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PHTLS
Na fase pré-hospitalar deve-se dar ênfase à manutenção da via aérea, ao controle da
hemorragia externa e do choque, à mobilização do doente e ao transporte imediato ao
hospital apropriado mais próximo.
Deve-se dar ênfase também à obtenção e documentação de informações necessárias à
triagem ao chegar ao hospital, incluindo a hora do trauma, eventos relacionados ao trauma
e história do doente.
Os mecanismos de lesão podem sugerir a intensidade das lesões, assim como alertar para a
ocorrência de traumas específicos.
Princípios do PHTLS
Garantir a segurança dos socorristas e da vítima
Avaliar a situação para determinar a necessidade de recursos adicionais
Reconhecer a cinemática envolvida nas lesões
Manter a coluna cervical estabilizada, enquanto se faz o atendimento
adequado da via aérea
Providencia suporte ventilatório e oferecer oxigênio para manter a SaO2 > 95%
Controlar toda a hemorragia externa significativa
Tomar as medidas iniciais para o TTO do choque, incluindo a restauração e a
manutenção da temperatura corporal do organismo e a imobilização
adequada das lesões musculoesqueléticas
Considerar o uso dos PASG (calça pneumática antichoque) nos pacientes com
choque descompensado (PAS < 90mmHg) e suspeita de hemorragia pélvica,
intraperitoneal ou retroperitoneal e nos pacientes com hipotensão grave (PAS <
60mmHg)
Manter a estabilização manual da coluna até que o paciente esteja
estabilizado em prancha longa
Quando se tratar de pacientes traumatizados graves, iniciar o transporte para o
hospital apropriado mais próximo dentro de 10 minutos após a chegada ao
local
A caminho do hospital, iniciar reposição volêmica com soluções aquecidas
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Emergências
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Imobilização
O doente traumatizado, deve sempre ser movido em monobloco (4 pessoas). Sempre
que houver a decisão de imobilizar um doente traumatizado, o socorrista deve:
Alinhar a cabeça do doente em uma posição neutra (a menos que haja
contraindicação). Manter o alinhamento com a estabilização manual todo o
tempo.
Realizar a análise primária e proceder às intervenções necessárias.
Avaliar a capacidade motora, a resposta sensitiva e o pulso nas quatro
extremidades, se as condições do doente permitirem.
Examinar o pescoço, medi-lo e aplicar um colar cervical adequado e eficaz.
Dependendo da situação, colocar uma prancha curta ou um colete de
imobilização no doente, ou colocar o doente em uma prancha longa.
Imobilizar o tronco no dispositivo de modo que o tronco não possa se mover
para cima, para baixo, para a esquerda ou para a direita.
Avaliar a necessidade de acolchoar a área que se encontra atrás da cabeça,
em adultos, ou do tórax do doente pediátrico.
Imobilizar a cabeça do doente no dispositivo, mantendo posição alinhada
neutra.
Com o doente na prancha longa, imobilizar as pernas para impedir
movimentos anteriores ou laterais.
Fixar os braços do doente na prancha longa.
Reavaliar a análise primária e as funções motora, sensitiva e a pulsação nas
quatro extremidades, se a condição do doente assim o permitir.
Depois de imobilizar o tronco do doente no dispositivo rígido e de colocar o
acolchoamento necessário atrás da cabeça, esta deve ser fixada ao dispositivo
(apenas depois de imobilizado o tronco).
As pernas do doente são imobilizadas e fixadas à prancha por meio de duas ou mais
faixas - uma faixa proximal. joelhos na altura da metade da coxa e outra distal.
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Emergências
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Para maior segurança, os braços do doente devem ser fixados à prancha ou em cruz
sobre o tronco antes de movimentá-lo, portanto, pode-se colocar os braços
lateralmente, com as palmas para dentro, com faixas atravessadas sobre os
antebraços e sobre o tronco. A faixa deve ser ajustada, porém não apertada a ponto
de comprometer a circulação nas mãos.
Quando existem deformações evidentes, não se deve tentar corrigi-las. Crianças
podem apresentar torcicolo e idosos podem ser portadores de doenças
degenerativas graves da coluna que os levam a ter deformidades com angulação ou
cifose da coluna, de origem não traumática. Tais doentes devem ser imobilizados em
prancha longa, em posição confortável, com o uso de coxins, se necessário. Não é
recomendada a realização de tentativas de alinhamento da coluna com o intuito de
mobilizar o doente na prancha longa, se isso provocar dor.
