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TEORIA E CULTURA

A corrupção em perspectivas teóricas


TEORIA E CULTURA

José Vitor Lemes Gomes *


Resumo
O presente artigo apresenta três teorias através das quais a corrupção é analisada nas Ciências Sociais. Tratam-
se da Teoria da Modernização, da Teoria da Cultura Política e do Neoinstitucionalismo da Escolha Racional.
Apontamos a corrupção como um fenômeno multifacetado. A complexidade do tema possibilita a coexistên-
cia de diferentes teorias entre as quais varia a ênfase nos seus preditores causais. O objetivo desse trabalho é
apresentar ao leitor uma percepção panorâmica dessas abordagens, tal como os possíveis complementos entre
as três teorias.

Palabras claves: Corrupção; Modernização; Cultura Política; Escolha Racional; Neoinstitucionalismo.

Corruption in theoretical perspectives


Abstratc
This article presents three theories through which corruption is analyzed in the Social Sciences. These are
the Modernization Theory, Theory of Culture Policy and neo-institutionalism of Rational Choice. We point
out corruption as a multifaceted phenomenon. The complexity of the issue allows the coexistence of differ-
ent theories among which varies the emphasis on its causal predictors. The aim of this paper is to present the
reader a panoramic perception of these approaches as possible complements the three theories.

Key-words: Corruption; Modernization; Political Culture; Rational Choice; neo-institutionalism.

sobre o segundo sentido da corrupção, pois consiste


Introdução em pensar a corrupção política.
A palavra corrupção (Diaphtora1) aparece
explicitamente na obra de Aristóteles2, onde a A corrupção é um fenômeno disseminado, pois sua
corrupção é pensada como condição inevitável de ocorrência é registrada em vários períodos históricos
desintegração de um corpo em função da constante e em várias regiões do mundo. Logo, sua definição
transformação da matéria regida pelo movimento de varia em função da época e da sociedade em que se
contrários. Apesar de conceber o mundo físico como manifesta, pois em cada contexto a palavra recebe um
corruptível Aristóteles não pensa que esse mundo sentido específico, o que, no entanto, não inviabiliza
seja instável e caótico, mas, ao contrário, entende que o esforço de procurarmos um denominador comum
a corrupção da matéria é a condição de sua sucessiva sobre o assunto.
geração e daí o estabelecimento de uma ordem
que consiste na constante transformação. Pensar a As observações expostas acima demonstram a
corrupção política no referencial aristotélico é possível longevidade temporal do termo corrupção, mas
pela analogia com sua conotação no mundo natural, não é objetivo desse trabalho pensar o tema na
ou seja, a corrupção relaciona-se com o potencial de antiguidade, por isso inicia-se a partir desse ponto
decadência da ordem política e não, necessariamente, o esforço de pensar a definição de corrupção no
ruína irreversível. A etimologia da palavra corrupção mundo contemporâneo. Para tanto apresentamos
que remete ao termo latino corruptione revela três das principais teorias através das quais a
dois sentidos, o primeiro é sinônimo da conotação corrupção é abordada pelas Ciências Sociais. A
naturalista de Aristóteles, ou seja, decomposição corrupção revela-se como tema multifacetado,
ou putrefação, mas o segundo sentido denota a pois cada uma das teorias explora um aspecto do
corrupção no âmbito da decadência moral, sedução fenômeno. A Teoria da Modernização considera a
ou suborno. É evidente, que o foco desse trabalho é corrupção como resultado de um descompasso entre

* Mestre e doutorando em Ciências Sociais pelo Programa de Pós Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Email: emaildozevitor@gmail.com

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desenvolvimento econômico e político. A Teoria Huntington reconhece que a corrupção é um a troca de ação política pela riqueza econômica. frequente em países carentes de partidos políticos

