Sei sulla pagina 1di 39

Capı́tulo 3

Base e Dimensão

3.1 Dependência Linear

Seja V um espaço vetorial sobre K.

Definição: Um conjunto finito de vetores L = {u1 , u2 , ... , ur } ⊂ V é linearmente


independente (LI) se, e somente se, a única maneira de termos a igualdade

α1 u1 + α1 u2 + ... + αr ur = 0, αi ∈ K,

é tomando α1 = α2 = ... = αr = 0.

Definição: Um conjunto finito de vetores L = {u1 , u2 , ... , ur } ⊂ V é linearmente


dependente (LD) se, e somente se, ele não for LI; ou seja, é possı́vel uma igualdade do tipo

α1 u1 + α1 u2 + ... + αr ur = 0, αi ∈ K,

para escalares α1 , α2 , ... , αr não todos nulos.

Definição: Um conjunto infinito de vetores L = {u1 , u2 , ... , ur , . . .} ⊂ V é

linearmente independente (LI) se, e somente se, todo subconjunto finito de L é LI.

linearmente dependente (LD) se, e somente se, L contém um subconjunto finito LD.

Convenção: ∅ ⊆ V é LI.

45
Álgebra Linear - Notas de Aula 46

Exemplos:

1. S = ∅ é LI, por convenção.

2. O conjunto S = {i, j, k} ⊂ V3 é LI.

3. • S1 = {1} ⊂ R é LI.

• S2 = {(1, 0), (0, 1)} ⊂ R2 é LI.

• S3 = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} ⊂ R3 é LI.

• De um modo geral, o conjunto de n elementos Sn = {(1, 0, ... , 0), (0, 1, ... , 0), ... ,
(0, 0, ... , 1)} ⊂ Rn é LI.

4. .
• Em (C, +, )C o subconjunto S = {1} ⊂ C é LI.
.
Note que: Em (C, +, )C , uma combinação linear de S = {1} é do tipo (a +
bi) . 
1 .
escalar vetor

.
• Em (C2 , +, )C o subconjunto S = {(1, 0), (0, 1)} ⊂ C2 é LI.

.
• De um modo geral, no espaço vetorial complexo (Cn , +, )C o subconjunto de n
elementos S = {(1, 0, ... , 0), (0, 1, ... , 0), (0, 0, ... , 1)} ⊂ Cn é LI.

5. .
• Em (C, +, )R o subconjunto de dois elementos S = {1, i} ⊂ C é LI.
.
Note que: Em (C, +, )R , uma combinação linear dos vetorres de S = {1, i} é do tipo
a . 
 1 +  i , para a, b ∈ R.
b . 
escalar vetor escalar vetor

.
• Em (C2 , +, )R o subconjunto de quatro elementos S = {(1, 0), (0, 1), (i, 0),
(0, i)} ⊂ C2 é LI.

.
• De um modo geral, no espaço vetorial real (Cn , +, )R o subconjunto de 2n elementos
S = {(1, 0, ... , 0), (0, 1, ... , 0), (0, 0, ... , 1), (i, 0, ... , 0), (0, i, ... , 0), (0, 0, ... , i)} ⊂
⊂ Cn é LI.
Álgebra Linear - Notas de Aula 47

       
1 0 0 1 0 0 0 0
6. Em M2 (R) o subconjunto S = , , , é LI.
0 0 0 0 1 0 0 1

Generalização: Em Mm×n (R) o seguinte subconjunto de m.n matrizes reais é LI:

      

 1 0 0 ··· 0 0 1 0 ··· 0 0 0 0 ··· 0 


 ···   ···   ··· 0 

 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0  
S= 
 0. 0 0 ··· 0 ,
 0. 0 0 ··· 0 ,···,
 0. 0 0 ··· 0 .

 .. .. .. ... ..   .. .. .. ... ..   .. .. .. ... ..  


 . . . . . . . . . 

 
0 0 0 ··· 0 m×n 0 0 0 ··· 0 m×n 0 0 0 ··· 1 m×n

7. Em M2 (C), temos:

• considerando
 M2 (C)
 como
 espaço
  vetorial
 complexo,
 o subconjunto de quatro ele-
1 0 0 1 0 0 0 0
mentos S = , , , ⊂ M2 (C) é LI.
0 0 0 0 1 0 0 1

• considerando
  M2 (C)como
 espaço
  vetorial
 real, 
o subconjunto
   de oito
 elementos

1 0 0 1 0 0 0 0 i 0 0 i 0 0 0 0
S= , , , , , , , ⊂
0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 i 0 0 i
⊂ M2 (C) é LI.

• De um modo geral, considerando Mm×n (C) considerado como espaço vetorial complexo
é possı́vel encontrar um subconjunto LI, formado por m.n matrizes e considerado como
espaço vetorial real é possı́vel encontrar um subconjunto LI, formado por 2.m.n matrizes.
Escreva estes subconjuntos!!!

8. • Em P 1 (R) = {p(t) = a0 + a1 t : a0 , a1 ∈ R} o subconjunto S = {1, t} ⊂ P 1 (R) é


LI.

• Em P 2 (R) = {p(t) = a0 + a1 t + a2 t2 : a0 , a1 , a2 ∈ R} o subconjunto S = {1, t,


t2 } ⊂ P 2 (R) é LI.

• De um modo geral, em P n (R) = {p(t) = a0 + a1 t + ... + an tn : a0 , a1 , ... , an ∈ R}


o subconjunto S = {1, t, t2 , ... , tn } ⊂ P n (R) é LI.

Note que: O subconjunto linearmente independente S de P n (R) possui n + 1 elementos.


Álgebra Linear - Notas de Aula 48

Exercı́cio 1: Verificar se os seguintes subconjuntos do R3 são linearmente independentes :

a. L1 = {(1, 1, 0), (1, 4, 5), (3, 6, 5)}

b. L2 = {(1, 2, 3), (1, 4, 9), (1, 8, 27)}

c. L3 = {(1, 2, 1), (2, 4, 2), (5, 10, 5)}

d. L4 = {(1, 2, 4), (2, 4, 1), (6, 3, 1)}

Solução: Vamos resolver apenas o item (d). Os outros itens são deixados como exercı́cios para
o leitor.

d. Se a(1, 2, 4) + b(2, 4, 1) + c(6, 3, 1) = (0, 0, 0), então


 a+2b+6c=0
S: 2a+4b+3c=0

4a + b + c=0

Escalonando o sistema S temos


 
 a+2b+6c=0  a+2 b+6 c=0
−9 c = 0 ∼ b + 23
7
c=0
 
−7 b − 23 c = 0 c=0

Portanto a única solução de S é a terna (a, b, c) = (0, 0, 0), o que mostra que L4 é L.I.

Exercı́cio 2: Estude a dependência linear dos seguintes subconjuntos de P 4 (R) :

a. L1 = {1, x - 1, x2 + 2 x + 1 , x2 }.

b. L2 = {x4 + x - 1 , x3 - x + 1 , x2 - 1}.

Exercı́cio 3: Determine m para que o conjunto de vetores L = {(3, 5m, 1), (2, 0, 4),
( 1, m, 3)} do espaço R3 seja L.I.

Solução: Para que L seja LI é preciso que a única solução do sistema linear homogêneo


 3a+2b+ c=0
5ma + mc=0

a+4b +3c=0
Álgebra Linear - Notas de Aula 49

seja a trivial (0, 0, 0) e para que isto aconteça o sistema deve ser compatı́vel determinado.
Escalonando o sistema temos

  
 a+4b +3c= 0  a+4b +3c=0  a+4b +3c=0
−10 b − 8 c = 0 ∼ −10 b − 8 c = 0 ∼ −10 b − 8 c = 0
  
−20 m b − 14m c = 0 2mc=0 mc=0

e assim o sistema só é compatı́vel determinado quando m = 0.

Execı́cio 4: Mostre que é L.D. o conjunto de matrizes

       
1 2 −1 2 0 2 1 3
L = , , , .
1 0 −3 −2 0 0 2 1

Propriedades da dependência linear

Seja V um espaço vetorial sobre K.

P1 . Se um conjunto L ⊂ V contém o vetor nulo, então este conjunto é LD.


De fato: Seja L = {u1 , u2 , . . ., un , 0}. Então: 0.u1 + 0.u2 + . . . + 0.un + 1.0 = 0; isto
é, o vetor nulo se escreve como combinação linear dos vetores u1 , u2 , . . ., un , 0 sem que
todos os escalares sejam nulos.

P2 . Se L = {u} ⊂ V e u = 0, então L é LI.


De fato: Basta ver que: αu = 0 ⇐⇒ α = 0 ou u = 0 e como por hipótese u = 0, segue
que α = 0 e portanto {u} é LI.

P3 . Se L = {u1 , u2 , ... , ur } ⊂ V é LD, então um dos seus vetores é combinação linear dos
demais.
De fato: De L ser LD, segue que existem α1 , α2 , . . ., αr ∈ R, não todos nulos, tais que
α1 u1 + α2 u2 + . . . + αr ur = 0. Podemos, sem perda de generalidade, supor que α1 = 0
e, portanto:

u1 = - αα21 u2 - αα31 u3 - . . . - αα1r ur ;

isto é, u1 se escreve como combinação linear de u2 , u3 , . . ., ur .


Álgebra Linear - Notas de Aula 50

P4 . Sejam L1 ⊂ L2 subconjuntos finitos e não vazios de V.


[a.] Se L1 é LD então L2 também é LD.
[b.] Se L2 é LI então L1 também é LI.
De fato: Suponhamos que L1 = {u1 , u2 , . . ., ur } e que L2 = {u1 , u2 , . . ., ur , ur+1 , . . ., un }.
(a) De L1 ser LD, segue (de P3 ) que um de seus vetores, por exemplo u1 , é combinação
linera dos vetores restantes; isto é, existem escalares α2 , α3 , . . ., αr tais que

u1 = α2 u2 + α3 u3 + . . . + αr ur ;

e portanto u1 = α2 u2 + α3 u3 + . . . + αr ur + 0.ur+1 + . . . + 0.un


ou seja, u1 é combinação linear dos vetores u2 , u3 , . . ., ur , ur+1 , . . ., un , o que mostra que
L2 é LD.

(b) Suponhamos que α1 u1 + α2 u2 + α3 u3 + . . . + αr ur = 0. Logo,

α1 u1 + α2 u2 + α3 u3 + . . . + 0.ur + . . . + 0.un = 0

e como L2 é LI, segue que α1 = α2 = . . . = αr = 0, o que conclui a prova de que L1 é LI.

