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UFPA

REALIZAÇÃO DE ESTUDOS DE FLUXO DE CARGA, CURTO-CIRCUITO E


PROTEÇÃO DE UM ALIMENTADOR REAL DE DISTRIBUIÇÃO COM O
AUXÍLIO DOS SOFTWARES ANAFAS E ANAREDE

WENDELL ESDRAS ALVES ANDRADE

4º Período / 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ
TUCURUÍ – PARÁ - BRASIL
WENDELL ESDRAS ALVES ANDRADE

REALIZAÇÃO DE ESTUDOS DE FLUXO DE CARGA, CURTO-CIRCUITO E


PROTEÇÃO DE UM ALIMENTADOR REAL DE DISTRIBUIÇÃO COM O
AUXÍLIO DOS SOFTWARES ANAFAS E ANAREDE

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao colegiado de


Engenharia Elétrica – UFPA, Campus de Tucuruí, para
obtenção do título de bacharel em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Msc. Andrey Ramos Vieira

Tucuruí/PA
2014

ii
iii
DEDICATÓRIA

“Aos meus pais, Diva e Duarte, sem eles eu não teria


forças e nem condições de conquistar e vencer as
barreiras da vida. Amo vocês.”

iv
AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me concedido saúde, paz e sabedoria para lidar com cada situação
da vida.
Aos meus pais, Diva e Duarte, por acreditarem em mim e sempre apoiarem as
minhas decisões, sem eles eu não teria conseguido.
A minha família, que mesmo muitos estando longe, ainda assim ajudavam com o
“apoio moral”.
A minha namorada e amiga, Ruanna Itaparica, pelo apoio e pelos conselhos dados
em momentos tristes. Obrigado por ser tão compreensiva e paciente quando muitas vezes
passávamos um tempo significativo sem nos encontrarmos.
Ao meu amigo Vanderson, por realizar o modelamento do alimentador que foi o
objeto de estudo deste trabalho e por estar sempre disposto a me ajudar.
Aso meus amigos da igreja, do alojamento, da faculdade e a todos que sempre
estiveram do meu lado me apoiando e me incentivando.
Ao professor Andrey Ramos Vieira pela orientação mesmo a tantos afazeres.

v
RESUMO

Este trabalho apresenta estudos de fluxo de carga, curto-circuito e proteção de um alimentador


real de distribuição com o auxílio dos softwares ANAREDE e ANAFAS. Inicialmente faz-se
uma abordagem dos diferentes sistemas de distribuição existentes, seguido de um enfoque
geral no estudo de curto-circuito. Na proteção do sistema de distribuição são destacadas as
principais classificações e características de funcionamento e dimensionamento dos
dispositivos de proteção. Nos resultados tem-se o diagrama unifilar do alimentador real em
estudo, o qual é disposto de 57 barras além da subestação. Assim, a escolha dos dispositivos
de proteção, o dimensionamento dos mesmos, o estudo e a avaliação da proteção são
realizados de modo a conseguir uma coordenação e seletividade ótima entre os dispositivos
via curvas características de tempo-corrente.

Palavras chaves: Proteção, Sistema de Distribuição, Fluxo de Carga, Curto-Circuito,


Coordenação, Seletividade.

vi
ABSTRACT

This research presentes studies on power flow, short circuit and real distribution feeder
protection with the aid of the softwares ANAREDE and ANAFAS. First, an overview of the
different existing distribution system is made, followed by a general study of short circuit in
what refers to the distribution system, it is highlighted the main classifications and
characteristics of the functioning and dimensioning of the protection devices. On the
resultads, is possible to observe the single line diagram of the real feeder in study, which is
disposed in 57 substation bus bars. Hence, the choice of the protection devices and its
dimensioning, the analysis and evaluation of the protection are made aiming to achieve an
optimal coordination and selectivity between the devices via time/current characteristic
curves.

Keywords: Protection; Distribution Systems; Power Flow; Short Circuit; Coordination;


selectivity

vii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1. Estrutura básica de um Sistema Elétrico de Potência. ............................................. 2


Figura 1.2. Energia hidrelétrica gerada pelos maiores produtores do mundo. ........................... 5
Figura 1.3. Integração Eletroenergética no Brasil. ..................................................................... 7
Figura 1.4. Tendência dos investimentos globais em fontes alternativas de energia elétrica. ... 8
Figura 2.1. Diagrama unifilar de um SEP. ............................................................................... 11
Figura 2.2. Estrutura de uma rede aérea convencional. [As medidas indicadas estão em
centímetros e as letras representam: G1, G2, G3, G4 – parafusos de cabeça quadrada; B –
cruzeta de concreto; C – mão francesa plana; D e E – isolador pilar; F – pino autotravante]. 14
Figura 2.3. Estrutura de uma rede subterrânea [transformador sendo alocado em uma câmara
subterrânea de distribuição de energia]. ................................................................................... 15
Figura 2.4. Arranjos típicos de redes de subtransmissão. ......................................................... 17
Figura 2.5. Subestação com barra simples. .............................................................................. 18
Figura 2.6. Subestação com dois transformadores (barra simples seccionada)........................ 19
Figura 2.7. Subestação com barramentos duplicados. .............................................................. 20
Figura 2.8. Rede primária aérea radial simples. ....................................................................... 21
Figura 2.9. Rede primária aérea radial com recurso. ................................................................ 22
Figura 2.10. Rede primária subterrânea radial simples. ........................................................... 23
Figura 2.11. Rede primária subterrânea radial seletivo. ........................................................... 23
Figura 2.12. Rede primária subterrânea anel aberto. ................................................................ 24
Figura 2.13. Evolução de um rede secundária aérea. ............................................................... 25
Figura 2.14. Rede secundária reticulada. .................................................................................. 26
Figura 3.1. Componentes Simétricas que formam um fasor desequilibrado. ........................... 28
Figura 3.2. Soma gráfica dos componentes da Figura 3.1, para a obtenção de três fasores
desequilibrados. ........................................................................................................................ 29
Figura 3.3. Diagrama dos Curtos-Circuitos. ............................................................................. 31
Figura 3.4. Circuito equivalente de Curto-Circuito Trifásico. ................................................. 32
Figura 3.5. Circuito equivalente de Curto-Circuito Bifásico.................................................... 33
Figura 3.6. Circuito equivalente de Curto-Circuito Bifásico-Terra.......................................... 34
Figura 3.7. Circuito equivalente de Curto-Circuito Monofásico. ............................................. 35
Figura 3.8. Circuito equivalente de Curto-Circuito Monofásico Mínimo. ............................... 36
Figura 3.9. Exemplo de linhas de código feita no programa ANAFAS. .................................. 37

viii
Figura 3.10. Opções de curtos-circuitos disponíveis no programa ANAFAS.......................... 38
Figura 3.11. Especificação das grandezas e unidades no relatório final de saída. ................... 38
Figura 3.12. Exemplo de um Relatório de Saída do programa ANAFAS. .............................. 38
Figura 4.1. Sistema de Proteção. .............................................................................................. 41
Figura 4.2. Zonas de Proteção. ................................................................................................. 42
Figura 4.3. Chave-Fusível indicadora Unipolar (tipo expulsão). ............................................. 44
Figura 4.4. Típicas Chaves Fusíveis de Distribuição. .............................................................. 45
Figura 4.5. Elo-fusível e suas principais partes. ....................................................................... 46
Figura 4.6. Curvas típicas de tempo-corrente de elos-fusíveis preferenciais. .......................... 48
Figura 4.7. Estrutura de Ligação entre Relé e Disjuntor. ......................................................... 51
Figura 4.8. Curva característica de relé instantâneo ou de tempo definido. ............................. 52
Figura 4.9. Curva característica de relé temporizado ou de tempo dependente (padrão ANSI).
.................................................................................................................................................. 53
Figura 4.10. Relé de Sobrecorrente: (a) Eletromecânico; (b) Estático e (c) Digital................. 54
Figura 4.11. Disjuntores de Média Tensão a: (a) óleo; (b) Vácuo. .......................................... 55
Figura 4.12. Sequência típica de operação de um religador ajustado para quatro disparos. .... 59
Figura 4.13. Religadores: (a) Monofásico e (b) Trifásico. ....................................................... 60
Figura 4.14. Seccionalizadores: (a) Monofásico e (b) Trifásico. ............................................. 64
Figura 4.15. Trecho de um sistema de distribuição em que o religador é instalado a montante
do fusível. ................................................................................................................................. 66
Figura 4.16. Coordenação religador – fusível (corrigida para aquecimento e resfriamento). .. 67
Figura 4.17. Coordenação Relé-Fusível (Fusível no lado da carga). ....................................... 68
Figura 4.18. Curvas características para a coordenação Relé-Fusível (Fusível no lado da
carga). ....................................................................................................................................... 68
Figura 4.19. Alcance dos relés associados ao disjuntor de saída da subestação e do religador.
.................................................................................................................................................. 69
Figura 4.20. Coordenação Relé-Religador. .............................................................................. 70
Figura 5.1. Diagrama unifilar do alimentador real em estudo. ................................................. 71
Figura 5.2. Diagrama unifilar do alimentador real em estudo com os dispositivos de proteção
alocados. ................................................................................................................................... 79
Figura 5.3. Coordenação Religador R2 com os Fusíveis (6K, 10K e 15K). ............................ 90
Figura 5.4. Coordenação Religador R2 com os Fusíveis (25K, 40K e 65K). .......................... 90
Figura 5.5. Coordenação Religador R2 com o Fusível (100K). ............................................... 91

ix
Figura 5.6. Coordenação Fase-Neutro do Religador R2 com o Religador R1. ........................ 92
Figura 5.7. Coordenação Religador R1 com os Fusíveis (6K e 10K). ..................................... 92
Figura 5.8. Coordenação Religador R1 com os Fusíveis (15K e 25K). ................................... 93
Figura 5.9. Coordenação Fase-Neutro do Relé com os Fusíveis (6K, 10K e 15K). ................. 94
Figura 5.10. Coordenação Fase-Neutro do Relé com o Religador R2. .................................... 95
Figura 5.11. Coordenação Fase-Fase do Religador R2 com o Religador R1. .......................... 95
Figura 5.12. Coordenação Fase-Fase do Relé com o Religador R1. ........................................ 96

x
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1. Disponibilidade de Potência em dez/2010. .............................................................. 6


Tabela 1.2. Matriz Energética Brasileira - empreendimentos em operação. .............................. 8
Tabela 3.1. Probabilidade relativa de ocorrência dos curtos. ................................................... 31
Tabela 4.1. Critério para Alocação de Chaves em Sistema de Distribuição. ........................... 49
Tabela 5.1. Dados de linha do alimentador. ............................................................................. 72
Tabela 5.2. Dados de barra do alimentador. ............................................................................. 74
Tabela 5.3. Valores das correntes nominais de carga no alimentador. ..................................... 76
Tabela 5.4. Estudo de curto-circuito realizado no software ANAFAS. ................................... 77
Tabela 5.5. Constantes de sobrecorrente das famílias de curvas do religador. ........................ 80
Tabela 5.6. Constantes das famílias de curvas do relé. ............................................................ 81
Tabela 5.7. Dimensionamento dos fusíveis de acordo com sua capacidade de condução em
ampere. ..................................................................................................................................... 82
Tabela 5.8. Valores dos Fusíveis dimensionados. .................................................................... 85

xi
SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................. vi
ABSTRACT........................................................................................................................ vii
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ xi
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
1.1 Justificativa ................................................................................................................ 9
1.2 Objetivos .................................................................................................................... 9
1.3 Revisão Bibliográfica ................................................................................................. 9
2 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO ............................................................................... 11
2.1 Configuração do Sistema de Distribuição ................................................................ 12
2.1.1 Sistema de Subtransmissão ................................................................. 16
2.1.2 Subestação de Distribuição ................................................................. 17
2.1.3 Sistema de Distribuição Primária ....................................................... 20
2.1.4 Sistema de Distribuição Secundária ................................................... 24
3 ESTUDO DE CURTO-CIRCUITO ............................................................................ 27
3.1 Componentes Simétricas .......................................................................................... 28
3.2 Tipos de Curto-Circuito ........................................................................................... 30
3.2.1 Curto-Circuito Trifásico (ou Simétrico) ............................................. 31
3.2.2 Curto-Circuito Bifásico ...................................................................... 32
3.2.3 Curto-Circuito Bifásico-Terra............................................................. 33
3.2.4 Curto-Circuito Monofásico ................................................................. 34
3.2.5 Curto-Circuito Monofásico Mínimo ................................................... 35
3.3 Software ANAFAS .................................................................................................. 36
3.3.1 Uso do ANAFAS ................................................................................ 37
4 PROTEÇÃO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO ................................................ 39
4.1 Conceitos e Objetivo da Proteção ............................................................................ 40
4.2 Dispositivos de Proteção .......................................................................................... 43
4.2.1 Fusível................................................................................................. 43
4.2.2 Relé / Disjuntor ................................................................................... 50
4.2.3 Religador Automático ......................................................................... 58
4.2.4 Seccionalizador ................................................................................... 63
4.3 Coordenação e Seletividade dos dispositivos de Proteção ...................................... 65
4.3.1 Coordenação Religador – Fusível ....................................................... 65
4.3.2 Coordenação Relé – Fusível ............................................................... 67
4.3.3 Coordenação Relé – Religador ........................................................... 69
xii
5 RESULTADOS.............................................................................................................. 71
5.1 Rede de Distribuição em Estudo .............................................................................. 71
5.2 Estudo de Curto-Circuito ......................................................................................... 76
5.3 Escolha e Localização dos Dispositivos de Proteção............................................... 78
5.4 Ajuste e Dimensionamento dos Dispositivos de Proteção. ...................................... 81
5.4.1 Fusíveis ............................................................................................... 81
5.4.2 Religadores ......................................................................................... 85
5.4.3 Relé ..................................................................................................... 87
5.5 Avaliação da Coordenação e Seletividade dos Dispositivos de Proteção ................ 89
5.5.1 Coordenação Fase-Neutro .................................................................. 89
5.5.2 Coordenação Fase-Fase ...................................................................... 94
6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 97
6.1 Sugestões para Trabalhos Futuros ........................................................................... 97
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 98

xiii
1 INTRODUÇÃO

A energia elétrica tornou-se um dos bens de consumo mais fundamentais para as


sociedades modernas. Usa-se energia para gerar iluminação, movimentar máquinas e
equipamentos, controlar a temperatura produzindo calor ou frio, agilizar as comunicações etc.
A eletricidade está presente na produção, locomoção, eficiência, segurança, conforto e vários
outros fatores associados à qualidade de vida (ABREU, 2008).
E devido a esse crescimento tecnológico e a demanda cada vez maior por energia
elétrica, há uma constante necessidade de expansão do Sistema Elétrico de Potência (SEP),
cuja definição é o conjunto de todos os equipamentos e instalações envolvendo geração,
transmissão e distribuição de energia. Segundo Stevenson (1986) este fato vem ocorrendo
desde a origem do mesmo.
Kagan et al. (2010) define que o SEP tem a função precípua de fornecer energia
elétrica aos usuários, grandes ou pequenos, com a qualidade adequada, no instante em que for
solicitada. Para o autor, o sistema tem as funções de produtor, transformando a energia de
alguma natureza, e de distribuidor, fornecendo aos consumidores a quantidade de energia
demandada, a cada instante.
De acordo com Saraiva Leão (2009) o objetivo de um SEP é gerar, transmitir e
distribuir energia elétrica atendendo às determinações padrões de confiabilidade,
disponibilidade, qualidade, segurança e custos, com o mínimo impacto ambiental e o máximo
de segurança pessoal.
No entanto, para haver uma eficiente geração, transmissão e distribuição, é
necessário investimento em equipamentos do sistema. Assim como “para aumentar a
confiabilidade, a interligação de sistemas elétricos de potência é cada vez maior, originando
assim interações de diversos tipos de equipamentos com comportamentos dinâmicos
diferentes” (FURINI & ARAUJO, 2008).
A estrutura do sistema elétrico de potência compreende os sistemas de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica, em geral cobrindo uma grande área geográfica
(SARAIVA LEÃO, 2009). A Figura 1.1 mostra basicamente a estrutura de um SEP.
Na geração de energia elétrica uma tensão alternada é produzida, a qual é expressa
por uma onda senoidal, com frequência fixa e amplitude que varia conforme a modalidade do
atendimento em baixa, média ou alta tensão. Essa geração pode ser feita por usinas
hidrelétricas, termelétricas, nucleares, eólicas etc.

1
Fonte: (BROWN, 2009)
Figura 1.1. Estrutura básica de um Sistema Elétrico de Potência.

A transmissão conecta as grandes usinas de geração às áreas de grande consumo.


Em geral, apenas poucos consumidores com um alto consumo de energia elétrica são
conectados às redes de transmissão onde predomina a estrutura de linhas aéreas.
As redes de distribuição alimentam consumidores industriais de médio e pequeno
porte, consumidores comerciais e de serviços e consumidores residenciais. Os níveis de

2
tensão de distribuição são assim classificados de acordo com os Procedimentos de
Distribuição de Energia Elétrica (Prodist) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL):
 Alta tensão de distribuição (AT): tensão entre fases cujo valor eficaz é igual ou
superior a 69 kV e inferior a 230 kV;
 Média tensão de distribuição (MT): tensão entre fases cujo valor eficaz é
superior a 1 kV e inferior a 69 kV;
 Baixa tensão de distribuição (BT): tensão entre fases cujo valor eficaz é igual
ou inferior a 1 kV.
Os primeiros registros quanto ao surgimento da energia elétrica no Brasil, datam
de meados do século XIX, onde a partir da valorização do café, principal fonte de renda do
país na época, ganhou-se condições favoráveis para a modernização e aumento da economia.
Esse avanço econômico do país levou ao crescimento das cidades e, com isso, a uma
expansão da indústria de construção civil e da oferta de infraestrutura urbana. A partir desse
movimento foi que, segundo Gomes et al (2002), se inserem as primeiras iniciativas de uso da
energia elétrica no país.
Segundo Gomes et al. (2002), “as experiências pioneiras no Brasil voltaram-se
para a iluminação e transportes públicos”. O autor coloca como marco inicial, o ano de 1879,
quando foi inaugurado, no Rio de Janeiro, o serviço permanente de iluminação elétrica interna
na estação central da ferrovia Dom Pedro II (Central do Brasil); a fonte de energia era um
dínamo.
Ainda segundo o autor supracitado, no ano de 1883 acontecem importantes
investidas em prol da energia elétrica no Brasil. Começa a operar a primeira central geradora
elétrica, com 52 kW de capacidade, em Campos (RJ), inaugurou-se assim, a prestação de
serviço público de iluminação na América do Sul. No mesmo ano é construída a primeira
hidrelétrica brasileira, no município de Diamantina (MG), cuja finalidade era acionar
equipamentos utilizados na extração de diamantes da mineração Santa Maria (GOMES et al.,
2002).
De acordo com Tiago Filho (2007) na passagem para o século XX, em 1900, já se
podia contabilizar uma dezena de usinas hidrelétricas, que representavam uma capacidade
instalada de 12MW, considerável para a época.
Em 1903, uma lei bastante genérica autorizava o governo federal a promover, por
via administrativa ou concessão, o aproveitamento da energia hidráulica dos rios brasileiros
para fins de serviços públicos. Isso deu suporte para que dois anos depois uma empresa
canadense (Light and Power Company) desse início ao aproveitamento das bacias dos rios
3
Piraí, Paraíba do Sul e do Ribeirão das Lajes, próximas aos centros de consumo. A primeira
obra foi a usina de Fontes Velha, que começou a operar em 1907 e atingiu 24 MW de
potência em 1909, o que representava 20% da capacidade instalada total do país (Gomes et
al., 2002).
O país foi avançando industrialmente e observou-se um desenvolvimento na
geração de energia elétrica a partir do aproveitamento do potencial hidráulico do eixo Rio-São
Paulo, fazendo com que, segundo Gomes et al. (2002), a capacidade instalada no país se
ampliasse mais de 600% entre 1907 e 1919. Com esse crescimento, o autor coloca que a
potência instalada de máquinas acionadas por eletricidade na indústria já representava quase a
metade (47,2%) das formas de energia empregadas no setor secundário.
Gomes et al. (2002) declara que o desenvolvimento das indústrias,
consequentemente do SEP, aconteceu de uma forma indireta:

“Até 1930, a política econômica foi marcada pela


ausência de esforços deliberados para promover o desenvolvimento
industrial. O foco era a estabilidade monetária, o equilíbrio
orçamentário do governo federal e a defesa dos interesses do setor
agroexportador, em especial os do café. Embora essas políticas
tenham favorecido o surgimento de várias unidades fabris, isso
ocorreu de forma indireta, não intencional.”