Assim que o doente chegar à sala de emergência, todo o esforço deve ser feito para
retirá-lo da prancha o mais cedo possível, a fim reduzir o risco de formação de úlcera
por pressão. A remoção da prancha é frequentemente realizada como parte da
avaliação secundária, quando o doente é rolado em bloco para inspeção e
palpação da região dorsal. Não se deve demorar para fazer isso apenas com o
objetivo de realizar radiografias adicionais, pois a realização desses exames pode
demorar várias horas.
A movimentação segura ou o rolamento em bloco do doente portador, ou
potencialmente portador, de lesão instável de coluna requer um planejamento prévio
e a participação de 4 ou mais indivíduos, dependendo do tamanho do doente.
Quando se rola ou se levanta o doente, deve-se manter o alinhamento anatômico
neutro de toda a coluna vertebral. Uma pessoa fica designada para manter a
imobilização e o alinhamento da cabeça e do pescoço. Indivíduos posicionados no
mesmo lado do tronco do doente evitam manualmente a rotação segmentar, a
flexão, a extensão, o dobramento lateral ou o encurvamento do tórax ou do abdome
durante a transferência do doente. A quarta pessoa fica responsável por movimentar
as pernas, remover a prancha e examinar o dorso do doente.
Avaliação Secundária
A avaliação secundária é um exame do doente traumatizado da cabeça aos pés, isto é,
uma história clínica e um exame físico completos, incluindo a reavaliação de todos os sinais
vitais.
Só deve ser iniciada depois de completar a avaliação primária (ABCDE) e quando as
medidas indicadas para a reanimação tiverem sido adotadas e o doente demonstrar
tendência para normalização de suas funções vitais.
O objetivo da avaliação secundária é a identificação de lesões ou problemas não
observados durante a avaliação primária.
Um doente vítima de trauma, em estado crítico, é transportado assim que possível após o
término da avaliação primária, e não mantido na cena para instituição do acesso IV ou
realização da avaliação secundária.
Na avaliação secundária deve ser feito o exame neurológico completo, incluindo a
determinação da GCS, estudos radiográficos, estudos laboratoriais e exames físicos
repetidos.
História
Incluir a história de mecanismo do trauma com o próprio doente ou com familiares e o
pessoal do atendimento pré-hospitalar.
Utilização do SAMPLA é útil para obter o máximo de informações possíveis sobre a
história tanto do paciente quanto do trauma em si.
S: sinais e sintomas
A: alergias
M: medicamentos de uso habitual
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Emergências
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Exame Físico
O EF segue a sequencia da cabeça-estruturas maxilofaciais-pescoço e coluna
cervical-tórax-abdome-períneo/reto/vagina-sistema musculoesquelético-sistema
neurológico.
Cabeça
Avaliação da cabeça e identificação de todas as lesões neurológicas
relacionadas e significativas.
Olhos devem ser avaliados para determinar: acuidade visual (leitura do quadro
de Snellen), tamanho da pupila, hemorragias do fundo e da conjuntiva, lesões
penetrantes, lentes de contato (remover antes que ocorra edema),
deslocamento do cristalino e encarceramento ocular.
Estruturas Maxilofaciais
Palpação de todas as estruturas ósseas, avaliação da oclusão dentária, exame
intraoral e avaliação de partes moles.
Traumatismos maxilofaciais, quando não associados a obstrução da via aérea
ou a hemorragia importante, só devem ser tratados após a completa
estabilização do doente e quando as lesões que trazem risco a vida estiverem
totalmente controladas.
Coluna Cervical e Pescoço
Doentes com trauma craniano e maxilofacial devem ser considerados
portadores de lesão instável de coluna cervical (fraturas e/ou lesões de
ligamentos). Seu pescoço deve ser imobilizado até que sua coluna cervical
tenha sido estudada por completo e tenham sido excluídas possíveis lesões.
Ausência de déficit neurológico não exclui lesão de coluna cervical.
