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FONTE: JOSÉ FERRATER MORA. DICIONÁRIO DE FILOSOFIA.

TRADUZIDO DO ESPANHOL POR


ANTÓNIO JOSÉ MASSANO E MANUEL PALMEIRIM. PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE. LISBOA, 1978.

APORIA—Significa, literalmente, beco sem saída, dificuldade. Em sentido figurado, entende-se


sempre como uma proposição sem saída lógica, como uma dificuldade lógica insuperável. Também
pode identificar-se com a antinomia ou o paradoxo. Mas vamos fazer a distinção entre estes dois
termos. Usamos _antinomia principalmente no sentido kantiano, como algo que deriva da aplicação
da razão pura à realidade e especialmente às proposições cosmológicas. Usamos o termo
_paradoxo no sentido das dificuldades lógicas e semânticas, que surgem tão depressa como uma
proposição, depois de se ter afirmado a si mesma, se contradiz a si mesma. Exemplos típicos das
aporias no nosso sentido são, em contrapartida, as argumentações de Zenão de Eleia (v. pré-
socráticos) contra o movimento, especialmente a aporia de Aquiles e a tartaruga. A fórmula mais
intuitiva, embora menos precisa, desta aporia pode formular-se assim: suponhamos que Aquiles, o
mais veloz, e a tartaruga, o animal lento por excelência, partem simultaneamente para uma corrida
de velocidade na mesma direcção. Suponhamos também que aquiles corre dez vezes mais depressa
do que a tartaruga. Se no instante inicial da corrida se dá à tartaruga um metro de vantagem sobre
Aquiles, acontecerá que quando Aquiles tiver percorrido esse metro, a tartaruga terá percorrido já
um decímetro; quando Aquiles tiver percorrido esse decímetro, a tartaruga terá percorrido um
centímetro; quando Aquiles tiver percorrido esse centímetro, a tartaruga terá percorrido um
milímetro, e assim sucessivamente, de tal modo que Aquiles não poderá alcançar nunca a tartaruga,
embora se vá aproximando infinitamente dela. Um enunciado mais preciso reduziria aquiles e a
tartaruga a dois pontos que se deslocam ao longo de uma linha com uma vantagem inicial por parte
do ponto mais lento e uma velocidade superior uniforme por parte do ponto mais rápido. A
distância entre os dois pontos dados, embora se vá reduzindo progressivamente a zero, nunca
poderá atingir o zero. O propósito de Zenão de Eleia consistia em defender a doutrina de
Parménides, que exigia a negação do movimento real e a afirmação de que todo o movimento é
ilusório. Embora de facto, Aquiles alcance a tartaruga, esse facto é, para Zenão, fenoménico e,
portanto, não conclui nada contra a aporia. Bertrand Russel tentou outra refutação. Segundo
Russel, tanto a série de momentos temporais como a série de pontos da linha são contínuos
matemáticos e não há, por conseguinte, momentos consecutivos ou, melhor dizendo, não há
terceiros momentos que se vão interpondo até ao infinito entre dois momentos dados. De um
ponto de vista estritamente filosófico, Aristóteles aduziu a distinção entre o infinito em potência e o
infinito em acto. Potencialmente, a linha ou segmento de tempo são infinitamente divisíveis;
actualmente, em contrapartida, são indivisíveis, isto é, podem ser _actuados. A refutação tentada
por Bergson, em contrapartida, funda-se em sustentar que Zenão espacializou o tempo. Se o tempo
fosse redutível ao espaço, a aporia seria insolúvel. Mas se considerarmos o tempo como uma
fluência indivisível que, em princípio, não se pode decompor em momentos concebidos por
analogia com os tempos espaciais, Aquiles poderá alcançar a tartaruga. Segundo Bergson, toda a
dificuldade consiste em ter aplicado ao tempo e ao movimento os conceitos de ser e de coisa, em
vez de lhes aplicar os conceitos de fluência de acto.
DIALÉCTICA—O termo “dialéctica” e mais propriamente a expressão “a dialéctica”, teve estreita
relação com o vocábulo _diálogo; “a dialéctica” pode definir-se, primeiramente, com “arte do
diálogo”. Tal como no diálogo, na dialéctica há também duas razões ou _posições entre as quais se
estabelece precisamente um diálogo. Num sentido mais _técnico, entendeu-se a dialéctica como
um tipo de argumentação semelhante ao argumento chamado “redução ao absurdo” mas não
idêntico ao mesmo. Neste caso, continua a haver na dialéctica um confronto, mas não tem lugar
necessariamente entre dois interlocutores, mas, por assim dizer, “dentro do mesmo argumento”.
