Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Aula 09
5.1.“Amicus curiae”
I - O “amicus curiae”, em tradução literal, seria espécie de “amigo da Corte”, ou seja, alguém
que contribuirá para a decisão a ser dada pelo Tribunal.
Foi a partir do advento da Lei n. 9.868/99 (ADI e ADC) que o “amicus curiae” ganhou projeção
no Direito brasileiro.
II - Papel
Assim, o “amicus curiae” traz ao Tribunal argumentos, os quais contribuem para pluralizar o
debate e conferir maior legitimidade democrática à decisão, por serem órgãos ou entidades
representativos na sociedade. Tal papel está relacionado ao método concretista da
constituição aberta de Peter Häberle.
Conforme Gilmar Mendes e Fredie Didier, o “amicus curiae” não é uma espécie de
intervenção de terceiros, mas um auxiliar do juízo que contribuirá com a decisão. No entanto,
essa concepção não é majoritária, entendendo-se no sentido de que o “amicus curiae” seria
uma espécie de intervenção de terceiros e, portanto, uma exceção à regra geral no controle
concentrado abstrato (interpretação adotada pela maioria dos Ministros do STF) – a regra é
que não cabe intervenção de terceiros (Lei n. 9.868/99, art. 7º, “caput”).
1
Observação n. 1: o segundo entendimento parecer ter sido adotado pelo legislador ao elaborar
o novo Código de Processo Civil, já que a figura do “amicus curiae” é tratada dentro do
capítulo de intervenção de terceiros.
IV – Admissibilidade:
No entanto, em regra, o “amicus curiae” requerer sua participação. Quem admite ou não sua
participação é o relator.
V - Forma de manifestação:
Oral.
Escrita (memoriais).
VI – Requisitos:
Além dos dois requisitos acima previstos em Lei, o Supremo também exige:
1
STF – ADI 3.931/DF: “A pertinência temática também é requisito para a admissão de amicus
curiae e a Requerente não o preenche. Reduzir a pertinência temática ao que disposto no
estatuto das entidades sem considerar a sua natureza jurídica colocaria o Supremo Tribunal
Federal na condição submissa de ter que admitir sempre qualquer entidade em qualquer
ação de controle abstrato de normas como amicus curiae, bastando que esteja incluído em
seu estatuto a finalidade de defender a Constituição da República.”
Somente órgãos ou entidades podem atuar como “amicus curiae” e não pessoas
físicas ou naturais (aplicado ao controle concentrado-abstrato)2. STF tem feito
interpretação literal [STF admitiu amicus curiae em processo subjetivo – controle
difuso, como no caso do Celso Lafer].
2
STF – ADI 4.178/GO: “[...] 4. Não assiste razão ao pleito de [nome das pessoas físicas],
que requerem admissão na condição de amici curiae. É que os requerentes são pessoas
físicas, terceiros concretamente interessados no feito, carecendo do requisito de
representatividade inerente à intervenção prevista pelo art. 7º, § 2º, da Lei nº
9.868, de 10.11.1999, o qual, aliás, é explícito ao admitir somente a manifestação de
outros “órgãos ou entidades” como medida excepcional aos processos objetivos de
controle de constitucionalidade.”
STF - RE 597.064/RJ: “[...] hodiernamente, o prazo para admissão dessa intervenção anômala
passou a ser a liberação do feito pelo relator para julgamento em plenário ou a apresentação
em mesa em caso de julgamento de medida cautelar. Todavia, excepcionalmente, mesmo
após a liberação pelo relator, admite-se, em casos pontuais, que se permita essa intervenção
tendo em vista a relevância da questão discutida e a representatividade da entidade
postulante”.
O único recurso que tem sido admitido a ser interposto pelo “amicus curiae” é o agravo
interno ou regimental daquela decisão do Relator que não admite a sua participação – nem
embargos de declaração podem ser opostos pelo “amicus curiae”.
STF – ADI 3.615 ED/PB: “1. A jurisprudência deste Supremo Tribunal é assente quanto ao não-
cabimento de recursos interpostos por terceiros estranhos à relação processual nos
processos objetivos de controle de constitucionalidade. 2. Exceção apenas para impugnar
decisão de não-admissibilidade de sua intervenção nos autos. 3. Precedentes. 4. Embargos de
declaração não conhecidos.”
3
a) Postulantes:
b) Interposição de recursos:
c) Requisitos:
Lei n. 9.868/99, art. 7º: “Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta
de inconstitucionalidade [regra]. (...)
