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O pre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos
pedir a razão da esperança que há em vós." (I Pedro 3:15) Levantem a
voz e testifiquem a verdadeira natureza da Deidade. Prestem testemunho do Livro
de Mórmon. Transmitam as gloriosas e belas verdades contidas no plano de salvação.
Hélio da Rocha Camargo
Redator
Aldo Francesconl
Estaca São Paulo
R. Iguatemí, 1980, São Paulo, SP
Lembro-me de certo missionário nôvo de uma comunidade rural, que servia no
Estaca São Paulo Leste
Canadá. Era pequeno de estatura, porém grande em testemunho. Junto com seu com
R. Ibituruna, 82, São Paulo, SP
panheiro, procurou a casa de Elmer Pollard, em Oshawa, Província de Ontário, no
Correspondente
Canadá. Penalizado, o Sr. Pollard convidou os dois jovens que, mesmo com a ofus
Estevam Giagnório
cante tempestade de neve, batiam de casa em casa, para entrar. Êles apresentaram-
lhe a mensagem, cujo espírito não foi compreendido. Após algum tempo, foram des Estaca São Paulo Sul
R. Catequese, 432, Santo André, SP
pedidos com a recomendação de não voltar. As últimas palavras daquele senhor,
Correspondente
ditas com escárnio, ao deixarem a entrada principal, foram: “ Vocês, por certo, não
Armando Jekabson
esperam que eu acredite realmente que crêem em que Joseph Smith foi um profeta
de Deus!", e bateu a porta. Os élderes desceram pelo caminho. Então, o jovem cam Missão Brasil Central
ponês disse ao companheiro: “ Élder, não respondemos à dúvida do Sr. Pollard. Êle R. Henrique Monteiro, 215
CP 20.809, São Paulo, SP
disse que não acreditávamos que Joseph Smith foi um verdadeiro profeta. Vamos
Tel. 80-4638
voltar e prestar-lhe nosso testemunho." A princípio, o missionário mais experimenta
Correspondente
do hesitou, mas, finalmente, aquiesceu. Com o coração tomado de temor, voltaram
Bruce G. Howard
à porta da qual haviam sido mandados embora. Uma batida, o confronto com o Sr. Pol
lard, um instante angustioso, depois o poder de um testemunho nascido do Espírito: Missão Brasil Sul
R. Dr. Flôres, 105, 14.°
"Sr. Pollard, o senhor disse que não acreditávamos que Joseph Smith foi realmente
CP 1513, Pôrto Alegre, RS
um profeta de Deus. Sr. Pollard, testifico-lhe que êle foi um profeta e traduziu o Livro Tel 24-9748
de Mórmon. Êle viu a Deus, o Pai, e a Jesus Cristo, o Filho. Eu sei que isto é Correspondente
verdade."
Wilma Bing Torgan
Missão Brasil Norte
O Sr. Pollard, agora Irmão Pollard, algum tempo mais tarde declarou numa reunião
R. Stefan Zweig, 158, Laranjeiras
do Sacerdócio: “ Naquela noite, não consegui dormir. Em meus ouvidos, continuavam CP 2502, ZC-00, Rio de Janeiro, GB
a ressoar aquelas palavras": Joseph Smith foi um profeta de Deus. Eu sei que isto é Tel. 225-1839
verdade: Eu sei. Eu sei. Eu sei. “ No dia seguinte, telefonei aos missionários. A men Correspondente
sagem, aliada ao testemunho dêles, mudou minha vida e a da minha fam ília." Pre Charles K. Gunn
guem a verdade com testemunho.
Construção Geral no Brasil
R. Itapeva, 378, São Paulo, SP
Nêste Número Tel. 288-4118
Correspondente
Mensagem de Inspiração. Thomas S. Monson 2 Manoel Marcelino Netto
A Santidade do Matrimônio. Pres. Joseph Fielding Smith 3 Departamento Fotográfico
Todos Prestaram Testemunho. D elbert L. Stapley 5 Rui Marques Bronze
Aonde Mandares Irei. A lb ert L. Zobell, Jr. 7
A LIAHONA — Edição brasileira do “ The Unified Maga
Depois de Dez A n o s ... Betty M cM illan 9 zine" da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Meu Encontro Com o Mormonismo. Robert L. Cannon 10 Dias, acha-se registrada sob o número 93 do livro B,
n.° 1, de Matrículas de Oficinas Impressoras de Jornais
Cataclismos no Peru. Relato de Dois M issionários 11 e Periódicos, conforme o Decreto n.° 4857 de 9-11-1930.
Um Nôvo Aspecto. Lawrence W. Rand 12 "The Unified Magazine" é publicado, sob outroò títulos,
Oferecer um Sacrifício Aceitável ao Senhor. Owen C. Bennion 14 também em alemão, chinês, coreano, dinamarquês, es
panhol, finlandês, francês, holandês, inglês, italiano, ja
A Lande e a Abóbora. La Fontaine 17 ponês, norueguês, samoano, suéco, taitiano e tonganês.
O Jôgo do Sorriso. Bernadine Beatie 18 Composta pela Linotipadora Godoy Ltda., R. Abolição, 263.
Enfrentar os Desafios da Vida. Bispo John H. Vandenberg 21 impressa pela Editora Gráfica Lopes, Rua Francisco da
Silva Prado, 172, São Paulo, SP.
O Risco do Amor. Catherine Kay Edwards 23 Devido à orientação seguida por esta revista, reserva
O Presidente da Igreja. H. Parker Blount 26 mo-nos o direito de publicar somente os artigos solici
tados pela redação. Não obstante, serão bem-vindas
O Hábito de Ser Grato. Bonnie J. Babbel 30 tôdas as colaborações para apreciação da redação e da
Notícias da Igreja no Brasil. 32 equipe internacional do “The Unified Magazine". Cola
Boas Maneiras no Casamento. Richard L. Evans 36 borações expontâneas e matéria oriunda dos correspon
dentes estarão sujeitas a adaptações editoriais.
Subscrições: Tôda a correspondência sôbre assinaturas
Capa deverá ser endereçada ao Departamento de Assinatu
ras, Caixa Postal 19079, São Paulo, SP. Preço da assi
4 A LIAHONA
Todos Prestaram
T estemunho
Delbert L. Stapley
do Conselho dos Doze
enho ouvido a juventude da Igreja indagar: “ Co Hoje em dia, m uitas vozes desafiam os padrões de
O cético — cujo maior empenho é questionar e de Jesus, falando aos apóstolos, afirm ou:
sacreditar a verdade aceita e divinamente revelada.
. .. porque nada há encoberto que não haja de reve
lar-se, nem oculto que não haja de saber-se.
O agnóstico — que não aceita qualquer possibilida
de de certeza religiosa e rejeita a validade de qualquer O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que
prova ou confutação da existência de Deus. escutais ao ouvido pregai-o sôbre os telhados. (Mateus
10:26,27)
O ateísta — que não crê na existência de qualquer
tipo de divindade. Isto concorda perfeitam ente com o declarado por
Amós:
O ambíguo — que na maioria das vêzes, demonstra
incerteza quanto às crenças promulgadas, semeando, Certamente o Senhor Jeová não fará cousa alguma,
assim, dúvidas no coração dos crentes. sem ter revelado o seu segrêdo aos seus servos, os
profetas. (Amós 3:7)
Seja qual fô r a definição, as pessoas que ensinam
doutrinas falsas e procuram destruir a fé dos crentes Ouçam as testemunhas que predisseram a vinda de
sinceros devem ser evitadas. As pretendidas vítim as de C risto, sua vida e missão em ambos os hem isférios, e
vem esforçar-se em obter informação e orientação cor suas subseqüentes aparições aos discípulos dos dois
retas através de diligente estudo e oração. continentes, após a ressurreição. Atentem para o teste
munho delas e mantenham a fé inabalável e forte.
Disse o sábio Salomão: “ Lembra-te do teu Criador
nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus O Profeta Isaías te stifico u : “ Eis que uma virgem
d ia s ... " (Eclesiastes 12:1) conceberá, e dará à luz um filh o .” (Isaías 7:14) Mais
Fevereiro de 1971 5
tarde, disse que Jesus nasceria do “ tronco de Jessé" Após sua morte na cruz e sua ressurreição, Jesus
(Isaías 11:1) C risto apareceu no continente americano. O referido em
3 Néfi mostra que ficou de pé no meio da multidão,
M iquéias profetizou: convidando as pessoas a se aproximarem e tocarem as
marcas dos cravos em suas mãos e pés, e o ferim ento
E tu, Belém Efrata,. . . de ti me sairá o que será o do peito. Dentre elas, escolheu doze discípulos, os quais
Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos comissionou para que pregassem ao povo e estabele
antigos, desde os dias da eternidade. (M iquéias 5:2) cessem o seu reino entre êles. Êsses homens fizeram
como lhes foi mandado pelo Senhor e prestaram um
O nascimento de C risto ocorreu conforme fôra pro inatacável testemunho da sua existência e divindade.
fetizado e segundo o registrado em Mateus 1:18-21 e
Lucas 1:26-42. Nestes últim os dias, em resposta à fervorosa ora
ção, o Salvador e Deus, o Pai, apareceram pessoalmente
Falando de Jesus, disse Isaías: ao adolescente Joseph Smith, no Bosque Sagrado, loca
lizado no Estado de Nova York. Posteriormente, o Sal
E repousará sôbre êle o espírito do Senhor... E de-
vador voltou a mostrar-se a Joseph Smith, O liver
leitar-se-á no temor do Senhor: e não julgará segundo
Cowdery e M artin Harris.
a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o
ouvir dos seus ouvidos; A 16 de fevereiro de 1832, enquanto Joseph Smith
e Sidney Rigdon buscavam piamente uma resposta para
Mas julgará com justiça os pobres, e repreenderá
questões concernentes aos m ortos,” o Senhor tocou os
com eqüidade os mansos da te rra ...
olhos dos nossos entendim entos” e puderam ver a gló
E a justiça será o cinto dos seus lombos, e a verda ria do Filho à mão direita de Deus. Após esta gloriosa
de o cinto dos seus rins. (Isaías 11:2-5) visão, prestaram o seguinte testemunho:
Ao iniciar-se o m inistério do Salvador, Deus, o Pai, E agora, depois dos muitos testemunhos que se
em pessoa, prestou testemunho de sua natureza divina, prestaram Dêle, êste é o testemunho último de todos,
quando declarou dos céus: “ Tu és o meu Filho amado que nós damos Dêle: que Êle vive!
em quem me comprazo.” (Marcos 1:11)
Pois vimo-Lo, mesmo à direita de Deus; e ouvimos
Seu m inistério aparentemente não é questionado, a voz testificando que Êle é o Unigênito do Pai —
nem mesmo pelo mais veemente dos “ induzidores de (D&C 76:22,23)
dúvidas” , mas reduziria sua condição à de um grande
m estre. Qual o crédito m erecido por tais pessoas? Em Êste testemunho ardia dentro da alma de Joseph
face dos fatos e da realidade de profetas testificando Sm ith, mesmo depois do solo de Carthage te r sido em
a natureza real do Salvador, afirmações assim deveriam bebido e consagrado por seu sangue — o m ártir da cau
ser rejeitadas por todos os santos sensatos e fié is. sa e obra de Deus.