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da Cultura política avalia o papel da cultura como fenômeno universal, porem ressalta que os casos de A forma particular de corrupção numa sociedade eficientes, pois nesses, predominam os interesses do
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preditor de comportamentos viáveis ou inviáveis à corrupção na política tendem a ser mais intensos em depende da facilidade de acesso a uma ou outra.” indivíduo, da família e do clã. Assim, “os partidos
ocorrência da corrupção. O Neoinstitucionalismo períodos específicos do estágio de desenvolvimento (HUNTINGTON, 1975,79). Em alguns casos, que a princípio eram as sanguessugas da burocracia
da Escolha Racional aponta o caráter utilitarista de cada sociedade. Nesse sentido, o autor afirma: “A a riqueza é utilizada para a obtenção do cargo tornam-se, depois, os espantalhos a protegê-la dos
do comportamento individual como móvel de vida política dos Estados Unidos do século XVIII e político, essa é a regra em países ricos, aqueles que gafanhotos mais destruidores da clique e da família.”
ações corruptas frente a falhas institucionais que dos Estados Unidos do século XX, era ao que parece, apresentam estágios avançados de modernização, (HUNTINGTON, 1975,85).
reduzem os riscos do ilícito. As três teorias citadas menos corrupta que a vida política dos Estados como os Estados Unidos, onde atores bem sucedidos
oferecem melhor compreensão da corrupção, tema Unidos no século XIX.” (HUNTINGTON, 1975,72). na iniciativa privada tornam-se competitivos Apesar de argumentar que a corrupção possa ter
frequentemente concebido a partir das percepções Quanto maiores as transformações sociais geradas eleitoralmente graças a sua riqueza aplicada na luta consequências positivas, Huntington não quer dizer
sensacionalistas da comunicação de massa. pelo processo de modernização em um período política. Em outros casos, a política é o caminho que a corrupção desenfreada possa ser benéfica,
específico, maior será a incidência de corrupção. para a riqueza econômica. Essa é a regra em países pois o autor, fiel aos pressupostos da teoria da
TEORIA DA MODERNIZAÇÃO A corrupção ocorre quando a configuração das em modernização, onde as oportunidades para modernização, avalia a corrupção em termos de
instituições políticas ainda não se adequou às novas acumulo de riqueza através das atividades privadas custo-benefício. Nesse caso, a corrupção é concebida
A teoria da modernização parte do critério práticas sociais e econômicas. são limitadas pelo monopólio das corporações do como um catalisador do desenvolvimento econômico
estrutural funcionalista de que “...a sociedade pode capitalismo multinacional. Em ambos os casos, e político quando há um equilíbrio mínimo entre
ser entendida como um grande sistema constituído Huntington define a corrupção como “... a relação entre carreira política e riqueza pessoal seus custos e benefícios.
por múltiplas partes cada qual exercendo um papel comportamento de autoridades públicas que se acarreta atos corruptos.
dentro do sistema geral e se relacionando a partir desviam de normas aceitas a fim de servir a interesses Joseph Nye (1967) parte do mesmo pressuposto
de determinado input e output a semelhança de particulares.” (HUNTINGTON, 1975,72). Essa A relação entre corrupção e riqueza econômica e evita uma abordagem moralista da corrupção para
um grande computador que processa informações.” definição envolve alguns dos critérios definidores também é controvertida quando se pensa no trabalhar a hipótese de que a corrupção pode resultar
(FILGUEIRAS, 2004,129). Nesse caso, a corrupção da corrupção, ou seja, as normas legais e o interesse desenvolvimento econômico de um país. O em ganhos sistêmicos tais como desenvolvimento
é concebida como uma disfunção devido a algum público. No que se refere ao critério legal, Huntington desenvolvimento econômico é parte inseparável do econômico e político. Para esse autor a corrupção é
descompasso entre as partes estruturantes do sistema alerta que a modernização trás consigo a expansão processo de modernização, porem esse fator sofre um comportamento que se desvia dos deveres formais
(subsistemas político, econômico, etc.), o que afeta o da autoridade governamental e a multiplicação das conflito com outra tendência modernizante, a rigidez de um papel público por causa da sobreposição de
processo de execução das regras sociais por parte dos atividades sujeitas ao controle do governo. Como burocrática do Estado. Nesse caso, “a corrupção interesses pessoais em nome de ganhos financeiros
atores. consequência, o aumento das leis gera o aumento pode ser um meio de superar as normas tradicionais ou de status. Esse comportamento se expressa em
das possibilidades de corrupção. A nova legislação ou os regulamentos burocráticos que emperram o práticas como suborno, nepotismo e apropriação
Além da concepção sistêmica de sociedade, a teoria consiste em definir como corruptas, atividades que desenvolvimento econômico.” (HUNTINGTON, indébita.
da modernização adota a concepção evolucionista de antes não eram reguladas de tal forma. Na realidade, 1975,82). Os teóricos da modernização veem a
Parsons, segundo a qual “as sociedades evoluem de não são necessariamente os atos corruptos que corrupção como um lubrificante nas relações De acordo com Nye (1967) a corrupção
formas primitivas para formas avançadas, passando aumentam, mas atos que já eram praticados passam a entre setor privado da economia e o Estado, pois controlada, pode contribuir para o desenvolvimento
por estágios intermediários...” (CARDOSO, ser considerados corruptos a partir do momento que facilita a modernização. Assim, “...em termos de econômico de três modos: pela formação de capital,
2005,110). Nesse quadro, a modernização é um novas leis o rotulam como tal. Desse modo “...numa crescimento econômico, a única coisa pior que uma pela redução da burocracia e pelo incentivo ao
processo universal pelo qual todas as sociedades sociedade onde a corrupção esteja disseminada burocracia rígida, supercentralizada e desonesta é empreendedorismo. A corrupção favorece a formação
deverão passar, superando as formas tradicionais de a aprovação das leis severas contra a corrupção uma burocracia rígida, supercentralizada e honesta.” de capital em países onde o capital privado é escasso
organização no sentido de se tornarem modernas e serve apenas para multiplicar as oportunidades de (HUNTINGTON,1975,83). para financiar o desenvolvimento. O dinheiro
complexas, tal como os Estados Unidos do século corrupção.” (HUNTINGTON,1975,75) proveniente da corrupção, nesse caso, poderá
XX, o berço dessa teoria. O argumento central de Huntington é que a contribuir para formação de capital, desde que seja
No que se refere ao interesse público como critério baixa institucionalização política de países em usado para promover o desenvolvimento econômico
Samuel Huntington (1975) considera a para pensar a corrupção, Huntington afirma que o modernização gera corrupção, mas, essa mesma ao invés de ser aplicado em bancos suíços. No que
corrupção um fenômeno inerente ao processo de reconhecimento da corrupção em uma sociedade corrupção poderá gerar o fortalecimento dos partidos tange a redução da burocracia, a corrupção é um
modernização. A modernização trás consigo normas depende de um mínimo de discernimento entre o políticos que poderão atuar em prol da redução e meio de acelerar negócios que encontram obstáculos
de comportamento conflitantes com as condutas papel público e o interesse particular. “Se a cultura controle da corrupção. O autor cita exemplos do na rigidez das normas burocráticas, os quais seriam
típicas das sociedades tradicionais. Esse conflito leva de uma sociedade não distingue entre o papel do rei percurso de modernização dos Estados Unidos e inviabilizados sem a corrupção. Com mais capital e
os indivíduos a agirem de formas não justificadas por como uma pessoa particular e o papel do rei como rei, Inglaterra para demonstrar que “na medida em menor burocracia a emergência de empreendedores
nenhum dos padrões normativos. Para Huntington é impossível acusar o rei de corrupção no emprego que a burocracia governamental for corrompida no torna-se mais provável, o que é favorável ao
a corrupção se deve a baixa institucionalização dos dinheiros públicos.” (HUNTINGTON, 1975,74). interesse dos partidos políticos o desenvolvimento crescimento econômico.
política que ocorre em sociedades onde o processo Avesso ao interesse público são os interesses pessoais político pode ser estimulado, antes que obstaculizado.”
de modernização avança na economia sem o mesmo das autoridades públicas, entre os quais o interesse de (HUNTINGTON, 1975,83). Isso se deve ao fato de No que se refere ao desenvolvimento político,
ritmo no plano institucional político. “A corrupção enriquecimento pessoal. que quando o uso do dinheiro público é utilizado Nye argumenta que a corrupção pode favorecer a
evidentemente é uma medida da ausência de para incrementar a organização partidária, cresce a integração nacional e a capacidade governamental.
institucionalização eficiente.” (HUNTINGTON, Huntington reconhece que a corrupção na política institucionalização e aumenta a participação política, Para o autor a integração nacional seria promovida
1975,72). é um meio de ascensão social para o indivíduo que a logo aumentam as possibilidades de controle da ao tornar as relações entre os cidadãos e o estado
prática. “Na maioria dos casos, a corrupção envolve corrupção. De acordo com o autor, a corrupção é mais menos impessoais. No entanto, o autor reconhece

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que a corrupção só pode ser útil quando mantida Gabriel Almond e Sidney Verba. A inovação dessa último e parâmetro pelo qual se verifica a natureza econômico na organização social e política. Os teóricos

