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FASTOS DA
DICTADURA MILITAR
NO
BRAZIL
4 a
ecUção
augmentada c o m novos artigos
1891
T"VI?_ IDA. LIVRARIA AMERICANA
PELOTAS
XNTRODUCÇlO
7 de Setembro de 1890.
FREDERICO DE S.
PASTOS
DA
DICTADURA NO BRAZIL
OS ACONTECIMENTOS DO BRAZIL
(Dezembro de 1889)
cedia ™tros,
rai
se estes insistiam, a coroa
Hoje, quando o marechal Deodoro pensar de
um modo e os seus ministros de outro, quem cederá?
onJT»?' • l - ! - ?q 11
desembainhada
0 t r e m e u a o s e r
desarmados ° ' S
P ^ o í a s , mas patriotas
t a l e n t o s o s
FREDERICO DE S.
II
-A.HSTID.A.
OS ACONTECIMENTOS DO BRAZIL
(Janeiro de 1890)
I
— E s c r i p t a esta linha, está resolvido todo o problema
da v i d a religiosa de u m paiz!
9 de Janeiro de 1890.
FREDERICO DE S.
F A S T O S DA D I C T A D U R A
(Fevereiro de 1890)
a
que viverá para sempre n a historia e que tinha
u
resolvido d a r a s u a v i d a pela republica, que, fe-
" lizmente, não lha pediu ! E s t e é aquelle tenente que
" tão heroicamente deixou de m o r r e r no d i a 1 5 de
" Novembro, mas que, não morrendo, se cobriu d e
" g l o r i a ! — E s t e é aquelle tenente-coronel que, com
8
j a m a i s igualada bravura, declarou que r e c u s a v a ba-
8
ter-se contra os regimentos revoltados! e t c , etc „
E a mocidade das escolas, que tão pouco estu-
da, aprende assim quão pouco custa e quanto rende
o s e r heroe revolucionário.
O enthusiasmo d e certos jornalistas não cessou
nem com a instituição das commissões militares des-
tinadas a reprimir o. delicto d a expressão de qualquer
pensamento contrario aos interesses do governo. O de-
creto applicando aos escriptores públicos os artigos
15 e 16 do regulamento do . Conde de L i p p e é to-
davia um monumento da mais desgraçada brutalida-
de, e a prova, do terror que o governo tem da ver-
dade. São de certo duras as penas de forca e de tra-
balhos de fortificação consignadas nesses artigos ; não
serão porem mais cruéis do que as condemnações da
historia contra os governantes militares do B r a z i l , mi-
litares que o conde de Tippe, agora resuscitado, ar-
cabuzaria logo por indisciplina e traição.
26 F.iSTOS DA DICTADURA NO BRAZIL
k DICTADURA NO BRAZIL
(Março de 1890)
•
O regimen do militarismo dictatorial que no
Brazil, como em toda a parte, se apresenta como
encarnação da força e da ordem, conduz inevitavel-
mente ao enfraquecimento nacional e á desorganisa-
çãojsocial. Faltam-lhe as duas condições indispensá-
veis* á vida normal dos governos, nos povos civilisa-
dos: a liberdade para os cidadãos e a sancção po-
pular para os actos do governo. A dictadura encon-
tra por isso em si mesmo o seu castigo e a sua des-
truição. E não ha depois talento, não ha pureza de
intenções que possam salvar um dictador da irrevo-
A DICTADURA NO BRAZIL 45
gavel condeirinação a que o vota a consciência uni-
versal.
O governo dictatorial do B r a z i l está mostrando
ao mundo que é hoje impossivel governar um paiz
latino sem a liberdade. A dictadura pode conseguir
dominar uma nação, mas governal-a, no sentido c i -
\ilisado da palavra governo — isto é, d i r i g i r a mes-
ma nação, facilitando-lhe a realisação efficaz do seu
destino — é coisa que a dictadura jamais conseguirá.
