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Dept° de Sociologia
Faculdade de Filosofia e C. Humanas
Prof° Antônio da Silva Câmara
ROTEIRO DE ESTUDOS: A FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO E A
ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS FILOSÓFICAS EM EPÍTOME: F.
HEGEL
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Para Hegel não há finalidade externa na Filosofia, a razão não tem um fim
estabelecido pois o movimento é o próprio fim. O autor discute também a necessidade
de apresentar-se o absoluto como sujeito, que inicialmente tomou a forma de Deus como
sujeito fixo, sem movimento ao qual se atribui um predicado para conceder-lhe a
universalidade (Deus é eterno, é amor etc.) O sujeito se apresenta como ponto fixo e o
movimento como algo externo.
Hegel conclui que:
1. somente o saber é real e pode expor-se como ciência ou um sistema;
2. um principio da Filosofia, mesmo sendo verdadeiro já é falso enquanto
fundamento ou princípio.
3. Por isto é fácil refutá-lo.
O autor destaca o método da refutação interna, partindo dos seus princípios ou
fundamentos, atendendo aos aspectos negativos e positivos. Disto resulta a compreensão
de que o verdadeiro "somente é real como sistema ou que a substância é essencialmente
sujeito e se expressa na representação que o enuncia, o absoluto como espírito, o
conceito mais elevado de todos pertence à época moderna e à sua religião". O espírito
que conhece o seu ser em si e o ser outro, que se sabe desenvolvido é a ciência.
2. O devir do saber.
"O puro conhecer de si mesmo em seu absoluto ser outro, este éter enquanto tal,
é o fundamento e a base da ciência ou do saber em geral".
Hegel utiliza o termo éter como figurativo da própria essência, "ser que em si
ingressou em si" (Hegel, enciclopédia). A essência é o fundamento da própria realidade,
encoberta na imediaticidade pela aparência. O éter dá portanto a aproximação de um
elemento não visível em movimento. A ciência deveria remeter-se à este éter para poder
viver nela e com ela, unificando dentro de si o elemento universal e o imediato, voltando-
se contra si mesma e o seu aprisionamento pelas determinações.
3. A formação do indivíduo.
Hegel analisa a formação do indivíduo do ponto de vista da universalidade,
mostrando que ao longo da história o indivíduo universalizou-se, motivo pelo qual ele
tem de recorrer às fases anteriores de formação do espírito universal, como figuras
dominadas pelo espírito, como caminho já trilhado. Do mesmo: modo a ciência expõe
este movimento como sendo capaz de abarcá-lo em extensão, como deter-se em cada
momento " pois cada um deles constitui para uma figura total, individual e somente é
considerado absoluto enquanto sua determinabilidade se considerar como um todo ou
algo concreto ou quando se considerar o todo nesta determinação que ele tem de
peculiar". Logo a ciência entende cada momento determinado como figuração do todo
ou a peculiaridade de todo nesta determinação.
Hegel ainda acentua alguns elementos tais como a recordação: o conceito
recorda os momentos anteriores das suas próprias determinações; a representação e o
conhecimento das formas.
A representação é a primeira negação da imediaticidade, transformando o ser em
si em algo conhecido, o saber se volta contra a representação, contra o ser conhecido,
através da ação do si mesmo universal. Por isto "o conhecido em termos gerais,
precisamente por ser conhecido não é reconhecido. É uma ilusão (...) se ter como
certeza ( ou como pressuposição) do conhecimento algo que é conhecido e conformar-
se com ele" ( Hegel, Fenomenologia). exemplos: Deus, natureza, entendimento etc.
Ao contrário deste procedimento, Hegel propõe a análise da representação e sua
superação, através do entendimento que implicaria em decompor a representação em
seus elementos originais, retornar a momentos anteriores dela mesma. esta atividade de
separar conduziria aos elementos já conhecidos, superados, logo irreais. Elevar-se dos
elementos singulares ao universal seria a tarefa da negatividade que conduziria este
específico ao todo. Para Hegel, no período contemporâneo não se trata de purificar o
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indivíduos do sensível imediato, mas sim de realizar e animar espiritualmente o universal
mediante a superação dos pensamentos fixos e determinados, levando-os ao pensamento
puro que se torna conceito: "Através deste movimento, os pensamentos puros se tornam
conceitos e só então são em verdade, automovimentos, círculos; são o que sua
substância é, essencialidade pura". (Fenomenologia).
III - O verdadeiro e o falso.
Hegel destaca que os elementos do ser em si imediato, a consciência encerra os
momentos do saber e da objetividade negativa. A experiência como o percurso da ciência
para o desenvolvimento do espírito; a substância como objeto da consciência. O espírito
torna-se objeto de si mesmo no seu devir outro; o método da experiência leva a captar a
manifestação do espírito. Hegel analisa a manifestação no seu aspecto de verdade e de
falso e demonstra que ambas aparecem como figuras fixas e imóveis. Contraria esta
noção ao afirmar "não o falso como não há o mal". "O falso seria o outro, o negativo
da substância, que enquanto conteúdo do saber é verdadeiro" (fenomenologia). Ver
falso/verdadeiro como figuras fixas do saber seria uma atitude dogmática.
