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TERAPIA DA VALIDAÇÃO
TERAPIA DA VALIDAÇÃO
1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Autor
Fundamentos Teóricos
Princípios e Objectivos
2. PRESSUPOSTOS
3. PROCEDIMENTOS
Estádios de Desorientação
Validação para os Estádios de Desorientação: Especificidade das
Técnicas
Validação em Diferentes Versões
4. EFICÁCIA
6. CONCLUSÃ O
7. BIBLIOGRAFIA
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1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Os estudos apontam que cerca de 10% dos indivíduos com mais de 65 anos,
provavelmente terão a doença de Alzheimer, (Benjamin, 1999). Em Portugal estima-se
que existam cerca de 153.000 pessoas com demência, 90.000 com doença de Alzheimer,
(Alzheimer Portugal, 2010). O dramático aumento da incidência, de demências como
Alzheimer, a que se tem assistido na nossa época, reforça as exigências de intervenções
funcionais, que auxiliem, tanto os cuidadores destes pacientes, como os próprios, a
atingirem vidas mais satisfatórias e a restaurarem a dignidade e auto-estima muitas
vezes perdida. Salienta-se igualmente que à medida que a severidade da demência
aumenta, são cada vez menos as estratégias e métodos de comunicação adequados, o
que complexifica a tarefa dos cuidadores, que constatam crescentes dificuldades em
conseguir alcançar “o mundo subjectivo” em que os adultos muito idosos com demência
vivem, (Benjamin, 1999).
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Autor
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Princípios e Objectivos
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significa que o terapeuta valida o que é dito, reconhecendo as emoções (Bleathman &
Morton, 1992). Com esta abordagem, não se espera que o idoso desorientado se
comporte da mesma forma que um adulto jovem, ou que seja julgado, na esperança de
modificar comportamentos e sentimentos. A finalidade é que seja aceite a pessoa tal
como ela se encontra no momento, para atingir os seus objectivos, e não os objectivos
do técnico/terapeuta. Este propósito de validar os sentimentos do outro permite às
pessoas idosas desorientadas: alcançar os seus objectivos; aliviando tensões; resolvendo
conflitos e tensões em aberto; a restaurar o seu valor próprio; e prevenindo
desorientações posteriores através da validação com base na comunicação (verbal ou
não-verbal) (Revista Portuguesa de Pedagogia, 1988).
Feil considera que à medida que envelhecemos, vamos revivendo o passado mas
que tal, muitas vezes desencorajado nas pessoas idosas, faz parte de um processo
normal de desenvolvimento numa tentativa de dar significado às nossas vidas. Estas
reminiscências são essenciais e necessárias, para a compreensão da motivação e dos
comportamentos dos pacientes. A retrospecção permitindo captar o sentido da vida do
idoso, possibilita assim uma melhor compreensão de determinados comportamentos e
sentimentos (Revista Portuguesa de Pedagogia, 1988).
Outro objectivo da validação consiste na estimulação da comunicação verbal e
não verbal de forma a promover sentimentos de dignidade e bem-estar, ajudando os
adultos muito idosos a alcançar um sentimento de paz e a resolução de conflitos
interiores face a situações passadas.
Será portanto tarefa do terapeuta da validação, validar sentimentos e emoções,
que permitam ao adulto muito idoso desorientado sentir-se feliz coma sua realidade,
sentir-se seguro e integrado e preparar uma “despedida” da vida com tranquilidade.
2. PRESSUPOSTOS
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3. PROCEDIMENTOS
Estádios de Desorientação
A Tabela 1., abaixo, pode servir de ponto de partida para a caracterização dos
Estádios de Desorientação, tal como são definidos por Naomi Feil. A passagem
sucessiva do Estádio 1 ao 4 descreve uma progressiva transformação do foco externo
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Tabela 1. Caracterização dos quatro estádios de desorientação (baseado em J ones, 1988, Benjami m,
1999 e Feil, 1992).
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queixas reconhecidas, levadas a sério, e obter consideração das outras pessoas, de modo
que a abordagem directa das emoções é demasiado confrontativa, nestes casos.