O governo de um paiz l i v r e e o mesmo paiz são
entidades consubstanciadas, indivisíveis: o governo
é a nação, e a nação é o governo. A nação domi-
nada pela dictadura não encontra jamais nessa d i -
ctadura a sua própria encarnação. A dictadura é o
senhor; a nação é -a escrava, tratada com mais ou
menos braridura, mas sempre escrava. O que consti-
tue a tyrannia não é a efíusão do sangue; é a usur-
parão do direito. Os brazileiros conheceram até ha
pouco, na ordem domestica, o que eram estas rela-
ções entre" o dominador e o dominado, entre o se-
nhor e o escravo. A sociedade brazileira sofreu,
provenientes dessa escandalosa a f r o n t a á justiça, os
males que os seus pensadores apontaram, que os
seus economistas sommaram, e que os seus poetas
choraram. A fatalidade reservava, porem, á geração
que v i u extinguir-se a escravidão domestica, o es-
pectaculo da escravidão politica.
Temos já visto funccionar este regimen que
parecia impossivel no Brazil, attentas as formas ex-
teriores de civilisação que aquelle paiz revestia. Con-
tinuamos hoje a acompanhar as diferentes phases
da estranha transformação que no B r a z i l se opera.
E esse um dever que se impõe a quem tem a con-
1
I
A dictadura é o enfraquecimento nacional por-
que é o regimen em que o poder pode tudo e ^m
que o cidadão nada vale. A certeza de que nada
é impossivel a quem tem o mando é a no>,ão mais
deprimente e corruptora que u m povo pode aprendei'.
Não h a caracter nacional capaz de resistir á acção
dissolvente desta idéa. A dictadura instai! ada é sem-
pre a mestra do aviltamento, a escola da delação
e da perfídia, a realisação da imagem b i b l i c a , — ca-
deira de pestilencia. E a geração creada sob a d i -
ctadura esquecerá para sempre os deveres da li-
berdade.
O poder, nos paizes eivilisados, tem a norma
inviolável que é a lei, expressão da vontade geral:
o poder nos paizes bárbaros não tem outro limite
senão a própria vontade do mesmo poder, que pode
ir até onde chegar a paciência ou a fraqueza pas-
siva dos governados. A l e i é a força harmonisado-
ra das sociedades; o arbítrio é o desequilíbrio e a
contradicção. A l e i tem o caracter impessoal, inata-
cável que lhe dá a responsabilidade collectiva; a d i -
ctadura inaugura entre os povos, pelo medo ou pela
lisonja, o fetichismo das pessoas, negação absoluta
da liberdade. N o Brazil, a dictadura não se t e m
podido furtar a estas fatalidades da sua natureza.
A leitura dos jornaes daquelle paiz é altamen-
te i n s t r u c t i v a : e os differentes episódios da sua vida
governativa, tão anormal, são proveitosos exemplos.
O regimen de longa e livre discussão, tão largamen-
te praticado no paiz durante cincoenta annos, era
uma preparação nacional para MS leis : hoje, o ha-
bitante do B r a z i l não sabe a transformação que um
ministro quiz dar ás leis senão pela surpreza que
"xperimenta, pela manhã, ao ler nos jornaes um de-
creto que altera subitamente as mais importantes ro-
tações soeiafes. E cada dia os lados provam brutal-
mente que o poder tudo pode. E portanto natural
1
A D I C T A D U R A NO B R A Z I L 47
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A DICTADURA NO B R A Z I L 57
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S I T U A Ç Ã O T E R R I T O R I A L DO B R A Z I L
NO
CQNTINEKTE S ü t AMERICANO
As linhas transversaes indicam o território
Argentino e os t e r r i t ó r i o s c o n t e s t a d o s ao
Brazil pela Colômbia(1)pela I n g l a t e r r a ( 2 )
8Aspela
l i n h aFs r averticaes
n ç a (9)'—
indicam o território 5o
dos outros p a i z e s Simürophes do B r a z i l
A secção negra B d o t e r r i t ó r i o de rnissiones
e a parte que parece artripuida a fíepublics
A r g e n t i n a a parte m e n o r indicada poriinhas
cruzadas H é a* que o Onz;} ainda c e n s e ^ a r j .
50 20 10
A DICTADURA NO BRAZIL 65
A DICTADURA NO BRAZIL G9
•
82 FASTOS DA DICTADURA NO BRAZIL
FREDERICO DE S.