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sob controle, pois em caso contrário pode desagradar nova corrente de estudos foi a de considerar a cultura de qualquer sistema político, se mede à distância do da cultura política reconhecem que o desenvolvimento
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setores modernos da sociedade, afinal “...what is como variável digna de análise para o entendimento do protótipo, reificando-o...” (FAGUNDES, 2008,139- econômico favorece o amadurecimento da
integrative for one group may be desintegrative for comportamento político. Nesse caso, variáveis como 140). O edifício teórico da cultura política assenta suas democracia. De acordo com Inglehart (2002),
another.” (NYE, 1967,420). Se para um homem a estrutura institucional e a estrutura econômica de bases no modelo liberal democrático de cidadania, ou quando o desenvolvimento econômico promove
tradicional pior que a corrupção é ver seu filho preso, uma sociedade não foram desprezadas, mas avaliadas seja, pressupõe como exemplar “o cidadão envolvido urbanização, educação em massa, especialização
para grupos modernos, tais como estudantes de classe na interação com o fator cultural. e ativo na vida política, com uma participação profissional e maior igualdade de renda, a democracia
média, a ausência de honestidade pode destruir a informada e racional, e, ao mesmo tempo, propenso se fortalece, pois tais mudanças acarretam condições
legitimidade do sistema. Almond e Verba (1963), no entanto, não se a passividade, confiança e deferência à autoridade...” para o amadurecimento da cultura mais cívica e
referiam a um contexto de cultura societal que (RENNÓ, 1998,73). Em oposição à cultura cívica, menos familista. O desenvolvimento econômico
Nye ressalta que o financiamento de partidos designasse todas as crenças, explicações, atitudes típica da sociedade norte-americana, a teoria da é viável quando contribui para a maior confiança
políticos é um dilema, ou seja, “financing political e esquemas de ação, mas, apenas, ao âmbito dessa cultura política considera as formas tradicionais de interpessoal, maior tolerância, e para difusão de
parties tends to be a problem in developed as well cultura mais ampla que se refere à política. Fagundes organização social, tais como ordens marcadamente valores pós-materialistas.
as less developed countries, but it is a particular (2008,135) considera que “The civic culture distingue reguladas por relações pessoais.
problem in poor countries.” (1967,421). Nesses e nomeia, num corpus teórico, o que já existiria Em defesa da noção de cultura política, os teóricos
casos a corrupção pode ser uma alternativa para o antes...”, o autor se refere ao clássico A Democracia Nesse caso, uma das noções mais emblemáticas dessa corrente argumentam que a estabilidade
financiamento partidário. Os partidos, ao longo do na América (1979) de Alexis de Tocqueville. A que traduz o atraso social e político é a de familismo democrática não depende apenas de estruturas
tempo, podem converter-se em fiscais da corrupção, abordagem dos costumes do povo para a análise da amoral. Essa noção é apresentada por Edward Banfield institucionais sólidas, mas, também, de uma cultura
isto é, passarão a exercer os papéis de situação e estabilidade da república democrática é destacado (1958) no estudo da Itália meridional. Aquele contexto política favorável. Rennó (1998,79) ressalta a
oposição, logo de mutua fiscalização, o que reduzirá por Almond. “Tocqueville alarga a ideia de costumes era marcado pela deficiência de valores comunitários necessidade de uma síndrome cultural compatível
ou controlará a corrupção. de um povo, entendendo as atitudes de um povo e pela prevalência dos laços familiares como critério com a democracia, ao lembrar a afirmação de Inglehart
ligadas não apenas ao modo de sentir – agir – os de distinção para cooperação, ou seja, a solidariedade (1988), de que a estabilidade do regime democrático
O entendimento de que a corrupção pode ter hábitos do coração -, mas a uma dimensão intelectual social se restringe às relações intrínsecas à família, depende de certas disposições por parte dos atores,
consequências positivas, presente na reflexão de e moral valorativa que fará parte da cultura política.” sendo escassa fora dessa. “Em uma sociedade de tais como: confiança mútua, satisfação geral com
Nye (1967), tal como de Huntington (1975), só é (FAGUNDES, 2008,136-137). O foco de Almond e familistas amorais, ninguém defenderá o interesse a vida e defesa da sociedade em que vivem. Para
pertinente quando se leva em conta seus custos- Verba (1963) é a dimensão subjetiva da política, isto do grupo ou da comunidade, salvo quando houver Inglehart (1988), as sociedades onde tais disposições
benefícios. A Teoria da Modernização confere à é, o sistema de crenças e significações politicamente vantagens particulares em fazê-lo.” (LIPSET & LENZ, são mais disseminadas, entre seus cidadãos, são os
corrupção uma abordagem de caráter evolucionista partilhadas pela perspectiva dos agentes sociais. 2002,182). Para Banfield, a máfia é um caso extremo espaços mais favoráveis à estabilidade democrática.
e etnocêntrico, pois toma a sociedade estadunidense de familismo amoral. Sociedades onde as relações são
como referencial de desenvolvimento e como estágio É pressuposto generalizado em todas as correntes ditadas por esse tipo de cultura são mais permissivas à A cultura política de uma sociedade, tal como
social propício ao controle da corrupção. Nesse caso a dessa teoria o fato de que as esferas do político e corrupção e ao crime, pois o indivíduo tende á buscar sua cultura geral, é concebida como uma dimensão
corrupção é vista como fruto de um atraso evolutivo do simbólico-ideológico possuem uma relativa solucionar seus problemas a margem da comunidade, durável no médio e longo prazo, que, muitas vezes,
que pode ser medido pelo distanciamento que cada autonomia face às estruturas socioeconômicas. da legalidade e do Estado. sobrevive a mudanças institucionais e econômicas.
sociedade encontra-se em relação aos Estados Unidos. Encontra-se nesse corpo teórico a noção de socialização Esse pressuposto é testado e comprovado em alguns
É importante ressaltar que a teoria da modernização política como variável geradora de culturas políticas O principal dilema teórico levantado por essa estudos que demonstram casos em que a cultura
foi desenvolvida no contexto norte americano específicas que influenciariam a configuração teoria é o da direção causal entre a cultura política política resiste a tais mudanças a ponto de ser um
posterior a Segunda Guerra Mundial, quando institucional e econômica das sociedades. Por isso e a configuração institucional das sociedades. Nesse obstáculo às transformações.
aquele país polarizava uma luta política e econômica Almond e Verba (1963) revelam empiricamente a caso, a pergunta que gera controvérsias é: a cultura
contra a União Soviética, ou seja, a Guerra Fria. A existência de estruturas sociais, dotadas de culturas política determina o desempenho das instituições O estudo de Robert Putnam Comunidade e
disputa entre capitalistas e comunistas por espaços políticas específicas, acompanhadas de instituições políticas ou a relação seria inversa? Para responder democracia: a experiência italiana moderna (2006)
globais propícios para o desenvolvimento de seus políticas, também, específicas. Trata-se de conceber a essa dúvida recorremos ao argumento de Lipjhart é uma evidencia da perpetuação da cultura política
modelos sócio econômicos exigia mais do que um “...o comportamento político (e, eventualmente, o (1980). Esse autor afirma a existência de uma relação frente às transformações institucionais. Putnam
arsenal bélico, mas também, um potente armamento funcionamento do sistema político no seu conjunto) de mão dupla e de causalidade cruzada entre essas observou o desenvolvimento de instituições políticas
ideológico que justificasse a superioridade de um dos como determinado de maneira mais ou menos linear duas dimensões, ou seja, a cultura política pode ser durante vinte anos na Itália. Esse estudo foi iniciado
modelos. Nesse contexto é inegável que a teoria da – embora numa medida variável – por crenças, concebida como causa e efeito da estrutura política, na década de 1970, quando a Itália passou por
modernização cumpriu o papel de ideologia favorável valores, etc. ...” (HEIMER, 1990,14). o que deve ser devidamente avaliado em cada caso uma descentralização administrativa de Roma
ao capitalismo norte-americano. empírico. Essa concepção é disseminada na fase mais para vários governos regionais recém criados e
Para Almond e Verba (1963) a democracia recente da Teoria da Cultura Política, a qual se inicia eleitos. O objetivo do autor foi saber até que ponto
TEORIA DA CULTURA norte-americana é caracterizada por um alto nos anos 1980. o desempenho institucional seria dependente do
POLÍTICA grau de disposição para participação política e ao contexto social que envolve a cultura local de cada
associativismo que serão traduzidos no conceito de Outro fator que disputa o papel de variável região italiana. A primeira constatação foi de que,
cultura cívica. Considerando esse fato uma virtude independente com a cultura política, como pré- em vinte anos, a descentralização administrativa foi,
A teoria da cultura política surgiu nos Estados exemplar da sociedade norte americana, os autores condição da mudança social, é o desenvolvimento consideravelmente, mais bem sucedida nas regiões
Unidos durante a década de 1960 e teve como seu entendem, tal como os teóricos da modernização, que econômico. A teoria da cultura política não nega do norte da Itália.
marco fundador a obra The civic culture (1963) de “a democracia americana é um tipo de protótipo, fim o potencial transformador do desenvolvimento