Cabe destacar que, segundo Tiago Filho (2007), apesar de todo arcabouço
tecnológico, os modelos de desenvolvimento centralizados, implantados a partir da década de
1950, não permitiram a existência de um cenário favorável às Pequenas Centrais Hidrelétricas
– PCH – no Brasil, que passou a dar ênfase aos grandes empreendimentos, aos sistemas
interligados e ao gerenciamento centralizado.
Gomes et al (2002) destaca que, com as bases do segundo governo Vargas, o
então presidente da República, Juscelino Kubitshek, delineou o projeto de desenvolvimento
do setor elétrico sob o comando da empresa pública, com a criação da maior parte das
companhias estaduais de energia elétrica e de mais uma geradora – a Central elétrica de
Furnas, controlada pelo Governo Federal e pelo estado de Minas.
Já no ano de 1971, o governo promoveu aperfeiçoamentos na legislação tarifária,
a fim de dar sustentação financeira ao setor elétrico. A Lei 5.655, de 20 de maio daquele ano,
estabelece garantia de remuneração de 10% a 12% do capital investido, a ser computado na

4
tarifa. Com isso, segundo Gomes et al (2002), o setor passou a gerar recursos não apenas para
funcionar de maneira adequada, como também para autofinanciar sua expansão.
Sob esta nova perspectiva de avanço pode-se destacar, no final da década de 90, a
criação de vários órgãos, públicos e privados; exemplo: Câmara de comercialização de
Energia Elétrica (CCEE), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL), Conselho Nacional de política Energética (CNPE), Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) no sentido
de administrar, fiscalizar, monitorar, supervisionar e comandar o setor.
A respeito da geração de energia, as características físicas e geográficas do Brasil
foram determinantes para a implantação de um parque gerador de energia elétrica de base
predominantemente hidráulica.
O World Energy Council (1996) mostra que houve um aumento de 502 bilhões de
kWh no intervalo correspondente entre 1987 e 1996, e traz Canadá, Estados Unidos, Brasil,
China e Rússia como os cinco países que mais produziam energia hidrelétrica no ano de 1996,
chegando a um total de 51% da geração mundial de hidroeletricidade, conforme a Figura 1.2.

Brasil - 10%

USA - 14%

China - 7%

Canadá - 11%

Rússia - 6%

Resto do mundo - 49%

Fonte: World Energy Council ( 1996)


Figura 1.2. Energia hidrelétrica gerada pelos maiores produtores do mundo.

De acordo com Eletrobrás (1999) o SEP apresentava em torno de 260 GW de


energia hidrelétrica no ano de 1998, sendo que deste total apenas 22% estavam em operação,
indicando que boa parte da energia ainda era mero potencial a ser explorado.
O grande potencial energético brasileiro, decorrentes construções de PCH nas
bacias brasileiras, torna possível afirmar, segundo Tiago Filho (2007), que o país tem o pleno
domínio dessa tecnologia, o que lhe permite se tornar um importante e respeitado agente
dessa tecnologia no mercado globalizado.

5
Em dezembro de 2000, a Superintendência de Fiscalização dos serviços de
Geração – SFG (2000) da ANEEL registrou que mais de 82% da potência disponível no país
era de origem hidrelétrica, como mostra a Tabela 1.1.

Tabela 1.1. Disponibilidade de Potência em dez/2010.

FONTE POT. INSTALADA (MW) PARTICIPAÇÃO


PCH 1.485 2,02%
UHE 59.165 80,55%
UTE 9.664 13,16%
IMPORTAÇÕES 1.150 1,57%
NUCLEARES 1.966 2,68%
TOTAL 73.449 100%
Fonte: ANEEL (2000)

Atualmente, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil


pode ser classificado como hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas
hidrelétricas e com múltiplos proprietários. A maior parte da capacidade instalada, segundo
Saraiva Leão (2009), “...é composta por usinas hidrelétricas, que se distribuem em 12
diferentes bacias hidrográficas nas diferentes regiões do país de maior atratividade
econômica.” São os casos das bacias dos rios Tocantins, Paranaíba, São Francisco, Tietê,
Paranapanema, Iguaçu, Uruguai e Jacuí onde se concentram as maiores centrais hidrelétricas.
Os reservatórios nacionais situados em diferentes bacias hidrográficas, que não
têm nenhuma ligação física entre si, funcionam como se fossem vasos comunicantes
interligados por linhas de transmissão.
Sabendo que existem centrais hidrelétricas de grande e médio porte instaladas em
diferentes localidades do território nacional. E que existe uma concentração de demanda em
localidades industrializadas onde não se concentram as centrais geradoras. Foi implantado em
1999, no Brasil, o Sistema Interligado Nacional (SIN), que segundo Saraiva Leão (2009), “é
responsável por otimizar os recursos energéticos e homogeneizar mercados”. O SIN é
responsável por mais de 95% do fornecimento nacional. E sua operação é coordenada e
controlada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS.
De acordo com Saraiva Leão (2009), o sistema interligado de eletrificação permite
que as diferentes regiões permutem energia entre si, quando uma delas apresenta queda no
nível de geração, outros centros geradores assumem uma parcela maior de geração no país.
Como é o caso da seca nos reservatórios das usinas do sudeste do país, que segundo a

6
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), em dezembro de
2014, o volume de água da reserva técnica do Sistema Cantareira – São Paulo – atingiu 8,2%,
que é considerado um nível crítico (G1, 2014). Isso faz com que outros centros de geração do
país operem com uma geração maior, a fim de compensar a falta que essas usinas do sudeste
estão colocando para o SEP.

Fonte: ONS, julho – 2013


Figura 1.3. Integração Eletroenergética no Brasil.

Assim, o sistema com o regime de chuvas de modo desigual nas diferentes regiões
do país pode, através dos grandes troncos (linhas de transmissão da mais alta tensão: 500kV
ou 750kV), possibilitar que os pontos com produção insuficiente de energia sejam abastecidos
por centros de geração em situação favorável (SARAIVA LEÃO, 2009). Recentemente, em
agosto de 2014, o Banco de Informações de Geração (BIG) da ANEEL, contabilizou uma
capacidade instalada no Brasil de 130.842.571 kW, e cerca de 67% da energia disponível no
SIN era de origem hídrica, como mostra a Tabela 1.2.
7
Tabela 1.2. Matriz Energética Brasileira - empreendimentos em operação.

FONTE POT. INSTALADA (kW) PARTICIPAÇÃO


CGH 288.349 0,22%
EOL 3.781.633 2,89%
PCH 4.687.552 3,58%
UFV 12.287 0,01%
UHE 82.644.738 63,16%
UTE 37.436.783 28,61%
UTN 1.990.000 1,52%
TOTAL 130.842.571 100%
Fonte: ANEEL, agosto – 2014

A partir da Tabela 1.2, pode-se notar uma importante valorização nas gerações
oriundas de fontes renováveis. Isso não é de hoje. Pressões ambientais têm modificado dentro
dos anos de forma considerável a estrutura do sistema elétrico. Cada vez mais se fala em
redução da emissão de gases poluentes e os investimentos na viabilização de fontes
alternativas para a geração de energia continuam batendo recorde ano após ano de
crescimento.
Pela Figura 1.4, retirada do relatório do World Energy Outlook 2010, uma
publicação anual da International Energy Agency (IEA), amplamente reconhecida por suas
análises e projeções na área de energias renováveis, mostra que os investimentos nessa área
devem sofrer forte crescimento nos próximos anos, ainda sem expectativas de diminuição.

Fonte: World Energy Outlook 2010


Figura 1.4. Tendência dos investimentos globais em fontes alternativas de energia elétrica.

8
1.1 Justificativa

Quando ocorrem faltas nas redes de distribuição, os relés de sobrecorrente


localizados na subestação são sensibilizados e acionarão o disjuntor associado a eles,
desligando assim o alimentador por inteiro. O desligamento do alimentador por completo
afetará um dos princípios básicos da proteção: a seletividade. Além de gerar prejuízos a
concessionária e aos consumidores.
Com isso, surge a necessidade de se inserir no alimentador alguns dispositivos
com características de desligamento/religamento, tais como o religador, a fim de que haja
seccionamento deste, de tal maneira que se obtenha uma coordenação e seletividade
satisfatória entre os dispositivos de proteção do sistema. Assim, a partir da inserção de alguns
dispositivos de proteção, no ato de uma falta ocorrerá o desligamento (isolação) de uma
menor porção do sistema, o que sob o ponto de vista da seletividade, será ótimo. Caso o
religador seja coordenado a um seccionalizador ou fusível, a seletividade será melhorada
ainda mais.
Seguindo esta tendência, o presente trabalho visa realizar o dimensionamento dos
dispositivos de proteção, a avaliação e simulação das curvas de coordenação entre os
dispositivos de proteção de um alimentador real de distribuição.

1.2 Objetivos

O presente trabalho visa realizar o dimensionamento, avaliação, coordenação e


seletividade entre os dispositivos de proteção de um sistema real de distribuição com o auxílio
dos softwares ANAREDE (estudo de fluxo de carga) e ANAFAS (estudo de curto-circuito).

1.3 Revisão Bibliográfica

Muitos trabalhos vêm sendo desenvolvidos a respeito do tema de coordenação e


seletividade do sistema de proteção na distribuição de energia elétrica. A busca pela
otimização da alocação e funcionamento dos dispositivos de proteção vem sendo buscada
incansavelmente. Diversos trabalhos na vertente deste tema já foram publicados, podem-se
destacar aqueles em que técnicas de inteligência computacional são utilizadas nos estudos.
Silva & Meideiros (2012) usam algoritmo genético para resolver o problema da
otimização na coordenação entre os dispositivos de proteção nas redes de distribuição. Uma
9
função objetivo é desenvolvida de modo a se obter uma coordenação ótima entre os
dispositivos via curvas características. Diversas curvas características são consideradas para
os dispositivos, e a melhor dentre elas é selecionada por meio do algoritmo genético com
objetivo de se obter a coordenação ótima por meio das curvas características tempo x
corrente.
Mattos (2010) faz um estudo de coordenação e seletividade da proteção contra
sobrecorrente em um sistema elétrico isolado. Este estudo é feito com base na norma IEEE
242 e consiste em definir os ajustes dos dispositivos de proteção contra sobrecorrente, a partir
dos dados nominais dos equipamentos protegidos, suas curvas de danos e com ajuda dos
gráficos de “tempo versus corrente” fornecidos pelo software PowerFactory DIgSILENT.
Buscou-se definir esses ajustes de modo que os mesmos não violem as curvas de danos e que
os dispositivos de proteção interrompam rapidamente as sobrecorrentes anormais garantindo
rapidez e seletividade na eliminação do evento que causou a condição anormal.
Junior (2006) explica que abordagens convencionais para o problema de proteção
de sobrecorrente não levam em conta a natureza probabilística das principais variáveis
envolvidas: tipo da falta, localização da falta e impedância de defeito para faltas envolvendo a
terra. Assim, ele realiza um estudo de proteção de sobrecorrente de redes primárias aéreas de
distribuição de energia elétrica através de uma abordagem probabilística. Que lhe permite
quantificar o risco de não haver coordenação entre dois dispositivos de proteção adjacentes
Vieira (2006) propõe uma técnica de implementação computacional das funções
de dimensionamento, seletividade e coordenação de dispositivos de proteção em sistemas de
distribuição, desenvolvida em MATLAB e baseados em algoritmos inteligentes, cuja
finalidade é otimizar e facilitar a construção de projeto de proteção de redes de distribuição,
contribuindo para que os estudos concernentes a esta área possam ter uma grande variedade
de análises de coordenação, dimensionamento e seletividade do sistema de proteção em um
pequeno intervalo de tempo, além de permitir o aperfeiçoamento dos tempos de atuação da
proteção em sistemas já em funcionamento.

10
2 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

A distribuição de energia é um segmento do sistema elétrico, também conhecido


como sistema elétrico de potência, o qual como já dito anteriormente, pode ser dividido
basicamente em três macro setores: geração, transmissão e distribuição.
Dentro de cada segmento, há divisões de níveis de tensão que permitem as
interfaces entre as companhias elétricas que possuem suas concessões, como a
subtransmissão, que é a tensão entregue pelas empresas elétricas de transmissão às
concessionárias de distribuição. A Figura 3.1 mostra a estrutura básica de um SEP, na qual
estão indicados os níveis de tensões normalmente encontrados entre a geração e distribuição.
Indústrias de
grande porte

Transmissão Subtransmissão
Geração 230 – 750 kV 69 – 138 kV
10 – 30 kV

Subestação de
Distribuição

Rede Primária
13,8 – 34,5 kV

Indústrias de
Pequeno e médio porte

Rede
Secundária

127 / 220 V
Consumidores
ou
Residenciais e Comerciais
220 / 380 V

Fonte: Adaptado de (MATOS, 2009).


Figura 2.1. Diagrama unifilar de um SEP.

A função principal dos sistemas elétricos de potência é levar energia elétrica aos
consumidores de forma segura, com qualidade e disponibilidade. A geração, já tratada no
primeiro capítulo deste trabalho, é a produtora e, como tal, tem contratos de garantia de
fornecimento regulados pela ANEEL. No Brasil, as tensões de geração operam na faixa entre
10 e 30 kV, sendo muito comum a tensão de 13,8 kV.
11
Mas, para essa energia gerada chegar aos consumidores, existe um longo percurso
da energia elétrica entre a geração e a distribuição final. Após a geração, há uma subestação
elevadora que eleva a tensão para uma tensão de transmissão. Isto é feito para viabilizar as
transmissões a média e longa distâncias, diminuindo-se desta forma a corrente elétrica e,
portanto, possibilitando o uso de cabos condutores de bitolas razoáveis, a fim de obter
adequados níveis de perdas (efeito joule) e de queda de tensão ao longo das linhas de
transmissão. O valor dessa tensão é estabelecido em função da distância a ser percorrida e do
montante de energia a ser transportado (KAGAN et. al., 2005).
Segundo Lamin (2009), no Brasil, as tensões usuais de transmissão em corrente
alternada podem variar de 138 kV até 765 kV, incluindo neste intervalo as tensões de 230
kV, 345 kV, 440 kV e 500 kV, sendo que, no sistema de Itaipu, existe uma operação em
corrente contínua, a usina opera com dois bipolos nas tensões de + 600 kV e – 600 kV em
relação à terra, que corresponde a tensão entre linhas de 1.200 kV, desenvolve-se desde Itaipu
até Ibiúna, SP, cobrindo uma distância de 810 km e transportando uma potência de 6.000
MW. E em outro trecho, em AC, Itaipu opera em 765 kV (KAGAN et al., 2005).
As redes de transmissão alimentam uma subestação de subtransmissão, que por
sua vez, reduz a tensão para uma tensão de subtransmissão, que geralmente que apresentam
valores de 34,5 kV, 69 kV, 88 kV e 138 kV.
De acordo com Kagan et al. (2005), é o sistema de subtransmissão que alimenta a
maioria dos consumidores industriais de grande e médio porte, onde eles são conhecidos
como consumidores de subtransmissão. Matos (2009) comenta que, “...não há, às vezes, uma
clara distinção entre sistemas de transmissão e subtransmissão, sendo que ambos, em muitas
ocasiões apresentam especificações comuns de projeto, manutenção e operação”.
O sistema de subtransmissão, segundo Kagan et al. (2005), supre as subestações
de distribuição, que são responsáveis por um abaixamento na tensão para a tensão de
distribuição primária. E a rede de distribuição primária, por sua vez, irá suprir os
transformadores de distribuição, dos quais se deriva a rede de distribuição secundária.

2.1 Configuração do Sistema de Distribuição

O mercado de distribuição de energia elétrica brasileiro, segundo a Associação


Brasileira de Distribuição de Energia Elétrica – Abradee, é formado por mais de 74 milhões
de unidades consumidoras, e é atendido, segundo a ANEEL, por 64 concessionárias. Cada
concessionária, ou distribuidora, possui direitos e obrigações definidos em um Contrato de
12
Concessão celebrado com a União, o qual lhes permite a exploração do serviço público em
sua área de concessão, sendo sua atuação regulada e fiscalizada pela ANEEL.
Sobre a regulamentação, em março de 2004, a Lei nº 10.848 instituiu o Novo
Modelo do Setor Elétrico Brasileiro, tendo como objetivos garantir a segurança no
suprimento, no controle e na adequação tarifária, e ainda promover a inserção social.
Recentemente, em 16 de dezembro de 2008, foi aprovado pela ANEEL o PRODIST
(Procedimentos de Distribuição), o qual consiste em um conjunto de normas que visam
consumidores, produtores de energia, concessionárias distribuidoras e agentes do setor, a
serem orientados sobre formas, condições e responsabilidades, e ainda estabelecendo critérios
e indicadores de qualidade relativa ao sistema de distribuição de energia elétrica brasileiro. O
PRODIST é composto por 8 módulos, que estão disponíveis na página da ANEEL
(www.aneel.gov.br).
 Módulo 1 – Introdução.
 Módulo 2 – Planejamento e expansão do sistema de distribuição.
 Módulo 3 – Acesso aos sistemas de distribuição.
 Módulo 4 – Procedimentos operativos do sistema de distribuição.
 Módulo 5 – Sistema de medição.
 Módulo 6 – Informações requeridas e obrigações.
 Módulo 7 – Perdas técnicas regulatórias.
 Módulo 8 – Qualidade de energia da energia elétrica.

Segundo (Azevedo, 2010), as redes de distribuição de energia elétrica podem ser


classificadas de diferentes formas dependendo do critério ou característica considerada. Elas
podem ser classificadas em função da tensão de operação, em função do tipo de isolação do
condutor e a que será mais utilizada neste capítulo, a classificação segundo a forma de
instalação, que podem ser redes aéreas ou subterrâneas.
Nas redes aéreas, geralmente, são usados postes de concreto para regiões urbanas
e de madeira tratada em regiões rurais. Os condutores, transformadores, chaves e demais
equipamentos são instalados sobre postes e fixados através de ferragens eletrotécnicas,
espaçadores e isoladores de vidro, de porcelana e, mais recentemente, através de isoladores
fabricados com materiais poliméricos, conforme a Figura 2.2.
Já as redes subterrâneas de energia elétrica são caracterizadas pelo uso de cabos e
equipamentos elétricos totalmente enterrados. São, geralmente, indicados para aplicação em

13
áreas urbanas com média ou alta densidade de carga, onde a utilização da rede aérea é
inviável tecnicamente ou quando a instalação de uma rede semi-enterrada não é indicada.

Fonte: (CEMAT, 2013)


Figura 2.2. Estrutura de uma rede aérea convencional. [As medidas indicadas estão em centímetros e as
letras representam: G1, G2, G3, G4 – parafusos de cabeça quadrada; B – cruzeta de concreto; C – mão
francesa plana; D e E – isolador pilar; F – pino autotravante].

Os cabos das redes subterrâneas podem ser instalados diretamente enterrados ou


protegidos por uma infraestrutura civil composta de bancos de dutos, caixas de passagem,
poços de inspeção e câmaras subterrâneas, como mostra a Figura 2.3. Bem como, de qualquer
equipamento ou dispositivo necessário para sua operação e manutenção.
No Brasil, as redes predominantes no sistema de distribuição são as aéreas, mas
existem cidades onde parte de sua distribuição é feita através de redes subterrâneas, como
Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo.
Atualmente, a maior demanda de aplicação de redes subterrâneas tem como
motivação as exigências estéticas com a finalidade de redução da poluição visual e dos
impactos de acessibilidade de calçadas. Mas, como o preço e a logística de montagem de uma
rede subterrânea é maior em comparação à instalação de uma rede aérea, ganham destaque
nas ruas e estradas as redes aéreas.

14
Fonte: (COPEL, 2010)
Figura 2.3. Estrutura de uma rede subterrânea [transformador sendo alocado em uma câmara
subterrânea de distribuição de energia].

A configuração do sistema de distribuição, segundo Kagan et al. (2005), tem


início na subtransmissão. Sendo assim, são consideradas partes do sistema de distribuição os
seguintes segmentos: subtransmissão, subestação de distribuição, sistema de distribuição
primária e sistema de distribuição secundária.
Vale lembrar que dos segmentos geração, transmissão e distribuição, é o sistema
de distribuição que apresenta maior frequência de contingências e desligamentos. Do ponto de
vista técnico, a causa mais frequente de desligamentos não-programados no sistema de
distribuição são os curtos-circuitos, ou faltas shunt (NORMA ND.78, 2008). Tais faltas
consistem basicamente na conexão acidental ou intencional, através de uma baixa impedância,
entre dois ou mais pontos de um circuito que normalmente se encontram em potenciais
diferentes (KASIKCI, 2002), podendo ocorrer mesmo em sistemas bem projetados.
Para Matos (2009), as causas mais frequentes de curtos-circuitos em sistemas aéreos
de distribuição são: falhas de equipamentos e isoladores, sobretensões de manobras e
descargas atmosféricas, vandalismo, acidentes (incluindo os de trânsito), ação de animais e
contato dos condutores nus da rede com a vegetação ou outros elementos externos ao sistema.
Nos sistemas trifásicos aterrados ocorrem basicamente 4 tipos de curtos-circuitos:
monofásicos, bifásicos, bifásicos à terra e trifásicos.

15
Considerando dois tipos de defeito, momentâneos e permanentes, em que os primeiros
são eliminados pelo ciclo de religação automática das proteções e os segundos requerem
intervenção humana, segundo Puret (1992), verifica-se que 80% a 90% dos defeitos que
ocorrem nas redes aéreas são momentâneos, enquanto que 100% dos defeitos que ocorrem nas
redes subterrâneas são permanentes.

