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Retranca: Entrevista com Ebenezer Salgado Soares

(PUBLICADA NA EDIÇÃO 6 DA REVISTA GRAÇA – JANEIRO DE


2000)
Repórter: Cleber Nadalutti
Título: “Todos nós somos culpados”
Subtítulo: Promotor diz que crise de segurança pública é
problema da sociedade, incluindo a Igreja, que não cuidou do
menor
Fotos/Crédito: Cleber Nadalutti

A profissão de Ebenezer Salgado Soares, 43 anos, não é das mais fáceis.


Um dos 15 promotores de justiça, desde 1988, da área de infância e da
juventude do Ministério Público de São Paulo, há 10 anos, enfrenta o
desafio de atender menores infratores e seus familiares, fazer vistorias
nas unidades da FEBEM (Fundação do Bem-Estar do Menor) e conviver
até com ameaças de morte. “Outro dia, recebi uma ameaça e lembrei-
me de Paulo. Para o cristão, o morrer é lucro”, conta.
No entanto, deixou claro que não pretende ser herói. Pelo contrário.
Ebenezer é casado com Dirlei, e pai de Priscila (9) e Cristina (7), e sabe
que sua vida na promotoria exige sacrifícios, por isso quer continuar
“bem vivo” para poder cuidar de suas filhas.
Ele e mais dois colegas atuam no departamento de execuções e
fiscalizam o cumprimento das medidas sócio-educativas na FEBEM, local
onde são internados os menores que cometeram infrações graves –
roubos, homicídios e latrocínios (roubos à mão armada). “Essas medidas
vão da advertência, passando pela prestação de serviços à comunidade,
reparação de danos, liberdade assistida, semiliberdade e, a mais grave,
a privação de liberdade (internação)”, explica ele.
Membro da Igreja Presbiteriana Independente de Moinho Velho, na
capital paulista, filho de pastor congregacional e membro dos Gideões
Internacionais, é contrário à instauração da pena de morte e acredita na
recuperação de jovens infratores. Mas, para que ocorra essa mudança
de atitude, diz que as igrejas evangélicas têm papel fundamental, ao
pregar a Palavra de Deus dentro das cadeias. “Só Deus tem poder para
transformar integralmente uma vida que, muitas vezes, foi dedicada ao
crime”, afirma Ebenezer, para quem a própria sociedade – inclusive a
Igreja – é culpada pela crise de segurança pública.

O senhor inspeciona as unidades da FEBEM, onde estão


internados os menores infratores. O menor que vai para lá
cometeu um homicídio?
Trabalhamos com os menores autores de atos infracionais nas unidades
que executam as medidas de internação, semiliberdade e liberdade
assistida na cidade de São Paulo; ou seja, com aqueles adolescentes que
cometem crimes e contravenções penais. Esses adolescentes têm entre
12 e 17 anos e não estão sujeitos às normas e sanções do Código Penal,
mas às medidas sócio-educativas previstas no Estatuto da Criança e do
Adolescente. O adolescente furta, rouba, mata, comete latrocínio, mas o
tratamento é diferenciado. Segundo o Estatuto, as unidades devem
tomar o cuidado de separar os adolescentes por gravidade do ato
infracional. Primários e reincidentes não devem ficar juntos. A
compleição física e a faixa etária também são levadas em conta.

Quais unidades são vistoriadas?


A medida de internação no estado de São Paulo concentra-se na capital.
Só temos uma única unidade no interior (em Ribeirão Preto). O
adolescente que recebe uma medida extrema de internação em Bauru,
por exemplo, é deslocado para a capital. A demanda é muito grande, daí
a superpopulação. Mais da metade da população da FEBEM vem do
interior.

Do total de menores infratores, qual é o percentual de


internados?
Apenas 9%. O Estatuto da Criança e do Adolescente diz que a medida da
internação é extrema, deve ser breve e excepcional, levando em
consideração a formação intelectual e a personalidade do adolescente.
Portanto, deve ser a última das medidas. Temos hoje uma população
carcerária de 80 mil em São Paulo. A estatística constata que um terço
dos crimes são praticados em co-autoria com adolescentes. Ou seja, a
população da FEBEM poderia ser de 20 mil e não de quatro mil jovens.

