra e sua umidade frutificadora. Sua posterior incorporação à teologia védica se deve ao fato de seus devotos não
terem abandonado a devoção à deusa lótus. Uma vez estabelecida no conjunto de crenças chamado de Hinduísmo, Lakshmi se
tornou símbolo não apenas da abundância da terra, mas também da alma, tornando-se um símbolo magnífico do deleite da
prosperidade espiritual.
Sri-Lakshmi não é mencionada nos textos védicos antigos, mas o termo sri ocorre com freqüência e claramente está
relacionado com a natureza da deusa Sri-Lakshmi posterior. Nos hinos védicos, o termo sri sugere beleza, brilho, glória e alta
linhagem. É utilizado, na literatura védica posterior, para se referir ao poder de regência, domínio e majestade dos reis.
Também se refere à riqueza, prosperidade e abundância em geral. São as qualidades mais auspiciosas e sugerem bem-estar
geral em termos de saúde física, prosperidade material, beleza corporal e majestade regente.
Seu festival mais importante na Índia hoje é o Dipavali, que acontece no fim do outono, como festa da colheita. Nele
é celebrada a relação de Lakshmi com riqueza e prosperidade, além de sua associação com a fertilidade, a abundância dos
grãos e com a boa fortuna no ano vindouro.
Associada a divindades masculinas, sua presença concede mais do que poder regente. Um dos mitos relata que, ao
sentar-se perto de Indra, choveu forte e os grãos cresceram abundantemente, as vacas deram muito leite, todos os seres
prosperaram e a terra floresceu. Na ausência da deusa, o mundo se torna embotado e sem brilho e começa a deteriorar.
Quando ela retorna, os mundos recuperam sua vitalidade, a sociedade humana e o mundo dos deuses recuperam seu senso de
propósito e dever.

Ritual
Manifestando a Abundância

Construir o altar no centro do círculo


Uma bacia com água, conchas e pedras no fundo,
Um crisântemo branco na água.
Rodear a bacia com pétalas de flores brancas, rosas, vermelhas, amarelas
Em volta: pão de mel, mistura de nozes, confetes

Configurar o círculo
Os quatro elementos fora do círculo

Passar o umbral
Cada pessoa recebe um bindi na testa: “Abra seu coração para a abundância!”

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para manifestar o poder da abundância e da boa fortuna .”

58
Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, nos propicie confiança em nós mesmas, nos outros e no Universo
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, queime as dúvidas e os medos, que nos impedem de manifestar
confiança
Senhora do Oeste, Senhora da Água, transforme tudo em sabedoria e gratidão universal
Senhora do Norte, Senhora da Terra, nos transmita coragem de viver a abundância do Universo.

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença de Lakshmi, a deusa hindu mais auspiciosa, que ela ative nosso poder de
manifestarmos prosperidade e abundância em todos os aspectos de nossa vida.”

Trabalhar o propósito
sentadas em círculo, ao som de uma música suave, de expansão:
 vamos entrar em contato com a respiração
 e à medida que nossa respiração se acalma,
 vamos pensar em que áreas de nossa vida vivemos a escassez
 (pausa longa)
 vamos pensar em que áreas de nossa vida vivemos o excesso
 (pausa longa)
 vamos criar um espaço interior para receber a abundância
 (pausa longa)
 invocamos para dentro deste espaço o poder amoroso de Lakshmi,
 inspirando sua energia dourada,
 sua energia docemente perfumada,
 e vamos levar a energia dourada da abundância e da fortuna para todas as áreas de nossa vida
 (pausa)
 permitindo que ela transmute a escassez e o excesso
 (pausa)
 permeando tudo com amor e alegria
 (pausa)
 com o néctar da abundância e boa fortuna
 (pausa)
 vamos respirar e nos preencher com a energia brilhante da deusa lótus
 até nos tornarmos um lótus branco e radiante
 (pausa longa)
 no seu devido tempo, vamos recolher esta energia no centro do coração
 (pausa)
 e lentamente retomar nossa respiração habitual,
 retornando para o círculo

Ancorar a experiência
O pão de mel, a mistura de nozes e os confetes são passados no círculo de uma pessoa para outra, dizendo:
“Manifeste o poder da abundância em sua vida.”

Partilhar a experiência
Quando os alimentos tiverem percorrido o círculo, as participantes são convidadas a partilhar a experiência.

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença e inspiração de Lakshmi e assumimos o compromisso de manifestar a abundância
na vida.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz.

59
Isis
A Grande da Magia
...eu, a abrangente mãe natureza, senhora dos elementos, primogênita do tempo, suprema divindade,
rainha dos espíritos, primeira entre os celestiais. Eu, que reúno em mim a figura de todos os deuses e
deusas, que governo com um gesto as luminosas alturas celestes, as ondas purificadoras do oceano e o
silêncio lamentoso do submundo... (Apuleio, O Asno de Ouro)

Muitos são os atributos de Isis. Representando a própria terra do Egito, cuja fertilidade é renovada anualment e pelo
depósito de limo escuro trazido pela inundação do Rio Nilo, Isis personifica o poder da auto-cura. Conhecedora das palavras de
poder, ela mobiliza força, determinação e perseverança para atingir suas metas.
A mais conhecida lenda a respeito de Isis pertence à tradição lunar egípcia, que gira em torno dos mistérios da vida
orgânica, abarcando o período entre o nascimento e a morte da matéria física e sua restauração na esfera divina. Acreditavam
os egípcios, que o corpo físico estava intrinsecamente engajado com o processo da natureza, surgindo e retornando a suas
origens em um ciclo contínuo.
Conta seu mito mais famoso, que seu irmão e amante Osíris é esquartejado por seu irmão escuro, representativo das
forças devastadoras do deserto, tendo suas partes dispersadas. Isis então percorre o mundo em busca de suas partes,
encontrando todas, menos o falo. Com sua magia, ela molda um falo e dele concebe o filho para ocupar o trono.
Em sua busca incansável, Isis manifesta o amor que não conhece limites. Devido ao seu sucesso em revivificar o corpo
de seu marido murmurando fórmulas mágicas, é chamada de Senhora dos Encantamentos. Por meio de sua magia, concebe e
gera seu filho Hórus, o deus falcão da tradição solar.

A mais conhecida entre as deusas egípcias, Isis absorveu em sua mitologia muitas funções exercidas por outras
deusas, até se transformar em uma grande deusa-mãe, cujo culto se estendeu por toda a Europa e era ativamente exercido até
os meados do século VI.
Na tradição solar egípcia, o sol diariamente nasce jovem, amadurece e declina em força à medida que se dirige para
o poente. Possuidora do nome secreto de Ra, o deus supremo da tradição solar egípcia, é pela magia de Isis que ele é
rejuvenescido a cada dia.
Como a estrela Sóthis, cujo surgimento marcava o começo do ano egípcio, Isis anuncia a inundação do Nilo, fonte de
sua fertilidade. Em seu poder de trazer vida, ela é A Mulher que Ilumina a Escuridão, conduzindo cada mortal em sua trajetóri a
da existência terrena à divina.

Ritual
O Poder da Magia
Construir o altar
 A entrada para a sala tem um véu
 no centro uma mesinha coberta com véus (presos no teto)
 sobre a mesa, um pote com líquido potável,
 diversos condimentos em volta da vasilha
 um cálice
 a sala tenuamente iluminada com lâmpadas coloridas
 aroma no ar

Passar o umbral
marcar a testa de cada pessoa com o símbolo de Isis: o crescente prateado . “Possa a magia de Isis conduzir seu
caminho”.

Marcar o tempo
“Estamos hoje aqui reunidas para descobrir como mobilizamos recursos para fazer o que precisa ser feito em
nossa vida.”

Mobilizar energia
Todas sentadas no círculo:
 vamos nos aquietar e voltar nosso olhar para o íntimo,
 para nossos planos interiores.
 Vamos respirar profundamente e nos conectar com nosso mundo mais profundo.....
 A cada ciclo respiratório aprofundamos este contato......
 (pausa)
 reconheça os obstáculos que você tem encontrado em sua vida e que a impedem de mobilizar os
recursos necessários para você fazer o que precisa ser feito.
 Resistências, bloqueios, desejos vagos, ilusões,
 rigidez, frustrações, repressões, tensões, depressões,
 tudo que lhe pareça um obstáculo real.

60
 (pausa)
 Se dê conta do seu estado de espírito,de suas ações e reações referentes aos obstáculos.
 (pausa)
 No processo de tentar superar esses obstáculos, o que você percebeu?
 Você desistiu? Você perseverou? Que sacrifícios você fez?
 (pausa)
 Sinta o que significam os obstáculos e como você tenta superá-los.
 (pausa)
 O que você aprendeu com seus obstáculos?
 (pausa)
 Agora, escolha um que lhe pareça central no momento e que você possa entregar para que seja
transmutado, aquele que já cumpriu o seu papel na sua vida.
 (pausa)
 Vamos reverenciar o ensinamento proporcionado por ele
 e entregar esse obstáculo para nossa poção
Uma a uma, cada pessoa serve-se de condimentos e os deposita no pote, permanecendo em pé no círculo

Invocação da deusa
“Ó Isis, invocamos a sua força e magia para nos ajudar no nosso propósito de transformar obstáculos em
recursos, para fazer o que tem que ser feito.”

Trabalhar a magia
Sentimos nosso corpo tornar-se uma árvore, que nos conecta ao centro da terra e pelas raízes traz a seiva da
vida que percorre nossos canais.
Nossos gestos, passos, movimentos, intenções, ações e palavras são movidos por essa energia.
Recitamos e dançamos em torno do pote mágico:

Ar respire e Ar sopre todas erguem as mãos e irradiam a força


Faça a roda da magia girar do ar para a poção
O propósito que trazemos
Impregne e faça funcionar

Fogo inflame e fogo queime todas fazem gestos de labaredas


Faça a roda da magia girar direcionados à poção
O propósito que trazemos
Impregne e faça funcionar

Água caia e água flua Gestos de cair e fluir com as


Faça a roda da magia girar mãos
O propósito que trazemos
Impregne e faça funcionar

Terra interna e terra externa Gestos simbolizando a terra.


Faça a roda da magia girar
O propósito que trazemos
Impregne e faça funcionar

No final da dança, a focalizadora pega o cálice, enche com a bebida e passa para a pessoa à esquerda, dizendo:
“Que o elixir de Isis ative o seu poder”, até que o cálice retorne para ela.

Ancorar a experiência
Todas sentam novamente no círculo,
Nos aquietamos e retornamos ao nosso centro interior.
A focalizadora diz:
“Ó Isis Velada, conduza-nos ao manancial da memória, à fonte, pelos secretos caminhos à meia–luz.”
(pausa)
“Oculte-nos bem no fundo e entranhe-nos no sono eterno e primordial. Aprofunde-nos no mais recôndito coração
da terra”.
(pausa)
“Ó Isis, conduze-nos aos misteriosos caminhos da vida, iluminando aquilo que é fundamental e que deve ser
feito“.
(pausa longa)
Tocar um sino, convidando todos a, lentamente, retornarem ao aqui agora, cada uma no seu tempo.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a Isis por seu poder repleto de amor, reverenciando-a profundamente”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

61
As Musas
Inspiradoras da criação humana
Se alguma vez, ao expressar uma idéia, você se sentiu uma poetiza...
Se alguma vez, ao dançar, você se sentiu uma pluma ao vento...
Se alguma vez, ao soltar a voz, o universo cantou junto com você...
Se alguma vez, ao contar uma história, todos ouviram em silêncio...
Se alguma vez, ao pincelar um traço, você sentiu a cor vibrar...

