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ARTIGOS

Estudo e Protecção da Anta Brasileira Premiados


por Organização Internacional
2008-07-09
Tem um nome que é habitualmente usado como sinónimo de uma certa falta
de inteligência. Chamar anta a alguém no Brasil é um insulto como chamar
burro a alguém em Portugal. O certo é que a anta está ameaçada de extinção e
o estudo e a defesa da anta valeram a uma investigadora brasileira, Patrícia
Medici, um prémio de 50 mil euros atribuído por uma organização holandesa, a
Fundação Futuro para a Natureza.

Por acreditar na possibilidade de vencer o preconceito e colocar a anta entre as


espécies prioritárias para conservação, a brasileira Patrícia Medici ganhou o
prestigiado Prémio Futuro para a Natureza 2008 (anteriormente chamado Arca
Dourada - Golden Ark Award), no valor de 50 mil euros. O seu excepcional trabalho
com as antas no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do estado de São Paulo,
destacou-se entre 70 outros candidatos de 40 países avaliados por uma comissão
científica internacional, por sua criatividade, liderança e capacidade de inovação.

Com os recursos do prémio, Patrícia Medici estabelecerá uma nova base de


pesquisas em Corumbá, Mato Grosso do Sul, para ampliar os seus esforços de
conservação da anta e, assim, criar uma perspectiva comparativa para a conservação
das antas e de seus habitats sob diferentes níveis de pressão e de impactos
decorrentes de actividades humanas. A intenção, futuramente, é ter bases também na
Amazónia e no Cerrado.
Foto: IPÊ

A anta brasileira

A anta-brasileira ou anta sul-americana (Tapirus terrestris) é o maior mamífero


terrestre nativo da América do Sul. Alcança 1m de altura, 2m de comprimento e um
peso de até 250 kg. Possui hábitos nocturnos e vive tanto em florestas densas, como
matas secundárias ou mesmo cerrados e vegetação aberta, desde que tenham rios,
lagos ou lagoas. Além de nadar e mergulhar muito bem, a anta tem na água seu
principal refúgio contra o excesso de calor (termorregulação) ou contra ameaças
externas. Os seus predadores naturais são a onça-pintada e a onça-parda, mas a
maior pressão é a do homem: caça para consumo da carne e uso do couro;
desmatamentos e fragmentação das matas (perda de habitat).

A anta-brasileira tem um papel essencial na manutenção e renovação da diversidade


biológica da vegetação, promovendo a dispersão de sementes. “Só no Brasil se
associa a anta com estupidez, nos outros países não é assim”, comenta Patrícia. “O
animal não tem nada de estúpido, é dócil e inteligente e, em cativeiro, é facilmente
treinado”.

O Projecto

Nas áreas abrangidas pelo estudo, a equipa liderada por Patrícia Medici descreveu e
mapeou as principais rotas de dispersão natural da anta e agora usa as informações
para construir corredores de biodiversidade, voltando a ligar os fragmentos florestais.
Além disso, a equipa avalia e monitoriza o estado genético e de saúde das populações
de anta e aprimora técnicas de campo necessárias para obtenção de dados sobre os
animais. Estes estudos permitiram traçar um Plano de Acção Regional para a
conservação da espécie.

A abordagem principal do projecto foi utilizar as antas como detectives ecológicos . As


antas realizam movimentações de longa distância pela paisagem fragmentada da
região do Pontal do Paranapanema, deslocando-se entre o Parque e os fragmentos
em redor com certa frequência. As rotas de movimentação das antas e os fragmentos
que estas costumam visitar são consideradas áreas potenciais para restauração e
conservação na forma de corredores ecológicos e/ou stepping-stones . Considerando
esse importante aspecto comportamental das antas, os investigadores do IPÊ
trabalharam para obter a maior quantidade possível de informações a respeito dessas
movimentações de maneira a restabelecer a ligação da paisagem do Pontal do
Paranapanema. Ao longo dos últimos anos, 25 antas foram capturadas, equipadas
com rádios-colares (equipamentos que, ao serem colocados nos pescoços dos
animais, transmitem sinais que facilitam a localização dos animais na mata, o que
auxilia na recolha de dados de pesquisa de campo sobre os animais) e continuamente
monitorizadas pelos investigadores.

Patrícia Medici

Nascida em São Caetano do Sul, São Paulo, há 35 anos, Patrícia Medici é Engenheira
Florestal pela Universidade de São Paulo (USP); Mestre em Ecologia, Conservação e
Manejo de Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e
doutoranda no Durrell Institute for Conservation and Ecology (DICE), pela
Universidade de Kent, Inglaterra.
Desde 1996, ela coordena o Projecto Anta do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ),
uma pesquisa de longo prazo na região do Pontal do Paranapanema, incluindo os 35
mil hectares do Parque Estadual Morro do Diabo e os fragmentos de Mata Atlântica
em redor.

Há 8 anos, Patrícia também preside ao Grupo de Especialistas em Antas (Tapir


Specialist Group - TSG) da Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Mundial
para a Conservação da Natureza (IUCN), que reúne mais de 100 conservacionistas de
27 países, envolvidos com a conservação das 4 espécies de antas existentes: anta-
brasileira (Tapirus terrestris), anta-andina (Tapirus pinchaque), anta-centroamericana
(Tapirus bairdii) e anta-malaia (Tapirus indicus).

O Prémio

O prémio Futuro para a Natureza é concedido a pessoas que se destacam pela


excelência de seus trabalhos em benefício da protecção e da conservação de
espécies de fauna ou flora. Os candidatos são nomeados por instituições de pesquisa
e seleccionados com base nos resultados de seus esforços. Outro objectivo do prémio
é contribuir para a manutenção e a eventual ampliação dos trabalhos agraciados.

Patrícia Medici foi indicada pela Federação Holandesa de Zoológicos, entidade co-
financiadora das suas pesquisas desde 2002. Nesta edição foram nomeados 70
candidatos de 40 países, entre os quais 3 foram premiados.

Os outros dois conservacionistas agraciados são o indiano Charudutt Mishra, de 36


anos, e o holandês Michiel Hötte, de 46 anos. Ambos trabalham com felinos.
Sobre o IPÊ

O IPÊ é considerado a terceira maior ONG ambiental do Brasil. O instituto começou


com o Projeto Mico-Leão-Preto e hoje conta com mais de 90 profissionais trabalhando
em cerca de 30 projectos espalhados pelo Brasil.

Nos locais onde actua, a organização adopta o modelo IPÊ de Conservação, um


modelo de acção integrado que inclui pesquisa de espécies ameaçadas, educação
ambiental, restauração de habitats, envolvimento comunitário e desenvolvimento
sustentável, conservação da paisagem e envolvimento em políticas públicas. Um de
seus objectivos é conservar a biodiversidade respeitando as tradições das
comunidades dos locais a serem protegidos e onde são realizadas as pesquisas do
IPÊ.

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