Como evangélico, de que maneira o senhor acha que a


sociedade poderia resolver o problema do menor?
Eu gosto daquele texto de Hebreus 13.3 que diz: Lembrai-vos dos
presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como
sendo-o vós mesmos também no corpo. Normalmente, a sociedade fica
muito distante dessa realidade. Primeiro, porque não visita esses locais e
tem conhecimento de violação de direitos apenas pela imprensa – TV e
jornais.

A imprensa exagera?
Não. Quando a imprensa divulga certos acontecimentos e episódios, ela
sempre retrata a realidade do sistema carcerário e da FEBEM. Esse
sistema é aviltante e degradante, e dificilmente pode recuperar uma
pessoa, na medida em que prevalece o forte sobre o fraco, o
espancamento, as agressões e as torturas.

Seria um problema do maior e não do menor?


Não, o problema é social. Não há políticas públicas. Em Tiradentes, na
periferia da cidade de São Paulo, há uma superpopulação e lá não há
creches, área de lazer, nem cursos profissionalizantes. Os pais precisam
ir ao centro e deixam os filhos com avós, tios e irmãos mais velhos.
Essas crianças são arregimentadas pelo tráfico de entorpecentes como
mão-de-obra. Outro fator importante é a péssima distribuição de renda.
Na Grande São Paulo, são 1,7 milhões de pessoas desempregadas,
contribuindo para o aumento da violência e da criminalidade. Outra
questão é o péssimo exemplo de autoridades que cometem crimes de
lesa-majestade, que prejudicam milhares de pessoas. Essas pessoas
ficam impunes. Isso reflete na educação do povo, que vive diante dessa
realidade, aumentando a violência.

Como a Igreja poderia contribuir para que a violência contra o


menor diminuísse?
A Igreja poderia contribuir, abrindo seus templos para dar reforço escolar
e atender aos mais carentes. Poderia promover a alfabetização,
encontros de casais para orientação dos pais, oferecer lazer aos
adolescentes: muitas igrejas têm quadras de esporte e algumas só são
usadas aos sábados.

E a falta de emprego, não é um complicador?


A Igreja pode ser o canal para conseguir emprego para um casal
desempregado, por exemplo. Fui promotor de São Sebastião, no interior
(litoral norte do Estado de São Paulo), e lá existe a Casa do Albergado,
onde abrigam presos que estão no regime aberto, que saem durante o
dia para trabalhar e, à noite, se recolhem. Cada preso era apadrinhado
por uma família da cidade, que depois conseguia emprego para ele. Esse
também é um papel da Igreja. Não podemos esperar só o Estado. Com a
Revolução de 1964, o povo brasileiro ficou acostumado ao paternalismo.
Mas a Constituição diz que a responsabilidade é primeiramente da
família, depois da sociedade e, por último, do Estado. A Igreja faz parte
da sociedade e, muitas vezes, nossas igrejas têm um comportamento
reacionário e discriminatório com os mais fracos, oprimidos e humildes.

Como a Igreja poderia ajudar para reduzir a violência do menor?


Sim. A Igreja pode investir em todas as famílias que freqüentam seus
templos, dando orientação. Em média, 37% dos menores internados na
FEBEM vêm de famílias evangélicas ou têm formação protestante.
Nossas igrejas estão falhando. A Igreja, às vezes, tem um único
compromisso: evangelizar. Mas a parte espiritual pode incluir a
assistência e a orientação ao adolescente, sob a forma de cursos,
palestras sobre drogas etc. Hoje, o adolescente que entra nas drogas é
levado pelo melhor amigo. Nossas igrejas, dificilmente, falam sobre isso.
Esses temas poderiam ser abordados com mais franqueza nos nossos
púlpitos.

