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Educação

coisas que DEMONSTRAÇÕES


você precisa
saber sobre: FINANCEIRAS
Educação

SUMÁRIO
1 Ainda não encontraram para ela um
substituto à altura
Ler

2 Ela está mais presente em nossas


vidas do que nos damos conta.
Ler

Os registros contábeis são feitos


3 com base em princípios solidamente
estabelecidos
Ler

sumário 2
Educação

3 coisas que você


precisa saber sobre:
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS

Já se arrepiou só de ouvir falar em contabilidade?


Faz sentido. Quando se fala em contabilidade, se pensa em uma
imensidão de regras, muita burocracia e conceitos que aparentemente
são inadequados, ultrapassados, até numa desconexão com a realidade
tão dinâmica que vivemos hoje.
Temos de reconhecer também que lidar com contabilidade não é
exatamente uma das profissões consideradas glamourosas ou sonhadas
por muita gente. Realmente muitos optam pela atividade por força da
necessidade.
Pra piorar, quando temos de lidar com assuntos contábeis e tentamos
falar disso com um contador, às vezes temos a impressão que ele fala
russo ou chinês com a gente, de tão incompreensível e estranho que soa.
Apesar de tudo isso, é muito importante entendermos os conceitos gerais
da contabilidade.
Porquê?

sumário 3
AINDA NÃO
ENCONTRARAM
PARA ELA UM
SUBSTITUTO À
ALTURA

3 coisas que você


precisa saber sobre:
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS
Educação

1. Ainda não encontraram para


ela um substituto à altura.
Temos de admitir que não se trata de uma ciência nova. A contabilidade existe há
muito tempo. E talvez por isso seja admirável: num mundo em que a tecnologia
domina e transforma tudo à nossa volta, é surpreendente que ainda não tenham
criado nada que possa substituir os elementos e procedimentos contábeis.
A contabilidade hoje se baseia num sistema chamado partidas dobradas.
Basicamente o mesmo sistema em que baseou sua existência, no ano de 14941.
Esse conjunto de procedimentos universalmente aceito foi bastante aperfeiçoado
ao longo do tempo, mas mantém suas características originais, para as quais não
se encontram substitutos à altura.
No início da civilização o comércio entre os povos na verdade era feito na forma
de troca de mercadorias. Se trata do escambo, em que cada um trocava produtos
que possuía em maior quantidade por aquelas que lhe faltavam e que fossem
necessárias. Portanto, de início, a motivação dessas operações era tão somente
satisfazer a necessidade de sobrevivência.
Depois de um certo tempo as trocas passaram a ser feita com mercadorias e
itens mais caros, como pedras preciosas e metais. Também se iniciou a troca
mais variada, com produtos e serviços. Por exemplo, serviços de curtição de couro
trocados por galinhas ou por produtos agrícolas.
Dada a variedade de possibilidades, as sociedades passaram a se estruturar e a
organizar itens disponíveis para troca. O nascimento de vilas, aldeias e povoados
ocorreu em grande parte a partir dessas ações e necessidades1.
As trocas passaram a ser mais complexas e nem sempre se equivaliam. Nestes
casos, era preciso estabelecer valores e pesos para determinação de valor. Neste
momento as trocas não eram feitas apenas por necessidade. Muitos passaram
a enxergar nessas trocas a possibilidade de ganhar mais do que necessitavam.
Nascia aí o conceito de lucro, de ganho, de mais-valia.
Partindo desse ponto inicial das civilizações até a formação de mercados
estruturados e organizados se passou muito tempo. E o que foi fundamental para
a formação de negócios foi a ciência contábil.

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A contabilidade feita informalmente no início, apurando custos e valores nas trocas


feitas rotineiramente, avançou para a formação de preços em produções de itens
em série destinadas ao comércio. E o objetivo passou a ser a obtenção de lucro.
Mas o que é lucro? Quanto é necessário produzir e vender para a obtenção de lucro?
Qual a melhor alternativa de gasto numa produção para a obtenção do maior lucro
possível? E quando uma produção de um bem ou serviço se torna inviável por não
resultar num lucro satisfatório? São essas perguntas que induziram a necessidade
de regulamentação de negócios, e a contabilidade foi parte integrante desse
processo.
A história da contabilidade é construída com base na necessidade de troca
de informações sólidas e confiáveis que permitam um ambiente seguro aos
negócios. Constituiu um importante e essencial marco histórico que possibilitou o
desenvolvimento dos mercados, finanças e negócios.
Diferentemente do que muitos pensam, não se trata de uma ciência exata, embora
lide bastante com números. A ciência contábil é bastante sedimentada em práticas
lógicas que permanecem as mesmas desde a sua invenção por um frei católico,
Luca Paciolo. A lógica de causa e efeito, em que um fato contábil deve ser expresso
obrigatoriamente em um débito e um crédito correspondente, sobrevive até hoje.
De forma simples, a contabilidade se baseia nesse sistema, de partidas dobradas,
que de forma aparentemente mágica faz com que bens e obrigações da empresa
se equivalham.
Já viu que os balanços sempre apresentam valores totais de ativos e passivos
iguais? Como essa mágica acontece?
Não se trata de mágica, e sim de lógica. A ciência contábil dispõe que cada fato
contábil deve obrigatoriamente ser registrado com pelo menos 2 classificações.
Usando contas contábeis, que são agrupamentos de fatos contábeis, o registro é
feito com base em pelo menos 2 contas distintas. Isso se chama uso do método
de partidas dobradas.
Para exemplificar, podemos dizer que a compra de uma máquina implica em pelo
menos 2 fatos contábeis: a entrada da máquina em sua empresa e o desembolso
de caixa que se deve fazer por ela. Neste caso, a contabilidade irá registrar isso
considerando o duplo efeito causado pela compra da máquina através de um
sistema de débitos e créditos, debitando uma das contas e creditando a outra,
para refletir a entrada da máquina e a saída de caixa.
Pura lógica, não é mesmo? No entanto, por definição, os débitos e créditos não

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necessariamente significam saídas e entradas respectivamente, assim como


verificamos nos extratos de nossas contas bancárias.
Na contabilidade, foi adotada a convenção de que os débitos e créditos assumem
significados diferentes de acordo com o grupo de contas contábeis. Basicamente,
o comportamento desses elementos é o seguinte:

- Nas contas de ativo e nas contas de despesas:


Os débitos constituem aumento nas contas;
Os créditos representam redução nas contas.

