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RONE DA SILVA
São Paulo
2007
RONE DA SILVA
Orientadora:
São Paulo
2007
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
UNIDADE CONCEIÇÃO/SP
SILVA, Rone da
S729
A relação causal da reparação civil e sua relativização / Rone da
Silva. – São Paulo, 2007.
62 f.
Aprovado em / / .
BANCA EXAMINADORA
Universidade Estácio de Sá
Universidade Estácio de Sá
São Paulo
2007
Dedico este trabalho a toda minha família, a
minha amada esposa e a Deus.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, parentes e esposa por todo o apoio que me deram
para galgar essa jornada da graduação, sempre me inspirando a buscar o melhor de
mim e nunca me deixando desanimar pelos obstáculos que a vida traz. Obrigada por
sempre acreditarem em mim, muitas vezes mais do que eu mesmo.
Agradeço aos meus amigos tão queridos, que sempre se fizeram presentes, não
importando a distância, as omissões, os meses sem voltar para casa, a falta de tempo,
a fala estressada, as conversas com sabor de saudade e aquele sentimento de que na
verdade, nada mudou. Obrigada por todas as risadas, por todos os abraços e por todas
as palavras de sinceridade, sempre.
Agradeço, por fim, a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que
esta etapa da minha vida se concretizasse.
“Ás vezes tudo se ilumina de uma intensa
realidade
- Mário Quintana
RESUMO
This paper has, as a preliminary goal, to outline the general aspects about the civil liability,
going through the entire process of creation and introduction in Brazilian law,
systematizing its foundations, assumptions and exclusive to, after this analysis,
deepening the study about the causation. The scope of this paper also includes pointing
out some considerations about the importance the flexibility of the causation,
demonstrating their motives and the various forms it is applied. Therefore, it is vital to
acknowledge the importance of the institute whose main purpose is to ensure the victim's
compensation and support for damage. We conducted a bibliographic study of several
authors who are references about the civil liability, the causation and the changes of this
institution forwards the current need of repair.
Introdução .......................................................................................................... 11
Conclusão .......................................................................................................... 59
Referências ........................................................................................................ 61
Introdução
O presente trabalho possui como objetivo primordial discorrer sobre um tema que
tem despertado o interesse crescente dos aplicadores e acadêmicos do direito, posto que
a responsabilidade civil é uma temática que se faz muito presente no cotidiano moderno.
A opção pelo tema da flexibilização do nexo de causalidade nasceu através de uma
constatação acerca da aplicação prática do instituto.
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Em seguida, no capítulo II, entrará no tema da flexibilização do nexo de
causalidade em si, analisando sua importância nas ações de responsabilidade, expondo
a problemática decorrente de tal fenômeno. Nesse capítulo também vai ser estudado a
teoria da causalidade alternativa, de importância vital para este estudo.
Em seguida, será utilizado uma breve análise jurisprudencial para abordar alguns
exemplos de como o tema é tratado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
Com essa seleção de julgados paradigmáticos, espera-se contribuir para o melhor
entendimento sobre a matéria, demonstrando, de forma prática, a importância desse
fenômeno.
Ao fim, o estudo caminha para conclusões acerca não só dos benefícios, mas
também dos possíveis riscos advindos da aplicação descoordenada desse fenômeno de
flexibilização. E é justamente para contornar essas possíveis problemáticas que esse
trabalho monográfico se propõem a lançar novas luzes sobre antigos dogmas da doutrina
clássica da responsabilidade civil, demonstrando que a análise de seus elementos não
pode ser uma aferição fria e estanque.
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1 – A Responsabilidade Civil
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O Direito tem como um dos seus objetivos basilares o de amparar os atos
lícitos, o que, por via de consequência, o faz disciplinar também os atos ilícitos, dada a
necessidade de reprimi-los. É esse o raciocínio que inspira o dever de reparação dos
danos causados.
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existem, contudo, alguns casos de responsabilidade por atos lícitos, mas estes são
exceções que apenas confirmam a regra, motivo pelo qual não serão objeto do presente
estudo.
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Destacamos, assim, que a responsabilidade possui íntima relação com a
noção de desvio de conduta, acarretando sempre em um encargo, uma obrigação com o
objetivo de ressarcir o dano causado, o dever de indenizar.