Lembrar que o prazo para admissão da intervenção do amicus curiae é: Liberação do feito
pelo relator para julgamento em plenário ou a apresentação em mesa em caso de julgamento
de medida cautelar.
§ 1º: A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza
a interposição de recursos [regra – aplicada ao controle concentrado abstrato], ressalvadas a
4
oposição de embargos de declaração [não é aplicado ao controle concentrado abstrato] e a
hipótese do § 3º (decisão que julga o IRDR).
(...)
§ 3º: O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas”
I – CF, art. 103, § 1º: “O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas
ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal
Federal”.
III - O PGR pode se manifestar contrariamente a uma ação proposta pelo PGR anterior ou por
ele mesmo - ele legitimado a propor a ação direta. Mas não pode haver desistência.
IV - “Custos constitutionis”: proteção da ordem constitucional objetiva. Não é fiscal da lei, pois
aqui fiscaliza a ordem constitucional objetiva.
5.3.Advogado-Geral da União
I – A participação do AGU na ADI é extremamente importante porque não existe aquela
dialeticidade do processo subjetivo no processo objetivo. No processo subjetivo, há a tese do
autor, a antítese do réu, sendo que, a partir disso o juiz sintetiza tudo e dá sua decisão. Dessa
forma, para haver semelhança ao que ocorre no processo subjetivo, no processo objetivo é
muito importante a atuação do AGU, a fim de que o STF tenha argumentos favoráveis e
contrários para a sua decisão.
II - A Constituição Federal atribuiu ao AGU uma função distinta a que ele exerce (CF, art. 131).
Portanto, além de Chefe da Advocacia Geral da União, exerce a função de “defensor legis”
(defender a presunção de constitucionalidade das leis).
CF, art. 103, § 3º: “Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em
tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que
defenderá o ato ou texto impugnado”.
III - A função do Advogado-Geral da União é diferente da exercida pelo PGR, o qual emite
pareceres objetivando a proteção da ordem constitucional objetiva. O AGU é obrigado a
defender o ato impugnado (curador da presunção de constitucionalidade).
5
IV – Questão n. 1: o AGU é o chefe da Advocacia-Geral da União. Estaria ele obrigado a
defender também as leis estaduais? O AGU, embora possua a função geral de chefe da
Advocacia-Geral da União, ao atuar no âmbito do controle abstrato, estará atuando com uma
função especial: “defensor legis”. Por isso, o entendimento é de que cabe a ele defender a lei
ou o ato normativo federal ou estadual – lei ou ato normativo estadual não pode ser objeto
de ADI.
V - O STF adota um entendimento de que o AGU não estaria obrigado a defender o ato
impugnado em determinadas hipóteses (até mesmo porque não existiria nenhum
mecanismo coercitivo para obrigá-lo a defender o ato ou a lei):
O ato for contrário ao interesse da União. Isso ocorre principalmente quando o objeto
da ADI é ato normativo ou lei estadual contrário ao interesse da União. Assim, sendo
ele advogado da União não pode ser obrigado a defender ato contrário a ela.
6. Liminar
Lei n. 9.868/99, art. 21: “O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de
seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de
constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam
o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da
ação até seu julgamento definitivo”.
III - Exceções
Lei n. 9.868/99, art. 21: “O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta
de seus membros (seis ministros), poderá deferir pedido de medida cautelar na ação
declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e
os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei
ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo”.
6
Vê-se que não há exceção, ou seja, a concessão da liminar na ação direta de
constitucionalidade (ADC) somente pode ocorrer por decisão da maioria absoluta dos
membros do STF.
ADI:
Presidente (recesso):
3
STF - ADI 4.638 MC/DF: “Reconheço que, conforme o preceito do artigo 21, inciso IV, do
Regimento Interno, incumbia- me submetê-lo ao Colegiado Maior. Fi-lo, observando a Lei
interna. Encerrados os trabalhos (19/12), abre-se a oportunidade para o acionamento do
disposto no inciso V do referido artigo do regimento interno, a sinalizar ser atribuição do
relator ‘determinar, em caso de urgência, as medidas do inciso anterior, ad referendum do
Plenário ou da Turma (...) Daí a providência que ora implemento, presente a circunstância de
o processo ter sido incluído na pauta de várias sessões do Plenário, no total de treze, isso sem
considerar as outras que ocorreram após a liberação para o crivo do Colegiado.”
Lei n. 9.882/99, art. 5º: “O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta
de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na argüição de
descumprimento de preceito fundamental.
Lembrar que no período de recesso o relator em regra não trabalha, pois quem fica no plantão é
o presidente ou o vice presidente do STF.