P5 . Se L = {u1 , u2 , ... , ur } ⊂ V é LI e L ∪ {u} é LD, para um vetor u ∈ V, então o vetor


u é combinação linear dos vetores de L.
De fato: De L ∪ {u} ser LD, segue que existem escalares α1 , α2 , . . ., αr , α, não todos
nulos tais que α1 u1 + α2 u2 + . . . + αr ur + αu = 0. Suponhamos, por absurdo, que
α = 0. Então: α1 u1 + α2 u2 + . . . + αr ur = 0 e como por hipótese L = {u1 ,u2 , ... ,ur }
é LI, segue que α1 = α2 = . . . = αr = 0, o que contraria o fato dos escalares não serem
todos nulos. Logo, α = 0 e daı́ segue que u é combinação linear dos demais vetores.

P6 . Se L = {u1 , u2 , ... , ur } ⊂ V e uj ∈ [ L - {uj } ], então [L] = [L - {uj }].


De fato: Podemos supor, sem perda de generalidade, que j = 1; isto é, u1 ∈ [ L - {u1 } ].
Logo, existem escalares α2 , α3 , . . ., αr tais que

u1 = α2 u2 + α3 u3 + . . . + αr ur (∆)

Mostremos que [ L ] = [ L - {u1 } ]. Esta última igualdade é uma igualdade de conjuntos


e portanto, para mostrar a sua validade, devemos provar que são verdadeiras as duas
inclusões a seguir:

[1.] [ L ] ⊂ [ L - {u1 } ].
Dado v ∈ [ L ], provemos que v ∈ [ L - {u1 } ]:
Álgebra Linear - Notas de Aula 51

v = β 1 u1 + β 2 u2 + . . . + βr ur

= β 1 (α2 u2 + α3 u3 + . . . + αr ur ) + β 2 u2 + . . . + βr ur
= (β 1 α2 + β 2 )u2 + (β 1 α3 + β 3 )u3 + . . . + (β 1 αr + βr )ur ; ou seja, é possı́vel escrever
v como combinação linear dos elementos de L - {u1 }.

[2.] [ L - {u1 } ] ⊂ [ L ].
Como L - {u1 } ⊆ L, a inclusão pretendida segue imediatamente da propriedade P2 da
página 38.

Exemplo: Considere L = {(1, 2, 1, 0), (-1, 2, -1, -2), (0, 2, 0, 0), (1, 3, 1, 1)} ⊂ R4 . É fácil
verificar que L é LD, uma vez que

(-1, 2, -1, -2) = 1 (1, 2, 1, 0) + 3 (0, 2, 0, 0) - 2 (1, 3, 1, 1)

Determine [ L ] e [ L-{ (-1, 2, -1, -2)}] = [(1, 2, 1, 0), (0, 2, 0, 0), (1, 3, 2, 1)]. Mostre que

L = {(1, 2, 1, 0), (0, 2, 0, 0), (1, 3, 1, 1)} é um conjunto LI de vetores.

Basta notar que (0, 0, 0, 0) é a única solução do sistema


 x + z = 0  

  x + z = 0  x =0
2x + 2y + 3z = 0
∼ 2y + z = 0 ∼ 2y =0

 x + z = 0  
 z = 0 z=0
z = 0

Exercı́cios
1. Dados os vetores u = (a1 , a2 , a3 ), v = (b1 , b2 , b3 ) e w = (c1 , c2 , c3 ) do R3 , considere os
vetores u′ = (a1 , a2 ), v′ = (b1 , b2 ) e w′ = (c1 , c2 ). Supondo que {u′ , v′ } seja LI, segue que
existem escalares α e β tais que w′ = α u′ + β v′ .

(a) Prove que: {u, v, w} é LD se, e somente se, w = α u + β v (com os mesmos α e β).

(b) Use o critério obtido no item (a) para determinar se os vetores u, v, w abaixo são LI
ou LD:

(i) u = (1, 2, 3), v = (1, 3, 2), w = (-1, 2, 3)

(ii) u = (1, 2, 3), v = (1, 3, 2), w = (1, 4, 1)


Álgebra Linear - Notas de Aula 52

     
1 1 1 0 1 1
2. Mostre que as matrizes A = , B= e C= são LI.
0 0 0 1 1 1

3. Mostre que os polinômios: p(x) = x3 - 5 x2 + 1, q(x) = 2 x4 + 5 x - 6 e


r(x) = x2 - 5 x + 2 são LI.

4. Seja X um conjunto de polinômios. Se quaisquer dois polinômios pertencentes a X têm


graus diferentes, prove que X é LI.

5. Seja P3 (R) o espaço vetorial dos polinômios de grau  3. Estude a dependência linear dos
polinômios: p(x) = x3 - 3 x 2 + 5 x - 1, q(x) = x3 - x 2 + 6 x + 2 e r(x) = x3 - 7 x 2 + 4 x.

6. Mostre que os vetores u = (1, 1, 1), v = (1, 2, 1) e w = (2, 1, 2) são LD.

7. Assinale V(erdadeiro) ou F(also) quanto à validez da afirmação: “A união de dois subcon-


juntos LI de um espaço vetorial V é ainda um conjunto LI.”

( ) Sempre ( ) Nunca ( ) Quando um deles é disjunto do outro

( ) Quando um deles é parte do outro

( ) Quando a intersecção entre os subespaços gerados por eles se reduz ao vetor nulo.

8. Ache uma solução não-trivial para o sistema homogêneo:


 x1 + 2 x2 + 3 x3 + 4 x4 = 0
S : 2 x1 + x2 + x3 − x4 = 0

3 x1 − 2 x2 + x3 − 2 x4 = 0

A partir daı́, obtenha uma combinação linear nula dos vetores v1 = (1, 2, 3), v2 = (2, 1, -2),
v3 = (3, 1, 1) e v4 = (4, -1, -2), na qual os coeficientes não são todos iguais a zero.

9. Prove que L = {1, ex , e2x , e3x , e4x } é um conjunto LI no espaço C ∞ (R).

(Sugestão: dada uma combinação linear nula, derive-a, depois divida por ex e prossiga.)

10. Se os vetores v1 , v2 , ... , vm são LI, prove que os vetores v1 , v2 - v1 , ... , vm - v1 também
são LI. Vale a recı́proca?

11. Verifique se os conjuntos A, B e C geram o mesmo subespaço do R3 , sendo:

A = {(1, 1, 5), (2, 3, 13)}, B = {(1, -1, -2), (3, -2, -3)}, C = {(1, -1, -1), (4, -3, -1), (3, -1, 3)}.

12. Mostre que os subespaços U = [u1 , u2 , u3 ] e W = [w1 , w2 , w3 ] do R3 são iguais, sabendo


que u1 = (1, 1, -1), u2 = (2, 3, -1), u3 = (3, 1, -5), w1 = (1, -1, -3), w2 = (3, -2, -8),
w3 = (2, 1, -3).
Álgebra Linear - Notas de Aula 53

3.2 Base de um Espaço Vetorial Finitamente Gerado

Introduziremos, a seguir, uma definição essencial e de muitas aplicações em espaços vetoriais


finitamente gerados. Este conceito, juntamente com o Teorema da Invariância (que veremos
em breve), nos levarão à noção de um importante invariante numérico de espaços vetorias
finitamente gerados.

Definição: Seja V um espaço vetorial finitamente gerado. Uma base de V é um subconjunto


finito B ⊂ V tal que

a. [ B ] = V.

b. B é linearmente independente.

Exemplos:

1. B = ∅ é uma base do espaço trivial nulo V = { 0 }.

2. O conjunto B = {i, j, k} ⊂ V3 é uma base de V3 .

3. • B1 = {1} ⊂ R é uma base de R.

• B2 = {(1, 0), (0, 1)} ⊂ R2 é uma base de R2 .

• B3 = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} ⊂ R3 é uma base de R3 .

• De um modo geral, o conjunto de n elementos Bn = {(1, 0, ... , 0), (0, 1, ... , 0), ... ,
(0, 0, ... , 1)} ⊂ Rn é uma base de Rn .

4. .
• Em (C, +, )C o subconjunto B1 = {1} ⊂ C é uma base de C.

.
• Em (C2 , +, )C o subconjunto B2 = {(1, 0), (0, 1)} ⊂ C2 é uma base de C2 .

.
• De um modo geral, no espaço vetorial complexo (Cn , +, )C o subconjunto de n
elementos Bn = {(1, 0, ... , 0), (0, 1, ... , 0), (0, 0, ... , 1)} ⊂ Cn é uma base de Cn .
Álgebra Linear - Notas de Aula 54

5. .
• Em (C, +, )R o subconjunto de dois elementos B1 = {1, i} ⊂ C é uma base.

.
• Em (C2 , +, )R o subconjunto de quatro elementos B2 = {(1, 0), (0, 1), (i, 0),
(0, i)} ⊂ C2 é uma base.

.
• De um modo geral, no espaço vetorial real (Cn , +, )R o subconjunto de 2n elementos
Bn = {(1, 0, ... , 0), (0, 1, ... , 0), (0, 0, ... , 1), (i, 0, ... , 0), (0, i, ... , 0), (0, 0, ... , i)} ⊂
⊂ Cn é uma base.

       
1 0 0 1 0 0 0 0
6. Em M2 (R) o subconjunto B = , , , é uma base.
0 0 0 0 1 0 0 1

Generalização: Em Mm×n (R) o seguinte subconjunto de m.n matrizes reais é uma base:

      

 1 0 0 ··· 0 0 1 0 ··· 0 0 0 0 ··· 0 


 0 0 0 ··· 0 0 0 0 ··· 0 0 0 0 ··· 0 

      
B= 
 0. 0 0 ··· 0  ,
 0. 0 0 ··· 0  ,···,
 0. 0 0 ··· 0  .

 .. .. .. ... ..   .. .. .. ... ..   .. .. .. ... ..  


 . . . . . . . . . 

 
0 0 0 ··· 0 m×n 0 0 0 ··· 0 m×n 0 0 0 ··· 1 m×n

7. Em M2 (C), temos:

• considerando
 M2 (C)
 como
 espaço
  vetorial
 complexo,
 o subconjunto de quatro ele-
1 0 0 1 0 0 0 0
mentos B = , , , ⊂ M2 (C) é uma base.
0 0 0 0 1 0 0 1

• considerando
  M2 (C)como
 espaço
  vetorial
 real, o subconjunto
   de oito
 elementos

1 0 0 1 0 0 0 0 i 0 0 i 0 0 0 0
B= , , , , , , , ⊂
0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 i 0 0 i
⊂ M2 (C) é uma base.

• De um modo geral, considerando Mm×n (C) considerado como espaço vetorial complexo
é possı́vel encontrar um subconjunto LI, formado por m.n matrizes e considerado como
espaço vetorial real é possı́vel encontrar um subconjunto LI, formado por 2.m.n matrizes.
Escreva estes subconjuntos!!!
Álgebra Linear - Notas de Aula 55

8. • Em P 1 (R) = {p(t) = a0 + a1 t : a0 , a1 ∈ R} o subconjunto B = {1, t} ⊂ P 1 (R)


é uma base.