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O primeiro passo para compreendermos a como um lubrificante, levando qualquer grupo ou Power e Gonzalez (2008) partem da hipótese de Ressaltamos que a pesquisa utilizada por Power

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constatação de Putnam remete a descrição feita por organização a funcionar com mais eficiência. Na que cidadãos que apresentam orientações não cívicas e Gonzalez (2008) é construída com dados sobre a
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Banfield (1958) sobre o sul da Itália como região análise do caso italiano, Putnam revela que enquanto serão mais tolerantes às praticas corruptas. O objetivo percepção da corrupção, o que não é equivalente à
caracterizada pelo familismo amoral. Putnam aponta no norte da Itália havia abundância de capital social, dos autores foi medir o efeito de fatores culturais sobre corrupção propriamente dita. No entanto, sabemos
o sul da Itália como uma região carente de cultura no sul havia escassez de confiança mutua entre os o nível de corrupção em vários países. Essa tarefa foi que a percepção da corrupção em uma sociedade é
cívica, fator que atua como obstáculo à modernização cidadãos e escassez de confiança nas instituições. O realizada através da analise de dados das pesquisas, um forte indicador da frequência da corrupção na
política, a qual teve maior sucesso no norte daquele sul da Itália, portanto, era caracterizado por ser uma Corruption Perception Index (CPI) realizada em mesma. A teoria da cultura política revela, contudo,
país, onde, ao contrário, a presença de cultura cívica região com déficit de capital social. 2000 pela ONG International Transparency, e do a importância de se levar em conta as variáveis
favoreceu a implantação de um modelo institucional World Values Survey (WVS), pesquisa realizada em culturais na analise da corrupção, a qual não é
mais democrático. Outra variável componente da cultura cívica três ondas (1981-1984; 1990-1993; 1995-1997) sob a resultado, apenas, da institucionalização política e do
escassa no sul da Itália é a valorização da igualdade coordenação de Ronald Inglehart. desenvolvimento econômico.
As variáveis componentes da cultura cívica e o predomínio das relações horizontais. Putnam
que Putnam encontrou no norte da Itália e que argumenta que a comunidade será “tanto mais cívica Power e Gonzalez (2008) correlacionam os dados Apesar do viés etnocêntrico que considera os
eram escassas no sul, eram: associativismo, quanto mais a política se aproximar de um ideal de das duas pesquisas para testar a hipótese de que Estados Unidos como modelo de cultura cívica em
grau de informação elevado, confiança mutua e igualdade política entre cidadãos que seguem as cidadãos que apresentam orientações não cívicas são meados do século XX, essa teoria demonstra que a
nas instituições, valorização da igualdade com regras de reciprocidade e participam do governo” mais tolerantes às práticas corruptas no governo e os valores, hábitos, costumes, esquemas de ação, são
predomínio de relações horizontais, valorização da (2006,102). Contrariando essa regra, o sul da Itália na economia privada. Inicialmente a análise revela fundamentais para a definição do grau de corrupção
solidariedade e cooperação entre os membros da é caracterizado por relações verticais hierárquicas de forte correlação entre PIB per capita e percepção em uma sociedade. Em sociedades onde predomina
comunidade. autoridade típicas do clientelismo, no qual, as relações da corrupção. “O PIB per capita apresenta uma a ausência das variáveis componentes da cultura
entre os cidadãos e políticos são determinadas pela correlação extraordinária de -0,88 com níveis de cívica, tende a haver condutas mais permissivas com
As associações incutem em seus membros hábitos troca de favores pessoais que tornam marginais corrupção percebidos tais como medido pelo CPI.” a corrupção.
de cooperação, solidariedade e espírito público. Nessas questões públicas de interesse geral. (POWER & GONZALES, 2008,58). Democracia
condições, as regiões italianas do norte apresentaram política e liberdade de imprensa também são ABORDAGEM ECONÔMICA DA
maior intensidade do fenômeno associativo. Putnam Contudo, enquanto nas regiões do norte, mais variáveis que se apresentaram com forte poder causal CORRUPÇÃO
(2006,11) relata o caso da Emília-Romagna, onde “... cívicas, a comunidade valoriza a solidariedade, o sobre a percepção da corrupção. Apesar da força
os cidadãos participam ativamente de todo tipo de engajamento e a cooperação, nas regiões do sul, os explicativa das variáveis políticas e econômicas,
associações locais – grêmios literários, orfeões locais, cidadãos, são menos dispostos ao associativismo os autores constataram, também, a força causal de A Teoria da Escolha Racional tem como
clubes de caçadores e assim por diante.” Quanto ao e à cooperação. Desse modo, os sulistas mantêm- variáveis culturais, tais como religião e confiança pressuposto a premissa da racionalidade teleológica,
grau de informação dos cidadãos, Putnam argumenta se isolados e desconfiados. Não confiam em seus interpessoal. No caso da religião, teve destaque a segundo a qual os agentes racionais são aqueles
que práticas como a leitura diária de jornais torna os concidadãos e nem nas instituições, as quais não correlação negativa entre protestantismo e percepção capazes de maximizar os meios mais eficazes para a
cidadãos mais informados e portanto mais preparados são concebidas como instâncias de resoluções dos da corrupção, ou seja, quanto maior o número de obtenção de fins fixados previamente em função de
para o debate público em defesa de interesses gerais. problemas públicos. Nessa situação, os cidadãos protestantes em uma sociedade, menor a percepção seus desejos. Essa teoria foi inicialmente utilizada
De acordo com o autor, “em 1975 a proporção de sentem-se impotentes em meio a uma realidade de que exista grau elevado de corrupção na sociedade pela ciência econômica como instrumento de
famílias em que pelo menos um de seus membros lia social opressiva, frente a qual não se concebem como em questão. O mesmo se afirma da confiança explicação da conduta de atores no mercado. No
jornal diário variava de 80% na Ligúria (norte) para agentes capazes de atuarem na sua transformação, interpessoal, ou seja, quanto maior a confiança paradigma econômico a premissa da racionalidade
35% em Molise (sul)” (PUTNAM, 2006,106). Essa é inviabilizando-a. Putnam evidencia que, ao contrário interpessoal menor a percepção de que a corrupção teleológica foi pensada nos termos da filosofia
uma das evidencias de que os cidadãos do sul eram da realidade do norte, no sul da Itália se fecha um seja intensa. utilitarista segundo a qual os homens, independente
menos dispostos a se informar sobre a vida pública, círculo vicioso, no qual os cidadãos são determinados do contexto social, procuram minimizar a dor e
fato que os torna menos propensos a modificá-la. por relações verticais e hierárquicas de poder, diante De acordo com Power e Gonzalez (2008,61) maximizar o prazer. Nesses termos os economistas
das quais se mantêm alheios às possibilidades de ação “a confiança tem um efeito negativo e altamente compreendiam os agentes do mercado como
No que se refere à confiança, Putnam ressalta coletiva com vista aos interesses comuns. significativo sobre a variável dependente mesmo indivíduos autointeressados em reduzir custos e
que “nas regiões cívicas os cidadãos demonstram quando controlamos o PIB per capita e as liberdade ampliar benefícios ao próprio favor. Para isso o
maior confiança social e maior fé na disposição de Ao apresentar esse quadro de contraste cultural políticas.”. Esse fato indica que uma sociedade não é calculo utilitário sempre seria o guia da ação racional.
seus concidadãos para obedecer à lei do que nas no interior de um mesmo país, Putnam defende a simplesmente o resultado da economia e da política.
regiões menos cívicas.” (PUTNAM, 2006,124). tese de que a comunidade cívica é um determinante “Na verdade, conforme sugerido por Banfield, o nível A abordagem de origem econômica não
De acordo com o autor, assim como para outros mais forte que o desenvolvimento econômico na de confiança social revela-se como uma dimensão poderia menosprezar o papel dos recursos materiais
teóricos da cultura política, a confiança tem uma efetivação de um quadro político institucional eficaz. singular dentro da qual há diferenças importantes como incentivos ou constrangimentos para a ação,
relação de mão dupla com a cooperação, o que cria Desse modo, quanto mais cívica a região, mais eficaz entre as nações...” (POWER & GONZALEZ, afinal o mercado é a esfera na qual os agentes se
um círculo virtuoso. Desse círculo virtuoso cria- será seu governo. Putnam comprova o pressuposto 2008,61). Os autores demonstram empiricamente guiam pela maximização de lucros e redução de
se o capital social, isto é, “...conjunto de valores ou da teoria da cultura política de que a cultura exerce que apesar do desenvolvimento econômico e da custos, ambos quantificáveis em termos materiais
normas informais partilhados por membros de um impacto no desenvolvimento institucional político institucionalização democrática exercerem efeito na ou monetários. Nesse sentido, a Teoria da Escolha
grupo que lhe permite cooperar entre si. Se esperam ao demonstrar que a deficiência das instituições percepção de uma população sobre a corrupção, as Racional reconhece que os recursos materiais têm
que outros se comportem confiável e honestamente, políticas do sul da Itália se deve às diferenças culturais variáveis da cultura política também agregam poder papel determinante na definição do comportamento
os membros do grupo acabarão confiando uns nos relativas à política. Portanto, no quadro teórico da explicativo aos modelos de analise da corrupção. individual.
outros.” (FUKUYAMA, 2002,155). A confiança age cultura política a corrupção será compreendida como
consequência da escassez de cultura cívica.
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A utilização da Teoria da Escolha Racional na de custo-benefício que caracteriza suas ações como seus produtos sem, necessariamente, desejar que as nacional, dos laços de uma cultura comum e tantos

