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As últimas intervenções militares dos EUA no exterior, nas últimas décadas, prendem-se quase
sempre com combustíveis fósseis. Certamente que não é uma coincidência.
É muito longa a lista das intervenções e guerras dos EUA no âmbito do continente americano,
desde as guerras contra o México e a absorção do Texas no século XIX e os muitos golpes de
estado, sobretudo através de militares aliciados ou subornados para o efeito, no âmbito da
doutrina Monroe segundo a qual a América é dos americanos… embora haja uns que se
arrogam ao direito de intervir e decidir o que convém aos outros: para além, claro, do
esmagamento das nações índias, cujos membros só deixaram de ser considerados
formalmente estrangeiros (!) no século XX.
É muito longa a lista das intervenções e guerras dos EUA no âmbito do continente americano,
desde as guerras contra o México e a absorção do Texas no século XIX e os muitos golpes de
estado, sobretudo através de militares aliciados ou subornados para o efeito, no âmbito da
doutrina Monroe segundo a qual a América é dos americanos… embora haja uns que se
arrogam ao direito de intervir e decidir o que convém aos outros: para além, claro, do
esmagamento das nações índias, cujos membros só deixaram de ser considerados
formalmente estrangeiros (!) no século XX.
A bacia petrolífera do Orenoco abrange uma área de 600x70 km no curso médio do rio
mais próximo da foz;
A mesma fonte norte-americana calcula entre 380/652 000 000 000 barris a parcela
tecnicamente recuperável no Orenoco o que o coloca como uma das principais fontes de
petróleo recuperável no mundo. E isso, sem a consideração da utilização da tecnologia
SAGT (Steam Assisted Gravity Drainage) como veremos a seguir;
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barris. Porém, esses cálculos não contemplam a utilização de novas tecnologias como o
DHSG (Downhole Steam Generation) – que exige um enorme gasto energético com
reatores nucleares produtores de fumo a uma temperatura de 900o; ou o Solvent Assisted
SAGD que consiste na injeção de vapor impregnado de solventes químicos;
Admitindo um consumo global estabilizado em torno de 35 000 000 000 barris anuais, o
Orenoco poderia satisfazer as necessidades mundiais atuais durante cerca de 30 anos. Se
se considerar o preço actual (relativamente baixo) de $ 55/barril as receitas de quem
explorar o filão podem avaliar-se em $ 1 925 000 000 000 por ano… sensivelmente quase
oito vezes a dívida pública portuguesa…
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Neste contexto de grandes desequilíbrios entre a localização das reservas e o consumo,
entendem-se as razões para a inclusão da Ásia Central no universo sino-russo, o apoio dos EUA
às monarquias do Golfo, região essencial para o abastecimento da Índia, da China, do Japão e
da Coreia do Sul, devidamente supervisionado pelo dispositivo militar dos EUA. Como se
compreende o ostracismo e a animosidade dos EUA por não se poder apossar das grandes
reservas do Irão; e, claro a preferência dos EUA pelo abastecimento na costa ocidental de
África e sobretudo pela Venezuela, mais próximos dos EUA do que o Golfo e os jazigos da
Rússia ou da Ásia Central, ligados à Europa por oleodutos. Recorde-se o incómodo da NATO
perante a conduta submarina no Báltico ligando a Rússia à Alemanha, visando passar ao lado
da Polónia, muito ligada aos EUA e com más memórias da Alemanha e da Rússia.
Num contexto de grande luta pelas reservas de combustíveis fósseis e, se se tiver em conta o
potencial energético da Venezuela, parecem despiciendas as reservas brasileiras (0.8% do total
mundial); mas, não tanto o fornecimento de energia a um país com mais de 200 M de pessoas,
encabeçadas por um ex-soldado lateiro e o financeiro Paulo Guedes, dispostos a privatizar a
Petrobras e a vender o Pre-Sal.
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Países da UE que não se intrometeram nos assuntos internos da Venezuela: Irlanda, Bélgica, Luxemburgo,
Itália, Polónia, Estónia, Rep. Checa, Eslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária, Grécia, Eslovénia, Croácia, Chipre, Malta
Paises da UE apoiantes de Trump: Reino Unido, França, Alemanha, Áustria, Suécia, Dinamarca, Portugal,
Holanda, Lituânia, Letónia, Finlândia, Espanha
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irrelevante para a UE, mesmo em termos de abastecimento de petróleo. Assim, não parece
haver grandes razões para que um pelotão europeu se perfile perante Trump; mais inteligente
teria sido apoiarem os esforços da ONU, do México e do Uruguai na procura de soluções
pacíficas, sem tomarem partido nas divergências internas, como é apanágio das relações entre
estados. Ou, observarem o apoio da União Africana ao governo venezuelano, demarcando-se
da agressividade norte-americana.