De acordo com a Caio Mário: “Se se trata de dever oriundo de contrato, diz-
se que há culpa contratual. Em caso contrário, chama-se de culpa extracontratual ou
aquiliana, nome este último preso à tradição romana, eis que naquele direito o dever de
reparar o dano por fato culposo não contratual decorria da lei aquília – a lege Aquilia”
(PEREIRA, 2004, p.658).
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dualista, dita clássica, que pregava justamente essa dicotomia rígida entre a
responsabilidade contratual e a extracontratual, e ao mesmo tempo aplicava alguns
artigos nos dois casos. Com a promulgação do CDC, essa distinção clássica foi superada
no tocante à responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços, pois todas as vítimas
de acidente de consumo foram equiparadas a consumidores, por força do artigo 17 do
diploma consumerista.
Todavia, foi somente no século III a.C., com a Lex Aquilia, quando o ente estatal
passou a intervir nas disputas privadas, que passou-se a imputar valores aos danos
causados, evitando que a vítima a sucumbisse a vingança privada, e ao invés disso,
aceitasse a solução imposta pelo Estado.
Tendo em mente a breve explanação histórica narrada até aqui, é possível afirmar
que, a partir da constatação de que o fundamento da responsabilidade era a ruptura no
equilíbrio patrimonial decorrente do dano sofrido, foram os franceses os responsáveis por
aprimorar as teorias romanas acerca da responsabilidade civil, normatizando seus
princípios gerais.
Para melhor entendimento sobre a teoria do direito divino dos reis, nos valemos
das palavras de Odete Medauar, que nos ensinam que “Várias concepções justificavam
tal isenção, dentre as quais: o monarca ou o Estado não erram; o Estado atua para
atender ao interesse de todos e não pode ser responsabilizado por isso; a soberania do
Estado, poder incontrastável, impede seja reconhecida sua responsabilidade perante o
indivíduo” (MEDAUAR, 2001, p. 429).
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últimos, mesmo agindo fora dos limites de seus poderes, ou abusando deles, não
obrigariam, com seus atos, a Administração (CAVALIERI FILHO, 2003). Com isso, a
vítima do dano teria a prerrogativa de demandar apenas contra o funcionário estatal, e
nunca contra o próprio Estado. Sob essa perspectiva, era muito comum a vítima não ser
compensada pelo dano sofrido, pois muitas vezes o agente não possuía condições
econômicas suficientes para o ressarcimento, impossibilitando o pagamento da
indenização.
Outrossim, temos que no final do século XIX surge a figura do Estado empresário,
em que passou a ser reconhecida a separação dos atos de império e dos atos de gestão.
O Estado ainda não poderia ser responsabilizados pelos atos de império, todavia, poderia
ser responsabilizado pelos atos de gestão, pois neles atuaria como um particular. Neste
caso, o Estado seria obrigado a reparar os danos causados no desempenho de suas
funções, desde que presente a culpa do agente que praticou a conduta.
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Entretanto, muitas vítimas continuavam não sendo indenizadas, tendo em vista a
dificuldade em se distinguir com precisão os atos de império dos de gestão no caso
concreto e ainda provar a culpa do agente. Esses requisitos para a configuração da
responsabilidade do Estado acabavam por dificultar por demais a reparação do dano à
vítima, não se coadunando com os ideais liberais da época, os ideais do racionalismo
iluminista, que tinham como objetivo a limitação dos poderes do Estado.
Desse modo, foi se consolidando, pouco a pouco, a tese de que o Estado seria
responsável pelos danos causados por seus agentes, salvo nos casos em que provasse
a inexistência de culpa. Surgiu, com base nisso, a teoria da culpa presumida da
Administração, que estabelecia a inversão do ônus da prova, com o objetivo de beneficiar
a vítima.
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A jurisprudência francesa, nesse diapasão, criou a noção de “falta de serviço”
(faute du service) ou “culpa do serviço”, que consiste no não funcionamento ou mal
funcionamento do serviço. De acordo com tal noção, bastaria provar a “falta de serviço”
para gerar a responsabilização do Estado pelos danos causados por seus agentes,
independente de culpa.