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Qualquer aumento da PIC pode reduzir a PPC e estabelecer uma lesão cerebral
secundária. A maioria das manobras diagnósticas e terapêuticas necessárias
para avaliar e tratar o doente com lesão cerebral aumenta a PIC (IOT, por
exemplo). A piora neurológica rápida do doente com lesão cerebral pode
ocorrer apesar da aplicação de todas as medidas para controle da PIC e da
manutenção de suporte apropriado ao SNC.
Reavaliação
O doente traumatizado deve ser reavaliado constantemente para assegurar que
novos achados não sejam negligenciados e para descobrir deterioração nos achados
registrados previamente.
À medida que as lesões com risco à vida são tratadas, outras lesões igualmente
ameaçadoras à vida, ainda que menos graves, podem tornar-se aparentes.
A monitorização contínua dos sinais vitais e do débito urinário é essencial.
Déb. Urinário Normal Adultos: 0,5mL/Kg/h
Déb. Urinário Normal Pediátrico (>1 ano): 1mL/kg/h
O alívio da dor é parte importante no manuseio do traumatizado. A analgesia, para
ser efetiva, requer utilização de opiáceos IV ou ansiolíticos e devem ser administrados
cautelosamente e em pequenas doses para alcançar o nível desejado de conforto
para o doente e alívio da ansiedade, evitando, ao mesmo tempo, a depressão
respiratória e o mascaramento de lesões sutis ou de mudanças no estado do doente.
Comunicação
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A comunicação com o controle médico e com o serviço de emergência deve começar tão
logo quanto possível. As informações transmitidas acerca da condição do doente, do
tratamento e do tempo estimado de chegada da ambulância dão tempo ao hospital que o
recebe para se preparar. A transmissão de informações acerca do mecanismo de trauma,
das características do local do incidente, do número de doentes e outros latos pertinentes
permite à equipe hospitalar coordenar melhor seus recursos para atender à necessidade de
cada doente.
Igualmente importante é o Relatório de Atendimento Pré-Hospilalar (RAPH) por escrito:
Fornece à equipe do hospital um entendimento global dos eventos que ocorreram e
as condições do doente, se surgir alguma pergunta depois que os socorristas deixam o
hospital.
Ajuda a assegurar o controle de qualidade de todo o sistema pré-hospitalar, fazendo
com que seja possível fazer revisão de caso.
O socorrista deve também transferir verbalmente a responsabilidade pelo doente ("assinar",
"relatar" ou "transferir") para o médico ou enfermeiro que assumirá o seu cuidado no serviço
de emergência do hospital.
O relatório deve ressaltar quaisquer mudanças significativas na condição do doente que
podem ter acontecido desde a transmissão do relatório por rádio.
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Trauma Torácico
Hipóxia, Hipercapnia e Acidose são resultados frequentes do trauma torácico.
A Hipóxia tecidual resulta da oferta inadequada de O2 aos tecidos causada pela
hipovolemia, por alteração da relação ventilação/perfusão pulmonar (pneumotórax) e por
alterações nas relações pressóricas intratorácicas. A Acidose metabólica e causada pela
hipoperfusão dos tecidos. A hipercapnia como consequência de uma acidose respiratória é
decorrente, frequentemente, de ventilação inadequada resultante das alterações
pressóricas intratorácicas e de um rebaixamento do nível de consciência.
A hipóxia é a característica mais grave da lesão torácica, portanto, medidas precoces
devem ser tomadas para evita-la.
A maioria das lesões torácicas com risco à vida é tratada pela permeabilização da via
aérea ou pela inserção apropriada de um dreno de tórax ou de uma agulha.
Tamponamento Cardíaco
O tamponamento cardíaco resulta, mais comumente, de ferimentos penetrantes.
O tamponamento cardíaco é identificado pela presença da clássica tríade
diagnóstica de Beck: elevação da pressão venosa, diminuição da pressão arterial e
abafamento das bulhas cardíacas. No entanto, as bulhas cardíacas abafadas são
difíceis de serem auscultadas no serviço de emergência e a distensão das veias do
pescoço pode estar ausente devido à hipovolemia.
Além do mais, o pneumotórax hipertensivo, particularmente à esquerda, pode
mimetizar o tamponamento cardíaco.
O sinal de Kussmaul (aumento da pressão venosa na inspiração durante a respiração
espontânea) reflete um comportamento paradoxal da pressão venosa efetivamente
associado ao tamponamento.