25 de Març* de 1890.
V
AS FINANÇAS E A ADMINISTRAÇÃO
DA
DICTADURA B R A Z I L E I R A
(Abril de 1890)
I
O governo dos Estados Unidos manda um simples encarregado de ne-
gócios reconhecer officialmente o governo do Sr. Deodoro — Sim-
plicidade daquelle diplomata — O self-government entendido segundo
o Sr. Lee — A boa doutrina, a propósito de u m theatro — O m i -
litarismo interesseiro e utilitário do Sr. Deodoro e dos seus compa-
nheiros—Nobre desinteresse de alguns militares hespanhoes contra-
posto ás praticas dos militares brazileiros — Oblíteração do sen-
so moral entre os militares p o l i t i c o s — U m a Constituição pelo amor
de Deus — Confusão de principio e desordem nos planos consti-
tucionaes — A Constituição é difficil de sair — Novo decreto con-
t r a a imprensa—Coisas políticas da Gazeta de Noticias — Onde está a
coragem? — Prova de que a dictadura não faz caso da opinião —
O jornalista môsca do coche politico — Cartazes sediciosos — As-
neira policial — A liberdade de imprensa: violências — Bom pre-
paro para as eleições — O descrédito do B r a z i l na E u r o p a — Q u a d r o
da depreciação de todos os títulos brazileiros cotados em Londres
—O systema Ruy Barbosa julgado pelo bom senso e por Paul Le-
r o y Beaulieu — O syndicato dos amigos do Sr. Ruy Barbosa — A
formação do Banco dos Estados Unidos do B r a z i l — Negócios —
O dinheiro do Estado — Manifestação á bocca do cofre feita ao
Sr. Ruy Barbosa — Ainda as violências — A classe m i l i t a r e os
jacobinos — O destina que espera o partido republicano e o exer-
cito no B r a z i l — Só Deus é grande I
Ha poucas semanas o governo dos Estados Uni-
dos mandou apresentar ao marechal Deodoro o acto
do reconhecimento da Republica Brazileira. O gover-
no americano serviu-se para esse fim dum simples
encarregado de negócios, não fazendo com a repu-
AS JINANÇAS E A ADMINISTRAÇÃO 85
blica caloira a ceremonia de l h e mandar u m envia-
do de maior categoria. Isto, porem, não impediu que
o ministro dos negócios extrangeiros do B r a z i l p r a -
ticasse a rastacuerada de i r elle próprio buscar o
encarregado de negócios para o levar á presença d o
" generalissimo „ ; coisa usada talvez em Guatemala.
e n a Bolívia, mas não em outras terras republica-
nas ; porque, mesmo em Washington, o secretario d o
estado nunca desempenha este papel de " i n t r o d u -
ctor de embaixadores „ o u de mestre de cerimonias
ainda quando se trate de enviados extraordinários ou
de embaixadores. -O encarregado de negócios, o Sr.
Lee, descendente duma illustre familia norte-ameri-
cana, embora uma das ultimas defensoras da escra-
vidão, não é de certo u m desses americanos que, p o r
incapacidade de ganhar a vida na difficil concorrên-
cia dos Estados Unidos, solicitam u m cargo diplomá-
tico que a politicagem dos amigos lhes obtém a custo.
O Sr. Lee pronunciou, porem, no seu discurso ao
marechal uma phrase monumentalmente cômica.
Os diplomatas americanos, dependentes da p o l i -
tica e nomeados por influencias eleitoraes, não repre-
sentam a elite intcllectual do seu paiz. São, em grande
parte, indivíduos que, pelo seu cargo.official, que-
rem i r ter na boa sociedade extrangeira uma posição
que a Sua educação não lhes permitte ter na boa so-
ciedade da sua terra. O encarregado de negócios no
R i o de Janeiro não pertence seguramente a essa
classe; mas a sua phrase não destoaria na boca dum
diplomata americano do typo que tanto ridicularisam
os espirituosos jornalistas yankees, os romancistas
observadores, e os divertidos salões de N e w - Y o r k ,
onde correm tão boas aneedotas sobre os diplomatas
•improvisados. O que o Sr. encarregado de negócios
disse f o i que " o Brazil acabava de assumir o S E L P
GOVERN I F-;NT ! „ O generalissimo não entendeu com
certeza as duas palavras. O marechal Deodoro con-
tentava-se até h a pouco tempo em ser valente: e a
erudição em palavras extrangeiras deixou-a sempre
SQ FASTOS DA DICTADURA NO BRAZIL
•' Cidadãos :
Danton,,
u
Eis o problema que actualmente se impõe, de
bom ou mau grado, a todos os espiritos.