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Os preceitos que respaldam a concepção da responsabilidade objetiva do Estado,
segundo Odete Medauar, são os próprios sentidos de justiça e equidade – o neminem
laedere e o alterum non laedere -, e também o preceito da igualdade de todos ante os
ônus e encargos da Administração (solidariedade social), em que todos devem
compartilhar do ressarcimento dos danos das atividades do Estado (MEDAUAR, 2001).
Entendemos, com base nas lições do mestre Hely Lopes Meirelles, que a adoção
da Teoria do Risco Integral atenta contra a equidade, pelas seguintes razões:
(...) por essa fórmula radical, a Administração ficaria
obrigada a indenizar qualquer dano suportado por
terceiros, ainda que resultante de culpa ou dolo da
vítima. Daí por que foi acoimada de “brutal”, pelas
graves conseqüências que haveria de produzir se
aplicada na sua inteireza.
Conseqüentemente, ter-se-ia um aumento
injustificado das despesas do Estado, erigido a
segurador universal, o que poderia mesmo
comprometer a qualidade dos serviços prestados à
população (MEIRELLES, 2004, p. 627).
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responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa qualidade, causem a
terceiros. Parágrafo único: Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcionários
causadores do dano, quando tiver havido culpa destes”.
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superioridade face ao consumidor. Não obstante, a responsabilidade subjetiva ainda
pode ser encontrada, em algumas exceções disciplinadas no diploma consumerista,
como no caso dos profissionais liberais (artigo 14, § 4º, do CDC).
Sobre o tema, Caio Mário ensina que para o direito civil, o ilícito é um atentado
contra o interesse privado de outrem, e a reparação do dano sofrido é a forma indireta de
restauração do equilíbrio rompido (PEREIRA, 2004).
d) Elementos ou Pressupostos
O nexo de causalidade, por sua vez, diz respeito a relação de causa e efeito entre
a conduta praticada pelo agente e o resultado danoso. É imperioso que o dano sofrido
pela vítima tenha sido causado pela conduta antijurídica do agente, existindo assim uma
indispensável vinculação entre os acontecimentos.
Por fim, temos ainda o elemento culpa, que só será considerado como pressuposto
necessário nas hipóteses de responsabilidade subjetiva. O artigo 186 do Código Civil
dispõe que o ilícito só se caracteriza pelo comportamento culposo. O referido dispositivo,
portanto, trata da culpa latu sensu, abrangendo tanto o dolo como a culpa em sentido
estrito.
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Conquanto no dolo a conduta praticada seja intencional, na culpa stricto sensu a
conduta do agente é voluntária, apesar do resultado não o ser. A culpa em sentido estrito
se dá com a inobservância do dever de cuidado, através de imprudência, negligência ou
imperícia.
Contudo, alertamos que tal distinção, entre dolo e culpa sem sentido estrito, não
possui grande relevância na seara da responsabilidade civil, via de regra, visto que o
objetivo desta é indenizar a vítima, e não punir o agente causador do dano.
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Sobre esse elemento essencial à responsabilidade civil, existem muitas teorias
com o objetivo de explicar o nexo de causalidade, dentre as quais as principais são: da
equivalência dos antecedentes causais; dos danos diretos e imediatos; e a da
causalidade adequada.
As críticas à essa teoria são no sentido de que sua aplicação levaria a uma infinita
regressão do nexo de causalidade, sendo possível, por exemplo, apontar como
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responsáveis por um atropelamento não só o agente que dirigia o veículo, mas também
quem lhe vendeu o automóvel e quem fabricou o veículo.
Essa teoria tem como base um conceito mais objetivo, tendo como intuito a limitação
da responsabilização apenas para os eventos mais próximos ao dano, combatendo,
desta forma, a responsabilização ilimitada.
Alguns juristas entendem que o ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria dos
danos diretos e imediatos – entre eles destacamos Carlos Roberto Gonçalves, Pablo
Stolze Gagliano, Gustavo Tepedino, Gisela Sampaio da Cruz e Rodolfo Pamplona Filho
-, por interpretação do artigo 403 do Código Civil, in verbis: “Ainda que a inexecução
resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros
cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”.
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Os artigos 944 – “A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único:
Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, equitativamente, a indenização” - e 945 do Código Civil: “Se a vítima tiver
concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se
em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano” embasariam a
teoria da causalidade adequada, juntamente com o Enunciado n. 47 do CJF/STJ, da I
Jornada de Direito Civil, que dispõe que “o art. 945 do novo Código Civil, que não
encontra correspondente no Código Civil de 1916, não exclui a aplicação da teoria da
causalidade adequada”.