A AESP sugere tamponamento cardíaco.
Os métodos diagnósticos adicionais incluem o ecocardiograma, a avaliação
ultrassonográfica direcionada para o trauma (FAST) e a janela pericárdica. Em
doentes que sofreram traumatismos fechados ou penetrantes e apresentam
anormalidades hemodinâmicas e suspeita de tamponamento cardíaco, o exame
ultrassonográfico do saco pericárdico, à procura de líquido, pode ser incluído no
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Tríade da Morte
A Tríade da Morte, inclui os seguintes eventos:
1- Hipotermia
2- Coagulopatia
3- Acidose Metabólica
A hipotermia severa conduz à hipoperfusão dos tecidos e diminui o oxigênio livre,
contribuindo assim para a redução da geração de calor. Torna-se clinicamente significativa
quando a temperatura corporal é inferior a 36ºC, durante um período superior a 4 horas.
As consequências de um estado de hipotermia são: arritmias cardíacas, diminuição do
débito cardíaco, aumento da resistência vascular sistêmica e ainda o desvio esquerdo da
curva de dissociação oxigênio-hemoglobina.
A coagulopatia surge devido ao estado de hipotermia, disfunção plaquetária e disfunção
do fator de coagulação, ativação do sistema fibrinolítico e hemodiluição, seguida de
ressuscitação massiva. A disfunção plaquetária resulta do desequilíbrio entre o tromboxano e
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CHOQUE
Definição
O choque é quase sempre considerado um estado de hipoperfusão celular generalizada no
qual a liberação de oxigénio no nível celular é inadequada para atender às necessidades
metabólicas.
Com base nessa definição, o choque pode ser classificado em termos dos determinantes da
perfusão e oxigenação celulares.
Classificação
Hipovolêmico, essencialmente hemorrágico no doente traumatizado, relacionado
com a perda de volume sanguíneo circulante. É a causa mais comum de choque no
doente traumatizado.
Distributivo (ou vasogênico), relacionado com as alterações do tônus vascular
decorrentes de várias causas diferentes.
Cardiogênico, relacionado com a interferência na função de bombeamento do
coração.
Choque Hipovolêmico
A perda aguda de volume sanguíneo, seja por desidratação (perda de fluido e eletrólitos) ou
hemorragia (perda de plasma e hemácias), provoca um desequilíbrio na relação entre o
volume de fluido e o tamanho do compartimento.
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Choque Hemorrágico
O choque hemorrágico (choque hipovolêmico decorrente da perda de sangue)
pode ser dividido em quatro classes, dependendo da gravidade da hemorragia
(Classificação de Baskett).
Classe I: representa uma perda de até 15% do volume sanguíneo no adulto
(até 750 ml). Este estágio tem poucas manifestações clínicas. A taquicardia
geralmente é mínima, e não ocorrem alterações mensuráveis da pressão
arterial, da pressão de pulso ou da frequência ventilatória. A maior parte dos
doentes sadios que apresenta essa perda de sangue apenas requer
reanimação com fluidos, desde que não ocorra mais perda sanguínea. Os
mecanismos de compensação do organismo restauram a relação entre o
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que calcula a taxa de perda de fluido de um tubo para o exterior. Os detalhes não
são necessários à compreensão da perda de sangue e da produção do choque, mas
os princípios básicos são. Em uma abordagem simplificada, o Princípio de Bernoulli
declara que a taxa de perda de fluido de um tubo é diretamente proporcional ao
tamanho do orifício em sua parede e à diferença entre a pressão intraluminal e a
extraluminal. Este mesmo princípio se aplica aos vasos sanguíneos.
Imagine os vasos sanguíneos como encanamentos no interior de uma casa, e o
sangue no interior dos vasos como água nos canos. Caso haja um vazamento, a
quantidade de água perdida é diretamente relacionada ao tamanho do orifício, e a
diferença de pressão no interior e no exterior do cano. Por exemplo, se o orifício tiver
2,5 cm de diâmetro e a pressão no interior do encanamento for de 100 psi, o
vazamento de água é maior do que se o orifício tiver 2,5 cm de diâmetro e a pressão
no interior do encanamento for igual a 50 psi. Da mesma maneira, o fluxo sanguíneo
de um ferimento em um vaso é proporcional à diferença entre o tamanho do orifício
na parede do vaso e a diferença entre as pressões intraluminal (no interior do vaso)e
extraluminal (no exterior do vaso).