Há quem defenda a tese de que a idade de “maioridade” seja


mudada, o que significaria mudar a Constituição. O que o senhor
acha?
Hoje o menor de 18 anos é inimputável, ou seja, não é responsável por
eventual crime que venha a cometer, seja qual for (homicídio, latrocínio,
furto etc.). Esta é uma regra constitucional prevista no artigo 221 da
Constituição. Se, porventura, o Congresso Nacional decidir alterá-la,
precisará de um quorum qualificado para a mudança do Código Penal
que está em vigor desde 1940. Existe hoje um debate nacional nesse
sentido. O adolescente daquela época não é o mesmo jovem de hoje.
Hoje, estamos na era da informação, da informática, da Internet e o
homem foi à Lua. O adolescente tem a capacidade de entender o que é
certo ou o que é errado, sabe o que é crime. Sou favorável à redução da
idade para 16 anos, pois nossa estatística indica que quase 80% dos
crimes graves são praticados por jovens de 16 e 17 anos. Se o Estatuto
trata de maneira benevolente os crimes graves há o outro lado da
moeda. Na calada da noite, há a justiça feita pela própria sociedade, por
intermédio dos grupos de extermínio.

O Estatuto da Criança e do Adolescente dá margem a mais


violência?
Trata-se de um diploma legal que traça as diretrizes de como o povo
brasileiro deve tratar as crianças e os adolescentes, e veio em boa hora.
Até então, a infância era tratada como caso de polícia. Uma coisa é
traçar as diretrizes no Estatuto; outra coisa é a prática, que continua
sendo a velha (problema social é caso de polícia). É preciso que as
autoridades cumpram seu papel e a sociedade faça a sua parte. A única
observação que faço com relação ao Estatuto é que, em relação aos atos
infracionais graves, o legislador não levou em consideração a proporção
da gravidade do ato infracional e a correspondente sanção. Não existe
proporcionalidade. O adolescente comete um, dois ou dez roubos, e
pega no máximo três anos. Isso precisa ser discutido. Existe uma
comissão no Congresso Nacional que está estudando a reforma de toda
a legislação penal.

Alguns defendem a instauração da pena de morte como forma


de coibir o crime. Qual é sua posição em relação a esse tema?
Não sou favorável à pena de morte. Nos países que adotam a pena de
morte, a violência não diminuiu. Por outro lado, se eu concordasse com a
implementação da pena de morte, estaria tirando toda a esperança de
uma pessoa se recuperar. Temos observado no dia-a-dia que o mais
hediondo dos criminosos consegue se recuperar, quando ele tem um
encontro com Deus e recebe um tratamento digno... Enquanto há vida,
há esperança.

O senhor acredita em instituições como a FEBEM como


instrumento para recuperar ou ressocializar menores infratores?
Eu acredito nos moldes determinados pelo Estatuto: pequenas unidades,
descentralizadas, com, no máximo, 40 a 50 adolescentes. Dessa forma,
há recuperação. Temos seis internatos nesse estilo, com 300
adolescentes. Nelas não temos rebelião e todos os adolescentes
participam de atividades pedagógicas e de oficinas. Ninguém foge. Se o
governo implementasse essa política, certamente, a população de
internos seria menor. Uma vez visitei uma dessas unidades, em Costa
Norte, perto de Guaianases (SP). Um adolescente, autor de um
latrocínio, disse-me que foi para lá e pensou que não havia mais
conserto para a vida dele. Mas disse que a diretora o tratou bem e lhe
mostrou que ele tinha capacidade de mudar de vida. Voltou a estudar e
trabalha o dia inteiro. É mecânico e agora está aprendendo a fabricar
tijolos. Quando a medida é aplicada como determina o Estatuto, é
razoável a recuperação desses adolescentes. O que gera a reincidência
é a má aplicação da liberdade assistida, em que o adolescente deveria
ser acompanhado por um técnico da FEBEM (psicólogo ou assistente
social). Hoje, em São Paulo, temos um técnico para atender,
mensalmente, 110 adolescentes em liberdade assistida. Não dá. E nas
cadeias, como é que se vai recuperá-los? O que se pede é tratamento
digno. Mas, quando você visita uma cadeia, percebe que tudo é úmido, o
esgoto corre a céu aberto e há superlotação.

O senhor acredita em penas alternativas?


Sim, aplicamos penas alternativas. A prestação de serviços à
comunidade, por exemplo, é cumprida por quase 99% dos adolescentes
e a reincidência é muito pequena. Ela é aplicada a adolescentes que
cometem atos infracionais de pequeno potencial ofensivo: pequenos
furtos, direção sem habilitação, pichação etc. Há também a liberdade
assistida, que é aplicada no prazo mínimo de seis meses.

