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Aula 3 (02-10-2014):
Um Ponto de Partida
A sua actualidade – 2006, Royal Institution, “The greatest mind to have changed
our minds”:
Beck – terapia cognitiva
Eysenck – enquadramento científico da psicoterapia
Freud – psicanálise
Jaspers – filósofo e moralista alemão, legado para a psicopatologia e para a
psicologia
O seu legado:
A “visão do mundo” – um argumento conceptual (Homem vs. Técnica +
Saúde vs. Doença)
A obra – um fundamento psicopatológico
A pessoa – um fundamento ético (psicologia e clarificação existencial)
(Karl Jaspers)
“Pela primeira vez, eu vi o mar. E não pensei. Não pensei: “a Infinitude”. Mas,
desde então, o mar é para mim a origem mais auto-evidente da vida.
Nomeadamente, a presença da infinitude. As próprias ondas, infinitas. Não há duas
ondas iguais. Tudo está sempre em movimento. Nada é permanente, não obstante a
infinita firmeza da sua substância. Ver o oceano foi, desde esse momento, a coisa
mais maravilhosa que se pode ver no mundo natural. Porque o mar está sempre em
mu-dança, na grandeza da sua Infinitude. Como um espelho da vida e da filosofia.
Tudo é constante, numa ordem maravilhosa, segura e estável, indispensável. Mas há
algo mais: a Infinitude do mar. Isto faz-nos livres.”.
(Karl Jaspers)
Um ponto de chegada:
Cada época histórica tem uma forma de viver. Mas ao longo do tempo há
uma continuidade de assuntos que foram abordados de maneira diferente, devido à
nossa espácio-temporalidade, à nossa maneira de ver as coisas.
Perguntas e respostas:
“Se o nariz de Cleópatra tivesse sido mais pequeno, o mundo teria sido com-
pletamente diferente.” (René Pascal, Pensées, XVII)
“De que modo a tecnologia revelou novos domínios de ignorância e
outorgou aos nossos tempos o direito de serem uma época de descoberta
negativa?” (Daniel Boorstin, O Nariz de Cleópatra, 1994)
“Hoje, somos anões empoleirados às cavalitas de gigantes.” (Daniel Boors-tin,
O Nariz de Cleópatra, 1994)
Enquadramento histórico-conceptual:
O conceito de Alma foi muito debatido ao longo dos tempos, chegando a ter
inúmeros significados.
Aula 5 (16-10-2014):
Conclui que, uma vez que não se criou a si próprio, pode duvidar de Deus
mas não o pode eliminar. Como resolver a dúvida? Definindo-a. A Razão permite,
então, saber, sem margem de dúvida, que o Homem existe, enquanto pensa, e não
enquanto sente – “penso, logo, existo”. Assim, porque pensa e enquanto pensa, o
Homem não tem dúvidas de que existe. Desta forma, apercebe-se que, criado à i-
magem e semelhança de Deus, uma vez que pensa, Deus existe. Quando se fala de
conhecimento verdadeiro, todo o Homem pensa da mesma maneira, pois usando as
mesmas regras, chega-se às mesmas conclusões.
A Razão só pode ser luz se o que iluminar passar a ter valor com a luz da
Razão, ou seja, o que dá luz à Razão é o facto de poder iluminar. Se o cogito já e-
xistia e a grande descoberta do Iluminismo é a Razão, então Kant descobriu a sensi-
bilidade.
Resumo:
Aula 6 (23-10-2014):
Ser-em-situação:
Pessoa = Ser-em-Situação
A pessoa é um ser no espaço e no tempo com consciência de si, que
estabelece um compromisso existencial que pode derivar do Dever ou “Destino” em
li-berdade.
Por exemplo, o que é a boa acção? É a que eu pratico porque está nas “re-
gras sociais” ou é a que faço pelo meu dever para com o ser humano, pela natureza
da minha acção, pelas “regras morais”?
Aula 7 (06-11-2014):
Ideias gerais dos textos:
Texto 1 – Hoje, o ser humano parece animado de uma coragem nova: a coragem da
verdade. Talvez por isso, nunca como hoje, o Homem é um problema para Si
Mesmo. Hoje, para além dos círculos filosóficos, também os biólogos, assim como
os médicos, os psicólogos e os sociólogos se esforçam e empenham na constituição
de uma nova representação da estrutura essencial do ser humano.
Texto 2 – Nessa procura pela verdade, a consciência é trazida à relação com “algo”
que é diferente dela-mesma. A dúvida/pergunta emerge, portanto, na consciência
cuja natureza é a afirmação de um contrário e é produzida pela tríade que a torna
possível.
Texto 3 – Cada situação com que nos deparamos no dia-a-dia constitui uma
exigência em relação a nós-mesmos e confronta-nos com uma pergunta a que
damos resposta através do modo como agimos nessa mesma situação concreta.
Uma exigência de significado e sentido último. Nenhum outro animal, ou seja,
somente o ser humano tem o dom dessa pergunta. Há 3 caminhos que nos
permitem construir significado e dar sentido à vida: o afecto, o trabalho e a
transformação/superação de nós-mesmos (dar o melhor de nós).