- Nas contas de passivo e nas contas de receitas:


Os débitos representam redução nas contas;
Os créditos constituem aumento nas contas.

Assim, o método de partidas dobradas usa sempre um débito e um crédito para


registrar cada fato na rotina das empresas. O valor do débito e do crédito devem
ser iguais – e daí decorre o fato de o balanço patrimonial sempre ter valores iguais
de ativo e passivo.
Um fato pode ensejar diversos débitos e créditos. O importante é que sempre haja
os 2 elementos no registro, débito e crédito, e que os valores se equivalham.
Dessa forma a contabilidade funciona até a atualidade. Em todos os países do
mundo o mecanismo é o mesmo.
E na medida em que as transações de negócios passaram a ficar mais complexas,
os mercados passaram a adotar medidas regulatórias. E foi por demanda dos
próprios mercados que as práticas contábeis ganharam destaque.
Veja abaixo um breve resumo sobre alguns dos fatos mais marcantes da história
dessa impressionante ciência2:

No Mundo
1895 – O Conselho Executivo da Associação de Bancos de Nova Iorque recomendou
a seus membros solicitar balanços aos tomadores de empréstimos;

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1900 – Surgem os primeiros formulários de propostas de crédito incluindo espaço


para o balanço;
1919 – Alexander Wall, considerado o pai da análise de balanços, desenvolveu um
modelo de análise de índices;
1925 – Stephen Gilman propôs a análise horizontal;
1931 – A empresa Dun & Bradstreet passou a elaborar e divulgar índices padrão para
diversos ramos. Também surgiu na DuPont um modelo de análise de rentabilidade
(ROI – Return on Investment) que decompunha o retorno em margem e em giro.

No Brasil, lançamento das obras:


1932 – Ensaio sobre análise de balanços, de João Luiz dos Santos
1941 – Análise econômica e financeira do capital das empresas, de Frederico
Hermann Júnior
1949 – Estrutura e análise de balanços, de Francisco D’Áuria
A partir dos anos 70 – criação da Serasa, empresa que passou a operar como
central de análise de balanço de bancos comerciais.

Note neste pequeno resumo que a contabilidade ganhou destaque não para gestão
interna, mas para a visibilidade do mercado.
É inegável que a contabilidade tem um papel imprescindível na gestão das
companhias. Sem ela as operações são feitas à esmo, no escuro, sendo impossível
gerenciá-las. De fato, companhias inteligentes usam os registros contábeis o
tempo todo, no dia a dia, acompanhando as informações relativas às operações
da empresa e estabelecendo conexões entre elas na forma de indicadores de
performance (ou KPIs, Key Performance Indicator).
No entanto, mesmo que a empresa não priorize ou valorize as práticas contábeis
como instrumento de gestão, é obrigada a fazê-lo por força de mercado.
Os players, ou integrantes do mercado, exigem cada vez mais ter acesso aos
números uns dos outros de forma transparente, visando a segurança das
operações.
Assim, a matéria prima da contabilidade são os fatos de rotina de cada empresa. E
o manual de instrução são os normativos existentes para nortear os trabalhos de

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classificar e registrar esses fatos. O produto final, as demonstrações financeiras,


constitui a base de análise do mercado para a tomada de decisões, que serão as
mais diversas:
- Para concorrentes, avaliarem se os números de sua companhia estão mais
robustos do que os dele. Avaliarão a situação patrimonial do ponto de vista de
gastos, endividamento, custeio de produção, formação de preços de produtos e
serviços, custos gerais de tributação, lucratividade, dentre outras. Tudo isso servirá
para comparação com os seus próprios números, a fim de avaliar as vantagens
competitivas;
- Para investidores, analisarem se a empresa tem um produto ou serviço lucrativo
e que valha a pena o ato de investir nela. Também avaliarão se a estrutura de
gestão e funcionamento está superavitária ou deficitária. Neste último caso, os
investidores poderão pagar um preço mais baixo para ter participação maior na
companhia;
- Para órgãos de controle, como por exemplo a CVM, analisarem a robustez e
solidez da companhia. Identificará se ela segue as regras do jogo do mercado e
está atuando de forma justa e em igualdade de condições aos demais players.
Também verificará se ela está com as finanças em perigo e se poderá, em eventual
quebra, causar danos ao mercado, à sociedade e aos entes públicos;
- Para órgãos governamentais de tributação, aferirem se as receitas e ganhos
da empresas foram devidamente informadas e tributadas. Analisarão todos os
principais tributos da companhia (sobre vendas, sobre mão de obra, sobre lucro,
sobre custo e outros) e usarão os resultados como base para eventuais ações
fiscais;
- Para instituições financeiras e fornecedores, investigarem se a empresa possui
solidez patrimonial para receber recursos, seja em dinheiro/empréstimo, seja em
prazos alongados de pagamento por seus produtos, e com risco baixo de possível
inadimplência.
No geral, a contabilidade é o instrumento que permite a comparabilidade e análise
entre os integrantes do mercado.
Mas não se iluda achando que isso apenas causa efeito nas rotinas empresariais.
É sobre isso que falaremos a seguir...

sumário 9
ELA ESTÁ MAIS
PRESENTE EM
NOSSAS VIDAS
DO QUE NOS
DAMOS CONTA

3 coisas que você


precisa saber sobre:
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS
Educação