Neste sentido mais preciso, a “arte dialéctica” foi usada por Parménides para provar que, como
consequência de “o que é é” e “o que não é não é” enquanto é não muda, pois se mudasse
converter-se-ia em _outro, mas não há outro, excepto “o que é”. Este tipo de argumentação consiste
em supor o que aconteceria se uma dada proposição, afirmada verdadeira, fosse negada.
Encontramos em Platão duas formas de dialéctica. Observou-se muitas vezes que enquanto em
certos diálogos (FEDON, FEDRO, REP BLICA) Platão apresenta a dialéctica como um método de
ascensão do sensível para o inteligível em alguns dos chamados últimos diálogos (como o
Parménides e em particular o Sofista e o Filebo) apresentaa como um método de dedução racional
das formas. Como método de ascensão para o inteligível, a dialéctica vale-se de operações tais
como a divisão e a composição, as quais não são distintas, mas dois aspectos da mesma operação. A
dialéctica permite então passar da multiplicidade para a unidade e mostrar esta como fundamento
daquela. Como método de dedução racional, a dialéctica permite descriminar as ordens entre si e
não confundi-las. mas persiste o problema de como relacioná-los. A questão é como a dialéctica
torna possível uma ciência dos princípios fundada na ideia da unidade. Uma das soluções mais
óbvias consiste em estabelecer uma hierarquia de ordens e de princípios. Em todo o caso, a
dialéctica nunca é, em Platão, nem uma mera disputa, nem um sistema de raciocínio formal.
Aristóteles contrasta a dialéctica com a demonstração, pelas mesmas razões pelas quais contrasta a
indução com o silogismo. A dialéctica é, para Aristóteles, uma forma não demonstrativa de
conhecimento: é uma _aparência de filosofia, mas não a própria filosofia. Daí que tenda a
considerar no mesmo nível disputa, probabilidade e dialéctica. A dialéctica é disputa e não ciência;
probabilidade e não certeza; indução e não propriamente demonstração. E até acontece que a
dialéctica é tomada por Aristóteles num sentido pejorativo, não só como um saber do meramente
provável, mas também como um _saber (que é, certamente, um pseudo-saber) do aparente
domado como real. O sentido positivo da dialéctica ressurgiu, em contrapartida, com o
neoplatonismo, que a considerou o modo de ascensão para as realidades superiores, para o mundo
inteligível. Também entre os estóicos a dialéctica era um modo positivo de conhecimento. Na idade
média, a dialéctica forma com a gramática e a retórica o trivium das artes liberais. Como tal, era
uma das artes que referem ao método e não à realidade. Por outro lado, constituiu uma das partes
da lógica que se propõe elaborar a demonstração probatória. Finalmente, constituiu o modo
próprio de acesso intelectual ao que podia ser conhecido do reino das coisas críveis. No
renascimento, rejeitou-se muitas vezes a dialéctica, que representou um mero conteúdo formal da
lógica aristotélica. O sentido pejorativo da dialéctica foi comum no século dezoito. Assim, Kant
considerou a lógica geral com uma “lógica da aparência, isto é, dialéctica”, pois “nada ensina sobre
o conteúdo do conhecimento e só se limita a expor as condições formais da conformidade do
conhecimento com o entendimento”. A crítica da aparência dialéctica constitui a segunda parte da
lógica transcendental, isto é, a dialéctica transcendental, tal que, segundo Kant, não como arte de
suscitar dogmaticamente esta aparência, mas como crítica do entendimento da razão no seu uso
hipercrítico”. Daí que a dialéctica transcendental seja a crítica deste género de aparências que não
procedem da lógica nem da experiência, mas da razão enquanto pretende ultrapassar os limites
impostos pela possibilidade da experiência—limites traçados na ESTÉTICA TRANSCENDENTAL—e
aspira a conhecer por si só e segundo os seus próprios princípios, o mundo, a alma e Deus. É muito