...esteja certa que, neste exato momento, você recebeu a visita de uma das Musas.
Deusas inspiradoras das artes e das ciências clássicas, as nove Musas da mitologia grega são filhas de Mnemosyne, a
Deusa da Memória, que nos concede a habilidade de acumular experiências e aprendizagens.
Podemos encontrá-las como três ou como nove. Mas seja como Trindade de Deusas ou Irmandade de Nove, elas nos inspiram
a manifestar o melhor de nós mesmas.
Quando entramos em contato com uma Musa, estabelecemos uma conexão criativa com a fonte da inspiração, que
todos trazemos no mais profundo do ser. Classicamente representadas como jovens mulheres, vestidas em longas vestes
flutuantes, vamos encontrá-las em santuários especiais, onde se reúnem para dançar, cantar e festejar. Freqüentemente as
encontramos como guardiãs de fontes mágicas, cujas águas abençoadas despertam a inspiração e a criatividade, provocando
uma experiência intensamente pessoal.
Como você tem vivido e expresso sua criatividade? Se você faz parte daquelas pessoas que vivem criativamente,
lembre-se de ocasionalmente fazer uma oferenda às Musas. Mas se você é daquelas pessoas que não se consideram criativas,
está na hora de criar um santuário para as Musas, invocando-as para ativar sua fonte pessoal de criatividade e inspiração.
Comece inspirando: uma música, uma dança, uma poesia, uma palavra, uma imagem. Inspire e deixe o objeto de sua
inspiração percorrer todos os espaços de seu corpo, de sua casa, de suas relações. Faça isto três ou nove vezes seguido e se
abra totalmente para a experiência. Repita quantas vezes for necessário.
A criatividade é um atributo humano e viver criativamente significa abrir-se para expressar plenamente nossa
humanidade. Significa promover a saúde, a harmonia, a felicidade e a alegria, para o seu bem e para o bem de todos!

Ritual
Ativar a Inspiração Divina

Construir o altar
 vasilha com água e flores coloridas, com uma vela no centro
 espaço enfeitado com longas fitas coloridas, penduradas no teto, no centro da sala

Passar o umbral
na porta de entrada da sala cada pessoa será abanada com um abanador de penas: “ Que as musas te
inspirem.“
As pessoas vão entrando na sala e formando uma grande roda.

Marcar o tempo
“Estamos reunidas hoje para ativar a inspirarão divina, para todos os nossos empenhos criativos”.

Invocar o círculo
Senhora do Leste, senhora do Ar, traga-nos o sopro que inspira
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, traga-nos o calor que possibilita a criação Senhora do Oeste, Senhora da
Água, traga-nos a profundidade de suas fontes
Senhora do Norte, Senhora da Terra, traga solidez para nossos projetos

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença das Musas, que elas possam nos inspirar em tudo que fizermos ”

Mobilizar energia
Ao som de uma música introspectiva, a roda é convidada a se mover, de mãos dadas, seguindo a condução da
focalizadora, formando uma espiralem direção ao centro:
 Vamos caminhar lentamente e com atenção plena no movimento
 Observe cada passo, cada movimento
 Tenha consciência de onde o movimento se inicia
 Que caminhos percorre no seu corpo.
 Perceba também os sentimentos, as sensações e as imagens que o movimento traz
 e como você reage a eles.
 O que estes movimentos despertam em você?
 Como isto influi no que você está fazendo?
 Observe receptivamente o que está acontecendo no seu espaço interno.
 Contemple a sua paisagem interna.

62
Trabalhar o propósito
Quando todas estão juntas no centro, o movimento pára:
 Respire mais profundamente
 e na expiração vá se entregando a si mesma,
 permitindo que seu corpo expresse esta entrega em uma forma
(pausa)
 O que te inspira a ser, sentir, trabalhar, se relacionar, criar?
 Como você vem expressando sua criatividade?
 Busque dentro de você a conexão com sua fonte de inspiração e criatividade.
 Inspire profundamente e sinta o que as musas despertam em você.
(pausa)
 Inspire mais uma vez e perceba como as musas se revelam a você:
 Numa imagem? Sentimento? Sensação? Palavras? Dança? Canto? Formas? Cores? Idéias? Obras?
(pausa)
 Inspire novamente e permita que a qualidade revelada se expanda para todos os espaços de seu corpo,
ocupando-a por inteiro.
 Deixe então essa vibração irradiar para além do seu corpo e preencher esta sala.
(pausa)
(Caso haja outro espaço disponível, este pode ser utilizado como o templo das Musas, para onde é conduzida a
espiral. Neste caso, as fitas estão no templo)
A última pessoa da espiral conduz a roda no sentido da abertura da espiral e quando ela estiver aberta, as
pessoas soltam as mãos.
 Expresse essa vibração a partir de sua fonte pessoal.
 Faça a sua dança da criação, permitindo que os movimentos surjam do seu ser
 e expressem a qualidade inspirada pelas musas.
 Permita que seu corpo se movimente, conduzido pelas musas!

Ancorar a experiência
Ao som de uma música mais movimentada, realiza-se uma celebração festiva com a dança das fitas.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença inspiradora de todas as Musas” !

O círculo se abre, mas não se desfaz!


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

63
Oya12
Madrinha das Mulheres
Floresta escura, obscuridade profunda
Que arrebata e engole você na floresta
Vento da morte
Dilacera a cabaça, dilacera a mata.

Oya, mensageira,
leve-me em suas costas,
Não me derrube. 13

Oya Oya eu rezo, Oya


Por suas bênçãos
Ilumine-me com inteligência
Conduza-me, para que eu não me perca no mundo
Com cuidado, com cuidado vigorosa mulher.
Oya, meu ar fresco
Não deixe ventos doentes soprarem em nossa direção
Permaneça firme ao lado de seu povo
Oh, segredo de nossa sobrevivência. 14

Ritual
Abrindo-se para o Sucesso
Construir o altar
vaso de barro, preparado com sal grosso e álcool, para fazer fogo, coberto com pano vermelho
arruda (em vaso ou folhas soltas)
frutas frescas (uva, morango, mexerica, pêssego)

Passar o umbral
Ao entrar, cada pessoa recebe papel e lápis

Marcar o tempo
“Hoje estamos reunidas para nos abrir para o sucesso.“

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, traga as brisas gentis da primavera
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, traga o suave calor que faz as flores brotarem
Senhora do Oeste, Senhora da Água, traga o frescor da chuva que umedece os campos
Senhora do Norte, Senhora da Terra, gentilmente se abra para o surgir de uma nova vida

Mobilizar energia
Neste círculo que abrimos, vamos depositar as perguntas que nos vem à mente, relacionadas com sucesso.
Perguntas tolas, que geralmente relutamos em formular.
Nada de respostas, apenas perguntas.
Perguntamos a quem está sentado à nossa direita, que por sua vez pergunta a quem está à direita, que pergunta a
quem está à direita....
enquanto as perguntas vão sendo formuladas, vamos trazendo a atenção para partes do corpo: a nuca, as costas, os
joelhos, o estômago, qualquer tensão que possamos estar sentindo no nosso corpo
depois de um certo tempo, quando a energia já está completamente construída e as crenças mentais desconstruídas:
Vamos respirar e permanecer em silêncio por um momento e formular: o que em mim impede meu sucesso?
Vamos anotar no papel.

Invocar a deusa no centro


retiramos o pano vermelho e acendemos o fogo:
“Invocamos Oya, a Grande Senhora dos Elementos, e a ela pedimos que desfaça em nós e na nossa vida tudo aquilo que
impede a expressão do sucesso.”

12
Veja o texto para Oya no Volume I
13
Louvor tradicional a Oya, de Judith Gleason, Oya: Black Goddess of Africa, em The Goddess Re-awakening.
14
Long Song for Oya, em Judith Gleason, Oya. In Praise of an African Goddess .

64
Trabalhar o propósito
“Jogando o papel no fogo, estamos dispostas a abandonar todas as crenças, sentimentos e comportamentos que impedem
o sucesso, seja nos pequenos atos da vida cotidiana, seja na participação para construir um mundo de paz e felicidade .”
(Com este propósito, as pessoas pegam seu papel e o jogam no fogo).
E respirando profundamente, vamos fechar os olhos e ir em busca da aprendizagem, daquilo que precisamos para
manifestar o sucesso em nossa atividade cotidiana no mundo:
Vá para um lugar de sua escolha
reflita: o que o sucesso significa para você?
Com esta consciência, caminhe em direção ao bosque adiante.
À medida que você penetra no bosque, a noite vai caindo
e quando tudo já está muito escuro,
a lua cheia surge acima das árvores
e lança uma tênue luz sobre um caminho entre as árvores.
Você segue este caminho,
quando percebe uma imensa coruja voando silenciosamente acima de você.
Ela te mostra o caminho até uma clareira formada por um círculo de árvores.
Quando você penetra no círculo, a lua cheia preenche a clareira com sua luz prateada.
No centro do círculo existe uma pequena elevação,
na qual se encontra sentada a deusa.
Vá até ela e diga o que trouxe você até aqui.
Silenciosamente, ela te entrega algo como resposta.
Você não precisa entender o que ela te deu,
no devido tempo você saberá.
Agradeça e retorne pelo caminho.
A coruja te acompanha de volta até a beirada do bosque.
Permaneça por um instante no seu lugar de poder...
e respirando profundamente,
abra os olhos devagar

Ancorar a experiência
todas se levantam e enraizamos esta aprendizagem, dançando e cantando “Eu Sou”.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos a presença de Oya, que ela possa ampliar nosso sucesso”.

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

65
Selene
O poder da intuição
Quem, em uma noite escura, não ansiou pela luz da lua?
Quem, ao ver a lua cheia e plena, irradiando sua luz difusa por sobre a terra, não sentiu a doçura e o poder
de seu encantamento?
Quando a luz da lua se derrama pela paisagem, seja ela uma praia deserta, o topo de uma colina, uma ampla
pradaria, ou até mesmo um pedaço de jardim cercado de concreto urbano, ela cria um ambiente mágico, de sonho, que
nos embala e leva por caminhos encantados.
Um símbolo universal do tempo cíclico, a lua representa a vida e a morte, o nascer e o morrer, o eterno vir a
ser. Regente do ritmo e das águas, controla as marés, as chuvas, as cheias e as estações. Como símbolo do devir
humano, é associada às figuras das deusas do destino, sempre em número de três.
Os gregos lhe deram o nome de SELENE. Invocada pela imaginação poética, jamais deixou de ser uma
divindade sideral, distante, inacessível; a manifestação de uma força misteriosa e incompreensível para a mente
racional.
A alma, porém, se deleita à luz do luar e encontra as condições ideais para se expandir e relaxar, para sonhar
e viajar, para criar e transformar. Se a sua vida está muito árida e rotineira, experimente...
...se embalar no corno da lua crescente
...se banhar na luz da lua cheia
...penetrar nas profundezas de você mesma, guiada pela lua negra
e sinta a transformação, o encantamento, a renovação de sua alma!

Ritual
Catalisar a energia da lua

Construir o altar
Este ritual é melhor realizado ao ar livre, de preferência sob a luz da lua. Mas pode ser realizado no interior, criando-se uma
tênue luz que vem do teto.
O espaço está vazio e tenuamente iluminado.

Passar o umbral
uma pessoa velada oferece uma bebida de sabor floral, dizendo: “ Benvinda ao reino encantado da Lua!”
outra pessoa, também velada, recebe a participante sob o véu e a conduz para se deitar no círculo, todas com as cabeças no
centro, formando um círculo

Marcar o tempo
“Estamos aqui reunidas hoje para catalisar a energia da lua, trazendo magia e encantamento para nossa vida e nossas
relações.”

Invocar o círculo
Lua Minguante, Senhora Anciã, conduza-nos com sua sabedoria.
Lua Nova, Senhora do Morrer e Renascer, conduza-nos ao tempo do sonho.
Jovem Lua Crescente, traga-nos o contentamento.
Mulher Lua Cheia, traga-nos sua magia e encantamento.

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença de Selene, deusa do poder encantador da Lua.”

Trabalhar o propósito

 Deitada confortavelmente no círculo, respire calma e profundamente.


 Solte todo o ar, relaxando mais e mais o corpo,
 esvaziando a mente,
 acalmando as emoções.
 Na sua imaginação, veja-se caminhando em uma imensa pradaria
 numa noite, sob a luz prateada da lua cheia.
 Você se deita na relva verde para banhar-se com a luz da lua.
 A noite está calorosa e você adormece embalada pelos sussurros da noite:
 o farfalhar das folhas das árvores beijadas pelo vento,
 o canto da coruja numa árvore próxima,
 grilos e uma miríade de seres invisíveis cantam e encantam a noite...

