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BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Perspectivas sob um olhar pentecostal clássico

INTRODUÇÃO
O derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, designado no
pentecostalismo clássico como "batismo com (no) Espírito Santo",
evidenciado pelo falar em "línguas", é sem dúvida alguma o tema
central nos estudos sobre a obra do Espírito no meio pentecostal
assembleiano.
Ao longo da história da Igreja, a doutrina do Batismo com (no) Espírito
Santo tem dividido pessoas, grupos, igrejas e denominações. Depois
das comemorações do centenário da história do avivamento
pentecostal da Rua Azusa em 2006, penso ser um momento oportuno
para escrever sobre o assunto.
Neste texto, o leitor poderá conhecer algo da perspectiva pentecostal
clássica e assembleiana sobre o tema, e também ter acesso às diversas
perspectivas contrárias, podendo compará-las, entre si, e com a
perspectiva pentecostal clássica, percebendo os pontos de
convergência e divergência entre elas.
Pensar a doutrina pentecostal, em vez de simplesmente reproduzi-la
acriticamente, eis o grande desafio para os herdeiros da atual e bíblica
obra do Espírito.

I - O BATISMO COM (NO) ESPÍRITO SANTO


Iniciaremos trazendo alguns conceitos sobre o batismo com (no)
Espírito Santo, que correspondem em sua totalidade, ou em parte, a
perspectiva do mesmo no pentecostalismo clássico, e mais
especificamente, na doutrina assembleiana:
O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração,
também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do Espírito é distinta
e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo Espírito, assim também
o batismo no Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora do
Espírito. [...] Ser batizado no Espírito significa experimentar a plenitude do
Espírito (cf. At 1.5; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de
Pentecoste. Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo antes do pentecoste
(e.g. Lc 1.15, 67), Lucas não emprega a expressão 'batizados no Espírito Santo'.
Este evento só ocorreria depois da ascensão de Cristo (At 1.2-5; Lc 24.49-51, Jo
16.7-14).(Bíblia de Estudo Pentecostal, p. 1627, 1995)

Na nota de rodapé de Atos 1:5, a Bíblia de Estudo Pentecostal (idem,


p. 1626) esclarece que a preposição "com" é a partícula grega en, que
pode ser traduzida como "em" ou "com". Dessa forma, muitos optam
pela tradução "sereis batizados no Espírito Santo".
Arrington e Stronstad (2003, p. 632), afirmam que “O batismo com o
Espírito Santo não salva ou faz da pessoa um membro da família de
Deus; antes é uma unção subsequente, um enchimento que equipa com
poder para servir.”
Para Pearlman (1987, p. 195), “Esse revestimento é descrito como um
batismo (Atos 1:5). [...] Quando a palavra 'batismo' é aplicada à
experiência espiritual, é usada figurativamente para descrever a
imersão no poder vitalizante do Espírito Divino.”
Andrade (1998, p. 65), em seu Dicionário Teológico, define o batismo
com (no) Espírito Santo como “Revestimento de poder que, segundo os
evangelhos e os Atos dos Apóstolos, segue-se à conversão a Cristo
Jesus. Tornando-se realidade no cenáculo, na casa de Cornélio e entre
os doze de Éfeso, a experiência do batismo no Espírito Santo fez-se
padrão na vida dos seguidores do Nazareno.”
O pastor e teólogo assembleiano Antonio Gilberto define o batismo com
(no) Espírito Santo como

[...] um revestimento e derramamento de poder do Alto, com a evidência física


inicial de línguas estranhas, conforme o Espírito Santo concede, pela
instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais
profunda adoração e eficiente serviço para Deus (Lc 24.49; At 1.8; 10.46; 1 Co
14.15, 26). (GILBERTO, 2006, p. 57)
Esta mesma definição é encontrada na obra "Teologia Sistemática
Pentecostal" (p. 191, 2008).
Vale ressaltar, que o termo "estranha" e "outra", acrescentados à
"língua" (glossa), que aparecem respectivamente nos textos de 1 Co
14.2, 4, 5, 6, 13, 14, 23, 27 (Almeida Revista e Corrigida, 1995 e Almeida
Revista e Atualizada, 1993), não constam no texto grego do Novo
Testamento, sendo acrescentados nestas versões para dar ênfase ao
caráter distintivo dessas línguas.
O pastor e teólogo batista Enéas Tognini (2000, p. 31) afirma:

O batismo no Espírito que os 120 receberam no Pentecostes, foi um bênção


distinta do NOVO NASCIMENTO ou regeneração, porque já tinham nascido de
novo, portanto eram regenerados [...] essa BÊNÇÃO (do batismo no Espírito)
transformou os discípulos covardes e negadores - em fiéis testemunhas do
Senhor Crucificado.

O Dr. Lloyd-Jones (1998, p. 314), teólogo e ministro protestante de linha


reformada e calvinista, faz a seguinte definição:

[...] o batismo do Espírito Santo é a experiência inicial da glória, a realidade e o


amor do Pai e do Filho. Sim, vocês podem ter muitas experiências ulteriores
disso, porém a primeira experiência, eu proporia, é o batismo do Espírito Santo.
O piedoso John Fletcher de Madeley o expressou assim: 'Cada cristão deve ter
o seu Pentecoste.

Estas definições se alinham aos ensinos de Keswick, na Inglaterra, no


século XIX, iniciadas em 1875. Conforme Synan (2009, p. 48):

A configuração doutrinária de Keswick destituiu o conceito de 'segunda bênção'


como 'erradicação' do pecado a favor de um 'batismo no Espírito Santo' e um
'revestimento de poder para o serviço'. A experiência aguardada com ardente
expectativa pelos crentes de Keswic era concebida não tanto em termos de
purificação, mas de unção do Espírito.

R. A. Torrey (1910, p. 176-210 apud SYNAN, idem, p. 49), exemplifica


notavelmente a ideia de batismo com (no) Espírito Santo difundida em
Keswick:

O batismo com o Espírito Santo é uma operação do Espírito Santo distinta e


subsequente à sua obra de regeneração, uma concessão de poder para o
serviço, [uma experiência outorgada] não apenas para os apóstolos, não apenas
para os crentes da era apostólica, mas 'para todos os que estão longe, para
todos quantos o Senhor, o nosso Deus, chamar'. [...] Ela é outorgada a cada
crente, de todas as épocas da história da Igreja.

Fica claro, nas presentes definições, que o batismo com (no) Espírito
Santo é entendido como um acontecimento distinto da regeneração do
Espírito (At 2. 1-4; 8.12-17; 19.1-7).

II - OBJEÇÕES QUANTO AO BATISMO


COM (NO) ESPÍRITO SANTO

O batismo com (no) Espírito Santo, entendido como um acontecimento


distinto da regeneração do Espírito, é por muitos questionado. Grudem
(p. 636-652, 1999), apresenta alguns destes questionamentos:

2.1 O batismo com o (no) Espírito Santo não é um


acontecimento distinto da regeneração do Espírito

Os que defendem essa ideia alegam que o texto de 1 Co 12.13 afirmam


que "todos nós" (gr. hemeís pántes) fomos batizados em um só Espírito,
o que faria dessa experiência algo vivenciado por todos os verdadeiros
cristãos:

Stott (2007, p. 45) chega a conclusão de que as evidências reunidas do Novo


Testamento em geral, do sermão de Pedro em Atos 2 e do ensino de Paulo em
1 Coríntios 12.13 em particular, lhe indicam que o "batismo" do Espírito é idêntico
ao "dom" do Espírito. Procurando ser mais específico, apela aos seus leitores
que não exijam dos outros "um 'batismo' como uma segunda experiência
subsequente, totalmente distinta da conversão, porque isto não pode ser
provado na Escritura. (idem, p. 76)

Packer (2010, p. 197) refuta a ideia de que o batismo no Espírito é uma


experiência distinta e geralmente subsequentes à conversão, em que a
pessoa recebe a plenitude do Espírito na sua vida e, dessa forma, é
totalmente cheia de poder para testemunho e serviço, tendo como
evidência e sinal exterior a glossolalia:

Recentes exames minuciosos desta opinião, feitos por James D. G. Dunn, F. D.