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ciência política enfrenta o dilema da improbabilidade racionais. Nesse quadro, o candidato que apresentar concorrentes obtenham esse benefício. O mesmo outros recursos psicossociais inerentes a organização
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da racionalidade perfeita, isto é, seria ingênuo supor a melhor utilidade para maioria dos eleitores se pode disser sobre a elevação das vendas. Em um estatal, “...nenhum Estado importante na história
que todos os atores sociais tenham conhecimento receberá mais votos. Esse pragmatismo, típico da mercado competitivo, empresas do mesmo setor moderna foi capaz de se sustentar através de cotas ou
satisfatório para reconhecer os meios eficazes para racionalidade econômica, leva políticos e partidos a têm interesses comuns e diametralmente opostos ao contribuições voluntárias.” (OLSON, 2011,25).
obtenção de fins desejados. A otimização perfeita sobreporem o sucesso eleitoral sobre as ideologias, mesmo tempo, pois quanto mais as outras venderem
meios/fins já era improvável na realidade do mercado que podem mudar após fracassos nas urnas. Apesar menores serão os preços e os lucros de cada empresa. Contudo, a tese central de Olson é de que
e se torna ainda mais improvável nas relações sociais de reconhecer os eleitores, como atores racionais, Olson utiliza leis da microeconomia para pensar o grandes grupos dificilmente serão eficientes no
típicas da política e da esfera pública, afinal essas Downs não ignora o déficit de informação entre eles, comportamento social, método típico da teoria da exercício da ação coordenada, exceto sob o efeito de
dimensões são permeadas por crenças e valores que porem não o vê como deficiência da racionalidade, escolha racional. Do mesmo modo, então, encontra-se coerção e incentivos, mecanismos típicos de grandes
muitas vezes inviabilizam a utilização de determinados mas, ao contrário, como uma consequência da ação o ator racional inserido em um grupo, ou seja, buscará organizações. O eleitorado, conjunto de cidadãos
meios, mesmo quando esses possam ser eficazes racional. Para o autor, a aquisição de informação maximizar benefícios e a evitar custos. Exemplo disso que compõem uma sociedade nacional, pode ser
para obtenção de um fim. Max Weber (2004, 16) já implica em custos que muitos atores preferem não é o membro de uma classe trabalhista que, diante de concebido pela perspectiva olsoniana, afinal, esse
reconhecia a improbabilidade da efetivação plena da arcar em função da consciência de que seu voto não baixos salários, será estimulado a promover greve e modelo pode ser útil na explicação da inércia desse
racionalidade teleológica, pois considerava a ação é decisivo em uma eleição, fato que não incentiva a manifestações em defesa de seus interesses de classe. mega grupo frente aos problemas públicos, tais como
racional referente aos fins um mero tipo ideal a partir busca de informação. Contudo, para teoria da escolha De acordo com Olson, um agente racional inserido a corrupção.
do qual poderia medir o grau de racionalidade dos racional, a concepção de que os atores comportam- nesse contexto iria preferir não agir enquanto seus
agentes analisados por sua sociologia compreensiva. se como o homo economicus funciona como chave colegas se empenham, pois, desse modo, desfrutaria A tese de Olson é útil para pensarmos o
explicativa de vários fenômenos, até mesmo da do benefício, se esse for atingido, sem ter de arcar comportamento dos cidadãos frente à corrupção,
Se os meios escolhidos para a obtenção de um corrupção. com o ônus. A estratégia desse ator é racional, ao pois ao se conceber como mais um entre milhões,
fim podem ser justificados racionalmente, nem passo que maximiza benefícios, afinal o ator coloca- cada cidadão prefere omitir-se no intuito de reduzir
sempre se pode dizer o mesmo sobre a escolha dos Guiados pela maximização de benefícios se em uma situação duplamente favorável, pois se os custos que arcaria para participar de uma ação
fins, pois esses advêm de desejos e paixões que nem pessoais, políticos e eleitores destinam ao interesse o objetivo grupal for alcançado, seu benefício será coletiva em nome da licitude. Além disso, o calculo,
sempre são justificáveis racionalmente, pois “um ato público atenção secundaria, fato que viabiliza a idêntico ao daqueles que se empenharam, por outro do ator inerte, considera que em caso de sucesso
racional é um ato que foi escolhido porque está entre corrupção na política. A concepção de Downs lado, se o objetivo for frustrado, seu ônus é zero. Com da ação grupal, que ele não compôs, ocorreria um
os melhores atos disponíveis para o agente dadas suas explica a conduta de grande parte dos cidadãos essa argumentação, Olson demonstra que a produção benefício público do qual ele não poderia ser privado.
crenças e seus desejos.” (FEREJOHN e PASQUINO, brasileiros, aqueles que corroboram as relações de bens públicos só pode frutificar de ações coletivas O calculo racional individual mina as ações coletivas
2001,7). políticas clientelistas de maximização de benefícios quando o grupo encontra-se sob o efeito de coerção em defesa do interesse público, pois quando a maioria
de curto prazo em detrimento do interesse público. ou de incentivos seletivos. pensa de acordo com a racionalidade teleológica
De acordo com a Teoria da Escolha Racional, Ao maximizar os interesses pessoais, os cidadãos se egoísta, quase ninguém participa. Esse fato explica,
o comportamento racional é, prioritariamente, dispõem a votar em um político mesmo sabendo que Além da prevalência da racionalidade instrumental, em partes, a baixa capacidade de mobilização dos
de caráter individual e egoístico, ou seja, o agente o candidato em questão tenha sido corrupto ao longo os dilemas da ação coletiva ainda enfrentam outros cidadãos frente á corrupção.
maximiza os melhores meios para obter fins relativos de sua carreira. Isso se deve ao calculo, segundo o obstáculos, tal como o custo da organização, que
aos seus interesses pessoais, tal como os agentes qual, é mais vantajoso para o cidadão ser conivente envolvera tempo, dinheiro, propaganda e lobby. Olson Portanto a teoria da escolha racional nos
econômicos no contexto do mercado. Nesse caso, o com o político independente de sua conduta no cargo argumenta que no mercado competitivo a luta de um permite pensar o comportamento em termos
ator racional não age com vistas ao interesse público, público. O benefício maximizado pelo cidadão pode setor por subsídios ou por programas de proteção econômicos, isto é, pela maximização do custo/
assim como sua ação não é, necessariamente, ser uma vantagem exclusivamente pessoal ou uma aos preços, demanda dos produtores a organização benefício relativo aos interesses individuais materiais.
definida pela influencia da opinião pública, exceto obra pública que o favoreça, mesmo que essa seja de um lobby que os torne um grupo de pressão ativo Nessas condições, o comportamento político dos
quando essa possa exercer alguma coerção sobre seu superfaturada a favor do político e de seus aliados. frente às autoridades políticas. “Provavelmente será cidadãos encontra nas necessidades e interesses
comportamento. necessário contratar organizadores profissionais pessoais um relevante obstáculo para o engajamento
Sobre o tema da ação coletiva, a intuição leva para armar manifestações populares (...) fazerem os em ações coletivas favoráveis ao interesse público, tais
Anthony Downs (1999) aplica princípios a crer que se indivíduos de um mesmo grupo produtores escreverem cartas aos seus congressistas.” como a mobilização coordenada contra a corrupção
microeconômicos no comportamento político partilham interesses comuns, seria racional, da (OLSON, 2011,23). Igualmente, um indivíduo, que política.
e concebe a competição política nos termos da parte de cada um, contribuir para a ação grupal faça parte de um grupo que se mobiliza por uma ação
competição econômica entre grandes empresas, em prol dos interesses coletivos. Mancur Olson coletiva, terá custos a pagar, tais como, dedicar seu Os estudos dotados do paradigma econômico
pois, tal como essas maximizam o lucro, partidos e (2011,14), no entanto, argumenta o contrário. “ Na tempo, seu trabalho e talvez, até seu dinheiro. Olson passam a especificar o tema da corrupção ao
políticos maximizam votos que os proporcionem o verdade, a menos que o número de indivíduos do ressalta, então, o caráter racional da atitude omissa ao enfatizarem as instituições como espaços para os atores
sucesso eleitoral e a consolidação do poder político. grupo seja realmente pequeno, ou a menos que haja engajamento. racionais que desenvolvem suas práticas políticas e
Os eleitores não estão isentos dessa lógica, pois, para coerção ou algum outro dispositivo especial (...) econômicas, violando as regras institucionais. Essa
Downs, ao escolherem um candidato, os eleitores os indivíduos racionais e centrados nos próprios O indivíduo que se integra a um grande teoria é gestada nos Estados Unidos e se intensifica a
estão o fazendo por acreditarem que essa é a melhor interesses não agirão para promover seus interesses grupo, encontra-se em situação análoga à de um partir da década de 1990.
alternativa para maximização de seus interesses comuns ou grupais.”. Olson parte da analogia entre contribuinte frente ao Estado. Não fossem os
pessoais. A ação política é o movimento de políticos interesse individual e comportamento de empresas mecanismos de coerção impostos pelo aparato Hall e Taylor (2003) ressaltam que o
e eleitores em busca da satisfação de seus próprios em um mercado competitivo. As empresas de um estatal, não haveria receita. Olson ressalta que neoinstitucionalismo não constitui uma corrente
interesses, que são buscados através de uma equação setor específico almejam a elevação dos preços de apesar da força do patriotismo, do apelo à ideologia de pensamento unificada, pois, essa teoria