E os direitos humanos das vítimas?


Existe omissão. Não há nenhuma política por parte dos organismos
governamentais com relação a elas, o que faz a sociedade reagir.

Há uma sensação de impunidade, não há?


Essa sensação vem da legislação que temos e não da Justiça. Nosso
processo penal é de 1941. Vivemos num estado democrático e a
democracia prega a observância da lei. É preciso que o Congresso
Nacional mude as leis, para evitar o número excessivo de recursos. Em
1992, entramos com uma ação civil pública, denunciando a
superpopulação das unidades da FEBEM e pedindo o cumprimento do
Estatuto da Criança e do Adolescente. Em 1995, a ação foi julgada
procedente e todos os pedidos do Ministério Público foram atendidos. A
direção da FEBEM, inconformada com a sentença, recorreu ao Tribunal
de Justiça. Em 1997, essa apelação foi apreciada e o Tribunal denegou o
recurso. Mais uma vez, a FEBEM perdeu e recorreu de novo com dois
recursos: um especial para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outro,
extraordinário, para o Supremo Tribunal Federal (STF). Esses dois
recursos devem demorar mais uns seis ou sete anos para serem
julgados. No Japão, há 40 processos por ano para um juiz. No Primeiro
Mundo, a média é essa. Aqui, são em média quatro mil processos para
cada juiz.

O fato de o adolescente internado ter mais contato com o


mundo exterior do que um preso adulto, não facilita a sua
exploração por agentes da FEBEM?
Temos algumas denúncias nesse sentido, em que monitores receberam
determinada quantia em dinheiro e facilitaram fugas. Em setembro,
fugiram quase 1.500 adolescentes e todas as fugas foram orquestradas
por funcionários. Três foram presos em flagrante.

Qual é o perfil do menor infrator em São Paulo?


De julho de 1998 a junho de 1999, passaram pela promotoria pública
13.542 adolescentes. A estatística mostra que 90,75% são do sexo
masculino; 59,55% de brancos (19,47% de pardos e 20,98% de negros);
mais de 60% têm entre 15 e 17 anos; 88,63% são nascidos em São
Paulo; 76,64% moram em casa própria e 62% são de famílias com renda
superior a quatro salários mínimos. Cerca de 15% dos menores
infratores são de famílias protestantes. Mas há um detalhe: dos
internados, 37% são de origem protestante. Pouco mais de 53%
estudam (os de 5ª a 8ª séries somam 60,49% e os de 2º grau, 16,51%),
só 30% deles trabalham, quase 30% declararam usar ou já terem usado
drogas, e 23,52% são reincidentes.

O senhor acha que as lideranças evangélicas estão atentas ao


problema do menor infrator?
Não. Do percentual de menores infratores vindos de famílias
protestantes, a grande maioria vem de igrejas pentecostais (Igreja
Pentecostal Deus é Amor, Igreja Universal do Reino de Deus e
Assembléia de Deus) e da Congregação Cristã. Há o detalhe de que a
maioria dos evangélicos é pentecostal, mas eu tenho outra leitura: a
severidade da igreja e dos pais. Não há diálogo e isso gera conflitos.

Haveria uma solução de curto prazo, para o problema dos


menores infratores?
A solução está no cumprimento do Estatuto da Criança e do
Adolescente. Estivemos reunidos com o governador Mário Covas no
Palácio dos Bandeirantes, em novembro, e ele anunciou que faria
mudanças. Mas a realidade não se modifica num passe de mágica. Não
basta discurso ou boa vontade. Precisamos ter políticas efetivas e sérias.
É necessário quebrar as resistências dos municípios do interior. Se eles
votam leis, proibindo a construção de unidades da FEBEM, estão em
colisão com a Constituição Federal e com o Estatuto. A lei diz que o local
de internação deve ser bem próximo da residência dos pais. Isso revela
a insanidade da sociedade brasileira que pensa dessa forma, ou seja,
que seus filhos devem ser exportados, mandados para a capital. Essa
resistência só pode ser quebrada com um trabalho de conscientização.

Os crentes evangélicos pensam diferente?


Não, fazem parte dessa sociedade. Às vezes, são até mais reacionários.