 No céu, as estrelas recolhem suas luzes,


 encantadas com a aparição de uma bela mulher.

66
 Selene, em sua carruagem prateada, vai puxando a lua pelos céus
 e encantada olha para a Terra.

 Deitada na relva você sonha,


 e no seu sonho a deusa-lua derrama seu olhar prateado sobre você.
 A lua se encanta e beija você com sua luz suave
 e banha você com sua luz prateada...
 Você desperta com a lua sussurrando suavemente em seus ouvidos...
 e você responde sussurrando...
(pausa longa, enquanto uma pessoa passa pelo círculo, sussurrando e espalhando pó de pirilimpimpim (glitter)
 mova-se suavemente até sentar-se,
 sentindo-se abençoada,
 cheia de tolo encantamento.
uma pessoa anda pelo círculo, ajudando as pessoas a se levantarem, dando-lhes a mão
a luz é acesa e toca uma música suave (sugestão: Pela luz dos olhos teus....)
formam-se dois círculos que giram em direções opostas, as pessoas se olhando com o olhar de encantamento

Ancorar a experiência
Ao som da música: Tomei banho de lua
Uma dança livre, leve e solta

Partilhar a experiência
As pessoas sentam-se em círculo e partilham.

Fechar o ritual
“Agradecemos a Selene pela sua luz encantada e a todos os seres que se encantaram conosco.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz”

67
O Poder da Visão
Qualquer realização se inicia com um sonho. Sonhar é fundamental! Quando uma idéia ou uma imagem se
forma nos níveis mais sutis, ela põe energia em movimento. E mesmo que não seja possível realizar todos os nossos
sonhos, é melhor tê-los em abundância, pois são eles que dão sentido à vida e nos mobilizam.
Mais triste do que não realizar um sonho é não ter um sonho para realizar. Há períodos em que somos movidos por
uma série de pequenos sonhos, já em outros, um grande sonho mobiliza toda nossa energia. Mas não é o tamanho do
sonho que importa, e sim o próprio fato de sonhar.
Na tradição nativa norte-americana, um dos instrumentos para encontrar o caminho pessoal na vida é a Busca da
Visão. Retirando-se para um lugar isolado, a pessoa que busca uma visão passa algum tempo jejuando e orando, até que
obtenha uma compreensão mais ampla e profunda de seu papel ou caminho no mundo 15. Esta compreensão resulta do
livre fluir da nossa própria energia, em contato com os elementos naturais e as energias animais.
Mas apenas ter uma visão não basta. Para realizarmos o sonho, várias etapas são necessárias. Sonhar é apenas o
início. A partir do sonho, precisamos reunir todos os meios e recursos disponíveis para manifestá-lo. E não há escassez de
recursos, nem no universo, nem no mundo, nem em nós. Infinitas são as possibilidades e ilimitada a criatividade humana
para acessá-las.
Quando visualizamos algo que queremos realizar, nossa energia preenche aquilo que vemos. Por isto, é importante
ter clareza de foco e força de intenção na abordagem dos nossos sonhos. Se eu tiver dúvidas e titubear, a energia se
dispersa e me deixa mais confusa. Se isto acontecer, preciso retornar para minha visão, para o meu sonho, e torná-lo
novamente claro e forte na minha imaginação. Posso descrevê-lo, pintá-lo, cantá-lo, dançá-lo. Posso juntar pequenos
objetos da natureza, uma pedra, uma flor, uma folha ou casca de árvore, e reuní-los em uma cesta, para que me ajudem
a manter o meu sonho vivo, enquanto realizo as etapas intermediárias em direção à sua realização.
Posso partilhar meu sonho com alguém e solicitar que me lembre, quando eu mesma esqueço. Posso agregar pessoas
que queiram participar na realização do meu sonho, transformando-o em um sonho grupal.
Faça o que funcionar para você, lembrando sempre que seu sonho, sua visão, é fundamental para a totalidade da
humanidade. Ela pode ser um único ponto-em-cruz em uma imensa colcha, mas se este ponto estiver faltando, a colcha
não estará completa!

Ritual
Sintonizando o Novo

Este ritual foi realizado em novembro de 1999, como encerramento dos trabalhos de um milênio. Mas ele
pode ser usado sempre que se estiver diante de uma mudança significativa na vida, quando precisamos
visualizar novos tempos.

Construir o altar
 Os elementos das quatro direções
 Um símbolo singelo relacionado com a mudança em questão
 Vendas para os olhos

Passar o umbral
Uma pessoa incensa outra, que incensa a próxima, até que todas as pessoas estejam incensadas, inclusive a
que iniciou.
Quando todas estiverem no espaço, incensa-se o espaço.

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidos para nos sintonizarmos com o novo e criar uma visão que será nosso guia para os
tempos vindouros.”

Invocar o círculo
criamos o espaço sagrado por meio de uma meditação e começamos pelo norte:
norte - terra
 Entre em contato com sua respiração
 deixe passar diante dos olhos internos este tempo que passou
 reveja todas as dificuldades que superou
 relembre todas as transformações que realizou
 sinta todos as dores que teve
 inclua aquelas que ainda estão presentes
 e entregue tudo isto à terra
leste - ar
 deixe o ar penetrar profundamente nos pulmões
 visualize seus sonhos para os tempos vindouros
 crie a visão de seu sonho nas cores mais coloridas
 permita-se o sonho mais arrojado
 o sonho mais grandioso

15
Jamie Sams, As Cartas do Caminho Sagrado, p.71

68
 que beneficie a você e a todos
 e visualize seu sonho como uma borboleta
 flutuando graciosamente no ar
sul - fogo
 ela flutua diante de você e você a segue
 atravessando um arco em chamas
 permita que o fogo queime todos os obstáculos internos e externos
 que possam impedir seu sonho de se realizar
 permita ao fogo inspirar seu sonho com sua chama
 e acenda esta chama no seu coração
oeste - água
 quando você estiver pronta, abra os olhos.
à medida que as pessoas vão abrindo os olhos:
a) cada pessoa é levada até uma bacia com água, para lavar o rosto, dizendo: “Lave embora sua
antiga face”, recebendo uma toalha para se enxugar
b) cada pessoa passa com os pés em outra bacia com água e sais: “Lave embora suas antigas
pegadas” e recebe uma toalha para enxugar os pés
c) tem os olhos vendados e é conduzida para o jardim (ou para outro canto da sala): “Entre no
labirinto”

Trabalhar o propósito
as pessoas percorrem o espaço de olhos vendados, por 15 minutos:
 Você tem um sonho, uma visão de futuro.
 Caminhe com esta visão pelo labirinto que é o futuro desconhecido
 Faça-o ao modo do morcego, que se orienta pelas vibrações e ressonâncias
 Esteja aberta e receptiva
 Caminhe com coragem e determinação
 Confie nas informações que seu corpo lhe transmite
 Confie em você mesma
 Sinta a proteção da Deusa
 Siga seu sonho e fique atenta ao seu corpo
 Perceba todos as suas sensações, sentimentos, pensamentos
 Acolha seus medos e temores
 Acolha os imprevistos ao longo do caminhar

Partilhar a experiência
Tirando a venda, as pessoas sentam em círculo, para partilhar as experiências

Fechar o ritual
“Agradecemos a todos os elementos e forças que nos permitiram realizar nossos sonhos até agora, na
certeza de que estarão conosco no futuro.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz”

69
IV
Renovando por meio da transformação

A natureza de toda vida no universo é a mudança. Para recuperar a habilidade de nos sentirmos confortáveis com a
mudança, precisamos nos abrir para a percepção dos ritmos e ciclos naturais em nós e na natureza. Assim, podemos recuperar
o sentido de liberdade, de abertura, de surpresa diante das possibilidades que a vida nos oferece. Em assim fazendo,
recuperamos nosso poder pessoal e, com ele, nossa habilidade para fazer frente às transformações que a vida demanda.
Na tradição do feminino, a fonte deste poder é o caldeirão/útero. E quem guarda o caldeirão da vida, da sabedoria,
do renascimento, é a anciã, aquele aspecto da deusa que representa a habilidade de mistur ar, adicionar, transformar, renovar
através da mudança de forma.
A reverência pelo aspecto anciã é muito estranha para nós hoje, vivendo em uma época que valoriza a juventude
acima de tudo. Mas a vida não pára de mudar, às vezes de modo regular e aos poucos, às vezes de forma irregular, complexa,
caótica, instantânea. Se pararmos de brigar com a mudança e tomarmos consciência dela, revendo nossos posicionamentos,
nossas preferências, nossas certezas, podemos nos movimentar com criatividade, produtivamente e graça no universo
impermanente e mutante.
A percepção dos ritmos e ciclos de mudança em nós e na natureza estimula a conexão, a liberdade, o sentido de
abertura, nos surpreendendo com possibilidades inimaginadas e não planejadas. A renovação e atualização contínua da vida a
torna mais fresca, vital, estimulante e, assim, mantém a jovialidade da alma.
E quando acrescentamos à jovialidade da alma a habilidade de nos sentirmos confortáveis com a mudança, criamos
lastro, consistência, profundidade em nossas ações. Transformar requer consciência e discernimento para identificar as
situações, coisas ou relacionamentos que completaram seu ciclo vital, reconhecer quando algo deixou de ter uma função em
nossa vida, qual o destino que daremos a isto e como realizar seu término/transformação de forma amorosa.
Sim, transformação requer uma grande dose de amor. Muitas vezes, iniciamos um movimento de transformação com
o auxílio da raiva ou do desespero, acumulando energia suficiente para iniciar o movimento. Mas, para completarmos a
transformação, é preciso que honremos o que estamos transformando, que possamos apreciar a contribuição que isto trouxe à
nossa vida, nem que seja o fato de nos trazer diante da necessidade imperiosa de mudar.
Quando apreciamos o poder e a dádiva contidos nos términos, nas mortes, na renovação por meio da mudança de
forma, nos tornamos sábias e compassivas. Aprendemos a rir dos nossos tropeços, ao mesmo tempo em que nos empenhamos
para encontrar novos rumos, novas realidades, novas vidas. Assim transformamos o viver em uma grande aventura.

70
A Deusa Primordial

A Deusa está na origem da vida. Ela é a Totalidade que cria o mundo a partir de si mesma, sendo ela o próprio
mundo que contém todas as suas criaturas. Seu culto está intimamente associado com os elementos naturais, cósmicos e
terrenos, vegetais, animais e humanos. Ela abarca e contém toda a vida, todos os seres, todos os fenômenos; não há nada que
ela não é. Seu culto era tão variado quanto são as condições naturais. Era realizado junto a fontes, rios, montanhas, vulcões,
lagos, árvores. Os animais eram sua epifania e como Senhora dos Animais, em cada lugar recebia um nome, tinha um lugar de
culto, possuía um ou mais animais sagrados.
O tema geral do simbolismo da Deusa está intimamente relacionado com os mistérios do nascimento, da morte e da
renovação da vida. A criação/nascimento é inseparável da figura da mãe, que nos mitos mais antigos era a divisora das águas,
criadora do céu e da terra. Retratando simbolicamente o ato do nascimento, os mitos da criação nos contam que ela emerge
das águas primordiais ou é, ela própria, estas águas das quais emerge para dançar e, com seu movimento, criar tudo que
existe.
Estas águas primordiais, sempre associadas com uma grande serpente ou dragão que circunda a terra, são o grande
útero abissal, o profundo maternal que recebe o nome Thiamat na Babilônia e Themis na Grécia. No Egito é Nun, cujas energias
caóticas continham as formas potenciais de todas as coisas vivas. Tudo era água e havia água em todo lugar. O espírito criador
estava presente nestas águas primordiais, mas não tinha lugar onde tomar forma. Então, das águas primordiais do escuro
abismo, uma colina emergiu, a “colina do primeiro tempo” e este foi o primeiro tempo da luz.
A física moderna afirma que o universo é uma teia dinâmica de padrões energéticos inseparáveis, fluxo e mudança
contínua de algo que não tem forma. Como as águas primordiais, o cosmos orgânico se move ritmicamente, num movimento
incessante.
Nos anos ‟60, surge a concepção de que o universo nasce do vibrar de minúsculas cordas que, como se fossem notas
musicais, produzem os quarks. Inicialmente denominada de Teoria das Supercordas, teve seu nome alterado para Teoria M, de
matriz, isto é, mãe. É ao ritmo desta música que Maha-Kali, a deusa do oceano de sangue, dança no círculo de fogo, antes que
Shiva assumisse seu lugar como o senhor que dança os ciclos cósmicos da criação e destruição, os ritmos do nascimento e da
morte.
O tema das águas primordiais como origem da vida é encontrado nas mais diferentes culturas. São as águas que
Thales de Mileto chamou de arché, a “causa primeira no começo de todas as coisas”. Em seu sentido de começo, origem, arché
compõe palavras como arcaico e arquétipo. É neste sentido que entra na composição da palavra matriarcado, que deve ser lida
como “na origem, a mãe”.