2. O conhecimento histórico e o conhecimento matemático
A História teria um conhecimento singular do conteúdo contingente e arbitrário,
o conhecimento da intuição imediata unida a seus fundamentos poderia superar esta
limitação e teria verdadeiro valor. Quanto à matemática Hegel considera que a mesma
seria desprovida de essencialidade. Todo método da experiência na matemática é externo
à ela mesma, ex. o triângulo e sua decomposição. na Matemática há um repousar sobre o
si mesmo que não se desloca. em contraposição o conhecimento filosófico conteria: a: o
um e o outro, o em si e o devir; b. unificaria estes dois momentos; c) existiria no interior
do próprio espírito.
Por outro lado, o conhecimento matemático se basearia em premissas defeituosas
como o fim, a magnitude e o espaço vazio. Estabeleceria a igualdade, tornando-se irreal,
pois na realidade não existe dois momentos iguais. Não estabeleceria o tempo. Por isto a
matemática seria inerte e abstrata.
3. O conhecimento conceitual
Na Filosofia a determinação seria essencial, seu elemento e seu conteúdo são
reais e põem a si mesmo e vive no conceito, engendram o positivo/negativo - que estaria
em vias de desaparecer, o essencial seria um "verdadeiro delírio báquico".
O verdadeiro é o delírio báquico, no qual nenhum membro escapa à embriaguez,
e como cada membro ao dissociar-se, se dissolve imediatamente por ele mesmo, este
delírio é ao mesmo tempo a quietude translúcida e simples. (Fenomenologia).
Acerca do método do conhecimento destaca-se em Hegel: 1. O método é a
estrutura do todo, apresentado em sua essencialidade pura; 2. crítica à matemática que
teria um método exterior à si mesma, tendo uma relação a - conceitual da magnitude e
por matéria um espaço morto. 3. crítica à triplicidade Kantiana (sujeito/objeto/predicado)
como formalista. “Em lugar da vida interior, do automovimento do ser em si, semelhante
determinabilidade simples da intuição, se expressa seguindo uma analogia superficial, e a
esta aplicação externa e vazia da formula se dá o nome de construção. (Fenomenologia).
Contra este formalismo Hegel opõe o automovimento do conceito que se
autodetermina e que se supera pela negatividade. Insiste ainda nas noções de
universalidade determinada como espécie, inteligibilidade e racionalidade. Sempre na
perspectiva do conceito.
Na Enciclopédia Hegel expõe o conceito como contendo a universalidade, a
particularidade, determinidade , nele (conceito) o universal permanece como
individualidade, reflexo da universalidade e da particularidade. Por isto o conceito seria
determinado em si e para si.
Roteiro da Introdução à Fenomenologia do Espírito
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Na Introdução à Fenomenologia Hegel discute inicialmente o próprio caráter de
uma Introdução, o autor opõe-se à prática de pôr-se previamente de acordo sobre o
conhecimento a ser utilizado para apoderar-se do absoluto. Este método seria apenas
aparentemente correto, pois o conhecimento quando utilizado para apreender a
realidade age de modo ativo atando sobre a mesma e modificando-a, o hábito de
“descontar do resultado a parte que corresponde ao instrumento (postura neutralista)
apenas levaria o conhecimento a retornar ao ponto de partida, tornado o conhecimento
externo ao objeto. Estes motivos levam o autor a rejeitar os preâmbulos que antecedem a
apreensão da coisa em si.
Contrário às introduções correntes ele propõe a superação das formas fixas
encontradas na consciência natural que teme a dúvida e apega-se à verdade " verdade
aparente das representações". "Na realidade, este temor pressupõe como verdade (...)
não somente alguma coisa, como também muita coisa que deveria se começar a se
examinar se é verdade ou não. Supõe, representações acerca do conhecimento como um
instrumento e um meio, assim como uma diferença entre nós mesmos e este
conhecimento; mas sobretudo pressupõe que o absoluto se acha de um lado e o
conhecimento de outro, como algo separado do absoluto (...)". (Fenomenologia);
Para Hegel a meta do conhecimento se encontra tanto no saber como em toda a
serie que forma o processo do conhecimento, por isto a meta não pode ser estabelecida
para momentos fixos, a consciência vê-se obrigada a ir além de si mesma "(...) a
consciência é para si mesma seu conceito, e com ele, de modo imediato o ir adiante do
limitado, e consequentemente além de si mesma, visto que o limitado lhe pertence".