2. Ela está mais presente


em nossas vidas do que
nos damos conta
Talvez você imagine que é evidente que estes temas interessam aos que trabalham
com assuntos empresariais. Entretanto, não apenas aos que trabalham com
assuntos financeiros ou corporativos, mas a todos de modo geral.
Cada um de nós, em nossa vida diária, toma decisões de caráter financeiro. Para
isso precisamos saber, por exemplo, qual é nossa real capacidade de pagamento,
quais compras são feitas a preços justos, qual dos itens tem prioridade sobre
outros, e assim por diante.
Muitos gerenciam isso mentalmente. Ainda outros possuem anotações de seus
gastos e recursos diários num caderninho, planilha eletrônica ou até em aplicativos.
É verdade que muitos simplesmente desconsideram essas questões ao tomarem
decisões de consumo. Mas também é bastante evidente que ignorarem estes
aspectos os tornam insolventes ou incapazes de fazer seu dinheiro render ou valer
o que poderia. E muitas vezes não são decisões que envolvam complexidade. Na
verdade, muitos se surpreenderiam em saber que conceitos simples e acessíveis
a todos já fariam toda a diferença em escolhas de consumo e de investimento. De
fato, vale muito a pena conhecer os conceitos fundamentais deste assunto.
Ilustrando, para checar nossa real capacidade financeira, todos nós nos deparamos
com as seguintes questões: tenho dinheiro para comprar isso? Se eu não tiver,
posso esperar ter o dinheiro para pagar isso? É o caso de parcelar o pagamento
em vários meses? Se eu fizer isso, consigo reduzir meus gastos nos próximos
meses para que tudo caiba no meu orçamento? Se eu não puder parcelar, quanto
vai me custar usar o limite de crédito de minha conta corrente e ficar no vermelho
por um tempo? Seria possível obter uma alternativa de crédito mais barata?
Se essa compra se refere a uma casa ou carro, estou calculando o custo por

sumário 11
Educação

completo (seguro, impostos, taxas, etc.)? Se eu me endividar e futuramente surgir


um imprevisto, tenho como pagar a conta?
Por mais que a gente não queira entender conceitos financeiros, a grande verdade
é que este conhecimento leva a decisões mais inteligentes. Constitui a diferença
entre ter uma vida equilibrada ou tensa, ou mesmo entre trabalhar mais para pagar
dívidas ou menos com recursos poupados.
Além destas questões, todos nós também precisamos tomar decisões de
caráter patrimonial, ou seja, até que ponto vale a pena gastar mais dinheiro em
bens duráveis.
Por exemplo, vale a pena comprar um imóvel para morar ou alugar um? Se a decisão
for pela compra, vale a pena optar por um imóvel menor, esperar a quitação e só
depois trocar por um maior, ou já se deve financiar a compra de um do tamanho
desejado? E no caso de outros itens? Seria melhor comprar um carro, e com ele
arcar com os custos de manutenção, combustível, impostos, estacionamento,
etc., ou seria melhor fazer uso de transporte público, táxi, aplicativos de transporte
ou até bicicleta?
Como vemos, todas estas são questões bastante presentes no nosso dia a dia. E
quando as analisamos, estamos pensando contabilmente. Pode parecer estranho,
mas é exatamente o que estamos fazendo: analisando nossa situação em termos
de recursos e patrimônio.
As empresas fazem o mesmo. Para isso usam as demonstrações financeiras. E
aí tem algo interessante: as pessoas também geram ou usam demonstrações
financeiras em sua vida diária e não se dão conta disso.
Como assim?
Pense por um momento em seu demonstrativo de pagamento salarial. Ali constam
as informações sobre o que você realmente vai receber em dinheiro ou crédito
bancário no mês.
Sua receita do mês é o seu salário e outras verbas que talvez você receba
(auxílio creche, incentivo para educação suplementar, horas extras, gratificações,
dentre outras).
Suas despesas são os tributos descontados em fonte. Um deles, por exemplo,
é um tipo de poupança compulsória. A contribuição previdenciária forma uma
reserva para um tempo futuro – a aposentadoria. Há também o imposto de renda,

sumário 12
Educação

que se trata de tributo destinado a custear gastos do governo. Também pode


haver descontos relativos a determinados benefícios usufruídos por você: auxílio
refeição, ajuda para transporte, seguro saúde, empréstimos e outros. Estes gastos
e despesas são descontados automaticamente.
Ao receber o seu demonstrativo de pagamento, é possível identificar que o
recebimento é o valor líquidos entre receitas e despesas. É como se fosse o lucro
obtido nas atividades de trabalho realizadas no mês. Se trata do valor que se tem
para usar em gastos, pagamentos e investimentos ao longo do mês.
A empresa também possui um demonstrativo parecido, em que lista receitas,
custos e despesas relativas ao mês ou determinado período. A sobra, ou valor
indicado ao final deste demonstrativo, é o lucro, ou seja, o valor que a empresa
tem para gastos futuros, pagamentos aos acionistas e outros e/ou investimentos.
Este demonstrativo, a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), mostra
onde a empresa está ganhando (ou perdendo) dinheiro. Mostra as atividades da
empresa tanto do ponto de vista de produto/serviço, ao detalhar os elementos
de formação de preço, como do ponto de vista de estrutura, evidenciando se a
empresa gasta muito para vender e anunciar produtos, se possui gasto alto com
equipes de apoio, se o financiamento de suas atividades é feito com um dinheiro
caro, dentro outros aspectos.
Esse exemplo simples mostra que a contabilidade está mais presente em nossas
vidas do que nos damos conta. E não apenas os aspectos contábeis em si: a
estruturação das demonstrações financeiras também segue a mesma lógica.
De fato, o modo como as empresas elaboram e reportam suas informações
tem muita similaridade com o modo como nós gerenciamos nossos recursos
e patrimônio.
Tome, por exemplo, a Demonstração de Fluxo de Caixa. Se trata de uma das
mais importantes ferramentas para gerenciar os recursos de uma empresa e
acompanhar a sua saúde e solidez financeira. Num cenário em que há falta
de dinheiro, restrições ao crédito, reduções e cortes de despesas por parte de
empresas, de consumidores e até dos órgãos governamentais, é fundamental
saber analisar as decisões de gastos.
O Demonstrativo de Fluxo de Caixa, ou DFC, usa uma lógica bastante interessante
e que de certa forma sintetiza o que nós, público em geral, analisamos em
nossas finanças.