Para que não fôssem ludibriados, Jesus C risto, an A evidência é clara, o testemunho conclusivo de
tes da ressurreição, já dizia aos discípulos: que a vida de C risto foi predita. Êle viveu segundo as
predições dos profetas de Deus. Foi crucificado, ressus
Porque se levantarão falsos cristos, e falsos pro citou e apareceu a muitas pessoas.
fetas, e farão sinais e prodígios, para enganarem, se fôr
possível, até os escolhidos. (Marcos 13:22) Para se conseguir a vida eterna, é necessário ter-se
conhecimento de Deus e Jesus C risto, e do plano do
Os quatro Evangelhos revelam-nos que, depois de Evangelho.
ressurgir dos m ortos, Jesus apareceu a Maria Madale
na, a dois de seus discípulos no caminho de Emaús e Somos descendentes da Deidade e, portanto, eter
também aos dez apóstolos congregados num recinto fe nos por natureza, como Deus é eterno. Existe outra vida
chado, em Jerusalém; noutras ocasiões, apareceu aos futura após a mortal. E isto sendo verdade, precisamo-
onze; mais tarde, a sete dos apóstolos, junto ao mar nos preparar para êsse futuro, se quisermos atingir a
de Tiberíades; posteriorm ente ainda, a 500 irmãos de felicidade eterna. É im prescindível que cada um de nós
uma só vez; depois, aos onze no Monte das O liveiras. siga o rumo certo para alcançar essa meta. O Salvador
A li, “ depois de lhes te r falado, foi recebido no céu, e disse: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Nin
assentou-se à direita de Deus.” (Marcos 16:19) guém vem ao Pai, senão por m im .” (João 14:6)
A LIAHONA
Deus criou o homem à sua própria imagem e seme dos no dia do julgam ento, e essa posição errônea provo
lhança. C risto é a imagem expressa da pessoa do seu cará sua condenação.
Pai. Nossos prim eiros pais m ortais, Adão e Eva, foram
criados assim. Igual produz igual. Assim fo i desde o Não podemos ser felizes, a menos que sigamos o
princípio. Um cavalo sempre foi cavalo, e assim será a plano de vida do Evangelho durante todos os dias da
sua prole. O mesmo pode ser dito de tôda a vida animal nossa existência m ortal. Quão importante é agarrarmo-
e outras formas de coisas viventes. Não nos fará sentir nos à barra de ferro da visão de Léhi! As pessoas po
mais nobres e importantes saber e te r a certeza de que dem discordar acêrca da doutrina, mas não negar o tes
fomos criados à imagem de nosso Criador, Pai e Deus? temunho do Espírito.
O Apóstolo João escreveu: "Se recebemos o tes Sim, desde os prim órdios, Deus tem levantado pro
temunho dos homens, o testemunho de Deus é m aior.” fetas por interm édio dos quais revela sua intenção e
(I João 5:9) Como poderá o homem imaginar, em seu vontade a seus filhos.
coração, ser mais instruído e sábio do que seu Criador?
Possam estas verdades e testemunhos serem fir
Quando os homens questionam os ensinamentos, memente implantados na mente de todos os membros
própositos e julgamentos de nosso Pai C elestial, estão da Igreja. Seu próprio testemunho será fortalecido pelo
assumindo uma posição pela qual serão responsabiliza conhecimento de que “ êle v iv e !”
Aonde Mandares
Irei
Albert L. Zobell, Jr.
Editor de Pesquisa
O
vigoroso jovem Melvin J. Ballard acabara de uma encatadora môça que, de aluna, passou a ser sua
formar-se na Academia Brigham Young, em sua noiva; juntos, planejaram seu ingresso em Harvard.
cidade natal de Logan, Utah. Mas sua sêde de Duas semanas antes do térm ino do ano escolar, re
saber ainda não estava satisfeita, decidindo por isso
cebeu um chamado do Presidente W ilford W oodruff, para
ingressar na Universidade de Harvard, em Massachu- acompanhar o Presidente B. H. Roberts e o Élder George
setts. Como isto estava temporàriamente além de suas D. Pyper (mais tarde, superintendente geral das Es
posses, resolveu então lecionar durante dois anos. No colas Dom inicais) que iriam iniciar o trabalho missioná
segundo ano de professorado, fazia parte de sua classe rio nas grandes cidades dos Estados Unidos. Embora
Fevereiro de 1971 7
fôsse um duro golpe em seus planos pessoais, a ques do-se numa citara. Certo dia, um velho amigo deu-lhe o
tão mereceu pouco debate e antes de a noite cair, a poema “ Aonde mandares irei, Senhor” e, no mesmo ins
resposta, aceitando a designação, estava a caminho. O tante, ela tocou a melodia no seu instrumento. Poste
Élder Ballard casou-se com sua ex-aluna Martha A. Jo- riorm ente, outro amigo a transpôs em notas, sendo pu
nes, a 17 de junho de 1896; já no dia 6 de julho, foi de blicada em forma um pouco diversa.
signado m issionário e, levando o dinheiro economizado
para custear um ano de estudo universitário, partiu dei Élder Ballard tornou-se homem de negócios e líder
xando a noiva em casa. com unitário, em Logan; sempre encontrava tempo para
trabalhar pela Igreja. No inverno de 1902-1903, aceitou
No campo m issionário, o Presidente Roberts prega uma missão de curto prazo, para ajudar na organização
va, o Élder Pyper cantava e o Élder Ballard, de 23 anos, de um ramo com os santos espalhados pela bacia do
orava, pregava e cantava. Pouco tempo depois, os élde- Boise, Estado de Idaho. Depois, aos trin ta e seis anos,
res Roberts e Pyper foram desobrigados, sendo o mais em abril de 1909, foi chamado como presidente da M is
jovem designado como m issionário itinerante. Passou são Noroeste dos Estados Unidos. Aceitar implicaria
a noite chorando, sendo tentado pelo demônio a desis em prejuízos finaceiros, e alguns de seus sócios acha
tir e voltar para casa. Mas recorreu ao Senhor, pedindo ram que seria tolice. Replicou-lhes que, mesmo que lhe
ajuda e orientação e, já antes do amanhecer, consegui fôsse pedido dez vêzes mais, ainda assim não seria sa
ra dominar seu próprio espírito e escreveu uma carta, c rifíc io pois devia mais ao Senhor do que jamais pode
aceitando a incumbência. Foi então que encontrou o poe ria pagar. Sua missão term inou ao ser ordenado após
ma que se tornou o guia da sua vida, e da vida de in tolo e ocupar seu lugar no Conselho dos Doze, em 1919.
contáveis missionários depois dêle. Os versos, de au
toria de Mary Brown, faziam parte de um pequeno livro, Falando na conferência geral de outubro de 1934,
intitulado Make His Praise Glorious (Torne Glorioso seu disse:
L ouvor):
"M a is tarde, voltei a Harvard, mas com trin ta e cin
“ Talvez não seja ao alto mar co anos de atraso. Fui empossar um presidente de m is
Que C risto me vá mandar são e era época de férias. Postado no lim iar daquela
Talvez não haja co nflitos lá, grande instituição de ensino, vi-me como poderia ter
Nem trevas eu vá encontrar. chegado trin ta e cinco anos antes, com as esperanças,
com os sucessos que poderiam te r acontecido; e, a des
peito de apreciar títu lo s e diplomas, não estava desa
Mas quando o C risto me chamar
pontado. Por outro lado, vi o que me havia acontecido:
A sendas que não trilh e i,
Onze anos como conselheiro de bispo e sumo conselhei
Eu proclamarei, com amor: 'Ó Senhor
ro; catorze anos como m issionário da Igreja; quinze
Aonde mandareis irei.
anos como membro do Conselho dos Doze — quarenta
anos de vida gloriosa! A alegria resultante, as honras
Aonde mandares irei, Senhor,
e favores do Todo-poderoso, eu não os trocaria por to
Através de montanhas ou mar;
dos os título s e diplomas que Harvard pudesse oferecer-
O que ordenares farei, ó Senhor,
me, por mais que os admire, se, em troca, tivesse que
Aonde mandares irei
sacrificar as alegrias e a felicidade a mim proporciona
das por ser obediente.
Talvez, da dúvida e do mal,
Eu venha a resgatar, “ Eis a lição que aprendi: Se faço o que o Senhor
Amados filhos do Bom Pastor, quer que eu faça, viverei para cum prir minha vida na
Que esperam o meu chamar. maneira mais plena e gloriosa. Nem sempre consigo ver
o que êle quer que eu faça, mas, freqüentem ente, êle
Porém, se o C risto me guiar inspira os que chamou e designou para d irig ir meus la
Na própria senda do mal, bores, de modo que, se eu fô r obediente e atendê-lo,
Mensagem de amor cantarei: ‘Ó senhor, encontrar-me-ei preparado no fim .” (Conference Report,
O que me mandares fa re i." outubro de 1934, p. 117)
Pareceu-lhe uma mensagem do céu destinada a êle, Élder Ballard faleceu a 30 de julho de 1939, em Salt
e quanta alegria não trouxe à sua vida o tentar pôr em Lake C ity. O hino que descobriu e introduziu na Igreja
prática aquêles pensamentos. Completou sua missão, resume perfeitam ente seu m inistério. Diz a estrofe final:
voltando ao lar em dezembro de 1898.
“ Talvez floresça em minhas mãos,
Nada sabemos sôbre Mary Brown, a autora. Anos A messe do Salvador,
mais tarde, o Élder Ballard descobriu que fôra musica Pois com vigor quero trabalhar,
do, passando a cantá-lo em conferências de estaca e Por C risto, meu Redentor.
reuniões especiais por tôda a Igreja. 'C onfio em ti sem vacilar
E sempre te amarei;
A melodia foi composta por Carry E. Rounsefell, de A tua vontade farei, ó Senhor!
Boston, que se dedicava à obra evangélica, acompanhan Aonde mandares ire i.'”