2.1.1 Sistema de Subtransmissão


A rede de subtransmissão, em geral, pertence às distribuidoras de energia elétrica,
compondo a chamada distribuição em Alta Tensão – AT. Esse sistema corresponde aos
circuitos responsáveis por entregar energia às subestações de distribuição. Comumente as
tensões de subtransmissão operam em valores de 138 kV, 115 kV, 69 kV ou 34,5 kV (Short,
2004). As redes de alta tensão têm a capacidade de transporte de algumas dezenas de MW por
circuito, usualmente de 20 a 150 MW.
Os consumidores em tensão de subtransmissão são representados, usualmente, por
grandes instalações industriais, estações de tratamento e bombeamento de água (KAGAN et
al., 2005).
O sistema de subtransmissão apresenta a característica de poder operar em
configuração radial, com possibilidade de transferência de blocos de carga quando de
contingências. Com cuidados especiais, no que se refere à proteção, pode também operar em
malha. Em (Kagan et. al., 2005) são apresentados os arranjos da Figura 2.4.
Em todos os arranjos mostrados na Figura 2.4, o bloco situado imediatamente a
montante do transformador, “chave de entrada”, representa um disjuntor, uma chave fusível
ou uma chave seccionadora. A seguir será analisado cada arranjo mostrado.
 (a) Rede 1 – apresenta uma configuração radial simples. É, entre todos, o de menor
custo de instalação. Sua confiabilidade está intimamente ligada ao trecho de rede de
subtransmissão, pois, como é evidente, qualquer defeito na rede ocasiona a
interrupção de fornecimento às subestações de distribuição;
 (b) Rede 2 – apresenta uma configuração radial com redundância. Observa-se que, o
arranjo apresenta maior flexibilidade de operação e continuidade de serviço, já que
tem duas fontes de suprimento, portanto, uma falta em um dos circuitos radial de
subtransmissão poderia não causar interrupções na subestação.
 (c) Rede 3 – apresenta uma configuração radial simples com mais de uma
subtransmissão. É conhecido como “sangria” da linha. É de confiabilidade e custo

16
inferior ao da rebe (b). É utilizável onde há vários centros de carga, com baixa
densidade de carga.

(a) Rede 1 (b) Rede 2

SUBTRANSMISSÃO
SUBTRANSMISSÃO

SUBTRANSMISSÃO

(c) Rede 3

Fonte: adaptado de Kagan (2005)


Figura 2.4. Arranjos típicos de redes de subtransmissão.

2.1.2 Subestação de Distribuição


As subestações de distribuição são alimentadas por uma ou mais linhas de
subtransmissão, onde as tensões supridas variam entre 34,5 kV a 230 kV. De acordo com
Matos (2009), cada subestação de distribuição alimenta um ou mais alimentadores primários,
sendo que, na maioria dos casos, de forma radial, significando que existe apenas um caminho
para o fluxo de potência entre a subestação e o usuário final.
Segundo a norma NBR 5460, uma subestação de distribuição é basicamente uma
subestação rebaixadora destinada à alimentação de um sistema de distribuição. Portanto, sua
principal função consiste no rebaixamento dos níveis de tensão de transmissão e/ou de
subtransmissão para níveis que permitam a instalação segura dos condutores que formam o
17
sistema de distribuição nas vias públicas adjacentes às propriedades dos consumidores finais.
Além das diferenças nos níveis de tensão de operação dos alimentadores, também os arranjos,
as configurações e as capacidades das subestações de distribuição variam bastante entre as
empresas concessionárias e mesmo dentro de uma mesma empresa (MATOS, 2009).
Subestações são constituídas por equipamentos, sendo assim, são designados os
elementos que processam diretamente a potência elétrica: transformadores, motores e
compensadores; e dispositivos que auxiliam no controle, mas não processam diretamente a
potência elétrica: elementos como chaves, estruturas de suporte, fusíveis, etc. Os disjuntores,
por sua complexidade e custo elevado, são geralmente classificados como equipamentos.
Segundo Matos (2009), “o projeto de uma subestação de distribuição depende de
diversos fatores, dentre os quais pode-se destacar as tensões das linhas de transmissão e/ou
subtransmissão, e as tensões previstas dos alimentadores, as características das cargas
atendidas, a densidade demográfica da região e sua previsão de crescimento, o espaço físico
disponível no terreno para a instalação dos equipamentos e dispositivos, a localização do
terreno (dentro ou fora do perímetro urbano) e a sofisticação e custo do sistema de proteção”.
Em relação aos arranjos que uma subestação pode possuir, temos geralmente em
regiões de baixa densidade de carga, a utilização do arranjo “barra simples”, Figura 2.5, que
apresenta custo bastante baixo. Este tipo de subestação pode contar com uma única linha de
suprimento, Figura 2.5a, ou, visando aumentar a confiabilidade, com duas linhas, Figura 2.5b.

NF NF NA

NF NF

NA

(a) Barra simples (b) Barra simples (c) Saída dos


Um circuito de Dois circuitos de alimentadores
suprimento suprimento primários
Fonte: Adaptado de Kagan et al. (2005)
Figura 2.5. Subestação com barra simples.

18
Segundo Kagan et al. (2005), quando uma subestação de distribuição é suprida
por um único alimentador, disporá, na alta tensão, de apenas um dispositivo de proteção do
transformador. Sua confiabilidade é muito baixa, ocorrendo, para qualquer defeito na
subtransmissão, a perda do suprimento da subestação. Aumenta-se a confiabilidade adotando-
se a subestação de dupla alimentação radial, isto é, o alimentador de subtransmissão é
construído em circuito duplo operando a subestação com uma das chaves de entrada aberta.
Havendo a interrupção do alimentador em serviço, abre-se sua chave de entrada, NF, e fecha-
se a chave NA do circuito de reserva.
Em regiões de densidade de carga maior aumenta-se o número de transformadores
utilizando o arranjo da subestação com maior confiabilidade e flexibilidade operacional
(KAGAN et al., 2005). Na Figura 2.6, apresenta-se o diagrama unifilar da subestação com
dupla alimentação, dois transformadores, barramentos de alta tensão independentes e
barramento de média tensão seccionado. Quando ocorre um defeito, ou manutenção, em um
dos transformadores, abrem-se as chaves a montante e a jusante do transformador, isolando-o.
A seguir, fecha-se a chave NA de seccionamento do barramento e opera com todos os
circuitos supridos a partir do outro transformador. Evidentemente, cada um dos
transformadores deve ter capacidade, na condição de contingência, de suprir toda a demanda
da subestação.

NA

Fonte: Adaptado de Kagan (2005)


Figura 2.6. Subestação com dois transformadores (barra simples seccionada).

19
Uma evolução do último arranjo mostrado está representado na Figura 2.7, em
que se distribui os circuitos de saída em vários barramentos, permitindo-se maior flexibilidade
na transferência de blocos de carga entre os transformadores.

NA

NA

NA

Fonte: Adaptado de Kagan (2005)


Figura 2.7. Subestação com barramentos duplicados.

2.1.3 Sistema de Distribuição Primária


As redes de distribuição primária, ou redes de média tensão – MT, são os circuitos
de saída da subestação de distribuição. O alimentador principal corresponde a um tronco
trifásico do qual se derivam ramais, que usualmente são protegidos por fusíveis. Estes ramais
podem ser trifásicos, bifásicos ou monofásicos.
Estas redes de distribuição têm a capacidade de transportar uma potência máxima
de cerca de 12 MVA, na tensão de 13,8 KV, já que os troncos dos alimentadores empregam,
usualmente, condutores de seção 336,4 MCM (KAGAN et al., 2005). O sistema de
distribuição primária atende aos consumidores primários, estações transformadoras (ETs) e

20
supre a rede secundária. Dentre os consumidores primários destacam-se indústrias de médio
porte, conjuntos comerciais (shopping centers), instalações de iluminação pública etc
(KERSTING, 2001).
As redes primárias, de acordo com Kagan et al. (2005), “dispõem de chaves de
seccionamento que operam na condição normal fechada (NF), onde o objetivo é isolar blocos
de carga para permitir sua manutenção corretiva ou preventiva”. É, usualmente, instalado em
um mesmo circuito, ou entre circuitos diferentes, chaves que operam abertas (NA), que
podem ser fechadas em manobras de transferência de carga.
Existem diferentes configurações para os sistemas de distribuição. A maioria das
redes é de topologia radial, já que estas apresentam certas vantagens, tais como proteção
simples contra curto-circuito, faltas de correntes baixas em outros circuitos, simples controle
de tensão, simples predições dos fluxos de potência e custos baixos (SHORT, 2004). Sobre a
questão da forma de instalação, pelo custo menor, são comumente redes aéreas, mas para
áreas de maior densidade de carga, como a zona central de uma metrópole, podem ser
subterrâneas (KAGAN et al., 2005).

2.1.3.1 Redes Aéreas


Os sistemas usados nestas redes são o radial simples e radial com recurso. O
radial simples, Figura 2.8, é geralmente empregado em áreas rurais, pois, possuem baixa
densidade de carga e têm um destino único, por atender consumidores pontuais. Segundo
Short (2004) e Kersting (2001) esse arranjo tem como características a configuração mais
barata comparada aos demais, as faltas podem ser minimizadas com a interligação com
sistemas radiais mais próximos e pode-se prever as falhas no sistema com maior facilidade.
No entanto, os autores colocam que uma falta no alimentador principal (tronco) ou lateral
(ramal) causa o não suprimento de todos os consumidores conectados ao mesmo.

SUBESTAÇÃO DE
DISTRIBUIÇÃO

NF NF

Fonte: Adaptado de Lamin (2009)


Figura 2.8. Rede primária aérea radial simples.

21
A rede radial com recurso, Figura 2.9, é usualmente utilizada em áreas urbanas.
Esta rede é diferenciada pelas seguintes características:
 Existência de interligação, com chaves NA e NF, entre alimentadores adjacentes da
mesma ou de subestações diferentes;
 O alimentador é projetado de forma que exista uma reserva de capacidade de carga em
cada circuito, isso é para absorção de carga de outro circuito em caso de necessidade
de transferência de carga.

CIRCUITO 1
D NF NF NF

SUBESTAÇÃO
DE NA NA
DISTRIBUIÇÃO

D NF NF NF
CIRCUITO 2

Fonte: Adaptado de Kagan (2005)


Figura 2.9. Rede primária aérea radial com recurso.

Pode-se destacar que no arranjo radial com recurso, mostrado na Figura 2.9, o
circuito 2 poderia derivar de outra subestação, e este circuito, evidentemente, deve ter
capacidade para transporte da carga transferida.

2.1.3.2 Redes Subterrâneas


Os sistemas usados nestas redes são o radial simples, radial seletivo e anel aberto.
Sendo que o radial simples é um sistema de distribuição de energia composto por uma linha
principal instalada desde a fonte até as cargas, com ou sem derivações, e que não possui
recursos de manobras, chaves ou seccionadores, para interligação com outros circuitos de
mesma tensão de operação, conforme pode ser visto na Figura 2.10.
O arranjo radial seletivo, Figura 2.11, é um sistema de distribuição de energia com
uma configuração composta por dois alimentadores radiais, denominados preferencial e
reserva, que são projetados para atendimento da carga por um ou por outro em tempo integral.
Nestes casos, o circuito reserva pode receber a transferência de toda ou parte da carga do

22
alimentador principal sem restrições de tempo ou carga e/ou com limitações de tensão de
fornecimento.

SUBESTAÇÃO DE
DISTRIBUIÇÃO

Fonte: Adaptado de Lamin (2009)


Figura 2.10. Rede primária subterrânea radial simples.

Segundo Hincapié (2013), as chaves usadas para selecionar um circuito são,


geralmente, de transferência automática, contando com relés que detectam a não existência de
tensão em seus terminais, verificam a inexistência de defeito na rede do consumidor, e
comandam o motor de operação de chave, transferindo automaticamente o consumidor para o
outro circuito. Esta configuração é indicada para aplicação em locais com média e alta
densidade de carga.

(a) Diagrama unifilar (b) Detalhe da chave de transferência - ChT

D REDE

SUBESTAÇÃO
DE ChT ChT ChT CONSUMIDOR
DISTRIBUIÇÃO

D REDE

Fonte: Adaptado de Kagan (2005)


Figura 2.11. Rede primária subterrânea radial seletivo.

De acordo com Azevedo (2010), o arranjo anel aberto, Figura 2.12, é um sistema
de distribuição de energia composto de dois ou mais alimentadores radiais que podem ser
23
interligados através de uma chave. O sistema anel aberto, ou também chamado de Open-Loop
Systems, possui a chave de interligação “NA” que é acionada em caso de necessidade de se
executar manobras no circuito para a realização de reparos ou, simplesmente, para a execução
de serviços com a rede desenergizada. Para o autor, o sistema permite o seccionamento de
pequenos trechos da rede, diminuindo o impacto de desligamento sobre todos os
consumidores do respectivo sistema durante o tempo necessário.
Este tipo de arranjo, segundo Kagan et al. (2005), apresenta custo mais elevado
que os anteriores, sendo aplicável tão somente em regiões de alta densidade de carga, como
grandes consumidores. Quando acontece alguma ocorrência de falta em um trecho qualquer
da rede, os barramentos que restaram desernergizados passam a ser supridos pelo disjuntor
“NA”, que tem seu acionamento comandado automaticamente. Este arranjo opera, em
condição normal, com 50% de sua capacidade, porém, deve dispor de reserva para absorver,
quando de contingências, a carga total (KAGAN et al, 2005).

SUBESTAÇÃO DE
DISTRIBUIÇÃO D D D D

NA

SUBESTAÇÃO DE
DISTRIBUIÇÃO D D D D

Fonte: Adaptado de Kagan (2005)


Figura 2.12. Rede primária subterrânea anel aberto.

2.1.4 Sistema de Distribuição Secundária


As redes secundárias, ou redes de baixa tensão – BT, são mais confiáveis do que
as redes primárias. As faltas são menos frequentes e geralmente são eliminadas sem
interrupções de grande importância no fornecimento de energia elétrica. Pelo fato de estarem
localizadas abaixo do sistema primário, as redes secundárias não estão expostas às descargas
atmosféricas diretas, não necessitando de proteção, porém, em áreas rurais se torna necessário
a proteção, pois a rede primária não está presente (LAMIN, 2009).
Segundo Kagan et al. (2005), as tensões presentes nas redes de baixa tensão são
220/127 V ou 380/220 V, podendo operar em malha ou radial. Essa tensão supre

24
consumidores residenciais, pequenos comércios e indústrias. Mas, segundo o autor, destaca-se
o predomínio, nesta rede, de consumidores residenciais.
De acordo com Azevedo (2010), desligamentos na rede secundária devem ficar
restritos à ocorrência de defeitos nos cabos e conexões de baixa tensão. Para tanto, cada ramo
da rede de baixa tensão é protegida por fusíveis, permitindo que no caso de defeito nos ramais
de baixa tensão, o desligamento fique limitado somente ao respectivo trecho secundário.

2.1.4.1 Redes Aéreas


De acordo com (Kagan et al., 2005), as redes secundárias aéreas podem trabalhar
em malha ou radial. A rede inicialmente é configurada em malha e quando atinge o limite de
carregamento, evolui para a configuração radial, através da instalação de outro transformador
e seccionamento da malha, figura 2.13.

(a) Rede inicial (b) Rede subdividida

A A’ A A’

Fonte: adaptado de Kagan (2005)


Figura 2.13. Evolução de um rede secundária aérea.

2.1.4.2 Redes Subterrâneas


As redes secundárias subterrâneas usam o arranjo de uma rede reticulada (Figura
2.14). No entanto, devido ao seu alto custo não é mais utilizada pelas concessionárias, mas
ainda existe em grandes metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e etc., que
foram construídas há mais de trinta anos. Este tipo de rede é constituído por um conjunto de
malhas que são supridas por transformadores trifásicos, com os terminais de baixa tensão
inseridos diretamente nos nós reticulados (KAGAN et al., 2005).

25
Fonte: adaptado de Kagan (2005)
Figura 2.14. Rede secundária reticulada.

26
3 ESTUDO DE CURTO-CIRCUITO

O curto-circuito, também chamado de defeito ou falta, é “o nome dado ao


conjunto de fenômenos que ocorrem quando dois ou mais pontos de um circuito, que estão
sob diferença de potencial, são ligados intencionalmente ou acidentalmente, através de uma
impedância desprezível” (DECOURT, 2007). Esse contato pode ser direto (metálico) ou
indireto (através de arco voltáico). Como consequência, a corrente elétrica pode atingir
valores muito elevados, dependendo do tipo de curto-circuito.
Segundo Almeida & Freitas (1995) as causas mais frequentes da ocorrência de
curtos-circuitos em sistema de potência são:
 Descargas atmosféricas;
 Sobretensão no sistema;
 Falhas mecânicas em cadeias de isoladores;
 Fadiga e/ou envelhecimento de materiais;
 Ação de vento, neve, ou similares;
 Poluição (queimadas);
 Queda de árvores sobre redes;
 Colisão de veículos com elementos de sustentação de linhas;
 Inundações;
 Desmoronamentos;
 Vandalismo;
 Entrada de pequenos animais em equipamentos;
 Manobras incorretas.

Almeida & Freitas (1995) destacam ainda algumas das finalidades do estudo de
curto-circuito:
 Conhecer a dimensão do valor das correntes de curto-circuito;
 Permitir o dimensionamento aos diversos componentes do sistema quando sujeitos às
solicitações dinâmicas e efeitos térmicos decorrentes do curto;
 Possibilitar a seleção de disjuntores;
 Permitir a execução da coordenação e de ajustes de relés de proteção;
 Possibilitar a especificação de para-raios.

27
3.1 Componentes Simétricas

Em 1918, o Dr. C. L. Fortescue, em seu trabalho intitulado “Método de


Componentes Simétricas Aplicado à Solução de Circuito Polifásicos” (Fortescue, 1918),
provou que um sistema desequilibrado de n fasores correlacionados, pode ser decomposto em
n sistemas de n fasores equilibrados, denominados componentes simétricos dos fasores
originais (Stevenson, 1986), sendo esta uma relação única.
Para o caso de um sistema trifásico, Fortescue demonstrou que três fasores
desequilibrados podem ser substituídos por três sistemas equilibrados de três fasores,
denominados da seguinte maneira:
a) Componentes de sequência positiva, sendo três fasores iguais em módulo, defasados
de 120º entre si e tendo a mesma sequência de fases que os fasores originais;
b) Componentes de sequência negativa, sendo três fasores iguais em módulo, defasados
de 120º entre si e tendo a sequência de fases oposta a dos fasores originais;
c) Componentes de sequência zero, sendo três fasores iguais em módulo e com
defasagem zero entre si.
A Figura 3.1 apresenta três sistemas de fasores equilibrados, que combinados
constituem os componentes simétricos de três fasores desequilibrados. Na figura, os índices a,
b e c, representam as fases abc, e os índices 1, 2 e 0 representam as componentes de sequência
positiva, negativa e zero, respectivamente. Logo em seguida, na Figura 3.2, é apresentada a
soma fasorial das componentes simétricas, ilustrando a síntese dos fasores desequilibrados
(STEVENSON, 1986).
Va2
Vc1 Va1
Va0
Vb0
Vb2 Vc0

Vb1 Vc2
Componentes de sequência Componentes de sequência Componentes de sequência
positiva negativa zero

Fonte: (Stevenson, 1986)


Figura 3.1. Componentes Simétricas que formam um fasor desequilibrado.

28
Va0
Va

Va2

Vc1
Va1
Vc
Vc0 Referência
Vb Vc2

Vb0
Vb1
Vb2

Fonte: (Stevenson, 1986)


Figura 3.2. Soma gráfica dos componentes da Figura 3.1, para a obtenção de três fasores desequilibrados.

Pode-se traduzir analiticamente o que foi apresentado na Figura 3.2 através das
equações (3.1), (3.2) e (3.3):
Va  Va 0  Va1  Va 2 (3.1)

Vb  Vb0  Vb1  Vb 2 (3.2)

Vc  Vc 0  Vc1  Vc 2 (3.3)

Segundo Stevenson (1986) é adotado, por causa das diferenças de fase das
componentes simétricas de tensões e correntes num sistema trifásico, um método simplificado
para indicar a rotação de um fasor de 120º. Este método define a letra “ a ” (também chamada
de operador rotacional) como sendo o operador que causa uma rotação de 120º no sentido
anti-horário, sendo um operador de módulo unitário e fase 120º, definido pela equação (3.4):
a  1120º  1e j 2 / 3  0,5  j 0,866 (3.4)

Assim, pode-se reescrever as equações (3.1), (3.2) e (3.3) em função do operador


rotacional:
Va  Va 0  Va1  Va 2 (3.5)

Vb  Vb 0  a 2Vb1  aVb 2 (3.6)

Vc  Vc 0  aVc1  a 2Vc 2 (3.7)

29
Geralmente as equações são escritas na forma matricial. E com a finalidade de
simplificar a notação, considera-se V0  Va 0 , V1  Va1 e V2  Va 2 . Dessa forma a
representação matricial das equações (3.5), (3.6) e (3.7) fica:
Va  1 1 1  V0 
V   1 a 2 a   V1 
 b  (3.8)
Vc  1 a a 2  V2 

A equação (3.8) permite a determinação do sistema trifásico desequilibrado a


partir dos valores de suas componentes simétricas. Já para se obter as componentes simétricas,
em função do sistema desbalanceado deve-se determinar o inverso do indicado na equação
(3.8). Isto pode ser visto na equação (3.9):
V0  1 1 1  Va 
V   1 1 a a 2   Vb 
 1 3  (3.9)
V2  1 a 2 a  Vc 

Embora até aqui fossem adotados fasores de tensão no estudo de componentes


simétricas, segundo Almeida & Freitas (1995), o Teorema de Fortescue aplica-se igualmente
a quaisquer quantidades alternadas associadas a uma máquina ou a um circuito trifásico, tais
como corrente ou fluxo. Assim, em se tratando de correntes, adotando-se simplificação
similar à das tensões ( I 0  I a 0 , I 1  I a1 e I 2  I a 2 ), as expressões correspondentes para
síntese e análise passam a ser, respectivamente:
 I a  1 1 1  I 0 
 I   1 a 2 a    I1 
 b  (3.10)
 I c  1 a a 2   I 2 

e
I 0  1 1 1  I a 
 I   1 1 a a 2    I b 
 1 3 (3.11)
 I 2  1 a 2 a   I c 

3.2 Tipos de Curto-Circuito


As faltas no sistema elétrico de potência são classificadas em trifásica (Figura
3.3a), bifásica (Figura 3.3b), bifásica-terra (Figura 3.3c) e monofásica (Figura 3.3d). Sendo

30
que esta última possui o maior índice de ocorrência, aproximadamente 75% como mostra a
Tabela 3.1 (JUNIOR, 2006).
Tabela 3.1. Probabilidade relativa de ocorrência dos curtos.