sumário 13
Educação

Por exemplo, uma das características do DFC é analisar os gastos de acordo com
a sua categoria: recursos originários das suas atividades operacionais (ou seja, o
modo escolhido por ela para ganhar dinheiro), atividades de investimentos e de
financiamentos. Essa análise é bastante inteligente, porque permite entender o que
a empresa está decidindo de forma acertada, ou errada, como ajustar eventuais
tomadas de decisão e quais ações são as mais adequadas em termos de gastos
e até de geração de recursos.
Imagine, por exemplo, que uma pessoa tenha um trabalho de professor de
economia com horário flexível. Nas horas livres, esse professor gosta de analisar
o mercado de ações e investe suas reservas financeiras em diversas opções,
aplicando e resgatando conforme o que entender melhor.
Ao final de um ano, esse professor faz as contas e conclui que está ganhando mais
dinheiro com suas atividades de investimento do que dando aulas. Afinal, dando
aulas ele recebe um valor fixo sem possibilidade de variação, gasta recursos no
transporte até a escola e tempo em preparação de aulas (tempo não remunerado).
Em contraste, nas atividades no mercado financeiro, ele tem as chances de
especular com as variações de ações usando seus conhecimentos já adquiridos e
não incorre em quaisquer outros gastos.
O que esse professor fez é exatamente o que a empresa faz quando usa o DCF.
Com base nesta demonstração, ela pode concluir que seus investimentos tem
rendido mais recursos do que sua atividade operacional, principal. Com isso, pode
decidir se vale a pena continuar atuando em sua atividade operacional principal
ou se é o caso de diversificar suas atividades. Ou ainda: como aproveitar a
oportunidade de investimentos que está lhe rendendo tão bem.
Como devem ter notado, o conceito parece bastante simples. E de fato é
mesmo. Quando entendemos a lógica por trás de uma demonstração financeira,
somos capazes de fazer uma leitura bastante inteligente de uma empresa,
sem necessariamente sermos especialistas em finanças ou em contabilidade.
Realmente, esse é um conhecimento que não se restringe a quem trabalha com
finanças ou em áreas afins.
Pense o seguinte: ao ver tantas empresas enfrentando dificuldades financeiras e
algumas até quebrando e passando por crises, não seria bom sabermos avaliar
a saúde delas antes de aceitar uma oferta de emprego? Pois bem, muitas delas
publicam suas demonstrações financeiras em ambientes web e são públicas. Não
acha conveniente dar uma olhada nestas demonstrações publicadas pela empresa

sumário 14
Educação

antes de ir naquela entrevista de emprego em que você foi chamado?


Mas é possível consultar as demonstrações financeiras destas empresas?
As companhias que possuem capital aberto divulgam seus balanços e outras
informações contábeis e financeiras no site da CVM.

Abaixo o passo a passo para consultar essas informações:

1) Acesse o site:
h t t p : // c v m w e b . c v m . g o v. b r / S W B / S i s t e m a s / S C W / C P u b l i c a / C i a A b /
FormBuscaCiaAb.aspx?TipoConsult=c

sumário 15
Educação

2) Informe a razão social da empresa a ser pesquisada ou busque o CNPJ dela


na internet. Informe no campo de busca do site da CVM e clique em continuar.
Aparecerá a seguinte tela:

3) Clique sobre o nome ou o CNPJ da companhia pesquisada.


Aparecerá a seguinte tela:

sumário 16
Educação

4) A seguir escolha a informação que você pretende consultar. No caso das


demonstrações financeiras, clique em Dados Econômico-Financeiros.
Aparecerá a seguinte tela:

Note nesta tela em que são listadas as últimas entregas de informações contábeis
e financeiras por parte da companhia para a CVM.
O primeiro quadro desta tabela mostra a última entrega de informações realizadas
até a data de nossa pesquisa. Note que a linha de referência indica a data de
30/09/2018. Isso quer dizer que o último conjunto de informações contábeis/
financeiras entregues foram geradas até a data-base de final de setembro de
2018. A data de entrega para a CVM está na mesma linha, onde se informa a data
de entrega, que é 24/10/2018.

sumário 17
Educação

5) Para consultar esse conjunto de informações clique em Download. Você terá


acesso ao arquivo, conforme nosso exemplo:

Neste arquivo é possível consultar as informações contábeis e financeiras em


detalhes, incluindo a composição das contas, análises de variações e conclusões
sobre as mesmas.
Sem dúvida se trata de uma rica e valiosa fonte de informações para todos nós.
Evidentemente que, para aqueles que trabalham com finanças e controladoria, é
imprescindível entender bem as demonstrações financeiras. Isso ajuda não apenas
a embasar e recomendar decisões corporativas, mas também fazer comparações
entre a situação financeira e patrimonial com as dos concorrentes.

sumário 18
Educação

E como são produzidas as informações contábeis e financeiras?