8 A LIAHONA
Depois de Dez Anos
Jm Tributo aos Missionários
---—---
Betty McMillan
este mês de setembro, faz Estranhamente, vi-me concordando pé, e depois a andar, segurando-nos
Fevereiro de 1971
Então, em certa tarde luminosa,
MEU ENCONTRO COM um médico amigo da família, que era
mórmon, convidou-me a comparecer
a uma conferência patrocinada pela
Universidade de Brigham Young. In
O MORMONISMO formou-me que um professor daque
la instituição de ensino seria o ora
dor, deixando lisongeiramente im
plícito que ótim o não seria se a opi
Robert L. Cannon nião de nós dois, o orador e eu, en
trasse num acôrdo. Fui à conferência
e fiquei escutando. Enquanto o ora
dor falava, meu problema quanto à
Trindade, imediata e um tanto inex-
plicàvelm ente, começou a desfazer-
se diante de meus olhos. E naquele
dia, no amplo recinto ocupado por
mórmons devotos, fui apresentado
ao nosso Pai Celestial. Descobri ser
té 1.° de agôsto de 1968, con quatro anos seguintes, não vi mais êle real, pessoal, afetuoso, e real
10 A LIAHONA
CATACLISMOS
NO PERU
o domingo, 31 de maio de preendemos que fôra um dos m elho uma vez que os terrem otos usual
te de Lima, a uns oitenta quilôm e são extremamente estreitas, com ca “ Então, já estava escuro, e como
tros da costa, nos altiplanos da cor sas quase tôdas feitas de adôbe. Em sabíamos que não conseguiríamos
dilheira andina. Segue-se um relato vista disso, praticam ente todos os dorm ir, oferecemos nossos présti-
dos élderes Kent Toone, de Bounti- edifícios da cidade ruíram, sepultan mos ao hospital que também ainda
ful, Utah, e Ladd W ilkins, de Roose- do as ruas e todos os que ali es estava de pé. Êste apresentava uma
velt, Utah, então trabalhando na ci tava m. visão que nunca poderemos esque
dade de Huaraz, que foi destruída cer. Carga após carga de feridos
em 90%. "Durante nossa busca dos mem
eram trazidos — alguns sem as ore
bros da Igreja, encontramos muita
lhas e narizes, muitos com a metade
“ Até cêrca de 15h25m, o dia 31 de gente sèriamente ferida e soterrada,
do rosto arrancado, outros com os
maio transcorreu como qualquer ou ainda com vida; ajudamos da melhor
ossos esmigalhados — de modo ge
tro dia de domingo — um dia lindo, maneira que nos foi possível. Feliz
ral, ferim entos e danos de todos os
quente, cheio de paz, em Huaraz, mente, encontramos todos os cin
tipos. Os corredores e salas do hos
Peru, nos altos dos Andes. Estáva- qüenta membros a salvo, sendo que
pital estavam atulhados de gente, ha
mos justam ente dando uma aula sô apenas uns poucos estavam feridos.
vendo somente dois ou três médicos
bre a Igreja a certo homem, quando, Foi realmente um milagre, pois cedo
disponíveis na cidade inteira para
às 15h25m, a terra debaixo de nossos descobrimos que restavam poucas
cuidar de todos êles. Não havia água
pés começou a trem er. A princípio, fam ílias que não haviam perdido al
nem remédios. Não obstante nossa
não demos muita atenção, pois que guém. Uma das últim as estim ativas
total inexperiência, nossa ajuda foi
leves trem ores de terra são bastan do número de mortos em Huaraz
bem recebida, e ficamos trabalhan
te freqüentes no Peru. Mas, como acusou 20.000, ou seja, duas pessoas
do no hospital a noite inteira.
continuava e tornou-se mais forte, em cada cinco.
saímos para a rua onde estaríamos
mais a salvo de sermos atingidos À noite, voltam os para nossa casa, “ O dia seguinte — segunda-feira,
por escombros. Os trem ores prosse na esperança de poder salvar algu 1 ,c de junho — foi quase tão mau co
guiram e até edifícios inteiros desa ma coisa de nossos pertences pes mo o anterior. Centenas de mortos
bavam. Quando cessaram os estron soais. Para surprêsa nossa, a casa eram retirados dos escombros, en
dos, nossos corações começaram a ainda estava de pé. Embora fôsse pe quanto m uitos outros eram recupe
se acalmar um pouco mais. rigoso lá estar, entramos ràpidamen- rados ainda com vida. Desenterra
te por uma janela para recolher o mos um garotinho que ainda vivia,
“ Pusemo-nos a andar pela cidade, máximo possível das nossas coisas. após te r ficado oito horas soterrado
a fim de verificar o que acontecera Temíamos que a casa pudesse ruir na mesma posição, sem alimento,
aos membros da Igreja. Ao deixarmos em cima de nós, ou pior ainda, fôsse luz e pouquíssimo ar. Muitas pes
a rua em que estiváramos, com mos surpreendidos por outro trem or, soas ficaram soterradas nos teatros
Fevereiro de 1971 11
GENEALOGIA
e outros locais de reunião. É d ifícil
imaginar que a natureza pudesse
causar tudo aquilo em somente 2
minutos e 20 segundos. A cidade in
teira chorava e se lamentava, pois
quase tudo havia sido destruído.
H
cias do desastre, diversas toneladas elen Keller, a notável autora nas um quadro de trabalho, trabalho,
de roupas, mantimentos, e suprim en e conferencista americana, e mais trabalho.
tos médicos foram despachados pe que aos 19 meses de idade, Tôda gente, muitas vêzes, faz uma
la Igreja, a fim de serem d istrib u í ficou privada da visão e da audição
imagem estereotipada do genealo
dos entre os membros e não-mem- em conseqüência de encefalite, dis gista. Em prim eiro lugar, parecem
bros na Missão do Peru e Estaca de se, certa vez: “ Não há rei que não achar que os genealogistas têm que
Lima. conte um escravo entre seus ante ser quáse tão velhos quanto os an
passados, e nem escravo que não tepassados que procuram. Segundo,
Quanto à conduta dos missioná não tenha um rei entre os seus.” Ao colocam tais pesquisadores fic tício s
rios durante a tragédia, disseram al ascendermos por uma árvore genea nos recônditos mais sombrios de bi
guns moradores da cidade que “ os lógica, podem-se descobrir fatos não bliotecas, ou então, esgueirando-se
gringos” (referindo-se aos missioná menos extraordinários. Encontram-se furtivam ente entre os túm ulos de um
rios norte-americanos) foram os úni ramos perdidos, freqüentem ente nas cem itério. Protesto! Não somos se
cos homens na cidade. Enquanto to cem encantadoras amizades e, inva- cretas reincarações de certos perso
dos os demais procuravam fu g ir dela riàvelm ente, acaba-se viajando um nagens de uma peça de suspense" de
correndo, pensando só em si, os bocado. Tais delícias precisam ser um Edgard Allan Poe. Nem tampou
gringos iam em sentido oposto — salientadas, pois, de um modo geral, co necessàriamente idosos. Nossa
ajudando a todos que podiam .” o estudo da genealogia evoca ape maior falta é que tendemos a alar-
12 A LIAHONA
dear um pouco nossas façanhas, co grau", “ cidade-município-estado” , e fatos poderão ser bastante d iv e rti
mo que dizendo: “ Por que vocês não “ nom e-de-solteira-completo” logo se dos. A que eu reservo para ocasiões
fazem o mesmo?” tornarão coisa fácil. O único obstá especiais refere-se ao meu tetravô
culo à sua frente é começar. em sétim o grau, Isaac Sheldon. Criou
Pois bem, por que não? Vocês sa uma fam ília enorme, repintando o
bem o que dizem as Escrituras. Co O método biográfico não está sen berço regularmente a cada dois anos.
nhecem a lógica na qual se ampara do suficientem ente acentuado em Mas, depois dos prim eiros doze, hou
a doutrina da exaltação. Em tôdas as nossas estacas. Encontro uma por ve uma pausa de seis anos. E exa
alas e estacas, vemos providências ção de talentos genealógicos sufoca tamente quando decidiram descartar-
para a genealogia. Posso adiantar dos pela urgência com que alguns se do berço de uma vez por tôdas,
umas poucas sugestões de como re de nós procuram com pilar seu livro apareceu o décimo terceiro. Sabem
novar o interêsse pelo assunto. de recordações. Procure aquelas ve qual o nome que lhe deram? Mercy!
lhas fotografias espalhadas pela ca (Agradecida. N. do T.)
Primeiro, façam seu trabalho aos sa. Desencave aquela poesia que
poucos. Se o gráfico de linhagem os você alinhavou nos tempos de esco Essas histórias foram tiradas de
deixa desconcertados, atenham-se a la, e a dissertação escrita na faculda verdadeiros registros de grupo fam i
com pilar os registros de grupo fa de. Você ainda guarda o diário redi liar. Os episódios da parte biográfi
m iliar para os parentes no local em gido fielm ente durante longos três ca do seu livro de recordações serão
que residem. Não se preocupem com meses? Apanhe aquelas cartas an jóias que você mais apreciará e re
o Bisavô Silva — certifiquem -se de tigas e espalhe seu rico conteúdo cordará melhor.
que conseguiram tôdas as inform a diante de você. Depois, municiado
ções que puderam do Pai Silva, an Não deixa de ser verdade que tais
com tôdas as referências, comece a
tes de êle falecer. Preocupem-se p ri vislum bres íntimos de seus antepas
escrever. Antes de se dar conta,
meiro com tôdas as centenas de de sados exigem um pouco de suor e
você terá um esbôço biográfico, um
talhes ao seu alcance; só isto já po sangue. Ao interrogar parentes, irá
“ arquivo de recordações” , um poe
derá levar um ano ou dois! À medi descobrir coisas esquisitas e cômi
ma de elogios, ou mesmo uma auto
da que crescer sua experiência e o cas. Até escrever sua biografia, nun
biografia. O único obstáculo à sua
álbum, vocês estarão automàtica- ca havia de imaginar que minha san
frente é começar.
mente preparados para a tarefa mais ta avozinha, certa vez surrupiou fru
d ifícil. Existe um aspecto da genealogia tas da árvore do vizinho! E como foi
raramente mencionado. Ela pode ser que minha fam ília veio para o Oeste?
Os interêsses pessoais geralmen divertida! Qual a fam ília que não tem Não existe nenhum registro históri
te se restringem a uma ou duas am uma anedota predileta, um caso en co de jornada através dos ermos,
plas áreas. Certo indivíduo, digamos, graçado, ou acontecim ento inesque nem carrinhos de mão ou “ Vinde ó
é do tipo científico. Esta pessoa ge cível? Nos poucos anos desde que santos” , na minha fam ília. Meu pai
ralmente é boa na matemática, gos me converti, desencavei dúzias de veio para cá em 1928, por estrada de
ta de fazer pequenos consertos pela incidentes interessantes. ferro. E alguma vez você já pergun
casa, e quase sempre escreve ex- tou a seus pais e avós onde se co
cepcionalmete bem em letra de fô r Os nomes por si só podem fazer nheceram? A resposta poderá sur-
ma. Para êsse tipo de indivíduos, o rir. Topei com tôda a espécie dêles, preendê-lo.
caminho lógico para a genealogia é desde Sám Rãnd até Cornelia Ger-
o método estatístico. trude van der Sluis. Quando tudo o mais falhar, ainda
restará você. Já anotou tôdas as v i
Outros já se interessam mais pe A sabatina de informações a que tórias espirituais de sua vida, para
la beletrística. Essas pessoas têm submeti meus parentes, expôs enor que possam servir de inspiração a
je ito para escrever cartas, fazem dis- me variedade de capacidades men outros? Descreva com emoção os
cursinhos interessantes, são bons tais. Você ficaria admirado de quan apogeus da sua vida, seus sonhos,
conversadores e lêem livros aos tas esposas não sabem o segundo os momentos mais embaraçosos, as
montes. Êstes devem tentar o méto nome do marido, maridos que não se lições que o mundo lhe ensinou. In
do biográfico. Obviamente, isto é lembram da data em que casaram, clua algumas idéias extravagantes ou
uma supersim plificação. Contudo, ou como o caso do meu avô m ater veleidades, para divertim ento dos
um levantamento de suas inclina no, que não conseguia lembrar a or bisnetos. Torne-se um escravo do há
ções ajudá-los-á a a tingir seu objetivo dem de idade dos próprios irmãos e bito de escrever diariamente. Nem
mais facilm ente. irmãs! Mas, em contraposição, exis sempre precisa ser genealogia —
tem as “ enciclopédias am bulantes” , uma carta, copiar uma boa receita,
Para os inclinados ao método es de cujo covil você surge com pleta compor uma melodia ou poesia —
tatístico, o registro de grupo fam i mente exausto! Outro caso curioso mas que seja cotidiano. Exatamente
liar e o gráfico de linhagem são os são as crianças que lembram datas como o porquinho-cofre expele uma
mais indicados. O malabarismo de e lugares melhor do que seus pais. boa soma ao fim de poucos meses,
datas, parentescos intrincados e pre assim também o esforço consistente
cisão exigida aguçarão seu apetite. Quando tiv e r preenchido um pu um dia resultará num livro de recor
Uma vez iniciado o trabalho, os têr- nhado de fôlhas de grupo fam iliar, dações digno de sua futura exalta
mos tais como “ primo em quinto pare e volte a examiná-las. Alguns ção e de seus entes queridos.
