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A estrutura da língua portuguesa

Profª Drª Sandra Aparecida Ferreira

Por: Gabriel Costa Jaloto

Vê-se que todo o funcionamento da língua portuguesa orbita o verbo, ou o


sintagma verbal, e tudo deriva desse relacionamento rotativo entre os vários sintagmas e
o verbo.

Sem um verbo, a vírgula. Pois a importância do verbo é tamanha que se deixa


exprimir na fala uma pequena pausa, chamando a atenção para o significado do que não
está lá.

O verbo exige movimento de uma para outra coisa, ou movimenta-se o sujeito


do verbo para si. O movimento nos fala do tempo, da maneira ou da quantidade de
pessoas. As pessoas também nos falam se falam de si ou se de outras. Mas nada se diz
sobre o espaço, ou sobre o homem e a mulher.

O verbo que mais verbo é tem o sujeito em si e o movimento só acontece no


espaço fora de casa: quando chove, o verbo não diz quem; quando neva, o verbo não diz
quem. Pois a chuva e a neve são sujeitos em si, e se desdobram de si, pois suas ações
são seu próprio corpo; portanto, não levam sujeito além de si mesmas.

Como falar do verbo, fora do verbo mesmo?

O verbo carrega o sujeito de outro quando diz “eu fiz”, mas verbo não é sujeito
de si mesmo, pois verbo não é verbo, e “verbar” ou “verbalizar” são verbos disfarçados
de sujeitos, e falham em mostrar a essência através da aparência.

Nem o verbo é senhor de si próprio, e está sujeito a outrem.

Quando surge uma frase fotográfica, a língua portuguesa pede ao mais vazio dos
verbos que a verbalize: “é bela esta garota”. “Garota” não é verbo, nem o é “bela”,
“é” não diz nada nem de si nem do outro, mas a fotografia fica bonita, e o verbo vazio
cumpre sua função de silêncio.
O verbo ser é o verbo místico, pois anima o inanimado, e ainda assim não tem
voz. Movimenta a fotografia semântica, sendo ele mesmo um ponto estático.

Muitos se perdem no verbo ser, crendo que ele contenha algum segredo. Mas
seu segredo é ser puro movimento sintático.

O que mais se pode dizer do verbo, que o verbo não tenha dito de si próprio?

O verbo não existe. Está pendurado nas coisas, nas pessoas e nos seres. Nunca se
viu o falar, nunca se cheirou o comer. Há apenas quem come, e há comida. Há apenas
quem fala, e há quem ouve. Mas o verbo não existe.

Os verbos mais perfeitos são os sujeitos-verbos: chover, ventar, trovejar. São os


únicos verbos que existem nas coisas, e não pelas coisas. Libertaram-se de suas formas
e criaram autonomia. Mas dependem do Tempo para surgir, crescer e morrer, e assim
não são livres, pois não decidem suas ações.

Muitos se impressionam com o verbo, mas o verbo é o movimento de uma coisa


que deseja alcançar outra.

O verbo costura blocos.

O verbo tem a função de mostrar a passagem do Tempo. O verbo cria, o verbo


mata, o verbo destrói. Mas também renasce, floresce, cresce.

O verbo é pai da vida.

Se não fosse o verbo, a vida seria um eterno presente sem escapatória. O verbo
mostra a sombra do ontem, o vapor do hoje e o vagalhão do amanhã.

O verbo é a memória. O verbo mora no cesto da gávea.

No princípio, era o verbo.

Assis, setembro de 2013

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