a
O simples facto do apparecimento de tal ques-
tão, de por-se em duvida a existência da liberdade
de pensamento sob o regimen democrático, em uma
republica americana, é, só por si, motivo bastante
para tristes apprehensões e sérios desgostos.
"Ora, essas duvidas têm fundamento. A promul-
gação do famoso decreto-rolha, de 23 de Dezembro
de 1889, que produziu o desapparecimento da Tri-
buna Liberal e o retraimento, prudente ou medroso,
da quasi totalidade dos jornaes; a intiraação de si-
lencio ou de commedimento ao velho jornalista C.
von Koseritz; a suppressão por ameaças da parte
dos governadores, da Gazeta da Tarde, no Rio Gran-
de do Sul e do Globo, no Maranhão; a prisão do
capitão Saturnino, redactor da Democracia (2), e
(1) A pezár desta declaração da policia um dos indigitados auctore*
dos cartazes foi condemnado a um anno de pripão com trabalho, sendo
dois outros condemnados a penas menores. Pela primeira vez no Bra-
zil, depois de 1825, funccionou um tribunal militar para julgar um civil.
(2) Com a Democracia o governo provisório teve de recuar porque tra-
tava-se de officiaes do exercito. Segundo conta o editorial da Oaseta dé
Nítidas de 7 de Abril, no dia seguinte á prisão do redactor da Democra-
cia, este jornal "inseriu um artigo assignado por outro official do exer-
cito, cujo tom não era menos livre que o dos artitios mencionados, o
constou que diversos outros officiaes se tinham inscripto para continuai'
no exercido daquillo que elles consideram um direito, e que o governo
parecia considerar um delicto."
Um advogado que tomou a defeza do capitão Saturnino Cardoso, que
100 FASTOS DA DICTADURA NO BRAZIL
B a n c o C o n s t r u c t o r do B r a z i l , . . 150.000
B a n c o de Credito R e a l do B r a z i l 50.000
C a m i l l o Martins Lage, cuixeiro do Sr, Mayrink 2.000
D o m i n g o s Silverio Bittencourt, director secretario do Constructor . . 5.000
E r n e s t o Augusto Harper, contador do B. C. deli. do Brazil . . . 1.000
F r a n c i s c o de P a u l a Palhares, corretor do Sr. Mayrink 4.000
Antônio F e r r e i r a Butler, sócio do corrector Palhares 4.000
Pedro Aguinaga, cuixeiro e genro do corrector Palhares 2.000
F r a n c i s c o de F a r o Oliveira, irmão do guarda-livros do Banco de
Credito Real do Brazil - 2.000
F l o r e n c i o José de F r e i t a s Reis. dirérfor do Banco Predial . . . . 3.000
G a s p a r da S i l v a , ajudante de guarda-livros do B. de C. R. do Brazil 1.000
Dr. Honnrio Augusto Ribeiro,fiscaldo B. de C. II. do Brazil . . 1.000
José Alves F e r r e i r a Chaves, ex-director do Banco Predial . . . . 1.000
José Ricard» Augusto L e a l , mestre de obras do Banco Constructor. . 5.000
João Pinto F e r r e i r a Leite, cuixeiro do Sr. Mayrink 5.000
João José P e r e i r a Júnior, sócio do Sr. Mayrink na Estrada de Ferro
Sorocabana 5.000
Dr. João da M i t t a Miehado, director do Ranço Constructor . . . 3.500
J o a q u i m dfe Matto Faro, director do Banco Constructor 3.000
L u i z Aujrusto da S i l v a Canedo, ex-director do Banco Predial , . . 1.000
Conselheiro Lourenço de Albuquerque, chefe da emissão do Banco
dos Eitados Unidos do Brazil 1.000
L u i z de F a r o e Oliveira, guarda-livros do Banco de Credito Real do
Brasil 1.Q00
Manoel T e i x e i r a da S i l v a C o i t a , thesoureiro do Banco dos Estado*
Unidos do Brazil 1.500
Visconde de A s s i s Martins, presidente do Banco Constructor. j . . 3.000
Barão do Alto Mearim, do Banco Constructor • do Credito Real do
Brazil 10.000
Manoel F r a n c i s c o de AraUjo, porteiro do Banco dos Estados-Unidos 6 213
S 27L243
F a m i l i a do S r . M a y r i n k :
Franciscisco de Paula Miyrink 50 000
José P e r e i r a da R o c h a Paranh03 10.000
D i v e r s o s parentes 14.000
74.0O0
108 FESTOS DA DTCTXDURA NO BR»ZIL
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'inporfava uma enorme perplexidade, havendo
quasi a certeza de que nao entrou para lá u m real.