Fevereiro de 1971 13
Oferecer um
Sacrifício Aceitável
ao Senhor
Owen Cannon Bennion
utro dia, ouvi uma jovem ora- Assim começou a antiga prática de
“ Então o anjo falou, dizendo: Isto "E o Senhor disse a Caim: Por
é à semelhança do sacrifício do Uni- que te iraste? E por que descaiu o
gênito do Pai, que é cheio de gra teu semblante?
ça e verdade.” (M oisés 5:6-7)
"Se bem fizeres, não haverá acei
tação para ti? E se não fizeres bem,
o pecado jaz à p o r ta ... ” (Gên. 4:3-7)
Owen Cannon Bennion, superintendente
da AMM-Rapazes na 22.* Ala de Orem (Utah),
é instrutor do programa educacional para Ia- Sendo Caim um lavrador, achou
manitas da Universidade de Brigham Young. conveniente oferecer o que possuía,
14 A LIAHONA
em lugar do que o Senhor mandara. Em tôda a história da antiga Israel, espiritual entre Deus e o homem.”
Êsse relato revela a importância que vemos os servos de Deus mostran Diz ainda: “ No mais elevado senti
Deus dá à oferta de um sacrifício do sua devoção ao Senhor com ofer do espiritual, a oferta de uma obla
aceitável. Caim deixou de ver que tas de holocaustos. Com a crucifica ção consiste em prestar plena devo
Deus queria um tipo especial de sa ção do Primogênito e Unigênito do ção ao Senhor, ofertando-lhe um co
crifício. Julgou que o que possuía Pai, o derramamento de sangue e ho ração quebrantado e um espírito con
deveria servir. locaustos se cumpriram . Enquanto trito ." (Mormon Doctrine/Bookcraft,
os nefitas se encolhiam nas trevas 1966/, pp. 662,541-42) Na seção 59
A história da provação de Abraão no continente americano, após a de Doutrina e Convênios, o Senhor
dá a tôda a Israel um exemplo de morte de C risto, ouviram a voz de nos dá instruções sôbre quando e
vontade inamovível de ofertar um sa A lfa e Ômega declarando o cum pri onde devemos oferecer êste sacri
c rifício aceitável. Ninguém que não mento da lei. Foram instruídos a fício especial. Embora nossas ofer
tenha um filho pequeno poderá aqui abandonar o antigo costume de sa tas sejam aceitáveis todos os dias,
latar plenamente a angústia de crificarem as prim ícias dos reba no dia do Senhor temos o manda
Abraão no momento em que o peque nhos. O Filho de Deus fôra ofereci mento específico de comparecer à
no Isaac perguntou: “ Meu p a iI. . . do como sacrifício por tôda a huma reunião sacramental e oferecer nos
Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde nidade. Em substituição àquele, de so sacrifício. Nessa ocasião, renova
está o cordeiro para o holocausto?” viam ofertar-lhe em sacrifício "um mos nossos convênios (oferecendo
(Gên. 22:7) É preciso não esquecer coração quebrantado e um espírito nossos sacramentos) e ofertamos o
o horror que Abraão tinha aos sacri co n trito ." (Néfi 9:20) Em nossos sacrifício de um coração quebranta
fício s humanos, que, em sua época, dias, o Senhor reiterou êsse manda do e um espírito contrito (uma obla
eram praticados pelos sacerdotes mento, dizendo: “ Em retidão ofere- ção) . Se atentarmos para as orações
idólatras. Ainda assim, Abraão teve cerás um sacrifício ao Senhor teu sacramentais e acrescentamos nos
a calma, fé e obediência para respon Deus, sim, o de um coração quebran so amém, estamos renovando nossos
der à criança, seu filh o : “ Deus pro tado e espírito contrito. . . . (no) dia convênios com Deus. E se o fizer
verá para si o cordeiro para o holo do Senhor, oferecerás as tuas obla- mos com reverência e intenção sin
c a u s to ...” (Gên. 22:8) Como Deus ções e teus sacramentos ao A ltís cera, estamo-nos preparando para
não deve ansiar que outros mostrem sim o. . . " (D&C 59:8, 12) oferecer um sacrifício. Então, duran
a mesma disposição; como disse o te a últim a parte da reunião sacra
Rei Benjamim: “ . . . como c ria n ç a ... Se dedicarmos a mesma importân mental, se o orador e nós, os ouvin
disposto a se subm eter a tudo quan cia a êsse mandamento dado aos ne tes, estiverm os dotados com o Espí
to o Senhor achar q u e ... (nos) deve fita s e a nós, como os antigos davam rito Santo, seremos edificados no
in flig ir, assim como uma criança se aos holocaustos por êles ofertados, que diz respeito à grandeza e mise
submete a seu p ai.” (Mosíah 3:19) muitos de nós precisamos pensar um ricórdia de Deus, à esperança em
pouco se estamos oferecendo ao Se C risto, e à necessidade de todos
nhor um sacrifício aceitável. Talvez nós nos arrepender-mos das trans
Passando agora para a história de estejamos, assim como Caim, o fer gressões. Esta abençoada percepção
Elias, vemos o poder de Deus mani tando uma oblação que nos convém, pode provocar um piedoso pesar,
festando a validez do sacrifício de ou então contrária ao que Deus man um ânimo quebrantado, um senti
sangue, quando êle, Elias, invocou o dou, em lugar de procurar saber mento de contrição, uma brandura e
fogo dos céus para consumir a ofer como cum prir o exigido por Deus. O humildade de coração.
ta ao único Deus verdadeiro. (Veja I que significa ir à casa de oração no.
Reis 18:21-39) Êste relato tem um dia do Senhor e oferecer oblações e Se êste sentim ento é de verdadei
significado oculto, que é, em certo sacramentos ao Altíssim o? ro pesar piedoso, nossa oferta será
sentido, a semelhança de algo que certam ente aceitável diante do Se
está por vir a Israel e ao que aludi Segundo o Élder Bruce R. McKon- nhor. Será algo diverso que qualquer
remos mais tarde. kie: “ Um sacramento é um convênio coisa de valor mundano, como, por
Fevereiro de 1971 15
exemplo, dinheiro e as prim icias de grande fortaleza pessoal de homens fícios ao Senhor. Percebemos a m i
nossos rebanhos. como Abraão, José, Moisés e Néfi. sericórdia e o amor de Deus. Nosso
Ao ler como eram capazes de falar coração está quebrantado simultâ-
Aparentemente, o Senhor condu com Deus e alcançar favor aos olhos neamente pelo pesar e alegria —
ziu seus filhos por um longo cami dêle, parece te r descerrado uma ja pesar devido aos pecados despre
nho, levando-os gradualmente da nela em minha alma, que estivera zíveis, e jú b ilo por nossa salvação
oferta de coisas tangíveis, tal como cerrada pelo véu do esquecimento. resgatada pelo sofrim ento e expia-
uma ovelha ou novilha, às intangí Meu espírito ansiava por retornar à ção de nosso Senhor. Desta forma,
veis, como uma atitude ou estado de antiga associação com Deus. Ao in nosso espírito é contrito, penitente,
espírito. Estas representam um con sinuarem-se dúvidas em mim quanto sem mácula.
ceito diferente de sacrifício, atingin ao Evangelho, nos prim eiros anos de
do o íntimo do ser humano. Impedem adolescência, voltei-m e para o Livro Para certas pessoas, essa expe
a dádiva enganosa destinada a im de Mórmon, orando para que me fôs riência pode ser secreta, uma comu
pressionar terceiros, porque ninguém se dado saber se era uma Escritura nhão m uito pessoal com Deus. Ou
poderá perceber tal presente ou sa verdadeira. Ao ler a história de Néfi tros talvez expressem sua experiên
crifício, exceto Deus ou aquêles e seus irmãos, fiquei profundamen cia, como acontece nas reuniões de
abençoados com seu dom de discer te impressionado. O Santo Espírito testemunho, compartilhando-a com
nimento. te stificou de maneira maravilhosa os que ouvem. Mas, nos dois casos,
que o livro era divinamente revela existe analogia com a história de
Ao considerar a dificuldade de fa
do. Daquele dia em diante, meu de Elias — o fogo dos céus veio reco
zer uma oferta assim, ficamos a ima
sejo de se rvir a Deus foi fortalecido. nhecer a validez da oferta. Jesus
ginar como jamais poderemos ofere
prometeu aos nefitas: “ E todo aquê
cer um sacrifício aceitável. Pagar o
Segundo, é preciso que nos pre le que a mim vier com um coração
dízimo, dar ofertas de jejum e ou
paremos antes de oferecer o sacri quebrantado e um espírito contrito,
tras contribuições m ateriais ao Se
fício de um coração quebrantado e eu o batizarei com fogo e com o Es
nhor, ou negar a si próprio um luxo
um espírito contrito. Na antiga Is p írito Santo.” (3 Néfi 9:20)
almejado, requerem certo grau de
rael; escolhia-se a nata dos reba
coragem e auto-domínio; não obstan
nhos, os cordeiros sem mácula. Era Quanta fôrça não teríamos, se ofe
te, é bem mais fácil do que ofertar
inimaginável sacrificar qualquer coi recêssemos êste sacrifício freqüen
o próprio coração, numa circunstân
sa impura ou imprópria. Nós, da mes tem ente no dia do Senhor, na sua
cia de a flitivo arrependim ento e um
ma forma, precisamos apresentar casa de oração, como êle mandou!
espírito contrito em sincera devo
uma oferta imaculada. Embora não
ção. Como guardar êsse manda
possamos esperar ser perfeitos, po- Não será então lícito afirm ar que,
mento?
demo-nos tornar sinceramente peni na história de Israel, temos um pro
A resposta, típica do caminho do tentes; mas isto deve ser real, e não tó tipo do que é preciso acontecer na
Senhor, é m uito simples. Primeiro, é um sim ulacro ou aparência. Pela fé, vida de todos nós? Israel dispunha da
preciso ler as Escrituras, para obter arrependimento e batismo, é possí lei para levá-.la a C risto. Começou
um conhecimento básico acêrca de vel obter a remissão dos pecados, com sacrifícios m ateriais e será f i
Deus. Tal estudo nos aproxima de através da graça de C risto. Mas ês nalmente levada a oferecer um sa
Deus e provê a motivação e desejo te processo deve ser algo contínuo c rifíc io espiritual. Certamente, há
de guardar seus mandamentos. em nossa vida. À medida que co nti necessidade de sacrifício material
nuamos a nos arrepender dos peca em nossas vidas, mas, a não ser que
Como ilustração, permitam-me re dos e fazemos jus à remissão, che progridamos até o nível de ofertar o
correr à minha própria experiência gamos à brandura e humildade de mais sublim e sacrifício espiritual de
na infância. Lembro-me de que, quan coração. (Veja Moroni 8:24-26) E é um coração quebrantado e um espí
do comecei a ler as histórias dos pro nesta condição que estaremos pre rito contrito, falharemos em atingir
fetas de Deus, impressionou-me a parados para oferecer nossos sacri um dos reais propósitos desta vida.
