Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
EXIGÊNCIAS
CONTRA INCÊNDIOS
Atualização e
padronização de
leis e normas são
fundamentais para
elevar a segurança
contra incêndio
no Brasil
BETO SOARES/ESTÚDIO BOOM
há de se fazer uma distinção de estado ção de ITs são outras medidas para man-
para estado. São Paulo, afirma, possui ter atual a legislação contra incêndio.
um código em sintonia com o que há Dentro dessa perspectiva, contemplar as
de mais avançado no mundo. instalações elétricas é uma necessidade,
Como pontos positivos da legislação baseada nas estatísticas que as apontam
paulista, ele cita a estruturação e a defi- como causa de princípios de incêndio.
nição de todas as ocupações e as classi- Ocupações destinadas a hangares, hos-
ficações de risco de forma pormenori- pitais, estabelecimentos prisionais e
zada, a apresentação de todos os pro- subsolos ocupados, dentre outras, tam-
cessos administrativos para a formata- bém necessitam de aprimoramento na
ção de projetos e a regularização das edi- regulamentação, adianta o major. “Com
ficações e a atualização tecnológica pe- a aplicação da legislação nós aprende-
las ITs (Instruções Técnicas), inserindo mos muito”, refere, lembrando que a
novos conceitos e sistemas à medida que experiência obtida pelos bombeiros no
elas são incorporadas ao mercado. campo operacional se une aos aspectos
Segundo o major Nilton Miranda, che- conceituais na revisão da legislação.
fe da Divisão de Legislação e Análise
do DSCI/CBPMESP (Departamento CAPACIDADE
de Segurança Contra Incêndios do Cor- Na opinião do presidente da Ligabom
po de Bombeiros da Polícia Militar de Casa Nova: segurança num mesmo padrão e comandante do CBMPE, coronel Car-
28 Emergência JUN/JUL / 2010
los Eduardo Casa Nova, São Paulo pos- entanto, acredita que futuramente a “Nós não vamos conseguir unificar
sui uma realidade específica de grande união é o caminho. “Um dia isso terá todas as 27 legislações numa só lei, de-
capacidade econômica, o que lhe per- que se unificar, pois segurança deve exis- talhando sistemas e as tabelas de exigên-
mite um maior grau de exigência nos tir na indústria, no comércio e nas resi- cias, para que todos exijam a mesma
sistemas de segurança contra incêndio. dências num padrão mínimo e igual para coisa em todo o lugar. Será algo novo,
Para obter sistemas com um grau de qualquer edificação construída em qual- com considerações básicas para que to-
segurança maior, no entanto, as exigên- quer estado do Brasil”, completa. do estado adote como norma, sem en-
cias paulistas levam a modelos mais ca- Sobre essa questão, o superintenden- trar em detalhes, dizendo o que vai ser
ros e sofisticados. Por isso, Casa Nova te do CB-24, José Carlos Tomina, de- exigido e como deve ser instalado”, diz.
entende que não é possível adotar parâ- fende que não se deve utilizar o viés fi- Conforme Casa Nova, a Ligabom dis-
metros semelhantes em estados de me- nanceiro para justificar o estabelecimen- cute, juntamente com a Senasp (Secre-
nor poderio econômico. “As construto- to de diferentes níveis de segurança para taria Nacional de Segurança Pública) e
ras vão criticar, assim como o consumi- vidas humanas. “Constitucionalmente, o Gabinete da Presidência da Repúbli-
dor que comprar um apartamento e que não há cidadãos de primeira ou de se- ca, a forma legal de aprovação do códi-
irá reclamar do seu preço”, entende. No gunda classe”, afirma. go em âmbito nacional. O entrave está
no aspecto constitucional: a segurança
Além da falta de uniformidade na aplicação de Por outro lado, o Código de Porto Alegre é de 1998 Por sua vez, a NBR 9441/1998 (Execução de
critérios técnicos nos municípios do Rio Grande do e não é revisado sistematicamente, deixando de a- sistemas de detecção e alarme de incêndio) é ta-
Sul, haja vista o grande número de legislações (esta- companhar a evolução tecnológica. Há certa resis- xativa ao afirmar, no item 5.4.1, que “quando exis-
duais e municipais), regulamentos (seguradoras ou tência quanto à aplicação de novas tecnologias, tente, toda tubulação integrante de um sistema de
critérios particulares), normas e instruções técnicas, muitas delas já contempladas em edições atualiza- detecção e alarme de incêndio deve atender ex-
não há um regramento único para a condução dos das das normas ABNT. Podemos citar a não aceita- clusivamente a este sistema.” Com isso, os pro-
processos junto aos órgãos competentes. ção do uso de sinalização de balizamento e de segu- fissionais ficam a mercê da interpretação daqueles
Na capital, Porto Alegre, a proteção contra in- rança pelo emprego de placas fotoluminescentes, que forem avaliar os planos de proteção contra in-
cêndio deve obedecer ao prescrito no Código de conforme disposto na NBR 13434/2004 (Sinalização cêndio (normalmente bombeiros).