I – Toda decisão liminar, em processo constitucional objetivo (ADI, ADC e ADPF), possui:
7
Eficácia vinculante.
II – ADC:
Proibição de afastamento da aplicabilidade da norma (efeito não previsto não lei, mas
admitido pela jurisprudência). Nem mesmo o Poder Executivo poderia afastar a
aplicação da norma. Lembrar do controle repressivo exercido pelo Executivo (lembrar
da decisão do Itamar contra a MP do apagão. O descumprimento somente foi possível
até a liminar na ADC proposta pelo FHC).
Lei n. 9.868/99, art. 21: “O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de
seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de
constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam
o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da
ação até seu julgamento definitivo.
Parágrafo único: “Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em
seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias,
devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob
pena de perda de sua eficácia”.
III – ADI:
Não obstante a falta de previsão legal, concedida a liminar haverá a suspensão, não apenas da
eficácia, mas também da vigência da norma.
Além de suspender a vigência e a eficácia da norma, embora não haja previsão expressa na
Lei, o Supremo, por analogia, tem aplicado o art. 21 da Lei n. 9.868/99 que trata da
suspensão de processos. Portanto, a liminar também pode determinar que os processos, nos
quais a lei impugnada seja objeto, que eles tenham seus julgamentos suspensos, como
ocorre na ADC, evitando-se decisões contraditórias com a decisão do Supremo.
Observação n. 1: a decisão que indefere a liminar não produz qualquer tipo de efeito. O fato
de o Supremo não conceder a liminar não quer dizer que ele esteja considerando a lei
constitucional e que juízes e Tribunais não podem decidir de forma diversa – o Supremo pode
ter entendido simplesmente que os requisitos para a concessão da liminar não estavam
presentes.
IV - ADPF:
8
A liminar suspende a tramitação de processos, de efeitos de decisões judiciais ou de
medidas, salvo se decorrentes da coisa julgada.
Lei n. 8.882/99, art. 5º, § 3º: “A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e
tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de
qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de
descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada”.
6.3.Eficácia temporal (a partir de quando a liminar começa a produzir os efeitos que lhe são
próprios?)
I – ADC.
STF - ADC 12/DF: “[...] Medida liminar deferida para, com efeito vinculante: a) emprestar
interpretação conforme para incluir o termo "chefia" nos inciso II, III, IV, V do artigo 2° do ato
normativo em foco; b) suspender, até o exame de mérito desta ADC, o julgamento dos
processos que tenham por objeto questionar a constitucionalidade da Resolução nº 07/2005,
do Conselho Nacional de Justiça; c) obstar que juízes e Tribunais venham a proferir decisões
que impeçam ou afastem a aplicabilidade da mesma Resolução nº 07/2005, do CNJ; e d)
suspender, com eficácia ex tunc, os efeitos daquelas decisões que, já proferidas,
determinaram o afastamento da sobredita aplicação”.
II – ADI:
Lei n. 9.868/99, art. 11, § 1º: “A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será
concedida com efeito ex nunc [regra], salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe
eficácia retroativa [exceção: efeito ‘ex tunc]”.
Em regra, a legislação revogada pela nova lei impugnada voltará a produzir efeitos
novamente (efeito repristinatório tácito):
Lei n. 9.868/99, art. 11, § 2º: “A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação
anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário”.
9
III - ADPF: a Lei n. 9.882/99 não diz qual é o efeito da decisão liminar, mas, por
analogia, aplica-se o mesmo entendimento relativo à ADI (“ex nunc”).
Para que as pessoas atingidas pela decisão, como não há partes formais, mas como todos
são atingidos, já que a eficácia é erga omnes, é necessário que a decisão tenha
publicidade, para que todos tomem ciência (ao menos fictamente), assim como ocorre
com a lei.
Lei n. 9.868/99, art. 11: “Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará
publicar em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte
dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informações à autoridade da
qual tiver emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na
Seção I deste Capítulo”.
7. Decisão de mérito
Lei n. 9.882/99, art. 12: “A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em
arguição de descumprimento de preceito fundamental é irrecorrível, não podendo ser objeto
de ação rescisória”.
Não faz ressalva quanto aos embargos declaratórios, mas cabe a oposição de embargos de
declaração, por analogia.
7.1.Quórum
I - Votação: mínimo de 8 (2/3) Ministros presentes (Lei n. 9.868/99, art. 22 e Lei n. 9.882/99,
art. 8º).
10
Portanto, para que haja o julgamento, do mérito ou da liminar, devem estar presentes na
sessão de julgamento pelo menos 8 dos 11 Ministros.