O tratamento definitivo do déficit de volume consiste em parar a perda e repor o
líquido perdido. Um doente desidratado necessita de reposição de fluido, com água e
sal, ao passo que vítimas de trauma que perderam sangue requerem a interrupção da
fonte de perda de sangue e, caso esta tenha sido significativa, reposição do sangue
perdido. A desidratação branda a moderada pode ser tratada por meio da
administração de uma solução de eletrólitos, que um doente consciente é capaz de
ingerir. Um doente inconsciente ou gravemente desidratado deve receber a
reposição por via intravenosa. A reposição de sangue geralmente não pode ser
realizada no ambiente pré-hospitalar; os doentes vítimas de traumas com choque
hemorrágico devem, portanto, ser submetidos a medidas que controlem a perda de
sangue externa, receber quantidades mínimas de solução eletrolílica por via
intravenosa e ser rapidamente transportados ao hospital, no qual sangue, plasma e
fatores de coagulação podem ser administrados e as etapas cirúrgicas de
emergência necessárias ao controle da perda de sangue podem ser realizadas.
A pesquisa sobre choque mostrou que a razão de reposição deve ser de 3L de
solução eletrolítica para cada 1L de sangue perdido. Esta proporção é devida ao fato
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Choque Neurogênico
O choque neurogênico resulta da lesão das vias descendentes do sistema simpático da
medula espinhal cervical ou torácica alta, o que ocasiona a perda do tônus vasomotor e a
perda da inervação simpática do coração.
O choque neurogênico é raro nas lesões medulares abaixo do nível de T6. Se o choque
estiver presente nesses doentes, deve-se realmente suspeitar de outra causa alternativa. A
perda do tônus vasomotor, por sua vez, causa vasodilatação dos vasos viscerais e das
extremidades inferiores, represamento de sangue e, consequentemente, hipotensão. Como
resultado da perda do tônus simpático no nível do coração, o doente pode tornar-se
bradicardico ou, pelo menos, deixar de apresentar taquicardia como resposta à
hipovolemia.
Nessas condições, a pressão sanguínea não costuma normalizar-se através da infusão de
líquidos apenas e, esforços para normalizá-la podem resultar em sobrecarga hídrica e
edema pulmonar.
A PA pode ser restaurada pelo uso cauteloso de vasopressores, após reposição volêmica
moderada. A atropina pode ser usada para corrigir bradicardia que acarrete repercussões
hemodinâmicas significativas.
REPOSIÇÃO
VOLÊMICA DROGA
PAS < 90
VASOATIVA
SEM CHOQUE
NÃO TEM
ESTASE NEURÔGICO +
VOLUME
JUGULAR HEMORRÁGICO
PAS 90 SÓ VOLUME
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Choque Medular
O termo choque medular refere-se à flacidez (perda do tônus muscular) e à perda de
reflexos notada após lesão medular. O “choque” para a medula lesada pode fazer com que
ela pareça totalmente desprovida de função, ainda que não esteja necessariamente
destruída.
A duração deste estado é variável
HEMOCOMPONENTES
Sangue Total
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Concentrado de Hemácias
O concentrado de hemácias (CH) é obtido por meio da centrifugação de uma bolsa de
sangue total (ST) e da remoção da maior parte do plasma. Seu volume varia entre 220ml e
280ml.
Indicações
A transfusão de concentrado de hemácias (CH) deve ser realizada para tratar, ou
prevenir iminente e inadequada liberação de oxigênio (O2) aos tecidos, ou seja, em
casos de anemia, porém nem todo estado de anemia exige a transfusão de
hemácias. Em situações de anemia, o organismo lança mão de mecanismos
compensatórios, tais como a elevação do débito cardíaco e a diminuição da
afinidade da Hb pelo O2, o que muitas vezes consegue reduzir o nível de hipóxia
tecidual.
Transfusão de concentrado de hemácias em hemorragias agudas: A transfusão
de CH está recomendada após perda volêmica superior a 25% a 30% da
volemia total (Classe II).
