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As Redes Sociais Digitais: Um mundo em transformação

Carlos Henrique Medeiros de Souza e Carla Cardoso

Introdução
O conceito de redes é abordado por diversos estudiosos em variadas vertentes.
Segundo Pierre Musso (2004), a idéia de rede existe na mitologia através do imaginário da
tecelagem e do labirinto. Na Antiguidade, Hipócrates, em sua Medicina, a associa à metáfora
do organismo em que “[...] todas as veias se comunicam e se escoam de umas para as outras;
com efeito, umas entram em contato com elas mesmas, outras estão em comunicação pelas
vênulas, que partem das veias e que nutrem as carnes”. (MUSSO, 2004, pp. 17-18).

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A palavra designa, portanto, ainda segundo o mesmo autor, redes de caça ou pesca e
tecidos, uma malhagem têxtil envolvendo o corpo. “Fios entrelaçados para os tecidos, os
cordéis ou cestas, as malhas ou tecidos, estão em torno do corpo”. (MUSSO, 2004, p. 18).
Na virada do século XVIII para o XIX, há uma “ruptura” no conceito, com sua saída
do corpo. “A rede não é mais apenas observada sobre ou dentro do corpo humano, ela pode
ser construída”. (MUSSO, 2004, p. 20). Ela se torna autônoma, artificial, ao invés de natural,
pode ser construída, visto que “se torna objeto pensado em sua relação com o espaço. Ela se
exterioriza como artefato técnico sobre o território para encerrar o grande corpo do Estado-
Nação ou do planeta”. (MUSSO, 2004, p. 20).
Assim como essa trama, esse emaranhado que dá forma à malhagem, observa-se que a
forma organizacional da sociedade se perpetua desta maneira, em torno das redes sociais. Ou,
como defende o sociólogo alemão Georg Simmel, é feita de agregações, separações,
coletividade e individualidade, sucessivas e simultâneas.
Essa dinâmica social é descrita pelo sociólogo em seu ensaio A ponte e a porta, de
1909, por meio da metáfora da ponte e da porta. A ponte, para o pesquisador, provê a
realidade visível da distância em relação ao outro, instaurando o desejo de perpetuar o elo de
ligação com este. Esta seria a imagem do desejo dessa ligação, dessa agregação, que é próprio
da vida em sociedade.
A porta, segundo Simmel (1909), seria aquela que separa, que mantém a interioridade,
a individualidade, que não quer contato profundo com o outro, que fecha o homem em si
mesmo, evitando a socialização. Entretanto, ela seria essa socialização que mantém essas
distâncias que compõem o indivíduo. Para o sociólogo, a vida social se estabelece neste ciclo
de passagens sucessivas, com indivíduos que se agregam e que se isolam da ponte à porta e
vice-versa. A metáfora de Simmel, criada no início do século passado, caracteriza, de forma
clara, a vida contemporânea em sociedade.
Michel Maffesoli (1998), inspirado em Simmel, colabora para o entendimento deste
método de agregação social dos indivíduos com sua metáfora de tribos, a rede das redes, em
que “redes” também são as pessoas.

[...] as coisas, as pessoas, as representações se propagam por um


mecanismo de proximidade. Assim, é por contaminações sucessivas
que se cria aquilo que é chamado de realidade social. Através de uma
seqüência de cruzamentos e de entrecruzamentos múltiplos se
constitui em uma rede das redes. Os diversos elementos limitam-se
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entre si, formando, assim, uma estrutura complexa. Entretanto, a


oportunidade, o acaso, o presente representam nela uma parte não
negligenciável. E isso dá ao nosso tempo o aspecto incerto e
estocástico que conhecemos bem. O que não impede, por pouco que
se saiba ver, que nela esteja agindo uma organicidade sólida que sirva
de base às novas formas de [...] socialidade. (MAFFESOLI, 1998,
pp.205-206).

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Mesmo nascendo em uma esfera informal de relações sociais, os


efeitos das redes podem ser percebidos fora de seu espaço, nas
interações com o Estado, a sociedade ou outras instituições
representativas. Decisões micro são influenciadas pelo macro, tendo a
rede como intermediária. (MARTELETO, 2001).

Na análise de redes, para se estudar como os comportamentos ou as opiniões dos


indivíduos dependem das estruturas nas quais eles se inserem, a unidade de análise não são os
atributos individuais (classe, sexo, idade, gênero), mas o conjunto de relações que os
indivíduos estabelecem através das suas interações uns com os outros. A estrutura é
apreendida concretamente como uma rede de relações e de limitações que pesa sobre as
escolhas, as orientações, os comportamentos, as opiniões dos indivíduos.
A análise de redes não constitui um fim em si mesmo. Ela é o meio para realizar uma
análise estrutural cujo objetivo é mostrar em que a forma da rede é explicativa dos fenômenos
analisados.

O objetivo é demonstrar que a análise de uma díade (interação entre


duas pessoas) só tem sentido em relação ao conjunto das outras díades
da rede, porque a sua posição estrutural tem necessariamente um
efeito sobre sua forma, seu conteúdo e sua função. Portanto, a função
de uma relação depende da posição estrutural dos elos, e o mesmo
ocorre com o status e o papel de um ator. Uma rede não se reduz a
uma simples soma de relações, e a sua forma exerce uma influência
sobre cada relação, (Degenne & Forse, 1994: 7-12). (MARTELETO,
2001).

Ainda segundo a mesma autora, as redes nas ciências sociais são compostas de
indivíduos, grupos ou organizações, e sua dinâmica está voltada para a perpetuação, a
consolidação e o desenvolvimento das atividades dos seus membros:
Nos espaços informais, as redes são iniciadas a partir da tomada de
consciência de uma comunidade de interesses e/ou de valores entre
seus participantes. Entre as motivações mais significativas para o
desenvolvimento das redes estão os assuntos que relacionam os níveis
de organização social-global, nacional, regional, estadual, local,
comunitário. Independentemente das questões que se busca resolver,
muitas vezes a participação em redes sociais envolve direitos,
responsabilidades e vários níveis de tomada de decisões.
(MARTELETO, 2001).

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Estudar a informação através das redes sociais significa considerar as relações de


poder que advêm de uma organização não-hierárquica e espontânea e procurar entender até
que ponto a dinâmica do conhecimento e da informação interfere nesse processo. “Em
qualquer rede social, alguns elos mantêm relações mais estreitas ou mais íntimas. É o que se
denomina cliques, que Emyrbayer define como "grupo de atores no qual cada um está direta e
fortemente ligado a todos os outros" (1994:1449)”. (MARTELETO, 2001).

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immigrants", cedida por Roberta de Moraes Jesus de Souza: professora, tradutora e mestranda
em educação pela UCG.

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