STF – ADI 4.167/DF: [...] o Tribunal julgou a ação improcedente, por maioria. Quanto à
eficácia erga omnes e ao efeito vinculante da decisão em relação ao § 4º do art. 2º da Lei nº
11.738/2008, o Tribunal decidiu que tais eficácias não se aplicam ao respectivo juízo de
improcedência, contra os votos dos Senhores Ministros Joaquim Barbosa (Relator) e Ricardo
Lewandowski.
STF – ADI 4.066/DF: [...] No mérito o tribunal computou cinco votos (...) pela procedência da
ação, e quatro votos (...) pela improcedência da ação, e, por não se ter atingido o quórum
exigido pelo artigo 97 da Constituição, não se pronunciou a inconstitucionalidade do art. 2º
da Lei 9.055/1995, em julgamento destituído de eficácia vinculante. Impedidos os Ministros
Roberto Barroso e Dias Toffoli.
Observação n. 1: a Lei n. 9.868/99 possui um dispositivo que prevê que quando o quórum
não for alcançado, o julgamento deve ser adiado, devendo ocorrer em uma data futura. No
entanto, no caso acima, não adiantava adiar o julgamento – Barroso e Toffoli estavam
impedidos.
Eficácia objetiva refere-se às partes da decisão que vão produzir a e eficácia contra todos e o
efeito vinculante; a eficácia subjetiva diz respeito às pessoas que são atingidas pela decisão.
Dispositivos:
CF, art. 102, § 2º: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal”.
Lei n. 9.882/99, art. 10, § 3º: “A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante
relativamente aos demais órgãos do Poder Público”.
Com base no que prevê o dispositivo acima, fica a seguinte dúvida: o legislativo fica vinculado
à decisão do STF em ADPF, ou será que a decisão somente vincula os demais órgãos do
judiciário e a administração pública? R: os efeitos são os mesmos na ADPF e na ADI e ADC,
embora a redação seja diferente.
Diferenças:
a) Quanto à eficácia subjetiva (sujeitos)
A eficácia subjetiva (erga omnes) é em relação aos Poder públicos (PJ, PE e PL) e os
particulares.
O efeito vinculante, por outro lado, somente ocorre quanto aos poderes públicos (PJ, PE e PL),
ou seja, não atingem os particulares diretamente, mas apenas indiretamente.
Poderes públicos:
Poder Judiciário:
Observação n. 1: apenas o Pleno do Supremo não fica vinculado, pois ele poderá mudar seu
posicionamento sobre aquele assunto. Assim, Ministros e os órgãos fracionários estão
vinculados pela decisão proferida pelo Plenário.
RISTF, art. 103: “Qualquer dos Ministros pode propor a revisão da jurisprudência
assentada em matéria constitucional e da compendiada na Súmula, procedendo-se ao
sobrestamento do feito, se necessário”.
Desse modo, o plenário pode fazer a revisão da jurisprudência, o que não pode ser
feito pelas turmas nem pelos ministros monocraticamente, os quais podem
provocar o plenário para a realização da mudança de entendimento.
A rigor, não há uma vinculação da atividade legiferante, não importando se ela for praticada
pelo Poder Legislativo (função típica) ou pelo Executivo (função atípica).
Desse modo, o chefe do executivo não fica vinculado com relação à iniciativa de projeto de
lei, de sanção a projeto de lei, de edição de medidas provisórias, leis delegadas e assinatura
de tratados internacionais, pois esta atribuição está vinculada à atividade legiferante. O chefe
do executivo fica vinculado no tocante à atividade relacionada à função administrativa.
Relatório.
Fundamentação.
Dispositivo.
Trata-se da teoria da transcendência dos motivos: os motivos que foram determinantes para
se chegar a um determinado resultando, transcendem os limites daquela decisão e se
aplicam a outros casos.
13
dicta”), ou seja, se retiradas da fundamentação não modificariam a decisão, não vinculam (são
denominadas de questões acessórias do julgado).
Em resumo, não seriam todos os motivos que vinculariam, mas apenas aqueles que foram
determinantes para a decisão, pois nem tudo que é inserido na decisão é determinante para a
sua feitura.
STF - RCL 2.990-AgR: “EMENTA: I. Reclamação. Ausência de pertinência temática entre o caso
e o objeto da decisão paradigma. Seguimento negado. II. Agravo regimental. Desprovimento.
Em recente julgamento, o Plenário do Supremo Tribunal Federal rejeitou a tese da eficácia
vinculante dos motivos determinantes das decisões de ações de controle abstrato de
constitucionalidade (RCL 2475-AgR, j. 2.8.07).” (g.n.)