Aula 8 (13-11-2014):
Cérebro, Mente e Consciência
Despertar:
“De que é feita a consciência?
Parece-me que terá de ser a mente com algumas peculiaridades, visto que
não podemos estar conscientes sem uma mente da qual podemos estar
cons-cientes.
Mas de que é feita a mente?
Virá do ar ou do corpo?
As pessoas inteligentes dizem que vem do cérebro, que se encontra no
cérebro, mas a resposta não é satisfatória.
Como é que o cérebro faz a mente?”
(Damásio, 2010: 21)
A mente vai para além do cérebro, já que, sem um "eu", a mente permanece
inconsciente. Precisa de adquirir a subjetividade, e um traço que a define é o
sentimento que percorre as imagens que experimentamos de forma subjetiva.
António Damásio vem tematizar que as respostas mais concretas e mais se-
guras para tomar decisões têm uma base emocional muito forte. A aprendizagem
emocional faz parte do dia-a-dia, é um conhecimento que não se encontra nos li-
vros, está dentro de nós e pode chegar a ser confundido com conhecimentos inatos.
Ocorre, assim, uma mudança de paradigma – deixámos de nos reger pelo dualismo
cartesiano, que separava o corpo da alma.
Possuímos marcadores somáticos, que não são mais do que marcas que fi-
cam através da nossa experiência. São sentimentos (experiência) de conhecimento,
o conhecimento pressupõe os sentimentos. Ao sentirmos o que sentimos,
aprendemos, pensamos; os sentimentos são fruto da nossa experiência, e o sentir
ajuda a pensar. As nossas experiências são como marcadores de um livro, marcam
os momentos mais importantes; são bases evidentes e seguras para tomar decisões.
Isto representam a ultrapassagem definitiva do dualismo cartesiano. Não
pensamos se não sentirmos. Mais ainda, pensamos e intelectualizamos melhor em
função do que sentimos e como sentimos.
As bases do eu:
A subjectividade:
Aspectos nucleares:
Do ponto de vista formal, a consciência não pode ser definida. Surge então
uma questão/aspecto central que a consciência levanta: qual a diferença entre
consciente e inconsciente (o que acontece no cérebro como diferenciador entre
consciente e inconsciente?). Qualquer explicação científica deve reconhecer e
integrar o pressuposto de que a característica quintessencial (característica mais
preciosa) da consciência é a subjectividade (de natureza qualitativa). Apesar de a
imagiologia nos permitir identificar o local do cérebro onde se manifestam os
estímulos e quan-tificar a intensidade com que ocorrem, o que despoleta a
consciência é qualitativo e subjectivo.
Assumpções finais:
Coerência cerebral
Consciência = produto de uma infinidade de conexões e combinações das
experiências de vida, que são experiências únicas/sentidas no singular
Fisiologia (ser vivo/corpo) + Imagiologia (ser Humano/Eu/experiência de Si)
Aula 9 (20-11-2014):
Ideias fundamentais dos textos:
Identidade Reflexiva
Hermenêutica do Si:
3 Intenções:
Primado da mediação reflexiva – Eu vs. Si
Dialética do Si – mesmidade (Eu, base biológica e material da pessoa, a di-
mensão da permanência no tempo, que me assegura a continuidade neste
tempo, dimensão corpórea, enquanto corpo vivido) / ipseidade (Si, eu
transformo-me sem deixar de ser quem sou, há um outro de mim mesmo
que se pressupõe neste amadurecimento, dimensão da transformação)
Dialética do Si e do diverso de Si – ipseidade / alteridade (o Outro/Alter E-
go, fora de nós, o que está para além de nós mas que nos influencia, inclu-
indo quem eu era anteriormente)
Dialética do Si:
Aula 10 (27-11-2014):
Dimensão narrativa da identidade:
Atestação:
Acção
Testemunho
Reconhecimento
Aula 11 (04-12-2014):
A identidade é um percurso de construção pessoal: “Ser intencional por ex-
celência, o homem constrói-se – mais do que é construído”, “As relações pessoais
(interpessoais) significativas, ditas «relações de objecto» - na sua essência, relações
intersubjectivas – são a base e o veículo da construção identificativa que nos forma
e, a todo o tempo, transforma.”, “O meio, sobretudo o ambiente afectivo-humano e
sociocultural, modela-nos e, até certo ponto, pode transformar-nos.” A identidade é
“(…) o produto, mais ou menos estável, de uma ou várias operações – as tarefas
indentificatórias”.
(Coimbra de Matos, 2002)
Com isto, Coimbra de Mato tenta dizer que a nossa identidade somos nós
que a construímos, ainda que sejas influenciados e influenciemos os outros.