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abriga métodos de análise diferentes, entre elas o políticos profissionais podem ser avaliados como defendem reformas institucionais. Aliás, essa teoria público e privado quando os agentes percebem a

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institucionalismo da escolha racional. Em comum, atores racionais que maximizam custos-benefícios e ganhou força nos anos 1980 e 1990, quando a existência de falhas institucionais que implicam em
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todas elas buscam elucidar o papel desempenhado deixam algumas lições para o combate à corrupção: agenda política, de muitos países, foi pautada por redução de riscos para as práticas corruptas. Guiados
pelas instituições na determinação de resultados O grau de informação do eleitorado e o tamanho da reformas liberais em prol da redução do estado, o pela racionalidade utilitária de maximização de
sociais e políticos. A questão central para analise legislatura. Quanto maior o grau de informação dos que incentivou privatizações. Rose-Ackerman (2002) benefícios pessoais, os atores tendem a praticar atos
institucional é: como as instituições afetam o eleitores, maiores serão os riscos de um legislador considera que privatizar empresas estatais pode ser corruptos, fato que deve ser corrigido por reformas
comportamento dos indivíduos? “Afinal, é, em última ser identificado como defensor de causas escusas uma opção que favorece o melhor desempenho da institucionais capazes de ampliar o controle da
análise, por intermédio das ações individuais que as ao interesse público. Quanto maior o número de economia e a redução da corrupção. Porem, a autora corrupção.
instituições exercem influência sobre as situações legisladores, mais competitivo o mercado político e ressalta que a privatização, por si só, não garante tais
políticas.” (HALL & TAYLOR, 2003,197). Os autores mais fragmentado o poder. resultados, pois, em contextos amplamente corruptos, CONCLUSÃO
da escolha racional adotam os recursos teóricos do é provável que o processo de privatização possa
neoinstitucionalismo para ressaltar o impacto da Susan Rose-Ackerman (2002,59) afirma que “a ser passível de corrupção. Isso ocorre quando uma As teorias apresentadas estruturam-se em um
racionalidade instrumental no funcionamento das corrupção ocorre na interface dos setores público empresa interessada em vencer o leilão de uma estatal modelo semelhante. Todas partem de uma realidade
instituições. e privado. Sempre que uma autoridade pública pode pagar para ser favorecida, tanto na obtenção de macrossocial que determina os comportamentos no
possui poder discricionário sobre a distribuição de informações estratégicas, quanto para ser beneficiada âmbito microssocial das interações.
O contexto de origem do neoinstitucionalismo um benefício ou de um custo para o setor privado, na compra, afinal “ ...para todos os tipos de programas
da escolha racional foi o estudo do comportamento criam-se incentivos para que haja suborno”. A autora governamentais é provável que as autoridades Para Teoria da Modernização o sistema social,
no interior do congresso americano, onde alguns ressalta o aparato estatal como fonte da corrupção, disponham de informações valiosas para estranhos composto por vários subsistemas, estrutura-se
pesquisadores constataram um paradoxo, isto é, logo, a organização institucional do estado deve (...) informações como as especificações de licitações de uma maneira específica, por motivos alheios a
apesar da dificuldade da efetivação de maiorias ser o foco da análise sobre corrupção, pois tanto para contratos, a situação real de companhias a serem vontade individual. Nem sempre a interação dos
estáveis, “...onde as múltiplas escalas de preferência as oportunidades, quanto os obstáculos estarão privatizadas em curto prazo...”(ROSEACKERMAN, subsistemas é harmônica. De acordo com essa teoria
dos legisladores e o caráter multidimensional das associados a tal organização. Desse modo, para 2002,66). a corrupção tende a ocorrer com mais intensidade
questões deveriam rapidamente gerar ciclos, nos que a corrupção ocorra, deverá haver algumas pré- quando se intensifica o desenvolvimento econômico.
quais cada nova maioria invalidaria as leis propostas condições, tais como: a existência de pessoas físicas Entre as consequências da corrupção, Rose- Nesse caso, novos papéis sociais, novos interesses e
pela maioria precedente. No entanto, as decisões do ou de empresas dispostas a pagar suborno; os riscos Ackerman (2002) aponta: a ineficiência de novos padrões de comportamento surgem sem que
congresso são de notável estabilidade.” (HALL & da corrupção devem ser menores que os benefícios; e licitações e privatizações, os atrasos burocráticos, ocorra simultâneo avanço nas instituições políticas.
TAYLOR, 2003,202). falta de rigidez legal. De acordo com a autora, o papel as desigualdades geradas a favor de vencedores O mercado assume uma dinâmica não acompanhada