Dada a seriedade do assunto, durante muito tempo houve muito estudo e


debate sobre como criar mecanismos para padronizar a estrutura de trabalho de
classificação e registro das informações, além da evidenciação das informações
num determinado padrão.
Mundialmente existe um consenso e aqui no Brasil seguimos os mesmos preceitos.
É este assunto que iremos considerar agora...

sumário 19
OS REGISTROS
CONTÁBEIS
SÃO FEITOS
COM BASE EM
PRINCÍPIOS
SOLIDAMENTE
ESTABELECIDOS
3 coisas que você
precisa saber sobre:
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS
Educação

3) Os registros contábeis são


feitos com base em princípios
solidamente estabelecidos
Não se permite aos que efetuam registros contábeis realizar o trabalho da forma
como bem entendem. Se a contabilidade é uma ciência social, ela deve obedecer
a critérios técnicos e não se sujeitar a aspectos subjetivos.
A precisão das informações disponibilizadas pela contabilidade dependem
da observância de determinados princípios. Estes são aplicados aos casos
concretos, ou seja, aos fatos que precisam ser registrados, levando-se também
em consideração o ambiente econômico, tecnológico e social vigente. O objetivo,
portanto, é que o usuário da contabilidade possa avaliar as informações com
exatidão, com redução significativa de subjetividade e até com a possibilidade de
fazer projeções, avaliando a tendência dos fatos.
Outro benefício de que todos usem princípios contábeis para fazer seus registros
é a comparabilidade de informações. Isso é bastante evidente quando analisamos
balanços entre empresas do mesmo setor. Não seria possível fazer qualquer
comparação entre elas se cada uma adotasse critérios diferentes para registro.
Imagine, por exemplo, que ambas apresentassem investimentos em seus balanços.
Como saber se o valor que está sendo informado está aferido de forma correta, ou
se sofreu supervalorização por avaliação subjetiva?
Assim, é evidente a importância deste tema. E não à toa, se trata de assunto
normatizado, regulamentado.
A Resolução CFC nº 750/93 dispõe sobre os princípios fundamentais da
contabilidade. Esta resolução foi revogada e diversos CPCs (normativos contábeis)
diluíram o texto da Resolução e explicaram de forma mais plena e moderna os
princípios contábeis. Portanto, os princípios prevalecem desde sua criação.
Portanto, tomando a Resolução como base (uma vez que o conteúdo básico se
manteve nos CPCs), listamos os princípios a seguir3:

sumário 21
Educação

Princípio da Entidade
Descrito no artigo 4 da Resolução, tem como núcleo a autonomia do patrimônio.
Dito de forma simples, o patrimônio de uma empresa ou ente qualquer não pode
nunca se confundir com aqueles dos seus sócios ou proprietários.
Assim, o conjunto patrimonial de uma empresa necessita obrigatoriamente ser
diferenciado do conjunto patrimonial dos seus donos, sócios ou dirigentes. Se
trata de patrimônio autônomo e não pode se misturar com outro. Ainda que o
sócio possa retirar recursos da empresa, existem procedimentos sobre como ele
pode fazer isso. Então a empresa não pode ser considerada como uma extensão
de seu patrimônio pessoal.
Imagine, por exemplo, que um empresário se depare com a necessidade de pagar
uma conta pessoal em dinheiro num determinado dia e tenha se esquecido de
sacar os recursos de sua conta bancária. Visto que ele está nas dependências de
sua empresa, ele retira os recursos do caixa dela para pagar essa conta.
Se este empresário não repor os recursos do caixa, o que pode acontecer? Dentre
várias consequências, a despesa pessoal do empresário terá de ser registrada na
empresa para justificar a saída de recursos do caixa. Caso seja registrada como
despesa da empresa, distorcerá os registros dela. Esse valor reduzirá o lucro da
empresa indevidamente, além de se configurar numa retirada do sócio que não foi
reconhecida como tal. Se trata de um problema até com implicações fiscais, visto
que para efeito de impostos sobre lucro não se trata de um gasto dedutível.
Este tema é tão sério que até companhias que façam parte de um mesmo
grupo econômico/empresarial devem ter sua contabilidade completamente
independente das demais. Quando existe compartilhamento de qualquer coisa
(por exemplo, instalações, mão de obra, material de consumo, etc.) é necessário
que se faça rateio contábil de todos os gastos e desembolsos, registrando tudo
proporcionalmente para cada uma das companhias.
Se trata, de fato, de um princípio fundamental para que, ao analisar um balanço,
se tenha a confiança de que os fatos ali registrados são todos oriundos de suas
próprias operações e os recursos gerados pela empresa serão aproveitados em
benefício dela mesma.

sumário 22
Educação

Princípio da Continuidade
Disposto no artigo 5 da Resolução que citamos, este princípio prevê que os registros
e avaliações de fatos contábeis devem levar em conta a vida ou existência definida
ou provável da companhia. Essa análise influencia muito o valor econômico dos
ativos e, em boa parte, o valor ou o vencimento dos passivos.
Via de regra, as empresas são fundadas para que operem por tempo indefinido.
Há empresas com duração limitada e para determinado propósito, é verdade. Mas
não é a regra. Assim, a contabilidade deve refletir essa premissa.
Podemos aqui considerar os diversos fatores que podem causar a suspensão das
atividades de uma empresa:
• Mudanças no contexto econômico, que podem resultar em queda do poder de
compra da população e por consequência aumento de inadimplência e queda
significativa nas vendas, talvez até inviabilizando a operação, tais como crises
financeiras internas ou externas, ingresso de concorrentes no mercado com
alta capacidade de geração de resultados e com subsídios externos ou até
governamentais, dentre outros;
• Causas Naturais que afetem de forma determinante a manutenção da empresa,
tais como incêndios, inundações, quebras de barragens em campos de
mineração, desmoronamentos em áreas de relevo acidentado, dentre outras;
• Alterações de política governamental, tais como aumento ou redução de taxas
de juros ou decisões que impactem a área cambial, afetando operações de
importação e exportação de mercadorias, insumos ou serviços, causando
impactos diretos na produção, na formação de preços e no orçamento das
companhias;
• Problemas internos de gestão das próprias companhias, que envolvam
decisões equivocadas sobre investimento e financiamento das operações,
falhas nos processos e fluxos de trabalho, não aproveitamento de tecnologia,
más práticas de gestão, falta de consenso e ambiente contencioso entre
administradores, e tantas outras práticas que aos poucos causem a perda de
mercado e a inatividade da empresa.
Em resumo, a empresa ficará de olho em sua situação para registrar os fatos
contábeis ou para reajustar o que já se tem registrado.
Por exemplo, a empresa deve registrar, como regra, seus investimentos em valores
avaliados com base na geração de resultados ao longo dos anos. Isso porque se
espera que ela permaneça operando por tempo indeterminado. Caso a situação

sumário 23
Educação

mude e haja evidência de que uma interrupção ou suspensão de atividades seja


provável, aí cabe avaliar se os ativos e investimentos podem ser registrados pelo
valor que se teria numa negociação naquele período.
Muito importante, portanto, este princípio, a fim de que ao analisar os balanços
possamos não apenas saber o critério de quantificação e classificação de
patrimônio, mas também projetar dados com certo grau de precisão.