Bruner, J. R. W. Stott e A. A. Hoekema, tornam desnecessário que aquilatemos
detalhadamente aqui. É suficiente dizer, primeiro, que, se aceita, ela compele
uma avaliação do cristianismo não-carismático - isto é, do cristianismo que não
conhece nem busca um batismo no Espírito após a conversão - como inferiro,
secundário e carecendo de algo vital; mas, segundo, que ela não pode ser
estabelecida de acordo com a Escritura [...].

Dessa forma, os que insistem que o batismo com o Espírito Santo é uma
experiência distinta da bênção da conversão, uma obra especial da graça
desfrutada por alguns e não por todos os crentes, deixam de perceber que o que
dá unidade ao corpo de Cristo é exatamente o fato de que todos os crentes
genuínos foram batizados pelo mesmo Espírito. (LOPES, 2004, p. 126)

Essa perspectiva não é aceita no pentecostalismo clássico, que faz


distinção entre "batismo com (no) Espírito Santo" do "batismo do
Espírito":

Já o batismo do Espírito, como vemos em 1 Co 12.13, Gálatas 3.27 e Efésios


4.5, trata-se de um batismo figurado, apesar de ser real. Todos aqueles que
experimentam o novo nascimento, que é também efetuado pelo Espírito Santo
(Jo 3.5), são por Ele imersos, batizados, feito participantes do corpo místico de
Cristo, que é a sua Igreja, no sentido universal (Hb 12.23; 1 Co 12.12ss).
(GILBERTO, idem)

Na nota de rodapé da Bíblia de Estudo Pentecostal (idem, p. 1755),


sobre o texto de 1 Coríntios 12:13, lemos:

[...] O batismo 'em um Espírito' não se refere, nem ao batismo em água, nem ao
batismo no Espírito Santo que Cristo outorga ao crente como no dia de
Pentecoste (ver Mc 1.8; At 2.4 nota). Refere-se, pelo contrário, ao ato do Espírito
Santo batizar o crente no corpo de Cristo - a igreja, unindo-o a esse corpo;
fazendo com que ele seja um só com os demais crentes. É a transformação
espiritual (i.e., a regeneração) que ocorre na conversão e que coloca o crente
"em Cristo" biblicamente.

À luz do Novo Testamento, fica claro que 1 Coríntios 12:13 não se refere
aos episódios de Atos 2:1-4; e 8:12-17. Dessa forma, a única maneira
de se conciliar a questão é entendendo a distinção entre o "batismo com
(no) Espírito Santo" do "batismo do Espírito Santo".
Quanto ao acontecimento na casa de Cornélio (Atos 10:44-47), pode-
se entender que naquela ocasião o batismo do Espírito e o batismo com
(no) Espírito Santo, podem ter acontecido simultaneamente.
Em Atos 19:1-7, embora o texto não afirme claramente que os
discípulos já haviam experienciado a regeneração, isto fica
subentendido. A negação de tal fato nos levaria a compreender o evento
da mesma forma como aconteceu na casa de Cornélio, onde
simultaneamente (ou imediatamente) a regeneração e o batismo com
(no) Espírito Santo aconteceram:

O capítulo 10 de Atos registra a conversão de Cornélio e seus familiares, por


instrumentalidade de Pedro. Cornélio se converteu a Cristo, portanto passou a
possuir o Espírito Santo; antes que fosse batizado em água, o foi no Espírito
Santo, verificando-se na sua casa um verdadeiro pentecostes. Temos também
nesta experiência as duas etapas da vida cristã - a conversão e o batismo no
Espírito Santo. (TOGNINI, ibdem, p. 37)

É neste sentido que Lloyd-Jones (ibdem, p. 318) esclarece: “[...] não


estou afirmando que deve haver sempre, de qualquer modo, um
intervalo entre tornar-se cristão e esta experiência; ambos podem
ocorrer concomitantemente, e é o que tem ocorrido amiúde, mas às
vezes não ocorre assim. Portanto mantenhamo-los distinguidos.”