Curto-Circuito Trifásico 5%

Curto-Circuito Bifásico 3%

Curto-Circuito Bifásico-Terra 17%

Curto-Circuito Monofásico 75%


Fonte: (JUNIOR, 2006)

CARGA

(a) Curto-Circuito Trifásico

(b) Curto-Circuito (c) Curto-Circuito Bifásico- (d) Curto-Circuito


Bifásico Terra Monofásico

Fonte: Adaptado de (ALMEIDA & FREITAS, 1995)


Figura 3.3. Diagrama dos Curtos-Circuitos.

3.2.1 Curto-Circuito Trifásico (ou Simétrico)


Apesar de ser o tipo de curto menos frequentemente, o curto simétrico é o mais
severo, pois atinge as maiores correntes. De acordo com Almeida & Freitas (1995), o curto-
circuito trifásico não provoca desequilíbrio no sistema porquanto se admite que todos os
condutores da rede são solicitados de modo idêntico e conduzem o mesmo valor eficaz da
corrente de curto. É por isso classificado como curto simétrico e seu cálculo pode ser efetuado
por fase; considera-se apenas o circuito equivalente de sequência positiva (sequência direta),
sendo indiferente se o curto envolve ou não o condutor neutro (ou o terra).
A equação (3.12) é usada para calcular a corrente de curto-circuito trifásica, sendo
a impedância do sistema encontrada através da soma vetorial de todas impedâncias até chegar
o ponto de defeito.

31
I base
I CC 3  (3.12)
Z th1
Onde:
I CC 3 é Corrente Simétrica de Curto-Circuito Trifásico;

I base é a corrente de base em (pu);

Z th1 é a impedância de sequência positiva equivalente (pu) até o ponto de defeito.

ZTH1

VTH Va1
-

Fonte: (Kindermann, 1997)


Figura 3.4. Circuito equivalente de Curto-Circuito Trifásico.

3.2.2 Curto-Circuito Bifásico


É o tipo de curto que há entre duas fases distintas, portanto, a outra fase é nula. Ao
passo que a diferença das tensões nas fases é o produto da impedância de falta pela corrente
de falha bifásica. O valor da ordem de grandeza da corrente de curto circuito bifásico é menor
que o valor da de curto circuito trifásico. Por não envolver o terminal terra a impedância de
sequência zero é nula (VIANNA FILHO, 2010).
A equação (3.13) é usada para calcular a corrente de curto-circuito bifásica:

3
I CC  2  (3.13)
Z th1  Z th 2
Onde:
I CC  2 é Corrente Simétrica de Curto-Circuito Bifásico;

Z th1 é a impedância de sequência positiva equivalente (pu) até o ponto de defeito;

Z th 2 é a impedância de sequência negativa equivalente (pu) até o ponto de


defeito.

32
Ia1 f1 f2 Ia2
ZTH1 T Zf T ZTH2

VTH Va1 Va2


-

Fonte: (Almeida & Freitas, 1995)


Figura 3.5. Circuito equivalente de Curto-Circuito Bifásico.

3.2.3 Curto-Circuito Bifásico-Terra


É um caso especial do curto circuito bifásico, tendo duas fases distintas em curto-
circuito e a corrente na outra fase é nula. As tensões que estão em curto-circuito são o produto
da impedância de falha com a corrente de falta. Ela ocorre quando uma falta bifásica entra em
contato com um ponto aterrado (VIANNA FILHO, 2010).
A equação (3.14) é usada para calcular a corrente de curto-circuito bifásica-terra:
I CC2T  2I a 0  ( I a1  I a 2 ) (3.14)
Onde:
I CC  2T é Corrente Simétrica de Curto-Circuito Bifásico;

I a 0 é a corrente de sequência zero dada por:

Va 0
I a0   (3.15)
Z th 0
I a 2 é a corrente de sequência negativa dada por:

Va 2
I a2   (3.16)
Z th 2

I a1 é a corrente de sequência positiva dada por:

1
I a1 
 Z Z  3Z n   (3.17)
Z th1   th 2 th 0 
 th 2
Z  Z th 0  3Z n 

33
Ia1 Ia0 Zf + 3Zg
ZTH1 T Zf T

Zf
+ Va0 ZTH0
VTH Va1 Ia2
-

Va2 ZTH2

Fonte: (Almeida & Freitas, 1995)


Figura 3.6. Circuito equivalente de Curto-Circuito Bifásico-Terra.

3.2.4 Curto-Circuito Monofásico


O curto circuito monofásico é o mais habitual que se acontece no sistema elétrico.
Este defeito envolve a Terra e na maioria das situações não reproduz o valor máximo previsto
pelos cálculos. Esse fato ocorre porque a resistência de terra é variável e assume valores mais
elevados em regiões de baixa umidade. Os curtos-circuitos monofásicos são considerados nos
estudos devido sua frequência de ocorrência (VIANNA FILHO, 2010).
A equação (3.18) é usada para calcular a corrente de curto-circuito monofásica:
3
I CC1  (3.18)
Z th1  Z th 2  Z th0
Onde:
I CC1 é Corrente Simétrica de Curto-Circuito Monofásico;

Z th1 é a impedância de sequência positiva equivalente (pu) até o ponto de defeito.

Z th 2 é a impedância de sequência negativa equivalente (pu) até o ponto de defeito.

Z th0 é a impedância de sequência zero equivalente (pu) até o ponto de defeito.

34
Ia1 ZTH1
+

VTH Va1
-

Ia2
ZTH2

Va2 3Zf Vfa

Ia0
ZTH0

Va0

Fonte: (Almeida & Freitas, 1995)


Figura 3.7. Circuito equivalente de Curto-Circuito Monofásico.

3.2.5 Curto-Circuito Monofásico Mínimo


De acordo com Gómez (2005), em 50% dos curtos-circuitos monofásicos, existe
uma parcela referente aos curtos monofásicos mínimo, que geralmente é um corrente de curto
pequena e dessa forma produz pouca sensibilidade nos equipamentos de proteção. Por esses
motivos existe uma preocupação por partes dos técnicos dos sistemas de distribuição em
calcular essa corrente.
A equação (3.19) mostra a fórmula para se calcular a corrente de curto-circuito
monofásica mínima:
3
I CC 1 mín 
3Z d (3.19)
Z th1  Z th 2  Z th 0 
Z base

Onde:
I CC1 mín é Corrente Simétrica de Curto-Circuito Monofásico;

Z d é uma impedância, que no Brasil, é utilizado o valor de 40  ;

Z th1 é a impedância de sequência positiva equivalente (pu) até o ponto de defeito;

Z th 2 é a impedância de sequência negativa equivalente (pu) até o ponto de defeito;

Z th0 é a impedância de sequência zero equivalente (pu) até o ponto de defeito;

Z base é a impedância base do sistema.

35
Ia1 ZTH1
+

VTH Va1
-

Ia2
ZTH2

Va2

Ia0
ZTH0

3Zd/Zbase
Va0

Fonte: Adaptado de (Kindermann, 1997)


Figura 3.8. Circuito equivalente de Curto-Circuito Monofásico Mínimo.

3.3 Software ANAFAS

O Software de Análises de Faltas Simultâneas (ANAFAS) foi desenvolvido para


ser utilizado de modo iterativo em sistemas de potência de grande porte. Este programa
computacional visa aperfeiçoar o tempo de simulação e de análises dos resultados nos
diversos tipos de estudos que requerem a simulação de condições de defeito em sistemas de
energia elétrica, como dimensionamento de equipamentos, análise de ocorrências e ajuste de
proteção (ANAFAS, 2010).
Este programa constitui-se em uma poderosa ferramenta de auxílio para estudos e
análise de curto-circuito. Existem diversas versões do ANAFAS, neste trabalho será utilizada
a versão acadêmica 6.2 DOS, onde esta possui um limite de 120 barras para se trabalhar. É
um programa que possui baixo custo de instalação, ou seja, tem poucos requisitos de
“hardware” e “software”. As suas principais características funcionais são (ANAFAS, 2010):
 Facilidade e flexibilidade na definição dos casos, permitindo a modelagem de defeitos
simultâneos (compostos) aplicados sobre barras e/ou pontos intermediários de linhas
de transmissão; modelagem de diversos tipos de defeito, incluindo curtos-circuitos
“shunt”, com ou sem impedância; e de aberturas (interrupção) de circuito;
 Permite modelagem fiel do sistema elétrico, com possibilidade de representação do
carregamento pré-falta, defasamento de transformadores, “tap” dos transformadores
fora da posição nominal, etc;

36
 Execução de estudos macro especificados pelo usuário;
 Solução orientada a ponto de falta ou a ponto de monitoração, onde o usuário define as
grandezas a serem observadas;

3.3.1 Uso do ANAFAS


A versão utilizada neste trabalho não possui uma plataforma de interface gráfica
onde possa se construir alimentadores e circuitos, com isso, a identificação de um sistema
elétrico por parte do programa é realizado através de linhas de códigos como apresentado na
Figura 3.9.

Fonte: ANAFAS – (Autor)


Figura 3.9. Exemplo de linhas de código feita no programa ANAFAS.

O ANAFAS é um programa computacional para cálculo de curtos-circuitos que


permite a execução automática de grande número de faltas, por isso, no decorrer da
simulação, é colocada a opção de qual estudo de curto-circuito deseja-se realizar: monofásico,
bifásico, bifásico-terra ou trifásico, podendo ser executados todos os curtos de uma só vez,
como mostra a Figura 3.10.
Em relação a corrente de curto-circuito, o programa também deixa à disposição do
usuário a especificação da ordem das grandezas e unidades de saída no relatório final, que
pode ser em amperes (A) ou em valor percentual (pu) como mostra a Figura 3.11.
37
Na Figura 3.12 é apresentado um exemplo de relatório final de saída do programa
ANAFAS, onde pode-se verificar uma corrente trifásica com intensidade de 4658 A.

Fonte: (ANAFAS, 2010)


Figura 3.10. Opções de curtos-circuitos disponíveis no programa ANAFAS.

Fonte: (ANAFAS, 2010)


Figura 3.11. Especificação das grandezas e unidades no relatório final de saída.

Fonte: ANAFAS – (Autor)


Figura 3.12. Exemplo de um Relatório de Saída do programa ANAFAS.

38
4 PROTEÇÃO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

A finalidade de um sistema de potência é distribuir energia elétrica para uma


multiplicidade de pontos, para diversas aplicações. Tal sistema deve ser projetado e operado
para entregar esta energia obedecendo a dois requisitos básicos: confiabilidade e
continuidade. Porém, muita das vezes, isso não é possível, devido à ocorrência de faltas
como: descargas atmosféricas, catástrofes naturais e falhas na operação nos dispositivos como
transformadores, cabos, disjuntores, chaves de manobras, e outros elementos do SEP (SATO,
2005).
A partir de então, com a finalidade de reduzir os danos, isolar a falta e minimizar
os efeitos para o sistema elétrico, bem como manter em operação a maior parte possível do
mesmo, surge a necessidade de um sistema de proteção confiável, seletivo e coordenado que
venha corrigir de modo eficaz tais falhas, garantindo assim a continuidade no fornecimento de
energia (COSTA, 2007 apud SILVA E MEIDEIROS, 2012).
De acordo com Sato (2005), um sistema elétrico está constantemente sujeito a
ocorrências que causam distúrbios no seu estado normal. Estas perturbações alteram as
grandezas elétricas (corrente, tensão, frequência), muitas vezes provocando violações nas
restrições operativas. Nestes casos são necessárias ações preventivas e/ou corretivas para
sanar ou limitar as consequências desses distúrbios.
Essas ações não seriam possíveis se não existisse um sistema de proteção. É por
isso que todo sistema elétrico necessita de um sistema de proteção, visto que este é uma das
partes mais importantes de qualquer sistema de potência, e com o sistema de distribuição não
poderia ser diferente. “A proteção deve garantir uma boa confiabilidade e segurança na
operação e no fornecimento de energia” (VIEIRA, 2006).
Sabe-se ainda, como esclarece Vieira (2006), que os consumidores são afetados
por vários tipos de distúrbios nos sistemas de distribuição, tais como: sobretensões
provocadas por surtos de manobras, descargas atmosféricas, problemas estruturais da rede,
problemas de natureza térmica, atos de vandalismo e curto-circuito.
Entre os principais tipos de distúrbios citados, destaca-se o curto-circuito. Onde,
segundo Decourt (2007), é “o nome dado ao conjunto de fenômenos que ocorrem quando dois
ou mais pontos de um circuito, que estão sob diferença de potencial, são ligados
intencionalmente ou acidentalmente, através de uma impedância desprezível”. Sendo que o
estudo de curto-circuito (falta) é primordial para o sistema de proteção, pois permite a seleção
adequada dos equipamentos de proteção tais como disjuntores e fusíveis.
39
Além de provocar uma maior frequência de faltas, Sato (2005) confirma que as
correntes de curto-circuito são as ocorrências que trazem maior impacto no fornecimento da
energia elétrica. Pois impõem mudanças bruscas e violentas na operação normal do sistema.
Deve-se ressaltar que, as elevadas correntes de curto-circuito, podem acarretar danos
mecânicos e térmicos aos equipamentos elétricos.
Segundo Mattos (2010), os danos mecânicos podem ser a deformação de
condutores, enrolamentos de transformadores, entre outros. Já os danos térmicos estão
diretamente ligados ao tempo em que a corrente de curto-circuito permanece no sistema, pois
devido à sua intensidade e ao seu tempo de duração, ela pode danificar a isolação dos mais
diferentes elementos do sistema.
A magnitude da corrente de curto-circuito depende de vários fatores, tais como:
tipo de curto-circuito (simétricos ou assimétricos), capacidade do sistema de geração,
topologia da rede elétrica, tipo de aterramento do neutro dos equipamentos, etc. Assim, os
dispositivos de proteção de sistemas de distribuição que interrompem correntes de falta
devem ser bem dimensionados, pois possuem uma função vital ao bom desempenho da
proteção nos sistemas de distribuição (SHORT, 2004).
Por isso, a rápida extinção dos curtos-circuitos pelo sistema de proteção deve ser
precisa e rápida, critérios estes, indispensáveis para a confiabilidade do sistema de proteção e
qualidade da manutenção da estabilidade do SEP. Além do que, a confiabilidade de qualquer
sistema de potência requer a continuidade de serviço do sistema em meio a condições críticas
de faltas sem causar colapsos (ANDERSON, 1999).
Deve-se destacar também os tipos de falta existentes, que segundo Silva (2002),
apresentam-se em temporárias e permanentes, para o autor faltas temporárias “são aquelas
cuja duração é limitada ao período necessário para restabelecer o serviço através de operação
automática do equipamento de proteção que desligou o circuito ou parte dele”, e falta
permanente “são todas as interrupções não classificadas como temporárias ou programadas”.
Segundo Junior (2006), 75 a 90% do número total de falhas são de origem temporária.

4.1 Conceitos e Objetivo da Proteção

Paludo (2010) destaca, como objetivo de um sistema de proteção, a rápida


extinção de uma falta, provocando a durabilidade da vida útil dos equipamentos, uma vez que
os mesmos serão expostos por um menor tempo à falta, o que influencia também em uma
menor exigência térmica e mecânica dos equipamentos. Para isso, o autor destaca a
40
necessidade de um processamento rápido e eficaz das informações recolhidas pelos
equipamentos de proteção, para que assim as zonas de defeito sejam isoladas o mais rápido
possível.
As condições do sistema de potência são monitoradas constantemente pelo
sistema de medidas analógicas (transdutores), que são os transformadores de corrente (TC's) e
transformadores de potencial (TP's). Esses equipamentos alimentam o sistema de decisões
lógicas (relé de proteção), através das correntes (TC’s) e tensões (TP’s) que saem do seu
terminal secundário (SATO, 2005).
A ideia básica de um sistema de proteção é mostrada na Figura 4.1. Onde as
correntes e as tensões transformadas em grandezas secundárias, através dos transdutores
(TC’s e TP’s), alimentam um sistema de decisões lógicas (relé de proteção), que compara o
valor medido com o valor previamente ajustado no relé. A operação do relé ocorrerá sempre
que o valor medido exceder o valor pré-estabelecido no ajuste do mesmo, atuando assim,
sobre um disjuntor.
Ajuste

TC e/ou TP Relé
Sistema
de
Potência Disjuntor

Fonte: Adaptado de (Sato, 2005)


Figura 4.1. Sistema de Proteção.

De acordo com Mattos (2010), para garantir que a falta em determinado ponto do
sistema seja detectada e que todos os elementos do sistema estejam protegidos é necessário
que os elementos desse sistema estejam em pelo menos uma zona de proteção, região do
sistema em que o dispositivo é responsável pela proteção e atuação em caso de falta. Essas
zonas são definidas pelo posicionamento dos dispositivos de proteção e podem ser
classificadas como fechadas ou abertas (SATO, 2005). A Figura 4.2 mostra um diagrama
unifilar de um sistema de distribuição radial, onde as linhas tracejadas identificam as zonas de
proteção de cada dispositivo.

41
D B A C
G3

f1 f2
G1

f3
G2

f4

Fonte: Adaptado de (Sato, 2005)


Figura 4.2. Zonas de Proteção.

A Figura 4.2 mostra exemplos de zonas de proteção e também, alguns pontos de


falta. Uma falta em f1, que ocorre dentro de uma zona fechada, deverá ser isolada pela atuação
dos sistemas de proteção de ambos os terminais da linha. O mesmo deverá ocorrer para uma
falta em f2, mas, neste caso, a falta cai dentro da sobreposição de duas zonas de proteção. Na
eventualidade da recusa de atuação do sistema de proteção da linha no terminal A, todos os
demais disjuntores ligados à barra A deverão ser abertos. A falta f3 ocorre dentro da zona de
proteção do gerador, mas também fica dentro da sobreposição de outras duas zonas de
proteção, todas elas zonas fechadas. Já a falta em f4 ocorre dento de duas zonas abertas. Neste
caso, a falta deverá ser isolada pela atuação do sistema de proteção da linha de distribuição,
mas na eventualidade de sua falha o sistema de proteção do lado de baixa do transformador
deverá atuar, o que acarretará a falta de energia elétrica em outros dois circuitos que nada tem
a ver com a falta.
Nota-se que sempre há uma sobreposição de zonas de proteção, isto é feito para
elevar a confiabilidade do sistema, de forma que o dispositivo de proteção sempre esteja em
mais de uma zona de proteção, garantindo assim a redundância de operação. Ou seja, em caso
de uma “recusa de atuação” do dispositivo responsável pela proteção imediata, outro
dispositivo atua isolando a falta do resto do sistema (SATO, 2005).
Quando esta sobreposição de zonas acontece, é preciso que sejam classificadas
por ordem de atuação. Segundo Mattos (2010), a região que tem a responsabilidade de atuar
primeiro, em caso de falta, é definida como zona de proteção primária, já a região que tem
uma atuação mais demorada e menos seletiva é denominada zona de proteção de retaguarda
(ou secundária). Esta se torna, segundo o autor, responsável pela proteção da zona primária
quando o dispositivo de proteção por qualquer motivo venha a falhar.

42
4.2 Dispositivos de Proteção

Em geral, o sistema de proteção para distribuição de energia é composto por


vários dispositivos, e alguns deles serão detalhados no decorrer deste subtópico.

4.2.1 Fusível
Segundo Anderson (1999), fusíveis são dispositivos de proteção simples, pois eles
são instalados em série no ramal de serviço (ramal do alimentador), e se instalados de maneira
adequada, suportam a corrente de carga nominal sem causar interrupção. Para o autor, caso a
corrente do circuito exceda um valor especificado durante certo período ou se ocorrer alguma
condição de falta na rede elétrica, estes se fundem em uma de suas partes, especialmente
projetada e dimensionada para esse fim, abrindo o circuito no qual está inserido que terá por
consequência a interrupção da corrente.
Com relação aos tipos de fusíveis, existem basicamente dois: (1) Fusível
Limitador de Corrente e (2) Fusível de Expulsão. Este último é de longe o dispositivo de
proteção mais comumente aplicado em redes de distribuição, podendo ser classificado,
segundo Vieira (2006), de acordo com a sua aparência externa e com seus métodos de
operação. “Nesses fusíveis, a fusão do elo-fusível causa aquecimento do tubo de fibra que o
contém, e que, por sua vez, produz gases desionizantes capazes de extinguir o arco”
(GONEN, 1986). A Figura 4.3 mostra de uma forma mais detalhada, uma chave-fusível tipo
expulsão de uma rede de distribuição.
Para Anderson (1999) há uma distinção entre os tipos de fusíveis, pois em níveis
de tensão igual ou acima de 600 V são referidos como fusíveis de potência, caso contrário são
denominados chaves-fusíveis de distribuição. Vieira (2006) destaca que ambos os dispositivos
incluem um conjunto de equipamentos que agem como apoio e portador do fusível, podendo
também incluir ou não um elo-fusível.