No Estádio 2, de Confusão Temporal, a desorientação aumenta, no tempo, no
espaço e em relação às pessoas. A progressiva deslocação para o interior reduz o foco
no ambiente circundante, traduzindo-se, em termos físicos, no relaxamento, muscular e
da face. Frequentemente, é também perdido o controlo da bexiga. Os olhos apresentam-
se não focados, mas brilhantes. Ao nível verbal, reduzem-se o número de nomes
específicos e há um maior uso de palavras vagas e pronomes não identificados, pelo que
o tópico de conversa é pouco claro. Os tempos verbais e o tópico variam rapidamente
entre presente e passado. Com esta dificuldade crescente em permanecer focadas no
presente, as pessoas cometem facilmente erros de identificação. Nesta fase, a pessoa
deixa de ter consciência das regras sociais e encontra-se socialmente desinibida, não se
conformando às expectativas do staff das instituições ou da família. Ao contrário da fase
anterior, o contacto físico é muito importante, quer como âncora que promove a ligação
ao presente a ao exterior, quer como modo de cuidar e confortar, sendo que as emoções
podem já ser abordadas de modo explícito.
No Estádio 3, de Movimento Perpétuo, aprofunda-se o foco na realidade interior e a
pessoa parece “imersa” em si, curvada e com a cabeça baixa vai repetindo os mesmos
movimentos ou vocalizações, absorto em relação aos outros, sendo o contacto mínimo e
raramente auto- iniciado. Estes comportamentos repetitivos estão vulgarmente
relacionados com uma necessidade universal não satisfeita que a história da pessoa pode
ajudar a esclarecer. É neste contexto que surgem por vezes símbolos universais de que
são exemplo a mão significando um bebé, ou o sapato o órgão sexual feminino.
No Estádio 4, de Vegetação, o contacto com o exterior é mínimo, sendo o
movimento praticamente ausente. A pessoa assume frequentemente a posição fetal e
responde apenas ao toque ou a música, ocasionalmente.
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Técnicas de Validação
Centralização
É o processo pelo qual limpamos as nossas mentes de pensamentos e sentimentos e
encontramos uma atitude forte e de abertura. Nesse sentido, o terapeuta deve focalizar-
se num local dois dedos abaixo da cintura. Em seguida, respira pelo nariz e segue a
respiração mentalmente, descendo sucessivamente através da garganta, pulmões,
diafragma, cintura e expirar pelo a partir do centro. Repetir 5 a 8 vezes.
Ser empático
Capacidade de sentir o que o outro está a sentir
Usar palavras não ameaçadoras e concretas
Usar questões não ameaçadoras como: Quem? O quê? Como?
Evitar o Porquê?, pois é mais confrontativo e exige mais recursos cognitivos.
Reformulação
Consiste em repetir o essencial do que a pessoa diz, usando as suas palavras-chave,
aproximando ao tom e tempo da voz da pessoa.
Polarização
Fazer questões relacionados com o extremo do que a pessoa refere (o pior, o melhor,
quão mau...).
Imaginar o oposto
Ajudar a pessoa a imaginar o oposto da situação pela qual ela está actualmente
ameaçada.
Reminiscência
Explorar o passado tentando restabelecer mecanismos de coping que possam ajudar a
pessoa a sobreviver as crises do presente. Apesar de não conseguirem aprender novas
aptidões de coping, estas pessoas podem restabelecer as formas be m estabelecidas em
si de lidar com perdas.
Manter contacto visual próximo e genuíno
Usar ambiguidade
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Pode passar pelo uso de pronomes vagos (ele, ela, isso, eles, alguém alguma coisa)
quando a pessoa combina sons semelhantes para transmitir pensamento em vez de usar
as palavras que conhecemos.
Usar um tom de voz claro, baixo e afectuoso
Observar e fazer corresponder os movimentos e emoções às da pessoa
(espelhar)
Ligar o comportamento a uma necessidade humana não satisfeita
As necessidades mais frequentemente em causa são o amor, segurança, utilidade,
actividade, expressão de emoções, intimidade. Podem ser comunicadas através de
movimentos (que mimetizem, por exemplo, o emprego que a pessoa ocupou durante
grande parte da sua vida).
Identificar e usar o sentido preferido da pessoa
Pode ser visual, auditivo ou cinestésico. Uma vez identificado, o questionamento nele
baseado permite estabelecer confiança.
Tocar (excepção feita nos casos de confusão moderada)
Usar música
A mais adequada é, por norma, a que fez parte da história da família ou canções
infantis.
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4. EFICÁCIA
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principais resultados deste estudo são os que evidenciam a relação que se estabelece
entre a técnica de validação e o estado de desorientação. De facto, quando a selecção de
uma técnica particular de comunicação se baseia no conhecimento derivado da
avaliação do estado de desorientação, a eficácia aumenta significativamente. A principal
limitação deste estudo prende-se essencialmente com a dificuldade em realizar
observações objectivas e independentes das interacções entre os residentes e o staff.