2.2 O batismo com (no) Espírito Santo foi um momento único na


História, não sendo um padrão a ser buscado ou imitado

Hulse (2006, p. 7, 17-18), é categórico em sua oposição:

Se omitirmos o livro de Atos, ficamos face a face com o fato de que não há um
batismo do Espírito prometido, recomendado, ordenado ou sugerido no Novo
Testamento. [...] Estou chamando a atenção para o fato de que nenhum batismo
do Espírito ou qualquer experiência de crise é prometida, recomendada,
oferecida e, ainda menos, ordenada no Novo Testamento. O Pentecostes foi
prometido e há extensão disto, tal como é explicado em Atos 15:8,9. Este é um
fato histórico. Daí em diante, em nenhum lugar do Novo Testamento há
referência a uma experiência semelhante a esta como sendo a resposta.

Em sua obra, Hulse não comenta o texto de Atos 2:39, nem parece
considerar a "promessa" nos Evangelhos (Marcos 1:8; Lucas 24:49).
Diferente de Hulse, Lloyd-Jones (ibdem, p. 307) afirma:

Segundo o meu entendimento deste ensino, eis aqui uma experiência que é o
patrimônio hereditário de todo o cristão. diz o apóstolo Pedro ; 'Porque a
promessa vos pertence a vós' - e não somente a vós, mas - ' a vossos filhos, e
a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus chamar' (Atos 2:39).
Ela não se restringe apenas àquelas pessoas no dia de Pentecoste, mas é
oferecida e prometida a todas as pessoas cristãs.
Para Stott (ibdem, p. 31): “A experiência dos 120 ocorreu em dois
momentos diferentes, simplesmente em razão de circunstâncias
históricas. Eles não poderiam ter recebido o dom pentecostal antes do
Pentecoste. Todavia, estas circunstâncias históricas há muito deixaram
de existir.”
Buscando uma posição conciliadora, o pastor e teólogo presbiteriano
Hernandes Dias Lopes (1999, p. 13) afirma que:

O Pentecoste no seu sentido pleno é irrepetível. O Espírito Santo foi derramado


para permanecer para sempre com a igreja. [...] Nesse sentido não há mais
Pentecoste. Todavia, a promessa de novos derramamentos do Espírito para
despertar a igreja é uma promessa viva à qual devemos agarrar-nos. É nesse
sentido que vamos usar o termo Pentecoste. O apóstolo Pedro disse naquele dia
memorável: '...e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a
promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para
quantos o Senhor nosso Deus chamar.' (At 2:38-39)

Tognini (idem, p. 19), refutando tais argumentos, afirma que: “[...]


finalmente, há os mais dogmáticos que, sem hermenêutica, e com
exegese claudicante, unilateral, temerosa da verdade, se lançam no
encapelado mar da confusão; então, lutam e insistem em que o
Pentecostes não mais se repete.”

2.3 A distinção entre "batismo do Espírito Santo" e “batismo


com (no) Espírito Santo criaria duas categorias de cristãos

Reforçando a ideia separatista das duas categorias de cristãos, Hulse


(idem, p. 23) afirma já ter ouvido líderes pentecostais afirmar que há
dois tipos de cristãos: os batizados e os não batizados no Espírito. Para
ele, isso cria divisão no corpo de nosso Senhor.
Stott (ibdem, p. 71-72), parece não se preocupar com a possibilidade
das distinções bíblicas criarem a ideia equivocada de duas classes ou
categorias de crentes, pois argumentando em favor da atualidade de
algumas experiências espirituais, diz:

Estas experiências das quais eu falei até agora podem ser chamadas de
'comuns', porque se relacionam com a certeza, o amor, a alegria, e a paz que,
de acordo com a Escritura, são comuns a todos os crentes, em alguma medida.
Eu ficaria surpreso se algum leitor cristão não tivesse nenhuma noção delas.
Todavia, existem outras experiências, às quais preciso chegar agora, de caráter
mais 'incomum', por não serem parte da experiência normal do cristão que o
Novo Testamento apresenta.