4.2.1.1 Chave-Fusível
É um dispositivo destinado a proteção de ramais e equipamentos contra
sobrecorrentes em redes de distribuição geralmente para proteção de transformadores e
capacitores. É também um dos mais utilizados em saídas de ramais, devido ao seu baixo custo
(CPFL, 2003). De acordo com Vieira (2006), após uma operação, este dispositivo tem seu
cartucho (porta-fusível) levado automaticamente a uma posição tal que assegura a distância de

43
isolamento especificado sem que haja uma separação física entre o cartucho e a base, dando
assim uma indicação visível de que o dispositivo operou.
Silva (2002) ressalta que “o dispositivo tem como principal finalidade permitir
manobras de seccionamento em sistema monofásico em certas situações, porém, não possui a
capacidade de religamento automático, o que resulta em todas as faltas temporárias ser
tratadas como sendo permanentes”. A Figura 4.3 mostra uma chave-fusível de distribuição
indicando alguns de seus principais elementos.

Fonte: (ABB LTDA, 2005)


Figura 4.3. Chave-Fusível indicadora Unipolar (tipo expulsão).

Dentre os elementos citados na Figura 4.3, destaca-se o Cartucho (ou Porta-


fusível). Pois segundo Junior (2006), ele é o elemento principal da chave-fusível, sendo
constituído de uma fibra de vidro revestida internamente por uma fibra óssea, que aumenta a
sua robustez e gera, em parte, os gases desionizantes (hidrogênio e monóxido de carbono) que
provocam a interrupção do arco elétrico.
De acordo com Vieira (2006), as chaves-fusíveis são usadas principalmente na
proteção dos alimentadores de circuitos de distribuição com tensões típicas de distribuição até
35 kV, sendo usadas frequentemente em postes o que é comumente empregado em ramais de
distribuição ou junto a transformadores. Estas chaves-fusíveis, como mencionado por Vieira
(2006), podem ser subdivididas da seguinte forma:
 Chave Fusível Fechada ou blindada;
 Chave Fusível Aberta;
 Chave Fusível Elo-Aberto;
 Chave Fusível a Óleo;
 Chave Fusível a Areia.
44
A Figura 4.4 mostra as chaves de fusível fechada, aberto e elo-aberto.

Fonte: (McGRAW-EDISON COMPANY)


Figura 4.4. Típicas Chaves Fusíveis de Distribuição.

As chaves a óleo são usadas principalmente em instalações subterrâneas e


fechadas. Estas contêm os elementos do fusível envolvido ou imerso por óleo dentro de um
tanque lacrado (GONEN, 1986). De acordo com Vieira (2006), “...as chaves a óleo são
projetadas para sistemas subterrâneos ou instalação em postes”.
Já o fusível a areia é um tipo de fusível limitador de corrente que tem a prata
como elemento condutor, envolto por areia. De tal modo que, quando os condutores se
derretem existe uma pequena quantidade de ar ionizado na areia. Onde o arco, em contato
com a areia fina, força a redução da corrente para zero. A areia, quando derretida forma uma
substância tipo líquido vítreo o que, consequentemente resfria o elemento vaporizado
(GIGUER, 1988).

4.2.1.2 Fusível de Potência


Fusíveis de potência são empregados onde a tensão é maior ou igual a 34,5 kV
e/ou onde a necessidade de interrupção é maior do que a das chaves de distribuição
disponíveis. Os mesmos se distinguem das chaves de distribuição em alguns aspectos como
por possuir maior característica nominal de interrupção, maior intervalo nominal de corrente
contínua, e por ser aplicável não somente em sistemas de distribuição como também em
sistemas de transmissão e subtransmissão, além de serem projetados e construídos geralmente
para serem empregados em subestações ao invés de postes. Sendo composto por um fusível e
um porta-fusível, com seu elo-fusível normalmente chamado de unidade recarregável. Em
geral, eles são projetados e construídos como: tipo expulsão, tipo limitador de corrente ou tipo
a óleo (VIEIRA, 2006).
45
4.2.1.3 Elo-Fusível
O elo-fusível caracteriza-se por ser uma peça substituível, composta de um
elemento sensível às correntes de faltas e sobrecargas. Segundo Vieira (2006), tem uma
construção flexível destinado a manter a chave na posição fechada quando em funcionamento
e provocar a sua abertura automática após a fusão do elemento fusível. É construído de modo
que suas propriedades não sejam alteradas durante a passagem da corrente nominal e de
fundir quando a corrente superar o limite máximo de não-fusão previsto.
O elo-fusível consiste de quatro partes básicas indicados na Figura 4.5:
 Botão de cobre estanhado: tem a função de fixar o elo à parte superior do cartucho;
 Elemento fusível: é a parte do elo que funde quando o dispositivo opera. Geralmente
é constituído de estanho ou liga de estanho (também ligas de prata ou níquel-cromo).
Suas dimensões e resistividade elétrica determinam os valores de correntes e tempos
de fusão. Paralelo a ele é comum utilizar um fio de alta resistência mecânica e elétrica
para evitar alongamento do elo devido aos esforços de tração;
 Tubo em fenolite: é constituído de fibra isolante que protege o elemento fusível
contra danos mecânicos. Atua como estabilizador do tempo de fusão produzindo gases
para interrupções do arco em pequenas sobrecorrentes;
 Cordoalha de cobre estanhado: responsável pela fixação do elo na parte inferior do
cartucho.

Fonte: Vieira (2006)


Figura 4.5. Elo-fusível e suas principais partes.

De acordo com Junior (2006), no caso particular da passagem da corrente de


curto-circuito, não há tempo suficiente para que o calor seja transferido à cordoalha como
normalmente acontece, formando assim um ponto quente no elemento fusível e
consequentemente ocasionando a sua fusão.
46
Com base nisto, um elo fusível para uma dada corrente nominal tem um elemento
fusível de diâmetro e comprimento especificados, de tal forma que o mesmo responde a uma
característica de tempo de operação em função da corrente, de acordo com a norma NBR
5359/1989 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Sendo que é interessante mencionar que cada fusível possui uma relação entre o
tempo mínimo de fusão e o tempo total de fusão, onde esses tempos são determinados a partir
das curvas características de tempo – corrente, como está mostrado na Figura 4.6. Essas
curvas são ferramentas essenciais para a obtenção de uma coordenação adequada tanto entre
os próprios elos-fusíveis quanto com os outros dispositivos de proteção em sistemas de
distribuição (McGRAW-EDISON COMPANY).
Cabe destacar que conforme exposto em Vieira (2006), as correntes nominais para
os elos-fusíveis preferenciais são dadas por 6, 10, 15, 25, 40, 65, 100, 140 e 200 A e para os
não preferenciais são dados por 8, 12, 20, 30, 50 e 80 A. E dependendo de sua localização no
circuito o elo-fusível pode ser denominado como protegido ou protetor, no primeiro caso o
elo-fusível é instalado do lado da fonte, já no segundo caso do lado da carga.
Os elos fusíveis, de acordo com a característica (tempo x corrente) são
classificados, da seguinte forma (SILVA, 2002):
 Tipo H: São elos ditos de alto surto, de ação lenta e foram projetados para proteção
primária de transformadores pequenos. Assim os elos tipo H não queimam para surtos
transitórios. Para cada valor nominal de corrente a fusão dos elos H ocorre a partir de
300 segundos.
 Tipo K e T: Os elos tipo K têm características rápidas e os do tipo T características
lentas. Os fusíveis tipos K e T admitem como sobrecarga 1,5 vezes os seus valores
nominais, sem causar excesso de temperatura na chave-fusível. Esta capacidade de
sobrecarga é muito importante em aplicações onde a coordenação limita a escolha da
bitola. Por outro lado, a fusão dos elos K e T se da com 2,5 vezes os seus valores
nominais, para 300 segundos.

47
Fonte: (DELMAR LTDA, 2003)
Figura 4.6. Curvas típicas de tempo-corrente de elos-fusíveis preferenciais.

4.2.1.4 Ajustes / Dimensionamento de Chaves e Elos-fusíveis


1) Chave-fusível
(a) Na proteção de transformadores de distribuição, de modo geral, o fusível deve
proteger o transformador. Para que essa proteção seja efetiva, os seguintes critérios
devem ser obedecidos:
1. O fusível deve operar para curtos-circuitos no transformador ou na rede
secundária, eliminando a repercussão dessas faltas na rede primária;

48
2. O fusível deve suportar continuamente, sem fundir, a sobrecarga que o
transformador é capaz de admitir sem prejuízo de sua vida útil;
3. O fusível poderá fundir no intervalo de 17 segundos, quando submetido
a uma corrente de 250% e 300% da corrente nominal do transformador;
4. O fusível deve suportar a corrente transitória de magnetização durante
0,1 segundo, sendo esta estimada em 8 a 12 vezes a corrente nominal
dos transformadores de potência até 2000 kVA.
(b) Na Tabela 4.1 considerando-se características nominais e físicas, apresentam-se os
critérios adotados para alocação de chaves em sistemas de distribuição.

Tabela 4.1. Critério para Alocação de Chaves em Sistema de Distribuição.

Para Sistemas Trifásicos: Vnomin al  Vlinha


Tensão Nominal ( Vnomin al )
Para Sistemas Monofásicos: Vnomin al  V fase

Deve estar de acordo com o nível básico de isolação do


Nível Básico de Isolamento sistema (o dispositivo deve suportar durante um pequeno
(NBI) intervalo de tempo uma tensão entre 6 a 7 vezes maior que a
tensão nominal).
Deve ser maior ou igual a máxima corrente de falta possível,
sobre a chave – fusível. Interrupção Simétrica  I máx
Simétrica da falta.
Corrente de Interrupção
Como em geral opera no primeiro ciclo a capacidade deve
ser a assimétrica. Interrupção Assimétrica  I máx Assimétrica
da falta.
Fonte: (SILVA E MEIDEIROS, 2012)

(a) I no min al (chave)  I c arg a (4.1)

(b) I CCmáx (chave)  I CCmáx ( ponto de instalação ) (4.2)

2) Elo-fusível
(a) A maior corrente nominal do elo fusível deve ser maior do que a corrente de carga
prevista para um horizonte de 3 a 5 anos.
I elo  f C  I c arg a (4.3)

49
Onde:
I elo é a corrente nominal do elo-fusível;

f C é o fator de crescimento da carga, dado por:

 x% 
n

f C  1   (4.4)
 100 
Onde:
x% é o fator de crescimento percentual anual;
n é o número de anos para horizonte de estudo.
I c arg a é a corrente de carga máxima atual passante no ponto de instalação, já levando-se

em consideração as manobras.

(b) A corrente nominal do fusível também deverá ser, no máximo, 1 da corrente de


4
curto-circuito fase-terra mínimo (resistência de aterramento de 40 Ω) no fim do trecho,
se possível, considerando também o fim do trecho para o qual ele é proteção de
retaguarda.
I ccFTmín
I elo  (4.5)
4
Onde:
I ccFTmín é a corrente de curto-circuito fase-terra mínima no fim do trecho.

Com isso, obtém-se o seguinte intervalo de corrente para o ajuste do fusível:


I ccFTmín
f C  I c arg a  I elo  (4.6)
4

4.2.2 Relé / Disjuntor


Segundo a ABNT, o relé é um dispositivo por meio do qual um equipamento
elétrico é operado quando se produzem variações nas condições deste equipamento ou do
circuito em que ele está ligado. Para Mattos (2010), a sua função principal é monitorar as
grandezas como frequência, tensão e corrente, e detectar alguma anomalia no comportamento
delas. Para o autor, caso seja detectada alguma anomalia, o relé opera determinando quais
disjuntores devem ser abertos para que seja isolada a menor porção do sistema possível para

50
que este, após a eliminação da condição de defeito, mantenha sua estabilidade. A Figura 4.7
mostra a associação entre um relé de proteção e um disjuntor.
Disjuntor

TC

Relé
50 / 51

Fonte: Adaptado de (VIEIRA, 2006)


Figura 4.7. Estrutura de Ligação entre Relé e Disjuntor.

Quanto ao princípio de funcionamento de um relé, Vicentini (2004) explica que,


ao detectarem uma perturbação que venha a comprometer os equipamentos ou o
funcionamento normal do sistema, os relés enviam um sinal elétrico que comanda a abertura
de um ou mais disjuntores, de modo a isolar o equipamento ou parte do sistema afetado pela
falha, impedindo que a perturbação danifique equipamentos, comprometa a operação do
sistema ou propague-se para outros componentes e sistemas não afetados pela falha.
Os relés de sobrecorrente 50/51 são largamente utilizados em sistemas industriais
e alimentadores de distribuição para proteção de circuitos. Eles podem ser do tipo ação
instantânea, temporizada ou uma combinação de ambas as características e estão sempre
ligados aos transformadores de corrente como mostra a Figura 4.7 (VIEIRA, 2006).

4.2.2.1 Classificação dos Relés


(a) Quanto ao tipo de acionamento:
 Ação direta: São aqueles instalados diretamente no circuito primário protegido;
 Ação indireta: São aqueles que recebem os sinais de tensão (através de TPs) e corrente
(através de TCs). Atualmente os relés disponíveis no mercado são de ação indireta.

(b) Quanto ao tipo de temporização:


 Instantâneos: Correspondem aqueles que são acionados instantaneamente quando uma
determinada grandeza monitorada pelo relé ultrapassa um valor de referência ajustado
no equipamento. Pode-se dizer também que esse tipo de relé tem um “tempo definido”
para sua atuação. Segundo Almeida (2000), para o ajuste da curva de proteção de

51
tempo definido são usados dois parâmetros, tempo de atuação ( T ) e corrente mínima
de atuação ( I p ). Esses parâmetros definem o tempo e a corrente em que o relé irá

atuar, ou seja, o dispositivo atuará para valores de corrente maior ou igual à corrente
mínima de atuação, em um tempo igual a T segundos. Um exemplo de curva de
atuação deste tipo de relé é mostrado na Figura 4.8.

Fonte: (SOARES, 2009)


Figura 4.8. Curva característica de relé instantâneo ou de tempo definido.

 Temporizados: Correspondem aqueles que, quando uma grandeza monitorada


ultrapassa o valor ajustado no equipamento, são acionados após um tempo
determinado. Pode-se dizer também que esse tipo de relé tem um “tempo dependente”
para sua atuação. Segundo Mattos (2010), a curva do relé de tempo dependente tem
como característica a relação de corrente inversamente proporcional ao tempo. Isso
leva ao relé atuar em menor intervalo de tempo para grandes magnitudes de corrente e
em maior intervalo de tempo para correntes de menor magnitude. Outro fator
importante é que existem diversos tipos de curvas de tempo dependente, que podem
seguir padrões norteamericanos (ANSI), europeus (IEC) ou padrões próprios de
determinado fabricante de relé. Na Figura 4.9 é mostrado um exemplo das curvas do
padrão ANSI (Amercian National Standards Institute) com os seguintes tipos:
moderadamente inversa, inversa, muito inversa, extremamente inversa e inversa de
tempo curto.

52
Tempo em segundos 1

0,1

0,01
1 10 100
Múltiplo da corrente de partida (A)
Moderadamente inversa Inversa Muito inversa Extremamente inversa Inversa de tempo Curto

Fonte: Adaptado de (MATTOS, 2010)


Figura 4.9. Curva característica de relé temporizado ou de tempo dependente (padrão ANSI).

(c) Quanto à função de proteção:


Os relés têm as suas funções de proteção identificadas por números, de acordo
com a ANSI. A lista vai de 1 a 99, e em alguns casos após o número da proteção existe uma
ou duas letras representando uma característica adicional da proteção. As proteções mais
comumente aplicadas e associadas a redes de distribuição primária são:
 50 – Sobrecorrente instantânea de fase;
 51 – Sobrecorrente temporizada de fase;
 50N – Sobrecorrente instantânea de neutro (terra);
 51N – Sobrecorrente temporizada de neutro (terra);
 79 – Religamento automático;
 50BF – Falha de disjuntor;
 74TC – Supervisão do circuito de abertura do disjuntor.

Esse trabalho irá focar na instrução de relés de sobrecorrente 50/51, pois


segundo Vieira (2006), as redes de distribuição são geralmente protegidas por eles, onde são
usadas características de sobrecorrente de tempo inverso.
(d) Quanto à tecnologia:

53
 Eletromecânicos: São relés mais antigos, constituídos por uma estrutura de ferro, uma
bobina de operação, um disco de alumínio, um eixo, um contato fixo e um móvel.
Quando a bobina de operação é energizada, ocorre o movimento do disco de alumínio
até um ponto que o contato móvel, preso ao eixo, alcança o contato fixo provocando a
operação do relé. A maioria dos relés eletromecânicos são monofásicos (JUNIOR,
2006).
 Estáticos: Segundo Junior (2006), são relés cuja unidade de controle é constituída por
circuitos eletrônicos analógicos, compostos por resistores, capacitores e diodos. São
relés mais precisos, mais rápidos e menores quando comparados aos eletromecânicos.
As características, como por exemplo, tempo e corrente, podem ser ajustadas no
frontal do equipamento através de potenciômetros ou micro chaves. Eles também são
mais sensíveis a temperatura e, portanto, operam para uma faixa mais estreita de
temperatura do que os dispositivos eletromecânicos (ANDERSON, 1999).
 Digitais: São os relés mais modernos que dispõem de várias funções de proteção,
medição e controle em uma única unidade. Uma das melhorias destes relés é o uso de
lógica programável para reduzir e simplificar a fiação. Eles têm funções de medição
que reduzem ou eliminam a necessidade de medidores e transdutores no painel e
fornecem informações de eventos remotos e da localização da falta para ajudar os
operadores no restabelecimento do serviço de energia. Finalmente, os relés digitais
reduzem os custos de manutenção fornecendo a função de auto-teste e uma alta
confiabilidade (VIEIRA, 2006).

Fonte: (VIEIRA, 2006)


Figura 4.10. Relé de Sobrecorrente: (a) Eletromecânico; (b) Estático e (c) Digital.

(e) Quanto à forma de alimentação auxiliar:


 Auto-alimentado: São aqueles que a alimentação da eletrônica do relé é feita pela
própria corrente de carga;
54
 Alimentação independente: São aqueles que necessitam uma tensão auxiliar (no
breaks ou banco de baterias.) para a alimentação do relé.

4.2.2.2 Disjuntores
De acordo com Vieira (2006), os disjuntores são dispositivos de interrupção
capazes de conduzir, interromper e religar um circuito sob todos os tipos de condições, isto é,
condições de operação normal ou sob falta. A primeira tarefa de um disjuntor é extinguir o
arco que se desenvolve devido à separação de seus contatos em um meio de extinção. Esse
meio de extinção pode ser o ar, óleo, vácuo (SF6) ou o arco é extinto por um sopro de ar
comprimido, como é o caso dos disjuntores a sopro magnético.
Esses equipamentos são projetados e construídos com base na corrente simétrica e
assimétrica em rms além do valor de crista (pico). Geralmente, os disjuntores usados em redes
de distribuição têm um tempo de operação de interrupção de no mínimo 5 ciclos. De maneira
geral, preferem-se disjuntores a religadores, devido a sua grande flexibilidade, exatidão e
estética. Entretanto, eles são muito mais caros que os religadores (VIEIRA, 2006).

Fonte: (VIEIRA, 2006)


Figura 4.11. Disjuntores de Média Tensão a: (a) óleo; (b) Vácuo.

4.2.2.3 Ajustes / Dimensionamento de Relés


Segundo Sato (2005), os relés devem ser ajustados seguindo-se alguns critérios
conforme se segue:

55
(a) Tap da unidade temporizada do relé de fase.
O relé de fase deve ser ajustado para que o alimentador transporte a sua corrente
de carga mais as possíveis correntes de manobra pré-estabelecidas. Além disso, o relé deve
operar para a menor corrente de curto-circuito bifásico do trecho sob proteção. Para atender a
essas duas condições o tap do relé deve ser calculado da seguinte forma:
I CC 2 fmín I c arg a . f c
 TapTF  (4.7)
f S . f I .RTC RTC
Onde:
TapTF é tap da unidade temporizada de fase;
I c arg a é a corrente de carga do alimentador mais as correntes de manobra (na faixa

de 1,5 à 2,0 vezes a corrente do alimentador);


f C é o fator de crescimento da carga no horizonte de estudo;

RTC é a relação dos transformadores de corrente;

I CC 2 fmín é a corrente de curto-circuito bifásico mínima no trecho protegido;

f S é um fator de segurança que leva em conta os erros envolvidos nos cálculos


das correntes de curto-circuito, os erros do TC e do relé. Este fator deve estar na
faixa de 1,5 a 2,0;
f I é o fator de início da curva do relé, definida pelo fabricante (1,5 a 2,0).

(b) Curva da unidade temporizada do relé de fase.


A curva da unidade temporizada de fase deve ser a mais baixa possível, desde que
permita a coordenação do relé com outros dispositivos de proteção instalados na rede de
distribuição.

(c) Tap da unidade instantânea do relé de fase.


O tap da unidade instantânea do relé de fase deverá ser ajustado de acordo a zona
de atuação desejada. Não há uma regra específica para a definição desta zona, dependendo
das condições de cada alimentador. Considerando-se que a corrente de curto-circuito é
inversamente proporcional à impedância, a atuação da unidade instantânea do relé pode
indicar aproximadamente a distância da subestação ao ponto da falta.
Uma vez definida a zona de atuação da unidade instantânea, o seu tap deverá ser
escolhido satisfazendo as seguintes inequações:

56
I inrush
TapIF  (4.8)
RTC
e
I CC 2 fassim
TapIF  (4.9)
RTC
Onde:
TapIF é tap da unidade instantânea de fase;
I inrush é o valor da corrente de inrush de todos os transformadores do alimentador;

I CC 2 fassim é a corrente de curto-circuito bifásico assimétrica no limite da zona de

proteção da unidade instantânea;


RTC é a relação dos transformadores de corrente.

(d) Tap da unidade temporizada do relé de neutro.