Princípio da Oportunidade
Está detalhado no artigo 6 da Resolução mencionada anteriormente. Dispõe,
simultaneamente, à tempestividade e à integridade dos fatos contábeis,
determinando que estes sejam registrados de imediato e na extensão correta,
independentemente das causas que os originaram. Assim a contabilidade vai
refletir a real situação patrimonial da companhia no instante em que o balanço ou
relatório contábil é gerado.
De forma simples, a contabilidade deve registrar tudo o que modifica a situação
patrimonial e financeira da empresa tão logo ocorram ou tenham evidência sólida
de que está prestes a ocorrer. Não se pode, portanto, “guardar esqueletos no
armário”. Registros que impactem de forma positiva ou negativa o patrimônio
precisam ser reconhecidos prontamente.
No geral, as variações patrimoniais costumam ter as seguintes origens principais:
• Movimentações decorrentes de suas próprias operações e com seus elementos
patrimoniais, como por exemplo a transformação de insumos em mercadorias
ou serviços, reformas ou construções/ampliações de capacidade instalada,
entre outros;
• Transações feitas com outras companhias, devidamente documentadas, tais
como compras de insumos e de quaisquer outros itens, terceirização de mão
de obra para determinadas operações, vendas de mercadorias e serviços,
e outros;
• Eventos de origem externa tais como flutuações de taxas e políticas de
câmbio, proibição de operação por parte de órgãos reguladores, tragédias e
catástrofes naturais, e assim por diante. São fatos que muitas vezes ocorrem
de modo alheio à vontade ou à atuação da companhia, mas que afetam sua
posição patrimonial.

sumário 24
Educação

Registrar os fatos tão logo ocorram produz informação contábil tempestiva e,


portanto, confiável, hábil para tomada de decisões.
Num exemplo bastante simples, a companhia que tem dificuldades em registrar
suas despesas diariamente, talvez por que muitos colaboradores guardem as
notas fiscais de compras nas gavetas e não os apresentem imediatamente, terá
dificuldade em conhecer sua real performance em produzir lucros. Como gerenciar
o custo real de suas operações e estrutura empresarial a cada mês se parte das
despesas de rotina são contabilizadas em meses posteriores aos que são de
verdade o momento de ocorrência?
A observância desse princípio por parte das empresas faz, portanto, com que
possamos comparar informações de balanço e de resultado entre empresas,
especialmente margens de lucro, margens de custeio, rentabilidade geral, índices
de endividamento e outras informações de performance tão importantes.

Princípio do Registro pelo Valor Original


Descrito no artigo 7 da Resolução citada anteriormente, este princípio determina
que as transações sejam registradas pelo seu valor original, em valor presente na
moeda do País, independentemente de estas transações configurarem acréscimos
ou reduções do patrimônio da entidade.
Sendo assim, os valores de registro, por serem originais, valores de entrada, serão
o ponto de partida para qualquer análise.
O princípio ainda dispõe que, uma vez integrado ao patrimônio, essas transações
registradas não poderão ter os seus valores alterados. No máximo poderá ter seu
valor decomposto em elementos a serem reintegrados ou reclassificados em
outras contas. O valor original será mantido enquanto figurar no patrimônio, sendo
base de análise até para a sua saída.
Agindo assim, a contabilidade preserva a transação contábil nas características
originais, na condição tal e qual foi realizada com o mundo interior e exterior. Se
determinada transação foi feita com outra empresa e o valor foi determinado
em comum acordo entre as partes por livre negociação, ou se foi imposto por
uma das partes, não importa. O que importa é que será registrada pelo valor final,
determinado ao final da operação.

sumário 25
Educação

Este critério imposto neste princípio é fundamental para a avaliação e comparação


de informações entre empresas.
Por exemplo, considere uma empresa que compre determinados equipamentos de
produção com um substancial desconto e resolve registrá-los pelo valor de mercado,
sem considerar os descontos. Essa ação inviabiliza qualquer comparação entre o
balanço dela e o de um concorrente. Até mesmo o desgaste dessas máquinas, a
chamada depreciação, será apurada numa base errada, maior do que a real, e com
isso influenciará o lucro do período artificialmente.
Maus efeitos parecidos são causados caso a empresa resolva registrar
investimentos ou mesmo compras de insumos de custeio de produção por valores
maiores ou menores do que os que foram transacionados.
Igualmente importante é o registro sempre ser feito com base na moeda nacional.
Seria simplesmente impossível comparar informações entre empresas se a
contabilidade usasse como base moedas estrangeiras e taxas de conversão de
câmbio das datas em que fossem convenientes a elas.
Sabiamente a contabilidade tem mecanismos próprios para reconhecer variações
cambiais e seus efeitos no patrimônio. Mantendo o valor original como base, a
variação é apurada e controlada em contas específicas, interligadas com os efeitos
causados por essas variações, positivas ou negativas ao patrimônio da entidade.
Assim a subjetividade não predomina nos registros contábeis, mesmo naqueles
que são feitos em moeda estrangeira.