Qualquer ideia de defesa da democracia na Venezuela, ou qualquer outro lugar, por parte da
UE é ridícula. Primeiro, porque cada vez mais, na Europa, os regimes nacionais e as instituições
globais se mostram fechados, reacionários, oligárquicos, numa relação osmótica com forças
políticas xenófobas e nacionalistas; depois, porque se a democracia (ainda) é um valor na
Europa, esta olha para o lado, face aos regimes das monarquias do Golfo como no que respeita
à guerra da Arábia Saudita e seus pares no Iémen; Europa que considera como respeitável o
regime sionista, racista e genocida, esquecida que está dos acordos para a criação de um
estado palestiniano, mesmo nessa forma recuada de admitirem algo tão aberrante como a
entidade sionista.
Banidos do Irão depois da queda do seu amado Reza Palehvi, os EUA incentivaram o Iraque de
Saddam a invadir o país e apossar-se das reservas do Kuzistão iraniano, como prémio pelo
derrube ou domesticação do novo regime iraniano. Saddam falhou o objetivo e, para se
recompor dos custos de vários anos de guerra (1980/1988), em situação de urgência, invadiu o
Kuwait, também rico em petróleo, para se apropriar do cofre do emir;
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Perante tão enorme erro de cálculo político – os EUA são firmes apoiantes do statu quo no
Golfo - o Iraque foi obrigado a sair, a tiro, do Kuwait (1991), pela tropa do Bush-pai e os seus
muitos apoiantes; e, a ficar sem soberania sobre a zona sul do país e a Curdistão… por acaso as
áreas onde estão os jazigos petrolíferos. Os EUA não derrubaram Saddam, apenas se
dedicaram a controlar o seu armamento, organizando um criminoso embargo que matou
centenas de milhar de civis, mormente crianças.
Do ponto de vista político de grande potência, a invasão do Afeganistão – país sem recursos
petrolíferos – fez parte da “war against terror” decretada por G. W. Bush, humilhado pela
vulnerabilidade dos EUA a uma ação suicida bem montada pela al-Qaeda. Era necessária uma
retaliação para encobrir as enormes falhas da segurança norte-americana e elevar o orgulho e
a moral do Império. E, o alvo parecia fácil – um dos países mais pobres da Ásia, governado por
um grupo sunita rigorista – os talibans, os “estudantes de teologia”. Hoje, passados 18 anos da
invasão, os talibans dominam grande parte do país, o governo de Cabul e a embaixada dos
EUA estão acantonados numa zona fortemente protegida da capital e não conseguem evitar os
frequentes e sangrentos atentados levados a cabo pelos insurgentes. Porém, o tosco Trump,
no princípio do seu mandato mandou experimentar no Afeganistão “a mãe de todas as
bombas” numa zona esvaziada de população para o efeito e que… terá dado boleia aos
talibans… com o espetáculo que acima se pode ver; entretanto, Trump mudou de ideias e
prenuncia a retirada total.
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Bin Laden foi abatido por forças especiais dos EUA, no Paquistão em 2011 e o seu corpo foi deitado ao mar, no
Índico. O mullah Omar, morreu de tuberculose em 2013, embora a sua morte só tenha sido revelada dois anos
depois
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serviria de base para cercar o Irão3, utilizar os generais paquistaneses e, constituir enfim, um
reforço em terra, para as muitas bases militares e frotas que os EUA mantêm, em
permanência, no Golfo, na Turquia, no Índico e nos mares da China.
A presença militar dos EUA no Afeganistão é ineficaz a vários níveis. Primeiro porque o
governo de Cabul depende do apoio dos EUA e não é difícil ver que os talibans, ou uma
coligação com a sua presença, voltará a dominar o país. O capital estrangeiro investido no país
é chinês e indiano, estando prevista para breve uma ligação direta por estrada, entre a China e
o Afeganistão, pelo corredor de Wakhan.