Nas condições normais de operação não existe a corrente no neutro. Deve-se
ajustar no menor tap disponível (nos relés eletromecânicos o menor tap disponível é 0,5).
Deve-se verificar a inequação que se segue:
I CCftmín
TapTN  (4.10)
RTC. f I
Onde:
TapTN é tap da unidade temporizada de neutro;

I CCftmín é a corrente de curto-circuito fase-terra mínima, calculada com uma

impedância de contato de 40 Ω, no final do trecho protegido;


f I é o fator de início da curva do relé, definida pelo fabricante (1,5 a 2,0);
RTC é a relação dos transformadores de corrente.

(e) Curva da unidade temporizada do relé de neutro.


Como no caso do relé de fase, a primeira curva a ser experimentada é a curva mais
rápida disponível no relé, desde que permita a coordenação do relé. A curva da unidade
temporizada de fase deve ser a mais baixa possível, com outros dispositivos de proteção
instalados na rede de distribuição.

57
(f) Tap da unidade instantânea do relé de neutro.
A zona de atuação da unidade instantânea do relé de neutro deve ser a mesma da
unidade instantânea do relé de fase. Assim, o tap da unidade instantânea do relé de neutro é
calculado de acordo com a inequação:
I CCftassim
Tap IN  (4.11)
RTC
Onde:
Tap IN é tap da unidade instantânea de neutro;

I CCftassim é a corrente de curto-circuito fase-terra assimétrica, calculada com uma

impedância de contato igual à zero;


RTC é a relação dos transformadores de corrente.

4.2.3 Religador Automático


Segundo Vieira (2006), os religadores automáticos são considerados pelas
empresas elétricas do mundo inteiro como um equipamento essencial para o fornecimento de
energia elétrica em condições confiáveis e seguras, “...pois impedem o desligamento
desnecessário de ramais ou trechos de linhas de distribuição” (MATOS, 2009).
Basicamente, o religador é um dispositivo interruptor automático de defeitos, que
abre e fecha seus contatos, repetidas vezes na eventualidade de uma falta no circuito por ele
protegido. É um dispositivo ideal na medida em que interrompe as faltas transitórias, evitando
a queima de elos-fusíveis ou, se bem coordenado com elos-fusíveis, seccionando apenas o
trecho sob defeito, permanecendo os demais energizados (GIGUER, 1988).
Como mencionado no primeiro capítulo deste trabalho, a maioria dos defeitos nas
redes aéreas de distribuição, cerca de 75 a 90%, são de natureza temporária. Nestas condições,
a utilização de um religador é essencial, pois evita que para um defeito temporário toda a rede
seja desligada, e ainda impede o deslocamento de uma equipe de manutenção da
concessionária até o local para religar a rede manualmente (JUNIOR, 2006).
No entanto, segundo Vieira (2006), a operação de um religador não se limita
apenas a sentir e interromper defeitos na linha e efetuar religamentos. Ele também é dotado de
um mecanismo de temporização dupla. Onde a partir dessa característica de temporização,
pode-se coordenar o dispositivo com os fusíveis dos ramais de um alimentador ou outros
dispositivos localizados a jusante. O autor coloca que este mecanismo de temporização dupla
é aplicado nas suas operações, que podem ser combinadas nas seguintes sequências:

58
(a) Se for ajustado para quatro operações:
1. uma rápida e três lentas;
2. duas rápidas e duas lentas;
3. três rápidas e uma lentas;
4. todas rápidas;
5. todas lentas.
(b) Para qualquer número de operações menor que quatro em combinação similares de
operações rápidas e temporizadas.

4.2.3.1 Princípio de Operação de um Religador


No instante em que o religador sente uma condição de sobrecorrente na linha, a
circulação dessa corrente é interrompida pela rápida abertura dos seus contatos. Os contatos
são mantidos abertos durante determinado tempo (chamado de tempo de religamento) após o
qual se fecham automaticamente para reenergização da linha. Se, no momento do fechamento
dos contatos, a falta persistir, a sequência abertura/fechamento é repetida até três vezes
consecutivas e após a quarta abertura os contatos ficam abertos e travados sendo somente
possível nesse momento um fechamento manual (VIEIRA, 2006).
Se algum dos religamentos obtiver sucesso (caso a falta for eliminada), o
mecanismo de operação do religador volta à posição inicial e o equipamento está pronto para
atuar novamente.
Operações Temporizadas
Operações Instantâneas (Contatos Fechados)
(Contatos Fechados)
Corrente
De Falta

Corrente de Carga Religador


(Contatos Fechados) Bloqueado

(Contatos Abertos)

Início da Falta

Tempo Tempos de Religamento


(Contatos Abertos)

Fonte: Adaptado de (IEEE, 1892)


Figura 4.12. Sequência típica de operação de um religador ajustado para quatro disparos.

59
4.2.3.2 Classificação dos Religadores
(a) Quanto ao número de fases:
 Monofásicos: São utilizados para proteção de linhas monofásicas ou ramais
alimentadores trifásicos (um para cada fase), onde as cargas são predominantemente
monofásicas (VIEIRA, 2006).
 Trifásicos: São utilizados onde é necessário o bloqueio das três fases simultaneamente,
para qualquer tipo de falta permanente, a fim de evitar que cargas trifásicas sejam
alimentadas com apenas duas fases. Podem ter a operação e o bloqueio trifásico, ou a
operação monofásica e o bloqueio trifásico (JUNIOR, 2006).

Fonte: (VIEIRA, 2006)


Figura 4.13. Religadores: (a) Monofásico e (b) Trifásico.

(b) Quanto ao tipo de controle:


 Hidráulico: são religadores mais primitivos, onde há basicamente uma bobina de
abertura em série com a rede de distribuição primária, com a função de abrir o
religador caso a corrente que flua por ela seja superior ao seu nível mínimo de
atuação. O fechamento do religador é efetuado através de uma bobina energizada pela
tensão da rede (JUNIOR, 2006). O sistema de controle hidráulico é econômico,
simples, eficiente e de grande longevidade. Mas para algumas aplicações não é
suficientemente exato e veloz para interromper rapidamente correntes de defeito
(VIEIRA, 2006).
 Eletrônico: são religadores que fazem o monitoramento e o controle da rede de
distribuição através de uma unidade composta por componentes e circuitos
eletrônicos, tais como resistores, capacitores, dentre outros. Os sinais injetados na
entrada da unidade de controle são provenientes de TCs, e podem ser ajustados nestes

60
religadores, a corrente de atuação, a curva característica de operação e o número de
ciclos de religamento (JUNIOR, 2006).

(c) Quanto ao meio de interrupção:


 Óleo: ocorrendo a abertura do religador, haverá o aparecimento de um arco elétrico
que provoca a elevação da temperatura do óleo mineral. Com isto, tem-se a formação
de gases, dentre eles o hidrogênio que é o principal responsável pela extinção do arco
elétrico, retirando o calor da região onde o mesmo se formou (JUNIOR, 2006).
 Vácuo: neste tipo de religador, há uma ampola de vácuo onde estão instalados os
contatos principais do equipamento. O vácuo é o meio responsável pela extinção do
arco elétrico que aparece no momento em que ocorre a abertura do religador. Os
religadores a vácuo são isolados a gás SF6 (JUNIOR, 2006).

4.2.3.3 Ajustes / Dimensionamento dos Religadores


Existem várias marcas e modelos de religadores e cada um deles possui opções de
ajustes diferentes. Aqui, serão vistos os ajustes comuns para todos os religadores segundo
Sato (2005).

(a) Ajuste de pick-up de fase:


O ajuste de pick-up deve obedecer aos seguintes critérios:
I PF   . f C .I c arg a (4.12)
Onde:
I PF é a corrente de pick-up de fase do religador;
I c arg a é a corrente de carga máxima passante no ponte de instalação,

considerando-se manobras;
f C é o fator de crescimento da carga no horizonte de estudo;

  1 , para religadores com relés eletrônico.


  2 , para religadores com bobina série;

Além disso, para os dois tipos de religadores, o pick-up deverá ser menor do que a
corrente de curto-circuito bifásico mínimo do final do trecho onde se deseja a coordenação
entre o religador e outros dispositivos de proteção, dividida pelo fator f S .

61
I CC 2 fmín
I PF  (4.13)
fS
Onde:
I PF é a corrente de pick-up de fase do religador;
I CC 2 fmín é a corrente de curto-circuito bifásico mínimo do trecho protegido pelo

religador;
f S é o fator de segurança que leva em conta erros envolvidos nos cálculos das
correntes de curto-circuito, os erros do TC e do relé. Este fator deve estar na faixa
de 1,5 à 2,0.

Com isso, obtém-se o seguinte intervalo de corrente para o ajuste do religador:


I CC 2 fmín
 . f C .I c arg a  I PF  (4.14)
fS

(b) Ajuste de pick-up de neutro:


A corrente mínima de disparo de neutro do religador deve ser menor que a menor
corrente de falta fase-terra mínima, dentro da zona de proteção deste, e deve ser maior que a
máxima corrente de desbalanço para o neutro.
I desbalanço  I PN  I CC1 fmín (4.15)
Onde:
I PN é a corrente de pick-up de neutro do religador;

I CC1 fmín é a corrente de curto-circuito monofásico mínimo do trecho protegido

pelo religador;
I desbalanço é a máxima corrente de desequilíbrio admitido pela empresa.

(c) Ajuste das curvas de fase e terra:


As curvas rápida e temporizada devem ser ajustadas de tal forma que consiga uma
boa coordenação com outros dispositivos de proteção.

(d) Sequência de operação:


Todos os religadores permitem até 4 desligamentos, podendo ter: todas as
operações temporizadas, todas as operações rápidas, ou uma combinação entre elas. Deve-se,
62
de preferência, escolher uma sequência de operação com duas rápidas e duas temporizadas
para minimizar a queima de fusíveis durante faltas transitórias.

4.2.4 Seccionalizador
Conforme explanação de Vieira (2006), o seccionalizador “é um dispositivo
automático projetado para operar em série com um equipamento de retaguarda que pode ser
um religador ou com o conjunto relé/disjuntor”. Os seccionalizadores não são equipamentos
de interrupção de corrente de falta, eles abrem seus contatos apenas quando o circuito é
desenergizado por outro dispositivo situado à montante, ou seja, a sua operação de abertura
ocorre com o sistema desenergizado, a vazio (VICENTINI, 2004).
Em outras palavras, um seccionalizador é uma chave automática que efetua
contagens de aberturas de equipamentos de proteção (religador ou conjunto relé/disjuntor) e
abre o circuito após um número pré-determinado de atuações (VICENTINI, 2004). Segundo
Vieira (2006), além de operar como dispositivo de proteção, o seccionalizador tem
características construtivas que lhe permite ser utilizado como dispositivo de chaveamento,
podendo ser operado manualmente.

4.2.4.1 Princípio de Funcionamento


De acordo com Vicentini (2004), quando uma corrente maior que a corrente
mínima de atuação circula através do seccionalizador, ele é acionado e começa a contar. O
dispositivo capaz de detectar essa sobrecorrente, geralmente causada por uma falta ou por
corrente de energização (inrush), é uma bobina série ou um resistor de ajuste. Quando essa
corrente que circula através do seccionalizador cai abaixo de um valor predeterminado,
tipicamente 40% da corrente de atuação mínima, a contagem é completada. Ou seja, quando o
equipamento de proteção de retaguarda (do lado da fonte) atua ou quando a corrente de
energização desaparece.
No entanto, o equipamento de proteção deve religar novamente o circuito depois
de um intervalo de tempo. Se a falta for temporária, não há sobrecorrente após o religamento
e ambos os dispositivos são reinicializados. Porém, se a falta for permanente, uma
sobrecorrente é restabelecida e o processo se repete. Depois de um número pré-determinado
de religamentos, para o qual o seccionalizador foi ajustado, ele deve abrir (a vazio), isolando a
parte da linha onde a falta ocorreu, permitindo assim que trechos de linha sem falta (antes do
seccionalizador) sejam restabelecidos no próximo religamento (VICENTINI, 2004).

63
4.2.4.2 Classificação dos Seccionalizadores
(a) Quanto ao número de fases:
 Monofásicos: são utilizados exclusivamente para seccionamento automático de
sistemas monofásicos primários de distribuição;
 Trifásicos: são utilizados exclusivamente para seccionamento automático de sistemas
trifásicos primários de distribuição;

Fonte: (VIEIRA, 2006)


Figura 4.14. Seccionalizadores: (a) Monofásico e (b) Trifásico.

(b) Quanto ao Tipo de Controle


 Hidráulico: o controle hidráulico de um seccionalizador é usado principalmente em
seccionalizadores monofásicos ou trifásicos com bobinas menores. Este tipo de
controle sente a sobrecorrente por meio de uma bobina conectada em série com a
linha. Um seccionalizador hidráulico opera quando sua bobina série é percorrida por
um fluxo de corrente que excede em 160% a capacidade nominal de sua bobina
(VIEIRA, 2006).
 Eletrônico: esses seccionalizadores executam o monitoramento da corrente passante
através do circuito de distribuição primária. São instalados TCs do tipo bucha, para
que a corrente seja reduzida. Analogamente aos seccionalizadores com controle
hidráulico, o equipamento fica preparado para executar uma contagem, quando é
detectada uma sobrecorrente na rede e completam o processo quando ocorrer a
interrupção da corrente pelo equipamento situado a montante. Após ser atingido o
número de contagens ajustado no equipamento, um sinal de disparo é enviado para
uma bobina que provocará a abertura definitiva dos pólos do seccionalizador
(JUNIOR, 2006).

64
4.2.4.3 Ajustes / Dimensionamento dos Seccionalizadores
O seccionador possui unidades independentes para operações de fase e terra.
Ambas devem ser ajustadas para operarem com 80% dos respectivos ajustes do equipamento
de retaguarda. Outro ajuste necessário é o número de contagens para a abertura, o qual deve
ser ajustado para uma operação com uma contagem inferior do que a do equipamento de
retaguarda (SATO, 2005).

4.3 Coordenação e Seletividade dos dispositivos de Proteção

Independente do sistema de proteção e dos dispositivos nele utilizado, conceitos e


filosofias como seletividade e coordenação são essenciais para o bom funcionamento do
mesmo. Segundo Souza (2008), a seletividade é o ato de isolar as faltas permanentes ao
menor trecho possível do sistema, de modo a minimizar o número de consumidores afetados
por ela. Nessa perspectiva, “quando um sistema é capaz de detectar um comportamento
faltoso e garante que somente essas partes faltosas são tiradas de operação é possível
denominar esse circuito como seletivo” (Hewitson et al., 2004).
Em relação a coordenação, CPFL (2003) comenta que a “...coordenação é o ato ou
efeito de dispor dois ou mais dispositivos de proteção em série segundo certa ordem, de forma
a atuarem em uma sequência de operação pré-estabelecida”. E pode ser considerada como
uma estratégia do sistema de proteção, uma vez que ao ocorrer um defeito em um dos
equipamentos da proteção principal, o sistema ativará a proteção de retaguarda, o que
normalmente possui tempo de atuação diferente da proteção principal (PALUDO, 2010).
Um exemplo de coordenação seria quando dois dispositivos de proteção alocados
em série, sobre determinados ajustes, operassem de modo que o segundo dispositivo mais
próximo da fonte seja capaz de eliminar a falta, caso o primeiro, mais próximo ao defeito,
venha a falhar na atuação. Enfim, a falta de coordenação pode trazer sérios prejuízos ao
sistema, o que torna o estudo de coordenação e seletividade na proteção do sistema de
distribuição uma ferramenta essencial para manutenção da continuidade dos sistemas (SILVA
E MEIDEIROS, 2012). A seguir serão mostrados alguns tipos de coordenação.

4.3.1 Coordenação Religador – Fusível


Ao utilizar a configuração na forma religador-fusível, como mostra a Figura 4.15,
os efeitos de aquecimento e resfriamento, acumulados no fusível podem ser compensados
65
pelo ajuste da curva de operação temporizada do religador, isso pode ser feito por meio dos
métodos baseados em curvas características ajustadas por um fator multiplicativo K
(McGRAW-EDISON COMPANY).

Religador
b
Ib – Corrente máxima no ponto b

Ia – Corrente máxima no ponto a


a

Fonte: Adaptado de (GONEN, 1986)


Figura 4.15. Trecho de um sistema de distribuição em que o religador é instalado a montante do fusível.

Segundo Mcgraw-Edison Company, a primeira e a segunda abertura do religador


são responsáveis pela eliminação de cerca de 80 e 10% das faltas temporárias
respectivamente, já para faltas permanente, o fusível se funde antes da terceira abertura do
religador, interrompendo assim a falta permanente.
Sabe-se também que alguns religadores possuem poucas curvas temporizadas,
enquanto que outros possuem uma gama muito variada de curvas. Entretanto, qualquer que
seja o caso, deve-se dar preferência para a curva lenta mais próxima de curva rápida, desde
que isso não prejudique a coordenação e a seletividade com os outros dispositivos (CPFL,
2003).
De acordo com Vieira (2006), na coordenação entre as operações de disparo do
religador e as curvas de tempo total do fusível, é necessário evitar que o fusível sofra danos
durante as operações instantâneas do religador. Observando fatores relevantes tais como o
pré-carregamento, temperatura ambiente, tolerância nas curvas, aquecimento e resfriamento
dos fusíveis durante as atuações rápidas do religador, resultando consequentemente no
estreitamento do intervalo de coordenação. Assim torna-se necessário a inclusão de tais
fatores para que dessa forma se obtenha a integridade do fusível durante as operações
instantâneas do religador (McGRAW-EDISON COMPANY).
Vieira (2006) comenta duas regras que viabilizam a inclusão dos fatores
mencionados acima, permitindo o uso de fusíveis como dispositivo protetor e religadores
como dispositivo protegido, que estão listados abaixo:

66
 Para todos os valores possíveis de correntes de falta no trecho protegido pelo fusível, o
tempo mínimo de fusão do fusível deve ser maior que o tempo de abertura do
religador na curva rápida de operação multiplicada pelo fator K, fator este
característico do religador.
 Para todos os valores possíveis de correntes de falta no trecho protegido pelo fusível, o
tempo total de fusão do fusível deverá ser menor que o tempo de abertura do religador
na curva temporizada.
O intervalo de coordenação entre religador e fusível descrito pelas regras acima
fixa novas extremidades do intervalo de coordenação como mostra a Figura 4.16.

Fonte: (GONEN, 1986)


Figura 4.16. Coordenação religador – fusível (corrigida para aquecimento e resfriamento).

4.3.2 Coordenação Relé – Fusível


Em geral, a coordenação entre um relé e um fusível é semelhante à coordenação
religador – fusível, pois na maioria das vezes o intervalo de religamento dos disjuntores são
maiores que os do religador, dessa forma não há necessidade de se compensar os efeitos de
aquecimento e resfriamento para o fusível ao ser usado como dispositivo protegido ou de
retaguarda (GONEN, 1986).
Em redes de distribuição, não é usual a ocorrência da operação de fusíveis a
montante do relé, ou seja, funcionando como dispositivo protegido. Com isso, será explanado
neste trabalho apenas a coordenação de relé – fusível, em que o fusível esteja no lado da
carga.
67
Para que ocorra a seletividade entre o relé e o fusível é indispensável que o fusível
atue antes que o relé opere, para isso, é necessário que a curva temporizada do relé de
sobrecorrente (fase ou terra) esteja no mínimo 0,2 segundos acima da curva de tempo total do
fusível, incluindo o tempo de sobrepercurso no caso de um relé eletromecânico (GUIGUER,
1988). A Figura 4.17 ilustra o caso para coordenação relé - fusível (fusível no lado da carga).
Disjuntor

TC

Subestação Fusível
Relé
50 / 51

carga

Fonte: Adaptado de (VIEIRA, 2006)


Figura 4.17. Coordenação Relé-Fusível (Fusível no lado da carga).

Vieira (2006) comenta que, “com relação a coordenação, esta será obtida de forma
que, quando o relé operar instantaneamente, ele deverá eliminar as faltas antes que o fusível
queime. Por outro lado, o fusível tem que eliminar a falta antes que o relé opere na sua curva
temporizada. Portanto, é necessário que a curva característica do relé esteja sempre acima da
curva de tempo total de fusão do fusível para todos os valores de corrente na posição do
fusível.”

Fonte: (VIEIRA, 2006)


Figura 4.18. Curvas características para a coordenação Relé-Fusível (Fusível no lado da carga).

68
4.3.3 Coordenação Relé – Religador
A coordenação entre um relé/disjuntor e um religador, é mais comumente
utilizada quando o relé/disjuntor opera na proteção de retaguarda, geralmente em subestação,
com o religador instalado nas proximidades da carga (McGRAW-EDISON COMPANY).
Quando um religador estiver instalado dentro da zona de proteção de um
relé/disjuntor, como mostra a Figura 4.19, deve-se garantir que os relés de fase ou neutro, que
comandam o disjuntor, não operem durante a sequência de operação do religador, até que a
falta seja eliminada ou até que o religador bloqueie. E a fim de se evitar a operação do
disjuntor, a escolha das curvas de operação dos relés deve ser realizada após a definição das
curvas de operação de fase e terra do religador (CPFL, 2003).
Zona de proteção do Relé

Disjuntor

Religador
TC
carga

Subestação
Relé Zona de proteção do Religador
50 / 51

Fonte: Adaptado de (ELETROBRAS, 1982)


Figura 4.19. Alcance dos relés associados ao disjuntor de saída da subestação e do religador.