Anemias: quando a Hb < 7g/dL existe grande risco de hipóxia tecidual e
comprometimento das funções vitais. Neste caso, o paciente se beneficia com
a transfusão de CH. Quando Hb entre 7 e 10g/dL, a indicação de transfusão
fica na dependência da avaliação do estado clínico do paciente.
Contraindicações
Para promover aumento da sensação de bem-estar.
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Amblessa Marques – Turma XX
Concentrado de Plaquetas
O concentrado de plaquetas (CP) pode ser obtido a partir de unidade individual de sangue
total ou por aférese (procedimento caracterizado pela retirada do sangue do doador,
seguida da separação de seus componentes por um equipamento próprio, retenção da
porção do sangue que se deseja retirar na máquina e devolução dos outros componentes
ao doador).
Indicações
Basicamente, as indicações de transfusão de CP estão associadas às plaquetopenias
desencadeadas por falência medular, raramente indicamos a reposição em
plaquetopenias por destruição periférica ou alterações congênitas de função
plaquetária.
Contraindicações
CIVD, Dengue hemorrágica, púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e
plaquetopenia induzida por heparina.
Administração
A dose preconizada é de 1 unidade de CP para cada 7 a 10kg de peso do paciente,
porém pode-se considerar também a contagem de plaquetas desejada
dependendo da presença ou ausência de sangramento.
Plasma
O plasma fresco congelado (PFC) consiste na porção acelular do sangue obtida por
centrifugação a partir de uma unidade de sangue total e transferência em circuito fechado
para uma bolsa satélite.
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Amblessa Marques – Turma XX
Crioprecipitados
O crioprecipitado (CRIO) é uma fonte concentrada de algumas proteínas plasmáticas que
são insolúveis à temperatura de 1°C a 6°C.
O crioprecipitado contém glicoproteínas de alto peso molecular como de Fator VIII, Fator
VIII:vWF (Fator von Willebrand), fibrinogênio, Fator XIII e fibronectina. Cada bolsa contém 15ml
de crioprecipitado com aproximadamente 80-150 unidades de Fator VIII; pelo menos 150mg
de fibrinogênio e cerca de 20%-30% (50-75U) do Fator XIII presente na bolsa inicial de PFC.
Aproximadamente 40%- 70% (100-150U) do Fator de von Willebrand presente na unidade
inicial de PFC é recuperado no crioprecipitado. A principal fonte de fibrinogênio
concentrado é o crioprecipitado.
Concentrado de Granulócitos
Os concentrados de granulócitos (CG) são hemocomponentes obtidos por aférese de
doador único, por meio de máquinas separadoras de células, de fluxo contínuo ou
descontínuo.
Cada concentrado deve conter no mínimo 1,0 x 1010 granulócitos em 90% das unidades
avaliadas, em um volume final inferior a 500ml, (geralmente 200-300ml) incluindo
anticoagulante, plasma e também resíduo do agente hemossedimentante utilizado no
procedimento de coleta. Além dos granulócitos, usualmente estes concentrados contêm
outros leucócitos e plaquetas e cerca de 20-50ml de hemácias.
Transfusão Maciça
A transfusão maciça de sangue pode ser definida como a administração aguda de volume
superior a uma vez e meia a volemia do paciente, ou ainda, como a reposição com sangue
estocado equivalente ao volume sanguíneo total de um paciente, em 24 horas. O volume
sanguíneo é equivalente a 75ml/kg (cerca de 10 unidades em um indivíduo adulto de 75kg).
Outras definições acerca de transfusão maciça que podem ser consideradas são:
Reposição de sangue correspondente a uma volemia (75ml/kg), ou superior, em 24
horas (10U a 12U de concentrados de hemácias em um indivíduo adulto).
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Complicações Politransfusão
2,3 Difosfoglicerato
A transfusão de concentrado de hemácias, ou papa de hemácias, tem como função
restabelecer a capacidade de transporte de oxigênio, evitando hipoxemia tecidual.
O 2,3 difosfoglicerato ou bifosfoglicerato é uma pequena molécula com alta carga
negativa, que se combina não covalentemente à cavidade central de uma molécula
de hemoglobina desoxigenada, diminuindo, assim, a afinidade desta pelo oxigênio.
Portanto, desloca o equilíbrio para a esquerda, facilitando a liberação de O2 em
tecidos onde há baixa tensão do mesmo. Nos tecidos com alta tensão de O2, a
molécula de 2,3 DPG é deslocada do centro da hemoglobina desoxigenada,
facilitando a captação de O2.
