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O verbo carrega o sujeito de outro quando diz “eu fiz”, mas verbo não é sujeito
de si mesmo, pois verbo não é verbo, e “verbar” ou “verbalizar” são verbos disfarçados
de sujeitos, e falham em mostrar a essência através da aparência.
Quando surge uma frase fotográfica, a língua portuguesa pede ao mais vazio dos
verbos que a verbalize: “é bela esta garota”. “Garota” não é verbo, nem o é “bela”,
“é” não diz nada nem de si nem do outro, mas a fotografia fica bonita, e o verbo vazio
cumpre sua função de silêncio.
O verbo ser é o verbo místico, pois anima o inanimado, e ainda assim não tem
voz. Movimenta a fotografia semântica, sendo ele mesmo um ponto estático.
Muitos se perdem no verbo ser, crendo que ele contenha algum segredo. Mas
seu segredo é ser puro movimento sintático.
O que mais se pode dizer do verbo, que o verbo não tenha dito de si próprio?
O verbo não existe. Está pendurado nas coisas, nas pessoas e nos seres. Nunca se
viu o falar, nunca se cheirou o comer. Há apenas quem come, e há comida. Há apenas
quem fala, e há quem ouve. Mas o verbo não existe.
Se não fosse o verbo, a vida seria um eterno presente sem escapatória. O verbo
mostra a sombra do ontem, o vapor do hoje e o vagalhão do amanhã.