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FOLDOUT 1
(FRENTE)
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(VERSO)
AS FINANÇAS E A ADMINISTRAÇÃO 119
"Para por o remate e tornar bem evidente que se trata apenas de far-
dar um contingente de pedantocracia nacional, o regulamento confere o
t i t u l o de bacharel em sciencias aos que tiverem approvação plena em to-
do o curso geral e o t i t u l o de agrimensor aos que tiverem apenas appro-
vação" (pag. 39).
O Sr. Teixeira Mendes diz que o ministro da guerra não é capaz de
encontrar no Brazil professores capazes de realizarem o seu programma
(pag. 42) que ,é uma amálgama de concepções positivas e theorias meta-
phisicas (pag. 40).
Occupando-se do ensino da mathematica segundo o plano Benjamim
Constant, o Sr. Teixeira Mendes mostra os erros crassos que no metho-
do dessa sciencia cometteu o Sr. Benjamim Constant que os ignorantes
j u l g a m no Brazil ser um grande mathematico.
0 Sr. Teixeira Mendes na transcripção que abaixo fazemos, conser-
vando-lhe a sua.orthographia individual, desvenda a ignorância daquelle
general de brigada:
Con efeito, tratando-se da jeometria preliminar menciona-se a trigo-
nometria retilinea, como si esta já não estivesse incluída naquela deno-
minação; i abre-se un parágrafo con o t i t u l o de jeometria especial, como
si a jeometria preliminar não fosse toda ela jeometria especial. Alem disso
introduzen-se curvas cuja consideração não oferece essencial alcance Io-
jico ou scientifico. Augusto Comte conpreendera apenas as seções coni-
cas, a cissoide, a espiral de Arquimedes i a cicloide, cada uma das cuais
introdús uma apreciação carateristica nova, como se pôde ver na sua Sin-
teze subjetiva. O regulamento j u l g o u que devia anecsar a essas curvas o
estudo da conxoide i do caracol (limaçon), sen especificar a razão dessa
pedantesca emenda ao plano do Sumo Pontífice da Umanidade. Ora, cual
é a noção jeometrica ou lojica nova introduzida por essas curvas? Eis o
que não nos dis o regulamento. En conpensação, os nossos sábios peda-
gogos, tão sábios que emendão Augusto Comte, arrancão a trigonometria
esférica da jeometria preleminar i transportão-na para a astronomia.
Para que ? que racionalidade á en guardar en segredo a sulução aljebrica
^dos problemas do angulo triedro durante toda a iniciação matemática
126 FASTOS DA DICTADURA NO RRAZIL
m rivalidades de quartel. N a A m e r i c a C e n t r a l o S r .