Há evangelização nas unidades da FEBEM?


Sim, existe. Temos trabalho da Congregação Cristã, igrejas
presbiterianas, igrejas pentecostais e a Renascer em Cristo. E esse
trabalho de evangelização é muito mais eficiente por parte dos
evangélicos. Eles lêem a Palavra, meditam, fazem apelo. A FEBEM é o
local em que a semente do Evangelho pode germinar com muito mais
facilidade. O preso está abandonado por todos: família, parentes,
sociedade. A auto-estima dele está em baixa, pois está carente. O
campo propício de evangelização, de semear, lançar a rede, é o presídio.
Dificilmente, o homem se transforma só com o cumprimento da pena.
Precisa de algo transcendental e só Deus tem poder para transformar
integralmente uma vida que, muitas vezes, foi dedicada ao crime.

A direção das unidades da FEBEM apóia esses trabalhos?


Sim. A evangelização diminui a tensão entre os presos. Não há
resistência aqui em São Paulo. Pelo contrário, há até uma determinação
legal.

A FEBEM é uma instituição fadada ao desaparecimento?


A tendência é acabar com a antiga FEBEM, cumprindo-se assim o
Estatuto, criando pequenas unidades e abrigando um número pequeno
de adolescentes. Essa cultura de violência, espancamento e de
ociosidade tende a acabar. Mas não termina a privação de liberdade
para adolescentes autores de atos infracionais, enquanto tivermos o
Estatuto da Criança e do Adolescente.

Como o senhor avalia os motins, as fugas e as rebeliões nas


unidades da FEBEM em São Paulo?
É fruto da omissão estatal, do governo, que não investiu na área; da
crise social (são 1,7 milhão de pessoas desempregadas na Grande São
Paulo); da péssima distribuição de renda e da impunidade.

Há um culpado para a crise das instituições de segurança do


país?
A crise é da sociedade. Não dá para dizer quem é o culpado. A culpa é
da sociedade brasileira que nunca tratou com o devido respeito a
situação social. Existe uma certa hipocrisia por parte dessa sociedade.
Isso se reflete naqueles que estão no poder. A mentalidade da sociedade
precisa ser modificada, adotando princípios de amor ao próximo. Não se
pode tratar tal problema sem esse princípio. A sociedade quer pagar na
mesma moeda o mal causado por um indivíduo que tirou a vida de um
sujeito. Além de aplicar a penalidade e a sanção, ele tem de ser tratado
com amor, com respeito e com dignidade. Dessa maneira, o homem se
recupera  é a visão que devemos ter. Todos nós somos culpados por
esse estado de coisas.

Como evangélico, o senhor já pensou se algum menor infrator


esteve sob a ação do demônio ao praticar o crime?
Em muitos casos, observamos isso. Alguns dizem que perderam o
controle e que ouviram vozes que mandaram praticar o mal, matando e
roubando. Há questões espirituais (demônios) e doenças mentais
envolvidas.

Sabemos que o senhor já foi ameaçado por causa das denúncias


contra os abusos da FEBEM. O senhor não tem medo de morrer?
Outro dia, recebi uma ameaça e lembrei-me de Paulo. Para o cristão, o
morrer é lucro porque temos certeza de um mundo melhor. Mas gosto
também de outro texto de Paulo que diz que se Deus é por nós, quem
será contra nós? O que nos separará do amor de Deus? (Rm 8.31,35).
Quando assumi o Ministério Público, tinha plena consciência da função
que iria exercer. Eu me recordo do discurso do relator da comissão de
concurso e ele frisou isso: é uma vida de sacrifício. Isso porque a lei nos
confere administrar violação de direitos coletivos.

A fé é essencial para sua sensação de segurança?


Sim, nada me abala. Estou com o Senhor Jesus. Não que eu tenha força
em mim mesmo. Essa força vem do Espírito Santo. Evidentemente, tomo
medidas de precaução. Não quero ser reconhecido como nenhum herói
ou mártir; pelo contrário, tenho duas filhas. Mas digo uma coisa: nada
acontece na nossa vida, se não for da vontade do Senhor. Estou
alicerçado na Palavra de Deus. O meu dia- a -dia é caminhar com o
Senhor, que cultivo lendo a Bíblia.

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