do estado é amplo, pois, esse pode, tanto facilitar, de contratos, o suborno concedido às autoridades pela burocracia estatal. Desse modo as demandas
Rasmusen e Ramseyer (1994) evidenciam os como dificultar a corrupção, afinal “o governo compra públicas, danos à legitimidade política e crescimento ligadas ao desenvolvimento econômico encontram
dilemas da ação coletiva entre legisladores, quando e vende bens e serviços, distribui subsídios, organiza a desacelerado. Frente a esse quadro pernicioso, a na burocracia um obstáculo frente ao qual a
esses se deparam com a oferta de subornos. Os privatização de empresas estatais e faz concessões. As autora sugere algumas soluções: as que diminuem corrupção é uma solução para o desenvolvimento.
autores apontam a dificuldades entre os legisladores autoridades frequentemente detém um monopólio benefícios sob o controle das autoridades e as que A solução apontada pelos teóricos da modernização
para coordenação da ação coletiva entre si, o que de informações valiosas. Todas essas atividades criam ampliam os custos do ilícito. Aumentar os riscos é a implementação de reformas institucionais que
poderiam fazê-lo no intuito de ampliar o valor dos incentivos para a corrupção.” (ROSE-ACKERMAM, da corrupção significa ampliar a probabilidade de tornem as instituições políticas mais eficientes.
subornos ofertado por lobistas. Quando muitos 2002,64). detecção e castigo elevando as penalidades àqueles Quando as instituições burocráticas forem ágeis
legisladores estão dispostos a aceitar subornos, para que forem pegos pagando ou recebendo suborno. e confiáveis na regulamentação das atividades
aprovar estatutos favoráveis ao interesse privado, Bardhan (2006,341) reconhece que podem Outras medidas favoráveis à elevação dos riscos econômicas os agentes tendem a preferir a licitude e
impõe-se uma competição que leva à queda do valor ocorrer, pelo menos, dois tipos de corrupção, a da corrupção seriam a existência de um judiciário não a corrupção.
do pagamento. Além disso, o custo arcado pelos corrupção burocrática e a corrupção política. A independente e idôneo, a existência de leis que
legisladores pode ser elevado em função do risco de primeira envolve funcionários públicos de baixo favoreçam delatores, a rotatividade interna dos Teoria da Cultura Política enfatiza o papel
tornarem-se impopulares, seja pela descoberta do escalão, traduzindo-se em uma corrupção pulverizada funcionários, para evitar que criem relações pessoais dos padrões culturais vigentes em uma sociedade
ilícito ou pelo posicionamento contrário ao interesse que consiste na cobrança de subornos destinados de confiança, a liberdade de imprensa, o estimulo como fenômeno macrossocial que pode viabilizar
público. Essas condutas, no entanto, só são evidentes aos bolsos desses burocratas. A grande corrupção é a atuação de ONGs na produção de pesquisas de ou inviabilizar a intensidade de comportamentos
para eleitores bem informados. Os legisladores aquela praticada pelos agentes poderosos, isto é, os opinião sobre o tema, e a reforma eleitoral que faça o corruptos. Em sociedades onde os laços de relação
enfrentam, então, um dilema de escolha entre o políticos que se encontram no comando do aparato financiamento das campanhas não ser um estimulo à pessoais são muito fortes, as normas impessoais
enriquecimento pessoal, por meio de subornos, e a estatal. Essa última é a mais grave, pois “o governo corrupção. Rose-Ackermam (2002,95) conclui que a típicas do capitalismo moderno são frequentemente
manutenção da popularidade frente ao eleitorado. pode empenhar os recursos do Estado inteiro para corrupção nunca poderá ser eliminada por completo, violadas. Nesse contexto é frequente a sobreposição
De acordo com os autores, esse dilema é a causa de seus propósitos corruptos. É improvável que mesmo pois é muito oneroso reduzi-la a zero. “O objetivo de interesses pessoais sobre o interesse público, fato
um comportamento paradoxal dos legisladores, isto um grande número de agentes mercenários de baixo não é alcançar a retidão total, e sim um aumento que implica em corrupção. Isso ocorre com mais
é, ao mesmo tempo, que aceitam receber subornos escalão, agindo coletivamente seja capaz de conseguir fundamental da honestidade e da eficiência, da justiça frequência quando os avanços econômicos e políticos
e atender aos pedidos de lobistas, os parlamentares tanto assim.” (ROSE-ACKERMAM, 2002,74). e da legitimidade política do governo”. institucionais ocorrem sem avanço correspondente
apoiam as medidas inibidoras da mesma prática, na cultura, logo, as leis encontram consideráveis
assim como de toda forma de corrupção. Frente à concepção de que o Estado tem um Os demais autores do neoinstitucionalismo não obstáculos de efetivação, uma vez que não encontram
importante papel na intensidade da corrupção, por ser apresentam divergências com a premissa básica dessa legitimidade na opinião pública. O cumprimento das
Rasmusen e Ramseyer (1994) demonstram como a fonte desta, muitos autores do neoinstitucionalismo teoria, isto é, a corrupção se da na interface dos setores leis não encontra respaldo moral entre a maioria dos