7.3.Eficácia temporal
STF – ADI 875/DF: [...] “o princípio da nulidade continua a ser a regra também no direito
brasileiro. O afastamento de sua incidência dependerá de um severo juízo de ponderação
que, tendo em vista análise fundada no princípio da proporcionalidade, faça prevalecer a
ideia de segurança jurídica ou outro princípio constitucional manifestado sob a forma de
interesse social relevante.”
II - Exceções: coma a modulação temporal dos efeitos da decisão, a decisão pode ter efeitos
“ex nunc” ou “pro futuro”.
Lei n. 9.868/99, art. 27: “Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo
em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo
Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
14
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de
outro momento que venha a ser fixado”.
O dispositivo acima é aplicado, por analogia, ao controle difuso. Ou seja, os dois requisitos
citados também devem ser observados.
Lei n. 9.882/99, art. 11: “Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no
processo de argüição de descumprimento de preceito fundamental, e tendo em vista razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal,
por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou
decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento
que venha a ser fixado”.
STF – ADI 4.029/AM: “[...] O Tribunal acolheu questão de ordem suscitada pelo Advogado-
Geral da União, para, alterando o dispositivo do acórdão da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 4.029, ficar constando que o Tribunal julgou improcedente a ação,
com declaração incidental de inconstitucionalidade do artigo 5º, caput, artigo 6º, §§ 1º e 2º,
da Resolução nº 01/2002 [autorizava que o presidente da comissão analisasse previamente
as Mps, em contrariedade ao dispositivo constitucional que determinava que a análise dos
requisitos deveria ser realizada por uma comissão mista de deputados e senadores], do
Congresso Nacional, com eficácia ex nunc em relação à pronúncia dessa
inconstitucionalidade”.
A ADI n. 4.029 possuía como objeto uma medida provisória, a qual criou o Instituto Chico
Mendes. Tal medida provisória foi aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
Federal, quanto aos seus requisitos constitucionais, de forma inconstitucional, pois a CF
prevê que a análise dos requisitos deve ser realizada por uma comissão mista e a análise,
segundo a resolução mencionada no procedente, poderia ser realizada por alguém indicado
pela comissão. No entanto, a resolução não foi objeto da ADI, mas o STF, em controle
principal declarou incidentalmente, de ofício, a resolução do Congresso Nacional. Para evitar
que mais de quinhentas medidas provisórias também fossem questionadas, o STF, por razões
de segurança jurídica, modulou os efeitos temporários da decisão e conferiu eficácia “ex
nunc” à decisão.
Para que não houvesse uma lacuna no ordenamento jurídico e o tema não ficasse sem
tratamento legislativo, o Supremo declarou inconstitucional o diploma legal, mas fixou o
prazo de 24 meses para que uma nova lei fosse feita. Nos 24 meses a lei inconstitucional
continuaria sendo aplicada.
15
7.4.Técnicas de decisão
Duas dessas técnicas estão previstas em Lei: Lei 9.868/99, Art. 28, parágrafo único. A
declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação
conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de
texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário
e à Administração Pública federal, estadual e municipal”.
Parcial: é distinto do veto parcial. Ao contrário do que ocorre com o veto parcial (CF,
art. 66, § 2º), na declaração de inconstitucionalidade com redução parcial de texto, o
Supremo poderá declarar inconstitucional apenas uma palavra ou uma expressão,
desde que não modifique o sentido restante do dispositivo, isto é, declarar uma
palavra que altere o significado do restante do dispositivo que permanecerá válido.
STF - ADI 2645 MC/TO: “[...] II. Ação direta de inconstitucionalidade parcial:
incindibilidade do contexto do diploma legal: impossibilidade jurídica. 1. Da declaração
de inconstitucionalidade adstrita à regra de aproveitamento automático decorreria,
com a subsistência da parte inicial do art. 170, a inversão do sentido inequívoco do
pertinente conjunto normativo da L. 1284/01.”
I - Exemplo (parcial):
STF - ADI 508/MG: “Ação Direta julgada procedente, pelo S.T.F., para declarar a
inconstitucionalidade das expressões "e da Constituição da República" e "em face da
Constituição da República", constantes do art. 106, alínea "h", e do parágrafo 1° do art. 118,
todos da Constituição de Minas Gerais...”.
16
Segundo Kelsen, o Tribunal pode atuar como legislador negativo, mas não pode atuar como
legislador positivo (criar uma nova lei).
17