• Em P 2 (R) = {p(t) = a0 + a1 t + a2 t2 : a0 , a1 , a2 ∈ R} o subconjunto B = {1, t,


t2 } ⊂ P 2 (R) é uma base.

• De um modo geral, em P n (R) = {p(t) = a0 + a1 t + ... + an tn : a0 , a1 , ... , an ∈ R}


o subconjunto B = {1, t, t2 , ... , tn } ⊂ P n (R) é uma base.

Note que: A base B de P n (R) possui n + 1 elementos.

Observações: Seja B uma base de um K-espaço vetorial finitamente gerado V. Então:

1. Como [ B ] = V, todo vetor v ∈ V é uma combinação linear dos vetores de B, isto é,
se B = {u1 , u2 , ... , un }, então existe uma n-upla de escalares (α1 , α2 , ..., αn ), αi ∈ K,
i = 1, 2, ... , n, tais que v = α1 u1 + α2 u2 + ... + αn un .

2. Para cada vetor v ∈ V, a n-upla encontrada no item anterior é única.


De fato: Suponhamos que, para um dado v ∈ V, tenhamos:

v = α1 u1 + α2 u2 + ... + αn un = β1 u1 + β2 u2 + ... + βn un

Então:
(α1 − β1 ) u1 + (α2 − β2 ) u2 + ... + (αn − βn ) un = 0

e como B = {u1 , u2 , ..., un } é base de V, segue que

α1 − β1 = α2 − β2 = . . . = αn − βn = 0

e portanto

α1 = β1 ; α2 = β2 ; . . . ; αn = βn

Definição: Os escalares α1 , α2 , ..., αn são chamados de coordenadas do vetor v em relação à


base B. Denotamos por: [v]B = (α1 , α2 , ... , αn ).

Algumas vezes é conveniente associarmos às coordenadas de um vetor v em uma base B uma
matriz coluna n × 1, chamada matriz das coordenadas de v na base B,
Álgebra Linear - Notas de Aula 56

 
α1
 α2 
[v]B =  
 ... 
αn B

3
Exercı́cio 1: Encontre, respectivamente 
nas bases
 canônicas de R , M2 (R) e P 2 (R), a matriz
1 0
das coordenadas dos vetores: (1, 3, 2), e 5 + 2 t + t2 .
3 2

Solução: (a) Comecemos escrevendo o vetor v = (1, 3, 2) como combinação linear da base
canônica C = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} do R3 ; isto é,

(1, 3, 2) = a.(1, 0, 0) + b.(0, 1, 0) + c.(0, 0, 1) ⇐⇒ (1, 3, 2) = (a, b, c)

Logo, pela definição de igualdade de ternas ordenadas, que a = 1, b = 3 e c = 2. Assim:


 
1
[v]C = [(1, 3, 2)]C =  3
2 C

(b) Seja, agora, C a base canônica de M2 (R) e suponhamos que


         
1 0 1 0 0 1 0 0 0 0
A = = a. + b. + c. + d.
3 2 0 0 0 0 1 0 0 1

   
1 0 a b
Ou seja: = , o que implica, pela definição de igualdade de matrizes,
3 2 c d

em a = 1, b = 0, c = 3 e d = 2, e, dessa forma,
 
1
0
[A]C = (1, 0, 3, 2)C = 3

2 C

(c) Finalmente, sejam C a base canônica de P 2 (R) e p(t) = 5 + 2 t + t2 . Então:

p(t) = 5 + 2 t + t2 = a.1 + b.t + c.t2 ⇐⇒ a = 5, b = 2 e c = 1.


 
5
Ou seja: [p(t)]C = (5, 2, 1)C =  2
1 C
Álgebra Linear - Notas de Aula 57

Exercı́cio 2: Mostre que o conjunto B = {1, 1 + t, 1 + t2 , 1 + t3 } é uma base de P 3 (R).

Solução: Devemos mostrar que B gera P 3 (R) e que B é LI.

a. B gera P 3 (R); isto é, [ B ] = P 3 (R):

Seja p(t) = a0 + a1 t + a2 t2 + a3 t3 ∈ P 3 (R) um polinômio qualquer. Então

a0 + a1 t + a2 t2 + a3 t3 = α (1) + β (1 + t) + γ (1 + t2 ) + δ (1 + t3 )

se, e somente se, a0 = α + β + γ + δ, a1 = β, a2 = γ e a3 = δ. Logo α = a0 - a1 - a2 - a3 ,


β = a1 , γ = a2 e δ = a3 , e portanto, p(t) é a combinação linear dos vetores de B,

p(t) = (a0 − a1 − a2 − a3 ) (1) + (a1 ) (1 + t) + (a2 ) (1 + t2 ) + (a3 ) (1 + t3 )

b. B é LI:

Se a.1 + b.(1 + t) + c.(1 + t2 ) + d.(1 + t3 )= 0, então a + b + c + d = 0, b = 0, c = 0


e d = 0, e portanto, a = b = c = d = 0.

Considere agora o vetor p(t) = 4 + t + 3 t2 - 2 t3 . Se

4 + t + 3 t2 - 2 t3 = a.1 + b.(1 + t) + c.(1 + t2 ) + d.(1 + t3 )


 
2
 1 
então a matriz das coordenadas de p(t) na base B é  3
.

−2

       
1 1 2 1 0 1 0 0
Exercı́cio: Mostre que B = , , , é uma base de M2 (R).
0 0 0 0  1 0
 0 2
1 2
Qual é a matriz das coordenadas do vetor nesta base ?
2 3

O resultado seguinte é um importante passo para a demonstração do Teorema da Invariância


e da consequente definição de dimensão de espaço vetorial finitamente gerado.

Proposição: Todo espaço finitamente gerado admite uma base.

Prova: Seja V um espaço vetorial finitamente gerado. Se V = {0}, então ∅ é uma base de
V, conforme convencionado anteriormente. Suponhamos, então, V = {0}. Então, existe um
subconjunto finito e não vazio L ⊂ V tal que V = [ L ]. Como L = ∅, segue que existem
subconjuntos de L que são não vazios e LI. Seja B um destes subconjuntos, com a propriedade
de ter o maior número possı́vel de elementos.
Álgebra Linear - Notas de Aula 58

Afirmamos que B é uma base de V.

De fato: Dado u ∈ L - B, o conjunto B ∪ {u} é LD (pela maneira como foi definido o


conjunto B). Logo, u é combinação linear dos elementos de B. Pela propriedade P6 , conclui-se
que [ B ] = [ L ] = V. Como, além disso, B é LI, segue que B é uma base de V.

Exercı́cios
1. Mostre que os vetores u= (1, 1) e v = (-1, 1) formam uma base do R2 . Exprima cada um
dos vetores e1 = (1, 0) e e2 = (0, 1) como combinação linear dessa base.

2. Seja B = {u1 = (2, 1), u2 = (1, -1)} uma base do R2 . Encontre as coordenadas do vetor
v = (a, b) em relação à base B. Idem para u = (3, 5) e w = (1, 1).

3. Mostre que os vetores u = (1, 1, 1), v = (1, 2, 3) e w = (1, 4, 9) formam uma base de R3 .
Exprima os vetores e1 , e2 , e3 da base canônica do R3 como combinação linear de u, v e w.

4. Determinar as coordenadas do vetor u = (4, -5, 3) ∈ R3 em relação às seguintes bases:


(a) canônica; (b) {(1, 1, 1), (1, 2, 0), (3, 1, 0)}; (c) {(1, 2, 1), (0, 3, 2), (1, 1, 4)}.
 
2 3
5. Considere o vetor A = do espaço vetorial M2 (R). Encontre o vetor das coorde-
4 −7
nadas de A em relação à base canônica de M2 (R).
     
1 −1 4 1 3 −2
6. Seja B = , , uma base do espaço vetorial das matrizes
−1 2 1 0 −2 1
reais simétricas 
de ordem 2. Ache o vetor das coordenadas
  da matriz A em relação à base B,
1 −5 1 2
para: (a) A = (b) A =
−5 5 2 4

7. Mostre que os polinômios 1, x - 1, e x2 - 3 x + 1 formam uma base de P2 (R). Exprima o


polinômio p(x) = 2 x2 - 5 x + 6 como combinação linear dessa base.

8. Determinar as coordenadas do polinômio p(t) = t3 em relação à base B de P 3 (R), dada por:


B = {1, 2 - t, t2 + 1, 1 + t + t3 }.

9. Seja B = {1, 1 - t, (1 - t)2 , (1 - t)3 } um subconjunto de P3 (R).

(a) Mostre que B é uma base de P3 (R).

(b) Ache as coordenadas do vetor u em relação à base B, sendo u = 2 - 3 t + t2 + 2 t3 .

(c) Considere agora a base D = {1, t + 1, t2 + t, t3 + t2 }. Ache as coordenadas do vetor


u do item anterior em relação à base D.

10. Exiba uma base para cada um dos seguintes subespaços do R4 :


Álgebra Linear - Notas de Aula 59

F = {(x, y, z, t) ∈ R4 : x = y = z = t} G = {(x, y, z, t) ∈ R4 : x = y e z = t}

H = {(x, y, z, t) ∈ R4 : x = y = z } K = {(x, y, z, t) ∈ R4 : x + y + z + t = 0}

11. Se V = S1 ⊕ S2 , B1 é uma base de S1 e B2 é uma base de S2 , prove que B1 ∪ B2 é uma


base de V.

12. Em um espaço vetorial V, considere os vetores u, v LI e seja λ = 0 um escalar. Prove que


o conjunto de dois elementos B = {v, v + λu} é uma base para o subespaço S gerado pelos
vetores v, v + u, v + 2u, ... , v + αu, ... .

3.3 O Teorema da Invariância

Demonstraremos, nesta seção um importante teorema da Álgebra Linear, que nos levará à
definição de dimensão de um espaço vetorial finitamente gerado. Começaremos demonstrando
três resultados auxiliares.

Lema 1: Seja B = {u1 , u2 , .. , un } uma base de um espaço vetorial finitamante gerado V.


Se u ∈ V é tal que u = α1 u1 + α2 u2 + ... + αi ui + ... + αn un , com αi = 0, então o
subconjunto C = {u1 , ... , ui−1 , u, ui+1 , ... , un } também é uma base de V.

Prova: Apenas para facilitar o trabalho com os ı́ndices, podemos supor, sem perda de genera-
lidade, i = 1; isto é, u ∈ V é tal que u = α1 u1 + α2 u2 + ... + αi ui + ... + αn un , sendo
α1 = 0. Mostremos que C = {u, u2 , ... , un } é base de V.