16 A LIAHONA
Fábula de La Fontaine
Traduzida pelo Barão de Paranapiacaba
A Lande
E ao meu dedo mindinho iguala na grossura
Pousara, em lugar dela, ao rente da planura.
Deus se enganou, de certo. E quanto mais medito
Na má colocação dos frutos, que hei descrito,
Mais me parece nisto equívoco e x is tir” .
Com estas reflexões, privado de dormir,
ea
O nosso camponês provava o dito certo:
— "Quem muito engenho tem conserva-se desperto,
"Porque lhe foge o sono” . — Entanto, à fresca sombra
Deita-se dum carvalhão em mole e verde alfombra.
Magoa-lhe o nariz lande que se despega:
Desperta em confusão; co’as mãos o rosto esfrega;
Na barba o fruto achou. Co’as dores do nariz:
"Olá! Pois não sangrou. Se fôsse mais pesada
A massa que tombou, que tal fôra a pancada
Se uma abóbora fôsse em vez desta frutinha,
Ficara em fresco estado a pobre face minha!
Tal não aprouve a Deus! Pois, sábio e onipotente,
Abóbora
Para assim proceder motivo houve excelente".
E graças dando ao céu por tudo quanto fêz,
A casa recolheu-se em paz o camponês!
Fevereiro de 1971 17
0 Jogo do Sorriso
Bernadine Beatie
J
ean Louis bateu a porta do apartamento
com forte estrondo. Imediatamente — retrucou o menino, mal-humorado. — É que
esta voltou a ser escancarada, e Ma- a senhora não me quer.
demoiselle Chabas golpeou o assolho com sua
bengala. — Ora essa Você sabe muito bem que não
é verdade, meu querido! — Vovó puxou Jean
— Volte, Jean Louis! Venha aqui, agora Louis para junto dela no sofá. — Mlle. Chabas
mesmo, e feche a porta como deve! — disse muitas vêzes cuida de seus amigos. Os pais
enèrgicamente. dêles a têm em alta conta.
Jean Louis fingiu não ter ouvido e corria o — Mas eu não gosto dela! veio a resposta
quanto lhe permitiam suas pernas, pelo cor amudada. — E nenhum dos meus amigos tam
redor em direção à rua. Bem sabia que estava pouco.
sendo malcriado, mas não fêz caso. Também
seus pais poderiam te r arranjado alguém me — Por que?
nos rabugenta do que a velha M lle. Chabas pa
— Ela é tão rabugenta e má! Nunca conta
ra cuidar dêle, enquanto ficavam na praia em
histórias ou brinca com a gente como a senho
visita aos seus amigos!
ra, vovó. Ela nem sabe sorrir!
— Trinta minutos! — resmungava Jean
— Pobre da Mlle. C habas... Dizer-se que
Louis. Como poderia ter um bate-papo com
tão bonita e alegre quando môça!
sua avó e estar de volta tão depressa? Mlle.
Chabas era mesmo mesquinha! — Bônita?! — gritou Jean Louis, admirado.
O menino chutou uma pedrinha pela rua, — Sim, senhor. Uma das môças mais bo-
que acabou parando bem defronte da barraca nitinhas de tôda a cidade de Reims. — Vovó
de flôres na esquina. Jean Louis também parou sorriu mansamente. — Eu tinha inveja dela por
e comprou uma rosa para a vovó. Seus olhos causa de seus olhos côr de violeta.
se iluminaram. Quem sabe vovó o deixaria f i
car com ela?! Ela iria entender como se sentia Era difícil para Jean Louis poder acreditar
a respeito da Mlle. Chabas, e poderia telefonar, que sua gentil e alegre avó pudesse alguma
avisando-a. O menino sorriu. Assim não teria vez ter tido inveja de Mlle. Chabas. — Mas ela
que voltar e ouvir uma reprimenda por te r é velha, vovó, e usa uns vestidos pretos tão
batido a porta. feios! A senhora não é assim — a senhora é
bonita!
Mas, na verdade, desta vez vovó não queria
entender. Embora sorrisse e lhe desse um fo r — Isto é porque eu tenho você, meu que
te abraço, quando lhe entregou a rosa, ela rido, e sua mãe e seu pai. Mlle. Chabas não
sacudiu a cabeça e fungou desaprovadoramen- tem ninguém. Passou a vida tôda cuidando de
te, quando disse que queria ficar com ela e não outros. Primeiro, da irmãzinha aleijada, depois
com Mlle. Chabas. dos pais, quando ficaram idosos, e sempre ha
via falta de dinheiro.
— Passo a manhã inteira na loja, Jean
Louis, — explicou. — Não poderia tomar conta — Por que os amigos dela não ajudaram?
de você. — perguntou o garôto.
18 A LIAHONA
— Nós tentamos, mas quase todos éramos
muito pobres naquele tempo. — Vovó suspirou.
— Talvez não tenhamos tentado bastante. É
muito fácil esquecer as dificuldades alheias.
Agora, ela está velha e só, e não tem nada ao
que se apegar, a não ser cuidar dos filhos dos
outros.
20 A LIAHONA
0 Bispo Presidente Fala
à Juventude Sôbre:
esde o princípio, o homem em vão, não tendo a sua criação obe e manutenção da lei." (12.° Regra
Fevereiro de 1971 21
0 RISCO DO AMOR
em, afinal acabara aconte ção, que afetaria não somente a ela
Sua nova vida era uma experiênê- lescentes por não terem coragem
cia rica e sempre renovada, mas as suficiente para procurar as meninas
irmãs costumavam balançar a cabe de sua idade. Portanto, como have
ça, dizendo: “ Ó Júlia, como deseja ria de sentir-se emocionada ao per
ríamos que encontrasse um bom ceber um toque gentil no ombro e
jovem SUD." Intimamente, Júlia uma voz pedindo a próxima contra
aquiescia, concordando. O casamen dança? Claro que não — — pelo
to que sempre fizera parte de seus menos, até voltar-se e fita r os lím
sonhos, tornou-se um anseio maior pidos olhos azuis de Eduardo Sales.
do almejado destino.
Não foi um amor à prim eira vista.
Certo dia, numa esporádica dispo Antes, uma impressão de "Parece
sição de auto-piedade e “ céus, a- alguém como sempre desejei conhe
-vida-está-passando-ao-largo", a môça cer". E quanto ao Edu? Sua primeira
aceitou um convite para um baile na impresão foi simplesm ente de “ Foi
igreja de sua m elhor amiga. Rute bom encontrá-la. Gostaria de conhe-
encontrava-se em situação semelhan cê-la. m elhor.”
te à de Júlia como única jovem sol
teira em sua igreja, provocando ime A noite inteira fôra um atordoa
diata atração mútua. mento de luzes, música e risos, pelo
que Júlia conseguia recordar, até
Encontrar alguém de especial in- ver-se deitada em sua cama, ainda
terêsse era o que Júlia menos espe sorrindo, trêm ula e saboreando o fato
rava, enquanto enfiava seu vestido de te r um encontro marcado para a
de baile predileto — aquêle de próxima sexta-feira.
"c h iffo n ” rosa pálido. Já se confor
mara com o fato de que seria igual Então, veio o desencanto!
a tantos outros bailes do passado —
— os homens mais velhos tirando-a Ela, Júlia Campos, membro fiel da
para dançar por educação, e os ado Igreja, firm e candidata a um casa-
Fevereiro de 1971 23
mento no templo, havia marcado um Apenas uma peça, mas o que vale representava tudo o que ela deseja
encontro com rapaz não-mórmon, um jôgo incompleto, ainda mais va na vida, e da situação que não
além de membro firm e da própria quando lhe falta a peça mais impor sabia como enfrentar. O bispo es
igreja. Certo, já saíra com outros tante: a chave que revelará tôda a cutava atentamente, vez por outra
rapazes de fora; isto não era tão sua beleza? Júlia bem que o com meneando a cabeça ou fazendo uma
desaprovado assim naquele meio em preendia, e Eduardo também. pergunta.
que havia falta de rapazes da sua
idade, m a s ... Seja sincera, êste Nesta época, também surgiram ou — M uito bem, já compreendi. Não
caso era diferente. M uito diferente tros problemas para Júlia. Às vêzes, deixa de ser um problema, mas o jo
mesmo. arojava-se num turbilhão de ativida vem me parece um ótim o rapaz.
des e estudos religiosos, enquanto
Com certeza, pensou, não pode em outras ocasiões, tinha que forçar- — A í é que está, bispo; êle é tão
ser tão errado. Êle é pessoa tão ex se a freqüentar as reuniões. Às vê bom! Se fôsse um sujeito vulgar ou
cepcional — não fuma, não bebe, não zes, procurava agradar a cada um maçante sob qualquer aspecto, lar
é briguento, nem parece vulgar. Sa dos irmãos e irmãs da Igreja; outras garia dêle, sem mais nem menos;
be como rir e divertir-se; tem boas vêzes, retribuía sêcamente qualquer mas êle não é. Quanto mais o co
maneiras, um tanto tím ido, porém cumprim ento. Um dia,.jurava nunca nheço, mais qualidades admiráveis
ótima companhia. Em suma, um per mais encontrar-se com êle, e no dia descubro. Êle é --------bem, êle é tão
fe ito mórmon, exceto por uma coisa: seguinte, chorava porque não mais mórmon — — só que não se dá
não ser mórmon. conseguia viver sem êle. Quando se conta disso.
decidia a aceitar convite, de algum
Revirou tais argumentos durante a outro rapaz, tal perspectiva só fazia O bispo sorriu para ela e depois
noite inteira. Repetidamente, reviveu com que se sentisse mais ligada a respondeu:
as horas encantadoras da últim a noi Eduardo. Havia momentos em que a
te e enumerava as boas qualidades própria afinidade e mútua identifica — Agora você acabou de esbarrar
dêle, mas sempre voltava ao mesmo ção eram insuportáveis para ambos. num dos problemas mais tris te de
ponto — êle não era da mesma re li um bispo ou missionário ou mesmo
gião. Finalmente, antes de conciliar Certo domingo, ao sair apressada um sim ples mórmon. Tenho encon
o sono, chegou a uma conclusão: mente da reunião sacramental, o trado tantas pessoas maravilhosas
sairia com êle, mas não passaria bispo perguntou-lhe se dispunha de que dariam ótimos mórmons, algu
disso. Não perm itiria que o caso se alguns minutos para conversarem. mas das quais tiveram as lições e
transform ase em namôro firm e ; f i Ela anuiu prontamente, pois o tinha quase se batizaram, mas, por algu
caria grata por te r encontrado al em alta conta e compreendia que não ma razão, não o fizeram. Que gran
guém com quem usufruir umas horas mais poderia prescindir da orienta de benefício não teriam ao compar
de diversão sadia. Continuava deter ção do Sacerdócio. Não obstante, há tilh a r nossas bênçãos e como have-
minada a casar-se somente com um m uito vinha temendo aquêle momen veriam de progredir! A Igreja precisa
digno portador do Sacerdócio e sa to, ao qual, bem o sabia, não pode delas, mas elas necessitam ainda
beria controlar suas emoções. Então, ria esquivar-se. mais da Igreja.
furtivam ente, ocorreu-lhe exatamen
te que Edu diria a si mesmo: “ É uma — Estou contente, Júlia, pelo fato — É sim, — Júlia concordou emo
boa menina, m a s ... é mórmon! Que de podermos conversar um pouco — cionada, — às vêzes dá vontade até
importa, não é nada sério, apenas observou êle, após umas poucas ob de sacudí-las e gritar: “ Você não
um nam orico.” servações prelim inares. — U ltim a compreende o que significa a Igre
mente, procurei falar com você, mas ja? Não vê que isto é a coisa mais
Como poderia ela descrever as parece que nunca pude encontrá-la sublime que poderia acontecer a
semanas seguintes, ao aprofundar-se em tempo após as reuniões. Alguma você?”
sua amizade com Eduardo? Os dois coisa a está perturbando, não é?
apreciavam as mesmas coisas, t i O bispo riu ante o desabafo dela.
nham quase os mesmos problemas, Júlia continuava sentada tensa em Júlia não pôde deixar de rir com êle
sonhos e objetivos semelhantes. Tu sua cadeira, fitando suas mãos in e, repetidam ente, com grande alívio,
do o que faziam juntos lhes dava quietas, mas, mesmo assim, conse sentiu os nervos relaxarem pela p ri
prazer; na vsrdade, não havia nada guiu concordar com um movimento meira vez nas últim as semanas.
de alarmante “ esmagador” na rela de cabeça.