importante o papel desempenhado pela dialéctica no sistema de Hegel. Contudo, são consideráveis
as dificuldades para compreender o significado preciso da dialéctica neste filósofo. Com efeito,
dialéctica significa, em Hegel, para já, um momento negativo de qualquer realidade. Dir-se-á que,
por ser realidade total de carácter dialéctico—em virtude da prévia identidade entre a realidade e a
razão, identidade que faz do método dialéctico a própria forma em que a realidade se desenvolve --,
esse carácter afecta o mais positivo dela. E se tivermos em conta a omnipresença dos momentos da
tese, da antítese e da síntese, em todo o sistema de Hegel, e o facto de que só pelo processo
dialéctico do ser e do pensar o concreto pode ser absorvido pela razão, inclinar-nos-emos a
considerar a dialéctica sob uma significação univocamente positiva. Note-se, não obstante, que o
dialéctico sublinha, perante o abstracto, o carácter deste enquanto realidade morta e esvaziada da
sua própria substância. Para que assim aconteça, o real precisa de aparecer sob um aspecto em que
se negue a si mesmo. Este aspecto é precisamente o dialéctico. Daí que a dialéctica não seja a
forma de toda a realidade, mas aquilo que lhe permite alcançar o carácter verdadeiramente
positivo. Isto foi afirmado muito claramente por Hegel: “o lógico—escreveu ele—tem na sua forma
três aspectos: a) o abstracto ou intelectual; b) o dialéctico ou negativo-racional; c) o especulativo
positivo-racional”. O mais importante é que “ estes três aspectos não constituem três partes da
lógica, mas são momentos de todo o lógico-real” (ENCICLOPÉDIA). Assim, aquilo que tem realidade
dialéctica é aquilo que tem a possibilidade de não ser abstracto. Em suma, a dialéctica é aquilo que
torna possível o desenvolvimento e, por conseguinte a maturação e realização da realidade. Só
neste sentido se pode dizer que, para Hegel, a realidade é dialéctica. Portanto, é a “realidade
realizada” que interessa a Hegel e não apenas o movimento dialéctico que o realiza. Na base da
dialéctica de Hegel há uma ontologia do real, e, além disso, essa ontologia baseia-se numa vontade
de salvação da própria realidade no que tenha de positivo-racional. Não menos central é o papel
desempenhado pela dialéctica em Marx. Contudo, esta dialéctica não se apresenta já como uma
sucessão de momentos especulativos, mas como o resultado de uma descrição _empírica do real.
Portanto, a dialéctica marxista—que foi elaborada mais por Engels que por Marx—não se refere ao
processo da _ideia, mas à “própria realidade”. O uso da dialéctica permite compreender o
fenómeno das mudanças historicamente (materialismo histórico) e das mudanças naturais
(materialismo dialéctico). Todas estas mudanças se regem pelas “três grandes leis dialécticas”. A lei
da negação da negação, a lei da passagem da quantidade à qualidade, e a lei da coincidência dos
opostos. As leis da dialéctica citadas representam uma verdadeira modificação das leis lógicas
formais e, portanto, os princípios de identidade, de contradição e de terceiro excluído não regem na
lógica dialéctica. Por isso a lógica formal (não dialéctica) foi inteiramente rejeitada ou considerada
como uma lógica inferior , aponta só para descrever a realidade na sua fase estável. Nas últimas
décadas, houve por parte dos filósofos marxistas oficiais certas mudanças nas suas concepções da
dialéctica. Houve um reconhecimento cada vez maior da importância da lógica formal (não
dialéctica). Como resultado disso, o conceito de dialéctica na filosofia marxista ficou ainda mais
obscurecido do que é habitual. Não pode afirmar-se, com efeito, se a dialéctica é um nome para a
filosofia geral, que inclui a lógica formal como uma das suas partes, ou se é um reflexo da realidade,
ou se é simplesmente um método para a compreensão desta.