Devemos entender por lesão de estoque qualquer alteração bioquímica que ocorra
em hemocomponentes, durante o processamento e estoque.
A concentração de 2,3 DPG cai gradualmente durante o estoque do concentrado de
hemácias até níveis próximos de zero. A queda na concentração de 2,3 DPG é
dependente do tipo de conservante. O conservante mais comumente utilizado é o
CPDA, que mantém níveis adequados de 2,3 DPG até cinco dias pós estoque.
Por esse motivo, em transfusões maciças, como, por exemplo, exsanguineotransfusões,
fazse necessário o uso de concentrado de hemácias com tempo de estoque menor
que três dias.
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Hipotermia
O concentrado de hemácias é armazenado entre 1 e 6ºC. Em pequenas transfusões,
essa temperatura não tem repercussões importantes. Mas, quando se trata de
transfusões maciças em pacientes chocados, hipotermia é um problema para o qual
devemos ter atenção.
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Distúrbios de Coagulação
O traumatismo múltiplo de órgãos pode levar à coagulação intravascular
disseminada (CIVD) devido à liberação de fatores ativadores da cascata da
coagulação. O mesmo ocorre devido à acidose, hipotermia (decorrente do choque
ou devido à infusão rápida de hemocomponentes que são estocados à temperatura
de 1 a 6°C, como concentrados de hemácias) e hipóxia prolongadas.
A rápida e maciça infusão de cristalóides e concentrados de hemácias, na
abordagem inicial do paciente, se não levarmos em conta o ponto crítico de fatores
lábeis da coagulação, e estes não forem repostos a seu tempo certo, pode acarretar
o que é conhecido como coagulopatia diluicional, a diluição dos fatores de
coagulação e conseqüente distúrbio associado, piora ou dificuldade de estancar
sangramentos.
Esses quadros quase sempre se sobrepõem. O alargamento tanto do Tempo de
Protrombina quanto do Tempo de Tromboplastina Parcial ativado faz o diagnóstico
laboratorial desses quadros. A presença de dímeros de fibrina é positiva na
coagulação intravascular disseminada e negativa na coagulopatia diluicional.
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IRA E RABDOMIÓLISE
A ocorrência de rabdomiólise no trauma chega a 85% dos casos13 e a lesão renal relacionada à
mioglobinúria é a complicação mais temida, representando cerca de 7% a 10% de todos os
casos de IRA com impacto em sobrevida dos indivíduos que a desenvolvam.
Apesar de ser um importante fator de risco para mortalidade, a taxa de recuperação renal
chega a índices de até 80% e a fisiopatogenia envolvida no processo é atribuída não somente à
Medicina UNICID 40
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desenvolvimento de IRA, necessidade de TRS ou morte, apesar dos resultados sugerirem uma
tendência de benefício naqueles indivíduos com pico de CPK acima de 30.000 U/L. Os efeitos
reais da alcalinização urinária parecem ser controversos, porém, é sabido que a infusão de
grandes quantidades de solução salina isoladamente contribui para acidose metabólica
hiperclorêmica, observando redução do pH sérico de até 0,3 unidades. Portanto, a
administração concomitante de solução bicarbonatada e salina parece ser uma opção para
esses pacientes, sempre lembrando que os níveis séricos de cálcio e potássio devem ser
monitorizados durante tal terapia.
O uso da chamada diurese forçada com diuréticos de alça ou manitol não se apoia em nenhum
estudo randomizado controlado e alguns estudos clínicos apontam para a falta de benefício.
Associado a essa falta de respaldo na literatura médica, existem relatos de que doses
acumuladas de manitol podem induzir IRA pela chamada “nefrose osmótica”. Pelo exposto, não
está recomendado o uso de diuréticos como medida preventiva de IRA induzida pela
mioglobina.
Por fim, a indicação de hemofiltração venovenosa contínua para remoção de mioglobina
apresenta um racional, tendo em vista que a molécula de mioglobina tem cerca de 17 kDa e,
portanto, com potencial de remoção com capilares de alto fluxo. Porém, as evidências provêm
de estudos de relato de casos e até o momento atual seu uso preventivo não pode ser
recomendado.
SAMU X BOMBEIRO
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