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imprevisível e inevitável, enquanto a força maior diria respeito ao evento previsível, mas
inevitável – como é o caso dos fatos da natureza.
Diante daquilo que já foi exposto até o presente momento, nos valemos das lições
do civilista fluminense Anderson Schreiber, que ao tratar da relação entre o nexo causal
e o dever de reparação, dispõe:
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Sobre o tema, mister destacar a diferenciação entre dois tipos de nexo de
causalidade: o natural e o jurídico. O primeiro se diferencia do segundo na medida em
que nem tudo que, no mundo dos fatos, é considerado a causa de um evento, o será
considerado, juridicamente, como causa. A definição jurídica de causa é mais restritiva,
pois se assim não o fosse, existira um exagero da responsabilização civil.
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Segundo a melhor doutrina, é possível até mesmo se falar em responsabilidade
objetiva agravada, na qual o nexo de causalidade é dispensado, se exigindo somente
que o dano ocorrido possa ser considerado risco próprio da atividade em causa. E, que
em alguns casos, podemos ter o uso de expedientes mais drásticos, como a
desconsideração de uma excludente de causalidade ou a aplicação de teorias que
possuem como objetivo expandir a margem de discricionariedade do juiz sobre a
responsabilidade civil (SCHREIBER, 2005).
O fortuito interno, ora analisado, possui ligação direta com o risco da atividade
desenvolvida, e sua alegação tem sido considerada insuficiente para interromper o nexo
causal. Se observa, portanto, que tem se exigido nesses casos, para a caracterização da
responsabilidade no caso concreto, um terceiro pressuposto, além das tradicionais
imprevisibilidade e irresistibilidade, qual seja, a externalidade do caso fortuito.
Ainda nessa linha de raciocínio, afirmamos que o fortuito interno não é a única
excludente de responsabilidade que vem sendo relativizada em vistas de assegurar uma
aplicação mais justa da responsabilização, assegurando a vítima o direito de reparação
pelo dano sofrido.
O fato exclusivo da vítima e o fato de terceiro, por muitas vezes, têm sido aplicados
de forma restritiva, mantendo-se assim o nexo de causalidade entre a conduta do agente
responsável e o dano causado. Contudo, nesse tocante é importante distinguir que o fato
exclusivo da vítima não se confunde com a culpa concorrente, situação em que tanto a
vítima quanto o agente concorreram para a realização do dano, sendo a
responsabilização dividida entre os dois.
Para embasar tais decisões, foi considerado que o fato praticado pela vítima
estava dentro de uma margem de previsibilidade e prevenção, o que exclui a
responsabilidade integral da vítima pelo dano gerado. No caso em tela, o fato exclusivo
da vítima foi relativizado com o objetivo de assegurar alguma reparação, levando em
conta a situação fática do país, que muito provavelmente não iria garantir um mínimo
indispensável para o tratamento médico da vítima.
De acordo com tal teoria, o agente que pratica a conduta que causou o dano, deve
ser também responsável pelo dano mais grave que vier a ocorrer, ainda que este
resultado mais grave seja resultado de condições particulares da vítima, como condições
de saúde, predisposições patológicas, entre outros. Um exemplo claro de sua aplicação
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é nos casos em que a vítima é hemofílica, e uma lesão leve acaba resultando em sua
morte.
No direito estrangeiro, tanto em países de common law como nos de civil law, a
adoção do thin skull rule é muito criticada, pois a previsibilidade possui um enorme peso
para a avaliação da responsabilidade, se entendendo que a adoção de tal teoria se
mostraria incongruente; em alguns casos, a previsibilidade do dano seria justamente
requisito para sua reparação (SCHREIBER, 2005).
De acordo com o rigor teórico, quando não for possível identificar o agente
causador do dano, a solução seria pela ausência de responsabilização. Entretanto, a
jurisprudência brasileira é rica em decisões contrárias à ideia de irresponsabilidade:
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Sobre esse assunto, disserta Gisela Sampaio da Cruz:
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Atualmente, no direito alemão, para que surja a responsabilidade coletiva, é
preciso apenas que a relação entre os membros do grupo identificado não seja ocasional,
ou seja, que exista algum tipo de relacionamento entre eles. Preenchido esse requisito,
já seria possível a aplicação da responsabilização solidária.