Princípio da Competência
Tratado no artigo 9 da resolução em questão, se refere à obrigação de incluir na
apuração de resultado de determinado período as receitas e despesas que nele
ocorrerem, simultaneamente, quando se correlacionarem, não importando sobre
o seu pagamento ou recebimento.
Fica claro que o princípio preceitua a correta apuração de resultados,
independentemente da realização financeira de receitas e despesas. O que importa
aqui é considerar receitas realizadas e despesas incorridas, não do ponto de vista
financeiro que pensa em termos de caixa, mas do ponto de vista contábil.

sumário 26
Educação

De acordo com as normas contábeis, as despesas da companhia são consideradas


incorridas nas seguintes situações:
• Quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua
propriedade para terceiros;
• Pela extinção ou redução do valor econômico de um ativo;
• Pelo surgimento de um passivo, sem um correspondente ativo.
De forma geral, então, a despesa incorre ou surge como redutor do resultado da
companhia, independentemente de ter sido paga ou não.
Pense, por exemplo, numa empresa que recebe uma multa ambiental. É muito
provável que ela conteste a multa num contencioso judicial. Essa discussão pode
levar anos, porque a companhia pode discutir não apenas o valor, mas até se o
dano ambiental foi mesmo causado por suas atividades e ingerência.
Neste caso da multa ambiental, se trata de uma despesa a ser registrada como
tal? Sim! Tão logo receba a notificação do órgão competente sobre a multa, a
empresa tem o dever de registrar na contabilidade, fazendo um lançamento no
passivo por reconhecer a existência dessa possível obrigação a ser saldada no
futuro e sua correspondente despesa, visto que a criação de um passivo implica
numa redução de patrimônio.
A empresa pode levar anos para pagar essa multa. Mesmo assim, o registro
contábil vai demonstrar a diminuição do patrimônio da empresa pelo efeito dessa
multa assim que ela foi recebida pela companhia.
Talvez você se pergunte: mas e se a empresa ganhar o litígio e a multa for
cancelada? Quando isso ocorrer, e for em caráter definitivo, a contabilidade fará
um lançamento em que irá reconhecer o ganho de patrimônio, visto que o passivo
previsto não se reverteu em desembolso pela companhia. Dessa forma, o registro
contábil vai refletir de forma exata a situação da companhia: o período em que
tinha essa obrigação a pagar com potencial efeito de redução de patrimônio e
depois a reversão dessa situação.
Da mesma forma em que as despesas são consideradas como redutor de
patrimônio e lançadas tão logo incorram, independentemente de seu pagamento,
as receitas também são reconhecidas e contabilizadas, não importando se foram
recebidas ou não.

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Educação

As receitas são consideradas realizadas nas seguintes situações:


• Pela geração natural de novos ativos, independentemente da intervenção de
terceiros;
• Em transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou
assumirem compromisso firme de fazê-lo, seja por receberem e usufruírem a
propriedade de bens anteriormente pertencentes à companhia ou pelo usufruto
de serviços por ela prestados;
• Na extinção parcial ou total de um passivo por qualquer razão, sem o
desaparecimento simultâneo de um ativo correspondente.
Diante do que vimos, a receita é considerada elemento que aumenta o ativo sem
que tenha sido recebida.
Um exemplo disso é quando uma empresa realiza vendas a prazo. Quando ocorre
a venda, um documento fiscal é gerado indicando a transação de transferência
de posse de mercadoria ou a prestação de um serviço. Possivelmente também é
gerado um boleto bancário, que é um documento puramente financeiro, indicando
a obrigação do comprador ou tomador do serviço de saldar o compromisso
financeiramente.
Notem que já existe uma transação entre duas empresas bem documentada e já
em andamento. O que resta é apenas o recebimento financeiro pela mercadoria
vendida ou serviço prestado. O fato de a venda ter sido feita indica que o patrimônio
da companhia sofreu um aumento pela atividade operacional dela. Isso por si só
já obriga ao registro desse aumento de patrimônio, registrando-se a receita e o
correspondente ativo (direito a receber).
Refletir bem nesses aspectos nos faz perceber o cerne desse princípio: a apuração
exata e correta de performance da companhia, ao possibilitar comparar as vendas
com os correspondentes gastos que as possibilitaram.
Daí conseguimos entender porque o ponto de vista financeiro fica de lado nessa
análise: este princípio mede a lucratividade, a rentabilidade, a produção de
resultado da companhia. Dessas análises é possível verificar se sua formação de
preço é adequada, se o seu custeio é razoável e se essas vendas são de fato
viáveis ou não do ponto de vista de geração ou aumento de ativos.
A parte financeira não pode ser deixada de lado, sem dúvida. Mas será medida em
outro ângulo, com instrumentos e indicadores próprios para isso.
De fato, a análise do aspecto financeiro, ou seja, se a empresa está gerando

sumário 28
Educação

caixa rapidamente, se está precisando ser financiada enquanto estica o prazo de


pagamento dos seus clientes, se ela consegue ser financiada pelos fornecedores
dela, ou seja, toda essa análise será feita pela análise de outras informações
contábeis. Através de indicadores obtidos por meio do cruzamento das principais
demonstrações financeiras – o Balanço Patrimonial e a Demonstração de
Resultados do Exercício – será possível verificar tudo isso e outros aspectos
importantes, inclusive nível de endividamento, estrutura de capital, composição
de gastos e despesas e até a liquidez de caixa diário da companhia.
Não é à toa que muitos consideram o princípio da competência como sendo um
dos mais importantes do mundo contábil.