A Rota da Seda, nas suas várias vertentes marítima e rodo-ferroviária tende a integrar não só a
Eurásia mas também a África, reduzindo a margem de manobra dos EUA que, fiéis à doutrina
de Mackinder, Alfred Mahan ou Saul Cohen, apostam num “cordão sanitário” de bases
marítimas, aéreas e de frotas de guerra, numa estratégia de domínio herdada do império
britânico, capaz de manter a “ordem colonial” em áreas politica e economicamente dominadas
e desestruturadas; e que hoje, não são, de todo, caraterísticas dos países asiáticos. A esse
grande projeto fica associada a Europa, mormente oriental, para a qual, já há alguns anos as
transações com a China superam as que se fazem com os EUA. As reticências partem dos
países europeus da fachada atlântica, mais fiéis adeptos da NATO, como a Noruega, a Grã-
Bretanha, a Holanda e… Portugal (sobre a geopolítica que envolve a Europa veja-se 4.
3
Rapidamente, os EUA situaram em Shindand, a 100 km da fronteira iraniana a maior base militar no Afeganistão;
embora o grande centro logístico fosse em Bagram, a norte de Cabul
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https://grazia-tanta.blogspot.pt/2018/05/evolucao-da-populacao-mundial-19502050.html (Europa)
https://grazia-tanta.blogspot.com/2018/06/evolucao-da-populacao-mundial-19502050.html (Ásia 1)
https://grazia-tanta.blogspot.com/2018/12/evolucao-da-populacao-mundial-1950-2050.html (Ásia 2)
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/05/europa-periferias-e-desastres.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/04/centro-e-periferias-na-europa-dinamica.html
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e) 2003 – A invasão do Iraque
Na ocupação do Iraque brilhou logo no início, a argúcia do procônsul Bremer, nomeado pelos
EUA e que, provavelmente só ao entrar no avião para Bagdad viu no mapa onde isso seria.
Deve ter tido grande surpresa quando descobriu que a minoria sunita reinante com Saddam,
uma vez derrubada, abria espaço para um poder da maioria xiita e um caminho para vinganças
e violência entre as duas comunidades; para não falar dos curdos que, embora sendo sunitas,
jogavam em pista própria. Na sua estupidez, Bremer desmantelou o partido Baath em que se
ancorava o poder de estado e o exército iraquiano (de base sunita) colocando cerca de 800000
militares no desemprego e impedidos de trabalhar. Num país caótico, onde o armamento se
achava disseminado em toda a parte, com tanto militar no desemprego e com um legítimo
repúdio popular pelos invasores, desenvolve-se o jihadismo e um espaço para a atuação da al-
Qaeda e o surgimento do Daesh.
f) 2011/2019 – Síria
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No âmbito das chamadas primaveras árabes, na Síria registaram-se manifestações contra o
regime de Assad. Entre a violência do governo e a dos grupos armados que surgiu em
simultâneo, rapidamente se desenvolveu uma violenta guerra com enorme grau de destruição
e fuga das populações. Ao lado de Assad e das forças armadas sírias posicionaram-se
principalmente o Hezbollah libanês, o Irão e a Rússia, com apoios em armamento da China, do
Iraque ou da Coreia do Norte. Do lado contrário colocaram-se, entre outros, as potências
ocidentais, a Turquia, a Arabia Saudita (fornecedor de armas), o Qatar (financiador da compra
de armas) o Exército Livre da Síria, constituído por opositores do regime e desertores do
exército e grupos islamitas como o Ahrar al-Sham, ou o Jaysh al Islam (salafistas), o Hayat
Tahrir al-Sham (al-Qaeda) e o ISIS ou Daesh. Fora desse quadro, essencialmente confessional
situam-se as Forças Democráticas Sírias, milícias de várias origens étnicas ou religiosas, com
particular relevo para os curdos sírios que formaram estruturas democráticas e seculares de
autogoverno popularizadas pelo nome de Rojava.
Em finais de 2015, sucede-se a chegada da aviação russa no apoio a Assad, contra o Daesh e os
outros grupos de rebeldes, numa ação concertada com o Hezbollah e (não formalmente) com
o Irão. Em fevereiro de 2016 celebra-se um acordo de cessar-fogo, russo-mericano, que
passaram a colaborar no combate ao Daesh. Pouco depois, a Turquia entra em campo, contra
o Daesh (a quem discretamente comprara petróleo sírio, meses antes) e as milícias curdas, de
Rojava ou iraquianas, para evitar um “contágio secessionista” na sua grande minoria curda.