Ritual
Refazer o Alinhamento

Construir o altar
 um caldeirão com fogo (álcool e sal grosso)
 os quatro elementos
materiais auxiliares:
 um manto
 uma vasilha com sal grosso
 uma cesta com pequenos cristais

Passar o umbral
Incensar as pessoas ao entrarem no espaço

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para fazer uma entrega. Quando entregamos verdadeiramente, vivemos uma morte e a toda morte
segue um nascimento. Hoje vamos deixar uma parte nossa morrer. Que esta morte seja digna e amorosamente testemunhada
por este círculo.”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, receba no seu espaço infinito todas as minhas partes que estão prontas para morrer.
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, transmute com seu poder todas as minhas partes que estão prontas para morrer
Senhora do Oeste, Senhora das Águas, que possamos renascer pela graça de suas águas regeneradoras
Senhora do Norte, Senhora da Terra, recicle o que está morrendo e nutra o que está nascendo

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a capacidade de amor infinito da Grande Deusa Primordial, para nos acolher neste momento de passagem.” (neste
momento, é aceso o fogo no caldeirão)

Mobilizar energia
 vamos entrar em contato com nossa respiração,
 ir fundo no nosso ser, na nossa essência.
 Vamos sentir cada parte de nós,
 identificar as partes do nosso Ser que estão prontas para morrer:
 hábitos, comportamentos, relacionamentos.
 Vamos honrar estas partes pelo que nos ensinaram,

71
 pelo que fizeram por nós no passado.
 Vamos nos lembrar que não são estas partes que tem dificuldade de ir,
 somos nós que temos dificuldade em deixá-las ir.
 São partes que estão prontas para nos deixar.
 Vamos liberá-las amorosamente.
(dá-se a seguinte comanda para as pessoas no círculo)
E o faremos da seguinte forma: permanecendo profundamente em contato com estas partes de nós, quando alguém sentir que
está pronto para deixar ir, vai se levantar e dar um passo à frente e seguir a orientação que receber, retorna ndo ao círculo
depois da entrega. Os demais permanecerão sentados no círculo, testemunhando, até que outra pessoa esteja pronta, se
levante e dê um passo à frente.

Trabalhar o propósito
Três pessoas conduzem esta parte, uma segura o manto, outra o sal grosso e a terceira a cesta com os cristais.
Quando a primeira pessoa der o passo à frente, as três assistentes também o fazem:
 uma coloca o manto na pessoa,
 outra oferece sal grosso, dizendo: “Peço a morte/para as partes de mim/que não ouvem/nem falam a verdade/Que
são cegas demais para ver”
 a participante vai ao caldeirão e faz a entrega, jogando o sal no fogo.
 antes dela voltar ao círculo, a terceira assistente oferece um cristal, como símbolo do renascimento, dizendo: “Dá-me
à luz de novo/com o amor como meu guia/a verdade e a beleza como meu caminho/sem nada a ocultar”
Isto é repetido até que todas tenham feito a entrega, inclusive as assistentes e a focalizadora.

Ancorar a experiência
Quando todas as pessoas tiverem passado pelo processo, dançamos livremente ao som de uma música alegre.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos à Deusa pela vida, que possamos vivê-la dignamente.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

72
Bast
Deusa-Gata do Egito
Telma Altomare

Pode-se encontrá-la como uma mulher com cabeça de gata; pode-se vê-la, também, na clássica posição da felina
contemplativa. De qualquer forma, ela traz o sol do amanhecer. Sua presença amável e acolhedora nos lança incontinenti a um
estado de graça, que lembra um prazeroso recomeço.
Bast nos permite acessar o compartimento de criação. Ela nos propicia trazer à luz os sonhos guardados naquela
pequena caixa que é nosso relicário interior, sonhos que serão mais tarde impressos com o fogo de Sekhmet.
O templo erigido a Bast na cidade de Bubastis, no delta do Nilo, localizava-se no coração da cidade, circundado por
dois canais, numa ilha generosamente rodeada de árvores robustas e com jardins belíssimos, atentamente cuidados. Com s ua
torre, que podia ser avistada de muito longe, e a estátua dourada da deusa, o conjunto fala, em sua grandiosidade e por meio
de sua linguagem geográfica, da abundância que a própria deusa representava para o povo egípcio.
Além de sua amorosa tolerância, a presença imperativa desta deusa expressa sua qualidade de guardiã, apesar de
ser, nesta sua função, muitas vezes equivocadamente interpretada como Sekhmet, a deusa-leoa.
Para compreendermos sua qualidade de guardiã, contudo, basta observar o gato em seu habitat, focadamente
vigilante e de bote certeiro. O animal se entrega plenamente, na contemplação do assunto ou objeto. As narinas se dilatam, as
pupilas se abrem e fecham, fotografando o momento único; as orelhas captam a mínima alteração sonora... Todos os seus
sentidos são utilizados na percepção do universo do outro.
Como uma deusa de cura e fertilidade, Bast também era invocada para acalmar as almas agitadas, imprimindo-lhes
uma sensação de bem-estar com a ajuda do sistro (espécie de chocalho) e de seus conhecimentos de ervas. Trazia aconchego
e calor, frutos de sua habilidade maternal, uma qualidade que toda gata manifesta abundante e naturalmente durante o
período de amamentação.
Aninhe-se na maciez do colo e do calor gentil da deusa-gata e permita que Bast te guie pela delicadeza do ser!

Ritual
Abrindo espaço para o novo

Configurar o altar
A sala está vazia

Passar o umbral
As pessoas são introduzidas na sala e sentam em círculo.
Uma pessoa em pé perto da porta toca um sino 3 vezes, anunciando o começo do ritual

Configurar o círculo
uma de cada vez, entram as guardiãs:
 uma pessoa entra com um vasilhame de água nas mãos, dá a volta na roda, dizendo: “Eu abro as comportas para as
águas do Rio Nilo. Abra você sua vida para o novo!” e coloca o vasilhame no centro
 uma pessoa entra com uma planta de papiro, dá a volta na roda, dizendo: “Eu me desdobro em canais, escoando as
águas. Libere você a experiência, preservando o aprendido!” e coloca a planta no vasilhame com água
 uma pessoa entra com uma vela nas mãos, dá a volta na roda, dizendo: “Eu sustento o calor da transformação.
Permita você o seu processo!” e coloca a vela ao lado do vasilhame com água
 uma pessoa entra com incenso, dá a volta na roda, dizendo: “Eu trago nova inspiração. Recrie você sua vida com
dignidade!” e coloca o incenso do outro lado do vasilhame

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para abrir espaço para o novo”

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença gentil e atenta de Bast, que ela proteja o novo que surge.”

Mobilizar energia
 leve sua atenção para dentro
 reflita um pouco sobre como a dignidade se manifesta em sua vida:
o Quantas vezes você se desculpa?
o Quantas vezes você precisa agradecer?
o O que impulsiona a sua ação?
o Como você toma decisões?
o Como você ouve e é ouvida?
 (pausa)

73
Trabalhar o propósito
 agora vamos verbalizar as nossas descobertas, fazendo-as fluírem no círculo.
 Quem quiser começar, abra as comportas e expresse para a pessoa à sua direita, que dará continuidade ao fluxo.
Dar tempo para alguém começar. Deixar a energia circular. Quando o fluxo se interromper, retomá-lo, dizendo algo que
dignifique.
Quando a energia se esvazia, retomamos:
 Vamos nos recolher novamente,
 liberar a experiência e reter o aprendido.
 Permita você o seu processo.
(pausa)

Ancorar a experiência
 vamos espelhar-nos na gata:
 Encontre o seu ritmo,
 espreguice,
 suspire,
 boceje,
 mie;
 Descubra de dentro, o que traz dignidade para a sua vida.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos o amoroso ensinamento de Bast e de todas as suas descendentes”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

74
Ereshkigal
Os olhos da escuridão
Senhora do Kur, o mundo subterrâneo sumeriano, Ereshkigal corporifica um dos aspectos mais desafiadores para a
consciência diferenciada. Como Rainha do Grande Abaixo, seu domínio abarca o mundo do não-retorno. Sete muros cercam o
reino de Ereshkigal, sete são os portais a serem atravessados, para chegar até ela.
Para além do limiar que separa o mundo do acima e o mundo do abaixo, prevalecem as leis de Ereshkigal. Quem
ultrapassa este limiar, precisa enfrentar os olhos impessoais da morte. Olhos diante dos quais nada daquilo que aprendemos
durante a vida nos é útil. Diante deste olhar, a única alternativa é a rendição, a entrega.
Para sustentar este olhar impiedoso e frio, precisamos seguir a recomendação feita por Enki, o deus da sabedoria e
das águas férteis, aos auxiliares que envia para resgatar a divina Inanna, a deusa que do Grande Acima abriu seu ouvido para
ouvir os lamentos do Grande Abaixo.
Aproximando-se da deusa escura, cujos lamentos são os de uma mulher em processo de parto, os auxiliares de Enki
respondem de modo empático a suas dores, ignorando as leis do mundo superior, que regem os processos de aproximação e
distanciamento. Ao ver suas dores espelhadas sem qualquer julgamento, ao ter seu sofrimento honrado e sua experiência
validada, a ira da deusa se transforma em generosidade. Em retribuição, ela lhes oferece o rio em toda sua pl enitude, os
campos plenos de colheita.
Pois, em sua origem, Ereshkigal e Enki corporificam forças cósmicas, de cujo encontro surge a vida. Quando as águas
fertilizadoras penetram e despertam o poder da fertilidade, nas profundezas escuras da terra, esta pare um fruto. Deste
encontro das energias primordiais de Ereshkigal e Enki emerge uma planta verde, a árvore que cresce nas margens do rio
Eufrates. Com suas raízes profundamente fincadas no mundo de Ereshkigal, ela se eleva ao céu como a árvore da vida.
Assim como o fez Inanna, a deusa brilhante em busca de sua inteireza, precisamos abrir nossos ouvidos para os
lamentos do Grande Abaixo, transpor os sete portais e encarar este olhar, encarar estes olhos da escuridão, que nos colocam
diante da nossa própria profundidade misteriosa. Precisamos assimilar este olhar de impessoalidade, diante do qual é
impossível negar ou distorcer o que vemos.
Apenas assim nos tornaremos plenas!

Ritual
Olhar nos olhos da Escuridão
Construir o altar
 uma planta verde
 uma vela verde
 uma pedra verde
 incenso

Passar o umbral
a porta está oculta por um pano preto
as pessoas vão passando, uma em uma, pelo véu
dentro da sala, alguém recebe a pessoa, passa incenso em cada participante e diz: “Bem vinda ao mundo de Ereshkigal”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, afine nossos ouvidos para os sons da terra.
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, dê-nos a percepção do calor da terra,
Senhora do Oeste, Senhora da Água, aguce nossos sentidos sutis,
Senhora do Norte, Senhora da Terra, acolha-nos em seu ventre.