ção dêles; os dois se ajustavam co — Júlia, — disse êle gravemente,
mo um maravilhoso jôgo de montar Hesitante, ela começou a falar sô — não vou dizer a você que largue
— que carecia apenas de uma peça. bre si mesma e o atraente rapaz que êsse môço. mas, sim, pedir-lhe uma
24 A LIAHONA
coisa bem mais d ifíc il. Quero que si mesma: “O que a Igreja significa dentro dêle estivesse tentando opor
você, à sua maneira e no tempo que para mim?” Sempre que achava as uma últim a resistência.
achar melhor, lhe mostre as belezas coisas d ifícies demais, procurava o
Conjeturava se tudo fôra em vão.
do plano do Evangelho. Você precisa bispo que, infalivelm ente, encontrava
Seria êste o fim de tôdas as suas
ser m uito firm e quanto à sua fé e as palavras certas para confortá-la.
orações e esforços? 0 que seria, se
um constante exemplo vivo do Evan Mencionou por alto seu problema a
não aceitasse a Igreja? Iria prosse
gelho. Ame-o e ensine-o, mas, se alguns membros da ala e ficou pro
guir mesmo assim, casar-se com êle,
notar que está endurecendo o cora fundamente comovida com suas ora
na esperança de que, com o tempo,
ção contra a Igreja, então você pre ções e vo tos.de sucesso. Todos lhe
conseguiria mudar sua opinião? Sen-
cisará te r a fôrça, com o auxílio do asseguravam que uma pessoa tão
tir-se-ia desapontado com ela e com
Espírito Santo, de d esistir dêle e co maravilhosa não poderia deixar de
a Igreja, abandonando-a para sem
meçar vida nova. constatar a veracidade do Evangelho.
pre? Neste caso, como conseguiria
Júlia sentia-se assoberbada pela E surgiram os prim eiros sucessos. refazer a vida? Isto faria com que
enormidade da tarefa que lhe pe ela ficasse com sentim entos antagô
diam. Já desempenhara diversos Aquela prim eira vez em que a nicos à Igreja? Ou acabaria êle acei
chamados na Igreja, mas nenhum que acompanhou à Igreja e descobriu que tando tôda a maravilhosa verdade,
se pudesse comparar a isto e que já conhecia e respeitava m uito de possibilitando que, juntos, através do
lhe significasse tanto. seus membros. Todos lhe estende Sacerdócio, construíssem uma eterna
ram a mão da amizade, deixando-o unidade de amor?
— Sei o quanto lhe estou pedindo, impressionado com a alegria entu
De repente, ouviu fortes batidas
mas você não estará sozinha. M i siasta dos santos dos últim os dias.
na porta e a voz de Eduardo chaman
nhas orações a acompanharão e, se
do por ela. Apressou-se em atender.
você concordar, também as de meus Houve a suspeita inicial dos pais
conselheiros, mas seu maior auxílio dêle, quando o filh o começou a ques — Sinto sinceramente por impor
deverá v ir do Espírito Santo. Procure tionar a religião da fam ília, porém o tuná-la nessa hora, Júlia, mas aconte
ganhar fôrças através da oração e calor de Júlia e a busca sincera de ceu algo e preciso falar com você.
do jejum. Pergunte a si mesma, a Eduardo acabaram por abrandá-los, Por favor!
cada dia e cada hora: “ O que o ca pois êle sempre fôra um bom filho
e merecia a confiança dêles também Sem nada dizer, ela saiu e fechou
samento no tem plo significa para
neste particular. a porta atrás de si. Caminharam um
mim? E o Sacerdócio?” Você teve
bom pedaço, em passos apertados e
que viver sem a assistência do Sa
As festas da AM M , as partidas de sem falar. Pensamentos profundos,
cerdócio no lar. Será que deseja
tênis com os élderes, um jantar na preocupados, fervilhavam sua cabe
continuar assim? Qual é o sentido
casa do bispo, as conferências da ça; ansiava por colocar sua mão na
real do Evangelho em sua vida?
estaca, as aulas da Escola Dominical dêle, contudo não ousava fazê-lo.
Júlia partiu com as bênçãos do dedicados aos investigadores — fo
Finalmente, êle parou junto à velha
bispo e uma humilde prece em seu ram semanas encantadoras estas,
árvore retorcida lá da praça da ci
coração; nunca antes se sentira tão em que Eduardo veio a conhecer os
dade, um dos lugares favoritos dêles,
humilde e, no entanto, tão confiante mórmons e sua maneira de viver —
e ela apoiou-se num dos galhos mais
no futuro. Jamais necessitara tanto semanas nas quais Júlia compreen
baixos. Era uma daquelas raras noi
de Deus. deu o quanto desejava que seus des
tes enluaradas, serena e suave.
tinos se ligassem.
Nenhuma palavra poderia descre — Júlia, e u . . . eu fiz uma coisa
ver as poucas semanas que se segui Semanas mais tarde, Júlia estava m uito incomum para mim esta noite.
ram — momentos de puro êxtase e sozinha em seu quarto, tentando ler Ela ficou sem saber o que dizer,
outros profundamente torturantes. um livro; seus pensamentos, porém, conseguindo articular somente um
estavam com Edu. Cerrou os olhos
débil “ O h” ! enquanto rogava intim a
— Por favor, Júlia, conte-me do em angustiosa concentração, pois,
mente: “Ajuda-me a ajudá-lo"!
que se trata. Desejo ajudá-la, e su ultim am ente, as coisas não iam m ui
ponho que você quer que eu o faça. to bem. Sempre houvera algumas dú — Hoje à noite, eu orei. Não, não
Gradualmente, ela começou a falar vidas na mente dêle, contudo, nas ria, por favor. Estou falando a verda
ao môço sôbre alguns princípios da últim as aulas, surgiram coisas im por de. Veja, pensava te r orado antes,
Igreja e explicar-lhe o que significa tantes que não conseguira aceitar, mas, na verdade não o fiz, pelo me
ser mórmon. quando só, levava m ui complicando a situação. Parecia que nos não dessa maneira. Nem tampou
to tempo estudando e indagando a se anunciava uma crise, como se algo co senti jamais o que experimentei
Fevereiro de 1971 25
naquele momento. Paz, Júlia. A boa,
verdadeira e plena paz que nunca su
pus existisse. Os élderes sempre me
pediam que orasse com um coração
sincero, mas, na realidade, nunca o
O PRESIDEN
fiz, e minha mente continuava sendo
atormentada por dúvidas e temores.
Mas, hoje à noite, ajoelhei-me e orei
com uma sinceridade que jamais
acreditei possível.
26 A LIAHONA
TE DA IGREJA
No dia 7 de agôsto, quarta-feira, às Talvez haja pontos de vista opostos aos Doze: "Lancei os alicerces e de-
16 horas, realizou-se uma reunião dos quanto a êste assunto. Eu fui chama veis construir sôbre êles, pois sôbre
apóstolos, sumos conselheiros e su do para ser o porta-voz de Joseph, e vossos ombros repousa o reino ” .
mos sacerdotes. Brigham Young so quero e dificar a igreja a êle; e se o Brigham Young finalizou, convocan
licitou a Sidney Rigdon que fizesse povo deseja apoiar-me nesse lugar, do uma conferência especial para o
uma declaração à Igreja, concernente quero que seja pelo princípio de que dia seguinte, 8 de agôsto, às 10 ho
à visão e revelação que houvera re cada indivíduo deve fazê-lo por si ras, à qual deviam comparecer “ o po
cebido. Êste fixou sua posição nos mesmo. vo com os vários quoruns do Sacer
seguintes têrm os: Proponho-me a ser um guardião pa d ócio ” .
O objeto de minha missão é visita r ra o povo; assim fazendo, cumpri m i Nessa conferência especial, Sidney
os santos e oferecer-me a êles como nha missão e faço o que Deus me Rigdon discursou durante hora e meia
guardião. Tive uma visão em Pitts- mandou, e o povo que decida se me sôbre o tema de escolher um guar
burgh, no dia 27 de junho p.p., a mim aceita ou não. dião para a Igreja, sendo êle o “ guar
revelada não como uma visão aberta, Após Sidney Rigdon, foi a vez de dião" a ser escolhido.
mas antes uma continuação daquela Brigham Young, que falou a respeito
Brigham Young encerrou a sessão
mencionada no “ Livro de Doutrina e da liderança da Igreja, dizendo em
matutina da conferência, dizendo aos
Convênios” . parte:
santos que, se desejavam conhecer
Foi-me dado ver que esta Igreja Não faço questão de quem dirige o parecer e a vontade de Deus, de
precisa ser edificada a Joseph, e que a Igreja, mesmo que seja Ann Lee; veriam reuni-se de acôrdo com a or
tôdas as bênçãos que recebemos de mas uma coisa preciso saber, e isto dem e realizar uma assembléia geral
vem v ir através dêle. Fui ordenado é o que Deus diz acêrca disso. Eu nos diversos quoruns, tribunal êsse
porta-voz de Joseph, devendo v ir a possuo as chaves e os meios de de cujas decisão não haveria apela
Nauvoo e providenciar que a Igreja obter a vontade de Deus quanto a ção. Solicitou uma assembléia dos
seja governada de maneira adequa êste assunto. quoruns às 14 horas daquela tarde,
da, Joseph mantém o mesmo relacio Sei que existem em nosso meio junto com a reunião geral dos mem
namento com a Igreja que sempre aquêles que procurarão tira r a vida bros.
teve. Nenhum homem poderá tornar- aos Doze, como o fizeram a Joseph Nessa sessão vespertina, quando
se seu sucessor. e Hyrum. Devemos ordenar outros, Brighan Young se ergueu para falar,
dando-lhes a plenitude do Sacerdócio, ficou transfigurado diante do povo,
O reino deve ser edificado a Jesus
para que, se form os m ortos, a pleni que o viu na semelhança do Profeta
C risto através de Joseph; ainda de
tude do Sacerdócio permaneça. Joseph Sm ith, tanto em estatura
verá haver revelação. O Profeta mar-
Joseph conferiu sôbre nossas cabe quanto à voz.
tirizado continua sendo o cabeça des
ta igreja; todo quorum deve perma ças tôdas as chaves e podêres per Em seu discurso, reivindicou que
necer como vós o fizestes até agora tencentes ao apostolado que êle pró o Quorum dos Doze dirigisse a Igreja,
em vossos lavamentos e consagra prio possuía antes de nos ser arreba na falta da Primeira Presidência.