Por seu turno, Fritz (1986) conduziu uma investigação sobre o efeito da Terapia
da Validação nos padrões de linguagem, tendo para isso recorrido a um programa
informático que mede o número de verbos, nomes e preposições usados numa
conversação. O autor verificou que as pessoas que se encontram no estádio II (Confusão
Temporal) aumentaram o uso de nomes, expandiram o seu reportório de adjectivos e
aumentaram o uso de palavras concretas; enquanto os sujeitos do estádio I (Confusão
Moderada) aumentaram o uso de verbos e de formas nominais concretas e abstractas. O
estudo de Fritz revela assim um aumento significativo dos níveis de fluência e lucidez
dos sujeitos desorientados que se encontram nos estádios atrás referidos, após a sua
participação nos grupos de Validação.
O estudo experimental de Robb, Stegman e Wolanin (1986) visou determinar os
efeitos da Terapia da Validação no estado mental, moral e comportamento social das
pessoas idosas desorientadas. Apesar de não se terem encontrado diferenças
significativas entre as medidas do pré e do pós-teste, dados da observação
demonstraram mudanças ao nível dos comportamentos sociais. Verificou-se ainda um
aumento no reconhecimento dos sentimentos. No entanto, várias limitações são
apontadas ao estudo, nomeadamente problemas de design e problemas ao nível dos
instrumentos utilizados, o que compromete severamente os resultados.
Babins (1988) estudou o efeito da Terapia da Validação, estabelecendo
comparações entre grupos (experimental e controlo) que se encontravam no mesmo
estádio de desorientação. O estudo foi realizado durante 11 semanas, num total de 22
sessões, medindo variáveis cognitivas, sociais e comportamentais. Os resultados
revelam que, comparativamente ao grupo controlo, o grupo da Validação apresentou um
aumento ao nível da expressão verbal e não- verbal, sendo que para este resultado é
apontada como possível explicação o facto dos participantes se terem sentido mais
compreendidos pelos restantes membros do grupo. As limitações que são dirigidas a
este estudo prendem-se com o pequeno tamanho da amostra e com problemas de
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Sociedades
Validation Training Institute: http://www.vfvalidation.org
European Validation Association: http://www.validation-eva.com
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6. CONCLUSÃO
A terapia da validação, direccionada especificamente para adultos muito
idosos, em estados avançados de demência, tem vindo a ser cada vez mais uma
opção na intervenção neste tipo de população, sendo evidentes, apesar da escassa
investigação na área, os impactos e resultados positivos. Esta é uma terapia que está
em franca expansão, embora que no nosso país esteja a dar os primeiros passos, em
parte devido à falta de formação e ao cepticismo ainda presente face a esta terapia,
em muito confrontada com a terapia de orientação para a realidade.
O que a autora, Naomi Feil, defende que a terapia de orientação para a
realidade, em adultos idosos desorientados, pode não só ser ineficaz, como ser
desagradável. A terapia proposta por Feil é assim um conjunto de técnicas e
estratégias de comunicação que devem ser usadas quando outras técnicas falham ou
são inadequadas. Parte do principio que, mesmo na última fase, resolução, os adultos
idosos continuam com necessidades que devem ser validadas e satisfeitas.
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7. BIBLIOGRAFIA
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Fritz, P. (1986). The language of resolution among the old-old: The effect of
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Chicago.
Gagnon, D. (1996). A review of Reality Orientation (RO), Validation Therapy
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Occupational Therapy in Geriatrics, 14(2): 61-77.
Instituto de Treino na Validação (2010). Acedido em 17 de Março de 2011, em
http://www.vfvalidation.org/web.php?request=index
Morton, I. & Bleathman, C. (1991). The effectiveness of Validation Therapy in
dementia – a pilot study. International Journal of Geriatric Psychiatry, 6: 327-
330.
Peoples, M. (1982). Validation Therapy versus Reality Orientation as treatment
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Enfermagem. Universidade de Akron, 136 pp.
Produções Edward Feil (2005). Acedido em 19 de Março de 2011, em
http://edwardfeilproductions.com/catalogue.html
Robb, S.; Stegman, C. & Wolanin, M. (1986). No research versus research with
compromised results: a study of Validation Therapy. Nursing Research, 35(2):
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Toseland, R. W.; Diehl, M.; Freeman, K.; Manzanares, T., Naleppa, M. &
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Touzinsky, T. (1998). Validation Therapy: Restoring communication between
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Alzheimer’s Disease, 13(3), 146-158.
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