O ordenamento jurídico pátrio, por sua vez, não possui norma geral que regule o
dano causado por membro indeterminado de um grupo. Entretanto, o artigo 938 do
Código Civil brasileiro traz a aplicação da teoria da causalidade alternativa para uma
situação específica, ao disciplinar que “Aquele que habitar prédio, ou parte dele,
responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar
indevido”.
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Entende-se também que a aplicação de tal teoria no ordenamento brasileiro seria
possível através interpretação extensiva de certas normas, como o artigo 942 do Código
Civil, que disciplina que:
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Não podemos olvidar que a responsabilização alcançou, graças a essa ideia de
flexibilização do nexo causal, agentes perpetradores de abusos que, sem tal erosão,
nunca seriam alcançados, e suas injustiças e efeitos negativos continuariam a ocorrer. A
aplicação da causalidade alternativa traz inúmeras vantagens, como não deixar sem
reparação o dano sofrido pela vítima, a diminuição da onerosidade da indenização, dada
a repartição do prejuízo e, o combate a manobras do grupo que vissem impossibilitar a
identificação do autor.
3 – Análise Jurisprudencial
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Observamos no caso em tela, que o dever de segurança se sobrepôs a todos os
demais acontecimentos, inclusive o próprio fato exclusivo da vítima – de pular de um
escorregador sem observar corretamente a profundidade da piscina, e ainda, de não se
utilizar o escorrega corretamente, e sim para outro fim.
(...)
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3.3 - Objetos lançados da janela de edifícios
1
STJ - REsp: 64682 RJ 1995/0020731-1, Relator: Ministro BUENO DE SOUZA,
Data de Julgamento: 10/11/1998, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ
29/03/1999 p. 180
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Destaca-se no voto proferido pelo Ministro Ruy Rosado de Aguiar:
(...)
(...)
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Essa flexibilização e abrandamento na prova do nexo de causalidade mostra o
intuito da doutrina e, principalmente, da jurisprudência, em assegurar à vítima alguma
reparação pelo dano sofrido. O referido movimento reflete a ampliação do acesso à
justiça, a crescente conscientização do cidadão frente aos seus direitos e a força do
princípio da solidariedade social.
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Conclusão
Para tanto, foi feita uma análise história da Responsabilidade Civil, o seu
surgimento no Direito brasileiro, as alterações sofridas com o decorrer do tempo, seus
pressupostos, suas excludentes e, por fim, do surgimento do instituto da flexibilização,
em principal do nexo de causalidade.
Por derradeiro, é importante frisar, que a maneira pela qual vem sendo perseguida
essa reparação social possui, outrossim, pontos negativos que merecem ser
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mencionados: (i) a ampla margem de discricionariedade dos julgadores, resultando em
um possível cenário de insegurança jurídica; (ii) o fundamento na desgraça da vítima, e
não em uma possibilidade jurídica de imputação – a chamada vitimização social ou blame
culture –, que, muitas vezes, imputa a responsabilidade de tragédias pessoais a outros
indivíduos; e (iii) a erosão das bases da responsabilidade civil, o que pode levar à uma
exagerada expansão do dano ressarcível.
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Referências
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 11ª ed. Rio de
Janeiro: Lúmen Júris, 2004.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil, 10ª ed., São Paulo,
Atlas, 2003.
CRUZ, Gisela Sampaio da. O problema do nexo causal na responsabilidade civil. Rio de
Janeiro: Renovar, 2005.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 19 ed.
São Paulo: Saraiva, 2005.
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 5ª ed. rev. e atual. São Paulo: Revista
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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 29a edição. São Paulo:
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MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 17ª ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2004.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, 20ª ed., Rio de Janeiro,
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REALE, Miguel, Lições preliminares de direito – 25. Ed., São Paulo, Saraiva, 2000.
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SCHREIBER, Anderson, Novos paradigmas da responsabilidade civil: da erosão dos
filtros da reparação à diluição dos danos – 6a ed. – São Paulo: Atlas, 2005.
TEPEDINO, Gustavo. Notas sobre o nexo de causalidade.In: Temas de direito civil, tomo
II. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
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