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Introdução
O conceito de redes é abordado por diversos estudiosos em variadas vertentes.
Segundo Pierre Musso (2004), a idéia de rede existe na mitologia através do imaginário da
tecelagem e do labirinto. Na Antiguidade, Hipócrates, em sua Medicina, a associa à metáfora
do organismo em que “[...] todas as veias se comunicam e se escoam de umas para as outras;
com efeito, umas entram em contato com elas mesmas, outras estão em comunicação pelas
vênulas, que partem das veias e que nutrem as carnes”. (MUSSO, 2004, pp. 17-18).
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Agenda Social. V.5, nº1, jan/ abr / 2011, p. 66 - 81 , ISSN 1981-9862
Carlos Henrique Medeiros de Souza e Carla Cardoso
A palavra designa, portanto, ainda segundo o mesmo autor, redes de caça ou pesca e
tecidos, uma malhagem têxtil envolvendo o corpo. “Fios entrelaçados para os tecidos, os
cordéis ou cestas, as malhas ou tecidos, estão em torno do corpo”. (MUSSO, 2004, p. 18).
Na virada do século XVIII para o XIX, há uma “ruptura” no conceito, com sua saída
do corpo. “A rede não é mais apenas observada sobre ou dentro do corpo humano, ela pode
ser construída”. (MUSSO, 2004, p. 20). Ela se torna autônoma, artificial, ao invés de natural,
pode ser construída, visto que “se torna objeto pensado em sua relação com o espaço. Ela se
exterioriza como artefato técnico sobre o território para encerrar o grande corpo do Estado-
Nação ou do planeta”. (MUSSO, 2004, p. 20).
Assim como essa trama, esse emaranhado que dá forma à malhagem, observa-se que a
forma organizacional da sociedade se perpetua desta maneira, em torno das redes sociais. Ou,
como defende o sociólogo alemão Georg Simmel, é feita de agregações, separações,
coletividade e individualidade, sucessivas e simultâneas.
Essa dinâmica social é descrita pelo sociólogo em seu ensaio A ponte e a porta, de
1909, por meio da metáfora da ponte e da porta. A ponte, para o pesquisador, provê a
realidade visível da distância em relação ao outro, instaurando o desejo de perpetuar o elo de
ligação com este. Esta seria a imagem do desejo dessa ligação, dessa agregação, que é próprio
da vida em sociedade.
A porta, segundo Simmel (1909), seria aquela que separa, que mantém a interioridade,
a individualidade, que não quer contato profundo com o outro, que fecha o homem em si
mesmo, evitando a socialização. Entretanto, ela seria essa socialização que mantém essas
distâncias que compõem o indivíduo. Para o sociólogo, a vida social se estabelece neste ciclo
de passagens sucessivas, com indivíduos que se agregam e que se isolam da ponte à porta e
vice-versa. A metáfora de Simmel, criada no início do século passado, caracteriza, de forma
clara, a vida contemporânea em sociedade.
Michel Maffesoli (1998), inspirado em Simmel, colabora para o entendimento deste
método de agregação social dos indivíduos com sua metáfora de tribos, a rede das redes, em
que “redes” também são as pessoas.
Ainda segundo a mesma autora, as redes nas ciências sociais são compostas de
indivíduos, grupos ou organizações, e sua dinâmica está voltada para a perpetuação, a
consolidação e o desenvolvimento das atividades dos seus membros:
Nos espaços informais, as redes são iniciadas a partir da tomada de
consciência de uma comunidade de interesses e/ou de valores entre
seus participantes. Entre as motivações mais significativas para o
desenvolvimento das redes estão os assuntos que relacionam os níveis
de organização social-global, nacional, regional, estadual, local,
comunitário. Independentemente das questões que se busca resolver,
muitas vezes a participação em redes sociais envolve direitos,
responsabilidades e vários níveis de tomada de decisões.
(MARTELETO, 2001).
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Agenda Social. V.5, nº1, jan-abr/2011, p. 65 - 78 , ISSN 1981-9862
As Redes Sociais Digitais: Um mundo em transformação
MUSSO, Pierre. A Filosofia da Rede in PARENTE, André (org). Tramas da Rede: novas
dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. Editora Sulina, 1ª Edição,
2004.
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Agenda Social. V.5, nº1, jan-abr/2011, p. 65 - 78 , ISSN 1981-9862
As Redes Sociais Digitais: Um mundo em transformação
immigrants", cedida por Roberta de Moraes Jesus de Souza: professora, tradutora e mestranda
em educação pela UCG.