(Fenomenologia). Hegel retomando o raciocínio do acordo prévio acerca do
conhecimento, afirma que não é necessário se firmar uma pauta como base para o
conhecimento, pois esta pauta estaria no próprio objeto " o saber é o nosso próprio
objeto, é para nós; (...) a essência ou a pauta estaria em nós". A consciência daria a ela
própria sua atuação, por isto a investigação consistiria em comparar a consciência
consigo mesma, pois a consciência teria dentro de si o verdadeiro "se chamamos ao
saber, conceito e essência ou ao verdadeiro o que é objeto, o exame consistirá em ver se
o conceito corresponde ao objeto". (Fenomenologia). Por outro lado, se "chamamos
conceito à essência ou ao em si do objeto e entendemos por objeto, ao contrário, o que é
como objeto, quer dizer para o outro, o exame consistirá em ver se o objeto corresponde
que o conceito". Para Hegel estes dois momentos constituem um mesmo processo, são a
mesma coisa. O fundamental a reter deste processo é que a consciência apresenta-se de
modo duplo, como consciência do em si mesma e como consciência do objeto, ou
consciência da verdade e do que ela própria sabe da verdade.
Este movimento da consciência para si mesma e para seu objeto constitui para o
autor a experiência "o movimento dialético que a consciência executa em si mesma,
tanto no seu saber como no seu objeto, enquanto surge diante dela um novo objeto,
enquanto surge diante dela um novo objeto verdadeiro, é o que se chamará
propriamente de experiência". (fenomenologia)
A experiência seria um movimento da consciência tornando-se objeto em si e
objeto para si mesma.
Para finalizar Hegel chama a atenção para a diferença entre o seu método da
experiência para o que se apresenta de modo comum como experiência. A transição do
primeiro objeto (em si) para um outro objeto (para si) se apresenta como um saber do
primeiro objeto que transita para o segundo objeto; segundo Hegel comumente se
acredita o que transita para o outro objeto é a não verdade contida no primeiro objeto.
Logo nós apreenderíamos o em si e para si;
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Hegel apresenta o movimento de formas que "em seu movimento, um momento
do ser em si ou ser para nós, momento que não está presente na consciência que se
acha por si mesma imersa na experiência, mas que o conteúdo do que nasce diante de
nós é para ela, e nós somente captamos o lado formal deste conteúdo ou seu puro
nascimento; para ela, isto que nasce é somente enquanto objeto, enquanto para nós é
ao mesmo tempo movimento e devir" (Fenomenologia). Note-se que Hegel ao
desenvolver esta noção de experiência acentua o em si (consciência) que põe o seu ser
outro, esta consciência percebe apenas o nascimento (logo o seu ser em si capta apenas o
nascimento da sua negação) enquanto o seu ser para si (ou para nós) capta o movimento
e o seu devir (futuro).
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O autor entende que o espírito deve sacrificar-se para apreender o seu ser para-si,
o que se dá através da sua alienação no mundo. Por fim é necessário registrar que o
espírito sempre põe o seu devir ( a sua transformação, o seu vir a ser) que na história é o
devir que sabe, que se mediatiza a si mesmo; enquanto na natureza (último devir do
espírito), o espírito permanece alienado, "não é o ser-aí outra coisa que esta eterna
alienação de sua substância e o movimento que instaura o sujeito". (Fenomenologia).
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Observações acerca da Idéia Absoluta - Notas da Enciclopédia
Hegel define a Idéia Absoluta na pag. 220.
"A Idéia como unidade da idéia subjetiva e objetiva, é o conceito da idéia, para
o qual a idéia como tal é o objeto, e perante o qual ela se comporta como objeto; - um
objeto em que todas as determinações se encontram reunidas. Esta unidade é, pois,
para a verdade absoluta e inteira, a idéia que se pensa a si mesma e é aqui, e claro
está, idéia pensante, idéia lógica".
Na pag. 220, parágrafo 237, Hegel afirma: "A idéia absoluta, porque nenhuma
passagem ou pressuposto e, em geral, nenhuma determinidade nela há que não seja
fluente e transparente, é para si a pura forma do conceito, que intui o seu conteúdo
como ela própria; é conteúdo para si, enquanto é ideal distingue-se a si-mesma de si;
e uma das coisas distintas é a identidade consigo mesma, mas na qual contêm a
totalidade da forma como sistema de determinações do conteúdo. Este conteúdo é o
sistema lógico. Como forma, nada resta aqui à idéia senão o método deste conteúdo - o
saber determinado acerca do valor dos seus momentos".
Quanto à identidade:
Diferença:
Paragro 116, p. 158
p. 117
A diferença é 1) diferença imediata, a diversidade que cada distinto é para si o
que é indiferente à sua referencia ao outro, a qual, por isso, lhe é exterior,. “Por causa da
indiferença dos distintos em relação à sua diferença, esta incide, fora deles, num terceiro,
num comparativo, a diferença extrínseca, é enquanto identidade dos referidos, a
igualdade; como não identidade dos mesmos é a desigualdade”. (idem)²