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cidadãos, fato que torna sua violação uma rotina na the problem of corruption. In: World development, os valores que definem o progresso humano. Rio de

TEORIA E CULTURA
qual a corrupção torna-se cada vez mais frequente. vol 34, n°2, 2006. Janeiro: Record, 2002.
TEORIA E CULTURA

O avanço cultural pode ser a via para os indivíduos


incorporarem os valores da sociedade moderna CARDOSO, Mirian L. Teoria da modernização e NYE, Joseph Nye. Corruption and Political
na qual prevalece a impessoalidade em favor da expansão capitalista. XII Congresso da SBS. Belo Development: A Cost-Benefit Analysis. The
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atores racionais tendem a efetivar condutas corruptas. PUTNAN, Robert. Comunidade e democracia: a
Nesse caso a solução apontada pela teoria são as FEREJOHN, John. & PASQUINO, Pasquale. A teoria experiência italiana moderna. Rio de Janeiro: FGV,
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promovam a sintonia mutua entre cultura, economia corrupção e a economia global. Brasília: Ed. da UnB,
e política. Sempre que tais esferas de ação não se HALL, Oeter & TAYLOR, Rosemary. As três versões 2002.
comunicam tende a haver desequilíbrio entre o do neoinstitucionalismo. Lua Nova, n°.58, 2003.
interesse público e o privado, logo, ocorre a corrupção. notas
Apesar do potencial explicativo dessas teorias, não HEIMER, Franz-Wilhem, et. al. Cultura política:
podemos deixar de apontar o viés ideológico de uma leitura interdisciplinar. Sociologia – Problemas 1 Diaphthora significa destruição, ruína e dano aos
defesa da ordem capitalista de mercado como estágio e práticas. n°8, 1990, pp.9-28. valores e à ordem.
superior de civilização no qual a corrupção seria
menos intensa que nas fases tradicionais de cada 2 ARISTÓTELES. Da geração e da corrupção. São
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