A guerra na Síria tinha uma importância estratégica para os dois campos em luta contra o
Daesh e, mesmo antes da irrupção deste. A tomada do poder no Iraque pela maioria xiita, na
sequência da invasão dos EUA em 2003 abriu uma relação próxima do país com o Irão, algo
que deve ter surpreendido a estreita visão dos EUA quando da invasão do Iraque. Por outro
lado, a Síria, com Assad e a comunidade alauita no poder, permitiria ao Irão uma ligação fluida
com o Mediterrâneo, por intermédio do Hezbollah, a principal força no Líbano, igualmente
xiita. Esta realidade que se veio a estabelecer criou um “arco xiita” desde a fronteira oriental
do Irão, com o Afeganistão e o Paquistão e os portos libaneses e sírios5, no Mediterrâneo; que
viria a inviabilizar o escoamento de petróleo, por via terrestre entre as monarquias do Golfo e
a costa sírio-libanesa, encurtando os custos de venda para a Europa. Essa situação é também
muito desfavorável à entidade sionista que sente no Irão o seu principal adversário,
deteriorando-se também a sua relação com a Turquia desde o episódio do Mavi Marmara, em
2010.
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Onde se encontram as bases militares russas, em Latakya (aviação) e Tartus (marinha)
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A nova situação geopolítica que isolou as monarquias sunitas levou-as a envolverem-se na
guerra civil no Iémen em 2016, que se desenvolveu na sequência das movimentações
populares de 2011.
As razões para esse envolvimento são várias. Uma, é de caráter confessional uma vez que em
2015 os Houthis (xiitas) com aliados sunitas tomaram Sanaa, a capital, assustando a Arábia
Saudita e os emires do Golfo que viram ali uma influência do Irão junto do estratégico Bab el
Mandeb. Como este estreito é vital para o tráfego marítimo global as monarquias, com apoio
logístico e de informações fornecido pelos EUA, Grã-Bretanha e França, decidiram invadir o
Iémen ainda em 2015.
O que parecia fácil tornou-se difícil. Passados quatro anos e muita destruição, as monarquias
árabes não conseguiram dominar os adversários e a guerra vai desbastando as suas finanças;
com muito agrado para Trump que, em 2018 se encontrou com Mohammed bin Salman (MbS)
para realizar um contrato fabuloso de venda de armas.
O Egipto é o mais populoso país árabe e onde se situa o canal do Suez, via vital para o tráfego
marítimo entre o Índico e o Mediterrâneo, entre a Ásia ou a África Oriental com a Europa e o
Norte de África. O Egipto foi invadido por Napoleão que pretendia, a partir dali atacar a Índia
onde dominavam os ingleses. Seguidamente, franceses, egípcios e ingleses dominaram a
exploração do canal até que em 1956, Nasser o nacionalizou; na sequência, a França, a Grã-
Bretanha e a entidade sionista tentam reverter a situação através das armas mas, com a
intervenção da ONU foram obrigados a ceder.
Depois da guerra dos Seis Dias, em 1967 o canal foi fechado, depois da ocupação da sua
margem oriental pelos sionistas. Em 1973, numa nova guerra, o Egipto expulsou os sionistas
do Sinai e recuperou o canal que foi reaberto em 1975, provocando, durante o seu
encerramento e depois da reabertura, alterações profundas na indústria e no comércio
marítimo.
Sadat, o sucessor de Nasser foi assassinado em 1981, na sequência de ter assinado um acordo
de paz entre o Egipto e a entidade sionista, em 1978, patrocinado por Carter, à altura
presidente dos EUA; e que teve a oposição de quase todo o mundo árabe. Sucedeu-lhe outro
militar, Mubarak, que durante o seu longo consulado beneficiou de forte apoio militar e
financeiro dos EUA, para que assegurasse a segurança do Suez e da fronteira com a entidade
sionista, no que respeita aos palestinianos.
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Mubarak, acusado de corrupção e pelos assassínios durante as manifestações da praça Tahrir
em 2011, foi afastado do poder. Ainda na cadeia, em 2014 manifestou o seu apoio a al-Sissi
para lhe suceder; o que veio, de facto, a suceder depois de um curto período em que a
presidência recaiu sobre Morsi, o candidato da Irmandade Muçulmana que havia vencido as
eleições de 2012, na sequência de ganhos eleitorais que vinha acumulando desde 2005.