Identificação-construção de identidade:
Intersubjectividade e Empatia
Requisitos:
Acção (escolha) – Responsabilidade (responder pelo sentido das escolhas)
vs. Culpa (desresponsabilizante)
(Dar) testemunho (dizer/ensinar/educar/exemplificar através da acção) –
Acção vs. Força (coagir/manipular)
Reconhecimento (o Tu é um Eu) – Reciprocidade (o Tu emerge do encontro
entre dois Eus)
(2) Inter-relacional – Eu/Mundo (sujeitos que experienciam o Mundo: são uma par-
te do Mundo)
Níveis de intersubjectividade:
Espelhamento – envolvimento/compromisso cara-a-cara, imitação automáti-
ca
Intersubjectividade primária – trocas diádicas recíprocas, co-regulação
emocional
Intersubjectividade secundária – trocas triádicas acerca das coisas,
comunicação e experiência intencionais
Intersubjectividade terciária – trocas triádicas acerca do valor das coisas,
projecção e identificação do Self para os outros
Nível ético – decisão acerca do valor das coisas, “negociação” do valor das
coisas com os outros, narrativa
Empatia:
Quando se fala de empatia, quer dizer que possuímos uma base empática
que nos permite jogar com isso, ou seja, compreendemo-nos a partir do
testemunho dos outros e da identificação com as situações dos outros. Por outras
palavras, pomo-nos no lugar do outro.
A compreensão empática, por outro lado, é o olhar do outro sobre nós, ou
nós a olhar para o outro, no seu sofrimento, na sua experiência, em que
conseguimos acompanhar o outro sem sair da sua experiência, mas sem deixar de
sermos nós próprios (não nos colocamos literalmente no lugar do outro). Vamos
amadurecendo e apercebendo-nos melhor acerca de nós próprios e do outro. Não
nos descentramos do foco, mesmo que partilhemos a nossa própria experiência e
por muito semelhantes que ambas sejam. Esta questão pressupõe um olhar
diferente e consiste em saber preservá-lo em situações/experiências semelhantes, ou
seja, não desviamos o foco do outro para nós.
Aula 12 (11-12-2014):
A empatia envolve simultaneamente um processo cognitivo (abertura e
compreensão que se pressupõe que tenhamos à experiência do outro) e um
processo afectivo. Envolve a representação dos estados de espírito de outra pessoa
– esses estados de espírito são activados, mas não directamente acessíveis, através
da percepção do “observador”. Mantendo um sentido claro da diferenciação Eu-
Outro, o “observador” reconstrói/ajuda a reconstruir as experiências de outra
pessoa.
Pressupostos:
Mediação reflexiva, ou seja, o processo que permite reconstruir a experiência
subjectiva do outro
Similaridade e diferenciação
Compromisso intersubjectivo
Diferentes orientações:
Auto-orientação para o Outro – construir como é, para mim, estar na tua situação
(a pessoa representa-se a si mesma na situação do outro)
Diferenciação Eu-Outro:
A pessoa mantém uma consciência clara de si-mesma e da sua própria
experiência da sua representação do Outro e das experiências do Outro – bi-
direccional. Também mantêm uma consciência clara de que o Outro é uma pessoa
distinta, ou seja, tem os seus próprios pensamentos, experiências e características –
únicos.
A Ética e o Cuidado de Si
A ipseidade não existe sem o alter-ego, o que está tudo ligado mas que re-
mete para a tomada de consciência. Já implica, nesta vivência, os outros e a minha
transformação (a outra de mim mesma).
Eu – Ego – Self:
Eu privado:
Auto-regulação autónoma (obtém de dentro o seu sentido de coerência e
continuidade do Eu)
Sistema selectivo homeostático que mantém a sua continuidade
Consciência de si-mesmo
Foco privado – autónomo
Eu social:
Intersubjectividade dependente (vulnerável na sua dependência da
apreciação dos outros, que tanto podem apoiar como romper o sentido de
coerência e continuidade do Eu)
Sistema intersubjectivo
Consciência do Outro
Foco social ou intersubjectivo – dependente (da completude do Eu no
Outro)
“Fechando-se a si mesma aos outros, uma pessoa fecha-se, inadvertidamente,
a si mesma de si mesma”.
Sabedoria práxica
A Comunicação
Palavra/discurso/comunicação:
A palavra humana é sempre acção. Por isso, o discurso é atestação de Si, a
sua autenticidade é uma responsabilidade individual.
A improbabilidade da comunicação:
(1) “É improvável que alguém compreenda o que o outro quer dizer tendo em con-
ta o isolamento e a individualização da sua consciência. O sentido só se pode enten-
der em função do contexto, e para cada um o contexto é, basicamente, o que a sua
memória lhe faculta”.
(3) É improvável obter o resultado desejado, ou seja, que o receptor adopte a infor-
mação como premissa do seu próprio comportamento. “Nem sequer o facto de que
uma comunicação tenha sido entendida garante que tenha sido também aceite”.
O(s) Afecto(s)
“A prova da realidade vivida diz-me que penso porque existo e existo porque
fui amado; sem isso, não seria reconhecido”.
(Coimbra de Matos, 2002)
“Os bebés de hoje e dos próximos anos serão os mais adultos que irão cuidar
de nós quando formos mais velhos” e “O tipo de adultos que eles serão reflectirá
seguramente o modo como foram amados e valorizados”.