Apesar da ideia sobre crentes de duas categorias ter sido difundida no


movimento holiness, e posteriormente reproduzida no pentecostalismo
clássico, o batismo com (no) Espírito Santo não cria uma classe
especial de cristãos, apenas capacita os mesmos para fazerem a obra
de Deus, testemunhando de Jesus com maior eficiência e eficácia
conforme Atos 1:8. (GERMANO, p. 38, 2009)
O equívoco interpretativo ou comportamental de alguns em qualquer
questão doutrinária, não anula, nem diminui a verdade bíblica.

2.4 A inadequação do termo "batismo com (no)


Espírito Santo" para definir a experiência

A questão da terminologia parece ter sido o ponto central da tese de


Hulse (LOPES, idem, p. 128): “A tese de Hulse, nesse livro, é que os
cristãos podem ter experiências legítimas e edificantes após a
conversão, mas que devem usar a terminologia correta para identificá-
las.”
A experiência que no pentecostalismo clássico define-se como "batismo
com (no) Espírito Santo, ou seja, o revestimento de poder posterior à
regeneração, para conciliar com a ideia da existência de um único
"batismo do Espírito", Stott (ibdem, p. 50) a define como "plenitude do
Espírito", classificando-a como "consequência", e acrescentando que
pode se experienciada várias vezes:

Deixe-me procurar expandir o que tentei mostrar antes. O que aconteceu no dia
de Pentecoste foi que Jesus 'derramou' o Espírito do céu e, assim 'batizou' com
o Espírito, primeiro os 120 e depois os 3 mil. A consequência deste batismo do
Espírito foi que 'todos ficaram cheios do Espírito Santo' (At 2:4). Portanto, a
plenitude do Espírito foi a consequência do batismo do Espírito. O batismo é o
que Jesus fez (ao derramar o seu Espírito do céu); a plenitude foi o que eles
recebam. O batismo foi uma experiência inicial única; a plenitude porém, Deus
queria que fosse contínua, o resultado permanente, a norma. Como
acontecimento inicial, o batismo não pode ser repetido nem pode ser perdido,
mas o ato de ser enchido pode ser repetido e, no mínimo, precisa ser mantido.
Quando a plenitude não é mantida, ela se perde. Se foi perdida, pode ser
recuperada.
Neste sentido, a "experiência" pode e deve ser buscada:
“Enfaticamente, a plenitude do Espírito Santo não é um privilégio
reservado para alguns, mas uma obrigação de todos. Assim como a
exigência de sobriedade e domínio próprio, a ordem de buscar a
plenitude do Espírito é dirigida a todo o povo de Deus, sem exceção.”
(ibdem, p. 62)
Grudem (idem, p. 650-651), procurando evitar a suposta confusão em
torno do "batismo do Espírito" e o "batismo com (no) Espírito Santo", diz
que alguns termos seriam mais apropriados para o segundo. Dessa
forma, ele sugere "um grande passo de crescimento", "nova
capacitação para o ministério" e " ser cheio do Espírito Santo". Este
último, para Grudem, é "o melhor termo a ser usado para descrever
genuínas 'segundas experiências' hoje (ou terceira ou quarta
experiência, etc.)".
Para sustentar seu argumento, Grudem cita Efésios 5:18, e afirma que
o verbo "enchei-vos" (gr. plerousthe), por encontrar-se no presente do
imperativo, poderia ser traduzido de modo mais explícito por "sejam
continuamente cheios pelo Espírito". Nessa perspectiva, o batismo com
(no) Espírito Santo perderia o caráter de evento único, podendo ser
experienciado diversas vezes na vida do cristão.
Ainda sobre o uso de "ser cheio do Espírito Santo" em lugar de "ser
batizado com (no) Espírito Santos", Marshall (1982, p. 69) afirma a
expressão ficaram "cheios" se emprega tanto ao revestimento inicial do
Espírito para capacitá-las para o serviço de Deus (Atos 9:17; Lucas
1:15), quanto para descrever o processo contínuo de ser estar cheio
(Atos 6:3; 7:55; 11:24; Lucas 4:1). Dessa forma, uma pessoa que já está
cheia do Espírito, pode receber contínuos enchimentos. Neste caso,
não teríamos um batismo com (no) Espírito Santo, mas, a possibilidade
de um cristão experienciar vários batismos. Pfeiffer e Harrison (1987, p.
242), concordam com este argumento, e escrevem que "O enchimento
com o Espírito foi muitas vezes repetido [...]".
Na Bíblia de Estudo Pentecostal (ibdem, p. 1818), a nota de rodapé
sobre Efésios 5:8 diz que:

Enchei-vos (imperativo passivo presente) tem o significado, em grego, de 'ser


enchido repetidas vezes'. [...] O cristão deve ser batizado no Espírito Santo após
a conversão (ver Atos 1:5; 2:4), mas também deve renovar-se no Espírito
repetidas vezes, para adoração a Deus, serviço e testemunho.
Se considerarmos o que muitos gramáticos da língua grega afirmam
(CARSON, 65-67), o verbo eplesthesan (ficaram cheios) em Atos 2:4,
por se encontrar num tempo aoristo "que aponta para um ato único, já
realizado e consumado" (LOPES, idem p. 125), faz com que o evento
de Pentecoste (At 2:4) se diferencie daquilo que Paulo fala escrevendo
à igreja em Éfeso (Efésios 5:18).
Stott (ibdem, p. 62), comentando sobre o tempo verbal de plerousthe
(enchei-vos) em Efésios 5:18, diz que: "o verbo está no tempo presente.
É bem sabido que, na língua grega, se o imperativo está no aoristo, ele
se refere a uma ação única; se está no presente, a uma ação contínua.”
No Comentário Bíblico Pentecostal (ARRINGTON e STRONSTAD,
idem), é especificado que Lucas usa o verbo "encher" em Atos 2:4 para
indicar o processo de ser ungido com o poder do Espírito para o serviço
divino. Acrescenta ainda que "Ser cheio com o Espírito significa o
mesmo que ser batizado com o Espírito ou receber o dom do Espírito
(cf. Atos 1:5; 2:4, 38)."
Pearlman (idem), escreve: “Que essa comunicação de poder é descrita
como ser cheio do Espírito. Aqueles que foram batizados com o Espírito
Santo no dia de Pentecoste também foram cheios do Espírito.”
Tognini (ibdem, p. 35) é enfático quando diz: “[...] Lucas, para descrever
o cumprimento de Atos 1:5, usa a sua própria terminologia, que é
CHEIO DO ESPÍRITO. De onde se conclui que BATISMO no Espírito
Santo e CHEIO do Espírito Santo são a mesma coisa.”
Estas declarações, à luz do entendimento pentecostal clássico, fala-nos
que no batismo com (no) Espírito Santo (evento único), os crentes são
cheios do Espírito, podendo ainda experienciar outros enchimentos,
enchimentos estes não mais designados de batismo com (no) Espírito
Santo.