Marcar o tempo
“Estamos reunidas para honrar os processos que ocorrem nos reinos profundos ”
Invocar a deusa no centro
“Invocamos o poder de Ereshkigal, para parir nossa realidade a partir da escuridão primordial ”

Mobilizar energia
 Fechem os olhos,
 Inspirem e expirem com muita calma três vezes
 até sentirem que as tensões vão relaxando
 encontrem uma respiração calma e tranqüila.
 Vá até um lugar onde se sinta confortável,
 Olhe ao redor,
 encontre uma entrada que dá para uma gruta,
 Entre nela,
 Observe ao seu redor
 Fique quieta alguns segundos
 Preste atenção no som que está ouvindo
 Caminhe em sua direção.....
 Entre mais fundo,

75
 desça mais,
 vá atrás deste som....
 O que você está encontrando no seu caminho????
 Você reconhece?
 Pense em você.....
 Como você se coloca no mundo?
 O que você deseja para sua vida?
 Qual é o seu maior dom?
 O que te impede de chegar aonde deseja?
 De que tem receio......
 Desça mais fundo....

Trabalhar o propósito
 No meio da escuridão, dois olhos brilhantes olham para você.....
 Vá ao encontro deste olhar
 Sustente esse olhar.....
 O que este olhos te contam?
 Preste atenção no que te foi dito......
 (pausa)
 Sinta que uma luz se acendeu dentro de você....
 Alguma resposta lhe foi dada
 (pausa)
 Está na hora de voltar,
 Retorne pelo mesmo caminho
 volte aqui agora......
 (pausa)

Ancorar a experiência
Esperar todas retornarem.
A focalizadora pega a vela verde, dá uma volta em uma das participantes e diz: “Com esta luz, ofereço o meu dom ao resto do
mundo.” Entrega a vela a esta pessoa, que faz o mesmo com a próxima, até que todas tenham feito a oferenda.

Partilhar a experiência e fechar o ritual

“Agradecemos a Ereshkigal pela permissão para nos recriar.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

76
Mertseger
A amante do silêncio
Na região do Alto Egito, onde o Rio Nilo faz uma grande alça, situava-se a cidade de Tebas, na margem oriental do
rio. A oeste ergue-se um maciço montanhoso que delimita e protege o Vale dos Reis e das Rainhas, famoso por seu conjunto
de tumbas encravadas nas rochas.
Nesta formação rochosa, destaca-se uma grande montanha em forma piramidal, hoje conhecida pelo nome de el-
Qurn. Para os antigos egípcios, que construíram as tumbas encravadas nas montanhas, era no seu topo que habitava a
Senhora do Pico, a serpente guardiã da necrópole tebana, denominada Mertseger.
Um caminho montanhoso serpenteia pela encosta da serra e leva os visitantes ao seu santuário, localizado a meio
caminho entre a vila dos trabalhadores encarregados da construção das tumbas, e o Vale das Rainhas, conhecido
especialmente pelo túmulo de Hatchepsut, a faraó que reinou no começo do século XV a.C. e se inscreve na XVIII Dinastia do
Império Novo. Reinou por aproximadamente 20 anos, uma era de prosperidade econômica e clima de paz.
O rústico santuário de Mertseger é cavado na rocha. Nele os devotos depositavam estelas, ostracas e outros ex-votos,
testemunhando seu poder e sua generosidade. Uma deusa local, os artesãos também lhe dedicaram capelas na cidade e em
suas casas.
Suas representações a mostram como uma deusa-cobra que pode atacar rapidamente quando contrariada, ejetando
veneno que pode cegar quem é por ele atingido. Sua presença nas tumbas afastava os saqueadores, assegurando o silêncio
merecido dos que haviam se elevado a outras dimensões.
Entendiam os egípcios que, no espaço silencioso das tumbas, a alma pode confrontar-se consigo mesma, rever seus
passos e reavaliar sua trajetória futura entre os seres imperecíveis. Mas nós não precisamos morrer para realizar esta
reavaliação. Podemos fazê-lo periodicamente, para que nossa vida esteja em harmonia com o propósito da nossa alma.
Mertseger será não apenas nossa testemunha, mas também nos protegerá nestes momentos, guiando-nos com sua
generosidade.

Ritual
Envolver-se no silêncio
Criar o altar
 Uma pirâmide ou um cristal/pedra em forma de pirâmide
 Uma cesta com pequenos cristais/pedras piramidais

Passar o umbral
As pessoas são incensadas, dizendo “Entre no silêncio de sua individualidade”

Invocar o círculo
Os quatro elementos já foram invocados, antes das pessoas entrarem na sala

Marcar o tempo
”Hoje estamos reunidas para vivenciar os últimos instantes de nossa vida".

Mobilizar energia
 No silêncio de sua individualidade, reveja sua existência.
 Avalie a relação com seus familiares:
o os momentos bons;
o os momentos difíceis,
o as relações que ficaram bem resolvidas
o e as que ainda não se resolveram.
o Olhe para todos e verifique se há algo ainda por dizer a alguém,
o se há algo ou alguém que precise de perdão;
o alguém a agradecer. .......
 Avalie agora seus outros relacionamentos:
o amigos,
o inimigos se houver,
o companheiros de estudos e de trabalho,
o namorados, amantes, parcerias.
o Verifique com cuidado tudo que foi vivenciado;
o Se há algo a dizer, perdoar ou agradecer a alguém. .......
 Avalie agora os sonhos e os projetos de vida,
 verifique o que e o quanto conseguiu realizar,
 o que e o quanto não conseguiu e ficou pendente.
 avalie se há outros aspectos da sua vida que devam ser incluídos neste inventário,
 registre-os também em sua memória.

 Agora, com o registro em sua memória do inventário de sua vida


 caminhe mentalmente para o portal de uma outra dimensão,
 onde uma mulher lava sua fronte e suas mãos com água cristalina, dizendo:
 "Sua alma está livre; deixe-se envolver pelo silêncio "
(esta parte pode ser feita mentalmente, ou executada concretamente)

77
Invocar a deusa
”Nesta dimensão da existência, invocamos e honramos o testemunho de Mertseger, a Senhora do Pico, que ama o silêncio e
testemunha o confronto da alma consigo mesma.”

Trabalhar o propósito
 Eleve-se à altura da Senhora do Pico
 e diante do seu testemunho
relembre seus sonhos não realizados,
 as questões não resolvidas,
 e com coragem e honestidade, veja e reconheça as atitudes que impediram suas resoluções.
 Conscientize-se das atitudes que bloqueiam o fluxo de energia do universo, desviando-nos da harmonia e da ordem
no cosmos,
 impedindo que realizemos os nossos propósitos.
 Mertseger é imensamente misericordiosa
 e recompensa todos que têm a coragem de reconhecer seus equívocos
 perante ela e todo o universo.
 Aguarde em profundo silêncio o presente que ela tem para você
 pela sua honestidade e coragem.
 Receba o presente que ela te dá,
 guarde-o em seu coração
 o lugar de onde você pode renascer para uma nova vida.
 Quando estiver pronta, retorne para o aqui e agora.

Ancorar a experiência
A cesta com os cristais é passada no círculo, com os seguintes dizeres: “Você atravessou o portal para uma nova vida. Receba
um cristal como memória!”

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
Com as mãos dadas, um minuto de silêncio, honrando Mertseger, a Senhora do Pico.

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

78
Meskhent
A parteira estelar
Isolde Marx

A hora do parto chegou. As parteiras estão preparadas. “Servas de Heket", elas


acompanharam a gestação, provendo à mãe cuidados de saúde, encorajamento e suporte emocional.
A deusa-rã Heket, que concedeu a fecundidade e vivificou a criança em formação no útero da mãe,
agora é invocada como a divina obstetra para apressar os estágios do parto e facilitar o processo de
dar à luz.
O momento é delicado. Há uma ameaça que se move obscura na tenda de parir. A pele se
arrepia por um instante, tocada por essa força que, sem ser vista, espreita para atacar no momento
mais vulnerável. É quando muitas mães e grande número de bebês encontram a morte. Nessa hora, a
mãe conta com uma poderosa aliada, a gentil e protetora Tauret. Guardiã da câmara de parto, a feroz
deusa-hipopótamo afugenta com suas poderosas mandíbulas as forças invisíveis que ameaçam a mãe
e a criança.
Sentindo segurança, a mãe prossegue no trabalho orgânico de trazer à luz a nova vida. Mas a
criança aguarda, porque necessita de algo mais para sentir-se segura e pronta.
Subitamente, uma aura de maravilhamento toma conta do ambiente. Meskhent, a parteira
estelar, envolve a câmara de parto com sua divina presença, trazendo a dimensão sagrada para o ato
de parir e de nascer. As pessoas presentes experienciam esse momento com a sensação de participar
de um rito sagrado, conduzido por sacerdotisas da Deusa, que celebram com música e dança ritual a
manifestação da centelha divina na criança que está para nascer.
Meskhent, que deu forma ao ka associado à criança no útero, agora é a parteira estelar que
acolhe a centelha divina (ka) e reassegura a criança, prometendo-lhe sua proteção divina. Ela será a
babá divina que irá guardá-la durante toda a infância com seus poderes protetores.
Sentindo-se honrada na sua perfeição divina, agora a criança está pronta para nascer. A
parturiente se agacha sobre o par de tijolos de parir, que são a manifestação visível da parteira
estelar assegurando à criança que é seguro deixar o útero da mãe para viver o seu destino. Confiante,
a criança escorrega para fora do útero e é recebida por mãos gentis. Começa a jornada da
experiência humana que, acolhida na sua condição divina inata, possibilita a transformação da
existência humana em divina, para assumir seu lugar como uma estrela no reino cósmico. Este é um
direito de nascimento, que era honrado no Antigo Egito.
Com nossa sede infinita de aprender, Meskhent pode nos ensinar a atitude de reconhecer,
honrar e espelhar a perfeição do ser da pessoa que está diante de nós. Assim, cada encontro humano
pode se transformar em uma experiência de maravilhamento divino, manifestando a perfeição de
cada pessoa e transformando tudo o que não reflete o brilho da estrela-centelha divina.
Que em cada nascimento, Meskhent nos traga essa consciência.

Ritual
Acolher a centelha divina
Construir o altar
No centro, dois tijolos, representando Meskhent e o elemento terra

Configurar o círculo
As pessoas já se encontram na sala, sentadas em círculo
Assistentes entram uma depois da outra, trazendo os elementos:
 uma pessoa traz incenso, já aceso e o posiciona perto dos tijolos, dizendo: “Eu purifico a tenda do parir”
 uma pessoa traz um vasilhame com água e o posiciona perto dos tijolos, dizendo: “Eu represento as águas uterinas
que envolvem e protegem o bebê no útero materno”
 uma pessoa traz uma vela acesa e a posiciona perto dos tijolos, dizendo: “ Eu sou o fogo e a luz que protege a mãe e
o bebê no momento do parto”

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para acolher a centelha divina que se manifesta a cada novo nascimento.”

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença de Meskhent no tijolo de parir. Que ela envolva este momento com sua proteção divina”

79
Mobilizar energia
Ao som de uma música celestial, convida-se as pessoas para uma meditação (10 minutos):
“Que nova qualidade sua está pronta para se manifestar?”

Trabalhar o propósito
Cada pessoa vai ao centro e, apoiando-se nos tijolos, anuncia a nova qualidade que está nascendo. O anúncio é recebido ao
som de sistros e maracas (ou outros instrumentos musicais), todas dizendo: “Boas-vindas ao novo!”

Ancorar a experiência
depois que todas foram ao centro, dançamos ao som de uma música de boas-vindas

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Honramos a centelha divina em nós e em todas as pessoas.”