(a) C gera V:

Como α1 = 0, segue que u1 = β u + β 2 u2 + ... + βn un , sendo β = α1 −1 e βi = - α1 −1 .αi ,


para i = 2, 3, ..., n. Dessa forma, dado um elemento arbitrário v ∈ V, como B é base de V,
existem escalares γ 1 , γ 2 , ... , γn tais que v = γ 1 u1 + γ 2 u2 + ... + γn un e, portanto,

v = γ 1 (β u + β 2 u2 + ... + βn un ) + γ 2 u2 + ... + γn un

= (γ 1 β) u + (γ 1 β 2 + γ 2 ) u2 + (γ 1 β 3 + γ 3 ) u3 + ... + (γ 1 βn + γn ) un

o que mostra que v ∈ V é combinação linear dos elementos de C e, portanto, C gera V.

(b) C é LI

Suponhamos que λ u + λ2 u2 + ... + λn un = 0, sendo λ, λi escalares, para i = 2, 3, ..., n.


Então: λ (α1 u1 + α2 u2 + ... + αi ui + ... + αn un ) + λ2 u2 + ... + λn un = 0 e, portanto,
(λ α1 ) u1 + (λ α2 + λ2 ) u2 + ... + (λ αn + λn ) un = 0. Como B = {u1 , u2 , ... , un } é LI,
segue que λ α1 = λ α2 + λ2 = ... = λ αn + λn = 0. Mas de λ α1 = 0 e da hipótese
α1 = 0, segue que λ = 0, o que implica que também λ2 = λ3 = ... = λn = 0.
Álgebra Linear - Notas de Aula 60

Lema 2: Seja V um espaço vetorial finitamente gerado e suponhamos V admita uma base
com n vetores. Então, se B = {u1 , u2 , ... , un } ⊂ V é um subconjunto LI com n vetores, B
também é uma base de V.

Prova: Seja C = {v1 , v2 , ... , vn } a base de V com n elementos. Então todo vetor de V pode
ser escrito como uma combinação linear dos elementos de C. Em particular, existem escalares
α1 , α2 , ... , αn tais que u1 = α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn . Como B é LI e u1 ∈ B, um destes
escalares deve ser não nulo. Suponhamos, sem perda de generalidade, que α1 = 0. Pelo Lema
1, temos que B1 = {u1 , v2 , ... , vn } é uma base de V. Logo, o vetor u2 , por ser um elemento
de V, se escreve como combinação linear de B1 ; ou seja, existem escalares β 1 , β 2 , ..., βn de
modo que u2 = β 1 u1 + β 2 v2 + ... + βn vn . Novamente não é possı́vel que β 2 = β 3 = ...
= βn = 0, pois se isto ocorresse, terı́amos u2 = β 1 u1 e, portanto {u1 , u2 } seria LD, contra a
hipótese de B ser LI. Desa forma, um dos escalares β 2 , β 3 , ... , βn é não nulo. Suponhamos,
por exemplo, β 2 = 0. Pelo Lema 1, B2 = {u1 , u2 , v3 , ... , vn } é uma base de V. Repetindo o
raciocı́nio anterior mais (n - 3) vezes, concluı́mos que B = {u1 , u2 , ... , un } é uma base de V.

Lema 3: Seja V um espaço vetorial finitamente gerado e suponhamos que V admita uma base
com n vetores. Então, todo subconjunto de V que seja LI tem, no máximo, n vetores.

Prova: Suponha que exista um subconjunto S = {u1 , u2 , ... , un , un+1 , ... , ut } ⊂ V


contendo t > n vetores e que S que seja LI. Então: B = {u1 , u2 , ... , un } é um subconjunto
de V com n vetores LI e portanto, pelo Lema 2, B é uma base de V. Desta forma, existem
escalares α1 , α2 , ... , αn tais que un+1 = α1 u1 + α2 u2 + ... + αn un , de onde segue que
α1 u1 + α2 u2 + ... + αn un - 1. un+1 = 0, contra a hipótese de S ser LI. Logo, S é LD.

Teorema da Invariância: Se V é um espaço finitamente gerado, então duas bases quaisquer


de V têm o mesmo número de vetores.

Prova: Sejam B = {u1 , u2 , ... , un } e C = {v1 , v2 , ... , vm } duas bases arbitrárias de V.


Como B é base de V e C é LI, segue que m  n. Analogamente, C é base de V e B é LI implica
em n  m. Logo: m  n  m e, portanto, m = n.

Definição: Seja V um espaço vetorial finitamente gerado. Chamamos de dimensão de V,


e denotamos por dim V, o número de vetores de qualquer uma de suas bases. Dizemos
também que V é um espaço vetorial de dimensão finita.

Da definição acima e dos exemplos anteriormente vistos, segue que:

1. dim {0} = 0.

2. dim V3 = 3.
Álgebra Linear - Notas de Aula 61

3. dim R = 1, dim R2 = 2, dim R3 = 3,


e, de um modo geral, dim Rn = n.

4. dimC C = 1, dimC C2 = 2,
e, de um modo geral, dimC Cn = n.

5. dimR C = 2, dimR C2 = 4,
e, de um modo geral, dimR Cn = 2 n.

6. dim M2 (R) = 4, e, de um modo geral, dim Mm×n (R) = mn.

7. dimC M2 (C) = 4, dimR M2 (C) = 8,


De um modo geral, dimC Mm×n (C) = mn
e dimR Mm×n (C) = 2mn.

8. dim P 1 (R) = 2, dim P 2 (R) = 3, e, de um modo geral, dim P n (R) = n + 1.

Note que: A dimensão do espaço vetorial P n (R) é n + 1.

Exemplo 1: Determinar uma base e a dimensão do espaço WS solução do sistema linear


 x − y − z − t=0
S : 3 x− y+2 z−4t =0

2 y+5 z+t =0

Solução: Escalonando o sistema temos


 x − y − z − t=0
2y + 5z−t =0

−2 t = 0

Logo WS = {(x,y,z,t) / t = 0, x = − 32 z, y = − 52 z }, isto é, WS = {(− 32 z, − 52 z, z, 0)


/ z ∈ R}. Portanto WS = [(− 32 , − 52 , 1, 0)].

Como B = {(− 32 , − 52 , 1, 0)} é LI temos que B é uma base de WS , e portanto dim WS = 1.


Álgebra Linear - Notas de Aula 62

Observação: No exemplo anterior, ao escalonarmos o sistema linear homogêneo S, obtivemos


um novo sistema linear homogêneo S′ , equivalente a S. Este novo sistema S′ possui p = 3
equações e n = 4 incógnitas e o subespaço WS ⊆ R4 constituido de todas as soluções de S′
(e, portanto, de S) tem dimensão 1. Observe que:

dim WS = n - p = (no de incógnitas do sistema escalonado) - (no de equações do sistema


escalonado).

este não é um resultado válido apenas para o exemplo acima. É um caso particular do seguinte
resultado geral:

Proposição: A dimensão do espaço solução de um sistema linear homogêneo escalonado com


p-equações e n- incógnitas é n - p.

Observação: Sejam V um espaço vetorial de dimensão finita n e B = {v1 , v2 , · · ·, vn } ⊂ V


um subconjunto de V. Então:

1. B é Li =⇒ B é base de V.
De fato: Basta ver que, dado u ∈ V, o conjunto {v1 , v2 , · · ·, vn , u} é LD (uma vez que
possui n + 1 elementos e dim V = n) e portanto u é combinação linear dos elementos
de B.

2. B gera V =⇒ B é base de V.
De fato: Suponha, por absurdo, que B não seja LI. Então existe um ı́ndice i para o qual
vi é combinação linear dos demais vetores de B . Logo, B′ = B - {vi } gera V, o que é um
absurdo, pois dim V = n.

Exemplo 2: Determinar uma base e a dimensão do espaço solução do sistema linear


 x − y − z − t=0
S : 3x− y+2z−4t=0

2 y+5 z−t =0

Exemplo 3: Determinar uma base e a dimensão do espaço solução do sistema linear


 x − y − z − t=0
S : 3x− y+2z−4t=0

2 y−5 z−t =0
Álgebra Linear - Notas de Aula 63

Teorema do Completamento: Seja V um espaço vetorial de dimensão finita n ≥ 1. Se


L = {u1 , u2 , . . ., ur } ⊂ V é um subconjunto LI com r vetores e r < n, então existem n - r
vetores ur+1 , . . ., un ∈ V de modo que B = {u1 , u2 , . . ., ur , ur+1 , . . ., un } é base de V.

Prova: Seja C = {v1 , v2 , · · ·, vr , · · ·, vn } uma base de V. Consideremos a reunião S = L ∪ C;


isto é

S = {u1 , u2 , · · ·, ur , v1 , v2 , · · · vn }

Consideremos, agora, todos os subconjuntos S′ de S satisfazendo:

• S′ é LI;

• S′ contém L.

Seja B um destes subconjuntos, com a propriedade adicional de ter o maior número possı́vel de
elementos; ou seja, B = {u1 , u2 , · · ·, ur , v′1 , v′2 , · · · v′s } é LI e qualquer outro subconjunto de S
contendo L com mais de s + r elementos é LD (onde, para cada i = 1, 2, · · · s, o vetor v′i ∈ B
é um dos vetores vj do conjunto C).

Vamos, a partir de agora, descrever o conjunto C da forma

C = {v′1 , v′2 , · · · , v′s , v′s+1 , · · · , v′n },

sendo cada v′i um dos vetores vj .

Afirmamos que: B é uma base de V.

De fato: É claro que, pelo modo como foi escolhido, B é LI.

Além disso, os vetores v′1 , v′2 , · · · , v′s são obviamente combinações lineares de B. Pela pro-
priedade P5 , os vetores v′s+1 , · · · , v′n também são combinações lineares de B. Em outras
palavras, todos vetores de C são combinações lineares de B. Mas: C é, por hipótese, uma
base de V e, portanto, todo vetor v ∈ V é combinação linear de C. Ou seja, todo vetor v ∈ V
é combinação linear de B, o que completa a prova de que B é uma base de V.

Observação: O Teorema do Completamento diz que o subconjunto linearmente indepen-


dente L pode “ser completado” para uma base de V.

Exemplo : Se L = {v1 = (2, 1, 1, 0), v2 = (1, 2, 0, 1)}, então L é LI. Logo, pelo Teorema do
Completamento, existem dois vetores de v3 , v4 ∈ R4 que completam {v1 , v2 } para uma base
do R4 ; isto é, o subconjunto {v1 , v2 , v3 , v4 } é uma base do R4 .
Álgebra Linear - Notas de Aula 64

Proposição: Todo subespaço vetorial W de um K-espaço vetorial V finitamente gerado


também é finitamente gerado.

Prova: Se W = {0}, nada temos a fazer. Caso contrário, consideremos 0 = w1 ∈ W. Se


W = {λ1 w1 : λ1 ∈ K}, então W é finitamente gerado. Caso contrário, existe w2 ∈ W que não
é da forma λ1 w1 e, portanto, {w1 , w2 } é LI. Se W é gerado por {w1 , w2 }, está provado. Caso
contrário, existe w3 ∈ W que não é combinação linear de {w1 , w2 }. Continuamos com este
processo até encontrar um subconjunto finito de W que gera W. É claro que este processo deve
parar pois, em caso contrário, haveria em V um subconjunto infinito e LI, o que seria contra a
hipótese de V ser finitamente gerado.

