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I-2. Cerâmicas
São pedras artificiais obtidas pela moldagem, secagem, e cozedura das argilas ou de
mistura contendo argilas.
Principais características: grande durabilidade (alta temperatura de fusão); isolantes
elétricos e térmicos; duros, mas frágeis.
II. As argilas
II-1. Definição
São materiais terrosos que, quando misturados com a água, apresentam alta
plasticidade
Definição da ABNT: "As argilas são compostas por partículas coloidais de diâmetro
inferior a 0,005 mm, com alta plasticidade quando úmidas e que, quando secas, formam
torrões dificilmente desagregáveis pela pressão dos dedos"
2. Componentes acessórios
→ Feldspatos (fundentes): diminuem a plasticidade e o ponto de fusão e aumentam a
massa específica, resistência e impermeabilidade.
→ Sílica livre (areia): reduz a plasticidade e retração (é uma carga), aumenta a brancura e
diminui a resistência mecânica (em excesso, pode provocar fissuras na queima)
→ Óxido de ferro: dá a cor avermelhada (4-8% para as cerâmicas vermelhas; < 2% para
as cerâmicas brancas), diminui a plasticidade e refratariedade.
→ Alumina livre (óxido de alumínio): aumenta a refratariedade e reduz a plasticidade e a
resistência mecânica.
→ Compostos cálcicos (sais de sulfatos e carbonatos): reduzem refratariedade e
plasticidade e dão as eflorescências.
→ Matéria orgânica: aumenta a plasticidade, porosidade e retração; dá a cor escura das
argilas antes do cozimento.
3. Água
Nas pastas de argilas, a água existe sob três formas:
- Água de constituição que pertence a rede cristalina
- Água de plasticidade ou adsorvida que adere à superfície das partículas coloidais
- Água de capilaridade, livre ou de poros que preenche os poros e vazios
II-4-1. Plasticidade
É a propriedade que um sistema possui de se deformar pela aplicação de uma força e
de manter essa deformação quando a força é retirada.
Ela resulta das forças de atração entre partículas de argilo-minerais e da ação lubrificante da
água entre as partículas lamelares; as forças de atração podem ser anuladas se a película de
água entre as lamelas é excessiva provocando uma perda da plasticidade.
A plasticidade depende de:
- Tipo e percentagem dos argilo-minerais
- Tamanho e forma das partículas
- Capacidade de troca de íons
- Presença de outras substâncias
II-4-2. Retração
Durante a secagem das argilas, ocorre a evaporação da água: a distância entre as partículas
diminui, provocando uma retração.
Esta retração é proporcional ao grau de umidade e à composição da argila e tamanho
das partículas.
Se retração não é uniforme, a peça pode se deformar
Observação: fatores que aumentam a plasticidade, também aumentam a retração
Observação: maior será a espessura da peça, maior deverá ser o tempo de secagem (e maior
será o risco de fissuração)
2) Queima (sinterização)
Durante a queima dos materiais cerâmicos, ocorrem transformações físicas, alotrópicas,
reações no estado sólido e recristalizações em diversos intervalos de temperatura.
Os processos de queima são caracterizados pela temperatura de queima mas também pelo
tempo de permanência numa temperatura dada.
→ Até 110 ºC: ocorre a evaporação da água de capilaridade e amassamento (se não for
totalmente evaporada durante a secagem)
→ Em volta de 200-300 ºC: ocorre a perda da água adsorvida: a argila se enrijece
→ Entre 400 e 800 ºC, ocorrem: perda da água de constituição; combustão da matéria
orgânica; decomposição da pirita FeS2 em óxido de ferro Fe2O3 (dá a cor avermelhada);
decomposição dos hidróxidos; transformação alotrópica do quartzo α em quartzo β (573°C)
→ Entre 800 e 950 ºC, ocorrem: calcinação dos carbonetos que se transformam em óxidos;
decomposição dos sulfetos
→ A partir de 950 ºC: ocorre o início da vitrificação (ou sinterização): por reação em
alta temperatura entre alguns dos constituintes das argilas, forma-se um “vidro” líquido a
base de sílica que aglomera as partículas menos fusíveis dando após o resfriamento dureza,
resistência e compactação ao conjunto. As propriedades de um artigo cerâmico depende da
quantidade de vidro formado, que será ínfima nos tijolos comuns e grande nas porcelanas.
III-3. Sucção
É a velocidade de absorção da água que é função da porosidade e da capilaridade.
III-4. Outras propriedades
Materiais cerâmicos são: - péssimos condutores elétricos e térmicos
- bom isolante acústico, mas péssimo absorvente acústico
V. Fabricação da Cerâmica
Segue os seguintes passos: (1) Exploração da jazida (extração do barro) (2) Preparação
da matéria-prima (3) Moldagem (4) Cozimento (5) Vitrificação especial e esmaltação (às
vezes)
ê
V-3. Moldagem
É a operação que vai dar a forma desejada à pasta cerâmica
Acrescentando-se mais água: aumenta-se a facilidade de moldagem e diminui-se o
consumo de energia (BOM !) mas em contrapartida aumenta-se a contração na secagem e a
deformação assim como aumenta-se o tempo de secagem (RUIM !).
Em função da quantidade de água adicionada, existe vários tipos de moldagem:
Este processo é usado para a fabricação de porcelanas, louças sanitárias, peças para
instalação elétrica e de formato complexo.
reduzido e as peças obtidas são de muito boa qualidade (não tem bolhas)
→ Desvantagens: investimento elevado e limitação dos formatos
Este processo é usado para a fabricação ladrilhos, azulejos, pisos, refratários, isoladores
elétricos, tijolos e telhas de qualidade superior.
V-4. Secagem
Objetivo: evaporar a maior quantidade possível de água antes da queima tornar a peça
suficientemente resistente para poder ser manuseada.
Mas é necessário controlar a velocidade de secagem para evitar a formação de fissuras
e deformação das peças.
Para isto, existe vários processos:
a) Secagem natural
É o processo mais comum nas olarias de pequeno e médio porte. Ele é feito em telheiros
extensos ao abrigo do sol e com ventilação mais ou menos controlada. Em depósitos
colocados em torno e acima do forno. Mas é demorado (Exemplo: 3 a 6 semanas para
argilas moles, 1 semana para argilas rijas) e exige grandes superfícies.
c) Secadores de túnel
As peças são colocadas em vagonetes que percorrem lentamente um túnel no sentido da
menor para a maior temperatura (aproveitamento do calor residual dos fornos 40-150°C).
d) Secagem por radiações infra-vermelhas
É um método ainda pouco usado, devido ao seu alto custo de investimento e o uso restrito
às peças delgadas. Mas o rendimento é alto ocorre pouca deformação. Usado para a
fabricação de peças cerâmicas de precisão.
A queima em alta temperatura vai provocar o fenómeno de vitrificação que dará coesão e
resistência para as peças cerâmicas.
As peças (Exemplo: tijolos) são empilhadas em cutelo sob forma de uma pirámida truncada
com altura de 5-6 metros e lado de 8-10 metros.
O tipo de forno deve ser escolhido de maneira a proporcionar uma uniformidade das
temperaturas no seu interior e um rendimento máximo, diminuindo as perdas por
irradiação.
O vidrado deve ser homogêneo (espessura, cor) ao longo da peça e deve apresentar alta
resistência às variações de temperatura e umidade, sem gretar