ções. Fui consagrado como porta-voz tado, e nenhum homem ou grupo de A prim eira posição por mim adota-
de Joseph, e ordenado a falar em homens pode interpor-se entre Jo ta em favor dos Doze e do povo é
nome dêle. A Igreja não está desor seph e os Doze, seja neste mundo fazer-vos algumas perguntas. Eu per
ganizada, embora nosso cabeça se ou no mundo por vir. gunto aos santos dos últim os dias:
tenha ido. Quantas vêzes Joseph não disse Quereis vós como indivíduos, neste
Fevereiro de 1971 27
momento, escolher um profeta ou loqueis nenhuma barreira entre o Sa- cura a muitas pessoas, na verdade
guardião? Visto que nosso Profeta e cedócio e Deus. Joseph Smith, tendo previsto sua
Patriarca foi arrebatado de nosso morte, havia estabelecido princípios
meio, quereis alguém para vos guar Não podeis indicar um profeta; para a devida transferência de lide
dar, guiar e conduzir por êste mundo mas, se perm itirdes que òs Doze per rança. Tais princípios não eram nem
para o reino de Deus, ou não? Todos maneçam e ajam segundo o seu cha de perto tão vagos como os eventos
os que quiserem que certa pessoa mado, as chaves do reino estão em da época possam sugerir.
seja guardião, ou profeta, um porta- poder dêles e poderão governar os
voz ou coisa parecida, manifeste-se negócios da Igreja e d irig ir tôdas as Joseph Smith recebeu do Senhor o
levantando a mão direita. (Nenhum coisas corretam ente. mandamento de chamar os doze
voto) apóstolos. (Veja D&C 18) Êstes
A seguir, falaram Amasa M. Ly-
Doze deviam ser escolhidos e orde
Se o povo deseja ser dirigido pelo man, W illiam W. Phelps e Parley P.
nados pelas três testemunhas espe
Presidente Rigdon, que seja; mas eu Pratt, todos êles endossando as pa
ciais do Livro de Mórmon. Na tarde
vos digo que o Quorum dos Doze lavras de Brigham Young.
de 14 de fevereiro de 1835, a Primei
possui as chaves do reino de Deus ra Presidência (Joseph Smith, Sidney
Depois de os irmãos concluírem
em todo o mundo. Rigdon e Frederick G. W illiam s)
suas observações, Brigham Young le
vantou-se e pediu uma votação para abençoaram as três testemunhas. De
Os Doze são designados pelo dedo
“ apoiar os Doze como Primeira Pre pois, uniram-se em oração e procede
de D e u s ... os Doze, um corpo inde
sidência do povo." Após a votação ram à chamada dos doze apóstolos.
pendente que tem as chaves do Sa
cerdócio — as chaves do reino de afirm ativa, pediu os votos negativos.
Mão alguma se ergueu. Não havia dúvidas na mente de Jo
Deus, para serem entregues a todo o
seph Smith quanto à posição ocupa
mundo: isto é verdade, que Deus me
O Quorum dos Doze, presidido por da pelos Doze e a situação dêles no
ouça! Êles são os mais próxim os de
Brigham Young, nos próximos três tocante à autoridade e chaves na
Joseph, iguais-à Primeira Presidência
anos foi apoiado como conselho pre Igreja. Em numerosas ocasiões, pro
da Igreja.
sidente da Igreja. A 5 de dezembro curou esclarecer essa posição peran
Não podeis preencher o ofício de de 1847, na casa de Orson Hyde, os te o povo. Em 28 de março de 1835,
um profeta, vidente e revelador: isto apóstolos reunidos discutiram a re Joseph Smith recebeu uma revelação
cabe a Deus. organização da Primeira Presidência. em Kirtland, Ohio, que estabeleceu
Orson Hyde apresentou uma moção, definitivam ente o relacionamento en
Repito novamente, nenhum homem apoiada unânimemente, indicando tre a Primeira Presidência e o Quo
pode fica r à nossa testa, a não ser Brigham Young para presidente da rum dos Doze Apóstolos. O Senhor
que Deus o revele dos céuá. Igreja, sendo-lhe concedido o d ireito disse, entre outras coisas, que os
de escolher seus conselheiros. Foi três sumos sacerdotes presidentes,
Agora, se quereis que Sidney Rig realizada uma conferência geral da escolhidos pela assembléia da Igreja,
don ou W illiam Law, ou outro qual Igreja, de 24 a 27 de dezembro, sen formavam o quorum da Presidência
quer vos d irija, que assim seja; mas do que, no últim o dia, a Primeira Pre dela, e que os doze apóstolos, teste
eu vos digo, em nome do Senhor, que sidência, formada por Brigham munhas especiais de C risto, compu
nenhum homem pode interpor outro Young, Heber C. Kimball e W illard nham um quorum “ igual em autori
entre os Doze e o Profeta Joseph. Richards, foi apoiada pelo voto unâ dade e poder aos três presidentes."
Por quê? Porque Joseph era sua viga- nime de todos os santos. (Veja D&C 107:23,24)
mestra, seu líder, e confiou-lhes as
chaves do reino para o mundo intei Não obstante a questão da lideran Dois anos mais tarde, a 23 de ju
ro nesta últim a dispensação; não co ça da Igreja parecer um tanto obs lho de 1837, foi revelado a Joseph
28 A LIAHONA
que as chaves do Sacerdócio eram da Igreja para o voto de apoio como Conheço diversas razões pelas
dadas tanto à Primeira Presidência presidente dela após a morte do Pro quais não devem fazê-lo. Primeiro,
como aos Doze. (Veja D&C 112:30-32) feta Joseph. Smith. Que tal prece por ocasião da morte do presidente
Além disso, o Profeta declarou: “ Os dente foi estabelecido, vê-se pelas da Igreja, os Doze tornam-se a auto
Doze não estão sujeitos a ninguém, observações de John Taylor que su ridade que preside a ela, e o presi
além da Primeira P re sid ê n cia ... e, cedeu a Brigham Young como pre dente dos Doze é realmente o presi
onde eu não estiver, não haverá ne sidente da Igreja. dente da Igreja por virtude do seu
nhuma Primeira Presidência sôbre os ofício, tanto enquanto preside sôbre
Doze." Assim nossas p o s iç õ e s ... pare os Doze Apóstolos, como enquanto o
ciam claramente d e fin id a s ... Eu pre faz sôbre seus dois c o n s e lh e iro s ...
Orson Hyde falou dos sentim entos sidia o Quorum, e ocupando essa po Segundo, no caso de morte do presi
e premonições do Profeta Joseph sição que era inteiram ente entendida dente da Igreja, é preciso uma maio
Smith acêrca do Conselho dos Doze. pelo Quorum dos Doze, por ocasião ria dos Doze Apóstolos, para indicar
“ Certa vez, na presença de uns ses da morte do Presidente Young, quan o presidente da Igreja, sendo bastan
senta indivíduos, êle (Joseph) disse: do os Doze assumiram a presidência, te irracional supor que a maioria
“ Minha obra está- por term inar; es sendo eu o presidente dêles, isto me dêsse quorum pudesse ser conven
tou para me retirar por uns tempos. colocava na posição de presidente da cida a afastar-se do curso estabele
Vou descansar do trabalho, pois su Ig re ja ... cido por inspiração, e seguido pelos
portei o fardo e o ardor dêsses dias, apóstolos por ocasião da morte de
e agora vou pôr-me de lado e des Tal assunto é ainda mais esclare C risto e pelos Doze, após a morte de
cansar um pouco. E passo o fardo cido no seguinte trecho: Joseph Smith.
que carrego sôbre os ombros aos dos
Doze Apóstolos. Pois bem,' disse Quando o presidente da Igreja fa Embora haja um precedente firm e
êle, ‘reuni vossos ombros e levai lece ou por um m otivo qualquer re mente estabelecido, convém lembrar
avante o reino.’ " nuncia ao seu ofício, a responsabili que Deus chama o homem para ser
dade de escolher seu sucessor sob profeta, porém o povo decide quem
Por ocasião da escolha dos mem revelação recai sôbre o Conselho dos será seu líder terreno. “ Não podeis
bros do Conselho dos Doze, foram Doze. O membro sênior, se q u a lifi preencher o ofício de profeta viden
colocados em ordem de precedência cado, o sucederá nesse cargo, sen te e revelador: Deus é quem precisa
segundo a idade. Brigham Young era do ordenado pelo Conselho dos Doze, fazê-lo." Contudo,
precedido por Thomas B. Marsh e que retém tôda a autoridade inves
David W. Patten. Mais tarde, o úl tida na Igreja. Um homem pode ser profeta, v i
tim o foi morto e quando Marsh, dente e revelador, sem que isto nada
membro sênior e presidente dos A questão de quem deveria as tenha a ver com o fato de ser pre
Doze, abandonou a Igreja, Brigham sum ir a liderança da Igreja, quando sidente da Ig re ja ... Joseph Smith
Young passou ao seu lugar. Numa a Primeira Presidência é dissolvida, foi presidente da Ig re ja ... por voto
reunião do Quorum dos Doze em foi plenamente esclarecida pela res do povo. Poderíeis encontrar qual
Preston, Inglaterra, êle foi apoiado posta de W ilford W oodruff ao lhe quer revelação designando-o presi
unânimemente como presidente dos perguntarem: “ O senhor conhece dente da Igreja? As chaves do Sa
Doze. qualquer razão por que, em caso de cerdócio foram confiadas a ê le ...
morte do presidente da Igreja, os mas, quando foi chamado a presidir
Assim estava estabelecido o pre doze apóstolos não devem escolher sôbre a Igreja, o foi pela voz do po
cedente de que o membro sênior e outra pessoa que não o presidente vo; não obstante, êle retinha as cha
presidente do Quorum dos Doze de dos Doze para presidente da Igreja?” ves do Sacerdócio independente
via ser apresentado à congregação Eis o que respondeu: mente dêsse voto.