Proposição: Seja W um subespaço vetorial de um espaço vetorial finitamente gerado V, tal


que dim W = dim V. Então W = V.

Prova: Pela Proposição anterior, W é finitamente gerado e, portanto, admite uma base. Como
dim W = dim V, toda base de W também é uma base de V. Logo, todo vetor de V também
pertence a W; ou seja, V ⊂ W e como W ⊂ V, segue que V = W.

Exercı́cio: Determine a dimensão do subespaço das matrizes simétricas S 3 ⊂ M3 (R).

Solução : Seja A ∈ M3 (R) tal que At = A. Então, para a, b, c, d, e, f ∈ R,

         
a b c 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0
A = b d e = a 0 0 0 + b 1 0 0 + c 0 0 0 + d 0 1 0+
c e f 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0

   
0 0 0 0 0 0
+ e 0 0 1 + f 0 0 0
0 1 0 0 0 1

Portanto o conjunto de matrizes

           
 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
B = 0 0 0,1 0 0,0 0 0,0 1 0,0 0 1,0 0 0
 
0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1

gera S3 . Além disso, é fácil verificar (faça isso!!) que B é LI e portanto uma base de S3 .
Logo, dim S3 = 6.
Álgebra Linear - Notas de Aula 65

Exercı́cios
1. Obtenha uma base e a dimensão para o subespaço vetorial gerado por cada um dos seguintes
conjuntos: (a) {(1, 2, 3, 4), (3, 4, 7, 10), (2, 1, 3, 5)}

(b) {x3 + 2 x2 + 3x + 4, 5 x3 + 4 x2 + 3x + 2, 4 x3 - 2 x2 + x, 7 x3 + 2 x2 - 3x - 8}

(c) {(1, 3, 5), (-1, 3, -1), (1, 21, 1)} (d) {(1, 2, 3), (1, 4, 9), (1, 8, 27)}

2. Determine uma base e a dimensão do subespaço vetorial W de M2 (R), gerado pelos quatro
vetores
       
1 2 2 5 5 12 3 4
(a) A = B= C= D=
−1 3 1 −1 1 1 −2 5
       
1 −5 1 1 2 −4 1 −7
(b) A = B= C= D=
−1 2 −1 5 −5 7 −5 1

3. Obtenha uma base e determine a dimensão de cada um dos subespaços de Mn (R) abaixo:

(a) matrizes cujo traço é zero. (traço = soma dos elementos da diagonal principal)

(b) matrizes que têm a primeira e a última linhas iguais.

(c) matrizes cuja segunda linha é igual à terceira coluna.

(d) matrizes nas quais a soma dos elementos da primeira linha é igual à soma dos elementos
da segunda coluna.

4. Exiba uma base para cada um dos espaços vetoriais abaixo e daı́ calcule sua dimensão:

(a) polinômios de graus pares  n.

(b) polinômios de graus ı́mpares  n.

(c) polinômios de grau  4 que se anulam para x = 2 e x = 3.

(d) vetores do Rn (n ≥ 6) nos quais a segunda, a quarta e a sexta coordenadas são iguais.

5. Determine se cada um dos seguintes subconjuntos é ou não uma base do espaço vetorial
P5 (R):

(a) {1, 1 + t, 1 + t + t2 , 1 + t + t2 + t3 , 1 + t + t2 + t3 + t4 , 1 + t + t2 + t3 + t4 + t5 }

(b) {1, t + t2 , t2 + t3 , t3 + t4 , t4 + t5 } (c) Generalize os dois casos para Pn (R)

6. Pode-se ter uma base de Pn (R) formada por n + 1 vetores de grau n?


Álgebra Linear - Notas de Aula 66

7. Seja S(n) o conjunto das matrizes simétricas n × n. Para cada par (i, j) de números naturais
de 1 até n, com i  j, seja sij a matriz n × n cujos elementos nas posições ij e ji são iguais a 1
e os demais são iguais a zero. Prove que o conjunto formadao por estas matrizes constitue uma

base para o subespaço vetorial S(n) sev Mn (R). De modo análogo, obtenha uma base para o
subesço A(n) das matrizes anti-simétricas n × n. A seguir, conclua a partir destes resultados,
que dim S(n) = n (n2+ 1) e que dim A(n) = n (n2− 1) .

8. A matrizes T = (tij ) ∈ Mn (R) tais que tij = 0 quando i < j são chamadas triangulares
inferiores. Prove que o conjunto L destas matrizes é um subespaço vetorial de Mn (R), obtenha
uma base para L e determine sua dimensão.

9. Considere o subespaço U do R3 definido por: U = {(x, y, z) ∈ R3 : x - 2 y + 4 z = 0}.


Obtenha uma base B = {u1 , u2 , u3 } ⊂ R3 tal que u1 e u2 pertençam a U.

10. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita. Dado um subespaço U ⊂ V, prove que é
possı́vel obter um subespaço W ⊂ V tal que V = U ⊕ W.

11. Seja {v1 , v2 , ... , vn } uma base do espaço vetorial V. Se os números a1 , a2 , ... , an não
são todos iguais a zero, prove que o conjunto F dos vetores v = x1 v1 + x2 v2 + ... + xn vn
tais que a1 x1 + a2 x2 + ... + an xn = 0 é um subespaço vetorial de V, com dim F = n - 1.

12. Sejam F1 , F2 ⊂ V dois subespaços de dimensão finita de um mesmo espaço vetorial V.


Obtenha uma base do subespaço F1 + F2 qua contenha uma base de F1 , uma base de F2 e
uma base de F1 ∩ F2 .

3.4 Determinação de Bases de um Subespaço do Kn

Um subespaço vetorial W do Kn , em geral, ou é definido através de seus geradores ou então


é possı́vel encontrar geradores para W. Ou seja, podemos dizer que, em qualquer um dos dois
casos, o subespaço vetorial W é dado através de seus geradores. Daremos, a seguir, um método
prático para encontrar uma base de um subespaço vetorial do Kn , a partir de seus geradores.
Este processo se baseia nem três observações, que estão descritas a seguir:


Seja V = [ u1 , u2 , · · ·, ur ] sev
Kn , 1  r  n. Observemos que para quaisquer 1  i < j  r,

(a) V = [ u1 ,..., ui ,..., uj , ... , ur ] = [ u1 ,..., uj , ..., ui ,..., ur ]

(b) V = [u1 ,..., ui , ... , uj + αui , ... , ur ]

(c) Se u1 , u2 , ... , ur se apresentam na forma escalonada, então {u1 , u2 , ... , ur } é um


conjunto linearmente independente e dim V = r.
Álgebra Linear - Notas de Aula 67

Observação: Dizemos que os vetores u1 , u2 , ... , ur estão na forma escalonada quando o


número de “zeros iniciais” do vetor ui é estritamente menor do que o número de zeros iniciais
do vetor ui+1 , para i = 1, 2, ..., r - 1. Assim, por exemplo, os vetores do R6 :

u1 = (1, 2, 3, 4, 0, 6), u2 = (0, 0, 1, 2, 0, 3) e u3 = (0, 0, 0, 0, 0, 1)

estão na forma escalonada pois u1 não tem zeros iniciais, u2 tem dois zeros iniciais e u3 tem
cinco zeros iniciais. Logo, {u1 , u2 , u3 } são LI. Por outro lado, se considerarmos os mesmos
vetores u1 , u2 e o vetor v = (0, 0, 1, 1, 1, 1), então u1 , u2 e v não estão na forma escalonada,
pois o número de zeros iniciais de u2 é igual ao número de zeros iniciais de v. Isto não significa
que o conjunto de vetores S = {u1 , u2 , v} seja LD; significa apenas que, para decidir sobre a
dependência linear de S devemos usar outro critério (por exemplo, a definição).

Veremos a seguir, através de um exemplo, como aplicar este critério para se obter vetores LI a
partir de geradores de um subespaço:

Exemplo 1: Seja W = [(2, 1, 1, 0), (1, 0, 1, 2), (0, -1, 1, 4), (3, 1, 2, 2), (1, -1, 2, 6)].
Consideremos a matriz (simbólica) cujas linhas são formadas pelas coordenadas dos vetores de
W; ou seja:
 
2 1 1 0
1 0 1 2
 
 0 −1 1 4 
 
3 1 2 2
1 −1 2 6

Neste caso, para obter a situação (c) acima descrita, aplicamos sucessivamente as operações
dadas nos itens (a) e (b), do seguinte modo:

1. Permuta-se a 1a linha com a 2a ;


2. Permuta-se a 2a linha com a 3a ;
3. Substitui-se:
. a3 a
linha por -2L1 + L3 ;
. a4 a
linha por -3L1 + L4 ;
. a5 a
linha por -L1 + L5 ;
4. Substitui-se:
. a3 a
linha por L2 + L3 ;
. a4 a
linha por L2 + L4 ;
. a5 a
linha por -L2 + L5 .
Álgebra Linear - Notas de Aula 68

Dessa forma, obtemos a seguinte situação:


 
1 0 1 2
 0 −1 1 4 
 
0 0 0 0 
 
0 0 0 0
0 0 0 0

donde podemos concluir que W = [(1, 0, 1, 2), (0, -1, 1, -4)] e que {(1, 0, 1, 2), (0, 1, -1, -4)}
é uma base de W.

Exemplo 2: Considere os subespaços U = [(1, 0, 1, 0),(0, 1, 0, 0)] e W = {(x, y, z, t) ∈ R4 :


x + y = 0 }. Podemos determinar uma base, e portanto a dimensão, do subespaço U + W.
Temos que

W = {(-y, y, z, t) ∈ R4 : y, z, t ∈ R} = {y(-1, 1, 0, 0) + z(0, 0, 1, 0) + t(0, 0, 0, 1) :


y, z, t ∈ R}

Portanto W = [(-1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)], e como B = {(-1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0),
(0, 0, 0, 1)} é L.I., B é uma base de W, e assim dim W = 3. Pela definição do subespaço
U + W, temos que U + W = [(1, 0, 1, 0), (0, 1, 0, 0), (-1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)].
Vamos usar o critério anterior :
     
1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 0 0
 0 1 0  
0  0 1 0 
0 0  1 0 0
 
 −1 0  0  0
 1 0 ∼ 0 0 1  ∼ 0 0 1 
 0 0 1 0  0 0 0 1 0 0 0 1
0 0 0 1 −1 1 0 0 0 0 0 0

Como B′ = {(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)} é L.I., B′ é uma base de U + W

e assim dim (U + W) = 4. Como U + W sev R4 , segue que U + W = R4 .

Teorema: Seja V um espaço vetorial de dimensão finita. Se U e W são subespaços de V,


então

dim (U ∩ W) + dim (U + W) = dim U + dim W.