Benjamim Constant não seria um innovador. N o B r a -
zil, porem, a sua theoria é nova. A s doutrinas têm
o seu destino. J á meio desmoralisado em Guatemala,
o militarismo politico refloresce no B r a z i l . Diz-se
naquelle paiz que o S r . B e n j a m i m Constant é u m
grande mathematico. A posteridade terá de j u r a r
nas palavras de alguns contemporâneos e amigos do
Sr. ministro que é um sábio inédito e um militar
pacifico. N o seu túmulo, primeiro posto que elle terá
de occupar gratuitamente e isoladamente sem accu-
mular com algum outro, poderão os posteros collo-
car o livro que S. E x . não escreveu e a espada que
jamais desembainliou. Sob a espada virgem um li-
vro sóem
para branco. ao começar a astronomia, depois de se ter apren-
v i r revelál-a
Restará, porem, de tanta bravura e dè tanta
dido até calculo das variações ? Para, ver-se o absurdo dessa transplan-
tarão, basta refletir que essa fórmula, alen de outras aplicações, é indis-
pensável á instituição da jeometria j e r a l (transposição dos eixos coorde-
nados na jeometria a três dimensões), i nas formulas eulerianas da ro-
tação.
No I ano de curso jeral, lê-se no I período :
o o
10
144 FAST0S DA D I C T A D U R A NO BRAZIL
Sr.
e ae Carlos
flores de l de Laêt,
i z . Em maisve-se
Vertailles uma vez mentiu
o mesmo systema-
por toda a parte. Por
cima da entrada dos senadores e do portão dos deputados estão as ar-
ticamente
mas reaes. Osápalácios sua palavra e affirmou
dos antigos a conservados
soberanos são sua intençãono seu
estado p r i m i t i v o pela Pepublica. No Brazil, a dictadura apoderou-se do
P8CO de S. Christ^ão, que em 1822 era um barracão sem valor onde D.
Pedro I e D. Pedro I I enterraram mais de dois m i l contos saidos da lis-
t a civil. Apcderou-Ee a dictadura do palácio construído pelos dois so-
beranos e não quiz deixar intactos os modestos aposentos habitados
pelo Sr. D. Pedro I I , sem duvida porque a eingela apparencia daquellas
ealas lembraria á posteridade a simplicidade de vida e o desinteresse
que tanto honram o velho imperador. A residência do fundador da i n -
dependência do B r a z i l e do Sr. D. Pedro U v a i ser, a pretexto de Museu
Nacional, transformada em deposito de bichos empalhados.
146 FASTOS DA DICTADURA NO BRAZIL
em duvida.
— " O futuro da vossa familia, accrescentou o
portador do governo, completando a sua primeira
phrase.
" Em seguida, vendo que o Sr. D . Pedro de
Alcântara hesitava ainda em acceitar o papel que
(1) O imperador não sabia com effeito que governo era o governo
installado.
A REFUBLICA BRAZILEIRA 153
tenente França;
2 Que o imperador não tomou conhecimento
o
11 de Junho de 1890
PRATICAS E THEORIAS
DA
escândalo igual.
Os partidos politicos do império, em opposição,
tinham conseguido depois de grandes luctas a incom-
patibilidade eleitoral daquellas autoridades. As mesas
eleitoraes eram compostas pelo elemento electivo, isto
é, os juizes de paz e os fiscaes nomeados pelos can-
didatos. O regulamento eleitoral emanado da dicta-
dura supprimiu todas essas garantias. As mesas elei-
toraes serão compostas, no districto de paz, sede do
municipio, pelo presidente, dois membros da inten-
dencia municipal e dois eleitores designados pelo
mesmo presidente da intendencia; — nos outros dis-
trictos de paz e suas secções, por um presidente e
quatro cidadãos nomeados pelo presidente da inten-
dencia; o presidente da intendencia é nomeado e
demittido á vontade do governador candidato (art. 13);
— a mesa funccionará em logar separado do recin-
to franqueado aos eleitores, sem nenhuma íiscalisa-
ção contra os actos que não possam ser vistos de
fora, taes como: a leitura de um nome por outro na
cédula, a maior e mais veseira fraude eleitoral que
se pode praticar (art. 47); — as cédulas serão quei-
madas logo após a apuração (art. 43); — o gover-
no não poderá mandar força para o recinto dos col-
legios eleitoraes, salvo se ella for requisitada pelo
seu preposto presidente da intendencia ou pelos pre-
sidentes das outras mesas designados pelo dito pre-
posto!!! (Art. 52) (1).
