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18/02/2019 Boca de Rua - Documentos Google

Comunicação Política 17/1


Atividade - Mídia Alternativa
Marcelo Freire de Campos

Veículo de Comunicação escolhido: Boca de Rua

Constituição organizacional democrática, participativa e assentada em bases


democráticas

O Jornal Boca de Rua é membro da INSP, International Network of Street Papers


(Rede Internacional de Jornais de Rua), sendo o único afiliado dentre os outros 120 a possuir
o conteúdo inteiramente redigido pelos moradores de rua. O projeto nasceu no ano de 2000
e é fruto da ALICE - Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação - fundada poucos
meses antes. Em 2008, o Boca de Rua era escrito por aproximadamente 30 pessoas, sendo
todos moradores de rua ou ex-moradores de rua. Dentre os integrantes do grupo na época,
40% eram mulheres, 60% eram homens, 80% eram negros, 70% eram portadores de HIV e
90% possuíam ensino fundamental incompleto. A grupo de redação é aberto, permi ndo o
ingresso a qualquer morador de rua interessado.

Diferenciação em relação à mídia dominante

O Boca de Rua possui, como antes relatado, a integridade de seu conteúdo redigido
por moradores de rua ou ex-moradores de rua. Cada um dos membros recebe 35
exemplares por semana para que possam realizar as vendas, nas ruas, como sustento
auxiliar. Os jornalistas profissionais atuantes no jornal assumem um papel secundário,
apenas facilitando o direcionamento das pautas junto aos redatores. Não há, como
normalmente ocorre na produção da mídia hegemônica, a figura de um editor que seleciona
as pautas, já acompanhadas de posicionamentos e opiniões, e as encaminha para um
jornalista que realizará a reportagem apenas executando sob instruções: os redatores
possuem domínio sobre as pautas, as formas de execução e o posicionamento expresso nas
matérias.

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Independência em relação ao Estado e ao poder econômico

O jornal arrecada sua verba de diversas fontes, incluindo doações e apoio


ins tucional. A impressão é realizada através de uma parceria com a Fundação Maurício
Sirotsky Sobrinho, pertencente ao Grupo RBS. A Fundação, entretanto, não possui nenhum
membro representante dentre a organização do jornal e recebe somente a edição finalizada
para a impressão. O Boca de Rua também conta com apoio financeiro da Fundação Luterana
e do Ins tuto Calábria, vinculados à Igreja Católica, e da revista Biss, vendida por moradores
de rua na Alemanha. A Fundação Luterana e o Ins tuto Calábria também não possuem
membros representantes no Jornal e recebem apenas relatórios relacionados ao andamento
do projeto. Não são recebidos recursos financeiros de nenhuma empresa e não há espaço
para anunciantes nas edições.

Conteúdos de caráter crítico-emancipador, transformador

O Boca de Rua apresenta uma abordagem de denúncia quanto à situação dos


moradores de rua em Porto Alegre. Com o passar dos anos, o conteúdo também adquiriu
uma ênfase de visibilidade e humanização dessa parcela da população.

A edição mais recente do jornal,


publicada em abril de 2017, expõe na
capa o sen mento de luto e a atual luta
na qual se encontram os redatores em
frente às diversas mortes ocorridas e
agressões incididas contra os moradores
de rua de Porto Alegre em 2017. O
conteúdo interno da edição também
expõe situações como a queima de
barracos, problemas consequentes da
proibição de carroças de lixo na cidade e

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o sucateamento do setor de assistência social sob a gestão de Nelson Marchezan.

Além disso, o Boca de Rua publicou entrevistas com 8 dos 9 candidatos concorrentes
na eleição à prefeitura de Porto Alegre de 2016, ques onando-os sobre propostas para a
população de rua, sobre as pessoas impedidas de trabalhar pela proibição das carroças na
cidade e sobre as intenções quanto a espaços de diálogo com os movimentos sociais, em
especial o MNPR (Movimento Nacional da População de Rua).

Busca de transformações sociais

A própria produção do Boca de Rua já é uma transformação social em si. O processo


alavanca de diversas maneiras a inclusão social dos envolvidos, começando pelo grande
desenvolvimento da alfabe zação dos mesmos ao longo da redação das edições. Em uma
entrevista concedida em 2011 a estudantes de Comunicação da PUCRS, uma das
organizadoras do projeto, a jornalista Rosina Duarte, relata:
“No início nha muita gíria, aquela gíria própria da rua. Então,
claro, as pessoas não compreendiam, nem a gente compreendia. Então a
gente dava ‘uma limpada’. Hoje não, hoje a linguagem oral do grupo tá
muito próxima à linguagem escrita, à linguagem que sai no jornal.”

O jornal proporciona momentos de protagonismo aos moradores de rua, à medida


que reivindicam uma visibilidade que lhes carece imensamente. Rosina também cita na
entrevista o momento em que dois dos redatores do Boca ministraram uma palestra seguida
de um filme por eles produzido no Centro Santander Cultural e, ao serem ques onados pela
segurança do prédio na entrada devido à suas aparências, puderam dizer “Somos autores do
filme que será exibido”. O episódio representa parte do que é quebra da hierarquia social
que representa o jornal - os moradores de rua vivenciam o empoderamento social ao
poderem criar um conteúdo próprio e de amplo alcance na cidade. Segundo dados
apresentados no mini-documentário “Boca de Rua - Vozes de uma Gente Invisível”,
produzido em 2013, mais de 150 pessoas já passaram pela redação do jornal e cerca de 70 já
deixaram de morar nas ruas.
Merece destaque também o Boquinha, projeto fruto do Boca de Rua, que acolhe
filhos de moradores de rua - de 3 a 13 anos - e com elas ar cula diversas a vidades de

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consumo cultural e produção intelectual e cria va. As crianças produzem textos, fotos e
ilustrações que são inseridos na publicação (a venda, entretanto, é restrita aos adultos).

Referências u lizadas:

- Blog Boca de Rua: h ps://jornalbocaderua.wordpress.com


- Boca de Rua Edição Nº 63:
h ps://jornalbocaderua.wordpress.com/2017/05/29/numero-63/#more-249
- Calvin Furtado. “Boca de Rua: O Jornal que Combate a Invisibilidade”:
jornalismob.com/2013/11/07/boca-de-rua-o-jornal-que-combate-a-invisibilidade/
- Boca de Rua: Vozes de uma Gente Invisível:
h ps://www.youtube.com/watch?v=5TtoMSiRn0w
- Francisco do Canto Soll. “Arquivo Boca de Rua”:
h ps://www.youtube.com/watch?v=gPnBKF1QLuI
- Alexandre Costa. “Boca de Rua completa 15 anos de vida e hoje é mais que um
jornal”:
h p://www.esquinademocra ca.com/single-post/2015/11/13/BOCA-DE-RUA-COMP
LETA-15-ANOS-DE-VIDA-E-HOJE-%C3%89-MAIS-QUE-UM-JORNAL
- Site da ALICE: h p://www.alice.org.br/
- Guilherme Câmara. “A Práxis no Jornal Boca de Rua: De Gente Invisível a
Questionadores do Mundo”:
h ps://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/28484/000631889.pdf?sequen
ce=1
- Site do International Network of Street Papers: h ps://insp.ngo/

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