Para que a coordenação e a seletividade ocorram é necessário pelo menos 0,2


segundos (fator de garantia) entre as curvas dos relés de fase e neutro com relação às curvas
do religador (GUIGUER, 1988). A Figura 4.20 mostra o esquema de coordenação entre um
relé e um religador.
Segundo Vieira (2006), o fator crucial na coordenação entre um relé/disjuntor e
um religador é o tempo de rearme (para o relé eletromecânico) do relé de sobrecorrente
durante a sequência de disparos e religamento do religador. Pois se o relé usado for do tipo
eletromecânico, ele pode acumular movimento na direção de disparo, como consequência de
sucessivas operações do religador, podendo resultar em um falso trip do disjuntor (GONEN,
1986).
Para que ocorra a seletividade é importante que seja traçado, em um mesmo
gráfico, a curva do religador correspondente ao tipo de ajuste escolhido e a curva do relé.
Dessa maneira, a seletividade estará completa no momento em que a curva do religador esteja

69
abaixo da curva do relé, em toda a faixa limitada pelas correntes de curto-circuito máxima e
mínima, na zona em que o religador for proteção primária e o relé for proteção de retaguarda
(VIEIRA, 2006).

Fonte: (GONEN, 1986)


Figura 4.20. Coordenação Relé-Religador.

70
5 RESULTADOS

5.1 Rede de Distribuição em Estudo


A Rede de Distribuição em estudo é composta de um alimentador real e radial,
que possui uma extensão aproximada de 7,26 km, com cinco tipos de cabos diferentes,
operando na tensão primária de 14,2 KV e frequência de 60Hz.
Este alimentador possui 57 barras além da subestação que estão distribuídas
conforme o diagrama unifilar apresentado na Figura 5.1. Segundo Souza (2014), no
modelamento deste alimentador, as barras do diagrama unifilar foram obtidas seguindo
sempre dois critérios: mudança de bitola de cabo e ramificação do alimentador principal.

19
57
18

17 56
11
16

3 10 15 23 48 51 55
4 5 7 8 12 14 20 22 25 27 47 49 50 52 54

SUBESTAÇÃO
1 2
6 9 13 21 24 26 28 29 53

30 31 32

33
35 34
37

44 46

38 40 42 45
36
39 41

43

Fonte: (SOUZA, 2014)


Figura 5.1. Diagrama unifilar do alimentador real em estudo.

Os dados das linhas do circuito e das barras do alimentador encontram-se,


respectivamente, nas Tabelas 5.1 e 5.2. Pode-se destacar que, na Tabela 5.1, a sequência
positiva é igual à sequência negativa, e seus dados serão usados posteriormente no software
ANAFAS como dados de entrada para execução dos estudos de curto-circuito.
Na Tabela 5.3 estão apresentados os valores das correntes nominais de carga do
alimentador, valores estes gerados através do estudo de fluxo de carga com o software
ANAREDE, onde as mesmas serão usadas para o dimensionamento dos dispositivos de

71
proteção. As bases adotadas para a representação do sistema elétrico em pu foram: 100MVA e
13,8kV.
Tabela 5.1. Dados de linha do alimentador.
Linha de Valores de impedância de sequência
Comprimento
transmissão em [pu]
do trecho em Tipo de cabo
Barra Barra Impedância Impedância
[m]
“de” “para” [Seq +] = [Seq –] [Seq 0]
SE 1 0,1094 + j0,1202 0,1887 + j0,9376 854,65 150 CS
1 2 0,0185 + j0,0347 0,0324 + j0,1615 176,49 336.4 CA
2 3 0,0099 + j0,0048 0,0117 + j0,0195 18,59 2 CA
2 4 0,0172 + j0,0321 0,0324 + j0,1615 163,62 336.4 CA
4 5 0,0009 + j0,0013 0,0014 + j0,0055 5,29 4/0 CA
5 6 0,0761 + j0,0368 0,0898 + j0,1505 142,88 2 CA
5 7 0,0168 + j0,0313 0,0316 + j0,1575 159.63 336.4 CA
7 8 0,0007 + j0,0010 0,0011 + j0,0043 4,18 4/0 CA
8 9 0,0286 + j0,0412 0,0447 + j0,1771 171,55 4/0 CA
8 10 0,0012 + j0,0016 0,0018 + j0,0070 6,84 4/0 CA
10 11 0,0424 + j0,0205 0,0500 + j0,0838 79,48 2 CA
8 12 0,0151 + j0,0283 0,0285 + j0,1421 144,02 336.4 CA
12 13 0,0782 + j0,0378 0,0923 + j0,1546 146,74 2 CA
12 14 0,0009 + j0,0013 0,0014 + j0,0055 5,36 4/0 CA
14 15 0,0011 + j0,0015 0,0016 + j0,0065 6,32 4/0 CA
15 16 0,0158 + j0,0296 0,0299 + j0,1488 150,78 336.4 CA
16 17 0,0245 + j0,0118 0,0289 + j0,0485 45,98 2 CA
16 18 0,0129 + j0,0102 0,0165 + j0,0407 38,51 1/0 CA
18 19 0,0141 + j0,0069 0,0166 + j0,0279 26,51 2 CA
14 20 0,0061 + j0,0114 0,0116 + j0,0576 58,29 336.4 CA
20 21 0,0077 + j0,0038 0,0091 + j0,0153 14,52 2 CA
20 22 0,0198 + j0,0285 0,0309 + j0,1225 118,7 4/0 CA
22 23 0,0124 + j0,0060 0,0145 + j0,0244 23,24 2 CA
22 24 0,3251 + j0,1571 0,3835 + j0,6427 610,07 2 CA
22 25 0,0191 + j0,0275 0,0298 + j0,1179 114,22 4/0 CA
25 26 0,0629 + j0,0304 0,0742 + j0,1244 118,06 2 CA

72
25 27 0,0050 + j0,0094 0,0095 + j0,0472 47,85 336.4 CA
27 28 0,0207 + j0,0298 0,0323 + j0,1279 123,97 4/0 CA
28 29 0,0741 + j0,0358 0,0874 + j0,1466 139,1 2 CA
28 30 0,0031 + j0,0045 0,0048 + j0,0193 18,68 4/0 CA
30 31 0,0342 + j0,0165 0,0404 + j0,0676 64,19 2 CA
31 32 0,0058 + j0,0083 0,0090 + j0,0359 34,77 4/0 CA
31 33 0,0049 + j0,0024 0,0058 + j0,0097 9,23 2 CA
30 34 0,0366 + j0,0527 0,0571 + j0,2263 219,27 4/0 CA
34 35 0,0490 + j0,0237 0,0579 + j0,0970 92,06 2 CA
35 36 0,2325 + j0,1124 0,2743 + j0,4598 436,36 2 CA
35 37 0,0963 + j0,0465 0,1136 + j0,1905 180,76 2 CA
34 38 0,0042 + j0,0006 0,0006 + j0,0025 2,38 4/0 CA
38 39 0,1378 + 0,0666 0,1626 + j0,2726 258,65 2 CA
34 40 0,0275 + j0,0133 0,0325 + j0,0545 51,68 2 CA
40 41 0,1169 + j0,0565 0,1379 + j0,2312 219,38 2 CA
40 42 0,0867 + j0,0419 0,1023 + j0,1714 162,69 2 CA
42 43 0,0985 + j0,0476 0,1162 + j0,1948 184,8 2 CA
42 44 0,1265 + j0,0611 0,1492 + j0,2502 237,37 2 CA
42 45 0,0912 + j0,0441 0,1076 + j0,1804 171,16 2 CA
45 46 0,2046 + j0,0989 0,2414 + j0,4046 384 2 CA
27 47 0,0030 + j0,0055 0,0056 + j0,0279 28,23 336.4 CA
47 48 0,1731 + j0,0836 0,2043 + j0,3424 324,87 2 CA
47 49 0,0071 + j0,0133 0,0134 + j0,0668 67,75 336.4 CA
49 50 0,0039 + j0,0073 0,0074 + j0,0369 37,38 336.4 CA
50 51 0,0709 + j0,0343 0,0837 + j0,1403 133,14 2 CA
50 52 0,0092 + j0,0172 0,0173 + j0,0865 87,61 336.4 CA
52 53 0,0074 + j0,0036 0,0087 + j0,0145 13,83 2 CA
52 54 0,0107 + j0,0200 0,0202 + j0,1006 101,9 336.4 CA
54 55 0,0103 + j0,0192 0,0194 + j0,0966 97,92 336.4 CA
55 56 0,0066 + j0,0124 0,0125 + j0,0622 63,02 336.4 CA
56 57 0,0134 + j0,0065 0,0157 + j0,0264 25,11 2 CA
Fonte: (SOUZA, 2014)

73
Tabela 5.2. Dados de barra do alimentador.

Carga Capacitor Transformador


Nº Barra Tipo Shunt
Ativa [kW] Reativa [kVar] Quantidade [kVA]
[kVar]
SE Referência 0 0
1 PQ 0 0
2 PQ 0 0
3 PQ 14,5 3,76 1 150
4 PQ 0 0 300
5 PQ 0 0
6 PQ 142,94 110,16 6 450
7 PQ 0 0
8 PQ 0 0
9 PQ 18,02 13,88 1 112,5
10 PQ 0 0
11 PQ 377,45 125,95 3 1175
12 PQ 0 0
13 PQ 218,73 136,55 6 712,5
14 PQ 0 0
15 PQ 0 0
16 PQ 311,30 108,89 3 750
17 PQ 93,01 24,13 1 300
18 PQ 0 0
19 PQ 45,1 11,7 1 150
20 PQ 0 0
21 PQ 28,91 22,28 1 300
22 PQ 0 0
23 PQ 75,5 58,18 2 187,5
24 PQ 332,3 239,25 8 870
25 PQ 0 0
26 PQ 181,75 110,83 5 825
27 PQ 0 0
28 PQ 65,8 50,71 1 75

74
29 PQ 235,21 136,95 4 487,5
30 PQ 0 0
31 PQ 0 0
32 PQ 34,82 26,83 1 112,5
33 PQ 8,25 2,14 1 45
34 PQ 73,49 56,63 1 112,5
35 PQ 59,52 45,87 1 112,5
36 PQ 131,45 101,3 4 345
37 PQ 353,62 137,43 4 833
38 PQ 0 0
39 PQ 96,76 74,52 2 187,5
40 PQ 0 0
41 PQ 54,03 41,63 1 150
42 PQ 67,40 22,97 2 262,5
43 PQ 67,25 51,82 2 142,5
44 PQ 242,19 133,99 4 412,5
45 PQ 51,31 39,54 1 75
46 PQ 142,87 110,1 4 382,5
47 PQ 0 0
48 PQ 162,31 125,08 6 2595
49 PQ 82,31 63,43 600 1 112,5
50 PQ 0 0
51 PQ 34,39 26,50 1 75
52 PQ 0 0
53 PQ 89,48 68,95 1 112,5
54 PQ 71,27 18,49 2 1175
55 PQ 17,16 13,23 1 45
56 PQ 0 0
57 PQ 71,57 18,57 1 150
Fonte: (SOUZA, 2014)

75
Tabela 5.3. Valores das correntes nominais de carga no alimentador.

BARRA Corrente de BARRA Corrente de


De Para Carga [A] De Para Carga [A]
1 2 178,2 28 30 67,2
2 3 0,6 30 31 2,1
2 4 177,5 30 34 65,0
4 5 181,2 31 32 1,8
5 6 7,4 31 33 0,3
5 7 174,6 34 35 25,3
7 8 174,0 34 38 5,1
8 9 0,9 34 40 30,6
8 10 16,5 35 36 6,8
8 12 157,1 35 37 15,6
10 11 16,3 38 39 5,1
12 13 10,6 40 41 2,8
12 14 146,1 40 42 27,8
14 15 19,4 42 43 3,5
14 20 127,6 42 44 11,4
15 16 19,6 42 45 10,1
16 17 3,9 45 46 7,5
16 18 1,9 47 48 8,4
18 19 1,9 47 49 23,4
20 21 1,5 49 50 13,3
20 22 126,2 50 51 1,8
22 23 3,9 50 52 11,5
22 24 16,8 52 53 4,6
22 25 106,0 52 54 7,1
25 26 8,8 54 55 4,0
25 27 97,8 55 56 3,1
27 28 81,9 56 57 3,1
27 47 25,6 SE 1 175,5
28 29 11,2
Fonte: Software ANAREDE – (Autor)

5.2 Estudo de Curto-Circuito


O estudo dos níveis de curto-circuito no alimentador foi realizado por meio do
software ANAFAS. Com os dados das impedâncias de linha de sequência positiva e zero
realizou-se a simulação dos principais tipos de curtos-circuitos para cada barra do
alimentador, onde a partir dos relatórios de saída foi criada a Tabela 5.4 que contém os
resultados obtidos dos diferentes curtos em cada barra.
76
Tabela 5.4. Estudo de curto-circuito realizado no software ANAFAS.

Curto-Circuito
Barra *Monofásico Mínimo (A) Monofásico (A) Bifásico (A) Bifásico-terra (A) Trifásico (A)
1 231.67 6128 8103 8649 9357
2 230,30 5459 7441 7929 8592
3 229,83 5373 7322 7818 8454
4 229,82 4931 6916 7458 7986
5 229,65 4914 6896 7336 7962
6 229,52 4413 6142 6624 7093
7 229,61 4493 6452 6857 7451
8 229,34 4482 6438 6842 6828
9 229,28 4068 5914 6294 6828
10 229,33 4464 6416 6819 7409
11 228,84 4224 6037 6464 6971
12 229,33 4161 6085 6462 7027
13 229,09 3787 5470 5881 6316
14 229,06 4149 6069 6445 7008
15 229,0 4134 6051 6426 6987
16 228,90 3851 5724 6075 6609
17 228,40 3745 5544 5908 6402
18 228,73 3768 5595 5949 6461
19 228,35 3709 5493 5854 6343
20 229,04 4032 5938 6304 6857
21 228,82 3995 5876 6246 6785
22 228,82 3789 5619 5971 6489
23 228,59 3736 5530 5888 6385
24 227,67 2727 3813 4207 4402
25 228,53 3580 5342 5681 6168
26 228,22 3350 4944 5305 5708
27 228,29 3508 5257 5590 6071
28 227,86 3317 4993 5314 5766
29 227,24 3085 4582 4924 5290
30 227,01 3290 4956 5275 5722
31 227,23 3181 4763 5093 5500
32 227,13 3135 4699 5026 5426
33 227,16 3166 4736 5067 5468
34 225,56 3003 4553 4854 5257
35 226,25 2873 4318 4630 4986
36 225,56 2371 3415 3744 3944
37 225,59 2644 3904 4229 4508
38 227,08 2998 4540 4844 5242
39 225,20 2657 3922 4250 4529
40 227,03 2929 4419 4727 5103
41 225,12 2646 3907 4233 4512

77
42 226,12 2715 4031 4353 4655
43 225,29 2502 3649 3978 4213
44 225,65 2447 3551 3880 4100
45 223,42 2517 3675 4004 4244
46 223,77 2156 3042 3365 3512
47 228,2 3467 5209 5538 6015
48 227,53 2923 4251 4618 4909
49 228,01 3372 5096 5416 5884
50 228,01 3323 5036 5352 5815
51 226,96 3100 4636 4974 5353
52 227,94 3212 4900 5206 5658
53 227,66 3190 4858 5167 5610
54 227,7 3093 4751 5047 5486
55 227,36 2986 4616 4902 5330
56 227,24 2922 4533 4813 5234
57 227,05 2887 4468 4753 5159
SE 232,08 16232 11918 15745 13762
*Este curto-circuito foi obtido a partir da análise de tabelas e informações deste alimentador.
Fonte: Software ANAFAS – (Autor)

5.3 Escolha e Localização dos Dispositivos de Proteção

A escolha do tipo de equipamento de proteção a ser instalado no alimentador deve


seguir aos critérios que cada concessionária pratica de acordo com suas Normas Técnicas. Os
principais critérios adotados para a instalação de equipamentos de proteção são
(ELETROBRÁS, 1982; CELPA, 2010):
 Em pontos de circuitos longos, onde o curto-circuito mínimo não é suficiente para
sensibilizar o dispositivo de proteção de retaguarda, pode ser utilizado o religador ou a
chave fusível;
 No início de ramais importantes que suprem locais com probabilidades de acontecer
faltas transitórias, e que possui dados estatísticos de elevada interrupção, pode ser
utilizado o religador ou seccionalizador;
 No início de ramais, que não são abrangidos pelo segundo item acima, pode-se instalar
a chave fusível;
Seguindo a esses critérios básicos, foram escolhidos para instalação no
alimentador os seguintes dispositivos de proteção: 28 fusíveis, 2 religadores, 1
seccionalizador e um conjunto relé/disjuntor. Tais dispositivos serão dispostos no alimentador
conforme apresentado na Figura 5.2.

78
19
57
18
F7
17 56
11
16

3 10 15 23 48 51 55
F1 4 5 7 8 F4 12 14 F6 20 22 F10 25 27 47 F25 49 50 F26 52 54 F28
D R1 S

SUBESTAÇÃO
1 2 F2 F3 F5 F8 F9 F11 R2 F27
28
6 9 13 21 24 26 29 53
F12
F13
30 31 32
F14 F15

33
35 34
37

F17
F19 F16 F18
44 46
F20
Seccionalizador 38 40 42 45 F24
36 F21 F22
Religador
39 41 F23
Relé/Disjuntor
Fusível
43

Fonte: Adaptado de (SOUZA, 2014)


Figura 5.2. Diagrama unifilar do alimentador real em estudo com os dispositivos de proteção alocados.

79
Os pontos utilizados para representar as curvas dos fusíveis de ramais e sub-
ramais foram extraídos do catálogo técnico do fabricante de peças elétricas DELMAR
(DELMAR LTDA, 2003). Para o dimensionamento foram considerados apenas os elos
preferenciais do tipo K, ou seja: 6K, 10K, 15K, 25K, 40K, 65K e 100K, ver Figura 4.6.
O seccionalizador adotado foi do tipo trifásico GN3 hidráulico de 14,4kV.
O religador adotado foi do tipo KF (vácuo) extraído da norma técnica da empresa
ELETROPAULO (ELETROPAULO, 2004). Onde suas curvas características são modeladas
a partir da equação 5.1:
 
 
 A 
t  P
 B * D (5.1)
 I  
  Ip   C 
  

Onde:
t é o tempo (em segundos);
Ip é a corrente de pick-up;
I é a corrente que irá variar a partir da corrente de pick-up;
D é o ajuste multiplicador “Time Dial”;
A , B , C e P são constantes cujos valores estão apresentados na Tabela 5.5;

Tabela 5.5. Constantes de sobrecorrente das famílias de curvas do religador.

Curva P C A B
A 2.30657 -1.13281 0.208242 -0.00237
B 1.7822 0.319885 4.22886 0.008933
C 1.80788 0.380004 8.76047 0.29977
D 2.17125 0.17205 5.23168 0.000462
E 2.18261 0.249969 10.7656 0.004284
K 2.01174 0.688477 11.9847 -0.00324
2 1.84911 0.239257 11.4161 0.488986
3 1.76391 0.379882 13.5457 0.992904
8 1.78873 0.436523 1.68546 0.158114
9 1.0353 0.614258 2.75978 5.10647
11 2.69489 -0.67185 21.6149 10.6768
Fonte: Adaptado de (ELETROPAULO, 2004)

80
Para a representação da curva do relé foram retirados alguns pontos da curva
característica inversa (IEC Curve A) do relé digital IEC/B142. Entretanto, devido este relé ser
digital, a seguinte equação característica (5.2) é fornecida pelo fabricante (GE CONSUMER
& INDUSTRIAL MULTILIN, 2007):
A* D
t P
 B*D  K
 I  (5.2)
   Q
 Ip 
Onde:
t é o tempo (em segundos);
Ip é a corrente de pick-up;
I é a corrente que irá variar a partir da corrente de pick-up;
D é o ajuste multiplicador “Time Dial”;

A, B , Q, P e K são constantes cujos valores estão apresentados na Tabela 5.6;

Tabela 5.6. Constantes das famílias de curvas do relé.

Nome da Curva A P Q B K
Extremamente inversa IEC Curva C 80 2 1 0 0
Muito inversa IEC Curva B 13,5 1 1 0 0
Inversa IEC Curva A 0,14 0,02 1 0 0
Fonte: (GE CONSUMER & INDUSTRIAL MULTILIN, 2007)

5.4 Ajuste e Dimensionamento dos Dispositivos de Proteção.

5.4.1 Fusíveis
Vale ressaltar que, segundo Vieira (2006), os fusíveis tipo K admitem como
sobrecarga até 150% do valor de sua corrente nominal, sem, no entanto, causar excesso de
temperatura ao fusível. Na escolha de alguns fusíveis esse princípio será aplicado.
O dimensionamento do fusível será realizado a partir da equação 4.6, onde se
obtém o intervalo de corrente para o ajuste do fusível. Mas para isso, primeiramente, será
necessário calcular o fator de crescimento de carga dado pela equação 4.4.
De forma prática e considerando para cálculo um fator de crescimento percentual
anual de carga de x(%)=4,3% (média brasileira de crescimento) para o período horizonte de
estudo de n=5 anos, tem-se:

81
 x% 
n

f C  1  
 100 
5
 4,3 
f C  1  
 100 
f C  1,23
A seguir serão apresentados alguns dos ajustes e dimensionamentos realizados
para os fusíveis do alimentador em estudo, apresentando também os fusíveis que precisam de
uma coordenação fusível-fusível:
a) Dimensionamento do Fusível 1
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do fusível é de 0,6 A
(Tabela 5.3, barra 2 para 3) e a corrente de curto-circuito fase-terra mínima no fim do trecho
que será protegido pelo fusível é de 229,83 A (Tabela 5.4, barra 3), temos:
I ccFTmín
f C  I c arg a  I elo 
4
229,83
0,6  4  I elo 
4
2,94  I elo  57,45
Logo, pela Tabela 5.7 e pela faixa de ajuste calculada, tem-se que o fusível
adequado é o de 6K.