O círculo se abre, mas não se defaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

80
Neit
A fiandeira primordial

Uma teia, que não era uma teia de aranha,


mas uma finíssima rede de pesca na cor areia.
Formava ondas semelhantes àquelas que fazem os lençóis,
quando os sacudimos prazerosamente ao sol.
Pensei em Neit, fiandeira primordial, no momento da criação.
Chorei com a dor do parto, de trazer à luz...
Chorei com a solidão do momento pós-parto,
em que você continha tudo...
e agora, o que havia em seu útero, é a própria criação.
Telma Altomare

Representando o eterno princípio feminino de vida, que gesta a si mesma e a tudo mais que existe, a fiandeira
cósmica é uma das mais antigas divindades dos egípcios, mais antiga que o Egito dinástico.
De acordo com a cosmologia anterior ao advento das dinastias faraônicas, ela não apenas personificava a grande e
inerte massa de água primordial, mas ela mesma emergiu destas águas primordiais para criar o mundo.
Seu nome anuncia: “Eu vim de mim mesma”. Como o corpo do mundo, ela é o abismo primordial, de onde o sol
primeiro se ergueu. Como o “espírito por trás do véu”, era mais do que um mortal podia encarar.
Ao emergir das águas, primordial e onipotente, ela, que não nasceu mas gestou a si mesma, seguiu o fluxo do Nilo na
direção norte, para se estabelecer como Deusa de Sais. Ainda durante a XVIII dinastia, uma inscrição afirma que Amenhotep II
é “aquele ser que Neit moldou”. Na XX dinastia, um papiro relatando a luta entre Heru e Seth se refere a ela como aquela “que
iluminou a primeira face”.
O mundo dos antigos egípcios era formado por céu, terra e duat (submundo), constituindo uma espécie de bolha de
ar e luz envolta por uma infinidade contínua de águas escuras. É deste universo escuro que Neit emerge como um fio de luz, a
luz criativa em meio ao negro caos. Antes de existir qualquer coisa no céu e na terra, Neit fiou os fios negros do universo, os
fios brancos da via Láctea. Mergulhando nas águas do próprio ser, buscou tudo o mais que existe.
Portando como seu adorno de cabeça a lançadeira de tear, ela traz o fio-luz a partir do qual é formada a matéria viva
da existência humana. A própria Neit, “aquela que abre os caminhos”, existe em um lugar além do que é conhecido pelos
próprios deuses, também eles resultantes de seu ato de criação.
Às vezes, Neit é representada com uma linha de estrelas nas suas costas, indicando que a antiga deusa representa
todo o círculo elíptico em torno do céu. O reino de Neit é o céu completo, que existe além do horizonte, além dos céus que
envolvem o mundo humano. É a porção do cosmos que apenas vislumbramos por um momento ao amanhecer e ao anoitecer.
É nestes pontos de mutação, onde o sol se ergue e se põe diariamente, que Neit reina como deusa cósmica. É nestes pontos,
além do céu que é visível, que se manifesta seu verdadeiro poder como divindade que cria vida.
Como seres criados, somos feitos dos fios-luz de Neit. E ascendendo pelo fio de luz que somos, podemos nos enrolar
novamente na lançadeira da deusa, retornar ao caos primordial e, com sua ajuda, recriar um mundo mais harmonioso.

Ritual
Apreciar a criação
Construir o altar
 Uma lançadeira/carretel com fio vermelho suspenso do teto e envolvendo os quatro elementos:
 aroma celeste,
 vela azul noite,
 vasilha branca com água,
 pedra negra

Passar o umbral
cada pessoa recebe um pequeno cordão com os fios negro e branco perpassados pelo vermelho: “Este é o fio da sua vida!”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, que os ventos cósmicos vibrem o som da criação em nossas células.
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, que a luz das estrelas nos atraia para o domínio além dos céus.
Senhora do Oeste, Senhora da Água, mergulhe-nos de volta nas águas primordiais, para recriar a nossa vida.
Senhora do Norte, Senhora da Terra, do seu corpo, recrie o corpo da Terra e restaure a matéria viva da existência humana.

Marcar o tempo
“Nós estamos reunidas hoje para restaurar o fio original de nossa vida.”

Invocar a deusa
“Neit, fiandeira cósmica, gire sua lançadeira e nos enrole de volta à origem, para restaurar nosso fio original .”

81
Mobilizar energia e trabalhar o propósito

 Nós vamos agora, todas juntas, embarcar em uma grande jornada, conduzidas pelo fio vermelho.
 É o fio vermelho que nos conecta como grupo e como humanidade.
 É o fio vermelho que perpassa toda a vida neste planeta,
 o mesmo fio vermelho que percorre o destino de todas nós...
 Como guia dessa viagem,
 eu peço que cada pessoa neste grupo siga, passo a passo, as minhas indicações...
 Respire e relaxe seus olhos e todo o corpo e segure-se no fio vermelho.
 Ele é o fio condutor e nos assegura uma jornada segura.
 Respire e abra mão de tudo o que você sabe.
 Confie no fio vermelho;
 ele está firme na lançadeira,
 que está segura nas mãos de Neit...

 Agora que estamos todas penduradas no fio vermelho,


 Neit começa a girar seu carretel
 e nos enrola de volta à nossa criação.
 Durante a viagem, preste atenção ao seu corpo a cada momento.
 o que ele sinaliza:
o o que desequilibra esse fio?
o que áreas da sua vida necessitam de transformação, de restauração?
o em cada área aceite responsabilidade pelo que lhe pertence
o deixe ir com compaixão o que não faz parte da assinatura da sua alma.
o olhe para o trabalho que você está exercendo.
o o que o seu corpo acha disso?
o O que precisa mudar para você sentir-se confortável no seu corpo?
o olhe para os seus relacionamentos e preste atenção ao seu corpo.
o Quais são as transformações necessárias?
o olhe para a sua relação com o dinheiro e focalize seu corpo.
o você tem a liberdade de mudar o que não honra o seu corpo e a sua alma.
o olhe para a sua saúde. Como o seu corpo responde?
o O que precisa ser transformado, para você sentir-se confortável com o ritmo da sua vida?
 E com a delicadeza de uma pena,
 vá limpando o fio da sua vida, em todas as áreas que o seu corpo sinaliza.
 Assim chegamos à esfera além das estrelas e do sol, antes do princípio.
 Neste universo escuro, Neit emerge como um fio de luz
 e uma a uma vamos desembarcando nas suas mãos, no momento da criação,
 quando ela fia os fios negros do Universo e os fios brancos da Via Láctea.
 Este é o instante da sua criação,
 quando ela enrola os fios negro e branco com o fio vermelho da vida,
 formando o DNA da sua alma,
 o seu ser original.
 Aprecie a sua criação!

Ancorar a experiência
 Das mãos da deusa, pendure-se no seu fio criado por Neit
 e por ele desça direto para sua vida hoje:
o Qual é a qualidade nova que você traz para sua vida?
o Qual é o desenho que esse fio faz?
o Qual é o padrão que ele forma para a sua vida, daqui para frente?
 Veja esse fio formatando toda a sua vida
 e enraíze esse saber em cada célula do corpo.
 Perceba como o seu corpo responde.
 Abrindo lentamente os olhos,
 tome nas mãos e aprecie o seu fio da vida,
 aquele que você recebeu ao entrar aqui.
 Olhe para cada pessoa no círculo
 e aprecie a sua criação.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Honramos nossa vida e tudo que ela representa. Honramos a vida de todos os seres.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

82
Heket
Deusa-Sapa da umidade fecunda
A sobrevivência do povo egípcio dependia inteiramente das águas do Rio Nilo. Seu transbordamento anual irrigava os
campos e trazia elementos fertilizadores vitais, para que a vida orgânica pudesse florescer.
Quando as águas do Nilo recuavam para seu leito, milhares de sapos surgiam às suas margens. Depois que a fêmea -sapo
deposita seus ovos no leito do rio, estes são fecundados pelo macho e se transformam em girinos no ambiente aquoso, do qual
emergem como o sinal inequívoco do ressurgimento da vida.
A rã, como símbolo da ressurreição, foi assimilada pelos egípcios como Heket, uma deusa da umidade e do sereno,
representada como uma fêmea-sapo, ou uma mulher com cabeça de sapo, que preside sobre os mistérios e ritos do
nascimento, morte, renascimento e ressurreição. Sua primeira aparição registrada está nos Textos das Pirâmides, como aquela
que apressa os últimos estágios do parto, sugerindo ser ela uma divindade parteira.
Como a divina obstetra do Antigo Egito, a deusa Heket é a protetora da nova vida. Em textos mágicos, ela é
invocada para dar proteção ao processo do parto ou para defender a unidade familiar e da casa. Com o tempo, foi conectada
com o crescimento e a fertilidade em geral. Seus amuletos, que protegiam as mulheres durante o parto, traziam a inscrição „Eu
sou a ressurreição!‟ Facas mágicas com sua imagem provavelmente eram usadas pelas parteiras para cortar o cordão umbilical,
pois a influência de Heket se manifestava no infundir o primeiro sinal de vida em um bebê ainda não nascido, e no acelerar o
último momento do parto.
Para os egípcios, a vida não se restringia à existência terrena, mas continuava em outras dimensões. A ciência e a
magia egípcia era dedicada a promover e assegurar esta continuidade da consciência. Por isto, também vamos encontrar a
parteira Heket nos relatos de renascimento e ressurreição inscritos nas tumbas.

Ritual
Recepcionar a energia feminina

Construir o altar
No centro, criar um ambiente de brejo, com
 folhagens,
 vasilha de água
 incenso
 velas

Passar o umbral
borrifar cada pessoa com um líquido com aroma agreste, dizendo “Entre no reino da transformação e da renovação”.

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, movimente nossas resistências
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, ilumine nosso foco
Senhora do Oeste, Senhora da Água, fertilize nossa criação
Senhora do Norte, Senhora da Terra, corporifique nossa essência feminina

Marcar o tempo
“Estamos reunidas hoje para recepcionar a energia feminina em sua essência, trazendo-a para nossa vida física.”

Invocar a deusa no centro


“Invocamos Heket e sua magia da metamorfose.”

Mobilizar energia
 Vamos nos aquietar e respirar tranqüila e profundamente;
 vamos voltar nosso olhar para dentro de nós mesmas...
 Como é o seu olhar sobre você mesma?...
 Como é o seu olhar sobre o outro (parceiro, família, amigos, cultura em que vive)?... Como é o olhar desse outro
sobre você?..
 Como você se vê como mulher?...
 O que define seu ser mulher?...
 Que expectativas existem?...
 Perceba as camadas de conceitos, idéias, julgamentos impregnados em você.
 Que crenças você detecta?...
 Elas estão a serviço de que?
 Observe a natureza arbitrária dessas crenças.
 Aproprie-se das crenças que regem seu ser feminino.
 Que emoções provocam?
 Sustente as emoções internamente, desvinculando-as dos objetos a que estão direcionadas.

83
Trabalhar o propósito
 Agora busque na natureza interna um lugar silencioso, úmido,
 um terreno onde um rio se conserva mais ou menos permanente e fértil
 Sinta-se nesse local, ouça seus sons, inspire os aromas, perceba as texturas.
 Ofereça ao brejo as crenças que você encontrou.
 Entregue também os enganos, equívocos e ilusões acerca da energia feminina
 Deixe que sejam transmutados por Heket.
 Observe suas emoções.
 Assista a decomposição daquilo que você entregou ao brejo...
 Aguarde que a magia de Heket se manifeste, permanecendo corajosa e plenamente presente com seus sentidos
aguçados...
 Observe que aos poucos algo começa a criar forma e emerge do brejo para você.
 Contemple a vivacidade de suas percepções.
 Não são conceitos, crenças ou julgamentos, mas uma onda de imagens, sons, sensações e sentimentos.
 O que se revela, são as qualidades do seu ser Mulher.
 Sinta a sua essência feminina...
 Una-se com ela.
 Quando sentir que está pronta, levante e se dirija ao portal
Duas pessoas formam um portal por onde passará cada uma das pessoas presentes e outra recepcionará do
outro lado dizendo “Manifeste sua essência feminina no mundo”.

Ancorar a experiência
Executa-se uma dança espontânea, com música apropriada para a expressão da essência feminina.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos ao brejo, por decompor o que não precisamos. Honramos Heket por sua magia da metamorfose.”