Prova: Seja B1 = {v1 , v2 , . . ., vr } uma base de U ∩ W. Pelo Teorema do Completamento,


existem vetores u1 , u2 , . . ., us de U e w1 , w2 , . . ., wt de W tais que B2 = {v1 , v2 , . . ., vr , u1 ,
u2 , . . ., us } e B3 = {v1 , v2 , . . ., vr , w1 , w2 , . . ., wt } são, respectivamente, base de U e base de
W. Mostremos que B = {v1 , v2 , . . ., vr , u1 , u2 , . . ., us , w1 , w2 , . . ., wt } é uma base de U + W;
isto é, devemos mostrar que:
Álgebra Linear - Notas de Aula 69

1. B é L.I.:
Suponhamos que

α1 v1 + α2 v2 + . . . + αr vr + β 1 u1 + β 2 u2 + . . . + βsus + γ 1 w1 + γ 2 w2 + . . . + γt wt = 0

Logo:
α1 v1 + α2 v2 + . . . + αr vr + β 1 u1 + β 2 u2 + . . . + βs us = −γ 1 w1 − γ 2 w2 − . . . − γt wt (∆)
     
∈U ∈W
Observe que: do lado esquerdo da igualdade acima, temos um elemento de U e do lado
direito, temos um elemento de W e portanto o vetor γ 1 w1 + γ 2 w2 + . . . + γt wt pertence
ao subespaço U ∩ W, sendo, dessa forma, combinação linear da base B1 de U ∩ W. Em
outras palavras, existem escalares λ1 , λ2 , . . . , λr tais que

γ 1 w1 + γ 2 w2 + . . . + γt wt = λ1 v1 + λ2 v2 + . . . + λr vr

e portanto

λ1 v1 + λ2 v2 + . . . + λr vr - γ 1 w1 - γ 2 w2 - . . . - γt wt = 0

Ou seja, obtivemos o vetor nulo escrito como combinação linear dos vetores v1 , v2 , . . .,
vr , w1 , w2 , . . ., wt . Mas estes vetores formam uma base de W e, portanto, são L.I., donde
concluı́mos que λ1 = λ2 = . . . = λr = γ 1 = γ 2 = . . . = γt = 0.
Substituindo-se em ∆, segue que:

α1 v1 + α2 v2 + . . . + αr vr + β 1 u1 + β 2 u2 + . . . + βs us = 0

e agora obtivemos o vetor nulo escrito como combinação linear dos vetores v1 , v2 , . . ., vr ,
u1 , u2 , . . ., us que, por sua vez, são L.I., por formarem uma base de U. Como conseqüência,
α1 = α2 = . . . = αr = β 1 = β 2 = . . . = βs = 0, concluindo, dessa forma, a prova de que B
é LI.
2. [ B ] = U + W:
De fato:
u ∈ [ B ] ⇐⇒ u = α1 v1 + α2 v2 + . . . + αr vr + β 1 u1 + β 2 u2 + . . . + βs us +
  
∈U
+ γ 1 w1 + γ 2 w2 + . . . + γt wt ⇐⇒ u ∈ U + W.
  
∈W

Desta forma

dim (U + W) = r + s + t = (r + s) + (r + t) - r = dim U + dim W - dim (U ∩ W)

como querı́amos.
Álgebra Linear - Notas de Aula 70

Observação: Aplicando-se o Teorema acima aos subespaços U e W do Exemplo 2, segue que

dim (U ∩ W) = dim U + dim W - dim (U + W) = 2 + 3 - 4 = 5 - 4 = 1

Exemplo 1: Dados os dois seguintes subespaços do R4 : U = [(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0)] e


V = {(x, y, z, t) ∈ R4 : y + z = 0, x + t = 0}, determine uma base e a dimensão dos
subespaços U + V e U ∩ V.

Solução: Para determinar uma base e a dimensão de U + V e de U ∩ V é necessário conhecer


uma base e a dimensão de U e de V.

dim U:

Os geradores de U estão na forma escalonada e portanto B = {(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0)} é


uma base de U. Logo dim U = 2.

dim V:

v = (x, y ,z, t) ∈ V ⇐⇒ y + z = x + t = 0 ⇐⇒ z = -y e t = -x ⇐⇒ v = (x, y, -y, -x) =


= x(1, 0, 0, −1) + y(0, 1, −1, 0)
     
∈V ∈V

Logo: V = [(1, 0, 0, -1), (0, 1, -1, 0)] e como estes geradores de V estão na forma escalonada,
segue que B′ = {(1, 0, 0, -1), (0, 1, -1, 0)} é uma base de V e portanto dim V = 2.

dim U + V:

Da definição de soma de subespaços, segue que U + V = [B ∪ B′ ]. A partir destes geradores


de U + V, vamos procurar uma base de U + V:
       
1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0
0 0 0  0  0  0
 1  ∼  0 1 −1  ∼ 0 1 −1  ∼  0 1 −1 ∼
1 0 0 −1   0 0 1 0  0 0 1 0  0 0 1 0
0 1 −1 0 1 0 0 −1 0 −1 0 −1 0 0 −1 −1

 
1 1 0 0
0 1 −1 0
∼
0

0 1 0
0 0 0 −1

Assim U + V = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, -1, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, -1)] e como estes vetores são
Álgebra Linear - Notas de Aula 71

LI, segue que formam uma base de U + V e portanto dim (U+V) = 4.

dim U ∩ V:

Pelo Teorema anterior, temos que

dim (U ∩ V) = dim U + dim V - dim (U + V) = 2 + 2 - 4 = 0


′′
Logo U ∩ V = (0, 0, 0, 0) e B = ∅ é uma base de U ∩ V.

Note que: Neste caso, R4 = U ⊕ V.

Exemplo 2: Considere agora os seguintes subespaços do R4 : U = [(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0)] e


V = {(x, y, z, t) ∈ R4 : y + z = 0}. Calcule dim (U + V) e dim (U ∩ V).

Solução: Para determinar uma base e a dimensão de U + V e de U ∩ V é necessário conhecer


uma base e a dimensão de U e de V.

dim U:

Os geradores de U estão na forma escalonada e portanto B = {(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0)} é


uma base de U e dim U = 2.

dim V:

v = (x, y, z, t) ∈ V ⇐⇒ y + z = 0 ⇐⇒ z = -y ⇐⇒ v = (x, y, -y, t) = x(1, 0, 0, 0) + y(0, 1, −1, 0) +


     
∈V ∈V
+ t(0, 0, 0, 1)
  
∈V

Logo: V = [(1, 0, 0, 0), (0, 1, -1, 0), (0, 0, 0, 1)] e como estes geradores estão na forma
escalonada, segue que B′ = {(1, 0, 0, 0), (0, 1, -1, 0), (0, 0, 0, 1)} é uma base de V e portanto
dim V = 3.

dim U + V:

Da definição de soma de subespaços, segue que U + V = [B ∪ B′ ]. A partir destes geradores


de U + V, vamos procurar uma base de U + V:
Álgebra Linear - Notas de Aula 72

       
1 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0
0 0 1 0 0 1 −1 0  0 1 −1 0  0 1 −1 0 
       
1 0 0  0 0  0 0  1 0
 0  ∼ 1 1  ∼ 0 1  ∼ 0 0 ∼
0 1 −1 0   0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1
0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1 0

 
1 0 0 0
0 1 −1 0 
 
∼
0 0 1 0 
0 0 0 1
0 0 0 0

Assim U + V = [(1, 0, 0, 0), (0, 1, -1, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)] e como estes vetores são
LI, segue que formam uma base de U + V e portanto dim (U+V) = 4.

dim U ∩ V:

Pelo Teorema anterior, temos que

dim (U ∩ V) = dim U + dim V - dim (U + V) = 2 + 3 - 4 = 1 =⇒ dim (U ∩ V) = 0.

Assim, dim(U + V) = 4 e portanto U + V = R4 mas U ∩ V = (0, 0, 0, 0) e portanto R4 não é


soma direta de U e V.

Exemplo 3: Para os mesmos subespaços U e V do Exemplo 2, encontre uma base de U ∩ V.

Solução: Já vimos que o conjunto B = {(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0)} é uma base de U e que
V = {(x, y, -y, t) : x, y, t ∈ V}. Assim, se v ∈ U ∩ V, temos que v = (x, y, -y, t), pois v ∈
∈ V. Além disso, como v ∈ U, o conjunto de vetores C = {(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), v} deve ser
LD, uma vez que v se escreve como combinação linear da base de U. Ao escalonarmos a matriz
simbólica cujas linhas são os vetores de C, obtemos:
   
1 1 0 0 1 1 0 0
0 0 1 0 ∼ 0 0 1 0
x y −y t 0 −x + y −y t

Para
 que as linhas da matriz escalonada representem vetores de uma base de U, devemos ter
−x + y = 0
, ou seja, v = (x, x, -x, 0), para x ∈ R. Logo: U ∩ V = [(1, 1, -1, 0)].
t = 0
Álgebra Linear - Notas de Aula 73

Exercı́cios
1. Dar uma base e a dimensão do subespaço W de R4 sendo W = {(x, y, z, t) ∈ IR4 :
x - y = y e x - 3y + t = 0}.

2. Sendo W e U subespaços do R4 de dimensão 3, que dimensões pode ter W + U se


(1, 2, 1, 0), (-1, 1, 0, 1), (1, 5, 2, 1) é um sistema de geradores de W ∩ U?

3. Sendo W o subespaço do Exercı́cio 1 e U o subespaço do R4 gerado por (1, 2, 1, 3) e


(3, 1, -1, 4), determinar uma base e a dimensão de U + W e de U ∩ W.

4. Achar uma base e a dimensão do seguintes subespaços do R4 :

(a) U = {(x, y, z, t) ∈ R4 : x - y = 0 e x + 2y + t = 0};

(b) V = {(x, y, z, t) ∈ R4 : x - y + z = -2t e x + 2y + t = 0}

5. No espaço vetorial R3 consideremos os seguintes subespaços: U = {(x, y, z) : x = 0},


V = {(x, y, z) : y - 2z = 0} e W = [(1, 1, 0), (0, 0, 2)]. Determine uma base e a dimensão de
cada um dos seguintes subespaços: U, V, W, U ∩ V, V + W e U + V + W.