Princípio da Prudência
Descrito no artigo 10 da Resolução citada, este princípio dispõe o que se descreve
como uma conduta conversadora por parte da contabilidade.
Essa postura conservadora se traduz na adoção do menor valor para os
componentes de ativo e de maior valor para os itens de passivo sempre que houver
alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais.
Em termos simples, sempre que houver hipóteses igualmente aceitáveis de
mensuração de um ativo ou passivo, a contabilidade adotará uma postura prudente
ao registrar o ativo pelo menor valor e o passivo de pelo maior valor.
Agindo assim a confiança nos registros aumentará, uma vez que o cenário indicado
nas demonstrações financeiras será o mais provável a se concretizar.
Muito mais importante ainda é o uso desse princípio ao avaliar fatos contábeis
que envolvam determinado grau de incerteza. Neste caso, a prudência e
conservadorismo é imprescindível a fim de não inchar o ativo com elementos que
não serão convertidos em aumento de patrimônio ou desconsiderar elementos
que tenham potencial real e concreto de redução do patrimônio por perda ou
desembolso de caixa.
Quando não há supervalorização de ativos e/ou passivos não são subestimados,
podemos confiar nos registros contábeis.
Um exemplo clássico da aplicação desse princípio é a apuração da potencial e

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Educação

provável insolvência dos clientes da companhia. Há uma conta de ativo, chamada


de Provisão para créditos de liquidação duvidosa, que é formada dos valores que
a companhia acredita que não irá receber por parte de clientes que se tornarão
insolventes, temporária ou indefinidamente.
Essa conta é indicada no ativo, como redutora da conta de clientes, a fim de que
se possa medir não apenas o ativo que a empresa espera receber, mas qual o
percentual de insolvência que a empresa tem em sua carteira de clientes.
É bastante desconfortável para qualquer empresa “tomar calotes”. Mas é inevitável
que ocorram. O que se espera é que a companhia seja franca e prudente na
estimativa real dessas perdas financeiras.
Nem sempre é fácil realizar esse trabalho no atual cenário econômico, em que as
companhias são cada vez mais pressionadas por acionistas e pelo mercado pelos
melhores e maiores resultados de lucratividade. Muitas empresas são tentadas a
reduzir ao mínimo essas estimativas de perdas, privilegiando uma demonstração
de lucro maior.
O mesmo perigo é ocasionado quando, ao reconhecer um potencial passivo, a
empresa tenda a subestimar o valor de possível desembolso, em nome de não
penalizar o resultado do período. Algumas podem ser tentadas a registrar pelo valor
mínimo, já pensando em aumentar este valor em períodos futuros, talvez no ano
seguinte, a fim de que o lucro do período seja potencializado. Se trata de uma ação
perigosa e indevida, pois a contabilidade não estaria refletindo adequadamente a
real situação patrimonial da entidade. O usuário da contabilidade tomaria decisões
com base num quadro patrimonial que subestima exigibilidades.
Pior ainda seria, por exemplo, classificar determinados gastos e despesas como
ativos ou investimentos. Infelizmente isso já ocorreu com diversas empresas,
justamente pela pressão pelos maiores e melhores lucros, e ao final o resultado
foi desastroso, ocasionando sérias perdas patrimoniais e até a quebra e falência.
Talvez perceba que este princípio está intimamente ligado aos demais. Afinal, ser
prudente envolve registrar o fato tão logo ocorra (princípio da oportunidade), pelo
valor em que ele de fato ocorreu (princípio do registro pelo valor original) e se
correlacionando às receitas ou despesas do período (princípio da competência).
Visto que o dano pela não aplicação séria e responsável desses princípios
acarretaria graves riscos de danos para a companhia, é patente a necessidade de
fiscalização da contabilidade. Ela é feita através de mecanismos de compliance e

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Educação

de controles internos, que também são baseados nas demonstrações contábeis.


Faz parte da cultura de compliance os seguintes trabalhos:
• Criação de controles internos: é a definição de procedimentos que os
colaboradores devem seguir em seus trabalhos. Também o compartilhamento
de responsabilidades e atribuições e a correta e criteriosa seleção e definição
de funções.
Para ilustrar: atribuir ao colaborador que faz compras a tarefa de também efetuar
o pagamento por elas traz risco para a companhia se a pessoa errar, seja por má
fé ou sem intenção. Separar as funções de fazer as compras e as de efetuar os
pagamentos faz parte de práticas de bons controles internos.
Na contabilidade não é diferente. Por exemplo, a empresa pode exigir que os
responsáveis pela contabilidade assinem termos de responsabilidade sobre o
trabalho que fazem. Por exemplo, fazê-los se comprometer em seguir os princípios
contábeis que mencionamos aqui. Isso fará com que a empresa não sofra
prejuízos maiores caso se confirme alguma prática ilícita cuja atuação se restrinja
aos colaboradores, sem atuação por parte da Administração ou dos acionistas.
• Criação de área de auditoria interna: determinação da função de fiscalização
interna de controles e processos para colaboradores da empresa.
Estes colaboradores atuam diretamente nos processos internos da companhia e
podem se certificar de que as lacunas destes sejam detectadas e sanadas.
Para ilustrar, os auditores internos deverão entender como funciona o processo
de avaliação de ativos e passivos quando há determinado grau de incerteza. Será
que o contador toma a decisão sozinho? Ele compartilha a decisão junto com
o Diretor Financeiro? Consulta especialistas contábeis? Qual o risco de qualquer
uma dessas opções? Avaliar e divulgar essa situação e o risco envolvido em cada
hipótese é tarefa do auditor interno.
• Uso de serviços de auditoria externa: Cabe aos auditores externos, contratados
pela companhia, a averiguação dos processos, controles internos e,
principalmente, da exatidão das demonstrações financeiras.
Para ilustrar, auditores analisam as contas contábeis e os valores de maior grandeza,
bem como sua origem. Assim irão verificar se as classificações estão corretas, se
as avaliações estão adequadas e se os registros foram corretos do ponto de vista
dos normativos contábeis, especialmente com relação aos princípios contábeis
que consideramos.

sumário 31
Educação

Todas essas práticas irão conferir confiabilidade e comparabilidade nas


demonstrações financeiras.
Vale a pena conhecer esse tópico mais a fundo! Conheça nosso curso a distância
de Elaboração das Demonstrações Financeiras clicando aqui.

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Educação

Bibliografia:

(1) https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/administracao/
historia-do-mercado-e-da-venda/30936

(2) https://www.jornalcontabil.com.br/conheca-origem-e-historia-da-
contabilidade/

(3) http://anapaularsm.blogspot.com/

(4) Manual de Contabilidade das Sociedades por ações - Sérgio de Iudícibus,


Eliseu Martins e Ernesto Rubens Gelbcke – 6ª edição, páginas 76 a 85

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