CONCLUSÃO

Lloyd-Jones (ibdem p. 314), afirmou que o tema "batismo com (no)


Espírito Santo", em muitos aspectos, é a mais difícil de todas as
doutrinas, em razão de ser ela particularmente passível de exageros.
Mesmo assim, escreveu:

[...] o que é o batismo do Espírito Santo? Ora, segundo alguns, como já vimos,
realmente não existe dificuldade alguma sobre isso. Dizem que ele é
simplesmente uma referência à regeneração e nada mais. É o que ocorre com
as pessoas quando são regeneradas e incorporadas em Cristo, segundo Paulo
ensina em 1 Co 12.13: 'Pois em um só Espírito fomos todos batizados'. Vocês
não podem ser cristãos sem ser membros desse corpo, e vocês são batizados
nesse corpo pelo Espírito Santo. Portanto, dizem, esse batismo do Espírito Santo
é simplesmente a regeneração. Quanto a mim, porém, não posso aceitar tal
explicação, e aqui é onde nos agarramos diretamente com as dificuldades. Não
posso aceitar isso porque, se eu cresse nisso, teria de crer que os discípulos e
os apóstolos não haviam sido regenerados até o dia de Pentecoste - suposição
essa que ao meu ver é completamente inadmissível. [...] Teríamos também de
dizer que os samaritanos, a quem o evangelista Filipe pregou, não foram
regenerados até Pedro e João descerem a eles. (idem, 304-305)

As diversas questões, e os variados pontos de vistas aqui expostos


provam isto.
Parcker (ibdem, p. 213), na tentativa de buscar um ponto intermediário
entre sua análise exegética e a atualidade do batismo com (no) Espírito
Santo, chega a afirmar:

Um grupo com os seus próprios mestres e sua literatura pode moldar os


pensamentos e experiências de seus membros até um grau estranho.
Especificamente, quando se crê que uma sensação ampliada de Deus, de seu
amor por você em Cristo e de seu poder capacitador (a unção do Espírito),
acompanhada por línguas, é a norma, segundo a experiência dos apóstolos em
Atos 2, esta experiência certamente será buscada e encontrada. Da mesma
forma, ela não será uma experiência ilusória, desprovida do Espírito, autogerada,
só porque a ela estão ligadas certas noções incorretas. Deus, como continuamos
dizendo, é muito misericordioso e abençoa os que o buscam, mesmo quando as
suas ideias não são todas verdadeiras.

O fato, é que quando comparamos os escritos daqueles que não


concebem o batismo com (no) Espírito Santo da perspectiva
pentecostal clássica e assembleiana, o que encontramos é a falta de
uniformidade e unidade sobre a questão.
Entre os cessacionistas (que negam a atualidade da experiência),
encontramos, por exemplo, as seguintes posições:
a) O batismo com (no) Espírito Santo foi uma experiência simultânea à
regeneração, cuja terminologia é adequada;
b) O batismo com (no) Espírito Santo foi uma experiência simultânea à
regeneração, cuja terminologia é inadequada;
c) O batismo com (no) Espírito Santo foi uma experiência subsequente
à regeneração, cuja terminologia é adequada;
d) O batismo com (no) Espírito Santo foi uma experiência subsequente
à regeneração, cuja terminologia é inadequada;

Entre aqueles que não apoiam o conceito pentecostal clássico, mas


acreditam na atualidade do batismo com (no) Espírito Santo, temos as
seguintes ideias:

a) O batismo com (no) Espírito Santo é uma experiência simultânea à


regeneração, cuja terminologia é adequada;
b) O batismo com (no) Espírito Santo é uma experiência simultânea à
regeneração, cuja terminologia é inadequada;
c) O batismo com (no) Espírito Santo é uma experiência subsequente
à regeneração, cuja terminologia é adequada;
d) O batismo com (no) Espírito Santo é uma experiência subsequente
à regeneração, cuja terminologia é inadequada.

Dessa forma, uma maneira geralmente utilizada para invalidar ou


resistir ao conceito pentecostal clássico sobre o batismo com (no)
Espírito Santo, é utilizar uma destas perspectivas acima, com algumas
variantes, ou utilizar todas elas em conjunto.
Diante dos grandes desafios impostos pela pós-modernidade à Igreja
Evangélica Brasileira no início do século XXI, é preciso buscar um ponto
de equilíbrio, onde a experiência real e atual do batismo com (no)
Espírito Santo caminhe junto com a ortodoxia bíblica.

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AUTOR

Pr. Édson Ramanauska


www.palavrasdoceu.com.br
2010

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