6. Determinar uma base e a dimensão do subespaço de M3 (R) constituı́do das matrizes anti-
simétricas.

7. Mostre que os polinômios 1, 1 + t, 1 - t2 e 1 - t - t2 - t3 formam uma base de P 3 (R).

8. Mostre que o conjunto B forma uma base de M2 (R):


       
1 1 2 1 0 1 0 0
B= , , ,
0 0 0 0 1 0 0 2

9. Determinar uma base e a dimensão do espaço solução de cada um dos sistemas lineares
homogêneos:

  
 x−y =0  x+y+z=0  x−y−z−t =0
(a) 2x − 3y = 0 (b) 2x − y − 2z = 0 (c) 3x − y + 2z − 4t = 0
  
6x + y = 0 x + 4y + 5z = 0 2y + 5z + t = 0

10. Para que valores reais de reais de a o conjunto B = {(a, 1, 0), (1, a, 1), (0, 1, a)} é uma
base de R3 ?

11. Calcule a dimensão do subespaço vetorial do R5 gerado por v1 = (2, 4, 8, -4, 7),
v2 = (4, -2, -1, 3, 1), v3 = (3, 5, 2, -2, 4), v4 = (-5, 1, 7, -6, 2). A seguir, decida se o vetor
w = (6, 18, 1, -9, 8) pertence ou não a este subespaço.
Álgebra Linear - Notas de Aula 74

12. Mostre que se 0, 1, a, b, c são números dois a dois diferentes, então os vetores (1, 1, 1, 1),
(a, a2 , a3 , a4 ), (b, b2 , b3 , b4 ), (c, c2 , c3 , c4 ) são linearmente independentes. Generalize este
resultado.

13. Ache uma base e a dimensão de cada um dos seguintes subespaços do R3 :

U = {(x, y, z) : x + y + z = 0}, V = {(x, y, z) : x = y = z} e W = {(x, y, z) : z = 3x}

14. Seja W o subespaço do R4 gerado pelos vetores u1 = (1, -2, 5, -3), u2 = (2, 3, 1, -4),
u3 = (3, 8, -3, -5). (a) Ache uma base e a dimensão de W. (b) Estenda a base de W a uma
base de todo espaço R4 .

15. Seja W o subespaço do R5 gerado pelos vetores u1 = (1, 2, -1, 3, 4), u2 = (2, 4, -2, 6, 8),
u3 = (1, 3, 2, 2, 6), u4 = (1, 4, 5, 1, 8) e u5 = (2, 7, 3, 3, 9). Encontre uma base para W.

16. Seja W = [u1 , u2 , u3 , u4 ] sev
R5 . Determine um subconjunto de {u1 , u2 , u3 , u4 } que seja
uma base de W, para:

(a) u1 = (1, 1, 1, 2, 3) u2 = (1, 2, -1, -2, 1) u3 = (3, 5, -1, -2, 5) u4 = (1, 2, 1, -1, 4)

(b) u1 = (1, -2, 1, 3, -1) u2 = (-2, 4, -2, -6, 2) u3 = (1, -3, 1, 2, 1) u4 = (3, -7, 3, 8, -1)

(c) u1 = (1, 0, 1, 0, 1) u2 = (1, 1, 2, 1, 0) u3 = (1, 2, 3, 1, 1) u4 = (1, 2, 1, 1, 1)

17. Ache uma base e a dimensão do espaço solução de cada um dos seguintes sistemas ho-
mogêneos:
 
 x + 2y − 2z + 2s − t = 0  x + 2y − z + 3s − 4t = 0
(a) S1 : x + 2y − z + 3s − 2t = 0 (b) S1 : 2x + 4y − 2z − s + 5t = 0
 
2x + 4y − 7z + s + t = 0 2x + 4y − 2z + 4s − 2t = 0

18. Ache um sistema homogêneo cujo conjunto solução W é gerado pelos três vetores:

(a) u = (1, -2, 0, 3), v = (1, -1, -1, 4) w = (1, 0, -2, 5)

(b) u = (1, -2, 0, 3, -1), v = (2, -3, 2, 5, -3) w = (1, -2, 1, 2, -2)

19. Sejam U e W dois subespaços vetoriais quadridimensionais distintos de um espaço vetorial


V de dimensão 6. Ache as possı́veis dimensões de U ∩ W.

20. Encontre dim (U + W) e dim (U ∩ W), sendo que U e W são os seguintes subespaços do
R4 : U = [(1, 1, 0, -1), (1, 2, 3, 0), (2, 3, 3, -1)] e W = [(1, 2, 2, -1), (2, 3, 2, -3), (1, 3, 4, -3)].

21. No R5 , encontre uma base e a dimensão de U + W e U ∩ W, nos casos:

(a) U = [(1, 3, -2, 2, 3), (1, 4, -3, 4, 2), (2, 3, -1, -2, 9)]

W = [(1, 3, 0, 2, 1), (1, 5, -6, 6, 3), (2, 5, 3, 2, 1)]


Álgebra Linear - Notas de Aula 75

(b) U = [(1, 3, -3, -1, -4), (1, 4, -1, -1, -2), (2, 9, 0, -5, -2)]

W = [(1, 6, 2, -2, 3), (2, 8, -1, -6, -5), (1, 3, -1, -5, -6)]

22. Sejam U = {(x, y, z, t) : y + z + t = 0} e W = {(x, y, z, t) : x + y = 0 , z = 2t} dois


subespaços do R4 . Ache uma base e a dimensão de U, W, U ∩ W e U + W.

23. Sejam U = {(x, y, z) : x = y = z} e W = {(0, y, z) : y, z ∈ R} dois subespaços vetoriais


do R3 . Mostre que R3 = U ⊕ W.

24. Sejam U e W dois subespaços de um espaço vetorial V. Suponha que dim U = 4,


dim W = 5 e dim V = 7. Quais são as possı́veis dimensões de U ∩ W?

25. Em P3 (R), encontre uma base e a dimensão de U + W e U ∩ W, sendo:

U = [t3 + 4 t2 - t + 3, t3 + 5 t2 + 5, 3 t3 + 10 t2 - 5 t + 5]

W = [t3 + 4 t2 + 6, t3 + 2 t2 - t, 2 t3 + 2 t2 - 3 t + 9]

26. No R5 , considere os subespaços: U = [(1, -1, -1, -2, 0), (1, -2, -2, 0, -3), (1, -1, -2, -2, 1)] e
W = [(1, -2, -3, 0, -2), (1, -1, -3, 2, -4), (1, -1, -2, 2, -5)]. Encontre:

(a) dois sistemas homogêneos cujos espaço solução são U e W, respectivamente.

(b) uma base e a dimensão de U ∩ W.

27. Considere os seguintes subespaços do R3 : U = {(x, y, z) : x + y + z = 0}, V = {(0, 0, z)}


e W = {(x, y, z) : x = z}. Mostre que: R3 = U + W, R3 = V + W e R3 = U + V. Em quais
casos a soma é direta? Justifique sua resposta em cada um dos três casos.

3.5 Matriz de Mudança de Base

Consideremos duas bases B = {u1 , u2 , ... , un } e C = {v1 , v2 , ... , vn } de um espaço vetorial


V de dimensão finita n. Então cada vetor da base C pode ser escrito como uma combinação
linear dos vetores da base B, isto é,



 v1 = a11 u1 + a21 u2 + · · · + an1 un

 v2 = a12 u1 + a22 u2 + · · · + an2 un
(∆) .. .. .. ..

 . . . · · · .

 v = a u + a u + ··· + a u
n 1n 1 2n 2 nn n

n
ou seja, para cada j, 1  j  n, vj = i=1 aij ui . A matriz quadrada de ordem n
Álgebra Linear - Notas de Aula 76

 
a11 a12 ... a1n
 a21 a22 ... a2n 
P = 
 .

. ... . 
an1 an2 ... ann

é chamada matriz de mudança da base B para a base C.

Notação: P = MB,C = matriz de mudança da base B para a base C.

Observe que: A matriz P = MB,C é obtida quando temos os (elementos de C) escritos como
combinação linear de (elementos de B). Dessa forma, de (∆), obtemos que as coordenadas dos
vetores v1 , v2 · · · , vn em relação à base B são dadas por:

     
a11 a12 a1n
 a21   a22   a2n 
[v1 ]B =  
 ... , [v2 ]B =  
 ... , · · ·, [vn ]B =  
 ... 
an1 an2 ann

ATENÇÃO: Compare as coordenadas dos vetores da base C em relação à base B com as


colunas da matriz P!!

Exemplo 1: Determine a matriz P de mudança da base B = {(-1, 1), (1, 1)} para a base
C = {(1, 0), (0, 1)}, ambas do R2 .

Solução: Para obter a matriz P = (aij ), devemos escrever os elementos da base C como
combinação linear dos elementos da base B; isto é:

(1, 0) = a11 (−1, 1) + a21 (1, 1) = (−a11 + a21 , a11 + a21 )

(0, 1) = a12 (−1, 1) + a22 (1, 1) = (−a12 + a22 , a12 + a22 )

e portanto, resolvendo os sistemas lineares:

 
−a11 + a21 = 1, −a12 + a22 = 0,
,
a11 + a21 = 0 a12 + a22 = 1,

 
− 12 1
2
segue que P =  
1 1
2 2
Álgebra Linear - Notas de Aula 77

Exemplo 2: Determine a matriz de mudança da base B = {(-1, 2, 1), (0, 1, 1), (1, 0, 2)} do
R3 para a própria base B do R3

Solução: Para obter a matriz P = (aij ), devemos escrever os elementos da base B como
combinação linear dos próprios elementos da base B; isto é:

(−1, 2, 1) = a11 (−1, 2, 1) + a21 (0, 1, 1) + a31 (1, 0, 2) = (−a11 + a31 , 2a11 + a21 , a11 + a21 + 2a31 )
( 0, 1, 1) = a12 (−1, 2, 1) + a22 (0, 1, 1) + a32 (1, 0, 2) = (−a12 + a32 , 2a12 + a22 , a12 + a22 + 2a32 )
( 1, 0, 2) = a13 (−1, 2, 1) + a23 (0, 1, 1) + a33 (1, 0, 2) = (−a13 + a33 , 2a13 + a23 , a13 + a23 + 2a33 )

e portanto resolvendo os sistemas lineares


  
 −a11 + a31 = −1  −a12 + a32 = 0  −a13 + a33 = 1
2a11 + a21 = 2 , 2a12 + a22 = 1 , 2a13 + a23 = 0
  
a11 + a21 + 2a31 = 1 a12 + a22 + 2a32 = 1 a13 + a23 + 2a33 = 2
 
1 0 0
segue que P = 0 1 0
0 0 1

Observação: O resultado obtido no Exemplo 2 não é um caso particular, válido apenas para
este exemplo. De um modo geral, dada uma base B de um espaço vetorial V de dimensão finita
n, se P é a matriz de mudança da base B para a mesma base B, então P = In ; isto é, P é a
matriz identidade de ordem n = dim V.

Exemplo 3: Determine a matriz P de mudança da base B = {1 - t, 2 + t} para a base


C = {1, t}, ambas de P 1 (R).

