Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Os media hoje
Fernando Correia
In Jornalismo, Grupos Económicos e Democracia, ed. Caminho, 2006
1
2
1
A SIC começou a emitir em 1992 e a TVI em 1993.
2
O primeiro jornal digital surgido em Portugal foi o Setubal na Rede, em 1998.
2
3
3
Ver Piere Bourdieu, “A influência do Jornalismo”, in Sobre a Televisão, Celta, 1997.
4
Para a abordagem do jornalismo enquanto “forma social de produção de conhecimento”, ver Eduardo
Meditsch, “O jornalismo é uma forma de conhecimento?”, in Media & Jornalismo, nº 1, 2002, pp. 9-22.
5
Sobre a situação dos jornalistas, nomeadamente a sua crescente fragilização e a crise de identidade
profissional ver J. e S., 59-94, os J e as N. nomeadamente pp 259-276.
3
4
Confusões a evitar
4
5
5
6
6
7
como aquele que se verificou entre nós nos anos 90 (a que aludiremos no
capítulo III), e ao aumento daqueles que se comprazem com a “morte das
ideologias”, o “realismo” e o “pragmatismo” reinantes, sem terem a
consciência de que estão a enfunar as velas de uma ideologia liberal que
conseguiu tornar “naturais” os seus valores e referências.9
Esta chamada de atenção para a importância dos media dominantes
leva-nos à necessidade de fazer a destrinça entre o poder dos media e o
poder nos media.
Com efeito, uma coisa é o poder dos media, isto é, a força dos efeitos
que eles têm sobre as pessoas. Numa abordagem esquemática das teorias a
este respeito, podemos dizer que segundo uns eles têm um poder absoluto
(nomeadamente a TV) sobre os comportamentos, os valores, as atitudes, as
opiniões, etc. Segundo outros, esse poder sobre as pessoas é apenas relativo,
na medida em que existem a família, a escola, o estudo, a comunicação
interpessoal, a capacidade individual de escolha, etc., capazes de exercer
uma influência que de algum modo compense ou até anule aquele poder.
Trata-se aqui de uma questão recorrente nos estudos da comunicação, parte
essencial, e desde o início por muitos considerada a mais importante, das
grandes linhas de investigação enunciadas, já há mais de meio século, no
célebre paradigma de Lasswell: “quem, diz o quê, a quem, por que meios e
com que efeitos”.
Mas a questão do poder dos media é inseparável de uma outra, que é a
do poder dentro dos media, isto é – e eis-nos aqui perante uma problemática
frequente e deliberadamente ignorada –, o poder dos media está
condicionado e não pode ser analisado independentemente do poder de
quem manda nos media.
Isto remete-nos, naturalmente, para a questão da natureza da
propriedade e para o fenómeno de crescente concentração e criação de
poderosos grupos, a que temos vindo a assistir a nível internacional mas
também nacional (ver capítulo II).
A concentração da propriedade dos principais media, nomeadamente
daqueles a que acima classificámos como dominantes, mostra até que ponto
é falacioso falar dos media como um novo poder, seja o 4º ou seja, como
agora se pretende, o 1º.10
A formação e o modo de funcionamento de fortes grupos empresariais
revela-nos o poder dos media enquanto, digamos, poder delegado daquele
9
Ver Daniel Junqua, La Presse, le cityen et l’arget, Gallimard, 1999, p. 29.
10
Para uma problematização das concepções sobre o poder dos media, ver Mário Mesquita, “Percepções
contemporâneas do poder dos media”, ob. cit. pp. 72-88. Ver também Fernando Correia, Os Jornalistas e
as Notícias, Caminho, 2003 (4ª edição), pp. 266-270.
7
8
11
Ver Fernando Correia, ob. cit., nomeadamente pp.259-272.
12
James Petras, “O imperialismo cultural no finado século XX”,
http://resistir.info/eua/petras_imperialismo_cultural.html
8
9
9
10
14
James Carey, citado por Thomas E. Patterson, in “Tendências do jornalismo contemporâneo”, Media &
Jornalismo, nº 2, 2003, p. 34.
10