A constituição do Sr. Deodoro declara (art. 26)
inelegiveis os padres, os governadores dos estados,
(1) E m resumo, diz um articulista da Gazeta de Noticias :
"Os ministros e governadores candidatos elegem os presidentes das
intendencias, estes cora seus collega3, também pelos ministros e gover-
nadores eleitos, presidem ás mesas dos districtos, sedes dos municípios,
e designam á vontade quem presida ás outras; recebem as cédulas com
todas as formalidades de limpeza; apuram-nas como querem, sem que
alguém possa penetrar na divisão em que estão ; queimam depois as c é -
dulas e ficam nomeados membros do congresso ! „
A REPUBLICA BRAZILEIRA 165
Washington Deodoro
AVasghinton tinha sido of- O Sr. Deodoro, em 15 de
ficial dé milicias e depois co- Novembro, pertencia ao exer-
ronel de voluntários. Quando cito brazileiro e havia empe-
começou a revolução era um nhado a sua palavra de hon-
simples agricultor. Não fal- ra, palavra de soldado, para
tou aos seus juramentos. Acom- a defeza do imperador e das
panhou os seus compatriotas instituições políticas da sua
na resistência aos impostos pátria. Não recebeu comman-
inconstitucionaes votados pelo do algum confiado pelo go-
parlamento inglez, e foi eleito verno ou pelos representan-
deputado ao congresso de tes da nação brazileira. Poz-
Philadelphia (1777). Quando se á frente de algumas tro-
os representantes do povo ame- pas rebeldes, esqueceu os seus
ricano resolveram resistir pe juramentos, dispersou os re-
Ias armas, foi Washington una- presentantes da nação, des-
nimemente nomeado, pelo con- t r u i u as instituições que j u -
gresso, general em chefe do rara defender e depoz o ve-
exercito e mostrou-se sempre lho imperador, que o accu-
Washington
submisso acceitoudos
ás decisões a pre- O Sr.de
re- mulara Deodoro fez-seedi-
distincções de
sidência da republica
presentantes eleitos dosquando ctador, o primeiro
Esta- quem se dizia amigo.que o Bra-
Unidos. eleito pelos seus zil tem tido, (1) e chefe do
livremente
dos
concidadãos (1789). Não ti-único governo que naquelle
nha commando algum, nem paiz tem governado sem l e i
exercia nenhuin poder poli- alguma. V a i ser eleito pre-
tico nessa occasião; estava re- sidente em quanto exerce esta
tirado em Mount Vernon, Re- dictadura, tendo debaixo do
pelliu a dictadura e o poder seu poder absoluto os futuros
supremo da realeza, que lhe e indefesos eleitores.
offereciam e que tinha toda a
De Washington,
liberdade diz (1).
para acceitar Tho- O Sr. Deodoro reservou pa-
maz Jeffersoh: "Nenhum mo- ra si um ordenado 20 % maior
tivo de interesse, de paren- do que o povo norte-ameri-
(1) Washington'sWritings, t o m V I I ,
(1) Os vice-reis e os governadores
pag. 300; Guizot, Washington, étudedo tempo da colônia governavam
historique, pag. X L V I , na Hiat. de segundo a lei escripta. O absolu-
Washington, de Cornelis de W i t t ; tismo colonial reconhecia u m direito
"Washington I r v i n g , Life of Oeorges publico e era limitado por elle. O
Washington, tom. IV, pag. 1362; Cabotabsolutismo do Sr. Deodoro não tem
Lodge, Georges Washington, Cambridge, limite.
1889, vol. i, pag. 330.
A REPUBLICA BRAZILEIRA 169
(Segundo a dictadura,
I ) Só os jurisconaultos a soberania
da dictadura do de
eram capazes congresso
dizer este
dialate : outorgar um contrato.
terá de ser limitada p o r essa lei que a dictadura
A REPUBLICA B R A Z I L E I R A 183
FREDERICO DE S.
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OS ACONTECIMENTOS DO BRAZIL