LÓGICA—Vamos falar da lógica de um modo geral, expondo as diversas concepções definidas acerca
da sua tarefa própria; este esboço histórico concluirá com uma discussão sistemática sobre o
problema da natureza da lógica. São necessárias duas advertências: 1) Incluem-se na lógica certos
tipos de pensamento, com a lógica dialéctica, lógica histórica, lógica concreta, etc, que muitos
autores não consideram pertencer à lógica estrita. 2) Alguns autores distinguem entre lógica e
logística como se designassem dois tipos completamente diferentes de lógica. O termo _lógica
designa, para nós, um conjunto muito amplo de investigações que compreende igualmente a lógica
tradicional e a lógica nova ou logística. HIST RIA DA L GICA: Segundo alguns autores, a história da
lógica apresenta três períodos de grande desenvolvimento: de Aristóteles ao estoicismo; na idade
média nos séculos doze, treze, catorze e parte do século quinze; a época contemporânea. Apesar de
haver na tradição grega consideráveis elementos há que chegar a Aristóteles para que estes se
harmonizem e alcancem plena maturidade. Além de um doutrina silogística muito completa e de
vários trabalhos de lógica indutiva, encontramos em Aristóteles várias teorias metodológicas, ou a
discussão a fundo dos chamados princípios lógicas e outras análises de noções lógicas fundamentais
como a de oposição e a dos predicáveis.... Durante muito tempo, pensou-se inclusive que a lógica
aristotélica era simplesmente a lógica. Aristóteles oscilou entre duas ideias acerca da índole da
lógica. Por um lado, concebeu-a como introdução a qualquer investigação científica, filosófica ou
pertencente à linguagem vulgar; por isso a lógica não é uma parte da filosofia mas, em suma, um
átrio de entrada para a filosofia. Por outro lado, a lógica aparece como a análise dos princípios
segundo os quais a realidade se encontra articulada; em alguns casos, a lógica de Aristóteles parece
seguir o traçado de uma ontologia. A lógica dos estóicos é principalmente uma lógica das
proposições. Da lógica formal aristotélica passou-se, por diversas gradações, para uma lógica
formalista; certos raciocínios que, em Aristóteles, aparecem como silogísticos são entendidos pelos
estóicos como regras de inferência válidas. Mesmo quando, em muitos casos, os estóicos
conceberam a lógica como aquela parte da filosofia destinada a apoiar a solidez dos seus ideais
éticos, a lógica constituiu um dos campos onde surgiram contributos mais originais.. Os estóicos
esclareceram também questões semânticas a que nos referiremos no artigo _paradoxos. A partir do
século doze e até ao século quinze, deu-se um novo florescimento da lógica, e o inventário dos
contributos desta época à lógica está ainda em formação. Deve destacar-se que a lógica medieval
propõe novos campos de estudo. sobre os termos sincategoremáticos, sobre as propriedades dos
termos, sobre os insolúveis, sobre a obrigação e sobre as consequências. Devem juntar-se-lhe os
inúmeros estudos de filosofia da linguagem especialmente através da gramática especulativa :...
Quanto á ideia da lógica defendida pelos escolásticos medievais, muitos concordam em que a lógica
é uma “ciência de julgar correctamente”, mas dividiram-se na interpretação desta opinião: uns
entenderam-na como designando um processo que conduz ao conhecimento verdadeiro; outros,
como um processo que permite obter raciocínios correctos ou formalmente válidos. Esta segunda
interpretação acentua o formalismo... Muitos filósofos modernos interessaram-se menos pela lógica
do que pelo estudo dos métodos da ciência natural. De qualquer modo, fizeram-se esforços para
desenvolver a lógica como um cálculo e houve também tentativas para constituir uma lógica
estreitamente ligada à epistemologia. A figura principal da primeira das citadas tentativas é Leibniz.