Fevereiro de 1971 29
0 Hábito de
Ser Grato Bonnie J. Babbel
30 A LIAHONA
Era o Élder Ezra Taft Benson falando. Êle acabara No dia seguinte, o Élder Benson e meu pai compa
de dirigir-se a mais de 500 santos, na ex-grande cidade receram a uma reunião improvisada no que restava de
de Hamburgo, Alemanha, na primavera de 1946. Ham um velho prédio escolar em Hannover, Alemanha. Es
burgo era um monte de destroços resultante de m ilha tava escurecendo ao chegarem. Pedaços de papelão ta
res de reides de bombardeio. M ilhões de pessoas ain pavam os vãos onde antes houvera vidraças. Imaginem
da estavam por demais aturdidas e fracas por falta de a surprêsa dêles ao entrar e ver 20 crianças pequenas
alimentos, para fazer mais do que vaguear apáticas, ves de pé sôbre cadeiras, ao longo da passagem central,
tidas em trapos, as faces e corpos refletindo a devas os braços cheios de flôres, que espalhavam à passagem
tação da guerra. de Élder Benson e meu pai; naquela ocasião, andaram
sôbre maravilhosa passadeira de pétalas vivas! Estavam
Umas sessenta crianças se adiantaram no amplo, profundamente emocionados ao iniciarem a reunião.
semi-destruído auditório escolar, sendo presenteadas
pelo prim eiro apóstolo a vis ita r os santos na Europa Pouco depois, começou a chover. A fo rte ventania
após o recente holocausto, com bombons e outras gulo tornou necessário fechar os postigos. Sem vidraças que
seimas. Ao voltarem para junto dos pais, muitas per perm itissem a passagem de alguma luz de fora, conti
guntaram: “ M utti (mãezinha), o que é isto?" nuaram a reunião em escuridão quase total. Mas o côro
formado às pressas cantou com tal entusiasmo e espí
Imaginem, se puderem, crianças de seis a oito anos rito, que a escuridão pareceu desfazer-se.
que não conheciam um bombom ou balas! Incrível? Não
na Alemanha de após-guerra. Nós, jovens, hoje em dia, vemos freqüentes man
chetes de descontentamento, crim e, guerras e ódios. O
A seguir, o Élder Benson convidou tôdas as mães a
rádio e televisão continuamente transm item reportagens
virem à frente. A cada uma, deu uma barra de sabão.
e programas que retratam a confusão e amargura que
Ao verem êsse insignificante presente em suas mãos,
parecem prestes a nos subm ergir. Precisamos de mais
diversas puseram-se a chorar de agradecimento. As pes
demonstrações de amor, bondade, aprêço e gratidão.
soas presentes podiam sentir profundo o sentim ento de
gratidão. Ainda hoje, ao descascar batatas e jogar as cascas,
não consigo e s q u e c e r...
Finalmente, foram chamadas tôdas as mães que
amamentavam ou estavam esperando um filho . Apare O Élder Benson e meu pai estavam reunidos com
ceram umas três dúzias, e a cada uma delas, o Élder os membros da Igreja de Saarbrüken, Alemanha — na
Benson deu uma grande laranja da C alifórnia. Êle con quela época, zona de ocupação francesa. Aquêles san
seguira arranjá-las de um sargento de rancho naquela tos, durante semanas, haviam tentado arranjar algumas
mesma manhã, antes de partir da vizinha cidade de fatias de pão, a fim de poderem participar do sacramen
Bremen. Aquelas mulheres não conseguiam acreditar to. Mas, como naquele tempo era impossível conseguir-
na sua boa fortuna. se pão, finalm ente decidiram usar cascas de batatas em
seu lugar. Tiveram que pagar o equivalente a 100 dó
Quando uma daquelas mães se adiantou, ela avis
lares por um “ bushel" dessas cascas — sem as batatas.
tou um carretei de linha e uma agulha que o Élder Ben
(Cêrca de Cr$ 492,00 ao câmbio atual; 1 bushel eqüi
son havia tirado da maleta ao descarregar as coisas que
vale a 35,238 litro s. — N. do T.) O Élder Benson asse
estava distribuindo. Dirigindo-se ao meu pai, Frederick
gurou-lhes depois que estava certo de que o Senhor
W. Babbel, que dominava o alemão e estava servindo
aceitara essa oferta.
de intérprete, e pediu-lhe que indagasse ao Élder Ben
son se êste não queria dar-lhe a linha e a agulha ao É fácil sentir-se grato pelas coisas grandes, porém,
invés da laranja. Quando meu pai transm itiu o pedido, muitas vêzes, esquecemo-nos das pequenas — não nos
o Élder Benson apenas assentiu com um movimento de dando conta de que o que precisamos desenvolver é o
cabeça, por demais sufocado pelas lágrimas para poder HÁBITO de ser gratos.
falar.
Quantas vêzes meu pai não nos lembra de uma das
Uns poucos instantes depois, aquela mãe voltava mais doces promessas feitas pelo Senhor:
para seu lugar, com sua agulha e carretei de linha. Ao
descer pela passagem central, a presidente da Socie
dade de Socorro parou-a momentâneamente e disse: E aquêle que com ações de graças, receber tôdas
“ Irm ã .. . , sei que não se negará a partilhar a agulha e a as coisas, será feito glorioso; e as coisas desta terra
linha com algumas de nós. Nossa necessidade é tão ser-lhe-ão dadas, mesmo centuplicadas, sim, até mais.
grande quanto a sua.” (D&C 78:19]
Fevereiro de 1971 31
Missão Brasil Sul
Demos tração do fortalecimento da Igreja no Sul
32 A LIAHONA
O edifício que abriga o Ramo de São Leopoldo
São Leopoldo-MBS
0
desenvolvimento que a Igreja vem experimen circundada, por jardins e árvores, situada na R. Theodo-
tando em São Leopoldo, cidade de colonização m iro P. Fonseca, 484, tornou-se também sede do Dis
alemã vizinha a Pôrto Alegre, tem causado trito de São Leopoldo, que congrega ainda os ramos de
admiração até mesmo aos não-membros por contar Lages,já Nôvo Hamburgo e dois ramos dependentes: Mon-
o Ramo dessa cidade, moldada pelo protestantism o, tenegro e Vacaria.
mais de 160 membros.
O Ramo de São Leopoldo fo i iniciado em 1961. Os Os membros de São Leopoldo pretendem iniciar a
prim eiros m issionários encontraram a costum eira resis construção de sua capela própria, dentro de um ano.
tência inicial que atualmente cedeu lugar a um cresci Para êsse fim , já foi adquirido um terreno na zona cen
mento firm e e entusiasmador . A capela, uma bela casa tral da cidade.
DISTRITO DO RIO DE JANEIRO R. Silva Telles, 99 JOÃO A. DIAS FILHO 2393 800 88 34 327
Campina Grande R. Siqueira Campos, 655 José F. Barbosa 83 21 4 1 21
Fortaleza R. Barão de Aracatí, 786 Paige Jeffs 70 24 8 2 16
João Pessoa Av. João Machado, 765 Luís P. de Carvalho 160 31 4 3 15
Maceió R. Uruguai, 321 Dean Cleverly 50 15 4 2 7
Recife R. das Ninfas, 30 Evaldo F. de Oliveira 445 151 12 9 46
DISTRITO DE PERNAMBUCO R. das Ninfas, 30 ALFREDO F.T. DE MIRANDA 808 242 32 17 105
MISSÃO BRASIL NORTE R. Stefan Zweig, 158 HAL R. JOHNSON 4746 1625 166 72 640
Fevereiro de 1971 33
Nossas capelas, construídas em moderna linha arquitetônica, contribuem grandemente para a divulgação da Igreja
Capela Própria
0 que é necessário à consecução dêsse objetivo?
Manoel Marcelino Netto
Representante do Departamento Financeiro da Igreja no Brasil
A
o observarem uma das capelas da Igreja, com apresentado à unidade interessada para a sua aprova
tôdas as suas comodidades e espaço destina ção. Nessa oportunidade, o supervisor da área esclare
dos ao bom desenvolvim ento dos programas cerá a respeito da participação dos membros no projeto.
requeridos pelo Evangelho, os membros de ramos e alas Aceito a plano prelim inar pela unidade, o supervisor é
que ainda funcionam em prédios adaptados, muitas vê autorizado a com pletar as plantas necessárias à cons
zes perguntam: O que é preciso fazer para que tenha trução, ocasião em que preparará uma estim ativa do
mos uma capela própria? Eis aqui os vários passos custo do projeto, o orçamento.
necessários à consecução dêsse objetivo: 3 — APRESENTAÇÃO DO ORÇAMENTO AO RAMO
OU ALA: Após com pletar o orçamento do projeto, o su
1 — FREQÜÊNCIA E ATIVIDADE: Ao examinar as
pervisor de construção visitará a unidade interessada,
possibilidades de construção de uma capela, o Departa
para apresentá-lo aos membros, a fim de que êstes se
mento de Construção ve rifica a freqüência e a atividade
disponham a aceitar as diversas tarefas e encargos
dos membros na Igreja. É m uito importante que, no mí
pelos quais terão que se responsabilizar durante a cons
nimo, 70 membros freqüentem assiduamente as reuniões
trução da capela. (Nesta fase, a liderança e os mem
e na ala ou ramo haja um Sacerdócio firm e.
bros comprometem-se a doar dinheiro e mão de obra
2 — APRESENTAÇÃO DOS PLANOS PRELIMINA ao p ro je to ).
RES: Se o ramo ou ala satisfizer os requisitos acima 4 — REMESSA DO ORÇAMENTO A SLC: O orça
mencionados, deverá so licita r ao Departamento de Cons mento e os compromissos assumidos pela unidade são,
trução da Igreja no Brasil (R. Itapeva, 378; São Paulo — a seguir, apresentados ao Com itê de Construção e ao
Capital) sua aprovação e apoio para o projeto preten Comitê de Despesas em Salt Lake C ity que, após estu
dido. O Comitê de Construção, em Salt Lake City, após darem as possibilidades dos membros quanto aos com
estudar as estatísticas do ramo ou ala, enviará ao Su promissos de doarem mão de obra e dinheiro, aprovarão
pervisor da área no Brasil um plano prelim inar que será ou não o prosseguimento do projeto.
34 A LIAHONA
5 — SUPERVISÃO: Uma vez aprovado o orçamen cipantes com pletar tarefas definidas, sob a direção
to, o Escritório da Construção Geral no Brasil provi do surpervisor. Se os membros falharem em realizar
denciará o supervisor para o projeto, assumindo tôdas as tarefas a êles designadas, provocarão aumento do
as responsabilidades técnicas, contábeis e de compras seu compromisso em dinheiro, pois o ramo ou ala terá
do projeto. que arcar com as despesas. A unidade poderá dispor
6 — COMITÊ DE CONSTRUÇÃO DO RAMO OU de precioso auxílio, empregando o trabalho de construto
ALA: Assim que o projeto estiver para ser iniciado, de res de capelas (antigamente chamados missionários
verá ser formado um Comitê de Construção do Ramo construtores), os quais são inteiram ente sustentados
ou Ala, obedecendo ao seguinte esquema: Sob a lide pela unidade que recebe o crédito pelas tarefas
rança do bispo ou do presidente do ramo, deverá reunir- executadas.
se pelo menos uma vez por semana com o supervisor Antes do processamento do pedido de construção
do projeto, para organizar a execução das tarefas, e rea da capela, o ramo ou ala deverá depositar uma parte do
lizar freqüentes programas para angariar fundos para o compromisso em dinheiro (no mínimo Cr$ 2.500,00)
projeto. com o representante do Departamento Financeiro da
7 — DISTRIBUIÇÃO DO COMPROMISSO LOCAL: Igreja no Brasil. Normalmente, nenhum projeto é apro
O compromisso local deverá ser sempre distribuído da vado sem êsse depósito inicial. Durante a construção,
seguinte maneira: havendo dívida com referência ao compromisso em di
A mão de obra deverá ser sempre fornecida na nheiro, esta deverá ser inteiram ente saldada antes do
quantidade e no tempo combinados, devendo os parti térm ino da construção da capela.
ode-se dizer que a sociedade em que vivem os fôrça, para que possais comparecer sem culpa perante