Solução: Para obter a matriz P = (aij ), devemos escrever os elementos da base C como
combinação linear dos elementos da base B; isto é:

1 = a11 (1 − t) + a21 (2 + t) = (a11 + 2a21 ).1 + (−a11 + a21 ).t


t = a12 (1 − t) + a22 (2 + t) = (a12 + 2a22 ).1 + (−a12 + a22 ).t

e portanto resolvendo os sistemas lineares


 
a11 + 2a21 = 1 a12 + 2a22 = 0
,
−a11 + a21 = 0 −a12 + a22 = 1

segue que
1 
3
− 23
P =  
1 1
3 3
Álgebra Linear - Notas de Aula 78

Exemplo 4: Considere as bases B = {(1, 1), (-1, 1)} e C = {(1, -1), (1, 1)} do R2 .

(i) Determine a matriz P de mudança da base B para a base C .

(ii) Determine a matriz Q de mudança da base C para a base B.

(iii) Calcule PQ e QP.

Solução:

(i) Para obter a matriz P = (aij ), devemos escrever os elementos da base C como combinação
linear dos elementos da base B; isto é:

(1, −1) = a11 (1, 1) + a21 (−1, 1) = (a11 − a21 , a11 + a21 )
( 1 , 1) = a12 (1, 1) + a22 (−1, 1) = (a12 − a22 , a12 + a22 )

e portanto resolvendo os sistemas lineares


 
a11 − a21 = 1, a12 − a22 = 1,
,
a11 + a21 = −1 a12 + a22 = 1,

segue que
 
0 1
P =
−1 0

(ii) a matriz Q = (bij ), devemos escrever os elementos da base B como combinação linear dos
elementos da base C; isto é:

(1, 1) = b11 (1, −1) + b21 (1, 1) = (b11 + b21 , −b11 + b21 )
(−1, 1) = b12 (1, −1) + b22 (1, 1) = (b12 + b22 , −b12 + b22 )

e portanto resolvendo os sistemas lineares


 
b11 + b21 = 1, b12 + b22 = −1,
,
−b11 + b21 = 1 −b12 + b22 = 1,

segue que
 
0 −1
Q =
1 0
Álgebra Linear - Notas de Aula 79

(iii) Finalmente, calculemos as matrizes PQ e QP:


Temos que
       
0 1 0 −1 0.0 + 1.1 0.(−1) + 1.0 1 0
PQ = . = = = I2
−1 0 1 0 −1.0 + 0.1 (−1).(−1) + 0.0 0 1

e analogamente, mostra-se que QP = I2 .

Exemplo 5: Mostre que a matriz de mudança da base B = {(1, 0, 2), (2, 1, 0), (0, 1, 2)}
para a base C = {(1, 1, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 3)}, ambas do R3 , é a matriz P abaixo e calcule sua
inversa P−1 :
 1 
− 3 −1 1
 
 2 1

1 
P =  3 −
2 2 
 
1 1 1
3 2 2

Realmente, devemos ter

(1, 1, 0) = a (1, 0, 2) + b (2, 1, 0) + c (0, 1, 2)


(0, 1, 0) = d (1, 0, 2) + e (2, 1, 0) + f (0, 1, 2)
(0, 0, 3) = g (1, 0, 2) + h (2, 1, 0) + i (0, 1, 2)

Para tal, (a, b, c), (d, e, f) e (g, h, i) devem ser, respectivamente, soluções dos sistemas lineares
  
 1a+2b+0c=1  1d+2e+0f=0  1g+2h+0i=0
0a+1b+1c=1 , 0d+1e+1f=1 , 0g+1h+1i=0
  
2a+0b+2c=0 2d+0e+2f=0 2g+0h+2i=3

ou seja, devemos encontrar soluções dos sistemas:


  
 a+2b=1  d+2e=0  g+2h=0
b+ c=1 , e+ f=1 , h+ i=0
  
2b+2c=0 2d+2f=0 2g+2i=3

Efetuando-se os cálculos, obtemos:


  

 a = − 13 
 d = − 23 
 g=1

 
 

  
b = 23 , e = 13 , h = − 12

 
 


 
 

  
c = 13 f = 23 i= 1
2

e a inversa de P é :
Álgebra Linear - Notas de Aula 80

 
1 2 0
P−1 =  −1 −1 1
2 2
3
0 3

Exercı́cio 1: Determine a matriz de mudança da base C para a base B do exemplo anterior.

Solução: Seja Q a matriz de mudança da base C para a base B. A matriz Q é obtida escrevendo-
se os elementos de B como combinação linear dos elementos de C; isto é:

(1, 0, 2) = a (1, 1, 0) + b (0, 1, 0) + c (0, 0, 3)


(2, 1, 0) = d (1, 1, 0) + e (0, 1, 0) + f (0, 0, 3)
(0, 1, 2) = g (1, 1, 0) + h (0, 1, 0) + i (0, 0, 3)

Ou seja, obtemos os três seguintes sistemas:

  
 a =1  d =2  g =0
a+ b=0 , d+ e=1 , g+ h=1
  
3c=2 3f=0 3i=2

cujas soluções são:

  
 a=1 d=2  g=0
b = −1 , e = −1 , h=1
  
c = 23 f=0 i = 23

 
1 2 0
e portanto Q =  −1 −1 1
2 2
3
0 3

Observações:

1. No item (iii) do Exemplo 4 e no Exercı́cio 1 acima, ficou mostrado que a matriz P de


mudança da base B para a base C é invertı́vel e que sua inversa é a matriz Q de mudança
da base C para a base B. Este não é um resultado particular, válido apenas para estes
casos; é um resultado geral, dado pela Proposição a seguir:

Proposição: Se a matriz de mudança da base B para a base C é P, e a matriz de mudança


da base C para a base D é Q, então a matriz de mudança da base B para a base D é a
matriz PQ . Em particular, se a matriz de mudança da base B para a base C é P, então
a matriz de mudança da base C para a base B é P−1 .
Álgebra Linear - Notas de Aula 81

2. Se a matriz das coordenadas de u ∈ V em relação à base B é


 
x1
 x2 
[u]B =  
 ... 
xn

e a matriz de mudança da base B para C é P = (aij ), para i,j = 1,...,n, então a matriz
das coordenadas de u na base C é
 
y1
 y2 
[u]C =   −1
  = P . [u]B
yn

Ou seja:

[u]C = MC,B.[u]B
Exercı́cio 2: No Exemplo 5, sabendo que as coordenadas de um vetor u na base B são
(2, 1, 4), calcule a matriz das coordenadas [u]C .

Solução: Basta aplicarmos a fórmula anterior:

     
1 2 0 2 4
[u]C = P−1 . [u]B =  −1 −1 1.1 = 1
2 2
3
0 3
4 4

Exercı́cio 3: Determine a base C de P 2 (R), sabendo-se que a matriz de mudança da base


B = {1, 1 + t, 1 - t2 } de P 2 (R) para C é
 
1 0 2
P = 0 1 2 
1 1 −1

Solução: Se C = {q1 (t), q2 (t), q3 (t)}, então

q1 (t) = 1 (1) + 0 (1 + t) + 1 (1 − t2 ) = 2 − t2 ,
q2 (t) = 0 (1) + 1 (1 + t) + 1 (1 − t2 ) = 2 + t − t2 ,
q3 (t) = 2 (1) + 2 (1 + t) − 1 (1 − t2 ) = 3 + 2t + t2

Logo C = {2 - t2 , 2 + t - t2 , 3 + 2t + t2 }.
Álgebra Linear - Notas de Aula 82

Exercı́cio 4: No exercı́cio anterior, determine a matriz das coordenadas do vetor p(t) em


relação à base B sabendo que suas coordenadas na base C são (2, 1, 5).

Solução: Temos que


   
y1 2
[p(t)]C =  y2  =  1 
y3 5

Como

P = MB,C ;

[p(t)]B = MB,C .[p(t)]C = (MC,B )−1 .[p(t)]C

segue que:

           
x1 2 2 1 0 2 2 12
[p]B =  x2  = (P−1 )−1 .  1  = P.  1  =  0 1 2  .  1  =  11 
x3 5 5 1 1 −1 5 −2

Exercı́cios
1. Considere a base D = {1, 1 - t, 1 - t2 } de P 2 (R). Encontre a matrizes de mudança das
bases C para D e de D para C, sendo C a base canônica de P 2 (R).

2. Determinar as coordenadas do polinômio t3 em relação à seguinte base de P 3 (R):


{1, 2 - t, t2 + 1, 1 + t + t3 }.

3. Determine a base B do R2 , sabendo  que


 a matriz de mudança de B para a base
1 0
{(1, 1), (0, 2)} deste mesmo espaço é:
2 3

4. Determine a base C, sabendo que a matriz de mudança


 base B = {1 + t, 1 - t2 } para a
da 
1 2
base C (ambas de um mesmo subespaço de P 2 (R) é
1 −1

5. Considere as bases B = {e1 , e2 , e3 } e C = {g1 , g2 , g3 } de R3 assim relacionadas:



 g1 = e1 − e2 − e3
g = 2e2 + 3e3
 2
g3 = 3e1 + e3
Álgebra Linear - Notas de Aula 83

(a) Determine as matrizes de mudança de B para C e de C para B.

(b) Se um vetor u de R3 apresenta coordenadas 1, 2 e 3 em relação a B, quais são as


coordenadas de u relativamente a C?

  
x y
6. Considere o seguinte subespaço vetorial de M2 (R): U = :x−y−z= 0
z t

(a) Mostrar que os seguintes subconjuntos de M2 (R) são bases de U:


           
1 1 1 0 0 0 1 0 0 −1 0 0
B= , , eC= , ,
0 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 1

(b) Achar a matriz de mudança de B para C e de C para B.

(c)
 Achar 
uma base D de U de tal maneira que a matriz de mudança de D para B seja
1 2 0
0 0 2 .
0 3 1

7. Considere as bases do R2 : B = {(u1 = (1, -2), u2 = (3, -4)} e D = {(v1 = (1, 3),
v2 = (3, 8)}.

(a) Ache as coordenadas de um vetor arbitrário v = (a, b) ∈ R2 em relação à base


B = {u1 , u2 };

(b) Ache a matriz P de mudança da base B para a base D;

(c) Ache as coordenadas de um vetor arbitrário v = (a, b) ∈ R2 em relação à base


D = {v1 , v2 };

(d) Ache, de duas maneiras diferentes, a matriz Q de mudança da base D para a base B.

(e) Dado o vetor [u]B = (3, -5), encontre [u]D , usando matrizes de mudança de bases.

(f ) Dado o vetor [v]D = (3, -5), encontre [v]B , usando matrizes de mudança de bases.

8. Considere a base B = {(u1 = (1, 2, 0), u2 = (1, 3, 2), u3 = (0, 1, 3)} do R3

(a) Calcule a matriz de mudança da base canônica C para a base B.

(b) Calcule a matriz de mudança da base canônica B para a base C.

(c) Usando matrizes de mudança de bases, encontre [u]B , sabendo que [u]C = (1, -2, 6).

9. Considere as bases B = {1 + i, 1 + 2i} e C = {1, i} do espaço vetorial real C. Determine


as duas matrizes de mudança de bases.

Potrebbero piacerti anche