O círculo se abre, mas não se defaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

84
Nut
O envolvente céu estrelado
Nas escuras noites egípcias, um amplo céu salpicado de estrelas se debruçava sobre a terra. É a mãe celeste Nut, que
os antigos egípcios representaram como uma mulher de pele escura, cujo corpo se arca protetoramente sobre a terra, com os
pés tocando a região leste e as mãos tocando a região oeste.
Diariamente, o sol emergia de seu útero, percorria seu arco durante o dia, para ser engolido pela deusa ao
entardecer. Durante as horas noturnas, enquanto as estrelas no corpo de Nut brilhavam em todo seu esplendor, o sol percorria
o interior de seu corpo, levando luz aos seres que lá habitavam. Tendo passado incólume por todos os perigos que o
aguardavam nesta trajetória noturna, renascia ao amanhecer de entre as coxas de Nut, para mais um ciclo.
Suas belas representações estão presentes nas tumbas e, especialmente, no interior dos sarcófagos, pois era ao
ventre de Nut que as almas retornavam, como estrelas imperecíveis. Viver por toda eternidade entre as estrelas, era o anseio
maior de todo egípcio. Para alcançar isto, era necessário que comprovasse, com um coração leve, uma vida vivida de acordo
com a ordem natural.
Não apenas os egípcios, mas todos os habitantes da Terra são continuamente envolvidos no abraço protetor de Nut,
esta grande vastidão de energia escura que contém uma infinidade de singularidades, a matéria luminosa que identificamos
como estrelas. Em seu amor maternal, ela não apenas mantém o universo coeso, mas estende suas asas abertas sobre todos
os seus filhos, sem discriminação.
Quer olhemos para o céu azul diurno ou para o profundo céu noturno, é Nut quem nos sorri e nos acolhe. Cabe a nós
viver uma vida que nos permita brilhar em seu regaço.

Ritual
Manifestando o brilho pessoal

Criar o altar
 Jarro com suco de uva
 Cálice
 os quatro elementos
A sala está escura, com luz mínima de alguma fonte oculta
Na passagem para um segundo espaço (caso não tenha, faça-o no meio da sala, de uma parede a outra, para não dificultar a
movimentação no espaço), um arco de tecido ou papel azul claro, salpicado de estrelas prateadas, pelo menos uma para cada
participante

Passar o umbral
As pessoas são purificadas com incenso, dizendo “Entre no espaço noturno da Deusa” e são introduzidas na sala escura,
ficando em pé

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, faça com que vibremos a nossa qualidade pessoal.
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, faça com que irradiemos a nossa qualidade pessoal.
Senhora do Oeste, Senhora da Água, faça com que expressemos o som da nossa qualidade pessoal.
Senhora do Norte, Senhora da Terra, faça com que honremos a nossa qualidade pessoal .

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para deixar brilhar nossa qualidade pessoal”

Invocar a deusa no centro


“Invocamos a presença de Nut, para que nos acolha em seu céu estrelado”

Mobilizarenergia
 Caminhe lentamente no espaço noturno da Deusa.
 Com a visão interior, olhe para o tecido da sua vida.
 Reconheça o desenho pessoal que você teceu
 com os fios dos padrões psicológicos, físicos e cósmicos da sua vida.
 Reconheça o que você se tornou na sua vida:
o através das suas escolhas...
o através das escolhas que outros fizeram para você...
o das expectativas que os outros tinham sobre você...
o do que você imaginou que fossem as expectativas a seu respeito...
(pausa)
 Sua qualidade pessoal pode brilhar e se manifestar através disso que você se tornou?
(pausa)
 Você valoriza sua qualidade e sua contribuição pessoal para o mundo, com as dádivas e talentos que são unicamente
seus?
(pausa)

85
 Se você percebe que em alguma área do tecido da sua vida o desenho que você teceu não expressa quem você é,
você pode recriar o padrão.
 Comece caminhando suavemente para trás, deixando que os fios se soltem e o padrão equivocado se desfaça.
(pausa longa)
 Quando você estiver pronta para re-tecer sua vida honrando quem você é,
 aproxime-se do arco celeste, o corpo estrelado de Nut,
 reconheça e tome nas mãos a estrela da sua essência.
Cada pessoa pega uma estrela ao passar pelo portal e senta no círculo.

Trabalhar o propósito
Todas sentadas em círculo, uma música com som de água
 Sente-se tranqüilamente,
 feche os olhos e respire suave e profundamente,
 deixe-se fluir nas águas do oceano celeste
 velejando ao longo do ventre estrelado da Deusa-Céu.
 A Deusa é toda a esfera dos céus e abarca toda a vida.
 Ela se estende como um arco nos céus onde cada estrela pode brilhar.
(pausa)
 Viajando na imensidão do céu estrelado.
 você é atraída pelo brilho de uma estrela.
 Você se aproxima dessa estrela brilhante
 e então reconhece nela o seu próprio brilho.
 Você reconhece a sua qualidade única,
 aquilo que é essencialmente você.
 Mergulhe através da estrela no ventre da Deusa
 onde o tecido da sua vida
 é entretecido com os fios brilhantes da sua qualidade pessoal.
(pausa)
 E na aurora tingida de vermelho sangue,
 assim como o sol, você renasce da Deusa celeste
 retornando para este círculo e para a sua vida.

Ancorar a experiência
Cada pessoa aproxima-se do centro e bebe do „sangue‟ da Deusa, afirmando: “ Eu sou”.

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Reconhecemos a nós e a todas como estrelas no corpo de Nut”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria
Que a partida seja em paz!

86
Sekhmet
Uma força em ação
Sekhmet, a poderosa deusa-leoa do Egito, domina o deserto ocidental desde tempos imemoriais.
Quando observamos uma leoa liderando um grupo de caça, é impossível não sentirmos uma profunda admiração por
este belo e poderoso animal, a própria força em ação. Assim, não é de admirar que os egípcios, agudos observadores, a
escolhessem para designar a figura de autoridade e erguessem estátuas imensas desta deusa, para proteger o templo.
Mas não é apenas a ferocidade com que protege sua cria, e a imensa quantidade de energia que mobiliza para
alimentá-la, que causa espanto e maravilhamento no observador atento. Quando sua tarefa está cumprida, esta “força em
ação” não reluta em se espreguiçar indolentemente ao sol, enquanto seus filhotes brincam à vontade.
A Grande Deusa vem acompanhada da leoa desde os primórdios. Mas foram os egípcios que expressaram
magnificamente sua ambivalente majestade e lhe reconheceram o domínio sobre as regiões desérticas imediatamente
fronteiriças ao fértil vale do Nilo.
É provável que os egípcios tenham se confrontado de perto com estes felinos, durante o gradativo desaparecimento
das savanas, à medida que o norte da África se tornava mais árido. A água é fundamental para a sobrevivência de qualquer ser
vivo, o que transforma as fontes de água em ponto de encontro.
Acompanhando o avanço do deserto, não apenas os seres humanos, mas as mais diversas espécies de animais
devem ter se aproximado do vale do Nilo. Enquanto algumas representavam uma ameaça para seus habitantes humanos,
outras significavam uma nova fonte de alimento. E quem melhor do que a leoa para ensinar estratégias de caça!
Além disto, ameaça e proteção são opostos complementares da vida que, para a mente egípcia, só podem ser
compreendidos juntos. É neste sentido que Sekhmet pode ser invocada como protetora, uma ameaça para quem não respeitar
a ordem natural.
Proteger a criação também significa transformá-la, apesar da ameaça que a transformação possa representar.

Ritual
Transformar poder em força

Construir o altar
 um pedaço de juta
 um tecido vermelho
 uma vela laranja
 incensário
 um jarro com suco de uva
 um cálice

Passar o umbral
Os focalizadores já invocaram o círculo antes das pessoas entrarem.
Na sala já está tocando uma música de ventos fortes.
Cada pessoa recebe um bindi na testa, com os dizeres:”Venha vivenciar a força em ação”

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para ativar nossa força pessoal e manifestá-la no mundo.”

Mobilizar energia
 Sob a proteção dos ventos quentes do deserto, vamos refletir sobre o modo como nos relacionamos com o poder.
 Que tipo de poder você precisa manifestar na sua vida, para que suas ações sejam apropriadas?
 Com isto em mente:
 Deixe-se levar pelo vento e vá para o deserto
 veja no horizonte o sol alaranjado se pondo.
 Contra o resplandecente disco solar, uma mancha se movimenta
 você caminha em direção a ela e pára a uma distância segura.
 É uma poderosa leoa. É Sekhmet.
 Observe como ela se movimenta
 Sinta como ela se movimenta.
 E lentamente seu corpo começa a reproduzir os movimentos
 Primeiro de modo sutil, quase pensado,
 Depois o movimento se torna mais muscular.
 Sinta a languidez nos músculos
 O alongamento no andar
 A ponta das patas tocando o chão.
 Olhe através dos olhos da leoa
 Perceba a presa e acompanhe com o olhar
 Sinta a sincronização entre movimento e olhar
 No momento preciso, o peite se expande, a vitalidade se manifesta.

87
 Dispare em uma corrida forte.
 Sinta a força em ação que se lança sobre a presa
 Prende-a com a mandíbula
 Sacia a fome, aplaca a sede
(pausa)

Trabalhar o propósito
 Fome saciada
 Prazer realizado
 Você-leoa descansa preguiçosamente à sombra da árvore.
 Neste estado meio onírico,
 sinta no seu corpo essa força vibrando em todas as suas células
 e identifique: “Que tipo de poder você precisa manifestar na sua vida, para que suas ações sejam apropriadas?”
(pausa)
 Quando você sentir que está pronta, ponha-se em pé e verbalize para o grupo como você decide manifestar o poder
em sua vida, dizendo
 “Eu expresso meu poder através de............”

Ancorar a experiência
Quando todas estiverem em pé, passamos uma bebida vermelha e cada pessoa toma um gole, dizendo: “ Com este gole, eu
honro o poder de Sekhmet”
Depois que todas tiverem dado seu gole, toca uma música forte e “Inebriadas pelo poder de Sekhmet, vamos dançar a força
em ação!”

Partilhar a experiência

Fechar o ritual
“Agradecemos os ensinamentos da poderosa deusa-leoa Sekhmet e o auxílio dos quentes ventos do deserto.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

88
A Deusa Trina
O tema da Deusa Trina é encontrado na mitologia de todos os povos. Ela é jovem, mãe, anciã; encantamento,
amadurecimento e sabedoria; a lua crescente, cheia e minguante.
Apesar de a Grande Deusa Primordial ser vivenciada como unidade, como uma totalidade de muitas partes inter -
relacionadas, ela se manifesta em três aspectos gerais: a virgem nomeia seu aspecto doador de vida, a fonte que cria dando à
luz. A mãe nutre e sustenta a vida a partir da abundância da carne e dos fluidos de seu próprio corpo. A anciã é a
prenunciadora da morte, a que demanda todas as formas de volta ao seu caldeirão-útero, onde ela as recombina,
transformando-as em novas possibilidades, que então são dadas à luz pela virgem.
Não há limites entre os três aspectos da Deusa, eles se fundem um no outro e cada aspecto nos coloca em contato com
nosso centro imutável, aquilo que nos torna humanas. Assim, a Deusa é a natureza eternamente se transformando, vivenciada
como o eterno e contínuo ciclo sagrado do nascimento-vida-renascimento.
Mesmo quando ela tem um só nome, as lendas e histórias enfatizam que existem três, constituindo a trindade que está
na origem de todas as trindades subsequentes, sejam elas femininas, mistas ou masculinas.
Nos vilarejos da Anatólia (atual Turquia), já no VII milênio a.t.c., a deusa era cultuada em seus três aspectos: uma
jovem mulher, uma matrona parideira e uma mulher velha. Esta combinação típica de virgem-mãe-anciã era Parvati-Durga-Uma
(ou Kali) na Índia, Ana-Babd-Macha na Irlanda ou, na Grécia, Hebe-Hera-Hecate, em cuja mitologia também encontramos as
três Moiras, as três Górgonas, as três Graças, as três Horas.
Entre os Vikings, a deusa tríplice aparece como as Nornas, deusas do destino. No panteão eslavo, encontramos as três
Zoryas, deusas do alvorecer, da tarde e da meia-noite, uma tríade crucial, porque elas guardavam um cão acorrentado à
constelação da Ursa Menor. De acordo com a lenda, quando esta corrente quebrar, o mundo termina.
Entre os romanos, as deusas do destino são as Parcas ou Fortunas. Carmenta, uma deusa romana do parto e, portanto,
uma mãe, tinha como aspecto jovem sua irmã Antevorta (olhando para frente) e como anciã sua outra irmã Postvorta (olhando
para trás). No Látio pré-romano era cultuada como a Tríade Capitolina, sob o nome coletivo de Uni, cognato de yoni. Suas três
personagens eram Juventas, a virgem, Juno, a mãe e Minerva, a sábia anciã.
Sob o império romano, Juventas foi eliminada para fazer lugar a um membro masculino da trindade, Júpiter. Alguns
estudiosos modernos se referem à trindade capitolina do período mais tardio, composta de duas figuras femininas e uma
masculina, como “os três deuses”, como se pudessem descrever um grupo de duas mulheres e um homem como “três
homens”.
O Oriente Médio tinha muitas trindades, a maioria originalmente feminina. No Islã, a Deusa Tríplice sobrevive muito
ambivalentemente como Al-Lat, Al-Uzza e Manah. Al-Lat, uma antiga deusa lunar é, etimologicamente, a forma feminina de
Allah. Al-Uzza era originalmente a deusa da Ca‟aba, a pedra sagrada de Meca. Manah quer dizer „tempo‟ ou „destino‟. Elas são
condenadas no Alcorão, mas conhecidas na tradição muçulmana como „as três filhas de Allah‟.
À medida que o tempo passava, um ou dois membros da tríade se tornavam masculinos, dando origem à trindade de
Pai-Mãe-filho, em que a figura do filho era vista como salvador.