Este limitou-se não só a assentar as bases de uma “característica universal”, mas também a tocar
muitos dos pontos desenvolvidos pela posterior lógica simbólica, mas o carácter fragmentário da
sua obra e as suas finalidades filosóficas gerais impediram-no de levar a cabo um a trabalho
completo em qualquer das muitas vias encetadas. Além do mais, a ideia da formalização da lógica
estava estreitamente ligada, em Leibniz, à ideia de que os princípios lógicos são simultaneamente
princípios ontológicos. Em Kant, a lógica parece assumir um aspecto formal igualmente afastado da
ontologia e da psicologia. É Kant quem procura estabelecer uma lógica ao mesmo tempo
determinada pela epistemologia e fundamento da epistemologia. Com o fim de dar maior
informação sobre as tendências lógicas na última metade do século dezanove e a parte decorrida
deste século, dever-se-ia ampliar o quadro até limites que a presente obra não consente. Limitar-
nos-emos a uma rápida enumeração das mesmas. 1) A lógica empírica ou da indução supõe que os
objectos de que trata são o resultado de generalizações empíricas efectuadas sobre o real por meio
de uma abstracção. Esta lógica converte-se cada vez mais numa metodologia do conhecimento
científico. O seu representante mais característico é John Stuart Mill. 2) Para a corrente psicologista,
os princípios lógicos são pensamentos e a lógica revela-nos a estrutura objectiva dos mesmos. 3) A
corrente normativista propõe que a lógica responda à seguinte pergunta: “como devemos pensar
para que o nosso pensamento seja correcto?” 4) A lógica metodológica cultiva de preferência os
problemas centrados em torno do modo do raciocínio científico. 5) A lógica gnoseológica afirma que
a lógica não é senão uma teoria do conhecimento. Não podem apresentar-se normas que não
signifiquem algo; e como o significado é o conhecimento, resulta que as formas da lógica são formas
do conhecimento.. 6) A lógica metafísica entende que o correlato das operações lógicas é uma
realidade metafísica ou considerada como tal. O grande exemplo deste tipo de lógica é a lógica
dialéctica de Hegel. 7) A lógica fenomenológica defende que o objecto da lógica é o objecto ideal,
que não se pode reduzir nem a uma forma inteiramente vazia nem tão pouco a uma essência de
índole metafísica. O objecto ideal é o objecto pensado, isto é, o conteúdo intencional do
pensamento. O representante mais conhecido da corrente é Husserl. 8) A lógica novo ou logística é
a corrente que vai adquirindo o primado sobre todas as outras. Introduziu uma profunda revolução
fundando a matemática na lógica e contribuindo com análises fundamentais sobre a designação e a
e a significação; introduziu a importante distinção entre a menção e o uso dos signos; propôs uma
nova definição do número, etc. Os PRINCIPIA MATEMáTICA de Whitehead e Russell constituem um
dos grandes marcos na história da logística moderna, porque constituíram uma nova
fundamentação da matemática. Seria impossível ao menos o resumo das diferentes lógicas que
desde então surgiram. Cabe, contudo, destacar que os trabalhos de logística suscitaram muitas
vezes questões de carácter geral filosófico, e assim se deu um novo sentido às questões ontológicas.
NATUREZA DA L GICA: Como qualquer ciência, a lógica apresenta-se sob a forma de uma linguagem.
Esta linguagem é, como a de todas as ciências, de tipo cognoscitivo. Além disso, como qualquer
linguagem, a da lógica tem um determinado vocabulário. Ora, enquanto o vocabulário da ciência
compreende as expressões que se referem a factos e expressões que não se referem a factos, o
vocabulário da lógica abrange só estas últimas expressões. A lógica tem como objecto os termos do
vocabulário lógico, os quais se organizam em determinadas estruturas. Quando as estruturas são
verdadeiras obtêm-se verdades lógicas. Por isso se diz que o enunciado é logicamente verdadeiro
quando o é unicamente devido à sua estrutura ou à sua forma. na lógica usual, há não só termos
lógicos, estruturas lógicas e verdades lógicas, mas também enunciados acerca deles. Estes
enunciados fazem parte de uma disciplina: a metalógica. Tanto a lógica como a metalógica são
disciplinas formais e têm carácter dedutivo. Aquilo a que se chamou por lógica indutiva usa também
a dedução como método. De qualquer modo, pode distinguir-se entre ambas sempre que se
entenda que se fala mais de grupos de problemas do que de certas formas de operação lógica.
Outra questão consiste em saber se as linguagens lógicas são informativas. Alguns autores
declararam que a lógica é integralmente composta por enunciados tautológicos e que o seu carácter
de completa certeza se deve certamente à _vacuidade desses enunciados.

ANALOGIA—É, em termos gerais, a correlação entre os termos de dois ou mais sistemas ou ordens,
isto é, a existência de uma relação entre cada um dos termos de um sistema e cada um dos termos
do outro. A analogia equivale então à proporção. Falou-se também de analogia como semelhança
de uma coisa com outra, da similitude de uns caracteres ou funções com outros. Neste último caso,
a analogia consiste na expressão de uma correspondência, semelhança ou correlação. Precisamente
em virtude das dificuldades que este último tipo de analogia oferece, houve frequentemente a
tendência para sublinhar a exclusiva referência da analogia às relações entre termos, isto é, à
expressão de uma similaridade de relações. Platão apresentou a ideia de analogia em A República;
também no Timeu, ao comparar o Bem com o Sol, e ao indicar que o primeiro desempenha no
mundo inteligível o mesmo papel que o último desempenha no mundo sensível. Esta analogia é
reforçada com a relação estabelecida por Platão entre o Bem e o Sol, que é, a seu ver, comparável à
que existe entre um pai e o filho, pois o Bem gerou o Sol à sua semelhança. Alguns pensadores
posteriores adoptaram e desenvolveram estas concepções de Platão, entre outros Plotino.