Proteção Contra Incêndio, que, por sua vez, em de Segurança Contra Incêndio e Pânico). Sob o ponto de vista técnico, são inúmeras as
algumas situações, apresenta parâmetros bas- A maioria dos municípios do Rio Grande do Sul discrepâncias entre as legislações, normas técni-
tante divergentes em relação às normas técnicas adota as prescrições expressas no Decreto Esta- cas e regulamentos da área de seguros, sem falar
da ABNT. dual, que remete às normas da ABNT, ficando a nas normas internacionais. Por exemplo, é reque-
Vigora um convênio firmado entre Prefeitura cargo do Corpo de Bombeiros do respectivo muni- rida em Porto Alegre a vazão de 200 litros por mi-
Municipal e Corpo de Bombeiros, que avalia os cípio a avaliação das exigências de sistemas e de nuto no risco pequeno. Em contrapartida, a NBR
planos de proteção contra incêndio. Previamente sua aplicação. 13714 (Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos)
a isso, é preciso que a Prefeitura aceite um docu- Há, ainda, significativos conflitos entre as próprias estabelece como requisito para o risco pequeno
mento chamado Memorial Descritivo da Proteção normas técnicas. É possível citar a NBR 10898/1999 vazões entre 80 a 100 litros por minuto.
Contra Incêndio a Executar. Ele aponta as exigên- (Sistema de Iluminação de Emergência), que, no item É importante destacar que muitas leis municipais
cias de acordo com as características das ocupa- 4.8.9, diz que “os eletrodutos utilizados para condu- e estaduais preconizam pressões mínimas, vazões
ções da edificação. tores da iluminação de emergência não podem ser mínimas e diâmetros mínimos para os requintes
É inegável a facilidade advinda do fato de Porto utilizados para outros fins, salvo instalação de de- dos esguichos dos hidrantes e mangotinhos sem
Alegre possuir, em um único código, as diretrizes tecção e alarme de incêndio ou de comunicação, con- determinar as relações entre eles, gerando dúvidas
necessárias para que os profissionais do setor forme a NBR 5410, contanto que as tensões de ali- e interpretações distintas para a mesma legislação,
possam embasar seus memoriais, planos e insta- mentação estejam abaixo de 30Vcc e os circuitos e, principalmente, comprometendo a segurança
lações de todos os sistemas de proteção contra devidamente protegidos contra curtos-circuitos”. nas edificações.
incêndio, diferentemente dos demais municípios
do Estado, onde é necessário recorrer a normas *Engenheiro civil e de Segurança do Trabalho, diretor-secretário do CB-24/ABNT e conselheiro da ASTEC
técnicas da ABNT para cada sistema. (Associação Técnica Sul Brasileira de Proteção Contra Incêndio). Colaborou Tiago Kolhrausch, arquiteto.
Sistema desarticulado
luir mais”, afirma.
FOCO EXCLUSIVO
Para o capitão do Corpo de Bombei-
ros Militar do Distrito Federal Thiago Conflitos originados na falta de padronização entre leis
Palácio John, atualmente cursando nos e normas de incêndio dificultam a sua aplicação
Estados Unidos o doutorado em Geren-
ciamento de Incêndios e Emergências, Se uma empresa possuir unidades em atender aos requisitos estabelecidos na
falta ao Brasil uma entidade representa- Santa Catarina, no Rio de Janeiro e no NR 23. As residências e instalações co-
tiva, governamental ou não, com foco Distrito Federal, deverá atender a três merciais e industriais também obedecem
exclusivo em segurança contra incêndio critérios distintos ao instalar um extin- aos códigos estaduais, muitas vezes, re-
e com força política para implementar e tor e ao definir a área protegida pela gulamentados por instruções técnicas.
fiscalizar a aplicação de um código unidade extintora. Esse é um típico con- Há, ainda, municípios com seus própri-
nacional. flito gerado pela falta de padronização os códigos e exigências. Por fim, as nor-
Ele lembra que os EUA têm a FEMA de leis e normas de segurança contra in- mas técnicas da ABNT complementam
(Federal Emergency Management Agency) e cêndio no Brasil, mas ele não se restrin- o sistema, servindo de referência para
a USFA (United States Fire Administration), ge a essas localidades. alguns desses regulamentos. Seus parâ-
duas agências governamentais que regu- Os diferentes parâmetros exigidos nos metros, contudo, só se tornam obrigató-
lamentam as atividades relacionadas a estados e em alguns municípios brasi- rios quando citados em lei.
incêndio e gerenciamento de emergên- leiros quanto à altura máxima do extin- Relata o coronel Carlos Eduardo Casa
cias, além da NFPA (National Fire tor e a área de proteção (veja Box na Nova, presidente da Ligabom e coman-
Protection Association), que é independente página 36) são dois exemplos de um sis- dante do CBMPE, que construtoras das
e responsável pela elaboração das nor- tema desarticulado. regiões Sul e Sudeste, por vezes, recla-
mas de proteção e combate a incêndio. Legalmente, locais de trabalho devem mam quando vão executar obras em ou-