Tabela 5.7. Dimensionamento dos fusíveis de acordo com sua capacidade de condução em ampere.

Fonte: VIEIRA (2006)

82
b) Dimensionamento do Fusível 4
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do fusível é de 16,5 A
(Tabela 5.3, barra 8 para 10) e a corrente de curto-circuito fase-terra mínima no fim do trecho
que será protegido pelo fusível é de 228,84 A (Tabela 5.4, barra 11), temos:
I ccFTmín
f C  I c arg a  I elo 
4
228,84
1,23  16,5  I elo 
4
20,29  I elo  57,21
Logo, pela Tabela 5.7 e pela faixa de ajuste calculada, tem-se que o fusível
adequado é o de 15K.

c) Dimensionamento do Fusível 5
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do fusível é de 10,6 A
(Tabela 5.3, barra 12 para 13) e a corrente de curto-circuito fase-terra mínima no fim do
trecho que será protegido pelo fusível é de 229,09 A (Tabela 5.4, barra 13), temos:
I ccFTmín
f C  I c arg a  I elo 
4
229,09
1,23  10,6  I elo 
4
13,038  I elo  57,27
Logo, pela tabela 5.7 e pela faixa de ajuste calculada, tem-se que o fusível
adequado é o de 10K.

d) Dimensionamento do Fusível 7
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do fusível é de 1,9 A
(Tabela 5.3, barra 16 para 18) e a corrente de curto-circuito fase-terra mínima no fim do
trecho que será protegido pelo fusível é de 228,35 A (Tabela 5.4, barra 19), temos:
I ccFTmín
f C  I c arg a  I elo 
4
228,35
1,23 1,9  I elo 
4
2,33  I elo  57,08

83
Logo, pela Tabela 5.7 e pela faixa de ajuste calculada, tem-se que o fusível
adequado é o de 6K.

e) Dimensionamento do Fusível 6
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do fusível é de 19,4 A
(Tabela 5.3, barra 14 para 15) e a corrente de curto-circuito fase-terra mínima no fim do
trecho que será protegido pelo fusível é de 228,35 A (Tabela 5.4, barra 19), temos:
I ccFTmín
f C  I c arg a  I elo 
4
228,35
1,23  19,4  I elo 
4
23,86  I elo  57,08
Logo, pela Tabela 5.7 e pela faixa de ajuste calculada, o fusível adequado para
fazer a coordenação com o fusível a jusante é o de 25K.

f) Dimensionamento do Fusível 14
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do fusível é de 65 A
(Tabela 5.3, barra 30 para 34) e a corrente de curto-circuito fase-terra mínima no fim do
trecho que será protegido pelo fusível é de 227,03 A (Tabela 5.4, barra 42), temos:
I ccFTmín
f C  I c arg a  I elo 
4
227,03
1,23  65  I elo 
4
79,95  I elo  56,75
Observa-se que não existe um elo fusível que atenda a faixa de ajuste calculada.
Nestas condições, o dimensionamento do mesmo será feito considerando apenas a corrente de
carga ao final de 5 anos e a premissa descrita através da equação 4.3. Logo, pela Tabela 5.7, o
fusível adequado para fazer a coordenação com os fusíveis a jusante é o de 65K.

g) Dimensionamento do Fusível 12
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do fusível é de 65,2 A
(Tabela 5.3, barra 28 para 30) e a corrente de curto-circuito fase-terra mínima no fim do
trecho que será protegido pelo fusível é de 225,56 A (Tabela 5.4, barra 40), temos:

84
I ccFTmín
f C  I c arg a  I elo 
4
225,56
1,23  65,2  I elo 
4
80,19  I elo  56,39
Observa-se que não existe um elo fusível que atenda a faixa de ajuste calculada.
Nestas condições, o dimensionamento do mesmo será feito considerando apenas a corrente de
carga ao final de 5 anos e a premissa descrita através da equação 4.3. Logo, pela Tabela 5.7, o
fusível adequado para fazer a coordenação com os fusíveis a jusante é o de 100K.

h) Dimensionamento dos demais Fusíveis


Após realizar o dimensionamento de todos os fusíveis, de forma similar aos
cálculos e aos critérios apresentados anteriormente, chegou-se aos valores apresentados na
Tabela 5.8.
Tabela 5.8. Valores dos Fusíveis dimensionados.

Fusível Valor Fusível Valor


1 6K 15 6K
2 6K 16 25K
3 6K 17 6K
4 15K 18 40K
5 10K 19 15K
6 25K 20 6K
7 6K 21 6K
8 6K 22 25K
9 15K 23 15K
10 6K 24 6K
11 10K 25 10K
12 100K 26 6K
13 10K 27 6K
14 65K 28 6K
Fonte: (Autor)

5.4.2 Religadores
O dimensionamento dos religadores será realizado a partir das equações 4.14 e
4.15, onde se obtém, respectivamente, o intervalo de corrente para o ajuste de fase e de neutro
do religador. E, considerando um religador digital (   1 ), com fator de segurança f S  1,5 e

85
um fator de crescimento de carga calculado anteriormente no subítem 5.4.1 ( f C  1,23 )
temos:
a) Dimensionamento do Religador R2
 Ajuste de Fase:
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do religador é de 81,9 A
(Tabela 5.3, barra 27 para 28) e que a corrente bifásica no trecho que será protegido pelo
religador é de I CC 2 f = 4031 A (Tabela 5.4, barra 42), temos:

I CC 2 fmín
 . f C .I c arg a  I PF 
fS
4031
1,23.81,9  I PF 
1,5

100,73  I PF  2687,3
Logo, dentro da faixa de ajuste prevista no cálculo, a corrente de pick-up de fase
adequada e usada no religador é de 150 A.

 Ajuste de Neutro:
Sabendo que a corrente de desbalanço é de 15A (valor do alimentador em estudo)
e que a corrente monofásica mínima no trecho que será protegido pelo religador é de I CC1 fmín =

226,12 A (Tabela 5.4, barra 42), temos:


I desbalanço  I PN  I CC1 fmín

15  I PN  226,12
Logo, dentro da faixa de ajuste prevista no cálculo, a corrente de pick-up de
neutro adequada e usada no religador é de 20 A.

b) Dimensionamento do Religador R1
 Ajuste de Fase:
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do religador é de 146,1 A
(Tabela 5.3, barra 12 para 14) e que a corrente bifásica no trecho que será protegido pelo
religador é de I CC 2 f = 4468 A (Tabela 5.4, barra 57), temos:

I CC 2 fmín
 . f C .I c arg a  I PF 
fS

86
4468
1,23.146,1  I PF 
1,5

179,7  I PF  2978,66
Logo, dentro da faixa de ajuste prevista no cálculo, a corrente de pick-up de fase
adequada e usada no religador é de 200 A.

 Ajuste de Neutro:
Sabendo que a corrente de desbalanço é de 15A (valor do alimentador em estudo)
e que a corrente monofásica mínima no trecho que será protegido pelo religador é de I CC1 fmín =

227,05 A (Tabela 5.4, barra 57), temos:


I desbalanço  I PN  I CC1 fmín

15  I PN  227,05
Logo, dentro da faixa de ajuste prevista no cálculo, a corrente de pick-up de
neutro adequada e usada no religador é de 20 A.

5.4.3 Relé
O dimensionamento do relé será realizado a partir das equações 4.9, 4.11, 4.7 e
4.10, onde será obtido, respectivamente, o tap das unidades temporizada (fase e neutro) e
instantânea (fase e neutro). Para os cálculos será considerado um fator de segurança de
f S  1,5 , fator de início de curva de f I  1,5 , fator de crescimento de carga calculado

anteriormente no ítem 5.4.1 ( f C  1,23 ) e uma relação de transformadores de corrente de

RTC  300 / 5 . A partir das considerações temos:

a) Dimensionamento da Unidade Instantânea


 Ajuste de Fase:
Sabendo que a corrente bifásica no limite a zona de proteção é 6085 A (Tabela
5.4, barra 12), temos:
I CC 2 fassim
TapIF 
RTC
6085
TapIF 
300 / 5
TapIF  101,41

87
Logo, dentro do limite previsto no cálculo, o tap da unidade instantânea de fase
adequado e usado no relé é de 101,41 A, que equivale a corrente bifásica de 6085 A no
primário.

 Ajuste de Neutro:
Sabendo que a corrente monofásica no limite a zona de proteção é 4161 A (Tabela
5.4, barra 12), temos:
I CCftassim
Tap IN 
RTC
4161
TapIN 
300 / 5
TapIN  69,35
Logo, dentro do limite previsto no cálculo, o tap da unidade instantânea de neutro
adequado e usado no relé é de 69,35 A, que equivale a corrente monofásica de 4161 A no
primário.

b) Dimensionamento da Unidade Temporizada


 Ajuste de Fase:
Sabendo que a corrente de carga no local da instalação do relé é de 175,5 A
(Tabela 5.3, barra SE para 1) e que a corrente bifásica no trecho que será protegido pelo relé,
é de 6085 A (Tabela 5.4, barra 12), temos:
I CC 2 fmín I c arg a . f c
 TapTF 
f S . f I .RTC RTC
6085 175,5.1,23
 TapTF 
1,5.1,5.(300 / 5) 300 / 5

45,07  TapTF  3,59


Logo, dentro do limite previsto no cálculo, o tap da unidade temporizada de fase
adequado e usado no relé é de 4,166 A, que equivale a corrente monofásica de 250 A no
primário.

 Ajuste de Neutro:
Sabendo que a corrente monofásica no limite a zona de proteção é 4161 A (Tabela
5.4, barra 12), temos:

88
I CCftmín
TapTN 
RTC. f I
4161
TapTN 
(300 / 5).1,5

TapTN  46,23
Logo, dentro do limite previsto no cálculo, o tap da unidade instantânea de neutro
adequado e usado no relé é de 0,83 A, que equivale a corrente monofásica de 50 A no
primário.

5.5 Avaliação da Coordenação e Seletividade dos Dispositivos de Proteção

Os fusíveis são modelados por curvas de Fase-Neutro. Com isso, os dispositivos


usados neste trabalho (religadores e relé) deverão ser coordenados com os fusíveis através de
suas curvas características de Fase-Neutro. E as curvas de Fase-Fase serão usadas, neste
trabalho, para a coordenação entre religador-religador e relé-religador.

5.5.1 Coordenação Fase-Neutro


a) Religador R2 com os Fusíveis a jusante
Conforme se verifica na Figura 5.2 completada pela Tabela 5.8, existem 13
fusíveis a jusante do religador R2 que são protegidos pelo próprio religador R2, esses fusíveis
variam de: 6K, 10K, 15K, 25K, 40K, 65K e 100K. Assim, para uma melhor análise, serão
separados três gráficos de coordenação:

 Coordenação Religador R2 e Fusíveis (6K, 10K e 15K)


A Figura 5.3 mostra a coordenação em questão, onde é identificada a máxima
corrente de coordenação de cada fusível com o religador R2 (considerando a curva mínima de
fusão do fusível). Visto que os valores de curtos-circuitos monofásicos no final do trecho
protegido de cada fusível estão acima dos valores de máxima coordenação apresentados na
Figura 5.3, podemos estabelecer que entre os fusíveis destacados e o religador R2 haverá
apenas seletividade.

 Coordenação Religador R2 e Fusíveis (25K, 40K e 65K)


A Figura 5.4 mostra a coordenação em questão, onde é identificada a máxima
corrente de coordenação de cada fusível com o religador R2 (considerando a curva mínima de
89
fusão do fusível). Visto que os valores de curtos-circuitos monofásicos no final do trecho
protegido de cada fusível estão acima dos valores de máxima coordenação apresentados na
Figura 5.4, podemos estabelecer que entre os fusíveis destacados e o religador R2 haverá
apenas seletividade.

Fusível 6K
Fusível 10K
Fusível 15K
Religador R2 de
Neutro (lenta)

250,16 A

485,25 A
80,92 A
Religador R2 de
Neutro (rápida)
20

Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)


Figura 5.3. Coordenação Religador R2 com os Fusíveis (6K, 10K e 15K).

Fusível 25K
Fusível 40K
Fusível 65K
Religador R2 de
Neutro (lenta)
791,53 A

2095,07 A
1294,37 A

Religador R2 de
Neutro (rápida)
20

Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)


Figura 5.4. Coordenação Religador R2 com os Fusíveis (25K, 40K e 65K).

90
 Coordenação Religador R2 e Fusível (100K)
A Figura 5.5 mostra a coordenação em questão. E, através do intervalo de
coordenação apresentado entre o religador R2 e o fusível, conclui-se que a coordenação foi
satisfatória, visto que o fusível possui uma corrente monofásica no final do seu trecho
protegido de 2715 A (Tabela 5.4, barra 42) e uma corrente monofásica máxima de 3317 A
(Tabela 5.4, barra 28), o que nos dá um intervalo que de atuação dentro da região de
coordenação mostrada na Figura 5.5. Assim, para qualquer falta que ocorra no trecho
protegido pelo fusível, a curva rápida do religador atuará primeiro a fim de se eliminar uma
possível falta transitória.

Fusível 100K
Religador R2 de
Neutro (lenta)
Religador R2 de
Neutro (rápida)

2662,87 A

3672,74 A
20

Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)


Figura 5.5. Coordenação Religador R2 com o Fusível (100K).

b) Religador R2 e Religador R1
A Figura 5.6 mostra a coordenação em questão. Conseguiu-se uma diferença no
tempo de atuação dos religadores de aproximadamente 0,35 segundos, o que está satisfazendo
a diferença mínima exigida (0,2 s) para haver coordenação entre religadores.

c) Religador R1 e Fusíveis a jusante


Conforme se verifica na Figura 5.2 completada pela Tabela 5.8, existem 10
fusíveis a jusante do religador R1 que são protegidos pelo próprio religador R1, esses fusíveis
variam de: 6K, 10K, 15K e 25K. Assim, para uma melhor análise, serão separados dois
gráficos de coordenação:

91
 Coordenação Religador R1 e Fusíveis (6K e 10K)
A Figura 5.7 mostra a coordenação em questão, onde é identificada a máxima
corrente de coordenação de cada fusível com o religador R1 (considerando a curva mínima de
fusão do fusível). Visto que os valores de curtos-circuitos monofásicos no final do trecho
protegido de cada fusível estão acima dos valores de máxima coordenação apresentados na
Figura 5.7, podemos estabelecer que entre os fusíveis destacados e o religador R1 haverá
apenas seletividade.

Religador R2 de
Neutro (lenta)
Religador R2 de
Neutro (rápida)
Religador R1 de
Neutro (lenta)
Religador R1 de
Neutro (rápida)
20

Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)


Figura 5.6. Coordenação Fase-Neutro do Religador R2 com o Religador R1.

Fusível 6K
Fusível 10K
Religador R1 de
Neutro (lenta)
Religador R1 de
204,72 A
47,54 A

Neutro (rápida)
20

Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)


Figura 5.7. Coordenação Religador R1 com os Fusíveis (6K e 10K).

92
 Coordenação Religador R1 e Fusíveis (15K e 25K)
A Figura 5.8 mostra a coordenação em questão, onde é identificada a máxima
corrente de coordenação de cada fusível com o religador R1 (considerando a curva mínima de
fusão do fusível). Visto que os valores de curtos-circuitos monofásicos no final do trecho
protegido de cada fusível estão acima dos valores de máxima coordenação apresentados na
Figura 5.8, podemos estabelecer que entre os fusíveis destacados e o religador R1 haverá
apenas seletividade.

Fusível 15K
Fusível 25K
Religador R1 de
Neutro (lenta)

395,01 A

673,02 A
Religador R1 de
Neutro (rápida)
20

Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)


Figura 5.8. Coordenação Religador R1 com os Fusíveis (15K e 25K).

d) Relé e fusíveis a jusante


A Figura 5.9 mostra a coordenação em questão. Conforme se verifica na Figura
5.2 completada pela Tabela 5.8, existem 5 fusíveis a jusante do relé que são protegidos pelo
próprio relé, esses fusíveis variam de: 6K, 10K e 15K. Conseguiu-se uma diferença no tempo
de atuação entre o relé e o maior fusível (15K) acima da diferença mínima exigida (0,2 s) para
haver coordenação entre fusíveis e relés. Vale ressaltar que a curva instantânea de neutro
começa em 4161 A, que é o curto-circuito monofásico na barra 12 (Tabela 5.4). Isto quer
dizer que para valores maiores de 4061 A o relé atuará de forma instantânea para proteger a
subestação.

93
Fusível 6K
Fusível 10K
Fusível 15K
Relé de Neutro
(temporizada)
Relé de Neutro
(instantânea)

50

4161
Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)
Figura 5.9. Coordenação Fase-Neutro do Relé com os Fusíveis (6K, 10K e 15K).

e) Relé e Religador R1
A Figura 5.10 mostra a coordenação em questão. A diferença no tempo de atuação
está acima de 0,2 s, que é a diferença mínima para que se haja coordenação entre relé e
religador. O fato das curvas estarem mais afastadas uma da outra se deve ao ajuste necessário
do relé para que houvesse coordenação entre os fusíveis a jusante do mesmo. No entanto, esta
figura é apenas um comparativo das curvas de neutro dos dispositivos em questão, visto que a
verdadeira coordenação (falando de atuação do dispositivo) entre relé e religador é feita pela
curva Fase-Fase. Curva esta que será vista no decorrer do trabalho.

5.5.2 Coordenação Fase-Fase


a) Religador R2 e Religador R1
A Figura 5.11 mostra a coordenação em questão. Conseguiu-se uma diferença no
tempo de atuação dos religadores de aproximadamente 0,46 segundos, o que está dentro da
diferença mínima exigida (0,2 s) para haver coordenação entre religadores.

94
Relé de Neutro
(temporizada)
Relé de Neutro
(instantânea)
Religador R1 de
Neutro (lenta)
Religador R1 de
Neutro (rápida)
20

50

4161
Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)
Figura 5.10. Coordenação Fase-Neutro do Relé com o Religador R2.

Religador R2 de
Fase (lenta)
Religador R2 de
Fase (rápida)
Religador R1 de
Fase (lenta)
Religador R1 de
Fase (rápida)
200
150

Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)


Figura 5.11. Coordenação Fase-Fase do Religador R2 com o Religador R1.

b) Relé e Religador R1
A Figura 5.12 mostra a coordenação em questão. Está acima de 0,2 s, que é a
diferença mínima exigida para haver coordenação entre relé e religador. Verifica-se que o relé
irá esperar o religador atuar a fim de sanar as faltas ocorridas no sistema. No entanto, a curva

95
instantânea de fase do relé começa em 6085 A, que é o curto-circuito bifásico na barra 12
(Tabela 5.4). Isto quer dizer que para valores maiores de 6085 A o relé atuará de forma
instantânea para proteger a subestação.

Relé de Fase
(temporizada)
Relé de Fase
(instatânea)
Religador R1 de
Neutro (lenta)
Religador R1 de
Neutro (rápida)
200

250

6085
Fonte: Adaptado do software MATLAB – (Autor)
Figura 5.12. Coordenação Fase-Fase do Relé com o Religador R1.

96
6 CONCLUSÃO
Este trabalho teve como propósito fazer estudos de fluxo de carga e curto-circuito
em um alimentador real de distribuição através dos softwares ANAREDE e ANAFAS,
respectivamente. A partir dos resultados obtidos dos referidos estudos, partiu-se para a
alocação e realização dos estudos de proteção dos dispositivos alocados, ou seja,
dimensionamento, coordenação e seletividade.
Verificou-se nas curvas de coordenação dos fusíveis com os religadores que a
coordenação foi difícil de se obter, ocorrendo na maioria das vezes apenas a seletividade. Isto
ocorreu devido aos altos valores de curto-circuito do alimentador em estudo. No entanto não é
um fato ligado unicamente a este alimentador. Esse sistema de distribuição é muito difícil de
se obter a coordenação entre todos os dispositivos de proteção. Assim, quando houve a perda
de coordenação prevaleceu a seletividade. Uma solução para esses casos seria fazer o
sobredimensionamento desses fusíveis em relação à corrente de carga, pois com isso, se
obteria uma maior faixa para coordenação com o religador.
Os resultados deste trabalho basearam-se em focar nas curvas de coordenação,
tanto de fase como de neutro, deixando clara a atuação de cada curva para uma dada corrente.
Sendo assim, analisando as curvas de coordenação dos dispositivos, pode-se dizer que o
estudo (projeto) de proteção realizado para o alimentador real de distribuição foi satisfatório,
visto que os dispositivos de proteção estão coordenados e respeitando o princípio da
seletividade.

6.1 Sugestões para Trabalhos Futuros

Assim como as tendências e as diretrizes que determinam a forma como o sistema


elétrico deve se alterar dentro dos próximos anos, soluções e estudos vêm sendo apresentados.
Desponta-se então a geração distribuída (GD) como uma possível solução para alguns dos
problemas do setor elétrico. A partir disso pode-se sugerir como estudo complementar:
 Implementar a GD em vários pontos do alimentador e verificar, com ajuda de
softwares, as mudanças ocorridas no fluxo de potência e níveis de curto-circuito;
 Fazer um novo estudo de proteção perante GD no alimentador de distribuição;
 Com o objetivo de realizar uma alocação e coordenação ótima, seria interessante
realizar um trabalho por meio da aplicação de técnicas evolutivas tais como algoritmos
genéticos;

97
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VIEIRA, Andrey Ramos. Metodologia computacional para dimensionamento,


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