Aristóteles aplicou a doutrina de “a igualdade de razão” aos problemas ontológicos por meio
daquilo a que se chamou “a analogia do ente” (v. à frente). O ser (v.), afirmou Aristóteles, “diz-se de
muitas maneiras”, embora se diga primeiramente de uma maneira: como substância (v.). Os
Escolásticos aceitaram e elaboraram a doutrina aristotélica. Muitos deles, ao referirem-se aos
nomes ou termos, distinguiram entre um modo de falar _unívoco, um modo de falar _equívoco e
um modo de falar _análogo. O termo ou nome comum, que se predica de vários seres ditos
inferiores, é _unívoco, quando se aplica a todos eles num sentido totalmente semelhante ou
perfeitamente idêntico. É _equívoco, quando se aplica a todos e a cada um dos termos em sentido
completamente distinto (por exemplo,_touro, como animal ou constelação). É _análogo, quando se
aplica aos termos comuns em sentido não inteiro e perfeitamente idêntico ou, melhor ainda, em
sentido distinto, mas semelhante de um ponto de vista determinado de uma determinada e certa
proposição (como “esperto” aplicado a um ser que não dorme e a um ser que tem uma inteligência
viva). O termo análogo é o que significa uma forma ou propriedade que está intrinsecamente num
dos termos (o analogado principal), estando, em contrapartida, nos outros termos analogados
secundários), por certa ordenação à forma principal. Partindo desta base, pode dizer-se também
que a analogia é _extrínseca (como o mostra o exemplo “são”) ou _intrínseca (como o mostra o
exemplo de “ser”, que convém a todos os incriados ou criados, substanciais ou acidentais). Neste
último caso, a analogia também se diz _Metafísica. Embora quase sempre se tenha concordado em
que o ente análogo constitui o objecto mais próprio da Filosofia Primeira, compreendendo também
os entes de razão e ainda qualquer privação do ente enquanto inteligível, formaram-se
principalmente três escolas . Enquanto a escola de Suárez indicava que o ente é formalmente
transcendente e que deve entender-se a analogia no sentido de analogia metafísica de atribuição, a
escola de Escoto propendia para defender a univocidade do ente, o qual se limita às noções
inferiores mediante diferenças intrínsecas. E a escola Tomista, que advogava uma analogia de
proporcionalidade. Com efeito, dos três modos de analogia a que, segundo a escola Tomista, podem
reduzir-se todos os termos análogos—analogia de igualdade, analogia de atribuição e analogia de
proporcionalidade, mencionados por Aristóteles, embora com terminologia diferente --, só o último
constitui, a seu ver, a analogia. Em geral, pode dizer-se que, para o Tomismo, compete a todos os
seres existir numa relação semelhante de um modo intrinsecamente diverso, pois, sem dúvida, o
ser nunca é um género que se determine por diferenças extrínsecas, mas ao mesmo tempo sustenta
uma analogia de atribuição entre o Criador e os seres criados, e entre a substância e os acidentes,
pois o ser dos últimos depende do dos primeiros. Em todo o caso, a noção analógica do ser
pretende resolver o problema capital da Teologia escolástica: o da relação entre Deus e as criaturas,
portanto, embora na ordem do ser Deus exceda tudo o que é criado, como causa suficiente dos
entes criados, e de todo o ser, contém actualmente todas as suas perfeições. A tendência geral da
filosofia moderna consistiu quase sempre em se referir à analogia ou então no sentido de uma
similaridade de relações nos termos abstractos ou então no sentido de uma semelhança nas coisas,
dando portanto neste último caso à analogia um sentido claramente metafórico A referência
propriamente metafísica ficou deste modo eliminada. Especialmente nas correntes fenomenistas e
funcionalistas que abandonaram formalmente a noção de substância.

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