Com al-Sissi, os EUA ficaram mais sossegados relativamente ao Egipto, uma vez que a
Irmandade Muçulmana é claramente adversária da entidade sionista e apoiante do Hamas
palestiniano. O reiterado apoio de Hilary Clinton à democratização do Egipto esmoreceu
bastante quando al-Sissi consolidou o seu poder, após a deposição de Morsi, garantindo assim
a continuidade do Egipto como peão dos EUA na região e beneficiário de forte apoio militar e
financeiro. E daí que Trump tenha avançado recentemente com o gesto simbólico de
reconhecer Jerusalem como a capital sionista, sem grandes manifestações de desagrado dos
estados árabes.
Os EUA, que têm no Bahrein 1500 militares na base da sua V Esquadra6, cuja função é
controlar o tráfego no Golfo e participar na cortina de cerco ao Irão, não poderiam deixar que
ali se instalasse a instabilidade. No entanto, souberam fomentar a guerra na Líbia, nessa
ocasião e criticar a brutalidade da repressão de Assad na Síria, perante uma oposição armada.
Dois pesos duas medidas.
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Para além do Bahrein e para policiar o Golfo Pérsico, vital para o abastecimento, sobretudo da Ásia e o
Irão ao qual pertence a margem direita, os EUA dispunham de um dispositivo militar composto por 32
bases na região do Golfo, onde se destaca Seeb, Thumrait e Masirah no Oman, Al-Ubeid no Qatar, e
Camp Arifjan ou Camp Doha no Kuwait. Entre 1991 e 2003, os EUA tiveram 5/10000 soldados na Arábia
Saudita que retiraram porque os sauditas não gostavam de ter tropas estrangeiras no país onde se
situam lugares tão santos do Islão, como Meca e Medina. O que não impede que discretamente estejam
apoiando o governo saudita na guerra do Iémen
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acompanharam os acontecimentos mas não intervieram; provavelmente porque… a Tunísia
não é uma potência petrolífera.
Em fevereiro de 2011 os ecos de Tahrir e de Tunes fazem-se sentir na Líbia e são aproveitados
por dois partidos de inspiração jihadista – Al-Watan (próximo da al-Qaeda) e a Umma al-
Wasat, para além do salafista al-Asala, entre outros; forma-se um Conselho Nacional de
Transição que teve na França o seu primeiro apoiante externo. Os insurgentes são obrigados a
recuar para Benghazi que é cercada pelas tropas de Kadhafi; e, como em março a ONU aprova
o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea para proteger os civis, os EUA e a França
começam os bombardeamentos.
O apoio da NATO foi decisivo no apoio aos rebeldes que chegam a Tripoli em agosto e, após a
morte de Kadhafi, assassinado depois de sexualmente violentado seguiu-se um longo período
de guerra entre facções rivais que ainda dura. No rescaldo da agressão externa, a produção de
petróleo e gaz foi assenhoreada por multinacionais como a Total (França), a ENI (Itália), a
Repsol (Espanha), Wintershall (Alemanha) a Occidental (EUA), entre outras.
Tendo em conta que a maioria dos países da UE não se colocaram ao lado de Trump,
reconhecendo uma mais que duvidosa legitimidade de Guaidó, o governo português não
era obrigado a esse alinhamento;
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Portugal tem algumas centenas de milhares de portugueses e seus descendentes na
Venezuela e, qualquer agravamento da situação naquele país – sobretudo se acentuado
pelo governo em Lisboa – é de uma enorme irresponsabilidade. A memória do ministro está
esvaziada da recordação da chegada de muitos milhares de retornados das antigas
colónias?
Depois da ilegítima e estúpida intervenção nos assuntos internos da Venezuela, com uma
ainda mais desastrada aceitação de Guaidó que, na realidade, só tem a notoriedade política
criada por Trump, Santos Silva manda oito polícias e armamento para a Venezuela, sabendo
que o poder legítimo e real pertence a uma entidade que não reconhece. Daí, o imediato
envio à precedência dos polícias e das armas. Com tanta estupidez, Santos Silva deveria ser
despromovido a escriturário do consulado português em Punta Arenas.
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