Ritual
Impregnando o destino com ternura
Construir o altar
 desenhar uma espiral tripla (pode ser em tecido, em papel ou no próprio chão) com as cores da deusa: branco, vermelho, preto
 no centro um pote de ferro para fogo (queimando incenso)
 uma vela no centro de cada espiral, de acordo com as cores

Configurar o círculo
Os quatro elementos na parte exterior do círculo

Passar o umbral
ao entrar, cada pessoa recebe uma caixa de fósforos: “Venha transformar seu destino.”

Invocar o círculo
Senhora do Leste, Senhora do Ar, acolha-nos nos seus espaços
Senhora do Sul, Senhora do Fogo, aqueça-nos com seu calor
Senhora do Oeste, Senhora da Água, renove nossa energia
Senhora do Norte, Senhora da Terra, sustente nossos sonhos

Marcar o tempo
“Estamos hoje reunidas para impregnar nosso destino com ternura.”

Invocar a deusa no centro


No centro, invocamos as deusas do destino, uma de cada vez; após invocar uma deusa, cada participante determina a quantidade de fósforos
que representam aquilo que deseja eliminar e os queima na vela, simbolizando a disposição para a transformação. Os palitos queimados são
jogados no pote de ferro no centro.
a) acendendo a vela vermelha: “Invocamos a deusa do anoitecer, para nos auxiliar a tomar consciência de todas as barreiras que possam
estar diante de nós”
b) acendendo a vela preta: “Invocamos a deusa da meia-noite, para nos auxiliar a estabelecer limites saudáveis.”
c) acendendo a vela branca: “Invocamos a deusa do amanhecer, para nos auxiliar a vislumbrar as possibilidades diante de nós.”

Mobilizar energia
 Quando todas tiverem terminado, fazemos uma corrente e percorremos a sala num movimento serpentino, representando o fluir
do rio da vida, levando toda a energia mobilizada para a sua origem.

89
 Uma guardiã, segurando uma bacia com água e outra com uma toalha, encontra-se num lugar definido como portal (que pode ser
a passagem para outro espaço).
 Uma a uma, as participantes são levadas ao portal, recebidas pela guardiã com a frase: “Desfaça-se de sua face antiga”. Elas
lavam o rosto com a água e enxugam na toalha, simbolizando a mudança
 Ao passarem pelo portal, outra guardiã as orienta para se deitarem em círculo, de lado, pernas encolhidas, uma com a cabeça no
colo da outra.

Trabalhar o propósito
(uma música suave e expansiva)
 agora nós vamos sonhar e fazer uma viagem ao reino da nossa ancestralidade
 deixe-se levar pelas suas sensações
 e penetre na floresta diante de você.
 Caminhe pela noite escura, sem medo,
 guiada pela profunda sabedoria da coruja.
 Abra seus sentidos para o mundo em torno de você,
 até você encontrar uma grande árvore.
 Pare um pouco e observe esta árvore.
 Ela é a árvore da tradição e da visão
 e você se encontra na floresta entre os mundos.
 Quanto mais você olha para ela, maior ela fica.
 Aproxime-se lentamente,
 ao pé da árvore, está sentada uma mulher.
 Com um olhar amoroso e um bastão na mão,
 ela olha para você por um tempo
 e depois bate com seu bastão contra o tronco da árvore.
 Três vezes ela bate
 e na terceira vez,
 desprende-se da árvore um animal.
 Vocês trocam olhares e se reconhecem.
 Silenciosamente você caminha de volta pela floresta,
 acompanhada de seu animal
 e você se dá conta que está amanhecendo.
 Desperte de seu sonho,
 abra os olhos,
 levante-se lentamente e
 dance com seu animal.

Ancorar a experiência
Dançar com o animal ao som de uma música cadenciada.

Partilhar a experiência
Terminada a dança, voltamos ao círculo e acendemos palitos de fósforo, simbolizando o fogo que acendemos no nosso coração.

Fechar o ritual
“Honramos nosso destino e todos os seres que o partilham conosco.”

O círculo se abre, mas não se desfaz.


Nos encontramos com alegria,
Que a partida seja em paz!

90
Índice geral

Textos Rituais_______________

1º Livreto
A magia das quatro direções Atravessar o véu da ilusão
Ar: Oya Oya - A força dos ventos
Fogo: Héstia Héstia - O Fogo primordial
Água. Origem e fundamento da vida Em busca da união
Terra: Nerthus Nerthus - Honrando a Mãe-Terra
As quatro estações Dissolver o estabelecido
Primavera - Flora Flora – A abundância das flores
Verão - Hethert Hethert – Acolher com compaixão
Outono - Freiá Freiá – Senhora do Grão
Inverno – Cailleach Cailleach – A Memória Ancestral

2º Livreto
Hera. Rainha do Céu Resgatando a Dignidade do Ser
Saraswati. Deusa da Sabedoria Recuperando a Sabedoria
Atena. Deusa da Justiça Instaurar a Justiça Amorosa
Tara. A buda feminina Liberando a Espontaneidade
Diana. Senhora da Luz A Liberdade de ser Feliz
Lilith. A Árvore da Vida Recuperando a Honra
Sopdet. A Luz do Destino Confiar na Luz do Destino
Vênus. Deusa do Amor Primaveril Irradiar o Amor
Kwan Yin. Deusa da Compaixão Acolher a Plenitude
Grande Deusa. A Unicidade da vida Reconhecer a Essência Una

3º Livreto
Kunapipi. A Serpente do Arco-Íris A Força Geradora da Criação
Caillech. A Velha Sábia O Poder da Sabedoria
Maat. A Verdade, o Equilíbrio e a Ordem O Poder da Ordem Natural
Inana. Rainha do Céu e da Terra O Poder da Fecundidade
Guinevere. A Rainha Soberana Recuperando a Soberania
Lakshmi. Deusa Lótus da Fortuna Manifestando a Abundância
Isis. A Grande da Magia O Poder da Magia
As Musas. A Inspiração Divina Ativar a Inspiração Divina
Oya. Madrinha das Mulheres Abrindo-se para o Sucesso
Selene. O Poder da Intuição Catalisar a Energia da Lua
O Poder da Visão Sintonizando o Novo

4ª Livreto
Deusa Primordial Refazer o alinhamento
Bast - Deusa-Gato do Egito Abrindo espaço para o novo
Ereshkigal - Os olho da escuridão Olhar nos olhos da escuridão
Mertseger - A amante do silêncio Acolher a centelha divina
Neit - A fiandeira primordial Apreciar a criação
Heket - Deusa-Sapo da umidade fecunda Recepcionar a energia feminina
Nut - O envolvente céu estrelado Manifestando o brilho pessoal
Sekhmet - A força em ação Transformar poder em força
Deusa Trina Impregnando o destino com ternura

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Sugestão de Bibliografia

 Gleason, J. Oya. In Praise of an African Goddess. Harper San Francisco, 1991


 Monaghan, P. The New Book of Goddesses & Heroines, Llewellyn Publ., St.Paul, Minnesota, 1998
 Gadon, E.W. The once & future Goddess: A symbol for our time. Harper, San Francisco, 1989
 Baring, A. e Cashford, J. The Myth of the Goddess: Evolution of an Imagine. Viking Arkana, London, 1991
 Stone, M. Ancient Mirrors of Womanhood: Our Goddess and Heroine Heritage . New Sibylline Books, N.Y., 1980
 Walker, B. Woman‟s Encyclopedia of Myths and Secrets . Harper, San Francisco, 1983
 Starhawk, The Spiral Dance: a rebirth of the ancient religion of the Great Goddess. Harper & Row, San Francisco,
1989 [A Dança Cósmica das Feiticeiras, Ed. Pensamento]
 Stepanich, K. Faery Wicca, Llewellyn Publ., St.Paul, Minnesota, 1996
 Woolger, J. & R., A Deusa Interior, Cultrix, SP, 1987
 Davidson, H.E. Roles of the Northern Goddess, Routledge, London, 1998
 Ions, V. Egyptian Mythology, Peter Bedrick Books, New York, 1968
 Ashley-Farrand, T., Shakti. Os mantras da energia feminina, Pensamento, S.Paulo, 2005
 Kinsley, D.R., Hindu Goddesses, University of California Press, Berkeley, 1988
 von Koss, M., Hera. Um Poder Feminino, Massao Ohno Editor, S.Paulo, 1997
 Monaghan, P. The New Book of Goddesses & Heroines, Llewllyn Publ, St.Paul, Minnesota, 1998
 Shaw, M., Passionate Enlightenment. Women in Tantric Buddhism. Princeton University Press,
Princeton, 1994
 Farrar, J. & S.,The Whitches‟ Goddess, Phoenix Publishing Inc., 1995
 Alexandra Lavizzari-Raeuber, Tangkas
 Harding, M.E., Os Mistérios da Mulher, Ed.Paulinas, S.Paulo, 1985
 Walker, B., Woman‟s Encyclopedia of Myths and Secrets, Harper, San Francisco, 1983
 Palmer, M. & Ramsay, J., Kwan Yin. Myths and Prophecies of the Chinese Goddess of Compassion
 Blofeld, J., A Deusa da Compaixão e do Amor, IBRASA, s.Paulo, 1994
 Stone, M., Ancient Mirrors of Womanhood, New Sibylline Books, N.York, 1979
 Downing, Ch., Goddess. Mythological Images of the Feminine, Crossroad, N.York, 1989
 De Beler, A.G., A Mitologia Egípcia, Gama Editora, 2001
 Koltuv, B.B., O Livro de Lilith, Cultrix, S.Paulo, 1991
 Kinsley, D. – The Goddesses‟Mirror, State University of New York Press, Albany, 1989
 Monaghan, P. – The New Book of Goddesses & Heroines , Llewllyn Publ, St.Paul, Minnesota, 1998
 Matthews, Caitlin and John - Ladies of the Lake, The Aquarian Press, London, 1992
 Cowan, James G. - The elements of the aborigene tradition, Element Books, 1998
 Nicholson, Shirley - The Goddess Re-Awakening, Quest Books, Wheathon, 1989
 Gleason, Judith - Oya. In Praise of an African Goddess , Harper San Francisco, 1992
 Peinado, Frederico Lara - Himnos sumerios, Editorial Tecnos, Madrid, 1998
 Wokstein, D. e Kramer, S.N. - Inanna. Queen of Heaven and Earth, Harper & Row, N.York, 1983
 Sams, J. - As Cartas do Caminho Sagrado, Rocco, R.Janeiro, 1998
 Stone, Merlin - Ancient Mirrors of Womandhood, New Sibylline Books, N.York, 1980

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