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No século XIX, a teologia tornou-se liberal. Ela procurava uma assimilação ao mundo
moderno, relativizando e historicizando a pessoa de Jesus Cristo e seu significado para a
salvação do ser humano. Era uma teologia apologética em busca da “essência do cristianismo”
a partir do conceito, da história, da ética, da existência e da experiência. Mesmo a teologia
liberal sendo contestada por outras posturas teológicas, por reações neo-ortodoxas, o
racionalismo e o naturalismo também foram determinantes ao fazer teológico. Enfim, as
quatro formas modernas de consciência de verdade podem ser condicionantes ao pensamento
teológico. Para Braaten, de um lado, “[...] historicismo, naturalismo, racionalismo e
pragmatismo - expressam a subjacente premissa comum da autonomia do sujeito humano: „o
ser humano é a medida de toda a verdade‟” (BRAATEN, 1995, p. 47, grifo nosso).
Nesse sentido, Arendt afirma que “o próprio Kant acreditava que a necessidade de
pensar além das limitações do conhecimento só era despertada pelas antigas questões
metafísicas de Deus, liberdade, imortalidade, e que ele tinha „considerado necessário negar o
conhecimento para dar lugar a fé‟ [...]” (ARENDT, 2004, p. 231).
Arendt considera que, nesse sentido, Kant “[...] lançou os fundamentos de uma futura
metafísica sistemática‟ como um „legado para a posteridade‟” (ARENDT, 2004, p. 231). As
tentativas teológicas de críticas à metafísica não trazem uma saída contundente. Como
Westhelle indica, “[...] ao evitar um discurso metafísico ou mesmo positivista, parece que me
entrego de vez às críticas mais frequente a que a teologia tem sido submetida na
modernidade” (WESTHELLE, 1995, p. 268).
Religião torna-se, de fato, “[...] uma representação ilusória inscrita no meio de uma
situação agônica com o propósito de dominar e disciplinar em larga escala. Este argumento
pressupõe e sustenta que existe uma razão inversa entre significado da existência humana e a
ideia do transcendente” (WESTHELLE, 1995, p. 269).
A definição de teologia enquanto “saber transfigurado pelo amor” (ALVES, 1986, p. 32)
confere à teologia, primeiro, um caráter crítico/profético, em relação à realidade e em relação
a si própria: denunciar onde não há amor. Em segundo, implica em dizer que um saber
transfigurado é um saber à disposição do amor e não um saber do progresso, da evolução ou
um saber confinado em academias e em eclesiais.
Enfim, é um saber que não possui uma „forma‟ comum tem um compromisso fora
dele mesmo. Em outras palavras, como saber transfigurado pelo amor, o acento não recai no
saber, “porque não é pelo conhecimento que os corpos são ressuscitados, mas pelo amor... É
aí que se inicia o gesto, e não no saber” (ALVES, 1986, p. 32). Em terceiro, o amor, ao qual está
voltado o saber, emerge de todas as experiências de exílio, de sofrimento. Teologia se compõe
de falas, de palavras compartilhadas “[...] que animam o corpo e lhe dão vida nova”; é ouvir
“os gemidos dos que sofrem” (ALVES, 1986, p. 32).
É um amor que não se confunde com ideologias, mas tem um comprometimento, pois
amor não é uma atividade de solidão, é amor na presença de outras pessoas nesse mundo. (...)
Referência
ALVES, Rubem. Tempo e Presença. Teologia, Rio de Janeiro, n. 206, mar. 1986, p. 32.